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Aula 01

Filosofia do Direito p/ OAB 1ª Fase XXV Exame - Com videoaulas

Professor: Karoline Strapasson

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FILOSOFIA DO DIREITO - XXV EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 01 – Professora Karoline Strapasson

AULA 01
A HISTÓRIA DO
PENSAMENTO
FILOSÓFICO
(PARTE 01)

SUMÁRIO
Sumário .......................................................................................... 1
1 - Considerações Iniciais .................................................................. 2
2 - Pensadores ................................................................................. 2
2.1 – Antiguidade........................................................................... 2
2.2 Período Medieval .................................................................... 13
2.3 - Modernidade ........................................................................ 16
3- Lista de questões ........................................................................ 40
4 - Considerações Finais .................................................................. 43

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FILOSOFIA DO DIREITO - XXV EXAME DA OAB
teoria e questões
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A ()STÓR)A DO PENSAMENTO F)LOSÓF)CO


PARTE
1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Olá pessoal!
Na aula de hoje veremos a parte da história do pensamento filosófico. Os
períodos históricos que vamos estudar são: a Antiguidade, a Idade
Média, a Modernidade e a Filosofia Contemporânea. Selecionei os
principais pensadores que contribuíram para a Filosofia do Direito, nosso
estudo será um resumo de suas principais características para que você
conheça aspectos centrais de seus trabalhos.
As principais obras que embasaram nossa aula foram:
• ROCHA, José Manuel de Sacadura. Fundamentos de filosofia do
direito o jurídico e o político da Antiguidade a nossos dias. 5 ed. São
Paulo: Atlas, 2014.
• BITTAR, Eduardo C. B.; ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de
filosofia do direito. 12. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas,
2016.
• BUCKINGHAM, Will. O livro da filosofia. São Paulo: Editora Globo,
2010
Antes algumas dicas para você reforçar o seu estudo! Na aula de hoje os
autores que mais apareceram no nosso Exame foram Aristóteles e Kant.
No entanto, nos exames de 2017 os autores do iluminismo: Rousseau,
Locke e Montesquieu foram cobrados de modo bem próximo, e dois deles
relacionados com a teoria da Constituição.
Logo, nas últimas provas a aula de hoje foi bem importante para
compreender a resolução das questões! Atenção redobrada!

2 - PENSADORES
2.1 Antiguidade (700 a.C 250 d.C)
Em relação ao estudo dos pensadores da antiguidade, vamos abordar o
pensamento: dos pré-socráticos, sofistas, de Sócrates, Platão, Aristóteles,
o epicurismo e o estoicismo.

Pré-
Sofistas Sócrates Platão Aristóteles Epicurismo Estoicismo
socráticos

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Pré-Socráticos (VII a. C)
Nomeamos como “pré-socráticos” todos os pensadores que viveram nos
séculos anteriores à Sócrates. Estes autores desenvolveram os primeiros
pensamentos considerados filosóficos se distanciando dos mitos e buscam
uma definição racional dos eventos naturais.
Nesse período a Filosofia poderia ser dividida em três acepções: lógica,
ética e física.
• A lógica envolve a linguagem e seu significado, o pensamento e o
argumento.
• A ética compreende as teorias morais, a política, sociologia e
etnografia.
• A física discorre sobre o estudo da natureza e os seus fenômenos.
Outros conceitos importantes surgiram
nesse período como a noção de kósmos
que seria o universo ordenado; diké que
seria a justa forma de se opor a discórdia
(éris), violência (bia), imoderação
(hybris). A natureza (physis) se
diferenciaria da técnica (techne).
Considera-se como técnica os artefatos
criados pelo homem dentre eles a
sociedade, a lei e o Direito.
Os termos logos e arché também eram empregados por
esses autores, o primeiro significava a racionalidade humana, e o segundo
a origem e o princípio material de todas as coisas.
Os pensadores pré-socráticos se voltavam a estudo da física. Esses estudos
desencadearam a cosmologia como uma tentativa de buscar explicações
para todas as coisas que existem. O objetivo central é encontrar a essência,
ou seja, conhecer a causa de todas as coisas e que confere unidade ao
mundo, isso quer dizer a arché.

Pensador Arché

Tales de Mileto (625-546 a.C) A matéria básica do cosmos é o a água, por ela ser
essencial a vida, capaz de mudar de formato e ser
algo a partir do qual tudo pode ser formado.

Pitágoras (570 – 495 a.C) Tudo no universo se conforma as relações da


matemática, os números estruturam o cosmos, a
matemática é o modelo para o pensamento filosófico.
Os números são os regentes das formas e das ideias.

Heŕclito de ́feso (535-475 a.C) Existem pares contrários (como o dia e a noite, o frio
e o calor) que trazem equilíbrio para o universo, a
tensão entre esses contrários desenvolve o fluxo ou a
mudança. A essência das coisas estaria na mudança.

Deḿcrito (460-360 a.C.) Todas as coisas são compostas por partículas


minúsculas, indivisíveis e imutáveis: os átomos.

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À época, acreditava-se que o destino de cada um era determinado pelos


deuses. Desse modo, o homem era mero coadjuvante, que exercia o papel
a que era predestinado. Há, portanto, algumas noções acerca do conceito
de justiça, extraídas das obras de Homero (como em Odisseia e Ilíada) e
de Hesíodo, e a Antígona de Sófocles.
Vamos dar especial ênfase a tragédia de Antígona escrita por Sófocles, uma
continuação de outra tragédia: Édipo Rei. A protagonista Antígona se opõe
ao decreto do Rei Creonte que impedia de enterrar o seu irmão. A heroína
reconhece que o decreto real descumpria à lei dos deuses, e por isso não o
cumpre. Antígona enterra o irmão e é condenada à morte. A obra apresenta
o questionamento: a lei dos homens é justa? A Lei dos Deuses não seria
superior?

Pensamento Sofista (IV a. C)


Os sofistas eram pensadores que ensinavam
a arte da retórica em Atenas. A democracia “O homem ́ a medida
ateniense tinha como local principal as de todas as coisas”.
praças, deste modo era importante saber Protágoras (490-421 a.C.)
discutir e participar, pois a cidadania era
exercida por meio do discurso.1
O termo sofista era pejorativo e significava aquele que não é sábio, mas
pretende ser versado na técnica. Os sofistas cobravam para ensinar e se
intitulavam conhecedores. Sócrates se opôs fortemente a essa linha de
pensamento, pois compreendida que os sofistas eram falsos sábios.
Os sofistas foram os primeiros a se dedicarem sobre as relações humanas
e a sociedade, entrando no campo da ética. Questionaram as tradições, a
cultura e a religião antiga, considerando a existência de regras imutáveis
vindas da natureza (physis), e regras mutáveis vinda dos homens
(nomos). Eles relativizaram a justiça, e pregavam o desprezo às leis.
Mas por qual motivo os sofistas desprezam às leis? Enquanto a natureza
possui a lei do mais forte sobre o mais fraco, a lei convencionada entre os
homens seria artificial e atentaria contra a ordem natural. A justiça seria
apenas uma vantagem para quem domina e não para quem é dominado.
As leis humanas seriam inconstantes, assim como o conceito de justiça.
Para os pensadores sofistas, o “homem é a medida de todas as coisas”
(frase atribuída a Protágoras). Essa expressão evidencia o rompimento com
o pensamento místico predominante na antiguidade, e evidencia o
relativismo.
Para os sofistas, portanto, a noção de justo provém da convenção humana,
variando no tempo e de acordo com as circunstâncias envolvidas. Desse
modo, num momento determinado pensamento poderia estar de acordo
com a lei, em outro se torna ilegal.

1
Não podemos esquecer que apenas os nascidos na cidade do sexo masculino e adultos
eram cidadãos, ficando de fora as mulheres, crianças, escravos e estrangeiros.

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Portanto, o pensamento sofista é marcado pelo relativismo e pela crítica à


dominação causada pela lei.

Sócrates (469-399 a. C)
Um dos maiores nomes da Filosofia, seu pensamento é um marco na
história da Ética. Sócrates acreditava ser possível atingir o conhecimento
verdadeiro das coisas por meio do diálogo.
O método Socrático foi desenvolvido com base na retórica, pelo qual
questiona-se o interlocutor e as respostas por ele dadas. A esse
procedimento denominou-se maiêutica. A maiêutica é baseada na ironia e
no diálogo para parir ideias, também chamado de parturição discursiva das
ideias.
Sócrates se opunha aos sofistas, pois não era um relativista. Seu
pensamento era autêntico e dotado de antagonismo, de tal modo que
rompeu com a tradição filosófica do período.
O filósofo considerava que o conhecimento
estaria no próprio homem, que ao se conhecer
poderia conhecer melhor o mundo.
Para ele a ética estava associada ao
conhecimento. Assim, somente poderia ser
ético aquele que tivesse conhecimento com
a capacidade de discernir o bem do mal.
Nesse contexto, desenvolve concepção
própria de virtude. Assim, a maior virtude de
todas é concluir, por meio do conhecimento, que nada
sabe.
Quanto às leis o autor defende que as pessoas devem observá-las,
sejam elas justas ou injustas, porque elas constituem um instrumento de
coesão social, que tem um objetivo maior, o bem comum.
As principais características do autor era o respeito às leis, à busca pela
verdade, o engajamento cidadão pelos interesses da sociedade. Também
tratou da busca pela felicidade que não consiste no conforto com boa
situação entre os homens, mas sim em apreciar o que é valorizado pelos
deuses, pois estes eram os seres mais perfeitos.
A felicidade exigiria o domínio das paixões e a condução das forças humanas
para o saber. No contexto da convivência em sociedade, conclui o filósofo
que a ética constitui o agir conforme a lei, acima do bem individual.

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Lutou contra o relativismo e angariou vários discípulos, porém seu


pensamento gerou inúmeros inimigos.

Platão (427-347 a.C)


Discípulo mais notável de Sócrates fundou a
Academia para o estudo da filosofia, se
retirando da praça pública, decepcionado
com a condenação de seu mestre. A obra de
Platão compreende aspectos
transcendentais e a preocupação com a
alma, para ele era essencial que a alma
submetesse as tendências do corpo.
A virtude está e se afastar do que é valorizado pelos homens, e que mantém
o corpo ligado ao mundo terreno, como os prazeres, valorizando o que
afasta do corpo, mas que é apreciado pelos deuses. O cuidado com a alma
garantiria um lugar bom após se libertar do corpo com o a morte.
A noção de Bem de seu pensamento considera que a conduta humana seria
semelhante a um barco nas correntezas, ou o barco é guiado pelo timoneiro
(razão para a realização do Bem e da justiça) ou seria levado pelas
correntezas (desviando-se do Bem). No controle do corpo pela alma, reside
a harmonia e a virtude, e no descontrole o vício.
Para Platão a sociedade justa existiria apenas de forma idealizada, sendo
impossível por meio da realidade conhecer este conceito pela própria
limitação da sociedade. Nesse sentido, é necessário buscar a realidade
suprassensível, que reside no mundo das ideias.
De acordo com o pensamento de Platão haveria um mundo de ideias
separado do mundo material, onde existiriam conceitos perfeitos e
adequados a natureza das coisas. Para explicar sua teoria desenvolveu o
mito da caverna.
Imaginemos um grupo de pessoas preso em uma caverna, desde o
nascimento. Essas pessoas estão presas, e não possui muito espaço
para movimentar-se. A luz do sol se projeta por uma fenda na
caverna, que ilumina uma das paredes da caverna, sendo que a
parede reflete a sombra do que acontece fora da caverna. Todos
acreditam que as sombras projetadas são a realidade do mundo.
Caso um desses homens se solte ele sofreria com a luz do sol,
conheceria a realidade. Quando retornasse para junto dos demais
colegas presos, estes
provavelmente o
Sócrates foi tão fiel ao seu ideal de educação e de
achariam um mentiroso e ética, que mesmo sendo condenado de modo
afastariam o inverídico por corromper os jovens para cultuar
conhecimento verdadeiro outros deuses, não se esquivou da sentença
em razão do conforto de injusta de seus julgadores. Em um ato de
sua vida limitada, coerência com o que ensinava obedeceu às leis da
cidade e bebeu cicuta, obediente a sentença de
escolhendo a prisão do morte.
que a liberdade.

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A compreensão de Justiça em Platão também era


Platão Aristóteles
peculiar. Para o autor, as pessoas possuem
uma aptidão própria. Há justiça quando a
pessoa exerce a sua aptidão natural, que é pré-
determinada. Dessa forma, em uma sociedade
idealizada, cada um exerceria a sua aptidão nata.
Platão entendia, com um pensamento bastante
moderno, que aquilo que não é justo não é
Direito, de modo que uma lei injusta não pode ser
considerada parte do Direito.
Platão é um idealista, e aponta para cima
mostrando que os conceitos estariam no Platão é um autor idealista e um dos seus
mundo das ideias. Já Aristóteles
compreendia que era possível alcançar a
discípulos mais notáveis desenvolve uma
verdade por meio do mundo e da corrente igualmente importante, porém sobre
experiência, por isso sua mão está
abaixada. outra perspectiva: o empirismo. Estamos falando
de Aristóteles.

Aristóteles (384-322 a. C.)


Aristóteles representa o apogeu da Filosofia grega com várias contribuições
para o Direito e para a Ciência Política e para Sociologia. Diferente de Platão
que considerava o mundo das ideias, Aristóteles era empírico e pragmático.
A filosofia deve conduzir a pessoa para o enriquecimento da alma e para a
felicidade terrena, mas isso dependerá de uma opção pessoal pela ética. A
ética seria agir de modo preocupado com o bem coletivo e com a felicidade
geral, sabendo utilizar o conhecimento de modo prático (poiesis) para
alcançar o bem-estar de todos os cidadãos.
Em sua obra Ética a Nicômaco trata sobre o conceito de justiça e desenvolve
uma classificação que já foi cobrada em nosso Exame de Ordem. Teremos
uma aula inteira sobre as teorias da Justiça e vamos retornar a este
assunto, o que não nos impede de conhecer os principais elementos de sua
teoria.
Nesse contexto, o autor distingue a justiça em particular e em universal.

JUSTIÇA
justiça na relação entre duas partes
PARTICULAR

JUSTIÇA envolve toda a comunidade e a


UNIVERSAL legislação que a permeia

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A justiça particular é aquela observada na relação entre duas pessoas. Essa


“espécie” de justiça, segundo Aristóteles pode ser classificada em
comutativa (ou corretiva) e em distributiva.
 JUSTIÇA COMUTATIVA (ou corretiva): verifica-se na relação entre
iguais, caso em que os ganhos e perdas devem ser iguais. Chamamos
de equidistância, isso quer dizer que a desigualdade de um não pode
prevalecer sobre o outro. Exemplo: um contrato realizado entre dois
indivíduos.
 JUSTIÇA DISTRIBUTIVA: envolve a aplicação proporcional da
igualdade, para que os particulares tenham obrigações e deveres de
acordo com sua capacidade. Exemplo: progressividade da alíquota
do Imposto de Renda.
Além desses dois aspectos importantes sobre a justiça podemos mencionar
as noções de justiça social e justiça participativa.
 JUSTIÇA SOCIAL: remete a paz e harmonia dentro das relações com
outros países evitando o caos, a guerra interna e externa.
 JUSTIÇA PARTICIPATIVA: envolve a tutela dos cidadãos2 para a
participação política, interferindo no desenvolvimento das decisões
públicas.
Além disso, Aristóteles trata do conceito de equidade, que é fundamental
para a compreensão do conceito de Justiça. De acordo com o autor,
equidade significa avaliar o que é justo no caso em concreto. Tal análise
é fundamental porque a lei é geral e abstrata e, por intermédio da equidade,
é possível corrigir eventuais rigores excessivos da lei.
Com a agregação do conceito de equidade ao estudo de Justiça, Aristóteles
distingue o conceito em sentido amplo (justo universal) do conceito em
sentido estrito (justiça particular).
 JUSTIÇA EM SENTIDO AMPLO: refere-se à observância das leis de
determinado Estado. Aqui temos a confusão entre justiça e legalidade.
 JUSTIÇA EM SENTIDO ESTRITO: refere-se à distribuição justa dos bens
da sociedade entre as pessoas, que corresponde não apenas à justiça
comutativa, mas também à justiça distributiva.
Portanto, para Aristóteles:
• ser ético é agir com virtude;
• ser virtuoso é ser moderado;
• ser justo é praticar reiteradamente atos virtuosos, atos voluntários
de justiça.
Contextualizando a teoria de Aristóteles, extrai-se que a fundamentação
filosófica do autor é encontrada nas ações afirmativas, uma vez que elas
asseguram a distribuição equânime e proporcional dos bens sociais.

2
Recordando que a cidadania era limitada entre os gregos, mulheres, idosos, crianças e
estrangeiros estavam à margem deste conceito.

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Nos últimos exames alguns conceitos sobre a Constituição de 1988 foram


cobrados a luz de pensadores da Filosofia do Direito. No caso de Aristóteles
a banca poderia cobrar temas relacionados a justiça distributiva como as
cotas sociais, raciais ou em razão de deficiência para o ingresso no ensino
superior e nos concursos públicos. Demonstrando que se deve dar um
tratamento desigual na medida da desigualdade e das dificuldades
enfrentadas por estes grupos.

ciência prática relacionada com o agir


ÉTICA
humano, com racionalidade e virtude

pressupõe uma ação coletiva de cooperação


JUSTIÇA entre as pessoas (de forma individual ou
universal)

confere justiça no caso concreto, com vistas à


EQUIDADE distribuição dos bens sociais de forma
proporcional

Além da Teoria da Justiça Aristóteles o autor também desenvolveu um


estudo sobre as 150 polis gregas, desenvolvendo a Teoria das Formas de
Governo que consta em sua obra Política.
Nesse estudo, distinguiu as seguintes formas de governo, classificando-as
em puras e impuras:

FORMAS PURAS FORMAS IMPURAS


Monarquia Tirania
Aristocracia Oligarquia
Democracia Demagogia
Segundo o autor, as formas puras constituíam as organizações de ideias,
mas que sofriam degenerações para as formas ruins respectivas.
A monarquia seria o governo de um só, que caso se degenerasse se
tornaria uma tirania, pois o governante usa o poder sem encontrar
obstáculos e abusaria dessa condição.
A aristocracia seria o governo de uns poucos, porém que poderia se
transformar em oligarquia, quando a elite que governa deixa de
administrar pensando no bem de todos, e se beneficiando apenas o seu
grupo, fazendo uso das prerrogativas do poder.
A democracia seria o governo de todos, porém que pode se degenerar em
demagogia quando os discursos enganassem as pessoas levando a crer
em promessas e falácias.

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Concluiu o autor, em sua análise da razão e da natureza das coisas, que o


homem é um animal político, que necessita do relacionamento e interação
com os demais homens para sobreviver.
Importa ressaltar que as monarquias após o período moderno não se
encaixariam na conceituação de Aristóteles, pois não seriam mais o governo
de um só, em razão do surgimento do parlamento e das limitações impostas
por este ao monarca.

Pós-socráticos
Após a morte de Sócrates a filosofia começou a declinar com o passar o
século IV a. C. Os filósofos aos poucos desapareceram das praças públicas,
e as escolas de Filosofia também. No entanto, temos ainda outras teorias
influenciaram a Filosofia no período, dentre elas o epicurismo e o
estoicismo.
Epicurismo Epicuro de Samos (341-270 a.C)
Baseada no empirismo anuncia a explicação do mundo a partir dos
elementos que o integram. A morte é somente a desagregação dessa
matéria, e nada significa, pois deixa de existir toda a causa do
conhecimento, de toda dor e de todo o prazer. O pensamento epicurista
rompe com a crença aos deuses gregos, o que ocorria em Platão e Sócrates.
Nega-se a existência da divindade e dos mitos, as lendas e crenças são
insatisfatórias para responder as necessidades humanas. Deste modo, o
que organiza a vida do homem é o prazer e a dor. O objetivo central da
vida seria a paz de espírito ou tranquilidade, as raízes do bem e do mal
seriam o prazer e a dor, desse modo seria impossível viver de modo
agradável sem viver de maneira sábia, honrada e justa.
Para Epicuro a Justiça advém da ideia de que cada indivíduo deve buscar
uma vida prazerosa para que não busque a dominação do outro. Assim,
com base na solidariedade, a justiça está em agir pensando no outro. Nesse
sentido, o que é justo ou injusto decorre de uma convenção entre os
homens.
O epicurismo é uma doutrina filosófica de caráter sensorial e empírico para
definir o que é o bem agir, não se fundamenta no Bem (como pensou
Platão), nem no meio-termo (conforme o pensamento aristotélico), mas sim
no equilíbrio que proporciona a felicidade, chamada de ataraxia. O
epicurismo influenciou o utilitarismo desenvolvido por Jeremy Bentham, a
qual vamos estudar posteriormente.

Estoicismo Zenão de Cítio (332-265 a. C) e Marco Túlio Cícero (106-43 a.C)


O estoicismo foi desenvolvido por Zenão de Cítio e posteriormente
aperfeiçoado pelo filósofo Marco Túlio Cícero (106-43 a.C). A escola coloca
o homem em sintonia com o cosmos e com a natureza.
Segundo a corrente haveria um legislador supremo que estabelece as
regras, cujo homem é impotente para mudar, apesar disso o homem possui
o livre-arbítrio, onde ninguém é obrigado a perseguir uma vida de “bem”.

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Caberia ao indivíduo deixar de lado as coisas que não tem controle e tornar-
se indiferente à dor, prazer, pobreza e riqueza, aceitando a vontade do
legislador. A justiça estaria em se sintonizar com a reta razão fonte do
direito natural, e não a convenção entre os homens.
No estoicismo retorna-se a ideia de ataraxia um estado de harmonia
corporal, moral e espiritual, por saber distinguir o bem do mal. Não se abala
excessivamente nem pelo bem, nem pelo mal que possa ocorrer. Assim a
interioridade daria um estado imperturbável diante das ocorrências
externas.
Entre esses autores não havia uma divisão muito clara entre o Direito e a
Justiça o debate do Direito estava atrelado a ideia de Justiça. As leis
confundiam valores morais, religiosos e jurídicos.
Com os estoicos inaugura-se o jusnaturalismo, que prega que os homens
possuem direitos a serem alcançados e que devem ser respeitados
independente do ordenamento jurídico ou sistema de Direito constituído
(recordando que em Antígona já havia uma discussão entre a justiça e a lei
dos homens). Na sequência veremos que essa forma de pensar tem muita
ligação com o desenvolvimento do cristianismo.

Cristianismo
O desenvolvimento do Direito e das noções de justiça está profundamente
ligado com a concepção cristã, que formou parte significativa dos conceitos
jurídicos e da percepção ocidental sobre as relações humanas.
Buscamos apresentar algumas noções trazidas pela Bíblia sem levar em
consideração o uso sócio histórico que recebeu pelas diferentes vertentes
religiosas que a interpretam dentre elas o catolicismo, luteranismo,
calvinismo havendo ainda muitas outras.
Jesus Cristo trouxe em sua doutrina novas dimensões para a justiça.
Enquanto a justiça humana é transitória e ligada ao poder, não estaria nela
a verdade, mas sim na lei de Deus que é absoluta, eterna e imutável.
Os principais ensinamentos sobre justiça para o cristianismo estão nos
Evangelhos que contam a vida de Jesus, seus ensinamentos, seu
julgamento e morte. A fé cristã atribui a Jesus natureza divina e humana,
sendo enviado para a terra para viver entre os homens ensinando como
deveriam se portar, e por meio de sua morte remir o pecado dos homens.
A morte de Jesus foi um acontecimento grande porte que provocou grande
expansão de sua pregação, a mensagem passada pelos apóstolos anunciava
a Justiça Divina e a mensagem de salvação trazida por Jesus: a Boa Nova.
Jesus aperfeiçoa a tradição dos profetas judaicos ao romper com a vingança
e apresentar como alternativa o perdão e o esquecimento das ofensas e
males causados. Jesus faz isso sem relativizar a religião judaica, mas sim
aumenta a severidade moral:
“Aprendeste o que foi dito aos Antigos: Não matareis, e todo aquele que matar
merecerá ser condenado pelo julgamento. Mas eu vos digo que todo aquele que se
encolerizar contra seu irmão merecerá ser condenado pelo julgamento; que aquele

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que disser a seu irmão Racca (tolo), merecerá ser condenado pelo conselho; e que
aquele que lhe disser: Sois louco, merecerá ser condenado ao fogo do inferno.”
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus, capítulo 5, versículos 21 e 22.

Apesar da doutrina cristã trazer um forte imperativo moral, ela também


inova com o perdão, a misericórdia e o amor inclusive aos inimigos:
“Aprendeste o que foi dito: Amareis vosso próximo e odiarei vossos inimigos. Eu vos
digo: Amai os vossos inimigos, fazei o bem àqueles que vos perseguem e vos
caluniam; a fim de que sejais os filhos de vosso Pai que está nos céus, que faz erguer
o Sol sobre os bons e sobre os maus, e faz chover sobre os justos e os injustos;
porque se não amardes senão aqueles que vos amam, que recompensa terei disto?”
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus, capítulo 5, versículos 43 a 46.

Um dos apóstolos que espalhou a mensagem de Jesus foi Paulo de Tarso.


Suas cartas iniciaram um momento importante do cristianismo, pois se
dirigiram outros povos, além dos judeus. Assim as fronteiras do cristianismo
começaram a se expandir, e trariam em si uma mensagem universal para
todas as culturas e tempos.
Paulo trata reiterada vezes sobre a responsabilidade na ação, e na condução
da vida, apesar de tudo ser possível nos caminhos e nas escolhas, nem tudo
é conveniente ao homem, ou o edifica sob a perspectiva espiritual é preciso
distinguir ações boas e agradáveis a Deus e as ações destrutivas e
contrárias à vontade divina.
Para Paulo aquilo que é justo provém da vontade divina. Assim, a fé e a
palavra divina estão acima dos atos e leis humanas. Somente age com
justiça aquele que age de acordo com os preceitos de Deus.
Com esse pensamento, Paulo de Tarso instaura um período conservador na
filosofia, uma vez que traz a ideia de submissão à autoridade. Não se
discute mais a justiça ou bondade de um governo, uma vez que o governo
foi determinado por Deus, resta aos homens submeter-se a ele. Essa ideia
gerou desmobilização política.
O pensamento de Jesus e a propagação de sua mensagem por seus
seguidores estruturaram toda a arquitetura filosófica do período medieval,
sendo a base do ocidente e das concepções de ética.

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2.2 Período Medieval


Após a queda do Império Romano no ocidente houve uma ruptura com a
estrutura do Estado. Toda a Europa ficou dividida, sem a unidade jurídica
dada pelo Direito Romano.
A Igreja Católica sobreviveu como uma das poucas instituições romanas,
sendo que o seu conjunto de regras e o Direito Divino permaneceu como
alternativa e caráter de unificação política e de identidade nesse período de
fragmentação.

Santo Agostinho (345-430)


Santo Agostinho aponta o desenvolvimento do movimento denominado de
"patrística", com fundamentos na Igreja Católica Romana. O pensamento
da patrística é baseado na dicotomia entre o bem e o mal, entre a alma e o
corpo, entre o divino e o humano, entre o relativo e o absoluto.
É importante ressaltar que o pensamento agostiniano revê o pensamento
de Platão incorporando-o dentro da doutrina católica, é como se Agostinho
emprestasse os conceitos e o modo de pensar de Platão.
Assim:
CERTO

bem mal
alma corpo
divino humano
relativo absoluto
ERRADO

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FILOSOFIA DO DIREITO - XXV EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 01 – Professora Karoline Strapasson

Um dos principais problemas tratados por Santo Agostinho é a origem do


mal no mundo, e a razão para que Deus não seja a origem do mal. Para ele
o mal seria a ausência do bem.
Assim, o mal em um ladrão seria na verdade a ausência da honestidade.
Partido desta ideia Deus não teria criado o mal, mas o mal seria a ausência
de Deus. Deus criou os seres humanos de modo racional, assim permite
que realize escolhas concedendo o livre arbítrio para escolher entre o bem
e o mal.
Nesse contexto, caso a lei tenda ao mal, ao corpo, ao humano ou ao
absoluto incorrerá em erro e representará mau governo das coisas.
Somente a inspiração divina na prática dos atos e na estruturação das
instituições conduz ao bem.
Com cunho eminentemente religioso Santo Agostinho considera que as leis
humanas são imperfeitas, mas, mesmo assim, constituem a garantia da
ordem social e, para serem chamadas em seu conjunto de Direito, devem
estar minimamente aproximadas do conceito de justiça.
A justiça para Santo Agostinho consiste na essência do Direito, sem
a justiça o Direito seria uma instituição transitória e humana, iníqua
e desprovida de sentido. Santo Agostinho conceitua a justiça como
a virtude de saber atribuir a cada um o que é seu.
A Justiça, nas relações entre os homens, constitui reflexo da comunidade,
e será definida pelas pessoas em sociedade. Já a Justiça Divina será feita
com a morte, ou seja, quando o sujeito se submeterá às leis divinas.
Santo Agostinho escreveu a obra a Cidade de Deus, na qual descreve a cidade de
Deus e a cidade dos Homens, a primeira é fundada por Jesus e os beatos a
conhecerão a Deus por terem bem usado o livre-arbítrio, já a cidade dos Homens é
representada pelo desprezo de Deus, maculada pelo pecado e pela corrupção.

São Tomás de Aquino (1225-1274)


São Tomás de Aquino é fortemente influenciado pelo pensamento de
Aristóteles e também pela jurisprudência dos romanos o que revela que a
justiça é um problema ligado a ação humana, à virtude de atribuir a cada
um o que é seu e não a compreensão da justiça como algo intangível.
O autor trata tanto da justiça humana como da justiça divina, aplicada em
locais distintos. Mas, compreende que o Direito não é apenas a lei, mas está
também ligado a razão divina e a razão natural, trazendo assim um viés
jusnaturalista.
Ele compreende a ideia de liberdade associada a capacidade racional, de se
poder escolher pela vontade o bem ou o mal. O ato moral é aquele que
escolhe o bem e repudia o mal por meio de uma atividade racional.
Ao seguir o pensamento de Aristóteles também se preocupa com o contexto
social. O Estado tem o papel de realizar o bem comum. Caso não consiga
promovê-lo, o Estado não pode ser considerado como uma forma justa de
organização do poder político.

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FILOSOFIA DO DIREITO - XXV EXAME DA OAB
teoria e questões
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O filósofo foi quem capitaneou a corrente do pensamento denominada de


escolástica, que se caracteriza pela racionalização do cristianismo e com
ênfase na dialética como forma de adquirir conhecimento.
Assim, embora Deus tenha criado o mundo, a ordem natural é autônoma,
e não totalmente submissa. Dessa constatação surge a distinção entre
causas primeiras e causas segundas.

 No cume de todo o sistema legislativo está a lex aeterna tomada


de Santo Agostinho como a razão de Deus ordenando o cosmos. Essa
seria a causa primeira.

 Contudo, o mundo possui também uma ordem e uma natureza


dadas por Deus, competindo aos homens agir conforme os seus
princípios. Essa é a causa segunda.

Essa distinção é importante, pois constitui a base para o surgimento da lei


natural (lex naturalis). Paralelamente, temos a lei positiva (lex positiva),
forma humana de imitar a lei natural, codificando-a em normas de condutas
e serem seguidas pelos cidadãos. Tanto mais justa será a lei positiva,
quanto mais próxima estiver da natureza humana.
Naturalmente, as decisões não estarão sempre de acordo com a lei natural.
Essa constatação, segundo Tomás de Aquino, apenas corrobora o
pensamento de que a condição humana é precária, quando comparada à
ordem divina. Isso, todavia, não retira a necessidade da lei humana, que
deve sempre buscar se aproximar da lei divina.
Em face dessas teorizações, Tomás de Aquino conclui que justiça
consiste na virtude prática, no hábito de dar a cada um o que é seu,
segundo uma igualdade. A igualdade não estaria concentrada nas
coisas, ou de coisas com pessoas, mas entre as pessoas.
Já o conceito de ética refere-se ao agir de acordo com os padrões
divinos.
Santo Tomás de Aquino defende que as
O ato de justiça é sociedades devam ser regidas por um regime
o ato de julgar. de leis, ao invés do comando dos homens.
Para isso justifica da seguinte forma:
• Em uma sociedade existe a necessidade de vários juízes para que se
efetive a justiça.
• Para tanto, é preciso que o legislador preveja os casos acessíveis à
capacidade humana, e passíveis de resolução antes da ocorrência dos
fatos.
• Os juízes deverão seguir as regras criadas pelo legislador, sem se
envolver subjetivamente, tratando de modo objetivo para realizar um
julgamento apropriado.
A administração da justiça deve proceder de uma autoridade competente e
instituída para o desempenho da função de decidir. Se o legislador e o juiz

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seguirem uma reta razão orientando suas ações para o Bem Comum a
sociedade poderá fruir destes benefícios.

2.3 - Modernidade
A Filosofia do Direito Moderna
A chamada Idade Moderna representa um período que se estende por três
séculos e é marcada por três grandes movimentos filosóficos e políticos: o
Renascimento, o Absolutismo e o Iluminismo.
O Renascimento se inicia no fim da Idade Média e representa o resgate o
pensamento dos filósofos gregos em contraposição ao pensamento
teleológico que dominou todo o período. Assim, por desfocar da visão de
Deus e retomar a posição do homem, o período é chamado também de
Humanismo. Maquiavel é um dos nomes mais expressivos desse período.
O Absolutismo traz de volta a ideia de que o poder humano advém do
poder divino, o que servirá para dar poder aos reis. Assim, a moralidade do
Monarca está acima de qualquer julgamento, pois o seu poder e seus atos
encontram legitimação na vontade divina. Deste modo, a filosofia do direito
desloca-se da discussão da moral política para a fundamentação moral do
poder.
Em contraponto a essa etapa surge o Iluminismo, capitaneado por Locke,
Rousseau, Montesquieu e Kant. O iluminismo busca se fundar na razão e
não mais na fé.

RENASCIMENTO resgate do pensamento filosófico grego

a filosofia busca justificar o poder dos reis, que


ABSOLUTISMO
advém do poder divino

ILUMINISMO filosofia fundada na razão

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Durante final da Idade Média e início da Renascença temos um


enfraquecimento do poder eclesial marcado por pensadores que
questionavam o posicionamento da Igreja em temas da astronomia e
biologia contestando sua autoridade.
A cultural clássica foi exaltada não apenas em testos filosóficos, mas por
um movimento que colocava o ser humano no centro, onde antes ocupada
Deus.
É neste período que surgem os movimentos de reforma e contrarreforma
cristãos, que se originaram de duas posições filosóficas distintas que
culminaram com a separação entre protestantismo e catolicismo.
Essa divisão tem um fundo filosófico, é uma luta para impor o pensamento
de Santo Agostinho ou São Tomás de Aquino. Assim, o pensamento
agostiniano representou toda a base da Reforma Protestante conduzida por
Lutero. Por outro lado, houve a Contrarreforma perpetrada pela Igreja
Católica que afirmou o pensamento de São Tomás de Aquino.
Para Santo Agostinho a salvação do homem é alcançada pela fé, já para
São Tomás de Aquino ela é alcançada pela fé e pelas boas ações. Outros
fatores foram determinantes neste período como o surgimento de uma nova
ética para as negociações comerciais, o sentimento de nacionalismo dos
países e a ruptura da autoridade da Igreja Católica, além da invenção da
imprensa.
Vejamos na sequência os principais filósofos modernos.

Maquiavel (1469-1527)
Precisamos compreender Maquiavel dentro do contexto histórico em que
esteve inserido. Maquiavel nasceu em Florença em uma época de agitações
políticas, e invasões estrangeiras em uma península itálica não unificada.
Conhecendo vários líderes e reinados escreve sua obra O príncipe (1512-
1513) na qual dá conselhos para um futuro príncipe. Nasce a Ciência Política
por meio da análise empírica de reinados e dos modos de se governar. Uma
característica central do autor é a cisão moral que desencadeou.
O pensamento de Maquiavel possui aspectos práticos, pois descreve o que
o governante deveria fazer para chegar ao poder e para mantê-lo, com em
uma análise realista.
Nesse contexto, o conceito de virtude (virtú) de Maquiavel é tudo aquilo
que é necessário fazer para se atingir o poder para mantê-lo. Está ligado a
virilidade, ao invés da virtude relacionada a moralidade. Dessa forma, o
governante poderia desenvolver várias espécies de virtude, como o
carisma, a inteligência, a força.
Outro conceito importante é a fortuna que não significa sorte, mas sim
capacidade de prever as ações dos opositores e evitar circunstâncias ruins.
Em razão disso, vários pensamentos de Maquiavel tornaram-se clássicos.
Vejamos:

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 Se houver de ser feita uma escolha, sempre será preferível ser


odiado, mas ter força, do que ser amado, mas perder o poder.
 O bem deveria ser administrado a conta-gotas, enquanto o mal,
como um jato.
A política não se confunde com religião, o monarca não precisa se
submeter a ética cristã, dando um caráter laico ao Estado.
Dentro da lógica de Maquiavel o sucesso de um Estado ou de uma nação é
a finalidade principal, quem governa deve lutar para assegurar a sua própria
glória e o sucesso do Estado, nem que para isso seja necessário deixar a
moral de lado. A finalidade (glória e sucesso do Estado) justificaria os meios
(não empregar a moral cristã) realizados.

Hugo Grócio (1583-1645)


Combateu o Direito Divino com a percepção de que haveriam direitos
próprios da condição humana, que seriam alcançados pela reta razão. Esses
direitos advêm da condição humana, nem de um Direito Divino, nem de um
Direito Positivado.
Esse embate apresentado por Hugo Grócio é um ataque a concepção da
Igreja Católica. A base do Direito deixa de ser Deus e para ser a razão
humana. Essa alteração da base teológica para a antropológica foi uma
revolução no pensamento filosófico.

Samuel Pufendorf (1632-1694)


Foi discípulo de Hugo Grócio e é tido como pai do Direito Internacional, por
compreender que a condição humana é universal e inalienável. Tentou
apaziguar o conflito entre o Direito Natural e o Direito Divino.
De acordo com sua teoria o Direito Natural não seria divino, mas sim a
inteligência. É a inteligência divina quem cria as ciências naturais, assim o
mesmo Deus deu a razão para que o ser humano por meio da inteligência
pudesse compreender o mundo e as regras naturais.

Contratualistas: uma discussão sobre a legitimidade do poder


O pensamento contratualista tem importância para o estudo do Direito
porque busca explicações teóricas sobre quais seriam os fundamentos da

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organização político-social do Estado, sobre como se daria o processo de


legitimação da subordinação da maioria dos homens em detrimento de
outros.
A discussão conduzida por esses autores é sobre a origem da legitimidade
do Estado, desenvolvendo a ideia de que em algum momento houve um
pacto coletivo sobre o destino de todos: o contrato social.
Vejamos a ideia central dos principais autores do movimento:

Thomas Hobbes (1588-1679)


Segundo o pensador, antes da criação do Estado, as pessoas viviam no que
ele chamava de “Estado da natureza”. O Estado da natureza caracteriza-
se pelo Estado de liberdade pura, absoluta, em que cada homem poderia
fazer o que quisesse.
Assim, sempre prevaleceria a lei dodmais forte, conforme a expressão:
O homem é o lobo do homem.
Esse Estado de natureza, contudo, levaria à destruição humana, porque em
um local em que cada um pode fazer tudo, em que a liberdade é absoluta,
não há necessidade de se respeitar o outro. Ninguém pode ter um
direito subjetivo contra a liberdade absoluta e o uso da força, porque aquele
que tem a força simplesmente não respeita o direito.
O Estado de Natureza é aquele que leva ao caos e à destruição do próprio
ser humano. O Estado de Natureza é um estado de guerra de uns contra os
outros. Quando os homens despertam para isso, eles passam a exercer o
seu instinto de preservação.
A preservação do homem sem o exercício direto da força ocorreria com a
fixação de um pacto social, sob a autoridade do soberano, acima de todos
para evitar a guerra e a morte, é neste momento que nasce o Estado.
Para ele o Estado é criado por um contrato social em que cada ser
humano entrega a sua liberdade em troca de paz e segurança. Para
Hobbes, então, o Estado é o somatório das liberdades individuais que foram
entregues quando o homem quis sair do Estado da natureza.
Há críticas ao pensamento de Hobbes, no sentido de que o contrato social
decorreria de uma imposição, de sujeição do indivíduo, tão logo seja
instituído o Estado. Tanto é assim que o autor afirma que o homem
entrega a sua liberdade e cabe ao Estado garantir a paz e a ordem.
E as ações do Estado são irresistíveis ao homem, porque o homem já não
tem mais a liberdade, se ele entregou essa liberdade para o Estado.

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Para Hobbes é preferível a ditadura de um, do que a ditadura de todos,


assim os indivíduos deveriam se submeter de modo irrestrito ao soberano,
alienando-lhe todos os direitos e liberdades.

Hobbes Estado de Guerra com Direitos Ilimitados


O Direito Natural permite que ninguém
seja limitado
O pacto social coloca limites: a obra
fundamenta o absolutismo

John Locke (1632-1704)


8
Locke também fundamenta sua teoria no contrato social, porém de modo
mais moderado. Segundo o autor, o homem não viveria em Estado de
natureza, pois se organiza naturalmente.
A visão de Locke é mais positiva sobre o Estado de Natureza, ela não seria
um estado de guerra, mas sim de paz. Mas foi necessário organizar o Estado
Civil para compor conflitos, teríamos assim um terceiro para julgar os
conflitos.
O Estado Civil é erigido para garantir a vigência e a proteção dos direitos
naturais que corriam perigo no Estado de Natureza, por estarem
desprotegidos. A guerra e a desordem ameaçavam os homens e os
motivaram a formar regras que constituíram o modo de vida regido pelo
Estado e pelas leis.
A grande diferença entre Locke e Hobbes está no fato de que o Estado em
Locke a submissão ao Estado decorre de cooperação, não de sujeição. O
Estado é de cooperação porque as pessoas já possuem direitos que podem
ser exercidos.
O homem para criar o Estado não entrega a sua liberdade toda, mas parte
dela. Isso faz toda a diferença, até para a teoria dos direitos fundamentais.
Ao passo que no Estado de Hobbes a pessoa abre mão da sua liberdade,
sujeitando-se ao Estado.
Assim...

a pessoa abre mão da sua


há um Estado
PARA HOBBES liberdade a fim de evitar o
de Sujeição
Estado de Natureza

há um Estado a pessoa abre mão de


PARA LOCKE
de Cooperação parte dos seus direitos

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O que justifica que o homem exerça o direito em face do Estado é a


compreensão de que o homem não entregou toda a sua liberdade para a
criação do Estado, mas parte dela. Deste modo, se o governo for arbitrário
a população pode se opor em razão de ainda deter parte de sua liberdade.
O autor justifica o direito à resistência frente as injustiças de um governo
arbitrário.
Essa concepção é muito próxima da teoria dos Direitos Humanos de
primeira dimensão, que são direitos que são exercidos em face do Estado.
Estes dois autores são expoentes do Direito Natural, surgem com uma
reação racionalista contrária teoria teocêntrica predominante no período
medieval.
Os direitos naturais são extraídos não pela fé, mas pela razão. Deus deixa
de ser visto como quem emana as normas jurídicas, ou como última
justificação para a sua existência. Os autores saem do teocentrismo (Deus
3
no centro) para o antropocentrismo (o homem no centro).
Este pensamento serviu como base intelectual para a Revolução Francesa
responsável por positivar os direitos naturais. Outro autor importante para
essa fundamentação foi Jean-Jacques Rousseau.

Autossuficiência do homem no Estado


Locke

de Natureza
Os Direitos Naturais precisavam ser
defendidos, e para isso surge o
contrato social
O autor influenciou o desenvolvimento
do liberalismo

QUESTÃO – FGV – XXIV Exame da Ordem Unificado - 2017


“O povo maltratado em geral, e contrariamente ao que é justo, estará
disposto em qualquer ocasião a livrar-se do peso que o esmaga.” John Locke
O Art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988 afirma que
“todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente”. Muitos autores associam tal disposição ao conceito
de direito de resistência, um dos mais importantes da Filosofia do Direito,
de John Locke.
Assinale a opção que melhor expressa tal conceito, conforme desenvolvido
por Locke na sua obra Segundo Tratado sobre o Governo Civil.

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a) A natureza humana é capaz de resistir às mais poderosas investidas


morais e humilhações, desde que os homens se apoiem mutuamente.
b) Sempre que os governantes agirem de forma a tentar tirar e destruir a
propriedade do povo ou deixando-o miserável e exposto aos seus maus
tratos, ele poderá resistir.
c) Apenas o contrato social, que tira o homem do estado de natureza e o
coloca na sociedade política, é capaz de resistir às ameaças externas e às
ameaças internas, de tal forma que institui o direito de os governantes
resistirem a toda forma de guerra e rebelião.
d) O direito positivo deve estar isento de toda forma de influência da moral
e da política. Uma vez que o povo soberano produza as leis, diretamente
ou por meio de seus representantes, elas devem resistir a qualquer forma
de interpretação ou aplicação de caráter moral e político.
Comentários: 4
A banca examinadora está buscando o significado do direito a resistência
desenvolvido por Locke. De acordo com o autor caso um governo seja
arbitrário o povo poderá se opor por meio do direito à resistência.
a) apresenta uma ideia de resistência distinta da posição do autor.
b) está adequada a visão do autor, de que o Estado teria limites em sua
atuação e que poderia perder o apoio do povo, ganhando sua inimizade e
resistência.
c) a ideia de resistência parte de um direito do governante de resistir a
quem se opõe, o que não está de acordo com o pensamento do autor.
d) a resposta está inadequada ao autor em questão e relata aspectos do
positivismo jurídico.
GABARITO: B.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)


Rousseau foi influenciado pelas obras de Hobbes e Locke. Viveu um
momento em que na França se questionava a autoridade da Igreja e da
aristocracia na defesa de uma reforma social.
Segundo o filósofo, sem comandos políticos, o homem vivia no livre
exercício de seus direitos naturais, onde não havia propriedade privada nem
corrupção.
Nesse estágio o homem era bom, pois detinha um estado de inocência. A
desarmonia surge quando parcela da sociedade, por intermédio da força,
impõem seu o domínio.
De acordo com Rousseau, a sociedade civil surgiu quando houve a
requisição da propriedade, ou seja, quando alguém postula bens em face
de outro argumentando que lhe é próprio. É nesse momento que surge a
desigualdade, o contrato social busca resgatar a igualdade.

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Nesse contexto, surge a necessidade de se


formar um contrato social para restaurar o
O homem nasce livre e equilíbrio decorrente do Estado da Natureza. O
por toda parte está
acorrentado.
movimento aqui é o inverso. O contrato social
atua como garantidor do Estado de natureza, no
qual estão presentes os direitos de liberdade e de
igualdade.
Nesse contexto, fala-se que o homem convenciona direitos positivos a fim
de assegurar o Direito Natural. Pode-se compreender que as leis criadas
pelos homens apenas se justificam e legitimam se fundadas no Direito
Natural.
Dito de outro modo, lembre-se:

Para Rousseau os direitos


2 naturais, então,
seriam os direitos civis sob a tutela do Estado.

Para Rousseau NÃO há renúncia à liberdade, pois tal ato seria


incompatível com a natureza humana. Toda a noção de contrato social
deste filósofo está baseada no bem comum, na união de forças destinada à
utilidade geral, que não se limita ao somatório das vontades particulares.
No Estado de natureza as pessoas vivem de modo a realizar suas
vontades pessoais. Mas, com o pacto social é preciso garantir a
igualdade, assim o governante deve guiar o Estado com o
pensamento comum dos pactuantes, realizando o interesse comum
da sociedade (a vontade geral).
A vontade geral não é o mero somatório das vontades particulares, mas é
a realização do interesse comum, em detrimento aos interesses
particulares. A vontade geral não é unânime, mas sim permite a
participação de todos, vencendo o interesse da maioria.
Dentro da obra de Rousseau a alternativa dada seria um governo alternativo
que não seria formado apenas pela Igreja ou pela aristocracia, mas sim por
todos os cidadãos que deveriam participar da formulação das leis.
Esse corpo de cidadãos operaria com unidade e seguiria a vontade geral, as
leis seriam aplicadas para todos e todos seriam iguais. A cessão do poder
legislativo ao povo seria um benefício que traria a eliminação da
desigualdade e da injustiça.
Registre-se, por fim, que as teorizações de Rousseau são jusnaturalistas,
dada a primazia conferida ao Direito Natural. Onze anos após a morte de
Rousseau adveio a Revolução Francesa inspirada em sua obra filosófica, a
qual também inspirou autores socialistas.

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A desigualdade vem com a propriedade


Rousseau privada
O governante deve ser conduzir pela
vontade geral - interesses comuns da
sociedade
Todos participam, mas permanece o
interesse da maioria

QUESTÃO – FGV – XXIII Exame da Ordem Unificado - 2017


“Só a vontade geral pode dirigir as forças do Estado de acordo com a
finalidade de suas instituições, que é o bem comum” Jean-Jacques
Rousseau
A ideia de vontade geral, apresentada por Rousseau em seu livro Do
Contrato Social, foi fundamental para o amadurecimento do conceito
moderno de lei e de democracia.
Assinale a opção que melhor expressa essa ideia conforme concebida por
Rousseau no livro citado.
a) A soma das vontades particulares.
b) A vontade de todos.
c) O interesse particular do soberano, após o contrato social.
d) O interesse em comum ou o substrato em comum das diferenças.
Comentários
A ideia de Rousseau ao utilizar o termo vontade geral expressa a
necessidade de ser levado em consideração os diferentes interesses que
permeiam o tecido social, vencendo o interesse com o qual a maior parte
das pessoas se identifica.
a) A mera soma das vontades dos particulares seria impossível de ser
realizada, pois existem interesses contraditórios entre os particulares.
b) Novamente temos a questão de interesses contraditórios entre os pares
da sociedade.
c) A ideia de vontade geral parte dos cidadãos para auxiliar a condução do
Estado pelo soberano, e não o oposto.
d) Para bem conduzir o Estado o governante precisa compreender qual é o
interesse comum dos membros da sociedade, apesar de suas diferenças e
vontades contrárias.
GABARITO: D

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David Hume (1711 - 1776)


Hume postula a aquisição do conhecimento por intermédio de bases
sensoriais rompendo com o pensamento racional até então predominante
na Filosofia. Defende o empirismo, como uma reação ao racionalismo, para
o autor é apenas por meio dos sentidos que se pode alcançar o conhecido.
Ao repudiar o racionalismo, ele entendia que não tinha o homem capacidade
cognitiva suficiente, per si, pelo simples esforço do pensamento, para
atingir a essência das coisas. Por isso ele tanto prezava pelos sentidos
corpóreos como pela observação.
A ética seria construída a partir das experiências os vícios e as virtudes
seriam percebidos pelo homem a partir da vivência. O principal argumento
para a moralidade estaria na utilidade social.
Segundo Hume, a moral somente existe por sua própria utilidade, pela
necessidade de adoção de determinados comportamentos para não levar o
homem à autodestruição. É a experiência humana que determina o que
é bom, o que é ruim, o que é justo e injusto.
A utilidade geral é critério de justiça,
A experiência delimitar a que se baseia numa moralidade social,
conduta moral ou seja, naquilo que os homens julgam
necessário para a sociedade.
Portanto, o conceito de justiça não é
definido por critérios subjetivos, ou seja, por aquilo que alguém ou alguns
consideram justo, mas sim pelo que objetivamente se tem como justo na
coletividade.
Além disso, é importante destacar que essas convenções podem mudar com
o tempo, alterando, assim, o conteúdo daquilo que se considera Justiça.

Barão de Montesquieu (1689-1755)


Contemporâneo dos autores
contratualistas desenvolveu uma teoria
não contratualista, dando mais
importância lei do que a abstração teórica
do contrato social.
A pretensão central do autor é submissão
do Estado às leis, garantindo a
democracia que permitiria controle do
cidadão sobre o abuso de poder do
Estado.
O governo seria melhor se fosse
submetido às leis, e a legalidade estaria atrelada a democracia, o que
podemos associar com a ideia de um Estado Democrático de Direito.
No entanto, as leis não seriam suficientes para controlar o Poder do Estado,
por isso propõe a divisão de poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário.

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Esses poderes deveriam ser equivalentes, para evitar a centralização e o


excesso de poder.
Montesquieu também estudou as formas de governo (além de Aristóteles e
Maquiavel) e classificou como: República, Monarquia e Despotismo, sendo
que cada uma possui uma fundamentação distinta.

República Monarquia Despotismo

Princípio: Virtude Princípio: Honra Princípio: Medo


Governante eleito Rei que deve É o medo que faz o
pelo voto popular. honrar a nação governante
A virtude pelo bom tirânico
representa a comportamento. permanecer no
paixão pela coisa Não deve fazer o poder.
pública, mais que bem entende.
valores éticos É mais fácil exigir a
sociais honra de um do
que a virtude da
maioria

Apesar de não ser considerado um contratualista foi um autor importante


para o iluminismo, em suas obras discutiu sobre filosofia política, sobre as
formas de governo e as razões para a evolução ou restrições dos governos.
Uma de suas maiores contribuições para de sua teoria foi a separação dos
poderes.
Sua obra de maior influência no Direito é O Espírito das Leis cujo principal
objetivo era explicar as leis humanas e as instituições sociais. Segundo o
autor enquanto as leis da física são criadas por Deus, as leis humanas são
menos perfeitas e sujeitas ao erro e a ignorância.
Defendia que o caos das leis humanas era compreensível a partir do
contexto e dos diferentes fatores sociais. Não buscava ser utópico, para ele
um governo estável e não despótico era favorável aos cidadãos. Acreditava
que as leis poderiam ser mais liberais e humanas e serem aplicadas de
modo menos arbitrário e imprevisível pelo Estado.
A liberdade é um tema caro para o autor; ela não significa fazer o que
quiser, mas sim existe uma correspondência entre a liberdade de cada
indivíduo em sociedade. Se tivermos a liberdade de prejudicar os outros,
por exemplo, outros também terão a liberdade de nos prejudicar. A
liberdade importa viver sob leis que protegem contra os danos dos
demais. A liberdade seria possível por meio da tripartição dos poderes,
a fim de evitar abusos.
O autor considera que os ideais religiosos não deveriam servir de
fundamento para as leis civis. Enquanto as ideias religiosas servem para

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a construção da perfeição pessoal as leis civis buscam o bem-estar na


sociedade. Devendo as diferentes religiões coexistir sem empecilhos.

QUESTÃO – FGV – XXIV Exame da Ordem Unificado - 2017


“É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer, mas a
liberdade política não consiste nisso.” Montesquieu
No preâmbulo da Constituição da República, os constituintes afirmaram
instituir um Estado Democrático destinado a assegurar, dentre outras
coisas, a liberdade. Esse é um conceito de fundamental importância para a
Filosofia do Direito, muito debatido por inúmeros autores. Uma importante
definição utilizada no mundo jurídico é a que foi dada por Montesquieu em
seu Do Espírito das Leis.
Assinale a opção que apresenta a definição desse autor na obra citada.
a) A liberdade consiste na forma de governo dos homens, e não no
governo das leis.
b) A disposição de espírito pela qual a alma humana nunca pode ser
aprisionada é o que chamamos de liberdade.
c) Liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem.
d) O direito de resistência aos governos injustos é a expressão maior da
liberdade.
Comentários
A liberdade para o autor está associada a ideia de legalidade compreende
que as pessoas devem seguir as leis e evitar causar danos aos demais.
a) Alternativa errada. O autor defendia que o governo deveria seguir as leis,
a fim de não ser arbitrário.
b) A ideia descrita na alternativa está associada a metafísica, e destoa do
pensamento do autor cobrado.
c) Alternativa correta. Para o autor a liberdade está associada a legalidade,
sendo possível o cidadão fazer tudo aquilo que está de acordo com o
ordenamento jurídico.
d) O direito de resistência é uma ideia que surge mesmo período de
Montesquieu, porém está associada com outros autores. Nesse exame havia
na sequência a questão de Locke sobre o direito de resistência.
GABARITO: C.

Immanuel Kant (1724-1804)


As teorias de Kant são fundamentais para o estudo da Filosofia do Direito,
especialmente em relação aos conceitos de direito, moral e liberdade. É
importante ressaltar que Kant é um dos autores que mais apareceram nas
questões de nosso Exame, logo daremos especial atenção à sua teoria.
O caminho utilizado por Kant em sua filosofia é o criticismo. Kant buscava
analisar de modo crítico os limites do conhecimento racional. Para isso

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considerou o racionalismo e o empirismo, duas correntes que buscavam


analisar como se desenvolve o conhecimento.
O empirismo considera que o conhecimento provém da experiência dos
objetos no mundo, dando menor ênfase à razão. Este é o método utilizado
por David Hume. No entanto, como o conhecimento dependia da
experiência era difícil transcender estes raciocínios para um caráter
universal.
O racionalismo deposita no uso da razão a compreensão do mundo, ao
invés da experiência. Considera que existem ideias prévias ao
conhecimento, conteúdos inatos. Essa perspectiva peca, pois, o
conhecimento terminava sendo demasiadamente subjetivo e relativo.
O objetivo de Kant com sua teoria e reconciliar o empirismo e o
racionalismo. Para Kant o conhecimento ocorre com as condições materiais
advindas da experiência e também com a razão que organiza essas
experiências. A sua teoria é chamada de idealismo alemão ou de
idealismo transcendental.
Vejamos um resumo para reforçar as teorias do conhecimento e a saída de
Kant para este impasse.

QUESTÃO – CESPE – DPU–Defensor Público- 2010


Considerando as concepções teóricas do empirismo e do racionalismo,
julgue o item a seguir:
Segundo o racionalismo, todo e qualquer conhecimento é embasado na
experiência e só é válido quando verificado por fatos metodicamente
observados.
Certo ou Errado?
Comentários
O racionalismo defende que o conhecimento é apreendido por meio da
razão. É pela razão que se desenvolve a compreensão dos objetos no

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mundo. O texto da assertiva descreve o que prega o empirismo. Segundo


esta outra corrente todo o conhecimento é embasado na experiência e
deverá ser verificado a partir de um método.
GABARITO: ERRADO.
Kant ao elaborar a sua teoria reconhece a importância da experiência,
porém mais importante do que o fenômeno é o sujeito que presencia
a experiência, e a capacidade deste em analisar e refletir a respeito do
fenômeno. Essa mudança de perspectiva do objeto para o sujeito foi tão
importante que é chamada de Revolução Copernicana de Kant. 3
Duas obras foram importantes para o desenvolvimento desta perspectiva
de crítica às formas de conhecimento: Crítica da razão pura e Crítica da
razão prática. Cada obra analisa um conjunto distinto de fenômenos.

Crítica da razão pura Crítica da razão prática


trata do conhecimento dos estuda a justiça e a injustiça, bem
fenômenos e das condições e e mal, correto e errado. Os valores
possibilidades de entendimento. para a ação e julgamento humano.

Como os temas da Filosofia do Direito estão associados à crítica da razão


prática, vamos dar maior ênfase e a esta parte do pensamento de Kant.

QUESTÃO – FGV –Exame da Ordem Unificado XI - 2013


Boa parte da doutrina jusfilosófica contemporânea associa a ideia de Direito
ao conceito de razão prática ou sabedoria prática. Assinale a alternativa que
apresenta o conceito correto de razão prática.
a) Uma forma de conhecimento científico (episteme) capaz de distinguir
entre o verdadeiro e o falso.
b) Uma técnica (techne) capaz de produzir resultados universalmente
corretos e desejados.
c) A manifestação de uma opinião (doxa) qualificada ou ponto de vista
específico de um agente diante de um tema específico.
d) A capacidade de bem deliberar (phronesis) a respeito de bens ou
questões humanas.
Comentários

3
A Revolução Copernicana nas ciências diz respeito a alteração da compreensão de que a Terra era
o centro do universo (sistema teocêntrico), mas sim o sol poderia ser o centro do universo (sistema
heliocêntrico). No caso de Kant, deixa-se de se analisar o objeto e passasse a analisar o sujeito.

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Para o pensamento kantiano podemos dividir o conhecimento em duas


espécies de razão: pura e prática. A razão pura envolve o conhecimento
dos fenômenos e das condições de seu entendimento. Já a razão prática
envolve os valores para a ação e para o julgamento humanos, sendo que o
questionamento sobre a justiça, injustiça bem e mal estariam concentrados
na razão prática. Deste modo, entre as alternativas apresentadas aquela
que mais de adequava com os aspectos da razão prática é a alternativa D.
GABARITO: D
A razão prática é um campo filosófico no qual Kant reflete sobre a ética,
moral, Direito, estética e política. A estrutura da crítica da razão prática
está nos conceitos de moralidade e dever.
O dever está relacionado as ações que seguem os trâmites da legalidade.
É importante ressaltar que para Kant cumprir o dever não significa cumprir
a moralidade. Pode-se cumprir o dever por interesse pessoal ou
reconhecimento social.

Cumpriu o dever, mas...

Razão Motivo Cumpre o dever, mas não


a moral.

Por interesse Cumpro determinado contrato, pois apenas cumpriu o dever,


pessoal vou receber ao final um lucro. sem nenhum ganho moral,
pois esperava algo em troca.

Por Ajudo uma instituição de caridade, sua boa ação não é um


reconhecimento pois serei bem visto pelos demais. ganho em aspecto moral,
social porque foi motivada por
interesse.

Percebeu que pelo nosso quadro cumprir o dever sobre uma


perspectiva a moral significa que não há outro interesse que não
apenas o cumprimento do dever?

Importante:
Na perspectiva moral não há outro
interesse senão apenas o cumprimento
do dever

A moralidade é uma predisposição em cumprir um dever sem outro


fundamento a não ser o querer cumprir. A moralidade não se mede pelo
resultado, mas se instaura no campo da vontade que busca cumprir o dever
sem interesses externos. O fundamento que leva o cumprimento é a boa
vontade.

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e o seu
é cumprir o sem interesse
moralidade dever externo
fundamento é a
boa vontade.

A boa vontade não é boa por promover ou realizar algo, mas sim pelo
querer da pessoa. Na teoria de Kant a boa vontade se encerra em si
mesma e não recebe influência externa.
Esse aspecto da teoria de Kant se opõe às noções da filosofia antiga e da
filosofia medieval. Para os filósofos gregos, especialmente Aristóteles, a
moralidade busca a felicidade como fim último. Já os pensadores medievais
o dever advinha de uma fonte externa ao sujeito: Deus. Para Kant a boa
vontade se encerra em si mesma, quando o sujeito cumpre um determinado
dever em razão de seu querer.
O núcleo central do pensamento de Immanuel Kant sobre a moralidade está
no conceito de imperativo categórico. Mas o que é um imperativo? Na
gramática utilizamos o modo verbal imperativo para expressar uma ordem,
um comando ou exortação. “Faça as questões!” “Estude os exercícios!”
São exemplo de imperativos.
Vamos estudar duas formas de imperativos da obra de Kant o imperativo
categórico e o imperativo hipotético. Quando utilizamos o termo
categórico significa que um enunciado que não admite dúvidas. Já o termo
hipotético remete a um enunciado cuja verificação depende de suas
consequências.

Imperativo hipotético
Já analisamos o termo imperativo ele exprime uma ordem um comando,
quando associamos o termo hipotético estamos condicionando o enunciado
a uma verificação.
O imperativo hipotético é formado por uma ação e uma
consequência. Exemplo: Se as pessoas pensarem de modo positivo serão
felizes.
Essa frase tem um comando: “pensar de modo
FORMULA DO IMPERATIVO positivo” e uma consequência para quem o
HIPOTÉTICO seguir “ser feliz”.
“Se quiser x, faça y.” O imperativo hipotético propõe um dever que
servirá como um meio para se obter algo.
Exemplo: Se não quer ir para a prisão, não roube.
Exemplo: Um comerciante busca ser honesto em sua atuação, para que
isto não afaste os clientes.
Podemos sintetizar o imperativo hipotético em uma fórmula: “Se quiser x,
faça y.” Encontramos imperativos hipotéticos nas leis positivas.

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Imperativo categórico
Ao contrário do imperativo hipotético, no qual
a pessoa age de um modo para alcançar outro, FORMULA DO IMPERATIVO
o imperativo categórico se configura em um CATEGÓRICO
mecanismo da razão e não um conjunto de “Faça X”
regras. Agir apenas segundo
É o cumprimento do dever sem esperar nada uma máxima tal que
em troca. Não podemos compreender o possas ao mesmo
imperativo categórico como um conjunto de tempo querer que ela
mandamentos morais, mas sim como uma se torne lei universal
espécie de raciocínio.
Quando uma pessoa está em dúvida sobre um
aspecto de seu agir deverá orientar sua decisão de tal modo que a máxima
de sua vontade possa valer para todas as pessoas como uma legislação
universal.
Vamos rever os exemplos do imperativo hipotético e analisá-los pela ótica
do imperativo categórico no quadro abaixo.

Exemplo de: Comentário Exemplo de


Imperativo Imperativo
hipotético categórico

Se não quer ir para a Neste caso a motivação para não roubar e não Não roube.
prisão, não roube. prejudicar as demais pessoas é o medo da
prisão.

Um comerciante O comerciante age bem, porém a sua Não enganar


busca ser honesto em motivação não pode ser com o objetivo de não os clientes.
sua atuação, para que perder clientes, mas sim pelo fato de ser
isto não afaste os honesto, sem almejar um retorno no dever de
clientes. sua ação.

Nos dois exemplos quando se age pelo imperativo categórico (e não pelo
imperativo hipotético) não há existe o medo da punição, logo a impunidade
não servirá como um estímulo para agir de modo errado.
Ao pensar assim as pessoas não são vistas como um meio para
alcançar determinada finalidade, mas sim como um fim em si
mesmo. Isso por que as pessoas são dotadas de dignidade, já as
coisas são dotadas de um preço.
Seguindo a compreensão do imperativo categórico apenas as ações que
puderem ser universalizadas podem ser consideradas justas e boas.
A partir do imperativo categórico caso a pessoa se encontrasse em uma
situação crítica, onde mentindo pudesse resolver um embaraço, o raciocínio
do imperativo categórico afastaria essa ação. Vejamos: Caso todas as
pessoas mentissem, quais seriam as consequências sociais? Para Kant a
mentira não seria plausível para a vida em sociedade, pois prejudicaria os
níveis de confiança e a estabilidade dos negócios jurídicos.

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O conceito de imperativo categórico é a base da filosofia de Kant. A partir


da razão Kant constrói uma moralidade dissociada dos aspectos religiosos,
e além da construção desta moralidade cria uma perspectiva universal deste
pensamento.
O pensamento de Kant é tão importante que vai influenciar a formação do
Estado Liberal e da compreensão do Direito.

Imperativo hipotético Imperativo Categórico

Frase de comando + consequência Agir apenas segundo uma máxima que


poderia ser elevada a uma lei universal.

“Se quiser algo, faça y” “Faça x”

“Se não quiser ser preso, não roube”’ “Não roube”

Os conceitos de moral e de Direito


Já vimos o conceito de dever e de moralidade. Mas vamos recordar, pois
estes conceitos são importantes para distinguirmos a moral do Direito:

Moralidade A moralidade é uma predisposição interna que não se


mede pelo resultado e é movida pela boa vontade em
cumprir o dever, sem outras influências externas.

Dever O dever que é algo externo que incide sobre o ser


humano e que poderá ser cumprido com diferentes
intenções.

Quando diferenciamos o Direito da moral partirmos de uma análise próxima


dos conceitos de dever e moralidade. Para Kant tanto a ideia de Direito
quanto a ideia de moral possuem correlação com o imperativo categórico.

Moral A moral é uma espécie de prática da lei por si mesma. O


sentido está na vontade do sujeito.

Direito O Direito se impõe como uma ação exterior, que obriga o


seu cumprimento, ainda que as razões não sejam morais.
De acordo com o pensamento kantiano o Direito e a moral são pensados
em uma perspectiva universal. Deste modo, o Direito não é um horizonte
adaptável conforme as conveniências. Não se pode considerar como justo

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um direito parcial que dá privilégios para poucos. Para ele a justiça


repousaria no imperativo categórico e por esta razão seria universal.
Podemos perceber que o modo com que Kant concebe o Direito é distinto
da aplicação do Direito como conhecemos. Kant denomina sua acepção
teórica de direito da razão, o qual possui um caráter universal. Este conceito
é próximo do Direito Natural, porém fundado na razão e não na natureza.
A ideia de Direito para Kant está alicerçada no imperativo categórico, já as
normas e regras positivas condizem com o imperativo hipotético.

Diferenças entre o Direito e a moral


O Direito A moral
Regra externa Regra interna
Se cumpre por uma coerção externa Gratuidade é realizado sem esperar
Existência de sanção recompensas
Se cumpre por um querer interior (boa
vontade)

QUESTÃO – FCC –DPE-SP -Defensor Público – 2015 (Adaptada)


Apoiando-se na distinção kantiana entre imperativo categórico e hipotético
as normas jurídicas positivas são imperativos:
a) hipotéticos e podem ser expressas pelo esquema: “Se você quiser Y,
deve X".
b) categóricos e podem ser expressas pelo esquema: “Se você quiser Y,
deve X ou Z".
c) categóricos e podem ser expressas pelo esquema: “Você deve X".
d) categóricos e podem ser expressas pelo esquema: “Se você quiser Y,
deve X".
e) hipotéticos e podem ser expressas pelo esquema: “Você deve X".
Comentários

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O examinador procura cobrar do candidato a distinção do imperativo


categórico e do imperativo hipotético. Para isso apresenta a norma jurídica
(O Direito posto) para ser classificação segundo esta acepção. O
pensamento de Kant apresenta sua acepção própria para os conceitos de
moral e de Direito, e assim liga-os com a ideia do imperativo categórico. No
entanto, a configuração das normas jurídicas obedece a lógica do
imperativo hipotético. Vejamos: temos um comportamento a ser
encorajado, ou proibido. Quando realizado tal comportamento temos uma
recompensa ou uma sanção. A fórmula que mais se adequa as normas
jurídicas é: “Se você quiser Y, deve X” – que remete para o imperativo
hipotético. Já o esquema que remete para o imperativo categórico é: “Você
deve X”.
GABARITO A.

QUESTÃO – FGV –Exame da Ordem Unificado X - 2013


“Manter os próprios compromissos não constitui dever de virtude, mas
dever de direito, a cujo cumprimento pode-se ser forçado. Mas prossegue
sendo uma ação virtuosa (uma demonstração de virtude) fazê-lo mesmo
quando nenhuma coerção possa ser aplicada. A doutrina do direito e a
doutrina da virtude não são, consequentemente, distinguidas tanto por seus
diferentes deveres, como pela diferença em sua legislação, a qual relaciona
um motivo ou outro com a lei”.
Pelo trecho acima podemos inferir que Kant estabelece uma relação entre
o direito e a moral. A esse respeito, assinale a afirmativa correta.
a) O direito e a moral são idênticos, tanto na forma como no conteúdo
prescritivo. Assim, toda ação contrária à moralidade das normas jurídicas é
também uma violação da ordem jurídica.
b) A conduta moral refere-se à vontade interna do sujeito, enquanto o
direito é imposto por uma ação exterior e se concretiza no seu
cumprimento, ainda que as razões da obediência do sujeito não sejam
morais.
c) A coerção, tanto no direito quanto na moral, é um elemento
determinante. É na possibilidade de impor-se pela força,
independentemente da vontade, que o direito e a moral regulam a
liberdade.
d) Direito e moral são absolutamente distintos. Consequentemente, cumprir
a lei, ainda que espontaneamente, não é demonstração de virtude moral.
Comentários
O examinador procura avaliar a distinção entre Direito e moral. É
importante recordar que estes conceitos possuem uma correlação, porém
não são idênticos. Ambos envolvem a ação do sujeito, no entanto o prisma
moral relaciona um critério de autonomia e autodeterminação de acordo
com o querer do sujeito e com a sua boa vontade. Já o Direito exige a ação
do indivíduo é uma coerção a qual poderá vir acompanhada de uma sanção
no caso de um descumprimento.
GABARITO: B.

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QUESTÃO – FGV – Exame da Ordem Unificado XV - 2014


Na Doutrina do Direito, Kant busca um conceito puramente racional e que
possa explicar o direito independentemente da configuração específica de
cada legislação. Mais precisamente, seria o direito entendido como
expressão de uma razão pura prática, capaz de orientar a faculdade de agir
de qualquer ser racional. Assinale a opção que contém, segundo Kant, essa
lei universal do direito.
a) Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como
na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim, e nunca
como meio.
b) Age exteriormente, de modo que o livre uso de teu arbítrio possa se
conciliar com a liberdade de todos, segundo uma lei universal.
c) Age como se a máxima de tua ação se devesse tornar, pela tua vontade,
lei universal da natureza.
d) Age de forma que conserves sempre a tua liberdade, ainda que tenhas
de resistir à liberdade alheia.
Comentário
O examinador trabalha com a ideia de uma “lei universal do direito”, o que
chamamos em nossa aula de “Direito da razão”. Essa compreensão está
ligada com o imperativo categórico e deste modo diz respeito que a ação
exterior de uma pessoa que deverá estar de acordo com a liberdade os
demais membros da sociedade, servindo como uma regra geral para todos.
GABARITO: B

A autonomia e a heteronomia
Para compreender as relações entre as pessoas e o Direito é necessário
estudar os conceitos de autonomia e heteronomia.
Autonomia
A autonomia é a capacidade de uma pessoa em determinar suas ações de
acordo com sua vontade, porém sobre o julgo da razão. A ideia de
autonomia está associada ao imperativo categórico, logo estamos falando
de uma decisão que pode ser utilizada como máxima universal.
A autonomia não depende de uma vontade externa, mas sim da vontade
própria do indivíduo. Podemos considerar a autonomia como uma
autodeterminação da vontade e também como o fundamento da dignidade
da natureza humana, pois está ligada à moralidade. A autonomia age de
modo livre, pois não sofre uma coerção externa.
Heteronomia
Quando uma pessoa ou instituição estão limitadas por algo alheio a sua
vontade deixamos o campo da autonomia e passamos para o campo da
dependência. Neste caso, não há uma livre vontade, mas sim uma
obrigação. Quando estudamos a autonomia relacionamos suas
características com o imperativo categórico, já no caso da heteronomia

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podemos ligá-la ao imperativo hipotético: uma pessoa faz algo na


expectativa de suas consequências.

Autonomia Heteronomia

Imperativo categórico Imperativo hipotético

Liberdade de Limitada por uma decisão


decisão/Vontade própria alheia a sua vontade

Não sofre coerção externa Obrigação/Sanção

Justiça e liberdade
O pensamento kantiano relaciona a autodeterminação da vontade (decidir
apenas com a intenção de cumprir o dever, e sem sofrer nenhuma espécie
de coerção) com a liberdade.
Esse critério também é sensível no estudo de Kant sobre a Justiça. Na
filosofia vários pensadores se debruçaram sobre o questionamento: Qual é
o critério para que possamos definir o que é justo e o que é injusto?
A história do pensamento jurídico possui várias teorias da justiça que
procuraram responder qual seria a finalidade última do Direito. Existem três
concepções para responder esta questão sobre a Justiça.
1ª) A Justiça é ordem. Saímos de um estado de anarquia (estado da
natureza) e buscamos a salvaguarda da vida por meio do Direito. Essa
concepção é clara em Thomas Hobbes e nos primeiros autores
contratualistas.
2ª) A Justiça é igualdade. Aqui encontramos a acepção dos gregos, em
especial Aristóteles. Garantir a igualdade entre os homens, exige remediar
as desigualdades naturais com os recursos sociais. A justiça passa pela
proteção social e pela distribuição de bens para os pobres e para os fracos.
3ª) A justiça é liberdade. É nesta ideia que se filia Kant. O fim último do
direito é a liberdade. Esta é a razão para que o homem se reúna em uma
sociedade, para que possa expressar sua personalidade e seu talento. O
Direito limita as liberdades individuais.
A Liberdade para Kant é a faculdade de não agir sendo influenciado pelas
forças inferiores das paixões, ou pela força externa que provém do arbítrio
dos outros.

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Liberdade
Interna Externa
"Eu comigo mesmo" "Eu com os demais"
Um dever com a perfeição pessoal Um dever com a felicidade dos outros
Liberdade moral Liberdade jurídica
Faculdade de adequação às leis a Faculdade de agir no mundo
nossa razão externo sem ser impedido

A Justiça é somente o conjunto das garantias por meio das quais há a


possibilidade de se expressar a liberdade externa, ou seja, agir sem ser
impedido pelos outros.
Agir de maneira injusta é interferir na esfera de liberdade dos outros. A
Justiça deve eliminar esses obstáculos, deve permitir que se usufrua a
liberdade de modo igual aos demais membros da sociedade.

Justiça
Permite garantias para
expressar a liberdade sem
ser impedido.

Injustiça
A interferência na liberdade
dos outros.

Kant a partir desta compreensão está colocando as bases para se pensar o


Direito. A filosofia kantiana está emergida em um seu período histórico
marcado pelos fins dos privilégios da nobreza e pela ascensão da burguesia,
o surgimento do Estado Liberal e, por consequência, uma nova
compreensão do que é o Direito.
O pensamento de Kant colaborou para o
pensamento burguês e para o No Estado Liberal a
desenvolvimento do Estado Liberal. É pelo finalidade do Estado é a
conceito de imperativo categórico que preservação da liberdade
compreendemos que o Direito só será justo individual para decidir com
se puder ser universalizado. Assim, o poder autonomia o rumo da
despótico do monarca e os privilégios do própria existência.
absolutismo não se justificariam.

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O momento histórico exigia uma proteção das arbitrariedades do Estado


Absolutista. E a teoria de Kant serve como inspiração para o Estado Liberal.
O Estado Liberal considera como o seu fim último a preservação da
liberdade individual. Desse modo, o Estado não pode causar um embaraço
para que o indivíduo alcance seus objetivos.
Uma das grandes dificuldades para os teóricos deste período era conciliar a
liberdade individual com a coerção do Estado. Kant a resolve essa questão:
há uma necessidade de coerção estatal para garantir a liberdade.
No entanto, na perspectiva do Estado Liberal não há uma preocupação com
a justiça social, com a igualdade ou com o bem-estar. A preocupação maior
é com a condição de liberdade para que cada um persiga de acordo com as
suas convicções o que melhor corresponde ao seu desejo.
Como será satisfeita a felicidade individual e como ocorre o bem-estar para
==d8342==

as pessoas não é uma preocupação do Estado. A preocupação do Estado


reside em como compor os conflitos entre as liberdades de seus membros,
para que o exercício da liberdade de um não prejudique os demais.
Na Filosofia kantiana temos um Estado limitado pelo Direito. O poder
somente é exercido nas formas do Direito com garantias jurídicas
preestabelecidas. O Estado Liberal é um Estado de Direito com a função de
instituir a convivência das liberdades externas de acordo com uma lei
universal.
É importante ressaltar que o conceito de Direito em Kant não parte das
normas positivas, mas sim de uma investigação racional e de uma dedução
sobre o seu conceito. Para isso precisamos considerar três requisitos:
• O Direito possui uma compreensão externa e
prática de uma pessoa perante a outra com
O Direito é o conjunto das
base em influências recíprocas, logo pertence
condições por meio das
ao mundo e às relações externas.
quais o arbítrio de um
• O Direito se constitui na relação de dois ou
pode estar de acordo com
mais arbítrios de dois sujeitos distintos.
o arbítrio de outro,
• A função do Direito não é prescrever um
segundo a lei universal da dever, mas sim uma maneira de coexistir os
liberdade. diferentes arbítrios na sociedade. O Direito
define o limite da liberdade de cada para a
coexistência segundo uma lei universal.
Assim cada pessoa pode usufruir da liberdade que lhe é concedida pelo
Direito, de modo igual entre todos os membros da sociedade.

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FILOSOFIA DO DIREITO - XXV EXAME DA OAB
teoria e questões
Aula 01 – Professora Karoline Strapasson

3- LISTA DE QUESTÕES

QUESTÃO – FGV – XXIV Exame da Ordem Unificado - 2017


“O povo maltratado em geral, e contrariamente ao que é justo, estará
disposto em qualquer ocasião a livrar-se do peso que o esmaga.” John Locke
O Art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988 afirma que
“todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente”. Muitos autores associam tal disposição ao conceito
de direito de resistência, um dos mais importantes da Filosofia do Direito,
de John Locke.
Assinale a opção que melhor expressa tal conceito, conforme desenvolvido
por Locke na sua obra Segundo Tratado sobre o Governo Civil.
a) A natureza humana é capaz de resistir às mais poderosas investidas
morais e humilhações, desde que os homens se apoiem mutuamente.
b) Sempre que os governantes agirem de forma a tentar tirar e destruir a
propriedade do povo ou deixando-o miserável e exposto aos seus maus
tratos, ele poderá resistir.
c) Apenas o contrato social, que tira o homem do estado de natureza e o
coloca na sociedade política, é capaz de resistir às ameaças externas e às
ameaças internas, de tal forma que institui o direito de os governantes
resistirem a toda forma de guerra e rebelião.
d) O direito positivo deve estar isento de toda forma de influência da moral
e da política. Uma vez que o povo soberano produza as leis, diretamente
ou por meio de seus representantes, elas devem resistir a qualquer forma
de interpretação ou aplicação de caráter moral e político.
GABARITO: B.

QUESTÃO – FGV – XXIII Exame da Ordem Unificado - 2017


“Só a vontade geral pode dirigir as forças do Estado de acordo com a
finalidade de suas instituições, que é o bem comum” Jean-Jacques
Rousseau
A ideia de vontade geral, apresentada por Rousseau em seu livro Do
Contrato Social, foi fundamental para o amadurecimento do conceito
moderno de lei e de democracia.
Assinale a opção que melhor expressa essa ideia conforme concebida por
Rousseau no livro citado.
a) A soma das vontades particulares.
b) A vontade de todos.
c) O interesse particular do soberano, após o contrato social.
d) O interesse em comum ou o substrato em comum das diferenças.
GABARITO: D

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teoria e questões
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QUESTÃO – FGV – XXIV Exame da Ordem Unificado - 2017


“É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer, mas a
liberdade política não consiste nisso.” Montesquieu
No preâmbulo da Constituição da República, os constituintes afirmaram
instituir um Estado Democrático destinado a assegurar, dentre outras
coisas, a liberdade. Esse é um conceito de fundamental importância para a
Filosofia do Direito, muito debatido por inúmeros autores. Uma importante
definição utilizada no mundo jurídico é a que foi dada por Montesquieu em
seu Do Espírito das Leis.
Assinale a opção que apresenta a definição desse autor na obra citada.
a) A liberdade consiste na forma de governo dos homens, e não no
governo das leis.
b) A disposição de espírito pela qual a alma humana nunca pode ser
aprisionada é o que chamamos de liberdade.
c) Liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem.
d) O direito de resistência aos governos injustos é a expressão maior da
liberdade.
GABARITO: C.

QUESTÃO – CESPE – DPU–Defensor Público- 2010


Considerando as concepções teóricas do empirismo e do racionalismo,
julgue o item a seguir:
Segundo o racionalismo, todo e qualquer conhecimento é embasado na
experiência e só é válido quando verificado por fatos metodicamente
observados.
Certo ou Errado?
GABARITO: ERRADO.

QUESTÃO – FGV –Exame da Ordem Unificado XI - 2013


Boa parte da doutrina jusfilosófica contemporânea associa a ideia de Direito
ao conceito de razão prática ou sabedoria prática. Assinale a alternativa que
apresenta o conceito correto de razão prática.
a) Uma forma de conhecimento científico (episteme) capaz de distinguir
entre o verdadeiro e o falso.
b) Uma técnica (techne) capaz de produzir resultados universalmente
corretos e desejados.
c) A manifestação de uma opinião (doxa) qualificada ou ponto de vista
específico de um agente diante de um tema específico.
d) A capacidade de bem deliberar (phronesis) a respeito de bens ou
questões humanas.
GABARITO: D

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teoria e questões
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QUESTÃO – FCC –DPE-SP -Defensor Público – 2015 (Adaptada)


Apoiando-se na distinção kantiana entre imperativo categórico e hipotético
as normas jurídicas positivas são imperativos:
a) hipotéticos e podem ser expressas pelo esquema: “Se você quiser Y,
deve X".
b) categóricos e podem ser expressas pelo esquema: “Se você quiser Y,
deve X ou Z".
c) categóricos e podem ser expressas pelo esquema: “Você deve X".
d) categóricos e podem ser expressas pelo esquema: “Se você quiser Y,
deve X".
e) hipotéticos e podem ser expressas pelo esquema: “Você deve X".
GABARITO A.

QUESTÃO – FGV –Exame da Ordem Unificado X - 2013


“Manter os próprios compromissos não constitui dever de virtude, mas
dever de direito, a cujo cumprimento pode-se ser forçado. Mas prossegue
sendo uma ação virtuosa (uma demonstração de virtude) fazê-lo mesmo
quando nenhuma coerção possa ser aplicada. A doutrina do direito e a
doutrina da virtude não são, consequentemente, distinguidas tanto por seus
diferentes deveres, como pela diferença em sua legislação, a qual relaciona
um motivo ou outro com a lei”.
Pelo trecho acima podemos inferir que Kant estabelece uma relação entre
o direito e a moral. A esse respeito, assinale a afirmativa correta.
a) O direito e a moral são idênticos, tanto na forma como no conteúdo
prescritivo. Assim, toda ação contrária à moralidade das normas jurídicas é
também uma violação da ordem jurídica.
b) A conduta moral refere-se à vontade interna do sujeito, enquanto o
direito é imposto por uma ação exterior e se concretiza no seu
cumprimento, ainda que as razões da obediência do sujeito não sejam
morais.
c) A coerção, tanto no direito quanto na moral, é um elemento
determinante. É na possibilidade de impor-se pela força,
independentemente da vontade, que o direito e a moral regulam a
liberdade.
d) Direito e moral são absolutamente distintos. Consequentemente, cumprir
a lei, ainda que espontaneamente, não é demonstração de virtude moral.
GABARITO: B.

QUESTÃO – FGV – Exame da Ordem Unificado XV - 2014


Na Doutrina do Direito, Kant busca um conceito puramente racional e que
possa explicar o direito independentemente da configuração específica de
cada legislação. Mais precisamente, seria o direito entendido como
expressão de uma razão pura prática, capaz de orientar a faculdade de agir

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teoria e questões
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de qualquer ser racional. Assinale a opção que contém, segundo Kant, essa
lei universal do direito.
a) Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como
na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim, e nunca
como meio.
b) Age exteriormente, de modo que o livre uso de teu arbítrio possa se
conciliar com a liberdade de todos, segundo uma lei universal.
c) Age como se a máxima de tua ação se devesse tornar, pela tua vontade,
lei universal da natureza.
d) Age de forma que conserves sempre a tua liberdade, ainda que tenhas
de resistir à liberdade alheia.
GABARITO: B

4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final de nossa aula 01 do Curso de Filosofia do Direito para a
OAB. Tratamos:

A história do pensamento
filosófico (parte 01)

No próximo encontro continuaremos a tratar deste tema:

A história do pensamento filosófico


(parte 02)

Aguardo vocês em nossa próxima aula! Críticas, sugestões ou dúvidas, por


favor, entre em contato! Segue novamente o meu e-mail:

kstrapasson@gmail.com

Um forte abraço e bons estudos!


Karoline Strapasson

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