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INTRODUÇÃO
Vivemos numa sociedade hiper, mega, ultra conectada. O fluxo de informações que trafega por vias digitais é
praticamente ilimitado. O grande problema disso é que os zilhões de dados que perpassam o cérebro humano
diariamente, são infinitamente maiores do que a nossa capacidade de processamento. Uma enxurrada aleatória de
imagens, áudios e textos invadem o cérebro das pessoas provocando um bug neuronal, transformando indivíduos
superinteligentes em seres semiautômatos, incapazes de refletirem sobre a realidade, até mesmo no que concerne
aos assuntos básicos da vida.
É nesse caleidoscópio virtual, que, de forma quase imperceptível, agem os promotores da chamada “engenharia
social”, que por meio de ideologias malignas, torcem, ou mesmo mudam o significado de palavras e imagens, com
o objetivo de convencer as pessoas sobre determinados temas, produzindo um senso próprio sobre o certo e o
errado dissociado dos princípios balizadores da moral judaico/cristã. Estamos testemunhando o surgimento de
uma civilização completamente indiferente as verdades eternas reveladas na Bíblia Sagrada, que serviram de base
para a formação da cultura ocidental.
Nesse tenebroso pântano de ideologias destruidoras, a família, enquanto instituição divina, tem sido alvo de
violentos ataques, cujos efeitos desagregadores, infelizmente, já podem ser sentidos na sociedade. Por essa razão,
durante todo o ano de 2023, com a ajuda de Deus estudaremos sobre algumas dessas ideologias, os perigos que
elas representam, e como evitar que a nossa família venha a sucumbir aos seus ataques. Nessa aula introdutória,
aprenderemos sobre o que é ideologia e como elas agem nas pessoas.
I. O QUE É IDEOLOGIA
Ideologia é um termo bastante difuso, estendendo-se em várias direções, carregando diversos sentidos. Segundo
o dicionarista Antônio Houaiss, ideologia é um “sistema de ideias (crenças, tradições, princípios e mitos) interdependentes,
sustentadas por um grupo social de qualquer natureza ou dimensão, as quais refletem, racionalizam e defendem os próprios interesses
e compromissos institucionais, sejam estes morais, religiosos, políticos ou econômicos.”1, Para defender interesses pessoais,
qualquer pessoa ou grupo poderá elaborar um sistema de ideias e disseminá-lo sem nenhum compromisso com a
verdade, enredando assim, os desavisados.
Dentre as muitas acepções do termo, Terry Eagleton, define ideologia como a “comunicação sistematicamente
distorcida; e a confusão entre realidade linguística e realidade fenomenal”.2 Nesta definição, fica claro que uma ideologia pode
ser altamente prejudicial ao indivíduo por distorcer de forma sistemática e intencional a realidade, fazendo
prevalecer a visão do ideólogo. Por exemplo, quando alguém diz que o conceito de família é fluido e que essa
instituição pode ser configurada de acordo com a preferência de cada pessoa, está distorcendo o padrão divino de
família que foi estabelecido por Deus no momento da sua criação (Gn 2.24). Ou seja, como sabemos, a família
1
Silva, Isaac. Macho Nasce Macho, Fêmea Nasce Fêmea: Desmascarando a falaciosa ideologia de gênero (p. 12). Edição do Kindle.
2
Eagleton, Terry. Ideologia (2ª edição) (p. 18). Boitempo Editorial. Edição do Kindle.
tem início com o casamento entre um homem e uma mulher. Qualquer coisa fora disso, não passa de ideologia
maligna.
Portanto, considerando que as ideologias têm a ver com a comunicação de uma visão de mundo (cosmovisão),
em geral, distorcida e dissimulada, urge que estejamos atentos aos constantes ataques ideológicos. Podemos fazer
isso mantendo a nós mesmos e a nossa família sob proteção divina, para não corrermos o risco de sucumbirmos
a essas investidas. A Escritura nos adverte dizendo: “Meu filho, se os maus tentarem seduzi-lo, não ceda!” (Pv 1.10 – NVI).
Paulo escrevendo aos crentes em Roma exorta: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação
da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12.2 – NVI).
É imperativo portanto, que nossa mente esteja sempre renovada segundo o padrão divino, consignado na Bíblia
Sagrada. Essa constante renovação, servirá de boqueio a todo e qualquer vírus ideológico nocivo a nossa existência
e de nossa família.
II. CAMPO DE AÇÃO DA IDEOLOGIA
Norman Doidge, na obra “O Cérebro Que Se Transforma”, escreve: “Não só o cérebro modela a cultura; mas a
cultura também modela o cérebro”, e mais adiante continua: “A pesquisa neuroplástica tem mostrado que toda
atividade contínua já mapeada — inclusive atividades físicas, sensoriais, de aprendizado, raciocínio e imaginação — muda o
cérebro e a mente. As ideias e atividades culturais não são exceção. Nosso cérebro é modificado pelas nossas
atividades culturais — sejam elas ler, estudar música ou aprender uma nova língua.” 3
Dito de outra forma, a ciência descobriu que a cultura em que estamos inseridos tem o poder de modelar à
nossa maneira de pensar e agir. Percebe o quanto estamos expostos? E as nossas crianças, que tipo de anteparo
contra a ação das ideologias malignas estamos oferecendo a elas? Deus orienta o povo de Israel dizendo: “Quando
edificares uma casa nova, farás um parapeito, no eirado, para que não ponhas culpa de sangue na tua casa, se alguém de algum modo
cair dela.” (Dt 22.8). Trata-se de construir um muro no andar superior da casa para que alguém não viesse, por
descuido, a cair e morrer. É imperativo que os pais cristãos, assumam o compromisso de prover abrigo seguro para
a sua família.
Diante do exposto, entendemos que precisamos ter muito cuidado com aquilo que estamos escutando, lendo
ou assistindo. Ou seja, é imprescidível estar sempre vigilante. Como disse John Philpot, político e juiz irlandês do
século XVIII: “O preço da liberdade é a eterna vigilância!” Falando sobre a sua volta no sermão profético, o Senhor
Jesus adverte: “Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria
minar a sua casa. Por isso, estai vós apercebidos também; porque o Filho do homem há de vir à hora em que não penseis.” (Mt
24.43,44). O mesmo princípio de vigilância quanto a volta de Jesus, pode e deve ser empregado contra as ideologias
malignas que têm se multiplicado no mundo. Resumindo: sendo o campo de ação da ideologia a nossa mente,
precisamos mantê-la sob contínua vigilância! Para tanto, basta usarmos as armas espirituais referidas em (Ef
6.13-18), entre elas, o capacete da salvação!
Tinha razão o proverbista Salomão quando escreveu: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque
dele procedem as fontes da vida. (Pv 4.23). O termo “coração” usado por Salomão no original é ( לֵבlêb), que significa:
homem interior, mente.4 O apóstolo Paulo escrevendo aos colossenses exorta: “Pensai nas coisas que são de cima, e não nas
que são da terra.” (Cl 3.2). Em sua carta aos crentes em Corinto, o apóstolo dos gentios adverte: “Não vos enganeis: as
más conversações corrompem os bons costumes.” (1Co 15.33). Destarte, com o que estamos ocupando a nossa mente?
Sabendo que a nossa mente é o campo de ação das ideologias, devemos mantê-la sob proteção. Mas, de que maneira
podemos fazer isso? Mantendo-a sempre abrigada em Deus. O salmista diz: “Aquele que habita no abrigo do Altíssimo
e descansa à sombra do Todo-poderoso, pode dizer ao Senhor: Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio.”
Agindo assim, o salmista prossegue: “Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda. (Sl 91.1,2,10 – NVI).
III. O ATAQUE A LINGUAGEM
De acordo com Alexandre Costa, “não existe revolução cultural sem a destruição da linguagem. Depois do relativismo,
nenhum outro fator tem tanta influência na inversão dos valores de uma sociedade. A língua faz o papel do cimento de um povo. Junto
3
Doidge, Norman. O cérebro que se transforma (pp. 372-373). Record. Edição do Kindle.
4
Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento. Vida Nova; 1ª edição (1 janeiro 1998).
com a religião, são as fundadoras da civilização.” 5 Por essa razão, o ataque a linguagem é fator essencial para a
desconstrução de uma civilização e a implantação de outra em seu lugar. Mas, como a linguagem é atacada? Bem,
de acordo com o autor citado, os “engenheiros sociais” identificam todo e qualquer discurso contrário a seus
intentos e, a partir disso, passam a desqualificar o seu conteúdo e seus expoentes por meio de várias artimanhas.
Segundo Costa, “Uma das armas mais usados para evitar a resistência é a desqualificação. Desqualificar o adversário tem sido a
fórmula de dissimulação preferida por falsários e espertalhões de toda espécie, que, diante da impossibilidade de refutar uma informação,
recorrem ao recurso covarde de desqualificar o emissor para desviar o foco da discussão e fugir do confronto com a realidade.” 6 Não
por acaso, a pregação do evangelho tem sido ao longo de sua história, tão combatida. Os ideólogos do caos social
tentam de todas as formas calar a voz da Igreja, pois não suportam serem confrontados em seus desvarios
ideológicos. Para Costa,
“Utilizar a linguagem como arma psicológica de dominação não é uma idéia nova.
Paul Joseph Goebbels substituiu algumas palavras e eliminou outras que
incomodavam o projeto nazista. Antes, na União Soviética, quando Adolf Hitler
ainda sonhava ser artista, Lênin transformou o significado de algumas palavras e
proibiu outras tantas. Antonio Gramsci – que aprendeu com Karl Marx - também
ensinou a destruir a linguagem como forma de implantação de “uma nova ordem”
social e cultural. E Maquiavel ensinou que o príncipe deve, mais do que utilizar as
palavras de maneira conveniente, convencer seu povo a usá-las conforme a sua
conveniência.” 7
Você já ouviu falar em “linguagem neutra”, também conhecida como “linguagem não-binária”? Esse é um
exemplo flagrante do uso ideológico da linguagem! Para o doutor em letras, professor Pablo Jamilk, “Popularizou-se
a ideia de que o sistema linguístico em que se baseia a língua falada pela comunidade lusófona (língua portuguesa) é elitista,
discriminatório, e que privilegia o homem em detrimento das mulheres.” 8 Todavia, segundo Jamilk, o que acontece é que
fizeram uma análise da língua “a partir de uma perspectiva de convicções particulares, adequando os fatos à narrativa que cria
uma ilusão de cientificismo, sem se pensar em questões sistemáticas diacrônicas que são subsunsoras da própria língua.”9
Ou seja, o que vemos aqui, é o uso de uma narrativa ideológica para forçar a aceitação da ideologia de gênero.
A partir de “convicções particulares”, alguém elabora uma narrativa para implementar na sociedade uma cosmovisão
particular, completamente distorcida da realidade. Percebe a gravidade disso, e o risco, maiormente para as nossas
crianças? Alertando os crentes em Colossos, Paulo escreve: “E digo isto, para que ninguém vos engane com palavras
persuasivas. [...] Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos
homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Cl 2.4,8). O princípio subjacente desse texto (o cuidado
que se deve ter com os argumentos falaciosos) é aplicável também no combate a qualquer ideologia maligna.
CONCLUSÃO
Mediante tudo aquilo que temos aprendido na palestra de hoje, concluímos que não podemos descuidar do
perigo que representa as ideologias malignas que nos circunda e que atacam diuturnamente a nossa família. Sugiro
que sigamos o conselho de Paulo quando diz: “Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo ao
Senhor”. (Rm 12.11), e ainda: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior
do que o infiel”. (1Tm 5.8). Que o Senhor nos ajude a sermos diligentes quanto ao cuidado com a nossa família!
5
Costa, Alexandre. Introdução à Nova Ordem Mundial (p. 80). VIDE Editorial. Edição do Kindle.
6 Costa, Alexandre. Introdução à Nova Ordem Mundial (p. 17). VIDE Editorial. Edição do Kindle.
7
Ibidem, pp. 81-82
8 Jamilk, Pablo. Coleção Entenda - Linguagem Neutra de Gênero (p. 14). Método. Edição do Kindle.
9
Ibidem (p. 14).