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Instrumento de mandato anexo.
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em nove inteiros e dois décimos por cento a alíquota do imposto de exportação incidente sobre
as exportações de óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, classificados no código
2709 da NCM”. É o que se passa a justificar a partir das razões fáticas e jurídicas a seguir
delineadas.
2
§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade,
em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o
Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.
(grifou-se)
2
STF. ADI 1.407 – MC, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 24.11.2000
3
7. Em primeiro lugar, deve-se, de imediato – para evitar a pecha de inépcia
– apresentar, na sua inteireza, o teor da Medida Provisória n° 1.163, de 28 de fevereiro de 2023,
e em especial seu artigo 7º ora impugnado, para então discorrer sobre os pressupostos para
exame de mérito e, ao final, a questão meritória em si, que consiste na incompatibilidade dos
comandos genéricos e abstratos encartados no ato normativo com a ordem Constitucional
vigente.
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Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/medida-provisoria-n-1.163-de-28-de-fevereiro-de-2023-
466789113
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II - gás natural veicular classificado nos códigos 2711.11.00 ou
2711.21.00 da Nomenclatura Comum do Mercosul - NCM.
§ 1º As reduções de que trata o caput abrangem também as alíquotas
da Contribuição para o PIS/Pasep-Importação e da Cofins-Importação
incidentes sobre a importação de:
I - querosene de aviação, de que trata o § 8º do art. 8º da Lei nº 10.865,
de 2004; e
II - gás natural veicular classificado nos códigos 2711.11.00 ou
2711.21.00 da NCM.
§ 2º Aplicam-se às pessoas jurídicas atuantes na cadeia econômica dos
produtos de que trata o caput:
I - em relação à aquisição dos referidos produtos, as vedações
estabelecidas nos seguintes dispositivos:
a) do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002:
1. na alínea "b" do inciso I do caput; e
2. no inciso II do § 2º; e
b) do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003:
1. na alínea "b" do inciso I do caput; e
2. no inciso II do § 2º; e
II - em relação aos créditos de que tratam o art. 3º da Lei nº 10.637, de
2002, e o art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, distintos dos créditos a que se
refere o inciso I deste parágrafo, a autorização de que trata o art. 17 da Lei
nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004.
Art. 3º Até 30 de junho de 2023, as alíquotas da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre as operações realizadas com gasolina
e suas correntes, exceto gasolina de aviação, de que trata o inciso I do caput
do art. 23 da Lei nº 10.865, de 2004, ficam reduzidas, respectivamente, para:
I - R$ 83,8380 (oitenta e três reais e oitenta e três centavos e oito
décimos de centavo) por metro cúbico; e
II - R$ 386,160 (trezentos e oitenta e seis reais e dezesseis centavos)
por metro cúbico.
§ 1º Aplicam-se as alíquotas de que trata o caput à Contribuição para
o PIS/Pasep-Importação e à Cofins-Importação incidentes sobre a
importação de gasolina e suas correntes, exceto gasolina de aviação, de que
trata o § 8º do art. 8º da Lei nº 10.865, de 2004.
§ 2º Aplicam-se às pessoas jurídicas atuantes na cadeia econômica dos
produtos de que trata o caput:
I - em relação à aquisição dos referidos produtos, as vedações
estabelecidas nos seguintes dispositivos:
a) do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002:
1. na alínea "b" do inciso I do caput; e
2. no inciso II do § 2º; e
b) do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003:
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1. na alínea "b" do inciso I do caput; e
2. no inciso II do § 2º; e
II - em relação aos créditos de que tratam o art. 3º da Lei nº 10.637, de
2002, e o art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, distintos dos créditos a que se
refere o inciso I deste parágrafo, a autorização de que trata o art. 17 da Lei
nº 11.033, de 2004.
Art. 4º Até 30 de junho de 2023, as alíquotas da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre as operações realizadas com álcool,
inclusive para fins carburantes:
I - de que trata o inciso I do § 4º do art. 5º da Lei nº 9.718, de 1998, no
caso do produtor ou do importador, ficam reduzidas, respectivamente, para:
a) R$ 3,60 (três reais e sessenta centavos) por metro cúbico; e
b) R$ 16,40 (dezesseis reais e quarenta centavos) por metro cúbico;
II - de que trata a alínea "b" do inciso I do § 4º-D do art. 5º da Lei nº
9.718, de 1998, ficam reduzidas, respectivamente, para:
a) R$ 1,64 (um real e sessenta e quatro centavos) por metro cúbico; e
b) R$ 7,53 (sete reais e cinquenta e três centavos) por metro cúbico; e
III - no caso das vendas efetuadas por distribuidor, ficam reduzidas a
zero.
Parágrafo único. Aplicam-se às pessoas jurídicas atuantes na cadeia
econômica dos produtos de que trata o caput:
I - em relação à aquisição dos referidos produtos, as vedações
estabelecidas nos seguintes dispositivos:
a) do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002:
1. na alínea "b" do inciso I do caput; e
2. no inciso II do § 2º; e
b) do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003:
1. na alínea "b" do inciso I do caput; e
2. no inciso II do § 2º; e
II - em relação aos créditos de que tratam o art. 3º da Lei nº 10.637, de
2002, e o art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, distintos dos créditos a que se
refere o inciso I deste parágrafo, a autorização de que trata o art. 17 da Lei
nº 11.033, de 2004.
Art. 5º Fica reduzida a zero, até 30 de junho de 2023, a alíquota da
Cide incidente sobre as operações realizadas com gasolina e suas correntes,
exceto gasolina de aviação, de que tratam o inciso I do caput do art. 5º e o
art. 9º da Lei nº 10.336, de 19 de dezembro de 2001.
Art. 6º Fica suspenso, até 31 de dezembro de 2023, o pagamento da
Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre as aquisições no
mercado interno e sobre as importações de petróleo efetuadas por refinarias
para a produção de combustíveis.
§ 1º O disposto no caput aplica-se aos insumos naftas, com
Nomenclatura Comum do Mercosul/Sistema Harmonizado - NCM/SH
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2710.12.49, outras misturas (aromáticos), NCM/SH 2707.99.90, óleo de
petróleo parcialmente refinado, NCM 2710.19.99, outros óleos brutos de
petróleo ou minerais (condensados), NCM 2709.00.10, e N-Metilanilina,
NCM/SH 2921.42.90.
§ 2º A suspensão do pagamento de que tratam o caput e o § 1º converte-
se em alíquota zero após a utilização na produção de combustíveis, hipótese
em que se aplica o disposto no art. 22 da Lei nº 11.945, de 4 de junho de 2009,
à pessoa jurídica que adquire o produto com suspensão.
§ 3º A Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério
da Fazenda poderá disciplinar o disposto neste artigo, inclusive para exigir
que o adquirente informe a parcela da aquisição a ser utilizada na produção
de combustíveis, mediante declaração a ser entregue ao fornecedor de
petróleo.
Art. 7º Fica estabelecida, até 30 de junho de 2023, em nove
inteiros e dois décimos por cento a alíquota do imposto de exportação
incidente sobre as exportações de óleos brutos de petróleo ou de
minerais betuminosos, classificados no código 2709 da NCM.
Art. 8º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua
publicação.
Brasília, 28 de fevereiro de 2023; 202º da Independência e 135º da
República.
10. Com efeito, o artigo 102, inciso I, alínea “a”, da CRFB/88 é claro ao
dispor que este Supremo Tribunal Federal é competente para processar e julgar,
originariamente, as ações diretas de inconstitucionalidade de atos normativos federais.
7
12. Portanto, o ato questionado se qualifica como “ato normativo federal”,
apto, portanto, a ser impugnado por Ação Direta de Inconstitucionalidade.
17. Pois bem. No dia 28 de fevereiro de 2023, data em que venceria o prazo
fixado para a MP 1.157/2023 para a desoneração dos combustíveis, o Presidente da República
8
editou nova Medida Provisória – MP 1.163, de 28/02/2023 –, que, com o objetivo de evitar a
elevação abrupta da carga tributária incidente sobre as operações com combustíveis,
recompõe parcialmente a cobrança dos referidos tributos, isentos desde o ano passado,
até 30 de junho de 2023.
20. Daí que surgiu o art. 7º da MP 1.163/2023, ora impugnado, que cria o
Imposto de Exportação sobre o petróleo: “Art. 7º Fica estabelecida, até 30 de junho de 2023,
em nove inteiros e dois décimos por cento a alíquota do imposto de exportação incidente sobre
as exportações de óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, classificados no código
2709 da NCM”.
9
22. De fato, a mens legis do art. 7º da MP 1.163/2023 é desvirtuar a essência
do Imposto de Exportação, para, utilizando-se de sua natureza extrafiscal e de sua aplicabilidade
imediata, atingir expressa finalidade arrecadatória e, ainda, com destinação de recursos
vinculada. Em palavras mais simples: a justificativa do governo para instituição do imposto
sobre exportação é exclusivamente fiscal, arrecadatória, de modo que há claríssima e
inconstitucional utilização de um expediente predominantemente extrafiscal para fins
exclusivamente fiscais.
4
VANONI, Ezio. Natureza e interpretação das leis tributárias. Trad. Rubens Gomes de Souza. Rio de Janeiro:
Financeiras, 1932, p. 126.
10
27. Destarte, para que as práticas e os objetivos previstos na Carta Magna
sejam implementados, a atividade financeira do Estado passa a ter funções diversas daquelas
tradicionalmente exercidas pela tributação. A Ministra Regina Helena Costa, em âmbito
doutrinário, ao analisar a tradicional função fiscal ou arrecadatória, ensina que “significa olhar
para o tributo, simplesmente, como ferramenta de arrecadação, meio de geração de receita. É
a noção mais corrente quando se pensa em tributação” 5.
5
COSTA, Regina Helena. Curso de Direito Tributário: Constituição e Código Tributário Nacional, 3ª ed. rev.,
atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 68
6
ATALIBA, Geraldo. IPTU: Progressividade. Revista de Direito Público. São Paulo, n. 93, jan/mar, 1990, p. 233.
7
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 33 ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2012, p. 129.
8
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a compreensão constitucional
do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 1998, p. 629.
9
CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de direito constitucional tributário. 29. ed. São Paulo: Malheiros, 2013, p.
93.
11
30. Portanto, somente pode se dizer de extrafiscalidade tributária quando
se presta para a intervenção estatal na economia através da disciplina de condutas, possuindo
caráter regulatório. Ou seja: quando a função fiscal não é prioritária. Trata-se da análise do
caráter finalístico do tributo, ou seja, à luz de suas consequências, dos efeitos que procura
produzir. Nas palavras do Ministro Eros Roberto Grau, citando von Jhering, “a finalidade é o
criador de todo o direito e não existem norma ou instituto jurídico que não deva sua origem a
uma finalidade” 10.
CRFB/88
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
(...)
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou
nacionalizados;
(...)
§ 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos
enumerados nos incisos I, II, IV e V.
32. Deve ser destacado, ainda, que art. 150, § 1º, da Constituição da
República expressamente prevê outra importantíssima característica relacionada ao Imposto
sobre Exportação: a inaplicabilidade das cláusulas pétreas da anterioridade (clássica ou
nonagesimal) previstas pelo art. 150, III, “b” e “c” da CRFB/88, de forma que, dentro dos
10
GRAU, Eros Roberto. Por que tenho medo dos juízes: a interpretação/aplicação do direito e os princípios. 6. ed.
São Paulo: Malheiros Editores, 2013, p.
12
limites inerentes à sua função e finalidade, a sua instituição ou majoração, bem como a eventual
cassação de benefícios pode ocorrer a qualquer tempo por ato facultativo do Poder Executivo.
Confira-se:
11
https://www.youtube.com/watch?v=qtjdgj4aHw4
12
https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2023/03/appy-admite-que-imposto-sobre-exportacao-de-petroleo-
e-para-fechar-conta.ghtml
17
extrafiscalidade do tributo e de sua consequente mitigação da cláusula pétrea da
anterioridade tributária.
CRFB/88
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições
sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua
atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III,
e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente
às contribuições a que alude o dispositivo.
(...)
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico
de que trata o caput deste artigo:
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
58. Essa a razão pela qual esse e. Supremo Tribunal Federal entende que a
desoneração constitucional do Imposto de Exportação deve ser interpretada de forma ampla,
19
como se vê do julgamento do RE 627.815/PR, de relatoria da Min. Rosa Weber, leading case
julgado sob a afetação da Repercussão Geral da matéria, o “legislador constituinte - ao
contemplar na redação do art. 149, § 2º, I, da Lei Maior as “receitas decorrentes de
exportação” – conferiu maior amplitude à desoneração constitucional, suprimindo do
alcance da competência impositiva federal todas as receitas que resultem da exportação, que
nela encontrem a sua causa, representando consequências financeiras do negócio jurídico
de compra e venda internacional”. Em sequência, assim concluiu essa e. Corte: “A intenção
plasmada na Car ta Política é a de desoner ar as expor tações por completo, a fim de que as
empr esas br asileir as não sejam coagidas a expor tar em os tr ibutos que, de outr a for ma,
oner ar iam as oper ações de expor tação, quer de modo dir eto, quer indir eto” . O acórdão
restou assim ementado:
64. De fato, como bem destacado pelo Ministro Celso de Mello, a prática
das competências impositivas por parte das entidades políticas investidas da prerrogativa de
tributar não pode caracterizar-se como instrumento, que, arbitrariamente manipulado pelas
pessoas estatais, venha a conduzir à destruição ou ao comprometimento da própria ordem
constitucional.
V. MEDIDA CAUTELAR.
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onerariam as operações de exportação, quer de modo direto, quer indireto 13 ”, sobretudo
quando se verifica que, no caso sub examine, a norma em comento, na realidade, estipula de
uma Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE travestida de Imposto de
Exportação, em nítida violação constitucional.
70. O periculum in mora, por sua vez, também se revela evidente e repousa
em dois pontos bastante específicos. O primeiro deles se refere à atual vigência do dispositivo
inconstitucional, porquanto, tratando-se de norma inserida no ordenamento jurídico por meio
de Medida Provisória, seus efeitos jurídicos se iniciam de imediato, com a publicação do texto
no Diário Oficial da União, o que ocorreu em 1º de março de 2023.
73. Por outro lado, importante anotar que eventual concessão da tutela
provisória ora requerida não terá o condão de trazer qualquer prejuízo não previsto e/ou
irreparável ao Governo Federal – periculum in mora inverso.
RE 627815, Relator(a): ROSA WEBER, Tribunal Pleno, julgado em 23/05/2013, REPERCUSSÃO GERAL -
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