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Introdução

Objectivo geral

Objectivos específicos

Definição de conceitos

De acordo com Porfírio (2022), os Direitos Humanos são uma categoria de direitos
básicos assegurados a todo e qualquer ser humano, não importando a classe social, raça,
nacionalidade, religião, cultura, profissão, género, orientação sexual ou qualquer outra
variante possível que possa diferenciar os seres humanos.

Segundo as Nações Unidas – ONU (2019), os Direitos Humanos são direitos inerentes a
todos os seres humanos, independentemente da sua raça, sexo, nacionalidade, etnia,
idioma, religião ou qualquer outra condição. Os Direitos humanos incluem o direito à
vida e à liberdade, liberdade de opinião e expressão, o direito ao trabalho e à educação.
Todos têm direito a estes direitos, sem discriminação.

História da Evolução e Aplicação dos Direitos Humanos Civis, Políticos, Sociais,


Económicos, Culturais e Ambientais em Moçambique

De acordo com António (2017), a história da evolução e aplicação dos direitos humanos
civis, políticos, sociais, económicos, culturais e ambientais em Moçambique partiu do
Direito à Autodeterminação constituído na Carta das Nações Unidas, pois, o princípio
da autodeterminação vem consagrado no nº 2 do art.º 1º da Carta das Nações Unidas,
consolidando-se com a adoção, em 16 de dezembro de 1966, do Pacto Internacional
Relativo aos Direitos Civis e Políticos, cujo art.º 1º prescreve “todos os povos têm o
direito de dispor de si próprios. Em virtude deste direito, determinam livremente o seu
estatuto político e asseguram livremente o seu estatuto político e asseguram livremente
o seu desenvolvimento económico social e cultural”.

O princípio da autodeterminação dos povos serviu de base à descolonização, objcetivo


enunciado na Resolução nº 1514 (XV), de 14 de dezembro de 1960, que exprimiu o
desejo de que os territórios autónomos ou sob tutela alcançassem, rápida e
incondicionalmente, a sua independência (António 2017).

Para António (2017), foi com base neste enquadramento mundial que Moçambique
conquistou a sua independência em 1975. A partir desse ano, e com a sua adesão às
Nações Unidas, inicia-se o processo de incorporação dos princípios da organização para
a defesa dos direitos humanos. A MUNDI Consulting (2020), concordando com as
ideias acima apresentadas defende que em Moçambique, desde a conquista da
independência que a temática dos Direitos Humanos constitui uma preocupação de
todos, principalmente, como forma de repor os direitos e as garantias fundamentais dos
cidadãos, antes negados à maior parte da população pelo colonialismo.

António (2017), afirma ainda que desde cedo que o Estado moçambicano teve em
devida consideração os direitos humanos. Importa, todavia, mencionar que, antes dos
anos 1990, em Moçambique, prevaleciam os “direitos humanos socialistas”, em
resultado da orientação oficial marxista-leninista. Ou seja, segundo Bila (2008), a
anterior Constituição da República respondia às exigências e aos requisitos do
ambicionado projecto marxista-leninista, instaurado necessariamente pelos motivos da
Guerra Fria, que foi apenas um dos fatores.

Em 1975, é aprovada a primeira Constituição da então República Popular de


Moçambique, refletindo uma visão marxista-leninista dos direitos humanos. A MUNDI
Consulting (2020), afirma que esta constituição estipulava uma série de direitos aos
cidadãos e, de acordo com o sistema político da época, centrava-se nos direitos sociais,
económicos e nos direitos colectivos. Ainda neste período inicial da República
Moçambique, ratificaram alguns tratados internacionais e africanos relacionados aos
Direitos Humanos, com destaque para Convenção das Nações Unidas para a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação Racial de 1983 e a Carta Africana dos Direitos
dos Homens e dos Povos de 1989.

As mudanças político-ideológicas ocorridas no fim da década de 1980, que tiveram na


aprovação da Constituição de 1990 o seu principal marco, permitiram o reforço e
expansão da consagração e protecção dos Direitos Humanos dos moçambicanos, no
plano nacional. Foi a partir deste novo texto constitucional que os direitos e garantias
fundamentais vincaram raízes no sistema jurídico moçambicano, com a consequente
ratificação da maior parte dos instrumentos internacionais e regionais na área dos
Direitos Humanos (MUNDI Consulting, 2020).

Em 1990 é aprovada a segunda Constituição da República de Moçambique, já inspirada


na Declaração Universal dos Direitos Humanos e orientando-se pelos princípios
democráticos defendidos pelas Nações Unidas (António, 2017).
De acordo com António (2017), em 2004, Moçambique adopta a terceira Constituição
da República de Moçambique (CRM), que inaugurou o Estado de Direito Democrático.
Desta Constituição procederam novos e inumeráveis dispositivos jurídicos, instituições
sociais e democráticas, em virtude da nova etapa nacional, cujos motivos éticos são os
direitos humanos.

A MUNDI Consulting (2020), defende que a Constituição de 2004, reafirmou o seu


compromisso com a promoção e protecção dos Direitos Humanos. Desde o seu
preâmbulo, podemos encontrar reafirmado como princípios e objectivos fundamentais
do Estado moçambicano” o respeito e garantia pelos direitos e liberdades fundamentais
dos cidadãos” e a “defesa e a promoção dos Direitos Humanos e da harmonia social e
individual”, respectivamente.

Segundo a MUNDI Consulting (2020), quer na própria Constituição da República quer


na legislação ordinária são elencados vários Direitos Fundamentais/Humanos que
gozam os cidadãos moçambicanos, dentre os quais podemos destacar:

• O Direito à vida;
• O Direito à assistência na incapacidade e na velhice;
• O Direito à educação;
• O direito à protecção especial e aos cuidados do seu bem-estar da Criança;
• O Direito à saúde;
• O Direito ao ambiente;
• O Direito ao trabalho, à retribuição e segurança no emprego;
• O Direito de propriedade;
• O Direito de recurso aos tribunais;
• A Igualdade de todos perante a lei e da não-discriminação;
• A Liberdade de associação;
• A Liberdade de consciência, de religião e de culto;
• A Liberdade de constituir, aderir e participar de programas e partidos políticos;
• A liberdade de expressão e informação;
• A Liberdade de residência e de circulação.
• A Liberdade de reunião e manifestação;
• A proibição expressa da tortura e de tratamentos cruéis e desumanos.
A par da substancial consagração normativa dos Direitos Humanos, encontramos
também, ao nível nacional, a existência de Instituições nacionais de protecção dos
Direitos Humanos, que vão desde as Instituições genéricas, como Tribunais, Provedor
de Justiça, Departamentos ministeriais até às Instituições especializadas, mormente, a
Comissão Nacional dos Direitos Humanos, criada pela Lei n.33/2009 de 22 de
Dezembro (MUNDI Consulting, 2020).

De acordo com Moniz (2021), a Constituição da República de 2004, revista em 2018,


consolida ainda os preceitos sobre direitos humanos, ao deixar patente no paragrafo do
preâmbulo do texto constitucional, que “reafirma, desenvolve e aprofunda os princípios
fundamentais do Estado moçambicano, consagra o carácter soberano do Estado de
Direito Democrático, baseado no pluralismo de expressão, organização partidária, o
respeito e garantia dos direitos e liberdades fundamentais dos cidadãos”.

Moniz (2021), afirma que a defesa e a promoção dos direitos humanos e a igualdade dos
cidadãos perante a lei, é um dos objectivos fundamentais estatuídos na alínea e) do
artigo 11º, que faz parte do titulo I que alude sobre os princípios fundamentais. O nº 02
do artigo 17º estabelece que a República de Moçambique aceita, observa e aplica os
princípios da Carta da Organização das Nações Unidas e da Carta da União Africana ,
assumindo os direitos humanos fundamentais neles e as garantias dos direitos e
liberdades fundamentais dos cidadãos conforme o artigo 43º são interpretados e
integrados de harmonia com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) e
Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos assumindo os direitos humanos
fundamentais neles consagrado, numa alusão clara à continuidade da formalização e
desenvolvimento dos direitos humanos nos instrumentos jurídicos internos.

A formalização e desenvolvimento dos direitos humanos pelo Estado moçambicano vai


além da sua Carta Magna, ao ractificar através da Resolução nº 23/2013, de 03 de Maio,
o Protocolo Facultativo à Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou penas
cruéis, Desumanos ou Degradantes. Por força do artigo 17 desse Protocolo, que
estabelece a criação de um ou mais mecanismos preventivos nacionais independentes
para a prevenção da tortura a nível interno, e de exercer a função de monitoramento
regular e independente (Moniz, 2021).
MUNDI Consulting (2020), defende que se a consagração normativa e institucional é
uma realidade ao nível nacional, os Direitos Humanos constituem também objectivos
concretos, plasmados em diversas políticas públicas moçambicanas. Em regra, as
políticas públicas actuais não são explícitas ao relacionar o seu objectivo com os
Direitos Humanos, mas as políticas específicas, como as Políticas do Ambiente e a
Política do Trabalho, por exemplo, buscam realizar o Direito Humano ao trabalho e o
Direito Humano ao ambiente saudável; ao passo que as políticas de desenvolvimento de
médio-prazo, como o Plano de Acção do Mecanismo Africano de Revisão de Pares
(MARP) e o Programa Quinquenal do Governo, referem-se à importância da protecção
e promoção dos Direitos Humanos em diversas situações, além de elencarem as
estratégias e prioridades directamente relacionadas com os Direitos Humanos, como nas
áreas de habitação, género, saúde, educação, pessoas com deficiências, de entre muitas
outras.

Conclusão

Referências bibliográficas

António, E. M. S. (2017). Contribuição da ONU para os Direitos Humanos


em Moçambique. Lisboa: Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.

Bila, J. (2008). Direitos Humanos em Moçambique. São Paulo: DHnet.

Moniz, C. (2021). A Integração dos Direitos Humanos na Constituição de


Moçambique. Moçambique: Revista Jus Navigandi. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/93731. Acessado aos 27 de Julho de 2022, pelas 12:35 horas.

MUNDI Consulting. (2020). A Percepção dos Cidadãos Moçambicanos Sobre


Direitos Humanos: A Voz Do Cidadão. Maputo: MUNDI Consulting.

Nações Unidas – ONU. (2019). Direitos Humanos. Disponível em:


https://unric.org. Acessado aos 25 de Julho de 2022, pelas 16:40 horas.

Porfírio, F. (2022). Direitos Humanos. Disponível em:


https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/direitos-humanois.htm. Acessado aos 25 de
Julho de 2022, pelas 16:14 horas.

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