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Concurso de Pessoas

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas


penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
        § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser
diminuída de um sexto a um terço.
        § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até
metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
O concurso de pessoas se dá quando duas ou mais pessoas reúnem
esforços materiais ou intelectuais com o fim de cooperarem, de forma
relevante, para o mesmo delito.
Requisitos:
a) Pluralidade de agentes e condutas: Depende de pelo menos de duas
pessoas e, consequentemente, duas condutas penalmente
relevantes. Podendo ser condutas principais, no caso da coautoria,
ou então uma principal e uma acessória, praticadas pelo autor e
participe, respectivamente.
b) Relevância causal das condutas: os agentes precisam ter
influenciado ainda que minimamente.
c) Unidade de desígnios (se não houver caracterizará autoria
colateral): vontade de um precisa se aderir a vontade do outro com
o fim de praticar o crime.
d) Colaboração (material ou moral) anterior à consumação do fato: Só
é considerado coautor se há colaboração antes da consumação do
fato. Exemplo: A mata B, C que é amigo de A conhece do fato
depois e ajuda na ocultação de cadáver. C somente será coautor na
ocultação, pois o homicídio já havia se consumado. A furta celular e
vende para B, não há coautoria de B, pois já teria se consumado o
furto e nesse caso B responderia pela receptação.

Teorias:
a) Teoria monista (unitária ou monística): Adotada como regra no CP.
Autor e participe vão responder pelo mesmo crime, ou seja, quem
concorre para um crime, por ele responde. Ex: A vai furtar alguma
coisa e B fica vigiando.
b) Teoria dualista (dualística ou objetiva): Não foi adotada pelo CP. Há
distinção entre autor e partícipe. Onde haveria punição para os dois
separadamente.
c) Teoria pluralista (ou pluralística): Adotada como exceção no CP. Em
alguns crimes a conduta será punida de forma separada. Ex: mulher
vai em uma clínica de aborto e o médico realiza o aborto, a mulher
responde pelo 114 e o médico pelo 126 do CP. Corrupção ativa e
passiva, funcionário público responde pelo 317 e o corruptor pelo
333, CP. Art. 334-A e 318, contrabando e facilitação de
contrabando.

Autoria:
a) Teoria objetiva ou dualista (conceito restritivo ou restrito de autor):
Autor é o sujeito que realiza o núcleo (verbo) do tipo penal. Teoria
adotada pelo CP.
b) Teoria do domínio do fato: Um sujeito que tem o domínio da
vontade do outro. Embora não pratique o núcleo do tipo, ele tem o
domínio de quem pratica. Ex: José Dirceu no julgamento do
mensalão, organizações criminosas.

Espécies de Autoria:
a) Autoria Intelectual: É o autor que planeja a atividade criminosa.
Além de responder pelo crime imputado ao autor, tem contra si, um
agravante genérico de acordo com art. 61, I, CP.
b) Autoria mediata: O sujeito se vale de terceira pessoa, geralmente
menor ou doente mental para praticar crimes. Ex: traficante utiliza
de menor (instrumento) para levar drogas.
c) Autoria colateral: Quando não há unidade de desígnios (vontade
independente).
Coautoria: É imprescindível que atuação de cada indivíduo se dê com a
consciência de que contribui para a mesma infração penal. Em síntese, há
dois ou mais autores unidos entre si pela busca do mesmo resultado. A
coautoria pode ser parcial ou direta:
a) Coautoria parcial ou funcional: os diversos autores praticam
condutas diversas, aos quais somados produzem o resultado
almejado. Ex: A segura vitima enquanto B a esfaqueia, produzindo
sua morte.
b) Coautoria direta ou material: todos os autores efetuam igual
conduta criminosa. Ex: A e B efetuam disparo de arma de fogo
contra C, matando-o.
É possível coautoria em crimes próprios (sendo aqueles em que o tipo
penal exige uma qualidade especial do sujeito para praticar o tipo, por
exemplo o crime de peculato pelo funcionário público, artigo 312, CP e o
infanticídio praticado pela mãe, artigo 123, CP), desde que o coautor
tenha conhecimento da condição pessoal do autor. Exemplo: Funcionário
público A convida amigo B para furtar computador na repartição, o B
ciente da condição pessoal do A vai e os dois furtam a coisa, ambos
respondem por peculato, seguindo a regra do art. 30 do CP. Se o B não
soubesse da condição do A, responderia por furto.
Nos crimes de mão própria, todavia, não cabe a coautoria pois esse tipo
de crime somente pode ser praticado pela pessoa indicada pelo tipo
penal. Havendo somente uma exceção à regra no caso do crime de falsa
perícia (art. 342, CP), praticado em concurso por dois ou mais peritos,
contadores, tradutores ou intérpretes, como na hipótese em que dois
peritos subscrevem dolosamente o mesmo laudo falso, trata-se de crime
de mão próprio cometido em coautoria. Podendo haver um partícipe
nesse caso. Exemplo: não há coautoria em um falso testemunho, porém o
advogado pode induzir a testemunha a mentir, sendo ele partícipe do
crime.
Participação: O sujeito não realiza diretamente o núcleo do tipo penal,
mas de qualquer modo concorre para o crime. É necessário que o autor
tenha praticado um fato típico, ilícito e culpável, assim pune o autor
mediato como autêntico autor do delito. Não é possível ser participe de
um menor ou doente mental, tendo em vista a sua inimputabilidade.
Art. 29. § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser
diminuída de um sexto a um terço.
É, portanto, qualquer tipo de colaboração, desde que não relacionada à
pratica do verbo contido na descrição do verbo contido na descrição da
conduta criminosa. Ex: É participe aquele que ciente do propósito
criminoso do autor empresta uma arma de fogo municiada para ser
utilizada na execução do delito.
Formas de participação: Contribuição para o crime.
a) Moral: Influência psicológica.
 Induzimento: Fazer surgir na mente de outrem a vontade
criminosa até então inexistente, criar uma ideia. Ex: A narra a
B sua inimizade com C, B o induz a matar seu desafeto,
dizendo ser o único meio adequado para se livrar desse
problema.
 Instigar: Incentivar. Reforçar a vontade criminosa que já
existe na mente de outrem. Ex: A quer matar B, C o estimula a
cometer o crime.
b) Material: Prestar auxílio, fornecer meios ao autor da infração penal,
o partícipe que presta auxílio é chamado de cúmplice. Ex: fornecer
arma de fogo.

Observações finais acerca da participação:


a) Participação em crime menos grave: § 2º - Se algum dos
concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na
hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Ex: A e B combinam de furtar casa, A entra na casa e B fica vigiando.
A ao entrar encontra uma mulher e decide estupra-la, A responderá
por dois crimes, B responde somente pelo furto como partícipe pois
não era previsível a ele o estupro, se fosse sua pena seria
aumentada até a metade correspondente a pena de furto.
b) Casos de impunibilidade da participação: Art. 31 - O ajuste, a
determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa
em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a
ser tentado.
Se há desistência voluntária, ninguém responde.
c) Participação negativa (conivência): É uma faculdade, não existe
obrigação. O sujeito não está vinculado à conduta criminosa e não
possui dever de agir para impedir o resultado. Ex: A assiste tráfico
de drogas de B e nada faz. Não é partícipe.

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