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Resenha crítica

MORAN, José Manuel (2000). Ensino e aprendizagem inovadores com Tecnologias


audiovisuais e telemáticas. Novas tecnologias e mediação pedagógica, Campinas, p.
11-66.

Lilia Nara Santos Sena¹1

O artigo científico “Ensino e aprendizagem inovadores com Tecnologias


audiovisuais e telemáticas”, é um artigo de leitura fácil, escrito por José Manuel
Moran e publicado em 2000 pela revista Novas tecnologias e mediação pedagógica.

José Manuel Moran é doutor em Comunicação pela Universidade de São


Paulo (USP), professor da disciplina "Novas tecnologias" na Escola de
Comunicações e Artes da USP e professor no Programa de Pós-graduação em
Educação na Universidade Presbiteriana Mackenzie. É autor dos seguintes livros:
Como ver televisão (Paullnas,1991). Leitura crítica dos meios de comunicação
(Pancast, 1993), Mudanças na comunicação pessoal (1998) e Aprendendo a viver
(Paulinas, 1999).

O artigo em questão está dividido em oito partes, que conduzem o leitor do


todo ao particular conferindo coerência ao texto, enquanto apresenta e discute a
respeito do ensino-aprendizagem ligado as novas tecnologias, suas dificuldades,
seus benefícios, seus malefícios, a realidade educacional brasileira, além de propor
ideias de como essas implementações e melhorias podem acontecer.

Na primeira parte, que tem como título o questionamento “Para onde


estamos caminhando no ensino?”, o autor fala sobre as novas tecnologias que
permeiam o ensino, e como o mercado da educação a distância está ganhando
espaço e competindo com o modelo tradicional de ensino. No entanto, chama
atenção para o fato de que sozinha a tecnologia não é capaz de resolver os
problemas existentes no campo da educação. Dessa forma, é possível apontar que
apesar da constante automação dos processos trazidos pela globalização, a
presença do professor ainda é indispensável para a formação do discente.

1
Aluna do quinto semestre do curso de Letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú, Sobral/CE.
narasena4@gmail.com.
Nesse sentido, o autor ressalta os desafios e as dificuldades no
fornecimento de um ensino e educação de qualidade, destacando também a
diferença entre os dois, uma vez que “o ensino consiste na organização de uma
série de atividades didáticas para ajudar o aluno a compreender áreas específicas
do conhecimento, e a educação, preocupa-se em integrar o ensino a vida do
indivíduo, formando-o para modificar positivamente a sociedade em que vive”
(MORAN, 2000, p.12). Contudo, para que isso ocorra com qualidade é necessário
um alto investimento, o qual nem todos dispõem de condições para custear, assim
como o Estado também não destina recursos suficientes para seu subsídio. Assim,
põe-se em questão o privilégio de poucos, que podem usufruir de melhores escolas,
universidades, materiais e vivências, perpetuando a desigualdade e contribuindo
para a manutenção desse sistema falho.

Nessa conjuntura, o próximo tópico tem como título “A construção do


conhecimento na sociedade da informação”, e traz como ideia principal a velocidade
com que as informações são postas diante de nós em detrimento dos constantes
avanços tecnológicos. Em face disso, a forma como nós recebemos essas
informações e também como as processamos tem sido em grande parte de forma
multimídica, o que segundo o autor é, “mais livre, menos rígida e com conexões
abertas” (Moran, 1998, p. 148-152). Desse modo, tendo em vista a rapidez com que
as informações circulam e as narrativas que se interligam utilizadas pelos meios de
comunicação, as novas gerações se acostumaram a valorizar a fluidez desses
meios, considerando menos atraente e estático tudo aquilo que não segue esse
padrão.

Outrossim, um dos grandes desafios do professor está em tornar as


informações que serão passadas aos alunos mais significativas, escolher as mais
coerentes dentre tantas possibilidades e torna-las parte do referencial do aluno,
tendo em vista que um dos caminhos que facilitam a aprendizagem é a
experimentação. Portanto, os novos conteúdos são mais facilmente processados
pelos discentes quando eles encontram relação entre o que está sendo trabalhado
em sala de aula e o seu cotidiano, por isso é tão importante que os professores
tenham esse cuidado ao ministrar suas aulas, pensando sempre em como o aluno
experiencia isso em sua realidade, possibilitando então a interiorização dessas
informações.
Nesse aspecto, o professor é um contador de histórias, e as mídias,
atualmente, são a maior referência de como conectar os meios para desenvolver
uma narrativa, concentrando a atenção dos seus expectadores ao longo de todos os
seus canais. Em razão disso, a forma de ensinar pode ser modificada com maior
flexibilidade, planejamento aberto, apoio da gestão e utilização das novas
tecnologias, sendo o professor um mediador, que orienta os discentes a
contextualizar as informações adquiridas.

O tópico seguinte trata de como “Integrar as tecnologias de forma


inovadora”, trazendo sugestões de como esses aparelhos podem colaborar em sala
de aula. Considerei o tópico de bastante relevância, tendo em vista o cenário
educacional durante a pandemia do COVID 19, em que foi necessária uma rápida
adaptação aos meios tecnológicos, a qual não foi muito planejada por algumas
instituições e nem muito eficiente graças a isso. Por sua vez, a relação com as
mídias se dá de maneira prazerosa para os alunos, além de oferecer ao professor
um leque de opções metodológicas. Contudo, haja visto que não houve um preparo
prévio para essa mudança, muito dos recursos oferecidos por esses meios não
foram aproveitados no contexto educacional. Assim, é necessário um planejamento
aprofundado sobre como implantar essas tecnologias de forma rendosa aos alunos,
além de que é papel da escola “educar para usos democráticos, mais progressistas
e participativos das tecnologias, que facilitem a evolução dos indivíduos” (MORAN,
2000, p.36).

O próximo tópico, “O computador e a Internet: Propostas metodológicas”,


traz ideias de como utilizar o computador para fins pedagógicos, assim como
aproximar o professor do aluno, por meio de fóruns, construção cooperativa e aulas
de pesquisa em que o professor “incentiva a troca constante de informações, a
comunicação, mesmo parcial, dos resultados que vão sendo obtidos” (MORAN,
2000, p.47).

O ponto seguinte, “Preparar os professores para a utilização do computador


e da Internet”, detalha como o professor pode se utilizar desses itens de forma mais
produtiva, sendo para isso necessário que a escola esteja pronta e com condições
de desenvolver essa metodologia. Outrossim, é importante que este seja um projeto
que englobe tanto as instituições públicas quanto privadas, para que não haja a
segregação das escolas públicas e comunidades carentes e a condenação delas ao
analfabetismo tecnológico. O próximo passo é familiarizar o docente com o
computador, a Internet e todas as suas ferramentas, e após guia-los para a
utilização pedagógica desses meios. Logo, ensinar utilizando a Internet exige uma
forte dose de atenção do professor, uma vez que “a navegação precisa de bom
senso, gosto estético e intuição” (MORAN, 2000, p. 52), além de que através das
suas infinitas possibilidades, a Internet pode ajudar a desenvolver a intuição, a
flexibilidade mental, a adaptação a ritmos diferentes.

Além disso, o autor também destaca alguns problemas no uso da Internet na


educação. Nesse contexto, a utilização da internet durante as aulas confere aos
alunos certa autonomia, que pode não ser bem recebida por alguns que esperam
que o professor continue dando aula no sentido de ele falar e os alunos ouvirem.
Pode ocorrer ainda a dispersão diante devido a tantas oportunidades de navegação
e o não hábito de utilizar este meio para fins acadêmicos.

O tópico seguinte, “Mudanças no ensino presencial com tecnologias”, frisa


que as dificuldades de ensino encontradas no presencial não serão solucionadas no
virtual, e desenvolve como sugestão equilibrar o ensino presencial e o virtual,
determinando momentos que são importantes estar junto fisicamente e outros em
que o ensino remoto se encaixa melhor, pois dá mais possibilidades.

O penúltimo tópico, “Tecnologias na educação a distância”, chama atenção


para o fato de que a educação a distância não é um fast-food onde o aluno vai e se
serve de algo pronto, mas serve para “equilibrar as necessidades e habilidades
pessoais com a participação em grupos - presenciais e virtuais - por meio da qual
avançamos rapidamente, trocamos experiências, dúvidas e resultados. Iremos
combinando daqui em diante cursos presenciais com virtuais” (MORAN, 2000, p.58).

No último tópico, “Alguns caminhos para integrar as tecnologias num ensino


inovador”, o autor novamente apresenta recomendações para a melhoria do ensino
tecnológico. Sob esse viés, ensinar com as novas mídias, será uma revolução se
houver uma mudança dos paradigmas, conservadores e já experienciados, que
cercam essas ideias convencionais do ensino. Diante disso, a Internet é ainda é uma
ferramenta nova dentro desse contexto, mas que pode nos ajudar a rever, a ampliar
e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e de aprender.
Bibliografia

MORAN, José Manuel (2000). Ensino e aprendizagem inovadores com Tecnologias


audiovisuais e telemáticas. Novas tecnologias e mediação pedagógica, Campinas, p.
11-66.

__________. Mudanças na comunicação pessoal. São Paulo: Paulinas, 1998.

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