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Universidade Federal de Vicosa Reitor Vice-Reitor Pro-Reitor de Extensiioe Cultura Diretora da Editora UFV Conselhe Editorial Carlos Sigueyuki Sediyama idio Furtado Soares Geraldo AntOnio de Andrade Aragjo Rizele Maria de Castro Reis Paula Dias Bevilacqua (Presidente), ‘Afonso Augusto Teixeira de Freitas de Carvalho Lima, Erly Cardoso Teixeira, Luiz Claudio de Almeida Barbosa, Luiz Antonio dos Santos Dias, Milton Ramon Pires de Oliveira, Orlando Pinheiro da Fonseca Rodrigues, Paulo Henrique Alves da Silva e Rizele Maria de Castro Reis ‘AEditora UFV 6 filada & cep ee Associagao Brasileira das Editoras Asociacién de Editovialés Universitarias Universitarias ‘de América Latina y el Caribe Tiago Pinto da Trindade Carlos Alexandre Braz de Carvalho Dario Cardoso de Lima Paulo Sérgio de Almeida Barbosa Claudio Henrique de Carvalho Silva Carlos Cardoso Machado Compactacio dos Solos Fundamentos Teéricos e Praticos 18 reimpressao editorA UFV Universidade Federal de Vigosa 2011 © 2008 by Tiago Pinto da Trindade, Carlos Alexandre Braz de Carvalho, Dario Cardoso de Lima, Paulo Sérgio de Almeida Barbosa, Claudio Henrique ‘do Garvatho Siva ¢ Carlos Cardoso Machado 1 edigflo: 2008, 1* reimpressao: 2011 Dirolion de edigho reservados a Editora UFV. Todos 08 direitos reservados. Nenhuma parte desta publicagéo pode ser feptoduzida, apropriada @ estocada, por qualquer forma ou meio, sem auto- flzagho dos detentores dos seus direitos de edigao. Impresso no Brasil Ficha catalogréfica preparada pela Seco de Catalogagao © Classticagéo da Biblioteca Central da UFV Compactagio dos solos : fundamentos teéricos e praticos / 6738 Tiago Pinto da Trindade et al. - Vigosa: Ed. UFV, 2008, are 95 p. : il. (algumas col.) ; 22cm. Incl anexo Reteréncias bibliograticas: p. 81-83, ISBN: 978-857269-931-8 1. Solos - Compactagao. 2. Fisica do solo. |. Trindade, Tiago Pinto da, 1977-. I. Carvalho, Carlos Alexandre Braz de, 1954-. I Lima, Dario Cardoso de, 1951-. IV. Barbosa, Paulo Sérgio de Almeida, 1959-. V. Silva, Cldudio Henrique de Carvalho, 1959-. VI. Machado, Carlos Cardoso, 1951-. VIl. Universidade Federal de Vigosa. COD 22.04. 631.43 Capa: Miro Saraiva Revistio linglistica: Ana Maria de Gouvéa Almeida Editoracdo: Miro Saraiva Impressao © acabamento: Divisdo de Grafica Universitaria da UFV Editora UFV Pedidos Edificio Francisco Sio José, sin Tol. (Oxx31) 9899-2084 Universidade Federal de Vasa Fax (Oxx3t) 3899-3113 Caixa Postal 251 E-mail editoravendas @uN.br '36570-000 Vigosa, MG, Bras editoraorcamento @utv.br Tels. (Oxx31) 899-2220/3139 Livaria Vinal: wwew.ivraria.uv.be E-mall editora@ utv.br Dedicamos ests livro a nossos familiares. Apresentagao Este livro tem 0 objetivo de transmitir ao estudante, ao pro- fissional e ao técnico da area de engenharia informagGes relacio- nadas a compactagao de solos, fornecendo elementos técnicos de interesse para estudo e pesquisa nas areas de construcao de vias, barragens de terra, execugao de aterros e outros diferentes, tipos de obras de engenharia em que se aplicam os conceitos sobre a compactagdo de solos O contetido deste livro é apresentado em sete capitulo, ¢ © Ultimo contém exercicios propostos e resolvidos, que servem ‘como suporte ao ensino e ao desenvolvimento do raciocinio dos, estudantes de engenharia civil. Apresentam-se, também, no Ane- x0, dados sobre a influéncia de aditives quimicos nos parametros de compactagao de solos da Zona da Mata Norte de Minas Ge- rais, com base em resultados de pesquisas desenvolvidas na gra- duagao e pés-graduagdo dos Departamentos de Engenharia Ci- vil e de Engenharia Fiorestal desta Universidade. Agradecemos aos professores, funcionarios, alunos @ ex- alunos dos Departamentos de Engenharia Civil e de Engenharia Florestal, cujas pesquisas e projetos contribuiram para a elabo- rago deste texto. A Femando Paulo Caneschi, Jorge Luis Aral- jo, Julio Carlos dos Santos e Thatiana Aparecida Lelis, que, gen- tilmente, concordaram em participar ¢éas fotos no laboratério. Os autores Lista de simbolos e abreviagoes AASHO American Association of State Highway Officials AASHTO American Association of State Highway and ‘Transportation Officials ABNT — Associagdo Brasileira de Normas Técnicas CBR —_California Bearing Ratio, expresso em % DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNIT Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes . Densidade relativa, expressa em % e indice de vazios em Indice de vazios do solo no estado natural ony Indice de vazios maximo que o material pode atingir _ Indice de vazios minimo que o material pode atingir E Energia de compactagao expressa em kN.mvm* cc Grau de compactagéo expresso em % H Altura expressa em m N, Numero de camadas N Numero de golpes aplicados por camada Pp Peso expresso em kN s Grau de saturagao expresso em % v Volume expresso em m? % Peso especifico aparente seco expresso em kNim? Yomox Yocampo % S225 eameo Peso especifico aparente seco maximo expresso em kNim* Peso especifico aparente seco de campo expresso em kNim? Peso especifico aparente dos sélidos expresso em KNim* Peso especifico aparente da agua expresso em kNim? Umidade expressa em % Umidade étima expressa em % Umidade de campo expressa em % Desviode umidade dado pela diferenga entre a umidade de campo e a umidade 6tima, expresso em (%) Sumario CAPITULO 1, 13 Introdugao, 13 CAPITULO 2, 17 O ensaio de compactagao, 17 Consideragdes gerais, 17 Detalhes da execucao do ensaio, 22 CAPITULO 3, 28 Evolugao das teorias de compactagao, 28 Solos argilosos, 28 Solos arenosos, 34 CAPITULO 4, 36 Comportamento geotécnico dos solos compactados, 36 Consideragées gerais, 36 Comportamento geotécnico dos solos coesivos compactados, 38 CAPITULO 5, 43 Tipos de compactagio, 43 Consideragies gerais, 43, Compactagao em laboratério, 43 Compactagao no campo, 45 Escolha da area de empréstimo, 45 Escavagéo, transporte, espalhamento e homogeneizagao do solo, 45 Compactagao, 45 Rolos lisos, 48 Rolos pneumaticos, 48 Rolos pé-de-cameiro, 49 Rolos vibratérios, 50 Outros equipamentos, 52 Caracteristicas de equipamentos empregados na compactagao de solos, 52 Principais fatores de interesse para a compactagao de solos no campo, 54 CAPITULO 6, 55 Especiticagbes para compactagao e controle da execugao no campo, 65 Especificagdes para compactagao, 55 ‘Compactagao de aterros, 56 ‘Compactagac da camada de reforgo do pavimento rodovisrio, 57 Compactagao da camada de sub-base e base granulares, 57 Controle de compactagao no campo, 58 Aterros experimentais, 59 CAPITULO 7, 63 Exercicios resolvides e propostos, 63 Exercicios resolvidos, 63 Exercicios propostos, 75 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS, 81 ‘ANEXO, 84 Resultados do uso de adiivos quimicos nos pardmetros de ‘compactagao de solos: experiéncia e pesquisas realizadas na UFV, 84 Consideragoes gerais, 84 Misturas solo-cimento, 87 Misturas solo-cal, 89 Misturas solo-vinhoto, 91 Misturas solo-betume, 92 Misturas solo-DS 328, 94 Capitulo 1 Introdugao Muitas vezes, na pratica da engenharia geotécnica, 0 solo de Figura 3.3 - Representagéo esquematica da estrutura de solos argilosos compactados. Fonte: LAMBE, 1958. Olson (1963) utilizou 0 conceito da tensao efetiva para explicar ‘a curva de compactado. Segundo esse autor, um aumento na lade do ramo seco resulta na elevacdo da presséo nas fases liquida e gasosa e na redugdo da tensao efetiva interparticulas, 0 que possibilita arranja-las melhor e, consequentemente, atingir um ‘estado mais denso. Acrescentando-se mais Agua ao solo, os vazios vao ficando cada vez menores, até que se atinge um grau de umidade em que se tornam descontinuos, impedindo-se assim a saida de ar. Apartir deste ponto, nao ha mais redugao de volume da massa de solo, tendo-se alcangado a umidade étima e 0 peso especifico aparente seco maximo para a energia empregada. No ramo umido, o.aumento da umidade é responsavel por maior deformagao do solo @ redugo do seu peso especifico aparente saco. Langfelder et al. (1968) relatam que, no ponto étimo de umidade de solos argilosos compactados, os vazios ndo estao mais interligados. Assim, além desse ponto ndo se consegue expulsar ar dos poros e reduzir 0 volume do solo, pois a energia fornecida ao sistema no proceso de compactagao é armazenada via compressao 34 Compaciagdo dos Solos - Fundamentos tebricos e priticos da fase gasosa e, sem sofrer dissipagao, 6 devolvida pela expanséo desta mesma fase. A partir dessa constatagéo, pode-se também analisar a influéncia da energia de compactacao no peso especifico aparente seco. Quando solo se encontra com umidade abaixo da otima, a aplicagéo de uma energia de compactagao maior 6 responsavel pelo aumento do peso especifico seco aparente. Mas, quando a umidade é maior que a étima, de um esforgo maior de ‘compactago pouco ou nada altera o peso especifico aparente seco, pois nao se consegue expelir 0 ar dos vazios. Esse fendmeno também ocorre no campo. Quando o solo se encontra no ramo umido, a passagem excessiva de um equipamento de compactagao leva cocorréncia do fendmeno conhecido como "borrachudo", isto é, 0 solo se comprime na passagem do equipamento para, logo a seguir, expandir em uma resposta que se assemelha a um comportamento elastico, Solos arenosos No caso de solos arenosos, observa-se que a influéncia da umidade no processo de compactagao 6 muito menos significativa do que no caso de solos argilosos, pois os fenémenos de superficie tém, agora, menor importancia. Para certa energia aplicada, as curvas de compactagdo szio muito abatidas, ocorrendo pequenas variagées no peso especifico aparente seco quando se altera a umidade do solo. Segundo Melo (1985), esse fato reduz a importancia dos pardmetros tradicionais de compactagao, sendo comum empregar o parémetro densidade relativa (Dr), definido pela Equagdo 3.1, para expressar 0 estado de compactagao de solos arenosos: na ~ na O= : (1) max ~ rin ‘em que: Dr = densidade relativa; enat = indice de vazios do solo no estado natural; ‘emax = indice maximo de vazios que 0 material pode atingir; ¢ ‘emin = indice minimo de vazios que o material pode atingir. Evolugdo das teorias de compactacdo 35 Com retaco a compactagao de solos arenosos em laboratério ‘e campo, é comum recomendar o emprego da vibragao para atingir as densidades relativas especificadas nos projetos de engenharia. O Quadro 3.1 apresenta um critério de classificagao de areias com base na compacidade, considerando-se o parametro densidade relativa. ‘Quadro 3.1 - Terminologia sugerida por Terzaghi para classificagao das areias segundo a compacidade Classificagao Densidade Relativa, D, (%) ‘Areia muito fof ‘abaixo de 15 Axela fota entre 15 25 Areia mediamente densa entre 35 € 70 Areia densa entre 70 e &5 Areia muito densa acima de 85 Fonte: CARVALHO, 1997. Capitulo 4 Comportamento geotécnico dos solos compactados Consideragdes gerais s principais fatores que influem no proceso de compactagao de um solo sdo 0 tipo de material, a natureza do esforgo de compactago, a energia de compactagao aplicada, a umidade da compactagéo e a espessura da camada a ser compactada. Em geral, ‘© emprego dessa técnica de melhoramento é responsavel por reducdo na compressibilidade, pelo aumento na resisténcia a0 cisalhamento € pela redugao na permeabilidade dos solos. (© Quadro 4.1 e a Figura 4.1 apresentam, respectivamente, valores étimos de parémetros e as curvas da energia de ‘compactagao do ensaio Proctor normal, de solos de granulometria variando de areia a argila ‘Quadro 4.1 - Valores médios de umidade étima e peso especifico aparente seco maximo de solos arenosos, siltosos argilosos Tipos de Solos Wai (%). Yarax (KN/m°) ‘Arenosos Taiz 20 Sittosos 18.425 16 Argilosos 30.240 13 Fonte: PINTO, 2000. Comportamento geotécnico dos solos compactados 31 a (a) pedreguiho bem graduado, poucoargloso (b) Sole arenes iatertico tno 20 AN (6) aroia stosa (@) aria sto-ergioea 10 f@ (resis so grant) (0) sie poco argose Peso especifico aparente seco, yd (kNim’) ep ab ts Umidade, W (%) Figura 4.1 - Curva de compactagao de solos com granulometrias variando das argilas aos pedregulhos compactados na energia do ensalo de compactagao Proctor normal. Fonte: PINTO, 2000. A Figura 4.2 ilustra a influéncia da energia aplicada nos parametros étimos de compactagao. Observa-se que, para um mesmo solo, a aplicagao de energia de compactacdo mais elevada 6 responsdvel por uma umidade dtima menor e um peso especifico aparente seco maior. Segundo o DNIT (2006), 0 efeito da energia de compactagao no peso especifico aparente seco é maior nos ramos secos das curvas de compactagao, onde s9 maiores os volumes de vazios preenchidos com ar. 38 Compactasio dos Solos - Fundamentos teéricos e prticos Z] Lina de méximos 8 é Curva de saturagao 5 & ' 3 a Figura 4.2 - influéncia da energia de compactagao nas curvas de compactagao de um mesmo solo Fonte: Modificado de DNIT, 2006. Comportamento geotécnico dos solos coesivos compactados Neste t6pico, seréo apresentados comentéarios sobre condutividade hidraulica ou permeabilidade, deformabilidade € resisténcia ao cisalhamento de solos coesivos compactados. Quanto a resisténcia ao cisalhamento, depreende-se da Figura 4.3 que um solo coesivo compactado no ramo seco apresenta maior resisténcia ao cisalhamento do que quando compactado no ramo mido, observando-se ruptura fragil no primeiro e segundo casos, e ruptura plastica no terceiro. Justificam-se esses comportamentos pelo fato de, no ramo seco, parcela significativa dos vazios estar preenchida com ar e os vazios restantes, proximos as particulas, com Agua. Isso da origem a fendmenos de sucgao que tendem a aproximar as particulas, aumentar as tenses efetivas e, conseqiientemente, a resisténcia ao cisalhamento do solo. Porém, quando a compactagao se processa no ramo imido, a contribuigao Comportamento geotéenico dos solos compactados 39 da sucgao cai ou se anula, dependendo do grau de saturagéio do solo. Neste caso, a resisténcia ao cisalhamento toma-se menor do que aquela que ocorreria se o solo fosse compactado no ramo seco. Peso expecticosseente seo, ‘coum Tenabo Deavo (in) 8 8 8 8 8 apes. et eee Ee ope ar (unui Ras) Delores aia 6) Figura 4.3 - Resisténcia ao cisalhamento em fungaio da umidade de ‘compactacao, Fonte: LAMBE 6 WHITMAN, 1960. Em termos de compressibilidade, sabe-se que os solos Coesivos compactados no ramo seco so menos compressiveis do {que quando compactados no ramo Umido, pois, neste caso, a sucgéo tonde @ manter as particulas préximas, aumentando as tensdes 40 Compactagiio dos Solos - Fundamentos tebricos ¢ priticos efetivas na massa de solo e reduzindo a sua compressibilidade; certamente, espera-se a ocorréncia de comportamento inverso em solos compactados no ramo Umido. Lambe e Whitman (1969) apresentaram um estudo que confirma inferéncias sobre 0 ‘comportamento de solcs coesivos compactados em uma mesma energia, considerando niveis diferentes (altas e baixas pressbes) de tensées verticais aplicadas (tensbes de consolidagéo) (Figura 4.4). Indice de vazios, e—> ()— (a) baixas pressées ® —— ® os ar DDescompressio (para os dois ramos) (b) elevadas pressdes Rete): Figura 4.4 - Compressibilidade dos solos coesivos compactados. Fonte: LAMBE e WHITMAN, 1969. Comportamento geotéenico dos solos compactados 41 Quanto & permeabilidade, os gréficos apresentados na Figura 4.5 revelam que, para a mesma energia de compactago, ‘aumentando a umidade de moldagem, ha diminuigéo da permeabilidade do solo; no ramo tmido, observa-se pequeno aumento. Para Lambe e Whitman (1969), a raz8o desse comportamento esta no fato de que 0s solos finos compactados no ramo seco formam agregacées de particulas com grandes vazios entre si por onde a agua pode * circular com relativa facilidade; ja no ramo umido, as agregagbes tendem a se desfazer ou ficarem muito préximas, dificultando a percolagao da agua. Assim, observa-se que a permeabilidade na Umidade étima ou no ramo umido & menor do que no ramo seco. se07; ne0a, Pemeslisade cm/s) 1e08. 7 er ae era cr 2 Lice, | Figura 4.5 - Variagao da permeabilidade com a umidade de compactagao, Fonte: LAMBE e WHITMAN, 1969. 42 Compactacao dos Solas - Fundamentos tebricos ¢ priticos Um estudo interessante sobre a relacdo entre os parametros peso especifico aparente seco e CBR foi apresentado por Souza (1980) @ reproduzido pelo DNIT (2006), conforme se visualiza na Figura 4.6. A transcrigéo das andlises de Souza (1980), com as devidas adaptagSes, ocorre como se segue: + a curva de compactagdo & representativa da energia de ‘compactagdo do trafego considerado (Figura 4.6); ‘+ se a umidade inicial de compactago for baixa e variar pouco durante a vida do pavimento, havera pouca variag3o no CBR e no peso especifico aparente seco. Nao haverd recalques pronunciados e nem ruptura se 0 CBR inicial for satisfat6rio (flecha 1); ‘+ se a umidade inicial for baixa e aumentar rapidamente (flecha 2), © CBR cai bruscamente, podendo haver ruptura sem recalques apreciaveis; se a umidade inicial for baixa e aumentar lentamente (flecha 3), 0 solo se densificara, podendo haver uma ligeira queda ou aumento do CBR (dependendo dos valores de umidade e peso especifico aparente seco aleancados), mas haverd recalques pronunciados; se a umidade inicial for alta e decrescer lentamente (flecha 5), a situagdo é semelhante a descrita no item acima; ‘se a umidade inicial for alta e variar pouco (flecha 4), 0 solo se densificara, havende pequenos recalques, mas o CBR pode cai e haver ruptura (queda do CBR com aumento do peso especifico aparente seco, para elevadas umidades). fi i ® © ih /. g @ @ ® Luria, W (4) Figura 4.6 - Efeito do trafego nos parametros de compactacao de uma camada de solo. Fonte: SOUZA, 1980. Capitulo 5 Tipos de Compactacgao Consideragées gerais © comportamento geotécnico de um solo, em especial a sua resisténcia ao cisalhamento, a compressibilidade & permeabilidade, 6 dependente do seu volume de vazios. Assim, 6 comum associar a menores indices de vazios aumentos na resisténcia ao cisalhamento © redugées na deformabilidade @ na permeabllidade. Certamente, como lembra Melo (1985), essa concepgao nao se aplica, por exemplo, as argilas sensiveis em que redugSesno volume de vazios podem levar & quebra de mecanismos de ligacdo interparticulas e, consequlentemente, a quedas na resisténcia ao cisalhamento. partir da aplicagao do principio genérico de que uma redugao no volume de vazios de um solo responsdvel por um aumento na sua resisténcia ao cisalhamento, cabe ao engenheiro projetista de uma obra de terra definir qual é a redugao necessaria para certo fim de engenharia e determinar a melhor maneira de se obté-la no campo, apés obter os parametros de projeto, em geral via ensaios de compactagao realizados em laboratério. Essa decisdo envolve a escolha do equipamento de compactacdo, bem como a definigao do processo construtivo e das etapas do controle de compactagao. Compactagao em laboratorio A compactagao de corpos-de-prova em laboratério pode processar-se por quatro vias, a saber (RICO; Del CASTILLO, 1976): 44 Compactagao dos Solos - Fundamentos tedricos e priticos + compactagaio dindmica, caracterizada pela queda de um soquete sobre a camada de solo; + compactagao estattice, em que se exerce uma pressao constante sobre 0 solo em velosidade relativamente pequena; + compactagdo por amassamento, em que se aplicam os golpes ao solo através de um pistdo com mola, em vez da tradicional queda do ‘soquete, iniciando-se a compactacdo pela parte inferior da camada, ‘4 semelhanga da compactagao no campo com o pé-de-cameiro; & ‘+ compactagaio por vibragdo, em que comumente coloca-se ou nao uma sobrecarga sobre a camada de solo a ser compactada, aplicando-se vibragéo ao conjunto. Em 1948, na Universidade de Harvard, foi desenvolvido um método de compactagao de solos em equipamento miniatura (Ensaio Harvard), que utiliza peneira de abertura nominal 2 mm e um cilindro de, aproximadamente, 33,4 mm de diametro e 71,5 mm de altura ‘Segundo Rico e Del Castillo (1976), com esse equipamento, busca- se reproduzir em laboratério a estruturagao interna produzida pelos equipamentos de compactagéo de campo. O corpo-de-prova & compactado em trés camadas, com a aplicagao, em cada uma delas, de 25 golpes de um pistéo constituido por uma haste de 12,7 mm de diametro, acionada por uma mola que the aplica um esforgo de 180 N (HEAD, 1984). Vale destacar que esse procedimento tem certa aplicagao na confec¢do de corpos-de-prova de solo ‘compactado, em espetial em pesquisas com solos estabilizados ‘com aditivos quimicos por requerer pequenos quantitativos de solo. Na moldagem de corpos-de-prova de dimenses que fogem aquelas prescritas na norma técnica NBR 7182/86 (ABNT, 1986b) ‘ou no método de ensaio DNER-ME 129/94 (DNER, 1994), pode-se ‘empregar a Equagdo 6.1, que fomece o nlimero de golpes de um soquete nao padronizado para compactar determinado volume de solo em uma energia pré-estabelecida: PicHNge xNe Vv (6.1) em que: E - energia de compactagao (kN.m/m?); P- peso do soquete utilizado (kN); H altura de queda do soquete (m); Tipos de Compactagio 45 Nge - numero de golpes aplicados por camada; Nc - numero de camadas; e V - volume de solo a ser compactado (m) Compactagao no campo Segundo Massad (2003), a compactagaéo em campo compreende uma série de atividades, que sero discutidas a seguir. Escolha da area de empréstimo Na escolha da area de empréstimo, cevem-se considerar a distancia de transporte da jazida a obra, 0 volume de material disponivel, 0s tipos de solos e a umidade de cada um. Recomenda- se utilizar no corpo de aterros, ou nas camadas de solo compactadas, materiais que atendam as especificagdes de projeto. Escavagao, transporte, espalhamentoe homogeneizagao do solo Considerando as exigéncias ambientzis antes da explorago de uma jazida de empréstimo e quando ovorre uma camada de solo organico na sua superficie, recomenda-se estoca-la nas proximidades, para ser usada na restauragao da area de empréstimo. Apés transporte do solo proveniente da jazida de empréstimo e deposigao em forma de leiras na obra, 0 material deve ser ‘espalhado em camada tal que a espessura sea compativel com os ‘equipamentos de compactagao empregados, Depois de espalhado, © solo deve ser homogeneizado com pulvimisturador ou arado de disco para, em seguida, ser colocado na umidade de projeto novamente homogeneizado. Antes da compactagao, a camada deve ser regularizada para se atingir uma espessura solta que leve & espessura da camada de projeto. Compactagao ‘Segundo Baptista (1976), 0 processo de compactagéo de um solo pode ser subdividido em etapas,visando aplicar maior esfor¢o 46 Compactagio dos Solos - Fundamentos tedricos e priticos para levar o material as condigdes exigidas por um projeto ou norma técnica, com a finalidade principal de conformar a superficie compactada, Os principios gerais que regem a compactagao no campo se assemelham aos de ‘aboratério, observando-se, porém, que (ONIT, 2008): + a8 condig6es de confinamento dos solos em laboratério (cilindro rigido) ‘e campo (em camadas) diferem-se, o que pode resultar em diferencas entre as energias de compactagao em ambas as situacdes; +. aco dos equipamentos de compactacao no campo produz linhas de parametros étimos que se diferem daquela de laboratorio; e + as compactagées realizadas em laboratério e campo produzem estruturas diferentes nc solo. Essa ultima observagdo traz a tona 0 fato de que o solo. ‘compactado no laboratério e 0 do campo podem apresentar diferengas nos seus pardmetros de resisténcia ao cisalhamento, & compres-sibilidade e a permeabilidade. A questo a ser respondida € se elas so ou ndo significativas para uma certa finalidade de engenharia Considerando determinado equipamento de compactagao, é de conhecimento geral que @ energia transmitida a massa de solo varia diretamente com 0 numero de passadas e, inversamente, com a espessura da camada compactada. Segundo 0 DNIT (2006), variagbes no esforgo de compactagéo podem ser obtidas como se segue: * alterando-se 0 numero de passadas do equipamento de ‘compactagao, levando em conta que 0 peso especifico aparente ‘seco do solo cresce linearmente com o logaritmo do nimero de passadas; * alterando-se a espessura da camada compactada, pois, segundo Porter, o nimero de passadas para se atingir determinado peso especifico aparente seco varia na razo direta do quadrado dessa espessura. Assim, para uma camada de 20 cm de espessura, 0 ‘nUmero de passadas n é quatro vezes o necessario para uma camiada de espessura de 10 om [n = (20/10)2]; e ‘+ mudando-se 0 tipo ou as caracteristicas do equipamento de compactacao. Tipos de Compactas Souza (1980) relata que, no campo, o esforgo de compactagao pode ser aplicado por pressdo, impacto ou vibragao, dividindo-se também os equipamentos em trés grandes categorias, como se segue: * rolos estaticos, compreendendo os lisos (Figura 5.1ab) de rodas de ‘ago @ suas variagdes (rolo grelha e rolos de rodas segmentadas), os pés-de-carneio (Figura 5.1cd) e os pneumatics (Figura 5.11); a (e)rooiso eno aueporeldo bao lea viata peace atooropaio tom veo nor pa ‘om farores pr emcee Gs «e Oirsepedecamere etepopc¢o (4 rane conpurador ey 7 Figura 5.1 - Exemplos de equipamentos corriqueiramente empregados na compactagao de solos. Fonte: ESCAD, 2003. 48 Compactagéo dos Solos - Fundamentos tedricos e priticos ‘solos vibratérios (Figura §.1eg), com a vibrago integrada as varias modalidades de rolos; e equipamentos de percussdo (Figura 5.1), englobando os soquetes mec€nicos. Ha outras informages sobre as modalidades de equipamentos de compactagao nos itens subseqiientes, Rolos lisos Estes equipamentos sao constituidos de um cilindro metélico oco, usado para aplicar 0 esforgo de compactagao no ‘solo, sendo encontrado na forma rebocavel ou autopropulsora. Podem-se empregar varios tipos de lastro dentro do tambor (agua, areia, pé-de-pedra etc.). Com relagao a essa modalidade de equipamentos, Souza (1980) destaca que 0 seu emprego em compactagéo efetiva esté em desuso e que a eficiéncia do equipamento em profundidade 6 pequena, nao sendo recomendavel compactar camadas de espessuras finais superiores a 12-15 cm. Recomenda-se 0 seu emprego na compactagéo de pedregulhos e areias bem graduadas. Correntemente, séo mais usados na compactagao de acabamento e de misturas betuminosas em pavimentagao rodoviaria. Rolos pneumaticos Estes equipamentos podem ser subdivididos em rebocados e autopropulsores. Geralmente, os primeiros rolos sao mais leves (de 10 a 131) e os segundos, mais pesados (de 8 a 36 t). Neles, a pressao de contato relaciona-se diretamente com a pressdo de enchimento do pneumatico. Souza (1980) destaca que essa modalidade de equipamentos ¢ das mais ecléticas, podendo ser ‘empregada em materiais como pedregulhos arenosos e areias até solos argilosos, referindo-se a espessuras de camada acabada de até 30 cm. E dos equipamentos com maior capacidade de produgdo e qualidade da camada compactada, 0 que pode ser associado & conjugagao de varios fatores, como efeito de ‘compactagao mais uniforme, executada na camada de cima para baixo; flexibilidade do pneumatico na area de contato com os Tipos de Compactagéio 49 materiais de pavimentagdo, o que evita a ocorréncia de choques © presses localizadas elevadas; em geral, em camadas compactadas com indices de vazios menores do que naquelas obtidas com outros equipamentos; possibilidade de se controlar a pressdo de enchimento dos pneumaticos, o que possibilita compactar materiais dé baixa capacidace de suporte; maior velocidade de movimentagao sobre a camada de solo; e melhor simulagao da aco do tréfego, especialmente na compactagao de misturas betuminosas. Um aspecto negativo da compactagao com esses equipamentos 6 que eles produzem superficies de acabamento relativamente lisas, 0 que pode dificultar a ligagao intercamadas. Melo (1985) destaca que a geometria da area de contato pneumatico-solo é fungao da capacidade de carga do solo, da carga transmitida pelo pneumatico e da sua pressao de enchimento, fazendo com que o contato pneumatico-pavimento se processe através de superficies cdncavas ou convexas, que geram, também, componentes horizontais durante o processo de compactagao do solo. Assim, as estruturas dos solos compactados com esses equipamentos apresentam caracteristicas especiais. Rolos pé-de-cameiro ‘S40, também, equipamentos rebocaveis ou autopropulsores e, geralmente, empregados na compactagao efetiva de solos argilosos. Essa modalidade de equipamentos consiste de um cilindro metalico oco em cuja superficie se efixam pegas metalicas, denominadas "pés" ou “patas", com comprimento na faixa de 15 a 25 cm. Ao contrario dos rolos lisos, 0 apoio do equipamento no solo processa-se pelos pés, 0 que permite a aplicagao de tensdes elevadas na massa de solo; assim, os pés penetram no solo fazendo com que a compactagdo se efetive de baixo para cima. A massa desses equipamentos vazios é da ordem de 3 a 12t, mas, assim como nos rolos lisos, podem-se empregar varios tipos de lastro dentro do cilindro, tais como agua, areia, pé-de-pedra etc. ‘Souza (1980) destaca que o didmetro do tambor situa-se, em geral, entre 1 1,5 m, sendo comum o emprego de pelo menos dois deles em paralelo, do que resultam larguras de compactacao de, 50 Compactegdo dos Solos = Fundamentos tedricos e préicos aproximadamente, 2,5 m. Na compactagao, 0 volume de vazios produzidos por este tipo de rolo é maior do que aquele obtido com © emprego dos rolos liso e pneumatico. As espessuras maximas de camada acabada variam de 15 a 20 cm em geral. Dados de trechos experimentais néo tém constatado influéncia da velocidade de compactagao nos pesos especificos aparentes secos obtidos com 0 uso desses equipamentos. Finalizando, o modo como se Processa a compactagao dos solos com o uso desses rolos nao esta devidamente esclarecido, e, quando se compara a porcentagem de cobertura com 0 numero usual de passadas, é dificil entender e aceitar a afirmativa muito difundida de que os rolos pé-de-carneiro compactam de baixo para cima. Uma caracteristica técnico-construtiva comum aos rolos pé-de-carneiro 6 a falta de compactagao nos 5 a 6 cm superficiais da camada, ja que eles produzem uma agao desagregadora na sua superficie. Nesse caso, o procedimento comum é compactar esta porgdio a0 se compactar uma camada superior, ou combinar o emprego do rolo pé-de-cameiro com outro equipamento de compactagao com maior cobertura, com os rolos liso ou pneuméatico, quando possivel, Rolos vibratérios Segundo Souza (1980), a compactacao vibratéria 6 mais apropriada para solos grenulares dotados de atrito interno elevado. ‘Ao reduzir momentaneamente essa parcela da resisténcia ao cisalhamento, possibilita-se a aproximacao interparticulas; por outro lado, em geral, se associa um rearranjo progressivo das particulas & repeti¢ao da carga aplicada. Assim, nos materiais granulares, uma vantagem de se aplicar a compactacdo por vibracao esta na Possibilidade de trabalhar com camadas compactadas em ‘espessuras maiores do que as usuais, 0 que aumenta o rendimento do proceso de compactagao. Rico e Del Castillo (1976) destacam que, por exemplo em solos GW (pedregulhos com pouco ou nenhum fino), a compactacao por vibragao permite trabalhar com espessura de camada de até 60 cm, 0 que seria limitado a 20 — 30 cm no maximo, empregando-se rolos pneumidtticos pesados. Considerando O efeito da vibragao nos solos granulares e coesivos, esses autores entendem que: Tipos de Compactagao 51 ‘+ nos solos granulares, a vibrag&o age no sentido de reduzir, por instantes, 0 atrito interparticulas, favorecendo o deslizamento dos gros. Contudo, se o solo contém uma quantidade apreciavel de finos combinado com uma compactagao processada em umidade elevada, a compactagao por vibragao torna-se problematica, sendo comum limitar 0 quantitativo desses finos ao maximo de 10%. Com relagao a esses solos, quanto mais uniforme for a granulometria da areia e do pedregulho, mais dificil se tora a compactacao da parte superficial da camada, e a methoria na eficiénoia do processo pode ser alcancada pela umidificagao desses materiais e do aumento da velocidade das passadas finais do equipamento. Nesse caso, néo ha uma explicagao aceitavel para 0 papel exercido pela agua no processo de compactacao, a nao ser no umedecimento das arestas das particulas grossas, favorecendo o seu deslocamento sob altas press6es aplicadas; e nos solos coesivos, observa-se uma influéncia significativa da umidade no processo de compactagéo. No caso da ‘compactagao de argilas pouco umidas, por exemplo, devem- ‘se empregar, além da vibragdo, pressées elevadas para quebrar as forgas internas que aglutinam as particulas, podendo-se referir a presses estéticas adicionais da ordem de 800 kPa. ‘Obviamente, isso redunda em espessuras menores de camadas compactadas em comparagéo com os solos granulares e no ‘emprego de equipamentos pesados. Porém, na compactagao de argilas dmidas, ainda nao se encontram explicados de forma adequada os mecanismos da vibragao. Acredita-se que a vibragao tenha um efeito favoravel no proceso ao modificar a viscosidade das substdncias coloidais presentes no solo, podendo-se compacta-las com energias menores e, conseqientemente, com equipamentos mais leves. Por outro lado, no caso de argilas sensiveis, a vibracao pode produzir degradacées estruturais, influenciando negativamente 0 processo de compactagao ao reduzir a resisténcia ao seu cisalhamento. ‘Comumente, os rolos vibratérios apresentam uma massa mével com excentricidade em relago a um eixo, produzindo-se vibragbes de determinada freqéncia (1.000 a 4.800 ciclos/minuto). No emprego desses rolos, é de interesse trabalhar na freqléncia $2 Compactagéio dos Solos - Fundamentos tedricos ¢ priticos solo-rolo, que, segundo Souza (1980), é denominada de frequéncia natural ou de ressonancia. Complementa esse autor que, para esta frequéncia, atinge-se a amplitude maxima e, consequentemente, obtém-se maior rendimento no processo de compactacao. Segundo a literatura, fatores que comumente influem na compactagao vibratéria so a frequéncia e a amplitude empregadas, a forca dinamica gerada pela vibrago, a relagdo entre as forgas estatica e dinamica, e a forma e as dimens6es da area de contato com 0 material a se compactar. Outros equipamentos Entre outros equipamentos comumente empregados em trabalhos de compactagao, podem-se citar: = compactadores de impacto/vibratérios, englobando os pildes manuais, piles a explosao ("sapos mecénicos") e soquetes a ar comprimido, que podem ser usados em quase todos os tipos de terreno, em operagbes complementares ou na compactagao de reas restritas e fechacas; + queda livre de grandes pesos, podendo-se citar a compactagao de aterros e terrenos naturais de grande espessura; @ + equipamento vibratério & base de injegao d'égua (vibroflotagao). Caracteristicas de equipamentos empregados na compactagao de solos As caracteristicas de alguns dos equipamentos de compactago descritos podem ser visualizadas na Figura 5.1 ¢ no Quadro 5.1 Na compactagao de campo, diz-se que houve um passe ou uma passada do equipamento, quando este executou uma viagem de ida e de volta, em qualquer extensdo, na area correspondente & sua largura de compactago; ou uma cobertura quando foi executado um nimero suficiente de passadas para que toda a area entre em contato com 0 equipamento (BAPTISTA, 1976). No Quadro 5.2, associa-se cobertura aos diversos tipos de equipamentos de compactagao. Tipos de Compactagiio 33 Quadro 5.1 - Principais caracteristicas e possiveis aplicagées dos rolos compactadores Espessuras Tpode clo ,h882, manimas apss UAMEBEE Tine 9p solo compactagao P6.d0-carneiro peae 201 doom Boa Argos 0 sites » Péde-carniro 7 Wistres oe acia vibratério sl a Prec! com silte @ argila Pneumatico Misturas de arcia leve aoe ce Ges com silte e argila Lin 35t 35cm Muito boa pesado Viratri com Areas, cascatnos rodas 501 50cm Muitoboa eaters motlcas tas sranulares Liso metaico estatica 20t tom Reguler gates eos sranulares e bra vase Materis ba zor 20m Boa ——_granulares ou (manos) em bioees Combinados 20t 20cm tos _-Pratcamania Fonte: CESTRADA2, 2004, Quadro 5.2 - Cobertura dos equipamentos comumente empregados na compactagao de solos Tipos de equipamentos de GLa ‘compactacao Liso 100 Pneumatico 80 ‘Segmentado 60 Greiha 50 Pé-de-carneiro 10 Fonte: BAPTISTA, 1976. 34 Compactagéio dos Solas - Fundamentos tedricos e priticos Principais fatores de interesse para a compacta¢ao de solos no campo Os fatores de interesse para a compactagao de solos no campo podem ser resumidos como se segue: « deve-se escolher um equipamento com capacidade de aplicar a camada de solo a energia especificada no projeto; ‘nas situages de campo, em que a umidade do solo @ ser compactado esta acima do valor especificado no projeto, deve-se promover a sua aeracéo, expondo-o ao sol e vento. Quando a umidade esta abaixo do valor especificado no projeto, deve-se fazer a sua irrigagao com caminho pipa ou outro meio disponivel no campo; = + deve-se ter em mente que a eficiéncia de um equipamento de ‘compactagdo diminui com o aumento da sua velocidade. Do ponto de vista técnico-econémico, hé um nimero étimo de passadas que depende do tipo de equipamento e do tipo de solo a ser compactado; € * quando se trabalha com camada de material solto, deve-se considerar que, iniciaimente, esta apresenta maior resisténcia a movimentacao do equipamento de compactacdo, resultando em menor velocidade deste e, por decorréncia, em maior esforgo de ‘compactagao aplicado ao solo. Nesse caso, quando se emprega ‘equipamento de compactagao vibratorio, tem-se maior eficiéncia, especialmente em solos granulares. Capitulo 6 Especificagées para compactagao e controle da execugao no campo Especificagées para compactagao Com relagao ao projeto, normalmente fixam-se 0 peso especifico aparente seco e a umidade da camada a ser compactada ‘No campo em funcéo de parametros étimos determinados em ensaios. de compactagao realizados em laboratério. Consideram-se, assim, © grau de compactagéio (GC) especificado no projeto e o desvio de umidade ( W) maximo admissivel. Cabe a fiscalizagdo determinar que 0s critérios de projeto sejam obedecidos nos trabalhos de compactagéo de campo. O grau de compactagao e o desvio de umidade so definidos, respectivamente, pelas EquagGes 6.1 © 6,2: oc = Zee 199 Yamax (6.1) ‘em que: GC = grau de compactago do solo compactado em campo, em (%); Yoampo = peso especifico aparente seco de campo, em (kN/m?); ‘Tenax = peso especifico aparente seco maximo obtido em laboratério, no ensaio de compactacao, para energia especificada no projeto, em (kN/m?). 56 Compactagdo dos Solos - Fundamentos tebricos e priticos AW = Weango ~ Na (62) ‘em que: DW = desvio de umidade do solo compactado no campo, em (%); Wenge = umidade determinada no campo, em (%); € W,, = umidade obtida em laboratério, no ensaio de compactagao, para a energia especificada no projeto, em (%). Nos itens 6.1.1, 6.1.2 e 6.1.3 a seguir, so apresentadas as recomendag6es de Souza (1980) e do DNIT (2006) para a compactagéo de aterros e camadas de pavimentos rodoviarios. Compactagao de aterros Os critérios para a compactagao de aterros so os que seguem: * € proibido 0 uso de solos com baixa capacidade de suporte ‘expansdo superior a 4%, determinada no ensaio CBR; + a camada final deve ser constituida por solos selecionados com expansao igual ou inferior a 2%, determinada no ensaio CBR; +a espessura da camada acabada de solo nao deve exceder 30 em; * com relagéo ao grau de compactagao, © corpo do aterro deve apresentar grau de compactacao maior ou igual a 95% da energia do ensaio Proctor normal, recomendando-se que as camadas finais sejam compactadas com, pelo menos, 100% da energia desse ensaio, admitindo-se uma faixa de variagdo para a umidade de campo de + 3% em relacdo & umidade otima; + com relag&o ao corpo do aterro, no campo deve-se fazer uma determinagao de peso especifico aparente seco a cada 1.000 m? de camada compactada; na camada final, deve-se fazer uma determinacao de peso especifico aparente seco a cada 2,000 m? de camada compactada. Especificagdes para compactagéo e controle da execucdo no campo __57 Compactacéo da camada de reforgo do pavimento rodoviario No que se diz respeito & compactago de camadas de reforgo do subleito, devem-se adotar as seguintes especificacdes: + a espessura de camada acabada deve ser maior ou igual a 10 cm ‘menor ou igual a 20 cm. Quando houver necessidade de executar camada de reforgo com espessura final superior a 20 cm, esta ser subdividida em camadas parciais; +0 CBR do material a ser utilizado deverd ser superior a0 CBR do subleito, de acordo com indicagdes do projeto, e a expansao determinada no ensaio CBR deverd ser inferior a 1%; + deve-se trabalhar com pelo menos 100% da energia de compactago do ensaio Proctor intermediario; ‘a8 tolerancias admitidas para a umidade de campo serao de # 2% em torno da umidade dtima; e ‘+ devem-se determinar, pelo menos, a umidade étima antes da ‘compactagao e peso especifico aparente seco a cada 100 m de ‘camada compactada. Compactagao da camada de sub-base e base granulares No caso da compactagao de camadas de sub-base e base granulares, devem-se adotar as especificagées listadas a seguir: s espessura de camada acabada deve ser maior ou igual a 10 cme menor ou igual a 20 cm, Quando houver necessidade de executar camada de reforco com espessura final superior a 20 cm, estas sero subdivididas em camadas parciais; ‘+ 0. CBR do material a ser utilizado em camadas de sub-base deverd ser igual ou superior a 20% e do material a ser utilizado em camadas de base superior a 60%. Para rodovias em que o tréfego previsto para o periodo do projeto ultrapassar o valor de N = 5x106, 0 CBR do material da camada de base devera ser superior a 80%; neste caso, a energia de compactagao sera a do ensaio Proctor modificado; +a expansdo determinada no ensaio CBR deverd ser inferior a 0,5%; 38. Compactacdo dos Solos - Fundamentos tebrieos e priticos * deve-se trabalhar com, pelo menos, 100% da energia de compactagio do ensaio Proctor intermedidrio e/ou modificado; as tolerdncias admitidas para a umidade de campo serao de + 2% em torno da umidade étima; e + deve-se fazer pelo menos uma determinagao de umidade otima antes da compactagac e de peso especifico aparente seco a cada 100 m de camada compactada. Controle de compactagao no campo E comum 0 emprego de duas técnicas para o controle de compactagao no campo. quais sejam: * fiscalizagéo do numero de passadas do equipamento de compactagao, da espessura da camada e da umidade; + observagao cuidadosa do produto final, isto ¢, 0 grau de ‘compactagéo, o desviode umidade e 0 indice de vazios da camada ‘compactada, por exemplo. Cada modalidade tem suas virtudes defeitos, sendo comum considerar como a melhor solugao aquela que combina ambos os procedimentos. Para 0 controle de compactagao no campo, é indispensavel a determinagao da umidade e do peso especifico aparente seco, tendo em vista a necessidade desses pardmetros para o calculo do grau de compactagéo e do desvio de umidade da camada compactada. Os recursos comumente empregados para essa finalidade sao: + determinagao da umidade pelos métodos da estufa, da frigideira, do alcool e do speedy; + determinagao do peso especifico aparente seco pelos métodos do frasco de areia, do cilindro cortante e de Hilf. © Quadro 6.1 apresenta uma analise comparativa dos varios métodos comumente empregados para a determinagao da umidade dos solos. Especificagdes para compactagdo ¢ controle da execugdo no campo 59. Quadro 6.1 - Analise comparativa de métodos de ensaio para a determinagao da umidade ‘Matodo versus Estuta Alcoo! Frigideira Spoody caracteristica Rapidez 12 horas 30 minutos 45 minutos 10 minutos, Ero <5% > 5% > 5% 25% Simplicidade Metodo (recomendado Vantagem —fieoeca Simplcidade Simplciace | ("ecomendad frenosos) Fonte: MELO, 1985. Vale destacar que existem outros métodos mais precisos para se controlar a qualidade de compactagao no campo. Porém, no so comumente empregados por se tratar de técnicas que exigem um conhecimento tedrico mais elaborado do que os métodos citados anteriormente. Nesse sentido, pode-se citar 0 método das familias de curvas de compactacao, bem como as relagdes empiricas estabelecidas com base em estudos estatistioos. Recentemente, foram criados métodos de controle de qualidade do produto compactado de maior precisdo, que fazem uso de material radioativo. Como exemplo, cita-se o Nuclear Moisture Density Meter, baseado na emissao de raics gama e néutrons, relacionados ao peso especifico ¢ a umidade, respectivamente. Aterros experimentais Um procedimento usual na compactagao de obras de terra & a escolha dos parametros de projeto por meio de ensaios de compactagao realizados em laboratério. Obviamente, esse procedimento nao considera os equipamentos que serao empregados no campo e, por conseqiiéncia, as suas curvas de ‘compactagao. Assim, torna-se necessério fazer ajustes no campo, de modo a adaptar a curva de compactagao de laboratério as condigdes de compactagdo no campo. Para essa finalidade, pode ‘se recorrer aos aterros experimentais, que S80 executados antes 60 Compactagao dos Solos - Fundamentos tedricos e priticos das obras de terra, com a finalidade de avaliar, com mais objetividade, a influéncia dos varios parémetros de compactacao. Portanto, os aterros experimentais auxiliam na selegao do equipamento de compactagao a ser utlizado ¢ indicam as umidades mais adequadas para cada equipamento, as espessuras de camadas, o nimero de passadas do equipamento, a partir do qual pouco efeito € obtido, dentre outros fatores. Eles possibilitam, também, a observagao visual do solo compactado, com eventuais problemas de laminagéo ou trincas, e servem como base para a retirada de amostras representativas para a realizacdo de ensaios de laboratério (PINTO, 2000). Souza (1980) relata que uma forma de construgao e uso dos aterros para calibracao ce equipamentos e controle de compactagao de solos 6 0 Método Peltier, que abrange etapas que serao apresentadas a seguir: + em primeiro instante, devem-se realizar trés ensaios de compactagao em laboratério: ~ energia do ensaio de referéncia: "n," ~ energia inferior a de referéncia: "n,"; ~ energia superior a de referéncia: "n,”; * posteriormente, deve-se selecionar o equipamento de compactagao_ e definir a espessura da camada a ser compactada; * 6 necess: trabalhar com © solo no corpo do aterro a ser construido na sua umidade natural; em seguida, devem-se aplicar “x" passadas com 0 equipamento de compactacao e determinar os parmetros: (Wanye: Django)! ‘* marcar no grafico de compactagao 0 ponto “a” correspondente & energia de “x" passadas do equipamento de compactagdo selecionado para execugdo dos trabalhos de campo (ver Figura 6.1), definindo-se a energia ‘n, considerando que @ = Were: Spans) © + determinar 0 numero necessério de passadas (X,,,j.,) Para Se reproduzir & curva de compactagao “n,” como se segue na Equagao 6.1: Xprojeto _ X (xxng) yes (4) Expecificacdes para compactacdo e controle da execugdo no campo ___ 61 ‘em que x - nimero de passadas determinado em campo para 0 equipamento e a espessura de camada defindos no campo; - numero de passadas necessério para reproduzir a curva n, de referéncia, definida em laboratorio; n= energia de compactagao definida em campo por meio de estudo experimental; € A, - energia de compactacao do ensaio de referéncia, previamente realizado em laboratério. nt = energia inferior a de referéncia nergia do ensaio de referéncia na = energia superior & de referéncia a n= energia corespondente a "x" passadas do equipamento de compactagao selecionado para execucao dos trabalhos de campo Peso especifice aparente seco, 7g Umidade, W (%) Figura 6.1 - Curvas de compactagao de laboratério e campo para calibragao de equipamento de compactagao no campo. 62 Compactagéo dos Solos - Fundamentos tebricos ¢ priticos Pinto (2000) descreve uma forma para a construcdo © 0 ‘emprego de aterros experimentais para controle de compactagao de obras de terra. O autor refere-se a construgao de um pequeno aterro ‘executado com o solo selecionado para a obra e os equipamentos de compactagao previstos, com aproximadamente 200 m de extensdio, por exemplo, subdividido em 4 a 6 subtrechos com umidades diferentes. Depois da aplicagéo de certo numero de passadas do equipamento, determinam-se a umidade de cada subtrecho e 0 peso especifico aparente seco de campo. Repete-se ‘© procedimento para diversos nimeros de passadas do equipamento, ‘0u para equipamentos ciferentes, de modo a obter varias curvas de compactagao, estabelecendo-se a eficacia do equipamento empregado. Capitulo 7 Exercicios resolvidos e propostos Exercicios resolvidos 7.4 Uma camada de solo com 30 cm de espessura e peso especifico aparente médio de 17,1 kNim?: umidade de 15% e peso especifico dos gros de 26,5 KN/m®, foi compactada com um rolo apropriado. ‘Apés a compactagao, o peso especifico aparente médio era de 20,5 kNim?, nao tendo sido registrada variagao da umidade. Calcule grau de saturagao e a espessura da camada aps compactagao. Resolugao ‘Ao novo valor do peso especifico seco corresponde um indice de vazios que pode ser obtido pela seguinte equagao: 64 Compactagao dos Solos - Fundamentos teéricos ¢ priticos De posse do valor do indice de vazios, pode-se calcular 0 grau de saturagao do solo apés ter sido compactado: aW extw 265x015 049.10 Sr= = Sr=0,81 ou Sr=81% Para determinar a variagdo da espessura da camada de solo apés a compactacdo, deve-se considerar que essa camada tem a forma de um prisma ‘etangular, com comprimento e largura constantes apés a compactagdo, como ilustrado na Figura 7.1. et Figura 7.1 - Croqui esquematico da camada de solo antes e depois da compactagao. ‘Sabe-se que 0 volume da camada de solo pode ser calculado pela relagdo entre 0 peso de solo e 0 peso especifico aparente da camada, e 0 peso ce solo permanece constante apés a ‘compactagao: A partir das relagdes descritas anteriormente, pode-se determinar a redugo do volume da camada apés a compactagao. Exercicios resolvidos e propostos 65 AV(%) av(e)=[1-2.} 200 avs)=(1-324) 00 20,5, AV =16,58% ‘As outras dimensées (largura e comprimento) da camada de solo ndo sofrem alteragdes apés a compactacao, porém a variagao volumétrica acontece apenas devido & variagéo da espessura da camada de solo depois de compactado. Como o volume é diretamente proporcional a altura da camada, para uma mesma geometria da base, a variagdo da altura da camada € proporcional variagdo de seu volume. Logo, a espessura da camada apés a sua compactagéo dada por: AH =16,58% H,=H,-AH 16,58 H, =30-30.—== = iF 00 Hy =25,03 cm H, =30-4,98 7.2 - Na construgao de um aterro com perfil trapezoidal - altura (H) = 3 m; base maior (B) = 26 m; base menor (b)= 14 m; e comprimento (L) de 100 m ~ esta prevista a utilizagéio de solo de “empréstimo" com peso especifico aparente inicial (.,.,,):isto &, no local de jazida, de 17,2 kNim? e umidade (W.g,) de 10% (valores médios). O aterro sera executado em camadas de 25 cm de espessura (antes de Compaciagdo dos Solos idamentos tebricos ¢ p compactadas), devendo 0 solo ser umedecido até atingir uma umidade (W,,,,) de cerca de 17%. Apés a compactago, 0 peso especitico do S0l0 (g,,,.) devera ating 20 kNim*. Calcule o volume de solo a tomar de “empréstimo” e a quantidade de agua necessaria para leva-lo & umidade de compactagao. Resolugao A partir das dimens6es do aterro previamente estabelecidas (Figura 7.2), pode-se calcular 0 volume de solo compactado, que sera igual ao volume do aterro: Voce (B+b)xH | | (26+14)x3 e 2 V, 100 Veer =6-000 m? ky anf Figura 7.2 - Croqui esquematico do aterro a ser construido. ‘Como volume de solo compactado, pode-se calcular o volume de solo que se deve tomar no empréstimo: Exercicios resolvidos ¢ propostos 67 p, Prt aco =. “100 120.000 Pate wo TT * {00 120.000 Pais aco =120.000 rn aco Pas wco =102.564,1 kN Ww. na aru “hn wee") 100. Ps peti ~1o2.564.1(1 + s) 100 Proto empréstimo = 102.5641 «1,1 Poole empréstino = 112.820,51 KN Proto emprés Vv. 359.33 ml pa Veolo empréstimo ae Proto empréstimo Vs iy = eae = 112.820,51 ‘Veoto empréstimo “TW 68 Compactagao dos Solos - Fundamentos tedricas e priticos Aquantidade de agua adicionada ao solo a ser compactado pode ser calculada em fungao do peso de solo seco usado na construgao do aterro: AP guy =102.564,1 x 0,07 APguq = 7.1795. kN Logo, 0 volume de Agua necessario para levar 0 solo da umidade de campo para a umidade desejada na compactago do aterro é dado por: = AP Ww AVigu ‘em que: W = peso especifico aparente da agua (valor adotado de 10 kNim?}, ‘APagua = acréscimo de Agua ao solo, em peso, para elevar a umidade de campo para a umidade desejada ‘na compactagao do aterro; acréscimo de gua ao solo, em volume, para elevar a umidade de campo para a umidade desejada na compactagao do aterro. avagui Dessa forma, tem-se: £AV gu, =717,95 m? ou AVguq = 717.950 litros 7.3 (INEP, 2000) Considere um lote de terreno retangular, medindo horizontalmente 12 m de frente por 42 m de frente a fundo, situado Exercicios resolvidos e propostos 69 ‘em uma encosta com declividade uniforme e constante ao longo da sua extensdo, cujas curvas de nivel sao, portanto, paralelas aos lados de menor dimensdo, com a frente na cota 28 m e o fundo na cota 22 m. Para a realizagao de um projeto de engenharia,folinicialmente transformada a topografia deste terreno em uma plataforma horizontal nivelada na cota de 24,6 m, por meio de corte vertical e aterro, bem como de construgao de um muro de arrimo circundante a0 longo de todo 0 perimetro, de modo a assegurar a sustentagao da zona de corte e a verticalidade do aterro. © aterro foi executado de modo a garantir um grau de compactacao igual a 100% do peso espectiico maximo obtido em ensaios realizados na energia do Proctor normal, cujos resultados so apresentados na curva de compactagao da Figura 7.3. Porém na zona de corte, a superficie da plataforma foi escarificada até a profundidade de 20 cm e recompactada nas mesmas condigoes do aterro, de modo a se obter uniformidade ao longo de toda a superficie. 17.0 165 16,0 155 150 Peso especifico aparente seco, 7q (Nim?) 145 12 toot ka0 wd aint apa -a2. Umidade, W (%) igura 7.3 - Resultados dos ensaios de compactagao realizados ‘com o solo a ser utilizado na construgao do aterro. 70. Compaciagéo dos Solos - Fundamentos tebricos & priticos Com base nesses dados e nas informagées a seguir, determine: +0 volume de solo no seu estado natural de campo que é necesséi acrescentar por empréstimo, ou descartar, por bota-fora, para ‘compensar os volumes de escavagao e aterro, desprezando nos cloulos a espessura do muro de arrimo circundante; ‘* ovolume de agua por metro cibico de solo, no seu estado natural de campo, necessario para corrigir a umidade natural, de modo a obter a condigo especificada de compactacao. Dados/Informagées Adisionais: 1 ~ peso especifico do solo (na umidade do campo), igual a 16.4 kNim*; Yw~ € 0 peso espacifico aparente da agua (valor adotado de 410 kNim!); € W- umidade natural do solo, igual a 13,5%. “i +00) 1es0 especifico aparente seco do solo seco. Resolugao A Figura 7.4 representa a segdo transversal do terreno na situago descrita pelo enunciado do problema, sendo: H, - altura maxima de corte (na frente) = 28 - 24,6 = 3,4 m; H, - altura maxima de aterro (no fundo) = 24,6 - 22 = 2,6 m; L,- comprimento da plataforma na zona de corte; L, - comprimento da plataforma na zona de aterro; DH - profundidade da zona de escarificagao e reaterro = 0,2 m; AL- acréscimo horizontal da zona de escarificagao e reaterro; L- comprimento total do terreno = 42 m; B - largura total do terreno = 12 m. Exercicios resolvidos ¢ propostos 1 28,0 objetivo de regularizar o terreno do lote. Analisando a figura anterior, tem-se: L, Lo +L, (tts) ou ts Como L,+L,=L=42meH,+H,=6 A, R Compactagao dos Solos - Fundamentos tebricos ¢ priticos Seja V 0 volume da zona que seré escarificada e reaterrada. Observa-se que este volume é comum ao volume de corte (escavado por escarificagao) e ao volume de compactacao (aterro). Dessa forma, tem-se: avy e[atte(te + 8 Vv -(oa -(218-48))a2 AV =58,8 m> ‘Sendo V, 0 volume total de corte (inclusive da escarificagdo) e V, 0 volume total de aterro compactado (inclusive da zona de escarificagéo), tem-se: a 4 | +588 V, = 342,72 m? Seja P, 0 peso de solo seco escavado, P, =V, «741 © ¥, 0 peso especifico aparente seco do solo do terreno natural. Pela equagao dada, pode-se determinar o valor do peso especifico aparente seco da seguinte forma: v aaa ena} u(X) 100, 16,4 Ye=—T7395) 13,5 14(38) 1g =14,45 kN/m? Exercicios resolvidos e propostos B Logo, tem-se: Seja P, 0 peso do solo seco compactado em aterro determinado por meio da seguinte equagdo: = Va *Yamax '$€NdO Y4pax © PESO especifico aparente de solo seco maximo da ‘curva de compactagao da Figura 7.3, uma vez que esta é a condigao especificada. Portanto, obtém-se, diretamente da curva de ‘compactagao apresentada, a sua ordenada maxima, que, no caso, 6 dada por 4,5, = 16,4 kNim® (obs.: aceitar valores entre 16,3 e 16.45 KNim?). Assim: P= Vax Yamax P, =942,72-16,4 P, =5.620,61 kN ‘Como P, > P,, sobra solo escavado com peso P correspondente a esta diferenga dada por: AP=P, -P, AP =7.865,42 ~5.620,61 AP =2.244,81 KN (O volume excedente de escavagao AV, é: ap Ya yy, = 2244.81 14,45 55,35 m® 14 Compactagao dos Solos - Fundamentos teéricos ¢ priticas Portanto, ha necessidade de descartar, através de bota-fora, um volume de solo em estado natural de campo correspondente a 155,35 m? de escavagao. A umidade de um solo, por definigao, é dada pela seguinte relagao: w(%)=2.100 em que: P, - peso de agua, em KN; € P, - peso de séldos, em kN. Para se elevar a umidade natural (W) para a “umidade étima” (W,,), que 6, também por definigéo, a umidade com a qual se obtém_ © peso especifico aparente seco maximo na compactagdo, deve-se proceder da seguinte forma: Py campo P, Ww, —W = 2s sun PB (eM QUE! P, suqq = PESO de Agua no solo na condicao étima (W.,), emkN;e P, cango = PSO de gua no solo na condi¢ao de campo (W), em kN. Como 0 peso dos solicos (P,) permanece constante, pode-se reescrever a equacao da seguinte maneira: Pe Gin Eee Woy —W = 22 time “Pa campo, = Wa-W) 100 Wo. -W= em que AP, 0 peso de agua necessério para se elevar a umidade de campo ou natural (W) para a umidade 6tima (W,,), em KN. Exercicios resolvidos e propostos 15 Diretamente da curva de compactagaéo, obtém-se W,, =225% (obs.: aceitar valores entre 21% © 23%). Como Yq. para 1m? de solo escavado tem-se: PL=Vx7g Py =1414,45 P, =14,45 KN Levando os valores de umidade étima e peso dos sélidos para ‘a equacdo que determina o peso de égua necessério para se elevar a umidade de campo a umidade dtima, e sabendo que W = 13,5%, tem-se: ar, = Wa=W), p, 100 AP, = 25-189), 14.45 © AP, =130 KN Entao: AN, tw ‘em que AV, -é 0 volume de agua necessério para se elevar a umidade de campo ou natural (W) para a umidade é:ima (W,), em m. Apartir das consideragées feitas anteriormente, determinou- se 0 volume de agua por metro ciibico de solo, no seu estado natural de campo, necessario para corrigir a umidade de campo (W), de modo a obter a condigao especificada de compactacao (W,,), da seguinte forma: av, =A w ay, -230 [AY =0.18 mou AV, =130 litros| Daath 16. Compactagiio dos Solos - Fundamentos tebricos ¢ préticas Exercicios propostos 7.1 Dada a curva de compactagao da Figura 7.5, tragar as linhas de saturago de 100%, 90% e 80% para valores de umidade localizados no ramo tmido da curva de compactagao. UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIGOSA ‘DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIV ‘Umidade, W(%) Led Figura 7.5 - Curva de compactagao de um solo de textura argilo-sito- arenosa, compactado na energia do ensaio Proctor normal Exercicios resolvidos ¢ propostos 7 Sugere-se elaborar uma tabela com os pares de valores (W, 14), que poderao ser calculados a partir da seguinte relagdo: = 1e*8rxtw 18° Brey )# OW) Dados: »,=27,5 kN/m® e yw =10 kN/m® 7.2 Um solo de textura areno-silto-argilosa, estabilizado com 6% de cimento Portland em relacao a massa de solo seco a0 ar, serd utilizado em uma camada de sub-base de uma rodovia Com esse material, foi feito um ensaio de compactagao na energia do Proctor intermediario. Na Figura 7.6 estdo as massas dos corpos-de-prova, determinadas nas cinco moldagens, em um cilindro com volume de 929,81 cm, e os dados a serem utilizados na determinagao das umidades correspondentes a cada moldagem, obtidas por meio de amostras pesadas antes e apés secagem do material em estufa. A partir dos dados fornecidos, pede-se: ‘* preencher os campos em branco das Figuras 7.6 e 7.7; * desenhar, com auxilio da Figura 7.7, a curva de compactagao e determinar o peso especifico aparente seco maximo e a umidade tima; « determinar o grau de saturago do ponto de maximo da curva de ‘compactagao; * desenhar a linha de saturagdo de 100% e a linha da saturagéo que passa pelo ponto de maximo da curva de compactacao. Resposta - Umidade étima igual a 18,15% (obs.: aceitar valores entre 17,75% e 18,25%); peso especifico aparente seco maximo igual a 16,25 kN/m? (obs.: aceitar valores entre 16,15 e 16,4 kN/ m®); © grau de saturagéo do ponto de maximo da curva de compactago igual a 82,5% (obs.: aceitar valores entre 79,5% e 85.5%). 79 Exercicios resolvidos e propostos emer aa al Teas mee] _ arin en eororar aS | eocoret | wnbeaoue eg sername zi avon moa © secsnreowal reset (voivord) ‘yvoa1030 20 ono1¥408¥7 oydviovanos WO WIRVHNSONG 30 OLNAMWL2¥e30 sooner WSOSIA 30 13034 JGVGISUSAINA construgao da curva de compactagao e linhas de saturagao. Figura 7.7 - Grafico em branco elaborado em escala adequada para Compactagao dos Solos - Fundamentos teéricos e priticos 8 een aon aioe | wrvees 012044) jovSvLovawoo ‘30 OVENS. “Uno VIEVHINON 30 OLNANVLAIWAIO WSOSIA 3G Twu3a34 JavaisuaaiNn solo de textura areno-silto-argilosa estabilizado com 6% de cimento Portland, compactado na energia do Figura 7.6 - Dados do ensaio de compactagdo realizado com um ensaio Proctor intermediario. 80 Compactagio dos Solos - Fundamentos tebricas e prticos 7.3 Com o mesmo material do exercicio 2, realizou-se um ensaio na energia do Proctor modificado, em que a mistura solo-cimento fol compactada no mesmo cilindro (cilindro n° 06), com o soquete de massa igual a 2.500 g, em cinco camadas iguais e altura de queda de 30,5 cm, aplicando-se 55 golpes em cada camada. Nesse ensaio, determinou-se um peso especifico aparente seco maximo de 17,02 kNim?. Com base nas informagdes dadas e com auxilio da Figura 7.7, estime a umidade otima que a mistura solo-cimento deve apresentar. Resposta - Na energia de compactagao do Proctor modificado, a umidade 6tima ¢ igual a 15,85% (obs.: aceitar valores entre 15,6% © 16.15%), 7.4 Para a realizacao de um ensaio de compressao nao confinada com uma amostra de solo estabilizado quimicamente, é necessario ‘moldar um corpo-de-prova cilindrico de 5 cm de diémetro e 10. cm de altura. O corpo-de-prova devera ser compactado na umidade 6tima (Wot) e atingir um grau de compactagdo de 100% (GC). Considerando 0 ensaio de compactacao do exercicio 2, em que se tem um solo A-6 (2) estabilizado com 6% de cimento Portland em relagdo a massa de solo seco ao ar, e admitindo que a umidade do solo seco ao ar é 2,3% ea umidade higroscépica do cimento Portland 6 0,8%, pede-se: ‘calcular a massa de solo seco ao are a massa de cimento Portland a serem utilizadas na confecgao do corpo-de-prova; ‘* estimar a massa de agua a ser adicionada na mistura. Resposta - Massa de solo seco ao ar igual a 312,65 g; massa de cimento Portland igual 2 18,76 g; e massa de agua a ser adicionada na mistura para obten¢ao da umidade 6tima igual a 53,13 g. Se Referéncias ABNT. MB 33, Solo - Ensalo de Compactacao. Rio de Janeiro: Associagso Brasileira e Normas Técnicas, 1984. 10 p. ‘ABNT. NBR 6457/86, Amostras de Solo - Preparagio para Ensaios de Compactagdo @ Ensaios de Caracterizagao. Rio de Janeiro: Associagao Brasileira de Normas Técnicas, 1986. 9 p. ABNT. NBR 7182/86, Solos - Ensaio de Compactacsio -Procedimento, Rio de Janeiro: ‘Associagao Braslloa de Normas Téonicas, 1986, 10 9, BAPTISTA, CN. Pavimentagdo - Tomo I, Porto Alegre Editora Globo: (1976). 178 p. BAROET, JP. Experimental soil mechanics. Now Jersey 07458: By Prentice-Hall, Inc, ‘Simon & Schuste/A Viacom Company, Upper Saddle Rver, 1997, 579 p. BUENO, B.S. Aspectos de Estabilizacdo de Solos com uso de Aditivos Quimicos @ do Inclusdes Plasticas Aleatérias. Sao Carlos, SP: Escola de Engenharia de S20 Carls, USP, 1996. 99 p. Texto Sistematizado de Lie Docéncia, Departamento de Geotecnia, CARVALHO, 1.8.0. Fundamentos da Mecdnica dos Solos. Campina Grande: Grafica Marconi, 1* edigdo, 1997. 310 p. CESTRADA2, Disponivel em: chttp:/iwww.cestrada2.uff.br>, Aoesso em: 21 jan. 2004, DNER. Solos - Compactacao Utllizando Amostras No Trabalhadas, Método de Ensaio DNER-ME 129/94, Departamento Nacional de Esadas de Rodagem. RIo de Janeiro, 1994. 7p. DDNIT. Manual de Pavimentagdo. Diretoria de Pianojamento @ Pesquisa, Coordenagto Goral de Estudos e Pesquisa, Insttuto de Pesquisas Radovidras, Pubicagao 719, Rio de Janeiro, 2006. 274 p, ESCAD. Dsponielem:chtptwnwescad.com.bripainatec>,Acesso em: 10 jn. FERRAZ, R.L. Contribuigdo ao Estudo da Establlizagao de Solos para Fins Rodoviarios e Habitacionais. Vigosa, MG: UF, 1994. 174 ,Dissertagao (Mestrado) ~ Universidade Federal de Vigosa, Vigosa, 82 Compactagiio dos Solos - Fundamentos tebricos ¢ priticos HEAD, K. H. Manual of Soil Laboratory Testing ~ Volume 1: Soil Classification and ‘Compaction Tests. 2 ed. Now York, NY, USA John Wily & Sons, 1984. v. 1, 339 p. HILF, JW. An Investigation of Pore Water Pressure in Compacted Cohesive Soils, Denver, USA: Unversity Colorado, 1956. 109. Ph.D. (Thesis) — University of Colorado, Tech, Memo 654, Bureau of Reclamation, Denver. HOGENTOGLER, CA. (1936). Essentials of Sol Compacton. In: Highway Research Board, Proceedings... Washington, 0.C. 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Efeitos Establizantes do DS-328 sobre Trés Solos de Vicosa- MG, para Fins Rodovisrios. Vigosa, MG: Impr. Univ, 1985.76. Dissertagao (Mestrado) = Universidade Federal de Vigosa, Vigosa, Anexo Resultados do uso de aditivos quimicos nos parametros de compactagao de solos: experiéncia e pesquisas realizadas na UFV Consideragées gerais Aestabilizagdo de um solo representa qualquer modificagao artificial introduzida no seu comportamento com a finalidade de possibilitar o seu emprego em obras de engenharia. Silva (1968) Classifica as modalidades de estabilizago como mecénica, quimica, elétrica e térmica Na estabilizagao mecénica, as melhorias introduzidas no comportamento do solo se originam de mudangas no seu sistema trifasico. Ha diferentes técnicas disponiveis para este fim, como ‘compactaco, adigao ou retirada de particulas do solo por meio de correcao granulométrica, drenos verticais de areia e explosivos. Lima et al. (1993) destacam que a estabilizacdo quimica de um solo refere-se as alteragdes produzidas pela inclusdo de pequenas quantidades de aditivos quimicos, que produzem, por exemplo, melhor estruturacdo na sua massa, como cimento e cal. Nesse contexto, outros produtos tém sido, também, empregados, ‘come lignina, vinhoto, alcatréo de madeira, licor negro Kraft, lama Anexo 85 de cal ¢ DS 328, mas os resultados praticos ainda no permitem uma definigao precisa de suas potencialidades. A passagem de uma corrente elétrica pelo solo pode dar origem a estabilizagao elttrica. Silva (1968) relata que, caso a estabilizagao ocorra por descargas sucessivas de alta tensdo, tem- se 0 processo usado no adensamento de solos arenosos saturados e, ou, parcialmente saturados; nos solos argilosos, trabalha-se em regime continuo em baixa tensdo. A estabilizagao por descargas de alta tens&o encontra-se, ainda, pouco divulgada na literatura, e aquela que utiliza a passagem de correntes de baixa tensdo baseia- se em fenémenos de eletrosmose, eletroforese e consolidagao eletroquimica. A estabilizagdo dos solos pode ser, também, obtida pelo emprego de energia térmica, corriqueiramente denominada estabilizagao térmica, de trés modos diferenciados (SILVA, 1968): + por congelamento, quando se altera a textura do solo, procurando alcangar certas melhorias no seu comportamento, ainda que temporérias; * por aquecimento, quando se busca rearranjo da rede cristalina dos minerais constituintes do solo; e ‘por termosmose, que é uma técnica de drenagem que promove a difusdo de um fluido em meio poroso pela agao de gradientes de temperatura. Apresenta-se, neste Anexo, um conjunto de resultados de pesquisas direcionadas & estabilizagéo quimica de solos desenvolvidas na Universidade Federal de Vigosa, nos Departamentos de Engenharia Civil e de Engenharia Florestal, com © objetivo de ilustrar a influéncia do uso de aditivos quimicos nos parametros de compactagao de solos da Zona da Mata Norte de Minas Ger Os resultados apresentados a seguir foram obtidos em trabalhos conduzidos com um Latossolo Vermelho-Amarelo (solo 1) eum solo saprolitico de gnaisse (solo 2), que possuem as seguintes caracteristicas: # solo 1: 6 um solo residual maduro, classificado, pedologicamente, ‘como Latossolo Vermelho-Amarelo. Possui grande expressao territorial no Brasil, e apresenta um horizonte B latossélico de 86 Compactagao dos Solos - Fundamentos tebricos ¢ praticos tonalidade amarelada, estrutura granular forte e em blocos bem individualizados, aspecto bastante poroso, com granulometria argilo-silto-arenosa (54% de argila, 24% de silte @ 22% de areia). Mineralogicamente, apresenta caulinita de alta cristalinidade e hematita, sendo esta titima responsavel por sua cor avermelhada, bem como tragos de gibbsita. A amostra foi coletada num talude de corte localizado no lado direito da rodovia que liga Vigosa a Paula Candido, préximo a Usina de Pré-Misturado a Frio da cidade de Vigosa, conforme ilustra a Figura 1a; + solo 2: 6 um solo residual jovem, oriundo de um perfil de femperismo de sols desenvolvidos de gnaisse do Pré- Cambriano. Apresentacoloracao acinzentada, com granulometria areno-silto-argilosa (7% de argila, 18% de silte e 75% de areia). A amostra foi coletada num talude de corte localizado na Vila Secundino, no Campus da Universidade Federal de Vigosa (Figura 1b), Figura 1 - Locais de coleta das amostras dos solos: (a) jazida do solo 1; @ (b) jazida do solo 2. 37 Mistura solo-cimento Aestabilizagao solo-cimento € 0 produto da combinagao de solo, cimento e agua em proporgées determinadas por ensaios de laboratério, e de um processo construtivo que leva estes materials, apés mistura e compactagao no campo, a um peso especifico aparente seco semelhante ao obtido em ensaios de laboratério. Segundo Ferraz (1994), a experiéncia brasileira no emprego de camadas de base @ sub-base de solo-cimento baseia-se nos métodos de dosagem da PCA (Portland Cement Association), com adaptagées da ABCP (Associagao Brasileira de Cimento Portland), bem como na Norma NB 1336/90 da Associacao Brasileira de Normas Técnicas. Considerando solos granulares e coesivos, Lima et al (2003) relatam que 0 efeito produzido pelo cimento pode ser visto de duas formas distintas. Na primeira, 0 aditivo destina-se, Principalmente, a criar ligagées nos contaios intergranulares, de modo a garantir resisténcia mais efetiva do material as solicitagbes externas por aumento da parcela resistente relativa 4 coesao; na segunda, no caso dos solos finos, os gréos de cimento comportam-se como nicleos aos quais aderem pequenissimas Particulas de solo que os rodeiam, formando regides de materiais floculados que apresentam ligagdes oriundas dos fendmenos de cimentagao. ‘Nas misturas solo-cimento avaliadas nesse estudo, empregou- se 0 cimento Portland CP-II-E-32, da marca Barroso, nos teores de 2%, 4%, 6%, 8%, 10% e 12% em relago ao peso de solo seco ao ar. Os resultados da andlise quimica do cimento Portland Barroso podem ser visualizados no Quadro A.1. Os resultados dos ensaios de compactagao realizados na energia do Proctor normal, apresentados na Figura 2, permite inferir que néo houve variagéo acentuada nos valores de umidade étima e peso especifico aparente seco maximo. Esta constatagao pode, também, ser observada na literatura especializada.

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