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UMA CIDADE, UMA RUA: RUA XV DE NOVEMBRO SÃO JOSÉ DOS PINHAIS

Autor: Fabrizio Carlo Brun


Orientadora: Maria Inês B. Mancini

INTRODUÇÃO consideração de preservação, e não mais existem, permanecendo


somente fragmentos de memória.
Este trabalho tem como objetivo demonstrar a importância de Foi utilizado como referencial teórico os autores Pierre Nora e
uma rua na construção social de um município. Qualquer rua passa Michael Pollak, que enfatizam e teorizam os lugares de memória e
despercebida ao olhar de quem não vivenciou experiências em suas particularidades; priorizando a memória, os autores têm uma
determinados edifícios, não presenciou a construção de um deles, definição complexa inserida nesses ambientes históricos. A memória é
ou que não teve com seu grupo experiências de vida memoráveis e algo individual e coletivo, aberta a lembranças e esquecimentos, algo
situações singulares. Mas quando se busca o contexto histórico, seletivo em permanente mudança pelas frequentes transformações,
quando se busca a construção da história através da memória, o olhar deformações e até pela manipulação. A memória se alimenta de
para tais monumentos, lugares, se modifica. lembranças vagas, flutuantes, lembranças particulares e até mesmo
A rua, objeto de estudo, faz parte de São José dos Pinhais, hoje simbólicas, sensíveis a todas as transferências. Contudo, a memória
denominada XV de Novembro. O recorte temporal concentra-se do desperta curiosidade também pelos lugares onde ela se guarda, está
início do século XX ao início do XXI, período de grandes modificações na ligada a um momento particular da história e a indivíduos particulares.
cidade, tanto de estruturas urbanas, como adensamento populacional A história é uma reconstrução com determinada problemática do que
e também industrial; um período de modernização social. Focando não mais existe, da memória, ou seja, história é uma representação
na rua XV de Novembro, em um processo com base em diversas do passado. Memória remete sempre ao presente, deformando e
fontes escritas, de um acervo fotográfico, nos lugares de destaque reinterpretando o passado, há uma permanente interação entre o
no percurso da rua, buscou-se trabalhar com a memória inserida na vivido e o aprendido, o vivido e o transmitido, aplicáveis em todas
história da cidade. Destaca-se a importância, as particularidades e as formas de memória, individual ou coletiva, familiar, nacional e de
as representações memoráveis destes lugares para os habitantes de pequenos grupos e também nos lugares, nos monumentos, patrimônios
São José dos Pinhais, bem como dos lugares onde não houve uma arquitetônicos, que nos acompanham pela vida, as paisagens, as datas

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e personagens históricos de cuja importância somos relembrados, as a concepção de núcleo, centro, municipalidade das pessoas, envolta no
tradições e costumes. religioso, da instituição que determinou o estabelecimento definitivo da
Por fim, a memória está inserida no cotidiano da sociedade e seus população de São José dos Pinhais e outras populações mundiais. Além
indivíduos, nos seus rituais e lugares, patrimônios materiais e imateriais da Igreja Matriz, outras construções passaram a ocupar a memória dos
que podem ser localizados no percurso da rua XV de Novembro. habitantes da cidade como apresentado no subcapítulo 1.2.
Destaca-se, assim, a importância da manutenção ideológica e simbólica O segundo capítulo trabalha com a memória e o sentimento
de tal espaço para os cidadãos são-joseenses, como é o caso de Ernani de pertencimento, assim como a importância de preservação dos
Zétola, fundador do Museu Municipal Atílio Rocco, cidadão de 88 anos, patrimônios arquitetônicos. Uma análise das transformações na própria
residente na cidade, com um histórico familiar tradicional no município, rua XV de Novembro não somente nas residências que a cercam, mas
que contribuiu para a construção da história da cidade, segundo a sua também do ambiente estrutural, em que a própria imagem e intenção
memória, embora demonstrando características e visões de mundo para com a rua se modificou; ela passou de mera passagem a um espaço
distintas da atualidade. de cotidiano, de obrigações comerciais, um ambiente de socialização,
Hoje, a rua deixa de ser um espaço somente social de convívio um ponto de referência para a população e o município.
diário entre cidadãos, e passa a ser reestruturada, com novas formas A importância, as experiências na rua e o carinho do povo para
de acesso, novas ideias de consumo, novas ideologias e simbologias, com o espaço são notados nos depoimentos, nos fatos corriqueiros
processos de transformações analisados e interpretados no decorrer e rotineiros apresentado pelos velhos moradores da cidade que não
deste texto. ousam abandoná-la.
No primeiro capítulo são abordados: o aparecimento do núcleo
1 FORMAÇÃO URBANA DE
da cidade, as principais regiões que eram habitadas, os limites do
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS
município e a relação dele com o Paraná e principalmente com Curitiba.
O atual centro urbano foi se desenvolvendo em volta da Igreja Matriz Hoje, a formação urbana do município de São José dos Pinhais
já durante o século XIX; com o crescimento da população do município, é relativamente grande, com um contingente populacional e uma
o centro se desenvolveu cada vez mais, até que São José dos Pinhais ampliação urbana não muito longínqua de nosso tempo, cujo processo
deixou de ser freguesia. Com a emancipação do Paraná, ganhou, o de crescimento vem do início do século XIX à atualidade.
título de município, recebendo, também, contingentes de imigrantes Nesta região, o maior desenvolvimento urbano e as modificações
que proporcionam relativamente bem seu desenvolvimento. No estruturais se destacaram a partir de 1900. O desenvolvimento foi
decorrer do tempo, a estrutura urbana modificou-se, surgindo novas notável na principal artéria da cidade, ou seja, a atual Rua XV de
formas de construções que redefiniram o núcleo urbano. Surgiu, então, Novembro com várias residências, casas de comércio, escola e a

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Igreja que estabeleceram nesta rua que liga a Capital do Estado ao Este município tem como histórico a vinda e assentamento dos
Município. Arraiais de mineiros, com pequenos núcleos nos pousos de Tropeiros,
A formação urbana de São José dos Pinhais se deu através do nas sesmarias, nos currais de criação e invernagem do gado. Assim foi
surgimento e o estabelecimento dos portugueses no século XVII a formação da povoação de São José dos Pinhais que data de meados
e futuramente outros colonos e povos neste território. Portanto, é do século XVII e início do XVIII,2 mas há muitas contradições quanto à
importante entender o processo de formação e surgimento do núcleo origem real da população.
do município para então entender a relação que a rua XV de Novembro Acredita-se na provável hipótese de que a povoação seria
tem para com esta população São-Joseense. originária de pontos de parada dos caminhos que iam de Curitiba para
o Litoral, Arraial Grande e Campo dos Ambrósios, sendo o último um
1.1 Surgimento de uma cidade
dos mais antigos povoados do município, lugar que inicialmente ligava
O território do município de São José dos Pinhais atualmente São Francisco com Curitiba.
faz divisa geográfica com Curitiba pelo Rio Iguaçu, com o município Não se sabe ao certo quando a população São-Joseense tornou-se
de Piraquara pelo Rio Itaqui, e com o município de Morretes pela Freguesia. Dentro da organização administrativa de Portugal, as freguesias
Cordilheira Marítima e o Rio do Arraial até sua confluência com o eram conhecidas por serem terras jurisdicionadas a uma igreja paroquial.
Rio de São José. Limita-se com Guaratuba pelo Rio de São João, e Em Portugal, durante todo o período colonial brasileiro e anterior
com Tijucas do Sul através dos Rios São João, Capivari e Una e, por a este, as paróquias, sedes das freguesias, possuíam poderes e
último, limita-se com o município de Mandirituba com os Rios Pires influenciavam o desenvolvimento da população local, muitas vezes
e Deapique; anteriormente esses respectivos municípios citados sendo superiores aos poderes dos chamados “conselhos” (câmaras
faziam parte de São José dos Pinhais exceto Curitiba e Guaratuba. municipais). Da mesma forma, vivida em Portugal, no Brasil estas
Contudo, a cidade tem um vasto território de aproximadamente freguesias possuíam uma localização imprecisa variando muito de um
925 km²; é um município rico em campos, zonas florestais e local para o outro. Até o final do século XVIII, geralmente elas eram
montanhosas,1 conhecido por suas colônias de imigrantes poloneses, muito extensas, dificultando a sua administração, isto em relação ao
italianos e alemães, que contribuíram com as características culturais cumprimento das leis civis e religiosas.3
de seus habitantes e com sua formação social. O município se Determinados fatos históricos retratam as razões e nos permite
destaca no aspecto econômico, através das multinacionais que ali compreender a escolha das pessoas em se estabelecerem em
se estabeleceram e que contribuíram com o desenvolvimento nos determinadas regiões próximas a atual Igreja de São José, que
diversos aspectos, fortalecendo o crescimento populacional, que favoreceu o desenvolvimento da região central do município, como é o
apresentou um aumento significativo. caso da migração populacional do Arraial Grande.

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Em São José dos Pinhais, a pecuária e a agricultura eram as Grande, situado ao lado do Rio Arraial, na Serra do Mar; em 1690,
principais atividades como base de sustentação da população. Com os surgiu então a Capela do Bom Jesus dos Perdões, porém, a localização
bovinos, tinha a carne, o leite, o couro, outros subprodutos, assim como não estava no Arraial Grande, mas próximo ao futuro núcleo urbano da
também a tração de eqüinos para a locomoção, transporte e pastoreio, “Freguesia de São José”. O estabelecimento desta capela está ligado
com os muares o transporte de carnes em caminhos mais longos e à história do então Cônego João da Veiga Coutinho, que na época
íngremes. Nas fazendas, suas principais atividades se destacavam era proprietário de dois enormes pedaços de terras em São José dos
com o cultivo do trigo, feijão, milho e arroz para a alimentação; uma Pinhais: as fazendas “Águas Bellas” e “Capocu”.6
atividade econômica de destaque na época era o plantio do fumo, A localização da Fazenda de Águas Bellas era privilegiada, pois
caçava-se muito pela sua área florestal, colhia-se mel e consumiam- suas terras eram cortadas por importantes caminhos percorridos pelos
se pinhões, 4
podendo-se notar uma economia quase totalmente de primeiros colonizadores portugueses. A fazenda fazia limites com o Rio
subsistência. Iguaçu, ocupando todo o espaço onde mais tarde em 1908, foi criada a
Como toda economia de subsistência, o município de São José “Colônia Agrícola Affonso Penna”.7
dos Pinhais era portador de uma estrutura senhorial ligada ao Conta-se que São José dos Pinhais continha vários núcleos de
capital mercantil. Essa população Figura 1 - Núcleo São José dos Pinhais, 1905. povoados, e várias localidades,
demandava alguns bens que não dentro do atual espaço, com a criação
podia produzir como era o caso do da Capela de São José, mas também
sal, açúcar, algodão, utensílios e com data imprecisa nasce mais uma
ferramentas; durante esse período, freguesia provavelmente entre os
as lavras do Arraial Grande um séculos XVII e XVIII. Esta pequena
dos primeiros núcleos, perderam capela situava-se onde hoje se
sua importância, até encerrarem encontra a Igreja Matriz ou Catedral
sua produção. Esse fato se torna de São José dos Pinhais.
fundamental para que se entenda Com a decadência do Arraial
a localização definitiva de São José Grande, perdendo sua importância e
dos Pinhais.5 encerrando sua produção, ocorreu o
O primeiro núcleo populacional deslocamento do núcleo principal do
de colonizadores portugueses em povoamento da área para o local onde
ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais – Pasta 12
terras São-Joseenses foi o Arraial RG/RE: 890-232. 1 fotografia p&b.
hoje se situa a cidade de São José

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dos Pinhais, o que será fator determinante no seu desenvolvimento, caracterizam determinados grupos de indivíduos com suas memórias
principalmente pela sua proximidade a Curitiba.8 coletivas.
A freguesia de São José, para garantir a presença dos moradores São os rituais de uma sociedade sem ritual; sacralizações passageiras
nos atos religiosos, percebeu a necessidade de distribuição de numa sociedade que dessacraliza; fidelidades particulares de uma
sociedade que aplaina os particularismos; diferenciações efetivas
terras ao redor da Igreja. Nestas terras, as pessoas que viviam
numa sociedade que nivela por princípio; sinais de reconhecimento
em locais longínquos, deviam construir uma segunda moradia, e de pertencimento de grupo numa sociedade que só tende a
onde permaneceriam enquanto fosse necessário para uma efetiva reconhecer indivíduos iguais e idênticos.10

participação nas “obrigações” religiosas. Nesse contexto, a Igreja Matriz passou por várias transformações
Para a distribuição desses terrenos e moradias, foram tomados estruturais conforme o tempo. A atual construção foi iniciada no início
determinados provimentos como é o caso dos provimentos número 38 do século XX, as transformações não se focam somente na Igreja,
e 39 de 1721: mas, sim, no seu entorno, até mesmo com relação à economia que se
38.-Proveo que na mesma forma a Câmera dará chãos, junto a modifica devido ao adensamento populacional da imigração: grande
igreja e freguezia de Sam Joseph aos vezinhos que alli as quizerem
contingente de italianos, poloneses e alemães que veio para o município
fabricar para acistirem aos officios Divinos que até agora não tem
empedimento que a isso se lhe ponhão, e sobre que elle Ouvidor de São José dos Pinhais. Os Italianos e alemães se estabeleceram no
geral deu nesta correição que passou em cousa julgada a favor do
procurados do conselho que fica na arca delle.
Figura 2 – Construção Igreja Matriz.
39.- Proveo que dando o conselho chãos para quintaes aos visinhos
será conforme a testadas de suas casas, e com tanto fundo como
os mais tiverem, e serão obrigados os vezinhos a fazerem neles
os seus sercados para ficarem fechados e livres de desastres e
ofensas de Deos que resultão dos quintaes estarem abertos e mal
tapados.9

Observa-se que mesmo no provimento, a igreja teve grande


influência no mundo privado dos primeiros habitantes, determinando
como deveriam se organizar as moradias no interior dessas
propriedades, numa sociedade em que o catolicismo fazia parte de
grande demanda da população. Com essa influência do religioso na vida
privada, caracteriza-se, também, a influência na face e na formação
da Rua XV de Novembro, adquirida através dos rituais que, segundo ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais – Pasta 02 RG/RE: 171-022.
Pierre Nora, atuam como agentes influenciadores nostálgicos e que 1 fotografia p&b.

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pequeno centro urbano nos arredores da Igreja, trazendo suas formas Esse depoimento nos remete a Maurice Halbwachs quando
arquitetônicas de residências, ajudando a caracterizar o centro da enfatiza que a memória individual existe sempre a partir de
cidade, influenciando junto os antigos descendentes de portugueses uma memória coletiva, “posto que todas as lembranças sejam
na edificação da Nova Igreja Matriz. constituídas no interior de um grupo, a memória individual é
Em 1920, essas residências dos antigos moradores São-Joseenses, construída a partir das referências e lembranças próprias do grupo,
casas e casarões no entorno de igreja e na rua mais extensa a “Rua da referindo um ponto de vista sobre a memória coletiva”. Jean Carlos
Entrada”11 como era chamada e, atualmente, conhecida como Rua XV Hansen provavelmente pertencia a um grupo específico que residia
de Novembro ou Calçadão, se tornaram escassas, dando lugar a casas ao redor da igreja matriz, sua rotina de domingo aparenta ser
de comércio, restaurantes, lanchonetes, bares, bancos, farmácias, sempre a mesma, tanto para ele como para o seu grupo; vê na igreja
pequenos consultórios e lojas em geral, indo junto com estes novos e casarões, lugares de memória, lugares particularmente ligados a
usos, pedaços do patrimônio histórico de São José dos Pinhais. uma lembrança, podendo ser pessoal também.13 Sua religiosidade
Contudo, a igreja era o principal foco de desenvolvimento do Figura 3 – Primeira visita da imagem de Nossa Senhora de Fátima em Sâo José dos Pinhais:
município no fim do século XIX, fazia parte do cotidiano das pessoas 1953.

com seus ritos e rituais, despertando a memória de seus habitantes


como é o caso de Jean Carlos Hansen:
São José dos Pinhais, Domingo, 1920.
A igreja Matriz está preparada para receber os ilustres cidadãos.
Todos estão em seus melhores trajes aguardando o inicio da
celebração.
Depois da missa, o habitual passeio pela praça. Os homens
aproveitam para entabular uma boa conversa enquanto as mulheres
vão às suas casas iniciar o almoço. Os jovens saem da igreja para
paquerar as moças a caminho de casa.
À tarde, a “domingueira” no Cine Ideal. O “Santo Gaiteiro” está
esperando para começar o baile. As pessoas arrastam as cadeiras
para dar lugar à dança. As crianças e os adolescentes vão ao
Iguaçu, mergulhar nas águas límpidas do rio.12

As práticas religiosas estavam inseridas no dia-a-dia da sociedade,


aos finais de semana, parecendo rotineiras, segundo o depoimento ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais – Pasta 14
acima. RG/RE: 1212-270. 1 fotografia p&b.

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tem a tendência de reconhecer indivíduos iguais e idênticos dando Tabela 1 – Taxa de urbanização
TAXA DE URBANIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS
sinais de reconhecimento de pertencimento de um grupo, como
REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA, 1950 -1980.
afirma Pierre Nora. (Em%).
Além da igreja, a Rua XV de Novembro torna-se lugar onde para Município. 1950 1960 1970 1980
Almirante Tamandaré 14,45 15,76 28,03 79,21
muitos é apenas uma rua de comércio, para outros um lugar de Araucária 12,49 28,97 31,97 77,21
Bolsa Nova - - 26,23 23,87
memória com suas histórias particulares e coletivas. Bocaiúva do Sul 6,86 11,45 13,06 19,28
Campina Grande do Sul - 3,77 4,04 38,61
Campo Largo 15,29 28,35 46,29 68,20
1.2 Rua XV de Novembro e seus Colombo
Contenda
-
-
15,66
13,84
5,67
15,53
87,43
46,29
lugares de memória Curitiba
Mandirituba
78,21
-
97,22
-
95,97
12,36
100,00
46,70
Piraquara 12,59 19,38 56,99 86,25
Com a intenção de criar arquivos que contribuam com a memória Quatro Barras - - 27,17 61,17
Rio Branco do Sul 4,84 9,97 20,16 45,36
dos são-joseenses, e considerando para eles a importância da São José dos Pinhais 13,43 28,49 62,93 80,42
Média (exclui Curitiba) 11,60 20,20 33,90 72,25
análise, bem como o contexto da rua XV de Novembro, procurou- Média Regional 50,26 73,24 79,91 91,99
FONTE: ULTRAMARI; MOURA. ap. OLIVEIRA, Dennison de. Urbanização e Industrialização
se recuperar o processo de transformação do centro urbano que no Paraná Curitiba: SEED, 2001. (Coleção História do Paraná; textos introdutórios). p.11
se deu inicialmente de forma lenta. A parte central do município de
São José dos Pinhais não passava além da rua XV de Novembro; Faz sentido então falar de uma similaridade tanto industrial
nela se concentrava o que para a cidade era fundamental, o básico, quanto da urbanização no caso do Paraná; o início do processo de
como a Igreja, Prefeitura e Câmara, Grupo Escolar, casas comerciais, industrialização paranaense coincide também com a intensificação
açougue, padaria, farmácia, bares, hotéis e o cinema. das políticas imigratórias, em que a vinda desses imigrantes contribui
A urbanização efetiva da cidade teve início no fim da década de 1970 para a criação de um mercado local para os bens de consumo não-
e início na de 1980, como em todo o Paraná, com a industrialização. duráveis, que são característicos da primeira fase da industrialização,
Historicamente, a urbanização antecede a industrialização, a que intensifica em todo o Estado como também a indústria da Erva-
passagem da economia rural para outra base industrial também Mate, a produção de Café, e a venda de Madeira.
intensifica a urbanização. A adesão urbana paranaense é completada Contudo, as grandes cidades tendem a ficar cada vez maiores
nos anos de 1980, quando finalmente a população urbana ultrapassa com a urbanização e industrialização, configurando um processo de
a rural. A participação da Região Metropolitana de Curitiba enquanto metropolização; as cidades médias com crescimento também, mas não
proporção do total do Estado também pode ser usada como na mesma proporção. As realmente pequenas cidades encaminham-
argumento a favor de uma metropolização nos anos 80;14 segundo a se a ficar menores, o que não ocorreu com a cidade de São José
tabela, a seguir: dos Pinhais, onde houve um grande investimento de industrialização,

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no início na década de 1980. No entanto, as modificações e os estaduais, o Estado era também responsável por elaborar as normas
investimentos urbanos se davam desde o início do século XX. básicas para a organização das administrações municipais. O estado
Voltando ao objeto de estudo, a rua desde o início foi chamada do Paraná elaborou leis especiais determinando como cada município
de “Rua da Entrada”, pelo fato de ser a principal via de acesso ao poderia executá-las.16
município. Há uma documentação que confirme isso, uma citação no O desejo de mudança, de progresso, rumo a uma modernidade
Livro da câmara de 1911: Figura 4 – Praça 8 Janeiro e brasão de armas do Brasil
Art.8º - O Prefeito fica autorizado a conceder por aforamento,
isento do imposto de concessão a João de Almeida Barboza Junior,
Dezesete cartas de terreno no quadro urbano com a extensão de
cento e setenta metros de frente e fundos correspondente, situado
com a frente para a rua da que dá para o lote do Rocio de numero
doze, e a margem da Rua da Entrada, Concessão esta em retribuição
a duas cartas de terreno occupado de há muito, para o alargamento
da rua que parte da praça Dr. Farias á Estrada velha de Curityba.
Prefeitura da Cidade de S. José dos Pinhaes, 28 de dezembro de
1910. Francisco de Paula Killian; Prefeito Municipal.15

A mudança de denominação vem com o desejo de modernização


quando em todo o Brasil, a passagem do Império para a República
provocou muitas rupturas de ordem administrativa e política; para os
republicanos era necessário mudar, e o lema “ordem e progresso” não
deveria ficar somente na bandeira nacional. O primeiro momento foi de
grande euforia por mudanças, cobravam-se mudanças de postura ou
de ação social, efetivada, pela elaboração de uma nova Constituição, ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais – Pasta 35
RG/RE: 4405-670. 1 fotografia p&b.
exigindo, assim, uma nova postura para o Paraná e seus municípios,
como o de São José dos Pinhais.
Durante a República Velha, a Câmara Municipal de São José dos desconhecida, se reflete na nomeação da Rua da “Entrada” que era a
Pinhais, que também se localizava à Rua XV de Novembro junto à principal via de acesso ao núcleo do município. Não se tem registro de
Prefeitura, passou por muitas mudanças após a promulgação da nova quando a rua passou a se chamar Rua XV de Novembro, mas menos
Constituição Brasileira, em 1891. Foi instalado o congresso legislativo de um ano depois do registro que cita a rua como “Rua da Entrada”
do Estado do Paraná, dando-se início à elaboração das novas leis aproximadamente seis meses depois o nome oficial é utilizado:

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Ilmo. Snr. Prefeito Municipal Schaffenberg de Quadros, Caixa D’Água e o centro cultural João
Francisco Carraro desejando edificar n’esta cidade uma casa, e
Senegaglia. Todos eles localizados na rua XV de Novembro.
existindo um terreno na rua 15 de Novembro limitando-se com
outros terrenos de Fioravante Slaviero e Arthur da Souza Baptista, Como já visto, a igreja foi de fundamental importância para o
requer a V.Sª que lhe conceda este terreno que contem duas cartas desenvolvimento do núcleo urbano de São José dos Pinhais. Ao seu
pagando o Suppe, os devidos impostos.
Nestes Termos redor a sociedade se estabelecia, ela foi transformada, reformada,
P. Deferimento aumentada, processo que vem desde o período de sua construção em
S. José dos Pinhaes, 1 de junho de 1911.
meados do século XVIII. A atual igreja matriz foi construída a partir de
(a)Francisco Carraro.17
1905, ela jamais mudou de lugar, teve apenas suas sedes, pelo fato
Aproximadamente vinte anos após a Nova Constituição o mais das reformas de ampliação e conservação. Como o caso de sua última
antigo e principal logradouro de São José dos Pinhais ganha seu nome sede no casarão de Zacarias Alves Pereira.18
definitivo. Nome utilizado em vários municípios nacionais, dado para
Meu nome Maria de Lourdes Pereira Setim. Nasci no dia 13 de
uma rua de destaque, rua central ou de grande importância para os novembro de 1917, no velho casarão da Praça Oito de Janeiro. Sou
municípios, ruas que já foram chamadas por outros nomes, como o filha de Zacarias Alves Pereira e o meu pai dizia que este casarão
não devia ser derrubado, pois chegou a ser sede da nossa Igreja
caso de Curitiba em que passou por Rua das Flores e Rua da Imperatriz Matriz, quando ela estava sendo reconstruída.19
até chegar o nome atual. Ambas as populações concordavam que a rua
XV de Novembro era a principal artéria da cidade, e seus cidadãos Maria de Lourdes Pereira Setim tem de fato um respeito pelo
tinham o privilégio de residir em torno da rua, visto que utilizavam o casarão, um respeito que pode ser entendido em relação à memória
deslocamento da população por ela para fins comerciais. A grande de seu pai. Memória essa que não a pertence, mas desperta nela um
diferença é que nunca em um município respeitaram-se mais as sentimento de continuidade residual a esse lugar específico; carrega
propriedades privadas, as construções originais, casarões de comércio, consigo uma curiosidade pelo lugar, pois ele cristaliza um momento
etc, pelo menos suas as fachadas, como ocorreu com Curitiba. particular da história.
Na cidade de São José dos Pinhais, são raros os lugares que Atualmente, a igreja matriz ainda é vista com grande importância
remetam ao antigo, lugar que desperte a curiosidade da população para o município, como comprova uma pesquisa atual sobre qual seria
em busca do seu passado, de sua própria história de formação social, o cartão postal da cidade, em que revela ser a Matriz o monumento
ainda muito desconhecida e tratada com indiferença. Hoje podemos caracterizador da sociedade são-joseense:
dar destaque a cinco monumentos históricos que são preservados A Catedral de São José dos Pinhais, localizada na Praça 8 de
Janeiro, no centro da cidade, ficou com o primeiro lugar, com 2.143
de certa forma no núcleo do município de São José dos Pinhais; são
votos (37%). Sua primeira construção data 1708, passando por
eles: a Igreja, o Museu Municipal Atílio Rocco, a Biblioteca Pública varias reformas e ampliações. Em 1905 foram iniciadas as obras

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da sede atual e, em 2002, foi tombada pelo Patrimônio Histórico pessoas contemporâneas que são meros espectadores, mas que
Municipal.20
serão portadores de uma memória coletiva ou individual. Através da
Na mesma pesquisa realizada, o segundo monumento escolhido pesquisa, observa-se que a sociedade tem uma curiosidade por tais
com 2.078 votos (36%) como preferência simbólica de São José dos monumentos e lugares, mesmo não compreendendo e sabendo seu
Pinhais, ficou a Caixa D’Água, localizada na Praça Getúlio Vargas, atual contexto e sua história. Sendo assim, a Rua XV de Novembro não é
Terminal de ônibus localizado também na Rua XV de Novembro. Ela foi vista hoje no sentido nostálgico como era antes: os monumentos, os
construída, em 1966, com 30 metros de altura e com capacidade para lugares não representam a mesma memória, a mesma experiência dos
100m³ de água. Nela está aplicada uma placa que marca a realização antigos cidadãos, formando com isso, outros meios de memória.
do 3º Congresso de Engenharia Sanitária no No percurso da rua XV de Novembro, destaca-se, além da Igreja
Paraná. Figura 5 – Caixa d’água. e Caixa D’Água, o Museu Municipal Atílio
Sem a referência que a placa dá a essa Rocco, edifício histórico construído por Luiz
determinada data, a estrutura construída não Victorine Ordine, prefeito de São José dos
passaria de um mero monumento moderno e Pinhais de 1900 a 1908. Em 1920, o prédio
arrojado de uma caixa de água, notando-se foi vendido para a Municipalidade, e passou
a ausência da memória como afirma Pierre a abrigar simultaneamente os poderes
Nora. Os lugares de memória nascem e executivo, legislativo e judiciário e foi sede da
vivem do sentimento que não há memória Associação Comercial e Industrial, Agrícola
espontânea, posto que é preciso criar datas, e prestadora de serviços para São José dos
manter celebrações, e sem essa vigilância Pinhais. O museu municipal foi criado em 19
comemorativa ou preservativa, esses de setembro de 1977, por Ernani Zétola na
lugares não têm importância alguma para os Rua Mendes Leitão, nº. 2571, e somente em
indivíduos que não compartilham da mesma março de 1981 passou à sede atual, sendo
memória de um grupo específico relacionado nomeado Museu Municipal Atílio Rocco.21
ao lugar ou a data. Trata-se de um imponente casarão datado
Contudo, entende-se a distinção do de 1912, aproximadamente, e que serviu de
uso da memória para os cidadãos que residência à família Victorine Ordine. Em
vivenciaram as mudanças, participaram
ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos 1920, foi vendido para o município, na gestão
Pinhais
e usufruíram os lugares mais do que as de Francisco de Paula Killian que autorizou
Pasta de concurso fotográfico. 1 fotografia cor.

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a construção do mesmo casarão, como apresenta o requerimento de distante, o passado popular, as pessoas amigas de destaque que
terreno de 1912: viveram em uma pacata cidade. Sua coluna nostálgica agradou
Requerimento de Manoel Victorine Ordine, apresentado em 27 de bastante a população, era um grande colaborador dos jornais são-
maio de 1912 ao Ilmº. Sr. Prefeito Municipal Francisco de Paula joseense, inclusive o da Tribuna de São José o qual na época era do
Killian.
vereador Elon Bonin que mais tarde colaborou com Ernani Zétola na
Ilmº. Sr. Prefeito Municipal
Manoel Victorine Ordine, abaixo assignado vem respeitosamente criação do Museu Municipal.23
requerer a vsª. Senhoria que lhe seja dado o respectivo alinhamento
Câmara Municipal de São José dos Pinhais
no terreno de sua prorpiedade à Praça Dr. Silveira da Motta, desta
O vereador Elon Bonin, no uso dos direitos que lhe são conferidos
cidade, afim de poder o supplicante nelle edificar. Do deferimento
pelo Regimento Interno e,
E.R.Mª. São José dos Pinhais, 21 de maio de 1912. Assignado
CONSIDERANDO que ainda não existe em São José dos Pinhais
sobre uma estampilha do valor de quatrocentos réis, Manoel
um Museu publico, onde se deva guardar para a posteridade tudo
Victorine Oridine. (Despacho). Como requer. Ao Senhor Fiscal.
aquilo que diz respeito ao interesse histórico do Município;
São José dos Pinhais, 27 de maio de 1912. Francisco Killian.22
CONSIDERANDO, finalmente, que há necessidade de se tomar as
devidas providencias para que haja um lugar apropriado para tal
Contudo, a família Victorine Ordine não permaneceu muito
fim, mesmo que seja uma pequena sala, a titulo precário,
tempo na residência, visto que poucos anos depois se mudou para SUGERE ao Sr. Prefeito Municipal, que tome as devidas
Curitiba. No período que o casarão foi entregue à municipalidade, providencias no sentido de ser indicada ou alugada uma sala para
funcionar provisoriamente o Museu Municipal e designada uma
lá se estabeleceram além da prefeitura, a biblioteca, a cadeia do
pessoa para se encarregar do assunto, cuja escolha, salvo melhor
município, e mais tarde o atual juízo, poderia recair sobre o Sr. Ernani Zétola.
Figura 6 – Palacete da família Victorino Ordine
museu. SALA DAS SESSÕES, 31 DE MAIO DE 1.977.
ELON FAY NATAL BONIN
A ideia da criação do VEREADOR.24
museu foi de Ernani Zétola,
nascido em São José dos Ernani Zétola tinha um grande interesse pela preservação da
Pinhais no dia 30 de Julho memória do povo são-joseense, não aceitava o fato do município não
de 1921. Iniciou seu trabalho ter o seu próprio museu. Seu sonho foi concretizado em setembro de
referente à memória em 1952 1977, através da lei 32/77, quando da criação do Museu Municipal
como um colunista no primeiro de São José dos Pinhais, posteriormente denominado de “Atílio
jornal de São José dos Pinhais, Rocco”, pelo decreto 35/81 na atual sede. “O Museu Municipal é
“Correio de São José” com a o relicário da história são-joseense. O guardião da nossa memória
ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais
– Pasta 33 “coluna da saudade”. Nessa palpável, razões pelas quais Ernani Zétola o ama tão profundamente.
RG/RE: 4228-657. 1 fotografia p&b
coluna, recordava sua infância Um amor de pai para filho”.25

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Figura 7 – Prédio do museu municipal, ainda prefeitura - decada de 1970. Outro monumento que se destaca no cotidiano de uma pequena
São José dos Pinhais é o edifício onde hoje se estabelece a Biblioteca
Pública Shaffenberg de Quadros. Essa construção foi anteriormente a
primeira escola pública masculina “Silveira da Motta”, e, posteriormente,
em 1919, tornou-se grupo escolar, importante para o município onde
se lecionava o ensino primário. O ginasial hoje denominado ensino
fundamental e médio era feito em Curitiba.
Vários cidadãos de importância na construção social da cidade
estudaram no grupo escolar Silveira da Motta, como é o caso de Ernani
Zétola. Essa escola passou de primário à ginasial, em 1955, em uma
nova estrutura já estatal.
O prédio histórico localizado bem no centro da cidade, em frente
da Igreja Matriz, passou a ser fórum da cidade entre 1955 e 1980. Nos
anos de 1981 e 1982, sediou a Biblioteca e o Centro Municipal de ensino
profissionalizante.
Figura 8 – Grupo Escolar Silveira da Motta
De 1983 a 2003, nele
desenvolveram-se as
atividades da Câmara
ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais – Pasta 34
Municipal, cedendo
RG/RE: 4449-692. 1 fotografia cor
lugar à atual Biblioteca
Tanto as intenções da criação do museu quanto a estrutura do Pública.27
casarão em que se estabeleceu remetem a um passado longínquo, Esse local tem
havendo, portanto, um apreço dos cidadãos com relação à memória grande influência na
inserida no Museu. De todos os monumentos históricos estabelecidos memória coletiva dos
na rua XV de Novembro, o Museu é o que mais conserva a ideia do habitantes, pois a
cotidiano, da residência, nos primórdios da cidade. É uma atração escola foi o espaço das
turística, concebida com carinho pelo público. “O museu municipal experiências vividas em ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais
eterniza a vida são-joseense”.26 grupos, que ficaram
– Pasta 5
RG/RE: 654-087. 1 fotografia p&b

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 185 | História | 2010


gravadas na memória individual e coletiva. Mesmo com a mudança e de revitalização do espaço, uma restauração do antigo prédio. Nele
estabelecimento de órgãos públicos, o espaço da Biblioteca remete se estabeleceu a indústria Senegaglia, primeira da cidade, criada por
em determinados indivíduos o despertar de uma memória tanto um imigrante italiano, João Senegaglia. Indústria metalúrgica, de início
agradável como também desagradável, dependendo do que se viveu, construída com uma estrutura de madeira em 1908, que com o tempo
do acontecimento vivido pela pessoa. foi consolidando o seu nome na cidade, e a oficina foi gradativamente
No caso do grupo escolar Silveira da Motta, a rua XV de Novembro melhorando sua infraestrutura, caracterizando-se como uma
tem grande importância, não apenas por ela ser a principal via de acesso, oportunidade de trabalho no núcleo urbano. No ano de 1928, a fábrica
mas por ser de principal utilização para atividades escolares, como foi passou por uma maior reestruturação, o prédio foi ampliado, e novos
o caso da educação física, em que os alunos praticavam exercícios equipamentos adquiridos. Com o tempo, ela foi paulatinamente
físicos e esportivos na rua; passando por modificações.28
Figura 9 – Educação física na praça 8 de janeiro.
também a alimentação era A fabrica Senegaglia era dividida. Tinha uma parte aqui, uma parte
recebida em mesas e cadeiras fechada ali, uma parte fechada lá, tudo dividido, era grande ali.
Então ela fazia a volta inteira assim, do lado do cemitério, ali na
improvisadas na mesma
rua XV. Então ali tinha, pra começar tinha dois portão grande, de
rua. Situações rotineiras, madeira de abri, então aqui tinha escritório, depois começava aqui,
diferentes, que se destacam tinha um almoxarifado ali, guardava as folha tudo, depois tinha
seção de torno ali pra arruma as matriz tudo, depois já tinha uma
na memória daqueles que parte onde fazia as chapinha de garrafa ali, já era assoalho de
vivenciaram, em que a história madeira, era quentinho, então ali tinha um monte de prensa, depois
já tinha uma parte onde trabalhava a turma que fazia banheirinho,
tem função de concretizar,
regador, chocolateira, marmita, depois tinha umas prensa das
avaliar e eternizar. placa, depois vinha prensa grande, e ia fazendo a volta assim, do
O último estabelecimento lado do cemitério ali tinha um monte de prensinha pequena, as
soldadeira, depois vinha onde faziam forninho de fogão, e depois
histórico de grande relevância vinha um lugarzinho onde era enlatado soda, depois tinha banheiro,
ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos
Pinhais na historia são-joseense, depois vinha uma parte das pintura, depois, já mais lá pra trás,
daquele lado do Banco do Brasil já vinha onde tinha os rolo que
Pasta 16 RG/RE: 1507-304. 1 fotografia p&b é o centro cultural João
pintava as placas na época, daí vinha a galvanização, a estanhação,
Senegaglia. Uma construção depois no canto assim já no banco do brasil com a rua XV onde
totalmente modificada da original, havendo poucos resquícios da montavam os baldes.29

estrutura original, no momento sede da Secretaria de Cultura de São Pelo depoimento de Celso, feito para Maria Lúcia Büher Machado,
José dos Pinhais, a loja Trevisan, Phom Phom e o Museu de Bonecos. notam-se os resíduos de memória, que se cristaliza nos pequenos
Atualmente, há um projeto junto à Secretaria de Cultura da cidade, itens, toda a estrutura na indústria, de como ela era, dos grupos

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 186 | História | 2010


que ali se formavam, que provavelmente Figura 10 – Vista Aerea, indústria senegaglia. ou nos estabelecimentos. No decorrer da
desenvolvem outras lembranças, outras modernização da cidade de São José dos
formas de observar a indústria na qual Pinhais, há uma preocupação em preservar a
trabalhavam. Ela tem grande importância memória dos antepassados, preocupação essa
no município, pois além de ser a primeira visível em Ernani Zétola, que se preocupa com
indústria, foi de grande contribuição para a manutenção da memória afirmando: “Povo
os cidadãos, tanto no sentido material de que não tem Memória, não tem História”.30
desenvolvimento em que se estabelecem
2 UMA RUA EM CONSTANTE
mais empregos, tanto para os imigrantes,
DESENVOLVIMENTO
que nesse período vieram em grande
contingente, quanto para os cidadãos são- A Rua XV de novembro foi se
joseenses que já ali viviam. Contribuiu assim desenvolvendo ao longo da formação social,
com desenvolvimento industrial da cidade, que se fez no entorno da igreja matriz, sem
portanto um lugar que contém diversas ter primordialmente finalidade comercial
histórias, particularidades estruturais que muito menos turística como é atualmente. Ela,
ficaram gravadas na memória de quem ali antes de tudo, tinha uma função de transição,
trabalhou. de ligação entre o município de São José
Por fim, tais monumentos têm dos Pinhais à Capital Curitiba, assim como
grande relevância para as pessoas que interligação às colônias de imigrantes e até
passam através da Rua XV de Novembro, mesmo ao litoral paranaense.
despertando uma curiosidade histórica Na década de 1920, São José dos
desses lugares, suscitando indagações do Pinhais já possuía um centro urbano, pacato,
passado. Lugares com suas singularidades ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais mas organizado e desenvolvido, com casas
estruturais, e objetivos distintos para com – Pasta 10 comerciais, hotéis, bares, etc. Posteriormente
RG/RE: 146-189. 1 fotografia p&b
a sociedade, patrimônios hoje tombados, a década de 1940, o desenvolvimento começa
que constroem a história do cotidiano do a se acentuar embora ainda de forma lenta.
núcleo da cidade, que preserva a memória daqueles que há tempos Para a população que teve e ainda tem um carinho especial com
vivenciaram experiências no percurso da Rua XV de Novembro esse lugar, essas transformações foram aceitas de forma positiva,

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 187 | História | 2010


mas também um tanto negativa: positiva pela facilidade que muitos e às relações das coisas, pertencendo a todos e a ninguém, conhece
encontraram tendo em vista a mobilidade de ir a outra cidade para somente o relativo, trabalhando com uma crítica destruidora de memória
resolver seus problemas, ou desenvolver atividades de lazer, como espontânea, com uma desligitimação do passado vivido, levando mostrar
era o caso, onde o cidadão são-joseense se locomovia até o município a anulação do fato ocorrido e não a exaltação; sendo assim, história é
vizinho mais desenvolvido, com várias casas de comércio de todos uma representação do passado em que a própria história desconfia da
os gêneros, bancos, áreas de lazer, etc., ou seja: Curitiba; negativa história. Memória, ao contrário do termo, remete sempre ao presente,
mais recente pelo fato do desaparecimento das construções antigas: deformando e reinterpretando o passado, há uma permanente interação
casas, sobrados, hotéis, bares. Construções que foram abaixo para entre o vivido e o aprendido, o vivido e o transmitido. Comprovações
o estabelecimento de outras mais modernas, maiores. A rua XV de estas aplicáveis em todas as formas de memória, individual e coletiva,
Novembro, portanto, vem com o tempo se adequando, ao modo de familiar, nacional e de pequenos grupos e também de lugares nos
vida contemporâneo. monumentos, patrimônios arquitetônicos, que nos acompanham pela
vida, as paisagens, as datas e personagens históricos de cuja importância
2.1 Sociedade São-Joseense e a
somos relembrados, as tradições e costumes.32
Rua Xv de Novembro
É importante demonstrar o conceito de história e memória. Segundo
A memória como algo individual, e ao mesmo tempo coletivo, sempre o autor Pierre Nora, para entender a problemática dos lugares, em
aberta a discussões quanto à lembrança e ao esquecimento, não deixa determinados deles há resíduos que despertam uma ruptura com o
de ser seletiva, estando em permanente mudança pelas frequentes nosso presente:
transformações, deformações e também até pela manipulação. A Os lugares de memória nascem e vivem do sentimento que não há
memória é afetiva e mágica, não se preocupa com detalhes que a memória espontânea, que é preciso criar arquivos, que é preciso
confortam: ela se alimenta de lembranças vagas, telescópicas, globais manter aniversários, organizar celebrações, pronunciar elogios
fúnebres, notariar atas, porque essas operações não são naturais.
ou flutuantes, lembranças particulares e até mesmo simbólicas, É por isso a defesa pelas minorias, de uma memória refugiada
sensíveis a todas as transferências, cenas ou projeções.31 Entretanto, sobre focos privilegiados e guardados nada mais faz do que levar
a memória ativa uma curiosidade também pelos lugares onde ela se à incandescência a verdade de todos os lugares de memória. Sem
vigilância comemorativa, a história depressa as varreria. [...] Se
cristaliza, se guarda, está ligada a um momento particular da história. vivêssemos verdadeiramente as lembranças que eles envolvem,
História, mesmo que o termo remeta ao mesmo tempo em que a eles seriam inúteis. E se, em compensação, a história não se
apoderasse deles para deformá-los, transformá-los, sová-los e
memória, ou seja, o passado, memória e história diferem, sendo que a
petrificá-los eles não se tornariam lugares de memória. É este
história é uma reconstrução com determinada problemática do que não vai-e-vem que os constitui: momentos de história arrancados do
existe mais. Está ligada às continuidades temporais, às transformações movimento da história, mas que lhe são devolvidos.33

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 188 | História | 2010


É nesse sentido que se baseia o presente trabalho, demonstrando a e dos jornais, a Rua XV de Novembro, pode-se dizer, inicia de fato seu
ausência da história desse importante lugar de memória na história do crescimento e modificação para o que temos hoje a partir dos anos
município, que é a Rua XV de Novembro. Rua esta, que fez e faz parte 1940, até então ela era dotada de várias residências e algum comércio,
do cotidiano dos indivíduos de São José dos Pinhais: hoje grande centro como é o caso da Fábrica Senegaglia. Esta indústria foi outrora como
de comércio; no passado grande rua cercada com suas residências e que símbolo de progresso na história local do município, empregou
terrenos extensos, residências de famílias influentes na sociedade, rua várias famílias São-Joseenses e de imigrantes, foi a primeira indústria
onde se localizava a Igreja Matriz do município, instituição fundamental de São José dos Pinhais.34
para o desenvolvimento da cidade. A modernização da rua veio em forma de asfaltamento em 1950.
Figura 11 – Igreja Matriz de São José dos Pinhais, 1950.
ASFALTAMENTO da Rua 15 de Novembro.

Temos visto, estes dias, um movimento de medição e demarcação
na nossa principal via publica.
Chamou a Atenção as balizas colocadas nas esquinas, gente a
fazer sinais: mais pra lá, mais pra cá, que fazia lembrar viagem em
ônibus que, ora pedem para os passageiros chegarem mais para
a frente, e, lógo na parada seguinte, chega mais para traz dá um
lurgazinho para treis.
Sindicando a respeito, trazemos ao conhecimento dos nossos
leitores uma noticia bastante satisfatória, e que sem confirmar o
há pouco publicamos por êste jornal.
São os estudos finais para o asfaltamneto da rua 15 de novembro e
os trabalhos deverão ser atacados logo no inicio do mês entrante.
Até ai não é grande a novidade.
Quando aparece o melhoramento de uma via publica, vem, logo a
seguir, o clamor dos proprietários em virtude de terem de pagar o
valor correspondente ao seu imóvel.
Entretanto, o tíno administrativo do sr. Ernesto Moro Redeschi,
Prefeito Municipal, zelando pelo bem estar dos munícipes, vai dar
ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais – Pasta 18
à cidade de S. José dos Pinhais um melhoramento de singular
RG/RE: 1761-342. 1 fotografia p&b
importância, valorizando sobre maneira, as propriedades situadas
na rua 15 de novembro, e adjacências, e sem acarretar a menor
despesa aos proprietários e nem aos cofres Municipais.
A Rua XV de Novembro também esteve em constantes mudanças, Essa grandiosa tarefa será mandada executar pelo Governo do
em relação às transformações urbanísticas, arquitetônicas e no Estado, o sr. Moyses Lupion que a incluiu no plano geral de obras
do Estado, e que está se desincumbinado da promessa feita ao
crescimento da rua e sua extensão. Através das análises fotográficas
nosso município.

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 189 | História | 2010


Não podemos deixar de apreciar tão importante fato. estabelecendo a partir da década de 1970, mas já em 1940 a população
De um lado, vemos o carinho com o Prefeito Ernesto Moro
demonstrava seu apreço pelo espaço.
Redeschi vem desenvolvendo a sua administração em beneficio da
população da cidade, da sua urbanização, e de outro, as atenções A nossa rua Quinze de Novembro, é a principal artéria da cidade,
dispensadas ao nosso município pelo Governador Moyses Lupion, por onde passam todos os veículos em trânsito por S. José, além
que entre outros benefícios, favorece S. José dos Pinhais com do grande movimento de ônibus, que ligam a cidade com os
o asfaltamento da rua 15 de novembro, obra que ficara gravada distritos e a capital.
no coração dos São-joseesenses, como a atestar, no futuro, que É o centro principal onde está localizado o comercio. A rua sempre
tivemos administradores, honestos e realizadores.35 movimentada pelas pessoas que vão fazer suas compras, crianças
que se dirigem aos colégios, ou que procuram os pontos de parada
Com essa matéria do jornal Correio de São José, nota-se, além da dos ônibus.37
grande exaltação política do período, o grande interesse pela modificação
Era então vista como o centro, a área urbana de destaque da
da rua antes de terra de “chão batido” no dito popular, diferentemente
cidade, uma área viva, com bastante movimento populacional, e
da rua de mesmo nome, do município vizinho, Curitiba, que desde o
também com vários conflitos e diversas situações que contradizem o
final do século XIX, teve a presença de clubes, livrarias, jornais, teatros,
bem estar social como é o caso da estrutura da rua e dos abusos de
cafés e confeitarias o que fez daquele local o centro catalisador de
alguns indivíduos, por exemplo:
eventos culturais da
Figura 12 – Calçamento Rua Xv De Novembro, 1950. Pista de corridas na rua Quinze.
cidade, mais tarde
Sendo a via publica de passagem preferida para os carros e
acrescidos cinemas, automóveis, as casas de comercio e de residência se vêem
bancos, automóveis, atormentadas com as nuvens de poeira que se levantam, umas após
outras, a invadir suas moradas.
as famosas vitrines Não bastasse o grande movimento de veículos, há outro maior perigo,
impecáveis, os constituído pelos caminhões de determinada firma, que fazem da rua
15 uma pista de corrida, em louca disparada, escapamento aberto,
luminosos e a prática sem respeito às leis de trânsito, sem medir conseqüências, e ainda
do “footing”.36 nessa corrida desenfreada passam em frente ao Ginásio aonde
grande é a aglomeração de meninos durante os recreios escolares.
Na cidade de São É um abuso inominável de irresponsáveis, sem levarmos em
José dos Pinhais, conta que nessa velocidade passam à vista dos encarregados de
essa mesma tática fiscalização.38

de centro catalisador Outro fato interessante, como exemplo, foi o anúncio do


de eventos culturais asfaltamento, com destaque e exaltação ao governo, surgir quase
comerciais como o quatro meses depois, em pequena nota, no jornal, demonstrando uma
ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais Pasta fotos
Jornal Folha de São José. 1 fotografia p&b de Curitiba só foi se certa indignação pelo fato das obras ainda estarem acontecendo:

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 190 | História | 2010


AINDA O ASFALTAMENTO. núcleo da cidade. Modificações de grande importância, que podem ser
A Rua 15 de novembro recebeu a primeira amostra do asfaltamento.
percebidas ao verificar os documentos antigos, que não são poucos,
Está franqueada ao trafego comum. Entretanto, o serviço feito, não
aprovou. Precisa ser feito novamente. Em ambos os lados da rua, da época de sua gestão em relação à infraestrutura e disposição de
ficam as valetas cheias de areia, cobrindo totalmente o asfalto, a terras. De início, a colocação de pedras de meio fio.
levantar nuvem de poeira com a passagem de veículos que podiam
ter o seu curso desviado para outra via publica. Ao Thesoureiro da Municipalidade
Passam caminhões pela Rua 15 de novembro, em franca marcha Pague ao Sr. Jerônimo Berton em conta da estraçao de pedras de
acelerada, escapamento aberto aturdindo os ouvidos e nervos dos meio feio a quantia de cem mil réis.
moradores dessa via principal, com exceção dos ouvidos e nervos S. José dos Pinhaes 4 de Abril 914
da fiscalização, por estar sempre ausente. E pela falta de fiscais, Francisco Killian
é que se vê os abusos, e, também, os animais continuarem soltos Recebi importância acima S. José dos Pinhaes 6 de abril 1914.
espalhados pelas ruas, e atrapalhando a corrida dos caminhões, Geronimo Bertão.40
nas ruas mais movimentadas.39
Ao lado da Igreja matriz se estabeleciam as residências das
Vê-se, portanto, que a Rua XV de Novembro tem uma relevância famílias pioneiras do município, famílias influentes na política, com
muito grande para com o município e sua população desde sua criação, níveis de vida elevados em relação aos outros habitantes. Já no
uma artéria, uma rua com direção a modernização e a sustentabilidade quarteirão aos fundos da Igreja Matriz, notam-se as residências de
da cidade. Os jornais, mesmo tratando o município de forma elitista, utilidade pública à direita com o Hotel Central, Açougue Teodoro
davam ao seu leitor o questionamento de melhoria e mudança,
Figura 13 – Pedras de meio fio
e mostravam a opinião pública sobre a Rua XV de Novembro. A
relevância do presente trabalho se dá com a preservação da memória
desta via, a importância dos lugares de memória, lugares históricos do
centro do município, espaços que remetam ao cotidiano do passado,
as particularidades do dia-a-dia dos cidadãos que viveram em épocas
distintas, mas tendo uma relação em comum com o espaço da Rua XV
de Novembro que é um lugar de memória.

2.2 Intenções e transformações


O início das transformações estruturais na rua XV de Novembro
se dá, em 1914, pelo prefeito Francisco de Paula Killian, primeiro
ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais – Pasta 02
prefeito municipal que estabeleceu em sua gestão modificações no RG/RE: 171-031. 1 fotografia p&b

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 191 | História | 2010


Wescher, Padaria Ernesto Koerbel, Farmácia Gornel, dois bares: um janeiro de 1853, a qual lembra a data da mudança da categoria de
sendo de Pedro Bino e outro junto com um Hotel e a residência de vila para a elevada de município de São José dos Pinhais, obtida
Marieta Chiuratto, quarteirão esse que vai da Rua Mendes Leitão à após a emancipação do Paraná, chamada antes de “Largo de São
Rua Dr. Motta Junior; do lado esquerdo, o Clube XV de Novembro, o José dos Pinhais”. Tratava-se de um espaço todo arborizado, ponto
Cine Ideal e as residências de Adão Delpp, João Franco Rangel e do de encontro dos participantes da Igreja matriz em dias de missa, com
Capitão Napoleão. a utilidade de socializar, interagir entre os habitantes e determinados
No percurso, já durante a década de 1920, contido entre as grupos de pessoas, lugar cercado para a preservação contra animais
ruas Schaffenberg de Quadros e Sete de Setembro no sentido de que passavam pela cidade. Como já dito, rua XV de Novembro foi
quem entra na cidade, situava-se ao lado esquerdo o grupo escolar palco de várias mudanças estruturais e cotidianas na história são-
Silveira da Motta no lado direito a antiga prefeitura e câmara e a joseense. Frente à praça da igreja Matriz, ao lado direito, ficavam
residência Luiz Victorine Ordine. Adiante, entre as ruas Sete de as residências da Família Veiga, de Clemente Zétola, o sobrado de
Setembro e Mendes Leitão, do lado esquerdo ficava a Praça 8 de Pedro Chiuratto, Residência de Pedro Chiuratto, Norberto Alves
Figura 14 – Largo de São José dos Pinhais.
Brito, João Ângelo Cordeiro, Sobrado da família Zeni, Residência da
família Gaida, de João Bianchetti, família Bastos Pires e a antiga
casa de Manoel Victorine Ordine.
O Clube XV de Novembro foi fundado por ocasião da proclamação
da República, situava-se em um sobrado atrás da Igreja Matriz, clube
social da cidade frequentado exclusivamente pela elite.
Ele ocupava todo o prédio, em cima era o salão de baile, embaixo
tinha um Buffet e salão de jogos. Era ali, então, que se reunia a
elite de São José. Em dias de baile tinha muita gente que ficava
na calçada pra ver as pessoas entrarem.41

Às outras camadas da população restavam os bailes caseiros,


sendo assim grupos separados e formas separadas de se festejar
ou ter algum momento de lazer, havendo uma distinção da memória
das classes mais altas com relação às baixas. “Depois da missa tinha
ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais – Pasta 04 bailinhos caseiros, quando íamos buscar as damas para dançar nos
RG/RE: 313-063. 1 fotografia p&b reboucos. Era Longe, íamos buscar de carroça”.42

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 192 | História | 2010


Figura 15 – Clube XV de Novembro, 1920. o ingresso era mais barato. Durante as funções cinematográficas,
uma orquestra executava peças musicais de acordo com a cena
que estava sendo projetada na tela. Se era uma cena de amor, uma
musica romântica se era cômica, uma musica alegre e ligeira; se
era uma cena triste, então era executada uma musica tristíssima e,
a assistência vertia lágrimas a valer. [...] No prédio do cinema havia
ainda a sala de espera, com o respectivo “botequim” e, anexo, a
residência do empresário. O novo cine, passou então a ser também
o salão de festas dos são joseenses. [...] O novo cinema cujo nome
era “Ideal Cinema”, mais tarde “Cine Ideal”, o cinema funcionava
três vezes por semana – quintas, sábados e domingos [...] e assim
foi até 1933, quando foi paralisado. Em 1941 foi construído um novo
cinema em frente à Prefeitura Municipal43 sendo ele o precursor do
cinema falado em nossa cidade. Tinha o nome de “Cine Império”
em que funcionou até meados de 1968. Quando se deu inicio ao
novo moderno cinema. O novo Cine Ideal está terminado, ali na
Praça 8 de Janeiro. Conforme declarou seu proprietário [...] é
moderno e confortável, porém o mesmo só funcionará quando
obtiver a isenção do imposto de 10% determinado pela Prefeitura
Municipal, visto que, uma nova lei deveria ser proposta à Câmara
Municipal para tal finalidade. Nas duas primeiras décadas de
ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais – Pasta 02 existência o cinema em São José teve assíduos freqüentadores: o
RG/RE: 171-028. 1 fotografia p&b professor João da Costa Vianna, Sua Esposa dona Termutes e sua
filha Liz; dona Marieta Chiuratto e seus filhos; a família Senegaglia,
Neste mesmo local funcionou o cinema da cidade que passou a família Marchesini, a família Clemente Zétola, [...]
Não há justificativa que, atualmente, São José dos Pinhais, com
logo depois a sua sede própria a poucas casas adiante ao clube XV todo este progresso e com mais de trinta e cinco mil habitantes,
de Novembro. O “Cine Ideal” como era chamado foi um lugar muito não tenha um cinema funcionando. Quando que, antigamente, com
frequentado e desejado pela população da cidade. apenas 600 habitantes, o cinema dava três sessões semanais com
casa lotada.
Em meados de 1910, São José possuía aproximadamente 600 Senhor Daniel Précoma, seu cinema está que é uma jóia,
habitantes e estava ligada a Curitiba por duas estradas de barro oferece todo conforto aos espectadores, portanto ponha-o em
[...] foi construído um prédio de madeira onde funcionaria o funcionamento. Acrescente os 10% de imposto nos ingressos e o
cinema. Num plano superior ficavam os camarotes com capacidade problema está resolvido.44
para cinco pessoas; embaixo, no centro, a platéia com cadeiras
coloniais e separadas por um corredor e dois laterais; debaixo dos Contudo, vê-se claramente o processo da instalação do cinema no
camarotes e separado da platéia por balaustres, ficava o chamado
município, os processos memorizados na cabeça daqueles que usufruíam
“galinheiro”, que consistia em filas de bancos verdes, com encostos
e, com capacidade para três pessoas cada um. Para um “galinheiro” ou desejavam usufruir, particularidades até mesmo da estrutura do

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 193 | História | 2010


cinema. Observa-se, também, certa revolta transmitida pelo jornal FIGURA 16 – CINE IMPÉRIO, 1940.

sobre o não funcionamento do estabelecimento. São José dos Pinhais


de 1993 a 2007 ficou sem nenhuma projeção cinematográfica, tempo
em que o crescimento e a facilidade da locomoção à Curitiba se tornou
mais acessível. Atualmente, filmes são projetados nas salas de cinema
do Shopping São José e em alguns casos na cinemateca da cidade
inaugurada em 2007, localizada junto ao casarão do Museu Municipal
Atílio Rocco na Rua XV de Novembro.

Nas décadas seguintes à inauguração do novo cinema, um


salto de tecnologia e novas demandas mexeram com o negocio
dos Précoma. O videoCassete Surgia como novidade, dividindo
atenções com as grandes telas. As ligações com Curitiba eram
Facilitadas, e os cinemas dos shoppings recém-inaugurados
atraiam boa parte da juventude de São José dos Pinhais.
“Quase não tínhamos rendimento. O cinema aberto estava
morrendo, não compensava mais”, lembrou Précoma. O espaço
foi arrendado em 1986 por Alfredo Prim e Zito Alves Cavalcanti. ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais – Pasta 09
Em 1993, o fim definitivo. “Hoje Não há mais espaço para aquele RG/RE: 4405-177. 1 fotografia p&b
tipo de cinema. As pessoas querem estacionamentos, lojas,
comida. As coisas mudaram e o cinema teve que mudar junto”,
completou.45 anterior, obra essa, com a intenção de ligar Curitiba à Joinville,
concluída apenas em 1959.
Daniel Précoma ao fazer sua entrevista para o jornal Gazeta do
Povo completa afirmando um dado importante “as coisas mudaram e Segundo Noticias propaladas, teremos desta vez, o tão falado
asfalto em n0ossa cidade.
o cinema teve que mudar junto”, o mesmo ocorre com toda a cidade Estarão sendo entaboladas conversações para que da Igreja Matriz
e a sociedade com relação à adaptação com o presente, o moderno, prossiga pela Rua 15 de Novembro e Barão do Cerro Azul, até o
entroncamento com a estrada de Joinville, ficando desta forma a
inserindo isso inclusive na estrutura da Rua XV de Novembro, passando,
ligação Curitiba-Joinville, em ótima estrada de rodagem.46
processo que ora se modifica rapidamente ora lentamente.
Após a inserção das pedras de meio fio, em 1914, a próxima A obra foi concluída, portanto, em 1 de abril de 1959 com a
mudança na rua XV de Novembro viria somente em 1950, quando se inauguração feita pelo prefeito Benjamin Claudino Barbosa, que no
inicia a demarcação para o asfaltamento, como já exposto no capítulo mesmo dia concluiu a obra com a colocação da “pedra fundamental”

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 194 | História | 2010


Figura 17 – Início do asfaltamento. Figura 18 – Inauguração primeiro trecho do calçamento da rua xv de novembro, 1959.

ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais – Pasta 02
RG/RE: 178-038. 1 fotografia p&b
ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais –
Pasta fotos Jornal Folha de São José. 1 fotografia p&b
Na década de 1970, iniciam-se novas modificações na Rua XV de
Novembro, como o caso da colocação do Petit-Pavê,47 a então fase do
com as seguintes inscrições “Const. pelo prefeito B.C. Barbosa em M
chamado Calçadão, com o fechamento da rua para veículos em 1979.
1-4-59”. Essa pedra estava localizada no meio da rua Desembargador
Fechamento da Rua XV para Veículos
Motta Junior, esquina com a Rua XV de Novembro, hoje ela consta do
No próximo dia primeiro (agosto 1979), o transito será interditado
acervo do museu municipal. na Rua XV de Novembro, onde estarão sendo iniciadas as obras de
A pavimentação com as pedras em paralelepípedo permaneceu construção do calçadão, previstas no plano de estrutura urbana de
São José dos Pinhais, desenvolvido pelo arquiteto Jaime Lerner.
por um longo tempo, iniciando sua primeira parte na rua Zacarias Inicialmente, o projeto da nova Rua XV previa a construção de
Alves Pereira até a rua Barão do Cerro Azul e a segunda parte entre uma canaleta, mas no novo projeto, recém-concluido, optou-se
pela extensão do calçadão a toda a via, ficando assim a mesma
a rua Barão do Cerro Azul à rua que liga Curitiba à Santa Catarina,
inteiramente liberada para passeios a pé.
atual BR 376, atualmente os limites da rua XV de Novembro são estes, Para evitar problemas de transito, o mesmo será ordenado de
antigamente toda a extensão da rua era trafegável. forma a permitir uma circulação em torno do calçadão, assim a

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 195 | História | 2010


rua Isabel A Redentora ficará com o tráfego livre para veículos no É perceptível a Figura 20 – Petit-Pavê, 1979.
sentido norte-sul, enquanto a Visconde do Rio Branco terá tráfego
intenção do fechamento da
em sentido contrario sul-norte.
O projeto prevê que o calçadão possibilitará aos estabelecimentos Rua XV de Novembro para
comerciais ali instalados, uma ocupação programada, com a dar a opção de consumo
utilização de uma cobertura evocando a tradicional casa de troncos
do inicio da colonização polonesa. aos que passam pela
A eliminação do acrílico na confecção das placas de publicidade, a rua. Todas as finalidades
arborização que será intensificada e futuramente a criação de um
demonstradas pelo jornal
véu de vegetação permitira criar uma atmosfera própria integrada
à natureza. se concretizaram; o
O equipamento nesse setor será formado por recantos dotados de projeto do Calçadão de
bancos e floreiras e nas coberturas, desenvolver-se-iam atividades
múltiplas, permitindo valorizar e consolidar a área como ponto de
São José dos Pinhais se
encontro da população.48 tornou realidade, tanto a
Figura 19 – fechamento da rua xv de novembro. população que viveu nos
arredores quanto os que
viviam mais distantes do
centro da cidade aderiram
à ideia de forma positiva,
pelo desenvolvimento do ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos
Pinhais
centro e por precisarem Pasta de concurso fotográfico. 1 fotografia p&b
fazer mais a ligação até
Curitiba.
Outro melhoramento aguardado era o de colocação de petit-pavê.
Colocação do Petit-Pavê na Calçada.
Continuam a todo vapor as obras da Rua XV de Novembro que
deverão estar concluídas num prazo de sessenta dias, segundo
informações da divisão de urbanismo da prefeitura municipal.
A próxima etapa é a colocação de Petit-Pavê em toda a extensão
da via fechada, vindo a seguir a realização de arborização e
paisagismo.
ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais – Assim, num prazo Maximo de dois meses a rua será inteiramente
Pasta de concurso fotográfico. 1 fotografia cor. devolvida aos pedestres.49

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 196 | História | 2010


A primeira parte da rua concluiu-se no tempo estipulado; perto de Figura 21 – Calçadão década de 1980.

sua finalização o jornal Folha de São José, publica uma nota com certo
entusiasmo sobre as obras que iam sendo realizadas, e chega a sugerir
outro nome para a Rua XV de Novembro, nome que não deu muito
resultado, pois não foi aceito pelo público.
Rua das Flôres.
Acham-se quase concluídos os trabalhos de pavimentação e
arborização do primeiro trecho da nova rua XV de Novembro ou
Rua das Flôres, que será uma imitação reduzida daquela existente
em Curitiba; após a conclusão a rua para pedestres será ponto de
encontro para os São-joseenses.
Arborizada com Acácia Real ou Pingo de Ouro, dentro de pouco
tempo, estará florida, transformando aquela feia artéria num
verdadeiro jardim, uma vez que existirão vasos de Flores de
diversas variedades e perfumes, que contribuirão para suavisar a
vida atribulada de nosso povo.
Vários quiosques para a venda de refrigerantes e sorvete na época
do verão e bebidas quentes no inverso serão também montados, na
procura de proporcionar ao São-joseense conforto e lazer.50

É bem clara a intenção de consumo, de mobilizar o restante da ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais
população que mora em outros lugares longínquos do município, uma Pasta de concurso fotografico. 1 fotografia cor.

propaganda de conforto e comodidade, um espaço em que o povo


Atualmente, a fase da obra é de colocação de Petit-pâve, sendo
tende a se socializar. O que anteriormente se fazia com o Largo de São que em seguida será instalado o equipamento urbano: Bancos,
José, hoje Praça 8 de Janeiro, se concretiza na Rua XV de Novembro, Floreiras, Luminárias, Árvores, etc.51

o que antes atraia a população para as obrigações religiosas, atrai para Em Janeiro do ano de 1981, o calçadão, rua das flores, rua
outras obrigações, consumo e lazer. XV de Novembro através de um ato solene foi entregue para a
Dentro dos próximos dias poderá ser entregue à população população, e permaneceu durante 22 anos sem modificações na
o segundo trecho fechado da rua XV de Novembro, segundo estrutura da rua, mas sim, em edifícios ao seu redor. “No dia 8
previsões do departamento de engenharia.
de Janeiro de 1981 foi entregue o novo trecho do calçadão da rua
As obras sofreram retardamento, no final da semana passada,
em função das chuvas, mas foram retomadas em ritmo mais XV de Novembro, compreendido entre as ruas Sete de Setembro e
acentuado. Marechal Deodoro”.52

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Em meados do ano de 2004, iniciam-se as novas obras de que poderiam ser reparados separadamente. Não há uma intenção de
modificações da rua XV de Novembro, a maior modificação até resolver a mobilidade, a conservação e a segurança simultaneamente,
então, dando outro aspecto ao Calçadão; uma via mais extensa e mas sim, uma mudança radical que envolve a modificação total de
bem organizada, com novos e modernos estilos de bancos, floreiras, uma rua, não havendo espaço para o antigo, para conservação de tal
luminárias, não dando espaço para o velho, modificações mais patrimônio.
impactantes para aqueles que vivenciaram o antigo espaço. O pequeno jornal Diário de São José retrata bem essa questão de
Com as novas ideias de reestruturação, foram facilmente modificação imediata; apóia e apresenta uma reestruturação total no
encontrados defeitos para o antigo Calçadão, defeitos de mobilidade, Calçadão, demonstra as idéias de criação dos arquitetos, muitas idéias
de conservação dos equipamentos urbanos, de segurança. As soluções que não saíram do papel, apresenta a importância do Calçadão, mas
para estes problemas acabaram se refletindo no espaço da rua, em que não da conservação.
a solução foi, portanto modificar toda a rua para solucionar problemas Para o secretario de urbanismo da Prefeitura, engenheiro Espartano
Tadeu da Fonseca, a revitalização do Calçadão da XV é uma
Figura 22 - Atual Rua XV de Novembro.
referência à vida urbana. “Não é uma simples reforma. Este trecho
é o marco do inicio de São José dos Pinhais como cidade. Nele,
alem de ser o centro histórico, também é o centro comercial e de
prestação de serviços da Cidade; o que vamos fazer é modernizá-
lo, torná-lo um local em que as pessoas possam se encontrar, além
de fomentar a atividade comercial. Vamos dar um referencial à
vida urbana, que São José ainda não tem, com novos e modernos
equipamentos. O calçadão da rua XV é nosso cartão postal e por
isso essa grande obra justifica-se”, comentou.53

No decorrer da matéria apresentada, o jornal aborda as facilidades,


as mudanças em todo o percurso da rua, mostra certos aspectos
antigos considerados como defeitos, aspectos que não tem a ver com
os problemas sociais apresentados anteriormente com urgência em
serem resolvidos.
É justamente neste ponto em que ele será incrementado; se
tornará moderno. O calçamento será todo substituído, e dando
Disponível em: http://img355.imageshack.us/i/sojos3bq9.jpg/ Acesso em: 01 dez. lugar àquelas pedrinhas irregulares e buracos, novos desenhos em
2009 lajotinhas de concreto denominadas “paver”, nas cores vermelho e
1 fotografia cor. cinza, planas e no mesmo nível, acabando com o risco de tropeços

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 198 | História | 2010


e saltos quebrados. e ousada que seria financiada pela Prefeitura, que optou pela sua
Toda a fiação elétrica será subterrânea e nenhum cabo, rabicho ou
restauração.
fio será visto no Calçadão da XV.
As mudanças também vão acontecer nos equipamentos mobiliários, Mesmo com a mudança de toda a infraestrutura da rua XV de
com a substituição de bancos, floreiras e bancas de jornal, que Novembro, ela ainda permaneceu o centro comercial do município, ainda
seguirão uma mesma linguagem visual, mais agradável aos olhos
da população. um lugar de encontro de pessoas, que nunca deixou de ser desde sua
Na iluminação publica do Calçadão também ocorrerão mudanças, criação; lugar que permaneceu movimentado durante a semana, mais
e como grande novidade, a rua mais antiga de São José dos
ainda aos sábados, mas vazia aos domingos. Permanecem também os
Pinhais, a XV, ganhara galerias de águas pluviais, acabando com
os alagamentos e poças de água, com qualquer pingo de chuva desníveis do calçamento e a falta de segurança de alguns pontos, a
que caia. mobilidade foi de certa forma facilidade pelo fato do terminal de ônibus
Ainda, como atração de novos equipamentos, duas grandes
novidades surgirão até o inicio do mês de dezembro próximo;
se localizar no percurso da rua, mas que isso também se modificara
um Café será instalado na Praça 8 de Janeiro, em frente a Igreja com a mudança do terminal de ônibus para outro lugar em 2010.
Matriz, possibilitanto o encontro de pessoas para um bom bate- O que a rua XV de Novembro sempre foi, e nunca deixará de ser, é
papo ou simplesmente tomar um café; já a segunda grande
mudança ocorrerá no centro de Vivencia João Senegaglia, onde um lugar de memória, tanto para aqueles da antiga e pacata São José
m moderno prédio com estrutura em vidro será integrado aquela dos Pinhais quanto para aqueles da nova e moderna cidade, um lugar
antiga construção.
de recordações individuais e em grupos distintos de pessoas, mas é
Neste novo quadro urbano, o futuro Calçadão não prevê em seu
cenário, espaço para os camelôs, onde técnicos da prefeitura importante dar esse valor para tal espaço, para que não o sujeite a
estudam a possibilidade de criação de um local especifico, um esquecimentos.
“camelódromo”, em uma rua paralela a XV.
Segundo a arquiteta Susanne Pertschi, da Prefeitura Municipal,
todo o desenho do Calçadão da XV foi concebido para possibilitar
2.3 Cotidiano de uma rua
a comunidade de são-joseense, um grande espaço de encontro,
limpo e agradável. ”é um projeto único, sem copias e sem plágios O patrimônio arquitetônico e seu estilo, que nos acompanham por
de qualquer outro centro urbano; procuramos fazer um projeto toda a nossa vida, as paisagens, as datas e personagens históricos
original agregado as necessidade da população, que com certeza
de importância que incessantemente relembramos: as tradições
aprovará o seu desempenho e visual”, comentou.54
e costumes, certas regras de integração, o folclore e a musica são
As principais reformas apresentadas pela matéria foram realizadas diferentes pontos de referência que estruturam nossa memória e que
no tempo determinado, mas algumas não o foram, como é o caso do também se inserem na memória da coletividade a que pertencemos.55
camelódromo, a linha exclusiva para os deficientes, o café da Praça 8 Em entrevista com o senhor Ernani Zétola, nota-se claramente
de Janeiro e o mais anunciado pelo jornal através de imagens o novo essas referências de memória. Um homem observador que valorizou
edifício do Centro de Vivência João Senegaglia, uma estrutura nova a memória dos cidadãos de São José dos Pinhais e contribuiu para

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 199 | História | 2010


a construção de sua história, através da criação do museu municipal, Atílio Rocco. Nota-se que a memória não necessita do edifício de
e documentação de arquivos antigos; hoje com 88 anos guarda uma estrutura para remeter ao passado, mas necessita também do
lembranças de toda a parte do município. espaço, que é necessário para não se sujeitar ao esquecimento e ao
A memória é, em parte, herdada, não se refere apenas à vida física silêncio para os outros indivíduos, mas para o individuo que vivenciou,
da pessoa. A memória também está sujeita a flutuações que são do que presenciou e teve situações nesse determinado espaço mesmo
momento em que ela é articulada, em que ela esta sendo expressa. tendo outra construção naquele espaço a memória grava o que havia
As preocupações atuais constituem um elemento de estruturação da anteriormente. Certamente que, com a estrutura intacta, a memória
memória, que tem também relação com a memória coletiva. 56 trabalhe mais facilmente e rapidamente, e também é certo que o
Ernani Zétola demonstra em sua fala uma admiração pelo antigo, tombamento é necessário para a posteridade, para a preservação do
pelo preservar, há lembranças de detalhes minuciosos como as flores original.
do jardim do antigo palacete da prefeitura, hoje museu municipal Eu assim que sou muito conservador acho que faltou visão
dos prefeitos mais antigos que isso fosse preservado a rua XV
Figura 23 – Desfile de 7 de Setembro, 1940.
e o centro histórico aquela parte da Praça 8 de Janeiro e das
adjacências aqui seria uma atração turística maravilhosa, por que
se eles preservassem o casario e o aspecto da época [...] eu ficaria
muito feliz se eles tivessem preservado os sobradinhos coloniais
acachapados, as casas que foram mudando estilos, platibanda
decorando, seria uma atração turística, se fosse preservado
o centro histórico de São José dos Pinhais, mas não, foi tudo
derrubado, agora só estes caixotes pré-fabricados que montam
tudo aquilo, então São José podia se expandir, mas o centro
principalmente a rua XV podia ter sido preservado.57

É interessante acompanhar, portanto, as adaptações que ocorrem


ao longo do tempo nas antigas residências urbanas. “Com o progresso
e as novas facilidades as famílias deixaram suas marcas nas casas,
modificações arquitetônicas internas e externas, mas chega um tempo
em que a construção realmente não pode mais oferecer o conforto
exigido pelas novas concepções de bem morar de uma determinada
classe social e, então, vemos as construções perderem suas
ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais – Pasta 03 composturas antigas, sendo fraciona em habitáculos multifamiliares;
RG/RE: 191-050. 1 fotografia p&b
e de degradação em degradação chega ao seu dia de demolição para

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 200 | História | 2010


dar lugar a edifícios concebidos dentro das novas regras do conforto novenas eram uma festa cada noite [...] os imigrantes eram muitos
religiosos e bastante participativos.59
ambiental e dentro de outras condições financeiras.”58
A memória se insere no ambiente da rua, fortemente com os Uma das celebrações que era festejada constantemente além dos
festejos, manifestações e datas religiosas, as maiorias das festas festejos religiosos, era o carnaval, que já ao fim da década de 1970 não
tinham um contexto com a Igreja Matriz, comemorações e celebrações era tão comemorado.
que unificavam os habitantes e seus grupos, despertando assim um São José dos Pinhais viveu seus animados carnavais nas décadas
sentimento intenso de pertencimento da cidade. de vinte e trinta. Grandes bailes à fantasia eram realizadas dias
antes e durante o tríduo momesco. Os maiores e os melhores
Festas religiosas eram as maiores atrações e eram todas em frente aconteceram nos salões do “XV de Novembro”, do antigo “Cine
a igreja, o leilão fazia no canto da rua XV [...] era um moro, então Ideal”. [...] No final dos anos 20 e inicio dos 30, o “corso” esteve
o leilão era ali, tinha roleta, leilão, churrasco, procissão as 4 horas, no apogeu. “Corso” era o desfile pelas ruas da cidade, realizado
foguetório, todas aquelas atrações da época, era gostoso porque nas tardes de carnaval. Dele participaram automóveis com toldo
vinha gente do sitio, tinha casas antigas que ficavam fechadas, baixado, caminhões, carruagens e até montarias, transportando
esse pessoal do sitio que tinham essas chácaras grandes pelo moças, rapazes e crianças fantasiados cantando os sucessos
sitio pela Campo Largo, Tijucas, Tijucas demorava tempo porque carnavalescos. O lança perfume usado em profusão embalsamava
uma era estrada de barro, e roseira e todos esses lugares eles o ar com aromas vários; serpentinas e confetes atirados sem
tinham casa na cidade eles vinham já vinham 3 dias antes [...] as economia, coloriam e enfeitavam a cidade; grupos mascarados,
com fantasias improvisadas, percorriam as ruas invadindo casa
Figura 24 – Manifestação na Rua XV de Novembro, 1942.
e bares, brincando com todos, numa ingênua alegria. Não havia
malicia nem maldades, pois naqueles tempos a nossa Sanjo era
uma só família.60

Atualmente, o carnaval é limitado em poucos dias de eventos, aos


arredores da rua XV de Novembro, e destaca-se por seus desfiles
de bonecos gigantes; bonecos que podem ser vistos no Museu dos
Bonecos localizado também no antigo estabelecimento da indústria
Senegaglia.
Ernani Zétola conta um pouco de seus pais e avós italianos,
e suas relações com os outros habitantes, mostra o sentimento de
pertencimento de seu pai com relação ao Brasil, em que sabia a língua
italiana, costumes, mas se denominava brasileiro e se relacionava bem
ACERVO: Museu Municipal Atílio Rocco – São José dos Pinhais – Pasta 20 entre eles. Afirma que se pai não gostava de falar a língua de origem e
RG/RE: 3053-397. 1 fotografia p&b nem apoiava a fala dentro de casa.

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 201 | História | 2010


Minha mãe falava sem sotaque porque nas escolas ela falava com sua vida, mas sim, em diversos lugares como o caso das colônias que
as coleguinhas dela, mas eu aprendi mais em italiano com minha
ainda contêm residências com características de imigrantes, apóia o
mãe do que com meu pai que veio com 12 anos da Itália, meu pai
não gostava de falar italiano e não queria que os filhos falassem estabelecimento definitivo das ditas “Casas de Culturas” 65 localizadas
pra não ter sotaque carregado [...] papai então fala só português, na colônia Murici e Mergulhão, a primeira dando relevância à cultura
só brasileiro, [...] ele convivia mais com brasileiros, gostava muito
da convivência brasileira, ele achava que os brasileiros tinham mais imigrante polonesa em São José dos Pinhais e a segunda demonstrando
cultura.61 os aspectos dos colonos italianos no município.
Sendo assim, é a favor do tombamento de tais lugares,que
Pode se notar que esse sentimento de pertencimento de
é um atributo que se dá ao bem cultural escolhido e separado dos
identidade social de Ernani Zétola foi herdado de seu pai. “A memória
demais para que nele, fique assegurada a garantia da perpetuação da
é um fenômeno construído social e individualmente, quando se trata
memória.66 O artigo terceiro, elaborado no II Congresso Internacional
da memória herdade, podemos também dizer que há uma ligação de
de Arquitetos e Técnicos dos Monumentos Históricos, de maio de
fenômenos muito estreita entre memória e o sentimento de identidade.
1964, conhecido como Carta de Veneza67 registra: A conservação e
Sentimento tanto individual como coletivo, na medida em que a
a restauração dos monumentos visam a salvaguardar a obra de arte
memória é também um fator extremamente importante do sentimento
tão quanto o testemunho histórico, lugares portadores de mensagem
de continuidade e de coerência de uma pessoa ou de um grupo em sua
espiritual do passado. Ernani Zétola é a favor do desenvolvimento do
reconstrução de si.”62
crescimento para São José dos Pinhais, sendo assim “a cidade deve
É clara a indignação desse personagem são-joseense que é Ernani
acompanhar, mas preservar.”68
Zétola com relação à não preservação dos espaços, das estruturas,
Contudo, é bem perceptível no depoimento, a relação dos lugares
dos lugares de memória. Afirma que no período da modernização “as
de memória com outros indivíduos, durante a entrevista. Vários dos
pessoas naquele tempo era tudo destruir, destruir, eles confundiam
lugares anunciados remeteram a pessoas conhecidas, familiares
restaurar com reformar.”.63
e nomes, sendo assim a preservação e o restauro do patrimônio se
Pra mim o que representa o que restou, eu não falo na Praça 8 de
torna um agente influenciador da memória, um resgate do passado,
Janeiro porque ela sumiu, eu não falo na praça Getulio Vargas que é
aquela do terminal que não tem mais praça ali, porque só terminal, um resgate também de pessoas e do cotidiano da cidade; os lugares
eu falo na Igreja Matriz e falo no prédio do museu, o palacete remetem a pessoas.
municipal como diziam e no prédio das industrias Senegaglia, o
resto acabou, virou fumaça, não tem mais nada que recorde o São José era uma vila, mas era tão bom, era uma cidade pobre,
passado, não sobrou nada, nada, nada.64 mas ela era rica em amizade, em sentimentos, em felicidades, todo
mundo parecia que era feliz, a gente era pobre, tinha a classe pobre
Dá ênfase também às estruturas localizadas em várias partes e a classe média e um ou outro rico, mas então era muito bom o
convívio, muita amizade. [...] Doce tempo passado.69
do município, não somente na parte central onde vive e viveu toda

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 202 | História | 2010


Esse cotidiano vai se modificando gradativamente conforme No mesmo município, a pecuária e a agricultura eram as principais
o decorrer dos dias, meses e anos, ideologias, concepções de vida atividades em uma economia quase de subsistência, formadas por
que se alteram conforme esse decorrer. São perceptíveis essas núcleos, portanto, dependentes entre eles, em algumas especificidades
mudanças ocorridas no espaço das principais ruas centrais das como bens que não podiam produzir, gerando uma mobilização
cidades, formadas primeiramente para suprir necessidades familiares populacional para outros núcleos populacionais como ocorreu com a
como a moradia e o fácil acesso a determinadas urgências. O aspecto decadência do Arraial Grande, na qual continha o maior número de
muda para o consumo e venda que utiliza a frequente movimentação população. Na freguesia de São José, de origem desconhecida, para
na rua, que futuramente tem somente uma finalidade: a do lucro. A garantir a permanecia da população e as presenças nos atos religiosos
concepção muda também para os frequentadores, e não somente foram distribuídas terras ao redor da Igreja; em que pessoas viviam em
aos residentes, inicialmente como é caso de São José dos Pinhais. locais longínquos, deviam construir uma segunda moradia. Houve uma
O ir para a rua XV de Novembro significava praticar as obrigações influência do religioso na formação social e na própria infraestrutura
religiosas e socializar com habitantes do mesmo município, que ali da cidade, inclusive na construção da rua XV de Novembro, objeto de
passavam com a intenção de consumo básico, além da mobilização estudo deste trabalho.
para o município de Curitiba. Com a reestruturação na rua e uma Essa Rua, que no início servia para o tráfego normal às casas
intenção de fazê-la um ambiente de comércio e lazer, a concepção residenciais de famílias que ali viviam, com escassos comércios, tinha
de consumo aumenta, hoje, o Calçadão da rua XV de Novembro, que também suas praças e locais de administração, uma rua central, mas
não representa mais um fator básico de existência e nem passa essa não muito relevante, com o decorrer do tempo e a modernização
imagem. da cidade passa por diversas modificações. A igreja deixa de ser o
principal foco de desenvolvimento do município já no fim do século
CONSIDERAÇOES FINAIS
XIX e a passagem do regime Imperial para o Republicano mexe com a
São José dos Pinhais inicia-se com seus arraiais de mineiros, administração nacional. Em São José dos Pinhais a mudança ocorreu,
pousos de tropeiros, sesmarias e curais, pode-se dizer uma povoação também, com as obras públicas e mais tarde com o investimento da
originária dos pontos de parada dos caminhos de ligação entre industrialização.
Curitiba ao litoral. Com a organização administrativa de Freguesias A “rua da Entrada”, anteriormente assim chamada, era um
foram surgindo os pequenos núcleos populacionais, no entorno das ambiente pacato, com clima de vizinhança, todos que ali residiam se
respectivas igrejas paroquiais e capelas, que possuíam poderes conheciam, tinha seus dias de grande movimentação como festas
e influenciavam o desenvolvimento populacional, em localizações religiosas, casamentos, etc. havia, também, espaços de socialização
imprecisas que variavam de um lugar para outro. como o Largo de São José dos Pinhais, hoje, Praça 8 de Janeiro.

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 203 | História | 2010


Contudo, a cidade tinha seu cotidiano bem diferenciado A rua XV de Novembro nunca deixará de ser um lugar memorável,
dos dias atuais, os quais com suas mudanças estruturais cresceu em tanto aos antigos cidadãos quanto aos novos, lugar de recordações
grande demanda, a partir da década de 1970, com a industrialização individuais e coletivas, com necessidade de valorização do antigo para
e urbanização do município. Com isso, a estrutura da rua se modifica que não se sujeite a esquecimentos, pois em São José dos Pinhais são
conforme as necessidades e intenções das respectivas épocas. raros esses lugares que remetam ao antigo, lugares que despertem a
A intenção e estabelecimento do fechamento da rua XV curiosidade da população em busca de seu próprio passado, de sua
de Novembro mexeram com toda infraestrutura no seu arredor: a própria história de formação social, que é ainda muito desconhecida
rua e a cidade passam de ser pacatas para modernas. A cidade de e tratada com indiferença. Compreender a importância desse lugar
São José dos Pinhais evolui seus antigos núcleos urbanos, e a igreja, histórico para com a sociedade são-joseense e sua construção de sua
definitivamente, não mais determinava o desenvolvimento urbano, identidade foi o objetivo deste trabalho.
dando o lugar as grandes redes de comércio. A atual pesquisa tem intenção de abrir um leque para estudos
Passa, portanto, o “Calçadão” da rua XV de Novembro a singulares nos diversos lugares do Estado, onde estes apresentem
proporcionar aos cidadãos uma relativa oportunidade de escolha para histórias e memórias diferenciadas entre eles. Lugares fundamentais
consumo, compras, fazeres, etc. A rua deixa de ter o antigo clima de para a construção histórica e cultural das pessoas dos municípios. A
vizinhança, as residências vão abaixo pela ansiedade de mudança e pesquisa na rua XV de Novembro tende demonstrar a importância dos
lucro, restam apenas poucos monumentos que apresentam à cidade lugares históricos de memória nas pequenas e desconhecidas cidades,
e aos seus cidadãos o passado; o patrimônio histórico deixa de ser procurando não limitar somente um espaço somente, mas sim, em
preservado pela necessidade de ter lucro e mudança. um espaço geral, trabalhando com um enfoque articulando com
A rua XV de Novembro sofre sua mutação com o tempo presente, ramificações de ambientes. “Lugares de unanimidade sem unanimismo
e é nesse sentido que o trabalho demonstra a ausência da história que não exprimem mais nem convicção militante nem participação
construída através da memória desse importante lugar de memória. apaixonada, mas onde palpita ainda algo de vida simbólica,”70 afirma
Hoje, a rua é um grande e extenso centro de comércio, mas que Pierre Nora.
no passado foi cercada com suas residências, palacetes, terrenos É premente a necessidade de preservar o que restou, restaurar,
extensos, uma artéria da cidade que levava a sua própria existência, tombar esses determinados lugares de memória, mas não somente os
sem ambições, ideologias e simbologias vividas atualmente. lugares, e sim a memória também, através da metodologia da historia
É relevante modernizar, acompanhar, porém mais importante ainda oral que nos obriga a levar ainda mais a sério a crítica das fontes, que
é preservar, valorizar, entender os patrimônios que ali se estabeleceram é também história de vida, instrumento privilegiado para abrir novos
e as modificações na própria estrutura da rua. campos de pesquisa.71

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 204 | História | 2010


A primeira norma de conduta ligada ao “como preservar?” é
manter o bem cultural, especialmente o edifício, em uso constante e
sempre que possível satisfazendo a programas originais. Para isso, é
necessário um método de explicação popular, uma educação sistemática
que difunda entre toda população, que é a principal responsável pelo
descaso, e também dirigentes e dirigidos, o interesse maior que há na
salvaguarda de bens patrimoniais tanto materiais como imateriais.
Preservar também as características iniciais e suas condições
mínimas de sobrevivência das estruturas que remetam ao passado,
tratando como um dever de patriotismo, como diz Lemos, mantendo
os recursos materiais em sua integridade, exigindo métodos de
intervenções capazes de respeitar os elementos componentes do
Patrimônio Cultural. “Preservar também o saber nacional local,
fazendo com que os conhecimentos de fora nos valorizem em vez
de nos anularem. Isso se dificulta com a diversidade de empresas
multinacionais comandando a economia, mostrando uma uniformização
do pensamento. Devemos controlar os processos de evolução que se
desenvolvem a mercê de alterações inevitáveis”.72

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 205 | História | 2010


Fontes

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Rocco.

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 206 | História | 2010


RECIBO DE PAGAMENTO de 1914, pasta Obras Públicas, acervo Museu Municipal Atílio Rocco.
ZÉTOLA, Ernani. Entrevista concedida a Fabrizio Carlo Brun. São José dos Pinhais 10 nov. 2009.

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SBRAVATI, Myriam. São José dos Pinhais 1776 –1852. Uma paróquia paranaense em estudo. 1980. 183 f. Dissertação (Mestrado em História
do Brasil) – Faculdades de Ciências Humanas Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná; Curitiba, 1980.

Notas de rodapé
1 SBRAVATI, Myriam. São José dos Pinhais 1776 –1852. Uma paróquia paranaense em estudo. 1980. 183 f. Dissertação (Mestrado em Histó-
ria do Brasil) – Faculdades de Ciências Humanas Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná; Curitiba, 1980, p. 37.
2 id. ibid. p.38.

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 207 | História | 2010


3 MAROCHI, Maria Angélica. De Freguesia a Diocese. A trajetória da Igreja Católica em São José dos Pinhais, 1690 – 2007. Curitiba: Traves-
sa dos Editores, 2007 p.53.
4 COLNAGHI, Maria Cristina; MAGALHAES FILHO, Francisco de Borja Baptista; MAGALHAES, Marionilde Dias Brepohl. São José dos
Pinhais: a Trajetória de uma cidade; Curitiba: Prephacio, 1992, p.22.
5 id. ibid. p.23.
6 MAROCHI, op. cit. p.62.
7 id. ibid. p. 62.
8 COLNAGHI, op cit.. p.23.
9 Provimento do Ouvidor-Geral Raphael Pires Pardinho, 1721. In: Boletim do Archivo Municipal de Curytiba: documentos para a história do
Paraná. Volume I. Fundação da Villa de Curytiba – 1668 – 1721. Curitiba: Typ. E lith a vapor Impressora Paranaense, 1906. p. 10. PROVIMEN-
TO. ap. MAROCHI, op. cit. p.55.
10 NORA, Pierre. Entre Memória e Historia: A problemática dos lugares. Projeto História. n. 10. São Paulo: PUC, 1993.
11 A rua da “Entrada” é citada no livro da Câmara Municipal de São José dos Pinhais. na Lei nº. 24 Capitulo 2 Art. 8.º. LIVRO da Câmara
Municipal de São José dos Pinhaes: Leis, Regimento, Resoluções, Actos e Decretos e Contractos Precidida da Consolidação das leis sobre o
Governo Municipal de 1911.
12 HANSE, Jean Carlos. In: CEZAR, Marcelo Ferraz. Maquete Centro Histórico São José dos Pinhais 1920. São José dos Pinhais, [2006?]. 1
Folder. Encontrado no museu Atillio Rocco.
13 HALBWACHS. ap. POLLAK, Michael: Memória e Identidade Social. Revista Estudos Históricos, v. 5, n. 10; Rio de Janeiro, 1992, p.201.
Disponível em: http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/104.pdf Acesso em: 01 dez. 2009.
14 OLIVEIRA, Dennison de. Urbanização e Industrialização no Paraná Curitiba: SEED, 2001. (Coleção História do Paraná; textos introdutó-
rios). p. 11.
15 LIVRO da Câmara Municipal de São José dos Pinhais, 1911, p. 40.
16 MAROCHI, Maria Angélica. Câmara municipal de São José dos Pinhais. 150 anos 1853 – 2003. São José dos Pinhais: Câmara Municipal,
2003 p. 69-71.
17 De acordo com Maria Angélica Marochi os “documentos manuscritos e/ ou impressos arquivados em pastas não especificadas. Foram pou-
cas as cópias deste tipo de solicitação que se mantiveram arquivadas. Parte delas foi destruída no inicio do século XX, quando, por questões
políticas, houve uma queima quase total da documentação da prefeitura.” MAROCHI, Maria Angélica. Imigrantes 1870-1950. Os europeus em
São José dos Pinhais, Travessa dos Editores; Curitiba; 2009 p. 292.
18 Personagem de São José dos Pinhais, nascido em 2 de Novembro de 1858, Zacarias Alves Pereira teve um começo difícil, visto as circuns-
tâncias da época, pois era filho de escravos. Todavia, conseguiu as letras primarias, tornando-se, em pouco tempo, um cidadão muito honrado

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 208 | História | 2010


e conhecido em seu recanto natal. Desempenhou várias atividades: Tenente da guarda, tesoureiro da prefeitura de São José dos Pinhais e
suplente de juiz federal. No campo artístico, deixou inúmeras obras: pinturas em tela, esculturas e objetos artesanais, além de ser participante
da banda de música “Santa Cecília”. Aos 79 anos, ainda manejava firme com a mão as ferramentas necessárias para seu trabalho artístico, um
dos principais feitos para a cidade foi a criação do Brasão Municipal.
19 SETIM. ap. MAROCHI, Maria Angélica. De Freguesia a Diocese. A trajetória da Igreja Católica em São José dos Pinhais, 1690 – 2007.
Curitiba: Travessa dos Editores, 2007 p.98.
20 JORNAL NOTÍCIAS PARANÁ, Curitiba, p. 5, 23 out. 2009.
21 Descendente de italiano, Atílio Rocco nasceu em 4 de março de 1901. Em São José dos Pinhais, atuou em vários ofícios como serralheiro,
açougueiro e laminador. Era proprietário de várias terras localizadas no centro da cidade, com suas doações de lotes à prefeitura Atílio Rocco
contribuiu para a urbanização e desenvolvimento da cidade. Devido à sua grande influência econômica e política, o prefeito Moacir Piovesan o
homenageou, ao denominar Museu Municipal Atílio Rocco, em 1981, após um ano de seu falecimento.
22 Fragmento de texto do Primeiro Livro de Registros dos Nivelamentos das Ruas da cidade, cuja data de abertura é 17 de abril de 1911.
PRIMEIRO LIVRO de Registros dos Nivelamentos das Ruas da cidade. São José dos Pinhais: [S.l.], 1911, p. 27. Acervo Museu Municipal Atílio
Rocco.
23 JORNAL TRIBUNA DE SÃO JOSÉ; p. 6, 17/19 jul. 2000.
24 ARQUIVO MUSEU MUNICIPAL ATILIO ROCCO, São José dos Pinhais. Câmara municipal. Sugestão apresentada pelo vereador Elon
Bonin ao Prefeito Moacir Piovesan, 31 de maio de 1977: Folha solta, arquivada na pasta Museu Atílio Rocco 2.
25 JORNAL TRIBUNA DE SÃO JOSÉ; p. 6, 17/19 jul. 2000.
26 Moacir Piovesan prefeito de São José dos Pinhais. PIOVESAN. ap. JORNAL OBJETIVO. São José dos Pinhais, p. 3, 26 mar. 1981.
27 JORNAL ESPAÇO PÚBLICO CULTURA, março de 2005 p. 8-9
28 MACHADO, Maria Lúcia Büher; O cotidiano do trabalho na indústria Senegaglia (1936-1976): Hierarquias, (IN) disciplinas e relação de
gênero em uma fabrica paternalista. 2003. ??f. Dissertação (mestrado em Tecnologia). Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná,
Curitiba; 2003 p. 32.
29 CELSO. ap. MACHADO, Maria Lúcia Büher; O cotidiano do trabalho na indústria Senegaglia (1936-1976): Hierarquias, (IN) disciplinas e
relação de gênero em uma fabrica paternalista. 2003. ??f. Dissertação (mestrado em Tecnologia). Centro Federal de Educação Tecnológica do
Paraná, Curitiba; 2003 p. 40.
30 ZÉTOLA, Ernani. Entrevista concedida a Fabrizio Carlo Brun. São José dos Pinhais 10 nov. 2009. Esta frase também é utilizada na placa de
homenagem e inauguração da sala da fundação do Museu Municipal Atílio Rocco.
31 NORA, Pierre, Entre Memória e História: A problemática dos lugares. Projeto História n. 10. Revista do programa de estudos pós-gradua-
dos em história e do departamento de história pela PUC/SP. São Paulo, 1993.

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 209 | História | 2010


32 NORA, Pierre, Entre Memória e História: A problemática dos lugares. Projeto História n. 10. Revista do programa de estudos pós-gradua-
dos em história e do departamento de história pela PUC/SP. São Paulo, 1993.
33 NORA, Pierre, Entre Memória e História: A problemática dos lugares. Projeto História n. 10. Revista do programa de estudos pós-gradua-
dos em história e do departamento de história pela PUC/SP. São Paulo, 1993.
34 COLNAGHI. op. cit. p.209.
35 JORNAL CORREIO DE SÃO JOSÉ, São José dos Pinhais. p.7. 20 ago. 1950.
36 BOSCHILIA, Roseli. A Rua 15 e o comercio no inicio do Século. Boletim Informativo da casa Romário Martins. Curitiba: Fundação cultural
de Curitiba, 1996 p.1.
37 JORNAL CORREIO DE SÃO JOSÉ, São José dos Pinhais, p.10. 13 ago. 1950.
38 JORNAL CORREIO DE SÃO JOSÉ, São José dos Pinhais, p.10. 13 ago. 1950.
39 JORNAL CORREIO DE SÃO JOSÉ, São José dos Pinhais, p.5. 10 dez. 1950.
40 RECIBO DE PAGAMENTO de 1914, pasta Obras Públicas, acervo Museu Municipal Atílio Rocco.
41 ZÉTOLA ap. COLNAGHI. op. cit. p.139.
42 REDESCHI ap. COLNAGHI. op. cit. p.139.
43 Onde se localiza atualmente o Museu Municipal Atílio Rocco.
44 JORNAL FOLHA DE SÃO JOSÉ, 17 jul. p. 5 1975.
45 GAZETA DO POVO, Caderno G. 28 mai. 2009.
46 JORNAL CORREIO DE SÃO JOSÉ, Notas Avulsas, 1 fev. p.6 1954.
47 Pequenas pedras de mármore artisticamente instaladas em forma de mosaico com formatos geométricos, nas cores branca e preta.
48 JORNAL OBJETIVO. 19 jul. p.1 1979.
49 JORNAL OBJETIVO, 16 ago. p.1 1979.
50 JORNAL FOLHA DE SÃO JOSÉ, 04 out. p.1 1979.
51 JORNAL FOLHA DE SÃO JOSÉ, 27 mar. p.1 1980.
52 JORNAL OBJETIVO, 15 jan. p.3 1981.
53 JORNAL DIÁRIO DE SÃO JOSÉ, 2 jul. 2004.
54 JORNAL DIÁRIO DE SÃO JOSÉ, 2 jul. 2004.

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 210 | História | 2010


55 NORA, Pierre, Entre Memória e História: A problemática dos lugares. Projeto História n. 10. Revista do programa de estudos pós-gradua-
dos em história e do departamento de história pela PUC/SP. São Paulo, 1993.
56 POLLAK, Michael: Memória e Identidade Social. Revista Estudos Históricos, v. 5, n. 10; Rio de Janeiro, 1992, p.201. Disponível em: http://
www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/104.pdf Acesso em: DATA 01 dez. 2009.
57 ZÉTOLA, Ernani. Entrevista concedida a Fabrizio Carlo Brun. São José dos Pinhais 10 nov. 2009
58 LEMOS, Carlos A.C; 1925-O que é patrimônio histórico. São Paulo: Brasiliense, 2000. p.14.
59 ZÉTOLA, Ernani. Entrevista concedida a Fabrizio Carlo Brun. São José dos Pinhais 10 nov. 2009.
60 JORNAL FOLHA DE SÃO JOSÉ, 03 fev. p.2 1977.
61 ZÉTOLA, Ernani. Entrevista concedida a Fabrizio Carlo Brun. São José dos Pinhais 10 nov. 2009.
62 POLLAK, Michael: Memória e Identidade Social. Revista Estudos Históricos, v. 5, n. 10; Rio de Janeiro, 1992, p.201. Disponível em: http://
www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/104.pdf Acesso em: DATA 01 dez. 2009.
63 ZÉTOLA, Ernani. Entrevista concedida a Fabrizio Carlo Brun. São José dos Pinhais 10 nov. 2009
64 ZÉTOLA, Ernani. Entrevista concedida a Fabrizio Carlo Brun. São José dos Pinhais 10 nov. 2009
65 Casas alugadas pela prefeitura para as exposições de artefatos rurais utilizados por imigrantes poloneses e italianos, a casa da Colônia
Murici funciona diariamente, conta com uma biblioteca e vários espaços de exposições, a casa da Colônia Mergulhão funciona aos finais de
semana e feriados para a visitação do público, conta com exposições do cotidiano do colono italiano.
66 LEMOS, Carlos A.C; 1925 - O que é patrimônio histórico. São Paulo: Brasiliense, 2000. p.85.
67 CARTA INTERNACIONAL sobre conservação e restauração de monumentos e sítios. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/portal/bai-
xaFcdAnexo.do?id=236 Acesso em: 02 dez. 2009.
68 ZÉTOLA, Ernani. Entrevista concedida a Fabrizio Carlo Brun. São José dos Pinhais 10 nov. 2009
69 ZÉTOLA, Ernani. Entrevista concedida a Fabrizio Carlo Brun. São José dos Pinhais 10 nov. 2009.
70 NORA, Pierre, Entre Memória e História: A problemática dos lugares. Projeto História n. 10. Revista do programa de estudos pós-gradua-
dos em história e do departamento de história pela PUC/SP. São Paulo, 1993.
71 POLLAK, Michael: Memória e Identidade Social. Revista Estudos Históricos, v. 5, n. 10; Rio de Janeiro, 1992, p.201. Disponível em: http://
www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/104.pdf Acesso em: DATA 01 dez. 2009.
72 LEMOS, Carlos A.C; 1925 - O que é patrimônio histórico. São Paulo: Brasiliense, 2000. p.27

Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná 211 | História | 2010

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