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sical faz. a a ap e % Wv oo & < pl es & ’ = iw % s =) ao om é a So £ = ge. 6 A Ss &. a my e : ‘ 4 ot rw ‘Cp a 0 ern, vines Avaliacao em Musicoterapia ll Encontro Paranaense de Musicoterapia - Conferéncia - “Avaliagéo em Musicoterapia” Mr laristela Smith Resumo: Este trabalho refere-se 4 importancia de se estabelecer uma sistematica no trabalho clinico em musicoterapia, com objetivo de diagnosticar musicalmente, (musicodiagnéstico), apontando os procedimentos metodolégicos para a elaboragéo de um modelo de avaliacfo em musicoterapia. Palavras-Chave: Avaliagdo; teste musical; diagndstico; musica; musicoterapia. Nota: E importante ressaltar que, em outro momento deste Encontro, sera apresentada_ uma pesquisa sobre “musicopatologias”, presentes em uma crianga portadora de “Mucolipdose IV" Abstract: This work refers to the importance of creating a systematic clinical work in Music Therapy (musical diagnostic) showing the methodological procedures to the elaboration ofan assessment model in Music Therapy. Keywords: Assessment; musical test; diagnostic; music; music therapy. Note: It is important to enbance that, in other moment on this Meeting a “musical pathologies” research will be presented, through the example ofa case study of achild with “Mucoliptose 4” A palavra diagnéstico origina-se do grego e significa “discernimento, faculdade de conhecer, de ver atras de” (ANCONA-LOPEZ, 1984). Ora, em Musicoterapia Clinica, ¢ inevitavel diagnosticar, uma vez que sempre vamos a busca da compreensio de um fendmeno. O que seria compreender o fenémeno? Seria discernir aspectos, caracteristicas ¢ relagGes existentes. Para se chegar a isso utilizamos meios, processos de observagées, de avaliagdes e de interpretagdes, que se baseiam em nossas percepgdes, experiéncias, informagdes adquiridas e formas de pensamento. De acordo com ANCONA-LOPEZ (1984), a compreensio do fendmeno confunde-se com o diagnéstico, se analisarmos em sentido mais amplo mas, se analisarmos em sentido restrito, utiliza-se o termo “diagndéstico” para “referir-se 4 possibilidade de conhecimento, que vai além daquela que o senso comum pode dar, ou seja, 4 possibilidade de Doutoransda em Ech icomotricidade (Disgrafia); Graduada em Joa da Faculdade e da Cli anas Unidas); Secretiria Geral da UBAM (Unido Brasileira das Associagbes de Musicoterapia); Musicoterapeuta Clinica especializada na fea profitica ——$<$< 6s Bo e Comunicagdo; Mesire em Psicologia; Especial 6 significar a realidade que faz uso de conceitos, nocdes e teorias cientificas”. Em musicoterapia procuramos ler as expressGes sonoro-musicais de pessoas em curso de processo terapéutico, a partir de conhecimentos musicais; realizamos um diagndstico nos campos da ciéncia, da filosofia e das artes, especificamente, da arte musical. Segundo BRUSCIA (2000) a musicoterapia envolve trés etapas de procedimentos ou “formas basicas que podem ocorrer simultanea ou separadamente. Sao elas: avaliacio diagndstica, tratamento e avaliagao”. O objetivo da primeira forma, que é a que nos interessa nesse momento, ¢ observar o cliente para conhecé-lo melhor e identificar problemas, necessidades, preocupagdes e recursos que traz para a terapia. O autor ainda remete que a base, quando a avaliagao tem objetivos “diagndsticos”, Anos critérios diagndsticos feitos pela equipe de satide e, desta forma, 0 musicoterapeuta explica e classifica a condigao do cliente de acordo com os sintomas. E 0 caso, por exemplo, quando propomos que o cliente imite padres ritmicos para determinarmos se ha evidéncias de deficiéncias da meméoria recente ou da percep¢ao (p.29). Sabemos que a miusica é objeto de estudo de varias areas de conhecimento, porém analisada sob angulos diferentes. No nosso caso, 0 objeto de estudo é a “musica interna”, aquela que compée o individuo, aquela que se estende ao longo da vida, a partir da sua formacao genética e mesmo antes dela. Portanto, aplicamos a esse objeto os conhecimente de muitos saberes. A musicoterapia se insere nao s6 no conjunto das Ciéncias Humanas, mas também no das Ciéncias Biolégicas e das Naturais, dependendo do nacleo de interesse da pesquisa. Por exemplo, pertence ao campo das Ciéncias Biolégicas quando 0 foco é voltado 4 maturagao sonoro-musical, com atengao ao aspecto neuroldégico, refletido no exercicio das fungdes motoras; criangas portadoras de disturbios da aprendizagem se beneficiariam de “musicodiagnésticos” por estarem diretamente ligadas ao pragmatismo e ao sucesso escolar. Entram ai os aspectos organicos associados ou como causadores da queixa apresentada, quando do ato da entrevista. Utilizamos seus conhecimentos para a compreensio do fen6meno musical interno humano. Nessa construcio da identidade musicoterapica, surgem musicoterapeutas de todo o mundo apresentando criagGes tedricas e metodoldgicas préprias. Sabemos que os métodos que estudam a musica ¢ suas relagdes com 0 comportamento do homem, dentro de um contexto interpessoal, tém sugerido esse tipo de preocupagao. O que caracteriza 0 nosso trabalho sdo o objeto de estudo, os conhecimentos e os métodos utilizados. A partir dai nosso campo se delimita e, como Ii Encontro Paranaense de Nusicoterapia conseqiiéncia, nossa identidade profissional se desenvolve. Para se construir 0 estudo de um diagndstico musicoterapico ha necessidade de esclarecer fungdes exclusivas do musicoterapeuta, bem como dominar procedimentos e técnicas musicais e musicoterapicos propriamente ditos. Ha concepgées e estruturagées diferentes para conceituar diagnéstico em musicoterapia. Encontram-se, muitas vezes, termos como: musicodiagnéstico, psicomusicodiagnéstico, estudo de caso em musicoterapia, avaliagio musicoterdpica ou musicoterapéutica, diagnéstico musical e outros. SAo as diversas posigdes profissionais de grupos de musicoterapeutas formados em diferentes escolas, voltados a interesses especificos e pertencentes a culturas diversificadas, que determinam o caminho a ser adotado. Ao se propor atuar profissionalmente ¢ interessante explicitar sobre quais fenGmenos se pretende atuar e quais os referentes tedricos, métodos e procedimentos a utilizar. “Musicodiagnéstico” Entendamos “musicodiagndéstico” referido a um determinado momento de vida do individuo, constituindo sempre uma_ hipdtese diagnéstica, por mais completo que seja. A pratica do “musicodiagnostico” é anterior a pratica clinica. Seu objetivo é organizar elementos musicais presentes no ser humano, decorrentes da somatéria de fatores genéticos, ambientais e culturais, de forma a obter uma compreensao do cliente, a fim de ajuda-lo. Além disso, subsidios uteis sao oferecidos ao clinico, que confirmarao ou nao as hipdteses levantadas a revisdes e reformulag6es tedricas. Ao realizarmos o “musicodiagnéstico” temos que considerar o contexto no qual nossa atuagio esta inserida. O que se prevé é 0 conhecimento das necessidades ou problemas sonoros, ritmicos e melédicos com seus matizes no ser humano. Estamos numa fase de busca de um conhecimento objetivo que, historicamente, baseia-se nos modelos apontados por RUUD (1990). O trabalho em diagnéstico feito por musicoterapeutas, junto a médicos, psicdlogos, socidlogos, etnomusicédlogos, fildsofos, arteterapeutas, fonoaudidlogos, terapeutas ocupacionais ou miisicos, vem marcando 0 inicio de uma atuagao profissional mais especifica, com énfase a aspectos “musicopatolégicos”, mas com grandes dificuldades classificatorias. A utilizagao de critérios justifica-se pela busca de uma linguagem comum. No sentido de podermos estabelecer diferengas sonoro-musicais para orientarmos pais, professores, ou simplesmente complementarmos a “7 3 Il Encontro Paranaense de Musicoterapla propria capacidade de autoconhecer-se do cliente, tentamos desenvolver testes musicais, que determinem aptidées e dificuldades no ambito do componente musical existente em todo ser vivente. E nessa visio de homem que o musicoterapeuta busca identificar, classificar e medir caracteristicas “genético-musicais” do comportamento humano, consideradas transformadoras 'do' e transformadas ‘pelo’ ambiente sonoro que o rodeia. Seguindo o modelo comportamental partimos do principio de que a expressiio sonoro-musical-corporal-vocal do homem poderia ser estudado como qualquer outro fendmeno da natureza, necessitando assim, de um objeto de estudo mensuravel, observavel, nao decorrente de caracteristicas inatas e imutaveis, mas aprendidas, podendo ser modificadas. Nessa pesquisa a preocupagdo em estudarmos o comportamento sonoro-musical esta em se alcangar leis que o regem, bem como variaveis que nele influem, para que possamos montar planos de agao musicoterapicos, que substituam, modelem, modifiquem ou mesmo mantenham certas condutas. Com base numa analise mais filoséfica, entendemos que, em todo conhecimento humano, nao hé como negar a participagao de sua subjetividade. Portanto, nao se admite uma musicoterapia positivista, objetiva, experimental pura. O homem nao pode ser estudado como um mero objeto, que expressa objetivamente todo o seu potencial sonoro- musical, pelo menos no que diz respeito 4 atuagao da musicoterapia interativa. Assim, os métodos das Ciéncias Naturais nao poderiam ser transpostos para as Ciéncias Humanas. Mas, ha uma questdo: em musicoterapia eles poderiam ser mesclados? Apresentariam semelhangas entre si? Haveria na inter e transdisciplinaridade caracterizada pela sociedade contemporanea globalizada uma forma de se medir, bem como de se salientar o carater holistico do homem e sua capacidade de escolha e autodeterminacao? As correntes fenomenologica-existencial e humanista afirmam que “a consciéncia, a vida intencional, determina e ¢ determinada pelo mundo, sendo fonte de significacao e valor” (ANCONA-LOPEZ, p.7). Sabemos que o humanismo nao aceita procedimentos diagndsticos, considerando-os até artificiais. Entretanto, ha que se introduzir a musicoterapia processual um modelo palpavel, visto como um suporte inicial para o desenrolar das sessdes clinicas que, ai sim, alcangarao o individuo em sua totalidade. Acreditamos que podemos, entao, situar o estudo do modelo de musicodiagnéstico aqui proposto, na abordagem fenomenoldgico- existencial, uma vez que os dados obtidos nas entrevistas e avaliagdes, ou seja, na montagem da histéria sonoro-musical ajudam no autoconhecimento ou delimitam os limites entre o musicodiagnéstico e a intervencao musicoterapica. Portanto, trata-se de mais do que um estudo e avaliacao. Em nossa area recebemos influéncia também da Psicandlise ec, nas entrevistas utilizamos observagées ¢ técnicas projetivo-sonoras adaptadas (BENENZON, 1988), desenvolvendo o estudo da relagao musicoterapeuta-paciente e do tiltimo com as transferéncias e contratransferéncias (BARCELLOS, 1999). Por ai, alguns instrumentos diagnésticos sutis séo apresentados pela musicoterapia, que permitem verificar 0 que se passa com o individuo por detras do comportamento sonoro-musical expresso ou aparente. Entendemos que, se a musicoterapia propée uma junio triplice da ciéncia, filosofia e arte musical, no bojo de uma intersecciio, é porque propée o olhar por tras, aquilo que ultrapassa a aparéncia. As variagées de atuagdes em musicoterapia clinica sao intimeras, decorrentes das diversas abordagens da pratica “musicodiagnéstica”. Percebemos que muitos desses conhecimentos séo empiricos e com desenvolvimento bastante incipiente. As teorias que esto se apresentando em musicoterapia, estio exatamente querendo provar sua eficacia, persistem cada vez com maior intensidade em nossa historia. Entretanto, cremos que nenhuma delas sera suficiente para responder a todas as questdes colocadas pela musicoterapia, 0 que nos leva obrigatoriamente a uma integragao. Em outras palavras, parece claro 0 pensamento de que, para se compreender o homem, é necessario organizar conhecimentos bio- psico-sociais. As influéncias institucionais e das proprias necessidades e desejos dos musicoterapeutas que, infelizmente, nem sempre sao trabalhados em terapia, sfio questées éticas importantes a serem levadas em consideragao, pois caem muitas vezes, na limitagao da autonomia do trabalho do musicoterapeuta que é obrigado a atuar contra seus principios formadores, devido a pressées do mercado e a questées trabalhistas, condigdes organizacionais presentes. O profissional musicoterapeuta deve elaborar “musicodiagnésticos” que sejam voltados a nossa realidade sécio-econémica e cultural. Como afirma ANCONA-LOPEZ (1984), devemos lembrar que “... © conhecimento é contingente, as técnicas nao sao regras imutaveis, e toda sistematizacao € provisoria e passivel de reestruturagao” (p.13). 9 Il Encontro Paranaense de Musicoterapia Modelo de Avaliacgio em Musicoterapia: uma proposta diagnéstico- terapéutica Do “Modelo de Avaliagao em Musicoterapia: uma proposta diagnéstico-terapéutica”, estaremos nos atendo apenas a um dos itens, qual seja, o da avaliagao, devido ao tema evidenciado neste encontro. Avaliar, em musicoterapia, significa apreciar musicalmente. Com 0 objetivo de colher dados, monta-se um seéting para a avaliacgao diagnéstica, ou “musicodiagnéstico”, apenas com os elementos que fardo parte. O intuito, portanto, nado é o de estimular ou interagir e, sim, de observar e registrar. A validacao desse instrumento foi executada a partir de um amplo espectro de clientes atendidos em consultorio particular e de pacientes no Hospital-Dia do Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da Universidade Federal de Sao Paulo Escola Paulista de Medicina, no ano de 2000. Ha que se definir comportamentos e, para tanto, devemos: e Usaruma linguagem cientifico-artistica; e — Definir explicitae completamente; e Empregar elementos pertinentes, incluindo tudo o que é indispensavel; e Dar denominagio apropriada, que lembre o que se deseja designar. FAGUNDES (1999) refere que “O estabelecimento prévio de definigdes comportamentais € util porque facilita o trabalho do observador ¢, por eliminar as contradigGes existentes nas nogdes que cada um tem a respeito dos mesmos conjportamentos, permite haver uma maior concordancia entre os observadores quanto a ocorréncia dos comportamentos sob observagao” (p.43) A conseqiiente necessidade de sistematizar a pratica musicoterapica levou-nos a elaboragao desse modelo de avaliagao, baseado no registro do comportamento sonoro-musical de clientes submetidos ao processo de musicoterapia interativa - sub area da profilaxia e¢ de pacientes sub area do tratamento. A contribuigaéo maior na utilizagio desse modelo é, antes de tudo, possibilitar um enriquecimento quanto ao conhecimento da pratica existente até entdo, no sentido de registrar a observagao e grafa-la e da reflexao posterior que surgir, para que se faga a “ponte” entre a leitura da expressao sonoro-musical e da sua relagao com a vida bio-psico-social Dessa “ponte” esperamos chegar ao “musicodiagnéstico”, que servira como um importante subsidio inicial ao musicoterapeuta que nao necessariamente deva ser 0 mesmo - que proc: o tratamento com um maior e melhor conhecimento do cliente / paciente. O ponto de partida é a andlise do encaminhamento pois, quem nos envia alguém para estar sob nossos cuidados, pressupomos que espera que possamos resolver problemas que expliquem 0 comportamento do mesmo. Cabe ao musicoterapeuta, portanto, esclarecer ¢ organizar as questées pressupostas, pois o encaminhador, seja leigo ou da area da satde ou educagao, temem mente uma série de dividas especificas, fundamentadas em observagdes ou informagdes prévias, as vezes erréneas ou até preconceituosas. O passo seguinte ¢ a triagem, realizada por qualquer outro profissional da area. Eventualmente, conforme a especificidade, completamos a equipe de musicoterapeutas com um outro profissional, por exemplo, da area médica, que possa contribuir para 0 esclarecimento do diagnéstico médico. O contrato sera firmado juntamente com anialise e assinatura de um instrumento metodoldégico de “autorizagéo”. Apés preenchimento de ficha de identificagéo encontramo-nos num momento especial de estarem presentes frente a frente, musicoterapeuta e cliente/paciente. Através das entrevistas (abertas, semi-abertas ou fechadas) e de observagées diretas ¢ informagées colhidas do encaminhador, montamos uma primeira histéria pessoal, clinica e sonoro-musical. As avaliagées e reavaliagdes acontecem em varios momentos: e ~=Aposas entrevistas; e = =No final de cada etapa; e Naconclusao. No primeiro momento, detectamos o melhor procedimento a ser adotado. Se o cliente possui em seu cérebro um registro de aprendizado musical, aplicamos “avaliagdes objetivas”, também intituladas “descritivas”, para medir o quanto ele conhece de misica. A area musical propriamente dita possui intimeros testes, dos quais exemplificaremos um deles no decorrer desse nosso encontro. Medimos, portanto, 0 nivel de conhecimento musical, no que se refere ao repertério, elementos estruturais e estéticos, intervalos, etc. Nesses, aos quais chamamos de “musicais”, aplicamos também 0 teste de nivel de percepgao auditiva, que detecta discriminagao auditiva e capacidade de “escuta”; num terceiro momento, aplicamos o “enquadramento momentaneo de reagdes comportamentais a sons”. No caso de estarmos lidando com naéo-musicais, apenas os dois ultimos serao aplicados. As “avaliacgées subjetivas”, ou “interpretativas” tém o objetivo de Il Encontro Paranaense de Musicoterapia relacionar condutas corporais, instrumentais, vocais e ambientais, ou melhor, da comunicagéio nao-verbal, entre si. A parte das avaliagées com interesse diagndéstico, realizadas por musicoterapeutas, sugerimos uma complementagéo de mais duas avaliagGes que dao suporte 4 musicoterapia: e — Avaliagéo audiologica: e — Avaliagao neuropsicologica. Terminada esta etapa de coleta de dados, podemos fazer uso de um recurso de apoio, que é a montagem do primeiro CD, em laboratério de musicoterapia. Ele refletira 0 momento de vida no qual o individuo se encontra € quais as suas perspectivas, de forma sonora Elabora-se, a seguir, o Plano de Ac&o Musicoterapica Inicial, com: 1. Oestudo do padrao do comportamento sonoro-musical; 2. Oestudo da patologia (caso esteja presente). Inicia-se, entéo, a etapa do processo musicoterdpico propriamente dita, com: 1. Divisao das sub-etapas do processo e de cada sessio; 2. Descrigao ou planta baixa do “setting musicoterapico”; 3. Observacao e registro das primeiras 10 sessdes; 4. Plano de Agao Musicoterapica parcial; 5. Plano de agdo Musicoterapica final Evidentemente que ha meios instrumentalizados. de metodologia que auxiliam na discussao de resultados, como por exemplo: e Gravagées de sons e musicas prontas, ouvidas nas sessdes; e Gravagées de sons e mtsicas executadas e/ou criadas e/ou recriadas realizadas nas sessdes (produgdes sonoras); e Documentagao por filmagens; e Preenchimento de protocolos; e Montagem de graficos de acompanhamento e outros. Na ultima etapa determinam-se os parémetros utilizados a fim de generalizar, comparar, analisar e concluir. Conclusio: E necessario que a avaliacdo diagnéstica, ou “musicodiagnéstico” em musicoterapia, seja vista como uma drea complexa, As assergSes que fazemos sobre a expresso sonoro-musical do cliente (area profilatica) ou do paciente (portador de necessidades especiais) nos fornecem “mapas sonoros”, que delimitam nosso territério, Para alguns individuos os “mapas” siio mais claros: para outros, no téo claros. Sao as diferengas individuais que, vistas com “olhos musicais” sao capazes de serem explicitadas ou avaliadas acuradamente, quanto aos elementos sonoros que compdema “orquestra” de cada um. Um “musicodiagnéstico” pretende perfilar 0 sujeito, dar-Ihe uma roupagem musical do momento, para facilitar 0 trabalho de atuagado no processo musicoterapico, enriquecendo informagées. A avaliagao objetiva ou descritiva conta o que vé; entretanto, quem vé, vé sob sua experiéncia de vida, buscando o “quanto”; permite ser mensurada, medida, quantificada. A avaliagao subjetiva ou interpretativa da o suporte do “como”, da busca de relacionar associagdes, formas de comunicagao, imagens e fantasias, recordacdes ou sensagdes experimentadas; tudo isso é determinado por fatores genéticos musicais herdados, ambientais e culturais. A possibilidade de autoconhecimento é facilitada por esse processo diagnostico, em que existe a participagao do sujeito na construgao de sua identidade musical (SMITH, 1999). Entretanto, 0 “mapa sonoro” do individuo nao representa o territério todo, pois jamais chegamos a nos conhecer completamente. Podemos fazer mapas de mapas de mapas, descrever musicalmente a nés mesmos que, devido a transmutagao sonora haveré qualquer nimero de inferéncias e generalizagdes sobre nosso mundo sonoro, em altos niveis de abstrac4o. Pesquisar musicalmente é trabalhar as reais possibilidades sonoras do individuo e unir pontos que, inicialmente sao soltos e, muitas vezes, inexplicaveis pela razao. Porém, quando textualizados falam, tocam e refletem muito desse individuo. E preciso sempre ter em mente que € a idéia de conjunto ¢ integragao que estamos nos ligando, ou seja, damesma forma que sabemos a respeito da musica, respostas soltas e jogadas em nossos protocolos nada significam se nao forem analisadas num contexto, no qual significam algo paraalguém. Num outro momento deste encontro estaremos apresentando um exemplo de aplicagdo do modelo de registro do comportamento sonoro- musical, com intengdo diagnéstica, numa crianga de 5 anos de idade cronoldgica, portadora de “Mucoliptose 4” e mostrando as conclusdes diagnésticas tiradas no principio, ou seja, na etapa anterior ao processo (musicodiagndéstico) e no decorrer do processo, ainda em andamento Como cita VERDEAU-PAILES (1981): “Se a musica tornou-se terapéutica, foi a medida que seu ritmo encontrou nossos ritmos pessoais, sua melodia encontrou um eco em nosso interior, e quando entramos em ressondncia e emcomunicagao com ela”. Referéncias Bibliograficas: ANCONA-LOPEZ, M. Contexto Geral do Diagnostico Psicolégico. Sao Paulo: EPU, 1984, p.1-13. BARCELLOS, L.R.M. (org. e trad.). Transferéncia, Contratransferéncia e Resisténcia. Rio de Janeiro:Enelivros, 1999. BENENZON, R.O. Teoria daMusicoterapia: contribuigdo ao conhecimento do contexto ndo-verbal. Sao Paulo: Summus, 1988. BRUSCIA, K.E. Definindo Musicoterapia. Trad.: Marisa Fernandez, conde. 2* ed. Rio de Janeiro: Enelivros, 2000, p.27-33. FAGUNDES, A.J. da F.M. Descrigéo, Definicgdo e Registro de Comportamento. 12° ed. Sio Paulo: EDICON, 1999. RUUD, E. Caminhos da Musicoterapia. Sao Paulo: Enelivros, 1990. SMITH, M.P. da C. Modelo de Avaliagdo em Musicoterapia: uma proposta diagnéstico-terapéutica. Reg. N°270.175 livro 485, folha 335 (Técnico-cientifico). ONP. Sao Paulo, 2003. Avaliagao Musicoterdpica. ONP. Sao Paulo, 1998. Musicoterapia e Identidade Humana: a concretizacao de um projeto de vida emancipatorio. Dissertagao de Mestrado. Sao Paulo: UNIMARCO, 1999.

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