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21/11/2022
Número: 0011427-55.2012.4.01.3800
Classe: EXECUÇÃO FISCAL
Órgão julgador: 2ª Vara Federal de Execução Fiscal e Extrajudicial da SSJ de Belo Horizonte
Última distribuição : 14/03/2012
Valor da causa: R$ 60.063,63
Processo referência: 0011427-55.2012.4.01.3800
Assuntos: Contribuições Sociais, Contribuições Previdenciárias
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
UNIAO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) (EXEQUENTE)
ORGANIZACAO MC LTDA (EXECUTADO) RAFAEL BRESCIA MASCARENHAS (ADVOGADO)
MARIA MATHILDE RABELO DE ARAUJO ABREU
(ADVOGADO)
MARCELO QUADROS SOARES (ADVOGADO)
MAURICIO QUADROS SOARES (ADVOGADO)
SILVIA JUNQUEIRA LEITE (ADVOGADO)
ALEXANDRE OLAVO CARVALHO OLIVEIRA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
10558 30/05/2022 14:59 Sentença Tipo A Sentença Tipo A
55256
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária de Minas Gerais
24ª Vara Federal de Execução Fiscal da SJMG
SENTENÇA
1 - RELATÓRIO
Não tendo havido pagamento voluntário, nem localizados bens suscetíveis de penhora, foi
determinada a suspensão do processo pelo prazo de 01 (um) ano, nos termos do art. 40, caput,
da Lei 6.830/80.
Por meio da exceção de pré-executividade a parte executada postula a extinção desta ação em
razão da prescrição intercorrente (ID 571753395).
A Exequente/Excepta se manifestou nos autos informando não ter identificado qualquer causa
impeditiva, suspensiva ou interruptiva da prescrição, razão pela qual não se opôs à extinção da
ação de execução, alegando, porém, que não é cabível a condenação em honorários
advocatícios de sucumbência, porque não houve resistência à pretensão do Executado, na forma
do art. 19, § 1º, da Lei 10.522/2002, incluído pela Lei 12.844/2013 (ID 578492945).
Decido.
2 – FUNDAMENTAÇÃO
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conhecimento de questões que devam ser pronunciadas de ofício pelo juiz, relativas aos
pressupostos processuais e condições de ação, bem como aquelas que dizem respeito aos
requisitos específicos para se realizar qualquer execução (artigo 803 do CPC).
Além disso, havendo prova pré-constituída, sendo desnecessária, portanto, a dilação probatória,
tem-se permitido deduzir, em sede de exceção de pré-executividade, objeção material ou
substancial que, constituindo matéria de ordem pública, pode, por expressa autorização legal, ser
conhecida a qualquer tempo e juízo, exatamente porque o seu não conhecimento conduziria a um
provimento jurisdicional injusto, resultando na atribuição, ao autor ou exequente, de um direito
que não lhe assiste.
No caso dos autos houve expressa anuência da Exequente em relação ao pedido de extinção do
feito em razão da prescrição intercorrente, conforme manifestação ID 578492945, tendo a União
(Fazenda Nacional) apresentado documento demonstrando já ter inclusive providenciado a baixa
da inscrição.
Embora a parte executada tenha apresentado defesa por meio de exceção de pré-executividade,
não é cabível a condenação da UNIÃO no pagamento de honorários advocatícios de
sucumbência, tendo em vista a anuência da exequente em relação à defesa apresentada, nos
termos do art. 19, § 1º, da Lei 10.522/2002, incluído pela Lei 12.844/2013, cuja disposição
especial afasta a incidência da regra geral contida no artigo 90 do CPC. Nesse sentido:
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL CIVIL.
EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. ARTIGO 19, PARÁGRAFO 1º, DA LEI Nº 10.522/2002.
RECONHECIMENTO DO PEDIDO. CONDENAÇÃO DA FAZENDA EM HONORÁRIOS.
INCABIMENTO. 1. O artigo 19, parágrafo 1º, da Lei nº 10.522/2002 afasta a condenação em
honorários advocatícios quando houver o reconhecimento da procedência do pedido pela
Fazenda Nacional, ao ser citada para apresentar resposta. 2. Precedentes de ambas as
Turmas que compõem a Primeira Seção. 3. Embargos de divergência acolhidos (STJ,
ERESP - EMBARGOS DE DIVERGENCIA EM RECURSO ESPECIAL – 1120851, PRIMEIRA
SEÇÃO, DJE DATA:07/12/2010 ). PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DO DEVEDOR OPOSTOS À
EXECUÇÃO FISCAL. RECONHECIMENTO DO PEDIDO. HONORÁRIOS DE ADVOGADO.
Quando a Fazenda Nacional reconhece a procedência do pedido articulado nos embargos
do devedor, fica isenta do pagamento de honorários de advogado, a teor do art. 19, § 1º, I,
da Lei 10.522, de 2002. Agravo regimental desprovido. (STJ, ADRESP - AGRAVO
REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL – 1231971,
PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:19/03/2014).
Como razão para decidir reporto-me ao voto proferido pelo Min. GURGEL DE FARIA do STJ no
RESP 1.669.177, com a seguinte redação:
(...)
Ocorre que a atual redação desse dispositivo foi dada pela Lei n. 12.844/2013.
Em seu texto original, o art. 19 da Lei n. 10.522/2002 apenas previa a autorização para o
ente público não interpor recursos ou desistir daqueles que já tivessem sido interpostos.
Vide:
Art. 19. Fica a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional autorizada a não interpor recurso
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ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista outro fundamento relevante,
na hipótese de a decisão versar sobre: I - matérias de que trata o art. 18; II - matérias que,
em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, ou do Superior
Tribunal de Justiça, sejam objeto de ato declaratório do Procurador-Geral da Fazenda
Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda. § 1° Nas matérias de que trata este
artigo, o Procurador da Fazenda Nacional que atuar no feito deverá manifestar
expressamente o seu desinteresse em recorrer. § 2° A sentença, ocorrendo a hipótese do §
1o, não se subordinará ao duplo grau de jurisdição obrigatório. § 3° Encontrando-se o
processo no Tribunal, poderá o relator da remessa negar-lhe seguimento, desde que,
intimado o Procurador da Fazenda Nacional, haja manifestação de desinteresse. § 4° Fica o
Secretário da Receita Federal autorizado a determinar que não sejam constituídos créditos
tributários relativos às matérias de que trata o inciso II. § 5° Na hipótese de créditos
tributários constituídos antes da determinação prevista no § 4°, a autoridade lançadora
deverá rever de ofício o lançamento, para efeito de alterar total ou parcialmente o crédito
tributário, conforme o caso.
1. Embargos de divergência que tem por escopo dirimir dissenso interno acerca do
cabimento da verba honorária nos casos em que a Fazenda Pública reconhece a pretensão
da contribuinte no âmbito dos embargos à execução fiscal.
2. Dispõe o art. 19, § 1º, da Lei 10.522/02: "Nas matérias de que trata este artigo, o
Procurador da Fazenda Nacional que atuar no feito deverá, expressamente, reconhecer a
procedência do pedido, quando citado para apresentar resposta, hipótese em que não
haverá condenação em honorários, ou manifestar o seu desinteresse em recorrer, quando
intimado da decisão judicial".
3. Observa-se que o legislador, com a edição da aludida norma, teve por escopo reduzir a
litigiosidade entre a Fazenda Nacional e os contribuintes, facilitando a extinção dos
processos de conhecimento em que o ente público figure na condição de réu, dado que
impede a sua condenação em honorários advocatícios nos casos em que não contestar o
pedido autoral; o que não é o caso dos autos, haja vista que a iniciativa da demanda, na
execução fiscal, é da PFN.
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4. Tem-se, portanto, que o aludido artigo de lei constitui regra voltada a excepcionar a
condenação de honorários em processos submetidos ao rito previsto no Código de
Processo Civil, não podendo ser estendida aos procedimentos regidos pela Lei de
Execução Fiscal, lei especial, que, por sua vez, já dispõe de comando normativo próprio
para a dispensa de honorários à Fazenda Pública, estampado no art. 26: "Se, antes da
decisão de primeira instância, a inscrição de Dívida Ativa for, a qualquer título, cancelada,
a execução fiscal será extinta, sem qualquer ônus para das partes".
6. Prevalece, pois, o entendimento de que a Fazenda Pública deve arcar com a verba
honorária, em face do princípio da causalidade, porquanto foi ela quem injustamente deu
causa a oposição dos embargos pela contribuinte Precedentes nesse sentido: REsp
1.239.866/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 15/4/2011;
AgRg no REsp 1.004.835/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe
25/6/2009; REsp 1.019.316/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 30/3/2009.
Nesse sentido:
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em honorários advocatícios. 3. Recurso Especial a que se dá provimento, para reconhecer
o cabimento da verba honorária e determinar o retorno dos autos ao Tribunal de origem
para que seja fixado o seu quantum, nos termos do art. 20, § 4o. do CPC. (REsp
1202551/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
18/10/2011, DJe 08/11/2011). (Grifos acrescidos). Na hipótese dos autos, a sentença foi
proferida quando já vigorava a nova redação do art. 19, § 1°, I da Lei n. 10.522/2002, tendo
as instâncias ordinárias aferido a inexistência de resistência da Fazenda quanto ao
reconhecimento do pedido, razão pela qual incabível a verba honorária de sucumbência.
A propósito, no caso, como bem pontuado pelo juízo de primeiro grau, a FAZENDA
"apenas asseverou que o pagamento poderia se dar por via administrativa, concluindo ser
desnecessário o trâmite do feito na via judicial".
Ante o exposto, com base no art. 255, § 4º, I, do RISTJ, NÃO CONHEÇO do recurso
especial”.
3- DISPOSITIVO
Diante do exposto pronuncio a prescrição do crédito tributário expresso na CDA que instrui a
petição inicial, nos termos dos artigos 156, V e 174, ambos do CTN, extinguindo este processo,
com resolução do mérito, na forma dos artigos 487, II, c/c os artigos 771, parágrafo único, 924 e
925, todos do Código de Processo Civil, aplicados subsidiariamente, e artigo 40 da Lei 6.830/80.
Sem honorários advocatícios de sucumbência, na forma do art. 19, § 1º, da Lei 10.522/2002,
incluído pela Lei 12.844/2013.
Sentença não sujeita ao reexame necessário, nos termos do artigo 496, §3°, I, do CPC.
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