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iMate Etica a Nicémaco Tradugio do grego de Antonio de Castro Caeito Agradecimentos Mande 2015 Ques Eons Tu Asta, yrce i fa tradugo da Etca 4 Nicmaco nfo vcia sido poste smn pint aprile? uma dispensa das minhas actividades docentes no scmestre de Ve- [Meester {io do ano Ietivo de 2001-2002 eque tenho a agradecer ao De Cuteness das | pareento de Fosofia da Faculdade de Céncias Sons eH has da Universidade Nova de Lisboa. Imprescndivel foi tambm 20 Ami eat Geo ‘apoio da Pundagio para a Cignca eTeenologia que me ati ‘uma bolsa de pos doutoramento para que pudessetrabalhar duran: te0 referido periado na Universidade Albert Ludwig em Freiburg B, com 0 Prof, Dr. FW. von Heremann. Indispensivel 20 apoio bi Dliogeafico foo seahor Prof. Dr. Han-Christian Gather, que me permitiu um acesso incondicionado 4 biblioteca do departamento eu Sc 4 GeFilologia Clinic da mest universidae. Agradeyo anda 3. Po ge a Sie Wo thors Prof. Dr* Maria Helena da Rocha Pereira de Faculdade de 00-99 Laden CORTUCAL 1 Lats de Coimbea a letra de uma primeita versio da presente posal ttadagio gue lhe mersceu a redaccSo de um parecer. A esmagadora “pyryguakio {ator doe seus conch eindicages foram squidos 0 nase crupulosamente possivel, mas devera obviamente ser ilibade de ‘qualquer responsabildade no resultado final. Agradego também 3s, senhoras Liicia Reise Paula Lobo que reviram a primeira versio. desta sradugio bem como aos senhores Dr, Nuno Horta, Prof De. Rui Pinto Duarte, Dr. Emilio Mesquita, Dr. Ben Almeida Faria ‘ao Prof. Dr, Pedro Paixio, Sem eles a iica a Nicdimaco no tei vindo a lame. Por fim, gostaria de mencionar o seahor Prof. Dr. Mirio Jorge de Almeida Carvalho, responsivel pla oriemasio de seminsrios i> ‘res de radugio do alemao filos6fico, de grego e e lai, duran teanor ao no Departamento de Flosofa da F.CS.H. da UNL, Com ele, tive 0 privilégio de ter aprendido grego ete sido intsoda vido «coisa» da Filosofia de uma mansea jamais suposta As suas fnilises de Platio e de Aristucles, designadamente da Metafisica ta Evica @ Nicémaco,exerceram hi quase vinte anos como exer ‘Com, sobretudo agora sobre mim um fascinio indelvels — wi eerie! | Apresentagao Do corpus aristotelicum » Etiea a Nicémaco! &0 mais impor tante dos textos sobre o problema ético na produsdo de Aristotle, conjuntamente com a Elica @ Eudemo, os Magna Moralis* eum ppequeno tratado chamado Sobre Virtudes ¢ Vicios °. Aandlise do problema étco em Aristoteles depende de uma earacterizagio nos seus tragosessenciais do seu horizonte expecta: o hosizonte piti- co, Aidentificagio deste horizonte €0 seu isolamento sio opera bes executadas através de wn contrasesistemiticn com o horizonte teéricot. Se afilosofia na sua dimensio teérica visa a constitaigio de uma stuagio que permia contemplar a verdade, na sua dimen- So pritica‘, contudo, a flosfiatende a expressar-se no agit Adi ferenga fundamental entre ambas as dimensdes reside em que 08 emtes que eaem dentro do horizonte tedrico ne admit aleracio ‘enquanto os que e2em dentro do horizonte pritico 2 admitom. Os ‘entes que se constituem no horizonte prtico, as diversas ctcuns tneias em que de cada vex nos encontramos, a5 mais diversas si tug 5 em que caimos ou que eriamos, et., ee. slo sempre dif [A par da idemtficagdo dos respectivos horizontes ¢ dos entes ‘que os inerem estruturalmente vai a detecgo das formas especiias de Ihes acedermos. O ponto de vista tebtico acede aos principios fundamentas (pyat) e As cavsas (ati) sesponsiveis pelos entes ‘que sio inaleeréveis em si mesmos e enguanto tais. Mas a teoria cede também a entes suitor & alteragio, isto 6, visa também os entes que S30 por navureza (3é gbaes Svea}. Mas uma aleragio deste género, natural, & qual esto suetos os entes natura &necee ‘siria econforme a usa lei. Na sa possbilidade extrema, a teria, como contemplacio, &sabedoria (angi), quer dizer, wma percia, sama capacidade exiinia para por a descoberto e compeeender inti tivamente no seu isolamento os prineipios eas causas das coisas, Principios e causas das coisas que sfo assim o alvo visado pelo olhar contemplativo. © pritico & um horizonte que admite esr ralmente variagé0. Como tal, os seus principios e causas teria de ser necessariamente diferentes dos que presidem ao horizonte tei 0, A sua deteezo esté sob a dgide de uma forma diferente de aces 0. A perspectiva que abre para cles nfo pode perder de vista nem as situagdes concrecas em que de cada vez nos encontramos, nem ‘sentido ovientador que planeia, orente e asim permite agin. Es Aisposigi desocultante & x froness, a sensatez. Trata-se da posibi- lidade extrema do ponto de vista peitico, homloge da sabedoria no ponto de vista reéico, As acgées tém, assim, o seu principio de ser no Hustano en {quanto ta, Sem o elemento Humano no ha aegdo. E 0 proprio Humano que écausa eficente enquanta motivasio da acgio, Eé também Humano a causa final da acgio, o terminus ad quem de todo e qualquer encaminhamento prético. O model atistotlio do pensamenco da acg30 60 da produgio. Sem divida que agi (agere) é diferente de produc (acer). Pode haver uma pericia da prod G0, mas jé no uma pericia da sexi. ‘O sentido da palavra epericiay €equivoco, «Per » pode ser um oficio ou uma profissdo, Mas tem eambém sentido de prod ‘fo artista, arte. Em ambos os casos a lingua greg fz pensar, de facto, numa fabricagio, numa producio. O operador fundamental da pericia €0 dominio de uma vompeténcia (artstico-teniea), ‘qual pode ser adquirida por apeendizagem, Para perceber de wma ou «pritica». O verbo portagué “ prattein» significa passar por, atravessar. Significa também estar sujeito 20 acaso, a0 feliz tanto quanto ao ifeliz Sigaiiea bem as sim elevar a cabo», sealizars, «cumprir»®. Nesta conformidade, horizonte pritico é 0 espage onde tem liga aquilo por que se passa: as siruacées em que caimos e as situages que criamos, (© Hamano exisee despronegdo num horizonte que o deixa necessa- Famente exposto aos reveses da fortuna, aos caprichos do acaso, 08 golpes do destino, &adversidade em geral. O-miando em que vi ‘vernos, 08 outeos que af encontramos, nds priprios no que nos di para fazer, tdo isto forma frentes provocadoras da acco, Mas ‘ago $6 acontece quando arranjamos um expaco de manobra pa sx alevar acabo de livre eespontinea vontade, de forma plena , assim, no quadro deste horizonte que Aristéeees procurars| circunserever as diversas possbilidades de nos relacionarmas de modo execlente com o que af nos acontece. Aindiciagio dos fenémenos de narureza privca € feita por fee §0es disposiionais de sentido, por pitheeEstas afeeges dispéem- nos bem ou mal, segundo as suas possibildades limite, Ber, se se tratar de uma manifestagio de prazer ou de qualquer dos ses ma- izes. Mal, se se teatar de uma manifestagio de sofrimento ou de qualquer dos seus matizes. Para alm de fazeeem sent 4 sua pre- senca, manilestarem-se, dizem-nos como é de cada vez connosc. Mais, projectam movimentagGes de vida com uma determinada orientagdo e uma dada direcsio. O prazeelanca-nos no encalgo de qualquer coisa que nos obriga ou convida a persegui-la. Desenc: dis um movimento de perseguicio, O sofrimento, contraiamente, levarnos a evitar qualquer coisa que eset ligada a essa disposigao, ‘obviga-nos a um movimento de reeuo, ou fga, © que assim se e boca de um modo passivo parece deixar-nos sem margem de ma nbra, Entcegues & mera possibilidade de reaesio as provocagSes dlisposicionais, com orientagSes diseogSes determinadas em vista dos objectivos e dos fins que se apresentam ora prometedores ora ameagadoces, © que se procura na anliseéica &precisamente uma possi dade que transoenda urna tal afeogi e sia mais do que tam mero ‘movimento reactivo ao que de cada vez acontece. O que se prete de € poder constituir uma disposiclo, x, que, enquanto modo de ser adquirido permita ulteapassar a passividade patoldgica e orientar os movimentos de reaccio dando-lhes um sentido. através da consttuigdo permanente destas disposigbes que se for- ma o caricter. Uma tal consttuigio depend de se operat um dis sociaglo entre o plano passiva, em que as mais diversas afecgbes nos deixam de cada vez em estados diferentes, eum outro plano activo a constr se como disposicio permanente do cardcter". $6 ‘parti de um tal horizonte, activamente consttuldo, é possivel purar do sentido dos movimentos de perseguici e fags que de cx dda vez se predefinem, Isto 6, se serio encaminhamentos com senti- do, ou se, finalmente, percortds esses lances nio acontecer, poe cisamente deixar nos numa situagso pior do que aquela de que itamos. A constitu de uma disposigio do carécter é uma possiilidade extrema do Hamano. O esforgo de apropriagio desse modo de ser € actvidede espectfica do Humano enguanto Huma- nor a tentarva de transcendee a condigio que naturalmente tende y tama ver que a expresso «o Humano em si proprio» ena expres: sio «0 Humano» hé um snico sentido definidor: 0 do Humano. (ra enguanto ambos os enunciados visam o mesmo sentido, o de Humano, em nada diferem ente si, Se assim é, 0 mesmo se passa com so bem em si» ¢ «0 bem, porque ambos so bons enquanto this, Mas certamente no é porque o hem em si proprio é eterno ‘que € mais peopriamente bem, se também ndo acontece que aquilo ais braneo do que © que {gue é branco durante mais tempo seja braneo durante um s6 dia. (Os pitagéricos parecem falar acerca do bem de um modo mais convingente, pondo 0 uno na coluna dos bens. Também Espeusipo parece té-los sqguido, Mas acerca dst seria necessiria uma outra dliscussio, Uma cera objecsio pode agora ser levantada contra os nossos argumentos. Pode dizer-se que 0s entnciados proferidos nto eram para toda a.espécie de bem, mas s6 para aquelas coisas que sio perseguidas fede que gostamos por si proprias, segundo uma Gnica forma de bem. As coisas que sio meramente produtoras destas ou as sa guatdam de algum modo, — ou sio impeditivas dos seus males contririos —, io chamadss boas como meios para as primeira (as ‘gue sio boas em si préprias), 86 que de outro modo. Fevidente que as coisas boas se poderio enunciar de duas maneiras: as que sho boas segundo si proprias eas que si0 boas como meios para aquelas, Na medida em que separamas as coisas que so boas em si prprias das que sio rites como meios para aquelas, examinemos chamads boas segundo uma inica dela. Mas quis se supo 1 screm boas em si préprias? Ou, encio, qua sio as que se pese ‘guem unicamente por elas mesmas, como wsabers,evers e ecertos prazeres> e chonras+? E que mesmo se persepuirmos estes objecti- vos por causa de outta cosa, poder se sempre supor que sio ob- jectivos bons em si préprios. Ou podera supor-se que nenhuma Alescas coisas serd boa em si propria excepto a prépria ideia de esa ara oo bem em si» seria uma forma vazia de con das coisas boas em si proprias, sera requetido que o sentido definidor do bem aparega tomo sendo o mesma em todas elas, tal como seré requerido que ‘o sentido definidor da brancuca faga determinar branco na neve ers teido. Se, contudo, estas coses fazer ps ‘eno alaiade", Contndo, os senidos defnitéris da honra, da sen satez edo prazer, enguanto so coisas bons, io diferentes e distin tos, O bem, por conseguinte, como um sentido comum par releré ia a uma Gnica ideia, no existe ‘Mas, entdo, em que sentido € que se diz que as diversas coisas boas si0 boas? E que nao parece tratae-se de homeénimes formados 0 caso, Seri, entio, que slo assim chamadas boas, pelo menos, por provirem de um knico bem ou por todas comtribuirem para um Tinico bem, ou antes sio chamadas boas segundo wma analogia? Por exemplo, tal como a visio esti para corpo, assim ests © po- der de comprcensio para a alma humana, ¢ assim tainbém noutros ‘enaos anélogos. Talveatenhamos de deixar isto por agora. Ober precisio nests assantos é mais proprio de uma invesiaasio filosofica de out ti po. O mesmo acontece também com o sentida das videias», Na ‘verdad, se © bem predicado em comum é algo de uno ox separado em s segundo si priprio, Gevidente que nfo pode sec vealizive pe la acgo humana nem pade vie a ser por ela aleangado. Ora pee samente um bem deste género 0 que & procurado, ‘Talver se possa pensar que seria melhor reconhecer esse peiprio bom em vista daguslas coisas boas que podem ser realizadas pela acgio humana e que sio susceptiveis de virem a sr aleangadas, pois, nessa altura, cerlamas como que wm modelo esaberfamos re- ‘onhecer me fas coisas boas relativamente ans e se otivsse mos sabido reconhece, alcangi-las-famos mais facilmente. Mas se cst argumento tem uma certa plausbilidad, parece por outro Is do, esar em desacordo com as percias apliciveis ao horizon pei tico. Todas classe esforcam por aleangar o set bem especifica procuram reparar as deficincias na sua produeo, mas deixam completamente de lado conhecimento do bem em si. O que j no faz sentido & que rods os peritas das diversas percias ignore tum tamanko aundlio e nio procurem encontrar ajuda nee, Por 0 tro lado, & dificil dizer em que é que oecelio ovo carpintcira se io beneficiados nas suas percias por saberem qual é este bem em si propio, ou de que modo aquele que tverolfado de uma forma Dura para a propria manifestaczo da ideia do bem em si podera tomarse umn perito mais vompetente em modicina ou na estratéyia militar F que na verdade nio parece que o médica sequer examine st saide em geral, mas antes a saide do Humano, e mais até talver a sade deste homem aqui em particnlar, O médico cura segundo a circunstncias partculares. Mas deixemo-nos fear por aqui acerca destas coisas. vu Regressemos, ent, de aavo, ao bem procurada © pergunta acerca do que poderd ser. Parece variar de actvidade pritica para actvidade pritica ede pevicia para peica, £ difereme, por exem plo, ne metlcina ena estratégia militar, passando-se o mesmo eom fas restantes percias. Qual é entio, o bem de cada wana delas? Nao Serf aguilo gragas ao qual se pde em pritca tudo o restante como ‘meio para esse fim? Tal é, na medics, a said, na estratégia milic tar, a vtéria, na consteucio civil, a casa, e para cada pericia die rent, haverd um bem distinto; em toda a actvidade pritica e em toda a escolha de preferéncias hi um fim. Em vista deste todos pcm em prética 0 resante como meio para o alan. De tal fer rouver um Gnico fim para todas as gees eal- sa € assim que ziveis pelo Humano, esse seri o bem susceptvel de ser aleangado pela acgdo humana, Mas se houver uma multiplicidade de fins, se ‘Ho esses os hens suscepiveis de vi aseraleangados pelas acces Jmmanas. Alterando 0 argumento, chegitos a mesma concluso Contd, temos de tentar esclaecer isto ainda melhor. {Uma ver que parece haver uma multplicidade de fins, esolhe mos alguns deles em vista de um outzo fim, tal como 2 riqueza, a flauta e em geral, os instromentos. Eevidemte, ento, que nem 's atingem uma completade absolura, Mas o fim supre fe ser absolutamente completo. As smo parece ter evidentemente sim, se houver apenas unm nico fim completo, ser este o bem que E procurado; contudo, se houver uma muliplicidade de fins, sers ‘gue, de todos cles, for 0 mais completo. NOs entendemos que faquele fim que € perseguido por si pedprio émais complero do que ‘que & perseguida como meio em vista de um outro. Detnals, en- Tendemos ser mais comple aguee fim que munca éescolhido por causa de outto por compazagio com aquels fins que so escolhi- dos simsleaneamente em vista de si proprios eem outros fins, Na verdade, simplesmente completo €aquele fim que & sempre escolhido segundo si proprio e nunca como meio em vista de qual fen a Nicomaca E quer outta. Um fim deste género parece se, em absoluto, a flicida de, De facto, nés escolhemos sempre afelicidade por eansa dela mesma, enunea em vista de outr fin para alm dela, Escolhemos também a honea eo prazer, © poder da compreensio eroda a exce- lenci. Em primero lngar, em vista de si priprios (isto €, no esc Themos cada um desses fins por causa de nada que dat poss resul- tarlscm segundo lugar, em vista da propria Felicidade, porque supemos qu, uma vez abrida seremos feliz, Mas ningaém esco The a flicdade em vista daqueles fins, nem, em gerl, em vista de ‘qualquer outro fim, seja ele qual for (0 mesino parece tambéim resutarevidente a partir do coneciro de auto-sufciéncia”. O bem completo, parece bastar-se asi pré prio, Nés entendemos por «auto-suficienter nao aquela existe vivida num isolamento de si, nem uma vida de solidio, mas a vida vivida conjantamente com ot pais, fos e mulher gem geal, ami go econcidadios, uma vez que 0 Humano esté destinado, pela sua ‘atureza, a existe em comunlido com outros, Mas tem dese eragar tam certo limite neste complexo de elagdes. F que a0 estender ano so de auto-sufcincia a0s progenitores, aos descendents e até 20s Amigos dos amigos, prossegue-se até a0 infinito, Mas isto tera de ser examinado numa outra vez. Nés entendemos por «auto- “suficiente» aguilo que, exisinde num igolamento de s, toma a vi «da uma escolha possivel, nlo precisando de mais nenhum acres cento, Cuidamos que uma coisa deste género & a flicidade; demais, cnidamos que aflicidade ¢, de entre todas as coisas boas, favor 1a, mesmo sem ser levada em consideragio com as outras, Se Fosse levada em consideragio com todas a coisas bows, ela seria prefer: vol quando acrescentada de um bem — porque, por mais fnfimo aque fosse, constituiré sempre um aeréscimo de bem, e um bem spre a melhor posibildade de escola, ‘A felicidade parece, por conseguinte, ser de uma completide plenae auto-sficiente, Sendo o fin slkimo de todas as acges poss ‘Mas talvez parega ser jd algo de assente o dar-se & felicidade sentido de «0 melhor de tudor; 6 por isso, deseavel que sea dito de um modo mais claro qual é'a sua esséncia, Tel pode suceder cventualmente se se eaptar qual é.fungdo especfiea do Hamano. Poi tal como para otocador de flauca e para o excultor de ima ens, para rode © peritoe, em geal, para tudo o que tem uma cera angio eum pr ‘uma forma corrects parecem exist ustamente no exerccio da fun- ‘io propria que tém, assim também poder parecer que acontece mento peitico, © bem e o que foi obtide de ‘o mesmo com o Human, caso haja uma fungio espectica que the sein propria. ‘Ou sera que haverd certasfungdes¢ procediments priticos es peciticos para o carpinteico e para o sapatero e nenhuma funcio para o Humano enguanto Humano, dando-se antes ocaso de exis: tir naturalmente inoperante? Ou ao seré que, tal como parece ha- ‘er uma certa funglo prépria dos olhos, das dos e dos pése, em {eral de cada uma das partes do corpo humano, terérambém de se supor que ha uma certa fungio do Humano para além de todas flas? Qual poders ser ela entao? E que o viver parece ser comurm também aos vegetas ¢ 0 que é procurado € viver peculiar do Hu mano. Tem, pois, de se fazer abstracco da fungio vital de nuricio ede capacidade de erescimento. Segue-se uma certa fungio vital perceptiva, aqual parece ser comum ao cavalo, ao boi ea todo Dente vivo, Rests, entéo, ume oerta forma de vida activa inereate 1a dimensio da alma que no Humano é capacitante de razao®. ‘A possbilidade eapacitante de razdo do Humano manifesta-se de ¢duas mancieas. Uma, através da obedigncia 20 sentido orientadar, ‘cutra, quando jé o possi, através de activagao do seu poder de compreensio. Ora, sendo, asim, de dois modos ¢ dimensio da a: ‘ma capacirane de tazio, ela terd de scr entendida através da act. vagdo edo exerccio da sua fungi especifica. Porque deste modo parece ser entendida mais autenticamente Se, entio, a ungi0 do Humano €uma actividade da alma de acordo com 0 sentido ou, 10s, io totalmente discordante del; se, demas, afungio clo individuo particular exerce ¢ genericamence ‘mesma que exerce o virtuoso nessa actividade (como acontece om a diferenga verfieada entre um simples rocador de citara € 0 ante virtuoso desseinstrumento, o mesmo se passando a res: pita de outras actividades), apenas acrescentando 3 fungio em ‘cama a superioridade conformada pela exeelencia (isto é a fungio ‘do tocador de citara € apenas a de tocas cltara, mas a do virteso Ede a tocar virewosamente), se assim é, isto é se admitimos que afungio do Humano é uma eerta forma de vida, se, por sua vez, essa forma de vida é uma actvidade da alma e uma realizagio de nda, 2 fungio do homem sé- acgBes conformadas pelo senso } rca a Niconace 7 rio &a de cumprir estas fungdes bem e nobremente, es, final ‘meat, admitmes que uma aceio é bem realzade se for comprida de acordo com a sua exceléncia especifiea — nessa aleura,entio, ‘obem humano é uma actividade de alma conformada por ema ex: colncia, ese houver muitas exceléncias, seri confoemada pela me thor emais completa. Tem ainda de ser arescentada: «dua do o tempo da vida», porque uma andorinha née faz a Primavera, nem um 96 dia bonito'. Assim também o homem bem-avennarado ce feliz nfo o seré apenas durante um 36 dia tal como nio 0 se nenas por pouco tempo, Tones isto como ua circunseigao. ‘squematica do sentido do bem supeeme, posque primi ¢ preciso fazer um esbogo dos tragos gerais para depois 0 preenchermos Pois, parece que cada uin vem a eapacidade de levar por diane articular com rigor tudo aguilo que foi esquematicamente bem ércunscrto, O vempo € nesta coisas descobridor e um bom cola horador.F dai que surgem também os progrestos nas pericias,por- {gue assim cada um pode acrescentar aa todo aguilo que ests e falta. Ora temos de nos lembear do que foi dita primeiramente, que ino se pode procura o rigor de modo semelhante em todas a coi= 5, mas em cada uma delasindvidnalmente, segundo a matéra es pecifica que estésueita a tratamento ena medida em que o praces- 0 de investigagao que Ihe € pertinente o admit. Por exemplo, ‘carpinteizo eo geémerea investiga de modo distinto @ Angulo recto, Um valoriza o aspecto itl para ose trabalho, 0 outto, po rém, a essincia ea qualidade especifica [do Angulo rctol; porque ‘sti tomado pelo olhar teérico. Ter-se-4, portant, de proceder do mesmo modo em todas as outras investigages, pata que aquilo {que Eum mero acessério nao seja mais importante do que o esen- cial do trabalho a cealizar, De reso, também nio se pergunta, do mesmo modo, pel fan ddamento em todas as éreas de investigagio, porque em algumas basa até mostrar apenas de modo convenience o {facto de] que [8 assim), tal como acontec a respeito dos prineipios fundamentais" © ffacto de que ¢ assen] é um principio fundamental dado de mo- do originaso, De entce ot princpios fundaznentais uns sf0 desc bertos por inducio, outros, pela intuigio, outeos, por una certa habiruagdo, outros, ainda, de modos diferentes. Temos de acetent nos dos princpios fundamentas de acordo com o modo como ma ‘turalmente se constiruem #temos de nos esforcar por determins-los de modo correcto na sua expeificidade. © modo como se sim em ia paca vista 0s prneipins fundamentas tem uma grande import bs apuramentos seguintes, Eo principio parece ser mais do que me tade do todo, ¢ muitas coisas das que esto a ser investigadas tor rnamse claeas pela Iie que emana do principio fundamental vu ‘Tem de se consierar 0 principio fundamental — em causa na nossa investigagio — nio apenas a partir da conchisio nem das premissas que levam 4 fixagio do seu sentido, mas também a partie. tbo que € dito acerca dle. Todas as coisas que existem na seaidade tstio de acordo com o que ¢fixado de modo verdadero, mas en tram logo em desacordo com o que €fixado de modo falso. Os hens tem sido distibuidos por ts classes, por um lado, os chama: dos bens exteriors, por otto, 0s ue concernem & alma™” humana {por ilkimo, os do corpo proprio, Nos dizemos que 0s bens que Fespeitam 8 alma humana sio bens de um modo mais autentico fede uma forma mais extcema, Mas sio as acgSes eo exerccio das actividades que dizem respeito 4 alma humana que dizemos ser fio — sendo antiga ‘a felicidade, Assim, de acordo com esta 0p ‘chomologada pelos que tém estudado filosofia (io da flcidade parece correcta parece estar correcta, também, peo facto de declararem que o fim extremo sio certas acpes ou determinadas actividades, por ‘que deste modo, o fim diz respeto aos bens da alma hnmana e n20 ‘aos que Ihe sio extrinsecos. De esto, concorda com 0 sentido se fgundo o qual quem é feliz vive bem e age bem, porque se pode di zer que a flicidade é quase um viver bem eum agit bem. Parece ainda que todas as cacacteristicas procuradas ma felicia ‘de existem de acordo com 0 sentido estabelecido, Para uns €aexce- Tencia, para outros, asensatez!, para outros ainda parece ser uma, cera sahedoria, pata outros, finalmente,rodas estas actividades ou alguma delas em coneso com o prazet ou entio, pelos menos, nfo Sem o prazer. Outros, por sua ver, acrescentam 2 sia nogo da fel cidade a prosperidade nos bens externos. Alguns deste sentidos fo ram determinados por muitos ede tempos ansgos, outros, pur te, nenium delesfalba a nossa defini ‘dos por poucos, mas ilustes. Provaveln completamente o sentido; aceta, pelo menos, numa parte daguilo ‘que dizem ou até na maior pare (0 sentido fzado por nés concorda com aguees que dizem que a felicidade € exceéocia ou ums cera excelncia. O sentido da fe licidade € uma cera activdade em exericio de acordo com a exce lencia Ino & ndo € pequena adiferenga entre um bem supremo que ‘existe como mera possibildade e um bem supreme que etd efeci- vamente em uso. Tal como no se wata de una diferenga sem im porcincia aquela que hé entre o que existe como mera disposigao ‘eo que esti em actvidade. Na vetdade, épossivel que wma condi- < subsista sem que dafresulte qualquer bem, como aeontece com ‘quem esté a dormir on com alguém que esd algum oxo mo: do, inactivos asim no &capaz de entrar em actividade, coisa ne cexssira J acgdo ea fortiori & boa acgio". O mesmo acontece nas (Olimpfadas, No aio coroados 0s mais admicdveis nem osm: fortes, mas os que disputam a viva (Gente estes que se contam, ‘6 que obtim a vita. Do mesmo modo sto também os que agem cortectamente durant o fa aexistincia quem alcanga coisas belas |Avida deles € doce por ela mesma, Delcir-se 6 um dos fens. ‘menos da alma humana. Cada um tem gosto no conteido expec en da sua prcilecgzo. Por exemplo, os cavalos para quem gosta de cavalo as paisagens para quem gosta de as ver, B asim também, as aog0es justas para quem tem uma obsessio pela justia, em ge= ral, as acgdesrealizadas de acordo com a exceléncia para ucm est tomado pela sua postbilidade. Para a maioria, as coisas que dio {gosto estZo em conilito, por nio serem pela sus propria natwreza agradaveis em si contude, quem faz gosto nas coisas belas, encom: tua-se com a propria natureza bela que € delas. Sio deste as acgies realizadas de acordo com a exceéncia, deta sore que es ‘tas aegbes Sto em si préprias um gosco para quem assim as leva cabo. Asua exiséacia nio previsa de mais nenbuma forma de prazer como ornamento, pois tem 0 prazer em si prépria. Acresce ‘80 que fo! dito que nfo ha nenhum homer de bem que no sere oti com aegies nobress nem neninum homen justo poders dizer ‘que no se regozfa com 0 moda justo de agit, nem ningun livre ‘qe no se cegozie com as acges realzadas livremente, edo mes- ‘mo modo para outras acces realizadas conformses 3s suas exceén- cas expecticas toons (Ora se isto & asim, a8 aegis exeeutadas de acondo com aexce lencia sio por si proprias um gosto: e elas serio certamente tan ‘em acgdes boas enobres, e«m ambos os casos num grau extremo, caso o-sério as avaie de modo corecto, isto é, as avalie tal como clssemos. A felcidade €entio o bem supremo, o que hi de mais es- plendoroso eo que dé um prazer exteemos estas qualidades nao po ‘dem ser dissociadas, tal como as encontramos no epigrama de De- los: O mais nobre éjutica eo mais deseévelasaide;/ mas 0 que ide mais doce bd I Bencontrar 0 que se ama. De facto, tudo isto est presente nas melhores actividades que lest pénero ou. hi, enés dizemos que a felicdade € uma activi mais excelente elas ‘Mesto assim parce, tal como disemos, que ela ainda precisa de hens exteriors. E que ¢ impossivelgou muito dif, executar ac- ses nobres sem estar preparado, Muitas coisas si levadas 3 prit ‘2 coma que através de instrumentas, por meio de amigos, da 1 {qvera, do poder politico, Ora os que esto privados de alguns dos hets eterno ficam com a marca da feicidade manchada, como Eo caso daqueles que estio privados de um nascimento nobre, bons filhos ou beleza. Quem éabsoluramente feio, malnascdo, so Ttirio e sem filhos no pode ser completamente fez e menos ainda talver se os seus filhos amigos no prestam de todo para nada ou, sendo bons, tenham morride. Tal como dissemos, entio, parece ‘que a felcidade necesita ainda em acréscimo de uma prosperidade sles natsteza. Dai que alguns poakam a boa sorte no mesmo lu- ‘gar que a Selicidade, enquano outcos pem a exceléncia, x agi Jevanra-se também a dficuldade de saber se afliidade Eobjecto de aprendizagem ou habituacio ou se pode ser, de alm modo, obtida por dscipina, ou, finalmente, se chega até nés por 1m destino divino ou por acaso. Se o que quer que seja posse dos homens é uma didiva dos deuses, entio & plausivel que também a flicidade sea uma diva divina. De facto, de todas as coisas hu ‘manas Ea que mais plusivelmente nos € dada pelos deuses, por ‘quanto €a melhor de todas. Mas esta difculdade talvezseja mais propria de um outto tipo deinvestigagio, Contudo, parece evidente SUITE gue, mesmo que nfo sea enviads por um deus, mas surja através tis exceléncia de uma cera aprendizager ou disciplina, € das pos- ses bumanas mais divinas que ha, De facto, oprémio eo fim da ex ‘rléncia parecem sero supremo bem — ser qualquer coise de divi- no ede bem-aventurado. Por outro lado, estaria a0 aleance de todos, porque seria possivl estar presente em todos 0s que no es- ‘2 exceléncia através de uma cesta rivessem incapacitados pa prendizagem e preocupagio, Se émelhor obter asim a feliidade através cle uma certa aprendizagem e preocupagio do que ser feliz por sorte, é mais razodvel obté-la desse modo. Se ot entes que exis tem de acordo com a natureza sio de tal modo constiuidos que existem da melhor mancira possvel, ese assim também é com os proditos resultantes de ume qualquer pericia humana ou de wa ‘qualgace ouea proveninea, assim ser por maioia de razdo, com ‘que 6 oriundo do fundamento supremo. Confiar o sublime eo mais excelente a0 acaso seria completamente absurdo. ‘O que € procurado € manifesco a parte da sua peépria defini ‘lo, Foi dito que aflicidade seria uma certa espécie de aetvidade da alma humana de acordo com a excelncia, Dos restantes bens, uns sio por necessidade, outros existem nacuralmente como aU liares ou como instrumentalmente dies. Isto concorda com © que apurimaso inicio do nosso inquérito.Estabelecemos que o fim da pericia politica era o fim supremo e que ela, por sua ver, tinha ‘maior das preacupages, a saber, fazer os cidadios tais que se tomer excelenes e capazes de acgBes admitives E, por isso, que dizemos acertadamente que nem o boi nem cavalo nem nenfum dos animais 6 fli; na realidad, nenbm de: les 6capaz de tomar parte numa actvidade daquele género. Pores s2 mesma tazio nio se pode dizer que uma crianga € feliz, porque uma erianga nio tem ainda idade para ser eapaz de agi, em situa~ Bes daquela natureza. Quando se diz que as eriancas sio bem- aventuradas é apenas gracas i esperanga de que venham a so, Para so se fel, ¢,entio, necestério, tal como dissemos, tanto wna cexceléncia completa como uma existéncia completa, E que hi mui= tas transformagées e casos de diversas provenigacias 30 longo da vida, ©€ possvel a quem prosperou ear, 6 na velhice, em situasties de grande auversdade, tal como se conta acerca de Prfamo na ép ca sobre TrSia. Ningém é feliz quando experiment tai reveses ‘cacaba por morter miseravelmente. 5 dizer que uit morta ¢flir — nem Sélon o pretender Set, entio, que nenhum Humano se poders declarar feliz en ‘ave &necessério, de acordo com o gue diz wer de admitie que quanta eativer vivo? Seri Solon’, olhar, primeiro, para o fim? E, se assim & se que alguém ¢ feliz depois gue tiver mortido? Ou isso completamente absurdo, sobretado depois de termos dito que ‘ flicidade é uma eertaactvidade? Se, por um lado, nfo podemos mas que fapeas poder ser considerada bem-aventurado,alguém que se en fora do aleance de males e desventura, por outeo, isto pa: parece haver em rece envolver um certo gran de controvésia. 4 certo sentido, para wm moro, males ebens, da mesma forma que vele nfo tenha consefncia disso. &, por exemplo, o caso das honeas e desonras, das acgies bem praticadas e das desventuras que acontecem 90s seus filhos ‘ecm geral aos seus descendents. Ito evanta uma dificldade. Pa- fs hi para um vivo, mesme quando a rao que teve uma vida feliz até sua velhicee chegou a0 seu fim fem confortidade com essa disposiio, sea possivel ainda aconte tere ser afectado pels vicissitudes sucodias aos seus desoenden tes, seiam eles bons ¢ tenham uma existéncia condigna, scjam cles maui e thar ma existéncia miserivel?F evidente que com o dis tanciamento relativamente aos progenitores se pode admitir toda aespicie de destinos nos descendentes. Mas seria absurdo se tam- beam um morto Fosse afectado pels vicissitudes dos seus descenden- tes eficasse de quando em vez fliz.e de quando em vez inelz. Por ‘outro lado, no era menos absurdo se as situagdes em que 08 seas descendents se vierem a encontrar no asingissem os seus progen tores, pelo menos darante um certo tempo. ‘Mas remos de regressar de nove a diculdade que foi primes mente levantada, porque talver que 0 que agora & procurado possa ser visto a parte dela, Se se deve olhar para o fim porque s6 nessa altura se pode declarar alguém bem-aventurado, no por estar a. sim disposto nesse preciso momento, mas porque anteriormente ‘steve, como & que no sera absurdo Se, no tempo em que alguém cst fel, esse estado no Ihe possa ser verdadeiramente imprtado? FE que, por um lado, nao se pode pretender que os vivos so flies porquanto estio expostos as vicissitudes da vide e, por outro, tinha compreendide que a felicdade era algo de constante e de mo- do nenhum faclmente alreravel,enquanto, por outro lado, os reve- ses da fortuna dio voltas completas& vida de uma pessoa. E evi ncn aNictaaco ” dente que se se for sempre atrés da sorte, dicemos que a mesma pessoa € feliz e miserével muitas veres, como se fosse uma espécie ‘de camaledo assent sobre alicerces podes. ‘Ou seré que ie attés das sortes ndo exté certo de maneira ne hua? Na verdade,nelas no existe o bom o 0 mal, mas, como clsemos, a existéncia humana precisa delas. Contud decisive pa- ra a felicidade sio as actividades auténtcas realizadas de acordo com a exceleacia dic, enquanto as actividades oportas evam 3 in- felicidad ‘A dificuldade por ora levantada testemunka a favor da nossa das realizagBes humans exist tanta esa tilidade quanta aque € produida por aguelas actividades confor sch excelncia. Parecem ser sinds mais constantes do gue 08 co nhecimencos cieniicos, De entre as actividades conformies dexcclencia, as mais estimadss sio as mais estéveis, porgue oF tem-aventarados viem com elas de mado supreme continuo. Tal parece sero fundamento para que elas aio pasem desperehida ‘© feliz posi estailidade procucada na felicidad e perma necrs astim a0 longo da sua vida, Lvard& privca eterna pura centemplago sempre, ou dtante ms tempo do que todos oF ot tros,aquelas coisas respetanees 3 exelncae suporaréo mais no tado o que aconeea a respito do que quer gue «js. Um homem verdadciament bom eto» como un uate dbo. Ixepresnsvel. Mas bi muita circunsténcas constitldss por aso, unas de grande importncia, ouzas de pouca importiaca, Beevidente gue o8 acasos mesmo bons e a peaienas inflcda- des no tém peso na vide, Mas acontecmentes bons, importantes é frequents, fazen-nos be, tornando a vida mais eli (poi am him toni colora apenas vida, mas pode serve para a taster rmarmos de modo magufico e auténeo). Por outo lado, iver bremente possiv mente, 6 que acontece de mal prime edesgeaga a nossa disposigio, ttaz sofrimentos e impede o deflagrar de muitas actividades. Fro devia, até nessas eiscunstincas reluz oesplendor, eso sejamos ca paves de suportar com facilidade muitas efrequentes dest ‘fo porque no se sofa, mas por generenidade e magnanimidae. Se estas so as aurénricas actividades da vida el como dizemos, nenthum des questo hem-aventurados se tornaré miserve. Jaman praticaré acgesodiosas on mesquinhas. Pensa, pois, que quem verdadciramente bom e sensato suporta toda a espéce de sorte 4“ Anenrornae nobremente ea paste das condigées disponiveisagiré sempre da melhor forma possivel, tal como o estratego militar competente transforma o exército de circunstincia no mais combativo que 4 €possivel eo sapateira comperente faz o melhor ealgado possivel ‘a pantr do coura de que disp, ede modo semelharte a rspeito de todos os ovteos peritos competemtes. Se deste modo o feliz ja mais sera desgracado, também nao é verdade, por outro lado, que seri um bem-aveneurido, sobrerudo se Ie sobrevier 10 taras do res Priamo, O feliz nio ¢inseivel™ nem fall formével. Quer dizer, no sera facilmente demovido da sua felicida- de por mis sores ocasionais apenas por aquelas de monta e que acontecem com frequéncia, Com efito, depois de estas Ihe tetem sucedid, sobretudo se tiver aleangado aréentio grandes sucesso ce fito coisas magnifices, nio poderd de novo fcar flee num custo ‘expago de tempo, mas apenas (8, de todo), apés um longo periodo dle rempo ou at depois de decorido todo o tempo da vida, 15 Que é que impedes, pois, de dizer que feliz €aquele que acco hia una activdade de acordo com a excencia completa e st suf entemente equipado com bens exteriores no s6 draoe wm tem po acesional mas durante todo o tempo da vida? Ou sera que nnecesicia acrescentar ainda: assim teri vivido echegedo a fim E que, para nds, homens, o futuro esti encoberto. Nos fazemos da Felicidade o fim, ena veedade o fim completo em qualquer eircuns rncia ede um modo total, Assim sendo, diremos que sio bem saventurados of vivos aos quais pertenc ¢tver perencido intrinse- camente o que acabou de ser enunciado — ainda que ta sejam bem-aventurados, eles io, contudo, apenas bumanamente bem- -aventutados. Baste isto que foi agora determinado acerea destas x [io ser afectdo em nada a respeito do que quer que sia peas vicisiades acontecidas aos desoendentes de alguém e 205 seus ami- 0 parece ser proprio de alguém desprovido de sensiblidade econ tritio ds ideias que se tém aceret do assunto, Ora sho indimeras as 25 coisas que nos acontecem, admitindo coda a espécie de diferenas As que nos atingem de perto afectamtnas mais do que as que nos | | sca a Nico passam a0 lado, a8 quais nos afectam menos. Analisar cada uma tela singularmente na sua particulavidade seria fastidiosoe inter: rmindvel. Basta talver andlisé-las nos seus tasas gerais. Seas des igragas gue nos acontecem admitem diferenciagbes, porguanto was tém um peso tal que constiruem um fardo para a existéneia, en {quanto outras parecer ser suportéves, o mesmo parece suceder ‘com as desgragas sucedidas aos amigos. Na verdade, hd ua gram de diferenga a reepeito de cada uma das afecges quando acon ‘em 206 vivos e quando acontecem aos mortos. Esta diferenga é de facto maior do que a exstente entre supor a respeito das transgres- ses lei e das situagdes teemendas levadas & cena nas tragédias ‘que sio a reaidade ou que sio apenas Figo. Tem de se conside Tay pois, desta diferngay om, talver mais, da difceldade levantada © 08 que jf faleceram tomam ainda parte em algum bem ou ea al gun mal, Pazece resular destas difereniagGes que se alguma coisa afecta os que ja faleceramm, sea algo de born ou de mat sia abso: ita ou relativarsente, Serf insignificante e sem importinca, Se éde outro modo, teri de ser numa quantidade e numa qualidade tal que no consegu tomar felizes os inflizes nem despracados os hems aventurados. As acyBes pratcadas pelos amigos, 35 boas como 25, sis, parecem fer ainda alguma repereussio sobre os que jf flece rain, mas apenas de al modo ena medida em que nso os fai fli em nada nealiuma das disposes esse onio forem nem alte deste género, xl Tendo estabelecd estas distingdes, examinemos acerca da fei Cidade se cla se enconsra ene as coiss IouvSveis ou mais entre a8 coisas de valor inestimavel Eeevidente que nfo pode ser encontrada entre nenhuma as ca pacidades, Tada o que é louvivel parece sé-lo por ser de uma cera sgualidade e compoctar-se de algum modo relativamente a algo. eral, o bom ea exceléncia Louvames 0 justo eo corajoso e, por causa das aegoes praicadas ¢ dos seus efeitos, Mas louvamos também © que ¢ fiscamente vigoroso e éveloz, ecada uma destas catacterisicas por consttuirem naturalmente uma cera qualidade ‘ecomportaremse por rlagio a algo de uma boa maneira e seria mente, Isto resulta evidente também a pati dos louvoces fits aos ugk slap, mat sem, coomido, pedeos dear de pens se Ht {So um smndo ce ser cst or ago de que se pode dip pema tentomenes Una outea sala terse tambien, de Eee E que 0 propia temo donor Badeeg ext an como term tcc em Anat fees ena mean consigio de senso do term By cl, MF 10228 ess. A Inowta se corm tna dipsito, bade, wa esis, ci, de acted Ema sea (ec, um pode (fines on de aco com wma Tora Ase 6p oo ado eta acta do ge tem edo qo € cd. ‘Ene equ o ei concer se nrpeneuam. Un estado € ana disp i 1 4 a 4 + i nes ANteonaco ahs ‘80 de acord com a qual o que ea spo et bm ov mal dnp. Com fd, asn oe pres ont rast Bi por posh, pore apres toma especlfcidade statica na Ener a Ncomaco. Oa sj, em caus ett Sule pode Es qe expe consug de um mo deer que alters pe asus ago part bem os pars oral o que ei expt 30 ceo peo do pease ago. "Gime anaie desta problemi ¢ ta ple eadatr em A Aveté como Possibade Esroma do Hamano — Fomooologia da «Prive om Pltb0 (Ansley, prene Nacional Casa da Mood, isos, 2002, pp. 275-61 "pga & ove wep sex nem z0k wb ao, onde fea fo ox camp aie de pastage, of fh, 6511 15.258; te 8). et pa zor de zoe, ag ea € ola pra onde so reclhis ores pra dormirem, pris, nde sans est, pan zr, s+ fuandads. CL Odie, 4411 "Walisae Schad deh por Bess, ualitade do qué lio. Acrigam tioligs fi comin, ependo ste autor 4 wT, 6 Toy oimthoc que ay oe sapemo, rn sem Sime exit edie N= ‘ste Quali von erage och abe ir dara eeabe, fie meinen Piva Iwaush Ss Wort Reh sy bide. CL. SCHADEWALDT (1978) pp. 75-6, CE tambem KRAMER 1959) p38, DODDS (195) p, 334, T. IRWIN (1982) p20. PA seasaee gobo, én eisaida por Ailes come «op racio expects d alae usa que abe pra at condges peas a ci. [senses term em vinta o principio correct tal como a stuaio patie conctaen uc de cad 6x nos eocontromas. A seat algun sbodo fam operas sentieaadecomprecnst intivg, vote, pou sate de ons oma de percep de th ome lini ambi eater bre abo fe exten deca stg parol gue deca verse cons A fren ‘ade no ft de gue asituaio time pode se apasenar sempre de manesas ‘isentes. Nao hielo nenbom conkecmento etc, cs EN, 14282830. ‘STradusines gpd por senses, em wes dav erates sstbedors| etcas[actcal wish) sendine morale maraiche Each, pe ‘Sncos on sagen, Osabransno seater» eo adjasio vsenstor spi= ‘nase ais do oigia ran A defi de prslal, vind do tin pro- ‘hen, pone deco pes aa das uals apontades por Artes ‘Teonater. A fons eum por gue compres de stems, Bung spo “rn Mat seo eahmantv es aa perdu a fog da expo ge fire Sion perdev.ao portage, Por ave, aaa de wenrtese 4 esa gue {splays coma stnson, spexepstow 0 ssetdon, io & palates que “Toonam pc sion fovina de Scenn 0 be Acontese Ea, mas do qu Ob fir cole que et pereade no sbsrantvo frm eo verbo fone a th font, A sosnte una fora de compres gue abe deca Yer pat {okuagde come emi nos encontamoe, Are enfin, pra Ht, 05> ‘olado »posbidade eena gue de ena yer saguleete nos fcespel tine acho, Osabsatio qn tal smo odio gy sn840, fom a st ong dea osama Osea seid conte fa te tre que envi un Si, a envoltor do coast, do gad, voces ey tte, Atese de ONIANS, 1951, segundo aqua ose onde pars oe re, 384 Avssornae strum sdiadan no corp human, a5 pikes «8 divers formas de com Preeaso do que de cada vex acotes etc pulses, rtermina «ep como Sdiatrpa, Asin ns copicamn alate ode mod sega, spr nos os enim, miramos, sos ipa on ambents so espe Ves, eresprgio és eee como, de eo, dae porate “ic acrdo cum stuaco ence em tos enontasns. A gps ‘opis prowram etar nb oper drach det fost epios qu ‘ot aber ur set de dvr cco sites se de fa eS onsite ane tan coma se a0 od cma ‘scnconam cavidos pla ston aon, So desea pon ‘el encontrar oeteainhamento orca na posite fer versed eva sua cute sm yer ome 6 pone pt ae ‘Reomelagio de fedmenor gue Heeger ead oem por «Gein, “Aber esi doch a det Ziareang each, dal man dc ner hoe hawt wn man ss a sles Mera as Phones Shs Gowers ren he Die qos ek sce an Bowen scat Gein, none Hanlon duc pce Ds Cows ant ‘man ih verges», CEM, HEIDEGGER (1999) 86 ARISTOTEUS, Fikes Nicomaches, regan revigbe anton i ‘6a intron Bywater, Oxon eTypogopieo Chet, 1854, 198 "Tega sig sina ag como tenacious, Arter € a dio anal Mas oven de rm ina ts lage de dtc dn sue eda esd ems. Ee oto ps ure Se {er una acividde de produgio area como Ua acvdade de produ {evict Em ambos os con rata, coma, de un per, Da msn at ‘ener €overbowigo que gia rl prot, es rod ota batho ot ac, Desig, parton tana de prodigio oo manpl so, pants, ume una arte engin sf em sso une actade Sndsca. Quem domina ama tl expaidade tenies€o pro. E asim que ‘seid dos eros arfice, ov ane acti so espeiagbes dent ‘onto peo. "Msc: nooiial © campo senico dos cmposos de ig de semen om nn tO a ai ‘ada que eneae dponive no rund, me apras exit quando pecan 4o pas canine, oct fase camishande bo fer camino coe? ‘him etcamiharento gue so Seine paca acompriesio domo dado. ‘Assn, um metodo &coaihsmento un pon er nai Noe Cessaamente jt descobert,cnponel. Te dest deca vernventado "reinentado no propio eacamishamento dy invesigago ed procs: Dat preeios a aio spon de inventor prs e008 ee do i Dis rane sd Otero roger trade concane a xpd do contexte an ‘ve de cada esos por “ps sagopa A este "mccnrelano em a rmemprego sci, Card pene poo ‘Simao gual presage se eo, Nios apenas {etna coms, por amin ier, oral, mas ane det qe anes pol do sent de tm drat objeto. 20 termo mpoutgeons nfo sure aq snd como terminus techni ‘Ogrgo Eum compono de eigen celia poten pn sabe Ena aMiconnco 385 cis om ver deo, opr ua ois esataneamente pee ‘Somtre, Maso prefixa designs tis ama antecipasio gue ess emer fm oto de ola. Teta po coset, de uma deci. Por dees, de fines uma dserminadesagio de sttersindfinid,E doravnre a oss sro ar lees 30 bem, dyad, nto tem paid se mst o send de smralmente tome, Sita saps propiador, sms, wy, mio gies 0 que em tino logs. Sigiea comple de, acabament,cumprimen'~ A simpler pode se akagada antes doer ‘factual a Teadusnos Eye pot rterines, comida, «rasa uae eal, oma da eo "Veste ae ag pi por sig de vide, No eras aga de wna a fo, ds snes que se auavesm nt id ‘So Araadugt de ebay por fides no pale deixar esr apecas| um apeoximagio 0 seni da rpmal rege. O campento ee Balj su 286 Anstooass eon Enis: fei»: quando 0 aiuoy dispensa bemfboas coisas er Exim dua 9 Bajo 8 i. Chado por DIREMEESR, p271, 007 ‘Temi pode exit comet ora sprosperdade eb sre. Nee ‘orn elcdaderevuta da contingtela do 038, sendo a pos aeio Comeh meramente puis, Esamortbe xpos. Mas hi ura dinens at wads noua ago com 2 liad que constitu tema de anise na Esca ‘Nico, sobecrdo no lie Ch 110288 «a febade€ a cera act “iad dana de cord com ua exe completa res detcn agus o modo como expernntanas oft de ear ros dee semprs lngadon Ese ance deena por Ariss como = Tide. Momo que meena, bem nos nu encamiahet, ands {ur a czas da ep peru plo purge. Para Asin sa {Qe acompreendanos como am facto. Asttagto do Humano és qe tem tir abstr ao face de que aim & Assn, opi de explago ds con pede ees no regu uanhams eespost 3 puny pore ue asi & "Hao, Or rabaos eos dias 293 e¥¥, 298.297, °s Re mio sso de gum eno dns verdes do sen epti,repitades pot Aten (34,530) A prone das Cin, bebe, boa, porae odo Ores {ono val ental de dedoe segunda dit «Eten allo qe come 28 {ici desma cm go eu sot» trades ds categoria ope 4 ao lta. owe o que repo diz ‘eo.gue lam wad [fort og ero para potogtse= um a fon Saban wad habe ook gue parece no texto ma a fora Inco neroacva Hover pris me qe gue 7 A pips ad fo substan» 0 exprime o que o peg dix ano ser derivadamente, ‘tia signe wos vers age tas posts de algun, portato, 80 Spee sitet, mas aga do que em peal alg dpe, o es et08 ‘Eom vaiaderarpgbex Ova na foray nt, a psi de di Jot ds peseagay forma ow ood especo do cada ene we presenta, po Enon a Nrcoaae 387

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