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Todas as crianças e adolescentes, em algum momento da sua vida, já se sentiram muito alegres e felizes com
uma coisa que lhes aconteceu, com medo de algo ou até bastante zangados com alguém. Como estava a sua
expressão facial e respiração quando se sentiram assim? E como estava o seu corpo? Será que ficou tenso,
relaxado, leve?
Com o vão descobrir melhor essas e outras emoções para aprenderem a geri-las melhor!
O é um ebook que inclui 10 dinâmicas extra ao jogo PlayMENTO (jogo físico que contém 30
cartas emoção, 10 cartas pergunta e um manual de instruções de 6 jogos).
O é um complemento que vem oferecer 10 atividades que visam desenvolver ainda mais a
consciência corporal e emocional das crianças e adolescentes, promovendo a capacidade de identificar,
reconhecer e compreender as suas emoções e, consequentemente, a sua capacidade de as gerir e regular.
Todas as dinâmicas propostas no jogo PlayMENTO e neste ebook PlayMENTO+ são flexíveis às
necessidades dos participantes e dos dinamizadores. Por essa razão, podem ser adaptadas sempre que
necessário.
No caso de realizar as dinâmicas em grupo é importante ter em consideração que o grupo não seja
demasiado heterogéneo em termos da faixa etária para garantir que todos os elementos compreendem a
atividade e a reflexão que poderá surgir.
Cartas Pergunta
Dinâmica 1
Cartas Emoção
Cada participante escolhe uma posição confortável (em pé, sentado, deitado, …), de olhos abertos ou fechados,
e o dinamizador irá conduzi-las por uma “viagem” a um local agradável. Aqui, pode escolher o próprio dinamizador
(ex.: praia, floresta, …) ou pode pedir a sugestão ao grupo um sítio agradável e que gostassem de ir nesta “viagem”
imaginária, dando sempre enfoque ao Corpo nesta viagem.
“Estou numa posição confortável, que eu escolhi… (pausa). Começo a sentir o meu corpo mais calmo… (pausa). A minha
respiração começa a ficar mais calma… (pausa). Inspiro e expiro… (pausa e repete). Concentro-me nos meus pés… nas
minhas pernas… na minha barriga… nas minhas costas… nos meus ombros… nos meus braços… e agora nas minhas mãos… na
minha cabeça… Todo o meu corpo está tranquilo e relaxado.
E começo agora a imaginar… [a “viagem” decidida pelo dinamizador e/ou pelo grupo – é importante que o dinamizador
verbalize elementos muito concretos como objetos reais desse local, sensações possíveis de ter no corpo nesse local como
areia/relva/outras, associar ao estado de espírito que sentem nesse local, … a imaginação é palavra de ordem].
Agora vou voltar a focar-me no meu corpo… (pausa). O meu corpo está tranquilo, calmo, relaxado… (pausa). A minha
respiração está calma e tranquila… (pausa).
E quando quiser, posso começar a espreguiçar-me, espreguiçar todo o corpo: os dedos dos pés, os tornozelos, as pernas, a
barriga, os braços, os dedos das mãos, os olhos, a boca… (pausa). Quando quiser, posso abrir os meus olhos e, devagarinho,
voltar a sentar-me.”
No final, cada participante partilha a sua “viagem”, como se sentiu e como ficou o seu corpo. A partilha pode ser
feita verbalmente e/ou através de desenho/moldagem de plasticina e/ou através de um movimento.
As Cartas Emoção podem ainda ser utilizadas no final para que os participantes identifiquem e representem a
emoção que sentem nesse momento.
Cartas Emoção
O dinamizador fica com a tarefa de ser o guia deste jogo. À vez, mostra uma Carta
Emoção e diz “3,2,1…Agora o meu corpo anda com… [nome da emoção]”.
Os participantes devem andar pelo espaço de acordo com a emoção que está na carta, tomando consciência de
como estão a sentir as diferentes partes do corpo com essa emoção, de como está a sua respiração, de como
estão os seus movimentos.
Ao final de alguns momentos de andarem pelo espaço, o guia diz MENTO e o grupo deve parar e manter-se na
posição em que pararam durante alguns segundos.
Nesse momento de pausa o guia sugere que se concentrem na posição em que se encontram e no nível de tensão
de diferentes partes do corpo (ex.: dos pés, das pernas, da barriga, dos braços, dos ombros, pescoço, maxilar,
pálpebras, …).
Cada participante desenha em papel de cenário o contorno do seu corpo (em tamanho
real). De seguida, deve preencher o desenho do corpo com elementos corporais (ex.: olhos, nariz, boca…).
Cada participante retira uma carta emoção e deve desenhar/representar essa emoção no seu corpo desenhado
no papel de cenário, na parte do corpo onde habitualmente sente essa emoção.
O participante pode explicar verbalmente como sente essa emoção no seu corpo e, para além de a representar
no desenho, pode ainda representá-la em movimento.
Dependendo da sua idade, esse movimento pode ser simplesmente um movimento que represente como se sente
com essa emoção, ou pode ser algo mais elaborado como: criar um movimento com a parte do corpo escolhida e
de acordo com a representação que fez em desenho (ex.: se com determinada emoção a criança desenhou uma
espiral na barriga, pode fazer um movimento em espiral).
Dinâmica 4
Cartas Emoção
Numa primeira fase desta atividade, o dinamizador retira uma carta emoção do
baralho, refere qual a emoção que saiu e diz “O meu corpo está… [completar com o nome da emoção] ”. Os
participantes devem andar e movimentar-se pelo espaço como consideram que fica o seu corpo com essa
emoção.
Esta primeira fase da dinâmica deve ser repetida várias vezes, com diferentes emoções para que os participantes possam
experimentar e explorar como fica o seu corpo e como é que ele se movimentar de acordo com a emoção que está a sentir.
Numa segunda fase da atividade, o dinamizador retira uma carta sem a nomear, apenas descreve como fica o
corpo com essa emoção e os participantes devem andar pelo espaço consoante a descrição: “O meu corpo está…
[completar com a descrição do corpo com essa emoção] ”. Enquanto se movimentam dessa forma, devem
adivinhar qual foi a Carta Emoção que o dinamizador descreveu.
: corpo leve, solto, saltitante, fluido como uma andorinha a esvoaçar, com respiração fluida e
tranquila;
: corpo pesado, cabisbaixo, ombros para a frente como se tivessem dois pesos agarrados a cada
: corpo tenso, sobressaltado, a tremer, muito alerta e atento a qualquer coisa que possa
: corpo muito rígido como se fosse um bloco de gelo, mãos fechadas com força, expressão facial
: corpo descontraído, leve, cara sorridente, com vontade de abraçar as pessoas à sua volta;
: corpo tenso, com vontade de se esconder, de ocupar pouco espaço e ficar no seu canto, de ficar
: corpo relaxado, tranquilo, leve como se fosse uma pena, respiração com ritmo mais lento e
tranquilo;
: corpo tenso, irrequieto e que não consegue parar, respiração mais acelerada;
: corpo espantado, os ombros sobem como se estivessem presos por duas molas da roupa no
: corpo entediado, mole, expressão facial carrancuda e fechada, pouco animado, parado ou
: corpo relaxado, com movimentos fluidos, sensação de leveza, vontade de agradecer pelas
: corpo tenso, irritado por não estar a conseguir fazer algo, expirar o ar com força inchando as
: corpo retraído em relação a uma coisa que faz sentir repulsa, muitas vezes acompanhado do som
‘nhac’ ou ‘argh!’;
Cartas Emoção
De seguida, todos os participantes começam a representar essa situação, agindo de acordo com a Carta Emoção
que lhes calhou. Ou seja, toda a expressão corporal, linguagem verbal, tom de voz, comportamento e expressão
facial devem corresponder a essa emoção.
No final, os participantes podem adivinhar qual a emoção por detrás de cada personagem. Se fizer sentido, este
pode ser um momento de reflexão sobre como cada criança reage normalmente perante essa situação.
Esta dinâmica pode ser realizada quantas vezes desejarem, e inclusive pedir aos participantes ideias de
situações do seu dia-a-dia.
Brincar no parque;
Ter trabalhos de casa para fazer e não ter tempo para brincar;
Receber um presente;
Ter uma nota mais baixa do que esperava num teste de avaliação;
Pais:
Educadores e Professores:
Dinâmica 6
*Todas as histórias podem ser adaptadas à realidade de cada família, contexto escolar ou contexto terapêutico,
considerando o que é importante de estimular com cada criança e/ou adolescente e de acordo com a faixa etária.
O Diogo e o Manuel são amigos e colegas da mesma turma mas andam muitas vezes às turras. A
professora Ana estava sempre a pedir-lhes que tivessem calma e não ficassem tão zangados, e às
vezes até ela perdia a calma com as confusões deles.
Numa manhã na escola, a professora Ana chamou o Diogo à atenção por se ter esquecido mais uma
vez de fazer os trabalhos de casa, coisa que o menino não gostou nada! Quando tocou para o
intervalo, o Manuel vinha todo entusiasmado para jogar à bola com o seu amigo e o Diogo respondeu-
lhe mal: “Sai daqui!!! Não quero jogar contigo!”.
O Manuel, que não percebeu porque é que o amigo lhe estava a responder assim começou a
responder-lhe da mesma forma: “Ai é?! Também não quero jogar contigo! Tenho mais amigos!”. Ao
ouvir isto, o Diogo virou costas e foi-se embora.
Entretanto a Beatriz, ao ver o colega Manuel sozinho e sentado a mexer nas pedrinhas do chão, foi
ter com ele perguntar-lhe o que se passava. Disse-lhe ainda que achava que o Diogo não se estava a
sentir muito bem desde manhã por não ter feito os trabalhos de casa e a professora se ter aborrecido
com ele. O Manuel aqui percebeu um bocadinho mais o porquê do amigo lhe ter respondido daquela
forma, e ao compreender isto sentiu-se melhor.
No fim do intervalo, o Manuel foi ter com o Diogo e disse-lhe: “Já percebi que não estavas muito bem
mas não era por minha causa. Não te preocupes, não fizeste o trabalho de casa de ontem, mas pensa…
podes fazer hoje e amanhã a professora já não vai ficar tão aborrecida contigo”. O Diogo sentiu-se
Para além das Cartas Pergunta, as emoções das personagens podem ser exploradas com perguntas como:
Como é que o Manuel se sentiu quando o Diogo lhe respondeu daquela forma no intervalo?
Como se ficaram a sentir os dois meninos quando o Manuel respondeu da mesma forma ao Diogo?
De que forma é que a Beatriz ajudou a que os dois amigos resolvessem o problema entre eles?
O que mudou para que o Manuel compreendesse melhor a reação do seu amigo?
Como se sentiu o Diogo quando o amigo foi ter com ele no fim do intervalo?
Que emoções ficaram a sentir os dois amigos quando entraram na sala depois de terem resolvido o
conflito?
Qual a emoção/sentimento que pode ajudar o Diogo a ser capaz de fazer os trabalhos de casa hoje?
O que é que o Diogo podia ter feito de diferente para evitar este conflito?
Dinâmica 7
Cada participante deve retirar um cartão de uma situação social e escolher uma ou mais Cartas Emoção que
represente como se sente nessa situação. De seguida, quando todos tiverem escolhido, o dinamizador irá
perguntar à vez, como é que se sentem nessa situação, e usa as Cartas Pergunta para orientar esta reflexão.
*Todas as situações podem ser adaptadas à realidade de cada família, contexto escolar ou contexto terapêutico, considerando o que
é importante de estimular com cada criança e/ou adolescente e de acordo com a faixa etária.
**Esta dinâmica é flexível e pode utilizar as 10 Cartas Pergunta, ou apenas aquelas que forem mais adequadas para os participantes.
“Quando parece que há regras para tudo e eu não posso fazer nada”
“Quando parece que só os outros é que fazem coisas bem feitas e a mim sai tudo
ao lado”
Dinâmica 8
Cartas Emoção
Um participante tira uma Carta Emoção do baralho, enquanto o outro participante fica em pé ao seu lado com
o corpo inerte (pernas esticadas, braços esticados ao lado do corpo, sem expressão facial) – este último será
apelidado de ‘Marioneta’.
De acordo com a carta que sair, o participante que a retirou deve moldar o corpo da Marioneta com a postura
(posição dos pés, pernas, ombros, braços, mãos, inclinação da cabeça,) e expressão facial, para se assemelhar ao
máximo à Emoção ilustrada na carta.
Quando terminar, a Marioneta deve tentar adivinhar qual a Emoção representada no seu corpo.
Dinâmica 9
Cartas Emoção
Esta dinâmica tem como objetivo descrever a emoção representada na carta sem a
nomear para que os outros participantes adivinhem qual é a emoção.
Um participante retira uma Carta Emoção e descreve-a sem dizer o nome da emoção. Ou seja, deve descrever
a expressão corporal e facial, dando pistas sobre a posição das partes do corpo para que os outros participantes
adivinhem a emoção.
Caso seja muito complexo, quem está a descrever a carta tem a possibilidade de dar um exemplo de algo que
pode acontecer para que surja essa emoção.
“Esta emoção mostra que os olhos estão muito abertos, sobrancelhas arqueadas para cima, a boca
está aberta em forma de ‘O’, os ombros estão um pouco para cima, …
Cada participante retira uma carta emoção do baralho e coloca-a de imediato na zona
da testa, virada para os outros participantes, sem a ver. Desta forma, nenhum dos participantes sabe qual é a
sua própria carta, embora todos os participantes saibam a carta dos outros.
Depois, cada um escolhe uma Carta Pergunta para os outros participantes responderem por si, ou seja, os outros
respondem sobre a emoção que o participante está a perguntar. Consoante as respostas que derem, o
participante deve adivinhar qual a sua própria carta.
Um participante tira, sem ver, a Carta Emoção Alegria, e sai a pergunta ‘Qual foi a última vez que sentiste esta
emoção?’. Os outros participantes respondem ao colega:
“A última vez que tiveste esta emoção foi quando conseguiste marcar 2 golos no intervalo da manhã”.
DICAS BÓNUS
Mostrar a Carta Emoção à criança e ela faz mímica, representando no seu corpo a emoção ilustrada.
Faça você mesmo a mímica dessa emoção caso a criança não esteja a conseguir fazer ou associar a que
emoção se refere a carta. Exagere na mímica para ser mais apelativo e atrativo para a criança conseguir fazer
ela própria.
Pergunte à criança que emoção é a que está na Carta para perceber a compreensão que ela tem sobre a
mesma.
Pergunte à criança em que momento é que sente essa emoção (mesmo que ela não nomeie corretamente)
Ex.: A frustração pode não ser logo nomeada por crianças pequenas, mas ao verem a ilustração da Carta
conseguem na maior parte das vezes identificar uma situação em que se sentiram dessa forma.
As Cartas Emoção Frustração e a Raiva são, muitas vezes, identificadas como a mesma emoção por
crianças pequenas. Pode encontrar exemplos práticos da realidade da criança para explicar a diferença entre
ambas, nomeadamente o nível de intensidade da Frustração que é inferior ao da Raiva.
As Cartas Emoção Calma, Gratidão e Amor muitas vezes não são nomeadas corretamente por crianças
pequenas. Ora aqui está uma excelente oportunidade de as ensinar!
Pode recorrer às primeiras 3 dicas para ajudar a criança a identificar e reconhecer essas emoções, e também
pode recorrer a perguntas de escolha que ajudem a criança a compreender melhor:
Ex.: Na Carta Calma faça você a mímica dessa emoção, vá falando com a criança enquanto faz a mímica, e
pergunte-lhe: ‘Achas que estou a sentir-me calma ou ansiosa/nervosa?’.
O é um jogo versátil que pode ser jogado em família, na escola, em dinâmicas de grupo e em
contexto terapêutico.
A Inteligência Emocional é hoje considerada uma das competências mais importantes para o desenvolvimento
pessoal, para a capacidade de tomar decisões e para o relacionamento interpessoal. Assim, ajudarmos as
crianças e os adolescentes a descobrirem e terem consciência de “como está o meu corpo?”, “como me estou a
sentir?”, ou até “como é que esta emoção se está a expressar no meu corpo?” é uma ferramenta essencial para
aprenderem a identificar as emoções no seu corpo, a reconhecê-las em situações do seu dia-a-dia e nos outros,
favorecendo o processo de empatia, o desenvolvimento das competências sociais e a capacidade de resolução
de problemas.
Ao aprenderem tudo isto, as crianças e adolescentes conseguirão mais facilmente transformar momentos
difíceis e stressantes, em momentos de maior tranquilidade e encontrarem alternativas adequadas para
resolver os seus problemas. Lidar com as emoções de uma forma mais consciente e integrada, permitirá maior
disponibilidade para o processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças e adolescentes.
Olá,
Nos últimos anos tenho trabalhado com muitas crianças que vêm à consulta de Psicomotricidade por
queixas de problemas do comportamento, com dificuldade em gerir a sua agressividade e a frustração
e, consequentemente, dificuldades no relacionamento interpessoal. Ao longo desse tempo, fui sentido
a falta de um recurso que por um lado me auxiliasse na intervenção e possibilitasse explorar ainda
mais as emoções e, por outro lado, oferecesse essa mesma oportunidade numa perspetiva educativa
e preventiva, alargada ao contexto familiar e escolar.
O PlayMENTO surge, assim, como uma ferramenta lúdica para estimular a compreensão das crianças
sobre as Emoções e a forma como elas se expressam no Corpo. Para as conseguirem gerir e regular,
as crianças têm primeiro de saber identificar e reconhecer muito bem essas emoções, em si e no outro.
Mais do que um recurso terapêutico, o PlayMENTO e o PlayMENTO+ propõem um conjunto de
dinâmicas facilmente adaptáveis a serem desenvolvidas por pais, educadores, professores e todos os
que se interessam pela educação emocional da população infantojuvenil.
saraduarte@saraduartepsicomotricidade.pt
https://www.linkedin.com/in/sara-duarte-33340957/
https://www.facebook.com/SaraDuartePsicomotricidade
https://www.instagram.com/saraduartepsicomotricidade/
Que o PlayMENTO e o PlayMENTO+
sejam ferramentas que promovam o desenvolvimento do PensaMENTO, do
ComportaMENTO e do SentiMENTO das crianças e adolescentes, ao mesmo tempo
que juntam muito MoviMENTO e DivertiMENTO!