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SAÚDE MENTAL

Psicopatologias – Esquizofrenia
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PSICOPATOLOGIAS – ESQUIZOFRENIA

A esquizofrenia (do grego σχιζοφρενία; σχίζειν, “dividir”; e φρήν, “phren”, “phrenés”, no


antigo grego, parte do corpo identificada por fazer a ligação entre o corpo e a alma, literal-
mente significa “diafragma”) é um transtorno psíquico severo que se caracteriza classica-
mente pelos seguintes sintomas: alterações do pensamento, alucinações (visuais, sinestési-
cas, e sobretudo auditivas), delírios e alterações no contato com a realidade.
Junto da paranoia (transtorno delirante persistente, na CID-10) e dos transtornos graves
do humor (a antiga psicose maníaco-depressiva, hoje fragmentada na CID-10 em episó-
dio maníaco, episódio depressivo grave e transtorno bipolar), as esquizofrenias compõem o
grupo das psicoses.
As psicoses são os transtornos que apresentam como principais características as aluci-
nações e os delírios.
É comum o tratamento se iniciar com os psicofármacos ou antipsicóticos. É uma doença
em que há um altíssimo índice de perda de paciente, principalmente por autoextermínio.
A esquizofrenia é uma das mais graves doenças neuropsiquiátricas e atinge aproximada-
mente 1% da população mundial.
É considerada o principal transtorno psicótico, sendo característica da doença a pre-
sença de sintomas positivos (alucinações e delírios), negativos (avolição, alogia e embota-
mento afetivo), cognitivos e afetivos.
Além de comprometer pacientes e familiares, esse transtorno representa um grande
custo para toda a sociedade.
No brasil, a esquizofrenia ocupa cerca de 35% dos leitos psiquiátricos hospitalares. Com
a reforma psiquiátrica, o número de internações foi bastante reduzido apesar de ainda haver
uma grande demanda.
Está, ainda, no segundo lugar entre as primeiras consultas psiquiátricas ambulatoriais
(14%) e no quinto lugar na manutenção de auxílio-doença. Estima-se que seu custo seja
cerca de 2% dos gastos totais em saúde.
O diagnóstico da esquizofrenia se dá após o início dos sintomas psicóticos, porém alguns
sintomas relacionados à doença podem estar presentes antes do diagnóstico, fase chamada
de pródromo.
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No momento, não existe prevenção específica para o transtorno. Diversos estudos têm
sido realizados para identificação de indivíduos em alto risco e desenvolvimento de possíveis
intervenções para prevenção.
Ainda não é possível se afirmar que o indivíduo é esquizofrênico, ou será esquizofrênico,
ou terá uma tendência. É uma doença que requer muitos estudos e pesquisas ainda.
Destacando-se como forma de prevenção, tem-se o uso de antipsicóticos (APs) em baixa
dose e o ácido graxo ômega-3. Embora os dados sobre a prevenção ainda não sejam con-
clusivos, algumas intervenções têm mostrado resultados promissores.
Há alguns estudos que tratam o uso precoce de maconha como gatilho para o desenvol-
vimento de um quadro de esquizofrenia. Porém, ainda são estudos da área e necessitam de
mais desenvolvimento.
Após o início dos sintomas e o estabelecimento do diagnóstico, o foco do tratamento
deve ser a remissão dos sintomas e a reabilitação ativa do paciente. embora não curativas,
as substâncias neurolépticas (ou APs) se estabeleceram como o tratamento primário para
todos os estágios da doença.
Há uma discussão mundial quanto à dosagem e quanto à obrigatoriedade da manuten-
ção dos neurolépticos.
Sabe-se que há hoje grupos que trabalham com a condição da alucinação. No Brasil, um
exemplo é o grupo terapêutico “Ouvidores de vozes”. Esses grupos auxiliam o indivíduo por-
tador da esquizofrenia a lidar com a condição da alucinação. O indivíduo passa a manejar ou
identificar quando a situação é oriunda de uma alucinação ou de uma situação concreta. O
filme Uma Mente Brilhante aborda essa questão.
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É preciso tratar de forma personalizada e tentar entender cada paciente, em suas neces-
sidades, principalmente os que fazem usos de drogas antipsicóticas.
O uso continuado em doses ajustadas individualmente possibilita redução no tempo de
hospitalização. Entretanto, apesar de essas substâncias significarem um grande avanço no
tratamento da doença, sua taxa de resposta é de cerca de 70%. Ou seja, 30% dos indivíduos
que iniciam o tratamento com psicofármacos não alcançam o objetivo desejado. É necessá-
rio que haja mais estudos.
Esse fato tem estimulado a procura de novos APs e reafirmado a necessidade de asso-
ciação de outras intervenções à farmacoterapia, como, por exemplo, os tratamentos psi-
cossociais.
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O individuo deve participar integralmente desse processo, das terapias.


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Existe atualmente um número grande de APs, com diferentes perfis de efeitos colaterais,
porém com potência semelhante quando usados em doses equivalentes. A clozapina apre-
senta eficácia superior à dos demais APs, evidenciada em diferentes metanálises, sendo
indicada para casos refratários.

 Obs.: a clozapina não será a primeira tentativa.

Há, entretanto, diferenças individuais em relação à eficácia, à tolerância, ao custo e à


interação com outras substâncias. Cada indivíduo possui suas particularidades.
A intervenção precoce acaba sendo a melhor opção de manejo do paciente aliada aos
fármacos que melhor se adaptem ao organismo.
No primeiro episódio psicótico, há uma tendência maior para o desenvolvimento ou remi-
ção. Por esse motivo, sugere-se uma dose menor comparada às doses de tratamento de
pacientes em fases mais crônicas, isso devido aos efeitos colaterais.
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Serão necessários testes diversos com fármacos em que serão observados os efeitos
colaterais. É preciso ficar muito atento.
Mesmo controversas, algumas diretrizes discutem a descontinuação de APs após um
período de tratamento em pacientes em primeiro episódio. É preciso analisar se a condição
psicótica teve um fundo patológico relacionado ao quadro de esquizofrenia ou foi desenca-
deada por algum outro processo fisiológico. Por exemplo: desidratação, neurocisticercose
(verminose).
Quando um individuo apresenta de forma súbita quadros psicóticos, será necessário
fazer um grande check-up para identificar se a situação foi desencadeada por uma alteração
fisiológica ou se de fato é um quadro de esquizofrenia.

Sintomas positivos:

Os sintomas positivos estão presentes com maior visibilidade na fase aguda da doença e
são as perturbações mentais “muito fora” do normal, como que “acrescentadas” às funções
psíquico-orgânicas do indivíduo.
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Entende-se como sintomas positivos os delírios – ideias delirantes, pensamentos irreais,


“ideias individuais do doente que não são partilhadas por um grande grupo “, pensamento e
discurso desorganizado (confusão mental), elaboração de frases sem qualquer sentido ou
invenção de palavras; alterações visíveis do comportamento, ansiedade excessiva, impulsos
ou agressividade constantes na fase de crise.
O delírio é uma ideia que um indivíduo possui que não é compartilhada ou vivenciada
com o grupo. Exemplo: em uma sala de aula, uma pessoa abre a porta da sala, observa a
turma e sai sem falar nada. Nesse mesmo tempo, um indivíduo da turma levanta-se e pula
pela janela com o intuito de fugir de uma situação. Para ele, o fato de outra pessoa abrir a
porta pode representar uma ameaça.
Em um outro exemplo de delírio, durante uma aula, foi possível ouvir o som de um heli-
cóptero. Uma pessoa interpreta que é um helicóptero da polícia e que estava perseguindo o
professor.
Já na alucinação, há uma alteração das percepções dos sentidos. O indivíduo vê o que
os outros não veem, ouve, sente na pele, ou seja, uma percepção completamente distorcida,
ou uma percepção irreal dos sentidos.
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�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Alexandre Sampaio Rodrigues Pereira.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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Psicopatologias – Esquizofrenia II
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PSICOPATOLOGIAS – ESQUIZOFRENIA II

SINTOMAS NEGATIVOS

Os sintomas negativos são o resultado da perda ou diminuição das capacidades mentais,


“acompanham a evolução da doença e refletem um estado deficitário ao nível da motivação,
das emoções, do discurso (exemplo: discurso pobre), do pensamento e das relações
interpessoais (não confundir com esquizoidia”, como a falta de vontade ou de iniciativa;
isolamento social (não confundir com a esquizoidia; apatia; indiferença emocional total e não
transitória; pobreza do pensamento.

Obs.: Esquizoidia: indivíduos que apresentam comportamentos diferentes, como andarilhos,


por exemplo. De forma geral, não apresentam um diagnostico patológico, mas um
comportamento diferente da maioria.
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TIPOS DE ESQUIZOFRENIA

Esquizofrenia Paranoide
É o tipo de esquizofrenia que, se acompanhado e tratado por profissionais experientes e
qualificados, o indivíduo consegue continuar exercendo suas atividades laborais, trabalhando,
consegue manter a questão da estrutura familiar ativa e funcional.
É o quadro de esquizofrenia que se manifesta, de forma geral, após os 21 anos. Muitos
quadros patológicos tiveram sua primeira manifestação clínica após os 27 anos. Isso faz
com que o indivíduo, com 27 anos ou mais, de forma geral, já tenha constituído família, se
especializado em determinado segmento profissional. Então ele possui uma estrutura social
a qual, muitas vezes, consegue dar um suporte extremamente satisfatório para a manutenção
dessas situações.
Predominam sintomas positivos como alucinações e enganos, com uma relativa
preservação do funcionamento cognitivo e do afeto. O início tende a ser mais tardio que o dos
outros tipos. É o tipo mais comum e de tratamento com melhor prognóstico, particularmente
com relação ao funcionamento ocupacional e à capacidade para a vida independente.
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Esquizofrenia Catatônica
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Sintomas motores característicos são proeminentes, sendo os principais a atividade
motora excessiva, extremo negativismo (manutenção de uma postura rígida contra tentativas
de mobilização, ou resistência a toda e qualquer instrução), mutismo, cataplexia (paralisia
corporal momentânea), ecolalia (repetição patológica, tipo papagaio e aparentemente sem
sentido de uma palavra ou frase que outra pessoa acabou de falar) e ecopraxia (imitação
repetitiva dos movimentos de outra pessoa). Necessita cuidadosa observação, pois existem
riscos potenciais de desnutrição, exaustão, hiperpirexia ou ferimentos auto-infligidos. O
tratamento, portanto, é bem difícil.
Assim, é um indivíduo que requer cuidados absolutos.

Esquizofrenia Residual
As condições para este tipo de esquizofrenia são: ausência de delírios, alucinações e
comportamento amplamente desorganizado ou catatônico proeminentes; existência de
evidências contínuas da perturbação, indicadas pela presença de sintomas negativos ou
por dois ou mais sintomas positivos como comportamento excêntrico, discurso levemente
desorganizado ou crenças incomuns.
Dentro dessa condição, há os chamados “delírios místicos”. São aqueles indivíduos que
muitas vezes acabam se dedicando exclusivamente a uma condição de religiosidade.
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Esquizofrenia Infantil
É um tipo raro de esquizofrenia (0,5% dos casos), não incluso no DSM. Ocorre bem cedo
na vida do indivíduo (os primeiros problemas surgem entre os 6 e 7 anos de idade). É bastante
severa, tendo sintomas e disfunções mais intensas, além de um tratamento mais difícil. Ainda
não foi perfeitamente elucidado o mecanismo que determina a esquizofrenia infantil. Fatores
ambientais não exercem qualquer influência sobre o aparecimento da doença, o que leva
a crer que a base dela é puramente genética. Características psicológicas incluem falta de
interesse, fraco contato pelo olhar, ecopraxia, ecolalia, baixo QI e outras anormalidades.
Muitas vezes os pais negam e culpabilizam as escolas e profissionais da educação que os
alertam para a possibilidade de haver algum problema com seus filhos. Por isso, o tratamento
acaba sendo procurado tardiamente.
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Esquizofrenia Hebefrênica
A esquizofrenia hebefrênica é uma forma de esquizofrenia caracterizada pela presença
proeminente de uma perturbação dos afetos. As ideias delirantes e as alucinações são fugazes
e fragmentárias, o comportamento é irresponsável e imprevisível; existem frequentemente
maneirismos. O afeto é superficial e inapropriado. O pensamento é desorganizado e o
discurso incoerente. Há uma tendência ao isolamento social. Geralmente o prognóstico é
desfavorável devido ao rápido desenvolvimento de sintomas “negativos”, particularmente um
embotamento do afeto e perda da volição. A hebefrenia deveria normalmente ser somente
diagnosticada em adolescentes e em adultos jovens.
Muitos pais de adolescentes acreditam que isso não seja uma doença, mas uma fase
da vida.
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F20.0x – 295.30 Tipo Paranoide


F20.1x – 295.10 Tipo Desorganizado
F20.2x – 295.20 Tipo Catatônico
F20.3x – 295.90 Tipo Indiferenciado
F20.5x – 295.60 Tipo Residual
Os CIDs “F20” estão relacionados à esquizofrenia.

Obs.: Os códigos foram retirados do DSM IV.

PASSOS DO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DE EPISÓDIOS AGUDOS

1. Monoterapia com APs;


2. Após 30 dias, ajuste da dose – verificar adesão; 
3. Troca de AP (pelo menos 2 substâncias com adesão, dose e tempo adequados);
4. Clozapina (ver diretrizes para o uso);
5. Combinação com outras substâncias (ver Esquizofrenia ultrarrefratária);
6. etc.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
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ção tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo ministrado na video-
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