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“Pelo Sonho é que vamos,


comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
 
Basta a fé no que temos,
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e do que é do dia-a-dia.
 
Chegamos? Não chegamos?
– Partimos. Vamos. Somos.”
Sebastião da Gama

Trabalho de pare: “Poemário- Dá-nos a conhecer o teu poema”

1ª tarefa: atribuir um título ao teu poema;


2ª tarefa: leitura expressiva do poema: organiza a leitura do poema (leitura
dramatizada, sequenciada, dialogada…);
3ª Fala do teu poema (tema/ assunto/ sujeito poético…);
4ª Indica um recurso expressivo e explica-o;
5ª Faz a análise formal do teu poema (nº de versos/estrofes,
rimas, sílabas métricas…).
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Sei um ninho
e o ninho tem um ovo;
e o ovo, redondinho,
tem lá dentro um passarinho novo.

Mas escusas de me tentar:


nem o tiro nem o ensino;
quero ser um bom menino,
e guardar
este segredo comigo,
e ter depois um amigo
que faça o pino
a voar.
Miguel Torga

Trabalho de pare: “Poemário- Dá-nos a conhecer o teu poema”

1ª tarefa: atribuir um título ao teu poema;


2ª tarefa: leitura expressiva do poema: organiza a leitura do poema (leitura
dramatizada, sequenciada, dialogada…);
3ª Fala do teu poema (tema/ assunto/ sujeito poético…);
4ª Indica um recurso expressivo e explica-o;
5ª Faz a análise formal do teu poema (nº de versos/estrofes,
rimas, sílabas métricas…).
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Eu quero amar, amar perdidamente!


Amar só por amar: Aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...


Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:


É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

de ser pó, cinza e nada


Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
Florbela Espanca

Trabalho de pare: “Poemário- Dá-nos a conhecer o teu poema”

1ª tarefa: atribuir um título ao teu poema;


2ª tarefa: leitura expressiva do poema: organiza a leitura do poema (leitura
dramatizada, sequenciada, dialogada…);
3ª Fala do teu poema (tema/ assunto/ sujeito poético…);
4ª Indica um recurso expressivo e explica-o;
5ª Faz a análise formal do teu poema (nº de versos/estrofes,
rimas, sílabas métricas…).
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Os meus olhos são uns olhos.


E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não veem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.


De tudo o mesmo se diz.
Onde uns veem luto e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas


onde passa tanta gente,
uns veem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,


querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.


Vê gigantes? São gigantes.
António Gedeão

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4ª Indica um recurso expressivo e explica-o;
5ª Faz a análise formal do teu poema (nº de versos/estrofes,
rimas, sílabas métricas…).
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É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras


ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,


multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz


impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Eugénio de Andrade

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5ª Faz a análise formal do teu poema (nº de versos/estrofes,
rimas, sílabas métricas…).
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“A língua que falas e escreves


É uma árvore de sons
Que tem nos ramos as letras,
Nas folhas os acentos
E nos frutos o sentido de cada coisa que dizes.

A língua cresceu com o país,


que se alongou até ao sul
e depois chegou às ilhas,
vencendo os tormentos do mar.
O país ganhou a forma
de uma língua de terra
capaz de usar palavras
como ‘lonjura’ e ‘saudade’.

É uma língua que se veste


de baiana no Brasil,
ganhando feitiços de som
em Angola e Moçambique
e novos significados
lá para as bandas de Timor.”

José Jorge Letria

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3ª Fala do teu poema (tema/ assunto/ sujeito poético…);
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rimas, sílabas métricas…).
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Era uma vez, lá na Judeia, um rei.


Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.


Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.

Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
Miguel Torga

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3ª Fala do teu poema (tema/ assunto/ sujeito poético…);
4ª Indica um recurso expressivo e explica-o;
5ª Faz a análise formal do teu poema (nº de versos/estrofes,
rimas, sílabas métricas…).
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Eu conheço dois meninos


que em tudo são diferentes.
Se um diz: “Dói-me o nariz!”
o outro diz: “Ai, meus dentes!”

Se um quer brincar em casa,


o outro foge para o monte;
e se este a casa regressa,
já o outro foi para a fonte.
 
É difícil conviver
com tanta contradição.
Quando um diz: “Oh, que calor! “,
“Que frio!” – diz o irmão.
 
Mas quando a noitinha chega
com suas doces passadas,
pedem à mãe que lhes conte
histórias de Bruxas e Fadas.
 
E quando o sono esvoaça
por sobre o dia acabado,
dizem “Boa noite, mãe!”
e adormecem lado a lado.
Maria Alberta Menéres

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3ª Fala do teu poema (tema/ assunto/ sujeito poético…);
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5ª Faz a análise formal do teu poema (nº de versos/estrofes,
rimas, sílabas métricas…).
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Velho, velho, velho


Chegou o Inverno.

Vem de sobretudo,
Vem de cachecol,
O chão onde passa
Parece um lençol.

Esqueceu as luvas
Perto do fogão:
Quando as procurou,
Roubara-as um cão.

Com medo do frio


Encosta-se a nós:
Dai-lhe café quente
Senão perde a voz.

Velho, velho, velho.


Chegou o Inverno.
Eugénio de Andrade

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3ª Fala do teu poema (tema/ assunto/ sujeito poético…);
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rimas, sílabas métricas…).
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Eu não tinha este rosto de hoje,


Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,


Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,


Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
A minha face?
Cecília Meireles

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3ª Fala do teu poema (tema/ assunto/ sujeito poético…);
4ª Indica um recurso expressivo e explica-o;
5ª Faz a análise formal do teu poema (nº de versos/estrofes,
rimas, sílabas métricas…).
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Havia uma velhinha


que andava aborrecida
pois dava a sua vida
para falar com alguém

E estava sempre em casa


a boa velhinha
resmungando sozinha
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem

O gato que dormia


no canto da cozinha
escutando a velhinha
principiou também

A miar nessa língua


e se ela resmungava
o gatinho acompanhava:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem

Depois veio o cachorro


da casa da vizinha
pato, cabra, galinha
de cá, de lá, de além

E todos aprenderam
a falar noite e dia
naquela melodia
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem

De modo que a velhinha


que muito padecia
por não ter companha
nem falar com ninguém

Ficou toda contente


pois mal abria a boca
tudo lhe respondia:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem
Cecília Meireles

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1ª tarefa: atribuir um título ao teu poema;


2ª tarefa: leitura expressiva do poema: organiza a leitura do poema (leitura
dramatizada, sequenciada, dialogada…);
3ª Fala do teu poema (tema/ assunto/ sujeito poético…);
4ª Indica um recurso expressivo e explica-o;
5ª Faz a análise formal do teu poema (nº de versos/estrofes,
rimas, sílabas métricas…).
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No mais fundo de ti,


eu sei que traí, mãe! Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas
Tudo porque já não sou cresceram,
o retrato adormecido que todo o meu corpo cresceu,
no fundo dos teus olhos! e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se Olha - queres ouvir-me? -,
demora às vezes ainda sou o menino
e noites rumorosas de águas que adormeceu nos teus olhos;
matinais!
ainda aperto contra o coração
Por isso, às vezes, as palavras que rosas tão brancas
te digo como as que tens na moldura;
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz. ainda oiço a tua voz:
"Era uma vez uma princesa
Tudo porque perdi as rosas brancas no meio de um laranjal..."
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura! Mas - tu sabes! - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu...
Se soubesses como ainda amo as
rosas, Eu saí da moldura,
talvez não enchesses as horas de dei às aves os meus olhos a beber.
pesadelos...
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...

Boa noite. Eu vou com as aves!


Eugénio de Andrade

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2ª tarefa: leitura expressiva do poema: organiza a leitura do poema (leitura
dramatizada, sequenciada, dialogada…);
3ª Fala do teu poema (tema/ assunto/ sujeito poético…);
4ª Indica um recurso expressivo e explica-o;
5ª Faz a análise formal do teu poema (nº de versos/estrofes,
rimas, sílabas métricas…).

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