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PRINCÍPIOS

1. Princípio da legalidade

Art. 5º, XXXIX, da CF/88: não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal

Art. 1º do CP - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal.
1. Princípio da legalidade

1.1. Anterioridade: Veda a responsabilização criminal de alguém por fatos


praticados antes da entrada em vigor da lei penal que os define como crimes.

Irretroatividade da lei penal mais gravosa (art. 5º, XL, da CF).

1.2. Reserva legal: competência privativa do Poder Legislativo federal para


produzir normas em matéria penal (art. 22, I, CF/88).

1.3. Legalidade estrita: Impede a utilização de costume ou de analogia para


fundamentar incriminação ou agravar a pena.

1.4. Taxatividade: Mandato de determinação dos tipos penais. Evitar o uso de


expressões vagas, equívocas ou ambíguas.

1.4.
2. Princípio da intervenção mínima

A criminalização de determinada conduta só se legitima se constituir meio necessário para


a prevenção de ataques a bens jurídicos importantes

2.1. Princípio da fragmentariedade: Não se pode utilizar o Direito Penal para tutelar
todos os bens jurídicos (ultima ratio).

O Direito Penal se limita a castigar as ações mais graves praticadas contra os bens
jurídicos mais importantes.

3. Princípio da ofensividade (lesividade)

Para que se tipifique algum crime, em sentido material, é indispensável que haja, pelo
menos, perigo concreto, real e efetivo de dano a um bem jurídico.

Duas funções: a) político-criminal; b) interpretativa ou dogmática.


4. Princípio da insignificância (bagatela)

A tipicidade penal exige uma ofensa de alguma gravidade aos bens jurídicos protegidos,
pois nem sempre a ofensa a esses bens ou interesses é suficiente para configurar o
delito. Atipicidade material

SÚMULA 589 - STJ: É inaplicável o princípio


REQUISITOS:
da insignificância nos crimes ou
contravenções penais praticados contra a
Mínima ofensividade da conduta; mulher no âmbito das relações domésticas.

Ausência de periculosidade social;

Reduzido grau de reprovabilidade; e Súmula 599 - STJ: O princípio da


insignificância é inaplicável aos crimes contra
Inexpressividade da lesão jurídica a administração pública.
5. Princípio da culpabilidade

Para que haja responsabilização criminal é necessário demonstrar a culpabilidade, isto é,


que o agente praticou a conduta típica de forma dolosa ou culposa. (vedação à
responsabilidade objetiva)

6. Princípio da proporcionalidade

Proporcionalidade entre a gravidade do crime praticado e a sanção a ser aplicada.

Ex. Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou
medicinais: Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa.

7. Princípio da humanidade

O poder punitivo estatal não pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa ou
que lesionem a constituição físico-psíquica do condenado. Proibição de penas
infamantes ou cruéis.
A NORMA PENAL
a) Norma penal incriminadora: define as infrações penais, proibindo ou impondo a
prática de condutas, sob a ameaça expressa e específica de pena.

Preceito primário: Descreve, com objetividade, clareza e precisão, a infração penal,


comissiva ou omissiva.

Preceito secundário: representa a cominação abstrata, mas individualizada, da


respectiva sanção penal

EXEMPLO:

Art. 121. Matar alguém:

Pena - reclusão, de seis a vinte anos.


a) Norma penal não incriminadora: estabelece regras gerais de interpretação e
aplicação das normas penais em sentido estrito, repercutindo na delimitação da
infração penal e na sanção correspondente. Podem ser:

i) Permissivas: autorizam uma conduta em abstrato proibida (causas de justificação).

ii) Explicativas: Esclarecem, limitam ou complementam as normas penais incriminadoras.

EXEMPLOS:

Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual,
que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se (permissiva).

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando


elementares do crime (explicativa).
FONTES, INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO PENAL
• Fontes materiais (de produção): O Estado é a única fonte de produção do Direito Penal.
No direito penal brasileiro, apenas a União possui competência para legislar em matéria
penal (princípio da reserva legal).

• Fontes formais (ou de conhecimento): Diz respeito às espécies normativas.

Fontes formais primárias: Lei em sentido estrito, formalmente produzida pelo Poder
Legislativo.

Fontes formais secundárias: Costumes, princípios gerais de Direito, analogia,


jurisprudência.

OBS: Tendo em vista a reserva de lei para normas de cunho repressor, as fontes
secundárias, em regra, somente podem tratar sobre normas permissivas.
FONTES DO DIREITO PENAL
FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS – ESPÉCIES

a) Costume: Constante repetição de determinado comportamento por parte do corpo


social, tendendo à conformidade em sua aceitação geral. Pode servir para interpretar a
lei (ex. crime de ato obsceno, art. 233 do CP).

OBS: Não se admite costume contra legem.

b) Princípios gerais de direito: proposições abstratas, decorrentes do plexo


constitucional, que orientam a elaboração, a compreensão e a aplicação das normas
jurídicas. Ex.: princípio da igualdade.

OBS: Os princípios gerais de direito servem para ampliar a esfera de liberdade do


indivíduo, sendo instrumento tanto de integração como de interpretação do Direito Penal.
FONTES DO DIREITO PENAL
FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS – ESPÉCIES

c) Analogia: Método de integração do Direito, diante de lapsos do ordenamento. Aplica-se


determinada regra jurídica para uma hipótese não abarcada por ela, em razão de sua
similitude.

OBS: Pressupõe omissão e solução legal similar.

OBS²: O Direito Penal só admite analogia a favor do imputado (analogia in bonam


partem). Decorrência do princípio da legalidade.

Ex.: É possível o reconhecimento da isenção punitiva para a prática de crime patrimonial


(art. 181, I, do CP) cometido em desfavor do cônjuge, na constância da sociedade conjugal,
para aqueles que vivem em união estável.
FONTES DO DIREITO PENAL

FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS – ESPÉCIES

d) Jurisprudência: É uma fonte secundária menos estreita que as demais, vez que o Poder
Judiciário pode aclarar o sentido da lei ainda que haja acolhimento de viés repressor.

Contudo, não pode a jurisprudência ir além da lei e criar restrições de direitos não
autorizados por essa.

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