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DIREITO DO TRABALHO
E NOVAS TECNOLOGIAS
IMPACTO DA REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA NAS RELAÇÕES
DE TRABALHO E NOVA RACIONALIDADE JURÍDICA
Londrina/PR
2021
Dados Internacionais de Catalogação na
Publicação (CIP)
PEDRO PRONIEVICZ
Advogado. Graduado em Direito pela Universidade do Norte do Paraná
em 2018. Especialista em Direito Material e Direito Processual do Trabalho
na Perspectiva da Práxis Judicial, nível de Pós-Graduação Lato Sensu,
ministrado pela Escola da Associação dos Magistrados do Trabalho do
Paraná, em 2020. E-mail: pedropronievicz@hotmail.com
APRESENTAÇÃO
ORGANIZADORES ...................................................................................................7
AUTORES ......................................................................................................................9
APRESENTAÇÃO .....................................................................................................13
PREFÁCIO ..................................................................................................................15
CAPÍTULO 1
Luiz Gustavo Ribeiro Augusto
INTERPRETAÇÃO EVOLUTIVA DO DIREITO CONSTITUCIONAL
DO TRABALHO E SUA APLICAÇÃO NO ÂMBITO DA 4ª REVOLUÇÃO
INDUSTRIAL .............................................................................................................23
Introdução .................................................................................................................23
1 A Produção sob demanda e a economia de plataforma..................................25
2 A Tutela trabalhista para além da relação de emprego ....................................27
3 A Interpretação evolutiva da Carta da República .............................................30
Conclusão ..................................................................................................................35
Referências .................................................................................................................37
CAPÍTULO 2
Camila Salgueiro da Purificação Marques
Miriam Olivia Knopik Ferraz
Parcelli Dionizio Moreira
SOCIEDADE DO CANSAÇO NA ERA DIGITAL E O DIREITO À
DESCONEXÃO NA PANDEMIA COVID19 ....................................................39
Introdução .....................................................................................................................40
1 “Sociedade do cansaço” de Byung-Chul Han...................................................41
2 O direito à desconexão em teoria no Brasil e Espanha...................................45
3 O direito à desconexão em análise comparada de decisões judiciais no Brasil
e Espanha...................................................................................................................51
Conclusão ..................................................................................................................55
Referências .................................................................................................................56
CAPÍTULO 3
Mauro Vasni Paroski
O TRABALHO SOB DEMANDA ATRAVÉS DE PLATAFORMAS
DIGITAIS.....................................................................................................................59
Introdução .................................................................................................................59
1 Subordinação jurídica ...........................................................................................60
1.1 Conceito clássico..............................................................................................60
1.2 Reinterpretação da subordinação jurídica ....................................................61
1.2.1 Subordinação estrutural.............................................................................61
1.2.2 A parassubordinação..................................................................................63
1.2.3 O trabalhador autônomo economicamente dependente......................65
2 Revolução tecnológica ..........................................................................................66
3 Atividade desenvolvida através de plataformas digitais...................................67
4 Ausência de regulamentação do trabalho sob demanda por meio de
aplicativos...................................................................................................................73
5 Decisões Judiciais ..................................................................................................75
6 Projetos de lei.........................................................................................................77
Conclusão ..................................................................................................................78
Referências .................................................................................................................79
CAPÍTULO 4
Mariana Mrosk Teixeira
Mariana Salles Andrade
A NECESSÁRIA ADEQUAÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO À
LGPD E O SISTEMA DE COMPLIANCE TRABALHISTA ..........................83
Introdução .................................................................................................................83
1 Dados pessoais sensíveis ......................................................................................84
2 Proteção de dados anteriormente à edição da Lei Geral de Proteção de
Dados..........................................................................................................................86
3 Aplicação da LGPD nas relações de trabalho ..................................................88
4 Compliance trabalhista .............................................................................................89
5 Adequação das empresas de acordo com a LGPD..........................................91
6 Momentos contratuais de aplicação da LGPD.................................................93
7 Obrigações e responsabilidades previstas pela LGPD ....................................94
Conclusão ..................................................................................................................95
Referências .................................................................................................................96
CAPÍTULO 5
Márcia Denise Brochard de Carvalho
LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS E AS RELAÇÕES DE
TRABALHO ................................................................................................................99
Introdução .................................................................................................................99
1 Marco Civil da Internet, Lei 12.965 de 23/04/2014 .................................... 100
2 A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e as relações de trabalho ..... 101
3 Criação da ANPD .............................................................................................. 108
4 O uso de dados da empresa por parte dos colaboradores ........................... 109
5 Sanções previstas na LGPD ............................................................................. 113
Conclusão ............................................................................................................... 114
Referências .............................................................................................................. 115
CAPÍTULO 6
Camila Stabach Mendes
STARTUPS NO DIREITO DO TRABALHO: INFLUÊNCIAS E
REPERCUSSÕES .................................................................................................... 117
Introdução .............................................................................................................. 117
1 Quarta Revolução Industrial............................................................................. 118
2 Startups ................................................................................................................ 121
3 Desafios do direito do trabalho frente as inovações trazidas pelas Startups..124
4 A influência das Startups no futuro do direito do trabalho ......................... 127
Conclusão ............................................................................................................... 130
Referências .............................................................................................................. 131
CAPÍTULO 7
Paula Gouvêa Carneiro Favoreto
TELETRABALHO: UM BREVE ESTUDO COMPARADO ENTRE AS
LEGISLAÇÕES BRASILEIRA E PORTUGUESA ......................................... 135
Introdução .............................................................................................................. 135
1 Princípios do Direito do Trabalho................................................................... 136
1.1 Princípio da Proteção (Norma Mais Favorável; In Dubio Pro Operario) 136
1.2 Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos.............................................. 137
1.3 Princípio da Continuidade da Relação de Emprego ............................... 137
1.4 Princípio da Primazia da Realidade ............................................................ 138
1.5 Princípio da Razoabilidade .......................................................................... 138
1.6 Princípio da Boa-Fé ...................................................................................... 139
2 Teletrabalho ......................................................................................................... 139
2.1 A Reforma Trabalhista e o Teletrabalho ................................................... 142
2.2 O Teletrabalho em Portugal ........................................................................ 143
3 Comparação entre as legislações brasileira e portuguesa ............................. 143
4 Omissões da legislação brasileira ..................................................................... 149
Conclusão ............................................................................................................... 152
Referências .............................................................................................................. 153
CAPÍTULO 8
Karina Giselli Pimenta Jorge
A CHECAGEM DA VIDA PREGRESSA DO CANDIDATO À
OPORTUNIDADE DE TRABALHO ANALISADA SOB A ÓTICA DA
NOVA LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS – LEI Nº 13.709/2018..155
Introdução .............................................................................................................. 155
1 Em que consiste a checagem de antecedentes / vida pregressa do
candidato?................................................................................................................156
2 A proteção de dados no ordenamento jurídico brasileiro até o advento da lei
nº 13.709/2018 (LGPD) ...................................................................................... 158
3 Verificação de antecedentes/ vida pregressa em processos seletivos após o
advento da lei geral de proteção de dados – LGPD ........................................ 164
Conclusão ............................................................................................................... 172
Referências .............................................................................................................. 173
CAPÍTULO 9
Laís Klein Ribeiro
Nicole Isabele Oliveira Bezerra
Pedro Pronievicz
A POSSIBILIDADE DO USO DO MANDADO DE INJUNÇÃO A FIM DE
SANAR A AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO PARA OS DIREITOS
SOCIAIS DOS TRABALHADORES DE APLICATIVO .............................. 177
Agradecimentos ..................................................................................................... 178
Introdução .............................................................................................................. 178
1 O mandado de injunção e sua função no sistema jurídico brasileiro ......... 178
2 Os direitos sociais ao trabalho e seus titulares............................................... 181
3 A falta de norma regulamentadora para os trabalhadores de aplicativo e os
seus prejuízos à sociedade .................................................................................... 187
Conclusão ............................................................................................................... 192
Referências .............................................................................................................. 193
CAPÍTULO 1
Interpretação evolutiva do direito
constitucional do trabalho e sua
aplicação no âmbito da 4ª revolução
industrial
INTRODUÇÃO
2. SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2018. p.17-20.
• ANA PAULA SEFRIN SALADINI 23
• LOURIVAL BARÃO MARQUES FILHO
3. MANYKA, James Manyka; CHUI, Michael. “Digital Era Brings Hyperscale Challenges”, The
Financial Times, 13 ago.2014.
24 DIREITO DO TRABALHO E NOVAS TECNOLOGIAS
Impacto da revolução tecnológica nas relações de trabalho e nova racionalidade jurídica
4. ABILIO, Luciana Costek. Uberização do trabalho: subsunção real da viração. Passa Palavra, São
Paulo, 19 fev. 2017. Disponível em: <http://passapalavra.info/2017/02/110685>. Acesso
em: 06 fev.2020.
• ANA PAULA SEFRIN SALADINI 25
• LOURIVAL BARÃO MARQUES FILHO
7. OLEA, Manuel Alonso. Introdução ao Direito do Trabalho. Ed. Sulina, 1969, p.177.
8. FERRARI, Francisco de. Derecho del Trabajo. Buenos Aires: Depalma, 1968, v.1, p.239.
9. REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 19.ed. São Paulo: Saraiva, 1991, p.277.
• ANA PAULA SEFRIN SALADINI 27
• LOURIVAL BARÃO MARQUES FILHO
13. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 25.ed. São Paulo: Saraiva, 2010,
p. 357.
14. MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional. São Paulo:
Atlas, 2002, p. 128.
• ANA PAULA SEFRIN SALADINI 29
• LOURIVAL BARÃO MARQUES FILHO
15. NUNES, Luiz António Rizzato. O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana: doutrina e
jurisprudência. São Paulo: Saraiva, 2002, p.51.
16. NOVELINO, Alexandre. Direito Constitucional. 2.ed. São Paulo: Método, 2008, p. 203.
30 DIREITO DO TRABALHO E NOVAS TECNOLOGIAS
Impacto da revolução tecnológica nas relações de trabalho e nova racionalidade jurídica
17. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. 25.ed. São Paulo:
Saraiva, 2010, p. 286.
18. ZAGREBELSKY, Gustavo. Diritto Constituzzionale: Il sistema delle fonti del Diritto. V.I. Torino:
Unione Tipografico- Editrice Torinese, 1998, p. 81.
• ANA PAULA SEFRIN SALADINI 31
• LOURIVAL BARÃO MARQUES FILHO
19. MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo
Gonet. Curso de Direito Constitucional. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 230.
32 DIREITO DO TRABALHO E NOVAS TECNOLOGIAS
Impacto da revolução tecnológica nas relações de trabalho e nova racionalidade jurídica
se por ter força normativa e, ao lado das regras, são conceituados como
normas jurídicas.
Mais ainda, os princípios, cuja ambiência natural é a Constituição, são
normas jurídicas com um grau máximo de juridicidade. Como adverte Paulo
Bonavides, “violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma
norma qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um
específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos” 20
Reforçando essa conclusão, uma norma constitucional (princípio)
deve ser aplicada independentemente da sistematização do ordenamento
por meio de uma regra de direito.
Nesse sentido, para Cármem Lúcia Antunes Rocha, os princípios
constitucionais, como valores supremos encontrados na sociedade, são a
raiz e a meta de todo o sistema constitucional, o que os transforma em
institutos jurídico-normativos de eficácia plena, inseridos na Carta Magna.21
Dessa forma, interpretar referido artigo constitucional de modo a
estender a todos os demais trabalhadores seus direitos é dar máxima eficácia
ao valor social do trabalho.
Como reflexo de todo esse contexto, as novas formas de se trabalhar,
tão caracterizadas pela velocidade, fluidez e alterabilidade, devem se
submeter a tal núcleo duro protetivo, em especial as limitações de jornada,
garantia de salário mínimo e irredutibilidade salarial.
Ressalto, ainda sobre o tema, que o objetivo não é aplicar a
integralidade da CLT aos obreiros independentes da indústria 4.0, mas sim
interpretar a previsão a respeito dos direitos mínimos dos trabalhadores,
previstos na Carta Maior, de forma harmônica com os princípios do valor
social do trabalho e da existência digna, visando a atingir os inseridos na
lógica produtiva do atual estágio de desenvolvimento industrial.
É a efetivação, portanto, dos valores protegidos sob a óptica da
unidade da constituição, como preleciona Jorge Miranda:
A Constituição deve ser tomada, a qualquer instante,
como um todo, na busca de uma unidade e harmonia de
sentido. O apelo ao elemento sistemático consiste em
procurar recíprocas implicações de preceitos e princípios
em que aqueles fins se traduzem em situá-los e defini-los
na sua inter-relacionação e em tentar, assim, chegar a uma
idônea síntese globalizante, credível e dotada de energia
normativa.22
20. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros, 1997, p. 279.
21. ROCHA, Carmem Lúcia Antunes. Princípios constitucionais da administração pública. Belo
Horizonte: Del Rey, 1994, p.21.
22. MIRANDA, Jorge Miranda. Manual de direito constitucional. Coimbra: Coimbra Ed., 1983. v.2, p.
228.
• ANA PAULA SEFRIN SALADINI 33
• LOURIVAL BARÃO MARQUES FILHO
Nota-se, dessarte, que a Carta Maior deve ser lida de forma global e
harmoniosa com seus objetivos.
Portanto, se a República Federativa do Brasil tem como seu
fundamento o valor social do trabalho, a ordem econômica está fundada
na valorização do trabalho humano e visa a assegurar a todos existência
digna e a ordem social tem como base o primado do trabalho qualquer
leitura reducionista da previsão constitucional sobre as garantias mínimas
do trabalhadores, e aqui friso, a Carta usa a expressão trabalhadores, sem
qualquer tipo de restrição a uma categoria, implica agressão a todo o sistema
adotado a partir de 1988.
Arremata-se, assim, pela necessária reinterpretação do Direito
Constitucional do Trabalho preservando-se seu caráter protetivo e
amoldando-se à chamada “gig economy” de modo que, concomitante
a assegurar um patamar mínimo protetivo, não engesse a repaginação
tecnológica em curso.
CONCLUSÃO
23. CAMINO, Carmen. Direito Individual do Trabalho. 4.ed. Porto Alegre: Síntese, 2004, p.82.
• ANA PAULA SEFRIN SALADINI 35
• LOURIVAL BARÃO MARQUES FILHO
REFERÊNCIAS
24. SUPIOT, Alian. E se refundarmos a legislação trabalhista? Jornal Le Monde Diplomatique Brasil.
Disponível em https://diplomatique.org.br/reforma-trabalhista-na-franca-e-serefundarmos-
a-legislacao/ acesso em 07.fev.2020.
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Impacto da revolução tecnológica nas relações de trabalho e nova racionalidade jurídica