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CURSO: BACHARELADO EM DIREITO DISCIPLINA:INTRODUCAO AO ESTUDO DO DIREITO N PROFESSOR: MUSSOLINI FERREIRA DE LIMA / \ ALUNO (A): | U DATA: / / 1° SEMESTRE. TURMA * CONTEM, INCLUSIVE, A PRIMEIRA LISTA DEEXERCICIOS PARA A FIXAQAO DE.CONTEUDO! VALIDADE DA NORMA JUR{DICA. PROCESSO LEGISLATIVO DAS LEIS. “O estudante faré bem em aprender desde j& duas coisas: a. primeira 6 saber que matéria nenhuma estd escrita num 86 livro; qualquer matéria transborda dos livros que se esforcgam em analisé-las. Portanto, h4 que estudar vérios livros sobre o mesmo tema, A segunda 6 compreender que o livro nao substitui o professor, nem o professor a0 livro; de maneira andloga a como a lei nio torna supérfluo 0 juiz, nem o juiz faz periclitar a lei (Verner Goldschmidt, Litroducion Filos6fica Al Derecho, 5°, Prefacio a 1°. Ed., Buerios Aires, 1976). - 1) NOCAO GERAL DO PROCESSO LEGISLATIVO © processo legisiativo de elaboracSo de uma fel tem inicio quando um dos legitimados pela Constituicgo Federal (CF, art. 61) tem a iniciativa de apracentar wen prafetn de tel a uma dais Casas de Congresso Nacional. No plano federal, o nosso Poder Legislative é bicameral (composto de duas Casas Legislativas, a CAmara dos Deputados e 0 Senado Federal) e, portanto, uma Casa atuard como Casa Iniciadora e a outra como Casa Revisora do Projeto de lei apresentado. O projeto de lei ser apresentado a Casa Iniciadora, que dard inicio & apreciacao da matéria. No Brasil, um projeto de lei poderd ser apresentado a Camara dos Deputados ou ao Senado Federal, isto é, as duas Casas Legislativas poder&o atuar como Casa Iniciadora. Porém, se 0 projeto de lei for apresentado pelo Presidente da Repitiblica, Supremo Tribunal Federal, Tribunais Superiores ou pelos cidadaos (iniciativa popular) a Casa Iniciadora serd, obrigatoriamente, a Camara dos Deputados (CF, art. 61, § 20, e art. 64). Na pratica, a Camara dos Deputados atua como Casa Iniciadora nos projetos de lei resultantes de iniciativa de todos os legitimados do art. 61 da (CF/88, exceto nos casos de projetos de lei apresentados por Senador da Repiblica ou por .Comissdo do Senado Federal (hipéteses estas em que o Senado Federal atuar4 como Casa Iniciadora). Na Casa Inicladora, apés a discuss3o e votag&o do projeto de lei, este poderd ter um dos seguintes destinos: (i) ser rejeitado, hipétese em que sera arquivado, sé podendo constituir novo projeto de lei na mesma sessfo legislativa se houver solicitagdo de maioria absoluta dos membros de uma das Casas do Congresso Nacional; (li) ser aprovado, hip6tese em que seguiré para a Casa Revisora, para revisio m um sé turno de discussdo e votacao. ° Na Casa revisora, apés a revisio em um s6 turno de discussdo e votac&o, o projeto de lei podera ter um dos seguintes destinos: (i) ser rejeitado, hipdtese em que sera arquivado, sé podendo constituir novo Projeto de lei na mesma sessGo iegislativa se houver’ solicitaggo de maioria absoluta dos membros de uma das Casas do Congresso Nacional; (ji) ser aprovado, hipétese em que serd encaminhado ao Presidente da Republica, para o fim de san¢do ou veto; (iii) ser emendado, hipé6tese em que retornaré a Casa Iniciadora, para apreciagao das emendas. Se aprovado pela Casa Revisora e encaminhado ao Presidente da Repiiblica, este poder4 adotar as seguintes medidas em relacdo ao projeto de lei: (1) sancion4-lo expressamente, Promulgé-lo e determinar a sua publicago; (ii) permanecer em siléncio, hipétese em que, apés 15 dias diteis, serd considerado tacitamente sancionado, padendo, entdo, ser a Jel resultante da sang tacita promuigada pelo préprio Presidente da Reptiblica, desde que este o faca no prazo de 48 horas; se n&o o fizer no prazo de 48 horas, caber4 ao Presidente do Senado Federal a competéncia para a promulgacgdo, também no prazo de 48 horas; se este nao o fizer no prazo de 48 horas, a competéncia para a promulgagao da lei desloca-se para o Vice-Presidente do Senado Federal; (iii) vet4-lo expressamente, comunicando a0 Presidente do Senado Federal, no prazo de 48 horas, os motivos do veto, para que este submeta a matéria ao Congresso Nacional, que, no prazo de trinta dias, em sessdo ‘conjunta, apreciaré o veto, para o fim de manté-lo ou rejeita- lo, s6 podendo ser rejeitado por maioria absoluta dos Deputados e Senadores. Se emendado pela Casa Revisora, 0 projeto voltard 4 Casa Iniciadora. Da Casa Iniciadora, aprovadas ou rejeitadas as emendas, © projeto de lei seguiré para o Presidente da Reptiblica, para o fim de sancfo ou veto. Nesse Ponto, apés a apreciagéo das emendas pela Casa Iniciadora, temos o seguinte: (i) caso as emendas da Casa Revisora sejam. aprovadas pela Casa Iniciadora, seguiré para o Presidente da Reptiblica o texto final, contemplando tais emendas; (il) caso as emendas da Casa Revisora sejam rejeitadas pela Casa . Iniciadora, seguiré para o Presidente da Reptiblica o texto iniclal do projeto, fixado anteriormente pela Casa Iniciadora (anote-se que a Casa Iniciadora poderé rejeitar integralmente as emendas apresentadas pela Casa Revisora e encaminhar o seu texto original para o Presidente da Republica, para sancao ou veto). Veja que no processo legislative de elaboracdo das leis no nosso Pais, as duas Casas Legislativas no atuam em pé de igualdade. HA uma nitida predominancia do papel da Casa Inicladora sobre a atuacdo da Casa Revisora, que fica evidente quando séo apresentadas emendas pela Casa Revisora ao texto do projeto aprovado na Casa Iniciadora. Nesse caso, temos o seguinte: a Casa Iniciadora aprova o texto do projeto de lei, e o remete a Casa Revisora; se a Casa Revisora emendar o projeto, este volta para a Casa Inicladora, para apreciaggo das emendas; se a Casa Iniciadora aprovar as emendas, seguiré para sancdo o texto. final, com as emendas da Casa Revisora; porém, poderd a Casa Iniciadora rejeitar integralmente as emendas da Casa Revisora e encaminhar o seu texto origindrio, sem emenda alguma, para 0 Presidente da Republica, para o fim de sanc&o ou veto. Exemplificando: suponha que a Casa Iniciadora aprove um Projeto de lei fixando o valor do salario minimo em R$ 280,00; enviado o projeto para a Casa Revisora, esta emenda ‘o projeto, elevando o valor do salario minimo para R$ 350,00, devolvendo o projeto & Casa Iniciadora; nesse caso, a Casa Iniciadora, ao apreciar a emenda da Casa Revisora, poderé aprové-la, elevando o salério minimo para R$ 350,00, ou rejeité-la, encaminhando para o Presidente da Reptblica o texto anterior do projeto, com o valor de R$ 280,00. Na prdtica, como a CAémara dos Deputados atua, na maioria das vezes, como Casa Iniciadora (a discussdo e votacie de todos os projetos de lei tém inicio nesta Casa, exceto quando ~ apresentados por Senador ou Comisséo do Senado Federal), as grandes discussées legislativas ocorrem nesta Casa , Cabendo ao Senado Federal a tarefa de, tao- somente, revisar as matérias aprovadas pelos Deputados Federais. Esse processo legislativo aplica-se, iguaimente, & aprovacio de leis ordindrias e leis complementares, pois a Constituiggo Federal no estabeleceu distingSes no tocante ao processo legisiativo de tais espécies, a nao ser a exigéncia de aprovacéo de maioria absoluta para as leis complementares, prevista no art. 69 da CF/88 (em verdade, nos regimentos das Casas Legislativas ha algumas peculiaridades no tocante ao trémite/deliberaco de projeto de lel complementar, mas esses aspectos ndo nos interessam no estudo do Direito. Constitucional, por se tratar de matéria meramente regimental). 2) PROCESSO LEGISLATIVO ORDINARIO OU SUMARIO O processo legislativo poderd ser ordindrio ou sumério. O processo legisiativo seré ordindrio quando n&o houver prazo determinado para que as Casas Legislativas deliberem sobre a matéria. O processo legislativo seré sumdrio quando houver prazo determinado para que as Casas Legisiativas deliberem sobre a matéria. Na vigente Constituico Federal, o Presidente da Republica podera solicitar urgéncia para apreciacdo de projetos de sua iniciativa (CF, art. 64, § 1°), dando inicio ao processo ‘legislativo sumario ou de urgéncia. S&o dois, portanto, os requisitos para o processo legislativo sumario: a) projeto de lei apresentado pelo Presidente da Republica (no se exige que a matéria seja de sua iniciativa privativa, basta que o projeto seja por ele apresentado); . b) solicitacio de urgéncia na sua apreciacSo pelo Presidente da Repdblica. . Solicitada a urgéncia pelo Presidente da Republica, a Camara dos Deputados e 0 Senado Federal deveréo manifestar-se sobre a matéria, cada qual sucessivamente, no prazo de- quarenta e cinco dias e, se forem apresentadas emendas pelo Senado Federal, estas deverdo ser apreciadas pela Camara. dos Deputados no prazo de dez dias. Q Portanto, se houver solicitag3o de urgéncia do Presidente da Repiblica, o processo legislativo sumario deverd ser concluido. fo prazo maximo de cem dias, descontados os periodos de recesso do Congresso Nacional: quarenta e cinco dias na Camara, quarenta e cinco dias no Senado e mais dez dias na Camara, se houver emendas no Senado Federal. Esgotados esses prazos sem deliberacdo, sobrestar-se-do todas as. demais deliberacées legislativas da respectiva Casa, com excegio das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votacdo (CF, art. 64, § 2°). Nessa situacéo, com o esgotamento do prazo, ocorre o trancamento da. pauta da Casa Legislativa, sobrestando-se a apreciag&o de todas as demais deliberagées, até que se ultime @ votac&o do projeto de lei com pedido de urgéncia. Esse tfancamento, porém, nfo alcanca as deliberagées que tenham prazo constitucional determinado, como é 0 caso. das medidas provisérias (CF, art. 62, 3°) e das leis orgamentarias (ADCT, art. 35, § 2°). abe lembrar que os prazos aqui referidos no correm nos -perlodos de recesso do Congresso Nacional e que o processo legislative sumdrio no pode ser utilizado para os projetos de cédigo (no faria sentido as Casas Legislativas terem que aprovar um cédigo num prazo tao exiguo). Cuidado: esse trancamento de pauta, decorrente do esgotamento do prazo para apreciacdo de projeto de jei que tramita em regime de urgéncia (CF, art. 64, '§ 2°), ndo- pode ser confundido com o trancamento de pauta decorrente de de medida proviséria, previsto no art. 62, §_ n&o-apreciacdo 6°, da Constituicdo Federal. S&0 as seguintes as diferencas existentes entre o trancamento de pauta no regime de urgéncia e na apreciacio de medida proviséria: a) contagem do prazo: no regime de urgéncia, o prazo de quarenta’e cinco dias é contado em separado, em cada uma das Casas do Congresso Nacional; no caso da medida — proviséria a contagem é& Unica, a partir da Publicaco da medida proviséria; b) natureza do trancamento: no regime de urgéncia, o trancamento néo é absoluto, pois ndo alcanga as deliberacdes que tenham prazo constitucional determinado (medidas. provisérias e leis orgamentdrias); no caso da medida proviséria, 0 trancamento é absoluto, no se vota nada, absolutamente nada na Casa Legislativa enquanto n3o houver a liberag&o da pauta. 3) ATUACAO DAS COMISSOES As Casas Legislativas sdo integradas por Comissées, que atuam ativamente no processo legislativo de elaboracdo das leis. A diviséo do Legislative em Comissées é uma tendéncia mundial nos dias modernos, como meio de acelerar o. andamento das deliberaces sobre as mais diversas matérias legislativas. A idéia é a seguinte: em vez de se discutir originariamente um projeto de lei no Smbito do Plendrio, com todos os integrantes da Casa Legislativa, o projeto passa, antes de ir ao Plendrio, pela apreciacdo de Comissées, que, ‘por serem compostas de um numero pequeno de parlamentares, o apreciaré muito mais rapidamente, longe das emogies e paixées tipicas das deliberagdes plendrias. Assim, antes da deliberacao Plendria, o projeto de jei seré apreciado por comissées de naturezas distintas: Comiss&o de Constituig&o, Justica e Cidadania (CCIC) e Comissées Técnicas Permanentes, ° . Nas comissées técnicas permanentes, haveré a apreciacéo do_ contetido do projeto de lei, isto &, da conveniéncia (ou no) da aprovacao de tal matéria para o Pais. Essas comissdes sdo comumente denominadas de tematicas (ou especializadas), Porque cada uma delas é especializada na apreciagio de determinada matéria. A depender da matéria tratada no projeto de lei, serd ele encaminhado a uma comissdo especializada nessa matéria (ou a mais de uma comiss3o técnica, se for o caso). No 4mbito da Camara dos Deputados temos, entre outras, as seguintes comissdes: ComissSo de Seguridade Social e Familia (CSSF); Comiss3o de Minas e Energia (CME); Comissio de Ciéncia e Te a Comunicacdo e Informatica (CCTCI); Comiss&o de Defesa do Na Comissdo de Constituiggo, Justica e Cidadania (CCIC), a apreciaggo = sera. = meramente formal, quanto a constitucionalidade do projeto de lei, bem assim quanto ao emprego da técnica de elaboracSo legistativa. Portanto, caberé & CCJC examinar: (1) se o projeto de lei estdé de acordo (ou nao) com o texto e principios da Constituicso Federal; (2) se foi empregada corretamente a técnica de elaborac&o legislativa, que é estabelecida em lei complementar, por forca do art. 59, pardgrafo Gnico, da CF/88. @ fase de apreciac&o pelas comissdes, o projeto de lel sera objeto de discuss%o e votac3o no Plendrio da respectiva Casa Legislativa. Entretanto, € possivel que o projeto de lei seja aprovado, conclusivamente, no 4mbito das comissées técnicas, sem necessidade de submisso da matéria ao Plendrio da Casa Legislativa. A idéia é a seguinte: j4 que as comissdes so compostas, proporcionalmente, por parlamentares dos diferentes partidos politicos com representac3o na Casa Legislativa, o Plendrio poderd delegar competéncia para que a comissdo, em seu nome, decida conclusivamente sobre a matéria. Culda-se de medida ‘para otimizar/acelerar 0s trabalhos legislativos, pois certamente ser4 mais répido Votar certas matérias no Ambito de uma comissSo (composta de - alguns parlamentares), do que voté-las no Plendrio (que, na Camara dos , € composto de 513 pariamentares). A autorizacdo para a aprovacSo conclusiva de projeto de fei 2 no Ambito das comissdes consta da prépria Constituicso Federal, que estabelece que “as cornissdes, em razio da matéria de sua competéncia, cabe discutir e votar Pprojeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competéncia do Plenario, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa” (CF, art. 58, § 2°, I). Se © projeto de lei tramitar em cardter conclusivo, nao precisaré ser votado pelo Plendrio para que seja considerado aprovado pela Casa Legislativa, mas apenas aprovado pelas comissées designadas para analis4-lo. Portanto, no Brasil uma lei poderé ser legitimamente inserida no ordenamento juridico sem nunca o projeto de lei ter sido apreciado pelo Plendrio das Casas Legislativas. Dois aspectos a respeito dessa possibilidade de deliberacdo. conclusiva no 4mbito das comissées precisam ser clareados: a) n&o é qualquer espécie legislativa que poderé ser aprovada conclusivamente no &mbito das comissdes (os regimentos das Casas Legislativas estabelecem quais matérias néo podem ser objeto de deliberac&o conciusiva no 4mbito de comiss&o, por exemplo: projeto de lei complementar ndo pode ser votado conclusivamente no 4mbito de Comiss&o, pois a CF/88 exige maioria absoluta dos membros da Casa Legislativa para a aprovacéo dessa espécie normativa, e seria impossivel a apuracdo dessa maioria absoluta dos integrantes da Casa no &mbito de uma Comiss&o); b) mesmo aprovado pelas comissdes, se houver recurso de um décimo dos membros da Casa Legisiativa, o projeto deixaré de ser conclusivo nas comissdes e precisaré ser votado no Plendrio (na Camara dos Deputados, a retirada da competéncia conclusiva da ComissSo necessita de recurso de 51 deputados, niimero que equivale a'10% de 513 Deputados). Veja que, mesmo nas hipéteses em que a delil conclusiva é autorizada, esse poder de votacdo conclusiva poderd ser retirado da Comissdo, desde que haja recurso de um décimo dos integrantes da Casa Legislativa. Em suma: o projeto de lei esta tramitando em regime conclusivo e um décimo dos integrantes da Casa Legislativa poderd entender que, dada a relevancia da matéria, deverd ela ser objeto de \o maior transparéncia e debate, no Ambito do Plendrio; poder&o, ent&o, apresentar recurso, assinado por um décimo dos integrantes da Casa, afastando a competéncia de deliberac&o conclusiva da ComissSo, forcando a submiss3o do. projeto de lei & apreciacdo do Plenario. 4) INICIATIVA A iniciativa é 0 ato que desencadeia o processo legislativo de elaborac&o das leis, e ocorre quando um dos legitimados pela Constituiggo Federal Pe um projeto de lei a uma das Casas do Congresso Nacional. Os legitimados no processo legislative de elaborac&o das leis estéo enumerados no art. 61 da Constituicfo Federal. A legitimacgao €.a mesma para leis ordindrias e leis complementares. Essa enumeracéo do art. 61 da CF/88, porém, nado é exaustiva, e deveré ser combinada com outros artigos da Constituicao Federal que também estabelecem legitimac3o no processo legislativo das leis. De fato, em outros dispositivos da Constituicao Federal temos iniciativa outorgada & Camara dos Deputados (CF, art. 51, IV), ao Senado Federal (CF, art. 52, XIII) e ao Tribunal de Contas da Unido (CF, art. 73 c/c art. 96, II). Outro érg%o nao indicado expressamente no art. 61 da Constituic&io Federal, mas que pode apresentar projeto de lei perante a Camara dos Deputados é o Tribunal de Justica do Distrito Federal e Territérios (TIDFT). Isso porque cabe ao Tribunal de pene a iniciativa da lei de organizacao. judiciaria (CF, art. 125, § 19), e quem legisla sobre a organizacSo judicidria do Distrito Federal e dos Territérios é a Unido, por~ forca do art. 22, XVII, da Constituicio Federal. Logo, o TIDFT nao apresentara o projeto de lei da respectiva organizac3o judiciéria perante a Camara Legislativa do Distrito Federal, mas sim perante a Camara dos Deputados (note-se que o TIDFT é 0 Unico Tribunal de Justica do Pais que dispde de iniciativa de lei perante o Congresso Nacional, haja vista que os-tribunais de justiga dos Estados apresentarao 0 projeto de lei de organizacao judicidria perante a respectiva Assembiéia Legislativa). A Constituigfio Federal outorga legitimac&o aos cidadaos, desde que observados os requisitos impostos pelo art. 61, § 2°, a saber: apresentacio a C4mara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no minimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuido pelo menos por cinco Estados, com n&o menos de trés décimos por cento dos eleitores de cada um deles. Em verdade, esses requisitos tornam invidvel o exercicio da iniciativa popular no Brasil, mediante a apresentac3o de um Projeto de lei pelos cidad&os 4 Camara dos Deputados (fico imaginando o trabalho drduo daqueles que receberem a incumbéncia de conferir essa distribuicéo do eleitorado pelos diferentes Estados, bem assim o numero do titulo de eleitor e Fespectivas assinaturas!), mas a iniciativa dos cidaddos ainda poder servir como meio de presso para a atuacSo do Congresso Nacional (ora, convenhamos, é muito mais facil convencer um parlamentar a apresentar um projeto de lei do que sair pelo Brasil afora, colhendo essas assinaturas, visto que qualquer parlamentar, individualmente, pode dar inicio ao. Processo legislativo!). Importante destacar que embora a denominagéo seja iniciativa “popular”, 0 povo no pode dar inicio ao Processo legislativo de elaboracéo das leis no Brasil, haja vista que a iniciativa popular somente foi outorgada aos sidadgos, isto é, aqueles que estiverem no gozo da capacidade eleitoral ativa, aptos para votar. Enfim, 0 povo n&o dispde de iniclativa Popular no Brasil; somente os cidad&os. . Caso seja apresentado 0 projeto de lei resultante da iniciativa Popular, o seu tramite sera igual a qualquer projeto de lei apresentado por outro legitimado (poderé ser objeto de emendas parlamentares; estar sujeito 4 sanc&o ou veto do Chefe do Executivo etc.). 4.1) INICIATIVA PRIVATIVA DO PRESIDENTE DA REPUBLICA ad A iniciativa privativa do Presidente da Repiiblica estd estabelecida nos artigos 61, § 1°, e 165, da Constituicgo Federal. Segundo a jurisprudéncia do Supremo Tribunal Federal, por forca do federalismo, e em respeito ao principio da separacdo dos Poderes da Republica, essa iniciativa privativa do Presidente da Repdblica obriga os Estados, o Distrito Federal e os Municipios. Assim, as matérias que sio de iniciativa privativa do Presidente da Republica na esfera federal, s&0 de iniciativa privativa do Governador (nos Estados e no Distrito Federal) e do Prefeito (nos Municipios). Ademais, ainda segundo a jurisprudéncia do STF, em respeito @ iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo, essas matérias nSo poderfo ser tratadas no texto da Constitui¢g&o do Estado e da Lei Org4nica dos Municipios do Distrito Federal, visto que isso implicaria usurpacdo da iniciativa Privativa do respectivo Chefe do Executivo (esse ponto foi detalhadamente explicado na aula sobre Organizacao do Estado). 4.2) INICIATIVA.PRIVATIVA E EMENDA PARLAMENTAR Mesmo nas matérias de iniciativa privativa, os parlamentares mantém o pode de apresentar emendas ao projeto de lei. Se © Presidente da Repdblica (ou qualquer outro legitimado detentor de iniciativa privativa) apresenta projeto de lei de sua iniciativa privativa, este poderé receber emendas parlamentares no Ambito das Casas Legislativas. Porém, o poder de emenda pariamentar a projeto de lei resultante de iniciativa privativa n&o é ilimitado, haja vista que somente poderdo ser apresentadas emendas: a) que néo impliquem aumento de despesa, exceto no caso de projeto das leis orcamentarias (CF, art. 63, I); b) que guardem pertinéncia tem4tica com a matéria tratada no projeto de lei. Exemplo: se o Presidente da Repiiblica apresenta projeto de ~ lei versando sobre a remuneraco @e certa categoria de at servidores piblicos federais do Poder Executivo (matéria de sua Iniciativa privativa, por forca do art. 61, § 1°, II, “a”), os congressistas poder&o apresentar emendas a tal projeto de lei do Chefe do Executivo; porém, essas emendas n&o poderdo implicar aumento de despesa, tampouco podergo tratar de matéria diversa, estranha ao projeto apresentado pelo Chefe do Executivo. Caso sejam apresentadas emendas que néo atendam aos requisitos acima expostos, devera o Presidente da Republica vetar’o projeto de lei, por inconstitucionalidade. Ademais, ainda que o Presidente da Reptblica n&o vete tal projeto de lei, a lei dele resultante sera inconstitucional, pois a sancéo do Chefe do Executivo ngo convalida o vicio de emenda parlamentar. Enfim, mesmo com a sanco do Chefe do Executivo, a lei sera inconstitucional, e sua invalidade poderd ser ulteriormente argiida perante o Poder Judicidrio. fsse entendimento, por forga do federalismo, repete-se no &mbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, em relag3o aos projetos de lei resultantes de iniciativa privativa apresentados ao respectivo Poder Legislativo local (Assembiéia Legislativa, Camara Legislativa e CAmara Municipal, conforme o caso). 4.3) VICIO DE INICIATIVA E SANCAO Quest&o muito discutida a respeito do processo legislativo de elaboracao das leis é o seguinte: 0 que acontece quando ha usurpac&o da iniciativa do Presidente da Reptblica e este decide sancionar o respectivo projeto de lei? Suponha que um Deputado, indevidamente, apresente um projeto de lei sobre aumento da remunerac3o dos servidores publicos federais da Administraggo Direta (matéria de~ iniciativa privativa do Presidente da Republica, por forca do art. 61, § 19, II, “a”), e que este projeto seja aprovado pelas duas Casas do Congresso Nacional e, ulteriormente, sancionado pelo Presidente da Repiblica. A sancgdo do Presidente da Republica, nessa situagso, convalidard, sanara © vicio de iniciativa? Parte da doutrina entende que a sancdo do Presidente da Repdblica convalidaré o vicio ocorrido na iniciativa, uma vez que o Presidente da Republica teve a oportunidade de vetar o projeto, mas n&o o fez, preferindo sanciond-lo, mesmo sabendo que houve indevido uso de sua iniciativa privativa por um Deputado (essa sancéo estaria, . portanto, convalidando o vicio verificado na iniciativa). Outra corrente doutrindria, porém, defende que a sancdo do Presidente da Republica n&o convalida o vicio de iniciativa, uma vez. que a vontade do Presidente da Reptiblica no pode afastar a determinacdo da Constituicéo, que estabeleceu a sua iniciativa privativa de lei sobre a matéria. No 4mbito do Supremo Tribunal Federal também j4 houve idas e vindas, ora se adotando uma posicéo, ora outra. Atualmente, o entendimento do STF segue a segunda orientacdo doutrindria, de que a sanc&o do Presidente da RepGblica Nie convalida o vicio de iniciativa, isto é, a lei resultante serdé inconstitucional, e poderé ter a sua validade ulteriormente argilida perante o Poder Judiciario. Cabe ressaltar que essa orientacéo alcanca, também, as hipé6teses de usurpacdo da iniciativa privativa’dos demais legitimados (Procurador-Geral da Reptiblica, Supremo Tribunal Federal etc.), embora em relac&o a esses nunca tenha havido controvérsia, pois nesses casos nao faria sentido falar-se em convalidacg’o pelo Presidente da Reptiblica de vicio ocorrido em relac&o a iniciativa de outrem (se a iniciativa privativa usurpada 6 do Procurador-Geral da Repiblica, ndo faria sentido falar-se em convalidacdo do vicio pela sang3o do Presidente da Repiblica, muito menos pelo préprio Procurador-Geral da Republica, pois este n&o dispde do direito de veto/sangéo!). Esse entendimento, por forca do federalismo, repete-se no Ambito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios, em roa @ usurpacao da iniciativa privativa nos respectivos imbitos. 4.4) FIXACAO DE PRAZO PARA INICIATIVA PRIVATIVA 4 Algumas Constituiches de Estados e Leis Organicas de Municipios estabeleceram prazos. para que os detentores de iniciativa privativa apresentassem os respectivos projetos de lei ao Pader Legislativo. Por exemplo: a Constituicggo do Estado, ao fixar a iniciativa privativa do Governador para o aumento da remuneracao dos servidores ptiblicos estaduais, determinou que este projeto de lei devera ser apresentado & Assembléia Legislativa até o més de marco de cada ano civil. O Supremo Tribunal Federal, ao apreciar essa matéria, fixou entendimento de que € inconstitucional a fixacSo de prazo pelo Legisiativo para que o detentor de iniciativa privativa apresente o respectivo projeto de lei, por ofensa ao principio da separacao dos poderes. O entendimento perfilhado pelo STF é de que o detentor de iniciativa privativa dispde no sé do poder de decidir sobre o contetido do projeto de lei, mas também sobre 0 momento gportuno de apresentd-lo ao Poder Legislativo. 4.5) INICIATIVA DA LEI DE ORGANIZACAO DO MINISTERIO PUBLICO A iniciativa da lei complementar de organizaco do Ministério Piblico é concorrente entre o Chefe do Executivo e o Procurador-Geral (CF, art. 61, § 1°, II, “d”, c/c art. 128, § 5°). Se a iniciativa é concorrente, significa dizer que um e/ou outro podergo apresentar o projeto de lei complementar de organizacdo do Ministério Publico. Assim, em relac&o ao Ministério Publico da Unido (MPU), a iniciativa é concorrente entre o Presidente da Reptiblica e o Procurador-Geral da Republica, inclusive, no tocante ao Ministério PUblico do Distrito Federal e Territérios, pois cabe a Unigo organizar e manter esse ramo do MPU (CF, art. 21,. XI). Nos Estados-membros, a iniciativa é concorrente entre o Governador e o Procurador-Geral de Justica, Chefe do Ministério Pitblico do Estado. . Entretanto, 0 mesmo nao ocorre em relacdo ao Ministério Publico que atua junto aos Tribunais de Contas (CF, art. 130). Segundo orientac&o do STF, como esse Ministério PUblico nao integra o Ministério Publico comum, mas sim a prépria Corte de Contas, sua organizacio ser&é por meio de lei ordinéria, de iniciativa privativa do respectivo Tribunal de Contas. 4.6) INICIATIVA EM MATERIA TRIBUTARIA Segundo orientacZo do Supremo Tribunal Federal, a iniciativa de lei em matéria tributéria da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios é concorrente entre o Chefe do Executivo e o Poder Legislativo. Assim, em matéria tributdria federal, a iniciativa é Concorrente entre o Presidente da Repiiblica e os membros do Congresso Nacional; no Ambito dos Estados e do Distrito Federal, 6 concorrente entre o Governador e os membros da Assembléia Legislativa/CAamara Legislativa; no Ambito dos Municipios, a concorréncia é entre o Prefeito e os membros da C3mara Municipal. Embora o STF nfo tenha se referido expressamente a iniciativa popular (CF, art. 61, § 2°), entendo que os cidad3os. ; também poderfo apresentar Projeto de lei sobre matéria tributdria, pois se esta iniciativa foi outorgada concorrentemente aos representantes dos cidaddos, com maior raz%o poderiam estes apresentar diretamente projeto de lei sobre matéria tributdria perante o Poder Legislativo, Esse entendimento néo se aplica a iniciativa de lel em matéria tributaria no Ambito dos Territérios Federais, pois nesse caso a iniciativa é privativa do Presidente da Repidblica, por forga de expressa determinac&o constitucional (CF, art. 61, § 1°, II, “b”). ~ 5) SANCAO Sanco é a concordncia do Chefe do Executivo com o projeto de lei aprovado pelo Legislativo. Incide sobre o projeto de lei e faz nascer a lei, Em regra, 6 0 momento em que nasce a lei, Rela conjugacdo das vontades dos Poderes Legislative ¢ Executivo. 5 AL A respeito da sancSo, destaco os seguintes pontos: (a) € ato privativo do Chefe do Executivo, nas trés esferas de governo (n&o existe hipétese em que membros do Legislativo sancionam projetos de lei); (b) nem todas as espécies que integram o processo legislativo submetem-se & sancSo (emendas constitucionais, leis delegadas, decretos legislativos e resolugSes nfo se submetem a& san¢So); (C) nao & ato imprescindivel ao nascimento da lei (pois o Chefe do Executivo poder4 vetar o Projeto de lei, o veto poderé ser rejeitado pelo Poder Legislativo e a lei nasceré, na rejeic&o do veto, mesmo sem ter havido sang&o do Chefe do Executivo). 6) PROMULGACAO lulgagao & o ato que atesta a existéncia da lei, inserindo- @ no ordenamento juridico. E 0 ato que inova o ordenamento juridico, pela inserc3o neste de uma nova lei. A respeito da promulgago, destaco os seguintes pontos: a) n&o é ato privativo do Chefe do Executivo, pois existem hip6teses em que o ato de Promulgac&o cabe ao Poder Legislativo (no processo legislativo das leis, nos casos de sang&o tacita e rejeicgo do veto, se o Presidente da Republica ndo promulgar a lei resultante no prazo de 48 horas, a competéncia desloca-se para o Presidente do Senado Federal; no tocante as emendas & Constituic&o, decretos legislativos e resolugées, a promulgagSo sera pelo Legislativo); ‘ b) € ato indispens4vel para o Ingresso da norma no ordenamento juridico (em verdade, & o préprio ato que faz ingressar a norma no ordenamento juridico). 7) PUBLICACAO A publicac&o no érgo oficial respectivo nao é, propriamente, fase que integra o processo de formacdo da lei, mas sim condic¢ao de eficdcia, de obrigatoriedade da lei. ar Pense assim: a lei masce com a_ sang&o (ou, excepcionalmente, com a rejeiggo do veto); com a Promulgacao, ocorre a sua insercdo no ordenamento juridico, estando, a partir de entéo, pronta e apta para produzir seus Plenos efeitos; essa producgéo de efeitos, porém, esta dependente de uma condicao de eficacia, que é a publicidade, que se da com a publicacdo na imprensa oficial. 8) VETO Veto é a discordancia do Chefe do Executivo com o projeto de lei aprovado pelo Legislativo. E 0 momento de que dispée o Chefe do Executivo para discordar, expressa e motivadamente, do projeto de lei aprovado pelo Legislativo, forgando este Poder a reapreciar a matéria, com base nos motivos apresentados por aqueloutro Poder da Reptblica. Na Constituigéo Federal de 1988, sdo as seguintes as principais caracteristicas do veto: @) pode ser total ou parcial; O Chefe do Executivo poder vetar total (todos os dispositivos do projeto de lei) ou parcialmente (apenas parte dos dispositivos do projeto de lei). Porém, o poder de veto parcial nao é ilimitado, pois o veto somente podera abranger texto integral de artigo, de pardgrafo, de inciso ou de alinea (CF, art. 66, § 2°). N&o poderd o Chefe do Executivo, portanto, vetar uma palavra, ou algumas palavras, de um desses dispositivos. b) é sempre motivado; Para que o Chefe do Executivo possa vetar projeto de lei é indispensével que exteriorize sua motivacdo perante o Poder Legislativo. S&o duas as motivagdes admitidas pela Constituigéo Federal: inconstitucionalidade ou contrariedade ao interesse ptiblico (CF, art. 66, § 1°). No primeiro caso, teremos o chamado veto juridico, em que o Chefe do Executivo veta o projeto por entender que ele desrespeita a Constituicéo; na segunda hipdtese, temos o chamado veto politico, em que o Chefe do Executivo veta o projeto por entender que ele é contrdrio ao interesse ptiblico. Os motivos 4B do veto deverdo ser comunicados ao Presidente do Senado Federal, no prazo de quarenta e oito horas (CF, art. 66, § 19). c) 6 sempre expresso; O veto é sempre uma manifestagéo expressa do Chefe do Executivo, n&o existe veto tdcito, por decurso de Prazo, haja vista que o siléncio do Chefe do Executivo implica sancdo, e ndo veto (CF, art. 66, § 3°). Da mesma forma, sua apreciac&o pelo Congresso Nacional devera ocorrer expressamente, ndo haveré manuten¢go ou rejeic&o tacita de veto pelo Congresso Nacional. O Congresso Nacional dispée do prazo de trinta dias para apreciar o veto, para o fim de rejeitd-lo ou manté-lo (CF, art. 66, § 4°). Esgotado esse prazo sem deliberacSo, 0 veto néo seré considerado tacitamente mantido, tampouco tacitamente superado. Nessa situac&o, ocorreré o seguinte: o veto serd colocado na ordem do dia da sesso imediata, sobrestadas as demais proposig&es, até sua votagao final (CF, art. 66, § 6°). Enfim, 0 veto serdé colocado na ordem do dia da sessdo imediata e ocorrer4é o trancamento da pauta, nfo se apreciando nada antes da deliberaco sobre 0 veto. Como o veto é apreciado em sesso conjunta do Congresso Nacional, a “sessdo imediata” referida na Constituiggéo Federal é a sess&o conjunta imediata do Congresso Nacional (logo, no haveré nenhum trancamento da pauta da Camara dos Deputados, tampouco do Senado Federal em decorréncia de ndo-apreciacSo do veto, mas sim a pauta da sessio conjunta do Congresso Nacional). 4d) é relativo ou superdvel; No Brasil, 0 veto nao é uma deliberacéo definitiva, que poe. fim ao processo legislativo, impedindo o nascimento da lei. Mesmo havendo veto, o Legislativo Poderd rejeitd-lo e fazer nascer a lei. Em verdade, em vez de terminar com © processo legislativo, o que o veto faz é prolongar o processo legislativo, com © nascimento de uma nova e obrigatéria fase, que é a fase de apreciac4o do veto pelo Legislativo. ) é irretratavel; N&o' se admite a desisténcia do. veto: uma vez manifestado pelo Chefe do Executivo, torna-se absolutamente irretratavel, insuscetivel de desisténcia, Da mesma forma, segundo Orientagdo do STF, a apreciac3o do veto pelo Poder Legislative também é irretratdvel (ndo poderé, por exemplo, o Legislativo rejeitar o veto e, em momento seguinte, emitir novo juizo, agora pela manutencao do veto). f) pode incidir sobre texto elaborado pelo préprio Chefe do Executivo; Nada impede que o Chefe do Executivo vete no projeto de lei texto por ele préprio inserido. Suponha que o Chefe do Executivo tenha apresentado Projeto de lei tratando de certa matéria, e que este venha a ser aprovado pelo Legislativo. Ulteriormente, ao retornar para o fim de sanc&o/veto, poderd o*Chefe do Executivo vetar o texto que ele Préprio inseriu no Projeto de lel (podem ter ocorrido mudangas faticas entre a apresentacdo do projeto e o seu retorno Para sanc&o/veto que justifiquem o veto). 9) admite superacSo parcial; Assim como o veto pode ser Parcial, a sua rejeicao pelo Poder Legislativo também poderd ser parcial, isto 6, ao apreciar o veto, © Legislativo poderd rejeité-lo em relag&o a certos dispositivos do projeto de lei e manté-lo em relac&o a outros. Se o Chefe do Executivo vetou dez artigos do projeto de lei, Poderd o Legisiativo rejeitar 0 veto em relacdo a cinco artigos € manter o veto em relagSo aos outros cinco artigos. ~- h) ndo impede a Promulgagao da parte n&o-vetada do prejeto de lei; Na hipétese do veto parcial, este nfio impede a promulgacgo e publicago da parte ndo-vetada da lei, isto é, a parte ndo- vetada n&o fica aguardando a apreciacdo do veto em relac&o aos dispositivos vetados. Se num Projeto de lei de dez artigos dois forem vetados, os demais sdo. sancionados e a lei resultante poderd ser Promuigada_ e _publicada, independentemente da apreciac&o do veto pelo Legislativo. 1) sua rejeic&o gera efeitos ex nunc. Vimos que 0 veto poder ser parcial, e que o veto no impede @ entrada em vigor da parte n&o-vetada, visto que esta nao fica aguardando a apreciagdo do veto daqueles dispositivos vetados. Pols bem, no caso do veto parcial, em relac3o & parte vetada, 9s motivos do veto sero encaminhados ao Presidente do Senado Federal, no prazo de quarenta e oito horas, que submeteré a matéria & apreciac&io do Congresso Nacional, que, no prazo de trinta dias, decidiré sobre a matéria, em sessdo conjunta e por voto secreto, sé podendo rejeitar o veto por maloria absoluta dos Deputados e Senadores. No caso de rejeicao do veto pelo Legislativo, os dispositivos que tiveram o veto superado entrar&o em vigor com eficdcia ex tunc (retroativamente, a partir da publicacio dos demais dispositivos ngo-vetados) ou ex nunc (somente dai por diante, a partir da rejelc¢0)? No Brasil, a superac&o do veto gera efeitos ex nunc, vale dizer, os dispositivos que tiveram 0 veto superado ingressardo no ordenamento juridico somente dal por diante. 9) IRREPETIBILIDADE DE PROJETO DE LEI REJEITADO Determina a Constituico Federal que a matéria constante de projeto de lel rejeitado somente poderd constituir objeto de novo’ projeto, na mesma sess&o legislativa, mediante Proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (CF, art. 67). Embora a regra seja a Irrepetibilidade, € possfvel que novo projeto de lei venha a ser apresentado na mesma sessSo legistativa contemplando a matéria rejeitada, desde que haja~ solicitagSo de maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional. . Cuidado: essa Irrepetibilidade de projeto de lel rejeitado (CF, art. 67) n&o pode ser confundida com a irrepetibilidade de emenda & Constituicgo rejeitada ou havida por prejudicada (CF, art. 60, § 5°). No caso de projeto de lei, note-se que a Irrepetibilidade é relativa (a matéria poderé constituir novo Projeto de lei na mesma sesséo legislativa, desde que haja solicitagéo de maloria absoluta dos membros de uma das Casas do Congresso Nacional); no caso de emenda & Constituic&o, a irrepetibilidade é absoiuta (no hé. nenhuma possibilidade da matéria rejeitada ou havida por prejudicada constituir nova proposta de emenda na mesma sesso legislativa). 10) PROCESSO LEGISLATIVO DAS LEIS (X) CLAUSULA PETREA Segundo orientac&o do Supremo Tribunal Federal, o processo legislativo de elaboracSo das lels no & cléusula pétrea, isto 6, podera ser objeto de alteracdes substanciais por meio de emenda & Constituicdo. Entretanto, nas mudancas eventualmente introduzidas por melo de emenda a Constituicio deveré ser observado o principio da separag3o dos poderes, pols, a depender da magnitude da mudanca, a cléusula pétrea “separacSo dos poderes” poderé ser violada (CF, art. 60, § 4°, III). Por exemplo: seria Inconstitucional uma emenda a ConstituicSo que suprimisse do texto da Constituiggo todas as hipéteses de iniciativa privativa do Presidente da Repiblica, pois essa emenda seria, sem divida, tendente a abolir a separac&o dos poderes, por implicar acentuado enfraquecimento do Poder Executivo. 11) PROCESSO LEGISLATIVO FEDERAL E ESTADOS, DF E MUNICIPIOS Segundo orientacéo do Supremo Tribunal Federal, as regras basicas do processo legislativo federal slo de observancia obrigatéria pelos Estados, Distrito Federal e Municipios.~ Significa dizer que entes federados, ao prescreverem o processo legislativo de elaborag3o de: suas leis, deverao observar as regras pertinentes fixadas pela Constituico Federal, para o processo iegislativo perante o Congresso Assim, todos os Passos aqui estudados para o Processo legislativo federal (prazos para sangdo ou veto, para comunicagéo dos motivos do veto, para deliberagdo sobre o veto, para promulgacao da lei; deliberagdo de maioria absoluta para superacdo do veto etc.) aplicam-se ao processo legislativo de elaboragao das leis no &mbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios (ressalvando-se, evidentemente, a apreciacao bicameral, haja vista que no ambito desses entes federados o Poder Legislativo é unicameral), Acredito que, resumidamente, sdo esses os Principais pontos a respeito do processo legislativo de elaboragao das leis para 0 fim de concurso ptiblico. QUESTOES DE CONCURSOS: 1) Apesar de a Constituigéo assegurar a Participagao Popular no processo legislativo, inclusive na fase de iniciativa, nao & qualquer brasileiro que pode dar inicio a ele. 2) Nos termos da CF/88, 0 Presidente da Reptiblica sé Poderd solicitar urgéncia Para apreciagao de proposicao que verse sobre matéria cujo projeto de lei seja de sua iniciativa Privativa. 3) Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, as diretrizes orgamentéarias, ao orgamento anual e aos créditos adicionais serdo apreciados pelo Congresso Nacional, em sesso conjunta, unicameral. 4) S&o de observancia compulséria pelos estados as regras basicas do processo legislativo federal, Por sua implicacdo com o principio fundamental da separacgao e independéncia dos Poderes, incluindo-se as regras de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo na _elaboragéo de leis que disponham acerca da remuneragaéo de servidores publicos, seu regime juridico e sua aposentadoria. 5) E possivel a instauragéo do processo legislative em virtude de anteprojeto de lei pelo povo. 23 6) Nos termos da Constituicdo Federal, os Projetos de lei e de emenda a Constituigio deveréo ser aprovados, necessariamente, pelo plendrio da Camara e do Senado Federal. 7) _E firme a jurisprudéncia do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a sangdo presidencial a projeto de lei supre eventual vicio de iniciativa. 8) Nao pode haver emenda parlamentar a Projeto de lei da iniciativa privativa do Chefe do Executivo. 9) Nao sofre de inconstitucionalidade formal a lei federal, de iniciativa de parlamentar, que, versando sobre matéria tributdria, concede beneficio fiscal a certas categorias de contribuintes de impostos de competéncia da Uniao. 10) N&o havendo aumento de despesa, o Poder Legislativo pode livremente emendar projeto de lei de iniciativa Pprivativa do Chefe do Poder Executivo. 11) Diante de demora do Chefe do Executivo em apresentar Pprojeto de lei da sua iniciativa privativa, o Poder Legislativo pode aprovar lei fixando prazo para que © projeto seja encaminhado. 12) Os projetos de lei encaminhados pelo Presidente da Republica poderdo ter inicio na Camara dos Deputados ou no Senado Federal. 13) Derrubado o veto presidencial, o Projeto de lei deverd ser encaminhado ao Presidente do Senado, logo apdés a deliberagéo do Congresso Nacional, a fim de ser por ele promulgado. 14) Compete ao Presidente da Reptblica sancionar e fazer publicar as leis. Apesar disso, existem certos atos legislativos do Congresso Nacional que prescindem da sangao presidencial. 15) Se o Presidente da Republica receber projeto pelo Congresso Nacional e n3o o vetar expressamente em até quinze dias, seu siléncio tera efeito de sancao. 24 16) O veto presidencial, que pode ser total ou parcial, no Direito brasileiro, 6 um ato de deliberacgdo negativa do qual resulta a rejeicao definitiva do projeto, tendo o Presidente da Republica quinze dias uteis para expressa-lo. 17) Na hipdtese de sang&o tacita do projeto de lei, a competéncia origindria para a Promulgacgdo da lei sera privativa do Presidente do Senado. 18) Vetado um dispositivo de lei pelo Presidente da Republica, a lei somente entraré em vigor, mesmo nas partes ndo vetadas, depois de analisado o veto pelo Congresso, Nacional. 19) Na hipétese de superacio do veto parcial, a disposigéo vetada de um projeto de lei sancionado pelo Presidente da Republica entraré em vigor com eficacia retroativa (ex tunc). 20) O Presidente da Republica pode vetar qualquer texto ou expresséo de projeto de lei, desde que o ato seja devidamente fundamentado e tenha respaldo constitucional. 21) E admissivel a rejeicéo parcial do veto total. 22) Mesmo depois de mantido o veto do Chefe do Executivo a certo projeto de lei, o Legislativo pode, dando-se conta de que o veto era intempestivo, da-lo por inexistente, considerando o projeto de lei tacitamente sancionado. 23) Os projetos de lei de iniciativa popular, aprovados pelo Congresso Nacional, ndo se submetem a sangao presidencial. 24) Se o veto nao for apreciado pelo Congresso Nacional dentro de 30 dias da sua comunicacéo ao Presidente do Senado Federal, o veto torna-se, tacitamente, definitivo. 25) A Constituigéo veda a apresentag3o de emendas parlamentares a projeto de lei de iniciativa popular. 26) O Presidente da Republica pode desistir do veto jé manifestado, considerando o projeto de lei tacitamente sancionado.

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