Você está na página 1de 87
Comissao Manuais e Guias Oceanografica Intergovernamental MANUAL DE MEDICAO E INTERPRETAGAO DO NIVEL DO MAR Unesco 1985 14 PREFACIO A Assembleia da COl na sua Décima Terceira Sessao adoptou pela re~ solug3o X1II-7 a proposta para a Rede Mundial de Estagoes de Nivel do Mar, preparada com a ajuda do Dr. Pugh (Reino Unido) e do Prof. K. Wyrtki, como base para uma extensdo da Rede do Nivel do mar ja existente, sob os auspici- os da CO! (inclufda no Anexo ao Relatério Sumario da Décima Terceira Sessao da Assembleia da COI). Através desta resolugao, os Estados Membros foram ins tados a participar na implementacao dé.um Sistema Mundial de:“Observagao do Nivel doMar,o, qualénecessario 4 comunidade oceanografica para a investigagao, par ticularmente no apoio de experigncias e programas oceanograficos no ambito do Programa de Investigagao do Clima Mundial, assim como para aplicagoes de natureza pratica a nivel nacional. Assim como sucede em outros programas internacionais, este projecto re quer acces tanto de ambito nacional como internacional. A preparagao do Ma~ nual de Medico e Interpretagao do Nivel do Mar & considerada como um passo importante no sentido da normalizagao dos procedimentos de medicao e inter- pretacao do nivel do mar, assim como para 0 auxilio aos Estados Membros que desejem instalar ou reactivar as suas estacées de observagao do nivel do mar. Este manual foi preparado pelos membros do Instituto de Ciéncias Ocea~ nograficas do Reino Unido envolvidos nos cursos de Vera sobre observacao el do mar e processamento dos resultados obtides, organizados sob os ios da Comissao Oceanografica Intergovernamental. Embora o manual este ja baseado na experiéncia do Reino Unido, inclui também a andlise de regis tos obtidos com varios tipos de instrumentos de medi¢do em muitas regi costeiras espalhadas por todo o mundo. No entanto noutros paises poderao ser mais adequados procedimentos ligeiramente diferentes. Espera-se que os ele- mentos aqui apresentados sejam ateis aos paises que actualmente planeiam re des nacionais de nivel do mar, em resposta a reconhecidas necessidades tanto de ordem pratica como cientifica, de harmonia como espirito da resolugao XI11-7 da Assembleia da COl de Margo de 1985, que encorajou os Estados Mem- bros a desenvolverem tais redes. The Portuguese translation of this Manual was prepared by Rita Monteiro, under the supervision of Armando Fidza. This is a contribution of the Oceano graphy Group of the University of Lisbon (Physics Department / Geophysics Centre) to the international effort to implement the oceanographic component’s of thei: World Climate Research Program. This work was partially supported by Instituto Nacional de Investigacao Cientffica and by Junta Nacional de Investigacao Cientifica e Tecnoldgica, Portugal. A tradugao Portuguesa deste Manual foi efectuada por Rita Monteiro, sob a a ntag3o de Armando Fidza. Trata-se de uma contribuigao do Grupo de Oceano- grafia da Universidade de Lisboa (Departamento de Fisica / Centro de Geofisica) para o esforco internacional para a implementacdo das componentes oceanografi- cas do Programa Mundial para a Investigagao do Clima. Este trabalho foi parcialmente apoiado pelo Instituto Nacional de Investiga~ 80 Cientifica e pela Junta Nacional de Investigagao Cient{fica e Tecnolégica, Portugal. INDICE PAGINA INTRODUGAO 1 © CONHECIMENTO DAS VARIAGDES DO NIVEL DO MAR E SUAS APLICACOES 3 2.1 Generalidades. 3 2.2 Marés 5 2.3 Efeitos Meteoroldgicos. 5 2.4 Niveis Extremos para o Projecto de Sistemas de Defesa Costeira. 6 2.5 Tsunami. 7 2.6 Niveis Médios do Nar. 7 2.7 Tendéncias de Longo Prazo. 9 218 Testemunhos Geoldgicos. " MAREGRAFOS 13 3.1 Escolha do Local para a Implantag3o do Narégrafo. 13 3.2 0 Marégrafo de Flutuador. 15 3.2.1 Instalagao. 19 3.2.2 Nivelamento e Controlo do Datum. 2h 3.2.3 Manutengao. 33 3.3 Outros Tipos de Marégrafos. 38 3.4 Registo a Distancia- 42 PROCESSAMENTO DOS DADOS 45 4.1 A Natureza dos Registos dos Marégrafos. 4s 412 Intrepretagao dos Registos 49 4.2.1 Legendas dos Registos e Niveis Zero. 50 412.2 Erros Mecanicos. 51 412.3 Efeitos Meteoroldgicos. 5h 4.3 Extracgo dos Niveis. 58 Wy Estatisticas. 61 PROCEDIMENTOS PARA INTERCAMSI0 DE DADOS 65 5.1 General idades. @ 5.2 Bancos Nacionais de Dados 65 5.3 Aspectos Internacionais. 65 5.4 0 Servigo Permanente para o Nivel Médio do Mar (PSMSL). 66 5.5 Apresentacao dos Dados ao PSMSL. 66 7 APENDICES Apéndice 1. Apéndice 2. Apéndice 3. Apéndice 4. GLOSSARIO PAGINA Sumario das Principais Verificagdes a Efectuar Pelos Operadores de Marégrafos 68 Fornecedores de Equipamento para Marégrafos. 69 Aplicagao do Filtro X0 para o Calculo do Nivel Médio 70 do Mar. Subconjunto Normalizado GF-3 para o Nivel Médio do 1 Mar. 7 1. INTRODUGAO A medig3o do nivel do mar tem uma longa histéria. JA os antigos foram capazes de relacionar, em muitos locais, 0s movimentos regulares do mar com os movi mentos do Sole da Lua. Muitos povos, no entanto, encaravam as marés como de- sencadeadas pelos poderes dos deuses. Qs estudos do século dezanove referiam-se aos movimentos verticals dos continentes, na suposigao de que o nivel médio do mar se mantinha constante durante longos perfodos de tempo; as variagdes do nivel do mar eram associa- das ao movimento da parte sélida da Terra. Actualmente, aceita-se na general dade que nemo nivel dos continentes, nem o dos oceanos se mantém constantes. Existem movimentos verticals das massas continentais associados a mudangas Qlaciarias e a outros processos tecténicos. As variagdes do nivel medio do mar estao relacionadas com mudancas do volume da agua nos oceanos e também com as variagées das correntes ocednicas. Os actuais estudos do nivel do mar versam problemas como os transpor tes marftimos, a erosdo litoral e o planeamento das defesas costeiras para prevenir inundacées. Cientificamente, as marés e as variagoes do nfvel domar tEn uma influéncia determinante em muitos processos bioldgicos e geoldgicos. ‘As mudancas do nivel do mar ao longo de perfodos extensos apresentam imphica Ges consideraveis para a ocupagao urbana do litoral e para as variagoes do clima. Propostas recentes para estudos coordenados sobre as variacées cl ima ticas identificaram o nivel do mar como um importante (embora indirecto) dicador dessas variagdes e dos processos a elas associados. Estes processos incluem a fusdo dos glaciares, a dilatacao da agua do mar_por aquecimento e as mudangas na topografia da superficie do mar associadas 4s flutuagdes das correntes, em resultado do equilfbrio geostréfico. Por seu turno, essas flu- tuagdes das correntes originam variagoes no transporte meridional de calor dos trépicos para os pélos. 0 programa PIGC-200 sobre variagdes do nivel mé dio do mar durante perfodos geoldgicos recentes constitui mais um exemplo das diversas aplicagées dos estudos sobre a variagao do nivel médio do mar. 0s estudos 4 escala mundial necessitam de uma rede global de estacdes bem distribuidas e da cooperagao internacional apropriada para estabelecer 0s métodos observacionais, a recolha de dados e a sua publicacao. A Comissao Oceanografica Intergovernamental tem subsidiado diversas séries de cursos no laboratério de Bidston do Instituto de Ciéncias Oceanograficas do Reino Udo, sob os auspicios do Servicgo Permanente para o Nivel Médio do Mar (PSMS 4 Este manual resume as informagdes apresentadas nestes cursos. Deu-se maior @nfase as técnicas e aos aspectos praticos de seleccao dos locals, ma- nuteng3o do equipamento e analise critica dos dados. Alguns elementos adi- cionais situam estas consideragdes praticas num contexto cientffico e técni co. 0s cursos e o manual foram desenvolvidos por uma equipa constitulda por: Bill Ainscow Instrutor, instrumentagao David Blackman Coordenador do curso John Kerridge Administragao David Pugh Presidente, Director do PSMSL Sheila Shaw Instrutora, Processamento metros 30 MARE ASTRONOMICA MAXIMA = PREIA-MAR MEDIA DE MARES VIVAS 20h PREIA-MAR MEDIA DE MARES MORTAS top ook NIVEL MEDIO DO MAR (1960 = ~1975) NIVEL DE REFERENCIA 00 INSTITUTO GEOGRAFICO NA- CIONAL DO REINO UNIDO, EM NEWLYN shor -—— BAIXA-MAR MEDIA DE MARES MORTAS -2of- 4 BAIXA-HAR MEDIA DE MARES VIVAS « MARE ASTRONOMICA MINIMA 30h p+ NIVEL DE REFERENCIA DAS. CARTAS DO ALNIRANTADO valores hordrios (x 1000) BRITANICO Figura 2.1 Distribuigdo das frequéncias dos niveis maregraficos hordrios em New lyn (1951-1969), demonstrando a maior probabilidade de ocorréncia dos niveis de preia-mar e de baixa-mar das marés mortas. A influén- cia das condig6es meteorolégicas desloca a distribuicao observada para niveis superiores e inferiores. 2. 0 CONHECIMENTO DAS VARIACOES DO NIVEL DO MAR E SUAS APLICACOES 2.1 GENERALIDADES A base de toda a analise cientifica do nivel do mar tem de ser necessariamen te constituida por longas séries de medigdes cuidadosas. Qualquer medicao Ins tantanea do nivel do mar presente numa serie de observagdes pode ser conside rada como a soma de trés componentes: nivel observado = nivel médio + maré + residuos de origem meteoroldgica do mar Cada uma destas componentes é controlada por processos fisicos distintos e as variagoes de cada uma sao basicamente independentes das variagdes das ou- tras. Existem muitas formas distintas de definir estas componentes. Nomeadamente do modo seguinte: Marés s30_ movimentos periddicos dos mares, cuja amplitude e fase possuem uma relagdo coerente com uma forga geof{sica periddica. A acgao forcadora do minante € a variagao do campo gravitacional a superficie da Terra, devida aos movimentos regulares dos sistemas Terra-Lua e Terra-Sol. Estes dao or gem as marés gravitacionais. Existem ainda marés fracas geradas por varia~ gOes periodicas da pressao atmosferica e de sistemas de ventos litorais per- pendiculares @ costa (brisa marftima-brisa terrestre) que sao denominadas marés meteorolégicas. Resfduos meteorolégicos so as componentes que restam apés a remocdo das ma~ rés recorrendo aos métodos de andlise. Sao irregulares, tais como as varia~ gdes do estado do tempo. Por vezes, utiliza-se o termo "surge residual", mas habitualmente "surge" é utilizado para descrever um acontecimento particular, durante o qual @ gerada uma componente nao periédica de grande intensidade. Nivel_médio do mar €@ a média dos niveis do mar, baseada normalmente em valo~ Fes horarios observados ao longo de 1 ano, pelo menos. Para estudos geodési cos o nivel médio poderd ter de ser obtido a partir de varios anos. A frequéncia com que os niveis horarios observados variam durante um longo periodo de observagao possui um padrao bem definido. Nas areas onde sao domi nantes as marés semi-diurnas, os niveis mais frequentes situam-se nas dos ni veis médios das Preia-mares e das Baixa-mares em marés mortas(ver fig.2.1). Técnicas de andlise mais apuradas permitem que a energia das varia~ goes de nivel seja dividida em séries de frequéncias ou componentes espec~ trais. A principal concentraco de energia tem lugar nas bandas corresponden- tes as marés semi-diurnas e diurnas, mas existe um fundo continuo de energia de origem meteoroldgica que se torna progressivamente mais importante para perfodos mais longos (ou frequéncias mais baixas). METROS ACIMA DO NIVEL MEDIO DO MAR KARUNBA 2.0 1.0 0.0 “1.0 nusAY "10 1.0 0.0 -1.0 KILINOINE 2.0 1.0 0-0 -1.0 2.0 Bernuon 1.0 0.0 “1.0 COUR TORN 1.0 0.0 , 1.0 ERAT ATT TTT ttt tt tA 12 3 4 5 6 7 8 9 1011121314 151617 1819 2021 22 23 24 25 26 27 28 29 30:31 MARCO DE 1981 Figura 2.2 Caracterfsticas das marés em cinco estagdes com regi mes de maré diferentes: diurno, misto, semi-diurno com uma importante modulacao marés vivas/ marés mor- tas no Oceano Indico, semi-diurno com modulagao cau- sada por factores meteoroldgicos no Atlantico Norte, e com grandes distorgdes devidas a aguas pouco profun das. 2.2 WARES A teoria da atrag3o gravitacional de Newton prevé a existéncia de duas saliénci as convexas da maré: uma directamente sob a Lua ou o Sol e outra directamen- te oposta. A amplitude das marés atingiria um valor maximo de cerca de 0,5 metros @ latitude equatorial. Cada uma destas saliéncias de agua mover-se-ia em torno do planeta de oriente para ocidente numa progressao uni forme, enquan to a Terra rodasse sob a Lua ou o Sol. Tais ndo sao obviamente as caracte- risticas das marés observadas na pratica. ‘As marés que tém lugar nos principais oceanos tém amplitudes de cerca de 1,0 metros, mas existem diversas variagées, como mostra a figura 2.2. Em algumas zonas bem localizadas das plataformas continentais as amplitudes po- derao até exceder 10 metros. Observa-se um caso extremo na Bala de Fundy, on de chegam a ser atingidos 15 metros. Na maior parte dos locais, as marés sa0 dominadas por padroes semi-diurnos, mas existem locais onde as marés diurnas predominam. Nos outros sitios existem regimes de maré mistos em que podem al ternar as caracter!sticas diurnas e semi-diurnas. Em casos muito particula: res onde a agua @ muito pouco profunda ocorrem distorgoes extremas nos perfis de maré. As marés propagam-se sob a forma de ondas longas sobre a Terra em rota 80. 0 seu comportamento pode ser representado em cartas de iso - amplitude” e igual fase (co-amplitudes eco-tidais). A reflexao das ondas progressivas origina a formagao de ondas estacionarias, as quais, no planeta em rotagao, dao origem a sistemas anfidrémicos. 0s sistemas anfidromicos sao as zonas on de a amplitude de maré é nula e em torno das quais as ondas de maré se propa gam no sentido dos ponteiros do relégio no hemisfério sul e no sentido inver 30 no hemisfério norte. Nas bacias cuja dimensao natural se aproxima de um quarto do comprimento da onda de maré progressiva da-se o fenomeno de resso- nncia e as amplitudes podem tornar-se muito elevadas junto a extremidade in terior da bacia. As marés propagam-se desde 0s oceanos até 3s zonas de menores profundi dades das plataformas continentais onde a sua velocidade de propagagao é mui to mais baixa. AT tem lugar a dissipagao de energia, gasta para vencer a re’ sisténcia do atrito no fundo, devido as fortes correntes de maré. A distor- 0 final da onda de maré harménica ocorre nos estuarios e nos rios onde a profundidade € demasiado pequena para permitir que a onda se propague eficaz mente. Como resultado geram-se maretas ( "tidal bores"), muitas vezes espec taculares e que podem chegar a causar grandes danos. 2.3 EFEITOS METEOROLOGICOS Mesmo as previsdes de marés mais cuidadosamente elaboradas diferem dos nf- veis de mar observados na pratica devido aos efeitos dos fendmenos meteorolé gicos. A importancia relativa dos movimentos demaré e dos movimentos indepen derites destes depende da altura do ano, da latitude e da proximidade de gran des extensdes de aguas baixas. Os valores dos desvios caracterfsticos dos nt veis observados relativamente aos niveis previstos variam de 0,03 metros nas ilhas oceanicas tropicais a 0,25 metros ou mais nas latitudes elevadas e tem pestuosas onde as plataformas continentais sejam pouco profundas. ~ Os padrdes de evolugao geolégica da linha de costa e a deposicao de se dimentos actuam frequentemente na produgao de zonas baixas e planas de terra fértil, adjacentes a grandes extensdes de Aguas pouco profundas, de que o nor te do golfo de Bengala é un exemplo notavel. As populagdes tendem a instalar- -se nestas plani Quando uma tempestade se combina com marés altas or: nando cheias © perigo mais imediato de afogamento, contudo a subsequente ruptura em servigos como o abastecimento de agua e redes de esgotos pode ge: rar outros perigos. Depois de alagadas pela agua do mar, também as terras a~ té entao férteis, se tornam improprias para cultivo durante varios anos, en consequéncia do depdsito salino que permanece depois do recuo das aguas. Fisicamente a atmosfera actua sobre o mar de dois modos distintos. Mu- dangas na pressdo atmosférica produzem mudangas nas pressdes exercidas verti calmente sobre a superficie do mar. 0 acréscimo de um milibar na pressao at: mosférica diminui em um centtmetro o nivel da agua; a isto da-se o nome de efeito barométrico invertido. 0 atrito do vento sobre a superficie do mar va ria_na razdo directa do quadrado da velocidade do vento, em primeira aprox magao. Este atrito_pée a Sgua em movimento: em aguas pouco profundas a cor- rente tem a direcc3o do vento, masem zonas mais profundas o transporte da-se perpendicularmente a direccao_do vento (para a direita no hemisfério norte). Quando o transporte das aquas @ impedido pelos limites da costa da-se um au~ mento dos niveis, a onda de tempestade (surge). Em estudos cientificos e em sistemas concebidos para prever a eminén- cia de cheias & normal distinguir entre "surges" tropicais e extra-tropicais. Ondas_de Tempestade (Surges) Tropicais S80 geradas por tempestades tropicais de curta duracdo mas muito intensas. Estas tempestades originam-se no mar,de onde progridem de forma irregular a- té atingir a costa, Ai produzem niveis de cheia elevados em extensdes de cer ca de 10 a 50 quilometros. As tempestades tropicais sao dificeis de detectar ao largo, e os seus efeitos numa determinada zona nao podem ser avaliados a partir das estatisticas de cheias observadas, por serem tao raras. A combina- ga0 de modelos numéricos ou estatisticos simples pode ser usada para estimar niveis maximos de cheias, mas a sua localizagao exacta depende do caminho se guido por cada tempestade individualmente. Ondas de Teny de (Surges) Extra Tropicais Slo geradas por tempestades que se extendem por varias centenas de qui léme~ tros e que se deslocam en geral _ lentamente. Podem afectar largas areas da costa durante perfodos que poderdo atingir varios dias. 0 seu centro é una jo de pressao atmosférica baixa. Os efeitos da rotagao da Terra tem de ser tomados em conta quando se efectuan previsdes numéricas do comportamento da tempestade edo consequente potencial para provocar cheias. Ao projectar sistemas de defesa costeira é preciso ter em conta os nfveis maximos que poderao resultar da combinagao de marés muito altas e de ondas de tempestade particularmente fortes, que a0 previsfveis num determinado perfo- do,de 50 a 100 anos. A aproximacao mais simples consiste em calcular a razao entre um dado parametro caracter{stico da maré normale umnivel comum perio do de retorno de N anos. Esta razao pode ser determinada ipara um porto de referéncia situado na regido e utilizada! para dimensionar parametros indepen dentes da maré noutros locais ondenaoexistam —longas séries de"dados “para conduzir uma andlise independente. Num outro método utilizam-se os niveis mais altos observados em cada umde u®.dado nimero de anos, ordenando-os com mé todos_estatisticos, a fim de avaliar por extrapolagao os niveis maximos que poder3o vir a ocorrer. Normalmente sao necessarios no minimo 25 anos de nf- veis maximos anuais para uma analise deste tipo. 9. processo mais direct para a obtengao da estimativa da probabilidade de ocorréncia de niveis ex- tremos emprega separadamente as probabilidades das marés e das "surges"! e combina-as estatisticamente no calculo das probabilidades dos niveis totais. Nas zonas onde as inundagdes resultam de "surges! extra-tropicais estas té- cnicas de analise de dados sdo validas, mas nas zonas onde as inundacoes mas significativas sejam devidas a "surges" tropicais os dados disponiveis serao insuficientes para permitir um tratamento estatfstico aceitavel dos niveis ma ximos que poderao ocorrer num determinado local; neste caso é normal confiar em modelos numéricos ou em modelos empiricos simples que relacionam os niveis maximos com valores variaveis da velocidade de deslocamento das tempestades e do seu rumo, bem como com a largura da plataforma continental. 2.5 TSUNAMI 0 tsunami @ uma onda gerada em resultado da actividade sismica e como tal ta fora das duas categorias de forgas responsaveis pelas variagdes normais do nivel do mar, a maré e 0 estado do tempo. Nem todos os sismos submarinos produzem tsunamis. 0 fendmeno mais importante @ um movimento vertical da cros ta que desloca o fundo do mar, As caracteristicas da onda de tsunami depende ro da amplitude da deslocagao e area do fundo implicada. Os deslocamen= tos horizontais do leito do mar tém relativamente pouco efeito. Estas ondas Propagam-se a una velocidade dada por ( profundidade x aceleragao gravitacio nal) /2 as amplitudes em aguas profundas sao pequenas, provavelmente nao ex cedendo I metro. As regides mais vulneraveis aus tsunamis situam-se no oceano” Pacifico e suas costas devido as fronteiras entre placas crustais, s!smica~ mente activas. A medida que a onda se aproxima de aguas costeiras pouco pro- fundas, a sua amplitude aumenta e dao-se miltiplas refracgoes e reflexoes que, combinadas, podem originar pontualmente amplitudes muito elevadas. A exis téncia de uma rede de estagdes maregraficas informadoras no Pacifico permite transmitir avisos da chegada do tsunami com varias horas de antecedéncia. 2.6 NIVEIS MEDIOS DO MAR Onvel.médio do mar @ calculado a partir de longas séries de observacées ho- rarias (ou por vezes tri-horarias ). A forma mais simples de o calcular & efectuando a média aritmética, mas métodos mais elaborados incluem a aplica ga0 de fliltros numéricos "passa-baixas" a fim de eliminar as marés e os "sur ges", antes de calcular a media. A media de todos os niveis de preia-mar e baixa-mar designa-se por nivel médio da maré, o seu valor aproxima-se mas nao coincide com o do nivel médio do mar. Séries de valores mensais e anuais do nivel médio do mar relativas a uma rede global de estagdes sao coligidas e publicadas pelo Servico Permanen te para o Nivel Médio do Mar, juntamente com detalhes para a local izacao dos marégrafos e com definigdes dos "datums"' a que se referem as medigdes. Esto em arquivo dados provenientes de mais de mil estagdes, das quais cento e doze tén registos desde antes de 1900. 0 registo mais longo de que se dispae & 0 de Brest, em Franca, que teve inicio em 1806. A localizag30 Fisica das es tagées da rede nao 6 a ideal: a grande maioria opera no hemisfério norte ¢ @ necessaria uma analise cuidadosa para evitar tendéncias na interpretacao. Persiste assim a necessidade de recolner dados nohemisfério sul enas ilhas oceanicas R variagao do nivel médio do mar relativamente aumponto fixenaTerra € uma medida da diferenga entre os movimentos verticais da superficie do mar e dos da propria terra. As [lutuacdes a longo prazo nos niveis médios do mar observados sao chamadas variacaes seculares. As variagdes globais no nivel mé dio do mar da-se o nome de variacoes aticas. 0s movimentos terrestres ver ticais A escala regional designam-se por epirogénicos. A Figura 2.3 mostra as variagoes do nivel mensal do mar a0 longo de um perfodo de dez anos, em cinco estagées bem estabelecidas As variagdes em Newlyn ¢ em Brest, que estao separadas apenas por 200 quild metros, sa0 muito semethantes. No caso de Honolulu e Sao Francisco, separa~ das por metade da largura do Oceano Pacifico, existem muitas semelhancas mas tambem existem muitas diferencas. A grande concordancia entre as variagoes em Newlyn e em Brest, que sao medidas de forma bastante independente uti lizan do diferentes Lipos de instrunentos, demonstra que a variabilidade oceancara fica que procuramos descrever ¢ compreender & muito supcrior aos erros nas medi coes. Joon Mody oA ay Vth hay we ful thre Pe) M i No eed if on \. Ph ee we f\nlWryral yy \ ah omc rl wl win rower ce 1379 1972 1s 376 a7 Figura Existem acentuadas variages anuais e semi-anuais do nivel médio_do mar devido a variagoes sazonais da pressao atmosférica,da densidade da agua e da circulagao oceanica. Na generalidade, durante os meses de verdo tendem a predominar as variagoes da densidade da agua e nos meses de inverno as variagoes de origem meteoroldgica. 2.7 TENDENCIAS DE LONGO PRAZO A figura 2.4 mostra as tendéncias a longo prazo do nivel médio do mar em diversas estagdes cujas caracteristicas estdo resumidas no Quadro 2.1. Nota -se um acréscimo generalizado dos niveis médio do mar, de cerca de 0,10 a 0,15 m por século, a0 longo do perfodo de medigdes detalhadas. Contudo exis- tem flutuagdes consideraveis relativamente a este valor médio. sie on ay amare M9 | onest mc tea. san FRANCISCO onoLULU oneny svoney vez0 1840 1860 1880 1900 1920 1940 1960 Figura 2.4 Variagdes do nivel_do mar a longo prazo observadas em oito estacdes, mostrando uma tendéncia geral ascendente (8 excepcao de Sitka) assim como significativas variagoes interanuais. Séries Completas Apés 1940 Latitude Ue Sos! | Perfodo Krtkn 57°03" | 42 | 1939-1979 =2,5(0,4) -2,6(0,3) fiaska, €.U.A.) JEWLYN 50° 06" 65 1916-1980 1,7(0,2) 1,5(0,4) Reine Unido) [BREST 48° 23" wh 1807-1981 0,9(0,1) 0,0(0,5) (Franca) HALIFAX. 44? bor 62 1897-1980 3,7(0,1) 3,2(0,3) (Nova Escécia, Canada)| [sho Francisco 37° 48! 127 1854-1979 3,8(1,5) 1,5(0,4) (eu.n.) HONOLULU 21° 19" 76 1905-1980 1,6(0,2) 0,8(0,4) tava) JaoMBATN 18° 55" 101 1878-1978 1,0(0,1) =1,0(0,4) (tnaia) SYDNEY 33° 51" 85 1897-1981 0,7(0,1) 2,0(0,3) (iuserat ta) Quadro. 2.1 Resultado Wo ajusts de — tendénctas Vineares a longas séries de niveis médios anuais do mar. As taxas de subida do nivel do mar esti- madas esto expressas em mm por anos entre paréntésis apresentam-se os desvios padre das estimativas. Durante os perfodos glaciarios, os niveis do mar descem porque a agua fica aprisionada nas calotes de gelo polares; 3 medida que os glaciares re~ cuam_o nivel médio global_do mar aumenta, mas este aumento geral de nivel po de ndo ser visfvel junto s costas que so recentemente se libertaram das su as cargas de gelo. Ao longo destas costas existe_uma elevagio isostatica da terra que pode ser interpretada como una diminuigaono nfvel tycat do mar (ver Sitka, Alaska, figura 2.4). Sobrepostas as tendéncias a longo prazo existem variagdes de alguns centimetros de amplitude que sao coerentes dentro deca da oceano mas nao @ escala mundial, comperfodos de varios anos. Estas varia gdes Inter-anuais ndo estao ainda bem explicadas mas deverao estar relacio- nadas com flutuagdes na quantidade de calor armazenado na circulagao e trans porte de calor. 0s estudos sobre estabilidade climatica e sobre mudangas no clima sé poderao progredir com uma melhor compreensao destas variacées dont vel do mar. Na auséncia de variages na densidade e na circulago oceanica, a su- perffcie do mar assumiria uma forma conhecida por gedide. No entanto, e tem variagdes de densidade e correntes que fazem com que o verdadeiro nivel médio do mar se desvie do gedide em mais de um metro. £ necessaria a existén cia de gradientes na superficie do nivel médio do mar através das correntes oceanicas, a fim de equilibrar as forgas de Coriolis que existem sobre o glo. bo em rotagao. As variagdes na Intensidade das correntes provocardo mudangas nos gradientes e,consequentemente, na superficie de nivel médio do mar. A diferenga do ntvel médio do mar observada entre dois marégrafos instalados em duas ilhas podera portanto fornecer uma indicag3o da intensidade da cor- rente que passa entre elas. 2.8 TESTEMUNHOS GEOLOGICOS Ao longo dos perfodos geoldgicos sucederam-se diversos _ movimentos vertica_ is consideraveis da terra_em relagao ao mar atingindo varios milhares de me= tros. Sao provas da existéncia de alveis do mar infériores aos actuais as li nhas de costa submersas, os deltas e 0 prolongamento de sistemas de vales fluviais para o largo através da plataforma continental, por vezes chegando mesmo a atingir canhoes submarinos no bordo da plataforma. Florestas submer_ sas, estratos de turfa e plataformas contendo material organico poderso ser datados para investigar essas variagdes. Encontra~se evidencia de movimentos terrestres ascendentes em praias elevadas , planos inter-tidais, sapais, bem como em plataformas de abrasao marinha e€ em sistemas de grutas em arri- bas. Nos locais em que a amplitude das marés @ pequena, como no Mar Medi ter raneo, as variagoes relativas de nivel do mar podem ser avaliadas através de levantamentos arqueolégicos de portos antigos. Em alguns casos as flutuagdes do nivel do mar sao repentinas como consequéncia de sismos locais, noutros casos, comona recuperagao isostat ica da carga glaciaria,as mudangas sao graduais. A combinacao das variagoes de nivel ido mar avaliadas por meio de técni cas diferentes mostra una subida de nivel relativanente rapida a partir de ha 20.000 anos, abrandando gradualmente desde ha 8.000 anos, quando os niveis se situavam a cerca de 15 metros abaixo dos actua r dat o aumento deu-se mais gradualmente até se atingirem os niveis actuals, ha cerca de 4000 anos. Desde entao as variagdes tém consistido em flutuagdes de pequena ampli tude. A Ultima glaciag3o foi apenas a mais recente de uma sucessao de avan- gos e recuos que se tem repetido ao longo dos ultimos dois milhdes de anos. Durante este perfodo Quaternario foram identificados dezassete ciclos glacia gao ~interglaciagao, contudo na historia geoldgica total estes perfodos de grandes oscilagoes glaciarias sao anormais e so foi possivel identifica-los em quatro outras ocasides nos Ultimos 900 milhdes de anos. BIBLIOGRAFIA BARNETT, T.P., 1983: "Recent changes in sea level and their possible causes! climatic Change, 5, p. 15-38. DOODSON, A.T. & WARBURG, H., 1941: "Admiralty manual of tides''. Londre: $0. 270 pp. GORNITZ, V., LEBEDEFF, S. & HANSEN, J., 1982: "'Global sea level trend i past century". Science, 215, p.161171614 the KASAHARA, K., 1981: "Earthquake mechanics''. Cambridge University Press, 2Blipp. LISITZIN, E., 1974: "Sea level changes". Amesterddo: Elsevier, 286pp. MURTY, T.S., 1977: "Seismic sea waves - Tsuhamis''. Bulletin of Fisheries Re~ search Board of Canada, No 198, 337pp. MURTY, T.S., 1984: "Storm surges - meteorological ocean tides". Canadian Bulletin of Fisheries & Aquatic Sciences, No 212, 897pp. PATTULLO, J.G., MUNK, W.H. REVELLE, R. & STRONG, E., 1955 cillation in sea level''. Joufnal of Marine Research, 1, p.88-155. “The seasonal os PUGH,D.T., & FAULL, H.E., 1983: "Tides, surges and mean sea level trends". p-59-69 de "Shoreline protection", Acta de uma conferéncia organizada pelo Institution of Civil Engineers, Southampton, 1982. Londres: Tho- mas Telford. 248pp. ROSSITER, J.R., 1967: "An analysis of annual sea level variations in Europe an waters". Geophysical Journal of the Royal Astronomical Society, 12, p.259-299. THOMPSON, K.R., 1980: "An analysis of British monthly mean sea level". Geophy sical Journal of the Royal Astronomical Society, 63, p.57-73. WUNSCH, C., 1967: "The long-period tides". Reviews of Geophysics, 5, p.Al7- “47S. WYRTKI, K. fic. 1979: "'Sea level variations: monitoring the breath of the Paci- E0S, Transactions of the American Geophysical Union, 60, 25-27. 2 3. MAREGRAFOS 3.1 ESCOLHA DO LOCAL PARA IMPLANTACAO DO MAREGRAFO Antes de escolher o local para a instalagdo de um marégrafo & preciso consi- derar os seguintes aspecto: 1) 0_tipo de marégrafo a instalar. Em caso do marégrafo de flutuador, as dimensdes do pogo e da estrutura de suporte necéssaria. 2) A area para a qual se requer informagao sobre as marés e o fim a que se destina essa informagao. 0 local sera entéo escolhido dentro dos limites da linha de costa impostos pelos requisitos anteriores. Em alguns casos, a escolha do local @ bastante Obvia, quando seja necessario obter dados sobre os niveis de maré num ponto bem defénido, como por exemplo junto a descarga de um esgoto ou de uma_com- porta. Na maior parte dos casos, contudo, a escolha do local nao sera tao evi dente e sd podera ser feita avaliando quais das seguintes restrigées sao significativas e quais poderao ser mais ou menos ignoradas: a) A instalagao quando terminada teraque ser capaz de suportar as piores condigées de tempestade que se poderao esperar. Portanto deverao ser evitas das, na medida do possivel, as posigdes conhecidas como sujeitas a danos cau sados ‘por :tempestades, em resultado da sua exposi¢ao. Se tal nao for possivel esta situagao deve ser tomada em conta quando se efectuar o projecto da ins- talagao. Nos locais onde possam ocorrer ondas de grande envergadura ou tsuna mis, poder ser necessario elevar onwel da estrutura’ a fim de evitar o seu alagamento ou destruicao. b) 0 terreno onde devera ser construida a instalacao tem de ser estavel, nao estando sujeito a subsidéncia provocada por trabalhos subterraneos ou por ser uma zona de aterro recente. Tambem nao podera estar sujeito a derrocadas nto caso da ocorréncia de chuva intensa prolongada (tera de possuir uma drena gem adequada) ou a ser erodido em resultado da acgao do mar ou dos rios. Cons truir directamente sobre nocha sélida @ o ideal. c) A profundidade da agua teré de atingir pelo menos dois metros na maré astronémica mais baixa para que o pogo possa trabalhar eficientemente. 0 ori- ficio do poco devera estar suficientemente afastado do fundo do mar e estar colocado a profundidade suficiente de modo a permitir que o flutuador funcio nea cerca de um metro abaixo da maré astronomica mais baixa. d) 0s estuarios deverao, se possivel, ser evitados. A mistura da gua pro. veniente do rio com a agua do mar tem como resultado a variacao da densidad da agua na area e, em virtude da estratificacao, a gua que entra no poco po dera ter diferente densidade da agua circundante. As correntes devidas ao es coamento do rio poderao causar suc¢o no pogo e, apds chuvadas fortes, os ma teriais flutuantes arrastados pelas aguas do rio poderao prender-se ao poco causando 0 bloqueio do orificio, podendo até provocar danos por impacto. e) Deverdo evitar-se as reas onde possa ocorrer represamento em marés = baixas extremas (isolando-as do mar). De modo semelhante, a existéncia de © MAREGRAFO BASICO Poleia do flutuador 77 Pena Mecanismo de relojoaria a i Tambor de registo —_—_— Esticadores dos fios da pena _— Contrapeso Flutuador 4——____-— Entrada cénica o£ _______ riffcio Figura 3.1 4 barras de areia pouco abaixo da superffcie poder resultar no registo de n veis incaracterlsticos. A medigao em praias extensascom aguas pouco profun= das também devera ser evitada pelas mesmas razdes. f) Deverdo ser evitados os promontérios muito pronunciados e os estreitos pois sao areas onde ocorrem geralmente correntes fortes. 9) A proximidade de pontos de descarga de emissdrios poderé resultar na ocorréncia de correntes, turbuléncia, diluigdo e depositos, devendo portan- to ser evitada. h) _ Devera ser efectuado um estudo sobre o transito ou fundeamento de navi 0s junto ao local proposto, ja que podera existir risco de colisao ou de a turbuléncia causada pelos hélices dar origem @ suspensdo de sedimentos. i) _Devera proceder-se a averiguagdes no sentido de determinar se existe a possibilidade de se virem a efectuar futuramente na zona construgGes que pos sam vir a afectar o regime das marés no local (como, por exemplo, construcao de novas docas, quebra mares, eclusas ou grandes fabricas com canais repre- sados por comportas ou com emissarios importantes). j) Nos casos em que seja necessdrio o fornecimento continuo de uma quanti dade de energia apreciavel, sera preciso dispor de uma ligagao @ rede eléc- trica da rea. Se tal nao for possivel pode-se obter um fornecimento alter- nativo a partir de bateriasde um gerador. Se a energia for apenas necessa- ria para fins de registo ou de transmissao de dados, as baterias poderao ser suficientes. k) Deve existir acesso_adeauado a0 local, no infcio para transportar mate riais durante a construgo.e, depois, para visitas de observagao e manuten- ¢30. 3.2 0 MAREGRAFO DE FLUTUADOR (i) Estrutura Fundamental do Marégrafo A instalagao mais simples de um marégrafo de flutuador podera assemelhar-se & ilustrada na Figura 3.1. 0 flutuador, que se mantém 3 superficie da agua, esta ligado a um peso,de tal modo que a posi¢ao do peso @ condicionada pela do flutuador. A medida que o flutuador sobe, durante a enchente da maré, o peso desce da mesma quantidade e o cabo que passa na roldana faz com que es, ta rode, sendo o angulo da rotagao directamente proporcional a variagao do nivel da agua. Uma segunda roldana, fixada_no mesmo eixo, rodara de um angu- lo igual ao da primeira, mas, como o seu diametro é menor, um estilete ligado a0 fio que passa sobre a segunda roldana deslocar-se-a de uma distancia in- ferior a percorrida pelo Flutuador, embora o faga exactamente do mesmo moda 9 estifetepodera ser adaptado de modo a escrever em papel de registo e repre sentar 0 movimento do flutuadore, azsim,o da superficie da agua, embora numa escala reduzida. A razao,ou escala, das alturas do marégrafo a razao entre ‘© movimento da pena e o movimento real da superficie e é determinado, neste caso, pelos diametros das duas roldanas. Se o papel de registo esta colocado de forma a deslocar-se, a veloci- 15 dade constante, normal ao percurso da pena, obter-se-8 uma curva que constitui um registo continuo da altura da agua em fung3o do tempo. 0 flutuador esta concebido de modo a funcionar no interior de um poso, © que @ necessario para um funcionamento satisfatorio. 0 pogo constitui um receptaculo que impede que o flutuador se desloque na presenga de ventos. Res tringindo a entrada e saida de agua no poco consegue~se amortecer até certo ponto o movimento da agua,,eliminando assim as oscilacdes devidas as ondas de curto perfodo. (ii) 0 Marégrafo na Pratica Todos os marégrafos de flutuarnr analégicos se baseiam no instrumento sim - ples descrito anteriormente.& concepcaodos marégrafos reais difere do mo- delo fundamental apenas na medida em que incorporam disposi tivos destinados a melhorar a preciso e credibilidade do aparelho. Gi) o istema do Flutuador N3o & normalmente empregue um cabo entre o flutuador e o contra-peso passan- do sobre uma roldana, pois que_o cabo esta sujeito a deslizar na roldana, e, na melhor das hipdteses, sd sera capaz de transmitir um pequeno bindrio nes- mo que nao se dé escorregamento. 0 fio do flutuador @ normalmente enrolado @m torno de um tambor provido de un sulco em espiral para o guiar a medida que corre e evitar voltas sobrepostas. Também 0 contrapeso esta suspenso de un tambor do:mesmo tipo. Nao é normalmente conveniente manter o peso a fun- cionar & mesma altura do flutuador, pois assim passaria parte do tempo mer~ gulhadg, com consequentes problemas de corrosao e efeito diminuido devido a impulsao. 0 peso € notmalmente suspenso de um tambor de diametro inferior e, portanto, efectua percursos muito menores que os do flutuador. 0 percurso po- de ser ainda mais reduzido fazendo passar o fio através de uma roldana ou de um sistema de roldanas. Como a amplitude do deslocamento do contra-peso é ferior a do flutuador sera necessario aunentar a sua massa na mesma propor~ ¢40 de modo a manter o sistema em equilibrio. Em varios modelos de marégra= fos utiliza-se a ligacdo directa entre flutuador e contra peso: nestes casos, ou se utiliza uma fita perfurada, que corre sobre una roldana dentada, ou en to uma roldana especial em volta da qual o fio da varias voltas. Os flutua- dores modernos sao feitos de materiais como o nylon e PVC que sao pouco afec tados pela acgao corrosiva da agua do mar. Tambem se utilizam materiais por natureza anti-vegetativos como, por exemploo cobre. Para funcionar bem, um Flutuador nao pode deixar entrar agua e portanto ndo deve ser construido com materiais sujeitos a serem corrotdos ou a estalarem. As propriedades anti-ve getativas sao importantes pois muitas formas da vida marinha parecemmostrr grande atracgao por objectos a flutuar a superficie domare dal resulta que o flutuador aumenta de volume a medida que se vao acumulando organismos vivos e,gradualmente,o espaco entre o flutuador e as paredes do pogo vai _diminuim do originando uma resposta mais lenta por parte do flutuador. 0 prdprio flux tuador nao deve poder entrar em contacto com a parede do poco ja que isto po der provocar a prisdo ‘do flutuador particularmente ao nivel das juntas do pogo, e que eventualmente se desgaste e meta agua. Os fios de suspensao do flutuador e do contrapeso devem ser constitu dos por materiais inextensiveis e resistentes @ corrosao. 0s fios de ago ino xidavel s3o os mais usuais. & importante que se utilize o calibre de fio correcto, bem adequado a cada marégrafo, pois uma mudanga no diametro do fio afectara a escala das alturas do marégrafo. Os contra-pesos podem ser de qualquer material pesado como ferro fundido, ago, latao ou chumbo. A massa do contra-peso @ um factor importante j3 que deve ser suficiente para vencer qualquer atrito nos mecanismos de transmissao do marégrafa mas no tao exces siva que reduza o efeito do flutuador e o torne incapaz de vencer os atritos no sentido oposto. (iv) Engrenagens A transmissao entre 0 eixo da roldana do flutuador e 0 mecanismo da pena de tomar varias formas, todas elas desenhadas com 0 intuito basico de mizar as folgas. Em alguns marégrafos isso & conseguido mantendo em tensao © conjunto das engrenagens num dado sentido, noutros casos pela utilizacao de engrenagens dotadas de molas anti-folgas ou, ainda, pelo fabrico em alta precisao de todas as pegas. (v) Penas Tem sido utilizada uma grande variedade de canetas e de lapis nos marégrafos a fim de se obter um registo no papel, nem sempre com éxitd. A pena tem de riscar 0 papel com lentidao e, para que isso seja feito apropriadamente, nao pode secar nem derramar tinta. A maior parte dos marégrafos actuais utilizam, cu canetas com ponta de feltro, ou canetas de tubo capi lar com recargas des- cartaveis. Cada modelo dura em média cerca de dois meses até necessitar de ser substitufdo. A vantagem das pontas de fibra @ que sdo por natureza com- Pletamente descartaveis, nao necessitando de qualquer tipo de manutengao, ao passo que a caneta de tubo capilar requer frequentes limpezes por imersao em alcool metilico. (vi) Papel de Registo 0 papel de registo pode ser instalado num tambor rotativo ou ter a forma de un rolo continuo. 0 papel montado em tambor, quando desenrolado, é de forma rectangular com uma quadricula impressa indicando, numa direccao, a altura e, na outra,o tempo. Os tambores so normalmente ajustados de modo a efectuar una rotagso completa em cada vinte e quatro horas, por issoopapel esta marca do em horas, de zero a vinte e quatro. Ao ajustar o papel no tambor é essen cial obter 0 alinhamento correcto da quadrfcula de modo a que a linha da ho ra zero coincida com a das vinte e quatro horas e que nao existam saltos na leitura das alturas na jungao das pontas do papel. No outro tipo, o papel de registo tem a forma de um rolo de papel continuo que passa de uma bobina pa ra outra a velocidade constante. 0 papel tem cotadas as alturas no sentido da largura e os tempos no sentido do comprimento. Ambos 05 tipos de sistemas de registo sao movidos a velocidade cons~ tante por meio de um mecanismo de relojoaria. Os relégios mecdnicos com cor da para oito dias sao os mais usuais, embora nalguns marégrafos se utilizem relogios eléctricos e reldgios sfncronos ligados a rede eléctrica. (vii) Registadores de Fita Perfurada Alguns marégrafos de flutuador ndo fornecem un tragado analdgico em papel, registando valores pontuais a intervalos de tempo regulares num rolo de pa- pel sob a forma de uma serie de perfuragdes circulares. No caso destes maré SISTEMAS DE ADMISSAO DO POCO Entrada conica i} De orificio removivel De fundo plano Lt] t Placa de base com Com admissdo lateral varios oriffcios «—— Parede do cais Tubo de admisso de largo diametro, in- clinado para facili tar o escoamento de sedimentos. Figura 3.2 13 grafos & necessario dispor de um leitor de fita compativel para descodificar os dados. 3.2.1 INSTALAGKO (i) © Pogo 0 pogo do marégrafo é um tubo colocado verticalmente na dgua_e suficientenen te longo para abranger adequadamente todas as alturas de maré que possam ecorrer num dado local. 0 fundo do pogo é fechado excepto num pequeno or ft cio pelo qual a agua pode entrar ousair, sendo o topo aberto. Existem dois tipos basicos de pogo, um com um pequeno orificio no fundo e+ outro, di spon do de um tubo ligado @ parte inferior do poco. Anbos estes dispositivos ser- vem essencialmente para o mesmo objectivo, que é o de amortecerem as pertur- bagdes de alta frequéncia como as ondas oa turbuléncia causada pelas embar- cagdes, mas dexarem inalteradas as variagdes de longo perfodo como marés e seiches. A principal diferenga @ que o tubo de admissao3 mais eficiente e po de ser ajustado segundo as necessidades do utilizador. ( ) 0 oriftcio 0s oriffcios dos pogos tém formas variadas, algumas das quais estado ilustra- das na Figura 3.2. A entrada conica @ a mais comum ja que tem a vantagem de ser auto-drenavel no que diz respeito a lodos e areias e assim requerer linr pezas menos frequentes. Uma variante deste desenhoé aentrada cénica com um bujao removivel que permite, nao so uma limpeza facil do orificio para remo- go de sedimentos e matéria viva, cono também fazer experiéncias variando o tamanho do oriffcio. A Figura 3.3 mostra a curva caracterfstica de amortecimento do pogo num intervalo de frequéncias desde segundos até vinte e quatro horas. 0 grau de amortecimento conseguido com um oriffcio deadiissao depende da amplitude da perturbagao, sendo as grandes perturbagées mais significativamente redu- zidas. A frequéncia 4 qual a atenuagao se torna insignificante esta dependen te_do tamanho do oriffcio cujo diametro recomendado deve ser um décimo do diametro do pogo; contudo, em alguns locais, pode chegar-se @ conclusao de que & necessario um orificio mais pequeno a fim de eliminar perturbagoes indese javeis. A dimensao ideal s6 pode ser atingida por tentativas para obter ama xima redugao das oscilagdes indesejaveis sem afectar significativamente a resposta do poco as frequéncias das marés. (iii) A Conduta de Admisso A Figura 3.3 mostra também a atenuagdo produzida num poco alimentado por uma conduta de comunicagdo. Note-se que existe uma frequéncia critica acima da qual as perturbagoes exteriores sao praticamente eliminadas e abaixo da qual existe pouca ou nenhuma atenuscdo. 'azendd a combinacao do comprimento da conduta e do seu diametro,a frequéncia critica pode ser deslocada para on de se desejar. Contudo,a teoria na qual se apoia esta relacao pressupoe con digdes de escoamento laminar e estas sé tém lugar em condutas de diametro relativamente grande o que implicaumaumento substancial do sea comprimento. 0s sistemas com conduta sao pouco utilizados, a menos que sejam necessarios para conseguir atingir uma profundidade de agua suficiente, pols sao de cons 19 oz Jo da amplitude Factor de atenuagao Perfodo das ondas Figura 3.3 Com tubo de admissao Aumento trugdo dispendiosa, esto sujeitos a problemas de sedimentagao e sao dificels de limpar. (iv) Construgao 0s pogos podem ser construidos de varios materiais, estando a escolha depen- dente daquele que for de mais facil obtengao no local e das condicdes mais adversas que sejam de esperar no sitio escolhido. Os materiais mais vulgar- mente utilizados so GRP (fibra de vidro), PVC ou aco revestido de betume. A estrutura @ qual o pogo sera ligado é decisiva para o desenho dos apoios. No caso de cais assentes em pilares podera ser possivel montar 0 poco dentro dessa estrutura, preso a ela por simples bracadeiras. Na maior parte dos ca sos & necessario fazer uma construgao na parte lateral de um mothe, estando” © pogo assente em varios pontos sobre apoios salientes da parede do mothe. E aconselhavel utilizar porcas, parafusos e cavilhas de aco inoxidavel ou de bronze fosforado para prender a sec¢ao inferior do pogo de modo a facili- tar a sua remogao quando for necessario proceder 3 sua manutengao ou limpeza (v) Erros Causados Pelo Pogo Os erros_nas medigdes_com pogos podem ser provocados por varios factores. Se dimentagdo e acumulagio de vida marinha junto ao oriffcio ja foram menciona das; elas diminuirdo efectivamente a seccao do orificio e poderao até levar ao seu bloqueio completo. 0 oriffcio podera também ser obstruido pela acumu lag3o de lodo e areia no exterior do pogo, resultante de correntes naturais,— tempestades ou hélices de embarcacées, e € pois importante que seja escolhi do um local onde exista uma profundidade de agua adequada por baixo do orift cio, para evitar que isto ocorra. Este problema podera ser muito dificil de resolver no caso de marégrafos com conduta. Os erros podem ser causados pelo facto de a agua no pogo nao ser dames ma densidade da que se encontra no exterior. Quando ocorre estratificagao, 0 que @ particularmente grave nos estuarios dos rios, as camadas superiores da agua terao uma densidade mais baixa do que as inferiores} como o orificio do marégrafo se encontra bastante profundo, sd a agua das camadas mais densas entrara no pogo durante a enchente e, sendo mais densa, a agua do poco atin- gira um nivel inferior ao do exterior. Ao contrario, se agua de menor densi- dade entrar no pogo, durante a maré baixa, ficara retida e entdo tera lugar um efeito oposto, pois a agua no interior do pogo é de densidade inferior @ do exterior. Na presenga de correntes, 0 escoamento junto ao oriffcio de entrada causara_uma diminuigdo local da pressao na zona do oriffcio, reduzindo o ni- vel da agua dentro do poco. Este efeito de succdo torna-se mais signif icat ivo quando as correntes excedem cerca de 1,25 nds ( 65 cm/s ). (vi) 0 Abrigo Trata-se do resguardo utilizado para a instalacao do marégrafo. E sempre re- comendavel que o marégrafo esteja abrigado num edificio ou numa guarita, de modo a proteger 0 equipamento de condicdes adversas e a manter um ambiente bastante seco, onde os efeitos da humidade, de depdsitos de sal e dos extre- mos de temperatura sejam minimisados. No Reino Unido, devido ao clima geral- mente frio e himido, os abrigos sao mantidos aquecidos a uma temperatura constante com ventilagao suficiente,de modo a permitir que a humidade atmos- a férica se disperse. Quando nao é possivel manter uma proteccao adequada cor tra a humidade,a caixa do marégrafo deve estar provida de material absorven te de humidade como sflica gel, de modo a manter secos o mecanismo e o pa~ pel de registo. E importante que a construcao seja capaz de suportar as piores condi ges de_tempestade possiveis pois @ nessas ocasides que os registos maregra ficos s3o mais importantes. Se tal n3o for possivel, entdo o local esta mal escolhido e o marégrafo deverd ser transferido para um ponto onde exista me lhor protecgao contra os temporais. 7 0 abrigo deve dispor de iluminagao adequada para todas as tarefas que tm que ser realizadas no seu interior. E tambén aconselhavel a existéncia de pelo menos una janela fornecendo luz natural, de modoa facilitar a segu~ ranga das operagdes no caso de falhar o sistema de iluminagao artificial. Um marégrafo de flutuador deve estar situado directamente por cima do pogo, dé modo a que o sistema de flutuador possa operar directamente e livre de atritos. Nos casos em que isso nao seja possivel, @ necessdrio um siste- ma de roldanas para conduzirofiordo flutuador ao marégrafo. Em todos os casos,o marégrafo deve estar montado num suporte grande fixado ao chao, suf iciente: mente rigido para que nao se desloque quando alguém se encostar a ele. 0 to: po do poco deve estar coberto pelas seguintes razoe: 1) Por questdes de seguranga, para evitar que alguém caia na abertura, pois @ praticamente impossfvel salvar uma pessoa que tenha cafdo no pogo de um marégrafo. 2) Para evitar que caiamno pogo objectos soltos tais como livros, canetas ou roupa. 3) Para evitar a subida de ar himido para dentro do abrigo. Quando © suporte estiver colocado sobre o pogo,o modo mais conveniente de o ta par @ ajustar uma tampa a parte dianteira do suporte de forma a fechar com- pletamente a abertura. De qualquer modo, deverd existir sempre espaco sobre © suporte para o manuseamento dos registos durante as manutengées de rotina. (vii) Escalas de Marés E essencial em qualquer marégrafo dispor de uma escala de marés, pois consti tui 0 unico meio pelo qual pode ser feita uma leitura directa do nivel da Agua por simples observacao. Isto permite uma verificagao rapida do nivel in dicado pelo marégrafo. A escala de marés assume normalmente a forma de uma haste graduada ao longo'ido seu bordo, fixada verticalmente num suporte rigi, doe com uma altura pelo menos igual a da maior altura de maré espectavel 0 desenho em uso na rede maregrafica de classe "A" do Reino Unido esta patente na Figura 3.4. As cores utilizadas na régua so 0 preto e o amarelo de modo a dar um bom contraste para facilitar a_leitura. 0 material utilizedo na escala de marés no deve estar sujeito a empe nar nem a ser corrofdo e deve também ser facil de limpar. 0 modelo ilustrado na Figura 3.4 satisfaz estes requisitos pois & construido em GRP (Fibra de vidro) coma escala gravada na fibra, sem saliéncias. A escala de marés de ve estar situada omais prdximo possivel do marégrafo e deve estar posicio= nada de modo a permitir uma leitura facil, de preferéncia de modo a ser vis ta do interior da guarita do marégrafo. A escalademarés nao deve ser colo= 22 cada num local onde esteja sujeita a embates ou a raspdes por — navios ou embarcagées em movimento, ou a ficar encoberta por embarcagoes fundeadas no porto. E importante que a escala de marés esteja vertical. Se tal nao for posstvel, por exemplo quando estiver fixada no paredao inclinado de um cais onde nao se possa construir uma estrutura vertical, entdo a graduagao deve ser ajustada de modo a entrar em linha de conta como Angulo da inclinacao. A escala de marés pode ser dificil de ler em certas condicaes e por is so as leituras registadas deverao ser acompanhadas por uma estimativa da mar gem de erro no instante da observacdo. Na presenga de ondas ha tendéncia para , 6/89 erro HODELO bos NoMEROS 00160 OAS cones Preto a) Anarelo de sinalizagio Nineros pares: eFunds preto | P| Nimeros fnpares: pretos sobre fundo amarele asmng—|_— ge largar { - ee targure v. 1200 was Valores negativor nn Noter a Inversso. dos valores decingtricos. RO Oe ua eee Couaes sce lreneiro de 1978 jesst’s be unal Comite on Figura 3.4 23 tomar a média entre as leituras mais alta e mais baixa, © que pode condu- zir a erro, pois as ondas geralmente nao sao simétricas. Obtém-se assim uma estimativa que é geralmente superior ao valor médio real. A escala de marés, sendo um objecto fixo,constitui um obstculo @ corrente da agua,o que resul- ta numa perturbagao no nivel da superficie, o qual tende_a aumentar do lado montante e a diminuir a jusante. Quando as observagdes sdo efectuadas com um certo angulo é facil cometer erros na leitura do nivel indicado na escala, principalmente sob sol intenso ou quando a agua esta transparente. Uma linha de visao fazendo cerca de vinte graus coma superficie sera o ideal. 3.2.2 NIVELAMENTO E CONTROLO DO "DATUM! (i) Marcas de Nivelamento Na vida quotidiana utilizamos inconscientemente niveis de referéncia (''dai- tum"), por exemplo, quando se diz que uma drvore ten seis metros de altura, toma-Se naturalmente o nivel do solo como referéncia a partir da qual medi- mos essa altura. Contudo se considerarmos a altura de um grande edificio nu ma rua inclinada precisaremos de mais informagao para a determinar, pois o nosso "datum" j& nao pode ser o cho, por nao se tratar de uma superficie de nivel. Neste caso necessitamos de um ponto bem def inido para referencial da medigo. Do mesmo modo as observagées de marés tém de estar referidas a um "datum" Fixo para que possam ser utilizaveis. Nas observagoes de maré @ utilizada uma marca de nivelamento como pon- to de refer&ncia fundamental. Uma marca de nivelamento € um ponto bem def ini do localizado numa superficie estavel, como por exemplo uma rocha exposta, a parede de um cais ou um ediffcio de dimensao significativa. Quando a marca de nivelamento esta situada numa superficie horizontal toma normalmente a forma de uma cavilha de lato de cabega arredondada, cujo ponto mais elevado constitui o nivel de referéncia. No caso de se situar numa superficie verti calesta marca podera ter a forma de um sulco horizontal na superficie ou num suporte metalico, com um bordo horizontal de referéncia a que se pode fixar 0 suporte de uma escala de marés. Nao € boa pratica depender da estabilidade de uma s6 marca de nivela- mento mas sim dispor de varias, no minimo trés, no espago de um a dois quild metros, que deverdo manter sempre a mesma elevacao relativa entre si. So se ngo se observarem mudancas durante um longe periodo € que sera correcto ad tir que todas sdo estaveis. Contudo, é essencial que estas marcas de nivela- mento estejam ligadas a rede geodésica nacional _e sejam verificadas periodi- camente. AS marcas de nivelamento terao elevagdes referidas ao "datum! da rede nacional. & importante que, para além de serem estaveis, as marcas de nivelamento estejam claramente identificadas tanto em si proprias como com uma adequada referéncia cartografica. i) Zero do Marégrafo © zero de um marégrafo & a superficie horizontal de nivel @ qual o maré- grafo indica zero. 0 nivel horizontal utilizado dependera das necessidades jo esta vulgarizada a utilizagao do zero hidrogra Fico do Almirantado Britanico como "datun'' para instrumentos de marés, embo ra algunas autoridades portuarias utilizem os seus proprios niveis de refi réncia; em geral, nestes casos, "datum" utilizado & 0 topo de uma comporta 26 ou a cota de um baixio existente no porto, de modo a que o nivel _assinalado pelo marégrafo indique a profundidade da agua acima de tais obstaculos. (iii) Zero Hidrografico 0 zero hidrografico ou nivel de redugao das sondas é o plano das baixa-mares abaixo do qual se medem as profundidades inscritas nas cartas marTtimas e acima do qual 40 medidos os niveis das marés. 0 zero hidrografico é um pla no horizontal, definido para dada drea, cuja cota variara ao longo da linha de costa em funcéo das amplitudes das mares em cada local. (iv) atum'' Altimétrico) E um plano de referéncia imaginario abrangendo uma extensa area (no caso do Reino Unido, a totalidade da Gra Bretanha). A cota deste plano é estabe- lecida a partir de observagdes do nivel médio do mar, durante um longo perf- odo, nun ponto de referéncia,e deste modo este datum norma lmente igual ou muito semelhante ao valor do nivel médio do mar. Uma vez definido, o nivel de referéncia dos levantamentos terrestres permanece fixo. Para cada ponto da costa existe uma diferenga fixa entre 0 zero hidro- grafico e o “datum altimétriza Nas tabelas de mares estao indicadas as rela- des entre o zero hidrografico e o "datum" altimétrico para varios locais ao longo da costas estes valores permanecem normalmente imutaveis e sao aproxi- madamente iguais a metade das maximas alturas de maré espectaveis. (v) Estabelecimento do Zero do Marégrafo Vamos primeiro considerar o tipo de marégrafo mais simples, a escala de mar- €s. Quando correctamente colocada, a escala de marés permanecera vertical, is to 8, sera perpendicular ao plano horizontal em todas as direcgdes e 0 seu zero sera apenas tangente ao plano de referéncia imaginario. Para efeitos praticos,é muito mais simples considerarmos o topo da escala de marés e se, por exemplo,esta estiver graduada de zero a seis metros, deveremos assegurar “nos que o topo da escala esté posicionado seis metros acima do plano de re~ feréncia. Isto consegue-se na pratica pela tranferéncia do nivel de uma mar- ca de nivelamento local, de elevacao conhecida, para o local onde se encon- tra a escala (ver Figura 3.5). Utilizando este método de nivelamento é possi vel estabelecer a elevag3o de qualquer superficie relativamente ao zero es- colhido. ; No caso de marégrafos de flutuador & necessario determinar rigorosamen te o nivel da agua no poco em relagao ao "datum" e s6 entéo ajustar a escala a esta leitura. Estabelece-se umponto de referéncia préximo do bordo superior do poco e desce-se uma fita de aferigao cujo zero coincida com a marca de referéncia até que a sua extremidade toque na superficie da agua. Entdo, conhecendo a elevagao da marca de referéncia e subtraindo a distancia desta marca @ super ficie da gua, conforme indicada pela fita de afericao, obtém-se o valor que © marégrafo devera indicar. Uma vez conrectiamente ajustado o marégrafo, qual quer outra leitura, adicionada ao resultado de uma medi¢ao simultanea com a fita de afericao, devera dar a elevacao da marca de referéncia acima do ' tum! (ver Figura 3.6). 25 Figura CONTROLO DO NIVEL DE REFERENCIA DE UMA ESCALA DE MARES Linha de mira horizontal Cota de referéncia da marca de nivelamento Nivel de referén dos levantamentos terrestres (Ordnance Datum! Nivel de referéncia das cartas <— Réguas ——+] J Escala de marés nauticas (zero hidrografico, "Chart Matum'') Elevagdo da parte superior da escala de marés relativamente 4 cota de referén- cia da marca Elevagdo da cota de referéncia do maré- grafo relativamente ao nivel de referén cia dos levantamentos terrestres Elevagao da cota de referéncia do maré~ grafo relativamente ao zero hidrogra Portanto: Elevacao da parte superior da esca~ la relativamente ao zero hidrograf ico Zero da escala de marés relativamen te ao zero hidrografico 3.5 26 tyt (arb) +y+(a-b)-6 CONTROLO DO NIVEL DE REFERENCIA DE UM MAREGRAFO DE FLUTUADOR Ponto de tt Leitura do ee (©) ]]mardsraro’ oy p—Ponto de S olold Cota da refe réncia doy [na régrafo |__ Nivel de referéncia dos levantamentos terrestres Altura da agua L— Zero hidrografico Para obter as leituras utiliza~ =se uma sonda manual (a ). A soma (a + b ) dever& ser constante e igual 4 elevacao do do ponto de contacto, acima do zero hidrografico. As discrepancias provém de erros inerentes ao marégrafo. 27 wv elamento Se a marca de nivelamento se encontra a distan consideravel da escala de marés,entao o nivelamento entre os dois pontos tera que ser feito por va vias etapas. Para efectuar esta tarefa é necessario determinar os pontos in. termédios a utilizar e marca-los claramente,a espagos de cerca de cinquenta, metros, numa superficie solida, Isto pode ser feito pintando uma pequena cir cunferéncia em torno do ponto ou, em superficies menos duras, espetando no solo um prego de cabeca redonda (ver Figura 3.7). 0 aparetho de nivelamento @ entdo colocado entre a marca d o primeiro ponto_intermédio e devem ser efectuadas leituras da régua nas duas posigdes. Este procedimento repetido ao longo do percurso até a escala de marés, E importante que os pares de leituras se efectuem na sequéncia correc ta, de contrario resultara um erro nas diferengas de alturas. | Escala de 8 Rragas Wea tt Se 5G. Ctag0 WC [| marés A elevagao da escala de marés relativamente & cota de referéncia devera ser igual a: (a-b)+(ce-d)+(e-Ff)+(g-h) Figura 3.7 (vii) Teste de Van de Casteele Estes testes baseiam-se na obtengdo de leituras feitds . coma fita de aferi ¢40, simultaneamente com leituras do marégrafo, durante um ciclo de maré com Pleto. Como foi demonstrado anteriormente,a soma destas duas leituras deve- ria permanecer constante, mas isso so aconteceria no caso de um marégrafo perfeito. 0 teste de Van de Casteele foi concebido para determinar a preci so do marégrafo a partir dos resultados obtidos ao longo de um ciclo de mare completo, que ‘sao utilizados graficamente na construgdo de um diagrama,pela forma do qual se podem identificar os defeitos do maregrafo (ver os exemplos que acompanham o teste da Figura 3.8 e exemplos de diagramas indicando va~ rios tipos de defeitos na Figura 3.9). wv ) Teste do Pogo Apesar de um teste de Van de Casteele poder indicar que o sistema do flutua 28 dor esta a funcionar satisfatoriamente, a informagao registada pelo apare- Tho sO sera rigorosa se também o pogo funcionar satisfatoriamente. S6 nos casos extremos de entupimento do oriffcio ou da conduta é que o mau funcio- namento do poco podera ser identificado no registo do marégrafo (trago dema siado regular, retardamento durante a enchente e vazante, particularmente nas meias-marés). . Para determinar a efici@ncia do pogo é necessario efectuar leituras simultaneas do nivel de agua no interior e no exterior do pogo durante umci clo de maré completo. Para isso efectuam-se leituras do nivel dentro do pogo coma fita de afericao e, no exterior, com a escala de marés. Quando o mar est agitado,as leituras da escala serao obviamente menos precisas, pelo que o teste deve ser conduzido quando as condicoes forem mais favoraveis. Este teste podera ser combinado com o teste de Van de Casteele, efectuando leituras horarias da escala de marés. (ix) Rigor do Marégrafo Um registo maregrafico ideal indicara as verdadeiras alturas de agua refert das ao "datum" utilizado, durante todo o perfodo de observagao. Nao @ isto. que acontece normalmente e a maior parte dos registos de maré contém erros de algum tipo que nem sempre sao detectados. Este facto pode resultar em tra balho adicional durante a andlise e, se nao forem cdrrigidos durante esta fase,dar-se-d uma acumulagao de valores errados. Oque ha a fazer & re gistar dados com o maior rigor possfvel con o equipamento disponivel e, nos ¢asos em que isso nao for realizavel, fornecer a informaco_suficiente para possibilitar a aplicago de correcgées durante a fase de analise. (x) Estabilidade do !'Datum'! Sd @ possfvel ter um nivel de referéncia estavel quando se dispde de uma com binagao —marégrafo/sistema de registo que mantenha o factor de escala cor recto. Se o marégrafo tiver um erro de escala,entao este tera que ser elimi nado ou entao sera necessario substituir o proprio marégrafo por um melhor. Num marégrafo de flutuador podem ocorrer variagdes aleatérias do "datum! de vido a um ou mais dos segiintes factores: a) papel de registo mal ajustado 0 papel de registo pode ajustar-se mal ao tambor deixando um espaco ou entdo originando uma sobreposigao dos bordos ao nivel da jungdo. Pode também ocor rer um desalinhamento do papel na jungao, resultando af um salto no trago da pena. Existe normalmente uma calha no tambor de modo a que o papel de regis to possa ser colocado correctamente, com o bordo ajustado na calha. Se nao se proceder deste modo na colocagao do papel haverd uma mudanca do nivel de re feréncia de: cada vez que o papell de registo for mudado. b) dilatagao do fio do flutuador E possivel que ccorra um aumento no comprimento do fio do flutuador, parti cularmente depois de se ter colocado um novo. Sera necessdrio efectuar veri ficag6es regulares do "datum" até cessar a deformagao. £ importante utilizar 08 fios de Flutuador que satisfacam as especificagoes do fabricante, pois es 29 GRAFICO DE VAN DE CASTEELE ESTAGAO MAREGRAFICA : ILHA DE ILBRE DATA: 23-8-79 Zero em metros abaixo do ponto de contacto (A+ 8 ) ry 180 Me 12.00 2.10 12.20 (¥) 0222109 ap oru0d op ox1eqe ‘souzow we ‘jenuew epuos ep sean3j24 MEDIA DAS MARES ENCHENTES = 11,95 MEDIA DAS MARES VAZANTES = 11,96 MEDIA DAS LEITURAS OBTIDAS COM ‘A SONDA NO POCO = 11,96 ESCALA HORIZONTAL : 5 mm = 0,2 metros ESCALA VERTICAL mm = 0,02 metros 5 5 MARE ENCHENTE 10 MARE VAZANTE ren 30 Figura 3.8 DIAGRAMAS DE VAN DE CASTEELE (a) (b) (c) (d) (e) (f) INTERPRETACAO DOS DIAGRAMAS (a) Marégrafo perfeito (b) Folgas no mecanismo do marégrafo (c) Prisoes no mecanismo do marégrafo ou no flutuador (4) Erro de escala ( diametro do fio inapropriado; relagées da engrenagem ou papel de registo nao adequados) (e) Erro de escala numa parte do registo ( cavalgamento das voltas sobre o cilindro) (f) Escorregamentos nos mecanismos do marégrafo Figura 3.9 31 tes sdo escolhidos especialmente pelas suas caracteristicas anti-deformantes ¢) folgas nos mecanismos do marégrafo As folgas devidas a um mau ajustamento podem ser eliminadas com um reajuste das engrenagens do marégrafo. As folgas resultantes de engrenagens gastas sd poderao ser eliminadas com a substituico das pecas suspeitas. 0 diagrama obtido durante um teste de Van de Casteele demonstrara a existéncia de fol gas excessivas sob a forma de uma separacao entre configuragdes do diagrama correspondentes a enchentes e vazantes; quanto maior for esta separagao mai ores sero as folgas. d) deterioragao do flutuador Todos os flutuadores se deterioram apds prolongados perfodos de imersdo em gua salgada,, devido ao ataque da corrosao. Qualquer flutuador oco que tenha sido corroido através da sua casca, ira metendo agua poucba pouco e, com-esse peso adicional, mergulhara gradualmente até se afundar completamente Também se dara o crescimento de vida marinha sobreo flutuador e a porgao acu mulada acima da linha de agua aumentara a massa efectiva do flutuador, mer> gulhando-o mais na agua. 0 crescimento de vida marinha pode também diminuir a folga entre o flutuador e 0 poco a @ que o movimento do flutuador se torne mais lento, de tal modo que se atrasa relativamente 4 variacao do nivel da Agua. Por isso, @ particularmente importante que os flutuadores sejam perfo amente removidos para limpeza, exame e reparacao ou substi tuigao no caso de se detectarem deficiéncias. e) movimentos do suporte do marégrafo Deve assegurar-se que 0 suporte sobre o qual o marégrafo esta instalado se- ja estavel e rigido. A flexdo da mesa sobre a qual esta instalado o sistema Tegistador pode causar deslocamentos repentinos do fio do flutuador tendo como resultado que este efectue voltas sobrepostas sobre o tambor. A maior parte dos abrigos de marégrafos estdo montados sobre vigas no bordo de cais. Estes suportes tén de ser rigidos e nao podem estar sujeitos a flexces pois, de contrario, resul tarao movimentos (para cima e para baixo) do abrigo e do pra prio registador. Este movimento surgira no registo sob a forma de ruido e sera particularmente notavel durante parfodos de ventos fortes ou quando hou- ver pessoas deslocando-se no interior do abrigo ou nas proximidades. Também @ possivel que o abrigo se desloque gradualmente durante um ex tenso periodo de tempo, mas este facto sera evidenciado através de verifica goes do nivelamento, a partir da marca de nivelamento do marégrafo, para_un Ponto de referéncia no suporte do registo. 0 ponto de referéncia estabeleci_ do anteriormente para o ajuste do "datum! nao devera ser utilizado como pon to de referéncia neste caso, pois esta por vezes localizado no bordo superi= or do pogo,.nao estando necessariamente ligado @ estrutura do abrigo Com um marégrafo de boa qualidade, devidamente instalado_e verificages re~ gulares, estas fontes de erro podem ser minimizadas e, até, eliminadas na mai or parte dos casos. E particularmente importante colocar correctamente o papel no tambor do sistema de registo. A necessidade de reajustar o "datum'' nao deve ser en carada como mera rotina mas sim investigada a fim de determinar a razo de 32 tal necessidade. Deve também ser lembrado que uma conduta semi-obstrufda pro duz erros de registo que podem aparecer como mudangas do nivel de referéntia e,portanto,a eficiéncia do funcionamento do pogo deve ser frequentemente con trolada. 3.2.3 MANUTENCAO Conforme as condigdes locais e o tipo de instrumentagdo utilizada poderd ser ou nao necessario dispor de umopeador no local. Geralmente, com instrumen- tos em que se utiliza papel_de registo fixado num tambor, sera preciso subs tituf-lo semanalmente e entao torna-se indispensavel um operador. Quando se enpregam instrumentos en que o registo é feito em fita perfurada ou banda magnética, ou quando nao so efectuados registos no local ( por exemplo,quan do existe uma estago de recepcao de dados a distancia), entao sera apenas necessario efectuar visitas de manutencao de_rotina mensalmente ou mesmo a intervalos mais longos. No caso de uma estacdo maregrafica afastada que ne- cessite de um operador local as fungées deste separam-se em duas categorias, manutengao e observacao. (i) Manutengao pelo Operador As fungdes do operador consistem fundamentalmente em manter o funcionamento correcto dos instrumentos segundo as recomendagdes do fabricante. Para que este trabalho possa ser eficientemente executado o operador devera estar provido com ferramentas, lubrificantes e as pegas sobressalentes que. possam vir a ser mais necessarias. Segue-se a lista tipica do pegas sobressalentes para um marégrafo de flutuador. “penas -fios para flutuador, contrapeso e respectivas ligagées -flutuador -relagio A manutengao é uma actividade simples mas nao deixa por isso de ser importa te. 0 mecanisma deve ser mantido adequadamente lubrificado, particularmente nos rolamentos e corredigas. Os fios tem que ser regularmente examinados pa ra verificar se estao deteriorados e substitutdos ao minimo te. 0s relégios devem ser regularmente verificados todos os dias e quaisquer erros devem ser anotados. 0s reldgios mecanicos podem ser ajustados de modo a corrigir erros sistematicos mas tém que ser substituidos ou reparados se © erro for aleatério. Os relogios devem ser limpos e afinados periodicamente mas esta operagao deve ser feita de preferéncia por um mecanico de precisao qualificado. 0 operador deve também manter 0 abrigo em boas condigdes e deve provi- denciar para que sejam reparados os estragos causados por tempestades ou por quaisquer outras razdes. Deve estabelecer-se uma rotina para a limpeza da conduta, sendo o periodo entre as operagdes de limpeza dependente das condi- goes de crescimento de vida marinha e de deposicao de sedimentos existentes no local. E necessaria uma inspecgao periddica da escala de marés para ver ficar 0 estado dos apoios e para a sua limpeza. € necessario verificar, pelo menos uma vez por ano, o nivel entre o grupo das marcas de nivelamento, 0 ponto de referéncia do marégrafo e a es- cala de marés. 33 (ii) Medigao do Tempo Na maior parte dos marégrafos analégicosutilizam-se mecarigmos de relgparia para rodar 0 tambor do sistema de registo ou fazer avancar o papel. Nalguns casos empregam-se relégios eléctricos com motores sincronos alimentados pela rede eléctrica local. Todos os modelos de relogio esto sujeitos a funcionar mal. 05 relogios mecanicos podem variar de velocidade em funcao da tensao da mola ou com a temperatura. 0s relégios eléctricos stncronos respondem 3 fre quéncia da cotrente fornecida pela rede publica, a qual pode variar ao lon: go do dia, particularmente durante as horas de maior consumo, voltando a es tabilizar durante a noite. 0 resultado disto é que o relégio pode parecer correcto @ mesma hora de cada dia e,contudo, variar de hora para hora em fun g80 da corrente. E muito diffcil corrigir adequadamente a variagao do relé- mas sempre que esta for observada o facto deve ser anotado de modo a Permitir que se apliquem correccées durante a fase de analise. Un reldgiome c&nico de boa qualidade nao deve variar mais do que um minuto no perfodo de uma semana, sendo isto normalmente suficiente. Os erros nos tempos também podem ter origem num papel de registo mal ajustado_em que os bordos se sobrepdem ou nao chegam a encostar-se. Nestas circunstancias,o tempo est correcto num dado instante cada vinte e quatro horas com um erro comulative ao longo do perfodo restante. Nota: Erros no tempo nao corrigidos resultarao numa aceitagao de valores i correctos de alturas. Isto particularmente significativo quando os niveis de maré variam rapidamente. As verificagdes dos tempos sO podem ser feitas utilizando um relogio ou un cronometro de alta precisao que tenha sido recen temente acertado pelo sinal horario. (iii) Reldgios Mecanicos 0s relégios deste tipo devem ser periodicamente limpos e afinados por um re lojoeiro competente e devem testar-se antes de serem postos a uso. Deve tam bém dar-se-Ihes corda (nao demasiada) a intervalos regulares, por exemplo semanalmente. 0 relégio deve estar protegido contra a entrada de pd. 0 fun- cionamento a uma temperatura constante também é benéfico. Quando da monta- gem do reldgio os mecanismos devem ser cuidadosamente engrenados de modo a evitar folgas ou prisdes. (iv) Relégios Sincronos No ha maneira de controlar a frequéncia da fonte de alimentago e.quando forem experimentadas grandes variagées,sera necessario recorrer a outro ti po de relagio. 0s relogios electromec&nicos so em princfpio mais precisos do que os modelos puramente mecanicos. Relégios com fonte de cristal quartzo) sao ain da de maior precisao mas existem poucos com binario suficiente para mover © tambor de registo ou o papel. Se 0 papel nao se ajusta correctamente ao tambor, isto dever-se-a aque © tambor tem un diametro inadequado ou esta danificado ou, entaa, ao facto de © papel nao ter o comprimento adequado. Seja o que for que esteja mal deve ser substitutdo. Tratou-se até aqui de reduzir os erros até onde @ possivel através de uma preparacéo e operagao cuidadosas. De qualquer modo nao é possivel ter a 34 a certeza de que nao existem pequenos erros de vez em quando,,a menos que se fagam verificagoes diarias correcta e conscienciosamente. Quando decorrerem pe- rlodos mais extensos entre as verificagoes, como acontese, por exemplo, nos marégrafos sem operador, os erros poderao passar despercebidos. Neste ultimo caso, & Util dispor de um sistema automatico para verificagdo dos erros, no nivel de referéncia e nos tempos, que corresponda a verificagao diaria. (v) Verificagdes Diarias Antes de comegar as verificagée’ diarias, é essencial dispor de um reléaio de Precisdo.ou de um crondmetro, que tenham sido sincronizados recentemente por um sinal horario.Q impresso de verificagao diaria utilizado na rede mare~ grafica Britanica esta ilustrado no Quadro 3.1. As instrugoes para a utili- Zago desta folha sao dadas no proprio verso ( Quadro 3.2). Em alguns casos podera nao ser possivel fazer a leitura da escala de marés simultaneamente com a do registo, a menos que estejam presentes duas pessoas. Se apenas houver um observador, o procedimento recomendavel consi ste em verificar primeiro se o sistema dé registo esté ajustado para a hora cor- recta, fazer depois a leitura da escala de marés num dado instante bem deter minado e,a seguir,efectuar a leitura do nivel indicado pelo marégrafo, nesse mesmo instante, utilizando a escala relativa ao tempo gravada no papel de re gisto. Para sistemas de registo que s6 fornecam uma leitura digital deve ser adoptado outro procedimento, por exemplo: Leitura do marégrafo &s 10.15 6,230 metros Leitura da escala de marés as 10.20 6,25 metros Nova leitura do marégrafo as 10.25 = 6,272 metros Registar a leitura da escala de marés na folha de verificagao A leitura do marégrafo sera 6,230 + 6,272 = 6,251,que @ o valor re gistado na folha de ve rificagao. Quando existir um efeito apreciavel das ondas sobre a escala de marés,a lei tura tornar-se-a menos precisa e devera anotar-se na folhia de verificagao a0 dessa leitura (por exemplo, 6,2 metros + 0,1 me- As informagées registadas nas folhas de verificagao diaria devem cor - responder @ realidade das observacées e de modo algum devem ser modi ficadas para mostrar dados aproximados mais plausiveis,pois os resultados obtidos deste modo podem ser iiteis na detecgao de erros de cronometragem ou do "da- tum! e das anomalias no funcionamento do pogo. No caso de instalagoes duplas, isto é, onde existam dois marégrafos no mesmo local, pode ser dtil efectuar comparagées entre as leituras de ambos os instrumentos a fim de detectar quaisquer anomalias de funcionamento. (vi) Verificagdes Semanais Ao mudar o papel de registo semanalmente devem ser efectuadas as seguintes ver Fi cagée: -Mudar 0 papel de registo, colando-o se necessario. -verificar e eventualmente mudar a pena ou encher o seu depdsito. 35 9 AESUMO DAS VERIFICAGOES A EFECTUAR EM HAREGRAFOS AUTOMATICOS co verso do folha esto instrugies para preencher este Inpresso) nst6 Senana com infefo en Local Nora adopcada (TnG,Local Zona Worirla) Daca « hora de infclo do regio a Data hore de cetirade io regleto, ; 5 Goservacbes wa eam [ieee Bee, ee] oe senses PGE e 7 3 saree aerate foscotade ard] fue [intenetay _O7USERS, 49 rum € Tntensi@eee |oserador (Funcionsrio encarregato do marégrato) Quadro 3. le Quadro 3.2 InSTAUCOES PARA PREENCHER 0 INPRESSO 1. As verificagies deven ser efectuadas diarianente, de preferdncia & nesae hora do dia, ¢ menos que as condigces neteorolagicas nao sejam propicies pera efectuar uma veri Ficagdo precisa 2. Quando as condigSes no sejam favoriveis, isto &, sendo inpossivel caleular @ levagio na escala de narés com una nargen de erro inferior a dls centinetros,<. necessirio registar no Impresso 2 clevagao da agua, assim como a forga.e a diresio do vente, com a referdncia “condigdes desfavoravels" a coluna "observeqses"™. 3. __€ necessirio obter a hora exacta com um relégio ou cronénetro indepedentes de estagdo maregratica, que devers ser acertado diarlanente com un sinal hordria. 4, A teitura da eseata de sards ou 4a folha de registo deverd ser efectusds com uta margem de erro de cerca de 2 centinetros,. togavia, noe casos em que a escala do registo germita una preciso raior, as lelturas poderdo ser aproxinadas ao centinatro 5. As verificagdes deven ser efectuades pela ordem sequinte: Le Ler © anotar a altura indicada ne escala de nards. IIL Ler e anotar a altura do estilete no papel e registo. 111 Anotar's hora corracta. IV. Lene anotar 2 hora indicada pelo estilete no registe Vi Praeneher a2 colunas restanters 6. A amplitude da variagio na escala de nards & 2 amplitude do movimento vertical 4a gua na escala, distinto doe novinentos devidos ae mars enchente ou vazante. A sl uae cota deste rovinenco deve Ser anotada en metros e ceciweror (por enemplo a3 m. 7. _ deve anotarnse 9 direczio do vento com una aproxinagio de 45° (por exemple, Norte, Sudoeste, Nordeste, etc.) 8. E possTvel obter a forga do vento com o aux!lio de un aneninetro, en quiléne, {ros por hora ou em milhas niuticas por hora (nde). No caso da estagio nio possuiT este instrunento, devera indicarcee om termos gerais a forge do vento ( aragem, vento fraco, vento noderado, vento fresco, vento forte, vento auito forte, vento Tempestuoso, temporal, tenpestade, uf 9. A coluna das observagdes deverd conter, para alién das InfornagGes sobre o estado do tenpo, referinciae a todos of aspectos ge Intereese ou impor tan Felativanente a9 sarégrafo, tals com causes de avarlas, hores de reajuste do esti Tete apés reparacao de avarias ou corregio de erros, ete, 10, A folha de controlo deve juntarsse § folha do registo © enviar-se todos os rneses 3 ancidade conpetente, -Dar corda ao relégio. ~Ajustar 0 novo papel de registo para a hora certa. Este alinhamento deve ser verificado novamente passados alguns minutos de modo a permitir a detec go de quaisquer efeitos de folgas posteriores & sua correcga0. “Escrever a hora e a data do inicio do registo na nova folha de registo. A comparagio entre a leitura dos niveis obtidos com a escala de marés e com © registo do marégrafo deve mostrar uma concordancia analoga & obtida com o registo anterior. Se tal nao acontecer deve averiguar-se a causa, pois nao @ suficiente reajustar a pena. Se houver uma fita de aferigao no local, esta podera ser utilizada todas as semanas para verificar se o nfvel de referéncia do marégrafo se mantém. Nos casos em que sejam utilizados outros tipos de marégrafos os procedimen- tos serao Gbviamente diferentes dos aqui aconselhados, mas devem estar na ge neralidade de acordo com as indicagdes do manual do fabricante. wv Identificacao de Falhas Podem surgir esporadicamente falhas, apesar de uma boa manuten¢ao preventiva as tornar raras. Sempre que se detectar uma deficiéncia é necessario identi ficar a sua causa,de modo a poder efectuar-se a sua correccdo. Algumas fa- Thas poderao passar despercebidas, a menos que sejam cumpridos a risca os procedimentos observacionais. 0 teste de Van de Casteele identificara a ma oria das falhas do marégrafo. Leituras simultaneas dos niveis de agua dentro e fora do pogo identificarao as falhas no funcionamento deste. DeFiscién- cias devidas a um erro nao linear no tempo podem ser detectadas através do exame das folhas de verificacao diarias. Geralmentes quanto mais pormenorisa damente anotadas forem as observagdes,maior & a possibilidade da identifica o_rapida das falhas. Devem ser anotadas na folha de verificacao as obser~ vagdes verdadeiras e ndo valores alterados numa tentativa de mostrarem boa concordancia; por exemplo, na presenca de mar agitado nao sera possivel fa- zer uma leitura rigorosa da escala de marés e tal facto devera constar na folha de verificagao. Deve dispor-se de um diario, guardado no abrigo do marégrafo, no qual sejam feitas anotagdes por ocasiao de cada visita, seja por quem for, expli cando a razao e o trabalho efectuado, bem como quaisquer outros aspectos di- gnos de nota No Apéndice 1 pode encontrar-se um sumario das printipais verificagoes a efectuar por operadores de marégrafos. 3.3 OUTROS TIPOS DE MAREGRAF OS Embora predominem os marégrafos analégicos de flutuador, utilizam-se corren- temente muitos outros tipos de marégrafos, alguns dos quais serao aqui de: critos. 0 Apéndice 2 contém os nomes de fornecedores de equipamento de maré grafos que sd0 do conhecimento dos autores. a Perfurada (i) Marégrafos de Flutuador com Registadores de Fita Oprincipio de operagdo destes instrumentos é semelhante ao que anteriormente Ja foi descrito para o marégrafo de flutuador analdgico, tendo como iinica diferenga 0 modo como @ feito o registo da informagao maregrafica. Estes ins 38 trumentos nao fornecem um registo continuo do nivel da maré mas registam va lores pontuais das alturas a intervalos de tempo pré-seleccionados, geralmen te de quinze minutos. Estes instrumentos possuem uma unidade de codificacao controlada pelo mecanismo do flutuador. 0 codificador esta construfdo de mo- do a transferir yma leitura do nivel da maré para uma fita durante cada pe~ riodo de registo. A altura é perfurada em formato binario como esta ilustra- do nos exemplos da Figura 3.10. A leitura manual destes registos é particularmente trabalhosa e é neces sario uma unidade de leitura automatica para transferir a informagao contida na fita para um formato mais pratico. As descrigées que se seguem limitam-se a marégrafos que operam a partir de um sistema pneumatico com evacuagao de ar. A Figura 3.11 mostra os aspectos fundamentais de um sistema deste tipo. 0 ar é transportado a um determinado débito através de um tubo de pequeno didmetro até um ponto de pressao, fixa- do debaixo de agua, a um nivel abaixo da mais baixa maré previsivel . 0 ponto de pressdo toma normalmente a forma deum cilfndro curto posicionado vertical mente coma face superior fechada e aberto no fundo. Existe um pequeno orift cio numa tampa situada a cerca de metade da altura do cilindro, através do_ qual o ar sai. A medida que o ar, vindo de um tubo existente na parte superi or, entra no cilindro, € comprimido, empurra a agua para baixo ao longo da camara até atingir o nivel do oriffcio, por onde se escapa,borbulhando para a superficie. Desde que 0 débito do ar seja baixo e que o tubo de alimenta- ¢30 nao seja demasiadamente longo, a pressao do ar no sistema equilibra a pressdo da agua correspondente a altura de agua acima do orificio de saida mais a pressao atmosférica. Um instrumento de medicao de pressdes, ligado ao tubo de alimentacao.permitira registar variagées de nivel da agua sob a for- ma de variages da presséo, segundo a lei: P. = pah+ Py P - densidade da agua 9 = aceleragao da gravidade h altura de gua acima do orificio de safda Py pressdo atmosférica A maior parte dos instrumentos que utilizam este sistema de evacuagao operam em modo diferencial pois os sensores sdo construidos de modo a que apres- sdo no sistema. contraria a. pressao atmosférica dentro do praprio instrumen to. Assim,a pressao resultante a que o sensor fica sujeitoé igual a P.=Pgh tornando @ altura da agua directamente proporcional pressao. __ Devem=se observar certos principios na operacao de marégrafos de evacua ¢30, alguns dos quais sao: a) nivel de referéncia do sistema 0 "datum" de um marégrafo pneumatico é 0 nivel do orificio de evacuagao,sendo essencial que nao se mova e ,portanto,que o ponto de pressdo seja fixado segu- rae rigidamente quando instalado. b) volume do ponto de pressao 39

Você também pode gostar