Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
E PROCESSAMENTO DE POLÍMEROS
TECNOLOGIA DE PLÁSTICOS
Módulo 4
EXTRUSÃO DE TERMOPLÁSTICOS
ÍNDICE
6 – Anexos 191
CAPÍTULO 1
1
na mesma época, o princípio básico para extrusoras de dupla-rosca para termoplásticos foi
concebido por Roberto Colombo e Carlo Pasquetti na Itália. Colombo desenvolveu a
extrusora de dupla-rosca corrotacional intercalada, enquanto Pasquetti, seguindo outro
conceito, desenvolveu a extrusora de dupla-rosca contra-rotacional intercalada.
As primeiras análises detalhadas do processo de extrusão foram concebidas para
estudar o processo de transporte ou bombeamento do fundido polimérico com publicações
científicas aparecendo por volta de meados dos anos 1950. Mckelvey, Carley, Strub, Mallouk
e Jepson foram pioneiros no desenvolvimento das teorias de extrusão. Nos meados dos anos
60, Z. Tadmor apresentou o primeiro estudo teórico quantitativo do processo de fusão numa
extrusora de plastificação com rosca simples (ou rosca única), baseado nos estudos
qualitativos desenvolvidos anteriormente por B. H. Maddock. Portanto, foi apenas após 1965
que o processo inteiro de extrusão, desde o funil de alimentação até a matriz da extrusora, foi
descrito quantitativamente. Posteriormente, a grande maioria dos esforços foi concentrada
nos trabalhos de generalização e extensão da teoria de extrusão e no desenvolvimento de
novos métodos numéricos e computacionais para resolução das equações complexas de difícil
solução analítica. Este esforço resultou, nesta última década do século XX, em
desenvolvimento de diversos programas de simulação computacional do processo de extrusão
que permitem projetar o perfil mais adequado de uma rosca ou matriz de extrusão para
fabricação de um determinado tipo de perfil extrudado com um específico tipo de
termoplástico, como também no trabalho de otimização das condições de processamento;
todos estes programas voltados para aprimoramento de qualidade e produtividade no processo
de extrusão.
2
3. Mistura e homogeneização (as vezes, desgasificação) do fundido polimérico.
4. Bombeamento ou transporte do fundido sob pressão até a matriz.
5. Conformação do polímero pela sua passagem sob pressão através da matriz.
(a)
(b)
Figura – 1.1- Diagrama esquemático de uma extrusora comum de rosca simples com (a) os principais
componentes da máquina e com (b) as três principais zonas da rosca de extrusão.
3
fundindo, homogeneizando e conduzindo o polímero plastificado com suficiente pressão para
forçar a sua passagem através da matriz, onde adquire o formato do produto final.
O sistema composto do cabeçote e matriz da extrusora atua como uma restrição ao
fluxo do polímero. Quanto mais longo ou menor for a seção transversal deste sistema, maior
será a resistência e mais a rosca terá que trabalhar para empurrar o polímero fundido através
da matriz. Isto implica numa maior potência sendo requerida do motor para girar a rosca.
O operador da extrusora ajusta as temperaturas das diversas zonas de aquecimento do
barril, cabeçote e matriz, como também determina a velocidade de rotação da rosca, tudo em
função da taxa de produção desejada e do tipo de polímero empregado, e tipo de produto a ser
fabricado. As diversas zonas do barril contam com controles de aquecimento e resfriamento
para monitorar e controlar as temperaturas nas marcas desejadas. Estas temperaturas não são
as mesmas do polímero dentro do barril, mas são selecionadas conforme necessidades de cada
zona da extrusora. A maioria das temperaturas dos fundidos poliméricos estão entre 180 -
315 °C. A velocidade de rotação da rosca é normalmente a máxima que se possa utilizar sem
comprometer a qualidade do produto extrudado. Velocidades típicas de roscas estão entre 30
e 150 rpm. A medição da corrente do motor (amperagem) é efetuada para assegurar a
segurança do motor contra danos por superaquecimento e também serve para monitorar a
pulsação na descarga da extrusora (que leva a variação de espessura do extrudado) e também
quando de troca de material polimérico extrudado ou troca da matriz de extrusão.
Existem também aquecedores e controles no cabeçote e matriz de extrusão, e suas
temperaturas tendem frequentemente estar próximas as do fundido polimérico. Sensores para
medição de temperatura e pressão do fundido são empregados na região do
cabeçote/adaptador da matriz. Um termopar de fundido embutido na região de entrada da
matriz é importante para detectar problemas de superaquecimento devido deficiências na
refrigeração do barril/rosca. Transdutores de pressão embutidos no final da rosca e na
entrada à matriz servem para indicar a resistência do cabeçote e da matriz, com pressões
normalmente entre 7-40 MPa.
Uma rosca padrão de extrusão costuma apresentar 3 zonas (seções) distintas, conforme
apresentado na Figura (1.1-b): (i) zona de alimentação, (ii) zona de compressão e (iii) zona
de dosagem ou controle de vazão. Na zona de alimentação, a profundidade do canal é
constante e maior para receber o plástico particulado. Na zona de compressão a profundidade
do canal vai reduzindo gradualmente (isto é, o diâmetro da raiz da rosca aumenta), como se
as paredes do canal se fechassem entorno do plástico, e essa compressão na camada granular
leva a compactação do leito de sólidos e gera aumento de pressão que previne ar entre as
partículas do polímero ser carregado para frente junto com o fundido polimérico. Conforme a
4
camada granular avança ao longo da zona de compressão (também chamada de zona de fusão
ou de transição), o material é compactado e fundido através do calor gerado por atrito e
cisalhamento do polímero nas paredes do barril e da rosca (energia mecânica interna para
aquecimento adiabático) e também pelo calor conduzido por contato do polímero com as
paredes internas aquecidas do barril (aquecimento térmico externo de resistências elétricas).
Aquecimento adiabático é preferido em algumas resinas poliméricas que tendem a fácil
degradação por superaquecimento térmico. Entretanto, a maioria dos polímeros é fundida
melhor por uma combinação de aquecimento adiabático e térmico. O plástico entra na zona
de dosagem (ou controle de vazão ou pressurização) quase totalmente fundido, e devido a
profundidade do canal nesta região ser constante e a mais rasa das 3 zonas, a alta taxa de
cisalhamento gerada assegura que quaisquer vestígios de polímero não fundido são totalmente
eliminados. Portanto, a zona de dosagem assegura que todo o fundido polimérico é
devidamente plastificado e homogeneizado (em termos de uniformidade de mistura da
composição polimérica e também de temperatura do fundido) para então ser bombeado sob
pressão contra o cabeçote e matriz da extrusora.
As extrusoras modernas de rosca simples costumam apresentar uma relação entre
comprimento e diâmetro (L/D) da rosca de 20:1 a 30:1, sendo a relação 24:1 a mais popular,
enquanto algumas máquinas especiais apresentam L/D > 30. Quanto maior o comprimento,
maior será a capacidade de plastificação da rosca de extrusão. Entretanto, muitas extrusoras
com roscas longas são empregadas quando se deseja eliminar umidade, ar ou outros voláteis
presentes no fundido polimérico por desgasificação, através de vácuo aplicado numa abertura
no barril numa posição logo após a fusão completa do polímero dentro da extrusora.
Na Figura (1.2) é representado o perfil típico de uma rosca de extrusão, onde estão
definidos os parâmetros da geometria da rosca. A maioria das roscas para termoplásticos é
projetada com profundidade de canal continuamente decrescente e passo (pitch ou lead -
distancia entre dois filetes consecutivos da rosca) constante. Também, por conveniência na
usinagem, o passo da rosca costuma ser igual ao diâmetro da rosca, resultando num ângulo da
hélice de 17,6 graus e, neste caso a rosca é denominada como sendo de “passo quadrado”.
Isso torna fácil medir o L/D da rosca pela simples contagem do número de espiras (voltas da
hélice) da rosca. A porção sob a abertura de alimentação não deve ser contada no L/D, visto
que não existe barril inteiro nesta região. A taxa de compressão da rosca é determinada pela
relação entre os volumes (ou profundidade dos canais) da zona de alimentação e da zona de
dosagem da rosca e costuma estar entre 2 e 4. Este valor de taxa de compressão assegura
eliminação de ar/voláteis e também garante uma pressão constante no cabeçote da extrusora.
5
Figura – 1.2. Perfil geométrico típico de uma rosca simples de extrusão.
Figura – 1.3. Projeto de roscas apresentando diferenças de configuração para extrusão de (a)
polietileno (LDPE) e (b) nailon-66.
6
cada polímero. O LDPE tem um ponto de fusão baixo e um intervalo largo de temperatura de
fusão em relação ao PA 66, enquanto o PA 66 funde num intervalo bem curto, porém à uma
temperatura mais elevada. Portanto, a zona de alimentação para LDPE é curta para evitar
fusão prematura e a zona de compressão é longa para permitir a fusão tanto do material de
baixa e alta massa molar (PM). O PA 66, ao contrário, tem uma zona de alimentação longa
que permite incrementar a energia térmica fornecida para elevar a temperatura do polímero
sem fusão e uma zona curta de compressão (de meia volta de filete), visto que o PA 66 funde
rapidamente na sua temperatura de fusão.
Em vários processos de extrusão uma única extrusora pode ser utilizada para fabricar
diversos produtos diferentes. Trocar de um produto para outro em cada operação,
normalmente significa que a matriz e o tipo de termoplástico a serem utilizados seriam
trocados. Entretanto, trocar também a rosca mais adequada ao sistema polímero/matriz,
conforme sugerido na Figura (1.3) acima relatada, nem sempre seria viável visto que a
operação de troca da rosca é complicada e, normalmente, será evitada quando diversos tipos
de materiais termoplásticos são intermitentemente extrudados em pequenas corridas de
extrusão. A troca da rosca só é justificada quando corridas longas de extrusão de um mesmo
material termoplástico são desejadas, e neste caso faz sentido otimizar a produtividade do
processo. Portanto, na grande maioria das operações de extrusão com diversos tipos de
produtos e materiais termoplásticos empregados é comum adotar uma única rosca de
configuração multifuncional, cujo projeto é um compromisso entre configurações ideais para
extrusão de diversos tipos de polímeros. Esse tipo de rosca utilizada em extrusoras
multifuncionais é normalmente chamado de rosca de uso geral. O desempenho destas roscas
de uso geral pode ser otimizado através de modificações nas condições de processamento,
alterando o perfil de temperaturas do barril, velocidade da rosca, pressão no cabeçote, etc.
Esta otimização nas condições de processamento, quando uma rosca de uso geral é utilizada
para substituir outras roscas de projeto otimizado para extrusão de polímeros específicos, tal
como exemplificado na Figura (1.3) para LDPE e PA 66, pode ser visto através do gráfico de
alteração no perfil de temperaturas da extrusora apresentado na Figura (1.4).
Para explicar como o perfil de temperaturas das zonas de aquecimento da extrusora
com rosca de uso geral poderá ser alterado para compensar as perdas pela não utilização das
roscas otimizadas (condição ideal) para LDPE e PA 66, representadas na Figura (1.3) anterior,
consideremos que a rosca de uso geral teria uma zona de alimentação maior que a ideal
desejada para LDPE, porém menor em relação à ideal para PA 66. Também, o seu
comprimento na zona de compressão seria um compromisso entre os comprimentos ideais
longo para LDPE e curto para PA 66.
7
Figura – 1.4. Perfis de temperatura para LDPE e PA 66 quando extrudados numa mesma rosca de uso
geral e em relação a roscas específicas projetadas para as mesmas resinas da Fig. (1.3).
Assim para LDPE, segundo o exposto na Figura (1.4), o perfil de temperaturas na zona
de alimentação da rosca de uso geral deverá ser inferior ao perfil raso de temperaturas
definido para a rosca ideal, para compensar o longo período de residência do polímero nesta
região. Na sequência, como o LDPE passará por uma zona de compressão da rosca de uso
geral menor que a idealmente desejada para este material, o calor fornecido por aquecimento
mecânico adiabático será reduzido, o que poderá implicar em fusão incompleta do polímero
que atinge a zona de dosagem desta rosca. Para compensar a diferença de temperatura do
fundido, abaixo da ideal, e assegurar a completa plastificação e homogeneização do fundido
de LDPE que chega ao cabeçote da extrusora, o perfil de temperaturas das zonas de
compressão e controle de vazão da rosca de uso geral deverá ser elevada acima do perfil raso
de temperaturas indicado para a rosca ideal para LDPE.
A situação inversa será adotada no caso da extrusão do nailon numa rosca de uso
geral. A rosca de uso geral terá um comprimento na zona de alimentação menor que o ideal
desejado para este material. Portanto, para compensar o menor tempo de residência nesta
zona e, consequentemente, menor calor por aquecimento térmico fornecido ao leito de sólidos
de PA 66, o perfil de temperatura desta zona deve ser elevado acima do recomendado para a
rosca ideal. Como a zona de compressão será agora maior que a da rosca ideal, então o perfil
de temperaturas nas zonas de compressão e dosagem deverá ser reduzido para compensar e
evitar superaquecimento do nailon. Caso contrário, em função da sua baixa viscosidade e
baixa resistência extensional no estado fundido, o PA 66 poderá apresentar dificuldades na
retenção de forma do extrudado, até eventualmente endurecer o suficiente com resfriamento.
8
A região posterior da extrusora, logo após o final da rosca, é composta pela zona do
cabeçote e a matriz de extrusão, conforme apresentado no diagrama esquemático da Figura
(1.5). O fundido polimérico emergindo do canal da rosca passa através de um conjunto de
telas de filtragem de arame trançado apoiadas contra uma placa metálica de retenção, cheia
de furos ou fendas horizontais, chamada de placa quebra-fluxo (ou grelha). O objetivo da
tela de filtragem é o de reter impurezas como minúsculos pedaços de papel, madeira ou
plástico decomposto, evitando a sua passagem para a matriz. Com tempo de extrusão, a
retenção de impurezas na tela de filtragem aumenta e leva a um aumento substancial na
pressão registrada pelos transdutores de pressão localizados entre as telas e o adaptador da
matriz, onde é parafusada a matriz de extrusão. Quando a pressão é demasiadamente elevada
é necessário trocar as telas de filtragem. Como a retenção de impurezas na extrusão de certos
polímeros (caso de PVC) é elevada, com frequente bloqueio das telas de filtragem, existem
sistemas mecânicos automatizados para troca das telas sem interrupção maior do processo de
extrusão.
Figura – 1.5. Diagrama esquemático da zona do cabeçote e matriz de uma extrusora de rosca simples.
9
A matriz é a ferramenta de conformação que é montada no final da extrusora,
geralmente acoplada ao cabeçote através de um placa ou anel chamado adaptador. Este bloco
de aço com uma passagem através do mesmo dá a forma final ao fundido polimérico, que é
então estabilizada por resfriamento do perfil extrudado em contato com água ou ar
refrigerado. As matrizes podem variar no tamanho, desde pequenas matrizes para
revestimento de fios até enormes matrizes para extrusão de chapas rasas ou revestimento de
laminados de papel de mais de 1 metro de largura. A passagem do polímero fundido através
da matriz deve ser efetuada de forma a permitir um fluxo hidrodinâmico, evitando mudanças
bruscas na seção transversal e, principalmente, evitando pontos de estagnação (pontos mortos)
como “cantos vivos”. Estagnação do fundido polimérico nestes pontos mortos leva a
problemas de degradação do polímero que aparecem no extrudado como amarelamento,
partículas marrom de polímero carbonizado e estrias contínuas devido obstrução do canal da
matriz com partículas carbonizada. Este tipo de problemas ocorre principalmente em
termoplásticos de fácil degradação como PVC, cuja degradação térmica, uma vez iniciada, é
auto-catalizada e progride rapidamente a ponto de requerer parada do processo de extrusão.
Aquecimento da matriz com resistências elétricas é necessária para: (i) permitir partida
segura no início do processo de extrusão, (ii) para compensar as perdas de calor por radiação
e, assim, manter um controle rígido da temperatura do polímero fundido, evitando oscilações
na descarga da extrusora (variação nas dimensões do extrudado) com variação na viscosidade
do fundido com temperatura, (iii) para aquecer a superfície emergente do extrudado e, assim,
ganhar brilho, reduzir inchamento do extrudado, “pele de cação” e reduzir a possibilidade
de fratura do fundido, que são manifestações da elasticidade apresentada por polímeros
fundidos.
10
Em extrusoras de dupla-rosca (twin-screw - TSE), duas roscas giram lado a lado em
tandem dentro de um barril de furo interno na forma de uma “figura-8 deitada” e,
normalmente, as roscas estão intercaladas (isto é, a hélice ou filete de uma está dentro do
canal da outra). As roscas podem ambas girar no mesmo sentido (corrotacional) ou no
sentido oposto (contra-rotacional), conforme indicado na Figura (1.6). Com a intercalação
das roscas, o movimento relativo do filete de uma rosca no canal da outra funciona como uma
pá que empurra o material de forma positiva para frente, alternando de uma rosca para outra e
de um canal para outro. Este padrão de transporte contínuo e uniforme permite que a
extrusora dupla-rosca seja uma bomba de transporte bem mais positiva e eficiente em relação
a extrusora de rosca simples e, portanto, são recomendadas para operações de extrusão de alta
taxa de produção.
11
caso da extrusora de roscas contra-rotacionais. A natureza auto-limpante das extrusoras
dupla-rosca também contribui para reduzir a probabilidade de estagnação do polímero, sendo
esta ação bem mais eficiente nas roscas corrotacionais que nas roscas contra-rotacionais. Esta
combinação de alta eficiência de mistura e aquecimento térmico rápido e uniforme para fusão,
aliados a ação de auto-limpeza mais eficiente, tornam as extrusoras de dupla-rosca
corrotacional bastante populares para operações de compostagem acima citadas.
No caso do sistema com roscas contra-rotacionais, com cada rosca girando no sentido
contrário, o material polimérico é conduzido para a junção (região de intercalação) das roscas
e vai se acumulando nesta região formando um banco de material no topo da junção, que é
empurrado para frente ao longo da extrusora pelo movimento relativo dos filetes das roscas,
conforme indicado na Figura (1.6). Desta forma, uma quantia substancial do polímero
fundido se desloca para frente com mínima ação de mistura e história de aquecimento térmico
e de cisalhamento não muito uniforme, porém com uma capacidade de bombeamento maior
que em roscas corrotacionais, visto que a maior parte do material no banco de junção é
diretamente deslocado para frente, sem passar em torno de cada rosca. Com a intercalação
total das roscas, apenas uma pequena quantia de material passa no meio das duas roscas sob
alto cisalhamento, enquanto a maior parte avança na direção axial da rosca sob baixo grau de
cisalhamento. Isto resulta em baixa contribuição de calor por aquecimento térmico e
adiabático e, portanto, em baixa temperatura do fundido. Esta característica de baixa
temperatura do fundido, aliada a ação de auto-limpeza, e alta eficiência de bombeamento
torna a extrusora de dupla-rosca contra-rotacional bastante atraente para extrusão de plásticos
sensíveis ao calor, como no caso de PVC rígido, mas que requerem alta taxa de descarga para
aumentar a produtividade do processo de extrusão. Além disso, é possível o uso de roscas
contra-rotacionais cônicas, cujos eixos divergentes permitem que mancais de empuxo maiores
possam ser utilizados para aguentar maior resistência de matrizes de extrusão, normalmente
requerida para extrusão de tubos e perfis de PVC rígido.
As características de extrusoras de rosca dupla podem ser entendidas melhor através
da análise das diferenças fundamentais entre as extrusoras de rosca simples (única - SSE) e de
rosca dupla (TSE). Uma diferença principal é o tipo de transporte que ocorre em cada um dos
tipos de extrusora. O transporte de polímero na extrusora SSE é do tipo fluxo induzido por
arraste, ou seja, arraste sob fricção de sólidos na zona de alimentação da rosca e arraste
viscoso na zona de dosagem do polímero fundido na rosca. Vários materiais possuindo
propriedades friccionais não adequadas, apresentam sérias dificuldades na zona de
alimentação da SSE. Por outro lado, o transporte na extrusora de rosca dupla intercalada
(intermeshing) é sempre positivo para qualquer tipo de material. A eficiência do transporte
12
positivo para a TSE depende somente quão bem o filete de uma rosca fecha o canal da outra
rosca. O transporte é ainda mais positivo para TSE contra-rotacional com roscas intercaladas
adequadamente.
Outra diferença principal entre SSE e TSE é o perfil de velocidades nas respectivas
máquinas. O perfil de velocidades na SSE é mais simples, ou seja, o polímero fundido faz um
movimento em zig-zag dentro do canal da zona de dosagem, em direção a saída da rosca. Na
TSE a situação é mais complexa e algumas vezes difícil de se descrever. A região de
intercalação é a mais difícil de ser visualizada pois apresenta vazamento (leakage), que
interfere no perfil de velocidade de transporte positivo. Por outro lado, os padrões de fluxo
mais complexos que ocorrem na TSE apresentam uma série de vantagens, tais como, boa
qualidade de mistura, boa transferência de calor, maior capacidade de fusão, boa capacidade
de devolatilização e bom controle de temperatura do material dentro da extrusora. A única
desvantagem é a dificuldade de se descrever o fluxo, o que dificulta a análise durante a
simulação de fluxo em TSE. Esta desvantagem faz com que seja difícil projetar um conjunto
de roscas duplas completo para uma TSE. Em função disto os fabricantes de TSE resolveram
modular as roscas duplas através de elementos de roscas, de tal forma que facilitasse a
construção do perfil de rosca de uma forma mais empírica. Isto tem proporcionado um
enorme grau de flexibilidade na otimização de perfis de roscas e de barril (cilindro).
Figura 1.7 - Esquema de uma extrusora de rosca dupla modulada (D. Todd).
13
A Figura 1.7 mostra um esquema de como pode se modular uma TSE. Como já
mencionado anteriormente, as TSE’s podem ser classificadas em co-rotacionais e contra-
rotacionais. Estas, por sua vez, podem ser sub-classificadas em intercaladas (intermeshing)
e não-intercaladas (non-intermeshing). Neste último caso as roscas se interpenetram ou
ficam separadas a uma certa distância. As TSE’s co-rotacionais intercaladas ainda podem ser
subdivididas em extrusora de baixa velocidade e de alta velocidade. As primeiras são
completamente intercaladas e são mais adequadas para a extrusão de perfis.
A Figura 1.8 mostra como as roscas são ajustadas, de tal forma que o filete de uma
rosca se posiciona no canal da outra. O ajuste do filete no canal parece formar uma região
completamente vedada, impedindo qualquer vazamento. Por outro lado, a seção transversal da
região intercalada revela a presença de grandes aberturas entre os canais das duas roscas,
como pode ser observado na Figura 1.9. Estas aberturas diminuem a eficiência de transporte
positivo deste tipo de extrusora. As velocidades das roscas na região intercalada estão em
direções opostas. Assim, o material entrando na região intercalada apresentará pouca
tendência em se mover através da região inteira de intercalação, a menos que existam espaços
significativos (flight flank clearance) entre filetes e canais, como pode ser observado na
Figura 1.10. Em razão das grandes aberturas entre os canais, o material que entra na região de
intercalação tenderá a fluir no canal da rosca adjacente.
Figura 1.9 - Vista da seção transversal das roscas completamente intercaladas de uma
extrusora de rosca dupla co-rotacional (Rauwendaaal).
14
(a) (b)
Figura 1.10 - Detalhes do fluxo de material e espaços entre filetes e canais numa
extrusora de rosca dupla co-rotacional (Rauwendaal).
O material fluirá percorrendo seu caminho em oito, como mostrado na Figura 1.10-b e,
simultaneamente, se moverá na direção axial. O material próximo ao flanco do filete passivo
não poderá fluir para o canal da rosca adjacente, pois este espaço se tornou obstruído pelo
filete da rosca adjacente. Este material, portanto, passará a se movimentar como um fluxo
oscilatório local, conforme ilustrado na Figura 1.11. A fração de material obstruído
contribuirá para o transporte positivo na extrusora em questão.
Figura 1.11 - Fluxo oscilatório no flanco do filete passivo de uma extrusora de rosca
dupla co-rotacional (Rauwendaal).
Se a área obstruída (área I na Figura 1.9) for larga em relação à área aberta (área II na Figura
1.9), as características de transporte das roscas se tornarão essencialmente positivas. Se
ocorrer o inverso, as características de transporte serão consideravelmente reduzidas. Nesta
última hipótese haverá um alargamento na distribuição de tempo de residência (RTD) e a
vazão se tornará mais dependente da pressão. No caso das TSE’s co-rotacionais
completamente intercaladas existe uma característica de transporte relativamente positiva,
pois sua geometria de rosca é tal que a área aberta é relativamente menor que a área obstruída.
O aumento da restrição de espaço (obstrução) favorece ao aumento de pressão na região de
intercalação, que por sua vez proporciona uma separação entre as roscas. Grandes separações
podem gerar desgaste entre as roscas e o cilindro. Portanto, TSE’s co-rotacionais
completamente intercaladas deverão ser operadas em baixas velocidades para serem evitados
grandes picos de pressão na região de intercalação.
15
Figura 1.12 - Geometria de filetes de roscas auto-limpantes em TSE’s co-rotacionais
(Rauwendaal).
Assim, a área aberta II é mais larga em relação a área I obstruída. Portanto, existe uma
tendência mínima para a ocorrência de grandes picos de pressão na região de intercalação.
Neste caso, as roscas podem ser projetadas com espaços relativamente pequenos entre elas,
tornado-as completamente auto-limpantes. TSE’s com estas características são denominadas
extrusoras de rosca dupla co-rotacional completamente auto-limpantes. Considerando que este
tipo de extrusora possui pouca tendência em desenvolver picos de pressão elevados na região
de intercalação ela pode ser operada em altas velocidades, atingindo valores próximos a 600
rpm. Por outro lado, suas características de transporte são essencialmente não-positivas com
correspondente curvas largas de distribuição de tempo de residência (RTD) alta sensibilidade
da vazão em relação a pressão. Estas extrusoras não são adequadas para fabricação de perfis.
A característica de transporte não-positivo das extrusoras de rosca dupla pode fazer com que
16
elas venham a trabalhar parcialmente cheias. As extrusoras de rosca simples e as TSE’s com
característica de transporte positiva sempre trabalham completamente cheias.
Figura 1.15 - Seção transversal da região de intercalação das extrusoras de rosca dupla
contra-rotacional completamente intercaladas (Rauwendaal).
17
Figura 1.16 - Detalhes da região de intercalação de uma extrusora de rosca dupla
contra-rotacional completamente intercalada (Rauwendaal).
A Figura 1.16 mostra a direção das velocidades das roscas na região de intercalação,
região onde ocorre um pico de pressão. Se os espaços entre as roscas forem significativamente
pequenos, o fluxo através da região de intercalação será razoavelmente pequeno. Como
resultado, ocorrerá a formação de um depósito (banco) de material acumulado na entrada da
região de intercalação. O material será arrastado entre o filete de uma rosca e o canal da rosca
adjacente e exercerá uma pressão considerável entre as duas roscas. Isto pode causar deflexão
nas roscas. Portanto, as TSE’s contra-rotacionais completamente intercaladas são geralmente
operadas em baixa velocidade para evitar pressões excessivas na região de intercalação. Se o
espaço entre o filete de uma rosca e o canal da rosca adjacente for aumentado serão criadas
áreas de escape (leakages), que ameniza a geração de picos de pressão, como pode ser
observado na figura 1.17. Os fabricantes deste tipo de extrusoras geralmente indicam a
máxima velocidade de operação. Extrusoras com baixa velocidade de operação, ou seja entre
20 e 40 rpm, apresentam características de transporte fortemente positivas, enquanto
extrusoras operadas na faixa de 100 a 200 rpm, apresentam características menos positiva,
sendo mais indicadas para compostagem, extrusão reativa ou devolatilização.
18
Figura 1.18 - Geometria da região transversal de uma extrusora de rosca dupla contra-
rotacional não-intercalada (Rauwendaal).
Existe ainda uma terceira classe de extrusoras de rosca dupla denominada extrusoras
de rosca dupla não-intercaladas. Estas extrusoras são projetadas de tal forma que a distância
entre as linhas de centro das roscas é maior que a soma de raios das duas roscas. A Figura
1.18 mostra um esquema como ocorre a disposição das roscas não-intercaladas. A não-
intercalação é mais aplicada comercialmente para TSE’s contra-rotacionais. O mecanismo de
transporte nestas extrusoras é semelhante a extrusora de rosca simples, com a diferença que
existe a possibilidade de troca de material de uma rosca para outra aumentando a eficiência de
mistura. Em razão do espaço existente entre as duas roscas a vazão de saída da TSE’s contra-
rotacional não intercalada será menos que duas vezes a vazão de uma extrusora de rosca
simples com o mesmo diâmetro de rosca. Além disso, este tipo de TSE possui características
de transporte menos positivas do que uma extrusora de rosca única e eficiência de mistura
superior. Estas características são desejáveis para aplicações em misturas de polímeros na
forma de blendas poliméricas, em processos de devolatilização e em extrusão reativa. Um
exemplo comercial deste tipo de TSE é o misturador contínuo Farrel (FCM), usado na
fabricação de compostos e blendas poliméricas. Nestes misturadores o comprimento das
roscas é relativamente pequeno e ambas as roscas são projetadas como rotores em um
misturador de batelada tipo Banbury. As velocidades das roscas são elevadíssimas atingindo
rotações superiores a 1.200 rpm, o que proporciona tempos de residência entre 3 a 5
segundos. A Figura 1.19 ilustra um esquema da extrusora especial de mistura FCM.
19
20
1.4 - Princípios dos Processos de Conformação Baseados em Extrusão
O projeto da matriz tem como principais objetivos obter a forma geométrica desejada
dentro dos limites de estabilidade dimensional e alcançar a taxa de produção a mais elevada
possível.
O processo mais simples de conformação de produtos extrusados é a produção de
compostos poliméricos na forma de grânulos ou pellets. Neste processo, aditivos, cargas,
reforços, etc., são incorporados a determinados polímeros através de uma etapa intensa de
mistura dentro da extrusora e granulados após a saída da matriz. O extrusado na forma de
filamentos espessos, conhecidos popularmente como macarrão ou spaghetti, é resfriado e
picotado (chopped) através de um acessório apropriado (vide Fig. 1.20). Assim, o composto
polimérico devidamente misturado pode ser utilizado em diferentes processos de conformação
tais como, a própria extrusão, a moldagem por injeção, etc. Os grânulos são na forma de
21
pequenos cilindros que possuem tipicamente 3 mm de diâmetro e 4 mm de comprimento. Para
a produção de grânulos geralmente uma matriz é utilizada com vários orifícios com seção
circular, ou seja, vários macarrões podem ser extrusados simultaneamente, que aumenta
significativamente a taxa de produção.
22
Figura 1.21. - Processo de fiação de produtos têxteis através de extrusão (Strong).
23
extrusado. A matriz tipo spider apresenta uma desvantagem em seu uso, ou seja, a passagem
do polímero fundido pela sua região central quebra o fluxo uniforme e provoca a criação de
linhas de solda. O projeto deste tipo de matriz e, as condições de extrusão, devem ser
adequadas para que as linhas de solda não sejam consideradas regiões fracas no tubo. Outro
acessório importante do cabeçote de extrusão de tubos é o mandril que proporciona o
diâmetro e a espessura do tubo. Seu projeto deve ser adequado para fornecer estabilidade
dimensional ao produto sendo extrusado. Após a saída do tubo da matriz existe uma seção de
resfriamento e calibração do mesmo. Nesta etapa são fixadas as dimensões finais do tubo.
Figura 1.22. - Cabeçote para extrusão de tubos com matriz do tipo spider (Hensen).
O resfriamento e a calibração ocorrem enquanto o tubo está sendo puxado por um acessório
conhecido como puxador de tubos. Após o tubo, rígido, passar pelo puxador é cortado em
comprimentos padronizados ou, se flexível, é enrolado em carretéis. Um esquema
representativo completo do processo de fabricação de tubos é apresentado na Figura 1.23.
Tubos corrugados para aplicações como conduítes adquirem sua superfície enrugada logo
após a saída da matriz, antes de sofrer o resfriamento. A Figura 1.24 mostra algumas
alternativas para a ocorrência do processo de enrugamento.
24
realizado pelo calibrador, e a medida da espessura do tubo que pode ser realizada on line
através de um sistema de medida ultrasônico, cujo esquema pode ser observado na Figura
1.25.
25
As características viscoelásticas do polímero fundido saindo da matriz proporcionam um
fluxo complexo, enquanto suas características elastoviscosas levam a um inchamento do
extrusado, que deve ser adequadamente controlado. Ambas características dificultam o
projeto da matriz e sua calibração durante o resfriamento. A Figura 1.26 mostra algumas
seções transversais de perfis extrusados em plástico. A maioria dos perfis é fabricada em
PVC rígido para diversas aplicações. Assim, perfis para construção de esquadrias de
janela, para fabricação de forros de PVC encaixados, para lambris, etc., têm sido muito
utilizados na construção civil. Perfis rígidos também têm sido utilizados na fabricação de
móveis. Por outro lado, perfis flexíveis são utilizados na indústria automotiva como
acessórios de vedação, encaixes de vidro, etc.
Chapas e filmes planos também são fabricados pelo processo de extrusão. As chapas
apresentam maior espessura (0,2 a 2,5 mm) e são rígidas, enquanto, os filmes são flexíveis e
de menor espessura (10 a 400 m). O primeiro é utilizado como matéria prima de outros
processos de conformação como termoformagem, enquanto o segundo é utilizado
essencialmente para embalagens. Os extrusados planos mais finos utilizam um sistema de
resfriamento através de cilindros resfriados em configuração de calandra, enquanto os
extrusados rígidos mais espessos apresentam uma linha de produção semelhante a fabricação
de tubos rígidos. A matriz utilizada para extrusão de extrusados planos é conhecida como
matriz plana flat die), e apresenta características muito especiais. A razão de aspecto dos
extrusados planos faz com que o polímero fundido saindo da rosca com seção circular se
distribua uniformemente ao longo de sua largura e extensão. Isto é necessário para garantir
um fluxo uniforme do polímero fundido antes de chegar ao final da matriz. A Figura 1.27
mostra um esquema, em corte, da matriz plana. Logo após o polímero fundido deixar a rosca
da extrusora é distribuído ao longo da largura da matriz através do manifold. Ao final desta
seção da matriz o polímero começa a adquirir o aspecto plano com uma certa espessura. A
26
principal função desta etapa é proporcionar uniformidade ao fluxo do polímero fundido. Ao
final da matriz encontram-se os lábios da matriz plana que são
Figura 1.27. - Tipos de matrizes para conformação de chapas ou filmes planos (Rauwendaal).
Figura 1.28. - Sistema de controle on line de espessura e largura de filmes planos obtidos por
extrusão (Hensen).
27
Embora os filmes plásticos possam ser fabricados através de matriz plana, de longe, o
processo mais comum é a extrusão de filmes por sopro. Neste processo de conformação o
polímero fundido passa por uma matriz anular, e sai desta matriz como um tubo fino. Ar
comprimido é inserido dentro do tubo fino através do cabeçote e sopra o tubo inflando-o até
um diâmetro desejado, daí o termo extrusão por sopro. Como no processo de fabricação de
tubo, o extrusado é resfriado e recolhido através de uma bobina. Um esquema deste processo
de conformação é mostrado na Figura 1.29. A bolha forma durante o sopro possui regiões
bem definidas que influenciam na qualidade do extrusado soprado. Próximo à matriz a bolha
consiste de polímero fundido sendo resfriado pelo ar soprado internamente e por jatos de ar
especialmente utilizados externamente para resfriar o extrusado. A partir deste estado de
resfriamento aparece uma região bem definida de fusão e solidificação do filme extrusado,
conhecida como linha de congelamento. A partir desta região o filme tubular pode ser
recolhido, para tanto é necessário colapsar o tubo. Isto ocorre através de guias de colapsagem
e rolos cilíndricos. Após passar pelos rolos o filme tubular colapsado é recolhido na forma de
bobinas. Estas bobinas são então utilizadas para preparar sacolas e sacos plásticos. Uma das
principais vantagens do processo de conformação de filmes tubulares soprados é a orientação
biaxial naturalmente obtida durante o processo. A pressão de ar soprado controla a orientação
circunferencial, enquanto a orientação
28
axial é obtida através do controle da velocidade de puxamento fornecida pelos rolos
cilíndricos de colapsagem. O grau de orientação dos filmes tubulares pode ser estimado
através de balanço entre a vazão de saída da matriz e a velocidade de puxamento dos rolos,
bem como as dimensões laterais do filme tubular proporcionada pelo sopro e as dimensões de
saída do extrusado da matriz, conhecida como razão de sopro. As matrizes para a fabricação
de filmes tubulares apresentam características semelhantes àquelas das matrizes para se obter
tubos de plásticos. A única diferença é que os filmes tubulares são soprados na direção
vertical, geralmente para cima ou, algumas vezes, para baixo. Existe um cotovelo de 900
fazendo a conexão entre a ponta da rosca e a entrada na matriz. Como na conformação de
tubos o tipo mais comum utilizado é spider, que divide (quebra) o fluxo de polímero fundido
por períodos curtos dentro da matriz. Como no caso da extrusão de tubos este tipo de matriz
proporciona o aparecimento da linha de solda ao passar pelo mandril. Para eliminar este tipo
de fluxo existe outro tipo de matriz conhecida como matriz em espiral (spiral mandrel). Neste
tipo de matriz o polímero fundido é alimentado axialmente e, então distribuído radialmente,
através canais especialmente projetados. Este mecanismo proporciona maior taxa de
produção, pois não leva a formação de linhas de solda. A Figura 1.30 ilustra o perfil da matriz
em espiral.
29
aplicado a polímeros que são facilmente orientados sob fluxo, como é o caso de polipropileno
(PP). Processos especiais de orientação biaxial de PP têm sido desenvolvidos para se obter
filmes planos para embalagens.
A moldagem de vasilhas e garrafas de plásticos pode ser realizada através da
moldagem por sopro de tubos extrusados, conhecida como moldagem por sopro através de
extrusão (blow molding). Este processo de conformação baseado em extrusão proporciona
produtos soprados com menor controle na espessura de parede. Garrafas obtidas através deste
processo dificilmente são utilizadas em embalagens de bebidas carbonatadas por
apresentarem baixa eficiência de barreira. Entretanto, este processo de conformação é muito
utilizado para fabricação de containers ou dispositivos ocos. O cabeçote consiste numa matriz
de fabricação de tubos na direção vertical para baixo, com a ajuda de um cotovelo de 900. O
tubo formado é denominado parison. Este tubo é capturado por um molde de sopro onde
ocorre a conformação por sopro da vasilha. Deve existir um sincronismo perfeito entre a
extrusão do parison e a captura e sopro do moldado. Este processo utiliza PVC, polietilenos e
PP como polímeros e possui uma característica mista entre um processo contínuo e um
processo intermitente. O parison é extrusado continuamente, enquanto o moldado é soprado
num processo intermitente com ciclo de moldagem. A Figura 1.32 ilustra o processo de
moldagem por sopro.
30
Figura 1.31. - Processo de orientação de filmes planos através de extrusão (Hensen).
31
Figura 1.32. - Processo de conformação por sopro através de extrusão.(Crawford)
Processos de moldagem por sopro podem ser melhor sincronizados através do uso de
roscas recíprocas ou através de acumuladores por pistão (ram accummulator). No processo
com rosca recíproca o parison é continuamente extrusado, enquanto a rosca é retraída para
controlar a vazão do extrusado. Isto proporciona um melhor sincronismo. No segundo caso a
extrusora envia material para o cabeçote continuamente e um acessório conhecido como
acumulador que recebe o polímero fundido e só empurra para a matriz quando desejado
através de um pistão. Embora os princípios de moldagem por sopro através de extrusão sejam
relativamente simples, alguns aspectos do processo tornam este tipo de conformação de difícil
controle. O parison deve ser extrusado verticalmente para baixo. O efeito da gravidade faz
com que ocorram heterogeneidades no extrusado devido ao fenômeno de sagging e de
estiramento (draw-down). A combinação complexa de inchamento e de afinamento em
determinadas regiões do parison faz com que os artigos produzidos através deste processo
apresentem dificuldades para manter a espessura da parede do produto uniforme. Este tipo de
dificuldade pode ser amenizado com uso de um controle programado nos métodos de rosca
recíproca ou de acumulador por pistão. Através destas alternativas a espessura do parison
possa ser distribuída para proporcionar o perfil de espessura desejado do moldado após o
sopro. Considerando que a moldagem por sopro apresenta um ciclo de moldagem e que a
etapa de resfriamento do moldado seja a mais demorada, sistemas especiais de resfriamento
têm sido desenvolvidos para encurtar o máximo o tempo de moldagem por sopro. Na
produção de vasilhas sopradas por extrusão a orientação circunferencial prevalece sobre a
orientação axial, pois não existe puxamento do parison. A homogeneização da orientação no
produto moldado por sopro pode ser conseguida através de um processo de estiramento do
parison, conforme pode ser observado na Figura 1.33. A orientação biaxial é conseguida antes
da etapa de sopro e melhora principalmente o desempenho de garrafas utilizadas em
embalagens.
32
Figura 1.33. - Processo de estiramento durante a conformação de vasilhas por sopro
através da técnica de extrusão (Crawford).
A extrusão pode ser utilizada para fabricar produtos revestidos ou recobertos com
polímeros. Papéis, tecidos e metais podem ser revestidos por plásticos para diferentes
aplicações, incluindo embalagens (tetra-pak), isolamento de fios e cabos, tecidos têxteis
plastificados, etc. O volume de fios e de cabos recobertos com plásticos isolantes é bastante
significativo na aplicação destes produtos nas áreas eletro-eletrônicas e automotivas. O
processo se resume no aquecimento prévio de um fio metálico que passa dentro da matriz por
onde um polímero fundido reveste o fio condutor. Este processo ocorre em velocidades entre
1 a 1000 m/s. A Figura 1.34 ilustra o processo de recobrimento de fios. O fluxo do polímero
fundido dentro da matriz é relativamente complexo pois além do fluxo sob pressão sofrido ao
passar pela matriz recebe o fluxo de arraste proporcionado pelo fio se movendo dentro da
matriz. A Figura 1.35 ilustra o revestimento de tecidos e papéis com plásticos.
33
Figura 1.35. - Processo de revestimento de tecidos através a técnica de extrusão.
(Crawford)
Telas de plásticos também podem ser fabricadas via processo de extrusão. Estas telas
podem ser usadas na construção civil para reter solo (Tensar) em pavimento de estradas. A
34
Figura 1.37 ilustra a fabricação das telas de plásticos. Uma chapa fina com controle de
espessura de alta tolerância é extrusada. Ao sair da matriz o filme sofre uma perfuração
precisa. A partir desta etapa o filme é estirado biaxialmente de tal forma que os orifícios são
abertos uniformemente formando a rede na forma de tela. O processo de orientação
equilibrada proporciona uma resistência à tração bastante elevada.
O uso de produtos poliméricos espumados pode ser obtido através do processo de
extrusão. A baixa densidade aliada a rigidez necessária, além da elevada resistividade térmica,
faz com que estes produtos sejam bastante utilizados no setor de isolamento térmico. A única
diferença entre o processo convencional de extrusão e a fabricação de espuma extrusada é a
adição de agente de sopro à massa polimérica fundida. Dentro da matriz ou logo após a saída
da matriz o polímero é espumado, calibrado, resfriado e recolhido. Existem vários métodos de
espumação, entre eles, física, físico-química e química. A combinação dos métodos e da
conformação proporciona várias técnicas conhecidas como processos Celuka, Armocel,
BASF, Scherer/Trier, etc.
Para uma abordagem mais detalhada, tanto qualitativa como quantitativa, do processo
de extrusão de polímeros baseada nos princípios de engenharia do processo, como também os
35
aspectos de desenvolvimentos tecnológicos associados ao processo de extrusão, os autores
recomendam os seguintes principais livros de referência: -
36
CAPÍTULO 2
37
2.1 - COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE POLÍMEROS FUNDIDOS
2.1.1 - INTRODUÇÃO
Essencialmente a grande maioria de materiais poliméricos, sejam eles termoplásticos,
algumas resinas termofixas e os elastômeros, são submetidos a deformações ou escoamento
no estado fundido durante o curso dos seus processos de transformação em produtos
acabados. Importantes processos de transformação tais como moldagem por injeção,
extrusão, calandragem, etc., todos requerem o escoamento do polímero fundido em maior ou
menor grau, de acordo com as características específicas do processo e suas condições de
processamento. Portanto, torna-se importante o conhecimento das propriedades de
escoamento dos polímeros para que estes sejam transformados sob condições ideais de
processamento em produtos acabados de boa qualidade a baixos custos de fabricação.
Literalmente, o termo "reologia" tem a sua origem no termo grego "reo" que significa
escoar. Portanto, reologia é a ciência que trata da deformação e escoamento dos materiais.
Porém, esta ciência é hoje considerada mais abrangente, incluindo quase todos os aspectos do
estudo de deformação de materiais sob influência de forças externas impostas - isto é, o
estudo organizado para relacionar a constituição da matéria (resposta interna do material) à
observações físicas quando a mesma é submetida à esforços externos.
O fato da maioria dos engenheiros e tecnólogos encarar reologia com certa reserva ou
mesmo aversão, se deve ao estigma de complexidade criado em volta deste ramo da física,
onde aparentemente os reólogos teóricos esbanjam nas suas complexas teorias matemáticas
baseadas em análise tensorial e mecânica contínua, as quais estão em geral fora do alcance da
maioria dos tecnólogos e processadores de polímeros. Experiência tem inclusive
demonstrado que estas teorias nem sempre se aplicam adequadamente a situações reais de
processamento. Mesmo assim, é inegável a valiosa contribuição que o profundo
desenvolvimento dos fundamentos teóricos das diversas ramificações no campo da reologia
tem prestado para a solução de inúmeros problemas tecnológicos e inclusive propiciando para
o aprimoramento e desenvolvimento de novas técnicas para processamento de materiais
poliméricos. Portanto, este capítulo tem como finalidade de apresentar de forma simplificada
ao principiante nesta matéria, alguns aspectos teóricos sobre o estudo das propriedades
reológicas de polímeros fundidos, de forma a permiti-lo relacionar a constituição do material
às observações físicas durante o seu processamento. Tal entendimento poderá lhe propiciar
38
eventualmente muitas vantagens, entre as quais as seguintes são provavelmente as mais
importantes:
i) A partir da caracterização reológica de polímeros, é possível efetuar a seleção precisa
do tipo determinado de polímero (ou formulação polimérica) mais adequado ao processo de
transformação ou tipo de produto, conforme as condições específicas de trabalho.
i Através do comportamento reológico de polímeros é possível a detecção e o
entendimento das falhas de processamento e defeitos nos produtos que são essencialmente de
origem reológica, de forma a permitir que soluções lógicas possam ser adotadas para corrigir
as condições de processamento, reduzindo ou até mesmo eliminando a falha observada.
(iii) A partir da modelagem matemática do processo específico de transformação
(reologia de processamento), é possível estabelecer relações qualitativas ou até mesmo
quantitativas entre fatores tais como as características do equipamento de processamento (ex.:
descarga da extrusora, consumo de potência e tipo de matriz de extrusão, etc.) com as
propriedades reológicas do polímero (ex.: viscosidade e elasticidade) e as variáveis
operacionais tais como temperatura e pressão de processamento.
iv) Eventualmente, com o aprimoramento dos conhecimentos sobre a reologia de
processamento de polímeros será possível elaborar cálculos para projetos de
dimensionamento de ferramentas de conformação no processamento de materiais poliméricos,
tais como roscas e matrizes para extrusão, moldes de injeção, etc., tudo com a finalidade de
adequar o equipamento às características reológicas do polímero ou ao tipo de produto
desejado, ou até mesmo para inovar os processos de transformação de polímeros.
v) Por último, o estudo das propriedades reológicas de polímeros pode ser utilizado
como um instrumento de caracterização para obtenção de informações sobre a estrutura
molecular do polímero.
39
portanto, ocorrendo escoamento ou fluxo do material.
Assim, é através das relações entre a tensão, deformação e tempo que poderemos
classificar o comportamento reológico dos diversos materiais. Estas relações quando
expressas em termos matemáticos, nos fornecem as equações reológicas do estado ou
equações constitutivas do material.
E.
G
Figura 2.01 - Relação entre tensão-tempo e deformação-tempo para sólido ideal Hookeano (a)
e relação tensão-deformação para mesmo sólido Hookeano (b).
40
ii) Fluido Ideal Newtoniano
O comportamento tensão-deformação deste fluído ideal pode ser mais bem visualizado
na Figura 2.02, se imaginarmos duas placas paralelas de grande área (A), separadas a uma
distância (y) por um fluído ideal. Se uma força de cisalhamento (F) for aplicada na placa
superior de forma a movimentá-la com uma velocidade (v), então as setas indicam a
velocidade das diversas camadas do fluído em relação a velocidade da placa móvel.
Neste caso, o fluído está sendo cisalhado devido a existência de diferenças de velocidades das
linhas materiais na direção normal, e este tipo de escoamento é conhecido como fluxo de
arraste. O gradiente de velocidades é linear, sendo que o fluído assume a velocidade da placa
em que está em contato. A tensão requerida para gerar este tipo de deformação cisalhante é
chamada de tensão de cisalhamento ( = F/A), e a diferença de velocidades das linhas
materiais por distância unitária (normal à direção de fluxo) é chamada de taxa de
cisalhamento ( = dv/dy)
41
fluídos que apresentam o comportamento ideal Newtoniano são a água, certos líquidos
comuns e os gases.
= f () (2.02)
e sua representação gráfica é apresentada na figura 2.03. O exemplo mais simplificado desta
classe de fluídos é o fluído Newtoniano e neste caso a equação constitutiva é dada como:
42
(a) (b)
Figura 2.03 - Classificação gráfica de (a) fluídos independentes do tempo e (b) fluídos da Lei
das Potências.
Outro exemplo de fluído desta classe é o fluído Bingham. Neste caso, nenhuma
deformação ocorre até atingir uma tensão mínima de escoamento (e), após a qual observa-se
uma relação essencialmente linear entre os dois parâmetros de fluxo. / .
- e = p . (2.04)
= a . n (2.05)
onde, a tensão de cisalhamento não é mais uma função linear, mas sim uma função
exponencial da taxa de cisalhamento. a é a viscosidade aparente e é definida como sendo a
relação entre / , enquanto "n" é o fator de potência (obtido da inclinação da curva log
versus log na figura 2.03-b) e indica em quanto o fluído se afasta do comportamento
Newtoniano. Três situações distintas são consideradas para o caso dos fluídos da Lei das
Potências:
(i) quando n = 1 - isto reduz equação (2.05) para a situação dos fluidos Newtonianos.
43
(ii) quando n < l - neste caso, para um dado aumento na , o aumento proporcional na
K. n (2.06)
44
A. v (2.06-a)
Portanto, um gráfico de log versus log apresenta uma relação linear e a inclinação da reta
fornece o valor de n, o índice de comportamento do fluxo, o qual varia entre zero e unidade
para fluídos pseudoplásticos (vide Figura 2.03-b). O intercepto da reta no eixo de log
(geralmente à log = 0) fornece o valor de K , o fator de consistência do fluído.
Por analogia com fluídos Newtonianos, equação (2.03)- pode ser escrita como:
a / (2.07)
K n
K
n 1
a (2.08)
Portanto, a equação (2.08) demonstra que desde que os valores de n sejam menores que
unidade, a a de fluídos pseudoplásticos diminui com aumento na taxa de cisalhamento.
O comportamento de escoamento viscoso de fundidos poliméricos é considerado
invariavelmente como sendo pseudoplástico e obedecendo a equação da Lei das Potências
(pelo menos num intervalo de 1-2 ordens de grandeza de ). Entretanto, num intervalo mais
amplo de , estes fluídos não obedecem perfeitamente a lei das Potências; isto é: n (< 1) não
é constante mas diminui com aumento da taxa de cisalhamento, tal como apresentada na
Figura 2.03-b. A valores de taxa de cisalhamento muito baixa ou muito alta, os polímeros
fundidos exibem um comportamento essencialmente Newtoniano, tal como apresentado na
figura 2.05.
O comportamento generalizado de fluxo viscoso dos polímeros fundidos, tal como
apresentado na Figura 2.05, pode ser raciocinado em termos da sua estrutura molecular. A
taxas de cisalhamento muito baixas, o efeito da aleatoriedade advinda da movimentação
térmica dos segmentos das cadeias poliméricas transpõe qualquer tendência ao alinhamento
molecular no campo em cisalhamento.
45
Figura 2.05 - Classificação generalizada do fluxo viscoso de polímeros fundidos.
Portanto, as cadeias poliméricas estão no seu estado mais aleatório e altamente emaranhadas e
apresentam a maior resistência ao deslizamento entre elas, de forma que o polímero fundido
apresenta inicialmente um comportamento essencialmente Newtoniano (patamar Newtoniano
superior). Com aumento na taxa de cisalhamento, as cadeias poliméricas começam a se
desemaranhar e alinhar na direção do campo em cisalhamento, reduzindo a resistência ao seu
deslizamento relativo. Portanto, conforme mais e mais cadeias se alinham, um número menor
delas se opõem à deformação cisalhante, de forma que um incremento na taxa de
cisalhamento resulta num incremento proporcionalmente sempre menor na tensão de
cisalhamento. Isto explica o comportamento reológico viscoso essencialmente pseudoplástico
dos polímeros fundidos num intervalo amplo de taxa de cisalhamento, correspondente à faixa
dos principais processos de transformação (ie. na faixa de 101 até 105 segs-1). Finalmente, sob
cisalhamento bastante severo, as cadeias poliméricas estarão totalmente desemaranhadas e
alinhadas, e atingirão um estado de mínima resistência ao seu escoamento a taxas elevadas de
cisalhamento, e o polímero apresentará o segundo patamar Newtoniano inferior.
Eventualmente, cisalhamento muito intenso deverá provocar cisão em grande escala nas
ligações primárias das cadeias poliméricas, resultando na degradação termo-mecânica do
polímero fundido.
Cabe mencionar aqui que no comportamento reológico real de polímeros fundidos, o
fluxo predominantemente viscoso (pseudoplástico) é sobreposto por manifestações parciais da
deformação elástica recuperável, o que tende a complicar a análise de fluxo de polímeros
fundidos durante o seu processamento. Estes efeitos viscoelásticos manifestam-se durante o
46
processamento na forma de fenômenos tais como inchamento de extrudado, fratura do
fundido, pele de cação, etc. Para fins de simplicidade, estes efeitos da elasticidade de
polímeros fundidos são geralmente analisados separadamente do comportamento de fluxo
viscoso, apesar de que a sua influência nas propriedades viscosas de polímeros fundidos deve
ser levada em consideração numa análise de escoamento mais detalhada.
A rigor, tanto tixotropia como reopexia são considerados como sendo fenômenos
essencialmente reversíveis; isto é, se num fluído tixotrópico o cisalhamento for interrompido
por um intervalo de tempo, a sua viscosidade devera aumentar novamente. Para explicar o
comportamento tixotrópico, consideremos um fluído pseudoplástico, num viscosímetro
rotacional, sendo submetido a uma aceleração e desaceleração de cisalhamento ( ) constante
pelo mesmo intervalo de tempo. Teremos neste caso duas possibilidades, tal como
representadas na Figura 2.07:
47
Figura 2.07 - Características das curvas de fluxo (em ciclo de histerese) de um fluído
pseudoplástico num viscosímetro rotacional.
ii) Porém, caso a taxa de reformação estrutural for mais lenta que a taxa de colapso da
estrutura, teremos então o ciclo de histerese. Esse fenômeno do ciclo de histerese num fluído
pseudoplástico é chamado de tixotropia. Portanto, o fluído tixotrópico é um fluído
pseudoplástico no qual a a é temporariamente reduzida pela deformação cisalhante anterior
sofrida pelo material. Um fluído tixotrópico é normalmente pseudoplástico, porém o
contrário não é muito comum. Da mesma forma, como no caso de tixotropia, o fenômeno do
ciclo de histerese num fluído dilatante é chamado de reopexia.
48
(C) - FLUIDOS VISCOELÁSTICOS (ou ELÁSTICO-VISCOSOS)
Trata-se de sistemas que exibem propriedades intermediárias de sólidos elásticos e
fluídos viscosos. O termo elástico-viscoso é empregado para sistemas fluídos que são
essencialmente viscosos (ie. permitindo deformação contínua com o tempo), porém,
manifestando traços característicos de sólidos elásticos e, consequentemente, apresentando
recuperação parcial da deformação elástica sofrida após remoção da tensão aplicada. O termo
viscoelástico é empregado para sólidos que exibem essencialmente elasticidade, porém com
manifestações parciais típicas de líquidos viscosos. Não existe uma distinção nítida entre
estes dois tipos de comportamento, sendo inclusive comum referir-se a estes sistemas
simplesmente como fluídos viscoelásticos.
Materiais poliméricos, tanto no estado sólido, fundido ou em solução, apresentam grau
variado de comportamento viscoelástico. Uma observação prática do comportamento
viscoelástico de polímeros é o conhecido "efeito da Weissenberg", que se caracteriza pelo
fato do polímero, em soluções concentradas ou no estado fundido, subir as paredes de um
bastão girando num recipiente contendo estes fluídos. Outros exemplos práticos dos efeitos
viscoelásticos manifestados durante o processamento de polímeros fundidos são: inchamento
do extrudado, fratura do fundido, pele-de-cação, etc. O comportamento elástico-viscoso de
polímeros fundidos é geralmente atribuído ao fato das cadeias longas macromoleculares
assumirem uma configuração orientada quando submetidas a uma tensão. Porém, na remoção
da tensão, as vibrações rotacionais das ligações moleculares induzem as cadeias a reassumir o
seu estado original de aleatoriedade, conduzindo assim a uma contração numa das direções
(geralmente no principal eixo de tensão) e uma expansão nas direções perpendiculares. Isto
implica em dizer que no caso de fluidos elasticoviscosos, tipificado por polímeros fundidos, a
deformação aplicada ao fluído resulta não apenas em tensões de cisalhamento, mas também
gera componentes de tensões normais. Tensões compressivas ou pressões hidrostáticas
atuando na superfície destes fluídos são consideradas como sendo equivalentes as tensões
normais. Portanto, o aparecimento das tensões normais é que contribui para a manifestação
dos acima referidos efeitos elásticos durante o escoamento de polímeros fundidos. Outro
exemplo de tensões normais que resultam num tipo de escoamento considerado como não
sendo fluxo de cisalhamento é o caso da aplicação de uma tensão tracional num filamento de
polímero fundido, resultando no conhecido fluxo extensional ou de alongamento.
Portanto, para fluídos viscoelásticos, a viscosidade somente não é suficiente para
descrever o seu comportamento reológico. Várias tentativas têm sido feitas para derivar
equações que representem fielmente o comportamento viscoelástico de polímeros fundidos.
Infelizmente, equações reológicas de estado mais simplificadas geralmente nem sempre se
49
ajustam adequadamente às observações experimentais, principalmente quando efetuadas a
altas . Enquanto as equações derivadas mais rigorosamente são normalmente de analise
matemática muito complicada ou incluem um número grande de parâmetros, dificultando da
mesma forma a sua avaliação. A complexidade na descrição matemática de fluxo nestes
casos se deve principalmente à peculiaridade das grandezas da tensão e deformação. Por
exemplo, para caracterizar perfeitamente o estado de tensão, representado pelo tensor tensão
"Γ", é necessário uma matriz de ordem 3 como mostrado à seguir:
onde, nas tensões ij , o subscrito 1 indica a direção de fluxo, o subscrito 2 indica a direção
perpendicular ao fluxo (ie. na direção do gradiente de velocidades) e o subscrito 3 é a
chamada direção neutra. As tensões ij são chamadas de tensões normais quando í = j, e de
tensões de cisalhamento quando i - j. Portanto, 12 é a tensão de cisalhamento e 11, 22 e 33
são as tensões normais. Do ponto de vista reológico, o valor absoluto das tensões normais 11,
22 e 33 não tem nenhum significado maior. Porém, são importantes os valores das diferenças
(11 - 22) e (22 - 33), chamadas respectivamente da primeira e segunda diferença de tensões
normais. Neste caso, considerando o fluído incompressível e assumindo características
viscoelásticas, então as tensões normais sob deformação apresentam valores não-zero, de
forma que é esperado que a diferença entre a tensão normal axial e a tensão normal
perpendicular a esta, aumente com aumento na taxa de deformação.
Em geral, por questões de simetria pode-se provar que:
De forma que somente 5 componentes da tensão são suficientes para definir o fluxo cisalhante
simples, e o tensor de cisalhamento Γ poderá ser escrito como:
50
11 12 0
0 0 33
12 = ( ) (2.09-a)
( ) = a = constante
e
(11 - 22) = (22 - 33) = 0
Pelo exposto acima, torna-se claro que a complexidade envolvida na derivação das
equações de estado para descrever com algum grau de precisão o comportamento reológico de
fluídos viscoelásticos, tipificados por polímeros fundidos, implicará em derivações
matemáticas muito complicadas que estão fora do alcance deste capítulo introdutório à
reologia de polímeros fundidos. Portanto, para fins de simplicidade, estes efeitos de
elasticidade de polímeros fundidos serão analisados separadamente do seu comportamento de
51
fluxo viscoso. Consequentemente, no próximo item (2.1.3.2) sobre escoamento através de
canais de geometria simplificada como é o caso de fluxo capilar, a influência da elasticidade
de polímeros fundidos será ignorada para efeito da derivação das equações matemáticas de
fluxo viscoso, e será somente analisada brevemente para efeito de correção dos dados
experimentais de reometria capilar (vide item 2.1.4.2), visto que as tensões normais se
manifestam naqueles pontos do sistema em fluxo onde ocorre uma mudança na seção
transversal do canal (ie. na região de entrada e saída do capilar). Posteriormente, as
informações práticas da análise destes efeitos viscoelásticos no processamento de polímeros
serão analisadas no item (2.1.6) deste capítulo.
2.1.3.1 - INTRODUÇÃO
Antes de detalhar as derivações das equações de fluxo em canais de diversas geometrias
(ie. a chamada modelagem matemática), consideramos útil conhecer os tipos de escoamentos
normalmente existentes no processamento de polímeros fundidos. O fluxo de arraste (vide
Figura 2.02), devido ao movimento relativo de uma ou mais superfícies de contorno com
respeito a outras superfícies contendo o fluído, é de suma importância no processo de
extrusão para o transporte do polímero fundido ao longo do canal helicoidal da extrusora.
Neste caso, o movimento relativo da superfície da rosca em relação à superfície interna
estacionária do barril, induz o fluxo de arraste do polímero fundido dentro do canal da
extrusora na sua zona de controle de vazão e, portanto, contribuindo para o transporte do
mesmo sob pressão até o cabeçote da extrusora. Outro tipo de escoamento ainda mais comum
é o fluxo de pressão, que ocorre em função da existência de um gradiente de pressão aplicado
ao fluido (vide Figura 2.08-a). O exemplo mais comum deste tipo de escoamento é o fluxo de
água quando se abre a torneira de água. Neste caso não existe movimento relativo das
superfícies de contorno e, portanto, este é um fluxo puramente derivado da diferença de
pressão. Na maioria dos processos de extrusão, o escoamento através da matriz de extrusão é
essencialmente de pressão, devido a pressão na entrada da matriz (ie. a pressão no cabeçote)
ser maior que a pressão na saída, sendo que o fluxo será maior quanto maior for a pressão no
cabeçote. Em outros tipos de matrizes de extrusão, como no caso de revestimento de fios
elétricos, temos uma combinação de fluxo de arraste (devido ao movimento do fio dentro do
canal da matriz) e
52
Figura 2.08 - Fluxo de pressão (em cisalhamento) de um fluído num tubo capilar (a) e fluxo
extensional (ou de alongamento) num canal convergente (b).
53
do método mais útil para investigar as propriedades de escoamento e a processabilidade das
diversas categorias de materiais poliméricos. Também, devido a sua relativamente alta
viscosidade, fluxo laminar é muito mais comum em polímeros fundidos do que em outros
fluídos não-poliméricos, principalmente à altas taxas de cisalhamento comuns aos processos
de transformação de polímeros.
Para derivar as relações quantitativas entre tensão de cisalhamento e taxa de
cisalhamento em fluxo de pressão cisalhante, algumas hipóteses são assumidas como
verdadeiras:-
i) A velocidade do fluído na parede de contorno é zero, ie. não existe deslizamento na
parede do tubo.
ii) O fluído é independente do tempo. = f ()
iii) O regime de fluxo é laminar e o perfil de velocidades é constante ao longo do
capilar.
iv) O fluxo é isotérmico e incompreensível.
Evidentemente, nem sempre essas hipóteses são válidas para o fluxo de polímeros
fundidos em condições reais de processamento, e é por isso necessário efetuar correções
posteriores nas equações reológicas para processamento de polímeros fundidos.
54
movimentando ao longo do capilar. Na Figura 2.09 temos um tubo capilar de comprimento L
e raio R, e com uma queda de pressão P entre as suas extremidades. Considerando o
balanço de forças atuando no elemento cilíndrico de fluído de comprimento dz, raio r e com
uma queda de pressão p ao longo do seu comprimento, então em equilíbrio:
P
2 r dz r 2 dz
z
força total de cisalhamento força total de pressão
Simplificando:
r P
(2.10)
2 z
rP
(2.11)
2L
RP
w (2.12)
2L
Esta relação simples entre tensão de cisalhamento na parede (w) e queda de pressão P
através do tubo capilar de comprimento L e raio R, é extremamente útil para medidas em
reometria capilar e aplicável a todos os fluídos independentes do tempo.
Agora, dividindo equação (2.11) pela equação (2.12), temos:
r
w (2.13)
R
55
- dv z
f (2.14)
dr
onde, vz é a velocidade linear do fluído à uma distancia radial r do eixo do capilar. A taxa de
cisalhamento varia de zero ao longo do eixo do capilar até um valor máximo ( w ) na parede
do capilar.
Para o cálculo da vazão volumétrica (Q) através do capilar, consideramos o fluído como
sendo composto de várias conchas anulares finas escoando telescopicamente uma dentro da
outra. O volume de concha anular de fluído com espessura dr raio r e altura vz é igual a
2r v z dr . Visto que vz é a taxa de fluxo linear, então integrando com respeito a r entre os
limites zero e R, teremos a taxa de vazão volumétrica (Q):
R R
Q 2r v z dr 2 r v z dr
0 0
v du uv
u dv . Aqui du r dr , de forma que u = r /2, e então:2
R
r 2 R R r
2
Q 2 v z r dr 2 v z ( ) dv z
2 0 2
0 0
dv z
ou, usando a definição , podemos re-escrever:
dr
R
Q r 2 dr
0
Agora, substituindo o valor de r = R da equação (2.13) e integrando com a tensão
w
de cisalhamento () com variável:
56
w R 2 2 R
Q
d
0 2w
w
R3 w 2
Q
3w
0 d
Q 3w w 2
d (2.15)
R 3 0
1 3 dQ
3 w
32w Q 2w w
R d w
1 dQ
w 3
3Q P (2.16)
R dP
mensuráveis R, Q e P.
3 4Q d 4Q / R 3
w 3 w
(2-17)
4 R 4 d w
O último termo da equação (2.16) esta na forma de y dx e lembrando que:
dy
57
utilizando esta regra e rearranjando equação (2.16), nos temos:
4Q 3 1 d log (4Q/R 3 )
w (2.18-a)
R 3 4 4 d log (RP/2L
8V 3 1 d log (8V/D
também: w (2.18-b)
D 4 4 d log (DP/4L)
Q
onde, a velocidade média do fluído no tubo, V = e D = 2R.
R 2
4Q 3n '1 3n '1
w 3 ap, w (2.18-c)
R 4n ' 4n '
d log (RP/2L)
onde, n'
d log (4Q/R 3 )
cisalhamento real na parede do tubo w para os fluídos da lei das Potências, a partir dos
f / a
Portanto, substituindo f() = = /a na equação (2.15), para vazão volumétrica Q em fluxo
capilar, temos:
58
Q 1 w 3 1 4w
R 3
a 3w
0 d .
3w 4 a
R 3 . w
Portanto, Q
4a
.R 4 P
Q (2.19)
8 a L
R.P 4Q
a . 3 (2.20)
2L R
onde o termo (4Q/.R3) é referido como taxa de cisalhamento aparente na parede a , para o
1
n
K . n
ie. f
K
1
Q 1 w n
3
3 2 d
R w 0 K
w
2 n 1
3n 1
Q 1 w n 1
n
R 3
3
w
0 1
d
3w 1 3n 1
K n K n
0
n
59
1
1 n n
w
K 3n 1
R.P
substituindo w = na equação acima, temos:
2L
1
R P n n
Q R 3 (2.21)
2LK 3n 1
dv z
f (2.14)
dr
onde, vz (r) é a velocidade linear do fluído a uma distância radial r do eixo do capilar. Então
separando as variáveis e integrando entre os limites "r" e "R", temos:
v z R R
dv z f () . dr
v z r r
v z (r ) f dr
R
(2.22)
r
a ie. f ( ) /a
60
Neste caso, substituindo f() = /a na equação (2.22) e lembrando que = w (r/R) (da
equação 2.13), temos:
R r R r
v z (r ) w dr w r dr
r R a a R
Integrando temos:
w R 2 - r 2
v z r
a 2R
R P
e substituindo w na equação acima temos:
2L
P
v z (r ) ( R 2 r 2 ) (2.23)
4η a L
Q 8.a .L
P
R 2 R2
8 a L
vz (2.24)
R2
onde, v z = Q/R2 é a velocidade média de fluxo. Agora substituindo P da equação (2.24)
na equação (2.23), temos:
r 2
v z r 2 .v z 1 - (2.25)
R
1
K . n ie. f / K n
dv z r P 1 / n
Portanto, / K 1/ n
dr 2LK
1
1
vz ( R ) P n R n
dv z r dr
vz (r )
2LK r
61
simplificando temos:
1
P n n n 1
v z (r ) R r n (2.26)
2LK n 1
Agora, utilizando a equação (2.21) para vazão volumétrica de fluxo Q na seguinte forma:
n 1
Q n P 1 / n
R n vz
R 2
3n 1 2LK
Portanto:
1/ n
P 3n 1 1
vz (2.27)
n 1
2LK n
R n
n 1
3n 1 r n
v z (r ) v z 1- (2.28)
n 1 R
Equação (2.28) fornece o perfil de velocidades para fluídos da Lei das Potências.
Representações gráficas da equação (2.28) são apresentadas na forma adimensional na Figura
2.10, para diversos valores de n, índice de comportamento de fluxo. Para n = 1 (fluído
Newtoniano), o perfil de velocidades assume a forma perfeita parabólica. Para n < 1
(comportamento pseudoplástico), o perfil de velocidades assume uma forma de parábola
achatada, enquanto para n > 1 (comportamento dilatante), o perfil torna-se alongado,
conforme apresentado na Figura 2.10.
62
Figura 2.10 - Perfil de velocidade para fluxo isotérmico de fluídos da Lei das Potências em
tubos cilíndricos.
63
Para os detalhes específicos da análise matemática de fluxo em canais de diversas
geometrias, o autor recomenda leitura na bibliografia citada em anexo(1,3,4). Aqui,
apresentamos resumidamente somente os principais resultados para fluxo entre placas
paralelas e matriz anular.
H.P 6Q
a . (2.31)
2L WH 2
WH3 P
Q (2.32)
12 a L
64
Neste caso, para um fluido independente do tempo temos a vazão dada por:
1 / n"
( R i R e ) ( R e R i ) 2 ( R e R i ) P
Q 2 L K" (2.33)
6
e a taxa de cisalhamento na parede:
2 dQ
w 2Q P (2.34)
π(R i R e ) (R e R i ) 2 dP
( R e R i ).( R e R i ) 3
Q P (2.35)
12 L a
65
Figura 2.11 - Diagrama esquemático de viscosímetro de cilindros coaxias (tipo “cup/bob”) em
fluxo Couette.
J
r (2.36)
2 r 2 L
d
r r (2.37)
dr
z
d J
r m 2
dr 2r L
2
d J
r C z r -2z (onde : C z m )
dr 2L
66
Portanto: d C z r 2 z r 1 dr (2.38)
2 z
C r R 1
r z
2z
Agora para r = R2 e r = cup ie. a velocidade de rotação angular do cilindro externo (cup),
então temos:
-2z
C (R - R 2 )
cup z 1 (2.39)
2z
2 z
r
r 2z cup
R1 R 2
usando um raio geométrico médio rgm = (R1.R2)1/2, chegamos finalmente nas equações de
tensão de cisalhamento e taxa de cisalhamento num viscosímetro de cilindros coaxiais:
J
r ,gm (2.40-a)
2 R 1 R 2 L
2 z cup
r ,gm (2.40-b)
(R 2 / R1 )z (R1 / R 2 )z
67
Figura 2.12 - Diagrama esquemático do viscosímetro de cone e placa.
r
r
r tan tan
r / (2.41)
dJ
df 2r dr r (2.42)
r
J R 2
0 dJ 2 r 0 r dr J
3J
Portanto, r (2.43)
2R 3
68
r 3J / 2R 3
De forma que, a (2.44)
r /
69
polímero e são normalmente restritos para testes de controle de qualidade do processo de
fabricação dos diversos tipos de resinas de um mesmo polímero.
R c P F Dc
w (2.45)
2L c D 2p Lc
4Q 2 D2b
a VXH 3 (2.46)
R 3c 15 Dc
70
Figura 2.13 - Diagrama esquemático de um reômetro capilar Instron®, com taxa de extrusão
constante (11).
3n '1
( w ) ( a ) (2.47)
4n '
cisalhamento ( = 10-1 - 105 segs-1) e a partir de um gráfico de log w versus log obtém-se
as curvas de fluxo de viscosidade aparente (a) em função de log a ou log w. Na Figura
71
(2.14-a) são apresentadas as curvas de a versus para alguns termoplásticos, enquanto na
i) Queda de pressão no barril de extrusão é nula ie. não existe perda de transmissão
de pressão do barril.
ii) O gradiente de pressão ao longo do comprimento do capilar é constante ie. o
gradiente é linear com a distância axial.
iii) A pressão na saída do capilar é zero.
iv) O fluxo é independente do tempo.
v) Não existe deslizamento na parede do tubo.
vi) Fluxo do fundido polimérico é isotérmico e incompressível.
72
Portanto, as curvas de fluxo obtidas por reometria capilar estão sujeitas a várias fontes
de erros e, consequentemente, é importante considerar a validade das suposições acima
expostas, de forma que seja possível avaliar o grau do erro envolvido em cada situação, e daí
efetuar as correções nos dados de reometria capilar. Estes dados assim corrigidos poderão ser
então utilizados nos projetos de re-escalonamento (“scale-up”) das operações industriais de
processamento de polímeros. Aqui apresentamos alguns dos erros mais relevantes e suas
correções para o caso particular do reômetro capilar Instron considerado no item anterior.
73
P = Pent. + Pcap. + Psaída
Bagley (12) raciocinou que o efeito final desta considerável queda de pressão na entrada
da matriz poderia ser entendido como um aumento fictício no comprimento real do capilar, no
qual estaria ocorrendo a verificada queda de pressão na entrada. Este aumento fictício no
comprimento na entrada do capilar é comumente expresso como o produto de nB, o termo de
correção de Bagley, e o raio Rc do capilar. Bagley constatou através de um gráfico (Figura
2.16) que a queda de pressão total no capilar, para diversas relações de comprimento/diâmetro
(Lc/Rc) do capilar, é essencialmente linear a valores constante de a . Portanto, caso uma série
de experimentos fossem efetuados, nos quais se varia a relação (Lc/Rc) do capilar a valores de
a (4Q/Rc3) constantes (e preferencialmente a Rc constante), então as curvas de Bagley de
P
w , r (2.48)
Lc
2 nB
Rc
74
Figura 2.16 - Curvas de Bagley para gráfico de queda de pressão P versus L/R do capilar
para fundido de polietileno. O intercepto negativo na abscissa fornece o termo
de correção para os efeitos terminais. (12)
fundido e a sua determinação é importante quando se usa matrizes com pequenos valores da
relação Lc/Rc = 5 - 10, comumente utilizados para matrizes de extrusão. Caso contrário, os
erros na determinação do w corrigido e não-corrigido poderão atingir diferenças de até 100
%. Entretanto, como o procedimento para determinação do fator de correção de Bagley é
relativamente laborioso, é recomendado o uso de capilares com (Lc/Rc) altos para minimizar
os erros devido aos efeitos de entrada.
Para um fluído da Lei das Potências em fluxo isotérmico, a queda de pressão no barril
(PB) e no capilar (PC), varia com (3):
75
3n 1
PB L B R C
(2.49)
PC L C R B
Portanto, equação (2.49) indica que para tornar o valor de PB irrisório, isto é, manter
o valor de (PC/PB) o mais baixo possível, será necessário utilizar capilares longos e com
valores para a relação (RC/RB) baixos. Também se observa que, quanto mais pseudoplástico
for o polímero fundido, maior será a influência das perdas de pressão no barril no valor
medido da queda de pressão total (P).
Figura 2.17 - Perdas de pressão no barril do reômetro capilar devido ao “efeito de cabeçote”.
4Q 1 4 w
R 3
4 VR 3
R w 0 2 d (2.50)
resulta numa reta cuja inclinação é 4 vezes a velocidade de deslizamento do fluído na parede
76
do tubo. A Figura 2.18 retrata o experimento acima proposto, e mostra que o plote horizontal
indica a condição de deslizamento nulo na parede do tubo.
Figura 2.18 - Gráfico de taxa de cisalhamento aparente ( a ) versus 1/R , à valores fixos de w
e (L/R), para detectar a ocorrência e o nível de deslizamento na parede do
tubo(3).
(3)
Conforme Bagley , o deslizamento na parede do tubo ocorre quando as tensões
desenvolvidas nas camadas do fluído em contato imediato com a superfície metálica da matriz
são superiores que a resistência adesiva do polímero fundido ao metal, ou então quando as
mesmas tensões são superiores à resistência coesiva do próprio polímero fundido. Uma
terceira situação levando ao deslizamento na parede pode ocorrer sob condições de um tipo de
co-extrusão, onde o polímero fundido é envolto em uma fina camada de material de menor
viscosidade. Este material de menor viscosidade pode ser um outro polímero ou lubrificante
exudando para a superfície ou até o mesmo polímero à uma temperatura mais elevada.
77
calor viscoso. Nestas condições é geralmente esperado que os efeitos de temperatura e
pressão no fluxo de polímeros fundidos se anulem mutuamente.
Por último, a luz das discussões acima apresentadas sobre os erros e correções
disponíveis para experimentos de reometria capilar de polímeros fundidos, Cogswell (7) sugere
que para finalidade de minimizar os efeitos dos erros, sem entretanto efetuar os laboriosos
procedimentos de correção, deve-se escolher matrizes capilares com relação L/R = 32 e
utilizar pressões hidrostáticas não muito elevadas.
2.1.5.1 - INTRODUÇÃO
Como já mencionado anteriormente, os polímeros fundidos manifestam, durante o seu
escoamento essencialmente viscoso nos diversos processos de transformação (ex. extrusão,
injeção, calandragem, etc.), traços característicos de sólidos elásticos e, consequentemente,
apresentam recuperação parcial da deformação elástica sofrida quando da remoção da tensão
aplicada. Os efeitos desta natureza viscoelástica de polímeros fundidos podem ser observados
durante o processamento na forma das seguintes principais manifestações:
78
Figura 2.19 - Ilustração da secção transversal de amostras extrudadas de HDPE a 180 °C (a)
geometria da matriz de canal retangular e em (b) a correspondente secção
transversal dos extrudados.
Figura 2.20 - Perfil da matriz de extrusão (a) modificado para compensar o inchamento do
extrudado e produzir perfil de secção quadrada.
79
recuperação depende da característica de relaxação do polímero fundido em questão.
Entretanto, o elemento de fluxo está também sujeito a uma deformação elástica cisalhante,
durante o seu percurso através do capilar, devido ao fluxo cisalhamento totalmente
desenvolvido no capilar. Portanto, na saída da matriz capilar, o extrudado polimérico tende a
recuperar a deformação elástica elongacional residual, devido ao efeito de entrada, e também
a deformação elástica cisalhante advinda do fluxo cisalhante totalmente desenvolvido.
D extrudado
B
D matriz
80
Figura 5.22 - Curva típica para inchamento de extrudado com aumento na taxa de
cisalhamento.
Figura 2.23 - Inchamento do extrudado (B = Dj/D) versus para HDPE extrudado numa
matriz capilar (L/D = 20) a várias temperaturas: (o) 180, () 200, ( ) 220 °C.(4)
81
dentro do capilar ainda contribui para o valor de B, de forma que as curvas de B tendem a um
valor assimptótico para (L/d) maiores (vide Figura 2.24).
Figura 2.24 - Inchamento do extrudado (B = Dj/D) versus (L/D) da matriz capilar para HDPE
a 180 °C e várias taxas de cisalhamento. (4)
82
(vi) Aumento no peso molecular médio ponderal ( M w ) aumenta a razão de
(3-7)
inchamento do polímero . Aumento na distribuição de peso molecular ( M w / M n ) de
polímeros lineares tende a aumentar o valor de B, apesar de certas divergências reportada para
(3,4,7)
polietilenos na literatura especializada . Cadeias poliméricas longas com ramificações
são mais compactas no estado fundido que as similares lineares de ( PM ) equivalentes e,
portanto, tendem a se emaranhar menos, de forma que apresentam normalmente menor
inchamento.
83
(3)
Segundo Tordella , a fratura do fundido tem a sua origem na "turbulência elástica"
localizada na região de entrada à capilar da matriz, onde as elevadas taxas de deformação em
fluxo de alongamento levam ao desenvolvimento de tensões superiores à resistência coesiva
do polímero fundido e, portanto, resultam em fratura do fundido. Porém, investigações de
(3)
Benbow e Lamb indicam que a origem deste defeito pode estar associada ao fenômeno de
“gruda-desliza” das camadas do fundido sendo arrastadas na parede da matriz, quando as
tensões desenvolvidas no fundido em fluxo cisalhante ultrapassam a resistência adesiva do
polímero com a superfície metálica da parede da matriz, resultando então na sua fratura. É
bem provável que ambos os efeitos acima mencionados contribuam para a fratura do fundido,
sendo que a maior parte das causas que levam a esta distorção sejam introduzidas pela
"turbulência elástica" na região de entrada da matriz, e o disparo da fratura ocorra em função
do fenômeno de "gruda-desliza" na interface polímero-metal. Na realidade, argumenta-se que
quando a fratura do fundido apresenta uma distorção regular, o disparo da mesma é atribuído
ao efeito de "gruda-desliza, e que distorções irregulares do extrudado são atribuídas ao efeito
da “turbulência elástica” na entrada da matriz. A seguir são apresentadas algumas
observações sobre o fenômeno da fratura de fundido, consideradas pertinentes ao
processamento de polímeros fundidos:
(i) Existe uma taxa de cisalhamento crítica c , correspondente à uma tensão de
Ângulos suaves de entrada ao canal da matriz (geralmente menores que 10°), reduzem
intensidade das tensões elásticas geradas e, conseqüentemente, aumentam o valor de c .
84
Figura 2.27 - Influência da temperatura do fundido nos valores críticos de c e c para
aparecimento da fratura do fundido. (3)
Figura 2.28 - Influência do peso molecular na c para início de fratura do fundido de PMMA(3)
85
Figura 2.29 - Representação esquemática da provável causa de “pele-de-cação” (3).
86
2.1.5.5 - ORIENTAÇÃO / TENSÕES INTERNAS CONGELADAS
Nos processos de transformação de polímeros, o nível médio de orientação ou tensões
internas congeladas na peça depende de:
87
relação ao comportamento elástico, o mesmo deve reter suficiente elasticidade para dar
estabilidade dimensional ou de formato ao produto fabricado.
Um aumento na temperatura do fundido normalmente melhora as características de
extensibilidade do polímero. Em polímeros de estrutura química similar e pesos moleculares
equivalentes, a redução na sua elasticidade também deve melhorar as suas características de
extensibilidade (ou estiramento).
O fenômeno de "neck-in", associado ao processo de extrusão de filmes rasos, é o efeito
que causa a redução na largura do filme extrudado na saída da matriz e é atribuído a uma
combinação de efeitos de inchamento e tensão superficial no material. Polímeros com altos
valores de razão de inchamento do extrudado, normalmente exibem pouca redução na largura
do filme extrudado.
88
2.2 – REOLOGIA DE PROCESSAMENTO NA EXTRUSORA
DE ROSCA SIMPLES
2.2.1 - INTRODUÇÃO:
89
2.2.2 - EQUAÇÃO DE FLUXO NUMA EXTRUSORA DE ROSCA SIMPLES
90
Figura 2. 31 – Um canal raso em curvatura colocado dentro de um cilindro em rotação. A
superfície interna do cilindro representa uma placa infinita em movimento.
Figura 2. 32 – Um canal retangular raso de comprimento finito “L” coberto por uma placa
infinita em movimento.
Figura 2. 33 – Canal retangular raso da Figura 2.32, com as suas dimensões (W/H > 10) e as
coordenadas retangulares definidas (direção Z ao longo do canal).
91
ao longo do canal. Considerando que a dimensão do canal na sua largura “W” é muito maior
que a da sua altura “H” (W/H > 10), podemos desprezar o arraste do fluído nas paredes
laterais dos filetes da rosca.
Considere agora um elemento de fluído de volume unitário e de dimensões tal como
descritas na Figura 2.34. O seu movimento é derivado pelas velocidades ( Vx , Vy e Vz ) nas
direções X, Y e Z respectivamente. Adotando a abordagem de mecânica contínua para um
balanço de forças atuando em cima deste elemento de fluído em equilíbrio, as forças geradas
pela contra-pressão (Figura 2.34-a) devem equilibrar com as forças viscosas geradas por
esforço cisalhante (Figura 2.34-b).
placa móvel
y Vo
H dy
dz
x z
placa fixa (a)
p.dxdy p
p dz dxdy
z
dvz dvz
dy dxdz
dy y dy
dvz
dzdx (b)
dy
Figura 2. 34 - Elemento de fluido de volume unitário no canal entre placas paralelas, sob
forças devido à pressão (a) e devido ao esforço cisalhante (b).
dv z P
(2.51)
y dy z
Agora assumindo que não existe movimento paralelo na direção OX, então a derivada
P
parcial de 0 , então o termo da derivada parcial de pressão com respeito a direção Z (do
x
lado direito da equação 2.51) se torna:
92
P dP
cons tan te
z dz
Também considerando o fluxo uniforme, isotérmico e Newtoniano, a torna-se constante e,
portanto a equação (2.51) pode ser representada da seguinte forma:
d2vz 1 dP
2
(2.52)
dy dz
1 dP 2
2a integração: vz y Ay B (2.54)
2 dz
(ii) à y H; v z V0 assumindo que fluxo na direção OX = zero; ie. não existe fluxo
de vazamento (retorno).
1 dP 2
Da condição (ii) V0 . .H AH
2 dz
Portanto:
V 1 dP
A o H (2.55)
H 2 dz
substituindo "A" da equação (2.55) na equação (2.54) e re-arranjando chegamos a equação de
movimento dada por Vz:
Vz
V0 y 1 dP
H
2 dz
Hy y 2 (2.56)
93
H
Q W .V z .dy
0
H V y
W 0
1 dP
2 dz
Hy y 2 dy
0
H
H
V 1 dP Hy 2 y 3
Q W o . y 2 .
2 2 2 3
0
H dz
VoH 1 dP 3
Q W H
2 12 dz
V0 WH WH 3 dP
Q (2.57)
2 12 dz
Figura 2.35 – Geometria da rosca simples de extrusão representando um passo (Ls) completo
da rosca e com o filete helicoidal apresentando um ângulo da hélice = .
94
Figura 2.38. Agora, o canal helicoidal raso e retangular da rosca está em movimento com uma
inclinação, em relação a superfície interna do barril, correspondente ao ângulo da hélice “ ”.
Figura 2.36 – Canal helicoidal raso em curvatura colocado dentro de um cilindro em rotação.
Figura 2.37 – Diagrama esquemático da extrusora de rosca simples, com a rosca girando
dentro do barril estacionário.
Vb D b N
Vbx D b Nsen
95
Figura 2.38 – Configuração geométrica do canal retangular raso da extrusora de rosca
simples, com a superfície interna do barril fazendo um ângulo de b em relação
à direção Z ao longo deste canal.
D b N cos WH W.H 3 dP
Q Fd 12 dz Fp (2.58)
2
Na equação (2.58), os termos Fd e Fp são os fatores de correção nos termos dos fluxos
de arraste e contra-pressão respectivamente, e representam o efeito negativo (Fd e Fp 1) do
arraste do fluxo nas paredes laterais dos filetes da rosca, reduzindo a vazão entre placas
paralelas infinitas. Os termos Fd e Fp são definidos pela equação:
16W i π.H
1
Fd 3
H i 1,3,5 i
tanh 3
2W
192H 1 iW
Fp 1 .
5 W i1,3,5 i 5
. tanh
2H
Q 1 H2 dP
(2.59)
Vbz WH 2 12Vbz dz
96
Na equação (2.59), verificamos que o valor máximo da eficiência de descarga
Q
volumétrica da extrusora será igual a 0,5. Na prática: 0,3 0,5 .
v bz WH
Figura 2.39 – Fatores de correção Fd e Fp nos termos dos fluxos de arraste e contra-pressão
respectivamente, em função da relação H/W do canal.
Figura 2.40 – Perfis de velocidades (uz = Vz/Vbz) para fluxo de arraste ao longo do canal da
rosca em função da relação H/W do canal.
Qp H 2 dP Fp
(2.60)
Qd 6Vbz dz Fd
97
fluído no canal da extrusora com máxima eficiência de mistura, porém a descarga da
extrusora será nula, conforme verificado na Figura 2.41.
Figura 2.41 – Perfis de velocidades para 3 tipos de fluxos: transversal (Vx/Vb) e ao longo do
canal (Vz/Vb) e na direção axial (Vl/Vb) da extrusora, em função de diversas
relações de (Qp/Qd).
Figura 2.42 – Caminho percorrido por uma partícula de fluído dentro do canal raso da
extrusora, em função de três situações distintas da relação de (Qp/Qd).
98
partícula na parte superior do canal (à = y/H = 0,9) e a linha tracejada o caminha da mesma
partícula de fluído após sua descida na parte inferior do canal (à = 0,35). Assim, o padrão
de deslocamento da partícula de fluído no canal da extrusora para as condições limite da
relação de (Qp/Qd) = 0 e (Qp/Qd) = -1, descritas anteriormente para a Figura 2.41 podem ser
visualizadas na Figura 2.42.
Finalmente, explorando a descrição acima relatada para o escoamento no canal da
extrusora, podemos visualizar na Figura 2.43 o fluxo circulatório descrito pela partícula de
fluido durante o seu avanço ao longo do canal retangular raso. Na Figura 2.44, este mesmo
padrão de fluxo circulatório helicoidal do fluído é representado no canal helicoidal raso da
extrusora.
Figura 2.43 – Caminho circulatório percorrido por uma partícula de fluído dentro do canal
retangular raso da extrusora.
Figura 2.44 – Padrão de fluxo circulatório helicoidal do fluído no canal helicoidal raso da
extrusora.
99
2.3 – DETERMINAÇÃO DAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS NA
EXTRUSORA DE ROSCA SIMPLES
Qd W·H · N
Vazão
p/ frente
Qd N
Somatória das 2
0 descargas Qd e Qp
P
Vazão
p/ trás
1
Qp
Figura 2.46 – Variação na descarga volumétrica Qd e Qp , em função da pressão “P” no final
do canal (cabeçote) de extrusão.
Portanto, verificamos que a vazão total da extrusora decai linearmente com aumento
na pressão no cabeçote da extrusora.
100
2.3.1 – Determinação do Ponto Operacional da Extrusora de Rosca Simples
101
Portanto, introduzindo estas variáveis na equação (2.58) descrita no item anterior 2.2,
a equação de vazão volumétrica da extrusora pode ser re-escrita na seguinte forma
simplificada:
P
Q .N (2.61)
onde:
D 2 H 1 ne sen cos
t
(2.61-a)
2
ne
DH 3 1 sen 2
t
(2.61-b)
12L
Descarga
(Q) Inclinação da reta:
DH 3sen 2
12 L
WH 3 sen
Fp
N 12 L
Pressão (P)
Figura 2.47 – Variação na descarga volumétrica total (Q) em função da pressão “P” no final
do cabeçote da extrusora.
Pmatriz
Q matriz K (2.62)
matriz
102
A intersecção das curvas "características da rosca" com a curva "característica da matriz”
fornece os diversos "pontos operacionais" da extrusora, conforme apresentado na Figura
2.48. Estes pontos operacionais podem ser determinados resolvendo simultaneamente as
equações (2.61) e (2.62) que representam as curvas características da rosca e da matriz.
Portanto, para determinar a vazão volumétrica (Q) no ponto operacional, é necessário
combinar as equações (2.61) e (2.62) com substituição do termo (P/). A queda de pressão
(P) será obtida pela combinação das equações com eliminação do termo (Q):
K
Q N (2.63-a)
K
P N (2.63-b)
K
Descarga Pmatriz
(Q) Q matriz K
matriz
Pcabeçote
Q extr . N
cabeçote
Pressão (P)
Figura 2.48– Pontos operacionais de descarga volumétrica (Q) e queda da pressão (P) em
função da rotação N da rosca.
N
Q (2.63-c)
matriz
1
K extrusora
103
matriz para a do barril (Tm/Tb) da extrusora. Portanto, aumentando a relação de (Tm/Tb),
numa dada rotação N da rosca, estaremos aumentando a descarga e registrando uma queda da
pressão no cabeçote da extrusora.
N
Q
matriz
1
K extrusora
Figura 2.49– Pontos operacionais de descarga volumétrica (Q) e queda da pressão (P) em
função da rotação N da rosca e da relação de temperaturas da matriz para a do
barril (Tm/Tb) da extrusora.
1
D b N cos b W H f Fd
Q 2 (2.64-a)
1 [ W H 3 sen 1 f L Fp ] / 12 LK
1
2
D b N cos b W H f Fd
P (2.64-a)
K [ W H 3 sen 1 f L Fp ] / 12 L
104
matriz de abertura estreita, resulta numa queda tanto da descarga como da pressão no cabeçote
da extrusora, passando do ponto operacional C para o ponto D, como visto na Figura 2.50.
Pmatriz
Q matriz K
matriz
Pcabeçote
Q extr. N
cabeçote
105
é apenas de 1ª ordem de grandeza (vide equação 2.61-a). Aliado a este efeito, a redução na
viscosidade do polímero contribui também para aumento do termo de fluxo de contra-pressão.
Isto significa que para extrusão de filmes (rasos ou tubulares) com termoplásticos de baixa
viscosidade, tal como no caso de PA 66, a flutuação da descarga será substancialmente maior
na rosca mais profunda que na rosca rasa, tal como evidenciado na Figura 2.51. Utilizando
neste caso uma matriz estreita, a variação da pressão no cabeçote em função de uma pequena
alteração na viscosidade, será significativamente maior com a rosca de canal profundo
(mudança do ponto B para B) do que com a rosca de canal raso (mudança do ponto D para
D). Por este motivo, extrusão de filmes de PA 66 terá que contar com uma rosca
necessariamente rasa na zona de dosagem da extrusora.
Figura 2.52 – Curvas características da rosca para descarga versus gradiente de pressão
adimensionais numa extrusora de rosca simples, em função do grau de
pseudoplasticidade do fundido polimérico (índice de comportamento de fluxo
n variando de 0,2 a 1,0).
106
2.3.2 – Perfil de Pressão na Extrusora de Rosca Simples
Pressão
(P)
Figura 2.53 – Perfis de pressão ao longo do canal da rosca em função da resistência ao fluxo
gerada no final da rosca, pela combinação do tipo de cabeçote e abertura da
matriz de extrusão.
107
de pressão ocorre num ponto antes da final da rosca. Nesta condição, o gradiente de pressão
(dP/dZ2) na zona de dosagem será negativo e estará contribuindo positivamente na vazão
volumétrica da extrusora. Nesta última condição, a eficiência de descarga volumétrica da
extrusora será maior que o valor de 0.5, visto que o fluxo de pressão agora estará somando ao
fluxo de arraste. Entretanto, esta situação não será necessariamente favorável, visto que a
qualidade do fundido será inferior em função da redução da mistura e homogeneização da
temperatura do fundido polimérico, antes da sua passagem pela matriz da extrusora. Pico de
pressão antes do final da rosca normalmente acontece quando o transporte da camada de
sólidos na zona de alimentação da rosca é maior que o transporte do fundido na zona de
dosagem da extrusora. Esta situação pode ocorrer quando se utiliza refrigeração do barril ou
barril “ranhurado” ou barril com superfície interna rugosa na zona de alimentação, de forma
que o pico de pressão poderá ocorrer logo no início da zona de dosagem da rosca.
Figura 2.54 – Diversos perfis de pressão ao longo do canal na transição da zona de fusão (Z1)
para a zona de dosagem (Z2) da rosca, em função da resistência ao fluxo gerada
no final da rosca.
108
Entretanto, será também importante assegurar as condições adequadas do perfil de pressão
nesta zona de desgaseificação. Na Figura 2.55 verificamos que os perfis de pressão axial
representados pelas curvas A e B não permitirão a operação de desgaseificação na extrusora,
já que a pressão na zona de desgaseificação será positiva. Redução na resistência da matriz,
sem alteração na rotação da rosca, irá implicar em queda de pressão no segundo estágio da
zona de dosagem da rosca, de forma que os perfis de pressão representados pelas curvas C, C
e C irão permitir esta operação de desgaseificação com vazão Q3 superior às das condições
anteriores A e B.
Figura 2.55 – Configuração geométrica da rosca de extrusão de dois-estágios com uma zona
de desgaseificação (a) e diversos perfis de pressão axial ao longo do canal
desta rosca, em função da resistência ao fluxo gerada na matriz.
109
2.4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS:
[1] DEALY, J. M. & WISSBRUN, K. F. – “Melt Rheology and its Role in Plastics
Processing: Theory and Applications”, Chapman & Hall, London (1995).
[2] MIDDLEMAN, S. - "The flow of High Polymers". InterScience Publishers, New York,
(1968).
[3] BRYDSON, J. A. - "Flow Properties of Polymer Melts", 2nd. edn., George Godwin Ltd.,
London (1981).
[4] HAN, C. D. - "Rheology in Polymer Processing", Academic Press, New York (1976).
[5] TADMOR, Z. & GOGOS, C. G. - "Principles of Polymer Processing", 2ª edição, Wiley-
InterScience Publi., Hoboken, New Jersey (2006)..
[6] COGSWELL, F.N - "Polymer Melt Reology: A Guide for Industrial Practice", George
Godwin Ltd., London (1981).
[7] ROSEN, S.L. - "Fundamental Principles of Polymeric Materials", caps. 15-17, Wiley-
InterScience, New York (1982).
[8] RAUWENDAAL, C. – “Polymer Extrusion”, 5ª ed., Carl Hanser Publi., Munich (2014).
[9] HENSEN, F. – “Plastics Extrusion Technology”, Carl Hanser Verlag, Munich (1988).
[10] GRIFF, A. L. – “Plastics Extrusion Operating Manual”, Edison Tech. Services, Bethesda
(Maryland-EUA) (1995).
[11] SOUSA, J. A. - "Capillary Rheometry" in: "Diatomaceous Earth Filled HDPE”, PhD
thesis pp. 93-98, Loughborough University, Inglaterra (1984).
[12] BAGLEY, E. B. - "End-Corrections in Capillary Flow of Polethylene", Journal Applied
Physics, 28(5), pp. 624-627 (1957).
[13] STEVENS, M. J. & COVAS, J. A. “Extruder Principles and Operation”, 2nd edition,
Chapman & Hall, London (1995).
[14] BAIRD, D. G. & COLLIAS, D. I. “Polymer Processing: Principles and Design”, Wiley-
InterScience Publi., New York (1998).
[15] STRONG, A. B. – “Plastics: Materials and Processing”, 2nd. edn., Prentice-Hall, New
Jersey (2000).
[16] CRAWFORD, R. J. – “Plastics Engineering”, 3rd ed., chapters 4 & 5, Butterworth-
Heinemann, Oxford (1998).
110
CAPÍTULO 3
ROSCAS DE EXTRUSÃO
111
3.1 - CONCEITOS GERAIS SOBRE PROJETOS DE ROSCAS PARA EXTRUSÃO
2T TR
max S (3.1)
R S
3
J
onde, max é a tensão de cisalhamento máxima na zona de alimentação, RS é o raio da raiz da
A resistência máxima deve ser menor que a resistência admissível a da rosca metálica( a = 50 a
RS > ( 2T )1 / 3 (3.2)
a
A relação entre o torque(T) e a potência(Z) da rosca pode ser representada pela seguinte
expressão:
Z 2TN (3.3)
onde N é a velocidade rotacional da rosca.
A partir da equação (3.2) é possível calcular a profundidade máxima do canal ( H max ) na seção
112
No caso da rosca ser vazada (oca) para seu possível resfriamento ou aquecimento interno,
a resistência torsional da rosca será:
2TR S
max (3.5)
( RS4 R C4 )
N = 20RPM
POTÊNCIA DA ROSCA(HP)
Fig. 3.1 Diâmetro mínimo da raiz da rosca na seção de alimentação em função da potência
e da velocidade da rosca.
OBS. Com a redução da rotação N da rosca, para uma potência constante, o diâmetro mínimo da
raiz da rosca deve aumentar.
DESGASTE DA ROSCA
O desgaste da rosca, que ocorre em qualquer extrusora durante sua operação, é devido à
deflexão lateral da rosca, que proporciona contato metal-metal entre os filetes da rosca e a
superfície interna do cilindro.
Existem 4 fatores que contribuem para a deflexão da rosca durante a opreração de uma
extrusora, a saber:
113
(1) Deflexão da extremidade da rosca( Y (L ) ) em função de seu próprio peso(viga
engastada).
L4 2 gL4
Y ( L) (3.6)
8 EI ED 2
onde é a força por unidade de comprimento unitário, devido ao peso da rosca; gé a
ordens de grandeza superior a folga padrão da rosca. Isto implica em dizer que o polímero entre a
rosca e o cilindro da extrusora desempenha uma função importante para evitar o contato meta-
metal.
(2) Trepidação lateral (whirling) da rosca em velocidades críticas próximas à frequência
de ressonância da rosca. Este fenômeno é pouco provável em velocidades normais de
extrusão.
114
(3) Empenamento da rosca devido a elevadas pressões no cabeçote da extrusora pode
provocar deflexão lateral da rosca, e, como conseqüência o desgaste provocado pelo
contato metal-metal.
A força limite requerida para empenar uma viga uniforme pode ser representada pela
seguinte expressão:
2 EI
F (3.7)
4L2
onde F é a força na extremidade da rosca. Como conseqüência a pressão crítica no cabeçote da
2 ED 2
Pcritica (3.8)
64L2
D4
onde I .
64
da rosca L/D. Considerando que as pressões usuais nos cabeçotes de extrusoras estão na faixa de
20 a 60 MPa, a probabilidade de ocorrência de empenamento é elevada para roscas com L/D>20.
As equações anteriores não levam em consideração o enfraquecimento da rosca em função da
presença do canal da rosca de extrusão.
Como conseqüência destas observações, a camada de polímero fundido terá que suportar a
rosca na região do centro da extrusora para evitar o contato entre a rosca e o cilindro e o
conseqüente empenamento. Entretanto, a força lateral Fb resultante do empenamento pode ser
115
obtida através da seguinte relação:
4 F D 2 P
Fb (3.9)
L L
onde F é a força na extremidade da rosca, P é a pressão no cabeçote, e é o espaço entre a
rosca e o cilindro. Como / L é igual a 0,00005, a força lateral de empenamento será pequena.
(4) Distribuição não-uniforme da pressão em torno da circunferência da rosca.
Esta deflexão lateral induzida por pressão não-uniforme ocorre principalmente no final da
zona de compressão da rosca. Consideráveis forças de deflexão lateral são desenvolvidas nesta
região, em função da formação de uma cunha do leito de sólidos, à medida que o mesmo é
forçado para dentro de um canal de profundidade continuamente decrescente.
Conforme mostrado na Figura 4 o desgaste é concentrado na seção de compressão da rosca e
ocorre principalmente na extremidade do filete. Este desgaste ocorre com a falha (ruptura) da
camada lubrificante de polímero fundido, a qual é determinada pelas propriedades viscoelásticas
do polímero fundido. Quanto mais elástico é o fundido, mais susceptível estará o filme
polimérico fundido à ruptura. Polímeros comportamento de fluxo próximo ao Newtoniano, como
PC, PA6 e PA66, são poucos susceptíveis a falhas do filme fundido, e resultam em pouco
desgaste de roscas de extrusão.
116
Figura 5. Geometria do filete para reduzir a mudança no contato entre a rosca e o cilindro
(efeito do rolamento hidrodinâmico).
117
Figura 3.6. Representação da distribuição de forças em torno de um elemento de leito de sólidos.
(1 f S k 2 )1 / 2 f S k
arcseno[ ] (3.11)
1 f S2
H P f 2H
k ln z S [1 ]’ fb é o coeficiente de fricção da parede interna do cilindro,
f b Po f b W
da rosca.
A Figura 7 ilustra como a taxa de transporte de sólidos varia com a profundidade do canal
da rosca. Se escolhermos valores constantes para f S e f b observa-se que a curva de velocidade
do leito de sólidos passa por um máximo em função da profundidade do canal. Assim, para cada
fS
combinação de , com o aumento da pressão, existe um H ótimo , no qual a taxa de transporte de
fb
sólidos é maximizada. Além disso, a profundidade ótima( H ótimo ) do canal diminui com o
aumento da pressão na zona de transporte de sólidos. Deve ser ressaltado que a taxa de transporte
de sólidos diminui para a rosca com filete duplo, ou seja, p igual a 2.
118
p=1
p=2
A taxa de transporte de sólidos também apresenta um valor ótimo para variação do ângulo
de inclinação do filete( ) na zona de alimentação da rosca, como pode ser observado na Figura
3.8.
D=150 mm; H=20 mm; fb=3fS
N=60 RPM
119
(3) utilizar rosca com tratamento superficial para reduzir fricção, como por exemplo,
revestimento a base de níquel e/ou teflon.
(4) utilizar um valor de raio elevado para o flanco do filete da rosca para reduzir a deformação
interna do leito de sólidos
(5) utilizar rosca com filete único, pois filetes múltiplos devem ser evitados.
(6) manter a temperatura do cilindro suficiente para que os valores de fb se tornem os mais
elevados possíveis.
120
Figura 3.9. Representação do processo de fusão na zona de compressão da rosca.
O processo de fusão pode ser acelerado se na zona de compressão da rosca forem
utilizados mais do que um filete nesta região. Neste caso um canal estará preenchido com leito de
sólidos, enquanto o outro estará preenchido com polímero fundido. A Figura 3.10 ilustra estes
mecanismos de plastificação em filetes múltiplos.
que o valor ótimo de é próximo de 30o. Acima deste valor os aumentos da eficiência de fusão
121
Assim, a capacidade de fusão de uma rosca pode ser melhorada utilizando:
(1) Filetes múltiplos;
(2) Um valor de folga pequeno;
(3) Ângulos de inclinação do filete, , elevados, ou seja, em torno de 30o.
Figura 3.11 Comprimento de fusão axial versus ângulo de inclinação do filete, para
diferentes larguras do canal da rosca.
122
As roscas de barreira possuem filetes múltiplos, que favorecem a eficiência de fusão. A
Figura 3.12 mostra como cada tipo de rosca de barreira influencia o comprimento de fusão.
123
A rosca denominada Ingen-Housz é aquela que proporciona maior redução no
comprimento axial de fusão, comparada com uma rosca de filete único (compression screw). A
Figura 13 ilustra os diferentes tipos de rosca de barreira.
WH 3 P
Q 0,5 pWHVbZ (3.13)
12Z
onde p é o número de filetes na zona de dosagem da rosca, W é a largura do canal da rosca em
sua zona de dosagem, H é a altura do canal da rosca na zona de dosagem, VbZ é a componente
P
da velocidade do cilindro na direção Z, é a viscosidade do polímero fundido e éa
Z
variação (gradiente) da pressão em relação a direção Z.
P
Para gradientes de pressão positivos, pode ser encontrada uma profundidade de canal ótima
Z
através da seguinte correlação:
dQ
( ) cons tan te 0 (3.14),
dH
da mesma forma é possível se obter um valor ótimo de através da seguinte expressão:
dQ
( ) Hcons tan te 0 (3.15).
d
Resolvendo simultaneamente as equações (3.14) e (3.15), pode se obter os valores ótimos para
Vb
H ótimo 1,86[ ]1 / 2 (3.16),
ga
e, ótimo 30 (3.17),
124
Para fluídos não-newtonianos que obedecem a lei das potências, o valor de H ótimo pode ser
rosca que a extrusora foi projetada para tal. O valor de H ótimo també pode ser estimado através da
seguinte expressão:
1
6 V bn m
H [ ] n 1 (3.19)
( n 2 ) g a tg
ótimo
Para fluídos não-Newtonianos os valores de ótimo e de H ótimo também podem ser calculados
125
utilizados na indústria de extrusão, porém, existe pouco consenso quais proporcionam seções de
misturas boas ou ruins.
Alguns aspectos gerais são desejados numa seção de mistura boa, entre eles:
1. A seção de mistura deve ter capacidade de bombeamento em direção à saída da
extrusora, isto é, proporcionar mínima queda de pressão;
2. Deve existir fluxo laminar através da seção de mistura da rosca, evitando-se pontos
mortos de estagnação;
3. A seção de mistura deve limpar completamente a superfície interna do cilindro;
4. A seção de mistura deve ser fácil de limpar durante a troca de material de extrusão,
evitando tempos demasiadamente longos de parada da extrusora;
5. A seção de mistura deve ser fácil de se construir e ter baixo custo.
As seções de mistura são geralmente separadas em elementos de mistura distributiva e
dispersiva, dependendo se o objetivo da ação de mistura é a uniformidade espacial ou o tamanho
reduzido da fase dispersa.
126
capacidade de mistura distributiva, entretanto, ela desrespeita a regra (3.), ou seja, possui
ranhuras tangenciais que dificulta a limpeza da superfície interna do cilindro. Além disso, a
fricção provocada pelas ranhuras proporciona superaquecimento do fundido. A seção de
127
Dispositivos comercializados como elementos de mistura para roscas são apresentados na Tabela
3.1.
Tabela 3.1 Comparações entre dispositivos de misturadores distributivos.
128
Figura 3.18. Seção de mistura do tipo anel de bolha(blister ring)
entre a rosca e cilindro depende da distância, a ação cisalhante não será uniforme. Além disso a
existência do anel transgride a regra (1.),. Sendo a seção de mistura menos conveniente.
Um dispositivo para mistura, dispersiva, comumente utilizado é a seção de mistura
chamada Union Carbide, ou UC, conforme apresentado na Figura 3.19.Esta seção de mistura
`
Figura 3.19. Seção de mistura do tipo Union Carbide (UC).
129
volumétrica da rosca. A partir dessa expressão, o ângulo helicoidal ótimo para uma queda de
pressão mínima pode ser determinado definindo a primeira derivada da queda de pressão ( P )
em função do ângulo em hélice ( ) como sendo igual a zero. Assim, o ângulo em hélice ótimo é:
52,24 (3.23)
QUEDA DE
PRESSÃO (PSI)
PRESSÃO (MPa)
Figura 3.20. Queda de pressão versus ângulo em hélice para seção de mistura.
mistura com seu ângulo em hélice de 90 graus proporciona valores elevados de queda de pressão.
Por outro lado, a seção de mistura Egan com seu ângulo em hélice de 30 graus também resulta
130
em valores elevados de queda de pressão. É irônico observar que o ângulo em hélice que fornece
os menores valores de queda de pressão não seja utilizado em seções de misturas caneladas
comercialmente disponíveis. Valores elevados de queda de pressão devem ser evitados, porque
isto causa uma diminuição na descarga, um aumento no tempo de residência, incremento no
acúmulo de calor no material, e com isto, a probabilidade de degradação. Também, em
conseqüência da redução de viscosidade à temperaturas mais elevadas, a ação da mistura
dispersiva será reduzida. Uma comparação de dispositivos de mistura dispersiva comerciais é
mostrada na Tabela 3.2.
Como foi demonstrado nos itens anteriores é possível fazer uma abordagem lógica no
projeto de roscas para extrusão. Levando em consideração que a teoria de extrusão é
razoavelmente bem compreendida, faz sentido usar esta teoria para otimizar as roscas para o
transporte de sólidos, para a fusão, para o transporte do material fundido, e para a mistura. A
mesma abordagem pode ser feita na otimização da devolatilização. A suposição que as
características de projetos de roscas mais utilizadas também resultam no melhor desempenho
nem sempre é correta. Portanto, é importante analisar criteriosamente as características das roscas
de extrusão, utilizadas atualmente, e determinar se melhorias significativas podem ser obtidas no
desempenho do processo de extrusão, através da incorporação de algumas características de
aprimoramento de desempenho apresentadas neste texto.
131
3.3 – EXERCÍCIOS PARA A DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS
OPERACIONAIS DO PROCESSO DE EXTRUSÃO
3.3.1 Uma extrusora de rosca simples (única) é utilizada para fabricar uma barra cilíndrica de
náilon com 5 mm de espessura numa taxa de produção de 1,5 m/min. Utilizando os parâmetros
mostrados a seguir, calcule a rpm necessária para a rosca da extrusora fabricar este produto
extrudado. Dados:
Náilon: a viscosidade no estado fundido na saída da matriz é igual a 42,0 Ns/m2; a
densidade no estado sólido é igual a 1140 kg/m3; a densidade no estado fundido é igual a
790 kg/m3.
Extrusora: diâmetro da rosca/cilindro é igual a 30 mm; comprimento da rosca é igual a
750 mm; o ângulo de inclinação do filete da rosca é igual a 17,70; a profundidade do canal
na zona de dosagem é igual a 2,5 mm.
Matriz: comprimento da região de saída é igual a 4 mm; diâmetro de saída igual a 5 mm.
Para a solução do problema é necessário assumir que os efeitos de inchamento do polímero após
a saída da matriz são desprezíveis e que a viscosidade do polímero fundido permaneça constante.
3.3.2 Uma determinada extrusora de rosca única possui a profundidade de canal (H) na zona de
dosagem igual a 2,4 mm e um diâmetro de rosca (D) igual a 50 mm. O ângulo de inclinação ()
do filete é de 170 42’. A extrusora é operada a N = 100 RPM e a pressão (P) varia linearmente
através do comprimento da extrusora (1000 mm) de zero na entrada da zona de alimentação até
20 MN/m2 na entrada da matriz. Estime: (a) a vazão do fluxo de arraste (QD); (b) a vazão do
fluxo sob pressão (QP); e, (c) a vazão do fluxo total (QT).
Dados: o polímero fundido tem uma viscosidade de 200 Ns/m2.
Calcule também a taxa de cisalhamento () na zona de dosagem.
3.3.3 Encontre o ponto de operação da extrusora utilizada no exercício 3.3.2 quando esta tem
uma matriz capilar de comprimento 40 mm (L) e diâmetro (2R) 3 mm acoplada ao seu final. Qual
seria o efeito da pressão (P) e da vazão de saída se o polímero fundido possui uma viscosidade de
400 Ns/m2.
132
3.3.4 Uma extrusora de rosca única tem as seguintes dimensões:comprimento da rosca = 500
mm; diâmetro da rosca = 25 mm; ângulo do filete = 170 42’; profundidade do canal da zona de
dosagem = 2 mm; e, largura deste canal = 22 mm. Se a extrusora tem uma matriz acoplada ao seu
final, utilizada para produzir 2 “macarrões” para subseqüente granulação, calcule a vazão para
combinação extrusora/matriz quando a rotação da rosca é 100 RPM. Cada orifício capilar na
matriz possui um diâmetro de 5 mm e um comprimento de 10 mm. A viscosidade do polímero
fundido pode ser utilizada como 400Ns/m2.
3.3.5 Uma extrusora é acoplada a uma matriz, cuja vazão é dada pela relação (KP/), onde P
representa a queda de pressão na matriz, é a viscosidade do polímero fundido e K é uma
constante. Quais são os valores ótimos para o ângulo do filete da rosca e para a profundidade de
canal da rosca para uma dada vazão máxima da extrusora?
133
CAPÍTULO 4
134
4.1 PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO DE CABEÇOTES DE EXTRUSÃO
135
Figura 4.1 Figura esquemática da fabricação de uma fibra através de extrusão do
polímero no estado fundido.(Tadmor)
B 6 eff 4 F B 2
( ) 1 [( )( )( )] (4.1)
B0 D 2 B 06
136
Figura 4.2 Perfil de redução da área transversal das fibras de náilon 6 e PP durante a etapa de
recolhimento do extrusado. (Tadmor)
consideração que a saída do canhão da extrusora é circular, o polímero saindo da rosca e entrando
na matriz plana deverá sofrer uma mudança significativa em seu fluxo. Isto pode resultar num
devido aos vários fenômenos de diferentes origens que ocorrem simultaneamente.
fluxo não-uniforme que, por sua vez pode comprometer a qualidade do produto extrusado.
Assim, o projeto e a escolha das passagens de fluxo a partir da extrusora para a matriz são de
grande importância para se obter um produto de boa qualidade.
Como no caso da fiação, a chapa ou o filme extrusado ao sair da matriz sofrerá um
inchamento, que provoca um aumento de espessura. O nível de inchamento depende das
propriedades elásticas do polímero no estado fundido, da temperatura do fundido na matriz, da
razão entre o comprimento e a abertura da região de saída da matriz, e do nível da tensão de
cisalhamento gerada nas paredes internas da matriz. Instabilidades de fluxo poderão acontecer se
a tensão de cisalhamento, corrigida na parede, superar valores de 105 N/m2 (Pascal). Chapas de
polímeros são esfriadas sem estiramento simultâneo, enquanto filmes planos são estirados e
orientados durante o resfriamento. O processo de resfriamento pode ser realizado através de
cilindros resfriados para melhorar o brilho a qualidade superficial dos filmes.
O projeto mais comum de matriz plana é aquele que utiliza a configuração em “T” e/ou na
forma de “cabide”. Em ambos os casos o polímero fundido é alimentado no centro do
distribuidor (manifold), cujo formato da seção circular é circular ou na forma de “gota”. O
manifold, por sua vez distribui o fundido através de um canal que o conecta com a região de saída
da matriz. As configurações em “T”e em forma de “cabide” são assim denominadas em relação
ao ângulo que o manifold faz com a direção de fluxo, como observado na Figura 4.3.
137
Figura 4.3 Representação esquemática do projeto de um manifold no formato de
“cabide”.(Tadmor)
O projeto mais apropriado para matrizes planas faz com que o polímero fundido passe
pela abertura de saída da matriz a uma temperatura e uma vazão constante e uniforme em sua
largura. A Figura 4.3 mostra os principais parâmetros utilizados para cálculos do
dimensionamento da matriz. Neste caso o manifold é tubular e o raio varia ao longo do canal, que
é paralelo ao eixo l. A abertura de saída possui espessura H e é constante. A única restrição
geométrica consiste no fato que o manifold possui uma pequena curvatura., assim, deve ser
assumido que:
dR ( x)
1 (4.2)
dx
Assumindo que a pressão no manifold seja constante e que o fluxo seja isotérmico, pode
se considerar que a vazão de entrada na matriz é constante. Através destas condições o projeto
tem como um dos objetivos assegurar uniformidade na seção transversal da matriz, ou seja, a taxa
de fluxo (vazão) constante em z = 0. Desde de que a abertura de saída da matriz seja constante,
dP
a CONSTANTE (4.3)
dz
Assim, a variação de pressão na direção z é constante. Esta hipótese deve ser assumida para o
fluxo ocorrido em toda região paralela da matriz, onde as linhas constantes na direção z tornam-
se isobares. A equação 4.3 pode ser integrada transformando-se na seguinte equação:
[ L(0) L( x)]a P0 P ' () (4.4)
138
onde P’( ) é a pressão no manifold na posição , P0 é a pressão na entrada do manifold, x e
estão geometricamente relacionados através do formato da seção transversal do manifold.
Diferenciando a equação 4.4 em relação à aparece a seguinte relação entre o gradiente de
pressão no manifold e o gradiente de pressão na região de saída da matriz:
dP ' dL
a (4.5)
d d
A equação 4.5 é conhecida como a equação de projeto que pode ser utilizada para qualquer tipo
de fluido. Para um fluido polimérico que obedece a Lei das Potências fluindo dentro da matriz a
equação de momento na direção z se transforma em:
d
dP yz
0 (4.6)
dy dy
onde, para um fluido da lei das potências,
dv dv
yz m[ z ] n1 z
(4.7)
dy dy
Utilizando as condições de contorno apropriadas para um fluxo assumido em estado estacionário,
pode ser integrado em na direção y em relação a direção z,
1 n 1 n 1
n 1 dP H n [2y] n
v ( y) [ ]( )( ) n ( ) 1] (4.8)
z n 1 m dz 2 H
ou
1 1 dP H
v ( y) [ ]( )( ) S ( )1 S [ ]1 S 1] (4.9)
z 1 S m dz 2
onde s = 1/n e = 2y/H. Integrando esta equação ao longo de toda a abertura de saída é possível
obter uma relação entre a queda de pressão(dP/dz) e a taxa de fluxo(vazão) por unidade(q) de
largura desta região da matriz., considerada positiva na direção z:
dP n 1 qn
a 2 (2 S ) m( 2 n1 )
n
(4.10)
dz H
Para o fluxo dentro do canal de seção circular do manifold, assume-se que localmente o fluxo
capilar seja estacionário, ou seja, despreza-se a curvatura do canal, a sua extremidade fechada e
os efeitos de do fluxo de escape na região de saída do manifold. Assim, a seguinte relação pode
ser derivada:
139
dP 3 S n Q n ( )
( ) 2m( ) (4.11)
d R ( x) 3n1
Do ponto de vista do balanço de massa , a taxa de fluxo(vazão) no manifold em qualquer ponto
Q( ) pode ser determinado como:
Q() Q(x) q(W x) (4.12)
Combinando as equações 4.11 e 4.12 obtém-se:
dP 3 S n q (W x) n
( ) 2m( ) (4.13)
d R ( x) 3n1
Inserindo as equações 4.10 e 4.13 na equação geral de projeto 4.5 obtém-se a equação de
projeto específica para fluidos que obedecem a lei das potências:
2 n (2 S ) n dL 3 S n q (W x) n
( ) ( ) 2m( )0 (4.14)
H 2 n1 d R ( x) 3n1
Assim, para um dado produto plano extrusado com largura 2W, com um polímero fundido
possuindo um parâmetro n, existem dois parâmetros geométricos de projeto disponíveis: para um
eixo de curvatura de manifold dL/dl ou dL/dx, existe um perfil radial de manifold R(x) que
proporciona uma pressão constante em qualquer linha constante z. Em particular P0 não é função
de x, tal como H. Por outro lado, para um dado R(x) existe um L(l) ou L(x) que assegura o uso da
equação de projeto. De forma geral, um valor constante de dL/dl é utilizado por questão de
simplicidade de construção da matriz. As soluções das equações de projeto devem ser
compatíveis com as técnicas de usinagem e proporcionar matrizes com resistência mecânica
suficiente para o nível de pressão gerada pelo fluxo de polímero.
A Figura 4.3 mostra que a matriz não termina no plano z. Em razão do polímero fundido
ser um fluido viscoelástico, ele se estende até z = - D. Ao derivar a equação de projeto foi
desprezada a natureza viscoelástica do fluido polimérico, levando em consideração somente a
característica cisalhante do fluxo.
Considere uma matriz com manifold na forma de “cabide” com eixo linear(l) com uma
inclinação de 50 em relação ao eixo x(vide Figura 4.3). A espessura da abertura de saída da matriz
é constante, com H = 0,05 cm, e a largura W = 100 cm. O índice de potência do polímero fundido
n é igual a 0,5. Determine a dimensão do raio do canal do manifold. A solução para este tipo de
problema pode ser observada a seguir:
A partir da equação 4.14 pode ser obtida a seguinte expressão:
140
3 S q (W x) n
( ) n 2 m( )
R ( x) 3n1
R ( x) 3n1
2 n ( 2 S ) n dL
( )
H 2 n1 d
onde dL/dl = - sen = - 0,0872. Assim, para n = 0,5 a equação acima se torna,
R( x) 0,175q (W x) 0, 2
Para as distâncias x = 0 e x = 90, tem-se,
R(0) = (0,175)(2,51) = 0,44 cm
R(90) = (0,175)(1,58) = 0,277 cm
No projeto da matriz plana o manifold é um tubo cônico com abertura lateral para proporcionar a
formação do laminado. O ângulo de ajuste() entre a circunferência do tubo cônico e a abertura
lateral pode ser estimado através da relação sen [(x)/2] = (H/2)/R(x). Assim, para x = 0, (0) =
130 e para x = 90 cm, (90) = 210. Vale a pena observar que o valor máximo do raio do manifold
é 9 vezes o valor da espessura de saída da matriz. O afunilamento do tubo cônico diminui
levemente com a mudança de n, enquanto a dependência do raio do manifold em relação a
espessura H aumenta com a diminuição de n. O raio do manifold torna-se infinito para o ângulo
= 0 e é muito sensível para valores pequenos de .
Tubos plásticos e filmes tubulares soprados utilizam matrizes com o mesmo princípio de
funcionamento. Ambos utilizam matrizes com mandril na região de saída, formando um canal de
fluxo anelar. Como já mencionado anteriormente no item 1.4, algumas matrizes utilizam o
mandril fixo a uma seção denominada spider (Figura 4.4). Neste tipo de matriz o fluxo do
polímero fundido é assimétrico, o que é muito conveniente em termos de uniformidade de fluxo.
Porém, a passagem do fluxo de polímero fundido pela seção denominada spider proporciona a
separação do fluxo que leva a formação da linha de solda após a passagem por esta seção. Mesmo
considerando que este obstáculo encontra-se situado relativamente longe da região de saída da
matriz, o polímero fundido, em velocidades normais de extrusão, é incapaz de “cicatrizar” a
região de re-encontro do fluxo dividido, formando uma região mais fraca e para eliminar este tipo
de inconveniência foram desenvolvidas as matrizes alimentadas lateralmente. Neste caso o
mandril é fixo no corpo do cabeçote , evitando o aparecimento de obstáculos para quebra de
fluxo. A Figura 4.5 ilustra o desenho de uma matriz alimentada lateralmente. Diferente das
matrizes planas, o ajuste da espessura do tubo extrusado não é tão simples.
141
Figura 4.4 Matriz para fabricação de tubos plásticos tipo spider.(Tadmor)
com propriedades óticas diferentes ao longo do comprimento do tubo ou
filme tubular extrusado.
142
filmes tubulares soprados., que permite uma maior homogeneidade da espessura distribuída em
toda a largura do produto extrusado.
Na matriz alimentada lateralmente o fluxo do polímero fundido adentrando a matriz é
dividido ao encontra o mandril e se recombina após uma volta de 1800, a partir da entrada da
matriz. Além disso, o fluxo não é assimétrico, diminuindo a chance de formar uma linha de solda
fraca.
O canal de fluxo em matrizes tubulares é composto de uma série de regiões de fluxo
anelares. A queda de pressão ao longo da matriz pode ser modelada por equações matemáticas
relativamente simples. A modelagem pode ser realizada assumindo um fluxo isotérmico
estacionário entre dois cilindros concêntricos com raios internos e externos Ri e Ro,
respectivamente.
Deve ser considerada uma região de fluxo anelar Ri r R0, 0 z L, e 0 2. Para
um fluido incompressível que obedece a lei das potências sob fluxo isotérmico e estacionário
existe uma queda de pressão P = P0 – PL. Nestas condições, a componente z da equação de
momento torna-se:
dP 1 d (r rz )
[ ] (4.15)
dz r dr
Quando a equação 4.15 é modificada pela presença de um fluido que obedece a lei das potências
na forma de:
dv n 1
v
rz m[ z ] ( z) (4.16)
dr dr
a seguinte expressão é obtida
dv v
d [r ( z ) n1 ( z )]
r dP dr dr
( ) (4.17)
m dz dr
Considere r * como a posição radial onde a velocidade é máxima; isto é, dvz/d r = 0. Nesta
região I, Ri r r *, dvzI/d r 0, e a equação 4.17 torna-se
dv Z n
d [r ( ) ]
r dP dr
( ) (4.18)
m dz dr
143
onde vzI( r ) é a velocidade nesta região. A condições de contorno que acompanham esta
expressão são vzI(Ri) = 0 e dvzI/d r = 0 em r = r *. Da mesma forma na região II, r * r R0,
dvzII/d r 0, e a equação 4.17 torna-se
dv Z n
d [r ( ) ]
r dP dr
( ) (4.19)
m dz dr
com as seguintes condições de contorno: vzII(R0) = 0 e dvz/d r = 0 em r = r *. As equações 4.18
e 4.19 podem ser diretamente integradas utilizando as mesmas condições de contorno
apresentadas e a determinação do ponto r* pode ser obtida fixando vzI( r *) = vzII( r *). A
solução da integração fornece a seguinte expressão:
R 03 R0 P S 1 2 S
Q( )( ) ( ) F ( n, ) (4.20)
S 2 2mL
onde = R0/Ri e F(n,) é uma função dependente da pseudoplasticidade e da geometria, cujos
valores podem ser obtidos na Figura 4.6. Para valores de 0,4 Ri/R0 1,0, que
Figura 4.6 Função F(n,) para fluxo que obedece a lei das potências em uma
região anelar.(Tadmor)
144
placas paralelas, com solução mais simples, neste caso a equação 4.20 pode se transformar na
seguinte expressão:
R03 R0 P S 1 2S 1
Q( )( ) ( ) ( ) (4.21)
S 2 2mL 2
A aplicação destas equações para projetos e estimativas de parâmetros de processo deve ser feita
com cuidado pois vários erros podem acontecer devido a fenômenos que geralmente ocorrem
durante o fluxo, como exemplo, o aumento de temperatura do polímero fundido gerado pelo
cisalhamento, o desvio da pseudoplasticidade em taxas de cisalhamento baixas e não foram
consideradas regiões anelares convergentes nem divergentes. Ajustes deveriam ser feitos nas
equações 4.20 e 4.21 para corrigi-las em relação a estes fenômenos, que certamente as tornariam
bem mais complexas com difíceis soluções.
145
4.2 - PRINCIPAIS TIPOS DE CABEÇOTES E MATRIZES DE
EXTRUSÃO
- Usar raios de concordância em todos os cantos do canal de fluxo, o menor raio possível
mecanicamente é algo em torno de 0,5 mm.
CABEÇOTES PARA EXTRUSÃO DE CHAPAS E FILMES PLANOS
Figura 4.8 – No desenho acima esta esquematizado uma matriz retangular, tipo rabo
de peixe, e na figura abaixo uma matriz distributiva.
Na matriz tipo Rabo de Peixe da Figura 4.8, a distribuição do fluxo é um pouco mais
uniforme, porém ainda não é uma distribuição completamente uniforme. A matriz distributiva
da Figura 4.8 é aquela que permite ter a melhor distribuição do polímero fundido na saída da
matriz, esta é muito usada na confecção de chapas. (PORQUE?) Nestas matrizes os canais de
distribuição podem e devem ser previamente calculados. O inconveniente é o canal na forma
de gota, pois a distribuição muda com o índice de potência, uma vez que a taxa de
cisalhamento variará.
Assim, um recurso bastante usado para corrigir eventuais problemas de fluxo é através das
peças chamadas de lábio flexível para o ajuste fino e as barras estranguladoras para o ajuste
grosso.
As matrizes planas com canal de distribuição na forma de pata de cavalo (Figura 4.9)
apresenta a vantagem de não proporcionar mudanças na distribuição de velocidades, desta
maneira a taxa de cisalhamento não variará, e em conseqüência o índice de fluxo também
não. A novidade destas matrizes é a forma retangular do canal de distribuição, pois além, da
relação W/H ser maior que 10, o índice de potência é independente da taxa de cisalhamento.
Figura 4.2.4 – Elementos de ajuste do canal de fluxo
Figura 4.11 – Arranjo dos possíveis ajustes de uma cabeça para chapas, a) lábio
flexível, b) canal de resfriamento, c) resistência de aquecimento, d) ajuste do
lábio, e) barra restritora.
Figura 4.12 – Ilustração de uma matriz para coextrusão tipo Feed Block, com várias
disposições para as camadas.
Figura 4.14 – Cabeçote para extrusão de tubos com matriz tipo aranha.
Figura 4.15 – Cabeçote com matriz em linha para extrusão de tubos tipo
No caso de extrusão em dupla rosca a divisão do fluxo ainda é mais importante, pois
aumenta o tempo de residência dentro da matriz, e portanto relaxa o polímero fundido
eliminando assim futuros efeitos indesejáveis no produto acabado. Desse modo se torna muito
importante aumentar a área de contato do polímero fundido com a matriz, logo o recurso de
centragem do tubo é muito importante para que se possa eliminar efeitos dimensionais. A
simples mudança do mandril fornece espessuras diferentes, é importante lembrar que quanto
mais fino a espessura mais fácil se torna a centragem.
A relação entre a área do canal de fluxo e a área do tubo acabado é muito importante
sob dois aspectos. Um deles é o aumento da resistência ao fluxo, outro é a linha de solda das
frentes de fluxo que se separam.
Figura 4.16– Detalhe interno de uma matriz para extrusão de tubos com mandril tipo aranha.
Figura 4.17 – Curva bimodal para razões de seções transversais de matrizes para tubos
de PVC semi-rígido.
Na figura anterior o limite superior resulta do aumento na resistência ao fluxo de
matrizes, enquanto o limite inferior no empobrecimento da linha de solda dos fluxos.
O inchamento do extrudado é muito importante no dimensionamento das matrizes (mandris).
Normalmente as seguintes dimensões são calculadas:
- D1 : Diâmetro interno da matriz
- D2 : Diâm. externo da matriz
- D :Diâm. externo do tubo
- SR : Espessura da parede do tubo
- B : razão de inchamento [%], diferença de 10-35%
100
D1 {D22 [ D 2 ( D 2 S R ) 2 ]( )}0,5
100 B
Para confecção de tubos em poliolefinas utiliza-se o clássico cabeçote com mandril e
spider, porém com o aumento da vazão, do diâmetro do tubo e da espessura da parede,
aumenta-se a orientação do material e também as irregularidades no fundido. Como
conseqüência tem-se desuniformidade na espessura, redução na resistência e encolhimento em
aumento de temperatura. Assim desenvolveu-se um mandril retentor seguido pôr anéis
perfurados, para tubos de até 400 mm de diâmetro. O anel perfurado serve para normalizar o
fluxo de fundido e reduzir os efeitos do fluxo perturbado atrás do spider.
Matrizes com mandril tipo espiral e alimentação central, são uma boa opção para
produção de tubos com diâmetro externo na faixa de 10 a 1600 mm. O fundido, que viaja
através dos canais de fluxo, encontra um gap na direção axial e passa através dele, até que
este encontre novamente um canal e viaje por algum tempo através dele mesmo. Essas
mudanças constantes de direção do fluxo, ajudam a eliminar efeitos de memória elástica.
Os cabeçotes de extrusão que giram o fluxo de 90° também são usados na produção de tubos.
forma. Quando o extrusado deixa o calibrador ele tem resistência o suficiente para ser puxado
por um caterpilar por exemplo. Um exemplo de calibrador externo com pressão de ar interna é
mostradonaFiguraabaixo.
Num calibrador a vácuo (é o mais aceito atualmente e usados para tubos com diâmetro
e 4 à 1000 mm), o mesmo é aplicado para garantir bom contato entre calibrador e extrudado,
prevenindo um colapso do fundido. A pressão contra o calibrador é proporcionada pela
diferença entre o interno do tubo e a menor pressão no tanque com vácuo. Os calibradores a
vácuo são mais fáceis de utilizar que aqueles com pressão interna, isto porque é mais fácil
manter constante o nível de vácuo. No caso da pressão interna, esta última tende a variar com
o comprimento do extrudado. Normalmente os calibradores a vácuo são divididos em dois
estágios de 1/6 e 5/6.
Figura 4.22 – Tanque calibrador de vácuo com resfriamento tipo spray. a) matriz
calibradora, b)parede selante intermediária, c)selante na saída, d)anel,
e)medidor de vácuo, f)válvula de ar
O controle da espessura dos tubos pode ser feito através de dois tipos de processos:
a) Medida ultra-sônica em linha, a adequada para espessuras de até 2 mm, e tubos maiores
que 15 mm de diâmetro. A cabeça de medida cobre 360° sobre um anel em torno do tubo,
mede-se o primeiro e o segundo eco de som, através desses ecos mede-se a espessura.
b) Medida por indução adequada para tubos menores, com espessura de parede de até 6mm,
e diâmetro de 6 a 63 mm. Neste caso um eixo magnético é inserido dentro do tubo para
servir como refletor magnético, assim, impulsos serão enviados pelo lado externo do
tubo, e o eixo detetor interno receberá os sinais. Dependendo da intensidade de tais sinais
consegue-se determinar a espessura da parede do tubo.
Modelo mais simples de matriz tubular é a de tubos rígidos, porém tem muitos pontos
mortos que a tornam inadequada para filmes soprados. Quando se usam estas matrizes se
observam manchas longitudinais nos filmes. Cabeças de fios e cabos também podem ser
usadas, porém as espessuras de filmes são muito críticas, de 0,005 mm à 0,25 mm.
O cabeçote mais usado na fabricação de filmes a sopro é aquele tipo espiral mostrado na
Figura 4.28. Neste tipo de matriz o polímero fundido se divide em inúmeros canais espraiados
com a altura do canal reduzindo na direção do fluxo, além disso, elas trabalham com baixa
pressão e distribuem bem o fluxo de material. A área da seção transversal da ranhura que
forma o canal diminui com a distância, enquanto o gap entre matriz e mandril aumenta em
direção à saída da matriz. Estas matrizes têm o inconveniente de não Ter o ajuste local do
fluxo, fazendo com que a uniformidade de espessura não seja boa como aquelas de filmes
planos (+ ou – 10%) Desse modo na maioria das vezes estas matrizes são rotacionais . Se isto
não for feito, imagine o formato final da bobina de filme. É possível modelar o fluxo no
Figura 4.25 – Matriz tipo mandril espiral, usada na produção de filmes tubulares.
mandril espiral, usando equações simples em canais retangulares e placas paralelas, fazendo a
hipótese de duas frentes independentes de fluxo.
O fluxo emergente da matriz é soprado no estado termoplástico, e puxado em suas
dimensões finais formando uma bolha de ar. O processo de deformação pára na linha de
congelamento, onde ocorre a mudança do estado plástico fundido, para o estado sólido. O
volume, a velocidade e a direção do ar, assim como, a temperatura, todos determinam a
eficácia do resfriamento, assim como as propriedades finais do produto acabado.
Um anel de resfriamento é avaliado através de 3 critérios:
- Capacidade de resfriar
- Estabilidade da bolha
- Uniformidade do fluxo de ar.
É importante lembrar que o ar frio melhora performance e a eficiência do resfriamento.
Figura 4.28 – Digrama forma de flor de Íris, mostrando anel de resfriamento com
câmara de vácuo.
Na figura anterior, o caminho traçado pelo ar frio produz um vácuo parcial na câmara,
fazendo com que a bolha de ar se inche e assuma um formato de flor de Íris. O projeto de
matrizes para filmes de HDPE, deve levar em consideração pressões da ordem de 400-8—
Bar. O mandril espiral é o mais adequado, pois resiste a altas pressões. Devem-se evitar taxas
de cisalhamento elevadas no projeto da matriz e, além disso, a superfície deveria ser tratada
com cromo duro para evitar surpresas de fratura do fundido e evitar também depósito de
placas de material.
Figura 4.29 – Contorno de matrizes para LDPE e LLDPE, obtidos a partir de dados
experimentais.
Para evitar fratura do fundido com filmes de LLDPE, que é uma deformação do
extrudado que deixa a matriz, aumenta-se o “gap” da mesma.
Além do Polietileno, utilizam-se os seguintes materiais para produção de filmes:
- Poliestireno (normalmente usado para filmes espumas)
- Polipropileno (a melhor propriedade do PP é a transparência)
- Náilons (é usado mais em co-extrusão)
- PVC (mais usado em filmes que exijam contração térmica, termo-retráteis).
A coextrusão de filmes trabalha com de polímero fundido separados, isto ajuda a combinação
de materiais com diferentes viscosidades, com as tolerâncias das camadas individuais sendo
quase que determinadas pelo projeto dos canais do fundido.
As camadas individuais são fundidas externamente. Gaps de matrizes da ordem de 1,2 a 1,5
mm, permitem camadas com razão de espessura de 1:2 à 1:3 com materiais iguais ou
diferentes. Em se desejando razões maiores deve-se diminuir a viscosidade do mais fino.
Tabela 4.2 – Possíveis combinações de materiais para confecção de filmes tubulares
O tamanho típico da cavidade dos moldes neste tipo de processo varia na faixa de 10 ml a 30
l, ou de poucas gramas até 1,5 kg em peso. Com o desenvolvimento do HDPE de alto peso
molecular, moldam-se barricas de 120 l ou mais. Um dos principais fatores limitantes não é a
viscosidade, mas sim o resfriamento do longo Parison durante a extrusão. A extrusão do
Parison pode ser contínua ou intermitente, no processo contínuo as velocidades são bem mais
elevadas.
A função básica de uma matriz com alimentador lateral é transformar radialmente uma
chapa de fundido num tubo, que permita ao fundido ter a mesma velocidade e portanto a
mesma espessura ao longo de todos 360°. Isto é obtido com um canal distribuidor e uma zona
de laminação.
Figura 4.37 – Arranjo esquemático de matriz tipo “spider” com diferentes arranjos.
Figura 4.39 – Várias matrizes para produção de tubos multicamadas, a) Matriz com
alimentador lateral, b)Matriz com distribuidor de fundido e mandril
espiral, c) Matriz com mandril e placa quebra fluxo.
CABEÇOTES PARA FIOS E CABOS
- Corpo da cabeça
- Redutor cônico de diâmetro
- Mandril gira fluxo
- Estampos
Atenção que uma termostatização não homogênea pode acarretar problemas de :
- Excentricidade
- Massa fria
- Estagnação de material.
Figura 4.42 – Cabeça de extrusão dupla para cabos elétricos de alta tensão.
a) É recomendado que ele seja termostatizado para evitar acumulo de material, que possa vir
a causar problemas de massa fria, degradação ou mesmo longos tempos de set up para
troca de cores.
b) O ângulo de redução é de extrema importância para a parada de material, ângulos muito
elevados favorecem a parada de material. Isto pode ser imaginado observando-se os
desenhos da figura 4.42.
c) É um componente que possui pouca influência sobre a pressão total na cabeça,
normalmente ele responde por no máximo 5% da pressão total obtida antes da placa porta
filtros.
A placa porta filtros (ou grelha) é normalmente colocada no diâmetro maior, pois esta é
maneira de otimizar a filtragem.
O MANDRIL GIRA FLUXO é uma das peças mais importantes dentro de uma cabeça
de extrusão de fios e cabos, se não for bem dimensionado ele pode reter material dentro da
cabeça, além de causar muitos problemas de centragem do material. Uma representação
esquemática de Mandris gira fluxo como uma e duas linhas de costura são mostrados na
figura 4.42. Existem mandris gira fluxo com até 16 linhas de costura.
Os mandris que giram o fluxo só existem para promover a mudança no fluxo de
polímeros de 90°, ou seja, o fluxo polimérico proveniente da rosca deve modificar sua direção
para revestir o condutor que passa ortogonal à rosca. Existem vários tipos de mandris gira
fluxo, entre eles pode-se citar:
- 2 linhas de costura, é o mais comum
- 1 linha de costura, precisa de dimensionamento matemático
- Com furos
- Com múltiplas costuras.
A geometria do mandril gira fluxo pode ser responsável pelos seguintes aspectos no
extrusado:
- Excentricidade
- Grau de aderência da solda polimérica
- Imperfeições no extrudado.
Figura 4.44 – Mandris gira fluxo com uma e duas linhas de costura.
- Maior aderência entre superfície extrusada e superfície
recoberta
- Melhor acabamento superficial
- Maior pressão na cabeça
- Não limita a velocidade de linha.
Estampo à Tubo ou Estiramento têm o diâmetro da fêmea maior que o diâmetro externo do
extrusado, a aplicação do revestimento (geralmente capas) ocorre externamente.
Qualquer tipo de revestimento (isolamento ou capa) aplicado num fio ou cabo elétrico tem
limites de espessura mínima e normalmente máxima também. Uma das formas mais usuais de
expressar o grau de excentricidade de um produto é:
A excentricidade do revestimento pode ter inúmeras causas, entre elas pode-se citar:
- Mandril gira fluxo fornecendo um fluxo excêntrico para os estampos (é a causa mais
comum),
- Termostatização não homogênea da cabeça,
- Desalinhamento da linha de extrusão,
- Desnivelamento da cabeça.
- Furações de ferramental (macho, fêmea, acentos roscas etc.) não concêntricos
A excentricidade no entanto é normalmente corrigida com mecanismos de variação da
posição da fêmea ou do macho, ou ainda com roldanas de alinhamento na saída da cabeça..
Existem as chamadas cabeças de centragem fixa (AUTOCENTRANTES) e aquelas com
centragem variável.
Para que uma cabeça de centragem fixa funcione adequadamente, é fundamental que ela
atenda a todos os requisitos já citados , mas principalmente que tenha um mandril gira fluxo
que forneça o fluxo já centrado aos estampos. Hoje são vastamente explorados na literatura
técnica os mandris gira fluxo monocostura , os princípios de funcionamento deste mandril
são:
a) O material extrusado é viscoso, o fluxo é unidimensional, isotérmico e com velocidade
nula nas paredes,
b) As linhas de fluxo do material, no mandril gira-fluxo, são paralelas a um canal de
distribuição (quando o material esta dentro deste) e paralela ao eixo do mandril (quando o
material entra na zona de laminação).
c) O mandril gira fluxo é perfeitamente simétrico e dividido em elementos
d) As equações usadas são aquelas de canal retangular (no canal de distribuição) e placas
paralelas (na zona de laminação)
Figura 4.50 – Hipótese de balanço de vazão a cada 10° no mandril gira fluxo
planificado.
O PROBLEMA DA ESTAGNAÇÃO DE MATERIAL nos mandris gira fluxo
é um problema gravíssimo nas propriedades elétricas dos diversos produtos acabados. Um
material que vem sendo extrusado através de um ducto não se move através de uma única
frente, mas apresenta uma distribuição d velocidades entre vários planos paralelos, onde o
material caminha. As camadas mais lentas são aquelas mais próximas às paredes, e caso o
ducto seja formado por paredes planas que se interceptam num ângulo, o extrusado sofrerá
uma maior diminuição de velocidade. Uma cabeça de extrusão no caso é uma sucessão de
ductos ligados em série ou em paralelo.
Outras possíveis zonas que podem frear o material são:
a) Zona de Costura dos luxos
b) Zonas de união de dois ou mais componentes
c) O volume após a placa porta filtros.
Quando os materiais permanecem a altas temperaturas por um tempo longo, cada um deles
tem um comportamento diferente.
Relaciona-se abaixo o que pode ocorrer com algumas classes de materiais quando sujeitos a
temperaturas elevadas:
- Materiais curáveis (ex. XLPE e EPR) aumentam sua viscosidade, mudando as
características mecânicas e não serão mais homogêneos com o restante da massa fundida.
Sua manifestação é na forma de placas ou caroços no extrusado.
- PVCs se decompõe liberando ácido clorídrico, podendo causar danos seja ao cabo que à
cabeça de extrusão. Observam-se pontos escuros queimados no extrusado.
- Polietilenos e Nailons rompem as cadeias poliméricas e queimam. Observam-se pontos
escuros no extrusado.
Figura 4.51 – Regiões de parada de material no a)Mandril gira fluxo com 2 costuras
para dois diferentes ângulos de costura e b)Mandril gira fluxo
mono-costura.
camadas de revestimento. A redução de custo pode ser feita tanto no aumento das velocidades
de produção, como na matéria prima utilizada no produto. Por exemplo, utilizar num primeiro
revestimento mais próximo do condutor um composto com boas propriedades elétricas mas
com bastante carga mineral (mau acabamento), e uma fina película de composto mais rico em
polímero no externo, para melhorar o acabamento superficial.
Na figura 4.54 tem-se uma cabeça para produção de veias telefônicas com velocidades de
2000 m/min.
CAPÍTULO 5
179
5 1 – Reconhecimento de Extrusoras e seus Componentes
180
- Comprimento da rosca (L) =
- Diâmetro da rosca (D) =
- Razão comprimento/diâmetro da rosca (L/D) =
- Passo da rosca (t) =
- Largura do canal da rosca (w) =
- Ângulo de inclinação do filete ( ou ) =
- Espessura do filete (e) =
- Comprimento helicoidal da rosca (zT) =
- Zonas da rosca (alimentação, transição e dosagem) =
- Profundidade do canal da rosca na zona de alimentação(Hi) =
- Profundidade do canal da rosca na zona de dosagem (Hf) =
- Taxa de compressão da rosca (Hi/Hf) =
- Comprimento da zona de dosagem (axial L e helicoidal Z) =
Componentes:
- Alimentadores gravimétricos (dupla rosca e esteira vibratória)
- Alimentador lateral (alimentação forçada)
- Funil de alimentação principal
- Cilindro (canhão) modular
- Aquecimento do cilindro (controle)
- Motor/sistema de redução (controle)
- Roscas (parafusos) segmentadas
181
- Matriz de extrusão (pressão/temperatura do fundido)
- Resfriamento do extrusado
- Puxamento/granulador do extrusado
182
5 2 - Previsão de Vazão em Extrusoras com Rosca Simples
Eng. José Donato Ambrósio, D.Sc.
Eng. Marília Sônego, M. Sc.
183
d) Medir o passo da rosca (P), que é uma medida axial do
comprimento de uma volta do filete, e que inclui a largura de
um filete.
P = __________ mm
15
30
45
Perguntas:
184
c) Qual foi o comportamento da corrrente do motor e da pressão
na entrada da cabeça de extrusão?
W = (P – f) x Cos Ѳ
185
Figura 5.1 - Canal de Rosca Planificado.
Vmax rad = π x D x VR
186
Vmax long = π x D [mm] x VR [rpm] x Cos Ѳ [mm/min]
187
Sabendo-se que Densidade = Massa/Volume (δ = m/v), e que as
densidade* do PP são:
*
http://www.stelray.com/reference-tables.html#density
188
Vel. Rot. Rosca Vazão Rosca 45 mm
[rpm] [l/h]
1 0,54
15 8,09
30 16,18
45 24,27
--------- ---------
100 54,00
189
Observações:
190
ANEXOS
ANEX0 A – COMPLEMENTO ITEM 3
ROSCAS DE EXTRUSÃO
Eng. José Donato Ambrósio, D. Sc.
1- INTRODUÇÃO
A rosca de extrusão é o componente mais importante de uma
extrusora, ela é a principal responsável pela produção e qualidade do
polímero fundido que irá alimentar a matriz. Muitas instabilidades de
processo ocorrem devido a um projeto de rosca inadequado.
Até pouco tempo e ainda até hoje, para muitos técnicos o projeto de
uma rosca é considerado uma arte mais que uma ciência.
192
Para exercer tais funções a rosca de extrusão é auxiliada pelo:
194
2.2- ZONA DE COMPRESSÃO
195
2.3- ZONA DE DOSAGEM OU “METERING”
A zona de metering ou dosagem é a parte final da rosca de
extrusão, ela funciona como uma bomba que empurra o material
fundido com volume e pressão constantes dentro da cabeça de
extrusão.
Esta zona inicia no ponto onde o processo de fusão termina, e a
profundidade do canal não muda ao longo de toda zona.
196
2.3.1 - TRAJETÓRIAS E TEMPO DE RESIDÊNCIA DO
MATERIAL NA ZONA DE METERING
197
198
3- TIPOS DE ROSCAS DE EXTRUSÃO
3.1- ROSCAS DE EXTRUSÃO SIMPLES
199
Tabela N°01 – Principais características de uma extrusora de
rosca simples, para 3 diferentes classes de materiais
200
Figura N°07 – Rosca padrão simples com passo variável
201
tem sido comercialmente usada com sucesso por muitos anos para
extrusão de muitos polímeros, em particular o nylon. Uma rosca
exatamente oposta a esta é aquela com compressão rápida mostrada
na figura N°10.
202
Figura N°11 – Rosca multifiletada convencional
As roscas com filetes divisores (ou com barreiras) têm sido muito
usadas a partir da década de 60, a presença do filete divisor se tornou
muito popular em todo o mundo. Existem vários tipos de roscas com
filete divisor. As vantagens e desvantagens de cada uma delas
comparada com as roscas simples não são amplamente conhecidas e
discutidas.
203
O inventor da rosca com filete divisor foi Maillefer, este suíço foi
o pioneiro neste campo, sendo o primeiro a colocar um patente na
Suíça em 31 de dezembro de 1959 e mais tarde aplicada em vários
países.
205
3.3.1- ROSCA de MAILLEFER
206
certa largura, o filete divisor prossegue paralelo ao filete principal.
Enquanto isso a profundidade do canal de material sólido diminui e
aquela do material fundido aumenta.
A principal vantagem desta geometria é que a largura do canal
de material sólido não diminui continuamente como na rosca de
Maillefer, mas sim permanece constante com um valor bem elevado.
O fato desta rosca manter uma maior superfície de contato entre
material sólido e cilindro aquecido, será melhor o desempenho desta
rosca em relação à quantidade de material fundido. O canal de
material fundido por sua vez é muito estreito e baixo nas primeiras
zonas, mas vai aumentando em profundidade a medida que se avança
em direção à zona de metering.
Na parte final do filete divisor há uma mudança repentina na
geometria do canal de material fundido, que passa de uma forma
estreita e profunda para larga e rebaixada, esta mudança repentina
pode causar instabilidades de fluxo, coisa que não ocorre a rosca de
Maillefer.
207
fluxo. A eficiência na fusão de material desta rosca será a mesma
daquela de Barr, e com muito mais instabilidades de fluxo que a rosca
de Maillefer.
208
material mal disperso, em seguida um filete com área de passagem
muito pequena sujeita o material a um cisalhamento muito elevado,
este alto cisalhamento ajudará a dispersar possíveis pontos de
desomogeneidade na massa fundida.
209
A vantagem deste modelo esta no fato dele tornar possível o
transporte por arraste do canal interno para o externo. Como resultado
disso esta região da rosca exerce menos pressão e conseqüente
menor perda de vazão quando comparado com o modelo de Maddock.
Os elementos de mistura DISTRIBUTIVOS são empregados
quando polímeros diferentes são misturados para formar uma blenda e
possuem viscosidade próximas. Misturador distributivo é mais fácil de
ser encontrado que os dispersivos. Seu princípio de funcionamento
esta ligado ao fato que uma descontinuidade no perfil de velocidades
ao longo do canal da rosca causará uma mistura distributiva. Um dos
mais populares esta mostrado na figura N°22.
210
Figura N°24 – Misturador tipo Ananas
211
ANEX0 B – NOTAS DE AULA ITEM 4
CABEÇOTES E MATRIZES DE EXTRUSÃO
Revestimento de Fios,
Cabos e Tubos
Placas e Filmes Planos
Tubos
Filmes Tubulares
Perfis Assimétricos
(Complexos)
212
Aplicações
Mangueira
Tubos de PVC
Tubos de HDPE
Catéteres
213
4.1 – Princípios de Funcionamento de Cabeçotes de
Extrusão
‐ Cabeçote de Extrusão é a unidade acoplada no final da
camisa de extrusão, que proporciona a forma geométrica da
seção transversal com que o extrudado sai da extrusora
antes de ser resfriado.
‐ Cabeçote consiste do conjunto de Matriz, Filtros e
Acessórios.
‐ Uma extrusora pode usar diferentes cabeçotes.
‐ Existem vários tipos de cabeçotes de extrusão.
a) Tubos
b) Revestimento de Fios, Cabos e Tubos
c) Filmes e Placas
d) Tarugos
e) Fibras
f) Capilares
g) Assimétricas (Forros, Perfilados, outros).
214
4.2 ‐ Principais Funções de Cabeças e Matrizes
para Extrusão
a) Distribuição do material plastificado oriundo da rosca de
extrusão, em alguns casos ela deve modificar a direção do
fluxo de material fundido.
b) Termostatização do material para mantê‐lo no estado
fundido sem causar degradação físico‐químico.
c) Modelamento do material fundido, ou seja, transforma‐lo
da forma de um cilindro (ou tarugo), para a forma final do
produto.
d) Deposição do material extrudado sobre outro material.
Na realização destas tarefas, poderão surgir os seguintes tipos
de problemas, tais como:
a) Extrudado fora do centro (assimétrico),
b) Parada de material nos pontos de baixa velocidade,
c) Linha de costura do extrudado.
215
MATRIZ SERIAM AS PEÇAS QUE ESTÃO DIRETAMENTE EM CONTATO COM O
POLÍMERO.
‐ ASSIM CITA‐SE A SEGUIR ALGUNS PONTOS DE GRANDE IMPORTÂNCIA NO
PROJETO DE CABEÇOTES E MATRIZES DE EXTRUSÃO.
‐ Usar raios de concordância em todos os cantos do canal de fluxo, o menor
raio possível mecanicamente é algo em torno de 0,5 mm.
‐ É muito importante manter espessuras de parede uniforme.
‐ Evitar paredes finas.
‐ Dê sempre preferência para as matrizes simétricas, pois é mais fácil
equilibrar o fluxo.
‐ Minimizar o número de pontos de solda dentro da matriz.
4.3 ‐ PRINCÍPAIS TIPOS DE CABEÇOTES E MATRIZES DE
EXTRUSÃO
4.3.1 ‐ CABEÇOTES PARA REVESTIMENTO DE FIOS,
CABOS E TUBOS
Definição: É um conjunto de peças montadas na extremidade da camisa, que
deve direcionar e distribuir uniformemente o fluxo de material de isolamento,
enchimento ou capa sobre a corda a ser revestida.
216
‐ Observar o reduzido número de peças e a simplicidade da montagem do tipo
de cabeça a seguir.
‐ Para este tipo de cabeça não é recomendada a utilização de estampos
rosqueáveis.
217
COMPONENTES DE UMA CABEÇA DE EXTRUSÃO DE FIOS
E CABOS
Os elementos que fazem parte de cabeças para extrusão de fios são:
‐ Redutor cônico de diâmetros, ou zona de conexão,
‐ Corpo da Cabeça,
‐ Distribuidor de Fluxo,
‐ Estampos (matrizes).
REDUTOR CÔNICO DE DIÂMETROS
O redutor cônico de diâmetros é um flange que une a saída da extrusora
à entrada da cabeça. As seguintes observações podem ser feitas com respeito a
este componente da cabeça de extrusão.
a) É recomendável que seja termostatizado.
b) O ângulo de redução é de extrema importância para a parada de material.
c) Este componente tem pouca influência sobre pressão total da cabeça,
normalmente no máximo 5% da pressão total lida antes da placa porta
filtros.
A placa porta filtros é normalmente colocada no diâmetro maior do
redutor cônico, pois esta é uma maneira de otimizar a filtragem.
CORPO DA CABEÇA
Sua principal função é a de alojar todos os demais componentes da
cabeça e também TERMOSTATIZAR a mesma.
A termostatização de cabeças de extrusão pode ser obtida através de:
218
‐ Resistência Elétrica
‐ Indução
‐ Fluidos (Óleo Térmico / Água Pressurizada)
Uma termostatização NÃO homogênea pode acarretar problemas de:
‐ Excentricidade
‐ Massa Fria
‐ Estagnação de Material
DISTRIBUIDOR DE FLUXO OU TORPEDO
É uma peça interna à cabeça de extrusão que muda o sentido do fluxo de
massa fundida em 90°, e na maioria das vezes distribuindo uniformemente a
massa ao redor da veia a ser isolada ou encapada.
A característica ou o requisito mais importante do torpedo é a
uniformidade de distribuição de massa ao longo da seção do cabo, o que nem
sempre é conseguido em função das diversas variáveis envolvidas (desenho do
perfil, diversidade de materiais e temperaturas de trabalho).
Existem vários tipos de torpedos que se diferenciam principalmente no
modo como distribuem o fluxo. Pode‐se ter torpedos com uma, duas, quatro e
até 16 linhas de costura, além disso existem os torpedos para cabos finos que
fazem a distribuição através de furos.
TIPOS DE TORPEDOS
Uma representação esquemática de torpedos com 1 e 2 linhas de costuras é
mostrado na figura abaixo.
219
A geometria do torpedo pode ser responsável pelos seguintes aspectos
no extrudado:
‐ Excentricidade,
‐ Grau de aderência da solda polimérica
‐ Imperfeição do extrudado.
TORPEDOS COM 2 LINHAS DE COSTURA
A massa é dividida inicialmente em 2 canais longitudinais, que por sua
vez distribuem a massa em 360° na saída do torpedo. É um projeto antigo e
apresenta problema de não distribuição uniforme do fluxo (não foi
dimensionado levando em conta a reologia do material) ao longo do diâmetro
do torpedo. Além disso, existem zonas de parada de material na saída dos
canais.
Esquema tridimensional de torpedo com 2 linhas de costura.
Esquema planificado de torpedo com 2 linhas de costura.
TORPEDO COM UMA LINHA DE COSTURA
Foi projetado para corrigir os defeitos do tipo 2 costuras que são a má
distribuição da massa e zonas de parada de material. É necessário um
programa de cálculo para dimensionamento deste tipo, em função do tipo de
220
material processado, temperatura de trabalho e vazão requerida.
(a) (b)
a) Esquema tridimensional de Torpedo com uma linha de costura, e b)
Esquema Planificado de Torpedo com uma linha de costura.
ESTAMPOS (MACHO E FÊMEA) DE EXTRUSÃO
Os estampos são os responsáveis pela configuração final do material
extrudado. Existe o estampo macho e o estampo fêmea, conforme figura
abaixo.
TIPOS DE ESTAMPOS PARA EXTRUSÃO SIMPLES
a) ESTAMPO A PRESSÃO, o diâmetro da fêmea é igual ao diâmetro externo do
extrudado, a aplicação do revestimento (geralmente isolamento) ocorre no
interior da cabeça.
As consequências práticas deste tipo de extrusão são:
‐ Maior aderência entre extrudado e superfície recoberta.
221
‐ Melhor acabamento superficial.
‐ Maior pressão na cabeça.
‐ Não limita a velocidade de linha.
b) ESTAMPO A TUBO, diâmetro da fêmea é maior que o diâmetro externo do
extrudado, a aplicação do revestimento (geralmente capas) ocorre
externamente à cabeça.
Às consequências práticas deste tipo de extrusão são:
‐ Baixa aderência entre extrudado e superfície recoberta
‐ Evidência o relevo da superfície recoberta
‐ Não aumenta a pressão de extrusão
‐ Pode limitar a velocidade da linha.
‐ Confere ao extrudado propriedades mecânicas elevadas.
TIPOS DE EXTRUSÃO COM DUAS OU MAIS CAMADAS
A)
B)
.
A) EXTRUSÃO Dupla e B) COEXTRUSÃO Dupla.
222
REGIÕES DE PARADA DE MATERIAL NUM DISTRIBUIDOR COM DUAS
LINHAS DE COSTURA
REGIÕES DE PARADA DE MATERIAL PLANIFICADAS EM DISTRIBUI‐
DORES COM DUAS E UMA LINHA DE COSTURA
PROJETO DE UM DISTRIBUIDOR COM UMA LINHA DE COSTURA
223
CANAL DE COMPENSAÇÃO PLANIFICADO DE UM DISTRIBUIDOR
MONOCOSTURA PARA AS CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO DE PRESSÃO
HIPOTESE DO BALANÇO DE VAZÃO A CADA 10° NO DISTRIBUIDOR
MONOCOSTURA PLANIFICADO
PROVA DE TROCA DE CORES PARA IDENTIFICAR PONTOS DE
PARADA DE MATERIAL
A prova de troca de cor é utilizada para revelar os principais pontos de
parada de material existentes na cabeça de extrusão. Em linhas gerais a prova
se resume na seguinte sequência:
Extruda‐se por aproximadamente 10 minutos o material colorido com
224
um master escuro (± 1%).
1) Coloca‐se o material sem pigmento, extrudando por
aproximadamente 30 minutos, contados a partir do momento que este deixa
os estampos. O tempo de extrusão pode ter variações dependendo do critério
adotado.
3) A cabeça é desmontada com cuidado, extraindo‐ se integralmente
o molde contido nas cavidades da cabeça. As regiões escuras são aquelas de
estagnação.
Obs. Todas as provas devem ser feitas no regime de funcionamento da
máquina, sem variar nenhum parâmetro durante toda a prova.
4.3.2 – CABEÇAS GRANULADORAS
São importantes na formação de cordões plastificados para posterior
corte em grânulos.
Podem ser de dois tipos:
‐ Granulação a quente: Extrusão de cordões, corte, resfriamento
‐ Granulação a frio: Extrusão de cordões, resfriamento e corte.
Arranjos de cabeças granuladoras dos tipos concêntrico e excêntrico
225
‐ Entrada cônica com ângulo menor que 30° para evitar fluxo secundário, e
L/D < 10.
‐ Para o fundido solidificar nos buracos na granulação a frio, (aumento da
pressão do fundido), os buracos são parcialmente isolados pelo uso de insertos
especiais.
‐ Isto permite ao fundido ter temperatura mais alta na zona fria na saída
da matriz.
Telas ou peneiras na grelha
Para eliminar partículas de impurezas do polímero/composto fundido ou
mesmo partículas duras, várias telas ou elementos filtrantes são utilizados. As
telas são posicionadas entre a rosca e a matriz.
Existe uma sequência correta de posicionar as telas, sendo que as telas
mais finas irão próximo a rosca, e as mais grossas próximas a placa quebra
fluxo (ou grelha). Porque?
Placas porta filtros dos tipos cilíndrica e guilhotina são muito importante
para filtragem do extrudado, principalmente daqueles reciclados que podem
conter grande quantidade de contaminantes. Sua área útil é ,muito importante
para uma filtração eficiente.
Quando se projeta uma placa perfurada, existe uma série de requisitos
que devem ser atendidos, em função da aplicação, ou seja, para granulação ou
suporte de telas.
Para uma placa granuladora os requisitos típicos são:
‐ Baixa perda de pressão,
226
‐ Geometria uniforme do extrudado no tempo,
‐ Diâmetro constante (inchamento do extrudado),
‐ Eliminação de zonas de estagnação
Para uma placa suporte de telas os requisitos são:
‐ Baixa perda de pressão,
‐ Suporte para o pacote de telas,
‐ Eliminação de zonas de estagnação na frente e atrás das telas.
A perda de pressão na placa porta filtros limita a máxima vazão possível
e portanto a produtividade do equipamento.
O projeto mecânico de placas granuladoras a quente é muito importante
porque se a placa se curvar (o que pode ocorrer rapidamente), pode danificar
todo processo produtivo.
Placas perfuradas são normalmente feitas com poço cônico na zona de
entrada, para eliminar zonas de estagnação, fluxos secundários e redemoinhos
instáveis na saída.
A razão L/D da zona cilíndrica é normalmente menor que 10,
4.3.3 – CABEÇAS PARA TARUGOS (BASTÕES) SÓLIDOS
Para produção de cilindros de até 500 mm de diâmetro ou barras de até
250 mm X 100 mm.
Podem ser produzidas por matrizes com diferentes arranjos, onde um
calibrador é colocado na saída da matriz e preso por um flange.
O calibrador deve ser fortemente resfriado, com bom isolamento
térmico entre ele e a matriz.
O canal de fluxo na matriz é formado de tal modo que o fundido sai de
um pequeno diâmetro (8‐10 mm) e entra na zona guia do calibrador com um
pequeno ângulo.
227
Uma fina camada (skin ou pele) sólida é formado do contato do material
extrudado com a parede resfriada da matriz, e uma cunha ou cone é formado
no tarugo cilíndrico.
A pressão do fundido atua sobre a superfície inclinada solidificada,
podendo levar ao aumento da força de atrito no calibrador, e portanto
comprimir o perfil.
Assim, é importante construir uma linha de calibração mais longa
possível, de modo que no final ela se afine, e possa resistir não somente a
pressão do núcleo do fundido mas também a tensão.
Muita atenção deve ser dada para que não se produza vazios (buracos)
internos ao extrudado. Para evitar isso a pressão de extrusão deve ser
suficientemente alta.
4.3.4 – CABEÇAS TIPO FENDA OU PLACAS PARALELAS
São usadas para produção de extrudados com razões largura/espessura
grandes, tais como filmes e chapas e recobrimento de substratos.
A distinção entre filme e chapa é difícil de ser feita, no entanto os limites
ficam em torno de 0,5 à 0,7 mm.
Todas as matrizes na forma de fenda mostram grande similaridade, e as
diferenças residem principalmente no canal de distribuição (manifold).
228
Ou seja, a distribuição do fundido é acompanhada por um canal de
distribuição seguido, por uma região de resistência ao fluxo também
referenciada como land.
As variações dos diferentes tipos de canais de distribuição serão
discutidas posteriormente.
Para obter a seção transversal da chapa ou filme o mais uniforme
possível ao longo de toda largura da matriz, a geometria do canal de fluxo deve
ser projetada considerando as propriedades do material, condições de
operação e a reologia.
Diferenças na seção transversal da matriz quase sempre ocorrem e
podem ser reguladas por vários métodos.
Os gaps nas saídas das matrizes para filmes variam de 0,25‐0,70 mm com
larguras entre 1.500 e 4.000 mm.
As chapas (placas) podem se extrudadas com espessuras de até 40 mm e
larguras de até 4.000 mm.
Os tipos mais importantes de canais de distribuição de fluxo (manifold)
são mostrados na figura abaixo.
229
Aumentando a complexidade da matriz e do canal de distribuição do
fluxo, implicará em alta demanda tecnológica e portanto custos mais elevados.
Assim, nas aplicações práticas é sempre feito um compromisso entre o
projeto e o sistema de distribuição do fluxo.
Outro custo envolvido em matriz planas é a pressão que ela estará
sujeita, pois a mesma poderá deformar ao longo do tempo de uso.
Assim, uma forma de minimizar os custos envolvidos no projeto dos
canais e existir o recurso de estabilizar o fluxo dos canais, são usados
calibradores ou restritores de fluxo ao longo da seção.
230
Matrizes com canais de fluxo em ângulo
Matrizes com ajuste automático (parafuso aquecido)
Dimensionamento ou projeto da matriz
O manifold da matriz serve para distribuir homogeneamente o fluxo de
fundido na matriz, de modo que se tenha um fluxo volumétrico ao longo de
toda seção transversal da matriz.
Existem aplicações em que chapas ou filmes são orientados bi ou
uniaxialmente em um processo posterior.
231
Outro requisito é que o fundido tenha uma história uniforme de
deformação, temperatura e tempo de residência.
Espera‐se ainda que os requisitos anteriores atendam a praticamente
todas as condições de processo, e também aos diferentes materiais.
Assim projetar o fluxo no canal de distribuição da matriz (manifold) e no
paralelo (land) da matriz torna‐se fundamental.
O princípio é que existe uma taxa de fluxo média do fundido na saída da
matriz plana com fenda.
A resistência do fluxo em todos os caminhos deve ser igual
independente da trajetória do fundido.
Estas considerações podem ser formuladas de acordo com as hipóteses
apresentadas abaixo.
Sistema de coordenadas de uma matriz plana ou placas paralelas.
232
Uma interessante variação no método descrito para canais circulares,
são os canais de distribuição planos.
Manifold para uma matriz plana com um canal tipo placas paralelas.
Este canal é vantajoso do ponto de vista reológico e principalmente da
manufatura mecânica.
Pontos de estagnação nos canais não ocorreriam porque o fluxo é uma
combinação dos fluxos na direção do canal e na direção da placa plana (land).
Uma alternativa para o método analítico apresentado anteriormente é o
método numérico.
233
Neste caso a geometria da matriz é dividida em segmentos, e a taxa
volumétrica de fluxo e o balanço de pressão é feito em cada caso.
4.3.5 – CABEÇAS ANULARES (TUBOS)
Matrizes anulares são usadas para extrusão de tubos, mangueiras, filmes
tubulares e parisons tubulares, assim como para fios e cabos e capas para
tubos.
234
Um problema comumente encontrado neste tipo de cabeça de extrusão
são as soldas que existem nos perfis extrudados.
Para redução destas marcas de soldas existem três possibilidades que são:
a) Aumento da temperatura da massa ou do tempo de residência na matriz.
b) Distribuição uniforme ao longo da circunferência de fluxo usando
dispositivos “amaciantes”.
c) Produzir uma estrutura uniforme sobre toda circunferência do
extrudado, através da orientação das moléculas longitudinalmente e
entre os spiders.
As regiões de solda causam marcas no extrudado devido aos pequenos
insertos (spiders) que devem suportar o mandril.
Para minimizar estes efeitos existem alguns dispositivos mecânicos e
térmicos.
235
Matrizes com mandris de alimentação central e diferentes métodos para
reduzir a linha de solda.
Cabeça de extrusão com pacote de telas para tubos.
MATRIZES COM MANDRIL ESPIRAL
Cabeças de extrusão com mandril espiral para extrusão de filmes tubulares.
236
CABEÇAS TRIPLAS PARA EXTRUSÃO DE TUBOS
MATRIZES PARA EXTRUSÃO DE PARISONS PARA BLOW MOLDING
237
CALIBRADOR A VÁCUO
238
CALIBRADOR INTERNO PARA TUBOS
DISPOSITIVO PARA TUBOS CORRUGADOS
239
ANEX0 C – COMPLEMENTO AO CAPÍTULO 2
240
Comparação entre os modelos de comportamento de fluxo definido pelas
equações da Lei das Potências e de Carreau.
a
n 1
1 A t γ a
2
Equação de Carreau: 2 onde, (At) = constante material
0 dependente do tempo.
241
Influência da Temperatura
A dependência da viscosidade com a temperatura
pode ser expressa por :
b / T Ea
ae b
R
Ea é a energia de ativação de fluxo.
242
Influência da Temperatura
log
O valor de o diminui com Valor da declividade (n-1)
o aumento da temperatura praticamente inalterado
244
Levando em consideração o efeito de temperatura na viscosidade, o
fator de deslocamento tempo-temperatura (aT) pode ser incluído na
equação de Carreau:
a a η
n 1
a T 1 a T A t γ a
2
Equação de Carreau: 2
0 0
245
SUPERPOSIÇÃO TEMPO-TEMPERATURA
C1 T - Tg
Log10 a T -
C 2 T - Tg
onde, C1 e C2 são constantes universais dependentes do material.
C1 = 17,44 e C2 = 51,6
246
Incluindo o efeito da temperatura na Lei das Potencias:
m a T γ n
a K a T γ n 1
247
Influência da Pressão
A viscosidade de um polímero geralmente aumenta com a
pressão (Pr) de processamento:
η AeBPr
A e B são constantes para cada polímero.
248
6
10
200bar
5
10 500bar
Pa.s) 1000bar
(1000 b, 242 ºC)
4
10
o
242 C
(500 b, 242 ºC)
3 o
10 202 C
o
(200 b, 242 ºC) 162 C
2
10
-2 -1 0 2 3 4
1
10 10 10 10 10 10 10
(s-1)
γ
249
Influência do PM na Viscosidade de Polímeros
Viscosidade ( - poise )
Taxa de Cisalhamento ( γ )
Viscosidade ( - poise )
Taxa de Cisalhamento ( γ )
255
Exercícios sobre Fluxo de Polímeros no Processamento
ZONA
DO
CABEÇOTE
π R3 π (2 x 10-3 ) 3
Do gráfico da Fig.1, o valor de tensão de cisalhamento () à a de
aprox. 60 s-1 será de = 1,2 x 105 N/m2. Portanto, considerando que:
R P
τ
2L
2 x (12 x 10 -3 ) x 1,2 x 10-5
P
2 x 10-3
Queda de Pressão
através da Placa
1,4 MN/m 2
(MPa) 258
Exercícios sobre Reologia de Polímeros
2L
2 L τw 2 x 40 10 -3 x 2,7 105
ΔP 21,6 MN/m 2
(MPa)
H 1 10 -3
261
Área superficial do torpedo = D L
261
Para aumentar Descarga da Extrusora:
Coeficiente de atrito polímero-barril na zona de alimentação da
rosca deve ser o mais alto possível.
Coeficiente de atrito polímero-rosca o mais baixo possível com
polimento da superfície da rosca.
Superfície do barril rugosa ou com ranhuras na alimentação.
Refrigeração do barril na região debaixo do funil de alimentação.
Estas condições podem gerar pico de pressão antecipado
na zona de compressão da rosca induzindo problemas:
262
Desgaste rápido, distorção e até quebra dos filetes da rosca.
263
PERFIL DE PRESSÃO AO LONGO DA ROSCA
Curva A Perfil de pressão sem
modificação no barril e canal
profundo na zona de dosagem da
rosca – QA
Curva B Perfil de pressão sem
modificação no barril e canal raso
na zona de dosagem da rosca – QB
Curva C Perfil de pressão com
refrigeração do barril na zona de
alimentação e canal raso na zona
de dosagem – QC
Curva D Perfil de pressão com
barril ranhurado e canal raso na
zona de dosagem da rosca – QD
264
PERFIL DE PRESSÃO AO LONGO DA ROSCA
Curva A Perfil de pressão sem
modificação no barril e canal
profundo na zona de dosagem da
rosca – QA
Curva B Perfil de pressão sem
modificação no barril e canal raso
na zona de dosagem da rosca – QB
Curva C Perfil de pressão com
refrigeração do barril na zona de
alimentação e canal raso na zona
de dosagem – QC
Curva D Perfil de pressão com
barril ranhurado e canal raso na
zona de dosagem da rosca – QD
264
ROSCA DE EXTRUSÃO COM ZONA DE DESGASIFICAÇÃO
(a)
P
Q1
(b)
Q2
Q3
L
Configuração geométrica da rosca de extrusão de dois estágios com uma
zona de desgaseificação (a) e diversos perfis de pressão axial ao longo do
canal desta rosca, em função da resistência ao fluxo gerada na matriz (b). 265
Fluxo de Arraste na Zona de Dosagem
Problemas:
- superaquecimento na entrada da zona de dosagem.
- pico de pressão na entrada da zona de dosagem.
- desgaste dos filetes da rosca nesta região.
267
Pulsação na Descarga da Extrusora
Regra de 1-2-3:-
Faixa de 1% (+/- 0,5%) – Muito Bom !
Faixa de 2% (+/- 1,0%) – Aceitavel
Faixa de 3% (+/- 1,5%) – Problemas no controle de espessura.
Regra de 2-5-10:-
Faixa de 2% (+/- 1,0%) – Muito Bom !
Faixa de 5% (+/- 2,5%) – Aceitavel
Faixa de 10% (+/- 5,0%) - Problemas no controle de espessura.
268
FIM
Lista de Exercícios do Módulo 4 – “Extrusão de Termoplásticos”
(07– 09 de Junho’2017)
(2) - Descreva as principais funções das diversas zonas da extrusora de rosca única e,
consequentemente, apresente um perfil de rosca detalhando como as principais
características da sua geometria podem ser otimizadas para atender os requisitos
estipulados para transporte, fusão e homogeneização no processo de extrusão de
termoplásticos.
(4) – Explicar porque a rosca “rasa”, com reduzida profundidade de canal na zona de
controle de vazão da extrusora de rosca única, é indicada para extrusão (sopragem) de
filmes tubulares, enquanto a rosca “profunda” é adequada para extrusão de tubulações
rígidas de maior espessura.
(5) - Quais são as principais causas do desgaste de roscas e quais as possíveis maneiras
para reduzi-lo?
(6) - Quais as principais diferenças entre as extrusoras de rosca única e de rosca dupla
empregadas no processamento de materiais termoplásticos?
(1) – Quais as principais diferenças entre extrusoras que operam com roscas duplas co-
rotacionais e contra-rotacionais, em termos de mistura, eficiência de troca térmica,
capacidade de bombeamento e cisalhamento? Explique.
(2) - Extrusoras dupla roscas podem ser operadas em altas ou baixas velocidades,
dependendo de sua configuração e nível de intercalação. Quais os motivos para as
diferenças nas velocidades máximas?
(3) – Quais as principais seções de uma matriz e quais são suas funções? Qual a
importância de uma região de relaxação?
(4) - Como filmes poliméricos podem ser conformados? Quais as matrizes utilizadas e as
principais implicações no produto final?
(7) - No fluxo do polímero fundido para revestimento de fios, cabos ou tubos, qual o
principal problema encontrado em relação ao direcionamento do fluxo?
(8) - Em uma matriz do tipo fenda ou placas paralelas para fabricação de filmes ou chapas,
qual é o nome da parte da cabeça responsável pela distribuição homogênea do fluxo ao
longo de toda largura da matriz?