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culo XIX, ahs eemancpa da lwo Niece Se SESE mands tam ofoco das preecupaftes do ntorador Be abandon ovat da histotae pases indapar a peépraspousiades do conheconem Riise. A Aimtris podria enfim produit um conhecimento ape ra mod on rere bina da ta cetiin no sul pasado" a orentagio ra nay a onentapio dthetans @onentylo mart Embor dition todos exes projeos tha em oma recs da Row da sna ea tentatva de dar’ discipina um estaturo cieniico, Jno sé ip XX, os Amal formulario uma nowt abordagem db tempo hstres, permtindo. outa. concepeio sobre o evento ates propia a0 dos homes na Jose Carlos Reis procura anal eas desde, observando o que as separa das filosofias da historia © 0 que as mantém sob seu dominio. A separagao de finitiva vird com os Annales, quando aproximam a hist6ria das ciéncias sociais, tornando-se uma delas. Areas de interesse do volume * bistoria # Filosofia First} José Carlos Reis A HISTORIA ENTRE A FILOSOFIA E A CIENCIA FS) 1s JOse CaRLos Reis ea Cavers erga Mane A HISTORIA, ENTRE A FILOSOFIA E A CIENCIA calgos 3 formar sun ato omnia € 2 3€ legtimar co: ao ascii Amaliaa at idtias de sass elteder alin ssistente semi e knide ‘Rerenc Post evisto| de cali de Sona kao de ate (tote) capa enced Ganka Sa Se a ore cenit = Lap SRR ogsez6 SBN 85.08 05867 5 1996 Toso os diitos sera ‘anors Aika SA ua Baro de gure, 110 — CEP 01507900 Tels PAB a. Teles 27895322 — Cai Postal 9656 ‘Bova — Fa 081) 27-446 ‘Sho Paulo (SP) SUMARIO Introdugio. 5 1. A-escola medica, dita “postivista™ 4 2. 0 historiismo: Aron versus Dilthey 26 3. 0 manssmo. 0 4. 0 programa (paradigms?) dos Annales “face aos eventos" da historia 4 {A interdisciplinaridade: histrla€ ciéncias soci, historiaciéncia social “ Novos objetos: economias, sociedades, civlizagoes. o -Aestrutura da explicagao-compreensio em historia historia problema e/ou historia global? 76 A legitimidade intelectual e social da historia... 7 Bibliogratia 3 h ane rmeard INTRODUGAO Nb sécuio xx, a consciénca histrica emancipou se do Idealism ¢ subxituiu-o pela “ciéncia™e pela “hist. A ‘ciéncia da histori”, incipiente, tornou-se cent ca oposigio 40 Kdeallsmo © uma forga cultural onentadora (ef. Schnacetbach, 1984), Do século XVII a0 XIX, houvers uma rakcal modanga de persnectiva em relacdo a historia: enquanta para Kant aqiele ‘que era cultvado historicmnente permaneca na perifeia da ver dadeira cultura, no século XIX, apés a cragio de *histéa cients fica, passava-se exatan contriro: 0 culavado histonica mente & queers considerde! culo" Péskantiano e comtiano, 0 séeulo XIX possui um a priort a metafisca € uma impossblida- de; fora dos fats apreendides pela sensagio, nada se pode co hecer. As filosofas ds hisiria racionalsias € metafisicas per dem suas sustentagtes metafsicas e, sem clas, nao significant ‘mals nad. A partir de entio, 56 se quis conbecer as eolagdes de ‘ust € eft, expressas de forma matematica, fa isto que cha smavam “corhecimento positive": “observar os fatos, constatar ‘suas relagoes,servi-se delas para a ciinci aplcada” (Lefebvre, 1971, p. 3D. Este “espirito positvo",antimetafisico, passa a predominar ‘entre os histortadores € inicta-se uma fa contra a inluéncia da owe da istic i distri’. Oma) rico tomou-se guia ¢ modelo das outras cGacias humanas Ineortadores adguizem presiigio intelectual e social, pois tinham finalmente estraturado seu conhecimento sobre bases empitias Positivas. Aqui se deu o nascimento de ums nowt conscigncia histres: a que enfatiza as eters humans no temp. Em principio, 0 historador mio quer Fundir passadey presence for {uro: histria “clenuica” buscara dferenciar as duas dimen sbes “objtivas do tempo, passado e presemee tenderd 1 io profedzar sobre o futuro. Como conhecimento das "derenean humana ahistraciemtfiea dard Gnfase ao evento inept, ‘singular, individual, com seu valor intrinseeo, Gnico, Em relaclo as histrias mica, teol6gica e Flossfica, que Fugiam do evento, considerado sem sentido se nizo refers 40 arquenipo, a Devs ou 4 Utopia a histcria“ciensiice: pareve sassumiro evento, ado teméo e até cult ssiblidade Parece mio ser emai ui problema, nas aa Oahision- 0,0 substancia, otmutvel das filowofes da iste verted vele, porsato, no “centifico’. O objeto da historador 0 boca. lzado € datado, 0 relativo a uma stuagto espago-tenpora, ‘mepetivel, singular: o evento, Esta epoca da cultura histrien ds conseinci da cliferenciagzo das dimensoes temporals — & ‘onsderad a epoca do istoricismo, © histericima, em seu sentido gre, pode ser caracerizado ox ‘mo uma posigio que eorna a Nesta un principio.) exate ‘oTo oposito ao pentaerto a hstrico procs iodine thordagem histériea em todos of ampos de cultura (ger, 1868»: 19, ‘Aépocahistorcsta €, paranto, de opasigto as flosofasra- onalistzs, que consideram a realidad humana determinads or prinepios essenciais,invarantes, Para os hisorcita, no hi um modelo imutvel supremo de ruzio humana, Assim co. so as filosolas da histriatnhamn sido sevolucionériae pots ins slinadas 20 foruro, 0 historicismo @ poerevotuceniti, funda rmentalmente conservador, tradiionalista. A historicieaqio. da historia afirma Sehaddelbach,significow a sua lberacto Se mo. alos de desenvolvimento, do progresso © da teva due ‘ram prescrios pelo desenvolvimento da Razto achat ia de que a histia era mera exerplificacio de formes eras do ser ou de les de eterno retomno fo abanvdonada pelo pre! ee | a indlvidvalidade his, ieuvel a qualquer principio uo. histéra ndoseri ma clénca de leis esseneas, poe ‘lo hi modetos suprarhistricos dados a pron que garentam a racionaicice eiteligslidade do processo hisorco eletvo.& Razao se reve 8 histria. A consciéneia historic € fra, lar <4 relativas um momento hisrico — o que teva an eet «Ianto & possblidade de um conhecimento hitonco cbt, vilido par todos. Nio € win principio supra-histico que org ize 0 processo eftivo, mas sim a rips histria que ongantra D pensamento ea ago, os quasexistem em uma “ata ula Iegar © uma data — un evento, © historicismo € reeigio radical ds flosofas ds historia ‘tuminista © hegeiana ejeigdo do sistema, da historia universal, sla Raxio.que governu 0 mundo, do progiesso. As tlagdes ene histone flosofiaseinverem:€a flosfla que se revels histor, {ea que se mos influenciadae subordinada sss cond Ges historcas. A histéria nan xe shmetora nonPiom w piors ‘es a prion & que possuem sua origem na histoncidade 9 poxlem ser pensados e explicador historcamente. reel subordinagio da historia flosofia se assenta em uma nova att ‘de do historiador — a “positva” — e em uit outa forma de trata 0 seu material — através do método cain de pura das fontes, conhecimento hiscrco no se assenatl mals 20 bre elementos a prior, sers um conheciniemto a posteron. © principio da observacio constil a disincao esscncial ‘entre a abordtigem cienifca da hia ea abordagem floscien, ‘Ao abandonar a ifluéncia da Mlosofia¢ pretender assis uma forma cientifica, 0 conbecimento historico aspire 8 -cbjevida. de". A questio que se pe, enti, mo a da universal tologica da historiaobjet, masa da possblidade dese ch luma Universaldade epistemologica, A audana € substantial. 3 uestio da universal nso perence mais a0 objeto, mat 80 conhecimento. A historia cietifica quct ser “objetva", it &, {que formular enunciados adequados 20 seu objeto © ue acl vilidos para todo tempo e agar, como ela estimava que faim as cactas naturais ‘Objeidade nko signa imperiled, as unverakeae uma llfisea mpbe-e a todox Pode-reoerecera mesma vals: {de -] aoa reconskuite hiv (Aron, 1938p. 9) fs questo ira fndamenal em tas as vente do ot ens ht ca te ums el ea nara tn cena ona do rea ‘can A Na se na omar cone Tarde dear ines Nose fps rcs, eas Sein ergo de mprae ee ae seo ae de ‘hore hovwsseseanto tod cates oh ‘ctor do ev cba sands aber O sj se Sita doce psn eo on al coobSce hts tra isc dca eae fret pea won No seq e com ego prone cot ‘Spade do pros tual deer puude cei of ‘SA fl ies hon qudonepa eng ene Dama oem fer ca hs emp Seco Sea rc etl de proces orm Inara do mur A ac bt cond "Now dees ira po sr peta Te aise ua pote contin ge nga imitans aca Cosa do aero Force "ats pti fat ea hs dhe evo pen on sn ode — ope Feo aptamer eee dese {Sox © tomcat nile, ue me sii uu oe at, tac a ag ‘ie elma cain S” use sects Ts aig etc, dew agp de > sts hits de speed efor hes Pete, pos ead Bt eats a ee ‘ai do SN deride ede peas ines yet? ron gc sr eis pe [ie atime tow sen peta. Os histo Ineo procando se een eel dos mils cx Cham imei ot dbo © nner hee ar dest o ael ico se espoused Preaniscm confs-o. de iia feslas 0 Propo Fogel moses © cre inccntornavencs sles teri cerca xh cea tas do mtd et te cones Hegel io tries hat “ce dar mene aja aque conht de une ea ‘ao mse ports de vita ges qu lo meta 30 Pros natal Neo mde penne Go meets expats ome leg 8 p 2 aes) Rake © Hegel segundo tages posse alg mc A hiscria esprit, ou sep, um domlo da reaéade que & er ‘esti nd-natureza, mas depende da lberdace, da ajo que & ‘apa dese torar conscience e una indvidvadde crt ces compariham 3 conceprio da hitéra come “espa objet vo" [1988 p. 20 (© que os asta & 2 exigéncis de Ranke ca “pesquisa hist rica” para se conliecer ercunstincias sioncas elava, fis, singulares, coneretas, © no um principio absoluo. A conscié cia historca se reconhece fnita, nao pode apreender histria ‘como um iodo mas somente como momentos finkos, OS “histo- ‘adres centistas, aniflosticos em suas delarages, na pri. ct ociltavam a sua dependéncia das ies e conceit das = sofas da hisiéria. Digamos que, no séevlo XIX, houve esforga de rompimento com 2 flosoft, que abxeve um resi apenas parcial, Foram tenatvas de consiticao de uma “his fobjetva", que por um lado obtiveram sucessos significative, ‘nas por outro io puderam vencer sua dependénce em regio 3s formlagoes universalizantes dos filésofos. No seculo XX, en leetpto, of Anas consegpicam sfastar se da influgnesa metal Sica da flesoiae optaram pelo apo teérico das nos cincas soca. Com aque recusa@ ess op20, 0 conhecimento hist rico parece tse apeeximado de ue conhecimento “lenific mente conuzide”. ste esforco de constitucao de uma histbria clentifica, no século XIX, comou ts diregbes principals: a onienragz0 rankia- fa, que quee aproximera hiss do modelo cientieo ds fics 8 orientagao diiheyniana, ue quer descobnir 0 que hi de espe «ffco no conhecimentohistérico que otorne uma *iéncia” dife renciada cas clénias naturals; ea orientacio marist, qe sub> mee o conhecimento hiséricocientfico 3 sua relagao com a realudade histvica, a pedis. So rs proetos de histra cent ca interamemte diferentes entre s, mas que tém alguns por fem comum: a recusa explicit da flosofia da hier, 2 teta de dar um esttuto cieniico 4 hstra, 0 esforco de cbjetividade ©. yalorizagio do evento, pereebido dferentemente por cada lum. Sta pasiges historias ao setido amo do term, so aque recusam 0 abseluto di razio intemporal € 2 submetem 25 condigbes hiddricas objetvasyTrataremos de ead ums dessas crientagdes, procurando observar 0 que as separa dis flsofias i histria € 0 que as mantém ainda 506 o seu dominio. Depois, rmostrarenios 0 esforco ainda mais radical dos Armas para af lara ison ds flosona e aproxinica das clencias sccm, tot randova uma das cigncias soci A ESCOLA METODICA, DITA “POSITIVISTA” Ay dient prota 2 Host da hii se anion: Hee Hn so, respecte 8 tee ee ‘Sates dsl esos i ec Forma ‘ean, a prado seo IX qe se sence a ‘lina stra uieansocncerepntas eset tin era tos secs X01 © GAD Os represents as Sunes desc args peu tren en oa Xen fare © Nite qu exer uma en cop ‘She aivogafts europea eco 2D Rake pss Svs conmgrde so son XV NVIL Batibo ‘= pinpnets nos Socumentos lomo aie = Cilado baadoe deci rayon eres pts ocedi SS rapes decay dena vats eas sade i pe se upc pels eaurtcns spa lant pce Sve ae hts pee ade nt es poramnsgact'ca pola enero preci oa inte se imerestava pce “rgabace” de um pov, de indo, pels pogo gases hones Fale Em comrade areal ntesayse ee. elmene pt uses do Ean ean ose oa Sees ley prsente omerva quence pov me doa be ieeome97, p20 eae) Plone te craters ues hehe contin pas 9 hurr doves destbas ws faqas equa de que hat. - ria ra a realizagdo, Um “hegelano timido”, que escondia suns posigdes na “objetividade” do método histinieo de exten das Foes, "Ranke vi na hiséra um argumento poderoso contra 2s smadnsas revolucondrias © a (Py de un crescmento gradual dentro de estruturas estabeleciled 1 lggers, 1968 ou 1984, p.i9ersegs). ‘it, Ranke, ao wo do apn, ema teen Sos ail Ss ade casinos ee tin dds de st tena send nos Fetes pox uc squids dasa ue pre Sores por nto metoscshementaco ares de Ri mnfesuybe no mundo cw seen, Sigiear ‘Stnun apr ple no mune es seen rece porn anase sone ORseruer deve se Secon ne Sono, ener dee edna Soret fans Pigg, oa eon #0 Ide de a cmon cots agents eta Stas pun cence ato pos ts Sie anton cacao sae ae texte cas C58 pet ses) Tagen aes aes oun nse eentcaerclens pe pea ae vn wr ntmlade gal, quegay€ coca as Urbitods por tendencies" que he dic ek. & forgo do cee ee oe a tte Sts endenos ante doconenaro‘ livros mh ‘Te einen as dst pod sess wo Bence sods sae Se Mere Seen ons deems pies As eae ne so tuais eo arce vane apes, darmen 1 tint ts ont de take enter et Sait tan teadeticets tr eonnee de suits sit nora i piped nto Sree Mari 183 9 8 (a)0 historiador nao € julz do passado, nao deve inst contemporineos, mas apenas dar conta do que rea 2 sepasiou, (©) to ha nenhuma intesdependéncia ete 0 historador, to do conhecimento, € 0 $0 Obje0, 0 eventos hist ppusados. © historiador sena capaz de escapar a todo con Sicionamento soca, cla, reigos,filosbfico et. em sua relagdo com o objet, procurando a “sew oa sorta — res gestae — exit em si, objtvarente, Et ferece através dos documents; (a taf do historador consist em reunit m a¥imero gH ficativo de fatos, que sto “substincas" dadas atrave abs documentos “puslficados”,restimids sus aurenticidade (eos fatos, extiaidos dos documentos rgotosamente critica tos, deve ser orginizados em uma seqéncia cron fa ordem de uma narativa; toda fflexao tedrca € pos inch a especulagio filoséica, elementos @ prion subjetisas (© a histineénls pode ating objet © combo Serdade historic Objet, se © Mbuunuadon loca as rmersdagdes anteriores. A historia centfica, potart, sera produslda por wm suet to que se neutral enguanto sujeto pars fazer aparecer 0 seu ‘objeto. le evitara a consirugao de hipoeses, procursrd manter peutlidade axioldgiea ¢ epistemologica, Sto 6, nfo jugar © into problematzarSo real. Os fate alam por sie o que pens o historiador a seu respekt ¢ tele le, Os fats existe objet mente, eas, brates, e to poderiam ser records ¢ constr ‘dos, mas sim apantiados em sua integridade, para seating sua werdade objetiva, io ¢, eles deverdo aparecer “ais como sfo" Parsivo, o sueito se dea possuir pelo ev objeto, sem construl- Ioou selecioni-io, & uma conscigacia “recipient”, que recebe 0 ‘objeto exterior em si ou ura consciénia “espelho", que refiete ‘fata tal como ee €, ou, sida, uma conscacia“plstica’, que toma forma dos objetos que se apresentam dante dels, Para lbrer esse resultado, o histriador deve se manterisento, impa= ‘ial, enoctonalmente fo e no se detsar condicionar pelo seu nabientesécio-poltice-cultur Acreditavam os ditos postvistas", parece, que feo era ppossvel. Acredicavam que, s¢ adotasnem wma atitude de distan- Clamento de sen objeto, sem manter relates de interdependin cia, obterium um conhecimento histrico objeto, um reflexo fields aro do passado, puro de oda distorgd0subjctiva, Oise ‘oriador, mM. cles, nara fats realmente acontecides etal coma les se potram, Os fates “narriveis" era os eventos poliices, Adiministativos,ciplomstens, eligiosos, considenados 0 centio ‘do processo historic, dos qua tds 2S outras aiidades exam rivadas, em seu cariter factual eventos Gnicoseirepetives. O passilo, desvinculado do presente, era 2 “area do historiador Propunham uma histria do pasado pelo pussado, dos eventos politicos pussados, pela curigsdade de saber exatae detalhad tnente como se passaram (Cl. chaff, 1971, p. 107-11). cola histieacienicaslemi era essteate 40 social Tecusava aera socal come funcao legitima do histori ‘dor Superestmava a eficcia da métod exico em Seu de obvetividade, que escondia, na verdade, suas ila i sobre a nisiona. Na declaracio de principios, queriam fazer “citncia objetiva na pric, a naraiva historic servia 40 Esp ‘ito universal que se expresseva no Esta, na Religo ena Cul ‘ura A Alemanha Fol 0 primeito centto de enudigto e seriu de smadelo aos outros Na origem da erica histrica,esavam a flologi, a histéria das religioes ea erica biblea. Tas diseiplinaslangaram as bases ‘do método cilico histrico, que examinaré manusestos, tenos, ‘empregando as wenicas daquelas dsciplinas, para chegar& au- fentickdide do documento. primeira publcacao de documen tos pelos alemies fo! em 1824 —0 Monumetae Germanae Hi forica— e, em 1856, cles i tnham sua revista de hiss. Esse “esp positivo’ desenvolveu-se especialmente nos semindcios 4a Universidade de Berlin guess, 1988, p. 19 et Seq), ‘AFranga €0 segundo pais onde ets histisenuda se ins- talou. Desde 1821, a Ecole des Chanes formava arquivists, as ‘que no eram historiadores. Fo: apos 1870, e mas ainda 8 part dle 1876, com a fondagao da Rete Historique, por Cabrel Mo- nod, que 0 desenvelvimento da erudic20 se Jeu a Fraga. O Stic tc ce me pn Ce ee ene aera hearers cee ane nena denuke, Na eyes che ee ean tts ene secon ce Co eee ei ties Romer Seer pono vane Sere Titers es hana nse a ue en se ahd oe erence acts denss B65 p FE os rea: rncees pnt os textos pos ee gsr oct fan Cee er ete toes a ier. ae eet annie tas ¢o opie oe SE ne ee ces co ectannat gir ea oat wee cum popes pedis, rer ee Eee etm we at Saas cancun pad eatoms arcaes ue Oa Saeed mates Hep um en ee pais nas tempo cee en cum ata even cee tsi tops dE cds ae ee ams eottels pete cane es nian set crane eee a tots po an ace ie onium eno one see OL ayo nena fr en ts tomes pope tee Mao e eee aor Bee cn cfd lect ase ee vaca cm ma seh, o Poss ee Se 9s ee cosas oxtmiume conden, 0 seso 0X ao ttle como Gane pods eco ods ponte (ican ums comprocai oat da aca da toma, ‘ina macau wot ha A histor ci fica alemi conta, na Franga, com dots “tras lutores prncipais: 8 Revwe Historique ¢ Os manatee men dologia da hist, dos quais 0 mats reconheuide ¢vituntiog {10 de Ch, Langlois Ch. Seignobos, Inirxduction au toute Distorigues de 1898, Além destes“tadutores”havia tm ae Acentendria Rerwe Historique sings esti em eiculagio, em bora pac das eiasferozes da escola lon avnaes tater ‘ovado, no sem reluncia, sua tina orginal. Cras em 1S forG. Monod G, Fagnie, a Retue Historique patcamcre foot do historia ccatfica na Pang. Pretendia dedicarse a Meany, ‘ds Buropa desde a morte de Théodose (395) é # queda de Ne poled 1 (2815) © Contava com 53 fundaderes, ntsc professors So College de France, da Bcole Prague des Hautes Hues c ck varias facucades de lets, mais anquvistas biblotoches Entre os fundadlres, ds geragbes coerisem: s doe “antiges, com Duduy, Renan, Tain, Fstel de Coulanges, a des orones ‘com Monod, Lavisse, Seignobos.G. Fagnin ef Carboneite Lie, 13, p 135-7). Em principio, a reviss no posulava nenhores ‘eligto, doutrina ou partido, mas em geral publica ance Ses Bowck, Ncbul, Momsen, Savigny, Ranke, Wai, Garvinuse 1: publicagses de documentos alenas esto na base da histo ‘iaticafancesa Bourde e Martin, 1683, p. 1613), A Revue Hisoriquese declaava nevtra,imparcial, devote sde8 cigncia postiva, fechada a cores policaseflsbhcas ha Pritic, defendia a Repobiica, combatiasIgcia Catshea eae, ‘30 de copiar os alemaes, era racionalsta Or -posttvasce™ oe Reowe Historique passararna controlar tas a istuigoes hs ricas rancesss: universidades, arquivos, biblioteca mmuseus, ~“\ ; eruo conidia. Exado fants ave conhacenm om ces 0 fonts tices unadese envio come SEE. ders eres nm, i dsl or de Comments que inresovamn eae sri da Panga © ‘isorografa em vral, A hist6ria 9¢ liberou da literatura € era armee etme stim unwertde ances, = Stee stn han" ole Sasha e oq ann ats dtr Aina cea ean logis fe doce cea en peg de tecos snes un pai acon fader de nes istricos _ " ‘Todavia o formulador-divulgador do método historic 2 "Sen aaa oma dean Seat Cia Nene desman eure Je Bor nin, Ov sees aces conserva > i Fa iniciados, € pretenderam: aa epee ps rine Pte [ileum sansa cance mas eo Srl prt exirscet 9 plo de beh, om : terpenes onde de rio, cr eet Po te re oc rer a Sa densa ca hr, A eens ee m a: ‘pensadores que 30 erm hstoradowes de preface Sone “semelhangas", “leis de desenvolvimento” da humar Eno apes conto contages asta, usps ‘uma desconfianca« priori © que cles pretendiam: srssosu anita conde « of procedmenos {tro eve tint do ances tr ‘oto hemos ber de aad on € poss eo it Imporamber? © cue & um oceania? Como ena ot 0- ‘Comentos com vistas 4 obra historia? Que = 08 fos es re coe como agrupi-los para construic a obra historh re ‘foi abe ome dr denon tres (angos © Sho 1098 ps. ja is Yate mana dino pet que anima 2 pes Hi de entio; a “espinto postivo’, antimetasico, © met ‘6rico, que € detalhadamente exposto, possul trés momentos principais:@) a heunstica, a pesquist dos documentos, sua loca- Haag; (b) as operagies analiticas: as eeticas extern e inkerna (de resituigi, proveniencia © classiicagio, de interpeetacio, sinceridade, exatidio} (as operagoes sinteicas: a constrigto hisriea,oagripamento dos fos, a exposiglo, a excita histri- 2. A hstonacootard com um ceno numero de ciéneias aux ses: epigeafia, paleogeata,diplomstia,Hlologi, historia irs, argueologia,umismatica, he Dependendo do ramo da histria emque o istoriador se especializa, ele deverd conhecer algumas dessascléncasetéenicas Pode-se qualifiar como trigos do “espinito postiva? dessa obra: © apego ao documento Cpas de document, pas dhit- toire), 0 esforgo obsessivo em separar 0 falbo do vesdadeso; 0 redo de se enganar sobre as fontes, a davis metodics, que smukas vezes Se torn sixemateae impede a interpretaglo; cso do to istrico, que € dado, “bruto™ nos documentos. Este "es- pitta pastvo" foi expresso, na obra, de diversas formas radockamnos pari de certs dos posits (p. 72} subuie, ‘a aprendzagem do stridor 0 estudo dos grandes modelos Sardror eflosdheor palo doz conhecientot postives, v= daderamente ausilires das peaqutas atria, € um grande rogresio de data recente (p. 37): nete dino ego, 0 doce rerio 6 levado a um pono em que se assemela uma ds ope ‘aes Cenefcas peas qua se constitu ura clenca objecva te ‘e trna urn obienagio «pode ser vazado segundo os métodos (as clans posta (p47) sem ruc rao ha scrip. 90) 3 crea postin de enerpremedo[..] (119) hata. para consti como cdma [] (p. 28) a8 formas enlieas da ior (1 (6.283) (© desejo de consiuir a historia sob bases centieas, pos vas, se expressa, portanto, na énfase a0 dado, 30 evento, nO culivoa vida, 2 observacto, a enidigio ena recsa dos mode- los teriiose metafiicos. Ee manual, que formard geragdes de histonadores, exprime com eratidaoo pono de wists da "hist metédlea", que dominou a prxdugio histrica francesa de 1880 TOMS, “espinto postive” Yai se concrtizar na obra de grandes bistorindores como Fustel de Coulanges, Taine, Renan, Serio Fistriudores menos inwalves do que os da escola romantica ‘porém mais segures, mais especialistas do métad esti. Fustel de Coulaages, consklerado primelo dos historiado- tes franceses a realizar uma obra histonca plenamente “ciency (Gf Bhar e Palade, 1965, p. 76 e s0qp2, sustentava que a his ‘ela era“ciéncia pr” eno ane, Dini se seguidor de Descaes sb aerediara no demonstrado e documenta Era um racial tu, clivador da dvds met6dica, Racusava a prevaléncia de prex decessres @autorades sobre os documentos e 0 inétodo rit- a, Sepunds Lefebvre, Fuse de Coulanges & um “pasitvista "pois exclu ds histnia toda especlac3o, toda ietengao pragma tea |. ele nao tem uma flosofia da histo” (1971, p. 217). NAO € postvo" no senido de Comte, pois no fala de leis ds hitria fe ma procura 0 seu sentido — pelo menos, nao explitament. ‘Seu metodo positive nao excl a desde que cata vor sas fonteshitrica criicamente const. La eb ante, ‘obra mate imporante, siteia uma tes: na origem das crencas religions est 0 culto dos antepassados. £1 relgiio dos montos ‘que engendrou a fara e a propriedade, que constitu 2 Cidade “Antiga, © que inatgurou a “Cidade Nova" ft o Crstinismo, que estrus a eligdo da familia e a Cidade Ania Fustel uma expécie de antMichelet Michele, o hisoriador maior do romantsro,ztsbula © conbecimento istnico 3 inul- ‘Go poetics — era um “iracionalisa”, obeecado pelo deseo de Sota em cantata com os mors, de “essuscitar © passado”, ‘qual consruiu um quadro imaginativo, pstic, intuitvo, rola © vivo. A hiséris “‘metédics" reagid 2 esta histéria ane-intuigo © Fustl sri o exemplo maior deta mudanga, Aqui 0 historador quer mais seguranca e menos ambigio, Quer ver os fatos"€ no 11st propria déia dele, enquanto “aca”, a histéra [Ll onsite, como todas a cide em cons 05 fos ‘alls, em aprocnd-os, em estaelece” rela [.-] 0 e- Thor dos hatorindores& agua que se mantim 9 mals proximo poss! dos teton © que on interpre com» mbar utes, ue 6 excrevees6 pers segundo oes. So palavras do proprio Pustl (cf, Eade Palmade, 1.788). Ele & dogmaico, enfim: a histra € capa de atin verdade ubjeuva. Olhado 2 dstncla, 0 passado pode ser visto com careza, sem medo e sem press hard e Palade (1945, p. 78-9) procurscut snttiar em algunas ideas 0 “espinto positvo” deses histories da eseo- la metédica: mantinham-se na superficie dos evernos histics, ‘uj “profundidade” consideravam incognoscvel,consideravam © fat hiswrico como um dado objetivo, que seria sfclente ex: tear dos documentos ericados e reconatitudos, passive, ohio rlador “fotografia” ou “gravara’ os grandes eventos politicos © sesprezana a5 outtas dimenses do sect, a histria se sola das ‘neias humanas, quer se lve a losoia, mas tomada por de ‘ermirads« priori subjevses nao expicados ioe je diz que uma al earacterizapao da histor “posit- vist", *hstovicizante, *metéaiea" ete. € uma “earicatura’, pols ma hist assim fas exist em pate alguma. AOS a8 Ct cs contundentes da escola dor Annaler, que tansformavam 08 ostvisas em portadoves de wa ani-istria,e as congel vam em um descis20 caricarurl se Fz 0 resgate desses his: toriadoges. Ch. 0. Carbonell, em sim artigo publicado na reists ‘Romanuisme, com o thule “Ulstoke dite posvise en France”, de 1978, quetiona a adie antpoctvista dos Annales Ele ini 2 seu anigo com una intertogigio provocadons teria havido uma escola positvisa na Fanga, na segunda metade do século XIX e principio do séevlo XX? Considerar Fustel de Coulanges, G. Monod, #. Lise, Langs, Seignobos e Taine como post ‘sts sera leit? Bes propos ado seivindicavam este ula em se apresensavam sob ele hipétese de Carbonell mostrase ind mais provocadora do que sua quextao: para ce, x cexrente ‘lz "posiivisa"pés-1876, na Franga, mals exist. Aqueles Ris toriadores nio se baseavam em nenlium flosefo — nem Kant nem Hegel, nem Herder ov mesmo Cone. Erum contra a pes {qua hisérca conduzida por ceias gers, Defendam ut pes «quia desineressada e cieatfies, Combstiam eatlices © mona ‘uistas e por estes eram tachados de liberis, racionalisias, protestantes, mas jamais de posiivias ov coms, A historia positivist verdadeira, segundo Carbonell, sera representada pela olva de Louis Boreas, gue € ura fara isola Us, Discipulo de Comte, embers heterodoxo, sua ober Loire (ot las bstorons, essa critique sur Uistoie considence comme sclence pashive ¢ anterior ¢ coneiia 20 manual de Signs & Langlois. Bordeau visa enunciar uma le ce evolug lea © com tina da humanidade, rejetando toda descontinuidade, rapa, ‘emergéncia. hiséra-céncia entabelecera lis — de ordem. de relacio, de evoluglo — com ar quais 0 hisoridor podesa conhecer 0 passado € prever 0 futuro. Bs, sin, seria uma his ‘ria postivista, comisa. Bordeau se iesta com a falta de lis histricas nos hstriaonesetos "postivieae™ que arava fa ‘os sem um fo condor, Pode-se ainda considerar poskvisus os ditos posvisas? CConelui Carhonel: 0s histoidozesfeanceses do inicio do século Ondo sio posvisas no sentido estnto, comtano, do conceto, podem ser considerados,tulvez, come historiadoees “positives” |o € andiamese em fatos. na experiénca. em nogriee pacar. 1 emem 3 nlo-objetvidade e tendem ao cancreto, evitando a fespeculaclo; tfm uma visio otimista, progresssta da his Haveria convesgéncias parciais com o pastivismo comtiano: combate 20 providenciaismo, 2 metaisia, 3 losofia da hiss, Mas, termina Cartsyell, Seignobos © Langlais io anipodas de Come: a8 les hiséreas so banidas ¢ o verdadeio historiador procura saber como as coisas realmente se passaram, Portnto, para Carbonel, estes hisoriadores fazian wt histria“postiva’ e no “positivist”, Mas o gue fara a dist verdadeta entre esis dua palaras?O que quer der exata te ‘poutvo"?R. Chater e. Reve (1979) oferecert algumas pi tas para uma resposta a esta questao, Para eles, cater posto esta hitoriognfia exaria nos és elementes que a constitetn: G0 seu “modelo de conhecimento objetivo", a8 éncias natu- ‘ais. Querendo redurir a distinca que « separa ds ciéncas raturas, 2 histéna realiza apenas metade do caminho: nas ‘cncas natura, 0 observador tem umn conecimento dito de seu objeto, enquanto 0 historindor x6 tem os vestigios do seu. A operapto da ertiea hiérica consis em fazer pass ‘do vewigo a0 fato em st, poranto, em citar as condigoes de toma relagao eiea ene o historiadr e os eventos. Assim, © hstonador conseguis, ou sssim acreditava,resgata,pelome odo crkica, a8 condigbesIniias do trabalho das citacins rnarais — parava ai, quando © conhecimento “posivo’ tas céncas manuals comers a parte dt, da reasa0 ET] entee observador€ objeto; (hi0 seu “ideal de conbecimenso verdadero” oda objetividade “absolut”, conquistada pela imparcisliade, pela auséncin de puixoes ou de quaisquer a prcr e pela exiragao do fat “emi, contido no rea ohistorador nao const 0 seu st, leo enconira nos documentos; sua *heranga"-a erica textual ea nis exgénea de igor, de “iwida, de certera, de verdade, Estes ués elementos, para CChamier € Revel, terlam como resultado umn conhecintento Conskderado ‘posto ma imagem a mais prima possivel aquela que tera dado a observagio direta do fato passado. ‘0 objeto dos “posits, pareve, yale ser com: parado a0 da organizagio de um museo, embora 0 conceifo Fhe muscu, tale. seja mais complexo. No museu, os cjetos de ‘valor hitveo So resgatados, recuperades © expostosavistagio palica, com una ficha com seus dados 20 lado, e o observador post-se dante de uma “cosa que fala por s™, © observador man Son um relagio dea com urn objeto coisa, dfinivamente re Consttido, Assim, também, procedera 0 historiador mero, taraves dos documentos, econstuisa desriivamente, “tl como Se passou" 0 fata do passad, que, uma vex reconstiuido, se oF fafia ua “cosa, uefa ors Ao historiadorndo compet- ‘nao tdbabio da problematago, da consiigo de hipoteses, da reabertu do pasado e da reletura de seus fos. El econstit fro passed minuciosimente, por uma descicao defini. Yea tados dessa mane, os fos hisorics se cornariam verdadeiros Seren, substincia, bjetos que se pode admiar do exteriog, co- pla, conferplar, iat, has jamais desmonta,remonta, aera Feinterpreay, ever, problematza, eabrt, Uma ver “estabele- ‘idoe” os fatos pastados, 2 mio Ser que aparecessem novos “ocumentos que aierassem sua descrgfo,tomando-a mas“ © ddr, eles serum uma “coisa que fala por si Claro que este projcio € impratcivelplenamentee sutentar que ha obs hit [Ee ncorizaan acm a posit hire ‘post fa", Entgetanto, tal projeto foi uma “ovientagio™ da pesquisa histérca que, se nao 0 real2ou ineiramense, pois mpossivl, deisousse condvzi por seus prncipins eobjetves ‘Quanto as duas primeirasintengdes decaradas, eeigao ‘losofn da histriae busca da objesvidade, a historiografia pose tivsta(alvez Fosse melhor definia como “metOdica’, p polar eme superestimaro seu ‘metodo citco” fevelou se ‘sedi penas em parte Seu “spinito postive” s6 pode preve hiro histonados des pengos dos a priori subjevisnos, e seu método critica, embora eicente eenicamente, ea usado pare legtimar os portas de vista, nlo explictados, do histonador. FE quarto a terceia declaracio de incengoes, a da acetagto das eventos ¢ das diferengattemporas? A julgar peas declare es, aparentemente a hisoriografia dia poste deixou para {eke tadas as formas de evasfo da historia €assumis evento, em sia singulardade e arepenblidade. A trnscendencia do preven- te mileo, 0 sbsoluto da f edo Fspiintaberdade parecem ters do defintivamente ablides da prspectiva hisweea, que se quer ‘merguihada na temporalidade “acontecimental”, descontinva, spersiva. Enzetanto, parece-nos esta & forma mais desespers ‘de de aga da hstia, que 6 tensada por tedes os mecios ji conhe- ‘6idose cra un novo meio — odo exforgo de “objetvidade cin tifiea": Mito, f&, utopia e objtividade, todas os meios posiveis pra se recusar a experiencia vvida chs foram uizados. Pierre Nora (1974) parece incur a consradicie maior desta historia cientfica, culteadora do evento, Para ele, 0 que carcte Fiza nesta epoca, a partir do final do seculo XIX, é producio veriginona de eventos: guerie mundiais, evoluydes, rapide das comunicacdes, penetracio das economiss moderns tlcionais, nobiizarao de massas,imperiasmo, deseo Fats circulagdo inteasa e generalizada da percepeio historia ‘culmina em um everso novo: a produgio veriginosa de eventos ‘Co culo do evento, Nesa fase transbordante de acontecmentos que se nica entre 1870.¢ 1914—, uma geragao de histeriad res constitu uma histra centiica que tem come principio a nfase no evento passado, separado do presente. O evento 56 entra para a histéria se fi morreu". Os positivsts tomam ex- prestado ao seu presente o principal de seus elementos — 0 wenio— para dace validade somente ein um passado incfen- vo. Davse 2 recusa do evento presente pelo culto do evento pssido.além de ser passado (o que mio significa que ele sea "morta", peo contro), a itervenpao histodogeafica 0 demi, ccontolt, desvitaiza,subjnterpecta, esquematiza e “arquiva” temse, eno, a lembranga de uma cosa epaiyrecida, desvializa dda, sem qualquer efit explosvo no pecaike. Afra Nora: "4 ‘condigio de que o presente, dominado pela trania do event, Fonwe impecida de habwar a hist, era claro que a histeia seria ‘consiida sobre o evento” (1974, p, 221-2, Dos eventos passados,ohisorador tornou-se proprietii € privilégio de sua Fungao doterminas thes lugar, 0 valor, © ne nhum deles entra para a histéria sem 0 seu apoio. O evento pasado € 0 oppsto do evento presente: ese €emesgéncia, nov dade, revelugto, tanstorno;aquele, uma petificaci do vivido ‘Temendo o cariterincontrolivel do evento contemporineo, do geal no sc conhecem as conseqadacas, os ditos postivisias excapavam do evento presente ¢ de seu caster explosivo pelo ‘oko do evento passado, embalsamando-o e “arquivando-o", sre. ives oa propria rw mc rn do preville Assim se consttul a estratéia obyevisia de evasion {de hist: o hlstoriacdor procure separ dese objeto, 0 viv ‘dohnimano, istanciando-se, 0 sujet se retira do evento e 0 0b- ‘Serva do extesor, como seo evento no 0 afetsse, como fox Epi cose sem ules eso com oa pero do, A narragao historia Separase do wnido ese refee a wie “objevament”, narrando-o e descrevendo-o do exterior. Tit se de ume “rucionlizacio” da tensio, da ameaga da dispersdo, ya. © historiador, 40 abord Ja, no realiza a selexto consithuc da autoconscleacia do ES- pinto, Ente @ realidad concreiae o pensamento ha descont Duldade: © pensamenia quer conhiceer “Lauetuaicnte” « reslidade dads — que no é a extesonzag20 do pensamento,co- ‘no em Hegel. O conceto, em Marx, ¢ uma reconstrugao ideal de algo exterior a cle realidade histoico-concreta Considers que, tlvez, Mars rcupere uma it hee lina e a “cle bea. Para Hegel, as agdes humanas revel 3 imengzo de urn sujco e expressam também algo que o sujeto ‘gnors, a vontade do Esprko. A aga, ndividual on coleiva, pos- si dois nives:consciente e inconsciente. O nivel iconsclent, tem Tegel, & 0 Espo, em Marx, €3 estrutra econdanico social ‘ue limita ecireunserevea aco do sueto individual ou coletivo. sta tese margins, patece-nos,éfurdadora da cicia social. A tese prmesra da cénela social seria a versio materialist, ina de wma idea klealista hegeliana: 0s bomensfazcm a hora vn hi ums mubidio de eventos, ums dispersio de siciatvas produzidas por indviduos e grupos —e nao sabem que a fazem rsa “agi livre" est condicionads pela estrus econéenico- ‘Social, que s6 pode ser conhecida concestualmente. A aco con- ‘ret dos individuos se explics por um "eal abstrato” as est ras econémice-sociais. O papel da eignca social é revel las pes Jo trabalho do conceit. Os grupos atuantes, mediatumente, 30 conhecem 4 esinitura malor que os cicunscreve, pois esta 96 Apreenidila pelo pensamento, pela mediacio conceal (0 marxismo, enquasto cibncia da histéeia, tomaré como objeto as exteuturas econdmico-sociais, invisiveis, abstratas, fetais mas *chio" conereto da uta de classes e das inicitvas incividaas ecoletivas. Para Mars, os individos so podem ser explicados pelasrlagdes socais que maniém, io €, e's org nizago socal a que pertencem e que as constiul com eles S30 (Gf Tese VI sobre Feueroach). Cada modo social de produst0 carla os Indviducs de que necesita ANa0 haveria um homem “universal” mas o eoncretamente “procurido” pelo conjnto das relacoes sociais de pr ara se compreender 0 processo histirco, 0 concete pellisal dea de ser de "eonscéneia” ‘que supe hiporese do ser espinal da histri,evornase ode produgio", que supde a hipdxese mateigy do “ser social ‘mse elacional sudo em im tempo e UiLigae: Embora2nt- ‘etasco, Mare rats de um objeto exteor, de um “ser'—o ser ‘Social onganizado para a predugdo e ceproduzo da via imeel 1. Este “er socil”¢ materials, objetivo, concreto, exterior 30 Pensamento, A onologla marnsta € “relacional” — o ser social fk € uma “cose” mas rlagbes histricas determinadas Ao mes ‘mo tempo que absolitamente hstoricizado, este ser conservaria tum res intemporal, presente em tras Formagbes sola € inutapassivel: o relago insoperivel entre homer e nature Mas esta relacio tins-histrica muda permanentemente de qua Iidade nos diferentes lugares ¢ épocas. Assim, Marx nlo seria rmetaisco, pois no rastiea substincias origina, rime, mas omiologo, pois se refere a um "ser" — 25 relagbes socials que ‘conatitem 9 modo de produsso capitalist (cf. Schct s Enquanto ‘cgncia" da histéia, o marsismo apresen hipoteses psincipais: (a) enfatiza o papel das “conteadices’,prorizando 0 estucdo dos conilios soins". Hobsbawm considera que eta € a hipGte- se mui orgs] de Marx, 2 contrbuigio expeciics de Mare histonoata, pois eons hist anteriores pieavam ‘harmon, niadescontnuidade,enueasdverac ese tus cals Hobe, 192) 0 marsimo foi una da piers tors esta’ da so jee, Ee um esr geneto que aia a on ‘Tlf present ou carte que alevaiAtarsigio 30004 Sarma Assim, abandon #efae no event abi 0 tun da ua "erp Oconhecnento da soctedade Jenwu de tro conhen de aves dias € oles em ox ceca explicament,oxgnzaas em locos uivalizies lepmadves, expres em eve tes orators A verde" de ua sociedad ne em Se “aparece menconal fa, asa sers20 Jo ap tec vel, capo, eo meat econdmensota Ge slo mao Fopnto mas umal=yeespondencia en te foes prodtvas © rsd de prbedto. baa estas Sconbaic-sociivsvel earth may el, 80 0529 6 hate, que apreene conewalment 2 na Seino sul XX, asus compreensto tania desta etn, vita concerto de mo de pro~ Cura een Serine ta nc, an ela sous sot de produits ner tee Cen. 0 eerie ntncose sce expe pels“ —coneto ct “Conpeeste vr! de sel pr ensla— que es Sosa ¢ “abt sean sme om weal ab spree Garp conpey Pam Vo, pr penein de moc then! Lato dos econ nas dasesmuns. ea teams doy melons hades do clo oe ‘Sl scons More 982 p37, Ms ncaa sea de plasma Hi a esmmis nie, slo dou nomersfatosqueconsuem ‘Cane swe reste tis ea “nro em Pr™ SSoot pots imemaente consi Frege permanénc e mung € shee em pecs eons a lies de anes eas daca, Seu mit de he Shem fata esontunrpracen™ cen” ecobites cobena da esinturs interna das formagies sou o modo de prodogao, que se ovula st 0 se Funcionamenthnaivel 0 modo Si produ € uma esrasarainvsivel que subjaze dt sentido as relagoes visivels. Nio que os eventos da superficie sejam est fnhos ou irelevanves eles io a esraura em Seu aparece €, por tanto, nao se Klenticam a “er € mentira™.O método ciemtifico Ucve atvessar as relagbes visivis cm direq as relagbes mals profundas, invisives, € reintegrar 0 visivel no invigerl. Eta ela Foracto da realdade histones € intiramente melushzada pelo ‘coneeito, pela reprodugio ides, pelo pensament, da reailade ‘concreta que Be €paralela, exterior, Godelier, 1979). Para Vi ler ay clencias humans tém inicio com a Economia Politics in- sles €, prineipaimente, com © caplal, que nd € um lvro“Sa- fad, mas inaugural ds céncia social 1982, p. 352). (mesmo sem 0 saber, mas podendo vir a sabélo, 08 homens fazem'a histria" eno so supote de qualquer sjeto meta fico, Pela primis pla intervenes, lure e concconada na © pla esimmen enonénnico-oeial, 0s homens transformamn o fundo csi msamos Sus ago se no contexto de uma ua intervengaa & sempre ven golpe numa lua, sei contra 4 dasseadversina seja contra 2 natyepa.Eniretanto, parece aver, neste "conta", 0 onto social anual, uma cena “as ici da Wgies dessa lua, pois 0s staques “contrg™=p pos (bes pariculaes constroem a “com'-nidade universal. A maneipacio da humanidade seria © resultado desta lutas ppaiculaes, de classes conta lasses, de homens conta na- {ureza, © "motor" do dexcnvel¥iment histérico em direglo.t femancipacio da humanidade mio € 0 “esprit”, mas a ener- fia natura-humana invesida © despendit em um prozesso ‘de fucainjcoa. Conelu Vr ino nfo pode de raconhacer como uma quas-evidénc [..] tue o motor de ror, quate sua defnigto, ¢ x consirto do omer e de sy pres plas tomada da ntirers, ist 6 pe- [a prowugio. pelo wataho, Mass trea do htorador 6 expear 1 yasragem deste motor elemertar formas ras complenas das Scidaden «dar cease (198, p. 368), stoped soci, oman, oinerpe tadaa pa depen soa contacto ¢ Strpenertes eve, sv, renee eps Is epi pita acct de art re, 199, Entcanesa posbie de cts to ec de on tres er pean pr de sex propa gro theo dese crt parade stsnenich ene, or Chempl, que ba te por de sa pina a exe devotes faceless (1978p 1920, A {cto Xa stor pe as sodas ea rtd shes txempl, rages, qu ina dae op sci Xl ecease europl to, embonaamet, 3 otra funcora estriol a sere coke te pevalverd e+ Rnwonal-esurrta 9 3 predominar snip ic Sarco mento oe eds fe, Be 20700 rewplrevtosonoa ¢foncoraeiel ‘ropornonn ana a renporade ares revere. pare crs pone does des ela bse sev aypeso ctmancipadr”, ava de Mar se trad na onda hist (eft ey pec omni or conte Mar etl far da ccna So dat Toimay frets de comprereder # empoaade, qe om Como consti dibrao de etal rete part cpa the Cade Lefor m eu ato “Ma: une vison de thie sore Taute’ O97, presenta ets ar es posses oteno map, qe segues, sjcsntand nor com tages ple Sogo too, un forge decom preento do marin, que a bas de Mary s0 cots 3 Prints reons va va cla” da ini wen, Minas eps da as ‘vido cvolutva, contin, d hit em Mane aga do set Comunin © fo contr Sous pepe Ca ote qu tin de on a soar te noo is 3 Mt ata de ses Pr ee fo da ara pode compere, le se resablace sempre Se Stores desaparectm, 0 conixondo cesta econvecanowes Ahir traniaee ¢ una no temp, A contidade do drama ro dea Shoda apecar eas pase epressbes (1978p. 15), Nesta perspeativa, 0 modo de producto capitalist resulta «dz sucesso dos mods de proucao anteriores promove 0 tra ‘Sto a um modo de produgio mais “evolu”, que ccupars um Tugtr qualtativamente superior na escala evoluttva dos modos ae > Next eseals evel modo de produto cap tis garde lino medo de producto cenvrado sobre uta de lasses. O proxinio modo de produgio ward a superagion esta Iota ents os homens ¢ insuguracs una nova fase da his ‘Si humana, Tal modo de produto sea, por um lado, wm up tua, pos n20eria come motor lua de clases , por out ae ‘do, uma continsidade, pols eagendrado pelo curso alsico dos ‘clos de produgao que © precederam,Enfim, @histra possut tm ordein evolutiva racional, onde as fases sucesivas que 4 ‘onetitusin sgencem mae Be ete om digi & top > imunista Os soviedeos eram os sustentadores desta leiturs de ‘Mane Pars cles, a dialéca marsista nfo nega 2 kia de evolu- ‘so, compreendide corso “desenvolvimento em geral. Haveria tia ligagdo profunda entre evoluglo € revolugdo no processo se desenvolvimento, a evolugio sera constiuida pelos mudan- ‘is quanteativas que engendartam as mudungas qualtativasre- Yolucioniris, a revolugio visio coroar a série de mudangas ‘quantiativas evolutivas. Evolugio e revolucdo formariam a es- trutura do “desenvolvimento” da hstria em diesio 8 sintese ‘qualitative siperior no fan. sta vero evolativa do marxismo 0 consti com umn f- Josofia da his, realizando uma combiaacae das posigies dle hhegelianos, keministas, de Comte e de Darwin. © aspecto hege- liano: o real € racional em sua contraditoriedade, nega-se a si mesmo, em busca da emanciprsp, 0 sspecto duminista progres Sista as fases a historia humaa_L30 evoltivas, as superioces fas oulras, em diego 3 sociedad just, livre e comunlaria; oas- pesto iluinista revoluciondso, a transicio de uma épocs 3 ou- ta cons um pot de “cs —a ta de clses hegs 30 perro, uma ora perto canes © de whe Fmd seid geo nuncaneto de novo speco com taoraevlto mpl a subtueo de elgie de epa Gao. domto da tagiio peo cota postive © saps Servier cog um proces ttl de mela ae peck Camo oso da sa, o marr pono heme dees» grands loos ht en ep pepsi heel vote ge eon Rou ‘Sine pre chal uml, auperto de mean Sms, evo darwin © set da ss €2 urcpagio dos hme en ao de um ajc —0 pretcaris que inplanaro oiveral ham, fede Eooara ha de ces ste equa comand Leon no € desmesti poe baxmashden sabi um euromeds de specie dab ted is scl um modo qe db mee rept thsque deen na as ot td de ad ‘Spt Ore Say no or ee ne Sulu emer omc de pt capa cond tinge fo ese O meds de produ cpa edo, ao ten vould do drone lve dos dee po Seeman onan Sn nfo 6 coniuidae do processohistFED que 0 caps far eurecer resuado de ura madres de formas comancada por ‘ora conrad fundameraal [J Mas una desconanudade a ‘Seakume mote ds huraricde [](Usfor 1978. p. 197) ‘A anilise que Marx fxz-dos modos de produxio pré-capta lista € lpia eno exige a sua cbservagio empirica a patie da cestnmura do capkalismo, ele pide consutuir teoricamente seu foto, os moder de produgie pré-capitalisias. Assim, laborou ‘ois modelos que se opdem (ao modelo capitals, com trabeae tho ive tocado por dinhetro para reproduzi € valorizat 0 di- rheizo ¢ com separago do trabalho lve as condigdes objetivas ‘de sua realizar (b) 0 modelo pré-captalista em que 0 tabar Ihar no texeror er, rsa cones bts dose Ssh cna cscs centers ote © ra come Ente mol tea saosin an touts sus expres ial ees eae Cee ‘ands asic eto ned pre pes todos de reco pecans no Benois ee a tua al ee on mds de prods cone ae so esabelecesnertum ils dc um sana A eee Cfo cemhndo de alder, ras, mig te Eco daldades cis A maguo€ meuake to fee oma aes man mre a dos porn imp cb de en Ana sen ou se cx amc in reuva vexpaln 9 ponte chee se de sna ist que cain cere es dae a ‘opl coun; nahin rept, hsp ac ee Se pr apiten on os de Feo een, 10 contin, eat ts mosende prohtco ne ee sus hua “epetcin' do mesa moclocmetnl reac ta ect repaid exc was pees Conti tmbem: a evolsto eepegl aa ts fe oe eco peeps quan no mods de odes op ips, los de note pecans seine es igo td sie, ros ta tee pee 20 de novos totes een nem spec Ini enrages repo et emsegno de pias tcl din dstnem guemaaie neato ces Scene eu endo aclprmmee nce — homens igen tere comin, Ponana calaene do ssstcieides pape semen cranes Me Ate cbr ua hss guerre coma is de ds ee isctvcinen poo deter sage lunes Cosa dante dai coda een ae sect um mec de auocnccri, eons hee fund pels epctaoente pesos No mori de produc cptalisa,evoucto « repeticio tantem se combina man prema o pets evr, © tno de produ capes erevluionario pono come {hau rps com sx scieades precepts, Que 0 ‘nseradoan evelctonato pores indistinct oe re iste com seen es de prohthideeee Sea supe tos de modo erin. Fond aparece a1. {ao aqu No sou-mede” dev verges contended nove content, os bruce ao porta it Innova eee son modelo do paid, dein tose envole pel expe dos nots © pene se save ‘de preado ore ciao pela iologia—queéa nto de Ticonalade © vniverade, fg da parila de um Iupat — o etc eal (Lauren aso, 1978) Leon stn st ues eae sob deemed {at produiva ¢ sinds ma hina edn pee epee” {asm p 205. 1 serminag natal apace no expo sil sci dace wtrna le eter reccae s ie ‘tus sto relicadi, No memento em qe a contntade se rom pe, c homens late de init neranum pasado Guo (cad conta a enigen que cngenia apr 8. Ma Imes aon for aon o care reper Jo 000 Je pee cpa, poe se perccher ose eo [a ew thor mt verdad, ea ago gee que ome su propa revo. Inc's fig mo passady ms claw paso rkcaren 9 presente eo pro, irae de ist om

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