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A RESPONSABILIDADE SOCIAL E O BALANÇO SOCIAL DA EMPRESA

Autor: Daniela Andréa de Moraes¹


Orientador: Almir Ferreira de Sousa²

RESUMO

O mundo empresarial vê, na responsabilidade social, uma nova estratégia para aumentar seu
lucro e potencializar seu desenvolvimento. Essa tendência decorre da maior conscientização do
consumidor e conseqüente procura por produtos e práticas que gerem melhoria para o meio ambiente
ou comunidade, valorizando aspectos éticos ligados à cidadania. O que se verifica, atualmente, é que
não existe mais uma linha divisória entre problemas que estão fora e dentro das empresas: as
soluções devem ser compartilhadas com a sociedade de forma geral e as empresas devem contribuir
ativamente com as soluções, sob o risco de serem questionadas, processadas e cobradas pelos seus
atos.

No Balanço Social, a empresa mostra o que faz por seus profissionais, dependentes,
colaboradores e comunidade, dando transparência às atividades que buscam melhorar a qualidade de
vida para todos. Ou seja, sua função principal é tornar pública a responsabilidade social empresarial,
construindo maiores vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente. No Brasil, o Balanço
Social só ganhou visibilidade nacional quando o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, lançou, em
junho de 1997, uma campanha pela divulgação voluntária do Balanço Social.

ABSTRACT

The enterprise world sees, in the social responsibility, a new strategy to increase its profit and to
improve its development. This trend elapses of the biggest awareness of the consumer and
consequence looks for practical products and that they generate improvement for the environment or
community, valuing on ethical aspects to the citizenship. What it is verified, currently, is that it does
not exist a dividing line between problems that are in and out the companies: the solutions must be
shared with the society of general form and the companies must contribute actively with the solutions,
under the risk to be questioned, processed and charged for its acts.

In the Social Annual Report, the company shows what it makes for its professionals, dependents,
collaborators and community, giving transparency to the activities that they search to improve the
quality of life for all. Or either, its main function is to become public the enterprise social
responsibility, constructing bigger bonds between the company, the society and the environment. In
Brazil, the Social Annual Report gained national visibility when the sociologist Herbert de Souza, the
Betinho, launched, in June of 1997, a campaign for the voluntary spreading of the Social Annual
Report.

________________________

¹ Graduanda do Programa de Graduação em Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da


Universidade de São Paulo. E-mail: da_moraes@uol.com.br, da_moraes@hotmail.com
² Professor, doutor pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. E-mail:
abrolhos@usp.br
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1. INTRODUÇÃO

Cada vez mais, a empresa tem de levar informações para todos os envolvidos (profissionais,
acionistas, fornecedores, clientes, cidadãos, governos, organizações do terceiro setor) nas operações,
direta ou indiretamente. Isso porque as partes interessadas estão levando em consideração a postura
social da companhia para tomar decisões.

O Balanço Social alia as três grandes realidades da empresa: a humana, a econômica e a social.
Por tratar de realidades diferentes de empresa para empresa, cada uma deve poder escolher os seus
indicadores, definindo as metas a serem atingidas no campo social.

Além da busca de resultados econômicos, as empresas podem e devem contribuir para a


sociedade e o meio ambiente em que está inserida, buscando um desenvolvimento sustentável na
forma de ações, compromissos e práticas de responsabilidade social.

Não se pode deixar que o Balanço Social deixe de ser um instrumento gerencial social, para um
fator de distanciamento entre empresa, sociedade, colaboradores e governo. Explicitar informações o
mais claro possível é primordial para a aceitação e correta utilização deste instrumento do
gerenciamento.

Definir um modelo para esta demonstração, ou escolher indicadores de controle e análise para
ela, deve ser uma tarefa definida de maneira participativa, com representantes de todos os níveis da
empresa, e não apenas pela alta diretoria. Indicadores que reflitam o desempenho da empresa no
campo humano e social, são essenciais para dar maior credibilidade ao Balanço Social, assim como a
indicação do grau de satisfação dos empregados.

O mais importante é fazer o uso correto do Balanço Social no sentido estratégico do planejamento
organizacional. Assim, deve-se tomar por base o resultado de um período e sua variação, para
objetivar metas para os próximos exercícios.

2. RESPONSABILIDADE SOCIAL

Para Ashley (2002), “o crescente aumento da complexidade dos negócios, principalmente em


decorrência do processo de globalização e da velocidade das inovações tecnológicas e da informação,
impõe ao empresariado nacional uma nova maneira de realizar suas transações.”

O mundo empresarial vê, na responsabilidade social, uma nova estratégia para aumentar seu
lucro e potencializar seu desenvolvimento. Essa tendência decorre da maior conscientização do
consumidor e conseqüente procura por produtos e práticas que gerem melhoria para o meio ambiente
ou comunidade, valorizando aspectos éticos ligados à cidadania.

Papel das Empresas na Sociedade

De acordo com Borger (2001), “as empresas têm um papel social e político a desempenhar e os
propósitos dos negócios vão além da maximização dos lucros e do cumprimento da legislação. A
atuação das empresas também deve ser mais responsável, as questões sociais não podem ser
consideradas como problemas exclusivos dos governos”.
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Definições

Responsabilidade social pode ser definida, de acordo com Ashley (2002), como “o compromisso
que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que a
afetem positivamente, de modo amplo, ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo pró-
ativamente e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação de
contas para com ela”.

A organização, nesse sentido, assume obrigações de caráter moral, além das estabelecidas em lei,
mesmo que não diretamente vinculadas a suas atividades, mas que possam contribuir para o
desenvolvimento sustentável dos povos. Assim, numa visão expandida, responsabilidade social é toda
e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

Enfim, a Responsabilidade Social pode ser vista como uma forma de conduzir os negócios da
empresa de tal forma a torná-la parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. A empresa
socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes
partes e conseguir incorporá-los no planejamento de suas atividades, procurando atender às
demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários.

O que se verifica, atualmente, é que não existe mais uma linha divisória entre problemas que
estão fora e dentro das empresas: as soluções devem ser compartilhadas com a sociedade de forma
geral e as empresas devem contribuir ativamente com as soluções, sob o risco de serem
questionadas, processadas e cobradas pelos seus atos.

Responsabilidade Social e o Balanço Social

Para Luca (1998), a transformação da mentalidade empresarial, concedendo prioridade à


qualidade em lugar da quantidade, vem exigindo apreciável modificação nos critérios administrativos,
em particular nos relacionados com o social.

Fornecer informações à sociedade sobre a utilização dos recursos humanos, naturais, financeiros,
tecnológicos e outros que pertencem à própria sociedade (direta ou indiretamente) é o mínimo que as
empresas devem fazer para merecer o respeito e a credibilidade necessários à continuidade de suas
operações.

O instrumento para aferir de forma adequada os resultados da empresa na área socioeconômica,


ou seja, que permita avaliar e informar os fatos sociais vinculados à empresa, tanto no seu interior
(empresa e empregados), como no seu meio ambiente (empresa e sociedade) é o Balanço Social.

A empresa, entendida como “comunidade de pessoas a serviço de toda a sociedade”, terá como
propósito buscar satisfazer as necessidades de todos esses grupos e esferas. Aí está sua real função e
responsabilidade social. Portanto, um verdadeiro Balanço Social não considera apenas o universo
interno da empresa, mas leva em conta as ações desenvolvidas em benefício de todo esse público.

Com isso, várias empresas vêm publicando seu Balanço Social, juntamente com os demais
demonstrativos contábeis, com a finalidade de medir seu desempenho no âmbito das atividades
sociais e também demonstrar que estão preocupados e realizando sua parte de responsabilidade
social.
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3. BALANÇO SOCIAL E SUA RELAÇÃO COM OS STAKEHOLDERS

O conhecimento das expectativas mútuas da rede de relacionamentos de uma organização é


condição essencial para a sustentação de uma orientação estratégica para a responsabilidade social
nos negócios, o que requer que a tomada de posições sejam expressas em cartas de compromissos,
códigos de conduta ou posicionamentos quanto a princípios e valores para essa operação.

Estratégias Associadas à Orientação da Empresa para seus Stakeholders

Ashley (2002) considera as alternativas a seguir como representativas do foco fundamental de


relação da empresa com cada grupo de seus stakeholders. Abaixo estão detalhadas cada uma das
orientações:

Na orientação para os acionistas, a responsabilidade social da empresa é entendida como a


maximização do lucro. A responsabilidade social é vista do aspecto econômico: só se faz o que
aumenta os lucros, gerando valor para os acionistas.

Por sua vez, na orientação para o Estado ou governo, a responsabilidade social da empresa
está no estrito cumprimento de suas obrigações definidas e regulamentadas em lei.

Já na orientação para a comunidade, a responsabilidade social da empresa é vista como um


ato voluntário da direção, de forma esporádica ou estratégica. É a empresa quem toma a iniciativa,
mesmo que impelida pelo mercado. A responsabilidade social tem um caráter assistencialista.

A orientação para os empregados vê a responsabilidade social como forma de atrair e reter


funcionários com qualificação, além de alcançar mercados com barreiras não tarifárias.

Para os fornecedores e compradores, a orientação faz com que a responsabilidade percorra a


empresa e se transponha para a cadeia de produção e consumo (ciclo de vida do produto).

Na orientação para a publicação de relatórios e promoção da marca, o foco é a


publicação do Balanço Social utilizando o modelo do Ibase e outros criados ou adaptados. A visão
utilizada é do marketing relacionado à causa social, focando-se a inovação social (teste de novas
tecnologias) em comunidades em parcerias ganha-ganha.

No caso da orientação para o ambiente natural, a responsabilidade social tem como objetivo
o desenvolvimento sustentável, integrando fatores como tecnologia, recursos, processos, produtos,
pessoas e sistemas de gestão.

Balanço Social e o Processo de Engajamento das Partes Interessadas

O Balanço Social é, principalmente, um instrumento de comunicação da empresa. Para essa


comunicação ser legítima e recíproca faz-se necessário o estabelecimento de canais de diálogo e
participação da empresa junto aos seus diversos públicos.
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O processo de engajamento das partes interessadas propõe a identificação dos diferentes


públicos, o diálogo e inclusão de seus interesses legítimos no plano operacional, juntamente com os
indicadores de negócio e o planejamento estratégico da empresa.

Abaixo estão detalhados cada passo, extraídos do Guia de Elaboração de Relatório e Balanço
Anual de Responsabilidade Social (Ethos, 2001):

- Passo 1 – identificação e abordagem das partes interessadas: nesta fase, a empresa identifica
quais são os públicos que têm interesse no negócio.
- Passo 2 – diálogo e construção das relações: a escolha da abordagem do diálogo dependerá
de cada público, no que se refere a sua formação, interesses e prioridades. O princípio,
contudo, é o de identificar interesses legítimos e fazer refleti-los no plano de negócio.
- Passo 3 – identificação e legitimação de interesses: é necessário que, além da identificação
dos interesses, estes sejam legitimados, ou seja, reconhecidos como verdadeiros pelos
respectivos públicos. Isso é essencial para que se atenda a um conjunto, não a alguns
interesses.

Por fim, os interesses identificados e priorizados devem ser confrontados com outros indicadores
de negócio e com os cenários do planejamento, de modo a serem incorporados às estratégias e
planos de negócio.

Os Beneficiários do Balanço Social

O Balanço Social favorece a todos os grupos que interagem com a empresa. Aos dirigentes
fornece informações úteis à tomada de decisões relativas aos programas sociais que a empresa
desenvolve. Aos fornecedores e investidores, informa como a empresa encara suas responsabilidades
em relação aos recursos humanos e à natureza, o que é um bom indicador da forma como a empresa
é administrada. Para os consumidores, dá uma idéia de qual é a postura dos dirigentes e a qualidade
do produto ou serviço oferecido, demonstrando o caminho que a empresa escolheu para construir sua
marca. E ao Estado, ajuda na identificação e na formulação de políticas públicas.

Enfim, como dizia Betinho: "o Balanço Social não tem donos, só beneficiários".

4. BALANÇO SOCIAL

De acordo com o IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, “O Balanço Social
é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa reunindo um conjunto de informações sobre
os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado,
acionistas e à comunidade. É também um instrumento estratégico para avaliar e multiplicar o
exercício da responsabilidade social corporativa”.

No Balanço Social, a empresa mostra o que faz por seus profissionais, dependentes,
colaboradores e comunidade, dando transparência às atividades que buscam melhorar a qualidade de
vida para todos. Ou seja, sua função principal é tornar pública a responsabilidade social empresarial,
construindo maiores vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente.
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Para Santos (1998), “O Balanço Social é um poderoso referencial de informações nas definições
de políticas de recursos humanos, nas decisões de incentivos fiscais, no auxílio sobre novos
investimentos e no desenvolvimento da consciência para a cidadania”.

Para alguns autores pioneiros do Balanço Social, principalmente os franceses, o entendimento é


mais restrito. Seu escopo e sua análise voltam-se para o reporte de informações de conteúdo social,
relativas ao pessoal que trabalha nas organizações.

Para Danziger (1983), “o Balanço Social é um documento importante, espelho da situação social
na empresa, testemunhando o clima que a rege”.

O Balanço Social, na sua definição mais ampla, inclui, ainda, informações sobre o meio-ambiente
e sobre a formação e distribuição da riqueza gerada pelas empresas (valor adicionado) e, quando
apresentado em conjunto com as demonstrações financeiras tradicionais, é efetivamente o
instrumento mais eficaz e completo de divulgação e avaliação das atividades empresariais.

Para Tinoco (2001), o Balanço Social é uma necessidade de gestão e resposta a uma demanda de
informações e tem um duplo objetivo:

1. No plano legal, fornece um quadro de indicadores a um grupo social, que após ter sido
apenas um simples fator de produção, encontra-se promovido como parceiro dos dirigentes
da empresa.
2. No plano de funcionamento da empresa, serve de instrumento de pilotagem no mesmo título
que os relatórios financeiros.

A quem se dirige o Balanço Social:

Segundo Tinoco (2001), o Balanço Social dirige-se a vários usuários, destacando-se os seguintes:
- Grupos cujos membros de uma forma pessoal e direta trabalham para a empresa – os
trabalhadores;
- Grupos que se relacionam com a empresa – os clientes, pois de sua confiança vive a
empresa;
- Acionistas que aportam recursos a empresas;
- Sindicatos dos trabalhadores;
- Instituições financeiras, fornecedores e credores;
- Autoridades fiscais, monetárias e trabalhistas, o Estado;
- Comunidade local;
- Pesquisadores, professores, todos os formadores de opinião.

Aos agentes externos às empresas, o Balanço Social visa dar conhecimento daquelas ações
empresariais que têm impactos não apenas no desempenho financeiro, mas também na relação
capital-trabalho e na geração ou não de riqueza e bem-estar para a sociedade.

Desta forma, o Balanço Social é um instrumento de demonstração das atividades das empresas,
que tem por finalidade conferir maior transparência e visibilidade às informações que interessam não
apenas aos sócios e acionistas das companhias (shareholders), mas também a um número maior de
atores: empregados, fornecedores, investidores, parceiros, consumidores e comunidade
(stakeholders).
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A Evolução do Balanço Patrimonial ao Balanço Social

Segundo Tinoco (2001), as demonstrações contábeis eram elaboradas para atender


especificamente às necessidades internas dos gestores. Com o passar do tempo outros atores foram
surgindo, como os credores, o Estado, os fornecedores, cada um clamando por informações que
atendessem às suas necessidades. Assim, a Contabilidade teve que ampliar o leque de informações
que prestava aos seus usuários, evidenciando com regularidade seu desempenho econômico e
financeiro.

A partir da década de 80, a sociedade também passou a requerer uma maior abertura das
empresas, quanto à revelação de informações econômicas, financeiras, sociais e ambientais, que
justifiquem a razão de ser das entidades, como sujeitos públicos, inserindo-se, portanto, no contexto
dos usuários do Balanço Social.

Enquanto o Balanço Patrimonial é expresso em moeda, o formato do Balanço Social ora possui
dados numéricos, ora dados descritivos, uns refletindo o grau de satisfação dos funcionários, outros o
grau de satisfação dos empresários em ter realizado algum tipo de ação social.

As principais informações apresentadas no Balanço Social são as seguintes: evolução do emprego,


relações profissionais, formação profissional, treinamentos, condições de higiene e segurança, outras
condições de vida dos dependentes da empresa, tais como alojamento e transporte, proteção ao meio
ambiente, utilização da riqueza da empresa, etc.

O Balanço Social reúne um poderoso conjunto de informações que são importantes para a
definição das políticas de recursos humanos, nas decisões de incentivos fiscais, no auxílio sobre novos
investimentos e no desenvolvimento da consciência para a cidadania.

O Balanço Social, como instrumento de divulgação deste tipo de informação, pode contribuir para
reforçar a imagem institucional de corporações ou das marcas e produtos a elas associados, na
medida em que se apresente não apenas como mais um atributo de marketing, mas como um
demonstrativo da efetiva responsabilidade social assumida e praticada pela empresa e, como tal,
entendida e reconhecida pela sociedade.

Enfim, o Balanço Social deve ser encarado não apenas como um meio de divulgação de
informações relacionadas com o desempenho social, mas sim como um complemento do sistema de
informações da Contabilidade, informando também o desempenho econômico da empresa e seu
relacionamento com a sociedade.

5. HISTÓRICO DO BALANÇO SOCIAL

Nos anos 60, nos EUA e na Europa, o repúdio da população à guerra do Vietnã deu início a um
movimento de boicote à aquisição de produtos e ações de algumas empresas ligadas ao conflito. A
sociedade exigia uma nova postura ética e diversas empresas passaram a prestar contas de suas
ações e objetivos sociais. A elaboração e divulgação anual de relatórios com informações de caráter
social resultaram no que hoje se chama de Balanço Social.
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A idéia de responsabilidade social das empresas popularizou-se, nos anos 70, na Europa. Porém, o
que pode ser classificado como um marco na história dos balanços sociais, propriamente dito,
aconteceu na França em 72: foi o ano em que a empresa SINGER fez o, assim chamado, primeiro
Balanço Social da história das empresas.

No Brasil a idéia começou a ser discutida na década de 70. Contudo, apenas nos anos 80
surgiram os primeiros Balanços Sociais de empresas. A partir da década de 90 corporações de
diferentes setores passaram a publicar Balanço Social anualmente.

As experiências internacionais (nos EUA, Bélgica, França e Portugal, entre outros) apontam com
clareza que a motivação que leva a elaborar o Balanço Social está ligada à necessidade das empresas
de um planejamento estratégico de amplo alcance. Hoje, mais do que nunca, para o desenho de
planos de desenvolvimento baseados na reorganização produtiva, tecnológica, administrativa e
organizacional é muito importante ter clara a estrutura das variáveis contábeis, propriamente
econômicas, mas também se torna decisivo avaliar o peso das variáveis mais propriamente sócio-
culturais.

Experiência do Balanço Social no Exterior

Abaixo são apresentadas as primeiras experiências em vários países da Europa e nos Estados
Unidos, extraídos de Tinoco (2001).

Estados Unidos Da América

Devido ao estágio mais avançado do capitalismo, foi nos Estados Unidos que se deu início o
debate a respeito da responsabilidade social das empresas. A Guerra no Vietnã foi seu estopim,
surgindo então uma contestação às políticas que vinham sendo adotadas. Foi a partir desse
movimento que surgiram os primeiros relatórios socioeconômicos, que procuravam descrever as
relações sociais na empresa.

Alemanha

A identificação social à ecologia e às condições de trabalho são componentes dos relatórios


alemães. Ainda que não existam nesse país textos legais, certas empresas têm, de sua própria
iniciativa, elaborado os balanços sociais.

Holanda

A Holanda foi o primeiro país do mundo a ter publicado os Social Jarverslag (Relatórios Sociais),
tanto sob a forma de jornal interno, quanto no corpo do relatório anual dos acionistas, ou também
sob a forma de um relatório separado, publicado ao mesmo tempo do relatório anual.

Bélgica

De acordo com Danziger (1983), em 27 de novembro de 1973 foi instituído um decreto real que
exigia a divulgação de diversas informações acerca do desempenho da empresa. Assim, o texto que
regulamenta o Balanço Social congrega desde informações econômicas às sociais.
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Grã-Bretanha

Segundo Danziger (1983, apud Tinoco (2001)), não existe um balanço para os acionistas e um
balanço para o pessoal. O mesmo documento reúne os indicadores úteis para julgar a situação
econômica e para apreciar os dados sociais. Vale ressaltar que não há obrigatoriedade legal de
elaborar e publicar o Balanço Social.

Espanha

Apesar de não ser obrigatória a publicação do Balanço Social, algumas empresas o fazem por
entenderem que as empresas devem ser o mais transparente possível.

França

A França foi o primeiro país do mundo a ter uma lei que obriga as empresas que tenham mais de
300 funcionários a elaborar e publicar o Balanço Social. Segundo Tinoco (2001), este balanço é
bastante paternalista, pois exclui os fatos econômicos dos fatos sociais, como se esses percorressem
caminhos diferentes e excludentes.

Portugal

A primeira experiência do Balanço Social de Portugal data de 1977, com o “estudo sobre as 100
maiores empresas” realizado pela Semap, filial portuguesa do Grupo Metra Internacional. Atualmente,
o Balanço Social é entregue anualmente por todas as empresas com pelo menos 100 pessoas ao
serviço no termo de cada ano civil, qualquer que seja seu regime contratual.

O quadro abaixo mostra o enfoque utilizado na elaboração do Balanço Social em diversos países:

PAÍS BALANÇO SOCIAL – ENFOQUE


Ênfase para os consumidores/clientes e a sociedade em geral; qualidade dos
produtos, controle da poluição, contribuição da empresa às obras culturais,
Estados Unidos
transportes coletivos e outros benefícios à coletividade; abordagem de caráter
ambiental.
Holanda Enfoque em informações sobre as condições de trabalho.
Suécia Ênfase nas informações para os empregados.
Alemanha Enfoque nas condições de trabalho e nos aspectos ambientais.
Inglaterra Ênfase no conceito de stakeholders, relatórios abrangentes.
Enfoque em informações aos empregados; nível de emprego, remuneração,
França
condições de trabalho e formação profissional.
Fonte: LUCA (1998).

Histórico do Balanço Social no Brasil

De acordo com o IBASE, o primeiro indício da mudança de mentalidade empresarial pode ser
notado na “Carta de Princípios do Dirigente Cristão de Empresas” desde a sua publicação, em 1965,
pela Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas do Brasil (ADCE Brasil).

O Balanço Social da Nitrofértil, empresa estatal situada na Bahia, que foi realizado em 1984, é
considerado o primeiro documento brasileiro do gênero, que carrega o nome de Balanço Social.
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Desde o início, o que se procurou no Balanço Social foi um instrumento de integração na


empresa, na busca de interesses comuns entre todos os atores. Neste sentido, o Balanço Social é o
melhor mecanismo de diálogo entre os diversos elementos ligados à empresa.

O Balanço Social, no entanto, só ganhou visibilidade nacional quando o sociólogo Herbert de


Souza, o Betinho, lançou, em junho de 1997, uma campanha pela divulgação voluntária do Balanço
Social.

Situação Atual

Verifica-se que o universo das empresas que praticam o Balanço Social ainda é muito restrito.
Segundo a CVM apenas cerca de 70 empresas publicam seu Balanço Social, de acordo com os dados
disponíveis.

Por fim, a própria gravidade da situação social do Brasil exige que as empresas se dediquem à
questão. Há muitas ações de empresas no campo social que não são divulgadas: o público
desconhece essa faceta das empresas preocupadas. O propósito de cada ação e a maneira como é
realizada pelo empresário são vitais para o desencadeamento de outras dimensões na definição das
políticas públicas.

6. RELAÇÃO ANUAL DAS INFORMAÇÕES SOCIAIS – RAIS

No Brasil, todas as empresas, independentemente do número de empregados, são obrigadas a


preparar a Relação Anual de Informações Sociais - RAIS, que é destinada aos Ministérios do Trabalho
e da Previdência Social.

O Ministério do Trabalho e Emprego aponta que, com o transcorrer do tempo, essa fonte de
dados foi se consolidando como uma das mais abrangentes e confiáveis do País, um verdadeiro censo
anual do mercado formal de trabalho.

Instituída pelo Decreto no 76.900, de 23/12/75, a RAIS tem por objetivos: o suprimento às
necessidades de controle da atividade trabalhista no País; o provimento de dados para a elaboração
de estatísticas do trabalho e a disponibilização de informações do mercado de trabalho às entidades
governamentais.

Dentre os itens que compõem a RAIS, vale destacar aqueles que possuem um caráter social e que
poderiam ser aproveitados na elaboração do Balanço Social, de forma a retratar a composição do
quadro de funcionários da empresa:
- Horas semanais de trabalho dos empregados;
- Tipo de vínculo empregatício;
- Grau de instrução dos empregados;
- Remunerações mensais e benefícios.

Ao governo correspondem duas tarefas situadas nos extremos do processo: procedimentos bem
definidos, um rápido processamento dos dados e uma ágil disseminação dos mesmos. A contribuição
dos empregadores está circunscrita ao correto preenchimento das informações e a conseqüente
entrega da declaração dentro do prazo legal.
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Assim, cabe destacar que a confiabilidade da RAIS é uma responsabilidade compartilhada por
todos os setores que intervêm na sua elaboração. O Governo não foge de suas responsabilidades e
obrigações, mas solicita a colaboração dos demais parceiros.

De acordo com Santos (1998), cerca de 60% das informações da RAIS estão presentes em outros
documentos que as empresas preparam e enviam a organismos específicos do governo.

Também deve ser destacado que os indicadores sociais produzidos através da utilização das
informações advindas da RAIS são bastante limitados, abordando apenas a relação formal de vínculo
empregatício, e, pior, não são disponibilizados para os empregados das entidades ou suas associações
de classe. Todavia é um começo.

Assim, a RAIS passará a ser uma verdadeira fonte de informações sociais, para os trabalhadores e
a sociedade em geral, somente a partir do momento em que for elaborada de forma a permitir que
todos possam acessá-la.

7. RELEVÂNCIA COMO INSTRUMENTO

De acordo com Candido Grzybowski em artigo divulgado no site do IBASE, “o Balanço Social é
uma forma de demonstração para a sociedade de que a questão social está sendo integrada como
questão estratégica e vital da empresa.

Desta forma, o Balanço Social é um instrumento de demonstração das atividades das empresas,
que tem por finalidade conferir maior transparência e visibilidade às informações que interessam não
apenas aos sócios e acionistas das companhias (shareholders), mas também a um número maior de
atores: empregados, fornecedores, investidores, parceiros, consumidores e comunidade
(stakeholders).

Reputação

A busca de uma estratégia social e a efetiva implantação de um instrumento de medida do


sucesso dessa estratégia, através do Balanço Social, poderá criar, como um segundo produto, uma
imagem positiva: uma reputação social para a empresa. Mas, infelizmente existem empresários que
publicam o Balanço Social, sem nada ter a demostrar.

O desempenho econômico está associado à competitividade das empresas, atingida quando uma
empresa formula e implementa com sucesso uma estratégia que cria valor, de forma que outras
empresas não possam replicar os seus resultados, e propicie um retorno para os investidores acima
da média.

Borger (2001), aponta que “A abordagem econômica forçou as corporações a melhorar seu
desempenho financeiro continuamente enquanto se ajustavam, obedecendo às regulamentações nos
vários mercados em que serviam. Ao mesmo tempo, os consumidores, na maior parte dos mercados
internacionais, estão demandando que as empresas produzam produtos e serviços com melhor
qualidade e que sejam consistentes com os valores ambientais e sociais, se desejam permanecer em
ambientes competitivos globais. Fornecedores, agências governamentais e outros parceiros
estratégicos têm-se preocupado com a reputação geral da corporação quando selecionam empresas
para criar alianças. Esses requisitos concorrem para simultaneamente melhorar o desempenho
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financeiro, social e ambiental e encorajar as empresas a procurar maneiras inovadoras de se


relacionar com o ambiente social. Essa postura as leva a adotar estratégias para incrementar sua
reputação”.

Enfim, a reputação tem um efeito positivo no valor de mercado das empresas.

Relevância como Instrumento

Da mesma forma que o balanço clássico ‚ um reflexo do resultado econômico de um negócio, o


Balanço Social deve pôr em evidência a contribuição levada à sociedade.

O Balanço Social visa dar conhecimento, aos agentes externos às empresas, das ações
empresariais que têm impactos não apenas no desempenho financeiro, mas também na relação
capital-trabalho e na geração ou não de riqueza e bem-estar para a sociedade.

O BNDES (2000) evidencia que o Balanço Social, como instrumento de divulgação deste tipo de
informação, pode contribuir para reforçar a imagem institucional de corporações ou das marcas e
produtos a elas associados, na medida em que se apresente não apenas como mais um atributo de
marketing, mas como um demonstrativo da efetiva responsabilidade social assumida e praticada pela
empresa e, como tal, entendida e reconhecida pela sociedade.

Instrumento de Diálogo com as partes interessadas

O Balanço Social amplia a consciência da responsabilidade social da empresa, facilitando a


construção de redes de intervenção. É um meio importante à disposição da empresa para responder
às interpelações da sociedade.

Além de instrumento para melhor viabilizar a participação de todos na gestão da empresa,


permite também que todos os empregados tenham conhecimento dos efeitos sociais gerados pela
empresa.

Instrumento de Diagnóstico Corporativo

O Instituto Ethos também encara o Balanço Social como sendo uma ferramenta de grande
utilidade para um diagnóstico corporativo, uma vez que:
- Permite a compreensão mais abrangente de toda a situação econômica da empresa, por
incorporar fatores relevantes que refletem no desempenho presente e futuro da empresa;
- Auxilia no gerenciamento de impactos propiciando significativa economia de recursos, com a
adoção de novas tecnologias ou procedimentos;
- Permite a avaliação da coerência entre os valores e diretrizes assumidas e a efetivação dos
mesmos, através da análise do desempenho da empresa;
- Possibilita acompanhar a evolução do processo de responsabilidade social da empresa;
- Oferece parâmetros comuns de comparação de desempenho com o de outras empresas,
estabelecendo novos níveis de benchmarks.
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Instrumento de Gestão

Como instrumento de gerenciamento e comunicação do desempenho social, a elaboração do


Balanço Social acolhe, em um primeiro momento, práticas e normas voltadas à sustentabilidade e já
utilizadas pela empresa, tais como: pesquisa de satisfação de clientes, pesquisas de relacionamento
empresa/colaborador, iniciativas de proteção ambiental, resultados de oficinas de trabalho com
fornecedores, etc.

O Balanço Social atua como substrato e catalisador de mudanças promovidas por outras
ferramentas, pois permite a visualização integrada dos instrumentos já utilizados, agregando novas
perspectivas aos processos anteriores ou em curso.

Instrumento de Avaliação

O Balanço Social pode também ser um importante instrumento de esclarecimento para o público
em geral, mas em particular para os capitalistas e investidores, quanto à verdadeira natureza do lucro.

Os analistas do mercado financeiro utilizam os dados constantes no Balanço Social em conjunto


com as Demonstrações Financeiras para subsidiar a avaliação sobre o preço dos papéis que a
companhia tenha no mercado.

Até mesmo os agentes financiadores estão levando em consideração as informações de natureza


social. Em alguns casos, as empresas precisam apresentar, além do projeto que será objeto do
financiamento, um programa de desenvolvimento social na localidade onde será implantado o projeto.

Hoje, as empresas buscam ter cada vez mais práticas de governança corporativa, que envolvem
fatores além da valorização aos acionistas minoritários. Empresa com boa governança tem de ter
também boas relações com as partes interessadas, os stakeholders. Essa boa convivência pode,
inclusive, alterar os preços das ações das empresas na Bolsa.

Aperfeiçoamento do Balanço Social

Do mesmo modo que, em macroeconomia, os índices econômicos começam a ser


complementados – quando não suplantados – pelos indicadores de desenvolvimento humano,
também na empresa os indicadores sociais começam a ser procurados.

A própria competitividade entre as empresas que publicam os seus Balanços Sociais leva ao
aperfeiçoamento cada vez maior do instrumento.

O Balanço Social deve ser divulgado como um conceito referente à responsabilidade social das
empresas, para ajudá-las a serem mais efetivas no campo social, e não como um modelo de
"indicadores mínimos".

Pode-se resumir que os pontos principais para o processo de elaboração do Balanço Social são os
seguintes:
- Participação: O modelo foi criado para garantir a possibilidade de todos os envolvidos se
expressarem e, o Balanço em si, consiste em aferir o nível em que as expectativas do público
em relação à empresa foram atingidas.
14

- Estabelecimentos de metas sociais para a empresa através desse método participativo.


- Planejamento Integrado: o modelo leva naturalmente a integrar os objetivos econômicos e
sociais da empresa em suas estratégias.

8. DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – DVA

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) surgiu inicialmente na Europa, mais precisamente na


França e na Alemanha e constitui-se numa técnica contábil paralela à Demonstração de Origem e
Aplicação de Recursos (DOAR). Também denominada de valor agregado, a DVA representa e destaca
os ganhos, ou seja, a riqueza criada pela empresa através do processo de produção.

Segundo De Luca (1998), a DVA está estreitamente relacionada com o conceito de


responsabilidade social, sendo criada para atender às necessidades de informações dos usuários sobre
o valor da riqueza criada pela empresa e sua utilização.
O valor adicionado de uma empresa representa o quanto de valor ela agrega aos insumos que
adquire num determinado período e é obtido, de forma geral, pela diferença entre as vendas ou
produção e o total dos insumos adquiridos de terceiros.

A DVA de uma empresa identifica a riqueza gerada exclusivamente por ela mesma, demonstra
também a riqueza recebida por transferência e em seguida apresenta a forma como tais riquezas são
distribuídas. (Santos (1998))

DVA e outras demonstrações

Derivada da DRE, a Demonstração do Valor Adicionado espelha a riqueza gerada pela empresa e
como foi sua distribuição entre os diversos elos que compõem a cadeia produtiva, tais como: sócios,
instituições financeiras, funcionários e governo.

Enquanto a demonstração de resultado procura determinar a parcela da riqueza (lucro) que cabe
à empresa e seus acionistas, a demonstração de valor adicionado procura mensurar o total de riqueza
criada e de que forma essa riqueza está distribuída.

Para De Luca (1998), “a evidenciação do valor adicionado conduz à adoção de um novo estilo
gerencial. O envolvimento dos empregados no processo torna-se natural quando eles identificam a
sua importância para os resultados finais da empresa. Isto acontece porque a DVA reflete uma larga
visão de responsabilidade da empresa em termos de remuneração dos fatores de produção. A
demonstração do resultado tem pouco valor motivacional para os empregados, enquanto que a
demonstração do valor adicionado representa a parcela da riqueza criada pela empresa da qual eles
participam e são responsáveis”.

Distribuição do Valor Adicionado

Tinoco (2001) afirma que, do ponto de vista dos agentes sociais, importa saber como o valor
adicionado gerado pela empresa é repartido e quais são os segmentos beneficiários. Estes são:
- O pessoal, que aporta seu trabalho à empresa, recebendo em contrapartida salários e
benefícios sociais;
- Os acionistas, que ao integralizarem o capital da empresa recebem em troca uma
remuneração repartível, o dividendo, e outra de caráter não repartível, as reservas, que
15

aumentam o Patrimônio Líquido da entidade e, portanto, a avaliação da participação de cada


um dos acionistas;
- O Estado, via imposto de renda, e outros impostos diretos, indiretos e taxas;
- Os financiadores, aqueles que aportam recursos à empresa a título de financiamento, sendo
remunerados por juros.

DVA – Uma demonstração Incluída no Balanço Social

A DVA está, sem dúvidas, correlacionada ao Balanço Social. Basicamente, vários dados seriam
comuns, tanto a primeira como ao segundo, como, por exemplo, o total pago em salários aos
empregados, o total de impostos recolhidos pela empresa entre outros. Sendo a origem de dados a
mesma, caberia salientar da importância no sentido de credibilidade para os dados publicados no
Balanço Social, visto que estes teriam sido auditados na DVA.

A DVA é parte integrante do Balanço Social, com o objetivo de proporcionar uma visão sobre a
geração de riqueza pela empresa e a forma de sua distribuição, para os elementos que contribuíram
para sua geração.

A análise da distribuição do valor adicionado identifica a contribuição da empresa para a


sociedade e os setores por ela priorizados. Este tipo de informação serve para avaliar o desempenho
da empresa no seu contexto local, sua participação no desenvolvimento regional, e estimular, ou não,
a continuidade de subsídios e incentivos governamentais.

Ter informações sobre a conduta operacional, econômica e financeira das empresas é um fator
primordial para a gestão governamental, seja municipal, estadual ou federal, principalmente no que
se refere à alocação dos recursos escassos.

Abaixo segue um modelo de DVA:

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

EMPRESA: Em milhares de reais


Pela Legislação em
DESCRIÇÃO Societária Moeda Constante
1 – RECEITAS
1.1) Vendas de mercadorias, produtos e serviços
1.2) Provisão p/ dev. duvidosos – Reversão/(Constituição)
1.3) Não operacionais
2 – INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
(inclui os valores dos impostos – ICMS e IPI)
2.1) Matérias-primas consumidas
2.2) Custos das mercadorias e serviços vendidos
2.3) Materiais, energia, serviços de Terceiros e outros
2.4) Perda/Recuperação de valores ativos
3 - VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)
4 – RETENÇÕES
4.1) Depreciação, amortização e exaustão
5 - VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO
PELA ENTIDADE (3-4)
16

6 - VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM


TRANSFERÊNCIA
6.1) Resultado de equivalência patrimonial
6.2) Receitas financeiras
7 - VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR
(5+6)
8 - DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO
8.1) Pessoal e encargos
8.2) Impostos, taxas e contribuições
8.3) Juros e aluguéis
8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos
8.5) Lucros retidos/prejuízo do exercício

9. BALANÇO AMBIENTAL

Cada vez mais a proteção ao meio ambiente vem tornando-se uma preocupação de muitas
empresas, de formadores de opinião e de parcela significativa da população, em várias partes do
mundo. Isso decorre do elevado nível de degradação do patrimônio natural da humanidade, à medida
que o processo de globalização avança, levando as organizações a se adaptarem para que haja uma
convivência equilibrada com o meio ambiente.

Diante desta alarmante situação, a produção de novas tecnologias foi impulsionada no sentido de
conter, se não eliminar, tais efeitos danosos, dado que a continuidade das atividades econômicas é
fator crucial para o desenvolvimento econômico e social.

Tratando-se de recursos escassos, tais tecnologias têm custos elevados, provocando a resistência
de muitos empresários à sua adoção, visto o desvio da aplicação de recursos nas atividades
operacionais correntes, para investimentos em tecnologias antipoluentes e, principalmente, em função
da redução da margem de lucros no curto prazo.

Segundo Ribeiro (1999), tal resistência começou a ser quebrada diante das pressões dos
movimentos ambientalistas locais e internacionais, quanto ao estágio e gravidade da degradação do
meio ambiente, as quais motivaram a implementação de ações governamentais mais rigorosas, e que
por fim culminaram com surgimento da consciência de responsabilidade social das empresas.

O Papel da Contabilidade

Para Christophe (1992, apud Tinoco (2001)), a Contabilidade Ambiental pode ser definida como
“um sistema destinado a dar informações sobre a rarefação dos elementos naturais, engendrado,
pelas atividades das empresas e sobre as medidas tomadas para evitar essa rarefação”. A
Contabilidade Ambiental envolve o Ecobilan, o valor adicionado negativo e o Balanço Ambiental.

Contabilidade Tradicional Contabilidade Ambiental


Contabilidade Gerencial “Ecobilan”
Contabilidade Geral Valor adicionado negativo
Balanço Social (Lei Francesa de 1977) Balanço Ambiental ou Balanço Ecológico
17

Balanço Ambiental

O balanço ambiental é um desdobramento do Balanço Social e desloca o foco da relação


empresa/pessoa para a relação empresa/ambiente natural. O título escolhido – balanço ambiental –
faz sentido porque resulta da percepção da existência de ativos ambientais e passivos ambientais.

Mensuração dos Ativos e Passivos Ambientais

Enquanto a Contabilidade tradicional procura medir o desempenho da empresa com base no


consumo de recursos de capital alocados pelo homem, a Contabilidade Ambiental pretende mensurar
todos os recursos de capital consumidos.

Carvalho (1991, apud Tinoco (2001)) afirma que deveriam ser divulgados os ativos, as despesas e
os passivos relacionados com o meio ambiente, onde:
- Ativos e despesas: são os recursos financeiros aplicados em equipamentos de proteção a
danos ecológicos e as despesas de sua manutenção ou de correção dos efeitos dos tais
danos.
- Os passivos são de três categorias:
- Regulatória: referente à conduta mandatória vigente decorrente de atos legais;
- Corretiva: para fazer face às contaminações provocadas por danos ecológicos;
- Indenizatória: para atender a reclamações judiciais de danos à pessoa ou à propriedade
decorrentes de desastres ecológicos.

A grande discussão refere-se à avaliação e à divulgação dos passivos decorrentes dos danos
causados ao meio ambiente e dos recursos alocados para a medida de correção e proteção, bem
como do registro ou não da contabilidade financeira, uma vez que a grande maioria das legislações
tributárias e mesmo comercial de diferentes países só permite o correspondente registro quando
pagas as indenizações decorrentes de danos ao meio ambiente, ou quando existem fortes evidências
da existência de danos, que terão de ser ressarcidos ou indenizados.

A Importância do Passivo Ambiental

A identificação e divulgação do passivo ambiental, além de ser útil na evidenciação da


responsabilidade social das empresas, são de grande relevância para avaliação das condições de
continuidade destas, bem como dos riscos oferecidos pela sua manutenção e passíveis de afetarem
aqueles que lhes confiam recursos.

O Passivo Ambiental das empresas pode ser identificado, entre outras formas, através dos EIA’s
(Estudo de Impacto Ambiental) e dos RIMA’s (Relatório de Impacto ao Meio Ambiente), exigidos pelos
órgãos técnicos de controle ambiental e responsáveis pela autorização de instalação e funcionamento
das empresas. Ribeiro (1999) aponta que, no Brasil, estes documentos passaram a ser exigidos,
também, para concessão de crédito por instituições governamentais ou repasses de créditos
concedidos por agências nacionais e internacionais.

Nas negociações de empresas – compra e venda – a identificação do Passivo Ambiental tornou-se


um quesito elementar, dada a responsabilidade que poderá ser imputada aos novos proprietários
pelos efeitos nocivos ao meio ambiente provocados pelo processo operacional da companhia ou pela
18

forma como os resíduos poluentes foram tratados. E isto pode gerar significativos impactos no fluxo
financeiro e econômico da organização.

A apuração contábil do desempenho das empresas, através da demonstração de resultados –


pode evidenciar o montante de recursos consumidos naquele período específico para a proteção,
controle, preservação e restauração ambiental, como também, identificar o montante de gastos com
penalidades e multas.

Responsabilidade Ambiental e Corporativa

Tinoco (2001) enfatiza que as principais dificuldades que se apresentam quanto à elaboração de
um balanço ambiental são a mensuração e a correta identificação dos ativos e passivos envolvidos,
bem como o padrão de acumulação que possa facilitar a operacionalização do processo contábil.

Além disso, muitas barreiras e dificuldades terão de ser vencidas, para que possa ser difundida
uma cultura empresarial convergente para a adequada divulgação dos danos ambientais efetivados ou
potenciais, decorrentes das atividades econômicas.

A Questão da Divulgação

A evidenciação dos aspectos econômico-financeiros dos eventos e transações de natureza


ambiental não precisa ficar condicionada aos padrões das demonstrações contábeis. Um relatório à
parte pode divulgar os resultados obtidos pelos esforços da companhia na contenção dos danos ao
meio ambiente, o qual servirá, entre outros, aos gestores das áreas operacionais envolvidas para
orientação quanto às medidas e recursos necessários para aperfeiçoamento ou manutenção dos
melhores resultados.

Expectativa dos Usuários da Informação

Qualquer que seja o usuário da informação ambiental, poderá estar interessado na identificação
dos riscos de eventual descontinuidade e das perspectivas de continuidade, tendo em vista as ações e
pressões governamentais, da comunidade financeira, de crédito, e da sociedade em geral. São eles os
investidores privados, os analistas financeiros, o Estado e um outro grupo de usuários potenciais da
Contabilidade ambiental, que são as associações de defesa do meio ambiente.

10. PROPOSTA DE PADRONIZAÇÃO

Primeiramente, é preciso definir quais são as informações essenciais e relevantes à elaboração de


um Balanço Social. Deve-se buscar demonstrar tudo aquilo que é intrínseco, porém não nítido à
sociedade.

Não se pode deixar que o Balanço Social deixe de ser um instrumento gerencial social, para um
fator de distanciamento entre empresa, sociedade, colaboradores e governo. Explicitar informações o
mais claro possível é primordial para a aceitação e correta utilização deste instrumento revolucionário
do gerenciamento.
19

Um Balanço Social não deve ser uma peça publicitária. Conseqüentemente, deve expressar
informações condizentes e claras. O gestor deve procurar distinguir investimentos econômicos da
empresa no social, daqueles obrigatórios por lei ou por contratos e acordos coletivos.

Definir um modelo para esta demonstração, ou escolher indicadores de controle e análise para
ela, deve ser uma tarefa definida de maneira participativa, com representantes de todos os níveis da
empresa, e não apenas pela alta diretoria. Indicadores que reflitam o desempenho da empresa no
campo humano e social são essenciais para dar maior credibilidade ao Balanço Social, assim como a
indicação do grau de satisfação dos empregados.

O mais importante é fazer o uso correto do Balanço Social no sentido estratégico do planejamento
organizacional. Deve-se tomar por base o resultado de um período e sua variação, para objetivar
metas para os próximos exercícios.

A Importância de ter uma Metodologia

Embora ainda não seja uma obrigação legal a prática da elaboração, análise e divulgação do
Balanço Social, será cada vez mais adotada por um número maior de organizações interessadas em
demonstrar para os seus clientes, acionistas e a sociedade em geral que, além das suas metas de
lucratividade e rentabilidade, existe uma preocupação com a responsabilidade social da organização e
com os impactos da sua atuação no ambiente físico e social ao seu redor.

Torna-se essencial o estabelecimento de uma metodologia para o levantamento, quantificação e


organização das informações necessárias para compor o documento.

A inexistência de regras definidas para o conteúdo faculta às empresas selecionarem as


informações que desejam divulgar.

Assim, para além das poucas linhas que algumas empresas dedicam nos seus balanços
patrimoniais e dos luxuosos modelos próprios de Balanço Social que estão surgindo, é necessário um
modelo único - simples e objetivo. Este modelo vai servir para avaliar o próprio desempenho da
empresa na área social ao longo dos anos, e também para comparar uma empresa com outra.

O Balanço Social não deve ser entendido como uma réplica do balanço financeiro, adaptado ao
campo social. Por outro lado, se a forma de apresentação for muito livre e flexível, o documento pode
não cumprir com o seu propósito de expressar objetivamente os resultados do exercício da
responsabilidade social.

Em resumo, o Balanço Social deve se constituir em um instrumento adequado às atividades de


planejamento, acompanhamento, avaliação, e divulgação do desempenho sócio-ambiental da
empresa.

Modelo de Balanço Social Proposto pelo IBASE

Por entender que a simplicidade é a garantia do envolvimento de um maior número de


corporações, o IBASE, em parceria com diversos representantes de empresas públicas e privadas, a
partir de inúmeras reuniões e debates com vários setores da sociedade, desenvolveu um modelo que
20

tem a vantagem de estimular todas as empresas a divulgar seu Balanço Social, independente do
tamanho e setor.

Se a forma de apresentação das informações não seguir um padrão mínimo, torna-se difícil uma
avaliação adequada da função social da empresa ao longo dos anos. A predominância de dados que
possam ser expressos em valores financeiros ou de forma quantitativa é fundamental para enriquecer
este tipo de demonstrativo. É claro que nem sempre correlacionar fatores financeiros com fatos
sociais é uma tarefa fácil, porém, os indicadores desenvolvidos no modelo IBASE ajudam nas análises
comparativas da própria empresa ao longo do tempo ou entre outras do mesmo setor. No modelo
sugerido pelo IBASE, a sociedade e o mercado são os grandes auditores do processo e dos resultados
alcançados.

Baseando-se nessa realidade e objetivando entender qual a estrutura básica das propostas
brasileiras, transcreve-se aqui, o modelo formulado pelo IBASE, o qual encontra-se exposto em seu
site na Internet:

Balanço Social Anual – 2002

1) Base de Cálculo 2002 2001


Valor (Mil Reais) Valor (Mil Reais)
Receita Líquida (RL)
Resultado Operacional (RO)
Folha de Pagamento Bruta (FPB)
2) Indicadores Sociais Internos Valor %Sobr %Sobre Valor %Sobr %Sobre
(Mil R$) e FPB RL (Mil R$) e FPB RL
Alimentação
Encargos sociais compulsórios
Previdência privada
Saúde
Segurança e medicina no trabalho
Educação
Cultura
Capacitação e desenvolvimento profissional
Creches ou auxílio-creche
Participação nos lucros ou resultados
Outros
Total - Indicadores Sociais Internos
3) Indicadores Sociais Externos Valor %Sobr %Sobre Valor %Sobr %Sobre
(Mil R$) e RO RL (Mil R$) e RO RL
Educação
Cultura
Saúde e saneamento
Habitação
Esporte
Lazer e diversão
Creches
Alimentação
Outros
Total das Contribuições para a Sociedade
Tributos (excluídos encargos sociais)
Total – Indicadores Sociais Externos
4) Indicadores Ambientais
Relacionados com a operação da empresa
Em Programas e/ou projetos externos
Total dos Investimentos em Meio Ambiente
5) Indicadores do Corpo Funcional
Nº de empregados ao final do período
Nº de admissões durante o período
Nº de empregados terceirizados
21

Nº de empregados acima de 45 anos


Nº de mulheres que trabalham na empresa
% de cargos de chefia ocupados por mulheres
Nº de negros que trabalham na empresa
% de cargos de chefia ocupados por negros
Nº de empregados portadores de deficiência
6) Informações Relevantes quanto ao Exercício da Cidadania Empresarial
Relação entre a maior e a menor remuneração na empresa
Número total de acidentes de trabalho

Os projetos sociais e ambientais desenvolvidos pela ( ) pela ( ) ( ) todos os ( ) pela ( ) ( ) todos os


direção direção e empregados direção direção e empregados
empresa foram definidos:
gerências gerências
Os padrões de segurança e salubridade no ambiente de ( ) pela ( ) ( ) todos os ( ) pela ( ) ( ) todos os
direção direção e empregados direção direção e empregados
trabalho foram definidos:
gerências gerências
A previdência privada contempla: ( ) direção ( ) ( ) todos os ( ) direção ( ) ( ) todos os
direção e empregados direção e empregados
gerências gerências
A participação nos lucros ou resultados contempla: ( ) direção ( ) ( ) todos os ( ) direção ( ) ( ) todos os
direção e empregados direção e empregados
gerências gerências
Na seleção dos fornecedores, os mesmos padrões éticos e
( ) não são ( ) são ( ) são ( ) não são ( ) são ( ) são
de responsabilidade social e ambiental adotados pela
considerados sugeridos exigidos considerados sugeridos exigidos
empresa:
Quanto à participação dos empregados em programas de
trabalho voluntário, a empresa: ( ) não se ( ) apóia ( ) organiza ( ) não se ( ) apóia ( ) organiza
envolve e incentiva envolve e incentiva

Percebe-se que os tópicos sugeridos nesse Balanço Social deverão ser modificados (ampliados ou
reduzidos) de acordo com a realidade da entidade. Portanto, cabe ao grupo responsável pela sua
preparação estudar e escolher a melhor forma de apresentação, ou seja, poderão ser incluídos dados
em forma de indicadores, de gráficos representativos, de valores monetários, de descrições, entre
outras possibilidades.

Cabe ressaltar que a proposta do IBASE é extremamente oportuna e rastreia grande número de
informações sociais e ambientais, que são de imensa valia para análises do desempenho responsável
da entidade, e também servirão de parâmetro para previsões orçamentárias da própria organização e
das instituições governamentais.

MODELO DO RELATÓRIO SOCIAL – INSTITUTO ETHOS

Referenciais Utilizados

De acordo com o Instituto Ethos “o alinhamento de conceitos, conteúdos mínimos e indicadores


utilizados na elaboração dos relatórios sociais vêm gerando, como demonstram estudos e iniciativas
(nacionais e internacionais), esforços de padronização, como forma de asseverar a relevância,
abrangência e confiabilidade das informações, e possibilitar comparações e, até mesmo,
questionamentos quanto à consistência dos parâmetros utilizados. Assim, o alinhamento agrega valor
ao relatório, tanto na perspectiva da empresa como dos possíveis usuários”.

O Instituto Ethos optou tomar por base a estrutura e conteúdo de relatórios sociais propostos pela
Global Reporting Initiative (GRI), pelo Institute of Social and Ethical Accountability (ISEA), assim como
a associação entre Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial - Versão 2001 e Modelo
de Balanço Social do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE).

O Instituto Ethos associou as três propostas e os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social


Empresarial, o que se mostrou ser uma opção coerente como base para o desenvolvimento da
22

proposta do Relatório e Balanço Anual de Responsabilidade Social Empresarial. Como conseqüência,


optou-se por estruturar os indicadores que demonstram o desempenho da empresa nos seguintes
aspectos:
- Econômico: valor adicionado, produtividade e investimentos;
- Social: bem-estar da força de trabalho, direitos do trabalhador e direitos humanos, promoção
da diversidade, investimentos na comunidade, entre outros;
- Ambiental: impactos dos processos, produtos e serviços no ar, água, terra, biodiversidade e
saúde.

Estrutura do Relatório Anual de Responsabilidade Social Empresarial

A seguir é apresentada a estrutura proposta pelo Instituto Ethos para o Relatório Anual de
Responsabilidade Social Empresarial (Balanço Social).

Na concepção dessa estrutura o Instituto Ethos buscou considerar itens que possam ser aplicados
a qualquer tipo de organização, independente do seu porte ou segmento de atuação. O Instituto
Ethos aponta que, caso algum desses itens não seja considerado relevante para determinada
empresa, deve-se justificar a sua não inclusão.

Recomenda, ainda, que seja utilizada a mesma seqüência em que os itens são aqui apresentados,
a qual garante integridade e encadeamento lógico ao relatório, o que facilita a comparação e
realização de benchmarking entre empresas.

Apresentação
01. Mensagem do Presidente
02. Perfil do Empreendimento
03. Setor da Economia

Parte I - A Empresa
04. Histórico
05. Princípios e Valores
06. Estrutura e Funcionamento
07. Governança Corporativa

Parte II - O Negócio
08. Visão
09. Diálogo com Partes Interessadas
10. Indicadores de Desempenho
10.1 Indicadores de Desempenho Econômico
10.2 Indicadores de Desempenho Social
10.3 Indicadores de Desempenho Ambiental

Anexos
11. Demonstrativo do Balanço Social (modelo IBASE)
12. Iniciativas do Interesse da Sociedade (Projetos Sociais)
13. Notas Gerais
23

Considerações Gerais

Não há dúvida de que a elaboração e divulgação de relatórios sociais são um processo recente no
Brasil e no mundo, o que supõe um esforço adicional para a aprendizagem e o compartilhamento das
experiências vividas pelas organizações.

Como forma de acelerar a aprendizagem e facilitar o compartilhamento entre as empresas, o


Instituto Ethos recomenda que alguns critérios qualitativos sejam observados na preparação do
relatório. Esses critérios visam, acima de tudo, garantir a credibilidade frente aos diferentes públicos.
São eles:
- Relevância: As informações apresentadas no relatório serão julgadas úteis caso sejam
percebidas como relevantes pelos seus diferentes usuários.
- Veracidade: As informações serão consideradas confiáveis na medida em que revelem
neutralidade e consistência na sua formulação e apresentação.
- Clareza: Deve-se levar em conta a variedade de públicos que farão uso do relatório, o que
exige clareza na sua elaboração como forma de facilitar o entendimento.
- Comparabilidade: Uma das expectativas dos usuários do Relatório Anual de Responsabilidade
Social é a possibilidade de comparação dos dados apresentados pela empresa com períodos
anteriores e com outras organizações, o que exige consistência na escolha, mensuração e
apresentação dos indicadores.
- Regularidade: Para garantir que os diferentes públicos possam acompanhar os resultados e
tendências de natureza econômica, social e ambiental da empresa, o relatório deve ser
apresentado em intervalos de tempo regulares.
- Verificabilidade: Apesar de não ser uma prática exigida, a verificação e auditoria das
informações contidas no relatório contribuem para sua credibilidade.

11. VOLUNTÁRIO OU OBRIGATÓRIO

Tornar ou não obrigatório o Balanço Social? Esta é uma questão que merece destaque e a
atenção da sociedade e dos estudiosos.

Segundo o BNDES (2000), na origem do debate brasileiro sobre o Balanço Social as principais
polêmicas relacionaram-se à obrigatoriedade, aos custos adicionais decorrentes e ao tipo de
indicadores que deveriam ser apresentados.

A Questão da Legislação

O surgimento de uma legislação que torne obrigatória a elaboração e divulgação do Balanço


Social das empresas provoca a preocupação de que resulte num processo semelhante ao que
aconteceu na França: emaranhado burocrático. Muitas empresas que estavam estudando a
implantação de seu Balanço Social paralisaram o processo diante da perspectiva de obrigatoriedade
da publicação.

A Posição da CVM

Inicialmente, a CVM elaborou e colocou em audiência pública uma minuta de instrução em que
estabelecia a obrigatoriedade da divulgação de um conjunto de informações de natureza social.
Muitas sugestões foram oferecidas, mas o aspecto mais importante é que não foi obtido consenso
24

quanto à divulgação obrigatória do Balanço Social. Em decorrência, a CVM, sensível a todos os


argumentos apresentados, resolveu não emitir qualquer ato normativo obrigando a elaboração e a
divulgação do Balanço Social.

O Problema de um Modelo

A obrigatoriedade da publicação de um Balanço Social leva à necessidade de definir um modelo


que pode não levar em conta as particularidades de cada empresa e, com isso, o Balanço Social pode
deixar de ser um instrumento de participação de todos os que têm algum interesse na empresa.

A Importância da Publicação Voluntária

Entretanto, com a instituição da obrigatoriedade da apresentação ao término do exercício, esta


demonstração estaria se tornando apenas mais um formulário a ser entregue ao governo, com
modelo e itens pré-estabelecidos.

No momento em que a empresa assume um papel passivo na execução do Balanço Social, sendo
uma mera prestadora de informações preestabelecidas, o governo corre o risco de estar contribuindo
para que a empresa venha a expressar a inverdade sobre os fatos, apenas para satisfazer uma norma
legal.

Elaborar o Balanço Social é um estímulo à reflexão sobre as ações das empresas no campo social.
Tornar o Balanço Social obrigatório seria uma forma, mesmo que inconsciente, de tirar sua
importância como forma de espontaneidade da empresa.

12. CASO PRÁTICO

A Scania, uma grande empresa do setor automotivo, foi selecionada para constar da parte prática
deste trabalho pois possui relatório social publicado no período escolhido e apresenta um grande
engajamento em relação ao seu desempenho social.

Empresa

Há quase meio século, a Scania está presente no mercado latino-americano, sendo que o Brasil
foi escolhido para abrigar a primeira fábrica da empresa construída fora da Europa. A unidade de São
Bernardo do Campo, que ocupa uma área total de 350 mil m2, com 130 mil m2 de área construída, foi
inaugurada em 1957. A atuação da empresa sempre foi marcada pela inovação e pelo pioneirismo.

O Brasil, hoje, é um dos mais importantes mercados para os produtos Scania em todo o mundo.
Em 2001, com a venda de 5.266 caminhões, 853 ônibus e 2.042 motores, o país ocupou o primeiro
lugar absoluto entre todas as outras unidades da empresa.

Visão

A Scania será a empresa líder em seu setor, criando valor durável para seus clientes,
colaboradores, acionistas e outros participantes de seu capital.
25

Missão

A missão da Scania é fornecer aos seus clientes veículos de alta qualidade, para o transporte de
bens e passageiros por rodovia. A Scania criará valor agregado para o cliente e crescerá com
lucratividade sustentada. Portanto, a Scania cria valor para seus acionistas.

Mercado e Produtos

A Scania é um dos líderes mundiais na fabricação de caminhões pesados, ônibus e motores


industriais e marítimos.

QUESTIONÁRIO SCANIA

Foi aplicado um questionário estruturado aos responsáveis pela elaboração do Relatório de


Atividades Sociais e Ambientais de 2001, contendo 50 questões abordando todo o conteúdo do
presente trabalho. Vale ressaltar que muitas das questões não foram respondidas pelos entrevistados,
e sendo assim, nem todos os tópicos estarão retratados na descrição. Abaixo apresentamos uma
síntese das respostas obtidas.

Responsabilidade Social

A Scania não possui uma política de Responsabilidade Social definida e formal, e sim um
compromisso moral. A alta administração se preocupa com o ser humano, com a qualidade, o meio
ambiente e a responsabilidade social. Esse compromisso da procura atingir os funcionários, familiares
e uma pequena parcela da comunidade.

Os funcionários são muito participativos e engajados. Há funcionários que organizam trabalhos


voluntários, que são realizados dentro do clube (outra instituição ligada à Scania). O clube fornece o
espaço para os encontros e festas de arrecadação. A empresa também possui o PSM – Programa
Scania de Melhorias, específico para os funcionários apresentarem sugestões sobre processos e
produtos.

Por enquanto a Scania não pretende formalizar uma política na área social. O relatório social
publicado em 2001 é apenas um embrião. A empresa é consciente de que, para se ter um Balanço
Social, é preciso ter requisitos mínimos e atualizar as informações anualmente, e a empresa ainda não
possui estrutura para estar acompanhando todos os requisitos.

A conduta da Scania em relação ao meio ambiente está definida na política ambiental da empresa
e está disponível na Internet. O relatório ambiental sintetiza todo o trabalho e filosofia da Scania em
relação ao meio ambiente.

Os impactos das operações no meio ambiente são definidos e avaliados seguindo o modelo
previsto na ISO 14001. O mapeamento dos aspectos e impactos é feito de uma maneira formal,
através de metodologia definida em procedimento e controles diversos são estabelecidos em relação
aos mesmos.

Com relação aos critérios utilizados para avaliar o desempenho total dos negócios operados pela
empresa, têm-se:
26

- Aspectos de desempenho da produção (economia de recursos ambientais, humanos, financeiros,


materiais e patrimoniais): uma das frentes do trabalho ambiental da Scania está voltado a
redução de recursos naturais mais pelo lado da preservação que do ganho econômico (que acaba
ocorrendo).

- Aspectos de satisfação nas relações de trabalho: anualmente é feita uma pesquisa junto aos
clientes na qual ele é questionado sobre sua satisfação em relação a performance ambiental do
produto Scania (em termos de consumo, emissões, etc.). Quanto aos funcionários, a matriz
realiza uma pesquisa bianual com todos eles, sobre o grau de satisfação em relação a maneira
como são conduzidas as questões ambientais.

- Aspectos da contribuição da empresa para o desenvolvimento de uma sociedade sustentável:


através do atendimento à legislação, estabelecimento de objetivos e ações visando a redução e
controle dos impactos ambientais e melhoria da performance do produto Scania, estamos
contribuindo para uma sociedade sustentável.

Balanço Social

A iniciativa para a publicação partiu da Scania Partner, uma área de serviços interna da Scania
Brasil. A Scania possui um grupo de trabalho que coordena a elaboração do Balanço Social, sendo que
cada pessoa pertence a uma área da empresa que tenha a ver com essas atividades.

A empresa não se utilizou de consultoria, no entanto revelou que entrou em contato com o
Instituto Ethos. A Scania procurou se inspirar em modelos de outras empresas, algumas baseadas no
modelo do Instituto Ethos, mas sem se preocupar com os indicadores. O relatório é feito de forma
que no futuro sirva de base para um Balanço Social, levando os itens para a realidade da empresa,
mostrando aquilo que a Scania mais se preocupa com relação ao ser humano.

O relatório foi dividido em cinco grandes grupos: produto, sistema de gestão integrada, pessoal,
ambiente de trabalho e assistência ao colaborador (serviços). Esses são os tópicos de maior
preocupação da Scania. A empresa considera que cumpre praticamente tudo o que apregoa um
Balanço Social. No que dita a responsabilidade social, com relação às leis e documentação está
praticamente tudo implantado.

A Scania acredita que até seria possível fazer um Balanço Social, mas a empresa considera que
ainda não é o momento, pois são necessários muitos controles. Seria preciso uma área exclusiva que
se dedicasse somente a esses assuntos.

Histórico

O primeiro relatório social da empresa foi publicado há aproximadamente 10 anos, sendo que ele
abordava mais os tópicos de assistência ao colaborador. Já o relatório de 2001 é bem mais rico em
detalhes se comparado ao anterior.

A Scania Suécia possui um relatório de atividades ambientais que envolve todo o grupo Scania.
Como é um relatório muito abrangente, ele era um pouco superficial e não atendia às necessidades
do Brasil. Assim, apesar da matriz possuir o seu próprio relatório, ele não foi utilizado como base para
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a publicação do relatório da Scania Brasil. A iniciativa foi nacional. Como não há uma regra geral para
a publicação que venha da matriz, o Brasil optou por desenvolver seu próprio modelo.

Por não se tratar especificamente de um Balanço Social, a Scania não possui o compromisso de
publicá-lo anualmente. Há a intenção de que o relatório seja bianual, no entanto, vai depender das
disponibilidade de tempo e recursos.

A Scania não “amarra” o conteúdo do relatório com as outras áreas porque não é publicado o
balanço patrimonial. Não é uma sociedade anônima.

Relevância Como Instrumento

O Balanço Social na Scania é mais um instrumento de motivação aos funcionários do que um


instrumento de gestão. O relatório pode ser visto como um instrumento de marketing pois ele mostra
que a empresa tem uma preocupação com o ser humano. Além de servir para motivar os
funcionários, ele também serve para mostrar ao usuário o que a empresa faz, e também informa
quais os recursos ele pode estar utilizando.

A Scania ainda não avaliou a questão da obrigatoriedade da publicação do Balanço Social. A


empresa pondera que, no Brasil, se a publicação for obrigatória, muitas empresas iriam “maquiar” o
relatório. No entanto, caso a lei que aponte a obrigatoriedade seja aprovada, a Scania estará
preparada.

É importante salientar que há casos e casos e que vai depender do grau de envolvimento,
honestidade e transparência. A publicação do Balanço Social deve ser uma consciência e não mais
uma burocracia.

Balanço Ambiental

A questão ambiental faz parte da gestão global da empresa e todas as unidades do grupo
possuem a certificação ISO 14001. O produto Scania, inclusive, é quase todo reciclável e há
programas internos de conscientização ambiental.

Todos os processos possuem procedimentos visam o controle dos aspectos e impactos gerados
além de objetivos e metas voltados a redução do consumo de recursos, de emissões no ar, água e
solo. A preocupação com o meio ambiente sempre fez parte da filosofia da empresa, mas é
acompanhado de maneira formal desde 1995, sendo que os resultados têm sido bastante satisfatórios
para a Companhia.

A empresa afirma que não tem passivo ambiental e não realiza uma “provisão ambiental” em
função de possíveis degradações ambientais, visto que ela não identifica essa necessidade.

No entanto, a Scania está estudando atualmente a possibilidade de ter um seguro para passivo
ambiental. Por exemplo, tal seguro aplicar-se-ia a quaisquer despesas pela descontaminação de solo
em locais industriais ou recuperação do meio ambiente dos arredores.

Sua forma de demonstrar os resultados é através do relatório ambiental, juntamente com sua
política de responsabilidade ambiental, que estão disponíveis na internet.
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13. ANÁLISE DOS RESULTADOS

Analisando o Relatório Social da Scania e suas políticas e valores declarados e praticados,


observa-se que a empresa possui uma grande preocupação com a responsabilidade ambiental, ou
seja, procura posicionar-se de forma que seu processo produtivo não seja agressivo ao meio
ambiente, otimizando a utilização dos recursos escassos e desenvolvendo produtos que possam ser
reciclados e re-aproveitados.

No que diz respeito à responsabilidade social, a empresa está começando a dar os “primeiros
passos”, uma vez que ainda não possui uma política definida e ela está mais voltada a cumprir as
obrigatoriedades previstas em lei, não possuindo uma postura pró-ativa de atuação junto aos
stakeholders.

Na verdade, seu Relatório funciona como um material de “Boas Vindas” a novos funcionários e
clientes, de forma que os mesmos possam conhecer um pouco da empresa e seus benefícios.

Por fim, a Scania apresenta um trabalho que pode ser considerado um embrião para um futuro
Balanço Social. É um bom começo para a empresa mapear e organizar todos os seus processos, de
forma a envolver a participação de diversas áreas da Cia., para que assim sejam tomadas medidas
conciliatórias aos interesses de todos e seja feito um retrato mais fiel e transparente da realidade da
empresa.

14. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A divulgação dos conceitos assim como dos resultados da aplicação do processo de Balanço Social
é de suma importância, pela iniciativa de despertar o interesse público, de registrar os fatos e de dar
seqüência às ações sociais das empresas.

O Balanço Social não é um fim, ele é o meio pela qual uma empresa presta contas à sociedade de
sua conduta social. O conteúdo do Balanço Social deve ser verdadeiro, reconhecido pelas partes
interessadas, mesmo que não seja completo. A elaboração do Balanço Social pode e deve tornar-se
um instrumento vivo para as definições estratégicas.

Segundo Peter Nades (Ashley, 2002), há várias formas de visualizar a importância do Balanço
Social. Essas visões podem ser sintetizadas da seguinte forma:

Há uma visão legalista que pretende definir, por meio de leis específicas, o papel social da
empresa, obrigando-a a publicar seu Balanço Social. Em segundo lugar, vem a perspectiva contábil
do Balanço Social que consiste na somatória dos valores gastos nas ações consideradas sociais pela
empresa. Uma terceira perspectiva provém de uma visão de interesse próprio e alimenta um processo
de marketing, utilizando a existência de um Balanço Social como argumento de demonstração da
preocupação da empresa com os aspectos sociais de sua atuação. Um quarto grupo de conceitos,
finalmente, é o das empresas que, genuinamente preocupadas com a sua responsabilidade perante os
diversos públicos com os quais se relacionam, agem de forma participativa e o seu Balanço Social
consiste em medir o grau em que a sua estratégia de ação no campo social atende as expectativas
desses públicos, de ano em ano.
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Enfim, apesar de existirem empresas que se enquadrem em cada um dos conceitos citados por
Peter Nades, espera-se que, com o passar do tempo e a experiência adquirida na elaboração e
publicação do Balanço Social, todas as empresas consigam chegar e atuar no último estágio citado por
Nades.

BIBLIOGRAFIA

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Setorial nº 2 BNDES – Área Social da Gerência de Estudos Setoriais (AS-GESET), Março 2000.

BORGER, Fernanda Gabriela. Responsabilidade social: efeitos da atuação social na dinâmica


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www. gife. org. br


www. ibase. org. br
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