2S 2 — — - A PERDA DA DIVERSIDADE — CAUSAS E CONSEQUENCIAS Paut R, Eun Professor de Ciéncias Biolgieas, Uni Stank tingio muito freqiientemente focalizam os destinos das espécies mais procmi nentes que esto em perigo, , em muitos casos, na superexploragio deliberada jeita por seres humanos como causa desse perigo. Assim, os rinocerontes t paraa produgio de adagas cerimoniais usadas nos ritos de puberdade do Oriente Médic P 5 \ preocupagio com esse perigo direto,é vilida e tem sido politicament. importante, uma vez que a simpatia piblica é conquistada mais facilmente pela condigao de animais peludos, atraentes ou espetaculares. Contudo, chegou 0 ana, mas a destruigio de habitats que resulta da expansio das + Muitos desses anismos, menos atraentes ou espetaculares, que o Home sapiens As pessoas precisam$ / BIODIVERSIDAD de plantas e insetos mais do que precisam de leopardos e baleias (sem se que fer com isso menosprezar o valor dos dois iltimos) ismos supriram a humanidade com a base da civilizagio em fo ma de plantagées, animais domésticos, uma grande variedade de produtos industriais ¢ muito pstante, a razio antropocén ‘emédios importantes, Ni trica mais importante para se preservar a diversidade é o papel que os micro! ganismos, as plantas ¢ os animais desempenham no fornecimento de servigos livres a0 ecossistema, sem os quais a sociedade, em sua forma atual, no po deria durar (Ehrlich e Ehrlich, 1981; Holdren e Ehrlich, 1974 * A perda de populagéies geneticamente distintas dentro de espécies &, no mo: mento, pelo menos tio importante quanto o problema da espécie. Uma vez que a espécie seja reduzida a um resto, sua capacidade de reneficiar a humanidade diminui bastante, ¢ sua extingio total, em um futurc proximo, torna-se muito mais provavel. No momento em que se reconhece anismo est em pe jeralmente ja é tarde demais A extrapolagdo das tendéncias atuais na redugdo da diversidade implica um desfecho para a civilizagdo dentro dos proximos 100 anos, algo comparivel a um inverno nuclea + Interromper a perda da diversidade sera extremamente dificil, A tradicional causa de fatores como crescimento descontrolado da populagio humana, chuvas je exting3o. A grande maioria esta nesse caminho, porque a humanidade destréi os habitats, fazendo estradas, arando, derrubando florestas, utilizando-os exces ivamente como pastagem, inundando-os, drenando-os ou levar ‘equerem habitats proprios para sobreviver. Assim como as pessoas nai Paracheirodon innesi) nio podem sobreviver em Agua que esteja a uma tempera tura de 40 °F (4,4 °C vez, nio podem ser bactéria que produz a nio. A fim de continu bayensis) precisam de mento das plantas que para os adultos). Bact cous, mariquitas-papc flava) © divas de oute madura para passaren de-patas-negras (Must cies-da-pradaria™ (Gy ssa dependéncia dos (Ehrlich, 1986) ¢ as tendéncias hodierr mente na floresta tro menos metade de toc cimento biolégico, C sio das atuais extingé em ecologia; a modif lagdes e espécies and A extensio da dev € mostrada indiretam de produtes de fotos: colocam em moléculs que elas utilizam para manutengio e reprod gia ¢ conhecida como dugdo ¢ de cerca de nica, em torno de 60 § humanidade esta usando como madeira da PPL de terra firme os sistemas terrestres.1a muito alealina, As trutas, por sua vez, nio podem se reproduzir em Agua que seja muito quente ou acida. F bactéria que produz a toxina do tétana nao se reproduz na presenca de oxige as-variegadas (Euphyd bayensis) precisam de areas de prados serpentiformes (para sustentar 0 ¢ mento das plantas que servem de alimento para suas lagartas ¢ fornecer néctar acuraus (Caprimulgus vo De americanas tém que ter uma floresta trop madura para passarem o inverno (ver Terborgh, 1980, por exemplo), Furdes de-patas-negras (Mustela nigripes) necessitam de pradaria que ainda sustente os aes-da-pradaria”™ (Cynomys ludovicianus), dos quais aqueles se alimentam. dos (Ehrlich, 1986) & que faz com que os ecologistas tenham certeza de que as tendéncias hodiernas de destruigio de hibitats e modificagoes — espec mente na floresta tropical de alta diversidade (onde acredita-se que viva pelo menos metade de todas as espécies) — sio uma receita infalivel de empobre cimento biolégico. Os politicos e cientistas sociais que questionaram a exten. habitat e sua destruigao e a extingso de popu. lagdes ¢ espécies andam de maos dadas. A extensio da devastacio feita pela humanidade no meio ambiente da Terra € mostrada indiretamente por um estudo recente sobre a apropriagio humana de produtos de fotossintese (Vitousek et alii, 1986), A fonte de alimento dos inimais em todos os principais ecossistemas ¢ a energia que as plantas verd: que clas utilizam para seus préprios processos de sobrevivencia — crescimento, manutengio e reprodugao, No jargio dos ecologistas, essa quantidade de en: gia € conhecida como Produgio Primaria Liquida (PPL). Globalmente, essa pro. tugio € de cerca de 225 bilhdes de toneladas métricas anuais de matéria org’ nica, em torno de 60% ficando em terra firme humanidade esta se utilizando diretamente (comendo, alimentando o gado, ando como madeira e como lenha) mais do que 3% da PPL global, e cerca de 4% da PPL de terra firme. Essa é uma estimativa minima do impacto do homem sobre ps sistemas terrestres, Uma vez que o He ;piens 6 apenas uma das (conservado.rada na divisio dos recursos alimentares. Mas, se considerarmos que os seres hu maioria dos animais sio pequenos insetos e tragas), precisando de um milhao de Nio obstante, os seres humanos usam a PPL direta e indiretamente, tam. bém. Assim, se colocarmos na conta dos humanos nao apenas a PPL consumi Ja diretamente, mas também outras categorias como a quantidade de biomas 2 consumida em fogos utilizados para limpar a floresta, as partes de colheitas ue ndo sio consumidas, a PPL de pasto (convertida do habitat natural) nic ‘onsumida pelo gado, e assim por diante, a fatia humana da PPL terrestre chega a impressionantes 30%. E se adicionarmos a isso a PPL perdida quando as pessoas convertem sistemas naturais mais produtivos em sistemas menos produtivos (tais como florestas em fazendas ou pastos, prados em des pintanos em estacionamentos), 6 total poteacial em terra é reduido em 1 © a fatia humana na PPL potencial nio reduzida chega a quase 40%. Nao ha como se considerar razoivel o uso de quase dois quintos do alimento terrestre tendéncias futuras. A maioria dos demégrafos prognosticam que o Homo sap dobraré sua populagio no préximo século, Isso implica uma crenga de que nossa 7 4 jue enxergam os impactos destrutivos do nivel atual de ativida de humana. Os otimistas que acham que a populagao humana pode dobrar di ‘to que sio insuficientes. As pessoas utilizam-se de cerca de sendo-se des 2% da PPL do mar, ¢ as possibilidades de se dobrar essa produgio sio muito pequenas. A razio bisica € que para que haja uma colheita eficiente no mar é necessiria a exploracio concentrada de recursos — cardumes de peixes ¢ inve bbrados maiores. As pessoas no podem fazer uma colheita eficiente de grande sarte da PPL que fica em minisculos fitoplinctons (as plantas verdes do mar) ou que a humanidade jt termos sustentaveis Essa disereping cocednica se reflete por organismos ta ‘os anima q) seguros. A partealt de destruicio det cstuirios, Essa situa aumentar — uma} O exterminio d impacto na socieday as plantas, animais cstao assim, dirta ‘es naa) danca climitica ef Holdren, uma mu morte porinanigt privaas pessoas mac ‘agua doce; mais ai pode levar a queb cexterminio dos init pesticida) pode ten ¢ freqiientemente pessoas e que tem Esses exemplo que 0s organismo: penham papéis et Quando uma pop! do ecossistema so mo ainda existire nl) na bacia qu morto por uma perigo de extinggricola, Come hn tes de inse igos de control lef truir a fertilidade que ja forneceu ing asa no C antes de 2020, A destruigio de florestas A destruigio dos inse ragio de pestes. A extingio dos or do solo, Os ecossistemas naturais ontaveis beneficios as ss abeto Engelmann (Picea engemaioria dos casos, varias populagées geneticamente diversas sio neces rias para assegurar a persisténcia de uma espécie diante das inevitaveis mudancas ambientais que ocorrem naturalmente. A existéncia de muitas populagdes dis es desfavoraveis em um ow alguns habitats nao ameagam toda a espécie. E a presenga de variagao genética abundante den. tro da espécie esta diminuindo rapidamente em grande parte da superficie do s Ja Terra — uma perda nio anunciada de um dos recursos mais vitais da humanidade, Esse recurso é em grande parte insubstitu vel. Junto com combustiveis fasseis, solos ricos, agua de nascente e depésito minerais, a diversidade genética é parte da heranca de capital que o He esti desperdigando rapidamente © que acontecera entao, se a atual dizimagio de diversi prganica conti nuar? As colheitas das plantagdes serio mais dificeis de se manter em razio de fatores como mudanga climatica, erosio do solo, perda de reservatorios de _guros, declinio de polinizadores ¢ ataques cada vez mais sérios de pestes. A mnversio de terra produtiva cm terra devastada se acclerara; os desertos con. tinuaro em sua inexorivel expansio, A poluiggo do ar aumentard © os climas heneficios econdmicos diretos, que talvez tenha retirado da colegio genética bem estocada que a Terra teve um dia, Pode ser, por exemplo, que nio consiga um tipo de cura para 6 cincer; mas isso far’ pouca diferenga. A medida qu servigos dos ecossistemas comecarem a faltar, a mortalidade de doengas epidé micas e respiratorias, os desastres naturais e especialmente a fome diminuirio a a um ponto no qual o cincer (basicamente uma doenga de gente mais velha) nao sera mais importante. A humanidade trara para si mesma onseqiiéncias tristemente parecidas com as de um inverno nuclear (Ehrlich, 984), Tirando-se a hipstese de um conflito nuclear, parece que a civilizagzo lgum tempo antes do fim do préximo século — nao com.uma explosio, mas com uma lamtiria vitar tal desenlace seri, no minimo, muito dificil; talvez seja mesmo im- possivel. Os habitats da Terra esto sendo levados 3 morte, ¢ os seres humanos tém grande dificuldade em perceber e reagir 4s mudangas que ocorrem em uma escala de décadas, Nossos sistemas nervosos se desenv crises de rival, a apa dda historia levar aree nada ou qt se desenvo las madam diversidad camente, | Seah espalhados Em grand miticas pc 1985). Ar tomnadas de toxinas sendo dbv que por a evitada, N seu capita pode-se a des humar atuais. R fica que oF Embor abundinci 08 que fe acreditar « ney, 1983 feitos mellcrises de curto prazo — a perda em potencial de uma companheira para un al, a aparic2o repentina de um urso na entrada da caverna. Em grande parte da histéria evoluciondria humana nao houve razio para a sclecio natural nos levar a reconhecer mais facilmente tendéncias graduais, uma vez que nao havia nada ou quase nada que pudesse ser feito a respeito delas. A linhagem humana se desenvolveu em resposta as mudangas nos ecossistemas em que nossos ances trais viveram, porém os individuos nao poderiam reagir adaptativamente aque s mudangas, que geralmente aconteciam vagarosamente, O esgotamento da diversidade orginica e a destrui¢ao em potencial da civilizagao pode ser, iron: Se a humanidade deseja evitar se tornar de novo uma espécie de grupo: espalhados que praticam agricultura de subsisténcia, passos dramaticos sera necessirios; eles podem ser apenas esbogados aqui. Estabelecer rescrvas nos ecossistemas que ainda nao foram muito perturbados nao seré mais suficiente Em grande parte do planeta essas areas sio escassas demais, e as mudangas cli maticas podem fazer com que fique impossivel manté-las (Peters e Darling 1985). Areas que jé foram muito modificadas pela atividade humana tém que ser tornadas mais hospitaleiras para outros organismos; por exemplo, o lancamento sigGes cidas) tem que ser reprimido ndo dbvio que, sea escalada das atividacles humanas continuar a crescer, mesmc te por algumnas poucas décadas, a extingio da biota da Terra ndo poders ser evitada, Na verdade, uma vez que © Homo sapiens ests vivendo basicamente de cu capital herdado, © no futuro dependera cada vez. mais dle sua renda (PPL), e-se argumentar que o tamanho da populago humana ea escala das ativida des humanas terdo que ser gradativamente reduzidos para niveis inferiores aos atuais. Reduzir essa escala s xtremamente dificil, uma vez que sig fica que os impactos ambiemtais dos ricos tém que ser restringidos de tal Embora as melhoras nas tecnologias usadas para sustentar a vida humana ¢ a abundincia possam evidentemente ajudar a melhorat o problema da crise de extingdo, e, ainda que de maneira limitada, tecnologias possam substituir serv acreditar que a resposta esta na tecnologia (ver, por exemplo, Ehrlich e Moo. ney, 1983). Na minha opinigo, apenas um esforco intensivo para que sejam eitos melhoramentos ¢ substituigées, combinaclos com uma revolugdo de atitu des em relago a outros povos, ao crescimento populacional, 4 raz3o da vidahumana e aos valores intrinsecos da diversidade orginica pode ser capaz de Sant Hoje em dia, os dados a respeito das taxas e da diregao da perda de biodive acle continuam esparsos ¢ incertos. Como resultado disso, as estimativas dk Wilson no capitulo 1, por até mi s diferentes a respeito do eventual impacto que se dara com a diminuigio da biodiversidade. Alguns aspect safios So explorados nos cinco capitulos seguintes, englobaclos nesta segio, e se refl tem através deste livr. Referéncias Bibliogrdficas Fanuc, A. H. 1988, Ni A forecast of the climatic and biological effects of nce Fast, PR. 1986, The Machiney of Neer, N Simon and Schuster, 320 pp Fumi, P.R.eA.H.E Cuts anl Consequences ofthe Disp nc A. Mooney 1983. Extinction, substitution, and ecosystem servi He P.R. Ext 1974. Human population and che global environment. Am. S