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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO


LICENCIATURA EM QUÍMICA
DISCIPLINA: LEGISLAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
DOCENTE: MARIA DE FATIMA UCHOA DE CASTRO MACEDO

SÍNTESE SOBRE “O CONSENSO DE WASHINGTON E A CRISE


DA EDUCAÇÃO NA AMÉRICA LATINA” DE PABLO GENTILI

DISCENTE: ANTONIO MATHEUS FERREIRA DA SILVA

TERESINA – PI

2019
SÍNTESE SOBRE “O CONSENSO DE WASHINGTON E A CRISE DA EDUCAÇÃO NA
AMÉRICA LATINA” DE PABLO GENTILI

A princípio, deve-se considerar que o Consenso de Washington diz respeito ao conjunto


de projetos, propostas e discursos neoliberais apregoados na América Latina. Esse sistema foi
fortemente impulsionado pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional (F.M.I),
em razão da crise financeira e do grande déficit público proporcionados pelas condições
peculiares da política dos países da América Latina. Contudo, o termo “Consenso de
Washington”, atribuída a John Williamson, apesar de ser comumente relacionada as políticas
de ajuste econômico, também se aplica às de âmbito educacional, como uma forma de veicular
os projetos neoliberais, com ênfase no contexto vigente das nações em questão.

Nesse viés, pode-se considerar que há no Consenso de Washington uma homogeneidade


quanto aos discursos desenvolvidos para os países latinos, ou seja, as semelhanças dos
programas são notáveis, com um ideal de uma nova nação. Quanto ao contexto educacional,
compreende-se o mesmo núcleo, dessa forma, para um entendimento desse quadro é necessário
observar o conceito de crise educativa para os neoliberais; essa é definida como um déficit de
eficiência, isto é, a questão de universalização da educação foi alcançado, em detrimento da
queda de qualidade do ensino, provocando uma decadência de produtividade. Essa é justificado
pela incapacidade estrutural do Estado de administrar as políticas sociais; em outras palavras,
apontam para um melhor uso dos recursos. Todavia, na concepção neoliberal, a educação se
transfere do setor político para o de mercado, no qual o direito social é convertido em consumo
individual, logo, indicando uma pretensão de deslocar o ensino para o segmento privado.

Além disso, de acordo com as teorias neoliberais, para uma maior intepretação da crise
educacional vigente nos países latinos é preciso definir os culpados. Nesse ponto, o estado
interventor é apontado como um grande empecilho para a otimização da qualidade ensino; os
sindicatos são tachados da mesma forma, porque eles ao fazer resistência ao governo, exigem
um aumento de recursos, critérios igualitários, expansão de escolas e etc., ou seja,
reivindicações que afetam diretamente os ideais almejados pelo neoliberalismo. Nessa
perspectiva, a sociedade também é vista como um inimigo do projeto de educação neoliberal,
uma vez que ela adota uma confiança no estado interventor e nutre esperanças nas exigências
sindicais de escola pública, gratuita e de qualidade; ademais, a sociedade latina é constituída de
valores coletivos, os quais vão de encontram aos princípios meritocráticos fundamentados nos
ideais de retorno imediato e dinâmica de mercado. Logo, percebe-se a necessidade dos
neoliberais de atribuir tudo à esfera privada, visando mais lucro do que propriamente o
desenvolvimento humano.

Nesse meandro, com o objetivo de sanar as problemáticas educativas identificadas pelos


neoliberais, estabeleceu-se uma série de estratégias, as quais são baseadas na necessidade de
estabelecer mecanismos de controle de qualidade, alicerçados nos princípios de mérito e
competência, e também na necessidade de articular e subordinar a produção do sistema
educativo às demandas de governo. Para a efetivação dessas estratégias, é citado a consulta a
empresários que obtiveram êxito no mercado de trabalho, uma vez que eles possuem
conhecimento de como desenvolver os ideais de competência administrativa, garantindo a
superação do estado de ineficácia e improdutividade na educação; além de promover o emprego
de especialistas em currículo, avaliação e formação de professores, desse modo, propiciando
uma transnacionalização tecnocrata, característica do contexto globalizado vigente.

Todavia, deve-se salientar que as propostas do Consenso de Washington são


demasiadamente impositivas e irreais. Isso porque a almejada hegemonia neoliberal dos países
latinos é constituída de uma teia de coerção e cobrança internacional, principalmente do Fundo
Monetário Internacional (F.M.I.) e do Banco Mundial, os quais, além de exercer as funções de
administração das questões econômicas, também são poderosas ferramentas de pressão a
serviço da política norte-americana, com o objetivo de perpetuar a hegemonia política-militar
dos Estados Unidos da América. Nesse aspecto, as demandas sociais e particulares de cada país
é destituído do foco para priorizar os interesses das grandes potências mundiais, ou seja, a
nomenclatura de consenso não pode ser empregada com efeito nesse contexto, uma vez que se
caracteriza como um cenário de imposição e não de diálogo.

Contudo, a despeito do alto custo social envolvido na implantação dos projetos do


Consenso de Washington, é preciso analisar os dados relativos aos resultados obtidos desse
programa nos países latinos, para emitir uma sentença mais concisa. Primeiramente, ocorreu
uma redução dos gastos em educação para pagar a dívida externa, essa, por sua vez, continuava
a aumentar; houve um aumento da responsabilidade dos pais em financiar a educação dos filhos;
a dualidade escolar se intensificou nesse período, e a evasão e o analfabetismo persistiram. Em
suma, pode-se concluir que nos países que aplicaram ou que aplicam as políticas neoliberais, a
situação se tornou pior do que antes, o que enfatiza o olhar superficial dos teóricos que
idealizaram o consenso de Washington.

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