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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CAMPUS MINISTRO PETRÔNIO PORTELA


CENTRO DE CIÊNCIA DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
DISCIPLINA: Química Geral Experimental
MINISTRANTE: Prof. Dr. Janildo Lopes Magalhães

PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS: DENSIDADE E VISCOSIDADE


1. INTRODUÇÃO

A densidade (ρ) de um material é definida pela razão entre a massa (m) e o volume (V)
a uma dada temperatura e pressão, obtida a partir da Equação 1:
𝐦
𝛒= 𝐄𝐪. 𝟏
𝐕
com unidade de kg m-3 no SI, porém a unidade usual é g cm-3 ou g mL-1 do CGS. Os Handbook
de química dispõem os valores de densidade de vários materiais, normalmente, a 20 ou 25 °C
a 1 atm.
De modo geral, a densidade de um material tende a diminuir com o aumento temperatura
devido ao aumento de volume do mesmo. No entanto, há algumas exceções, por exemplo, a
água, entre 0 e 4 °C, sua densidade aumenta com o aumento da temperatura devido à quebra e
rearranjo de interações do tipo ligação hidrogênio que levam à diminuição do volume. A partir
de 5 °C a água apresenta uma redução de sua densidade com a elevação da temperatura, como
pode ser observado na Tabela 1. A variação de pressão exerce um efeito insignificante sobre a
densidade de líquido e sólido, sendo necessário um aumento de milhares de vezes na pressão
do sistema para alterar a densidade da água em 1%. As forças intermoleculares de atração e
repulsão são as que determinam as magnitudes destes efeitos em cada substância. O efeito da
pressão sobre a densidade dos gases é bastante significativo.
Sendo a densidade uma propriedade inerente de cada material, sua medida pode ser
utilizada para avaliar o grau de pureza. Embora a técnica de deslocamento de volume de água
por massas conhecidas não seja uma técnica de elevada precisão, adulteração grosseiras podem
ser detectadas. Por exemplo, a distinção entre ouro e latão.
Tabela 1. Valores de densidade e viscosidade da água em diferentes temperaturas, a 1 atm.
Temperatura (ºC) Densidade (g mL-1) Viscosidade (cP)
16 0,9989 1,1090
17 0,9988 1,0810
18 0,9986 1,0530
19 0,9984 1,0270
20 0,9982 1,0020
21 0,9980 0,9779
22 0,9978 0,9548
23 0,9975 0,9325
24 0,9973 0,9111
25 0,9970 0,8904
26 0,9968 0,8705
27 0,9965 0,8513
28 0,9962 0,8327
Fonte: HAYNES, William M. (Ed.), 2014.

A viscosidade de um fluido é a resistência à deformação ou ao escoamento e pode ser


entendida como uma fricção interna. Há várias definições para a viscosidade. No entanto, neste
experimento será abordada a mais comum, a Viscosidade Absoluta, também denominada de
Coeficiente de Viscosidade Dinâmica (μ), onde a unidade no SI é o Pa s (N s m -2= kg m-1s-1).
Poise (P = 0,1 Pa s) ou o centipoise (cP = 0,001 Pa.s) são as unidades usuais. O nome da unidade
foi atribuído em homenagem ao médico fisiologista francês Jean Louis M. Poiseuille, que em
1846, publicou estudos sobre o fluxo laminar de fluidos Newtonianos.
A definição de fluidos Newtonianos compreende aqueles cuja viscosidade absoluta
depende apenas da temperatura e pressão, sendo desconsideradas as forças de escoamento. Este
conceito aplica-se a água e a maioria dos líquidos. A exemplo da densidade, a viscosidade
absoluta dos líquidos tende a diminuir com o aumento da temperatura, enquanto que a variação
da pressão exerce efeitos mínimos, exceto para pressões elevadas. Contribuições da energia
cinética das moléculas, forças intermoleculares de atração e repulsão irão determinar a
viscosidade do líquido, além do tipo e magnitude do efeito da temperatura sobre esta
propriedade.
A medida direta da viscosidade absoluta é muitas vezes difícil de ser obtida. O
procedimento usual é a determinação de sua viscosidade em relação à viscosidade de uma
substância referência, numa dada temperatura. A água é o líquido mais utilizado como
referência devido seu comportamento adequado e conhecimento de sua viscosidade para uma
ampla faixa de temperatura.
Pela equação de Poiseuille temos:
𝛑 ∙ 𝒓𝟒 ∙ 𝐠 ∙ 𝐡
𝛍= 𝛒𝐭 𝐄𝐪. 𝟐
𝟖∙𝐕∙𝐥
Sendo t o tempo de escoamento, ρ (“rô”) a densidade do líquido, μ o coeficiente de
viscosidade, r e l é o raio e o comprimento do capilar, respectivamente, V é o volume do
reservatório superior, h é a diferença de altura das marcações, onde o líquido fluirá, e g é a
aceleração da gravidade.
Para a obtenção da viscosidade relativa de um líquido, medem-se os tempos de
escoamento do líquido e da água no mesmo viscosímetro, mantendo o volume e a temperatura
constantes. Os termos r, g, h, V e l da equação (01) são os mesmos para ambos os líquidos,
assim, a razão entre as viscosidades do líquido (1) e da água (2), é dada pela equação (02):
𝛍𝟏 𝝆𝟏 𝒕𝟏
= 𝐄𝐪. 𝟑
𝛍𝑯𝟐 𝑶 𝝆𝑯𝟐 𝑶 𝐭 𝑯𝟐 𝑶
Sendo 𝛍𝟏 a viscosidade dinâmica do líquido e 𝛍𝑯𝟐 𝑶 a viscosidade dinâmica da água, 𝝆𝟏
e 𝝆𝑯𝟐 𝑶 a densidade do líquido e da água, respectivamente, e, por fim, 𝒕𝟏 e 𝐭 𝑯𝟐 𝑶 o tempo de
escoamento do liquido e da água. Avaliando a Eq. 2 para o cálculo da viscosidade absoluta dos
líquidos nota-se que tempos de escoamento elevados não necessariamente indica que o líquido
seja viscoso.

2. OBJETIVOS

Estimar a viscosidade de líquidos utilizando a água como referência de alguns líquidos


pelo método de viscosímetro de Ostwald. Comparar e discutir os fatores que afetam a
viscosidade dos líquidos. Observar a relação de densidade de diferentes líquidos relacionando
com as propriedades físico-químicas dessas soluções.

3. PARTE EXPERIMENTAL

3.1. Materiais, vidrarias e reagentes

Termômetro; Óleo vegetal;


Copo de 50 mL ou 100 mL; Solução saturada de NaCl;
Seringa; Água filtrada.
3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.2.1 Determinação da viscosidade dos líquidos


1. A seringa deve ser presa em algum local de forma fixa ou pode ser segurado por uma
segunda pessoa, utilizando o dedo para obstruir a saída do líquido.
2. Ao retirar o dedo da ponta da seringa, deve ser iniciada a contagem do tempo de
escoamento, parando o cronômetro assim que o líquido escoar completamente.
3. O procedimento deve ser repetido em triplicata (três vezes). Atribua o tempo médio de
escoamento.
4. Determine a temperatura do líquido colocando o termômetro no copo. Aguarde a
temperatura estabilizar para realizar a leitura.
5. Repita o procedimento para os outros líquidos, registrando os dados no caderno de
laboratório.
6. Por fim, calcule o coeficiente de viscosidade dinâmica segundo a Equação 3, baseada
na viscosidade dinâmica da água já estabelecida na Tabela 1.
7. Preencha os dados obtidos na Tabela abaixo:
Tempo de escoamento
Líquido
t1 t2 t3 tmédio (s)
Água filtrada
Solução de NaCl (saturada)
Óleo de cozinha

Líquido tmédio (s) Temperatura Viscosidade Dinâmica


(ºC) (𝛍 em cP*)
Água filtrada
Solução de NaCl
(saturada)
Óleo de cozinha
* Pa s (N s m-2= kg m-1s-1). Poise (P = 0,1 Pa s) ou o centipoise (cP = 0,001 Pa.s).

3.2.2 Efeito da densidade na mistura de líquidos

1. Com a seringa limpa e seca, meça e transfira 10 mL de óleo de cozinha para um copo
de 50 mL. Em seguida, lave a seringa.
2. Utilizando a seringa meça e transfira 10 mL da solução de NaCl (use um corante azul
ou uma cor de preferência. Outra opção é utilizar suco de beterraba concentrado e
filtrado para tingir o líquido) para o copo de 50 mL. Adicione lentamente, deixando
escoar pela parede do copo. Em seguida, lave a seringa com descrito anteriormente.
3. Repita o procedimento para o suco do limão. Faça o registro do fenômeno observado.

Questionamentos
1. Compare as densidades da água e da água saturada com sal, explique o motivo da
diferença existente.
2. Seria possível diferenciar uma joia feita de ouro de uma outra feita de ferro banhada em
ouro utilizando um procedimento semelhante ao desta prática? Explique.
3. É possível usar só o tempo de escoamento para comparar a viscosidade dos líquidos?
Explique.

5. Referências bibliográficas

BESSLER, K. E.; NEDER, A. V. F. Química Em Tubos de Ensaios: Uma Abordagem para


Principiantes. 1. Ed. Edgard Blucher, 2004.

COTTON, F. A.; LYNCH, L. D.; MACEDO, H. M. Manual do Curso de Química. Rio/São


Paulo: Forum, 1968. 530 p.

HAYNES, William M. (Ed.). CRC handbook of chemistry and physics. CRC press, 2014.

LENZI, E., FAVERO, L. O. B., TANAKA, A. S., VIANNA FILHO, E. A., SILVA, M. B.,
GIMENES, M. J. G. Química Geral Experimental. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2004.

WEAST, R. C. CRC Handbook of Chemistry and Physics. 58. Ed. Cleveland: CRC Press, Inc.
1977-1978.

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