Você está na página 1de 32
Re COR Crea cay NECROBRASILIANA Dalton Paula vif Rosana Paulino Gé Viana Denilson Baniwa Thiago Martins de Melo Ana Lira C Sidney Amaral »)) Zo6zimo Bulbul Jaime Lauriano Rosangela Renno 7 Yhuri Cruz ’ | Tiago Sant’Ana | CK ery) rare 28.08.2022 eet eed DEFENDER OS MORTOS, MOACIR DOS ANJOS © Bas € um pus fandado (ou iaveatado) pet ‘olncia colonial um pis que ty, ners nasa forgem, marcas da voici etema ~ecrviagS0 ~ contr os povos oiginrios das terrae {quo inicio do clo 16, colonizadores portage ‘es tomaram como se fossem sua Em pais Que cxibe, lem dino, maveas da ions gunkmente ‘crema de uma minora europea branca conta os cerca de cinco mils de negros ¢ negra tte dos fonga de lgares diversos da Aca e asin pats sem esraviados no “Mando Nowa que © {ormava al. Volencis que ao long devin 5 los repens, tansmatam-see qerem ai raza, alansanda, com se fone se incite destino, mesmo os descendents dntntes dase les que princi sera 8 dre da eng do Baal E um pais que se isin, portant, anco- ral no racism Sno modo de justia a destin 0 de humana dos mortos edo subjugaor no Processo de constula! sss violencia tualizaan aravés do tempo, prosiam urna dengvale penitent dried ‘2rpernos expagsciversos em que avi via no Brasil Produzram dferenas nas posbilidades que compo divers vio teem aus experiécias conc tas de trabalho ou de aft, de vere com aito- nomia ou 20 conti, de sre ttelados por mas Algucny diferengas que fram sempre foremente Ssncoradas na origem nica ena coe da ple de cada Inabitnte do pais. Dstbuigo de corpos assimé~ tren excidente que a longo do period em que 0 Baul fo coldnia, depois império~ entre os séculos 16 19 - fi fada,como imagem, nas mais diversas sitwagbes(rlgiosa ou profanas oficiais ou priva- clas) e nos mas varados suportes,incluindo pintura, desenho, gravuraefnalment, fotografia A despito de qual tenba sido, em eid cas, 2 rotivagio intima de seus autores ao cris, imagens que, quando consideradas em conjunto, constiuem umn contundente iaventiio da aeupasso cdesigual de lugares pelos corpos que eatdohabita- ‘vam o pats, Imagens produzdas ou concebidas, em ‘sa mor parte, por artistas estangeiros,tazidor para aterm colonizada pelos donos da poder com © intento oficial de registrar ~ por raze polticas ‘ou cientificas ~a natrezae a cultura de wm mundo em formagio. Um mundo que mantinfa tragos de algo que exista antes dos colonizadoreso invadi- rem, inas que jl incorporava radicals transforma es em fingio da prpria presenga dele al. Esas Fepresentagdes da construsio social do Brasil fits por aqueles chamados,usualmente, de “visjantes" ‘constitiem parte importante do que se convencion now chamar de Braiiane ~ coleses de informa _6es visas (por vezesacompanhadas de estos) que Tematizam o Brasil e que de alguna maneira rfl tem sobre sua formaglo, Entre os mais conhecidos dlessesvialntesinchiem-se Albert Eckout, Auguste Schal, Frans Post, Jean-Baptiste Debre, Johan Morite Rugendss, josé Christiano Je, Nicolas- “Antoine Taunay, Theodore de Bry, Thomas Ender e Vietor Frond? ‘ula, ens rn, peas Adea pons fs Fierstein com ume demon oer i ANIMAR OS VIVOS WA — MUSEU PARANAENSE [NECROBRASILIA (Quase sempre, connudo, esas representages filam menos daquilo que € representado (usualmente, palsagens naturis e humanas do mundo {do outro) e mais sobre o olhar daqucles que as produzem. Ou, 20 me~ ‘nos informam tanto da natureza e dos habitants do Brasil quanto dos ‘modo de ver ¢ entender dos colonizadores ewropews.? Em pare tl ambivaléaca se expica pelo elativamente pouco tempo que ox via tes se dispunharn a fcar no pais, a despeito da posigio de observadores protegidos eprivilgiados. Nio podendo, nessa condigio de habitante rovisiro,atumir ou propriamente apreender o ponto de vista daque= Jes que de fat viviam no Brasil erminavam por expor, em seus traba~ Thos (le modo menos ou mais consciente),concetose convengaes de representasio do mundo gridualmenteerados em otras partes, longe ‘aguas temas quase desconheidas E recorent asin que desis vintais de eapéces vegetal nina detpos humanor ede stages Presentajes enti jt conhecias, fits em outasregies menos ot ‘ais tates. Poe fais motivo, singulardades imei cram, com frequen, eaduidas na forma de convengéesasentadas do qu seria contro coloniadoe seu minda* Em conjunto de desenhos, Dalton Paula replica, transformadas, aquarelas feitas por Jean-Baptiste Debret no Rio de Janeiro em torno da década de 1820, nas quais o artista francés descreve trabalhos urbanos exercidos por negros e negras escravizados. Sao duas as principais mudancas que nelas promove: exclui todos os corpos brancos das aquarelas que toma como modelo e substitui os corpos negros que Id havia por imagens de uma cadeira tipica de casas senhoriais da época. Os titulos dos desenhos de Dalton Paula incluem partes dos titulos das aquarelas de Debret a que remetem, embora acrescentando, em seu come¢o, 0 infinitivo do verbo assentar, como a exprimir, no uso dessa palavra, 0 que sua operagdo visual ja declara. Associa seus trabalhos, desde logo, a uma denuncia de abusos e auma demanda por repouso e cuidados. Associa-os, também, a proclamacao do direito de as pessoas escravizadas se assentarem em suas vidas, deixando de serem usadas como instrumento de realizar extenuantes tarefas para vantagem alheia. Finalmente, tomando-se o verbo assentar como aquele que designa oato de realizar assentamentos, é legitimo pensar que esses desenhos querem ser oferecimentos as divindades a que homens e mulheres negros escravizados recorriam para apaziguar suas afligdes e para fortalecerem-se na luta por seu livramento. Oferecimentos que transformam imagens de racismo e subordinagdo em imagens votivas para um futuro no qual exista uma outra distribuicdo de corpos nos espagos em que se partilha a vida. Dahon Pe Luteo strat psa 219 Sing ot Ninn aah papel / Ink on extra opper (ia ee “utr aid i, 339 eben ‘Newnes npn ond err oop Shee ea en nt snk bl 208 ‘Sinatra ‘Nini ala he papel nk ond trapper Caloris Mae vet te dae ew props debe, 29 Seng per ne roy om ey ‘Nong’ ute opel nd afar (Calor aes Fan i [NECROBRASILIANA — MUSEU PARANAENSE Masa dia de que a brasfianarevela mais sobre quem a prod do que sobre aquiloe aqueles questo nelarepresentados se expla, jgualzente, peas limicagbesintrnseeas a quaisquertentativas de fagso do real em imagens, assumam elas a forma de pinturas,gravuras,desenhos ou foto- _grafias, Limitapdes que derivam da impossblidade de sbarcr, a parti de uma posgio singular, os miltiplos elementos consitutivos de uma situa de vida complea,fazenda com que qualquer epresentago do real ej sempre, e necessariamente um recorte de wm todo inapreensi- vel feito a parti de um ponto de vista que exch o combate or demais, Anda que Sempre aspiante a universalidae. Desse modo, se po priti= cas de representaio se entende a cragio de equitalentessensives (a0 «aso, imagens) de una determinada situs de vida, essa equvilncias ‘no se eqiparam jamais com o que se busca representar. Algo sempre nels falta ou dels ecapa, O que fiz com que algumas dessts equiva lenciasintrinsecamentefilhadassejam tomadas por fdedignas de um real inleangivel ,to-somente, 0 poder de sus eriadoresimporem, & todos os demas que com eles partilham um certo tempo e gat devi, seus recortesseletvos como se fossem comuns e natura, Recortes que coum os intereses cas perspectivas dos corpos que ocupam os gates de mando na vida sociale polite, Em trabalhos da série Musa Paradisiaca, Rosana Paulino recolhe e incorpora, em painéis de bordas irregulares feitos de pedacos de tecido, imagens de mulheres negras feitas no Brasil por fot6grafos europeus na segunda metade do século 19. Fotografias em grande parte realizadas pelo francés Auguste Stahl por solicitacao do naturalista suico-americano Louis Agassiz, que, em investigagdes conduzidas no pais, propunha-se a comparar as anatomias de corpos brancos e racializados e atestar, por crengas e procedimentos cientificistas a época vigentes, a suposta “superioridade” dos primeiros. Em suas construgées, a artista aproxima e ata, através da pratica da costura, pedagos de pano com impressées de fotografias vindas desse arquivo e outros mais que estampam imagens de espécies vegetais e de ossos de animais comuns no pais. Acentua, por procedimento de aproximacao de coisas distintas, a redugao dessas mulheres - fotografadas sem anotacao de nome, endereco ou ocupacdo especifica - atipos exemplares de espécimes, como 6 tipico de classificagdes racistas. Ajunta ainda, a tais conjuntos de impressées costuradas com linha grossa e aparente - sutura de partes soltas que deixa cicatrizes avista -, outros tecidos que reproduzem imagens de azulejos pintados na tradicao decorativa que é prépria de Portugal, implicando o pais colonizador nesse processo de apagamento de vidas. Na série Atualizagées traumaticas de Debret, Gé Viana revisita um conjunto de aquarelas criadas pelo artista francés durante sua estada no Brasil e alteraos modos como corpos negros s&o ali figurados, redistribuindo as posigGes que ocupam em cenas que seriam proprias da vida no Rio de Janeiro em inicios do século 19. Se, em aquarela de Jean-Baptiste Debret, homens e mulheres negros escravizados se colocam de pé junto 4a mesa em que senhores brancos comem - sempre a postos para servi-los -, Gé Viana refaz a imagem assentando os primeiros nas cadeiras de comer. Em outro trabalho, transforma a cena de acoite publico de um homem negro em imagem de celebracdo religiosa e festiva. Em um terceiro, altera a representacao de trabalho forcado que movimenta moenda de cana-de-acuicar em composicao que exibe a produgdo de enormes cogumelos coloridos. E 0 que era descri¢do visual de violéncia contra trabalhadores escravizados em sapataria se torna, em uma quarta releitura da obra de Debret, cena de loja de ervas em que um grupo de pessoas negras trabalha pacificamente. Sao atualizacées de descrig6es da violéncia colonial no Brasil que imaginam o quao diferente poderia ter sido a vida daqueles homens e mulheres negros retratados ali. E 0 quao diferente, portanto, pode ser a vida de seus descendentes no pais de agora. Sao trabalhos que imaginam, em meio ao sofrimento e a dor, a cura como projeto. AA brasliana ~ ese grande e heterogéneo arquivo de imagens feito pelos artistas visjantes ~ pode ser vista, assim, como um arquivo de equivaéncias sensves do Brasil entre os sécuos 16 ¢ 19 feitas a partir de wma dlesigualdistribuigio, ns espagos fsicos e simblicos do pus dos corpos de colonizadoreseealosizados, de ‘corpos brancos ndo-brancos de corpos que mandacn € de corpos mandados. Pode ser entendida, portanto, ‘como o resultado ce um conjunto de pritiasartist- ‘ae que conteem para dlimitar aqui que, n0 Bra- sil daquele tempo, possuiavsbilidade sociale poder cexplicativo sobre am mundo que entio se consti. ‘A despeito da variedade dos temas que elegem ¢ las maneiras com que os abordam, estat represents- ies do pas fits pels artista vajantes possuer Carateriticas em comum, a principal dlassendo 0 fato de sugerirem um espago geogrifico © humano hierarguizado em termos socnis eracais. So ima- gens que dewelam, com maior 08 menor claeza, a _radualformayio de um lugar de vida cindido era dicalmente desigual em terms do aceso que corpos brancos e lo-brancos posufam a uma exstnciaau- ‘noma eresguardada Partiglo que nose ampara em ‘qutisquerrezdesnaturaise que, ademais, se proeta © fe anuaiza no tempo por meio de volentor proces fos materiis e simbslicos entelayados,aleangando f marcando também o Brasil atl. Representases ‘que ors promovem a desumanizaio de seus habit tes nativor~ e para isto muito contribu rei Aescrigio dates povos como pratcantes do canibalis- ‘mo ~ ora deverevem os africanos e afrodescendentes tscravizados como homens e malheres acomodados 4 uma posigio subordinada © de subjugagio 20 co- lonzador, com frequéncia minimizando no apenas toda vinci implica no sistema escravcrat, mas 1 continuada resisténcia que aquela populasio ofere- sia a ess desgualdistribuigao de corpos nos lugares dliveros onde a vida entio se dsenroava eNom Op ap tere Sh 8Viam Cate eg, et Asem de Debt, 2023 dna omit foro ag of Diet Ins ig ppl eagle” Die pi semen oe a ain Ait cin ‘ee tna rma dD Marg ott fe Dr ps en eon Reming 9 ee somone Pty of Cae Spee G8 Vins Sonepat, en hast de Dab, 2023 ‘cd rm cas Puna Reig Debt Ins tigi spel des ipa [NECROBRASILIANA — MUSEU PARANAENSE el elie Pris abe igo Poston par Reiman pti 239 par te bn Pog Poy Phin pa Remast Feige optim [eter itt "Goda Exe acne belie oer on da "Gad Epes 6 Oana 1on8a p18 A normalizaso do olhareuropeu sobre as regis invadidase coloniza- as ultapass, port, o préprie periodo em que foi materialzado nes- sss imagens que consieuem a brasilian, informando também a mems- ‘a qu, séculoe depois, commente ve posi daqule periodo no Brasil -Memériaaualzada por meio da repro acritica daquelascenas em livros esolares de historia ¢ em produtos cultura dverss, tis como exposiges, filmes, telenovelas, propagandasslose cartes posts, além de eeremn comumente estampadas em objetosvarados de consumo, de ‘oupas a calendérios, Uma meméria da qual foram apagadas mitas das brutalidades coloniase, de modo ainda mais evidenteslenciada a con- ‘nuda oposgioa essa condi de abuso fsico e mental. Meméria que cexchi or simbols, ideas, imagens, crengas ¢ modos de viver que nia importavam para projeto de dominio europe, impondo-sem se hi- «gr aqueles que sio de interesse do colonizador. Uma memeriasletiv, portanto, que €igualmente um» modo de dominar mesmo apés o témi- ho formal do colonialism como ondem politica, Meméria que integra ‘que o socilogo peruano Anibal Quijano ceta ver chamou de “colo- nialdade caltural’ resultado de um proceso em que “s cultura curopeia psou a ser um modelo cultural univer, informando os mods de penser, de gir ede lembrar dos habitants de colniaseex-colinias® Ea partir desse quadro amplo que se apresentam, nesta exposigio, trabalhos de artistas contemporineos braieiros que, de modo menos ‘ou mais evidente, tomam imagens da braliana como objetos de suas investgagdes somente para inscrevernelas~ ou delisextai ~ signl= fiados que guardam em poténca, Para mostrar como elas promovem, adespeito de que poss aparentar uma histéria narada e imposta pelos colonizadoreseuropeus, a qual sonega ou ameniza abusos gravee ‘cometidos conta povos indigenas e contra homens e mulheres negrot ‘xcravizados no pais. Sio artistas que, a despeito das especifiidades de seus programas eriativos, se debrogam erticamente sobre uma meméria visual comm, naturlizada e quase aaziguadora que se tem de um Brasil distant no tempo. E que, por iso, temminam por declonizar a brailian, pondo a vista a relagaes de poder ede subordinagso extrema ‘que permitiam e orientaram, de modo menos ou mais consciente ou explicit, a feirura daquelas influentesrepresentagdes” Ao confrontar ‘sas palsagense cena a partir de motivapdes diversas, dio evidéncas, ulema, de como uma volentae desgual dstibuiao de corps insti- ‘ida no passa anda persis, transmurtada no pas lity Moria Rabe i nic 129 3 Rees eoo deo roi) «oan yor eta fi Sasso de aaron tenn engrle onien ‘Seat ps pe ed (net) = che peat Shad ote ue ea Pato tren coe doen Scar Aen pinnacles as pr ‘San cnt Bon aan de pe Denilson Baniwa tem formulado maneiras diversas de resistir a exclus6es seculares e de afirmar o direito de os povos indigenas viverem diferente. Entre elas, ha uma série de intervengées graficas e discursivas que faz sobre as ilustragdes de um livro chamado Grandes Expedicées 4 Amazénia Brasileira, publicagado que rene centenas de imagens produzidas por artistas que vieram ao pais integrando expedicdes culturais ou cientificas, a partir do século 16. Livro que retine representagées de tipos humanos, de cenas supostamente vividas e de espécies animais e vegetais encontradas no Brasil desde o comeco de sua colonizagao até o inicio do século passado. As intervengdes do artista, feitas com nanquim, so chamadas por ele de “rasuras”, pois riscam informagées ali existentes e acrescentam outras novas, modificando os significados primeiros daquelas pranchas. Em uma delas, exemplar de um procedimento movido a “deboche e magoa”, acrescenta tracos e frases sobre a reprodugdo de uma pintura que descreve a pregacao de um padre de batina para um grupo de indigenas despidos que se aglomeram em torno dele: tracos que, sobrepostos ao traje do padre, acoplam nele um pénis ereto; ¢ frases, graficamente associadas as figuras dos indigenas, de rejei¢o aquela tentativa de captura de crencas. Interven¢gdes que aproximam pregacdo religiosa de viola¢do de corpos; e catequizacdo, de epistemicidio. a ane NISNEANWAA alae (db mig ‘cipetwinon219 [NECRODRASILIANA — MUSEU PARANAENSE “Taisinestigas ese confronto artsticos permite compreender aque las imagens como parte embora subsidira, da naropalzca que ~ co forme atgumenta o flésfo camaronés Achille Mbembe ~ egulou a colonizasio de tantos povos pari do fnal do século 15, apoiada em mecaniamos ¢tecnologias que submetiam as vides de gropos populs- ‘iomss expeficos so poder destridor a morte. Grupos que, no con- texto de processs de explorago colonia, eram invariavelmente aque- les racializados, aqueles com quem os colonizadoreseuropeus brancos ‘estabeleciam “relagdes de inimizade”eem relagho aos quaisasurniam ‘"ireito de mata” ¢ por se aricularem, em graus variados,a pi ticas de dominio de exterminio de populagdesnelasfguradas (ou elas inexplicavelmenteexpurgadas) que as imagens feitas pelos ar tistas vajantes podem ser melhor destrits, em conjunt, plo terme erobraliona? ‘As operages de revista critica & brsifana elaboradas por esses © ‘outros artistas contribuem, ainda, para expo de uma represntaydo as sbras do Brasil. Una repesentagio que enuncia danos infgidos a parcelas de sa populasao a longo da histria e que quer tomar parte ‘conta aquilo aqueles que nfo io computados nas formas hegemo nics de represent o pas aqui © aqueles considerados apenas como restos em uma contagem parcial eexcladent. Situagdese gents t- sentes ds imagens que supostamente ewocam o passado ou ee do nels includ, io refers de modo depreciatvo e destiuidas de protagonismo, Representagio das sobras que reinventa a meméria que se tem do Brasil e que entra em disput, sem fim certo, com as formas domisantes de lembra ede imagina o pais Que busc, am de eepa rar o que paso, snalizar a invensio de um tempo inchesiv, se hing Marin de Melo Na pintura Invasdo de dem6nios a Pindorama apos Jean de Léry, Jodozinho Trinta, Tuiuti e Mangueira, Thiago Martins de Melo se apropria de imagem gravada no século 16 pelo belga Theodore de Bry a partir de relatos de viagem ao Brasil feitos pelo francés Jean de Léry. Imagem que descreve deménios atormentando homens indigenas e que contribuiu, junto a outras semelhantes, para o processo de desumanizacao dos povos originarios das terras colonizadas pelos europeus. Em ambiente dominado por opressiva cor vermelha, sobrepée, aos personagens inventados por de Bry no passado, imagens que atualizam as violéncias que fundaram o Brasil. Inclui, ainda, referéncias a desfiles de escolas de samba que exibiram, no espaco supostamente destinado a alegria, a temas leves e, com frequéncia, a relatos higienizados do passado, fatos barbaros da historia do Brasil. Na pintura A chegada de Ogum e lans& pos-Eckhout, por sua vez, Thiago Martins de Melo toma como ponto de partida para seu trabalho 0 casal de homeme mulher negros pintado em 1641 em duas telas separadas pelo holandés Albert Eckhout. No lugar das figuras esquematicas originais do diptico de pinturas, nas quais nao ha rastros das violéncias a que pessoas negras eram permanentemente submetidas no pais, Thiago Martins de Melo veste o homem e a mulher com roupas de luta e os arma de fuzil e bazuca, nomeando-os de Ogum e lans@, orixas guerreiros da Umbanda. Ao lado da mulher negra, vé-se, em substituigdo a crianga originalmente pintada na tela de Albert Eckout, um pequeno homem branco segurando nas maos uma foice e um martelo - simbolos histéricos do movimento comunista -, sugerindo uma alianga entre aqueles que sofrem violéncia de raca e aqueles que sofrem violéncia de classe, ndo raro confundidas no Brasil. [NECRODRASILIANA — MUSEU PARANAENSE ge ee Muitas das imagens da brasiliana sao representacées da subordinagdo forcada de corpos racializados no contexto da colonizac&o europeia na porc&o de mundo que se tornou Brasil. Outras, ignoram sua presenca em espacos de sociabilidade no pais. Em um caso e no outro expressam, no campo do sensivel, a negacao do protagonismo de pessoas indigenas negras sobre suas vidas. Como se a elas ndo coubesse a faculdade de enunciar e afirmar desejos e direitos. Sao cenas que traduzem e que ainda agora reforcam, quando circulam sem amparo critico algum, a violéncia colonial que fundou o Brasil. Em Diversas manifestag6es sensoriais, Ana Lira sugere, em fotografias e desenhos articulados no formato de album ou ro, a constituig¢ao de um territorio fisico e afetivo formado, majoritariamente, por mulheres e homens negros. Pessoas que, entre o final do século 20 e 0 inicio do seguinte, imaginaram tecer, em bairro da zona oeste do Recife, um lugar concreto e simbolico para seus corpos que contrariasse a logica excludente desumanizante que por séculos rege 0 pais. Sao fotografias feitas dentro de casas e, também, em pragas e ruas; registros de celebragées familiares e de eventos artisticos; de escuta intima e de movimento coletivo. Alguns poucos documentos escritos indicam ser comunidade que ata politica e cultura no processo de constitui¢do de um territorio que abrigue e celebre a autonomia. Sao aparicées fragmentadas de um futuro imaginado; captura, em imagens da vida comum, de uma contra-brasiliana. ‘Sys inti ed Bri 2014 A var opr Na aquarela Solucdes diplomaticas ou a reeducacao no Brasil, Sidney Amaral retrata asimesmoem situagao de suplicio e, simultaneamente, de altivez perante acondicao aque esté submetido. No meio de uma rua em comunidade pobre, figura-se de pé sobre uma mesa improvisada, tendo suas maos atadas as costas e uma gargalheira ~ instrumento de tortura utilizado no periodo colonial - colocada em seu pesco¢o. As referéncias a violéncias passadas s4o, contudo, embaralhadas com indicios de violéncias do Brasil de agora. Espalhados sobre a mesa e acoplados a gargalheira como se dela fossem parte, uma série de microfones sugere a responsabilidade da midia na continua reconstrugdo de representagées racistas das pessoas negras no pais. Em frente a mesa, além de jornalistas que registram a situacdo, ha personagens que evocam outros poderes, como aigreja, a justica e a policia. Todos acompanhando - no papel de testemunhas do que se passa e corresponsaveis por sua ocorréncia - o que parece ser alegoria de uma opressdo que ja dura séculos no Brasil. As centenas de bolas brancas cheias de ar amarradas ao corpo do homem preso sugerem, contudo, que ele esta prestes a subir, a morrer, a sumir dali. Nao se sabe ao certo se assassinado (possibilidade em que a mesa é também cadafalso) ou como resultado de desesperada resisténcia a uma dor que nao para de sentir (possibilidade em que a mesa se torna altar para uma autoimolacao). Situacao- limite que nao cessa de se repetir no pais. O filme Alma do Otho é dirigido por Zzimo Bulbul, que é também seu Unico ator. Ao longo de pouco mais de dez minutos, o artista encena, diante da camera e sobre um fundo inteiramente branco, uma série de situagdes que sintetizam o lugar destinadoa corpos negros em mais de trés séculos de colonizagao europeiano Brasil. Processo que retirou a forca homens e mulheres de seus lugares de vida em regies diversas da Africa e os transportou para serem escravizados no pais. Embora nao faga referéncia direta a cenas da brasiliana criadas pelos artistas viajantes, o filme evoca, em sucessdio de imagens, a memoria de sofrimento de homens e mulheres negros associada aquelas representagées. Em episédios sequenciados, Zézimo Bulbul traduz, com contidos recursos cénicos e grande invengdo performatica, o espanto, o medo, a tristeza, o padecimento e a agonia de pessoas submetidas ao trabalho forgado e a tortura. Mesmo apés o fim formal da escraviddo - atestam certas cenas - as figuragdes hegeménicas desses corpos continuam associando- 08 aos Unicos lugares que uma sociedade racista Ihes pode reservar: ao exercicio de atividades baseadas somente em habilidades fisicas ou ao destino de miséria e prisdo. Cenas em que homens e mulheres libertos sao representados com as mos ainda atadas as correntes que apresavam seus antepassados escravizados, enfatizando a permanéncia da violéncia colonial para além de seu término protocolar. Correntes que so finalmente rompidas pelo protagonistana sequéncia que encerra 0 filme, na qual seu corpo gradualmente ocupa todo 0 espaco capturado pela camera que o registra, enegrecendo o campo filmado. Do comego ao fim de Alma do Otho, escuta-se Kulu Sé Mama, interpretacdo do saxofonista John Coltrane de misica e poema do percussionista Juno Lewis. Sons e palavras que, tal como 0 filme de Zézimo Bulbul, afirmam o orgulho pela ancestralidade africana e imaginam um futuro comum que esteja a sua altura. IANA —MUS ‘A televincia desasestratégiasartisticas pars o Brasil contemporinca pode ser também sustentada a partir daguilo que Walter Benjamin entendia sera principal atribuiio do historador, estendendo-a agui para estes criadores, Atribuigio que une e enlagainvestigngo ertica do passado e vontade tansformadora no agora Para o filsofoalemio, “[aleticula historicamenteo pastado no significa conhect-Io‘tal como cle de fio fo Signiia apropriar-se de urna recondasio tl como ela Tampeja no momento de um periga”. Momento de perigo que, no Bes, ‘uncapastou para os pov indigenase para os descendentes de negros € gras escravizados, posto que o inimigo de seus antepassados no tem «esa de veneer" Mas significa igualmente despertar em simultineo, “as conte da esperang”contidas naquelalembranga guard. Lembrat os mortos do processo de formacio do Brasil~aqueles que soferam as violéncias de sa eiaghoe que so secularmente exquecidos ¢ llenciados~ seria fungto fundamental do historiador, mas também do tis, parecem argumentar os trabalhos que compaem a necrobrasiia 1a. Fungso que requer tomar de maneira radicalmente critica ameméria ‘comim e asientada sobre o passado do pis, informada por imagens € textos que ignoram ou domesticam aquelas brutalidades, am de ea moter ou diminvir as resistencias impostas a elas. Uma meméria “of cial” que mio € natural ou imutive, mas feita de reminiscéncas que, Aiante da constantereitergio de abisos conta ot “morts”e contra os ‘que dees descendem, podem se atacadasereconstituidas em bases dis tintas, Meméria passive de ser refit, arrancando a tradigo a0 confor mismo que quer spoderarse dela" e permitindo que se imagine, pars ‘um tempo que ainda ver, uma outra dstribuigdo de corpos no Brasil. Emer Bt re a: ame Sto Pak Bese 2012p. 26-248 I 10 Baroni, Wate Sob oan di 1 Bin Wil op 2 Arepresentacao de embates pela posse de territorios na obra de Jaime Lauriano reforca a articulacdo entre a violéncia dessas disputas no periodo colonial e a violéncia com que, no Brasil contemporaneo, sao rechagadas quaisquer tentativas de repactuar o direito a moradia e ao solo produtivo em estrutura fundiaria estabelecida mediante coacéio e saque. Em Ocupacao, palavras e imagens desenhadas sobre mapa antigo do pais reproduzido em tecido vermelho articulam, em ricochete simbdlico, processos e marcos que acentuam e preservam essa particdo desigual de espacos para morar e produzir. Em Trabalho, Jaime Lauriano monta um painel com reprodugées de pinturas, desenhos e gravuras que, concebidas por artistas como Jean-Baptiste Debret e Johan Moritz Rugendas, retratam aspectos variados da vida no Brasil nas primeiras décadas do século 19. Nelas, vé-se 0 quao distintos eram os lugares hierérquicos que corpos brancos, negros e mesticos ocupavam na estrutura social do pais aquela época. Sao imagens que o artista encontrou reproduzidas em tapecarias, calendarios, cédulas de dinheiro, cartées-postais, camisetas, quebra-cabecas, porcelanas e até mesmo em um cesto de lixo - todas descrevendo cenas de trabalho escravo. Em meio a esse perturbador conjunto de representagées, 0 artista insere pequenos cartazes com trechos de depoimentos de pessoas negras que foram, em situagdes diversas, confundidas com servicais de lugares que frequentavam como clientes. Em mais placas, enumera algumas das profissées desempenhadas, majoritariamente, por pessoas negras no Brasil ~ usualmente associadas a baixos salarios e pouco prestigio social -, atestando a continuidade e transformac&o do racismo aberto que embasou a escravidado nas formas mais difusas, porém igualmente danosas e abusivas, do racismo estrutural que permeia as formas de sociabilidade no Brasil contemporaneo. [NECROBRASILIANA — MUSEU PARANAENSE 2» ara ess artistas, as imagen fits pelos visjantes em tempos da colina © do império no Brasil nao podem, portant, ser tomadas como testemunhos supostamente neutros de um processo de contato e contigo entre formas distintas de vida. Devern, a0 contrsio, ser aseunidas como registos indie ds violencia absluta que colonizadores europeus (¢ seus assoiados © com ‘inuadores locas) perpetraram contra povosindigenas e a populagso negra ‘scrsvinada, Em termos benjaminianos esses artistas exibem ou evocam em seu tabatho,aguil que a brasilian de to €: canjunto de documentos da ‘allure, de modo simultineo e inseparivel, da barbirieinagurada com 0 éempreendimento colonial, 2 qual, tasformada, ainda perdura. Escrever a historia no “sentido conte ontrapeo" como demandava oflésofo alemao," se waduz no presente contesto,na decolonizao da brasilina feta Por esis cradores; no despegar-e de interpetagdes desis imagens que no acolham a gravdade extrema de tudo a que els se referem.” E tare que requerconsierara brasiiana de novo, mas a partie do ponto de vista daqe les que aparecem nels como os vencidos, desafando sus inserigio abrandada no cinone da hiséra da arte, Taefa que demanda expor os modos como essascenas trem, para além do que seus evadores eventualmente desejaram ‘mostrr,o cancelamento de posbildades de vida anes disponiveis 10s der rotados eas consequéncas duradoura dessa supresdo violent imposta pelos vvencedore, pos “os que num momento dado dominam sio os hedeiros de todos os que venceram anes", No video Vera Cruz, Rosangela Renno cria registro ficcional baseado no relato escrito de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal sobre a chegada a terra que viria a ser chamada Brasil e de seu encontro com os habitantes nativos do lugar. No trabalho, quase nada é dadoa ver, exceto aimagem em movimento de um suposto e antigo filme riscado, manchado por fungos e em processo de decomposicao avangado. Sons, apenas os do vento e do mar. Mas se de todos sdo subtraidas a imagem e a voz, dos portugueses é transcrita ao menos, como legendas escritas, a sua fala. Nao a fala indistinta, mas aquela dita por personagens que exercem fungdes especificas no agrupamento do qual tomam parte (0 capitdo, o padre, o soldado, o escrivao). Por meio desse artificio, a esses € dado o poder nao so de descrever 0 encontro com 0 outro, mas também o de definir quem Ihes é estranho (0s indigenas) de forma indiferenciada. Se os textos lidos nas legendas permitem ao observador imaginar cenas que Ihes fagam correspondéncia - dessa maneira resgatando, em alguma medida, as imagens que o video sonega -, também as contaminam de uma visdo de mundo que enxerga o diferente como mero desvio de uma presumida normalidade. Valendo-se de pouco mais do que o uso da palavra impressa, Vera Cruz demonstra como também 0 filme - mesmo, e talvez sobretudo, © filme documental, hist6rico, fotografico - pode ser instrumento de afirmacao de hierarquias e de anulacdo, portanto, do direito supostamente equanime de narrara vida de perspectivas diversas. Reforca a ideia de que o texto pode ser, assim como a imagem criada de alguém ou de algo, instrumento de amnésia social. Ronngl Renn fovea a0 Catton ogi shy [NECROBRASILIANA — MUSEU PARANAENSE No Monumento a voz de Anastacia, Yhuri Cruz faz reparagao simbdlica a escrava Anastacia, cuja histéria de sofrimento 6 lembrada, em diversos lugares onde pessoas negras foram escravizadas, como exemplar de dores causadas a muitos pela empresa colonial. Anastacia é usualmente retratada usando uma espécie de mascara de metal - peca que adentra sua boca e é fixada por detrés de sua cabeca com cordas. Instrumento de tortura utilizado por senhores brancos com © objetivo declarado de evitar que pessoas negras escravizadas comessem parte do alimento que produziam com seu esforco. Mas que também quer silenciar a voz dos subjugados e impor o terror como modo de controlar seus corpos. Em seu trabalho, Yhuri Cruz interfere na imagem que mais comumente representa a escrava Anastacia: retira-Ihe a mascara de metal e devolve-Ihe, portanto, 0 direito de exibir 0 rosto e a faculdade da fala. Imagem nova que é reproduzida emoldurada e, também, na forma de ‘santinho’ que traz no verso uma Ora¢ao a Anastacia Livre. Na prece, para ser feita por aqueles que buscam superar sofrimentos e ter existéncias dignas, Anastacia é evocada como mulher liberta dos martirios que the foram impostos e que agora protege e inspira quem pena com a atualizacao contemporanea da violéncia colonial. A palavra vozimpressa em letras grandes sobre a parede reforca a recusa de seus descendentes a se deixarem silenciar novamente. _ISNAVNVVA ASAIN — VNVITISVHBONDAN “Tal projet va alm todavia, da constatgo de danos materia pigcos impotos tants por tpo 0 Tang, afmando também a ineontomel esponsbi Tale de retomare rez em outros termom ages onside nga pelo que se etend por pro- {oso Ao asumizem, paras papel que Walter Benjamin atbuta ao historian eer arts nose popoem, ora meramente deserve o pasado {al como cl teria supostmente coro, prestando~ se sobretuo,a"izer emer as pean n e- lias dese pasado [a inscreverem nosso presente sew aplo por um Ftuo diferente” Apel pla re= Azan dag “gue podia ter sido e que nto fo Como ua ver satetizu, em out contexta, 0 poeta Manucl Bandeira™ ‘Sto artis que explora, al como of it~ toriadora Said Harman em sts estos sobre a servo, “as capaciades do subjunvo (am med igamatcl que expres dvds, desejos possi- dade)" Explor que reuer no contest age desc uma leita catia do aquwo da rasan, condisio primeira pra imaginaro que poderia tet Acontecido de diferente ma vida de pesonsbordina- dase ecravzadas dante tse no Bra Para imagiay articuno de modo novo acontecimentos « gente, o que pdera te sido flo para que aguas ppesoas no hovessem sofa tanto que softer. Eo que pode e deve ser fet agora pata gue 0 50- frimento nao sa anda o que marca vida dos que viram depois Artistas qu reescrever ita para "Shmina a itinidade” da experiencia dos que vive coms vidas dos mortos que permitem que seu re= sente sj “iterompc por ete pasadc™ pars que Sea posivelconcber, dead o campo do sense, tempo out, que diege radcalmente da meni dador isi maqucls imagens 1 Sein a ae Mi Bin di {Etoringe Roe nes get 38 17 on, Sia om nt Em Chr Bar Se {Zp oe vt oe) Pano de eg ree SP Sy ia Spa eno ap “To Suetne ej ip 008 a ey Clin alle age Ss Em trabalhos diversos de sua trajetéria, Tiago Sant’Anna usa o agticar como matéria construtiva ou como lastro simbélico a partir do qual inventa imagens, formas e gestos. Centralidade justificada pelo fato de o cultivo da cana e a produgaio do agticar terem sido o esteio concreto para o estabelecimento da empresa colonial no Brasil, ainda em meados do século 16. Atividades que assumiram papel central na formagdio econdmica do pais e moldaram, desde entdo, as relagdes sociais e formas culturais nele dominantes. No conjunto de fotografias intitulado Refino #5 (pés), é possivel ver, cercados por uma superficie branca e espessa feita de acticar, pés de homens e mulheres negros em movimento. Pés descal¢os que pisam o chao empoeirado da rua ou uma esteira de juta no interior de aposento qualquer. Asimagens parcialmente veladas pela matéria branca sao reprodugdes de aquarelas feitas por Jean-Baptiste Debret - descri¢des sintéticas da assimétrica distribui¢ao de corpos brancos e negros no pais em inicios do século 19, em que aos tltimos cabia 0 trabalho forcado e a dor da sujei¢ao em esferas varias da vida. O destaque dado aos pés negros descalcos em imagens quase totalmente submersas em agticar evoca 0 fato de que nao era permitido, a homens e mulheres escravizados, 0 uso de sapatos para prote¢do dos pés. Auséncia de calgados como indice da violéncia sobre corpos negros que funda o Brasil e faz o pais ser o que 6. impose abe, todavia, quo bem-sucedidas podem vr a ser esas cstatgias de defender os orton e ania os vvoe, Ni exer fa, Gqsisghergarantias de que aquilo que a arte ofeece aja aubecivado Politcamenteeinducoce de algum modo relevant, os movinentos te uma comunidade em un indetrminado far, So, em todo cso, estore naratasqueem um momento de to intense dispar sim Beles como tém sido as primeiras dads do séclo 21, se somam _ temas sug ws mane com aq alec sds “a ‘Sito ail com lena presents mss tarumatam, Pat Ro lembrar que existe uma violEncia colonial contemporines, a qual deve he ser conffontada sem subterfigios por quem a ela se ope, valendo-se, para sto dos instramentos que cada un dispde para fazer ws, ARANAENSE 2% VER COM OS OLHOS LIVRES OU A ARTE DA POLITICA DA ARTE MARIO HELIO GOMES DE LIMA conhesidaosufcente para nfo exgir um comen- trio mais extenso a critica de Bourdiew & analogia sugerida por Schicking entre o campo politico € 0 ‘campo intelectual, A simplificagto anotada pelo s0- cllogo para exemplifca sua discondincia ests bem explicit na fase do seu colegsintlecral: “como ‘politic, a vida da arte consiste em ua lita por simharadesdes ‘Moacir dos Anjos, cursdor da exposigio Navobraviliona, no cai na armadiha de uma sim~ pliicagio referida. Hi viris anos ele ver desenvol- tendo na Fundaglo Joaquim Nabuco um projeto de ‘que esta exposio € um dos exemplos mais provo- tativos. Ao chamé-lo de Palisa da arte tanto nf tira uma cosa como a ours, promove mais do que ‘uma fee, uma imbricagao que pode ser resumida tna compreensio de que no prpri titulo esta expli~ citada a intengio crt Aquilo que Norbert Elis coloco come pares a titetcos ~ compromina eaianciamenta—€inditeta- ‘mente invocado por cada objeto expostoe cada olhar (que observa. Ao acennuar-se a consciénea ex utoexigida ~ do artist, do publco do curador~al~ _guém pode conch, com ro, que mesmo os poctas {ue fingem muito nio podem invocaraneutraidade rest releitera de uma cols clisica, cannica Brasiliena— e tudo 0 que envolven e snd at sobeerudo a mentaidade ea pritiea politias Vie a pena embrar que Edward Sai ps em ques {io oto pr costurramentecloeado em plans poston onberient prec cnbeinent polities Ee tmentor sobre Shakespeare ou Wordsworth no tn interest politica enquanto os conhecimentor sabre 4 China ou a URSS contemporines, sin. ‘Quem leo seu Oriental conto eal cm tomo desss temas expinhons sabe que oor Palestine no cos na spertce Nem pretend eat zn superficie uma exporigio que ao inves de tazer ‘exports a queste em forma de pas, de cad unto ede cada obra de arte e ania wm velco tivo de pensan/perguntarfnteragiericar. “Melhor tr ingressado na Nersbraifiona quem scr dinpostoa"vercomorolhoe ie’ davelhacsinds tual propose de Osvald de Andrade, Apostando taleitr cre da reid ea elkdade da tora ‘ttc pose como campo de iberdade,a Dirtoria de Memoria, Bago, Clara ¢ Art da Fundas20 Joaquin Nabuco rain esta expos Jo eg do rato da parcera om o Museu Parananse; € 0 Primcio a efetvarse de um acordo de coopersso Cura nica © centfica que promete novos re bentor next ano centenro do modernism de 1922 c bicenteniio da Independencia do Brasil de 1822 8 DEFENDING THE DEAD, ROUSING THE LIVING. MOACIR DOS ANOS Baal a couty dat ws eden ot oven tag Cell vee The of eteme koe sre need init xg =the eee apd eemination of the Be ope fhe tan thee 6th cary ee a by Forme colina ithy wee hiro a nny ‘er iste sof oly xcs wee of le Erp minty eit the lt ein Bick wren ‘den hace ot rene or eet as of A ‘deo eset oe "New Wor tht wa here tang sae Vlnce hove the coun of er et, ‘pale ane, nd eck snatching ~ 9 Inoaedstay =the dit dscns of he wo we he {Bart ur idan fhe tenon of Bre Hance is ceouny tt inte ed anced aac {Jot Be dsl of te barely of we wae eee ot ippetindepeent "Tee vol pete sc, pode me nee penitent rats asi thot hemes bh {ite in Br They pode diferente ster See eee ein er ar pe trator asa fhing sonnet a on coy lg fa ptoyee sgt inp men frtrgenipren er 4 ached in teeta in aba ch nin of Deepen enaratcies ‘har, hugh he ped when Beal was ly od hen Snempse bree he 1h an 198 ents ~ a ech the nox dine sina ipo opr fa ‘rf dint envied tn cig nn, ming in Sal oc Restle of wa ay nec eet site mon eather the ages ode gear Sp tees ty ele eel coe ‘st pces by the bos that te ated the ety gee ried orn a he not ae Fr att ht {De cbnod ney tea pt wit ol neon Eiseey e peclo es metes rreel ‘Si oft weld ration A weld tapered ce of Sched he bebe addy thes alo Ziexlyinorprting the maa eteloomatone roel ‘har ery proence ee npn te sca crac ‘of Baal ale by the unaly eal "wl conte opener tealy ead en “elation ofl ron ots amily tebe Br nd hatin ne ae Aon {hetero a ctl aia Aer Est, Agee Sia Fre Pot Jen Bpine Dee, Jan Mort Raped, Joe Chas fy Nel Artie Tay, Thode By, ‘Ths Bode sa Vor Pond. Nove thoe recone mont fin pe a of whats epee oly te te nd ama cape ‘Bevwerde hehr an moe othe ie of howe wh make ‘hem Ort hey pre iematn h entree Inatitan of Bel won the Ere oie wae of sin ‘nd thinking uth abn ce be xed by he tye tht he tere mee ling ny “uy ote the fc ta hey wee pee and pled her Unla enpuuy Ibi ke oto re Sppctend plo er of fe on only et a ec, ‘hey ened up een. thi works (ore ew consol), (Sones tnd ooentee of epecenton of Ge wold tt ‘we being pial ceed ewer ar om hel agey teen eerpiecet ‘rial ect home pes and ations pel pe (f Bral e ended extrema wenn tht ‘well kw ma in oer mre eo dant rape ‘Tsing wee often mie io ase pou ob Be 1 aac Mich Bn dd Sn Pa: WM Maris Fe, 20 215; Ment, aah cet nnn ens fila a cna ak ‘heey df sn ns une erowannelply a ree {pia me ep ngs ees eign eprint se Fehon lon spots hkl Bryan er fener pei ‘phew nom eo he psd panning tho cei She Ar Ml ie Funny onic Er Onan 01 ‘eave Comin Re gop fe tna et SP ap pps Sh ae tin non ero tn Scene ten hee apeerect oregia inn initio ey dan tempt fate ine hte shh rf pn ering dia eS scopasing fm sige posto, de ape cntitie a wpe eet hing ype ‘hela andes ttn apne See ee ae ‘thse gh ge ing nea: ho eh Foc epee tenke ome met inc ok cule cig) fe itt, thee oebetel ih he e teen Something ala ning cr apes them: What Incr ome of how nny deed ene fe hen Sinner enge cferenetnel rane Spe rere eines SS ey ete Ree thts thier pret a he et cg os of ccennd Sl po Boaln~ cage el rp ae of agen meh tpericgeey enters eter Seba of Bde had hen ‘he omg cto nh pe ad a ae fhe com of ec octane ee SSeS ‘Fare pter nen ning we Bel Xtal ty ik elny pe hn 4 Set reo hsb le ‘ph iy fh them cn el diene potty ends eco Bl ae igearcags br ome chr Tn or at CCiogges gop ed bmn nr sein eee gre pe ine Site rca ron Pi od al cel (ievatitin lnc hme ari nd rcs Spam clcemteen A paas ‘ct opred ty sara nena anti oped SE oe oe gh a reed wae sd eink pecan ecg nd kg tort ee Sit Repeats fur once rote Shumanason ek a keene lp poperepaciinenafcnaiens pach eet ie Ure docib cee tran Albedo 2iterend wre somerset br rato SES Sm peer etc Pepa or ts enaga on of oles ren SEasene pc we oid oes Re oes Bangg mg eee lel hcl pe ITPSELh ae ge a onal Beer wn Sg, 1 J ide Bo mony Sy ee iy my the pi Bra so renee Mera Conca igh he septic fs gs ICS yee ad apn ne we ge ocd frickin Sec, hen, ee Caper a cw seni pd oa comm ch, Sing and edec’ Mey Swath any cola Seales anderen nr ney enti pon ‘Sh pack of pg snd mal see Be a ed mor ture oe tls ages nd wae Fi repre pep ca, ‘peng ed eto ft te es Hee ‘sEcecncury ago ed dns pod ‘mal eminton fa rs oe or Mey at Inept atcha oe cme all pes SAE Sig tenet ps ch Een Cake bower ¢ unc eal oP,aaing ope Senior of contr snd emer eee 6c od ‘ie lee awn prt ni he cnet ofccmtnpeery Seon ar inane et See Bena ge fre ny ce ies or exe a hen~ natn Ga be in ‘tg Ineo thy m= peepee TERN Lange otra Sle enh oe eee coed pa nice Pepe elec cemented [ethene Ty a at wn dope pico i Se ee eet ‘came amis ring wis non tan oa Bo A Sd aes eesti iad y Mode Reco eng 39 120 18 kos pcg vt ener href ee he In (Aca ine he comet el ein sing ‘heme rons a ene slratio ht name oF Iestoms pty alowe tol al he ming of Fh tet eet Danby et, iiges eit oebeerientcetelcom wee fic cideneafhowe lerand wal ran oft: {eed i pa en a rma frm nays Bal Sich imerigne and artic onforttion ale denn tho age part any he mrp ‘ich ar he Cameo pnp Ale Mic acs eel the clon A many pope a fhe ca of the TS cosy pel by mechan ad Yogi at ‘ube he ves opie plo he eee power (E. Gonop hin one of onal peter ‘rere iariiythve shad ben cae hve ni a hie pein cis ce cy ron nd wore ‘hyped hy had henge Anda ages ‘ea by wn rte oe arsed yin drecs th (ation of Sota nd eesetin ef popsions Spe a ‘hom rosy expanged es hn) at hey cn es ‘bed ng by her naan 9 "Te cit sn to Bor thatthe adobe ete sealcascointest tection pon rn GF Bre A mprettin tht ene damage ied 20 rt of poping ir an hse onlse ‘at andthe who et our af gene wae of open, ‘he couy a cst pas hand thaw come ny ‘sana int pral ed iin cute Ste ad {replat fom the nage tsp ke the to ‘ten nl red oe ht ae deo ad {ic of pgm. Repreetaion of remains ta ent ‘the memory one hr of Brel nd tht ete et sre with ‘> conan exc wth doa wae of ree Sain the coy Tat ek aon 0 epron oe otto he wo einen lew nce ne "Thera of hse atti sates fr toy’ Bel alo spel Geman pine er Beran nin tbe horas major tach can beeen eet thee Seen. Atk tts eco leer pt Sheed dpe eos alee As aces ‘Sle agg wibce pets meter, ‘cre tar tay wet, Itmene printing meme it ‘aerbyurasinomen pl Ameren of pert an Bra Faceted ew ages pete alee rat (Sled Hck men and mana the enemy of ane avr elo i 10a ptt salts ing {the one af pesca’ wn emai that ae ek Fatale Danity thes shoe we gi by Bess roca of tention = thw esi een of ‘Sonn who are lly gen aod ned “es ‘Tandietl Rincon ofthe hata, Hot oof eae {Te wert th cake op the Neots era ae is ‘A fiat St apes ig ely ete vow (ie conmany cape memory of oy at med 1 snag a te te oe dere bata 3 sels omceding nding the stance tat they ere et Sek An oical memory ht ether marr rime bet Ted cfeminnene tine ef eterno Cree tate tpiet tien steed en, Soe etal canted a eer ey {hat an be reaping "aos fom the enim ht ‘rnc 11 aang ome aging fr i pet ‘i ower dtm oben Bos 2» Hc, teats te ies vil the en of enfin sled al iopet otcmeehe ae yok ‘ppmely reel ne font cmagon tren nt ‘vat On the cont thy sh en rite tat Inde he aie lene he Eurepenn conse and of ‘Hetiba snot a perpen) at ar erpcel aet Be ladies pps nde ciel Hck opto og ‘eololgy icin Bsn, we canny a hse a ‘Stor eo nthe wor he wich Brana ely 2 Set of dacamen feta a inane 0d spb (he hari ha he aol ee nares wc ‘hat undies sll pels Te we Baty “ne open “imc o int th re Benen ead 2 eases inthe preet comes th relent of Br he {ete is hr it To egy of epee a imager {Eat do motincpere he cxeme suc eying ey ‘era dB esata dt res comic Baan ga bo fom he plat few a hse wo pean eu he and, hala feline whim hear at hs ‘Rent demanding ewan ase ne ‘Seon wha cat sc whe show those who Us Celeron nla eee delay, onsen hs le spp ipl bythe wre “en Bee hse who rit any gen mente the ie ER cp Leer att a cea oP comet pelt Reg: apr wey trail er the levee apenas ‘ones eae yw ded ty pope By eng {ithe ole that Wer Benn belt the histor he ‘risindvehitiedonotpopses mee euro fhe ps iSpy occured bated hemes oboe gg ‘ut th fll hope fh past iri in our pre ‘spel fore iftcnfae45 Aa spel the selon fata ca arcs ls mora Ml ‘Bader once id hin serene 16 "Tey ae at whe pr, Ran Sala Harman ee ar se of dere apa oe acne _gammatalsettexpe andes soso 1 ‘Rocaplotin teen ath smn Sced hee e ‘ing ofthe eon sete Et spi imaging et ‘ule happened ern he es ote polo were (sata eal call dtog res ne tec ar Th geen ene al plc eercmep wien Ie een doe hat thee prs woul ot have aed at they And wha cn and chal doe inthe rea a 0 Sg gat er the he ee the eager of thx who oe with hee the de Mw tps tener this av that ween ries ear tata ly ares wees ‘aly eg rm the mesoy pain ied a Brians Tre kopntbl te Know fw mace the egies = 20 lec he ded ad oe the ing il be: Tee er All guar at the nich a fe us wl berated iat pales an wl be pa af nang ales motecrn nn pesca Year ‘chinese sd the dec fhe st centry ‘hese geval to othe eee ad srt ‘trgh tact of rence od of he way pt ‘ecommerce itn ich eee ‘Tocca ttt Wb onapieny ei vee ak mes comity cmt wiles lca byt pe tong ent ry he te dopa 12 Baja, Wah 8 Cp 286. 1 Aramenpe et ed bh Bier aunt he ri Mh Line [NECROBRASILIANA — MUSEU ARANAENSE rn Be est ein Be ‘neu chepl bern of nel eum cei) ch Safes shea ie emma na pene eee cee ‘ses sg Lin Amer wl spree mn prem (Geos 1) ellison Aveeno tl anor a ined te ‘hn nicer ee Tm cay Te way in epee maou cy wc hou he i hero ‘eget cr oe Bap in ep inc and pital degree that inh ee lei Lacan, “Armein Latina 0 Sheed o Sao ina Caner ace Cacs™ a fauc fa ‘Sona Revo Bede Cenc Pine Braa, Mayuga 3033 ‘eseminontrier prson Ly Mie Wir Benji ewig A met tengo tes "On the oer of Ky Sip Pasa Bato 205, FECA Anat Neopia Pan ‘tayo We op gp 0 {Tes eer ral ey ha Tg Maris de Ml 15 Gat ne Mee Wl eon ce de iti So Pa: 2018.6 ‘helo ne i pensar tie nx ha beh oe {Barkin Nore Posumenrt Man Bd rage Ra eee ‘ef dt Cnet Lem So Pann 200, Paget 80, {o'er Wie Soe aso sbi on Oh che 17 Han Si, "Vi emit Cla argh Pi and Ande fee ee te i 203 ‘Aaa Dome ail mg tr Se Pe Db Bojan, Wie Op ep 2 1M Sa an Op sp 18 a9 Ina set of drning, Dalton Paula epscates and vanlrms ‘otercolr pains made by Jean Septine bert no Ge ‘Tava sauna nas msn te Pranen sts aepete ine roan uo cared ou by ensinea se mens wren aule modes he nwo major ways: xl al the wie Socks om he waterre tare reisses en uneting the Sach bose wth rages of hea marae et ot ‘etima he tbeson baton Pause etna ppropnetopens Ft tiles ofthe bebet waters toy reer, stO00h Siding, to he begining. the tne ote vero tet re Scuvsetto tbe Engen gerund) tomaso xc ht wins ‘Stniopmntors aan Sore Ho mccinesswert rote ‘Steaybahadaurciacrtanioe we scmnare rato Carerioset) Ho abo sssacktestaminth noprecomaton ot ‘rcavospeoiesfratobe soe sote, tor Sintneesrctgartnadoc arrears pesormseus {Gator tho bone of ane Fn sig the Portpuese tom torbor set anaes senate esto rening {Sine dais ht enstvebackren nd women sored Sopenetnoatchonaan arergan heres ht Stornefon imo vote mapesfor ae ich esa Sion ssrautenatbaser ate sencsraretieis sates In works for the series Muse Paracsace [Paradise Muse. Rotana Paulino patarsmane a ies womerin Gaeta byeopeanshatopaphersatthesecondhaf othe thee. Ineamoraing thm ito panels whet eg mado of Deca of tebe. Photos token manly the French Rupee ‘Agnes who, nroverch care ot inthe county proposes Comparisons between white apd ratalzed Sos tones, throug sce” baits ana procedures tha tne, oth ‘loge sepenty ft ormernnereansrctana the tat feats and sews together since lth an pref arate ‘omhisorcive ard tom anersthtropeduce mageact nant "paves and Bons of armas tat are common 0 Brat By Semuinaing cite tinge sh anon econ Sires crspocticoceuation -tospclos samp alee Slacetcioaficstone Sheslcadinio thas ss sigertesrt togathr wih thick ond epparent teed autsing of ose pt th eaves able sear thar ses hat reproduce [apes of pate ies he dacortvetactan tats yp St Porugel tus veing the coring ouriyin sprees Strano! en Inthe series, tvalzades traumas de Debret Traumatic Fecastngs of Debra) G6 Vana rvs 9st of Wteresors Cresta y the Feneh att Genghis say Baa changing ‘ewersinwich Back bods ape tereby elton the paces hey occupy spel scenes fear heey He Fee Jara Whis a watrenr by Jean Gaptiste Babe ‘elavegBackenand worn aiaye read to sone ‘ine able wn thor ate rastors ont, Vana rfoshone themageby pacing thotorernemechesin thang chars mans wood pussy tao en image ot elo and tes feleration Inte ror ah artorms the repecetation SF forced ibe hat moves supareae mil to eorpostion ‘hatcepets the prodicona erermaus adore. na what was ovsual epicton of violence opi onl wotars a shoe sore becomes, I out ereprtation 1 Debrefe wou acne in ane chop wha gp ot Back people war nace, Those work recast eserion tf clonal voles Braz, magiing ow atforon tre ee Ste Blackman and women porvayd there cous have boon. ‘andhow ator hereto he es of ht descents can balm Brealey Werks that tio midsot suring ana. Sram basing ars projet Denitson Bana has formula covers ways of resisting sures olaecusr ecasionsnd ating agonouspeosee "gttolveaerenty. among em, theresa rep ‘redecurvesonertonnniehneappestoteihrsterain ‘Sandee Epecydors razon Bashar fared expe ‘erection Amazon ebooknfich gathers hunaedsoT moos Pressey arts ho camaro tne court aapan the cota ‘rele peor that baganin ne fh entry Avolme ‘ich bias togethot opresentaonsothumn bodies, scones Bossy nes and anal ane vegetal spoces fund in rat forthe erect of coloieton an the boginang of eet {orun heart etretonis rerio done milan, ‘Sra inca stones ezsingfomaton an ade ‘ns own thereby mast the images preva meanings inoneotnem, expose proceduro ven by-macker ard hurt headés ines anaprenestotereprutones pang That ahows a pist i eassock prosehing toa goa of muse Inagenovs poopie whe oe gatoreseoura um nes Wh. ‘upeimposedn he ies ate, con erect pres ses stich, rahi associates to he ncenous Howes reject Fis atm to iose his belts tanenons when conmoct Feige poaching, the Welton of Bo ‘Bepitomide Inthe pling Invest de dominios 2 Pnsorme apd Jan Mele opposes Images Saraved nthe th erty oy the Began Theedoe de [cto on he rat counts oo Frerchman Jeon Sony fnimage that capes demoretomertng rages men ond tan cont stogatar oer nr ae the rosea {censontaton ofthe nate peopes in he nde cansed 5 Curopoans nan envronmentoppressvelycomatee By tected he supermposes cer mages Neate be ‘farocor, ones mich uocte Brea furangwolence. He Soincuiesfereneaso tanba soto parscecwnn ah acactsotten hia thn sopee senso astned ‘happens araightnemes yt ofen sycunting stand ‘Seaunzetne pat nnepandngenticaAchegeca scum lana: Eetout Me arial Ogmancare pot ete) ‘hago arin Go lo esos string pot Dutcher ‘ert eta 68 Gepcton ofa Bisco, donor eo Grtretcanaces nt pace afte schenate oraratrgueen {hedptensantngs nnrich here steno esonatthevoeece Nilo ates nena anworan in coma, rst tiv ie wd soa, rams hem Ov ed eh Warr Oraasol Une New otbeBaex women, ele {irons ongnaty pamtedon Aber estouecomen = 9 sna tthe menting hme ond seen hs han tonal evoen hos wo ier el vec sh ase nected {Sein inane, aroma et Bran oe aon cones Many of Bantana's mages ae representations of he reed ‘tbodhatonoraalnes els inthe coney onan Scnertonatne poronenewoctatbecame rast Other {tows images snot anre to orvence wth eon Space of sony ne cae se wel a the oar such ‘Sreseratonsennea ite hat tsetse nese Inlgeoou and Bocxpoope a protgorist ate own ten ‘ste wiyeeranc and ater er cores Totpenante nem Tes are arenes tat when ay tte Urecconpenteaby ote eproaice enenrce cre dey {he coumiavance tht iurded Brat phetogaphs od ‘townge travght agetern the orate o book ‘hn Urs wrk. Dieses mnfstares sensor Oherse ‘cnsrymanfosianors)seagessthecarthional apres St act erry tomes Back women and ren. Fein teen ent nce asthe beara Si Rac acvcrte td bole place othe bo at outa conade the encuing ar coumarin ge at enies aaane our nese srephropaprtaten ree amen as we mc acuares anon he Set ecoraat ‘Sy ctratna te tc vr! aero nd ireesimatts carmen haterptiesndeuetogether Inthe proce of blng tortor that povies stad Etlortes autonomy. These ae regrets appar oo ite ir imonenosognnapes fron Hoot In the watercolor Satu aplomsticas ou a reeducarso "to Bri [iplomatc Solutions or Roedestion i Brae, ‘Shaney Amaral post ir retro anette sre {ine stonghiacontarotortnestustontei Heappear ‘homikect asvet napoo corer ardingone makes Shi nahands teatennanstac ends gogahars-stypest ‘lg rumen of orueused nthe cola peta plod ‘Sounds rack However refrences to past lone are 29 ‘med wthowdence a valores nbaoltey Spreadoutontie {eoieand atacheato he cola aot tay wore pata eases ‘stmrmpnonse alos omedarecpanasy nthe corsinoose ‘eoroictin ot ait represerttionso lock people the ‘Carey Standngin forthe atonal io ‘eoorthe suse thv ae creacers ho sora thor Powe, Sicheschuren use andhepelea Ai thar alow” nthe ‘ol oftnessos ond soconotesto ta nich ols bere {ham= et sour tobe an allegory ote oppression that has bats ed tothe vapped mas bod supget thes ebout to fsa, too aeappeat Tere usc aso wth he Seemederinemiccoetho le nuiscouleon af) {rs showing desparate eustance te ncessant ai in wih {hee netalebecames sna sonmeiton Anca ‘Stlaon hats consatrpeatog Vroughas taco, 130 ‘The film Alma do Ol [Sou of the Eye} is dvectod by ‘isina bata vols cso acos nat ovrtan ate ‘earstporomebalretecameraand oponstacomoltey ‘ae background, a serie of sfstons tat semmarce the fvescortursoteuopean censor Brant process tt ‘orebiy mote mena womanitom ek homes sere pant af aiscacaryingthamoll ibe aninednanater na ‘Asante im dows rotate Gr reeroce oth rsa ‘canes croated by thotravoing arts, success mages ‘Revoes nesutong of lak nomen anaimanesoctoa wih ‘Stchropeseratiore nth sequence of oisodes 2500 Bulbul ‘Seploys moat tecnica! esources yet peal perermate \ivenboreset pro te etna far sachet ‘Sad agony of peopl sibecteso force bor ante Even ‘gomenictauetens of hace besos continue to asocte ‘hom wn te on plces tet ait society rcarves em ‘Sihuterbaaedsdlayonpscaletorthe tte ot misey rd ‘ison Soonosin wich Hees men and woman oe epesertd ttn th Rens sil seks by thecal hat bone tar

Você também pode gostar