Você está na página 1de 52

Sumário:

Custas Judiciais nos Procedimentos


Cautelares.

Elaborado Por: Mário Tuapita


1. Introdução

Como é do conhecimento dos Drs., por força do princípio da onerosidade,


plasmado no nº 1º do art.º 446º do CPC, conjugado com o art. 1º do Código
das custas judiciais, «a decisão que julgue a acção, procedimento, incidentes
ou recursos, implica sempre a obrigação do pagamento das custas, salvos no
caso de isenção prevista na lei».
O que implica dizer que os procedimentos cautelares estão sujeitos à custas
judiciais, salvo nos casos que houver isenção pelas custas por força da lei.
1. Noção, objecto e estruturas das custas judiciais
nos procedimentos cautelares.

Como é consabido custas judiciais em providências cautelares são as despesas


que as partes são obrigadas a fazer pelos serviços prestados com a tramitação
de processos de providências cautelares em tribunal e compreendem a “taxa
de justiça” e os “encargos”.

Assim, objecto e âmbito das custas judiciais em qualquer processo


compreendem a “taxa de justiça” e os “encargos”, ( vide art.ºs 1º, 48º e segs.,
do CCJ e arts. 3.º, e segs. E arts. 4.º e 12º nº 1 da Lei nº9/05, de 17 de Agosto –
Lei sobre a actualização de custas judiciais e da alçada dos tribunais).
cont.
Nos termos do art. 1.º do CCJ, “os processos cíveis estão sujeitos a custas, que
compreendem o imposto de justiça, os selos e os encargos”. Hoje a expressão
“imposto de justiça” que era usada de forma errada pelo código das custas
judiciais, foi revogada pelo art. 1.º, da Lei n.º9/2005, de 17 de Agosto, que
refere que “no Código das Custas Judiciais e diplomas conexo a denominação
de imposto de justiça é substituída pela de taxa de justiça”.
Cont.
Quantos aos selos ou impostos de selos, estão previsto no arts. 1.º, do CCJ , mas
foi abolido pelo Decreto Executivo Conjunto nº 8/08, de 1 de Fevereiro, que
refere que “a arrecadação do imposto do selo nos requerimentos e actos que
são apresentados pelos cidadaõs junto de alguns serviços públicos, tais como
Tribunais, Cartórios Notariais, Conservatórias, antes feitas por estampilha
fiscal, passa a ser feita por meio de selo de verba” e revogado pelo Código do
Imposto de selo aprovado pelo Decreto Presidêncial n.º 6/11, de 30 de
Dezembro, nos termos do qual “não estão sujeitos ao pagamento do imposto
de selo, as peças processuais, os autos e termos, requerimentos e demais actos
equivalentes praticados pelos Advogados e pelos Tribunais”.
Cont.
Assim sendo, Custas Judiciais = Taxa de Justiça + Encargos

No que concerne à estrutura das custas judiciais nos procedimentos cautelares é a


mesma da generalidade dos processos cíveis, sendo composta por custas iniciais e
de custas finais.
As custas iniciais são os preparos, que podem assumir as modalidades de preparo
inicial, subsequente, para decisão e para despesas, nos arts.120º a 138.º, do C.C.J. e
artº 12° n°s 1 e 2, da Lei nº 9/05, de 17 de Agosto.
Já as custas finais compreendem a taxa de justiça e os encargos, que são pagos no
final do processo, com a liquidação das custas judiciais pela contadoria.

Deste modo, já podemos falar das custas iniciais e finais.


2. Valor da causa nos Procedimentos cautelares
• O valor da causa é que determina a taxa de justiça, que corresponde o
montante devido pelo impulso processual do interessado e é fixada em
função do valor e complexidade da causa.

• Nos procedimentos cautelares a fixação do valor da causa não é feita em
atenção aos critérios gerais fixados no art. 306.º do CPC, mas tendo em aos
critérios especiais, previsto no art. 313.º, do mesmo diploma legal.
O valor do procedimento cautelar varia em função da modalidade do
procedimento em causa, que é determinado pelo art. 313º, n.º 3 do Código de
processo civil. Assim:
- Nos alimentos provisórios, a valor da acção é determinado pela pela
mensalidade pedida, multiplicada por doze;
- Na restituição provisória de posse, pelo valor da coisa esbulhada;
- Na suspensão de deliberação social, pela importância do dano;
Cont.
- No embargo de obra nova, pelo prejuízo que se quer evitar;
- De igual modo, nas providênciais cautelares não especificada, pelo prejuízo
que se quer evitar;
- No arresto, pelo montante do crédito que se pretende garantir, e, se o arresto
não for destinado aos bens apreendidos;
- No arrolamento, pelo valor dos bens arrolados;
Cont.
Em caso de ser deduzido embargo – nos embargos opostos ao arresto, ao
embargo de obra nova, à arrolação, o valor da causa é do processo em que
forem deduzidos; quando se referirem só a parte do processo – o dessa
parte, vide art. 7.º n.º12, do CCJ.

Se houver embargo de terceiro, o valor da causa é o dos bens embargados,


nos termos do art. 7.º n.º 11, do CCJ.

Se houver incidente de caução, é determinado pela importância a caucionar,


nos termos do art. 313.º n.º2, do CPC.
4. Cálculo da taxa de justiça e preparo nos
procedimentos cautelares.
I. Taxa de justiça é um valor utilizado como critério correspondente ao
pagamento do serviço público prestado pelo Estado, enquanto detentor
do poder soberano de julgar e que deve ser suportado por quem recorre
ao tribunal para litigar.
A taxa de justiça integral nos procedimentos cautelares cíveis, é a mesma dos
respectivos processos cíveis e familiar. Assim, nos processos cíveis e de
natureza familiar a taxa de justiça era regulado pelo art. 16.º, do CCJ, que
actualmente foi revogado pelo art. 4.º n.º 1, da Lei n.º 9/05, de 17 de Agosto,
segundo o qual “nos processos cíveis, incluindo os de natureza familiar, a taxa
de justiça é a constante da tabela anexa”.
Parte da tabela
Valor acçao kz até: Taxa de Justiça Preparo inicial Preparo subsequente Prep. para decisão
176.000,00 28.160,00 8448,00 11.264,00 8448,00
352.000,00 42.240,00 12.672,00 16.896,00 12.672,00
616.000,00 61.600,00 18.480,00 24.640,00 18.480,00
880.000,00 70.400,00 21.120,00 28.160,00 21.120,00
1.320.000,00 79.200,00 23.760,00 31.680,00 23.760,00
2.200.000,00 88.000,00 26.400,00 35.200,00 26.400,00
4.400.000,00 132.000,00 39.600,00 52.800,00 39.600,00
6.600.000,00 165.000,00 49.500,00 66.000,00 49.500,00
8.800.000,00 176.000,00 52.800,00 70.400,00 52.800,00
13.200.000,00 198.000,00 59.400,00 79.200,00 59.400,00
17.600.000,00 220.000,00 66.000,00 88.000,00 66.000,00
26.400.000,00 264.000,00 79.200,00 105.600,00 79.200,00
35.200.000,00 316.800,00 95.040,00 126.720,00 95.040
44.000.000,00 374.000,00 112.200,00 149.600,00 112.200,00
66.000.000,00 528.000,00 158.400,00 211.200,00 158.400,00
cont.
Por exemplo, numa providência cautelar de arresto, em que o valor da causa
seja kz. 7.000.000,00, a taxa de justiça integral nos processos em causa é
calculada de acordo com o valor processual e tributário, em homenagem ao
princípio da proporcionalidade, tendo de igual modo em atenção o Despacho
nº 174/11, de 11 de Março, que fixa 1 UCF equivalente a Kz. 88,00, (Vide art.
4º nº 1 da Lei nº 9/05, de 17 de Agosto, e tabela anexa, bem como o
Despacho nº 174/11, de 11 de Março).

Assim, de acordo com a tabela a taxa de justiça é igual kz. 176.000,00.


Cont.
Nos procedimentos cautelares a taxa de justiça integral é reduzida de acordo
com o princípio da proporcionalidade, nos termos do art. 37º do CCJ, “que será
fixado pelo tribunal entre um máximo que não excederá a metade (1/2) do
correspondente a uma acção, processo orfanológico ou recurso do mesmo valor
e um mínimo que não será inferior a um sexto”. Assim:
- Enquanto metade da taxa integral de 176.000, 00 é igual a 88.000,00 (isto é,
176.000,00 x ½ = 88.000,00), é a taxa máxima.
- Um mínimo não inferior a 1/6, será Kz. 176.000,00 x 1/6 = 29.333,33, (vinte e
nove mil e trezentos e trinta e três cêntimos). A Lei nº 9/05, de 17 de Agosto,
dispõe que a taxa de justiça, isto é, no seu art. 6º nº 2, é arredondada para
unidades de kwanzas imediatamente superior, logo, um 1/6 da taxa integral de
Kz. 176.000,00 é igual a 29.334,00 (vinte e nove mil e trezentos e trinta e
quatro kwanzas), este é o valor mínimo;
Cont.
O parágrafo único, do art. 37.º, do CCJ, estabelece que “excepcionalmente pode
o juiz, em vista a invultar complexidade do incidente ou acto, fixar o imposto
além daquele limite máximo, até ao correspondente a uma acção, processo
orfanológico ou recurso do mesmo valor” .
Cont.
É importante salientar que nos embargos opostos ao arresto, ao embargo de
obra nova à arrolação –a taxa de justiça é a mesma do art. 37º do CCJ. A
mesma taxa também se aplica aos incidentes que forem processados por
apenso, bem como nas cauções e embargos de terceiros.
Cont.
Caso haja no decurso do procedimento cautelar, um incidente com o próprio
processo ou anomalo, que não esteja abrangido no art. 37.º do CCJ, então a
taxa da justiça é fixada pelo tribunal em atenção ao princípio da
porporcionalidade entre o mínimo de um oitavo e o máximo de um quarto do
correspondente à uma acção (…), vide art. 38.º do CCJ. Em todo caso, pode o
tribunal excepcionalmente e de forma fundamentada, baixar a taxa de justiça
até 40 UCF (que é o mínimo que se pode cobrar a título de taxa de justiça) ou
elevá-lo até a metade do corresponde a uma acção, vide parágrafo único do
art. 38.º , do CCJ.
Cont.
É importante referir que a taxa de justiça mesmo sujeita a redução nunca pode
ser inferior a 40 UCF, tal como dispõe o art. 8.º n.º 1, da Lei n,º 9/05, de 17 de
Agosto.

As taxas de justiça cobradas em todos processos são repartidas por três


entidades, que são - Cofre Geral de Justiça 30% - Cartório 40%; - E Estado 30%
da taxa de justiça, vide art. 19.º n.º 2, da Lei n.º 9/05, de 17 de Agosto.
Preparos
II. A “taxa de justiça”, constitui o ponto de partida para cálculo de de
“preparos”, bem como da procuradoria (Vide, arts. 120.º e segs. do CCJ, bem
como arts. 10.º e 12.º, da Lei nº 9/05, de 17 de Agosto).

Os preparos como já referimos fazem parte das custas iniciais.

Nos os procedimentos cautelares a lei estabelece o pagamento obrigatório de


duas (2) modalidades de preparos, preparo inicial e da decisão, que são pagos
em simultâneo, calculados nos termos do art. 120.º e segs e artº 12° n° 1 e 6,
da Lei nº 9/05, de 17 de Agosto.
Cont.
Não há lugar a preparo subsequente, mas pode haver lugar a preparo
eventual ou para as despesas, em virtude de por escopro, servir de cobertura
das despesas de alguns encargos que eventualmente surgem na tramitação
processual, que é paga pela parte que sugeriu ou requereu, nos termos do art.
124.º n.º 2, do CPC..

Por regra, os preparos são pagos em proporção igual pelo autor (requerente) e
o réu (requerido) caso a respectiva providência admita oposição. Mas se a
procedimento referido não admitir contestação ou oposição, então os
preparos serão apenas pagos pelo (s) requerente (s), vide art. 124.º n.º1, do
CCJ.
Cont.
Quanto ao valor pago para efeito de preparo inicial e de decisão nos
procedimentos cautelares, em princípio é calculada tendo em conta o valor da
taxa de justiça devida a final. Mas nos procedimentos cautelares a taxa de
justiça devida a final é variável, entre o mínimo de um sexto e o maximo que
não execederá a metade (1/2) do correspondente a uma acção (…), tal como
já referimos. Dispõe o art.122.º paragrafo §2, do CCJ e art. 12.º n.º 3, da Lei
n.º 09/05, de 17 de Agosto, que “se a taxa for variável, o preparo é calculado
pela fracção ou percentagem mínima”.
Cont.
Assim, no exemplo 2: Para a mesma taxa de justiça já referida de Kz.
176.000,00 (cento e setenta e seis mil kwanzas), nos procedimento cautelares:
- um 1/6 da taxa integral de Kz. 176.000,00 é igual a 29.334,00 (vinte e nove
mil e trezentos e trinta e quatro kwanzas), este é o valor mínimo;
- E a taxa máxima que é metade da taxa integral de 176.000, 00 é igual a
88.000,00 (isto é, 176.000,00 x ½ = 88.000,00).
• Entrentanto, os preparos são calculados de acordo com o mínimo da taxa de
justiça devida a final, que é de 29.334,00.
• Neste o preparo inicial será igual a … (29.334,00x 30% igual 8.800,2), e para
decisão será o mesmo valor, vide art. 12.ºº n.º 1, da Lei n.º9/05, de 17 de
Agosto.
É assim que a lei manda fazer, mas é como tem acontecido nos tribunais,
calcular sobre a taxa inteira isto é, sobre a quantia de 176.000,00. Ou seja,
aquilo que tem acontecido nos nossos tribunais, nas providências cautelares a
taxa de justiça tem sido calculada com base com a taxa integral que seria
devida a final na acção principal ( neste caso,o preparo inicial será igual Kz.
176.000,00 x 30% igual a Kz. 52.800,00 O preparo da decisão será também
igual a Kz. 52.800,00). É exagero, ilegal e onera muito as partes.
Quanto ao prazo para efectuar o pagamento dos preparo e inicial e para
decisão nos procedimentos cautelares é de cinco dias seguintes à
apresentação do requerimento em juízo ou à distribuição, isto no caso do
autor; e para o requerido quando haja contestação ou oposição no respectivo
procedimento cautelar, cinco dias a contar da data da entrada contestação no
cartório judicial, vide arts. 120.º, 127.º e 130.º, do CCJ.
Se o autor não pagar os preparos referidos no prazo estabelecido será
notificado para efectuar o pagamento do preparo que deixou de fazer, bem
como uma taxa igual, a título de multa, sob pena de ser indiferido o pedido,
art. 134.º e art.138.º, do CCJ.
A mesma imposição se faz em relação ao requerido naqueles procedimentos
que admitem oposição sob pena de ser desentranhada a contestação.
Encargos
Como já falamos no princípio da nossa abordagem, as custas judiciais
compreendem a taxa de justiça e encargos.
Encargos são despesas resultantes da tramitação processual requeridas pelas
partes ou mesmo ordenadas pelo tribunal.
Os tipos de encargos, em cada processo são as seguintes (art. 48º e segs., do
CCJ e actualizado pela Lei n.º 9/05, de 17 de Agosto). Como o papel, caminho e
despesas para o transporte, remuneração dos intervenientes acidendentais no
processo, procuradoria, custa de parte, etc.
Procuradoria
Denomina-se por «procuradoria» o encargo que a lei impõe ao vencido para
compensar ou reembolsar o vencedor do litígio do dispêndio com o patrocínio
judiciário ou mandato judicial, podendo inverter para o Cofre Geral de Justiça
nas situações em que a lei prevê.

Uma questão que se coloca é a de saber se nos procedimentos cautelares deve


ser cobrada a procuradoria???

O Código das custas judiciais, bem como a Lei n.º 9/05, de 17 de Agosto, não
têm nenhuma norma especial que exija o pagamento da procuradoria nos
procedimentos cautelares, nem tão pouco que a proiba a sua cobrança.
Estabelece o n.º1 do art. 10.º, da Lei n.º 9/05, de 17 de Agosto, que “ à parte
vencedora, na porção que em for, recebe do vencido, desistente ou confitente,
em cada instância e no Tribunal Supremo, salvo nos incidentes, uma quantia, a
título de procuradoria, que entra em regra de custas”.
Entretanto, a proibição da cobrança da procuradoria é relativamente aos
incidentes, e é isenção de carácter objectiva.
Assim, quanto aos procedimentos cautelares, como não são qualificados como
incidentes, há lugar a contagem de procuradoria que é feita nos termos gerais.
(no mesmo sentido cfr. Salvador da Costa, Código das custas judiciais anotado
e comentado, Almedina, Coimbra 2004, p. 269).
Pelo que, nos procedimentos cautelares, para que o vencedor (requerente ou
requerido) tenha direito a procuradoria é necessário que:
- Tenha constituído advogado;
- - Não esteja isento ou dispensado do pagamento de custas;
- finde após a apresentação da contestação;
- - Não a parte vencedora não seja representada pelo Mº Pº, arts…... art. 63.º §
2, segunda parte, do CCJ, actualizado pelo n.º 5 art.10.º, segunda parte, da
Lei nº 9/05, de 17 de Agosto.
Tal como acontece com a generalidade dos processos cíveis, nos procedimentos
cautelares a procuradoria é cobrada a favor do Cofre Geral de Justiça nas seguintes
situações:
-Quando a parte vencedora seja representada pelo MºPº, art. 63.º § 2 do CCJ,
actualizado pelo n.º 5 art.10.º da Lei nº 9/05, de 17 de Agosto;
- Em qualquer processo em que a parte vencedora não seja representada por
Advogado ou solicitador, art. 63.º § 2, segunda parte, do CCJ, actualizado pelo n.º 5
art.10.º, segunda parte, da Lei nº 9/05, de 17 de Agosto;
- Nos procedimentos cautelar que a parte que haja lugar a oposição oposição ou sem
esta, vide n.º 5 art.10.º, segunda parte, da Lei nº 9/05, de 17 de Agosto;
- E se a parte que tenha direito tiver declarado que as não quer receber, art. 50.º §2,
do CCJ;
-
ver art. 10.º da Lei n.º 9/05.
Cont.
A procuradoria é arbitrada pelo Tribunal, em função do valor da cusa e sua
complexidade, entre ¼ e ½ da taxa de justiça, dividida na proporção do
vencido, vide n.º 3 do art. 10.º, da Lei n.º 9/05, de 17 de Agosto.
Quando o tribunal a não arbitre entende-se fixada no montante mínimo, vide
n.º 4 do art. 10.º, da Lei n.º 9/05, de 17 de Agosto.
A procuradoria é deduzida de 25% que se reverte para a Ordem dos
Advogados, salvo nos casos em que a parte vencedora não esteja
representada por Advogado, vide n.º 6 do art. 10.º, da Lei n.º 9/05, de 17 de
Agosto.
Custas de Parte
Entende-se por custas de parte as despesas efectuadas pelas partes ao longo
do processo, susceptíveis de reembolso pelo vencido.
A nossa lei não fala especificamente do âmbito das custas de parte, apenas
refere no paragrafo § 2 do art. 50.º do CCJ, que “as custas de parte
compreendem tudo o que a parte despendeu através do processo ou parte do
processo que se refere a condenação e a que tenha direito”.
As custas de parte e a procuradoria são incluídas na conta feita após o transito
em julgado de decisão de que contenha condenação definitiva em custas, para
serem pagas conjuntamente com as do tribunal, sendo sempre adicionadas ao
total em dívida, depois de abatidos os preparos ao custo do processo, a fim de
se determinar o total despendido com o processo ou parte do processo, vide o
corpo do art. 50.º do CCJ e art. 15.º da lei n.º 9/05, de 17 de Agosto. As custas
de parte são igualmente incluídas nos rateios, vide art. 115.º alínea d) e art.
13.º art. 15.º da lei n.º 9/05, de 17 de Agosto.
Há custas de parte naquelas providências em que haja contestação.
Nos termos do art. 7.º n.º 2, da Lei n.º 9/05, de 17 de Agosto, “as isenções de
custas, independentemente da sua natureza ou fonte, não abrange os
reembolsos à parte a título de custas de parte, sendo estas suportadas pelo
Cofre Geral de Justiça quando o Estado saia vencido”
Responsabilidade pelo pagamento das custas
judiciais
Como referimos no princípio da presente abordagem, por força do princípio da
onerosidade, plasmado no nº 1º do art.º 446º do CPC, conjugado com o art. 1º
do Código das custas judiciais, «a decisão que julgue a acção, procedimento,
incidentes ou recursos, implica sempre a obrigação do pagamento das custas,
salvos no caso de isenção prevista na lei».

Assim, os procedimentos cautelares estao sujeitos a custas judiciais, salvo se


forem requeridas pelas ou contra entidades isentas pelo pagamento das custas
judiciais, nomeadamente a) O Estado – Administração -, Autarquias Locais,
Institutos Públicos e Associações Públicas art.º 2º nº 1 do C.C.J; b) As Pessoas
Colectivas de Utilidade Pública Administrativa - art. 2º nº2 do C.C.J; d) O
Ministério Público;d) Quaisquer outras entidades assim declarada por lei
especial, bem como as pessoas que gozam de assistência judiciária.
No que conserne a responsabilidade para o pagamento das custas judiciais nos
procedimentos cautelares, isto é, das custas devidas a final, varia se o mesmo
admite oposição ou não. Assim:
1- Nos Procedimentos cautelares sem contraditório prévio ou decretadas sem
a citação do réu ou requerido, a responsabilidade é o autor ou requerente,
porque obteve vantagem ou proveito processual, se o procedimento for
julgado procedente (vide art. 453.º n.º1, 446.º última parte, do CPC).
As respectivas custas serão atendidas na acção principal. Importa voltar a
referir, como já dissemos esta condenação é provisória, visto que o requerente
condenado nas custas judiciais no procedimento cautelar, poderá ter à título
de custas de parte, as custas já pagas no procedimento cautelar, se vier a
ganhar a acção principal relacionada com o respectivo procedimento. O
Tribunal irá condenar o réu não só no processo principal, mas também no
procedimento cautelar interposto pelo autor.
Porém, se o requerente da providência não propuser no prazo de 30 dias, a contar da
data da notificação, a acção principal, a sua condenação nas custas, converte-se de
provisória em definitiva, em virtude de aquela ser dependente desta última.
- Se o procedimento for julgado improcedente as custas são da responsabilidade do
requerente, mesmo que venha ter vencimento na acção principal, art. 446.º do CPC.
De igual modo nas situações em que a produção de prova tenha lugar antes da
propositura da acção por motivos de estado de necessidade, as custas sao sempre
pagas pelo requerente art. 261.º, do CPC (art. 453.º n.ºs 2 e 3 do CPC).

2. Relativamente aos procedimentos cautelares, que para serem decretadas haja
citação do réu ou requerido, e este por sua vez apresenta sua oposição. Neste caso,
se a providência for julgada procedente, o réu paga as custas definitivas, porque
exerceu uma actividade infundada no processo, por força do “princípio da
casualidade” nos termos do art. 453º nº 1, in fine, conjugado com os art.ºs 446º e
447º CPC. Do mesmo modo paga o requerido se contestar, e a providência for julgada
procedente.
Parte da tabela
Valor acçao kz até: Taxa de Justiça Preparo inicial Preparo subsequente Prep. para decisão
176.000,00 28.160,00 8448,00 11.264,00 8448,00
352.000,00 42.240,00 12.672,00 16.896,00 12.672,00
616.000,00 61.600,00 18.480,00 24.640,00 18.480,00
880.000,00 70.400,00 21.120,00 28.160,00 21.120,00
1.320.000,00 79.200,00 23.760,00 31.680,00 23.760,00
2.200.000,00 88.000,00 26.400,00 35.200,00 26.400,00
4.400.000,00 132.000,00 39.600,00 52.800,00 39.600,00
6.600.000,00 165.000,00 49.500,00 66.000,00 49.500,00
8.800.000,00 176.000,00 52.800,00 70.400,00 52.800,00
13.200.000,00 198.000,00 59.400,00 79.200,00 59.400,00
17.600.000,00 220.000,00 66.000,00 88.000,00 66.000,00
26.400.000,00 264.000,00 79.200,00 105.600,00 79.200,00
35.200.000,00 316.800,00 95.040,00 126.720,00 95.040
44.000.000,00 374.000,00 112.200,00 149.600,00 112.200,00
66.000.000,00 528.000,00 158.400,00 211.200,00 158.400,00
Caso prático1
Francisco Manuel, solteiro, residente em Viana, intentou uma providência cautelar
especificada de arresto de uma residência, contra Manuel Gomes, solteiro,
Professor, residente em Cacuaco, invocando os seus fundamento de facto e de
direito.
Tendo fixado na sua petição inicial, como valor de acção a quantia de kz.
16.000.000,00.
Efectuou o pagamento do preparo incial e para decisão, que foi calculado no valor de
kz. 11.000,1, para cada um deles cada, o que totaliza o valor de kz. 22.000,2, tal como
consta de fls. 8.
Porém, o tribunal julgou procedente à respectiva providência e condenou o
requerente pelo pagamento das custas.
O Processo tem 50 corporada e 10 não corporada.
O oficial Gabriel de Jesus, percorreu 15 km tal como contsa de fls 10, bem como 12
km - fls 30, ao ir notificar.
• - Elebore a conta.
Valor da acção
Conta n.º1/2020
16. 000.000,00
Taxa de justiça, art. 16º, CCJ e art. 4.º n.º1, Lei n.º9/05 220.000,00
Taxa de justiça (redução) 1/6 (art. 37.º, CCJ) 36.667,00

TAXA A DISTRBUIR 36.667,00


COFRE GERAL DE JUSTIÇA
___30__% da taxa de justiça (art. 19.º 2, Lei n.º9/05) 11.000,1
Adicional 10% da taxa(art. 9.ºal. b) Dec-23/93, de 16 de 3.666,7
Junho, vide tb arts. 17.º e 19º n.º1, da lei 9/05)
Fixo 10 UCF (art. 48 n.º1 CCJ, act pelo art.14.º, lei 9/05) 880,00
Pepel 72 (50+10+12= 72) fls./ 35,2(vide 48.º e 75.º, 2534,4
do CCJ, actualizado art. 14, Lei n.º9/05)
Procuradoria 9.166,75 27,247,95
Cont.
CARTÓRIO
40 % de Taxa de justiça (art. 19.º 2, Lei n.º9/05) 14.666,8 Kz. 14.666.8

Oficial Gabriel de Jesus


Caminhos de fls. 10 e 30 (27 km x 88,00) (vide arts. 53.º, 2. 376,00 2.376,00
54.º, 55.º e 59.º, do CCJ, act. Pela lei 9/05)
Oficial
Caminho
Perito,
Emolumento
A transportar Kz. 44.290,75
Cont.
A Transportar Kz. 44.290,75

RECEITA DO ESTADO
30% de multa
30% de taxa de justiça (art. 19.º 2, Lei n.º9/05) Kz. 11.000,1

Exame médico de fls. (não houve) Xxxxxxxxxxxxxxxxxx


Selo de Processado (abolido) Xxxxxxxxxxxxxxxxxx
Selo de Recibo (abolido) Xxxxxxxxxxxxxx
Selo de Reconstruçao Naciona(abolido) xxxxxxxxxxxxxx Kz. 11.000,1

Patronato das Prisões (recebido do preparo de 176,00


fls 08, mais o recido que irá se passar para
pagamento das custas, art. 21.º, lei 9/05)
Soma: 55.466,85
Abantendo preparos de fls. 08 (art. 80.º, ccj) 22.000.2
Total a pagar 33.466,65
Cont.
Em Dívida
São trinta e três mil e quatrocentos e sessenta e seis kwanzas e sessenta e
cinco cêntimos.

Guias a passar no valor de kz. 33.466,65 em nome do senhor Francisco


Manuel, de que é responsável.
Uíge, aos 17 de Julho de 2019
O contador
……………Azevedo Ferreira…………………
Caso Prático- 2
Manuel Joquim, solteiro, residente na centralidade do Kilamba, intentou uma providência
cautelar especificada de embargo judicial de obra nova, contra Marta David, solteira,
professora, residente em Cacuaco, invocando os seus fundamento de facto e de direito.
Tendo fixado na sua petição inicial, como valor de acção a quantia de kz. 10.000.000,00.
Efectuou o pagamento do preparo incial e para decisão, que foi calculado no valor de kz.
9.900,00, para cada um deles, o que totalizou o valor de kz. 19.800,00, vd fls. 7.
A requerida foi notifica e apresentou a sua contestação. Tendo efectuado de igual modo o
pagamento do preparo para contestação e para a decisão, a fls. 16.
Porém, o tribunal julgou procedente à respectiva providência e condenou a requerida no
pagamento das custas judiciais que foi fixado em metade.
O requerente e requerido juntaram aos autos procuração, vide fls 6 e 15 respectivamente.
O Processo tem 60 corporada e 10 não corporada (vide art. 75.º, do CCJ.)
O oficial Gabriel de Jesus, percorreu 15 km a fls 10, bem como 12 km a fls 30 ao ir notificar.
- Elebore a conta.
Contínuaçao caso Prático-1
Valor da acção
Conta n.º 02/2020
10.000.000,00
Taxa de justiça art. 4.º n.º1, Lei n.º9/05 198.000,00
Taxa de justiça (redução) ½ (fixado pelo juiz, art. 37.º CCJ 99.000,00

TAXA A DISTRBUIR 99.000.00


COFRE GERAL DE JUSTIÇA
30_% da taxa de justiça (art. 19.º 2, Lei n.º9/05) 29.700,00
Adicional 10% da taxa (art. 9.ºal) b) Dec-23/93, de 16 de 9.900,00
Junho, vide tb arts. 17.º e 19º n.º1, da lei 9/05
Despesas de transporte
Fixo 10 UCFx 88,00 (art. 48.º n.º 1 CCJ) 880,00
Papel 82 (60+10+12)/35,2 fls. 35,2 (vide 48.º e 75.º, 2.886,4
do CCJ, actualizado art. 14, Lei n.º9/05)
Procuradoria (não se cobrou pq é p parte vencedora) xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 43.336,4
xxxxxxxxxxx
Cont.
CARTÓRIO
40 % de Taxa de justiça (art. 19.º 2, Lei n.º9/05) 39.600,00 39.600,00

Oficial Gabriel de Jesus


Caminhos fls 10 e 30 (27m x 88,00) km (arts. 53.º, 54.º, 2.376,00 2.776,00
55.º, 59.º, do CCJ, art. 14.º , Lei n.º9/05)
Oficial
Caminho

A transportar 85.742,4
Cont.
A transportar 85.742,4
CUSTAS DE PARTE do AutorManuel Joquim
Papel e despesas (papel 6 fls/x35,2, mais procuração-kz. 577,00) 788,2
Preparos fls. 07 (numa única guia pagou os dois preparos) 19.800,00
Procudoria (1/4 da taxa devida a final, deduzindo 25% p OAA) (art. 18.562,5
50.º e 63.º, do CCJ, art. 10.º n.º 3 e 4, Lei n.º9/05)
Soma 39.159,7 39.159,7
25% da Procuradoria para a Ordem dos Advogados (art. 10 .º 6, 6.187,5 6187,5
Lei n.º9/05)

A transportar 131.089,6
A Transportar 131.089,6

RECEITA DO ESTADO
30% de multa
30% de taxa de justiça (art. 19.º 2, Lei n.º9/05) 29.700,00
Exame médico de fls. Xxxxxxxxxxxxxxxxxx
Selo de Processado (abolido) Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Selo de Recibo (abolido) Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Selo de Reconstruçao Nacional (abolido) Xxxxxxx
29.700,00
Patronato das Prisões (4x88) (duas guias do preparo e outra 352,00
do réu para pagar as custas finais e outra p autor levantar ou
receber custas de parte, art. 21, Lei n.º9/05)

Soma 161.141,6
Abatendo preparo de fls. 7 e 16 (vide art. 80.º, do CCJ) 39.600,00
Total a pagar 121. 541,6
Cont.
Em Dívida
São cento e vinte e um mil e quinhentos e quarenta e um kwanzas e seis
cêntimos.

Guias a passar no valor de kz. 121.541,6 em que é responsáveis a requerida.

Uíge, aos 17 de Julho de 2019


O contador
………………………………
fim

Muito obrigado.
Contamos com o
seu contributo.

Você também pode gostar