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DIREÇÃO-GERAL DOS ESTABELECIMENTOS ESCOLARES

2021/ 2022
DIREÇÃO DE SSecundária
Escola ERVIÇOS DA RCampos
EGIÃO CENTRO
Melo

UFCD 6571 - Técnicas de posicionamento, mobilização, transferência e transporte

Ficha Informativa nº2 (Curso TAS)


Nome: ____________________________________ N.º: ___ Turma: ___ Ano: ___ Data: ___/ ___/ 2022

1. A consequência da imobilidade nos sistemas orgânicos

(1º ver e prestar atenção ao vídeo: SÍNDROME DO IMOBILISMO EM IDOSOS. - YouTube, in:
https://www.youtube.com/watch?v=PPpMZi-Onj4

1.1. Considerações gerais

Muitas desordens do aparelho locomotor acontecem pelo longo período de imobilidade no leito onde há um
decréscimo na actividade física e, por conseguinte, nos efeitos benéficos que ela produz. Problemas
ortopédicos, queimaduras, alguns tipos de infecções, alterações psiquiátricas e quadro álgico intenso levam o
indivíduo a permanecer por um período prolongado de restrições no leito.

A síndrome da imobilidade é um conjunto de alterações que ocorrem no indivíduo acamado por um período
prolongado. Independente da condição inicial que motivou ao decúbito prolongado, esta síndrome evolui
para problemas circulatórios, dermatológicos, respiratórios e muitas vezes psicológicos. Muita da morbidade e
mortalidade associada ao paciente restrito ao leito advém dessas complicações músculo-esqueléticas e
viscerais.

Acredita-se que de 7 a 10 dias seja um período de repouso, 12 a 15 já é considerado imobilização e a partir de


15 dias é considerado decúbito de longa duração.

Em pacientes que requerem cuidados médicos intensivos, a mobilização é possível e necessária. São alguns
os factores que favorecem a imobilização do paciente:

 Permanência prolongada na Unidade de Terapia Intensiva;


 Restrição ao leito; recuperação de anestesia;
 Aplicação de sedativos,
 Anestesia,
 Bloqueios neuromusculares;
 Uso de talas e faixas de restrição;
 Deficiência neurológica,
 Quadros de dor;
 Uso de equipamento para monitoração.

1.2. Efeitos da imobilização nos sistemas orgânicos

Entendemos melhor a síndrome de imobilidade no leito se conhecermos a biomecânica de nosso organismo.


Sabemos que o ser humano é desenhado para ser móvel, principalmente porque 40% do nosso organismo é

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composto de músculos esqueléticos. Além do mais somos dependentes da actividade física para que haja a
manutenção deste sistema músculo-esquelético e para a melhor função de nossos órgãos internos. Sabemos,
por exemplo, que a reabsorção óssea é feita através dos estímulos de pressão e tração que este segmento
recebe ao longo do dia onde nos locomovemos e pressionamos as estruturas. Outros exemplos da falta de
actividade física são insuficiência cardíaca, deterioração articular, condições que favoreçam tromboembolias,
estase (estagnação/imobilidade ou paragem) gastrointestinal e estase urinária. A patofisiologia das alterações
que acontecem devido ao longo decúbito começam cedo e evolui rapidamente. Muitas das desordens são
reversíveis mas quanto maior o período de imobilização mais difícil será a sua reabilitação.

Abaixo listam-se os efeitos adversos que ocorrem devido ao longo decúbito:

Efeitos da Imobilização no Sistema Cardiovascular

 Diminuição do volume total de sangue.


 Redução da concentração de hemoglobinas.
 Aumento da Frequência Cardíaca máxima.
 Diminuição do consumo máximo de O2.
 Diminuição da tolerância ao ortostatismo (manter-se na posição vertical)

Efeitos da Imobilização no Sistema Respiratório

 A capacidade vital está reduzida.


 Diminuição da capacidade residual funcional.
 Diminuição do volume expiatório forçado.
 Alterações na relação ventilação / perfusão (fluxo sanguíneo através da vasculatura pulmonar).
 Diminuição na pressão arterial de O2.

Efeitos da Imobilização no Sistema Metabólico

A actividade catabólica acelerada que leva a uma rápida destruição celular e deficiência proteica.

 Aumento da excreção de cálcio.


 Aumento da excreção de azoto.
 Aumento da excreção de fósforo.
 Aumento da excreção de magnésio.

Efeitos da Imobilização no Sistema músculo-esquelético

 Diminuição da massa muscular.


 Diminuição da força muscular.
 Aumento da osteoporose.
 Mudanças no tecido conectivo (de ligação) peri articular e intra-articular.

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O repouso prolongado predispõe à atrofia e a importante fraqueza muscular. Observa-se em pacientes


imobilizados: contracturas articulares, diminuição do trofismo muscular e aparecimento de úlceras de pressão.

1.3. Medidas preventivas.

Caso não sejam tomadas medidas adequadas durante a imobilidade, gera-se um ciclo vicioso. A imobilização
leva a uma redução da actividade muscular e sequente redução da capacidade funcional do sistema músculo-
esquelético. Esta leva a um agravamento da imobilidade que conduz a uma redução da capacidade funcional
do sistema cardiovascular e de outros sistemas orgânicos, a um descondicionamento e a um agravamento dos
efeitos da inactividade.

Sendo assim, é necessário um acompanhamento holístico do utente e um programa de reabilitação dirigido à


prevenção da degradação dos vários sistemas corporais, promovendo a motivação, mobilidade e autocuidado.

Quando uma pessoa é incapaz de mover uma parte do corpo ou a sua totalidade em consequência de doença,
acidente ou método de tratamento, podem ocorrer, num curto prazo, numerosas complicações devendo
tomar-se algumas medidas preventivas para cada uma delas:

Medidas preventivas relativas ao sistema cardiovascular

 Exercícios passivos e activos na amplitude de movimento


 Exercícios isométricos
 Actividades de autocuidado
 Evitar manobras de Valsalva (é realizada ao se exalar forçadamente o ar contra os lábios fechados e nariz
tapado, forçando o ar em direcção ao ouvido médio se a tuba auditiva estiver aberta. Esta manobra
aumenta a pressão intratorácica, diminui o retorno venoso ao coração e aumenta a pressão arterial)
 Alterar a posição de horizontal para vertical

Medidas preventivas relativas ao sistema respiratório

 Virar regularmente o utente


 Encorajar a tossir e a suspirar
 Efectuar percussões no tórax e drenagem postural
 Ensinar a utilizar músculos abdominais, diafragma e intercostais
 Exercícios de tosse.

Medidas preventivas relativas à manutenção do metabolismo orgânico

 Proporcionar refeições pequenas e frequentes e da preferência do utente


 Dar suplementos proteicos, se necessário
 Aliviar sintomas decorrentes da estimulação contínua do sistema nervoso parassimpático.

Medidas preventivas relativas ao sistema músculo-esquelético

 Exercícios terapêuticos

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 Vigiar a posição e alinhamento corporal


 Vigiar situação da pele
 Educação do utente e família.

O prof. Pedro Costa

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