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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR

Aluna: Karine Cristina Felisberto B. Lopes


Matrícula: 2013725300
Disciplina: Estética e Educação
Professor: Renato Noguera

FICHAMENTO:
MARIOSA, Gilmara Santos. REIS, Maria da Glória dos. A influência da literatura
infantil afro-brasileira na construção das identidades das crianças. Londrina. Estação
Literária, 2011.

A literatura infantil
“[…] A literatura infantil se constituiu como gênero literário durante o século XVII,
época em que as mudanças na estrutura da sociedade desencadearam repercussões no
âmbito artístico.”
(p.2)

“[…] o surgimento dos primeiros livros infantis veio para atender às solicitações,
indiretamente formuladas, de um determinado grupo social emergente, uma classe média
urbana em ascensão. Surge então, neste período, um novo mercado reivindicando escritores
para atendê-lo. Porém, a ausência de uma tradição na produção literária infantil os faz
buscar, como alternativa, a tradução de obras estrangeiras direcionadas aos adultos e que
foram adaptadas às crianças.”
(p.2)

“O Brasil continuou sob influência da Europa, tomando para si contos infantis da


tradição popular de lá originados. Alguns até hoje são conhecidos como As aventuras de
João e Maria, A Bela Adormecida, Cinderela, Chapeuzinho Vermelho dentre outros. Estes
eram contados por adulto”
(p.2)
“Já no Brasil, […] Monteiro Lobato. Este último merece ressalvas em relação à forma
estereotipada e preconceituosa com que se refere às personagens de origem negra. […] por
estes fatores, o autor foi por muito tempo afastado da literatura infantil, reaparecendo
posteriormente, com nova roupagem. A obra de Monteiro Lobato não deve ser rejeitada,
mas abordada com visão crítica[…]”
(p.2-3)

A literatura infantil afro-brasileira


“Com o predomínio de protagonistas brancos na literatura infantil, de acordo com
Jovino (2006), no final da década de 20 e início da década de 30 do século XX, os
personagens negros começam a aparecer. As histórias, neste período, não retratavam
positivamente o negro e sua cultura, ao contrário, reforçavam a imagem dele como
subalterno, analfabeto e ignorante.”
(p.3)

“Após a abolição, segundo Souza (2005), o discurso sobre o negro como escravo e
mercadoria é substituído pelo discurso do negro cidadão. Contudo, ou ele emerge como
brutalizado, animalizado, sujo, tentação carnal ou é retratado como bom crioulo passivo.”
(p.3)

“somente a partir de 1975 é que vamos encontrar uma produção de literatura infantil
mais comprometida com uma outra representação da vida social brasileira; por isso,
podemos conhecer nesse período obras em que a cultura e os personagens negros figurem
com mais frequência[…]”
(p.3)

“Os contos populares, de tradição africana e afro-brasileira são também um importante


e significativo modo de preservação da memória e da tradição, apesar de serem pouco
valorizados pela literatura. Contudo, a sua importância já é reconhecida.[…]”
(p.4)

“Os textos atuais relacionados a literatura afro-brasileira são encontrados em maior


quantidade e as temáticas são diversas[…]”
(p.5)

A construção da identidade
“[…] o senso de identidade é desenvolvido durante todo ciclo de vida, no qual cada
indivíduo passa por uma série de períodos de desenvolvimento distintos.”
(p.5)

“Portanto, a construção da identidade é pessoal e social, acontecendo de forma


interativa, através de trocas entre o indivíduo e o meio no qual está inserido[…] a identidade
não deve se vista como algo estático e imutável, como se fosse uma armadura para a
personalidade, mas como algo em constante desenvolvimento.”
(p.5)

“[…] a identidade é construída com o tempo, e que, este processo se dá através do


inconsciente e não pela consciência do indivíduo no momento do nascimento. […] sendo a
identidade formada ao longo do tempo e da vivência do indivíduo, está sempre sujeita às
influências do meio na sua constituição. Estas influências representam os valores pré-
estabelecidos, que são absorvidos através da sociedade que o indivíduo pertence.”
(p.6)

“A literatura infantil pode influenciar de forma definitiva no processo de construção de


identidades das crianças. A literatura serve, muitas vezes, como fonte de significados
existenciais que poderão ser aplicados ao mundo real.”
(p.7)

O papel da escola e dos professores


“Em todo este processo de construção da identidade da criança negra e não negra
através da literatura, não há como não ressaltar o papel da escola e dos professores. Através
do conteúdo trabalhado em sala de aula e nas bibliotecas, os dirigentes e professores
precisam despertar suas consciências para reconhecer a necessidade de um trabalho literário
que contemple a diversidade, despertando nos pequenos leitores, senso crítico e
discernimento com textos específicos.”
(p.8)

“Torna-se fundamental a implementação de um currículo que contemple todas as


tradições, culturas e referenciais simbólicos que constituem a cultura brasileira, com
destaque para um diálogo com as africanidades.”
(p.8)

“Trabalhar no conteúdo escolar os mitos dos orixás é fundamental para resgatar a


cultura negra e valorizar a auto-estima das crianças afrodescendentes. Os mitos também
oferecem um caminho para questionar preconceitos e representações estereotipadas, através
de abordagens realizadas por educadores na utilização de textos”
(p.9)

“A carência da devida valorização das características físicas e culturais dos negros


acaba por resultar em rejeição das crianças negras de sua ancestralidade e todos os símbolos
a elas relacionados, prejudicando sua identidade em formação.”
(p.10)

“Por tudo isso é fundamental o papel da escola em apresentar uma imagem positiva
dos referenciais afro-brasileiros e africanos.”(p.10)
RESENHA: A INFLUÊNCIA DA LITERATURA INFANTIL AFRO-BRASILEIRA NA
CONSTRUÇÃO DAS IDENTIDADES DAS CRIANÇAS

O artigo, “A influência da literatura infantil afro-brasileira na construção das


identidades das crianças.”, aprovado em 16 de novembro de 2011. Tem o objetivo de
mostrar o poder que a literatura infantil afro-brasileira tem na construção da identidade da
criança negra. As autoras Gilmara Santos Mariosa, da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro e Maria da Glória dos Reis do Centro de Ensino Superior- JF, buscam demonstrar o
quão importante é levar as questões étnico raciais para as séries iniciais, porque os
acontecimentos daquela etapa poderá influenciar na construção da identidade da criança. O
texto traz também uma questão muito interessante que é a ausência de protagonistas negros
em histórias infantis, em brinquedos, personagens de desenho animado e etc.
A ausência de personagens negros, faz com que a criança não se sinta representada e a
mesma acaba se associando a algo que é completamente diferente dela e “crescerão com
essa ideia de branqueamento introjetada, achando que só serão aceitas se aproximarem-se
dos referenciais estabelecidos pelos brancos. Rejeitando tudo aquilo que as assemelhe com o
universo do negro.”(p.1). Inserir personagens negros nas histórias, brinquedos e desenhos
infantis contribui para a construção da identidade, da autoestima da criança e contribui
também para a valorização da cultura negra.
As autoras afirmam que a literatura é fundamenta para o processo de aprendizagem da
criança, principalmente na oralidade, no desenvolvimento da imaginação e na formação de
opinião. A literatura afro brasileira precisa ser inserida no cotidiano escolar, não apenas no
mês da consciência negra, deve ser compreendida e valorizada em suas riquezas de
abordagens e significados.
A escola desenvolve um papel fundamental na construção da identidade da criança,
visto que ela passa uma grande parte do seu tempo naquele ambiente. Entendemos que a
criança não é uma tabula rasa, no entanto, ela vai sofrer influência de todos os referenciais
com os quais ele irá se deparar, e por certo se deixará levar por eles. Por isso a escola deve
apresentá-los a literatura étnico-racial. “pois a beleza das imagens e o negro como
protagonista são exemplos favoráveis à construção de uma identidade e uma autoestima.
Isto pode desenvolver um orgulho, nos negros, de serem quem são, de sua história, de sua
cultura.”, e dessa forma, não terão vergonha ou receio de se aceitar como negro.
“o papel da escola na escolha dos livros utilizados nas
séries iniciais é fundamental. É responsabilidade da escola
estar atenta para a escolha do acervo de sua biblioteca,
devendo optar por livros que contribuam para a formação
de uma identidade positiva do negro e, simultaneamente,
proporcionar aos alunos não negros o contato com a
diversidade e as especificidades da cultura africana,
deixando, assim, para trás, uma visão estereotipada e
preconceituosa das idiossincrasias dos referenciais
afrodescendentes.”(p.6)
Podemos concluir que, se a escola cumprir a lei 10.639 e os docentes inserirem a
literatura étnico-racial as crianças terão referenciais que poderão influenciá-los de maneira
positiva, de modo que os alunos negros se sentirão representados e poderão associar-se
aquele personagem sem que haja negação da sua cor.

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