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ALGUMAS OPINIÕES SOBRE A OBRA:

1) Folha de S. Paulo, de 2 de novembro de 1970:


-

(Coluna “Livros", de Nogueira Moutinho, sob o título:


“Da Grécia e Outros Temas")·.

“OS GREGOS E SEU IDIOMA" -


GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA-

Livraria Acadêmica. Rio de Janeiro, 1970.

- “Competentíssima especialista nas disciplinas clás­


sicas, a professora Guida Nedda Barata Parreiras Horta, da ca­
deira de Língua e Literatura Grega, da Faculdade de Letras
da U.F.R.J., inicia, com este volume, um trabalho da mais al­
ta importância para a continuidade dos estudos clássicos no
Brasil. Editado com um carinho excepcional, o livro preten­
de, modestamente, ser um “manual prático de cultura helêni-
ca e de língua grega clássica para uso dos cursos universitários
de Letras.” Na realidade, porém, é um trabalho de alto nível,
destinado aos especialistas em helenismo, e cuja elaboração
coloca os estudos clássicos no Brasil, no mesmo nível em que
se encontram na Europa.”

2) - Carta do Prof. J.F. Marques Leite, latinista e humanista


de renome, da Pontifícia Universidade Católica (P.U.C.) e
do Colégio Pedro 11 (em 20 de outubro de 1970):
" . . . O 1? Tomo do trabalho admirável: “Os Gregos e seu
Idioma”.
Admirável, pelo original da apresentação, admirável pelos
dotes pessoais da autora - didata, analista, entusiasta, idea­
lista apaixonada - e pela soma de qualidades objetivas do li­
vro: seleção, clareza límpida, poder comunicativo, as 22 ge­
niais “Imagens da Hélade”, os 25 Lembretes Sintáticos, a ri­
ca e renovada exemplificação tópica, a prática remissiva aos
setenta (70) exercícios dos mais variados testes e tipos . . .
Admirável pela escolha, disposição, revisão praticamente cem
por cento, coisa terrivelmente difícil, complexa e, quiçá,
impossível de sair perfeita, máxime em se tratando do idioma
grego.

3) - Carta do Dr. Marco Aurélio de Moura Matos, jornalista


e crítico literário do “Jornal do Brasil” (de 18 de agosto de
1970):

.. .“seu extraordinário livro “Os Gregos e Seu Idioma,” a mim


encaminhado através da Livraria Acadêmica . . . Detive-me e
percorrí . . . o roteiro grandioso de sua obra, podendo sentir-
-lhe a pulsação de vida e de recriação de vida que aí se regis-
OS GREGOS E SEU IDIOMA
A MEU MARIDO,
ofereço este trabalho, com afeto e gratidão.
G.N.
“ CURSO DE INICIAÇÃO Â CULTURA HELÊNICA”
(Sob a direção da Prof? Dr? GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA)

A — SÉRIE LINGÜÍSTICA — VOLUME 1

19 TOMO

O s G regos e Seu Idiom a


Manual Prático de'Língua Grega Clássica e de Cultura Helênica
para uso dos Cursos Universitários de Letras

42 EDIÇÃO
(Revista e Corrigida)

GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Professora Titular Responsável pelos Cursos de Língua e Literatura


Grega e de Fundamentos da Cultura Literária da Grécia da Faculdade de
Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro.Titular de Literatura
Grega da Faculdade de Humanidades Pedro II.Doutoraem Letras Clás­
sicas pela Universidade do Brasil.Professora Fundadora do Colégio de
Aplicação da U.F.R.J. Professora Classe Especial da Autarquia Colégio
Pedro Il.Prof5 de Grego da Escola Teológica do Mosteiro de S. Bento
(R.J.) Fundadora e Diretora da Revista CALÍOPE-PRESENÇA CLÁSSI­
CA Presidente-fundadora da ASESCC -(Associação de Estudos Clássicos
CALÍOPE).

EDITORA J. Dl GIORGIO & CIA. LTDA.


Rio de Janeiro, 1991
R.J.
1/ CIP - Brasil, Catalogação-na-fonte

Sindicato Nacional dos Editores de Livros. - RJ.

H 811 g HORTA, Guida Nedda Barata Parreiras:


4.ed.
v.l OS GREGOS E SEU ID IO M A : manuai prático de língua grega
clásica e de cultura helênica para uso dos cursos universitários de letras/
Guida Nedda Barata Parreiras Horta. - 4- ed. - Rio de Janeiro: Ed.
1991.
(Curso de iniciação à cultura helênica; LI. , Série lin­
guística; v.l)

Bibliografia.
Apêndice.
ISBN 85-7108-061-5

1. Filologia clássica. 2. Helemsmo. 3. Língua grega antiga. I. Título. II.


Título: Manual prático de língua grega clássica e de cultura helênica para
uso dos Cursos Universitários de Letras. III. Série. IV. Série Linguística; v.l
CDD - 480
90-0097 CDU - 870.5

Copyright da autora

Capa: Perfil do Auriga de Delfos. Estátua votiva de 1,80 m de altura, em bronze,


obra-prima da arte dórica do V? século a.C.
V

A P R E S E N T A Ç Ã O

IIú quase cem anos, Fernando Gregorovius, o historiador da Atenas


medieval, ao aproximar-se da ilha de Corfu — provavelmente a Esquéria
dos Feácios da Odisséia — escrevia:
‘'Vim a ter nessa ilha uma das mais emocionantes sensações da minha
vida, qiíando, pela manhã, saindo do albergue para a esplanada, vi um
éden pairando sobre um litoral elísio, idílio marítimo, suave, leve e, con-
tudo, de grande estilo. Julgava-me transferido para uma “Isola Beata”,
inspirando aura divina, fascinação talvez da poesia homérica. A majestade
de um azul-turquesa, o brilho do litoral vaporoso, confundindo-se com as
áureas tonalidades das rochas, conduziam a visão até os longes do mito e
da história.”
Era a maravilhosa luz da Hélade que se revelava a Gregorovius, luz
da paisagem, lucidez também da alma helênica a se lhe comunicar em
Atenas, confrontada com Roma: “Na paisagem ateniense tódas as linhas
e formas se apresentam mais finas e transparentes, mais transfiguradas
que as da planície romana, apesar de mais reduzidas e limitadas. O éter
envolvedor de Atenas é mais divino e lúcido e o poder pensante que a
anima não tem par neste mundo”. Também, como não deveria transir o
espírito do contemplador um ambiente onde não só a natureza é das mais
vistosas, como ainda o empíreo completa as figuras divinas de Sua poesia',
e onde a terra foi glorificada pelos mais nobres homens!
Desde os inícios de nosso século até os dias atuais, seguiram-se-lhe
mais e mais viajantes, escritores, artistas, entre os quais nomes da proje­
ção dos Barres, Maillol e Gaitanides, percebendo e festejando aquela luz.
Em nossos dias Rodolfo Hoegler, pintor suíço, e Carlos Kerényi,
humanista-helenista húngaro radicado na Suíça, longamente familiariza­
dos com as terras e ilhas helênicas, tomaram a visitá-las, precisamente
para lhes observarem a luz. O fruto dessa excursão foi uma série de foto-
eromos fascinantes, acompanhados de breves considerações, quais aforismos
sutis, visando a atingir, na interpenetração da luz terrena e humana, o ser
mais profundo do heleno. Transcrevemos aqui, livremente adaptado, um
ou outro deles: “Acima de precipícios, asfódelos e cardos. A única medi­
VI GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

da dos espaços, a moderação. O visual cresce na proporção da capacidade


eontempladora. É o poder do comedimento, reconduzindo sempre o espírito
ao sensível. Nosso corpo move-se através de terras agrestes e ardentes
qual fruta madura de luz. Um ralo trigal inclina-se para o mar; um raro
jardim, oásis que oferece romãs, laranjas, limões, oferta, porém, não de
colheita, mas de regalo; nessa aridez uma figueira, o verde da parreira,
dir-se-ia um milagre. Sob as ondas da luz, o colorido quase se condensa
em escuridão. Apenas o azul, de cambiantes inimagináveis, diminui o fogo.
reduz o excesso, suaviza a intensidade. O azul transparente das águas fa/.
as ilhas alçarem-se mais vigorosas para o azul do éter esplendoroso. E te r­
nidade perdida na luz, imobilizada no silêncio do meio-dia, que síntese
do ser! Luz é via para o infinito; vista, transfiguração dos sentidos. É
nessa via que se forma o homem, forma necessária. Surgem as estátuas
arcaicas, das jovens, dos adolescentes, transmitindo mensagem nova; teria
o mistério da vida jamais encontrado expressão tão plástica? E star pro­
fundamente radicado no mistério do ser e, assim mesmo, simultaneamente
brilhar à luz clara! Eis quem é e se mantém eternamente arcaico: o homem
pouco importando donde provenha, para onde siga, que crença professe.
Nele, a realidade não é nem corpo nem espírito; não é anelo d ’alma nem
impulso corporal. Há o que lhe dê o verdadeiro ser, sem o qual ele não é.
Ei-lo perfeitamente visível: o Eros da atração mútua, buscando o outro
para dar-se, transmitir-lhe a própria lucidez e dele recebê-la; respeitan-
do-o por sabê-lo nobre, lúcido e altaneiro em sua formosura. Com este su­
blime Eros estamos no ângulo da vitalidade helênica, à beira da fonte dos
mitos, na origem da criação artística, no exórdio da civilização: aqui tudo
é anônimo; aqui só a um se rende preito — ao Infinito.” (apud Hoegler
und Kerényi, “Grieschenland”, Lucema, 1966. Aí também estão os textos
de Gregorovius e de outros autores).
Resumindo: o heleno nasce em terra de luz; lúcido é o seu ser psicos-
somático; luz é sua inclinação para o outro; luz vive em seu espírito:
lucidez telúrica e humana unem-se no belo e nobre Eros, conforme o viu
Diotima de Mantinéia no Simpósio de Platão — potente, valoroso, for­
mando o homem pleno, no que é bom e belo. Embora1 de acesso difícil,
Eros é sempre presente e, nesse sentido, eterno e infinito.
É esse o meio ambiente em que floresceu a maravilhosa civilização he­
lênica, através de uma língua, literatura, arte e expressão pensante jamais
superadas; lucidez única, tantas vezes proclamada extinta, mas sempire
viva; vencida e, não obstante, dominando os “feros vencedores” no dizer do
velho Horácio. Podería seu nobre humanismo contribuir para a reforma de
nossos princípios educativos, nesses nossos dias, em que tomamos a refle­
tir sobre o ser humano, ponderando como ele já não é o pseudo-ativo, obee-
a s GREGOS E SEU IDIOMA VII

eado sempre por mini-realizações ou por êxitos sonantes, mas sim o de


quem desenvolve sua personalidade? Personalidade aberta aos símbolos de
hoje na ampliação unificadora dos meios contemporâneos, meios sobre
os quais, recentemente (1964), pronunciou-se o canadense Marshall Mc
Luhan, em “Understanding Media.”
Ora, a percepção e compreensão progressivas do homem helênieo e de
sua cultura requer preparo. E este nos é ministrado, proficientemente,
neste manual de cultúra helênica, “OS GREGOS E SEU IDIOMA”, bem
mais do que simples iniciação gramatical, da autoria da Professora Douto­
ra G uida N edda B arata P arreiras H orta.
Formada pela então Universidade do Brasil c pela Sorbonne, habi­
litada através de longa práxis didática, hoje titular da cadeira de Língua
e Literatura Grega da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Facul­
dade de Letras), não só é ela uma das nossas primeiras autoridades em
estudos helénicos, como destes também se tomou benemérita pelas “Sema­
nas da Grécia”, por ela iniciadas em 1960 e desenvolvidas anualmente,
com viva repercussão entre nossos helenistas e fil-helenos. Seu mérito,
aliás, foi reconhecido e devidamente agraciado pelo governo da Grécia que
a condecorou com a Grã-Cruz de Ouro da Ordem “ Efpiia”, (Εύτοιία) no
grau de Oficial, galardão a que só tiveram acesso pouquíssimas mulheres
no mundo (em 14 de outubro de 1966).
Quem quer que siga este Manual nele encontrará, além de seguro
instrumento de trabalho, um livro ricamente documentado, lúcido, de
valor perene, para de novo citar Horácio — “aere perennius” , isto é, mais
durável que precioso metal, ou, como na frase de Tucídides, o mais notável
historiador helênieo: χτήμα tis àtí (aquisição para sempre).
Maio de 1968
D amião B erge .
(Catedrático de Língua e Literatura Grega da antiga Faculdade
Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil)
VIII

À GUI S A DE P R E F Á C I O

Um verdadeiro prefácio não nos parece necessário: o livro aí está


para o julgamento dos entendidos e, principalmente, daqueles a quem se
destina, os que se iniciam nos fascinantes caminhos da cultura helênica.
Êles dirão se os objetivos que nos propusemos foram alcançados e, humih
demente, acataremos a crítica bem-intencionada e construtiva.
Cumpre-nos dizer apenas duas palavras acerca do modo como estru­
turamos a matéria, baseando-nos na já bem longa experiência do ensino
universitário, carente principalmente de manuais objetivos e adaptados
ao nosso meio.
Deliberadamente deixamos de fazer uma gramática nos moldes tradi­
cionais, para não ser “mais uma”, havendo tantas e boas em línguas es­
trangeiras, embora quase nada se ofereça, nesse campo, em português.
Pareceu-nos melhor dar a feição de um curso ao nosso trabalho, realiza­
do com o propósito de pôr nas mãos de nossos estudantes de letras um
instrumento da manuseio accessível e, tanto quanto possível, capaz de dar-
-lhes unia visão global e progressiva da língua grega, não como um fenô­
meno isolado e rebarbativo de uma forma de cultura superada, mas como
uma realidade viva e perene, como o são os meios de comunicação cultu­
ral em todos os tempos.
Por motivos de ordem didática, preferimos restringir aqui o estudo
gramatical à fonética, à morfologia c à sintaxe do ático clássico, deixan­
do para um volume subseqüente o estudo das formas dialetais divergentes,
a par de um maior desenvolvimento da sintaxe das subordinadas, desta
vez limitada ao essencial.
Também por razões de ordem prática, limitamos os exercícios ao mí­
nimo necessário à aplicação imediata das noções teóricas explanadas no de­
correr da obra. Os professores neles encontrarão material suficiente para
o trabalho em classe, além de sugestões para posterior desenvolvimento
dos assuntos exemplificados. Quanto ao que chamamos “ Imagens da Hé-
lade” tem o propósito de. através de textos selecionados de bons autores
e comentadores especializados, despertar no neófito o desejo de ampliar
suas leituras e o conseqüente objetivo de conduzi-lo a um estudo mais
GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA IX

consciente, a par de menos árido, dos múltiplos aspectos desse complexo


e inigualável fenômeno que sabemos ser o helenismo.
Por fim, na impossibilidade de fazer melhor, optamos por uma bi­
bliografia sucinta c, tanto quanto possível objetiva e encontrável, aonde
os estudantes poderão satisfazer a curiosidade que esperamos lhes seja
despertada pelos comentários e citações que nos coube fazer no decorrer
do livro.
Cumpre-nos ainda o dever de agradecer, a par das generosas palavras
com que nosso velho e querido mestre, o professor Damião Berge, houve
por bem apresentar este volume, também a dedicação da professora Su-
zanna Teixeira Mendes de Mello, ao rever nossos originais e as provas
tipográficas, tendo-nos trazido, cm mais de uma ocasião, o auxílio de suas
judiciosas observações-, e a nossa gratidão também se volta para o ilustre
mestre e amigo Augusto Meyer, a quem muito devemos pelo estímulo e
confiança em nós depositados.
E não fique esquecido o papel decisivo da Editora, que confirma o
alto nível e o interesse cultural de nosso comércio livreiro, ocupando-se,
primorosamente, com a tarefa de dar corpo e vida a este trabalho.

Kio de Janeiro, maio de 1968

G. N. B. P. H.
ESTA 2? EDIÇÃO...

Decorridos oito anos, desde o aparecimento deste 19 Tomo de “OS GREGOS


E SEU IDIOMA”, posto à prova no dia-a-dia de nossos cursos universitários, pode­
mos concluir, num breve balanço desapaixonado, que o livro cumpriu sua missão e
atingiu, plenamente, os principais objetivos que nortearam sua elaboração.
Para tanto, devemos ressaltar a inestimável colaboração de nossos colegas —
professores de Língua e Literatura Grega da Faculdade de Letras da U.F.R.J. —
ex-discípulos e atuais colaboradores, de uma equipe cuja dedicação e eficiência
nunca foram desmentidas. Mas também muito contribuíram para a divulgação de
nosso trabalho, e conseqüente metodologia, professores e estudiosos do helenis-
mo, de vários pontos do país, que tiveram a bondade de escrever, comunicando
suas impressões e os resultados obtidos com a utilização do nosso manual.
Por tudo isso e, também, porque agora, finalmente, a obra virá a lume com­
pletada pelo 29 Tomo (até aqui inédito), julgamos indispensável uma cuidadosa re­
visão deste primeiro tomo —tanto para escoimá-lo das inevitáveis falhas tipográfi­
cas (apesar de relativamente poucas para uma obra deste porte), quanto para atua-
lizá-lo, do ponto de vista ortográfico (sempre a “ortografomania” nacional) e, ain­
da, para aprimorar alguns tópicos, onde a experiência provou ser necessária maior
clareza, ou melhor desenvolvimento do assunto. As óbvias e inabaláveis dificulda­
des com que se defronta a teimosa atividade intelectual de alguns poucos, em nos­
sa terra, evidentemente não permitiram um aperfeiçoamento mais completo, nem,
muito menos, uma reformulação do livro (o que de resto não seria necessário).
Limitamo-nos, assim, a desenvolver o que nos pareceu indispensável.o voca­
bulário português-grego, a bibliografia geral (atualizada, na medida do possível) -
a par da reelaboração de alguns Lembretes Sintáticos, quer acrescentando noções
de que os estudantes se mostraram carentes (vide Lembretes n9 3 e 17), quer pas­
sando para o 29 Tomo (vide Lembrete n94 dele) certos aspectos, que nos pareceram
melhor colocados mais adiante, no curso que nos propusemos realizar, sem falar
no acréscimo de mais alguns exercícios de formação de palavras.
Os únicos capítulos que foram, inteiramente, reescritos (Item 2. —'‘Forma­
ção do Povo Grego” e Item 32. - “Formação de Palavras no Grego”), respondem
às exigências do ensino —o primeiro, pela urgência de dar, aos estudantes de cul-
GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA 1

tura helênica, noções históricas que não mais obtêm nos cursos secundários de on­
de provêm, e o segundo, pelo maciço despreparo lingüístico dos nossos estudantes
de letras, nas mais comezinhas questões, até mesmo as relacionadas com a língua
vernácula.
Basicamente, pois, o livro é o mesmo, porém aperfeiçoado e ampliado, na
medida do possível. Atendemos, ainda, à sugestão de alguns professores, para apre­
sentar a “chave” dos exercícios do primeiro Tomo, em anexo ao segundo, a fim de
facilitar o trabalho de professores afastados dos grandes centros e (por que não?)
também dos autodidatas, a quem o livro, igualmente, se destina.
Cumpre-nos, ainda, destacar a preciosa colaboração dos nossos Assistentes,
nesta 2? edição —a professora NELY MARIA PESSANHA, que se incumbiu, pri-
morosamente, da leitura dos originais, e da revisão tipográfica e ortográfica deste
livro, em ambos os tomos, e o professor MANUEL AVELEZA DE SOUSA, que
datilografou e reviu os textos gregos, refeitos ou acrescentados, neste e no 2? To­
mo. A ambos, nosso profundo agradecimento, pela dedicação e eficiência de­
monstradas, em tempo recorde e em período de férias escolares.
E não devemos esquecer o corajoso idealismo da Editora J. Di Giorgio, ao
assumir a responsabilidade de reeditar este tomo, compondo, simultaneamente, o
segundo que o complfeta, honrando, mais uma vez, a nossa ainda tímida produção
editorial, que já ascende, entretanto, a níveis culturais e artísticos cada vez mais
altos.
Rio de Janeiro, em 20 de Janeiro de 1978.
(Dia de S. Sebastião Padroeiro)
G.N.B.P.H.
♦ ♦ ♦
E AGORA, A 3? E D I Ç Ã O . . .
Com grande satisfação reeditamos, mais uma vez, pela J. Di Giorgio & Cia.
Ltda., este Manual, prestigiado pela crítica e pelo público. Também foi gratifi-
cante o reconhecimento de nosso trabalho, por parte do Governo da Grécia que,
através de seu Embaixador, Sr. Antonios Protonotários, adquiriu boa parte dos
dois tomos deste livro, para oferecê-los às principais Universidades e Entidades
Culturais do Brasil.
Esta edição sai sem alterações maiores, exceto as notórias correções tipográ­
ficas e falhas de impressão, além do acréscimo, em anexo, de alguns textos para
revisão complementar d matéria desenvolvida neste tomo. Nos tempos que
correm, já é uma proeza manter a regularidade da carreira de uma obra desse tipo.
E, mais uma vez, agradecemos a quantos têm prestigiado esta nossa despretensiosa
colaboração aos estudos helênicos, em nossa terra.
Rio de Janeiro, em 20 de Janeiro de 1982.
G.N.B.P.H.
2 Os Gregos e seu Idioma (1- TOMO)

NOSSA 45 EDIÇÃO

Este livro completa agora vinte anos de vida útil e bem sucedida. É
com grande sacrifício que, nos dias de hoje, repetimos a façanha de arcar
com os ônus dessa publicação, como já fizemos anteriormente, a falta de
verbas em nossa UFRJ para esse fim. Por isso, procuramos evitar qual­
quer forma de encarecimento desta nova edição, mantendo-a praticamente
sem alterações (saivo as imprescindíveis), embora muito nos agradasse
poder ao menos ampliar a bibliografia básica que oferecemos. Como está,
o livro permanece válido e capacitado a continuar atingindo os objetivos
que nos propusemos ao realizá-lo, e esperamos que continue a merecer o
prestígio e o interesse de quantos se dediquem ao estudo do grego antigo,
manancial perene de reflexão e cultura, inspirando as Autoridades Uni­
versitárias do Brasil em seu propósito de manter e desenvolver o huma­
nismo clássico em nossos currículos.

Rio de Janeiro, em 10 de junho de 1990


GNBPH
3

DA MESMA A UTORA:

“O Estilo de S. João Crisóstomo ” (Monografia apresentada no Curso de Dou­


torado da Faculdade de Letras da Universidade de Paris (SORBONNE), em 1953)

“As Imagens de S. João Crisóstomo, nas Homílias Sobre o Incompreensível”


(Tese de Doutoramento em Letras Clássicas pela Universidade do Brasil, defendida
em 31 de março de 1 9 5 8 - Colação de Grau de DOUTOR EM L e t r a s CLÁSSICAS
em 17 de setembro do mesmo ano, na Faculdade Nacional de Filosofia)

“S. João Crisóstomo e a Transfiguração da Cultura Clássica no Oriente Heleni-


zado do IVo. Século” (Conferência de Encerramento da 1? Semana Cultural da
Grécia, em 29/3/60, no Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Brasil).

“Mito e Poesia na Lírica de Píndaro” (Conferência proferida no PEN CLUB


do Rio de Janeiro, em 30/6/62).

“Electra e a Maldição dos Atridas" (Conferência de Encerramento da VaSe­


mana da Grécia, proferida no Salão Nobre da Faculdade Nac. de Filosofia da U.B.,
em 3/11/64 ilustrada pelo filme “ELECTRA”, dirigido por Cacoyannis).

“A Grécia Pastoral e Poética de Todos os Tempos ” (Conferência pronunciada


no Encerramento da VIII? Semana da Grécia, no Salão Nobre da Faculdade de
Educação da U.F.R.J., em 6/11/69. Refeita, a pedidos, na Abertura da X? Sema­
na da Grécia, no Museu do Banco do Brasil, em 25/5/72 e na “Sociedade de Ro-
manistas”, em 28/7/73. Publicada, em separata, na revistaRomanitas).
“A Alma Feminina no Teatro de Euripedes” (Conferência realizada no Museu
do Banco do Brasil, em 11/8/70, no Ano Nacional da Educação. Refeita, na Aber­
tura da XI? Semana da Grécia, no Auditório do Colégio Pedro II —em 11/12/74).

. “Píndaro, Poeta e Profeta da Imortalidade: o Sagrado e o Profano no Ideal


Pacifista dos Jogos Pan-Helênicos” (Conferência proferida no Encerramento da IX?
Semana da Grécia, no Museu do Banco do Brasil, em 27/11/70).

“Som e Luz na Acrópole de Atenas” (Tradução e adaptação do espetáculo


realizado, em Atenas, pela “Association Française pour la Mise en Valeur des Si-
4 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

tes” e pela “Organização Nacional de Turismo da Grécia” —com a gravação origi­


nal e a projeção de diapositivos referentes ao texto, no Encerramento da X? Se­
mana da Grécia, no Museu do Banco do Brasil, em 30/5/72. Espetáculo refeito
no Encerramento da XI? Semam da Grécia, em 21/12/74 e. também, no da XII?,
no Salão do Conselho do Clube Naval, em 24/3/77 e na Abertura da XIII®,em
18/6/79)

“Aspectos da Religião Grega, Refletidos nos Poemas Homéricos ” (Conferên­


cia proferida na "Associação de Formação Humanística” (FORHUM), em 7/12/75).

“Um Ideal Marinheiro em Todos os Tempos: Ulisses e os Mitos do Mar, na


Odisséia Homérica" (Conferência proferida na Abertura da XII? Semana da Gré­
cia, no Salão do Conselho da sede social do Clube Naval, em 16/3/77).

“OS GREGOS E SEU IDIOMA” — 2? Tomo —Rio de Janeiro, J. Di Giorgio


& Cia. Ltda., 1978 (Estudo morfo-sintático complementar do ático clássico. As­
pectos Dialetais e Panorama Diacrònico do Grego. Pequena Antologia de Textos
Comentados). 2- edição, Di Giorgio, 1983. 3- edição, Di Giorgio, 1992.

“O Riso Policrômico de Aristófanes e a Sátira à Sociedade Ateniense do VSé­


culo a.C. (Conferência de Encerramento da XIII - Semana Cultural da Gré­
cia, no Clube Naval, em 26/6/79)

“As Várias Faces de Eva, na tradição helênica” (Conferência de Abertura da


XIV Semana Cultural da Grécia, no Clube Naval, sob a temática geral: “A Mulher
no Contexto Cultural do Helenismo Antigo” - 11 a 20/3/80).

“A Luz da Hélcule” (Ensaios Literários) - Rio de Janeiro, Di Giorgio,


1980, 250 págs.
Raízes helênicas da ficção romanesca no pós-classicismo alexandrino
(Conferência na XV Semana Cultural da Grécia, Clube Naval, RJ, em
08.05.1981) .

Helenismo e Cristianismo (Aula inaugural dos Cursos da Escola Teo-


iógica da Congregação Beneditina do Rio de Janeiro, em 01.03.1982 e
Conferência no 2- Encontro de Filosofia Grega do Instituto de Lógica e
Teoria do Conhecimento (ILTC) e da UFF, em 19.08.1985)

O Titã Prometeu e o culto do Fogo na antiguidade (no encerramento


da XVI semana cuiturai da Grécia, no Clube Naval, em 19.05.1982.

O Ulisses Homérico (seminário introdutório à “ Semana do Centenário


de James Joyce” , no 2- Congresso da Faculdade de Letras da UFRJ, em
04.10.1982) .
5

Platão, filósofo-esteta (no l 9 Encontro Fluminense de Filosofia Filoso­


fia Grega, em 25.04 1983)

Sedução, encantação e êxtase, nos cantos mágicos da Grécia Antiga


(na XVII Semana Culturai da Grécia, Clube Naval, RJ. em 20.10.1984 -
com ilustração musical do 2- Hino a Apoio Délfico, cantado no original,
com acompanhamento de liauta doce, tradução inédita para o português,
peia Autora).

O Riso Grego, de Homero ao Kômos pré-aristofânico (no I Simpósio


sobre “ Marginalidade na e da literatura” , na Faculdade de Letras da UFRJ,
em 26.11.1984).

Transgressão e opressão na literatura Grega: a Teogonia de Hesiodo


(na VI Semana de Estudòs Clássicos da Faculdade de Letras da UFRJ, em
13.09.1985).

A palavra e a busca da verdade na tradição estética da grécia vno 3-


Congresso da Faculdade de Letras da UFRJ, a “ Sobrevivência da Palavra”
Em 08 10.1985)

O Itinerário de Ulisses na Odisséia: o mundo pré-homérico em “sli­


des” (no Centro de Estudos Supletivos da Secretaria Municipal de Educa­
ção de Niterói, em 30.10.1985).

Amor e morte em “Os Lusíadas” : o modelo grego (no Liceu Literário


Português do Rio de Janeiro, em 23.06 1986)

A ‘ ‘léxis’’ literária na Grécia: a palavra épica (na Comunicação Co­


ordenada “ A palavra poética na Grécia em quatro momentos” , na 1- As­
sembléia Geral da SBEC, em Curitiba, em 14.09.1986)

A verdade poética na literatura grega (no Encerramento da XIX Sema­


na Cultural da Grécia, no Clube Naval, RJ, em 23.10.1986)

Raízes míticas do helenismo: o pensamento mítico e a arte literária


dos Gregos (no painel “ Mito e Literatura” do Seminário Internacional so­
bre a Atualidade do Mito, promovido peia SBEC em Porto Alegre, na
UFRS, em 03.06.1987) PUBLICADO NO LIVRO MITO, ONTEM E HO­
JE. ED. UFRGS, 1991.

A mulher-musa na poesia grega arcaica (no Simpósio Mulher: Musa


inspiradora, divindade, cidadã na “ pólis grega” , na 2- Assembléia Anual da
SBEC, em Belo Horizonte, em 27.08.1987)

Ideologia e Poesia entre os Gregos Antigos (,ηο I Congresso Interna­


cional de Letras da FL/UFRJ, em 16.09 1987).
6

O herói: épico, trágico e cômico, na literatura grega (na Mesa Rc-


donda “ Pervuiso do herói da Antiguidade à Modernidade Brasileira", 11a }-
Assembléia Anual da SBEC na FL/UERJ, em 23.07.1988;
*
Momentos Líricos na Grécia Antiga (texto grego e tadução da autora,
no Encerramento da XX Semana Cuitural da Cirécia, no Clube Naval,
1989).

Mitos de Amor e de Morte na Tradição Helênica (na Mesa-Redon-


da^ “Vivência do M ito ", (11a 4- Assembléia Anual da SBEC, em São Paulo,
em 27.09.1989). '

Dioniso, o Deus da Loucura e da “Alma Selvagem” i no 2- Congresso


e 52 Assembléia Anual da SBEC, em Garibaldi, R S, em 23.07.1990; PU­
BLICADO NO L lvR O VINHO E PENSAMENTO. ED SBEC E TEMPO
BRASILEIRO, 1991.

Ensaios, Tradução Literária de Poesia Grega Antiga, Resenhas, etc.


Na Revista - CAÍOPE-PRESENÇA CLÁSSICA (a partir de 1984- 7 núme­
ros publicados, o 8- e 9- em vias de publicação).

Hesíodo, o servidor das musas: a vida fdtjiiliar dos deuses antropo-


mórficos e a poesia do cotidiano na Grécia Arcaica (Estudo literário da
poesia hesiódica, seguido da tradução direta da Teogonia e Je Os Traba­
lhos e os Dias) Rio de janeiro, Di Giorgio, 1992.

Estudos Homéricos (Volume coletivo sob a orientação da autora, como


introdução à Leiíura da Ilíada e da Odisséia - em preparação)
S U M Â IU 0

D PARTE — INTRODUÇÃO — “ SUBSÍDIOS DE HISTÓRIA DA


FORMAÇÃO DO POVO E DO IDIOMA HELÊNICOS”

1 — 0 GREGO, IDIOMA INDO-EUROPEU ............................................................. 15


a) Conceito de indo-curopeu. Principais teorias a respeito de sua existên­
cia. Principais línguas indo européias.
b) Generalidades sobre o grego antigo e seus dialetos literários.
c) Os dialetos literários antigos.
Imagens da Hélade n9 1 .......................................................................................... 28
2 FORMAÇÃO DO POVO G R E G O .............................................................................. 29
a) A Grécia pré-histórica e o mundo egeu ............................................................... 29
b) As civilizações pré-helcnicas: Populações prc-indo-européias e substratos lin-
güísticos no g r e g o ..................................................................... ' ............................ 37
c) Irradiação migratória dos povos indo-europeus: As migrações helênicas . . . . 46
d) Decadência e destruição da civilização m inóica.......................................... ... 49
e) O mundo aqueu ...................................................................................................... 53
f) O povo g r e g o ............................................................................................................ 57
g) Sobrevivência da cultura aquéia ........................................................................... 58
Imagens da Hélade n9 2 . . . . .............................................................................. 58
3 — EVOLUÇÃO DA LÍNGUA GREGA ANTIGA (Dos dialetos até a koiné) 60
a) Expansão geográfica dos antigos dialetos, b) Importância literária dos
diversos dialetos, c) A “koiné” : conceito, importância e expansão da
koinè diálektos. d) Conceito de koiné. e) Fontes de conhecimento da
“koiné’’. f ) Origens do grego moderno, g) Manifestações literárias do
néo helenismo.
Imagens da Hélade n9 3 .......................................................................................... 78
4 — 0 NOME DOS GREGOS ................... ............................. .-..................................... 80
Imagens da Hélade nc 4 ..................................................................................... 84
5 — A LETRA GREGA ................................................................................................... 86
a) A linguagem liumann e suas representações, b) Origens do alfabeto he-
íénico. c) O alfabeto grego clássico, d) Observações sobre a ortografia e a
pronúncia, e) Os espíritos, f) Os acentos, g) A pontuação.

D Exercício (transcrição alfabética) ......................................................... 100


Imagens da Hélade n* 5 ............................................................... ..................... 101
6 — A PRONÚNCIA DO GREGO CLÁSSICO ....................................................... 102
a) Breve histórico da pronúncia grega antiga, b) A pronúncia nova. c)
Como pronunciar o grego antigo nas escolas modernas 1
2<? Exercício (transcrição) ...................................................................... 108
Imagens da Hélade n’ 6 .................................................................................. 108
8 GUID V NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

2- P A R T E — E S T R U T U R A L IN G U ÍS T IC A D O GREGO: OS SO NS
E A S F O R M A S ID IO M Á T IC A S

1° Capítulo — “Estudo dos sons e de sua representação”

7 — CLASSIFICAÇÃO DAS VOGAIS E DITONGOS ........................................ 111


3? e 49 Exercícios (transcrição) ................................................................... 112
8 — CLASSIFICAÇÃO DAS CONSOANTES ......................................................... 113
a) Subdivisão das consoantes, b) Quadro geral do \ocalismo e do conso-
nantismo gregos. 5<? Exercício (transcrição) .......................................... 114
9 — ALTERAÇÕES VOCÃLICAS ................................................................................... 115
a) Elisão, crase, contração, metátese. b) Alternância vocálica (apofonia).
t>9 Exercício (transcrição) ................................................................................. 116
Imagens da Hélade n? 7 ..................................................................................... 116
10 — ALTERAÇÕES CONSONANTAIS ......................................................... .............. 118
a) Vocalização, b) Acomodação., e) Assimilação, d) Dissimilação. e) Acrés­
cimos consonantais.) f) Queda de consoantes. Compensação fonética,
g) Importância da analogia.
79 Exercício (transcrição, revisão ortográfica, etimologias) ............... 121
11 — REGRAS GERAIS DA ACENTUAÇÃO. ENCL1TICOS E PROCLITICOS.
a) A acentuação. 8Ç Exercício (acentuação) ............................................... 121
b) Enclíticos e proelíticos. Particularidades na acentuação por efeito da
ênclise.
9? Exercício (acentuação) 10? Exercício (leitura, revisão ortográfica) . . . . 124
Imagens da Hélade n* 8 ..................................................................................... 125

29 Capítulo — “Estudo das formas vocabulares variáveis e de suas funções


na frase” (E le m e n to s d e m o r fo lo g ia e d e s in ta x e d a s p a la v r a s v a r iá v e is )
12 — ELEMENTOS FORMADORES DO VOCÁBULO ............................................. 128
13 — CATEGORIAS DE GÊNERO, NÚMERO E CASO ......................................... 129
a) Noção de gênero, b) Noção de número, c) Noção de caso.
119 Exercício (transcrição) ............................................................................... 131
Lembrete sintático nç 1 ..................................................................................... 132
14 — A DECLINAÇÃO GREGA E SUAS MODALIDADES .................................. 132
a) 1? declinação. b) 2* declinação. c) 3* declinação. d) Declinação do
artigo.
129 Exercício (reconhecimento das declinações, acentos) ........................ 134
Lembrete sintático n? 2 ..................................................................................... 135
13* Exercício (artigos) ..................................................................................... 135
15 — A CONJUGAÇÃO GREGA' E SEUS TIPOS ..................................................... 135
a) Preliminares, b) As vozes do verbo, c) A conjugação temática, d) A
conjugação atemática. e) O verbo auxiliar ΕΙΝΑΙ
Lembrete sintático nç 3 ................................................................................... 139
14v Exercício (transcrição) . ............................................................................. 140
Imagens da Hélade n? 9 ................................................................................. 140
16 — A PRIMEIRA DECLINAÇÃO NOMINAL (Temas em alfa) ................... 141
a) Substantivos e adjetivos femininos em alfa............................................................. 143
15? Exercício (declinação). 16? Exercício (tradução).................................... 144
OS GREGOS E SEU IDIOMA 9

b) Masculinos da 1? declinação.................................................................................... 144


179 Exercício (tradução, acentuação), c) Contratos da 19 declinação . . . . 145
Lembrete sintático n? 4 ............................................................... ..................... 147
18' Exercício (tradução, declinação, conjugação) ................................ 148
17 - VERBOS TEMÁTICOS VOCÁLICOS (1? Parte - VERBOS REGULARES)___ 148
a) Generalidades, b) Estrutura morfológica dos verbos. Quadro geral das
desinências pessoais dos verbos temáticos, c) Verbos vocálicos regula­
res no indicativo. Noção do aspecto. Conjugação do paradigma .................. *56
19o Exercício (conjugação e declinação. tradução) ....................................... - 1*®
20? Exercício (versão, conjugação) ............................................................... 159
Lembrete sintático n' 5 ...................................................................................... 160
Imagens da Hélade n? 10 ................................................................................ 161
18 — A SEGUNDA DECLINAÇÃO NOMINAL (Temas em Ômicron) ........... 163
a) Substantivos masculinos e femininos, b) Substantivos neutros, c) Adje­
tivos masculinos e neutros cm ômicron.................................................................. 165
219 Exercício (declinação, análise morfológica). 229 Exercício (versão, vo­
zes do v e r b o )........................................................................... ........................ · 166
d) Substantivos contratos da 2? declinação................... ................................. 167
e) 29 declinação ática.................................................................................. .................. 168
239 Exercício (declinação). 249 Exercício (tradução, analise) . 170
Lembrete sintático n? 6. 25' Exercício (tradução) .............................· · 171
19 — VERBOS TEMÁTICOS VOCÁLICOS NO INDICATIVO (Segunda parte
— OS CONTRATOS) ............................................................................................... 172
a) Generalidades. Quadro geral das contrações, b) Regras das contrações
vocálicas. c) Tempos não contratos do indicativo. Particularidades (obs.)
269 Exercício (conjugação contrata)..................................................................... 179
27? Exercício (versão). Lembrete sintático n' 7 ........................................ 180
2C — A DECLINAÇÃO DO ADJETIVO QUALIFICATIVO: ADJETIVOS DE
1· CLASSE. OS GRAUS DE SIGNIFICAÇÃO DOS ADJETIVOS (1» tipo)
a) Classificação dos adjetivos, b) Adjetivos de 1» classe. Declinação con­
trata e á t ic a ............................................................................................................... 182
289 Exercício (declinação, etimologias) ............................................................ 185
Imagens da Hélade n' 11. Lembrete sintático n' 8 ................................ 186
Graus de significação (l9 T i p o ) ........................................................................... 188
29' Exercício (comparativos e superlativos dos adjetivos) ................... 190
Lembrete sintático n' 9 ...................................................................................... 190
30' Exercício (tradução, versão, graus dos adjetivos) ............................ 192
Observações finais sobre as duas primeiras declinações ........................ 193
Imagens da Hélade n' 12 ................................................................................ 194
21 - CASOS ESPECIAIS DE AUMENTO E REDOBRO NA CONJUGAÇÃO .VER­
BOS COMPOSTOS POR PREFIXOS - COMPOSTOS DO AUXILIAR . . . . 197
a) Tipos de aumento, b) Tipos de redobro, c) Compostos do auxiliar. 200
31' Exercício (versão, conjugação) ............................................................... 200
32? Exercício (tradução). Expressões curiosas .......................................... 201
22 — VERBOS TEMÁTICOS CONSONANTICOS NO INDICATIVO ............... 203
a) Generalidades, b) Verbos em oclusivas. Conjugação dos paradigmas.
33? Exercício (conjugação, análise morfológica verbal) ....................... 207
Lembrete sintático n' 10 ................................................................................ 208
10 GUIDA MiDDA BARATA PARREIRAS HORTA

c) Formas segundas na conjugação .................................................................... 209


34° Exercício (conjugação de formas segundas) 359 Exercício (tradução) . 214
369 Exercício (revisão gramatical) ..................................................................... 215
Imagens da Hélade n» 13 ..................................................... ............................. 216
23 — A TERCEIRA DECLINAÇÃO NOMINAL (PRIM EIRA PARTE) —
TEMAS CONSONÂNTIOOS..................... ........................... .................................... 218
a) Generalidades, b) Classificação dos temas consonânticos. c) Declinação
dos paradigmas em oclusivas. Observações sobre os temas em dentais.
37? Exercício (declinação e tradução)............................................................ 223
d) Temas em líquidas, e) Temas em nasal, f) Temas em sibilante.......... 224
38? Exercício (declinação e tradução) ............................................................. 231
Lembrete sintático n? 11 ................. ................................................................ 232
Imagens da Hélade n? 14 ................................................................................. 234
24 — A TERCEIRA DECLINAÇÃO NOMINAL (SEGUNDA PARTE) —
TEMAS VOCÁLICOS ..................... .'....................................................................... 238
a) Generalidades b) Declinação dos paradigmas vocálicos (sem alternân­
cia). c) Declinação dos paradigmas (com alternância), d) Declinação
dos paradigmas ditongados. e) Declinação dos temas em “vogais
ásperas”.
39·? Exercício (declinação, análise e tradução) ............................................. 244
Lembrete sintático n? 12 ................................................................................. 245
40? Exercício (tradução e revisão gramatical).......................................... 246
f ) Irregularidades nos substantivos da terceira declinação. g) Particulari­
dades na acentuação dos temas da 3a declinação....................................... 247
4 lv Exercício (revisão das declinações) ...................................................... 249
25 — VERBOS TEMÁTICOS CONSONÂNTICOS EM LÍQUIDAS E NASAIS
(Indicativo) .................................................................................................................. 250
a) Generalidades, b) Temas temporais dos verbos em líquidas e nasais, c)
Conjugação dos paradigmas no futuro, no aoristo e no perfeito das três
vozes (ind.).
42° Exerc. (conj., análise rnorfológica) 439 Exerc. (tradução e versão) · 257
Lembrete sintático n» 13 ................................................................................ 258
44? Exercício (concordância nominal e verbal., conjugação) ................. 260
Imagens da Hélade n? 15 ..............................■................................................. 261
26 — VALoRES MODAIS DO VERBO GREGO. IMPERATIVO, SU BJU NTI-
VO, OPTATIVO, SUA FORMAÇÃO NOS VERBOS TEMÁTICOS E NO
A U X I L I A R .................................................................................................................... 265
a) Generalidades, b) Imperativo (verbos temáticos), c Conjugação dos
paradigmas temáticos vocálicos. d) Conjugação do perfeito do impera­
tivo dos verbos consonânticos. e) Conjugação do aoristo dos temáticos
vocálicos. f ) Aoristo imperativo dos temáticos consonânticos.
45? Exercício (conjugação do imperativo, análise e tradução) . . . . . . . 273
g) Subjuntivo dos temáticos e do auxiliai. Conjugação dos paradigmav» 275
46? Exercício (conjugação dos subjuntivos, análise e tradução) ........... 280
Lembrete sintático n? 14 ........................................................................ .. 281
47? Exercício (tradução e revisão gramatical) ....................................... 284
h) Optativo dos verbos temáticos e do auxiliai. Optativo dos consonânti-
ticos. Conjugação dos paradigm as......................................................................... 285
489 Exercício (conjugação do optativo, análise, etimologias, tradução) . . . 292
OS GREGOS E SEU 1DIUM Λ 11

Lembrete sintático n' 15 ................................................................................ 293


499 Exercício (versão, tradução, etimologia·- ............................................ 295
Imagens da Ilclade n9 1(> ....................... ...................................................... 296
27 Λ O K I INAÇÃO DOS ΟΙ \ l II K A IIVOS. A) A SI GUNDA Ι Α I LRCI IRA
( l ASSI S DOS ADJETIVOS. H) GRAIS DOS ADJI TIVOS 2o TIPO
n ADVIRMOS I ORMADOS Dl \ D.II IIVOS
A) A 2·* o a 3a fiasses dos adjetivos .................................................................. 298
a) Generalidades, b) Adjetivos uniformes de 2e classe, c) Adj. biformes
de 2* classe, d) Adj. triformes de 3” classe. Doclinação dos adjetivos c
dos partieíjiios em dentais. Adjetivos voeálieos. e Adjetivos irrcguln-
re.s e defeetivos. 5O9 Exercício (declinarão, versão, tradução' ........... 309
II) (,raus dos adjetivos (segundo tino) ( i Avérbios formados de adjetivos e seus
g ra u s.......................................................................................................................... 312
5 1E xercício (tradução) ....................................................................................... 313
Lembrete sintático n9 1G ........ ....................................................................... 315
52" Exercício (tradução, revisão i ................................................ ................ 316
Lembrete sintático n9 17 ............................................................. .................. 318
5á9 Exercício ; tradução e revisão gramatical, etimologias i .................... 320
Imagens da Jlélade n* 17 ................................................................................ 322
28 - FORMAS NOMINAIS DO Y ERRO GKKGO - VERBOS TEMÁTICOS
E Ο ΑΓΑΊΜ ΑΚ ..................................................................................................... 323
a) Infinitivos, Verbos temáticos voeálieos. b) Infinitivos do auxiliar, cá
Infinitivos dos verbos consonântioos. d) Particípios. Verbos temáticos
voeálieos. e) Particípios do auxiliar, f) Particípios dos consonânticos.
gl Particípios médio passivos dos verbos temáticos. ]i Adjetivos ver­
bais,
x4° Exercício (conjugação de intínitivos. declinação iic particípios) .... 335
Lcnibrc),· sintático n·· L .............................................................................. 335
55' Lxcnácio (trndiição) ................................................................................ 338
Lembrete sintático n9 18-Bi,· ............................................................................ 338
5Π" Exercício (tradução, revisão grarnaticaL ............................................ 340
Imagens da Hclade 11o ls ................................................................................ 342
2!) — AS FORMAS SEGUNDAS ΝΛ ΓΌΝ.ΤΓΠAÇxO VERBAL (FORA DO
INDICATIVO, ........................................................................ ................................... 344
a) Aorístos |[ alcmaiicas. Aoristos segundos temátieos. b) Futuros TT.
57" Exercício (conjugação de formas II. análise morfológien i ........ 348
Lembrete sintático η9 II) ................................................................................ 348
589 Exercício (tradução com pnrtieípios, análise, ........ ..................... 351
Lembrete sintático ne 10-Bis ............................................................................ 352
5D9 Exercício (tradução de frases e fábulas com particípios 1 ............... 356
30 — DECLINAÇÃO PRONOMINAL . PRIMEIRA PARTE) — PRONOMES
RESSOAIS, REFLEXIVOS, POSSESSIVOS E DEMONSTRATIVOS .. 357
a) Generalidades, b) Pronomes pessoais, n Pronomes possessivos, d) Pro­
nomes demonstrativos.
60° Exercício (declinaçào de pronomes, análise morfológica. conjugação
com pronomes reflexivos) ................................................................................. 362
Lembrete sintático n·' 20 ........................................ ..................................... 363
fil" Exercício (tradução, conjugação 1 ......................................................... 365
Lembrete sintático n9 21 ................................................................................ 366
Imagens da Ilclade 11" 1*1 ..................................................................................
36“
Lembreto sintático n° 22 .............................................. .. .................
361
629 Exercício (tradução, sintaxe do acusativo) ..........................................
37
12 GUIDA NEDDA BARATA PARRERAS HORTA

31 — A DECLINAÇÃO PRONOMINAL (SEGUNDA PARTE) — PRONOMES


IN DEFIN IDO S, INTERROGATIVOS, RELATIVOS E CORRELATIVOS 372
a) Pronomes indefinidos, b) Pronomes interrogativos, c) Pronomes relati­
vos. Declinação dos relativos, d) Pronomes correlativos. Quadro sinóti-
co da correlação pronominal.
639 Exercício (declinação com pronomes, versão, revisão).............................. 378
Lembrete sintático n9 23 ................................................................................ 379
649 Exercício (tradução com pronomes, revisão) .......................................... ... 381
659 Exercício (versão) ......................................................................................... 382
Imagens da Hélade n9 20 .................................................................................. 382
669 Exercício (revisão gramatical, tradução) ............................................ 384
Lembrete sintático nv 24 ................................................................................ 385
679 Exercício (tradução com genitivos) ....................................................... 389
Imagens da Hélade n<? 21 ................................................................................. 390
689 Exercício (tradução) ....................................................................................... 392
Lembrete sintático n9 25 ................................................................................... 393
699 Exercício (tradução, análise morfológica, revisão da sin taxe).................. 398

3Ç Capítulo — Formação das palavras no grego.

32 — FAMÍLIAS DE PALAVRAS — PRINCIPAIS PREFIXOS E SUFIXOS


USADOS NA LÍNGUA CLASSICA — COMPOSIÇÃO E DERIVAÇAO 400
a) Generalidades, b) Elementos de formação, c) Famílias de palavras.
A p o fo m a ......................................................................................................... * . . 401
d) Palavras dc Etimologia G rega................................................................................. 403
e) Composição vocabular............................................................................................. 404
f) A derivação vocabular............................................................................................. 408
Sufixos nom inais...................................................................................................... 411
Sufixos verb ais......................................................................................................... 413
709 c 719 Exercícios............................................................................................. 416
729 e 739 Exercícios............................................................................................. 417
Imagens da Hélade n9 22 .............................................................. 418

— A N E X O S —
I — Quadro geral da conjugação dos verbos temáticos vocálicos regulares . . . . 421
I I — As preposições e os casos ................................................................. ....................... 427
749 e 759 Exercícios...................................................................................................... 429
Quadros ilustrativos das preposições .................................................................... 430
I I I — Bibliografia da primeira parte (Introdução) ................................................ 435
TV — Vocabulário Português-Grego ................................................................................ 439
V — Mguns textos para revisão geral da matéria 4”

— ÍNDICES PARCIAIS —
I — Índice dos Lembretes Sintáticos ......................................................................... 13
II — Índice das Imagens da Hélade . .. ..................................................................... 14
ÍNDICES PARCIAIS

i) — Í n d i c e dos l e m b r e t e s s in t á t ic o s —
Páginas

N.° 1 — Quadro sinótico dos adjuntos adverbiais mais com uns......................................... 132
N.° 2 — Alguns empregos do artigo definido e sua colocação (I )....................... 135
N.° 3 — Elementos formadores da oração............................................................................. 139
N .° 4 — Empregos especiais do artigo (II) ............................................................... 147
N.° 5 — Valor dos tempos no indicativo (I). Presente e imperfeito ··■ 16®
N.° 6 — Valor dos tempos no indicativo (II). Futuro..................................... 121
N.° 7 — Valor dos tempos no indicativo (III). Aoristo................................. 180
N.° 8 — Sintaxe do adjetivo qualificativo (I )................................................... . ·· 18b
N.° 9 — Idem (II). Graus de significação dos adjetivos................................... 1®®
N.° 10 — Valor dos tempos no indicativo (IV). Perfeito e mais que perfeito. 208
N.° 11 — Outros empregos especiais do artigo (III)..................................................... 232
N .° 12 — Casos de omissão do artigo (IV )...................................................................... 245
N .° 13 — Sintaxe de concordância nominal e verbal ................................................ 258
N.° 14 — Sintaxe dos modos (I). Imperativo esubjuntivo....................................... 281
N.° 15 — Sintaxe dos modos (II). O ptativo........................................................... 293
•3 1 C
N.° 16 — Empregos especiais dos adjetivos, nos váriqs graus (111)....................... J
jç·.» i 7 O sujeito indeterminado. A voz p a ssiv a ............................................................... 318

N.° 18 — Sintaxe do infinitivo (1)........................... ...................................... 335


N.° 18 Bis — Idem ( I I ) ........................................ ........................................ 338
N.° 19 — Sintaxe dos Particípios ( I ) . . ....................................................... .. 348
N.° 19 Bis — Idem ( I I ) ...................................................................................................... 352
N.° 20 — Sintaxe dos pronomes (I). Pessoais, reflexivos e possessivos............ 363
N.° 21 — Sintaxe dos casos (I). Nominativo e vocativo........................................... 366
N.° 22 — Sintaxe dos casos (II). Arusativo . .'.................................................. 369
N.° 23 — Sintaxe dos pronomes (II). Relativos ........ 379
N.° 24 — Sintaxe dos casos (III). G e n i t i v o ............................................................... 385
N.° 25 — Sintaxe dos casos (IV). D a tiv o .................................................................. 393
14 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

II) — ÍN D IC E D AS IM A G E N S DA H ELAD E {Textos de Ilustração)


Páginas
N.° 1 — A Grécia antes dos Gregos................................................................. 28
N.® 2 — Conceito de Helenismo na Grécia primitiva................................ 58
N.® 3 — A canção popular grega....................................................................... 78
N.° 4 — A mentalidade religiosa dos Gregos................................................ 84
N.° 5 — O homem e a escrita através do tem po........................................ 101
N.° 6 — A morte de Heitor (Ilía d a )................................................................ 108
N.® 7 — As artes industriais na Grécia a n tig a ........................................ H®
N.° 8 — Delfos:. a fonte Castália, o Ginásio e M arm ária....................... 125
N .° 9 — A presença dos sátiros na tragédia g r e g a .................................... 140
N.® 10 — Débitos e devedores na Grécia arcaica.......................................... 161
N.° 11 — Hino à Música (Píndaro).................................................................... 185
N.° 12 — O cavalo na Grécia antiga (N. B. — Ilíada).............................. 194
N.° 13 — A vida senhorial nos tempos homéricos........ 216
N.° 14 — A revelação do espírito grego através dos m ito s ....................... 234
N.® 15 — Uma arte com as medidas do homem ( I ) .................................... 261
N.° 16 — Uma arte com as medidas do homem ( I I ) .................................. 296
N.» 17 Louvor da Ática (S ó fo c lè s).................................................................................... 322

N.® 18 — A vida econômica na Atenas clássica............................................. 342


N.° 19 — A morte do cão de Ulisses (Odisséia)............................................ 367
N.° 20 — O mito no pensamento grego antigo............................................... 382
N.° 21 — Um velho bem-humorado (Platão).................................... 390
N o 22 A deturpação dos valores humanos pela guerra civil (Tucídides).................. 418
1* Parte: INTRODUÇÃO

SU B SÍD IO S DE H ISTÓ R IA DA FORMAÇÃO DO POVO E DO


IDIOM A HELEN1COS

1. — O GREGO, IDIOMA INDO-EUROPEU

a) Conceito de indo-europcu. Principais teorias a respeito de sua existência.


1. I n t r o d u ç ã o .
Ao iniciarmos o estudo de um novo idioma, muitas são as perple­
xidades que nos assaltam, não só decorrentes da própria estrutura da lin­
guagem humana, tão variável em suas múltiplas manifestações, mas também
por efeito, com frequência, de uma certa resistência psicológica. É a reação
que a nossa mente oferece, involuntariamente, ao esforço de desbrava-
mento que exige a penetração de qualquer língua, ainda desconhecida.
Porque, afinal, o que denominamos “ idioma”1 nada mais é que uma peculiar
modalidade da linguagem, privativa de um determinado grupo social, para
servir à intercomunicneão dos indivíduos que o compõem, mas que também
é o veículo de expressão das vivências próprias e unívocas de cada pessoa,
em seu relacionamento com o mundo exterior.
Assim, quando nos voltamos para o idioma grego antigo, nele encon­
tramos um instrumento de comunicação e de expressão intelectual e a r­
tística do mais alto nível, a serviço de um povo privilegiado, por efeito de
suas superiores qualidades criadoras c especulativas — os Gregos ou He­
lenos, como os conhecemos tradicionalmente.
Tal idioma se nos depara hoje, ao primeiro contato, como um territó­
rio inóspito, de difícil acesso, cujo primeiro escolho está logo no tipo de
escrita que o reveste, o alfabeto grego clássico.
Sem dúvida é esse alfabeto, em certos aspectos tão diferente do nosso,
que enseja ao aprendiz lielenista uma sensação de impenetrabilidade, que.
a tradição parece ter cristalizado na desmoralizada sentença a que costu­
mam recorrer os não-iniciados, quando pretendem indicar que um assunto
dado não está ao alcance de seu entendimento: “Isto é grego para mim.”

1 Id io m a provém do grego “ Ι δ ί ω μ α " (idioma) que significa: caráter próprio,


propriedade particular, particularidade de estilo.
16 GUID V NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Helenizar-se, de fato, era para os Gregos antigos “falar grego”, em


primeiro lugar, depois então “pensar como um Grego”, portanto, “viver
à maneira dos Helenos” : hellenízesthai, é o verbo usado por eles com o
significado de “falar em grego”. Mas, para nós, modernos, assimilar o he-
lenismo como forma' de cultura, será tão inacessível como quer fazer crer
o aforismo que citamos? Acaso será o grego uma língua inaprendível para
os não helênicos, ou tudo não passa de um certo ranço de falsa erudição,
que torna esse idioma um alvo situado num pedestal inabordável à turba
ignara?
É evidente que ambas as hipóteses são falsas. Sem procurar iludir o
neófito com o aceno de facilidades inexistentes, na verdade não é pre­
ciso ir muito longe para verificar que o alfabeto grego é de fato o ante­
passado do nosso usual alfabeto latino, o ABECEDÁRIO de que nos ser­
vimos há séculos, como veremos em breve.
Então só teremos de vencer a etapa primordial de nossa nova AL­
FABETIZAÇÃO, primeiro passo dessa helenização, para logo vermos
emergir, límpida e harmoniosa, maleável e austera, a LÍNGUA GREGA,
capaz como nenhuma outra de exprimir, com inigualável perfeição, o pen­
samento abstrato dos filósofos ou o colorido cambiante da criação poética,
tão acessível quanto qualquer outro idioma, embora guardando um tesouro
de riquezas espirituais muito mais preciosas que as da maioria de suas
congêneres.
M a s... de onde virá esse fascinante idioma helênico, que nos lança
em novas perplexidades, porque não aparece uniforme em nenhuma etapa
de sua história, só muito tardiamente logrando alcançar relativa unidade
formal, ainda assim por imposições de ordem política, alheias ao âmbito
estritamente lingüístieo? E que relações terá com nossa língua-mater, o
latim, se tantas vezes tropeçamos, nos modernos idiomas neolatinos, com
étimos e formações cunhados no grego, sob a forma exterior alatinada?
Terão ocorrido simples empréstimos idiomáticos, dada a vizinhança geográ­
fica de ambos, ou em função das vicissitudcs históricas? Ou será que tudo
não passa de mera usurpação cultural, resultante de um prolongado con­
tato dos dois povos, o grego e o romano, num mimetismo consentido, por
parte de um, voluntário às vezes, inconsciente outras, por parte do menos
evoluído culturalmcnte, formando, ao longo dos séculos, um amálgama
intelectual que ainda' hoje nos deslumbra? Ou haverá raízes mais profun­
das e longínquas, em que se entrelacem as fontes inais puras e vivas de
ambos os idiomas, num iniludível parentesco lingüístieo, transparente de
uma análise menos perfunctória da história evolutiva de cada um?
A moderna ciência da linguagem está hoje apta a responder-nos com
segurança.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 17

A gramática comparada, pesquisando o desenvolvimento paralelo


de diversas línguas, aproxima-as umas das outras, a fim dc observar uma
série de concordâncias e de coincidências que independem de condições
gerais e não podem ser atribuídas ao acaso. Em conseqüência, à luz de
tais pesquisas, frcqiientemente acaba-se por concluir pela existência prim i­
tiva de um único e mesmo tronco lingüístico, do qual se terão derivado, em
fases ou etapas diversas, os idiomas tidos por aparentados, mesmo quando
a gramática descritiva de determinado estágio ou fase dessas línguas as
represente profundamente diversificadas.
É o caso, para citar um exemplo concreto, do estudo gramatical com­
parativo das línguas românicas ou neolathuis (v. gr. o português, o espa­
nhol, o francês, o italiano e o romeno, sem falar nos numerosos dialetos
locais, relegados à condição de “patois”). Esse estudo nos levará, de etapa
em etapa, até o tronco comum de todas, o LATIM.
A precisão com que se chegou a estabelecer cientificamente o étimo
comum às várias formas divergentes nas línguas românicas'— remontan­
do pacientemente à fonte latina, não raro confirmada, a posteriori, pelos
textos escritos — testemunha a favor da eficiência do método, que passou
a ser aplicado a áreas lingüísticas cada vez mais extensas.
2. Evolução da L inguagem : A Corrupção L ingüística
É sabido que a estabilidade da linguagem humana é muito relativa:
se, por um lado, determinada língua é falada mais ou menos uniforme­
mente pelos indivíduos pertencentes à mesma geração e a um mesmo
grupo social de uma dada região, por outro lado admite-se, a priori, que
essa língua deverá sofrer alterações inevitáveis, à medida que for sendo
transmitida de umas gerações às outras. Isso significa que a propagação
de um tipo de civilização costuma dar-se pela extensão do idioma, que
serve de língua comum a todos os membros do grupo social que habita
um determinado território, mas o próprio uso idiomático tem por conse­
qüência uma permanente tendência à diferenciação.
Nisso consiste a chamada EVOLUÇÃO DA LINGUAGEM, condi­
cionada a numerosos fatores de ordem biológica, psicológica, econômica,
social, política e religiosa — evolução de certo modo fatal, mas que pode
ser mais ou menos retardada, em face das condições históricas em que se
encontre o povo que se utiliza do idioma em questão.
Nas ocasiões em que predomine um tipo de linguagem literária, en­
sinada nas escolas e cultivada pelas classes mais esclarecidas, essa evolução
se tom a mais lenta, refreada que é, de um lado pela disciplina gramatical,
resultante da observação dos fatos da linguagem que regem o uso das
línguas e são codificados nos manuais escolarcs-de outro pela fixação da
linguagem nos textos literários. Sempre, porém, que ocorrem épocas de
súbitas mudanças políticas, ligadas ao afrouxamento das relações sociais,
18 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

paralelamente também se aceleram a desorganização e a corrupção lin-


güísticas.
Assim, quando diversos povos — constituindo um vasto império onde
se fale um idioma aproximadamente unificado — vêm a separar-se em
conseqüência de eventos políticos, igualmcnte a língua geral, que a todos
servia, passará a evoluir diferentemente nos diversos pontos do território
onde era falàda.
Essa diferenciação pode então chegar ao ponto extremo de provocar
o aparecimento de diversas línguas, ao cabo de um certo período de evo­
lução do idioma primitivo. Foi o que aconteceu ao latim, que conheceu
um longo momento de supremacia na Europa mas, sucumbindo o Impé­
rio Romano, em poucos séculos se desagregou lingüisticamente, vindo a
desaguar nas línguas románicas modernas. Inversamente, à proporção que
se remonta às fases mais antigas de um grupo de línguas, supostamente
aparentadas, mais e mais. se tornam evidentes e frequentes as concordân­
cias a que acima nos referimos, quer no âmbito da fonética, quer no siste­
ma morfológico, quer nos diversos tipos de grupamentos sintáticos.
Ora, o GREGO, como aliás quase todas as línguas conhecidas da E u ­
ropa — com exceção do Basco, do Ibérico Pré-românieo, do Etrusco, do
Finlandês e do Magiar, sem falar no Turco, de importação b:m mais recen­
te — é tido como um dos numerosíssimos membros da grande família lin-
güística do INDO-EUROPEU, idioma pré-histórico que os lingüistas
alemães e suíço-germânicos também chamam IXDO-GERMÃNICO.
Tal denominação genérica abrange os idiomas que, na Europa e numa
parte da Ásia, apresentam características estruturais que nos levam a
crer na existência pré-histórica de um tronco lingüístico comum a todos.
A denominação que lhe é conferida deve-se à vasta superfície geográfica
abrangida pelos idiomas supostamente dele derivados, representando his­
toricamente as numerosas e constantes transformações sofridas pelo Indo-
-Europeu comum, através de quase quarenta séculos de ininterrupta evo­
lução. Isso ocorreu na enorme extensão territorial que vai da índia, no
extremo oriental desse domínio, até a Península Ibérica, no extremo oposto,
ao influxo de múltiplas e sucessivas migrações e invasões, praticadas por
grupos étnicos denominados ARIANOS ou ÁRIAS (também chamados
povos indo-europeus).
Tais Arianos nada mais seriam que um grupamento racial muito ex­
tenso, ao qual os lingüistas modernos atribuíram o indo-europeu como
língua geral.
Ora, os Gregos, como veremos, descendem de tribos ramificadas desses
Arianos ou Indo-Europeus, falando, evidentemente, uma das modalidades
(ou dialetos) da primitiva língua indo-européia.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 19

Interessante é notar que essas línguas indo-européias distinguem-se,


por exemplo, das dos outros grupos lingüístieos do mundo —· como as
línguas scmíticas as do grupo bântu, as aglutinantes etc. — porque, entre
outras peculiaridades, são as únicas que possuem a distinção formal entre
os três gêneros: masculino, feminino e n e u tro ...!
“Nas datas cm qué os textos escritos permitem conhecer os grupos
dialetais indo-curopeus conservados”, afirma A. M EILLET,2 “cada qual
aparece distinto dc todos os outros c caracterizado por inovações próprias,
tão importantes quanto numerosas. Mesmo as línguas mais remotamente
atestadas, já apresentam um aspecto diferenciado do indo-europeu. É que,
desde o início da tradição, cada idioma forma um sistema cujos elementos
foram fornecidos pelo indo-europeu, mas 6 diverso do próprio sistema
indo-europeu.”
Ainda não estamos aptos a estabelecer as condições gerais que regem
as transformações das línguas, para que nos seja lícito afirm ar alguma
coisa sobre o que determinou essas inovações peculiares a cada grupo
dialetal indo-europeu. Mas o que se sabe permite julgar que, ao menos,
certos traços particulares resultem da fusão de populações dc língua indo-
-européia com outras populações portadoras de diferentes idiomas, de di­
versos tipos, que as precederam nos territórios em que se fixariam os
Arianos, posteriormente.
15 o que se passa, por exemplo, com a redução dos casos da declinação:
limitados a cinco, no grego, pela eliminação dos três casos de valor con­
creto do indo-europeu primitivo, a saber, o ablativo, o locativo e o instru­
mental, esses casos são, contudo, atestados cm idiomas congêneres, como o
armênio oriental, que ainda hoje conserva o uso de todos eles. No entanto,
o grego desconhece o emprego desses três casos, só conservando o nomina­
tivo, o vocativo, o acusativo, o genitivo e o dativo, desde os inícios de sua
história lingüística.
3. A Gramática Comparada e o I ndo-Europeu
. . . “ O papel da gramática comparada, acrescenta ainda Meillet, con­
siste, inicialmente, em explicar nos idiomas o que eles conservam de antigo,
especialmente as formas “fortes” e as anômalas e, em segundo lugar, dar
uma idéia dos materiais com que se construíram as línguas historicamente
atestadas.”
As primeiras observações sistemáticas efetuadas sobre os idiomas indo-
-europeus datam já do século XV I, mas estudos pormenorizados só pude­
ram ser feitos a p artir do século passado, constituindo um marco funda­
mental desses estudos, em 1816, a' célebre obra, dò alemão FRANZ BOPP,
20 OUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

autor da primeira gramática comparada do grego, do latim, do sânscrito,


do pérsico e do germânico.5
Com esse livro criava-se a gramática comparada, como método cientí­
fico de pesquisa.
“Devemos, dizia ele, aprender a conhecer antes de tudo o sistema de
conjugação do antigo indiano, e percorrer, comparando-as, as conjugações
do grego, do latim, do germânico e do persa; assim perceberemos a identi­
dade delas, paralelamente à descoberta progressiva e gradual do organis­
mo lingüístico simples e observaremos a tendência a substituí-lo por grupos
mecânicos, de onde resulta uma aparência de organismo novo, depois que
não se reconhecem mais os elementos de tais grupos.”
Dezessete anos mais tarde, em 1833, aparece sua nova gramática com­
parada, agora do sânscrito, do zend-avéstico, do grego, do latim, do lituano,
do gótico e do alemão, que não seria terminada senão em 1849, sendo acres­
centado ao título, a p artir do 29 volume, o antigo eslavo.
No prefácio, o autor nos revela mais prccisamcnte suas intenções: “Pro-
ponlio-me dar, nesta obra, uma descrição do organismo das diferentes
línguas citadas neste título, comparar uns com os outros os fatos da mesma
natureza, estudar as leis físicas e mecânicas que regem tais idiomas e
procurar a origem das formas que exprimem as relações gramaticais. Resta
somente o mistério das raízes ou, em outros termos, a causa pela qual de­
terminada concepção prim itiva é marcada por tal som e não por outro e que
nos absteremos de tentar desvendar... à parte isso, procuramos observar
a linguagem, de algum modo, em sua eclosão e seu desenvolvimento...”
No euforia' dos largos passos percorridos pela nascente ciência da lin­
guagem no século X IX , multiplicaram-se as obras versando as pesquisas
iniciadas por B opp , o qual, diga-se de passagem, a despeito de uma in­
tuição penetrante, exercida num vasto campo de pesquisas, muito deixou
por fazer, como bem assinala M eillet . Limitando-se ao exame dos fatos
positivos, B opp teve o mérito de evitar as generalizações vagas e assim
renovou o estudo das línguas. Entretanto, ateve-se quase exclusivamente
ao estudo da morfologia e, nesse setor, à análise da flexão, desprezando
a evolução fonética e suas regras, não examinando nem o emprego das
formas lingiiísticas, nem a estrutura da frase.
Assim, depois dele, e mesmo simultaneamente ao aparecimento de suas
obras, tomou-se necessário acompanhar de perto o desenvolvimento de

s “üeber das Konjugationssystem der tianskritsprache, in Vergleich mit jenen


der griechischen, lateimischen, persischen und germanischen Sprachen, nebst Kpisoden
des Bamajan und Mahabharat in genauen metrischen Uebersetzungen aus ãen originalen
Texten und cinigcn Abschnitten avs den Veda’stl
OS GREGOS E SEU IDIOMA 21

cada língua, conetituir a fonética histórica, estabelecer a teoria do em­


prego das formas e da frase, além de firm ar princípios rigorosos, tenden­
do sobretudo a eliminar as especulações sobre as origens, idéias essas
um tanto antiquadas, mas adotadas por B opp . E que ele ainda não to­
mara plena consciência de seu método, o que lhe perm itiu incluir, erro­
neamente, no grupo indo-europeu, idiomas que dele não faziam parte.
Outros o iriam corrigir.
O fonetismo indo-europeu mereceu, pouco depois, as atenções de
S chleicher , cujo discípulo J. S chmidt prosseguiu nesses estudos,
posteriormente retomados por eminentes figuras, do porte de um B rüg-
mann ou de um F erdinand de S aussure, que também se utili­
zaram do método comparativo para o estudo científico da linguagem,
assim como o ilustre lingüista italiano A scoli, que, em diversos pontos,
completara as investigações de S chleicher sobre o consonantismo indo-
-europeu (em artigo publicado no “Archivio Glottologico Italiano” ).
Não nos compete aqui reconstituir a história do desenvolvimento da
gramática comparada, bastando acentuar a importância que lhe é atribuí­
da por numerosos indo-europeistas, alguns dos quais, a despeito da ca­
rência total de documentação concernente ao chamado “Indo-Europeu
Comum”, não hesitaram em escrever extensos estudos, já no corrente
século, sobre sua existência, eomo realidade lingüística insofismável.
A certeza dessa realidade, que perdurou por muitas décadas, permitiu
que Germano ITirt, um dos maiores mestres indo-europeistas recentes
(1865-1036), pudesse escrever dois eruditos volumes sobre “ OS INDO-
-GERMANOS” (1905-1907) e uma extensa gramática do indo-europeu
comum, em cinco volumes (1921-1937) !5
4. Teses Contrarias à E xistência do I ndo-Europeu
Tudo isso não impediu, porém, que nos últimos quarenta anos essa certe­
za viesse a ser profundamente abalada, multiplicando-sc as impugnações,
por vozes ponderáveis de especialistas nos estudos lingüísticos, como a
do russo T rubetzkoy que, em 1939, negou formalmente a existência
do indo-europeu. Sua tese partia do fato incontestável de que tal exis­
tência não podia ser comprovada documentalmente e recusou-lhe utili­
dade até mesmo como simples “hipótese de trabalho”.6
* K . B rugmann — “K u ríe vergieicher.de GrammaUlc der indoge rmanischen
8prachen”.
].'. de S aussure —- “Mcmoirc sur le système pruni tif des voyelles dans les langnss
indo europécnnes”.
a I I ekmann HiRT ■—· “Die Indogermanen, ihre Verbreitung, ihre Urheimat wnd
ihre K idtnr” (Estrasburgo, 1905-7).
II. HlKT — “Indogermanische Grammatik” (1921-1937).
e T rubetzkoy -— “ Gcdanken neber das Indogermanenproblem” (1939).
22 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Devendo explicar, de algum modo, as inegáveis concordâncias lingüís-


ticas observáveis nos idiomas tidos por aparentados, T rubetzkoy adm i­
tiu a existência de “uma família de línguas”, isto é, um grupo primitivo
de estrutura semelhante c comportando numerosos elementos coincidentes,
resultando tais concordâncias das influências recíprocas. No entanto, não
conseguiu o lingüista comprovar sua afirmação.
No mesmo ano de 1939, o professor italiano V ictor P isani opinou
que não teria havido inicialmcnte um idioma uniforme, mas tão somente
um “grupo de dialetos” apresentando traços comuns.7
Mais recentemente, em 1951; o historiador alemão A ltiieim limitou-
-se a adm itir a existência de uma espécie de “união de línguas”, em cons­
tante transformação.8 Dois anos mais tarde, o inglês W. S. A llen chegou
ao ponto de negar, não só a existência de uma língua indo-curopéia prim i­
tiva, como até o valor científico do estudo linguístico comparativo.®
Como se vê, os próprios especialistas da matéria não conseguiram
chegar a uma conclusão satisfatória sobre ela, e as razões, por eles alegadas,
também não são bastante fundamentadas para que se possa negar, em de­
finitivo, a existência do indo-europeu. Por isso, é-nos perfeitamente lícito
aceitar essa existência como provável, supondo-a uma legítima “hipótese
do trabalho.”
Ora, é evidente, por outro lado, que a própria desmesurada extensão
territorial, abrangida pelo que se convencionou chamar “ indo-europeu
comum”, não nos permite supor uma estrita unidade lingüística pré-histó­
rica, válida para um império cujos limites iriam do m ar Báltico ao rio
Ganges e à Península Ibérica, nem tampouco que os seus usuários já fa­
lassem as numerosíssimas variantes dialetais que lhe conhecemos hoje, em
épocas tão recuadas quanto aquelas em que teriam vivido os primitivos
povos Arianos ou Indo-Europeus ( I I P - I P milênio a.O.).
5. Conceito A tual de Indo -Europeu .
Na verdade, como assinala S kvervxs,10 — “ um elementar bom senso
leva-nos a remontar o curso das idades, até isolar, num espaço geográfico
muito mais restrito, uma comunidade humana primitiva (Urvolk) que fa­
laria uma prim itiva língua (Ursprache), contendo, em potencial, as varie­
dades idiomáticas ainda por sobrevir.” Isso significa que a comunidade
indo-européia era portadora de uma civilização específica, já que a histó­
ria nos ensina que a .extensão de um dado idioma corresponde sempre à
extensão de um determinado tipo de civilizarão.
T P isani, V ictor — “Geolinguistica ed Indoeuropeo" ( 1 9 3 9 ) .
s A i .t i i e i m —“Geschichte der lateinischen Sprache” ( 1 9 5 1 ) .
* W . S . A l l e n — “Eelationship in Comparativ Linguistics” ( 1 9 5 3 ) .
10 S e v e r y n s — “ Grèce et Proche _ Orient avant Uomère” ( 1 9 6 0 ) .
OS GREGOS E SEU IDIOMA 23

Partindo desse pressuposto, os lingüistas chegaram à conclusão de


que a data aproximada em que essa “Urspraehe”*tcria livre curso, coinci­
de com os inícios do 2° milênio a.C. ou fins do precedente, servindo a
populações nômades dedicadas à pecuária (criação) e a uma rudim entar
agricultura, tendo conhecido — como dá testemunho seu mais antigo vo­
cabulário — os diversos empregos do metal, embora ainda não estivessem
capacitadas a praticar uma verdadeira metalurgia. Sua primitiva localiza­
ção, segundo uns, seria a nordeste da Europa, irradiando-se em seguida
desde o Danúbio até o Báltico; outros, porém, situam-nas nas zonas m ar­
ginais do Volga médio ou, então, nas vastas estepes eurasiáticas.
De toda a maneira, os movimentos migratórios dessas populações seguiram,
inequivocamente, as direções leste-oeste e norte-sul, em sua fase de expansão, com
vistas a um futuro estabelecimento na Europa oriental mediterrânea ou,
mais precisamente, nas regiões do continente em que viriam a fixar-se
aqueles que passariam à história com o nome de Gregos ou Helenos.
As principais ramificações lingüísticas do indo-europeu são as se­
guintes :
1 — Gmpo IndoIrânico, compreendendo as línguas da Índia e do
Irã.
a) Na índia:
I — O sánscrito, também chamado “ índio antigo”, este é o idio­
ma religioso por excelência, sendo de cunho literário e apa­
recendo, pela prim eira vez, nos “Hinos Védicos”, que, ao
menos em parte, parecem remontar no 2’ milênio a.C. (em­
bora sua fixação literária tenha sido muito posterior a essa
data). Posteriormente foi empregado nas epopéias nacionais
do “Ramayana” e do “Maliabhárata.”
11 — Prácrilo (línguas pracríticas) ou “índio médio”, nome de
idiomas vulgares fixados por escrito em inscrições, a par­
tir do I I I 9 século a.C. Deles faz parte o “pâli”, usado par-
ticulannente pelo budismo.
I I I — índio moderno, subdividido em numerosos dialetos, entre
os quais se destacam : o hindustâni, o bengáli e o cingalês
(no Ceilão).
b) No Irã — Três grupos distintos:·
I___________— Zcnd ou avéstico, conservado no “Avesta”, livro sagrado
de Zoroastro, com algumas partes contemporâneas dos “Vedas”
dos hindus.
* Ursprache termo alemão que significa: idioma primitivo ou tronco lingüístico, de onde
derivaram outrtis idiomas, formados posteriormente.
24 GU1DA NEDDA BAKATA PAKKEIHAS HOKTA

II Persa antigo, contemporâneo da época de Dario e Xerxes (V!^ séc-


a.C) e conliecido por inscrições desses reis e de seus sucessores (são
alguns dos primeiros textos de certa extensão em IÍngua mdo-euro-
péia, na Ásia).
I I I — Irânico moderno — por sua vez desmembrado em vários
idiomas, entre os quais o persa contemporâneo.
2 — Grupo Helcnico, abrangendo numerosos dialetos que serão es­
tudados adiante.
3 — Grupo Itálico, na península Itálica, subdividido, principal­
mente, em Latim, Osco e Úmbrio.
4 —Grupo Céltico, na antiga região da Gália Romana (a França).

5 — Grupo Germânico, subdividido em:


I — Germânico Setentrional ou Nórdico.
II — Gótico, só conhecido pelos remanescentes de uma tradu­
ção da Bíblia, feita pelo Bispo Vulfila, no IV9 século d.C., o
qual exercia o bispado dos Godos estabelecidos na Mísia
(Ásia M enor).
I II — Germânico Ocidental, de cujas ramificações provêm o
alemão moderno, e o anglo-saxão (atestado desde o séc. IX e de onde
se originou o inglês contemporâneo).
C — Grupo Balto-Eslavo ou Leto-Eslauo — subdividido em:
I — Báltico, nas margens do mar de que toma o nome.
II — Eslavo, com três principais ramificações: uma ao sul, na
Bulgária, outra na Rússia e a terceira a oeste, com as subdi­
visões do checo, do eslovaco e do polonês.
7 — Albanês, só conhecido a p artir do século X V II, sendo um
idioma construído sobre um velho fundo indo-europeu, com uma
infinidade de palavras tomadas ao Latim, ao Grego, ao Eslavo, ao
Turco e ao Italiano.
8 — Armênio, atestado desde ο V9 século d.C. e portador de ex­
tensa literatura.
9 — Tocarvano, reeentemente descoberto em textos da Ásia Central,
atestando a existência, por essas paragens, antes do século X d.C.,
de um outro grupo lingüístico indo-europeu até então desconhecido
(no Turquestão Chinês).

Ilistinto do Indo-Irânico, ainda não foi inteiramente estudado


nos documentos que o registram.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 25

10 — H itita, ainda mal conhecido, aparecendo em antiqüíssimas


inscrições em tabuinhas cuneiformes, que começam a ser decifradas,
revelando relações muito próximas, desse império desaparecido, com
os antepassados dos Gregos.
Deve-se notar que o Grego e o Latim, por vezes considerados decor­
rentes de um mesmo ramo primitivo indo-europeu, na verdade, como
vimos, não possuem nenhuma afinidade intrínseca: coexistiram, isso sim,
por muitos séculos, desenvolvendo-se paralelamente um ao outro.
Nada indica, porém, que tenham formado, mesmo remotamente, uma
unidade lingüística greco-itálica, a despeito das múltiplas interferências
recíprocas, tanto no plano léxico, quanto no literário, e embora a cultura
helênica tenha exercido profunda influência no mundo romano’ desde os
longínquos primórdios da expansão latina — conquistando palmo a palmo
a Península Itálica — até o grande momento da primazia política do Impé­
rio de Roma, herdeiro e depositário do helenismo, após tê-lo absorvido e
transformado.
De fato. não se constatou nenhuma inovação no campo linguístico, que fosse
comum ao grego e ao latim, em momento algum da evolução de ambos. É que. em
virtude dos sucessivos nivelamentos a que estão sujeitos os idiomas em seu evolver.
não subsistiu nenhuma das primitivas línguas mdo-européias que terão tido con­
cordâncias mais íntimas com a variante idiomática que precedeu imediatamente o
período em que se formou o grego comum. Assim, por um curioso acidente histó­
rico. o idioma heleníco nos aparece de certo modo. isolado, no conjunto indo-eu­
ropeu conhecido
J á o Latim, com sua estrutura lingüística vizinha dos dialetos itálicos
do Osco e do Úmbrio, na verdade parece mais próximo do grupo Céltico,
ao passo que o Grego possui algumas flagrantes analogias com o Sânscrilo,
uma das derivações do ramo Indo-Irânico, e também com o Armênio,
ambos pertencentes geograficamente à zona oriental do domínio lingüís-
tico do Indo-Europeu primitivo. No plano histórico-cultural- é que se pode
falar sem receio em unidade greco-romana, pelo menos a p artir dos fins
da época helenística ( P séc. a.C.)

b) Generalidades sobre o grego antigo e seus dialetos literários.


A língua grega antiga apresenta um mecanismo dos mais perfeitos, se
a compararmos com os outros idiomas indo-europeus. Desenvolveu um
vocalismo do qual só o Sânscrito se aproxima, e a analogia com este últi­
mo conferiu-lhe caráter essencialmente m usical: um e outro desconhecem
o duro acento de intensidade característico do Latim e de tantas línguas
modernas, como o Francês, o Alemão, e o próprio Português d’além -m ar...
26 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

O “tónos” grego é expresso por uma elevação da voz na sílaba acen­


tuada, muito diversa do acento de força de outros idiomas indo-europeus.
Tal circunstância favoreceu a permanência, através dos séculos, dos
sons e sílabas originais, praticamente intactos, a despeito do inevitável
desgaste do uso idiomático. A atuação da apofoniu, por outro lado, a tri­
buiu aspectos característicos ao fonetismo grego, onde também nos surpre­
ende o culto da euf.onia, revelador de uma sensibilidade estética que de­
sabrocharia em todos os setores da cultura helênica, mas que já é signifi­
cativo no estrito campo da linguagem : é o que se observa, por exemplo, na
eliminação sistemática dos primitivos sons desagradáveis ao ouvido e na
limitação, aos fonemas vocálicos e a três consonânticos somente ( ο η, o r
e o s), de todas às terminações vocabulares.
No campo da morfologia, tendo o grego abandonado os três casos a
que já nos referimos, por outro lado desenvolveu amplamente o uso das
preposições. Na conjugação criou vários tempos, como o futuro e o aoristo
da voz passiva, e um tipo nòvo de perfeito ativo, além de generalizar os
diversos tempos a todos os modos verbais, com exceção do pretérito im­
perfeito e do mais que perfeito, que se restringiram ao modo indicativo.
Foi, sobretudo, na sintaxe, que o gênio criador do idioma se expandiu
rio uso copioso das partículas — de coordenação e de subordinação —
além do vezo de' preferir as construções infinitivas e participais às formas
pessoais do verbo, propiciando à oração a capacidade de expressar as mais
sutis variações do pensamento lógico.
Tão poderoso foi o caráter de originalidade dessa língua, que logrou
preservar-se quase por completo de influências estranhas. Seu léxico, es
pecialmente, mostra-se dos mais isentos de contaminação estrangeira, pois
alguns poucos elementos, recebidos de populações pré-hclênicas, ou de em­
préstimos resultantes de contatos comerciais, logo cedo foram assimilados.
Assim são os vestígios da língua dos Cários da Ásia Menor, espeeifi-
camente em nomes próprios apelativos e em topônimos, tais como: Lindos
(cidade da ilha de Rodes), Corinto (cidade no Peloponeso), Pamasso
(monte), Samos (ilha do litoral asiático). E alguns raros termos de ori­
gem semítica, não-indo-europeus, portanto: biblíon = livro; máchaira =
~ espada; chrysós = ouro; oínos = vinho-estes últimos podendo provir
do intercâmbio comercial, a menos que, tanto Gregos quanto Semitas, os
tenham tirado de um velho e mesmo fundo lingüístieo egeu primitivo.
Por todos os modos, pois, a grande língua literária manter-se-á pura
durante muitos séculos, embora apresentando-se sob variadas formas diale­
tais, acompanhando a cambiante riqueza do idioma nas diversas regiões do
mundo helênieo. Será preciso chegar à época de penetração da língua
vulgar helenística nos textos literários — a KOINÉ — por volta dos
OS GREGOS E SEU IDIOMA 27

I I 9-!9 séculos a.C., para que se introduzam e adaptem novas terminologias,


até mesmo de origem latina. Mas ainda assim só em reduzida quantidade
e pouco valor significativo.

c) Os dialetos literários antigos.


A história dos dialetos antigos na Grécia reflete a das sucessivas con­
quistas das numerosas tribos indo-curopéias, que, em épocas recuadas, in­
vadiram o continente europeu (a p artir do I I I 9 milênio a.C.) e foram os
antepassados diretos dos Helenos, cuja pré-história nos é muito mal co­
nhecida.
Essas tribos falariam, inicialmente, uma língua relativamente unifi­
cada (que os lingiiistas chamam “grego comum pré-histórico” ), impondo-a
às populações que foram encontrando e submetendo pela força ou com as
quais se misturaram. Ora, a fragmentação lingüística desse grego comum
logo cedo terá sido efetuada, ao influxo de numerosos fatores: as condi­
ções geográficas da região, de solo caracteristicamente montanhoso e lito­
ral extremamente recortado, costeando grande extensão marítima — e as
condições políticas que o tempo estabelecería, pois os Gregos sempre prefe­
riram viver em aglomerados urbanos de organização e caráter muito di­
versos (a pólis), a constituírem uma nação unificada. Tais são as determi­
nantes indiscutíveis da evolução do idioma, no sentido de uma constante e
progressiva diferenciação dialetal. Ora, essa fragmentação do grego comum
ter-se-á intensificado a p a rtir do momento em que, sucedendo aos prim iti­
vos invasores de raça grega da região, os Aqueus, chegaram os Dórios,
também indo-europeus, por volta do X II9 século a.C.
O fato é que, no período histórico, o GREGO se nos depara já sob a
forma de uma família d( línguas, ramificada em diversos dialetos, corres­
pondendo aos diferentes grupamentos étnicos, resultantes das sucessivas
invasões c migrações efetuadas no solo da Grécia. E, com o tempo, vieram
a fixar-se e a desenvolver-se as particularidades regionais que as condi­
ções político-geográficas, agravadas pela situação de separatismo em que
vivia o povo, sempre favoreceram. Em conseqüência, destacamos quatro
grandes grupos dialetais, cujas denominações decorrem das ramificações
helênicas a que serviam: o ático -J ônico (posteriormente desmembrado
no Ático, na faixa' centro-leste do continente, e no Jônico, situado especial­
mente no litoral asiático): o E ólico; o D órico e o árcade-Cíprio , parte
no continente, parte na ilha de Chipre. Destes, o Ãrcade, ná Arcádia,
região montanhosa do Peloponeso, e o Cipriota, não têm expressão li­
terária .
In versam ente, o Jônico e o Eólico são os primeiros a entrar na litera­
tura, sendo o Jônico da Ásia Menor o principal veículo dos primeiros mo-
28 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

numentos literários da cultura helênica c, portanto, do mundo ocidental,


os Poemas Homéricos. Séculos depois, o Ático se tornaria, em conseqüên-
cia de injunções políticas e culturais, o mais importante dialeto da Grécia
Antiga (nos séculos Vo-1V9 a.C., período clássico, por excelência, da' lite­
ratura helênica).

d) IMAGENS DA IIÉLADE — N9 I (Texto de Ilustração)

“A GRÉCIA A N T E S DOS GREGOS”

Em que momento seres humanos terão ocupado o território que um


dia seria a Ilélade? Ainda rccentcmente julgava-se que tal não ocorrera
antes do período da pedra polida, mas agora já há quem proponha remon­
tar aos últimos tempos da pedra lascada para esse evento. O certo é que
vestígios da era paleolítica, existentes no território helênieo, são de pouca
monta e nada se pode concluir a esse respeito.
Dá-se o contrário com o período ncolítico, pois restam numerosas
marcas de instalações dessa época, espalhadas por todas as partes da
Grécia e que datam de 4500-4000 a.C. As mais antigas escavações que as
revelaram situam-se na ilha de Crcta( feitas por Evans) e na Tessália,
ao Norte da Península Balcânica (realizadas por Tsountas).
Essa é a primeira idade neolítica, ocorrendo a segunda por volta de
3000 a.C.
A pré-história da Grécia começa, pois, no Ncolítico e todas as observa­
ções dos especialistas levam à conclusão de que, no conjunto, a eclosão do
Ncolítico, nessa parte da Europa, é o resultado da contribuição cultural
e étnica do Oriente Próximo.
Discute-se ainda hoje quem teriam sido esses primitivos invasores da
região, principalmente porque há flagrantes divergências entre o Neolíti-
co continental c o insular eretense. O certo é que se notam duas importan­
tes influências no mundo egeu pré-histórico: a do planalto Anatólio e
outra, mais longínqua, oriunda da Mesopotâmia e do Irã.
Essa civilização neolítica foi, evidentemente, muito rudim entar, essen­
cialmente agrícola e pastoril, a julgar pelos instrumentos encontrados.
Seus portadores não conheciam a charrua e as culturas limitavam-se quase
exclusivamente aos cereais. Nas regiões mais férteis, como a Beócia e a
Tessália, havia mais densidade de população, mas só reduzida parte das
planícies era cultivada, dada a extensão ainda grande das florestas exis­
tentes.
E ntre os animais domésticos eram mais comuns os carneiros, as cabras
e os porcos, sendo raros os bois. Mas a organização social neolítica permanece em
OS GREGOS E SEU IDIOMA 29

mistério para nós. “O sítio melhor conhecido, diz P. Levêque,11 é o de Dímini,


na Tessália, que pertence ao segundo Neolítico. Já é uma cidade fortificada,
fato raro na época, e suas fortificações mostram-se particularmente notáveis ... O
reduto central, mais ou menos retangular, inclui um “mégaron” (ou salão) que faz
supor uma organização monárquica. Põde-se ver aí, sem exagero, o primeiro fato
importante na organização política da Europa”. O que Levêque acentua, com essa
observação, é a possibilidade de existência de uma hierarquização social definida,
embora rudimentar.
Alguns aspectos religiosos podem, contudo, ser depreendidos pela pre­
sença de ídolos encontrados, tanto no continente quanto em Creta: re­
presentam figuras femininas de formas abundantes — as \ 7ênus Esteato-
pígias dos arqueólogos — exaltando a Terra-Mãe, divindade nutriz e fe-
cundante, que fertiliza o solo, do mesmo modo que fecunda homens e
animais.

2. - FORMAÇÃO DO POVO GREGO,

a) A Grécia P ré -Histórica eo Mundo E geu

1 - Aspectos Geográficos A região do Mediterrâneo Oriental que engloba o


mar Egeu, com suas numerosas ilhas, e o litoral centro e norte-oriental da Penínsu­
la Balcânica (a Grécia Continental, com o Péloponeso ao sul), além da orla marí­
tima ocidental do Planalto Anatólio (atual Turquia Asiática e adjacências) —é o
berço da civilização ocidental, que se formou, gradativamente, no correr dos
séculos.
O Egeu um verdadeiro mar arquipélago —é limitado a oeste e ao norte pe­
las terras da Europa, a leste pela costa do Oriente Próximo (antiga Ásia Menor) e,
ao sul, pela grande ilha de Creta. Margeando todo o litoral. \}á numerosas ilhas,
muito próximas umas das outras (na realidade cumes de montanhas submersas,
formando verdadeiro maciço submarino).
Desde tempos imemoriais, essa topografia vem permitindo a navegação, com
relativa segurança, de pequenas embarcações de todos os tipos.
A região é vulcânica, sujeita a freqüentes tremores de terra e apresenta grande
variedade de aspectos climáticos. O norte dessa área é muito mais frio do que o
sul. razão pela qual divergem as condições climatéricas das planícies litorâneas e as
dos vales do interior.
Destacam-se, como culturas predominantes, a oliveira e a videira, além de ce­
reais e de frutas ^ariadas.

li P iekre L evêque — “1Çaventure greeque” (1964).


30 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Aí se encontraram e miscigenaram numerosos povos de origens e raças diver­


sas, cujas civilizações e formas de cultura ainda hoje nos são mal conhecidas.
As controvertidas descobertas que a arqueologia tem feito nessa região —ri­
ca de múltiplos vestígios da pré-história e da proto-história da Europa - geraram
teorias diversas, mas todas reconhecem estarem lá as raízes mais remotas do que
viria a ser, historicamente, o inigualável fenômeno cultural a que chamamos he-
lenismo.

2. —Presença do Homem Pré-histórico no Mundo Egeu.

A presença humana na região egéia parece remontar a mais de 6.000 anos


a.C. (VII milênio pré-cristão), na fase final da Idade Paleolítica (ou da Pedra Las­
cada; em grego, palaiós = antigo, líthos = pedra). Seus habitantes deveríam ser ou
nativos, cuja origem desconhecemos, ou forasteiros atraídos pela amenidade do
clima, mormente nas ilhas. Em tempos recuados, a fauna e a flora locais deveríam
ser muito mais ricas do que atualmente, e os mitos criados, no correr dos tempos,
dão-nos conta da presença de animais selvagens, posteriormente desaparecidos (cf.
o “Leão de Neméia,” no Peloponeso, uma das façanhas de Hércules; o monstruoso
“Minotauro,” com cabeça de touro e corpo humano, figura mítica representativa,
em Creta, do culto ao touro selvagem, e vencido pelo herói Teseu, etc.).
Esses remotos povoadores —a princípio caçadores nômades e pescadores, an­
teriores ao período de fixação à terra, nos sítios em que se fariam as práticas agrí­
colas 3.000 anos depois —parecem ter sido os criadores de pequenos objetos, que
os arqueólogos chamam de “indústria microlítica” (do grego: mikrós = pequeno e
líthos = pedra), num período intermediário entre o da Pedra Lascada (Paleolítico)
e o da Pedra Polida (Neolítico, isto é: neós - novo, e líthos = pedra; ou nova ida­
de da pedra); por isso mesmo, esse período é chamado Mesolitico.
As escavações arqueológicas do austríaco Markovitz fizeram importantes
achados na região centro-oeste (Épiro)e ao norte (Tessália)da península Balcâni­
ca (onde seria futuramente a Grécia Européia), datando do Mesolitico os objetos
encontrados numa caverna da ilha de Ciros (Skyros), fabricados com a obsidia-
nal 2 ou sílex, além de numerosos outros materiais encontrados na Macedônia (re­
gião do extremo nçrte da península Balcânica, parte da Grécia, parte da atual Iu­
goslávia).
A partir do VII milênio a.C. (por volta de 6.000 anos antes da era cristã) co­
meça o Período Neolítico, em que ocorre uma certa elevação nos níveis de vida

Obsidiana espécie de feldspato potássico de origem vulcânica, de aparência vi­


drada, geralmente negra, translúcida ou opaca (entre suas variedades conta-se a pedra pomes).
A ilha de Meios (= Milo, em grego moderno), no Egeu, era particularmente rica desse mineral,
que concorria, com vantagem,com o sílex.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 31

dos habitantes da região egéia. que já trabalham a pedra com maior perfeição, po-
lindo-a para torná-la mais praticável e resistente. No decorrer desse período, que se
estenderá por mais trés milênios, (de 6.000 a 3.000 anos a.C., aproximadamente),
irá desenvolver-se o cultivo do solo e a domesticação de animais, ainda, porém, em
bases muito primitivas (cf. “Imagens de Hélade” n9 1).
A mais importante contribuição do Neolítico foi o advento da cerâmica (ou
arte da olaria), já em meados do V milênio a.C., e cuja técnica evoluiría, desde
então, através dos séculos, num sentido de permanente aperfeiçoamento, até a
Idade do Bronze, que teria início por volta do 39 milênio pré-cristão.
E através da produção cerâmica, escalonada por todo o Neolítico, que pode­
mos identificar, segundo o tipo da decoração, as sucessivas levas migratórias de po­
vos vindos do Oriente partindo da Anatólia (atual Turquia Asiática) ou da Cilí-
cia, ou ainda das regiões correspondentes às atuais Síria e Líbano e à antiga Pales­
tina.
Os primeiros neolíticos, da fase acerámica (anteriores à olaria, como atividade
utilitária e artística), terão encontrado, ao chegarem à região da futura Grécia Eu­
ropéia (a península Balcânica), ainda nômades, caçadores em estágio equivalente
ao de sua civilização; mas as poucas ossadas de animais selvagens, encontradas em
suas cabanas de chão rebaixado (as “habitações de poço”, como são chamadas),
mostram a sua preferência por atividades agrícolas e a progressiva domesticação
dos animais.
Assim, ao iniciar-se o período cerâmico (por volta de 4.500 a.C.), essas habi­
tações, embora ainda esparsas, já se mostram mais amplas e dotadas de comparti­
mentos para animais como carneiros, porcos, cabras e ovelhas; e também já há
vestígios de túmulos. Mais tarde, a existência de uma construção maior, no centro
de um aldeamento rústico, faz suj5or a presença de um “palácio” ou “templo” -
sede administrativa e também religiosa de grupamentos sociais dotados de organi­
zação básica rudimentar. Exemplo expressivo disso forneceram as escavações rea­
lizadas na Tessália, onde o arqueólogo Tsountas chegou a distinguir dois períodos
neolíticos, um mais antigo (em Sesclo) e outro posterior (em Dímini)·. Mas, estu­
dos arqueólogicos mais recentes (depois da 2? Guerra Mundial, a partir de 1945,
portanto) revelaram em estações arqueológicas próximas de Larissa, na Tessália
três fases neolíticas anteriores ao próprio período de Sesclo; o pré-Sesclo, o pro-
to-Sesclo, e o Cerâmico primitivo.
Entretanto, se a seqüéncia neolítica da Tessália é bastante clara, o mesmo não
se dá no sul da Grécia, onde Weinberg dividiu o Neolítico em três fases, no Pelopo-
neso: o Neolítico Antigo, o Médio e o Final.
Tudo isso nos mostra que a colonização do solo, que viria a ser um dia o da Gré­
cia Continental e Insular, não terá sido simultânea, nos tempos pré-históricos nem,
provavelmente, efetuada pelos mesmos povos a que chamamos, genericamente,
P ré-Mel ENOS, à falta de melhor denominação.
32 GUIDA XF.DDA BARATA PARREIRAS HORTA

Recentes escavações, realizadas em Cnossos, na ilha de Creta (entre 1957 e


1960), revelaram horizontes idênticos aos de outras regiões do Egeu, com achados
arqueológicos que datam ainda do período Neolítico Acerãmico.
A evolução da cerâmica é também muito significativa nesse período: a mais
primitiva, em Creta (Cnossos) e no restante da Grécia, é lisa e escurecida na super­
fície polida, correspondendo à primeira fase no Neolítico, que precedeu a da cerâ­
mica, clara, com decoração pintada, em certas regiões do Oriente Próximo. No
proto-Sesclo da Tessdlia, porém, já aparecem peças cerâmicas com decoração pin­
tada a vermelho sobre fundo claro, que se popularizou, no restante Neolítico, em
toda a península Balcânica (Grécia Continental). Apesar disso, os oleiros de Creta
permaneceram fiéis à tradição, continuando a fabricar vasos lisos e escuros, com
eventuais incisões, por vezes recobertas de massa branca; no subseqirente Neolíti­
co Médio, porém, esses Cretenses passaram a ondular a superfície das peças poli­
das mais delicadas, fazendo lembrar, curiosamente, a arcaica cerâmica pré-dinásti-
ca do Egito.
As primitivas esculturas neoliticas, por sua vez, também evoluirão das figuri­
nhas em barro cru - encontradas em Nova Nicomédia, ao norte da Grécia (a par­
tir de 1961), com características formas abundantes (as chamadas “Vénus Esteato-
pígias”) - para tipos cada vez mais esguios e aproximados da figura humana femi-
na normal. São representações de uma divindade mediterrânea, encontradiça em
toda a área do Egeu e em algumas partes da Anatólia e do Oriente Próximo, em
geral, sendo que, em Creta, essas figurinhas são feitas de argila e mantêm a forma
esteatopigica em todas as fases do Neolítico. São raras as representações masculi­
nas, fazendo-nos crer na existência de um culto mediterrâneo generalizado da di­
vindade feminina, como fonte da vida e de todos os seres: a Terra-Mãe.
Quanto aos primitivos ritos funerários de sepultamento, irão ser substituídos,
no Neolítico Final (IV milênio), pelos ritos de cremação, recolhidas as cinzas em
vasos, como se verifica, por exemplo, na Tessália.
Embora, certamente, ainda não soubessem manipulá-lo, os Neolíticos da úl­
tima fase já deveríam conhecer o metal, como se depreende do encontro de orna-
tos g de facas simples de cobre ajérn de um machado (provavelmente importados
de regiões distantes). Mas também foram achados projéteis de barro para serem,
certamente, atirados com uma funda; e as pontas de lança neoliticas eram de sílex
ou de obsidiana, enquanto os enfeites costumavam ser de pedra também ou de
conchas (tiradas estas de um molusco comum no Egeu e no mar Negro —o “spôn-
dilos”).
A difusão da metalurgia nas paragens do Egeu, a partir do III milênio, coinci­
diu com a chegada de imigrantes anatólios que iniciaram a chamada Idade do Bron­
ze (a qual só veio a ser estudada seriamente há pouco mais de um século) e que se
estendería até cerca de 1.200 a.C., quando chegaram as últimas levas migratórias
dos povos indo-europeus, após o que se instalou a chamada Idade do Ferro.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 33

Verifica-se, pois, que a pré-história da Grécia —período em que se formou e


desenvolveu a civilização do povo helênico, anteriormente ao advento da escrita —
abrange, especificamente, trés etapas principais, denominadas segundo o material
básico utilizado pelas populações do Egeu, na feitura de suas armas e utensílios
domésticos ou peças ornamentais:

1? Fase: iDADl· DA PlDRA, com suas três subdivisões paleolitica, mesoli-


tica e neolítica. A Paleolitica vai desde os inícios do XI milênio até finsdo VII a.C.,
isto é, de 10.000 a 6.000 anos antes de nossa era, mas só nos fins da Pedra Lascada
aparecem vestígios dos primeiros habitantes da região egéia (VII milênio). A Neo­
lítica compreende o período seguinte, após a transição da fase Mesolítica (até os
fins do IV ou inícios do III milênio a.C.).

2? Fase: I DADIv DO BRONZI . também com três períodos: Bronze Antigo,


estendendo-se, mais ou menos de 3.100 a 2.300 aproximadamente); Bronze Mé­
dio (entre 2 300 a 1.600 mais ou menos) e Bronze Recente (de 1.600 a 1.200
a.C.). Esta é a fase da pré-história contemporânea da Civilização Aquéia ou Mi-
cênica, a primeira forma de expressão cultural dos povos indo-europeus no mun­
do ocidental e que aparece retratada e engrandecida nos Poemas Homéricos.
Mostrando-nos um elevado grau de cultura na Europa, os Aqueus Micênicos
criaram um tipo de civilização já comparável à de outros povos, anteriormente es­
tabelecidos no Oriente Próximo (Ásia Menor e Mesopotâmia) e no norte da África
(o Egito) (cf III e II milênios a C )

3? Fase: I DADF. DO Fl RRO. introduzida, segundo parece, pelos últimos in­


vasores indo-europeus da Península Balcânica —os Dórios- que chegaram à re­
gião, em levas sucessivas, entre 1.200 e 1 100 a.C. Pelo menos, o ferro veio a ser
conhecido e difundido na Europa após a chegada deles, tornando-se. então, o me­
tal mais precioso, por sua resistência ao tempo e ao uso, tanto na guerra quanto
na paz. (Fins do II e todo ο I milênio a.C.).

3. Descobrimento e Datação da Idade do Bronze.

Iniciada com a difusão da metalurgia no Egeu, trazida pela chegada maciça de


imigrantes anatólios por volta de 3.000 a.C., a Idade do Bronze representou um
profundo abalo e importante elevação do rudimentar modus vivendi das popula­
ções mediterrâneas, a princípio sendo utilizado apenas o estanho para a fabricação
de armas e objetos de uso. Só posteriormente viria a ser produzido o bronze, que,
na verdade, é obtido pela fusão do estanho com o cobre, sendo, pois. uma liga me­
tálica, mais resistente e bonita do que os seus componentes isolados.
Pela primeira vez, então, o metal foi trabalhado, em grande escala, na Europa,
o que provocou uma verdadeira “revolução industrial”, no sentido de um acelera-
34 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

do desenvolvimento da civilização egéia, mudando seus costumes e permitindo


aos povoadores da região um fortalecimento militar jamais visto, anteriormente.
Estabelecem-se, nesse período, duas correntes migratórias paralelas: uma se­
tentrional que, de leste para oeste, se expandiu desde a Troada, na Ásia, até a Trá-
cia e a Macedônia, ao norte dos Bálcãs; outra, meridional, passando de ilha em ilha,
através do grupo das Cicládicas até Creta e, em seguida, atingindo a Grécia Central
e o Peloponeso.
Os estudos arqueológicos da Idade do Bronze iniciaram-se praticamente, em
1866, quando uma erupção vulcânica em Santoriní (antiga Thera), no arquipélago
das Cicládicas, atraiu a atenção dos cientistas para essa ilha, em que se notaram
vestígios de casas pré-históricas sob as cinzas e a lava petrificada, o que provocou
escavações minuciosas a partir do ano seguinte. Em 1868 encontraram-se túmulos
adornados com cerâmica, do período do Bronze Antigo, em escavações efetuadas
em Jaliso e em Rodes, sob o patrocínio do Museu Britânico.
Seis anos mais tarde (1874), Mamet publicou, em latim, o resultado dos estu­
dos realizados em Santoriní, falando numa '‘Pompéia” da Idade do Bronze, mas
suas conclusões foram ofuscadas pela sensacional descobertas de Micenas, dois
anos depois: o alemão Schliemann, escavando no Peloponeso Oriental, descobri­
ría, em 1876,importante? ruínas da cidadela de Micenas(o reino do Atrida Aga-
mêmnon, na llíada Hornérica), com seus túmulos circulares - os “túmulos de po­
ço” - entre as muralhas de sustentação, dentro e fora dos limites do palácio, que
ele supôs ser do lendário comandante-em-chefe das tropas aquéias conquistadoras
de Tróia.
Schliemann julgou ter descoberto as sepulturas do próprio rei Aqueu e de seus
companheiros, assassinados, segundo a tradição, ao regressarem de Tróia, pela rai­
nha Clitemnestra e seus cúmplices (vide referências nos Poemas Homéricos).
Foram, também, encontrados, perto da cidadela fortificada, túmulos em cú­
pula (chamados “thóloi” ), todos eles contendo ao lado de restos mortais da­
tando de meados do II milênio a.C. numerosos utensílios e armas, em metal lin­
damente trabalhado, bronze e também muito ouro. O maior desses “thóloi”, com
muralhas monumentais —“ciclópicas” —foi chamado “Tesouro de Atreu”.
Em 1900, o arqueólogo inglês Evans empreendeu escavações em Creta, espe­
cialmente em Cnossos, descobrindo um tipo de civilização ainda mais antiga e es­
plendorosa do que a Micênica (que Schliemann revelara na Grécia Continental) e
denominou-a “Civilização Minóica”.
Ainda em Cnossos, Evans também encontrou numerosas plaquetas (tabuinhas)
de barro cozido, com desenhos estranhos, os quais, depois se viu que eram formas
remotas de escrita, as mais antigas existentes no Mediterrâneo Oriental.
Surgiram, então,vários problemas, ainda hoje controvertidos:

1?) Até que ponto a civilização da Idade do Bronze, na Grécia Continental


chamada “civilização micênica” - pode ser considerada verdadeiramente grega9
OS GREGOS E SEU IDIOMA 35

E até que ponto merecem crédito as lendas e tradições criadas em torno da Guerra
de Tróia, no sentido de que possam ter uma base realmente histórica?

2?) Seria a civilização micênica continental - retratada em muitas de suas for­


mas nos Poemas Homéricas apenas uma última modalidade da civilização cre-
tense minóica, transmitida por via marítima ao Peloponeso, no sul da Península
Balcânica? Ou seria a civilização micênica uma criação original independente, em
virtude de seu caráter despojado, posto em evidência no confronto com a de Cre-
ta. muito mais refinada? Neste caso, aquela refletiría a cultura primitiva do povo
grego (indo-europeu) propriamente dito, influenciado pela vizinhança geográfica
dos Cretenses Minóicos?
As discussões em torno deste assunto ainda permanecem acesas, mas não se
pode negar o intercâmbio cultural, a par do comercial, entre os habitantes insula­
res (especialmente os de Creta) e ospovoadores do Peloponeso e da Grécia Central.
Desde 1939 foram descobertas placas de barro cozido, gravadas com a cha­
mada escrita Linear B, em várias regiões do Mediterrâneo: em Pilos (costa sul do
Peloponeso), num palácio que se julgou ser do rei Nestor, um dos chefes guerreiros
da llíada; também em Micenas (na Argólida. Peloponeso) e em Tebas(na Beócia,
Grécia Central).
Essa descoberta revolucionou a arqueologia do mundo egeu pré-histórico. E
quando, em 1953, o arqueólogo inglês Ventris garantiu que essa escrita era do
tipo silábico (cf. “A Letra Grega” ), representando, imperfeitamente, uma espécie
de dialeto aqueu arcaico (primeiro estágio linguístico do grego pré-histórico), hou­
ve um grande impacto entre os especialistas, que pensavam--ser essa escrita de al­
gum idioma egeu desconhecido.
Contudo, até agora, não foram apresentadas razões cientificamente irrefutá­
veis para apoiar qualquer contestação da descoberta de Ventris, do mesmo modo
que ainda não pòde ser substituída, por outra mais convincente, a localização, in­
dicada por Schliemann, para o sítio da Tróia Homérica, segundo ele no outeiro de
Hissarlick, na Turquia Asiática.
Quanto à datação exata desse importantíssimo período da formação do povo
helénico, também se presta a infindáveis discussões, suscitadas pelos variados pon­
tos de vista dos especialistas contemporâneos.
A primeira tentativa de uma cronologia da Idade do Bronze, no Egeu, foi rea­
lizada por Evans, o descobridor da Creta Minóica, o qual subdividiu esse período,
segundo a evolução da civilização atestada em suas descobertas em Cnossos, de
acordo com as várias fases da cerâmica, reveladas nos vasos e utensílios de barro ou
pedra e em numerosos sinetes ou selos que encontrou na região. De acordo com o
estilo e a ornamentação dessas peças cerâmicas, a Idade do Bronze Cretense foi en­
tão dividida por ele nos períodos Mtnóico Antigo, Minóico Médio e Minóico Re­
cente, cada qual. por sua vez, dotado de três subfases: I - II - III.
30 CUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Entretanto, essa divisão nonária não coincide com a evolução arquitetônica


de Creta, nem com seus principais eventos políticos, relacionados especificamente
com o esplendor e o declínio dos palácios da ilha, os primeiros deles datando de
1.700 a.C. e os últimos construídos por volta de 1.450 a.C.
Por essa razão foi sugerida outra cronologia, acompanhando os períodos de
construção palaciana, deste modo: 1?) período pré-palatino; 29) palatino e 39) pós-
palatino. Ainda insatisfatória, essa divisão foi suplantada, no uso corrente, pela
denominação de períodos minóicos.
Outras cronologias mais recentes surgiram, como a de Wace e Blegen, que em
1918, adotaram o sistema de nove períodos também para as demais ilhas e o con­
tinente da Grécia, denominando Helúdicos Antigo, Médio e Recente, cada qual
com três subfases —aos períodos de evolução da Grécia Continental, e Cicládicos,
com as mesmas subdivisões, aos das ilhas do Egeu.
Contudo, foi o arqueólogo Furumark quem, em 1914, consagrou o nome tra­
dicional de Micênico, para a Idade do Bronze, quer no continente, quer nas ilhas,
em troca das denominações de Helúdico Recente e de Cicládico Recente, até então
vigentes.
Convem notar, ainda, que somente o início da Idade do Bronze — a do Bron­
ze Antigo é que coincide com o primeiro período de todas as regiões do Egeu:
em Creta, o Minóico Antigo corresponde ao Heládico Antigo no continente, e ao
Cicládico antigo nas ilhas, mas, nas fases subsequentes, há um flagrante desencon­
tro nos diversos estilos cerâmicos observados nas várias partes do mundo egeu.
O moderno processo científico de datar os achados arqueológicos pelo ele­
mento radiativo chamado Carbono 14, consiste em verificar, nas peças examina­
das, quantos átomos-se perderam em determinadas células do material, porque é
sabido que cada uma dessas células contém 14 átomos de carbono, os quais se
transformam, um a um, à proporção que o tempo passa. Desse modo, quanto me­
nos átomos de carbono contiver um achado arqueológico, mais antigo ele é. Em
Creta. porém, até mesmo este tipo de datação cientificamente mais preciso
revela-se inceito Essa datação pelo radiocarbono (C14), descoberta em
1955, é ainda a mais usada cm arqueologia
Quanto à cronologia absoluta, isto é, -as datas em séculos antes de Cristo, esta
já suficientemente bem estabelecida, pelos dados que possuímos sobre o relaciona­
mento entre o Mundo Egeu, na Idade do (Jronze, e o Egito. De resto, foram en­
contrados numerosos espécimes de cerâmica egéia do período do Bronze Recente
no Egito e na Síria provenientes do continente europeu. Inversamente, encon­
traram-se taças de prata, estátuas e tampas de alabastro egípcias, além de numero­
sos escaravelhos, em Cnossos e em túmulos coletivos da ilha de Creta.
Através da cerâmica também foi possível estabelecer o freqüente relaciona­
mento entre a Anatólia Central (atual Turquia Asiática) e as paragens do Egeu, no
decorrer da Idade do Bronze, embora sempre haja um certo grau de incerteza na
maioria das datas propostas para essa fase da pré-história. Contudo, a atenta obser­
vação da f<>rma e da técnica da olaria, empregadas na fabricação Jo> piodutos lei-
OS GREGOS E SEU IDIOMA 37

tos em argila, permite-nos acompanhar a evolução dos diferentes níveis culturais e


de civilização dos primitivos habitantes da Grécia e do Egeu na pré-história, apesar
da terrível discrepância que se nota nas múltiplas teses, ardorosamente defendidas
pelos especialistas das diversas correntes, e que nos obrigam a contentar-nos com
uma tomada de posição provisória, até que surjam novos fatos que permitam afir­
mações definitivas a respeito do assunto.

b) As Civilizações Pré -Helênicas : Populações P ré-Lndo-E uropéias


e Substratos L inguísticos no Grego .

1. —Civilizações Pré-helénicas

Embora os Gregos, de um modo geral, se julgassem autóctones (autóchtho-


nes), especialmente certos grupos étnicos como os habitantes da Atica e os da
Arcádia sabemos que não o eram. Na verdade, eram todos adventicios (allóch-
thones), provenientes de uma miscigenação de raças e culturas, processada duran­
te séculos, entre as numerosas tribos migratórias que invadiram, sucessivamente, as
ilhas do mar Egeu, Creta e, finalmente, a parte continental da Europa, que viria a
ser a Grécia histórica, 11a região balcânica em que permanece até hoje.
Cada um de tais grupos, em diferentes épocas, trouxe sua civilização própria,
sabendo-se que, por exemplo, em Creta e nas demais ilhas do Egeu, em tempos re­
motos estabeleceram-se imigrantes provindos do Oriente Próximo, sem que saiba­
mos exatamente quem foram; mas os arquivos egípcios fazem freqüentes referên­
cias ao “povo de Minos e aos habitantes das ilhas do Grande Verde” (= o mar Me­
diterrâneo) 13
Posteriormente, outros imigrantes (dessa vez povos metalúrgicos vindos da
Anatólia, por volta de 3100 a.C.) deram início à Idade do Bronze, a princípio na
região insular do Egeu e. mais tarde, no litoral sul do continente. Chegaram, por
fim, os invasores indo-europeus (Arianos), em levas sucessivas: os Aqueus, a partir
de 2000 a.C. ou 1950 a.C., criadores e portadores da Civilização Micênica e, por
último, os Dórios que, parcialmente, a destruíram, mas trouxeram também a sua
poderosa contribuição para a formação definitiva do povo helênico.
Podemos, então, tomando por base o quadro proposto por SEVERYNS.1 4 es­
tabelecer as sucessivas camadas de populações pré-históricas que ajudaram a pre­
parar o amálgama de que surgiría o povo helênico, na História da Humanidade;

13
VLRCOUTTKR, J. Eayptiens et Préhellènes (Paris, 1954).

14
SEVERYNS, A. op. cit., pág. 45 cap. “Linguistique et Histoire”.
38 (j UIDA nedda bvrata pa r reira s horta

I) Antes de 4500 a.C. (nos fins do Período Neolítico Acerâmico —inícios do


Neolítico Médio) — Paleolíticos ainda, talves nativos (?), muito dispersos, dos
quais há insignificantes vestígios no solo da Grécia.
II) Por volta de 4500 a.C. (inícios do Período Neolítico Cerâmico) —Neolí-
ticos chegados por via marítima, da Síria Setentrional (?), segundo se depreende
das escavações de Sesclo, na Tessália (espalhados pelo continente e em Creta).

III) Ainda a partir de 4500 (Neolítico Cerâmico ou Médio) —Neolíticos prove­


nientes da Ásia Ocidental, e que se instalaram em Creta.

IV) Cerca de 3000 a.C. (Neolítico Recente, em transição para o Bronze)


chegada de novos Neolíticos, continuadores dos de Sesclo, segundo as escavações
de Dírruni (na Tessália), e alguns imigrantes de grupos danubianos, vindos da Euro­
pa Central.

V ) T am bém p o r volta d e 3 0 0 0 a.C. (in íc io s da Idade d o B ro n ze) — Invasores


m etalú rg ico s, vindos d o O rien te P ró x im o (Á sia M enor), o c u p a n d o , de in íc io , o a r­
q u ipélago das C icládicas e fu n d m d o -se co m o s d e sc e n d e n te s, já m estiç a d o s, dos
q u a tro g ru p o s a n terio re s; estab eleceram -se ta m b é m em C re ta e, p o ste rio rm e n te ,
no c o n tin e n te , em co lô n ias d o lito ral d o P elo p o n e so , e sp ecialm en te.

VI) Cerca de 2000/1900 a.C. Primeiras invasões indo-européias: chegada


aos Bálcãs dos primitivos antepassados dos Gregos, de raça Ariana, os AQUEUS (“de
longa cabeleira”, como diz o poeta da Ilíada), os futuros criadores da Civilização
Micênica.

VII) Entre 1200 e 1100 a.C. Últimas levas migratórias indo-européias: os


DÔRIOS, também Arianos, que provocariam, em parte, a decadência dos Aqueus
Micênicos no continente e se expandiríam por algumas ilhas do Egeu, Creta inclu­
sive (início dos “séculos obscuros” nos Bálcãs, futura Grécia Continental euro­
péia). (Cf. Item 3. “Evolução da Língua Grega Antiga”).
Da fusão de todas essas populações, de incerta e vária procedência - nômades
imigrantes ou em expedições de pilhagem - é que viría a ser formado, já no perío­
do histórico (marcado, em seus inícios, pelas grandes epopéias), o povo que cha­
mamos de GREGOS ou He l e n o s . Basicamente, predominam os Indo-Europeus,
misturados com populações asiáticas ou nativas, mal conhecidas.
Formaram-se muitas lendas (mitos), desde cedo, em torno das origens remotas
dos primeiros povoadores de Hélade e as próprias tradições gregas lhes confundem
os nomes e as provenièncias, até com povos historicamente atestados.
Os CÁRIOS, por exemplo, naturais da costa asiática próxima, foram antiqüíssi-
mos colonizadores das ilhas Cicládicas (ou Cidades), no Egeu. Eram marinheiros e
OS GREGOS E SEU IDIOMA 39

metalúrgicos, pois conheciam a fusão do metal e, mesmo antes dos primitivos Cre-
tenses, já teriam comerciado com a Troada (na Ásia) e com a ilha da Eubéia —no
litoral centro-leste da Grécia Continental —região notável pelas minas de cobre.
Posteriormente, instalaram-se em Creta e, avançando, fixaram-se também na Gré­
cia Continental européia.
Heródoto, o historiador jônico do V século a.C., às vezes os chama Lélegos
(cf. Histórias, livro I, 171):
. . . Os Cários vieram das ilhas para o continente, pois, outrora, como súditos
de Minos,1s e denominados Lélegos, ocupavam-nas e não pagavam tributos, até
onde me é possível remontar à tradição; mas, desde que Minos o solicitasse, eles
forneciam tripulantes para seus navios”.
E Tucidides, o criador da história política, em Atenas, no primeiro livro de
sua "História da Guerra do Peloponeso” (1,4), faz-lhes expressa referência: . . .
“Minos é, de fato, o mais antigo personagem que se conhece pela tradição e que
possui uma esquadra, tendo dominado, em sua maior parte, o mar atualmente he-
lênico; governou as ilhas Cicládicas e fundou colônias, pela primeira vez, na maio­
ria delas, após expulsar os Cários e ter colocado lá seus próprios filhos, como che­
fes. Em consequência, usou de todo o seu poder para expurgar o mar (de piratas) e
melhorar a entrada (de mercadorias) para si próprio ( = para seu reino).
Os CÁRIOS, na verdade, não eram povos indo-europeus, como se sabe hoje em
dia, e é interessante notar que os próprios Gregos já tinham essa noção desde mui­
to cedo. Homero, por exemplo, chama-os “barbaróphonoi" —isto é, gente que fa­
la uma língua “não-helénica”, portanto, bárbara ou estrangeira, ao enumerar os
povos aliados dos Troianos, sitiados pelos Aqueus: . . . “(o chefe) Nastes ia à
frente dos Cários de língua estrangeira” . . . (cf. Ilíada, II, 867).
Os PELASGOS Outra denominação, largamente difundida entre os antigos -
e que alguns especialistas modernos supuseram abranger uma generalização, a pos-
teriori, dos pré-helenos é a de Pelasgos, a qual significa, a grosso modo, “ho-
men-; do mar” (cf. a propósito, a informação do geógrafo helenístico Estrabão
que, no século I a.C., afirmara terem sido os Pelasgos os primeiros habitantes da
Grécia).
Tucidides, porém, já muito antes de Estrabão (no V séc. a.C.), também afir­
mara que os Pelasgos não passavam de um entre os muitos elementos populacio­
nais, espalhados pela Grécia primitiva, bem antes da célebre guerra de Tróia: “Pa-

15 MINOS - Nome de um lendário rei de Creta, que teria vivido três gerações antes
da guerra de Tróia (século XIII a.C.) e teria sido o primeiro a civilizar os Cretenses, tendo-lhes
dado excelentes leis (cf. P. GRIMAL D ictionnaire de la M ytho lo g ie Grecque et Romaine).
Sob seu nome costuma ser personificada a “talassocracia” cretense que, a partir do 2 ° milênio
exerceu o domínio sobre o mar Egeu. Os mitógrafos lhe atribuem, por extensão, á posse de
numerosas ilhas em torno de Creta e a soberania de vastas regiões asiáticas, inclusive a Cária
(cf. Civilização Minóica, Escrita Minóica, Arte Minóica, etc.).
40 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS IIORTA

ce-me evidente, diz ele, não ser negligenciável a fraqueza dos antigos: de fato, a
Grécia parece nada ter realizado em comum, antes dos fatos troianos ( = a guerra);
. . . só havia outras denominações, segundo as ramificações étnicas, entre muitas a
dos Pelasgos, para expandir seu próprio nome . . .” (cf. “Hist. da Guerra do Pelo-
poneso”, I, III, 2).
Pelasgo seria também o idioma comum dos descendentes dos Anatólios, visto
que o poeta da Iliada assinala-lhes a presença, igualmente, entre os aliados de
Tróia: “. . . Hipótoos conduzia a tribo dos Pelasgos, bons de lança, habitantes da
fecunda Larissa . . .” (cf. 11., II, 841/2).
OS CRETENSES - Observemos, agora, a situação privilegiada da Creta do II
milênio, durante cujos primeiros séculos desse milênio, a Grécia Continental viveu,
praticamente, isolada das influências fecundas de outras paragens mediterrâneas,
enquanto a grande ilha permaneceu como beneficiária do intercâmbio com o
Oriente Próximo (a Síria, o Egito e até a Mesopotâmia): nas artes em que predo­
minam a arquitetura.a cerâmica e a pintura mural; no comércio e ainda no predo­
mínio do mar - a influência cretense foi poderosa sobre numerosas ilhas, que se
conservaram ligadas à sua órbita, principalmente durante a Idade do Bronze, em
que floresceu a opulenta e brilhante civilização que Evans chamou “minóica”, e
cujo apogeu fascinou os recém-chegados indo-europeus. Bem depressa, os AQUEUS
divisaram as rotas marítimas, em busca da obsidiana, entrando em contato direto
com os Cretenses, quer nas colônias minóicas do sul do Peloponeso, quer no con­
fronto inevitável com seu poderio no Mediterrâneo.
Os mais antigos palácios cretenses têm uma certa feição asiática: a disposição
dos cômodos, em torno de um páteo central, a solução dos problemas referentes a
encanamentos e à circulação de água potável, a decoração rebuscada e os afrescos
—tudo faz pensar na colaboração constante e decisiva de artistas levantinos.
Contudo, os Cretenses souberam adaptar os elementos tomados de emprésti­
mo a outros povos ao seu próprio gosto e peculiar temperamento.
Fruto dessa depuração de influências diversas é a presença, em numerosos
exemplares cerâmicos, do estilo chamado “Camares”, em que os motivos pintados
se fundem com a forma dos vasos.
Por volta de 1700 a.C., destruídos os primeiros palácios (talvez por efeito de
algum cataclismo), verifica-se total reconstrução dos monumentos arquitetônicos,
sem que se tenha dado, propriamente, uma ruptura na evolução da civilização cre­
tense. Começa, então, o período de maior esplendor da ilha, que tem, como cen­
tro econômico e cultural, a cidade de Cnossos, tornada potência monárquica e ta-
lassocrática.
É nesse momento que surge um novo tipo de escrita silábica (cf. “A Letra
Grega”), o chamado Linear A, até hoje ainda não decifrado, apesar de encontrado
em numerosas plaquetas de argila e registrado em objetos de bronze e pedra. Pa­
rece conter um idioma desconhecido, não-indo-europeu, o qual deverá ter sido o
OS GREGOS E SEU IDIOMA 41

instrumento de comunicação das diversas populações cretenses (entre 1700 e 1580


a.C.).
Numerosas inovações, tanto no campo estritamente técnico da arquitetura e
da hidráulica, quanto no das artes decorativas, revelam enorme progresso cultural e
o enriquecimento constante dos Cretenses, cujas faceiras mulheres demonstram
acentuado gosto pelas jóias e os adornos rebuscados. Esse painel da vida minóica
nos é revelado quando os artistas locais —após evidenciarem decidida predileção
pelas figuras de animais e de exemplares da flora, estilizando-os —finalmente se
voltam para a reprodução harmoniosa do ser humano, fixando-o em momentos
vários de sua vida em comunidade (cf. os afrescos de Cnossos).
Quem quer que tenham sido os autores desses desenhos e gravuras - por ve­
zes impressionantes em seu realismo e vibrante colorido —o certo é que, em suas
obras, já se pressente algo novo, de cunho não mais especificamente asiático, pre­
nunciando os albores de uma arte que viria a ser, essencialmente, européia.
Detentores de poderosa frota marítima, os Cretenses exploraram o Egeu,
por muitos séculos, e mantiveram o monopólio comercial das ilhas adjacentes,
provocando, muito naturalmente, interesse e curiosidade das populações indo-
européias do continente - os Aqueus —que, mais de uma vez. lhes invadiram a
ilha.
O reverso dos sucessos minóicos é documentado em arquivos egípcios, que
registram a presença de obras de arte provenientes do “país de Keftiou” (Creta),
mas também consignam a homenagem e o. preito de vassalagem dos Cretenses
aos todo-poderosos faraós. No entanto, a lenda de Teseu e o Minotauro registra
um momento em que, como se supõe, Atenas é que sofria o duro jugo cretense,
pagando o doloroso tributo anual do sacrifício de doze rapazes e doze moças, até
que o herói, finalmente, libertou a pátria do cativeiro, matando o monstro com a
ajuda da princesa de Cnossos, Ariadne.
As origens desses Cretenses, ainda hoje misteriosas para nós, levam os moder­
nos historiadores a pensar que, talvez, eles tenham sido uma espécie de proto-indo-
europeus, aparentados aos Gregos, e que se teriam desligado, em épocas anteriores,
do velho tronco étnico comum.
O fato é que nada se pôde averiguar acerca do idioma que falariam, embora
alguns recentes pesquisadores pretendam atribuir aos Cretenses os parcos resíduos
lingüísticos pré-helênicos conservados no idioma grego, dando-lhes o nome con­
vencional de pelásgico. Negam, assim, a tese de uma língua mediterrânea geral -
a língua egéia, que teria preexistido à chegada dos primeiros indo-europeusà região.
Uma segunda e última florescência da civilização minóica irá ocorrer entre
1600 — 1450 a.C., no chamado Período Minóico Recente, quando a ilha de Creta
conhecería o clímax do desenvolvimento histórico e cultural na pré-história.
Não admira, pois, que os habitantes do continente helênico sofressem, conti­
nuamente, a sedução dessa civilização insular, bem mais elevada do que a deles: a
42 C.U1DA NKDDA BARATA PARREIRAS HOBT V

arte minóica, em plena expansão, cada dia é mais admirada e imitada no exterior
quer no Egito, quer na Grécia Continental, —até que por volta de 1450 a.C. os
Aqueus do Peloponeso invadiram e saquearam a ilha de Creta, entrando em declí­
nio a sua civilização até a chegada dos Dórios que nela se instalaram definitiva­
mente.
Como sempre acontece, porém, na história dos povos, a inegável superiorida­
de da cultura minóica irá manter sua influência atuante, por muito tempo, no he-
lenismo nascente, prenunciado nas primeiras manifestações culturais dos Aqueus
Micênicos, os quais muito se beneficiariam com a aquisição da secular experiência
cultural dos vencidos.
OS MINIENSES Que dizer, então, dos Minienses ou Minios,16 portadores
de um tipo de cerâmica bem característico, introdutores da criação do cavalo, na
Grécia e na Ásia, onde era desconhecido, até então, embora seja citado e represen­
tado em hieróglifos hititas, a partir de 1900 a.C.? Alguns os confundem com os
Aqueus primitivos, mas até mesmo a sua denominação é de origem mítica.
Tudo leva a crer, pois, que os povos que viriam a ser os Gregos e os Hititas,
historicamente conhecidos, deverão ter vivido uma fase comunitária em algum lu­
gar às margens do Mar Negro, onde o cavalo já estaria há muito aclimatado.
Os aspectos linguísticos coincidentes nos dois idiomas, posteriormente desen­
volvidos, só vêm confirmar a tese de que um e outro são ramos do indo-europeu e
terão percorrido juntos bom caminho, ao longo das margens do Ponto Euxino
(mar Negro), antes de se separarem, em definitivo, quando seus sujeitos-falantes
tomaram rumos diferentes: um grupo dirigiu-se para a Península Balcânica (a fu­
tura Grécia) são os antepassados indo-europeus dos Gregos ou Helenos (quer se
tenham chamado alguma vez Minienses, quer não); outro grupo atravessou o Bós-
foro até atingir a Anatólia, onde se superpuseram aos Lúvios, que os tinham prece­
dido séculos antes, e lá se fixaram até constituírem o poderoso Império Ilitita.
A verdade é que a origem de todos esses povos ainda é obscura para os mo­
dernos e nada sabemos acerca do idioma ou idiomas que falariam, sendo que os
próprios antigos, freqüentemente, confundiam as très denominações de Cários,
iélegos e Pelasgos, quando não as atribuíam a outras populações da Ásia Ociden­
tal, como as da Mísia, da Lídia ou da Líciai
A CIVILIZAÇÃO das C iclá DICAS, por sua vez, oferece-nos a mais antiga ce­
râmica, de origem anatólia e será, justamente, na faixa setentrional do arquipéla­
go, mormente na ilha de Ciros (Skyros), que irá surgir, pela primeira vez, a decora-

6 Minienses ou M in io s - nome dado, nos tempos homéricos, aos habitantes de


Orcomenos (cidade da Beócia), supostos descendentes do lendário MlNIAS, filho ou neto de
Poseidon e ancestral mítico do herói Jasão, o chefe dos Argonautas. Schliemann chamou “mi-
niense” a um tipo de cerâmica fosca primitiva, encontrada em abundância na Grécia central e
no Peloponeso.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 43

ção em espiral, de tão grande prestígio, no período seguinte (Idade do Bronze) na


ilha de Creta.
Escultores e ceramistas cicládicos revelam marcante predileção pela figura hu­
mana, ora pintada, ora cinzelada, mas sempre esquematizada, com uma feição que
se podería dizer “moderna”.
Esses primitivos habitantes das ilhas do Mediterrâneo Oriental, assim como os
da Troada (na Ásia Menor), eram marinheiros e comerciantes, vivendo, também,
da pirataria, o que, mais uma vez, nos é revelado pela cerâmica: aparecem longos
barcos, pintados em branco e preto, nos vasos de pintura fosca, típicos do pero-
do, embarcações a remo, cuja fragilidade mostra que não eram capazes de afrontar
o mar alto.
Essa original civilização insular não podería ter sobrevivido à chegada dos novos
invasores anatólios metalúrgicos, os quais deram início ao período que se conven­
cionou chamar Heládico (Antigo = HA, Médio = HM e Recente = HR). Apenas o
HA corresponde, porém, à civilização anatólia que corresponde à Idade do Bronze
Antigo, mas esses recém-chegados seriam, poucos séculos depois, sobrepujados por
outros imigrantes invasores - ainda no nível neolítico de cultura —agora, porém,
de raça e civilização indo-européia, nos inícios do II milênio a.C. (cerca de 1950
a.C). —Os Aqueus.
No continente, essa evolução cultural apresenta um certo retardamento: é
possível que se tenha dado de forma pacífica a imposição dos metalúrgicos à ante­
rior civilização do tipo neolítico, numa fusão novamente testemunhada pela cerâ­
mica. E os oleiros da Grécia Continental, aprendendo com os ceramistas metalúrgi­
cos, passaram a fazer uso do forno.
É nesse ponto que surge a primeira manifestação do gênio grego, ainda na pré-
história: aparecem os vasos que Schliemann chamou minienses, revelando uma arte
bem mais apurada que a da fase anterior, com exemplares de cor cinza fosco e,
posteriormente, amarelos, encontrados na Beócia e no Peloponeso (o chamado es­
tilo Urfiniss).
Esse tipo de cerâmica miniense coincide com profundas transformações ocor­
ridas entre os fins do Heládico Antigo e os inícios do Heládico Médio, parecendo
contemporânea da chegada de invasores belicosos, os quais deixaram tríços de sua
passagem na destruição de formas de civilização pré-exiStentes e na imposição de
outros tipos arquitetônicos, novas armas, novos túmulos, além de um novo surto
de “industrialização”, isto é, objetos e utensílios passando a ser fabricado^ diver­
samente dos anteriores.
O status quo precedente parece ter sido, de início, arrasado, violentamente, o
que não impediu, apesar disso, a posterior confraternização, entre vencedores e
vencidos, e uma conseqüente prosperidade na Grécia Central e Meridional, alcan­
çando ainda algumas ilhas do mar Jônio (entre a Península Balcânica e a Itálica).
44 GU1DA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

0 desenvolvimento dos produtos manufaturados acarretou, paralelamente, o


progresso arquitetônico e urbanístico, verificando-se, agora, aglomerações de ca­
sas, em lugar das habitações esparsas da fase anterior.
Como bem observa Severyns,17 verifica-se em Lema, na Argólida, edificação
de uma espécie de “palácio” , formado de várias peças agrupadas em torno de um
pátio, o que faz pensar na existência de algum chefe, enriquecido pelo comércio
ou pela pirataria.
Foram esses invasores anatólios da Idade do Bronze que se fundiram com os
anteriores habitantes de Creta e fundaram colônias no litoral sul da Grécia, em
Argos, Orcomenos e Pilos, de onde sua cultura e civilização se irradiaram para o
interior do continente. Pouco a pouco se irá elaborando um mundo novo, cuja
arte revela uma aguda observação da natureza e uma técnica de invulgar habili­
dade decorativa.

2. Substratos Linguísticos Bré-Helênicos no Grego É interessante notar a


existência de certa quantidade de topônimos e antropônimos, conservados no idio­
ma helênico, e que apresentam, ora radicais, ora sufixos (ou ambos) de obscura
etimologia. Isso nos leva a considerá-los como vestígios palpáveis dessa remota ci­
vilização asiática na Grécia, o que vem confirmado pela repetição freqirente das
mesmas denominações também na Ásia, especialmente no Planalto Anatólio (atual
Turquia Asiática).
A conservação dos nomes geográficos, implantados por volta do III milênio,
em solo grego, quando os primeiros invasores alienígenas se fixaram na região e
começaram a nomear vales, rios, montanhas e tantos recantos de evocações mul-
tisseculares —topônimos que resistiríam às posteriores invasões, pelos tempos afo­
ra são uma prova a mais da existência de um estágio linguístico pré-helènico (a
chamada língua egéia ou anatólia, como pretendem os historiadores da linguagem).
Exemplos dessa língua pré-helênica, que se expandiu por todo o litoral do Me­
diterrâneo Oriental, são, entre outros:

1 — Topônimos dotados de sufixos não -helênicos (não indo-europeus) —assi­


milados pelo acréscimo de desinências gregas, do tipo de: Parnassós (monte), Hali-
karnassós (cidade do sudoeste da Cária) - ambos com o sufixo —assos; Mykalessós
(cidade da Beócia, Grécia Central), com o sufixo —essos·, Hymettós (monte da
Ática. na costa sul-oriental do continente grego), em que ocorre a variante - ettos
(do precedente suf. - essos), além de outras formas menos frequentes, dotadas
das variantes sufixais: —issos, como em Ilissós (rio da Ática) e —ossos, como em
Knossós (cidade cretense).

17
SCVKRYNS - op. cit.
OS «REGOS E SEU IDIOMA 45

É, sem dúvida, ainda o mesmo sufixo que aparece em termos como: Larissa
ou Larisa e em Éphesos — topônimos bastante difundidos em todo o litoral do
Egeu (cf. suf. —issa/isa, —essos/ —esos). Outros ainda, espalhados por vários pon­
tos geográficos, oferecem formas sufixais menos reconhecíveis, como em: Priene
(com o suf. —ene), Athênai (suf. —enai, plural do precedente), Kórinthos (suf.
—nth) ou Tyrinthos; Samos, etc.
Às vezes, são os próprios radicais desses topônimos que não se explicam pelo.
grego, como a raiz m yk, presente em nomes de cidades, como: Mykárna (na Etó-
lia), Mykênai (no Peloponeso e, também, em Creta) e Mykalessós na Beócia e na
Cária); raiz especialmente significativa, por estar acrescida de sufixos igualmente
pré-helênicos, ocorrendo em regiões geograficamente afastadas umas das outras,
nas duas margens - oriental e ocidental - do mar Egeu.

II —Antropônimos, também inexplicáveis pela morfologia grega, encontram-


-se, com certa frequência, sobretudo nos textos homéricos, na qualidade de apela­
tivos de heróis e de figuras míticas. Assim: Achilleús, Odysseús, Tydeús, Atreús —
oferecem o mesmo sufixo pré-helênico —eús, encontrado, igualmente, em nume­
rosos substantivos comuns, do tipo basileús (rei ou chefe de Estado), hippeús (ca­
valeiro) ou hiereús (sacerdote).
Semelhante estrutura morfológica é estranha ao indo-europeu, em geral, e ao
grego, em particular, pois neste o usual para os nomes próprios é a forma compos­
ta de dois elementos radicais, tais como: Demóstenes (Demo-sthénes) Hipócrates
(Hippo-krátes), Demócrito (Demó-kritos), Péricles (Peri-klées), Diómenes (Dio-
ménes). . .

JII —Substantivos comuns — Observando-se certos nomes comuns não-indo-


europeus, no grego, chega-se à suposição de um substrato linguístico do minói-
co, isto é, da língua egéia falada em Creta. Sua decifração persiste como um misté­
rio, para os lingüistas-arqueólogos, principalmente depois que um dos tipos da
escrita cretense, não há. muito desvendado (em 1953) - o chamado Linear B - pa­
rece ter revelado que, sob a imperfeita grafia silábica das inscrições encontradas,
havia “vocábulos gregos” e não palavras de algum idioma até então desconhecido,
como se supunha!
Provavelmente o mistério só será desvendado no dia em que o outro tipo de
escrita silábica cretense, o Linear A, vier a ser decifrado.
Seja como for, palavras como: elaiá (a oliveira), élaion (o azeite), oínos ( o vi­
nho), sykon (o figo), minthe (a menta), rhódon (a rosa), leírion (o lírio), kypá-
rissos (o cipreste) ou asáminthos (a banheira) - só podem ser explicados pelo
substrato pré-helênico, ao qual também se incorporam, na maioria, os termos téc­
nicos da arte cerâmica e da metalurgia.
São vocábulos que designam, entre outros: o bronze (gr. chalkós), o estanho
(gr. kassíteros), o chumbo (gr. mólybdos) e, acima de tudo, o termo, por excelên-
■Ifi '.I 11>A N!I>I>A Ι'.ΑΙ,'ΛΙΛ l'M ;UIIH AS Ι Μ ι Ι,' ΤΑ

cia..da Civilização· do metal, e que indica o sulco aberto no solo. para atingir o filão
precioso: métallon. em grego. metaUmn, na transcrição latina.
De todas as investigações realizadas, no afã de peneiiar nessa misteõosa lin­
guagem dos povos pré-helênicos, só se conseguiu aproxima-las das inscruõcs da
ilha de Lemnos (datando do séc. VI a.C.), grafadas em caracteres gregos, mas num
idioma totalmente desconhecido o qual, entretanto, revela inesperadas c o i i c o i -
dâncias com o não menos misterioso fctrusen.
Essa estranha coincidência só pode explicar-se pela presença dos Etruscos, du­
rante ο II milênio a.C. (sob o nome de Tirsênios), nesse recanto do Egeu, antes
que eles colonizassem a península Itálica. Somente dessa maneira entendem-se cer­
tas formas, como: “t y r a n n o s suposta masculinização de uma forma etrusca que
significa “dama” e que tomou, no grego, o significado de “senhor, soberano absolu­
to e, por extensão, tirano” .
Sendo evidente que a chegada dos Etruscos à Península Itálica só ocorreu mui­
tos séculos depois do ingresso desse termo no idioma grego, a única explicação plau­
sível para esse e outros empréstimos do mesmo tipo, é a de que todos eles provirão
de um mesmo fundo linguístico egeu, do qual o tirsenio (ou etrusco) não passará de
uma variante, entre outras.
Um último exemplo, extremamente significativo, é o do termo “labirinto” (em
grego,labyrinthos), que comporta um dos sufixos pré-helênicos já assinalados ( nth).
E geralmente aproximado do nome do deus dos Cários Labraundós - cujo emble­
ma é o machado (chamado “lábrys” em grego, como transcrição do termo lídio,
usado para designar o instrumento).
Justamente em Creta, no famoso palácio de Cnossos cuja engenhosa constru­
ção valeu-lhe o cognome de “ Labirinto de Creta" são frequentes as representa­
ções de um machado de duplo gume, instrumento ritual do sacrifício do touro, ani­
mal sagrado da civilização insular minóica, tão ricamente representada por afrescos
de impressionante beleza t
De tudo isso, portanto, depreende-se que muito se tem ainda que esperar da ar­
queologia, para que se possa chegar a conclusões satisfatórias, quanto ao conheci­
mento da pré-história da Grécia. Só nos é lícito, pois, no estado atual de nossos
conhecimentos, marcar o início do 11 milênio para a entrada triunfal, em cena, no
Egeu, das primeiras levas migratórias dos antepassados dos Gregos, no território
continental e insular em que se instalariam por muitos e muitos séculos, na bacia
oriental do Mediterrâneo. E aí criaram e desenvolveram uma inigualável civilização,
berço e fundamento de toda a cultura européia e ocidental: a civilização micênica.

c) I r r a d i a ç ã o Mig r a t ó r ia d o s P o v o s I n d o -E u r o p e u s : a s M ig r a ç õ e s
H e l ê n ic a s .

1. —Os Gregos, povo indo-europeu — Quem terão sido, pois, esses Gregos ou Hele-
nos que, diga-se de passagem, nem sequer atendiam por tais nomes, no momento his-
OS (ÍKKÜOS I si i í D U i \i 17

tóríco de sua chegada ao solo europeu ' Ainda hoje lemos duvidas sobre eles. e. no
entanto, penetrando ein levas sucessivas no território que palmo a palmo, conquis­
taram. continuam lá ate agora, geograficamente pode-se dizer no mesmo lugar
Sabemos que eram htdo-Europeus. mas outios também o foram, como os llin
tas. cujo poderoso império só há pouco tempo veio a ser parcialmente recuperado
do pó das idades, onde jazeu até meados deste século.
Indo-Europeus também foram os invasores da índia, pela mesma época (II mi­
lênio). dominando, em vitoriosa campanha, os anteriores habitantes da região (cf. os
ecos grandiloquentes dessa invasão na epopéia do “Ramayana").
Ao que parece, tribos de raça-branca (os Arianos ou Arias), estabelecidas no li­
toral do mar Háltico ou. como pretendem outros especialistas, espalhadas pelas
margens do mar Negro ou do Cáspio ter-se-iam deslocado, progressivamente, por
motivos que nos escapam, cerca de 1900 ou 2000 anos a.C., vindo a bater-se. subi­
tamente, sobre o Oriente Próximo e os Bálcãs: eram populações (que viríam a cha­
mar-se indo-européias) das quais um/ ramo, atravessando o Turquestâo. atingiu a an-
tiga Pérsia (atual Irã) c alcançou a India. Uma segunda ramificação, penetrando na
Ásia Menor (Oriente Próximo) aí se estabeleceu solidamente, após ter incendiado a
cidade conhecida, em arqueologia, como Tróia II e fixando-se na região que
seria, muito mais tarde, a Capadócia.
Sabe-se, atualmente, que, por volta desse segundo milênio pré-cristão. nessas
paragens do Oriente Próximo, falavam-se, escreviam-se e liam-se mais de dez idiomas
diferentes, entre os quais alguns não são línguas indo-européias. como: o Acádio. o
Sumério, o Hurrita c o chamado Anatólio. à falta de melhor denominação (cf. Subs­
tratos Linguísticos Pré Helênicos).
Essa é a lição que nos dão as mais recentes descobertas da arqueologia, revelan
do-nos, simultaneamente, a impressionante realidade do Império Hitita, constituído
pelo desenvolvimento desses Arianos na região, e cuja história permanecera envolta
no mais denso mistério, até quarenta anos passados conhecida, até então, apenas
por algumas alusões da Bíblia dos Judeus (O Velho Testamento).' 8
Note-se que a denominação de Ifititas, que lhes é tradicionalmente atribuída,
na verdade cabería, com mais propriedade, aos povoadores autóctones do Planalto
Anatólio (atual Turquia) chamados Hatti em sua língua nativa, como comprovam
os estudos arqueológicos recentes. Mas o hábito arraigado de chamar Hititas, aos
posteriores invasores arianos da região, já se firmou ao ponto de não mais se poder
corrigir tal erro.
A capital hitita chamou-se Hattusa e as numerosas inscrições cuneiformes e hie­
roglíficas encontradas em suas ruínas (no sítio de Boghazkõy, na atual Turquia
Asiática), aos poucos nos estão revelando o poderio realmente grande desse povo
que, em certa época, teria recebido vassalagem até mesmo dos Egípcios.

18 CliRAM, C. W O Segredo dos H itita s, Rio de Janeiro, Zahar, 1961.


48 GUIDA MEDDΛ BARATA PARREIRAS HORTA

2. - As Migrações Helênicas: Os Aqueus — Foi uma terceira irradiação migratória


dos indo-europeus que, partindo do mesmo ponto que as demais, espalhou-se, por
via terrestre, de leste para oeste, através da Tessália, até a Península Balcânica (Gré­
cia Continental); e, destruindo a princípio as florescentes civilizações aí existentes
(cf. Civilizações Pré-Helênicas), acabaram por se deixar assimilar por elas.
São estes os primeiros invasores de raça helénica, indo-européia, denominados,
genericamente, AQUEUS, cuja chegada ao território europeu, que seria o da futura
Grécia, conduz-nos para as grandes migrações de que se formou, finalmente, o povo
helênico. Já por essa época - fins do III ou início do II milênio - estariam, por­
tanto, delineadas as zonas do mediterrâneo que viríam a formar o mundo helênico:
I - a parte continental européia, cobrindo a península Balcânica de norte a sul
(da Tessália até o Peloponeso);

II —a parte insular, abrangendo as ilhas do Egeu e incluindo Creta, onde se de­


senvolvera, no decorrer do III milênio a civilização dita “minóica^ que atingiría o
apogeu em meados do milênio seguinte, antecipando-se àdo continente;
III —a parte litorânea oriental, na Ásia Menor (Oriente Próximo) cuja maior fai­
xa se tornaria a Jônia do período histórico.
Os recentes estudos linguísticos e paleográficos de documentos remanescentes
(cf. inscrições hieroglíficas e cuneiformes do Oriente Próximo) ensinam-nos que os
povos indo-europeus chegaram a essa região em duas vagas sucessivas, pelo menos,
tendo os Lúvios precedido aos Hititas, cuja história, no planalto da Capadócia, só
começa em fins do séc. XX a.C.
Quanto aos AQUEUS, habitantes, inicialmente, da zona contígua à dos Hititas,
como vimos, deslocaram-se, na mesma época, por via terrestre, em direção aos Bál­
cãs, onde penetraram, ora violentamente, ora pela via da progressiva assimilação,
até atingirem o Peloponeso, entrando em contato com as colônias creto-cárias, aí
estabelecidas (cf. Civilização Minóica).
A epopéia homérica faz direta referência a essa miscigenação racial', entre “os
verdadeiros Cretenses” ( que o poeta chama Eteocretenses) e os povos arianos, no
Canto XIX da Odisséia (versos 172 e segs.):

“Há uma terra em pleno mar vinhoso,


Bela e rica, batida pelas vagas: é Creta, onde há
Povos infindáveis, sem limites, e noventa cidades
Onde se mesclam tantos e tais idiomas,
De um lado Aqueus, de outro Cidônios, e ainda
Os magníficos Eteocretenses, e os tripartidos
Dórios, além dos divinos Pelasgos.
Entre tais cidades era Cnossos, onde,
Por nove anos, reinara Minos, confidente do grande Zeus.”
os gregos e se u idioma 49

3 - Micenas e a Cultura Minóica — Uma pergunta se impõe ao estudioso da


pré-história e da formação do povo grego: em que momento, precisamenre, Creta
se terá integrado no mundo aqueu primitivo (ou “miniense”, como querem alguns
arqueólogos)?
As discussões prosseguem, acaloradas, mormente a partir da descoberta do sí­
tio provável da Tróia Homérica, na Turquia Asiática, por Schliemann, o feliz ar­
queólogo que já revelara ao mundo a grandiosa civilização micênica, no Pelopone-
so, irradiando-se, da cidadela fortificada de Micenas através de extenso território: a
Atica, a Beócia e o Peloponeso, no continente, além de outras regiões às quais foi
levada —por espírito de conquista ou de aventura —pelos AQUEUS, seus criado­
res e portadores, por muitos seéulos.
Homero refere-se, com freqüência, a Micenas, como a “opulenta e coberta de
ouro cidade do Atrida Agamêmnon”.
Quando, anos depois, Evans descobriu, em Creta, a arte e o poderio minóicos,
considerou que todas as glórias micênicas teriam sido fruto exclusivo da influência
da ilha sobre o continente. Mas WACE,19 e outros mais recentes especialistas no
assunto, entendem que muitos achados arqueólogicos, do Heládico Recente, em
Micenas —tidos por importações cretenses, por se enquadrarem no chamado “esti­
lo do palácio de Cnossos” - na verdade evidenciaram, após mais acurada observa­
ção, sua fabricação local. E, inversamente, outras pèças cerâmicas, encontradas em
Creta, aparecem como imitações insulares, nem sempre bem sucedidas, aliás, de
peças autênticas do continente. O intercâmbio cultural parece evidente.
De toda a maneira, visto não nos competir levar avante aqui tais discussões,
sabemos que a maioria dos sábios modernos estão de acordo num ponto: a catás­
trofe que atingiu a civilização minóica, ao tempo da hegemonia de Cnossos (cerca
de 1400 a.C.), terá sido obra de alguma invasão marítima, certamente de Micêni-
cos, que, a partir de então, passariam a impor sua própria civilização ao Mediterrâ­
neo Oriental, incluindo Creta e o litoral asiático voltado para o Ocidente (cf. Poe­
mas Homéricos).

d) - D e c a d ê n c ia e De s t r u i ç ã o d a C iv il iz a ç ã o M in ó ic a .

1) Causas e conseqüências.

Uma reçentíssima teoria —resultante das escavações levadas a efeito, nos úl­
timos anos, na pitoresca ilha de Santorini (ou Thera, como ainda se chama a al­
deia que a encima), no arquipélago das Cicládicas —propôs nova tese para explicar
a destruição final do poderio cretense.

19 WACE, ALAN J. B. - Mycenae, A n Archeological H isto ry and Guide (Princeton,


New Jersey, 1949).
50 GUIDA NF.DDA BARATA PARREIRAS HORTA

As análises radio-carbònicas dos vestígios encontrados nessa ilhota vulcânica


revelam, que, por volta de 1400 a.C. —época em que os palácios monumentais de
Creta desmoronaram, brusca e violentamente, em quase toda a ilha, aparentemen­
te ao mesmo tempo —ocorreu gigantesca explosão do vulcão de Santorini e, em
consequência, o topo esvaziado da montanha caiu-lhe na própria cratera, a quase
400 metros abaixo do nível do mar. Vagas enormes levantaram-se então, e, avan­
çando a uma velocidade que os técnicos estimam em cerca de 300 km. horários,
vieram-se chocar-se, brutalmente, de encontro ao litoral cretense. Em seguida con­
tinuaram, conforme se crê, em sua marcha destruidora até o delta do Nilo, no
Egito, atingindo ainda as costas da Síria, onde, finalmente, alcançaram e fizeram
submergir a cidade de Ugarrt (situada a mais de 100 km. do epicentro do cataclis­
mo.
Os trabalhos do arqueólogo grego Galanópoulos —iniciados em 1956, e conti­
nuados por diversas equipes helênicas, com o auxílio de especialistas americanos —
vêm lançando novas luzes sobre o que teria sido essa catástrofe, que soterrou o
que sobrara da ilha de Tera (Santorini), sob uma espessa camada de cinzas fume-
gantes (cerca de 30 metros de altura).
As cinzas vulcânicas se espalharam também, levadas pelo vento, por uma área
de cerca de 200.000 km2, na direção de sueste; e grandes depósitos delas ainda
podem ser observados hoje, no fundo submarino, de desigual espessura, de Tera,
junto ao litoral, em que foram sepultadas cidades populosas, segundo se acredita.
Em 1967, começou a recuperação de uma cidade da era minóica, na ilha, e, na
opinião do professor helênico M A R I N A T O S (recentemente falecido), que aí traba­
lhou sem descanso, outras deverão ser descobertas, com o prosseguimento das es­
cavações, nessa autêntica meia-lua que é Santorini, vertiginosamente a pique sobre
as águas profundas do Egeu. De resto, essa ilha não é mais que o semi-círculo re­
manescente do cone vulcânico primitivo, onde até agora, ainda ocorrem, periodi­
camente, fortes abalos sísmicos (o vulcão parece adormecido há alguns decênios,
mas pode-se observar uma constante espiral de tênue fumaça, partindo de uma
ilhota, perto de Santorini, e bem no centro do que foi, outrora, a cratera).
Numerosas especulações vêm sendo feitas em torno dessa explosão, historica­
mente confirmada, a qual parece a muitos a responsável por outros fenômenos,
que a tradição dos povos antigos nos legou, tais como: a famosa passagem do Mar
Vermelho, pelos Hebreus, ou a desaparição da misteriosa Atlântida, de que nos fa­
la o filósofo Platão.
Ainda é cedo para afirmações categóricas, apesar de algumas recentes explica­
ções fantasistas para os fatos acima, mas tempo virá em que as indagações de hoje
serão,· provavelmente, respondidas à luz das ciências arqueológica e paleográfica,
jque tantas certezas já nos trouxeram, na busca infindável em que o Homem se em-
penhá. para desvendar seu passado pré-histórico, indo às fontes das mais remotas
civilizações.
Os (iKVHÍOS V SI (· IOIOM \ r,i

2) O Linear B Uma última observação deve ser feita ainda, quanto ao relacio­
namento e à mútua influência das culturas minóica (cretense) e micénica (aquéia):
concerne à aparição - entre 1500 e 1400 a.C. de um novo tipo de escrita, o
mais recente de quantos se encontraram na região, o chamado I.inear B, peculiar a
Cnossos. Durante muito tempo acreditou-se que era —juntamente com a sala do
trono do palácio do Labirinto, a cerâmica chamada de “estilo palaciano” (Palace
Style, na terminologia de Evans), e os túmulos “em cúpula" (thóloi) - exclusiva
característica da cultura minóica.
No entanto, mais recentes descobertas de plaquetas de argila, em 1939, no lo­
cal presumido do palácio de Pilos (no Peloponeso, ao norte da baía de Navarino),
e, já em 1952, outras tantas fora dos muros de Micenas todas paradoxalmente
conservadas, pelo cozimento ao fogo dos incêndios levaram os arqueólogos a
reconsiderar 0 assunto: concluíram então que os Aqueus do continente também se
serviam desse tipo de escrita, para seus assentamentos políticos ou comerciais, der­
rubando assim a teoria de Evans, a respeito da exclusividade de Cnossos no uso
dessa escrita.
Subitamente, porém, em 1953. quando já quase não se tinha mais esperança
de conseguir a proeza, o genial arqueólogo inglês MlCHAFL VENTRIS,20 seguindo
modelar método de pesquisa, logrou decifrar, finalmente, o Linear B.
Derrubando todas as idéias preconcebidas a respeito dessa escrita silábica Ven-
tris e seu colaborador CHADWK k provaram que ela serviu de veículo a um dialeto
aqueu arcaico, bem próximo da líúgua que seria empregada, séculos mais tarde, na
redação dos Poemas Homéricos. Essa decifráção liquidou, em definitivo, numero­
sos erros e falsos raciocínios sobre a realidade do mundo aqueu primitivo, mas, co­
mo era inevitável, por tratar-se de uma grande descoberta, suscitou também novas
dúvidas e problemas diversos. Entre estes está a questão da sobrevivência dos pró­
prios textos encontrados, quando desapareceram, por completo, todos os outros
que, certamente, registrariam a atividade intelectual de um povo que, em outros
setores, revelou-se de pujante capacidade criadora. Na verdade, só foram encon­
trados, no Linear B, extensos registros de contabilidade ou então partes de arqui­
vos do palácio real. que deixam muitas lacunas ao nosso conhecimento da vida espiri­
tual desses Aqueus, os quais vieram a substituir os Cretenses ninóicos, na soberania
marítima e no fausto e grandeza dos seus palácios e obras de arte.
A explicação mais plausível para essa carência de dados culturais, está no fato
de serem as plaquetas encontradas relatórios anuais das atividades cotidianas, gra­
vadas em material perecível (argila), que poderíam ser reaproveitadas por simples
remodelação, sendo mergulhadas em água. Quanto aos textos mais importantes,
sem dúvida, eram grafados em material mais nobre, como o papiro, ou pequenas
pranchas de madeira.

20 VENTRIS, M. e C HADWICK, J. —Documents in Mycenaean Greek (Cambridge


Universíty Press, 1956).
<2 GUII'A ΝΕΚΡΑ Γ.ΑΚΑΤΑ PARREIRAS HORTA

Por ironia do destino, o clima insular destruiu o que deveria ter sobrevivido ao
tempo, enquanto as plaquetas de argila, secas ao sol, foram preservadas para a
posteridade, em virtude de terem sido queimadas pelo fogo dos incêndios, destrui­
dores dessa mesma civilização à qual elas deveríam ter servido de modo efêmero!
Só nos resta esperar, agora, que a boa fortuna venha a reVelar-nos, em futuro
próximo, algum texto literário remanescente, mais esclarecedor que os simples
documentos que possuímos, como já aconteceu, tantas vezes, em terras asiáticas,
nos tempos modernos, com relação a civilizações desaparecidas (V« gr, o Império
Hitita).21
O que parece certo, porém, é que essa escrita Linear B, feita para o entendi­
mento de Aqueus, só existiu, em Creta, na cidade de Cnossos, permanecendo o
outro tipo' de escrita silábica, o Linear A, como meio de comunicação, em todo o
resto da ilha; mas este não sobreviveu, naquela cidade, à adoção do Linear B.
A conclusão que se impõe é de que os Aqueus, ao se assenhorearem de Cnos­
sos, aí só permaneceram por meio século, tendo havido, por volta de 1400 a.C.,
violentas perturbações ainda não identificadas (cataclismos? levantes populares?
invasões externas? ). Essas perturbações (vide a explosão de Santorini) convulsio-
naram Creta, como nos mostra a arqueologia de campo, destruindo, simultanea­
mente, vários locais (como Festos e I Iagia-Triada), e só permitindo a definitiva im­
plantação aquéia no século seguinte.
A despeito dessa submissão final, os elementos da cultura cretense ainda serão
bastante atuantes durante os dois séculos subseqüentes, nos quais perdurará o do­
mínio do rriundo aqueu, até que novas migrações indo-européias desta vez a dos
DÓRIOS, vieram abalá-lo e arruiná-lo em muitos pontos do continente nelênico
(cerca de 1200 a.C.).

21 WEBSTER, T. B. L. - From Mycenae to Horner (Londres, Methuen, 1958).


(Neste livro, no cap. IV, intitulado "A Poesia Micênica”, o autor apoiando-se nas
mais recentes descobertas arqueológicas e nas revelações do Linear B, de Creta, logra defender
a tese da existência real de uma profunda analogia entre a linguagem das plaquetas e a de H o­
mero, em arribas reconhecendo o mesmo estilo descritivo, os mesmos temas guerreiros e os
mesmos epítetos significativos, sem falar nos nomes próprios, semelhantes aos da epopéia. Por
isso, conclui que se deve tentar a reconstituição de uma poesia de corte, eivada de fórmulas
fornecidas pela terminologia religiosa e militar. Essa poesia, de certa forma imobilizada em seus
meios de expressão, sobreviveu inclusive à desaparição da sociedade que a inspirara, através do
fio condutor das tradições heróicas, que os aedos e rapsodos finalmente desdobraram e tece­
ram, na criação artística dos poemas épicos. Este é, pois, o elo perdido na reconstituição do
processo evolutivo da epopéia, ainda imperfeitamente reconstituído, até que se obtenham da­
dos mais concretos, que a arqueologia de campo, certamente, nos revelará, em futuro próxi­
mo).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 53

e)- O Mundo Aqueu -


1) Constituição e expansão.
A primeira descrição do mundo aqueu, em seus últimos anos de expansão, nos
é apresentada através da Ilíada (cf. Canto II, na passagem chamada “Catálogo dos
Navios”), onde o poeta, fazendo-nos reviver os tempos da lendária guerra de Tróia
(inícios do XII sec. a.C.), enumera os reis aqueus que partiram do continente, sob
a chefia de Agamêmnon, rei de Argos e de Micenas. Essa expedição iria resgatar a
rainha Helena de Esparta, mulher de Menelau, irmão daquele comandante-em-che­
fe, e que fora raptada pelo jovem Páris, filho de Príamo e de Hécuba, reis de Tróia.
Guardadas as necessárias reservas, exigidas por um relato· poético elaborado
quatro ou cinco séculos após os eventos que descreve, devemos reconhecer que,
em linhas gerais, essa relação é bem mais fiel do que parecería à primeira vista, ten­
do sido corroborada, em muitos pontos, pela arqueologia de campo.
Pela enumeração das tropas transportadas, por via marítima, até Tróia, ficamos
sabendo, por exemplo, da extensão territorial do mundo aqueu, que já cobria (em
fins do século XII a.C. —época da guerra) o território continental da Península
Balcânica —desde a Tessália, ao norte, até o extremo sul do Peloponeso —incluin­
do certo número de ilhas costeiras: a oeste, no mar Jônio —Zante, Cefalônia e Ita-
ca, sede do reino de Ulisses (ou Odisseu); a leste, no Egeu, não só as ilhas mais pró­
ximas do litoral europeu —como Eubéia, Salamina e Egina, as Cícladas e as Espó-
radas —mas também as grandes ilhas das costas asiáticas —Rodes, Chipre e Lesbos
—sem falar em Creta, ao sul da bacia oriental mediterrânea.
Entre tantas regiões, berço de heróis magnânimos, cita Homero “a miniense
Orcomenos”, na Beócia (Grécia Central), “Argos, a pelásgica (ao sul do Pelopone­
so), “a Ftia tessálica”, pátria do indomável Aquiles, e a “Hélade, terra das mais be­
las mulheres”, ao norte . . .
Nota-se então, que os Aqueus primitivos, passado o primeiro ímpeto destruti­
vo da chegada a novos territórios, misturaram-se com os anteriores colonos Creto-
Cários neles encontrados, e com outras populações locais, produzindo as sucessivas
gerações, surgidas dessa miscigenação, que deram origem aos Gregos de que nos fa­
lam, com detalhes abundantes, os Poemas Homéricos, (fins do IX ou inícios do
VIII séc. a.C.).
Essa é a “idade dos heróis”, a quem Homero chama DÃNAOS, tomando-os por
descendentes de Dânae, mãe do herói argivo Perseu, filho de sua união com o pró­
prio Zeus, manifestado sob a forma de uma chuva de ouro! (cf. “O Nome dos
Gregos”).
São eles —descendentes de Aqueus e Cretenses, basicamente —os criadores
da portentosa e criativa civilização que os arqueólogos chamaram, segundo as re­
giões: micênica (no continente, com Micenas, seguida de Tirinto, como centros
principais); minóica (anterior e, em seguida, contemporânea da precedente, em
Creta, tendo em Cnossos seu principal centro de irradiação); egéia (quando locali­
54 GUID \ NKDDA BARATA PARREIRAS HORTA

zada, especificamente, nas ilhas do Egeu);ou, genericamente, heládica (quando se


pretender indicar, lato sensu, a civilização dominante entre os séculos XVII e XII
a.C., na Grécia continental e insular).
Nesse período, a expansão colonizadora dos Aqueus transportaria sua cultura
e civilização até o litoral asiático, onde sua implantação definitiva, à custa de mui­
tas lutas e vicissitudes, culminaria com o cerco e a tomada de Tróia, vencida após
a sucessiva derrota de seus aliados, exaurida por dez longos anos de assédio inimi­
go.
Legando à posteridade um florilégio de mitos e feitos heróicos - muitos dos
quais teriam raízes profundas nas lutas pelo predomínio dos povos helênieos sobre
outras populações que os precederam na região egéia —os Aqueus lançaram a se­
mente da literatura grega. E a memória do povo soube preservar do esquecimento
tais façanhas, através da criação da epopéia, no próprio solo asiático em que seria a
futura Jônia,_ onde se travaram os decisivos combates que assegurariam a supre­
macia helênica na região, pelos séculos afora.
Alguns autores, porém, julgam que a Guerra de Tróia —hoje fato histórico
indiscutível —não teria passado de uma simples expedição de pilhagem e de pira­
taria, por parte dos Aqueus, a pretexto da recuperação de Helena, visto que a tra­
dição relata o retorno dos sobreviventes (cf. a Odisséia), de modo que os vencedo­
res dos Troianos só se teriam estabelecido, em solo asiático, definitivamente, mui­
to mais tarde.
Seja como for, os temas lendários do Ciclo Troiano (criado pelos aedos e rap-
sodos que cantaram e exaltaram os grandes heróis míticos e suas façanhas extraor­
dinárias) é que iniciaram, brilhantemente, a série de frutos opimos do gênio helêni-
co que, por mais de um milênio, fornecería os arquétipos ideais dos gêneros literá­
rios que perduram, ainda hoje, como modelos insuperáveis para as literaturas oci­
dentais européias e, por extensão, também as do Novo Mundo.
2) Os JÔNIOS Neste ponto, cabe uma observação relativa a essa denominação
genérica de Aqueus, que temos usado para os primeiros Helenos, indistintamente,
embora alguns autores modernos22 prefiram reconhecer a presença dos Jônios,
anteriormente à chegada dos Aqueus. Eles teriam ocupado primitivamente o Pelo-
poneso, sem, contudo, escravizarem por completo os pré-helenos que encontraram.
Sua tradicional divisão em quatro tribos parece remontar ao estabelecimento inici­
al, na Grécia, desse grupamento étnico primitivo; e, segundo tradições míticas, eles
se teriam estendido, também, até a Ática, na costa leste da Grécia continental.
0 epônimo desses Jônios seria um deus fluvial, ÍON, do qual eles teriam her­
dado o temperamento impetuoso (Jônio = impulsivo). Após se terem fixado, ini­
cialmente, na região do sul da Grécia que se chamaria Acaia, lá permaneceram até
a chegada dos Dórios.

22 NlLSSON, Μ. P. - Lu Religion Populaire dans la Grèce A n tiq u e (Paris, 1954)


OS GREGOS E SEU IDIOMA 55

A admitir-se essa tese, forçoso será, também, aceitar que uma segunda leva de
invasores arianos (indo-europeus) terá irrompido no continente da Europa, por
volta de 1580 a.C., desalojando os Jônios, parcialmente, de seus territórios na
Ática, no Peloponeso, na Eubéia, o que os obrigaria a se instalarem na costa asiática
próxima, às margens d b golfo de Esmirna. Esses últimos invasores —os Aqueus de
que temos falado —viriam, então, a ser os posteriores dominadores e herdeiros da
civilização minóica, de Creta, na Idade do Bronze, acabando por reformulá-la e
adaptá-la ao seu próprio caráter, no continente europeu (Península Balcânica).
O que sabemos, ao certo, é que esses Aqueus tornar-se-ão tão poderosos, que
Homero irá generalizar seu nome, séculos mais tarde, para designar os Gregos que
participaram da guerra contra Tróia, embora distinguindo, em numerosas passa­
gens da epopéia, outras etnias presentes no campo de batalha:
“Canta, ó deusa, de Aquiles Pelida a cólera,
Detestável cólera que aos Aqueus trouxe dores sem conta ..
(II., 1,1-2)
É importante notar que a chegada dos primeiros antepassados dos Gregos, à
região geográfica que seria a Grécia histórica, coincide com um movimento muito
mais extenso de populações indo-européias: simultaneamente, instalaram-se na
Troada os fundadores da Tróia VI dos arqueólogos (no outeiro de Hissarlik, onde
foram encontradas nove cidades superpostas, sendo que a Tróia destruída pelos
heróis homéricos é hoje tida como a VII?); ao mesmo tempo, os Hititas ocuparam
o território em que, posteriormente, iriam desenvolver seu poderoso império. Esse
é um memorável momento, em que ambas as margens do Egeu —a oriental e a oci­
dental —foram abaladas violentamente, pela chegada maciça dos Arianos.
Séculos mais tarde (1200 a.C.), novos abalos seriam registrados na bacia medi­
terrânea oriental, com a chegada de outros invasores, que deram fim à Idade do
Bronze e iniciaram a Idade do Ferro, segundo parece, pois é a ocasião em que o
ferro, metal precioso, até então praticamente monopolizado pelos Hititas, come­
çou a vulgarizar-se.
Os eventos do incêndio de Hattusa, a capital Hitita —consequente da pressão
imposta por recem-chegados da Europa, através do Bósforo; a destruição dos
principais centros de civilização aquéia no continente europeu (península Balcâni­
ca, com o Peloponeso), seguida da desagregação cultural e política do mundo
aqueu —tudo faz pensar na irrupção violenta de novos imigrantes, desta vez par­
tindo de um ponto comum, próximo ao curso médio do rio Danúbio (Europa
Central), ou da Ilíria meridional (atual Albânia), todos europeus, portanto. São
chamadas invasões dóricas, na Hélade.
Enquanto isso, os Aqueus decadentes do continente — aqueles que Homero
chamou Dânaos (cf. “O Nome dos Gregos”), aos poúcos viram ruir seus burgos
fortificados, ao passo que suas próprias colônias ultramarinas progrediam e se mul­
tiplicavam, elevando-se culturalmente. Fortaleciam-se os antigos vassalos, enquan­
to os grandes estados aqueus desagregavam-se.
56 GUiDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORT t

Foi por essa época que a Grécia continental desmembrou-se numa infinidade
de grupamentos urbanos politicamente independentes, cada qual se utilizando de
seu próprio dialeto — diferenciado dia.a dia da língua comum primitava —frag­
mentação linguística e política que só tendería a se acentuar com o temoo, favo­
recida pela configuração geográfica acidentada do país, condicionadora de toda
espécie de separatismo (é o surgimento da cidade-estado, a polis grega).
3) Os EÓLIOS Os Aqueus do norte e do nordeste da Grécia continental
acabariam, com o tempo, por tomar o nome de Eólios, de seu epônimo lendário
Éolo,23 denominação que se estendeu a seus descendentes, que fundariam colô­
nias, inclusive nas ilhas (como em Lesbos, por exemplo .)
Posteriormente, imigrantes eólicos da Tessália e da Beócia, instalar-se-iam
também numa parte do litoral asiático, junto ao Helesponto, nos limites da Jônia,
região que veio a chamar-se EÓLIDA. Uma velha tradição dava como fundador da
Eólida um dos filhos de Orestes, o lendário matricida de Clitemnestra, mulher de
Agamêmnon, com seus companheiros, ou, talvez, seus descendentes.
4 ) —Os DÓRIOS - Já os Dórios, grupo· vigoroso e guerreiro, varreu os DÃNAOS
( = Aqueus) decadentes, apoderando-se da maior parte do Peloponeso, invadindo
Creta e colonizando algumas das ilhas Cicládicas e Espóradas, chegando até à parte
sudoeste da Ásia Menor.
A chegada desses Dórios, aos quais se atribui inclusive a destruição definitiva
de Micenas, coincidiu, segundo as tradições helênicas, com o “retorno dos Herácli-
das”, que seriam os descendentes do herói Héracles (Hércules), já na quarta gera­
ção. Teriam vindo retomar posse da pátria de seu glorioso ancestral - a Argólida —
de onde haviam sido expulsos, em tempos passados, pelos Aqueus. Unindo-se aos
Dórios, os Heráclidas se teriam apossado, finalmente, do Peloponeso, embora igno­
remos os itinerários que terão seguido, na direção norte-sul de sua invasão.
Apesar das habituais dissenções dos modernos historiadores, alguns dos quais
reduzem ao mínimo a importância das invasões dóricas ou até as negam, o consen­
so da maioria reconhece como incontestável a sua presença nos Bálcãs, entre 1200
e 1100 a.C.: uns grupos chegaram à região danubiana através da II iria e do Épiro;
outros avançaram pela Macedônia (ao norte dos Bálcãs, atual sul da Iugoslávia e
norte da Grécia) e pela Tessália, a partir de onde se perdem os traços de seus avan­
ços, que poderão ter sido feitos, inclusive, parcialmente, por mar.
O momento culminante da expansão colonizadora dos Dórios ocorreu por
volta de 1100 a.C., chegando, em seu ponto extremo, só até a ilha de Rodes, pois
a civilização aquéia sobrevivería, na Ásia Menor, sem contato direto com os Dórios.

23 ÉOLO - figura mítica, descendente de Hellen e da ninfa Orseida, portanto, neto


de Deucalião e de Pirra, irmão de Doros (epônimo. dos Dórios) e de Xutos. Reinou em Magné­
sia e na Tessália, cujo primitivo nome foi Eólida. Às vezes, a tradição o identifica com outro
Éolo, “senhor dos ventos”, de que nos fala a Odisséia, mas que deverá ser um filho de Posei-
don, o deus dos mares.
os GREGOS E SEU IDIOMA 57

A região litorânea que seria, futuramente, a Jônia, fundada, segundo o geó


grafo alexandrino Eratóstenes (no 11 séc. a.C.), 140 anos depois da queda de Tróia,
recebeu sucessivas levas de refugiados da Ática e da ilha costeira da Eubéia. o que
contribuiu para povoar e desenvolver a região, cuja população compósita mostra
a inexatidão da expressão consagrada “migração jônica.”24
Na verdade, como assinala Severyns, a helenização da Jônia se estendeu por
um período de seis séculos, pois numerosos colonos vieram sucessivamente do
continente para a Ásia, fugindo às invasões ou buscando terras mais férteis do que
as em que viviam, nunca, porém, sendo oriundos dos grandes centros da civiliza­
ção aquéia. O fluxo de refugiados gregos, na Jônia, foi intenso, principalmente
entre 1200 e 1100 a.C., em conseqüência das invasões dóricas no continente, e
prosseguiu nos dois séculos seguintes (1100 - 900 a.C.), por motivos de ordem
econômica e política (como continuaria a acontecer na Grécia do período históri­
co).
Outras colônias orientais iriam fixar-se na ilha de Lesbos e na costa asiática
fronteira a ela —na faixa compreendida entre Esmirna e a Troada —com a chega­
da dos Eólios, vindos, principalmente, da Beócia e da Tessália, no continente (o
que explica, segundo alguns especialistas, a presença de “eolismos” na linguagem
homérica).
0 —O Povo GREGO — Em conseqüência do acima exposto, podemos dizer
que, nos fins do IX ou inícios do VIII séc. A.C. —data provável da redação das
Epopéias Homéricas, na Jônia, ou pelo menos da ILIADA —já se podem reconhe­
cer, como realidades históricas, as três zonas de irradiação étnica que serão a trípli­
ce base da formação do povo grego : a EÓLIDA, a JÔNIA e a DÓRIDA.
E em boa companhia ficaremos, se invocarmos o testemunho indiscutível do
douto historiador Tucídides, quando nos informa o que de mais seguro se sabia
a respeito deste assunto, ao tempo da guerra do Peloponeso (431-404 a.C),que
ele pretendeu interpretar, contemporaneamente, à luz dos fatos históricos que a
precederam:
“. . . Mesmo após a guerra de Tróia, a Grécia sofreu migrações ainda, além de
ter também fundado cidades, de modo que não progrediu com tranqüilidade. De
fato, o tardio retorno dos Helenos, vindos de flion, produziu muita perturbação, e,
como nas cidades as revoltas chegaram ao auge, seus exilados fundavam também
(novas) cidades. Os atuais Beócios, sessenta anos depois da tomada de Tróia foram
expulsos de Arnes, pelos Tessálios, para a Beócia de hoje, anteriormente chamada
Cadméia (terra habitada, de início, por uma parcela deles, dentre os quais saíram
os que marcharam contra Tróia), enquanto os Dórios, oitenta anos após (a guerra
de Tróia), juntamente com os Heráclidas, apossaram-se do Peloponeso.24
24 SAKELLARIOU, M. - L a M ig ra tio n G re c q u e en I o n ie . Atenas, 1958.
(Nessa obra o autor demonstra que não houve nenhuma migração maciça de colo­
nos que pudessem ter fundado as famosas Doze Cidades Jônicas).
58 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Com dificuldade, e após longo tempo, a Hélade serenou e, com a estabilidade,


estancou o movimento.migratório; só então os Atenienses se estabeleceram nas
cidades jônicas e na maioria das ilhas, ao passo que os Peloponésios (Dórios) colo­
nizaram a maior parte da Península Itálica e da Sicília, além de se fixarem em ou­
tras partes da Grécia. Mas tudo isso ocorreu depois dos eventos de Tróia” (Cf.
Tuc., “Hist. da Guerra do Peloponeso”, I, XII, 1-4).
g) - S o b r e v iv ê n c ia d a Cu l t u r a A q u é ia - Em suma, pelo que se viu, a
Jônia asiática dificilmente podería ter guardado intacto o patrimônio cultural dos
Aqueus, como já se pretendeu, em face das muitas perturbações políticas em que
esteve envolvida, até fins do X séc. a.C. (cerca de 900). Os especialistas mais recen­
tes preferem atribuir esse papel de repositório das tradições aquéias à ilha de Chi­
pre. É que, situada próximo da costa asiática, Chipre permaneceu incólume às in­
vasões dóricas e, além disso, conservou aspectos arcaizantes muito marcados —
tanto em seu dialeto (cf. as inscrições cipriotas), quanto na manutenção de um
tipo de escrita anacrônico ('cf. o silábico cipriota) —na época em que todas as outras
regiões gregas já haviam adotado a escrita alfabética, adaptada dos Fenícios (cf.
Item 5, b - “A Letra Grega”).
Por essa razão, não terá sido por mera casualidade que um poema épico pós-
hòmérico, que evoca as origens remotas do conflito que conduziu os Gregos
(Aqueus) ao cerco de Tróia, tenha justamente o título, ainda mal explicado, de
“Cantos Cíprios” (Kypria).
Podemos, então, sem receio, atribuir a Chipre o papel de medianeira na pre­
servação dos mitos e tradições dos Aqueus, transmitindo-os à Jônia. Aí eles viríam
a ser o maravilhoso estofo de que foram tecidos os Poemas Homéricos —a Iliada e
a Odisséia —frutos monumentais e imorredouros da cultura aqueu-jônica, primei­
ros e decisivos passos dos Helenos, para a conquista espiritual do universo.

IMAGENS I)A HfíLADE N9 2 (Texto de Ilustração)

“CONCEITO D E H E LEN ISM O N A GRÉCIA P R IM IT IV A ”

(adaptado do livro “Dórios e Jônios” de E. W ill , Paris, 1956)

Toda a história da civilização grega consiste na elaboração de uma


civilização mista, como sói acontecer com as verdadeiras civilizações.
São muito variáveis seus matizes, de acordo com os lugares e os tempos,
na medida em que a análise permite vislumbrar, ou mesmo isolar, os ele­
mentos pré-helênicos, helênicos e estrangeiros ou adventícios. Mas não é
a dosagem de tais elementos que irá perm itir que se estabeleça uma hierar­
quia de valores, que, aliás, a história não exige.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 59

Concrctamente, os documentos mostram que, na Grécia propriamente


dita, a “estratificação étnica” — termo figurado e falso, pois que estático
—· deixou traços que se perpetuaram até a época histórica: toda invasão
ou sucessão de invasões, faz o mesmo.
Observa-se 11 a. língua, nos fatos religiosos, nas formas sociais e polí­
ticas enfim, um estágio “pré-dórico” e um estágio “dórico”. Contudo, não
nos é possível determinar a duração das tensões decorrentes da conquista,
por violentas que possam ter sido, tanto mais que os textos de que dispo­
mos não acusam explicitamente nenhuma dessas tensões. .. Nada permite
que se depreenda, de alguns aspectos discriminatórios sobreviventes, que
tenha existido uma hostilidade étnica, perpetuada através dos séculos. As
tensões da época histórica são sociais c políticas, e os elementos que elas
defrontam resultam de um longo processo de fermentação e de diferencia-·
ção econômica. Na medida em que a diferenciação- étnica primitiva pôde,
em alguns casos, sobreviver (0 que não se poderia provar em parte algu­
m a), nada garante que tenha sido conscientemente sentida “como ela
própria” — e é isso que importa.
Ainda concretamente, é incontestável que 0 último ato das migrações
determinou, no seio do helenismo, um corte profundo: entre 0 helenismo da
Europa e o helenismo da· Ásia. Contudo é perfeitamente inútil procurar
— 0 que os Gregos jamais fizeram, a não ser por preocupação de erudição
genealógica — onde residia a mais autêntica “ grecidade”. É evidente que
as duas ramificações do tronco helênico deveríam evoluir diferente­
mente, e, por conseguinte, também a civilização tomar diversos matizes e
a elaboração da pólis sujeitar-se a ritmos não sincrônicos: tudo são questões
de ambientes e de influências diversas. Ao cabo de alguns séculos, os
“Jônios” da Ásia não poderíam ser idênticos aos “Dórios” da Europa,
nem mesmo aos “Jônios” da Europa, nem tampouco os “ Dórios” e os
“Eólios” da Asia poderíam ser idênticos aos “Dórios” e “ Eólios” da
Europa.
Não afirmamos que a hipótese de disposições étnicas primitivas deva,
cm última análise, ser afastada a priori para explicar essas diferenças;
mas “em última análise” . .. deve-se por certo constatar que, remontando
a cadeia de causalidades e de determinações, estudando todos os dados
disponíveis, de um e de outro lado, este último termo da análise realmente
nos escapa.
Não se poderia explicar tudo: alguns fatos (mormente de ordem psi­
cológica, moral, intelectual e estética) revelam-se irredutíveis e somos
obrigados a aceitá-los como dados — mas não como dados imediatos, pro­
cedendo de um critério étnico, que não deve ser utilizado como chave-
60 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

-mestra de umas tantas aporias, pois já advertimos contra a tentação que


esse critério pode oferecer de soluções fáceis para problemas insolúveis.
Entretanto, bem mais importante que a real divisão do helenismo em
duas partes — européia e asiática — é a ainda mais verdadeira unidade
do helenismo, como se pode observar especialmente na arte, e desta os
Gregos sempre tiveram consciência. Unidade em perpétuo movimento, em
que o helenismo “primitivo” indo-europeu, o substrato pré-helênico, cm
que ele se enxertou, e as contribuições orientais que ele acolheu, assimilou
e elaborou, nunca deixaram de agir e de reagir desde o primeiro mo­
mento . . .
Por tudo -isso devemos evitar o uso indiscriminado desses termos
convencionais — dorismo, jonismo, Dórios, Jônios,. . . ·— por simples co­
modidade, limitando-nos a usá-los apenas para alguns casos precisos, em
que o uso consagrou-lhes o sentido convencional, sem ambigüidade: porque,
na verdade, no campo das definições técnicas, o significado étnico nem
sempre corresponde ao geográfico ou cultural (cf. “arte jônica”, “arte
dórica” e tc .). . .
Em suma, “dorismo” peloponésio e “jonismo” asiático, geralmente
opostos, aparecem menos como duas civilizações contrastantes, antinômi-
cas, antagonistas, conscientemente oponentes, do que como matizes am­
plamente justificados por ambientes totalmente diferentes ou tem pora­
riamente separados — embora sem compartimentos estanques entre si
— em seguida progressivamente repostos em comunicações cada vez mais
íntimas: simbiose cujos encaminhamentos nem sempre são fáceis de
seguir. ..

3. — EVOLUÇÃO DA LÍNGUA GREGA AN TIG A

(Dos dialetos até a K oiné)

a) A expansão geográfica dos antigos dialetos gregos.

A história da evolução da língua grega antiga apresenta-se bipartida,


nitidamente, cm períodos bastante diferenciados: o dos dialetos antigos c
o da “koiné diálektos” (língua comum, isto é, vulgar).
Desde os inícios de sua aparição, registrado pelas diversas formas de
escrita (sintética ou analítica, ideográfica ou fonética, silábica ou alfabé­
tica), o grego já se apresenta subdividido em dialetos locais, atestando
grandes desdobramentos lingüísticos, onde são múltiplos os elementos
comuns, a despeito da divergência de detalhes, o que nos permite conside­
rar a existência de uma língua geral pré-histórica na base de todos: o
Os GREGOS E SEU IDIOMA 61

“grego comum”, estágio idiomático mais ou menos unificado em que esta­


riam os Indo-Europeus ao chegarem à Grécia. Levados pela penetração
territorial dessas tribos, os dialetos também se expandiram geograficamen­
te, delineando as zonas de predomínio idiomático, nas diversas regiões do
mundo helênico.
Podemos, pois, dividí-los -como segue:

I — Grupo dialetal ático-jânico desmembrado em:

1) — jônio — falado na Jônia, região litorânea da Ásia Menor,


que foi o berço do grego literário; na maior parte das ilhas
Cicládicas (exceto as meridionais), na ilha de Eubéia, no lito­
ral do Ilelcsponto (atual Bósforo), na península Calcídiea (a
nordeste da Grécia), em Nápolés (Neápolis) e em Marselha
(Massalia), todas colônias jônicas;
2) — áiico — modalidade continental do jônio, falado exclu­
sivamente na Ática, tendo como pólis Atenas, cidade antiquís-
sima, que a tradição dizia ter sido fundada por Cécrops (séc.
X V II a.C.). Atenas assimilou todos os elementos componentes
da miscigenação helênica, vindo a constituir-se no exemplo tí­
pico do caráter compósito da cultura grega, ou melhor, dânao-
-aquéia, mostrando, também, como uma tal mistura de raças
(Cécrops teria sido um chefe egípcio!) pôde vir a constituir
um povo uno.

Note-se que foi exatamente na Ática que se desenvolveu o chamado


“eslilo geométrico”, significando tal fato que ele não fora introduzido
pelos Dórios, já que estes não chegaram até lá. Na verdade, tal estilo re­
presenta uma espécie de reação nacional helênica contra a influência mi-
nóica, cuja arte revelava um gosto um tanto lânguido (cf. a decoração
em espiral, a estilização das formas da natureza animal e vegetal etc.).
O estilo geométrico, genuinamente grego, foi o primeiro sinal do
vigor com que a terra ática e, com ela, toda a Hélade, iria construir sua
civilização própria, com uma religião, uma política, uma economia, uma
literatura e uma arte originais e altamente significativas para a futura
civilização ocidental, (cf. os vasos de Dípylon).
O áiico seria também, a partir do Vo. século a.C., o dialeto literário
mais importante, especialmente com a hegemonia política e cultural de
Atenas, conseqiiente da sua decisiva participação na vitória contra o im­
perialismo persa (cf. guerras medo-pérsicas — talassoeracia ateniense).
62 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

JI — Grupo dialetal eólico (variantes da língua aquéia das re­


giões centro e norte-nordeste da Grécia continental), abrangendo
as modalidades:

1) — dialeto lesbiense, falado na ilha de Lesbov berço da poesia


lírica monódica e coral (também chamado eólico asiático por
se estender à Eólida, faixa litorânea compreendida entre o Ile-
lcsponto e Esmima, zona limítrofe com a Jônia).
2) — dialeto tessálio — na Tessália (norte da península Bal­
cânica) .
3) — dialeto beóòio, na Beócia, tendo sido também transpor­
tado a uma parte da costa ocidental da Ásia Menor (Eólida).

I II — Grupo dórico e dialetos ocidentais, alguns dos quais va­


riantes do dórico propriamente dito, abrangendo:

1) — todos os falares ocidentais de Norte a Sul da península


Balcânica: na Fócida, na Lócrida, na Etólia, na Acamânia,
no Épiro e na Elida;
2) — o dórico, propriamente dito: em Mégara, em Corinto, na
Argólida, na Acaia, nas ilhas Cicládieas Meridionais, em Creta,
no litoral africano (na colônia de Cirene) e ao sul da Sicília,
especialmente em Siracusa e Agrigcnto.

Todos esses grupos nos são desigualmente conhecidos, visto que alguns
estão fartamente representados em textos literários de alto valor, enquanto
outros só podem ser reconstituídos através de inscrições fragmentárias,
como é o caso dos muito mal representados dialetos remanescentes da
língua aquéia, no Peloponeso e nas ilhas, formando o:

IV — Grupo árcade-cíprio — subdividido em :

1) — dialeto arcádic-o, no próprio coração do Peloponeso, a


região montanhosa da Arcádia;
2) — dialeto cipriota, geograficamente muito distanciado do
precedente (em Chipre), mas dotado de aspectos linguísticos
semelhantes aos dele;
3) — dialeto panfílio, na costa asiática fronteira a Chipre
(Pan filia).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 63

Apesar de serem os três primeiros grupos dialetais documentados, não


só pela epigrafia, como por numerosas obras literárias ao longo da histó­
ria cultural da Grécia, nosso conhecimento de todos ainda é muito imper­
feito, pois raras vezes a literatura grega fez uso dos falares verdadeira­
mente locais, que foram relegados quase sempre à condição de simples
“patois”. Inversamente, ao ser empregado determinado dialeto, com su­
cesso, na expressão de algum gênero literário novo, logo se identificava
com a forma de arte a que servia, passando a caracterizar, por sua vez, o
próprio gênero.
A rigor, pode-se mesmo dizer que, par;· caua gênero literário grego,
formou-se uma língua própria, adaptada ao ritmo poético e também ao
conteúdo significativo das obras em que era empregada cada modalidade
idiomática, sem levar em consideração o dialeto nativo dos escritores. As
únicas exceções, que se conhecem, dizem respeito ao ático (na Atenas dos
séculos V e IV a. C.), ao lésbiense (nos séc. VII e VI a.C. em Lesbos) e segundo pa­
rece, também ao dialeto de Siracusa. onde se falava uma variante do dórico (no III
séc. a.C., inícios da fase helenística da literatura),
O desenvolvimento desses dialetos literários subordinou-se a condições
que lhes são particulares.
A mais antiga forma de linguagem literária que se conhece é a língua
homérica, que exerceu enorme influência sobre a linguagem da poesia
grega em gera), inclusive até sobre a própria lírica lesbiense clássica. Aliás, obser-
va-se que a língua falada pelos Eólios setentrionais do continente não diferia mui­
to do jónio asiático, que foi o principal veículo das grandes epopéias.

A mescla digletal é também característica das línguas literárias, sendo


especialmente significativa a que transparece da lírica coral, pois sua base
é o dórico, mas há também numerosos elementos eólicos e muitos aspectos
da língua das epopéias. Daí o caráter de artificialidade que se nota na
linguagem dos textos literários, sujeita a freqüentes alterações e deturpa­
ções, para servir às intenções do autor ou, até mesmo, por estar subordina­
da aos caprichos dos copistas que perpetuaram os manuscritos através
dos tempos.
Assim, podemos considerar dois aspectos nos dialetos literários an­
tigos;

a) ou esses dialetos se baseiam numa modalidade regional do


grego, transformada, graças às circunstâncias, numa língua de
civilização, como ocorreu com o jónio, da prosa arcaica; o ático,
da prosa filosófica e retórica do período clássico; o lesbiense. da líiica
sáfica c alcaica e o dorio siciliano, da poesia helenística:
64 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

b) ou, então, os dialetos são línguas artificiais, no sentido de


não corresponderem plenamente a uma realidade linguística, pois
não coincidem com nenhum dialeto usualmente falado em parte
alguma. É o caso típico da língua homérica amálgama de
jônico, eólico e arcaísmos diversos e o da língua da lírica coral
— simultaneamente dórica, eólica e penetrada de numerosas ex­
pressões épicas.

Como vimos, pois, o dialeto empregado numa obra não depende da


região de onde é originário seu autor, mas sim do ccnteúdo das publica­
ções, passando a caracterizar-lhes o gênero.

b) lmpdrtància literária dos diversos dialetos.

Partindo do critério que acabamos de estabelecer, não nos surpreende,


portanto, que autores como Hesíodo, por exemplo, nascido em Halicar-
nasso, mas vivendo na Beócia, se utilize da língua homérica, cujo dialeto
fundamental é o jônico, nem que o poeta elegíaco Teógnis, natural de
Mégara, em pleno domínio dórico, tenha respeitado a tradição, escrevendo
seus poemas em dialeto jônico, ao passo que Píndaro, nascido em Tebas,
na Beócia, tenha escrito seus maravilhosos epinícios, na mescla dialetal
saturada de dorismos que é característica do lirismo coral na Crécia!
Em conseqiiência disso, verificamos que foram escritos:

1 — Em jônico: basicamente os poemas homéricos (Ilíada e Odis­


séia), diversos hinos religiosos impropriamente atribuídos a Ho­
mero, alguns dèles antiquíssimos, contemporâneos das epopéias
(séc. IX -V III9 a.C.); a poesia didática de Hesíodo (V III’ a.C.);
os poemas elegíacos e os iâmbicos (satíricos) da lírica de Calino
de Éfeso, Mimnermo de Colofônio, Arquíloco de Paros e Semô-
nides de Amorgos, entre outros( nos séc. V II-V I9 a.C.); as odes
de Anacreonte de Téos (VI9-V' a.C.), os hinos de Calímaco de
Cirene ( I I P a.C.), os mimos de Herondas ( I I P a.C.); a prosa
historiográfica e dos cronistas de viagens (logógrafos, geógrafos),
como a de Hecateu de Mileto e a de Heródoto (V9 séc. a.C .); o
Corpus Hippocraticum, conjunto de tratados e obras de autores
diversos, de divulgação da medicina, cuja renovação se deve ao
grande Hipócrates de Cós e a seuS discípulos (VP-V" a.C .); certas
obras fragmentárias de filósofos pré-socráticos, como as de Xe-
nófanes, Parmênides, Empédocles, Heráclito (VI’-V* a.C.) e nu­
merosos autores da era cristã que lhes seguiram as pegadas.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 65

2 — Em ático: toda a grande prosa clássica da história, com


Xenofonte e Tueídides, toda a obra filosófica de Platão e de Aris­
tóteles, com seus mais próximos discípulos e seguidores, todas
as peças oratórias dos insignes rétores áticos, tais como Antífonte,
Górgias, Lísias, Isócrates, Hipérides, Esquines e Demóstenes, entre
outros (VP-IV9 a.C.)· Também o drama ático, na tragédia de És-
quilo, Sófocles e Eurípides (as partes dialogadas das peças) e
na comédia de Aristófanes (comédia antiga) e Menandro (comé­
dia nova), é vazado em ático, nos séculos VP-IV’ a.C., período
clássico por excelência da literatura grega (com exceção do últi­
mo autor, que já está na transição para a fase helenística (IV*-
-III* a.C.).

3 —- E m eólico: As odes ou canções da lírica monódica de Lesbos,


portanto a obra de Alceu e de Safo (V IP-V P a.C.) e a da poetisa
Corina de Tânagra, na Beócia (IV P-III° a.C.). O siracusano
Teócrito (11IC a.C.) imitou o dialeto lesbiense em alguns de seus Idílios.

4 — E m dórico: toda a lírica coral, portanto: os partênios de


Alcman de Sardes; os po.emetos lendárias de Estesícoro, lírico
dos mais originais, que exerceu influência até sobre a tragédia
ática, em suas partes corai^; a obra de Ibico de Régio, que imitou
Lstesícoro em seus coros e imitou os lesbienses em canções eróticas (VII-
VI? a .( .), e os poemas tios maiores representantes do lirismo coral, isto é.
Simónides de Céos, seu sobrinho Baquíhdes e. principalmente. Píndaro
de Cinocéfalos (V? a.C), de quem nos restam quatro coletâneas de epiní­
cios (cantos triunfais cm louvor dos vencedores dos jogos pan-helênicos).
as chamadas odes “Olímpicas” , “Píticas”. “Neméias” e “Istmicas”. além
de numerosos fragmentos de outros tipos de coros. Finalmente, também
foram escritos em dialeto dórico. em virtude das longínquas origens co­
rais do gênero, os coros líricos das tragédias clássicas óticas'

A poesia bucólica de Téocrito de Siracusa, a parte mais célebre de


sua obra, também foi escrita em dórico, assim como a poesia drannática de
Epicarmo, também siracusano (VP-V"), que foi autor de comédias, e
ainda a de Sófron, conterrâneo dos precedentes, que fez mimos. O corifeu
da poesia helenística, cultor de diversos gêneros, Calímaco de Cirene ( II P
a.C.) deixou-nos dois hinos em dórico (os de n’ 5 e 6). No campo das
ciências, ainda um Siracusano legou-nos o fruto de seu labor nesse dialeto:
o muito ilustre matemático Arquimedes ( I I P a.C.).
66 GUID.V NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

c) A “koiné". — Conceito, importância c expansão da K o in Í: D iálektos.

“Na data eni que desponta a luz da história para a nação grega”, diz
o linguista Antoine Meillet,25 “entre o VIIo e o Vo séculos, existe de tato
um helenismo que possui o sentimento de sua unidade, mas cuja unidade
lingüística se fragmenta e, se não intendesse nenhuma reação, tendería
a perder sua comunidade idiomática e, em cdnseqiiência, a unidade n a ­
cional. Muitos Gregos viviam apartados, pertencendo a cidades ou a con­
federações isoladas do movimento geral das trocas comerciais; são estes
que se comprazem em utilizar o falar local, cujo uso oficial traduz a
autonomia de suas pequenas comunidades. Mas as rotas marítimas estão
abertas a Gregos de diferentes dialetos que se entrecruzam aí; fundam-se
longínquas colônias onde se associam Gregos de todas as proveniências e
até mesmo “bárbaros” ; gente de toda espécie se encontra nas novas cida­
des em desenvolvimento e tem necessidade de uma língua comum.
Duas tendências se defrontam então; por um lado a língua tende a se
diferenciar e a assumir tantas formas quantas forem as cidades autôno­
mas; por outro, ela mesma tende a se unificar. A luta entre essas duas ten­
dências domina a história antiga da língua grega c, visto que o helenismo
é um tipo de civilização, o conflito acabou por resolver-se pela unidade
linguística, através da koiné”. “ . . . A unidade do grego, sensível na época
histórica, resulta de representarem todos os falares um mesmo grego
comum, do qual uma parte se conservou inalterada, outra, em virtude de
sua unidade inicial, sofreu mudanças idênticas ou semelhantes, mas essa
unidade também resulta do fato de que os falares regionais nunca cessa­
ram de agir e de reagir uns sobre os outros.
Em nenhum momento de sua história qualquer dos falares gregos
pôde passar por autônomo.”
Assim explica o ilustre filólogo helenista as origens do fenômeno que
fez com que desaguassem numa língua comum unificada, embora não uni­
forme, todas as múltiplas correntes do grego antigo, no momento terrível,
em que, perdida em definitivo a liberdade, pela conquista macedônica, a
imposição do dialeto ático pelo dominador, como língua oficial de toda
Hélade, facilitou e acelerou o processo de dissolução dos demais dialetos,
reduzidos a um papel secundário e restrito à poesia. É evidente que essa
opção fora inevitável, desde a grande hora da Ática, em que, tornando-se
Atenas a capital intelectual e política de Hélade (V" a.C.), seu dialeto ul­
trapassou de muito as fronteiras naturais da “pólis”, para ser língua de

25 a . Meillet — “Aperçu d’v.ne Histoire de La Langue Crecque’’ (Paris,


Hachette, s/d.)
OS GREGOS E SEU IDIOMA 67

comunicação entre as cidades participantes da confederação ateniense e,


gradativamente, ir-se afirmando como língua oficial das cidades jônicas
do Egeu.

d) Conceito de Koiné.

Portanto esse ático passou a ser, principalmente a p a rtir do período


lielenístico alexandrino, a língua geral de comunicação entre todos os povos
de raça' helênica e os que foram lielenizados pelo avanço das conquistas
do imperialismo macedônico, tendo à frente Alexandre Magno e seus diádo-
cos (fins do IVo a inícios do I I 9 séc. a.C.)· A èsse ático, mesclado de
formas jônicas e emiquecido cada ve/, mais de numerosas expressões da linguagem
corrente, os valgarismos, foi que se chamou “koinè diálektos” (língua comum),
que veio a ser a língua internacional dos centros urbanos do Oriente e do nor­
te da África lielenizados (grego vulgar), b todos os prosadores, mesmo os não áti-
cos e até os nâo helenos, mas de cultura helenística, passaram a escrever em “koi­
né”, a partir do período que chamamos “alexandrino” (ou lielenístico) na litera­
tura grega (1119 -19 a.C.), porque essa unificação linguística não foi mero fenômeno
literário, mas uma realidade viva.

Com o correr do tempo, a koiné veio a substituir todos os dialetos an­


tigos, evoluindo e afirmando-se cada vez mais no Império Romano do
Oriente, até tornar-se a única modalidade do grego falado e escrito du­
rante o subseqüênte período bizantino (do V ao XV9 séc. d.C.). Prova
disso são os dialetos do grego moderno que não representam continuidade
dos antigos, mas, ao contrário, supõem como sua base original uma língua
aproximadamente uniforme, isto é, uma “koiné” falada e, depois, escrita,
cujos aspectos essenciais nos são revelados por fontes diversas.

Não esqueçamos que a denominação de' “koiné” pode,' contudo, dar


tnargem a interpretações várias, embora interligadas intimamente. Assim:

I — Koiné — era como os antigos já chamavam ao dialeto literá­


rio usado pelos prosadores helenístieos (IIP -I9 a.C.), e os do pe­
ríodo imperial romano (I9 a.C.-V9 d.C.), como o historiador Po-
líbio ( I I 9 a.C.), o geógrafo Estrabão (I 9 a.C.) ou o filósofo e
polígrafo Plutarco (I 9-II9 d.C.). Contra essaf koiné literária in-
surgiram-se, nos inícios do período imperial (I* a.C.-I'1 d.C.) os
chamados “aticistas”, defensores do purismo aticizante da lin­
guagem, contra a crescente vulgarização do idioma na literatura,
o que o distanciava cada vez mais de suas fontes clássicas. Eram
aticistas os propugnadores de uma volta aos modelos insuperável
68 CUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

dos grandes prosadores da Atenas gloriosa do V9 século a.C. e


que não toleravam os dçslizes, às vèzes inconscientes, dos escrito­
res do seu tempo.
II — Koiné — no conceito da moderna linguística, é a língua
falada por todos os gregos e por .populações dominadas pelas
forças greco-macedônicas, a p artir do período que chamamos ale­
xandrino, como idioma comum, utilizado e compreendido pòr
todos, mas do qual não possuímos documentação direta. Alguns
de seus aspectos podem ser entrevistos em inscrições, destituídas
de preocupações literárias, ou em escritos familiares, fazendo
grandes concessões à linguagem coloquial, ou ainda em publicações
destinadas ao grande público, ou redigidas por pessoas de escassa
cultura, deixando transparecer uma série de incorreções, à luz
da grande língua dos escritores literários do passado helênico. É
o que chamamos “koiné helenística ou alexandrina”.
I I I — Koiné — também pode significar um determinado estágio
da evolução da língua grega, sensivelmente unificada na época
medieval bizantina (koiné bizantina), do qual deriva em linha
reta o “grego moderno”, através de sucessivas alterações: citem-se
especialmentc as de ordem fonética e prosódica, mas também as
no campo da morfologia' e da sintaxe, obedecendo a uma natural
tendência para a simplificação e a uniformização dos tipos idio­
máticos, embora criando igualmente inovações significativas.

No decorrer dessa história da língua, as particularidades dialetais an­


tigas desapareceram por completo, ou quase, pois algumas raras remanes­
centes são estritamente locais e confirmam a regra (cf. o dialeto zacônio,
ainda hoje falado na costa oriental do Peloponeso, ao sul de Náuplia, e que
parece ter conservado alguns aspectos do antigo dórico).
Todas essas noções se entrelaçam significativamente, como vemos, já
que a koiné literária da fase alexandrina nada mais cra do que a língua
escrita pelos que falavam “koiné”, e os uulqarismos, que transparecem
dos textos desprovidos de intenções artísticas, só fazem atestar a vitalidade
da língua corrente no período helenístieo, continuada na idade média bi­
zantina até a constituição dos falares do grego moderno, resultantes dessa
longa evolução ininterrupta.
Naturalmente, a língua falada'num a tal extensão territorial, como
era o mundo helenístieo pós-alexandrino — empregada por populações ex­
tremamente variadas e portadoras de idiomas nativos das mais diversas
procedências (sem contar os próprios Gregos usuários de falares locais di-
OS GREGOS E SEU IDIOMA 69

ferenciados) — fatalmente estaria carregada de colorações estranhas


ao verdadeiro ático que lhe serviu de base. Mas a natureza da koiné falada
ainda hoje é objeto de discussões, pela própria fluidez inerente à sua
situação, de modo que seria vão tentar fixá-la, pois não sabemos exatamen­
te nem onde nem quando essa língua comum ter-se-ia apresentado real­
mente una.
Por tudo isso é que, aproximando os três precedentes conceitos de
koiné, Meillet pôde chegar à. sua definição geral para o tehno em causa:
“Koiné é uma língua de civilização que se constituiu por volta da época
em que começou a influência macedônica e que perdurou por todo o Im­
pério Romano chegando até o período bizantino. Com o tempo, acabou por
constituir-se n.uma espécie de norma ideal que pouco terá variado desde
a época de Alexandre até o fim do Império Bizantino. Ainda que possa
ter sido relativamente fixada quanto à ortografia e à gramática, nada pôde
impedir a sua contínua evolução, apesar da constante pressão das normas
linguísticas tradicionais. Neste sentido a koiné consiste num conjunto de
tendências que a tradição escrita mascarava ou comprimia, mas cuja
força irresistível levou-as a se manifestarem mais acentuadamente, sempre
que as circunstâncias o permitiram. Em suma, o te m o é dúbio porque
designa uma língua em que a tradição poderosa lutou por muitos séculos
contra as tendências da evolução linguística: daí a koiné não ser uma
língua fixada, nem tampouco um idioma que evolua em obediência regular
a determinadas tendências. Ela é uma espécie de equilíbrio, constantemen­
te variável, entre fixação e evolução.”26

e) Fontes de conhecimento da koiné.

As principais são: as incrições, os papiros, os textos bíblicos, o teste­


munho dos gramáticos, os textos literários e ò grego moderno.
As duas primeiras fontes só oferecem interesse quando registram as­
pectos da língua falada,o que é pouco evidente em textos de caráter oficial;
mas os escribas menos instruídos sempre nos informam melhor sobre a lin­
guagem corrente de sua época (conhecemos papiros que datam até do
IV 9 séc. a.C.). Por outro lado, nos textos propriamente literários, também
há elementos preciosos para esse conhecimento, pois os escritos científicos
e a prosa retórica, paralelamente aos documentos oficiais das repartições
administrativas, deixam transparecer, sob a capa da morfologia e da sin­
taxe áticas, uma terminologia saturada de vulgarismos. Os autores se es­
forçam por aproximar-se do bom ático mas já não õ conseguem. Entre-

26 A. M eil le t — “ A p c r fu ” .
70 GUI!)A NEDDA BARATA BARREIRAS HORTA

tanto, cm outros casos, a intenção declarada de alcançar o povo de todas


as camadas sociais, obriga a muitas concessões ao vulgar.
É o caso dos textos bíblicos, entre os quais: a’ Septuaginta, nome que
tomou a tradução do Antigo Testamento, feita do hebraico para o grego,
por setenta eruditos de Alexandria, sob o reinado de Ptolomeu Filadelfo,
no Egito ( I I I 9 a.C.), começando pelo “Pentateueo”, até se completar num
espaço de mais de um século. Também o Novo Testamento, e grande parte
das obras dos primeiros autores cristãos, mereceram ser escritos cm koiné,
a fim de que pudessem penetrar melhor na massa popular a ser converti­
da ou doutrinada (I”-II9 d.C.). Em muitos pontos esses textos coincidem
com as lições dos papiros e das inscrições, completando-as até.
Já os gramáticos dão-nos úteis informações quando assinalam, corri­
gindo-as, certas formas “ indevidas” nos textos que comentam e que veri­
ficamos existirem no grego atual. A “koiné” permaneceu, pois, como a sín­
tese viva do ático tradicional com a linguagem corrente do povo.

f) Origens do grego moderno.

Desde a redução da Grécia a província romana (em 146 a.C.) come­


çara a esboçar-se um movimento, tendo por chefes os rétores de língua
grega, no sentido de combater os excessos dõ estilo oratório chamado “asia-
nismo”, para tentar restabelecer um padrão' de arte retórica que fosse o
mais perfeito e mais acorde aos modelos do classicismo ático, num esforço
de retomo às formas austeras e simples da prosa ateniense dos V9-IV9
séculos a.C. No fundo dessa preocupação com o estilo mais perfeito estava,
porém, o problema do estabelecimento da língua literária mais perfeita e
o da sua expressão estilística mais característica. Foi dessa preocupação
e das infindáveis discussões que se lhe seguiram que nasceu a corrente li­
terária e erudita que denominamos “aticismo” ou “classicismo” no período
helenístico. O mais interessante disso, no entanto, foi que o centro de toda
essa reação, realizada por escritores e rétores helenísticos, não estava na
Grécia, mas na própria Roma, atingindo o auge das polêmicas no I 9 século
a.C., momento psicológico em que os intelectuais helenísticos reconheceram,
embora muito a contragosto, a crescente superioridade romana.
Como resultado desse aticismo, purista até as últimas conseqüências
(chegando a ponto de rejeitar toda e qualquer manifestação literária
menos rigorosa em sua forma de expressão), deu-se o fenômeno da diglos-
sia, que consiste no progressivo e constante afastamento da língua literá­
ria da linguagem corrente usual falada. Assim, todos aqueles que tinham
pretensões classicistas esforçavam-se, nem sempre com sucesso, não só por
imitar a forma literária dos mestres do passado ático, mas até reviver· lhes
OS GKEGOS E SEU IDIOMA 72

o pensar e o sentir arcaizantes, renegando totalmente as produções do he-


lenismo contemporâneo, inclusive mesmo em questões históricas!
A diglossia, de certo modo incoercível e cada vez mais acentuada
pelos excessos atieistas, por assim dizer se fêz sentir através de tôda a
história da língua grega, a p artir do helenismo pós-clássico, pela oposição
constante entre a vitalidade sempre crescente-«da língua falada pelo povo
— a '‘demotihè glôssa” — e a artificialidade purista da corrente erudita
aticista — a “kathareúousa glôssa” ( = língua purista).
A diferenciação crescente da “demotiké”, em relação aos escritos lite­
rários, levou-a a adquirir características próprias que se iriam cristalizar,
finalmepte, no período bizantino medieval (de 529 d.C., data do fechamen­
to da Academia Platônica de Atenas pelo imperador Justiniano, até a
queda final de Constantinopla nas mãos dos Turcos em 1453).
Apesar da poderosa influência política de Roma sobre a Grécia, pelo
menos até o V I9 século de nossa era, a sobrevivência do idioma helênico
deveu-se, principalmente, às tradições de seu grandioso passado. O grego
pôde assim preservar-se também da contaminação de outras influências
idiomáticas, resultantes da imposição de novos invasores, como os Eslavos
(a partir do V I9 século), os Franceses e Italianos (Venezianos) após a
4’ cruzada (século X III) e, finalmente, os Turcos, com a longa e soturna
dominação otomana, que durou quatro séculos de pesado cativeiro (de
1453 a 1831). Mas tão depressa recobraram a liberdade, voltando Atenas
a ocupar sua posição de capital na Nova Hélade (1834), os Gregos rapida­
mente assistiram à reestruturação de seu idioma, por força da influência
centralizadora da metrópole. Os numerosos “patois”, em que se m ultipli­
cara a koiné através dos tempos, pouco a pouco foram sendo suplantados
pela preponderância ateniense e, em menos de um século, o idioma néo-
-hélênico assumiu de fato a fçição de uma língua nacional. As variantes
Iodais, restritas às aldeias interioranas, não impedem, em nossos dias, que
os helenos se possam compreender mutuamente em todos os pontos do país.
As primeiras manifestações de uma nova literatura do idioma vulgar
começaram a aparecer a -partir dos séculos X I-X II, dentro da evolução
da koiné bizantina, em poemas de sabor popular, ao lado de cantos litúr-
gicos de ritmo solene. A prosa só começou a desenvolver-se a p artir do
século X IV 9, através de crônicas e de biografias de santos. Citam-se, entre
outras, as “vidas” de S. Cirila e de S. Leôncio de Nápoles e as “crônicas”
de Malalas e de Teófanes, o Confessor, a par de documentos oficiais.
Quando a língua corrente logrou impor-se definitivamente, surgiram
publicações de maior difusão, como os “Poemas de Teodoro Pródromos”, a
“Crônica de Mtíréa” (atual nome de Peloponeso), celebrando os grandes
72 GUIDA NEDDA BARATA PARCEIRAS HORTA

domínios feudais criados no Peloponeso, após a 4» cruzada (1202-1204), a


“Ilíada” de Constantino Ilarmoníaco, “A Guerra de Tróia”, a “Aquileida”
e outros anônimos que retomam os grandes temas lendários de outrora, sem
contudo imitarem diretamente as epopéias homéricas. O mais popular
desses poemas é a epopéia nacional “Basílios Digenis Acritas”, que entoa
loas aos feitos d ’annas do conde de Acritas, herói das fronteiras, cuja
leitura tediosa é entrecortada de algumas passagens de empolgante exal­
tação do herói ( “Cantos Acríticos”). Em suas sucessivas redações, esse
poema logrou passar de 3.094 versos para a extensão de 4.778. Ainda se
encontram coletâneas diversas, de autores sempre anônimas, copio os
“Cantos Eróticos de Rodes”, além de fábulas, novelas e contos de fiçção.
Tais produções literárias, em “koiné bizantina”, revelam os primór-
dios do que viria a ser a língua néo-helênica, o grego falado na moderna
Grécia. No entanto, paralelamente à linguagem corrente, nunca deixou de
atuar a tradição literária do aticismo purista, com fases de maior ou
menor intensidade, especialmente entre os séculos X P-X V Ç e, depois, re­
cobrando mais ímpeto, de novo em fins do século X V III. Ainda hoje, em
cerimônias oficiais oü em escritos de rebuscada erudição, a língua utiliza­
da (a “katharcúousa”) diverge sensivelmente do falar coloquial, apresen-
tando-sc como um grego antigo um tanto simplificado e adaptado às exi­
gências das alterações sintáticas que o tempo lhe impôs. Enquanto isso a
“demotiké” (que os Gregos de hoje dizem “dimotiki” ) distancia-se sempre
mais da tradição literária e essa diglossia gerou a ainda não resolvida
“questão idiomática” (gr. mod. tò glossikòn zétema)21
Por tudo o que foi dito verifica-se, pois, que o grego não é nem foi
nunca língua morta, apesar de tantas vicissitudes por que passaram o povo
e o país onde esse idioma tem sido utilizado há quase quatro milênios.
O grego moderno, é, em última análise, o resultado do desenvolvimento da
“koiné” bizantina que, por sua vez, provém da “koiné” helenística, oriunda
da divulgação e vulgarização do ático clássico e, sem dúvida alguma,
muitos dos elementos do grego atual são autenticamente antigos. Pode-se
mesmo dizer que há menos divergências entre o grego moderno e a koiné
do que entre esta e a língua dos escritores arcaicos.

g) Manifestações literárias do néo-helenismo.

Quanto à literatura grega moderna, distingue-se por seu crescente


esforço para desenvolver-se independentemente das tradições medievais
bizantinas e, após ter atravessado uma fase de intenso regionalismo (cf.27

27 H. P ernot — “ D T fom dre à nos jm irs ’! (Histoire, écriture, prononciation du


grec) (Paris, Gamier, 1921).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 73

lüeraiura insular, especialmente no Dodecaneso, entre os séculos XV’ e


X V III’ ; literatura continental, do X V II’ ao X IX ’ ), evoluiu desigual­
mente até constituir-se numa floração literária de caráter especificamente
nacional (séc. X IX ’-XX’).
Um primeiro renascimento desse espirito grego efetuou-se. nas Ilhas
Jônicas (1820-1888) com a renovação da poesia, liderada por Dionísio So-
lomós, cuja prim eira obra de vulto, o “Hino à Liberdade” (1823), to r­
nou-se o bino nacional helênico, na música do compositor corfiota Mantza-
ros. O poeta foi um ardente partidário do vulgarismo, que êle defende na
convicção de que um idioma “não se pensa apenas, também se vive”. Outros
seguiram-lhe os passos, contribuindo a escola jônica com os seguintes re­
sultados positivos para a literatura neo-helênica:

1) a diversidade das formas e dos gêneros poéticos passa a


repousar sobre uma unidade lingüística;
2) a língua poética não deverá opor-se ao uso do idioma vivo ou
popular, pois a cultura não é privilégio de uma “classe” que
imponha uma língua; o poeta só pode exercer influência utilizan­
do-se dos recursos da língua falada que domina suas criações:
nesse sentido é que a arte pode ser educativa;
3) as influências ocidentais reaproximaram as letras das
preocupações da Grécia, em lugar de afastá-las;
4) mais a in d a : a literatura é concebida como uma afirmação do
helenismo e como uma libertação.

Um segundo renascimento literário irá concentrar-se em Atenas (1888-


-1920), a qual se tom ara a capital do Novo Estado da Grécia (desde
1833) vindo a retomar definitivamente a situação de metrópole das letras
e da cultura helênicas. Não se contentando com a progressão da poesia jô­
nica — que herdara e desenvolvería com sucesso, libertando-a das peias
românticas, em benefício de um lirismo renovado — Atenas foi palco da
constituição de uma nova prosa.
Diversos esforços haviam sido empreendidos, anteriormente, na ca­
pital, no sentido de se formar uma literatura moderna, mas a erudição,
muito em moda, e o romantismo do século X IX conferiram um caráter de
artificialismo e de convencionalismo às produções desse período, agravadas
pelo distanciamento literário da realidade lingüística, com os escritores
atenienses inteiramente afastados da língua demótica ( = popular). Daí
uma total ausência de unidade lingüística, ao sabor do gosto e da formação
dos literatos.
74 GUIDA NKDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Tudo, porém, mudaria a p artir de 1888, quando os intelectuais ate­


nienses tomaram consciência da necessidade da prosa, num esforço gene­
ralizado para elevá-la ao mesmo nível das obras poéticas. O mais curioso
é que, com J. Psichari à frente, surgiu um movimento científico de estudo
e pesquisa da língua popular, a fim de reivindicá-la também para os
prosadores, mas desta vez com argumentos fundamentados nos fatos his­
tóricos. Como conclusão, estabeleceu-se que a língua grega só podería al­
cançar a desejada unidade com base no uso do demótico.
O trabalho lingüístico de Psichari não se limitou ao campo da teoria,
tendo ele próprio dado o exemplo com a narrativa famosa de suas impres­
sões através da terra helênica, numa prim eira manifestação de prosa li­
terária vulgarizante, que se opunha a tudo quanto pudesse ser convencio­
nal e arcaizante, e revelando a seus compatriotas todas as insuspeitadas
possibilidades artísticas e literárias do demótico. (cf. “Minha Viagem”,
1888).
Sua influência foi decisiva para os contemporâneos e os pósteros, ao
inaugurar, assim, um a nova etapa na “questão do idioma”. Apesar de al­
gumas reações isoladas, a geração de Psichari colocou a questão da língua
literária em novo plano, do qual não mais sairía. A conquista de um de­
finitivo instrumento literário estava feita, subordinando o problema dos
gêneros, tratados em demótico, ao da forma, com duas importantes conse­
quências, como bem assinala Mirambel28 : dois gêneros, o conto e o roman
ce passaram para o primeiro plano e se mantiveram nele até hoje; e, por
outro lado, a literatura desvencilhou-se, finalmente, do historicismo e do
mito, passando a dirigir-se para o realismo e a atualidade grega, ao mesmo
tempo que propunha o problema da técnica dos gêneros. Paralelamente, o
teatro também iria reagir contra a tradição purista, renovando-se com
traduções de obras clássicas (cf. a “Aleeste” de Eurípides, na tradução
de Christomanos, em 1901) e de autores estrangeiros, para logo ceder
lugar a uma produção original, reagindo contra a influência estrangeira
na sociedade helênica, e acompanhando a corrente realista do conto e do
romance (cf. Teatro de tragédia e de comédia, a par de farsas e sátiras
diversas).
No campo estrito da poesia irá avultar nesse período a figura de
Cóstis Palamás, que representa, na escola ateniense, o que já representara
Solomós anteriormente na escola jônica. Sua ruptura com o arcaísmo e o
reconhecimento do valor estético da língua popular deu-se antes mesmo do
manifesto da prosa, de 1888, ao qual ele iria aderir de corpo e alma. Em
sua obra copiosa há uma incontestável unidade, como expressão deTnúlti-

28 A. M irambel — “La littéráture greeque moderne” (P .U .F ., 1953).


OS GREGOS E SEU IDIOMA 75

pias facetas da sensibilidade helênica, onde sobressai o culto da natureza


e da luz e o sentimento da beleza como fonte criadora da civilização grega.
Foi èle o poeta das idéias, nesse momento, enquanto outros preferiram o
amplo ondejar dos sentimentos, e tòda manifestação do mais puro helenis-
mo encontra acolhida em sua poesia, numa síntese admirável, onde, em
sua própria definição, “por toda a parte a imagem, a metáfora, a pro-
sopopéia, o símbolo, a expressão plástica, alternam coro a impressão mu­
sical, sem nenhuma frase que possa evocar a expressão da prosa” . . . “ O
artista se propõe fazer sentir o que se oculta na aparência das coisas”.
Λ este segundo renascimento das letras, a Grécia moderna deveu, se­
gundo Mirambo]:

1) a unidade de sua língua literária, em prosa e em verso, prin­


cípio não mais contestado, e o acesso do dcmótico à prosa, trans­
formando o próprio caráter das criações;
2) a constituição de técnicas, na prosa, dentro de gêneros como
o conto e o romance, que se tom aram a parte essencial da pro­
dução literária;
3) a descoberta de novas técnicas poéticas e a busca de inspira­
ções que completem a contribuição jônica: o estudo mais profun­
do do homem como indivíduo e como complemento de um univer­
so. A poesia enriqueceu a linguagem concreta pela criação de
imagens, mas também desenvolveu as possibilidades de expressão
abstrata das idéias.

Com isso, a literatura desses primeiros anos de nosso século, influen­


ciando mais do que nunca a opinião pública, — através de revistas e até
da criação de centros de educação lingüístiea do povo helênico — conse­
guiu assumir um papel eduqativo relevante, dando à nação uma mais viva
e completa consciência de si mesma. Razão a mais para considerarmos que
o vulgarismo demótico, tornado a palavra de ordem da época, foi realmen­
te um movimento nacional, antes de ser uma reação social.
A p a rtir de então, continuou a desenvolver-se a vida literária grega,
já agora (entre 1930 e 1940) alterada e enriquecida por numerosas expe­
riências, que acarretaram modificações substanciais no domínio político e
econômico do país, especialmente as que sobrevieram pela participação da
Grécia nos dois grandes conflitos mundiais, o de 1914 e o mais cruel ainda
de 1939.
Os contatos mais freqüentes da Hélade com as literaturas européias
contemporâneas levaram os escritores a experimentar em solo grego as
76 GUTDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

nov.as conquistas da cultura, adaptando-as ao espírito lielênico e, parale­


lamente, observou-se uma intenção constante de integrar, no campo uni­
versal, também a contribuição grega original.
A “questão da língua”, definitivamente superada no campo estrita­
mente literário, irá expandir-se em outros setores: aos poucos as ciências
e as técnicas aderirão ao vulgar e, noutro plano; os reformadores sociais
e os revolucionários se apoderarão do vulgarismo como porta-estandarte do
idéias “avançadas”. No campo editorial, os progressos serão mais e mais
visíveis e a Grécia moderna se revelará ao grande público através de di­
cionários e de enciclopédias, concebidos com a finalidade explícita de uma
sistemática campanha de vulgarização da cultura nacional. Revistas de
letras surgem por todos os lados, mesmo fora do país, como uma manifes­
tação fundamental da cultura helênica, mantida e divulgada também por
numerosos Gregos reunidos em colônias longe da pátria, pois o demótico,
permanecendo como elemento de ligação entre os Helenos espalhados pelo
mundo, tornou-se igualmente um fator de expansão do neo-helenismo
triunfante.
A renovação da técnica do r orna/ηce e da novela, especialmente influ­
enciados pela “literatura de guerra”, veio instilar seiva nova a essa lite­
ratura, que deu, após um Nikos Kazantzakis, pensador e poeta cretense,
nome dos mais ilustres do helenismo contemporâneo, também um M yrivil-
lis e dm Venezis, em cujas obras se reflete a- literatura de idéias que se
irá projetar igualmente em outras formas de romance. Fora da produção
da literatura de guerra, a renovação da técnica nafrativa aplica-se a outras
formas de expressão, em que os escritores buscam reform ular a psicolo­
gia dos personagens, não mais em função estrita das influências atávicas,
mas, principalmente, em face de um complexo de circunstâncias que con­
dicionam o comportamento do indivíduo nos ambientes sociais em q-ue se
move. O romance social terá si|a oportunidade de brilhar, paralelamente
às novelas de sabor filosófico, às vezes líricas e sentimentais, sem prejuízo
dos estudos psicológicos que são muitas vèzes temas novelescos muito apre­
ciados.
No setor poesia, a variedade corresponde às atitudes diversas dos
poetas em face dos problemas humanos e sociais, daí decorrendo as técni­
cas empregadas. Ao lado de aspectos contemporâneos, é comum a sintesa
da vivência do helenismo, ligando-se presente e passado, interpretados à
luz de aspirações religiosas que muitas vezes se afastam decididamente da
ortodoxia, para dar lugar ao intelectualismo e ao sentimento da fusão do
divino e do humano, dentro do quadro étnico da civilização helênica. Si­
multaneamente, o teatro passa a dar importância primordial às técnicas
do “métier”, formando novas gerações de atores e de diretores influencia-
OS GREGOS E SEU IDIOMA 77

doe pelas literaturas ocidentais, com um repertório cosmojtolüa, paralelo


'à produção nacional, em mãos de um Yannópoulos, de um Tsocópoulos e
de tantos outros, destacando-se o drama lírico e filosófico com aspectos re­
novados por N. Kazantzakis e Sikelianos. . .
A segunda grande guerra surpreendeu a Grécia em plena expansão
literária e, a despeito das dolorosas condições em que a nação foi força­
da a resistir para a preservação da sua e da liberdade do mundo, ainda
uma vez as letras gregas clamaram a sua intensa partjcipação no pensamen­
to universal. Uma literatura de resistência, com publicações clandestinas
de tõda sorte, sustentou o espírito de independência e preservou os valo­
res intelectuais e morais do povo helênico, em mais essa hora trágica de
sua atormentada vida política. Os funerais de Palamás, cm plena Europa
conflagrada, foram um pretexto para grandiosa manifestação nacional
(em 1943).
Os escritores mais representativos da nação uniram-se na realização
de nova fase de literatura dé guerra, desdobrada em todos os campos da
poesia e da prosa.
A partir de 1945 pode-se afirm ar que a produção literária progrediu
sempre, em especial no setor poético, embora o romance e a novela conti­
nuem, de um modo geral, as tendências da fase anterior, com uma acen­
tuada preocupação pelos problemas sociais e as mudanças resultantes da
mescla de classes, além do crescente interesse pela exploração do domínio
psicológico. Na litéràtura dramática, principalmente, há um constante es­
forço no sentido de uma abertura para as peças de “avant-garde”, pari
passu com a conservação do repertório clássico, aperfeiçoado pelas novas
técnicas científicas da representação (cf. “A arte do ator”, 1948, de Ar-
girópoulos, contribuição técnica e crítica de um ator-diretor). A maior
parte da produção nacional para o teatro grego reflete as preocupações
dominantes na poesia e na prosa (cf. “Juliano, o Apóstata” de Kazantza­
kis, “Prometeu” de Petsalis, “A Cruz e a Espada” de Terzakis, estão entre
as mais bem sucedidas dessas realizações).
E, em conseqüência, também a crítica literária apresenta um notável
surto de desenvolvimento, com numerosas revistas novas, em Atenas e,
depois, também em Alexandria e em Chipre. Artigos de crítica erudita e
científica, estudos filológicos ou ensaios, inclusive versando comentários
interpretativos do espírito geral do tempo, multiplicam-se então.
Nos últimos trin ta e cinco anos verifica-se uma extraordinária vita­
lidade, intelectual na Grécia, quer pela continuação da produção dos co-
rifeus já consagrados, quer pelo aparecimento de jovens promessas já
firmemente esboçadas. As letras são ainda hoje, como sempre o foram, o
eixo em tom o do qual gravitam as criações mais importantes da arte
78 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

grega. E o helenismo de hoje, no dizer de Mirambel, pode ser definido


não só como uma comunidade de língua, mas também como uma comuni­
dade literária, fato tanto mais significativo, quanto se observa que essa
unidade linguística nem sempre se encontra fora do domínio das letras.

IMAGENS DA IIÉLADE N* 3 — (Texto de Ilustração!)

“A CANÇÃO PO PULAR”

(Robcrt Levesque, in “ Permanence de


la Grèce”, Cahiers du Sud, 1948)

Crivado de chagas e de olhos d ’água, o barco da Grécia parece sempre


a ponto de soçobrar e, de repente, se levanta. Um vento melodioso — o da
canção popular — acompanha-o incessantemente. É Tia noite dos tempos
que mergulham as cantilenas, como entreviu Fauriel: os autores anôni­
mos dos cantos demóticos, escrevia ele, são os legítimos herdeiros dos aedos.
Em nossos dias foi possível precisar que “o verso demótico vem direta­
mente de Roma. Ainda hoje ele recorda aquelas invectivas ritmadas, os
“lazzi”, que os soldados atiravam ao triunfador. Essa poesia soldadesca e
popular, tom ada oficial no Circo, onde ela servia às aclamações, natural­
mente passou para Constantinopla como o Hipódromo” (H. Grégoire). De
fato, a corrente demótica e latina era a única que poderia contrabalançar
a tendência purista e clássica do mundo oficial e religioso, sendo a poesia
popular que libertou a literatura grega da tirania escolástica.
Depois da invasão turca, Creta ficou dizimada. A emigração nas ilhas
.Tônicas, onde Veneza reinava, foi imensa — e ainda em nosso dias “Uro-
tócritos” é tão popular em Cefalônia quanto na própria Creta onde os im-
provisadores continuam a florescer. Todo Cretènse se mostra capaz de ver-
eificar; em cada circunstância, ele sabe, como um rapsodo, lançar alguns
versos calcados no ritmo do “Erotócritos”, de que todos na ilha conhecem
de cor longos fragmentos. Mas foi sobretudo no Épiro, que se fortaleceu o
lirismo novo cujo -período por excelência situa-se por volta de 1780, pois a
grande fase da canção popular coincide com o despertar nacional. Os
cantos mais antigos são os mais belos, porque mais humanos e mais uni­
versais.
Sem dúvida a paixão da liberdade toca bem fundo o coração de cada
Grego, e o Ciclo Kléftico exprime a revolta de todo indivíduo contra a
autoridade, sem falar da nostalgia das guerrilhas de montanha, que
também persegue a alma grega. O tema heróico, entretanto, não aparece
senão nas horas penetrantes, quando se trata de expulsar um invasor —
OS GREGOS E SEU IDIOMA 79

e pode-se preferir mais comumente os cantos de amor ou de separação,


e, principalmente, os “mirológuios”. O lamento de Hécuba atravessou as
idades; a Grécia continua, pela voz de suas mulheres, a chorar maravilho­
samente os mortos. Mesmo tendo-se tomado cristã, ela jamais pôde admitir
que a outra vida valesse esta de cá — e sua concepção do outro mundo,
região tenebrosa, inferior, que se estende sob os passos dos humanos, re­
vela que o Hades não foi verdadeiramente exorcizado. Bizâncio em vão
esforçou-se para pintar e cantar a formidável descida de Cristo aos infer­
nos, vindo quebrar, como um ladrão, os cofres-fortes de Satã — a alma
grega não deixou de lamentar as “sombras mirtosas” arrancadas ao mundo
superior.
O exílio, o afastamento da terra natal, também parecem aos Gregos
uma espécie de morte — e, no entanto, todos eles têm a paixão das
viagens e de ver novidades. É a eterna história de Ulisses, impaciente por
partir, ansioso pelo regresso. Na borda de um túmulo ou na expectativa dc
um filho que viaja, nada é mais dilacerante que o canto de uma Grega.
Como outrora, o amor-paixão tem na Grécia um lugar menor do que o sen­
timento familiar, e aí está, talvez, um sinal de' virilidade. O que importa
ao Grego é ser jovem e bravo e belo e livre. O culto do “pallikare” —
ousado, fogoso, insubmisso — é ao mesmo tempo celebrado pelas mães,
as esposas, as irmãs. Tudo conspira, na Grécia, para erigir a estátua de
um jovem bravo dcsabroehando em juventude e graça, e nada inspira
mais um poeta grego que a beleza de um herói e sua morte.”
“As armas do-bravo não devem ser vendidas,
mais sim devem benzê-las na igreja
e suspendê-las entre as teias de aranha de um castelo,
para que a ferrugem coma o ferro, enquanto a terra
[devora o bravo.”
(do “Choix de Chansons du Peuple Grec” de N. G.
Politis, Atenas, 1923).
4. — Ο ΝΟΜΕ DOS GREGOS

“. . . Antes da guerra de Tróia, é evidente que a Hélade nada reali­


zou em comum”, diz o historiador grego Tucídides.29 “A meu ver, ela nem
mesmo teria essa denominação para todo o seu conjunto: antes de Heleno,
filho de Deucalião,30 esse apelativo nem sequer existiría e seriam as po­
pulações de per si, entre das, em maior grau, os Pelasgos, que viriam a
estender seu nome o mais possível; quando, pois, Heleno e seus filhos
fortaleceram-se (tomaram-se poderosos) na Ftiótida, sendo chamados em
auxílio para as outras cidades, com as relações constantes ( = o trato
cotidiano) entre eles, cada uma delas veio a tomar o nome dos Helenos;
entretanto, foi preciso longo tempo para que esse nome prevalecesse em
todas as regiões. Homero é quem melhor testemunha isso: tendo vivido
muito tempo após os eventos troianos, em nenhum lugar usou essa
denominação para o conjunto (dos Gregos) nem para as restantes popu-.
lações, mas tão só para os companheiros de Aquiles, provindos da Ftiótida
(na Tessália), justamente aqueles que foram os primeiros Helenos; também
usa em seus poemas os nomes de Dânaos,31 Argivos e Aqueus. Tampouco
ele citou os bárbaros, pelo motivo que, segundo me parece, nem os próprios
Helenos se distinguiam ainda por uma só denominação oposta àquela.”

29 História da Guerra do Peloponeso I, 3, 1-3.


30 Deucalião — rei lendário da Tessália que, com sua mulher Pirra, sobreviveu
pela graça de Zeus a um imenso dilúvio em que o pai dos deuses afogara a humani­
dade. Vogaram numa arca, cumprindo ordens divinas, até que as águas baixaram. Em
seguida, lançaram atrás das costas os ossos de sua mãe (isto é, as pedras, ossatura
da terra), assim repovoando o mundo, pois das que éle jogava nasciam homens e das
que Pirra lançava brotavam mulheres. Observe-se em tal lenda uma flagrante origem
oriental. Helen, filho de Deucalião, foi pai, por sua vez, de Éolo, senhor da Tessália,
de Doros a quem coube a Grécia central, de Xutos que recebeu o Peloponeso e que
teve por filhos Ion e Aqueu. Tais são os antepassados míticos das principais ramifica­
ções étnicas dos Helenos (cf. Eólios, Dórios, Jônios e Aqueus).
31 Dânaos — denominação ligada à de Dânae, mãe do herói Perseu, matador da
Gorgona Medusa e que, montado no cavalo alado Pégaso, fo i à Mauritânia onde castigou
o rei Atlante, transformando-o numa cadeia de montanhas (o Atlas africano) e,
finalmente, na Etiópia, libertou Andròmeda e com ela se casou.
D ânao também foi o pai das Danaides e rei de Argos, cujos descendentes são
os Argivos, ou melhor, os antepassados dos Gregos no continente (cf. Ésquilo — “As
Suplicantes” ).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 81

Como vemos, já o meticuloso analista da história grega, que foi Tu-


cídides, observa a tradicional variedade de apelações usadas para èsse
povo de multiforme presença na evolução da humanidade. De fato, as
denominações coletivas que os designam ou são decorrência de implica­
ções mitológicas (como a de Danaoí, na Ilíada I, 42), ou resultam de uma
extensão do sentido de um gentílico de valor local (como Argeioí, isto ê,
Argivos, propriamente nome dos habitantes da cidade de Argos, no golfo-
de Náuplia, no litoral oeste do Peloponeso (cf. Ilíada I, 79 e Odisséia I,
61). Mas Argos também era o reino que tinha por centro Micenas, no
mundo aqueu, governado pelo todo-poderoso Agamêmnon, chefe dos mais
numerosos exércitos dentre os que assediaram Tróia. Por uma progressiva
extensão do significado, Argivos passou a evocar o conjunto dos guerrei­
ros da época, também denominados Aqueus pelo poeta: “ . . . convocando
para a ágora os Aqueus de longas cabeleiras.. . ” (Od., 1, 90). “ Canta, ó
deusa, a cólera do Pélida Aquiles, dètestável cólera que aos Aqueus pro­
porcionou dores sem c o n ta ...” (II., 1, 1-2).
Argivos e Dânaos, portanto, chegam a ser sinônimos, visto que o len­
dário rei Dânao era tido como antiquíssimo soberano de Argos. Mas com
o tempo, aos poucos, foram-se generalizando os termos “ Héllenes” ( = He­
lenos) para o povo e “Hellás” ( = IIélade) para o país, sem que saibamos
explicar a origem de tais denominações que são, inegavelmente, posterio­
res ao estado de coisas que nos aparece evocado na Ilíada. Nesse poema
(Canto II, 683-685) Hélade ainda parece ser uma parte dos domínios de
Aquiles: “Agora vêm os da Argos Pelásgica... os da P tia e também os
da Hélade, terra de belas mulheres” ; “são os chamados MirmidÕes, e os
Helenos e os Aqueus, de cujas cinqüenta naves Aquiles é o chefe.”
Mas em outras passagens, na Odisséia, o termo Hélade já parece
conter significação mais ampla.· " . . . o herói (Ulisses) cuja glória atra­
vessa a Hélade e passa pelo meio de Argos”· . (IV, 726) e também:
“ . . . se quiseres errar pela Hélade e por A rg o s.. . ” (XV, 80). Ambas as
passagens, porém, parecem interpoladas tardiamente, tanto mais que este
último exemplo, relativo a Telêmaco, repete textualmente o verso da
Odisséia (I, 334) referindo-se a Ulisses!
Alguns autores também explicam “Héllenes” como uma abreviatura
de “Panhéllenes” (Pan - helenos), que aparece na Ilíada (Canto II., 530)
ainda no célebre Catálogo dos Navios, referindo-se ao veloz Ajax “que
superava, no lançamento do dardo, Pan-helenos e Aqueus”. E Hesíodo,
no século V III9, refere-se ao sol de inverno que tarda “a iluminar os He­
lenos” (cf. “ Os Trabalhos e os Dias”, 528), enquanto num dos fragmentos
de Arquíloco, poeta iambógrafo satírico do V II9 século a.C., Estrabão
também registra essa denominação (cf. V II, 6,6).
82 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Entretanto, a primeira vez em que se pode realmente interpretaT tal


designação, iniludivelmente como genérica para todos os Gregos, é numa
inscrição olímpica de 580 a.C., onde o termo “Hellanodíkai” ( = Helenó-
dices, isto é, juizes dos Helenos) não oferece dúvida, porque sabemos o
caráter verdadeiramente pan-helênico de tais competições, atléticas. A
forma registrada é dórica, correspondendo ao ático “IJellenodíkai” e são
numerosas as passagens em que os antigos assinalam o privilégio exclusi­
vo dos Helenos de participarem de tais jogos. Como adverte o historiador
Herôdoto, no V9 século: “Tornando-se fil-heleno, Ámasis deu outras de­
monstrações de amizade a alguns dentre os Helenos” ..*) (cf. Livro II,
178); e, mais adiante, (L. V. 22): “Aqueles príncipqs,.. são de raça de
H e le n o s...”, confirmando-nos na suposição de que, em seu tempo, o
termo já estaria generalizado. ,
Resta-nos tentar explicar como esse apelativo, inicialmente restrito
a uma tribo epirota, chegou a abranger todo o povo, tanto mais -que, por
motivos que nos são obscuros, os Itálicos, portanto, os Romanos, o desconhe­
ciam. Pernot32 admite razões históricas para o fato. assinalando o teste­
munho de Aristóteles (Meteorológica, I, 44) de que esses primeiros He­
lenos teriam habitado desde tempos imemoriais as paragens de Dodona
e as margens do Aqueloo e, depois, tendo obtido preponderância sobre os
demais habitantes da Tessália e, posteriormente, de toda a Grécia, teriam
transmitido seu próprio nome aos outros. Acrescenta ainda o filósofo que
os mesmos grupos atenderíam anteriormente pelo nome de “Gráíkoí”
( = Gregos), sendo este o mais antigo testemunho que possuímos da deno­
minação que se tornaria usual, a p artir do período alexandrino, como apé-
lativo étnico, chegando até nós pela via latina (gr. Graükós > lat. Graecus
> port. Grego). Apesar de contestada por alguns modernos, parece-nos
mais plausível a hipótese aristotélica', que outras engenhosamente forjadas
a posteriori para a etimologia de Graecus (Grego) e de Graecia (Grécia),
derivada do precedente, para designar o povo e o país.
A partir da conquista romana (14C a.C.) formou-se novo apelativo,
na própria Grécia, para indicar-lhe os habitantes romanizados: “Romaioí”,
isto é, Romanos, termo que evoluiu para o grego moderno “ Romioí” (pro­
nunciado Romií), paralelamente à antiga denominação de Héllenes (He­
lenos), que o surto de neoclassicismo moderno pouco a pouco veio a impor,
ao lado do nome Hélade (gr. Hellás) para 6 país.
Como decorrência desta nova denominação ·& que vemos o grego mo­
derno ser também chamado “Romaico”, deriVado de “Romaíkós”, língua
falada pelos “ Romií” .

32 P ernot — op. cit.


OS GREGOS E SEU IDIOMA 83

As tradicionais denominações de “hèllenike glõssa” para o idioma


helênico — “heüènízein” significando "falar grego”, “hellênistí” ou “hel-
lénikos” sendo “à maneira grega” ou, simplesmente, "em grego” —
ainda hoje se empregam para indicar o grego de um modo geral (tà
helleniká), a par de "tà romaíika”, para exprimir o falar demótico ou
vulgar.
IMAGENS DA HÉLADE N9 4 — (Texto de Ilustração)
“A M E N TA LID A D E RE L IG IO SA DOS GREGOS”
(adaptado de Alain IIus, “Les Religions Grecque et
Romaine”) (Coleção “Je sais, j e ‘crois”, 1961)

Há na mentalidade religiosa dos Gregos antigos umas tantas determi­


nantes, reveladas pelas tendências ao antropamorfismo, à fabulação m íti­
ca, à laicidade, ao individualismo. Desde os tempos homéricos, os deuses
gregos são concebidos à imagem do homem, possuindo-lhes as virtudes, os
vícios e as paixões; nascidos como homens, levam vida humana, mas seus
poderes são mais extensos e, principalmente, eles são imortais. A imagina­
ção grega não trepidava em atribuir-lhes toda sorte de aventuras, mas
nenhuma delas era gratuita: em seu conjunto constituíam uma mitologia
e, sob a forma do mito, os poetas e pensadores helênicos tentaram encon­
tra r e transm itir uma explicação para a existência do universo, do homem,
da civilização, do Bem e do M al. . . Até onde podemos julgar, essa mito­
logia possui um caráter psicológico inexistente na dos indo-europeus. E n­
quanto esta última ilustrava um sistema cosmológico e sociológico, a mi­
tologia grega alimenta-se sobretudo da alma humana, transportada ao
plano dos deuses. Não nos parece que os deuses indo-europeus tenham
expressado, por exemplo, o amor, o gosto da violência, a inteligência, etc.,
encarnados por Afrodite, Ares ou Palas Atena. Essa tendência favoreceu
a anexação da mitologia pela poesia e pela filosofia, as quais dessacrali-
zaram aos poucos a religião. Essa tendência à laicização é percebida em
todos os domínios do pensamento grego; já está em Homero e se afirma
com esplendor no V I9 século, na tentativa — nova na história do espírito
humano — de explicar o mundo independentemente do divino. Em conse-
qüência, ver-se-ão desligar da religião artes como a escultura, a música, q
teatro, etc., e o próprio lado estético da religião sobrepujar seu conteúdo
sagrado. É significativo que o idioma grego não possua vocábulo que cor­
responda ao latim “religio” ou ao português “religião”. Não há necessida­
de de insistir no individualismo, que sobressai em toda a história política
ou intelectual da Hélade.
A mentalidade romana é inteiramente diversa. Ao antropomorfismo
grego, os Romanos opõem um senso do sagfado que, até data avançada, con-
OS GREGOS E SEU IDIOMA 85

serva um caráter primitivo. Embora tenham conservado, de seu passado


indo-europeu, a lembrança de certos deuses mais ou menos p rsonalizados,
os Romanos são levados, desde os inícios de sua história, a ver por toda a
parte a presença do divino e a fragmentá-lo numa infinidade de forças
sem nenhuma relação com a natureza humana; animismo e naturalismo,
prâticamente desaparecidos na Grécia em fins da época micênica, sobrevi­
vem em Roma até o fim da República. Essa atitude tem por corolário uma
forte tendência à degradação mítica e à historicização dos mitos, que estão
nos antípodas da fabulação mítica. Além de não terem inventado nenhum
mito, os Romanos deixaram perder-se o tesouro mitológico indo-europeu
que só subsiste entre eles em escassos fiapos. Quando eles conservam algum
mito indo-europeu, logo o transferem ao plano humano e o integram em
sua. história, transformando os deuses em homens e os mitos em episódio
histórico, (cf. O. Dumézil — “Les Dieux des Indo-européens” , PUF, 19.52).
Os Romanos sempre deram prova, no domínio ritual, de um conserva­
dorismo que se opõe ao laicismo e ao individualismo gregos. .. Enquanto
na· Grécia o rito, mantido na forma, separa-se facilmente da religião, em
Roma ele permanece como o essencial da atitude religiosa, arrastando a
“religio” para um ritualismo jurídico que não deixa de ter certa analogia
com o legalismo fariseu. . . Não houve em Roma lugar para as religiões
“pessoais” ; se os Romanos souberam mostrar-se acolhedores quanto às di­
vindades estrangeiras, isso se deu sem que tivessem abandonado ritos an­
cestrais e com a preocupação de integrar os recem-vindos nos quadros da
religião tradicional.
H á também causas de divergências entre ambas as religiões, provenien­
tes da evolução política e social dos dois povos. O essencial reside na ausên­
cia de centralização que sempre caracterizou a organização política da
Grécia, e no caráter centralizador que nunca deixou de se desenvolver no
decurso da história ro m an a... Em toda essa história, as querelas intestinas
revestiram-se aos olhos dos Gregos — exceto para alguns espíritos de elite
— de mais importância do que as guerras “nacionais” . .. Esse particularis-
mo feroz — expressão coletiva do individualismo — vicejou também em
matéria religiosa. Se o papel das instituições “federais” — santuário de
Delfos, jogos olímpicos e outras — esteve longe de ser desprezível, cada
cidade permaneceu senhora de sua política religiosa e tentou utilizar a re­
ligião para fins políticos. O advento da democracia, em particular em
Atenas, produziu, nas relações entre a cidade e o indivíduo, efeitos aná­
logos àqueles que o confederalismo tinha produzido nas relações entre os
estados. Daí resultou um afrouxamento da coesão religiosa que favoreceu
as iniciativas privadas, senão no culto, pelo menos no pensamento. Eis
porque não houve, a bem dizer, uma religião, mas 'religiões gregas.
86 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

5. — A L E T R A GREGA

a) A linguagem humana e suas representações.


1. Generalidades
A linguagem do ser humano nem sempre foi como atualmente a vemos
exprimir-se nos meios civilizados: uma sucessão de “conceitos”, materializa­
dos em série para a expressão do pensamento, através de sons articulados
pelo sujeito falante e que são outras tantas percepções auditivas para aquele
que ouve (linguagem oral). A articulação dos sons componentes de um vo­
cábulo começa por sugerir uma apreensão global do “nome”, à qual se segue
a percepção do “conceito” enunciado. Muito naturalmente, o desejo de fixa­
ção desses sons, articulados de modo efêmero, por sua própria natureza,
foi o que levou os liomens a convencionar formas variáveis de sua repre­
sentação através do tempo e do espaço (linguagem escrita).
No entanto, o homem primitivo, em vez de p artir do conceito para o
vocábulo, primeiro falado e depois escrito, na verdade procedia de modo in-
vers.o, isto é, agia antes mesmo de estruturar em sua mente o conceito do
ato a que posteriormente poderia atribuir um nome, já que as formas ele­
mentares de representação gráfica, que se conhecem, vão desde simples
sinais de valor simbólico até uma representação mais ou menos aproxima­
da do objeto em causa (frequentemente com a intenção de utilizar os su-
postqs poderes mágicos dos caracteres representativos das idéias, já que
eles eram autônomos e valiam por si mesmos).33
Os meios de expressão escrita, infinitamente superiores a quaisquer
outros — cf. a linguagem gestual, independente da articulada, utilizada
entre os Peles-Vermelhas norte-americanos ou entre algumas tribos austra­
lianas; a linguagem dos tambores dos negros africanos ou dos habitantes
da Mclanésia; a linguagem mímica dos chineses etc. — pelo caráter de
permanência inerente às representações gráficas, evidentemente sofreram
uma longa evolução, acompanhapdo o caminho percorrido pela humanidade,
no sentido de uma cada vez mais íntima e perfeita representação dos con-3

33 N a Ilia d a — pela primeira vez, na literatura grega, vemos uma referência


direta a sinais gráficos, na passagem do Canto V I, 168-170, no episódio do herói
mítico Belerofonte, quando o rei Proitos: enviou-o à Lícia entregando-lhe sinais
funestos após ter grafado numa tabuinha dobrada muitos caracteres mortíferos e or­
denou-lhe mostrá-los a seu sogro, para que lhe causassem a morte.” N esta passagem,
cuja pretendida obscuridade foi esclarecida pela descoberta das civilizações cretense
e hitita, que provaram a existência da escrita bem antes de Homero, nota-se a indica­
ção de um tipo de escrita sintética, talvez só intelegível para os iniciados.
Quanto ao he;ói, cognominado Belerofonte, após ter morto o rei de Corinto, de
nome Beleros, na verdade chamava-se Hipónoos, sendo tido por filho de Poseidon,
que lhe ofertara o cavalo alado Pégaso.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 87

ceitos, através de sinais específicos para a significação de cada som articula­


do. Assim é que J. Février resumiu as etapas essenciais do desenvolvimen­
to da escrita, no seguinte quadro:34

l 9) O homem primitivo dispunha de múltiplos meios de expres­


são, indo desde a linguagem oral até o desenho, passando pelo
gesto, os nós, os entalhes em matéria dura etc. De tais meios
de expressão, uns são momentâneos, outros são duráveis. Subsisti­
ram apenas os que são suscetíveis de maior aperfeiçoamento, a
saber, entre os momentâneos, a linguagem, sob a forma da lingua­
gem articulada e, entre os permanentes, a escrita propriamente
dita. Neste primeiro estágio, as formas embrionários de escrita
podem ser chamadas “autônomas”.
29) Num segundo período, a escrita tende a coincidir com a lin­
guagem articulada, mas trata-se ainda de uma correspondência
aproximativa; um sinal de escrita ou um grupo de sinais visa a
sugerir — não dizemos anotar — toda uma frase.
Daí resulta que um sistema gráfico, por mais engenhosamente
que tenha sido concebido, fica num perpétuo devir, pois o número
de pensantentos e, portanto, de frases possíveis é praticamente in­
finito. Os esboços de escrita dessa espécie podem ser qualificados
como “sintéticos”. Os alemães dizem “Ideenschrift”, ou escrita de
idéias (note-se que nunca será empregado neste sentido o termo
“ideografia”, mas tão somente como sinônimo de “escrita de pala­
vras” ou “escrita analítica”).
39) A seguir, novo progresso se realiza: o sinal não mais evoca
a frase, mas anota um vocábulo. Progresso de importância in­
calculável. Doravante a elaboração dos sinais da escrita escapa ao
arbitrário: o número das palavras sendo finito, o das palavras
usuais sendo restrito, podê-se ter um único sinal e sempre o mesmo
para cada vocábulo. Um estoque de sinais de valor constante assim
se constitui. Por outro lado, o texto exato da frase é conservado,
visto que essa frase é decomposta em seus elementos constitutivos,
a saber os vocábulos, e que cada um destes últimos possui sua
própria notação. De sintética, a escrita vai tomar-se analítica ou
ideográfica. É o que os Alemães chamam “W ortschrift” ou es­
crita de palavras.
49) Por fim, intervém nova simplificação, decisiva. Da mesma
forma que há menos palavras que frases, o número dos sons, ou

34 J ames F évrier — “ü isto ire de VEcrilure” (P ay o t, 2e édition, 1959).


88 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

dos elementos fonéticos contidos nos vocábulos, é muito mais re­


duzido que o das próprias palavras. Se, portanto, não mais se ano­
tam esses vocábulos, mas as sílabas ou as letras, é possível conten­
tar-nos com uma bagagem de sinais incomparavelmente mais res­
trita do que recorrendo ao processo anterior. A escrita será então
dita fonética, porque ela só registra os sons. E poderá ser classi­
ficada em silábica ou alfabética, segundo o trabalho de análise
tenha sido levado mais ou menos longe.
Em conclusão, observa-se que os progressos da escrita sucederam-se de
forma desigual e contraditória, visto que, apesar de várias conquistas im­
portantes, a expressão gráfica, com o correr do tempo, deixou de ser autô­
noma para cair no nível de simples substituição da palavra oral.
2. Modelos de E scrita
Os primeiros modelos de escrita, assinalados na bacia oriental do mar
Mediterrâneo, foram, evidentemente, do tipo sintético, mas logo suplanta­
dos por outros do tipo analítica (ideográfico), como os hieróglifos egípcios
ou os hieróglifos cretenscs, estes últimos de dois tipos, A e B, na termino­
logia de Evans, e ainda não decifrados. Esses hieróglifos cretenses são real­
mente escrita pictórica, isto é, composta de verdadeiros desenhos, ao passo
que os tipos ditos “lineares” — resultantes de sucessivas simplificações do
hieroglífico através de tipos intermediários, ainda não reconstituídos —
desembocaram nas escritas classificadas como Linear A (não decifrada)
e Linear B, decifrada em 1953, ambas do tipo silábico. De uma dessas mo­
dalidades primitivas terá saído a escrita genericamente chamada “egéia”,
para a fixação ainda rudim entar do idioma pré-helênico de que há substra­
tos no grego, como já vimos.
Portanto, no mundo egeu, foi em Creta que, pela prim eira vez, apare­
ceu a escrita, sendo que o “hieroglífico A ou arcaico” nos é conhecido desde
o período Minóico Médio I (entre 2100 e 1900 a. C.), seguindo-se o “hiero­
glífico B”, ligeiramente diferente do precedente, no Minóico Médio I I (de
1900 a 1750). Em geral, esses hieróglifos cretenses representam homens,
animais, partes dq corpo humano, objetos de uso corrente, como vasos, m ar­
telos etc., além de casas, navios, plantas, num total superior a 150 sinais.35
Convém distingui-los, porém,. tia escrita hieroglífica do celebérrimo
disco de Festos, descoberto em 1908, pela Missão Arqueológica Italiana,
dirigida por Luigi Pernier36 Até hoje, ninguém conseguiu decifrar os

3* A. E vans — “ S c rip ta M in ta ” , I, pág. 149 segs. (catálogo geral dos sinais


hieroglíficos).
F. Chapouthier — “ Les écn turcs minoennes au pa la is de M a ü ia ” (Etudes
crétoises, II, 1930).
36 L. P eknikR j— A vso n ia , III, 1908, p. 255 sege. (gravuras X 1 I X 1 I I ).
o s gregos e s e u idiom a 89

sinais que cobrem as duas faces desse disco de argila, desenhadas em forma
espiralada, sendo que os arqueólogos nem mesmo chegaram a um acordo
sobre se a escrita parte dos bordos para o centro, ou vice-versa, embora
creiam que siga a direção da direita para a esquerda. Motivos de ordem
arqueológica levam a crer que tal disco seja objeto importado em Creta,
portanto grafado em língua estrangeira. E ntre as numerosas hipóteses aven­
tadas (língua dos Filisteus, de povos norte-africanos òu de populações asiá­
ticas), Pernier supõe tratar-se de escrita local, talvez específica da Creta
ocidental.
O tipo hieroglífico cretense B parece ter-se conservado até fins do
período Minóico Médio (cerca de 1580 a.C.), mas ainda na vigência desse
tipo surgiu a escrita linear A , registrada não só em inscrições monumentais
e em objetos de argila' gravada, mas também em textos de caráter cursivo.
Seu âmbito de ação é bem mais extenso que o do Linear B, na própria
Creta ( em Festos, Iíagia-Triada, Palecastro e, parcialmente, em Mália),
com vestígios de sua presença em algumas das Cicládicas (Tera e Meios).
Característica curiosa dessa escrita são as ligaduras, que não se observam
nos outros tipos encontrados. Tem-se a impressão de que essa escrita serviu
em tóda parte para representar a mesma língua, que nos é ainda desconhe­
cida, através de setenta e cinco caracteres silábicos, completados por alguns
ideogramas semelhantes aos do Linear B. Foi este último, aliás, que veio
a suplantá-la, no Minóico Recente II (por volta de 1450 a.C.), primeiro
em Cnossos, depois, tendo sido levado para o continente, sobre produtos
cerâmicos — em Pilos, Orcomenos, Micenas, Tcbas etc. — como uma espé­
cie de adaptação gráfica para representar o grego arcaico. De fato, com
a façanha de Ventris e Chadwick, foi possível confirmar as suspeitas dos
arqueólogos no sentido de que o Linear B, derivando do Linear A, fora
provavelmente criado para a grafia exclusiva de um velho dialeto aqueu,
imperfeitamente representado por esse silabário. São cerca de oitenta e
quatro sinais, dos quais quarenta e cinco se acham também no Linear A,
embora ignoremos se com o mesmo valor fonético37 Note-se ainda que o
Linear B (ou silabário micênico, como preferem alguns) em Creta só
aparece em Cnossos e faz também amplo uso dos ideogramas.
Outras modalidades de escrita silábica foram encontradas em 'várias
regiões, comí) o silabário cipriota (encontrado, especialmente, em Enkômi),
tido pelos especialistas como uma nova tentativa para enquadrar o grego
numa escrita silábica, à qual dificilmente se amoldava, e alguns espécimes
bastante semelhantes ao Linear B de Creta (localizados na Síria), embora
não se confundam com este e que Evans chamou silabário ou escrita cipro-

37 M. V entris e J. Chadwick — “ J U S ” , 73, 1952 (pág. 84-103).


M. V entris e J. Chadwick — “ Documente in M yoenian Greek” (1956).
90 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

-minóica (mais modernamente indicado como Linear Cipriota). Entretanto,


esta-última forma de escrita silábica parece bem anterior à invasão aquéia
da região, dè onde se conclui que não terá servido, como o fizera o Linear
B, para registrar a língua grega (cf. O Linear B — pág. 43).
b) Origens do alfabeto helênico. —
1. Breve Históricoí >4 Criação do A lfabeto .
A invenção da escrita alfabética irá incidir num período em que, ocor­
rendo um longo eclipse do prestígio indo-europeu no mundo mediterrâneo
— marcado pelo desmoronamento do Império H itita e pela desagregação
do Mundo Aqueu, coincidindo com a decadência do poderio do Egito —
os povos semíticos conheceram uma excelente oportunidade, de que logo
souberam prevalecer-se.
Os Fenícios, especialmente, como marinheiros e comerciantes, iriam
exercer então, mormente no Mediterrâneo Oriental, um preeminente papel,
de que o próprio Homero viría a ser um testemunho admirativo (de 1000 a
700 a.C.).
De todas as contribuições dos Fenícios, a mais válida e menos contro­
vertida foi a invenção do ALFABETO, isto é, a descoberta de um tipo de
escrita fonética em que cada símbolo viria a representar um único fonema.
Esse teria sido um golpe magistral de algum obscuro escriba fenício
que, num momento de inspiração, logrou, isolar, nos múltiplos e confusos
sistemas de escrita circulantes em Biblos, um grupo de pouco mais de vinte
sinais que lhe permitissem grafar com facilidade todo o Fenício de seu
tempo.
Conhecemos diversas modalidades do chamado alfabeto fenício. em ins­
crições que chegam até o século V III" a.C.
A uma dessas variantes é que devem os Gregos o seu próprio alfabeto,
adaptando-o genialmente às suas necessidades, visto que a escrita fenícia era
só consonântica.
A língua grega possui particularidades que dificultavam sua represen­
tação gráfica tanto por escritas silábicas, quanto por èscritas alfabéticas do
tipo semítico, por apresentar freqüentes grupos consonantais (por ex .: str,
em: stratêgós, etc.). As escritas silábicas costumam representar apenas a
consoante, isolada' de apoio vocálico, ao passo que a escrita fenícia, além de
não incluir fonemas vocálicos, também carecia de sinais para consoantes as­
piradas, enquanto, por outro lado, representava fonemas inexistentes no
Grego.
Ao adaptarem a escrita consonântica semítica à sua língua, os Gregos
realizaram dupla façanha: primeiro alteraram o valor de certos sinais do
alfabeto semítico, para que passassem a significar letras vocálicas e, depois,
OS GREGOS E SEU IDIOMA 91

conceberam a fissão da sílaba, decompondo-a cm consoantes e vogais, com


isso eliminando as grafias do tipo silábico egeu.
Os Helenos chamavam a seus caracteres alfabéticos “phoinikéia grám-
mata”, ou melhor, letras fcnícias, atribuindo ao fenício Cadmo, lendário
fundador de Tebas, sua introdução na Grécia continental.38
Entretanto, o local e a data em que o empréstimo alfabético foi por
eles feito, aos Feníeios diretamente ou por intermédio de algum outro povo
semítico que lhes fosse próximo, merecem algumas observações.
Os autores divergem quanto à época dessa notável qquisição, indo do
X I I I 9 ao V III9 séc. a.C. Quanto ao local, certamente terá sido algum ponto
de encontro freqüente entre Gregos e Feníeios, com todas as probabilidades
a ilha de Rodes, de preferência a Chipre, como já se pensou.
De fato, Chipre mostrou-se especialmente conservadora em todos os
setores, mantendo não só as tradições aquéias mais significativas, mas até
a escrita silábica, numa época em que todos os outros Gregos já haviam
adotado a grafia alfabética recebida dos Feníeios. Chegaram mesmo a criar
um novo silabário, bem mais tarde (cm uso até ο I I I 9 séc. a.C.), numa espé­
cie de anacronismo característico dos cipriotas (o silábario cipriota
clássico).
Assim, de acordo com as lições da epigrafia, o século mais provável do
empréstimo alfabético é ο IX 9 a.C., embora tenhamos razões para supor
que o Linear B haja sobrevivido à adoção do alfabeto, devendo ambos ter
coexistido algum tempo até o definitivo triunfo deste último.
2. Os Séculos Obscuros.
Note-se ainda a ocorrência de uma espécie de vácuo da escrita no conti­
nente grego, entre 1200 e 900 a.C., desde as provas arqueológicas do uso
do Linear B pelos Aqueus de Pilos e de Micenas, até a verificação de um
ressurgimento, nos inícios do V III9 século, da escrita já sob a forma' alfa­
bética. Não nos esqueçamos, porém, de que é mera abstração raciocinarmos
a respeito de Helenos em geral, quando a realidade nos põe em face de
Aqueus e Dórios ou, melhor ainda, entre Gregos do continente europeu
e Gregos da Ásia.
38 H erõdcito - - “ H is tó ria s ’’ (V. 58), diz, textualmente:
“Esses Feníeios, dos quais faziam parte os Gefirenses, chegados com Cadmo, in­
troduziram junto aos Gregos muitos conhecimentos, quando se estabeleceram em outras
partes désse pnís (a Beócia), e justamente as letras, inexistentes entre os Gregos an­
teriormente, segundo me p a r e c e ... de modo que, de justiça, tendo sido os Feníeios
que as trouxeram para a Hélade, usando-as os Gregos vieram a chamá-las “phoini­
kéia” (sinais feníeios).”
(Note-se que Heródoto dá-nos a entender, erroneamente, que a introdução da es­
crita se teria dado no continente helênico, quando hoje sabemos que isso se deu no
Oriente, provávelmente em Rodes).
92 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

A ausência da escrita, na Grécia européia desse período, reflete o ma­


rasmo intelectual de uma fase de transição, que se seguiu ao abalo das in­
vasões dóricas, que revolveram o continente mas não atingiram a Grécia
asiática, onde não houve solução de continuidade na evolução das diversas
formas de cultura. No entanto, também a ausência de escavações esclarece­
doras, nesse período, podem ainda ser responsáveis por muitas das nossas
perguntas sem resposta.
Os documentos de que dispomos revelam, tão longe quanto possamos
retroceder no tempo, que, por volta do V IIP século a.C., havia numerosos
alfabetos locais na Grécia, que se foram unificando progressivamente. De
acordo com uma tradicional classificação, baseada essencialmente na pre­
sença ou na ausência dos sinais complementares que os Gregos incorpora­
ram ao primitivo alfabeto fenício de 22 letras (os símbolos do “phi”, do
“chi”, do “psi” e do “hypsilon”), e no valor que cada modalidade de escrita
atribuía a esses sinais, podemos discriminar esses alfabetos como segue:

1) alfabetos arcaicas, onde faltam as três primeiras letras su­


pracitadas;
2) alfabetos orientais, que possuem todas as letras, mas subdivi­
dem-se em dois grupos, conforme a notação de “ps” ou de ‘des” ;
3) alfabetos ocidentais, nos quais há algumas notações idênticas
às dos orientais, mas que confundem a grafia dos fonemas “ps” e
“kh”. Foram os adotados na maior parte da Grécia continental e
nas diversas colônias da Sicília e do sul da Itália. (Magna Grécia,
como chamariam os Romanos a essa região).
Através dêsses alfabetos locais, com freqüência divergentes, é que po­
demos acompanhar o processo de lenta adaptação da escrita consonântica
fenícia às necessidades fonéticas do grego. De uma dessas modalidades oci­
dentais foi que se formou, após outras tantas adaptações, o alfabeto latino,
de que ainda hoje se servem, em sua maior parte, as línguas indo-européias.
Quanto aos nomes das letras e à ordem em que elas se sucedem, são
geralmente tomadas aos Fenícios, embora os Gregos, em alguns casos,
tenham inventado eles próprios essas denominações (por exemplo, o épsilon,
isto é, “e simples”, o ômikron, isto é, “õ pequena” ou ômega, “õ grande”).
3. Unificação do Alfabeto Grego .
Em 403 a.C., durante o arcontato de Euclides, foi determinado em
Atenas que os textos oficiais das leis fossem escritos no alfabeto de Mileto,
portanto "jônico”, e não mais no tipo local de grafia. Sucessivamente, as
outras cidades foram também adotando o mesmo critério, de modo que, no
IV9 século a.C., já estava praticamente operada a unificação alfabética na
OS GREGOS E SEU IDIOMA 93

Grécia. Esse fenômeno é tanto mais significativo quanto, por essa mesma
época, se estava operando também a unifica-ção lingüística, através da
criação e expansão da “koiné”. É esse alfabeto clássico, que chamamos “áti-
co-jônico”, o que se conservou praticamente intacto até hoje, suplantando
em definitivo todos os outros tipos locais, fixando a forma e o valor das
letras e marcando o novo sentimento de unidade cultural que se seguiu à
difusão da escrita na época helenística.
Paradoxalmente, unificado o alfabeto, surgiram novas formas para as
letras, dependendo do material em que se escreviam os textos: de um lado
a escrita monumental ou lapidar, conservadora em seus tipos angulosos,
mais adaptados ao trabalho do buril, de outro a escrita cursiva, isto é, de
formas arredondadas, facilitando a grafia do escriba, que se servia do cá-
lamo. São as duas modalidades de maiusculas, chamadas umas “capitais”,
outras “unciais”. Os tipos de letras minúsculas são posteriores, resultando
da evolução constante do cursivo maiusculo, datando mais ou menos do
V III9 séc. a.C. Foi dessas minúsculas que se generalizou a segunda escrita
cursiva, em uso comum a p artir do I I I 9 a.C. Já os sinais de acentuação
foram introduzidos pelo filólogo alexandrino Aristófanes de Bizâncio ( I I I 9
a.C.), mas só se tornaram usuais a p artir do V II9 século de nossa era.39
Aos poucos, desde ο IV 9 séc. a.C. a grafia corrente passou a preferir o
papiro egípcio, abandonando o uso até então quase exclusivo da pedra e do
metal, seguido da escrita de tinta sobre cerâmica. Sobreviveu extensa
documentação papiráeea que cobre um vasto período, até ο V I9 séc. de
nossa era. As obras literárias, especialmente, eram transcritas em papiro,
o qual exigia, para sua conservação, condições climatéricas especiais, de ex­
trema sequidão, o que ocorria em particular no Egito, justamente o maior
produtor de papiro, exercendo mesmo seu monopólio.
Bem mais tarde, foi introduzido no comércio o pergaminho (oriundo
da cidade de Pérgamo, na Mísia, rival de Alexandria do Egito no campo
da cultura), em virtude dos preços excessivos do papiro ( I I I 9 a.C.), mas
seu uso limitou-se, por muito tempo, a servir em forma de dípticos e de
códices para rascunhos e notas avulsos. Não para textos de importância.
Do IV 9 século d.C., em diante, começou então o pergaminho a suplan­
tar o papiro, cada vez mais escasso, revivendo um velho costume encontrado
em algumas partes do mundo mediterrâneo, como se depreende de uma pas­
sagem do historiador Heródoto (V9 a.C.), que afirm a: segundo um
antigo uso, os Jônios chamavam “ diphtéras” os biblos ( = escritos em pa­
piro), porque outrora, em virtude da escassez de biblos, eles se utilizavam
de peles ( = diphthéras) de cabras ou ovelhas; ainda em meu tempo,

39 A S igalas — “ B ts tó iia da E s c rita G rega" {em grego). Salônica, 1934.


94 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

muitos bárbaros ( = não Helenos) escrevem também sobre essas peles.”


(Hist., V, 58).
A título de curiosidade, assinalemos que o papiro grego mais antigo
que conhecemos é um contrato de casamento originário da ilha de E le -,
fantina, datando de 311/310 a.C. Alguns outros talvez sejam mais antigos
que este, mas não podemos precisar-lhes a data'.40
4. E volução da Escrita a lfa bética .

Observemos ainda que todas as línguas semíticas (como ainda' hoje o


hebreu e o árabe) escrevem-se da direita para a esquerda e assim também
o fizeram os Gregos inicialmente. Mas com o tempo, fosse para facilitar a
leitura das inscrições muito longas ou por qualquer outra razão ainda
obscura, as incrições helênicas passaram a obedecer a movimentos alterna­
dos, da direita para a esquerda e da esquerda para a direita' — “boustro-
phêdón — isto é, imitando o movimento dos bois que aram a terra indo
e vindo para abrir os sulcos.
Em meados do V I9 séc. a.C. finalmente prevaleceu a atual disposição
da esquerda para a direita, a qual se transm itiu a todas as outras escri­
tas européias.
Essa mudança deveu-se em parte, como assinala Pem ot, a motivos de
superstição, pois os Gregos viam o Oriente, onde nasce o sol, corno um
lugar de luz e, portanto, de bom augúrio, ao passo que o Ocidente, mal
explorado e tenebroso, dava-lhes a impressão de ser uma região funesta.
Os adivinhos, então, voltados para o norte a fim de observar o vôo das
aves, tinham o Oriente à direita (= d ex iá) e o Ocidente à esquerda ( =
aristerá). Daí o adjetivo “aristerós” esquerdo ter adquirido o sentido
de “ocidental” ou de mau presságio, e o adjetivo “ dexiós”, o de oriental,
com o sentido inverso. Assim, a escrita encaminhava-se “ep’ aristerá” (da
esquerda) “eis dexián” (para a direita), ou melhor de oeste para leste
(na direção do bom augúrio).
São numerosos os exemplos literários em que essa movimentação obe­
dece à mesma crença, como se vê na Ilíada (I, 579). “ . .. Hera, sorriden­
te, recebeu nas mãos a taça, que lhe dava o filho (Hefesto); em seguida,
a todos os outros deuses, pela direita, ele foi vertendo o doce néctar tirado
da cratera.” E ainda, na Odisséia (X V II, 365): “ (Ulisses) ia, da esquer­
da para a direita, a cada um (dos pretendentes) implorando, com a mão
estendida, por toda a parte, como se fora sempre mendigo. . . ”
Essa primitiva concepção foi alterada pelos latinos, cujos harúspices
voltavam-se para o sul, portanto invertendo a ordem e dando ao termo
“sinister”, isto é, esquerdo, o sentido de bom augúrio, como sinônimo de

40 B ubensohn — “Elephantine Papyri", η’ 1.


OS GRKGCS E SEU IDIOMA 95

ocidental. Ainda hoje se observa a tradição latina no hábito m ilitar de


iniciar a marcha com o pé esquerdo.
Foi só em fins do I ? séc. a.C., por influência helênica, que autores
como Virgílio, Ovídio e Tácito, passaram a considerar “sinister” com o
sentido com que passou para as línguas românicas, isto é, de “funesto ou
sinistro”.

c) O alfabeto grego clássico — (Ático-Jônico).

Ainda hoje é válido para o grego moderno, pois os tipos impressos


continuam os mesmos, embora a escrita cursiva se tenha alterado em
muitas letras, tanto na forma quanto nas ligaduras.
São 24 letras, das quais 7 representam vogais e as outras 17 são
consonânticas.
Os povos ocidentais conservaram o hábito de escrever as letras gregas,
manualmente, imitando-lhes a forma impressa, processo pouco elegante
e ainda menos prático, visto que letras separadas só são boas para a im­
pressão gráfica. Contudo, o uso consagrou essa grafia, cuja principal van­
tagem é a de não complicar, para os estrangeiros, a leitura dos textos
manuscritos.
Vejamos agora quais são essas letras, com seus respectivos nomes
transcritos (adaptados, na maioria, dos nomes das letras fenícias), sua
pronúncia e a correspondência com o português.
96 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

ALFABETO E PRONÚNCIA FIGURADA

Transcrição Pronúncia (correspon­


Mai.-Min. Nome grego dos nomes dência com o português)
gregos

1 — A, a άλφ α alpha ã (longo ou breve)


2 - B,β,δ β ή τα bêta b

3 — Γ ,γ γάμμα gámma g (sempre gutural sonora)


4 — Δ, 5 δέλτα délta d

5 — E; e ί ψιλόν épsilon ê (breve)

6 - Z ,f ζή τα dzêta z (=dz)

7 - Η, η η τα êta q (longo, aberto ou fe­


chado)
8 — θ ,θ θήτα thêta th (t aspirado)

9 — I, t ιώτα iôta τ (longo ou breve)


10 — Κ ,κ κόππα káppa k, c (gutural surda)

11 — Λ , λ λόμβδα lámbda 1

12 — Μ , μ μΰ my · m

13 — Ν, ν νΰ ny n

14 - Η, ξ & xi x (como em: fixo)

15 — 0 ,ο δ μικρόν ômikron 5 (breve)

16 — Π , 7Γ πϊ pí P

17 - Ρ, ρ βώ rhô rh inicial (forte e aspirado)

18 — Σ, σ, s σ ίγμα sigma s (sempre surdo)

19 — Τ , τ ταν taú t

20 — Υ, ν υ ψιλόν hypsilon y ( = u francês)

21 — Φ , φ ψι phi f ( = ph) (labial aspirada)

22 - X, χ χί chi = ch, kh (gutural aspirada)

23 — Ψ, ψ ψι pst ps
24 — Ω, ω ώ μ έγα ômega õ (longo aberto ou fe­
chado )
OS GREGOS E SEU IDIOMA 97

d) Observações sobre a ortografia e a pronúncia.

1 — De um modo geral pronunciam-se todas as letras das palavras


gregas, destacadamente, notaúdo-se as seguintes particularidades:
I — o sigma minúsculo tem duas formas, servindo a primeira
para o início ou o meio das palavras, e a segunda somente para
a posição final;
I I — o sigma é sempre surdo, mesmo quando intervocálico
(como s em sapato); mas sonoriza-se em contato com outra consoante
sonora;
I I I — as consoantes ditas “aspirádas” pronunciam-se com uma
ligeira expiração, representada na transcrição latina por um H
posposto à consoante surda que lhe corresponde, isto porque,
primitivamente, ο II não indicava o É longo, como viria a fazê-
-lo no alfabeto clássico que reproduzimos, mas sim a aspiração
inicial (distinguia-se, por exemplo, a palavra “Horos”, limite,
de “Oros”, m ontanha);
IV -— as consoantes nasais N e M são sempre pronunciadas como
fonemas, pois não há vogais vasais em grego, como há no portu­
guês onda e âmbar;
V ■— a nasal N quando seguida imediatamente por um x, y , χ, £,
passa a ser representada por um y , para indicar um fonema nasal
guturalizado (= ng, como no inglês “going” ou no latim “angu-
lus”). Daí formas como: ayxvpa, ãyye\os, Ôyxvp, σφ'ιτγζ,
λήγ£, (que se lêem: ánkyra, áng{u)elos, ónchne, sphínx, lynx,
significando: âncora, mensageiro ou anjo, péra, esfinge, lince);
V I — as duas grafias do beta minúsculo também obedecem ao
uso da prim eira em posição inicial e ao da segunda em posição
mediai (embora ο β inicial também possa ser grafado m ediai);
V II — ο χ (= ch em alemão) é uma gutural fortemente aspirada.
VIII —o p intervocálico perde a aspiração, a menos que seja duplo.
2 — Com a adoção do alfabeto jônico, desapareceram três letras exis­
tentes nos alfabetos de tipo ocidental: o F (digama, com o valor fonético
de w = u sonante, que deu origem à forma da letra F do latim); o Q (coppa,
que originou o Q do alfabeto latino) e um sinal T (para notar uma articulação
que passou a ser representada por σσ ou t t ). Esses sinais receberam,
posteriormente, valores numéricos, como veremos (cf. Numerais 2.° Tomo).
3 — As vogais distinguiam-se não só pelo timbre, mas também pela
quantidade, a qual representaremos, quando longa, pelo sinal (-), e
quando breve, pelo sinal ( “), colocados sobre elas.
98 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

4 — A vogal Y (hypsilon), pronunciada como o “u francês”, será


sempre representada pelo “y ” nas transcrições alfabéticas. O som “ u”
(português) é representado pelo falso ditongo "ou” (ου).
5 — A grafia moderna corrente resulta de uma tradição escolar que
assimilou hábitos ortográficos de épocas diversas, mas que, no conjunto,
obedece ao uso da koiné. 0 costume de separar os vocábulos só se impôs
a p artir do momento em que se generalizou a escrita em minúsculas.

e) Os Espíritos (Τά πνεύματα)

Chamam-se “espíritos” (do latim spiritus = sopro) sinais ortográficos


que se colocam nas vogais ou ditongos iniciais das palavras, para indicar
se são ou não aspirados. O sinal II, que representava a princípio a aspi­
ração, passou, como vimos, a ser a notação do É longo; mas uma inscri­
ção de Heracléia, colônia jônica da Lucânia, registra, já no IV ’ séc. a.C.,
um sinal com valor de aspiração, que parece representar a metade ante­
rior de um I I (|—j, a forma primitiva do que chamamos “espírito áspero”
ou "forte” (' ) (em grego): (πνεύμα δασύ). Na época imperial romana o espírito
áspero já era usual na grafia manuscrita.

Quanto ao “espírito fraco” ou “suave”, que indica a ausência de aspi­


ração, em nada alterando a pronúncia (’), tem a forma inversa do outro,
tendo sido generalizado na grafia das minúsculas, a partir do IX .0 séc. de
nossa era (em grego: πνεύμα λεϊον).
O espírito é sempre forte no Y inicial, assim como também no P (= rh)
única consoante grafada com esse sinal, quando no início de palavra.
Exemplos: 'ίππος (híppos = cavalo), ηρως (héros, = herói), fióôov (rhódon
= rosa), Ευρώπη (Eurõpê = Europa), αγορά (agorá = ágora, praça do
mercado), ύμνος (hymnos = hino, canto religioso).
Observações: 1 — Os espíritos, como aliás também os acentos,
colocam-se sobre as vogais minúsculas, mas antes das maiúsculas. Ex.:
ηρως — ' ΊΙριον, ρόδον — ’Ρόόοΐ', άγκυρα — ’Ά γ κ υ ρ α .
2 «— Nos ditongos, os espíritos, como os acentos, colocam-se na se­
gunda vogal (desde que sejam ditongos próprios). Ex.: οίνος, Οίνος (vinho),
Ευρώπη (Europa), οικία, Οικία (casa).
3 — Os espíritos se colocam sempre antes dos acentos agudo ou grave,
porém sob o acento circunjlexo. Ex.: Eupoç (Euro, nome do vento leste),
ò άνηρ ôs άριστος ην (= o varão que era o melhor), άθ\ον (âthlon = prêmio
nos jogos atléticos), άγκυρα (ánkyra = âncora).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 99

f) Os acentos (Oi τόνοι), (vide página 121)

Os acentos gregos, embora sejam três como os nossos, e tenham nomes


equivalentes, desempenham um papel bem diverso do da acentuação no
português. í: que, em lugar de indicarem apenas a sílaba tônica, como a
mais forte, o ,quo ocorre nas línguas românicas que herdaram o acento de
força do latim» (marcando a intensidade maior da sílaba acentuada),
os acentos gregos assinalam o lugar do tom, isto é, a sílaba em que a voz
se eleva mais do que nas outras. Isso porque o grego possuia um acento
de altura, de caráter nitidamente musical.
Mais uma vez aqui os Gregos deram prova de originalidade, pois o
alfabeto» fenício que adotaram não tinha nada que se assemelhasse a isso,
pela simples razão de que as línguas semíticas não possuem acento mu­
sical. Foi preciso criar uma notação especial que facilitasse a leitura dos
textos difíceis, mormente na época alexandrina, em que o uso da koiné
dificultava a compreensão das obras literárias do passado helênico. Os
Gregos da época clássica nunca se utilizaram de acentos e, embora seu
emprego já venha desde o séc. I I P a.C. (com Aristófanes de Bizâncio, tido
por inventor dos sinais de acentuação, e Aristarco de Samotrácia, seu
discípulo, que se serviu deles de modo constante, em textos poéticos escri­
tos nos dialetos literários). Os papiros egípcios atestam o uso esporádico
da acentuação gráfica, que só se tom ou constante e regular no período
bizantino (mormente nos pergaminhos). Uma das grandes vantagens da
acentuação está na possibilidade de distinção dos homônimos. Assim,
distinguimos, pelos acentos, os vocábulos: ή (o artigo feminino), η (o pro­
nome relativo feminino), η (a conjunção alternativa ou), η (uma forma
verbal: eu era).
Os acentos são, portanto, os três seguintes:

1) acento agudo ( ') — gr. τόνος οξύς (= tónos oxys) que pode
recair sobre qualquer das três últimas sílabas da palavra e marca a elevação
do tom da voz. Ex.: ποταμός (rio), oixía (casa), άνθρωπος (homem, ser
humano), χώρα (país, território), πηγή (fonte) .
2) acento grave ( ') — gr. τόνος βαρύς ( = tónos barys) que se
usa unicamente na última sílaba dos vocábulos, em substituição ao acento
agudo dos oxítonos, para indicar um abaixamento no tom, o que ocorre
quando se segue uma outra palavra com acentuação própria. Ex.: καλός
xal ά-γαθός (belo e bom), àyaBrf xai καλή (boa e bela).
3) acento circunjlexo (~) — gr. τόνος περι,σπώμβνος (= tónos
perispõmenos) — formado dos dois acentos precedentes reunidos, indi­
cando que a voz se eleva e se abaixa de nòvo na mesma sílaba. Só pode
100 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

recair em uma das duas últimas sílabas da palavra, desde que sejam longas
por natureza. Ex.: δώρον (dádiva, dom), ttXovtos (riqueza), σνκή (figuei­
ra), yrj (terra), Ά θ ψ ά (Atena, deusa).
N.B. —É longa por natureza, toda sílaba que contenha vogal longa ou ditongo,
g) A pontuação.

Do mesmo modo que os acentos, os sinais de pontuação não eram


conhecidos dos Gregos antigos até que os gramáticos alexandrinos os in­
troduziram, para melhor compreensão dos textos em que, anteriormente,
nem mesmo se separavam os vocábulos. Os escribas não sentiam a necessi­
dade desses sinais já que escreviam sem a menor preocupação de desligar
as palavras entre si. Aos poucos se introduziram sinais para separar frases
(uma barra horizontal para m arcar o início e outra indicando o fim da
linha), até que se convencionaram diferentes pontos (superior, mediano
e inferior) e outros sinais mais precisos.
Foi só na Idade Média que se generalizou seu uso, paralelamente com
o desenvolvimento da escrita minúscula e, por isso, mais de uma particula­
ridade estilística, mormente na língua da oratória, é explicável pelo velho
hábito de não separar os elementos formadores da frase.41
A tradição éstabeleceu o ponto e a vírgula iguais aos que usamos;
contudo, os dois pontos e o ponto e vírgula são representados em grego
por um ponto no alto da letra ( ') e o ponto de interrogação tem a forma
do nosso ponto e vírgula (;). Ex.: Tís et; —- " E ΧΚην’ ovx Ίταλιώ τη?,
(Quem és? Sou um Grego; não Italiota).

1- Exercício: Transcrição alfabética.

Transcreva em caracteres gregos: aletheia (verdade) — andreía (co­


ragem) — eudaimonía (felicidade) — oikía (casa) — chõra (território,
país, região) — díkê (justiça) — adikía (injustiça) — prónoia (previdência,
pressentimento, providência) — õphéleia (ütilidade) — hamartía (erro, pe­
cado, falha) — hêsychía (calma, tranqüilidade) — máchaira (espada) —
máchê (luta) — psáltria (harpista ou tocadora de lira) — psychê (alma,
psique) ■
— arche (princípio, comando, autoridade) — heortê (festa) — sophía
(sabedoria) — sig? (silêncio), epistêmê (ciência, saber, conhecimento) —■
gnomè (sentença, axioma).42

41 W. S chübart — “ Criechische P a laeographie” . (s /d ).


42 Observação sobre as transcrições a lfa b é tica s. — A fim de não complicar a
leitura das palavras pelos iniciantes e, conseqüentemente, a ortografia, ljmitar-nos-
emos a indicar a quantidade longa das vogais E e O i que se distinguem, no grego,
das mesmas vogais quando breves, deixando estas últimas sem nenhum sinal da
OS GREGOS E SEU IDIOMA 101

IMAGENS DA HÉLADE N? 5 — (Texto de Ilustração)

“0 HOMEM E A E S C R IT A A T R A V É S DO TEM PO”

(Adaptado de E. Doblhofer — “Le Déchiffrement


des Écritures”) (Arthaud, 1959)

A escrita não se situa entre as mais antigas descobertas, mas é uma


das inovações mais perturbadoras que o homem jamais produziu na his­
tória de sua' civilização e sobreviverá, mesmo que, aos olhos do observador
superficial, o filme e a televisão, o gravador e o rádio pareçam estar a
ponto de pô-la fora de uso. E que a tendência atual, para o afastamento
da palavra escrita do conceito e da assimilação intelectual, para aproxi­
mar-se da língua falada e da simples acumulação de prazeres acústicos e
óticos, pareça correr o risco de disputar com a escrita seu papel prim or­
dial e multimilenar, até um dia erradicá-la por completo.
A escrita confere ao homem racional a possibilidade de refletir sobre
si mesmo. Só ela lhe permite as especulações coletivas sobre suas origens,
sua essência e a finalidade de sua existência. Só ela tornou possíveis as
altas culturas e as filosofias, as grandes religiões da humanidade; ela foi
o cimento de que se serviram os fundadores e construtores de impérios;
sobre ela repousa a história como ciência; dela nasceu o impulso podero­
so de todas as outras ramificações do conhecimento humano e, particular­
mente, das ciências físicas e naturais; sem esquecer os inúmeros outros
benefícios da cultura e da civilização de que a humanidade partilha e que,
sem a escrita, nem sequer teriam existido...
A importância considerável da escrita, singularmente viva desde os
tempos mais recuados, logrou exprimir-se entre os povos orientais numa
série de mitos que lhe proclamaram a origem divina. O Nebo babilônico e
o Thut egípcio, deuses inventores da escrita, são, ao mesmo tempo, os
mestres dos destinos humanos, cujo evolver eles fixam com o “estilete do
Destino”. Para os Judeus, os textos das primeiras tábuas da lei, quebra­
das por Moisés, são· considerados como “escrita divina” (Exodo, X X X I,
18), em oposição à “escrita hum ana”, tratada por Isaíás (V III, 1). O
Islam ensina que o próprio Deus criou as letras e as transm itiu a Adão,
mas recusou-as aos anjos, inclusive.

quantidade. IIo mesmo modo deixaremos de indicar as quantidades do I, do Y, e do


A, que não mudam de forma, salvo quando houver razões gramaticais para fazê-lo.
Quanto ao e s p írito fo r t e , será representado por um II inicial, antes das vogais ou di­
tongos, e a aspiração consonantal por um H posposto ao R, ao T, ao P, ao C para
representar as consoantes aspiradas: RH ( = p ), PH (=<p), TH ( = d ), CH ( = χ ).
<cf. l.° Exercício de transcrição alfabética).
102 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

As Igrejas cristãs têm também seus santos criadores e descobridores


da escrita, como S. Mesrop, inventor do alfabeto armênio, nova escrita
logo santificada por uma tradução do Novo Testamento. Mais conhecidas
são as criações alfabéticas dos Santos Cirilo e Metódio e a do bispo Vulfila.
Os Gregos antigos tinham, de sua parte, uma atitude diametralmente
oposta, que evidencia a diferença entre Oriente e Ocidente: embora cele­
brem, em sua rica tradição, uma série de inventores de escritas, esses cria­
dores glorificados são quase sempre homens.
Julgou-se, em época ainda recente, que todas as escritas, sem exceção,
se originavam de uma representação figurada dos conceitos, para em se­
guida passar, como foi o caso do Oriente, “da imagem à letra”. Hoje em
dia tem-se todo o direito de pensar que a letra existia também desde o
princípio, e que os principais criadores de escritas “ocidentais” (anatólia,
alpina, e talvez também ibérica antiga) teriam já descoberto o som iso­
lado, quando os Gregos adotaram e adaptaram o alfabeto fenício.
Essa fusão e essa fecundação recíproca da “imagem” e da “ letra”
foram de importância realmente capital para a história do mundo.” (cf.
F.ranz Miltner — “Wesen und Geburt der Sehrift”, in “ Historia M undi”,
Berna, 1954).

6. — A PRONÚNCIA DO GREGO CLÁSSICO — (Retrospecto Histórico)


a) Breve histórico da pronúncia grega antiga.
Tòda língua falada possui características próprias de pronúncia, não
só resultantes da situação do acento dos vocábulos, mas também em vir­
tude da entonação peculiar às frases. O ritmo lingüístico varia infinita­
mente com os idiomas, mudando até em regiões geograficamente próxi­
mas umas das outras e, evidentemente, alterando-se no correr do tempo.
No caso especial do grego, as dificuldades para restabelecer a pro­
núncia clássica padrão ainda são maiores, em virtude da enorme varieda­
de de núcleos de colonização helênicos, sem contar os próprios habitantes
do continente, que também apresentavam diferenças de pronúncia de uma
cidade para outra.
Ainda uma vez aqui não podemos falar em “Gregos antigos” a
grosso modo, ao indagarmos como seria falado o grego pelos antigos, visto
que a descrição da pronúncia do grego moderno, evidentemente, se afasta
de modo extraordinário do que teria sidò a realidade lingüística dos He­
lenos de outrora. De fato, eles viveram há mais de trin ta séculos, não só
no continente europeu (Peloponeso, Ática, Beócia, Tessália, Etólia, etc.),
mas também na Jônia, na Criméia, no Helesponto, ao norte da África no
Egito, na Mesopotâmia, na Itália Meridional, em Nápoles, na Sicília, em
OS GREGOS E SEU IDIOMA 103

Marselha, e em tantos outros pontos do mundo mediterrâneo, onde certa­


mente se verificavam diferenças regionais de pronúncia, quando não
também de formas e de vocabulário. Mesmo dentro de zonas relativamente
limitadas, a variação da pronúncia pode ser surpreendida através de
transcrições latinas de palavras gregas.
Assim, por exemplo, enquanto na Âtica o Y se pronunciava como o
U francês, ao mesmo tempo, na Beócia e na ilha da Eubéia, a mesma vogal
correspondia à pronúncia do U português, como atestam exemplos do tipo:
Κύμη (= Cumi) e Σ τύρα (= Stura) nas transcrições latinas.
E note-se que à variedade geográfica também correspondia a varia­
ção cronológica.
Somos, pois, obrigados a lim itar o estudo da pronúncia antiga a um
determinado período da história dos Gregos, a um determinado lugar e a
um dado dialeto, já que Gregos antigos tanto são os contemporâneos de
Homero (IX 9 séc. a.C.), quanto os que ouviram as prédicas dos grandes
oradores cristãos do IV 9 séc. de nossa era, maravilhando-se com as belezas
da eloqüência de um S. João Crisóstomo ou com os judiciosos ensinamentos
de um S. Basílio de Cesaréia.
Como é fácil de compreender, aqueles poucos ocidentais, que se ocupa­
ram com o idioma grego no período medieval, certamente o leram com
a pronúncia usual em seu tempo (isto é, da koiné) e quando, mais tarde,
impelidos pelo avanço dos Turcos, numerosos intelectuais bizantinos se
transportaram para a Europa e aí fizeram renascer o interesse pela cultu­
ra helênica, naturalm ente também trouxeram sua pronúncia que, substan­
cialmente, seria a mesma dos Gregos de hoje.
No entanto, esses homens tinham plena consciência de que sua pro­
núncia muito se distanciava do que teria sido o falar dos Gregos da anti­
guidade, levadas em consideração as variantes dialetais.
Se nos fixarmos, por exemplo, no dialeto ático, falado em Atenas,
no período clássico (V^-IV9 séc. a.C.), chegaremos a analisar-lhe a pro­
núncia com bastante pfecisão: então diremos que as vogais, no ático, se
enunciariam mais ou menos como as dizemos hoje, com exceção do Y ( = u
do francês), além de se fazer a distinção quantitativa. J á os ditongos
eram, na maioria, os mesmos que os nossos, .ressalvando-se os chamados
“ditongos impróprios” (cf. 29 parte — l 9 capítulo — Item 7). Quanto às
Consoantes, ao acento e a outros detalhes, já os enumeramos nas “Observa­
ções sòbre a ortografia e a pronúncia”, na página 97, pois, na verdade,
nosso estudo versa e versará, no decorrer do l 9 tomo desta obra, especifi­
camente o dialeto ático clássico, melhor dito, a língua da grande prosa
grega antiga.
Assim, a pronúncia que estamos descrevendo é, em linhas gerais, a
que foi reconhecida, a partir do século XVI.°, como clássica por excelência,
10 4 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

em decorrência da observação de certos Jatos fonéticos: a representação


,de certos jonemas, como o th (dental aspirada indo-européia), por exemplo,
em confronto com formas equivalentes no sânscrito; determinadas crases,
como χ ά σ η ν (por xai eanv); a representação fonética de*algumas onoma­
topéias, segundo ocorre, por exemplo, num fragmento (n.° 43) do comedió-
grafo Crátinos, do V.° séc. a.C., ao imitar o balido das ovelhas com a forma
βη, βή, (= bê, bê), o que seria impraticável à luz da moderna pronúncia
grega, que leria “vi, vi”, essas mesmas formas escritas (no grego atual,
o beta adquiriu o som de v, inexistente no idioma antigo); em alguns jogos
de palavras (trocadilhos), registrados em passagens literárias, como o exemplo
de Tucídides (II, 54, 2-3), em que o autor, citando velho provérbio, destaca
a troca do termo “ loimós” (λοιμό?) “a epidemia”, pela forma “limós” (λιμό?)
“a miséria ou penúria”. Assim fazendo, revela-nos que, em seu tempo,
a pronúncia do ditongo OI ainda não se identificara com a da vogal I, como
ocorre no grego moderno. As transcrições latinas, por sua vez, são escla­
recedoras do vocalismo da língua antiga, já que grafam, sistematicamente,
os ditongos grtgos sempre com os dois elementos que os formam (au, ai,
eu, ei = av, ai, ev, ei, pronunciados no grego atual como av ou aj, e, ev
ou ef, i). Finalmente, o testemunho de diversos gramáticos, como o de
Dionísio de Ifalicarnasso ( P séc. a.C.), confirma a' pronúncia que acaba­
mos de atribuir ao grego antigo.
No entanto, essa pronúncia, que tentamos descrever, não chega a ser
propriamente contestada: o problema consiste em saber até quando ela
terá sido válida.

b) Λ pronúncia nova.

Não sabemos ainda com exatidão quando começou a prevalecer a


atual pronúncia do grego moderno, já tão distanciada da antiga, como
pudemos entrever do que foi dito. É certo, porém, que alguns fatos
históricos estão na origem da difusão, no Ocidente, da nova pronúncia,
que tanta celeuma tem provocado.
Em fins do século X IV 9, eruditos bizantinos aportaram à Itália, tra ­
zendo um tipo de pronúncia em muitos pontos semelhantes à do grego
moderno, pois que já era nitidamente diversificada da que a tradição
erudita mais ou menos conservara. O primeiro mestre de helenismo parece
ter sido então o erudito Manuel Crisolvas que, em 1397, ministrou, em
Florença, as primeiras aulas, em que a pronúncia usada tinha, entre
outras características, a de identificar o eta (ê) com o iota (i). Por isso
foi chamada itacismo ou iotacismo, isto é, pronúncia em que predomina
o som da vogal i (iota).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 105

Atribuíram-na, erroneamente, ao humanista holandês Reuchlin (1445-


-3522), dando-lhe também o nome de “pronúncia reuchliniana”, em opo­
sição à pronúncia que mantém o eta com o som de ê, que se chamou “eras-
miana”, porque a defendeu o humanista, também holandês, Erasmo de
Roterdam.
De fato, Reuchlin foi o fundador dos estudos gregos na Alemanha
e adotou a pronúncia nova, mas faleceu seis anos antes de Erasmo haver
publicado seu tratado sobre o que chamou “a verdadeira pronúncia do
latim e do grego”.
Contra o estabelecimento crescente da nova pronúncia, já antes dessa
obra saíra em campo o humanista espanhol Antônio de Lebrixa, num
discurso público (em 3486) e voltando, mais amplamente, ao assunto no
tratado chamado “Introductiones in Latinam grammaticam” (1510).
Secundou-o o famoso editor italiano A ldo M anucio , que, desde
1498, dirigia, em Veneza, sua casa editora famosa. Em 1508 debateu, pü-
blicamente a questão da pronúncia, especialmente quanto ao vocalismo e à
acentuação. E o bizantino J anos L ascaris, em 1494 sustentara aspectos da
pronúncia e da ortografia antigas, que se tornaram objeto de debates entre
humanistas ocidentais e mestres bizantinos.
Foi, finalmente, em 1528, que Erasmo deu a público, em Basiléia,
seu famoso “ Dialogus de Recta Latini Graecique Sermonis Pronuntiatio-
ne”, onde argumentou em defesa da pronúncia clássica, caracterizada
pelo fita com o som de ê longo, no grego, chamada por isso mesmo pro­
núncia erasmiana ou etacismo.
Sua teoria, embora correta, em princípio, e suscetível de aperfeiçoa­
mento, deixa a desejar em questões de detalhes. Assumindo um caráter
eminente prático, permitiu que cada país europeu adotasse, tanto para o
latim como para o grego, os hábitos fonéticos locais. Com o tempo, os
europeus passaram a ler as línguas clássicas à francesa, à inglesa ou à
alemã, a ponto de não mais se entenderem uns aos outros.
No entanto, a propagação da pronúncia erasmiana se deu principal­
mente através dos calvinistas, sendo logo introduzida em França, na Ho­
landa, na Inglaterra e no Palatinato ( Heidelberg). J á os católicos e lu­
teranos, porém, conservaram o iotacismo, difundido, especialmente, pela
gramática grega de Melanchton, sobrinho de Reuchlin.
Em fins do século X V II, as discussões em torno da pronúncia corre­
ta foram parcialmente reprimidas, por algum tempo, por influência do
chamado “henenismo”, do nome latinizado do humanista holandês Henning
(Hennenius) : sua doutrina consistiu em aplicar ao grego as regras da
acentuação latina. Assim, todas as vezes que a penúltima sílaba de uma
palavra fosse longa, a pronúncia seria paroxítona, e sendo breve, o acento
106 GUIDA NEDDA BAKATA PAKREIRAS IIORTA

recuaria para a antepenúltima, tornando o vocábulo proparoxítono (daí


pronúncias como “anthrüpos” , em lugar de “ánthrõpos” ou a de “lámbã-
nõ”, por “lambánõ”),
O henenismo dominou, no século X V III, grande parte da Inglaterra
e da Alemanha, tendo sido adotado em numerosas escolas pelos jesuítas
austríacos, franceses e espanhóis. E ainda hoje subsiste na Holanda, na
Bélgica e na Inglaterra.
A partir de 1800, ressurgindo os estudos humanísticos, vingou impor-
-se novamente o etacismo erasmiano, especialmente nas escolas e universi­
dades leigas, desde a Alemanha luterana até a Romênia e a Rússia orto­
doxas. Inversamente, nas escolas eclesiásticas, e na Itália em geral, con­
servava-se o iotacismo.
Com o advento do surto nacionalista que se seguiu à recuperação da
liberdade da Grécia, até então subjugada pelos Turcos (1821), passou
a ser postulado e até critério nacional, violentamente defendido e exigido,
o uso do iotacismo. A onda de exaltação, que acompanhou o renascer do
espírito nacional, aos poucos amainou, nos últimos cinquenta anos, mor­
mente em conseqüência do sereno ensino universitário de Hatzidakis que,
em obra fundamental ,asseverou que a verdade histórica deve sobrepor-se
ao nacionalismo exaltado.43
O Heleno contemporâneo aplica, pois, usualmente, sua pronúncia mo­
derna aos textos antigos, do mesmo modo que os franceses adotam a pro­
núncia hodierna em seus textos arcaicos e nós também lemos os escritos
medievais portugueses com a pronúncia atual.
Em nosso tempo é mesmo muito difícil precisar a época em que se
introduziram ou passaram a prevalecer as alterações fonéticas determi­
nantes da pronúncia nova. Se, ainda sob o imperador romano Augusto,
a pronúncia clássica dominava, dois séculos mais tarde o ditongo A I
(como o ditongo latino AE) parece já soar como Ê, enquanto o Y e OI
terão soado ambos como Ü, passando, pouco depois do IV ’ séc., para a
pronúncia do I, como no grego moderno (cf. as inscrições das diversas
épocas e o testemunho dos gramáticos, inclusive latinos).
É igualmente possível que boa parte da chamada “pronúncia nova”
já fosse empregada na leitura do Novo Testamento e de outras publica­
ções de cunho popular, escritas em koiné. He toda a maneira, as publica­
ções bizantinas seguiríam, sem dúvida, essa pronúncia.

43 G. N. H atzidakis — Άχαδημβϊχά αναγνώσματα eis την έΧΚηνίΧην,


\ά τινίχή ν xal μιχρόν eis την ’ινδίχήν γραμματίχήν.
(1.* ed. 1915-6, Atenas. 2.* ed. 1.» vol. 1924 - 2.» vol. 1930. - cf. I, 132, 1).
os gregos e se u idioma 107

c) Como pronunciar o gr cg. o antigc nas escolas modernasf


Após as rápidas indicações que acabamos de dar, certamente impõe-
-se esta pergunta, não ainda satisfatoriamente respondida.

luções: ou reintroduzir a pronúncia neo-helênica, que já foi empregada


na Europa até o fim do século X V I9; ou adotar, inversamente, a pronúncia
tida como sendo a dos antigos (etacismo); ou conservar, sem alterações,
a pronúncia adaptada aos hábitos fonéticos de cada povo (o que nada tem
de científico, nem se estriba em nenhuma tradição plausível), ou enfim,
combinar, de um modo ou de outro, esses diferentes sistemas.
E prossegue, judiciosamente, assinalando que, se a pronúncia neo-he­
lênica tem a vantagem de constituir um conjunto de fenômenos limitado
e vivo, possibilitando seu emprego prático pelos que viajam pelo Oriente,
por outro lado tem o gravíssimo inconveniente de encobrir com espesso
véu toda a fonética antiga, forçando os estudantes a uma excessiva memo­
rização, em detrimento do raciocínio. Além de dificultar a compreensão
de numerosos aspectos do vocalismo grego, o fato de serem pronunciadas
com o mesmo som I cinco grafias diferentes (ο I = iota, o H = eta, o
Y = hypsilon, os ditongos E I = ei, OI = oi), cria problemas ortográfi­
cos e prosódicos de difícil solução. Os próprios estudantes helênicos fre­
quentemente esbarram nesse escolho, que lhes perturba o aprendizado das
etimologias, e nada ganhamos nós outros, estrangeiros, em sobrecarregar-
-nos de novas dificuldades num estudo já de si sobejamente complexo.
Será útil que nossos alunos conheçam, em linhas gerais, a pronúncia do
grego moderno, mas, não é necessário adotá-la para os textos antigos,
cujo conhecimento por si só lhes facilitará o caminho para a familiariza­
ção com a pronúncia nova. A boa pedagogia assim o aconselha.
Quanto à adoção da pronúncia tida por mais próxima da dos antigos,
a despeito das discordâncias de detalhe entre os especialistas, não sofre­
ria' maiores restrições desde que, com Erasmo, se passou a pesquisar as
possibilidades de uma reconstituição científica, embora aproximativa, da
verdadeira pronúncia clássica do grego. Contudo não faltariam os que
advertiríam da impossibilidade de uma pronúncia estática, aplicada a
um idioma que, entre a criação dos poemas homéricos e a feitura dos
primeiros textos cristãos, evoluiu, enormemente, no campo fonético e, por
conseguinte, prosódico. Pernot abandonou essa possibilidade, partindo do
ponto de vista de que o mais importante, para a maioria, é a compreen­
são dos textos escritos e não a sua correta leitura. Mas também não
aceita, com razão, as absurdas pronúncias modernizadas dos europeus.

44
H. P e r n o t — “ D H o m ire à nos J o u rs ” .
108 GUIDA NEDD.V IÍARATA PARREIRAS HORTA

preferindo uma posição de compromisso, representada pela quarta,· das


hipóteses que citamos.
De nossa parte, parece-nos mais razoável a adoção da pronúncia eras-
miana, de acordo com a tendência atual da maior parte dos linguistas, por
ser, apesar de imperfeita, por fòrça das circunstâncias, ainda a mais con-
sentânea com o estudo sério do grego clássico.

2° Exercício.
I — Transcreva em caracteres gregos:
siõpê (silêncio, sinônimo de sigê) — paideía (educação) — mélitta (abe­
lha) — trophe (alimento, nutrição) —- thálassa (mar) — hespéra (tarde) — hê-
méra (dia) — rhíza (raiz) — dípsa (séde) — dóxa (glória, opinião) — déspoina
(senhora, patroa) — therápaina (serva, criada) — douleía (escravidão) —
(stratiotés (soldado) — oxys (pontudo, agudo) — barys (grave, pesado
— sphyra (martelo) — kochlías (caramujo) — naútês (navegante) — poiètês
(poeta) — hodós (caminho, estrada) — physis (natureza) — zõê (vida) —
theá (deusa) — théa (vista, contemplação) — selènè (lua) -— hêlios (sol)
— Moüsa (Musa, divindade) — moira (destino, fatalidade) — nephélê
(nuvem) — mnã (mina = moeda antiga).

II — Transcreva em caracteres latinos:


Σφί·γξ (esfinge, estranguladora) — Χόγ£ (lince) — σ ά λ π ιγξ (trombeta)
— λάριτγξ (laringe) — ταύρος (touro) — ovos (asno) — κριτής (juiz) —
Zeús (Zeus, nome do pai dos deuses olímpicos = Júpiter, na mitologia
latina) -—· νεανίας (rapaz, jovem) — ' EXXás (Hélade, Grécia) — "EXXrjj»
(Heleno) — ‘PóSos (Rodes, ilha) Ά σ ία (Âsia) — Αϊ-γυπτος (Egito) — δώρον
(dádiva, dom) —■αθλον (prêmio dos jogos atléticos) — αθλητής (atleta,
competidor) — αδελφή (irmã) — αδελφός (irmão) — π α τή ρ (pai) —
μήτηρ (mãe) — θνγάτηρ (filha)·— vlòs (filho) — γαμβρός (genro) — επι­
θυμία (cobiça) — χρόνος (tempo) — ευτυχία (felicidade, boa sorte) —
διστυχία (infortúnio) — νυός (nora) — πενϋερά (sogra) — πενθερός (sogro).

IMAGENS DA HÉLADE N° 6 (Texto de Ilustração)


“A MORTE DE H E I T O R ”
(Traduzido da ILÍADA de Homero, Canto X X If, 310-336)

— Aquiles, o invencível herói aqueu, persegue furioso o admirável


Heitor, campeão dos Troianos, ansioso por vingar seu amigo Pátroclo,
morto por ele. Correm ambos em tòrtio dos muros da cidade sitiada, neste
OS GREGOS E SEU IDIOMA 109

último combate singular do poema, sob o olhar atento dos deuses, que
decidem apressar-lhe o desenlace. Zeus pesara os destinos dos contendo-
res: a hora fatal aproxima-se para Heitor. Palas Atena desce do Olimpo
ao campo de batalha e, sob os traços do troiano Deifobo, ilude o herói, que
julga ter ao lado um leal companheiro, acorrendo em seu auxílio. Lança-
-se contra o adversário com redobrado ardor e, tarde demais, descobre a
cilada, recebendo resignado a funesta decisão divina. — (v. 310).

Assim lançou-se Heitor, brandindo o gládio ponteagudo,


E se atirou também Aquiles, o coração transbordante de rancor scl-
[vagem,
Pondo à frente do peito o belo escudo trabalhado, enquanto oscilava,
Refulgente, o capacete de quatro faces, revolto o áureo penacho
Que Ilefesto dispusera, em quantidade, em tòrno da cimeira.
Tal como a estrela vespertina avança entre outros astros
No seio profundo da noite, Vésper, a mais bela de quantas há no céu,
Assim luzia a acerada lança que Aquiles brandia em sua dextra,
Meditando o mal para o divino Heitor c perquirindo em sua bela pele
O ponto em que mais vulnerável deveria ser. Ora, todo o seu corpo
[estava
Protegido pela armadura, as belas armas de bronze que, ao vigoroso
[Pát rocio,
Heitor arrebatara ao matá-lo. Visível apenas era o ponto em que
A clavícula separa pescoço e espáduas, a garganta, por onde mais
[depressa
Se esvai a vida. Foi lá que, impaciente, o divino Aquiles enterrou a
[lança.
E a ponta atravessou de lado a lado a carne tenra. Mas o pesado
[bronze
Não atingiu a traquéia, permitindo a Heitor falar e responder algu-
[ma coisa.
E enquanto rola na poeira o contendor, Aquiles, o divino, diz triun-
[fante:
— “Heitor, ao despojares Pátroclo crias-te a salvo e o proclamaste,
Esquecido de mim, estando eu tão longe. Pobre tolo! Pois afastado,
Um vingador muito melhor que tu, junto às naus bojudas, postava-se
[atrás;
E ra bem eu que agora vergo-te os joelhos e, em breve, os cães e as aves
Virão estraçalhar-te, enquanto a ele os Aqueus renderão honras fú-
[nebres.”
110 GUIDA NEDbA BARATA PARREIRAS HORTA

Desfalecente, Heitor, o de capacete reluzente, retrucou-lhe:


— “E u te suplico, por tua alma, por teus joelhos, por teus pais,
Não permitas que, junto às naus bojudas dos Aqueus, me estraçalhem
[os cães,
Mas aceita, em abundância, ouro e bronze, que te ofertarão meu pai e
Minha venerável mãe; meu corpo, devolve-o ao lar, para que Troianos
E esposas de Troianos me destinem, estando morto, às chamas da
[fogueira.”
Então Aquiles, o de pés rápidos, olhando-o obliquamente, retrucou:
— “A mim, cachorro, não supliques, nem por meus joelhos, nem por
[meus pais.
Tanto minha cólera e meu ardor me levariam a te despedaçar
Para comer-te cru, tais coisas me fizeste, quanto é certo que ninguém
Espantaria os cães de tua cabeça, ainda que trazendo dez ou vinte
[vezes
O valor de teu resgate, ou mesmo prometendo muito mais, fosse até por
Insistência de Príamo, o Dardânida, a ofertar teu peso em ouro; de
[modo algum
Tua nobre mãe te pousará num leito, para chorar a quem gerou,
Mas sim os cães e as aves te hão de devorar o corpo inteiro.”
Então, já moribundo, responde Heitor, o de capacete cintilante:
— “ Ah sim, basta-me ver-te e conhecer-te, e não deveria tentar per-
[suadir-te,
Pois há um coração de ferro no teu peito. Mas tem cuidado agora
[a fim de que
Eu não me torne junto aos deuses motivo de cólera contra ti, no dia
Em que Páris e Febo-Apolo, por mais bravo que sejas, te perderão,
[junto
Às Portas-CéiaS”. Nem bem falara e o fim mortal já o envolvia :
Sua alma evolando-se dos membros partia para o Ilades, deplorando-
[-lhe a sorte,
Abandonando-lhe a força viril e a juventude. J á estava morto quando
[Aquiles,
O divino, assim falou: “Morre! A mim virá a funesta divindade só
[quando
Assim determinarem Zeus e os outros deuses todos.”

(G.N.B.P.H.)
2* PARTE

ESTR U TU R A LIN G U ÍSTIC A DO GREGO: OS SO NS E A S


FO RM AS ID IO M Á TIC A S

1» CA PITU LO : ESTUDO DOS SONS E DE SUA REPRESENTAÇÃO


(Elementos da fonética grega no dialeto ático clássico)

7. — C LASSIF IC AÇ ÃO D A S VO G AIS E DOS DITONGOS

a) A s vogais — São sete as letras que representam os fonemas vocálicos


no grego: a (ã) - ι (T) - v (y) - e (é) - η (ê) - ο (δ) - ω (õ). As três pri­
meiras se denominam vogais comuns ou ambivalentes, porque têm os dois
valores quantitativos: podem ser breves ou longas, sem mudarem de
forma. J á as vogais e e o são representadas por duas letras diferentes,
segundo a quantidade. O t e o o sãa. sempre vogais breves, ao passo que
ο η e ο ω são sempre longos (no grego clássico).
Observe-se que, primitivamente, escrevia-se e (épsilon) tanto para notar
0 e breve fechado, como para representar o ê longo aberto ou fechado (este
último grafado mais tarde sob a forma do falso ditongo ei = ei); e também
escrevia-se o (ômikron) para representar os três sons de o breve fechado,
õ longo aberto e õ longo fechado (este último representado mais tarde pelo
falso ditongo ov (= ou).
b) Os ditongos — Em grego, como em português, há ditongo quando,
na mesma emissão de voz (sífaba), se pronunciam dois sons vocálicos: o primei­
ro chamado vogal-base nos ditongos decrescentes, vem seguido de uma semivogal
que pode ser / ou u , em nossa língua (ex. pai, céu); as posições se invertem no caso
dos chamados ditongos crescentes (a semivogal precede a vogal-base, como em mú­
tuo, por exemplo.)
Em grego, só há ditongos decrescentes, sempre orais e a vogal-base cos­
tuma ser um α (a), um e (e) ou um o (o), acompanhadas das semivogais
1 (i) ou υ (u).
Esses ditongos, chamados próprios, são os verdadeiros, pois nêles se
pronunciam ambos os elementos. São estes: av (au), ev (eu), ov (ou), eu
(ai), ei (ei), oi (oi), vi (ui). Excepcionalmente, poderão ter a vogal-base
longa, isto é, η (è), ω (ó), seguidos de u (y): ηυ (eu), ωυ (õu). Exemplos:
112 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

aòròs (autós = o próprio), ίϋδανμονία (eudaimonía = felicidade), ουρά


(ourá = cauda), αισχρά (aischrá = feia, vergonhosa), eiõos (eidos = as­
pecto, aparência), οικία (oikía = casa), viós (hyiós = filho), ηύρηκα (hêú-
rêka = achei, do verbo evpiaxtiv que significa achar, no perfeito).
N.B. — Os ditongos ti e ov tenderam a fechar-se, na pronúncia, de
modo que et ficou semelhante à pronúncia do η e ου passou a representar a
nossa vogal u. (por isso se chamam, às vezes, falsos ditongqs).
Outros são os chamados ditongos impróprios, nos quais a base é uma
vogal longa, η (è), ω (õ), ά (ã), seguida da semivogal t (i), e que, praticamente,
desapareceram do grego. Não constituem verdadeiros ditongos, porque a
semivogal cedo deixou de ser pronunciada, embora venha grafada, por
tradição gramatical. E o iota subscrito, quando a base é letra minúscula
ou o iota adscrito, quando acompanha ' vogal maiúscula, porém sempre
mudo. Ex.: ςιδω (ã^õ = eu canto, verbo) ou ’Ά ιδω (A,do), ωδή (õ,dê =
= o canto, a ode) ou ’Ο,ιδή (0,dê), ήδον (êidon = eu cantava, verbo) τΗ ιδον
(Ê.don).
3Ç Exercício·. I — Leia e transcreva em caracteres latinos·.

1 — At μ ελ ιττα ι rò μίλι, πονούσιν.


2 — Oi άνθρωποι, βροτοί άσιν.
3 — At Ελληνικοί οίκίαι καλαί ήσαν.
4 — Δελφοί iepòs roxos rois ‘Έ λ λ η σ ιν ήσαν.
5 — Ό ravpos κ ρ ά ττω ν του 'ίππου έστίν.
6 — Ή ημέρα tv τή νήσιρ καλή ’έ σται.

I I — Assinale, com um traço, os ditongos próprios e com dois traços os


ditongos impróprios, nas frases precedentes.
I I I — Tradução das frases deste exercício:
1 — As abelhas produzam mel.
2 — Os homens são mortais.
3 — As casas lielênicas eram belas.
4 — Delfos era um lugar sagràdo para os Gregos.
5 — O touro é mais forte do que o cavalo.
6 — O dia será belo na ilha.
N.B. — Observe-se que, em frases curtas ou em sentenças axiomátifas, o
verbo vem colocado, normalmente, no fim (está sublinhado nas frases
do texto grego).

4.° Exercício: Transcreva em caracteres gregos:


géphyra (ponte) — stoá (pórtico) — nèsos (ilha) — nósos (doença) — lyra
(lira) — nómos (lei) — agrós (campo) — geõrgós (agricultor) — pelra (ex-
OS GREGOS E SEU IDIOMA 113

periência) —empeiría (experiência, ciência) — dáphnè (loureiro) — mathõtes


(aluno) — didá.skalos (mestre) — didáskein (ensinar) — (éelmõ (arte, técni­
ca) — karya (nogueira) — káryon (noz) — phánnakon (droga, remédio,
veneno) — zoion (animal, ser vivo) — Hermes (Hermes ou Mercúrio, na
mitologia latina).

8. — CLASSIFIC AÇÃO D A S CONSOANTES


a) As 17 consoantes do alfabeto grego se subdividem em oclusivas (também
chamadas explosivas ou, segundo a nomenclatura latina, mudas), conti­
nuas e duplas.
No primeiro caso, essas consoantes se pronunciam em conseqiiência
de uma súbita interrupção da corrente expiratória, pela momentânea
união de dois órgãos da fala (os lábios, a língua e os alvéolos dentários, a
língua e o palato, etc.) c, no segundo, apenas pela aproximação dos órgãos
da fala, mas sem que haja oelusão da corrente expiratória, permitindo
que o ar continue seu trajeto através do aparelho fonador, sem interrupção.
De acordo com o ponto da articulação, isto é. o local pm que ocorre
a interrupção da corrente de ar expirada, as consoantes oclusivas poderão
ser labiais (bilabiais), dentais (línguo-dentais), velares ou guturais (do
latim “g u ttu r” = garganta). E, segundo a natureza da eirliculação. com
ou sem a participação da vibração das cordas vocais, ou com um leve sopro
acompanhando a articulação, teremos, respectivamente, consoantes sono­
ras, surdas c aspiradas.
Quanto às consoantes contínuas subdividem-se em liquidas, nasais e
sibilantes, também sujeitas às variações da natureza da articulação.
J á as duplas, na. verdade, são letras que representam não um, mas
dois fonemas. São: uma dupla labial ( — ps), uma dupla gutural ( = ks
ou cs) e uma dupla dental ( = dz ou zd).
b) Quadro geral do vocalismo c do consonantismo gregos:

I — VOGAIS II — D I T O N G O S

Comuns Breves Longas Próprios Impróprios

A a E í Η η At, m . Et, et Ãt, ?


I t 0 o Ω ω Au, av. Eu, eu Ht, v
Y u — — Ot, oi. Ou, ou Ωι, φ
— — — Yt, ut. Hu, ηυ —

- Ωυ, ωυ
114 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

III — CONSOANTES

OCLUSIVAS C O NTÍN UAS DUPLAS

Oclusiva
Aspi­ Líqui­ Nasais Sibilante +
Surdas Sonoras radas das (Sonoras) (Surda)
Sibilame

Labiais Π 7Γ Ββ, 6 Φ φ — Μ μ —

Dentais T T δ δ θ Θ Λ λ N v Σ σ, s z r

Guturais K X Ty Xx ‘P p Ty — 3 ξ
(Velares)

N.B. — As consoantes contínuas, em geral, são sonoras, exceto o sigma


que e sempre surdo e o rhõ inicial que é sempre aspirado. O gama é nasal quando
representa uma nasal dental seguida de qualquer gutural, mesmo a dupla
(cf. Observações ortográficas).

5“ Exercício —
I — Transcreva em caracteres gregos;

1 — Anthrõpois ho chrónos iatròs lypes estín.


2 — Hèdonai pQllákis aitía lypõn eisin.
3 — Hê theà kalê kai agathé estin.
4 — Ho thánatos tên tovl anthrõpou zõên paúei.
5 — Hoi theol hellénikol athánatoi êsan.
6 — Érgois philóponos ísthi, me lógois mónon.

II — Tradução das frases precedentes:

1 — Para os homens o tempo é o médico do sofrimento ( = tristeza, luto).


2 — Prazeres muitas vezes são causa de dores ( = sofrimento).
3 — A deusa ( = esta deusa) é bela e boa.
4 — A morte faz cessar a vida do homem.
5 — Os deuses helênicos eram imortais.
6 -r- Sê diligente nas obras ( = trabalhos), não somente nas palavras
( = discursos).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 115

9. — A LT E R A Ç Õ E S VOCÁL1CAS

a) Elisão, crase, contraçãoy metátese —

I — Elisão — consiste no desaparecimento de uma vogal breve final,


quando a palavra seguinte também se inicia por vogal. Ex.: ά τ ' Ιτ α λ ία ς
( — da Itália, com sentido de origem, por àwò Ιτα λία ς).
O Y nunca se elide (exceção).
II — Crase — (do grego κράσις = mistura). Ocorre quando se fundem
duas vogais, uma final e outra inicial, entre palavras Intimamente unidas
pelo sentido (substantivo e adjetivo, pronome e verbo, artigo e substan­
tivo, preposição e pronome, etc). A crase é indicada por um sinal idêntico
à forma do espírito fraco (’) e que se chama “χορωνίς” (= corônis, isto é,
"ganchinho”). Distinguem-se um do outro, porque o espírito só pode
vir em vogal inicial, ao passo que a corônis costuma aparecer no interior
da palavra, marcando as duas sílabas em que se deu a crase. Ex.: τα υτά
{= τα αυτά = as mesmas coisas) — έγωδα (— έγώ οΐδα = eu sei) —
χά σ τιν (= xai εστιν = e há), etc.
III — Contração — Freqüentemente, no ático, há contração de vogais
que se encontram em hiato, em virtude da queda de uma consoante inter­
mediária.
A sílaba resultante dessa contração contém sempre uma vogal longa
ou um ditongo. Por exemplo: e + e = et, o + o = ου, e + α = η.
O quadro geral das contrações vocálicas, assim como as regras que
presidem ao fenômeno, serão dados em local oportuno (cf. nomes contratos,
verbos contratos).
IV — Metátese— (gr. μετάΟεσις = transposição). Em certos casos,
pode dar-se uma inlerversão ou metátese entre dois fonemas, uma vogal e
uma líquida ou duas vogais de quantidade diferentes, que não se tenham
contraído, estando em posição contígua. Ex.: καρτεράς e χρατεράς ou
βασιλέω ς por βασιληος. Serão observados os casos mais comuns, no
decorrer do eátudo da morfologia nominal e verbal, no lugar devido.
b) Alternância vocálica (gr. άποφωνία) — Consiste na faculdade que
tem o elemento vocálico, de qualquer das partes formadoras de um vocábulo
de variar de timbre ou de quantidade. Isso tanto pode ocorrer na raiz,
como num sufixo ou numa desinência, sendo um fenômeno especialmente
freqüente no grego.
A alternância pode ser qualitativa (quando se alternam timbres vocá-
licos) ou quantitativa (quando variam as quantidades) num mesmo ele-
116 GUIDA NEDDA BΑΒΑΤΑ PARREIRAS HORTA

mento de formação. Ex.: \é y e iv (= dizer, afirmar), λόγο? (= discurso,


fala), κρίνω (eu julgo), κρίνω (eu julgarei).
0 estudo das alternâncias ou da apofoxia , como se chama em grego,
é bastante complexo, razão pela qual o retomaremos em fase mais avan­
çada de nosso estudo. (Vide 39 capítulo —Item 32).

6Ç Exercício —
Transcreva em caracteres gregos e sublinhe os vocábulos que tenham
espírito áspero:
zelos (inveja, ciúme) — zõnê (cinto, faixa) — xanthós (amarelo, louro) —
leukós (branco) ■— mélas (negro) ■— kyanós (azul) — phaiós (pardo, marron,
cinza) — chlõrós (verde) — pyrrós (cor de fogo) — kórax (corvo) — pérdix
(perdiz) — ánemos (vento) — potamós (rio) ·— kálamos (caniço, cálamo)
—■alopêx (raposa) — híppos (cavalo) — hebê (juventude) — cháris (graça)
— xénos (estrangeiro) — xylon (madeira) — hylê (floresta, bosque) — pséphos
(seixo, calhau) — phílos (amigo) — phyllon (folha) -— déndron (árvore)
— karpós (fruto) — hypnos (sono) — hjtmnos (hino, canto em louvor de
um deus) — syké (figueira).

IMAGENS DA HÉLADE N* 7 — (Texto de ilustração)


“A S A R T E S IN D U S T R IA IS N A GRÉCIA A N T IG A ”
(adaptado de A. Jardé, “La Grèce Antique et la Vie
Grecque” Delagrave, 1953)

Os Gregos jamais distinguiram de nenhum modo o artista e o artífice.


Os marmoristas que esculpiam as esteias funerárias ou os praticantes de
modelagem (κοροπλάβοι.), aos quais devemos as figurinhas de Tânagra e de
Mirina, sofriam a influência dos grandes artistas. O menor objeto — arma,
jóia, vaso ·— tinha um valor artístico e as indústrias de arte sempre foram
florescentes... A mais conhecida e mais brilhantemente representada,
entre elas, foi a da cerâmica.
Os mais antigos vasos gregos são olarias grosseiras, feitas de uma
argila mal depurada, moldadas à mão e mal cozidas. Aos poucos a técnica
se foi aperfeiçoando: o emprego do tomo permitiu a obtenção de formas
mais regulares e mais leves. A argila, a .princípio cinzenta e enfumaçada,
assume com o cozimento uma bela cor vermelha; o omato, reduzido origi­
nalmente a algumas incisões, desenvolve-se, graças à aplicação das cores.
A cerâmica cretense oferece-nos vasos admiráveis: primeiramente os
chamados “Kamares”, com ornamentos policrômicos, em laranja, verme-
OS GREGOS E SEU IDIOMA 117

lhão, e branco, em fundo negro; em seguida, vasos de fundo mais claro,


onde se destaca um ornato marron avermelhado. Essa decoração é toma­
da, quase sempre, aos reinos vegetal e animal, que os artistas estudam
com amor e reproduzem com escrupulosa fidelidade. A cerâmica micênica
continua a mesma técnica e a mesma decoração.
Com as invasões do X" século, a cerâmica micênica desaparece da
Grécia propriamente dita e dá lugar ao “estilo geométrico” (X^-VIII 9
séc. a.C.). . . . Esse estilo irá dominar, principalmente, na Ática (“vasos
de Dípylon”) e na Beócia. Combina as linhas retas como elemento de
decoração: triângulos, losangos, quadriculados, ziguezagues, dentes-de-
-lóbo; o vegeta], o animal e o próprio homem são reduzidos a formas geo­
métricas e “têm a rigidez de atitude e de estrutura que os assemelha a
brinquedos de arame” (cf. Pottier, “ Catalogue de Vases du Louvre”, I,
p. 216). A policromia se reduz ao mínimo; as silhuetas opacas destacam-
-se em negro no fundo rubro da argila.
. . . Bem cedo, Atenas fabrica vasos. Desde ο IX 9 século, os Atenien­
ses erguem em seus túmulos “ânforas” e “crateras”, cujas dimensões, exi­
gem grande habilidade técnica do ceramista e nos quais o pintor, apesar
da rigidez do estilo geométrico, já é capaz de desdobrar vastos conjuntos.
No V I 9 séc., a cerâmica se desenvolve: é o tempo dos “vasos de figu­
ras n-egras”. Como em Corinto, só se conhecem em Atenas três cores fun­
damentais: o vermelho, o preto e o branco. O vermelho é fornecido pela
própria terra: misturam-na com o “minium” para que ela assuma um
tom mais brilhante com o cozimento. Sobre esse fundo vermelho da argila
aplicam-se as cores: o negro, o vermelho violáceo e o branco leitoso. As
figuras se destacam em negras silhuetas opacas, à maneira das sombras
chinesas. Os detalhes interiores são obtidos, seja pela aplicação de relevos
coloridos, seja, de preferência, pela incisão que, traçada a buril, dificil­
mente deixa de ser seca e rígida. Os principais ceramistas désse século são
E rgótimos, C lítias , E xéquias, A másis.
No fim do século, os oleiros atenienses fazem progresso decisivo ao
inventarem os “vasos de figuras vermelhas”. Embora conservando a fun­
damental oposição entre o vermelho e o negro, eles invertem os termos
do problema: é o fundo que passam a u ntar uniformemente com uma co­
bertura preta, e são as figuras que conservam o tom vermelho da argila.
Agora então já se pode, na silhueta reservada em claro, traçar e pintar
em traços pretos todos os detalhes necessários. O desenho faz rápidos p ro ­
gressos: as linhas sinuosas reproduzem o jogo dos panejamentos; a mus­
culatura é estudada e representada com precisão; às figuras de perfil se
mesclam as figuras de frente e de três quartos; os rostos se animam e
tornam-se expressivos. Os mestres da figura vermelha são: E pílikos ,
118 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

E uphrônios , B rygos, D ouris. Enfim, fazem-se ensaios de policromia


com o “vaso de cobertura branca”, posto em moda por N ikósthenos . Essa
técnica é empregada sobretudo para os “lecythos funerários” : sobre fun­
do branco aplicam-se tons variados, verde, azul, amarelo, rosa, casta­
nho. Mas são cores frágeis que se conservam mal; os ceramistas, mais
preocupados com a utilidade prática, preferem m anter as três únicas
cores que suportam com facilidade o cozimento.
Os artistas atenienses prendem-se ao modelo que lhes permite melhor
fazer valer seu talento de desenhistas, ao estudo do corpo humano. . .
Os oleiros de Atenas haviam exportado os produtos de sua indústria
a todo o mundo mediterrâneo, e em particular à Itália. Os ceramistas
locais irão imitá-los, e novos centros de fabricação se criam, por exemplo,
na Magna Grécia, em Tarento, a p artir do IV 9 século.
Na Grécia já é o declínio da cerâmica. O “vaso com relevos”, excep­
cional na época clássica, suplanta aos poucos o vaso pintado. De fabri­
cação mais fácil, mais rápida e menos custosa, éle encontra clientela entre
as populações helenísticas empobrecidas e menos exigentes de arte. Será
a essa cerâmica em relevo que, na época imperial, as oficinas da Itália
(Arezzo) e da Gália (Lezoux) solicitarão seus modelos.

10. — A LT E R A Ç Õ E S CO NSO NAN TAIS.

a) Vocalização — Entre as muitas alterações que as consoantes gregas


podem sofrer, a vocalização é, com freqüência, resultante da apojonia, em
nasais ou líquidas, como ocorre no acusativo dos temas consonânticos da
3.* declinação. Ex.: πό<5α (acusativo de 7roós, ttoÔós — pé. Cf. o latim
pedem), em que a desinência - α provém de uma sonante nasal m.
Outras vezes isso ocorre com as chamadas sonantes ou semiconsoantes:
o iode (ou i consoante, como no latim iugurr) e o digama (ou wau, isto é, o
u consoante, como no latim vicus), fonemas que desapareceram no grego,
mas se conservaram no latim, evoluindo, respectivamente, para j e υ nas
línguas românicas. O iode foi pronunciado durante uma certa fase da evo­
lução dã língua grega, embora não tenha sido grafado; mas o digama, não
só era pronunciado, como também grafado, nos inícios do período histórico
da língua. Exemplos; Zí/fs > Zeús (Zeús ou Júpiter, na nomenclatura mi­
tológica latina). Observa-se a vocalização do digama (f) diante da con­
soante sigma e o abreviamento do eta. Αβίχνυμν (de SejxvvpL = eu mostro).
É útil e necessário conhecer a existência desses dois fonemas, que serão
citados futuramente na explicação de numerosas formas gramaticais.
b1) Acomodação (ou assimilação parcial) ·— Dá-se quando duas consoantes
cbntíguas se aproximam foneticampnte, isto é, uma delas exerce influência
OS GREGOS E SEU IDIOMA 1 19

sobre a outra, que se modifica em seu ponto de articulação. Exemplo:


σννφωνία > συμφωνία (= svmphonía e não syn-phonía. Cf. em português
a presença de m antes de b e de p), ãyxvpa (= ánkyra, em que a nasal
guturalizada vem representada por um gama na grafia), oyôoos (= ógdoos
= oitavo. Cf. οχτώ = okto = oito, em que as consoantes contíguas
assumiram a mesma natureza: x r — surdas, yò — sonoras).
Um caso freqüente de acomodação jonética é a transmissão da aspi-
ração de um fonema para outro. Ex.: αφ'ημών (= aph' hemon, isto é,
de nossa parte), em lugar de απ' ημών (= ap' hêmon, elisão de apò hemôn).
c) Assimilação {total) — Consiste na identificação de uma consoante com
outra que lhe é contígua (antes ou depois dela). Ex.: συλλαμβάνω
(= syllambánõ, por syn-lambáno = eu apanho) — συρρήχνυμι (= syrrêgny-
mi, por synrêgnymi = eu quebro).
d) Dissimilação —- É um fenômeno contrário ao precedente, provocando
o afastamento fonético da articulação das consoantes, em posição contígua
ou njuito próxim a uma da outra. E x. : àvvarbs (= terminado) (da forma:
άνντ-TÒs, do verbo anyteiv, term inar. Ocorreu aqui a sibilização do r
diante de outra dental. Este fato é corrente também quando uma dental
surda (r) vem seguida de vogal, mormente t, como em δίδωσι ( = dídõsi,
por δίδωτι — didõti, isto é, ele ou ela dá).
Outro caso de dissimilação é a perda da aspiração de uma de duas
sílabas aspiradas consecutivas {desaspiração). Ex.: réâvxa (= téthyka =
eu sacrifiquei aos deuses, por: dtCvxa = théthyka, perfeito do verbo 6vílv =
= oferecer um sacrifício).
A propósito note-se que, se por alguma razão fonética, a aspiração
interior de uma palavra desaparecer, é de regra que reapareça, por com­
pensação, na sílaba inicial. Ex.: Ορίξ (nominativo de τριχό s = trichós =
= cabelo) — έχω (pres. de έχβιν) ■— 'έξω (futuro ativo do mesmo verbo).
e) Acréscimos consonantais — Pode acontecer algumas vèzes que surja
uma nova consoante, para desfazer um grupo consonântico de difícil pro­
núncia. É o que chamamos epêntese (gr. èrrévCeals = epénthesis = inter-
calação), sendo a consoante epentética aproximada, em seu ponto ou natu­
reza de articulação, das duas outras em que se intercalou. Ex.: χαμ-β-pbs
(= gam-b-rós = genro, em que o beta é epentético, entre o my e o rhô)
— á v -ò -p b s { = andrós, genitivo de ά ν ή ρ , varão ou marido, com delta epen­
tético) (á v e p là v p là v ô p - ).
Em outros casos, a consoante se acrescenta, em posição final, à palavra
terminada por .vogal, por simples questão de eufonia. É o que chamamos
epítese (= gr. tiriBeaíç = epíthcsis, isto é, posposição), fato freqüente em
determinadas formas verbais terminadas por épsilon ou por ioto, que recebem
120 GU1DA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

um ny eujônico (u), assim como também os dativos do plural em - σι (= si)


da terceira declinação. A negação dos verbos, geralmente oú (= ou = u),
passa a escrever-se οΰχ e ούχ, conforme o vocábulo que se siga comece por
vogal ou ditongo com espírito fraco ou forte (cf. aspiração por acomodação
parcial).
f) Queda, de consoantes. Compensação fonética. — Numerosos fatores
podem determinar a queda de consoantes, como o desaparecimento siste­
mático do sigma intervocálico (o que chamamos síncope, ou melhor, corte
de um fonema mediaL — Gr. σχ/γχοπή)·, ou então, a queda obrigatória
de toda consoante em posição final, com exceção unicamente de v, p, s,
(= n, r, s, além das duplas xf/ e £, que incluem o sigma). É o que cha­
mamos apócope (do grego αποχοπη).
Não devemos pensar que a negação oòx e a preposição èx (ou ê£ = ex,
no latim) constituam exceções a esta regra, visto serem palavras proclíticas
dtonas, que formam uma unidade fonética com o vocábulo que as sucede
na frase e se subordinam à sua acentuação.
Em conseqüência dessas quedas de consoantes, pode ocorrer uma com­
pensação fonética, pelo alongamento da sílaba precedente (alongamento
compensatório), segundo regras bem estabelecidas: a > η, e > ei, o > ou.
(cf. a morfologia nominal e verbal).
g) Importância da analogia — Antes de encerrar estas breves considera­
ções a respeito do fonetismo grego, não podemos deixar de fazer referên­
cia à atuação da analogia, processo lingüístico que interfere muitas vezes
nas formas tidas por normais do idioma, alterando-as por efeito de uma
espécie de paralelismo subjetivo. É a analogia que contraria as regras fo­
néticas e morfológicas usuais, fazendo surgir novas formas inesperadas,
em lugar daquelas que seriam logicamente possíveis, pela substituição de
determinados sons ou formações idiomáticas, por outras formas tidas por
mais freqüentes ou mais características.
É o caso, para só citar èste, da reposição de um sigma em situação
intervocdlica, em determinadas formas, por analogia com outras do mesmo
vocábulo ou da mesma família de palavras. Exemplo: π όλβοι (= pólesi,
dativo plural do nominativo singular πόλις = pólis, cidade). [Os casos
mais importantes da influência analógica serão apontados à proporção em
que forem surgindo, no decorrer de nosso estudo gramatical.]
Em suma, as indicações que acabamos de fazer, versando os aspectos
principais do fonetismo grego, são essenciais ao entendimento do que se
vai seguir, não nos parecendo útil aprofundá-las desde já, mas preferindo
retomá-las parí passu com o estudo da morfologia, na medida em que 3e
fizerem necessárias.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 121

7Ç E x e r c íc io —

I — Escolha, nos exercícios precedentes, cinco palavras gregas, que con­


tenham consoantes aspiradas; cinco que se escrevam com letras duplas;
três que contenham ditongos próprios e três que apresentem ditongos im­
próprios. Tome a copiá-las com os respectivos significados.

II — Transcreva em caracteres gregos·.

ho archaíos mythos (= a antiga lenda) — hê mélaina kómê (a negra cabe­


leira) — hè kale komè (a bonita aldeia) — tò mikròn zõjon (o pequeno
animal) — hê chalkê sphyra (o martelo de bronze) — tò thaumásion phár-
makon (o miraculoso remédio) — ho chrysoús ichthys (o peixe de ouro).
N.B. — Nestes conjuntos de artigo, adjetivo e substantivo, a posição normal
do adjetivo é entre o artigo e o substantivo.

I I I — Nos exemplos precedentes, identifique vocábulos gregos de que se


tenham formado palavras portuguesas, citando estas últimas. Exemplo:
archaíos — (arcaico, arqueólogo, arcaismo, etc.)

11. — R E G R A S G E R A IS DA ACENTU AÇÃO GREGA. — ENCLÍ-


TICOS E PROCL1TICOS. (Vide pág. 99)

a) A acentuação — Vimos que os três acentos gregos são o agudo, o grave


e o drcunflexo, cabcndo-nos agora explicar-lhes o emprego.
1 — Acento agudo (rbvos οξύς) — pode recair sobre qualquer das três
ultimas sílabas de uma palavra, sejam elas breves ou longas, mas só po­
derá estar na antepenúltima, quando a última for breve. Ex.: ποταμός
(= rio), αγορά (= praça pública), πη γή (= fonte), são palavras oxítonas
(οξύτονοι λέξεις), porque q acento está na última sílaba.
J á αίτια (causa, origem), κρήνη (fonte, repuxo), νόμος (lei), νεανίας
(rapaz), são paroxítonas, porque o agudo está na penúltima sílaba
(·,παροξύτονοι λέξεις). No entanto, ανβρχπος (homerti, ser humano), άγκυρα
(âncora), φάρμακον (remédio, veneno) são proparoxítonas, pois têm o
acento agudo na antepenúltima, o que só é possível porque a última sílaba
tem quantidade breve (προπαροξύτονοι λέξεις).
2 — Acento grave (τόνος βαρύς) — só é usado para substituir o acento
agudo dos oxítonos, quando estes vierem seguidos imediatamente de vocá­
bulo acentuado, indicando assim um certo abaixamento no tom da sílaba
que o recebe (βαρύτονοι λέξεις). Exemplo: ó àyaBòs άνήρ (= o bom
varão), ή ά-γαβή ήμέρα (= o belo dia ou a bela manhã). São as palavras
barítonas.
122 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Essa troca de acentos nunca ocorre antes de pontuação forte, ou de


enclíticos átonos.
3 —- Acento circunjlexo ( topos περισπώμενος) — Emprega-se apenas
em uma das duas últimas sílabas do vocábulo, desde que tenham a quan­
tidade longa, isto é, contenham uma vogal longa ou um ditongo qualquer
(sílabas longas por natureza). Quando recai 11a última sílaba, este acento
tom a as palavras perispômenas (περισπώμενοι λέξεις) Ex.: άπλοια ( = ha-
ploús = simples) 7 ή (= gê = terra) 'Αθήνα (= Athenâ, nome da deusa
Atena ou Minerva).
Para recair na penúltima sílaba, porém, é indispensável que a última
sejà breve.. Ex.: Μοίρα (Moirã = destino, fatalidade), — δώρον (= dõ-
rón = dádiva, dom), σφύρα (sphyra = martelo). Estas palavras são então
properispômenas (προπερισπώμενοι λέξεις).

89 Exercício —
Nos precedentes exercícios, identifique cinco nomes oxítonos, cinco
paroxítonos, cinco proparoxítonos, três perispômenos e três properispô-
menos. Torne a copiá-los com os respectivos significados.
b) Enclíticos e proclíticos — Particularidades na acentuação, por efeito
da ênclise.

Algumas palavras, principalmente monossílabos, costumam vir tão


intimamente ligadas aos vocábulos que acompanham na frase, que deixam
de ter acentuação própria, para apoiar-se na dos termos vizinhos. São as
chamadas palavras átonas, que se tomam proclíticas, quando se subor­
dinam à acentuação da que se lhes segue (próclise = inclinação para a
frente), ou ficam enclíticas, (ênclise = apoio sobre outra forma) se vêm
subordinadas à acentuação do vocábulo precedente (cf. no português, os
pronomes pessoais oblíquos, ora enclíticos, ora proclíticos ao verbo) (cf.
no grego — πρόκλισις — έγκλισις).
I — Proclíticos — são apenas dez monossílabos, sempre átonos, exceto
em duas circunstâncias: ou diante de um enclítico, deie recebendo acentua­
ção, sob forma de agudo, ou, excepcionalmente, diante de um sinal de pon­
tuação (cf. a negação OY). São proclíticos:
1 — o nominativo do singular e do plural (masculino e feminino)
do artigo definido (ó, 17, oi, ai);
2 — três preposições: eis (em, para, na direção de), ’εν (em, sobre,
no lugar), εκ ou εξ (fora de, para fora de);
3 — duas conjunções: ει (se), cbs (como, que — integrante);
4 — a negação: oii (οΰκ, ούχ).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 123

Exemplos: ό άνθρωπος καί ή κόρη (= ο homem e a menina),·— ovre


(= e não), t i r e . . . ã r e (ora . . . ora). η oi); (Falas ou não?).
II — Encliticos — Diversamente do que ocorre em português, a ênclise
pode atuar sobre monossílabos e também dissílabos, até quando são formas
verbais! Os encliticos que, com freqüência, possuem acentuação própria,
ora perdem-na, por efeito de ênclise, ora transferem-na, sob a forma de
acento agudo, para o vocábulo precedente, em cuja dependência fonética
se encontram.
São encliticos, principalmente, os seguintes vocábulos:
1 — as formas oblíquas dos pronomes pessoais do singular (cf. De-
clinação pronominal, D P arte);
2 — o pronome indefinido: t i s , t i (algum, alguém, alguma coisa)
i,cf. Decl. pronominal 2.a Parte);
3 — alguns advérbios indefinidos de lugar e de modo (cf. 2° Tomo —
Estudo morfológico e sintático das palavras invariáveis: Advérbios):
4 —· algumas partículas monossilábicas (cf. 29 Tomo : Partículas);
5 ■
— o sufixo inseparável - δ e, em pronomes demonstrativos e inde­
finidos como: oôe (este, esse);
6 — as formas do indicativo presente dos verbos elpí (= eimí = eu
sou ou estou) e φημί (= phêmí = eu digo ou afirmo), com exceção da 2 .*
pessoa do singular (cf. a conjugação desses verbos, na parte de conjugação
atemática dos verbos gregos).

I I I — Efeitos da ênclise na acentuação —


1 — Após um oxítono ou um perispômeno — o enclítico, seja monos-
silábico ou dissilábico, torna-se átono. Ex.: χρυσός ris (algum ouro),
χρυσονς ίσ τιν (é de ouro).
2 — Após um paroxltono -— o enclítico monossilábico toma-se átono,
mas o dissilábico mantém sua acentuação original. Ex.: νόμος τις (uma
lei), νόμος έστίν (é lei).
3 — Após um. proparoxítono ou um properispónemo — qualquer enclí­
tico transfere seu próprio acento à palavra que o precede, sob a forma de
a'gudo, sobre a sílaba final desta última, que passa a ficar com dupla acen­
tuação. Ex.: μοίρα, τις (um certo destino, algum destino), μοϊρά Ιστιν
Çé destino), 'άνθρωπός τ ιs (algum bomem), άνθρωπός ίσ τιν (é homem).
Observações:
a) As enclíticas conservam o acento que lhes é próprio nos casos abaixo:
I — diante de outras enclíticas. Ex.: eí πώ ς τις αν λόγοι.(= se de algum
modo alguém falasse);
124 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

II — depois de um paroxítono, desde que as enclíticas sejam dissi-


lábicas;
III — quando se elide a sílaba da palavra que as precede, sobre a
qual deveria recair o acento. Ex.: ’AyaOoi δ 'β ί σ ίν (= àyaBol δέ eiaiv =
— mas são bons).
IV — quando iniciam frase, excepcionalmente. Ex.: E ί σ ί ν ol θ β ο ί
(= são os deuses).
N.B. — Diante de palavra enclítica, os oxítonos conservam o acento agudo,
que costumam trocar pelo grave quando seguidos de palavra com acentuação
própria. Ex.: Ό π ο τ α μ ό ς λ α μ π ρ ό ς έ σ τ ι ν (= O rio está brilhante).

99 Exercício —

I — Explique a acentuação das palavras nas frases seguintes, em função


da próclise e da ênclise:
1 Ή θ β ο σ έ β β ιά έ σ τ ι ν α ρ χ ή τή ς σ ο φ ία ς .
2 — Έ ρ τή θ α λ ά τ τ η ή θ ν β λ λ α το ις ν α ν τ α ι ς ο ν χ ά ρ έ σ χ β ι.
3 — At Μοΰσαι χ α λ α ί θβαί βίσιν.
4 — ‘Ο Ιπ π ο ς χ α ί ò όνος δ ο ύ λ ο ι β ίσ ιν τ ο ν ά ν θ ρ ω π ο ν .

I I — Tradução das frases precedentes:

1 — A piedade religiosa ( = devoção) é o princípio da sabedoria.


2 — No mar, a tempestade não agrada aos navegantes.
3 — As Musas são belas deusas.
4 — O cavalo c o burro são escravos do homem.

I II —· Classifique, quanto à acentuação, as palavras que não são enclí­


ticas nem proplíticas, nas frases precedentes.
N.B. — As palavras barítonos também sofreram a ação da próclise, visto
que eram, na verdade, oxítonas, cuja acentuação foi atenuada, o que se
indica pela troca do acento agudo pelo grave.

IO9 Exercício —
1 - Leia, em voz alta, o texto seguinte, copiando-o após e classifique as palavras
quanto â acentuação:
"ΔΥΟ ΠΗΡΑ ” — " Ε κ α σ τ ο ς ά νθ ρ ω π ο ς δνο π ή ρ α ς φ έ ρ β ι, τ η ν μ έ ν έ’ μ π ρ ο σ θ β ν,
τ η ν δ ’ ο π ισ θ β ν ' χ α χ ώ ν δ ’ έ χ α τ έ ρ α μ β σ τ ή έ σ τ ι ν . Ά λλ' ή μ ε ν έ’ μ π ρ ο σ θ β ν τ α
ά λ λ ό τ ρ ι α χ α χ ά φέρ β ι, ή δ ’ ό π ι σ θ β ν τ ά α ύ τ ο ν τ ο ν ά ν θ ρ ω π ο ν . Διά τόντο
οί άνθρωποι τ ά μέν έαντώ ν χ α χ ά ονχ ό ρ ώ σ ι, τά δέ ά λ λό τρ ια πάνν
ά χ ρ ι β ώ ς θβ ώ ντα ι.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 125

I I — Tradução do texto grego (fábula de E sopo):


“ A s d u a s s a c o la s ” — (ou Os dois alforges).
Cada ser humano carrega duas sacolas, uma 11a frente, outra atrás,
mas cada uma delas está cheia de males (vícios). Λ da frente, porém,
leva os vícios alheios, enquanto a de trás, os do próprio homem ( = indi­
víduo). Por esse motivo, os homens não enxergam os inales deles próprios,
mas observam, de imediato, com exatidão, os dos outros.”

I I I — Versão latina, cm versos, do mesmo texto (fábula dc Fedro) :

“ Peras imposuit Iuppiter nobis duas,


Propriis repletam vitiis post tergum dedit,
Alienis ante pectus suspendit gravem,
líac re videre nostra mala non possumus;
Alii simul delinquunt censores sumus.”

IV — Tradução da versão latina:


“Jú p iter impôs-nos dois alforges ( = obrigou-nos a levar dois
alforges),
Pôs um, repleto com os (nossos) próprios vícios, atrás das costas,
E suspendeu outro, pesado com os alheios, diante do (nosso) peito.
Por este motivo não podemos ver nossos males;
Mas se os outros erram, na mesma hora somos censores (deles).”

IMAGENS DE HELADE N* 8 (Texto de Ilustração)


“DELFO S: “A F O N TE C A ST Á L IA , O GINÁSIO E M A R M Á R IA ”
(adaptado de Robert Boulanger, em “Grèce”, Col-
lection “Les Guides Bleus” ) (Haohette, 1962)

A 2 km. da aldeia, sempre seguindo a estrada de Arachova, aleança-


-se, para além do santuário de Apoio, a fonte Castália, no ponto em que
a estrada faz um retorno. A célebre fonte, reconhecível pela fachada ta­
lhada na rocha, está situada a alguns metros à esquerda da estrada, no
desembocar de um desfiladeiro que separa as Fedríades. Algumas lendas
localizam nessa garganta 0 refúgio do monstro Píton. Seja como for, esse
lugar deverá ter sido consagrado ao culto, porque se descobriu em tais
paragens parte de uma base como suporte da estátua da deusa Gê, a
Terra, velhíssima divindade que proferia oráculos em Delfos, bem antes
de Apoio.
126 GUIDA NEDDA BARATA ÍJAKREIKAS IIOKTA

Os Gregos só louvaram em Castália a pureza de suas ondas argênteas,


que serviram às purificações e à lavagem do templo de Apoio. Os poetas
latinos é que fizeram dela um dos lugares de pousada favoritos de Apoio
e das Musas, como também fizeram de llipocrene, a célebre fonte do Vale das
Musas, uma fonte inspiradora.
Acerca de 500 metros de Castália, um pequeno atalho, destacando-se
à direita, permite chegar a um terraço onde jazem as rumas de um giná­
s io , construído no IV 9 séc. a.C. (depois restaurado pelos Romanos), para
substituir uma construção de época arcaica. E ra ali que os atletas se exei--
citavam, antes das provas públicas do estádio, e onde praticava também
a juventude délfica. No terraço superior achava-se uma longa galeria
coberta ou “xisto”, com a largura de 7 metros, apoiada no muro de sus­
tentação, e uma pista que a seguia paralelamente.
Essa pista descoberta, ou “paradromis” marginada a oeste por uma
calha de pedra, era destinada aos exercícios de corrida ao ar livre e o
xisto para o treinamento ao abrigo do sol e da chuva. A pista do ginásio
era tão longa quanto a do estádio.
No terraço inferior situava-se a {xilestra, dependência do ginásio
destinada às unções dos lutadores, e que compreendia também salas de
repouso e um estabelecimento termal com uma piscina redonda.
Por um sendeiro traçado no contraforte da estrada, chega-se ao sítio
chamado Marmária ( = Mármores), onde se poderá visitar um outro campo
de ruínas, o do santuário de Atena, que os Délficos adoravam na qualida­
de de “guardiã do templo” (Proiuiía) ou, por um jogo de palavras entre·
Pronaía e Prónoia, como “Providência”.
Vindo do ginásio, encontram-se, primeiro, as ruínas de uma constru­
ção do V 9 séc. a.C., identificado como Sendo a “habitação dos sacerdotes”,
em seguida as do “novo templo de Atena Pronaia”, construído no IV 9 séc.
para substituir o antigo templo, situado mais a leste, num lugar demasia­
do exposto aos desabamentos.
Alcança-se em seguida o mais interessante monumento de Marmária,
a Tholos ou rotunda em mármore, uma das maravilhas de Delfos, obra
de estilo ático do primeiro quartel do IV 9 séc. a.C. Essa magnífica cons­
trução cuja destinação é indeterminada, era rodeada de um peristilo dó-
rico de vinte colunas, das quais três foram reerguidas. Tal colunata en­
volvia uma cela de plano circular que se abria na direção do sul. O muro
interior era ornamentado por semi-colunas coríntias, enquanto que o solo
era revestido de uma pavimentação de mármore negro. As duas únicas
métopas esculpidas, muito mutiladas, que podem ser atribuídas ao enta-
blamento do peristilo, são moldagens em pedra artificial. A com ija foi
OS GREGOS E SEU IDIOMA 127

igualmente completada por duas moldagens do melhor fragmento con­


servado.
. . . Completar-se-á a visita a Marmária com o antigo templo de Atena
Pronaia, diante do qual passava a Via Sacra que conduzia ao santuário
de Apoio. Nesse local, reconhece-se um pedaço do muro do períbolo arcaico
e, mais ao sul, o períbolo clássico, que era atravessado, na frente do templo,
por um lance de escadas.
O antigo templo de Atena foi erguido nos inícios do V 9 século, no
local de um santuário ainda mais antigo (fins do V II séc. a.C.) . . . O
templo arcaico fora destruído pela queda de rochedos do Pamasso (480).
A 26 de março de 1905, em conscqüência de violenta tempestade, o
mesmo acidente se reproduziu e três volumosos rochedos esmagaram, em
sua queda, doze colunas e o longo lado leste do peristilo do templo do V 9
século.
2’ CAPÍTULO: ESTUDO DAS FORMAS VOCABULARES
VARIÁVEIS E DE SUAS FUNÇÕES NA FRASE

(Elementos de morfologia e de sintaxe das palavras variáveis)

Enquanto, no capítulo anterior, procuramos dar uma visão de con­


junto da fonética do grego ático, agora cumpre-nos estudar os formas e a
formação dos vocábulos, objeto da morfologia, e seu emprego e funções,
isto é, os elementos componentes da frase e suas recíprocas relações, a
estrutura frasal enfim, pertencentes ao âmbito da sintaxe.
Nosso propósito, de tornar o estudo da língua grega progressivo e
menos árido do que é habitualmente feito nas gramáticas do tipo tradicio­
nal, leva-nos a entrosar a morfologia e a sintaxe, como partes complemen­
tares e indissociáveis do estudo· lingüístico, que visa à compreensão ime­
diata e precisa dos textos clássicos. Assim, à proporção em que forem sur­
gindo as questões de ordem sintática, iremos assinalando-as de maneira
objetiva e funcional nos nossos “lembretes sintáticos”, em lugar de reser­
var uma longa exposição teórica ao assunto.

12. — ELE M E N TO S FO RM AD O RES DO VOCÁBULO.

As palavras gregas formam-se aproximadamente como as do portu­


guês : há as que são simples e as que são compostas ou derivadas de outras
palavras (cf. ítem 32. — Formação de palavras. — Famílias de pala­
vras, etc.).
Os elementos mórficos dos vocábulos gregos são: a raiz (elemento
primeiro, que contém o sentido básico do termo), o radical ou tema (parte
estável e, praticamente, invariável na maioria dos vocábulos, a qual muitas
vezes se confunde com a raiz, mas que é, cpm frequência, reforçada
por elementos secundários, os afixos) e as cLesinências (parte final das
palavras variáveis, para indicar-lhes o gênero, o número, o caso, a pessoa
e a voz).

A raie, geralmente monossilábica, na verdade é uma abstração grama­


tical, pois não existe por si mesma: sua presença é, porém, reconhecida
OS GREGOS E SEU IDIOMA 129

como elemento primordial, em numerosíssimas palavras que se prendem


a uma significação básica comum a todas. Ex.: Xéyeiv (= dizer, afirmar),
Xé£is (vocábulo), λεξικόν (vocabulário), λόγο? (= fala, discurso).
Note-se que, nestes exemplos, como em muitos outros, a raiz Xey-
(leg-) aparece alterada por encontros consonânticos (Xey-ai-s = Χέξις,
isto é, gutural e sigma dando a dupla ξ) ou por alternâncias vocálicas
(Xey-/Xoy- : - leg-log-).
J á o radica] (ou tema) é a parte restante da palavra, quando se isolam
as desinências: em λόγο?, o radical é λόγο- e o -? é a desinência. Ainda
há os ajixos — elementos secundários que alteram o sentido básico da raiz
e do radical — podendo aparecer no início da palavra, os prejixos, ou no
fim do radical, os svjixos. Assim, em èwiXoyos (= epílogos), o prefixo
é km.-, enquanto em λογισμό? (= logismós = cálculo, arrazoado), o sufixo
é- ι σμο - e a desinência é o - s . A vogal - o é a chamada vogal temática,
porque caracteriza o tema e precede a desinência, quando há.
H á também casos em que se'encontra um injixo, isto é, um tipo de
afixo incrustado na raiz ou no radical. Ex.: Χαμβάνβιν (= lambánein =
= tomar, apanhar), em que o infixo é a nasal - v -, que passou a - μ -,
por acomodação fonética, no interior da raiz Χαβ - (lab -). Note-se que
o radical desse verbo é complexo, comportando ainda o sufixo - a v o / - ave.
N.B. -— Quanto às chamadas “partes do discurso”, ou melhor, as classes
de palavras, são variáveis: o artigo, o substantivo, o adjetivo qualificati­
vo, os pronomes (substantivos e adjetivos) e o verbo. E são invariáveis·.
o advérbio, a preposição, a conjunção, a interjeição e as partículas.
Os artigos, substantivos, adjetivos c pronomes declinam-se, isto é,
variam em gênero, número e caso, ao passo que os verbos conjugam-se, ou
melhor, variam em número, pessoa e voz, nos diversos tempos e modos cm
que a ação pode ser considerada.

13. — C A TE G O R IA S DE GÊNERO, NÚMERO E CASO.

a) Noção de gênero — Em grego, como no latim, há três gêneros: masculi­


no, feminino e neutro.
São masculinos, via de regra, os nomes de seres do sexú'masculino, os
nomes de rios, ventos, meses do ano. Ex.: ó veavías (o rapaz, o menino)
ó avOpomos (o homem), ó ταύρος (o touro), ά κριτης (o juiz), ό Μαίανδρος
(o Rio Meandro, na Asia Menor), ò E vpos (Euro, o vento leste), ό Έ ρμης
(Hermes, deus), ô Tloaeôeiúv (o mês consagrado a Póseidon, deus dos
mares).
130 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

São jernininos, em geral, os nomes de seres do sexo feminino, nomes


de árvores, cidades, continentes, países e ilhas. Ex.: ή Μούσα (a Musa),
ή κόρη (a menina, a boneca), ή έλαια (a oliveira), ή καρύα (a nogueira),
η Ευρώπη (a Europa), η Κόρινθος (Corinto, cidade), η ’Pόδος (Rodes,
ilha), η Κ ρήτη (Creta, ilha), ή Aí/yturros (o Egito, país), ή 'Ε λ λά ς
(a Hélade).
E muitas mais, como: ή φωνή (a voz, a vogal), ή ήμέρα (o dia, a ma­
nhã), ή νύξ (a noite), ή έσπέρα (a tarde), etc.
São neutros, com freqüência, nomes de seres inanimados, nomes de
frutos e a maioria dos diminutivos, mesmo que designem seres vivos. Ex.:
rò μέτάλλον (o metal, a jazida de minério), τό δένδρον (a árvore), rò δώρον
(a dádiva), rò βιβλίον (o livrinho), rò ρόδον (a rosa), τό κάρυον (a noz),
rò ελαιον (a azeitona), rò ζώον (o animal), rò θηρίον (a ferazinha), rò
π a ίδιον (a criança), τό άθλον (o prêmio desportivo).
b) Noção de número — Em grego, além do singular e do plural, como em
português e latim, há também o dual, que se emprega para indicar dois
seres, pessoas ou coisas, embora não seja obrigatório seu uso. Ex.: ή αδελφή
(a irmã), ai άδελφ αί (as irmãs), τα άδελφά (as duas irmãs), ò νεανίας
(o rapaz), oi veavíai (os rapazes), τώ νεανία (os dois rapazes), rò
εϊδωλον (o ídolo ou imagem), τά είδωλα (os ídolos), τώ είδώλω (os dois
ídolos).
c) Noção de caso — O que chamamos casos, numa declinação, são as di­
versas formas que a palavra assume, através de desinências específicas,
para exprimir as funções que exerce na frase. O grego reduziu sua decli­
nação a cinco casos, eliminando o ablativo, que o latim conservou.
São eles: o nominativo, o vocativo, o acusativo, o genitivo e o dativo.
Estes dois últimos, além de suas funções próprias, ainda acumulam os va­
lores expressos pelo ablativo latino.
Os valores desses casos são, aproximadamente, os mesmos que em
latim, a saber:
nominativo — indica o sujeito e o predicado do sujeito;
vocativo·— exprime a invocação ou o chamamento (apóstrofe) e vem,
em geral, precedido de uma interjeição (ώ = ó);
acusativo — é o caso usado para a expressão do objeto direto, mas
também tem valor concreto, marcando o termo do movimento ou a exten­
são no espaço e np tempo, preenchida pela ação verbal;
genitivo — corresponde ao adjunto adnominal (em português com a
preposição de) muitas vezes com a função de indicar a parte de um todo,
OS GREGOS E SEU IDIOMA 13 i

mas também exprime os diversos valores do ablativo, como: o lugar de


origem ou o ponto de partida, a data, o complemento de um comparativo
e ainda a idade, o preço, a matéria etc.;
dativo — é o caso do objeto indireto, indicando a atribuição e a des-
tinação da ação verbal. Exprime ainda o complemento nominal (com as
preposições a e para em português) e também supre as funções do ablati­
vo ao exprimir o meio, a causa e o instrumento, isto é, assumindo os valo­
res do primitivo instrumental (cf. indo-europeu) e indicando o lugar,
sem idéia de movimento, função própria do locativo.
No entanto, verificam-se traços dos antigos ablativo, instrumental e
locativo indo-europeus, em determinadas formas de advérbios, que expli­
caremos na lugar devido.

I P Exercido —

I — Transcreva em caracteres gregos ·.

1 — Miltiádès, ho tõn Athênaíõn stratègós, en Marathõni, tês tõn


A

Persõn stratiâs méros apokteínei.

2 — Xérxês syn olígois hippeúsi eis tên Asían pheúgei.

3 — Dià karterías kai philoponías paraskeudzetai hè dóxa.

4 — Melétê $o,zei tên epistemên.

II — Tradução das frases acima:

1 — Milcíades, o general dos Atenienses, em Maratona, dizima uma


parte do exército dos Persas.

2 — Xerxes, com poucos cavaleiros, foge para a Ásia.

3 — Por meio ( = através) do esforço e da aplicação ( = amor ao


trabalho) adquire-se ( = prepara-se )a glória.

4 — Estudo preserva a ciência.

N.B. — Os verbos do texto grego estão grifados.


132 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

LEM BRETE SUSTTÃTICO N.° 1

QUADRO SINÓTICO DOS ADJUNTOS ADVERBIAIS MAIS


_____________________________COMUNS___________________________
(cf. acusativo e ablativo do latim)
1 — Lugar onde (sem idéia de movimento) — é expresso pela preposi­
ção kv e o dativo (cf. latim: in e o ablativo). Ex.: kv rfi olxíq.
(em, na casa).
2 — Lugar para onde (com-movimento) ·— indica-se pela preposição
eis e o acusativo (cf. lat. in, ad e acusativo). Ex.: eis την οικίαν
(para a casa, na direção da casa).
3 — Lugar de onde (ponto de partida, origem) — usa-se kx ou e από
com o genitivo (cf. lat. ex, de, ab e o ablativo). Ex.: kx rrjs oíxías
(de, fora da casa). Α π ' Ιτα λ ία ν (proveniente da Itália), άφ'
'Ελλάδον (proveniente ou vindo da Grécia). Note-se, neste
último exemplo, além da elisão da vogal final da preposição, a
conseqüente aspiração de sua consoante, por influência do espírito
forte. (cf. Itens 9-a e 10-b).
4 — Tempo (cf. latim: acusativo de extensão) - exprime-se, em geral, pelo da­
tivo: precedido da preposição èv indica a duração, mas sem preposição
- em substantivos de tempo, às-vezes acompanhados por numerais ordi­
nais —marca uma data precisa. Ex.: kv èanépg =(de tarde, à tarde ou du­
rante a tarde); ττ; τ errapp η μ έ ρ α (no 4 ? dia).
Este adjunto também pode vir no acusativo adverbial (cf. Lembrete n9 22)
ou no genitivo partitivo (cf. Lembrete n° 24), com a idéia do passar do
tempo.
5 — 0 instrumento ou o meio (cf. lat. — ablativo sem preposição) —
Em grego é o dativo sem preposição. Ex.: /3íp (pela força),
θανάτω (por meio da morte).
6 — A causa, o modo, o ponto de vista ou o motivo de uma ação — são
igualmente expressos pelo dativo sem preposição, (cf. latim —
ablativo sem preposição). Ex.: rrevíç. (por causa da pobreza).
7 — A companhia é indicada pela preposição συν ou ξύν e o dativo, ou
pela preposição μ ε τά e o genitivo. Ex.: συν τοϊ$ <pí\ots (com
ou em companhia dos amigos), μ ε τά των υίών (com os filhos, em
companhia de (seus) filhos), (cf. lat. cum e o ablativo).

14. — A D ECLINARÃO GREGA E SU A S M O D A LID AD ES


Em grego há três declinações para os substantivos e os adjetivos qua­
lificativos, classificados segundo os temas, isto é, o f o n e m a v o c á lia o (vogal
temática) ou consonântico, qu,e finaliza o radical, determina a f l e x ã o n o ­
m in a l a q u e p e r t e n c e a p a l a v r a .
OS GREGOS E SEU IDIOMA 133

a) — Assim, pertencem à l . a declinação (cf. latim 1 e 5.»), todos


os nomes cujo radical termine pela vogal - ã. São substantivos e adje­
tivos jemininos com o nominativo singular terminado em - ã ou -η,
e substantivos masculinos com o nominativo singular em - ãs ou - ps.
Ex.: àyopa, μ έ λ ιτ τ α , πηγή, veavlãs, ποιητής.
b) — Pertencem à 2.a declinação, os vocábulos de tema em -o,
sendo que os substantivos e adjetivos masculinos e os substantivos jemininos
desse tipo declinam-se da mesma maneira, apresentando o nominativo
singular em -os. J á os nomes neutros, que não ocorrem na primeira
■declinação, mas são freqüentes na 2 .*, diferem dos outros gêneros apenas
em três casos:' o nominativo, o vocativo e o acusativo, cujas terminações
são específicas do gênero neutro (substantivos e adjetivos). Estes três casos,
no singular, são terminados por - ov e no plural por - ά. Ex.: ποταμός
(masc.), άμπίλος (fem. — videira), φάρμαχον (neutro), (cf. latim — 2 .*
e 4.* declinações).

c) — Quanto à 3» declinação, apresenta enorme variedade de temas,


sendo alguns vocálicos (em vogais simples ou em ditongos) e numerosos
outros consohdHtâòòe.

Os temas vocálicos da 3.* declinação costumam apresentar as vogais


temáticas - i e - v (vogais fracas), e alguns raros nomes em - õ, - o,
- ω (vogais ásperas) que, no entanto, não se confundem com os da 1 .*
e 2.a declinações, pois têm desinências bem diferentes das dèles. Ex.:
πόλις (cidade-estado), φύσις (natureza), πρέσβνς (velho, delegado, embai­
xador), βοΰs (boi), ypavs (velha), βασιλίύς (rei).
Os temas consonânticos, subdividindo-se de acôrdo com as consoantes
finais do tema, apresentam freqüentes encontros fonéticos com as desi­
nências casuais, o que -lhes proporciona variados tipos de nominativos.
São, contudo, facilmente reconhecíveis pelo genitivo singular, no qual, elimi­
nada a desinência, encontra-se sempre o verdadeiro radical do vocábulo.
Ex.: (Nominativos) βήτωρ (orador), ά λs, (sal), άλώπηξ (raposa), a<p'iy£;
(esfinge), λαμπάς (lâmpada), λέων (leão), yv\f/ (abutre), Ópvis (ave), χΰων
(cão), yLyas (gigante), etc. (Genitivos) — βήτορος, άλός, άλώπβχος, atpiyyós,
λαμπάδας, λέοντος, yυπός, 6puídos, xvvbs, y íy a v ro s. ■.
d) — A declinação da artigo — Em grego há um artigo definido,
declinável nos três gêneros (masculino, feminino e neutro) e nos três nú­
meros (singular, plural e dual). E ra um antigo pronome demonstrativo
(cf. Poemas Homéricos), razão pela qual, com freqüência, mesmo na língua
clássica, subentende-se um demonstrativa, onde só esteja expresso o artigo
(cf. 5’ Exercício, n 9 3).
134 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

0 ARTIGO D EFIN ID O

SINGULAR PLURAL DUAL

Casos M. F. N. M. F. N. M.N. F.
/
Nom. ó V ró oi ai τα τώ τα
«4
t
Acus. τον τήν TÓ TOVS rãs τα τώ τα

Gen. τον rrjs TOV των των των TÓÍP τά ίν

Dat. τω rfi τω TOÍS ταϊ$ r ó is TOÍV τα ϊν

N.B. — O artigo grego origina-se de dois temas primitivos do pronome


demonstrativo, um servindo ao nominativo masculino e feminino do sin­
gular e do plural, outro servindo aos demais casos (temas: σο/σά, ro /rã,
o segundo deles encontrando-se sem desinência no nom. e acus. do neutro
singular). Note-se que as formas originadas do tema σο/σα são proclíticas
átonas com aférese do σ inicial (nom. sg. e pl. masc. e femj.
Observe-se ainda que o artigo não tem vocativo e o genitivo plural
tem uma única forma para os três gêneros. As formas do masculino e
neutro do aual também costumam ser usadas acompanhando substantivos
femininos.
O genitivo e o dativo dos três números é sempre perispômeno, em
todos os gêneros.

É freqüente fazer acompanhar substantivos, no vocativo, da inter­


jeição ώ ( = ó).

Não havendo artigo indefinido em grego pode-se subentendê-lo, quando


0 sentido da frase o exija, ou empregar, em alguns casos, o pronome inde­
finido ris, tí. (alguém, algum, alguma coisa). Ex.: ãiSpwirbs tls (= um
certo homem).

1 9 Exercício —

I — Faça o levantamento das palavras pertencentes à primeira declinação


(temas em - a), indicando se são masculinas ou femininas, nos exercícios
de nç 2 (I) e 4. Tome a copiá-las.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 1 35

II — Faça a lista das palavras da 2’ declinação, ocorrentes nos exercícios


de números 4 e 6 , separando os nomes neutros dos masculinos e femininos
(temas em - o.)
ΠΤ — Classifique quanto à acentuação, as palavras da 2? declinação, con­
tidas no exercício n? 2 (II ), copiando-as de novo.

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 2

ALGUNS EM PREGOS DO ARTIGO DEFIN ID O E SUA


COLOCAÇÃO

a — O artigo nunca é empregado com um predieativo. Ex.: Aí Μούσαι


0 eai, ήσαν (= As Musas eram divindades).
b ■
— Os nomes próprios vêm muitas vezes precedidos de artigo mor­
mente quando se trata de pessoa ilustre. Ex.: ό Σωκράτη* (=
(= aquele Sócrates, filósofo célebre, não um qualquer Sócrates).
c ■
— O artigo precede os adjetivos qualificativos (como adjunto adno-
minal) e, via de regra, quaisquer palavras que determinem os subs­
tantivos, costumando estas virem colocadas entre o artigo e o
substantivo. Ex.: ol ά-γαθοί ποιηταί (os bons poetas), ή τον
νεανίου οικία (a casa do rapaz), ό νυν xpbvos (o tempo atual).
d — O artigo, assim como o adjetivo qualificativo, concorda em gênero
número e caso com o substantivo a que se refere. Ex.: ό áyaâòs
νεανίας (o bom rapaz), ή άχαθή κόρη (a boa mocinha).

Í39 Exercício —
I — Identifique os artigos que se encontram nos exercícios de números
3 (I), 5 (I) e 7 (II), indicando-lhes o gênero, o número e o caso.
II — Identifique, pelos artigos, o gênero, o número e o caso das expressões
seguintes: (Exemplo: τής οικία*·— genitivo singular feminino = da casa),
oi άνθρωποί — την επιστήμην — τού* ποιητάς ■— των ψυχών (fem.) ·—
Tais Oeals — αί μεΚ ιτται ·— ώ Μούσα — tois Oeoís — ώ veavia (masc.).

15. — Λ CONJUGAÇÃO GREGA E SE U S TIPO S

a) Preliminares — A conjugação grega apresenta dois tipos básicos: o


dos verbos ditos temáticos (ou verbos em -ω) e o dos verbos atemáticos
(ou verbos em -μ ι).
13 6 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Essa conjugação comporta: 3 pessoas, 3 números (embora o dual dos


verbos seja muito menos usado que o dos nomes e pronomes), 3 vozes (ati­
va, média e passiva), 6 tempos (presente, pretérito imperfeito, pretérito
perfeito, pretérito mais que perfeito, futuro e aoristo, mas alguns verbos
têm 7, incluindo um futuro perfeito ou futuro anterior), 4 modos finitos
(indicativo, subjuntivo, optativo e imperativo) e 3 formas nominais fuma
' substantiva, o infinitivo e duas adjetivas, o participio é o adjetivo verbal)
O singular e o plural dos verbos têm as três pessoas, o dual somente
a segunda e a terceira.
b) As vozes — A forma e o sentido dos verbos gregos indicam a voz em
que se processa a ação:
I — Voz ativa — como em português, quando o sujeito pratica a ação,
quer essa ação passe diretamente do sujeito a um objeto (verbos transitivos),
quer ela esteja compreendida totalmente na forma verbal (verbos intran­
sitivos). Ex.: λύω, eu desato, λούω, eu banho, ττοιώ, eu faço (transitivos),
βαδίζω, eu ando, d p i, eu vou, -γελώ, eu rio (intransitivos).
II — Voz média — provavelmente, não se distinguiria de início da voz
ativa, posto que ambas se referem a um sujeito que faz a ação ou que se
mantém num estado. Daí serem freqüentes as formas de voz média em
verbos intransitivos, especialmente no futuro. Ex.: βαίνω (eu avanço),
βήσομαt (eu avançarei), (d. 29Tomo Lembrete n9 2)
Note-se, porém, que a voz média indica a participação do sujeito na
ação que pratica ou o seu interesse nela. Assim, nos verbos ativos, a voz
média exprime a ação que o sujeito faz para si mesmo, de onde a significação
reflexiva (direta ou indireta). O sentido reflexivo direto é raro no grego,
mas o indireto permite ao verbo ser construído com um objeto direto di­
verso do sujeito. Ex.: θύω (eu sacrifico, voz ativa) — θύομαι (eu sacrifico
em meu favor— voz média de interesse) ·— λύομαι (eu me desato, voz refle­
xiva direta) — λούομαι (eu me banho, ou melhor, eu realizo a ação de banhar
pa’a mim mesmo) —· λούομαι τονs πόδας (eu lavo meus pés, ou antes, lavo
os pés para- mim mesmo — reflexiva indireta).
I II — Voz passiva — em princípio, só deveria ser possível nos verbos
transitivos diretos (construídos com acusativos) já que ela indica que o
sujeito sofre ou recebe a ação. Ex.: η μήτηρ το τταιδίον λούει (= a mãe
lava a criança) — voz ativa, mas: το ταιδίον λούεται virò τής μητρός
(a criança é lavada pela mãe) -— voz passiva. Entretanto, há casos
especiais de verbos ativos com significado passivo, (cf. Lembrete sin­
tático n.° 17).
c) A conjugação temática - ft a conjugação viva do grego, à qual se
incorporam os verbos novos da língua, tendo sobrevivido no grego moder-
OS GREGOS E SEU IDIOMA 137

no, após ter praticamente absorvido e eliminado do uso a conjugação at£i


mática antiga.
Os verbos do lipo temático caracterizam-se por uma vogal temática
no presente de todos os modos (o/e), fazendo a primeira pessoa do singular
da voz ativa do presente do indicativo em -ω (daí chamarem-nos também
verbos em -ω). Subdividem-se em: verbos temáticos de radical vocálico
(ou verbos em -ω puro) e verbos temáticos de radical consonântico
(ou verbos em -ω impuro). Ex.: \ú - e - iv (desatar, desligar, soltar),
7ταιδίή - e - iv (educar), r í - e - iv (estimar), πέμπ - e - iv (levar, conduzir
em procissão), α ρχ - e - iv (começar, comandar), ypáip - e - iv (escrever,
grafar), σ π ά ρ - e - iv (semear), φαίν - e - iv (mostrar), etc.
Λ conjugação temática abrange a grande maioria dos verbos da
língua, incluindo, no tipo vocálico não contrato, os verbos regulares.

d) A conjugação atemática ■— Distingue-se pela ausência de vogal temática


no radical dos presentes, caracterizando-se a primeira pessoa do singular
do presente ativo do indicativo pela desinência - μ ι (por isso se chamam
também verbos em - μι). Ex.: eí - vai (ser, estar, haver), TiBé - vai
(pôr, colocar), διδό - vai (dar), iévai (atirar, lançar), ôeixvii - vai (mostrar,
indicar). As l as· pessoas, do singular do presente, sáo; el - μί, τίθη ■μι, δίδω ■
μι, ί ν - ΜΙ. Κ. τ. λ.

Em sua maioria são verbos irregulares, incluindo-se nesta categoria


os mais antigos verbos do idioma, além do verbo auxiliar eivai (1 .» pessoa
do siagular — ei - μί, eu sou, eu estou).
Os injinitivos presentes que estamos citando também distinguem as
duas categorias de conjugações: — eiv é a terminação dos verbos temáticos,
-vaX é a dos verbos atemáticos.
e) O verbo auxiliar ΕΙΝ Α Ι — Além de auxiliar a conjugação de algumas
formas compostas, ativas e passivas, este verbo é também de ligação (cf.
ser, estar), construindo-se com o predicativo do sujeito no mesmo caso
deste último. Também pode significar haver (impessoal) ou existir. Ex.:
Geós ea n v = Deus existe.
É extremamente irregular e defectivo, possuindo apenas os tempos
seguintes: presente, pretérito imperfeito e futuro do indicativo; presente
do subjuntivo e do imperativo; presente e futuro do optativo e dos infini­
tivos e jMrticípios. Note-se que os futuros deste verbo têm a forma da
voz média, embora com o significado ativo próprio dos outros tempos.
(Form a depoente).

A raiz primitiva de eivai é èa - (cf. lat. verbo esse), que aparece


muito alterada nas diversas formas de conjugação.
138 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Modo Indicativo de E Z p c u - — 1.* pes. sing. pres. eiμi

Presente Pret. Imperfeito Futuro

S. l.p. βίμί • ήν (η) Ισομαί


2 .p. el ησϋα taei
3.p. ècTÍ (v) ήν ’έ σται
Pl. l.p. όσμέν ήμ€ν ίσόμ€θα
2 .p. βστβ ή τε eaeade
3-P· βίσί (v) ήσαν ’έ σονται
D. 2.p. èaròv ήστην eaeaOov
3.p. ιστόν ήστην eaecGov

Não se deve confundir ά μ ί (eu sou, eu estou) com ίΖμι (eu vou), o
primeiro relacionado etimologicamente com o verbo esse e o segundo com
o verbo ire do latim.
N.B. — Nas terminações dos verbos e das declinações, os ditongos A I e OI são
considerados breves para efeitos de acentuação. Por isso é que o infinitivo
eivai é properispômeno, o que não seria possível se a sílaba final da palavra
fosse longa (exceções a esta regra são as terminações do optativo verbal e a
do advérbio ο’ίκοϊ = em casa, no país, cujo ditongo final é longo também).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 139

LEMBRETE SINTÁTICO N° 3

OS ELEMENTOS FORMADORES DA ORAÇÃO E OS CASOS EM GREGO

a) GENERALIDADES Em grego, como em português, os termos essen­


ciais da oração consistem no sujeito e no predicado. Este último pode ser:
verbal ou nominal, sendo que o núcleo do predicado nominal é o predicativo,
que vem sempre no mesmo caso do sujeito (normalmente o nominativo).
b) TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO —são os componentes essenciais
do predicado, os complementos, subdivididos em:
1) Complemento Nominal (regido por um substantivo, um adjetivo ou
ou um advérbio) costuma vir no dativo, mas também pode estar no geniti­
vo, ou no acusativo (cf. Lembrete n9 8).
2) Co m p l e m e n t o P r e d i c a t i v o - (cf. Lembrete n9 2) - pode ser um
substantivo, um adjetivo ou um pronome, concordando em gênero, número e
caso com o sujeito, quando tiver função adjetiva.
3) C o m p l e m e n t o s Ve r b a i s (cf. Item 13: Noção de Caso) são os ter­
mos que completam a predicação verbal e podem ser:
I - Objeto direto - em acusativo.
II - Objeto indireto - em dativo.
III —Complemento objetivo, em genitivo, impropriamente chamado tam­
bém de objeto indireto, mas que tanto pode indicar o ponto de partida da
ação verbal, quanto a parte do todo sobre a qual ela recai (cf. Lembrete n? 24)
IV Agente da passiva vem no genitivo preposicionado (com tmò ) ou
no dativo simples (cf. Lembrete n° 17).
c) TERMOS A c e s s ó r i o s - são os chamados adjuntos. Vêm acrescentados
a um substantivo, pronome ou verbo, para especificá-los, determiná-los ou
indicar-lhes uma circunstância acidental. São eles:

I — Adjunto adnominal — representado por artigo, pronome ou adjetivo,


concorda em gênero, número e caso com o substantivo; mas irá para o geniti­
vo quando corresponder ao adjunto preposicionado no português (de + subs­
tantivo) (cf. Lembrete n9 24).
II Adjuntos adverbiais — exprimem as circunstâncias em que se processa
a ação verbal (cf. Lembrete n9 1).
III Aposto - explicando ou restringindo o sentido do substantivo funda­
mental, o aposto com ele concorda em caso e vem, geralmente, precedido do
artigo (cf. Lembrete n9 13).
140 CUIDA NEDD.Y BARATA PARREIRAS HORTA

14ç Exercício —
I — Transcreva em caracteres gregos ■
.

Glõtta (língua, idioma) — adynamía (fraqueza) -— chrysós (ouro) —


árgyros (prata) — eusébeia (devoção = theosébeia) — ánthrõpos
(homem, ser humano) — anêr (varão, marido) — chaikós (bronze) —
aulêtria (flautista) — rhapsõidós (rapsodo, trovador) — rhã.thymía
(preguiça) — orgê (paixão, sentimento) -— theós (deus) — nymphõ
(ninfa, noiva) — phóbos (medo) — stratiá (exército) — polítês (cida­
dão) — geõrgía (agricultura) — níkê (vitória) — ti mi7 (honra) —
philía (amizade) — philosophía (filosofia, amor ao saber) — athymía
(desânimo) — thyra (porta) — skiá (sombra) — trápeza (mesa, balcão)
— hámaxa (carro, carruagem) -— sikya (pepino) — teleutê (fim)
— peína (fome) — mérimna (preocupação, solicitude) -— tólma
(audácia, atrevimento).

IMAGENS DA HÉLADE N9 9 (Texto de Ilustração)

“A PRE SE N Ç A DOS SÁ T IR O S NA TRAG ÉD IA G REG A”

(adaptado de Nietzsche, “ La naissance de la tra-


gédie”, trad. de C. Heim, “ Bibliothèque Média-
tions”, Ed. Gonthier, 1964)

Tanto o sátiro como o pastor do idílio moderno são produtos de uma


nostalgia da natureza e do primitivo. Mas que vigorosa existência confe­
riram os Gregos a seus homens dos bosques, enquanto o homem moderno
diverte-se timidamente e sem firmeza, eoin a cariciosa imagem do zagal
delicado, flautista e galante! A natureza ainda virgem de conhecimento,
ignorante dos ferrolhos da civilização, eis o que o Grego descobria em seu
sátiro, que nem por isso se confundia com um macaco. Era, ao contrário,
o arquétipo do homem, a expressão de suas emoções mais elevadas e mais
fortes, um ser inspirado que transportava a proximidade do deus, um
companheiro desse deus, cujos sofrimentos ele partilhava, vivendo-os
também, um sábio traduzindo a própria sabedoria da natureza, um sím­
bolo da onipotência sexual da natureza, que o Grego sempre considerou
com reverência e estupefação. O sátiro era um ser sublime e divino, e foi
assim que ele deve ter aparecido aos olhos do homem dionisíaco mergu­
lhado no sofrimento. O pastor franzino e mentiroso não poderia deixar
de ofender esse homem, cujo olhar pousava com satisfação nos traços
grandiosos da natureza, tais como se ofereciam a ele, em sua franqueza
e sua verdade. Aqui a ilusão da cultura se tinha apagado do homem; o
OS GREGOS E SEU IDIOMA 141

Iiomem verdadeiro revela va-se como sátiro barbudo, exultante em presen­


ça de seu deus. Diante do sátiro, o homem civilizado reduzia-se ai uma
caricatura ilusória.
A observação de Schiller aplica-se a esses inícios da arte thágica: o
coro é uma m uralha viva erguida contra os -assaltos da realidade, porque
esse còro — o còro trágico — constitui uma expressão mais verídiea, mais
real e mais completa da existência, do que o homem civilizado com sua
tendência a considerar-se como única realidade. A esfera da poesia não
se situa fora do mundo como uma realidade fantástica saída do cérebro
de um poeta : ela pretende ser exatamente o contrário, a expressão não
mascarada da verdade e eis porque deve rejeitar, como ornato enganador,
a pretensa realidade do homem civilizado.
Os contrastes, que fazem essa verdade propriamente natural e essa
civilização que, se oferece falsamente como única realidade, aparentam-se
ao que separa a essência eterna das coisas, a coisa em si, do mundo feno­
menal por inteiro. Do mesmo modo que a tragédia e a consolação metafí­
sica que dela decorre nos fazem voltar a essa essência do ser, que é eterna,
a despeito da sucessão dos fenômenos, assim também o simbolismo do coro
satírico exprime, já por metáfora, a relação original entre essência e fe­
nômeno.
O pastor idílico dos modernos nada mais é do que o suporte fictício
da soma das ilusões livrescas que neles substitui a natureza; o Grego dio­
nisíaco quer, porém, a verdade e a natureza em toda a sua força. Pelo
sortilégio da tragédia, ele se vê metamorfoseado em sátiro.

16. — A P R IM E IR A DECLINAÇÃO N O M INAL — (Temas em alfa)

a) Substantivos e adjetivos femininos de trm/ι em alfa — Consti­


tuem a maioria, havendo alguns masculinos, especialmente nomes pró­
prios, de povos e de profissões masculinas.
Substantivos femininos — Têm o nominativo singular em - ã ou em - η.
I Quando a vogal temática alfa vem precedida de um - p ou de uma
vogal breve, conserva-se em todos os casos da declinação. São os cha­
mados temas de alfa puro. Ex.: oixía, 0e<í, àyopà, χώρα, άλήθεια,
πρόνοια, ψάλτρια, àvòptía, στοά, σιχνα, polpa, irtlpa.
II — Quando o alfa temático vem precedido de determinadas consoantes,
em terminações femininas (exclusivamente) onde houve, a princípio um
iode (suf. ja/jas, formador de nomes femininos), tem sempre quantidade
breve no nominativo, no vocativo e no acusativo do singular, mas toma-se
- η no genitivo e no dativo do mesmo número. Nos demais casos esses
temas confundem-se com os de alfa puro. São os chamados temas de
1 42 CiUIDA NEDD.V BARATA PARREIRAS FIORTA

alfa impuro, ou misto, que ocorrem especialmente nas terminações - σά,


- σσα ( = ττα), - λλα, - ξα, - ψα, - ζά, - αινά, - eiva, - οινά - μά, - μνα. Εχ.:
Μούσα, γλώσσα (= γλώ ττα ), QíeWã, δόξα, δίψα, ρίζα, θίράπαινά,
π(Ινά, δέσποινα, τόλμα, μέριμνα.
III — Quando, porém, a vogal temática vier precedida de qualquer outra
consoante, em terminações que não sejam as de alfa impuro, o - α torna-se
- η em todo o singular da declinação, mas permanece nos casos do plural
e do dual como nos tipos precedentes. Εχ.: πη·γή, κρήνη, σβλήνη, τιμή,
έπιστήμη.

TERMINAÇÕES FEM ININA S DA 1.‘ DECLINAÇÃO


SINGULAR

NOMES DE — α PURO NOMES DE - a NOMES EM - η


IMPURO

Nom. ή oixí - ã ή δ ο ξ -ό ή μ ά χ-η


Voc. — oixi - ã — δόξ- ã — μάχ - η
Acus. την oixi - ãv την δδζ - αν την μ ά χ - ην
Gen. Tijs oixi - ãs τήs δόξ - ηs τήs μ ά χ - ηs
Dat. τή oixi - ç. τή δόζ - η τή μ ά χ - ?7

PLURAL

Nom. ai oixi - at αί δόξ - αι ai μ ά χ - αϊ


Voc. — oixi - at — δ ό ξ -α ϊ — μ ά χ - at
Acus. rà s oixi - ãs rà s δόξ - ãs rà s μ ά χ - as
Gen. τών oixi - ών τών δοξ - ών τών μ α χ - ών
Dat. Tais oixi - ais Tais δόξ - ais Tais μ ά χ - ats

DUAL

Nom. τα oixí - ã τα δόξ- ã rà μάχ - ά


Voc. — oixí - ã — δόξ- ã — μάχ - ã
Acus. r à oixi - ã τα δόξ- ã τά μάχ - ά
Gen. ταιν oixi - aiv ταιν δόξ - αιν ταΐν μάχ - aiv
Dat. τα~ιν oixí - o.lv ταιν δάξ - α'ιν ταιν μάχ - aiv
OS GKEGOS E SEU IDIOMA 143

Observações: 1 — A acentuação vas declinações obedece à precedência


do acento primeiro, isto é, ao acento de seu nominativo, o qual perma­
nece normalmente nos demais casos da palavra, a menos que isso contrarie
as regras gerais da acentuação. Assim, por exemplo, os proparoxítonos,
que venham a ter sua última sílaba alongada na declinação, passarão a
paroxítonos todas as vezes que isso acontecer. Ex.: nom. μάχαιρα, genitivo
μαχαίρας, dativo μαχαίρα. J á os properispômenos trocarão o acento
circunflexo pelo agudo, sempre que se alongar a última sílaba, mantendo
porém a sílaba tônica primitiva. E x.: nom. μοίρα, genitivo μοίραs, dativo
poipq..
2 — O genitivo plural de todas as palavras da primeira declinação é obriga­
toriamente perispômeno, por se ter dado a contração da vogal temática
- a com a desinência -inv. Ex.: οίκιά - ωv > οικιών.
3 — Sendo o genitivo e o dativo dos três números sempre longos (longos
por natureza, pois resultam de contrações vocálicas, apresentando vogal
longa ou ditongo nas terminações), sempre que a sílaba tônica for a última,
a acentuação desses dois casos será perispômena. Ex.: nom. àyopà, genitivo
singular àyopãs, dativo singular àyopã, genitivo plural àyopàv, dativo
plural àyopals, genitivo e dativo dual àyopalv. Mas acusativo singular
àyopãv, acusativo plural àyopãs, etc. (cf. ποιητής, ποιητοϋ, ποιητή).
4 — Os temas de alfa puro são geral mente longos, porém, os terminados
em - e ia , - οια, - τρία, - pã (precedida a sílaba final de um ditongo
ou - v) têm a vogal temática breve no nominativo, no vocativo e no
acusativo do singular, como os de - a impuro. Ex.: αλτ)/?eia, πρόνοια,
αύλήτρια, σφύρα, μάχαιρα, yéçvpã, μούρα. Exceção a este caso é a
palavra εταίρα (companheira, cortesã).
5 — A aparente exceção do substantivo κόρη decorre de ter havido um
digama no radical κορρα, isolando a vogal temática - a do - p (cf. substan­
tivos femininos em - a puro).
Adjetivos jemininos - declinam-se exatamente como os substantivos,
mas sd têm os tipos em - a puro (quando precedido de vogal ou rhô) ou
em ela. Ex.: καλή (bela), κακή (má), àyαOή (boa), δεινή (terrível ou hábil),
àyvp (pura, casta), à yλaή (brilhante, límpida), àvayxaía (necessária),
φανερά (evidente, exposta), μικρά (pequena), μακρά (grande), σ τερ εά
(sólida), βέβαια (firme), πατρώ α (paterna, ancestral), θαυμαστή (admirável),
λιγυρά (maviosa), νέα (nova), άρχαία (antiga), δίκαια (justa), άνθρωπίνη
(humana), αισχρά (feia, vil, vergonhosa), π α λα ιά (= άρχαία).

15.° Exercício —
I — Decline, com o artigo, os substantivos ή γλ ώ ττα (língua), ή θνρα
(porta), ή ãyxvpa (âncora), ή θ ά λ α ττα (mar), ή πηyή (fonte), ή θεά (deusa).
144 GUIDA XEDDV BARATA P \RREIRAS HORTA

II — Analise as seguintes jormas nominais com os respectivos artigos e


indique-lhes o nominativo singular: aí yvõipai— τής αρχής — τάς κρήνας
— τών σοφιών — τ ais άδικίαις — τή μάχη — τής ρίζης — τή δεσποίνη
■— την σιωπήν.

16.° Exercício —
I — Traduza as frases seguintes:
1 — Ή τής θεάς φωνή λνγυρά έστιν.
2 — ‘II τής θαλάττης ήσυχία àyaθή έστιν.
3 ... ’Εν τή τής κώμης àyopã έσμεν.
4 — Έ ν ταϊς κώμαις αί π η ya i άγλααί ά λλ' ά ρχα ίαι ήσαν.
5 — Ή τής φ α λτρία ς τέχνη θαυμαστή ήν.
6 ■
— Αί οίχίαι μικραί άλλα βέοαιαι ’έ σονται.
7 — ’Ayvai καί àyadaí έστε.
8 — Ή ανδρεία άεί άναχκαία εσται.
9 — Αί 7τατρώαι οίκίαι νεαι ουκ είσιν.
10 ■
— Μικραί κόραι έστε, άλλα δίκαιαι.
II — Vocabulário de palavras invariáveis contidas nas frases preceden­
tes: άλλά (conjunção adversativa: mas, porém, todavia, ao contrário), καί
(ιconjunção aditiva: e), ώ (interjeição de vocativo: ó), άεί (advérbio de tempo:
sempre).
III· — Identifique os predicativos nas frases de números 5, 0 e 7 indi­
cando-lhes o gênero, o número e o caso. Assinale os adjuntos adnominais
e os adverbiais no texto grego deste exercício, classificando estes últimos.
b) Substantivos masculinos de tema em alfa — Diferem dos femininos
desta declinação apenas no nominativo e no genitivo do singular. O nomi­
nativo masculino é sempre sigmático, isto é, possui a desinência sigma
acrescentada ao - α puro ou ao - η, e o genitivo tem a desinência - ou,
por analogia com os nomes masculinos da 2.a declinação. Portanto, só
há substantivos masculinos com o nominativo singular em - ας ou em
-ης. Ex.: νεανίας (rapaz), ταμίας (administrador), μονιάς (solitário),
κοχλίας (caramujo), κριτής (juiz), Ευριπίδης (Eurípides), Θουκυδίδης (Tucí-
dides), ναύτης (navegante, marujo), πολίτης (cidadão), εύεpyέτης (ben­
feitor), νομοθέτης (legislador), μαθητής (aluno), δικαστής (= κριτής).
Em todos os outros casos, a declinação dos masculinos segue a dos
femininos, inclusive em todo o plural e o dual. Observe-se, porém, que
no vocativo singular os masculinos apresentam, como terminação, a vogal
do seu nominativo, exceto os substantivos com o final - της, os nomes
de povos e os compostos, que fazem esse caso terminado em - a. Ex.;
nominativo singular Ευριπίδης, vocativo singular Ευριπίδη, nominativo
os GREGOS E SEU IDIOMA 145

singular νεανίας, vocativo singular νεανία. Mas: nominativo singular


II έρσης, vocativo singular II έρσά, nominativo singular ναύτης, vocativo
singular ναντα, nominativo singular γεωμετρης, vocativo singular yéco-
μέτρά (geômetra, agrimensor).

TERM INAÇÕES MASCULINAS DA PR IM EIRA DECLINAÇÃO

SINGULAR

NOMES EM — άς NOMES EM — ης

Nom. -— · ό τ α μ ί - ας ό κ ρ ι τ - ής ό Ε ύ ρ ι π ί δ - ης

Voc. -— ταμί - ã ■— κ ρ ιτ - ά ■— Εύριπίδ - η

Acus. — τον τα μ ί - ãv τον κ ρ ιτ - ή ν τον Εύριπίδ -ην

Genit. ·— του τ α μ ί - ου τού κ ρ ι τ ο υ του Ε ύ ρ ι π ί δ - ου

Dativo — τώ τ α μ ί - q. τώ κ ρ ιτ - ή τώ Ε ύ ρ ιπ ίδ - η

N.B. Os nomes em - ας são raros como substantivos comuns, mas há


numerosos nomes próprios masculinos que lhes seguem a declinarão, tais
como: 'Ιπ πίας (liípias), Κ αλλία? (Cálias), ΙΙροταγόρα* (Protágoras),
Α ναξαγόρας (Anaxágoras), etc. Os patronímicos em - ης fazem o voca­
tivo singular em -η . Ex.: ó Α λκιβιάδης, ώ Α λ κ ιβ ιά δη (Alcibíades),
ό K ρονίδης, ώ Κ ρονίδη (filho de Kpóeos, isto é, Zeus).
A acentuação dos masculinos segue estritamente a dos femininos.

17.° Exercício. —
I — Decline: ό ποιητής e ò ευεργέτης no singular, no plural e no dual,
ò Θουκυδίδης e ò II ροταγόρας no singular.
II -— Explique a troca da acentuação nos seguintes casos: ò πολίτης,
οί π ολίτα ι, ή σ τρα τιά , ταίς στρατιαίς, ώ σ τρατιώ τα, ό στρατιώ της,
ή σελήνη, αί σελήναι, ή άμιλλα, τής άμίλλης, ώ άγνοια, τή άγνοίρ., τής
πείρας, τών πειρών, αί κρήναι, τα ϊν κρήναιν, του δικαστοϋ, τώ δικαστά.
III — Separe, nos precedentes exercícios de transcrição, os substantivos
da primeira declinação, masculinos e femininos, classificando-os pelos temas
e incluindo-os em listas, com as respectivas significações.

c) Nomes contratos da primeira declinação — Alguns nomes, tanto


femininos quanto masculinos, apresentam contrações vocálicas, conseqücn-
tes da queda de uma antiga consoante (geralmente um iode). São pouco
14 6 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

numerosos e se declinam como os outros, deles só se distinguindo pela


acentuação que é sempre perispômena.
As contrações limitam-se às seguintes: o alfa temático sofre contração
com outro alfa que o precede, resultando sempre um - ã, ou então contrai-se
com um - e, resultando um - η, a não ser que a contração seja pre­
cedida de um - p, caso em que dá - ã. Ex.: Ά 6ηνά (a deusa Atena), μνά
(mina, moeda grega), y ή (terra), 7 αΧή (doninha, animal roedor), cujos
temas são Άβηνάα, μνάα, y ία, yaXéa. Έ ρμης (o deus Hermes), Boppãs
(Bóreas, o vento norte), provenientes de: ‘Ερμέας, Βορρέας, etc.

PRIM EIRA DECLINAÇÃO CONTRATA

SINGULAR

Nom. ή μνά ή σνκή ô Έ ρμης ò Βορράς


Voc. — μνά — σνκή — Ερμή — Βορρά
Acus. τήν μνάν τήν συκήν τον Έ ρμ ή ν τον Βορράν
Genit. τής μνάς τής σνκής τον Έρμοι) τού Βορρον
Dat. τή μνά τή σνκή τώ Ε ρ μ ή τω Boppçi

N.B. — O plural e o dual são regulares, conservando-se a acentuação peris­


pômena.
Vimos, portanto, que a primeira declinação compreende:
— nomes jemininos em alja puro: oxítonos e paroxítonos (alfa longo)
proparoxítonos e properispômenos (alfa breve). Ex.: θεά, άβνμίά, ώφέΧειά,
πείρά.
■— nomes jemininos em alja impuro: paroxítonos, proparoxítonos e
properispômenos. Ex.: τόΧμά, ΟάΧαττά (Θάλασσα), Μοΰσά.

— nomes jemininos em eta: oxítonos e 'paroxítonos: Ex.: ηδονή,
σεΧήνη.
— nomes masculinos em - ãs: sempre paroxítonos. Ex.: ταμίας,
μονιάς.
— nomes masculinos em - ης: oxítonos e paroxítonos. Ex.: κριτής,
στρατιώ της.
— nomes jemininos e masculinos contratos: sempre perispômenos.
Ex.: yή, Έ ρμης.
— adjetivos qualificativos em ã ou - η (femininos).
Note-se que o substantivo δεσπότης (amo, senhor) recua a sílaba tônica
no vocativo singular, por exceção: δέσποτά.
14 7
OS GREGOS E SEU IDIOMA

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 4

EM PREGOS ESPECIA IS DO ARTIGO (I)

A) Empregos especiais do artigo na língua clássica:

1 — O artigo conserva seu primitivo valor de pronome demons­


trativo:
— nas expressões: ó μέν . . . ó <5é empregadas em todos os
casos: um .... outro, e s te ... aquele; rò μ έ ν .. . τό δέ e τά μέν . . . τα
δέ (invariável): ora . . . ora, em p a rte ... em parte; ττρό του: outrora,
antigamente (cf. Helenismos - 2? Tomo)
2 — Como decorrência do precedente, efhprega-se também com o
«·
valor de pronome pessoal da terceira pessoa, quer no nominativo somente:
ó <5é, ή <5é, rò δέ = e (mas) ele ou ela; quer no acusativo com um infi-
τόν δέ, την δέ, τους δέ, τάς δέ = mas éle ou ela, eles ou elas;
e ainda: καί τον, καί τήν, καί t o v s , καί τάς (também com o infinitivo),
ftste emprego é freqüente no diálogo, quando muda o interlocutor. Ex.:
Ή κόρη ευρίσκει την θεάν καί λ έγει “ Tís et;” ‘Η δέ’ “Φ ίλ'είμί”
(A menina encontra a deusa e pergunta: “Quem és ?” -— E ela (a outra)
responde: — “Sou amiga”).
3 — Diante de um substantivo comum, o artigo tanto pode ter
sentido individual (designando um objeto isolado), quanto um sentido
genérico (indicando um espécie inteira). Ex.: ò άνθρωπος (= o homem,
este homem ou o ser humano).
4 -— Em decorrência do sentido individual do artigo, encontramo-lo
também como equivalente do pronome possessivo, quando o possuidor
não oferece dúvida. Ex.: ’Έ χ ω την οικίαν έκ πολλοί; (possuo minha
casa há muito tempo). Φιλώ την μητέρα (= amo minha mãe).
5 — O artigo também é usado para substantivar quaisquer palavras
ou locuções, tais como:
•— um adjetivo: οί καλοί κάλαθοί (as pessoas de bem),
rò αληθές (a verdade, o verdadeiro);
— um advérbio: οί νυν (os de agora, os contemporâneos);
οί π ά λ α ι (os de outrora, a gente de antigamente);
— um complemento em genitivo (com o artigo no neutro):
r à των Περσών (os interesses dos Persas), r à τής πόλεως (os negócios
da cidade = a política);
148 (jn im XF.DDA B \RATA PARREIRAS HORTA

-— uma preposição e seu complemento', ol μ ε ϋ 'ή μ ώ ν (os que


estão conosco);
— toda uma oração (artigo no neutro): rò yvwO i σεαυτόν
(o conhece-te a ti mesmo).
Ás vezes, o injinitivo verbal vem precedido do artigo jlexionado
(no acusativo, no genitivo ou no dativo), assumindo o valor do gerúndio
do latim. Ex.: κ α ί α υ τ ή α ν ά λ λ η π ρ ό φ α σ ι ς ή ν α ύ τ ώ του ά θ ρ ο ίζ ε ιν
σ τ ρ ά τ ε υ μ α (e havia novamente, para ele, este outro pretexto de reunir
um exército). (Cf. Xenofonte, “Anábase”, I, 1, 7).

18.° Exercício —
I — Leia e traduza as frases seguintes:
1 — Trjs ευδαιμονίας η σοφία θύρα έστίν.
2 — ‘Η έσπέρα τελευτή τής ημέρας έστιν.
3 — Έ ν ταίς νλαις κρήναι καί π έτρα ι είσίν.
4 — Ό στρατιώ της έν τη έορτή ήν.
5 — Ε ι νέα θεράπαινα έν τη της δεσποίνης οίκίρ.
G — Δειναί έσμεν έν ταίς τής ειρήνης καί τής ευτυχίας ώδαϊς.
7 — Ούκ εσ τι ευδαιμονία έν τη άδικίρ., άλλ'έν τή αρετή.
8 ·— ΤΩ 7τοιητά, αί ωδαί κα λα ί εσονται, ά λ λα μικραί.
9 — Tj; Ψι’Χή V έττώυμία τής λύπης αίτια έστίν.
1 0 — ‘II ανθρώπινη ζωή ο’ύκ έστι μαπρά.

II — Passe para ο pretérito imperfeito a primeira e a terceira frases, para


o futuro a segunda e a sexta e para o plural a quarta e a quinta do texto
grego precedente.
III — Decline ò ναύτης καί ό κοχλίας (ο marujo e ο caramujo), nos três
números; ΆΟηνά (Atena) no singular e μνά (mina) no plural e no dual;
όΣκύΟης (o Cita, substantivo gentílico) e ò Σ πα ρτιά της (o Espartano),
no singular e no plural.

17 . — OS VERIiO S TEM ÁTICO S VOCÁLICOS (I a Parte-Verbos re­


gulares)

a) Generalidades — Os verbos temáticos vocálicos apresentam-se sob duas


modalidades: a dos verbos não contratos (conjugação regular), quando o
radical verbal termina por - i ou - υ (verbos em - ω puro não contratos),
e a dos verbos contratos, cujo radical, terminado pelas vogais - a, - e,
- o sofre contração dessas vogais com a vogal temática o/e, característica
do tema do presente (verbos em - ω puro contratos). Em consequência,
os verbos deste último tipo apresentam-se diversificados dos não-contratos
149
OS GREGOS E SEU IDIOMA

nos presentes dos vários modos e formas nominais e no pretérito imperjeito


do indicativó, o que se pode verificar, desde já, pelo presente do infinitivo
de alguns exemplos de uns e de outros.
São vocálicos não-contratos, portanto regulares, entre muitos outros:
π αύειν (fazer cessar), χορεύειν (dançar), θηρεύειν (caçar), βουλενειν (deli­
berar), à yορεύειν (falar na praça pública, anunciar, proclamar), χρίειν
(ungir, untar), τίειν (estimar). E são contratos, por exemplo: τιμάν
(honrar), àyatráv (amar), φιΚεϊν (amar, afeiçoar-se), πόλεμεiv (guerrear),
δουλοΰν (escravizar), στέφανουv (coroar).
Nos denjais tempos dos vários modos, como veremos, os verbos vocá­
licos dos dois tipos apresentam idêntica formação, apenas alongando a
vogal final do radical geral os contratos: nos perfeitos, futuros, aoristos
e no mais que perfeito do indicativo.

b) Estrutura rnorfológica dos verbos gregos.

I — Elementos formadores do verbo — Tema· geral.


O verbo grego tem por base três elementos mórficos: o radical ou
tema geral (contendo o sentido fundamental da ação ou estado que se
quer exprim ir), o tema temporal (que indica o tempo e o aspecto atribuí­
dos à ação ou ao estado verbal), formado do tema geral acrescido de um
sufixo temporal (que modifica parcialmente o sentido básico do verbo) e
as desinências pessoais (que indicam as pesseas. o número e a voz em que
sc realiza o processo verbal).
Assim, por exemplo, no verbo Xú - eiv (desatar, soltar), a forma:
λ ν - ο - μ ε ν (nós desatamos) é a primeira pessoa do plural do presente
do indicativo, em que o radical geral é Xu -, o tema temporal do presente
é λ ν ο - (com a vogal temática característica do presente nos verbos temá­
ticos) e a desinência é - μ ε ν , indicando a primeira pessoa do plural da
voz ativa. J á a forma λ ύ - σ ο - μ ε ν tem o tema temporal λυσο-em
que o sufixo - σ ο é característico do futuro e a desinência é a mesma da
primeira pessoa do plural do presente (= nós desataremos), etc.
Reconhece-se o tema geral de um verbo, isolando-se a terminação
temática de infinitivo presente ativo - ειν ou a terminação atemática
-va i, conforme o caso (ou eliminando a terminação -ω ou - μ ι da l .a
pessoa do singular do presente do indicativo).
I I — Sufixos temporais — Além de indicarem o tempo (presente, passa­
do ou futuro) da ação ou estado verbal, também lhes sublinham o aspec­
to, isto é, a duração, o grau dc acabamento ou o momento em que se pro­
cessam.
150
GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Tais sufixos costumam servir às três vozes de um mesmo tempo, fa­


zendo exceção apenas no futuro e no aoristo, em que a voz passiva apresenta
sufixos diversos dos das vozes ativa e média. Ex.: λυ - σο -peOã (nós
nos desataremos), voz média, e λ υ - θ η σ ό -peGã (nós seremos desatados),
voz passiva.
São sufixos temporais nos verbos temáticos:

1 — Vogal — o/e, para os presentes de todos os modos e para o pretérito


imperfeito do indicativo (tempo secundário do presente). A vogal é - o
diante de fonema nasal e - e diante de quaisquer outros fonemas desi-
nenciais.
2 — Sufixo — σο/σe para os futuros ativos e médios de todos os modos,
com a mesma alternância que o presente.
3 — Sufixo — θησοίθησίpara os futuros passivos de todos os modos (idem)
4 ■
— Sufixo — xd para os pretéritos perfeitos ativos de todos os modos
5 ·— Sufixo — xel, para o pretérito mais que perfeito ativo do indicativo,
(tempo secundário do perfeito).
6 — Sufixo — σα, para os aoristos ativos e médios de todos os modos.
7 -— Sufixo — θη, para os aoristos passivos de todos os modos.

Além dos sufixos há também acréscimos em determinados tempos,


como o chamado aumento dos tempos do passado, do modo indicativo, e o
redobro que caracteriza os tempos de ação acabada nos vários modos. Tais
acréscimos ora insistem na idéia do tempo (o aumento dos tempos passa­
dos), ora acentuam a noção do aspecto verbal (o redobro).

I I I — Desinências pessoais — Dividem-se em dois grupos:

— as desinências primárias (ativas e médio-passivas) para os chamados


tempos primários do indicativo, isto é, o presente, o futuro e o per­
feito, e
— as desinências secundárias (ativas e médio-passivas), para os tempos
secundários ou históricos, isto é, os que exprimem matizes do passado
no processo verbal, a saber, o pretérito imperfeito, o aoristo e o pre­
térito mais que perfeito do indicativo.
Os outros modos ora adotam as desinências prim árias para todos os
seus tempos (o subjuntivo), ora as secundárias (o optativo), ora possuem
desinências especiais (o imperativo).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 151

QUADRO GERAL DAS DESINÊNCIAS PESSOAIS DOS VERBOS


TEMÁTICOS

Desinências ativas Desinências Médio-Passivas

Primárias Secundárias Primárias Secundárias

Sing. 1■* (- μΐ) ■ 1 ,a - μ > v 1 ,a - μαΐ l .a - μην


2 .a - σι > is 2 .a - s 2 .a - σαϊ 2 .* - σο
3.a - TI > LT 3.a - τ 3.* - τα ί 3.a - το

Plural l .a - μεν 1 .“ - μ ίν l .a - μβθα 1 ,a - μ(θα

2 .a - Tt 2 .a - re 2 ,a - aSe 2 .a - σθί
3.a - ν τί > σί 3.’ - ντ, σαν 3.a - νταί 3.a - ντο

Dual 2.a - τον 2." - την _ 2 .a - σθον 2 .‘ - σθην


3.a - τον 3.a - την 3.a - σθον 3.a - σθην

Observações:
1 — Os verbos temáticos não conservam a desinência de primeira pessoa
do singular, alongando a vogal temática - o em - ω para servir
de desinência, no presente e no futuro.
2 — As desinências primárias da 2 .“ e da 3.a pessoas do singular «ofretam
metátese nesses verbos, unindo-se à vogal temática para formar as
leimínaçóes usuais na conjugação (presente e luturo). desaparecendo o - r -
final da 3a p sing. (apócope)
3 — A desinência da 3,a pessoa do plural sofreu sibilização do - r por
influência do - i e a conseqüente síncope da nasal antes do sigma.
Ex.: \bovTL > \ΰονσι(ν) (onde se nota o alongamento compensatório
da vogal temática). Em outras circunstâncias (no perfeito ativo,
por exemplo), essa desinência evolui para - ασί (o perfeito ativo
tem ainda desinências especiais no singular).

4 — Nas desinências secundárias ativas só há que assinalar a passagem


da primitiva desinência - μ de 1 .* pessoa para - v, e a queda do
- r na 3.a pessoa do singular e do plural em posição final (cf. Alte­
rações Consonantais, f).
152 GUIDA NF.DDA BARATA PARREIRAS HORTA

5 — As desinências das vozes média_ e passiva conservam-se inalteradas


no perfeito (desinências primárias) e no mais que perfeito (desinências
secundárias). Nos outros tempos, sempre que algum sigma desinencial
se ache intervocálico sofre síncope e acarreta contração vocálica,
entre as vogais em hiato. A sílaba resultante de contração é obriga­
tóriamente longa. Ex.: λύεσαι > λύρ (2 .* pessoa do singular do
presente médio-passivo).
IV — Terminações — Constituem a parte final dos verbos, incluindo,
além das desinências pessoais, os sufixos e as vogais por ventura existen­
tes (cf. declinações). Ao conjugarmos os diversos tempos, destacaremos as
terminações, de preferência às simples desinências, com freqiiência alte­
radas, como acabamos de ver. Nas formas nominais do verbo não se en­
contram desinências pessoais, mas terminações ou sufixos modais (como
nos infinitivos) ou desinências casuais, acrescidas aos sufixos temporais
(como nos particípios, que se declinam como verdadeiros adjetivos).

c) Verbos temáticos vocálicos não contratos (regulares) — Modo indi­


cativo.

I — O modo indicativo, modo objetivo que exprime a realidade da ação


ou do estado expresso pelo verbo, ou melhor, do processo verbal, possui
os seis tempos já citados, subdivididos em: tempos primários (presente,
perfeito e futuro), com desinências primárias e tempos secundários (pre­
térito imperfeito, mais que perfeito e aoristo) com desinências secundá­
rias. Notemos que essa subdivisão só ocorre no indicativo, pois, nos outros
modos, os diversos tempos adotam as terminações do presente que lhes
corresponde.

I I — Aspecto verbal — Antes de conjugar qualquer verbo, cumpre assi­


nalar o aspecto do processo verbal que cada tempo indica, simultaneamen­
te com a noção temporal.
O presente exprime a ação em elaboração, indo propriamente até o
momento em qúe começa o processo (aspecto durativo do verbo); o imper­
feito indica o processo ainda não completado no passado (valor durativo),
sendo o tempo secundário do presente e, por isso mesmo, formando-se com
o mesmo tema deste, precedido de um aumento que acentua a idéia de
tempo passado.
O futuro é, na origem, um velho presente dfisiderativo do indo-euro-
peu, indicando a intenção do processo verbal ou o que está para vir a ser
Alguns verbos têm também um futuro perfeito ou anterior, exprimindo
um estado futuro relacionado com uma outra ação subseqüente e ligado
ao tema do perfeito, por sua formação.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 153

0 perfeito é o tempo da ação inteiramente acabada e que perdura em


seus efeitos. Nele o processo verbal é muitas vezes considerado como um
estado resultante de um processo terminado anteriormente (aspecto re-
sultativo do perfeito). A idéia de acabamento do processo é reforçada pelo
redobro. O perfeito equivale, com freqüência, a um presente, especial­
mente em verbos intransitivos e passivos (cf. no latim: odi, coepi, me-
mini, etc.).
Quanto ao mais que perfeito, não corresponde exatamente ao nosso
tempo do mesmo nome, sendo uma espécie de “imperfeito do perfeito”, in­
dicando o estado resultante de uma ação anterior. Traduz-se, cm geral,
pelo imperfeito. Por ser um tempo de ação passada e, ao mesmo tempo,
acabada, é o único que apresenta ambos os acréscimos: o aumento e o
redobro.
J á o aoristo, inexistente no latim, traduz, especialmente, a ação verbal
em estcuio puro, sem considerar nem a sua duração nem o grau de acaba­
mento do processo. Na língua clássica é, por excelência, o tempo da nar­
ração histórica no indicativo, traduzindo-se pelas diversas gamas do pas­
sado, inclusive pelo mais que perfeito português, conforme o contexto. O
sentido básico do tema do aoristo é o de indicar um momento qualquer no
processo verbal, seja no início, seja no meio ou no fim de uma ação (aoristo
pontual).
Exemplos das modalidades do aspecto verbal:
No presente: Yíaihevoptv τό παιδίον (educamos ou estamos educando
a criança).
No imperfeito: Έπαιδβνομεν τό παιδίον (estávamos educando ou educá-
vamos a criança).
No futuro: Π α ιδεϋσομεν τό παιδίον (vamos educar ou educaremos a
criança).
No futuro perfeito: U enaidevaerai τό παιδίον (a criança estará educada).

No mais que perfeito: 'iveraihevro τό ηαώίον (a criança fôra educada = estavü


educada). Ό όώάοκαλσς το τταώών έπεπαιδεύκει (ο mestre educara a criançaι
No aoristo: Έ παιδβύσαμεν τό παιδίον (educamos a criança naquele mo­
mento, isto é;começamos ou acabamos de educá-la).
I II —: Acréscimos — São dois: o aumento (nos tempos secundários do
indicativo),e que pode ser silábico ou temporal, e o redtíbro. O aumento
silábico ocorre nos verbos de radical iniciado por consoante e consiste na
anteposição de um e - a esse radical. O aumento temporal resulta do
154 guida xkdda barata barreiras HORTA

alongamento da vogal inicial do verbo. Ex.: ’έλνον (= eu desatava, im­


perfeito de λΰβιν), pyòptvov (= eu proclamava, imperfeito de àyopeúav).
O aumento temporal alonga as vogais α - e e - em η -, a vogal
o - em ω As outras não se alteram, a não ser na quantidade.
Quanto ao redobro, (nos perfeitos e no mais que perfeito) consiste em
repetir a consoante inicial do tema verbal seguida de - e, desde que seja
oclusiva, líquida ou nasal. Se for consoante dupla ou sibilante que inicie
o verbo, então o redobro assume a forma do aumento silábico. Mas se
o radical verbal começar por vogal, será o caso de o redobro assumir a
forma do aumento temporal, isto é, dá-se o alongamento dessa vogal.
Ex.: XéXvkol (= eu desatei), perfeito de λύαν. Mas: ΐσ τα λ χ α (= eu
enviei), perfeito de σ τέλ λα ν , pyópevxã ( = eu proclamei), perfeito de
àyoptvav.
Observe-se que o pretérito imperjeito e o mais que perjeito só existem
no modo indicativo. O único tempo secundário, histórico, ocorrente nos
outros modos é o aoristo, mas o aumento só o caracteriza no indicativo.

CONJUGAÇÃO DO PARADIGMA ΛΤΕΙΝ (desatar, soltar, desligar)


INDICATIVO

VOZ ATIVA: TEMPOS PRIMÁRIOS (Desinências primárias ativas)

PRESEN TE FUTURO PRET. PER FEITO

(Rad. — vog. o/e — (Rad. — suf. σο/σe (Red. — rad. — suf. xã


des. at.) — des. at.) — des. at.)

S. 1p. λύ - ω S. lp. Xú - σω S. lp. Xé - λυ - xã


2 p. λύ - e - is 2 p. Xú - a a s 2 p. Xé - Xu - xã - s
3p. Xú - e - 1 3p. Xú - σ α 3p. Xé - λυ -xe(v)

P. lp. Xú - o - p tv P. lp. Xú-ao - pev P. lp. Xe - Xú - xã - pev


2p. Xú - e - Tf 2p. Xú - oe - re 2 p. Xe - Xú - x ã - re
3p. Xú - ου -σι(ν) 3p. Xú - σου - σι (v) 3p. Xe - Xú - x ã - σι(ν)

D. 2 p. Xú - e - τον D. 2 p. Xú - ae - τον D. 2 p. Xe - Xú -χ α - τον


3p. Xú - e - τον 3p. Xú - oe ■τον 3p.Xe - λυ - χα - τον
OS GREGOS E SEU IDIOMA 155

N.B. -— 0 primitivo perfeito ativo possuía desinências especiais nas três


pessoas do singular: - ã, - θα, - e. A desinência da 2.a pessoa só se
conservou em alguns imperfeitos arcaicos (cf. ησθα de eivai). Em vista
de confusão estabelecida entre as primeiras pessoas do perfeito e do aoristo,
esses dois tempos passaram a conjugar-se, praticamente, do mesmo modo,
no indicativo (exceto na 3.a pessoa do plural), (cf. 2910100 - 2? Parte).
As desinências do dual do verbo são raramente usadas.

VOZES M ÉDIA E PASSIVA — TEM POS PRIM ÁRIOS


(Desinências primárias méd.-pass.)
PR ESEN TE MÉDIO-PASSIVO FUTURO M ÉDIO

(Rad. — vog. o/e — des. m. — p.) (Rad. — suf. cro/cre — des. m. — p.)

S. lp. λύ - o - μαί Xú - σο - μαί


2 p. λύ - e -a a i > Xú - Tj(Xúet) λύ - ae - aai > Xú - arjÇkíaei)
3. Xú - e - ται Xú - ae - ra i

P. lp. Xu - ó - μβθα Xu - σό - μίθα


2 p. Xú - e - σ θ e Xú - ae - a6e
3p. Xú - o - pt at Xú - ao - prai

D. 2p. Xú- € - σθον Xú - ae - σθον


3p. Xú - e - σθον Xú - ae - σθον

PER FEITO M ÉDIO — PASSIVO FUTURO PASSIVO

(Red. -— rad. ■
— des. m. — p.) (Rad. ·—· suf. θησοθησβ — des.
m. -■ p.)
S. lp. Xé - \ υ - μαί Xu - θησο -μ α ι
2 p. Xe - Xu - aai Xu -θήσ€ - aai > Xu -θήσιι(λυθήσ6ί)
3p. Xé - Xu - rai Xu - Θί7<re - ται.

P. lp. Xe - λύ - μβΟα Xu -θησό - μβθα


2 p. Xé - Xu - σθ € Xu - θήσε - σθέ
3p. Xé - Xu - ptoí Xu- θήσο- νται

D. 2p. Xé - Xu - σθον Xu -Orjae - σθον


3p. Xé - Xu - σθον Xu-θ ή σ β - σθον
156 CUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

N.B. -— O perfeito, como também o mais que perfeito, não possui


sufixo temporal nas vozes média e passiva, unindo-se as desinências
diretamente ao radical verbal. J á o futuro anterior (futuro perfeito) man­
tém as terminações de voz média acrescentadas ao radical redobrado:
Χελύσομαι, λελύσει, etc.
É freqüente acrescentar-se um - v eufônico, na voz ativa, às ter­
ceiras pessoas do singular e do plural do perfeito, e à terceira do plural do
presente e do futuro. A forma entre parênteses, na 2.a pessoa do singular
do presente e do futuro, médios e passivos, tornou-se usual a partir do IV.°
século a.C.

19° Exercício-

I — Conjugue os verbos: καύειν, no futuro, ά-χορεύειν, no presente e


βουΧεύειν no perfeito do indicativo, nas três vozes.

II — Decline: ή ξανθή κόμη (a loura cabeleira), ή αγία χεφαΧή (a santa


cabeça), ή Χευχή νύμφη (a branca noiva), ή αρχαία φιΧία (a antiga
amizade), nos três números.

III — Leia e traduza:

1 — Ή -καώ eia άνά-γχη ταις τών νεανιών xa i των χορών ψυχαίς


ίσ τ ιν.
2 — Ή γλ ώ ττα μαχρά κηγή τών αμαρτιών εστιν.
3 — Ilatàeuó/xeda τή τής ζωής πείρφ.
4 — ‘Η κβνία ποΧΧάχις αίτια αρετών εστιν.
5 — Oi οίχέται προς τή τής οίχίας θύρςι ήσαν.
6— Oi κοιηταί xa i oi τε χ ν ίτα ι χορεύσουσιν εν ταϊς τής εορτής
χώ ρα ις.
7 — Ή τού άθΧητού νίχη αγλαή x a i θαυμαστή ήν.
— ‘Η τής αύΧητρίας θεράκαινα συν ταϊς άδεΧφαϊς τήν χάρην
8
θεραπεύει.

IV — Vocabulário: — ή άναρχη (a necessidade), ποΧΧάχις (advérbio:


muitas vezes, com freqüência), προς (preposição: com dativo = junto de,
ao pé de), σύν (preposição: com dativo = em companhia de, com).
157
OS GREGOS E SEU IDIOMA

VOZ ATIVA — TEM POS SECUNDÁRIOS


(Desinências secundárias ativas) Verbo ΛΤΕΙΝ

AORISTO PRET. MAIS QUE


PRET. IM PERFEITO
PERFEITO

(Aum. - rad. - vog. o/e (Aum. - rad. - suf. (Aum. - red. - rad.
des. sçc. at.) - σα - des. sec. at.) suf. - x t l - des. sec. at.)

S. lp. e - Xv - o - v í - \ υ - σα é - Xe - λ ύ -x e l - v
(íXeXúxrça)
2 p. e - Xu - e - s ί - λ ν - σ α -s é - Xe - λ ύ - x e l - y
(- K7?C)
3p. € - λυ - e(v) e - λυ - cre (v) é - Xe - Xú - Χ€Ϊ(ν)(-κη)

P. jjp. é - Xú - o - pev ê - λύ - σα - ptv e - Xe - Xú -xe(t) -pev

2 p. é - Xú - e - re é - Xú - σα - re e - Xe - Xú -xe(i) - re

3p. e - λυ - o - v β -λ ν - σ α -ν é - Xe - Xú - xe - σαν

D. 2p. € - Xu - e - την è - λυ - σά - την e - Xe - Xu -x e í - την

3p. e - λυ - é - την i - λ υ - σ ά - την è - λ e - λυ - xei - την

N .B .— As duas primeiras pessoas do plural do mais que perfeito


ativo apresentam dupla forma com e sem o - i do sufixo. Na 3.' pessoa
do plural é preferível a forma com a vogal simples.
— Quanto à acentuação nos verbos, observa-se a tendência para recuar
o mais possível a sílaba tônica, levando em conta a quantidade da sílaba
final.
•— Nos verbos compostos, embora se respeitem as mesmas regras de
acentuação que as dos verbos simples, cumpre não fazer recuar o acento
além do aumento. Por exemplo: τταρην (1.* pessoa do singular do preté­
rito imperfeito de irap eivai = estar presente, participar).
— Também se usa o - v eufônico na 3.* pessoa do singular dos tempos
secundários ativos do indicativo dos verbos temáticos.
1 58 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

VOZES M ÉDIA É PASSIVA — TEM POS SECUNDÁRIOS


(DESINÊNCIAS SEC. MÉDIO — PASS.)

PRET. IM PER FEITO — M.P. AORISTO M ÉDIO

(Aum. — rad. — vog. o/e (Aum. — radr-suf. — o d


— des. m. — p.) — des. m.-p.)

S. lp. í - \ v - ό - μην è - λυ - σά - μην


2 p. k - λύ - e - σο > k - λύ - oü é - λύ - σα - σο > t - λύ - σω
3p. έ - λύ - e - το έ - λύ - σα - το

P. lp. e - \υ - ό - μ ώ α έ - λυ - σά - μ ώ α
2 p. έ - λύ - € - σθβ έ - λύ - σα - σθ(
3p. é - λ ύ - o - ντο è - λύ - σα - ντο

D. 2p. é - λυ - é - σθην t - λυ - σά - σθην


3p. é - λυ - é - σθην έ - λο - σά - σθην

PRET. MAIS QUE PER F. M.P. AORISTO PASSIVO

(Aum. — red. — rad. ·— des. (Aum. — rad. — suf. θη — des.


sec. m. p.) ativas)

S. lp. é - \ e - λ ύ - μην é - λύ - 6η - v
2 p. €- λ e - λ ο - σο k - λύ - θη - s
3ρ. ί - λ 6 - \ υ - το k -'Κύ-θη

Ρ. lp. é - λ é - λ ύ - μ(θα é - \ ύ - θ η - μβν


2 ρ. é - λ ί - λο - σθέ é - λύ -θη - té

3ρ. έ - λέ - λυ - ντο è - λ ύ - θη - σαν

D. 2ρ. e - λί - λύ - σθην έ - λο -θή - την


3ρ. ί - λβ - λύ - σθην ί - λ ο - 01 ? - την
OS GREGOS E SEU IDIOMA 159

N.B. — As desinências do aoristo passivo são, exeepcionalmente, ati­


vas em virtude da origem desse tempo, que era primitivamente usado com
valor ativo, exprimindo o estado. Posteriormente, especializando-se esse
aoristo na voz passiva, conservou, apesar disso, a antiga forma (em todos
os modos).
O perfeito e o mais que perfeito ativos são muito pouco usados e nu­
merosos verbos não os registram. O aoristo é de uso muito mais corrente,
não tendo nenhuma relação etimológica direta com o futuro, embora,
aparentemente, ambos se assemelhem na forma. O tema de aoristo é inde­
pendente dos de presente e de perfeito, sendo que a conjugação grega ba­
seia-se propriamente nesses três temas temporais, portadores dos três as­
pectos fundamentais do processo verbal, como já vimos. O futuro, ativo e
médio, nada mais era, na origem, que um presente desiderativo, com sufi­
xo sigmático. O futuro e o aoristo passivos são criações helênicas (forma­
ções vernáculas), (cf. 2? Tomo - 2? Parte).

20" Exercício.

II — Verta para o grego ·.

1 —-Somos juizes e legisladores.


2 — A honra dos cidadãos é límpida e evidente.
3 — O silêncio é bom e necessário para a paz da almá.
4 — O desânimo e a preguiça não são bons para a vida humana.
5 — Nos exércitos há fome e sede após os combates.
6 — As mbças .dançavam nas aldeias.
7 — A paz é o princípio da felicidade para os países.
8 — Os rapazes caçarão Oom grande audácia (adjunto adverbial de
modo).
9 — Os atletas eram unhados antes da lutas (voz passiva).
10 — As injustiças são sempre más e vis, porém a verdade é bela e
necessária.

III — Vocabulário: antes, diante de = ττρό (com genitivo) — após, depois


= p t r á (com acusativo) — i) σ τρ α τιά = o exército.
IV — Passe para o pretérito imperfeito as duas primeiras frases e para
o futuro a terceira e quarta. Ponha no singular, em grego, as frases de
números 6 , 8 e 9.
160 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

LEM BRETE SINTÁTICO N.® 5

O VALOR DOS TEMPOS NO MODO INDICATIVO (I) -


PR ESEN TE E IM PERFEITO

O sentido e o emprego dos tempos só podem ser bem compreendidos


levando-se em conta, não só a relação estabelecida entre a ação propria­
mente dita e o tempo presente ou passado (noção temporal) em que ela
se processa, mas também o grau de acabamento ou a duração do pro­
cesso (noção de aspecto).
Assim se explicam determinados usos especiais dos tempos do indi­
cativo:
I — O presente (aspecto durativo) é usado:
a) Em sentenças ou máximas de valor e significado permanentes. E x.:
Προπέτβία πολλοίς έστιν αίτια χαχών. (A precipitação é causa de
males para muitos indivíduos). 01 άνθρωποί βροτοί άσιν (Os homens
são mortais). λύπης ιατρός ΐσ η ν άνθρώποις χρόνος (Ο tempo é ο médico
da dor para os homens).
N.B. — Ê freqüente em sentenças desse tipo (γνώμαι) a omissão do
artigo e, às vezes, até do verbo de ligação (eivai), (frase nominal).
b) Para exprimir uma tentativa, com , resultados duráveis. Ex.: Ευ
π ρ ά ττω (Tento fazer bons negócios ou pretendo agir. no bom sentido,
tento persuadir), (cf. eí>= bem, harmoniosamente - adv. de modo)
c) Para dar a idéia de repetição de um mesmo fato através do tempo.
Ex.: 0 1 διδάσχαλοι τους παϊδας την ίπιστήμην x a l την άρβτην
δίδάσχουσιν. (Os mestres ensinam ciência e virtude às crianças). ’Ε γώ
δ' οίνον πίνω (De minha parte, bebo vinho habitualmente).
d) Para dar ênfase à idéia de duração no relato de jatos passados (pre­
sente histórico). Ex.: Οι Αθηναίοι èv τή Σ αλαμ ινι τους I I έρσας
νιχώσι (Os Atenienses vencem os Persas em Salamina). (Aapelos)
K vpov Óè μeτaπέμπeτaι άπό τής αρχής ής αυτόν σατράπην ίποίησ6
(Dario manda vir Ciro do governo de que o fizera sátrapa) (Xenofonte).
II — O pretérito imperjeito transfere para o tempo passado a duração
da ação ou do estado, exprimindo quase as mesmas noções que o pre­
sente, cujo tema adota. Assim:
a) Indica uma tentativa no passado. Ex.: Εδ ’ίπ ρα ττο ν (Eu preten­
dia fazer bons negócios). τΩδβ ουν erroielro την συλλογήν. (Eis, por­
tanto, de que modo èle tentava jazer essa convocação ·— Xenofonte).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 161

b) Exprime uma repetição no passado ou um hábito adquirido. Ex.:


Σωκράτης ovx ετηνεν, ei μή διψών (Sócrates não bebia se não tivesse
sede).
c) Insiste sobre a idéia de duração, numa narração de fatos passados
(imperfeito histórico). Ex.: .. (Kõpos) διέβαινε' συνείπετο δέ xai
το άλλο στράτευμα.
(Ciro atravessava (o rio) e todo o seu exército o acompanhava)
(Xenofonte).
d) Quando seguido da partícula ív, o imperfeito exprime o chamado
"irreal” . Ex.: Et περί τής τέχνης καλώς ήπίσταντο λέ-γειν, καν
ήττίσταντο περί των άλλων άπάντων.
(Se sabiam falar bem a respeito dessa arte, também saberíam
acerca de todas as outras), (cf 2?Tomo - Lembrete n9 4)
N.B. — Alguns verbos podem ter um i sentido de perfeito na forma do
presente: νικώ (arrebato a vitória ou sou vencedor), αδικώ (causo dano
a, sou culpado), άκονω (ouço, sei por ouvir dizer), ιρείτγω (fujo ou sou
exilado), etc.
Êsses mesmos verbos, no pretérito imperfeito, tanto têm o valor
déste último tempo quanto do mais que perfeito.

IMAGENS DA HÉLADE N? 10 - (Texto de Ilustração)

“D É B ITO S E D E V E D O R E S N A GRÉCIA A R C A IC A ”
(adaptado de W. G. Forrest — “ La naissance de
la Démocratie Grecque”, 1956) (Hachette, “ LTJni-
vers des Connaissances” )

Por volta de 600 a.C., havia na Ática numerosos pequenos fazendei­


ros que se achavam, deste ou daquele modo, ligados a um patrão mais rico.
Tais homens eram chamados “hektim oroi”, isto é, “ os sexta-parte” o que
certamente significava que deveríam pagar a seu suzerano um sexto de
suas colheitas a n u a is...
Quando não pagavam, tanto eles quanto suas famílias podiam ser
vendidos como escravos. Neste caso, a terra que lavravam, e cujo estatuto
fora fixado pela colocação de um “ horos” ou marco limítrofe, retom ava
logo ao patrão.
É bastante evidente que existia nessa época um problema crucial re­
lativo às dívidas e aos créditos, e que, em função de regulamentos em
162 GUJDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

vigor, seu pagamento era garantido pela perda de liberdade por parte
do devedor. Do mesmo modo que um “heetêmoro”, o devedor que não sa­
tisfizesse às cotas de reembolso podia ser reduzido à escravidão.
Ambos os problemas foram resolvidos em 594, quando Sólon foi
eleito arconte (primeiro magistrado da cidade). Como mediador e legis­
lador, ele promulgou então sua “seisáchtheia” ou “supressão das obriga­
ções infamantes”, pela qual o estatuto dos hectêmoros foi abolido, as dí­
vidas existentes suprimidas e o constrangimento físico interdito.
Tentando explicar a crise e sua solução, as fontes antigas — como
Aristóteles, e Plutarco, na “Vida de Sólon” — parecem relacionar estrei­
tamente o “heetêmoro” e o devedor, aproximação aceita e naturalm ente
desenvolvida pela maioria dos historiadores modernos, os quais mostram
o sitiante livre a caminho da escravidão, sempre que se compromete com
o rico senhor pela dívida e o empréstimo. Entretanto, nem Plutarco nem
Aristóteles explicam a Origem desse estatuto de modo claro. Daí resulta
aparente contradição. Se, de início, a pessoa humana tivesse sido a
garantia da dívida, não. teria havido “heetêmoro” : a escravidão ter-se-ia
seguido imediatamente a qualquer falha no pagamento do empréstimo
inicial. Em troca, seria fácil imaginar o caminho preciso da decrepitude
de um devedor que se tomasse “heetêmoro”. Mas em que grau de insol-
vência teria ocorrido a mudança? Dar-se-ia que os Atenienses do V IP
século eram sempre devedores de um único personagem opulento? Em
caso contrário, de qual de seus credores se tomavam eles hectêmoros?
Muitas interpretações foram propostas para resolver essas dificulda­
des, mas a que parece mais lógica e legal é a que supõe que antes de Sólon
a terra fosse, na Ática, um bem inalienável da família e não do indivíduo,
o que perm itiría ao credor usufuir da terra em poder do heetêmoro, tiran ­
do permanente proveito dessa situação, sem precisar vendê-lo como es­
cravo, com risco de ver a terra cair em mãos de outros membros de sua
família. Mas nada nos prova que a terra na Ática alguma vez tenha sido
inalienável... Sem dúvida alguma, como em qualquer comunidade p ri­
mitiva, a terra era considerada um patrimônio familiar, tanto quanto
um bem individual; indubitavelmente, o Ateniense pobre achava-se ligado
de fato à sua terra, por séculos de tradição, quer pelo sentimento, quer
pelo fato brutal de que ele não tinha mais para onde ir. Mas é necessário
algo mais importante, apesar de tudo, que o sentimento ou a tradição,
para impedir os ricos todo-poderosos de procederem a expropriações:
pelo menos uma lei deveria haver, mas não há nenhum vestígio de tal lei. . .
Recentemente tem-se observado que o conjunto do problema é muito
artificial. A abolição, por Sólon, do regime dos créditos terá certamente
exaltado a imaginação dos Gregos das gerações mais tardias, para os quais
OS GREGOS E SEU IDIOMA 163

a dívida permanecia ainda uma preocupação familiar. 0 sistema dos hec-


têmoros, uma vez abolido, logo fofa esquecido, de tal forma que o histo­
riador do IV P século a.C. (e todos os nossos testemunhos provêm mais ou
menos diretamente desse século ou de época posterior) tinha alguma difi­
culdade em deslindar os detalhes exatos do assunto,.na tradição pré-sqlô-
nica, com relação às dívidas.
Havia, por certo, uma “dívida geral” em determinado sentido: o “hec-
têmoro” “devia” um sexto de sua produção anual, do mesmo modo que o
que tomava emprestado “devia” o capital e os juros de seu empréstimo; ora,
ambos estavam sujeitos à mesina penalidade, a redução à escravidão. Daí
não se infere, porém, que, dessa identidade de castigo ou dessa semelhan­
ça superficial das relações credor-devedor, o “contrato”, por assim dizer,
em que um homem se reconhecesse “hectêmoro” de um outro, fosse provo­
cado pelo fato de já ser ele devedor. . . . O simples temor, a mera neces­
sidade de proteção física, em meio às incertas condições de vida da alta
Idade Média grega, podem muito bem ter impelido as pessoas comuns a
se submeterem com prazer a um vizinho mais poderoso, oferecendo-lhe, em
troca, não só vassalagem, mas também uma renda em espécie. Com o tempo
a necessidade de proteção tendeu a desaparecer, mas não o desejo de “pro­
teger”, nem o poder que permitisse impor essa proteção e o impost® dela
decorrente. Um acordo, mais ou menos acidental, em vista de uma vanta­
gem mútua, pôde tornar-se uma relação social fixa e transmissível e, em
algum grau de sua evolução, essa relação foi sancionada pela lei prim i­
tiva. O tributo típico, incluso no termo “hectêmoros”, não podería provir
de um fenômeno acidental.
Pouco importa que tenha sido Drácon quem primeiro definiu o fato
e, em consequência, tenha sido o criador do termo “hectêmoros”. Se é
verdade que ele foi o iniciador da idéia geral da legislação ateniense, não
pode ter deixado de levar em consideração essa espécie de servidão, e terá
sido, sem dúvida, o primeiro a lançar, por escrito, a regulamentação desta
última, do mesmo modo que terá sido ele o primeiro a transcrever as leis
concernentes aos devedores.
Neste caso é difícil deixar de pensar que a agitação pré-solônica tenha
sido, em grande parte, devida ao fato de que Drácon tinha, pela primeira
vez, posto os hectêmoros e os devedores face a face com tudo o que impli­
cava a sua situação.

18. — A SEGUNDA DECLINAÇÃO NOMINAL (Temas em ômicron)


a) Substantivos masculinos e jemininos de tem,a em ômicron — Apre­
sentam o nominativo singular em - os e se declinam exatamente da mesma
forma, identificando-se o gênero pelo artigo. Os femininos são pouco
numerosos, ao passo que os masculinos e neutros constituem a maioria.
164 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Quanto à acentuação, podem ser oxítonos, paroxítonos e proparoxítonos


ou ainda properispômenos, mas só há perispômenos nos contratos (cf. a
primeira declinação). Exemplos: ó àypós (o campo), ó ποταμός (o rio),
ò νόμος (a lei), ó βίος (a vida), ô κίνδυνος (o perigo), ó άνθρωπος (o homem,
ser humano), ò δήμος (o povo, o povoado), ó μύθος (o mito, a fábula), η οδός
(o caminho), ή νόσος (a doença), η παρθένος (a virgem), ή αμπβλος (a videira),
ή έρημος (ο deserto), η νήσος (a ilha), ô νους (ο espírito, a mente), ό πλους
(a navegação).

b) Substantivos neutros de tema em ômicron — Diferem dos masculinos


e femininos apenas no nominativo, vocativo e acusativo do singular (termi­
nação — ov) e-do plural (terminação — d). Ex.: rò φυτόν (a planta), rò
μέτρον (a medida), rò φάρμαχον (a droga, remédio ou veneno), rò δώρον
(a dádiva, o dom), rò δένδρον (a árvore), rò όστούν (o osso).

TERM INAÇÕES DA SEGUNDA DECLINAÇÃO NOS TRÊS


GÊNEROS

SINGULAR

Masculinos Femininos Neutros

Nom. ò àyp 1 ός ή άμπελ - ος τό δώρ - ον


Voc. — àyp - éj — α μ π ελ- e — δώρ - ον
Acus. ròv àyp - ov την ά μ π ε λ -ο ν τό δώρ - ον
Gen. τον àyp - oi τής άμπέλ - ου τον δώρ - οΰ
Dat. τφ àyp - φ γή ά μ π έ λ - ω τώ δώρ - ω

PLURAL

Masculinos Femininos Neutros

Nom. oi àyp - oí αϊ ά μ π ελ - οϊ· τά δώρ - ά


Voc. — àyp - oí . — αμ 7Γίλ - οί — δώρ - α
Acus. τούς àyp - ούς τας άμπέλ - ονς τά δώρ - à
Gen. των à y p -ών τών άμπέλ - ων τών δώρ - ων
Dat. τοϊς àyp - ούς ταϊς άμπέλ - οίς τούς δώρ - οίς
os gkegos e se u idiom a 16 5

DUAL

Masculinos Femininos Neutros

Nom. τώ ά γ p - ώ τά όμπεΧ - ω τώ δώρ - ω


Voc. — άγρ - ώ — άμττέΧ - ω — δώ ρ - ω
Acus. τώ άγρ - ώ τά άμττέΧ - ω τώ δώ ρ- ω
Gen. τ οιν άγρ - οϊν τά ίν όμττέΧ - οϊν τοϊν δώρ - οιν
Dat. τοϊν άγρ - οϊν τα ϊν όμπεΧ - οϊν τοϊν δώρ - olv

Observações — 1 — O vocativo singular de üebs (deus ou deusa) era igual


ao nominativo, na época clássica. Em todos os outros nomes masculinos
e femininos de tema em - o, esse caso apresenta alternância vocálica da
vogal temática, com grau zero na desinência. Ex.: ά γ pé, αμπεΧε.
2 — Alguns nomes apresentam uma oscilação do gênero, no plural.
Assim: ó σίτος (o pão, o trigo), faz o plural r à σ ϊτα (o alimento), mas:
το στόδιον (o estádio), pode ter os plurais r à στάδια (neutro) e oi στάδιοι
(masculino), ò δεσμδς (o liame) faz oi δεσμοί e r à δεσμό.
3 — O masculino ò όδεΧφός (o irmão) faz o vocativo singular re­
cuando o acento: ώ όδεΧφε.
4 — Os nomes neutros costumam recuar o mais possível a sílaba
tônica, com exceção de d>bv (ovo), ζι/ybv (jugo, parelha). H á também
muitos neutros em - íov em geral diminutivos. E x.: rò τταιδίον, rò
θηρίον.
5 — Observe-se que o genitivo e o dativo dos três números, também
na segundâ declinação, apresentam terminações longas por natureza·, o
que obriga à acentuação perispômena nesses casos quando a sílaba tônica
fõr a final.

c) Adjetivos masculinos e neutros de tema em ômicron ■— Seguem a decli­


nação dos substantivos dos mesmos gêneros, correspondendo a uma forma
feminina de primeira declinação. Exemplos: ά γ a£òs, àyaÉbv (bom), καλό*,
xaXbv (belo), κακό*, - δν (mau), δεινόν, - bv (terrível, hábil), áyvbs, - bv
(puro, casto), ά γ λαό*, - bv (brilhante, límpido), ávay xalos, - ov (neces­
sário), φανερδς, - bv (exposto, evidente), μικρό*, - bv (pequeno), paxpbs,
- bv (grande), arepeós, - bv (sólido), βέβαιος, - ov (firme), πατρώο*,
16 6 GU1DA NEDDA BARATA PARREIRAS PIORTA

- ov (ancestral, paterno), θαυμαστός, - bv (admirável), λιχνρός, - bv


(agradável, mavioso), νέος, - ov (novo), αρχαίος, - ov (antigo, arcaico),
δίκαιος, - ov (justo, justiceiro), άνβ ρώπινος, - ov (humano), αισχρός,
- bv (feio, vil), παλαιός, - bv (= αρχαίος, - ov).
A acentuação desses adjetivos obedece às regras gerais já estudadas,
sendo que os neutros acompanham a sílaba tônica dos masculinos.

21° Exercício.
I — Decline: b χρυσός (o ouro), ó 'ίππος (o cavalo), b αχχελος (o mensa­
geiro, o anjo), ó ταύρος (o touro), nos três números.
II — Decline: ή Αΐχνπτος (o Egito), ή ΐίελοπόννησος (ο Peloponeso),
ή Κόρινθος (Corinto, cidade grega) no singular; rò όπλον (a arma, o ins­
trumento), το ειδωλον (a imagem, o ídolo) e τό ζώον (o animal) no sin­
gular e no plural.
III — Analise as formas seguintes, com os respectivos artigos, indican­
do-lhes o nominativo singular: ταϊς άναχχαίαις δόζαις ■— τοϊς άναχκαίοις
ξώοις — τού άχαθού καρπού — oi καλοί λόχοι — τούς μάκρους κινδύνους
- τώ όεινώ ταύρο: — ταίν λιχυραϊν φωναιν — ώ μαχρέ τβ χνϊτα .
IV — Decline, no singular: b πβνθίρός και η 7revGepà (ο sogro e a sogra),
b αδελφός και η αδελφή ,(ο irmão e a irmã). E no plural: ό όνος καί ή
χερανος (ο asno e a grua), ή έρημος και ή ύλη (ο deserto e a floresta).

22° Exercício.
I — Verta para o grego·.
1 — Os homens sábios são bons e justos.
2 — Os pequenos rjos eram belos e límpidos nos campos perto de
Corinto.
3 — As leis sempre foram os mestres dos cidadãos.
4 —■As grandes raízes das árvores estão junto das límpidas fontes.
5 — Os homens antigos sacrificaram (aoristo médio) muitas vezes
aos deuses.
6 — Os ( = estes) animais serão sacrificados (futuro passivo) pelos
cidadãos, na festa da deusa.
7 — A morte faz cessar a vida dps homens, mas a alma será sempre
imortal.
8 — Os animais eram caçados nos bosques pelo novo senhor das
terras.
9 — ó cidadão, a paz e o silêncio dos mares são agradáveis aos na­
vegantes.
os GREGOS E SEU IDIOMA 16 7

10 — As batalhas antigas eram terríveis, porém a coragem dos sol­


dados, em companhia de (seus) generais, era grande e admi­
rável,

II — Vocabulário — sábio* = σοφός, mestre ou professor = διδάσκαλοί


(ò), bosque ou floresta = ν \η (ή), terra ou território ou país = χώ ρα (ή),
junto de == rrpbs (prep. com dativo), com ou em companhia de = συν, ξύν
(prep. com dativo), a paz = ειρήνη (ή), o general = στρατηγός (ό).
I I I -— Passe para a voz ativa, em grego, as frases números 6 e 8 e passe
para o singular as frases números 1, 2, 3 e 4 deste exercício.
d) Substantivos contratos da segunda declinação — São alguns nomes mas­
culinos e neutros, cuja vogal temática se contrai com uma outra (- o
ou - e) que a precede no radical: - oo, - to, - ot, sempre se fundem no
ditongo ou (oú). Por outro lado, as vogais o e e são absorvidas pelas
vogais longas ou os ditongos das terminações casuais. Exemplos: ό
7rXóos > 7ΓXovs (a navegação), ò voos > νους (a mente, o espírito), rò
ό σ τ έ ο ν > ό σ τ ο ΰ ν (o ósso).

Note-se que os casos iguais do plural neutro (nominativo, vocativo


e acusativo) apresentam uma contração inesperada, visto que e + ά > õ,
em lugar de — η (cf. contratos da primeira declinação), por analogia com
os outros neutros não contratos cuja desinência nesses casos é sempre — ã.
Ex.: ό σ τ έ α > ο σ τ ά (cf. τα δ ώ ρ α ).
Quanto à acentuação, os nomes simples são sempre perispômenos, mas
os compostos são paroxítonos no nominativo singular, mantendo o acento
primeiro, segundo a regra, nos demais casos. Entretanto, nos peripômenos,
o nominativo, o voc. e o acusativo do dual levam sempre a acentuação oxitona.

TERM INAÇÕES DOS CONTRATOS DA SEGUNDA DECLINAÇÃO

SINGULAR

MASCULINO NEUTRO

Nom. ό νους (νόος) rò όστοΰν (όστέον)


Voc. — νοΰ (vbe) — όστοΰν (όστέον)
Acus. τον νουν (vbov) τό όστοΰν (όστέον)
Gen. τού νοϋ (vbov) \Τθΰ όστοΰ (όστέον)
Dat. τώ vã) (vbw) τώ όστώ (όστέω)
16 8 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

PLURAL

Nom. o i v o i (yòoi) τα όστα ( ό σ τ ία )

Voc. — v o i (VOOl) ■
— όσ τα ( ό σ τ ία )

Acus. tops νους (νόονς) τ ά όσ τα ( ό σ τ ία )

Gen. τω ν νώ ν (νόω ν) τ ω ν ο σ τ ώ ν (ό σ τ ίω ν )

Dat. τ ο ϊς νοϊς (νόονς) τ ο ϊς ό σ τ ο ϊς (ό σ τ ίο ις )

DUAL

Nom. τώ νώ (νόω) τώ ό σ τώ (ό σ τ ίω )

Voc. — νώ (νόω) — όσ τώ (ό σ τ ίω )

Acus. τώ νώ (νόω) τώ ό σ τώ (ό σ τ ίω )

Gen. το νν v o iv (νόοιν) τ ο ϊν ό σ τ ο ϊν ( ό σ τ ίο ιν )

Dat. το νν v o iv (νόοιν) το ν ν ό σ γ ο ίν ( ό σ τ ίο ιν )

N.B. — Quando as sílabas que se contraem são átonas, o acento permanece


na sílaba em que estava, anteriormente à contração; mas se a l?das sílabas contra-
entes é acentuada, a resultante contrata leva o circunflexo
Ex.: απλοος > απλούς (não navegável), άπλόος > απλούς (simples).
Com freqüência, os contratos compostos são adjetivos qualificativos.
Ex.; πρόνους (previsor, prudente), βΰνους (benevolente).
e) A segunda declinação, chamada ática — Abrange alguns temas, subs­
tantivos e adjetivos, em que a vogal temática - o, vindo precedida de uma
vogal longa - η, sofre metátese quantitativa, passando a - ω. Assim,
do jônico ò νηός passou-se ao ático ò νεώς (o templo). No entanto, em
alguns substantivos como ò χάλως, (a corda, a amarra), ò Xayús (a lebre)
ò τ α ώς (o pavão), ο - ω é etimológico. Estes nomes áticos conservam
o - ω em todos os casos e, para ejeitos de acentuação, essa vogal é consi­
derada breve.
O - ω final absorverá todo e qualquer elemento vocálico das desi-
nências, tornando subscritos os iotas existentes nelas. Essa declinação
caracteriza-se pela ausência de contrações e a acentuação se fará sempre
com o agudo. Ocorre também, em alguns substantivos, a sinérese do
ômega com a vogal precedente, sendo ambos contados numa só sílaba.
Ex.; rò άνώγεων (pavimento superior; sala de refeições), η (ως (a aurora).
OS GREGOS E SEU IDIOMA
169

TERM INAÇÕES DA SEGUNDA DECL INAÇÃO ÃTICA

MASCULINOS FEM ININOS NEUTROS

SINGULAR

Nom. ó veús η eu s rò àvú yeuv

Voc. —- (v e ú s ) — Çius) — α νω ^ β ω ν

Acus. τ ο ν ve ú (v ) τ η ν 'έω(ν) το àvú yeu v

Gen. το υ v e ú τη $ e u τον à v ú y e u

Dat. τώ veú τν τώ à v ú y e u

PLURAL

« «/
Nom. oi veú α ι βω τά àvú yeà

Voc. — (νίφ) — («“ ) — àvú yeà

Acus. tovs v e ú s r à s eu s τά àvú yeà

Gen. των veúv τώ ν eu v τω ν à v ú y e u v

Dat. róis veús τ α ϊς e u s to I s àvú yeus

DUAL

Nom. τ ώ ' veú τ α βω τώ ανώ ^βω

Voc. — (veú ) - (eu ) •— (à vú ye u )

Acus. τώ veú τ α βω τώ ανώ ^βω

Gen. τ ο ϊν vecçv τ α ϊν eu v τ ο ϊν à v ú y e u v

Dat. τ ο ϊν vtú>v τ α ϊ ν ΐω ν τ ο ϊν à v ú y e u v

N.B. — A desinência — v do acu.sativo singular masculino e feminino é


facultativa. Os casos iguais do neutro plural terminam em — â por ana­
logia. O vocativo é raro.
170 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

2S.° Exercício.

I — Decline: rò κ ά ν ο υ ν (o cesto), ό ρούς (a correnteza, o fluxo), ò πε-


ρ ίπ λ ο υ ς (périplo, circunavegação), nos três números.

II — Decline: ό λεώς (o povo), no singular e no dual, e ó λαχώς


(a lebre) no singular e no plural.
III — Decline: ô καλός άδελφιδονς (o belo sobrinho), ή άχαθή κωμωδία
(a boa comédia), ή στερεά τράπεζα (a mesa sólida), rò ιερόν είδωλον
(a imagem sagrada), ή κοινή διάλεκτος (a língua comum), nos três números
(atenção ao fato de ser, às vezes, o adjetivo de declinação diferente da do
substantivo: a concordância só é obrigatória em gênero, em número e
em caso).

24° Exercício —

I — Traduza: “Ilepi το ύ θ α ν ά τ ο υ ”

‘0 θ ά ν α τ ο ς π α ύ ε ι τ ο ν τ ω ν ά ν θ ρ ώ π ω ν β ίο ν . Α ί λΰ π α ί τε κ α ί αί χ α ρ α ί
το ύ β ίο υ ’έ χ ο υ σ ι τώ θ α ν ά τ ιρ τ ε λ ε υ τ ή ν . Tols δ 'ά ν θ ρ ώ π ο ις τ ο ις δ ικ α ίο ις κ α ί
τ ο ίς ά χ α θ ο ίς ό θ ά ν α τ ο ς η σ υ χ ία κ α ί ε ιρ ή ν η έ σ τ ίν , ά λ λ α τ ο ις κ α κ ο ίς κ α ί
τ ο ις ά δ ίκ ο ις δεινός. ’Έ σ τ ι π α ρ ο ι μ ία τ ο ν θ ά ν α τ ο ν κ α ί τ ο ν ύ π ν ο ν ά δ ελιρ ο ύ ς
ε ίν α ι. ‘Ώς y à p ύ π ό το υ θ α ν ά τ ο υ οί τω ν ά ν θ ρ ώ π ω ν π ό ν ο ι π α ύ ο ν τ α ι, ο ύ τ ω ς
κ α ί ε π ιλ α ν θ ά ν ε τ α ι ό ά ν θ ρ ω π ο ς εν τώ ύπ ν ω τ ω ν το ύ β ίο υ λ υ π ώ ν .

II — Vocabulário: ό θ ά ν α τ ο ς (a morte), ή χ α ρ ά (a alegria), τ ε . . . κ α ί


( = não só mas também, tanto quanto: partículas coordenativas), ε χ ε ι ν
(verbo consonântico, regular no tema do presente = ter, possuir, manter-se),
ε σ τ ι (forma tônica da terceira pessoa do singular de ε ίν α ι , no presente,
normalmente átona, enclítica, mas aqui acentuada fortemente, por sua
posição enfática: há, existe), ά δ ικ ο ς, ά δ ικ ο ν (adjetivo qualificativo = in­
justo), cbs y à p (— assim como, pois) ο ύ τ ω ς κ α ί (= assim também), ò π ό νο ς
= a pena, o esforço, 0 trabalho), π α ύ ε ιν (= fazer cessar; na voz média
este verbo significa: cessar, intransitivo;, έ π ιλ α ν θ ά ν ε σ θ α ι (verbo depoente)
consonântico, regular no tema do presente = esquecer-se de; rege genitivo),
ò ύπ νος (o sono).

I I I — Anali&e os adjuntos adverbiais deste texto, explicando-lhes o em­


prego dos casos.
Observação — No texto há uma oração infinitiva com o sujeito em acusa-
tivo, construção corrente em grego e em latim, quando a infinitiva é su­
jeito de um verbo impessoal ou objeto de um verbo finito. Observe-se que
0 predicativo concorda sempre em caso com 0 sujeito do verbo de ligação.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 171

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 6

O VALOR DOS TEM POS NO MODO INDICATIVO (II) O FUTURO

a) — O juturo — Considerando-se que a duração do processo verbal se


exprimia pelo tema temporal, é compreensível que, de início, a noção
do tempo futuro não tivesse expressão própria. Por isso a língua grega
adaptou uma antiga forma de presente indo-europeu, o desiderativo,
para indicar a intenção ou a vontade de agir, num tempo ainda por vir.
Daí, por exemplo: αρ£ω (= comandarei ou atingirei o comando),
βασιλίύσίΐ (= ele reinará ou pretende reinar). Assim, no grego, o futuro
exprime um fato que deverá acontecer ou um estado de coisas que terá
início após o presente.
Contudo, esse tempo conserva ainda um matiz modal de suas ori­
gens, que o aparenta ao subjuntivo, permitindo-nos traduzi-lo pelos
auxiliares querer ou dever seguidos de um infinitivo. Exemplos:
Σ κήφ ομαι (= Vou v e r.— Aristófanes). Ποϊ βησόμβθα; (= Aonde de­
vemos ir? Para onde avançaremos?). Tí 7rpáfjeejtfe; (= Que deveis
realizar ?).
A idéia de um futuro próximo se exprime pela perífrase: μέΧΧειν
e um infinitivo (sozinho, o verbo péXXeiv significa hesitar, custar a, mas
seguido de infinitivo traduz-se por: estar a ponto de ou pelos auxiliares
ir ou dever). Exemplos: μέΧΧω δαχρύαν ( = estou a ponto de chorar).
μέΧΧω Xéyeiv (= ou falar), μίΧΧονσι άποθανέίv (= eles devem morrer).
b) — O juturo perjeito (ou futuro anterior) — formado do radical do
perfeito, mas com o sufixo característico do futuro, indica a brusca
aparição de um estado juturo ou o resultado juturo de uma ação acabada
(cf. o tem a do perfeito).
É o que chamamos o juturo do ,perjeito. Ex.: ‘Ό τα ν τ(θνή&ι,
Χέξομεν. (quando ele tiver morrido, falaremos).

25° Exercido ■

I — Traduza (a partir deste exercício, recorra ao dicionário):

1 — Oi βάρβαροί tkàrpevov rols TaXauüs ΰδώΧοίς.


2 — Ό rjXios xa i η σέΧήνη roís άρχαίοις Χβφς deol ησαν.
3 — Φυτβύσομ€ν καλά δένδρα iv rols του δίδαΟΚάΧον χήποι,ς.
172 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

4 — T à μικρά τταιδία μέλλονσι δακρύειν, ά λλ' ή αδελφή μ ετ' αύτώι


εσται.
5 — ‘Ο του φιλοσόφου νους àyXaós έστι καί το αυτού epyoi
θαυμαστόν εσται.
6 — Τά τού οίκετον δώρα τώ δεσττότρ ταώς καί δύο Xaycà ήσαν

II — Observe ο pronome demonstrativo αυτός, -ή , -ό (ο próprio, ele


— suprindo ο pronome pessoal de terceira pessoa do singular e do plural).
Declina-se pela segunda declinação no masculino e no neutro e pela primeira no fe­
minino. Decline-o no plural.

19. — VER BO S TEM ÁTICO S NO IN D IC A TIV O (Segunda parte —


OS CONTRATOS)

a) Generalidades.

São verbos contratos os que apresentam o radical vocálico terminado


por - a, - e, - o, que se contraem com a vogal temática do tema de
presente. Portanto, seguindo as regras da contração vocálica, esses verbos
se afastam da conjugação regular apenas nos presentes e no pretérito im­
perfeito do indicativo (verbos contratos em - ω puro), sendo que, nos ou­
tros tempos (futuro, aoristo, perfeito e mais que perfeito), dá-se o alonga­
mento da vogal final do radical geral ( a —* η, ε —*η, o —>ω).
A formação de todos os tempos desses verbos é, contudo, idêntica
à dos verbos regulares não contratos.
Em sua maioria, tais verbos são derivados de radicais nominais, de
substantivos ou de adjetivos (verbos denominativos), por meio de um
antigo sufixo verbal - jo/e. A queda do iode intervocálico acarretou o
contato entre as duas vogais e a posterior contração, sempre em vogal
longa ou ditongo. Ex.: τιμά - joi > τιμώ (cf. ή τιμή), honrar, φ ιλέ
- ]ω > φιλώ (cf. ή φιλία), amar, estimar, δουλό -jco > δουλώ (cf. ό δούλος),
escravizar, etc. (cf. latim: laudo, deleo etc).
Os dois primeiros tipos (em - άω e em - εω) foram especialmente
férteis em grego, sendo que, na prosa ática clássica, as formas contratas
são as únicas empregadas.

b) Regras da contração vocálica — Podem-se reduzir a três:

I — Vogais iguais pelo timbre contraem-se na mesma vogal longa. E x .


α + α > ã, ι + ι > Z, u + u > v. Entretanto: e + e > ei, o + o > ou.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 173

Contraindo-se uma vogal simples com ditongo cuja base lhe seja
idêntica, a vogal é absorvida pelo ditongo. Ex.: e + et > et, o + ou > ov,
a + eu > cu.
II ■— Vogais de timbre dijerente, sendo a e e ou η, prevalece, na contração,
o timbre da que vier em primeiro lugar. Ex.: α + e > ã, a + η > ã,
e + a > τη.
III — Vogais de timbre dijerente, que não sejam as já citadas (contrações
em que entrem um - o ou um - ω), prevalece o timbre da mais grave
na sílaba contrata. Ex.: α + o > ω, e + o > ou, o -f- η > ω.

N.B. — Ãs vezes pode' dar-se uma contração d e v + e em ϋ (cf. terceira


declinação), fora, porém, do âmbito da conjugação.
Note-se que, nos verbos atemátibos, algumas contrações divergem
das do quadro que precede, em certas formas do subjuntivo. *
Como já vimos, a sílaba contrata ê sempre longa e será tônica desde
que uma das que se contraíram seja acentuada. Quanto ao acento da
sílaba contrata, será o circunjlexo se tiver sido tônica a primeira das sílabas
contraentes, mas será agudo, se houver sido tônica a segunda delas. Ex.:
τιμάομβ' > τίμώμ€v (la. p. pl. pres. indicat.) τίμαέτω > τιμάτω (3a. p.
sing. presente do imperativo).
Note-se ainda que o - 1 sempre permanece nas contrações, exceto
nos infinitivos presentes ativos.

Vide “ Os Gregos e seu Idioma” (2* tomo).


174 ÜUIDA NKDDA BARATA PARREIRAS HORTA

CONJUGAÇÃO DOS PARADIGMAS CONTRATOS — Presente do


Indicativo — VOZ ATIVA

Τιμάν ( - άεν) (honrar) — ΥΙολεμεΖν (- εεν) (guerrear) Α,ουλοϋν (- άεν)


(escravizar)

Radical — vogal o/e — desinências primárias ativas.

S. lp. (τιμάω) τιμώ (πολεμέω) 7τολεμώ (δουλάω) δουλώ


2p. (τιμάεις) τιμάς (πολεμ€6ΐϊ) πολεμε'ις (δουλάεις) δουλοίς
3p. (τιμάει) τιμά. (πολεμέει) πολεμεϊ (δουλόίΐ) δούλοι

Ρ. 1ρ. (τιμάομεν) τιμώμεν (πολέμιομεν) πολεμοϋμεν (δουλόομεν) δουλουμεν


2ρ. (τιμάετε) τιμ ά τε (πολεμέετε) πολεμε'ιτε (δουλόετε) δοολοϋτβ
3ρ. (τιμάουσι) τιμώσι(ν) (πολεμέουσι) πολεμονσι(ν) (δουλόονσι) δονλοΰσι(ν)

D. 2ρ. (τιμάετον) τιμάτον (πολεμέετον) πολεμειτον (δουλόετον) δονλούτον


3ρ. (τιμάετον) τιμάτον (πολεμέετον) πολεμεϊτον (δουλόετον) δουλουτον

CONJUGAÇÃO DOS PARADIGMAS CONTRATOS

PR ESEN TE DO INDICATIVO — VOZES M ÉD IA E PASSIVA

Radical — vogal o/t — desinências primárias médio-passivas

S. lp. (τιμάομαι). τιμώμαι (πολεμέομαι) πολεμονμαι (δουλόομαι) δουλοϋμαι


2p. (τιμάν) (πολεμέχι) πολεμγι (- €Ϊ) (δουλότ)) δούλοι
3p. (τιμ ά ετα ι) τιμ ά τα ι (πολεμέεται) πολεμειται (δουλόεται) δονλονται

P. lp. (τιμαόμεθα) τιμώ μέθα (πολεμεόμεθα) πολεμούμεθα (δουλοόμεθ α) δονλοίμεθ α


2ρ. (τιμάεσβε) τιμάσθε (πολεμέεσβε) πόλεμε~ισθε (δουλόεσθε) δουλοΰσθ'ε
3ρ. (τιμάονται) τιμώ νται (ηολεμέονται) πολεμοΰνται (■δουλόονται) δουλοΰνται

D. 2ρ. (τιμάεσθον) τιμάσθον (π ολεμέεσθον) πολεμεισθον (δονλόεσθον) δουλοϋσθον


3ρ. (τιμάεσθον) τιμάσθον (π ολεμέεσθον) πολεμεισθον (δουλόεσθον) δουλοΰσθον)
OS GREGOS E SEU IDIOMA 175

Observações:
1 — H á um certo número de verbos contratos cujo radical já termina
por vogal longa, confundindo-se alguns, indevidamente, com os verbos em
- άω, quando terminam realmente em - ήω (- ηjo>). Suas contrações
só se dão em - η e em - ω. São eles: ζην (viver), χρήσθαι (servir-se de,
regendo dativo), ψήν (raspar, arranhar), διφήν (ter sede), ττεινήν (ter fome).
Ex.: presente do indicativo: ζώ, ζής, ζή, ζώμεν, ζήτε, ζώ σ ι— χρώμαι, χρή,
χ ρ ή τα ι, χρώμεθα, χρήσθε, χ ρ ώ ν τα ι,...
Ο verbo χρήσθαι é depoente, não tendo as formas de voz ativa.
2 — Note-se que o composto άποχρήν (bastar) é geralmente impessoal e
o verbo ζην costuma completar-se, no futuro, no aoristo e no perfeito, pelas
formas de βιό - ω (-ώ) seu sinônimo, visto que é defectivo nesses tempos.
H á uma forma rara de futuro ζήσω, em poesia. Por sua vez, βιώ não se
usa nem no presente nem no imperfeito, na prosa clássica.
3 — Também os verbos Ιδρών (suar) e fu-γών (estremecer, tintar) fazem
as contrações áticas em - ω e - ω, em vez de - ou e - oi. Assim, con-
jugam-se, no presente do indicativo: Ιδρώ, ίδρώς, ίδρώ . . ., etc. e ριγώ,
piyiês, fiiyiõ, . . . etc. Este último apresenta duas formas no infinitivo
presente: {n yüv/ piyoõv.

PR ETÉR ITO IM PERFEITO DOS VERBOS CONTRATOS — VOZ ATIVA

Aumento — radical — vogal o/e — desinências secundárias ativas

S. lp. (έ-τίμα-ον) έτίμων (έ-τολέμε-ον) έπολέμουν (έ-δοΰλο-ον) έδοΰλουν


2p. (é-ríyua-es) έτίμά s (έ-πολέμε-ες) έττολέμεις (έ-δούλο-ε$) έδοΰλοντ
3p. (ε-τίμα-ε) έτίμά (έ-7roXépe-e) έτολέμει (έ-δονλο-ε) έδονλου

P. lp. (έ-τιμά-ομεv) (έ-7τολεμέ-ομεν) (έ-δονλό-ομεν)


ετιμώμεν έπςλεμοϋμεν έδονλονμεν
2p. (ε-τιμά-ετε) (é-7τολεμέ-ετε) (έ-δονλό-ετε)
έτιμ ά τε έτολεμεϊτε έδουλοντε
3p. (έ-τίμα-ον) (έ-πολεμε-ον) (έ-δοΰλο-ον)
έτίμων έττολέμουν έδούλονν

D. 2p. (έ-τψ α-έ-την) (έ-ττολεμε-έ-την) (έ-δονλο-έ-την)


έτιμ ά τη v έπολεμείτην έδουλοΰτην
3p. (έτιμα-έ-την) (έ-πολεμε-ε-την) (έ-δονλο-έ-την)
έτιμά τη v έπολεμείτην εδουλοΰτην
GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

PR ETÉR ITO IM PER FEITO DOS VERBOS CONTRATOS

VOZES M ÉDIA E PASSIVA (Desinências médio — passivas)

S. lp. (έ-τιμα-όμηρ) (έ-7Γολεμε-όμηρ) (έ-δονΧο-όμηρ)


ετιμώμην έττοΧεμοϋμηρ έδουΧούμηρ
2p. (ε-τιμά-ου) (ε-ττοΧεμέ-ου) (έ-δονΧό-ου)
έτιμώ έποΧεμον έδονΧον
3ρ. (ε-τιμά-ετο) (é-7TοΧεμέ-ετο) (έ-δονΧό-ετο)
ετ ιμάτο έιτοΧεμεϊτο έδουΧοντο

Ρ. 1ρ. (έ-τψα-ό-μεθα) .(έ-7τοΧεμε-όμεΟ α) (έ-δουλο-όμεϋ α)


ετψωμεϋα €7ΓοΧεμονμέθα έδουΧούμεθα
2ρ. (ε-τιμά-εσθε) (έ-ποΧεμέ-εσθε) (έ-δουΧό-εσθε)
ετιμασθε εποΧεμεϊσθε έδουΧούσθε
3ρ. (έ-τιμά-οντο) (έ-τνοΧεμέ-ΟΡτό) (έ-δονΧό-ορτο)
έτιμώντο εττοΧεμονΡτο έδουΧονντο

D. 2ρ. (c -τιμα-έ-σθηρ) (έ-ποΧεμε-έ-σθηρ) (ε-δουλο-έ-σθην)


επμάσθηρ έποΧεμείσθηρ έδουΧούσθηρ
3ρ. (ε-τιμα-έ-σΟηρ) (ε-ποΧεμε-έ-σθηρ) (έ-δουΧο-έ-σθηρ)
έπμάσθηρ έποΧεμείσθηρ έδουΧούσθηρ

N.B. — 1 — A primitiva forma dos infinitivos desses verbos tinha uma


terminação em - ερ com a vogal longa, diretamente acrescentada ao radical
vocálico. Por isso não há nenhum iota subscrito nessas formas.
2 — O juturo médio dos contratos também tem o valor de v.oz passiva,
visto que a' forma do futuro passivo é relativamente tardia, só começando
a aparecer a partir do V.° século a.C.

Em compensação, os verbos βοαν (gritar) e σ ιγάν (calar-se) têm um


futuro médio na voz ativa, conservando as outras formas regulares.
c) Tempos não contratos do indicativo — Via de regra, como vimos, a
vogal que finaliza o radical geral alonga-se nesses tempos, cuja formação
é idêntica à dos verbos regulares. Há, contudo, exceções que enumerare­
mos em seguida aos quadros da conjugação normal, de que daremos
apenas a primeira pessoa do singular.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 177

FUTURO DO INDICATIVO
VOZ ATIVA (Rad. — suf. ao/ae. Des. primárias ativas)

S. Ip. τιμή-σω πο\ίμή-σω δονλώ-σω

VOZ M ÉDIA (Rad. ·— suf. σο/σε. Des. prim. médio-passivas)

S. lp. τιμή-σομαι ττολίμή-σομαι δουλώ-σομαι

VOZ PASSIVA (Rad. — suf. θησο/e Des. prim. médio-passivas)

S. lp. τιμη-θήσομαί ττολεμη-θήσομαι δου\ω-&ήσομαί

AORISTO DO INDICATIVO
VOZ ATIVA (Aum. Rad. ·— suf. σα. Des. secundárias ativas)

S. lp. è-τίμη-σα έ-πο\έμη-σα t-δοΰλω-σ α

VOZ M ÉDIA (Aum. Rad. — suf. σα. Des. sec. médio-passivas)

S. lp. è-πμη-σάμηρ (-ποΚβμη-σάμην ί-δουλω-σάμην

VOZ PASSIVA (Aum. Rad. — suf. θη. Des. secundárias ativas)

S. lp. ΐ-τψή-θη-ν ΐ-πολίμή-θη-ν ί-δου\ώ-θη-ν

PR ET É R IT O PER FEITO DO INDICATIVO

VOZ ATIVA (Red. rad. — suf. κα. Des. primárias ativas)

S. lp. τβ-τίμη-χα πβ-ττοΧέμη-χα δβ-δοΰλω-χα

VOZ M ÉDIO PAS. (Red. rad. — des. primárias médio-passivas)

S. lp. re-τίμ η-μαί ■πε-πόΧίμη-μαι δβ-δονΧω-μαί


1 78 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

MAIS QUE PER FEITO DO INDICATIVO

VOZ ATIVA (Aum. red. rad. -— suf. xel desinências sec. ativas)

S. lp. ί-τί-τι,μή-χίΐν ί-πε-πολεμή-χίίν ί-δί-δουλώ-χίίν

VOZ M ÉDIO PASS. (Aum. red. rad. desinências sec. médio-passivas)

S. lp. ί-τ€-τιμή-μην É -7 T 6 -7 τολίμή-μην έ-δί-δουλώ-μην

N.B. — 1 — Em certos verbos contratos não se dá o alongamento da vogal


do radical geral (vogal temática) dessa maneira. Isso se deve, em alguns
deles, ao fato de que, etimologicamente, possuiam um - σ finalizando o
radical e que sofreu síncope (redução consonâritica) diante do - σ do sufixo
temporal de futuro, estendendo-se a peculiaridade também ao aoristo (vozes ativa
e média). Assim, podemos estabelecer dois tipos de exceção:

A) Verbos como:
àpxelv (bastar) — futuro αρχίσω.
άρονν (arar) — futuro άρόσω.
χλά ν (quebrar) — futuro χλάσω.
Çelv (raspar) — futuro ξίσω.
παρα ivúv (exortar) — futuro παραινίσω.
σπαν (tirar, extrair) — futuro σπάσω.
χα λά ν (abrir, relaxar) — futuro χαλάσω .
αίδίϊσθαι (enrubescer) — futuro αίδίσομαi (depoente)
yeXãv (rir) — futuro yeXáaopat. (depoente)
ίπαννεϊν (louvar) — futuro ίπαινίσομαι (depoente)

Acrescentem-se os verbos χ α λ ίίν (chamar) e reXelv (acabar) que têm


dois futuros, um com a vogal breve (χαλίσω, τίλ ίσ ω ) e outro contrato
(χαλώ, τελώ), formas áticas. Estes verbos conservam a vogal breve em
toda a conjugação.

B) Verbos em - ίάω, - ίάω, - ράω, em que o - a do radical per­


manece nos tempos não contratos, embora alongando-se (cf. temas em
- α puro na primeira declinação). Ex.: éãv (perm itir),— futuro ίάσω,
aoristo άασα, perfeito eiaxa.
o s GREGOS E SEU IDIOMA 179

Ά ν ιά ν (afligir) — futuro άνιάσω, aoristo ήνίασα, perfeito ηνίακα.


Δράν (agir, realizar) — futuro δράσω, aoristo Ιδρασα, perfeito δβδραχα.
ΤΙίΐράσθαι (tentar, experimentar) — futuro πβιράσομαι, aoristo έπβιρα-
σάμην, perfeito π(πίίραμαι.
Ά χροάσθαι (ouvir, prestar atenção)— futuro άχροάσομαi, aoristo ήχροα-
σάμην, perfeito ήχρόαμαι.
Observação ■
— A partir deste momento, indicaremos os verbos gregos in­
diferentemente, quer pelo infinitivo presente, como até agora, quer pela pri­
meira pessoa do presente ativo do indicativo, para facilitar o reconhecimento
dos contratos. Aliás, os dicionários costumam indicar os verbos por essa
forma, fazendo-lhe seguir as primeiras pessoas dos outros tempos primitivos
da conjugação (futuro, aoristo e perfeito, de cujos temas se derivam os
restantes tempos e formas nominais).
Conjugam-se pelo modelo τιμάν (honrar):
άγα τά ω (- ώ) — (eu amo), άπατάω (- ώ) (eu engano), èρωτάω (- ώ)
(eu interrogo), νικάω ( - ώ) ·— (eu venço), ττηδάω (-ώ) — (eu pulo, salto),
τολμάω (-ώ) (eu ouso), etc.
Pelo modelo iroXepúv (guerrear):
ποιέω (- ώ) — (eu faço, crio), άσχέω (- ώ) — (eu exercito, cultivo), ξητΐω
(-ώ), (eu procuro), τιμωρίω (-ώ) (eu castigo), φιλέω (-ώ) (eu amo), etc.
Pelo paradigma δονλοϋν (escravizar):
ττολβμόω (-ώ) — (tomo-me inimigo, excito para a guerra), δηλόω (-ώ)
— (mostro, demonstro), χβιρόω (- ώ) — (subjugo, apodero-me de), στεφανόω
(- ώ) — (eu coroo, eu cinjo ou circundo), χρνσάω (- ώ) — (eu douro), etc.

26° Exercício —

I — Conjugue: ά σ χ ώ (- éo>) (eu exercito) no perfeito e mais que perfeito


das três vozes, ά γ α τ ώ (- άω) (eu amo) e σ τ « ρ α ν ύ ω (- ώ) (eu coroo) no
no presente e no pretérito imperfeito das três vozes.
II — Dê as primeiras pessoas do singular e do plural do aoristo e do mais
que perfeito das três vozes de: ί τ α ι ν ώ (- έω ) (eu louvo) e de φ ή ω (-ώ)
(eu raspo).
I I I — Conjugue χα λώ (- ά ω ) (eu abro), ά ρ ό ω (- ώ) (eu semeio, aro)
e χλώ (- άω) (eu quebro) nos futuros ativos e médios, atôèopaι (- οΰμαι)
(eu enrubeço) no presente depoente (médio) e no futuro depoente (forma
de voz média).
180 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

IV — Conjugue: φυτεύειν καλόν δένδρον (plantar uma bela árvore), no


presente e no imperfeito ativos e χειρόω (-ώ) (eu subjugo) no presente
e no imperfeito médio-passivos. (N.B. — O dativo plural de δένδρον é δένδροις ou
δένδρεσι).
V — Conjugue καλειν (chamar), nas duas formas do futuro ativo (a forma
contrata se conjuga exatamente como um presente em -εω >ώ).

27.° Exercício —

I — Verta para o grego —

1 — O sábio vivia sozinho numa velha casa no meio de (uma) grande


ilha.
2 — Os deuses gregos puniam a desobediência às (suas) leis.
3 — Os soldados bárbaros foram subjugados pelos inimigos helênicos.
4 — Os bons agricultores plantam boas árvores e colhem bons frutos.
5 — As crianças gritavam de medo dos animais e chamavam os ca­
çadores.
6 — Os marinheiros lutavam contra o forte vento do mar, sob um
lindo céu azul e o quente sol da manhã.

II — Vocabulário: em meio de = kv (prep.) e o adjetivo μέσος,


- η , - ον (mediano, central, pôsto no meio, intermediário). Colhêr (verbo)
= δρέττειν. O caçador = ò θηρευτής, - ον. Contra = irapá (prep.) e o
acusativo. Forte = ισχυρός, - ά, - όν. Quente = θερμός, - ή, - òv. Sob = υττό
(prep.). Céu = ò ουρανός, -οΰ. Manhã = tò Εωθινόν, -οϋ.

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 7

VALOR DOS TEM POS NO MODO INDICATIVO (III) — AORISTO

O aoristo — Opõe-se ao presente e ao perfeito porque não leva


em conta a duração nem o acabamento da ação, considerando-a como
um “ponto” no decorrer do processo: é a expressão da ação pura, quer
esteja no seu início, quer no meio, quer no fim (ό αόριστος χρόνος). A
idéia de tempo passado, que lhe é atribuída, só existe no indicativo,
por efeito do aumento. Nos outros modos o aoristo só conserva o valor
aspectual.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 181

É freqüente não podermos saber, de início, a razão que terá levado


um autor clássico a empregar um aoristo em lugar de um imperfeito, ou
o inverso. Entretanto, o contexto bem interpretado permite distinguir
as sutis diferenças semânticas existentes entre um presente e um aoristo
nos diversos modos e formas nominais do verbo.
Como decorrência de seu valor momentâneo, usa-se o aoristo:
a) — Na narração histórica, indicando uma ação rápida, como que ins­
tantânea. Ex.: ' HAflor, elòov, ένίκησα (Plutarco) (cf. latim: veni, vidi,
vici). !E7ret <5è έτ€λβύτησβ Aapelos καί κα τέσ τη eis την βασιλείαν
Ά ρ τα ξ έ ρ ξ η ς. . . (Depois que Dario morreu e Artaxerxes instalou-se no
tro n o ...) (Xenofonte).
b) —· Para indicar um jato passado, anterior a outro também passado,
mas sem idéia de acabamento, o aoristo exprime menos uma relação
de tempo, que a aparição de um fato, num dado momento. E x.: . .. καί
σ τρ α τη γό ν δέ αύτόν άπέδβιξβ τάντω ν όσοι, eis Καστολοΰ 7reÔiov αθροί­
ζονται. (Dario) tinha-o indicado (a Ciro) como general de todos quantos
estacionavam em Castolopédion (Xenofonte) (cf. o mais que perfeito
no português).
c) — Para exprimir o ponto de partida de uma ação ou situação nova,
marcando o ingresso num determinado estado, som qualquer idéia de
duração. Ex.: έφοβήθη (foi tomado de pavor), έγέλασβ (desatou a rir),
έβασίλβυσί (tornou-se rei), έπολέμησβ (entrou em guerra) ηρ& (assumiu
o poder), έδούλωσβ (tornou-se escravo).
d) — Para indicar o ponto de chegada de uma ação ou o sucesso de
um esjorço (expressão de um jato realmente realizado, em oposição ao
imperfeito que pode sugerir uma simples tentativa). Ex.: 'ExaXeae
δέ καί tovs Μ ίλητον τολιορκοΰντας (Chamou também os que estavam
assediando Mileto).
N.B. — Só o contexto pode fazer com que se distingam esses diversos
matizes do aoristo. Assim, ήρξε pode significar: ele assumiu o poder,
ou tornou-se cheje ou pôs-se a comandar.
e) — Nas máximas e sentenças em que se queira exprimir um fato
comprovado pela experiência (aoristo gnômico). Ex.: Πολλά ό xpbvos
διέλυσβ (O tempo apaga muitas coisas). Tò óoxelv eivai καλόν
κάγαθόν τον λόγον 7τιστότ€ρον έττοίησβν. (Ο julgar que se é ho­
nesto conjeriu mais crédito às palavras, isto é: a reputação de hones­
tidade fez com que nossas palavras sejam mais dignas de fé) (Ps. Isó-
crates).
182 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

20. — A DEGL1NAÇÃO 1)0 A D JE T IV O Q U A L IF IC A T IV O : A D J E ­


TIV O S I)E F C LA SSE , OS GRAUS DE SIG N IFIC AÇ ÃO DOS
A D JE T IV O S ( P TIPO ).

a) Classificação dos adjetivos.

l j classe — os que seguem as duas primeiras declinações dos substantivos,


quer sejam trijormes (masculino e neutro pela segunda declinação, feminino
pela primeira), quer bijormes (os três gêneros pela segunda declinação,
identificando-se, pela forma, o masculino e o feminino). Ex.: αγαθός,
άγαθή, άγαθόν (bom, boa), ιερός, ιερά, ιερόν (sagrado, - a) — triformes.
Αθάνατος, - ον (imortal), φρόνιμος, - ον (sensato, judicioso) — biformes.
2? classe — São os que seguem a terceira declinação nos três gêneros,
identificando-se, pela forma, o masculino e o feminino (cf. temas conso-
nânticos da terceira declinação). Costumam ser biformes. Cf. item 27).
classe — Apresentam uma declinação chamada mista, pois os masculi
nos e os neutros acompanham a terceira declinação nominal (cf. temas
consonânticos e vocálicos) ao passo que os femininos seguem a primeira
(cf. temas em alfa impuro).
Os particípios verbais ativos (e o part. aoristo passivo) declinam-se
conforme o tema, de acordo com este último tipo (cf. formas nominais do
verbo).

b) Adjetivos de primeira classe.


1 — Não contratos — são de dois tipos:
I — Trijormes — Em geral fazem o feminino terminado em - η, exceto
quando a vogal temática vier precedida da vogal - e ou - i ou de -p,
caso em que o feminino segue a declinação nominal em - a puro. Ex.:
καλός, - η, -óv (belo, - a), a y ως, άγια, άγω ν (santo, santa), φανερός,
φανερά, φανερόν (exposto, - Λ).
Note-se que os femininos regulam sua acentuação pela dos masculinos,
mesmo no nominativo e no genitivo do plural. Ex.: δίκαως, δίκαια, δίκαιον
(justiceiro, - a, equitativo, legítimo), nominativo plural δίκαιοί, δίκαιαι,
δίκαια, genitivo plural δικαίων (para os três gêneros); άγιος, - ία, - ιον,
nominativo plural άγιοι, άγιαι, ά για (para os três gêneros), genitivo plural
αγίων (idem).
Há, ainda, adjetivos com as terminações: -αος, -vos, - oos, que
apresentam o feminimo terminado em - η. Ex.: όγδοος, όγδόη, όγδοον
(oitavo, - a), avos, ανη, αΐιον (seco, - a), κατήκοος, - όη, - oov (obediente).
Observe-se a manutenção do hiato nestes radicais.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 1 83

II — Bijormes — São quase sempre adjetivos compostos ou derivados,


em que todos os gêneros pertencem à segunda declinação. Ex.: ενδοζος
(masculino e feminino), ϊνδοζον (neutro), (ilustre), ευδόκιμος, - ov (esti­
mado, honrado), βασιλείας, - ov (régio, real), ήσυχος, - ov (tranqüilo),
βάρβαρος, - ov (estrangeiro, não-grego), δύσκολος, -ov (difícil, rabugento,
mal-humorado), ευτράπελος, - ov (esperto, astucioso).
2 — Contratos — Também apresentam as duas modalidades dos não-
-contratos: os trijormes, sempre perispômenos, acompanham a declinação
dos substantivos contratos (femininos pela primeira, masculinos e neutros
pela segunda), (temas em - eo/ea). Ex.: χρυσούς, - ή , -ούν (de ouro,
áureo), χμλκούς, - η , - οΰν (de bronze), αργυρούς, - ã, - ούν (de prata,
argênteo), este último com o feminino em - ã, por estar precedido de - p
{χρυσεος > - ονς, χρυσέα > ή, χρυσέον > ούν).
Também os adjetivos multiplicativos em - πλόος, - πλόη, - πλοόν,
são sempre contratos. Ex.: απλούς, απλή, άπλούν (simples), διπλούς,
διπλή, διπλούν (duplo, - a), etc.

Quanto aos contratos biformes, costumam ser compostos dos subs­


tantivos contratos πλούς (navegação)^ νούς (mente), ρους (curso, correnteza)
e πνούς (sopro, fôlego), tendo sempre a acentuação paroxítona. Nos casos
iguais do plural neutro (nominativo, Vocativo, acusativo), não há contra­
ções. Ex.: απλούς, απλουν (não navegável), εύπλους, ευπλουν (bom
para a navegação), εύνους, εΰνουν (benévolo, indulgente), περίρρους, - ουν
(rodeado de água, regado em torno), δύσπνους, -ουν (irrespirável, as­
mático).
Note-se que o adjetivo οβρύος ou αβρούς, άθρόα, άθρόον ou αβρούv
(compacto, espesso; esperto, vigoroso), jamais contrai as formas do fe­
minino.
3 — Adjetivos áticos — São alguns poucos que se regerp. pela decli­
nação dos substantivos em - ως, - ων (nomes áticos), sempre bijormes
e com a desinência - a, nos casos iguais do neutro plural. Ex.: ΐλεως,
- ων (propício, - a), εύγεως, - ων (fértil), εκπλεως, - ων (completo, - a,
cheio, - a), άνάπλεως, - ων (cheio, - a, infestado, - a).
Faz exceção, πλέως, πλέα, πλέων (cheio, - a, repleto), com o feminino
seguindo a primeira declinação (genitivo plural πλεων para'os três gêneros).
Por extensão, também se declinam deste modo: άγήρως, - ων (de: άγή-
ραος), significando “o que não envelhece” , e o adjetivo defectivo (só usado
no nominativo e nò acusativo do singular): σώς (masculino), σώς ou σα
(feminino), σών (neutro), isto é, “são e salvo, intacto”, cuja forma de acusa­
tivo é σών para os três gêneros, (tema σαο - < σά ρ ο - s).
18 4 UUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

DECLINAÇÃO DOS ADJETIVOS QUALIFICATIVOS CONTRATOS

TRIFO RM ES BIFORM ES

SINGULAR

Masculino Feminino Neutro Masc. Fem. Neutro

Nom. àpyvpoüs, àpyvpã, àpyvpovv evvovs, - ovs, eivovv

Voc. (d pyvpov, àpyvpã, àpyvpóiv) (■evvov, ~O V y evvovv)

Acus. àpyvpovv, àpyvpãv, àpyvpovv evvovv, ~O V V y evvovv

Gen. àpyvpov, àpyvpãs, àpyvpov evvov, - ov, evvov

Da . àpyvpã, àpyvpq., àpyvpã) evvcc, -v, eive?

PLURAL

Nom. àpyvpol, àpyvpal, àpyvpã evvoi, - O l, evvoã

Voc. (àpyvpol, àpyvpal, àpyvpã) (eívoi, -01, eivoã)

Acus. àpyvpovs, àpyvpãs, àpyvpã evvovs, - OVS, eívoã

Gen. àpyvpãv, àpyvpãv, àpyvpãv evvuv, - ωνy eivcov

D at. àpyvpols, àpyvpals, àpyvpols evvois, - οις, evvois

DUAL

Nom. Voc. Acus.


àpyvpü, àpyvpã, àpyvpã eiípco, -ω , -ω

Gen. Dat. àpyvpóiv, àpyvpalv, àyvpolv evvoiv, ~OLVy - O lV


OS GREGOS E SEU IDIOMA 185

ADJETIVOS ÃTICOS (biformes)

SINGULAR PLURAL

Masculino/Feminino Neutro Masc./Fem. Neutro

Nom. Ίλεως Ίλεων ϊλίω ϊλεά

Voc. (Ίλεως Ίλεων) Ίλεω ιλεά

Acus. Ίλεω(ν) Ίλεων Ίλεως Ίλεά

Gen. Ίλεως Ίλεως Ίλεων Ίλεων

Dat. Ίλεω Ίλεω Ίλεως Ίλεως

DUAL

Nom. Voc. Acus. Ίλεω -εω Gen. Dat. Ίλειον -εφν

28.° Exercício —
I — Decline: ό απλούς ποταμός (o rio não navegável), ó αβρούς Xecoç
(a compacta multidão), ή εύνους θεά (a deusa benévola), τό χαλκονν
αροτρον (o arado de bronze), ή evyeioç yp (a terra fértil), ή περίρροικ νήσος
(a ilha cercada de água), nos três números.

Decline.' πλέως, 7rXéa, πλέων (no plural e dual).


II — Passe para o plural as expressões seguintes:
ω βάρβαρε Π έρσα — τής εύπλου θ α λά ττη ς — το φρόνιμον παιδίον — τφ
άyλaώ ήφ — τή διπλή ζωή — την μακράν παιδείαν — τον εΰδόκιμον σοφόν
— ό δύσκολος μαβητής — την περίρρουν νήσον — τον μακράν πνούν.

III — Dê duas palavras portuguesas cujos radicais se prendam a cada


um dos vocábulos gregos seguintes: ή y λ ώ τ τ a (ou γλώσσα) — ayios,
-a, -ov (adjetivo) — ή κόμη — ò λόyoς — rò φάρμακον — τό άβλον — ή δόξα
— κακός, - ή, -όν (adjetivo) — ό Ίππος — τό πνεύμα — ή δίψα — τό
ξίρον — ό δεσπότης — ό δήμος — ό διδάσκαλος — ό ãyyελoς — ή Ιστορία
— ό ύμνος — ή σφαίρα — ή ωδή — ή δίαιτα — ό αριθμός — τό μέτρον
— ό κύκλος — ή νήσος — ή νόσος — τό φύλλον — ό καρπός.
186 QUEDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

IMAGENS DA HÉLADE N* 11 — (Texto de ilustração)


“H IN O A M ÜSICA”
“Áurea lira heptaeorde, comum atributo de Apoio e das Musas de roxas
(madeixas!
O passo ritmado dos coreutas dá início à festa gloriosa
E os cantores obedecem aos teus sinais, quando, vibrante, fazes ressoar
As primeiras notas que preludiam os coros.
Tu extingues o fogo eterno na ponta do raio; a águia de Zeus adormece
No cetro divino e fazes tombar, de um e outro lado, as asas rápidas
Desse rei dos rapinantes, deixando cair, em sua cabeça recurvada,
Uma sombria nuvem, suave clausura das pálpebras.
A águia adormecida balança o dorso ondulante, possuída pela magia de
[teus sons.
E mesmo o violento Ares, deixando longe a aguda ponta das lanças,
Amolece, no repouso, o coração, enquanto as tuas flechas sonoras
Fascinam as mentes das próprias divindades, graças à sábia arte
Do filho de Letô e das Musas de amplas vestes esvoaçantes.”
(Píndaro, “ 1* Ode Pítica”, dedicada a Hierão de
Siracusa, vencedor da corrida de carros em 470 a.C.)
(Tradução de G.N.B.P.H.)

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 8

SINTAXE DO ADJETIVO QUALIFICATIVO

A) Adjetivo no grau positivo.


a) Freqüentemente, o adjetivo qualificativo aparece substantivado
por um artigo que o precede (cf. Lembrete n9 2). Ex.: rò x a \b v (o belo),
rò xaxóv (o mal, o vício), rò ά\ηθές (a verdade), ή μονσιχή (a música,
subentendido: τέχνη = a arte).
b) Alguns adjetivos mudam de sentido conforme o lugar que
ocupem na frase: àxpos, Άχρη, αχρον (extremo, eminente, sumo, pro­
fundo), μέσος, μέση, μέσον (mediano, central), έσχατος, - η, - ον (último,
extremo, que está no limite). Ex.: η μέση νήσος (a ilha do meio), η
νήσος μέση (o centro da ilha) ou μέση ή νήσος. Τό αχρον δένδρον (a alta
árvore), τό δένδρον αχρον ou αχρον τό δένδρον (ο topo da árvore). Ή
έσχα τη χώ ρα (a última região), ή χώ ρα έσ χά τη ou έσχά τη ή χώρα
(ο extremo, ο limite da região).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 187

Também o pronome demonstrativo αύτός, αυτή, αύτύ muda de


significação em condições semelhantes. Ex.: ό αυτός μαθητής (o mesmo
discípulo), αυτός ò μαθητής ou ò μαθητής αύτύς (o próprio discípulo).
B) Complementos do adjetivo no grau positivo — Esses complementos
podem vir no genitivo, no dativo ou no acusativo.
a) Em genitivo — São os complementos de adjetivos que exprimem
o conhecimento, ou a competência, o desejo, a participação, a proprié-
dade, o mérito, a abundância ou as idéias contrárias (desconhecimento,
repulsa, etc).
Ex.: "Εμπειρος el λογισμών (Platão): és perito em contas. ’Άρξουσιν
οί πλούσιοί ού χρυσίου, άλλα ζωής εμφρονος (Platão): reinarão os que
são ricos não em ouro, mas em vida racional.
Οί άδικοι επιθυμητικοί επαίνου: os injustos são ávjdos de louvor.
Ό ρ γή ς είσιν άξιοι (Lísias): eles são dignos (= merecem) de nossa
cólera.
b) Em dativo — acompanham adjetivos que indicam a seme­
lhança, a vizinhança, a amizade ou as idéias contrárias. Ex.: "Ομοια
τοίς ειρημένοις φρονείν (Isócrates): pensar igualmente (= coisas iguais)
às suas palavras: Ό μοια τή μ η τρί (semelhante à mãe). ΓΙλησιο? τή
οίκίς. (perto de casa). Φίλοχ τοίς φίλοις (caro aos seus amigos).
Note-se que os adjetivos διάφορος, -ã, - ov (diferente, disseme-
Ihante), ετερος, έτέρα, - ον (o outro, ο segundo, pronome-adjetivo inde­
finido) e άλλος, άλλη, άλλο (o outro, ο restante, — pronome-adjetivo
indefinido) regem complemento em genitivo, ou se constroem com a conjun­
ção comparativa ή (= que.do que).
c) Em acusativo de relação Quando o adjetivo exprime uma
qualidade específica, vai para o acusativo o substantivo que indica a
parte do corpo em causa .ou então o ponto de vista do qual se considera
que o ser posçui a qualidade. Ex.: Ά χ ιλ λ ε ύ ς πδδας ώκύς (Aquiles de
pés ligeiros ou ligeiro quanto aos pés). Oi τά γρ ά μ μ α τα φαύλοι
(plural) = os que são negligentes em (= maus conhe­
cedores das letras· pouco instruídos).
Esse acusativo tem, frequentemente, valor adverbial.
N.B. O adjetivo qualificativo c, com frequência, usado como predicativo,
concordando, via de regra, com o termo a que se refere, em gênero, número e
caso (vide Lembrete sintático n9 13 —Concordância nominal).
Ex.: Oi δίκαιοι ανδρες ευδαιμονεί: είσιν. (Os homens justos são feli­
zes).
188 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

c) Graus de significação dos adjetivos (1° Tipo)

Em grego exprimem-se o comparativo e o superlativo por meio de


sufixos, cujas formas apresentam-se com a seguinte correspondência:

1) comparativo -rep o - / -re p ã - — superlativo - τ α τ ο - / - τα τα - (l.° tipo)


2) comparativo - lov - (jov) — superlativo - ιστό - / - ιστα - (2.° tipo)

O mais usual é o que segue a declinação dos adjetivos de primeira


classe (masculino e neutro pela segunda e feminino pela prim eira), em
todos os graus de significação. O artigo permite distinguir o superlativo
relativo do superlativo absoluto.
Ex.: paxpbs (grande: grau positivo), paxpòrepos (maior: comparativo de
superioridade), μαχρότατος (máximo: superlativo absoluto), ó μαχρότατος
(o maior: superlativo relativo).
Qualquer das classes de adjetivos qualificativos pode fazer uso destes
sufixos para seus graus de significação, passando então a declinar-se se­
gundo a forma dos sufixos empregados.

P tip o d e su fix o s .

a) Para o comparativo de superioridade, sufixo - repo - / repã


Nominativo singular: - repôs, - repã, - repov.
b) Para o superlativo, sufixo - raro - / ra ra .
Nominativo singular: - raros, - τα τη , - rarov.
Tais sufixos acrescentam-se, normalmente, ao radical puro do masculi­
no dos adjetivos de prim eira classe ou ao tema puro (neutro) dos de se­
gunda e terceira classes.

PO SITIVO COM PARATIVO SU PE R L A T IV O

χόΰφος (leve) xov<pòrepos, -ã, -ov χονφότατος, -η, -ov


γλνχύς (doce) yXvxvrepos, -ã, -ov yXvxvraros, -η, -ov
μέλας (negro, pe\av -) pe\i.vrepos, -ã, -ov pe\ÍLvraros, -η, -ov
βΰσββής (piedoso ebaefteo -) eòoefiíorepos, -ã, -ov €νσ€βέστατος, -η, -ον
βραχύς (curto) βραχύτ€ρος, -ã, -ov βραχύτατος, -η, -ον
σαφής (claro σαφβσ -) σαφέσπρος, -ã, -ov σαφέστατος, -η, -ον
OS GREGOS E SEU IDIOMA 189

Observações:

1 — Quando a vogal temática - o vier precedida de uma sílaba longa


por natureza ou posição, mantem-se no comparativo e no superlativo,
mas vindo precedida de sílaba breve, alonga-se em - ω, nos três gêneros. E x .:
αχνός, - ή , - όν (casto, puro) — αχνότερος, - à, -ov, — αχνότατος, - η, -ον.
δίκαιος, - a , -ov (justo)— δικαιότερος, - ã , - ov, — δικαιότατος, - η - ον.
ένδοξος, ένδοξον (ilustre) — ενδοξότερος, - ã, - ον, — ενδοξότατος, - η, - ον.
Mas: άχιος, αγία, &χιον (santo) — άχιώτερος, - ã, - ον — άχιώτατος, - η ,- ον.
σοφός, - όν (sábio, prudente) — σοφώτερος, - ά, - ον — σοφώτατος, - η ,- ον.
άξιος, άξια, άξιον (digno) — άξιώτερος, - ά, -ον — άξιώτατος, -η, - ον.
2 — Alguns adjetivos com a terminação - αιος, eliminam a vogal temática
antes do sufixo:
γ εραιός, - ά, -όν (velho) — y εραίτερος — yεpaíτaτoς.
παλαιός, - ά, - όν (antigo) — παλαίτερος — παλαίτατος.
σχολαΐος, - αία, - ον (ocioso) — σχολαίτερος — σχολαίτατος.
άρχαϊος, - αία, - αϊον (arcaico) — άρχαίτερος — άρχαίτατος.
3 — Por analogia com os precedentes, outros adjetivos também apresen­
tam as terminações — αίτερος, - ά, - σν, — αίτατος, -η, -ον nos com­
parativos e superlativos:
μέσος (médio, mediano) — μεσαίτερος, μεσαίτατος
ήσυχος (tranqüilo) — ήσνχαίτερος, ήσυχαίτατος
Ισος (igual) — ίσαίτερος (não tem superlativo)
πλησίος (vizinho, próximo) — πλησιαίτερος, πλησιαίτατος
6φιος (tardio) — όψιαίτερος, όφιαίτατος.
4 — Há ainda uma terminação pejorativa, usada pelos cômicos (cf. Aris-
tófanes) para determinados adjetivos, alguns dos quais só têm ou o compa­
rativo ou o superlativo.
Ex.: λάλο? (tagarela) — λαλίστερος, λαλίστατος
πτωχός (mendigo) — πτωχίστερος (não tem superlativo)
πότης (beberrão) — (não tem comparativo) — ποτίστατος
κλέπτης (ladrão) — (não tem comparativo) — χλεπτίστατος
5 — Quase todos os radicais adjetivos em nasal (terminação - ov) e os
contratos (term. - oo > ov) desenvolvem os sufixos em - έστερος, - à, - ov,
- έστατος, - η, - ον.
Ex.: ευδαίμων (feliz, term. - ov) — εΰδαιμονέστερος, ευδαιμονέστατος
σώφρων (prudente) — σωφρονέστερος, σωφρονέστατος
άπλονς (simples) — άπλονστερος, άπλούστατος (contr.)
εύνους (benévolo) — εύνούστερος, εύνούστατος (contr.)
190 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

6 — O adjetivo φίλος (amigo, querido) tem um comparativo φίλώτερος


que é raro e outro φίλτερος. O superlativo é φ ίλτατος.
7 — Há casos de exceção aparente à primeira destas regras, pois o desapa-
recimentb de um antigo digama tomou irregulares alguns adjetivos, no
comparativo e no superlativo (a penúltima sílaba, que era longa, tomou-se
breve). Ex.:

xévos (rad. x e vf os — vazio) — χενότερος, χαζότατος


στένος (rad. στενρ os — estreito) — στενότερος, στενότατος
μανός (rad. μανρ os — mole, frouxo, covarde) — μανότερος,
μανότατος.
8 — O adjetivo χαρίεις (rad. χα ριεντ -) faz, por exceção: χαρΰστερος,
- ã, - ον, χαρίέστατος, -η , -ον (gracioso, mais gracioso, graciosíssimo).

S9.° Exercício —

I — Dê os comparativos e superlativos (relativos e absolutos) dos adjetivos:


φανερός (exposto), άνδpelos (corajoso), àyXâòs (límpido), εΰδόχιμος (bem
afamado), σαφής (claro, explícito), evyevps (bem nascido), δυνατός (po­
deroso), τηστός (fiel), ευτράπελος (astucioso), μικρός (pequeno), φρόνΙμος
(sensato), εύθυμος (ardoroso).
II — Decline ayvós (puro) no grau positivo (no singular), άξιος (digno)
no comparativo de superioridade (no plural) e παλαιό? (antigo) no super­
lativo (dual).
I I I — Analise as formas seguintes, indicando-lhes o nominativo singular
e o significado: λεττο τερα ς μαχαίρας — σαφεστέρω λόγω — μανοτάτοιν
νεανίαιν — οί πολεμικώτςίτοι Σ π α ρ τιά τα ι — τ às θαυμαστοτάτας τέχνας.

LEM B RETE SINTÁTICO Ν.° 9

SINTAXE DO ADJETIVO QUALIFICATIVO (II)

A — Adjetivo nos vários graus de significação — O comparativo'.


a) 0 comparativo pode ser empregado sem complemento, quando
se quer indicar que certa qualidade é possuída em grau relativamente
elevado, traduzindo-se por: um pouco, bastante, razoavelmente. Ex.:
Μ αχρότερον μεν, εφη, ãipypaaadaL · όμως δε σοι ερώ. (Platão, "B an­
quete”, 203)·
OS GREGOS E SEU IDIOMA 191

a) - (É um tanto longo para contar; em todo o caso te direi).


Ή τον Σωκράτους απόκρισή àÇioXoyárepos. (a resposta de Sócrates
era bem importante).
Entretanto, o mais comum é que venha o comparativo com um
complemento em genitivo (cf. ablativo no latim) para indicar a que
ou a quem se é superior. Ex.: Σοφωτέρα kart τής άδεΧιρήs (ela é mais
sábia do que a irmã).

Também se usam o substantivo ou pronome, que sejam complemento


de um comparativo, precedidos da conjunção comparativa ή (do que)
e no mesmo caso do primeiro termo da comparação. Ex.: Σοφωτέρα
kaτ ι ή ή άδεΧφή (= é mais sábia do que a irmã). Κρεσβύτερός είμι
ή σύ. (sou mais idoso do que tu).
N.B. — Se o adjetivo não tiver a forma do comparativo, em­
prega-se o advérbio μάλλον (= mais) diante do positivo. Ex.: *0
θεός μάλλον ΪΧεως εστ'ιν ήμίν (= Este deus nos é mais favorável,
propício). Μ άλλον άθρόοι kv τή àyopç. oi νεανίσκοι εσονται. (= Os
rapazinhos serão bem mais numerosos na ágora.).
b) —- Particularidades — 1 — Tratando-se de dois seres em comparação,
usa-se o comparativo, em lugar do superlativo relativo como se faz em
português. Ex.: Δαρείου κα ί Παρνσάτιδος yíyvo vra i τταίδες δύο·
ττρεσβύτερος μεν ’ Αρταζερζης, νεώτερος δε Κύρος (= De Dario e
Parisátide nasceram dois filhos: o mais velho era Artaxerxes e o mais
moço Ciro. — Xenofonte, An., I, 1 ). Διονύσιος, ò νεώτερος, Σιρακούσιος
τύραννος ήν (= Dionísio, ο jovem, foi um tirano siracusano).
2 — Quando se quer indicar quanto ou em que uma coisa é supe­
rior a outra, usa-se o dativo de diferença em determinados adjetivos e pronomes
no neutro: ττοΧΧώ (muito), όλίγω (pouco), τοσούτω .. ,όσω (de prefe­
rência a τοσούτον 'όσον = tanto quanto) ou όσω . . . τοσούτω, seguidos
de um comparativo. Pode-se também usar πολύ, ÒXíyov (muito, pouco),
empregando-se ainda τ ι (de certo modo, em certa medida) e ούδέν (abso­
lutamente, de modo algum). Ex.: òXíycp ou ÒXíyov πρότερον (pouco
tempo antes). ’Όσιρ oi όπΧ ϊται άνδρειότεροι ήσαν, τοσούτω μαΧΧον
τοΧεμίονς ένίκησαν. (Quanto mais corajosos eram os hoplitas, tanto
mais inimigos venciam).
B — Adjetivo no superlativo — 0 complemento dos superlativos vem
sempre no genitivo (cf. latim) de sentido partitivo, por isso não se põe
nunca entre o artigo e o substantivo. Ex.: Ο'ίομαι είναι Σωκράτην
σοφώτατον των Αθηναίων (Creio que Sócrates foi o mais sábio dos
Atenienses.). 0 superlativo relativo sempre vem precedido do artigo,
192 GUIDA NEDDA Ιΐ \KATA 1 \KKEIK \ S IIOKTV

a menos que seja predicativo, como neste precedente exemplo - Mas:


Θαυμάζομεν τών λόχων τούς σαφ6στίτου$. (Admiramos os discursos
muito objetivos = os mais claros discursos).
Em sentido absoluto, o superlativo vem sem artigo. Ex.. (liberai
σοφώτατοι eivai. (Eles julgam-se muito sábios).
Para reforçar o sentido do superlativo usa-se ώ$ ou ότι, às vezes fj,
ou tv r o ís mesmo diante do feminino, (cf. Platão e Tucídides,) ou oíos.
Ex.: ’E e r o ís π λείσ τα ι rijes (= O maior número possível de naus — Tu­
cídides)— ‘ίΐς μ ά λ ισ τα (= o mais possível) - ‘Θ τιπ λείσ το ν (= o mais
numeroso possível) — ΙΙαρίσομαι fj αν δύνωμαι τά χ ισ τα (= Chegarei
o mais depressa que puder = Estarei presente logo que possa).

N.B.— Se o adjetivo não comportar o grau superlativo usa-se o advérbio


μάλιστα (muitíssimo, superlativo de μάλα) e o grau positivo. Ex.: Ot θεοί
μάλιστα Ίλειρ έσονται (os deuses serão muitíssimo favoráveis).

30a Exercício.

I — Traduza·.

1 — Toís πολίταις ή άρετή χαί ή άνδρεία ωφέλιμοι εσονται.


2 — ΙΙολλάκις οί δ ο ύ λ ο ι κ α ι οί δεοπόται π ισ τοί τ ο ϊς ά θ α νά τ ο ις θ εο ίς
ε ίσ ιν.
3 — Οί Σ π α ρ τ ιά τ α ι χ α ί οί Α θ η ν α ίο ι π ο λεμ ικ ο ί ή σ α ν
4 — '() Πλάτων χαί ό Σωκράτης ένδοξοι ελληνικοί φιλόσοφοι ήσαν.
ο - - Αί των Αθηναίων χαί των Θηβαίων σ τρ α τια ί δυναται ήσαν.
6 ■
— Eúroí καί σοφοί οί αγαθοί άνθρωποί είσιν.
7 — Αί τον ιερού χαί τού βασιλείου οδοί σύντομοί είσιν.
8 —· Ή τον 'Ομήρου καί τού Πινδάρου δόξα περιβόητος έστιν.

II — Modijique as jrases precedentes, em grego, de modo a estabelecer


uma comparação entre os dois elementos coordenados (comparativo de
superioridade). Feito isto,' ponha-as no superlativo absoluto. Ex.: Toís
ά νθ ρ ώ π ο ις ò Ίππος κ α ί ό λ α χ ώ ς χ ρ ή σ ιμ ο ί ε ίσ ιν (Ο cavalo e a lebre são úteis
aos homens). Toís ά ν θ ρ ώ π ο ις ò Ίππος χ ρ η σ ιμ ώ τ ε ρ ο ς τού λαγώ έ σ τ ιν .
Ou: T oís ά νθ ρ ώ π ο ις ό Ίππος χ ρ η σ ιμ ώ τ ε ρ ο ς ή ό λαγώ$ έ σ τ ιν . (comp.) Toís
ά ν θ ρ ώ π ο ις ό Ίππος χ α ί ό λ α χ ώ ς χ ρ η σ ιμ ώ τ α τ ο ί ε ίσ ιν . (superl.).

I I I — Verta para ο grego ·.


1 — As crianças egípcias banham-se alegremente no Rio Nilo.
2 — Ciro, jovem nobre persa, era muito louvado por (seus) mestres.
OS GRKOOS K SKU 1IHOM ' 193

3 — Os animais eram sacrificados, nas grandes festas religiosas,


para o prazer dos deuses.
4 — Os soldados persas confiavam cm (seus) generais.
5 — Dizem os poetas (pie o sol o os astros são os ollios do céu.
G — Λ ambição de glória é, com frcqüência, o principio de injustiças
e de grandes males.
7 — A vida é curta, mas a educação é longa e árdua.
8 — Λ vida dos mortais é uma preciosa dádiva divina.
0 — São grandes os perigos que provêm da riqueza excessiva ( =
muito grande).
10 — Λ força do governo reside na honra de (seus) cidadãos, na
coragem de (seus) soldados e na justiça de (seus) juizes.
N.B. 1) Provir ou nascer ou surgir é yíyeoOau (Inf. médio, depoente). A pri­
meira pessoa do singular do presente é: yiyvòpai (cf. presente médio-passivo do
indicativo do paradigma regular).
2) Pronome relativo: δς, η, δ ' (vide a declinação dos adjetivos de 1? classe
(triformes).

OBSERVAÇÕES PIN A IS SÔBRE AS DUAS PRIM EIRAS


DEODTNArõES
I ·- Accvhuiçd-o Onda vocábulo possui um acento primeiro (em
todas as declinnçóes) que n identifica no nominativo singular, permane­
cendo sempre que possível em todos os outros casos (cf. regras da acen­
tuação) .
Contudo há determinadas tendências a observar:

a) Costumam recuar a, síla b a tônica o mais possível:

1 — Todos os substantivos neutros, excetq Çvyòv (a parelha) e


t ò

το φόν (o ovo), e os, diminutivos em - íov.


2 — Quase todos os nomes próprios.
3 — Quase todos os femininos em - ã longo puro, exceto: 17 αγορά
(a praça), 1) άγυιά (a rua), 17 στοά (o pórtico), 17 σκιά (a sombra), 17
σ τρ α τιά (o exército), η παιδιά (o brinquedo, divertimento).
b) Os diminutivos em - ίσχος, os adjetivos verbais em - réos, os advérbios
em - áxts, são sempre paroxítonos.
c) Todos os adjetivos em - txòs são oxítonos nos três gêneros.
d) Os nomes femininos em alja impuro nunca são oxítonos.
e) . N a maioria dos compostos também há tendência para recuar a sílaba
tônica: ή òôòs (estrada, caminho), σύνοδος, -ον (adj. — companheiro de
194 GUIDA NEDDA BARATA BARREIRAS HORTA

viagem; substantivo — reunião, assembléia) η δόξα (glória), ένδοξος, - ον


(ilustre), τακτός, - ή, - όν (organizado), Άταχτος, - ον (desorganizado), etc.
No entanto, nos compostos de dois radicais, sendo substantivo o pri­
meiro elemento, o acento não ultrapassa o segundo. Ex.: ò X ojoyράφος
(o logógrafo, fazedor de discursos), ό νομοθέτης (legislador), ò οικονόμος
(o ecônomo, dono de casa, administrador), ό όρνιθοθήρας (o passarinheiro).

II — Particularidades da declinação:

a) Ocorrem dativos plurais em - χισι, - αισι e - αις. Na prosa literária,


este último só é encontrado a partir do V.° século* a.C. (primeira de­
clinação).
b) Paralelamente à forma - αισι, usam-se os dativos em - οισι, registra­
dos em inscrições áticas até meados do V.° século (cf. textos homéricos
e dos trágicos ·— segunda declinação).

IMAGENS DA HÉLADE N* 12 (Texto de ilustração)

“0 CAVALO N A GRÉCIA A N T IG A ”

(Adaptado de Richter, “Les jeux des Grecs et des Romains”,


tradução de A. Bréal e Marcei Schwob)

“Os Gregos sempre foram bons cavaleiros e esse gosto de de cavalgar persistiu ainda
muito tempo depois que deixaram de praticar os exercícios corporais. O comedió-
grafo Aristófanes chegou a dizer, numa época em que a ginástica já não gozava
mais de tanto prestígio como dantes, que “ninguém mais sabe correr com destreza
levando uma tocha acesa.” Entretanto, a despeito das desfavoráveis condições do
campo grego para a cavalaria (com exceção da Tessália e um ou outro ponto do
território helênico), os cavalos sempre constituíram um luxo a que os grandes se­
nhores se davam com prazer.

Nas festas e cerimônias públicas sempre se procurava brilhar, exibin­


do cavalos paramentados ou animais de corrida, o que levou o poeta Es­
quilo a dizer, a propósito de um belo cavalo, que “era a mais preciosa jóia
entre todas as riquezas.” Os Sibaritas de boa situação financeira, na Baixa-
-Itália, possuíam cavalos que faziam dançar ao som de flautas e há figuras
que mostram um ginete amestrando um cavalo para que pudesse suster-sr
nas patas traseiras.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 195

. . . Ao tempo de Pisístrato, a nobreza tinha tal paixão por seus ani­


mais, que o tirano procurou coibir essa exibição de riqueza, ao mesmo
tempo que favorecia os exercícios ginásticos. Após sua queda, o gosto
pela cavalaria recrudesceu e o ricaço Alcebíades, num discurso ao povo
ateniense, gabava-se de ter enviado “sete parelhas” aos jogos olímpicos,
o que era, até então, inédito. A paixão pela equitação tomou-se, pois, tão
excessiva, que os jovens opulentos esbanjavam toda a sua fortuna em ca­
valos, enquanto outros, que souberam tira r partido da situação, ganharam
com eles somas consideráveis.
Estrepsíades, personagem da comédia das “Nuvens”, de Aristófanes,
lamenta-se de não poder dormir, preocupado com as dívidas e as despesas
de seu filho, enquanto este, em sonhos, só fala de cavalos.
Não sabemos exatamente qual seria o preço de um bom cavalo, mas
a tradição conta que o mais caro animal teria sido o célebre “Bucéfalo”
de Alexandre Magno, que o chorou como se fosse o melhor amigo, quando
morreu de velhice. Em sua honra foi dado seu nome a uma das cidades do­
minadas pelo conquistador. E Cálias mandou construir, para seus cavalos,
três vezes vencedores em Olímpia, magnífico túmulo, ao lado do mausoléu
familiar.

As informações que os poemas homéricos nos dão, a respeito do em­


prego do cavalo, mostram-nos que ele era mais usado como animal de tiro,
que como montaria. E na guerra os cavalos puxavam os carros. O poeta
não deixa de fazer longa enumeração dos belos cavalos do exército grego,
por ocasião da partida dos heróis para Tróia, conferindo-lhes lindos epí-
tetos: o de cascos rápidos, o de altivo pescoço, o de bela crina, os rápidos
como o vento, etc.
Homero ainda acentua a fidelidade dos cavalos para com seus donos.
Os de Aquiles, por exemplo, choram com o herói a morte de Pátroclo: “Os
cavalos do Eácida, por sua vez, choravam, longe do combate, desde o mo­
mento em que souberam que seu condutor, Pátroclo, havia tombado por
terra, sob os golpes do terrível Heitor; em vão o valoroso filho de Dioreu,
Automedonte, excita-os, ora batendo-lhes com seu leve chicote, ora dirigin­
do-lhes meigas palavras, ou então ameaças. Eles se recusam, quer a voltar
para a frota, às margens do Helesponto, quer a atirar-se no tumulto dos
Aqueus. Imóveis como a coluna que se ergue na tumba de um varão ou
de uma mulher mortos, permanecem inabaláveis diante da boléia do carro
magnífico. Inclinam a cabeça para o chão e lágrimas ardentes caem de
suas pálpebras. Tristes, eles deploram amargamente a sorte do cocheiro e
suas bastas crinas pendem, lado a lado, em desordem, em volta do jugo
empoeirado.” (cf. Ilíada, XVI, 426-440).
196 GUEDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

J á Platão, em seu livro das “Leis”, declara que, nos locais em que as
corridas de carros se tomem impraticáveis, é preciso organizar corridas
de cavalos montados e distribuir prêmios especiais; aconselha ainda a
que se habituem as crianças, desde cedo, à arte da equitação.
Escolhia-se um terreno mole para a pista, tanto para a corrida de
carros, quanto para a dos cavalos montados, espalhando-se, com freqüên-
cia, areia fina. As. representações iconográficas mostram-nos os cavalos
gregos inteiramente despidos, enquanto os cavalos persas levavam, além
de cobertas, uma espécie de selas. Foi só no tempo dos imperadores roma­
nos que se passou a usar selas completas, mas parece que os estribos eram
inteiramente desconhecidos dos antigos. As crinas eram trançadas e muitas
vezes ornadas de fitas multicores ou douradas. Os cavaleiros conduziam
suas montarias por meio de uma varinha flexível: um golpe firme nas
narinas os fazia parar, uma pressão no pescoço os levava.a virar à direita
ou à esquerda.
Havia também jogos entre cavaleiros armados, que deveríam asseme­
lhar-se aos torneios da Idade Média. Tais jogos ocorriam em circunstân­
cias várias, com freqüência em festas em honra de deuses. Nos desfiles
festivos, os efebos formavam uma grande cavalaria. A mais célebre e gran­
diosa era a que se fazia nas Panatenéias, que incidia a 25 ou 28 do mês
“hecatombeion” (mais ou menos em julho). Essa festa era celebrada com
luxo e brilho sempre mais crescentes: à prim itiva corrida de carros vieram
acrescentar-se as lutas ginásticas e concursos musicais. Durante o grande
desfile, que era a parte mais empolgante da cerimônia, os homens válidos,
armados de escudos e lanças, formavam um grupo, os efebos formavam
outro e os cavaleiros, brilhantemente equipados, vinham num terceiro
agrupamento.
Uma peça cerâmica, um vaso, representa-nos o vencedor, precedido de
um arauto que anuncia a vitória e seguido de um homem que leva um
tripé e uma coroa. De fato os prêmios conferidos consistiam de uma coroa
de ramos de oliveira e uma ânfora de azeite colhido nos olivais sagrados.
Também se coroavam os cavalos de corrida vencedores. Um afresco nos
conservou os atos preparatórios do sacrifício e da consagração do tripé
que a Vitória traz.
Os jogos a cavalo duraram até a decadência da Grécia. Alexandre
Magno fez executar por seu exército, ao voltar da Índia, exercícios ginás­
ticos e jogos equestres. Esse esporte era o favorito das colônias gregas na
Itália Meridional. Numerosas moedas, encontradas em Tarento, mostram-
-nos, numa face, Netuno montado num golfinho, uma concha e o nome da
cidade, na outra uma cabeça de cavalo ou um cavaleiro .’7
OS GREGOS E SEU IDIOMA 197

N.B. — O poeta da llíada (V, 720-735) dá-nos testemunho, no plano


divino, de eoino se atrelavam carros nos tempos homéricos:
"Hera, a venerável deusa, filha do excelso Cronos, examinando
seus corcéis de áurea testeira, prepara-os: de cada lado do carro,
prontamente, Hebe coloca as rodas recurvas, rodas de bronze com
oito raios, em ambas as pontas do eixo de' ferro. Os pinos eram de
ouro incorruptível, cobertos de ajustados círculos de bronze, admi­
ráveis de ver. Os encaixes eram de prata, girando de ambos os lados.
A plataforma (boléia) estava recoberta de correias com ouro e prata
o uma dupla rampa a ladeava. Daí saía um timão de prata. Na extre­
midade, Hebe prendeu uma bela canga de ouro, onde colocou lindas
correias (rédeas) ornadas de ouro.
Em seguida, Hera pôs sob o jugo seus cavalos de pés rápidos,
ansiosa pela luta e o clamor.”

21. — CASO S E S P E C IA IS D E AUM ENTO E REDÔBRO N A CON­


JUGAÇÃO.
VER BO S COMPOSTOS POR P R E F IX O — COMPOSTOS DO
A U X IL IA R .

1 — Aumento — J á vimos que o aumento, acréscimo característico


dos tempos históricos do indicativo, sublinha a idéia de tempo passado no
pretérito imperfeito, no aoristo e no mais que perfeito, já que se origina
de uma antiga forma adverbial. Obrigatório na língua da prosa clássica,
o aumento ainda tem emprego facultativo nos textos homéricos, sendo
muitas vezes omitido em poesia.
O aumento silábico, nos verbos começados por um p, provoca a redu-
plicação dessa consoante. Ex.: βίπτω (eu jogo, lanço), faz: Ιρριπτον (no
imperfeito) e tppnpa (no aoristo).
Quanto ao aumento temporal, altera a quantidade e, por vezes, também
o timbre da vogal que inicia o radical do verbo.
a) Nos verbos simples, há dois casos a considerar:
A — Se a vogal for breve alonga-se do modo seguinte (inclusive em di-
tongos):
a, e > η : presente ά ρ χ ω — imperfeito ηρχον (começar)
: presente èyeípw — imperfeito fiyeipov (despertar)
ϊ > I : presente íxerevω — imperfeito íxérevov (suplicar)
V > ü : presente υ β ρ ίζ ω — imperfeito ΰβριζον (ser arrogante)
o ω : presente ο π λ ίζ ω — imperfeito ωπλιζον (armar, dar armas)
<u > V : presente α ίρ ω — imperfeito ppop (levantar, elevar)
— — : presente αίσχύνω — imperfeito ρσχννον (envergonhar)
198 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

αυ, ev > ηυ : presente αυξάνω — imperfeito


ηυξανον (aumentar)
— — : presente ευρίσκω — imperfeito
ηύρισκον (encontrar)
ει > xi : presente εικάζω — imperfeito
γκαζόν (supor)
eu > ηυ : presente εύχομαι — imperfeito
ηύχόμην (formular um dese­
jo, rezar)
οι > φ : presente οικτίρω — imperfeito ωκτιρον (lamentar, ter dó)

B — Se a vogal já jòr longa (η, ω, ί, ü) ou se se tratar do ditongo _ou não


há alteração. Entretanto, os ditongos q. e au, assim como a vogal longa
ã tomam-se η, ηυ e η. Ex.: ήκω, imperfeito ηκον (chegar), ούτάζω, imper­
feito οΰταζον (ferir), ωφελώ, imperfeito ωφελούν (ajudar). Mas: Ç-δω,
imperfeito η δον (cantar).
b) Nos verbos compostos, o aumento fica sempre colocado entre o
prejixo (seja este formado por uma ou mais preposições) e o radical
verbal. Ex.: ττροσ - τά ττω (prescrevo), aoristo προσ - έ - ταξα. Σ υλ - λέγω
(eonvoco), imperfeito συν - έ - λεγον (observe-se a volta do prefixo à
sua forma original. Cf. Acomodação fonética, assimilação). Προ - εισ -
- άγω (introduzo), imperfeito irpo - εισ - fjyov. Έ μ - β άλλω (invado)
imperfeito εν - έ - βαλλον.
Sempre que a preposição termina ρστ vogal, elide-se esta diante do
aumento, com exceção de περί (em volta, em tomo de) e de πρύ (antes)
mas nesta a vogal final pode fundir-se com o aumento silábico, resultando
a forma πρου. Ex.: δια - φθείρω (destruo), imperfeito δι - έ - φθειρον,
περί - τρέπω (retrocedo, rodeio), imperfeito περί - έ - τρεπον, προ - τρέπω
(estímulo, exorto), imperfeito πρού - τρεπον (= προ - έ - τρεπον).
A preposição εκ passa a έξ diante do aumento. Εχ.: έκ - βάλλω
(eu expulso), imperfeito έξ - έ - βαλλον. (eu expulsava).
Às vezes o aumento é representado por um - η diante de consoante:
εμελλον ou η μέλλον (de μέλλω — dever, estar a ponto de), έβουλόμην ou
ήβ'ουλόμην (de βούλομαι = querer).
Quando o prejixo não é separável, ou porque não se use o verbo simples
ou porque se trate de partícula inseparável, o aumento virá no início
da forma verbal. Ex.: άδικέω (-ώ) (cometo uma injustiça), imperfeito
ήδίκουν. Ά φ ίη μ ι (deixo ir, afasto-me), imperfeito ηφίουν (v. atem.)
Note-se καΒεύδω (eu durmo), imperfeito έκάθευδον ao lado de καθηϋδον (no
ático) embora também se use o verbo simples εΰδω.
Isso ocorre normalmente com os verbos compostos de radicais nominais,
que apresentam o aumento sempre no início. Ex.: έπιθυμέω (-ώ) = eu
cobiço, desejo muito — imperfeito ήπιθύμουν, aoristo ηπιθύμησα. Ε ύτυχέω
(- ώ) = sou feliz, imperfeito ηΰτυχουν, aoristo ηύτυχησα. Έ ναντιόομαι
(- οϋμαι] = eu me oponho, hostilizo, imperfeito ηναντιούμην, etc.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 199

Exceções'.

1. °) Alguns verbos, em que se tenha eliminado um fonema inicial antes


da vogal ε (um sigma inicial ou um digama), formam o aumento em ditongo
et e não η, em virtude da contração vocálica de dois e. Ex.: εχω (= σέχώ),
imperfeito είχον (ter, possuir). Ε ρ γά ζο μ α ι (= ρερχάζομαt), imperfeito
ε'ιρχαζόμην (às vezes ή pyaÇóppv). trabalhar. 'Έ πομαι (= σέπω, latim
"sequor” , seguir, acompanhar), imperfeito είπόμην. E ainda os verbos:
Έ α ν (έάω) (permitir), imperfeito, είων. Έ θιζε li· (habituar), imperfeito
ètθιζον. "ΕΧχειν (puxar, atrair), imperfeito εϊλχον. ' Ε λ ίττεα · (rodar,
bailar), imperfeito etXtt t o v . "Έρπειν (= σέρπειν, latim "serpere”, ras­
teja r—imperfeito είρπον).

2. °) Em outros verbos, em conseqüência da síncope de um digama


mediai vogais contíguas conservam-se em hiato, às vezes com metátese
quantitativa. Ex.: όράω (eu vejo), imperfeito εώρων {ήpop -), cf. o per­
feito èópaxa em que se mantêm as primitivas quantidades. ’Ώθέω (- ώ),
(empurrar), imperfeito εώθονν ou ωθούν, ’ίΐνεομαι (- ουμαι) (eu compro)
έωνονμην. ΆνοΕγω (eu abro), imperfeito aveopyov e aoristo άνεωξα, formas
em que, aparentemente, há dois aumentos.
2 — Iiedohro — É o acréscimo característico dos tempos de ação
acabada (perfeito de todos os modos e mais que perfeito do indicativo),
consistindo na repetição da consoante inicial do radical do verbo, seguida
de épsilon, sempre que essa consoante for uma oclusiva ou contínua simples,
ou estiver num grupo consonântico em que o segundo elemento seja uma
líquida. Ex.: μένω (eu habito), perfeito μεμένηχα, παώεύω (eu educo),
perfeito πεπαώευκα, χράφω (eu escrevo), perfeito γέγραρα. etc.

a) Quando, porém, a consoante inicial do verbo for um p, uma dupla,


ou quando houver um grupo consonântico em que o segundo elemento
não seja uma líquida, o redobro assume a jorma do aumento silábico, não
se verificando, neste caso, o aumento no mais que perfeito. Ex.: ξνειν,
perfeito passivo εζυσμαι. (polir), ζητώ (- éoi) (procuro), perfeito έζήτηχα,
ζενόω (-ώ) (eu hospedo), perfeito έζενωχα, στεφανώ (-όω) (eu coroo),
perfeito έστεφάνωχα, πτύω (eu cuspo), perfeito ’έ πτυχα, σπείρω (eu semeio),
perfeito εσπαρχα, ψενδω (eu minto), perfeito εφευσμαι, ρίπτω (eu lanço),
perfeito ερριφα, com duplicação do p após o redobro (vide aumento), mais
que perfeito ερρίφειν, etc.
b) Nos verbos começados por vogal, o redobro também assume a
jorma do aumento, desta vez, temporal. Ex.: άyyέλλω (anuncio), perfeito
fiyyeXxa, a y ορεύω (eu proclamo), perfeito p y òpevxa. Também nestes o
mais que perfeito não apresenta o aumento: ηyyεKxεεv, pyopebxeiv.
200 GUIDA NEDDA BAKATA PARREIRAS HORTA

c) Quando o radical se inicia por consoante oclusiva aspirada, o re­


dobro perde a aspiração, usando a consoante surda correspondente (cf.
desaspiração). Ex.: θύω (sacrifico) — perfeito τέθυχα. Φ((τγω (fujo), per­
feito πέφευχα. Χρίω (unto) — perfeito χέχρικα.
d) Se o verbo for composto por preverbo - preposição, o redobro colo­
ca-se entre o prefixo e o radical, como o aumento, com as mesmas alterações
já observadas para este último. Ex.: άπο-λύω (liberto, absolvo, vendo),
perfeito άπο-λε-λυχα. Σν - στρέφω (retino em feixe, enrolo, aperto),
perfeito συν - é - στροφα (cf. imperfeito συν - έ - στρεφον).
e) Se o prefixo não for separável ou, como em alguns verbos antigos,
não mais for sentido como tal, o redobro, como o aumento, vem no início.
Ex.: χαβίζω (sento-me), perfeito passivo xe - χάθισμαι (cf. imperfeito
έ - χάβιζον). Βλασφημέω - ώ (das raízes de β λάβη = prejuízo e φήμη
— reputação, portanto: eu difamo), perfeito βεβλασφήμηκα (cf. imperfeito
έβλασφήμουν).
f) Em alguns verbos iniciados por uma vogal breve (a, e, o) seguida
de uma consoante, dá-se um tipo especial de redobro, chamado redobro
ático, que consiste em repetir, diante da vogal inicial já alongada, os
dois primeiros elementos do tema geral. Ex.: άχούω (eu ouço), perfeito
ά χ -ή χ ο α . ’Ορύττω (eu cavo, enterro), perfeito II ορωρνχα. Έ 7 ίίρω
(eu desperto), perfeito ky - pyepxa.

3 — Compostos do auxiliar Ε ΙΝ Α Ι.
Numerosos verbos são compostos do auxiliar eivai e uma preposição,
seguindo a conjugação do verbo simples, com ressalva de que o acento
tônico jamais recua além da sílaba que contém o aumento. São eles: áxeipi
(estou afastado ou ausente) — rege genitivo. " E m /u (estou em ou dentro,
participo) — rege dativo. Πάρβιμι (estou presente, assisto, ajudo) —
rege dativo. Ilepíeιμι (sobrépujo, passo, ando em torno), rege genitivo.
Πρόσειμι (reuno-me a, avanço, ataco) — rege dativo. Σύνειμι (estou
com, convivo) — rege dativo. " Υπειμι (estou debaixo de, submeto-me
a) — rege dativo .·
Vê-se que, de todos, apenas dois regem genitivo, em virtude das prepo­
sições que lhes servem de prefixo (αχό, περί). Além disso, é freqüente
0 uso de formas impessoais desses verbos, na terceira pessoa do singular.
Ex.: iveari (é possível ou permitido, é factível), irápean é possível é de direito), (cf.
Ιστι = há, verbo impessoal).
N.B. - As formas compostas nunca são enclíticas.
Exercício n.° 31 —
1 — Conjugue: προ σ τά ττειν (prescrever)), έμβάλλειν (invadir) e διαφ-
OtípfLV (destruir) no pretérito imperfeito das três vozes (N.B. — Mesmo
05 GREGOS E SEU IDIOMA 201

os verbos consonânticos, cujo estudo ainda vai seguir, são regulares no


presente e no pretérito imperfeito).
II — Conjugue: ώφβλάν (ajudar), íevovv (hospedar), ixereóeLV (suplicar) e
axoXíieLV (libertar), no aoristo ativo e médio e no futuro das vozes ativa
e passiva.
III — Conjugue: φ ιλ ά ν (amar), aírelv (pedir), OyjpeveLv (caçar), (pireveiv
(plantar), dúeiv (sacrificar), no perfeito e no mais que perfeito médio-passivos.
E os verbos xopeóeLv (dançar), 'ώρυαν (construir) nos mesmos tempos da
voz ativa.
IV — Analise as jormas seguintes, indicando o verbo a que pertencem:
ãxeapev — xepíeiaiv — vwei— evecre — προσήν — xpoaeaópeffa — xepiüpev
— 7τάρβστι — υπησαν — aweart, — 7rápearai — σννέιrecríle — irapãvai
— eveaTi — èveivai — ixelvai.
V — Traduza as expressões seguintes (formas dos compostos de eivai.).
Estou presente. Estaremos ausentes. Andávamos em tOmo. Con­
vivíamos. Submetíeis. Estás dentro. Estavas presente. Conviverás.
Submetes-te. Sobrepujarei. Sobrepujavam. Estareis presentes. Ataca­
remos. Atacavas.

32° Exercício — Tradução.

I — “Ilepí του Óvov σκιάς” —


Aéyovai oi πάλαι., exei αϋτο'ι π epi τίνος άδιαφόρου Xéyeiv θίλουσι, Ótl
xepi τού όνου σκιάς ίστιν. “lide η παροιμία yiyvera i ex τον μιχροΰ μύθον ός
exerat ■ veavías t i s όνον ΐμισθώσατο. Meapμβρ'ιας δ'ώρρ, èxei deppós
èyeveTo ò ήλιος, èfiov\eTo αυτός υπό Tfi τον Óvov σχιμ xaBiÇeiv. Ά λ λ 'ό
μισθώσας οΰχ eia. "EXe£e γ ά ρ τώ veaviç. Ótl tòv μίν Óvov fyiaOctiaev,
την óè σκιάν oií. 'O óè veavias ήρω τάτο Ótl ò μισθοΰμ6νος τόν Óvov
μισθοΰται va i την σκιάν.
Αΰτοί pèv Tf.pi όνον σκιάς ή ρ ι’ζον · μαχομίναν óè èxeívocv ò όνος
αυτός άχίφυχ6ν.

II — Comentários:
1 ) Ilepí τίν ο ς = sobre ou acerca de alguma coisa (τ ις , tl , genitivo
pronome indefinido enclítico átono = alguém, algum, algo).
2 ) "Οτι = que, conjunção integrante (latim. — quid — quod).
3 ) Έ σ τ ίν e o genitivo significa: trata-se de (construção impessoal).
4) "H5e = esta (feminino do pronome demonstrativo Óòe, f/óe, ròóe
= este, esta, isto).
202 CVID \ NEDD.V BARATA. PARREIRAS HORTA

5) ΈιτίΓ = quando, logo que (conjunção temporal).


6 ) ^ yévero - forma II do aoristo do Indicativo do v yíyvopai (depoente)
= tomou-se.
7) Ό μισθώσας = o que alugou (particípio aoristo ativo substantivado
de μισθόω).
8 ) * 0 piodovptvos = o que está alugando para si (particípio presente
médio, substantivado).
9) Εία -34 p. sg. do imperf. ativo de έ ά ω (cf. pág. 199)
1 0 ) Oiiv = portanto, por conseguinte (partícula conclusiva).
11) M év.. . δ ε ... = partículas correlativas: indicam oposição, para­
lelismo, alternativa (= por um la d o ... por outro lado, enquanto, . . .
então, etc); muitas vezes não se traduzem.
12) Μ αχομίνων èxeivuv = enquanto eles brigavam (genitivo absoluto
formado do particípio presente μαχόμενοτ, -^η, - ον e o pronome de­
monstrativo èxelvos, - η, - o — ele, aquele —- cf. latim — ablativo
absoluto).
13) ’Awéipvyev (aoristo II do indicativo de άποφείτγω — terceira
pessoa do singular).
III —- Expressões curiosas a respeito do burro.
A propósito dessa historieta, é interessante observar que o burro
(ò ovos), animal extremnmentc útil na velha firécia de ásperos caminhos,
foi objeto de sentenças em (pie a sabedoria popular se revela no pitoresco
ou na agudeza da observação do cotidiano e" que ainda hoje são válidas em
sua força de expressão. J'or exemplo:
1 ) "Ovos 'Kvpas άχούων (litera'mente: um burro ouvindo lira =
alguém que não aprecia algo de valor).
2 ) Eis òvov 7rójíaç (literalmente: pela lã do burro = uma coisa im­
possível).
3 ) Ά τ'δνο ν χαταπέσβίν (literalmente: cair do burro = cometer um
disparate).
4) "Ovos èv pe\ÍTTais (literalmente: um burro no meio de abelhas
= estar perturbado).
5) "Ονον vfipiGTÒTtpos (literalmente: mais brutal do que um asno =
estar destruindo tudo).
6 ) "Ονον yváBos (literalmente: queixada de asno = ter grande apetite).
7) E is ovovs άφ'ΐππων (literalmente: passar de cavalos a burros =
decair socialmente).
8 ) "Ovos èv μνρω (literalmente: um burro perfumado = um luxo des­
perdiçado).
9) τΩ τ>όνον λα βίϊν (literalmente: usar as orelhas de um burro = ser
estúpido).
( « GREGOS I ' ' VUOMA 203

10) ’Ό vos v e r c u (literalm ente: um burro chovido, isto é, molhado de


chuva - ser desprovido de sensibilidade).
XV — Procure encontrar, em português, expressões equivalentes às que
acabamos de enumerar. Por exemplo: ovos \ v p a s à x o v w v equivale a ‘ lançar
pérolas aos porcos” ou a “ um burro olhando para um palácio, etc.
22. — VER BO S TEM ÁTICO S C 0N S0N A N T 1C 0S NO MODO IN D I­
CATIVO.
a) Generalidades Esses verbos costumam ser regulares no presente
e no pretérito imperjeito do indicativo, porém, n o s outros tempos, ocon un
encontros fonéticos entre a consoante final do radical verbal e a do sufixo
tem poral, provocando alterações na form a dos futuros, aoristos, perfeitos
e mais que perfeitos. Além disso, m uitos desses verbos consonâniieos (ou
verbos cm - ω im puro) têm formas especiais p ara o perfeito ativo ou para
o aoristo e. o futuro, nas três vozes. Isso se dá em virtude da permanência,
ria língua clássica, de antigas formas inda-européias. tornadas esporádi­
cas, a p a rtir do m om ento em que a língua grega reestruturou seu sistema
de conjugação, tom ando por base um só tem a tem poral para os vários
tempos dos verbos regulares (vide form as segundas).
Os verbos consnnântieos subdividem se em duas categorias:
I — Verbos em consoantes o c l u s i v a s , que podem ser: labiais, guturais,
dentai* t\ ρ'ιβ - - c i v I esmagar, triturar), n é p n e m (levar em cor­
tejo). ~) ρ ά φ e i r ( t u i <i δ ι ό · , r n (perseguir nu prosseguir), & y - t u >
(levar, m n d n /ir. dirigiP. α ρ χ - r n (comandar, na voz média α ρ χ ( σ Ο α . ί
— começar), netfl - f lv (persuadir. epnvcneor\ tf t i b ( lv (enganar, mentir).
à v v r - α ν (terminar).

II — Verbos em consoantes líquidas r nasais -— Quase se m p re refor­


ç a d o s n o t e m a d o p r e se n te e p o r ta d o r e s do n u m e r o sa s fo rm a s se g u n d a s.
E x .: àyyéXX - eiv (a n u n c ia r), σπύρ - eiv (sem ea r), φαίν - αν (m o stra r),
τέμ - v - αν (co rta r, se ee io n a r ), χλίν - (iv (in clin a r), p é v - ( lv (ficar, p er­
m a n ecer), δέρ - ( (d e sca sc a r), e te .
l v

b) Verbos consonânticos em oclusivas.


I — Nos verbos de radical terminado por uma oclusiva labial ou gu-
tural dão-se os seguintes encontros consonantais:

ir, β, φ com σ r e su lta m n u m φ x, Ί , X com σ dão ξ


7Γ, β, φ co m μ r e su lta m em μμ x, Ύ, X co m μ dão yp
7Γ, β, φ d ia n te d e Θ o u σθ dão <p0 x, y , x co m Θ ou σθ d ã o χθ

Note-se que qualquer dessas consoantes oclusivas ensurdece-se diante


do - τ de certas desinências, porque e regra fonética que duas consoan-
204 G U ID NEPOA B A R '.T a PA R R E IR A S HORT a

tos oclusivas consecutivas devem ser sempre do mesmo grau (cf. acomo­
dação fonética).
Alguns verbos em labiais apresentam um sufixo - r no tema do pre­
sente, exclusivamente. Ex.: βλάτΓ - τ - tiv (prejudicar, raiz: β λ α β -),
χ ρ ύ π - τ -eiv (ocultar, raiz: χρυφ -), ρίπ - r - tiv (lançar, atirar, raiz:
pLir -), θάπ - τ - tiv (sepultar, raiz: τ α φ - , em que se dá a transfe­
rência da aspiração final do radical para a consoante inicial, sempre que,
por motivos fonéticos, aquela desaparecer) (cf. no português: epitáfio).
I I — Nos verbos de radical em dental, a oclusiva dental desaparece
diante de - σ e do - x do tema de perfeito; entretanto, τ, δ, Θ, diante de
outra dental Pu de um - μ sibilizam-se, isto é, transformam-se num - σ .
Assim, podemos conjugar seus tempos primÂtivos -do indicativo (pre­
sente, futuro, aoristo e perfeito), atentando para o fato de que todos eles
se formam da mesma maneira que os dos verbos vocálicos, ressalvando-se
apenas o perfeito ativo dos verbos em labiais e guturais, em que esse tempo
é aspirado (cf. perfeito forte aspirado, em que a labial e a gutural do ra­
dical passam a - φ e a - X, respectivamente, inexistindo ο κ - característico
do perfeito ativo).

PARADIGMAS DOS VERBOS CONSONÂNTICOS EM OCLUSIVAS


MODO INDICATIVO

Vozes Tempos τρ ίβ - tiv (- βω) α ρχ - tiv (- χω) πάθ - t lV (- θω)

Presente τ ρ ίβ - ω άρχ - ω πάθ - ω


Futuro τ ρ ιφ - ω άρ£ - ω πει - σω
>
HH
Aoristo e - τ ρ ιφ - a ήρξ- α e - 7Γ€ΐ - σα
Perfeito ré - τρ ιφ - α ήΡΧ - α 7ré - 7Γ€ΐ - χα

Presente τρ ίβ - ομαι ά ρχ - ομαι πάθ - ομαι


>
HH Futuro τρ ιφ - θήσομαι ά ρ χ - θήσομαι πβισ - θήσομαι
w.
υ3 Aoristo k - τρ ιφ -θην ή ρ χ -θ η ν k - π ά σ - θην
<
Ph
Perfeito ré - τριμ - μαι ήρΎ - μαι 7Γ€ - ττ€ΐσ - μαι

N.B. — 1 — Os verbos temáticos em - ττω ou - σσω seguem normalmente


a conjugação em" gutural (procedem de um primitivo radical em gutural,
alterado pelo sufixo iode - j, formador de verbos denominativos). Ex.:
τ ρ ά τ τ - ω (eu faço, eu ajo). Futuro π βάζω, aoristo 'έττραζα, perfeito
forte π ίπ ρ α χα , perfeito segundo π ίπ ρ α χα , futuro passivo πραχθήσομαι,
aoristo passivo ΐπ ρ ά χ θ ψ .
OS GREGOS E SEU IDIOMA 205

Excepcionalmente, alguns verbos em - ττω seguem a conjugação


denta). Ex.: -κΧάττω (eu modelo) — futuro πλάσω, aoristo &νΧασα,
perfeito πέτΧ αχα. Euturo passivo ττΧασθήσομαι, aoristo passivo εττΧάσ-
θρν, perfeito passivo πέττΧασμαι. (Também άρμόττω, eu adapto).
2 — Os verbos temáticos em - ζω são, ao contrário, derivados de
um primitivo radical em dental, alterado pelo - j, conjugando-se, pois,
como os verbos em dentais. Ex.: -γυμνάζω (eu me exercito), futuro -γυμνάσω,
aoristo έχνμνασα, perfeito ye-γΰμναχa (raro). Futuro passivo -γυμνασθή-
σομαi, aoristo passivo εγυμνάσθην, perfeito yeyvpvaapai.
No entanto, também excepcionalmente, alguns verbos em - ζω
confundiram-se com a conjugação gutural, já que sua raiz primitiva era
gutural. São eles: κΧάζω (raiz x X a y y -, clamar, gritar, sé na voz
ativa), futuro κλάγξω, aoristo εχΧαγξα, perfeito Π xéxX ayya ou κέκΧα-γα.
Οιμώζω (lamentar-se, só na voz ativa), futuro οιμώξω, ■aoristo ωμωξα,
perfeito não é usado. Σ τίζω (radical σ τ ιγ -, tatuar, marcar, nas três
vozes). Futuro στίξω, (passivo στιχθήσομαι), aoristo έστιξα (passivo
έστίχθην), perfeito εσ τιχ α (médio-passivo εστι-γμαι).
3 — Ocorrem também alguns verbos derivados em - ίζω, os quais,
embora não sejam formados de raízes dentais, seguem por analogia essa
conjugação. Ϊ! o caso, por exemplo,de νομίζω (eu julgo, eu sanciono. Cf.
ó νόμος = lei), no aoristo e no perfeito.
4 — O verbo διδάσκω (eu ensino) forma seus tempos usando o radical
διδαχ -, seguindo pois a conjugação em gutural, no futuro, aoristo e
perfeito.
5 — O verbo σττένδομαι (depoente), significando: concluir um tratado,
sofre síncope do grupo consonantal - νδ, dando-se o conseqüente alonga­
mento da vogal precedente (fut. σπείσομαι — aoristo έσπεισάμην — per­
feito εσπεισμαι, etc.)
6 — Q pretérito imperjeito e o mais que perjeito do indicativo for­
mam-se, normalmente, partindo do tema temporal dos tempos primários
a que estão morfologicamente ligados, isto é, o presente e o perfeito, res­
pectivamente.
7 — Todos os verbos consonânticos, inclusive os em líquidas e nasais,
apresentam a terceira pessoa do plural perijrástica, no perjeito e no mais-
-que-perjeito médio-passivo, pela impossibilidade fonética de se acrescenta­
rem as respectivas desinências a um radical consonântico. Tal forma é
constituída do particípio perfeito passivo e a terceira pessoa do plural do
presente ou do pretérito imperfeito do auxiliar eivai. Ex.: τετριμμένοι,
- αι, - a είσίν (èles ou elas foram o u ' estão triturados), τετριμμένοι,
- ai - a ησαν (tinham sido ou estavam triturados).
206 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

CONJUGAÇÃO DO PERFEITO E DO MAIS QUE PERFEITO DOS


PARADIGMAS EM OCLUSIVAS

PRETÉRITO PERFEITO — VOZ ATIVA


1 p. ré - τριφ - α — ή ρ χ - a — iré - 7rei - ha
PRETÉRITO PERFEITO MÉDIO-PASSIVO
Red. —· Rad. — Des. Médio-Passivas Primárias

S. lp . τ ι - τ ρ ίμ - μ α ί ήρχ - μαί ivt - 7rew - μαί


2p. τ έ - τ ρ ίψ α ί ήρζαί 7ré - 7rei - σαί
3p. ré - τρίΐν - τα ί ήρκ - τα ί 7ré - 7reia - rai

P. lp. re - τρίμ - peda f)ρχ - peda 7re - Treía - peda


2 p. ré - rpup - de η ρ χ -Oe 7ré - 7rei - ade
3p. re - τρίμ - μένοί άσίν ήρχ - μίνοί άσίν 7re - Feia-pévot βίσίν

D. 2-3p. ré - rpup - 6ov ή ρ χ -β ο ν 7ré - 7ret - σβον

MAIS QUE PERFEITO DO INDICATIVO — VOZ ATIVA

S. Ip. é - re - τρίφ - tív η ρ χ - eiv ê - 7 T € - TT€i - X € L V

MAIS QUE PERFEITO — VOZ MÉDIO-PASSIVA


Aum. — Redobro — Radical — Desinências Médio-Passivas Secundárias
S. lp . é - re - τρίμ - μην ηρχ -μην e - 7Γ€- 7Γ€ΐσ - μην
2p. é - ré - r pc\po ήρξο è - πέ - tt€í - σο
3p. é - ré - rpirr - το ήρχ - το € - 7Γ€ - 7Γ€ΐσ - ΤΟ

P. lp . è - Te - τρίμ - μ€θα ηρχ - p e d a έ - ire - ττβίσ - ped α


2p. é - ré - τρ ιφ -de ή ρ χ -Oe é - 7ré - πβί - ade
3p. r e - τρίμ - μένοί ήσαν ή ρ χ - μένοί ήσαν 7re - 7Γβισ-μένοί ήσαν

D. 2-3p. e - re - τρ ίφ - βην ή ρ χ -θ η ν é - 7re - 7reí - a d r /v

OBS. — Note-se que é frequente a alternância vocálica e/o nos perfeitos


e mais que perfeitos ativos de verbos em labiais, de raiz monossilábica
(menos comumente em radicais em dentais) ou e/α nas vozes média e passiva
dos mesmos tempos. Ex.: τμ ίπ α ν (girar, voltar, dar as costas), arpé-
φ αν (dar voltas, girar, revolver), fazem respeetivamente: perfeito ativo —
ré - rpoφ - a, e - στροφ - α, mais que perfeito ativo έ - re - τρόφειν,
os gregos e seu id io m a 207

έστράφειν, perfeito médio-passivo — τέτραμμαι, εστραμμαι, mais que


perfeito médio - passivo — έτετρ ά μ μ ψ , έσ τρά μ μ ψ .
Também τ ρ έ φ ε ι (alimentar, nutrir) faz: τετροφα e τέθραμμαi, no
perfeito, sendo que aqui se observa a troca da aspiração no radical e sua
perda no redobro (cf. desaspiração). E χλέπτεεν (roubar) faz: κέκλοφα
(no perfeito ativo) e χέχλεμμαί (no perfeito médio-passivo), este último
sem a alternância dos precedentes.
O verbo πείθει,ν (persuadir) possui, ao lado do perfeito regular que
vimos, também uma jorma segunda πέποιθα (eu creio, obedeço), de valor
intransitivo.
Por outro lado, a língua grega evita a acumulação de consoantes, de
modo que o perfeito médio-passivo de um verbo como πέμπειν (enviar,
conduzir em cortejo) é iré - πεμμαι, em lugar de πέ - πεμμ - μαι, etc.
Como τρίβω (eu trituro), conjugam-se, entre outros: κρύπτω (eu es­
condo), καλύπτω (eu envolvo), βάπτω (eu mergulho — raiz βαφ -), τύπτω
(eu bato), κόπτω (eu bato, eu firo, sacudo), θάπτω (τα φ -) (eu sepulto).
Como άρχω (eu começo), conjugam-se: βρέχω (umedeço, refresco),
φ υλά ττω (eu vigio, eu fiscalizo), τα ρ ά ττω (eu perturbo), άλλάττω (eu troco,
mudo), τά ττω (eu arrumo, disponho), φεύ^ω (eu fujo).
Como πείθω (eu persuado), γυμνάζω (eu me exercito), αναγκάζω (eu
forço), φεύδω (eu engano), θαυμάζω (eu admiro), etc.

88° Exercício —
I — Conjugue: κρύπτω (eu escondo), χλέπ τω (eu roubo) e στρέφω (eu
revolvo) no perfeito e no mais que perfeito ativos; τα ρ ά ττω (eu perturbo),
φεύδω (eu engano), γυμνάζω (eu me exercito), no aoristo das três vozes:
αναγκάζω (eu forço), τρέφω (eu alimento), π ρ ά ττω (eu faço), no futuro
ativo e médio e βρέχω (eu refresco) no presente e no imperfeito das três
vozes.
II — Conjugue: πιστεύω (eu confio) e πείθω (eu persuado) no futuro das
três vozes; παλαίω (eu luto) e πολεμέκο (-ώ) (eu excito para a guerra)
no pretérito imperfeito das três vozes.
I II — Analise as jormas verbais seguintes, indicando a primeira pessoa
do singular dos tempos primitivos dos verbos a que pertencem: έκλέφθψ
- τώραμμένοι, είσίν - έτά ρα ττον - χεχλάφασιν - β εβ ρέχα τε - χόφει - έτε-
τράμμεθα - έπράχθην - π έπ λ α σ τα ι - κλάΎ ζετε - δεδάσκουσεν - έφενδετε -
έφεύσθητε - κοφθήσεταε - έταζε - έστραμμέναι ήσαν - στεφανοϋσι - ένί-
χησαν - έ τψ α τε - ξηλοΰτε - ή^άπων -χήπατήχασι,ν - έπέπλασθε - èipevapévoi,
- αι, - α ησαν - έπεπόμφετε - χεχάλνφθε - έτετύφεσαν - στιζόμεθα - σπεί-
σ ετα ι - έχρυσώθησαν.
208 g ü id a nedda barata p a r r e ir a s horta

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 10

VALOR DOS TEM POS NO MODO INDICATIVO (IV) PER FEITO


E MAIS QUE PER FEITO

a) Pretérito -perfeito — Êste tempo exprime a ação inteiramente


acabada, por conseguinte também o resultado atual de uma ação pas­
sada, cujos efeitos perduram (idéia de estado). Eis porque, com fre-
qüência se traduz por um presente, especialmente em verbos intransitivos.
Ex.: Έφοβήθην καί Ítl καί νυν τεθορνβημαι (Apavorei-me e mesmo
agora ainda estou sobressaltado. Çsquines, Embaixada II, 4·)· Núv
πίποιθα (Agora estou persuadido, cf. πείθω, presente = eú tento per­
suadir). Ou então: πέποίθε (= ele crê), iréwpya (= estou fixado, do
verbo πψ/ννμι = eu fixo), εστηχα (= estou de pé, de ίστημι = erguer,
pôr de pé), χέχτη μαι (= eu possuo, de χ τ ά - ομαι eu adquiro), μεμνημαι
(= lembro-me, de μεμνήσχω = eu tento recordar), πεφόβημαι (= eu
estou receoso, de φοβώ = tenho medo de).
N.B. — A língua grega, ao criar o pretérito perfeito em - xa, genera­
lizando-o à maioria dos verbos, atribuiu-lhe um valor transitivo, para
indicar o resultado presente da ação passada, enquanto que o, perfeito
primitivo, indo-europeu (cf. perfeitos segundos), frequentemente mudou
de sentido, assumindo quase sempre um valor intransitivo. Daí o fato
de se encontrar em certos verbos ambas as formas do perfeito, a segunda
indicando, de preferência, o estado. -Ex.: perfeito I - άπολώλεχα
(acabei de fazer perecer) - perfeito II - απολωλα (estou perdido), do
verbo άπόλλυμι. (destruir, fazer perecer). Ή αταξία πολλούς η δη άπο-
λώλεχεν (==. a desordem já féz perecer muita gente. Xenofonte, An.
3, 1, 38). ΓΙέπραχα (de πράττω ) = eu fiz, πέπρα-γα = encontro-me,
confino, atinjo (intransitivo).
Em alguns verbos intransitivos o perfeito pode exprimir a intensi­
dade de um sentimento', τεθαύμαχα (estou profundamente admirado),
ίζήλω χα (estou apaixonado), ίσπούδαχα (estou cheio de cuidados), etc.
correspondendo aos verbos: θ α υ μ ά ζει (admirar), ζηλονν (buscar com
ardor, ter ciúmes), σπουδάξειν (dedicar-se, ocupar-se com desvelo, ser
diligente).
Há também casos em que o perfeito pode aparecer, ern lugar do
aoristo, indicando a ressonância de um fato passado que se quer pôr
em evidênciá, devendo-se então traduzi-lo por um passado. Contudo
tal regra não é rígida e nem sempre se consegue distinguir o matiz exis­
tente entre um tempo e outro. Ex.: ' Εώρακα τον χίνδυνον (eu vi bem
OS GREGOS E SEU IDIOMA 209

o perigo). ’Axpxòaptv λόγοι;?, (ouvimos perfeitamente os discur­


t o v s

sos). Oi πολέμιοι πβρι ήμ ás βίβλασφ ημήχασιν (os inimigos calunia­


ram-nos, ou melhor, acumularam calúnias contra nós).
1)) Mais que perfeito — Exprime um estado passado, resultante de
uma ação acabada anteriormente. Ãs vèzes é empregado em lugar de
um aoristo, exprimindo uma ação realizada com rapidez. Seu uso é
pouco frequente. Ex.: Oi Ά pxàòts ΐπίφόβηντο (Os Ârcades viviam
atemorizados. Xenofonte). Ot σ τρ α τιώ τα ι έβόων, διότι έτέτρωντο
(Os soldados gritavam porque estavam feridos), (cf. v. τιτρώσκω)

c) FO RM AS SEG U N D AS NA CONJUGAÇÃO V E R B A L — Os verbos


consonânticos podem apresentar, além de uma primeira forma regular, uma
segunda jorma de futuro, de aoristo ou de perfeito, a qual representa a
permanência, no idioma, de formações arcaicas, suplantadas, na maioria
dos verbos, por criações vernáculas posteriores. Em muitos verbos, a
ocorrência da forma segunda (II) significa a ausência da forma regular
primeira (I), mas também podem coexistir as duas, sendo que, neste caso.
a forma segunda terá significado diverso do da outra, geralmente tornando
o verbo intransitivo (cf. o perfeito II).
A existência de uma forma segunda para determinado tempo não
pressupõe a ocorrência de outra no mesmo verbo, nem tais formas costumam
ocorrer simultaneamente em todos os tempos da conjugação (exceção, o
verbo τρέπβιν).
1 Futuro segundo — Pode aparecer nas três vozes e é encontrado,
regularmente, nos verbos consonânticos em líquidas e nasais, embora também
ocorra em numerosos outros verbos temáticos, na língua ática.
Nas vozes ativa e média, o futuro II caracteriza-se por uma forma
contrata, resultante da queda do - a intervocálico de um sufixo -eao-j-tat-,
conjugarido-se como os presentes contratos em - έω (-ώ), - topai (-ούμαι).
No dialeto ático, esse futuro também é corrente em verbos de mais
de duas sílabas, com a terminação - ίζω e em alguns outroh avulsos (futuro
ático). Ex.: νομίζω (penso, julgo), futuro ativo νομιω, futuro médio
νομιονμαι. Χαρίζομαι (agrado, dou prazer), futuro χαριοϋμαι (v. dep.)
Βαδίζω (ando), futuro médio dep. βαδωϋμαι. Exceção faz έλπίζω (tenho
esperanças), com o futuro έλπίσω. Mas há outros como μάχομαι (eu
combato), futuro μαχονμαι, etc.
Alguns verbos possuem um futuro ao mesmo tempo sigmático e con­
trato (futuro dórico), na voz média depoente (significado ativo), em
- σουμα ι. Ex.: πλέω (eu encho), futuro πλίΐισούμαι, πίπτω (eu caio),
futuro πίσονμαι, etc.
210 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Mais raramente encontram-se futuros contratos que seguem a conju­


gação em - άω como ά σ β φ ά ζειν (introduzir, fazer entrar), com o futuro
ίίσβιβώ, - ãs, - ã etc. e tkaw eiv (impelir, fazer avançar), futuro έλώ,
é\ãs, è \ã , - ώμο', - àre. - ώσιν (cf. verbos atemáticos em - άννυμι).
N a voz p a ssiv a , o fu tu r o segu n do só difere do primeiro pela ausência
do - Θ da característica temporal, conjugando-se regularmente como este.
Ex.: τριφθήσομαι (futuro I) e τριβησομαι (futuro JI), com a mesma signi­
ficação. Não há diferença semântica entre as formas primeiras e as se­
gundas nas três vozes.
Note-se que, nos verbos que possuem futuro IL passivo, também cos­
tuma ocorrer o aoristo II passivo e, na prosa ática, um certo número deles
só usa as formas segundas nesses dois tempos. São eles:

7 ράφω (escrevo), futuro II passivo — 7 ραφήσομαι


β λά πτω (prejudico), futuro II passivo — βλαβήσομαι
(cf. raiz β λά β - )
θάπτω (enterro), futuro lí passivo — ταφήσομαι
(cf. raiz τά φ - -)
κόπτω (golpeio), futuro II passivo — κοπήσομαι
(cf. raiz κοπ —-)
σκάπτω (escavo), futuro II passivo — σκαφήσομαι
(cf. raiz σκάφ - )
ά λ λά ττω (mudo) futuro II — άλλα-γήσομαι
(raiz άλλά·γ —)
σφ ά ττω (degolo) futuro II — σφα~γ ήσομαι
(raiz σφά~γ —)
σφάλλω (engano) futuro II — σφαλήσομαι
(raiz σ φ ά λ —)
μαίνομαι (enfureço-me) futuro II — μανήσομαι
(raiz μάν —)
φαίνομαι (mostro-me, apareço) futuro II — φανήσομαι
(raiz φαν —)

Quando a raiz monossilábica contiver a vogal - €, dá-se a alternância


para - α nesses tempos, (cf. aoristo II passivo). Assim:

τρέπω (eu giro), futuro II passivo — τραπήσομαι


(raiz τρίπ —)
στρέφω (eu revolvo), futuro II passivo — στραφήσομαι
(raiz στρβφ —)
δέρω (eu descasco), futuro II passivo — δαρήσομαι
(raiz òtp -)
o s gregos e seu idioma 21 1

στεΧλω (envio), futuro II passivo — σταλήσομαι


(raiz σ τ ε \ -)
στείρω (semeio), futuro II passivo — σπαρήσομαι
(raiz σττtp -)
δια— φθείρω (destruo), futuro II passivo — δια - φθαρήσομαι
(raiz δια - φθερ -)

A única exceção é συλ - λέγω (eu reúho, convoco), em que a raiz


(σΐ'λ -) \ e y — não muda no futuro σ υ \ - Κεγησομαι.

II — Perfeitos e mais que perfeitos segundos — Distinguem-se por


não apresentarem o - κ característico do tema temporal na voz ativa,
acrescentando-se as terminações das formas regulares (primeiras) direta­
mente ao radical do verbo. Nos radicais monossilábicos é freqüente a
alteração da vogal (apofonia). Tais formas ocorrem geralmente nos verbos
em oclusivas e em alguns em líquida. Os perfeitos segundos são geral­
mente intransitivos e, nos verbos consonânticos em labiais e guturais, dá-se
a aspiração da consoante final do tema verbal (perfeitos fortes). Ex.:

θ ά \ \ ε iv (florescer) perfeito II — τέθ η \α (raiz θ ά \ -)


λείπειρ (deixar) perfeito II — λίλοιχα (raiz Xeur -)
ττείθειρ (persuadir) perfeito II — πέτοιθα (raiz πειθ -)
στρεφειρ (fazer girar) perfeito II — εστροφα (raiz σ τρεφ -)
χλέπτειρ (roubar) perfeito II — χέχλοφ α (raiz χ λ ε π -)
■πράττειρ (fazer) perfeito II — irewpaya (raiz irpãy -)
τά ττειρ (arrumar) perfeito II — τετα χα (raiz τ a y -)
χύπτειρ (bater) perfeito II — χέχοφα (raiz χοττ -)
τεμιτειρ (enviar) perfeito II -— ττεττομφα (raiz ττεμττ -)

As duas formas de perfeito segundo do verbo ττράττειν distinguem-se


pelo sentido: π έπ ρ α χα (eu fiz, agi), ireTrpaya (eu consegui, — valor intran­
sitivo). O mesmo ocorre com π ετειχα (eu persuadi) e ττεποιθα (eu estou
persuadido, logo: creio, estou convencido), etc.
Alguns verbos só possuem a forma segunda do perfeito ativo, havendo
casos em que, por· exceção, verbos depoentes, só usados na voz média, têm
essa forma segunda ativa. Ex.: yiyvopai (eu me tomo), raiz yεv -, per­
feito II ativo yéyova (cf. perfeito I - yeyevppai).
Quanto ao mais que perfeito segundo, segue as mesmas características
do perfeito que lhe corresponde, conjugando-se como a forma primeira
sem o - x do sufixo que se reduz à forma - et. Ex.: perfeito II wéirpaya,
mais que perfeito II έ π ε -π ρ ά χ -ε ιν , etc.
212 GÜIDA NEDDA BAKATA PARREIRAS HORTA

Tanto o perfeito quanto o mais que perfeito segundo só ocorrem na


voz ativa.
I II — Aoristos segundos.
Na voz ativa, distinguem-se dois tipos de aoristos, segundo a espécie
da raiz verbal:
l.°) Se a raiz do verbo termina por uma vogal (embora o radical do
presente possa estar reforçado por sufixos), acrescentam-se-lhe diretamente
as desinências secundárias, para formar o aoristo do indicativo (nos outros
modos serão as terminações dos respectivos presentes). São sempre jormas
intransitivas de um aoristo chamado “atemático” (porque é desprovido
de vogal temática), alongando-se a vogal da raiz, se for originalmente breve.
Em consequência, há quatro terminações para esse aoristo atemático: - ην
(ou - ãv), - õv e - ων. Ex.: βαίνω (eu ando) - raiz βά - (futuro dep.
βήσομαi) aoristo II ε - βη - v, άποδιδράσκω (eu me ponho em fuga) (futuro
άπο - δρά - σομαι) aoristo II άπ - ε - δρά - v (raiz άπο - δρα -). Δύομαι
(eu mergulho, penetro) raiz δύ - (futuro δύσομαι) aoristo II ε - δ ϋ - ν .
(Βιό - ω) (eu vivo, pres. raro) raiz βιο - (futuro βιώσομαι) aoristo II
ε - βίω - v.
(Este último verbo é desusado no presente e no imperfeito contratos
do indicativo, formas em que é suprido pelo verbo ζάω (ξώ) por sua vez
defectivo nos futuros, aoristos e perfeitos, em que é substituído por βιώ).

AORISTOS SEGUNDOS ATEMÃTICOS NO INDICATIVO


- ην, (- ãv) - ϋν, - ων)

βαίν - ω άποδιδράσκ - ω δύ - ομαι βιό - ω (βιώ)

S. lp. e - βην àir - è - δραν ε - δϋν ε - βίων


2p. e - βης άττ - é - ôpas ε - δϋς ε - βίως
3p. e - βη ά τ - ε-δ ρ α ε - δΰ ε - βίω

P. lp. e - βημβν άπ - e - δραμεν ε- δυμεν ε - βίωμεν


2p. e - βητε άπ - ε - δατε ε- δυτε έ - βίωτε
3p. e - βησαν άπ - έ - δρασαν €»/ - f w
ουσαν ε - βίωσαν

D. 2-3 ε - βήτην άπ - ε -δ ρ ά τη ν ε - δύτην ε - βιώτην

2.°) Se a raiz do verbo termina por consoante, ocorrem aoristos se­


gundos temáticos na voz ativa e também na média pois haverá uma vogal
temática o/e entre a raiz pura do verbo e as desinências secundárias. Na
OS GREGOS E SEU IDIOMA 213

prática, esses aoristos temáticos formam-se exatamente como o imperfeito


do indicativo ou como os presentes dos outros modos, divergindo deles
pelo radical do verbo, freqüentemente reforçado no tema de presente. Assim:
Χάπω (eu deixo) - aoristo II ativo: e - Χιπ - ον (cf. imperfeito tXtLirov)
- aoristo II médio: έ - λ ιπ - όμην (cf. imperfeito έΧβιπόμην)
As alterações do radical verbal, para a formação do aoristo II temático,
podem ser as seguintes:
1 — Radical (raiz) verbal puro no aoristo I I (cf. tema do presente
reforçado)
Ex : αισθάνομαι, (eu sinto) — raiz αίσθ -, aoristo II ρσθόμην (dep.).
Ύίγνομαι (nasço) — raiz yev -, aoristo II éyevóppv (dep.).
δάκνω (mordo) — raiz δάκ -, aoristo II ativo eòaxov,
aoristo II médio έδαχόμην.
μανθάνω (aprendo) — raiz μάθ -, aoristo II ίμαθον.
2 — Grau reduzido do elemenla vocálico no aoristo I I (cf. ditongo no
tema do presente). Ex.:
Xerirco (eu deixo) raiz Xecrr- / Xtrr - / Xonr -, aoristo II ativo eXnrov
aoristo médio έΧιπόμην
φβύ-γω (fujo, escapo) raiz (pevy - / ipvy-----aoristo II ativo etpuyov.
Nestes exemplos o radical apresenta-se com o ditongo abreviado no
aoristo (cf. perfeito II, com o grau flexionado: XéXoi7ra).
3 — Raiz desprovida do elemento vocálico no aoristo I I (cf. vogal
simples no tema de presente). Ex.: èyeípw (desperto), radical èyep - /èyp-
(aoristo ativo regular - fjyeipa) aoristo II médio pypóppv. ΙΙέτομαι (eu vôo),
radical π ίτ /π τ -, aoristo d l médio (dep.) - Ιπτόμην.
N a voz passiva, entretanto, a formação do aoristo II é idêntica à da
forma primeira, apenas divergindo o sujixo temporal que se reduz ao - η.
Ex.: βάπτω (êu mergulho) - raiz βαφ -, aoristo II passivo ΐβάφην. Γ ράφω
(eu escrevo) - raiz ypa<p -, aoristo II passivo èypà<ppv. Β λάπτω (eu pre­
judico) - raiz βΧαβ, - aoristo II passivo ΙβΧάβην.
Note-se que, como já dissemos, a ocorrência do aoristo II passivo
costuma coincidir, no mesmo verbo, com a do futuro II passivo, dando-se
num e noutro tempo as mesmas alterações vocálicas (cf. alternância e/a
no futuro II passivo). Ex.: τρέπω - aoristo II passivo έτράπην (futuro
II τραπήσομαν). Στρέφω - aoristo II passivo έστράφην (futuro II
στραφήσομαν). Δέρω - aoristo II passivo έδάρην (futuro II passivo
δαρήσομαt), etc.
214 GUIDA NEDDA BAKATA PARREIRAS HORTA

AORISTOS SEGUNDOS TEMÁTICOS ATIVOS E .MÉDIOS (II)


AORISTO II PASSIVO
VERBOS AeÍ7r - av (Vozes ativa e média) Β λά π - τ - αν (βλαβ -)
(ν. páss.)
S. lp. ’έ λιπον έλιπόμην ϊβλά βη ν
2p. ίλ ιπ α έλίπον ίβλάβης
3p. eXure έλίπ ίτο ίβ λά β η

P. lp. ίλίπομίν ίλιπόμβθα έβλάβημίν


2p. êX Í7re r e ΐλίπβσθβ ίβ λ ά β η τί
3p. ’έ λιπόν ίλίποντο ΐβλάβησαν

D. 2-3p. ΕΚιπίτην έλιπίσθην έβλαβήτην

N.B. — A apojonia nos tempos segundos dá-se, pois, da forma seguinte:


e/b (de presente para perfeito II e mais que perfeito II ativo) — e /a (de pre­
sente para perfeito médio-passivo, futuro II e aoristo II passivo) — ei/ι/οι (de
presente para aoristo II e perfeito II) — ev/v (de presente para aoristo II
ativo).
Normalmente, o tema do presente conserva o vocalismo e, mas, algumas
raras vezes, tem o grau zero (ausência de vogal na raiz).
34.° Exercício —

I —Conjugue: λ ά π α ν e π β 'ιθ α ν no perfeito II ativo, π ρ ά τ τ α ν e π έ μ π α ν


no mais que perfeito II ativo e no perfeito médio-passivo, τ ρ έ φ α ν e σ τ ρ έ φ ε ιν
no futuro e no aoristo II passivos, ά λ λ ά τ τ α ν no futuro das três vozes (o
passivo é forma segunda), ν ο μ ίζ β iv, no futuro II ativo e médio, γιγρώσκω
(raiz yvco -) 110 aoristo II ativo (atemático).
II —- Conjugue 0 verbo θ α ύ μ α ζ α ν (admirar) em todo o modo indicativo,
nas vozes média e passiva (não tem formas segundas) e o verbo β ρ έ χ α ν
(refrescar) em todos os tempos da voz ativa do indicativo (regular).
III — Forme os noristos II passivos de todos os verbos indicados como
exemplos para a formação do futuro II passivo.
IV — Conjuge 0 presente e o pretérito imperfeito, nas três vozes, dos ver­
bos á y o p e ó a v (exortar), ά π α τ α ν (- άω) (enganar), π ο ι ί ί ν (- έω ) (criar), σ τ ( -
φ α ν ο ΰ ν (~όω) (coroar) π λ ά τ τ α ν (moldar), κ ό π τ α ν (golpear), ρ ,δ α ν (cantar).

3,5.° Exercício —
Traduza: I — Έ λ λ η ν ι κ α ί χ ν ώ μ α ι.
1 — ' O ά ν ίξ έ τ α σ τ ο ς β ίο ς οΰ β ίω τ ό ς ά ν θ ρ ώ π φ . (Platão).
2 — " Α νθρ ω π ος π ο λ ι τ ι κ ό ν ζώ ο ν. (Aristóteles).
OS GREGOS K .SEU IDIOMA 215

3 — "Ov (= aquele que) ο ί &εοί φ ιλ ο ΰ σ ιν , α π ο θ ν ή σ κ ει νέος. (Menandro)


4 — ’E p àpxfi ήν ò hòyos, καί ò λόyoς ήν iτρός θεόν, καί θεός ην ò Xòyos.
(S. João Evangelista)
5 — Χ ρ ό ν ο ς π α ιδ ε ύ ε ι τους σοφ ούς.
6 — Bε β α ιο ν ο ύ δ έν ί σ τ ι ν εν θ ν η τ ώ β ίω .
7 — ΚακοΕ φέρουσι καρπόν, οί κακοί φίλοι.. (Menandro)
8 —· Α ν π η ς ια τ ρ ό ς ί σ τ ι ν ό χ ρ η σ τ ό ς φ ίλ ο ς .
9 — Μ έγα (= μακράν) βιβλίον, péya κακόν. (Calímaco)
10 — Ευδαιμονία ί σ τ ι ν ί ν ί ρ χ ε ι α τή ς ψ υ χ ή ς κ α τ ' ά ρ ε τ ή ν i v τω τ ε λ ε ίω
βίω.
11 — "ΙσοΕ ί σ τ ι ν ò p y p κ α ί θ ά λ α τ τ α κ α ί γ υ ν ή .
12 — Π ολλ'ϊχει. σLyή καλά.
13 — Ή α ρ ε τ ή ώ φ ε λ ι μ ω τ ί ρ α ί σ τ ί τ ή ς η δονή ς.
Ν.Β. Na frase η9 3, está omitido ο pronome τούτον com ο qual concorda ο
pronome relativo bv.
II — Mõ0ós τ ι ς ’ “ A a y c o κ α ί β ά τ ρ α χ ο ι ” .
(Κατά Β α β ρ ιο ν ).
Τ ν ώ μ η τ ο ίς λ a y ώ ς ί σ τ ι μ η κ ί τ ι ζ ή ν , εις δε λ ίμ ν η ν π ί π τ ε ι ν , ό τ ι φ ο β ε ρ ο ί
ε ίσ ι κ α ί ά τ ο λ μ ο ι. Α ίμ ν η δε π ρ ο σ π ελά ξο υ σ ι κ α ί α ύ τ ίκ α φ ε ύ γ ο ν σ ιν εις τούς
καλάμους ο ί β ά τ ρ α χ ο ι . Ύ ο ΰ τ' ο υ ν λ a y ώ ς τ ις λ έ y ε ι' “ Ο ύ χ έ τ ι θ ν ή ο κ ε ιν
ε θ ίλ ω , ού y à p μ ό ν ο ι τ ω ν ζ ώ ω ν ά τ ο λ μ ο ι κ α ί φ ο β ε ρ ο ί ε σ μ ε ν .”
S6.° Exercício (Revisão) —
I — Dê os jemininos e os neutros dos adjetivos seguintes, declinando-os
no plural dos três gêneros: κ α θ α ρ ό ς (puro), λ α μ π ρ ό ς (brilhante), μ α κ ρ ύς
(grande), μ ε σ τ ό ς (cheio), π ο νη ρ ό ς (mau, malvado), χ α λ ε π ό ς (difícil, penoso,
desagradável), ικ α ν ό ς (suficiente), σ ίδ η ρ ο υ ς (férreo, de ferro), π ο λ λ ο ί (plural)
(numeroso, múltiplo).
I I — A c r e s c e n te u m s u b s ta n tiv o m a s c u lin o a cada um desses adjeti­
vos e ponha-os no c o m p a r a tiv o d e s u p e r io r id a d e e n o s u p e r la tiv o . Verifi­
que se algum deles não comporta esses graus de significação. Se necessá­
rio, use a forma perifrástica. (Cf. Lembrete sintático n° 9).
III — V e r ta p a r a o g re g o ·. “D o V e lh o T e s ta m e n to ” —
No princípio Deus fez o céu e a terra. Mas a terra era informe e de­
serta; e (havia) a obscuridade do abismo sobre (sua) face. E (então) a
terra germinou a verde relva.
E Deus fez o homem. E o Senhor Deus plantou um jardim no Éden,
para os lados do oriente (em face do oriente); e (plantou) a árvore(= o
madeiro) da vida no meio do jardim. E da árvore nasceram belos frutos, os
frutos da sabedoria. O homem estava solitário no jardim do Éden. O
senhor Deus, então, fez uma companheira para ele. Assim nasceu a mulher.
N.B. — Consulte o vocabulário português-grego no fim do livro.
216 OUIDA NEDDA BARATA I' \RREIRAS HORTA

IMÁGENS DA IIÉLADE N9 13 — (Texto de Ilustração)


“A V ID A SEN H O R IA L NOS TEM PO S HOME RICO S”
(Adaptado de E. Mircaux, “La vic quotidienne au
tomps dTTomere”. Hachette, 19δ4).

A vida senliorial nos tempos homérieos é, no conjunto, a de uma classe


ainda rude e até brutal e violenta em seus prazeres, afetos e ressentimen­
tos, e cuja generosidade, por vezes magnífica, une-se à paixão das riquezas.
Os laços familiares são estreitos e sólidos, acompanhados, em certos casos,
como no lar de Alcínoo) o rei dos Fcácios, por uma discreta ternura. São
personificados p o r evocações femininas dignas, tocantes ou encantadoras,
tais Aretê, Penélope ou Nausícaa. Também não excluem frequentes dramas
de paixão, orgulho ou instintos: rivalidades entre esposas e concubinas,
rivalidades entre irmãos, revoltas de filhos contra os pais.
Mas essa vida senliorial ultrapassa amplamente o quadro restrito da
vida1familiar. Não engloba somente a parentela, às vezes vasta, do “génos”,
mas incorpora, num sentimento comovente de fidelidade, os círculos de
companheirismo, ampliando-se não raro até os confins do mundo helênico,
graças às obrigações tradicionais e inelutáveis da hospitalidade.
E o que lhe confere, especialmente, um caráter de marcante origina­
lidade é que, inclusa numa estrutura familiar ainda egoísta e rígida, a
despeito de uma aparente rusticidade, essa vida se eleva até o plano de uma
verdadeira “gentileza” humana, pela comovedora importância que atribui
à fidelidade e à amizade.
A sociedade homérica não comporta burguesia. Mal se entreveem aí
os primeiros elementos de uma classe que ocupará um lugar considerável
na vida helênica, quando então ela será composta principalmente de “me-
tecos”, isto é, estrangeiros domiciliados nas grandes cidades comerciais.
Homero nos faz uma única referencia a um bastardo de boa família, per­
sonagem imaginário por sinal, que se teria enriquecido no comércio e na
pirataria. Sabemos também que o pai de Hesíodo, poeta que viveu quase
um século depois, .explorava uma empresa de cabotagem em Cime (Kymeí
da Eólida, tendo-se arruinado. Os grandes negócios ainda estavam nas
mãos da aristocracia.
Se ainda não há propriamente burguesia, notam-se, contudo, nas
fronteiras da nobreza, grupos de especialistas no campo intelectual, que
correspondem mais ou menos ao que hoje chamamos profissões liberais e
que tiravam proveito, honrarias e, às vezes, riqueza dos dons espirituais.
Tais especialistas acham-se intimamente mesclados à vida religiosa.
Mais precisamente são tidos como recebendo dos próprios deuses suas fa
culdades, ciência e aptidões. Quase sempre seus talentos são hereditários
OS GREGOS E SEU IDIOMA 217

c o exercício dessas faculdades é um privilégio familiar. Acontece, porém,


que um indivíduo também receba a graça de uma inspiração pessoal.
ITesíodo parece realmente ter sido um desses últimos (cf. “A Teo-
gonia” ).
Esses profissionais do intelecto são sacerdotes, naturalmente, e adivi­
nhos. médicos e poetas, justamente os que Homero chama “aedos”.
A existência dessa classe prende-se, segundo parece, como de resto
também a da nobreza, às mais antigas estruturas das sociedades indo-euro-
péias. O estudo comparativo dessas sociedades tem mostrado que existia
em seu seio, ao lado de famílias “com vocação real”, cujos herdeiros são os
heróis aristrocráticos, uma classe de peritos em assuntos divinos, encarre­
gados de aconselhar, guiar e assistir os “reis” no exercício de suas funções.
Guardiães dos ritos, das fórmulas e dos cantos sacramentais, conservadores
dos gestos'e dos ritmos, de cuja observação e respeito resulta a eficácia
das cerimônias, intérpretes dos sinais e da linguagem, por vezes obscura,
pelos quais se manifestam as vontades, desejos e advertências dos deuses,
tais personagens não são, propriamente, “ oficiais” dos “reis” : este papel
é reservado aos membros das famílias “reais”, ao passo que eles são, mais
precisamente, ajudantes, assessores, “assistentes”, cuja infalível memória
serve de arquivo para os dirigentes da tribo ou da cidade. São eles os an­
tepassados dos brâmanes da índia, dos magos do Irã, dos druidas do mundo
celta, dos flamínios de Roma, cujo nonie é o homólogo exato dos brâma­
nes indianos.
Nas tribos helênicas, algumas das famílias dessa' categoria alçaram-se;
por vezes, até a dignidade “real”. Tal parece ser especialmente o caso dos
Eumólpidas de Elêusis, descendentes prováveis, como seu nome indica, de
uma linhagem de cantores*.. Mas nada seria mais falso do que represen­
tá-los como constituindo um grupo fechado. A estrutura social das povoa-
ções helênicas, como as dos povos itálicos, sempre conservou uma certa plas­
ticidade. As classes primitivas não chegaram a se tom ar castas. Elas per­
maneceram accessíveis e permeáveis.
Por outro lado, as fronteiras sociais das profissões “intelectuais” no
mundo homérico são bastante difíceis de estabelecer. Elas costumam ser
movediças c imprecisas. Macaon, o grande médico do exército aqueu no
assédio de Tróia, era também soldado. Filho de Asclépio, ele está quase
no mesmo plano dos membros das famílias de sangue real. O adivinho
Teoclímenes, descendente de Melampo, que veio a Pilos pedir asilo a Te-
lêmaco, pertence a uma linhagem que poderia rivalizar com os “gene”
da nobreza, se o destino das famílias de adivinhos não fosse o de se dis­
persarem através do mundo para aí exercitar seus talentos. Em posição
antagônica, Ilesíodo, o aedo intérprete das Musas do Hélicon, não passa
de um medíocre proprietário do povoado beócio de Ascra.
* Eumolpo - figura mítica de cantor melodioso, epônimo dessa ilustre família.
218 GUIDA NEDDA BAKATA PARREIRAS HORTA

Apesar disso, o grupamento dessas profissões representa uma indivi­


dualidade social e um modo particular de existência bem nitidamente ca­
racterizados.

23. — A T E R C E IR A D E C L IN A Ç Ã O N O M IN A L : (P R IM E IR A
P A R T E ) — T E M A S C O N S O N Á N T IC O S

a) G e n e r a lid a d e s — Esta declinação compreende substantivos e


adjetivos cujos te m a s te r m in a m p o r u m a c o n so a n te (é a maioria) ou por
v o g a is ou d ito n g o s , apresentando, portanto, grande variedade de formas
no nominativo singular. Os masculinos e femininos declinam-se da mesma'
maneira, em cada tipo de tema, mas os n e u tr o s apresentam o r a d ic a l p u r o
tios casos iguais do singular (nominativo, vocativo e acusativo) e a
desinência -ã nos mesmos casos do plural. Reconhece-se o tema da palavra
de terceira declinação eliminando-se a desinência -o s do genitivo singular.
As alterações ocorrentes no nominativo singular resultam de que
somente v, p , s permanecem em posição final no grego, sendo que os
temas terminados por essas mesmas consoantes não costumam ter a
desinência - s do caso, para os nomes masculinos e femininos (são
assigmáticos e alongados no nominativo singular). Pela mesma razão
são freqüentes as a p ó c o p e s nos casos iguais do neutro singular. Também
se dão constantes encontros fonéticos no dativo plural (desinência - σ ι)
dos temas consonánticos.
Já no a c u s a tiv o s in g u la r dos masculinos e femininos, á desinência
é - ã para os consonánticos e - v para a maioria dos vocálicos. E o
v o c a tiv o s in g u la r ou se identifica com o nominativo (geralmente quando
éste é sigmático), ou apresenta o tema puro (quando o nominativo é
assigmático e alongado). No plural e dual o vocativo toma sempre a
forma do nominativo.
Em alguns te m a s v o c á lic o s ou em s ib ila n te o a c u s a tiv o p lu r a l
costuma assumir a forma do n o m in a tiv o p lu r a l, por analogia.

QUADRO GERAI. DAS D ESIN ÊNCIA S DA TERCEIRA


DECLINAÇÃO
SINGULAR PLURAL DUAL
MASC.-FEM. NEUTROS M.-F.NEUTROS M.-F.-N.
Nom.— so u tema alongado tema puro — €S —α —e
Voc. — Nom. ou tema puro tema puro — es —α —6
A cus. — v (voc.) — ά (cons.) tema puro — (v)s, ãs — α —€
Gen. — os — os — iov — ων — οιν
Dat. — X —X — σΧ(ν) — σί(ν) — OÍV
OS GREGOS E SEU IDIOMA 219

N.B. — 1) Os temas monossilábicos apresentam o avanço da sílaba tônica no geni­


tivo e no dativo de todos os números (salvo exceções), tornando-se oxítonos ou
peiispômenos nesses casos. Afora isso, todas as palavras desta terceira declinação
seguem normalmente as regras da acentuação já estudadas.
2) O vocativo sing. será, geralmente, igual ao nom. sg. sigmatico, mas será o
tema puro quando o nom. sg. for assigmático e alongado).
3) Observe-se, porém, contrariamente ao que ocorre nas duas primeiras
declinações, que as te rm in a çõ e s c a s u a is da terceira são quase sempre breves,
exceto as do genitivo do plural e as do genitivo e do dativo do dual. Exem­
plo: ό 6ήρ (a fera), genitivo singular θηρός , dativo singular θηρί, mas acusa-
tivo singular Θήρα, nominativo plural θήρεs, acusativo plural Θήρας. Já
0 genitivo plural faz Θηρών e o dativo plural βηρσί, enquanto o dual faz
θήρ€ no nominativo, vocativo e acusativo e θηρόίν no genitivo e no dativo.
As d esin ê n c ia s do d a tiv o singular e plural provêm de a n tig a s d esin ê n c ia s
de locativo, sendo possível o acréscimo de v eufônico à do plural: θηρσίν.
b) Classificação dos temas cansonânticos (segundo a consoante final).
1 — Ternas em oclusivas : podem ser labiais, guturais ou dentais, sendo
que essas consoantes, em contato com o sigma desinencial, sofrem altera­
ções diversas (cf. os verbos consonânticos já estudados). Assim:
•— as la b ia is (π, β, ψ ) com ο - s passam a \p. Ex.: ή (a veia),
genitivo φ\εβός,
— as g u tu ra is (κ, y , χ) com o - s passam a £. Ex.: ò χδραζ (o corvo),
genitivo xòpaxos,
— as d e n ta is (r, δ, Θ) diante do - s desaparecem. Ex.: ή Χαμττάς
(a lâmpada, o archote), genitivo λ α μ π ά δ ο ς .
Há neutros em dentais, mas não em labiais ou guturais.
N o te -sc q u e o s n o m in a t iv o s a ssig m ático s são s e m p re a lo n g a d o s.

2 — T em a s em líqu idas', podem teiminar cm - λ (só existe um substan­


tivo masculino ò a \ - s , o sal, genitivo ά λ -ós) ou em - p, incluindo nomes
masculinos e femininos de nominativo assigmático e alongado (não há
neutros). Ex.: ò ρήτωρ (o orador), genitivo ρήτορος. *11 χρ α τή ρ (tacho,
panela), genitivo χρατήρος.
3 — T e m a s em n a sa is: só ocorrem com a consoante - v, que desaparece
antes do sigma desinencial; entretanto, a maioria deles tem o nominativo
singular assigmático e alongado. Ex.: ò δαίμων (divindade, nume, gênio),
genitivo δαίμονος, ή pis (o nariz), genitivo pivôs.
4 — T e m a s cm sib ila n te : são sempre sincopados, pois o sigma intervocálico
cai, sistematicamente, provocando a contração das vogais tornadas contí­
guas. Apresentam nominativos variados, conforme a vogal que precede
o - σ final do tema. Ex.: rò χέρας (o chifre), rò yèvos (a raça, a estirpe),
ή τριήρης (a trirreme), ή αιδώς (o pudor).
220 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

c) Declinação dos paradigmas em oclusivas: SIN G U LA R

Rad. φΧίβ — (veia) Rad. aiy — (cabra) Rad. Χαμπαδ - (archote)

Nom. η φ Χ ίφ 77 αιξ 1) Χαμπάς


Voc. — φΧέφ — αΐ£ — Χαμπάς
Acus. την φΧέβα την αίγα την Χαμπάδά
Gen. τής φΧββός τής aiyós rijs Χαμπάδος
Dat. τη φΧββί τή alyí τή Χαμπάδί

PLURAL
Nom. αί φΧίβες ai alyes αί Χαμπάδβς
Voc — <ρΧέβ(s — alyes —■ Χαμ πάδes
Acus. ràs φΧέβας Tas alyas ràs Χαμπάδας
Gen. των φΧββών των αιγών των Χαμπάδων
Dat. Tais φΧεφί(ν) ταts αίξί(ν) Tais Χαμπάσβν)

DUAL
Nom. (Voc.) - τώ φΧέβί τώ alye τώ Χαμπάδβ
Gen. Dat. rolv φΧββοΙν τοίν aiyolv τοίν Χαμπάδοιν

N.B. — O artigo dual masculino, como se sabe, é freqüentemente usado


na língua clássica para todos os gêneros, inclusive o feminino.

Pelo modelo φ Χ έφ , declinam-se:


(o Árabe), ό γΐη{/, y v ir ó s (o abutre), ό χ α τ ή Χ ι φ , χ α τ ή Χ ιφ ο ς
ó “Α ρ α φ , - β ο ς
(o teto), ή Χ α Ι Χ α φ , - π ο ς (a tempestade), ό Α ίΟ ίο φ , - tcos (o Etíope, lite­
ralmente: face queimada), ò χ Χ ώ φ , - irbs (o ladrão), ό Κ ύ χ Χ ω φ , - π os
(o Ciclope, isto é, “olho redondo”, figura mitológica), ό χ ά λ υ ψ , - β ο ς
(o aço), ή ώ φ , ώ-irós (vista, rosto), η δ φ , ο π ό ς (a voz), etc.

Pelo modelo αί£ declinam-se:


ò χόραξ, - xos (o corvo), ό χόΧαξ, -xo s (o bajulador), ό φύλαξ, -xos
(o guarda, vigia), ό λύγ£, Xvyxós (o lince), ή yX aítj,-xós (a coruja), 17 χάΧυξ,
- xos (o cálice), ή φΧόξ, (pXoyós (a chama), ò λάρυγξ, - vyyos (o laringe),
ò δνυξ, δνυχος (a unha, garra, ônix), 17 σάλταγ£, σάλπιγγοϊ (a trombeta),
OS GREGOS E SEU IDIOMA 221

ή φόρμιγξ. - ιγ yos (lira ou citara), ό χήρυξ, χήρνχος (o arauto), η άλώπηξ,


-βχος (a raposa), η ννξ, ννχτός (a noite), ό 'άναξ, άναχτος (ο príncipe), etc.
Ν.Β. — Os dois últimos substantivos são, na verdade, temas em dental
surda (rad. - e άναχτ -), mas a queda do - r antes de sigma acarreta
v v x t

0 mesmo encontro consonantal que se verifica nos temas em guturais.


Os substantivos άλώπηξ (raposa) e χήρνξ (arauto) são, excepcional-
monte, longos e sigmálicos no nominativo singular (também: χήρΰξ).
Note-se o tema τριχ -, cuja aspiração final transmite-se à consoante
inicial, sempre que algum encontro fonético com as desinências a fizer
desaparecer de sua posição original (compensação fonética). Por exemplo:
nominativo singular η θρίξ, genitivo singular τριχός, dativo singular
τριχί, acusativo singular τ ρ ίχ α mas: dativo plural θριξί (y).

Pelo modelo λαμπάς declinam-se:


(a esperança), η άσπίς, - ίδος (o escudo), ή φροντίς, - ίδος
17 έλπίς, - ίδος
(a preocupação), ή έσύής, έσθήτος (a roupa), ή ματαώ της, - ότητος
(a vaidade), etc.

Observações sobre os lemas em dentais:


1 —- De todos os temas em oclusivas só os em dentais possuem nomes
neutros, em que as consoantes finais desaparecem nos casos iguais do sin­
gular. Ex.: nominativo rò σώμα, genitivo τού σώματος (o corpo),
τό πράγμα, πράγματος (a obra, a ação), rò ποίημα, - ατος (o poema),
το άνομα, ονόματος (o nome), τό άρμα, άρματος (ο carro de combate),
το μίλι, péXiros (o mel), rò γ ά λ α , γά λα χτο ς (o leite), etc.
2 -— Nos nomes masculinos em dentais, sempre que 0 radical termina por
um grupo consonântico (- v t ) diante de um sigma, dá-se a síncope de ambas
as consoantes e o conseqüente alongamento por compensação da vogal
que as precede. Ex.: ό όδόντ-ς > οδούς (o dente), genitivo όδόντος.
Isso porque, na maioria, esses temas dentais têm 0 nominativo sigmá-
tico, embora os terminados em -ο ντ só o tenham quando forem oxítonos
(como no exemplo precedente); caso contrário terão 0 nominativo singular
assigmático e alongado. Ex.: ό λέων, genitivo λέοντος (o leão), ό γέρων,
genitivo γέροντος (o velho).
Esta regra é válida também para os particípios verbais, que se declinam
como adjetivos nos três gêneros, seguindo esta declinação nos masculinos
e neutros. Ex.: λύων (o que está desatando), particípio presente ativo,
masculino singular (genitivo λύοντος), διδονς (o que está dando), genitivo
singular διδόντος, particípio presente ativo, masculino singular, do verbo
δίδωμι (eu dou).
222 CUIDA NEDDA ΒΑΒΛΤΛ PARREIRAS HORTA

3 — O vocativo singular dos temas em dentais segue a regra geral da 3? declina-


ção; mas, nos temas em - v t , ele será igual ao nominativo sing., quando este for
oxítono, sendo porém, igual ao tema puro quando o nominativo tiver outra acen­
tuação, mesmo que seja sigmático. Ex.: ò οδούς, vocativo ώ όδούς. Ό λέω ν,
vocativo ώ λέον. Ο yíyaç, vocativo ώ yiyav.

DECLINAÇÃO DE NOMES EM DENTAIS (MASC. Ε Μ - - Ν Τ Ε


NEUTROS) SINGULAR

Rad. όδοντ— rad. y e y a v T — rad. X eo vT ·— rad. σ ω μ ά τ —


(dente) (gigante) (leão) (corpo)

Nom. ό οδούς ό y ίy ã ς ό λ έω ν το σώ μα

Voc. — οδούς -— y i y a v •— λέον — σώ μα

Acus. το ν όδόντα y í y α ντα λέοντα το σώ μα

Gen. τού όδ όντος y 'φ α ν τ ό ς λ έο ν τ ο ς του σ ώ μ α τ ο ς

Dat. τώ οδόντι y íy a v T i λέοντι τώ σώ ματι

PLURAL

Nom. oi ό δ ό ντες oi y iy a v T ^ oi λέοντες τα σώ ματα

Voc. — οδόν Τίς — y iy a v T e s ~ λέοντες — σώ ματα

Acus. τούς ό δ ό ν τ α ς y íy α ν τ α ς λέοντα ς τα σώ ματα

Gen. τω ν ό δ ό ν τω ν y i y ά ντω ν λεόντω ν τώ ν σ ω μ ά τω ν

Dat. τούς όδ οϋσ ι(ν) y iy ã a i(v ) λ έ ο υ σ ι{ν ) το ϊς σ ώ μ α σ ι(ν )

DUAL

Nom. Voc. Ac. τώ ό δ ό ν τ ΐ τώ y iy a v r e τώ λέοντε τώ σώ ματά

Gen. Dat. τ ο ϊν ό δ ό ν τ ο ιν τ ο ϊν yiycLVTOLv τ ο ϊν λ ε ό ν τ ο ιν τ ο ϊν σ ω μ ά τ ο ιν

4 — Há substantivos femininos em dentais com as terminações - ιδ,


- i τ ,- ιθ ,- υ θ , os quais, não sendo oxítonos no nominativo singular, fazem
o acusativo singular em -v, além de apresentarem o vocativo singular
igual ao tema puro. Ex.:

Temas:
έριδ - nominativo η ερις, acusativo την ’έριν (querela)
χ α ρ ιτ - nominativo η χάρις, acusativo την χά ριν (graça)
OS UKEGOS E SEU IDIOMA 223

όρνιθ - nominativo η όρνις, acusativo την òpviv e όρνιθα (ave, galinha)


κορνΟ - nominativo 17 χόρυς, acusativo την xòpvv (capacete).
Mas έλπΐδ - f:iz o nominativo ή εΧτίς e o acusa'ivo έΧτίδα (espe­
rança), assim como outros temas oxítonos déste tipo. Note-se, contudo,
17 χΧείς, genitivo χΧειδός, com o acusativo χΧεΐν, e não χΧειδα (chave,
ferrolho, clavícula).
A regra se aplica também aos adjetivou compos'os desses nomes, como
άνεΧτις, - 1 (desesperado, «em esperança) e εΰεΧτις, - 1 (esperançoso) que,
não sendo oxítonos, fazem o acusativo singular em - v.
X■— Alguns radicais neutros com a terminação - α ρτ (nominativo sin­
gular - ap) perdem o - p em todos os casos, exceto no nominativo, vocativo
e acusativo do singular. Ex.: tò δέΧεαρ (a isca), genitivo δεΧέατ-ος,
το ψ rap (o fígado), genitivo ητατος, tò φρέαρ (o poço), genitivo φρέατος
(dativo plural: δεΧέασι, ητα σι, φρέασι).
6 — O tema τοδ - (p£) faz o nominativo singular ó πούς alongando-se a
vogal antes do sigma desinencial (vocativo singular irovs, genitivo singular
7ro5-ós).
Os compostos de 7γοιλ usam o acusativo singular em - a, quando
são substantivos, mas preferem-no em - v, quando adjetivos. Ex.: ό
τρίτους (o tripé) — acusativo τον τρίτοδα.
Mas: τρίτους, - ουν (trípoda, adjetivo), faz o acusativo singular
τρίτουν, - οιiv

S7.° Exercício.

I ·— Decline: tò Xeuxòv yaX a (o alvo leite), rò θαυμαστόν τοίημα


ίο admirável poema), rò χρνσοϋν ωόι> (o ovo de ouro), rò ταΧ αώ ν φρέαρ
(o antigo poço), nos três números. E ainda: ό τους δεξιός (o pé direito)
no singular, ή ηαΧη έΧτίς (a bela esperança), ή χαΧχή χόρνς (o capacete
de bronze), no sg. e pl.
II — Decline: τό μέΧι χαί ή μέΧ ιττα (o mel c a abelha), ό τ έ τ τ ιξ
(- ι-γος) χα ί ò μύρμηξ (- ήχος) (a cigarra e a formiga), ό εΰεΧτις φίΧος
(o esperançoso amigo), ή θεία χάρις (a divina graça), ò τίμιος yépiav
(0 honrado velho), η μαχρά ματαιότης (a grande vaidade), no singular
e.jio plural.

III — V e r s ã o : O Sol eas Rãs ( F á b u l a d e B á b rio s)


C e r to día o Sol a n u n c i o u s u a s b o d a s aos a n im a is d a flo resta. Im e d ia ta m e n te ,
as f e r a s o r g a n i z a m a l e g r e s c o r t e j o s e a s r ã s c o n d u z e m o s c o r o s . T o d o s o s a n i m a i s se
a le g ra m e o b o s q u e r e b o a , c h e i o d c c a n t o s festiv o s. O s b ic h o s a c o r r e m d e t o d o s os
224 G U ID A NEDDA BARATA P A R R E IR A S HORTA

lados e festejam as núpcias do deus. Então um velho sapo declara: —“Isto (= este
fato) não merece cantos, mas sim tristeza; pois o sol, que agora seca, sozinho, o
nosso poço, breve terá descendentes”.
IV— Comentários: certo dia = ποτέ (adv. enclít.) bodas = oi γάροι
animal, bicho = τό ξωον — suas (= dele) = aèroü (cf. αύτός, - ή, - όν) to­
dos = nom. pl. de πάς, πάσα, παν (gen. παντός, πάσης, παντός) isto =
τούτο (neutro do pron. demonstr. οϋτος, αΰτη, τούτο) — merecer, ser digno
de = άξως, ■ã, - ov eivai —secar = ξηραίνειν —poço = φρέαρ, -α το ς
(ró) —breve = τ ά χ α —ter = έχειν (fut. 'έξω —descendentes(= filhos) = oí
παίδες (ou: ter filhos — yevvãv (άω > ώ ) —que (pron. relat.) = ός, ή, 6 .
N.B. — 1) O pronome relativo toma o gênero e o número do antecedente,
mas vai para o caso exigido pela subordinada.
2 ) O sujeito no neutro plural leva o verbo para a J? pessoa do singular.

d) Os temas em líquidas — Só possuem nomes masculinos e femininos


em - p, com nominativo assigmático alongado (quando o tema já tem vogal
longa conserva-a, naturalmente, em toda a declinação). O vocativo é igual
ao tema puro e o acusativo tem a desinência -α . Ex.: ó ρήτωρ (orador),
vocativo pijrop, genitivo ρήτορος, etc. É frequente o recuo do acento
no vocativo singular, como em: ó σωτήρ, vocativo σώτερ, genitivo σωτήρος
(o salvador) ou em ό αιθήρ, vocativo aWep, genitivo aíOépos (o éter), (o
abreviamento da vogal no vocativo do primeiro é analógico com os nomes
de tema breve).
Em - λ só há ò a \s, à\ós (= o sal, no singular; no pluçal significa: a
hospitalidade). A declinação é regular, com o vocativo igual ao nomi­
nativo.
Observação — Há um certo número de temas sincopados em - p, os quais
apresentam o grau reduzido da apojonia no genitivo e no dativo do singular
e no dativo do plural, isto é,.o elemento vocálico do radical desaparece
nesses casos. O acento também se desloca para a desinência, no genitivo
e no dativo singular e, nos outros casos, recai sempre na vogal - e do radical
(grau normal da apofonia), sempre que ela ocorre. São sincopados:
ό π-ατήρ (o pai), ή μήτηρ (a mãe), ή θνγά τη ρ (a filha), ή -γαστήρ (ο ventre, ο
estômago), que apresentam sempre o vocativo singular igual ao tema puro
(sem alongamento) e o dativo plural com a epêntese de um - α entre a
raiz reduzida e a desinência. O substantivo ό άστήρ, àorépos (a estrela)
tem o dativo plural άστράσι, embora não seja sincopado nos outros casos
citados.
Ainda há o tema àvep-, alongado normalmente no nominativo sin­
gular, com o tema puro no vocativo, e o acento recuado, e todas as outras
formas sincopadas (grau reduzido da raiz). Entretanto, este substantivo
OS GREGOS E SEU ID IO M A 225

apresenta a epêntese de um - δ em tódas as formas reduzidas. Ex.: ó άνήρ


(nominativo), άνερ (vocativo), àvòpós (genitivo singular) = o homem, o
varão, o marido.

DECLINAÇÃO DOS TEMAS EM LÍQUIDAS — SINGULAR

Nom .ó ρήτωρ ό άνήρ ό π α τή ρ ό άστήρ ò άλς


Voe. ·— ρήτορ - άνερ -π α τβ ρ - άστερ -α λ ί
Acus. tòv ρήτορα άνδρα πατέρα αστέρα άλα
Gen. τον ρήτορος άνδρός πατρός άστέρος άλός
Dat. τώ ρήτορι άνδρί π α τρ ί αστέρι ά λί

PLURAL

Nom. oi ρήτορες οί ανδρες οί πατέρες οί αστέρες οί άλες


Voc. ■— ρήτορες - ανδρες - πατέρες - αστέρες - άλες
Acus. τους ρήτορας άνδρας πατέρας αστέρας άλας
Gen. των ρητόρων άνδρών πατέρων άστέρων αλών
Dat. τοϊς ρήτοραι(ν) άνδράσι π α τρά σι άστράσι άλσί(ν)

DUAI

Nom. Voc. Acus. τώ ρήτορε ανδρε πατέρε άστέρε άλε


Genit. Dat. τοίν ρητόροιν ανδροίν 7τατέροιν άστέροιν άλοΐν

N.B. — Excepcionalmente, encontram-se alguns neutros em líquida,


como: το πυρ, 7τυρός, (o fogo), cujo plural segue a segunda declinação, ou
tò eap (f/p), εαρος (ήρος) ’έ αρι (τ)ρι) (a primavera), só declinado no singular
e com dupla forma em todos os casos.

Pelo modelo ρήτωρ declinam-se: ό χ ρ α τή ρ (o tacho, a cratera) genitivo


χρατήρος, ó φώρ, ψωρός (o ladrão), ό θήρ, Οηρός (a fera), Αημήτηρ (a deusa
Deméter ou Ceres), que, por exceção, recua o acento inclusive no acusativo:
Αήμητρα, e outros.

Como π α τή ρ declinam-se ή μήτηρ (a mãe), ή θιτγάτηρ (a filha) e


ή ·γαστήρ (o ventre).
226 G U ID A NEDDA BARATA P A R R E IR A S HORTA

e) Os temas em nasal — Costumam apresentar o nominativo


assigmático e alongado (alguns temas já são longos e assim se conservam
em toda a deelinação). O vocativo singular é igual ao nominativo nos
temas oxílonos-, nos restantes é o próprio tema puro. No dativo plural
a nasal cai, sem alongamento.

Ex.: Nominativo singular —- ó ήρεμων (o guia, chefe), voc. ή-γεμών


(tema 177 εμον-)
Nominativo singular — ó 7τοψήν (o pastor), voc. ποιμήν
(tema ποιμεν -)
Nominativo singular — ò δαίμων (a divindade), voc. δαϊμον
(tema δ α ψ ο ν-)
Nominativo singular — ò àyÍov (o combate), voc. àyúv
(tema àyω v-)
Nominativo singular — ò "Ελλην (o Heleno), voc. "Ελλη»'
(tema ' Ε λλην - )
Genitivo singular: — τον ^εμ όνος, ποιμένας, δαίμονος, àyõivos,
'Έλληνος.

Observações:

1 — Os temas terminados em - iv e - vv têm, por exceção, nominativo


sigmático, perdendo a nasal antes do sigma. Ex.: ò δελφίς (o golfinho),
genitivo τον δελφίνος (tema δελφϊν -), η pis (o nariz), genitivo της
ρινός (tema ριν-), Σ αλαμίς (Salamina, ilha), genitivo Σαλαμϊνος (tema
Σ αλαμϊν-).
Faz exceção 0 substantivo η μόσσυν (a cabana), genitivo τής
μόσσννος.
2— Não há substantivos neutros em nasal, mas sim adjetivos irijor-
mes, e também pronomes-adjetivos em que o masculino e o neutro seguem
esta deelinação (o neutro com o tema puro nos casos iguais do singular).
Ex. μιλάς, - cuva, - av (negro, -a), eis, μία, ev (um, u m a — numeral),
ούδβίς, -εμία, -εν (nenhum, -a , nada) ou μηδείς, μηδεμία, μηδέν, sinô­
nimo do precedente e também pronome indefinido.
3. — Os nomes próprios de deuses, ò ’Απόλλων (tema Α π ό λλω ν-)
e ΤΙοσενδών (tema Τίοσείδων -), embora de temas longos, fazem o vocativo
abreviado: "Απολλον, ΐίόσειδον. No acusativo, ambos têm desinência
- α ou são contratos: Απόλλωνα ou Ά π ό λλω , I Ιοσειδώνα ou ΙΙοσίΐόώ.
(gen. Απόλλωνος, ΙΙοσειδώνος, dat. Α πόλλω νι, I Ιοσειδώνό).
OS GREGOS E SEU ID IO M A 227

DECLINAÇÃO DOS TEMAS EM NASAL — SINGULAR

Nom. ό δαίμων ò αγών V


Vov. ■
— δαιμον — àycov -— pís
Acus. τον δαίμονα αγώνα την ρίνα
Gon. του δαίμονος à-γώνος τής ρινός
Dat. τώ δαίμονι άγώνι τή ρινί

PLURAL

Nom. oí δαίμονεs οί ά-γώνες αί ρίνες


Voe. — δαίμονες — ά-γώνες — ρίνες
Acus. τούs δαίμονας αγών as τάς ρίνας
Gen. των δαιμόνων àyúvoiv των ρινών
Dat. róis δαίμοσι(ν) άγώσι(ν) ταίς ρισί(ν)

DUAL

Nom. Voc. Acus. τώ δαίμονε τώ ayàve τα ρίνε


Gen. — Dat. τοίν δαιμόνοιν τοϊν ά-γώνοιν ταίν ρίνοϊν

N.B. — Nos adjetivos de tema em nasal, é o neutro que o apresenta inte-


gralmente nos casos iguais do singular. Ex.: τερην, τέρεινα, τερεν, geni­
tivo répevos, rep etas, répevos (tenro, frágil, delicado). O feminino segue
a primeira declinação.

f) Os temas em sibüante (sincopados e contratos).

Segundo a vogal que precede o sigma final do radical, encontram-se


nomes em -a s (substantivos neutros comuns), em -es fna maioria subs­
tantivos próprios masculinos, adjetivos biformes e numerosos substantivos
neutros com apofonia -εσ /-ο σ ), dois substantivos femininos comuns em
-os (e alguns nomes próprios femininos) e um único substantivo em -us
(confundido com os temas vocálicos).
228 G U ID A NEDDA BARATA P A R R E IR A S HORTA

1 — Nomes neutros em - ασ: são apenas os que se seguem, alguns deles


tendo duplo tema em sigma e em dental surda (r):

tò χέρας (temas χερασ-/χερατ-) — o chifre, a ala de um exército.


tò κρέας (temas χρεασ-Ιχρεατ-) — a carne. í Na prosa ática só se
rò yépas (temas yepaa-lyepar-) — a dádiva. \ usam as formas contra-
rò yrtpas (temas yppaa-lyqpar-) — a velhice. ' tas destes três temas,
rò τέρας (temas τερασ-/ τερατ-) — o prodígio.
t ò χνέφας (temas κνεφασ-'κνεφατ-)— a treva, o crepúsculo.

t ò σέλας (tema σελασ-) — o esplendor, a luz (em prosa, só no nomi­


nativo e acusativo singular)
tò δέττας (tenta δεττασ-) — o copo, a taça, o vaso.
το βρέτας (tema βρετασ-) — o ídolo de madeira, figura grosseira (pessoa
insensível).
tò πέρας (tema 7τερασ-) — os confins, os limites.

2 — Nomes em - εσ — Apresentam-se nos três gêneros, porém não há


substantivos comuns masculinos e Jemininos. Quase sempre são adjetivos ou
nomes próprios derivados de adjetivos, com a vogal que precede o sigma
alongada no nominativo singular e o vocativo igual ao tema puro, recuando
o acento o mais possível. O adjetivo feminino τριήρης é às vezes tomado
por substantivo, subentendendo-se o substantivo ναύς (nau trirreme).
O sigma, quando intervocálico, sempre sofre síncope, contraindo-se, em
conseqüência, as vogais em hiato. Ex.: τριήρης, vocativo τρίηρες, genitivo
τριήρεος > τριήρονς, dativo τριήρεϊ > τριήρει, acusativo τμιήρεα >
τριήρη, etc.
Ο acusativo plural desses temas é em - eis, provavelmente por analogia
com o nominativo plural. O çjenitiro plural, também contrato, costuma
ser perispômeno, mas τριήρης faz exceção: τριήρων (genitivo e dativo
dual: τριήροιν).
O dativo plural desses temas reduz os dois sigmas (do radical e da
desinência) a .um único: τριήρεσσι > τριήρεσι.
Quanto aos nomes próprios masculinos, são geralmente compostos de
- yevea -, - χρατεσ-, - μενεσ -, - φανεσ -, - σθενεσ -, os quais têm duplo
acusativo singular: um contrato em - η e outro analógico com os
masculinos da primeira declinação, em -ην. Ex.: Σωκράτης, acusativo
Σωκράτη {-ην), Δημοσθένης, acusativo Δημοσθένη {-ην), etc.
J á os nomes próprios em -χ λ εεσ -, além do alongamento do nomi­
nativo singular, apresentam ainda uma dupla contração. Ex.: nominativo
Ή ρακλέη? > Η ρακλή*, vocativo Ή ρά χλεις (- εεσ -), acusativo Ή ρα κ-
λέεά > Ή ρα χλέά > Η ρ α κ λ ή .
OS GREGOS E SEU ID IO M A 229

Sempre que o nome próprio não jor oxilono, o vocativo deverá sofrer
o recuo da sílaba tônica: Σ ώ χpares, Αημόσθει>es, etc.
Observação — Todos os substantivos comuns do gênero neu'ro em - εσ
apresentam a alternância vocálica para - οσ nos casos iguais do singular.
A contração vocálica faz com que, nos mesmos casos do plural, a terminação
seja -η . Ex.: rò yévos (a raça, a estirpe) vem do tema yevea-.
Assim se distinguem os substantivos neutros da forma neutra dos
adjetivos em sibilante, que não têm essa alternância vocálica, mas apresen­
tam o tema puro. Ex.: rò ψευδός (a mentira), ψευδές (adjetivo neutro)
(mentiroso).
DECLINAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS EM - εσ (exceto os neutros)
SINGULAR
TEMAS — τρεηρεσ-, Σω χρατεσ -, ΐίερεχλεεσ -
Nom. η τριηρης ó Σωχράτης ό ITeptJíXérçs >
> üepixX^s
Voc. — τρεηρες — Σώχρατες — I le p ú íX e e s >
> I le p ú íX e is

Acus. τριήρη (-εσα) ΐω χράτη (- ην) τον Τ1εριχ\έεσα >


> I le p ix X é e ã >
> Π ίρ ικ λ ίά >
> I le p ix X jj

Gen. τ pippovs (- eaos) Σωχράτους τον Π ερεχ\έεσος >


- έεος > YlepLxXéovs
Dat. τρεήρεε (-«σι) Σωχράτεε τώ Π«ρικλί€σι>- 6ει >
> ϊίερεχλεϊ

PLURAL Ε DUAL (τρεηρεσ -)


Nom. αί τριήρεες (-εσες) τώ (τά) τριήρει (- εσε)
Voc. — τρεήρεις (-εσες) — τριήρεε (- εσε )
Acus. tòs τρεήρεες (analogia) τώ τρεήρει (εσε )
Gen. των τρεήρων (- εσων) τοίν τριήροίν (- εσοιν)
Dat. T a is τριήρεσι (-εσσι) τοίν τριήροιν (- εσοιν)
Ν.Β. — Os nomes próprios só excepcionalmente serão usados no plural
e, neste caso, seguirão a declinação normal dos paradigmas comuns.
Como τρεήρης (trirreme) declinam-se todos os adjetivos biformes em
sibilante, como evyevys - és (nobre, bem nascido), em que o adjetivo neutro
só difere dos substantivos neutros pela alternância vocálica dêstes últimos'.
Haverá recuo da sílaba tônica no vocativo sing. desses adjetivos, quando o no­
minativo náo for oxilono. Ex.. κακοήθης, κακοήθες (voc. sing. κακοήθες
230 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

DECLINAÇAO DOS SUBSTANTIVOS NEUTROS EM SIBILANTE


E DOS ADJETIVOS (·εσ)

TEMAS: κρεασ-[κρεατ -, Ύενεσ-, εϋχενεσ— (adj.)

SINGULAR
MF Ν
Nom. rò κρέας rò γένος εΰγενής, -és
Voc. — κρέας - γένος εθγενές, ■ές
Acus. rò κρέας γένος εύγενή (- éaa), εϋγενές
Gen. του κρέως (- ασος) (κρέατος) γένους (- εσος) εϋγενους (-éaos), εύγενοϋs
Dat. τώ κρέρ. (- ασι) (κρέατι) γένει (- εσι) εΰγενεϊ (-έσι), εΰγενει

PLURAL

Nom. τά κρέα (- ασα) (κρέατα) τά γένη (- εσα) εϋγενεϊς (- έσες), εΰγενή (- έσα)
Voc. — κρέα. (- ασα) (κρέατα) - γένη (- εσα) εΰγενεϊς (-έσες), εύγενή (- έσα-)
Acus. τα κρέα (- ασα) (κρέατα) γένη (- εσα) εύγενεις (anal.), εύγενή (-έσα)
Gen. τών κρεών (- ίσων) (κρεάτων) γενών (- έσων) εύγενών (-έσων), εύγενών
Dat. roís κρέασι (κρέασσι) (κρέαοι) γένεσί (- εσσι) εύγενέσι (-έσσι), εύγενέσι

DUAL

Nom. τώ κρέα (- ασε) τώ γένεε (- εσε) εύγενει (-έσε), - ε ϊ


(Voc.) Acus. τώ κρέα (- ασε) τώ γένει (-εσε) εύγενεί (-έσε), - ε ϊ
Gen. Dat. τοιν κρεών (- άσοιν) τοίν γενο'ιν (-έσοιν) εύγενοϊν (- έσοιν), οϊν
(κρείτοιν)

Pelo modelo κρέας, declinam-se os neutros em - ασ.


Pelo neutro γένος, todos os substantivos desse tipo, tais como: rò πέλαγος
(o mar, oceano), rò opos (a montanha), rò réXos (o limite), rò τείχος
(a muralha), etc.
Pelo adjetivo εύγενής, -és, todos os biformes em sibilante, tais como:
εύσεβής, -és (piedoso), αληθής, -és (verdadeiro),· ψευδής, -és (mentiroso,
falso), κακοήθης, κακοήθες (malicioso, maligno, malvado). Note-se que
estes adjetivos quando simples são oxítonos, no nom. sg., mas quando
compostos são paroxítonos, recuando o acento do voc. sg. (ex.: κακοήθες).

3 — Nomes em -os e em -us. — Há dois substantivos em -os,


só declináveis.no singular: ή αιδώς (tema αίδοσ-), o pudor, e ή ήώς (tema
os gregos e seu id io m a
231

ήοσ -), a aurora, sendo que este tomou uma outra forma, com metátese
quantitativa, e passou a integrar a declinação ática: ή εως, geni­
tivo βω.
O nominativo é alongado, o vocativo não é usado na prosa, embora
alguns autores registrem a forma αίδοϊ, por aí Ocos, talvez por confusão
com os temas em vogal - Ò (- oj). Assim: ό αιδώς, genitivo αίδονς (- όσος),
dativo αίδοϊ (-όσι), acusativo αιδώ (-όσα).
Em - νς só há ο μυς, μνός (o camundongo ou o músculo), em que a
queda do sigma intervocálico fê-lo confundir-se com os temas cm -v (vocá-
licos) (ef. 6 σϋς).
N.B. — Note-se que a maioria dos nomes de nominativo em - cos foram
refeitos a partir de uni modelo mais regularem dental: τό φώς, genitivo φωτός
(a luz), ό ίδρώς, genitivo ίδρώτος (o suor), ό γέλως, genitivo 7 éXceros (o riso),,
ό "Ερως, genitivo 'Έρωτος (o amor), καί τά λοιπά (=etc.).

38° Exercício —

I — Decline·, ή τραχνπ ετής χελιδών (a andorinha de vôo rápido), ó AeX<pòs


Α π ό λλω ν (o Apoio Délfico), rò δεινόν γήρας (a terrível velhice), ό περι­
βόητος Ποσειδών (o ruidoso Poscidon), no singular; ό ιλαρός ποιμήν
(o alegre pastor), ό άπιστος άνήρ (o varão desleal), rò νοσόφορον ήπαρ
(o fígado gerador de doença), 17 μ α τ αία ’βρις (a inútil querela), no
plural e no dual. E η μήτηρ και ή θιτγάτηρ (a mãe e a filha) nos três
números.

II — Decline·.

ò Θεμιστοκλής (Temístocles), ό Α ριστοφάνης (Aristófanes) e ό Α ξ ε ν η ς


(Diógenes),. no singular; ή πυκνή φ ά λ α γξ (a compacta legião), rò κνάνεον
πέλαγος (o profundo mar azul) no plural, rò άκρον ορος (a alta mon­
tanha) no dual.

I I I — Traduza·. “Epitáfio de Eurípedes, 0 tragediógrafo, atribuído


ao historiador Tucídides” (em dísticos elegíacos):

Μ ί^μα μεν 'EXXàs άπασ' Έ ύ ρ ιπ ίδ ο ν όστέα δ'ΐσχει


γ ή Μ α κεδώ νή γ ά ρ δέξατο τέρμα βίου.
\
Ila rp is δ' 'EXXáóos 'EXXás, ’Αθήναι· π λεϊσ τα δέ Μονσαις
τέρψας, έκ πολλών και τον έπαινον έχει.
232 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

IV — Comentários:

1 — άπασ' (elisão de άπασα, feminino singular do adjetivo άπας, ά π α -


σα, άπαν).

2 — ο’ σ τ έ α (forma poética distrata de οστά plural de tò οσ τοΰν).

3 — ή (pronome relativo, feminino, nominativo singular).


4 — δέξατο (aoristo poético, sem o aumento, de δέχομαι).

5 — π λβ ισ τα (plural neutro de πλβϊστος, -η , -ον, com valor adverbial).


6— répxf/as (part. aoristo ativo, nominativo singular masculino de τέρπω
= eu agrado).'
7 — 'έχει (indicativo presente de έ’ χ ε ι ν )

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 11

OUTROS EMPREGOS ESPECIAIS DO ARTIGO (ill)


(Cf. Lembrete Sintático n.° 4)
....... -- --- 1 ■................ g
1 — O artigo, que geralmente vem antes do substantivo ou do grupo
formado por este e seus adjuntos adnominais ou complementos, pode,
contudo, vir repetido diante do adjunto ou do complemento que suceda
ao nome, para pô-los em evidência. Ex.: ή του έμον πατρός οικία (= a
casa, isto é, a de meu pai, ou: a casa que é de meu pai). Também: oi
σ τρα τιώ τα ι oi ανδρείοι (= os soldados, isto é, os corajosos), oi π ο λ ϊτα ι
01 πλούσιοι (= os cidadãos que são ricos), ò δήμος ò των Αθηναίων (ο
povo que é de Atenas), oi ávôpeς oi βέλτιστοι. (= os homens que são
os mais virtuosos).

Entretanto, se preceder o artigo com o substantivo o adjetivo pas­


sará a ter valor de predicativo. Ex.: Ανδρείοι oi σ τρ α τιώ τα ι (= os
soldados são corajosos). MéXcuva ή κόμη ήν (= negra era sua cabe­
leira).
2 — O artigo também precede o aposto de um substantivo ou de pro­
nome pessoal. Ex.: 'Hjueís ot "Ε λληves (nós, os Gregos), Κ ρή τη ή νήσος
(a ilha de Creta), Aapeios, ò των ΤΙίρσών βασιλβνς (Dario, o rei dos
Persas).

3 ·— Muitas vezes a simples presença do artigo junto a um adjetivo


ou a um adjunto em genitivo supre a ausência de um substantivo. Ex.:
OS GREGOS E SEU IDIOMA 233

Τελέμαχος ò τού (υιόs) Όδυσοέω (Telêmaco, o filho de Odisseu), kv


τού Αυκούρ-γου (οίκίςi) (em casa de Licurgo), rfj προτεραία τής μάχης
(subentendido ήμέρμ) (na véspera da batalha).
Também há expressões consagradas em que só se exprimem o artigo
e um adjetivo ou particípio, subentendendo-se, sistematicamente, o
substantivo de que se trata. Assim: ή οικουμένη ("γη) = a terra habitada,
isto é, o mundo conhecido como civilizado. Ή μουσική (τέχνη) — a
música, isto é, a arte das musas. 'I I "γραμματική (τέχνη) = a gramá­
tica, ou melhor, a arte de escrever (rà "γράμματα — as letras, a escrita).
Ή δεξιά (χειρ) = mão direita, a destra. Ή υστεραία (ημέρα) = o dia
seguinte. 'Η διαλεκτική (τέχνη) = a arte dialética, isto é, a arte de
discutir, ou de argumentar, etc.
4 ·—-O s nomes de países e de acidentes geográjicos costumam vir pre­
cedidos de artigo, desde que sejam empregados substantivamente:
ή 'Ε λλά * (a Hélade), ή 'Ρώμη (Roma), ó Νβίλο* ποταμός (o rio Nilo),
ή Α ττικ ή (a Âtica), ή Α ΐτνη το δρος (ο monte Etna), ή πόλις oi
Τ άρσοι (a cidade de Tarso).
\ B. R e p e te -s e o a rtig o a n te s d o a p o s t o , q u a n d o e ste tiv e r g ê n e r o o u n ú ­
m ero d iverso d o fu n d a m e n ta l.

5 — Junto a numerais cardinais o artigo'indica a parte de um todo


conhecido (expressão das frações). Ex.: τά δύο μέρη τής χώρας (os dois
terços do país), (cf. Estudo dos Numerais. 2.° Tomo).
G — O artigo emprega-se ainda com os pronomes-adjetivos άμφω, άμ-
φότερος, έκάτερος e έκαστος (cf. Pronomes Indefinidos). Ex.: Έ τ ι
τών πλευρών έκατέρων του όρους (em cada um dos dois lados da mon­
tanha).
7 — Visto que o artigo costuma individualizar o sentido da palavra,
determinando-a, pronomes adjetivos como άλλος, αυτός, πολύς e πας,
mudam de sentido caso estejam ou não acompanhados de artigo. Dis-
tinguem-se, portanto: άλλος (um outro qualquer), ò άλλος (o outro,
e não este), oi άλλοι (os outros, os restantes). Αυτός (mesmo, o próprio,
lat. ipse), ó αύτός (o mesmo, lat. idem). Isso faz com que αυτός tome
o artigo, mesmo em função predicativa, quando se sabe que este comple­
mento vem normalmente desprovido do artigo. O mesmo se dá com
os participios substantivados. Ex.: Έ γ ώ μεν ό αύτός ε’ιμι, υμείς δέ
μ ετα β ά λλετε (Tucídides) = Eu permaneço ο mesmo, vós é que mudais.
Ούτοί είσι οί πεφευ^ύτες ( = São êles os exilados). E ainda: πάσα "γή
(toda terra, qualquer região) e πάσα ή "γή (a terra toda, por inteiro);
πολλοί (muitos, numerosos, lat. multi), oi πολλοί (a maioria, a multidão).
Ex.: Πολλοί μέν έπολέμουv, οί πολλοί δέ εφυ^γον = enquanto muitos
lutavam, muitos outros (a maioria) fugiam.
234 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

8 — Q artigo precede os pronomes-adjetivos possessivos e sucede aos


demonstrativos (cfi Estudo da Deelinação Pronominal e Lembretes Sintá­
ticos correspondentes). Ex.: '0 èpòs π α τή ρ (o meu pai), èneivos ò vea-
vias (aquele rapaz).
9 — Precedendo um participio, o artigo pode formar com ele uma
locução equivalente a uma oração subordinada. Ex.: ò 6ανμάζων
(aquéle que admira), ό τυχών (o que chega inopinadamente) ó 7roXe-
μήσων (quem quer que se disponha a guerrear), etc.
10 — Podem seguir-se vários artigos na mesma jrase, mas o grego
evita a repetição de formas idênticas, sucessivas, por eufonia. Ex.:
IIpòs το τα τού πολέμου τα χύ πράττίσύαι. πολλώ προέχα (Demós-
tenes, l .a Olintíaca, 4) = Êle leva muita vantagem quanto ao fazer, com
rapidez, as ações de guerra. (Observe-se o infinitivo substantivado
pelo artigo neutro: rò πράττεσϋαή.

IM AG ENS DA H É LA D E np 14 (Texto de Ilustração)

“A REV ELAÇ Ã O DO E S P ÍR IT O GREGO A T R A V É S DOS M IT O S ”

(Extraído de J. Brincourt et G. Thoyer — “ Le


Monde Grec — L ’Âme de ses chefs-d’ouvre” —
Collection “Les Hauts-Lieux de I/H istoire”. 179
volume — Ed· d ’A rt A. Guillot, Paris, 1965.)

0 mito é sempre, em seu significado profundo, uma crença transpor­


tada para a ficção. A maioria das histórias fabulosas, narradas pelos aedos,
foram imitadas ou esboçadas nas práticas do culto, antes de ser represen­
tadas no palco do_ teatro. Essas narrativas — das quais nenhuma é
desprovida de significação —- esclarecem melhor acerca dos valores
espirituais dos Gregos, que seus ritos religiosos.
Durante dez séculos os antigos perscrutaram a “Ilíada” e a “ Odisséia”,
em busca de misteriosos tesouros. Os filósofos pré-socráticos pensavam
descobrir nelas uma cosmogonia. Depois de Pisístrato, os Gregos clássicos
tornaram-nas a escola do cidadão e do soldado a serviço da cidade-
-estado. Os estóicos aí buscavam também regras de moral individual e
princípios, de conduta para os negócios estatais. Homero assumia, diante
deles — como Pitágoras e Platão — figura de mágico e de profeta.
Variáveis, segundo as épocas e as escolas, essas interpretações nada nos
OS GREGOS E SEU IDIOMA 235

informam sobre as idéias de Homero! Em troca, suas mesmas flutuações


refletem a evolução do pensamento grego.
No período helenístieo, os compiladores e gramáticos de Alexandria
e Pérgamo esforçaram-se por conferir certa ordem à proliferação desor­
denada dos mitos; mas a mitologia, recriada por eles, não passa de
uma enciclopédia de anedotas pitorescas e galantes, apropriada a fornecer
cenas “de gênero” e historietas picantes aos artífices da pintura e das
letras. Essa mitologia representa, numa sociedade de vida fácil e luxuosa,
mais ou menos o mesmo papel dos contos das “Mil e Uma Noites” no
Oriente Árabe e do “Decámeron” na Itália Renascentista.
Os próprios Alexandrinos admiravam-se já de que tais alegorias,
com freqiiência engenhosas ou graciosas, mas outras vezes tão absurdas,
escandalosas ou cruéis, tivessem podido servir de apoio à fé de seus
antepassados remotos.
É que, ao tempo da Grécia heróica, os mitos ainda não haviam
degenerado em mitologia. Conservavam sua primitiva ingenuidade e
sua significação era ainda válida. Degradados, esses mitos tornaram-se
mais tarde indecifráveis para os Gregos, ao passo que, hoje em dia,
estamos melhor preparados para compreendê-los do que eles.
No entanto, essa mesma intensa curiosidade dos Helenos por seus
mitos nacionais é, em si mesma, reveladora. Por mais deformante que
tenha sido, ela nos testemunha que eles sempre souberam que seus
mitos estavam pejados de tesouros ocultos de sua civilização, daqueles
mesmos que seus antepassados, predecessores da escrita, haviam confiado
ao Pânteon dos heróis mortos, pois a fabulação mítica é comum a todos
os povos desprovidos de literatura escrita. A história sagrada de seus
heróis epônimos — que seria mais tarde declamada em poema ou revivida
em tragédia — contem as recordações de seu passado, sua concepção
do universo e dos deuses, suas reações psicológicas no contato com o
mundo e com os outros homens.
Apoio mata o Píton em Delfos, em seguida Héracles intervém
e lhe disputa o tripé profético, porque os primeiros invasores gregos,
com Apoio, expulsaram a deusa egéia da serpente e logo depois defenderam-
se dos Dórios de Héracles. Urano, deus do céu, uniu-se a Géia, a terra
que gera os deuses, isto é, os povos da Hélade·
Esses mitos universais não foram recebidos do mesmo modo pela
civilização grega, em seus primórdios. À vitalidade transbordante daqueles
mitos, que convinham ao seu gênio criador, opõe-se a sobrevivência
constrangida dos que lhe provocavam suspeita'.
236 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

O mito da fecundidade é um destes últimos. Seu símbolo é uma


deusa feminina, prolongamento, sem dúvida, de uma divindade neolítica
que se reencontra nos ídolos cieládicos, de seios e sexo proeminentes.
Foi ela a deusa das serpentes e a deusa dos animais selvagens de Creta.
Alhures vê morrer sua filha ou seu marido que renasciam com a
primavera. No Egito, Isis, em prantos, vai em busca de seu esposo,
como Deméter o faz por sua f ilh a ... Entre os Hititas, Telepinu é o
deus da vegetação e seu desaparecimento mergulha a terra na desolação
e os outros deuses empregam numerosos subterfúgios para encontrá-lo
e despertá-lo. O mito da ressurreição primaveril reinou em toda a bacia
oriental do Mediterrâneo e mesmo para além dela.
Os Indo-Europeus pré-helenos recalcaram o culto da deusa da
fecundidade, mas ela sobreviveu no sangue dos povos assimilados.
Tratada como vencida pelos Gregos, essa deusa transforma-se na
horrenda Gorgona o u - n a figura de Dânae fecundada pela chuva de
ouro, —toma-se uma das mulheres com as quais Zeus engana Hera.
sua parceira oficial. Contudo, ela sobrevive, com a maior glória, em
Elêusis. Mas, os Gregos não esqueceram que Deméter precisou ser heleni-
zada: ela também recebeu o amplexo de Zeus. Principalmente, se eles
se espantam com a íntima semelhança existente entre os mistérios de
Elêusis e os do culto de Isis, nós não. podemos pensar, com Heródoto,
que uma crença tenha sido importada com todos os detalhes, embora
aceitemos que uma fé muito antiga tenha podido ser transmitida.
A permanência de sua expressão, tom ada quase imutável durante séculos,
dá o testemunho de uma espécie de recusa. Ébrio de luz, o gênio grego
só admite a contragosto os cultos de mistérios secretos.
Em contraste com essa sobrevivência tenaz, porém reprimida, os
mitos da individualidade heróica oferecem uma' proliferante exuberância
vital no mundo grego. É certo que os Mesopotâmios têm Gilgamesh,
os Cananeus possuem Keret, os Germânicos Siegfried. Mas os Gregos
possuem Héracles, Teseu, Jasão, Perseu, Prometeu e tantos outros.
Os próprios reis da Ilíada parecem heróis míticos.
Essa riqueza tem um sentido: o Mito do Herói é cspecialmente afim
ao gênio grego e, certamente, sua história é a mesma que se conta
em toda a parte.
Teseu, como todos os heróis, tem um nascimento oculto e vive uma
infância de exílio; entra em conflito tanto com seus irmãos-monstros,
nascidos de Poseidon, seu pai divino, quanto com sua madrasta Medéia,
mulher de Egeu, seu pai terrestre e com seu pióprio pai; e o episódio
mortal da vela negra, é uma alusão parricida. Também leva uma vida
os gregos e seu id io m a 237

heróica: como Siegfried, ele conquista a espada e, por suas façanhas,


faz-se reconhecer pelos seus. Sua lenda relata a primeira história da
Ática. Seu conflito e, depois, sua reconciliação com Héracles relembra
a luta dos Jônios e dos Dórios, assim como a harmoniosa síntese obtida
por Atenas entre as duas tendências opostas do espírito grego. Teseu
tem as qualidades bem atenienses de juventude alerta, gosto pela beleza,
inteligência e leviandade moral também, além de encontrar boas oportu­
nidades; sua lenda está impregnada do espírito da grande cidade.
O mito de Prometeu é ainda mais peculiar aos Gregos: revela suas
concepções do relacionamento entre os homens e os deuses. Prometeu
é o herói que roubou o fogo divino para ofertá-lo aos homens. Para
os primitivos, o fogo é sagrado como o animal ou a planta nutritiva.
O fogo é objeto de um culto. Por outro lado também serve para
consumir a parte dos alimentos reduzidos à fumaça que se evola até
os deuses e os nutre.
O primeiro homem-que ousou desviar o fogo desse antigo uso para
cozer cerâmica e fundir minérios pareceu um perigoso sacrílego.
Prometeu, diz Hesíodo, foi acusado por Zeus de ter fraudado sobre
as carnes sacrificiais. Castigado por sua temeridade e orgulho, Prometeu,
oleiro e fundidor do bronze, foi entregue à águia devoradora de carne
e ao raio, fogo divino. A p a rtir de então tornar-se-á o exemplo do
herói, glorificado por ter libertado os homens, trazendo-lhes melhores
condições de vida, mas recriminado por haver tido a audácia de desafiar
os deuses. Entretanto, o mito se completou e nós perdemos, com a
última tragédia de Ésquilo, a parte mais preciosa, sem dúvida, dessa
lenda. Zeus perdoa a Prometeu e a reconciliação do deus e do herói
sublinha essa fé na harmonia do mundo, que os gregos sempre almejaram.
Os mitos de conquista, pelo enriquecimento da narrativa e pela
renovação das situações, sobrepujam, portanto, nitidamente, entre os
Gregos, os mitos de comunhão com a natureza e os mitos de fecundidade
que predominam em outros povos.
No entanto, há, pelo menos, uma síntese original entre os mitos
de conquista e os mitos de fecundidade numa das tradições gregas:
é a história de Helena, tal qual é relatada pelas epopéias hom éricas...
O espírito de uma civilização se vislumbra em seus mitos e na importância
relativa destes. Mas seu valor e significação jamais são evidentes em
bloco. Exigem um trabalho de exegese. Fazem pensar numa inscrição
difícil em língua mal conhecida. Precisam ser decifrados. Se a gente
os decanta, os mitos gregos tornam-se utilizáveis porque revelam os
desejos c tormentos dos homens que os inventaram. Contudo, não liberam
238 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

sua inteira significação, a não ser quando interpretados pelos artistas


geniais, que souberam moldá-los pela palavra ou pela imagem. Mas,
então, eles passam a integrar-se na “ obra de arte”.

24. — A TE R C E IR A DEC L I NAÇÃO N O M IN A L — (segünda parte) —


TEMAS VOCÂLICOS.
a) — Generalidades — Os temas vocálicos da terceira declinação têm
qs três gêneros e tanto podem apresentar a vogal simples ( - i, - u), quanto
um ditongo final em que se surpreende a vocalização de um antigo digama
(- f) diante de consoante. Ex. : ò ais (o porco) — η φΰσis (a natureza)
— ό /3o0s (o boi) — ή vais (o navio) — ό βaσιXevs (o rei).
Esses temas se subdividem em:
1 — Temas em vogais - v e -v (chamadas às vezes “vogais fracas”).
Na maioria se declinam regularmente, sem contrações, com o vocativo
igual ao tema puro, o acusativo singular em -v e o acusativo plural em
-s (-vs).
São temas geralmente monossilábicos ou oxítonos (exceções: ή tvltvs,
o pinheiro e ή βότρυτ, o cacho de uva, que são dissilábicos e paroxítonos),
os quais conservarão a vogal temática em todos os casos, abreviando-a,
contudo, no contato com as' desinências vçcálicas. Ex.: nominativo ais,
genitivo aibs.
Entretanto, os temas n ã o m o n o s s i l á b i c o s e n ã o o x í t o n o s n e m p e r i s p ô r n e n o s (à
parte as duas exceções citadas) apresentam uma a l t e r n â n c i a v o c á l i c a , resultante
da presença de uma primitiva sonante nesses radicais, cuja síncope, em po­
sição intervocálica, provocou uma série de alterações fonéticas. A apojonia
se dá de -t/-e j e de - v j - t f em todos os casos, exceto no* nominativo,
vocativo e acusativo do singular, em que o elemento vocálico predesinencial
se mantém no grau reduzido ( - 1 e - u). Ex.: nominativo ή tróXis (a cida­
de), genitivo TróXgjos > ttóXtjos (forma homérica) > tróXecos, (genitivo ático);
nominativo ό π ρ έσ β η (o velho, o embaixador), genitivo π ρ έ σ β η ς >
πpέσβηos > π ρ έ σ β η (genitivo ático ■ — cf. declinação ática).
Há alguns neutros entre esses temas, os quais apresentam alternâncias
vocálicas como os masculinos e femininos que precedem.
2 — Temas em ditongos (- av, - ev, - ου) — Caracterizam-se também
pela presença de sonantes, vocalizando-se 0 digama dos primitivos temas
( - ap, - t f ou - r\f, - op) em contato com o sigma desinencial ou sojrendo
síncope quando em posição intervocálica. Como conseqüência, dão-se con­
trações c, às vezes, metáteses quantitativas, nos temas em -ev. Ex.:
βαat Xt f (- p f ) — nominativo βασιΧΐν -s, genitivo: βaaiXppos > βασιΧήος
(forma homérica) > βaσiXtωs (forma ática, com metátese quantativa).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 239

Os nomes ora - avs e - ovs não apresentam contrações, mas somente


a síncope do digama intervocálico. Ex.: η ypaõs (a velha), genitivo ypaòs,
ò βονs (o boi), genitivo ftoòs. (Temas y pap- , βορ -).
3 — Temas em -ãp, - ωρ, -oj — São alguns raros nomes, em que
uma sonante desapareceu sem provocar contrações vocálieas, permane­
cendo o hiato entre a vogal final dos temas e as das desinências. Tais
substantivos chamam-se, impropriamente, temas em vogais ásperas, apre­
sentando o nominativo sigmatico e o acusativo em -ã como os consonân-
ticos, com o vocativo igual ao nominativo singular. Ex.: ό Xãs (a pedra),
genitivo \aós. ò r/pcvs (o herói), genitivo ήρωος (Temas hap-, ηρωρ-).
Contudo, alguns femininos em -oj, incluindo nomes próprios, decli-
' náveis apenas no singular, apresentam contrações vocálieas resultantes da
síncope do iode (j) intervocálico. Ex.: nominativo assigmático e alongado
— ή 7rίιθώ, genitivo ired)b']os > wetOóos > iretOovs. O vocativo singular
(raro) é iretOol (com vocalização do iode) e o acusativo singular é wetO ója >
iretOta (acentuação irregular).

Tais substantivos, quando excepcionalmente usados no plural e na


dual, seguem as terminações da segunda, declinação contrata.
b) Declinação das paradigmas em vogais fracas ( - 1 , v) (Sem
alternância) —

SINGULAR — Rad. aü - (porco), x í /xí(caruncho), òpt - (ovelha),


ί χ θ υ - (peixe)

Nom. ó avs ò x is ή (ò p ts ) ols ò i \ 0 v s (íx d v s )


c—
í
'0 '-

O
1

Voe. — av — xí — Ιχθύ

Acus. avv XLV ( ò p tv ) o lv ί χ θ ϋ ν ( ίχ θ ύ ν )

Gen. a vò s x tò s (ÒptÒs) oiós txOúos

Dat. .a v t Híi (òptt) oíi ιχ Ο ύ ϊ

PLURAL
1 1
Nom. oi aves o i x íe s ai (optes) oles oi ix ú v e s (ixdvs)

Vov. -— aves — x ies — (o p tes) otes — ixO ves ( i x d v s )


t \j
Acus. a vs (avvs) x ia s ( ò p tv s ) o ls ix ô ú â s ( tx d v s )

Gen. συώ ν xuav (ò p u o v ) οίώ ν Ιχθύω ν

D at. συσ ί{ν) xtat(v) (ò p ta t)o ia t(v) ίχ θ ν σ ί(ν )


240 COIDA NRDDA BARATA l-ARREIRAS HORTA

DUAL

Xom. τώ ave τώ xíe τώ ( r à ) (ό ρ ιε)ο ϊε τώ ίχ θ ύ ε (Ιχθύ)

Voc. — ave --- KL6 — (όριε)οΐε — ίχ θ ύ ε (ιχ θ ύ )

Acus. ave xíe (όριε) ole Ιχ θ ύ ί (ιχ θ ύ )

Gen. a v ó ív ΧΙΟ Ϊν ( ò p io iv ) o io l v ίχ θ νο ιν

Dat. a v ó iv XiÓÍV ( ÒipOlV ) o io l v ' ίχ θ νο ιν

N.B. — Embora os substantivos em - vs, -vos não se contraiam, os nomes


ó ιχθύς (o peixe), η âpxvs (a rede) e ò μύς (o rato), este último de origem
consonântica, mas adotando a declinação vocálica (cf. latim: mus, muris),
apresentam o nominativo e o voçativo do plural com dupla forma, em - ves
e -üs, por analogia com o acusativo do plural ιχθύς, resultante de ’ιχθύνς.
Também se encontram as formas ιχθύς e ίχθύν, oxítonas, no singular.

As palavras em - , - são raras no ático. Em geral, os temas


l s l o s

em - i oferecem a alternância vocálica a que já nos referimos. Note-se,


ainda, que o tema òpi- perde sempre o digama intervocálico, sem que
haja contrações (cf. o latim ovis, - is, a ovelha).

c.) D e c lin a ç ã o d o s p a r a d ig m a s em v o g a is f r a c a s , co m a lte r n â n c ia .

SINGULAR —· Rad. 7τολι- (cidade), πρεσβυ- (velho), άστυ-


(cidadela = urbs)

Nom. η πόλις ò 7rpέσβυs το αστυ


Voc. — 7τόλί. — 7τρέσβυ —· αστυ
Acus. πόλιν πρέσβυν αστυ
Gen 7róXeo.’s (πολη)ος) πρέσβεως(πρεσβηρος) άστε ως (άστερος )
Dat. 7τόλα (7roXej t) 7Γρέσβει (πρεσβερι) άστει (αστέρι )

PLURAL

Nom. aí πόλεις (7róXejes) οί πρέσβεις (πρεσβερες) τα αστη (αστέρα)


Voc. — πόλεις (7róXejes) — πρέσβεις (πρεσβερες) — αστη (άστερα)
Acus. 7νόλεις (anal.) πρέσβεις (anal.) αστη ( άστερα)
Gen. πόλεων anal.) πρέσβεων (anal.) άστεων (anal.)
Dat. 7τόλεσι (7roXejat) πρέσβεσι (πρεσβερσι) άστεσι (άστερσι)
OS GREGOS E SEU IDIOMA 241

DUAL

N om . r c ò ( r à ) 7róXec (7roX eje) rò ) πρέσ β εν (ττρεσβερε) τώ ά


’ σ τ ε ι (άστη)

V oc. — 7 r ó \ e i (7roX eje) — ττρέσβεί (ττρεσβερε) — α σ τ ε ι (α σ τ η )

A cu s. 7róX et (7roX eje) π ρ έ σ β ί ί (ττρεσβερε) ά σ τ ε ι (α σ τη)

Gen. iroXèoiv (ποΧε)οίρ) ττρεσβέοίΡ (ττρεσβεροιρ) ά στέοίν (άστεροιρ)

Dat. ποΧέοιν (7roX ejoce) πρεσβέοτρ (ττρεσβεροιρ) άστέοίΡ (άστεροιρ)

N.B. — Nestas palavras verifica-se que o iode, na alternância - t/ej e o


ãigama, na apofonia υ\ερ, desaparecem quando intervocálicos, pro­
vocando a contração vocálica, como no nominativo plural 7róXejes >
TÓXecs, ττρέσβερε·; > πρέσβεις. O acusativo plural é analógico com estas
formas.

O g en itivo sin g u la r, como vimos, sofre metálcse quantitativa, tom an­


do-se terminação ática (- ecos com - ω considerado breve). O genitivo
plural é analógico com o do singular. Em geral essa metátese se dá nos
temas do tipo de ποΧε-ΙποΧη] - / - ej - mas os neutros, ,que têm a vogal
do r a d ic a l breve, adotaram as terminações áticas por analogia. Os geni­
tivos ττρέσβεος e aareos são atestados nos Poemas Homéricos (são formas
jônicas, poéticas).

O d a liv o p lu r a l desses temas é uma forma inexplicada fonèticamente,


pois as sonantes deveriam vocalizar-se diante da consoante da desinência,
em lugar de desaparecerem, como se constata das formas conhecidas (cf. os
temas ditongados).

A maioria dos nomes em - i é do gênero feminino, mas há alguns


masculinos e um neutro: rò xixi, genitivo χίχεως (o ríckio).

J á os em -v - são muito poucos e -quase todos masculinos: ó TréXtxvs,


- ecos (o machado), ò πήχυς, - ecos (braço, cotovelo, côvado), ó πρεσβυς,
- ecos (o velho, o embaixador). Como o neutro rò αστν, há o substantivo
poético rò 7 τ ώ ϋ , genitivo 7rcóecos (o rebanho), pois todos os outros nomes
com nominativo déste tipo (por exemplò rò δόρυ, a lança e rò 7 bvv,
o joelho) possuem duplo tema, sendo, pois, irregulares (gen. sg. τον
δύρατ -os, του y όνατ -os, etc.)
242
GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

d) Declinação dos paradigmas ditongados —

SINGULAR — β α σ ιλη ρ - (-ερ) (rei), yp ã p - (velha), βορ - (boi ou vaca)

Nom. ό βασιλεύς (βασιλερς) ή Ύραύς (ypaps) ò βοϋς (βορς)


Voc. — βασιλεύ (βασιλερ) — ypaõ (γραρ) — βον (βορ)
Acus. βασιλέα (βασιληρα) 7 paõv (ypapv) βουν (βορν)
Gen. βασιλέως (βασι λήρος) Ύραός (Ύραρός βοός (βορος)
Dat. β α σιλεϊ (βασιλερι) Ύραΐ (ypapi) βοί (βορι)

PLURAL

Nom. oi βασιλείς (βασιλερες) ai Ύράες (γραρες) οι βόες (βορές)


Voc. — βασιλείς (βασιλερες) - Ύράες (yραρες) - βόες (βορές)
Acus. βασιλέας (βασιληρας) . 7 ραύς (y ραρ(ν)ς) βούς (βόας) (βορνς)
Gen. βασιλέων (βασιληρων) 7 ραών (y ραρων) βοών (βορών)(anal.)
Dat. βασιλεύσι (βασιλερσι) 7 ραυσί (ypapai) βουσί (βορσι)

DUAL

Nom. (Voc.)Acus. τω βασιλεύ (-ερε) τώ γράε (y ραΓε) τώ βόε (βορε)


Gen. Dat. τοϊν βασιλέοιν (- εροιν) τοϊν 7 ραοϊν (- αροιν) τοϊν βοοϊν (βοροιν)

N.B. — Todos os substantivos em - eós são masculinos oxítonos (em geral


nomes de profissões masculinas), havendo metáteses quantitativas, além do
genitivo singular, também nos acusativos (singular e plural). Assim: τον
βασιληρα > βασιλήα > βασιλιά, τούς βασιληρας > βασιλήάς > βασι­
λέας.
0 genitivo plural é analógico com o genitivo singular.
No antigo ático era freqüente a forma βασιλής, ao lado da contrata,
para o nominativo e o vocativo do plural. Ü digama sempre sofre síncope
em posição intervocálica e vocaliza-se, normalmente, diante de consoante
(cf. dativo plural).
Numerosos substantivos gentílicos deste tipo, em que a terminação
-εύς vem precedida de vogal, sofrem contração nos genitivos e acusativos
do singular e do plural. Ex.: ò Εύβοιενς (Eubeu, da ilha Eubéia), ó I l e i -
ραιεύς (o porto ou o habitante do Pireu), ò Έ ρετριεύς (Eretrieu, habitante
OS GREGOS Γ. SF.U IDIOMA 243

de E ritréia, c id a d e da E ubéia. hoje P a leo c astro ) fazem o g en itiv o sin g u lar


e plural τον Ιίειραιώς, τών ΐίειρ^ιώ ν, του Εύβοώς, τών Εύβοών, τον llei-
ραιά, τούς ITeipaiãs, τον Εύβοιά, τούς Εύβοιάς, κ .τ.λ.
0 dativo do singular de ή χρανς e ό βούς conservam o hiato, indicado
na grafia por um trema.
Pelo modelo ή πόλις, declinam-se, entre outros: ή φύσις, τής φύσεως
(a natureza, o mundo físico), ή οψις, τής όψεως (a vista, visão), ή άκρόπολις,
-εως (a cidadela), ή δύναμις, -εως (a força, ο poderio), ή ποίησις, ποιήσεως
(a criação poética, poesia), ή πράξις, - εως (a ação), ή ύβρις, ύβρεως
(ο excesso, a violência), ό μάντις, -εως (ο adivinho), ό όφις, τού όψεως
(a serpente).
Pelo modelo ό βασιλεύς declinam-se, entre muitos: ò ίερεύς, ίερέως
(o sacerdote), ό ίππεύς, ίππέως (ο cavaleiro), ό έρμηνεύς, - έως (ο intérprete,
ο tradutor), ό φονεύς, φονέως (ο assassino), ό χαλκεύς, -έως (ο ferreiro,
ο forjador de qualquer metal), ό y ραφεύς, -έως (ο pintor, ο copista),
ό Ύραμματεύς, - έως (ο escrevente, ο secretário), ό βραβεύς, βραβέως
(ο árbitro).
e) Dfíclinação dos temas chamados “em vogais ásperas” —

Temas: (ό)λάρ- (pedra, lápide), (ό)ήρωρ- (o herói), (ή)ηχο) - (o eco)


SINGULAR

Nom (Voc.) ό λάς ό ηρωτ ή ηχώ (ώ ήχοΐ)


Acus. τον λάν (λάα) "τον ηρώα την ηχώ (ήχόα)
Gen. τον λάος (λαός) τού ήρωος τής ήχους (ήχόος)
Dat. τώ λ ai (λαΐ) τώ ή ρωϊίή ρω) TV ήχού (ήχόϊ)

PLURAL
Nom. (Voc.) oí λά« ol iτρώες αί ήχοϊ ( 2 ? decl.)
Acus. τούς λάας τούς ήρωάς τάς ήχους
Gen. τών λάων (λαών) των ηρώων τών ήχών
Dat. το'ις λάεσι(ν) (λαοί) τούς ήρωσι(ν) τόις ήχο~ς

DUAL

Nom. Voc. Acus. τώ λάε τώ ήρωε τά ήχώ ( 2 ? decl.)


Gen. Dat. τοiv λαοίν το'ιν ήρώοιν ταΖν ήχοΖν
244 GUIDA NEDDA BARATA BARREIRAS HORTA

N.B. — O tema ή ηχώ segue a segunda declinação contrata no plural


e no dual. Por ele se declinam, além de φειδώ (poupança) e πειθώ (per­
suasão), alguns nomes próprios e topônimos jemininos, como: Αηώ (Deô,
cognome da deusa Deméter), Αητώ (Letô ou Latona, mãe de Apoio e de
Ârtemis), ΤΙυθώ (cognome do santuário de Delfos), e ainda: Ί Ιρ ώ (Hero),
Γοργώ (Gorgo), Σωσώ (Soso), Ίώ (Ιο), Σαπφώ (Safo), etc.

39° Exercício: —

I — Decline:

το βέλος και το τόξον (a flecha e o arco), τό φως και το σκότος (a luz e a


obscuridade), ή ύβρις και τό μίσος (a violência e o ódio), η ψυχή και ò 'έρως
(a alma e o amor), η άκρόπολις καί τό αστν (a cidadela e a urbe ateniense),
τό κίκι καί τό άνθος (ο rícino e a flor), ó ήρως καί ò προδότης (o herói e o
traidor), ή δρυς καί η πίτυς (ο carvalho e ο pinheiro), τό αληθές καί
η φαντασία (a realidade e a fantasia), τό παιδίον καί ò γ έρων (a criança
•e o ancião), nos três números.

II — Decline:

Ή iepà ΤΙυθώ (singular) (a sagrada Pitô = Delfos), τό άβατον π ρ ά γμ α


(o ato impraticável), ò θαυμαστός μάντις. (o admirável adivinho), ή (όνους
•γραΰς (a velha benévola), ό ιερός όφις (a serpente sagrada), no singular
e no dual; ή μεχάλη δύναμις (o grande poderio), ή πονηρά πράξις (a má
ação), η αρχαία ποίησις (a poesia arcaica), ό άπειρος -γραφεύς (o inábil
pintor), no plural.

I I I — Analise e traduza·.
ταίς φειδοίς - της Γορχοΰς - την o\f/iv - τα ς φύσεις - ώ ’Eperpieú -
τους Εύβοιάς - των γ ραμματέων - οί χαλκείς - τοίς ίππεϋσιν - τώ φονει.

IV — Traduza:
1 — Οί θεράποντες εφερον κρατήρας καί έπλήρονν' φιάλας.
2 — Τό πυρ διέφθειρε τόν νεών καί οί φύλακες ταχέως εκάλουν τούς γ«ί-
τονας.
3 — Οί διδάσκαλοι έδιδασκον τούς των ' Ελλήνων παϊδας τά τού Ό μηρου
ποιήματα.
4 — Οί ποιμένες πολλή κραυχή διώκουσι τούς λύκους.
5 — Οί του άστεως φύλακες συλλαμβάνουσι τούς φώρας.
6 — Οί πολέμιοι ούκ έπίστευον τοϊς ήχεμόσιν.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 2 45

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 12

CASOS DE OMISSÃO DO ARTIGO

1 — E sislemálica a omissão do artigo no predicativo. Ex.: Πολ­


λών ò καιρός yíyvera i διδάσκαλος (Menandro). = A ocasião é mestra
de muitas coisas. IIóvos έστίν, \éyovaLP, πάσης δόζης π α τή ρ = O es­
forço é, segundo dizem, o pai de toda glória. Oi σοφοί β έλ τισ το ι τώv
ανθρώπων είσίν. = Os sábios são os melhores dos homens.
2 — Também se omite o artigo, geralmente, diante de substantivos
que exprimam a idéia de um ser único ou considerado como tal. Exem­
plos: yp (terra), θ ά λ α ττα (mar), ήλιος (sol), σελήνη (lua), ουρανός (céu),
ήώς ou 'έως (aurora). Ex.: Ή ώ ϊ ανέμους ’έ τεκε (Hesíodo) = A aurora
gerou ventos. 'Ήλιον xai σελήνην λέγουσιν του ουρανού οφθαλμούς
eivai = Dizem que o sol e a lua são os olhos do céu.
3 — Diante de substantivos empregados com sentido indeterminado
ou nomes que indiquem pessoas em sentido genérico. Ex.: Πάντων
μέτρον άνθρωπός έστιν. = Ο homem é a medida de todas as coisas.
Ουδέποτε θεο'ι άδικοί ε’ισιν. = Os deuses nunca são injustos. Ilavres
άνθρωποι (= Toda a gente).
4 — Em sentenças ou máximas de valor genérico. Ex.: Βύλτιόν
έστι έν πενίφ ή έν ά τιμίμ είναι = É melhor estar na pobreza do que
na desonra. Φόβος μνήμην έ κ π λ ή ττει = O medo paraliza a memória
(Tucídides).
5 ■— As expressões adverbiais também omitem o artigo, mormente
quando formadas com preposições. Ex.: Κ ατά ypv και κ α τά θάλατ-
ταν = por terra e por mar. Κ α τ' ay ρους = nos campos. "Αμ'ήμέρας =
de dia, com o dia. Δ ιά νυκτός = durante a noite. Μ έχρι έσπέρας
= até a tardinha ou o anoitecer.
6 ·— Há dois substantivos comuns que se empregam sem artigo
por terem assumido o valor de nomes próprios. São: βασιλεύς (o Grande
Rei. isto é o rei da Pérsia) e (τό) άστυ, quando precedido de preposição
(= a cidade de Atenas. Cf. em latim urbs = Roma). Ex.: Ή οδός ή εις
άστυ (Platão) = á estrada que leva a Atenas. Διονύσια έν άστει = as
festas dionisíacaá urbanas, realizadas em Atenas. Βασιλίύϊ την
επιβουλήν ούκ ήσθάνετο = ο Grande Rei não se apercebia da cons­
piração (Xenofonte).
7 — Excepcionalmente, o aposto pode vir sem artigo, sobretudo
se designar um objeto entre outros. Ex.: θήβαι, πόλις άστιτγείτων,
246 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

άνήρπασται (Ésquines) = Tebas, cidade vizinha, foi arrasada. (Tebas


era uma entre outras cidades vizinhas).
8 — Substantivos determinados por um genitivo às vezes também
omitem o artigo. Ex.: M erà Εύβοιας άλωσιρ = após a tomada de Eu-
béia (Tucídides). 'Ά μ α εκείνου άφίξει = simultaneamente, com a
chegada dele. (= chegará junto com ele)

40° Exercício: —
I — Traduza: 'Η των νόμων δεινότης (Κατά Λημοσθένην).
Oi νόμοι τό δίκαιον καί τό καλόν καί τό συμφέρον βούλονται· τούτο
7 άρ ζητούσι, καί έπειδάν εύρεθή, κοινόν τούτο τό πρόσταγμα φαίνεται
ττάσιν Ίσον καί όμοιον τόύτ’ ’ίσ τι νόμος, ω πόντας πείθεσθαι προσήκει
διά πολλά, καί μάλισθ'ότι πας έστι νόμος δώρον μέν των θεών, δό~γμα δέ
τών ανθρώπων φρονίμων, έττανόρθωμα δέ τών εκουσίων καί άκονσίων
αμαρτημάτων, τής πόλεως δε συνθήκη κοινή χαθ'ήν πάσι προσήκει ζην
τούς έν τή ττόλει.

II —■ C o m e n t á r i o s :

— Τό δίκαιον, τό καλόν (formas neutras de adjetivos qualificativos,


1
substantivadas). Note-se que há três maneiras de indicar uma qualidade
abstrata: por meio de um adjetivo neutro (τό καλόν), por um substantivo
abstrato (τό κάλλος), por um particípio neutro substantivado (τό συμ­
φέρον).
2 — έπειδάν εύρεθή = logo que seja obtido (isso), oração subor­
dinada temporal (conju-nção έπειδάν) com o verbo ευρίσκω, no subjuntivo
aoristo II, passivo.
3 — ω — dativo masculino singular do pronome relativo, relacionado
com o antecedente νόμος.
4 — πάντας — acusativo plural masculino de πάς, πάσα, παν.
5 — προσήκει — verbo impessoal, na terceira pessoa do singular do
presente = é permitido, concerne, diz respeito, cujo sujeito é a oração infi­
nitiva πάντας πείθεσθαι, com seu próprio sujeito em acusativo.
6 — διά πολλά — locução adverbial de causa, formada da preposição
διά e do acusativo plural de πολύς, πολλή, πολύ.
7 — μάλισθ' = μά λιστα , com elisão e aspiração (advérbio de modo
e intensidade).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 247

8 —· g n = que, porque (conjunção integrante e causai).


9 — ακουσίων = άεχονσίων (genitivo plural), forma contrata ática.
10 — χαθ'ήν = κα τά ήν (elisão, aspiração), em acusativo: pela qual.
segundo a qual.

III — Traduza·. (Frases para revisão gramatical)


1 — Αυκονργος την μητέρα των θ(ών έμαρτύρετο καί καλώς έποίει.
(Dem.)
2 ■
— Καλού? καί αγαθούς λέγεις τούς φρονίμους η τούς άφρονας; (Ρ1.)
3 ·— Έ μά χοντο μεταξύ τών τει,χισμάτων. (Tuc.)
4 — ΙΙεριφανή έστι τα πρά γμ α τα . (Arist.)
5 — ’Έ,τολμήσατε σύν τω πατρίω φρονήματα ίέναι εις τούς
πολεμίους. (Xenof.)
Ο — "Κνιοι τών ανθρώπων δι' ελπίδα κέρδους επισφαλείς μόχθους
ύφίστανται. (Es.)
7 — Μητρός τε καί πατρός τιμιώτερόν έστιν πατρίς. (Ρ1.)
8 — Συκοφάντης εΐ, ώ Σώκρατες, εν τοίς λόγοις. (Ρ1.)
9 — Έ σ τ ί τα πάθη οργή, έλεος, φόβος. (Arist.)
10 — Oi μέτοικοι τάς πόλεις τρέφουσι καί ού λαμβάνουσι μισθόν.
(Xenof.)
11 — Ίΐδονή και λύπη έν τή πόλει βασιλεύσετον. (Ρ1.)
1 2 ·— Ό Βρασίδας (ό στρατηγός) την έξοδον παρεσκευαζετο
(Tucíd.).

f) Algumas irregularidades nus substantivos da terceira declinação.

Essas irregularidades ou são de ordem fonética (alternâncias vocá-


licas, encontros fonéticos entre a parte final do radical e as desinências),
ou são de caráter morfológico (quer pela ocorrência de dois tipos de
tema na mesma palavra, quer pela alteração do tema, diversificado
entre o nominativo e os demais casos, ccm exceção do vocativo); citaremos
alguns exemplos mais comuns, indicando o nominativo singular, que
costuma fornecer o tema do vocativo singular para os masculinos e
femininos (nos neutros também o acusativo singular) e o genitivo singular
248 G U ID A NEDDA BARATA P A R R E IR A S HORTA

que indica o radical das restantes formas da declinação. Só excepcio­


nalmente serão indicados outros casos.

1 — rò “γόνυ, του y όνατ-os (o joelho).


2 — rò δόρυ, του δόρατ-os (a lança).
3 — rò ous, του ώτ-ós (o ouvido, a orelha),
4 ■
— rò δναρ, του òvelpar-os (o sonho).
5 — rò ύδωρ, του ΰδατ-os (a água).
0 — ó άρήν ( = ό àpvòs, usado com muito mais freqüência que o
primeiro), genitivo singular του ípv-òs, dativo plural rols
άρνάσι(ν) (cordeiro).
7 — ή yovrj (vocativo ώ yival), genitivo singular της yovaíx-ós,
dativo plural T a i s ywaL^Í (v), acusativo singular την yvvalxa,
etc. (a mulher, a esposa).
8 — ò χνων, του xw-òs (o cão), dativo plural tois χυσί (v).
9 — ό μάρτρϊ, του μάρτυρ-os (o mártir), dativo plural tois μάρ-
τυσ ι(ν).
10 — η χά ρ, -os (a mão), dativo plural Tais χερσί, genitivo e da­
tivo dual ταΐν xeipolv.
11 — ò Zeis — (vocativo ZeD) genitivo A lôs, dativo Διί, acusativo
Δ ία (Zeus).
12 — ή vais (a nave, o navio), declina-se: (vocativo vai) — genitivo
veús, dativo νηΐ, acusativo vaiv — plural: al vrjes (nom.-voc.)
— vais (acusativo) — veúv (genitivo) — νανσί(ν) (dativo) —
dual: r à vrje, τα ΐν νηοίν (temas: v a p -\νηρ -).
13 — ò viòs ou vós, genitivo υίoi e iiléos, segue simultaneamente a se­
gunda e a terceira declinações, do seguinte modo: singular —
vocativo ώ úlé, genitivo υίοΰ e oiéos, dativo υίώ e olel. Plural
υιοί e iilels (nom.-voc.) — υιών e υίέων, uiols e υιίσι (genitivo
e dativo). Dual: olel e υίοίν (As formas da segunda declinação
são atestadas a partir de 350 a.C.).
14 — ò xois ou xoeis (côngio, medida de capacidade) faz: acusativo
χοά, genitivo χοέωs (χοώϊ, xoòs), dativo χοΐ. Plural: xoés,
Xoãs, χοών, χοέσίν, etc.
15 — ò tyxeXos (a enguia) tem a particularidade de declinar-se, no
singular, com o tema em - υ, e, no plural, com o tema em - ep:
Singular: éyxeXvs, eyxeXo, eyxeXov, è/xéXuos, ΐγχέΧυϊ. Plural:
éyxéXeis, éyxéXewv, èyxéXeoí. Dual — iyxéX et, eyxeXéoLV.
OS GREGOS E SEU ID IO M A 249

g) Particularidades na acentuação dos temas da 3* declinação —


Nem todos os temas monossilábicos da terceira declinação deslocam a
sílaba tônica para a desinência do genitivo e do dativo de todos os
números·, alguns não o fazem ou se limitam a fazê-lo em um ou dois
desses casos· São os seguintes:
a) — Todos os particlpios monossilábicos mantêm a sílaba tônica do
nominativo singular inclusive nos genitivos. Ex.: δούς, δονσα, δόν
( = o que dá), genitivo e dativo singular masculino e neutro: δόν tos, δότι,
plural: δόντων, δοϋσι(ν), dual: δόντοιν.
b) O adjetivo trijorme Trás, π ά σ α , π ά ν conserva o acento tônico na
raiz, no genitivo e dativo do plural e do dual, mas desloca-o para a desi­
nência nos mesmos casos do singular. Ex.: π α ν τ ό ς , π α ν τ ί , mas: π ά ν τ ω ν ,
π ά σ ι, 7ràvTOLv.

c) Algumas palavras só não mudam o acento no genitivo do plural.


Assim: ό, ή π ais (ά.παϊ), παιδός, παιδί, παισί(ν), mas: παίδων (criança,
jovem, escravo). E ainda:
ò Ύρώς, T pcoòs, T ρωΐ, Ύρωσί(ν), mas: Τρώων (troiano)
tò ούς, ώτός, ώτί, ώσί(ν), mas: ώτων (ouvido, orelha).
d) Os dissílabos ò χύων e 17 ywrj também deslocam a sílaba tônica
para esses dois casos em todos os números. E ainda os nomes sinco­
pados em líquida - p apresentam esse deslocamento do tom, mas só no
singular (a síncope da vogal reduz o tema à condição de monossílabo).
Ε χ.'.ήμ ήτηρ, μητρός, μητρί, μητέρων, μητράσι, κ .τ.λ . (= καί τα λοιπά,
isto é, “e ο restante” , et coetera).

419 Exercício — Revisão das declinações:


I — Decline: τό κράνιον καί ή κόρυς (ο crânio e ο capacete), τό oõs καί
ό ακροατής (ο ouvido e ο ouvinte), ό κύων καί ό δεσπότης (ο cão e ο
dono), ή -γυνή καί ό παίς (a mulher e ο menino), ό "Ελλην καί ό Τρως
(ο Grego e ο Troiano), τό μέταλλον καί ή βλάστησις (ο metal e a vege­
tação), ό θήρ καί τό φυτόν (ο animal selvagem e a planta), ή άλώπηξ
καί ό άλέκτωρ (a raposa e o frango), tò ώόν καί ò άρτος (o ovo e o pão),
τό ρόδον καί tò πέταλον (a rosa e a pétala), nos três gêneros.
II — Dê o nominativo do singular e o dativo do plural das expressões
seguintes traduzindo-as:
τού λευκόν όδόντος - τ η ν σκοτεινήν νύκτα -ώ δεινέ λέον - τά άνϋρώπινα
σώματα - των λαμπρών νών -οι "Ελληνες λαώ -τώ δυναστω άνακτι
- τον κυάνεον ουρανόν - τή σκιερή, ύλη - τού ενδόξου ονόματος - τους
ουρανίους ά ργέλους-τά θαυμαστά άνθη.
250 G U ID A NEDDA BARATA P A R R E IR A S HORTA

25. _ VERBOS TEM ÁTIC O S CONSON À S TICOS E M LÍQ U ID A S E


N A S A IS . (Modo Indicativo)

a) Generalidades — São, em geral, verbos denominativos, derivados


pelo acréscimo do sufixo -j e/0 a um radical terminado por -λ , - p, -μ, -v,
do que resultam alterações fonéticas nos diversos temas de presente.
Sua conjugação é totalmente regular nos presentes e no pretérito im­
perfeito do indicativo, embora o tema temporal desses tempos apareça refor­
çado peia presença do iode, além de ocorrerem alguns verbos em - μ com um
sufixo de presente -v. Assim encontramos verbos em -λω , -ρω, -ρω,
-ρω, - μνω] tais como: στέλλω (eu envio), σπάρω (eu semeio), καθαιρώ
(eu purifico), φαίρω (eu mostro), πίνω (eu estendo ou tendo), άμννω (eu
socorro), κρίνω (eu julgo), τέμνω (eu corto, secciono), κάμνω (eu canso,
fatigo), etc.
Os temas dos outros tempos costumam formar-se do radical (raiz) puro
acrescido das mesmas características temporais já conhecidas, mas são
raros os presentes sem rejárço, ocorrendo apenas em alguns verbos de raiz
monossilábica, tais como: μένω (eu fico, permaneço, moro), δέρω (eu des­
casco), νέμω (eu distribuo), *γέμω (estou repleto), τρέμω (eu tremo), θέλω
(eu quero).
São muito frequentes as formas segundas nestes verbos, especialmente
nos futuros (nas vozes ativa e média o futuro II é de regra) e nos aoristos.
b) Temas temporais dos verbos em liquidas e nasais.
I — Terna do presente (formador do presente em todos os modos
e do pretérito imperfeito) — Mostra-se diversamente reforçado nas três
vozes, salvo exceções, da maneira que segue:

1 — Radical em -X: geminação do lambda, por assimilação do iode


do sufixo temporal. Ex.: βάλλω (raiz β α λ 4 - jo), eu atiro, lanço, arremesso.
’Α γγίλλω (raiz ά γ γ ίλ + jo), eu anuncio. Σ τέλλω (raiz σ τeλ + jo), eu
envio.
2 — Radical em -p: ditongação (quando a líquida vem precedida
de -e, -α). Ex.: σπβίρω (raiz airep-), eu semeio, καθαιρώ (raiz καθαρ-)
eu purifico.
3 — Radical em -v: ditongação (quando a nasal vem precedida de
Ex.: τΰνω (raiz Ttv-), eu tendo, φαίνω (raiz φαν-) eu mostro.
-e , - α ) .

Em outros verbos: alongamento (quando a nasal vem precedida de


- 1 , - ΰ). Ex.: άμ~ΰνω (raiz άμνν-), eu socorro, κλίνω (raiz κλϊν-) eu me
inclino, κρίνω (raiz κρϊν-) eu julgo, etc
OS GREGOS E SEU ID IO M A
251

4 — Radical em -μ (sufixo -v): νέμω = eu distribuo, mas: τέμνω


(radica! τεμ-), eu corto, κάμνω (radical καμ-), eu fatigo, etc.
0 pretérito imperjeito é regular, acrescentando o aumento e as desi-
nências secundárias ao tema reforçado do presente. Ex.: εβαλλον-
εσπειρον - ’έφαίνον - ’έτεμνον, κ.τ.λ.

II — Tema do Juturo nas vozes ativa e média — Qualquer que seja, o


verbo em líquida ou nasal apresenta o radical puro breve neste tempo, com
as terminações contratas (cf. futuro II ativo e médio), o que significa que,
no futuro, não ocorrem os reforços observados no tema de presente. Ex.:
Futuro ativo Futuro médio
1 — Rad. em - λ σ τε\ώ στε\ονμαι (verbo στέΧλειν)
άγγίλώ άγγελονμαι (verbo ά~γΎέλλειν)
2 — Rad. em -p σττερώ στερούμαι (verbo σπείρειν)
χαβαρώ χαβαρόύμαι (verbo καθαίρειν)
3 — Rad. em -μ νεμώ νεμοϋμαι (verbo νέμειν)
τεμώ τεμοϋμαι (verbo τέμνε ιν)
4 — Rad. em -v φανώ φανούμαι (verbo φαίνειν)
κ\ινώ χ\ινούμαι (verbo κλίνειν)

III — Tema do aorislo ativo e médio — Aqui o radical também se


apresenta sem sufixos, porém é alongado, e a terminação é assigmática
(a característica temporal perde o sigma devido ao encontro fonético com
as consoantes do tema). Esse aorislo assigmático é normal nesses verbos,
alongando-se a vog: 1 da raiz do modo seguinte: d > η, e > et, X > l,
í > ü.
Pode ocorrer também um aorislo I I do tipo temático (ativo e médio),
caso em que a raiz se apresenta pura e breve (cf. aoristos segundos).
Aorislo ativo Aoristo médio
1 — Rad. em - λ εστειΚα έστειλάμη v (σ τέ\\ειν )
ήγγειλα ήγγειλά μην (άγγέλειν)
εβαλον (Π) έβαλόμην (Π) (βάλ\ειν)
2 — Rad. em -p εσπειρά έσπειράμην (σπείρειν)
έκάβηρα έκαβηράμην (καθαίρειν)
3 — Rad. em -μ ενειμα ένειμάμην (νέμειν)
ετεμον (forma II) έτεμόμην (for. II) {τέμνειν)
4 — Rad. em -v εφηνα έφηνάμην (φαίνειν)
έτεινα έτεινάμην (τείνειν)
252 G U ID A NEDDA BARATA P A R R E IR A S HORTA

Obs.: — Os verbos em -ραίνω e - ιαίνω alongam apenas, no aoristo,


o ã breve do futuro. Ex.: μαραίνω (murchar) — futuro μαράνω — aoristo
éμάρανα e αίρω, (levantar) futuro άρώ — aoristo r/pa. Por exceção tam ­
bém κίρόαίνω (ganhar) segue esta regra: xepôavw, kxtpòãva.
IV — Tema do perjeito nas três vozes — Forma-se regularmente
com o redobro e o sufixo que o caracterizam (perfeito regular em -x a )
na voz ativa, mantendo-se também regular nas vozes média e passiva. 0
mesmo ocorre com o mais que perfeito em todas as vozes. Todavia não há
juturo perjeito nos verbos em líquidas e nasais.
Em verbos de radical monossilábico em -X e -p dá-se a alternância
vocálica de -e para - a nesse tema (apofonia), atingindo, portanto, o
perfeito e o mais que perfeito das três vozes. Ex.:

Perjeito ativo Perjeito mêdio-passivo


1 — Rad. em -λ : ΐσ τ α \χ α «σταλμαι (aréXXtlv) (στβλ-)
Mas: pyyeXxa pyyeXpai (àyyeKeiv) (à yy e \-)
2 — Rad. em -p: δέδαρχα δέδαρμα t (δέρ6ίν) (õep-)
xexádapxa Χ6χάθαρμαι. {xaBaípeiv) (χαθάρ-)
3 — Rad. em -μ: νβνίμηχα vevkμημaι (νίμ6ΐν) (veμ -)

4 — Rad. em -v: 7ré<payxa ττίφασμαί (tpaÍveLv) (φαν-)


xexpixa χέχριμαι (xpíveiv) (xpiv-)

Observações:
1 — Os verbos em -v perdem esta consoante diante do -x do perfeito
e do mais que perfeito ativos. Note-se que, em πίνω , dá-se a alternância
e/a (vocalização da nasal, no grau reduzido da apofonia), no tema em
questão.
Ex.: x \ í v - etv (pender, inclinar) — perfeito ativo xíx\ l -xa, perfeito médio-
-passivo x Í x X l -μαι
xpív -eiv (julgar) — perfeito ativo xéxpi -xa, perfeito-médio passivo
xéxpí -μαι
n í v -eiv (tender) — perfeito ativo ré - τ α -xa, perfeito-médio passivo
r é r a -μ α ι
0 mais-que-perfeito dêsses verbos é:
Ativo: è -xe - x \ í -xeiv. e -xe -xp í -xeiv, i - π - τ ά -xeiv
Médio-passivo: é -xe - χ \ ί -μην, è -xe -χ ρ ί -μην, è - π - τ ά -μην.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 253

2 — Os verbos em -μ, assim como os verbos μένω e βάλλω , apre­


sentam uma vogal de apoio (-??-) entre o radical e o sufixo temporal,
sendo que este último verbo e ainda τέμνω e κάμνω perdem a vogal da raiz
no tema do perfeito.
Ex
νέμ -eiV — perf. ativo ve -νέμ -η -xa — perf. médio-pass.
ve - νέμ -η -μαι
χά μ -v -eiv — perf. ativo χέ -χμ -η -x a — perf. médio-pass.
χέ -χ μ -η -μαι
τέμ -v -eiv — perf. ativo τέ - τ μ -η -χα — perf. médio-pass.
τέ - τ μ -η -μ α ι
Mas:
μέν - n v — perf. ativo μβ -μέν -η -χα — médio passivo
μe -μέν -η -μ α ι
β ά λ - λ -6 L V — perf. ativo βέ - β λ -η -χα — médio passivo
βέ - β λ -η -μα ι
3 — Alguns verbos com as terminações - αίνω e -ύνω transformam
a nasal final do radical em -y , diante do -x do perfeito ativo (ou do mais-
-que-perfeito) por acomodação fonética, mas sibilizam-na ou tornam-na -μ
(por assimilação total) em contato com um -μ desinencial. A nasal con­
serva-se, porém, diante de outras consoantes. Ex.:
σημαίνω (significar) — perf. ativo σeσήμayxa perf. médio-passivo
σβσήμασμαι
φαίνω (mostrar) — perf. ativo Tétpayxa perf. médio-passivo
τέφ α σ μα ι
άμννω (socorrer) — perf. ativo ημυγχα perf. médio passivo
ήμυσμαι
ηδύνω (agradar) — perf. ativo (desusado) perf. médio-passivo
ί)δυσμαι
7Γαροξύνω (aguçar) — perf. ativo (desusado) perf. médio-passivo
τ α ρ -ώξυμ -μα ι
N .B. — Atenção às formas do redobro nestes verbos (vide “ Casos especiais
de aumento e redobro’’).
4 — Em quaisquer perfeitos e mais-que-perfeitos, as desinências ou
terminações com o grupo -σ θ - perdem o sigma diante da consoante do
radical. Ex.: segunda pessoa do plural do Pretérito perfeito de oréXXeu':
e - σ τ α λ -ade > e - σ τ α λ -6e, de tpaÍveiv: τ έ -φ α ν -σθέ > τ έ -φ α ν-
6e, de òépeiv: δέ -δαρ -ade > δέ -δαρ -6e.
254 GUIDA NEDDA ΒΑΚΛΤΑ PARREIRAS HORTA

5 — A terceira pessoa do plural destes verbos, como já ocorreu nos


consonân ticos em oclusivas, costuma ser perijrástica nos perjeitos e rnas-
que-perjeitos medio-passivos. Ex.: terceira pessoa do plural médio-passivo:
έσταΧμένοι, - ai, - a είσίν (perfeito) — έστΧαμένοι, -ac - a ησαν (mais-
que-perfeito) etc. (Particípio perfeito médio-passivo e o auxiliar eivai).

V —■ Tema do futuro e do aoristo passivos.

Nestes dois tempos o radical é tomado ao perfeito ativo (característica


específica dos verbos em líquidas e nasais), ocorrendo a forma regular pri­
meira (sufixo -θησο-/ -θησε-) ou a forma segunda (sufixo -ησο-1-ησε-),
conforme o'verbo. Note-se apenas que o aoristo acompanha o futuro na
ocorrência da forma segunda. As alterações porventura existentes no tema
do perfeito conservam-se também aqui. Ex.:
Rad. em -λ:
αγγέλλω fut. pass. - άΎΎεΧΟήσομαι - aoristo pass. ήγγέΧθην
σ τ έ \\ω fut. II pass. - σταΧήσομαι - aor. II pass. έστάΧην
βάΧΧω fut. pass. - βΧηθήσομαι - aoristo pass. έβΧήθην
Rad. em -ρ:
χαθαίρω fut. pass. II - χαθαρήσομαι - aor. II pass. έχαβάρην
σπείρω fut. pass. II - σπαρήσομαι - aor. II pass. έσπάρην
Rad. em -μ:
νέμω fut. pass. - νεμηθήσομαι - aor. pass. ένεμήθην
τέμνω fut. pass. - τμηθήσομαι - aor. pass. έτμήϋην
Rad. em -ν:
χΧίνω fut. I pass - χΧιθήσομαι - aor. I pass. έχΧίθην
χΧίνω fut. II pass. - χΧινήσομαι - aor. II pass. έχΧίνην
τείνω fut. passivo - ταβήσομαι - aor. pass. έτάθην

Observações:
1 —· Nos aoristos e futuros passivos, quando são formas segundas,
restabelece-se a consoante final do tema verbal diante dos sufixos -η σ ο -/ ε -
e - η - . Ex.: χΧινήσομαι e εχΧίνην, a par de χΧιβήσομαι e έχΧίθην.
2 — Os verbos terminados em -ραίνω ou -ιαίνω alongam simples­
mente o - o. no tema do aoristo, Por exceção, também seguem esta peculia­
ridade os verbos αίρω (levantar, elevar) e χερδαίνω (ganhar). Ex.:
μαραίνω (consumir) — futuro μαρανώ — aoristo έμάρανα. Αίρω (levantar)
— futuro άρώ — aoristo II ηρον (cf. os outros modos). Κερδαίνω (ga­
nhar) ·— futuro χερδανώ — aoristo έχέρδανα. Futuro e aoristo passivos:
μαρανήσομαι, αίρήσομαι, κερδανήαομαι. — εμ α ρ ά ν η ν — ήρην— έκερδά-
νην (todos são formas II)
OS GREGOS E SEU IDIOMA 255

O verbo άποχτβίνω (matar, dilacerar, condenar à morte), além de ser


composto, tem alternâncias vocálicas em quase todos os tempos, o que o
torna muito irregular. Assim: Presente — άπο-χτβίρ-ω (raiz άπο-xrep-)
imperfeito àir-t-xrtLV-ov— futuro ativo άτο-χτβν-ώ (médio άτνο-χτβν-ονμαι)
perfeito II ativo απ-έ-χτορ-α — mais-que-perfeito II àir-e-XTÒ p-ei. v (médio-
passivo — άπέχταμαμ άπβχτάμην) aoristo II ativo αττ-ί-χταν-ορ (II médio
àn-e-χτά-μηρ) — aoristo I passivo α7τ-β-χτάν-θην.
c) Conjugação dos paradigmas em líquidas e nasais nos temas de
juturo, aoristo e perjeito das três vozes — Modo Indicativo.

FUTURO II ATIVO DE στίΧΧίΐρ — σπβίρπρ — pépeiv — ψαίν^ιν

Raízes artX- σπερ- ρεμ- φ αν­


1 p. sg. στεΧώ σπερώ ρεμώ φανώ
1 p. pl. στίλοΰμβν σπεροΰμερ ρεμονμερ φα νούμβν

FUTURO II M ÉDIO

1 p. sg. στεΧουμαν σπβρουμαι ρεμούμ αι φανούμ αι


1 p. pl. στεΧοίμεβα σπβρούμβθα vt μ ο ύ μ ια φανονμβθα

FUTURO PASSIVO I e II (Radical do perfeito ativo)

1 p. sg σταΧήσομαε στταρήσομαι ρεμηθήσομαν φανησομαι


1 p. pl. σταΧησόμεθα σπαρησόμεθα ρεμηθησόμεθα φανησόμβθα

AORTSTO ATIVO (assigmático) (raiz alongada)

1 p. sg. εστεεΧα ίσπειρα ερεεμα 'έφηνα


1 p pl. έστείΧαμερ βσττβίραμβν ενεΐμαμερ βφηναμβν

AORISTO M ÉDIO (idem)

1 p. sg. έστεεΧάμηρ. έσττειράμηρ βνβίμάμην έφηράμηρ


1 p. pl. tareιΧάμεθα έσπειράμεθα βνβιμάμβθα έφηράμεθα
256 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

AORISTO I e II PASSIVO (Radical do perfeito)

1 p. sg. έστάλην έσπάρην ένεμήθην ίφάνην


1 p. pl. έστάλημεν έσπάρημε v ένεμήθημεν ίφάνημβν

PERFEITO ATIVO (Red. Rad. Su. -xã — des. ativas)


1 p. sg. έ’ στα λχα 'έσπαρκα νβνίμηχα Te<payxa
1 p. pl. έστάλχαμεν έσπάρχαμεν ν(ν(μήχαμ(ν π€φάτγχαμ€ν

PERFEITO M ÉDIO — PASSIVO (Red. Rad. Des. Μ. — P.)


S. 1 p. εσταλμαι ’έ σπαρμ cu νβνέμημαί ττέφασμαι
2 p. ϊσταλσαι ΐσπαρσαι νβ^έμησαυ πέφανσαι
3 p. εσ τα λ τα ι εσπαρται. ν€νίμηται πζφανται

Pl. 1 p. έστάλμίθα έσιτάρμεθα νενεμήμεθα π εψάσμεθα


2 p. ’έ σταλθε εσπαρθε ν(νέμησθ( πέφανθε
3 p. έσταλμενοι (ίσί ίσίταρμίνοι βΐσί νβνεμημενοί βίσί πβφασμένοι βίσί

2-3-Dual- εσταλθον ’έσπαρθον νίνέμη σϋον ηέφανθον

MAIS QUE PERFEITO ATIVO (Aum. Red. Rad. Suf. Des. At.)
1 p. sg. έστά λχα ν ϊτπάρκει,ν ένενεμήχαν βπεφά'γχβιν
1 p. pl. έστάλχαμεν έσπαρχειμεν έν(ν(μήχαμ(ν έπεφάτ^χειμεν

MAIS QUE PERFEITO MÉDIO-PASSIVO


S. 1 p. έστάλμην έσιτάρμην €νβΡ€μήμην ίττβφάσμηρ
2 p. εσταλσο έ’ σπαρσο ίνβνέμησο ίπέφα νσο
3 p. εστα λτο ΐσπαρτο έν(νέμητο έπέφαντο

P. 1 p. έστάλμεθα έσπάρμεθα έν(ν(μήμ(θα έπεφάσμεθα


2 p. εσταλθε εσπαρθε έν(νέμησθ( έπέφανθε
3 p. (σταλμένοι, ησαν (σπαρμένοι ησαν ν(ν(μημένοι ησαν πεφασμένοι ησαν

D. 2-3 έστάλθηv έσπάρθην έν(ν(μή σΟην έπεφάνθην


o s GREGOS E SEU IDIOMA 257

Observação — Ê pouco usual a segunda pessoa do singular do perfeito


e do mais-que-perfeito médio-passivos dos verbos com a terminação -αίνω
e -ύνω, preferindo-se a perífrase formada do particípio perfeito médio-
-passivo e a segunda pessoa do singular do presente ou do imperfeito do
verbo auxiliar, respectivamente. Ex.: πβφασμένος, -η. -ον eí, em lugar
de πέφανσαι e πβφασμένος, -η, -ον ήσθα, em lugar de έπέφανσο.

42. ° Exercício'. —

I — Conjugue: φθβίρβιν (raiz tpdep- corromper) no pretérito imperfeito e


no perfeito das três vozes, àyyéXXeiv (anunciar) no futuro II e no aoristo
II ativos e médios, òtptiv no mais-que-perfeito das três vozes.
II -— Conjugue: OiavéptLv (repartir) em todos os tempos do indicativo,
na voz ativa, παραβάΧΧειν (afastar, atirar fora) no perfeito e no mais-que-
-perfeito das três vozes e a<pa\\tiv (derrubar, enganar) no futuro e no
aoristo das três vozes (as formas da voz passiva são também segundas).
III — Analise as jormas verbais seguintes, indicando a primeira pessoa
do singular dos tempos primitivos de sua conjugação (v. gr. presente, per­
feito, futuro e aoristo, ativos e passivos): èreráxeaav- δβρεϊτβ-στεΧοΰνταi-
rjyyeXpévoi. eíaív - χβχΧιμέναι ήσαν - aeagpáyxaaLv - àpvvels - μβμένηται-
πεφάσμβθα - βληθήσίσθβ -χέχμ η χί - έβάΧου - ίτμήθημεν - μενοϋσί - ΐσταλθβ-
We\ov - ηδυνταί - έχαθήρω - άπίχτανβ - txtxpivôe -διχφθεφάμεθα - παρηy -
yeíXaro.

43. ° Exercício: —

I — Traduza: ΙΙαραμυθηπχη τέχνη — (atribuído a Ânfis, poeta que flo­


resceu em fins do IV.° séc. a.C.).
Οΰχ ’έ σ τ lv οΰδέν ατυχίας ανθρώπινης
παραμύθιον yXvxvTepov έν βίω τέχνης,
έπί του μαθήματος y à p έστηχώς ό νους
αυτού ΧέΧηθί παραπΧέων τας συμφοράς.

I I — Comentários:

1 — "Ε σ τι — acentüação especial que ocorre nesta forma, nos casos


seguintes: a) quando s:gnifica há ou é possível; b) quando inicia frase;
c) depois de: οΰχ, ei, χαί, μέν, μή, ότι, πού, ώς, τόύτ', άλλ'. Ο mesmo
acontece com a forma eiaí(v), da terceira pessoa do plural do mesmo verbo.
2 — οΰδέν, forma neutra do pronome indefinido: ovãeís, οΰδεμία, οΰδέν.
3 — τέχνης, complemento do comparativo.
GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

4 — έστηχώς, particípio perfeito ativo, nominativo singular masculino


de ΐστημι (verbo atemático), refere-se ao sujeito ó νους: fixando-se, alçan-
do-se, etc.
5 — λέληθΐ, perfeito ativo II de λανθάνειν (raiz λαθ- /ληθ-)
6 — παραπλέων, particípio presente, nominativo singular masculino
de παραπλέω (refere-se ao sujeito ό νους): passar ao largo, esquivar-se,
evitar.

I I I — Verta para o grego■. (Consulte o vocabulário português-grego


do fim do livro) :
“A guerra de Tróia”
A bela Helena era mulher de Menelau, rei de Esparta. Um dia
Páris, filho de Príamo e de Hécuba, reis de Ilion, raptou-a e fugiu
com ela para (sua) pátria. Então todos os reis da Grécia marcharam
contra Tróia, a cidade divina, e lutaram contra os Troianos, durante
dez anos.
Muitos heróis morreram nessa guerra, pois defendiam a liberdade
de (seu) povo. O valoroso Heitor morreu nas mãos do ínclito Aquiles,
que vingava (seu) grande amigo Pátroclo, morto por aquele. Mas a
vitória final foi obra de um engenhoso ardil do astucioso Ulisses, rei
de Itaca, que fez um cavalo de madeira, no qual escondeu muitos
guerreiros. Os Troianos pensaram que era um presente da deusa Palas
Atena e o trouxeram para a cidade. Imediatamente, os soldados gregos
saíram do cavalo e dominaram os inimigos surpresos com essa cilada.
N.B. — Todo aposto concorda em caso com o substantivo fundamental
(cf. Lembrete Sintático nQ 13).

LEM BRETE SINTÁTICO N." 13

A CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL

A — Concordância nominal:

1 — O substantivo como aposto de outro substantivo ou de um


pronome concorda em caso com o fundamental, e, geralmente, vem
com o artigo. Exemplo: Ή Kópti^os πόλις (a cidade de Corinto).
Ή Atτνη, tò πυρύπνονν όρος (Etna, o vulcão).
2 — O adjetivo qualificativo (como adjunto adnominal) concorda
em gênero, número e caso com o substantivo, mas, se determinar mais
OS GREGOS E SEU IDIOMA 259

de um nome, concordará com o mais próximo (cf. latim). Ex.: Μeyiarp


χαλλοσννη (extraordinária beleza) Χ ρηστότηs καί αρετή μεγίστη
(Bondade e virtude excelsas). ΙΙολλοί άνδρες τε καί γυναίκες. (Muitos
homens e também mulheres)
3 — As vezes prefere-se repetir o adjetivo diante de cada nome
que ele qualifica. E x.: ΙΊάσαι αί πόλεις xcd πάντα τά 'έθνη διά μαντικής
έρωτώσι τούς θεούς (Todas as cidades e todas as nações interrogam os
deuses através da arte divinatória — Xenofonte).
4 — O qualijicativo como predicativo concorda em gênero, número
e caso com o nome a que se refere, mas se o predicativo for um substan­
tivo a concprdância se fará apenas em caso. Ex.: Ποιώ τούς παιδας
εύδαίμονας (Faço felizes as crianças). θερίον έστιν ò λέων (O leão é
um animal selvagem).
5 — Se o predicativo se rejere a vários substantivos há duas possi­
bilidades: tratando-se de nomes de pessoas, ou animais, de gêneros dife­
rentes, o predicativo irá para o masculino plural; mas se forem nomes
de coisas, em qualquer gênero, o seu predicativo ficará no neutro plural
e o verbo terá a forma do singular (cf. Concordância Verbal). Ex.:
* 0 άδελφός xa i ή άδελφή φίλοι είσίν. ( 0 irmão e a irmã são amigos).
Φιλία x a i μίσος έναντία έστίν. (Amizade e ódio são antagônicos,
εναντία é o plural neutro de ενάντιος, -ία, -ίον).
6 — 0 adjetivo predicativo também pode ir para o neutro, embora
o sujeito esteja no masculino ou no feminino, quando se subentende
“coisa, ser, algo”, etc. Ex.: θαυμαστόν έστιν ò “Eρως (o Amor é um
ser espantoso). * 0 θάνατος ήμ'ιν παράδοξον (a morte é uma coisa
estranha para nós). Aeivòv οι πολλοί (a multidão é algo terrificante).
(Eurí pedes).
7 — Também pode ocorrer a concordância por atração do verbo
com o predicativo, desde que este se ache mais próximo daquele do que
o sujeito. Ex.: Κ αλή καί μεγίσ τη ήν πόλις, αί θ ή β α ι (Tebas era uma
bela e grande cidade). Mas há casos ainda em que a concordância se faz
com o próprio aposto. Por exemplo: θήβαι, πόλις άστυγείτων, άνήρ-
πα στα ι. (Tebas, cidade vizinha, foi arrazada) (Ésquines).

B — Concordância verbal.
1 — O verbo concorda, normalmente, em número e pessoa com o
seu sujeito. No entanto, sendo o sujeito um neutro do plural o verbo
põe-se naturalmente no singular e, só excepcionalmente no ático, poderá
vir no plural. Ex.: Τά καλά χα λ επ ά έστιν (as coisas belas são difí­
ceis = o belo é difícil). Τά καλά επιτεδεύματα εις άρετής χτήσιν φέρει
260 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

(as atividades decentes levam à aquisição da virtude. Pl., Hep.) Mas:


Φανερά ήσαν Ιχνη πολλά (muitos vestígios eram evidentes. Xen., An.).
2 — Quando o sujeito for um coletivo no singular (17 πόλις, t ò

πλήθος, tò στράτευμα) o verbo poderá vir no plural (concordância


pelo sentido). Ex.: Tò πλήθος έ\]/ηφίσαντο πολεμεϊν (= a maioria,
ou a massa, votou pela guerra. Tuc. I, 125,1).
3 — Se o sujeito estiver no dual ou for expresso por dois nomes,
o verbo pode vir ou no dual ou no plural. Ex.: Δύο καλώ κάγαύώ άνδρε
τέθνατον (= dois excelentes varões estão mortos: dual). Τβλαμώρο?
Αΐας καί Ύεΰκρος έ-γενέσθην (= de Telamon nasceram Ajax e Teucro:
verbo no dual). Note-se, porém, que o predicativo sempre jica no plural.
4 — Se a oração tiver diversos sujeitos, o verbo tanto pode con­
cordar com o mais próximo, estando este no singular quanto com o
conjunto deles Ex.: Πενθεί αυτός τε καί έταιροι (= ele próprio e seus
amigos estão de luto: verbo no singular, πενθεί, concordando com o su­
jeito composto). Έ γ ώ καί t ò -γε·γενημένον διαβεβαιούται (= eu e ο
fato o confirmamos). Mas: Tò παιδίον καί οί γονείς καθεύδουσι (= a
criança e seus pais dormem).
5 — Se houver sujeitos de dijerentes pessoas gramaticais, a con­
cordância se faz de acordo com as mesmas regras do latim e do português,
isto é, dando-se a precedência à primeira ou, na falta desta, à segunda
pessoa. Ex.: Συ καί έγώ τον πατέρα ατέρχομεν (= tu e eu amamos
nosso pai). Σύ καί σάς άδελφός τον πατέρα στέρπετε (tu e teu irmão
amais vosso pai). 'Ο υιός καί ή θυχάτηρ τον πατέρα στέρχουσι (= ο
filho e a filha amam 0 pai).
6 — Quando o sujeito Jor um injinitivo ou um substantivo de
sentido abstrato, o predicativo vai sempre para o neutro. O infinitivo
é considerado um nome neutro e o seu predicativo, geralmente no neutro
singular, pode também ocorrer no plural, ocasionalmente. Ex.: Αισχρόν
(ou αισχρά) έστι ψεύδεσθαι (é vergonhoso mentir). Τω έλληνικώ
δήμω πρέπει ελεύθερον είναι (ao povo grego convém ser livre = que
seja livre), (cf. Lembretes n°? 18 e 18 bis)

44° Exercício —
T — Explique a concordância nas frases seguintes:
1 — Οι πρέσβεις έπεί ήκον οΐκαδε, άθυμία ένέπεσε πάσιν.
2 — ’Ε γώ καί ή -γραφή λέχει.
3 — Έ γ ώ τε καί σύ μακράν λό-γον έκάτερος άπετείναμεν
4 — Τα αθλα ήσαν ατλε-γ-γίδες χρυσαί.
OS GRKGOS K SEU IDIOM A 261

5 — 'Í2ç χαρίεν εστ' ανθρωπος. όταν άνθρωπος ρ.


6 ΙΙολλαϊ αν ήμέραι καί νύκτες οΰχ ίκαναί ytvoLvro.
7 ■— 'Απλού? ό μύθος τής ά\ηθείας εφν.
8 — Ε ΐ σε φ ι\ε ί ό π α τή ρ καί ή μήτηρ καί εύδαίμονά σε επιθιμούσι
χενεσθαι. . .

II — Tradução das frases acima·.


1 Quando os delegados voltaram para casa ( = à cidade de Atenas),
o desânimo caiu sobre todos os cidadãos. (Xenofonte, Helénicas, 2, 12, 14)·
2 — Eu mesmo e o ato de acusação o afirmamos (Platão, Fcdro, 258 B).
3 — Tu e eu estendcmo-nos, cada qual, num longo discurso (Fl..
Protágoras, 361 A).
4 — Os prêmios eram raspadeiras de ouro (para cavalos) (Xcnof.,
Anábase, I, 2, 10).
5 — Como o homem é algo encantador, desde que seja homem! (Mcnandro.
Frag. 761).
6 —■ Muitos dias e noites não seriam bastantes... (PI., Menexeno, 246 b).
7— A expressão da verdade tomou-se simples (Eurípedes, Feníeias, 469)·
8 — Se teu pai e tua mãe te amam e desejam tornar-tc fe liz ... (Pl.,
Lísias, 270 e ) .
I I I —- Analise as formas verbais das frases deste exercício, com exceção
das de números 5 e 6 (subjuntivo e optativo) e explique a acentuação
das palavras da frase número 8 .
IV — Conjugue: o primeiro verbo da frase número 1 no presente e
no futuro ativos; o primeiro verbo da frase número 8 no presente e
o segundo da mesma no pretérito imperfeito das três vozes; o verbo
da frase número 7 no tempo em que se encontra.

IMAGENS DA HÉLADE N* 15 — (Texto de Ilustração)


“UMA A R T E COM A S M E D ID A S DO HOM EM ” (I)
(Adaptado de François Chamoux, “La Civilisation
Grecque”, Arthaud 1965).

As obras-primas da literatura e do pensamento gregos só se mostram


acessíveis à maioria de nossos contemporâneos de modo muito imperfeito,
em virtude da barreira da língua. Inversamente, as obras-primas da
arte, reunidas nos museus e geralmente apresentadas com admirável
262 GUID \ NEDDA BARATA PARREIRAS HORT

requinte, permitem um direto contato com o gênio helênico que as


criou e executou. . .
O entusiasmo que temos pelo valor inestimável dessas obras revela
bem até que ponto a arte grega fala ao nosso gosto e sensibilidade
modernos. Mas não devemos crer só por isso que ela' nos traga um
testemunho fácil de interpretar, a respeito da civilização que a produziu.
Se tal arte se nos apresenta sob formas que nos são familiares, essa
facilidade de acesso não é mais que aparência. O puro gozo que a
obra grega proporciona ao nosso olhar, habituado a compreendê-la por
séculos de tradição, não nos deixa interpretar, ao mesmo tempo, a
mensagem inteligível de que ela está geralmente carregada. É que a
obra de arte tem um sentido: ela não se destina, via de regra, à
simples satisfação estética, mas sim a um fim prático ou religioso
ao qual ela deveria corresponder em primeiro lugar. Convém, pois,
apreender de início a intenção profunda do artista, sem o que nós
nos arriscamos a interpretar sua obra num sentido falso.
.......... A arte grega, na época arcaica e clássica, não deve ser
apenas apreciada, mas compreendida. Não se trata de uma arte gratuita,
divertimento de gente fina, visando ao simples deleite do espírito e
dos sentidos. Toda obra de arte tem um significado, responde a neces­
sidades e intenções precisas. A qualidade estética lhe é conferida por
acréscimo e cometemos um grave erro se acreditarmos que o artista
visou de início à criação da beleza. De fato ele quis fabricar um
objeto apropriado ao fim para o qual se destina: um templo é a casa
do deus antes de ser um monumento arquitetônico; uma estátua é
uma oferenda antes de ser uma obra plástica; uma taça é, antes de
tudo, um vaso de beber, em que a matéria e o ornato apenas aumentam
seu valor. Stendhal disse muito bem : “Chez les Anciens, le beau n ’est
que la saillie de 1'utile.” A arte pela' arte é uma teoria estranha à
consciência helênica.
A confirmação desse fato nos é dada quando se examina o lugar
que ocuparam os artistas na sociedade grega’.
.......... Apesar de sua celebridade, ignoramos tudo da face dos
artistas gregos. Nenhum, que saibamos, teria feito seu próprio retrato
assemelhado, nem de nenhum de seus êmulos. Ninguém pensaria em
pedir-lhes também que erigissem sua efígie, honrosamente, em praça
pública. A vivíssima admiração que se experimentava por suas obras
não era extensiva às suas pessoas.
Essa' atitude, que pode surpreender, está, porém, de acordo com
a hierarquia dos valores sociais como era concebida pelos Gregos. Visto
que o artista, a seus olhos, não passava de um operário ou, como se
OS GREGOS E SEU IDIOMA 263

diz em grego, um βάνασος, certamente não podia pretender à mesma


consideração que merece a especulação desinteressada. Quando Sócrates,
em Platão, fala de Fídias, dá-lhe a denominação de δημιουργό·), que
significa “artesão”, homem de profissão manual, e, quando faz alusão
aos pintores de esculturas, é para compará-los com os homens hábeis
nos diversos trabalhos manuais ou nas técnicas. Platão nos ensina que
o sofista Protágoras, que. se fazia pagar muito caro pelas lições que
dava, tinha ganho sozinho tanto dinheiro quanto Fídias e dez outros
escultores juntos. Ora, os próprios sofistas, qualquer que fosse sua
reputação, eram vistos com algum desprezo porque sua atividade não
era desinteressada. Vê-se, assim, quão longe estavam os artistas de
ocupar o primeiro lugar na sociedade grega- Entretanto, sua modesta
condição, em vez de prejudicar a qualidade de sua arte, antes contribuiu
para servi-la. Se a arte é, essoncialmente, uma técnica o artista deve
mostrar-se perito em sua profissão: ele não poderia imaginar um divórcio
entre a inspiração e a habilidade manual, nem tampouco que esta última
pudesse alguma vez causar dano àquela. Sua condição social o preserva
das tentações do esboço ou do primitivismo, cujos perigos nós hoje
vemos demasiado bem.
.......... O respeito pela profissão exclui toda pressa intempestiva
na execução do trabalho. Quando é preciso fazer bem, o tempo não
cOnta. Documentos autênticos permitem apreciar o cuidado com que
os artistas gregos faziam sua obra. Possuímos, especialmente, as contas
das despesas feitas com os escultores dos frisos do Erecteion, na Acrópole
de Atenas, em fins do V* século. Para um dos grupos conservados,
composto de duas figuras em alto-relevo, um rapaz aeocorado e um
homem em pé, o artista recebeu 1 2 0 dracmas, ou seja, um dracma
por dia, que é o salário médio do operário altamente qualificado, em
quatro meses de trabalho: ora o grupo tem uma altura de 0,58 m
somente e o mármore era fornecido ao artífice. Mede-se assim a lentidão
e a minúcia do trabalho. A mesma atenta precisão se vê na execução
dos grandes bronzes: o exame detalhado do “A uriga” de Delfos revelou
a importância extrema dos retoques acrescentados à estátua, depois da
fusão do metal, para fazer com que desaparecessem, com marteladas,
os defeitos superficiais devidos às bolhas de ar ou às escórias e para
dar relevo ao modelado pelo trabalho a frio do buril.
Na' arquitetura torna-se a encontrar esse rigoroso cuidado de
perfeição: as colunas de um edifício dórico só eram caneladas depois
da colocação dos tambores nos devidos lugares. Assim se obtinha uma
exata correspondência entre as finas arestas de pedra, de alto a baixo
da coluna.
264 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

........ Essa minúcia conscienciosa não é menos evidente nas


chamadas artes menores, em que a Grécia arcaica e clássica foi insu­
perável. Os gravadores levaram à perfeição a arte de gravar em côncavo,
quer na pedra dura para os entalhes, quer no metal para os cunhos
monetários. Sua acuidade visual e firmeza de mão explicam o caráter
verdadeiramente monumental dessas minúsculas obras-primas, que podem
ser cem vezes aumentadas pela fotografia, sem perder nem a justeza
de suas proporções, nem a marca de seu modelado: prova que bem
poucas outras obras de arte poderíam suportar sem demérito!
Trabalhos recentes permitiram compreender melhor a complexidade
de uma técnica à qual a arte grega dos V I 9 e V 9 séculos deve
numerosos de seus produtos mais sedutores. Químicos e arqueólogos
alemães e anglo-saxões, unindo seus esforços num belo exemplo de
colaboração das duas disciplinas, desvendaram enfim o mistério do
famoso “verniz” negro que dá aos vasos áticos sua qualidade excepcional.
De fato não se trata de um verniz: a delgada pelícuía negra é obtida
por meio de simples solução de argila na água. Essa solução coloidal
é preparada a partir de uma argila extremamente pura e se deixa
evaporar até que alcance a consistência de uma espécie de geléia
líquida, de cor marron escuro, que se estende com pincel sobre a
terra barrenta do vaso, antes da cocção. É no decurso da cocção que
esse revestimento se tornará preto por uma série de sucessivas operações
atualmente bem conhecidas...
.......... Uma operação tão delicada como esta, que os oleiros do
Cerâmico tiveram de levar a cabo cmpi ricamente, de maneira progres­
siva, conservou sempre a1 seus olhos um caráter misterioso, ainda
mesmo quando eles aprenderam a realizá-la com perfeita segurança.
Compreende-se que esses artífices do fogo tivessem atraído para seus
trabalhos a divina proteção de Hcfesto e de Atena, unidos por um
mesmo culto no templo, hoje impropriamente chamado “Teseion”, que
então se projetava sobre seu b a irro ...
As façanhas técnicas suscitavam a admiração do público em todos
os domínios: jamais os artistas gregos foram tão estimados quanto
pelos efeitos ilusionistas ou a aparência enganadora que provavam a
habilidade de seu pincel. Gabava-se, por exemplo, a figura alegórica
da “ Embriagues” (Μέθη) que Páusias, no IV 9 século, tinha representado
com a forma de uma mulher cujo rosto transparecia através do grande
copo em que bebia: o bem estudado dessa transparência arrebatava de
prazer os peritos conhecedores· É digno de nota que, pela mesma época,
os escultores de Cirene se tenham apegado, em certas estátuas funerárias,
OS GKKtjOS K SEU IDIOMA 265

a reproduzir com impressionante habilidade o aspecto do rosto de uma


mulher, visto através do tênue véu que o encobre a meio.
Assim, o artista grego nos aparece, antes de tudo, como um
artífice, apaixonado pela bela obra e formado por longa prática nas
tradições da oficina artesanal. Longe da pretensão de inovar, ele se
orgulha de ter tido um mestre e compraz-se em recordá-lo: dois escultores
de Argos que, em fins do VI* século, no santuário de Olímpia,
inscreveram suas assinaturas na base de estátuas, glorificam-sc expres­
samente de ter aprendido sua arte com seus predecessores. Quando os
historiógrafos antigos vêm a mencionar um artista, fazem questão de
indicar de quem ele foi discípulo: a noção de escola, à qual a arqueologia
moderna por vezes atribui valor excessivo, em parte vem daí. A fide­
lidade ao passado traduz a sólida inserção do artista em seu meio social.

26. — VALO RES M O D A IS DO VERBO GREGO. — O IM P E ­


R A T IV O , O SU B JU N T IV O , O O P TA TIV O E SU A FOR­
MAÇÃO, NOS VERBOS TEM ÁTIC O S E NO A U X IL IA R .

a) Generalidades — Ao modo indicativo, nitidamente objetivo e


empregado para a expressão do fato real, opõem-se, para cada tema
temporal básico (os de presente, de aoristo e de perfeito) os outros
modos pessoais, os quais exprimem matizes subjetivos do processo verbal·
Assim é que a possibilidade, a eventualidade, a intenção, a opção, a
condição, a dúvida são expressas pelo subjuntivo e pelo optativo,
enquanto a ordem, a súplica, a deliberação vêm contidas nas formas
do imperativo.
Além disso, todos os tempos verbais que não estejam contidos no
modo indicativo perdem, quase sempre, o seu valor temporal, isto é,
não mais indicam o “momento” em que ocorre a ação, mas limitam-se
a exprimir a “qualidade” dessa ação, seu grau de acabamento, portanto
o “aspecto” do processo verbal, passando a considerar unicamente seu
estado ou a modalidade de sua duração.
Assim, por exemplo, o perfeito de todos os modos, fora do indicativo,
exprime precipuamente o acabamento total da ação ou um estado, ao
passo que o aoristo, nas mesmas condições, limita-se à expressão da
ação pura, sem nenhum outro caráter acessório do processo verbal.
Dessa maneira, distinguem-se o imperativo presente que exprime
uma ordem geral que perdura, e o imperativo aoristo que traduz uma
ordem particular e momentânea, enquanto o imperativo perfeito, aliás
raro, limita-se à constatação de um estado resultante de uma ordem.
E x .: φάτω ( = diga ele), terceira pessoa do singular do imperativo
266 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

presente de φημί, φ η σ ά τω (= diga ele), (terceira pessoa do singular do


aoristo do imperativo), π€φάσθω ( = fique dito, isto é, “ tenha dito),
terceira pessoa do singular do perfeito do imperativo do mesmo verbo.
A primeira forma indica uma certa duração no processo, a segunda
exprime que ele foi momentâneo e a terceira refere um estado rela­
cionado com alguma exposição que o precedeu.
Tal circunstância também ocorre com as formas nominais do verbo
grego, de modo que o infinitivo presente, por exemplo, exprime uma
idéia de repetição ou do duração, enquanto o infinitivo aoristo indica
a ação pura e simples, qm ocupa tão somente um ponto ou um dado
momento no tempo (cf· Formas Nominais do Verbo).
'Quanto ao subjuntivo e ao optativo coexistiram no grego antigo
em oposição ao indicativo, integralmente, até miados do período clássico.
Foi só no IV 9 século a.C. que começou a declinar o uso do optativo,
até então corrente. Tal declínio acentuou-se, progressivamente, no período
helenístico ( I I I 9 — I 9 a.C.), vindo o optativo a desaparecer, por completo
da língua comum (koiné) no I 9 século d.C.
Note-se, porém, que desde o início da época histórica a atenuação
do valor preciso das formas modais tendia a progredir,, manifestando-se
de duas maneiras:
I — Pouco a pouco o emprego dos modos se foi ligando a determi­
nadas estruturas de frases, indepondentemente do valor que se pudesse
atribuir a cada um deles. É uma evolução paralela à que se passou
com os casos da declinação, os quais tenderam a ser regidos por
outras palavras, isto é, seu emprego foi, cada vez mais, determinado
pelos grupamentos sintáticos em que se encontravam e não propriamente
por seu valor etimológico·
Foi assim que, aos poucos, se estabeleceu a regra de empregar
sempre o subjuntivo, depois das conjunções Iva, oh, oirus ( = para que,
a fim de que, de modo que), nas orações subordinadas finais. Tal
emprego já é registrado nos poemas homéricos, com frequência em
exemplos em que o verdadeiro valor modal do subjuntivo ainda pode
ser reconhecido. Mas com o tempo, o subjuntivo passou, sistematicamente,
a integrar as orações finais, mesmo em casos em que o valor do modo
não justificaria o seu emprego.
Por outro lado, todas as vezes que o verbo da oração principal
está num tempo histórico (imperfeito ou aoristo), a tendência geral
é para substituir o subjuntivo pelo optativo na subordinada, despojando-
se este último, então, completamente, de seu valor próprio e até mesmo
vindo a representar, em certas subordinadas, o papel de um pretérito
OS GREGOS E SEU IDIOMA 267

do subjuntivo (optativo oblíquo). Assim desaparece o matiz significativo


que distinguia esses dois modos, pois que o subjuntivo exprimia, dentro
da hipótese, a eventualidade, a probabilidade, ao passo que o optativo
indicava a possibilidade (potencial), a opção, o desejo, o voto etc.
Nessa linha de evolução foi que o optativo entrou, mais rapidamente,
em desuso até desaparecer por completo (cf. o latim, em que o subjuntivo
logo cedo absorveu, por completo, os valores do optativo, só restando
alguns raros exemplos formais de sua existência, no período histórico
da língua).
II — Simultaneamente, com o enfraquecimento do valor expressivo
do subjuntivo e do optativo foi-se ampliando a exigência de partículas
modais ( ãv no ático-jônico, xe(v) no eólico, x ã no dórico), que pudessem
sublinhar o sentido da possibilidade e da eventualidade, tendência esta
revelada por todos os falares gregos. Aos poucos, a influência do
dialeto ático generalizou o uso de ãv para todos os dialetos e a koiné
só conheceu essa partícula. Na língua homérica registra-se quase exclusi­
vamente a partícula xe(v); somente as passagens mais recentes do
texto regfstram ãv, em geral na forma negativa ovx ãv, talvez simples
mudança de ov xev, nas cópias manuscritas. O optativo precedido da
partícula ãv tem, com freqüência, o valor do nosso futuro do pretérito
(cf· o condicional).

b) Moda imperativo — Verbos temáticos.


Possui apenas três tempos: o presente, o aoristo e o perfeito (raro),
com a mesma estrutura e as mesmas características temporais desses
tempos no indicativo, mas o modo é suficientemente caracterizado por
desinências especiais.
Tais desinências só ocorrem nas segundas e terceiras pessoas dos
vários números (não há primeiras pessoas no modo). São elas:

DESINÊNCIAS DO MODO IMPERATIVO NAS TRÊS VOZES


VOZ ATIVA VOZES M ÉDIA E PASSIVA
S. 2 p. ■
— θί (-σον para aor. at.) 2 p. — σο (-σαι para aor. méd.)
3 p. —τω 3 p. -—σθω
P. 2 p. —re 2 p. ■
— ade
3 p. — ντων (- τωσαν) 3 p. — σθων (-σθωσαν)
D. 2 p. — τον 2 p. — σθον
3 p. — των 3 p. — σθων
268 g u id a nedda barata p a r r e ir a s horta

N.B. — N os modos que não sejam o indicativo, todos os tempos adotam


as desinéncias dos seus respectivos presentes.
OBS. — A segunda pessoa do singular do presente do imperativo dos
verbos temáticos (vocálicos ou consonàntieos) perdeu a desinôneia da
voz ativa, formando-se apenas do radical e da vogal temática do tema
temporal, enquanto no aoristo ativo e médio apresenta dcsinências
especiais. No presente médio-passivo, essa mesma pessoa sofre síncope
do -σ da desinôneia -ao, com a consequente contração vocálica.
No aoristo passivo acrescentam-se as desinéncias ativas do modo ao
radical acrescido do sufixo temporal - θη - (I) ou - η - (II), como já ocorreu
no indicativo.
Nos verbos contratos as contrações vocálicas obedecem às mesmas regras
já estudadas.
c) Conjugação dos verbos temáticos vocálicos no modo imperativo (Não-
contratos regulares e contratos).

PR ESEN TE — RAD.-VOGAL o/e — DESINÉNCIAS DO IM PER A TIV t)

VOZ ATIVA — DESINÉNCIAS ATIVAS (λύειν - τιμάν-


πολεμειν - <5ouXoüe)
S. 2 p. Xõ-e τίμα(αε) πο\εμει(εε) δονλον(οε)
3p. λυ-έ-τω τιμάτω (αέτω) 7Γο\εμείτω (εετω) δουλούτω (οέτω)

P. 2 p. λύ-ε-τε τιμ ά τε (áere) πολεμεϊτε (εετε) δουλοΰτί (óere)


3p. λυ-δ ντων τιμώντων (αόντων) ποΧεμούντων (οόντων) δουλούντων (οόντων)

D. 2p. λύ-ε-τον τιματον (áerop) ττοΧεμεϊτον (εετον) δουλοϋτον (δετόν)


3p. λυ-έ-των τιμάτων {αετών) πολεμείτων (εετων) δουλούτωρ (οέτων)

VOZ MÉDIO-PASSIVA — DESINÉNCIAS M ÉDIO — PASSIVAS


S. 2 p. Xú-ov (εσο) τιμώ (άου) πολέμου (έου) δουλοΰ (δον)
3p. λυ-έ-σθω τιμάσθω (αέσθω) πολεμείσθω (εέσθω) δουλούσθω (οέσθω)

P. 2 p. λύ-ε-σθε τιμάσθε (άεσθε) πολεμεϊσθε {έεσθε) δονλοϋσθε (δεσβε)


3p. λυ-έ-σθων τιμάσθων (αέσθων) πολεμείσθων (εέσθων) δουλούσθων (οέσθων)

D. 2p. λΰ-ε-σθον τιμάσβον (άεσβον) πολεμεισθον (εεσθον) δονλοΰσθον (δεσθον)


3p. λα-έ-σθων τιμάσθων (αέσθων) πολεμείσθων (εέσθων) δουλούσθων (οέσθων)
OS GREGOS E SEU IDIOMA 269

N.B. — Nos verbos consonânticos a formação deste tempo é absolutamente


regular. Ex.: presente ativo — τρ'μ3ε, τριβέτω (τρίβενν), στέλλε, στελλέτω
(στελλειν), κ .τ.λ., presente médio-passivo — τρίβον, τριβέσΰω — στέλλον,
στελλέσθω, κ .τ.λ .

PERFEITO — REDOBRO — RADICAL— SUFIXO κ (α )--TERM INA­


ÇÕES DO PR ESEN TE
VOZ ATIVA — Vogal temática e Desinên^ias Ativas do presente.
S. 2p. λέ-λυ-κε Τ€-τίμη-κ€ ττε-τολέμη-κε δε-δούλω-κε
3p. λε-λυ-κέτω τβ-τιμη-χέτω 7 Γ ί-7 τολεμη-κέτω δε-δονλω-κέτω

VOZ MÉDIO-PASSIVA — Terminações do presente médio-passivo


S. 2p. λέ-λιι-σο τε-τίμη-σο ολέμη-σο
7 Γ 6 -7 Γ δε-δούλω-σο
3p. Xe-λό-σθω τε-τνμή-σθω ττε-ττολεμή-σθω δε-δουλώ-σΟ ω

N .B . — As p a rticu la rid a d e s o co r re n te s n o s d iversos te m p o s d o


in d ica tiv o c o n s cr v a m -s e n os m e s m o s tem a s te m p o ra is d o s o u tr o s
m od os.

Note-Se ainda aqui a desinência da segunda pessoa do singular do per­


feito médio-passivo que também sc conserva inalterada (cf. perfeito médio-
passivo do indicativo).
d) Conjugação do perjeito do imperativo dos verbos consonânticos.
Quanto aos verbos consonânticos mantêm as suas respectivas caracte­
rísticas, resultantes dos encontros Joncticos já estudados no indicativo.

PARADIGMAS: τρίβε lv — πείθειν — φαίνειν — σ τέλ λ α ν

VOZ ATIVA — REDOBRO — RADICAL— SUFIXO TEMPORAL —


TERM INAÇÕES DO PR ESEN TE DO IMPERATIVO
S. 2p. τέ-τρυρ-ε Tvé-Tret-xe iré-çay-xe (ε-σταλ-κε)
3p. τε-τριφ-έτω πβ-πβί-χέτω T€-(pay-xérco (έ-σταλ-κέτω)
.... -.....................1
P. 2p. τε-τρίφ-ετε τνε-irεί-κετε τνε-'ράτγ-κετε (ε-στάλ-κετε)
3p. τε-τ ριρ-όντων πε-πεν-κόντων π ε-ρ a y -κοντών (ε-σταλ-κόντων)

D. 2p. τε-τρίψ-ετον πε-τνεί-κετον ^Γε-φίx.y-κε^ov (ε-στάλ-κετον)


3p. τε-τραρ-έτων ιτε-τνει-κέτων ^vε-φay -κετων (ε-σταλ-κέτων)
____________________ 1______________
270 UUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

VOZ MÉDIO-PASSIVA— REDOBRO — RADICAL -D E S IN Ê N C IA S


MÉDIO-PASSIVAS DE IMPERATIVO
S. 2 p. ré-rp i^ o πέ-πεε-σο πέ-φαρ-σο ε-σταΧ-σο
3p. τε-τρεφθω πε-ττεε-σΟ-ω πε-φάν-θω ε-στάΧ-6ω

P. 2 p.τέ-τρεφβε πέ-πεε-σθε π έ-φαρ-θε έ’ -σταΧ-θε


3p. τε-τρεφθωρ ττε-πεε-σθωρ πε-φάρ-θωρ ε-στάΧ-θωρ

D. 2p. τέ-τρι-φθΌΡ πέ-ττεε-σβον 7τέ-φαρ-θορ ε-σταΧ-Cop


3p. τε-τρί-φθων ττε-πεε-σθωρ π ε-φάρ-θωρ ε-στάΧ-θωρ

N.B. — Observe-se ainda que, as terceiras pessoas do plural dos


diversos tempos (nas três vozes) com as desinências - τωσαί' (at.) e
-σΟωσαν (m.p.) não são usuais na prosa clássica, tendo-se generalizado a
partir do período helenístico (pós-clássico). Ex.: Χυέτωσα,ρ, Χυέσβωσαρ,
τψ άτω σαν, τψ άσθω σαν. .. (presente ativo e médio-passivo), τεμησάτωσαν,
τεμησάσθωσαρ. . . (aoristo ativo e médio), ΧυΟήτωσαρ, τεμητήθωσαρ (aoristo
passivo), τετρεφέτωσαν, τετρεφθωσαρ. .. (perfeito ativo e médio-pas­
sivo). x.r.X.
O perfeito ativo de στεΧΧεερ é desusado na prosa clássica e sé o
demos à guisa de explicação morfológica.
Note-se ainda a segunda pessoa do singular do perfeito médio-passivo
de φ ι à v e iv , geralmente substituída, na prosa clássica, por uma formação
perifrástica (particípio perfeito médio-passivo do verbo e segunda pessoa
do imperativo de eZvcu), preferível à forma sintética em virtude do insólito
encontro da nasal do radical com o sigma desinencial.
Assim, prefere-se: πεφασμέρος "σθι, em lugar de πέφανσο (cf. a mesma
pessoa do mesmo tempo, nos modos subjuntivo e optativo).
e) Conjugação do aoristo dos verbos temáticos vocdlicos.

AORISTO ATIVO — RADICAL — SUFIXO — σδε — DESINÊNCIAS


ATIVAS DE IMPERATIVO
S. 2 p. Χν-σορ τίμψσον ιτοΧέμη-σορ δούΧω-σορ
3p. Χυ-σά-τω τιμ η-σά-τω 7ΓοΧεμη-σά-τω δονΧω-σά-τω

P. 2 p.Χύ-σα-τε τεμή-σα-τε 7τοΧεμή-σα-τε δουΧώ-σα-τε


3p. Χυ-σά-ρτωρ τ ι μη-σά-ρτωρ 7τοΧεμη-σ ά-ρτων δουΧω-σά-Ρτωρ .

D. 2p. Χΰ-σα-τορ τψή-σα-τορ ,ποΧεμή-σα-τορ δουΧώ-σα-τορ


3p. Χυ-σά-τωρ τιμη-σά-τωρ ποΧεμη-σά-τωρ δονΧω-σά-τωρ
OS GREGOS E SEU IDIOMA 271

AORISTO M ÉDIO — RADICAL — SUFIXO — σα — DESINÊNCIAS


MÉDIO-PASSIVAS DE IMPERATIVO

S. 2 p. Χν-σαι τίμη-σ αι ποΧέμη-σαι δοΰΧω-σαν


3p. Χυ-σά-σθω τνμη-σά-σθω ΓοΧβμη-σά-σθω
7 δουΧω-σά-σθω

P. 2 p. Χύ-σα-σθε τψή-σα-σθε ποΧεμή-σα-σθε δουΧώ-σα-σθε


3p. Χυ-σά-σθων τψη-σά-σθων ττοΧεμη-σ ά-σθων δονΧω-σά-σθων

D. 2p. Χΰ-σα-σθον τψή-σα-σθον ττοΧίμή-σα-σθον δονΧώ-σα-σθον


3p. Χυ-σά-σθων τνμη-σά-σθων 7τ οΧεμη-σά-σθ'ων δουΧω-σά-σθων

AORISTO PASSIVO — RADICAL — SU FIX O — θη — DESINÊNCIAS


ATIVAS DE IMPERATIVO

S. 2p. Χΰ-θη-TL τψή-θη-τν 7Γ οΧεμη-θη-τι δουΧώ-θη-τι


3p. Χν-θή-τω τιμη-Οή-τω ποΧεμη-θή-τω δονΧω-θ ή-τω

P. 2 p.Χύ-θη-τε τνμή-θη-τε 7ΓοΧεμή-θη-TC δονΧώ-θη-τε


3p. Χυ-Οέ-ντων τψη-θέ-ντων 7ΓοΧεμη-θέ-ντων δουΧω-θέ-ντων

D. 2p. Χΰ-θη-τον τψή-θη-τον ποΧεμή-θη-τον δουΧώ-θη-τον


3p. Χυ-θή-των τψη-θή-των ποΧεμη-θή-των δουΧω-θή-των

N.B. — Observe que a segunda pessoa do singular dos aoristos ativo e


médio tem terminações especiais, enquanto as restantes acrescentam as
desinências do modo diretamente ao tema temporal. Quanto ao aoristo
passivo, recebe todas as desinências da voz ativa, inclusive na segunda
pessoa do singular, em que se dá a desaspiração da desinência, pela con-
tiguidade com o sufixo - θη

A terceira pessoa do plural do aoristo passivo sofre abreviamento da


vogal - η do sufixo diante do grupo - v t , fato fonético conhecido como
Lei de Osthoff.

f) Aoristo do imperativo dos verbos temáticos consonânticos.


Os temas temporais sendo serhpre os mesmos em todos os modos,
como vimos, apresentarão também aqui as alterações fonéticas já obser­
vadas no indicativo.
27">
GUID V NEDDA BARATA BARREIRAS HORTA

PARADIGMAS: τρίβε iv — 7τείθειι· — φαίνειν — στέλΧειν

VOZ ATIVA — RADICAL — SUFIXO 1 EMPORAL — σά DES.


ATIVAS DO IMPERATIVO

S. 2p. τρίφον πύσον φηνον (II) στεϊΧον (II)


3p. τριφ ά τω 7τβισάτω φηνάτω στειΧάτω

P. 2p. τρ ίφ α τε πβίσατβ φηνατβ στείΧατε


3p. τριφάντω ν πεισάντων φηνάντων στειΧάντων

D. 2p. τρίφ ατον πβίσα τον φήνατον στείΧατον


3p. τριφ άτω ν 7Γ€ΐσ ίτω ν φηνάτων στειΧάτωρ

VOZ M ÉDIA — RADICAL — SUFIXO — σα — DESINÉXCIAS


MÉDIO-PASSIVAS DO IMPERATIVO

S. 2p. τ ρ ίφ cu 7Γelaat φήναι (II) στείΧαι (II)


3p. τριφάσθω πβισάσθω φηνάσθω στε ιλάσθω

P. 2p. τρίφασθε ττείσασθ'ε φήνασθε στείΧασθε


3p. τριφάσθων πεισάσθων φηνάσθων στειΧάσθων

D. 2p. τρίφασθον πείσασθον φήνασθον στείΧασθον


3p. τριφάσθων πει σάσθων φηνάσθών στειΧάσθων

VOZ PASSIVA — RADICAL — SUFIXO — θη — DESINÉXCIAS


ATIVAS DO IMPERATIVO

S. 2p. τρ'κρθητι πείσθητι φάνηΟι (II) στάΧηθι (II)


3p. τριφθήτω πεισθήτω φανίητω σταΧήτω

P. 2p. τρίρθητε πείσθητε φάνητβ στάΧητε


3p. τρι-ρθίντων πεισθεντων φανίντων σταΧέντων

I). 2p. τρίφθητον π είσθητορ φάνητον στάλητον


3p. τριφθήτων πεισθήτων φανητων σταΧήτων

N.B. 1) A raiz do verbo τρίβω ( τ ρ ιβ / τ ρ ίβ -) abrevia a vogal apenas no fe-


das três vozes e no f u tu r o e no a o r is to I I p a ssivo s.
m a d o p e r f e ito
OS GREGOS E SEU IDIOMA 273

2 ) — Os verbos em líquida φ αίνειν e σ τέλ λ ειν apresentam o aoristo


passivo na jorma segunda (II), embora o primeiro deles possua também a
forma primeira regular deste tempo, em todos os modos. Além disso, a
raiz de ambos é alongada nas vozes ativa e média (aoristo assigmático),
mas na voz passiva φαίνενν retoma a vogal breve no vocalismo radical.
Quanto a στέλλενν, a apojonia no radical do aoristo passivo acompanha
a do radical do perfeito, do qual se forma este tempo (cf. os mesmos
tempos no modo indicativo).
Note-se ainda o restabelecimento da aspiração na desinênica - Oi,
todas as vezes que, nas formas segundas, o sufixo tenha perdido o elemento
consonântico aspirado.
g) Imperativo do verbo auxiliar — Reduz-se ao presente, com a raiz
muito modificada (cf. segunda pessoa do singular c terceira do plural),
sendo estas as suas formas:

S. 2ρ. ’ίσΟι Ρ. 2ρ. εστε D. 2 ρ. εστον


3ρ. 'έστω 3ρ. εστων (εστωσαν, όντων) 3ρ. εστων

A forma Ιστών é corrente no período clássico, enquanto εστωσαν é


tardia na prosa grega e ’όντων acha-se registrada cm inscrições áticas e
em Platão. Não nos esqueçamos também de que este verbo auxiliar 6 do
tipo alemático (cf. os presentes).

lt5.° Exercício —
I — Conjugue no modo imperativo: καλύπτω e "γυμνάζω no presente
e no aoristo ativos, βρέχω e παλαίω nos mesmos tempos da voz média,
τα ρά ττω e τρέφω no aoristo passivo, άyyέλλω no perfeito médio-passivo
e no aoristo ativo e τολμάω(ώ) no presente das três vozes.
II — Analise as Jormas verbais seguintes (cf. verbos consonânticos):
τε τά χ ε τε — φανθέντων — κλάπηθν — λέλοι 7re — έστροφέτω — τ ρ ά -
π ητε — σ<ράλλου — π ραττόντω ν — βαίνε — λείιρθητ ι — π αώεύετε —
yiyvov — δνεσΟε — φαννέσΟων — φεϋδε — σπάρηθ ι — σπείραν — δέρετε
— δαρέντων — p y y έλκετε — νέμε — βλήθητε — χαθαν ράντων — άμννον
— τεϊναι.
III — Traduza:
1 — Ά π ο κ ρίναν, ώ à y αθέ, καί y à p ό vòpos κελεύει, άποχρίνεσθαι.
(Platão, Apologia, 13)
274 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

3 — ΤΩ έταίρε, άγγεϊλον toís Αθηναίοι* ότι ή νίκη ήμετέρα έστίν.


4 — Aéyere άεί τάληθή, ώ παϊδες, καί ευτυχείς εσεσθε δι’ όλου τού βίου.
5 -— Β λί^ορ 7Γρός τα όρη, ώ στρατιώτα, καί άνάβαινε ets αυτά μετά
των συνστρατιωτών.
6 — Μη δήλου τοϊς ξένοι* τον των βασιλέων τιμιώ τατον θησαυρόν.

IV — Frases célebres no imperativo (para traduzir):


1 — Τνώθι σεαυτόν. (Sócrates)
2 — ’Αγεωμέτρητός μηδείς είσίτω. (Platão)
3 — N ã ^ e ^ a t μέμνασ'άπιστεϊν. (Epicarmo)
4 — Μικρόν από του ήλιου μετάστηθι. (Diógenes)
5 — Τίμα. τον πατέρα σου καί τήν μητέρα σου. (Bíblia)
6 — “Epyoi* φιλόπονος ΐσθι, μή λό^οις μόνον. (Prov. pop.)

V — Comentários gramaticais às jrases precedentes:


1 — Verbo yιyvώσκω. Σεαυτόν, pronome reflexivo da segunda pessoa
do singular, em acusativo.
2 — Μηδείς, μηδεμία, μηδέν = ούδείς, οΰδεμία, ουδέν. Είσίτω —
imperativo do verbo atemático είσιέναι (εΐσειμι) entrar, ingressar.
3 — Nãipe (forma dórica por νήφε, de νήφω = ser sóbrio), μέμνασ'
(fprma dórica elidida, por μέμνησο, de μέμνημαι = lembrar-se).
4 — Μ ετάστηθι (aoristo passivo imperativo de μεθίστημi, verbo ate­
mático = afastar-se, arredar, mudar de lugar).
5 — Σου = genitivo do pronome pessoal de segunda pessoa do sin­
gular, com valor de possessivo.

h) O subjuntivo dos verbos temáticos e do verbo auxiliar είναι —


Em quaisquer verbos, temáticos ou atemáticos, feste modo possui
apenas o presente, o perjeito e o aoristo, nas trôs vozes. Sua característica
consiste no alongamento da vogal temática do presente (η/ω) e em desinências
sempre primárias, em oposição ao optativo que só tem desinências
secundárias. Como de regra, o aoristo e o perjeito do subjuntivo acres­
centam as terminações longas do presente aos respectivos temas temporais.
No verbo auxiliar só há o presente.
I — Subjuntivo presente do verbo auxiliar είναι —
Neste tempo, o verbo είναι apresenta sua raiz (έσ-) pràticamente
absorvida pelas terminações, as quais, embora se trate de um verbo atemá­
tico, por analogia serão as mesmas dos verbos temáticos, como veremos
adiante. Assim:
OS GREGOS E SEU IDIOMA 275

S. 1.* p. ί-ω > ώ P. 1 .» p. ε-ω-μεν > ώμεν D.2-3 p.


2 .* p. e-fls > fjs 2 .‘ p. ε-η-τε > fjre ε-η-τον > η τον
3.»p. έ-η > fi 3.a p. e-ω-σι > ώσι(ΐ')

Note-se que, em virtude do alongamento da vogal temática do presente


do subjuntivo, o - t das desinôncias de segunda e terceira pessoa do sin­
gular passa a ser subscrito (cf. presente do indicativo). As contrações
vocálicas entre a raiz e a terminação obedecem às mesmas regras já estu­
dadas.
II — CONJUGAÇÃO DOS VERBOS TEM ÁTICO S VOCÁEICOS NO
SU B JU N T IV O — PAR AD IG M AS
Χν-είν, τιμ -ãv, ττοΧεμ-εϊν, δονΧ-ονν.

1) PR ESEN TE — VOZ ATIVA: RADICAL — VOGAL η/ω —


DESINÊNCIAS PRIM ARIAS ATIVAS
S. lp. λύ-ω τιμ-ώ (άω) 7τοΧεμώ(έω) δονΧώ (όω)
2 p. Xú-pç τιμ-ãs (áps) ποΧεμής (éps) ôovXols (óps)
3p. Xú-p τιμ-ά(αρ) ποΧεμή (ép) δουΧοι (δη)

P. lp. Χύ-03-μεν τιμ-ώμεν (άωμεν) ττοΧεμώμεν (έωμεν) δουΧώμεν (όωμεν)


2 p. Χΰ-ητε τιμ-άτε (árjτε) ποΧεμήτε (έητε) δουΧώτε (όητε)
3p. λό-ω-σι(ν) τιμ-ώσι (άωσι) ποΧεμώσι (έωσι) δονΧώσι (όωσι)

D. 2p. Χύ-η-τοv τιμ-άτον (ά-τον) ττοΧεμήτον (έητον) δουΧώτον (όητον)


3p. Χύ-η-τον τιμ-άτον (ά-τον) 7Γολεμήτον (έητον) δουλώτον (όητον)

PR ESEN TE M ÉD IO — PASSIVO: RADICAL — VOGAL η/ω — DESI-


NÊNCIAS PRIM ARIAS MÉDIO-PAS.
S. lp. λό-ω-μαι τιμ-ώ-μαι (άωμαι) ποΧεμώμαι (έωμαι) δουΧώμαι (δωμαι)
2 p. Xú-p τιμ-ά(άρ) 7ΓοΧεμη(έη) δουΧοϊ(όη)
3p. Xú-p-rcu τιμ-ά-ται (άηται) ποΧεμήται (έηται) δουΧώται (όηται)

P. lp. Χυ-ά)-μεθα τιμ-ώ-μεθα(αώμεθα) ποΧεμώμεθα (εώμεθα) δουΧώμεθα (οώμεθα)


2p. Χύ-η-σθε τιμ-ά-σθε (άησθε) 7ΓοΧεμήσϋε (έησθε) δουΧώσθε (όησθε)
3p. Χύ-ω-νται τιμ-ώ-νται(άωνται) ττοΧεμώνται (έωι>ται) δουΧώνται (όωνται)

D. 2p. \ύ-η-σθον τιμ-ά-σβον (άησθον) ττολεμησΟον (έησθον) δουΧώσΟον (όησΟον)


3p. \ύ-η-σ6οv τιμ-ά-σθον (άησθον) ποΧεμήσϋον (έησθον) δουΧώσθον (όησθον)
276 GUID.V NEDD.V BARATA PARREIRAS HORTA

N.B. — Os verbos consonânlicos, como sempre, têm idêntica formação


no presente. Ex.: presente ativo — τρίβω, -ys, -77, φαίνω, -ys, -y, στβΧΧω,
-ys, -y, κ.τ.λ, presente médio-passivo — τρίβωμαι, -y, -ηται, ττβίθωμαι,
-y, -ηται, φαίνωμαι, -y, -ηται, στβΧΧωμαι, -y, -ηται, κ.τ.λ.

2) PERFEITO ATIVO — VERBOS TEMÁTICOS VOCÂLICOS (FORMA


REGULAR) RED. — RAD. — SUF. κ(α) TERM . DO PIIES.

S. lp. Χβ-Χύ-κω τβ-τιμή-χω πβ-ποΧβμή-χω δβ-δουΧώ-χω

PERFEITO M ÉDIO — PASSIVO — VERBOS TEMÁTICOS VOCÂLICOS


(Forma perifrástica)
Forma-se de: Particípio perfeito médio-passivo do v. e pres. subj. de eivai

S. lp. Χβ-Χυ-μβνος, -η, -ον ώ τβτιμημβνοτ ώ πβποΧβμημβνοτ ώ δβδουΧωμβνος ώ


2 ρ. ys fls ΤΙ* V*
3ρ. y V V V

Ρ. lp. Χβ-Χυ-μβνοι,-αι,-α τετιμημενοι πβποΧβμημβνοι δβδουΧωμβνοι


ώμβν ώμ€ν ώμβν ώμβν
rr
2 ρ. ητβ ητβ ητβ ητβ
3ρ. ώσι (ν) ώσι ώσι ώσι
■— - ι------------------------
D. 2-3ρ. Χβ-Χυ-μβνω, -α, -ω τβτιμημένω πβπολβμηένω δβδουλωμβνω
η τον η τον η τον η τον

3) AORISTO ATIVO — V. TEMÁTICOS VOCÂLICOS: RAD. — suf. σ(α)


— TERMINAÇÕES DO PR ESEN TE ATIVOS

S. lp. Χΰ-σω τιμη-σω ποΧβμή-σω δουΧώ-σω


2 p. Χύ-ays τ ιμψσχ\ϊ ποΧβμή-ays δου\ώ-σητ
3p. Χύ-ση τι,μή-στ} ποΧβμή-ση δουΧώ-ση

P. lp. Χύ-σω-μβν τιμή-σωμβν ποΧβμή-σωμβν δονΧώ-σωμβν


2p. Χύ-ση-Te τιμή-σητβ ττοΧβμή-σητβ δουΧώ-σητβ
3p. Χύ-σω-σι (v) τιμή-σωσι ποΧβμή-σωσι δονΧώ-σωσι

D. 2-3 Χύ-ση-τον τιμή-στjtov ποΧβμή-σητον δουΧώ-σητον


.. .. . - - J . ...
OS GREGOS E SEU IDIOMA 277

AORISTO M ÉDIO — RADICAL — SUFIXO σ(α) — TERM INAÇÕES DO


PR ESEN TE MÉDIO-PASSIVO

S. lp. Χύ-σω-μαι τιμήσωμαί ττοΧεμήσωμαι δονΧώ-σωμαί


2 p. Χύ-ση τίμηση π οΧεμήση δονΧώ-ση
3p. Χύ-ση-ταί τιμή-σηται ποΧεμή-σηται δουΧώ-σητ αι

Γ. lp. Χυ-σώ-μεϋα τίμη-σώμεΟα ιτοΧεμη-σώμεθ α δουΧω-σώμεθα


2p. Χύ-ση-σθε τι μή-σησΟε ττοΧεμή-σησΟε δονΧώ-σησθε
3p. Χύ-σω-ρταί τίμή-σωνταί ττοΧεμή-σωρταί δονΧώ-σα;ρται

D. 2-3p. Χύ-ση-σΟορ τιμή-σησθον ιτοΧεμή-σησΟορ δονΧώ-σησΰορ

AORISTO PASSIVO — RADICAL — SUFIXO — θη — TERM INAÇÕES DO


PRESEN TE ATIVO

S. lp. (ΧυΟήω) Χυ-ϋώ τ-ίμη-θώ 7τοΧεμη-θώ δουΧω-θώ


2 p. (Χνθήης) Χυ-ϋής τιμη-£ή% ποΧεμη-θής δουΧω-θής
3p. (Χνθήη) Χυ-θή τιμη-Οή ττοΧεμη-θή δονΧω-θή

P. lp. (ΧνΟήωμεν) Χυ θώμεγ Τίμη-θώμεν ποΧεμη-Οώμερ δουΧω-θώμερ


2 p. (ΧυΟήητε) Χυ-θήτε τίμη-θητε ποΧεμη-θήτε δουΧω-θήτε
3ρ. (λνθήωσι) Χυ-θώσι τ ιμη-Οώσι ποΧεμη-Οώσί δουΧω-θώσί

D. 2-3ρ. (Χνθήη τ ο ρ ) Χν-θήτον τίμη-θήτορ τοΧεμη-θητορ δονΧω-θήτορ

N.B. — O aoristo passivo do subjuntivo apresenta contração entre a vogal


do sufixo temporal -Οη - e as terminações ativas do presente do modo,
qualquer que seja o tipo do verbo (vocálico ou consonântico).
Quanto ao perjeito nas vozes média e passiva é sempre perijrástico,
tanto no subjuntivo quanto no optativo, como veremos adiante.
27 8 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

III — Conjugação dos verbos temáticos, consonânticos, no subjuntivo.

A formação é idêntica à dos temáticos vocálicos, ressalvando-se a


ocorrência, em alguns verbos, de formas segundas.

PARADIGMAS: τρίβ-βιν, πβίθ-βίν, φαίν-βιν, στέλλ-αρ.

1) PR ESEN TE — VOZ ATIVA: RADICAL — VOGAL ALONGADA


— DESINÊNCIAS PRIM ARIAS ATIVAS

S. lp. τρίβ-ω πβίθ-ω φαίν-ω στέλλ-ω


P. lp. τρίβ-ωμβν π βίθ-ωμβν φαίν-ωμβν στίΧΚ-ωμβν

PRESEN TE — MÉDIO-PASSIVO: RADICAL — VOGAL ALON­


GADA — DESINÊNCIAS PRIM ARIAS MÉDIO-PASSIVAS

S. 1 ρ. τρίβ-ωμαι. πβίθ-ωμαι. φαιν-ωμαι στβλλ-ωμαί


Ρ. 1ρ. τριβ-ώμβθϋ. 7Γβιθ-ώμβθα φαιν-ώμεθα στβλλ-ώμβθν.

2) PER FEITO — VOZ ATIVA — RED. — RAD. — TERM INAÇÕES


ALONGADAS. DO PR ESEN TE ATIVO

S. lp. τβ-τρί-φω πβ-πά-χω 7Γe-<pá.y-xu β-στάλ-χω


P. lp. re -rρί-φωμβν ττβ-ττβί-χωμβν πβ-φά^-χωμβν β-στά\-χωμβν

PER FEITO MÉDIO-PASSIVO — FORMAÇÃO PERIFRÃSTICA


(Part. perf. médio-passivo e pres. do subj. do auxiliar)

S. lp. τβ-τριμ-μένος, πβ-πβισ-μβνο$, ττβ-φα σ-μβνος, β-σταλ-μένος,


-η, -ον ώ -η, -ον, ώ -η, -ον, ώ -η, -ον, ώ
Ρ. lp. τβ-τ ρψ-μένοί, 7Γ6-7Γ€ΐσ-μ£ΡΟΙ πβ-φασ-μβνοι β-σταλ-μβνοί
-cu, -α, ώμβν -αι, -α, ώμβν -cu, -α, ώμβν -αι, -α, ώμβν
OS GREGOS E SEU IDIOMA 279

3) AORISTO— VOZ ATIVA — RAD. — SU FIX O — TERMINAÇÕES


ALONGADAS DO PR ESEN TE ATIVO

S. lp. τρίψω ττβίσω φήνω (II) στείλω (II)


2 p. rp íi/^ s ireÍajjs φήν-Qs σ τείλ^ς
3p. τρίψ ν Treíajj ΨΨΤ! στ€ίλ$

P. lp. τρίψωμεν πείσωμεν φήνωμεν στεί\ω μεν


2 p. τρίψ ητε 7τείσητε φήνητε στειΚητε
3p. τρίψωσι.(ν) πείσωσι.(ν) φήνωσι(γ) στε'ιΚωσ ι(ν)

D. 2-3p. τρίψητον πβίσητον φηνητον στείλητον

AORISTO — VOZ M ÉDIA — RAD. — SUFIXO — TERMINAÇÕES


ALONGADAS DO PR ESEN TE MÉDIO-PASSIVO

S. lp. τρίψωμαι. πείσωμαι. φήνωμαι (II) στείλω μαί (II)


2 p. τρίψ ν γείσ-ρ φψ'χι στίίλυ
3p. τρίψ η τα ί πείσηται. φήνηται σ τείλη τα ι

P. lp. τρίψώμεΟα πεισώμεΟα φηνώμεθα στείλώμεθα


2 p. τρίψησϋε πείσησθε φήνησ6ε στείλησθε
3p. τρίψω νται πε'ισωνται. φήνωνται στε'ιΚωντα ι

D. 2-3p. τρίψησϋον πείσησθον φήνησθον στείλησθον

AORISTO — VOZ PASSIVA — RAD. — SUFIXO — TERMINAÇÕES


ATIVAS DO PR ESEN TE DO MODO

S. lp. τρεφθώ *πει<ϊϋώ φανώ (II) σταλώ (II)


2 p. Tpi<pOf\s πεισθής φαντι% σταλ f/s
3p. τριφβή ττει,σθτ] φαντ\ στα \γι

P. lp. τριφθώμεν π ει,σθώμεν φανώμεν στα\ώ μεν


2 p. τριφβήτε πευσθήτε φανητε σ τ α \ή τ ε
3p. τριφϋώσψν) 7Γεισβώσι{ν) φανώσιίγ) στα\ώ σι(ν)

D. 2-3p. τρίφθητον 7Γ6ΐσθήτον φανητον στάλήτον


280 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

N.B. — Notemos, ainda uma vez, a permanência do lema temporal em


cada um dos tempos deste modo, variando apenas as terminações que
incluem, além das desinências, também a característica modal (no subjun-
tivo consiste, como vimos, no alongamento da vogal temática do presente).
Ésse fato é uma particularidade marcante da conjugação grega e se repete
em todos os modos e jormas nominais dos verbos. Ver-se-á, pois, que o
conhecimento preciso da formação dos tempos no indicativo é o ponto de
partida para o estudo completo da conjugação.
O verbo τρίβειν possui as formas I e II do aoristo passivo, como no
indicativo, mas só registramos a forma regular primeira. Inversamente,
no verbo φαίνειν, que também possui ambas essas formas, só registramos
a forma segunda (II), irregular. O verbo σ τέ λ λ ε iv também está na forma
segunda (não tem a regular).
O aoristo dos verbos em líquidas e nasais, quando não é jorma segunda,
é sempre assigmdtico, nas vozes ativa e média de todos os modos.
Parece-nos desnecessário dar, por extenso, todas as formas regulares.

46.° Exercício:

I — Conjugue, no modo subjuntivo-,

αγαπώ (-άω) e στεφανώ (-άω) no presente das três vozes, θαυμάζω


e κρύπτω no aoristo ativo e médio, παύω e πρά ττω no perfeito médio-pas-
sivo e βλάπτω no aoristo das três vozes (o passivo é forma segunda).

II — Analise as formas verbais seguintes (compostas do auxiliar eiva ή:


άπω — παρής — ένη — περιητε — προσώσιν — συνώμεν — ύπης — ένη τον
— περίΐί — ένήτε — προσρ — άπης.

I I I — Analise as seguintes formas de subjuntivo:


άσκώμεν — ξηλοϊς — δονλεύση ς — γυμνασθη — φιληταε — άμύνη
— σφα-γώ (II) — βήτε — φανθώσι — κλέφω μαί — νενεμημένοί η τε —
τεταμένος ώ — πλάσθητε — δαρώμεν (II) — τμηθώσιν.

IV — Traduza:
1 — Φάγωμεν καί πιω μεν' αυρών y à p άποθνγσχομεν.
2 — Οί μεν χύνες τούς εχθρούς δάχνουσ lv, έγώ δε τούς φίλους, ϊνα σωσω.
(Diógenes).
3 — M j) κρίνετε ϊνα μη χριθητε.
4 — Τούτο ποιεί, ϊνα ης άχαβάς, ώ φ ίλτα τε.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 281

5 — M 7) χατατρίβω μεν το μέρος τον βίου δ ημίν νποΧείπουσιν οί θεοί εν


ταϊς περί έτερων φαντασίαις.
6 — Μήττοτβ την αιδώ χατάΧε i7re, μη μισεί τινά, μη υπδπτενε, μη φθύνεί
TLVÍ.
7 — ΤΩ Κριτών, τω Ά σχΧεπίώ όφείΧομεν ίΧεχτρνονα' μη ίμεΧήσης.
8 — Μι) τοίννν θαυμάσητε, ανδρες φίΧοι, εάν παράδοξον ποίώ τ ι τοίς
ποΧΧόίς.

V — Comentários:

1 — Φά·γωμεν — aoristo II subj. do verbo έσθίω (aoristo II indicativo


εφαγον) comer.
Πίωμεν — aoristo II subjuntivo de πίνω (aoristo II indicativo
επιον — beber.
Σώσω — aoristo I subj. de σωξ'ω — salvar.
2 — M 17 — Advérbio de negação, sinônimo de oú (οΰχ, ονχ) — Empre­
ga-se normalmente com o subjuntivo, assim como com o imperativo.
3 — "Ιΐ'α — conjugação subordinativa final, que anuncia um subjuntivo.
4 — Έ ά ν = εί ãv — conjunção .subordinativa condicional (= se, se
acaso, se porventura) — sempre seguida de subjuntivo.
5 — T í — forma neutra do pronome interrogativo τις, τ ί (quis, quid).
Ύίνά (acusativo singular) — tlv Í (dativo singular) — do mesmo
pronome.

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 14

SINTAXE DOS MODOS (I) IMPERATIVO E SUBJUNTIVO


A - O IMPERATIVO - Costuma ocorrer em orações independentes, como:
1 — Orações volilivas, isto é, as que exprimem uma forma de
vontade, quer se trate de uma ordem, quer de uma proibição ou reso­
lução, às vezes até de um desejo ou preocupação.
Ex.: Ordens: "10l, είπε = Vai, fala (Platão, Górg., 489e). Odtojs
έχέτω = assim seja, assim ocorra (Platão, Banq., 201 c).
Proibições: Μτ) θορυβείτε — Não façais tumulto (Pl., Apolo­
gia, 21 a). Μηδ'η βία σε μηδαμώς νιχησάτω = Não te domine a im­
pulsividade de modo algum (Sófocles, Ajax, 1334). MíjSeis θαυμα-
σάτω = Ninguém se admire, (cf. Subj. nas or. independentes)
282 c; i i d \ ν ιο ο ρλ í n m i A iw k k k ik a s ιιπ κ ί v

N.B. — Enquanto o imperativo aoristo exprime uma ordem par­


ticular e momentânea ou uma proibição específica, a ordem genérica é expressa
pelo subjuntivo presente. O subjuntivo aoristo indica, precedido de negação
/u 77, uma proibição também específica e momentânea.
Ex.: Aύτίκα tpbyov — Foge imediatamente, (imperativo aoristo II).
Μη ipvyps = -Não fujas (subjuntivo aoristo II). Μηδέν άΟυμήσητ(
êvena των yeyevppévwv — Não desanimeis por causa dos fatos acon­
tecidos (Xenof., Anáb. V. 4, 19).
Se 0 sujeito se inclui na ordem, ou na exortação usa-sc então
o subjuntivo, na primeira pessoa do plural, como em latim ou no por­
tuguês. Ex.: ’Ίωμβν = Vamos! Εϊπωμεν= Falemos! (Em todos cst.es
casos a negação é sempre μη).
2 — 0 imperativo é frequentemente precedido de a y e , < p t p e ,
ΐθί com ou sem δή (vamos, eia) com valor de interjeição, podendo ficar
invariável.
Ex.: "Wt νυν ιταρίστασθον. = Vamos! Que os dois se apresentem
agora! (verbo no dual).
B — 0 S U B J U N T IV O — Sendo o modo por excelência du hipótese,
exprime:
1 — Nas orações simples, independentes:
a) a d elib era çã o — IIoí íp b yu p ev, (para onde fugir?)
b) a proibição — (subj. aoristo) — Μη tpúyps. (não escapes!)
c) a ex o rta çã o — Φ vyω μev (fujamo !) Τ ρ β χ ω μ ^ ν (corramos)
N.B. — As vezes aparece o imperativo aoristo na terceira pessoa
do singular, em lugar do subjuntivo.
Ex.: Μηδβίς νομισάτω. (ninguém acredite), = Μηδβίς νομίορ
2 — N as su b o rd in a d a s:

a) Integrantes, introduzidas por μή (subjuntivo aoristo). Neste


caso a forma negativa será μή ού (que não) (cf, latim: ne, ne non).
Exprime 0 temor.
Ex.: Δέδοικα μή παντάπασι ήλίθLos y βνωμαι = Receio que
me torne inteiramente louco. (Xenof., Mem., 2 , 3, 10 ). Αέδοικα,
ώ Σώχ pares, μή ουκ 'ίλω 'τοσοντον σοφίας = Receio, Sócrates, que
não possua (= não possuir) tanta sabedoria (Xenof., Mem., 2 , 3, 10).
b) Finais, introduzidas por ΐνα, όπως e, mais raramente, ώ?; a
negação é sempre μή. Note-se que όπως é com frequência acompa­
nhada de av (partícula que serve para sublinhar a idéia de eventuali­
dade ou de repetição expressa pelo subjuntivo), mas ΐνα nunca vem
com tal partícula e ώ? só raramente o faz.
* έλω - subj. aor. II de aí ρέω (ώ)
OS GREGOS E SEU IDIOMA 283

Ex.: Tous νέονς eis παώοτρίβην πέμπουσιν, ΐνα σώματα βελτίω


εχωσιν = Enviam os jovens ao pedotriba, para que tenham corpos
melhores (mais vigorosos) (Platão, Protág., 326). T ισσαφέρνης διανο­
είτα ι την yé<pvpav 'Κνσαι τή$ νυχτύς, ώς μη διαβήτε — Tissafemes
cogita soltar a ponte durante a noite, para que não passeis (Xenof.,
Anáb., 2, 4, 17).

N.B— Se o verbo principal estiver num tempo secundário, tem-se»


em geral, depois de όπως, o chamado optativo oblíquo, em lugar do
subjuntivo (cf. 29 Tomo - Lembrete n9 8 ); Ex: 'Ελετοί' όπως hpoi πει-
Θοιρτο (= eu falava para que acreditassem em mim).
Ex.: ~Μ.ήνων δή\ος ην έπιθνμών αρχειν, 'όπως π\είω \αμβάνοι
έπιθνμών'δε τιμάσθαι, ΐνα πλείω χερδαίνη. = Era claro Mênon estar
desejoso de comandar para que ganhasse (para ganhar) mais, estando
desejoso de honrarias para que obtivesse (para obter) mais vantagens
(Xenofonte, Anáb. II, 6 , 2). (A forma λαμβάνοι está por λαμβάνη).
Note-se, porém, que no historiador ático Xenofonte, é frequente
o emprego do optativo com ΐνα, ως ou ως αν, mesmo depois de um verbo
em tempo primário.
c) Temporais — para a expressão do eventual, vindo o subjuntivo
precedido de ãv, quando se tratar de um fato Juturo ou de um jato
repetido no presente.
d) Condicionais, também com idéia de eventualidade ou de repe­
tição no presente.
e) Relativas, com o mesmo valor das duas precedentes.
Exemplos paralelos: 1 — Subjuntivo eventual (fato futuro):
"Οταν ε’ίπη, άχονσομαι = Quando ele falar, ouvirei (temporal).
’E à v εΐπη, άχονσομαι = Se èle falar, ouvirei (condicional),
"Οτ ι âv εΐπη, άχονσομαι = O que ele falar, ouvirei (relativa).

2 —'Subjuntivo de repetição (no presente).


"Οταν εΐπη, άχονω = Quando (todas as vezes que) ele fala, eu ouço.
Έ ά ν εΐπη, άχονω = se ele fala, ouço.
Ο τι ãv εΐπη, άηοίω = O que èle fala, ouço.

N.B. — Atente-se para o fato de que a partícula ãv vem imediata­


mente após a conjunção: όταν ( — ότε ãv), επειδάν (= επειδή ãv),
μ έχρι ãv, 'έως ãv, έάν (= ην ou ãv), ou então após o pronome relativo.
(cf. 29 Tomo - Item 9. a) As C O N J U N Ç Õ E S )
284 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

47f Exercício — Revisão:


I — Traduza: Iltp í -γυναιχός (Κατ'Εύριπίδην)
Δανή μεν αλκή κυμάτων θαλασσίων,
δεινά δε ποταμών καί πυράς θερμόν πνοαί,
δεινόν δε πενία, δεινά δ'άλλα μύρια,
άλλ'οΰδεν ούτω δεινόν, ώς -γυνή, χαχόν.

Πβρί άνδρός

1 — Ά ν ή ρ yàp άνδρα καί πόλις σώζει πόλιν,


απασα δε χθων άνδρί γενναίοι πατρίς.
2 — “Ανδρες είσί πόλις, ου τείχη οΰδε νήες άνδρών χέναι.
(Κατά Σοφοχλέα)

II — Faça ο levantamento das palavras da terceira declinação nos


textos acima, indicando-lhes o gênero e o número, e pondo-as no nomi­
nativo, vocativo e genitivo do singular.

III — Traduza, explicando o emprego dos imperativos c subjuntivos ·.

1 — Ε ϊ βούλει ευδαίμων είναι, δίδαξον δη προς των θεών.


2 — Αέξον ήμίν τα των ενδόξων ανθρώπων ονόματα.
3 — ’E à r ημείς νικώμεν, ουχ 'έξουσιν οι πολέμιοι οποί φυχωσιν.
4 — Mij τοίνυν, ώ ανδρες Αθηναίοι, άντί τής νίκης χα ί τής ευτυχίας,
όμοια ποιήσητε τοίς ήττημένοις τε χα ί άτυχοΰσιν.

Ι Ϋ — Comentários gramaticais

1 — "Οποί = aonde (advérbio de lugar).


2 — "Ομοια — coisas semelhantes, da mesma natureza (acusativo plural
neutro do adjetivo όμοιος, όμοια, όμοιον).
3 — Ή ττημένοις = vencidos, inferiorizados (partícípio perfeito passivo
de ήττάω (-ώ).
4 — Ά τυχοΰσ ιν = desgraçados, fracassados ( partícípio presente ativo

Estes dois particípios acham-se substantivados, como é frequente, pelo


artigo em dativo plural que os acompanha.
5 — T e ... xaí = et . . . et (latim) — partículas coordenativas: ta n to ...
quanto, etc.
os gregos e seu id io m a 285

i) O optativo dos verbos temáticos e do auxiliar eivai


Este modo apresenta quatro tempos: presente, futuro, aoristo e
perfeito, caracterizando-se pelo acréscimo da vogal - i - ao tema tem­
poral. Além disso, possui rtesinências secundárias no presente, cujas ter­
minações, inclusive a vogal temática,são adotados pelos outros tempos
(futuro e perfeito). Só o aoristo é que acrescenta a característica modal
diretamente ao sufixo temporal. No verbo auxiliar só ocorrem o pre­
sente c o futuro deste modo (cf. subjuntivo).

I — Optativo do verbo auxiliar: A) Presente

Neste tempo, o verbo eivai tem as formas atemáticas, com desinências


especiais nas três pessoas do singular e o radical alterado pela síncope
do - σ - da raiz em posição intervocáliea. Vejamos:

S. lp. e-ΐ-ην (βσ-ί-ην)


2 p. e-l-ps (έσ-ί-ης)
3p. e-ί-η (Ισ-ί-η)

P. lp. e-l-pev (έ-ί-η-μβν < ίσ-ί-η-μβν)


2 p. e-í-re (e-ί-η-τβ < ka-í-p-re).
3p. e-l-ev (t-l-ρ-σαν < ίσ-ί-ρσαν)

D. 2 — 3 - e-’ί-την (è-ι-ρ-τρν > e-σ-ι-ρ-τρν)

As desinências pessoais, aqui registradas, são usuais no optativo dos


verbos atemáticos, porém, na prosa clássica, só se encontram no singular.
As formas do plural e dual eippev, eipre, eípaav, elprpv, são tardias. Entre­
tanto, os aoristos segundos atemáticos de verbos temáticos de raiz vocálica
adotam tais desinências no optativo, e, alguns perfeitos segundos tam ­
bém o fazerp.

B) Fxduro — Tem forma depoente média como todos os futuros


do auxiliar. Fut. do optativo de elvac — Conjuga-se acrescentando a
característica modal -i ao tema do futuro, seguindo-se as desinências
secundárias médio-passivas.

S. Ia. p. έ-σοί-μηv P. Ia. p. έ-σοί-μ€#α


2 a. p. e-σοι-ο 2 a. p. €-σοι.-σθβ
3a. p. β-σοί-το 3a. p. e-aoL-VTO

D. 2-3. ί-σοί-σβην
286 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

I I — Conjugação dos verbos temáticos vocálicos no optativo.

PARADIGMAS — Xbeiv — τιμάν ■


— ποΧβμειν — δονΧοϋν

PRESEN TE

VOZ ATIVA — RADICAL — VOG. TEMAT. — VOG. MODAL — DE-


SINÊNCIAS SECUNDARIAS ATIVAS

S. lp. λύ-ο-ι-μι τιμφην(αοίην) 7ΓοΧίμοιην (εοίην) δουΧοίην (οοίην)


2 p. λύ-ο-Ζ-s τιμώη·; (αοίης) ποΧεμοίης (eoips) δονΧοίης (οοίης)
3p. λύ-ο-1 τιμώη (αοίη) 7ΓοΧεμοίη (ίοίη) δουΧοίη (οοίη)

P. lp. λύ-ο-i-pev τιμώμβν (άοιμεν) 7Γολ(μοΐμ(ν (έοψ(ν) δονΧοΊμεν (όοιμ(ν)


2 p. λύ-ο-ι-re τιμώτβ (άοιτβ) πολ(μοϊτ( (éoiTf) δουΧοϊτί (ροιτϊ)
3p. λύ-ο-i-ev τιμώεν (άοΐίρ) ττολβμοϊεν (éoiev) δονΧοϊev (óoiev)

D. 2-3p. Χυ-ο-ί-την τιμώτην (αοίτην) πολίμοίτην ((οίτην) δουΧοίτην (οοίτην)

MÉDIO-PASSIVO — RADICAL— VOG. TEMAT. VOG. MODAL — DESIN.


SEC. MÉDIO-PASSIVAS

S. lp. Χν-οί-μψ τιμώμην (αοίμην) πο λεμοίμην(ίοίμην) δουΧοίμην (οοίμην)


2 p. λύ-οι-ο τιμώο (άοισο) ποΧίμοϊο (έοισο) δουΧοϊο (όοισο)
(οισ-ο)
3p. Χν-οι-το τιμώ το (άοιτο) ττοΧίμοϊτο ( coito) δουΧο'ιτο (όοιτο)

P. lp. Χυ-οί-μβθα τιμώμβθα (αοίμβΟα) π οΧεμοίμίθα δουΧοίμβθα


(βοίμβΟα) (οοίμεΟα)
2p. Xú-oi-a6e τιμώσΟί (άοισθβ) ποΧεμοΙσΟβ (éoiaOe) δουΧοϊσθε (όοισθe)
3p. Χύ-οι-ντο τιμώντο (άοιντο) ποΧβμοϊντο (έοιντο) δουΧοιντο (όοιντο)

D. 2-3p. Χυ-οί-σ6ην τιμώσθην (αοίσθην) ποΧΐμο'ισβην δουΧοίσθην


('βοίσθην) (οοίσθην)

N .B .— Coino já vimos no subjuntivo, aqui também os verbos contratos


têm formação regular, obedecendo às regras conhecidas; entretanto, ado­
tam no ático, de preferência, as desinências — ην, -η$, -η dos verbos
atemáticos, para o singular do presente ativo do optativo.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 287

PERFEITO

VOZ ATIVA — RED. RAD. SUF. κ(α) — TERMINAÇÕES ATIVAS


DO PRESEN TE

S. ]p. Xe-Χύ-χοί-μι τί-ημή-χοι-μι 7Γ£-7ΓοΧβμή-χοί-μι. δβδονΧώχοιμι


2 p. Xe-Xh-xoL-s τβ-τιμή-χοϊ-ς πβ-ποΧβμή-χοι,-ς δίδουλώκοΐί
3p. Xe-Xv-xol τβ-τιμή-χοΐ πβ-ποΧίμή-χοι. δεδονΧώκοΙ

VOZ MÉDIO-PASSIVA — FORMAÇAO PERIFRÂSTICA (PART. PERF.


Μ. - P. E PRES. DO OPTATIVO DE ΕΙΝΑΙ)

S. 1 ρ.Xe-Χυ-μίιos , -17, -ον ίΐην τβ-τίμη-μίνοϊ ί ’ίην πε-ποΧβμη-μένος άην


2 ρ. ” ” ” *! }t **
αης etrjs
3ρ. ” ” ” άη »» »/ *
βι,η t1 **
ίΐη

N.B. — O plural e o dual são absolutamente regulares (cf. subj.).

Γ FUTURO

VOZ ATIVA — RAD. SUF. σ(ο)-ι TERMINAÇÕES DO PR ESEN TE ATIVO

S. lp. Χύ-σοί-μί τιμη-σοι-μι 7ΓοΧεμή-σοι-μι δουΧώ-σοί-μι

VOZ M ÉDIA — RAD. — SUF. σ(ο)- ι TERMINAÇÕES DO PRESEN TE


MÉDIO-PASSIVO

S. lp. Χυ-σοί-μην ημη-σοί-μην ποΧεμη-σοί-μην δουΧω-σοί-μην

VOZ PASSIVA — RAD. — SUF. θησ(ο)π TERMINAÇÕES DO PRESEN TE


MÉDIO-PASSIVO

S. lp. Χυ-θησοί-μην πμη-θησοί-μην ποΧεμη-θησοί-μψ δουΧω-θησοί-μψ

N.B. — A formação deste tempo é inteiramente regular, observando-se,


apenas, que o acréscimo da característica modal -t, tal como se dá no pre­
sente do modo, isola a vogal temática das desinências, impedindo a alter­
nância que se observa no modo indicativo.
288 OUroA NEDDA BARATA PARREIRAS IIÜRTA

AORISTO

VOZ ATIVA — IlAD. — SUF. σα — VOGAL MODAL — DESINÊNCIAS


SECUNDÁRIAS ATIVAS

S. lp. Χϋ-σαι-μι τιμή-σαν-μί ποΧεμήσανμν δονΧώσαψν


2 p. λύ-σαϊ-s (Xúaeias) τιμή-σαι-s (-eias) 7ΓoXeprjaals (-eias) δουΧώσais (-eias)
3p. Χϋ-σαΖ (Xúaeie) τιμή-σαί (-ete) ττοΧίμήσαΖ (-íte) δουΧώσαϊ (-eié)

VOZ M ÉD IA — RAD. — SUF. σα — VOGAL MODAL — DESINÊNCIAS


SECUNDÁRIAS MÉDIO-PASSIVAS

S. lp. Χν-σαί-μην τιμη-σ aí-μην 7τοΧεμη-σ αί-μην δουΧώ-σαί-μην


2p. Xv-aayo (-σαισο) τψή-σαι,-ο ποΧεμή-σαι-ο δουΧώ-σαν-Ό
3p. Χύ-σαι-το τιμή-σαι-το ποΧίμή-σαι,-το δουΧώ-σαι-το

VOZ PASSIVA — RAD. SUF. θη — VOGAL MODAL — DESINÊNCIAS


SECUNDÁRIAS ATIVAS DE OPTATIVO

S. lp. Xv-de-í-ψ τιμή- Oe-ί-ην ποΧβμη-θί-ί-ην δουΧω-θί-ί-ην


2 p. Χυ-θε-L-iis· Τίμη-θέ-ί-ης ποΧβμη-θε-ί-ps δουΧω-θβ-ί-ης
3p. Xv-&e-í-p τιμη-de-í-η 7ΓοΧβμη-θΐ-ί-η δουΧω-θ€-ί-η

P. lp. Xv-de-i-pev τιμη-ϋί-Ζ-μεν ποΧέμη-Οε-Ζ-μεν δουΧω-ϋβ-Ζ-μίν


2 p. Xu-de-í-re Τίμη-θέ-Ζ-τβ ττοΧεμη-θβ-Ζ-τί δουΧω-θί-Ζ-τβ
3p. Xv-dt-Z-ev τιμη-θβ-Z-tv ττοΧ(μη-θ(-Ζ-βν δουΧω-üe-Z-ev

D. 2-3p. Χυ-θβ-ί-τψ τνμη-θβ-ί-την ποΧβμη-θε-ί-την δουΧω-ϋβ-ί-την

Observações: — 1 — A segunda e a terceira pessoas do singular do aoristo


ativo apresentam dupla forma, sendo que as entre parênteses são mais
usuais na prosa clássica. A terceira pessoa do plural também apresenta
as duas formas Χΰσανεν e λύσααρ, esta última correspondendo às que assi­
nalamos acima. O dual é regular.
Consideramos desnecessário dar a conjugação completa das formas
regulares.
2 — A segunda pessoa do singular da voz média sofre a mesma síncope
observada nas correspondentes formas\ do presente médio-passivo e do
futuro médio.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 289

3 — Na voz passiva, o aoristo — quer seja forma primeira, como nestes


paradigmas, quer seja forma segunda, como é freqüente ocorrer nos verbos
consonânticos — sofre abreviamento da vogal do sufixo temporal, diante da
característica modal também vocálica, havendo oclusão de ambas, que
passam a formar ditongo. Por outro lado, nota-se que, também aqui, as
desinências do singular são as mesmas que já assinalamos para o presente
atemático do verbo auxiliar e que se registram igualmente nos presentes
dos contratos. Na prosa clássica, as correspondentes formas do plural são
pouco usadas: ΧυΟάημεν, XvOeipre, λυθάησαν, τιμηθάημεν, τιμηθίίηθβ
τψηθοίησαν, κ.τ.λ. (καϊ τά λοιπά— etc.)

111 — Conjugação dos verbos temáticos consonânticos no optativo.

Ressalvadas as ocasionais formas segundas, que indicaremos, como


de hábito, só- teremos que atentar aqui, mais uma vez, para os encontros
fonéticos já conhecidos c as formas especiais do redobro de alguns verbos,
pois a estrutura morfológica de todos os tempos permanece inalterável.
Em vista dessa regularidade na formação dos tempos, passamos a
registrar apenas as primeiras pessoas do singular e do plural e as do dual,
exceto quando houver formas que possam oferecer dúvida ao leitor.

PARADIGMAS —- τρ ίβ α ν — neíOeiv — ipaívtiv — aréW eiv

PR ESEN TE

VOZ ATIVA — RAD. — VOGAL TEM . — VOGAL MODAL — DE-


SINÊNCIAS SECUNDÁRIAS ATIVAS

S. lp. τρίβοιμι πβίθοιμι φαίνοψι στέλλοιμι


P. lp. τρίβοιμεν neWoipev φαίνοιμβν στέλλοιμεν
D. 2-3p. τρ ιβ ο ίτψ π6ΐβοίτην φα ινοίτην σ τίΧ λ ο ίτψ

VOZ MÊDIO-PASSIVA — RAD. — VOGAL TEMÁTICA — VOGAL


MODAL — DES. SECUNDÁRIAS — MÉDIO-PASSIVAS

S. lp. τρ φ ο ίμ η v πβιβοίμρν φαινοίμην στΐλλοίμην


P. lp. τριβοίμβθα παθοίμίθα φαινοίμώα. στ6λ\οίμ€θα
D. 2-3p. τριβοίσθην 7Γίΐθοίσθην φαινοίσθην στίΧλοίσθη ν
290 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

PERFEITO
VOZ ATIVA — RED. — RADICAL — SUF. x ( a ) — TERM INAÇÕES
ATIVAS DO PR ESEN TE
S. lp. T€T ρίφοίμι 7Γ€7νείκοιμι πεφά^γχοιμι έστάλκοιμι
P. lp. rerpípoLpep 7Γ€7ΐβίχοίμβν ιτεφά^χοιμεν έστάΧκοι.μ€Ρ
D. 2-3p. r e r ριφοίτην πεττείχοίτην πεφα^χοίτην ΐσ τ αΧκοίτηρ

MÉDIO-PASSIVO — FORMA PERIFRÃSTICA


S. lp. 7Γ67ΓβίσμβΙΌϊ €Ϊην πεφασμενος είην
τβτριμμίνο'> e’ir]P èaraXptpos eh)ρ
P. lp. τβτρίμμίνοί eipep πεπεισμένοι εϊμεν ττεφασμενοι εϊμεν ΐσταΧμίροί elpep
D. 2-3p. Τίτρίμμένω βΐτηρ πεπεισμενω ε'ίτην πεφασμενω εϊτην ίσταΧμΙρω β’ίτηρ

AORISTO

ATIVO — RAD. — SUF. σ(α) — VOGAL MODAL — DESINÊNCIAS


SECUNDÂRTAS ATIVAS
S. lp. τρίψ αίμι πείσαιμι φηναιμι (II) σ τίίλα ιμ ι (1 1 )
P. lp. τρίψαιμβρ πείσαιμεν φηναιμεν στ βίλαιμίΡ
D. 2-3p. τρί-φαίτηρ πεισαίτην φηναίτην στειΧαίτην

M ÉDIO — RAD. SUF. σ(α) — VOGAL MODAL — DESINÊNCIAS


SECUNDÂRTAS MÉDIO-PASSIVAS
S. lp. τριψαίμηρ ■πίΐσαίμην φηραίμηρ (II) στβιΧαίμηρ (II)
P. lp. τρίψαίμεθα ττβίσαίμεθα φηραίμβθα στίίΧαίμίθα
D. 2-3p. r ριψαίσΟην 7τίΐσαίσθην φηραίσθηρ στίίΧαίσΟ ψ

PASSIVO — RAD. — SUF. Οη/η—VOGAL MODAL — DESINÊNCIAS


SECUNDÁRIAS ATIVAS
g lp ( τρ ιφ θ ά ψ (I) πίίσθάην ί φ α νθ ά ψ (I)
l τρ φ ά η ρ (II) 1 φαρβίηρ (1 1 ) σταΧάηρ (II)
P lp i rpurfelpev (í) 7τασθίϊμεν ( φ ανθύμ ίν (I)
1 τ ρ ψ ίϊμ ΐν (1 1 ) ( ípavelpev (II) araXelpep (II)
7Γ€ΐσ θ ϊίτ ψ ( φ α νθ ίίτψ (I)
d . 2 -3PJ «)
(. τ ρ φ ά τ η ν (II) 1 φανβίτην (II) σταΧβίτηρ (II)
os GREGOS E SEU IDIOMA 291

FUTURO

ATIVO — RAD. SUF. σ(ο) — TERMINAÇÕES DO PR ESEN TE ATIVO


(FUTURO II CONTRATO)
S. Ip. τρίψοι,μι πάσοιμι φανοϊμι (II) στεΧοίμι (II)
2 p. τρίψοις 7ΓeiaoLs φανοϊς areXols
3p. τρίψοι. πάσοι φανοί στίλοΐ

P. lp. rpí\poLpev 7τίΐσοιμίΕ φανοΐμεν στεΧοϊμβν


2 p. rpiif/cnre ireíaoiTe φανοίτ€ areXoTre
3p. Τρί XpOitU ττ(ίσο Leu φανοϊίν areXouv

D. 2-3p. TpLxf/οίτην ΤΓβισοίτην φανοίτην στβΧοίτην

M ÉDIO — RAD. — SUF. σ(ο) TERMINAÇÕES MÉDIO-PASSIVAS


DO PR ESEN TE (II CONTRATO)
S. lp. τριψοίμην 7Γεισοίμην φανοίμην (II) στβΧοίμψ (II)
2 p. τρίψοω 7Γ6ίσοιο φανοϊο στίλοΐο
3p. τρίψοι,το ττάσοιτο φανοίτο στίλοΐτο

P. lp. τρίψοίμΐθα 7τασοίμίθα φαι>οίμ(θα στβΧοίμύθα


2 p. τρίψοισθε ■ηάσοισθε φανοίσβί στβΧοίσβί
3p. TpíxpoivTo ττάσοιντο φανοίντο areeXolvTo

D. 2-3p. r p iψοίσβην πασοίσϋην φανοίσβην στίΧοίσβη u

PASSIVO — RAD. SUF. (θ)ησο — TERMINAÇÕES DO PRESEN TE


MÉDIO-PASSIVO
πβισθησοίμην (φανθησοίμην (I)
S lp / TP ^ ° oíW
1 τρφησοίμψ (11) Χφαντησοίμην (II) σταΧησοίμην (II)
p ^ j τριφθησοίμβθ a πασθησοίμ(θ α ίφανβησοίμύθα
I τρφησοίμβθα Ιφανησοίμβθα σταΧησοίμβθα

D 2-3p / TP ^ 0Í^ W πησθησοίσθην (φαι'θησοίσθην


l τρφησοίσϋην 1 φανησοίσβην σταΧησοίσβην
292 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

N.B. — Notemos, mais uma vez que, no aoristo passivo segundo, resta­
belece-se a consoante final do radical do verbo, alterada por encontros
fonéticos com o sufixo temporal da forma regular I, começado por consoante'
Quanto ao futuro segundo (ativo e médio), as contrações se dão regular­
mente como já foi observado no indicativo (verbos em líquidas e nasais).
ΤΙείθειν tem um perfeito II com apofonia: πεποιθοίην, πεποιθοίης, πεποιθοίη,
χ .τ.λ . (cf. subj. πεποίθω — ind. πέποιθα).

1ψ8.α Exercício.

I — Conjugue no modo optativo:


χαταπαλαίω (vencer em combate) no perfeito ativo e no presente
médio-passivo, επιθυμώ (έω) no perfeito médio-passivo e no presente ativo,
ά γγίλλω no aoristo das três vozes, πρά ττω nos futuros médio e passivo,
χλέπ τω no perfeito ativo e no aoristo II passivo.

I I — Analise as formas verbais seguintes·.


πεμφθεϊμεν — τεθελ^μένος είην - διωχθείη — ττεττόμφοιεν - στραφείτε
(II) — πεποίθοιτε — παρεϊμεν — ένείην — ύπεϊεν — περιείη — ταράξοις
— πλασθησοίμεθα — φυλάξαιμι — γ ραφείην — δαρείτε (II) — βληθείη
— τμηθήσοιο — χεχμημένοι είμεν — χλινησοίμεθα (II) — βαλοίμεν (II).

III — Procure palavras da língua, portuguesa que se prendam, etimolõ-


gicamente, aos termos seguintes: rò αλγos (a dor física), rò πάθος (a ddr
moral, paixão, emoção violenta), τό άνθος (a flor), rò έθνος (a raça, nação)»
tò πλήθος (multidão, acúmulo), τό είδος (a forma, a aparência), τό μίσος
(o ódio), τοΎενος (a família, a tribo), τό <É7ros (a palavra, o verso narrativo),
τό βάρος (o peso), τό κράτος (a fórça, o poder, a soberania), τό μέλος (a
canção, o verso cantado), tò ψεύδος (a mentira, a falsidade).

IV - Traduza e comente sintaticamente:

1 — ΤΩ φίλε Κριτών, ή προθυμία σου πολλού άξια έστίν, εί μετά τίνος


όρθότητος ε’ίη εί δε μή, 6σω μείξων, τοσούτω χαλεποτέρα.
2 — Ό π α τή ρ επιμελούμενος 'όπως άνήρ αγαθό? γ ενοίμην, ήνά’γκασέ με
πάντα τα Όμηρου έπη μαθεϊν καί νυν δυναίμην αν Ίλ ιά δ α 'ύλην χαί
'Οδύσσειαν άπό στόματος είπείν.
3 — 'Αγησίλαος, έλοιδορεϊτο μέν επί τοϊς άμαρτήμασι, έτίμα δε εί
τ ι καλόν οί π ο λίτα ι πράττοιεν.
OS GREGOS E SETT IDIOMA 293

V — Comentários:

1 — Μίίξων — comparativo de superioridade irregular de αγαθός, -ή,


-bv, (feminino, concorda com προθυμία),
2 — Επιμελούμενος — participio presente médio de h τιμελέω (-ώ), no
nominativo singular masculino (concorda com ô πατήρ).
3 — γενοίμην — aoristo II opt. de γίγνομαι (aoristo II ind. εγενόμην).
4 — δυναίμην presente do optativo do verbo atemático δύναμαι.
N.B. — O optativo acompanhado da partícula modal ãv corresponde ao
nosso ju lu ro ^ d o p re térito (condicional).
5 — είπεϊν — infinitivo aoristo II de λέγειν (dizer, afirmar, contar),
irregular.
6 — μαθείν — infinitivo aoristo II de μανθάνειν (aprender), cf. aoristo
II indicativo εμαθον.

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 15

____________SINTAXE DOS MODOS (II) OPTATIVO___________


0 modo optativo varia de emprego, de acordo com a partícula que
o precede e com a função exercida por ele na oração. Assim, antes de
traduzi-lo, convém observar se· o optativo vem ou não anunciado por
uma conjunção ou uma partícula.
a) Optativo precedido de conjunção ou de partícula — Pode ter:
1 — Valor potencial, isto é, indica que a ação é possível. Vem
precedido da partícula ãv, mantendo esse valor tanto nas orações inde­
pendentes quanto nas principais ou nas subordinadas. Ex.: Tis ãv
ίθέλοι άνθρωπον εν obcíçi εχειν πονείν μηδέν εθελοντα; = Quem que­
rería manter em casa um indivíduo que em nada quer esforçar-se?
(Xenof., Mem., 2 , 1 , 15). Tí av σε ’έ τι ώφελοϊμι-, = Em que te podería
ainda eu auxiliar?
2 — Valor hipotético — No período composto, ã v aparece na ora­
ção principal (ou naquela da qual depende a subordinada) e a subordi­
nada condicional vem introduzida pela conjunção εί (se). A negação
desta última é sempre μ ή mas a da principal, é ovx. Ex.: Ο ύ κ ã v
y e v o i v T O π ό λ ε ι ς , d ο λ ί γ ο ι δ ί κ η ς μ β τ έ χ ο ι ε ν . Não existiríam cidades,
se poucos participassem da justiça) (Plat., Protág. 322D).
Essa construção do optativo, com a partícula ãv na principal e sem
ela na subordinada, indica que a ação é considerada como simplesmente
p o ssív el o u p u ra m e n te h ip o té tic a. O u tro e x e m p lo : Ο ύ δ έ ζ ώ η ã v τ ι ς , e i μ η

τρίφ οιτο = Ninguém vivería, se não se alimentasse (Xenof., Mem., 2 ,1 , 1 ).


294 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

3 — Valor desiderativo — Quando o optativo vier introduzido por


ε’ίθε, et yàp, ώς (cf. latim - utinam com os tempos principais do sub­
juntivo), significando, respectivamemte: oxalá, tomara, ah! c o m o ...,
exprime um desejo ou um voto realizáveis (se o desejo não tor realizável,
trata-se da expressão do “irreal” por meio do indicativo e a partícula
áv). Note-se, porém, que às vezes se omite a conjunção. Ex.: Etde
εϊης ευτυχής. = Oxalá sejas feliz! Et γάρ, ώ Zeü καί θεοί, tv τοΰτω etη.
= Tomara, ó Zeus e deuses, que seja assim! (Plat., 1’rotág., 310 D).
Na prosa clássica, no entanto, o emprego de είθε ou de et yàp,
diante de um verbo de expressão de voto, é bem raro.
J á a partícula àv serve para sublinhar, na oração principal ou na
independente, a idéia de “ possibilidade” expressa pelo optativo ou
simplesmente que o fato indicado é puramente “imaginário” (cf. irreal)
b) Optativo desprovido de partícula.
1 — Numa oração condicional, temporal ou relativa — exprime
a repetição no passado, ou um fato geral (optativo eventual). Constrói-se
a subordinada com o optativo, correspondendo a um tempo secundário
na principal (cf. optativo oblíquo). O optativo de repetição é construção
paralela à do subjuntivo de repetição, mas este se refere ao presente
e aquele ao tempo passado. Ex.:
"Ore ei/rroí, ήκουον (imperfeito) = Quando (sempre que) ele falava,
eu ouvia, (temporal)
Et etVot, ήκουον (imperf.) - Se falava, eu ouvia, (condicional)
“O r t eiiroí, ήκουον. (idem) = O que ele falava, eu ouvia, (relativa)*
2 — Em orações subordinadas integrantes ou circunstanciais, que
dependam de verbo principal ern tempo histórico na oração principal, o optativo
pode vir em lugar seja do indicativo, seja do subjuntivo, sem estar acom­
panhado de nenhuma partícula. Seu valor e tempo serão aqueles reque­
ridos pelo seu relacionamento com o verbo da oração regente da subor­
dinada. (cf. 29 Tomo Lembrete n? 5).
E o chamado “optativo oblíquo", encontrado, principalmente, mas
não com exclusividade, no “estilo indireto’’.* O vasto emprego do
optativo oblíquo é um caso típico da perda do seu valor modal, pois
ele passa a ser apenas uma maneira elegante de estabelecer uma relação
com o verbo principal, num tempo passado. Ex.: Ol Αθηναίοι. Ilepi-
κλέα εκάκιξόν, δτν στρατηγό* ών, οόκ èweÍjàyoL επί τούς πολεμίους.
(Os Atenienses - censuravam a Péricles porque, embora fbsse general,
não os 'conduzia contra os inimigos), (cf. . . . . κακίξουσι . . . έπεξάγρ)
Note-se, ainda, que o optativo oblíquo < nunca pode ser usado em
lugar do optativo potencial ou do indicativo irreal, ambos usados com
a partícula av\
* V id e 2 9 T o m o (L e m b re te S in tá tic o n ° s 8 e 14).
2 95
OS GREGOS E SEU IDIOMA

49f Exercício —

I — Verta para o grego:


1 — Oxalá ganhássemos essa guerra cruel!
2 — Não vos admireis de nossas palavras.
3 — Quem nos dera rever nossos bons amigos!
4 — Possas tu ser escravo de bárbaros vis!
5 — Tomara que estejas enganado a respeito deste assunto (= disto).
6 — Que mais (= ainda) poderiamos fazer pela pátria?

II — Traduza: Τνώμαι.
1 — Μη opa tò χάλλος, ά λ λα τον τρόπον.
2 —· Μή rò χίρδος σχόπίΐ tv πάσίν.
3 -— ’Έ,άν μη νους παρή, ούδίν ύστιν ή μάβησις.
4 — Tàs των φίλων συμφοράς ίδιας ’<ίχωμ(ν.
5 — Ε ά ν ’έχωμβν χρήμαθ' %ξομβν φίλους.

I I I — Traduza:
(Adaptado de Platão, República; o mito de E r, filho de Armênio,
personagem que ressuscita doze dias após sua morte, para revelar aos
homens o que se passa no além. Aqui, faz referência aos juizes infernais).
Ot δύ διχασταί, Ιπειδή διαδιχάσβιαν, τούς μίν δίχαίονς kxtótvov πο-
peveaOaL την οδόν την βίς δ(ζιάν τβ χα ί άνω διά τον ουρανού, τούς õè
άδίχονς την οδόν την eis άριστίράν Tt χαί χάτω.
IV — Comentários gramaticais ·.

1 — Διαδιχάσειαν = expressa um fato repetido no passado.


2 — Ilopeúeatfcu = infinitivo presente médio (depoente) de πορβύομαι
3 — “Ανω = para cima (advérbio), χάτω — para baixo (adv.).
V — Analise o valor dos optativos no exercício 48° IV (revisão)
V I — Procure explicar a etimologia dos seguintes nomes próprios,
dando-lhes o primitivo significado, a p artir dos elementos gregos de que
so formam:
1 — Dorotéia (gr. tò δώρον, η θίά)
2 — Irene (gr. ή (ίρήνη)
3 — Margarida (gr. ό μαρχαρίτης)
4 — Cristóvão (gr. ò Χριστός, ò φοράς)
5 — Ãgata (gr. άχα£ός, άχαθή, άχαβόν)
6 — Cora (gr, ή χ ό ρ η )
296 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

7 — Timóteo (gr. ή τιμή, ò üíòs)


8 — Felipe (gr. ô φίλος, ò Ίππος)
9 — Eunice (gr. ev, adv. — η νίκη)
10 — Macário (gr. μάχαρ, μάχαιρα, μάκαρ).

IMAGENS DA ILÉLADE N* 10

“UMA A R T E COM AN M E D ID A S DO H O M EM ” (II)

(Adaptado de François Chamoux, ''L a Civilisation Grecque”


— A rthaud 196õ)

Livre trabalhador entre seus concidadãos, membro da classe média,


a dos artífices e pequenos proprietários, que muitas vezes fazem a força
da cidade, o artista acha-se inteiramente apto para exprimir os senti­
mentos e aspirações de uma sociedade na qual encontra seu lugar com
naturalidade.
Essa sociedade lhe jiede antes de tudo que responda a seus anseios
no domínio do sagrado. Uma religião antropomórfica, em que o culto
estava estreitamente ligado ao simulacro divino, exigia muito do artista.
Sua tarefa era daf forma concreta à imagem mental que seus concidadãos
faziam da divindade. Assim foi ele levado a estudar o modelo humano,
visto que os deuses eram semelhantes aos homens, conferindo-lhe, por
intermédio de sua arte, essa beleza perfeita que parecia ser a única
conveniente aos deuses. Busca naturalista e idealização constituem, pois,
na arte grega, duas tendências complementares e não antagônicas.
A primeira traduz-se por um esforço, constantemente mantido desde
o alto arcaísmo, com o fito de alcançar a verdade e a exatidão anatômicas:
na pintura dos vasos e na escultura podem-se acompanhar, com precisão,
os avanços no desenho do olho, na reprodução da parede ventral ou no
modelado do joelho. Ao mesmo tempo, porém, o artista se mostra
preocupado em penetrar, por uma progressão intelectual, nos segredos
desse corpo que ele estuda: está persuadido de que a beleza reside nas
relações matemáticas, racionais ou irracionais, cujas leis nossa inteligência
pode encontrar. Daí a importância das noções de ritmo e de simetria,
cujo verdadeiro conteúdo ainda hoje nos escapa, à falta de dados precisos;
mas os textos nos garantem que essas noções serviram como critérios
estéticos e excitaram ao mais alto grau o interesse dos próprios artistas.
A tais preocupações se prendem as tentativas de definir um sistema
de proporções ideais que se apliquem à figura humana. Assim fez o
OS GREGOS E SEU IDIOMA 29 1

escultor Policleto, quando redigiu sua obra chamada o “ Cânone” (Κανών,


isto é, “A Regra”), ilustrada por ele ao executar uma estátua conforme
esse sistema, estátua que teria sido talvez o famoso “Doríforo” ( “Portador
de lança” ou “Danceiro”), do qual subsistem ainda cópias. A estatuária
atlética, que Policleto praticou assiduamente, oferecia campo muito favo­
rável para tais pesquisas. Representando atletas nus, o escultor era muito
naturalmente levado a exaltar a forma humana em sua perfeição. Policleto
soube exprimir esse sentimento de admiração reflexiva, que animava os
Gregos diante da beleza viril em que se conjugam o vigor físico e o
domínio de si mesmo. O ideal plástico assim definido correspondia à
aspiração de uma sociedade para a qual a medida humana era a de todas
as coisas e aos olhos de quem o homem não se realizava integralmente
a não ser na disciplina inteligente do estádio.
Tal ideal, banhado de intelectualidade, permanece estreitamente
ligado ao real, que ele embeleza e sublima, submetendo-o à lei dos números.
Dir-se-á então que essa perfeição formal terá satisfeito totalmente
aos Gregos? Embora admirando-a eles não lhe desconheciam os limites:
o rétor latino Quintiliano, que escreveu no primeiro século de nossa era,
mas que se inspirou em autores gregos anteriores, dizia a propósito disso:
“Se Policleto soube dar à forma humana uma beleza sobrenatural, nem
por isso parece ter conseguido reproduzir a majestade divina”. Essa
opinião assume toda a sua significação quando a aproximamos da que
o mesmo Quintiliano exprime sobre Fídias, o qual, segundo ele, “de
algum modo enriqueceu a religião tradicional”. A p artir do modelo
humano, que ambos esses artistas tomaram como ponto de partida, um
atinge a uma rigorosa perfeição formal que aparece, entretanto, um pouco
fria e como que desencarnada, o outro eleva o homem acima de sua
condição, conferindo-lhe a apreensão direta de uma grandeza sobrenatural.
O simulacro antropomórfico traduz assim, ora o ideal humanista, ora a
transcendência divina. Toda a riqueza do helenismo está contida aí.
Se a estátua do culto é a obra máxima do escultor, como o templo
é a do arquiteto, outras tarefas solicitam também os artistas, que se
dedicam a elas com ardor e consciência profissional. A decoração dos
edifícios sagrados, a dos monumentos funerários, a do mobiliário do culto
reclamavam sua colaboração e, mesmo levando em conta o programa
estabelecido pela autoridade responsável, excitavam sua imaginação. O
tesouro dos mitos ancestrais lhes fornecia ampla matéria, que eles utili­
zavam também para obras profanas. Dirigindo-se a um público ao qual
tais mitos eram familiares, os artistas não precisavam ser prolixos: alguns
traços característicos, ou, à sua falta, uma inscrição, tanto bastava para
identificar um personagem. Seguro 'de ser compreendido, em vista dessa
298 GTTIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

cumplicidade preliminar com o seu público, o artista podia ir direto ao


essencial. Daí o despojamento das obras gregas, em que cada detalhe é
importante e cuja força expressiva diz respeito à sua sobriedade.
Dois pares de guerreiros sugerem uma batalha diante de Tróia, como
uma maça nas mãos de Hércules evoca todo o episódio das Hespérides,
ou um tronco retorcido representa uma floresta. Esse povo inteligente
sabia compreender por meias palavras: apreciava plenamente uma arte
rica em alusões e símbolos, fazendo constante apelo ao concurso ativo
do espectador, e querendo dizer muito com grande economia de meios,
além de fazer uso constante da metonímia e da litote. Tal arte se nutre
da observação cotidiana, mas aspira a exprimir o durável. Admite a
violência, mas recusa a gesticulação. Arte que se sente às mil maravilhas
narrando uma história, mas que se compraz ainda mais em captar a
essência permanente de um ser: nada exprime melhor a Grécia clássica
do que uma figura isolada, sentada ou de pé, nua ou vestida, homem ou
mulher, que medite ou que sonhe, ou melhor, que, sem estar requisitada
por nenhum pensamento ou ação particular, viva etemamente uma vida
calma, disponível, soberana. Sem desprezar a anedota, de que os pintores,
de vasos souberam tira r o melhor partido, a arte grega visa de ordinário
a algo mais alto. É uma arte fremente e colorida, sem dúvida: não esque­
çamos que todas as estátuas de mármore eram pintadas, para acentuar-
lhes a impressão de presença. Mas, embora apelando para os sentidos,
essa arte se dirige ao espírito e é ao espírito, além do deleite dos sentidos,
que ela visa a satisfazer.

27. A DECLINAÇÀO DOS Q U A LIF IC A TIV O S:

A - A SEGUNDA E A TERCEIRA CLASSES DOS ADJETIVOS.


B - GRAUS DOS ADJETIVOS: 2° TIPO.
C - ADVÉRBIOS FORMADOS DE ADJETIVOS.
i idjetivos de 2a e 2a Classes
a) Generalidades: A gramática tradicional coloca na segunda classe
os qualificativos que seguem apenas a terceira declinação nominal, nos
três gêneros, em oposição aos de primeira classe, que seguem a prim eira
e a segunda declinações, como já vimos. Por outro lado, acrescenta-se um
terceiro grupo a essa classificação, para englobar os adjetivos que alternam
a terceira declinação (para masculinos e neutros) e a primeira (para
os femininos). São os chamados adjetivos mistos ou de terceira classe.
Preferiremos, contudo, prosseguindo no método que temos adotado,
classificá-los pelos temas,que se apresentam com a mesma variedade dos
substantivos.
OS GliECiOS K SKU IDIOMA 299

Assim encontram-se;

b) Adjetivos uniformes de segunda classe, que podem ser:

1 — Temas em labiais e guturais, cujos nominativo e vocativo sin­


gular têm forma única para os três gêneros, mas o neutro (de uso restrito)
repete o nominativo no acusativo singular e acrescenta a desinência d
diretamente ao radical, nos casos iguais do plural. Seguem a declinação
dos substantivos do mesmo tipo. Ex. άρπαζ (rapace), genitivo apirayos,
διαρρώξ, -ώχος (desgarrado, fendido).(que não tem neutro). φ'Κοχώφ, -ώπος
(ardente, rutilante, de aparência chamejante; só têm masculino e feminino),
φοίνιξ, φοίνικος (rubro, purpúreo); com maiuscula Φοίνιξ, -xos significa
Fenício ou Cartaginês.
2 Ternas em dentais, com nominativo sigmático tanto para os oxitonos
quanto para os não oxitonos, com uso muito restrito do gênero neutro, que tem
as mesmas características já evocadas para o tipo precedente. O vocativo singular
dos masculinos e femininos será igual ao nominativo para os sigmáticos e será o te­
ma puro para raros assigmáticos. Exemplos: φνγάς, -άδος (fugitivo, exilado; não
tem neutro), πενθάς, άδος (deplorável, funesto; só tem o feminino), άπαις,
άπαιδος (sem filhos; não tem o neutro), άγνώς. άγνώτος (desconhecido, igno­
rante, obscuro, sem o neutro), ττένης, ττένητος (pobre), πελαργόχρως, -ωτος
obscuro; sem o neutro), πένης, κινητός (pobre), 7τελαρχόχρως, -cotos
(cor de cegonha, isto é, preto e branco).
N.B. —Alguns adj. fem. deste tipo se usam como subst. Ex.: πατρίς (subent.
yf], χώρα), Αωρίς (Dória ou Dórida).
3 — Temas em nasais — Têm nominativo assigmático e alongado, v
o vocativo igual ao tema puro (ou ao nominativo se este fór oxítono). Ex.:
Έ λ λ η ΐ', “E λ'Κηνος (Heleno, Grego), φλέδων, φλέδονος (charlatão, trapa­
lhão, tagarela), απτήν, άπτήνος (desprovido de asas).
4 — Temas em líquidas — São raros e não têm neutro. Por exemplo:
αχειρ, άχείρος (que não tem mãos, desajeitado), em que o dativo plural
άχερσι(ν) conserva a mesma alteração do substantivo de que se compõe.
Ou: εΰχειρ, -os (de mãos hábeis), etc.

c) Adjetivos biformes d.e segunda classe — Também podem ser:

1 — Temas em dentais — Com uma forma para o masculino e o


feminino (geralmente sigmática) e o tema puro para o neutro. São radi­
cais em r, δ que seguem a declinação de ή χάρις ou de ή χόρνς (Cf. 3a.
dec'inação dos substantivos). Por exemplo: άχαρις, - i , genitivo άχάριτος
(sem graça, desgracioso), ευχαρις, - i , genitivo εύχάριτος (gracioso, propício,
amado), δίπονς, -ovv (bípede), genitivo δίποδος, τρίπους, -ουν (trípoda,
de tre° pês' genitivo τρίποδος, ’έπηλνς, ’ίπηλυ (forasteiro, hóspede), genitivo
300 OUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

ίπήλυδοϊ, Q7roXis, -i, genitivo àiròXiôos (apátrida, desterrado), eüeXncs,


-i, genitivo eòéXiπδοϊ (esperançoso), òvatpis, -t, genitivo δυσέριδο%
(disputador, ranzinza), etc.
Observe-se que, por exceção, os compostos de 7roés, noôós (ôíwovs,
-ουν, τρίπους, -ουν) apresentam um neutro com desinência -v.
2 — Temas em nasais — São adjetivos que apresentam os sufixos
-ην, -ov e -μον, os dois primeiros indicando, geralmente, participação
e o último ação, atividade. Ex.: αρρην, -tv, genitivo dpptvos (másculo,
viril), σώφρων, σώφρον, genitivo σώφρονοτ (sensato, prudente), αφρων,
αψρον, genitivo cuppovos (insensato), eòδαίμων, -ov, genitivo tbò aípovos
(feliz, afortunado), éXeripuv,' éXéppov, genitivo e\erjpovos (compadecido,
misericordioso), peyaXcxppuv, -ov genitivo pey αΧόφ povos (magnânimo),
<pLΧοπρδτγμων, -ov, genitivo φιΧοπ p í y povos (ativo). O acento recua no
neutro singular (nominativo, vocativo, acusativo) e no vocativo singular,
sempre que a vogal temática for breve.

3 — Temas em liquidas — Costumam ser compostos ou derivados


de substantivos em -p. O nominativo é assigmático e alongado, o voca^-
tivo é igual ao tema. Ex.: άπάτωρ, απατορ, genitivo ànáropos (órfão
de pai), ίΰπάτωρ, -op, genitivo tvrráropos (de boa estirpe, nobre; bom
pai), δνσμήτωρ, -op, genitivo δυσμήτopos (próprio de mãe desnatu-
rada), etc.
Nestes adjetivos, da mesma forma que ocorre nos substantivos em
-p, há recuo da sílaba tônica nos casos iguais do neutro e no vocativo
singular dos outros gêneros.
4 — Temas em sibilante ■— São sempre contratos, em virtude da
síncope do sigma, tomado intervocálico. O nominativo dos masculinos e
femininos é sempre alongado e nos casos iguais do singular, os neutros
têm a forma do tema puro. São geralmente oxítonos.
Os compostos, com freqüência, recuam 0 acento, às vezes até con­
trariando as regras gerais da acentuação. Ex.: tbytvps, -ts, genitivo
eòyevéaos > -oüs (nobre, generoso, bem nascido), àxpifigs, -és (exato),
oa<prjs, -és, (claro, preciso), àotevrjs, -és (fraco), àa<paXrjs, -és (seguro),
ôvapevris, -és (hostil), éwLCLxrjs, -és (conveniente). Mas: ovvrjdps, σύ-
vrftes (íntimo, costumeiro, familiar), xaxopOps, xaxòvdes (vicioso, per­
vertido).
Contudo, os compostos terminados em -ωδβσ e -ppeo não fazem
recuar o acento: eóúôps, -ccôes (oloroso, perfumado), 7rodppps, nobppes
(que tem pes ou que cai até os pés).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 301

Declinação de adjetivos bijormes de segunda classe:

TEMAS: ευδαιμον-, σαφεσ-, χαχοήθεσ-, άπολιδ —

SINGULAR

Nom. ευδαίμων, εύδαιμον σαφήί, -éí χαχοήΟηί, -εί απολίί, -ι


Voc. εύδαιμον, εύδαιμον σαφέί, -έί χαχόηΟεί, -εί αττολι, -ι
Acus. εύδαίμονα, ευδαιμον σαφή, -éí χαχοήβη, -es ίπολιν, -ι
Gen. εΰδαίμονοί, εΰδαίμονοί aapovs, -ονς καχοήθουί, -ονί άττόλιδοί, -οί
Dat. εΰδαίμονι, εΰδαίμονι σαφεϊ, -εΐ χαχοήβει, -ει άττόλιδι, -ι

PLURAL
Nom. ευδαιμονεί, -ά σαφείς, -ή χαχοήβείί, -η άπόλιδεί, -ιδα
Voc. ευδαιμονεί, -a σαφείς, -η χαχοήθεΐί, -η άττόλιδεί, -ιδα
Acus. εΰδαίμοναί, -a σαφεΐί, -ή χαχοήβείί, -η άπόλιδαί, -ιδα
Gen. εΰδαιμόνων, -ων σαφών, -ών κακοηθών, -ών άτιολίδων, -ίδων
Dat. εΰδαίμοσι, -σι σαφέσι, -έσι χαχοήθεσι, -εσι άττόλισι, -ισι(ν)

DUAL
Nom. Voc. Acus. εύδαίμονε σαφεϊ (-ή) χαχοήθε ι (-η) άπόλιδε
Gen. D at. εύδαιμόνοιν σαφοϊν χα χοηθοϊν άττολίδο ιν

Ν.Β. — Ο acusativo plural masculino e feminino dos adjetivos em si-


bilantes (cóntratos) são analógos ao nominativo singular (terminação — eis).
Os adjetivos xjyvigs (sadio, saudável), ενδεήί (inferior, desprovido),
εΰφυήί (bem dotado), têm dupla forma no acusativo singular masculino
e femmino, e nos casos iguais do plural neutro: ύγια/ΰγιτ), ενδεά/ενδεή,
ευφυά!ευφυή, porque a terminação é precedida por uma vogal.
5 — Temas vocálicos ( -t, -υ) são raros, como adjetivos biformes, e alguns
apresentam alternância, a exemplo dos substantivos do mesmo tipo, mas sem com­
pensação nem contração pelo desaparecimento do digama intervocálico (cf. Adje­
tivos Vocálicos Triformes). Além disso, a alternância só ocorre no genitivo e no da
tivo do singular, enquanto nos nominativos, vocativos e acusativos do plural e do
dual a raiz permanece no grau reduzido. Assim: εύβοτρυς, -υ, gen. sg. εύβότρυ -
ος (= o que dá belas uvas, fértil em uvas); ϊδρις, -t (voc. ΐδρι), gen. Ιδρέ - ος ou
ΐδρι - ος ou ϊδρεως (no ático), ou ainda ιδρώ - ος (= sábio, instruído, previ­
dente); nom. pl. 'ίδρι-ες (cf. εύβότρυ - eç, etc.). As formas em dental (ίδριδος,
ϊδριδι, de genitivo e dativo) são analógicas com as dos demais adj. biformes em
vogais fracas, por vezes confundidos —pelo nom. sg. —com temas do tipo χάρις -
302 GUIDÀ NEDDA ΒΛΒΛΤΛ PARREIRAS ÍIORT \

Ex: φιλόπολίς, - i (patriótico), gen. sg. φίλοπόλώ - ος (e os restantes compostos


de πόλις).
Empregado como substantivo, ί'δρις é usado por μύρμηξ (formiga), no
sentido de “sábia, prudente”.
Os adj. compostos de rò δάκρυ, - υος (a lágrima) também deixam de apre­
sentar apofonía. Ex: άδακρυς, - υ - gen. sig. άδάκρυ - ος (= sem lágrimas, não
chorado ou que não chora), κ. τ . λ. (= etc).
d) Adjetivos trijormes de terceira classe — Possuem uma forma para
cada gênero, no nominativo do singular, sendo que a do feminino pertence
à primeira declinação (geralmente temas cm -a impuro, excepcional mente
- a puro). Podem ser:
1 — Temas em dentais — Abrangem não só adjetivos qualificativos,
mas também numerosos particípios, com o tema cm -cr ou -or.

I — Adjetivos de tema em -vt — Em geral são sigmáticos, havendo


síncope do grupo consonântico antes do sigma do nominativo singular
masculino e o conseqücnte alongamento da vogal que precede. O feminino
se forma pelo acréscimo do sufixo -já ao tema do masculino. O neutro
é o radical puro nos casos iguais do singular. Ex.: Τ. πάντ — Nomina­
tivo singular masculino — παντ-s > más, feminino παντ]α > παν -
σα > πάσα, neutro πάντ- > πάν. Genitivo singular: π α ν τ -bs, πάσ-
-ps, παντ -bs.
Além deste tipo com radical em -άντ, há outros adjetivos com o
tema em -βντ, sofrendo análogas alterações, como é o caso de xapítis,
-ίβσσα, -íev (tema χαραντ-) = gracioso, -a. Note-se que aqui o
tema aparece abreviado no feminino {χ α ρ ιετ— já) e no dativo plural
do masculino e do neutro. Assim: Nominativo singular masculino —
\apievT -s > xa p ia s, feminino — χαριβτ - já > χαρίεσσα, neutro
χαρίβντ > xapiev. Dativo plural masculino e neutro χ α /oier -σι >
χαρίεσ ι(ν).

II — Particípios de tema em - — São formas nominais do verbo,


v t

declináveis em todos os casos, gêneros e números, como os adjetivos, in­


clusive na idêntica formação dos femininos.

De acordo com os vários temas temporais, os particípios podem ter­


minar em — (particípios presentes temáticos e atemáticos e futuros
o v t

ativos), — αντ (particípios aoristos ativos), — (particípios aoristos


í v t

passivos), — vvt (particípios presentes ativos atemáticos). Também ocor­


rem aoristos l í ativos em verbos reforçados ou atemáticos, com a termi­
nação — .
o v tA queda do grupo consonântico diante do sigma faz alon­
gar-se a vogal da seguinte forma: ã > a, e > ei, o > ου, υ > v.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 303

Λ — Toma cm - αντ: Nominativo singular: - ãs, -ασά, -αν. Ex.:


Part. aoristo ativo dc. Xéeie: λύ -σας, λν -σασα, λν -σαν (de­
satando)

Β — Tema em - evr: Nominativo singular: - eis, -iíaã, ~tv.


Ex.: Part. aoristo passivo (I) Xvílv: XvOeÍs, λιιΟύσα, λυθ-év
(sendo desatado)

Part. aoristo passivo (II) de β λά πταν: β \α β -éís, β λα β -eiaa,


β λα β -év (sendo prejudicado).

C — Tema em - οντ: Nominativo singular assigmálico: -ων, -ουσά,


-ον.
Ex.: Part. presente de \ v( lv: λν -ων, λδ-ονσα, λν-ον (desatan­
do)

Part. futuro de Xóeiv: λν -σων, λν -σονσα, λνσον (estando a


ponto de desatar).
Nom. sing. sigmâlico: -oús, -ονσα, -òv. (cf. Verbos Atemáticos —
29 Tomo)

Ex.: Part. pres. atemátieo de δίδόναι. (dar) — διδονς, διδονσα,


δώόν (dando).

Part. aoristo II de δώόναί (dar) — δονς, δονσα, δόν (dando)


Part. aoristo II de yiyvúiaxtiv (conhecer) — yvovs, yvovaa,
yvòv (conhecendo).

D — Tema em - v v t : Nom. singular sigmático -ús, -ϋσα, - v v .

(cf. 29 Tomo)

Part. presente atemátieo ativo de δεικννναι (mostrar) — ôeix-


vvs, -νσα, -vv (mostrando).
Em todos eles, o jeminino segue a declinação de alja impuro (pri­
meira).

O vocativo é igual ao tema ou ao nominativo, mas raramente é


usado.

N.B. — Os particlpios oxitonos são sigmáticos, os não oxílonos são assigmá-


ticos e alongados, no nominativo singular masculino (exceto no aoristo em —
αν: λ ύ -οας < * λυ - α α -ντ - ς).
304 guída nedda ba bata parreiras horta

DECLINAÇÃO DOS ADJETIVOS E PARTICfPIOS EM DENTAIS

TEMAS: παντ-, λυσαντ- (terminações -αντ)

SINGULAR (Masculino, Feminino, Neutro)

Nom. πάς, πάσα, πάν λύσας, λίισασα, λυσαν


Voc. (não é usado) 11 11 )1
Acus. πάντα, πάσαν, παν λίισαντα, λΰσασαν, λνσαν
Gen. παντός, πάσης, παντός λνσαντος, λνσάσης, λνσαντος
Dat. παντί, πάσρ, παντί λύσαντι, λνσάσρ, λνσαν τι

PLURAL

Nom. πάντες, πάσαι, πάντα λύσαντες, λύσασαι, λνσαντα


Voc. (não é usado) 11 11 11
Acus. πάντας, πάσας, πάντα λΰσαντας, λνσάσας, λύσαντα
Gen. πάντων, πασών, πάντων λυσάντων, λνσασών, λυσάντων
Dat. πάσι, πάσαις, πάσι(ν) λΰσασι(ν), λυσάσαίς, λύσασι(ν)

DUAL

Nom. Voc. Acus. πάντε, πάσα, πάντε λνσαντε, λυσάσα, λΰσαντε


Gen. Dat. πάντοιν, πάσαιν, πάντοιν λνσάντοιν, λνσάσαιν, λνσάντοιν

TEMAS: χαριε(ν)τ-, λυθεντ- (term. -εντ)

SINGULAR (Masculino, Feminino, Neutro)

Nom. χαρίεις, χαρίεσσα, χαρίεν λυθείς, λυθεϊσα, λυθέν


Voc. χαρίεν, χαρίεσσα, χαρίεν λυθείς, λυθεϊσα, λυθέν
Acus. χαρίεντα, χαρίεσσα, χαρίεν λυθεντα, λυθεϊσαν, λυθέν
Gen. χαρίεντος, χαριέσσης, χαρίεντος λυθέντος, λυθείσης, λυθέντος
Dat. χαρίεντι, χαριέσστρ, χαρίεντι λυθέντι, λυθείσρ, λυθένtl
OS GREGOS E SEU IDIOMA 305

PLURAL

Nom. Voc. χαρίερτε%, χαρίεσσαι, χαρίεντα ΧυΟέντες, Χνθεϊσαι, Χυβεντα


Acus. χαρίεντας, χαρίέσσας, χαρίερτα XvOévTas, ΧυΟείσα·;, Χ\£έντα
Gen. χαριέντων, χαριεσσών, χαριέντων ΧνΟέντων, Χνθεισών, Χνβέντων
Dat. χαρίεσι(ν), χ α ρ ίεσ σ α ι, χαρίεσι Χυ6εϊσι{ν), ΧυΟείσαις, Χυθείσι(ν)

DUAL

Nom. Voc. Acus. χαρίεντε, χαριέσσα, χαρίεντε ΧνΟέντε, Χυθείσα, ΧυΟέντε


Gen. Dat. χαριέντοιν, χαριέσσαο·, χαριέντοιν Χνβέντοιν, Χνθείσαιν, Χυβέντοιν

TEMAS: Χνοντ-, δώοντ- (Terminação -οντ)

SINGULAR (Masculino, Feminino, Neutro)

Nom. Voc. Χύων, Χύουσα, Χΰον διδού$, διδονσα, διδόν


Acus. Χνοντα, Χύουσαν, Χΰον διδόντα, διδονσαν, διδόντα
Gen. Χύοντος, λιιούσης, Χύοντος διδόντος, διδούσης, διδόντος
Dat. Χύοντι, Χυούσ·η, Χύοντι διδόντι, διδούστ\, διδόντι

PLURAL

Nom. Voc. Χνοντες, Χύονσαι, Χνοντα διδόντετ, διδονσαι, διδόντα


Acus. Χύοντας, Χυονσας, Χνοντα δίδοντας, διδούσας, δώόντα
Gen. Χνόντων, λυουσώρ, Χνόντων δώόντων, διδονσών, δώόντων
Dat. λύουσι(ρ), Χνούσαις, Χνονσι(ν) δίδοΰσl(v), δώούσαις, διδοϋσι(ν)

DUAL

Nom. Voc. Acus. Χύοντε, Χνονσα, Χύοντε δώόντε, διδούσα, δώόντε


Gen. Dat. Χνόντων, Χυούσαιν, Χνόντων δώόντοιν, διδούσαιν, δώόντοιν

N.B. — Observe-se a acentuação irregular de iras, πάσα, πάν (cf. acen­


tuação da terceira declinação) e, inversamente, a regularidade dos particí-
pios monossilábicos. No capítulo destinado às formas nominais dos
verbos, explicaremos com mais detalhes a formação desses tempos. Por
ora basta que se notem as semelhanças formais existentes entre eles e os
adjetivos triformes em dentais. Seguem ainda esta declinação dois antigos
particípios que assumiram valor integral de adjetivos: εχων, εχοΰσα, εχύν
(= de motu próprio; latim: libens) e seu antônimo άχων, αχούσα, άχον
(= contra a vontade; latim: invitus).
30o C .rn n NKDDA BAKATA l-A U U I^ ÍA S IlillÍT A

III — Participia* de tema em - or — Sf.o oh p:lr|icípios perfeitos


ativos, ein (pie o masculino é assigmálico (quanto à (lesinéneia), no nomina­
tivo singular, mas o - r (lo sufixo silãliza-sc,'alongand„-S(, „ Aniiemn preee-
d('nte. (Juanlo ao feminino, forma-se pelo acréscimo s„nX() . rjS
ao toma tomporal com a vocalizarão do iofE, seguindo Ί ()Γ(,]*ιηΊΓΓκ)
do alfa puro breve. No daiivo plural, a queda da dental, diante do
Purina desmencial, minprovoca compensarão. Kx. PhiI. perfeito
d(‘ Xceiv— Nominativo singular masculiíio; r- XeXv.hcos (<ren
sin.ir. XeXvhòr-os). Feminino singular: (genitivo
Noutro singular: XeXvuós (genitivo singular -os).
2 — Temascm nasais - Ilá três adjetivos om nasal qUr se declinam
regularmente como os substantivos .do mesmo tipo, no masculino e neutro,
declinando-se, no feminino, pelos temas de. alfa impuro. O vocal ivo do
singular, masculino e neutro, é igual ao tema. São c‘l('s:
Nom. singular — M— F — piXcuna N μβΧαιf(negro)
Gen. singular — peXau'ps peXaros
Nom. singular — ΛΓ — F ráX N τάλαο (infeliz)
Gen. singular — ταΧαίΐ'ης ráXaros
Nom. singular — Μ — F — τ éptwa N - reper (tenro, terno)
Gen. singular — . repe répenos
Os dois primeiros sao sigmaticos, o ultimo é assjgmático e alongado
no masculino, nominativo singular. Λ nasal desaparece sem compensação
no dativo plural (masculino e neutro).
Ilá uma apósirojeindeclinável (ώ τάν — pobrezinho, meu caro) que
parece estar relacionada com ráXas.
3 — Temas em líquidas — Ilá um adjetivo, com nominativo assig-
mático no masculino e o feminino em alfa puro breve. F μάχαρ,
μάκαιρα, μάκαρ (feliz, afortunado, rico). No plural significa “os bem-aven­
turados, os imortais, os deuses”. Sua declinação é total mente regular.
4 — Temas em vogais jracas — São terminados em
oxítonos no nominativo singular masculino e neutro e properispômenos
no feminino, que segue a declinação de alfa puro. Apresentam alternân­
cias, como os substantivos desse tema, porém sem o alongamento compen­
satório (pela queda do digama intervocálico) observado nestes (cf. terceira
declinação dos temas vocálicos). O vocativo singular masculino é igual
ao tema puro e só h á contraçõesno dativo singular m. e e no , voca­
tivo e acusativo plural desses gêneros (e nos mesmos casos do dual, masculino
e neutro). Exemplo: Nominativo singular — rjôvs, 7]0ela} ηδν (agradável,
suave, perfumado, amável).
307
OS GREGOS E SEU IDIOMA

TEM A VOCÂL1CO: ήδν- j ήδεγ- (-ja)

SINGULAR PLURAL

Nom. ήδύς, ήδεία, ήδύ ήδεϊς, ήδεϊαί, ήδέα


Voc. ήδύ, ήδεία, ήδύ ήδείς, ήδείαί, ήδέα
Acus. ήδύν, ήδείαν, ήδύ ήδεϊς, ήδείας, ήδέα
Gen. ήδέος, ήδείας, ήδέος ήδέων, ήδείών, ήδέων
Dat. ήδεϊ, ήδεία, ήδεϊ ήδέσι, ήδείαις, ήδέσι

DUAL: N.V.Ac. - ήδεϊ (Μ.Ν.) ήδεία (F.) G.D. ήδέοιν (Μ.Ν.) ήδείαιν (F.)

Por este modelo declinam-se:


βαθύς, βαθεϊα, βαθύ — (profundo)
βαρύ1;, β apela, βαρύ — (pesado)
βραδύς, βραδεία, βραδύ — (lento)
βραχύς, βραχεία, βραχύ — (curto)
■γλυκύς, ·γλυκεΙα, "γλυκύ — (doce)
ευθύς, εύθεία, ευθύ — (reto, direito)
εύρύς, εύρεϊα, εύρύ — (largo)
θρασύς, θρασεία, θρασύ — (ousado)
οξύς, οξεία, οξύ — (agudo, pontudo)
παχύς, π α χεϊα , παχύ — (espesso)
πλατύς, πλα τεία , π λα τύ — (vasto, amplo)
ταχύς, τα χεία , τα χύ — (rápido, pronto, repentino)
τραχύς, τρα χεία , τρα χύ — (rude, áspero, intratável, cruel)
ώκύς, ώκεΐα, ώκύ — (rápido, ágil, ligeiro, penetrante)

Note-se a acentuação excepcional do feminino de ελαχύς, ίλ ά χ ίΐα ,


έλαχύ (menor, pouco numeroso) e λι/yús, λίγεια, λι/yú (sonoro, melodioso,
eloqüente) e ainda a dos três gêneros de ήμισνς, ήμίσεια, ήμισυ (meio, meia).
Em conclusão, verifica-se que os adjetivos de temas em oclusivas
labiais e guturais só podem ser uniformes-, ao passo que os em oclusivas
dentais, os em nasais e os em líquidas> tanto podem ser uniformes, como
biform.es ou triformes. Por outro lado, os de tema sibilante só podem
ser bifarmes e os vocálicos ou são biformes (poucos) ou são triformes
(a maioria).
N B. — Nos particípios, costuma-se preferir as formas do dual mascujmo
para todos os gêneros.
308 GUIDA NEDDA BAKATA PARREIRAS HORTA

e) Adjetivos irregulares — Apresentam duplo radical, os seguintes:


1 — πολλή, πολύ (lat. multus) — muito,
ir o \v s , considerável (sg.),
numeroso (pl.)
2 — g éya s, μεγάλη, μεγα (lat. magnus) — grande, importaflte, magno.
3 — (lat. dulcis) — suave (não tem dual).
irp ã o s , T p a e l a , π ρ ά ο ν

A irregularidade do primeiro consiste em que, no singular, o masculino


e o neutro têm o nominativo, o vocativo, o acusativo, com o tema πολυ-
de terceira declinação, e os outros casos com o tema πολλο - (inclusive
o plural e o dual), declinando-se pela segunda. O feminino é regular
em todas as formas (tema πολλα/η).
O segundo tem os temas μ ε γ α -/μ ε γ ά λ ο -/ -a , o primeiro servindo ao
nominativo ç ao acusativo do singular masculino e aos casos iguais do
singular do neutro. O restante da declinação, nos três gêneros, segue
os adjetivos de primeira classe, com a segunda forma do radical.
O último adjetivo declina-se regularmente no singular (Cf. primeira
classe) mas no plural tem duas formas para o nominativo masculino (π ρ ά ο ι
e x p a e l s ) e segue a terceira declinação no genitivo do plural (π ρ ά σ ω ν) e
no dativo plural (πραύσι), masculino e neutro.

DECLINAÇÃO IRREGULAR — SINGULAR DOS TRÊS GÊNEROS

Nom. πολύ?, πολλή, πολύ μύγα?, μεγάλη, μύγα


Voc. (não tem) μεγάλε, μεγάλη, μύγα
Acus. πολύν, πολλήν, πολύ μύγαν, μεγάλην, μύγα
Gen. πολλοΰ, πολλή?, πολλοΰ μεγάλου, μeyά\ηs, μεγάλου
Dat. πολλώ, πολλή, πολλω μεγάλφ, μεγάλη, μεγάλφ

Nominativo Plural — πολλοί, πολλαί, πολλά — μεγάλοι, -αι, -a, etc.


Observações: la.) — Alguns adjetivos são dejedivoi em gênero, só tendo
a forma do masculino e do feminino. Há dois tipos:
a) Uma só forma para masculino e feminino. Ex.: à y v ú s , à y v Ü T o s (des-
eonhecido), í i r a i s , άπαιδοϊ (sem filhos) — άρπα£, α ρ π a y os (rapinante,
raptor), γυμνή?, γυμνή tos (nu), <pvyás, tp v y à ò o s (exilado, fugitivo).
b) Formas diversas para os dois gêneros: Ex.:
σωτήρ, σωτήρος (salvador), feminino σώτειρα, σωτείρα? (salvadora)
Σ π α ρ τιά τη , Σ παρτιάτου (Espartano), feminino Σ π α ρ τιά τη , -tô o s (Es­
partana), Λάκων, Λάκωνο? (Lacônio), feminino Λάκαινα, Λακαίνη?
(Lacônia, natural da-), etc.
OS GKEGOS E SKU IDIOMA
309

Vemos, pois, que os do l.° tipo são uniformes e os outros, do 2.° tipo,
são biformes, seguindo declinações diferentes, de acordo com o gênero a
que pertencem.
2 a.) O adjetivo ιτολύί, π ολλή, πολύ costuma mudar de sentido, ao
passar do singular para o plural. Assim: ή πολλή κραυγή (grande grito
ou clamor), ή πολλή οδός (extenso caminho), ή πολλή χώ ρα (extenso país),
πολύν χρόνον (ac.) (loc. adv. — por muito tempo), πολλοί (muitos, vários),
oi πολλοί (a maioria, a multidão), oi πολλοί τών ανθρώπων (a maior
parte dos liomens).
Na fortna do neutro, também pode ser empregado como advérbio
(construção, aliás muito frequente em grego). Ex.: πολύ (adv.: muito),
τά πολλά (a maior parte do tempo, habitualmente). Diante de um com­
parativo tanto se usa πολύ como πολλώ (dat. singular), adverbialmente.

50f Exercício
I — Decline', ò μέγας στέφανος (a grande coroa), το πολύ άλγος (a dor
intensa), ή ισχυρά πατρίς (a pátria poderosa) no singular; ò βαθύς ποταμός
(o profundo rio), ή θρασεία γυνή (a ousada mulher), το γλυκύ õvap (o doce
sonho), no plural; ή βαρεία άμαξα (a pesada carroça), tò οξύ ξίφος (ο
pontudo gládio), tò εύώδες άνθος (a perfumada flor), no singular e no dual.
I I — Veria c ponha nos casos solicitados ·.
O herói de boa estirpe (nom. plural), a amizade conveniente (gen. singular),
o rei hostil (ac. plural), o aluno esquecido (voc. singular), o discurso exato
(dat. plural), a curta vida (dat. singular), a floresta espessa (gen. plural),
0 doce mel (ac. singular) a ativa abelha (nom. plural), o príncipe magnâ­
nimo (ac. dual), o deus compadecido (gen. plural), a voz maviosa (nom.
plural), a estrada reta (ac. singular), o vasto oceano (dat. singular), o pé
rápido (nom. plural).
I I I — Traduza:
1 — Ή Σ φ ίγξ έχει πρόσωπον μέν γυναικός, στήθος δε καί ουράν
λέοντος, καί πτέρυγας δρνιθος.
2 — Ό ύκ ’έ στι βίον εύρείν αλυπον ούδενί'
Τιώμεν γ ά ρ ούχ ώς θέλομεν, ά λ λ ’ώς δυνάμεθα.”
Ν.Β. — EúpeZi' é inf. aoristo II de εύρίσκειν (achar, encontrar).
3 — Τα χρώ ματα' tò φαιόν γ ίγ ν ε τα ι λευκού τε καί μέλανος κράσει, τά
δέ πυρρόν ξανθού re καί φαιού, το δέ χλωρόν κυανού re καί
ξανθού, ά λ λ ’ ò κύανος τού ουρανού χρώμά έστιν.
4 — "Έλληνες άεί παϊδες, γέρων δέ "Έλλην ούκ έστιν, καί ή "Ελλάδος
κάλλοσύνη κ α τά π ά ν τ’ αιώνα έσται.
310 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

IV — Explique a etimologia e o significado primeiro das seguintes


palavras portuguesas, partindo dos termos gregos de que se derivam :
1 — Astronomia (ó άστήρ, ò νόμος).
2 — Biblioteca (τό βιβλίον, η θήκη)
3 — Economia (ò οίχος, ò νόμος)
4 — Farmácia (τό φάρμαχον)
5 — Hemisfério (ημισνς > ήμ'ι, pref., cf. lat. semi — ή σφαίρα)
6 — Hipodromo (ό 'ίππος, ò δρόμος)
7 — Holocausto (ολο;, -η, -ον, χαυστός, -ή, -όν)
8 — Paleograjia (παλαιός, -ά -όν, η χρα φ ία )

Β — Graus dos adjetivos (Segundo tipo)


1 ) para o comparativo de superioridade — masc. e fem. -ίων (-]ov) (cf. ter­
ceira declinação). Neutro -um.
2) para o superlativo - ιστός, -ιστη, -ιστόν (cf. primeira classe dos
adjetivos).
Tais sufixos ocorrem regularmente em seis adjetivos, acrescentados
à raiz do grau positivo (com elisão da vogal final deste último), ocorrendo,
algumas vezes, alterações fonéticas resultantes do encontro do iode (-j)
do sufixo com a consoante final do tema. Assim:

Positivos Comparativos Superlativos

αισχρός, -ά, -όν (vergonhoso, vil) αίσχίων, αισχώ ν ά ίσ χισ ros, -η, -ον
(τό αΖσχο$)
έχθρός, -ά, -όν (inimigo, hostil) έχθίων, βχθιον ’έ χθιστος, -η, -ον
(τό ΐχθος)
ηδύς, -ela, -ύ (agradável) ηάιων, ηοιον ηδιστΟς, -η, -ον
κακό;, -ή, -όν (mau, ruim) κακιών, κακιον κακίστου, -η, -ον
καλό;, -ή, -όν (belo, esplêndido) χαλλίων, χάλλιον χάλλιστος, -η, -ον
ταχύς, -eia, -ύ (rápido) θάττων, θάττον τάχιστος, -η, -ον

Além destes, há comparativos e superlativos muito irregulares, isto é,


formados de temas diferenciados dos do positivo, sendo que αγαθό; e seu
antônimo κακό; possuem várias formas para seus graus de significação.
Por exemplo:
Comparativos Superlativos
l) άμίίνων, -ον άριστος, -η, -ον
I — αγαθό;, -ή, -όν (bom,
honesto, digno) Í 2 ) ββλτίων, -ον

3) χράττω ν, -ον
βέλτιστος, -η, -ον
χράτιστος, -η, -ον
OS GKEGOS E SEU IDIOMA
311

Comparativos Superlativos
II — κακός, -ή, -bv (mau, j 1) χάρων, -ον χείριστος, -η, -ον
desonesto, indigno) ( 2) ήττων, ηττον ήκιστα (adv.)
III — μέχας (grande, gran- (
dioso, importante) \ μαζών, μειξον ptyioTos, -η, -ον

IV — μικρός (pequeno, me- / 1) ελάττω ν, -ον ελάχιστος, -η, -ον


dí°cre) l 2) μικρότερος, -α, -ον μικρότατος,-η,-ον
V όλίχος, ελαχύς (apou- ( 1 ) ελάττω ν, -ον έλάχιστος, -η, -ον
cado, delgado, pouco <
numeroso) ( 2) μείων, μειον ---------
VI — πολύς (numeroso, múl­
πλάων, πλέον πλειστος, -η, -ον
tiplo)
VII — ρόδιος (fácil) ρμων, ράον ρρ,στος, -η, -ον

Ν.Β. — Os comparativos e superlativos de à y a J d o s , -ή, -bv têm significa­


dos que se prendem aos radicais de que derivam: άμείνων, -ον (melhor, mais
capaz, preferível), άριστος, -η, -ον -(ótimo, muito capaz) têm relação com
ή άρετή (a virtude, o mérito); βελτίων, -ον, βέλτιστος significa: melhor
moralmente, superior, ótimo e κρείττων, κράτιστος (mais forte, superior
fisicamente), estes últimos prendendo-se a tò κράτος (a força), podendo-se
acrescentar ainda λωων, λώον (mais vantajoso), de uso menos corrente.
J á nos graus de κακός, -ή, -bv, enquanto χάρων, -ον significa
pior, injerior, com o superlativo correspondente χάριστος, -η, -ον (pés­
simo, muito inferior) no sentido moral, as formas ήττων, ηττον (mais fraco
fisicamente) e ήκιστα (pessimamente, de modo algum) usada, somente,
como advérbio, têm significado material, de preferência.
Note-se ainda a sibilização da gutural em contato com o iode do sufixo
(έλα χ -jov > έλάσσων < > έλάττων) e a permuta da aspiração quando,
por influência do mesmo iode, houve perda da aspirada final do tema
(τα χ -jov > Οάσσων < > Οάττων).
A doclinação desses comparativos é idêntica à dos adjetivos biformes
em nasal (tipo ευδαίμων, -ον), sendo que, nos autores clássicos, é freqüente
encontrarem-se jormas contratas no acusativo do singular masculino e
feminino e nos nominativo, vocativo e acusativo dos três gêneros, no plural.
Ex.: acusativo singular masculino e feminino βελτίοva e βελτίω (de
βελτίοσα, suf. \οσ-), nom. v. plural masc. fem. — βελτίονες e βελτίους (de
βελτίοσες, idem). ac. plural masc. fem. — βελτίονας e βελτίους (de βελτίοσες,
fem. analóg. do nominativo plural), nom. voc. ac. neutro plural— βελτίονα
e βελτίω (de βελτίοσα).
312 GUIDA NEDDA BAKATA PARREIRAS HORTA

Isto significa que, nessas jormas contratas, o sufixo de comparativo


passa a ser -)οσ-, em lugar de -jov- (cf. latim — melior, melius — em
que o mesmo sufixo alterou-se, sofrendo o rotacismn na maioria das formas
da declinação).
No comparativo πλείων, πλέον (latim plus, pluris), encontra-se a raia
πλει- antes de vogal longa e πλε- diante de vogal breve.
Há ainda Jormas dejectivas em que, ao comparativo e ao superlativo, não
corresponde nenhum adjetivo no grau positivo, mas sim preposições. Exemplos:
Comparativo Superlativo
(π pó — diante de, à frente) 7τρότερος (precedente) πρώτος (o primeiro)
(Ü7rcp — acima de, além de) υπέρτερος (superior), υπέρτατος (supremo)
(-------------- ) ύστερος (posterior, se­ ύστατος (último)
guinte)
(έξ — fora de) (------- ) 'έσχατος (extremo).
Em prosa também ocorre o comparativo πρεσβύτερος (mais velho,
cf. presbítero) do substantivo poético ò πρέσβυς (velho) e também o super­
lativo πρεσβυτατος, mormente quando se quer confrontar idades: πρεσ-
βύτεροι καί νεώτεροι (velhos e jovens).
Observação jinal: Para a expressão de injerioridade emprega-se sempre:
ολίγον (= pouco, forma neutra com valor adverbial), ηττον (= menos,
também neutro do adjetivo), ήκιστα (o mínimo, pouquíssimo). Ex. μάλλον
ΐλεως (mais favorável — sup.), ηττον Ϊλεως (menos favorável-infer.), μά­
λισ τα ΐλεως (muito favorável, favorabilíssimo), ήκιστα Ϊλεως (pouquíssimo
favorável). São formas perifrásticas dos graus dos adjetivos.
C) Advérbios jarmados de adjetivos — Grande número de advérbios
de modo forma-se pelo acréscimo do sufixo -ως ao radical de adjetivos,
aos quais se retirou a terminação (vogal temática e desinência). Note-se,
porém, que o correspondente a άγαώύς é o advérbio eu (bem).
Quanto ao comparativo desses advérbios, tem a forma do neutro sin­
gular do comp. do adjetivo e o superlativo é idêntico ao superlativo neutro
plural daquele. Ex.:

Adjetivo Advérbio Comp. Sup. Superlativo

σοφός (gen. ρΐ. σοφών) σοφώς σοφώτερον σοφώ τατα


δίκαιος (gen. ρΐ. δικαίων) δικαίως δικαιότερον δικαιότατα
άπλονς (gen. ρΐ. απλών) απλώς άπλούστερον άπλούστατα
σαφής (gen. ρΐ. σαφών) σαφώς σα φέστερον σαφ έστατα
ήδΰς (gen. ρΐ. ήδέων) ήδέως ήδιον ήδιστα
συνήθης (gen. ρΐ. συνήθων) συνήθως συνηθέστερον συνηΟέστατα
OS GREGOS E SEU ID IO M A
313

As vezes é o próprio neutro do adjetivo que assume valor adverbial,


como já observamos (πολύ = muito, μικρόν — um pouco, ταχύ ou ταχέως,
= rapidamente, etc.).
A forma do advérbio é praticamente igual à do genitivo plural (exceto
quanto à consoante final) e a acentuação é idêntica à desse caso dos
adjetivos.

Têm jormas especiais:


Adv. ev (bem), comp. άμεινον ou βέλτιον, sup. άριστα
Adv. μήλα (muito), comp. μάλλον, sup. μ ά λιστα
Adv. òipe (tarde), comp. oxf/iaírepov, sup. άψιαίτατα.

Em alguns casos, pode dar-se a derivação do advérbio já diretamente


do comparativo do adjetivo, como: μβιζόνως (mais grandiosamente) a par
de μάζον, πλονσιωτέρως (mais ricamente), a par de πλουσιώτερον, ίχθρο-
τέρως ao lado da forma adjetiva neutra έχθϊον (mais hostilmente), etc.
Cerlos advérbios de lugar também apresentam comparativo e super­
lativo quase sempre terminados por -a>. Ex.:

kyybs (perto), comp. èyyvτέpω ou kyyvTepov (às vezes (ryyiov)


------- sup. ty y iιτάτω ou έγγότατα (às vezes tyyia ra )
πάρρω (longe) comp. τνορρωτέρω
------- sup. 7τορρωτάτω

(Cf. Lembrete Sintático n.° 9 — “Sintaxe dos adjetivos nos vários


graus de significação). Vide o capítulo “Advérbios” (no 2.° T omo).

61.° Exercício:

I — Traduza — Frases e epigramas de autores diversos:

1 — τΗν Οίδίπους το πρώτον (άτυχης άνήρ,


ί ΐ τ ’ kyένετ’αυθις άβλιώτατος βροτών.
2 — ITcts τις άπαίδβυτος φρονιμώτατός έστι σιωπών,
τον λόγον kyxpύπτωv, ώ* πάθος αίσχράτατον.
3 — "Ε στιν ό μέν χάρων, ò δ’άμάνων epyov 'έκαστον.
οΰδάς δ’άνθρώπων αυτός άπαντα σοφάς.
4 — Χρησμός Απόλλωνος ην tv Δ.(λφοις’
σοφάς Σοφοκλής, σοφώτβρος δ ’Έ,ΰριπίδης,
άνδρών δέ πάντων Σωκράτης σοφώτατος.
314 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORT \

II — Comentários gramaticais·.

1— α ϋθ ις (adv.) — mais tarde, de futuro, de novo.


2 — α π α ί δ ε υ τ ο ς — adj. composto do preverbo negativo ά- e de
7τ α ί δ ε ν τ ο ς (educado, que recebeu educação· — cf. π α ι δ ε ί α ) .
3 — αισχρότατο v — forma poética por αίσχιστον.
4 — ó μέν. . ,ò δέ — um . . . outro (valor pronominal do artigo).
5 — epyov 'έκαστον — acusativo chamado “de relação” , complemento
dos comparativos χάρω ν e άμείνων. O mesmo valor tem άπαντα, como
complemento do adjetivo σοφός.
0 — ò χρησμός, -οΰ — resposta de um oráculo, profecia.

OBS. — O oráculo apolíneo em Delfos, consultado, declarou, surpreenden­


temente, que Sócrates era o mais sábio dos homens, já que estes, em geral,
pensam saber o que não sabem, enquanto aquele sabe que não sabe nada
(por isso, buscou, filosofando, a resposta a inúmeras perguntas, criando
o método erístico, através do diálogo, que se opõe a toda forma dogmática
de ensino).

III —- Traduza: Os bons cães de caça (adaptado de Xenofonte, Tratado


de Cinegética, cap. IV).

Π ρώ τοι μ εν ol α γ α θ ο ί χύνες μ ε γ ά λ ο ι ά σ ίν , ε ΐτ α ’έ χ ο υ σ ι τ ά ς χ ε φ α λ ά ς
ελαφρός, σ ιμ ό ς, ά ρ θ ρ ώ δ εις, ινώ δ η τά κάτωθεν των μετώ πω ν, ’ό μ μ α τ α
μετέω ρα, μ έλα να , λαμπρά, μέτω πα μεγάλα καί πλατέα, τάς δ ια κ ρ ίσ εις
β α θ εία ς, ώ τ α μ ικ ρ ά , λ ε π τ ά , ψ ιλά ό π ισ θ εν.

” Έ ,χ ο υ σ ι δε τράχηλους μάκρους, υγρούς, π ερ ιφ ερ είς , σ τή θ η πλατέα,


ούχ, ά σ α ρ κ α , σκέλη τά π ρ ό σ θ ια μ ικ ρ ά , ορθά, σ τ ρ ο γ γ υ λ ά , σ τ ι φ ρ ά , τούς
αγκώ νας ορθούς, πλευράς ούχ έ π ίπ α ν β α θ εία ς, όοφύες σ α ρ κ ώ δ εις, ισ χ ία
στρογγυλά, ό π ισ θ εν σαρκώδη, ούράς μακράς, ορθός, λ ιγ υ ρ ά ς , πόδας
π ερ ιφ ε ρ είς .

IV — Iso le os a djetivos q u a lific a tiv o s anali­


d e 2 . ’· e 3 . ‘ c la sse u e H e texto,
sando-os gramatiealmente, indicando-lhes o nominativo e o genitivo do
singular, se estiverem no plural, e o nominativo e o genitivo do plural,
se estiverem no singular.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 315

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 16

ALGUNS EMPREGOS ESPECIAIS DOS ADJETIVOS NOS


VÁRIOS GRAUS DE SIGNIFICAÇÃO (III)

I — Determinadas circunstâncias de lugar, tempo, modo, posição (assim


como certos estados de espírito) podem vir expressas por adjetivos como
predicativos, que, em português, se traduzem por advérbios ou expres­
sões equivalentes. Ex.: K ατέβαινον eis ràs κώμαs ήδη σχοταίοι (Xenof.,
An., IV, 1, 10) = Desciam para as aldeias já ao escurecer (andando eles
no escuro). ’ Επύαξα προτέρα Κόρου eis T ápaovs άφ ίχίτο (Xenof.,
An., I, 2, 25) = Epíaxa chegou a Tarso primeiro do que Ciro (= ela
foi a primeira a chegar). ' Eχοΰσαι aí πόλίΐς χρήμ α τα συνεβάΧλοντο
(Xen., An., I, 1, 9) = As cidades depositavam seus bens de boa vontade.
II — Certos adjetivos, cujo significado implica uma idéia de compa­
ração, constroem-se, no positivo, com a conjunção comparativa ή ou
com o genitivo, como os comparativos. Tais são: άλλος, trepos, διπλά­
σιος, varepos, έναντίος (este último constrói-se também com o dativo).
N.B. — O mesmo ocorre, às vezes, com certas expressões verbais,
em que o advérbio μάλλον vem subentendido. Ex.: "E repor tl irvpòs
tò Oeppòs (o calor é outra coisa que não o fogo — Pl. Fédon, 103 D).
TeOvávai XvaireXelv νομίσασα ή ξήν (= Tendo ela julgado mais útil
morrer que viver). (= μάλλον λυσιτελείς).
III — Se a comparação estiver contida em dois adjetivos ou dois ad­
vérbios, ambos tomam a forma do comparativo: Ex.: Άσυυετώτερος òoxel
eivai ή άδικώτερος (= ele parece mais tolo do que desonesto) (Tuc.)
IV — Para exprimir a idéia de “grande demais para” ou “dema­
siado para” e um substantivo, em grego usa-se p e i f a v , μ ώ ι'ζω ν ή κ α τ ά ,
seguido de um acusativo (lat. maior, magis quam pro), ou então p e í Ç w v
ή ώστε ou ώς com um infinitivo (lat. maior quam ut). Ex.: Ή ς μώι'ξω
κ α κ ά ή κ α τ ά δ ά κ ρ υ α ( = Eram desgraças grandes demais para lágrimas.
Tuc.) —- Βούλομαι eiirelv d p a a i n e p o v ή κ α τ ά τ ή ν ί μ ή ν η λ ι κ ί α ν (= Quero
falar mais audazmente do que é condizente com a minha idade — Isócr.).
V — Também se encontra, em lugar de uma oração inteira, um
simples genitivo adnominal. Ex.: Λύσανδρος τού βασιλέως όγκηρό-
repov δίά-γων (= Lisandro, que vivia com demasiado fausto para um
rei. — Xenof.)
Semelhantemente, ocorrem numerosas expressões idomúticas, como:
μΡιζων έλπίδος (maior do que se poderia esperar), μά'ζων λόγου (maior
do que se poderia dizer), μάλλον τον μέτριου (mais do que é razoável),
μάλλον τον òíovtos (mais do que é necessário), etc. (cf. 29 Tomo)
316 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

52° fixerdcio:

I — Traduza e explique o valor dos adjetivos e de seus complementos,


nas frases seguintes:
1 — Συντομώτερον fj σαφέστερου διαλέγεσθε. (Isócrates)
2 — Ά μ α θέστερον των νόμων τής υπεροψίας παιδεύεσθαι (Tuc.)
3 — Πράγμα έλπίδος κρείττον. (Tuc.)
4 — ΚρεΙττον ήν λόγου το κάλλος τής γυναικός. (Xenof.)
5 — "Εστι ψυχή πόλεως ούδέν ετερον ή πολιτεία. (Ρ1.)
6 — θ ά ττο ν του δέοντος ήμϊν προσέρχεται.. (Ρ1.)
7 — Π€ραιτέρω τ ο ύ μ έ τ ρ ι ο υ μ η κ ύ ν ε ι τ ά ς ο δ ο ύ ς . (Xenof.)
8 — "Erepóp έ σ τ ι σ ο φ ρ ω σ ύ ν η ς σ ο φ ί α . (Ρ1.)

II — Duas jábulas de Esopo — Traduza:

a) Χελώνη καί λσγωός.


Χελώνη καί λαγωός περί όζύτητος ήριζον' καί δή προσθεμίαν στή-
σαντες καί τόπον άπηλλάγησαν. 'Ο μέν ούν λαγωός διά την φυσικήν ώκύ-
τη τα άμελήσας τού δρόμου, πεσών, παρά τήν οδόν έκοιμάτο, ή δε χελώνη,
συνειδυΊα έαυτή τήν βραδύτητα, ού διέλιπε τρέχουσα, καί ο'ύτω κοιμώμενον
τον λαγωόν παραδραμούσα εις τό βραβεϊον τής νίκης άφίκετο.
*0 λόγος δηλοϊ ότι πολλάκις φύσιν αμελούσαν ό πόνος ένίκησε.

Comentários gramaticais —
1 — Και δή = e então, portanto.
2 — ΪΙροσθεμίαν = adjetivo feminino, com valor substantivo (subenten­
da-se ήμέραν). Significa: (o dia) fixado antecipadamente, aprazado.
3 — Στήσαντες — part. aoristo I ativo de ΐστημι (atemático) = tendo
marcado, tendo fixado (elas).
4 — Τίεσών — part. aoristo II de πίπτω (cair, lançar-se por terra).
5 — Συνεδυιa — part. fem. de σύνοιδα, verbo usado nos perfeitos com
sentido de presente (compl. em dativo έαυτή, pronome reflexivo =
= consigo mesma, em si mesma),
ti — βραδύτητα — acusativo de ή βραδύτης, -ητος.
7 — άτιηΚλάγηοεν aor. II passivo do indicativo de άπαλλάττ-οιν.
8 — τρέχουσα — part. pres. fem. de τρέχειν (v. muito irregular).
9 — παραδραμούσα — part. aoristo II de παρατρέχειν (aor. II at. ind.
παρέδραμον).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 317

10 — rò β ραβειον— termo relativamente recente no grego (pós-ciássico)


= prêmio da competição, (cf. ò βραβενς — o árbitro da luta).
11 — άφίκετο — terceira pessoa sg. do aor. II do verbo άφιχνέομαι
(-ονμαι).

N.B. — Observe-se o emprego de particípios exprimindo uma ação simul­


tânea com a do verbo principal. Ê comum subentender-se também o
particípio de eivai.

b) 1'ερων καί θάνατος.


Υέρων ποτέ £όλα? κόφας, ταύτα φέρων πολλην οδόν εβάδιζε. Δ ιά <5è
τον κόπον της όδοΰ άποϋέμενος τό φορτίον τον θάνατον έπεκαλείτο.
Τοϋ δέ θανάτου φανέντος και πυθομένον δι’ην αιτίαν αυτόν παραχαλεϊται,
ό 'γέρων εφ η ’ “ "\να τό φορτίον μοι άρης."
Ό λόγο? δη\ο~ι ότι πας άνθρωπος φιλόζωος, καν δυστυχή.
(Κ α τ’ Αίσωπον).
Comentários gramaticais —
1 — Πολλής οδόν — acusativo, complemento do verbo βαδίζειν que,
apesar de intransitivo, como muitos outros, pôde construir-se com um
acusativo de substantivo cognato ou de sentido semelhante ao seu. Por
exemplo: μέχα πτώμα πίπτειν = levar um grande tombo, κράτιστόν
βίον ζην = viver vida ótima, etc.
2 — της όδοΰ — genitivo chamado objetivo (sentido ativo), como comple­
mento adnominal = por causa da estrada (= causada pela caminhada).
3 — άποθέμενος — part. aoristo II de άποτίθημι (atemático), na voz média
de interesse (emprego muito mais usual, no grego, do que o do valor refle­
xivo dessa voz, sendo freqüente que a voz reflexiva seja indicada pela forma
ativa do verbo seguida do pronome pessoal reflexivo). Mesmo valor da
voz média em έπεκαλείτο.
4 —- τον θανάτου φανέντος καί πυθομένον — genitivo absoluto (cf. latim:
abl. abs.), formado do particípio aoristo passivo II φανείς, -εισα, -év
(de φαίνομαι) e aoristo II médio πυθόμενος, -η, -ον (de πννθάνομαι).
O sujeito, também em genitivo, é θανάτου.
■6 — έφη — imperfeito ind. de φημί (atemático), terceira pessoa do sin­
gular. Muito usado em formas de diálogo ( = disse, falou, respondeu),
ou em orações intercaladas.
7 — ότι — conjunção integrante = que ou porque (explicativo).
8 — κάν — καί αν (crase ática).
318 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

L E M B R E T E S IN T Á T IC O N9 17

O S U JE IT O IN D E T E R M IN A D O — A V O Z PA SS IV A D O S V E R B O S

A) S U JE IT O IN D E T E R M IN A D O H á q u a tro m an eiras de e x p rim ir, n o g re ­


go, a in d e te rm m a ç ã o d o su jeito :

Ia) pelo pronome indefinido, geralmente τις (alguém) ou, menos frequen­
temente, por outros pronomes de sentido vago, tais como: έκαστος, -η, - ον
(cada qual, cada um), πας τις (qualquer um,qualquer pessoa), πάντες (to­
da a gente, todos, todo o mundo), oúôeíç (ninguém). Ex: 3Ηλ0έ τις =
alguém chegou (chegaram). Ούδείς ούδέν φησιν = ninguém diz nada (não se
diz nada). Πάντες τρέχουσιν = todos correm (corre-se);

2a) pela voz passiva, r a r a m e n t e n a f o r m a i m p e s s o a l ( a n ã o s e r e m a l g u n s t i ­


pos de pretérito perfeito), o c o r r e n d o c o m m a i s f r e q u ê n c i a a forma pessoal, c o r ­
r e s p o n d e n t e à nossa passiva pronominal, c o m o e m . ξηλυύμεΟα = i n v e j a m - n o s
( o u : t ê m c i ú m e s d e n ó s ) , θυσία θύεται = o s a c r i f í c i o é p r e p a r a d o ( p r e p a r a - s e
o sacrifício ). \\αρεοκεύασται ( j á ) se e s t á p r e p a r a d o (perfeito resultativo,
u sa d o im p e s s o a lm e n te , n a 3 ? p e sso a d o singular = a ca b ara m -s e os p re p a ra tiv o s ).
5Απαγορεύεται è ργάξεσθαι —é p r o i b i d o t r a b a l h a r ( = p r o í b e - s e t r a b a l h a r ) .
A f o r m a passiva impessoal m a i s c o r r e n t e é λέγεται ( = d i z - s e , fa la - s e ,
a firm a-se),

3?) pela 3$ pessoa do plural, sem sujeito, em verbos de afirmação ( c o m o :


d iz e r, falar, a f ir m a r , d e c la r a r e o u t r o s ) . E x .: ‘ Ως λέγουσιν = c o m o d i z e m .
Oíí φααιν = n ã o se d i z . n ã o d i z e m ( = n e g a - s e ) ;

4?) pela 2f* pessoa do singular do optativo potencial ( c f . L e m b r e t e n ° 1 5 )


o u de u m tempo histórico d o i n d i c a t i v o ( m o r m e n t e o pretérito imperfeito e o
aoristo), e x p r i m i n d o o modo irreal d o p r o c e s s o v e r b a l ( c f . L e m b r e t e s n 9 4 e 5
— 2 9 Tomo) ou em frases hipotéticas - em geral com o reforço da partícula
ãv. Ex.: "Αν ε'ίποις το αληθές = poder-se-ia dizer a verdade ( âv εΐποις
— o p ta tiv o po ten cial). Αν είπες τό αληθές, e t δυνατόν (έ σ τιν )~
d i r - s e - i a ( t e r - s e - i a d i t o ) a v e r d a d e , se f o s s e p o s s í v e l ( αν είπες - i n d i c a t i v o
i r r e a l , i s t o é, a ação - d e d i z e r a v e r d a d e n ã o se c o n c r e t i z o u , por não existir
a condição necessária p a r a t a n t o : . . . " s e f o s s e p o s s í v e l , m a s não f o i ” ( c f . 2 9
TOMO - L em b rete n 9 4 — A E xpressão M o d al” - L em b rete n9 9 S in tax e
da P artícu la M odal âv).
B) A V O Z P A SS IV A -

a) GENERALIDADES — Embora a voz passiva (como também a ativa) dos


OS- C.KM IUS? Ε SI U ID IO M A
319

v e r b o s g r e g o s l e n h a , v ía d e r e g r a , o s m e s m o s v a l o r e s q u e e m p o r t u g u ê s t v i d e
l i e m 15 Λ C o n ju g aç ão d o s V e rb o s e seus T ip o s) o c o rre m , c o m c e rta fre q u ê n ­
c ia v e r b o s q u e se a p r e s e n t a m , n a forma atira, com significado passivo e vice-
- v e r ca Isso se d e v e a o f a t o d e q u e . n o e s t á g i o l i n g u í s t i c o i n d o - e u r o p e u p r é - h e l e -
m co. a categoria de voz estav a o rig in a ria m e n te im p líc ita n a raiz o u n o radical
verbal e só m u i t o t a r d i a m e n te ( p r o v a v e lm e n te já n o grego comum pré-histórico,
q u e p r e c e d e u à f r a g m e n ta ç ã o d iale ta l h i s t o r ic a m e n te a te s ta d a n o id io m a ) é q u e
as vozes do verbo p a s s a r a m a se i d e n t i f i c a r c o m d e t e r m i n a d a s d e s i n ê n c i a s ( a s
que cham am os médio-passivas, p o r q u e t a n t o s e r v e m à v o z m é d i a q u a n t o à p a s ­
siv a ).
A ssim , e n c o n tr a m o s a lg u n s verbos muito antigos n a língua grega, o s q u a i s
se a p r e s e n t a m n a forma ativa c o m valor passivo, c o m o r e m i n i s c ê n c i a d e s s e p r i ­
m i t i v o e s t a d o d e c o i s a s e , e v i d e n t e m e n t e , é o s i g n i f i c a d o d o semantema q u e d e ­
t e r m i n a a p e r m a n ê n c i a o u n ã o d e s s a p e c u l i a r i d a d e P o r e x e m p l o : o v e r b o φέρω
( i a i / ifcp-, l a t . f e r o ) s i g n i f i c a , transitivamente,( p o r t a n t o c o m valor ativo): l e v a r ,
t r a z e r , p r o d u z i r , c a r r e g a r ; m a s t a m b é m e x p r i m e : c a r r e g a r ( s o b r e si) e d a í p a s s a
para: suportar, sofrer, n o se n tid o passivo d a r a i z . T a m b é m o v e r b o έχειν ( =
ter. p o ss u ir a lg u m a co isa - n o valor transitivo) s i g n i f i c a , m u i t a s v e z e s , m a n t e r - s e ) ,
su ste r, c o m p o rta r-(s e ) no p r i m i t i v o sentido intransitivo ( = p a s s i v o ) d a r a i z

(cf. L e m b r e te n 9 2 - n o 29 T o m o : A P re d icação V erbal e a S in tax e de R e g ên ­


c ia , s e g u n d o as V o z e s ) .

N .B . - S e g u id o d e infinitivo, o v e r b o 'έχειν significa “ p o d e r ” . E x : " Εχομεν


òpãv ravra ( = p o d e m o s v e r isso).

E m c o n se q u ê n c ia d o acim a e x p o s to , n u m e ro s o s v e rb o s transitivos indire­


tos na voz ativa ( c o m p re d ic aç ã o c o m p le ta d a p o r u m dativo o u genitivo), c o n s -
tro em -se ta m b é m voz passiva ( o q u e , t e o r i c a m e n t e , só s e r i a
na p o ssív el c o m
v e r b o s transitivos diretos, c u j o objeto direto, e m acusativo, p a s s a n o rm alm en te
p a r a o nominativo, c o m o sujeito da voz passiva).

b) Vi kuos Transitivos I ndiretos Q ue Se Constroem Na Passiva


- Alguns verbos, que regem, na voz ativa, um objeto e m genitivo (vide: Lem-
j brete n° 24) ou em dativo (vide: Lembrete n 9 25). podem apresentar-se tam-
I bem na voz passiva, desde que exprimam:
uma operação mental.
um a idéia de benevolência ou hostilidade.
C i t a m - s e . e n t r e e l e s : ό λ ι γ ω ρ ε I n , άμελεϊν ( a p o u c a r , n e g l i g e n c i a r , d e s ­
p r e z a r ) . μεμνησθαι ( l e m b r a r - s e ) , έπιλανθά νεσθα t ( e s q u e c e r ) , έπιθυμεϊν,
êpàv ( d e s e j a r ) , φρόντιζεiv ( p r e o c u p a r - s e c o m ) , όμολσγεϊν, συμφρονεϊν
( e s l a r d e a c o r d o ) . φϋονεϊν ( i n v e j a r ) , ορχίξεοθαι ( e n c o l e r i z a r - s e , i r r i t a r - s e
c o n t r a ) , μαχεσθαι ( c o m b a t e r , d i s p u t a r ) E x . : Οι) φθονώ τώ φίλω ( = n ã o
i n v e j o | m e u ] a m i g o ) — voz ativa. Φθονούμαι ούκέτι ( = n ã o s o u i n v e j a d o
de m o d o a lg u m ), vo: passiva ViuΟιιμοϋμεν roü πλούτου ( d e s e j a m o s
320 GUIDà nedda barata pa r reira s h o rta

o u e s ta m o s d esejo so s d e riq u e z a ) - voz ativa. M a s : Την apa criâyouuav èiri


rà επιθυμούμενα άποδείζας μνήμην = d e m o n s t r a n d o ( o a r g u m e n t o ) q u e é a
m e m ó r i a a i m p u l s i o n a d o r a p a r a as coisas desejadas . . . ( P l a t ã o , Filebo, 3 5 d )
— voz passiva.

c) Verbos N as Vozes Ativa e Média (tra n s itiv o s o u m esm o in tra n siti­


vos) usados com valor passivo —C o m o d e c o r r ê n c ia d a in e x is tê n c ia d e f o r m a es­
pecial p a ra a v o z passiva n o in d o - e u r o p e u p rim itiv o (o v alo r d a p assiv id ad e es­
t a n d o im p líc ito n o ra d ic al v e rb al), o g reg o c o n s e rv o u o u so d e alguns verbos
ativos j n a s v o z es ativ a o u m é d ia ) c o m o significado passivo, c o n s t r u i n d o - s e e le s ,
p o r v e z e s , a t é m e s m o c o m um complemento de agente da passiva. E n t r e t a i s
v e r b o s e s t ã o : άποθνήσκεiv ( s e r l e v a d o à m o r t e , s e r m o r t o ) , ev dκούειν ( o u
v i r f a l a r b e m [ d e si ] = s e r e l o g i a d o ) , κακώς πάσχειν ( = s e r m a l t r a t a d o ) ev
πασχειν ( = s e r b e m t r a t a d o , s e r c o n s i d e r a d o ) , φευχειν ( s e i a c u s a d o ) , κ. τ. λ.
E x . : ' Αποθνήοκουοιν ύπό τών Εχθρών ( s ã o l e v a d o s à m o r t e p e l o s [ s e u s j
in im ig o s).
N .B . — φεύχειν n v á (= f u g i r d e a l g u é m —c o m
N ã o se d e v e m c o n f u n d i r
reg ên cia e m acusativo) e φεύχειν ύπό τίνος ( = s e r a c u s a d o p o r a l g u é m ) , c o m
s e n t i d o passivo n a forma ativa e c o n s t r u í d o c o m o agente da passiva, p r e c e d i d o
d a p r e p o s i ç ã o ύττό.

d ) A G E N T E DA P A S S I V A ( c f . l a t i m : a b e o ab lativ o ) E m grego, este c o m ­


p le m e n to p o d e ter d u a s fo rm as: tratan d o -s e de pessoa o u ser vivo e m g e r a l , o
agente é e x p resso p o r ύπό e o genitivo, m a s se se t r a t a r d e u m objeto o u ser
inanimado, p o d e r á v i r e x p r e s s o p o r u m dativo instrumental, sem preposição ( c f .
L e m b r e t e n 9 1 e n 9 2 4 e 2 5 ) . E x . : ' Εβλεττόμην ύπό τής κόρης = f u i v i s t o
pela menina. Ύέθνηκε r c p φόβφ = m o r r e u de medo ( p e r f e i t o a t i v o c o m v a ­
l o r p a s s i v o ) . Αώάσκομαι rfj πείρα = a p r e n d o pela experiência ( = s o u e n s i ­
n a d o p e l a e x p e r i ê n c i a ) . Ααμβάνεται ύπό του φύλακος = é a p a n h a d o ( — p r e ­
s o ) pelo guarda ( c f . 2 9 T o m o — L e m b r e t e n 9 2 ) .

53.° Exercício:

I — Traduza (rev isão ) — E is έαυτόν (Άνακρέοντος).


"Οταν πίνω τον οίνον τ ί τόν βίον πλανώ μαι;
ευδουσιν ai μέριμναι. ΪΙίωμεν ονν τόν οίνον
Τί μοι χόων, τί μοι πόνων, τόν τού καλού Αυαίου.
τί μοι μέλει μερίμνων, Συν τω δε πίνειν ημάς
θανεϊν με δεϊ, χάν μή θέλω' ευδουσιν αί μέριμναι.

II — Comentários gramaticais —

1 — Τόων, πόνων — genitivos p a rtitiv o s (in d ic a m a p a rte de um todo


ou ο elemento de um conjunto). (cf. L e m b re te n 9 2 4).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 321

2 — μοι — forma enclítica do dativo do pronome pessoal de primeira


pessoa do singular.
3 — μέλει — verbo impessoal (terceira pessoa do singular de μέλειν) =
importa, diz respeito a.
4 — θανειν — inf. aoristo II de θνήσκειν = morrer.
5 — xâv = xal ãv.
6 — πίωμεν — aoristo II subj. de πίνειν.
7 — Λυαίου — genitivo de Avalos, cognome de Dioniso ou Baco (o deus
que liberta das preocupações).
8 — Συν τώ πίνειν — infinitivo substantivado pelo artigo em dativo
(cf. lat. — gerúndio).
9 — δε — partícula continuativa (sentido explicativo, conclusivo, etc.)
= ora, portanto, pois, etc.
10 — ημάς — acusativo do pronome pessoal de primeira pessoa do plural.

iII ■
— Traduza, explicando o valor dos modos (revisão):

1 — Μροσήκει πορεύεσϋαι πρός τονs πολεμίους.


2 — Tí crryçís; ούχ έχρήν συγάν, τέκνον. (Eur., Hip., 296).
3 — ’Έδίΐ. τά ένέχυρα τότε λαβείν. (Xenof., An., VII, 6, 23).
4 — E'í τις Κλβάρχω δοχοίη βλακεύειν, επαισεν αν. (Xenof. Αη.,
II, 3, 11).
5 — ΙΙεισ τέο ν ήν τώ πα τρί ινα β α σ ιλεύ η ά ν τ ’εκείνου. (Xenof.
Mem. I, 2, 45).
6 — ITórepoí' βίαν ιρώμεν η μη φώμεν είναι; (Sóf. Ajax, 550).
7 — Μτ) 7Γρός θεών μαινώμεθα, μηδ’αίσχρώς άπολώμεθα. (Xenof.
Anab. VII, 1, 29).
8 Tís μεν ούκ αν φίλος ήδέως θεάσαιτο όπλίτας πολλούς εν τάξει
πορενομένονς, τις δ’ούχ άν θανμάσειεν ιππέας κατά τάξεις έλαύνοντας,
τις δ'ούκ πολέμιος φοβηθείη ίδών διενχρινημένους όπλίτας, ιππέας, πελ-
ταστάς, τοξότας, σφενδονήτας καί τοις άρχουσι τεταγμένους επομένους;
(Xenof. Econômico, V III, 6).

IV — Explique a etimologia e o signijicado primitivo das seguintes pala­


vras portuguesas, partindo dos termos gregos que as originaram:

1 — Acróbata (ó άκρων, βαίνειν).


2 — Heliotrópio (ό ήλιος, ό τρόπος).
3 — Miosótis (ό μυς, τό ους, ώτός).
4 — Sarcófago (ό σάρξ, ό φά-γος).
5 — Selenita (η σελήνη).
6 — Siderurgia (ô σίδηρος, τό ípyov).
7 — Tipografia (ό τύπος, ή y ραφίς).
322 g u id a nedda barata p a r r e ir a s horta

IMAGENS DA ELÉLADE N’ 17 (Texto de Ilustração)

“LOUVOR DA A T I CA”

(Sdfocles, ÉD IPO EM COLONO, v. 668-706)

O lugar em que agora pisas, estrangeiro, fértil em bons cavalos,


Estância inigualável sobre a terra, é a alvacenta Colono(I)11’, onde, mais que
Em qualquer outra, sussurra o mavioso rouxinol, habitante de seus verdes
[vales,
Oculto na vinhosa hera e na impenetrável folhagem do deus, multiplicada
Em frutos e protegida do sol e dos ventos de todas as tormentas.
É sempre aí que Dioniso vem, e orgiástico delira, rodeado
Pelas nmías que o amamentaram. Aí íioresce, cada dia,
sob o cciestiai oivaiho, o pciene narciso, dc formosos bagos.

Antiga coroa de duas poderosas deusas, e o áureo açafrão.


As fontes insones do Cefiso, errantes, serpenteiam, e nunca se esgotam,
Mas, cada dia, mais aumenta, com a umidade cristalina de suas águas,
A rápida fertilidade das planícies, no vasto seio da terra.
E os coros das Musas daí não se afastam, nem Afrodite de faixas de ouro.
Há também um vegetal, que nunca ouvi dizer houvesse igual, em terras
[da Ásia
Ou na grande ilha dórica de Pelops, árvore invencível, terror das lanças
Inimigas, a qual floresce imensa nesta terra: é a oliveira,
De glauca folhagem, alimento das novas gerações.
Jovem ou velho, nenhum chefe inimigo ousará destruí-la, pois o olhar
Sempre vigilante de Zeus Mórios a defende, assim como Atena de olhos
[brilhantes.

(Trad. — G.N.B.P.H.)

(I ) Colono — demo da Ática, onde nasceu o tragediógrafo Sófocles (495— 405


a.C.). Segundo a lenda, a localidade recebeu e protegeu o velho Édipo, que aí
morreu abençoando a terra hospitaleira em que por fim repousaria, vaticinando lhe
a invencibilidade perante qualquer de seus inimigos (vaticínio com que, aliando-se
a essa tradição, o poeta pretendeu evitar a derrocada de Atenas, que não tardaria
a ocorrer, em 404 a.C., logo depois de sua morte, ao findar a guerra do Peloponeso,
que Esparta venceu).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 323

28. — FO RM AS N O M IN A IS DO VERBO GREGO — (verbos t e m á t ic o s

E V . A U X I L I A R ).

Abrangem os infinitivos (no presente, no futuro, no aoristo e


no perfeito), que são formas verbais substantivas e os particípios (nos
mesmos tempos), que são formas adjetivas do verbo, declinando-se em
todos os gêneros, números e casos, como os adjetivos qualificativos (cf.
Adjetivos de primeira, segunda e terceira classes).

Ilá ainda os chamados adjetivos verbais, com dois tipos de sufixos,


um com sentido ativo de estado ou possibilidade (suf. το/rã), outro com o
sentido passivo de obrigação (suf. — reo/rea, Cf. latim: gerundivo).

I — Os infinitivos.

a) Infinitivo dos verbos temáticos vocâlicos — Aò radical temporal


dos quatro tempos primitivos da conjugação acrescentam-se sufixos das
três vozes, para form ar os infinitivos. Nas vozes média e passiva o sufixo
de infinitivo é sempre — σθάΐ.

1 — Infinitivo presente — Tema temp. ativo — suf. - ev (voz ativa).


Tema temp. m. - p. - $vt. - <τθαί (vozes média
e pa°siva).

N.B. — Os verbos contratos absorvem a vogal temática no


presente ativo do infinitivo. Ex.: τιμά -ev > τιμάν, a par de λύ -e -ev
> \veiv. e

Paradigmas - λύ-ω τ tjuá-co ττοΧεμί-ω δουλό-ω

V. AT. \b-eiv τιμάν (áev) π o\epelv(éev) δονΧονν (áev)


V.M-P. Xv-e-σθαι τιμάσθαι πο\βμεϊσθαι δουλονσθα ι
(άεσθαι) (ίεσθαι) (όεσθαι)

2 — Infinitivo futuro — Tema temp. fut. at. - suf. - ev (voz ativa).


Tema temp. fut. médio - suf. -σθαι (voz média).
Tema temp. fut. passivo-suf.-σθαι (voz passiva).

V. AT. Xb-aeiv τιμήσειν πο\εμήσει ν δονλώσειν


V. Μ. \ύ-σεσθαι τιμήσβσθαι ποΧβμήσεσθ αι δουλώσίσθαι
V.P. \υ-θήσβσθαι τιμηθήσεσθαι ττοΧεμηθ ήσεσθ a t δουλιοθησίσθαι
324 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

3 — Injinitivo aoristo — Tema temp. aor. at. - suf. - l (voz ativa).


Tema temp. aor. médio - suf. -σθαϊ (voz média).
Tema temp. aor. pass. - suf. - vai (voz passiva).
N.B. — O sufixo de injinitivo aoristo passivo é jorma de voz ativa, rea­
parecendo no infinitivo perfeito I e II ativos de todos os verbos e ainda
nos presentes e aoristos II ativos dos verbos atemáticos (cf. 2.° T omo).

V. AT. λϋ-σαι. τίμησαν τοΧβμησα ί δουΧώσαι


V. Μ. Χΰ-σασθαν τιμήσασθαν πολίμήσασβαι δουΧώσασθα ν
V. P. Χυ-θήναι Τίμηθηναι ποΧίμηθήναι δονΧωθήναν

4 — Injinitivo perjeito — Tema temp. perf. at. - suf. - vai (voz ativa).
Tema temp. perf. m. - p. - suf. - σβαί (vozes m.
e pass.).

V. ΑΤ. XeXv-xévai τβπμηκέναι. TreToXeppxévai δεδουΧωκέ ναι


V. Μ.-Ρ. λίλϋ-σθαι τ€τιμήσθαί πβποΧβμήσθαί δβδουΧώοθαι

N.B. — O aoristo ativo e passivo do infinitivo, assim como o perfeito


das três vozes, conservam o lugar do tom na penúltima sílaba, contrariando
a regra que manda recuar a sílaba tônica o mais possível nos verbos.
b) Injinitivos do auxiliar elvçu — Só há duas formas:
1) Presente atemático: eivai 2) Futuro (depoente): Ίσβσθαι
c) Injinitivos dos verbos consonânticos — A formação é análoga à dos
vocálicos, ressalvados os encontros fonéticos característicos dos temas
consonânticos e as formas II ocorrentes em certos verbos. Partindo-se
dos temas temporais do indicativo, como sempre, acrescentam-se-lhes as
terminações já indicadas para os infinitivos vocálicos.

Paradigmas: τρίβ-ια irtW-ω φαίν-ω σ τέ λ \-ω

1 — Injinitivo presente —

V. AT. τρ ίβ -elv ireW-eiv φαίν-eiv aréW -eiv


V. M-P. τρίβ-€σθαι TeW-eadai φαίν-*σθαι στέΧλ-βσθαι
OS GREGOS E SEU IDIOMA 325

2 ■
— Injinitivo juturo

V. AT. Tpírpelp πάσειν ιçaptlv (11) OTeKeiv (II)


V. M. rpírpeadai. neíaeadaL φανύσΟαι (II) στέΚ ύσϋαι (II)
V. P. τρίφθήσίσθαι π ασθήσβσθαί <pavpataÜaL (II) στα\ήσ(σθαι. (II)

3 — Injinitivo aoristo.

V. AT. τρ ϊφ α ι irelaat φ ψ α ί (II) |στ6Ϊλαι (11)


V. Μ. τ pi\f/aa6aL ττβίσασθαί φήρασθαί (II) [στέιΧασθαι (11)
1
V. P. τριφθήναι ■κίίσθρναι φαρήναί (II) ,σ τα \ή να ι (II)

4 — Injinitivo perjeito.

V. ΑΤ. τ€τριφίραι neireixépai. 1 irerpayxévaí έσταλχέναί


V. Μ.-Ρ. τβτρίφθαι ireireladaL j πεφάρθαι ίσταΧΘαι

N.B. — Os juturos ativos e médios dos verbos em líquidas e nasais,


sendo obrigatoriamente jormas segundas, aparecem contratos em todos os
modos, com a vogal do radical sempre breve, ao passo que o aoristo
assigmático dos mesmos verbos apresentam alongamento no vocalismo
radical (Cf. Formas Segundas na conjugação). Os verbos τρίβα,ρ e φαίναν
têm as duas formas do futuro e do aoristo passivos (τριβήσβσθαι,
τρ φ ή ν α ί — II, φανϋήσεσβαι, φανθήραί— I).
II — Os parlicípios — Na voz ativa, a característica dos particípios é
o sufixo - p t , que desaparece diante de - s, provocando alongamento
compensatório, ou se altera em face do sufixo formador de femininos - ja.
Ocorre no presente, no futuro e no aoristo, pois o perfeito ativo tem a forma
especial κοτ/κ/qa. Todos se declinam como adjetivos triformes de terceira
classe (cf. adjetivos mistos ou de terceira classe), seguindo, pois, a terceira
declinação no masculino e no neutro e a primeira no feminino.
Nas vozes média e passiva, a característica é o sufixo - pevos, -η,
- que situa as formas participiais na declinação dos adjetivos de pri­
ον,
meira classe, (masculinos e neutros pela segunda declinação e femininos
pela primeira). (Cf. Adjetivos qualificativos).
d) Particípios dos verbos temáticos vocálicos — No presente e no futuro
ativos, a forma do masculino é assigmática no nominativo singular e o
neutro é o tema puro, mantendo a sílaba tônica do masculino em toda
a declinação. O vocativo só raramente é usado, geralmente identificando-se
com o radical puro.
326 GUEDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

1 — Particípio presente — Tema temp. do pres. — suf. - v t (jd) — des. casuais.

Paradigmas: Χΰ-eiv τιμάν TroXepelv δονΧονν


.

Nom. sg. Χν-ο-ντ > Χΰων (m.) Χυ-ο-ντ-já > Χύονσα (f.) Χΰ-οντ > Χΰον (η.)
Gen. sg. Χύ-ο-ντ-os Χυ-ονσης Xó-ovros

Masculino Feminino Neutro

τιμάν
Nom. sg. τιμά-ων > τιμών τιμά-ουσα > τιμώσα τιμάον > τιμών
Gen. sg. τιμ ά -ovTos > τιμώντο$ τιμα-ούση$> τιμώση$ τιμ ά -ovTos >
> τιμώντοτ

■ποΧεμϊίν
Nom. sg. ποΧβμίων > ποΧβμών ποΧίμέονσα > ττοΧίμοϋσα ττοΧεμΐον > -κοΧεμονν
Gen. sg. ποΧβμέοντος > ποΧβμοϋντοΊ iroXepèbvaps > ποΧίμοΰσης 7τοΧίμίοντος >
> ποΧβμονντοι

δουΧοΰν
Nom. sg. δουΧόων > δουΧών δονΧόουσα > δονΧονσα δουΧόον > δουΧονν
Gen. sg. òovXòovTos > δουΧοϋντος δονΧοούσps > δονΧονση$ δουΧόοντος >
> δονΧονντος

2 — Particípio juluro —· Tema temporal do fut. — suf. ~vr (jd) — des. casuais.

Aúeiv — Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro


Plural

Nom. Χύ-σων, Χΰ-σονσα, Χϋ-σον Χύ-aovTes, Χύ-σουσαι, Χύ-σοντα



J2 Gen. Χύ-σο-ντ-os, Χυ-σοόσης, Xv-ctovtos Χν-σόντων, Χυ-σουσών, Χυ-σόντων

Τιμά^ — Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro


Flural

Nom. τιμήσων, τιμήσουσα, τιμησον τιμήσοντίς, τιμήσουσαι, τιμήσοντα


Sing.

Gen. τιμήσοντος, τιμησούσης,τιμνσοντοτ τιμησόντων, τιμησονσών, τιμησύντων


1
OS GREGOS E SEU IDIOMA 327

Π ολίμίΐί' -— Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro

7ΓοΧεμήσοντες, ττοΧεμήσονσαι,
Nom. 7τοΧεμήσων, ττοΧεμήσουσα,

Plural
tà πολεμή σον τοΧεμήσοντα
d
CO ιτοΧεμησόντων, τοΧεμησουσών,
Gen. ποΧεμήσοντος, -σούσης, -σοντος ττοΧεμησόντωρ

Δουλοΰΐ' — Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro

Nom. δουΧώσων, δουΧώσονσα, δουΧώσοντες, δουΧώσονσαί,

Plural
bò δονΧώσον δουΧώσοντα
g
ΖΩ Gen. δονΧώσοντοτ, δουΧωσονσης, δονΧωσόντων, δουΧωσονσών,
-OVTOS δονΧωσόντων\

|
3 — Particípio aoristo — Tema temporal do aoristo — suf. -vt (ja) - des. casuais.

Αύείν Masc. Fem. Neutro

Nom. sg. Χυ-σα-ντ-s > Xvaãs Χυ-σά-ντ-jã > Χύ-σασα Χν-σα-ντ > Χν-σαν
Gen. sg. Χύ-σα-ντ-os Χυ-σά-σης Χύ-σα-ντ-os

T ίμάν Masc. Fem. Neutro

Nom. sg. τιμή-σα.% τιμήσασα τίμησαν


Gen. sg. τιμήσαντοτ ημησάσης τιμήσαντο$

ΙΙολβμείΐ' Masc. Fem. Neutro

Nom. sg. ποΧεμήσας ττοΧεμήσασα ττοΧεμησαν


Gen. sg. 7τοΧεμήσαντοϊ -ποΧεμησάσηϊ ττοΧεμήσαντοϊ

Δούλοvv Masc. Fem. Neutro

Nom. sg. δουλώσαχ δουΧώσασα δουΧώσαν


Gen. sg. δουλώσαντοϊ δονΧωσάσηϊ δουΧώσαντος
328 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

4 — Particípio perjeito — Tema temp. de perfeito — suf. -χοτί-χρ]α ■


— des.
casuais.

Note-se aqui a vocalização do digama e do iode no sujixo do jeminino,


(-xvía), que passa a seguir a declinação de aí]a puro, enquanto os femininos
dos outros particípios seguem alfa impuro, em virtude da sibilização do -r
final do sufixo -vt, em contato com o iode da formação do feminino (rja)

A ú eiv Masc. Fem. Neutro

Nom. sg. \e - \ v - x o T > XeXvxús \e -\v -x v ia Xe-Χ υ - χ ο τ > XeX vxós

Gen. sg. \e-\v-x Ò T -o s \e -\v -x v la s λί-λυ-χότ-ος

Τιμάρ

Nom. sg. r € Τ ψ η χ ώ ς τ β τίμ η κ υ ϊα τ β τ ίμ η χ ό ς .


Gen. sg. reTLppxÒTOs τβ η μ η χ νία '; τετιμηκότοϊ

H o X e p e lv

Nom. sg. 7Γ€7Γολ€μηκώ$ τν ίτ ο \ίμ η χ υ ϊα 7Γ€7ΓοΧβμηχός


Gen. sg. 7Γ67ΓοΧβμηκότος 7τe ir o X e p p x v la s πβπολβμηχότος

Δουλοϋρ

Nom. sg. δβδουλω χώ ς δβδουΚ ω χυία δ βδουλω χός

Gen. sg. δ ίδ ο υ λω κ ό τ ο ς δ β δ ο υ λ ω χ υ ία ς ôeôovXcoxóros

N.B. — A acentuação do particípio perjeito è sempre oxltona no masculino


e no neutro.

e) Particípios do auxiliar eivai. — Só ocorrem no presente (atemático)


e no futuro (depoente).
1 — Particípio presente — Raiz, vog. tem., suf. - vt, desinências casuais.

Nom. sg . *σ-ο-ν(τ)- > ών *σ-ο-ντ-j a > ουσα *σ-ο-ν(τ)- > ον


(m a sc .) (fem.) (neutro)
Gen. sg. V - o - p t - os > õvros *σ-ο-ντ-jrçs > ουσης *a-o-vT-os > Óvtos

Estas formas, exclusivamente áticas, parecem provir do vocalismo de


grau zero (ou grau reduzido da apofonia) da raiz do verbo (ίσ /σ -), embora
OS GREGOS E SEU IDIOMA 329

não ocorra a aspiração que seria normal (em consequência da aférese do


sigma em posição inicial), por analogia com a restante conjugação do auxi­
liar, onde não há formas aspiradas. Na prática, este particípio identifica-se
com as terminações dos verbos temáticos. Nota-se ainda que este parti­
cípio, embora pertença a um verbo atematico, tem as formas temáticas
(com a vogal de presente temático -o), por analogia com os verbos tem áti­
cos que são a grande maioria na conjugação grega. Veremos que isso ocorre
em muitos outros verbos, cujos presentes só são atemáticos no indicativo
e no imperativo (cf. Verbos Atemáticos — 2.° Tomo).
2 — Particípio juturo de e i v a i — É depoente, isto é, tem as formas da voz
média, embora com o significado ativo: compõe-se do tema temporal de
juturo, do sujixo de particípio médio-passivo e de desinências casuais.

Nom. sg. è-a ò - p e v o s (m.) è-σ ο -μ έ ν η (f.) è-aò-pevov (n.)


Gen. sg. è -a o -p é v o v e- σ ο - μ évT)s èfro-μέρου

f) Parlicípios dos verbos temáticos consonânticos — Mantêm a mesma


formação dos particípios vocálicos, como já foi observado com relação aos
infinitivos. Vejamos a voz ativa:

1 — Particípio presente — Paradigmas: τ ρ ΐ β -eiv, TreíQ-eiv, φ α ί ν -eiv, c r é W - e i v

Τ ρ ίβ β ίν

Nom. sg. τρ ίβ -ω ν, τρ ίβ -ο υ σ α , Gen. sg. τ ρ ί β -ovro s, τριβ-ονσ·η$,

τρ ΐβ -ο ν τ ρ ίβ - ο ν τ ο ς

U eW e iv

Nom. sg. 7reW-ων, rreW -ovaa, Gen. sg. iredd-ovTos, ireiO -olaps,

7T é W -O V 7Γeid-ovTos

Φ α ίν β ίν

Nom. sg. φ α ίρ -ω ρ , φ α ί ρ - ο υ σ α , Gen. sg. φ α ί ν - o v r o s , φ α ιν-ο ύ σ η ς ,

φ αϊρ-ορ φ α ί ν -o vro s

Σ τ έ\\€ ίν

Nom. sg. στίλλ-ω»', στέλλ-οι>σα, Gep. sg. areW -ovT os, a reW -o va p s,

aréW -ov aréW - o v t o s


330 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

2 — Particípio futuro

Ύρίβαν

Nom. sg. τρίφ/ων, τρίφουσα, Gen. sg. τρίφοντος, τριφούσης,


τρΐφον τρίφοντος

HeWeiv

Nom. sg. πάσων, πβίσονσα, Gen. sg. πείσοντος, πεισοΰσης,


π ela ον 7reíaovTos

Φaívtiv (forma II)

Nom. sg. φανών, φανούσα, Gen. sg. φανούντος, φανούσης,


φανούν φανόνντος

Σ τίλλβ ιν (forma II)

Nom. sg. στώΚών, στώλούσα, Gen. sg. στελούντος, στελούσης,


στάλούν στελοϋντος

3 — Particípio aoristo

Ύρίβειν

Nom. sg. τρίφας, τρίφ ασα, Gen. sg. τρίφαντος, τριφάσης,


τρΐφ αν τρίφαντος

II ε'ιθειν

Nom. sg. 7Γ€ΐσα5, πβίσασα, Gen. sg. πείσαντος, πεεσάσης,


ivelaav ir είσαντος

Φαίνειν (assigmático)

Nom. sg. φήvai, φήνασα, Gen. sg. φήναντος, φηνάσης,


φήναν φήναντος

Σ τελλειν (assigmático)

Nom. sg. σ τά λα ς, σ τά λα σ α , Gen. sg. ατάλαντος, στεελάσης,


στεϊλαν ατάλαντος
OS GREGOS JE SEU IDIOMA 331

4 — Particlpio perfeito

T ρίβίνν (aspirado)

Nom. sg. τίτρνφώς, rtrpupvioL, Gen. sg. rerpufbros, Terpupvías,


rerpLçbs rtrpiçbros

IJeWeiv

Nom. sg. 7re7r€i.xws, ireireLxvia, Gen. sg. irentixbros, ττβτταχιias,


ireirtLxbs ireTeLxbros

Φαίνίΐν

Nom. sg. ireçayxús, Treçayxvia, Gen. sg. 7Γtçayxbros, rreipayxvías,


ivttpayxbs TrttfayxbTos

'ΣτίλΧβνν

Nom. sg. ί-σ τα Χ -xüs, ΐσταΧ- 'Gen. sg. èaraXxbros, èaraXxvías,


χυΐα, èoraXxbs -xbros

g) Particípios médio-passivos dos verbos temáticos — Tanto os vocálicos


quanto os consonânticos acrescentam o sufixo das vozes média e passiva,
-pevos, -pevp, -ptvov, ao tema temporal do presente, do futuro e do perfeito
médios e passivos e do aoristo médio. O aoristo passivo, porém, acresce o
sufixo de voz ativa -v r - ao seu radical, tanto na forma I quanto na II.
Assim, temos:

1 — Particlpio presente médio-passivo — Tema do presente e suf. de part.


médio-passivo.

Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro


Consonânticos

Xv-b-pevos, Xvoptvp, Xvbptvov τρι/30/xíws, τρνβομίνρ,


(-ου, -ps, -ov) τριβόμενον
Vocálicos

TLpúpevos, τιμωμίνη, τψώμβνον TevCopevos, irei£opévp,


(-ου, -ps, -ον) irttfíbpevov
iroXepovpevos, -ουμίνρ, -obptvov <paivbptvos, φαινομίνρ,
(-ου, -ps, -ον) tfavvbpevov
bovXovpevos, -ουμΐνρ, -ovpevov areXXbpevos, areXXopevp,
(-ου, -ps, -ον) areXXbpevov
332 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

2 — Particípio juturo médio — Tema do futuro médio e suf. de part.


médio-passivo

Mas. Fem. Neutro M as. Fem. Neutro

Χυ-σόμενος, Χυ-σομενη, Xv- GO τ ριψόμενος, ρίφομένη, τριψό-


τ
σόμβνον ο μενον
τιμησόμενος, τιμησομένη, τιμή- <Sσ$ πεισόμενος, ττεισομένη, 7νεισό-
σόμβνον Cο μβνον
ποΧεμησόμενος, -σομένη, tí φανούμβνος, φανονμένη, φανού-
ο
-σομενον ο μενον ( I I )
δου\ωσόμ€ΐΌς, -σομβνη, στεΧούμενος, στεΧονμένη, στε-
-σόμβνον Χούμενον ( I I )

3 — Particípio juturo passivo — Tema de fut. passivo e suf. de part.


médio-passivo.

ΧυΟησόμενος, Χυϋησομένη, τριφθησόμενος, -θησομένη,


-θησόμε νον W
-θησόμενον
00
Ο τιμηϋησόμενος, -Οησομένη, Ο
π εισθησόμενος, -θησομένη,
Ο
-θησόμενον *d
-θησόμενον
C
ο
ο ποΧεμηθησόμενος, -θησομένη, Ο
CO φανησόμενος, -ησομένη,
> -θησόμενον C
Ο -ησόμενον ( I I )
Ο
δουΧωθησόμενος, -θησομένη, σταΧησόμενος, -ησομένη,
-θησόμενον -ησόμενον ( I I )

4 — Particípio aoristo médio — Tema de aoristo médio — suf. de part.


médio-passivo.

Χυ-σάμενος, Χν-σαμένη, Χν-σάμενον (-ου, -ης, -οι>)


Vocálicos

τ ι μη-σάμενος, τιμη-σαμένη, τιμη-σόμενον


ποΧεμη-σάμενος, ΊτοΧεμη-σαμένη, ποΧεμη-σ άμενον
δουΧω-σάμενος, δονΧισ-σαμένη, cc ι:Χα:-σσ. μενον

Ο
ο τριφάμβνο s, τρίφαμένη, τρίφάμβνον (-ου, -ης, -ου)
β
<σ3 7Γ6ισάμβνος, πβισαμβνη, 7τοισάμενον
Ο
CO φηνάμβν€ς, φηναμένη, φτ]vapevov ( a s s i g m .)

ο
Ο στειΧάμενος, στεεΧαμένη, στει Χάμενον ( a s s i g m .)
OS GREGOS E SEU IDIOMA 333

5 — Particípio aoristo passivo — Tema do aoristo passivo — suf. de part.


ativo.

Χν-ϋέ-ντ-ς > Χνθείs, Χν-θέ-ντ-ja > Χν-θεΖσα, Χν-θέ-ντ > Χν-θέν


O
o τιμηθέν (θέντος)
τιμη-θείς (θέντος) τνμηΟεΖσα (θείσης)
'•d
O
O πολεμηθείς ποΧεμηίείσα ττοΧεμηθέν
> δονΧωθεΖσα δονΧωθέν
δον Χωθείς

m
O
O τριφ-θείς (θέντος) τρνρθεΖσα (θείσης) τρνφθέν (θέντος)
ττεισθέν
<tíci πεεσ-θείς πεισθεΐσα

O φανέν
tfl φαν-eis (II) φανεϊσα
£-1
σταΧ-είς (II) σταΧεϊσα σταΧέν
a

6 — Particípio perjeito médio-passivo — Tema de perfeito m. -p. — suf. part.


médio-passivo.

ΧεΧν-μένος, ΧεΧν-μένη, ΧεΧυ-μένον (-ον, -η$, -ον)


Vocálicos

τετψη-μένος, τετιμη-μένη, τετνμη-μένον


ττεποΧε μη-μένος, τεποΧεμη-μένη, ττετοΧεμη-μένον
δεδονΧω-μένος, δεδονΧω-μένη, δεδονΧω-μένον
Consonànticos

τετριμ-μένος, τετριμ-μένη, τετριμ-μένον (-ον, -ης, -ον)


ττεπεισ-μένος, τεπεισ-μένη, πεττεισ-μένον
ττεφασ-μένος, πεφασ-μένη, ττεφασ-μένον
έσταΧ-μένος, έσταΧ-μένη, έσταΧ-μένον

N.B. — No aoristo passivo abrevia-se \ vogal do sufixo temporal —


ϋηΐη, diante do grupo consonântico - vr (cf. risto passivo do imperativo).
O masculino e o neutro são oxítonos, o feminino é properispômeno. No
particípio perfeito médio-passivo a sílaba tônica recai obrigatoriamente
na penúltima. (São formas sempre paroxítonas).
h )' Adjetivos verbais — São de dois tipos, mas ambos de sentido pas­
sivo. O primeiro déles, com o nominativo singular em -rós, -ri), -tóv, tem
emprego menos frequente e se declina pela primeira classe dos qualificati­
vos. Veja-se, no latim, o particípio perfeito em -lus, -ta, -tum, marcando
um Jato, ou os adjetivos em - bilis, indicando a possibilidade. Com esta
última acepção, corresponde aos adjetivos em -ável, -ível, -óvel, -úvel, no
português. Ex.: Xv -rós, -τιj, -τον = que pode ser desligado ou dissolvido
334 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

(lat. solutus, -a, -um , ou solubilis, -e). Τιμή - , -τη, -


t o s = que pode t o v

ser honrado ou estimado, etc. Quase seirípre oxítonos, esses adjetivos


verbais ocasionalmente podem ter acentuação recuada (nos compostos).
Ex.: oparòs = visível, àòparos = invisível (da raiz de όράω, -ώ = eu vejo).
Quanto aos adjetivos verbais em -réos, -réa, -Ttov, são bastante
usuais e indicam a obrigação, correspondendo aproximadamente aos adje­
tivos verbais latinos em -ndus, -nda, -ndum. Ex.: λυ -réos, -rea, -Ttov =
que tem de ser ou que deve ser desligado ou dissolvido (cf. latim -solven-
dus, -a, -um).
Embora freqüentes na prosa clássica, estes adjetivos verbais são total-
mente ausentes da poesia homérica e os poetas, em geral, pouco uso fazem
deles (com exceção do comediógrafo Aristófanes).
Para formar ambos os tipos dos adjetivos verbais, basta acrescentar,
ao radical do particípio aoristo passivo do verbo, os sufixos acima men­
cionados. Ex.: τιμάν (honrar) — particípio aoristo passivo τιμή -í'eís, adje­
tivo verbal — τιμή - tos, - 17, -ον, τιμή -réos, -a, -ov.

f — part. aoristo pass. ταχ - Oeís


Ύάττβιν (organizar)
\ — adj. verbal τακ - , - τακ - réos
t o s

I — part. aoristo pass. τμη - Geís


Ttpvei v (cortar)
( — τμητό?, τμητέο?
adj. verbal
j — part. aoristo pass. τα - Otis
Ttíveiv (estender)
\ — adj. verbal , t o t ó s t o l t í o s

/ - part. aoristo pass. y v u a - Geís


yiyvdooutiv (saber)
i - adj. verbal γνωστό?, γ ν ω σ τ ά
part. aoristo pass. aípe-Ceís
alpelaCai (escolher)
{= adj. verbal
part. aoristo
aípeTÓs, aiptTtos
pass. çevx - Oeís
iptvyeiv (fugir, escapar) / -
1 - adj. verbal φβυκ - tos, iptvxTtos

A maior parte das vezes, os adjetivos verbais do segundo tipo (- Ttos)


são empregados em construções impessoais. Ex.: Τού? tpíXous tòepytTpTtov,
την iròXiv ώφελητίον, τών βοσκημάτων έπψ ίλητέον = Deve-se beneficiar
(fazer o bem) aos amigos, ser útil à pátria, cuidar dos próprios rebanhos.
Βροτέον (έστίν) = (isso) deve ser comestível (= deve-se comer).
O verbo auxiliar costuma acompanhá-los, mas vem muitas vezes su­
bentendido.
Quando a construção ê pessoal, 0 que se põe em dislaque ê 0 sujeito
(pessoa ou coisa), enquanto na impessoal prevalece a ação. Ex.: ΟΙ συμ­
μάχων ÜdtKovTts ev ττοιητέοι = os que querem (particípio presente subs­
OS UREüOS E SEU IDIOMA 335

tantivado) ser aliados (nossos), devem ser bem tratados (forma pessoal)
(Xenof., Mem., II, 6 , 27). Οίστεον ττάσι την τύχην = é preciso que cada
qual (todos) suporte seu destino (forma impessoal). (Eur., Ion, 1260)
(Subentende-se εστίν). Literalmente: “A todos compete suportar a sorte” .
N.B. — A pessoa que deve jazer alguma coisa vein, normalmente, em dativo
(cf. ττάσιν neste último exemplo).
54° Exercício —
I — Dê os infinitivos ativos de στεφανώ (-άω) (coroar) e τα ρά ττω (τα-
ρ α χ -) (perturbar); os infinitivos médios e passivos de αγαπώ (-άω) (amar)
e δίρω (descascar); o nominativo e o genitivo singular dos particípios ativos
de βάλλω (atirar) e as mesmas formas dos particípios médios e passivos
de σπείρω (semear).
II — Conjugue o verbo σιγώ (- άω) (calar) em todas as formas do infinitivo
e o verbo άμύνω (ajudar) em todas as formas do particípio.
III — Dê os aoristos ativos (primeira pessoa do singular e do plural) em
todos os modos, do verbo ά γγίλλω (anunciar) e os futuros passivos de
κάμνω (fatigar).
IV — Decline o aoristo II passivo do particípio de χράφειν (escrevet) e
0 particípio presente ών, ούσα, δν (verbo auxiliar) nos três números (cf.,
adjetivos triformes de terceira classe).

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 18

SINTAXE DO IN FIN ITIV O (I)

I — Generalidades.
Sendo, na origem, um substantivo verbal, com o valor sintático,
em geral, de um dativo ou de um locativo, o infinitivo tanto pode ser
tomado como um verdadeiro verbo (com as diversas alterações de vozes,
tempos, aspecto e até, graças à partícula ãv, exprimindo o potencial e
o irreal), como pode ser encarado como um verdadeiro nome neutro,
exercendo, assim, todas as funções de um substantivo na oração (sujeito
ou complemento) e podendo ter um predicativo no neutro. Ex.: λΰσαι
(para desatar), βαλεϊν (fut. II) (na intenção de atirar), πορεύεσθα 1
(para marchar), εύ λέχειν (para bem falar ou para falar com eloqüência),
valor verbal Ex: (χρή) λύοαι τούς δεσμούς — (é preciso) desatar os grilhões
βαλειν τάς πελτάς χθωνί -atirar as lanças no chão, πορεύεσθαι εις τούς
πολεμίους- marchar contra os inimigos, ευ λέχενν εν τη ayopç.- falar bem na
praça pública
336 G U ID A NEDDA BARATA P A R R E IR A S HORTA

Mas: Tô σ ι-γα ν χ ρ ν σ ο ν ν ί σ τ ι ν = ο silêncio é de ouro, em que o in­


finitivo substantivado é sujeito do verbo ί σ τ ι ν e tem um predicativo que
com ele concorda (χ ρ ν σ ο ΰ ν — adj. neutro) — valor nominal.
Embora nunca se tenha podido situar o injinitivo nominal em
nenhum caso preciso, ainda assim, nos vários estágios do idioma, sempre
foi encontrado como complemento de outras palavras (verbos, substan­
tivos, adjetivos ou pronomes) em construções como: θ α υ μ α σ τ ό ν ίδ βΐν
(admirável de ver; cf. lat. — mirabile visu), μ ο ί ρ α Oaveiv (o destino de
morrer), ά£ία ψ ι λ ύ σ θ α ι (digna de amar ou de ser amada), etc.
Gomo jorma verbal, o infinitivo pode vir determinado por advérbios,
e seu complemento vem sempre também no mesmo caso regido
pelaà outras formas do verbo a que pertence. Ex.: Tò α κ ρ ι β ώ ς to Zs
ríjs ttòXícús vop o is ττ(ίθ(σθα ι (a obediência com exatidão às leis da ci­
dade = o obedecer exatamente às le is...).
II - Infinitivo precedido de artigo.
Após os tempos homéricos, com a generalização do emprego do
artigo (uso que a epopéia desconhece), tomou-se possível a criação de
uma espécie de declinação para o infinitivo nominal, fazendo-o acom­
panhar do artigo neutro em todos os casos (cf. o gerúndio no latim, que
serve, de oerto modo, para suprir os casos oblíquos do infinitivo, empre­
gado como sujeito ou predicativol.
Com esse emprego, o infinitivo, embora tenha valor substantivo, não
perde a significação verbal. A negação é sempre μ ή , exceto após verbos
que signifiquem dizer ou crer, quando se emprega οι). Ex.: Λέγω ο ν
δ έ ίν tòv θάναθον pevyeiv (afirmo que não é preciso evitar a morte).
Entretanto, se tais verbos, na principal, vierem no imperativo, a negação volta a
ser μτ\ diante do infinitivo. Ex.: Nópife μ · φ \ ν eivai τ ώ ν ά ν θ ρ ω τ ι ί ν ω ν
β έ β α ι ο ν = fica convencido de que nada é seguro nas coisas humanas.

1 — Injinitivo substantivado.

a) Tanto pode ser sujeito como objeto direto ou indireto ou predi­


cativo. Ex.: Ύό aiyãv χρείττόν έστι του \ a \e lv = o calar (o silêncio)
é muitas vézes melhor do que o jalar (as palavras) (o segundo infinitivo
está no genitivo de comparação).
Também pode ter função de um adjunto adverbial. Ex.: 'Αγησί­
λαο* άντ'ι του έπί Καρίαν ίέναι, έττ'ι Φρίτγας ίττopeúero (Agesilau, em
lugar de partir para a Cária, marchou contra os Erígios).
Nestes casos costuma vir preposicionado.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 337

b) O infinitivo é, obrigatoriamente, substantivado pelo artigo,


sempre que exerce a função de um complemento em genitivo ou em
dativo ou que esteja precedido de preposição. Ex.: N ίχησον όρχην τώ
Xoyítjea&ai καλώs = vence a cólera rejletindo bem. (λΐεη., frag. 3S1)
(Cf. latim, gerúndio). ’E r τώ ippoveiv yà p μηδέν ηδιστος βίος = a
vida mais suave, de fato, (consiste) em não pensar em nada (Sófoclcs,
Ajax, 554).

c) Note-se que, precedido de preposição, o infinitivo com artigo


pode ser usado em lugar de uma subordinada causai, final, ou temporal.
Ex.: Έ π ί τώ xaxòv τι ημάς èpyàçea9ai, arpaneveiv TapaçrxeváÇeaCαι
= é para causar-nos algum mal (= para que sejamos prejudicados),
que eles se preparam para avançar (= para uma expedição militar).
N.B. —Está subentendido o verbo έστίν.
d) Mesmo o infinitivo com artigo pode ter sujeito próprio, que vai
para o acusativo. Ex.: Tò μέν στρατιώ τας arépyeiv. την πατρίδα,
μείζον rói) την μητέρα τούς παϊδας ονχ έστιν = ο amor que os soldados
têm pela pátria não é maior do que o da mãe pelos filhos.
Aqui os sujeitos do verbo aTepyeiv, subentendido na oração compa­
rativa toü (arépyeiv) — são: στρατιώ τας (acusativo plural) e μητέρα
(acusativo singular).

Depois de expressões impessoais, como χρή, δβι (é preciso)


ou οίόν Tt (é possível), a negação varia, sendo μή ou oú, segundo se refira
ao infinitivo ou ao verbo principal.

e) O infinitivo declinado (pela anteposição do artigo nos vários


casos) póde substituir todas as orações subordinadas adverbiais, segundo
os casos do artigo e as preposições que os determinem. Isso acontece, pois:
no genitivo — τον, evexa τον (a fim de que, para que), — αντί τού (em
lugar de,, em troca de), — έχ τον (pelo fato de, por causa de, por isso
que), π ρ ο ‘τον (antes que),— άχρι τού, μ έχρι τον (até que), — avev τον
(sem,,sem. que), — πΧην τον (salvo, exceto, a não ser que) e um infinitivo;
no dativo — τώ (pelo motivo que, pelo que), έπί τώ (com a condição
de que, a fim de que)— προς τώ (não só . . . mas) e o infinitivo;
no acusativo — διά τό (por que, por isso que), — έπί τδ, προς τό (para
que), — μ ίτά τό (depois que), seguidos de infinitivo.
N.B. —Em português essas infinitivas traduzem-se por orações conjuncionais
Essa flexibilidade da sintaxe helênica permite a expressão mais
adequada de variadas circunstâncias que, nem sempre, o gerúndio latino
é capaz de indicar, (cf. 29 Tomo - Lembretes n°? 12 e 1.4).
338 UUIDA NKDD.V" íi.UiATA ΡΛΚΚΚΙΚAS IIUKT \

56.° Exercício:
Traduza, explicando o emprego dos modos e dos infinitivos:
1 — Χρή γνώναι Ót t re ποιητεον καί οπότε καί δπως. (Xenof., Econ.
X III, 2)
2 — Eis το άσμένως κοιμηθψαι πας τόπος Ικανός ήν τω Ά γεσιλάω
(Xenof., Ages., IX, 31
3 — Έ π ιμελητέον δπως τρέ-ρωνται οί ί πποι, ώς ( = nt) αν δύνωνταt
πόνους υποφέρε.ν. (Xenof., Trat. de Cavalaria, I, 2).
4 — Λακεδαιμόνιοι δε πρότερόν re δήλοι ήσαν έπιβουλεύοντες ήμιν καί
νυν ούχ ήκιστα. (Tuc. I, 140).
5 — 'Ώς δε ηχούσε τους πολεμίους ταράττεσθαι διά τό αίτιάσθαι άλλή-
λους του γεγενημενου, εύίύς ήγεν επί Σάρδεις. (Xenof., Ages. I, 33).
f> — Ανθρώπους οϊμαι ικανός eivai βελτίους ποιεϊν. (Xenof. Banquete,
III, 4)
7 ΚροΖσος ενόμισε έαυτόν eivai ανθρώπων απάντων όλβιώ τατον {Ue-
ródoto, I, 34).
8 — Φιλάνθ ρωπον eivai δει καί φιλόπολιν. (Isócrates, II, 15).
9 — Ουτοι μεν δη, ώ άvδpeς, ικανοί τέρπειν ημάς φαίνονται. (Xenof.
Banquete, III, 2)
10 — Έδήλωσε δέ καί Μ έτελλος εκπεπληγμένος τόν άνδρα καί péyav
ηγούμενος. (Plutarco, Sertório, 22).
* Litote: οϋχ ήκιστα = não muito pouco, isto é: muitíssimo.

LEBIIETE SINTÁTICO N.“ 18 — BIS

SINTAXE DO IN FIN ITIV O (II)

III — Injinitivo sem artigo — Emprega-se:


a) Como sujeito — com verbos de sentido impessoal ou expressões
equivalentes, formadas do verbo auxiliar, expresso ou subentendido, e
um predicativo. Assim: χρή, δει (é preciso, deve-se), δοχει (parece bom
ou conveniente), πρέπει, προσήχει (convém, urge), διαφέρει (importa),
συμβαίνει, συμπίπτει, γ ίγ ν ε τα ι (ocorre, acontece), εστι (é possível),
εζεστι, ólòv τό έστιν (é permitido), αδύνατόν έστιν (é impossível),
ανάγκη έστιν (é forçoso, é necessário), καλόν έστιν (é belo, é honroso),
καιρός, ώρα έστιν (é tempo de), νόμος έστιν (é habito, é praxe). Às vezes,
encontra-se o infinitivo com os verbos συμβaίveι, συμπίπτει, γίγν ετα ι,
precedido da conjunção ώς. Ex: συμπίπτει αποθνήακειν πολλούς (aconte­
ce morrerem muitos).
Também podem ocoiiei infinitivos como sujeito de frases nominais, com
OS GREGOS E SEU IDIOMA 339

verbo eivai o c u lto . E x : καλόν σιγάν περί τών άλλων άμαρτημάτων


( = é b o m calar so b re o s o u tr o s erros).
Os tempos dn injinitioo no presente, futuro ou aoristo, por vezes
também no perfeito, variam segundo o aspeclo da ação. A negação é
sempre μή.
b) Como complemento verbal — Usa-se:
1 — Com verbos de vontade, isto é, com o sentido de querer, orde­
nar, desejar, permitir, proibir, impedir, pedir ou rogar, tais: βούλομαι
(eu quero), απαγορεύω (eu interdito), κωλύω (eu impeço), αίτέω (eu peço),
δέομαι (eu rogo), χρήξω (eu desejo), etc. A negação é μή e o sujeito é o
mesmo do verbo principal.
2 — Com verbos de atividade (mental) — significando poder,
saber (fazer), aprender (a fazer), ensinar (a fazer), habituar-se a, como
estes: δύναμαι, olós τε είμί (eu posso), έττίσταμαι (eu sei), μανϋ'άνω
(eu aprendo), διδάσκω (eu ensino), μέλλω (eu devo fazer, com inf.
futuro), πέφυκα (estou predisposto a, sou feito para), εΐωΟα (estou
habituado a, tenho o hábito dc), etc. Negação μή.
Estes dois últimos verbos são formas de perfeito, com o sentido de
presente (valor resultativo do perfeito — cf. Aspecto Verbal).
3 — Com verbos de opinião — que significam pensar, crer, imagi­
nar, como: πιστεύω (eu confio), νομίζω (eu julgo, penso), οίομαι, ήγέομαι
(penso, suponho), etc. A negação é ού, geralmente.
4 — Com verbos de ajirmação — que significam dizer, afirmar,
declarar, tais: λέγω (eu digo), φημί (eu afirmo), α γγέλλω (eu anuncio),
αποκρίνομαι (eu respondo), etc. A negação é sempre ού.
Note-se que somente os verbos de ajirmação podem construir-se
com as conjunções integrantes 'ότι ou ws e um modo pessoal, em lugar
de uma oração infinitiva, mas φημί é o único que só pode ser construído
com o injinitivo. Ex.: ΟΪ ήγεμόνες ού φασιν eivai άλλην οδόν = os
guias dizem não haver outro caminho (negação ού na subordinada).
5 — Çom verbos que indicam o objetivo ou a destinação da ação
(infinitivo de destinação) — como: αίρέομαι (eu escolho), έττιτρέτνω
(eu deixo com, eu confio a), δίδωμι (eu dou, v. atemático), δείκνυμι (eu
indico, demonstro, v. atemático), καΟίστημι (estabeleço para, v. atemá­
tico), καταλείπω (abandono a), usa-se o infinitivo ativo ou médio.
Ex.: Ύ μ ιν έπιτρέπω κρϊναι περί έμού (Platão, Apol. 35 d) = deixo-vos
decidir (a decisão) a meu respeito.
Assim se explica a construção em que um infinitivo se sucede a uma
frase nominal. Ex.: "Ωρα βουλεύσασΟαι = é hora de decidir (= da
decisão).
340 GUID.V NEDD.V BARATA PARREIRAS HORTA

O injinitivo de destinação também aparece com expressões impes­


soais significando “ocorre, acontece” (verbos γιγνεται, συμβαίνει).
6 — Com certos adjetivos que signijicam: capaz (ικανός), apto
(επιτήδειος), digno de (άξιος), hábil, terrível em (ôeivós), fácil (ρμδιος),
belo (καλός), agradável (ήδύς) e seus contrários: αδύνατος, ανεπιτήδειος,
άνάξιος, άπειρος, χαλεπός, δύσκολος, αισχρός, δυσειδής, αηδής, χ .τ.λ .
É ο chamado injinitivo de determinação, quase sempre na voz ativa,
embora também possa ocorrer na voz passiva. Ex.: άξιος φιλείσθαι
(digno de ser amado), Mas: καλός òpáv (belo de ver). A negação é
μή (cf. o latim, que usa, neste caso, ora o supino, ora o adjetivo verbal
em -ndus, ora a subordinada com ut e o subjuntivo).
IV — Injinitivo com a partícula av — Costuma equivaler a uma
oração subordinada com o verbo no optativo e a partícula av (valor po­
tencial) ou a uma oração com o tempo secundário do indicativo e a
mesma partícula (expressão do irreal). Traduz-se então pelo futuro
do pretérito no português.
Ex.: Οίμαι άν σοι πείθεσθαι (julgo que te obedecería).
Νομίζω σε âv λέγειν (penso que te podería falar).
(cf. 2 ?TOMO — Lembretes n°? I,4 e 9 ) .

56 ° Exercício:

I — Traduza, explicando o emprego dos injinitivos:

1 — Α εί τούς παϊδας τοϊς πα τρά σι ευπειθείς είναι.


2 — Αεί θεοσεβείς είναι, ώ νεανίαι.
3 — Ή δύϊ αίσθάνεσβαι ό έρως.
4 — Αεμοσθένης, ό μετράς ρήτωρ, δεινότατος λέγειν ήν.
5 — "Ήδη άπιεναι ίξεστιν, ώ στρατιώ ται, ή y à p νίκη ήμετέρα έστίν.
6 — Καλώ? ακούειν μάλλον ή πλουτεϊν θέλε.
7 — Kúpos ενόμισε ’έσεσθαι ό των Π ερσών βασιλεύς.
8 — Το φεύδεσθαι τού καλού καί αγαθού άνδρός άξιον οΰκ έστιν, α λλά
τό καλόν ζην, τιμών τούς θεούς καί πείθων τοΐς τής πόλεως νόμοις
καλόν.
9 — Έποίησε 'έκαστον προθύμως ταύτα πράττε ιν.
10 — Τό πείθεσθαι τόίς άρχουσιν, οί Ααχεδαιμόνιοι κρά τιστοι (είσίν).
11 — Πίνετε καί εσθίετε, φ ίλτατοι, ά χρι τού μή διφήν μηδέ πεινήν.
12 — Τό 7τολ\ά τολμάν π ο λ λ ’άμαρτάνειν ποιεί.
13 — Ταύτα ού π ά λα ι έστ'ι γεγενημένα ώστε άγνοείν υμάς.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 341

II — Traduza: “Como caçar um crocodilo” — (adaptado de Heródoto,


historiador jônico do V.° séc. a.C., criador da historiografia helênica. Autor
da obra, em nove livros, “Histórias” (em jônico Ίστορίης άπύδεζις, ou seja,
“Exposição da pesquisa”).

a) Έ ΐ' τώ NetXw κροκόδειλοι πολλοί είσιν' oi y à p Αιγύπτιοι ovx


άποχτείνουσιν αυτούς, ίέρονς νομίζοντες. Τ ο ΰ δέ κροκοδείλου ή φύσις έστί
τοιάδε' τους τού χειμώνος μήνας έσίίει ούδέν' τίχ τε ι δε φά εν τή γί), χα ί
έχλέπει, χα ί το πολύ τής ημέρας διατρίβει έν τή γί?, ΤΨ <5c νύχτα
πάσαν έν τώ ποταμώ ' Οερμότερον y à p έστι το ύδωρ, τού τε αίθέρος καί
τής δρόσον.
Έ χ « δε 6 χροχοδεΐλος οφθαλμούς ύός, μεyάλovς δε όδόντας χ α τά λό­
γον τού σώματος. Γλώσσαν δε μόνον θήροιν ούχ έχει, ούδέ κινεί την χάτω
yvàOov. "Εχβι δε χα ί όνυχας χαρτερούς χαί δέρμα παχύ. Τ νφλον δέ έν
τώ ϋδατι, έν δε τώ αέρι, όξύ βλέπει.
Και οί μεν άλλοι όρνιθες χαί Θήρες φeύyoυσιv αύτόν, ό δε τροχίλος
είρηναιος αύτώ έστιν.

b) Ό y à p χροχοδεΐλος ών έν τώ ποταμώ τό στόμα έχει μεστόν


βδελλών, έχβάς δί εις την yήv έχ τοΰ ίίδατοϊ, έπειτα χά σ χει' έντάύθα
ό τροχίλος είσδύνων εις τό στόμα αύτοΰ χαταπίνει τας βδέλλας, ό δε
χροχοδεΐλος ού β λά π τει αύτόν. Των μεν κροκοδείλων àypai είσί πολλαί
καί παντοΐαι, ταύτην δε μόνην ypάφω.
Νώτον ύός ό θηρευτής δελεάζει περί άχκιστρον, καί ρίπτει εις μέσον
τον ποταμόν, αύτός δε έπί τοΰ χείλους τοΰ ποταμού έχων νν ζωήν ταύτην
τύπτει. Ό δέ κροκόδειλος άχούει την φωνήν καί ψσσει εις αύτήν, èvrvy-
χάνων δε τώ νώτω καταπίνει' ό δε θηρευτής έλκει αύτόν εις τήν yήv.
Ε ντα ύθ α δε πρώτον πηλώ π λ ά ττ ε ι τούς οφθαλμούς αύτοΰ' τούτο δέ
ποιήσας ρφδίως αύτόν άποχτείνει.

III — Revisão gramatical:

Relacione todos os substantivos da terceira declinação existentes


no texto anterior indicando-lhes os temas e o nominativo e o genitivo
do singular; faça a lista dos adjetivos qualificativos que encontrou no
texto, indicando-lhes o nominativo do singular nos três gêneros e, em
seguida, ponha-os no comparativo de superioridade; finalmente, analise
as formas verbais encontradas e ponha os respectivos verbos em seus
tempos primitivos (presente, futuro, aoristo e perfeito, na primeira
pessoa do singular, do modo indicativo).
342 U l IDA NKDDA BARATA PARREIRAS IlURTA

IMAGENS DA ULÉLADE N* 18 (Texto de ilustração)

"A VID A ECONÔMICA U A A T E N A S C LÁSSIC A (V o século a.C.)”

( a d a p ta d o de M ichael M ourre, “ LE MONDE À LA M O R T DE S O C R A T F .”


1’iiris, llachette, 19ül)

Em 449, depois de trin ta anos de guerra intermitente, a grande


luta contra o Bárbaro acaba afinal. Desta vez Atenas atingiu o próprio
cerne do poderio naval persa, em Chipre, onde, em duas investidas,
200 trirrenivs gregas acabaram de dispersar a frota fenícia. O Grande
liei renuncia enfim a seu sonho de império universal: pela paz de
Oálias, com suas humilhantes condições (interdição aos exércitos persas
de se aproximarem alcm de três dias de marcha das costas da Ásia
Menor), ele entrega aos Gregos a zona de influência do Egeu.
Atenas -— em que reina Péricles, onde marmoristas, arquitetos e
escultores se acotovelam na colina da Acrópole, onde Fídias acaba de
erguer sua estátua da Atena Ênoplos, bem no eixo dos Propileus, onde
Ésquilo, o cantor dos heróis de Salamina, acabara de fechar os olhos,
enquanto o jovem Sófoclcs festeja suas primeiras vitórias — Atenas bem
pode considerar-se o centro do m undo:
“ PaTeceu-me, dirá o historiador Xenofonte, que nossa terra está
em condições de produzir enormes rendim entos... Que amena tempe­
ratura a de seu clima! Pode-se avaliar pelos produtos do solo. O que
não poderia nem mesmo germinar em outros lugares desabrocha aqui.
O m ar que nos rodeia parece disputar com a terra a glória de nos
enriquecer; digo mais, é a nós que os deuses dispensam os frutos
precoces das estações tanto quanto os tardios. Mas não é só pelos
produtos que cada estação vê desabrochar e m urchar que nosso rincão
sobrepuja' os outros; ele ainda possui riquezas que não se alteram
absolutamente. Suas entranhas engendram mármores, com os quais o
arquiteto constrói soberbos templos, magníficos altares, e dos quais
o escultor extrai estátuas dignas da majestade dos deuses. Quantos
povos, Gregos ou Bárbaros, recorrem a' nós para obtê-los!
Se temos terras rebeldes à cultura, suas minas, porém, sustentam
mais gente do que se elas produzissem trigo. Certamente, não é sem
a proteção dos deuses que elas estão impregnadas de prata, já que,
em tantas outras cidades, estejam elas situadas no interior ou no
litoral marítimo, não há sequer uma em que surja o menor veio
desse metal.
OS GREGOS E SEU IDIOMA -343

Não consideraria como insensata a opinião dos que situam esta


cidade no centro da Grécia e até do universo todo; pois, à proporção
que nos afastamos dela, mais nos incomodam tanto o calor quanto
o frio. Se se pretende viajar de uma à outra extremidade da Grécia,
dá-se a volta a Atenas, por terra ou por mar, seguindo, por assim
dizer, um “círculo” .
Não foi sem razão que Xenofonte foi cognominado a “ abelha ática”.
Suas graças encantadoras zombam das sombras. A verdade é que os
habitantes de Atenas, reduzidos a seu adorável campo, cedo morreríam
de fome.
Cidadãos, mctecos e escravos, os quase 400.000 Atenienses do
V 9 século, não se podem alimentar com os magros campos de trigo do
Cefiso e de Elêusis, de Maratona e da Mcsogéia. Atenas deve importar,
sem cessar, e de toda a parte. Ela carece dos cereais da Eubéia, do
Egito, dos países ribeirinhos do m ar Negro, da Itália. Mas ei-la às
voltas com o moderno problema da balança das contas: ela que tem
tanto o que comprar, não só trigo, mas a madeira de construção
e o ferro para seus barcos, que é que pode oferecer a seus clientes,
além do azeite de seus olivais e seu vinho — um vinho pouco apreciado
pelos de gosto requintado, que preferem as finos produtos da Trácia,
de Quios e de Samos? É assim que, com verdadeiro esforço frenético,
os Atenienses se põem a explorar as minas de p rata do Laurion,
arrendadas pelo Estado:
“Quem ignora que elas estão há muito em atividade? Ninguém
mais se preocupa cm descobrir a época de sua prim eira abertura.
Embora o minério seja escavado e extraído há tantos anos, refleti
entretanto, diz-nos Xenofonte, quão pouco importantes são os entulhos
dessas colinas em que a prata se acumula. As gangas, longe de se
esgotarem, vão progressivamente crescendo: à proporção que se empre­
gavam mais braços aí, nunca um só homem ficou sem trabalho; ao
contrário, era o trabalho que excedia o número de operários. Ainda
hoje, os proprietários de minas, que têm escravos, pensam meno- em
diminuir do que aumentar-lhes o mais possível o número. De fato,
se houver menos braços empregados nas escavações, tirar-se-á pouca
prata, mas com muitos homens, obter-sc-á muito do mineral. Assim a
exploração das minas é a iinica, que eu saiba, em que um novo emprei­
teiro não fará nenhuma sombra aos antigos. Um agricultor dirá que
precisa justamente de tantos trabalhadores, de tantas parelhas de bois;
mas se tiver mais do que necessita, o excedente lhe parece um verdadeiro
prejuízo. Aqueles, porém, que exploram as minas, afirmam todos que
lhes faltam trabalhadores.” (cf. Xenof. “ Os Rendimentos da Ática”).
344 GUIDA NEDDA BABATA PARREIRAS HORTA

A carência de recursos naturais e a necessidade de compensar,


pelo valor mercantil de suas exportações o desequilíbrio de sua balança
econômica, levaram Atenas a alcançar certo impulso industrial. Mas,
tanto para garantir os bens de consumo que lhe faltavam, quanto para
vender objetos de arte, seus vasos pintados, seus móveis, suas jóias,
as múltiplas novidades de suas oficinas de artesanato, o Estado ateniense
estava reduzido a uma luta incessante pela conquista dos mercados
e a liberdade dos mares.
Nisso está contido o sentido profundo do império ateniense. Era
o ventre, era a necessidade da fome que inspirava toda a política da
cidade de Minerva. Porque ela não queria estar separada dos celeiros
da Trácia é que se apegava aos Estreitos e, inevitavelmente, se chocou
com a Pérsia. Por causa do trigo, ainda uma vez, seria levada a
aventurar-se no Egito e, de maneira tão desastrosa, a se voltar para
o Ocidente, a empreender luta contra Corinto, que vigiava as estradas
da Magna Grécia, a atolar-se, por fim, na lamentável expedição contra
a Sicília.
Esse comércio, condição preliminar de todas as suas outras empresas
bem sucedidas, em arte ou em pensamento, é praticado pelo Ateniense
com um espírito prático em nada perturbado pelos escrúpulos. Tomar-
se-á pirata, se preciso for, o que não é mal visto na época. Na Agora, os
“ τρατΤίξΊται”, os banqueiros, mantêm balcões abertos e facilitam
as transações de seus clientes: o comerciante ateniense pode empreender
viagens de negócios sem o temor de ser assaltado por ladroês- Leva
consigo seu talão de cheques e os correspondentes de seu banco nas
outras cidades ou cm outros países darão seqüência a todas as operações
de crédito.
Vender, comprar, guerrear para vender mais, para comprar mais
barato, eis a dura fatalidade de Atenas.

29. — Aí? F O R V A S SEG U ND AS D A CONJUGAÇÃO, FO RA DO


IND ICATIVO .

Como já tivemos ocasião de referir, o tema temporal de cada


tempo da conjugação apresenta-se sempre o mesmo nos diversos modos
e formas nominais dos verbos, alterando-se apenas quanto ao acréscimo
da característica modal ou do sufixo de forma nominal. Assim sendo,
conhecido o tema do tempo no indicativo logo se podem prever as
formas que lhe correspondem nos outros modos, infinitivos e particípios.
Tal regra, praticamente sem exceções, aplica-se também, naturalmcnte,
às formas segundas, quer ocorram nos verbos temáticos, quer nos atemáticos.
OS GREGOS K SEU IDIOMA 34 5

Vejamos, então, a correspondência dos tempos segundos fora do modo


indicativo;
I — Aorislos I I atemáticos ativos — acrescentam ao tema puro (sem
os eventuais reforços do presente) as desinências do presente do impera­
tivo, do subjuntivo e do optativo, na voz ativa, e os sufixos ativos dos
infinitivos e particípios (cf. aoristos II atemáticos do indicativo).

PARADIGMAS άποδιδράσχειν βαίνε ιν βιονν δύεσθαι

Temas (raízes) (άπο-) δρα- βα/βη βιο-Ιβιω- δυ-/δ ϋ-

Indicativo
la. p. sg. άπ-έ-δρα-ν ε-βη-ν ε-βίω-ν 1-δϋ-ν

IMPERATIVO

S. 2p. άπόδρα-Οι βή-θι βίω-θι δΰ-θι

3P. αποδρά-τω βή-τω βιώ-τω δν-τω

P. 2 p. άπδδρα-τε βή-τε βίω-τε δΰ-τε

3p. άποδρα-ντων βα-ντων βιδ-ντων δυ-ντων

SUBJUNTIVO

Θ. lp . άποδρώ (-άω) βώ (βήω) βιώ (βιώω) δύ-ω

2p. άποδράί (-àps) βρ$ (βήρς) β ι& (βώρί) δΰ-rjs

3p. άποδρμ (-άρ) βν (βνν) βιώ (βιώρ) δί)-Τ)

P. lp . άποδρώμεν (-άωμεν) βώμεν (βήωμεν) βιώμεν (βιώωμεν) δύ-ωμεν


2p. άποδράτε (-αητέ) βήτβ (βήητε) βιώτε (βιώητε) δΰ-ητε
3p. άποδρώσιν (-άωσι) βώσιν (βήωσι) βιώσιν (βιώωσι) δύ-ωσι(ν)
346 CUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

OPTATIVO

S. 1 ρ. άποδρα-ί-ην βα-ί-ην βω-ί-ην


2 ρ. αποδρα-ί-η$ βα-ί-ης βω-ί-η s Não
3 ρ. άποδρα-ί-η βα-ί-η βω-ί-η
existe

no
Ρ. 1 ρ. αποδρα-Ι-μεν βα-1-μ€ν βω-Ι-μίν
2 ρ. άττοδρα-1-Tt βα-1-Tt βιο-1-re ático
3 ρ. άττοδρα-1-ev βα-1-ev βω-1-ev

f
INFIN. ànτοδρά-ναι βή-ναι βιω-ναι δν-ναι

Nom. άττοδράϊ, -ίσ α , -άν βάϊ, βάσα, βάν βωΰς, -οΰσα, -δν δύς, δνσα, δύν
PARTIC.
Gen. -άντος, -άσης, βάντος, -άσης, β ι-òvros, -oύσηs ôvvtos, -ύσηs,
-ávros -àvros -bvros -υντοϊ

Observações — 1) A terceira pessoa do plural do imperativo aoristo II


abrevia a vogal alongada do tema temporal, em virtude da presença do
grupo -v r (cf. Lei de Osthoff), reaparecendo assim a vogal original
da raiz.
2) Também se abrevia a vogal da raiz em todas as formas do aoristo II
do optativo, em contato com a vogal modal com que vem a formar ditongo
(mesmo quando a vogal radical já é longa por natureza). Assim, por
exemplo, em γι-γνώσκω (raiz yva>-) o optativo faz: γνοίην, γνοίη?, γνοίη, etc.
Note-se ainda que, no singular, as desinências de optativo são aqui as
mesmas dos verbos atemáticos (cf. optativo do auxiliar).

3) A acentuação dos aoristos segundos no infinitivo e no particípio


recai sempre na raiz verbal.
4) 0 sufixo de infinitivo aoristo II ativo é sempre -va! (cf. infinitivo
aoristo passivo I e II — Χυθήναι — σταΧήναι, etc.).
5) A acentuação do infinitivo e do particípio recai sempre na vogal
temática, tanto nos aoristos II deste tipo atemático, quanto nos do tipo
temático (cf. βάλλω, aoristo II inf. βαΧείν, βαΧέσθαι, part. βαΧών,
βαΧοΰσα, βαΧόν, βαΧόμενος, βαΧομίνη, βαΧόμβνον.).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 347

6) Possuem aoristos 11 atemáticos, entre outros, γιγ^ώσκω = eu co­


nheço (Raiz-γ η ω - aoristo II ’ί - γ ν ω ν ) , ά Χ ί σ χ ο μ α ι = sou apanhado (Raiz άλο-
— aoristo II έάλωΡ), ρ έ ω = eu escorro, fluo (Raiz fave ■ ----- aoristo II ΐ ρ ρ ύ η ν ) ,
φ ύ ο μ α ι . (R-aiz φ υ — aoristo II ί ' φ ν ν ) , χ α ί ρ ω = alegro-me, rejubilo-me (Raiz
Xape — aoristo II ϊ χ ά ρ η ν ) , etc.

II — Aoristos I I temáticos ativos e médios — Acrescentam ao radical


puro a vogal temática o/e e as desinências secundárias, no indicativo, ou
as terminações dos respectivos presentes, nos outros modos e formas no­
minais. θ α ι . . . (cf. p. 283)

Paradigma: βάΧΧβω (lançar, atirar. Raiz: βαΧ-)


Ex: Είττών, άκσύω (valor temporal ou condicional) (= ele falando, ouço).
"5----
Infinitivo e
Indicativo Subjuntivo Optativo Imperativo
Particípio

έ’ βαΧ-ον βάΧ-ω βάΧ-οι,μί —


β α Χ -elv
ββαΧ-es β ά Χ -rjs β ά Χ -ocs β ά Χ -e
t-H
H έ’ βα Χ -e β ά Χ -fl βάΧ-οι. β α Χ-έτω βαΧών, -όντο s
έβάΧ-ομβ v βάΧ -ω μίν β ά Χ -oipe ν — βαΧονσα,
N3
o έ β ά Χ -ere βάΧ -ητβ β ά Χ -oire β ά Χ -ere β aXóv, -Óvtos
>
ί’βαΧ -ον βαΧ-ωσι,(ν) β ά Χ -oiev βαΧ-όντων

ΙβαΧ-όμην βάΧ-ωμαι. βαΧ-οίμην —


βαΧ-έσθαι,
1—! ίβάΧ-ου βάΧ-τρ βάΧ -οω
tf
ΟI

Q
Ή ββάΧ-έτο βάΧ -ηταί βάΧ-οι,το βαΧ-έσθω βαΧ-όμ evos
»—1
ϊ β α X-ópeda βαΧ-ώμβθα β α Χ-οίμβθα — βαΧ-ομίνη
o ίβάΧ-βσθί βάΧ-ησθβ βάΧ-οίσθβ βάΧ-6σθβ β αΧ-όμενον
>
ΐβάΧ -οντο β ά Χ -ω ν τα ί β ά Χ -oi ντο βαΧ-έσθων

N.B. — Observe-se o avanço da sílaba tônica para a terminação da segunda


pessoa do singular do imperativo. Nos infinitivos e particípios, o acento
recai na terminação temática, sendo característica indo-européia essa co­
locação do tom, em duas formas ativas (βαΧβϊν, βαλών) c duas de voz
média (βαλοϋ, βαΧέσθαί).

III — Futuros segundos ativos e médios — sempre contratos, apresen­


tam a acentuação e as contrações regulares que ocorrem nos radicais vocá-
licos em - e (cf. presentes dos verbos contratos em - éo>). Assim:
348 CUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Indicativo — ativo ·— βαλώ Optativo — ativo — βαΧοίμι, βαΧοϊς, βαλοϊ. . .


— médio — βαΧούμαν — médio — βαΧοίμην, βαΧοίο, βαΧοϊ-
το . . .

Injinitivo — ativo — βαΧείν Particípio— ativo — βαΧών, βαΧονσα, βαΧονν


(-ovvTos, -ονσης, - )
o v v t o s

— médio — βαΧβισΟαι — médio — βαΧονμίνο·;, βαΧονμίνη,


-ονμενον

N.B. — Observe-se a coincidência de jormas entre os infinitivos futuro e


aoristo segundos e entre os mesmos tempos do optativo e do particípio
que, algumas vezes, só se distinguem pela acentuação.
As outras formas segundas, como já vimos a propósito da conjugação
dos paradigmas, seguem estritamente as formas primeiras, em todos os
modos, alterando-se apenas a característica temporal (cf. perfeitos segundos
ativos, futuros e aoristos segundos passivos).

57° Exercício:
I — Conjugue os verbos: νομίζω e σπάρω no futuro II ativo e médio
de todos os modos; θάπτω (τα φ -), nos aoristos II e futuros II passivos;
στρίφω (στρεφ-Ιστροφ-) nos perfeitos II ativos; Χίίπω (λίπτ-/λιπ-/λοιπ-)
nos aoristos II ativos e médios; πρά ττω (πραχ-), no mais que perfeito II
ativo; γνγνώσκω (γνω-), nos aoristos II ativos.
II — Analise as jormas verbais seguintes:
χνούσι — Χιπού — χβνίσθαν — παρούσα — β ά ντι — βαΧονμένα is — τβμοΐ
— CTeXeladat — ά γ γ eXeív — χνώΟ t — òvvtos — άποδράσρ — t άλω — βφυτβ
— Ιχάρημβν.
I II — Conjugue ο aoristo II ativo (atemático) de χαίρω (χα(ήρί-) em
todos os modos e o perfeito II ativo do indicativo e do subjuntivo de πβίθω
(πβιθ-Ι ποιθ-).

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 19

SINTAXE DOS PARTICÍPIOS (T)

I — Generalidades — Uma vez que o particípio ora é tratado como


adjetivo (com declinação, concordância nominal e colocação com refe­
rência ao substantivo), ora como forma propriamente verbal (com
complementos), pode ocorrer na frase com diversas funções gramaticais,
ou formando orações subordinadas participiais ou então vindo substan­
tivado polo artigo, Como adjetivo, o particípio pode vir com a
função de adjunto adnominal, de aposto ou de predicativo, quer do su­
jeito, quer de um objeto (cf. 29 Tomo l embretes nos 12 e 14).
O uso constante dos particípios no grego é urn aspecto característico
do idioma, que prefere, geralmentc, exprimir por particípios o que no
português se indica por orações subordinadas num modo pessoal.
Também se emprega o particípio para indicar ações secundárias rela­
cionadas com a do verbo principal (adjuntos adverbiais), mesmo quando
se trate de ações que, em português, consideramos coordenadas.
Ex: Ιίήνων δήλος ήν επιΒυμών άρχειν . . . έ πιθαμών δέ τιμάσ-

Ο particípio por si só-não exprime o tempo, mas tão somente o as­


pecto. Contudo o particípio aoristo às vezes indica um passado rela­
tivo, quando é usado em lugar de uma subordinada integrante ou adver­
bial no indicativo ou no subjuntivo eventual (cf. Lembrete nR 14).

Λ negação costuma ser oú, a menos que o particípio esteja posto por
uma construção que exija a negação subjetiva μή. Ex.: Ούκ ’έ σ τι μή
νιχώε ι σωτερία = ούκ ’έ στι σωτερία εάν μη νικώμεν (subordinada even­
tual, no subjuntivo) = Não há salvação senão para os que vencem
(dativo plural do particípio), isto é: não há salvação, caso não vençamos.
Note-se, porém, que o particípio ainda pode ter a negação μή, por
atração com uma oração negativa que exija essa partícula.
II —- Particípio com artigo — Tem uso ainda mais freqüente do
que o infinitivo substantivado e pode vir acompanhado de um ou mais
complementos. Ex.: T à καλώ? σοι πεπραχμένα = as tuas boas ações
(= as ações bem feitas por ti).
O particípio, usado com substantivo pode ter o valor de um adjunto adno-'
minai, permitindo traduzir-se por uma subordinada relativa (a negação
é geralmente μή). Ex.: Oi παρόντες π ο λ ιτα ι (os cidadãos presentes ou
que estavam presentes). Oi χάμνοντες σ τρα τιώ τα ι (os soldados que
estavam cansados).
Pode-se também dizer: oi π ο λ ϊτα ι oi παρόντες, οι σ τρα τιώ τα ι oi
χάμνοντες (pospondo o particípio substantivado, por ênfase) ou usar
o genitivo partitivo: των πολιτών oi παρόντα (dentre os cidadãos, os
que estavam presentes), τών στρατιω τώ ν oi χάμνοντες (dos soldados,
os que estavam cansados).
0 particípio com artigo também pode vir só, indicando quer uma
só pessoa, quer uma classe de seres (pessoas ou coisas). Ex.: ό λόχων =
o orador (do momento) ou um orador, οί άρχοντες = os governantes
(atuais) ou os magistrados, os arcontes, ò τυχών = o primeiro a chegar,
rò 7τροσήχον — o dever, oi προσήκοντες — os parentes, τό συμφέρον =
350 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

0 que interessa, τά υπάρχοντα = os recursos, ó μη πιστενων = o que


não crê,o descrente, ό βουλόμενος = aquele que quer. o voluntarioso
N.B. — 0 particípio Juturo com artigo equivale a uma oração relativa
no futuro do indicativo, indicando “alguém que pode fazer ou que está
destinado a realizar alguma coisa” (construção que só pode ocorrer com
verbos que signifiquem ter, haver ou enviar). Ex.: Ή πόλις έρημος ην
των άμυνουμενων (a cidade estava deserta de defensores — cf. futuro
ind.médio άμυνούμαι). Oi άγγελούντες οτρατιώται (= oi άγγελονντες
01 στρατιώται) = o s s o l d a d o s e n v ia d o s o u o s m e n s a g e ir o s
III — Particípio predicativo (sem artigo) — Pode vir como predi-
cativo do sujeito ou do objeto de um verbo principal (em lugar de uma
subordinada integrante).
a) Particípio predicativo do sujeito — é construção especial do grego,
em lugar do infinitivo que o latim e o português costumam usar com
essa função. O particípio exprime realmente a idéia principal da ora­
ção. Ex.: Αουλεΰων λέληϋας (perfeito II) = estás esquecido de que és
escravo (= sendo escravo esqueces-te disso). ΊΙρχόμεΟα διαλεγόμενοι
= começávamos a conversar (= estávamos começando a conversa),
(cf. 29 Tomo —Lembrete n9 12).
Este particípio predicativo do sujeito ocorre com certos verbos que
exprimem:
1 — um estado ou modo de ser determinado: e i v a i , γ ί γ ν ο μ α ι (ser,
estar, existir), τ ύ γ χ α ν α ν (encontrar-se casuaimente), λ α ν Ο ά ν α ν (achar-se
secretamente, estar oculto), ΰ ι ά γ ε ι ν , δ ι α τ ε λ ε ϊ ν , δ ι α γ ί γ ν ε σ Ο α ι (achar-se
continuamente, passar o tempo, ficar), φ α ίνεα Ο α ι, δη λο ς ou φ α ν ε ρ ό ς
ε ί μ ι (achar-se claramente, mostrar-se, aparecer), ο 'ίχ ε σ ΰ α ι (estar longe,
ter partido), φ β ά ν ε ι ν (achar-se adiante, prevenir, preceder), ά λ ί κ ε σ Ο α ι
(ser apanhado em flagrante),
2 — um momento da ação:
ά ρ χ ε σ θ α ι (começar), π α ύεσΟ α ι, λ ή γ ε ι ν (cessar, parar), ά ν έ χ ε ιτ ϋ α ι, κ α ρ -
τ ε ρ ε ι ν (suportar, aguentar), κ ά μ ν ε ιν , ά π α γ ο ρ ε ν ε ι ν (cansar-se, renunciar
a), δ ια μ ε ν ε ιν (continuar), etc.
3 — um sentimento:
(alegrar-se, congratular-se), ά χ θ ε σ Ο α ι (ficar zangado),
η δ ε σ θ α ι, χ α ί ρ ε ι ν
ά γ α ν α κ τ ε ϊ ν (indignar-se), α ίσ χ ύ ν ε σ Ο α ι (enrubescer, envergonhar-se),
μ ε τ α μ ε λ ε σ θ α ι (arrepender-se), τ έ ρ π ε σ θ α ι (ficar satisfeito), etc,

4 — uma determinação ou situação (para melhor ou para pior):


(bem fazer, ter razão), α δ ι κ ε ί v (agir mal, não ter razão),
καλώ ς π ο ιείv
(sobrepujar, dominar), ή τ τ ά σ θ α ι , λ ε ί π ε σ θ α ι (ser inferior,
ν ικ ά ν , κ ρ α τ ε ϊ ν
estar por baixo), χ α ρ ί ξ ε σ ΰ α ι , χ ά ρ ι ν φ ί ρ ε ι ν (prestar serviço, fazer
favor), etc.
OS GREGOS E SEU IDJOM \ 351

N.B. — Quando o sujeito do particípio é o mesmo do verbo principal


(em um modo pessoal), é omitido na oração partícipial e o particípio é cons­
truído no nominativo.
b) Particípio predicativo do objeto — aparece com verbos que
exprimem um sentimento, uma percepção, um conhecimento, tais
com o:.
1 — verbos que exprimem uma operação dos sentidos ou do espírito:
όράω (-ώ) (ver), α κ ο ύ ω (ouvir), μ α ν θ ά ν ω (aprender), ο ΐ δ α (saber),
ά y v o έ ω (-ώ) (ignorar), μ ί μ ν η μ α ι (lembrar-se), τ τ υ ν θ ά ν ο μ α ι (informar-se),
α ι σ θ ά ν ο μ α ι (perceber, notar), etc.

2 — alguns verbos que signijicam mostrar, anunciar, convencer, jazer:


δί'υιννμι (mostrar, indicar), φαίνω (mostrar, fazer aparecer), έλ^γχω
(convencer), ττοιέω (-ώ) (fazer de alguém alguma coisa), àyyéXXeiv
(anunciar), etc.
N.B. — Os verbos destas duas categorias podem vir também cons­
truídos com uma subordinada integrante objetiva, introduzida pela con­
junção ό τ ι . (= que)
Exemplos do particípio predicativo (sujeito e objeto).
Oò navegai Xéyωv = não pára de jalar (= falando, não cessa).
Χ α ί ρ ω a e ο ρ ώ ν = estou contente de te ver ( = vendo-te alegro-me)
Al?77rore τ τα ύ ο υ τ ι ν ά e b e p y e r ò v = nunca deixes de jazer o bem a alguém.
Ot 7Γο ι η τ α ί b ia X eyo p evo vs τούς θεούς π ο ιο ϋ σ ι π ρ ο ς τούς ά νθ ρ ώ το υς =
os poetas fazem os deuses conversarem com os homens.
"E δείναν 'έτοιμοι όντες = demonstraram estar prontos (= que estavam
nrontos).
O vk ρσθάνοντο ιτρ ο σ ιό ν τω ν não percebiam que os
των π ο λεμ ίω ν =

inimigos se aproximavam (= os inimigos se aproximando).

6S.° Exercício:

I — Traduza, explicando o valor dos parlicípios:

1 — Ααχεδαιμόνιοι δήλοι ησαν επιβουλεύοντες ημιν.


2 — Ilept τούτων ούδέποτί παύονται XéyovTes.
3 — Ούποτε επαυάμην υμάς οίχτίρων. (Xenof., Anáb. III, 1, 19)
4 — Ά δ ιχ ε ϊτε 7τολέμου άρχοντες χα ί σπονδάς λύοντεs. (Tuc., I, 53, 2)
5 — "Ηόομαι άκούων σου φρονίμους λόγους. (Xenof., Anáb., II, 5, 16)
352 GU1I>\ NKDDA ΒΛΚΛΤΛ PARREIRAS HORTA

6 — 'Ε π τ ά ημέρας π ά σ α ς μα χόμ ενον δνετέλεσαν (Xenof., Anáb., IV, 3, 2)


7 — Α λ η θ έ ς y e ώ ς 'έπος ε ί π ε ϊ ν ο ΰ δ έ ν ε ί ρ ή κ α σ ι (PI., Apol, 17a)
8 — Tols Θ ρ α ζ Ι τ ο ϊ ς υ π έ ρ Ε λ λ ή σ π ο ν τ ο ν ο ί κ ο ν σ ι (Xenof., An., J, I, 9)
9 — Μ ή κ ά μ ν η ς φ ί λ ο ν ά ν δ ρ α ε ύ ε ρ χ ε τ ώ ν (PL, Górgias, 470c).
10 — Κ ν ρ ο ν έ π ι σ τ ρ α τ ε ύ ο ν τ α π ρ ώ τ ο ς ήy y ε ι λ a (Xenof., An., II, 3, 19)
11 — Helenismo. ώ ς έπος είπεϊν ( = p o r a s s im d i z e r ) .

III — Analise as formas seguintes:


σ τεφ α νοϊιντος — ννκώ ση — ήχγελκότος — σ τ ε ϊ λ α ν — πονηθέν —
τρ ιβ έντα — δαρησομένη — π eφ a y κ υ ίa ς— β λη θ εϊσ α — ταθησο-
μένου — ίπ ο δ ρ ά σ ι — yvoúapv — β α λό ν τ ι — βαλουμένω ν — ά ρ χ -
θ η σ ό μ εν ο ι.

LEMBRETE SINTÁTICO Ν.° 19 BIS

SINTAXE DO PARTI Cl PIO (II)

I — Observações sobre o particípio predicalivo.


1 — O particípio vem sempre no dativo com a locução μεταμέλει
μοι (arrependo-me), mas com σύνοίδα έμαυτώ (tenho consciência de,
estou consciente), tanto pode vir no nominativo, quanto no dativo,
concordàndo com o sujeito ou com o reflexivo complemento do verbo.
2 — O particípio vem regularmente no nominativo quando seu
sujeito é o mesmo do verbo principal transitivo ou então quando se
segue a uma passiva pessoal. Ex.: "Ισθν άδίκος ών = fica sabendo que
és injusto (= sabe que estás sendo injusto). Ό ρ ά τ α ι πολέμων = é
visto guerreando (= vêem-no guerrear).
3 — Se o particípio se rejere a um complemento do verbo principal,
tomará o caso desse complemento (concorda também em gênero e nú­
mero). Ex.: Οΰκ ήσθάνοντο προσώντων των πολεμίων = não perce­
biam que os inimigos se aproximavam (o complemento em genitivo é
pedido pela regência do verbo principal).
II — Particípio. como adjunto adverbial — Enquanto o particípio
predicativo faz as vézes de uma oração integrante subjetiva ou objetiva,
por outro lado, a oração participial pode ter o valor de um advérbio, ou
melhor, de um adjunto adverbial, com a função de precisar o sentido
da ação expressa pelo verbo principal (sem falar no particípio com artigo
que equivale, como vimos, a uma subordinada relativa).
Dizemos então que o particípio é conjunto, quando representa
uma subordinada cujo sujeito está incluído na principal, como sujeito
OS GREGOS E SEU ID IO M A 353

ou complemento desta, ou que é partieípio absoluto quando substitui


uma subordinada em que o sujeito faz parte da própria oração partici-
pial, estando, pois, fora do âmbito da principal.
Ambos os particípios, tanto o conjunto quanto o absoluto, empre­
gados sempre sem artigo, mas com freqüência acompanhados por par­
tículas ou advérbios que lhes precisam o sentido, empregam-se no grego
para exprimir as diversas relações ou circunstâncias que seguem:
a) Tempo — (negação oú) ·— reforçado pelas partículas: άμα (ao
mesmo tempo), μεταξύ (durante, no meio, entrementes), ευθύς, αύτίχα
(logo, imediatamente). Ex.: Έ μάχοντο άμα πορευόμενοι oi “Ελληνες
= os Gregos combatiam, enquanto marchavam (continuando a marcha).
Partieípio temporal.
b) Causa — (negação ou) — com as partículas: άτε, oiov, ola (δή)
= porque (exprimindo um motivo real. Cf. latim — quod com o indica­
tivo); ώ ς^ίύσπερ = porque (motivo subjetivo: na suposição de que. Cf.
latim — quod com o subjuntivo). Ex.: Kúpos, άτε παίς ών_χαι φιλό­
καλος xai φιλότιμος, ήδετο τή στολή = Ciro, porque era criança
(sendo criança) e amava o belo e as honrarias, estava contente com
sua roupa (motivo real). Λεδίασι τον θάνατον oi άνθρωποι εύ ei δότες
ότι μέχιστον των χαχών èartr-o s homens receiam a morte, como se
bem soubessem (na suposição de saberem) que ela é o maior dos males
(■motivo supost ). Partieípio caudal.
N.B. — 'ίΐς acompanhado de um partieípio juluro significa: “na
esperança de que” .
c) Fim — (negação μή) — acompanhado ou não de ώς (como se,
a fim de que, na intenção de que), o partieípio futuro exprime normal­
mente o desejo, a vontade ou o objetivo que se tem em mira. Ex.: Σ υλ­
λαμβάνει Κϋρον ώς άποχτενών = faz prender Ciro na intenção de
mandar matá-lo (= como se quisesse ou a fim de matá-lo). Κατασ-
χεψομένους επεμπε τί π ρά ττοι Küpoç = mandava patrulhas de reconhe­
cimento para observar o que Ciro estaria fazendo (= mandava observado­
res do que faria Ciro). Partieípio jinal.
d) Condição.— (negação μη) — empregado geralmente sem par­
tículas, mas às vezes acompanhado de ώς, ώσπερ (como se), o partieípio
pode exprimir a condição. Ex.: Ώρχοΰντο ώσπερ άλλοις επιδειχνύ-
μενοι = dançavam como se estivessem exibindo-se para os demais: Οΰχ
άν δύναιο μή χαμών εύδαιμονεϊν = não poderías ser feliz sem jazer ( =
não fazendo) esjorço (χαμών é partieípio aoristo II de χάμνω, equiva-r
lendo ao optativo aoristo II: et μή χάμοις) (Euríp., Fragm., 464).
Partieípio hipotético (cf. Lembrete n9 4 —“A Frase Grega e a Expressão Modal”
- 29 TOMO).
354 GUI!)A NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

e) Concessão (negação oú) — em geral vein o particípio precedido


de χαί, όμως x a i = mesmo que, ou καίττερ = embora, correspondendo
a uma subordinada concessiva. Ex.: Kaúrερού διψών, ττίνει = embora
não tendo sede, ele bebe. Συμβουλεύω σοι καίπερ νεώτερος ών = acon­
selho-te, embora sendo mais novo do que tu. Particípio concessivo.
f) Maneira — sem partícula, pode exprimir o adjunto circunstancial
de modo. Ex,: Άψ'ιει μετά εαυτού τούς συμμάχους εχων = ele parte,
levando consigo os aliados. Particípio modal.
111 — P a r tic íp io a b s o lu to — É uma o ra çã o p a r tic ip ia l com sujeito
próprio que tanto pode vir no genitivo, quanto no acusativo. Sempre
que o sujeito for fácilmente subentendido, deixa de vir expresso. Corres­
ponde a uma subordinada adverbial e pode ser modificado por um advér­
bio ou partícula.
a) Genitivo absoluto — corresponde ao ablativo absoluto do latim,
mas, ao contrário deste, omite o sujeito fácil de subentender e nunca
subentende o particípio do verbo auxiliar {ων, ο ν σ α όν) ou um seu equi­
valente.. Ex.: Π ρ ο ϊό ντ ω ν εις το ττεδίον έ π ο λ έ μ η ο α ν (- avançando para u·
planície, travaram combate).
à expressão latina te duce (ablativo absoluto), corresponde no
grego: σού στρατηγού οντος (= sendo tu general). Unicamente os
adjetivos άκων, αχούσα, áxov (cf. latim: invitus, a, um) e έχών, εχούσα,
εχον (latim: libens), sentidos como particípios, é que se constroem sem
o particípio ων, ούσα δν.
Ex.: ’Έ,ζήν σ ο ι εχούσης τη ς ττόλεως το ύ το π ο ι ή σ α ι = podias fazer
isto (= era-te permitido fazer) com o assentimento da oidade-estado
(= a polis consentindo).
0 genitivo absoluto é bem mais frequente no grego do que o abla-
tivo absoluto no latim e sua negação será a mesma que teria a subor­
dinada que lhe corresponde pelo sentido. Observe-se que, indicando o
genitivo, por sua natureza, o ponto de partida da ação, a construção do
genitivo absoluto nunca tem valor jinal nem consecutivo (circunstâncias
que exprimem o ponto de chegada da ação). Pode, porém, ter valor
causai (com ou sem as partículas are e ώς), temporal, concessivo ou
hipotético, ( c f . L e m b r e t e n9 2 4 )
b) Acusativo absoluto — ocorre em locuções impessoais (negação
oú), com sentido causai, temporal, concessivo ou hipotético, (neste caso
com as partículas ώς, ώσπερ). Ocasionalmente a hipótese pode vir indi­
cada numa construção pessoal. Ex.: Σωχράτης εύχετο θανειν ώς θάνα­
τον ίρισ τον όντα = Sócrates desejava morrer, na suposição de que (ώς)
a morte é o que há de melhor.
OS GREGOS E SEU ID IO M A 355

Constróem-se no acusalivo absoluto, as jo n n X is i m p e s s o a is :

1 — έ ν ό ν , ι ξ ό ν , π α ρ ό ν = sendo (visto que era, embora fosse) possível;


2 — ò e o v = sendo (visto que era, embora sondo) necessário;
3 — 7τ ρ ο σ ψ ω ν — sendo (visto que era, embora fosse) conveniente;
4 —· δ ό ξ α ν , δ ο κ ο ν ν , h e b o y p í v o v — sendo (embora fosse) decidido; sendo
oportuno;
5 — ά ρ η μ έ ν ο ν , \ e y ó p e v o v — sendo (visto cjue era) dito ou declarado;
6 — 7τ ρ ο σ τ α χ ϋ έ ν — tendo sido dada a ordem;
7 — μ έ λ ο ν — sendo objeto (motivo) de preocupações;
8 — μ β τ α μ έ λ ο ν — sendo lamentável (já que se lamenta);
!) — ά δ η λ ο ν 6 v — sendo (visto (pie era) desconhecido;
10 ·— α ϊ σ χ ρ ό ν · ’ό ν — sendo (visto que era) vergonhoso;
11 ·—- à v a y u a i o v o v —- sendo forçoso (inevitável);
12 — δ υ ν α τ ό ν o v — sendo possível; α δ ύ ν α τ ο ν o v — sendo impossível;
13 — τ υ χ ώ ν — sendo este o caso.
Quando o s u j e i t o j o r u m n o m e n e u t r o , pode-se empregar indiferen-
temente, o g e n i t i v o ou o a c u s a l i v o a b s o l u t o . Ex.: δ ό ξ α ν τ α τ α ΰ τ α ou
δ ο ξ ά ν τ ω ν τ ο ύ τ ω ν (tomada a decisão).

IV —■P a r l i c l p i o c o m a p a r t í c u l a a v — Essa partícula modal acompanha


tanto o infinitivo quanto o particípio, sempre que se podem substituir
as formas nominais por uma oração num modo pessoal, em que o verbo
estaria no o p t a t i v o com a v (expressão do potencial) ou num t e m p o s e c u n ­
d á r i o d o i n d i c a t i v o com a mesma partícula (expressão do irreal). Note-se
que o particípio nunca vem com a partícula modal quando está em lugar
de uma subordinada condicional. Só o contexto permite distinguir se
as formas nominais com a partícula indicam o potencial ou o irreal, de
acordo com os tempos. Assim: o p a r t i c í p i o p r e s e n t e com ccv pode cor­
responder ao optativo presente com a v (potencial) ou ao imperfeito com
a v (irreal do'presente); mas o particípio aoristo com _ov corresponde ao
optativo aoristo com a partícula (potencial) ou ao aoristo do indicativo
com a v (irreal do passado).
Ex.: I I άντα τ ά λ λ α (= τα άλλα) είπών αν ηδέως έάσω — embora
gostasse (= eu gostaria) de jalar a respeito de todas essas coisas (assun­
tos), calar-me-ei.
N.B. — A partícula av pode vir repetida, por ênfase, referindo-se ao
mesmo verbo. Ex.: ΙΙολλ' ãv συ λέξας ούδέν àv πλέον λάβοις = s e
falasses (= embora falando) muito, nada mais alcançarias.
Neste exemplo, a partícula repetida refere-se apenas ao verbo prin­
cipal λάβοιχ e não ao particípio λέξας (condicional).
356 guida nf .dda barata pa rreira s horta

59° Exercício —

I — Traduza, explicando o valor dos particípios:

1 — Oí ’Αθηναϊον παρεσκευά'ζοντο tos 7τοΧεμήσοντες (Tucíd., II, 7, 1).


2 — Δίκαια δράσas συμμάχους έξεις θεούς (Men., 1 6)
3 — Πολλοί yà p ’όντες eòyeveis ά σ ι κακοί. (Eurip., Electra, 551).
4 — ΈξεΧαύνει τον Ευφράτην ποταμόν έν δεξιά ’έ χων (Xenof., An., I, 5, 1)
5 — Ώ ς εμού ούν ιόντος όπη αν καί υμείς ο'ύτω την yvúppv εχετε (Xen.,
An., I, 3, 6).
6 — 2è ούχί έσώσαμεν, οΐόν τε οΰ καί δυνατόν (PI., Crít., 46a).
7 — Κ ατακείμεθα, ώσπερ εξόν ησυχίαν άyειv (Xenof., An., III, 1, 14).
8 — Γίλώι-τα? εχθρούς παύσομεν (Sóf., Electra, 1295).

II — Traduza: Βάτραχο? ιατρός καί άΧώττηξ, (Κ ατ' Αίσωπον)

*Οντος ποτέ βατράχου εν τώ 'έΧει, καί τοίς ζώοις πάσι XéyovTos.


“ Έ γώ ιατρός είμι φαρμάκων επιστήμων, άΧώπηξ άκούσασα ’έ φ η '” Πώ?
σύ άΧΧους θεραπεύσεις, σαυτόν χωΧόν όντα ού θεραπεύων;”
Ν.Β. — 1) Σαυτόν — ac· do pronome reflexivo σαυτού (σεαυτοΰ) — tu
próprio, tu mesmo.
2) ’Έ φ η — imperfeito de φημί = eu digo (V. atemát.) (cf. latim: ait).

III — Traduza: ’ΑΧώπηξ καί βότρυες (Αισώπου).

ΆΧώ πηξ Χιμώττουσα, ώ? έθεάσατο επί τίνος άναδενδράδος βότρυας


χρεμαμένους, ήβουΧήθη αύτών περιχενέσθαι, καί ούκ έδννατο' άπαΧΧατ-
τομένη δε προς εαυτήν εϊπεν' “ Ό μφαχές είσίν”.
Ούτω καί των άνθρώπων ένιοι, των πραχμάτω ν έφικέσθαι μή δυνά-
μενοι δι' ασθένειαν, τούς καιρούς αίτιώνται.

IV — Comentários —

1 —· Κ ρεμαμένους — particípio do verbo atemático κρέμαμαι = estar


suspenso de (rege genitivo com a preposição επί);
2 — ήβουΧήθη — do verbo βούΧομαι cujo aumento as vezes é em η,
embora seja preferível a forma com e.
OS GREGOS E SEU ID IO M A 357

3 — περι-γενέσθαι — infinitivo aoristo II de τrepiyiyvopai (rege genitivo).


4 — ή δυνατό — do verbo atemático depoente δύναμαι. Mesma obser­
vação que para ήβουΧήθη.
5 — ομφακεs — do substantivo δμφαζ, -kos, tomado aqui com valor
adjetivo.
6 — enrev — aoristo II indicativo, irregular de Xéyu — digo, declaro.
7 — 7Γpòs έαυτήν — para si própria, consigo mesma (εαυτού, -rjs, -ov
— pr. reflexivo).
S — ούτω καί — assim também, do mesmo modo.
9 — έφικέσθαι —- infinitivo aoristo II de έφιχνέομαι (-ούμαι).
Verbo temático reforçado (cf. 29 Tomo) Rege genitivo.

10 — Αυνάμειαν - particípio de δύναμαι (depoente atemático) (vide 29 Tomo).

11 — AC ασθένειαν — elisão de διά ασθένειαν = por fraqueza.

N.B. — A preposição διά, com substantivo em acusativo, fôrma numerosas


expressões de valor causai. Ex.: òc ayvoiav = por ignorância, δι’ εύνοιαν
— por benevolência, διά φιΧίαν = por amizade, etc.

V — Verijique se há particlpios absolulos nos textos acima e explique-lhes


o valor e significado.

30. A DEC LTN AÇÃO PRONOM INAL ( P r i m e i r a P a r t e ) —


PRONOMES P ESSO AIS, RE F LE X IV O S, PO SSESSIVO S E DE­
M O N STR A TIV O S.

a) Generalidades — Há seis categorias de pronomes gregos: pes­


soais (reflexivos e não reflexivos) possessivos, demonstrativos, relativos,
indefinidos e correlativos. Com exclusão dos pronomes pessoais, todos os
outros têm função adjetiva, além da estritamente pronominal.
Os pronomes declinam-se, mas não costumam ter vocativo c o dual.
raro, so possui a forma do masculino para os tres generos.
b) Pronomes pessoais — podem ser tônicos ou átonos (enclíticos),
simples ou compostos, reflexivos ou não-reflexivos. Na terceira pessoa
do singular e do plural não há pronomes pessoais sujeitos, suprindo-se
a falta pelo emprego de pronomes demonstrativos no nominativo.
358 G U ID A NEDDA BARATA P A R R E IR A S HORTA

• 1 — Formas não-reflexiuas — só existem no masculino e no-'femi­


nino. Não há neutros. Na 3? pessoa não há o caso reto no singular.

PRIM EIRA PESSOA SEGUNDA PESSOA TERCEIRA .PESSOA

Reflexivo simples
Singular Plural Singular Plural Singular ] Plural

Nom. èyú = eu ήμβϊς (nós) σύ — tu ύμίϊν (vós) (não tem) σφέί% (êles
próprios)
Acus. èpé (pe) ημάς at (σβ) ύμά* t'(i) (se) σφάτ

Gen. èpoõ (μου) ημών σου (σου) υμών ου (ον) (sui) σφών

Dat. έμοί (μοι) ημίν σοί (σοι) ύμϊν οι (oi) (sibi) σφίσί (p)

Dual PR IM EIRA PESSOA SEGUNDA PESSOA TERC. PES.

Nom. Ac. — νώ (nós dois) σφώ (vós dois)

Gen. Dat. - νών σφών Não tem

Observações — 1) A s jorm.as tônicas são empregadas por ênfase, especial­


mente no começo de uma frase, quando há oposição de pessoas gramaticais,
ou depois de uma preposição. Ex.: Έ ~ γ ώ ίΐμ ι ό τνοιμην ò xa \ó s -- eu sou
o bom pastor (= eu é que sou . ..) Ή ραθυμία οΰχ έμοί, αλλά σοί άρίσκει.
= a preguiça agrada não a mim, mas a ti. Έττί σου — sobre ti. TIpòç
éué = para comigo. Κ ατά σέ = segundo tu ΙΓαρ'ίμέ (em minha casa),
παρά σου = de tua casa ou de tua parte, etc.
As j armas átonas, entre parênteses, são as mais usuais e vêm sempre
jenclíticas. Para a expressão do pronome sujeito da 3? p sg., deu-sc a substituição
’do reflexivo simples pelos demonstrativos έκεϊηος, ούτος e αυτός
2) Pode-se .encontrar o reforço da partícula - y e nos pronomes pessoais
Ex.: eyu ry e (quanto a mim), a iry e (quanto a ti), e p o ty e (dativo), σ ο ίy e (da-
tivo), etc.
3) A colocação do pronome na frase determina o uso das formas tônicas
ou átonas. Diz-se portanto: ô o x e l μοι (parece-me) ou e p o ty e ò o x e l, etc.
4) O tratamento usual no grego é “tu ” para o singular e “ vós” para o
plural. Obedece-se à precedência da primeira pessoa, havendo um plural
de modéstia ou de majestade na primeira pessoa do plural, como em portu­
guês. 0 plural de polidez não existe em grego.
OS GREGOS E SEU IDIOM \ 359

5) As formas pronominais simples He terceira pessoa tenderam a desa­


parecer, da língua ática, e têm, geralmente, sentido reflexivo: o v (de si),
61 (para si), e (se), σφύ% (eles próprios), σφών (deles próprios), σφίσι (para
eles próprios), etc.

O único pronome de valor reflexivo que existe no nominativo é ffçels


e Tucidides, o historiador ático, usa com freqüência a forma σφάς com
seu primitivo valor não reflexivo (= aèroús).
6) Para expressar o pronome não-rejlexivo de terceira pessoa, o grego
recorre ao uso de demonstrativos: o v t o s , α υ τ ή , τ ο ύ το (este, esta, isto), èx e l-
vos, -η, -o (aquele, aquela, aquilo), para o pronome sujeito, em nominativo;
aÒTÓs, -ή, -ò para os casos oblíquos, no acusativo, genitivo ou dativo.

2 — Formas rejlexivas (compostas) — compõem-se do radical das


formas oblíquas dos pronomes pessoais, acrescidos dos casos correspon­
dentes do pronome aúrós, -ή, -ó (o próprio, cf. latim: ipse), cuja decli-
nação é idêntica à dos adjetivos de primeira classe, exceto no neutro do
singular, que tem a forma α υ τ ό (sem -v).

PR IM EIR A PESSOA SEGUNDA PESSOA TERCEIRA PESSOA

35 Acus. ίμαυτόν, -ήν atavTÒv, -ήν (σαυτόν, -ήν) (αυτόν, -ήν, -ό (αυτόν, -ήν, -ο
C
D Gen. (μαντού, -ps aeaυτον, -ps (σαυτον, -ps) (αυτού, -ps, -ού (αυτόν, -ps, -ον
O
£
►-H
m Dat. (μαυτώ, -p σεαυτώ, -ρ (σαυτώ, -ή) έαντώ, -ρ , -ώ (αυτώ, -ρ, -ώ)

hj Acus. ήμás aÒTovs, -ás vμãs avToòs, -ás a(pãs avTovs,-ás (έαυτονs,-ás,-á
<1
25 Gen. ημών αυτών υμών αυτών σφών αυτών ((αυτών)
P

—3
Oh
Dat. ήμίν avrols, -ais ΰμίν aÒTols, - a i s σφίσιν a v T o ls , -ais (éa v T o ls.. .

N.B. — 1) Estes pronomes são sempre complementos e se empregam em


lugar dos pessoais quando se quer fazer referência à mesma pessoa do su­
jeito do verbo. Ex.: y v ü f h σ α υ τ ό ν (conhece-te a ti mesmo) — σ ν ν ο ιδ α
ό μ α υ τ ώ (tenho consciência de mim mesmo), etc. Mas: y v ü f h /ze (co­
nhece-me), etc.
2) Tais pronomes não têm nominativo nem vocativo e as duas pri­
meiras pessoas não se usam no gênero neutro.
360 ÜUIDA NEDDA BARATA BARREIRAS HORTA

3) Nas três pessoas do singular dá-se a aglutinação dos dois elementos


pronominais, mas nas do plural o reflexivo composto mantém as duas formas
autônomas, justapostas.
4) Ao lado de εαυτού, εαυτούς, εαυτά, .......... há também as formas
contratas, αυτού, αυτούs, αύτά, κ .τ.λ.
c) Pronomes-adjetivos possessivos — São os seguintes:
Primeira pessoa — singular εμάς, εμή, εμάν (lat. meus, mea, meum)
— plural ήμετερος, -d, -ov (lat. noster, nostra, nostrum)
Segunda pessoa — singular aos, σή, σόν (lat. tuus, tua, tuum)
— plural ύμετερος, -ã, -ov (vester, vestra, vestrum)
Terceira pessoa — plural — σφέτερος, -d, -ov (lat. suus, sua, suum)
Como vemos, tais pronomes derivam da raiz dos pessoais com o acrés­
cimo da vogal temática - o/d ou do sufixo - τερο- j -a. Na terceira pessoa
é raramente usado (e só em poesia) preferindo-se o emprego do genitivo
do pronome pessoal (αύτού, -ijs) não reflexivo, ou do reflexivo (εαυτού,
-rjs) para exprimir a idéia de posse, na terceira pessoa do singular e plural.
Todos esses pronomes comportam o uso do artigo, quando em função
substantiva. Ex.: ó εμάς, η ύμετέρα, το σφετερον . . . . (ο meu, a vossa,
o deles).
Os possessivos sempre se colocam entre o artigo e o substantivo. Ex.:
ó εμάς π α τή ρ (= ό π α τή ρ μου).
d) Pronomes demonstrativos — Há três que correspondem, aproxi­
madamente, aos do latim: οδε,ήδε, τάδε (hic, haec, hoc), ούτος, α'ύτη, τούτο
(iste, ista, istud), εκείνος, -η, -o (ille, illa, illud). Acrescente-se, ainda
αύτός, -ή, -ó (ipse, ipsa, ipsum), que é muitas vezes usado como pronome
pessoal nos casos oblíquos (= o, a, os, as, lhe, lhes), correspondendo ao
pronome latino is, ea, id.
1 — δδε, ήδε, τάδε (este, esta, o, a — anuncia o que vem depois)

SINGULAR PLURAL

M. F. N. Μ. F. Ν.
Nom. ode ήδβ τάδε οίδε α'ίδε τάδε
Ac. τόνδε τήνδβ τάδε τούσδε τάσδε τάδε
Gen. roüde τήσδβ τού δε τώνδε τώνδε τώνδε
Dat. τώδε rjjde τώδε τοϊσδε ταϊσδε τοϊσδε

DUAT Ac. τώδβ (M.F.N.) Gen. Dat. τοϊνδε


o3
3
OS GREGOS E SEU IDIOMA 36]

N.B. — Este pronome se forma do artigo, que já é também um artigo


demonstrativo, e da partícula enclítica - <5e (= eis aí), tendo todas as formas
acentuadas. Os textos registram uma outra jortna de demonstrativo, que
parece ser o próprio artigo com desinência -s no nominativo singular
masculino: os (fem. η). Usa-se em orações intercaladas, ou em expressões
feitas: καί os (e ele diz), καί η (e ela . ..), καί oi, καί ai (e eles ou elas . . .),
η <5'ós (disse ele), com o verbo defectivo ήμί (digo, afirmo), η δ' η (disse ela).
Excepcionalmente aparece em acusativo, no discurso indireto: καί τον,
καί τήν.
2 — Ο v to s , αύτη, τούτο (latim: hic e iste) — este ou esse, esta ou
essa, isto ou isso.
Refere-se ao nome anteriormente citado.

SINGULAR PLURAL

M. F. Ν. Μ. F. Ν.
Nom. OÜTOS αύτη fijÜTO οντοι ανται ταΰτα
Ac. TOVTOV τα ντην τούτο TOVTOVS TCLVTCLS τα ντα

Gen. τούτον τα ντης τούτον τοντω ν τοντω ν τοντω ν

Dat. τοντω Τ CLVTTJ τοντω τούτου TCLVTCLLS TOVTOLS

DUAL Nom. Ac. τούτω (M.F.N.) Gen. Dat. TOVTOÍV (iM.F.N.)

N.B. Observe-se que este pronome também contém o artigo em sua ter­
minação (além do espírito forte ou da dental surda iniciais), mantendo
o ditongo -ou no início da palavra, sempre que o artigo contenha um -o
ou -ω na terminação, e trocando-o pelo ditongo -au, quando os casos
terminam por -a ou -η.
3 — Έ κ ίΙ vos, -η, -o (aquele, aquela, aquilo, aqueloutro, etc). De­
clina-se regularmente como os adjetivos de primeira classe. Em poesia
encontra-se κelvos com aférese (nos três gêneros).

4 —- A òtòs, -ή, -ó (o próprio, a própria, cf. ipse, -a, -um) —


declina-se regularmente também, podendo ser precedido do artigo: ó avrós,
ή αυτή, το αυτό, correspondendo ao latim idem, eadem, idem (o mesmo,
a mesma, etc).
362 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

No ático ocorre a contração do artigo com o pronome (pronome de


identidade), da seguinte forma:

SINGULAR PLURAL

Nom. ó αΰτός, ή αυτή, το αυτό ol αΰτοί, ai αΰταί, τα αΰτά


(ταύτύ, ταΰτόν) (ταΰτά)
Acus. τον αυτόν, την αυτήν, το τούς αΰτοΰς, τάς αΰτάς, τά αΰτά
αυτό (ταύτό, ταΰτόν) (ταύτά)
Gen. τού αυτού, τής αυτής, τού των αΰτών, των αΰτών, των
αυτού (ταΰτού) αΰτών
Dat. τώ αύτώ (ταΰτώ), τή αυτή τούς αΰτοϊς, ταύς αΰταϊς, τούς
(τάυτή) τώ αύτώ (ταΰτώ) αΰτοϊς

DUAL -Nom.-Ac.- τώ αύτώ (ταΰτώ) Gen. Dat. — τοϊν αΰτοϊν

N.B. — Distinguem-se os pronomes: αυτή, αυταί. (essa, essas), de αΰτή,


αυταί (a própria, as próprias), pelo espírito e o lugar do tom, do mesmo
modo que se distinguem τα ύτα (essas ou aquelas coisas, esses ou aqueles
fatos), de τα ΰτά (= τ d αυτά = as mesmas coisas), em virtude da crase do
artigo com as formas pronominais começádas por vogal (exceto no nomi­
nativo singular e plural, masculino e feminino).
As diversas formas dos demonstrativos·· recebem, com freqüência, um
- l de rejorço, que provoca a elisão da vogal breve final, para insistir
na idéia de posição: όδί, τουτονί, οΰτοσί, αΰτηΐ, τουτί (neutro).
Quando ο demonstrativo acompanha o substantivo, como pronome-
-adjetivo, via de regra coloca-se antes do artigo ou depois do substantivo
(o artigo precede imediatamente o substantivo que determina). Ex. Ôôe
ò λέτγος ou ò λόγον 6ôe (este discurso, isto é, de agora), έχάνη ή χωρά ou
η χώρα (.κάνη (aquela região ou país), τούτο rò άνθος ou rò άνθος τούτο
(essa flor).
Nas expressões que contiverem um qualificativo, o demonstrativo pode,
vir no fim ou logo antes do susbstantivo, ò àycuOòs οΰτος \òyos ou ό àyoJOòs
λόγος οΰτος (esse bom discurso).

60.° Exercício —
I — Decline, em todos os números:
a) "Oôe ó ζωγράφος (èste pintor de natureza viva), ή δε η γυνή (esta
mulher aqui presente), τάδε rò ζωον (este animal aqui), ή δε ή ημέρα (ο dia
de hoje).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 363

b) Ό χαχός èxeivos άνήρ (aquele homem mau), ή μεyάλη ’εχείνη γ η


(aquela grande terra), rò péya πλοϊον εχεϊνο (aquele longo barco).
c) Ouros ó ευτράπελος νεανίας (esse rapaz brincalhão), αύτη ή χα λή
άλώττηξ (essa bela raposa), τούτο το ’ά ριστον δώρον (esse ótimo presente).
d) Aúròs μαθητής (o mesmo aluno), αυτή είχών (a mesma imagem),
τα ΰτό φάρμακου (o mesmo veneno).

II — a) Idenlijique e analise as jormas pronominais seguintes·.


τήσδε — ταύτα ■— τα ύτά — ra ú ra s — a u r a i — αύταί ■— τώνδε — τοΰτοιν —
τούδε— τά σδε— αύτοΰ— αυτού— αύτάς — αύτάς— ταύτη — τα ύ τή — τα ύτφ
— αύτώ — εαυτή — αυτή — αυτή.
b) Decline·, ή σή α'ίξ (tua cabra) — το ύμΐτίρον παιδιού (vosso filhinho),
rò σφέτβρον δπ\ον (a arma deles), no singular e no plural.
c) Conjugue, no presente do indicativo, άποχτίίνειν έαυτό = matar-se
(rege acusativo).

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 20

SINTAXE DOS PRONOMES (I)

a) Pronomes pessoais — Quando não são reflexivos, os pronomes


pessoais só aparecem para dar ênfasè ao sujeito (cf. latim). Os casos
oblíquos, nas formas tônicas, só ocorrem para enfatizar os complementos,
vindo então antes do verbo. Ex.: 2è λέγω = é a ti que me dirijo. As
formas átonas enclíticas são as usuais. Ex.: Λέγω σε (falo-te).
J á as jormas rejlexivas, ou são diretas (quando se referem ao próprio
sujeito da oração) ou são indiretas, quando se referem, numa integrante
objetiva, ao sujeito da principal. Ex.: 'Ο ρω με (vejo-me), ay νοώ έμαυτών
(não conheço a mim mesmo), Κλέαρχο; έχαλέπαινεν 'ότι Πρόξενος πρή,ως
λέγοι τέ αύτού πάθος = Clearco irritava-se porque Próxeno se referia
(= que Próxeno falasse) levianamente ao sofrimento dele (Xen., An.,
I, 5, 14).
Entretanto, pode-se encontrar, em lugar do reflexivo indireto de
terceira pessoa:
1 — as formas do reflexivo simples oi (ou oi enclítica) e σφίσιν (mais
raramente σφάς, σψών). Ex.: Küpos ήξίου δοβήναι οΐ ταύτας τάς
πόλεις = Ciro julgava justo (exigia) que lhe fossem dadas (= lhe serem
dadas) aquelas cidades (Xen., An., I, 1, 8). Por exceção diz-se δοχώ
μοι, de preferência a δοχώ έμαυτώ.
364 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

b) Pronomes possessivos — A idéia de posse é expressa diferente-


mente, dependendo do fato de ser ou não ser reflexiva, ou de que se
queira ou não insistir nela. Distinguem-se, pois:
1 — sentido não rejlexivo — quando o possuidor não é o sujeito
da oração, usando-se o genitivo do pronome pessoal (se a idéia de posse
é marcada fracamente) ou o possessivo correspondente, se há ênfase
na idéia de posse. Na terceira pessoa emprega-se o genitivo de um
demonstrativo. Assim:

ó άδεΧφός μου ό ipòs άδεΧφός

Ênfase na idéia de posse


Fraca idéia de posse

ò άδεΧφός σου ò aòs άδεΧιpós


ò àôeXçós αΰτοΰ {-ηs) & / T,ob70V £ αύΤ ^ \ άδεΧφότ, -(ή)
\ εκείνου (έκ ειν η ψ ψ "
ò άδεΧφός ημών ò ημέτεροτ άδεΧφόϊ
ò άδεΧφό$ υμών ό υμετεροί άδεΧφός
ò àôeXtpòs αυτών Ò / 7ob™ v \ άδεΧφός
\ εκείνων )

2 — sentido rejlexivo — quando o possuidor é o mesmo sujeito da


oração, usa-se o possessivo (se a idéia de posse é pouco marcada), ou o
rejlexivo composto (se a idéia de posse é enfatizada). Ex.:

στέρΎω τον εμόν άδεΧφόν στέpyω τον έμαυτοΰ (-ής)


άδεΧφόν
OTtpyei.s τον σόν άδεΧφόν <D aTèpyevs τον σαυτού (-rjs)
<O
C V O άδεΧφόν
CG cu
a arépy« τον εαυτού άδεΧ- 0> στεpyει τον έαυτού (-ής)
Φ rO
"O φόν άδεΧφόν
.5
vu OTèpyopev τόν ημέτερον • r-H στέpyoμεv τόν ημέτερον αϊτών
άδεΧφόν c3
tí άδεΧφόν
O arkpytTt τόν υμέτερον 0> - στέpyετε τόν υμέτερον αυτών
«33
a
£ άδεΧφόν «*-<
a άδεΧφόν
_ >.
στεpyoυσL 1( έαυτών
,w )1 , ,
aTepyoooL τόν εαυτών τλυ S νψετερον > άδεΧφόν
άδεΧφύν ( αυτών )

c) Pronomes demonstrativos — Enquanto o pronome 65t indica,


em geral, o que está diante dos olhos ou o que se vai dizer, oinos refere-se
ao que já foi dito e serve, também, de antecedente para o pronome rela-
OS GREGOS E SEU IDIOMA 365

tivo. Ex.: Ταΰτα pèv δη σύ Xéyeis, παρ'ήμών óè άττάγγβιλί ráóe =


Isso (essas coisas) justamente é o que dizes, mas transmite agora de
nossa parte o seguinte (= as coisas que vão ser ditas), (Xenof., An.,
I, 9, 19). Αυτός, colocado antes do artigo ou depois do substantivo, cor­
responde ao pronome de intensidade do latim (ipse), traduzindo-se por
“próprio” : ó π α τή ρ αυτός ou αυτός ô π α τή ρ = o próprio pai. Mas
quando vem entre o artigo e o substantivo equivale ao pronome de
identidade do latim (idem): ó avròs π α τή ρ = o mesmo pai (o pronome
conserva o artigo mesmo quando é predicativo).
No acusativo, genitivo e dativo, αυτός vale como pronome pessoal
de terceira pessoa, nos casos oblíquos. Ex.: Eíóe αυτήν = viu-a, Oepa-
πβύων αυτόν = cuidando dele, χρήσθαι αύτώ = servir-se dele, etc.
No genitivo, aúrós substitui o possessivo de terceira pessoa do
plural. Ex.: ό βίος αυτών = a vida deles (= sua vida).
N.B. — Quando um pronome tem a Junção de sujeito toma o gênero
e o número do predicativo. Ex.: Αύτη αυ άλλη πρόφασις ήν αύτφ =
aquele era de novo outro pretexto para ele (Xenof., An., I, 1, 7).
Há também casos em que o pronome pode vir no neutro. Ex.:
Ά Χ λ' όγώ φημι ταΰτα μέν φλυαρίας eivai = Mas eu acho (= digo) que
isso (= essas coisas) são futilidades. (Xen., An., I, 3, 18).

61.° Exercício —

I — Traduza, explicando as relações de posse:

1 — Και ΰμίϊς απαντίς τους ύper (ρους παϊδας àyairãre.


2 — Μάλλον π tareúere rots iperépots αυτών όφθαλμοίς ή τοϊς τούτου
Aòyoís.
3 — Τ άττω ίμαυτόν eis την τών αρχβιν βουλομίνων τάξιν.
4 — Ύ π ό ρ .τή ς τών Ε λλή νω ν σωτηρίας την πατρίδα την αύτών ίχ λ ι-
πεϊν «τόλμησαν.
5 — Ot kpoi φίλοι καλοΰσί μ« Ευδαιμονίαν.

II — Conjugue no imperjeilo ativo do indicativo o verbo άγαπάν τούς


έαυτονς παϊδας (mude os pronomes segundo as pessoas gramaticais,
empregando as duas formas: com os possessivos e com os reflexivos com­
postos).
366 GUIDA NEDDA ΒΛΚΛΤΛ ΓΛΗΚΚΙΚΛΚ 1ΙΟΚΤΛ

I I I — Traduza: Αέων καί β ά τρα χο ί (Αίσωπου)

Αέων, άχονσας ποτέ βατράχου μέχα βοώντος έιπστράφη προς την


φ ω ν ή ν , οίόμβνος p é ) a tl ζώον eivai. ΓΙροσμίΐίΌν <5è μικρόν ως eiòev αΰτον
τρο€λ66ντα τής λίμνης προσβλθών αυτόν χατ6πάτησ€ν.
Ό λόχος δηλόϊ 6τι ου ôel προ της όψβως δι'άκοής μόνης ταράττβσθαι.

IV — Comentários:

1 — Προελβόντα — part. aoristo II de προέρχομαι (aoristo II ind. προ-


ηλΰον).
2 — Προσελ^ώΐ' — part. aoristo II de προσέρχομαι (aoristo II ind. προσ-
ήλίίον).
3 — Klòev — aoristo II irregular de όράω (-ώ).
4 — Κατέπάτησβν — aoristo indicativo de καταπατέω (-ώ).

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 21

SINTAXE DOS CASOS (I) — O NOMINATIVO E O VOCATIVO

a) Genei alidades — Em grego, a função das palavras na frase


tanto pode ser indicada pela terminação do vocábulo (desinêncius
casuais), quanto por sua ligação com preposições. A colocação das
palavras no contexto, embora menos livre que no latim, não chegava
a influir decisivamente nas relações sintáticas, como ocorre nas mo­
dernas línguas românicas, em que a colocação e o uso das preposições
determina e precisa a função sintática dos vários termos da oração.
No indo-europeu os casos tinham importância primordial mas, dos
oito casos primitivos, o grego só conservou cinco, perdendo o ablalivo
(cujas desinências aparecem fossilizadas em formas adverbiais helênicas),
o locativo (cujas desinências ora foram incorporadas ao dativo, como na
terceira declinação, ora se estratificaram em formas adverbiais) e o
instrumental, só registrado esporadicamente em advérbios de modo
ou em formas poéticas (cf. Poemas Homéricos). De um modo geral,
o ablativo foi suprido pelo genitivo, e o locativo e o instrumental pelo
dativo.
Em troca, o uso das preposições ampliou-se muito, para sublinhar
ou completar o sentido dos casos; elas são antigos advérbios, empregados
OS GREGOS E SEU IDIOMA 367

de modo autônomo para acompanhar os casos das declinações ou, como


preverbos, na composição de formas verbais.
As locuções formadas por um substantivo e uma preposição expri­
mem relações circunstanciais, cujo sentido resulta do valor adverbial
da preposição e do sentido próprio do caso por ela determinado.
b) Nominativo e vocativo — Ambos estes casos não exprimem
relação circunstancial alguma, pois o primeiro só se emprega para indicar
o sujeito e o predicativo de um verbo pessoal, enquanto o segundo
serve para interpelar ou invocar (com freqiiência precedido da inter­
jeição ώ). O vocativo aproxima-se muito do nominativo quanto à
forma, raramente tendo forma própria que, então, se identifica com a
do tema do vocábulo. O emprego da interjeição ώ variou com as épocas
da história da língua, sendo tão corrente no período clássico, que sua
omissão 6 que passou a dar ênfase e patetismo à expressão em vocativo.
Ex.: Νήπιο*. (= mas que tolo !). ΤΩ rtxvov. (= meu filho !)
•O. vocativo pode vii acompanhado de um adjetivo no nominativo,
ou ser coordenado a um nominativo. Por outro lado o nominativo
pode vir em frases exclamativas, com ou sem a interjeição, e até mesmo
substituir o vocativo em interpelações. Ex.: ΤΩ φίλος (= meu amigo,
meu caro), ao lado de φ ίλ τ α τ ί (= caríssimo, queridíssimo).
O pronome demonstrativo ouros também pode servir à interpelação.
Ex.: Ouros, ae όρώ (= tu aí, estou vendo-te). Ouros, ouros, Οίδίπονς
(= esse aí, olá, Édipo).

IMAGENS DA IIÉLADE N’ 19 (Texto de Ilustração)

“A M ORTE DO CÃO DE U L ISSE S”

(Tradução da “O D ISSÉIA”, poema homérieo, Canto X V II, 290-327)

( 0 herói volta a Itaca, seu reino, mas, ainda incógnito, chega ao


palácio acompanhado de seu fiel porqueiro Eumeu. Ninguém o reconhece
sob os andrajos que veste, exceto o velho cão Argos, que esperou pelo
dono vinte longos anos de guerra e de aventuras, pelo m ar e as costas
do M editerrâneo.)

“— Assim falavam ambos entre si, quando um cão, deitado,


Ergue a cabeça e as orelhas; era Argos que, outrora, o valoroso Ulisses
Treinara, sem disso tirar prazer, já que tivera antes que p artir
368

Para a santa llion. Com os rapazes o cão passara a vida atrás dos cervos,
Lebres e cabras selvagens. Mas agora, com o chefe ausente, fora largado
Ali, numa estrumeira diante do portal, onde se fizera o depósito de adubo,
Que bois e mulas forneciam aos criados de Odisseu, quando tinham de
[buscar
Fertilizantes para seus vastos domínios. Assim jazia o velho Argos,
[cheio de parasitos.
Então, como reconhecesse Ulisses, bem perto dele, abanou a' cauda
E abaixou as orelhas, falto dê forças para alcançar o dono.
Mas o herói o vendo, enxugou uma-lágrima, que lhe escapara sem que
[Eumeu
A percebesse. E bem depressa dirigiu-se ao outro:
“ Eumeu! Que estranho cão é esse na estrumeira! Que belas linhas!
Mas já não posso saber se era tão rápido na corrida quanto parece belo.
Ou talvez não passasse de um desses cães ao pé da mesa, de quem os reis
Se ocupam nada mais que para exibi-los?”

E tu, porqueiro Eumeu, assim lhe respondeste:

“ É o cão daquele chefe que morreu longe de nós. Se o tivesses visto,


Em plena força, no dia em que Ulisses, partindo para Tróia, o abandonou,
Bem louvarias seu vigor e rapidez! Jamais, nas profundezas da floresta,
Nenhum bicho feroz lhe escapou, tão depressa o visse. Que grande farejador!
Mas hoje é presa da decadência; e o real dono pereceu alhures, longe da
[pátria.
As mulheres já não cuidam mais dele; são negligentes, pois servidores,
Logo que os patrões não mais exercem sua autoridade, também não querem
Trabalhar com zelo. É que Zeus, de voz tronitroante, reduz à metade
[o mérito
Do homem sobre quem se abate o dia da servidão.”
Assim falando penetrou nos aposentos senhoriais e, indo diretamente
Ao salão, aí encontrou os pretendentes. J á então Argos recebera a negra
[morte,
Cumprindo seu destino, logo após rever Ulisses, vinte anos depois que
[ele partira.

(G.N.B.P.H.)
OS GREGOS E SEU IDIOMA 369

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 22

SINTAXE DOS CASOS (II) — O ACUSATIVO

ACUSATIVO — Como complemento verbal costuma exprimir o objeto


direto dos verbos transitivos, mas também tem outros empregos, decor­
rentes de sua origem indo-européia, marcando então: a qualificação,
a relação, a extensão no espaço ou no tempo, etc. Em certos verbos
o acusativo pode vir simultaneamente como objeto do nome de pessoa
e do nome de coisa (cf. latim: duplo acusativo) e até mesmo verbos
habitualmente intransitivos, usados transitivamente, constroem-se com
um objeto direto em acusativo.

I — Acusativo de objeto direto externo — complemento necessário


dos verbos transitivos, ocorre nos que significam:

1) ser útil — όνίνημι, ώφελέω τινά


prejudicar — β λά πτω τινά
fazer bem — eu ποιέω, evepyerew τινά
causar dano — κακώς ποιέω, κακουρτγέω τινά
fazer injustiça — άδικέω τινά
Excetuam-se: συμφέρει (impessoal) = é útil, βοηθέω =
socorrer, λυσιτελέω = ser útil, que regem dativo.
2) escapar, fugir — φεχτγω, άποφείτγω, έκφειτγω τινά
estar oculto, esconder-se de — λανθάνω τινά
preceder, prevenir — φθάνω τινά
jurar por alguém — ομνυμί τινα
jurar em falso, por — έπιορκέω τινά
Por extensão criaram-se as fórmulas de invocação: νη Δ ία (sim,
por Zeus), oú μά τον Δ ia (não, por Zeus), em que o nome do deus vem
em acusativo, subentendido o verbo jurar.
3) respeitar — α’ιδέομαί τινα
envergonhar-se — αίσχύνομαί τινα
tomar cuidado — φ υλάττομαί τινα
ter medo — φοβέομαι, εκπλήττομαι τινα
defender-se — άμννομαί τινα
vingar-se — τιμωρέομαι, τίνομαί τινα.
II — Duplo acusativo — a) os dois acusativos indicam o objeto
e o predicativo do objeto, em verbos como: ονομάζω, λέ^γω (= chamar,
nomear), νομίζω, ή-γέομαι (considerar como, tomar por), ποιέω, άποδείκ-
370 OU IDA NEUDA 1ΪΑΚΛΤΑ P A R R E IR A S HORTA

ννμι ( = eleger, indicar), α ίρ έ ο μ α ι, χαί'ι'ιστημι (escolher, estabelecer


na qualidade de) τ ιν ά t i .

Na voz passiva ambos os acusalivos tornam-se nominativos (cf.


Lembretes 17 e 21).

b) Os dois acusalivos são de pessoa e de coisa, em verbos como:


(iva) μιμνρσχω (= lembrar), έρωτάω (= perguntar, interrogar), αίτέω,
άπαιτέω, πράττομαι ( = exigir, reclamar), άιραιρέω, άποστβρέω ( =
arrebatar) τινά τι.

Correspondem aos verbos bitransitivos em português. Na voz pas­


siva o nome da pessoa vai para o nominativo (sujeito passivo) e o
da coisa permanece em acusativo.

N.B. — Certos verbos intransitivos, usados transilivamente, têm um


acusativo de objeto direto, tais como: μένω (= eu permaneço), μένω
τινά (= eu espero alguém); σπβύδω (= eu me desvelo), σπ(ύδω τ ι ( =
busco alguma coisa com ardor); σπουδάζω (= eu me dedico), σπουδάζω
n (= ocupo-me ativamente com alguma coisa), (cf. 29 Tomo —Lembrete n9 2).

III — Acusativo de objeto direto interno — também, chamado


acusativo cognato, ou de qualificação pois aparece em substantivos de
significado semelhante ao do verbo ou da mesma raiz que este. Ocorre
com verbos .transitivos (ativos ou médios) e intransitivos, vindo o acusa­
tivo, geralmente, determinado por um qualificativo ou por uma oração
relativa. Ex.: voaeiv νόσον àypíav (= padecer de doença grave). Πόλί-
μον πολβμεϊν αδιχον (= travar uma guerra injusta). Ζην βύδαίμονα
βίον. (= viver uma vida feliz).

Em certas expressões o acusativo cognato vem desprovido da deter­


minação: ιρυλαχάς ιρυλάττβιν (= montar guarda com sentinelas mili­
tares), φόρον φέρβιν (= pagar impòsto ou tributo), 7rXelv την θ ά λα ττα ν
(= vogar no mar).

IV — Acusativo neutro de um adjetivo ou de um pronome — ocorre


no singular ou, com mais freqüência, no plural, traduzindo-se, em di­
versas expressões, como um verdadeiro advérbio (cf. acusativo adverbial).
Ex.: 'Ολύμπια vixãv — vencer (os jogos) olímpicos. T αΰτα χαίρω
= alegra-me isso. Aeivà ύβρίζβιν = encolerizar-se terrivelmente ( =
cometer violçncias terríveis). Ούδέν φροντίζίΐν = não se preocupar
com coisa alguma.
Este acusativo é considerado uma modalidade do precedente, visto
que o verdadeiro objeto do verbo está subentendido.
<>s <; κ γ ι ;<> ι bi u iiu u m a 371

V — Irusaliro dr extensão exprime o termo do movimento (no


espaço ou (empo), respondendo :V perguntas: até ontlc? a que distância?
por «pianlo (empo? Por exemplo: dvx ίφ&νσα 7roXèe χρόνον = ele
não mentiu por muilo tempo. Hλθον την ολην οδόν = caminharam
a estrada inteira. Kínoai ir η γ(~, ονώς = nascido há vinte anos (ou:
com vinte anos de idade). ’Κνάτην ημέραν = liá oito dias (literalmentc:
no nono dia).
N.B. - - 0 acusaiiro de direção só é empregado sem preposição va
poesia, usando-se preposições, na prosa, mesmo com nomes de cidades
(cf. latim: lio Rumam), lix.: "Ερχομαι eis Αθήνας = dirijo-me para
Atenas.
Também se emprega a forma com a partícula enclítica - <5é, como
em: Άβήναϊ,'ί ( — 'Λθήνασδβ).
VI — Acusai iro de relação (acusai ivo grego) — pode ser comple­
mento de um adjetivo ou de um verbo ipie exprima estado (intransitivo
ou na forma passiva), para precisar-lhes o sentido ou indicar: qual o ponto
de vista, a respeito de que, em que parle do corpo ou do ser, se determina
a qualidade ou o modo de ser da ação. Ex.: Πόόα; ώχνς Ά χιλλβ ύς
= Aquiles de pés ligeiros. Τόν δάχτύλον áXyel = sente dor no dedo.
Καλός το (ΐδος = belo de aparência (= quanto à aparência). Κάμνω
τους οφθαλμούς = estou doente dos olhos. Δίΐνός el^ai τήν μονσιχήν
= ser hábil na arte musical.
VII — Acusalivo adverbial — é encontrado em substantivos, adje­
tivos e pronomes, empregados com sentido nitidamente adverbial. O
artigo o acompanha e, quando no neutro, une-se a advérbios para formar
locuções adverbiais. Tais são: τά λ λ α (τά άλλα) = de resto, πολλά
= muitas vezes, τά πολλά = a maior parte das vezes, (τά) πάντα = em
tudo, (rò) πρώτον = a primeira vez, (τήν) πρώτην = no começo, τό
πάλαν, τό παλαιόν = outrora, τό λοιπόν = de resto, doravante, τό
νυν = agora, presentemente, τό πριν = outrora, τ ι = um pouco, de
algum modo, rí; = em que ? τούτον τον τρόπον = dessa maneira, τίνα
τρόπον; de que maneira? άρχήν — na origem, sobretudo, αρχήν ού (μή)
= de modo algum, τήν τα χισ τη ν (οδόν) = o mais depressa possível
(pelo caminho mais rápido), τό χ α τ'ίμ έ = no que me concerne, ούδέν
= de modo algum, em nada, τουναντίον (= τό ΐναντίον) = ao contrá­
rio, πρόφασιν = a pretexto de . . .
N.B. — O con.plemento de relação também pode vir, ocasionalmente,
em dativo. Ex.: Oi yúcret άσθβνοϋσiv (= os que são fracos por natureza).
O acusativo absoluto do particípio verbal relaciona-se com este
emprego do acusativo (cf. Lembrete n.° 19 Bis).
372 GUID.Y NKDDA BARATA BARREIRAS HORTA

62.c Exercício —

I — Traduza, explicando o emprêgo dos acusativos:

1 — Μέμνησο 7Γλουτών τούς πένητας ώφελείν. (Men., 348)


2 — Ιδία* νόμιζε των φίλων τάς συμφοράς (Men., G73)
3 — Άναμνησω υμάς χα ί τους των -προγόνων κινδύνους. (Xen., Anáb.
III, 2, II)
4 — Τον τ ά ν τα δ'όλβον ήμαρ εν μ'άφείλετο. (Eur. Héc. 285)
5 — Μ έγιστα καί άνοσιώτατα αμαρτήματα άμαρτάνουσιν (Platão,
Górg. 525d)
6 — Ούκ ’έ στιν όστις π ά ν τ’άνήρ ευδαιμονεί (Men., G97)
7 — Αακεδαιμόνιοι πολλά την πόλιν ημών ήδικήκασι καί μ εγά λ α
(Dera., Cor., 98)
8 — B éXtióe εστι σώμα γ 'ή ψυχήν νοσεϊν (Men., 75)

9 — Γελοίοι επιτάφιος (dístico elegíaco)


Πολλά φαγών καί πολλά πιών καί πολλά κά κ1 είπών
άνθρώπους, κείμαι Τ ιμοκρέων 'Ρόδιοί.

II — Observ. a) Φαγών, πιών — particípios aoristos II de εσθίω


(aor. II ind. εφαγον) e πίνω (aor.. II ind. επιον). Είπών — part.
aoristo II de λέγω.
b) Κείμαι -— verbo atemático, primeira pessoa do singular do pre­
sente do indicativo (médio).

31. _ DECLINAÇÃO PRONOM INAL (Segunda Parte) — PRO­


NOMES IN D EFIN ID O S, IN TE R R O G A TIV O S, R E L A T IV O S E COR-
R E L A TIV O S.
a) Pronomes indejinidos — O indefinido por excelência é o pronome-
-adjetivo τις, τι, que significa alguém, alguma coisa, algo (pronome-subs-
tantivo) algum, -a, certo -a, um, uma (pronome-adjetivo) e corresponde
ao latim quis, aliquis, quidam. Este pronome é sempre enclítico e
quase sempre átono. Se vier com acentuação própria nos casos oblíquos
(cf. Enclíticos e Proclíticos), receberá o acento sempre na última sílaba.
Não pode iniciar período.
Há outros indefinidos que se agrupam dois a dois, indicando, parale­
lamente, que se trata só de duas pessoas ou coisas, ou então que se faz refe­
rência a um número indeterminado de seres. São eles:
OS l.K K O O S Ji s K I. ID IO M A 373

I — a) "AXXos, -η, -o (latim: alius, -a, -ud) = nutro (mima série


de mais dc dois). Declina-se como αυτός, -ή, -ó.
b) "l·',τερος, ετέρα, έτερον (latim: alter, -a, -um) = o outro (o se­
gundo).
II — Ά λλήλους, -ας, α λλη λα — pronome recíproco, significando:
um e outro, uns e outros. Formado do radical do precedente, não tem
o singular, nem o nominativo-voentivo dos outros números. Declina-se
com uma só forma para os três gêneros, exceto no acusativo e dativo plural.

PL. — Acus. — άλλήλους, -ας, -a = um e outro, uns e outros.


Gen, — άλλήλω ν = um do outro, uns dos outros.
Dat. — άλλήλοίς, -ais, -ols = um ao outro, uns aos outros.*IV
X

D. — Ac. — άλλήλω = um e outro.


Gen. — Dat. — άλλήλοι,ν = de um e de outro, a um e a outro.

III — δ μέν .. . ò <5é = um . . . outro (este . . . aquele), formado do


artigo com valor pronominal e de partículas correlativas μεν . . . δ£ (de um
lado . . . de outro, tanto . . . quanto).
IV — a) 'Έ χασ τοϊ, -η, -ον (lat. quisque) = cada, cada um (numa
série de muitos).

b) 'Exárepos, -ά, -ov (lat. uterque) = cada um dos dois (numa


série de dois)
V — a) "Αμφω (nom. — acus.), άμφοϊν (gen. — dat.) = ambos, os
dois juntos (cf. lat. ambo), só usado em formas do dual.
b) ΆμφότερΟϊ, -ã, -ov = um e outro, tanto um como o outro
(lat. uterque).
VI — a) Ovôeís, -μία, -év ou μηδβίς, -μία, -èv = ninguém, nenhum,
-a, nada, (cf. latim : nemo, nullus, niliil), numa série de muitos.
b) Ουδέτερος, -ã, -ov ou μηδέτερος, -ã, -ov = nem um nem
outro (cf. latim neuter), numa série de dois.
V II — 'Όλος, ολη, δλον = todo, -a, tudo, por inteiro, (lat. totus).
V III — Ilãs, πάσα, παν = todo, -a, qualquer (lat. omnis). (Cf. Adj.
de Terceira Classe).
IX — Όλί-γος, -η, -ov = pouco, -a, pouca coisa (lat. paucus)
37 4 G U ID A NEDDA ΒΛΚΑΤΑ P A R R E IR A S HORTA

X — Πολύ?, πολλή, -ú = muito, -a, muita coisa (lat. multus) (Cf.


Adj. Irregulares)
XI — Έ νιοι, -αι, -a — alguns, algumas,, alguma coisa, algo (formado
de evi oi, isto é, há alguns que).
X II — M ópos, μόνη, -ον = sozinho, único (adjetivo pronominal).
X III — Oims, olm = ninguém, nada (formado da negação ov e ris),
é sempre paroxítono.
A maioria deles segue a declinação dos adjetivos dos vários tipos,
mas oúSeís e μηδβίς são formados de ονδέ, μηδέ (nem, e não) c do numeral
cardinal declinável eis, μία, ev (cf. Numerais. — 2.° Tomo). Usam-se ppSeís
e ppòérepos quando a oração exige a negação μή.
N.B. — O nosso indefinido “vários" ora ê expresso por evioi, ora por
7Γθλλθί.
Deve-se distinguir também άλλοι = outros (latim: alii), de oi άλλοι =
os outros, os restantes (latim: coeteri). Como pronome-adjetivo άλλοϊ,
-η, -o, no singular, pode significar o resto, o restante. Ex.: 'Η άλλη χ ώ ρ α
= o resto do país (território).
Note-se ainda o helenismo άλλοι άλλα ποιοΰσι* que se traduz por:
uns fazem uma coisa, outros outra. É que o indefinido άλλοτ, quando
repetido, significa: u m ... uma coisa, o u tro ... outra coisa.
XIV — Aelva (ó, η, τό), geralmente indeclinável, pode também apa­
recer declinado, sempre com artigo, do seguinte modo:
Sing. Pl.
M.F.N. M.F.N.
N. Selva ôelves Corresponde ao latim quidam, quae-
Ac. δeiva ôelvas dam, quoddam e traduz-se por: um
G. òelvos ôeívcov certo, um tal, fulano, e tc . . .
D. òelví (desusado)
b) Pronomes interrogativos — Há um interrogativo direto ris, rl;
(quem? o quê? qual?), sempre acentuado com agudo na raiz, conservando
intacta a tonicidade e nunca usando o acento grave. Costuma iniciar as frases.
Nos casos oblíquos distingue-se do indefinido ris, τι pela acentuação
que este, quando tônico, desloca para as desinências. Corresponde ao
latim quis, quae, quid ? Também pode ter o valor de por que ? ou como ?
no neutro.
* Vide 2o. Tomo - Lembrete n? 13
OS GREGOS E SEU IDIOMA 375

Generalizou-se, porém, a terminação -τω, acrescida ao radical puro, para a


3? pessoa, sendo proveniente, aparentemente, da partícula de ablativo *-tõd (cf.
latim -to). Não se trataria, propriamente, de uma desinência pessoal, mas o grego
adotou-a para caracterizar a 3? pessoa do singular do imperativo, tanto do presente
quanto do aoristo (temáticos e atemáticos), posteriormente estendendo-a aos
perfeitos (cf. latim: des. 2? pess. do futuro do imperativo). Ex.: έστω, ιτω, φάτω,
ίστάτω, θέτω, δότω, Ύνώτω / λ α πέτω, λιπέτω, -γραφέτω / ϊστω, έστάτω,
μεμάτω, κ.τ.λ.
Já no plural, a 2? pessoa ativa é formada com a desinência -re, idêntica à do
indicativo, no presente, no aoristo e no perfeito. Ex.: λΰε-τε, λύσα-τε, λε\νκα-τε,
έσ-τε, ’ί-τε, -γνώ-τε, δΰ-τε, βρ-τε, βάλε-τε, βεβρκε-τε.
Uma única forma homérica, φέρτε (cf. llíada, I, 171), é atemática no verbo
φέρω (cf. lat. pres. ind. — fertis).
Somente a 3? pessoa do plural é que apresenta diferentes tipos, nenhum de
origem indo-européia, porém, claramente explicáveis no grego. São quatro:
1) -των, derivado da terceira pessoa do singular -τω, com o acréscimo da desinên­
cia -v da 3? do plural, secundária. Ex.: έο-των, ’ίτ-ων.
2) -ντω, é freqüente nos dialetos ocidentais, tendo sido criada, por analogia, com
a desinência primária dessa pessoa, -m , segundo o paralelismo: έ-ντω (imper.)
έ-ντι (ind.) = έσ-τω (imper.) / έα-τ'ι (ind.).
3) -ντων, consiste no acréscimo do -v à terminação precedente, para tornar mais
precisa a marca do plural. É esta a forma usual na área ático-jônica. Ex.: λυ-ό-ντων,
φερ-ό-ντων, τιθέ-ντων, δώάντων, yvó-ντων, Αιπ-ό-ντων, δό-ντων, θέ-ντων,
λνθε-ντων, τριβέ-ντων.
Normalmente, esta desinência comportava uma vogal temática que, com o
tempo, foi introduzida, também, nas formas atemáticas do imperativo dos verbos
ειμί (ser) e εψι (ir), respectivamente οντων e ιόντων, correspondendo ao dórico
’εντων.
4) -τωοαν, criação helênica, registrada desde ο V século (em Eurípedes e Tucídi-
des), e, a partir de 300 a.C., também em inscrições áticas. Consiste no acrésci­
mo, à terminação -τω, da desinência secundária -oav (tendo por ponto de partida o
aoristo sigmático, cuja 3? pessoa do plural adquiriu essa terminação em todos os
dialetos, exceto em algumas formas^epigráficas do beócio e do cipriota, com a desi­
nência -αν). A forma -τωοαν manteve-se, normalmente, na koiné jônio-ática e na
língua do Novo Testamento, conseqüentemente.
As formas do dual do imperativo são raras: a da 2? pessoa é idêntica à do indi­
cativo (temático e atemático), por exemplo, em λνε-τον, τρίβε-τον, φά-τον; a da
3? pessoa é alongada, por analogia,com a terceira do plural do imperativo. Ex.:
λνέ-των, τριβέ-των, φερέ-των, διδό-τών, φά-των.
376 G U ID A NEDDA BAKATA PA R R E IR A S HORTA

N.B. — O pronome ris, τι traduz-se muitas vezes pelo nosso artigo


que o grego não possui. Ex.: avOpanvòs ris = um homem,
in d e jin id o
certo homem. Também é usado como su jeito in d eterm in a d o d e urn verbo na
terceira p esso a do sin g u la r (cf. passiva pessoal e impessoal no português).
Ex.: Ποΐ€Ϊ ris ti = alguém faz, faz-se alguma coisa. "Ε ρχετα ι tis
bipiaiTepov = alguém chega mais tarde, chega-se mais tarde.
A forma αττα de nominativo plural é se m p re tô n ica , mas no a cu sa lu w
p lu r a l ela vem, jre q ü e td e m en te, á to n a (enclítica).
c) P ro n o m es re la tivo s — O re la tivo d e jin id o s im p le s (com sentido
individual) é os, η, 6, usado com um an tecedente de sentido bem d eterm i­
n a d o (cf. latim: qui, quae, quod). Pode vir também reforçado por par­
tículas, como o pronome composto: όσττβρ, ηττερ, o trep (= precisamente
aquele que). Declina-se esse pronome como abrós, -ή, -ó e a partícula
pospositiva fica invariável.
O relativo in d e jin id o com posto (pronome de generalização) é oaris,
ή tis, 'ότι = quem quer que seja, o que quer que seja (latim quicumque,
quaecumque, quidcumque). E usado na interrogação indireta. Na forma
neutra ότι (latim quod) tem o valor da conjunção integrante que. As
edições alemãs às vezes escrevem ô, τι com uma vírgula, para distinguir
o pronome neutro da conjunção ότι.

DECLINAÇÃO DOS RELATIVOS


(quem quer que seja,
Òs, η, o (que, quem, o qual) ÒaTis, r/ris, ότι
o que quer que seja)

M F N M F N
Nom. os V 0 OOTLS TjTLS ÔTL
O AC. ov T jV ô όντινα ηντινα ότι
£ Gen. ov T]S ov OVTLVOS yaTLvos OVTLVOS
cn Dat. ω ω ωτινι fjTIVl ωτινι
V

►h Nom. oi CLL a oiTives ainves ατινα(άττα)


$ Ac.
Gen.
ois
ών
as
ών
a
ών
ovarivas
ωντινων
aanvas
ωντινων
ατινα(αττα)
ωντινων
Ph Dat. ols ais OLS ο'ιστισι(ν) αϊστισι(ν) οίστ ισι{ν)

tt
Nom. Ac. ω ώτ ive (para os três gêneros)
< (para os três gêneros)
£
Q Gen. Dat. olv οίντινοιν (para os três gêneros)
(para os três gêneros)
OS GREGOS E SEU IDIOMA 377

N.B. — No relativo composto declinam-se as duas parles, ficando sem­


pre átono o indefinido enclítico e mantendo-se a acentuação do relativo. As
formas ovrivos, ώτινι são raras, preferindo o ático as formas abreviadas
δτου (genitivo singular) e δτω (dativo singular).
Outros relativos usam-se geralmente como e.vclamativos. São eles:
olos, -a, -ov = que, qual! όσος, -f], -ov = que grande! 'όσοι, ο σ α ι, ό σ α =
que numerosos!
Ex.: ’Ώ ο'ία κβφοιΚή. (= oh! que cabeça!)
O relativo olos, com a partícula re significa: capaz de. No neutro,
oibv re ί σ τ ι ν : = é possível.
Também há relativos rejorçados pelas partículas adverbiais ovv ou
ό ή π ο τ ε , que lhes conferem valor adjetivo e insistem na indetermivação do
objeto: ό σ τ ι σ ο ν ν , ή τ ισ ο ν ν , ό τ ιο ΰ ν (não importa o que, seja o que ou quem
for), ό σ τ ι σ δ ή π ο τ β , ή τ ι σ δ ή π ο τ β , ό τ ι δ ή π ο τ β (qualquer que seja, o que quer
que seja).
Tais acréscimos também ocorrem com os pronomes correlativos que
veremos a seguir.
d) Pronomes correlativos — Observa-se uma correlação de jorma e
de sentido entre a maior parte dos pronomes indejinidos-inierrogativos e
indejinidos-relalivos, sendo que os antecedentes costumam caracterizar-se
por um T- inicial; já os que começam pôr um π - são interrogativos ou inde-
jinidos, os iniciados por ó- são relativos dejinidos ou exclamativos, ou come­
çados por ore- são relativos indejinidos ou interrogativos indiretos.
De um modo geral, os interrogativos diretos também podem ser usados
como indiretos. Note-se que os pronomes-adjelivos exclamativos têm a forma
de pronomes relativos. Os demonstrativos também aparecem em correlação.

QUADRO SINÕTICO DA CORRELAÇÃO PRONOMINAL


Interrogativos Indefi­ Demons­ Relativos
Sentido
nidos trativos
Defi­ Indefi­
DiretoS Indiretos (Enclí-
ticos) nidos nidos
Identidade τ ι ς ; o a r is TIS jo<5e ·— o b ro q o s όσης
[ e x e lv o s
Qualidade 7roIos; όπ ο ιο ς (π οιος) ír o L Ó a ò e o lo s όπ οιος
1t o l o v t o s

(Grandeza 7r ô a o s ; ÒTTÓaos (ποσός) jτ ο σ ό σ δ ί \όσ ος |07ν ό σ ο ς

\ Número )τοσοντος |ο σ ο ι |0 7 τ ό σ ο ι

Alternativa 7r ò r e p o s ; οπ ό repôs — (erepos) — 07r ó r e p o s


Idade 7nyXúcos; — τ η \ΐ)(ό σ θ € ή λίκ ο ς ό π η λ ίπ ο ς
\ τη\ικοΐτος
378 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

N.B. — Não se devem confundir os relativos dejinidos (0ς, όσος, οίος)


com os relativos indejinidos (οστις, όπόσος, οποίος), já que estes exprimem
uma generalização (a classe a que pertence o indivíduo), ao passo que os pri­
meiros estão relacionados com um objeto preciso e determinado.
Os pronomes τοιοΰτος (latim: talis), e τοσοϋτος (latim: tantus), τηλι-
χοϋτος (qua aetate) seguem a declinação do demonstrativo οντος, αύτη,
τούτο, do qual se derivam.
Declinam-se, na maioria, como adjetivos de primeira classe (-os, -η, -ον),
tendo pois os três gêneros e concordando, eventualmente, com os subs­
tantivos, em gênero, número e caso. Ex.: Οΰχ έπίσταμαι πηλίχον το
παιδίον έστίν (não sei de que idade é a criancinha).

63° Exercício —
I — Decline (nos três números):
ρήτωρ tis (um orador), ris ρήτωρ·, (que orador?), άλλος ναύτης (um outro
navegante), άλλη φύσις (outra natureza), άλλο πρά-γμα (outra ação),
πάς δίδάσκαλος (todo mestre), πάσα πόλις (toda cidade), παν δράμα (todo
drama), toioõtos ύός, οιος π α τή ρ (tal pai, tal filho), dia μήτηρ, τοιαντη
βυ^άτηρ (tal mãe, tal filha), τοώσδί ή-γ^μών (tal chefe), τηλιχοντος σ τρ α ­
τηγός (tão idoso general).

II — Verta para o grego:


1 — Que casa habitas em Atenas?
2 — Qual dos dois preferes: o bom amigo ou o poderoso aliado?
3 — Não sei que auxílio podería esperar (opt. com av)
4 — De que idade são os filhos de Dario?
5 — De que espécie é tua amizade?
6 — Quantos livros estão nesta mesa?
7 —-N ão sabemos qual dos dois homens está mentindo (= mente).
8 — De que tamanho são as estátuas dos deuses no templo?
9 — Ajudai-vos uns aos outros
10 — Cada sábio tem seu campo de experiência e conhecimentos
11 — Ninguém é profeta em sua terra.
12 — Alguém conhece aqueles dois poetas?
13 — Qualquer que seja o príncipe reinará por muito tempo.

III — Verta para o grego (revisão da sintaxe do acusativo e regência


verbal) (cf. Duplo acusativo - Lembrete n° 22).
1 —- Sócrates interrogava um escravo sobre a virtude.
2 — Dissemos a verdade aos mestres.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 379

3 — Ensinarei grego aos bons alunos.


4 — Não ocultes o tesouro ao jovem guarda.
5 — Pedireis auxílio aos aliados?

LEM BRETE SINTÁTICO N.° 23

SINTAXE DOS PRONOMES (II) — OS RELATIVOS

I — Concordância do relativo — o pronome relativo concorda em gê­


nero e número com seu antecedente, como em latim e no português, mas
toma o caso exigido por sua função na subordinada relativa. Ex.: λ ύ τη
έστ'ι. ή καλλοσύνη ην tx tis = essa é a beleza que possuis.
O antecedente pode vir após o relativo e até mesmo ser subentendido,
mormente sendo um pronome. Ex.: "A iroitiv αισχρόν, ταΰτα νόμιζε
μηδε Xéyeiv eivai καλόν = reflete que não é bonito dizer aquilo que
é feio fazer.
II — Casos especiais da concordância — a) Quando o antecedente for
o demonstrativo ου t o s(no mesmo caso do relativo, ou no nominativo),
omite-se normalmente. Ex.: 'O i' oi θβοί φιλοϋσιν αποθνήσκει véos =
(aquele) a quem os deuses amam morre jovem (subentendido ouros).
Kõpos εχων ous ε’ΐρηχα ώρμάτο από Σάρδεων = Ciro partia de Sardes,
levando (aqueles) que referi (subentendido τούτουs). (Xen., Anáb. 1, 2, 5).
A omissão do pronome ocorre mesmo quando ele está em caso diverso
do em que se acha o relativo (construção corrente na prosa ática). Vide I?
exemplo: antecedente τούτον, relativo concordando por atração ( ò v = õç)
b) Quando - o antecedente estiver em genitivo ou em dativo, o
relativo objeto direto, que deveria estar no acusativo, concorda com
aquele vindo no mesmo caso (concordância por atração). Isso se dá
sempre que a oração relativa for inseparável da principal, e for iniciada
pelos pronomes Õs, olos, óaos. Ex.: Ου μοι μέλει ών Xéyei = não me
importam (as coisas) que ele diz (PI., Híp. Men., 369d)., isto é: τούτων
à Xeyei, pois o verbo Xéyeiv rege acusativo, enquanto o antecedente
em genitivo (subentendido) é complemento do verbo principal.
O mesmo se dá em: Έ 7τορεύετο συν ols μ ά λ ισ τα έθαυμάζετο —
— prosseguia com os que mais admirava (subentendido: συν τού το is
oüs e, depois, por atração, συν (τούτοις) ols.
c) Ainda pode dar-se o caso em que o substantivo ou o pronome
antecedente tome o caso do relativo (o que é mais raro). É a chamada
atração inversa. Ex.: Έ τέ ρ ω 'ότω χαχόν τ ι δώσομβν ζητείν= buscar
380 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS IIORTA

algum outro a quem causaremos algum dano (Dem., Coroa, 230). Έ ré-
ρω 0τω está por ετερον ότω em que o relativo em dativo é objeto
indireto de όώσομεν.
d) Atestam-se ainda casos de atração do relativo, quando este
deveria estar no dativo ou no nominativo, mas são raros. Ex.: Βλάττ-
τεσθ ou άφ'ών (άπο τούτων α) παρεσχενασται = prejudicá-los por causa
das coisas que estavam preparadas (Tuc., VII, 67, 3).
III — Antecipação do relativo — É frequente a colocação do relativo
antes de um demonstrativo, seu antecedente lógice. Se o antecedente
for nominal também passa para a subordinada perdendo o artigo e, neste
caso, o relativo assume função adjetiva, ficando ambos, substantivo e
pronome, no caso exigido pelo valor sintático do relativo. Ex.: 'Όσοι
πολιτειών τρόποι είσίν, τοσοΰτοι χινδυνεύονσι καί ψυχής τρόποι είναι
= tantas são as formas de governos, quantas são as probabilidades de
haver (= são os riscos de haver) formas de almas (Pl., Rep., 445 c). Eí
ri να όρώη Κύρος χ α τ ασχευάζοντ a ής ’ά ρχοι χώρας, ούχ εφθόνει αύτώ
— mesmo que Ciro visse alguém organizar (= organizando) o território
que ele governava, não o invejava (Xen., An., I, 9, 19). K ατασχευά-
ξ'οντα rege acusativo (την χώραν) assimilado ao genitivo do pronome
relativo, complemento de αρχοι (opt. de αρχειν = comandar, chefiar;
rege genitivo). A construção normal seria: χατασχευάξοντα την χώραν
ής αρχοι.

Observações:
1 — Ο relativo seguido da partícula -ye assume valor causai: “dado
que. . . ” (cf. latim: quippe). Há exemplos também desse valor do pro­
nome, sem a partícula (cf. Tuc. VII, 75, 7).
2 — A forma pronominal neutra ότι, usada como conjunção, muitas
vezes tem mais valor explicativo do que causai (= pelo fato de), como
em Esquines, Contra Ctes., 141: Δεμοσθένης εις υμάς ήμάρτηχεν ότι
τα ύτα άπεχρύψατο = Demóstenes pecou contra vós, pelo jato de vos
ter ocultado essas coisas.
3 — Os verbos que significam recriminar, criticar (μέμφομαι, επίτιμόν)
também se constroem com ότι explicativo (cf. Platão, Banq., 213 e,
Teet. 169 d).
4 — Há numerosas locuções idiomáticas formadas de relativos e o
verbo auxiliar, como: εστιν όστις = muita gente, muitas pessoas; εστιν
οΐ (είσιν o'í) sempre no presente, mesriio com o verbo da relativa no
passado (raramente ήσαν οΐ) = há pessoas que, há muitos que (cf. latim:
sunt qui), há várias pessoas . . . Ainda: εστιν ου = cá e lá (sentido
O.S GREGOS E SEU IDIOMA 381

adverbial), εστιν ώ = para muita gente. ’Έ σ τ iv dl passou a ser sentido


como um só vocábulo equivalendo a évioi (= uns poucos), (cf. 2? Tomo --
Lembrete n9 13).
5 — Os pronomes relativos oíos, -ã, -ov e óaos, -η, -ον exprimem também
a exclamação (em frases exclamativas, ou em orações independentes).
6 — Quando há duas subordinadas relativas coordenadas, o grego su­
prime o segundo relativo, ou o substitui pelo, pronome pessoal aúrós
no caso da regência pedida pelo segundo verbo ou, mais raramente,
por ouros, εχείνος (cf. Tuc. 1, 10, 2 - Esq., C. Ctes. 118).
64° Exercício.—
I — Traduza, explicando o emprego dos pronomes:
1 — Tíves συχαΐ εν τώ χήπω είσίν;
2 —- Tis Μαραθώνι ενίχησεν; Τ ί ούν;
3 — Τοΰ ό ir ais ouros εστίν ύός;
4 — Τίνα δένδρα ποΧΧήν σκιάν παρέχει;
5 —- Ποδαπά έστι τα βιβΧία σου;
6 — Δ ιά r í τα u ra πρά ττετε;
7 — Ποια (Τρα ό δεσπότης θηρεύει έν Tais ύΧαις;
8 — Ilórepov οΐ θεοί αθάνατοί είσιν η ον;
9 — Tís τε καί πόθεν πάρει;
10 —· Τ ί αίτούμενος έρχεται;
11 —- Tís rivos αίτιός έστιν;
12 — Τ ί το χρήμα; Τ ί τούτω χρησόμεθα;
II — Traduza, explicando os pronomes:
1 — Ό δείνα, τοΰ δεινός τον δείνα είστργΎειλεν. (Dem., Sôbre a
Organ. Fin., 5).
2 — Tòv μόνον μοι παϊδα άφείΧετο την ψυχήν. (Xen., Cir., 4, 64).
3 — Οί παϊδες ούχ επίστα ντα ι ό τι ποιοΰσιν.
Ν.Β. — Ε π ίσ τα ν τα ι — 3.a pessoa do plural do presente do indicativo
de επίσταμαι (atemático).
4 — AιaXέyεσθo.ι παρ'ών Χάβοιεν τον μισθόν (Xen., Mem., 1, 2, 6).
5 —■ “Εστιν οΐ έτύχχανον θωράχων. (Xen., Cir., II, 3, 17).
6 — Ή σ α ν οΐ πυρ προσέφερον. (Xen., An., V, 2, 14).
7 — npaorépous yevéaÔai τινός. (Dem., Emb., 35).
8 — Αέγουσιν άΧΧους τινάς άλλοι τρόπους. (Dem., 0 1. 1, 20).
9 — Ή σπάξοντο &ΧΧος άΧΧοθεν. (PI., Cárm. 153 b).
10 — Ή πάσα y p δι'όλίγων ήν. (Arist., Const. de At., 2, 2).
Ν.Β. — As expressões idiomáticas (ou helenismos —cf. 2? Tomo —Lembre­
te n9 13) άλλους . .. άλλοι ( = uns . .. outros) e άλλος άΧΧοθεν (um de um
lado .. . outro de outro) exprimem um paralelismo, devido ao significado do pro­
nome άλλος.
382 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

65.° Exercício — Verta para o grego:

Dois generais, Alexandre e Anibal, mortos depois de uma vida glo­


riosa, estavam no Hades. Alexandre, o mais orgulhoso, diz ao companheiro:
“Sou eu que vou agora ser julgado ( — receber justiça) pelo juiz dos
Infernos. Pois sou o primeiro.” Anibal responde, surpreendido: — “ De
modo algum, ao contrário, sou eu. Então Minos, o juiz infernal, aproxima-se
deles e pergunta: “— Quem sois vós? A que propósito é vossa querela?”
Alexandre responde-lhe: — “A respeito da precedência no Hades.” Nisso
chega Cipião e Minos diz-lhe: — “E tu quem és, ó habitante do Inferno?”
— “ Sou um general dos Italiotas, Cipião.” E Minos interroga-o: — “Qual
é a tua opinião, então?” O outro responde: — “Um deles, Alexandre,
é-me superior·, mas o outro (supero) eu, pois venci-o em memoráveis
batalhas.”
(Adaptado de Luciano, rétor e sofista cético do I P século d.C.,
autor dos célebres “ Diálogos dos Mortos”, em que imagina e reconstitui,
com ferino sarcasmo, supostos encontros post-mortem de ilustres figuras
da história antiga, especialmente helênica).

IMAGENS DA HÉLADE N9 20 (Texto de Ilustração)

“O MITO NO PEN SAM EN TO GREGO AN TIG O ”


(Adaptado de P. Grimal, “La Mythologie Grecque”, P .U .F .,
“ Que sais-je-?”, 1953)

Dá-se o nome de “mitologia” grega’ ao conjunto de narrativas mara­


vilhosas e de lendas de todas as espécies, cujos textos e monumentos figu­
rados nos mostram sua popularidade nas terras de língua grega, entre o
IX 9 e ο V III9 séculos a.C., época à qual nos fazem voltar os poemas ho-
méricos, e o fim do “paganismo”, três ou quatro séculos depois de Cristo.
Há nesse conceito uma enorme matéria, difícil de definir, com origens c
caracteres bastante diversificados, que exerceram e ainda exercem papel
considerável na história espiritual do universo.
Todos os povos, em algum momento de sua evolução, criaram lendas,
isto é, relatos maravilhosos nos quais acreditaram, pelo menos durante
algum tempo, e num determinado grau de fé. Na maioria das vezes, essas
lendas, já que permitem a intervenção de forças ou de seres sobrena­
turais, pertencem ao domínio da religião. Apresentam-se, como um sis­
tema, mais ou menos coerente, de explicação do mundo, sendo cada ato
do herói, cujas façanhas se narram, um gesto criador que acarreta con-
seqüências de que se ressente o Universo todo.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 383

A esse tipo pertencem os grandes poemas épico-religiosos da lite­


ratura hindu. Mas em outros países é o elemento épico que predomina'.
É claro que os deuses não estão ausentes da narrativa, onde sua ação é
sensível, mas a gênese do mundo ainda não se acha em discussão.
O herói se satisfaz em dar grandes golpes de espada ou invjentar
memoráveis astúcias, em realizar viagens por países maravilhosos, mas
ainda que èle ultrapasse as medidas humanas, assim mesmo permanece
da mesma massa que a humanidade. A esse tipo pertencem sobretudo os
ciclos lendários dos Celtas, que nos são conhecidos pelos romances galeses,
por exemplo. Em outras regiões ainda, as narrativas do mito acabaram
por perder quase todo seu caráter maravilhoso, dissimulando-se sob as
aparências da história. Os Romanos, em particular, parecem ter inte­
grado assim, eyi suas mais antigas crônicas, verdadeiras gestas lendárias:
o heroísmo de Ilorácio Cocles defendendo a ponte do Tibre contra os
invasores não passa da metamorfose de um demônio vesgo cuja estátua,
colocada às maTgens do rio, perdera sua prim itiva significação e, por fim,,
servira para fabricar por inteiro um episódio da luta (parcialmente his­
tórica) entre Romanos e Etruscos.
O mito na Grécia participa de todas essas aventuras. Ora toma colo­
ração histórica, e serve de título de nobreza para as cidades e as fa­
mílias; ora' desenvolve-se em epopéias; ora vem apoiar ou explicar as
crenças e os ritos da religião. Nenhuma das funções de que possa reves­
tir-se a lenda, onde quer qúe seja, lhe é estranha. Mas o mito grego é
bem outro também.
A palavra grega que serve para designá-lo (ô μύθος) aplica-se
a toda e qualquer história que se conte, quer seja o assunto de uma tra ­
gédia ou o entrecho de uma comédia, ou mesmo o tema de uma fábula
de Esopo. O mito opõe-se ao logos, como a fantasia se opõe à razão, ou
a palavra que narra e a que demonstra. Logos e mito são as duas faces
da linguagem, duas funções igualmente fundamentais da vida espiritual.
O logos, sendo um raciocínio, pretende convencer; ele acarreta, para o
ouvinte, a necessidade de emitir um juízo. O logos será verdadeiro, se for
justo e em conformidade com o “lógico” ; é falso se dissimular alguma
astúcia secreta (um “sofisma”) .
Mas o mito não tem outro fim além de si mesmo. Pode-se crer ou
não crer nele, a seu bel prazer, por um ato de fé, caso seja considerado
“belo” ou verossímil, ομ simplesmente porque se tenha vontade de crer.
O mito acaba por atrair, em seu redor, toda a parte do irracional no
pensamento humano: por sua própria natureza é aparentado à arte em
todas as suas criações. E aí está talvez a mais impressionante caracte-
384 GUIDA NEDDA BAKATA BARREIRAS HORTA

rístiea do mito grego: constatamos que ele se integrou em todas as ativi­


dades do espírito. Não há nenhum domínio do helenismo, tanto nas artes
plásticas quanto na literatura, que não recorra constantemente a ele.
Para um Grego o mito não tem fronteiras. Insinua-se por toda a parte.
.......... Reserva de pensamento, o mito acabou por ter vida própria,
a meio-caminho entre a razão e a fé. Nele abeberou-se toda a meditação
dos Gregos e, depois destes, a de seus longínquos herdeiros; nele foram
buscar seus temas os poetas trágicos e os líricos suas imagens. . . Os
próprios filósofos, quando o raciocínio atinge o limite, nunca deixaram
de recorrer a esse modo de conhecimento capaz de liberar o incognos-
cível. Por certo, não há exagero em afirm ar que essa generalização do
mito, essa libertação de seus poderes foram uma das contribuições fu n ­
damentais — talvez a contribuição essencial — do Helenismo ao pensa­
mento humano. Graças a ele o sagrado perdeu seus terrores; toda uma
parte da alma abriu-se à reflexão; graças a ele a poesia pôde tomar-se
sabedoria.

66.° Exercício — (Revisão).


I — Dê os tempos primitivos dos verbos seguintes, classificando-os
pelas vozes: κοιμάω (viajo, ponho na cama), κοιμάομαι (durmo), πορεύω
(transporto), πορεύομαι (viajo, marcho), φοβέω (atemorizo), φοβούμαι (temo,
tenho medo), οργίζω (irrito), οργίζομαι (encolerizo-me), βιάζομαι (forço
e sou forçado), εργάζομαι (trabalho), πειράω (tento, experimento), irei-
ράομαι (esforço-me).
II — Traduza: Oí "Ελληνες (Κ ατ' Ισοκρά τη — “Πανηγυρικό?”, 50)
(Isócrates foi um dos mais célebres rétores áticos, notabilizando-se na ora­
tória de aparato, gênero epidíctico. Autor de um famoso “Panegírico” de
Atenas, entre numerosos outros discursos que nos ficaram de sua extraor­
dinária atividade de mestre de retórica, na borbulhante atmosfera política
e social da Atenas do século de Péricles).
Tοσουτον δ'άπολελοιπεν ή πόλις ημών περί τό φρονεϊν x a i Xéyeiv
τους άλλους ανθρώπους, ώσθ' οι ταύτης μαβηταί τών άλλων διδάσκαλοι
yeyóvaai, καί τό τών Ε λλή νω ν όνομα πεποίηκε μηκέτι του γ ένους άλλα
τής διανοίας δοκείν eivai, καί μάλλον "Ελληνας καλέϊσΟαι τους τής
παιδενσεως τής ήμετερας ή τους τής κοινής φύσεως μετέχοντας.
III — Comentários:
1 — Του? άλλους ανθρώπους — objeto de άπολίλοιπev.
2 — Τό . . . όνομα — sujeito de πεποίηκε.
3 — Π€7τοίηκε — verbo que, rege δοκών e καλεϊσθαι.
4 — μάλλον —advérbio no comparativo de sepenoridade (cí. μάλα)
5 - τούc — pronome indefinido, sujeito de καλείοθαι
6 - “Ελληνας —prédicativo de τούς
OS GREGOS E SEU IDIOMA 385

IV — Revisão.
1 — Faça o levantamento dos verbos do texto, analisando as formas encon--
tradas e indicando-lhes os tempos' primitivos.
2 — Explique o emprego dos infinitivos e particípios do texto supra.

LEBRETE SINTÁTICO N.” 24

SINTAXE DOS CASOS (III) — O GENITIVO

a) Generalidades — São três os valores principais do genitivo:


de genitivo propriamente dito, isto é, complemento nominal, indicando
a relação de dependência existente entre um substantivo ou adjetivo e
outro vocábulo, com a idéia jundamental de posse; de genitivo partitivo,
tanto como complemento nominal quanto verbal, exprimindo a parle
de um todo; de genitivo de origem,, substituindo ás funções do antigo
ablativo indo-europeu, e designando o ponto de partida da ação, quer
em sentido próprio, quer no figurado (adjuntos adverbiais).
b) Genitivo propriamente dito — Costuma ser:
Genitivo adnominal — Embora exprima fundamentalmente a
relação de posse, este genitivo, como complemento nominal, apresenta
matizes de significação variados: a matéria, a idade ou &medida, o preço,
o valor, o conteúdo, a causa (com nomes abstratos de ação) a duração
e ainda tem, ora o valor subjetivo, ora o objetivo, segundo exprima o
sujeito ou o objeto da ação (cf. latim). Exemplos: η τον ’Ατγαθωνος
οικία = a casa de Agatão (o poeta trágico) — genitivo de posse. "Ιππων
àyeKt) = tropa de cavalos. Τίεδίον πλατύ έκατόν πλέθρων = planície
de cem pletros (medida de comprimento), genitivo de medida. I la t s
δώδεκα έτώ v = menino de doze anos, genitivo de idade. Αίκη φόνον
= acusação de assassínio, genitivo de espécie, ou de causa: 'Οδός πέντε
ημερών = estrada de cinco dias (= cinco dias de caminho), genitivo de
duração.
Quase todos esses complementos em genitivo podem vir precedidos
de verbos de ligação (είναι, ^ί'γνεσθαι), como em: ΙΙρόξενος ην, 6τε άπέ-
θνησκεν, ετών òs τριάκοντα — Próxeno, quando morreu, tinha cerca
de trinta anos, (Xen. An. II, 6,. 20). “HÁe ή ypavs εστι πολλών ετών
= essa velha é muito idosa (genitivo de idade).
As vezes, subentendem-se palavras preposicíonadas como: oíxía (casa)
ou ιερόν (templo). Ex.: Έ ν Π ερικλέονς = em casa de Péricles (s. -e.
oíxíç,). Έ ν Δ ιονύσου = no templo de Dioniso (s. -e. ίερώ).
386 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Outras vezes usam-se preposições para insistir na espécie de relação


existente entre os dois nomes. Ex.: Oí παρά βασιλεως χήρυχες = os
arautos (da parte) do rei.
Observe-se o duplo significado de expressões do tipo: ό των πολε-
μίων φόβος -- o medo dos inimigos, isto é, que eles têm de nós — genitivo
subjetivo; ou: o medo dos inimigos, isto é, que nós temos deles — genitivo
objetivo.
N.B. — Os adjetivos qualijicativos que exprimem: a posse, a matéria,
o valor, a aptidão, o conhecimento, a lembrança, a participação, a abun­
dância, a dijerença, o desejo e as idéias contrárias: inaptidão, ignorância,
esquecimento, carência, etc. — constroem-se com complemento em geni­
tivo. Ex.:
"Epyov Ίδιον τον χραφέως = obra própria do escritor.
Bíos κοινός του μητρός xa i vós = vida comum à mãe e ao jilho.
"Aξιος τής τιμής = digno de apreço.
Ανάξιος τής πόλεως = indigno de sua cidade.
"Έμπειρος τέχνης = hábil numa arte.
“Απειρος τον πολέμου = inapto para a guerra.
’Επιστήμων φαρμάκων, άλλα άμαβής τον βίου — conhecedor de
remédios, mas ignorante da vida.
Μνημών τον eüepyèTov = lembrado de seu benjeitor.
Άμνήμων τής άληθείας = esquecido da verdade.
Ύέλειος τής άρετής = perfeito em virtude (genitivo de relação) —
(cf. Lembretes Sintáticos números 8 e 9).
N.B. — Empregos análogos podem ocorrer com advérbios que apre­
sentam complementos em genitivo.
E também pode haver um aposto em genitivo (genitivo apositivo),
como explicação da palavra que ele determina. Ex.: Tò του Αιός
όνομα = o nome de Zeus.
c) Genitivo partitivo.
1 —Genitivo complemento verbal — Com verbos que exprimem
uma operação dos sentidos ou uma operação intelectual, o objeto indireto
vem sempre em genitivo (com exceção de “ ver” que rege acusativo).
Tais como: αΙσθάνεσθαι (sentir), άπολαύειν (gozar), yebeadai (sabo­
rear), άχονειν (ouvir), άχροάσθαι (escutar), όσφραίνεσθαi (farejar,
sentir cheiro), άπτεσθαι, φαύειν (tocar, sentir pelo tato), έσθίειν
(comer), πίνειν (beber). E também: μεμηνήσθαι (lembrar-se),
έπιλανθάνεσθαι (esquecer), έπνθυμειν, òpéyeadai, èpãv (desejar),
φρόντιζεiv (preocupar-se), όλιχωρεϊν, άμελείν (desprezar, negligen­
ciar), λαμβάνεσθαι (apoderar-se de).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 387

Vem igualmente no genitivo partitivo o objeto indireto dos verbos


que exprimem: uma idéia de domínio ou superioridade, isto é: χρα τεϊν
(sobrepujar, dominar), ά ρ χ ειν (comandar); idéia de triunjo ou de fra­
casso, como: τιτγ χ ά ν ε ιν (encontrar, obter por acaso), ά μ α ρ τά ν ειν (falhar,
errar); ou idéia de abundância: ενπορεϊν (ter em abundância, ser elo­
quente), y tp tiv (estar cheio de) (Cf. Adjetivos), idéia de participação.
E a parte pela qual se segura alguém ou alguma coisa é expressa
também pelo genitivo partitivo, do mesmo modo que o preço: "Έχειρ
τον \ vxov των ώτων (= segurar o lobo pelas orelhas), ou: T αλάντου
τον δοΰλον έττρίατο (= comprou o escravo por um talento). nXeíopos
άττοδόσθαι = vendeu mais caro.
N.B. — Depois dos verbos que significam “lembrar” ou “esquecer” ,
pode-se encontrar o acusativo de um nome de coisa, mas, se fbr um
pronome neutro, só pode vir nesse caso, nunca ho genitivo. Ex.: Mé-
μνησο το ύτο (lembra-te disso).
Por outro lado, verbos que exprimem desprezo, ou restrição, com
a preposição να τά por prefixo (vide Particularidades da Regência —
Lembrete n° 2 - 29 Tomo) regem o genitivo do objeto desprezado:καταφρονεί v
(desprezar), χατα^υχνω σχειν (censurar), χ α τ aye\ãv (zombar, rir de),
xartjyopelv (acusar), χατειπειν (falar contra, contradizer), v.r.X.
2 — Genitivo partitivo complemento nominal — Aparece com adje­
tivos que marcam a participação ou seu contrário e com os superla­
tivos (cf. Lembrete n.° 9), além de vir como complemento de certos
advérbios. Ex.: 'Άμοιρος των χάλών = indiferente ao belo (= que
não participa das coisas belas). IIoD yijs; = em que país? (ττον — adv.
interrogativo).
Também vem com certos adjetivos, como: 7roXús (muito, numeroso),
ήμισνς (a metade de), Xoi7rós (o restante), quer no neutro, quer concor­
dando, em gênero e número, com o substantivo no genitivo. Ex.: Tò
'Koirròv τής ημέρας ou ή Χοιττή τής ημέρας = ο resto do dia. Ύών
ίτπτέων οί ήμίσεις ou των ίττπέων το ήμισυ = a metade da cavalaria.
'Ο άριστος των 'Έ,ΧΚήνων = ο melhor dos Gregos (genitivo com o
adjetivo -superlativo substantivado ό αριστος).
Enfim, usa-se o partitivo em todas as ocasiões em que se quer referir
à parte de um todo. Ê muito freqüente no grego, mas nunca vem pre-
posicionado nem se encrava entre o artigo e o substantivo, como ocorre
com o genitivo de posse e seus correlatos.
Em certos casos, pode exprimir também o lugar (δεξιάς χειρός =
à direita) e o tempo (τον ενιαυτόν = cada ano, πολλον χρόνον = há
muito tempo).
388 GUU> 1 NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

d) Genitivo de origem — supre o ablativo, desaparecido no grego,


exprimindo, particularmente, o ponto de partida, no tempo ou no espaço,
e, por extensão, o ajastamento ou a privação (sentido figurado).
Assim se explica a regência de verbos tais como: άρχεσθαι (co­
meçar), δειν, άπορεϊν (carecer de), άπέχειν (separar), ά πά λλά τειν (afas­
tar), εΐχειν (ceder), φείδεσβαι (poupar, preservar), διέχειν (estar afas-
ato), διαφέρειν (diferir), στερεΧν (estar' privado), δεΧσθαι (ter necessi­
dade), Xpyeiv (renunciar), yíyveaOai (nascer de), etc.
Com valor adverbial, o genitivo de origem aindá pode exprimir o
motivo da ação (genitivo de causa) com verbos do tipo de: ευδαιμονίζω
(felicitar), θαυμάζω (admirar) φθόνεiv, ζηλούν (invejar, ter ciúmes),
όρ'/ιζομαι (irritar-se), οικτίρω (lamentar) e os adjetivos de sentido aná­
logo. Ex.: Ευδαιμονίζω σε τού τρόττον = felicito-te por teu caráter.
Φθονώ σε τής καλλοσύνης = invejo-te por tua beleza; TÍ2 μακάριε τής
τύχης = o' felizardo! ( = feliz por tua sorte).
Desse valor decorre o emprego do genitivo exclamativo, como neste
último e no seguinte exemplo: Ίου, ιού, των όρνεων = oh! oh! as aves
(Aristófanes).
N.B. — Ainda se pode encontrar um genitivo temporal, cujo valor de
adjunto adverbial não decorre, porém, das funções de ablativo, assu­
midas pelo caso. Ê antes uma decorrência do genitivo partitivo, que
indica o momento do tempo em que algo acontece, ou então, o espaço
de tempo durante 0 qual uma coisa acontece ou deixa de acontecer.
Ex.: νυχτός (de noite, durante a noite), θέρους (no verão), χειμώνος (no
inverno), ήρος (na primavera) (cf. rò έαρ, εαρος = ήρος), ημέρας = de
dia, τού λοιπού = de futuro, τού ενιαυτού = por ano, anualmente, τής
ημέρας = por dia.
Observe-se que o sentido distributivo é conferido pelo artigo (vide
Lembrete Sintático n.° 3).
O agente da passiva, que designa a pessoa ou o ser por intermédio
do qual se faz a ação, fica no genitivo com ύπό (cf. Lembrete Sintático
n.° 4). Ex.: Άποθανεϊν ύπό τίνος = ser morto por alguém. Μύρμηξ
θεάται υπό τής περιστεράς = a formiga é vista pela pomba.
Certos verbos ativos, empregados com sentido passivo, têm o agente
da passiva em genitivo com υπό. Isso ocorre, especialmente, com
locuções verbais do tipo de ευ ou κακώς άχούειν, ευ πάσχειν, etc.
Εχ.: Κ αχώϊ άχούειν ύπό τίνος = ser difamado por alguém.
Finalmente, o genitivo de comparação é também decorrência do
genitivo de origem, substituindo a conjunção comparativa ή seguida do
OS GREGOS E SEU IDIOMA 389

nominativo ou do acusativo (raramente outro caso), no segundo membro


da comparação (cf. Lembrete Sintático n.° 9).
Para concluir, não esqueçarrfos que os verbos co m postos por p re jix o s,
que sejam prep o siçõ e s com regên cia de gen itivo , constroem-se com o
com plem en to objetivo tam bém em gen itivo. Tais são: ά π ο τ ρ έ π ω τινό ς
(desvio de), è x β ά λ λ ω τ ινό ς (expulso de), ε κ π ίπ τ ω τ ινό ς ( s o u ba­
nido de, decaio de), χ α τ α χ ε λ ά ω τ ιν ό ς (zombo de), χ α τ α φ ρ ο ν έ ω tipos
(desprezo), κ α τ α ψ η φ ίζ ο μ α ι tipos t i (condeno alguém a alguma
coisa), etc.

67° Exercício —
I — Traduza, explicando o emprego dos genitivos:

1 — ’Έλάβοντο της ζώνης τον Ό ρόντα. (Xen., An., I, 6, 10)


2 — Και της κεφαλής χα τέα χε περί λίθον πεσών (Aristóf., 1180).
3 — M axápios 'όστις ’έ τυχε yevvaÍov φίλου. (Men., 357).
4 — "H<5e η ήμερα τοίς "Ελλ^αι μeyáλωv χαχών αρξει (Tuc., II, 12, 3).
5 — Eis xaipòv ηχείς όπως τής δίκης άχουσης (Xen., Cir., III, I, 8).
6 — Έμοΰ δ'άχουσεσθε πάσαν την αλήθειαν. (Plat., Apol., 17b).
7 — ΙΙόσου διδάσκει; . .. Ώεντε μνών. (Plat., Apol., 20 b).
8 — ΤΩ Ώόσειδον, δεινών λόχων. (Pl. Eutid., 303 a).
9 — Φευ τον άνδρός (Xen., Cir. III, 1 39).
10 — BaaiXeòs oú μ α χ είτα ι δέκα ημέρων. (Xen., An. I, 7, 18).
II — Ύών τόνων πωλουσιν ήμίν τ ά ν τ α τ'άχαθ'οί θεοί. (Xen., Mem., II,
1, 20)
12 — Οΰχ âv ε τι δοίην των θεών τριώβολον. (Aristóf., Paz, 848)
13 — Ευ επεπόνθεσαν ύπό Φιλίππου. (Demóst., Coroa, 213)
Ν.Β. — Δοίην — optativo aoristo II de διδόναι (ν. atemát.)
Επεπόνθεσαν ■— mais que perfeito II de πάσχειν (perf. πεπονθα).
II — Traduza — Tí έστι ò βίος; (Μενάνδρου). (Trímetros iâmbicos)
"Οταν είδέναι θελης σαυτόν όστις el,
εμβλεψον eis τα μνήμαβ’ ώς οδοιπορείς.
Έ ντα ύθ' ενεστ’όστά τε χα ί κούφη χόνις
άνδρών βασιλέων χ μ ί τυράννων χα ί σοφών
χαί μεχα φρονονντων επί χένει χαί χρήμασιν
αυτών τε δόζη χά πι χ ά λ λ ει σωμάτων.
Κ α τ' ούδεν αύτοϊς τώνδ' έπήρχεσεν χρόνον.
Κοινόν τον "Αιδην εσχον οί πάντες βροτοί.
IIpòs ταϋθ' ορών χίχνω σχε σαυτόν όστις εϊ.
390 ÜUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

III —- Comentários gramaticais.

1 — Τά μνήμαβ' = r à μνήματα (elisão, aspiração) (cf. latim: monu-


mentum)
2 — "Evear’ = ίνεστι (sujeito no neutro plural).
3 - Κ,άπί = καί èm (crase, elisão).
4 — Κ ατ' = καί elra (crase, elisão).
5 — Oòôèv. . > TLúvb(t) = nada dessas coisas (gen. partitivo).
6 — 0 ί irávTts = o conjunto, a totalidade (diverso de: iracres oi).
7 — Ύαύθ' = ταΰτα (elisão, aspiração).
IY — Explique o valor dos modos e o emprego dos pronomes no texto supra.
V — Explique o valor aspectual dos tempos, no mesmo texto.
IMAGENS DA IIÉLADE N9 21 (Texto de Ilustração)

“UM VELHO BEM-HUMORADO”

(Traduzido de Platão, “REPÚBLICA”, III, 328 B — 331 E)

(Nesta obra capital do grande filósofo ateniense, cujas qualidades


de estilista e o raro dom da descrição de cenas familiares nada ficam a
dever à amplitude de seu pensamento político e de suas especulações
metafísicas, Platão estuda a natureza da injustiça e sua gênese nas socie­
dades humanas, como preâmbulo à concepção de uma cidade ideal, em
que os filósofos governariam com base na justiça. No texto que se segue,
o autor situa a cena em que se desenvolverão os longos debates de Só­
crates e um grupo de amigos em torno do conceito de justiça, apresen­
tando-nos um velho do Pireu, Céfalo, fazendo uma pausa no sacrifício
que oferecia aos deuses em seu altar familiar, para abordar o problema
da justiça, depois de algumas considerações em tomo das vantagens da
velhice. Em seguida, volta a seus afazeres, não sem ter antes deixado seu
filho Polemarco, na qualidade de “herdeiro” da discussão.)

“Dentro estava também o pai de Polemarco, Céfalo, que me pareceu


muito envelhecido; já há tempos não o via. Estava sentado num banquinho
com almofada, com uma coroa de flores na cabeça, pois acabara de fazer
um sacrifício no pátio. Sentamo-nos também junto dele, pois havia alguns
assentos dispostos em círculo.
Tão depressa me viu, Céfalo cumprimentou-me e disse: — Sócrates,
quase nunca desces ao Pireu para ver-nos. Mas deverias fazê-lo. Se eu
OS GREGOS E SEU IDIOMA 391

próprio ainda dispusesse de forças para ir facilmente à cidade, não


terias necessidade de vir aqui, pois nós mesmos é que te iríamos visitar;
de fato, porém, deverías vir agora com mais freqiiência: podes crer, à
medida em que os prazeres físicos se embotam para mim, mais e mais
aumentam o gosto e a paixão das coisas do intelecto. Não deixes de fazer
como te peço, pois mesmo não renunciando à companhia désses moços,
vem à nossa casa, considerando-nos como amigos íntimos.
— De minha parte, respondí, muito me apraz conversar com gente
de idade avançada: parece-me, de fato, que muito aprendo com eles, como
gente que já nos precedeu na estrada que ainda temos de percorrer, para
saber como é o caminho, se escabroso e difícil ou ao contrário fácil e
cômodo. Justam ente gostaria de ouvir de ti, como te parece isso, já que
alcançaste a idade que os poetas chamam “o extremo limiar da velhice” .
Será esse um penoso momento da vida ou de que modo te exprimes a
respeito?
— Por Zeus, Sócrates, vou dizer-te como encaro essas coisas. Muitas
vezes nos reuníamos com pessoas da mesma idade, para justificar o velho
provérbio. Ora, nessas reuniões a maioria de nós se lamenta, recordando
com saudade os prazeres da juventude, lembrando o vinho, o amor, a boa
mesa e outras delícias do gênero, revoltando-se por estarem privados do
que consideram grandes bens, pois outrora era bom viver, mas agora nem
sequer se vive. Alguns se queixam também das ofensas que a velhice os
obriga a suportar dos familiares, e nessa cantilena entoam hinos a todos
os males da idade avançada.
Na minha opinião, Sócrates, eles não indicam a causa verdadeira,
pois se fosse a velhice o real motivo (desses males), eu.padecería igual­
mente deles, por causa de minha velhice, como todos os outros que alcan­
çaram a mesma idade que eu. No entanto, eu próprio encontrei outros
que não pensam assim, entre eles justamente o poeta Sófocles, a quem,
certa vez, perguntaram, estando eu presente: “ Como te sentes com relação
ao amor? Ainda és capaz de subjugar uma mulher? — Cala-te, homem,
respondeu ele, estou encantado de lhe ter escapado, como a um senhor
despótico e, selvagem”. Sua resposta pareceu-me boa, na ocasião, e mesmo
agora não me parece menos boa; é de fato na velhice que, em todos esses
setores, produz-se uma grande paz e libertação.
Assim que as paixões se aplacam e, afrouxando, nos relaxam, a pala­
vra de Sófocles tem lugar: é o momento de desembaraçar-nos de outros
tantos tiranos desvairados. Mas também a respeito desses assuntos, tanto
quanto das queixas particulares, não há mais que uma causa, e não é a
velhice, mas sim o caráter dos homens: caso sejam moderados e de trato
392 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

fácil, a velhice lhes será também moderadamente penosa; caso contrário,


não só a velhice, mas a própria juventude lhes recai desagradavelmente
em cima.
E eu, encantado com suas palavras, querendo ainda puxar por ele,
impeli-o a continuar, dizendo-lhe:
— Ó Céfalo, julgo que quando te exprimes assim, a maioria dos teus
ouvintes não xe aprova; ao contrário, eles pensam que, se suportas facil­
mente a velhice, não há de ser por teu temperamento, mas porque possuis
enorme fortuna. Pois os ricos, segundo se diz, têm muitos consolos.
— Tens razão, replicou ele, de fato não me aprovam e têm algum
motivo, mas não tanto quanto pensam. Por outro lado tem propriedade
o dito de Temístocles àquele indivíduo de Sérifo, que o injuriava dizendo
que ele não era célebre por si mesmo, mas por causa de sua cidade natal;
pois respondeu-lhe: “ Se eu fosse de Sérifo não teria nenhum renome,
nem tu tão pouco o terias se fosses Ateniense”.
Esse conceito justamente se aplica àqueles que, não sendo ricos, su­
portam dificilmente a velhice, porque nem o homem justo pode aguentar,
propriamente, com facilidade, a velhice na pobreza, nem o insensato,
embora rico, será capaz de acomodar-se bem consigo mesmo.”

(G.N.B.P.H.) ·

68.° Exercício, Traduza: Έ π Ι τού opovs —(Xenofonte, Anábase, IV-7,21-27)

(O historiador ático Xenofonte, cognominado a “abelha ática”, por


suas qualidades de narrador e estilista, não prima pela profundidade psico­
lógica em suas numerosas obras. Discípulo do filósofo Sócrates, a quem
muito admirava, não tinha, contudo, qualidades especulativas, sendo antes
um homem de ação, um aristocrata no pleno sentido do termo em sua época,
tendo assimilado dos ensinamentos do mestre, especialmente, as virtudes
práticas. Tendo acompanhado, a convite de um amigo, e por simples
espírito de aventura, a expedição dos mercenários gregos a soldo de Ciro,
o Jovem, contra o irmão deste, Artaxerxes, na luta pelo trono da Pérsia,
viu-se envolvido inesperadamente na precária situação dos seus compa­
triotas, obrigados a penosa retirada, através das terras inóspitas da Ásia
— a famosa “Retirada dos Dez Mil” — após a batalha de Cunaxa, em
que Ciro perdeu a vida. Levado, pelas circunstâncias, a comandar uma
parte dos mercenários e a guiá-los de volta até onde pudessem encontrar
embarcações para regressar à pátria, Xenofonte narrou com abundância de
detalhes e senso de pitoresco o que foi essa retirada, na obra famosa que
OS GREGOS E SEU IDIOMA 393

se chamou Anábase, isto é, “A Subida”, em virtude da primeira parte da


viagem de volta, rumo às montanhas da Armênia, até que, após numerosos
sofrimentos e dificuldades, pudessem chegar a uma última cordilheira, de
onde finalmente avistaram o mar, promessa de próximo regresso ao lar
para os sobreviventes exaustos da retirada).
Καί ά φικνούντα ι ίπ ι tò ôp o s rfi π έ μ π τ η ή μ ί ρ ρ . ' ό ν ο μ α δ ί τ ώ õ p e i ή ν
θήχης. Έ π et o i π ρ ώ τ ο ι ί χ ί ν ο ν τ ο ί π ι του όρους, κ ρ α υ γ ή πολλή Íy íve ro .
Α χ ο ύ σ α ν δ ί ò Ξ ε ν ο φ ώ ν κ α ι ο ι ο π ι σ θ ο φ υ λ α κ ή ώ ή θ η σ α ν ί’ μ π ρ ο σ θ ι ν ά λ λ ο υ ς
ΐπ ιτ ίθ β σ θ α ι π ο λεμ ίο υ ς' έίπ οντο χ ά ρ ό π ισ θ ΐν ίκ τής κ α ιο μ ίν η ς χώ ρας,
κ α ι αυτώ ν οι ό π ισ θοφ ύ λακβς ά π έ χ τ ΐΐν ά ν τ ί τ ιν α ς κ α ί ίζ ώ γ ρ η σ α ν ίν ίδ ρ α ν
π ο ιη σ ά μ β ν ο ι, κ α ι χ ί ρ ρ α ί’ λ α β ο ν δ α σ β ιώ ν β ο ώ ν ώ μ ο β ό ε ι α ά μ φ ι τ α ί ϊ κ ο σ ι ν .

Έ τίίδή δί βοή π λ ά ω ν re k y i y v t T o κ α ι è y y v T e p o v , κ α ί oi à e i ί π ι ό ν -
Tes W eov δ ρ ό μ ω ί π ι τους á e l β ο ώ ν τ α ς , κ α ι π ο λ λ ώ μ β ίζ ω ν ί χ ί χ ν β τ ο ή β ο ή
6 σ ω δή π λ ά ο υ ς ί χ ί χ ν ο ν τ ο , ίδ ό κ 6 ΐ δή p eiÇ ò v τ ι e i v a i τ ώ Έ β ν ο φ ώ ν τ ι κ α ί
ά ν α β ά ς ί φ ' Ι π π ο ν κ α ι Α ν κ ι ο ν κ α ί τούς ι π π ί α ς ά ν α λ α β ώ ν π α ρ β β ο ή θ β ι ' κ α ι
τ ά χ α δ ί άχούουσι βοώ ντω ν τώ ν σ τρ α τιω τώ ν θ ά λα ττα , θάλαττα, και
π αρ6χχυώ ντω ν.

'Ένθα δή Weov πάvτeς και οί όπισθοφύλακ6ς, καί τά ύποζύχια ήλaύver


το και οί 'ίπποι. Έ π ei δί άφίχοντο πάvτeς ίπ ι το ακρον, ίνταϋθα δή
π€ριίβαλλον άλλήλους καί στρατηχούς καί λοχαχούς δακρύοντ6ς. Καί
ίξαπίνης, δτου δή παρ6χχυήσαντος, οί σ τρ α τιώ τα ι φίρουσι λίθους καί
ιΓοιοΰσι κολωνόν μίχαν. Ε νταύθα àverWeaav δ6ρμάτων πλήθος ώμοβο-
6ΐων καί βακτηρίας καί τα αιχμάλω τα χ ίρ ρ α , καί ò ήχ6μών αυτός τ«
κατίτ€μν6 τά χ ίρ ρ α καί τοίς άλΧοις óiex^eúero. Μ ίτά τα ύτα τον
ήχ6μόνα οί "Ελλην€ς άποπίμπουσι δώρα oóvTes από κοινού ίππον καί
φιάλην άρχυράν καί σκ6υήν ΪΚρσιχήν καί δαρ€ΐκούς δίκα' {frei δί
μ ά λ ισ τα τούς δακτυλίους, καί ίλαβ6 πολλούς παρά τών στρατιω τώ ν.
Κώμην δί <5eí£as αύτοίς ου σκηνήσουσι καί τήν οδόν ήν 7ropeóaovTai eis
Μάχρωνας, έπίί ίσ π ίρα íyéveTO, ωχβτο τής νυκτός άπιών.

LEM BRETE SINTÁTICO Ν.» 25

SINTAXE DOS CASOS (IV) — O D ATIVO

a) Generalidades — O dativo grego acumula as funções que lhe


são próprias, isto é, a do complemento de atribuição e a do dativo de
interesse, com os valores do instrumental e do locativo indo-europeus,
expressos no latim pelo ablativo, desaparecido no idioma helênico.
Assim, encontramos o dativo propriamente dito para designar a
pessoa a quem a ação verbal aproveita ou a coisa com a qual essa ação
394 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

se completa (objeto indireto). Também pode exprimir a p a r tic ip a ç ã o


numa ação ou o a c o m p a n h a m e n t o .
Já o d a t i v o i n s t r u m e n t a l indica o i n s t r u m e n t o o u m e i o com que se
faz a ação e o d a t i v o l o c a t i v o exprime o l u g a r ou a s i t u a ç ã o (em sentido
figurado). (Vide, a respeito, o Lembrete Sintático n.° 1).
b) D a t i v o p r o p r i a m e n t e d i t o — Sendo sua principal função a de
marcar o c o m p l e m e n t o d e a t r i b u i ç ã o , compreende-se que venha neste
caso o o b j e t o i n d i r e t o de verbos que exprimem:.
1 — I d é i a d e b e n e v o l ê n c i a o u d e h o s t i l i d a d e — como: 7r o X e p t l v
(lutar contra alguém), ò p o ^ c r / e l e , σ ν μ φ p o v t i v (estar de acordo com
t l p l

alguém), μ ά χ β σ θ α ί ru a (combater com alguém), φ ϋ ο ν ε ϊ ν (invejar t l p l

alguém), ó p y í Ç e a t í a í r i m (irritar-se com alguém), δ ι α λ λ ά τ τ ί σ Ο α ί t l p l

(reconciliaf-se com alguém), όμνΧύρ (frequentar alguém), 7Π.a T e b tL P


t l p l

(ter confiança em alguém), χ α ί ρ ω , p b o p a L (alegrar-se, gostar de),


t l p l

ènLTÍfieabaL (atacar), etc. (Cf. latim: invideo, minor e o dativo).


2 — I d é ia d e so c o rro ou s ú p l i c a — βοηθβϊρ, έττίκουρβϊρ t l p l(so­
correr alguém), à p b p c L P t l p l (defender alguém), ίύχβσθαί t l p l (rogar,
suplicar a alguém).
Este último tem mais de uma significação: como bitransitivo («Οχο-
μαί ) quer dizer “desejo alguma coisa ou faço votos a alguém” ;
t l p l t l

mas se for a expressão eΰχoμaL tieols , tanto se pode traduzir por: t l

“prometo alguma coisa aos deuses”, como “suplico alguma coisa aos
deuses” .
Também φθορώ tlpl tlpos significa “invejo alguma coisa em al­
guém”.
3 — I d é ia de o b e d iê n c ia ou s u b m is s ã o — òirovpyelp
b tr e p e r e lp ,
(servir a), 7re W e a O a L , V T ra x o b tL P (obedecer a), e lx e L P t l p l (ceder a).
4 — I d é i a d e v i z i n h a n ç a ou s e m e l h a n ç a — χαμύσΟαί tlpl (des-
posar, receber por marido), 7τλησιά^Τΐρ tlpl (aproximar-se de alguém),
άτταρταρ tlpl (encontrai· alguém), eoLxá tlpl (parecer-se com alguém),
ÔLa\éyea6aÍ tlpl (conversar com alguém), etc.
V e r b o s b i t r a n s i t i v o s constróem-se com o b j e t o d i r e t o em a c u s a t i v o
e o b j e t o i n d i r e t o no d a t i v o d e a t r i b u i ç ã o . Ex.: Δίδωμι χαράρ τοis
iraLaÍp = dou alegria às crianças.
c) Dativo de interesse —
Com verbos de predicação nominal, como: e l p a t (ser, estar), y íy -
veadaL (vir a ser, nascer, tomar-se), òoxtlv, φαίρβσθαι (parecer), xa-
XeiadaL (chamar-se), όρομάξεσθαν (ser chamado, ter o nome), aipelabaL
(ser escolhido), etc., emprega-se o dativo de interesse, que indica a van­
tagem ou a desvantagem que alguém possa ter na ação do verbo (mo­
dalidade do dativo propriamente dito). Na expressão ορομά μοί èart =
OS GREGOS E SEU IDIOMA 395

meu nome é (chamo-me), o nome vem sempre no caso de όνομα.


Ex.: Έ μοί δ'όνομα κλυτόν Αΐθων = tenho ο glorioso nome de Éton
(Odisséia, XIX, 183). (ou: é'meu o glorioso nome de Éton).
O d a i i v o d e i n t e r e s s e às vezes não passa de m ero e x p le tiv o . ’Ex.:
Αάββ μοι το βιβλίον = pega-me o livro.
N.B. — Também vão para o dativo os c o m p l e m e n t o s n o m i n a i s de
a d je tiv o s c o g n a l o s dos verbos supracitados e que indiquem:

— f a v o r 011 h o s t i l i d a d e — φίλος (amigo), εχθρός, πολέμιος (inimigo),


ενάντιος (oposto a), διάφορος (hostil);
— s e m e l h a n ç a o u d i s s e m e l h a n ç a — όμοιος (semelhante a), Ίσος (igual a),
ó αυτός (o mesmo que), κοινός (comum a), οικείος (apropriado a).
E ntretanto não há regra estabelecida para a r e g ê n c i a d o s a d j e ­
tiv o s , que tanto podem ter complementos em d a t i v o , quanto em g e n i ­
t i v o ou p r e c e d i d o s d e p r e p o s i ç ã o (às vezes também no acusativo de
relação). Ex.: όμοιος τω ττα τρ ί = parecido com o pai. Πλησίον
τρ πόλει = próximo da cidade, etc. (cf. Lembrete n9 8).
d) D a tiv o — indica os adjuntos adverbiais de m e i o ,
in s tr u m e n ta l

in s tr u m e n to , m odo, p o n to
v is ta , de
cau sa , c o m p a n h i a (incluindo-se
neste valor as operações militares realizadas por um chefe), funções
estas decorrentes do antigo instrumental e absorvidas pelo ablativo
latino. Ex.: θανάτω ξημιοϋν (punir com a morte), ξίφει iraíeiv (ferir
com a espada), πορεύεσθαι με^άλω στρατώ (marchar com um grande
exército), τταντι τρόττω (ou πάντα τρόπον) = de toda a maneira (acusa­
tivo adverbial). 'ITyetadai τοις ίπποις = ir à frente da cavalaria (ou
chefiar. . .).
O d a t i v o d e c o m p a n h i a vem, raramente, precedido de συν. Ex.:
Συν όλί-γοις ιππευσι = com poucos cavaleiros.
O d a t i v o i n s t r u m e n t a l é que explica o emprego desse caso como com­
plemento de verbos tais como: χρήσθαι τινι = servir-se ou utilizar-se de,
(cf latim uti com o ablativo), ‘έπεσθαι, άκολουθεϊν τινι = acompanhar,
seguir.
N B. —Numerosas expressões usuais forman-se do verboxprjaOai com seu
complemento em dativo. Ex.: Χρήσθαι τέχνη (exercer uma profissão),
χρήσθαι θ α λ ά ττη (dominar o mar), χρήσθαι εύτυχίρ., συμφορά (ter boa
sorte, ou ter azar), χρήσθαι χειμώνι (suportar o mau tempo), χρήσθαι
υβρει (mostrar-se insolente), χρήσθαι όπλοις (servir-se de armas), etc.
Χρήσθαι constrói-se ainda com um predicativo de objeto, igualmente
no dativo. Ex.: χρήσθαι τινι φίλω = considerar alguém como amigo,
χρήσθαι τινι πιστώ = ter alguém por fiel, etc.
396 ÜUIDA NEDDA ÜARATA PARREIRAS HORTA

O dativo de causa exprime o motivo e, também, o sentimento que


determinou a ação. Ex.: eúvoíçi, ϋβρα, φθάνω, φόβω, πβίνη, 7roíeiv τ ι =
fazer alguma coisa por benevolência, por arrogância, por ciúme, por
medo, por fome, etc.
Com verbos de sentimento, esse dativo costuma vir acompanhado
pela preposição επί. Ex.: άχθεσθαι έπι τώ φρονήματι αυτού = irritar-se
com o modo de pensar dele.
0 dativo de modo, também instrumental, exprime as circunstâncias
em que se processa a ação, encontrando-se em numerosas locuções de
valor adverbial, como: τοντω τώ τρόπω, ταντη, τήδε = deste modo;
δράμω = na corrida (correndo), βίμ = à força, xpavyfj = aos gritos,
σ ιχή = em silêncio, δημοσίη. = oficialmente, íõíçl ■■= particularmente,
τώ οντι, eργω = de fato, na realidade, λόγω, ττροφάσα = a pretexto
de, 7ταντί σθένει = com todas as fórças, ττάση τέχνη xai μηχανή =
por todos os meios e modos.
Há ainda um dativo de rejorço ou de intensidade que acompanha
adjetivos no comparativo para indicar a medida ou a intensidade da
qualidade. Por exemplo: 7τολλώ (μαχρώ) χάλλίον = muito mais belo,
όλίγω έλάττονί χιλίω ν (pouco menos de mil), οσω . . . τοσούτω (em
correlação) = tanto . . . quanto. Ex.: οσω μάλλον έπιβονλίύουσιν,
τοσούτω μάλλον φοβούνται (quanto mais conspiram, mais se apavoram).
N.B. — O acusalivo adverbial costuma vir também em lugar deste
dativo, o que explica o freqüente emprego, nesse caso, de ούδέν (de modo
algum), rí; (em que? por que?) e r i (de algum modo), (cf. Lembrete
Sintático n.° 22).
e) Dativo locativo - Tendo assumido as funções do ablativo de
tempo e de lugar do latim, este dativo exprime, no grego, as circunstân­
cias de tempo e de lugar, sendo que:
1 — o dativo de tempo é utilizado para marcar as datas precisas,
com substantivos de tempo, como: dia (ημέρα), mês (μήν), ano (ένιαυτός,
ίτος), inverno (χαμών), verão (θέρος), etc. São acompanhados de um
numeral ordinal e, se for o caso, do nome da festa. Ex.: T?) τρ ίτη
ήμέρρ. = no segundo dia, τή òaTepaÍq. (= τή δευτέρφ) = no dia subse-
qüente, τήδε τή ήμέρρ ou έν τήδε τή ήμέρρ. = neste dia (no dia de hoje).
Toís Αιοννσίοις = nas Dionisíacas (festas em louvor de Dioniso), Πα-
ναβηναίοις = nas Panatenéias (festa em louvor de Atena), τα ντη τή
ήμέρη. = naquele dia, τώ έτηόντι μηνί - no mês seguinte, etc.
Também ocorre com algumas expressões consagradas, tais sejam
τή πανσίλήνω — no plenilúnio, χαίρω = no momento oportuno, etc.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 397

Com o sentido de duração no tempo (no decurso ou no espaço de),


emprega-se o dativo de tempo com a preposição èv. Ex.: Έ ν χειμώνι =
no inverno, no mau tempo, èv τούτω τώ χρόνω = naquele tempo.
2 — O dalivo de lugar — indica a permanência, mas é de raro uso
na prosa ática, que prefere empregar preposições como èv, παρά, έπί,
antes do caso. O lugar em que se permanece costuma vir com as desi-
nências do primitivo locativo, mormente quando se trata de nomes de
cidades ou da palavra “casa” . Ex.: ο'ίχοι = em casa, Μαραθώνν = em
Maratona, etc. Mas: tn i τώ ποταμώ = junto ao rio (na margem do
rio), èv rij 7τατρ'ώί = na terra natal.
O dativo locativo justifica a regência de verbos compostos por meio
das preposições συν, èv, èrí e, mais raramente, παρά, υπό, quais sejam:

σύν-αμί tlvl estou com alguém (junto, em companhia dc).


συμ-πράττω tlvl ajudo, colaboro com alguém.
συμ-πορύν tlvl trabalho, esforço-me com alguém.
èp-πίπτω tlvl caio sobre alguém, desabo.
'ev-τυ-γχάνω tlvl encontro alguém (por acaso).
èπ L-βoυ\tύω tlvl conspiro contra alguém.
ènL-TÍBepaí tlvl ataco alguém.
πάρ-είμί tlvl estou junto de alguém (ao lado de),
ύπ-βνμί TLVL estou à disposição de alguém.

N.B. — Quando ocorrem dois verbos coordenados de diferentes re­


gências, mas com o mesmo complemento na oração, o grego, geralmcnte,
só exprime o complemento uma vez, colocando-o no caso exigido pelo
verbo que lhe estiver mais próximo.
Assim: θαυμάζω xa i φθονώ ool — admiro-(te) e invejo-te (regên­
cias: admirar-se de alguma coisa, complemento em genitivo; admirar
alguém, acusativo de objeto direto; invejar alguém, complemento em
dalivo de atribuição).
E evidente que numerosos verbos podem ser construídos simultanea­
mente com dois complementos, em diferentes casos, sendo um a pessoa
sobre a qual recai a ação do verbo e outro a coisa que determina essa
ação. Podem-se encontrar, pois, um nome de pessoa no acusativo e um
nome de coisa vo genitivo', o nome de pessoa no genitivo e o da coisa
no acusativo, ou enfim, o nome de pessoa no dativo e o de coisa no geni­
tivo. Por exemplo: p e ra p è \e L (verbo impessoal), constrói-se com o
dativo da pessoa que se arrepende e o genitivo da coisa de que há arre­
pendimento. Assim: μίταμίλίΐ μοι τη$ υβpeco? = arrependo-me de
(minha) insolência, (cf. 699 Exerc.. n9 9).
398 GUIDA NEDDA BABATA PARREIRAS HORTA

Ou então, como nos verbos de ligação eivai., yÍyveaàat., ύπάρχβνν que,


regendo o dativo da pessoa, significam estar à disposição de alguém,
pertencer (prefere-se traduzi-los por ter ou possuir). Ex.: Έ σ τ ι μοι
èXevdepía = a liberdade me pertence (= tenho liberdade) — ' Υ πήρχα
ύμϊν ovòtv των αμαρτημάτων. = nenhum dos erros (culpas) vos per­
tence ( = não fostes vós que errastes).
E ainda o verbo impessoal bel (convém, é preciso, deve-se) que se
constrói com o dativo da pessoa a quem é necessária alguma coisa e o
genitivo da coisa que lhe é necessária. Ex.: ΔίΖ μαι evôacμονιάς = é-me
necessária a felicidade (cf. latim: mihi opus est felicitas), etc.
(cf. Verbos Impessoais, 2.° Tomo).
N.B. — O complemento de causa ejiciente, ou agente da passiva, geral­
mente expresso pelo genitivo, precedido de υπό (quando o agente é pessoa
ou ser animado) também pode vir no dativo (instrumental) sem [(repo­
sição, quando for um ser inanimado. Ex.: Κωλύονται τώ θανάτω =
= são impedidos pela morte. T ή λύπη inreíxopev = sucumbimos à dor
(lat. maerore conficior).
Se o agente da passiva se referir a um adjetivo verbal em -réos
(sentido passivo), virá sempre rio dativo (cf. latim: gerundivo em -ndus,
-nda, -ndum). Ex.: Ο ϊμαι πάντα ημίν ποιητέα = julgo que tudo deve
ser jeito por nós (Xenof. Anáb. 3, 1, 35). Έμοι άσκητία βστίν η àperp
(latim: mihi colenda est virtus) = a virtude é cultivada por mim.
Pode-se usar também a construção impessoal·. ’Εμοί άσχητέον (ou,
no plural neutro, άσχητέα) (com idêntico sentido), (cf. 29 Tomo).
Quando o verbo estiver no pretérito perjeito ou no mais que per-
jeito, o agente freqüentemente é posto no dativo (muito raramente com
outros tempos). Ex.: T à aiirols eipppéva = as coisas ditas por eles
próprios — T à exdvoLs π ίπ payptva = os atos praticados por eles
(= as ações deles), (cf. Lembrete Sintático n.° 24).

69° Exercício —

I — Traduza, explicando o emprego dos dativos:

1 — ΙΚίσομαι μάλλον τώ 6eφ η υμϊν. (Ρ1., Αροΐ., 29 D).


2 — "Έκαστος οΰχΐ τμ> τ α τ ρ ί xai ττ) μ η τρί μόνον ytytvpraL, άλλα
xa i τη πατρίδι. (Dem., Coroa, 205).
3 — Οΰχ ίσ τ ιν ovôeís, οΰχ αύτώ φίλος (Men., 407).
o o t l s

4 — Μίαν ναΰν λαμβάνουσιν αντοϊς άνδράσιν. (Tuc., VII, 25, 4).


OS GREGOS E SEU IDIOMA 399

5 —T í βούλεται ήμϊν χρήσΟαι; (Xen., Anáb. I, 3, 18)


6 —Ά βουλίφ y à p τά πολλά βλάπτονται, βροτοί (Men., 15)
7 —Χαλβπώς φέρω τοίς παρούσι π pàypaaiv. (Xen., An., I, 3, 3)
8 —Έ ν ετεσιν έβδομήχοντα έξην σοι άπιέναι■ (PI., Crít. 52 Ε).
9 —Xpjj auyyíyvóiaxeiv αύτοις τής επών μίας. (PI. Eutid. 306)
10 —Αίσχίνην ούδενός αιτιώμαι (Dem., Emb. 333).
11 —Τό σοφόν μόνω θεώ πρέπει (PI. Fedro, 278 D).
12 —’Ay αβοίς ήμίν προσήχει είναι (Xen., An. III, 2, 11).
13 —Τούϊ συμμάχους ου περωψόμεθα άδιχουμένους ουδέ μελλήσομεν
τιμωρείν. (Tuc., I, 86, 2)
1 4 — 'Ο δήμος άφείλετο τής βουλής το θανατοϋν (Aristót. Constit. de
Atenas, 45, 1)
15 — ( Ό Έρω$) ώμολέχγηται, ου ενδεής έστι χαί μή έχει, τούτου έράν
(PI. Banq., 201 Α)

II —- Analise os complementos preposicionados do texto de Xenofonte


no 68.° exercício (revisão).
III — Explique o emprego dos tempos e modos verbais nos dois
primeiros períodos do mesmo texto (revisão).
IV — Explique o emprego das formas nominaistencontradas no decorrer do
texto em questão.
39 CAPÍTULO - FORMAÇÃO D A S PALAVRAS NO GREGO

32. FAMÍLIAS DE PALAVRAS - PRINCIPAIS PREFIXOS E SUFIXOS

USADOS NA LÍNGUA CLÁSSICA - COMPOSIÇÃO E DERIVAÇÃO.

a) Generalidades .

Em grego, mais do que em qualquer outro idioma, é indispensável distinguir


os elementos de que se compõem os vocábulos, pois, embora haja um certo núme­
ro de palavras simples (ou termos'-radicais), de origem muito antiga, a maior parte
do léxico helênico é formada por composição ou por derivação.
Os vocábulos (rà ρήματα) classificam-se, pois, quanto à formação, em: sim­
ples (βήμα απλούν), composto (βήμα σύνθετον) e derivado (Ρήμα παραγω­
γοί ou αύ(υγα. isto é, derivado da mesma raiz). Nos casos em que a palavra
participa dos dois processos de formação é composto-derivada ou parassintética
(βήμα παρασύνθετου).
São simples, entre outros, os vocábulos seguintes: πούς (pé), θρίζ (madeixa,
fio de cabelo), βοϋς (boi), ναός (nau), μυς (rato), φλέψ (veia), γύψ (abutre),
αίξ (cabra), φλόξ (chama), φώς (luz), ούς (ouvido, orelha), ρίς (nariz), ώφ
(rosto), b\p (vista), &pa (hora, estação do ano), etc.
Note-se que os vocábulos simples costumam ser monossilábicos, ou menos fre-
qüentemente, dissilábicos. Neste último caso, a raiz pode vir acrescida de uma vo­
gal temática, com ou sem desinência casual. Ex.: copa, πηγή, λύκος, τίω , λύω,
πλους, νους, ρους (=πλόος, νόος, ρόος), κ .τ .λ .
A maior parte do vocabulário, porém, se forma por composição (quando o
radical apresenta dois ou mais elementos de formação, desde que não sejam sufi­
xos) ou por derivação (quando se acrescentam elementos modificadores à raiz,
antes das desinências, os sufixos).

b) E lementos F ormadores dos Vocábulos .

São os seguintes: 1. Raiz. 2. Radical. 3. Vogal temática 4. Afixos (prefixos,


infixos e sufixos, conforme sua posição em relação ao radical). 5. Desinências
(cf. 29 Capítulo —ftem 12).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 401

A ra iz (ró “ε τ υ μ ο ν ) vem incluída no ra d ic a l (τό θ έ μ α ) , quando não se iden­


tifica com ele, dotada ou não de v o g a l te m á tic a e, com freqüência, alterada —do
ponto de vista semântico e morfológico —pelos a fix o s.
Estes modificam a raiz vindo-lhe justapostos: no início, são os p r e f ix o s , no
fim, são os s u fix o s , e, inseridos nela, os in fix o s.

Já as d e sin é n c ia s ( a i κ α τ α λ ή ξ ε ις ) são acrescentadas ao radical ou ao tema


(especificamente dotado de vogal temática), nas p a la vra s va riá veis, para indicar as
diversas relações de um mesmo conceito, marcando as diferentes fo r m a s d a d e c li-
n ação (desinéncias casuais) ou da co n ju g a ç ã o (desinéncias pessoais). Nas chamadas
p a la vra s in variáveis, também podem ocorrer d e sin é n c ia s e s te r e o tip a d a s , sempre na
mesma forma, como em a d v é r b io s d e lugar, te m p o ou m o d o , que apresentam, res­
pectivamente, antigas desinéncias de a b la tiv o d e o rig e m , lo c a tiv o e in s tr u m e n ta l
(cf. 29 TOMO: 29 Capítulo —Item 7 — “Advérbios” ; vide ainda, Item 8 —“Pre­
posições”).
As d e sin é n c ia s podem ser englobadas no que chamamos te r m in a ç ã o (ή τ ε λ ε υ ­
τ ή ), conceito genérico, sem limites definidos, que indica a parte terminal de uma
palavra, tanto podendo referir-se à d e sin è n c ia p r e c e d id a d e v o g a l te m á tic a , quanto
incluir até mesmo um s u f ix o , dotado ou não de vogal temática, e se g u id o d e d esi-
n ên cia (em certos casos, a simples vogal temática supre a falta de desinència apro­
priada, passando a exercer as funções desta última, como se vê nos n o m in a tiv o s
f e m in in o s da primeira declinação). Deste modo, os s u fix o s tanto podem fazer par­
te da te r m in a ç ã o , quanto do ra d ic a l. Acrcescidos à raiz, ou a um radical ( compos­
to ou já derivado), os s u fix o s p o d e m ser c o m u n s a n u m e r o s o s v o c á b u lo s , atribuin­
do-lhes determinada classe gramatical (sufixos: nominais, verbais, pronominais,
(adverbiais, etc).

c) FamiI ias de Palavras .

Quando diversas palavras possuem, basicamente, a mesma raiz ou o mesmo


radical, dizemos que elas são co g n a ta s, formando, no conjunto, fa m ília s d e p a la ­
vras.
Esse fato pode ser observado, por exemplo, nos termos: τίθημι (eu ponho),
θέσις (= ato de pôr ou de propor: tese, posição), θωμάς (= colocação sucessiva:
monte, acúmulo), θητάς (= o que pode ser colocado —adjetivo verbal), θησαυ­
ρός ( — lugar onde se acumulam bens: tesouro). Todas essa palavras têm, em co­
mum, a m e s m a r a iz , nos vários graus da a p o fo n ia (cf. "Alterações Vocálicas”, Item
9) : θε-/ θη-/ θω-, com o significado básico de p ô r o u situ a r (semantema). Ao se-
m a n te m a (= raiz) acrescentaram-se os s u fix o s (-σι, -μο, -το, -σαυρο) e as d e sin ê n -
cias (pessoal: -μι no verbo τίθημι, nominal: -ç nos substantivos) e ainda o r e d o ­
b r o (no verbo atemático: τι-).
402 G U ID A NEDDA BARATA P A R R E IR A S HORTA

Outra família léxica: λέγω (eu digo), λόγος (discurso, palavra, conceito, ra­
zão), επίλογος (epílogo = o que se sobrepõe ao discurso), κατάλογος (catálogo
= discriminação de palavras), προ λογος (prólogo = o que precede o discurso), λογι­
κός (lógico = o que diz respeito à palavra pensada ou ao raciocínio), λέ(ι-ς
(< λεγ-σι-ς = vocábulo, palavra), λεξικόν (vocabulário, léxico = conjunto de
palavras( (Cf. Raiz: λεγ-/λογ·).
N.B. - APOFONIA ( ou alternância vocálica) - é um fenômeno fonético mui­
to freqüente e expressivo no grego, m a r c a n d o , muitas vezes, a m u d a n ç a d e classe
d a p a la v ra , principalmente nos casos da chamada d e riv a ç ã o regressiva, ou c a ra c te ­
riz a n d o o a s p e c to de determinadas formas verbais. Dá-se a a p o fo n ia sempre que
ocorrem va ria ç õ e s d e v o c a lism o em um elemento mórfico - sufixo, radical ou de-
sinência —consistindo na m u d a n ç a d o tim b r e ou d a q u a n tid a d e do e le m e n to vo-
c á lico do morfema ou do semantema.. Ex.: verbo: τέμ -v -ea> = cortar, sôccionâr
—substantivo: τόμ -ος (parte, secção), com a a lte rn â n c ia v o c á lic a da ra iz ταμ-Ι
τομ-, verbo: λείπ-ω (pres.: eu deixo), έ-λιπ-ον (aor.: eu deixei em algum mo­
mento), λε'-λοιπ-α (perf.: acabei de deixar), com a apofonia da raiz X em -fk n r-/
λοιπ-. Ou ainda, na 2? declinação: π ο τ α μ ό ς (nom. sing. vogal temática -o),
ποταμ-έ (voc. sing.)
Há vários graus para a a p o fo n ia : o grau n o r m a l do vocalismo, em que a vogal
tem o timbre ej o grau f le x io n a d o , com o timbre o g ra u r e d u z id o , em que a
v o g a l-n ú cleo do elemento mórfico pode chegar até a desaparecer (sendo vogal sim­
ples) ou, se houver ditongo, dá-se a redução do vocalismo à se m iv o g a l i ou v , de­
saparecendo a vogal-base. O vocalismo de ferau r e d u z id o também é chamado g rau
z e r o ,'quando o elemento vocálico desaparece.

Nos graus n o r m a l e f le x io n a d o também pode haver a lo n g a m e n to da vogal, que


passa a ser η ou ω. Ex.: v. π ε ίθ - e i v (persuadir) faz: pres. π β ίθ - ω , aor. II méd.
έ -π ιθ -ό μ η ν , perf. πέ-π οϋθ-α. Φ α ίν ω (mostro) R. φαν- > ê - φ η ν α (aor.)

A raiz yev- aparece em todos os graus da apofonia, segundo as diversas p a la ­


vras c o g n a ta s dela derivadas. Assim, temos; γένε óiç(origem, fonte de vida), γέν­
ος (ra9a>nação), γον-εύς (progenitor, pai), γί-γν-ομαι (eu nasço, surjo), γνή­
σιος (genético, inato; filho legítimo), γνω-τός (consangüíneo, parente).
O conhecimento dos vários graus d a a p o fo n ia é extremamente importante pa­
ra a explicação de numerosos fatos fonéticos, no grego, cujo vocalismo é muito
mais rico do que o do latim. Neste último idioma, por exemplo, só havia, propria­
mente, três ditongos (ae, oe, au), ao passo que o grego apresenta vários outros, em
que se alternam o timbre e a quantidade da vogal-base (vide: “Ditongos Próprios e
Impróprios”— Item 7.).

Os fonemas líq u id o s e n asais também estão s u je ito s à a p o fo n ia , nas línguas


indo-européias, mormente no grego. Entretanto, no estágio lingüístico pré-históri­
co do idioma (o chamado “grego comum”), as liq u id a s e as n asais tanto podiam
OS GREGOS E 8EU IDIOMA 403

ser — quando formavam sílabas com vogais (posição con-


verdadeiras co n so a n tes
sonântica) quanto podiam assumir valor sonântico ou semivocálico (posição so­
nántica).
Na posição sonántica, os fonemas líquidos e nasais —sempre muito sonoros —
desenvolvem um timbre vocálico, dentro da evolução fonética do idioma, de acor­
do com as mesmas alternâncias observadas na& verdadeiras vogais, (cf. 29 Tomo
(2? Pte. - P anorama Diacrônico do Greg o ” - F onética : V ocalismo e
CONSONANTISMO)
Ex.: raiz n a r e p - (vocalismo normal na sílaba predesinencial: p a i) - nom. sg.
πα τήρ —voc. sg. tr á r e p - gen. sg. π α τ ρ -ό ς - adj. e b - π ά τ ω ρ (bom pai). Raiz
oreX - (equipar) - v. σ τ έ λ - λ ω (pres.) - e -σ τ α λ -κ α (perf.) - στολή e σ τ ύ λ -ο ς
(subst.), respectivamente: equipamento, roupa de viagem e preparativo, ou trajeto.
Outro exemplo: raiz r e v - (estender) - v. τ β ίν - ω ( < r e v - j -ω pres.) - τ έ - τ α - κ α
(< r e -τγ-κ α - perf.) -τ έ ν -ω ν (subst. - tendão, músculo longo), τόν -ος (= tensão,
tom), κ.τ.λ.

Compare-se, ainda, o acusativo singular π ό δ -a (de ποιίς, ποδός), com a


mesma forma no latim: p e d - e m , em que a d e sin ê n c ia so n á n tic a -m, no g rau z e r o
em grego, evolui para -a ( < ‘J ) , enquanto no latim desenvolveu o g rau n o rm a l:
-em . (Vide 29 Tomo - 2 ? Parte: “P a n o ra m a D ia c r ô n ic o d a L ín g u a G r e g a ”).

d) Palavras de Etimologia G rega


(cf. το e τ υ ρ ό ν = raiz, núcleo vocabular).
A notável facilidade com que o idioma grego cria palavras é responsável, em
grande parte, pela riqueza e flexibilidade de seu vocabulário, praticamente inextin-
guível, posto que, ainda hoje, continuam a ser formados n e o lo g is m o s (palavras no­
vas ou de criação recente), com ra íz e s , ra d ica is, p r e f ix o s e s u fix o s de origem grega.
Entre outros, citem-se: telefone, telegrama, telepatia, psicologia, psicopatologia,
psiquiatria, pediatria, astronauta, cosmonáutica, selenita, nefelibata, microcosmo,
microscópio, orografia, ortografia, ortópodo, ortoépia, octópodo, trau­
matismo, traumatologia, cosmetologia, cosmético, assepsia, terapêutica, terapia,
hematologia, hematopoiese, gerontologia, odontologia, cefalalgia, neurologia, pe­
dagogia, enciclopédia, etc.
De um modo geral, são gregos os te r m o s té c n ic o s , c ie n tíf ic o s e filo s ó f ic o s
(epistemologia, ontologia, ética, estética ....), isto é, os neologismos em geral, pro­
venientes dos mais diversos setores das atividades humanas, tanto no plano físico
(ou da natureza), quanto no plano intelectual ( ou do espírito).
Como se depreende dos exemplos supra, os conceitos expressos por esses neo­
logismos eram totalmente desconhecidos dos Gregos antigos, embora tenha sido
perfeitamente possível denominá-los, usando palavras formadas inteiramente,
com elementos mórflcos do idioma helênico.
404 (jriDA NEDUA BARATA PARREIRAS HORTA

Muitas vezes, porém, formam-se vocábulos por ,um processo q u e m istura os


elem en tos form adores,tomando-os a línguas diferentes - quase sempre grego e la­
tim, para as línguas românicas, inclusive especialmente o português.
É o chamado h ibridism o, em que o radical do vocábulo pode ser composto
de elem en tos etim olo g ica m en te d iferen tes, ou então é o sufixo, ou a desinência,
que não pertence à mesma língua original da raiz ou do radical. Assim por exem­
plo: otorrinolaringologista é neologismo de etimologia inteiramente grega, para
indicar o especialista ou estu d io so ( = λογιστής, da raiz λογ , o sufixo ιστα/η
e a desinência -ç, de nom. sg.) de o u vid o s (ούς, ώ τ ό ς ) , nariz (ήίς, /upòç)e
garganta ( λ ά ρ υ γ ξ , -yyoç). Mas aquele que faz au diom etria é o especialista que faz
a m edição (gr. p e r p ia ) da audição (lat. audio), do paciente, usando um termo h í­
brido ( < da raiz grega de ΰ β ρ ις , -εως = excesso, exagero no comportamento),
em que o primeiro elemento do radical é latino e o segundo é grego.
São também h íb rid o s, entre muitíssimos outros: alcoolism o (rad. árabe —
álcool e sufixo grego —ismo) , alcoólatra (do árabe: álcool e o radical verbal grego:
latra —significa: o que cultua o álcool); p ro to zo á rio (do grego: π ρ ώ τ ο ς = primei­
ro, inicial e fqjo v = ser vivo, animal, acrescidos do sufixo latino, que indica o es­
tado ou a situação, - á rio); xilogravura (do gr. ξύ λο υ, -ου = madeira, lenha; e o
termo latino gravura = trabalho de gravação em madeira).

e) A Composição Vocabular no Grego.

1. T ipos d e com posição Toda palavra co m p o sta apresenta, pelo menos,


d ois elementos formadores de seu radical: um elem en to final, p o sp o sitiv o , que é
sempre um radical (nominal, pronominal ou verbal) e um elem e n to inicial, preposi-
tivo, que pode ser um p re fix o ou um o u tro radical. Além destes, podem ocorrer
ainda elem en tos m ediais, in terp o sto s, ora da natureza d o s p re fix o s , ora da nature­
za d o s radicais. Ex.: ναυ -μαχ -ος = (próprio para o combate naval), doisra d ica is
nom inais: de ναϋς (navio) e μάχη (combate); άνδρο-βόρος (= devorador de
homens), formado do radical su bstan tivo de ανή p , άνδρός, e de outro radical —
verbal —de βι-βρώ-σκω (= devorar, engolir sofregamente); νομο -y p à φος (= re­
dator de leis), composto dos radicais de: νόμο-ς (subst.) e de ypcup-eiv (verbal);
ix O v o -y à y o ç (= comedor de peixe), de ίχθύ-ς, ίχθύ-ος, substantivo, e p a y -
■elu, forma verbal de aóristo; αυτό-νομος (= autônomo, isto é, o que se rege por
suas próprias leis), do radical p ro n o m in a l d e αυτός,, -ή, -o, e de o u tro nom inal;
εξ- οδος (= saída, êxodo), formado do prefixo-preposição ί ξ e do radical subs­
tantivo de όδος).

2. D isp o s iç ã o d o s e le m e n to s n o s c o m p o s to s —Costuma-se obedecer a'deter-


minadas regras para a formação dos compostoá, em virtude do grau d e im p o rtâ n c ia
sig n ifica tiva dos componentes da palavra. Assim:
Οί> URHXitK κ SEU IDIOMA 405

1 —Os p r e f ix o s antecedem sempre a outros elementos, sendo, normalmente


in iciais às vezes, porém, m e d ia is, na palavra que compõem. (Cf. Prefixos e Prefi-
xação, adiante). Ex.. Εν -τνχ -ο ς (afortunado), τ α λ α ί - π ώ ρ ο ς (desgraçado).
κ α τ α - σ τ ρ ο φ ή ( — derrubada, ruína, catástrofe), π ρ ο - β ά λ λ ε ι ν (—lançar para a
frente, designar), μ ο ν ο ·σ ύ λ -λ α β -ο ς (= de sílaba única, monossílabo), em que há
o p re fix o -r a d ic a l μ ο ν ο - d o a d je tiv o μ ό ν ο ς , -η, -ον e o p r e fix o -p r e p o s iç ã o
σ υ ν -, assimilado à consoante inicial do ra d ic a l-p o s p o sitiv o verbal λ&β- .seguido
da terminação temática -oç.
II —Os radicais provenientes de n u m era is ou de p r o n o m e s costumam ser p re-
( a não ser que o radical composto só comporte prefixos e radicais dessas
p o s itiv o s
duas origens, caso em que o p r e fix o p r e c e d e o ra d ica l). Ex.: α υ τ ό ν ο μ ο ς (autô­
nomo), έ π τ α σ ύ λ λ α β ος (= heptassílabo — formado de: ε π τ ά . numeral. ο ύ ν /ο υ λ .
prefixo-preposição, raiz λαβ-, vogal temática -o e a desmência -ς); υφ -έν
(= hífen, traço-çle-união. formado de: im o (im -) prefixo-preposição e é v , nu­
meral u m ), π α ρ ά λ λ η λ ο ς (= paralelo, um ao lado do outro).

III — Os radicais d e o rig e m v e rb a l costumam ser p o s p o s itiv o s , vindo, portan­


to, em posição final, no composto, a n te s das d e sin ê n c ia s. Ex.: à -δ ικ - ε ϊν (causar
dano, injustiçar); ό π ι-τίθ η -μ ι (= eu deposito), π ά ρ -ειμ ι (= estou junto, estou
presente, assisto), κ α τ α -λ ε ίπ -ω (= eu abandono), δια-λύ-ω (= eu dissolvo, sepa­
ro)

IV — Os são tão freqüentemente p o s p o s itiv o s , quanto


ra d ica is d e a d je tiv o s
p r e p o s itiv o s . Ex.: (= o que odeia o belo ou a beleza), composto do
μ ισ ό -κ α λ ο ς
adjetivo κ α λ ό ς , ή. ό ν = belo) e do substantivo τ ο μ ίσ ο ς ( - ódio); κ α κ - ή γ ο ρ ο ς ·
(= maldizente, difamador), composto do adjejivo κακός, ή, -όν (mau, malvado) e
da raiz do verbo ά -γορ εύω (= anunciar, proclamar); π ο λ ύ -λ ιμ ο ς (= de grande ape­
tite, voracidade), formado de π ο λ ύ ς , π ο λ λ ή , π ο λ ύ e de λ ιμ ό ς (fome).

V —Os ra d ica is d e s u b s ta n tiv o s são, com frequência, p o s p o s itiv o s , isto é, fi­


nais, exceto com relação aos radicais d e v e rb o s , caso em que estes são p o s p o s itiv o s
e os primeiros tornam-se p r e p o s itiv o s (iniciais). Ex.: π ο λ ύ ά ν θ ρ ω π ο ς (= que
tem muitos indivíduos, populoso: de um radical adjetivo e outro substantivo);
τα ύρο κ έ φ α λ ο ς (= que tem cabeça de touro, taurocéfalo: dois radicais substanti­
vos); ό λ ι γ ό -σ α ρ κ ο ς ( = descarnado, de poucas carnes: do adjetivo ó λίγος, -η, -ον
e de ο ά ρ ξ , ο α ρ κ ό ς ); ό ,ρ χ έ-τ ν π ο ς (= tipo primitivo, arquétipo, modelo: um prefi­
xo —partícula inseparável e um substantivo).

Mas: λοτο-φ ά-γος (= comedor de loto: radical de substantivo, seguido da raiz


verbal ÇW7-); τα υρο-φ όνος (= matador de touros: radical substantivo, seguido de
radical verbal φ ον-/φ εν-)·, oi νο-φόρος (= o que leva ou que contém vinho: radical
substantivo e radical verbal com apofonia ψ ερ /φ ο ρ -).
406 GUID V NE DDA BARATA PARREIRAS HORTA

VI —Quando ocorrerem d o is ou m ais elem e n to s p ro v e n ie n te s d e su bstan tivos,


no radical composto, coloca-se no fim o m ais im p o rta n te (do ponto de vista do
significado), isto é, o d e te rm in a d o , o qual tem, normalmente, se n tid o m ais g en éri­
co e ex ten so ; os outros elementos o precedem —os d eterm in a n te s vindo em po­
sição prepositiva, por ordem restritiva ou analítica de significado. Ex.: τ α ύ ρ ο -
κ έφ α λο ς (= cabeça de touro), ο ίκ ο - νόμος (= o q u e adm in istra a casa ou o país),
ναύ-μαχος (= apropriado ao c o m b a te naval).; λιΰ ό -δ εν δ ρ ο ν (= á rvo re de pedra,
coral).

Deve-se observar, de resto, que —na explicação etim o ló g ica de um composto


— traduz-se primeiro o d eterm in a d o , que contém a idéia principal. Este serve de
su je ito , enquanto os d eterm in a n tes, colocados da direita para a esquerda, em or­
dem restritiva ou analítica, funcionam como a trib u to s ou co m p le m e n to s do d e te r ­
m inado. No conjunto, portanto, um termo composto equivale, geralmente, a uma
frase elíptica. Ex.: ο ίν ο -φόρος = o que leva ou contém vinho, χοή - φοροι = as
portadoras de libação, λίθ ο - βόλος = o que atira pedras, ταύρο - βάρος = o que
devora touros, etc.

Em resumo, vai para o f im do radical composto, geralmente, o d eterm in a d o ,


que apresenta o conceito mais importante (nome ou verbo, quase sempre), p re c e ­
d id o d o s seus d eterm in a n tes: prefixos ou radicais prepositivos ou ambos, elemen­
tos acessórios que determinam, especificam, precisam ou completam o significado
daquele. Ex.: νομο - γ ρ ά φ ο ς = redator de leis.

Esta regra, contudo, não é absoluta, visto que, algumas vezes —quer por uma
especial morfologia, quer pelo uso inveterado invertem-se as posições e o d e te r ­
m inado passa a ser p re p o sitiv o , enquanto o s d eterm in a n te s vêm, ex c ep c io n a lm e n ­
te, p o sp o sto s (em posição final no radical), logo antes das desinências, as quais nos
assinalam a natureza do composto, seu gênero, número e caso, às vezes até sua
prosódia. Essa inversão ocorre, principalmente, quando o primeiro termo (no caso,
o determinado) é um radical verbal, embora haja numerosas outras possibilidades.
Ex. φιλά -αοφος (= o q u e am a o saber, e não: sábio amigo), μ ισ -άνθρω πος (= ο
qu e odeia a humanidade e não: homem odiento), Ôv -αγρός (= burro selvagem e
não: campo do burro),, παρά-δοξος ( = con trário à opinião corrente, inacreditável,
e n.ão: opinião à margem ou marginalizada).
Também há muitos nomes próprios masculinos compostos, tais como:
Θεμιστοκλής, ‘Ίππαρχος, Διο -γ έ ν η ς ,
Δ η μ ο σ θ έ ν η ς , Ιπ π ο κ ρ ά τ η ς , Φ ίλ ιπ π ο ς ,
κ .τ.λ.
3. P refixos e prefixação.

Podem ser usados como prefixos:


I —P r e p o s iç õ e s (exceto ώ ς ), especialmente na composição de verbos (cf.
Anexo II — “As Preposições e os Casos”). Ex.: σ ύγ χρ ονος (contemporâneo),
n.s c,m:i;os 1 . s k u idioma 407

συμ φ ο ρ ά (reunião, encontro), δια φ α νή ς (transparente), κ α τ α σ τρ ο φ ή (= trans­


torno, destruição, desenlace), ά ν α β α ίν ε ιν (subir), ά π ο δ ιδ ό σ θ α ι (entregar, ven­
der), δ ια β α ίν ε iv (atravessar), έτη β ά λ λ ε ιν (impor, perseguir), προσ τ ρ έ χ ε ι ν
(correr à frente, atacar, π ρ ο β ά λ λ ε ιν (atirar, lançar, propor).

Note-se que o significado básico da preposição, como prefixo (prevérbio), é


normalmente conservado na composição.

II A d v é r b io s , principalmente os seguintes:

hei (ai e i ) (sempre). Εχ.: άεί-ξερός sempreviva, flor; adj. eterno).


δίς (duas vezes; lat. bis). Εχ.: δ ισ -μ ύ ρ ιο ι (vinte mil), δ ιο -σ ύ λ λ α β ο ς
(= δι - σ ύ λ λ α β ο ς ) (dissílabo)
δ ίχ α (duplamente, em duas partes). Εχ.: διχ -ο -τ ο μ ία (δ ίχ α -τ ο μ ή )
(divisão em dois, dicotomia).
εκτός (fora de. exteriormente; lat. extra). Εχ.: ε ξ - ώ ρ ε σ ς ( έ ξ ω — ώ ρ α )
(fora da estação, temporão).
ένδ ο ν, εντός (dentro, internamente; lat. intra).Ex.: έ ν δ ο - μ ά χ η ς ( έ ν δ ο ν - μ ά χ η )
(que combate de dentro)
εύ (bem, bom, harmoniosamente). Em composição, eu significa: pros­
peridade, abundância, facilidade (latim:bene). Εχ.: εΰ-β α τος
(fácil de transpor), eu -γεηής (bem-nascido, nobre), ε ύ - δ α ιμ ό ν ια
(felicidade).

Outros advérbios também aparecem, às vezes, em composição, como:


μόγις (dificilmente), ολίγου (pouco, lat. paucus), ό 'π ισ ϋ εν (atrás, lat. retro),
π ά λ ιν , π ά λ ι (de novo, lat. prefixo re-), π λε'ιον, π λ έ ο ν (mais considerável, mais
importante, lat. maior), π λ ε ισ τ ο ν (o mais importante, maximamente, lat. pluri-
mus), πολύ (muito, em quantidade, lat. multus, plus), π ο λ λ ά κ ις (muitas vezes),
μ ε ιο ν , ή τ τ ο ν (menos, lat. minus), π ρ ό σ θ ε ν , έ μ π ρ ο σ θ ε ν (adiante, na frente, lat.
ante), τ ή λ ε (ao longe), τρ ις (três vezes, lat. ter), ά π α ξ (uma vez, lat. singuli),
π α ν (em conjunto, na plenitude, lat. totum).

Εχ.: μογι-λαλος (= que fala com dificuldade, gago), όλιγ-αιρία (carência de san­
gue), ο π ιο θ ό -Ί ρ α φ ο ς = (escrito pelo avesso), π α λ ίν -ν ο σ τ ο ς (= que volta outra vez),
π α λ ίμ - φ ρ ω ν (= que muda de sentimentos ou de opinião), π α λ ίλ -λ ε τ γ ο ς (< π ά λ ιν
com assimilação total do -v à consoante inicial de λόγος = recolhido de novo),
π λ ε ο ν -α α μ ό ς (= superabundância; pleonasmo), πολύ-γυρος (= de muitas voltas,
cheio de curvas), ε μ π ρ ο σ θ -ό -κ ε ν τ ρ ο ς (= que tem um ferrão na frente), τ η λ -α ιτ /ή ς
(= que brilha de longe), τ η λ ε β ό λ ο ς (= que atira de longe ou que atinge de longe),
ά π α ξ - ά π α ς (= todos de uma só vez, em conjunto), π α ο - ι-ά να ξ (= senhor reinante
sobre tudo), κ. t. λ .
408 Γ,ΙΙΙΠΛ NKDIM ΒΑΚΛΤΛ BAKKKIKAS ΙΙΟΚΤΑ

III Partículas inseparáveis, isto é, elementos prefixais que só existem em


composição (ao contrário d3s preposições e advérbios, que são vocábulos autôno­
mos, com significado e regência próprios). Ei-las:
1) à-,àv- (prefixo privativo, de sentido negativo; cf. lat. sine, in, ne).
Ex.: ά- κέφαλος (sem cabeça, acéfalo), áv- ορεξία (inapetência),
áv- ωφελής (inútil, anófeles);
2) i*i- (uso raro, também negativa; lat. ne-). Ex.: νη-πενθής (= que dis­
sipa a dor, não deixa sofrer), νήττανοτος (= incessante, incansá­
vel), νη-λεής (= impiedoso);
3) δυσ- (dificuldade, privação, dor). Ex.: δυσ-φαχία (= dificuldade para
comer), δυσ-λαλία (= dificuldade para falar), δόσ-μαχος (= difí­
cil de combater, invencível);
4) - ημι- (metade, meio, lat. semi-), forma apocopada do adjetivo τίμιους,
eia υ Ex.: ήμι πληγία (semi-invalidez), ήμι σφαιρών (= meia-
bola, hemisfério), ήμί ξηρός (= meio-seco);
5) άρχβ-,άρχ ι­ da raiz nominal e verbal que significa comando, princípio, su­
perioridade; deu em português: arque-, arqui-, arce-, arei-). Ex.:
άρχέ-τνπος (= arquétipo), άρχι-τεκτονικός (= arquitetônico,
obra de carpintaria), άρχ-ιεραίς (=sumo sacerdote), άρχι-επίσ­
κοπός (= arcebispo).
ό) ταλαι- elemento prefixai só encontrado em composição, que significa
“esforço penoso, sofrimento, sacrifício forçado’’ (cf. τάλας,
τάλαινα, τάλαν = que suporta desgraças, infeliz, desafortunado).
Ex.: ταλαι-πωρία —esforço, fadiga, miséria, ταλαι-παθής, -ές
= que padece sofrimentos, ταλαί-φρων, -ον = endurecido (mo­
ralmente) pelo esforço.

N.B. —Numerosos adjetivos compostos têm um numeral como elemento preposi-


tivo (cf. 29 Tomo “Numerais”). Assim.: τρί trove (trípoda, tripé), τετρά κύκλος
(= de quatro rodas), τετρά-χωνος (= quadrangular), πολλα-πλάσιος (= múltiplo),
κ.τ.λ.

0 A Derivação Vocabular.

1. Generalidades - A derivação é um processo de formação que cria novos


termos acrescentando sufixos aos radicais (simples ou composto) e às raizes de
outros termos pré-existentes na língua. Estes últimos, dos quais partem os deriva­
dos são chamados palavras-temas ou termos-radicais. Quanto aos sufixos, são ele­
mentos modificadores (partículas, da natureza dos afixos), que não tendo vida autô­
noma, são acrescidos aos radicais ou às raizes, alterando-lhes o sentido básico, para
formar rfovas palavras.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 409

Os sufixos também mudam a classe das palavras, havendo sufixos nominais


(formadores de substantivos e de adjetivos), sufixos verbais e ainda sufixos adver­
biais, em geral antigas formas nominais estereotipadas.

2. Tipos de derivação —As derivações sucessivas.

A derivação pode partir tanto de uma palavra simples, quanto de uma com­
posta ou já derivada, ou ainda de uma composto-derivada ou parassintética. Pro-
cessa-se em geral a derivação pelo acréscimo de um sufixo à raiz Ou ao radical
(derivação sufixai ou derivação própria), mas também pode haver derivação sem
sufixo (derivação regressiva), acrescentando apenas uma vogal temática ao radical
(-a ou -o) para indicar o agente ou a própria ação.
Esses derivados regressivos são denominados deverbais e adotam simplesmente
as terminações adequadas à nova significação do tema-base que, com freqüência,
também sofre apofonias e até metáteses.
Ex.: Ia declinação - vogal temática -a (η): áyopá (praça, mercado), πνοή
(sopro), άρχή (comando) μάχη (batalha), φορά (transporte, impulso).
2? declinação - vogal temática -o : δρόμος (corrida), λόγος (discurso), ξένος
(estrangeiro), ίιοώός (aedo, cantor), αρχός (guia) — masculinos; épyov (obra),
δώρον (dádiva), ζυγόν (parelha), - neutros, κ.τ.λ.
Note-se que, nos derivados deverbais, quando dissilábicos, é de regra a apofo-
nia, apresentando-se a vogal do radical no grau normal ou no reduzido para o ver­
bo, alternando para o grau flexionado no substantivo. Ex.:

βάλ-λ-ειν - βολή, βόλος (atirar - jogada, arremesso)


δραμ-eCv — δρόμος (correr - corrida, lugar em que se corre)
λέγ-ειν - λόγος (dizer —discurso, fala)
πέ μπ-ειν — πομπή (conduzir - cortejo, procissão)
τέμ-ν-ειν — τομή, τόμος (cortar - corte, secção)
τρέφ-ειν — τροφή _ (criar, alimentar —alimentação, alimento)
φέρ-ειν — φόρος, φοράς (levar - tributo ou foro, carregador).
Ainda há a derivação imprópria, em que um vocábulo muda de classe sem mu­
dar de forma, cómo em: rò καλόν (= o belo —forma neutra do adjetivo substanti­
vado), 6 λέγων (= o orador - nom. masc. sing. do particípio presente substan­
tivado). Em princípio, qualquer palavra pode ser substantivada pelo emprego do
artigo e, de um modo geral, o neutro dos qualificativos é usado correntemente
com o valor de um substantivo abstrato de qualidade (no singular ou no plural).
Quanto à derivação parassintética ocorre quando, no mesmo termo-radical.
acrescentam-se, simultaneamente, prefixos e sufixos. Ex.: εύ-φων-ία (=eufonia,
isto é : harmonia vocálica ou som agradável), em que há o prefixo adverbial eè -, a
410 GUIDA NEDDA BARATA PARRERAS HORTA

raiz de φωνή (=voz) e o sufixo -ία, formador de substantivos femininos de ação.


Outros exemplos: avd-βα-σι-ς (= subida, ascensão) eb-δαιμον-ία (= felicidade),
δυσ-τυχ-ία (= infortúnio, desgraça), etc.
Também são possíveis derivações sucessivas, partindo de uma única raiz, quer
por meio da sufixação, quer pela derivação regressiva. O exemplo abaixo é bastan­
te expressivo a esse respeito:
raiz tí-, verbo simples: τί-ω = estimar, τι-μή = estima, apreço (suf. -μα/
μη) τιμά - ev (-αν) = ter estima, honrar (derivado do precedente pelo acréscimo das
vogais temáticas e das desinências verbais), τιμη-τής = examinador, censor, avalia­
dor (de τιμή e o suf. -τα/ -τη-), ημητ-εύ-ω = ser censor (de τιμητ- (ής) e o sufi
xo -eu, formador de verbos), κ.τ.λ.

3. A derivação sufixai.
Os termos-radicais ou palavras-temas, que estão na base da derivação sufixai,
podem ser: substantivos, adjetivos, verbos e também numerais e alguns pronomes.
E, do ponto de vista morfológico, os sufixos podem ser iniciados por vogal, diton­
go ou consoante. Daí procedem as observações que se seguem:
I — As palavras simples, como termos-radicais, adotam a forma do genitivo ao
receberem o sufixo (como também ocorre com os elementos iniciais dos compos­
tos), se forem formas declináveis, mas se forem verbos, acrescentam o sufixo di­
retamente ao tema do presente.
II —Se a palavra-tema for composta, obedece-se às regras gerais da composi­
ção para formá-la e, depois, ela toma a forma do genitivo, antes de receber o sufi­
xo.
III — Quando se derivar de um termo já derivado, acrescenta-se simplesmente
o sufixo que irá formar o novo vocábulo, como se fosse um termo-radical simples.
IV - Se a palavra-tema tiver o radical terminado por consoante e o sufixo for
vocálico, a derivação se processará sem alterações fonéticas.
V —Se o sufixo principiar por vogal e o tema terminar também por vogal, es­
ta última é eliminada, quase sempre.
VI — Mas se o sufixo principiar por consoante e o radical-base também for
consonântico (como, por exemplo, nos temas temporais dos verbos), os encon­
tros fonéticos provocarão elisões, assimilações ou acomodações fonéticas, exigi­
das pela índole do idioma (cf. “Alterações Consonantais”).
Exemplos: αστβρ- ίσκος (de άστήρ, -έρος e o sufixo diminutivo -tσκο-/α),
significa: estrelinha; χρωματ-ικό-ς (do radical χρώμα, -τος = superfície do cor­
po humano, pele, cor da pele, já derivado de χρώς, χρωτός — pele, cor e o suf.
formador de adjetivos -mo/-a (significa: colorido); οίκο-νομ-ία do radical compos­
to οίκο-νομ- e o suf. -ία, formador de substantivos femininos) = administração
OS GREGOS E SEU IDIOMA 411

particular, organização doméstica, economia; λεξικόν (do radical de λέξις de­


rivado da raiz λεγ- pelo suf. -σι- e o suf. neutro -óv) =léxico, dicionário; διά-
ippay -pa(é parassintético, derivado do radical composto δια-<ρραγ-, com pre-
fixo-preposição διά = através de, e da raiz do verbo ψρά·γνυ-μι = fechar, com o
suf. -ματ-, formador de nomes neutros, exprimindo o resultado da ação),
significa: (músculo) que atravessa (o tórax) fechando (-0 ), isto é; diafragma-

4. Principais sufixos nominais e verbais.


I Sufixos nominais substantivos — formam substantivos, derivados de
radicais de verbos, adjetivos ou de outros substantivos.
A) 7rjp, -τωρ, -της, -εύς - indicam o autor da ação, a profissão ou o agen­
te do processo verbal. Ex.: σω-τήρ = salvador (da raiz do verbo σφ£ω = eu
salvo), βή-τωρ = orador (da raiz èp-, βη-, que significa falar — cf. f.ιηθήσο-
μαι, ερρήθην), κρι-τής = juiz (da raiz de κρίνω = julgo), ποιη-τής = poeta,
criador (de ποιέω, -ώ = eu faço, crio), βασιλ-eúç = ie\, ίπττ-εύς = cavaleiro,
iep-eúç = sacerdote (os três últimos formados com o suf. pré-helênico -eúç).
(Vide: "SubstantivosLinguísticosPré-helênicos”, in “Formação do Povo Grego”-
Item 2.).
B) σι-ç, -poç- exprimem a própria ação expressa pelo verbo. Ex.: ποίη-
σι-ς = poesia (de ποιέω), πράξις = ação (de πράττω, raiz πραγ-), διωγ­
μός = perseguição (de διώκω, -κ > γ). σταθ-μός = parada, jornada (de ϊστη-
μι = estou de pé), μάθ η σι-ς = ação de estudar, estudo (de μα-ν-θ-άνω = eu
aprendo).
C) ‘- μα (τ) - o resultado ou o produto da ação. Ex.: πράγ-μα =ação, ato,
(πράττω), ποίη-μα = poema (de ποιέ-ω), μάΘ-τ}-μα, - τος = objeto de estu­
do, lição (de μανθάνω).
D) τήριον, -εϊον- lugar da ação. Ex.: δικασ-τήριον = tribunal, βουλεν-
τήριον = sala do conselho, βαλαν-είον = banheira, κουρ-έιον = barbearia.
E) — τρον, -θρον exprime o instrumento da ação. Ex.: άρο-τρον =
arado, charrua, οκήπ-τρον = cetro, bastão, βάρα-θρον = buraco fundo, abis­
mo.
F) — ών — indica o lugar em que está alguma coisa. Ex.: άμπελ-ών =
vinhedo, έλαι-ώv = olival, Παρθεν-ών = templo da virgem (Palas Atena).
G) — της (-τητος), -σύνη, -ία (suf. femininos), -εσ/-ος (suf. neutro) —
exprimem qualidade, em geral relacionados com qualificativos, dos quais se
derivam. Ex.: οωφρο-αύνη = prudência, moderação, καλλο-σϋνη = beleza,
δεινό-της, -τητος = habilidade, ματαιό-της, -τητος = vaidade, νεό-της,
νεο τητος = juventude, ώφέλε-ια = utilidade, πρόνο-ια = previdência, pro­
vidência, βάρ-ος, -ους = peso, βάθ-ος,-ους = profundidade.
412 guid .v nedda barata barreiras iiu r t V

Η) —δης, -ίδης (masc.), -ίς, -ίδος, -άς, -άδος (fem.) exprimem a filiação,
a descendência. Ex.: Πρλε-ίδης = filho de Peleu (Aquiles), Άτρε-ίδης =
filho de Atreu, Atrida, Κεκροπ-ίς = filha de Cécrops, Αηλι-άς = Délia,
(referente à ilha de Delos).
I) _ 6ι)ς, -toç, -της (masc.), - ια, -ις, -iác;, -τις (fem.) —indicam a nacionalidade.
Ex.: ΆθηναΙος, ία = Ateniense, Meyap-eik - Megarense (masc.) e Μεγαρ ίς
(fem.) (idem), Kορίνθ ιος = Coríntio, Kορινθ ιάς = Coríntia (ou Corintiense,
natural de Corinto), Σπαρτιά της (masc.) = Espartano, Σπαρτιάτις (fem.)
= Espartana.
J) - ιον, -ίσκος —formam diminutivos. Ex.: παιδ -íov = criancinha, μην-ίσκος
= luazinha, θηρ-ίον = animalzinho, νεαν-.ακος = rapazinho.
K) —Sufixo —j á —forma substantivos, adjetivos e participios femininos, em
que σ iode (-/-) sibjliza a dental final do termo- radical (r + j > o) e desenvolve
um duplo sigma (ou duplo tau, no ático), quando a consoante final for gutural ou
velar. São, em geral, os chamados nomes femininos em ã impuro da 1? declina-
ção. Ex.: *Monr- j a > Μούσα (com sibilização do -r- e síncope do -v- precedente) ,
Ύλωχ-j a > γλώσσα (ático: γλώττα), *XvOe-VT-j ά > λσ- βει- σα (feminino do par-
ticípio aoristo passivo λυθείς, com alongamento compensatório da vogal do tema
temporal λυθε-).
Por exceção, o feminino dos adjetivos do tipo de: χαρίεις (radical χαριε-ντ-)
apresenta a assimilação do iode ao radical sibilizado, dando: χαρίεοσα, em lugar
da esperada terminação -είσα, como no particípio supra.

11 — Sufixos nominais adjetivos - servem para formar qualificativos, deriva­


dos de verbos ou de substantivos.
A) -ικός/ -ή/ -όν indica aptidão, capacidade de realizar a ação expressa pe­
lo verbo cognato. Ex.: άρχ- ικός, -ή, -όν = apto para ο comando (cf. v. αρχ -ειν),
λογ ικός, ή, όν = apto para ο raciocínio, lógico (cf. v. \é y ειν), μαθηματ
ικός = apto para aprender, estudioso (cf. v. μα v θ áv ειν), βασιλ ικός = real,
apto para a realeza (cf. v. βασιλεύ ειν).
B) ως/ -ία/ -ων (ou: -αως, -εως, -οιος, -ιρος, nos três gêneros - acrescido à
vogal temática do termo—radical) — indica a relação, a conveniência, a origem.
Ex.: δίκ-αως = justo, justiceiro (de δίκη = justiça), δ'μ-οως = igual, θε-ίος =
divino, πατρ-φος = paterno, ancestral (de πατήρ, πατρ-ός = pai).
C) - εός (-οσς), -ινος (nos três gêneros) —indicam a matéria de que é feita a
coisa. Ex.: λίθ-ινος= de pedra, pétreo (λίθος = pedra), άνθρώπ-ινος = humano
(de άνθρωπος = homem), àpyvp -οϋς (eoc) = argênteo, de prata (de άpyυpoς).
D) — ειδής, -ώδης = exprimem semelhança ou aparência. Ex.: θεο-εώής
(-ές) ^semelhante a um deus, divino, μον-ώδης (·ώδες).= solitário.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 413

Com estes sufixos formam-se adjetivos biformes, contratos (\ide o sufixo, abai­
xo, que está incluído neles).

E) - eo/ -ης - com alternância quantitativa no masculino singular (desinên-


cia zero), forma adjetivos biformes contratos (radical puro no neutro). Ex.: σαφ-
-ής, -ές = claro, -a, ebyev- ης, - ές = bem-nascido, nobre, δ ca-φαν-ής, -ές = trans­
parente.
F) -σι -ος/ -σί -α/ -σι -ον- formador de adjetivos triformes de primeira classe.
Ex.: δημό -σιος, -αία, -ον = pertencente ao povo, público, θαυμά- σιος, -5, -ον = es­
pantoso, maravilhoso.
G) -einoç, -ρος, -ιμος, -μων (-μονος) — indicam a propriedade ou a relação,
sendo que os dois últimos formam adjetivos biformes —de primeira e de segunda
classe, respectivamente. Ex.: ωφέλιμος, -ιμον = útil, χρήσ-ψος, -ον = vantajoso,
serviçal, prestimoso, λαμπ -ρός, -ά, -ον = brilhante, ταπ-ανός, -ή, -όν = humilde,
μνή-μων, μνή -μον (gen. -μονος) = lembrado, que se lembra.
Η) -ύς, -ela, -ύ = de uma antiga forma com -w- (= u sonante), representado
por um digama (- F -), que se vocalizou no masculino e no neutro (no grau reduzi­
do da apofonia), mas tomou a forma - Fe (no grau normal) e sofreu síncope no
feminino — forma à qual se acrescentou o sufixo formador de femininos, -j α -
(com a vocalização do iode). Ex.: παχ-ύς, παχ-eia, παχ-ύ = espesso, grosso, gordo,
ταχ-ύς, -eía, -ú = rápido, veloz, ηδ -ύς, -ela, -ύ = suave, agradável, βαθ- ύς, -ela,
-ύ = profundo, βαρ-ύς, -ela, -ύ = pesado.

III Sufixos verbais permitem derivar verbos, tanto de substantivos e de


adjetivos (verbos denominativos) quanto de outros verbos, simples ou compostos
(cf. 2? Tomo - 2? Parte - “Panorama Diacrônico do Grego” - "Morfologia
Histórica do Verbo)”.
São verbos denominativos, em geral: os verbos contratos (em -άω, -éω* -όω),
os verbos terminados em - άξω, -ίξω, -αίνω, -αίρω, -είνω, -είρω, -ύνω, -εύω.
Em quase todos esses tipos encontra-se o principal sufixo derivador de verbos,
o - / - (iode), sonante indo-européia que não permaneceu no grego, mas provocou
numerosas alterações fonéticas, ora vocalizando-se, ora modificando a consoante
contígua, antes de desaparecer como fonema autônomo.
Este sufixo, como todos os demais formadores de verbos, só ocorre no tema
do presente, havendo sufixos temáticos e sufixos atemáticos.
Eis os principais:
A) - / - : 1) - forma verbos temáticos contratos, como: νίκά-ω (-ώ ) = eu ven­
ço (< νίκα- j-ω, raiz de νίκη), φιλέ-ω (-ώ) = eu amo (< φι\ε - j -ω raiz de φίλος,
-η, -ον) χρυσό-ω (·ώ) = eu douro (< χρυσό-j -ω, raiz de χρυσός);
414 UIJID.Y NEDDA BARATA PARREIR AS HORTA

2) forma também verbos temáticos em liquidas e nasais, vocalizando-se e so­


frendo metátese ou assimilando-se à líquida final da raiz, como em:
rei ν-ω eu estendo (< r εν- j -ω)
φαίν-ω eu mostro (< φαν- j -ω)
απείρ-ω eu semeio (< σπερ- j -ω)
καθαίρ-ω eu purifico (< καθαρ- j -ω)
αγγέλλ-ω eu anuncio « àyyeX- j -ω)
Em todos estes verbos, com exceção do último (em que houve assimilação do
sufixo ao -λ - da raiz) o iode vocalizado tornou-se um infixo, inserido na raiz, por
efeito da metátese que sofreu;
3) forma verbos consonãnticos denominativos em:
-άξω e -ίξω, nos quais o -Ç resulta do encontro fonético do - j- com uma dental da
raiz. Ex.: θαυμάζω (< θαυμαδ -j -ω) = eu admiro, ελπίζω (<ελπιδ -j -ώ) — eu
tenho esperança, eu espero.
Contudo, as terminações -άξω e -ίξω generalizaram-se de tal modo que pas­
saram a formar verbos diretamente derivados de raizes e radicais desprovidos de
dental, tornando-se, em si mesmos, sufixos verbais vernáculos (secundários), no
grego. Assim, da raiz βάφ- (= mergulhar), formou-se o verbo βάπ-τ-εεν, pelo sufi­
xo -t-, formador de verbos temáticos em labiais, mas, numa derivação sucessiva,
do derivado βάπτειν, criou-se o freqüentativo βαπτ-ίξεiv (= eu mergulho por in­
teiro, submerjo).
Deste último é que proveio o nosso verbo "batizar”, através do latim, o qual
tomou da forma βαπτίξω o radical derivado e acrescentou-lhe o sufixo latino -
are: baptizare > batizar.
Outros exemplos: νομ-ίξω = eu julgo segundo a lei (da laiz de νόμος = lei,
norma) e yυμv-άξω = eu me exercito despido (da raiz de yυμvός, -ή, -óv = nu),
nos quais não há justificativa etimológica para a presença do -ξ - no radical;

4) o iode também forma verbos denominativos em - σσω (ático - ττω),


pelo encontro fonético com consoantes velares (ou guturais) da raiz, como em:
■πράττω (-σσω) = eu ajo, realizo, faço (< npay- j -ω), φυλάττω (-σσω) = eu
monto guarda, vigio (< φυλακ j ω).
Contudo, houve confusões entre essas terminações, encontrando-se verbos de
raiz em dental com a terminação - ττω, no presente, e outros de raiz em velar (ou
gutural), com a terminação -$ω. Ex.: πλάττω (-σσω) = eu moldo (cf. τό πλάσμα)
e στίξω = eu marco (cf. rò στίγμα).

B) Sufixos -ύν -ω e -eú-ω —formam verbos temáticos denominativos, vindo


diretamente acrescidos à raiz ou ao radical do termo-base. Ex.: μαλακ-ύνω = en­
OS GREGOS E .SEU IDIOMA 415

fraqueço, torno fraco ou doente (cf. o adjetivo μαλακός, -ή, -όν), παχ-ύνω = tor­
no espesso (da raiz de τταχύς, -eta, -ύ), παώ-εύω = educo (de παίς, τταώός). βουλ-
εύω = eu delibero (de βουλή = assembléia).
N.B. —Entre os verbos denominativos supracitados, note-se que os termina­
dos em -άω, -έω e -εύω costumam exprimir a posse ou o estado, ao passo que os
terminados em -όω exprimem a causa da ação e os em - ίξω, - αίνω e - ύνω indi­
cam o estado ou a mudança do estado (vide supra).
Assim é que, por exemplo, μαλαχ-ίξω significa “eu estou fraco ou doente”
mas μαλακ-ύνω é “eu me torno fraco ou fico doente” e χρυαόω (-ώ) quer dizer:
eu douro, faço como ouro.

C) Sufixos -τ - e - v - (temáticos) —o primeiro forma derivados de raízes


verbais em labial e o segundo forma verbos com raizes vocálicas, vindo, às vezes,
combinado com o - / - já visto acima. Ex.: τύττ-τ-ειν = bater, golpear (raiz nm-),
βλάπ-τ-ειρ = eu prejudico (raiz βλαβ·), θάττ-τ-ew = sepultar (raiz ταφ- > Θαπ-)
sempre que os encontros fonéticos fazem desaparecer a aspiração da consoante
final da raiz, aspira-se, por compensação, o fonema surdo inicial. (Cf. a terceira de-
clinação e os verbos consonânticos neste tomo); πίν-ω = eu bebo, βα-ί-νω = eu
ando, ponho o pé. Neste último verbo, o iode vocalizou-se e, por metátese, tor­
nou-se infixo, entre a raiz j3a- e o sufixo -v-.

D) Sufixo - av -, às vezes combinado com - v -, forma verbos temáticos de raiz


consonântica, em que o - v - aparece como infixo da raiz. Ex.:
αμαρτ-άν-ω = eu erro, falho (raiz αμαρτ-)
αίσθ -άν-ο-μαι = eu sinto, percebo (raiz αίσθ )
μα-ν-θ-άν-ω = eu aprendo (raiz μ&θ·)
λα-ν-θ -άν-ω = eu escondo (raiz λαθ-)
λα-μ-β-άν-ο) — eu pego, prendo,sugiro (raiz λαβ-)
λα-γ-χ-άη-ω = eu tiro por sorte, sorteio (raiz λαχ-)
TV-y-χ-άν-ω = eu encontro por acaso, eu me acho (raiz τυχ-/τευχ-)
Nestes verbos, reforçados pelo infixo - v -, esta nasal acomoda-se foneticamen-
te à consoante contígua do radical (ou da raiz). Assim, o - v - seguido de labial pas­
sa a - μ -, mas seguido de gutural (ou velar) passa a - y - (nasal guturalizada). (Cf.
29 Tomo - “Verbos Temáticos Reforçados”)
E) Sufixo - O K - também formador de verbos temáticos, incoativos, isto é, in­
dica o começo ou a causa do processo verbal, vindo, com freqüência, combinado
- no tema do presente - com um redobro, que marca a insistência ou a repetição
*
da açao ( verbos iterativos). Ex.: yppà-οκ-ω = envelheço (de γηράω = estou ve­
lho), μηθ-ύ-σκ-ω = embriago (de μηθύ-ω = estar ébrio), δι-δά-σκ-ω = eu ensino
(por lições repetidas).
416 C.UIDA NCDI)A BARATA RARREIRAS HORTA

F) Sufixos - võ -/ -νύ - e - vã-/ -vá - são dotados de alternância quantitativa e


formam verbos atemáticos. Ex.: δείκ-νΰ-μι = eu mostro, indico, δύ-να-μαι = eu
posso (Vide 29Tomo —Item 3. “A Conjugação dos Verbos Atemáticos”).

IV —Sufixos - το/ τα-, -τέο-/ -τέα-. São formadores de adjetivos verbais (vide
Item 28. “Formas Nominais do Verbo” — h) Adjetivos Verbais pág. 333 ). Ex.:
φευκ-τός, -τή, -τόν = que pode fugir (ou ser exilado), φευκ-τέος,-τέα,-τέον = que
deve fugir ou tem de ser exilado (de φεύγειν), τμη-τός, -τή, -τόν = que pode ser
cortado, τμη-τέός, -τέα, -τέον = que deve ou tem de ser cortado (de τέμνειν), τακ
τός, -τή-τόν = que pode ser organizado, τακ-τέος, -τέα, -τέον = que deve ou tem
de ser organizado (de τάττεεν), τα-τός, -ή, -όν = que pode ser estendido, τα-
τέος, -τέα, -τέον = que deve ou tem de ser estendido, (de τείνειν), κ.τ.λ.

V - Sufixos Adverbiais - (Cf. “Advérbios Formados de Adjetivos” - pág. 312).


(Vide: 29 Tomo - Item 7. - “Os Advérbios”).

709 Exercício —
I - Explique a formação vocabular das palavras abaixo:
δ προφήτης - δ' κομήτης - δ υποκριτής - ή μάθησις - ή έμπορία - ή μελω-
δια fj τρα-γψδΙα ■το σώμα ■το διάγραμμα τα χρήματα ό άρχων ( οντος)
ή άπολογία - b οίνος ■ή εισαγγελία ■ή φήμη - ή φιλία το άνθος.
II —Forme um verbo derivado da raiz ou do radical de cada um dos vocábu­
los supra.
III - Explique a composição e a derivação nas seguintes séries de cognatos:
1 — 6 διάβολος ■ή υπερβολή ■το βέλος το σύμβολον ή βολή.
2 — δ άκρόβατος - άβατος, -ον - ή βάσις-τό βήμα - βαδίξειν - ò βαδιστής.
3 — ο δρομεϋς-δ δρομάς (κάμηλος) - δ Ιππόδρομος/ ίπποδρόμος - άπο-
δώράσκω- δ δρασμός- δ δραπετής.

719 Exercício:
I - Distinga ο significado dos vocábulos das séries seguintes, pela análise
morfolôgica de seus elementos formadores:
1- διαφανής - έκφανής ■ Εμφανής - έπιφανής - καταφανής - περιφανής -
προφανής - ύπερφανής.
2 — το στρέμμα - στρέφειν - ή καταστροφή - ή ατρέφις - δ ατροφάλιγξ -
στροφειν - στροφαλίξειν - στρεπτικός (-ή, -όν).

II - Forme dois vocábulos, por prefixação, a partir dos substantivos seguintes


το λοιπόν - ή κεφαλή -b θεός - ή φωνή - ή ώρα - ό θυμός - δ βοϋς-
το δένδρον - το δπλον -το έργον.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 417

111 — Explique a apofonia nos seguintes cognatos, traduzindo-os:


1 — ν ε μ ω -ò νομεύς-δ νόμος-ή νέμεαις-τό νόμισμα - νομίζει#.
2 - δείκνυμι - τό δεί-γμα - ή δίκ η -ο δάκτυλος - δίκαιος - δικάζειν.

729 Exercício:
I —Forme dois substantivos derivados e dois verbos compostos das raizes de:
δίδωμι - τίθημι - δ δήμος - δ ϊππος - ϊ ημι - ϊστημι μένω - ή ζωή
(Raízes verbais: δο/δω - θε/θη - έ/ή - υτα/στη - μεν/μον-/μν-η-)

II Forme parassintéticos a partir dos termos abaixo:


δ νους - το φως - το μέτρον - τό -γράμμα - δ -γάμος - δ πλους - ή φρήν-
δ βίος - δ τόπος - ή ψυχή.

III — Analise as palavras seguintes, quanto à formação vocabular:


οπισθοφύλακες - ώμοβόεια - παραβοηθώ (-έω) - εγγύτερον - μετάφρασις -
συμφονία - ζω-γράφος - βαρβαρόφωνος - ολιγαρχία - πρόπείρα - αναφορά -
δυσπνώ (-έω) - καρποφόρος - πολυτελής - κατά-γειν - εισαγωγή - συμβιώ
(-όω) - αλλόφυλος - κακοϋρ-γος - αποτυ-γχάνειν - ευρύχωρος - αναπεμπάξειν.

739 Exercício:

I - Traduza e explique a formação vocabular do texto abaixo:

IIEPI ΙΠΠΙΚΗΣ
(Κατά Ζενοφώντα)

1 - Επειδή διά τό αυμβήναι ήμίν πολύν χρόνον ‘ίππεύειν οΐόμεθα έμ­


πειροί ιππικής -γε-γενήοθαι,βουλόμεθα καί τοις νεωτέροις τών φίλων δηλώσαι
ή Αν νομίζομεν αυτούς όρθότατα ΐπποις προοφέρεσθαι. Συνέ-γραψε μεν ουν
καί Σιμών περ'ι ιππικής, ος καί τον κατά τό Έλευσίνιον Άθήνησιν ίππον
χαλκούν άνέθηκε και c ν τω βάθρω τά εαυτού f ργα εξετύπω σεν ήμεϊς
γε μεντοι δσοις ουνετύχομεν ταύτά -γνόντες έκείνω, ούκ έξαλείφομεν έκ
τών ήμετέρων, άλλα πολύ ήδιον παραδώ οομεν αύτατοϊς φίλοις. ι'ορίζον­
τες άξιοπιστότεροι είναι, ότι κακεϊνος κατά ταύτά ήμίν έ-γνω ιππικός
ών· καί όσα δή παρέλιπεν, ήμεϊς πειρασόμεθα δηλώσαι.

Πρώτον δε -γράψομεν ώς άν τις ήκιστα έξαπατώτο εν ίππωκείαΤού


μεν τοίνυν έτι άδαμάατου πώλου δήλον ότι τό σώμα δει δοκιμάζειν τής
-γάρ ψυχής ού πάνυ σαφή τεκμήρια παρέχεται ο μήπω αναβαινόμένος ■
418 CUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

IMAGENS DA HÉLADE N° 22 (Texto de Ilustração)

“A DETURPAÇÃO DOS VALO RES HUMANOS P E L A GUERRA


C IV IL ”

(Extraído da' “História da Guerra do Peloponeso” de Tucídides,


III, 81, 4-83,2)

(Tucídides, o eminente mestre da História clássica da Grécia, é senhor


de uma genial inteligência dos fatos históricos, que ele interpreta de ma­
neira objetiva e com profundo senso psicológico, utilizando um método
seguro de análise e de reflexão, que ainda hoje nos causa admiração.

Empolga-nos sua poderosa personalidade de homem político e de his­


toriador, capaz do testemunhar, com sobriedade e precisão, para a poste­
ridade, a grande crise do helcnismo clássico que foi a Guerra do Pelopo­
neso. Dessa crise não foi apenas contemporâneo e observador, mas p arti­
cipou do conflito como estratego, conhecendo o exílio político, cujo amargor sou­
be compensar dedicándo-se, a partir de 424 a.C., ao estudo meticuloso dos fatos his­
tóricos, inclusive dos que precederam a divisão do mundo grego, alinhado com as
duas facções em luta, em busca de uma hegemonia que ambas pretendiam alcançar
para sempre. E trabalhando intensamente nessa pesquisa, para qual se voltara, como
ele próprio o diz, “desde os primeiros sintomas da guerra”, que faziam prever “a
maior crise em que mergulhariam Gregos e Bárbaros, atingindo, por assim dizer, a
maior parte do gênero humano”, Tucídides deixou-nos uma obra prima que, apesar
de inacabada (só abrange os fatos da guerra até o ano 411 a.C.), é o mais perfeito
modelo de pesquisa histórica que a antiguidade nos legou.

O texto que traduzimos adiante faz referência à guerra fratricida


que arrasava Córeira (Corfu) em 427 a.C., fazendo prever, com a bru-
talidude de suas conseqüências, um longo cortejo de desgraças e de de­
gradação moral, que o historiador observa com excepcionais acuidade e
espírito cívico):

“Todas as formas da morte surgiram e, como tal se deu em seme­


lhantes condições, ainda foi pior. Pois tanto o pai matava o filho, quanto
os suplicantes eram arrastados dos santuários e mortos diante deles e
alguns até pereceram emparedados no templo de Dioniso.
OS GREGOS E SEU IDIOMA 419

A tal ponto, de fato, chegaram os excessos de crueldade da guerra


civil — parecendo ainda mais flagrantes porque era uma das primeiras
vezes que aconteciam — que, finalmente, estenderam-se, por assim dizer,
a todo o mundo grego; em cada cidade dividiam-se os partidos, os chefes
democratas querendo chamar os Atenienses, os oligarcas querendo os Lacedemônios.
Em tempos de paz, não teria havido pretexto nem se ousaria mandá-los chamar, mas
já que se estava em guerra, as alianças de ambos os lados, tanto para prejudicar os
adversários, quanto para obter vantagens pessoais, eram um pouco fácil para todos
os que desejavam uma ação revolucionária.

Em conseqüência da revolução, muitos males se abateram so­


bre as cidades, males que existem e sempre existirão, enquanto for a
mesma a natureza humana, mas que são maiores ou menos terríveis, mu­
dando em suas várias formas, segundo sejam as conjunturas históricas.
Em tempos de paz e de prosperidade, estados e simples cidadãos têm me­
lhor disposição de espírito porque não se deparam com necessidades cons­
trangedoras : mas a guerra, arrebatando as facilidades da vida cotidiana,
é um escola de violência e amolda, segundo as circunstâncias, as paixões
da maioria.
Grassava, portanto, a revolução pelas cidades helênicas e as que,
em alguma parte, achavam-se para trás, logo que sabiam do que se passava,
desdobravam-se amplamente em invenções originais, com maquinações su-
per-engenhosas e represálias inéditas. E o sentido habitual das palavras
era trocado, na prática, para justificar as ações. Uma ousadia desenfreada
era considerada coragem e lealdade ao partido, ao passo que a prudência
e a moderação passavam por covardia dissimulada, enquanto a sabedo­
ria era tomada pela máscara da pusilanimidade e a tentativa de compre­
ensão dos fatos era prova de total inércia.
A louca impulsividade era tomada por virilidade, ao passo que a
reflexão comedida era tida por um verossímil pretexto de afastamento
das responsabilidades. Se ps ressentidos sempre mereciam confiança, seus
opositores suscitavam a suspeita. A conspiração bem sucedida era prova
de inteligência e ainda mais habilidade provava quem desvendasse uma
tram a; mas pretender, de antemão, prescindir de tais coisas era dividir
o partido e ser expulso pelos adversários. Simplesmente, afinal, o que
chegasse à frente, nessa corrida para o mal, era tão louvado quanto o que
instigasse a isso quem não tivesse sequer essa intenção.
De fato, o espírito partidário tomou-se mais importante do que os
laços familiares, porque favorecia mais a ousadia inescrupulosa, tais
reuniões em nada sendo úteis ao respeito das leis vigentes, mas sim violan­
do a ordem estabelecida para servir à cupidez individual. As mútuas
420 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

alianças eram fortalecidas, menos pelas leis divinas do que pela ilegali­
dade praticada em comum. As nobres propostas dos adversários só eram
recebidas na defensiva, mesmo quando se estava em situação de superio­
ridade, e nunca generosamente. E ra preferível pagar o mal com o mal
a deixar de sofrê-lo. E as trocaS de juramento só tinham estabilidade momentânea,
já que ambas as partes não podiam fazer de outro modo, por não disporem de apoio
exterior; tão depressa se oferecesse a ocasião, o que primeiro ousasse, ao ver o anta­
gonista desprotegido, achava mais agradável violar o acordo, do que vingar-se a des­
coberto: julgava, assim, garantir a- própria segurança e merecer encômios como um
tributo à sua inteligência em vencer pela fraude. Era preferível, para a maioria, se­
rem chamados, hábeis, quando de fato eram canalhas, a serem considerados ignoran­
tes, quando virtuosos: pois disto se envergonhavam, ao passo que se orgulhavam na
primeira hipótese.

A causa de todos esses males era a aspiração ao poder através da


cupidez e da' ambição e, do estabelecimento dessas rivalidades, com o fito
de vencer, é que provinha o ardor das paixões. De fato, nas cidades, cada
um de seus dirigentes, usando de termos bem escolhidos,. ora exaltava a
igualdade da massa popular perante a lei, ora cantava as glórias do
sábio governo aristocrático, cuidando só em palavras dos interesses do Es­
tado, que eles transformavam em um prêmio a o b te r... E fosse por con­
denação votada injustamente, ou por um golpe de mão que os levasse ao
poder, sempre estavam dispostos à imediata satisfação de seus interesses.

De modo que nenhum dos dois partidos cumpria a lei com devoção,
mas, ao contrário, a altissonância dos discursos, com os quais encobriam
•as ações mais odiosas, conferia-lhes a melhor reputação. Quanto aos par­
tidários do centro eram massacrados por ambas as facções extremistas,
quer por não as apoiarem, quer por não se tolerar que éles pudessem so­
breviver sem sofrer.

Desta maneira, instalou-se a depravação no mundo grego, por força


dos tumultos revolucionários, e o decoro que é, na maior parte das vezes,
o apanágio dos bem-nascidos, submergiu sob as chacotas, enquanto os
antagonismos de idéias, fundadas na desconfiança recíproca, tomaram
a dianteira. Não havia como aplacar os ânimos nem com palavras de peso,
nem com juramentos terríveis, pois todos os mais fortes, prevendo,
calculadamente, a insegurança das garantias de não sofrer, preferiam
prevenir-se, já que não podiam contar com a' lealdade de seus partidários”.

(G. N. B. P. H.)
A N E X O S

I — QUADRO GERAL DA C O N JU G A Ç Ã O DO P A R A D IG M A
T E M Á T IC O V O C Ã L IC O

Verbos Temáticos Vocálicos Não Contratos (Paradigma Xúttv = desatar)


VOZ ATIVA
MODOS INDICATIVO IMPERATIVO SUBJUNTIVO

S. 1 p. Xú-o> — Χύ-ω
2 p. Χύ-e-is X õ -í Xv-ys
3 p. Xv-e-t Xv-é-τω Xv-y
£ £
« -c P. 1 p. λύ-ο-μίϊ' — Χν-ω-μ(Ρ
2 p. Χύ-e-re XO-e-re Xv-y-re
H S
Pí c 3 p. λό-oim (ρ) Χν-ύ-ρτωρ λ ύ -ω -σ ι (ρ)
Ph g
D. 2 p. Χΰ-t-TOP Xv-t-τορ Χν-η-τορ
3 P. Xiye-τορ Xv-i-Tωρ Χν-η-τορ

S. 1 p. Χύ-σω — —

2 p. X ú-<re-is — —
•c 3 p. Xv-at-L — —
Ο 'Λ
pí S
'g P. 1 p. Χύ-σο-μβρ — —
Η α 2 p. Xv-ae-re — —
^ B. 3 p. λύ-σονσ ( l p ) — —
* £

D. 2-3 p. Xv-ae-rop — —

S. 1 p. Xé-Xv-xa — X e- λ ύ - χ ω
2 p. Xé-Xv-xa-s Xé-Xv-xe Xe-Xb-xys
3 p. Xé-Xv-xe Xe-Xv-xi-τω Xe-Xv-xy
P 1
s |
W c P. 1 p. Χβ-Χύ-χα-μ(ρ — Χ(-Χύ-χω-μ(Ρ
D.
cri 2 p. Xe-Xv-xa-re X e -X 6 -x e -T « Xe-Xv-xy-re
W §· 3 p. Xe-Χύ-χα-σι (p) Xe-Xv-χό-ρτωρ Xe-Χΰ-χω-σι (ρ)
Pi £
D. 2 p. Xe-Xv-xa-TOP Xe-Xíhxe-τορ Xe-Χύ-χη-τορ
3 p. Χί-Χύ-χα-τορ Xe-Xv-xé-τωρ Xe-Xv-xy-τορ

S. 1 p. ΐ-Χν-σα — Χν-σω
'θ' 2 p. t-Xv-aa-s Χν-σορ Χύ-cy-s
c
V35 3 p. í-Xv-ae Χυ-σά-τω Xò-cy
o Ί2
m o P. I p. ί-Χν-σα-μ€Ρ — Χν-σω-μίΡ
s* 2 p.
3 p.
è-Xv-aa-re
ί-Χν-σαν
Χν-σα-re
Χν-σά-ρτωρ
XiHry-re
Χΰ-σω-σι. (ρ)
° 1
5 D. 2 p. t-Χυ-σί-τηρ Χύ-σα-τορ Χν-σψτορ
___ g P· , é-Xv-cí-ryp Χυ-σά-τωρ ΧχΗτη-τορ
422 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Verbos Temáticos Vocálicos Não Contratos (Paradigma Xíxlv)


VOZ ATIVA

MODO OPTATIVO INFINITIVO S PA RTICÍPIOS

S. 1 p. λύ-οι-jui Μ —Χν-ωρ
2 p. X6-oi-s Xv-optos
H 3 p. Xú-oi Xb-tip
H
£ F —XO-owa
H P. 1 p. Χύ-οι-μερ
co Χυ-ούση$
H 2 p. Xb-oi-re

Oh 3 p. Xb-Oi-tP
Ν —Χν-ορ
D. 2-3 p. Χν-οί-τηρ Xv-optos

S. 1 p. Xb-σοι-μι Μ —Χν-σωρ
2 p. Xb-σοι-ς Χύ-σορτοί
3 p. Χύ-σοί Xb-aetp
FUTURO

F —Xb-σουσα
P. 1 p. Xb-σοι-μίΡ
Xv-aoíxxTjs
2 p. λύ-σοι-re
3 p. Χΰ-σοι-tv
Ν —Χν-σορ
D. 2-3 p. Χυ-σοί-την Χΰ-σορτος
• S. 1 p. Xe-Xv-χοι,-μι Μ —Xe-Xv-xíús
2 p. Xe-Xb-xoi-s Xe-Xv-xóros
O 3 p. Xt-XÍ-KOL Xe-Xv-xépou
H
W F —Xe-Χυ-χύία
P. 1 p. λε-λύ-χοι-μει»
3 Xe-Xv-xvías
tq 2 P. Xe-Xb-xcn-re
Ph 3 p. Xe-Xb-xoL-ep
Ν —Xe-Xv-xós
D. 2-3 p. Xf-Χμ-χοί-την Xe-Xv-xóros

S. 1 p. Χΰ-σαι-μι. M —Xb-aas
' 2 p. λίκται-s Xb-aapros
O 3 p. λύ-σαι Χΰ-σαι
H
CO1
1— F —Χύ-σασα
Pí P. 1 p. λύ-σαι-μβΐ'
o Χν-σάσης
<< 2 p. λύ-σαι-ré
3 p. Xb-acu-tp
Ν —Χν-σαρ
D. 2-3 p. Χυ-σαί-την Xb-σαρτος
OS GREGOS E SEU IDIOMA 423

Verbos Temáticos Vocálicos Não Contratos (Paradigma Xveiv)


VOZ ATIVA
MODO INDICATIVO ATIVO PRETÉRITO MAIS QUE
IM PERFEITO PERFEITO
Q S. 1 p. e-Xv-o-v ê-Xe-Xv-xèi-v (·χψ )
£ 2 p. e-Xv-e-s t-Xe-Xv-xei-s (-χηϊ)
O 3 p. e-Xv-e è-Xe-Xv-xel (-χη)
w
co P. 1 p. è-Χΰ-ο-μβν é-Xe-XÍH*e(t)-μβν
m 2 p. é-Xú-e-re é-Xe-Xú-xe(t)-re
O
Oh 3 p. t-Xv-ov è-Xe-Xv-xe-σαν
§
w
H D. 2-3 é-Χυ-ί-την è-Xe-Xv-xeí-rriv

Verbos Temáticos Vocálicos Não Contratos (Paradigma Xvecv)


VOZES M ÉDIA E PASSIVA
MODOS INDICATIVO IMPERATIVO SUBJUNTIVO

ai S. 1 p. Χΰ-ο-μαι — Χύ-ω-μαί
Ifl
< 2 p. Xú-ei(fl) Xv-ov Xv-V
Ph Χν-η-ται
Q 3 p. Xú-e-τ α ι Xv-é-σθω
>—< T . 1 p. Χυ-ό-μβθα — Χυ-ώ-μβθα
Q
Ή 2 p. Χύ-β-σθβ Xv-e-σϋί Χν-η-σθ6
3 p. Χύ-ο-νται Xv-t-σθων Χΰ-ω-νται
co
D. 2 p. Χύ-6-σθον Xíi-e-σθον Χίι-η-σθον
% 3 P. Xv-t-σθον Xv-é-σθων Χΰ-ν-σθον

o S. 1 p. Χν-σο-μαι MODO INDICATIVO


t—1 2 p. Χύ-σβι{ση) Pret. Imperf. Pret. Mais Que
O
3 p. Χν-σ^-ται M.-Pass. Perf. M.-Pass.
P. 1 p. Χυ-σό-μβΟα
o 2 p. Χίι-σβ-σθ( S. 1 p. è-Χυ-ό-μην èrXe-Xv-μην
£-1 3 P- Xv-ao-vrcu 9Z ΤΛ è-Xé-Xv-σο
p.
p D. 2 p. Χΰ-σβ-σθον
Ph
3 P. Χΰ-σ(-σθον 3 p. è-Xv-e-το e-Xé-Χυ-το
o S. 1 p. Χυ-θήσο-μαί
>
HH 2 p. Χυ-βήσιο (et) Ρ. 1 p. ί-Χυ-ό-μβθα ΐ-Χ(-Χΰ-μ(θ a
m 3 p. Χυ-θήσβ-τοα 9z Τ Λ è-Xv-e-ptie
p. ί-Χέ-Χυ-σθβ
P. 1 p. Χυ-θησύ-μβθα
o 2 p. Χυ-Οήσe-crde 3 p. è-Χν-ο-ντο è-Xé-Χυ-ντο
Ph
p 3 p. Χυ-θήσο-νται
H è-Xe-Χύ-σθην
p D. 2 p. Χν-θήσε-σΰον D. 2-3 p. è-Xv-é-σθην
Ph 3 p. Χυ-θήσε-σθον
424 ÜUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Verbos Temáticos Vocálicos Não Contratos (Paradigma Xveip)


VOZES M ÉDIA E PASSIVA

MODOS INDICATIVO IM PERAT. SUBJUNTIVO

O S. 1 p. Xé-Χυ-μαί — f ώ
>
P—1 2 p. λέ-λυ-σαί Χέ-Χυ-σο ΧβΧνμépos, -η, -op 4 ys
CG
CO 3 p. Xé-Xv-raL Xt-Χύ-σθω l fl
<
PU,
O
HH P. 1 p. Xe-Χύ-μβθα — í ωμεν
Q 2 p. Xé-Χυ-σθί Xé-Xv-aDe ΧίΧνμίροι, -tu, -a < yre
s 3 J>. Χέ-Χν-νται Xe-Xv-σϋω p l ώσι(p)
psj
Ph D. 2 p. Χέ-Χυ-σ£θΡ Xé-Xv-σϋορ ΧβΧνμίρω, -a, -ω ητορ
Ph 3 p. Xé-Xv-σθορ Xe-Xv-σθωρ ΧίΧυμέρω, -a, -ω ητορ

S. 1 p. Xe-Χύ-σο-μ αι
Ph
O 2 p. Xe-Xv-ay (-σβι)
s 3 p. Xe-Xv-ae-Tcu N.B. — 0 futuro anterior (ou futuro
H perfeito) do indicativo também pode
H
Z ser perifrástico:
< P. 1 p.. Χβ-Χυ-σό-μ(θ a
O 2 p. Xe-Xú-ae-<r6e Xf-Xv-xáis, Xe-Xv-xvla, Xe-Xv-xòs ίσομαι
Ph
& 3 p. Xe-Xv-ao-praL χ.τ.Χ.
H
.
Ph
D. 2-3 Xe-Xv-ae-σθοΡ

MODO OPTATIVO IN FIN IT . PA RTIClPIOS

O S. 1 p. Χυ-οί-μηρ M —Χν-ό-μίΡος
>
HH 2 p. Xv-ol-o Χν-ο-μέρον
CO
CO 3 p. Xv-ot-ro Χχκ-σθαι
c
Ph
O P. 1 p. Χν-οί-μ(Θa F — Χν-ο-μέρη
5 2 p. Xú-oi-aüe Χυ-ο-μέρης
Ή
s 3 p. Χύ-οί-ρτο
CO N — Xv-b-μίΡθΡ
H
Ph D. 2-3 p. Χν-οί-σϋηρ Χν-ο-μΐρον
Pu
OS UKEOOS E SEU IDIOMA 425

Verbos Temáticos Vocálicos Não Contratos (Paradigma Xéeic)


VOZES M ÉDIA E PASSIVA

MODO OPTATIVO IN FIN IT . PA RTIClPIO S

O S. 1 p. Χυ-σοί-μηρ Μ — Χυ-σό-μερος
Q 2 p. Χύ-σοί-ο Χυ-σο-μέρον
« 3 p. Χν-σοί-το Χύ-σε-σθαί
F — Χυ-σο-μέρη
O P. 1 p. Χυ-σοί-μεθ a Χν-σο-μέρης
Dh 2 p. λό-σοι-σβί
h->
H 3 p. Χύ-σοι-ρτο Ν — Χυ-σό-μερορ
íü
Χν-σο-μίρου
D. 2-3 p. Χν-σοί-σθηρ

C S. 1 p. Χυ~6η-σοί-μηρ Μ — Χυ-θησό-μ(Ρθ$
2 p. Χυ-θή-σοί-ο Χυ-θησο-μίρου
tz:
CO 3 p. Χυ-θή-σοι-το Χυ-θήσε-σίαα
'C
C-l F — Xv-C-ησο-μέρη
P. 1 p. Χυ-θησοί-μεβ α Χυ-βησο-μέρης
0
tó 2p. Χυ-θήσοί-σθε
P 3 p. Χν-6ήσοί-ντο Ν — Χυ-θησό-μβρορ
H
P D. 2-3 p. Χυ-Οησοί-σθηρ Χν-θησο-μερον
P

oá Μ — Χε-Χν-σό-μερος
o S. 1 p. Χε-Χυ-σοί-μηρ
tf 2 p. Χε-Χύ-σοί-ο Χε-Χυ-σο-μερου
w Χε-Χύ-σοί-το Χε-Χύ-σε-σϋ cu
H 3 P-
Z F — Χε-Χν-σο-μερη
■< P. 1 p. ΧετΧυ-σοί-μώ α Χε-Χυ-σο-μέρης
O 2 p. Χε-Χύ-σοι-σΰε
D 3 P- Χε-Χύ-σοι-ρτο Ν — Χε-Χυ-σό-μερορ
Eh
& D. 2-3 p. Χε-Χυ-σο-μέρου
Χε-Χυ-σοί-σϋηρ

CO S. 1 p. Χε-Χυ-μέρος, -η, -ορ ίεΐηρ Μ — Χε-Χν-μέρος


CO
<J 2 p. Χε-Χν-μέρος, -η, -ορ β’ίης Χε-Χν-μέpov
P
ó>—1 3 p. Χε-Χυ-μέρος, -η, -
ο ρ [έίη Xe-Χύ-σΟ αι
Q F — Χε-Χν-μέρη
P. 1 p. Χε-Χυ-μένοι, -αι, -α ίεΐμερ Χε-Χυ-μέρηϊ
‘rH
< 2 p. Χε-Χυ-μέροι, -αι, -α jííre
&H* 3 p. Χε-Χυ-μέροι, -αι, -α \elep Ν — Χε-Χυ-μέρορ
tf
H D. 2-3 p. Χε-Χυ-μέρου
P Χε-Χυ-μέρω, -α, -ω εΐτηρ
426 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Verbos Temáticos Vocálicos Não Contratos (Paradigma Xíklp)

MODOS INDICATIVO IMPERATIVO SUBJUNTIVO

S. 1 p. έ-Χυ-σά-μηρ Χύ-σω-μαι
AORISTO MÉDIO

2 p. e-Χύ-σω (-σασο) Χϋ-σαί Χύ-σχι


3 p. έ-λύ-σα-το Χυ-σά-σθω Χύ-ση-ται
P. 1 p. έ-Χυ-σά-μεθα Χυ-σώ-μεΰ α
2 p. έ-Χύ-σα-σθε Χύ-σα-σθε Χύ-ση- ~0ε
3 p. ε-Χύ-σα-ντο Χυ-σά-σθων Χύ-σω-ρται
P. 2 p. ε-Χυ-σά-σθηρ Χύ-σα-σθον Χύ-ση-σθορ
3 p. ε-Χυ-σά-σβηρ Χυ-σά-σθωρ Χύ-ση-σθορ
S. 1 p .' έ-Χύ-θη-ρ Χν-βώ (-θήω)
AORISTO PASSIVO

2 p. έ-Χύ-θη-s Χύ-θψτι Xv-dfjs (-θήxis)


3 p. ε-Χύ-θη Χυ-θή-τω Χυ-θχι {-ϋήχΐ)
P. 1 p. ε-Χύ-θη-μερ Χν-θώ-μερ (-θήωμερ)
2 p. έ-Χύ-θη-τε Χύ-θη-re Χν-θή-τε (-Οήητε)
3 p. έ-Χύ-θη-σαρ Χυ-θέ-ρτωρ Χν-θώ-σί(ρ) (-Οηωσή
D. 2 p. έ-Χυ-θή-τηρ Χν-θη-τον Χν-θή-τορ (θήητορ)
3 p. ε-Χυ-θή-τηρ Χυ-θή-τωρ Χυ-θη-τορ (-θήητορ)

MODO OPTATIVO INFINITIVO S PARTICÍPIOS

S. 1 p. Χυ-σαί-μηρ Μ- Χύ-σά-μένος
AORISTO MÉDIO

2 p. λύ-σαι-ο λυ-σα-μένου
3 p. λύ-σαι-το Χύ-σα-σϋαι
F — λυ-οα-μένη
P. 1 p. Χυ-σαί-μεθα
Χυσα-μένης
2 p. \ύ-σαί-σθ ε
3 p. Χΰ-σ αι-ντο
Ν — λυ-σά-μενον
D. 2-3 p. Χυ-σαί-σθηρ Χυ σα μένου
AORISTO PASSIVO

S. 1 p. Χυ-θε-ίη-ρ Μ — Χυ-θείς
2 p.- Χυ-θε-ίη-s Χυ-βέ-ρτ-os
3p. Χυ-θε-ίη Χυ-θή-ραι
F — Χυ-θε-Ζ-σα
P. 1 p. Χυ-θε-ϊ-μερ
Χν-θε-ί-σης
2 p. Χυ-θε-Ζ-τε
3 p. Χυ-θε-Ζ-ερ
Ν — Χυ-θε-ρ
D. 2-3 p. Χυ-θε-ί-τηρ Χν-θέ-ρτος
ANEXO II

A S PREPOSIÇÕES E OS CASOS

1 — PREPOSIÇÕES DE UM SÓ CASO

I — Com acusativo II — Com genitivo 111 — Com dativo


Ά ν ά — de baixo para Α ν τ ί — em frente a, em Έι> — em, sobre (sem
cima lugar de, em oposição movimento), durante,
Eíj, ès — em ou sobre, a, contra (sentido tem poral),
dentro de, dentre.
em vista de, para com, Ά π ό — longe de, a par­
contra, para, em di­ tir de (afastando-se), Συν, ζνν — com a ajuda
reção a (com movi­ desde. de (raramente: em
mento) ’Ev, — fora de companhia de, com).
'fis — em direção a (só ITpó ·— antes, diante de,
com nomes de pessoas) em favor de, para, na
para, para junto de frente de.
2 — PREPOSIÇÕES DE DOIS CASOS

ACUSATIVO E GENITIVO

Δ ιά

Acusai ivo — graças a, por cimsa de Genitivo — através de, durante,


por meio de.

Κ ατά

Acusativo — descendo de, na exten­ Genitivo — do alto de, descendo


são de, conforme a, se­ de, sob, contra.
gundo, sentido distribu-
tivo (com numerais)

M erá (em poesia também vem com dativo


= no meio de)
Acusativo — depois. Genitivo —com, entre, em companhia de.

'Υ π έρ

Acusativo — alóm de, acima de (sen­ Genitivo — por, no interesse de, a


tido figurado),para lá de. respeito de, em favor de.
428 C uida nkiida ιιλκατα parkk .ika s horta

3 — PREPOSIÇÕES QUÈ REGEM OS T R fíS CASOS

ACUSATIVO GENITIVO D ATI VO

Έ τrí

Acus. — sobre (com movi­ Geri. —» para, na di­ Dat. — sobre (sem
mento), para cima reção de, em movimento), por,
de, contra, em di­ presença de, à em vista de, de­
reção a, por (sent. vista de, na pois, por causa
temporal), em vis­ época de. de, com a con­
ta de, ao encontro de. dição de.

Παρά

Acus.,— para junto de, para Gen. — de junto de, Dat. — (de) junto de,
a casa de, entre da parte de, ao lado de, en­
(com movimento) ao 3ara longe. tre (latim apud).
longo de, durante,
passando de lado,
contrariamente, em
comparação com.

nepí, άμφί

Acus. -— em redor de, em Gen. — sobre, a res­ Dat. — em tomo ou


tomo de, cerca de peito de, com ao redor de.
(com numerais), por relação a.
volta de, cerca de
(tempo).

Πρ05

Acus. — parã, contra, com Gen. — do lado de, Dat. — perto de, ao
referência a, para da parte de, lado de (sem mo­
com, em vista de, em nome de. vim ento), além
em comparação com, de.
por volta de (sen­
tido temporal).
OS GREGOS E SEU IDIOMA 420

3 ■ PREPOSIÇÕ ES QUE REGEM OS TR Ê S CASOS

ACUSATTVO GENITIVO D ATI VO

’ Υπό

Acue. — sob (com movimen­ Gen. — sob (sem mo­ Dat. — sob, debaixo
to), para baixo dc. vimento), por de (sem movi­
efeito de, por mento), sob o
[agente da pas­ domínio de, por
siva), sob a in­ volta de (sen­
fluência de. tido temporal).

749 Exercício:
I — Explique o valor das preposições vas jrases abaixo:
1 — Aéyercu ttερί τής μάχης καί άμφί τής νίκης.
2 — Β α δ ίζο μ ε irtpi το όρος καί πορευόμεΟα έπί τούς πολεμίους.
3 — Κείμενος επί τή -γη ò νεανίας καθεύδει.
4 — 'Ο Βασιλεύς άνέβη εφ’ Ιππον καί ώς ημάς ήλΟεν.
5 — Α π ' εκείνου τού χρόνον οί σ τρ α τιώ τα ι έπολέμουν.
6 — Babe έπί τον πατέρα και πρόοφερε αύτώ το λώρον.
7 — Οί ιρονεις εκ τής πόλεως έφευχον.
8 — Έ ν τή τρ ίτη ήμερα ένικώμεν μακρά ανδρεία καί συν θεοίς.
9 — Υ π έ ρ τον ποταμόν όρώμεν την με"γάλην πόλιν καί οικουμένην.
10 — Παρά π ά ντα τον βίον ενδαίμονες ήσαν.

759 Exercido:
Explique ο emprego das preposições, nos complementos e nos compostos por
prefixação do exercício n° 7.?.
430 G U I!)Λ NEDDA BARATA R A K K K IK A S ΙΙΟ Κ Τ Λ

AS 1> R E I O S I Ç ü E S
OS GREGOS E SEU IDIOMA 431
432 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA
OS GREGOS E SEU IDIOMA 433
434 GUIDA NEDDA ΒΛΚΑΤΛ PARREIRAS HORTA
ANEXO III

BIBLIOGRAFIA DA PRIMEIRA PARTE - (Introdução)

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OS GREGOS E SEU IDIOMA 437

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438 G U ID A N E D D A .B A R A T A P A R R E IR A S HORTA

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ZAF1RÓPOULO, J. - Histoire de la Grèce à l' Age du Bronze Paris, Les Belles Lettres, 1964.

N.B. Esta bibliografia não tem a menor pretensão de abarear todas as obras essenciais rela­
cionadas com o estudo da cultura helênica, apresentado de forma parcial sumária em nossa
Introdução e nas “Imagens da Héladc”, mas tão somente visa a indicar algumas das mais signifi­
cativas, a fim de que o aspirante a hclenista possa ser orientado, com segurança, para pesquisas
subsequentes, mais extensas e aprofundadas.
Deixamos de enumerar aqui, por desnecessário, todas as obras já citadas no corpo do traba­
lho (em pé-de-página ou nas “Imagens da Hélade” ), advertindo, porém, que muitas delas con­
têm ampla bibliografia especializada, versando os variados assuntos abordados no desenvolvi­
mento da matéria deste livro.
A bibliografia cspecificamente linguística, versando os vários estágios e as características
dialetais do idioma grego, encontra-se relacionada no fim do 2o. Tomo deste livro.
A N EX O IV

VOCABULÁRIO PORTUGUÈS-GREGO
Πορτογαλικόν - Ελληνικόν Λεξικόν*

A ação (militar) — μάχη, -ης (ή), συμβολή


-ής (ή), στρατόπεδον, -ου (το)
abandonar - λείπειν, Ιιποοτατείν (-έω), ação (judicial) —-γραφή, -ής (ή), δίκη,
καταλείπειν -τ?ς (ή)
abater — καταβάλλει ν, τέμνειν achar (encontrar) - εύρίσκειν (ν. irreg.)
abatimento, fraqueza - άσθένεια, ας achar (pensar) —νομίξειρ
(ή), Αδυναμία, -ας (ή), Αρρώστια, acorrer (a um lugar) - έπιδημείν (-έω)
-a? W) Acrópole (cidadela) —Άκρόπολις, -εως
abelha —μέλιττα, -ης (ή) (ή)
àbismo - χάαμα, -ατος (το), βάραθρον, adivinhação - μαντεία, -ας (ή)
-ου (το), άβυσσος, -ου (ή) adivinhar —μαντεύεσθαι, κατΟμαντεύ-
abrigo —σκέπη, -ης (ή ) εσθαι
ao abrigo de - év σκέπη (gen.) adivinho (subst.) -μάντις,-εως (ô)
abundância — ευπορία, -ας (ή), Αφθο­ administrador - ταμίας, -συ (ί>), διοικη­
νία, -ας (ή) τής, -εν (δ)
abundante — άφθονος, -ον, εύπορος, administrar - διοικειν (-έω), παρέχειν
■ον (gen.) (ν. irreg.)
abundantemente —Αφθόνως, άδην admiração (objeto de admiração) —θαύ­
abundar (ser eioqüente) — εύπορειν μα, -ατος (τό)
(•έω) admirar - θαυμάζειν
abundar (existir ou ter abundantemen­ admirável - θαυμάσιος, -ã, -ον, θαυμασ­
te) -άφθόνω ς ίχειν τός, -ή, -όν
acabado, -a, perfeito, -a - τέλειος, -a, admiravelmente —θαυμασίως, θαυμασ­
-ov τούς
acabamento —τελείω σις, -εως (ή) adolescência - έφηβία, -ας (ή)
acabar -**άνύτειν, Αποτελεί ν (-έω) adolescente —έφηβος,-ου (Ò)
ação (dramática) - μύθος, -ου (ò) aedo (cantor) - άοιδός, -οϋ (ό), $δων,
ação (obra) - ίργον, ου (τό), πράξις, -οντος (d )
-εως (ή) afastamento —διάστοχης, -εως (ή)
ação (energia) - i νέρηεια, -ας (ή) afastar - Απείρ-γειν, άναβάλλεσθαι

Ν.Β. Os verbos atemáticos (ν. atem.), os verbos irregulares (v. irreg.) e as palavras invariá­
veis (inv.) estão estudados no 2? Tomo.
440 G U ID A NEDDA BARATA P A R R E IR A S HORTA

afastar-se —αφιστάναι (v. atem.) ajudar (ir em socorro) - βοηθείν (-έω)


afeição (amizade) - φιλία, -ας (ή) Alcebíades —Αλκιβιάδης, -ου (ό)
afeiçoar-se — άγαπάν (-άω), σπουδά­ aldeia — δήμος, -ου (ò), κώμη,-ης ( ή )
ζειν alegrar- (se) - χαίρειν, χαψίξεσθαι
afim (adj.) - όμοιος, -ã, -ov alegre - ιλαρός, -ά, -όν, φαιδρός, -ό,
a fim de que —Iva (+ subj.), ώ ς (ώστε) -όν, πρόθυμος, -ον
(inf.), όπως (fut.) alegremente —ϊλαρώς, προθύμως
a fim de que . . . não —I v a ........ μή alegria —χαρά, -άς (ή), ευφρόσυνη, -ης
afinidade - hvaXoyía, -ας (ή), συμφω­ «)
νία, -ας (ή) Alexandre — Αλέξανδρος, -ου (ό )
afirmação —κατάφασις, -εως (ή) alguém, algum, -a, algo - τις, τι (en-
afirmar - ίοχυρίξεσθαι, φάναι (ν. atem.) clít.), όστις, ήτις, ότι
Afrodite (deusa) - 'Αφροδίτη, -ης (ή ) aliado (confederado) —σύμμαχος, -ον
afrontar (enfrentar) — παραβάλλειν, aliado (amigo, parente) — κηδεστης,
σκέπτειν (ν. irreg.) -ού (ò)
afrontar (ofender) — βλάπτειν, προσ aliança (pacto) - συμμαχία, -ας (ή)
κρούειν aliança (anel) - δακτύλιος, -ου (ò)
afrouxar —χαλάν (-άω) aliança (união) — κοινωνία, -ας (ή),
ágil (destro, -a) — ελαφρός, -ά,-όν, τα­ κηδεία, -ας (ή)
χύς, -εία, -ύ aliar-se - κηδεύειν (dat.)
agilmente - ελαφρώς, ταχέως alimentar —τρέφειν
agir (comportar-se) - (έαυτόν) παρέ­ alimentar-se —οιτείοθαι (-έομαι)
χ ε ι (acus.) (ν. irreg.) alimento (subst.) — βρώμα, -ατος (τό),
agir (fazer) —πράττει f, ποιεί ν (-έω) τροφή, -ής (τ>), σίτησις, -εως (ή)
agora (adv.) —νυν (inv.) alma (espírito) - ψυχή, -ής (ή)
ainda agora, hoje —έτι και νύν alma (íntimo) —θυμός, -ού (δ)
agradar - ίρέσκειν, χαρίξεσθαι altar - βωμός, -ού (ό)
agradável — τερπνός, ή, όν, ήδύς, εία, alto, -a —ύψηλός, -ή, -όν
-ύ alto- mar —πέλαγος, -ους (τό)
agradavelmente — ήδέως, τερπνώς, aluno, -a — μαθητής, -οϋ (ό), μαθήτρια,
χαριέντως -ας (ή)
agrícola —γεωργικός, -ή, -όν amanhã (adv.) —αύρων
agricultor —γεωργός, οϋ (ό) amar - άγαπάν (-άω), φιλείν (-έω)
agricultura —-γεωργία, -ας (ή ) amarelo, -a —ξα ν θ ό ς, -ή, -όν
água - ύδωρ, ϋδατος (το) ambição — φιλοτιμία, -ας (ή), έπιθυμία,
água da fonte - ϋδωρ πτγγώον, -ου -α«:(τ?)
água da chuva - ύδωρ όμβρων, ου ambicionar — ζηλούν (-άω), έπιθυμείν
água do mar —ΰδωρ θαλάσσων, -ου (-έω)
ai! (inteij.) - οιμοι, φευ amigo, -a - φίλος, -ου (6), φίλος, -η, -ον
ainda —έτι (inv.) amizade —φιλία, -ας (ή)
ajudante — σύνεργός,-ού (ό, ή) amizade (fraternal) — φιλαδελφία, -ας
ajudar - ώφελείν (-έω) (ή)
441
OS GREGOS E SEU IDIOMA

amor (físico) - Έρως, Έρωτος (ó) ardente (em chamas) — Έμπυρος, -ov,
amor (espiritual) -ά γά π τί, -f)< (ή) διάπυρος, -ov
Anaxágoras —'Αναξαγόρας, -ον (ó) ardil (trapaça) - δόλος, -ου (ò), τέχνη,
ancestral —πρόγονος, -ου (ό) -ης (ή)
andorinha - χελιδών, -όνος (ή ) ardor (calor) —καύμα, -ατος (το)
anel (de cabelos) - βόστρυχος, -ου (ό) ardor (entusiasmo) - όρμή, ής(ή),σπου
anel (jóia) —δακτύλιος, -ου (ò) δ ή ,% (ή)
ânfora (vaso) —άμφορεύς, -έως (ô) com calor —προθύμως
Aníbal —Αννίβας, -a (ó) árduo, -a (escarpado, -a) —χαλεπός, -ή,
animal selvagem, fera - θήρ, θηρός (ô) -όν, υψηλός, -ή, -όν
animal (ser vivo) —ξφον, -ου (το) árduo, -a (penoso, -a) —έτάπονος, -ον
animar (estimular) - παροξύ εεν trabalho árduo - πόνος, -ου (ό), κά­
ânimo (coragem) — θυμός, -ού (ό), ματος. -ου (ό )
άρετή, -ής (ή) argênteo, -a —αργυρούς, -ά, -σύν
ano (idade) —Έτος, -ους (το) Ariadna (fig. mitol.) - Αριάδνη, -ης (ή)
antes (adv.), anteriormente —πρότερον, arisco, -a - δειλός, -ή, -όν
πριν arma - όπλον, -ου (τ'ό)
antes de (prep.) —πρό (gen.) sem arma —άνοπλος, -ον
antigo, -a —παλαιός, -ά,-όν armar (-se) - όπλίξειν, Έξοπλίζειν
anunciar —άπαγγέλειν armas (estar em armas) —έν τοϊς δπλοις
anunciar, proclamar — απαγγέλλειν, είναι
κηρύττειν armada (força militar, exército) - στρα­
aplaudir —προτείν (-έω) τιά, -άς (ή), στρατός, -ού (ό), στρά­
Apoio (deus) —Απόλλων, -ονος (ό) τευμα, -ατος (το)
apologia (defesa) —άπολογία, -ας (ή) arqueiro (flecheiro) - τοξότης, -ου (ό)
após (prep.) - μετά (gen.) arrancar - άποσπάν (-άω)
apréender (compreender) - γιγνώσκειν arte (arabesco, técnica) —τέχνη, -ης (ή)
aprender (tomar conhecimento) - πυν- Artemisa (deusa) - “Αρτεμις, -εως (ή)
θάνεσθαι artista, artífice - τεχνίτης, -ου (ό)
aprender (instruir-se) —μανθάνειν árvore - δένδρον, -ου (το)
aproximar (-se) - πλησιάξειν, προσιέναι Asclepíades (gentílico ) - Ασκληπιό-
(προσέρχομαι) (v. irreg.) δης, -ου (ό)
aquele, aquela, aquilo - è κείνος, -η, -o Asclépio ( Esculápio, deus) —Άσκή­
Aqueronte (rio infernal) — Άχέρω ν, πιός, -ού (ό)
-οντος (ò) áspero, -a (difícil) - χαλεπός, -ή, -όν
aqui (adv.) —ενθάδε
assaltante - επιχειρητής, -ού (ό)
Aquiles - Άχιλλεύς, -έως (ò )
Arcádio (da Arcádia) — Αρκάς, -άδος assaltar (atacar) - τειχομαχείν (-έω),
(ò)
επιχειρείν (-έω), έ φόρμαν (-άω)
arcaico, -a —άρχαίος, -ã, -ov (dat.)
arcaísmo —αρχαϊσμός, -ού (ό) assalto (ataque) - προσβολή, -ής (ή),
arco - τόξος, -ου (ò) έφόρμησις, -εως (ή)
442 OUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

assalto (na esgrima) —άμιλλα, -ης (ή) atento, -a - προσεκτικός, -ή, -όν
assassinar - φονεήειν, κόπτειν estar atento,-a —Ατενίξειν
assassinato —φόνος, -συ (ò ), άνδροφονία, Ática (região) - 'Αττική, -ής (ή)
(ή) ático, -a (adj.) —Αττικός, -ή, -όν
assassino, -a - φονεύς, -έως (ό), άνδρο- atingir (golpear) —κόπτειν
φόνος, -ου (ό), οφαγεύς, -έως (ό) ativamente —σπουδαίως
assediar (uma cidade) — πολωρκείν atividade (dedicação a) — σπουδή, -ής
(-éco), συνεδρεύειν (ή), ένέργεια, -ας (ή)
assédio (cerco) —πολιορκία, -ας (ή) ativo, -a — ένεργός, -όν, πρακτικός,
assembléia - έκκληοία, -ας (ή) -ή, -όν, σπουδαίος, -ά, -ον
assim (adv.) - ούτως, ώδε, τήδε atleta - Αθλητής, -ού (ό)
assim (dessa maneira) — τόνδε τον τρό­ cavalo de corrida — Αθλητής ίππος
πον, τούτον τον τρόπον atlético, -a —Αθλητικός, -ή, -όν
assombrar —έκπλήττειν, θαυμάξειν, atmosfera, ar - Αήρ, Αέρος (ό), περιέ-
θαυματουργείν (-έω) χων, -οντος (ό) (subent. Αήρ)
assombrar-se —έ κπλήττεσθαι átomo (indivisível) —άτομος, -ου (ό)
assombro (subst.) —θαύμα, -ατος (το) ator - υποκριτής, -ού (ό)
assombrosamente —θαυμαστώ ς atrás - όπισθεν
assombroso, -a - θαυμάσιος,-ον,θαυμασ­ através (de) — διά (gen.)
τός, -ή, -όν audácia — τόλμα, -ης (ή), θάρσος, ους
assunto (motivo, causa) - αιτία, -ας (ή) (το)
assunto (tema) - ύπόθεσις, -εως (ή) audaciosamente — τολμηρώς, θραοίως
astro —αοτρον, ου (τό) audacioso, -a - τολμηρός, -ά, -όν
astúcia, velhacaria - δόλος, -ου (ό ),πα­ aumentar - αϋξειν
νουργία, -ας (ή), μηχανή, -ής (ή) aumento (subst.) - αύξησις, -εως (ή)
sem astúcia —άδολος, -ον aúreo, -a - χρυσούς, -ή, οϋν
astuciosamente — δολίως, πανούργους auriga, cocheiro - ηνίοχος, -ου(ό)
astucioso, -a astuto, - a —δολερός, -á, aurora - έω ς, έω (ή)
-όν, δόλιος,-ον, πανούργος, -ον cor da aurora —κρόκινος, -η, -ον
atacar (tomar) —καταλαμβάνεw autor, -a (causador, -a) - αίτιος,-ã, -ον
ataque (assalto) - προσβολή, -ής (ή), autor (criador) — ποιητής, -ού (ò), σνγ-
όρμή, -ής (ή), έφόρμηοις,^ -εως (ή) γραφεύς, -έως (ό), πλάστης, -ου (ό)
Atena (deusa) - Άθηνά, -άς (ή) auxiliar (verbo) - ώφελείν (-έω)
Atenas (cidade) —Άθήναι, -ών (αί ) auxiliar (subst.) — συνεργός, -ού (ό , ή),
de Atenas —Άθήνηθεν (abl.) υπουργός, -ού (Α, ή)
em Atenas - Άθήνησι (p) (loc.) auxilio - βοήθεια, -ας (ή).
para Atenas - Άθήναξε (acus.) avançar (marchar) — πορεύεσθαι, προ-
atenção - προσοχή, -ής (ή), έπιμέ- χωρείν (-έω), προάγειν
λεια, -ας (ή) avanço (progresso, adiantamento) —
atencioso, -a —άτενής, -ές προκοπή, -ής (ή )
ateniense - Αθηναίος, -ά, -ον ave - δρνις, ιθος (ή)
atentamente — άτενώς,προσεκτικώς aveia - βρόμος (βρώμος), -ου (ό)
OS GREGOS E SEU IDIOMA 443

aversáo (ódio) - μίσος, -ους (τό) bater (vencer) - νικάν (-άω), κρατειν
azeite - έλαιον, -ου (τό) (-έω)
azeitona - é Χαία, -ας (ή ) bater-se - διαμάχομαι
azul (subst.) - κυανός, -ού (ό) beber - πίνειν
azul (adj.) - κυάνεος, -ã, -ον bebida (subst.) - πάτος, -ου (ό)
amor à bebida - φιλοποοία, -ας (ή)
Β
beijar - φιλειν (-έω)
beijo (subst.) —φίλημα, -ατος (τό)
baile, dança - χορός, -ού (ό)
Belerofonte - Βελλεροφόντης, -ου (ό)
baixar, descer - καταβαίνειν, καταβι-
beleza, boniteza — καλλόνη, -ης (ή),
βάξειν
καλλοσύνη, -ης (ή)
balança (subst.) - ξιτγός, -ού (ό),τρυ-
bélico —πολεμικός, -ή, -όν
τάνη, -ης (ή)
belicosamente —πολεμικώς
fiel da balança —£ιιγός, -ού (ô), firyd,
belicoso, -a — φιλοπόλεμος, -ον, άρειος,
-ών (τα)
-ά(-ος), -ον
braços da balança — τ ά λ α ν τ α , -o jv
belo, -a bonito, -a —καλός, -ή, -όν
(rà)
ο belo, coisa bela.—τό καλόν
pratos da balança —πλάστιγγες, -ων
belas coisas - τά καλά
(al)
bem (adv.) - εύ
bandido — ληστής, -ού (ô), κακούργος,
bem (subst.) - àyaOóv, -ού (τό)
-ού (ò)
os bens - τά χρήματα, όντα, όντων
banhar (-se) - λούειν, λούεσθαι
(τα)
banquete - συμπόσιον, -ου (τό), έστία-
um homem de bem —χρηστός άνήρ
σις, -εως (ή)
benévolo, -a, bondoso, -a — εύμενής,
barba - πώγω»>, -ωνος (τό), χένειον,
-ές, εϋνους, -ουν
-ου (τό), χένεια, -ων (τα)
boca — στόμα, -ατος (τό)
bárbaro, -a -- βάρβαρος, -ον
boda(s), casamento - γάμος, -ου (ό)
costumes bárbaros - βαρβαρικοί
bode —τράγος, -ου (ό )
τρόποι (οί)
boi, vaca - βούς,βοός (ό,ή )
barulho — κλαγγή, -ής (ή), ψόφος, -ου bolo —πλακούς, -ούντος (ό)
(Ò)
bom, boa —άγαβός, -ή, -όν
bastante (adv.) — &λις (gen.), ίκανώς
bondade - εύνοια, -ας (ή), άχαθία, -ας
(gen.)
bastar —άρκειν (-έω (ν. bitrans.) (dat.) bordo (a bordo) —παρά (acus.)
batalha - μάχη-, -ης (ή) bosque, floresta - ϋλη, -ης (ή)
batalhar, combater - μάχομαι (μάχεσθαι)
braço - βραχίων, -ονος (ό), χειρ, -ός
batalhar (contra alguém) — τινί (ou (ή) (dat. ρΐ. : χερσίν)
■πρός τινα) branco, -a - λεσκός, -ή, -όν
batalhar(por alguma coisa)—περί «- bravamente —άνδρείως, δρασέως
νος
bravo,-a —άνδρε'ιος, -α, -ον, θαρραλέος,
bater (golpear) —τύπτειν, πατάττω -α, -ον
(fut. πατάξω) (acus.) bravura - άνδρεία, -ας (ή)
444 GUIUA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

breve, brevemente —τάχα, ταχέως calor (atmosférico) — θάλπος, -ους (το)


breve, rápido, -a —ταχύς, -eia, -ύ calúnia —διαβολή, -ής (ή)
brilhante (adj.) - λαμπρός, -ά, -όν, caluniador —διάβολος, -ου (Ò)
άγλαός, -ή, -όν caluniar — διαβάλλειρ
brilhantemente —λαμπρώς cama —κλίνη, -ης (ή), λέκτρον, -ου (το)
brilhar —λάμπειν caminha (diminut.) — κλινίδων, -ου (το)
brilho (subst.) —λαμπρό της, -ητος (ή) caminhar — βαίνειν, βαδίξειν
brincar —παίξειν caminho, estrada όδός, -ού (ή)
bronze —χαλκός, -οϋ (ό) campo (zona rural) —άγρός, -οι) (ò )
bronzeo, -a - χαλκούς, -ή, -ονν campo (setOf) — ύπόθεσις, -εως (ή),
busca (subst.) - έρεύνησις, εως (ή), τομεύς, -έως (ό)
έξέτασις, -εως (ή) cana - κάννα, -ης (ή)
buscar, procurar —ξητειν (-έω) canção, poema —φδή, -ής (ή)
busto —προτομή, -ής (ή) canela (da perna) —κνήμη, -ης (ή)
cansaço (esforço) — πόνος, -ου (ό), κά­
C ματος, -ου (ό), κόπος, -ου (ό)
cansado, -a (estar) —κεκμηκώ ς, -υία, -ός
cá, aqui —ενταύθα, δεύρο (c/mov.) cansar —πονείν (-έω), κάμνειν, κοπούν
cabeça — κεφαλή,-ής (ή) (-όω)
cabeleira —κόμη, -ης (ή) cantar, celebrar —άδειν, ϋμνεϊν (-έω)
cabelo (fio de cabelo) — θρίξ, τριχός canto (subst.) - ωδή, -ής (ή), άσμα,
(ή) -ατος (το)
caber, conter - χωρειν (-εω) cantor - μελιστής, -ού (Ò), ψάλτης, -ου
cabra - αϊ ξ, αίγός (ή) (ό)
cantora —ψαλτρία, -ας (ή )
cabrito - ίριφος, ου (ό)
cão - κύων, κυνός (ό)
caça (subst.) —Θήρα, -ας (ή), άγρα, -ας
cara, rosto, máscara — πρόσωπον, -ου
(ή)
(το)
caçador —θηρευτής, -ού (ό)
carga, fardo —φορτίον, -ου (το)
caçar - θηρεύεεν
cada (pron. ind.) —έκαστος, -η, -ον, carne (do corpo) —σαρξ, -κός (ή)
έκάτερος, -α, -ον carne (alimento) —κρέας, -ως (το)
cadeira — δίφρος, -ου (ό) caro, -a (amado, -a) —φίλος, -η, -ον, άγα-
cadeirinha de transporte — βόρειον, πητός, -ή, -όν ήδύς, -ela, -ύ
-ου (το) caro, -a (custoso, -a) —τίμιος, -ã, -ον
cair —πίπτειν caro (adv.: de alto preço) —πολλού
calar (-se) —σιγάν (-άω), σιωπάν (-άω), mais caro —πλείονος
παραλείπειν carro —άρμα, ατος (το)
calma - ησυχία, -ας (ή) carroça - άρμαξα, -ης (ή)
calmaria (do mar) - μαλαχία, -ας (ή), carta (mensagem) —έπιστολή, -ής (ή)
άνηνεμία, -ας (ή) carvalho —δρυς, -ός (ή )
calor (do corpo) - θερμότης, -ητος (ή), casa —οικία, -ας (ή)
θερμόν, -ού (το) de casa —οϊκαδε
em casa - οίκοι
OS GREGOS E SEU ID IO M A 445

casar (-se) (quando é uma mulher) — chefe — ήγεμών, -όνος (ό )


γαμεισθαι (ser desposada) (dat.) chefe de coro - χορικός, -ού (ό)
casar (-se) (quando é um homem) — cheíiar - ήγείσθαι (ήγέομαι > - ούμαι)
γαμείν ( ·έω ) (acus.) chegar - ήκειν, άφεκνείσθαι (-έομαι>
castigar - τιμωρειν (-έ ω ), δικάζειν -ούμαι)
castigo (subst.) - κόλασα;, -εως (ή), chegar (atingir) —προέρχεοθαι (-ομαι)
τιμωρία, -ας (ή ), ζημία, -ας (ή) cheio, -a — πλέος, -α, -ον, πλήρης, -ες,
cavaleiro —i ππεύς, -έως (ό ) μεστός, -ή, -όν
comandante de cavalaria —ίππαρχος, chicote - μάστιξ, -ιγος (ό)
-ου (ό ) chifre —κέρας, -ως (-ατος) (το)
cavalgar —ί νπάζομαι chorar —δακρύειν
cavalo —ίππος, -ου (ό) choro (lágrima) - δάκρυ, -υος (τό)
montar a cavalo — άναβαίνεεν εις choro (pranto) — δάκρυα, -ων (τα),
ίππον (dat. ρΐ. —δακρύοιςίδάκρυοι)
ceder —εϊκειρ (dat.) choroso, -a - φιλόδακρυς,·ο
cedo (adv.) — πρωί chover — ύει (impessoal) —fut. ύοει —
celebrar (uma festa) - (εορτήν) αγειν aor. ύσε - part. aor. υσαντα, ΰοαντος
célebre — 'ένδοξος, -ον chuva - θετός, -ού (ό )
célere, rápido, -a —ταχύς, -εια, -ύ cicuta, planta venenosa —κώνενον, -ου
cem —έκατόν (τό)
centeio - βρίζα, -ης (ή ) cidadão, civil —πολίτης, -ου (Ò)
centro, meio —μέσον, -ου (το) cidade —πόλις, -εως (ή)
cerca (subst.) —φραγμός, -ού (ό) cidade de Atenas —Άθήναι, -ών (a i)
cerca (com numeral) —περί cidadela — αστυ, -εως (ή), ακρόπολις,
cerca (de) — σχεδόν, ώς -(ως (ή)
cercar —περιέχεεν cigarra —τέττιξ, τέττιγος (ό)
•cerco, assédio —πολιορκία, -ας (ή) cilada - πάγη, -ης (ή), ενέδρα, -ας (ή),
certo, -a seguro, -a — άκριβής, -ές, άσ- έπιβουλή, -ής (ή)
φαλής, -ές, ά ναμφίβολος,-ον,βέβαιος, cinco —πέντε
-ã, -ον cintilar —άστράπτειν
certo dia, certa vez — ποτέ (adv. en­ Cipião —Σκηπίων, -ονος (ό)
clít.) Ciro —Κύρος, -ου (ό)
de certa maneira —πώς (adv. enclít.) ciúme (zelo) - ζήλος, -ου (ό), ζηλοτυ­
em certo lugar —πού (adv. enclít.) πία, -ας (ή)
cessar, fazer cessar (trans.) — παύεiv ciúme (inveja) — φθόνος, -ου (ό), βασ-
cessar (intrans.) —παύεσθαι κανία, -ας (ή)
cesta, cesto —κανούν, -ού (το) ciumento, -a —ζηλότυπος, -ον
cetro —σκήπτρον, -ου (rò) civil (polido, cortês) - άστεώς, ã , -ον,
céu —ουρανός, -ού (ό) φιλόφρων, -ον
cevada - κριβή, -ής (ή) civil (urbano, paisano) - πολιτικός, -ή,
chama, labareda —φλόξ, φλογός (ή) -όν
chamar - καλείν (-έω) civilidade —φιλοφροσύνη, -ης (ή)
446 G U ID A NEDDA BAKATA P A R R E IR A S HORTA

c iv ilm e n te — πολιτικώς
( p o litic a m e n te ) combatente —ό,νήρ, άνδρός (ό), πολε­
- άστείως
c iv ilm e n te ( p o lid a m e n te ) μιστής,-ού (Ò)
c iv iliz a ç ã o — ή τών τρόπων ήμερότης combater — πολεμεϊν (-έω)
(-ητος) começar —άρχει»
c iv iliz a r(-s e ) - ήμερούν (-όω), ήμερούσ- começo (subst.) —άρχή,-ής (ή)
θαι (-ούμαι), ήθοποιεϊν (-έω) desde ο começo —έ ξ άρχής
c l a r o , - a ( e v i d e n t e ) - φανερός, -ά, -όν, comédia —κωμιρδία, -ας (ή )
δήλος, -η, -ον comer - έσθίειν (aor. II - ίφαγον)
c l a r o , -a ( l u m i n o s o , - a ) - λαμπρός,-ά, como (adv.) — ώ ς, ώσπερ, καβάπερ, ή,
-όν πως (enclít.)
c l i m a — κλίμα, -ατος (το) como (conj.) —ώς, έπεί, έπειδή
c o b r e ( m e t a l ) - χαλκός, -ού (ό ) como (interrog.) - πώς;
c o b r i r ( r e v e s t i r ) - καλύπτει como (na qualidade de) —άτε
c o b r i r ( d a r s o m b r a ) — è πισκιάξει» comoção, perturbação — ταραχή, -ής
c o b r i r d e s o m b r a s — έπισκοτεϊν ( - έ ω )
(ή)
c o i s a , a l g o — r i ( p r o n . e n c l í t . ) , χρήμα, comover — ένοχλείν (-έω ) (dat./acus.)
-ατος (τό) companheira — έταίρα, -ας (ή), άκό-
c o l a r , g a r g a n t i l h a - στρεπτός, -ού ( ô ) λουθος, -ου (ή), φίλη, -ης (ή )
c o l e g a ( c o l a b o r a d o r ) — συνεργός, -ού (ό) companheira, esposa — σύζυγος, -ου (ή)
c o le g a ( c o m p a n h e ir o d e m a g is tr a tu r a ) - companheiro - έ τάίρος, -ου (ό )
σύναρχος, -ου (ό) companhia, sociedade —òμιλιά, -ας (ή)
c ó le ra - όργή, -ής (ή) companhia, reunião, assembléia —σύνο­
c o l h e r , r e c o l h e r — συλλέγει», δρέπειν, δος,-ου (ή)
καρπίξει» companhia (de soldados)-λ ό χο ς, -ου(ό)
c o l i n a - γήλοφος, -ου ( ό ) compor, unir - συντιθέναι (συντίθημι)
c o l o c a r - τιθέναι (τίθημί) ( ν . a t e m . ) (ν. atemát.)
c o l o c a r s o b r e - έπιτιθέναι compor (uma obra intelectual) —γράχρειν
c o l u n a - στύλος, -ου ( ό ) compositor (de música) — μελοποώς,
c o m - αύν ( d a t . ) , μετά ( g e n . ) -ού (ô )
c o m a n d a n t e , c h e f e - άρχων, -οντος (ό) composto,-a, unido, -a-συνθετός,-ή,-όν
c o m a n d a n te em c h e fe , g e n e ra l — um composto (subst.) — σύνθετον,
στρατηγός, -ού (ò) -ου (τό)
c o m a n d a r , c h e f i a r - άρχειν, έντέλλει», comprar —ώνείαθαι (ώνέομαι > -ούμαι)
παραγγέλλειν, προστάττειν compreender, apreender - καταλαμβά­
c o m a n d o , c h e f i a ( s u b s t . ) — παράγγελ­ νει»
μα, -ατος ( τ ο ) , πρόσταγμα, -ατος (τό) compreensão - κατάληφις, -εως (ή)
c o m b a t e ( s u b s t . ) —μάχη, -ης (ή) comprido, -a, longo, -a — μακρύς, -ά, -όν
c o m b a t e d e g i g a n t e s — γιγαντομαχία, comum (geral, corrente) — κοινός, -ή,
-as (ή) -όν
c o m b a t e d e n a u s — ναυμαχία, -ας (ή) comum (popular) - ίγοραίος, -ã, -ον
c o m b a te de to u ro s , to u ra d a — comumente, muitas vezes — πολλάκις,
ταυρομαχία, -ας (ή) τά πολλά
OS GREGOS E SEU IDIOMA 447

c o m u n icação , re la c io n a m e n to — κοι­ consolador, -a - παραμυθητικός,-ή,-όν


νωνία, -ας (ή) consolar —παραμυθείοθαι (-έομαι > -ού-
c o m u n icação , e n te n d im e n to - συνου­ μαι)
σία, -ας (ή) construir —οίκοδομείν (-έω), ί δρύεεν'
c o n c e d e r — έπινέμειν contar, nanar - διτρ/είσθαι (-έομαι >
co n c o rd â n c ia , ac o rd o — συμφωνία, -ας -ούμαι)
(ή), Αρμονία, -ας (ή), εύαρμοστία, conter, encerrar —χωρείν (-éco), συνέ-
-α<τ(ή) χειν
c o n c o rd a r, pôr-se de a c o rd o — διαλ- continente - ήπειρος, -ου (ή)
Χάττειν, ουναΧΧάττειν continuamente —χρόνιρ
c o n c o rre n te , c o m p e tid o r — άντα-γονω continuar, prosseguir - διατεΧεϊν (-έω)
τής, -ού (ô), άντα'γώνιστος, -ον contínuo, -a —συνεχής, -ές
c o n c o rre r, c o m p e tir — άγονίζεσθαι, άμιΧ- contista, contador de histórias — διη-
λάσθαι -(-ώμαι) (d a t.), άντιπαραγ- γτ?ττ?ς, -ού (ό)
γέΧΧειν contra - πρός (ac.), επί (ac.), εις (ac.),
c o n c o rre r, c o n trib u ir — συμπράττειν, συ- παρά (ac.), κατά (gen.)
vepyeiv (-έω) a contragosto —άκων, -ουσα, -ον
c o n cu rso , c o m p e tiç ã o —άγώ ι>, -ώνος (ό ) ο pró e ο contra —τά άμφοτέρα
co n d e n a r — K a ra y iy v o o o K e iv (g en .), κα­ contrariar, opor-se a — ενάντιου σθαι
ταδικάζει (g en .) (-όομαι > -ούμαι)
c o n d u z ir, guiar, levar — άγειν, προσάγειν contrário, -a, oposto,-a - ενάντιος, -a, -ον
co n d u z ir (ir à fre n te , dirigir) - ήγεισ- contrário, -a à natureza —παρά φύ-
θαι (-έομαι > -ούμαι) σιν (b, ή. τοf
co n fiar —’ε πιτρέπειν, πιατεύειν ao contrário — τουναντίον (adv. +
co n h e c e d o r, -a — έπιστήμων, -ονος (ò , gen.)
V) o contrário (de) —'εναντίον, -ου (το)
co n h ecer, to m a r c o n h e c im e n to y iy contudo, mas, porém, todavia - àXXà
ν ώ ο κ ε ι ν (p e rf. — έ γ ν ω κ α ) convencer, persuadir —πείθειν
c o n h e c im e n to , n o ção - y v ώ σ ις ,- ε ω ς ( ή ) convencer de culpa - ε\έγχειν
c o n h e c im e n to , in stru ç ã o — μ α θ ή μ α τ α . convencer-se, persuadir-je - κείθεσθαi
-ων (τα), έπιοτήμαι, -ών ( a i ) convergir —συμπίπτειν
c o n q u ista , esco lh a —αίρηοις, -εως (ή) conversação — διάλογος, -ou (ò), ό μι­
c o n q u is ta r —ύπ'έμαυτώ ηοιείσθαι (-έο- λιά, -ας (ή)
μαι > -ούμαι) conversar, discorrer —όμιΧεΙν (-έω)
co n sag rad o , -a - ιερός, -ά, -όν convincente - έΧεγΜΧκός, -ή, -όν
co n sag rar - καθιερούν (-όω) convocar —συXXέyειv
c o n selh o , aviso, o p in iã o — συμβουΧή, cópia, transcrição - μεταγραφή, -ής (ή)
-ής (ή), συμβούΧευμα, -ατος (το) copiar, transcrever - μεταφρίζεα>
c o n selh o , assem bléia - βουΧή, -ής (ή) copo - κύΧιξ, -κος (ή), κύα0ος,-ον (ό)
co n so lação —παραμυθία, -ας (ή) cor (tom) —χρώμα, -ατος (rò)
co n so la d o r (subst.) — παραμυθητής, -ού cor (memória) - μνήμη, -ης (ή)
(ά)
de cor - άπό μνήμης
448 ( i Γ ll>A NKDDA B ARATA PARREIRAS HORTA

coração (órgão) —καρδία, -ας (ή) curvar —κ ά μ π τ ο υ ν


coração (íntimo) - θυμός, -ού (ό ) curvatura —κ ά μ φ ι ς , -εως ( ή )
coragem — 'επιθυμία, -ας (ή), ούφυχία, curvo, -a, sinuoso, -a — έ λ ι γ μ α τ ώ δ η ς ,
-ας (ή), Ανδρεία, -ας (ή) -ώδες
corajosamente —Ανδροίως, καρθορικώς
corajoso, perseverante — Ανδρείος, -α,
-ορ, καρθερικός, -ή, -óp D
Coríntio, -a - Κορινθίας, -ã, -ορ
Corinto - Kópmfloc, -ου (ή) dád iva, d o m — δώρορ, -ου (τό)
coro (subst.) - χορός, -οϋ (ό) D ânae —Δανάη, -ης (ή )
coroa (subst.) - στέφανος, -ου (ό) d a n ç a (s u b st.) — δρχησις, -οως (ή)
coroar —στεφανούν (-δω), στεφανίζειν d a n ç a r —χορεύουν

corpo - σώμα, -ατος (το) d a r — διδόραι (δίδωμι —ν. a te m .)


correnteza, torremte —βούς, βού (ό) D ario - Δαροϊος, -ου (ό)
correr - τρέχουν (aor. II - έδραμον) d ecla rar, m a n ife sta r — δηλούν (·όω),

cortar —τέμνουν (perf. —τέτμηκα) Αναγορεύουν


cortejo, festim — κώμος,-ου(ό), πομπή, d e d o —δάκτυλος, -ου (ό)
•ής (ή) d e fe n d e r - άμύνοιν (d a t.)

coruja - γλαυξ, -κός (ή) d efesa —άμυνα, -ης (ή)


corvo - κόραξ, -κος (ό) deitar(-se) — κατακλίνουν, κατακλίνεσ-
costumar, ter por hábito - εθίζουν θαι
costume, hábito - έξις, -οως (ή), ήθος, d eitar-se, pôr-se (u m a stro ) — δϋνειν,
-ους (τό) δύοσθαι
costumeiro, -a, familiar — συνήθης, σύ- d e ix a r —λείπειν, άπολείπειν
νηθος, οικείος, -ά, -ον D elfos - Δελφοί, Αολφών (ο ί)
couraça —θώραξ, -ακος (δ ) d e licad eza - άβρότης, -ητος (ή), άπαλό-
covarde, frouxo, -a —δειλός, -ή, -όν της, -ητος (ή)
covardemente —άνάνδρως, «ραύλως d elicad o , -a - Αβρός, -ά, -όν, Απαλός,
cratera, vaso —κρατήρ, -ήρος (ό) -ή, -όν
crer, ter fé —πιστού οιν d e líc ia - τρυφή, -ής (ή)
criança - παίς, παιδός (ô ,$ ) d e lic io sa m e n te - τρυφορώς, άβρώς
criar, alimentar —τρόφοιν d elicio so , -a — Αβρός, -ά, -όν, ήδύς,
criar, produzir - ποιείρ (-έω) -οϊα,-ϋ, γλυκύς,-eia,-ύ
cristão, -ã —χριστιανός, -ή,-όν D e m é te r - Αημήτηρ, -τρος (ή)
cristianismo - χριστιανισμός, -ού (ό) d e m ô n io , d iab o - διάβολος, -ου ( ό )
crocodilo - κροκόδειλος, -ου (ό) (se n t. c ristã o )

cruel, selvagem - άγριος, -ã, -ον D em ó ste n e s — Δημοσθένης, -ους ( ό )


cruz —σταυρός, -ού (ό) d e n te - όδσύς, όδόντος ( ό ) ι
cuiar —θεραπεύουν d e n tro (a d v .) — ένδον,
έ ντός
curiosidade - σπουδή, -ής (ή) p a ra d e n tro , e m - ei ς (a c u s.)
curioso, -a —σπουδαίος, -ã, -ον d e n ú n c ia (ju d ic ia l) - εισαγγελία, -ας
curto, -a - βραχύς, -da, -ύ (ήϊ
OS βΚΕβΟβ e SEU ÍOIOMA 449

denunciar (judicialmenie) - ε/σαγγΛ destino, sorte τύνη. vc (ή)


λειν destreza δεξιότης. -ητος (η)
u.rrubada. desmoronamento — κατασ­ destro, -a δεξιός, -ά. -όν
τροφή. -ής (ή). κατάλυαις, -ecoe (ή) destruir άναιμείν ( eco) ('or. II
denubar κμταβάλλεα’. άνατρέπειν άνείλον). καθαιρείν (-έω) (aor I!
desanimar, estar desanimado άθυμείν καϋείλον) (ν. irreg.)
(-eco), άποκάμνειν· deus θεο'ς.-ού(ύ)
desânimo, fraqueza — Ασθένεια. -ac os deuses θεοί .θεών (oi)
(ή\. Αδυναμία, -ας (ή) deusa θεά.-ας (ή)
descendentes, prole παίδες, -ων (oi. devoção ευσέβεια, -ας (ή), θρησκεία,
ai) -ας (ή)
desconfiar —άπιστείν (-eco) devotar καθιερούν (-όω)
desconhecer Αγνοείν (·έω) devoto, -a θρήσκος, -ον
descrever, gravar —-γράφειν dez δέκα
desde - άπο τού δε dia ή μέρα,-ας (ή)
desde então - έκ τούτου dia de festa - εορτή, -ής (ή)
desde que (coni.) - ώ ς (com indic.) dia de trabalha - έρ-γάοιμος,-ου (ή)
uesejar - έπιθυμείν (-έω). έράν (-άω) ('ubent. ημέρα)
desejo, cobiça - έ πιθυμία, -ας (ή), πό - certo dia —ήμερα τις
θος. -ου ('<), δρεξις. -ecoe (ή) dialética διαλεκτική,-ής (ή)
desejoso, -a - έπιθυμητικός, -ή, -όν (; ubent. τέχνη)
deserto, ermo (subst.) - έρημος.-ου dialético, -a - διαλεκτικός, -ή, -όν
(ή), έρημία. -ας (ή) dialeto - διάλεκτος, -ου (ή) (sub nt.)
deserto, -a, ermo, -a -é ρημος,-ος (-η).-ον γλώττα)
desfilar - παρελαύνειν, διέρχεσθαι diálogo —διάλογος, -ου (Ò)
(ν. irreg.) Diana (deusa) —’Άρτεμις, -ιδος (ή)
desfile (subst.) - αύχήν, -ένος (ό) dicionário — λεξικόν, -ού (το)
desmaiar - λα;ιοθυμείν (-έω), λ ιπ ο ­
ψυχεί ν (-έω) difícil (custoso, -a, áspero, -a) —χαλε­
desmaio (subst.) λειποψυχία, -ας (ή) πός. -ή, -όν
desobedecer —άπειθείν (-έω) difícil (rabugento, -a) —δύσκολος, -ον
desobediência Απείθεια, -ας (ή > Agno. -a - άξιος, -ã. -ον
desolar - Ανιάν (-άω) dinheiro, prata - άργυρος, -ου (ό)
desposar (ο homem) — γαμείν (-έω) diploma - δίπλωμα, -ατος (το)
(acus.) Diógenes - Διογένης, -ους (ό)
desposar (a mulher) - -γαμε'ισθαι (-έο- discípula - μαθήτρια,-ας (ή)
μαι > -ούμαι) (dat.) discípulo - μαθητής, -οί> (ό)
desprezar - καταφρονεί ν (-eco) discursar (ao povo) —δημη-γοριίν (·έ ω)
desprezar a morte —τού θανάτου κ α τ α ­ discurso, razão, ra c io c ín io Χόγοί,
τολμάν (-άω) -ου (ό )
desprezo (subst.) καταφρόνηοις. -εως discussão (disputa) — kycóv, -ώνος (ό).
(*ΐ) έ'ρις. -ώος (ή), reinos, -ους (rò)
450 GUID.Y NEDDA ΒΛΚΛΤΛ 1ΆΚΚΕΙΒΛ8 HORTA

discussão (exame) —άμφισβήτησις, dor (física) - όδύνη, -ης (ή), άλγος,


-εως (ή), έξότασις, -εως (ή) -ονς (το)
discutir (disputar) - άμφισβητείν (-όω) dor (moral) - άλγος, -ους (το), πάθος,
dat.) -ονς (τό)
discutir (examinar) —é ξετάξειν (acus.) doravante — λοιπόν, το λοιπόν, εις τό
distribuição - διανομή, -ής (ή ) λοιπόν
distribuidor - διανομέας, -έως (ό) dormir —καθεύδειν, ύπνούν (-όω)
distribuir - διανέμειν dragão, serpente —δράκων, -οντος (Ò)
distributivo, -a - διανεμητικός, -ή, -όν drama (ação representada) — δράμα,
diurno, -a - ή μέριας, -ã, -ον -ατος (τό)
divinização —άποθέωσις, -εως (ή) durante - διά (gen.), μεταξύ (gen.)
divinizar —άποθειούν (-όω) duro, -a, abrupto, -a, rude —σκληρός,
divino, -a - θειος, -ã, -ον -ά, -όν, τραχύς, -eia, -ú
dizer, aiirmar —λέ-γειν, φάναι (φημί) (ν. dúvida —άπορίa, -ας (ή), διαπόρηαις,
atem.) -εως (ή)
doação, entrega -δ ό σ ις, -εως (ή) duvidar - άπορείν (-έω), διαπορείν
doar, dar — παρέχειν, διδόναι (δίδωμι) (-έω)
(ν. bitrans., atem.) duvidosamente - ένδοιαστώς, άμφιβό-
doce (adj.) - γλυκύς, -ela, -ú λως
doença - νόσος,-ου(ή),πάθος, -ονς (το), duvidoso, -a — ένδοιαστός, -ή, -όν, άμ-
άρρούστία, -ας (ή) φισβητήσιμος, -ον
doente —νοσών, -οϋσα, ούν, άρρωστος,
-ον Ε
cair doente —νόσιρ περιπίπτειν
estar doente —νοσειν (-έω), άρρωσ­ e (conj) - κα ί,τε (enclít.)
τε! ν (-έω), άσθενειν (-έω) ébrio, -a - ά ξοινος, -ον
doido, -a (louco, -a) - μάνικάς, -ή,-όν e c o - ήχώ, -ούς (ή)
doido, -a (insensato, -a) —άφρων, -ον, πα- ecoar - ήχεϊν (-έω)
ράφρων, -ον Éden, paraíso - Έδόμ (inv.), παρά­
dois —δύο, δυόιν δεισος, -ου (ό)
dolorosamente - όδυνηρώς, άλγεινώς Édipo - 0 ίδίπους, -οδος (ό)
doloroso, -a —όδυνηρός, -ά, -όν, άλγει- educação (criação) — έκτροφή, ής (ή),
νός,-ή, -όν παίδευαις, -εως (ή)
doméstico, -a —οικείος, -ã, -ον educação (formação, instrução) - παι­
cuidados domésticos, ordem domés­ δεία,-ας (ή)
tica —οικονομία, -ας (ή) educado, -a (instruído, -a) —πεπαιδευ­
dominar - κρατεϊν (-έω) (acus. ou gen.) μένος, -η, -ον
domingo - κυριακή, -ής (ή) (subent. educado, -a (gentil) - χαρίεις, -ίεσσα,
ή μέρα, -ας (ή) -ίεν
dono, senhor - κύριος, -ον (ό), δεσπό­ educar, instruir - παιδεύειν (ac., dat.),
της,-ου (ό) άυάγεα> (acus.)
donzela —παρθένος, -ου (ή) Egeu (mar) - Αίγεύς, -έως (ό)
OS GREGOS E SEU IDIOMA 4S1

égide —αίγίς, -ίδος (ή)' enquanto (conj.) - έ'ως (indic.), ou με­


Egineta (de Egina) - Αίγινήτης, ου(ό) ταξύ (part.)
Egípcio, -a —Αιγύπτιος, -ã, -ou ensinar —διδάσκει**
Egito —Αίγυπτος, -ου (ή) ensino (educação) —παιδεία, -ας (ή)
ele, ela —αυτός, -ή, -ό (ο próprio, -a), ensino (informação) —διδασκαλία, -ας
έκεϊυος, -η, -ou, ουτος, αυτή, τούτο (ή)
elegante —καλός, -ή, -óu então (concl.) - δέ,ούυ
eleger —αχρείαθαι (-έομαι > -ούμαι) então (temp,) —τό τε
elegia (subst.) - έλέγεια, -ας (ή) entrar - εισέρχεσθαι (-ομαί), (fut. έλεύ-
elevar —alpetu, προάγειν σομαι, aor. II ήλθου, peri. έλήλυθα)
elogiar —ευ λέγειν (v.irreg.)
elogio (subst.) —è γκώμωu, -ου (τό) entre (prep.) - μεταξύ (gen.)
em, entre (prep.) - èu (dat.) enviar (levar em cortejo) —πέμπειν
embaixada —πρέσβεια, -ας (ή) ser enviado, como embaixador —
embaixador, legado — πρεσβευτής, -ού πρεαβεύε iv
(à)
enxugar — άπομάττειν (fut. άπομάξω)
legados, enviados — πρέσβεις, -εωυ (acus.)
(oi) epílogo - έ πίλογος, -ου (ό)
embarcação —πλοίου, -ου (τό) época - έπσχή, -ής (ή), χρόυος, -ου (ό)
embarcar - έπφφάζειν epopéia —έποποιία, -ας (ή)
embriagar - μεθύσκειν Erecteion (templo de Atenas) — Έρέχ-
empreender - έπιχειρείυ (έω ) θειου, -ου (ό)
emprego, utilização - χρήσις, -εως (ή) Erínia (Fúria) - Έρινυύς, -ύος (ή)
empresa, trabalho —έ ργου, -ου (τό) errar (cometer erro) - άμαρτάυειν
em seguida - είτα (adv.) errar (vaguear) - πλανάσθαι (-άομαι >
encerrar, concluir — συμπεραίυειυ, τέλος -ώμοι), άλάσθαι (άομαι > -ώμοι)
έπιτιθέυαι (έπιτίθημι) (ν. atem.) erro (subst.) —Αμάρτημα, -ατος (τό),
encher —πληρούυ (-όω) Αμαρτία, -ας (ή)
encontrar (achar) - εύρίσκειν, άνευρία- erva - πόα, -ας (ή)
κειν escada —κλίμαξ, -ακος (ή)
encontrar (surpreender) -καταλαμβάνει escarpado, -a —Απότομος, -ou
fácil de encontrar — εύρετός, -ή, -óu escola —διδασκαλείου, -ου (το)
enegrecer - μελαίυειν escolha, opção - αίρεαις, -εως (ή)
energia - έυέργεια, -ας (ή) escolha, seleção —έκλογή, -ής (ή)
enfim —ϋλως δέ escolher, optar —έκλέγειν
enganar - Απατάν (-άω),έξαπατάν (-άω) esconder —λαυθάνειν, κρύπτειν
engenho, talento - ευφυΐα, -ας (ή), μη­ esconderijo —κρυπτήριου, -ου (το)
χανή, -ής (ή), σοφία,-ας (ή) escopo, Finalidade - σκοπός, -ού (ό )
engenhoso, -a - βΟφός, -ή, -όν escorrer, fluir —βεϊυ (β έ ω)
engraçadinho, -a (uma criança) - παιδά- (sent. fig.) - Απορρείυ (-έω)
piou, -ον (Π ) escova (subst.) —ψήκτρα, -ας (ή)
engraçado, -a —γελοίος, -ã, -ou escovar —ψήχειν
452 g u id a n ed d a . barata p a r r e ir a s horta

escrava —δούλη, -ης (ή) estraçalhar —διασχίζειν


escravidão - δουλεία, -ας (ή) estrada, caminho —όδός, -ού (ή)
escravizar —δουλούν (όω ) estrangeiro, -a —ξένος, -η, -ον
escravo - δούλος, -ου (ό) estranho, hóspede - ξένος, -ου (ό)
ser escravo, -a —δουλεύει» estreito, -a —στενός, -ή, -όν
escrever —γράφει» estrela (subst.) - άστήρ, -έρος (ό)
escudo —άαπίς, -ίδος (ή ) etapa (de percurso) —σταθμός, -ού (ό)
escuridão, obscuridade — σκότος, -ου (ό), eu, me, mim - έ γ ώ (gen. μού/έμού)
σκότος, -ους (το) (dat. μοί/έμοί) (acus. μέ)
escuro, -a —σκοτεινός, -ή, -όν evidente —φανερός, -ά, -όν, δήλος, -η,
esmagar, triturar —τρίβει» -ον
Esopo —A? σωηος, -ου (ό ) evitar, escapar —άπσχωρέί» (-éco), φεύ­
espada —ξίφος, -συς (το), μάχαιρα, -ας γει»
m exato, -a —άκριβής, -ές
Espárta - Σπάρτη, -ης (ή) excessivo, -a (desmedido, -a) —άμετρος,
espécie, essência —είδος, -συς (το) -ον, περισσός, -ή, -όν, ύπέρμετρος,
de qualquer espécie — παντόίος, -ã, -ον
-οV excesso —ύπερβολή , -ής (ή)
espelho (subst.) - κάτοπτρο», -ου (τό) exército — στρατιά, -ας (ή), στρατός,
esperança - έ λ π ί ς , -ίδος (ή) -ού(ύ ), στράτευμα, -ατος (το)
esperar (aguardar) —προσμένει» existir, s* t — είναι (είμί)
esperar (ter esperança) —έ λπίζειν exortar - παραινεί» (-έω)
espiga - σταχϋ ς, -ύος (ό ) expedição (militar) — στρατεία, -ας (ή)
espinha (dorsal) - βάχις, -εως (ή) experiência (conhecimento prático) —
espinha (de peixe) —άκανθα, -ης (ή) έμπειρία, -ας (ή)
espírito, alma - ψυχή, -ης (ή), νούς, experiência (tentativa) —πείρα, -ας (ή)
νού (ό) experiente (adj.) —έμπειρος, -ον
esposa —σύζυγος, -ου (ή) extraordinário, -a — άήθης, ες, ύπερ
esposo —άνήρ, άνδρός (ό) φυής, ές
esposos (ο casal) —σύζυγες, -ω» (οί ) extremamente —μάλιστα
esquecer (-se) - έπιλανθάνεσθαι (gen.) extremo, -a, enorme - μέγιστος, -η, -ον
esquecido, -a —άμνήμων, -ον
esse, essa, isso - ουτος, αΰτη, τούτο F
estabelecer, construir —ιδρύει»
estar, ser —είναι (είμί) (ν. atem.) fábula, mito —μύθος, -συ(ό)
estátua —άγαλμα, -ατος (το) fabulosamente —μυθωδώς, ψευδώς
este, esta, isto - δδε, ήδε, τάδε fabuloso, -a —μυθώδης, -ώδες
estender —τείνει» (ν. irreg.) façanha —κλέος, -ους (τό)
estéril —άκαρπος, -ον, άφορος, -ον face, aparência - πρόσωπον, -ου (τό),
estimar —άξιούν (-όω), τιμάν (-άω) σχήμα, -ατος (τό), είδος, -ους (τό)
estômago — γαοτήρ, γαστρός (ή) (ir­ face a face —άντικρύ (adv.), έναντί-
reg.) ον (gen.)
OS GREGOS E SEU IDIOMA 453

fácil ήάδιος, -ã, -ov firm e, só lid o , -a — καρτεράς, -ά, -όν,

façilm en te ή μδίως βέβαιος, -ά, -ον


fam a, ren o m e — δόξα, -ης (ή), φήμη, firmeza, perseverança — καρτερία, ας
-ης (ή), κλέος, -ους (το), όνομα., (ή), βεβαιότης, -ητος (ή)
-ατος (τό) flau ta αυλός,-ου (ό),αύλή,-ής (ή)
fam o so , -a — όνομαστός, -ή, -όν, περιβό­ fla u tista — αύλήτης, -ου (ό), αύλήτρια,
ητος , -ον -ας (ή)
fan tasia — φαντασία, -ας (ή), 'έννοια, flecha —τόξευμα, -ατος (τό)
-ας ( ή ) flech eiro τοξότης, -ου ( ό )
fa to , âção πράξις, -εως (τό) flor άνθος, -ους (τό), άνθεμον, -ου (τό)
favor, c ré d ito —χάρις, -ιτος ( ή ) flo rescer άνθέίν (-έω), θάλλειν
favorável —εν νους. -ουν, ευμενής, -ές flo re sta , b o sq u e —ύλη, -ης (ή)

favoravelm ente —εήνοϊκώς, ε ύ μ ε ν ώ ς fo lh a —φύλλον, -ου (τό)

fazer, criar, agir —ποιεϊν (-έω), πράττειν fo lh ag em , fro n d e —κόμη, -ης (ή)

fech ar - κλείεα>, κλείεσθαι fo m e πείνα, -ης (ή)


fech ar os o lh o s (a algum a coisa) — πα- te r fo m e —πεινάν (-άω)
fo n te - πηγή, -ής (ή), κρήνη, -ης (ή)
popãv (·ά ω ) (v. irreg.)
feio , -a —ai σχρός, -ά, -όν fo rç a - βία, -ας (ή), δύναμις, -εως (ή),

feitiçaria — μαγεία, -ας (ή), -γοητεία, δεινότης, -ητος (ή),ήώ μη, -ης (ή)
-ας (ή), μάγευμα. -ατος (τό) fo rças (tro p a s) - δύναμις, εως (ή),

fe itic e iro , -a — μάγος, -ου (ό), φαρμακεύ-


στρατιά, ας (ή)
τρια, -ας (ή) form iga - μύρμηξ,-κος (ό),ϊδρις,-ώος

fe itiço —φίλτρον, -ου (Ò) ( ό ) (p o é t.)


fo rte , fo rtale za — φρούριον, -ου (τό),
felicidade εύδαιμονία, -ας (ή)
έρυμα, -ατος (τό)
feliz, a fo rtu n a d o , -a - ευτυχής, -ές, ευ­ fo rte , ro b u s to , -a - ισχυρός, -ά, -όν,
δαίμων, -ον έρρώμενος, -η, -ον
estar feliz - ήδεοθαι fo rte m e n te —ίσχυρώς
fera - θήρ, -ός (ό), θηρίον, -ου (τό) fo rtu n a , h averes, b en s —ού σία, -ας (ή ),
fértil — εύφορος, -ον, εΰκαρπος, -ον, εϋ- χρήματα, -ατών (τά)
γεως, -ων fo rtu n a , so rte - τύχη, -ης (ή)
fertilid ad e —ευφορία, -ας (ή) fra u d a r — κακούργεΙν (-έω), δολούν
festa - έορτή, -ής (ή) (-όω)
festeja r —έορτάξειν frau d e —κακουργία, -ας (ή), δόλος, -ου
festivo, -a, alegre —Ιλαρός, -ά, -όν (ό)
fid elid ad e - πίστις, -εως (ή) fra u d u le n to , -a — δολερός, -ά, -όν, δό­
fiel, c o n fia n te —πιστός, -ή, -όν λιος, -ά, -ον, πανούργος, -ον
filha - θυγάτηρ, -τρός (ή) (irreg .) fre q ü ê n c ia - συχνόν, -ού (τό)
filh o —ύ ό ς , ύού ( ό ) , υ ιό ς , υίέος ( ό ) co m fre q ü ê n c ia —πολλάκ ις, συχνώς
fim (lim ite) —τ έ λ ο ς , -ους (τ ό ) fre q ü e n te —συχνός, -ή, -όν
fim (o b je tiv o ) —σκοπός, -ού (ό) fr u tíf e ro , -a —καρποφόρος, -ον
final —τελευταίος, -ά, -ον fru to , -a - καρπός, -ού (ά,
454 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

fugitivo, -a; exilado, -a — φυχάς, -άδος Grego (idioma) — 'Ελληνική χλώττα


(ó , ή), πεφευχώς, -via, -ός (γλώσσα) (ή)
fugir, escapar — φεύχειν, άποφεύχειρ Grego (povo) —Έλληρ, -ηνος (ό)
fulminar —κεραυνούν (-όω) Grego, -a, Helênico, -a — Έλληρικός,
fundar (cidades) —κτίξειν -ή, -όν
fundir (fazer fundir) —τήκεw Grécia (Hélade) —Ελλάς,-άδος (ή)
futuro, porvir — μέλλων, -ουσα, -ον gritar, clamar —βοάρ (-άω), άχαρακτεϊν
(part. de μέλλειρ) (-έω)
grosso, -a, volumoso, -a - μάκρος, -ά, -όν
παχύς, -εϊα,-ύ
G guardar, defender —φυλάττειν
guardião, sentinela —φύλαξ, -ακος (ό )
gado (rebanho) — άχέλη, -ης (ή), βόσ guerra —πόλεμος, -ου (ό)
κημα, -ατος (το) guerrear —πολεμειν (-έω), πολεμίξειρ
ganhar —κερδαιρεϊν (έω ) guerreiro - πολέμιος, -ου (ό), μαχητής,
ganho, lucro - κέρδος, -ους (το) -ού (ό)
garganta —λάρνχξ, υχχος (ό ) guia (subst.) —όδηγός, -ού (ό), ήχεμών,
garra (de ave) —όνυξ, -χος (ό) -όνος (ό)
general —στρατηγός, -ού (ό) guiar —όδηχείν (-έω), âyeip, ή χεϊσθαι
gente, nação —έθνος, -ους (το) (-έομαι > -ούμαι)
gente (homens de bem) —oi καλοί καί guindar —άνέλκειρ
άχαθοί guindaste, grua (também a ave) -χέρα-
germe, semente —βλάστημα, -ατος (το) νος, ον (ή)
germinação - βλάστησις, -εως (ή)
germinar —βλάστειν Η
glória —δόξα, -ης (ή), κλέος, -ους (το>
gloriosamente —ένδόξως há —έστι (ν), είσι (ν)
glorioso, - a — ένδοξος, -ον, καλός, -ή, houve —ήν, ήσαν
-όν haverá —έσται, έαονται
goela, fauce - φάρυχξ, -υyyoς (ό, ή) hábil, destro, -a, experiente — δεξιός,
gordo, -a - παχύς, -éia, -ύ -ά, -όν, ταχύς, -εια, -ύ
gordura — πιμελή, -ής (η), λίπος, -ους habilidade — έμπειρία, -ας (ή), δεινότης
(το) -ητος (ή)
Górgias —Γοργίας, -ου (ό ) habitante —οίκητής, -ού (ό)
Górgona - Γοργών, -όνος (ή) hábito, costume —ήθος, -ους (το)
governante (chefe) - άρχων, -οντος (ό) habitual, costumeiro, -a — ήμερος, ον,
governar - άρχειρ συνήθης, -ες
governo (subst.) - άρχή, -ής (ή) habitualmente —συνήθως
graças a - διά (acus.) Hades (inferno, mundo das sombras) —
grande - μάκρος, -ά, -όν, μέχας, μεγά­ “Αιδης, -ου (õ )
λη, μέχα Hécuba - Εκάβη, -ης (ή)
granizo - χάλαξα, -ης (ή) Heitor - “Εκτωρ, -ορος (ô)
OS GREGOS E SEU IDIOMA 455

Helena - Έλήνη, -ης (ή) humilde, modesto, -a —ταπεινός, ή, όν,


Helênico.-a —Ελληνικός, ή, όν χθαμαλός, -ή, -όν, ταπεινόψων, -ον
herança —κληρονομιά, -ας (ή) humilhação —ταπείνωαις, -εως (ή)
Hércules (Héracles) —Ηρακλής, humilhar ταπεινούν (-όω) (acus )
εους (ό)
Hermíone —Ήρμιόνη, -ης (ή) I
Heródoto — Ηρόδοτος, -ου (ό)
herói, semideus - ήρως,-ωος(ό) ida - φοίτησις, -εως (ή)
heroísmo - μεγαλοψυχία, -ας (ή), yev- ida e vinda διαδρομή,-ής (ή)
ναίον, -ου (το) idade, tempo, ano —έτος, -ους (ό)
hipótese, argumento (literário) — υπό­ idéia, imagem — ιδέα, -ας (ή), έννοια,
δεσις, -εως (ή) -άς (ή)
hipoteticamente —ύποθετικώς idioma, língua —Ιδίωμα, -ατος (το).
hipotético, -a —υποθετικός, -ή, -όν διάλεκτος, -ου (ή)
hoje σήμερον, τήμερον ilegal —παράνομος, -ον
homem, varão άνήρ, άνδρός (ό) ilegalidade —παρανομία, -ας (ή)
homem (ser humano, indivíduo) — âv ilha - νήσος, -ου (ή)
θρωπος, ου (ò) ilhéu —νησιώτης, -ου (ό )
Homero —"Ομηρος, -ου (ό) ilhoa νησιώτις, -ιδος (ή)
honestamente καλώς, φίλανθ ρώπως llíada —Ίλιάς, -άδος (ή)
honestidade - καλοκάγαδία, -ας (ή) Ilion (Tróia) 'Ίλιου,-ου (τό), Τροία,
honesto, -a - ά·γαθός, -ή, -όν, χρηστός, -ac (V)
-ή, -όν iluminar —καταλάμπειν, φωτίζειν
um homem honesto — καλός καί ilustração (fama) —δόξα, -ης (ή)
άγαδός άνήρ ilustrar —δόξαν περιποιείν ( έω) (dat.)
honra — τιμή, -ής (ή), δόξα, -ης (ή) ilustre, ilustrado, -a - ένδοξος, -ον, λαμ­
κλέος, -ους (το) πρός, -ά, -όν, έπιφανής, -ές
honradez —καλοκάγαδία, -ας (ή) imediatamente (depois) —συυεχώς. άμε
honrar —τιμάν (-άω) οως, ύστερον
hoplita (infante armado) —δπλίτης,-ου imediatamente (logo) —εύθϋς, έπειτα
imediato, -a - άμεσος, -ον, συνεχής, -ές
0ό)
hospitaleiro, -a —ευξενος, -ον imenso, -a —μέγιστος, -η, -ον
imitação - μίμηοις, -εως (ή )
hospitalidade - ξενία, -ας (ή)
imitar —μιμείσθαι (-ούμαί)
hostil —πολέμιος, -ã, -ον imortal —άθάνατος, -ον
hostilidade, ódio —'έχθρα, -ας (ή) imortalidade —άθανααία, -ας (ή)
humanidade, raça humana άνθρωπει importância - άξια, -ας (ή)
ον -γένος (το) importante-άξιος,-5, -ον, άξιόλογος,-ον
humano, -a —άνθρώπινος, -η, -ον imprevidència — άπρονοηαία, -ας (ή),
natureza humana άνθρωπίνη φύ- αβουλία, -ας (ή)
σις (ή) imprevidente — άπρονόητος, -ον. άβου­
humildade —ταπεινότης, -ητος (τ)) λος, -ον
456 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

impureza —άκαθαρσία, -ας (ή) inesquecível —άείμνηοτος, -ον


impuro, -a —άκάθαρτος, -ον, άναχνος, infâmia, desonra — άτιμία,-ας (ή)
-ον infância —παιδία, -ας (ή)
inação —ápyía, -ας (ή) desde a infância —è κ παιδός
inativo, -a —àpyός, -ή, -όν na infância - έν παιδί
ficar inativo, -a - ησυχίαν âyeiv, άρ- infantil - παιδικός, -ή, -όν
yώς έχειν infelicidade — δυστυχία, -ας (ή),άθλιό-
incêndio —ηυρκαιά, -ας (ή) της, -ητος (ή)
incessante - συνεχής, ές infeliz — δυστυχής, -ές, άθλιος, -ον,
ínclito, -a — ένδοξος, -ον, λαμπρός, -ά, ταλαίπωρος, -ον
-όν infelizmente —δυητυχώς, άθλίως
independência —αυτονομία, -ας (ή) infernal (relativo ao Hades) — στύχιος,
independente - αυτόνομος, -ον -d, -ον
indigestão-- άπεψία, -ας (ή), δυσπεψία, deuses infernais (do Hades) —νέρτε-
-α? (ή) ροι θεοί (oi)
indigesto, -a —άπεπτος, -ον, δύσπεπτος, informação —ξήτησις, -εως (ή)
-ον informar —ζητείν (-éco)
indignação —àyavánτησις, -εως (ή) informar-se —πυνθάνεσθαι
indignidade —άπαξία, -ας (ή ) informe (sem forma) —άμορφος, -ον
indigno, -a - άνάξιος, -ον, δεινός, -ή, ingratidão —άχαριατία, -ας (ή)
-όν ingrato, -a —άχάριστος, -ον
indisciplina —άταξία, ας (ή) inimigo, -a - έχθρός, -ά, -όν, πολεμικός,
, indisciplinado, -a —άτακτος, -ον -ή, -όν
indisposição (doença) —άρρωατία, -ας inimigo (subst.) —πολέμιος, -ου (ό )
(V) inimizade εχθρα, -ας (ή)
indisposto, -a (doente) — άρρωστων, injustiça άδικία, -ας (ή)
-ούσα, -ούν injustiçar —άδικείν (-eco)
indissolúvel —άδιάλυτος, -η, -ον injusto, -a —άδικος, -ον
indistinto, -a - άκριτος, -ον inocência —άγρεία, -ας (ή)
individual —ίδιος, -ã, -ον inocente - αγρός, -ή, -όν, άβλαβης, -ές
indivíduo (um ser) —(το) έ'ν, άνθρω­ inseto, mosquito κώνωψ, -πος (ό),
πός τις κωνώ πιον, -ου (τό)
indócil, desobediente - απειθής, -ές instante —καιρός, -ου (ô), ò άκαρής
indolência —ρμθυμία, -ας (ή) χρόνος
indolente —ήβθυμος, -ον inteligência - νόηοις, -εως (ή), σύνε-
indomável —αδάμαστος, -ον σις, -εως (ή)
indulgência —έπιείκεια, -άς (ή) inteligente —συνετός, -ή, -όν
indulgente —επιεικής, -ές (ή) inteligentemente —συνετώς
induzir —άνάγειν, έπάγειν intendente —ταμίας, -ου (ό )
inépcia - μωρία, -ας (ή), άνοια, -ας ( ή ) interrogar - έρωταν ( dco)
inepto, -a —άνόητος, -ον interromper —παύειν (ν. trans.)
inesperado, -a —άνέλπιστος, -ον introduzir —είσάγειν
OS GREGOS E SEU IDIOMA 457

inúmero, - a - πλεϊστος. -η. -ον julgamento, opinião κριτήρων, -ου


inundar - κατακλύξειν (τό), δόξα, -ης (ή)
inútil — άχρηστος, -ον. Ανωφελής, -ές ter um julgamento sobre φρονείν
inverno —χειμών. -ώνος (ό) (-όω)
ir — έρχεσθαι (έλεύοομαι) (ν. irreg.), julgar, fazer justiça κρίνειν, δικάξειν.
είμι (ν. irreg.) καταδίκαζε ιν
ir à frente —προηχείσθαί τίνος (gen.) julgar, supor νομίζειν, έννοείν (-έω),
irmã άδελφή, -ής (ή) οιεαθαι (ν. dep.), λοχίξεοθαι (ν. dep.)
irmão — άδελιρός, -ού (ò) (voc. sing. junto (de) πρός(dat., sem movimento)
άδελφε) para junto de, contra —πρός (acus.,
isolamento μόνωσις, -εως (ή) com movimento)
isolar - μονούν (-όω) justamente —δικαίως
Itaca — Ιθάκη, -ης (ή) justiça, julgamento legal —κρίοις, -εως
(ή), ψήφος, ου (ή)
J perseguir pela justiça φεϋχειν τινά
(acus.)
já - ήδη ser perseguido judicialmente — φεύ
jamais, nunca — οϋποτε, μήττοτε, ούδέ χειν ύπό τίνος
ποτέ, μηδέποτε justo, -a —δίκαιος,-ã, -ον
janela - θυρίς, -ίδος (ή),-θυρίδων, -ου juventude —ήβη, -ης (ή)
(τό)
jardim —παράδεισος, -ου (ό), κήπος, -ου
(ά)
L
jato, arremesso —βολή, -ής (ή)
jato d'água —κρουνός, -ού (ό) lá (adv.) — έκέί (sem movimento)
jogar (arriscar) —κυβεύειν para lá — è κείσε (com movimento)
jogar (competir) —άχωνίζεσθαι de lá έκείθεν (origem)
jogo (competição) - άχών, ώνος (ô) lábio —χείλος, -ους (τό)
jovem, recente, novo, -a - νέος, -a, -ov labor, trabalho — πόνος, -ου (ό), κάμα­
jovem, rapaz —νεανίας, -ου (ό). έφηβος, τος, -ου (ό), έρχον, -ου (τό)
-ου (ό ) laboratório έ ρχαστήρων, -ou (ό )
jovem, moça - κόρη, -ης (ή), παρθένος, laboriosamente —έπιπόνως
-ου (ή) laborioso, -a - φιλόπονος, ον, έπίπονος,
os jovens —οί ■νέοι -ον
ser jovem νεάξειν, ήβέίν (-έω) Lacedemônia (Lacônia, região) —
júbilo, alegria - χαρά, -άς (ή ), ηδονή, Αακεδαίμων, -ονος (ή), Αάκαινα, -ης
-ή<: (ή) (ή)
jubilosamente, alegremente ίλαρώς, Lacedemônio, -a Lacônio, -a — Αακε-
τερπνώς, εύθύμως δαιμόνως, -α. -ον, Αάκων, -ονος (ό),
jubiloso, -a, alegre —ιλαρός, -ά, όν, τερ Αάκαινα, -ης (ή)
πνός, -ή, όν lado, flanco —πλευρά, -άς (ή ), πλευράν,
juiz - κριτής,-ού (ό), δικαστής, -ού (ό) -ού(τό)
458 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

lado (parte, lugar) —μέρος, -ους (το) levar —φέρειν (ν. irreg.)
ladrão φώρ, φοράς (ò) leve (adj.) —κοϋφος, -η, -ον, ψιλός, -ή,
lágrima —δάκρυ, -υος (το) -όν
Laios - Λάιος, -ου (ό) liberdade —έλευθερία, -ας (ή)
lâmpada, archote —λαμπάς, -άδος (ή) ligeiro, -a —ώκύς, -eia, -ύ
lança (arma) —τόξος, -ου (ό ), δόρυ, δό- limite - τέλος, -ους (τό)
ρατος (το) limpar, purificar —καθαίρειν
lançar, atirar - βάλλειν, έκβάλλειν limpeza —καθαρμός, -ού (ό)
largar, deixar —άπολείπειν, λείπειν límpido, -a - καθαρός, ά, όν, άγλαός,
largo, -a —εύρύς, -eia, -ύ -ή, -όν
latim - ρωμαϊκή γ λώττα (γλώσσα) lindo, -a —καλός, -ή, -όν
em latim —ρωμαιοτί (adv.) língua (órgão) — γλώ ττα (γλώσσα),
Latino, -a —'Ρωμαϊκός, ή, όν -t?Ç (V )
lavar (-se) —λούειν, λούεσθαι língua (idioma) —ί δίωμα, -ατος (το)
lavoura —γεωργία, -ας (ή) lira —λύρα, -ας (ή)
lavrador - γεωργός, ού (ό), άρότης, hso, -a —λείος, -α, -ον
-ου (ό ) livre —έ λεύθερος, -ον
lavrar —γεωργείν (-όω), άρούν (·όω) livro —βίβλος, -ου (ό), βιβλίον, -ου (τό)
leão —λέων, -οντος (ό) lobo —λύκος, -ου (ό)
lebre λαγώς, -ώ (ό), λαγωός, -ού (ό) longe —πόρρω, μακράν (sent. adv.)
legislador - νομοθέτης, -ου (ό) de longe —νόρρωθεν
legume λάχανον, -ου (τό) longo, -a —μακρός, -ά, -όν
lei —νόμος, -ου (ό) ao longo de —παρά (acus.)
leite —γάλα, γάλακτος (το) louco, -a —μάνικάς, -ή, -όν
leito, cama —κλίνη, ης (ή),λέκτρον, ου loucura —μανία, -ας (ή)
(τ ο ) louvar έπαινείν (-έω)
leito de rio —τάφρος, -ου (ό) louvor —έπαινος, ου (ό)
lembrar —άναμιμνϊρκειν, μιμνήσθαι lua —σελήνη, -ης (ή)
(ν. irreg., defectivo: cf. 29 Tomo) lucrar —κερδαίνειν, κερδάν (-άω )
lembrar-se - μιμνήσκεσθαι, μιμνήσθαι lucro —κέρδος, ους (τό)
(cf. ant.) lugar τόπος, -ου (Ò)
lenda - μύθος, -ου (ό) em lugar de —αντί (gen.)
lenha - ξύλον, -ου (τό) luta - μάχη, -ης (ή), πόλεμος, -ου (ό )
lenhador —ξυλοφόρος, -ου (ό) lutar —μάχεσθαι, πολεμείν ( έω)
lentamente - βραδέως luz —φως, φωτός (τό)
lentidão —βραδύτης, -ητος (ή) luzir —λάμπειν
lento, -a —βραδύς, -eia, -ύ
leoa —λέαινα, -ης (ή)
ler —άναγιγνώσκειν Μ
Lesbos (ilha) —Λέσβος, -ου (ή)
letra - γράμμα, -ατος (τό)
levantar —άίρειν (ν. irreg.) maçã - μήλον, -ου (τό)
OS C.REOOS E SEU IDIOMA 459

M acedônia (região) — Μ α κ ε δ ο ν ία ,-α ς medico ιατρός, -ου (ό)


(ή ) medir - μετρειν (-έω)
M a c e d ô n i o . -a Μ α κ ε δ ω ν , -όνος (ó , ή ) meditar - φροντίξειν
m ad eira ξ ύ λ ο ν , -ον ( τ ο ) medo - φόβος,-ου (ό ),δείμα,-ατος (τό),
de m ad eira ξ ύ λ ι ν ο ς , -ον δέος, -ους (τό)
m adrasta μητρυιά, - ά ς (ή) causar medo - φοβείν ( έω), έκφο-
m a d u r o , -a πέπειρος, -α ( - ο ς ) , -ον, πέ­ βειν ( έω)
ηανος, -ον, πέπων, -ον ter medo —έν φοβω είναι, φοβείο-
m ã e - μήτηρ, μητρός (ή) θαι (-έομαι > -ούμαι)
m ag istrad o , a rc o n te άρχων, -οντος ( ό ) Medo (povo) —Μήδος, -ου (ό)
m ag n ífico ,-a μεγαλοπρεπής, -ές medroso,-a φοβερός, -ά, -όν
m ag ro ,-a ίχνος,-ή,-όν Medusa - Μέδουσα, -ης (ή)
m a i s ( a dν .) μάλλον ( c o m p . de μάλα) megera —έριννύς, -ύος (ή)
m a l ( a d v . ) - κακώς meio, -a - μέσος, -η, -ον
m a l ( s u b s t . ) — κακόν, -ού (το) no meio de εν μέοιρ, κατά τό
m a l v a d o , -a - κακός, -ή, -όν μέσον (gen.), άνα μέσον τι
m an h ã (ced o ) é ωθινόν, -ου (το) mel —μέλι, -ιτος (τό)
d e m a n h ã — πρωί melancolia μελαγχολία, -ας (ή), λύπη,
m a n i f e s t o , -a φανερός, - ά , -όν -ρς ( ν )
m ã o - χειρ, - ο ς (ή) melancólico, -a μελαγχολικός, -ή,
m a r — θάλαττα, -ης (ή), θ ά λ α σ σ α , -ης ον, στυγνός, ή, όν
(ή) melhor άμείνων, ον, βελτίων, ον
m a r a v i l h a , p r o d í g i o - θαύμα, ατος (τό) melhorar —βελτιούν (-όω)
m a r a v i l h o s o , -a — θαυμαστός, -ή, -όν' melhoria —βελτίωοις, -εως (ή)
θαυμάσιος, -ά, -ον,θεσπέσιος. -α, -ον memorável μνήμης άξιος, -α, -ον,
m arca (física) έ ντύπωμα,-ατος (τό) λόγου άξιος, -ά, -ον
m arca (im p re ssão n o e sp írito ) — ίχ ν ο ς , memória μνήμη, -ης (ή)
ίχ ν ο υ ς (το) memórias —υπομνήματα, ων (τά)
m archa πορεύεοθαι Menelau —Μενέλαος, -ου (ό)
m arin h a (léc n ic a de) — ναυτική τέχνη menina — κόρη, -ης (ή), παρθένος, -ου
(ή ), ναυτικόν, -ου (τό) (ή)
m arinheiro — ναύτης, -ου ( ό ) menino —παΐς, παιδός (ό)
y i a r i n h o , -a - θ α λ ά σ σ ι ο ς , -ã, -ον menos —έλαττον (έλαοσον)
m árm ore - μάρμαρος, -ου (ό), λίθος, mensageiro, -a —άγγελος, -ου (ό,ή)
-ου ( ό ) mensagem —άγγελία, -ας (ή)
M arte (ο d e u s A res) - “Αρης, “Αρεος mentir —φεύδεεν
(ό) mentira (subst.) φεύδος, -ους (τό)
m artelo — σφύρα, ας ( ή ) mentiroso, -a —ψευδής, ές, άπιστος, ον
m as, p o ré m αλλά, δέ mercado, entreposto — έμπόριον, -ου
m atar άποκτείνειν, άποκτίννυμι ( ν . (τό), όφοπώλιον, -ου (τό)
a te m .) merecer —άξιος, -α, -ον είναι
m au, m á κακός,-ή,-όν mês - μήν, μηνάς (ό)
460 GUIDV NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

mesa, balcão —τράπεζα, -ης (ή ) momento —καιρός άκαριαίος, -ου (δ)


mesmo, -a —ό αύτός.ή αυτή, το αύτό momento decisivo, clímax άκμή,-ής
mestre —διδάσκαλος, -ου (ό) (ή)
metade - ήμισυ, -ους (το) (subent. μ έ­ monstro θηρίον, -ου (το), τέρας, -ως
ρος), ήμίσεια, ας (ή) ( ατος) (τό)
métopa —μετόπη, -ης (ή ) montanha —όρος, -ους (τό)
meu, minha —έμός, -ή, -όν montar (a cavalo) —ίππεύειν, ίππάξεσθαι
mexer, tocar — άπτεσθαι, θ ιγγta>ei.v montar (um cavalo) έφ' ίππον άναβαί
Micenas —Μυκήναι, ώ ν (ai) νειν
Micênico, -a — Μυκηναίος, -à, -ον morder —δάκνειν
mil —χίλιοι, -αι, -α morrer — άποθνήσκειν (perí. τέθνηκα)
milagre, prodígio — θαύμα, -ατος (το), (ν. irreg.)
θaυμaτoύpyημa, -ατος (το) mortal θνητός, -ή, -όν, βροτός,-ή,-όν
milagreiro, -a —θaυμaτoυρydς, -όν mortalidade —θνητόν, -ού (το)
mimo - μίμος, ου (Ô) morte —θάνατος, -ου (ό )
mina (jazida) - μεταλλείου, -ου (το) mortificar (humilhar) — ταπεινούν, νε·
mina (moeda e peso) —μνά, μνας (ή) κρούν ( οω)
Minerva (deusa Atena) — Άθηνά, -άς morto, -a (cadáver) - νεκρός, -ά, -όν
(V) morto,-a (partic.) - τεθνηκώς, -υία,-ός
Minos —Μίυως, -ωος (ό) estou morto, -a — τέθνηκα (perf. de
mira, alvo σκοπός, -ού (ό) θνήσκειν)
miséria — ταλαιπωρία, -ας (ή), άθλιό- os mortos —νεκροί, ών (οί),θανόν
της, -ητος (ή), άτυχία, -ας (ή) τες, τεθνηκότες, τεθνηώτες (οι)
mito —μύθος, -ου (ό ) mostrar φαίνειν, άποφαίνειν, δηλούν
moça, jovem —κόρη, -ης (ή), παρθένος, (-όω)
-ου (ή) motivo, causa —αίτια, ας (ή)
moção (movimento) —κίνησις, -εως (ή) muito (adv.) —μάλα, πολύ, πάνυ, λίαν
moção (proposição) — πρόσοδος, -ου muitos, -as (pron.) πολλοί, -αί, -ά
(ή) mulher, esposa χυνή, yυvaικός (ή)
moço, rapaz —νεανίας, -ου (ό) mundo - κόσμος, -ου (ό)
moderno, -a —καινός, -ή, -όν muralha, muro τείχος, -ους (τό)
modesto, -a σώφρων, ον Musa Μούσα,-ης (ή)
modo, maneira - τρόπος, -ου (ό) músculo - μύς, μυός (ό)
à maneira de —κατά τόν τρόπον musculoso, -a —μυώδης, -ες
de modo algum —ούδαμώς, ούδαμή Museu Μουσείου, -ου (τό)
de que maneira? —τίνα τρόπον, música —μουσικ ή (τέχνη) (ή )
deste modo —τούτον τον τρόπον
do modo habitual - κατά το είωθός
maneira de viver - δίαιτα, -ης (ή) Ν
modulação - μελωδία, -ας (ή)
moeda —νόμισμα, -ατος (το) nação, povo —έθνος, -ους (τό)
molhar - βρέχειν nácar —όστρεον, -ου (τό)
OS GREGOS E SEU IDIOMA 461

nacarado, -a— μαργαρίτη έοικώς, υια,-ός negrume (cor negra) —μέλαν, -ανος (τό)
nada (pron.) ούδέν, μηδέν enegrecer —μελαίνειν
nadador —νηκτός, -ού (ò ) nem οόδε,μηδε
nadar —νέεεν nenhum, nehuma, nada — ούδείς, ού
não ού (ούκ, ούχ), μή (cf. latim: δεμ'ια, ούδέν, μηδείς, εμια, έν
ne) Netuno (ο deus Poseidon) —ΓΙοσειδώυ,
não, por Zeus - ού μα Δία -ώνος(ό) (voc. 11ο οεώον)
não somente —ού μόνον, ούχ όπως neve —χιώυ, -όνος (ή)
nariz —ρίς, ρινός (ή) nevoso, -a —χιονώδης, -ώδες
nascer —émylveoOai (gen.) Nícias - Νικίας, -ου (ό)
nascimento, origem - γένεσις, -εως (ή) Nilo (rio) - Νείλος, -ου (ό)
natural φυσικός, -ή, -όν ninfa, noiva νύμφη, -ης (ή)
natureza, inclinação natural φύσις, ninguém - ούδείς, μηδείς
-εως (ή) nitidamente καθαρώς
nau, nave, navio —υαύς, νεώς (ή). πλοι nitidez καθαρότης. -ητος (ή)
ον. ου (τό) nítido.-a καθαρός, -ά. -όν
naufrágio —vavayia, -ας (ή) nobre (adj) — ευγεί'ής. -ες. άριοτος. η.
nave (de igreja ou lemplo) πρόναον, ον
■ον (το) nobre (subst.) — ά ριοτος. -ου (ο)
navegação πλους, -ou ι ι nobreza εογευεια. -ας (η)
boa navegação εύ πλοία, -ας (ή ) noção, conhecim ento, idéia — γυ ω σ ις.
navegante navegador ναύτης,-ου(ό ) -εω ς ( ή ). έννο ια , -ας ( ή )
navegai πλείν ( εω )(ν. nreg.) noite νύ ξ, νυκτός (ή)
nebuloso, -a νεφώδης, ες de noite νυκτός (gen. adv.)
necessariai a nte άναγκαίως durante a noite ν ύκ τω ρ
necessário, ,ι· αναγκαία . -α. ον noiva - ν ύ μ φ η , ης (ή )
necessidade άιαγκη. ης(η) noivo —νυμφίος, -ου (ό )
necessitai άυαγκα(ει ν nome — ό νο μ α , -ατος (τό)
ncc tar ι έκταρ, -αρος (το) nós (pron.) ημείς
negação άπόφαοις, -εως (ή ) nosso, -a —ήμέτερος. -ã, -ον
negar άρνεισθαι ( εομαι), άπαρνειο nota. marca σημείου, -ου (τό)
θαι, άποφάναι (άπόφημι) (ν. atem.) nota, observação σημείωσες, -εως (ή)
negligenciar όλιγορείυ (-έω) tomar nota σημειεισθαι (-ούμαι)
negociação πραγματεία,-ας (ή) notas (de música) — μουσικά διαγράμ­
negociante —'έμπορος, -ον (ό) ματα (τα)
negociar —έμπορεύεσθαι, πραγματεύ- notícia (anúncio) - άγγελία, -ας (ή)
εσθαι dar notícia, anunciar —άγγέλλειν
negócio, ocupação — πραγμα, -ατος notícia (relação) —κaτάλoyoς, -ου (ò)
(το), έμπορία, -ας (ή) notícia (resumo de obra) — ύποθεσις,
negro, -a (adj.) μελας, μέλαινα, μέλαν -εως (η)
negro, -a (subst.) Αίθίωψ, οπος (ό, ή) notícia (análise crítica) —κριτική
negror (de alma) - μιαρία, ας (ή) έ ξήγησις (ή)
462 GUIDA NEDDA BARATA PARREIRAS HORTA

ícar άπαγγέλλειν observar —τηρε'ιν ) - έ ω ) , σ κ ο π ε ϊ ν ( - έ ω )


fioiorio, -a, conhecido, -a γνώριομυς, o b te r, a d q u irir —ά π ο λ α μ β ά ν ε ι ν ( ν . i r r e g . )
-η, -ον, γνωστός,,-ή, -όν κ τ ά σ θ α ι ( ά ομαι > ώ μ α ι )
nove —έ ννέα o b t e r p o r s o r t e —λ α γ χ ά ν ε ι ν
novo, -a —νέος, -α, -ον, καινός, -ή, -όν O c e a n o —Ω κ ε α ν ό ς , -ού (ό )
nu, nua (despojado, -a) —γυμνός, -ή, -όν o c i o s a m e n t e —ά ρ γ ώ ν
numerar άριβμείν (-έω) o c i o s i d a d e , l a z e r - ά π ρ α ξ ί α , -ας ( ή ) ,
número (cadência) ρυθμός, -ον ( ό ) σ χ ο λ ή , -ης ( ή )
número (quantidade)—άριϋμός, -ου(ό ) o c i o s o , -a ά ρ γ ό ς , -όν
nunca, jamais - οϋποτε, μήποτε e s t a r o c i o s o , -a α ρ γ έ ιν ( - έ ω )
nupcial γαμικός, ή, -όν, γαμήλιος, -ον o c u lta r κ ρ ύ π τ ε ιν, λ α ν θ ά ν ε ι ν
núpcias, casamento γάμος, -ου ( ό ) o c u lto , a κ ρ υ π τ ό ς . -ή ,-ό ν
nutrição τροφή, -ης (ή) ode, canção ι φ ό ή , ής ( ή )
nutrir ( se) τρέφειν, οιτεϊοθαι (acus.) odiar μ ισ ο ύ ν ( - ό ω )
nuvem νεφελη,-ης (ή) ódio μ ίσ ο ς,-ο υ ς (τ ό ), έ χ θ ρ α ,- α ς (ή )
o d io so ,-a ά π εχ θ ή ς,-έ ς
Ο O disseu Ο δυσσεύς, -έω ς (ό )
ofender (com p alav ras) βλα σ φ η μ εϊν
ο, a ( a r t def ) ό , ή , το (έω)
ο, a(pron ) αυτόν, -ήν. ό ofendei (ferir, p re ju d ica r) β λ ά π τ ε ιν,
obedecer υπάκουειν (dat ) ( ν . írreg ) προοκρούειν
πείθεοϋαι (dat ) o fe n d e r - s e (m e ln id ia r - s e ) —δ υ ο χ ε ρ α ί ν ε ι ν
obediência ύπακυή, ής (ή), εύπεί ofen sa (u ltra je) υ β ρ ις , - ε ω ς (ή )
θεία, ας (ή) ofensivo, -a (u ltia ja n te ) — υβριστικός.
o b e d ie n te υπηκοοζ, -ον ή, -όν
o b jeção υ π ο φ ο ρ ά , -α· (η ) ofensivo, a (p reju d icia l) βλαπτικόν,
o b j e t o , co isa χ ρήμα, -ατος ( τ ό ) -η, - ό ν
o b jeto de ad m iiação θαύμα,-ατος a iin a s o fe n siv as β έ λ η , -ω ν (τ ά )
(το) oferecer π ρ ο σ φ έρ ειν (ν. irreg .)
objeto de ódio μίοημα, -ατος (τό). oferen d a π ρ ο σ φ ο ρ ά , -άς ( ή ) , α ν ά θ η μ α ,
μιοουμεμον, -ου ( τ ό ) -ατος ( τ ό )
obra, trabaiho εργον, -ου ( τ ό ) , έ ργα- o h ι (in te ij.) - έα, β α β α ί, βαβα ιά ξ
οια, -ας (η) o ito οκτώ
obreira, operaria έργάτις, -ώος (ή) o d iar, ver —ò p á v ( - ά ω ) (ν . irreg.) β λ έ -
obreiro, operário εργάτης, -ου (ό), π ε ιν
I ργαστηρ, -ηρος ( ό ) o lh o (vista e b r o to ) —ό φ θ α λ μ ό ς , -ού ( d )
obscuridade - σκότος, -ους (τό) O lím p ia - ' Ο λ υ μ π ί α , -ας ( ή )
obscuro, -a άφανής, -ές O lim p íad a — Ο λ υ μ π ί ά ς , -έώος ( ή )
observação, contemplação — τήρηοις. o l í m p i c o , -a —ο λ υ μ π ι α κ ό ς , ή , όν
-εως (ή), θεώρηοις, -εως (ή) j o g o s o l í m p i c o s - ’Ο λ ύ μ π ι α , - ω ν (τα)
observador τηρητής, -ού (ό), θεωρη­ o l i v a , a z e i t o n a —έ λ α ι ο ν , -ου ( τ ο)
τής, -ον (ό), θεωρός, -ού (ό) o l iv a l - έ λ α ι ώ ν , - ώ ν ο ς (ό )
OS GREGOS E SEU JD10MA 463

oliveira - έλαια, -ας (ή) ornar, ornamentar κ ο σ μ ε ι ν ( - έ ω )


omissão παρόλειφις,-εως (ή) orvalho δ ρ ό σ ο ς , -ου (ό)
omitir - παραλείπειν osso ό ο τ έ ο ν (- ο υ ν ), -ου ( τ ό )
onda, vaga —κύμα, -ατος (τό) ossudo,-a ό ο τ ώ δ η ς , -ω δ έ ς
onde? (com movimento) nor, ou —ή (conj.)
onde? (sem movimento) - πού', ouro —χ ρ υ σ ό ς , -ου (ό)
ontem χθές, έχθές outono μ ε τ ό π ω ρ ο ν , -ου ( τ ό ) , ό π ώ ρ α ,
ontem de manhã — χθές πρωί -ας ( ή )
ontem de tarde —χθές εσπέρας outro, -a (entre dois) έ τ ε ρ ο ς , -ά, -ον
anteontem προχθές outro, -a (entre vários) άλλος, -η, -os
opinião δόξα, -ης (ή ) outrora π ά λ α ι , π ά λ α ι π οτέ
ora (part. cont. ou explic.) —δέ ouvido, audição - ά κ ο ή . -ής ( ή )
oração, discurso —λόγος, -ον (ό) ouvir —ά κ ο ύ ε ι ν (perf. II —ά κ ή κ ο α ) (ν.
oração, prece —ευχή, -ης (ή) irreg.)
oráculo χρήσιμα, -ατος (τό) ovelha —ο ίς . οίο'ς ( ή )
orador (rétor) —ρήτωρ, -ορος (ό ) ονο —ι ρ ό ν , -ού ( τ ο )
orador (pregador) —ίερολό-γος. -ου (ò) oxalá —ε ί θ ε , εί γάρ (optat.)
orar, discursar - δημη-γορείν (-έω)
orar, rezar —εύχεσθαι
oratória (arte) - p ητορικ η (τέχνη) (ή) Ρ
orelha - ούς, ώτός (το)
organizar - σχημάτιζεw
orgulhar (-se) —έπαίρειν (acus.), έπαί paciência, perseverança — κ α ρ τερ ία ,

ρεσθαι (dat.) ας (ή), κ α ρ τ έ ρ η σ ις, ε ω ς ( ή ) , ύπ ο

orgulho — ύπερηφανία, ας (ή), φρό μονή, η ς ( ή )

νήμα, ατος (τό) paciente κ α ρ τ ε ρ ι κ ό ς , - ή , - ό ν


orgulhosamente ύπερηφάνως pacífico, -a - ή σ υ χ ο ς , -ον
orgulhoso, -a - υπερήφανος, -ον padrasto —έ π ι π ά τ ω ρ , -ορος ( ό )
ser orguihoso, -a —ΰπερηφανεύεσθαι pagar - τ ί ν ε ι ν , ά π ο τ ί ν ε ι ν (dat.)
oriental —Ανατολικός, -ή, -όν pai — π α τ ή ρ , - έ ρ ο ς (ό) (ático: gen. πα-
Os Orientais — oi τα πρός 'έω οι - τρός)

κούντες, -ων os pais - -γονείς, - έ ω ν (οί )


Oriente —Ανατολή, -ής (ή) país, pátria — χ ώ ρ α , -ας ( ή ) , πα τρίς,
dos lados do Oriente —προς έω -ίδ ος ( ή )
orifício, boca —στόμα, -ατος (τό) paixão —έ π ι θ υ μ ί α , -ας ( ή )
origem, princípio - άρχή, -ής (ή) palaciano, -a - α ύ λ ι κ ό ς , -ή, -όν
desde a origem —άπ'άρχής palácio —β α σ ι λ έ ω ν , -ου ( τ ό ) , α ύ λ ή , -ής
original, primitivo, -a - άρχικός, -ή, -όν (ή)

(ό, ή. τό), έ ξ άρχης, Αρχέτυπος, -ον Palas (deusa) - Ιίαλλάς, -άδος (ή)
original, modelo primitivo άρχέτύπον, palavra, vocábulo φω νή, -ή ς (ή ),
-ου (τό) β ή μ α , -ατος ( τ ό ) , λ έ ξ ι ς , - ε ω ς ( ή )
ornamento - κόσμος, -ου (ό) pálpebra —β λ έ φ α ρ ο ν , -ου ( τ ό )
464 CUIDA NKDDA BARATA PARREIRAS HORTA

Panatenéias (festas) ΙΙα να θ ή να ια , patrimônio, herança πατρώα, -ων


-ω ν (τ α ) (τα)
pântano έ λ ο ς , -ους (rò) patriota φ ι λ ό π α τ ρ ι ς ,- ι δ ο ς ( ό . ή )

panteão π έινθεον, -ου ( τ ο ) , -πανθέω ν, patriotismo φ ι λ ο π α τ ρ ί α , -α ς ( ή )

-ou ( τ ο ) Pátroclo (herói) ΙΙά τ ρ ο κ λ ο ς, -ου (ό )

pão - ά ρτος, -ου ( ό ) pausa, intervalo π α ύ α ι ς , - ε ω ς ( ή )

comer pão — ά ρ τ ο φ α γ ε ιν (-eco) paz - ε ι ρ ή ν η , η ς ( ή )

fazer pão ά ρ τ ο π ο ιε ίν ( - έ ω ) pé - π ο ύ ς , π ο δ ό ς (ό )

para, para junto, contra — etc, προς pedido ( subst. ) α ϊ τ η ο ι ς , - ε ω ς ( ή )


(acus.) pedir α ί τ ε ι ν ( -έ ω ) (acus. de coisa τ ι,

p a ra ís o (ja rd im ) π α ρ ά δ ε ισ ο ς , -ou (ò ) ou de pessoa τ ι ν ά ou π α ρ ά τ ιν α )

p a r a r — ΐο τ α σ θ α ι (ί σ τ α μ α ι ) (v , a t e m .) pedra λ ί θ ο ς , - ο υ ( ò , ή )

p a r c ia l — μ ε ρ ικ ό ς , -ή , -όν peito — σ τ ή θ ο ς , -ο υς ( τ ό ) , σ τ έ ρ κ α , - ω ν

p a re n te ,-a σ υ γ γ ε ν ή ς , -ούς ( ό , ή ) (τα)'


Páris (herói) —ΙΙάρις, -ώος (ό ) p e ix e ι χ θ ύ ς , -ύ ο ς (ό )
parreira ά μπελος, -ου (ή ) p e le - χ ρ ό α , -α ς ( ή )"
parte μ έ ρ ο ς , -ους (τ ό ) . μ ε ρ ίς , - ίδ ο ς (ή ) P e le u ΙΙη λ ε ό ς ,-έ ω ς ( ό )
à parte χ ω ρ ί ς (adv ) p ê lo , c a b e lo — θ ρ ί ξ , τ ρ ι χ ό ς (ό )

da parte de — παρά (gen.) p e lta s ta , la n c e iro - π ε λ τ α σ τ ή ς , -ο ύ (ό )


por partes — κατά μ έ ρ ο ς p en a, e sfo rço — π ό ν ο ς , -ο υ (ό)
Partenon ΙΙαρθενώ ν, -ω νος (ò) p e n ín s u la χ ε ρ ρ ό ν η σ ο ς , -ο υ (ό )
participar μ ε τ έ χ ε ι ν , μ εταλαμβάνειν p e n o s a m e n te χ α λ ε π ώ ς

particular — 'ίδιος, -ã, -ον p e n o s o , -a - χ α λ ε π ό ς , -ή , -ό ν

particularmente - ίδίρ p e n s a m e n to δ ιά ν ο ια , -α ς ( ή )
partida, afastamento — ά π ο χ ώ ρ η α ις , p ensar ν ο ε ιν (-έω ), έ ν ν ο ε ι ν (-έω ),
-εω ς (ή ) ν ό μ ι ζ ε ιν

p a r t i d á r i o , -a φ ίλο ς, -ου ( ò ) p e q u e n o , -a — μ ικ ρ ό ς , -ά , -ό ν

p a r t i r , ir e m b o r a — άπιέναι (άπέρχομαι) p e rd ão — σ ι γ ~ γ ν ώ μ η , -η ς ( ή )

(v . ir r e g . d e f e c t . ) , ά π ο δ η μ είν ( - έ ω ) p e rd er — ά ν α λ ί ο κ ε ι ν

p a r t o , n a s c i m e n t o — τό κ ο ς, -ου ( ò ) p e rd o ar — σ υ γ γ ε γ ν ώ σ κ ε α ’

d a r à lu z τίκ τειν (v . i r r e g .) p e rfe iç ã o , a c a b a m e n to — τ ε λ ε ι ό τ η ς ,

p a s s a g e m , c a m i n h o — ό δ ό ς , ου (ή) -η τ ο ς ( ή )

p a s s a r i n h o — ό ρ ν ίθ ιο ν , -ου (r ò ) p e r f e i t o , -a - τ έ λ ε ι ο ς , - ã , -ο ν

p e rg u n ta r — έ ρ ω τ ά ν (-ά ω )
p á s s a r o — Ô pvις, -ιθος ( ό , ή )
P é r ic le s — Π ε ρ ι κ λ ή ς , -έους (Ô )
p a s s e a r — περιπ α τείν ( - έ ω )
p e r ig o — κ ίν δ υ ν ο ς , ου ( ό )
p a s s o , p a s s a d a — β ήμα, -ατος (το ) p e r n a , m e m b r o — σ κ έ λ ο ς , -ους ( τ ό )
p a s t o , p a s t a g e m — νομή, -ής ( ή ) p e r n e i r a — κ ν η μ ί ς , -ίδ ος (ή )
p a s t o r — ποιμήν, -ένος ( ό ) P e r s a ( n o m e p r ó p r i o ) — Γ Ι έ ρ σ η ς , -ου (ό )
p a t a ( d e a n im a l) — πούς, ποδός ( ό ) , κ ω · (v o c. ώ ΙΙέ ρ σ η )
λον, -ου ( τ ό ) P e rsa (g e n tílic o ) - ΙΙέ ρ σ ρ ς , -ου (ό )
p á t r i a - π α τρίς, -ίδος ( ή ) (v o c. ώ ΙΙέ ρ σ α )
OS GREGOS E SEU IDIOMA 465

P e rse u (h e ró i) - Ile p a e ik , -έ ω ς (ó ) p o p a ( d e n a v io ) — πρύμνα, -ης (ή)


p e r s u a d i r - π ε ί θ ε ι ν ( a c u s .) p o r ( a t r a v é s d e ) — δ ι ά ( g e n .)

p e r to ( a d v .) — έ γ γ ύ ς p o r (a fa v o r d e ) υ π έ ρ ( g e n .)

p e r t o d e , v i z i n h o — π λ η σ ί ο ν ( g e n .) , è y - p o r (cau sa d e ) — διά ( a c u s .)
γ υ ς ( g e n .) , π α ρ ά ( d a t . ) , π ρ ο ς ( a c u s .) p o r (e m tro c a d e ) άντί ( g e n .)
p e s a d o , -a β α ρ ύ ς , - e l a , -ύ p ô r , c o lo c a r — τιθέναι (τίθημι) ( ν .
p esco ço τ ρ ά χ η λ ο ς , -ου ( ó ) , δ έ ρ η , -ης a t e m .)

(ή) porém ά λλά ,δέ


p i e d a d e , d e v o ç ã o - ε ύ σ έ β e i a . -ας ( ή ) porque (conj.) - ότι
p ie d o s a m e n te — ε ύ σ ε β ώ ς por quê ? —διά τ ί ;
p i e d o s o , -a — ε υ σ ε β ή ς , - έ ς porta - θύρα, -ας (ή)
s e r p i e d o s o ,. - a - εύσεβείν ( - e c o ) portanto (conj.) —ούν
p ilo ta r κυβερνείν (- e c o ) possível —δυνατός, -ή, -όν
p i l o t o , t i m o n e i r o — κυβερνήτης, -ου ( ó ) possuir, ter —é χειν
p i l h a r , s a q u e a r - άρπάξειν, διαρπάξειν posto (de combate) —τάξις, -εως (ή)
p in to r χραφεύς, -έως ( ό ) potência, poder - δύναμις, -εως (ή)
p i r a t a — ληστής, -oú (ό ) potente, poderoso, -a — καρτεράς, -ά,
P í t i a ( s a c e r d o t i s a ) — Π υ θ ί α , -α ς ( ή ) όν, ισχυρός, ά, όν
p la n e ta — ά σ τ ή ρ ,-έ ρ ο ς (ό ) , πλανήτης, pouco (adv.) —όλίγου, μικρόν
-ου ( ό ) pouco, -a - òλíyoς, -η, -ον
p l a n í c i e — π ε δ ί ο ν , -ου ( τ ο ) povo, nação - λαός, -ού (ό), λεώς, -ώ
p l a n t a r -- φ υ τ ε ύ ε ι ν (ò) (át.), έθνος, -ους (το)
P l a té (c id a d e ) — Π λ α τ α ια ί, ώ ν ( α ί ) praça (pública) - àyopà, -άς (ή)
P la te n se — Ι Ι λ α τ α ιε ύ ς , έ ω ς ( ό ) pradaria, prado —λειμών, -ώνος (ό)
ρό ίό νις, -εω ς (ή ) praia - άκτή, -ής (ή)
p o b re - π τ ω χ ό ς , ού (ό ), π τω χ εύ ο υ σ α , pranto - δάκρυα, -ων (τα)
-VS (ή) prata —άργυρός, -ού (ό)
p o b r e z a — π ε ν ί α , -ας ( ή ) prazer - ηδονή, -ής (ή )
poder ( ν .) — δ ύ ν α ο θ α ι ( δ ύ ν α μ α ι ) (ν . preâmbulo - προοίμιον, -ου (το)
a te m .) prece ευχη,-ης(ή)
p o d e r (s u b s t.) — δ ύ ν α μ ι ς , - ε ω ς ( ή ) , ι σ ­ precedência - προεδρία, -ας (ή)
χ ύ ς , -ύος ( ή ) t e r p r e c e d ê n c i a — προεδρεύειν (τί­
p o d e r o s o , -a — δ υ ν α τ ό ς , -ή, -όν νος)
p o e m a - π ο ί η μ α , -ατος ( τ ο ) p r e c i o s o , -a — πολυτελής, ές, τίμιος, -5,
p o e s i a — π ο ίη α ις , ε ω ς ( ή ) -ον
p o e t a — π ο ιη τ ή ς , -ού ( ό ) p re fe rê n c ia προτίμησις, -εως (ή)
p o is - γ ά ρ ( p o s p .), κ α ί γ ά ρ p r e f e r i r - προτιμάν ( - ά ω )
p o l ê m i c o , -a - π ο λ ε μ ι κ ό ς , - ή , - ο ν p r e g u iç a βρθυμία, -ας (ή)
p o lític a (s u b s t.) — π ο λ ι τ ικ ή , -ής ( ή ) p r e g u i ç o s o , -a βάθυμος, -ον, νωθρός,
( s u b e n t ' τ έ χ ν η ) , π ο λ ι τ ε ί α , -ας ( ή ) -ά, -όν
p o l í t i c o , -a - π ο λ ι τ ι κ ό ς , -ή, - ό ν p rê m io άθλον, -ου (το), βραβείον, -ου
p o n te χ έ φ υ ρ α , -ας ( ή ) (τό), γ έ ρ α ς , - ω ς (το)
466 G U ID A NEDDA BARATA P A R R E IR A S HORTA

p re n d er (faz e r p a ra r) σ υλλα μ β ά νειν p r o d íg io — θ α ύ μ α , -α τ ο ς (τό ), τέρας,


(v . i r r e g .) - ω ς (-ατος ( τ ό )
p re s e n te , dom δ ω ρ ο ν , -ου ( τ ό ) , δ ω ­ p ro fe sso r δ ι δ ά σ κ α λ ο ς , -ου ( ό )
ρ ε ά , -α ς ( ή ) p ro fe ta , p ro fe tis a π ρ ο φ ή τ η ς , -ου ( ό ),
p r e s i d ê n c ia π ρ ο ε δ ρ ία , -δ ς ( ή ) π ρ ο φ ή τ ι ς , -ώ ος ( ή )
p r e s i d e n t e — π ρ ό ε δ ρ ο ς , -ο ν (ο ) p ro fe tiz a r π ρ ο φ ε τ ε ύ ε ιν
p r e s i d ir προεδρεύει p ro fu n d a m e n te - β α θ έ ω ς

p r e s o , -a - λ α β ό μ έ ν ο ς , -η, -ον p r o f u n d o , -a — β α θ ύ ς , - ε ί α , -ύ

p re ssa — σ π ο υ δ ή , -η ς ( ή ) p ro g resso , a c r é s c im o — προκοπή, -ης


c o m p ressa μ ετά σπουδής (ή ), α ν ξ η α ις , -εω ς (ή )
p re s s e n tir — π ρ ο α ισ θ ά ν ε σ θ α ι (g e n . o u fa ze r p ro g resso s, p ro g re d ir — προκόπ
a c u s .) ( ν . j r r e g . ) τ ε ιν
p re s ta r, s e r ú t il σ υ μ φ έ ρ ε tn ( d a t.) ( v . p ro je to - β ο ύ λ ε υ μ α , -ατος ( τ ό )
i r r e g .) p ro m essa —ύτίόετχεσ ις , -εω ς ( ή )
p r e s t í g i o - γ ο η τ ε ί α , -α ς ( ή ) p ro m e te r - ύ π ι σ χ ν ε ι σ θ α ι ( - ο υ μ α ι) (ν .

p r e t e n d e r , a le g r a r , a f i r m a r - π ρ ο τ είν ει, ir r e g .)

φ ά ν α ι ( φ η μ ί ) (v . a t e m .) P ro m e te u (T itã ) — Π ρ ο μ η θ έ α ς , - έ ω ς (ό )

p r e te n d e r, te n c io n a r βούλεσθαι (ν . p r o n u n c i a m e n t o , d i s c u r s o — λ ό γ ο ς , -ον

d e p .) (ό)
p r e t o , -a — μ έ λ α ς , μ έ λ α ι ν α , μ ε λ α ν p r o p o r ç ã o — σ υ μ μ ε τ ρ ί α , -ας ( ή )

p re v e r π ρ ο ο ρ ά ν ( - ά ω ) ( ν . i r r e g .) π ρ ο - p ro p ó s ito ( d e s íg n io , in te n ç ã o ) —

ν ο ε ϊ σ θ α ι ( - ο ο ύ μ α ι ( a c u s .) π ρ ο α ί ρ ε σ ι ς , - ε ω ς ( ή ) , β ο υ λ ή , -ής ( ή ) ,

p r e v id ê n c i a - π ρ ό ν ο ι α , - δ ς ( ή ) ■γνώμη, η ς ( ή )
P r í a m o — Π ρ ί α μ ο ς , -ου (ό) a p ro p ó s ito — kv ωρα, εν καιρώ
p rim a v e ra — έ α ρ , ε α ρ ο ς (o u ή ρ ο ς ) ( τ ό ) a q u e p ro p ó s ito ? — τίνι γνώ μη :
p r im a v e r i l — ε α ρ ι ν ό ς , ή, ό ν p r o s a - πεζός λόγος ( ό )

p r i m e i r o , -a ( a n t e r i o r ) — π ρ ό τ ε ρ ο ς , -ã , -ον e m p r o s a - πεξώς

p r i m e i r o , -a ( d e d o i s ) — π ρ ώ τ ο ς , - η , -ον p r o s a d o r — λογογράφος, -ου ( ό )

p r i n c e s a — β α σ ί λ ι σ σ α , -η ς ( ή ) , β α σ ι λ ί ς , p r o v a r ( d e m o n s t r a r ) — αποφαίνειν

-ίδος ( ή ) p ro v a r (e x p e rim e n ta r) — π ε ι ράσθαι


p rín c ip e — ά ν α ξ , ά ν α κ τ ο ς (ό ) (-ώ μ α ι)
p r in c íp io ( p o n t o d e v is ta ) — ά ρ χ ή , -ής p ro v ir d e είνα ι έκ, γ ίγ νεσ θ α ι έκ
( ή ) , α ξ ί ω μ α , -ατος ( τ ό ) ( g e n .)

p rin c íp io (in íc io ) - α ρ χ ή , ή ς ( ή ) p u b lic a m e n te φανερώ ς


p ris ã o — δ ε σ μ ω τ ή ρ ιο ν , ον (τ ό ), φ υλα κ ή , p ú b lic o , a s s is tê n c ia π α ρ ο υ σ ία , Α ι ς

0?) (ή )
p r i s i o n e i r o , -a — δ ε σ μ ώ τ η ς , ο υ ( ό ), δ ε σ p ú b lic o , -a ( d e to d a a g e n te ) — δημό
μ ώ τις, ώ ο ς (ή) σιος, ã , -ον, κ οινός , ή, όν
p ro a — π ρ ώ ρ α , -δ ς ( ή ) t e s o u r o p ú b l i c o — δ η μ ό σ ιο ν , ου ( τ ό )
p r o c e s s o ( j u d i c i á r i o ) — δ ί κ η , -ης ( ή ) p u b lic a r, a n u n c ia r —κ η ρ ύ τ τ ε ι ν , δ ια γγ έ -
p r o c is s ã o - π ο μ π ή , - ή ς ( ή ) λειν
p ro c u ra r — ξ η τ είν ( ·έ ω ) p u lm ã o π ν ε υ μ ώ ν , -όνος (ό )
OS GREGOS E SEU ID IO M A 467

pulmonar —πνευμονικός, -ή, -όν queixa, gemido —στεναγμός, -ού (ο )


pulso σφυγμός, -ού (ό) queixar-se — δόύρεσθαι (ν. dep.), στενά
punição —κόλααις, -εως (ή ) ξειν
punir κολάξειρ queixo —χένεων, -ου (τό)
pureza καθαρό της, -ητος (ή) quente —θερμός, -ή, -όν
puro, -a (límpido, -a) καθαρός, -ά, água quente — θερμόν, -ού (rò) (su­
-όν bent. ύδωρ)
puro, -a (sem mistura) —άκρατος, -ον querela —ύρις, -ώος (ή),άμιλλα, -ης (ή)
puxar, arrastar ίλκειν νείκος, -ους (το)
puxar à parte απάγειν querer —βούλεσθαι (ν. dep.)
puxar os cabelos τάς τρίχας τίλλειν quieto, -a - είρηναϊος, -5, -ον, ήσυχος,
-ον
Q quinta-feira — ή τού Αώς (subent. ήμέ
ρα)

quadro, painel άβαξ, άβακος (ό), άβά-


κων, ου (το) R
qual? quem? (pron. interrog.) τις; rí;
qual, que (pron. rei.) — δστις,ήτις, ότι, rã —βάτραχος, -ου (ό)
ο ς , ή , ό
rabo, cauda - ούρά, -ας (ή), κέρκος, -ου
qual dos dois? ττότερος, -ã, -ov; (ό)
qualquer (pron. indef.) όστισούν, ήτι- raça, povo - γένος, -ους (τό), έθνος,
σούν, δτωύν -ους (τό)
de qualquer maneira όπωσοϋν de boa raça, nobre —εύγενής, -ές
quando —δτε, δταν rainha - βασίλισσα, -ης (ή)
quanto,-a (pron.) πόσος,-η,-ov raiz - βίζα, ης (ή)
quanto a (loc. prep.) —πρός, κατά (acus.) rampa - άναβαθμός, -ού (ό)
quarta-feira — ή τού Ερμου (subent. rapaz νεανίας, -ου (ό )
ημέρα) agir como um rapaz - νεανιεύεσθαι
quartel (de inverno) - χειμάδων, -ου (rò) rapazinho, menino —μειράκων, -ου (τό)
quem, que (pron. rei.) δ ς ,ή ,ό rapidamente —ταχύ, ταχέως
quase —μικρού (sent. adv.) rapidez — ταχυτής, -ήτος (ή), τάχος,
faltar pouco — μικρού δείν -ους (τό)
quatro τέτταρες, τέτταρα rápido, -a —ταχύς, -εϊα, -ϋ
que (conj. integr.) —Õrt raposa —αλώπηξ, -εκος (ή)
que, do que (conj. comp.) - ή pele de raposa - άλωπεκή, -ής (ή )
quebrar, partir - καταγνύναι (κατάγ rapsódia (canto épico) — ραφιρδίa,
νυμι) (ν. atem.), ήτγγνύναι (ρήγνυμι) -as (ή)
(ν. atem.) raptar, rapinar —άρπάξειν (acus.)
queijo - τυρός, -ον (Ò) rapto (subst.) — άρπαγή, -ής (ή )
queimar καίειν (καίω)' (fut. καύσω) raptor - άρπάκτης, -ου (ό )
(ν irreg.) rarefeito, -a —άραιός, -ή, -όν
468 GLIDV NKDDA BARATA P A R R E IR A S HORTA

raro,-a (incomum) σναπιος, -a, -ov lazer uma refeição (comer) έσΟί-
raro, -a (excelente) —έξοχος, op, έξαί ειν (fut. έδυμαι, aor. II ’έφαyov) (v.
ρ'ετος, -ον irreg.)
rasgar απαράττειν(άαοειν)(lut. όξω) refeitório δειπνητήριυν, -ου (το)
διασπαράττειν (-άσσειν) refém (presa de guerra) όμηρος,-ου
rastejar —έρπειν (ό)
rato - μυς, μυός (ò) referência (ponto de), relação — άρα-
razão, pensamento, faculdades mentais λογία, -ας (ή ), συμφωνία, -ας (ή)
λόγος, -ου (ό), νους, νοϋ (ό), διά­ referir-se ò.vaλoyείv (-έω), ουμφωνειν
νοια, -ας (ή), φρένες, -ών (α ί) (-έω)
razoável —φρόνιμος, -ον refúgio, asilo - καταφιτγή, ής (ή), άσυ
reboar, ecoar — νχειν (-έω), άντηχείν λον, ου (ό)
(-έω) região, país χώρα, -ας (ή)
recear - φοβεισΟαι (-ούμαι (acus.), δέ- rei - βασιλεύς, -έως (ό)
δοικα/δέδια (ν. irreg.) reinar, ser rei βασιλεύειν
receber —δέχεσθαι reinar, dominar κρατεϊν ( έω), έ πι
recolher, colher, convocar συλλέγει κρατεί# ( έω), ισχύειν (gen.)
(v. irreg.) λαμβάνει# (ν. irreg.) reino (subst.) βασιλεία, -ας (ή)
recolhimento, meditação —σύννοια,-άς relatar, referir διηγείσΟαι (-ούμαι),
(ή), ευσέβεια, -ας (ή) άvάyειv (ν. irreg.)
recomeçar — επαναλαμβάνει#, αύθις relatório, dissertação διήγησις, -εως
άρχεται (άρχεσΟαι - impes.) Οί)
recompensa, prêmio γέρας,-ως (rò) reler έ παραγιγρώσκεα" (ν. irreg.)
reconhecer - όμολογειρ ( έω), émyiy religião, devoção ευσέβεια, -ας (ή)
νώ σκ ειν religioso, -a - εύαεβής, -ές
reconhecido, -a —òμoλoyoύμένος, -η, -ον relíquias (sagradas) - Ιερά, -ών (τά)
ser reconhecido, -a, dar graças —ευ­
relógio —ώρολόγιορ, -ου (το)
χάριστος, ον, χάριν έχειν
relógio d’água κλεψύδρα, -ας (ή)
recordar - μέμνημαι (perf. de μιμνήακο-
μαι) (acus. ou gen.) (v. irreg. defect.) relógio solar σκιόθηρον, -ου (το)
recusar —άρνεϊσθαι, απαρνειαθαι (-ου- relva, grama πόα,-ας (ή)
μαι) remédio, droga — άκος,-ους (το), φάρ­
redação, composição, obra literária μακου, -ου (το)
συγγραρή, -ής (ή), σύγγραμμα, -ατος remeter, entregar — άπονέμειν, παραδι
(το), σύνταξις, -εως (ή) δόναι (δίδωμι) (ν. atem.), πέμπειν
redator, escritor —συyypaφεύς,-έως (ô) repelir —ώθειν (-έω)
redigir —γράρειρ, συγγράρειρ representação, exibição παράσταοις,
redizer —πάλιν λέ yeiv -εως (ή)
refeição, alimento — σίτος, -ου (ό), τρο- repiosentação (espetáculo) — έπίδει
φή, -ής (ή) ξις, εως (ή)
dar uma refeição (oferecer hospitali­ representação (descrição pitoresca)
dade) —έατιάν ( άω) (acus.) ύποτύπωαις, -εως (ή)
o s O REGOS E SF.U IDIOMA 469

representar, exibir, figurar παριοτάναι riqueza πλούτος.-ου (ό )


(παρίοτημι) (v. atem ), άπεικάξειν riqueza (bens) χρήματα, -ων (τά)
repousar άναπ αύεσθαι rir χελάν (-άω)
repouso, tranquilidade (subst.) àva ritmo ρυθμός, -ου (ό )
παυσις, ewç (17), ησυχία, ας (ή) rocha, rochedo πέτρα, -ας (ή), οκό
repugnância δυσχέραυοις, -εως (ή), πελος. -ου (ό )
απέχθεια, -ας (ή) rochoso, -a τραχύς, -eia, -ύ
repugnar, ter repugnância δυσχεραί- nascente rochosa — πηδυλίς. -ίδος
νειν (acus.), δυσχεραίνεαθαι (dat. ou (ή) (subent. πέτρα)
ύπό + dat.) roda τροχός,-ού (ό )
residir, permanecer - έπινέμειν, διατρί rogar δείσθαι (δέομαι) (gen. e acus.)
βειν rosa ρόδον,-ου (τό)
resistir, opor-se — άντέχειν (v. irreg.) róseo, -a (cor-de-rosa)- βοδόχρους,
άντιατάναι (v. atem.) -ουν, ροδοειδής, -ές
respeitar α'ώetσθαι,καταώεισθαι (-ού- rosto, aparência, máscara — όψις,
μ α ί) -εως (ή), βλέμμα, -ατος (τό), πρόσω-
respeito (subst.) αιδώς, -ούς (ή) πον, -ου (τό)
a respeito de, sobre - περί (gen.) roubar —κλέπτειν
respiração —άναπνοή. -ης (ή) roubo (subst.) —κλοπή, -ής (ή)
respiração opressa —δύσπνοια, -ας (ή) roupa, túnica - εσθής,-ήτος (ή),ίμά-
respirar - άναπνειν (έω ) τιον, -ου (το), χιθών, -ωνος (ό)
ο que respira, respiradouro - έμψυ­ rouxinol άηδών, -όνος (ή )
χα, -ων (τά) rua —-άητυιά, -άς (ή)
responder, retrucar — άποκρίνεσθαι, rubro, -a, vermelho, -a —Ιρυθρός, -ά, -όν
άμείβεοθαι ruído, barulho — ψόφος, -ου (ò), ήχος,
resposta - απόκρισις, -εως (ή) -ου (Ò)
resposta oracular χρησμός, -ου-(ό), fazer ruído —ψοφείν (-έω)
θέσπισμα, -ατος (το)
ruim - κακός, ή, όν, αισχρός, -ά, όν
ressoar, ecoar - ήχείν (·έω) ruína, destruição — κατάλυσις, -εως
restante - λοιπόν, -ον (το)
(ή)
e ο restante (= etc.) — καί τά λοιπά
rural —κατ'ά·γρούς (ό, ή, το)
(= κ. τ. λ . )
restar, sobrar —λείπεσθαι, άπολείπεσθαι
(ν. irreg.)
reunir —συλλέ-γειν, άθροιζες S
rever, revisar —πάλιν όράν (-άω), πάλιν
^%ετάξειν (ou άνετάζειν)
reverso, revés, derrota —ήττα, -ης (ή) sábado — αάββατον, ου (το) (dat. ρΐ. —
reza, prece - εύχη, -ης (ή ) σάββασιν)
rezar, suplicar —εϋχεσθαι (dat.) sabedor, -a, sábio, -a —σοφός, -ή, -όν
rico, -a —πλούσιος, -ά, -ον, άφθονος, -ον sabedoria, conhecimento — σοφία, -ας
rio - ποταμός, -ού (ό) (ή), έπιστήμη, -ης (ή)
470 CUIDA NfiUDA RARATA PARREIRAS HORTA

saber, conhecer — έπίστασθαι (έ πίστα século — έ κατονταετηρίς, -ίδος (ή),


μαι) (v. atem.) αιών, -ώνος (ό), χρόνος, -ου (ό)
sabiamente - έμπείρως, σοφώς seda σηρικόν, -ού (το)
sábio (subst.) - σοφός, -ού (ò ) sede (lugar) χώρος,-ου (b)
sabor - γεύσις, -εως (ή), χυμός, -ον (ό ), sede episcopal —καθέδρα, -ας (ή)
χυλός, -ού (ό) sede imperial άρχείον, -ου (το)
sabor agradável — εύχυλία, -ας (ή) sede (vontade de beber) - δίψα, -ης (ή),
sem sabor (insípido) —άχνλος, -ον δίψος, -ους (το)
saborosamente - ήδέως ter sede διψάν (-άω)
saboroso, -a γλυκύς, -εία, -ύ, ήδύς, seguir επεοθαι (ν. irreg.)
-ela, -ύ, εϋχύλος, -ον segunda-feira - ή τής σελήνης (su-
sacerdote - ΐερεύς, -έως (ό) bent. ημέρα)
sacerdotisa ιέρεια, -ας (ή) segundo, conforme (conj.) κατά
sacrificar —θύειν, θύεσθαι (acus.)
sacrifício —θυσία, -ας (ή) segundo, -a (num.) —δεύτερος, -3, -ον
sadio, -a —υγιεινός, -ή, -ον estar em 2? lugar - δευτεριάξειν
saída έξοδος,-ου (ή) seguro, -a άκριβής, -ές, ασφαλής, -ές
sair — άπαντάν (-άω) (dat.), έκφέρεσ- seis —έξ
θαι (gen.) (ν. irreg.), έξορμάν (-άω) selvagem, rústico, -a, feroz —άγριος, -5,
sal —άλς, άλός (ό) -ον, θηριώθης, -ες
sala, lugar de recepção - οίκος, -ου (ό ), sem, exceto —άνευ (gen.), χωρίς (gen.),
Εξέδρα, -ας (ή) δίχα (gen.), έκτος (gen.)
sala (de jantar) έστιατόριον, -ου (το) ' semana - έβδομάς, -άδος (ή)
saliva — σίαλον, -ου (το), πτύαλον, -ου semanal —κατά έβδομάδα
(το) semear, espalhar —σπείρεw, διασπείρεw
saltar πηδάν (-άω), άλλεσθαι, ύπε- semelhante, parecido,-a —παραπλήσιος,
ράλλεσθαι -ον, όμοιος, -ã, -ον
salvar —αιρξειν semestre έξάμηνον, -ου (το)
salve! (interj.) - χοίρε, χαίρετε sempre άεί,αίεί
sangue —αίμα, -ατος (το) para sempre —εις αεί
santo, -a —άγιος, 3, ον, ‘όσιος, 3, -ον senha, convenção — σύνθεμα, -ατος (τό)
são, sã - υγιής, -ές, ΰγιεινό.ς, -ή, -όν senhor, patrão — κύριος, -ου (ό), δεσ­
sapo — φρμνος, -ου (ό ), φρύσαλος, -ου πότης, -ου (ό)
(ό) senhora, patroa - δέσποινα, -ης (ή)
saudação — προσα-γόρευαις, -εως (ή), senhorial κυριακος, -ή, -όν
ά σπασμός, -ού (ό) sensatez σωφροσύνη, -ης (ή)
saudar —προσαγορεύειν, άσπάξεσθαι
sensato, -a —αώφρων, -ον
saúde - ΰγίεια, -ας (ή), έξις, -εως (ή)
se (conj.) - εί sentar-se — καθίξειν, καθέξεσθαι (ν.
secar - ξηραίνειν, άνυδρεύεσθαι irreg.)
seco, -a - ξηρός, -ά, -όν, αυος, -η, -ον sentença, axioma — -γνώμη, -ης ( ή ),
uva seca, passa - σταφίς, -ίδος (ή) άξίωμα, -ατος (τό), παροιμία, -ας (ή)
OS ÜRECOS E SEU IDIOMA 471

sentença (judicial) - χρίσις, -εως (ή), soberba, orgulho - ύπερηφανία, -ας (ή)
soberbo, -a —υπερήφανος, -ον
ψήφος, -ου (ό)
sentenciar —καταδικάζει* sobre, a respeito de — έπί (gen.), περί
ser (subst.) —όν, δντος (τό) (gen.)
socorrer - βοηθείν (-όω)
todos os seres —πάντα τα δ ντα
ser (ν.) - είναι (είμί) (ν. aux., irreg., de- socorro (subst.) - βοή, -ής (ή)
fect.) Sócrates - Σωκράτης, -συς (ò)
sereia —Σειρήν, -ήνος (ή) Sófocles —Σοφοκλής, -ε'ους (ό)
serpente — όφις, -εως (ό), όφίδιον, -ου sofrer - νοσεϊν (-ε'ω), πάσχειν (ν. irreg.)
(τό)
sofrimento - πάθος, -ους (τό), άλγος,
serra, montanha —όρος, -ους (τό)
serva (criada) —θεράπαινα, ης (ή) -ους (τό)
serva (escrava) δούλη, -ης (ή ) sol —ήλιος,-ου (ό )
servidor —θεράπων, οντος (ό) soldado —στρατιώτης, -ου (ό)
servir (ser escravo, -a) - δονλεύειν solícito, -a, prestante — χρηστός,-ή,
servir (ser útil) — ώφελειν (-ε'ω), υπη­ -όν
ρετεί* (·εω) solider - στερεό της, -ητος (ή), βέβαιό-
servo (criado) - θεράπων, -οντος (ô) της, -ητος (ή)
servo (escravo) - δούλος, -ου (ό) sólido, -a - βέβαιος, -ά, -ον, στερεός, -ά, -άν
seta, flecha - βέλος, -ους (τό) solitariamente - μοναατικώς
solitário, -a (adj.) — μονήρης, -ες, έρη­
ο arco e as flechas - τόξα, -ων (τα)
μος, -ον
sete —è πτά
seu, sua —αυτού, σφέτερος, -ά, -ον solitário, -a (subst.) — άναχωρητής,
sexo, natureza φύ οις, -εως (ή) -ού (ò), μοναστής, -ού (ό)
solteiro, -a, celibatário, -a — ά'γαμος,
ο belo sexo — θηλυκόν, -ού (τό), γυ­
-ον(ό,ή)
ναίκες, -ών (α ί)
som —φθόγγος, -ου (ό)
sexta-feira — ή τής Αφροδίτης (su-
sombra —σκιά, -άς (ή )
bent. ημέρα)
sombrio, -a —σκοτεινός, -ή, -όν
Sicião —Σικυών, -ώνος (ό, ή)
somente —μόνον
Sicília —Σικελία, -ας (ή)
não só, mas também - ού μόνον,
sílaba - συλλαβή, -ής (ή)
άλλα καί, κ α ι............... τε
silêncio —σιγή, -ής (ή), σιωπή, -ής (ή)
sonhar - ό νειροπολείν (-έω)
sim - ναι, ναι'δ ή, μάλιστα
sonho (subst.) —δνειρος, -ου (d), δναρ,
sim, por Zeus —νή Δία, ναι μά τον Αία
ό νείρατος (το), è νύπνιον, -ου (το)
simples, ingênuo, -a —άπλοΰς, -οϋν sôno —ύπνος, -ου (ό)
simultaneamente - όμού, άμα soprar — πνειν (-έω) (fut. πνεύσομαι)
simultâneo, -a — σύγχρονος,-ον, όμό- (ν. irreg.), φυσάν (-άω)
χρονος, -ον sopro (subst.) - πνεύμα, -ατος (τό)
sintaxe - σύνταξις, -εως (ή) sorrir - μειδιάν (-άω), -γελάν (-άω)
só, sozinho, -a - μόνος, -η, -ον sorriso (riso) — μειδίαμα,-ατος (τό),-γέ­
sob —ύπό (gen.) λασμα, -ατος (τό)
472 GUIÜ.V NIOUDA BARATA IWKItEIKAS HORTA

sorte, destino — τύχη, -ης (ή), μοίρα, Τ


- ã c (tj)

por sorte —τύχη (dat. adv.)


taça, copo κύλιξ, -ικος (ή )
suar - ίδροΰν (-όω)
talento (gênio) δεαότης, -ητος (ή),
subir άυαβαίνεir (v. irreg.)
ευφυΐα, ας (ή)
subjugar - κρατείv (-eco) talento (peso, moeda, prato de balança)
sublime -ύψος,-ους (τό), υψηλός, -ή,-όν —τάλαντου, -ου (τό)
suco - χυλός, -οϋ (ό), χυμός, -ου (ό) talvez - ίσως, τάχα
suculento, -a —εύχυλος, -ου também -καί, διό καί
suficiente — ικανός, -ή, -όν, όρκων, tarde (adv.) ό ψέ
-ούαα, -ούν (-ούντος, -ούσης, -ούντος) tarde (subst.) - έ σπέρα, -ας (ή)
tartaruga - χελώνη, -ης (ή )
sugar - μύξειν, Εκμυξάυ (-άω)
teatro - θέατρου, -ου (τό)
sulco —αυλαξ, ακος (ή) Tebas —θήβαι, -ών (α ί)
suor - ίδρώς, -ώτος (ό) em Tebas Θήβησιν
superfície —έπιφάνεια, -ας (ή ) tédio —άηδία, -ας ( ή ), κόρος, -ου (ό)
na superfície —Επιπολής, Ιν χρω tedioso, -a —άηδής, -ές, βαρύς, -εΊα, -ύ
supérfluo,-a περισσός, -ή, -όν tema (subst.) θέμα, -ατος (τό)
■ discurso supérfluo - περισοολογία, temer —φοβείσθαι (-ούμαι) (acus.)
-ας (ή) temeroso, -a —δειλός, -ή, -όν
superior (acima de) - άνώτερος, -ã, -ον temível φοβερός, -ά, -όν, δεινός, -ή,
superior (melhor) βελτίων,-ον,όμεί- -όν
, νων, -ον, κρείττων, -ον tempestade (mau tempo) χειμών,
um superior, chefe - άρχός, -ού (ò), -ώνος (ό)
προστάτης, -ου (ό) templo - ιερόν, -ού (τό), νεώς, -ώ (ό)
súplica —ικεσία, ας (ή) (át.)
suplicar - ίκετεύειν tempo —χρόνος, -ου (ό)
supliciar - τιμωρεϊν (-έω), θανατούν bom tempo —βόδια, -ας (ή)
(-όω) não há muito tempo ού πολύς
suplício, castigo —τιμωρία, -ας (ή) χρόνος
suportar — φέρειν (ν. irreg.), πάσχειν ter, possuir - 'έχειν (aor. II —έσχον) (ν.)
(ν. irreg.) irreg.)
surdo, -a —κωφός, -ή, -όν terça-feira - ή τού "Αρεως (ημέρα)
surpreender, espantar — καταλαμβάνειν terminar — τελευτάν (-άω), τέλος έπι-
(ν. irreg.), έκπληττειν (-σοειν) τιθέναι (-θημι) (ν. atem.)
surpreendido, -a Εκπληττόμενος, terno, -a, meigo, -a —μαλακός, -ή, -όν,
(-σσόμενος), λαβόμένος, -η, -ον απαλός, -ή, -όν
surpresa (subst.) —έκπληξις, -εως (ή), ternura, meiguice —φιλοστοργία, -ας (τ))
Επιβουλή, -ής (ή), θαύμα, -ατος (τό) φιλία, -ας ( ή )
estar surpreso, -a — θαυμάξειν (ότι) terra —γη, γης (ή)
(acus.) território - χώρα, -ας (ή)
OS OKKOOS K SEU IDIOMA 473

terrível δειλός, -ή, -όν trazer φέρειν. είσφέρεεν (ν. irreg.)


Teseu (herói) Θηοεός. -έως (ό ) três - τρεις, τρία
tesouro θησαυρός, -ου (ό) tribo φυλή, -ής (ή)
teu, tua σός, στ), αόν, οαυτου. ής tribuna, altar, plataforma — βήμα, -ατος
tia θεία,-ας (ή) (τό)
tigre τίγρις, -ώος (ό . ή) (gen. ιος) tributo, imposto δασμός, -ου (ό), φό­
tímido, -a δειλός, τ), όν, αίδήμων, ρος, -ου (ό )
-ον triera, trirreme τριήρης, ους (ή)
tio θειος,-ου (ό) trigo σίτος, -ου (ό), πυράς, -ού (ό),
tirania τυραννίς, -ίδος (ή) πυροί, -ών (ο ί)
tirar έξαιρείν (-έω), άφαιρείν (-έω) tripé τρίπους, -οδος (ό)
Tirinto Τίρυνς, -υνθος (ή) triste, grave - στυγνός, -ή, -όν, δύσθυμος,
todavia, entretanto - όμως, καίτοι, μεν -ον
τοι tristemente - δυαθύμως, λυπηρώς
todo,-a, tudo - πάς, πάσα, παν (παντός, tristeza - λύπη, -ης (ή)
πάοης, παντός) triunfar —νικάν (-άω), κρατείν (-έω)
tomado, -a, apanhado, -a λαβόμενος, -η, triunfo, vitória θρίαμβος, -ου (ò), νίκη,
ον, άναλαβόμενος, η, ον, άφαιρούμε
-τ?? (V)
νος, η, ον Tróia - Τροία, -ας (ή)
ser tomado, -a, apanhado, -a —άλίσ- troiano, -a - Τρώος, -ά. -ον
κεσθαι trombeta —σάλπιγξ, -ιγγος (ή)
tomar, apanhar λαμβάνειν (v. irreg.), trono —θρόνος, -ου (ό)
άφαιρεϊν (-έω ) (v. irreg.) tropa - στρατιά, -άς (ή), στρατός, -ού (ό )
tomara (interj.) εϊθ ε,εί γάρ (optat.) tu —συ, σού
tombar, cair - σφάλλειν, πίπτεεν (v. túmulo - τειφος, -ους (τό), τύμβος, -ου
irreg.) (ό)
tormento όδύνη, -ης (ή) túnica χιθών, -ώνος (ό)
tosse - βήξ, βηχός (ή )
tossir - βήττειν (-σσειν)
touro ταύρος, -ου (ό) U
trabalhador, -a —έργάτης,-ου (ò), èpyà-
τις, -ώος (ή) Ulisses (Odisseu) —Όδιτσσεός, -έως (ό)
trabalhar —έργάξεσθαι, περιερ-γάζεσθαι último, -a έσχατος, η, -ον, ύστατος,
trabalho (subst.) κάματος, -ου (ό), πό­ η, ον
νος, -ου (ό) um, uma (num.) —εις, μία, έν
Trácio-Θ ρ ά ξ, -φκός(ό) umbigo —δμφαλός, -ού (ο)
traduzir μεταγράφειν, μεταφράξειν unção (ato de untar) - χρίσις, -εως (ή)
tragédia τραγαρδία, -ας (ή) ungir, untar —χρίειν
trágico, -a - τραγικός, -ή, -όν unha - δνυξ, -υχος (ό)
trair προδώόναι (προδίδωμι) (ν. atem.) união —συνέιφεια, -ας (ή)
tranqüilo, -a —ήσυχος, -ον unicamente —μόνον
transportar - μεταφέρειν (ν. irreg.) único, -a - μόνος, -η, -ον
474 CUIDA NEDDA RARATA PARREIRAS HORTA

unir - ò μαλίξεα, συνάπτειν veia —ιρ\έφ,-βός (ή)


uníssono (em ) - συμφονία, -ας (ή) veículo πορειον, -ου (το)
ser uníssono, -a - σύμφωνος, -ον vela (de cera) — κηρός, -οι) (ό)
universal —καθόλου (ò , ή, το) (indecl.) velas, velíme (de n*vio) — ιστία, ων
universo - κόσμος, -ου (ό) (τά)
unívoco, -a —δμώνυμος, -ον velha, anciã - y/οαΰς, γραός (ή)
útil, solícito, -a - χρηστός, -ή, -όν, velhice - -γήρας, -ως (το)
χρήσιμος, -η, -ον velho, ancião —-γέρων, -οντος (ό)
utilidade, probidade - χρηστότης, velho, -a (antigo, -a) - παλαιός, -ά, -όν,
ητος (ή) αρχαίος, -α, -ον
utilmente - χρηστώς, χρησίμως veloz, rápido, -a —ταχύς, -eia, -ύ '
uva —σταφυλή, -ής (ή) velozmente —ταχέως
cacho de uvas —βότρυς, -υος (ή ) vencedor —νικητής, -ού (ô)
vencer —νικάν (-άω), κρατειν (-όω)
V ser vencido, -a νικάσθαι(-ώμαι),
κρατείοθαι (-ούμαι) ύπό τίνος
vaca - βούς, βοός (ή) vender —πιπράσκειν(ν. irreg.),à7roôíóóo
vaga, onda - κύμα, -ατος (το) Θαι(\. atem.)
vagar, vaguear — πλανάαθαι (-άωμαι > veneno —ιός, ιού (ό)
-ώμαι) vento - άνεμος, -ου (ό)
com vagar - ήσυχη (adv.) ver — òpàv (-άω) (ν. irreg.), βλέπειν
vagarosamente, devagar — βραδέως, (acus.)
ήρέμα verão, estir —θέρος, -ους (το)
vagaroso, -a - βραδύς, -eia, -ύ verdade άλήθεια, -άς (ή)
valente —άνδρείος, -ã, -ον na verdade - τω δντι
valer — άξιος, -a, -ον eivai (άξιός ei μι) verdadeiramente —άληθώς, όντως
(gen.) verdadeiro, -a - αληθής, -ές
válido, -a — κύριος, ã, ον, ’έννομος, ον verde χλορός, -α, -όν
valioso, -a —τίμιος, -ã, -ov vergonha, pudor - αιδώς, -?ϋς (ή), αίο-
valor, preço, honra —τιμή, -ής (ή) χύνη, -ης (ή)
valor, coragem - άνδρεία, -ας (ή) vergonhosamente - αίσχρώς
valorosamente —άνδρείως vergonhoso, -a —αί σχρός, -ά, -όν
valoroso, -a —άνδρειος, -δ, -ον vermelho, -a —ερυθρός, -ά, -όν
vão, fútil —ιίενός, -ή, -όν verossímil - πιθανός, -ή, -όν
em vão —μάτην (adv.) versão (tradução) — μετάφρασις, -εως
varrer —σαρούν(-όω) (acus.) (h)
vassoura — σάρωθρον, ου (το), κάλλυν- versão (variante) λόγος, -ου (ό)
τρον, ου (το) verso - στίχος, -ου (ό), μέτρον, -ου (τό)
vastidão, amplitude - πλάτος, -ους (το) verso heróico —έπη, -ών (τά)
μέγεθος, -ους (το) véspera —προτεραία, -ας (ή)
vasto, -a - εύρύς, -eia, -ύ vestido, roupa ’εσθής, -ήτος (ή), ίμά-
vate, adivinho - μάντις, -εως (ό ) τιον, -ου (τό)
OS GllEOOS ε SEU 1010 Ma 475

vestir-se - σηλίξεσθαι, άμφιεννύναι voar —ίπτααΟαι, πέτεοθαι


(v. atem., irreg.) vocabulário τ- λεξικόν, -ον (τό), ό νο­
véu - κάλυμμα, -ατος ( tò ) μαστικόν, -ου (τό)
vez (uma) —άπαξ vocábulo —βήμα. -ατος (τό), λέξις,
via, caminho —όδός, -ού t f ) -εως (ή)
viagem, expedição - πορεία, -ας t f ) , volta (ação de regressar) έπάνοδος,
όδοιπορία, -ας t f ) -ου t f )
viajar, emigrar - όδσιπορειν ( eco) volta (ação de girar) γύρος, -ου (ό),
vida - βίος,-ου (ó ),ξωή. -ής (ή) περιφορά, -ας (ή)
videira —&μιτέλος, -όϋ t f ) meia volta έπαναστροφή, -ής (ή)
vigor Ισχύς,-ύος t f ) , Ρώμη,- η ς(ή ) voltar (regressar) άναστρέφεεν,ύποο-
vigorosamente —i σχυρώς, ρωμαλέως τρέφειν, έπαναοτρέφειν
vigoroso, -a - Ισχυρός, -ά, όν,βεομαλέ voltar-se (girar) - έπιστρέφεσθαι
ος. -α.-ον volume (livro) τόμος, -ου (ό)
vil (vergonhoso, -a) —α ί σχρός, -ά. -όν volume (massa) μέγεθος, -ους (τό)
vil (sem valor) σθδειος άξιος, -ã, -ον volumoso, -a μέγας, μεγάλη, μέγα
vinagre —δξος, -ους (τό) (irreg.)
vindima - τρύγηοις, -εως t f ) voluntário, -a — εκούσιος, α, ον, ’εθε
vingador —τιμωρός. -ον (à) λονοιος, -ã. -ον
vingança —τιμωρία, -ας t f ) vontade —θέληοις, -εως (ή )
vingar - τιμωρείν (-e'co) vós —υμείς, -ών
vinha, vinhedo — άμπελος, -ου (η) άμ- vosso, -a - ύμέτερος, -α, ον
πελών, -ώνος (ό) votar — ψηφοφορείν (έω ), ψηφίξεοθαι
vinho —οίνος, -ου (ό) voto, sufrágio —Ψήφος, -ους (τό)
violência βία -ας(ή),ύβρις,-εως (η) νονό - πάππος -ου (ό)
violentamente - βιαίως, βία νονό - μάμμα. -ης (η)
violento, -a — βίαιος, α, ον χαλεπός, νοζ - φωνή, -ής (ή)
η. όν
violeta (fiori —Ιον. ου (το)
X
violeta (cor) —ίά ν θ ιν ο ς , -η. -ον
vir — ήκειν , έχεαθαι (έρχομαι) ( \ irreg .
Xantipa Έαντίππη,-ης (ή)
defect.)
xarope - χύλιομα, -ατος (τό)
vírgula υποστιγμή,-ης t f )
Xenofonte Έ,ενοφών, -ώντος (ό )
virtude άρετή,-ής(ή)
Xerxes - Έέρξης, -ον (ό)
vital ξωτικός, -ή, -όν
xícara κύπελλον, -συ (τό)
vitória νίκη,-ης t f )
viver —βιούν (-oco), ξήν (ξήω) (ν. irreg.)
víveres, mantimentos σϊτα, -ών (τά),
Ζ
αιτία, -ων (τα)
estar vivo, -a —ξών, -ώσα, -ών (gen.
-ώντος, -ώσης, -ώντος) zanga, ódio - μίσος, ους (τό), άπέχ
vizinho, -a - γείτων, -ονος (ό , ή) θεία, ας (ή), ϊχθρα, ας (ή )
476 CIM M \ Kl Ί» \ U V I!\T \ [MKRKIK\K HOlt rv

zero άσημου σημυιυυ, υν f ■'>)


zangar (-se) —òpylfeu’, bpyíÇeoOai, λι>
reduzir a zero ούδευυν (·όω)
πβΐυ (-έω)
Zeus (Júpiter) Zetk. Διάς (ò) (fiej.)
estar zangado, -a (com) δυσχβραί-
ziguezague έλιγμοί, -ωυ (oi)
veiv (dat.)
zebra Ραβδωτός ôvaypoç, -ου (ò ) zombar γελάς ( άω), σκcínrrei*', ànoff
κώπτειυ
Zéfiro (vento) - Ζέφυρος, -ου (ό) zombaria (subst.) σκωψις, ÍCJÇ (fl).
zelar, cuidar σπουδάζεις σαρκασμός, -ου (ό)
zelo, dedicação, cuidado —σπουδή, -ής zombeteiramente σκωπτικώς
(V) zombeteiro, -a - σκωπτικός, -ή, •Λ'. Ά·
zelosamente, cuidadosamente — σπου­ λοσκώμμωυ, -ου
δαίους zona, faixa ξώυη,-ης(ή)
zeloso,-a, cuidadoso,-a σπουδαίος, -ã, zoolatria Jcρολατρβία, -ας (ή)
-ου zoológico,-a ζωολογικός, ή, ·όι>
ANEXO V

ALGUNS TEXTOS COMPLEMENTARES PARA TRADUÇÃO E APLICAÇÃO


DA MATF.RIA CONTIDA NESTE TOMO (Dialeto Ãtico)

I — Γεωργός και παίδες αύτού

Γεωργός τις έμελλε καταλύειν το βίον καί έβούλετο τούς εαυτού παϊδας
εμπείρους ποιήοειν τής γεωργίας. Διό έκάλεαεν αύτούς καί έλεγες ότι που τής
ά,χπέλου κρυπτός θησαυρός είη, καί εί αυτοί πάσαν την τής 'αμπέλου Ύήν όρύτχςρε ν
αμελεί τον θησαυρόν αν εύρίσκοιεν. Μετά δέ τον τού ηεωρχού θάνατον ο'ι νεανίαι
6λην την άμπελον όρύττουαιν■ τον μεν θησαυρόν ούχ εύρίσκουσιν, ήδ' άμπελος
πολλούς καί καλούς καρπούς τοίς νεανίαις εφερεν.
Ό μύθος διδάσκει ότι ό πόνος θησαυρός εατι τοΐς 'ανθρώποις.
(Κατ' Αίσωπον )

2- 'Οδοιπόροι καί δρύς

Αύο δέ φίλοι την αύτήν οδόν εβάδιξον. θερμή μεσημβρίας ώρμ καλήν καί
σκιεράν δρύν έθεάσαντο. Ό δ ’ έτερος αυτώ ν < "Αλις δή μακράν ήδη όδον επορεύ
θημεν καθεξώμεθα ούν ύπό τή δρυϊ. ίνα μέν εν τή σκιξ. αύτής άναπαυσώμεθα
καί ύστερον δέ νέμ ίσχύϊ πόρρω πορευθώμεν. > Μετά δέ μικρόν, όθ’ ò κόπος
αύτων επαύθη, άναβλέπουοιν εις τούς τής δρυός καρπούς καί λέγοοσι ν < Τ2ς
άχρηστοι οι βάλανοί είαιν, τροφή συι, άλλ' οϋ γε ανθρώπου >. Ή δέ δρυς· < Ό
αχάριστοι, εφη, ετι της εμης ευεργεσίας απολαύετε καί ήδη μοι ονειδίζετε. >
Ό μύθος προς άδικους καίάχαρίστους εύκαιρός έατιν.
( Κατ ’ Αίοωπον. )

3 Νεβρός καί ελαφος

Νεβρός ποτέ προς τον έλαφον ελεχεν- < Πάτερ, συ καί μείξων καί ταχύτερος
κυνών εί, καί κέρατα προς τούτοις ύπερφυά φέρεις εις άμυναν. Τι δή ποτ' ούν
οϋτω τούτους φοβή: > Κάκεϊνος γελώυ εφη- < 'Αληθή μέν λέγεις, τέκνον μόνον
δ' έπίστεμαι τούτο, δτι έπειδάν κυνός υλακήν άκούοω, αύτίκα πρός φυ',ην έκφέ
ρομαι. >
Ό μύθος δηλοϊότιτούς ^ύσει δειλούς ούδεμία παραίνεσις θαρρύνει.
( Κατ' Αίσωπον. )
478 ( Ί IDA NT.DDA BARATA PARRFIRAS HORTA

4 Σωκράτης έλπίξει ΣανΟίππην παιδεύσει v

Ό Σωκράτης ■ < Ή γυναικεία ψύσις, έφη, ούδέν χείρων τής τον άνδρός
εστι, -γνώμης δε καί ισχύος δείται ■ ώστε, εί τις ύμών -γυναίκα έχει, παιδευέτω
αυτήν. > Καί ό δ ’ Αντισθένης' < Πώς ούν, εφη, ώ Σώκρατες, οϋτω γι-γνώοκων,
ού καί σι) παιδεύεις Σανθί’ππην, άλλα χρή γυναικί τών ούσών καί τών έαομένων
χαλεπωτάτχΐ', > - < Ότι, εφη, όρώ καί τούς ιππικούς βουλομένους γίγνεσθαι, ού
τούς είητειθεστάτους άλλά τούς θυμοειδείς ίππους κτωμένους ■νομίξουσι γάρ, έάν
τούς τοιούτους δύνωνται κατέχειν, ήμδ ίως τοίς αλλοις ίπποις χρήσεσθαι. Κάγώ δή,
βουλόμενος άνθράιποις χρήσθαι καί όμιλεϊν, ταύτην κέκτημαι, εύ -γι-γνώοκων
ότι ταύτην ψτοφέρων. ραδ ιως τοίς αλλοις άπασιν άνθρώποις όμιλήσω. >
( Κατά Σενοφώντα. )

5 - Ή τών νέων Μτοαώτ παιδεία

Οί δ 'άρχοντες αύτών (νέων 11ερσών)διατελούοιμέρος τής ημέρας δικάξοντες


αύτοίς ■ έστι -γάρ δη και παισί προς άλλήλους, (ώσπερ άνδράσιν, έγκλήματα καί
κλοπής καί άρπα-γής και βίας καί άπάτης καί κακολο-γίας. Κολάξουοι δ' ôv αν
εύρίσκωσιν άδικον. Λιδασκουσι δέ τούς παϊδας καί σωφροσύνην και έγκράτειαν
-γαατρός καί πότου. Ού γάρ παρά μητρί έσθίουσιν οί παίδες, αλλά παρά τφ διδασ
κάλιρ, όταν οί άρχοντες σημαίνωσιν. Φέρουσι δ ' οϊκοθεν σίτον μέν άρτον, άφον δε
κάρδαμον, εις το πινειν κώθωνα. ΙΙρος δέ τούτοις, μανθάνουσι και τοξεύει ν και
άκοντίζειν. Μέχρι μεν ήβης άπό γενεάς οί παίδες ταύτα πράττουοιν. έκ τούτου δ ' εις
τούς έφήβους μεταβαινονοιν.
( Κατά Σενοφώντα, Ή Κύροι; παιδεία, α' )

6 — 'Οδοιπόροι καί άρκτος

Λύο φίλοι τήν αύτήν οδόν έβάδιξον. 'Αρκτου δέ αύτοίς έπιφανείσης, ò μέν
έτερος ι"Οάσας άνέβη έπί τι δένδρον καί ένταΰθα έκο'πτετο, ò δέ έτερος μέλλων
περικαη ληπτος γίγνεσθαι, όλισθανών χάροι τον νεκρόν προοεποιεΐτο. Τής δε
άρκτου πμ σπελαξούσης αύτιρ τό ρόγχος και περιασφραινομένης τάς άναπνοό.ς
συνέχει · λέγουσι γάρ νεκρού μή άπτεσθαι τό ξιρον. Ύποχωρηοάσης δέ τής
άρκτου, ό άπό τού δένδρου καταβάς έπυνθάνετο αύτού τί ή άρκτος πρός τό ούς
είρηκεν. Ό δέ είπε' " Τού λοιπού τοιούτοις μη συνοδοιπορεΐν φίλοις οί έν κινδύ
νοις ού παραμένουσιν. "
Ό λόγος δηλοί ότι τους γνησίους τών φίλων αί συμφοραί δοκιμάξουοιν.
( Κατ' Αίσωπον )

7 - Ό Κύ, ος έν τού Άστυάγους Βασιλείιρ

Τώ Κάρω πατήρ μέν ήν Καμβύσης, ό Περοων Βασιλεύς. Ό δέ Καμβύοης


ούτος τού Περσειδών γένους ήν ■έκείνου ή δέ μήτηρ Κ'ιανδάνη, ή τού Αοτυάγους
OS GR1GOS ! SI IDIOMA 479

θυχάτηρ. τού δ.ήδων βασιλέως. "Ερχεται δέ αύτή ή \'.ανδάνη προς τον πατέρα,
τον Κόρον τον υιόν εχουσα, δωδεκαετή όντα. Ώ ς τάχιστα έχνω ò Κύρος τον
Άστυάχην τής μητρός πατέρα δντα, ευθύς ola δή παϊς ών φύσει φιλόστορχος
ήαπάξετό τε αύτόν, ώσπερ άν εί τις πάλαι συντεΰραμμένος και πάλαι φιλών άσπά
ξοιτο. Καί ορών αυτόν δή κεκοσμημένον, καί οφθαλμών ύποχραφή καί χρώματος
έντρίφει καί κόμαις προαθέτοις, ά δή νόμιμα ήν èv Ν'ήδοις, έμβλέπων τώ πάππψ
έλεχεν- " Ώ μήτερ. ώς καλός μοι ò πάππος."
Ή δε μήτηρ έρωτα αύτόν ■ "Πότερός σοι δοκεϊ καλλιών είναι, ò πατήρ
σου ή ούτος: ” Ό δέ παϊς άπεκρίνατο ■" Ώ μήτερ. τών Περσώνμέν ό κάλλιστος ό
έμός πατήρ ■ λ.ήδων δέ πολύ ούτος ό έμός πάππος κάλλιστος. " Ήσπάξετο δέ ό
παππος αύτόν μυριάκις άεί.
( Κατά Σενοφώντα. Κύρου Παιδεία, Α', γ ' )

8 Οίνος καί βάλανοι τών φοινίκων έν τή Βαβυλωνία

Πορευόμενοι οί ατρατιώται δέ άφίκοντο εις κώμας δθεν άπέδειξαν οί ήχεμό


νες λαιιβάνειν τά έπιτήδεια. Ένήν δέ αϊτός πολύς καί οίνος φοινίκων καί δξος
έψητόν άπό τών αύτών. Αύταί δέ αί βάλανοι τών φοινίκων οίάς μέν έν τοϊς 'Έλλη
σιν έστιν ίδεΐν τοϊς οίκέταις άπέκειντο. αί δέ τοϊς δεσπόταις άποκείμεναι ήσαν
άπόλεκτοι. θαυμάσιοι τού κάλλους καί μεχέθους. ή δέ όφις ήλέξτρου ούδέν
διέφερεν ■ τάς δέ τινας ξηραίνοντες τραχήματα άπετίθησαν. Καί ήν καί παρά
πάτον ήδύ μέν, κεφαλαλχές δέ. Ενταύθα καί τόν έχκέφαλον τού φοίνικος πρώτον
έφαχον οί ατρατιώται, καί οί πολλοί έθαύμαξον τό τε είδος καί τήν ιδιότητα
τής ήδονής. Ή η δέ σφοδρά καί τούτο κεφαλαλχές. Ό δέ φοΐνιξ δθεν έξαιρεθείη
ό έχκέφαλος όλος ηύαίνετο.
( Κατά Σενοφώντα, Άνάβασις, Β', χ' 14 16 )

8.1. Comentários:
1 - άφιικοντο - aor. 1] Ind. v. έιφικνούμαι ( έομαι)
2 ■ απέδειξαν —aor. Ind. v. άποδείκνυμi (atem.)
3 - ίδεΐν —aor. II Inf. v. όρώ (·άω) (irreg.)
4 - άπέκειντο — pret. imperf. v. άπόκειμαι (atem.)
5 - άπετίθησαν - pret. imperf. v. άποτίθημι (atem.)
6 - έφαχον —aor. II Ind. v. έσθίω (irreg.)
(cf. 2? tomo).

9 Τό τής IIλαταίας δρκωμα

Όύ ποιήσομαι περί πλείονος τό ξήν τής έλευθερίας, ούδ' έχκαταλείφω


τούς ήχεμόνας ούτε ξώντας ούτε άποθανόντας. αλλά τούς έν τή μάχη τελευτήσαν
τας τών συμμάχων άπαντας θάψω. Καί κρατήσας τώ πολέμω τούς Βαρβάρους
480 G l l D A NFDDA BARATA PARRF1KAS HORTA

τών μέν μαχεσαμένων ύπέρ τής 'Ελλάδος πόλεων ούδεμίαν άνάστατον ποιήσω,
τάς δέ τά τον Βαρβάρου προελομένας άπάοας δεκατεύσω- καί τών ιερών έμπρηυ-
θέντων καί καταβληθέντων ύπό τών Βαρβάρων ούδέν ανοικοδομήσω παντάπασιν.
άλλ' υπόμνημα τοίς έπιγιγνομένοις έάσω καταλείπεσΰαι τής τών Βαρβάρων
άσεβείας."
( Κατά Λυκούργον )

9.1. Comentários:
1 ■ Τά τού Βαρβάρου - os interesses ou ο partido do Bárbaro.
2- προελομένας - part. aor. 11m. de προαιρούμαι ( έομαι).
3 - έμπρησθέντων - part. aor. pass. de έμπίπρημi.
4 - καταβληθέντων - part. aor. pass. de καταβέιλλω.
5 - έπιγιγνομένοις - part. pres. médio de έπιγίγνομαι.

10 - Ai τής 'Αρμενίας αλλοδαποί οίκίαι

Ai δ ' οίκ ίαι ήοαν κατάγειοι, τό μέν στόμα ώσπερ φρέατος, κάτω δ ' εύρεΐαι ·
ai δε είσοδοι τοϊς μέν ύποσυγίοις όρυκταί, οί δέ άνθρωποι κατέβαιναν έπί κλίμα
κος. Έν δέ ταις οίκίαις ήσαν αίγες, οίες, βόες, όρνιθες, καί τά έκγονα τούτω ν
τά δέ κτήνη πάντα χιλιή ένδον έτρέφοντο.Ύ\\ααν δέ καί πυροί καί κριθαί καί
όσπρια καί οίνος κρίθινος έν κρατήρσιν. Ένήσαν δέ καί αύται ai κριθαί ίσοχειλεΐς,
καί πάλάμοι ένέκειντο, οί μέν με ιξούς, οί δέ έλάττους, γόνατα ούκ έχοντες. Τού
τους έδει όπότε τις διφφη λαβόντα εις τό στόμα μύξειν. Καί πάνυ άκρατος ήν,
είμή τις ύδωρ έπιχέοι■καί πάνυ ήδύ συμμαθόντι τό πώμα ήν.
( Κατά Σ,ενοφώντα, Άνάβασις, Δ ’, ε' 25 - 26 )

10.1. Comentários:

1 - ένέκειντο - pret. imperf. do ν. έγκείμαι.


2 - συμμαθόντι —part. aor. II at. de αυμμανθάνω.

1 1 - Ό Κορόλας, ό τής ΓΙαφλαγονίας αρχών, ευωχούμενος τά Ελληνικά.

Ό δέ Κορύλας, δς έτύγχανε τότε Παμλαγονίας αρχών, πέμπει παρά τούς


'Έλληνας μήτε άδικείν μήτε άδικεισθαι. Οί δέ στρατηγοί άπεκρίναντο ότι περί
μέν τούτων σύν τή στρατιξι βουλεύσοιντο, έπί ξένια δέ έδέχοντο αυτούς' πάρε κά­
λεσαν δέ καί τών άλλων άνδρών οϋς έδόκουν δικαιοτάτους είναι.
Θύοαντες δέ βούς τών αιχμαλώτων καί άλλα ίερεΐα ευωχίαν μέν άρκούσαν
παρεϊχον, κατακερ'ενοι δέ έν στιβάσιν έδείπνουν, καί επινον έκ κεράτινων
ποτηρίων, οίς ένετύγχανον έν τή χώρα. Έ πεί δέ σπονδαί τε έγένοντο καίέπαιά
νισαν, άνέστησαν πρώτον μέν Θρρκες καί προς αυλόν ώρχέσαντο σύν τοίς σπλοις
καί ήλλοντο ύφηλά τε καί κούφως καί ταίς μαχαίραις έχρώντο · τέλος δέ ό έτερος
τόν έτερον παίει, ώς πάσιν έδόκει πεπληγέναι τον άνδρα- ό δ' έπεσε τεχνικώς
OS GRFGOS ] s r t IDIOMA 48 1

πως. Καί άνέκραγον oi ίΐαφλαγόνες. Kai δ μέν σκυλεύσας τά όπλα τού έτερον
έξήει ζώων τον Σιτάλκαν · άλλοι δέ τών Θρμκών τον έτερον έξέφερον ώς τεθνη
κότα ήν δè ούδέν πεπονθώς .
Μετά τούτο Λίνιάνες καί Μάγνητες άνέστησαν, οι ώρχούντο την καρπαίαν
καλουμένην èv τοϊς όπληις. Ό δβ τρόπος τής όρχήσεως ήν, ά μεν παραθέμενος
τά όπλα σπείρει καί ξευγηλατεΐ. πνκνά δέ στρεφόμενος ώς φοβούμενος, ληστής
δέ προσέρχεται ' 6 δ' έπειδάν προιδηται, άπαντςι εφπέισας τά όπλα καί μάχεται
προ τον ζεύγους ' καί οντοι ταύτ' έποίονν έν ρνθμώ προς τον ανλόν ■καί τέλος ò
ληστής δήσας τον άνδρα καί τό ζεύγος άπάγει ■ ενίοτε δέ καί ò ζευγηλάτης τον
ληστήν · είτα παρά τούς βούς ζεύξας όπίσω τώ χεΐρε δεδεμένον ελαύνει.
Μετά τούτο λ.υσός είσήλθεν έν έκατέρα τή χειρί έχων πέλτην, καί τοτέ
,.έν ώς δύο άντιταττομένων μιμούμενος ώρχεΐτο, τοτέ δέ ώς προς ένα έχρήτο
ταΐς πέλταις, τοτέ δ ' έδινεϊτο καί έξεκυβίστα έχων τάς πέλτας. ώστε όφιν καλήν
ίΰαίνεσθαι. Τέλος δέ τό περσικόν ώρχεΐτο κρούων τάς πέλτας καί ώκλάδε καί
έξανίστατο ■καί τούτα πάντα έν ρνΟμφ έποίει πρός τόν ανλόν.
Έ πί δέ τούτιο έπιόντες οι Μαντινεΐς καί άλλοι τινές τών 'Αρκάδων αέναα
ταντες έξοπλισάμενοι ώς έδύναντο κάλλιστα ήσάν τε έν ρνθμφ πρός τόν ένοπλων
ρυθμόν αύλούμενοι καί έπαιάνισαν και ώρχήσαντο ώσπερ έν ταϊς πρός τούς θεούς
προσόδοις. Ορώντες δε οι ΙΙα^λαγόοβς δεινά έποιούντο πάσας τάς ορχήσεις έν άπλοις
είναι. Έπί τούτοις ορών ò Νίυσός έκπεπληγμένονς αυτούς, πείσας τών Αρκάδων
τινά πεπαμένον όρχηστρίδα εισάγει σκευάσας ώς έδύνατο κάλλιστα καί άσπίδα
δονς κούφην αυτή. Η δέ ώρχήσατο πυρρίχην έλαφρώς■Ενταύθα κρότος ήν πολύς,
καί οί Πα^λαγό^ες ήροντο εί καί γυναίκες συνεμάχοντο αύτοϊς. Οι δ ' έλεγον οτι
αυται καί αί τρεφάμεναι είεν βασιλέα έκ τού στρατοπέδου. Τ ή μέν νυκτί τούτη
τούτο τό τέλος έγένετο.
( Κατά Ζενοφώντα, ς',α ' 2 - 13 )

12- Τά τών πράξεων καί τεχνών καί έπιστημών τέλη


Πάσα τέχνη καί πάσα μέθοδος, ομοίως δέ πράξις τε και προαίρεσις άγαθού
τίνος έφίεοθαχ δ ο κ εΐ' διό καλώς άπεφήναντο τάγαθόν, ού παντ ^φίεται. Διαφορά
δέ τις φαίνεται τών -ελών ' τά μέν γάρ είσιν ένέργειαι, τά δέ παρ' αύτάς έργα
τινά. τΩν δ ' είοι τέλη τινά παρά τάς πράξεις, έν τούτοις βελτίω πέφυκε τών ένερ
γειών τά έργα. Πολλών δέ πράξεων ονσών καί τεχνών καί έπιστημών πολλά
γίνεται καί τά τέλη · ιατρικής μέν γάρ ύγιεια. ναυπηγικής δέ πλοϊον, στρατηγικής
δέ νίκη, οικονομικής δέ πλούτος. “Οσοι δ' είσί τών τοιούτων ύπό μίαν τινά
δύναμιν. καθάπερ ύπό τήν ιππικήν χαλινοποιητική καί όσαι άλλαι τών ιππικών
οργάνων είσίν, αΰτη δέ καί πάσα πολεμική πράξις ύπό τήν στρατηγικήν, τόν
airròv δε τρόπον άλλαι ύφ' έτέρας ' έν άπάσαις δή τά τών αρχιτεκτονικών τέλη
πάντων έστίν αίρατώτεοα τών ύπ' αυτά. Τούτων γάρ χάριν κάκεΐνα διώκεται.
Αναφέρει δ' ούδέν τάς έν ογείας αύτάς είναι τά τέλη τών πράξεων ή παρά ταύτας
άλλο τι, καθάπερ έπι τών λεχθεισών έπιστημών.
( Άριστοτέλους. Ήθικών Νικομαχείων, A . a' 1 - 5 )
482 G l I D A NE DD A BARATA PAR-RFTRAS HORTA

13— Οικονομικός ' Ή τών παθών βία. ( 1 6 - 2 3 )

(Sócrates conversa com o aristocrata Cristóbulo, em presença de Xenofonte,


sobre questões de economia doméstica, mas logo o filósofo desvia o assunto, para
problemas éticos do cotidiano):

— (Ό Kριτόβουλος) . . . Έ κείνο δ ’ ήμ ϊν τ ί φαίνεται, όπόταν όρώμέν τινας


èmστήμας μέν έχοντας καί άφορμάς άφ' ών δύνανται εργαζόμενοι αύξειν τούς
οίκους, αίσθανώμεθα δέ αύτούς ταϋτα μη θέλοντας ποιείν, καί διά τούτο όρώμεν
άνωφελεϊς ούσας αύτοϊς τάς έπιστήμας: άλλο ή τι τούτοις αϋ ούτε αί έπιστήμαι
χρήματά είσιν ούτε τά κτήματα;
— Περί δούλων μοι, έφη ό Σωκράτης, επιχειρείς, ώ Κριτόβουλε, διαλέγεσ
θαι;
— Ού μά Δί, έφη, ούκ έγωγε, άλλα καί πάνυ εύπατριδών ένίων γε δοκούν
των είναι, ούς εγώ όρώ τούς μεν καί πολεμικάς, τους δέ καί είρηνικας έπιστή
μας έχοντας, ταύτας δέ ούκ έθελοντας έργάξεσθαι, ώς μέν εγώ οίμαι, δι' αύτό
τούτο ότι δέσποτας ούκ έχουσιν.
— Καί πώς άν, έφη ò Σωκράτης, δεσπόταις ούκ έχοιεν, εί ευχόμενοι
εύδαιμονε'ιν καί ποιεϊν βουλόμενοι άφ' ών έχοιεν αγαθά, έπειτα κωλύονται ποιείν
ταύτα υπό τών αρχόντων,
— Καί τίνες δή ούτοί είσιν, έφη ò Κριτόβουλος,ο'ί αφανείς δντες άρχουσιν
αυτών,
— 'Αλλά μά Δί,' έφη ò Σωκράτης, ούκ αφανείς είσιν, άλλα καί πάνυ φανεροί.
Καί ότι πονηρότατοι γε είσιν ούδέ σε λανθάνουσιν, είπερ πονηριάν γε νομίζεις
αργίαν τ ’ είναι καί μαλαχίαν ψυχής καί αμέλειαν. Καί άλλοι δ ' είσιν απατηλοί
τινες δέσποιναι προσποιούμενοι ήδοναί είναι, κυβείαί τε καί άνωφελεϊς ανθρώπων
όμιλίαι, αί προιοντος τού χρόνου καί αύτοϊς τοϊς έζαπατηθεϊοι καταφανείς γίγνο
νται ότι λύπαι άρα ήσαν ήδοναις περιπεπεμμέναι, αί διακωλύουσιν αύτούς άπό
τών ωφελίμων έργων κρατούσαι.
— 'Αλλά καί άλλοι, έφη, ώ Σώκρατες, έργάξεσθαι μέν ού κωλύονται ύπό
τοι ~ων, άλλά καί πάνυ σφοδρώς προς τό έργάξεσθαι έχουσι καί μηχανασθαι
προσόδους · όμως δέ καί τούς οίκους κατατρίβουσι καί άμηχανίαις συνέχονται.
— Δούλοι γάρ είσι καί ούτοι, έφη ό Σωκράτης, καί πάνυ γε χαλεπών δεσπο
τών, οι μέν λιχνειών, οι δέ λαγνειών, οί δέ οίνοφλυγιών, οί δέ φιλοτιμιών τινων
μωρών καί δαπανηρών, ά ούτω χαλεπώς άρχει τών άνθρώπων ών αν επικρατή
αωαιν, ώσθ’ έως / έν άν όρώσιν ήβώντας αύτούς καί δυναμένους έργάξεσθαι,
άναγκάξουσι φέρειν ά αν αύτοί έργάσωνται καί τελεϊν εις τάς αυτών επιθυμίας,
έπειδάν δέ αύτούς αδυνάτους αίσθωνται όντας έργάξεσθαι διά τό γήρας, άπολεί
πούσι -ούτους κακώς γηράσκειν, άλλοις δ' αύ πειρώνται δούλοις χρήσθαι. Άλλα
δεϊ, ·ώ Κριτόβοηλε, προς ταύτα ούχ ήττον διαμάχεσθαι περί τής έλευθερίας ή
ηρός τούς σύν ϋπλοις πειρωμένους καταδουλούοΟαι. Πολέμιοι μέν γούν ήδη
OS GRLGOS I SI l IDIOMA 483

(nav καλοί κ hyafíoÍ δντες καταδουλώοωνταί τινας, πολλούς δή βελτίους ήνάγ-


κασαν eivai οωφρονίοαντες, καί ραον βιοτεύειν τον λοιτιόν χρόνον έττοίησαν ·
αί δε τοιαύται δέσποιναι αίκιξόμεναι τα σώματα τών άνθρώπων καί τάς φυχάς
καί οίκους οϋττοιε λήγουσιν, έ'στ' αν άρχωοιν αύτών.
J . Dl G IO R G IO & C IA . L T D A .
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tra permanentemente, por força de uma rica metodologia e
de um amplo e generoso amor às coisas helênicas. Ressalto,
como particularidade desse método, a inserção sistematizada
das “Imagens da Hélade”, textos de ilustração, que iluminam
a atenção do leitor e do aluno . . . e a elevam ao nível das infor­
mações definitivas e estimulantes. Ressalto ainda, a notável
apresentação desse difícil e misterioso capítulo da gramática
grega, que é o seu verbo.
Seu Curso, afinal, não é propriamente um livro: é o re­
trato vivo e de corpo inteiro da civilização grega, posto nas
mãos de cada um de nós. Cumprimento-a, assim, sinceramen­
te, pela formidável tarefa realizada, numa matéria que - sa­
bem-no todos os homens de pensamento — guarda a chave
para o renascimento do Ocidente.”

4) - Crítica do “ D iá rio de N o tíc ia s ” de 31 de maio de 1970


Coluna “Página Literária” - coordenador: Edgard Duarte.
OS GREGOS E SEU IDIOMA I Tomo, etc.
“Na apresentação da obra, o Professor Damião Berge
acentua o valor do livro, dizendo (entre outras coisas): “O
livro é ricamente documentado, lúcido e de valor perene”.
. . . O livro tem apresentação extremamente didática, em que
se interpenetram e completam as observações gramaticais
pertinentes, ilustradas por exercícios de aplicação imediata
.dos conhecimentos oferecidos ao leitor. A forma por que
são tratados os diferentes assuntos visa a dar, ao estudioso
do idioma helênico, uma apresentação estrutural do grego,
de maneira objetiva e eficaz. Intercalando tudo isso, acham-
-se as “Imagens da Hélade’,’ como a autora denomina a nume­
rosos textos de ilustração, versando os vários aspectos da cul­
tura helênica, no intuito de despertar, no estudante, o estí­
mulo à leitura especializada, que lhe complementará a ini­
ciação cultural, visada na obra . . . Essa obra, pioneira no
Brasil e, talvez, em todos os domínios de língua portuguesa,
atingirá muitos e variados setores da vida intelectual brasi­
leira, especialmente a professores do vernáculo e de línguas
modernas ocidentais, além dos especialistas em estudos
clássicos nas suas mais diversas modalidades.”

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