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A INTELIGÊNCIA

 
Por meio dos sentidos se desenvolve a inteligência (o sexto sentido ou "sentido interior", chamado Buddhi
na terminologia indica) que corresponde ao centro do Pentagrama, ou seja a consciência individual e a
faculdade de perceber e reproduzir interiormente os objetos da sensação. Com sua Inteligência, e segundo
o desenvolvimento da mesma, o homem chega a conhecer mais ou menos intimamente todas aquelas
coisas que por meio dos mesmos sentidos se lhe revelam.
Os hindus fazem corresponder a cada órgão da sensação ou sentido exterior uma análoga faculdade ou
sentido interior, por meio do qual se efetua a percepção correspondente. Portanto nossa mente pode
representar-se por uma estrela de cinco pontas que indicam seus cinco sentidos, enquanto ao centro
permanece a consciência com sua tríplice faculdade de reconhecer as percepções, reconhecer-se a si
mesma e reconhecer as relações entre todas estas coisas.
Esta faculdade é a da inteligência em seus diferentes graus de desenvolvimento, que caracterizam um
diferente grau de elevação ou evolução sobre o reino animal.
Primeiro existe a simples faculdade de perceber por meio dos sentidos, as coisas exteriores formando-se
um "reflexo" interior que reproduz a sensação como percepção. Várias percepções que se referem a um
mesmo objeto se condensam em um local, ou seja na recepção interior das mesmas como unidade, que
origina a memória. Estes dois primeiros estados se produzem no homem igual que nos animais.
Vem depois a faculdade de emitir conceitos concretos, reunindo-se ou sintetizando-se numa só imagem
interior vários locais da mesma natureza, ou que tem algo em comum entre eles. Assim, por exemplo,
depois de ver vários cavalos, se forma um único conceito geral do cavalo que não corresponde a nenhum
destes cavalos particulares, senão que os sintetiza e os compreende todos em uma única idéia; o mesmo
pode dizer-se de todas outras coisas. Esta faculdade é própria do homem e tem sua expressão natural no
linguajar articulado que manifesta as idéias e que se diferencia portanto do linguajar não articulado dos
animais que expressa unicamente as impressões.
O mesmo linguajar mostra o desenvolvimento desta faculdade nas diferentes raças. Assim, por exemplo, o
fato de alguns povos tenham uma palavra para designar a vaca branca, outra para a vaca negra e outra
para a vaca de cor, sem ter uma só palavra genérica para designar a vaca, mostra que lhes falta a idéia ou
conceito geral de "vaca". Os povos intelectualmente mais evoluídos o são também e sobre tudo na
faculdade de expressar em seus idiomas conceitos e idéias gerais, em preferência dos conceitos e idéias
particulares, considerados como aspectos daqueles. Isto explica também a natural prioridade do politeísmo
sobre o monoteísmo, toda vez que a imaginação predomine sobre a reflexão e a razão, e como aquele
sempre prevalece entre as massas populares, de uma forma ou de outra, e só uma exígua minoria pode
chegar a formar uma idéia mais universal da Divindade como sínteses preantimonica e Unidade
Transcendente e Absoluta do todo existente.
As primeiras duas destas faculdades, a percepção e a memória, são primordialmente subconscientes, em
que constituem a base necessária das faculdades propriamente conscientes. A terceira, a imaginação ou
concepção, constitui o laço de união e ponte, por assim dizer, entre a consciência e a subconsciência: sua
atividade caótica ou semi caótica nos sonhos e no estado de hipnose, nos faz ver com toda claridade até
onde pode chegar, toda vez que não seja regulada pela consciência e dirigida pela razão.
A RAZÃO
 
A Inteligência se desenvolve e evolui com a faculdade de abstrair e generalizar, procedendo
constantemente do particular para o geral, da visão concreta a percepção abstrata, do símbolo a realidade
que nesta se revela, do domínio da forma ao da essência, e do fenômeno a sua causa, ou seja do Ocidente
ao Oriente simbólico.
Assim chegamos ao quarto e quinto graus que representam a evolução do poder intelectivo, caracterizados
respectivamente pela capacidade de conceber idéias gerais e abstratas. Por exemplo, da idéia particular do
cavalo e das outras idéias relativas a seres semelhantes, evoluciona a idéia geral de "animal",e desta, a sua
vez, a idéia abstrata da "vida", comum a todos os seres manifestados, sem aplicar-se particularmente a
nenhum deles.
Com esta faculdade de comparação e abstração, se acompanha a de formar juízos das coisas, ou seja, a
razão que diferencia a inteligência humana da inteligência puramente instintiva dos animais.
Razão (do latim ratio) é uma palavra que tem originariamente vários sentidos, sendo entre eles fundamental
o de "divisão, parte ou medida" que implica exatidão e precisão, aplicando-se por extensão àquela
faculdade da inteligência por meio da qual apreciamos devidamente as coisas e julgamos retamente delas e
de suas recíprocas relações.
 
 

De acordo com a simbologia maçônica, a Razão vem a ser o esquadro ou norma que se une a "faculdade
compreensiva" da Inteligência, representada pelo compasso. A união perfeita destes dois instrumentos ou
faculdades conduz ao homem a Verdade, representada pela letra G que em união com a estrela, se
encontra entre o esquadro e o compasso.
A lógica é o caminho que nos conduz a essa Verdade, enquanto, por meio do silogismo ou união dos dois
discursos ou juízos, sacando dos mesmos uma determinada conclusão, forma aquela cadeia ou
concatenação inteligente que, como a cadeia de união de nossos templos, parte do Ocidente simbólico para
conduzir ao Oriente da Realidade, ou seja a uma perfeita compreensão dos Princípios que governam as
coisas visíveis.
 
A INTUIÇÃO
 
Sem dúvida, o poder da Inteligência e da Razão se acham constantemente relacionados com o
desenvolvimento da faculdade de abstração, sendo seus limites individuais os mesmos limites alcançados
no indivíduo por essa faculdade.
A aritmética e a geometria, sobre as quais o Companheiro há de exercitar-se com o auxilio da lógica, se
referem principalmente a disciplina das idéias abstratas e universais, só por meio das quais podemos
chegar ao relacionamento da Verdade que forma a meta de nossas aspirações filosóficas.
Neste caminho e mediante seu exercício chegamos a um ponto no qual os instrumentos ordinários da
Inteligência cessa de servir-nos. Aqui muitos se desorientam, e vendo inúteis os meios de que se serviram
proveitosamente para alcançar este estado se retiram decepcionados, na crença de que não é possível
prosseguir adiante.
Efetivamente, todas as regras usadas até agora se confundem as línguas em certo ponto da construção da
Torre de Babel, de acordo com a lenda bíblica, já que é certo que nenhuma medida humana pode alcançar
e medir o infinito. Assim, se considera este limite, marcado pela mesma Aritmética e a Geometria, como o
non plus ultra do conhecimento humano, e se põe aqui as barreiras entre o conhecível e o incognoscível.
Porém onde não chega a razão alcança o poder da Inteligência, a faculdade destinada no homem a formar
a mística escada que une a Terra com o Céu. uma nova faculdade tem que manifestar-se e desenvolver-se
aqui, constituindo o sexto grau na evolução da Inteligência: a faculdade da intuição.Enquanto todos os
esforços cumpridos até agora procedem de baixo para cima, a Intuição vem de cima para baixo, como uma
nova luz ou compreensão sintética e imediata, que conduz a superar os limites fixados por Hércules da
Inteligência Racional: discernindo esta Luz pode assim lograr e estabelecer-se no sexto grau da mística
escada, adquirindo uma nova consciência da realidade de si mesmo e de todas as coisas.
Em outras palavras, o poente simbólico entre a Geometria e a Gnoses, significadas pela letra G, pode e
deve franquear-se por meio do Gênio individual, que nos guia neste caminho, e que Dante em seu poema
imortalizou como Beatriz, ou seja a intuição da Realidade Supra-sensível e por onde beatífica, que guia ao
homem aonde cessa o poder da Razão simbolizado por Virgílio, uma vez que temos chegados com esta ao
extremo limite que a Inteligência Racional pode alcançar.

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