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Brasil
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar os principais desafios de saúde ao longo da história da
saúde pública no Brasil.
Diferenciar os sistemas de saúde que existiram.
Relacionar as Conferências Nacionais de Saúde (CNS) aos momentos
históricos.
Introdução
Neste texto, você vai estudar a evolução da história da saúde pública
e das políticas públicas de saúde no Brasil, conhecendo as principais
características do sistema de saúde durante os diferentes períodos
históricos até a implantação do atual Sistema Único de Saúde (SUS).
Você aprenderá que os principais marcos regulatórios da construção
da saúde pública brasileira atual foram a Constituição Federal de 1988
e o Projeto da Reforma Sanitária, responsáveis pela idealização e im-
plantação do Sistema Único de Saúde (SUS), que tornou o acesso à
saúde universal para todos os cidadãos.
O texto faz uma retrospectiva histórica sobre o contexto social do
surgimento do SUS, identificando os fatores relacionados com a sua
consolidação, assim como a importância e significado da implanta-
ção de um sistema único e universal em um país com as dimensões e
diversidades como o Brasil.
(1549), varíola (1561), hanseníase e febre amarela (1680), todas trazidas pelos
colonizadores, aventureiros e por meio do comércio de escravos.
A assistência à saúde era inexistente. Famílias abastadas podiam ir à Eu-
ropa ou trazer médicos ao país quando necessitavam de tratamento médico. A
maioria da população, sem condições, buscava ajuda na medicina popular. As
Santas Casas de Misericórdia abrigavam pobres e doentes mentais.
Durante o século XVIII, com o crescimento das cidades, houve também
maior chegada ao país de médicos e nobres portugueses, modificando a situ-
ação da saúde. Ainda assim, a maior preocupação era com as questões sanitá-
rias e o acúmulo de lixo nas vias públicas. As precárias condições sanitárias
eram responsáveis por graves problemas de saúde.
O início da prática de políticas públicas de saúde no Brasil se deu com a
vinda da família Real em 1808, fugindo de Napoleão Bonaparte. Esse evento
trouxe melhorias, pois era preciso que a corte encontrasse aqui toda a assis-
tência necessária em saúde. Mas essa assistência se concentrou nas cidades
nas quais a nobreza se instalou. Surgiram as primeiras escolas de Cirurgia.
A abolição da escravatura em 1888 provocou aumento expressivo nos nú-
meros de imigrantes europeus que chegavam ao Brasil. O objetivo era manter a
mão de obra da cafeicultura, na época a principal produção econômica do país.
Essa movimentação culminou com o desenvolvimento das cidades produtoras
de café e das cidades litorâneas. A maior concentração demográfica nessas ci-
dades estava associada com a ocorrência dos surtos de doenças como a febre
amarela, varíola e outras; essas epidemias prejudicavam os negócios. os navios
temiam em ancorar nos portos das cidades litorâneas tomadas pelas epidemias.
Século XX
No Brasil, o século XX foi um intenso período de industrialização, instabili-
dade política e governos autoritários; os períodos democráticos tiveram curta
duração. A reforma sanitária foi impulsionada pela sociedade civil. O dinâmico
e complexo Sistema Único de Saúde (SUS) foi instituído pela Constituição de
1988, com base no princípio de que a saúde é um direito do cidadão e dever do
Estado. É objetivo do SUS prover atenção abrangente e universal, preventiva e
curativa, por meio da gestão e prestação descentralizada de serviços de saúde,
promovendo a participação da comunidade em todos os níveis de governo.
Esse contexto histórico foi decisivo para que o governo brasileiro tomasse
a iniciativa de resolver o problema das epidemias nas cidades litorâneas e nos
principais portos do país. Para isso, os médicos Oswaldo Cruz (diretor geral de
saúde pública) e Emílio Ribas tomaram medidas como a vacinação obrigatória,
além do controle das pragas e dos criadouros de mosquitos. As campanhas de
vacinação aconteciam de forma autoritária, com atuação e vigilância da polícia
sanitária, gerando oposição popular, vide a Revolta da Vacina em 1904.
No Rio de Janeiro, Oswaldo Cruz conseguiu sanear a cidade e controlar
as epidemias, passando a ser reconhecido como importante figura da saúde
pública brasileira, responsável pela criação do Departamento Nacional de
Saúde, que veio a se tornar o Ministério da Saúde.
Entre 1915 e 1920, greves reivindicaram melhorias nas condições de tra-
balho, de vida e de saúde. Criaram-se fundos financeiros em diversas cate-
gorias, com contribuições que incidiam sobre uma porcentagem do salário
individual de acordo com as categorias. O dinheiro arrecadado com esses
fundos era destinado à assistência médica, pensões e casos de invalidez. Os
ferroviários foram os primeiros a buscar esse tipo de organização.
A partir de 1920, influenciados por ideias trazidas da Europa e Estados
Unidos, os médicos sanitaristas iniciaram discussões para desenvolver um
sistema de saúde a partir dos centros de saúde, com foco nos cuidados de
higiene e alimentação, voltado para gestantes e crianças. Nessa década foram
criados órgãos especializados no combate a doenças como tuberculose, lepra
e doenças sexualmente transmissíveis (DST).
As Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP), criadas em 1923 pela Lei
Elói Chaves, são consideradas a origem do sistema de previdência no Brasil.
Funcionavam como poupanças coletivas, em que os assalariados depositavam
dinheiro mensalmente, e o montante funcionava como um seguro para as fa-
mílias dos empregados.
Até a década de 1930, a saúde pública ficou conhecida como “campa-
nhista”, com foco nas ações da políciasanitária, atacando os problemas de
saúde que afetavam a população e tinham impacto econômico importante.
Mas avanços importantes para a saúde conquistados nessa época incluem o
controle das doenças transmissíveis e a criação dos primeiros laboratórios
públicos de pesquisa em saúde.
O governo de Getúlio Vargas (1930-1945) teve forte caráter centralizador,
com o fechamento do Congresso Nacional e deportação de presos políticos. Ca-
racterizado por uma política populista, ficou conhecido como “Pai dos pobres”,
tomando medidas que mascaravam o regime autoritário – havia repressão e, ao
mesmo tempo, eram promulgadas as Leis do Trabalho, mas sem participação ou
discussão popular. Nesse período houve expansão do sistema de proteção social
Não existiram políticas de saúde pública até a chegada da corte portuguesa em 1808.
Isso provocou mudanças na estrutura da saúde do país, mas a saúde coletiva e a in-
dividual ainda não eram um problema tratado pelo Estado. A partir de 1900, com o
objetivo de conter prejuízos econômicos do país, começaram a ser tomadas algumas
medidas de saneamento nos portos voltadas para o controle de epidemias. Por muito
tempo a saúde pública foi responsabilidade do Departamento Nacional de Saúde,
atual Ministério da Saúde. A assistência individual e curativa estava ligada à Previdência
Social, e só era atendido quem tinha carteira assinada ou quem podia pagar serviços de
saúde da iniciativa privada. O restante da população era atendido pelas Santas Casas.
Em 1988, a saúde se tornou um direito reconhecido na constituição, universalizando o
atendimento em saúde, garantindo com a nova estrutura: o Sistema Único de Saúde
(SUS) criado pela Lei nº 8.080, de 1990.
Leituras recomendadas
PAIM, J. et al. O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios. The Lancet,
Londres, n. especial série Brasil, p. 11-31, maio 2011. Disponível em: <http://actbr.org.br/
uploads/conteudo/925_brazil1.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016.
SOLHA, T. R. D. Saúde coletiva para iniciantes: políticas e práticas profissionais. 2. ed. São
Paulo: Érica, 2014. Ebook. Disponível em: <https://online.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788536510972/>. Acesso em: 20 jun. 2016.