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Prefeitura da Cidade de São Paulo

Secretaria Municipal da Saúde


Secretaria-Executiva de Atenção Básica, Especialidades
e Vigilância em Saúde
Coordenadoria de Atenção Básica
Coordenadoria de IST/Aids Secretaria Executiva
Atenção Básica
SEABEVS Especialidades e
Vigilância em Saúde

Nota Técnica 02/2023

Dispõe sobre a PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS PARA PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO AO HIV


(PREP), PROFIL A XIA PÓS-EXPOSIÇ ÃO AO HIV (PEP) E INFECÇÕES SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS (IST) PELO ENFERMEIRO.

I. DA AUTONOMIA DO ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO E PRESCRIÇÃO DE ANTIRRETROVIRAIS


NAS PROFILAXIAS PRÉ E PÓS EXPOSIÇÃO AO HIV E DE MEDICAMENTOS PARA IST.

Considerando:
Ÿ A Lei nº 7.498/86, de 25 e junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da
Enfermagem e dá outras providências: Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de
enfermagem, cabendo-lhe: I - privativamente: i) consulta de enfermagem; m) cuidados de
enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e
capacidade de tomar decisões imediatas; e II - como integrante da equipe de saúde: c)
prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina
aprovada pela instituição de saúde;
Ÿ Que a Portaria GM/MS nº 3.161, de 27 de dezembro de 2011, que dispõe sobre a administração da
penicilina nas unidades de Atenção Básica à Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS),
em seus artigos, afirma:
o Art. 1º Fica determinado que a penicilina seja administrada em todas as unidades de
Atenção Básica à Saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), nas situações em que
seu uso é indicado;
o Art. 2º As indicações para administração da penicilina na Atenção Básica à Saúde devem
estar em conformidade com a avaliação clínica, os protocolos vigentes e o Formulário
Terapêutico Nacional/Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME);
o Art. 3º A administração da penicilina deve ser realizada pela equipe de enfermagem
(auxiliar, técnico ou enfermeiro), médico ou farmacêutico.
Ÿ A Portaria nº 675/2019 – SMS.G, que dispõe sobre as atribuições da Atenção Básica e
Maternidades relacionadas à Linha de Cuidado da Sífilis no Município de São Paulo;
Ÿ A Portaria nº 676, de 1º de outubro de 2019, da Secretaria Municipal da Saúde, que estabelece a
Linha de Cuidados de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)/Vírus da Imunodeficiência
Humana (HIV)/ Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids);
Ÿ A Portaria Nº 088/2020-SMS.G/PM-DST/AIDS da Secretaria Municipal da Saúde, que atribui
funções aos profissionais de enfermagem para a abordagem sindrômica das infecções

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sexualmente transmissíveis (ISTs) e para as Profilaxias Pré e Pós-Exposição (PrEP e PEP,
respectivamente);
Ÿ A Nota Técnica Cofen/CTLN nº 03/2017 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) que deixa
claro que a Penicilina Benzatina pode ser administrada por profissionais de Enfermagem no
âmbito das Unidades Básicas de Saúde, mediante prescrição médica ou de enfermagem; que os
Enfermeiros podem prescrever a Penicilina Benzatina, conforme protocolos estabelecidos pelo
Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais, Secretarias Municipais, Distrito Federal ou em rotina
aprovada pela instituição de saúde e conclui que a ausência do médico na unidade básica de
saúde não configura motivo para não administrar oportunamente a Penicilina Benzatina por
profissionais de enfermagem, em conformidade com os protocolos estabelecidos e que, dentre
estes protocolos estabelecidos, deve ser elaborado e validado o fluxograma de atendimento
para os casos de reação anafilática, bem como o Enfermeiro deve atuar em acordo com o
estabelecido na Resolução COFEN nº 358/2009, com identificação precoce de casos suspeitos
de anafilaxia;
Ÿ O Parecer de Câmara Técnica nº. 12/2020/CTAS/COFEN que esclarece sobre a Prescrição de
Medicamentos para Profilaxia pós exposição ao HIV (PEP) e Profilaxia Pré-exposição ao HIV
(PrEP) por Enfermeiros;
Ÿ O parecer nº 29, de 5 de julho de 2010, do COREN-SP, que estabelece a abordagem sindrômica, a
prescrição de medicamentos e solicitação de exames por Enfermeiro;
Ÿ O Parecer COREN-SP 012/2018 que dispõe sobre: Administração de Penicilina Benzatina por
profissionais de Enfermagem na Atenção Básica. Prescrição de Penicilina Benzatina pelo
enfermeiro. Administração de Penicilina Benzatina em UBS sem a presença do médico e a
Realização e leitura do Teste de Sensibilidade à Penicilina;
Ÿ O Parecer nº 33, de 23 de outubro de 2019, do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo
(COREN-SP), que autoriza a prescrição de medicamentos para PrEP, PEP e IST pelo enfermeiro;
Ÿ O Manual de Normas, Rotinas e Procedimentos de Enfermagem, 2ª Edição SMS-SP, 2015:
“Atribuições específicas do Enfermeiro: 1.4. Solicitar exames complementares,
prescrever/transcrever medicações conforme protocolo estabelecido nos Programas de Saúde
Pública e em rotinas aprovadas pela SMS/SP”;
Ÿ O Manual Gestão da Rede e dos Serviços de Saúde, publicado em 2017 pela Secretaria de Estado
da Saúde de São Paulo, que afirma que o enfermeiro capacitado pode realizar abordagem
sindrômica das IST;
Ÿ Os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para: Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de
risco à infecção pelo HIV, publicado em 2022 pelo Ministério da Saúde; Profilaxia Pós-Exposição
(PEP) de risco à infecção pelo HIV, IST e Hepatites Virais, publicado em 2021 pelo Ministério da
Saúde; Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis, publicado em
2015 e atualizado em 2019 pelo Ministério da Saúde, que destaca o papel da enfermagem nessa
linha de cuidados;
Ÿ Os casos de Sífilis em gestantes, Sífilis congênita e Sífilis adquirida no município de São Paulo,
que representam grave problema de saúde pública e que o tratamento adequado e oportuno
são condutas simples e efetivas para a sua prevenção;

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Ÿ A necessidade de orientar a ação dos profissionais de enfermagem no tratamento da Sífilis e na
conduta diante de quadro de anafilaxia na Atenção Primária;
Ÿ Que o tratamento da sífilis adquirida e da sífilis na gestação é um problema devido à resistência
de profissionais na aplicação da Penicilina Benzatina nas Unidades Básicas de Saúde (UBS);
Ÿ Que a reação anafilática é um evento extremamente raro e inúmeros estudos nacionais e
internacionais demonstram que as eventuais reações adversas se referem a distúrbios
neurovegetativos ou reações vaso vagais, caracterizadas por ansiedade, medo e sudorese
associados à dor ou a possibilidade de sensação dolorosa devido à aplicação de medicação
injetável;
Ÿ Que os Protocolos Municipais de Enfermagem se encontram em fase de atualização técnica e
formatação para posterior publicação.

É de competência do Enfermeiro, nos serviços de saúde que compõe a Secretaria Municipal da


Saúde de São Paulo, a avaliação clínica em consulta conforme as etapas do Processo de
Enfermagem, a solicitação de exames, a prescrição e a administração de antirretrovirais nos casos
de profilaxia pós-exposição ao HIV - PEP, a prescrição e administração da profilaxia pré-exposição
ao HIV - PrEP e a prescrição e administração na abordagem sindrômica (ou por fluxogramas às IST),
incluindo-se a prescrição de medicamentos como a Penicilina Benzatina, de acordo com os
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde, com as Diretrizes para
implementação da Rede de Cuidados em IST/HIV/Aids – Manual de Assistência do Estado de São
Paulo e com a Linha de Cuidados de IST/Aids do Município de São Paulo, vigentes. Ao Técnico e
Auxiliar de Enfermagem, fica mantida a autorização para administração mediante supervisão e
orientação do Enfermeiro. Tais prerrogativas se efetivam mediante treinamento dos fluxos
vigentes.

II. DAS RECOMENDAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA A PEP

CONSULTA INICIAL DE PEP


A avaliação da PEP constitui atendimento de urgência, uma vez que é imperativo o início
precoce dos antirretrovirais para maior eficácia da profilaxia. Não há benefício na introdução da
profilaxia com antirretrovirais (ARV) após 72 horas da exposição.
No acolhimento do usuário com relato de exposição ao HIV o profissional enfermeiro deve
avaliar: a) o tipo de material envolvido (Quadro 1); b) o tipo de exposição (Quadro 2); c) o tempo
transcorrido entre a exposição e o atendimento; e d) o status sorológico da pessoa exposta. Nos
serviços ambulatoriais o teste rápido para HIV deve ser realizado em todas as pessoas expostas
que foram consideradas com risco para infecção pelo HIV, e a PEP está indicada se o teste rápido
for NÃO REAGENTE.

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Quadro 1. Tipo de material biológico envolvido na exposição

Exposição COM RISCO DE TRANSMISSÃO DO HIV Exposição SEM RISCO DE TRANSMISSÃO DO HIV(a)
Sangue Suor
Sêmen Lágrima
Fluidos vaginais Fezes
Líquidos de serosas (peritoneal, pleural,
Urina
pericárdico)
Líquido amniótico Vômitos
Líquor Saliva
Secreções nasais
Fonte: DIAHV / SVS / MS.
(a) A presença de sangue nessas secreções torna esses materiais potencialmente infectantes, caso em que
o uso de PEP pode ser indicado.

Quadro 2. Tipo de exposição

Exposição COM RISCO DE TRANSMISSÃO DO HIV Exposição SEM RISCO DE TRANSMISSÃO DO HIV
Percutânea Cutânea em pele íntegra
Membranas mucosas Mordedura sem a presença de sangue
Cutâneas peles não íntegras
Mordedura com presença de sangue
Fonte: DIAHV / SVS /MS

Fluxograma para indicação de PEP:

Pessoa em possível situação de


exposição ao HIV

Houve exposição a material


PEP não indicada.
Material biológico biológico com risco de NÃO Acompanhamento não é necessário
transmissão ao HIV?
SIM
Houve exposição com risco de
Tipo de exposição transmissão ao HIV-percutânea, NÃO
mucosa, pele não íntegra?
SIM
PEP não indicada.
Atendimento dentro de 72 horas
Tempo de exposição NÃO Realizar acompanhamento sorológico
após a exposição?
da pessoa exposta
SIM

Pessoa exposta: Exame de HIV PEP não indicada.


Pessoa exposta SIM Encaminhar para acompanhamento
positivo ou reagente?
clínico
NÃO Não recomendar PEP*.
NÃO Acompanhamento sorológico não é indicado
Pessoa-fonte: Exame de HIV
Pessoa-fonte positivo ou reagente ou
desconhecido? Iniciar PEP.
SIM Acompanhamento sorológico indicado
Fonte: DIAHV/SVS/MS.
*Pep poderá ser indicada se a pessoa fonte tiver tido exposição de risco no últimos 30 dias devido a janela
imunológica.

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Ressalta-se que se o atendimento do usuário ocorrer após 72 horas da exposição, não está
mais indicada a profilaxia ARV. Entretanto, se o material e o tipo de exposição forem de risco,
recomenda-se:
Ÿ Realizar acompanhamento sorológico (teste de HIV com 1 e 3 meses da exposição;
Ÿ Realizar testes para sífilis, hepatites B e C;
Ÿ Avaliar e discutir com o usuário a indicação de PrEP (especialmente se há história de múltiplos
usos de PEP);
Ÿ Encaminhar ou vacinar para HBV e HPV;
Ÿ Diagnosticar e tratar IST;
Ÿ Encaminhar os pacientes com hepatites virais para a referência;
Ÿ Orientar sobre sexo seguro e dispensar insumos de prevenção (preservativos masculino e
feminino e gel lubrificante);
Ÿ Orientar sobre redução de danos.

ESQUEMA ANTIRRETROVIRAL PARA PEP


O esquema preferencial recomendado para a PEP independe do tipo de exposição.
Quadro 3. Adultos

Apresentações e posologias de an rretrovirais preferenciais para PEP

MEDICAMENTO APRESENTAÇÃO POSOLOGIA


TDF(a) + 3TC Comprimido coformulado 1 comprimido VO 1x/dia
(TDF 300mg + 3TC 300mg)
Na indisponibilidade da Na indisponibilidade da
apresentação coformulada: apresentação coformulada:
Comprimido TDF 300mg 1 comprimido VO 1x/dia
+ +
Comprimido 3TC 150mg 2 comprimidos VO 1x/dia
DTG(a) Comprimido DTG 50mg 1 comprimido VO 1x/dia
Durante 28 dias
Fonte: DCCI/SVS/MS. (a) O DTG está indicado para pessoas com idade > 6 anos e peso > 20kg.

O DTG não está recomendado em pessoas que façam uso de fenitoína, fenobarbital,
oxicarbamazepina, carbamazepina, dofetilida e pilsicainida. Nesses casos, o ATV/r é a medicação
alternativa.
As mulheres que estejam amamentando devem ser orientadas sobre os potenciais riscos de
transmissão do HIV pelo leite materno.
Em tais situações, deve-se orientá-las no sentido da interrupção temporária da amamentação.
Durante o período de janela imunológica, pode-se realizar extração e descarte do leite. Exame de
controle (12ª semana após início da PEP) com resultado HIV não reagente autoriza a reintrodução
do aleitamento materno.

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Quadro 4. Crianças:

Esquema para PEP em crianças e adolescentes de acordo com faixa etária

Faixa etária Esquema preferencial Medicações alterna vas

0 – 14 dias AZT + 3TC + NVP (a) -


Impossibilidade do uso de
14 dias – 2 anos AZT + 3TC + LPV/r
LPV/r: NVP
Impossibilidade do uso de
2 anos – 12 anos AZT + 3TC + RAL
RAL: LPV/r
Acima de 12 anos seguir as recomendações para adultos
Fonte: DIAHV / SVS / MS.
(a) Consultar também o “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em
Crianças e Adolescentes”, disponível em www.aids.gov.br/pcdt.

Posologia das medicações ARV na população pediátrica.


14kg a < 20kg: 100mg 12/12h
20kg a < 28kg: 150mg 12/12h
Raltegravir (RAL)*
28 a < 40kg: 200mg 12/12h
≥ 40kg: 300mg 12/12h
Até 4kg: 4mg/kg/dose 12/12h
4kg a 9kg: 12mg/kg 12/12h
Zidovudina (AZT)
9kg a 30kg: 9mg/kg 12/12h (dose máxima: 150mg 12/12h)
≥ 30kg: 300mg 12/12h
RN: 2mg/kg 12/12h
Lamivudina (3TC)
4mg/kg de 12/12h (dose máxima 150mg 12/12h)

Solução oral: 80 /20mg / mL


≥ 14 dias a 28 dias: 300mg/75mg/m2 12/12h
1 mês a 6 meses: 1mL 12/12h
6 a 12 meses: 1,5mL 12/12h
1 a 3 anos: 2mL 12/12h
3 a 6 anos: 2,5mL 12/12h
6 a 9 anos: 3mL 12/12h
Lopinavir/ritonavir (LPV/r) 9 a 14 anos: 4mL 12/12h
Comprimido infan l: 100mg / 25mg
10kg a 13,9kg: 2cp de manhã e 1 à noite
14kg a 19,9kg: 2cp de manhã e 2 à noite
20kg a 24,5kg: 3cp de manhã e 2 à noite
25kg a 29,5kg: 3cp de manhã e 3 à noite
>35kg: 400mg / 100mg de 12/12h
Peso de nascimento 1,5 a 2kg: 8mg (0,8mL) /dose 12/12h
Peso de nascimento > 2kg: 12mg (1,2mL) /dose 12/12h
Nevirapina (NVP) – uso neonatal Peso de nascimento < 1,5kg: não usar NVP
14 dias a 8 anos 200mg/m2 1x/dia por 14 dias, depois:
2
200mg/m 12/12h
Fonte: DIAHV / SVS / MS.
*RAL está indicado para crianças acima de 2 anos e com mais de 14kg.

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Para mais informações sobre avaliação do tipo de material biológico envolvido, tipo de
exposição, tempo transcorrido entre a exposição e o atendimento, status sorológico da pessoa
exposta e da pessoa-fonte, e esquema antirretroviral consultar o Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas para Profilaxia Pós-Exposição (PEP) de Risco à Infecção pelo HIV, IST e Hepatites
Virais do Ministério da Saúde (http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-
diretrizes-terapeuticas-para-profilaxia-pos-exposicao-pep-de-risco).

III. DAS RECOMENDAÇÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA A PrEP


A Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) consiste no uso de antirretrovirais (ARV) para reduzir o
risco de adquirir a infecção pelo HIV. A eficácia e a segurança da PrEP já foram demonstradas em
diversos estudos clínicos e subpopulações, e sua efetividade foi evidenciada em estudos de
demonstração.
A PrEP deve ser considerada para pessoas a partir de 15 anos, com peso corporal igual ou
superior a 35 kg, sexualmente ativas e que apresentem contextos de risco aumentado de
aquisição da infecção pelo HIV. Para os adolescentes, deve-se garantir o acesso a serviços,
orientações e consultas de saúde sem a necessidade de presença ou autorização de pais ou
responsáveis, com direito à privacidade e sigilo, salvo em situações de necessidade de internação
ou de risco de vida, conforme o Estatuto da Criança e Adolescente.

CONSULTA INICIAL DE PREP


a. Avaliação clínica - Na anamnese o enfermeiro deve:
Ÿ Abordar gerenciamento de risco, contextos de vulnerabilidades e de exposição ao HIV. A
discussão sobre as diferentes formas de prevenção considerando as práticas sexuais do
usuário fortalece as escolhas e o gerenciamento de risco e é estratégico para a prevenção
combinada.
Ÿ Orientar uso de preservativos, esclarecendo que a PrEP não previne as demais IST ou hepatites
virais.
Ÿ Avaliar indicação de uso imediato de PEP, em caso de exposição recente ao HIV (menos de 72h).
veja no tópico específico.
Ÿ Excluir a possibilidade de infecção pelo HIV (por meio de testagem e avaliação de sinais e
sintomas de infecção aguda pelo HIV). O teste rápido sempre deve ser realizado antes da
introdução da PrEP, mesmo que o usuário traga à consulta um teste prévio com resultado
negativo. O usuário só deverá iniciar a PrEP se a amostra for não reagente para o HIV.
Caso seja confirmada infecção pelo HIV, a PrEP não está indicada e o usuário deve ser vinculado
a um SAE para iniciar o tratamento o mais rápido possível. O teste rápido HIV deve ser realizado em
todas as consultas, tanto na inicial quanto nas de acompanhamento.
Ÿ Identificação e tratamento das IST por abordagem sindrômica (também denominada
abordagem por fluxogramas) de acordo com o Manual da Linha de Cuidados em IST/Aids.
Ÿ Avaliar história de fraturas patológicas. Caso presente, o usuário deve ser encaminhado para

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avaliação do especialista antes de iniciar a PrEP.
Ÿ Investigar antecedentes mórbidos, histórico de uso de medicamentos, uso de álcool e outras
drogas, fatores socioeconômicos.
Ÿ Informar sobre os potenciais efeitos colaterais dos antirretrovirais a serem prescritos.

b. Solicitação de exames:
Ÿ Solicitar sorologia para sífilis.
Ÿ Solicitar sorologia para Hepatite A (anti-HAV IgG ou anti-HAV total) e se o resultado for não
reagente, encaminhar para vacinação para hepatite A.
Ÿ Solicitar sorologia para Hepatite B e C. Encaminhar os reagentes para serviços de tratamento de
hepatites. Vacinar para hepatite B os que apresentam resultado não reagente.
Ÿ Avaliação das funções renal e hepática: solicitar creatinina, com cálculo de clearance de
creatinina estimado, TGO, TGP. Todos os exames encontram-se descritos no Quadro 3.

Quadro 5. Exames que devem ser solicitados na triagem para PrEP

Exames Método

Teste para HIV Teste rápido (TR) para HIV, u lizando amostra de sangue

Teste para sífilis Teste treponêmico (TR, ELISA, FTA-abs, TPPA) e Teste não
treponêmico (VDRL ou RPR ou Trust)
Teste para hepa te A Pesquisa de an -HAV IgG ou an -HAV total
(a)
Teste para hepa te B Pesquisa de HBsAg e An -HBs

Teste para hepa te C Pesquisa de An -HCV (ex. teste rápido)


Clearance de crea nina
(b)
Função renal Dosagem de ureia e crea nina sérica
Avaliação de proteinúria (amostra isolada de urina)
Função hepá ca Enzimas hepá cas (AST/ ALT)

Fonte: DIAHV/SVS/MS, PCDT PrEP 2019, adaptado.


_______________________________
Consultar PCDT PrEP disponível em <http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2017/protocolo-clinico-e-
diretrizes-terapeuticas-para-profilaxia-pre-exposicao-prep-de-risco> .

(a) Nos pacientes vacinados para HBV, avaliar a soroconversão (Solicitar Anti-HBs quantitativo)
na consulta de retorno. Se for confirmada a soroconversão (presença de Anti-HBS positivo), não há
(b) Necessidade de repetir os exames para hepatite B.
(c) Caso a pessoa apresente algum fator de risco para doença renal, como hipertensão arterial
ou diabetes mellitus, outros exames devem ser solicitados para avaliação da função renal, tais
como urinanálise para avalição de proteinúria.

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c. Prescrição do esquema antirretroviral:
Na PrEP o esquema recomendado é a associação dos antirretrovirais fumarato de tenofovir
desoproxila (TDF) e entricitabina (FTC), em dose fixa combinada TDF/FTC 300/200mg um
comprimido por dia, via oral, em uso contínuo.
A eficácia e segurança deste esquema para PrEP já estão bem documentadas nos ensaios
clínicos, com poucos eventos adversos (náusea, cefaleia, flatulência e edemas), transitórios, de
resolução no primeiro mês de uso, com boa resposta ao uso de medicação sintomática.
Dados demonstram que são necessários alguns dias de uso continuo das medicações para que
as drogas atinjam altos níveis de concentração celular na região anal e na vagina. São necessários
sete (7) dias de uso contínuo da PrEP para a proteção nas relações anais e aproximadamente 20
(vinte) dias de uso da PrEP para proteção nas relações vaginais.
A fim de diminuir o número de doses diárias necessárias para atingir níveis protetores do
medicamento na mucosa anal, este PCDT-PrEP passa a recomendar o início da profilaxia com uma
dose de ataque de 2 (dois) comprimidos de TDF/FTC no primeiro dia de uso, seguidos de 1 (um)
comprimido diário nos próximos dias. Diante dessa alteração, que impacta a quantidade de
comprimidos para o primeiro mês de PrEP, é necessário que o primeiro retorno se dê antes dos 30
dias do início da profilaxia. Para tanto, sugere-se que esse retorno ocorra entre o 20º e o 25º dia.
O usuário deve ser orientado sobre a utilização de preservativos neste período (sete dias para
relações sexuais anais e 20 dias para relações sexuais vaginais).
A primeira dispensação do esquema antirretroviral deverá ser para 30 dias e a segunda para 60
ou 90 dias, dependendo da avaliação do enfermeiro sobre a adesão do usuário. As prescrições
posteriores sempre serão trimestrais.

PrEP SOB DEMANDA


É a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) na modalidade “sob demanda”, como alternativa para
homens cisgêneros e pessoas trans designadas como sexo masculino ao nascer que não estejam
em uso de hormônios à base de estradiol e que tenham uma frequência menor de relações
sexuais, nos seguintes termos:
Ÿ Tenham habitualmente relação sexual com frequência menor do que 2 (duas) vezes por
semana;
Ÿ Consigam planejar quando a relação sexual ocorrerá e/ou possam antecipar (ou retardar) a
relação sexual, para permitir o uso da dose inicial recomendada entre 2 a 24 horas antes da
relação sexual;
Ÿ Para indivíduos desses grupos que tenham práticas sexuais mais frequentes, segue sendo
recomendado o uso de PrEP oral diária.
O esquema de PrEP sob demanda não deve ser prescrito nos seguintes casos:
Ÿ Para qualquer pessoa que não seja homem cisgênero ou pessoa trans designada como sexo
masculino ao nascer;
Ÿ Para pessoas do grupo elegível que estejam em uso de hormônios à base de estradiol;

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Ÿ Para pessoas do grupo elegível que tenham dificuldade em compreender ou gerir o regime
posológico 2+1+1, uma vez que pode ser mais complexo que o de uso diário;
Ÿ Utilizando a associação de tenofovir alafenamida + entricitabina (TAF/FTC), uma vez que o uso
dessa associação no regime posológico 2+1+1 não foi estudado até o momento. Essa associação
de antirretrovirais atualmente não se encontra disponível no SUS.
Para usuários com infecção crônica por Hepatite B sem indicação de tratamento específico, há
um baixo risco de reativação inflamatória hepática grave (hepatite fulminante) com o uso e
interrupção da PrEP, seja ela diária ou sob demanda. Dessa forma, recomenda-se uma avaliação
individual entre o risco de se infectar pelo HIV e o benefício do uso da PrEP, visto que a chance de
ocorrer hepatite fulminante é considerada baixa.
Nos casos em que se considera indicada a PrEP, recomenda-se preferencialmente a PrEP oral
diária, pela possibilidade de indução de resistência do vírus da Hepatite B ao tenofovir com uso
intermitente do mesmo. Também, reitera-se a importância de avaliar a indicação de tratamento
para Hepatite B quando se aventa a possibilidade de interrupção de PrEP, com monitoração de
uma possível reativação do HBV e crises hepáticas. Por fim, é de suma importância a orientação
aos usuários de PrEP com infecção crônica para Hepatite B sobre esses riscos, para ciência no caso
de uma interrupção por conta própria e também para que possa sinalizar ou recorrer aos serviços
em caso de sintomas sugestivos de reativação da hepatite (2, 3).

Posologia e esquema de PrEP sob demanda.


Considerando os resultados dos estudos clínicos conduzidos, os usuários elegíveis para uso de
PrEP sob demanda devem ser orientados a tomar os comprimidos da seguinte forma:
Dose inicial de 2 (dois) comprimidos de 2 a 24 horas antes da relação sexual.
+ 1 (um) comprimido 24 horas após a dose inicial de dois comprimidos.
+ 1 (um) comprimido 24 horas após a segunda dose.

Resumo com as informações sobre dose inicial, doses subsequentes e interrupção da PrEP oral
com segurança.

Dose Inicial da Doses subsequentes Interrupção segura


População
PrEP oral da PrEP oral da PrEP oral
Homens cisgêneros Tomar 2 (dois) Tomar 1 (um) Tomar 1 (um)
e pessoas trans comprimidos (de 2 comprimido 24h comprimido por
designadas como a 24h) antes da após dose inicial e dia por 2 (dois) dias,
sexo masculino ao relação sexual. mais 1 (um) após a úl ma
nascer que: comprimido 24h prá ca sexual.
a) Tenham exposição após a segunda
sexual, E b) Que não dose.
estejam em uso de
hormônios à base
de estradiol.

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Dose Inicial da Doses subsequentes Interrupção segura
População
PrEP oral da PrEP oral da PrEP oral
Mulheres cis, Tomar 2 (dois) Tomar 1 (um) Tomar 1 (um)
pessoas trans comprimidos no comprimido por dia. comprimido por
designadas como primeiro dia, dia por 2 (dois) dias,
sexo feminino ao seguidos de 1 após a úl ma
nascer, ou homens comprimido por dia prá ca sexual.
cisgêneros e pessoas até completar 7
trans designadas dias, antes do
como sexo masculino potencial exposição.
ao nascer que façam
uso de hormônios à
base de estradiol.
Fonte: Traduzido e adaptado do documento técnico de atualização do guia PrEP OMS (2).

CONSULTAS DE RETORNO:
Após o primeiro retorno (em 15 ou 30 dias), as demais consultas de retorno devem ser
realizadas a cada três meses para acompanhamento clínico e laboratorial. Durante o seguimento é
importante avaliar a ocorrência de infecção aguda pelo HIV, orientando o usuário quanto aos
principais sinais e sintomas. Na suspeita, deve-se discutir o caso com o médico avaliando a
interrupção da PrEP e realização da carga viral HIV.

NO PRIMEIRO RETORNO:
Ÿ Avaliação dos exames. Encaminhamento dos susceptíveis para vacinação de hepatites A e B;
Encaminhamento dos eventuais casos positivos para serviços de tratamento de hepatite B
e/ou C;
Ÿ Avaliação da adesão, dos efeitos adversos e de exposições de risco;
Ÿ Reforço da prevenção combinada e gerenciamento de risco;
Ÿ Realização do teste rápido para HIV (caso este retorno ocorra em pelo menos 30 dias do teste
realizado anteriormente);
Ÿ Avaliação da interrupção da PrEP.
Ÿ Prescrição de antirretrovirais.

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Quadro 6. Seguimento clínico e laboratorial de pessoas em uso de PrEP

Seguimento de PrEP

Avaliações Periodicidade

Avaliação de sinais e sintomas de infecção aguda Trimestral (toda consulta de PrEP)

Peso do paciente (em quilogramas) Trimestral

Avaliação de eventos adversos a PrEP Trimestral

Avaliação de adesão Trimestral

Avaliação de exposições de risco Trimestral

Avaliação de outras ISTs Trimestral

Dispensação de ARV após prescrição(a) Trimestral(a)

Avaliação da con nuidade de PrEP Trimestral

Exames Método Periodicidade


Teste para HIV Teste rápido para HIV, u lizando Trimestral (toda consulta de
amostra de sangue total, soro ou PrEP)
plasma
Teste para sífilis Teste treponêmico de sífilis (ex. Trimestral
teste rápido ou ELISA) ou não
treponêmico (ex. VDRL ou RPR
ou Trust)
Iden ficação de outras IST (clamídia Pesquisa em urina ou secreção Semestral (ou mais frequente em
e gonococo) genital (u lizar metodologia caso de sintomatologia)
disponível na rede. Ex.: biologia
molecular)

Teste para hepa te B(b), em caso Pesquisa de HBsAg (ex. TR) e A depender da soroconversão da
de não soroconversão da vacina An -HBs(b) vacina para HBV
Teste para hepa te C Pesquisa de An -HCV (ex. TR) Trimestral

Monitoramento da função Clearance de crea nina; Trimestral


renal(c),(d) Dosagem de ureia e crea nina
sérica;
Avaliação de proteinúiria
(amostra isolada de urina).

Monitoramento da função Enzimas hepá cas (AST/ ALT) Trimestral


hepá ca
Trimestral
Teste de gravidez
(ou quando necessário)
Fonte: DIAHV/SVS/MS, PCDT PrEP 2019.

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Notas:
(a) 1ª dispensação para 30 dias, 2ª dispensação para 60 ou 90 dias e então trimestralmente.
(b) Nos pacientes vacinados para HBV, avaliar a soroconversão (Anti-HBs) na consulta de
retorno. Após a soroconversão, não há necessidade de repetir os exames para hepatite B.
(c) Caso a pessoa apresente algum fator de risco para doença renal, como hipertensão arterial
ou diabetes mellitus, outros exames devem ser solicitados para avaliação da função renal, tais
como urinálise para avalição de proteinúiria.
(d) O aumento de creatinina sérica não é razão para suspensão de tratamento, desde que o
ClCr≥60mL/min.

PREP NA CONCEPÇÃO, GESTAÇÃO E ALEITAMENTO


Mulheres HIV negativas podem se beneficiar do uso da PrEP de forma segura ao longo da
gravidez e amamentação, para se proteger e proteger ao bebê (PCDT PrEP). A PrEP pode ser
interrompida (à critério da usuária), após a detecção de gravidez. Recomenda-se que o parceiro se
mantenha em TARV e com carga viral indetectável durante o planejamento reprodutivo. Consultar
o PCDT de Transmissão Vertical para mais informações*.

SOROCONVERSÃO EM USO DE PREP


O usuário com suspeita de soroconversão para o HIV deve ser encaminhado a um serviço de
referência, realizar exames de carga viral e genotipagem e, após a coleta desses exames, iniciar
TARV o mais brevemente possível, mesmo que de maneira preventiva, até a confirmação
diagnóstica e de acordo com o esquema recomendado no “PCDT para Manejo da Infecção pelo HIV
em Adultos”

IV - DAS RECOMENDAÇÕES DO ESTADO E DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO PARA AS IST


Sendo a Atenção Básica a porta de entrada no SUS, no atendimento inicial às pessoas com
queixas de IST é necessário que o enfermeiro siga os protocolos de atendimento do Ministério da
Saúde, do Estado e do Município de São Paulo. (PCDT-IST, 2019; SES, 2016; SES, 2017; SMS, 2018).
As ações de controle das IST na Rede de Atenção Básica que envolvem o enfermeiro são:
Ÿ Diagnóstico e tratamento das IST para população geral;
Ÿ Oferta e realização de testagem para HIV, HBV, HCV e sífilis para pessoas com IST, gestantes e
seus parceiros e pessoas vivendo com tuberculose;
Ÿ Testagem para HIV, HBV, HCV e sífilis para população geral;
Ÿ Dispensação de insumos de prevenção;
Ÿ Acompanhamento das crianças diagnosticadas com sífilis congênita; entre outras.

___________________________________
* Disponível em http://www.aids.gov.br/pcdt

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As principais queixas nas manifestações sintomáticas das IST e seus fluxogramas para o
manejo, são:

Ÿ Corrimento uretral;
(https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/Linha%20de%20Cuidados%20-
%20ISTsAids_%20Finalizada(1).pdf) pag. 70.
Ÿ Úlceras genitais;
(https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/Linha%20de%20Cuidados%20-
%20ISTsAids_%20Finalizada(1).pdf) pag. 74.
Ÿ Corrimentos vaginais;
(https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/Linha%20de%20Cuidados%20-
%20ISTsAids_%20Finalizada(1).pdf) pag. 77.
Ÿ Desconforto e dor pélvica
(https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/Linha%20de%20Cuidados%20-
%20ISTsAids_%20Finalizada(1).pdf) pag. 81.
Ÿ Verrugas genitais
(https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/Linha%20de%20Cuidados%20-
%20ISTsAids_%20Finalizada(1).pdf) pag. 84.

O manejo de IST sintomáticas é preconizado com uso de fluxogramas, que podem utilizar testes
laboratoriais, se disponíveis.
Para o diagnóstico da sífilis, considera-se o Quadro 7 abaixo:

Quadro 7 - Diagnóstico da Sífilis, segundo a fase clínica e resultado de testes treponêmico e não
treponêmico

Resultado do Teste
Tipo de lesão Resultado do Teste
Fase clínica não treponêmico
mais frequente treponêmico
(VDRL)
Sífilis Recente
Sífilis primária Ulceração ou erosão Pode ser reagente ou Pode ser reagente ou
não reagente não reagente
Sífilis secundária Manchas eritematosas, Reagente Reagente
roséolas, pápulas eritematosa-
escamosas (si lides papulosas),
pápulas hipertróficas,
condilomas planos, alopecias,
placas mucosas
Sífilis latente precoce Assintomá co - até 1 ano de Reagente Reagente
infecção

Secretaria Municipal da Saúde Página 14


Resultado do Teste
Tipo de lesão Resultado do Teste
Fase clínica não treponêmico
mais frequente treponêmico
(VDRL)
Sífilis Tardia
Sífilis latente tardia Assintomá co - mais de 1 ano Reagente (pode Reagente
de infecção apresentar tulos
baixos)
Sífilis terciária Lesão de órgão alvo Reagente (pode Reagente
apresentar tulos
baixos)
Sífilis latente com Assintomá co Reagente (pode Reagente
duração apresentar tulos
Indeterminada* baixos)
Nota: *A grande maioria das gestantes diagnosticadas com sífilis é assintomática (fase latente ou indeterminada.

Para o tratamento da sífilis adquirida no adulto a droga de escolha é sempre a Penicilina G


benzatina* conforme descrito nos Quadro 8 e 9, para não gestantes e gestantes,
respectivamente.

Quadro 8 Esquemas terapêuticos para sífilis adquirida em adultos não gestantes e seguimento
ambulatorial pós-tratamento

Sífilis primária, secundária e latente recente (até 1 ano do contato)

Esquema terapêu co Esquema alterna vo Seguimento

Doxiciclina 100mg, Se tratado com penicilina: teste não treponêmico (VDRL) a


VO, 12/12 horas, por cada 3 meses no primeiro ano e a cada 6 meses no
Penicilina G benza na 15 dias segundo ano.
2,4 milhões de UI, IM,
OU Se tratado com outra medicação: teste não treponêmico
dose única (1,2 milhão
(VDRL) a cada 60 dias e avaliar a necessidade de retratamento
de UI em cada glúteo) Ce riaxone 1g, IV ou se houver elevação de tulos em duas diluições em relação ao
IM, 1vez/dia, por 8 a úl mo exame, p.ex. de 1:16 para 1:64 (provável de falha
10 dias terapêu ca)

Sífilis latente tardia (mais de 1 ano do contato) ou latente com duração ignorada ou sífilis terciária

Esquema terapêu co Esquema alterna vo Seguimento

Doxiciclina 100mg, Se tratado com penicilina: teste não treponêmico (VDRL) a


Penicilina G benza na VO, 12/12 horas, por cada 3 meses no primeiro ano e a cada 6 meses no
2,4 milhões de UI, IM, 30 dias segundo ano.
semanal, sendo 1,2
milhão de UI em cada OU Se tratado com outra medicação: teste não treponêmico (VDRL)
glúteo, por 3 semanas. a cada 60 dias e avaliar a necessidade de retratamento se
Ce riaxone 1g, IV ou IM, houver elevação de tulos em duas diluições em relação ao
Dose total: 7,2 milhões
1vez/dia, por 8 a 10 úl mo exame, p.ex. de 1:16 para 1:64 (provável de falha
UI dias terapêu ca)
Fonte: São Paulo, Secretaria Municipal da Saúde, Coordenadoria de IST/Aids, Coordenadoria de Vigilância em
Saúde, Coordenadoria de Atenção Básica. Protocolo de prevenção da transmissão vertical da sífilis e da sífilis
congênita. São Paulo, 2021.
___________________________________
* Disponível em: https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/Linha%20de%20Cuidados%20-%
20ISTsAids_%20Finalizada(1).pdf, pag. 91.

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Quadro 9. Esquemas terapêuticos para sífilis em gestante e seguimento ambulatorial pós-
tratamento

Sífilis Primária, Secundária e Latente Recente

Esquema terapêu co Seguimento

Penicilina G benza na 2,4 milhões de UI, IM, semanal, sendo 1,2 Seguimento mensal com testes não
milhão de UI em cada glúteo, por 2 semanas. Dose total: 4,8 treponêmico (VDRL)
milhões UI

Sífilis latente tardia (mais de 1 ano do contato) ou latente com duração ignorada ou sífilis terciária

Esquema terapêu co Seguimento

Penicilina G benza na 2,4 milhões de UI, IM, semanal, sendo 1,2 Seguimento mensal com testes não
milhão de UI em cada glúteo, por 3 semanas. Dose total: 7,2 treponêmico (VDRL)
milhões UI

Fonte: São Paulo, Secretaria Municipal da Saúde, Coordenadoria de IST/Aids, Coordenadoria de Vigilância em
Saúde, Coordenadoria de Atenção Básica. Protocolo de prevenção da transmissão vertical da sífilis e da sífilis
congênita. São Paulo, 2021.

Secretaria Municipal da Saúde Página 16


Fluxo para gestante com suspeita de alergia/anafilaxia a Penicilina Benzatina

GESTANTES COM TESTE POSITIVO


PARA SÍFILIS

SIM NÃO

RELATO E
OU SUSPEITA
DE ALERGIAS
INICIAR AVALIAÇÃO DE RISCO PARA
PENICILINA (questionário)

RISCO PARA TRATAR COM


NÃO
ANAFILAXIA PENICILINA

SIM

APLICAR A 1ª DOSE
E RETORNAR
ENCAMINHAR A GESTANTE PARA A GESTANTE PARA A
O SERVIÇO DE REFERÊNCIA - UBS DE ORIGEM –
PARA REALIZAR O TESTE DE PARA APLICAÇÃO
SENSIBILIDADE À PENICILINA DA 2ª E 3ª DOSE DE
PENICILINA
AGENDA REGULADA SIGA
CÓD 020239005 TESTE
INTRADÉRMICO A PENICILINA

NÃO

CONFIRMADO
DIAGNÓSTICO
DE ALERGIA A
RETORNAR A GESTANTE
PENICILINA
PARA UBS DE ORIGEM PARA
AGENDAMENTO DA
SIM DESSENSIBILIZAÇÃO

Secretaria Municipal da Saúde Página 17


Fluxo para gestante com suspeita de alergia à Penicilina Benzatina
Atendimento na UBS

GESTANTE COM TESTE RÁPIDO


POSITIVO PARA SÍFILIS

CONFIRMADO
DIAGNÓSTICO
SIM DE ALERGIA A NÃO
PENICILINA

AGENDAMENTO DA
SEGUIR TRATAMENTO -
DESSENSIBILIZAÇÃO NO
AGENDAR
SERVIÇO DE REFERÊNCIA
APLICAÇÃO DA 2ª E 3ª
(VER COM Interlocução Técnica
DOSE DE PENICILINA
da Saúde da Mulher-CRS)

• Agendar o TESTE de sensibilidade via agenda regulada SIGA no serviço de referência.


• Orientar a gestante para levar a Ficha de Avaliação de Risco para sensibilidade à
penicilina e Ficha de Referência e Contra Referência.
• Orientar para o NÃO USO de medicações antialérgicas nos dias que antecedem ao teste
de sensibilidade.
• Acompanhar seguimento dos atendimentos realizados e transcrever as anotações em
prontuário e cartão do pré-natal, garantindo registros do tratamento realizado.
• Orientar continuidade do tratamento e agendar a aplicação das doses (2ª e 3ª)
restantes.
• Realizar busca ativa para resgatar as gestantes que não retornou com a Ficha da Contra
Referência, principalmente quando iniciado o tratamento.
• Agendar DESSENSIBILIZAÇÃO no Serviço de referência para o território e orientar à
gestante para levar as Fichas de Avaliação e Referência/contra referência.
• Monitorara o seguimento e registrar os atendimentos realizados, junto ao prontuário
da usuária, para controle e segurança.

Secretaria Municipal da Saúde Página 18


Questionário de Avaliação de Risco de Anafilaxia

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MANEJO DE REAÇÕES ALÉRGICAS NA UNIDADE DE SAÚDE

Reação alérgica é uma resposta exagerada do sistema imunológico após exposição a um


alérgeno, com sensibilização prévia em indivíduos predispostos geneticamente.

As reações alérgicas podem se dividir em:


Ÿ Tardia: ocorrem em qualquer período após 1 hora da dose inicial do medicamento, mesmo
vários dias depois de ter iniciado e o tratamento é a retirada da medicação suspeita e
encaminhar para avaliação médica;
Ÿ Imediata: poucos minutos na primeira hora após a última administração do medicamento
(muitas vezes na 1ª administração de um novo curso de tratamento);
Sintomas: Broncoespasmo, Diarreia e Vomito, Coriza e espirros, Rash cutâneo, Urticária,
Angioedema (Lábios, olhos e glote), Hipotensão, Anafilaxia.

Anafilaxia:
Ÿ Reação alérgica aguda grave (5 a 30 minutos);
Ÿ Início súbito e evolução rápida;
Ÿ Diagnóstico é clínico;
Ÿ Potencialmente fatal, se o tratamento não for instituído de forma imediata.

Critérios diagnóstico:
I - Início súbito de sintomas envolvendo pele, mucosas ou ambos e mais um dos seguintes:
Ÿ Acometimento de vias respiratórias; Hipotensão ou disfunção orgânica.

II - Dois ou mais dos seguintes:


Ÿ Envolvimento de pele/mucosas;
Ÿ Acometimento de vias respiratórias;
Ÿ Hipotensão ou sintomas de hipotensão;
Ÿ Sintomas gastrointestinais persistentes.

III - Hipotensão após exposição a um alérgeno conhecido do paciente.


Ÿ Tratamento:

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Agente Dose e via de administração Observações

Checar A (Vias aéreas), B Manter MMII elevados.


Sinais Vitais (respiração), C (Circulação) e Não permi r que o paciente se levante ou
M (mente sensório) deite subitamente.

Administrar imediatamente e repe r se


Adrenalina 1:1000 Adultos e adolescentes: 0,5 ml,
necessário a cada 5-15 minutos.
1mg/ml IM, vasto lateral da coxa
Monitorar frequência cardíaca.

Aplicar imediatamente Adrenalina 1:1000 (1mg/ml), 0,5ml, IM, Vasto Lateral da coxa

2 Manter saturação de O2
Oxigênio (O ) Cânula Nasal ou Mascara
Se a Sat < 95% avaliar nova dose de
adrenalina.

No município de São Paulo a dosagem mínima em gestantes é de 4.800.000ui.

ENCAMINHAR O PACIENTE PARA SERVIÇO DE URGÊNCIA/EMERGÊNCIA APÓS INSTITUIR O


TRATAMENTO.

Antialérgicos e corticoides NÃO substituem a adrenalina.


O uso de pré-medicação não previne reações anafiláticas.

Aos serviços de saúde, para providências.


São Paulo, 26 de janeiro de 2023.
AT Enfermagem/Coordenadoria de Atenção Básica/SMS.G
AT Saúde da Mulher/Coordenadoria de Atenção Básica/SMS.G
Coordenadoria de IST/AIDS/SMS.G

Secretaria Municipal da Saúde Página 21


BIBLIOGRAFIA:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle
das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas para Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de Risco à Infecção pelo HIV. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 52
p. : il. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2017/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-
profilaxia-pre-exposicao-prep-de-risco.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle
das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas para Profilaxia Pós-Exposição (PEP) de Risco à Infecção pelo HIV, IST e Hepatites Virais. Brasília:
Ministério da Saúde, 2018. 98p. : il. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-
diretrizes-terapeuticas-para-profilaxia-pos-exposicao-pep-de-risco.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e
Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas
com Infecções Sexualmente Transmissíveis. - Brasília: Ministério da Saúde, 2020. 248 p. Disponível em:
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle
das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 412 p. : il. Disponível
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SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saúde. Centro de Controle de Doenças. Programa Estadual de DST/Aids. Centro
de Referência e Treinamento DST/AIDS. Diretrizes para implementação da Rede de Cuidados em IST/HIV/Aids -
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SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saúde. Centro de Controle de Doenças. Programa Estadual de DST/Aids. Centro
de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP. Guia de bolso para o manejo de sífilis em gestante e sífilis congênita. 2a
Edição. São Paulo: Secretaria de Estado da Saúde; 2016. Disponível em:
http://www.saude.sp.gov.br/resources/cr t/publicacoes/publicacoes-download/guiadebolsodasifilis-
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SÃO PAULO. Secretaria Municipal da Saúde. Programa Municipal de DST/Aids. Linha de Cuidados em IST/Aids. 1ª.
edição, São Paulo: Secretaria Municipal da Saúde. 2018. 166p. Disponível em:
h t t p s : // w w w. p r e f e i t u r a . s p . g o v. b r/c i d a d e /s e c r e t a r i a s /u p l o a d / L i n h a % 2 0 d e % 2 0 C u i d a d o s % 2 0 -
%20ISTsAids_%20Finalizada(1).pdf.
São Paulo, Secretaria Municipal da Saúde, Coordenadoria de IST/Aids, Coordenadoria de Vigilância em Saúde,
Coordenadoria de Atenção Básica. Protocolo de prevenção da transmissão vertical da sífilis e da sífilis congênita. São
Paulo, 2021. Disponível em:
https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/Protocolo%20TV%20s%C3%ADfilis%20e%20SC_SMS
_revis%C3%A3o_23jul-site.pdf.

Secretaria Executiva
Atenção Básica
SEABEVS Especialidades e
Vigilância em Saúde

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