Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aprecie a leitura.
Para todos aqueles que foram coadjuvantes na vida de outros,
já passou da hora de serem os protagonistas de suas próprias
vidas.
Angel Wolff
“Woke up bent and broken
Just to find that fate has spoken
And I call out I call out for change
For every moment that remains
For every sinking stone to find its place
Long before they’re washed away ”
Janaina Sabidussi
Autora de “Não Desista de Mim” e “Laços do Destino”
Ambos publicados na Amazon.com.br
Coloquei meu melhor sorriso no rosto. A batida da música
ensurdecedora não me permitiu entender o que o cara de pé ao
meu lado no bar havia dito. Seja educado e simpático, disse a mim
mesmo. Você prometeu aos meninos que iria se divertir.
— Desculpe! — falei em tom alto, tentando ser ouvido por cima
da música eletrônica. — Não entendi o que disse!
Ele riu e sentou no banco ao meu lado, mesmo sem eu sequer
convidá-lo. Depois se abaixou o suficiente para sua boca ficar à
altura do meu ouvido.
— Eu perguntei se estava sozinho. É que nunca te vi por aqui.
— diz e o som de sua voz grave fez minha pele arrepiar. Dou graças
pela luz baixa do bar não denunciar a reação.
Olhei de relance para a pista onde meus dois melhores amigos
estão se divertindo com seus respectivos “pares”. Lucas Matieli e
Pedro Lima, companheiros de loucuras, tinham me arrastado para
aquela balada na intenção de não só me fazer desencalhar, como
me divertir, já que ambos estavam fazendo isso, mas no final me
abandonaram à própria sorte nesse bar.
Belos amigos de merda aqueles dois.
— Na verdade fui largado aqui no bar pelos meus amigos para
sofrer sozinho… e você? — Me viro e o pego me observando, havia
um sorriso de canto preso em seu rosto. — O que foi?
Ele ri e o som de sua risada é tão gostoso que acaba mexendo
comigo.
— Nada… É que achei estranho ver um rapaz tão bonito como
você sozinho em um bar…
Aquilo era um flerte? Jesus… Ele está mesmo flertando
comigo?
Paro para observá-lo melhor. Tinha cabelos castanhos claros,
quase loiros bagunçados, não consegui definir a cor dos seus olhos
devido à pouca luz do lugar. Era um cara alto de ombros largos, só
que do tipo musculoso sem esforço. Usava uma blusa preta de
manga longa justa ao corpo e calça jeans escura com cortes nos
joelhos. Pisquei surpreso por um homem como ele estar ali, ao meu
lado, flertando comigo em um bar. Parecia ser do tipo que poderia
ter qualquer um que quisesse e não perder tempo com um moleque
como eu.
— Se interessou pelo que viu? — Sua voz me arrancou da
análise minuciosa e tive que manter o controle para não ficar
vermelho de vergonha. Encarei a pista implorando para meus
amigos voltarem.
— Ahm… do que está falando? — disfarço, inutilmente.
Ouço-o rir e, em seguida, chamar o garçom.
— Tudo bem… Posso ao menos te pagar uma bebida? —
falou e assim que virei, o garçom estava colocando diante de nós
dois copos altos com canudos, enfeitados com limão e despejando
dentro de ambos uma bebida.
— Duas caipirinhas. — O bartender explica com um belo
sorriso e depois sai para atender em outra parte do bar, mas não
antes de piscar para mim.
Vejo o cara ao meu lado erguer o copo em um brinde e depois
beber o conteúdo. Não consigo tirar os olhos de seu queixo e do
pomo de adão proeminente se mexendo naquela barba rala
conforme ele engolia. Meu corpo automaticamente reagiu. Céus,
desejei lambê-lo ali. Saber como seria seu gosto após aquela
bebida. Merda, queria escalar aquele corpo e implorar para que me
tocasse.
Uma avalanche de desejo se alastra dentro de mim.. Agarro
meu próprio copo e o viro, bebendo metade do conteúdo de uma só
vez, numa tentativa vã de me acalmar. Não podia ficar de pau duro
logo ali.
— Ei... vai com calma… — o carinha ao meu lado disse, com
um tom de riso tirando o copo de mim. — Calma. Assim o álcool
sobe rápido demais a cabeça. Precisa aprender a degustar.
Suspiro concordando. Eu estava nervoso, cacete. Um
homenzarrão daquele tão próximo à mim... e eu não sabia nem a
porra do seu nome.
— Desculpe… Digo… — Levei a mão ao rosto e volto a
encarar a pista. Para meu desespero interno, não vejo mais Lucas e
Pedro. Haviam simplesmente desaparecido no ar.
Merda. É sério isso? Cadê aqueles malditos?
— Certo… — disse com uma voz grossa, chamando minha
atenção e ficamos de frente um para o outro. Ele está me
estendendo a mão direita. — Vamos começar de novo. Me chamo
Fabiano. Fabiano Montenegro.
— G-Guilherme Alcântara — gaguejo pegando em sua mão
forte, mas ele se curva para depositar um beijo entre meus dedos.
Porra, não existe sanidade mental para um gesto tão gentil e
tão sexy como aquele. Os olhos de Fabiano estão presos aos meus,
me fazendo soltar a respiração que estava presa quando seus
lábios mornos tocaram os nós de meus dedos e, antes que eu
sequer recebesse qualquer informação, em um puxão Fabiano me
leva para perto de seu corpo duro. Sinto seu braço malicioso em
minhas costas e, em outro segundo rápido demais para ser
processado, sua boca toma a minha para um beijo de verdade,
cheio de puro tesão.
Cacete. Eu deveria empurrá-lo, certo?
Mas, ao invés disso, deixo escapar um gemido, baixinho, antes
de perceber que estou sendo beijado por um estranho em um bar
gay de outra cidade! Por que, caralhos, fui na ideia de Pedro me
arrastar em pleno sábado à noite, de carro para cá e, porra, por que
eu estava me sentindo bem fazendo isso com um cara que eu
sequer conheço?
Deve ser porque sou um moleque de dezoito anos, gay,
carente e virgem!
O sabor de sua língua tinha uma pitada de menta misturada ao
álcool e limão da caipirinha e eu estava me deliciando com aquele
gosto cítrico quando ele decidiu separar nossas bocas. Fabiano me
observou ofegante e um sorriso imperfeito brotava no canto de sua
boca me fazendo amolecer em seus braços. Aquele homem
delicioso suspirou, em seguida depositou um beijo em minha
bochecha e depois em minha testa.
— Podemos conversar ali no canto? Quero conhecer melhor
você, beija-flor…
Sinto meu ombro ser cutucado. Acordo em um sobressalto e me
vejo dentro de um ônibus de viagem com um senhor que aparenta
ter uns cinquenta anos me encarando. Relaxo imediatamente na
cadeira.
— Oh, meu jovem... desculpe — ele diz e se afasta. — Já
chegamos na Novo Rio. Não queria assustá-lo.
Olho para a janela surpreso e vejo vários ônibus de viagens
parados. Esfrego as mãos no rosto não acreditando que peguei num
sono tão profundo durante todo o percurso. O pior era que sequer
me lembrava mais sobre o que estava sonhando.
— Meu Deus... desculpe… — digo e levanto. — Não sabia que
estava tão cansado.
O senhor ri e me dá passagem. Pego a mochila no
compartimento de cima e saio do ônibus para pegar a mala com os
atendentes. Me afasto o suficiente para pegar o celular e conferir as
horas. O visor da tela brilhava informando que eram seis e quarenta
e três da manhã.
— Ah cacete… Não… — sussurro, incrédulo.
Não podia ser tão tarde, era para ter chegado antes das seis
da manhã na rodoviária! Ergui a cabeça e vi o senhor que me
acordou passar em direção a um dos portões de saída
acompanhado de outro rapaz que usava o uniforme da mesma
companhia de ônibus.
— Ei! Moço! Senhor! — gritei chamando-o enquanto corria em
sua direção.
Ele para, se vira e assim que me vê, abre um sorriso gentil.
— Pois não, meu rapaz…
— O Ônibus… Não era para termos chegado às cinco e
cinquenta da manhã aqui na rodoviária? — Eu tentei não transmitir o
pânico na voz. Apertei com força o celular na mão. — O que
aconteceu?
O senhor me observa, primeiro surpreso e depois concorda
com a cabeça como se tivesse se lembrado de algo.
— Ah sim… essa era a previsão… mas houve um acidente na
Washington Luís, em Caxias e isso atrasou nossa viagem para
chegar aqui no centro do Rio — ele responde com gentileza —
Informei assim que vi o trânsito, filho… V
ocê não me ouviu?
Cacete.
Eu não tinha ouvido. Não tinha ouvido e visto nada porque
havia apagado na porra da viagem, a ansiedade pela mudança para
a capital do Rio, não me deixou pregar os olhos na noite anterior.
Levo a mão ao rosto esfregando de baixo para cima e termino
agarrando meus cabelos não acreditando no que aconteceu.
Meu primeiro dia de trabalho sendo arruinado por causa de um
acidente na estrada, sem falar nas chances de morar na capital e
começar uma nova vida que estavam indo para o ralo naquele
momento. Eu precisava estar às sete no hospital para me
apresentar para meu primeiro dia! A palavra atrasado não cabia
mais naquela situação. Meu telefone toca e só assim percebo as
inúmeras mensagens deixadas por Hana, minha colega de
faculdade.
— Obrigado moço! — E saio correndo.
— Boa sorte! — Ouço-o gritar assim que me afasto.
Saio às pressas até a porta principal da Rodoviária Novo Rio
pegando o primeiro táxi, ciente de que vou acabar com todas as
minhas economias naquela viagem, mas não iria perder a
oportunidade de trabalhar naquele hospital!
— Covarde.
Ele parou diante da porta. Permaneceu ali parado, imóvel. Meu
estresse estava nas alturas. Havia me cansado daquele jogo e de
suas desculpas. Me sentia frustrado, triste e totalmente
desamparado. Depois de um momento ali, se virou sem pressa para
me encarar. Quando ficamos de frente, seus olhos azuis frios me
engoliam.
— Repita. — disse, a voz não demonstrava qualquer emoção.
Engoli o medo repentino e fiz conforme me pediu.
— Covarde.
Ele deu dois passos em minha direção.
— Não sou covarde. — disse e suspirou. — Eu estou
preocupado com você.
— Covarde. — repeti e o vi bufar, irritado. — Eu sei que você
também quer.
— E desde quando você sabe o que eu quero?
Engoli a seco. Não tive coragem de responder. Eu só não
conseguia tirar da minha cabeça aquilo e tudo o que eu senti
quando aconteceu. Estava tudo ali e ele parecia se recusar a ver o
que brilhava diante de seus olhos.
O vi levar a mão direita ao rosto, em seguida passar nas
longas madeixas loiras no topo de sua cabeça e desviar o olhar.
Segurou firme o próprio cabelo, parecendo brigar consigo mesmo e
balançava a cabeça, como se negasse algo.
— Não estou curioso, cara. — Finalmente disse soltando os
cabelos. Sua voz parecia cansada. — Eu sei muito bem o que eu
quero.
Meu coração acelerou pela expectativa. Eu sabia muito bem
que não era curiosidade aquele olhar. Dessa vez não haveria a
desculpa do álcool, pois não tínhamos ingerido nada. Eu tinha a
certeza do que senti antes, mas dessa vez eu queria ouvir sair de
sua boca. Ele deu mais um passo em minha direção.
— E… o que você quer? — perguntei, erguendo o queixo em
desafio.
— Achei que fosse mais inteligente do que isso. — respondeu
dando outro passo em minha direção. E mais outro e outro.
Isso.
Quando ficou de frente a mim, não me movi. Não me atrevi
sequer a respirar. Soquei toda a emoção e confusão de sentimentos
no fundo do meu peito, ergui os olhos e ele esquadrinhou meu rosto.
Eu desejava saber o que passava em sua cabeça.
— Eu acreditei que isso fosse passar, sabe? Que eu pudesse
esquecer. — levou a mão ao meu rosto e passou o polegar por
minha bochecha. — Mas eu não esqueci. Não consigo esquecer…
na verdade não quero esquecer e isso é tão… injusto…
— Injusto…? Por que?
— Porque era para sermos apenas amigos. Simplesmente
assim. Mas depois do que aconteceu, eu o estou confundindo… Por
que quero ser egoísta o suficiente para acreditar que você não está
confuso… Que você também…
— Sim. — Falei rápido demais e segurei sua mão sob a minha.
Sentia as batidas descontroladas dentro do meu peito. Eu nunca tive
tanta certeza do que queria e de como queria aquilo com ele. —
Sim… Vini…
Mas não consegui completar a frase. Sua boca colou na minha
de um jeito febril e desesperado. Senti sua mão agarrar minha
cintura, puxando-me para mais perto e quero abraçá-lo, mantê-lo
preso a mim. Aquilo sim parecia certo. Nunca havia me sentido
daquela forma.
Ele me apertou de encontro ao seu corpo largo e eu me
agarrei ainda mais àquele corpo, àquele desejo, àqueles
sentimentos. Abri a boca para receber sua língua exploratória,
ansiosa e desejosa e senti novamente o sabor que me enlouqueceu
por infinitos dias. Minha cabeça explodiu em mil fogos de artifício
enquanto algo acontecia com meu corpo, eu só conseguia pensar
em querer mais, desejar mais dele.
Ele me empurrou até a cama e caí de costas com ele sobre
mim, sua boca não descolou da minha a nenhum momento. Sua
mão apertou minha cintura por baixo da blusa e, involuntariamente,
gemi sentindo seu toque quente, enquanto se esfregava em mim
quase desesperado e eu abri as pernas para sentir mais dele.
Mais. Mais. Eu quero mais.
Senti sua mão alisar minha virilha sob a bermuda e arfei sob
sua boca. Meu corpo queimava de forma febril, enlouquecido por
seu toque. Minha mente e corpo só o desejavam, cada vez mais.
Não consigo pensar, sentir, ouvir, tudo girava em torno dele. Me
afundava cada vez mais naquele sentimento, em todo aquele
desejo.
Mas antes que qualquer coisa fosse realmente feita, dita ou
sentida, a porta do meu quarto abriu-se em baque violento.
— SAULO!
Nos vemos em breve S2
[1] Medicação que propicia o relaxamento muscular esquelético
em cirurgia ou procedimentos hospitalares
[2] Doença que causa complicação grave na gravidez e é
caracterizada por episódios repetidos de convulsões, seguidos de
coma, e que pode ser fatal se não for tratada imediatamente.
[3] Material utilizado para medir a pressão arterial sanguínea em
seres humanos.
[4] Veículo Leve sobre Trilhos, é um projeto da Prefeitura da
Cidade do Rio de Janeiro que permite a interligação da região
portuária ao centro financeiro da cidade e ao aeroporto Santos
Dumont.
[5] Ontem é história
E amanhã é um mistério
Posso ver você olhando de volta para mim
Mantendo seus olhos em mim
Mantenha seus olhos em mim
[6] Porque eu não quero perder você agora
[7]
Mostre-me como lutar pelo momento de agora
E eu vou lhe dizer, baby, foi fácil
Voltar para você uma vez que entendi
Que você estava aqui o tempo todo
[8]
É como se você fosse o meu espelho
Meu espelho olhando de volta para mim
Eu não poderia ficar maior
Com mais ninguém ao meu lado
[9]
E agora está claro como esta promessa
Que estamos fazendo
Dois reflexos em um
Porque é como se você fosse o meu espelho
Meu espelho olhando de volta para mim
Olhando de volta para mim
[10]
Baby, você é a inspiração para esta preciosa canção
E só quero ver o seu rosto se iluminar quando me desperta
Então agora digo adeus ao velho eu, ele já foi embora
E não posso esperar, esperar para levar você para casa
Só para lhe contar, você é
Você é, você é o amor da minha vida
[11]
Você é o meu reflexo e tudo o que vejo é você
Meu reflexo, em tudo o que faço
Você é, você é o amor da minha vida
[12] Você é, você é o amor da minha vida