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DIREÇÃO-GERAL DOS ESTABELECIMENTOS ESCOLARES

2021/ 2022
DIREÇÃO DE SSecundária
Escola ERVIÇOS DA RCampos
EGIÃO CENTRO
Melo

UFCD 6571 - Técnicas de posicionamento, mobilização, transferência e transporte

Ficha Informativa nº3 (Curso TAS)


Nome: ____________________________________ N.º: ___ Turma: ___ Ano: ___ Data: ___/ ___/ 2022

POSICIONAMENTOS

Introdução
A atividade/mobilidade é uma necessidade humana básica que contribui para o bem-estar físico e emocional. Os benefícios
da mobilidade incluem aumento da energia, promoção do sono, aumento do apetite, diminuição da dor, entre outros.
Quando um paciente fica restringido à cama, os benefícios da mobilidade diminuem drasticamente ou deixam de estar
presentes. Estes pacientes têm um risco elevado de desenvolver complicações que afetam os vários sistemas do organismo. Dentro
destas complicações estão incluídas atrofia muscular, perda de massa óssea, contracturas articulares, úlceras de pressão, problemas
de coração e respiratórios, obstipação, entre outros.
Para evitar ou diminuir o aparecimento das complicações inerentes à imobilidade é necessário um correto posicionamento
do paciente.

1. Conceito
“São as posturas em que se coloca o utente, quando este não tem capacidade para mudar de decúbito (posição) sozinho
e/ou quando a situação clínica não permite.” (Paulino, 1998)
O posicionamento é a postura correta, inativa ou de repouso, que permite um correto alinhamento dos diferentes segmentos
do corpo, de forma a garantir a integridade e o equilíbrio do sistema músculo-esquelético, com o mínimo de dispêndio de energia.

2. Objetivos
• Promover conforto.
• Prevenir alterações da força muscular, movimento e amplitudes articulares: o posicionamento escolhido deve facilitar a
mobilidade e mobilização do paciente.
• Manter a integridade cutânea / Prevenir zonas de pressão: a mudança frequente de decúbitos estimula a circulação e
minimiza a pressão nas proeminências ósseas.
• Facilitar uma respiração adequada e a mobilização de secreções brônquicas (expetoração).

3. Princípios básicos
• Os posicionamentos devem ser executados de acordo com o estado geral do paciente, avaliando a tolerância e sensibilidade
cutânea do paciente; é necessário vigiar regularmente as zonas de pressão de modo a evitar o aparecimento de coloração
vermelha (rubor) persistente. Outro fator que influência a frequência dos posicionamentos são as superfícies de apoio
usadas;

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Fig.1 Principais zonas de pressão
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Fig.2- Zonas de pressão em decúbito dorsal

Fig.3 Zonas de pressão em decúbito lateral

Fig.4 Zonas de pressão em decúbito ventral

• Pode ser necessário diminuir o tempo de permanência nalgumas posições e aumentar outras, de acordo com o
estado geral ou situação clínica do paciente.

No entanto, os posicionamentos deveram ser trocados pelo menos a cada duas horas em pacientes com ausência total de
mobilidade.
Os períodos de permanência devem ser alargados, se possível, no período noturno e encurtados no período diurno.
• Em qualquer posicionamento o paciente deve ficar com o corpo centrado e com a coluna alinhada. Verificar sempre se o
mesmo fica confortável. Posicionar o paciente de forma que as articulações, tendões, ligamentos e músculos não fiquem em
esforço excessivo. As articulações devem ficar ligeiramente fletidas.

Os membros devem ser apoiados em posição funcional.


• Colocar um resguardo, ao fazer a cama, de modo a facilitar as deslocações do paciente e a evitar as forças de fricção que
lesam os tecidos.
• Manter boas condições de higiene do paciente e da roupa da cama, bem como uma nutrição e hidratação adequadas.
• Não posicionar o paciente em contacto direto com dispositivos médicos tais como tubos e sistemas de drenagem. Se o
paciente tiver sistemas de drenagem (soro, algália, etc.) estes devem ser soltos da roupa da cama e confirmar se não repuxam
ou se soltam durante o posicionamento. Se necessário solicitar apoio de um profissional de saúde diferenciado.
• Utilização de material de apoio tal como:
✓ Almofadas

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✓ Colchão de pressão alterna;


A escolha do colchão deverá considerar a relação custo/benefício, tendo presente que todos eles podem
ser eficazes, mas que a alternância de posicionamentos do paciente é obrigatória, seja qual for o colchão
usado.

✓ Proteção de calcanhar, cotovelo, cabeça, entre outros.

Nenhum destes materiais é eficaz por si só, é necessário mudar o paciente de posição regularmente.
Todas as almofadas e restante material de apoio são retirados antes de se alterar o posicionamento.
• Realizar massagem nas zonas de maior pressão:
Aquando dos posicionamentos, a pele do paciente deve ser massajada com creme, principalmente nas zonas de
proeminências ósseas, por forma a manter-se hidratada.

Quando surge uma zona de coloração vermelha (rubor), esta não deve ser massajada de forma
intempestiva, pois já existe lesão dos tecidos. Deve massajar-se à volta do rubor, de modo a
conseguir uma melhor irrigação da zona, sem a pressionar.

Antes de realizar qualquer tipo de posicionamento:


1. Lavar as mãos, para evitar a infeção por microrganismos;
2. Providenciar, se necessário, ajuda extra por forma a garantir segurança;
3. Explicar o procedimento ao paciente para reduzir a ansiedade e aumentar a cooperação;
4. Fechar a porta do quarto ou correr cortinado. Esta atitude demonstra respeito pela privacidade do paciente;
5. Se possível, elevar a cama a uma altura confortável para trabalhar e assim evitar tensão nas costas do Técnico Auxiliar de
Saúde.
6. Retirar todas as almofadas e outros materiais de apoio para reduzir interferências durante o posicionamento

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4. Tipos de posicionamentos
4.1. Decúbito dorsal

Fig.5 Decúbito dorsal

Técnica de posicionamento
Decúbito dorsal Justificação
Posicionar o paciente de costas com a cabeceira do leito na Minimiza o esforço necessário para mover o paciente.
horizontal.
Evitar tensão da coluna.
Alinhamento corporal. Colocação em posição neutra da cabeça,
tronco e membros.

Colocar uma almofada debaixo da parte superior dos ombros, Apoio à coluna cervical.
pescoço e cabeça.

Colocar uma almofada debaixo de cada antebraço. Manter uma posição funcional;
Prevenir o aparecimento de edema.
Colocar uma almofada debaixo de cada perna de modo a evitar
extensão dos joelhos e consequente pressão na parte de A pressão na parte de trás do joelho pode interferir com a
trás dos mesmos. circulação e contribuir para a formação de coágulos
sanguíneos;
Maior conforto.
Elevar a cabeceira da cama de acordo com a tolerância do paciente
e mudar frequentemente o grau de elevação da mesma.
Altera ligeiramente os pontos de pressão e promove o
conforto.

No decúbito dorsal, as principais zonas de pressão a vigiar são:


• Região posterior da cabeça;
• Região sacrococcígea;
• Calcâneos.

Quando, em decúbito dorsal, se eleva a cabeceira da cama de 45º a 60º denomina-se


posicionamento em semi-Fowler. Se a cabeceira da cama for elevada a 90º denomina-se Fowler.

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Fig.6 Posição semi-Fowler

A posição de Fowler é recomendada para a alimentação do paciente.


Ambas as posições facilitam a respiração, o contacto com o meio envolvente nomeadamente o contacto com outras pessoas
e atividades recreativas como ver televisão.
Na posição Fowler e semi-Fowler, o paciente tem tendência a escorregar ou deslizar para os pés da cama. Se for possível
elevar ligeiramente a cama sob os joelhos, em alternativa utilizar uma almofada. Vigiar frequentemente as zonas de pressão e se o
paciente permanece confortável.

4.2. Decúbito semi-dorsal direito e esquerdo


Os decúbitos semi-dorsais são o intermédio entre o decúbito dorsal e o decúbito lateral.
É ideal para prevenção de úlceras de pressão por diminuir a pressão nas principais áreas de proeminência óssea de toda a
região posterior do tronco.

Partindo do decúbito dorsal podemos obter o semi-dorsal:


• Colocar almofadas sob a região dorso-lombar de modo a obter um ângulo de sensivelmente 30º;
• Voltar a cabeça para o lado pretendido (direito ou esquerdo) e colocar uma almofada;
• A posição dos braços é idêntica ao decúbito dorsal;
• Ligeira flexão de ambas as pernas. Colocar a perna que fica por cima sobre uma almofada.

4.3. Decúbito ventral

Fig.7 Decúbito ventral

Fig. 8 Decúbito ventral

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O decúbito ventral é pouco utilizado por ser o mais desconfortável para o paciente e estar contraindicado em
diversas patologias nomeadamente a nível de coluna e patologia do foro respiratório.

Técnica de posicionamento:

Decúbito ventral Justificação


Colocar o paciente em decúbito lateral (direito ou esquerdo).
Evitar pressão sobre o rosto e os braços durante o
Virar a cabeça do paciente na direção oposta à que vamos rodar e deixar posicionamento.
os braços estendidos ao longo do corpo.

Rodar o paciente sobre o abdómen.


Virar a cabeça para um dos lados e colocar uma almofada plana debaixo da Prevenir a hiperextensão do pescoço.
cabeça e ombros.

Posicionar um dos braços com flexão a nível do ombro e cotovelo, e o outro Prevenir rigidez das articulações.
em extensão com a palma da mão sobre a cama. Alternar a
posição dos braços periodicamente.
Prevenir a pressão na crista ilíaca.
Colocar uma almofada plana debaixo da cintura.

Flexão ligeira dos joelhos colocando uma almofada fina debaixo das Aliviar a pressão a nível dos joelhos e dedos dos pés.
pernas. Os dedos dos pés devem ficar fora da almofada.

No decúbito ventral, as principais zonas de pressão a vigiar são:


• Lóbulo da orelha;
• Grelha costal;
• Região esternal;
• Cristas ilíacas;
• Dorso e dedos do pé.

4.4. Decúbito semi-ventral direito e esquerdo

Fig. 9 Decúbito semi-ventral


O decúbito semi-ventral minimiza a pressão a nível da anca e do ombro, quando comparado com o decúbito
ventral.

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Partindo do decúbito lateral podemos obter o semi-ventral:


• Cabeça voltada para o lado pretendido (direito ou esquerdo) e colocar uma pequena almofada, tal como no decúbito ventral;
• Colocar almofadas sob o tórax e abdómen;
• O braço superior fica em abdução e flexão do antebraço sobre as almofadas, o braço inferior fica em adução e extensão por
detrás do corpo;
• Uma perna está em extensão, a outra com o joelho ligeiramente fletido sobre almofadas;

Vigiar as zonas de maior risco na posição semi-ventral:


• Lóbulo da orelha;
• Ombro;
• Crista ilíaca;
• Maléolos.

4.5. Decúbito lateral

Fig. 10 Decúbito lateral

É normalmente bem tolerado, mas o paciente pode referir desconforto, sobretudo a nível do
ombro correspondente ao lado para onde fica lateralizado.

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4.5.1. Decúbito lateral direito

Técnica de posicionamento
Decúbito lateral direito Justificação
Com a ajuda de um resguardo, deslocar o paciente para o lado esquerdo Facilitar o posicionamento em lateral
da cama. direito.

Virar o paciente para o lado direito:

• flectir o joelho esquerdo do paciente,c olocar uma mãos sob o quadril Apoio à coluna cervical.
e a outra sobre o ombro e rodar o paciente para a direita.

Colocar uma almofada debaixo da parte superior dos ombros, pescoço e cabeça. Manter a posição lateral e o correto
alinhamento da coluna.
Colocar uma almofada de apoio nas costas.
Dá estabilidade.

Membros inferiores:

• Flexão da anca e joelho do membro inferior esquerdo, sem contacto com o


membro inferior direito (colocar uma almofada entre os mesmos). Evita o aparecimento de zonas de
pressão por fricção entre as superfícies
Membros superiores: ósseas.

• Flexão dos membros superiores. Colocar uma almofada debaixo do membro


superior esquerdo de forma a nivelá -lo com o ombro.
Minimiza a pressão sobre o peito.

No decúbito lateral direito, as principais zonas de pressão a vigiar são:


• Maléolos (tornozelos);
• Ombro direito;
• Face lateral do joelho direito;
• Trocânter (anca) direito;
• Lóbulo da orelha direita.

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4.5.2. Decúbito lateral esquerdo


Técnica de posicionamento
Decúbito lateral esquerdo Justificação
Com a ajuda de um resguardo, deslocar o paciente para o lado direito da Facilitar o posicionamento em lateral
cama. esquerdo.

Virar o paciente para o lado esquerdo:

• flectir o joelho direito do paciente,colocar uma mãos sobre o quadril e a Apoio à coluna cervical.
outra sobre o ombro e rodar o paciente para a esquerda.

Colocar uma almofada debaixo da parte superior dos ombros, pescoço e cabeça. Manter a posição lateral e o correto
alinhamento da coluna.
Colocar uma almofada de apoio nas costas.
Dá estabilidade.

Membros inferiores:

• Flexão da anca e joelho do membro inferior direito, sem contacto com o membro Evita o aparecimento de zonas de
inferior esquerdo (colocar uma almofada entre os mesmos). pressão por fricção entre as
superfícies ósseas.
Membros superiores:

• Flexão dos membros superiores. Colocar uma almofada debaixo do membro Minimiza a pressão sobre o peito.
superior direito de forma a nivelá-lo com o ombro.

No decúbito lateral esquerdo, as principais zonas de pressão a vigiar são:


• Maléolos (tornozelos);
• Ombro esquerdo;
• Face lateral do joelho esquerdo;
• Trocânter (anca) esquerdo;
• Lóbulo da orelha esquerda.

A importância dos posicionamentos na prevenção das úlceras

Para falar dos posicionamentos associados á prevenção das úlceras de pressão, é necessário, em
primeiro lugar, definir o que são, como surgem e se classificam as úlceras, mais especificamente as úlceras de
pressão.

Definição de úlceras de pressão:


“Uma úlcera de pressão é uma lesão localizada da pele e/ou tecido subjacente, normalmente sobre uma
proeminência óssea, em resultado da pressão ou de uma combinação entre esta e forças de torção. Às úlceras de pressão
também estão associados fatores contribuintes cujo papel ainda não se encontra totalmente esclarecido. “

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Definição internacional da European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP) e a American National Pressure Ulcer Advisory
Panel (NPUAP) 2009 - da responsabilidade da Associação Portuguesa de Tratamento de Feridas
As úlceras de pressão são áreas da superfície corporal localizadas que sofreram exposição
prolongada a pressões elevadas, fricção ou estiramento, de modo a impedir a circulação local, com
consequente destruição e/ou necrose tecidular.

Sistema de classificação das úlceras de pressão

Categoria I- Eritema não branqueável em pele intacta:


Pele intacta com eritema não branqueável de uma área localizada, normalmente sobre uma proeminência óssea,
descoloração da pele, calor, edema, tumefação ou dor podem também estar presentes. Em pele escura pigmentada pode não ser
visível o branqueamento.

Categoria II- Perda parcial da espessura da pele ou flitena:


Perda parcial da espessura da derme que se apresenta como uma ferida superficial (rasa) com leito vermelho rosa sem crosta.
Pode também apresentar-se como flitena fechada ou aberta preenchido por líquido seroso ou sero-hemático.

Categoria III- Perda total da espessura da pele (Tecido subcutâneo visível):


Perda total da espessura tecidular. Pode ser visível o tecido adiposo subcutâneo, mas não estão expostos os ossos, tendões
ou músculos. Pode estar presente algum tecido desvitalizado (Fibrina húmida). Pode incluir lesão cavitária e encapsulamento.

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Categoria IV- Perda total da espessura dos tecidos (músculos e ossos visíveis):
Perda total da espessura dos tecidos com exposição dos tendões e músculos. Pode estar presente tecido desvitalizado (fibrina
húmida) e ou necrótico. Frequentemente são cavitários e fistuladas.

Etiologia das Úlceras

A sucessão de acontecimentos que levam ao aparecimento de uma úlcera de pressão é a seguinte: pressão, hipoxia e
isquemia tecidular, necrose das células e ulceração.
A pressão é um dos fatores mais preponderantes no aparecimento de úlceras de pressão. Se os tecidos forem alvo de pressão
superior à tensão capilar ocorre uma isquemia localizada. Fisiologicamente, após o alívio da pressão, surge uma zona de hiperémia
(em resultado de um maior afluxo de sangue cujo objetivo é a remoção de resíduos e o fornecimento do aporte de oxigénio e
nutrientes adequado) que reverte espontaneamente. Quando o alívio da pressão não se verifica, ocorre lesão a nível dos tecidos e
capilares ocorrendo inicialmente uma zona de hiperémia não reversível que rapidamente se transformará numa necrose tecidular.
(DEALEY, 2006)
Um doente debilitado, com zonas cutâneas sujeitas a uma pressão de 20 mm Hg por um período superior a 2 horas, pode
desencadear nelas uma situação de isquemia grave.
A pressão e o tempo a que os tecidos estão sujeitos a essa pressão são fatores determinantes no aparecimento de lesões.
As proeminências ósseas, ao aumentarem a pressão direta contra os tecidos moles, são os principais locais para o
aparecimento das lesões. As feridas assim provocadas têm uma extensão maior perto da proeminência óssea e menor à superfície, a
úlcera inicia-se junto ao osso e progride até à superfície, no sentido da aplicação da pressão.
Quando a pressão é aplicada longitudinalmente, surge uma úlcera de pressão com características diferentes. A extensão é
maior à superfície e menor em profundidade.
As úlceras de pressão resultam de fatores externos e internos. Os fatores intrínsecos são o estado geral, a idade, a mobilidade
reduzida, o estado de consciência, o estado nutricional, entre outros. Os fatores externos dizem respeito à pressão, deslizamento (ou
torção), fricção, entre outros.

Localização mais frequentes do aparecimento de úlceras de pressão

Isquiopúbica (24%), sacrococcígea (23%), trocantérica (15%), e calcâneo 8 (%). Outras localizações
incluem maléolos laterais (7%), cotovelos (3%), região occipital (1%), e região escapular.
Como foi referido anteriormente, o aparecimento de úlceras de pressão está diretamente associado á aplicação
de pressão sobre zonas específicas do corpo. Para diminuir o risco de desenvolvimento de úlceras de pressão, é
necessário reduzir o tempo e quantidade de pressão aos quais estão expostos.
O recurso aos posicionamentos é a estratégia preventiva a recorrer para alcançar este objetivo.
Deve considerar-se a mudança de decúbitos (posicionamentos) em todos os indivíduos que se
encontrem em risco de desenvolver úlceras de pressão.
O prof. Pedro Costa

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