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projetos-didaticos-para-ensinar-geografia
Prática Pedagógica
Trabalho desenvolvido pela professora Rute Athayde Almeida, da EM Brice Francisco Cordeiro, em
Goiânia. Com leitura, pesquisa e observação, a garotada aprende o conceito de bacia hidrográfica
Sueli Ângelo Furlan, professora
do Departamento de Geografia da
FFLCH-USP e selecionadora do
Prêmio Victor Civita
Por isso, aprender Geografia não se restringe apenas à exposição dos saberes do
professor. As diferentes modalidades organizativas (atividades permanentes,
planos de aula, sequências didáticas ou projetos) utilizadas em sala de aula têm
um papel fundamental no modo instigante como o mundo pode ser trabalhado e
desvelado na escola. É na intencionalidade do planejamento das situações
didáticas que professores e alunos desenvolvem hipóteses cada vez mais
complexas sobre os fenômenos sociais e naturais estudados a partir da
Geografia.
2. Experiências pessoais e aprendizagem nos projetos de Geografia
Trabalhando com projetos didáticos, o professor pode definir caminhos nos quais
os alunos possam:
- Colocar suas experiências pessoais e sua bagagem cultural a serviço do projeto
de estudo;
- Dar sua opinião e lidar com vários pontos de vista sobre as concepções de
tempo e de clima;
- Dialogar com os colegas, professores, familiares, outras fontes orais e escritas
sobre o assunto;
- Argumentar sobre o que observam no cotidiano, nos meios de comunicação e
nas fontes bibliográficas, e desenvolver a capacidade de realizar pesquisas;
- Aprender a buscar informações em diferentes fontes;
- Entrevistar especialistas no assunto, entre outras possibilidades.
Ainda com relação à construção de projetos didáticos, é preciso ter claro que
muitos temas geográficos buscam enfoques socioambientais. No exemplo
abordado no capítulo anterior, por exemplo, não se deve separar o estudo do
tempo e clima (como fenômeno da natureza) do estudo social (das interações
humanas com estes fenômenos). Os estudos geográficos também não podem
deixar de enfocar a sociedade e sua integração com outros campos do
conhecimento. A flexibilidade dos projetos permite que a organização dos
conteúdos favoreça recortes múltiplos a partir dos objetivos a serem alcançados.
Neste sentido, decidir sobre os conteúdos é um dos focos principais dos projetos.
Muitos professores justificam o trabalho com projetos por meio de estudos que
envolvem trabalho de campo ou temas ambientais, associando o projeto ao
protagonismo do aluno. No entanto, qualquer conteúdo da área pode ser
trabalhado por meio dessa forma de organizar as situações de aprendizagem. O
importante é a flexibilidade e a interação entre todos os que participam e clareza
de onde se pretende chegar, o que precisam saber e como podem aprender a
usar, progressivamente, o que sabem.
4. Um bom projeto didático requer diversidade de conteúdos
Trabalho desenvolvido pela professora Rute Athayde Almeida, da EM Brice Francisco Cordeiro, em
Goiânia. Com leitura, pesquisa e observação, a garotada aprende o conceito de bacia hidrográfica
O trabalho com projetos didáticos precisa, também, estar ancorado por uma
ampla variedade de materiais que possibilitem planejar boas situações didáticas,
buscando uma boa articulação de conteúdos. Para isso, costumamos dizer que o
professor não deve restringir o seu trabalho ao uso de um único tipo de material,
como o livro didático, por exemplo.
Vale lembrar o professor de seu papel como mediador entre os alunos e as fontes
de informação utilizadas. Sempre ocorre de os alunos não compreenderem ou
não conhecerem o significado de um assunto, de um texto ou do vocabulário
específico da Geografia. Cabe ao professor ajudá-los a resolver as dúvidas,
orientá-los nos procedimentos de busca de novas informações, levá-los a
comparar ideias diversas a respeito do tema, debater com os colegas etc.
A utilização de croquis nos três níveis propostos por Maria Helena Ramos Simielli
tem sido uma prática valiosa para o desenvolvimento da representação figurativa
e ajuda o aluno a se colocar diante dos mapas que, muitas vezes, exigem níveis de
aquisições de leitura e de escrita cartográfica que só se concretizam com o tempo.
Concluindo, vale dizer que nem sempre as explicações que construímos dão
conta da totalidade da paisagem. Nem sempre temos a intenção de abarcar essa
totalidade. Às vezes, nos interessam apenas alguns aspectos da paisagem. Nesse
sentido, os projetos didáticos em Geografia buscam focar os recortes e utilizar
uma ampla gama de recursos criativos, cunhados em parceria com os alunos,
desde que desenvolvidos sob o olhar clínico do professor.