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UFSC - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CIÊNCIAS SOCIAIS
SOCIOLOGIA DO TRABALHO
PROFESSORA: THAÍS DE SOUZA LAPA
ALUNA: LARISSA MIRANDA DOMINGOS

Fichamento da disciplina de um dos textos obrigatórios: CASTEL, Robert. “A sociedade


salarial”. As metamorfoses da questão social. Uma crônica do salário. Petrópolis: Vozes,
2008, p. 415-494.

VII - A sociedade salarial.

1.0 Apresentação: Neste texto, vemos a caracterização conceitual do que é ser um operário,
proletário e obter salário, parte da identidade social e de integração comunitária, desta forma,
o autor trabalhará com estes acontecimentos da condição global do assalariamento. As
condições proletárias promovem a exclusão social, pois se torna um elo indispensável na
produção industrial, onde a comparação de status entre burgueses e proletários não são iguais
entre si, falamos então sobre hierarquias e vulnerabilidade das massas. Temos então situações
complexas de adoecimentos e aposentadorias e a ação salarial a partir dessas complexidades,
essa oposição de dominantes e dominados esboça uma estratificação da classe operária que
vive de subordinação, consumo, instrução e lazer, não estabilizando as estruturas. (p. 415)

2.0 Problemática: Enquanto a sociedade industrial promove a riqueza social, a quem é


direcionado a apropriação dessas riquezas? A sociedade salarial não é o pilar da condição
operária, a luta de classes fracassou e o assalariamento torna o operariado subordinado, sendo
o trabalho braçal mais exaltado dentro desta hierarquia, a partir da sociedade salarial, se
identifica as identidades sociais, a situação dos operários gera identificação entre os
membros, em que situação econômicas de misérias se enquadram dentro desta situação e
identidade, prosseguindo o crescimento e trazendo um movimento de promoções,
acumulação de riquezas, ampliação de direitos, garantias, seguridades e proteções, apesar de
ainda apresentar algumas fragilidades históricas e econômicas. (p. 416)

3.0 Contextualização histórica: Essa nova relação salarial, advindo da industrialização, o


estamento salarial foi historicamente analisado, existindo de forma fragmentada na sociedade
pré-industrial, antes de estruturar as condições que impõem o assalariamento. O novo perfil
industrial dos operários manifesta uma relação precoce salarial, a condição proletária e a
remuneração mínima garantia apenas a reprodução familiar e não estimulava o consumo, sem
registros de garantias legais de moradia através do aluguel, a relação do operário com a
empresa, ficando desempregado e depois empregado, passando por essa relação sem
seguridades, remunerando apenas a força de trabalho, comandando os consumos e os da
composição familiar do operário, tendo essas condições expostas, a condição fordista na
formação social do capitalismo, assume diferentes configurações, sendo tal questão
evidenciada de cinco formas seguintes. (p. 417-18).
A primeira condição: separação entre os efetivos, regulares e inativos e até semi-inativos e
também, os excluídos do trabalho ou integrados por regulamentação. Tal definição moderna
das condições de assalariamento identifica as estatísticas da população ativa, os que estão
ocupados e os desocupados, as atividades de tempo integral e empregos remunerados ou não,
pode-se falar de emprego e não emprego e também de proprietários de terras, nesse caso, é
considerado emprego? O autor ressalta tais questionamentos que iremos analisar conforme a
leitura. Após o século XIX na França, as análises de população ativa se tornam mais
confiáveis, sendo os ativos os que ganham com o trabalho monetário, distinto do fornecedor
de mercadorias e também do desemprego involuntário. Contabilizando os trabalhadores,
pode-se também regular seus fluxo, Beveridge (1942, citado pelo autor) analisa os obstáculo
da racionalização do trabalho dos que se recusam a disciplinas rigorosas, influenciando a
domesticação destes: legitimando o trabalho precário e englobando as jornadas de trabalho a
uma agência que o divide, traçando linhas entre empregados e os excluídos que necessitam de
assistência, tratando os desempregados como foras-da-lei e que necessitavam de punições
severas, como prisões, etc. A partir do século XX, na Grã-Bretanha, a união dessas agências
de trabalho e dos sindicatos, procuraram controlar melhor essa situação através de mais
contratações, exemplo diferente na França, deixando de regular e levando a responsabilidade
aos trabalhadores e empregadores, surgindo a disputa entre as empresas privadas e públicas
na gestão dessas contratações, gerando monopolização. Pelloutier (1890), assume os pedidos
de emprego e organiza sob controle sindical, fazendo com que socialistas e republicanos
interessem-se por tal questão; Bourgeois (1895) sugere a regulamentação dos processos de
mercado de trabalho e do desemprego, que assumiu entre 500 mil desempregados, ainda
assim jogando a responsabilidade para as autoridades, sem assumir tais necessidades.
Os poderes públicos assumem modestamente tal questão, os ofícios reúnem os dados de
desemprego, as políticas patronais já eram exercidas, as relações de chantagem eram rígidas
por liberais e patronos, criando propagandas de esforço máximo para não se tornar um
excluído, moralizando a população. Até o século XX, eram presos os desempregados,
totalizando 50 mil prisões, explicadas por graves crises econômicas e misérias do meio rural,
a partir da segunda revolução industrial, a imagem do vagabundo é novamente regulamentada
por uma “nova ordem”, a moralização gera revoltas e frustrações. (p. 419-425)

A segunda condição: fixação do trabalhador no campo de trabalho e racionalização do


processo de trabalho, expandindo o taylorismo do século XX, mobilizando o fator humano.
Essa organização científica do trabalho é caracterizada pelo tecnicismo e destituição do poder
de negociação do operário, perdendo sua autonomia e baixo nível das tarefas reprodutivas e
profissionais, idealizadas por tal liberdade. Essa racionalização contribuiu para a
homogeneização da classe operária, existindo também a rivalização entre os ofícios, por ser
dado diferenças entre salários e status, a classe operária fundiu-se com a consciência de
classe, organizando cidades proletárias que lutarão militarmente com o Partido Comunista.
Tal homogeneização das condições laborais produzem inversamente as diferenças,
necessitando diferir cargos de produção e operacionalização, com isso, a taylorização é
implantada antes da Primeira Guerra Mundial, criando uma nova relação salarial e
racionalização máxima das produções e organizações. (p. 425-428)
A terceira condição: novas formas de consumo dos operários, tornando-se usuários da
produção de massa, já haviam discussões do aumento de salário para incentivar a coerção,
mas é Ford (1903) quem estimula a produção para o consumo de massas, “five dollars day” é
pensado para o operário ter acesso ao consumo, como era considerado um consumidor
mínimo, produzia o máximo possível, mas a margem de lucro não era compatível com o
salário e certos suplementos eram aplicados, suprindo algumas necessidades, mas ainda não
gerando lucros, eventualmente como uma possibilidade de aumentar sua seguridade,
mantendo sua família no mesmo nível, sem mudanças significativas.
Conforme aumentou essas proporções de salário, a preocupação com o consumo seguiu-se
também, respondendo às transformações da vida popular e recuo da economia doméstica,
mudando alguns modos de trabalho do mundo rural, etc, mudanças de habitat, concentração
urbana, separação de famílias e meios de origem, marcando a pauperização em massa. Um
aumento de salário não faria com que a adaptação às formas rígidas seria mais fácil, mas o
consumo marcou o cerceamento das urgências de necessidades, pois integraria o consumo à
produção, por fim, gerando saída de algumas classes da miséria. (p. 429-432)

Quarta condição: acesso à propriedade social e serviços públicos, o trabalhador é sujeito


social à participar de bens não comerciais - tendo o pauperismo considerado um veneno, o
seguro se tornava um antídoto -, uma rede mínima de seguros de proteção à privações, mas
ainda não era significante à função distributiva e da norma de consumo, essa conjuntura
histórica do trabalho segue-se através destas implementações de algumas seguridades com
condições a serem seguidas, tal política de transferência entende-se como participação
desigual e pequeno acesso a bens públicos e de consumo, como os de higiene, saúde e
moradia. (p 432-434)

Quinta condição: direito do trabalho de reconhecimento coletivo através de estatutos e da


dimensão do contrato de trabalho, este contrato que define a troca de trabalho por um preço
ou valor, transação entre os indivíduos e imposições sociais, a relação contratual tem relação
com o estatuto do assalariado, não tendo ação direta sobre tal contrato de trabalho, podendo
agir através de convenções coletivas e beneficiar-se destas disposições que foram
concordadas entre ambos, essas negociações tiveram repulsas no seu início mas a partir de
1900 criaram-se conselhos operários em que tiveram um papel decisivo, em 1936, a vontade
política e o movimento social lançam a luz essas convenções coletivas. (p. 434-436).

4.0 A força salarial: em 1936, a etapa significativa da condição salarial operária, como força
salarial determinante de extensão de direitos e tomada de consciência de poder, sancionando
particularismo operário da divisão do trabalho social e da sociedade global, a vitória eleitoral
da esquerda, ocupam as fábricas e avançam nos direitos sociais, uma ação que era
considerada indigna, toma significação simbólica: as férias remuneradas e a possibilidade de
reconhecer o trabalhador no seu imaginário. A redução da jornada de trabalho também foi
uma conquista em 1906, através do sindicalismo e a jornada de 8 horas, mais libertador do
que o acesso ao consumo, tendo uma remuneração do “tempo livre” e reconhecendo sua
dignidade e não sendo visto apenas como um tarefeiro, essa conquista social também trouxe a
revolução cultural, onde espaços ditos de outras classes foram também ocupadas pela classe
operária. Mas o antagonismo entre as classes ainda é alimentado pelo ódio à conquista das
férias pela classe burguesa, vista pela moralidade como desocupados que não trabalham
enquanto não saciam as preguiças e caprichos da classe burguesa, o lazer popular é visto
como um milagre necessário e tal qual organização do lazer, distinguindo dos parasitas
sociais. (p. 436-438)

O ano também 1936 é visto como a organização científica do trabalho, tal exigência não é só
vista através da tecnologia, divisão de tarefas e rapidez, mas a relação social de subordinação
e privação, destinado à tarefas de execução, trabalhos imaginativos e de reflexão não eram
considerados, até porque é uma relação social que exige consciência e o papel de produção de
riquezas em troca de reconhecimento coletivo, tal contradição é reconhecida nas formas de
trabalho e nas consciências dos papéis sociais de produção subordinada, sem ter alguma
dignidade social, vendo o operário como um sujeito não-pensante, a partir de 1840 e 50, os
operários começaram a reivindicar dignidade no trabalho e reconhecimento como produtor
das riquezas, consistindo a consciência da classe operária e dando ressalta a tal dependência,
marcando a exclusão de adquirir os frutos de seus trabalhos. (p. 440-443)

Destacamos os fatores como direitos do trabalho, acesso ao consumo, ganhos salariais e lazer
entre pertencimentos, diferindo bastante da primeira condição do trabalhador industrial, mas
ainda caracterizada como uma sociedade dualista, mas reconhecimento que o proletário não é
um domínio do empregador, tais controles fogem das mãos seus setores. A experiência
operária inclui o consumo, habitação, instrução e trabalho, as incidências de alimentação por
sobrevivência e de consumo para reprodução biológica, a habitação também entra em
problemática quanto à insalubridades, a instrução e inclusão no ensino gratuito é conquistado
em 1931, a dependência social dos trabalhadores em relação ao seu local de trabalho, sob
ameaça de demissão e sem cláusula segura de que isto não ocorra, caso tenha o encerramento
do contrato, é aplicado então o seguro obrigatório afastando a vulnerabilidade operária, tanto
a aposentadoria é vista como irrisórias, recorrendo à assistências para sobreviver, o nível de
vida, instrução, relação com o trabalho e outros marcam as condições dos trabalhadores e a
classe social, marcado pela participação da nação e de acordo com seus interesses, fazendo
discussões sobre reformas e revoluções durantes os anos até a década de 50, tendo
ocorrências de perseguições e de retomadas dessas discussões. (p. 440-449)

5.0 A destituição: A classe operária não foi vencida, através de lutas contra o imperialismo
americano que iniciaram na década de 30 e incendiaram a postura revolucionária até 1960,
apesar das discussões políticas, o caráter sociológico da condição do assalariado no processo
de constituição da sociedade industrial, o salário teve sua análise histórica e deu luz a tal
subordinação societária, o trabalho braçal ainda é recorrente e tópico de discussão sobre seu
valor e tal processo da diferenciação salarial já havia sido discutida e estabelecida
anteriormente, tal peso e organização são evidenciadas. O número de trabalhadores braçais
extrapola caiu de 9 milhões para 600 mil, e o trabalho não-agrícola aumentou para 8 milhões,
aproximadamente, mas a transformação desta composição, significando o aumento de
assalariados não-operários de 3 milhões para 8 milhões, sendo estes, pequenos empregados
dos setores público e privado, tais simples empregados contabilizavam mais de 3 milhões em
médio e 1,5 no superior, fazendo tal transformação significativa na estrutura salarial, a
condição operária se degradou em termos salariais, tais operários agrícolas eram poucos e em
torno de 40 anos, desapareceram. (p 449-452)

Em contrapartida, a imagem do novo empregado se torna o de “colarinho branco”, o operário


fica submerso a condições elevadas a seu salário, sem atração para a condição e exercício de
seu papel e condição, tal promoção caracteriza a destituição salarial do operário, trazendo
dificuldades nas relações entre o “salariado burguês” e o assalariado operário, uma delas é o
patrimônio e a discussão do seguro obrigatório, tradição entre posições respeitáveis e capital
social das profissões liberais. Busca-se fundar tal respeitabilidade às novas posições de
valores da classe média, poupanças, heranças, iniciativas, sobriedade, tal situação é ocupada
por familiares que detêm patrimônio, vemos a ilustração de um médico acidentado no
trabalho e a relação com seus superiores, tal condição é reivindicada pelos engenheiros
através do sindicato criado na década de 30, a diferença entre as relações de patrão e operário
e a conquista destes benefícios, demandando ampliação de tais salários e aposentadoria
isolada. Em paralelo, o aumento dos serviços terceirizados a partir do comércio, bancos,
coletividades e do Estado, comunicação e publicidade, tais atividades são assalariadas e
figura tal classe de alguns empregados, os funcionários médios, engenheiros, chefes de
escritório, etc, criando uma hierarquia do trabalho. (p. 453-455).

6.0 A condição operária: é dominada pelas atividades salariais gerando contradições


internas, sendo qualificados e especializados no quadragésimo de uma porcentagem e não-
qualificados em vigésimo de tal porcentagem, enquanto o secundário de mulheres operárias
são sub-qualificadas em quadragésimo da porcentagem e em vigésimo nos empregos não
qualificados ocupado por mulheres, um em cinco operários é imigrante. O desenvolvimento
do setor público é comparado em organização ao setor privado, com fortalecimento de seus
empregados estatais e nacionais e das coletividades locais, tal segmentação trouxe
disparidades quanto a qualificações e o processo de unificação garantiu a retomada de seus
interesses e dinâmicas de tais disparidades objetivas, uma pesquisa nos mostra que um terço
da população operária se dedica a tarefas de fabricação, que são consideradas infra
produtivas, embalagens, manutenções e entregas ou atividades de execução, controle,
regulagens e organização do trabalho. Tal mudança é considerável em relação à obsoleta
produção industrial, o operário é visto como transformador da natureza, tal trabalho se torna o
objeto, na visão marxista, é essencialmente a produção de bens materiais de consumo. (p 456-
456)

A leitura da fabricação segue dois caminhos, o primeiro tem seu caráter limitado enquanto
isolado naturalmente por meio de matérias e forças inanimadas, mecanizando e paralisando o
operário, para Marx (1867), a transformação da natureza é a do próprio homem, atribuindo o
papel de demiurgo, o trabalho operário deixa de ser a produção de “obras”, tal transformação
do operário e sua condição abala tal concepção dada na sociedade industrial, refletindo sobre
sua centralidade e papel revolucionário que modificam a ordem social, unificando o
proletariado. Contudo, tais transformações podem gerar interpretações diametralmente
opostas, tal discurso oposto fala sobre a nebulosidade da classe operária burguesa, semeando
discussões do sindicalismo e marcando fim das ideologias, consumo da classe operária e
investimentos políticos e sindicais, existindo algumas melhorias das condições, através dos
anos 50 e 60 para a persistências dessas ideias, as dependências mudaram dos que estavam
marginalizado ou “socialmente abaixo”. Os hábitos comuns e estilos de vida, urbanismo e as
estatísticas são manifestada para mostrar o índice dos que estavam mais escolarizados ou
tiravam suas férias, essas transformações assumem seu caráter social, por volta dos anos 70,
um homem de estado tem seu poder de consumo maior na idade adulta ou até mesmo
aposentado, sendo uma referência para o Estado, tal maturidade é decisiva na alternativa
revolucionária que marcou a “nova classe operária” e distribuição do novo modelo de
sociedade salarial, a realidade histórica é redutível a modos de vida que se comparam a
curvas de salários, tendo seus altos e baixos como organização alternativa da sociedade, tal
fase rigorosa do trabalhador sustentado por seus momentos de glória, tinha poucos adeptos e
ressurgia em declarar greves e esperar ser institucionalizada. Revolução e reforma divergem
entre alimentar um imaginário da mudança radical e o desencanto do mundo social, as
transformações sociais passam a ser consideradas arbitrárias, tendo tal consciência de classe e
sendo subordinados por reformistas, os imigrantes sendo abandonados e esperavam ser
integrados ao sistema. (p. 457-459).

7.0 A indignação e emancipação: se dava através da dimensão “indigna da condição


assalariada”, o que refletia a necessidade de tal emancipação e a radicalização antropológica
dessa estrutura, gerando tal situação de dependência e capacidade para o trabalho, o trabalho
alienado é mencionado aqui para conhecer a condição de trabalhar para os outros, virar
consumidor e comercializar sua força de trabalho, assinando um contrato liberal, perdendo
sua independência de fato ao abandonar de seu trabalho que serve apenas a uma empresa ou
para o capital. Tais atividades criam a identidade do social autônomo onde certas atividades e
a condição de servir ao outro em outras atividades, não eram caracterizadas como
assalariadas,; mas a partir da década de 70, vemos uma ampliação do conceito de atividade
assalariada e da organização dessas classes quando é permeada pela luta contra a
homogeneização e ressaltando a condição antagonista em reivindicar se tornar um modelo
privilegiado. (p. 460-466).

8.0 A Condição Salarial: pode ser discutida a partir dos anos 50 pela sociedade francesa
para evidenciar a modernização, crescimento do progresso que contextualiza novas condições
salariais, representando o homem e consequentemente a mulher em suas jornadas de trabalho
cultuando o patrimonialismo e costumes conservadores através de publicidades que
cultuavam essa imagem como “segunda revolução francesa”, valorizando o núcleo de
prestadores de serviço como progressivas e de sucesso com bons salários e posições de
prestígio, modos de vida e cultura que dependiam de suas posições trabalhistas, o
desenvolvimento de setores profissionais a partir de seus diplomas e cursos, capitalizando a
educação e originando na constituição de um patrimônio e relações de propriedade, tal
questão de acesso à propriedade se dava após longos anos dedicados ao trabalho, tais
condições quando juntas, aumentavam seus acessos, compondo o núcleo das classes
dominantes. (p. 467-469).
O capital econômico, cultural e social, o Estado e as empresas constituem esse capital
econômico, assim como as publicidades e profissionais da área de comunicação reconhece
seus financiamentos, a condição do assalariado de sua profissionalização e competência
técnica pertencendo ao mundo dos negócios, os assalariados de alto grau e a dominância
tradicional inserindo-os nas discussões sobre a representação da sociedade salarial, trazendo a
questão dos patrimônios, propriedades e os marginalizados destas condições de vida que
foram sendo substituídas desde a sociedade industrial, esse dinamismo que se passou na
França quando é retratado os trabalhadores de mínimas rendas e que promoviam os acessos
ao lazer e proteção social, tais atrações de suas condições gerou um sentimento de
desigualdade trazendo revoltas e necessidade de homogeneização, adicionando novas
camadas na análise social do trabalho, dando integração a tais condições de lazer, cultura,
educação, etc. Fazendo tais comparações e princípios de diferenciação para identificar tais
identidades sociais e de classificação, mostrando a integração salarial dos trabalhadores e seu
salário mensal, como um dos marcadores de trabalhadores marginalizados e os periféricos,
mulheres e jovens sem qualificação, posições penosas sem muita assistência social, ainda
pautando o trabalho braçal como essa vulnerabilidade que atrasaria o processo social e
econômico, permanecendo como exploradas enquanto classe operária. (p. 470-476)

Inseridos nesse “quarto mundo” do trabalho, expressão utilizada para as sociedades


desenvolvidas, a integração social e instituições reconhecidas socialmente, sendo
modernizados e moralizados, sem participar do jogo comum dos marginalizados, as do povo
e as dos empresários e herdeiros de fortunas, enquanto alguns não mereciam o
assalariamento. Estamos falando sobre uma identidade social que surgiu na década de 70, em
que posições privilegiadas e outros considerados indignos abaixo da mesma, gerando essa
identificação da diferença mas também o destaque dessas condições de situações sociais. O
crescimento estatal e econômico surge através do desenvolvimento desta gestão política de
conquista de direitos e propriedades sociais e privadas, através de consequências de crises
econômicas, o avanço em fatores econômicos e sociais nesses estabelecimento singulares de
crescimento, aumentando a produtividade, renda e consumo, marcando ideias do
desenvolvimento econômico e progresso social, trabalhando na redução e supressão
progressiva das desigualdades, refletindo o crescimento econômico através das gerações. (p.
477-481)

9.0 O Estado Social: surge do equilíbrio da situação salarial, uma sociedade de classes que
estava ameaçada mediou uma nova formação social e proteção generalizada, a seguridade
social de 1945 trabalhou em finalizar as vulnerabilidades das classes populares através da
Seguridade Social e a mediação das situações familiares, necessidades de afastamento, e
também a realização da justiça social como melhoramento das condições das classes
trabalhadoras que eram maltratadas e propiciavam sua libertação, evidenciando tal lógica da
transformação social e salarial, a subordinação à hierarquia da dimensão salarial nos trouxe
evidências da construção da condição salarial e também de alguns casos de salário indireto
como vulnerabilidades e outra discussão do patrimônio e trabalho, seguridades,
aposentadorias e as relações entre empregador e empregados. (p. 482-485)
O Estado mantém o papel de ator social e econômico, inovador e regulamentador,
reconstruindo economias que estavam devastadas e injetando nos setores públicos e privados,
aplicando os princípios keynesianos, dirigindo os objetivos políticos, sociais e econômicos e
do desenvolvimento da propriedade social e dos serviços públicos, em 1962, o Plano de
Desenvolvimento Econômico e Social, fundamentado no aumento dos empregos e benefícios,
aumentando os serviços públicos e com isso a regulamentação keynesiana como forças de
parâmetro em incentivar seus parceiros sociais e negociações que fazem parte da história das
relações de trabalho e a consolidação da condição salarial. O SMIG, Salário Mínimo
Interprofissional Garantido, progrediu o crescimento, tais condições históricas permitiam o
acesso ao programa de remuneração, inserindo as classes no desenvolvimento econômico e
social, estabelecendo políticas contratuais que contribuíram para a progressão de salários e
rendas como para reduzir a desigualdade, tal política de renda é introduzida durante as
décadas de 50 a 70, a evolução dos salários acompanhou o de produtividade, mas também
criou estruturas de regulação jurídica, acessos a propriedade e moradia decente, seguridades
sociais e maiores participações das culturas e lazer. (p. 486-493).

10.0 Conclusões: Núcleo da questão social permeada de conflitos e discussões instáveis


sobre tais inseguranças e incertezas das condições e das vulnerabilidades sociais, ao longo
dos séculos, as lutas e revoltas foram sendo transformados em legislações e regulamentos que
constituem tal identidade, tal civilização do trabalho passou por diferenciações dos processos
salariais e a condição, passou de alienada conforme características de subordinação, para ter a
compensação através de seus direitos e garantias, a promoção de direitos universais e da
democracia, através de tal sociedade de indivíduos e suas dificuldades individuais, gerando
seguridades e proteções sociais, a ampliação de coletivos que problematizam questões mais
individualistas e reconheciam a consciência de classes, que punia os vagabundos e
desempregados, visto como individualismo negativo para o positivo, onde a sociedade
contratual de salário se estabeleceu. (p. 593-599)

Tal legalidade seguia as regras do jogo, a pauperização representava a dessocialização e a


margem periférica, traçando limites entre as classes, trabalhos rurais foram sendo extinguidas
e a relação salarial se deu por necessidade e dependências contratuais de aluguéis, moradias,
consumo, etc. Esses regimes em troca dessas seguridades sociais, seguiam-se em jornadas de
divisão do trabalho e a união entre as classes, mas também criavam relações como as
paternalistas. Os coletivos e proteções fizeram transformações maiores no sentido de
flexibilidades e comportamentos, sendo reconhecido tecnicamente e pessoalmente,
expressando-se através de seu trabalho. Ainda assim, é retratado moralmente a força como se
dão os desempregados e a busca pela sua seguridade social, ressaltando o individualismo
nocivo e o pensamento neoliberal, tornando essas questões mais complexas. Esse novo
regime de políticas sociais faz com que a situação em que se encontravam os indivíduos mais
carentes, assumiram suas formas explícitas de projetar esses contratos nas matrizes do
trabalho, mas ainda assim utilizando de moralidade para destacar os marginalizados,
enquanto projetos tentam subverter e implementar novas condições. (p. 600-611)

11.0 Referências Bibliográficas:


CASTEL, Robert. “A sociedade salarial”. As metamorfoses da questão social. Uma
crônica do salário. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 415-494.

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