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ARQUIVO NACIONAL
BR.AN.RIO.TT.0.MCP.AVU.30
UD 17
233 folhas/ 407 páginas
(ft PU) R i n ^ Q . f V P fti/u v o
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA- i.
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA GABINETE DO MINISTRO W
DATA
- 2 M A I 1 9 7 3 A
r . m x
5 4 4 1 4 DOCUMENTO SIGILOSO
[SERVIÇO L)K COMUNICAÇÕES
SERViÇO PÚBLICO FEDERAL
DISTRIBUIÇÃO
SEC/AD1V2.5.73
MEK/136 de Z . 5 . 7 3 - 3 M B
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
G A B I N E T S D O MINISTRO
F-i
MINISTÉRIO DA JUSTK
DO: Chefe do Gabinete D. A. . . . ,
v
AO: Chefe do Serviço de Comunicações
-2M4M973 ^ '
SERVIÇO DE COMUNICAR «'
i
Senhor Chefe'
i ? Solicito suas providências no sentido de
ser protocolado o presente memorando, a fim de constituir pro-
t r <v
cesso de caráter sigiloso, originado Samua/mm* OPf.WftO'
úJíljCxrJ^,
Chefe do Gabinete
<â>
A N E X O - 1-
P r i m e i r o número dé OPINIÃO
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i r i A A O i
JUSTK5A
ETE DO MiNíS Tí~l
m â j 2 l • 05 ' I l
6 a 13 nowmbro 1972 Cr» 2,50
DOCUMENTO SIGILOSO
* ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ com a edição semanal brasileira de yy i f í f í f ^ ^ y gif
¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ y ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥ ¥
ELEIÇÕES Eaiojtongs
AMERICAINS E ouvindo o homem
CORRUPÇÃO da CIA
Pesquisa:
Wilfred Burchett, jornalista australiano,
HERMETO TOCA
escreveu vários livros sobre o Vietnã,
a vida sexual
entrevistou Mao, Ho Chi Minh, Chu En Lai,
VIOLÃO E PORCO
Pham Van Dong, Nguyen Huu Tho, Henry Kissinger.
De Paris, para OPINIÃO, explica:
na França
ALLENDE SE
PORQUE Jorge Luis
ESCONDE ATRÁS NIXON ADIOU Borges: obra
DOS FUZIS A PAZ (Pag 14)
e caráter
iJGr-tàrr »
2 O BRASIL
FACULDADES
ú Constituição - os Esta-. tre os membros do MDB e da ARE-
• i s de seis milhões de elei- NA é que o atual critério eleitoral é
dãeãto a eleger apenas um justo por que permite aos Estados
i cada grupo de quinhentos menos desenvohados, onde a popula-
— faz com que, na práti- ção pobre e analfabeta é mais nume-
OBJETIVO
um paradoxo singu- rosa, obter um maior número de re-
cleitores existirem presentantes; o que seria impossível
proporcionalmente me- se o critério fosse único para todos os
de poderá eleger, Estados.
i Estado eleitoralmente Dillon Soares discorda do argu-
ã o os mfis desenvolvi- mento. Para ele, os únicos grupos cla-
número de alfabeti- ramente privilegiados pela desigualda-
e uma força de de estabelecida pelo sistema são os
consciente e organiza- proprietários agrícolas e as elites ru- Aprovadas pelo C.F.E. (parecer n.° 263/72) e autorizadas pelo decreto n.° 70.324.
conchii que o siste- rais. A rejeição de projetos que afeta-
aumenta artificiai- riam os interesses desses grupos e de-
a ção política tradi- zenas de tentativas frustradas de pro-. COMUNICAMOS A
A B E R T U R A DAS
I N S C R I Ç Õ E S PARA.
O Congresso se defende O VESTIBULAR
DOS CURSOS DE
Júlio C: Montenegro prestígio do Congresso.** Evidente-
mente o deputado se referia aos nú- PSICOLOGIA
— A análise da atuação do meros dos professores.
brasileiro, feita por dois Num aparte que tomou boa parte CLINICA E
da Universidade de Brasf- do discurso, basicamente para con- EXPERIMENTAL,
de provocar rios de tinta cordar com o orador, o arenista per-
declarações à imprensa nambucano Magalhães Melo atribuiu COMUNICAÇÃO, CONVITE
CONVITE
que ainda nao ha- as críticas ao Legislativo ao "desco-
fido o trabalho na íntegra, co- nhecimento do magnífico trabalho LETRAS E As Faculdades Objetive
Objetivo
a ser discutida nas sessões da que ali se desenvolve**. Como exem- PEDAGOGIA convidam os candidato:
candidatos
plo, citou o caso de duas sociólogas
O Deputado Nina Ribeiro (Are- que o foram entrevistar para uma pes- para conhecer seus
na-GB), - rodo de quem quando quisa e ficaram bem impressionadas VESTIBULAR laboratórios e instalações
poderia ter ganho um con- quando o encontraram estudando para os cursos de onde poderão visualizar
de robustez infantil - ocupou a profundamente um projeto "sobre a
por mais de uma hora para padronização de vasilhames para COMUNICAÇÃO, os mais modernos
mm pronunciamento que pretendia transportar gás liquefeito de pefcroleo LETRAS e PEDAGOGIA: equipamentos de ensino
ser uh refutação do estudo socioló- em todo o país**. E as moças ficaram provas de Português, no país — TV, Rádio,
e acabou se transformando num ainda mais surpreendidas, conta ele,
elogio ao Congresso. guando explicou que aquele projeto Inglês ou Francês, Redação, Publicidade,
Citando personagens famosos, ja havia merecido o acurado estudo História e Geografia. Laboratório de
desde Ruy Barbosa ate Hitler, situa- de três Comissões Técnicas. Para tor- CURSO DE Análise de Aprendizagem,
ções históricas da antiguidade clássica nar conhecido o esforço dos congres-
e da Inglaterra Imperial, parlamentos sistas, sugeriu a criação de uma verba PSICOLOGIA: Laboratório de Fisiologia,
do nosso, como as Cortes "para pagar dois dias de hotel a estu- provas de Português, Laboratório de
e brasileiras do Século dantes que ficariam, em tempo inte- Psicologia Experimental,
gral, observando os trabalhos do Con- Inglês ou Francês,
o discurso ficou entre a defesa Laboratório de Línguas, etc.
da instituição parlamentar, o elogio gresso**. História e Geografia e
do Executivo e uma espécie de pres- Conhecimentos Gerais de
tação de contas dos trabalhos parla- Quanto à pesquisa propriamente Ciências e Matemática.
mentares. O fecho da oração foi a lei- dita, foi taxativo: 'Essa pesquisa, que INFORMAÇÕES E
tora de seis páginas datilografadas, eu não conheço, se não chegou a uma INSCRIÇÕES:
onde estavam listados 31 projetos opinião sobre o Congresso, não é das 9 às 21 horas,
tei apreciados pela presente
tura. Todos eles referentes a "impor-
uma boa pesquisa**. GUIAS D E E S T U D O Av. Paulista, 900, 3.° andar.
Mais modesto, ou mais realista,
tantes matérias, ainda que de origem aue seu colega de Pernambuco, o à disposição dos candidatos,
executiva'*, explicou o deputado. depputa do Lysaneas Maciel (MDB-GB) com o programa e
Entretanto uma pesquisa numé- considerou justas as conclusões do roteiro das matérias 200 vagas para cada curso. Períodos:
rica de tal envergadura ficou diminuí- trabalho universitário. "O que nós te-
da por uma afirmação do próprio dis- mos que fazer, disse, é engolir em se- exigidas no vestibular. tarde — noite
cirno: "Nao há de ser uma critica ba- co, bater a mão no peito e reconhecer
no microscópico critério farisai- que não temos a£ prerrogativas nor-
co dos números que há de abalar o mais do Legislativo.
opinião EDITOR
Raimundo Rodrigues Pereira
SECRETARIO DE REDAÇÃO
Antonio Carlos Ferreira
EDITORES-ASSISTENTES
EDITORES-CONTRIBUINTES
Jean-Claude Bernardet, Sérgio Augusto
ARTE
Cássio Loredano (ilustrações), Diter Stein
(assistente)
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Andrade, Marcos Gomes, Mário de
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Lima
REDATORES Assinaturas: para o Brasil, C r $ 120,00 a
tvna publicação da
EDITORA I NÚBIA LTD A
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DIRETOR
Fernando Gasparian
Roberto Garcia (Washington), Vanna
Brocca (Milão)
Paulo; Impressão: Editora Mory, Rua do
Resende, 65, GB.
NEW STATESMAN
As mortes da sublegenda Emendando
José Carlos Bardawill
a lei básica do País
Glauco de Carvalho
Não vai ser por falta de sugestões sua adaptação ao Código Civil, de-
Em política, como em medicina, que o Congresso deixará de melhorar pois".
. os remédios envelhecem rapidamente. o atual projeto do governo para o no- Para o jurista mineiro, o antepro-
É o que parece estar acontecendo vo Código Civil, "a lei básica do siste- jeto pode provocar instabilidade na
com as sublegendas, expediente jurí- ma jurídico de uma nação, cuja im- vida social, "quando permite a anula-
düco-eleitoral imaginado em 1965 pe- portância só pode ser equiparada à da ção do matrimonio a quem se encon-
lo governo Castelo Branco para aco- Constituição Política*', como dizem trava em estado de inconsciência ou
modar nos dois únicos partidos for- os juristas. grave,perturbação mental no momen-
ças políticas tradicionalmente adver- Caio Mario da Silva Pereira, pro- to t^celebraçao, dando oportunida-
sárias. Nos primeiros tempos, só eram fessor Titular de Direito Civil da Uni- de à alegação do estado transitório de
mal vistas pelo MDB, pois, à sua som- versidade Federal do Rio de Janeiro e embriaguês ou de ingestão de estupe-
bra, a Arena crescia a cada eleição, ex-consultòr geral da República, vai facientes**.
acomodando oriundos de todos os enviar para o Congresso um docu- O anteprojeto, por exemplo, é
antigos partidos no seio comum de mento de 200 páginas contendo críti- anticonstitucional no art 1422,
um governo que todos desejam servir.
Agora, porém, até os arenistas têm
seus motivos para criticar as sublegen-
cas ao projeto do Código.
Mineiro, morando na praia de Ipa-
nema, o professor Caio Níario, um ho-
n ido deixa a critério do juiz a
<
ísapropriação,
j por utilidade pública
ou mteresse social, de ^propriedade
das: às vésperas das eleições munici- privada, "se o juiz entender que a
pais, aumentam dia a dia as dissen- mem que acompanha a mudança dos area usurpada e extensa, e que a
ções dentro do partido do Governo e costumes, acha o projeto "tímido e, ocupação tem mais de cinco anos por
a sublegenda, longe de acomodá-las, em alguns casos, verdadeiramente um numero considerável de pessoas**.
parecem exercer efeito justamente insensível quanto a soluções dadas O prof. Caio Mario vê no ante-
contrário. aos problemas atuais". p r o j e t o o u t r o s defeitos graves.
Embora reconheça a competência Estou sinceramente convencido de
profissional da comissão de juristas que, se a comissão do Ministério da
Metralhadora que preparou o anteprojeto do Códi- Justiça não tiver a humildade necessá-
go - Miguel Reale, coordenador, e ria de acolher as emendas, sugestões e
Há duas semanas, por exemplo, -••V a l i ' . , reitor da Universidade críticas, o projeto não refletirá nossos
em Barro, povoado de Parnamirim, de São Paulo; Agostinho Alvim e José padrões de cultura jurídica**. E cita a
em Pernambuco, as sublegendas fo- Carlos Moreira Alves, também profes- imperfeição do artigo 417, que põe
ram responsáveis pela morte de cinco sores em São Paulo; Torquato de Cas- em risco a segurança e a estabilidade
políticos das chamadas "Arenas 1 e tro, em Pernambuco, e Clóvis Couto da vida dos negócios: "Quando sub-
z": irremediavelmente adversários, os e Silva, no Rio Grande do Sul o mete a liberdade negocial ao que de-
Magalhães e Cabrais, mal acomodados prof. Caio Mario faz sérias restrições nomina a função social do contrato,
no pouco exigente partido governista a^ diversos artigos, apontando êrros está tomando como base de sua eficá-
m mas desejando, ambos, o poder muni- técnicos, contradições e conservado- cia um conceito fluido e impreciso. E
cipal, acabaram decidindo sua ques- rismo. dessa maneira permite ao contratante
tão a tiros de metralhadora. Os Maga- infiel e malicioso uma alegação para
lhães parecem atirar melhor e, assim, Um erro grave já foi cometido fugir às obrigações e concede ao juiz
terminaram mortos quatro Cabrais e bem antes, ao se submeter ao Con- menos avisado motivação constante
um vaqueiro da família. E as críticas gresso, para votação (desde a semana de negar validade aos ajustes livre-
às sublegendas cresceram, apoiadas passada), o Código de Processo Civil mente pactuados, em razão de seu
no fato. Agora, já se fala que elas não primeiro que o Código Civil "Sem puro subjetivismo ou do arbítrio in-
durarão muito, não devendo passar querer arvorar-me em profeta de más controlado*'.
novas - diz o prof. Caio Mario - an-
das próximas eleições municipais.
As críticas, na verdade, vem desde
a implantação do sistema das suble-
gendas. Na própria direção putidária
Os velhos senhores tevejo, com pesar, que o novo Código
de Processo terá vida efêmera como
unidade orgânica, porque vai ter que
Tratando de matéria de nítido
conteúdo técnico, o Congresso, se
acatar sugestões, poderá dar a essa lei
da Arena, as teses contrárias às suble- sofrer modificações indispensáveis à um caráter social e político.
gendas já encontram seguidores. O se- do movimento fundado pelo "líder"
nador Tarso Dutra, conceituado are- Durval Guimarães Plínio Salgado. Ao diretor do colégio
nista gaúcho, exemplifica o mal das
sublegendas com a situação do seu
Estado: "Lá, o MDB deixou de lançar
Jary Cardoso
encorajou especialmente convencer e
estimular a juventude. A todos cha-
mou-os para irem a Conselheiro La-
A Mas além do número de documen-
tos existentes sobre o assunto é possí-
vel se saber quais são êsses documen-
candidatos em pelo menos 50 muni-
cípios, para apoiar uma das sublegen- Apenas 17 pessoas atenderam aos
apelos do vigário local, aos convites
faiete, cidade vizinha, onde farão a
próxima conferencia. De Lafaiete
irão a outra cidade, e a mais outra, e
de Aquarius tos e até trechos dos mesmos. Para
isso, e para executar os serviços admi-
das da Arena, criando com isso uma
divisão insolúvel dentro do partido
do Governo."
insistentes da emissora de rádio, aos
avisos dos boletins distribuidos entre
a população. O imenso salão de festas
assim sucessivamente até doutrinar
Minas Gerais. Depois, descer a serra
Senado nistrativos que já estão sendo implan-
tados, o sistema é operado das 6 às
24 horas por 36 técnicos em. 3 tur-
da Mantiqueira e invadir São Paulo e
O veterano Nelson Carneiro, lider do Qube Itabiritense, preparado para o Rio de janeiro.
do MDB é irônico nesse debate: receber mais de mil espectadores, nes- Lembram de Aquarius, uma can- "Todos os técnicos são do SER-
"Quero prestar uma homenagem de ta manhã de domingo 30 de outubro, ção hippie americana, que anunciava PRO, que desenvolve o programa em
saudade e de respeito às novas víti- está vazio quando o integralista Car- A "Cruzada" integralista pode uma época de liberdade e felicidade convênio com o senado *, informa o
mas da sublegenda, aqueles cinco d- los Porfírio, 60 anos, advogado apo- realmente "invadir** o País? Recente- para os homens, a Era de Aquarius? estudante de economia e técnico de
à dadaos que pereceram no município sentado, dá início à Cruzada de Re- mente, Jary Cardoso, de OPINIÃO, Também americano por suas origens computação Luis Cesar Pinto de Al-
de Parnamirim, em Pernambuco* - novação Nacional, movimento de visitou uma das sedes da Uniio Ope- e, segundo alguns, o início de uma meida, 30 anos, carioca. "O pessoal
disse, provocando imediatamente os propagação do integralismo, (alguns rária e Camponesa do Brasil, UOCB, nova era para o Congresso, é o pro- que faz a montagem é da IBM - con-
apartes apressados dos vice-líderes dizem, fascismo) brasileiro. orgão dirigido pelos militantes inte- grama Aquarius atualmente em im- tinua. Do Senado, é só o pessoal da
arenistas em reunião recente na Câ- gralistas. Jary encontrou o mesmo di- plantação no Senado Federal através limpesa".
Mas a pequena platéia não desani- ma de decadência e as mesmas frases
mara. Oficialmente, a Arena tem de ma o orador que combate a dissolu- de um computador da International Este sistema catalogou, até agora,
defender, ainda, as sublegendas, mes- de esperança de um futuro brilhante Business Machines - IBM. 68.107 normas jurídicas. Ê pratica-
ção dos costumes e defende a reafir- para o integralismo no País. Seu rela-
mo que alguns dos seus principais mação da família. "Aqui se encon- No futuro, os interessados em le- mente toda a legislação existente no
líderes não estejam mais tão conven- to: país, de 1946 para cá, que já está à
tram homens do melhor quilate mo- gislação poderão fazer suas consultas
cidos da sua utilidade. ral, social e cultural," diz no seu dis- Numa casa simples, no município de onde estiverem, através de um sis- disposição para consultas através de
curso de três laudas. Entre os especta- de São Gonçalo (Estado do Rio), pró- tema parecido com o atual DDD de 18 terminais instalados (nem todos
Tem de sobreviver dores estão o diretor do colégio, uma xima ao sindicato rural da região, fica telefone, utilizando um dos 300 ter- ainda) na Câmara e no Senado. Mas
líder de donas de casa, um fazendeiro a sede da UOCB fluminense, que, se- minais que estarão ligados ao compu- isso e pouco para um sistema "com
Já a oposição têm criticado as su- representando o poderoso sindicato gundo seus dirigentes, é apenas uma tador do Senado. A espectativa é que, capacidade global para arquivamento,
blegendas sempre. O deputado Tan- rural do município e ujn representan- de uma centena de sedes iguais insta- do Oiapoque ao Chui, seja possível em linha, de 600 milhões de bites"
credo Neves, veterano vice-presidente te do vigário. ladas no resto do País, especialmente utilizar os milhares, ou milhões, de (2)
do partido oposicionista, chega a co- Porfírio insinua que os ouvintes em Minas. informações que o IBM/370 - mode- Pergunto a um simpático senhor,
loca-las no mesmo nível do AI-5. O devem seguir o exemplo do passado. A sede de São Gonçalo tem 311 lo 155 armazenará em seus discos do serviço de imprensa do Senado,
presidente Ulisses Guimarães interes- Em 1935, época em que o diretor do associados contribuindo todo mês magnéticos: leis, decretos, portarias, como saber o custo do PRODASEN.
sa-se tanto pelo assunto que, nos ra- colégio aliciava estudantes para "a com um a cinco cruzeiros cada. A resoluções, atos, etc, etc. "Ê caríssimo", diz êle. "É melhor
ros encontros mantidos com elemen- causa", o integralismo de Itabirito foi maior parte dos associados são lavra- As consultas já podem ser feitas, não colocar isso não. Muita gente não
tos do Governo, pergunta invariavel- um dos mais fortes do País. Chegou a dores, além de operários, vendedores, mas só no prédio do PRODASEN - entende que é preciso gastar para mo-
mente sôbre a possível extinção das ter uma milícia própria com mais de fiscais de ônibus, zeladores, serventes, Processamento Eletronico do Senado dernizar"
sublegendas. Nadir Rossetti, vice-lider 100 membros, que faziam ginástica pedreiros, carpinteiros e funcionários - cujo projeto arquitetônico "conse- No meio dessa çente que não
gaúcho, explica assim porque o MDB diária e exercícios de tiro, lembrando públicos. gue aliar a simplicidade com a funcio- compreende se podena colocar o Se-
detesta as sublegendas: "Elas são o as forças para-militares que ajudaram O presidente da UOCB fluminen- nalidade, um estilo que caracteriza os nador José Samey. Êle era contra o
único meio que o Governo encontra Hitler a alcançar o poder. se, o integralista e funcionário do Mi- edifícios da Praça dos Três Poderes". PRODASEN. Mas o ex-governador,
para manter um falso bi-partidarismo. Porfírio foi a Itabirito reorganizar nistério da Saúde, Arcy Estrella, de Assim reza o press-release (1) distri- que gastou bastante dinheiro j>ara a
As divisões da Arena são conhecidas o movimento. Encontrou os mesmos 56 anos, que já fez parte das milícias buído aos jornalistas que querem in- modernização do Maranhão, nao {As-
de todos. Mesmo assim, com as suble- amigos, mais velhos porém ainda agi- integralistas na época de Getúlio, diz formações sôbre o assunto. Realmen- sava em economia e sim na inocuida-
gendas, a Arena soma votos e acaba tados. Mestres sem discípulos, eles que a grande maioria dos associados te, o edifício de cimento armado é de de uma melhoria apenas adminis-
ganhando a eleição. O que é puro ar- pareciam condutores de carroças sem nem sabe o que é integralismo ou simples e funcional, por fora. trativa no Congresso. O necessário era
tificialismo. PoiSj na verdade, as sub- passageiros. Os jovens preferiram Cruzada de Renovação NacionaL "A As consultas, segundo um técnico, devolver ao Congresso a importância
legendas, hoje, ja são partidos distin- aproveitar a manhã de domingo e par- nossa pregação é exclusivamente edu- são "feitas de uma maneira elegante, que êle cada vez perde mais e as atri-
tos. E aqui êles aparecem como se ticipar de uma gincana que vai durar cacional utilizando linguagem escrita", não buições que encolhem dia a dia,
fossem de um partido único, forman- o dia inteiro. Por enquanto, a UOCB tem tanto destoam do ambiente. Sarney perdeu.
do uma maioria inexistente ideologi- poder de influência quanto qualquer Ele dá uma demonstração. Baten- Tudo indica que, para desfrutar
camente. Todo mundo sabe, por A conferência de Carlos Porfírio
começou às 11 horas e se encerrou entidade de assistência sociaL Mas os do em teclas idênticas às de uma má- todas as modernas possibilidades ofe-
exèmplo, que no Rio Grande do Sul, integralistas estão entusiasmados com quina de datilografia elétrica, vai es- recidas por "Aquarius", o Congresso
na minha zona, a Arena 1 é o PDC; a uma hora depois. Durante o tempo
que falou, a platéia o ouviu com a a "crescente expansão da UOCB, gra- crevendo no video de uma "televisão primeiro precisa vencer uma odisséia,
Arena 2 o PSD, a Arena 3 o PRP e ças ao apoio que tem recebido**. De portátil", o nome dêle, o código e me comecada bem antas do ano 2001.
assim por diante". atenção. Entusiasmados com o pálido
brilho dessas velhas idéias recauchuta- que é esse apoio? "Os dirigentes da avisa que vai fazer uma pergunta so- (1) Moda ascende'nte do jornalista já
das, outros oradores falaram para di- UOCB - responde Jader Medeiros, bre futebol Seguindo direitinho as receber pronto do interessado o arti-
De qualquer modo, como quem zer que a Cruzada integralista e o úni- presidente nacional da União - são instruções que o computador vai lhe go que pretendia escrever sôbre o
vai aprendendo a conviver com a co movimento de restauração dos va- integralistas e, por coincidência, o go- dando em inglês, também através das próprio interessado.
doença, o MDB terá em novembro lores morais. verno federal e a maioria dos estadu- letrinhas verdes no video, êle obtém a (2) Ê a unidade de "arquivamento**
muitas sublegendas, espalhadas pelo Terminada a conferencia, Carlos ais estão nas mãos de pessoas que de- resposta: na Biblioteca do Congresso de memória do computador. Êle ape-
País. Uma contradição? Na verdade, Porfírio convidou seus companheiros fendem, indiretamente, a ideologia existe somente um livro sôbre fu- nas arquiva os dados que recebe e não
o MDB tem de sobreviver. para a grande tarefa de propagação do integralismo**. tebol pensa. Felizmente, para êle? fJ.CM.)
4 A ECONOMIA
O transplante de fábricas ração das firmas estrangeiras que já Finalmente, um dado essencial: os atuais exportadores" (JB, 23/9/72). ,mente consciente dos riscos e das
operam no país, principalmente em- empresários estrangeiros percebem Em Sao Paulo, o Sindicato Nacio- vantagens que oferecerá" (O ES-
Marcos Gomes presas automobilísticas. Estas, apesar que a própria política econômica bra- nal da Indústria de Peças para Auto- TADO DE S.PAULO, 14/10/72).
dos sucessivos apelos do governo para sileira, nitidamente voltada para o ex- móveis e Similares permaneceu reu- Enquanto isso, surgiam os primei-
que colaborassem na política de ex- terior, vai obrigar o país a continuar nido durante duas horas para discutir ros pedidos de informações no Conse-
O sospense começou em maio, pansão rumo ao mercado externo, vi- mantendo as vantagens e garantias da- os possíveis efeitos do decreto 1.236. lho de Desenvolvimento IndustriaL
quando o governo, através do decre- nham relutando em fazê-lo - o que das ao capital externo. Seu presidente, Luiz Rodovil Rossi, Só no setor automobilístico, a Ci-
to-lei 1.219, estabeleceu o BEFIEX - seria até certo ponto previsível, já Todos esses atrativos do Brasil são perguntou na reunião: "Eu gostaria troen, a Toyota, a Alfa-Romeo e a
Benefícios Fiscais e Programas Espe- que, nesses mercados, iriam competir reforçados, ainda, pela situação polí- de saber: o que quer dizer essa pala- Fiat manifestaram seu interesse pelo
ciais de Exportação. O decreto entre, com suas próprias matrizes. tica mundiaL Não são poucas as em- vra "essencialmente**? . . . Supoe-se transplante. A essas somaram-se a
outras vantagens, concede isenção de presas internacionais que querem sair que "essencialmente" queira dizer pe- Ford-Philco, a AllifrChalmers, a Bur-
impostos para a importação de má- O it que o Brasil tem da Argentina, onde a situação políti-v lo menos dois terços" (VEJA, roughs, a Sperry-Rand e a Texas Ins-
quinas, equipamentos, peças, produ- ca evolui de forma aparentemente in- 27/9/72). trument Co., todas norte-americanas.
tos intermediários e matérias-primas, Antes mesmo de regulamentado o controlável Um outro exemplo para As dúvidas dos empresários brasi-
desde que os produtos se destinem a decreto 1.236, surgiram propostas mostrar a influência da conjuntura Num ambiente de certa aflição leiros persistiriam, entretanto, en-
programas de exportações. Na expo- concretas de transferências de fábri- mundial sobre as decisões brasileiras: um setor mostrava-se particularmente quanto o governo não divulgasse a re-
motivos assinada por dois cas para o BrasiL Algumas dessas pro- desde que os Estados Unidos e o Ja- ínsivo: os fabricantes nacionais gulamentação dos decretos. Tudo in-
afirmava-se que as medidas postas eram determinadas tanto em pão reconheceram que Formosa é máquinas e equipamentos. O de- dicava que ele não tinha pressa. Apa-
que estavam sendo implantadas visa- runção dos atrativos que o Brasil ofe- * uma província da China Popular, em- xxeto 1.236 abria uma brecha na lei rentemente, procurava avaliar primei-
vam "aproveitar a capacidade isolada rece ao investidor estrangeiro como presas norte-americanas e japonesas, da similaridade - critério que protege ro o impacto que a medida vinha cau-
dos grandes grupos econômicos que em decorrência da evolução econômi- ante o progressivo isolamento polí- a incipiente indústria nacional de sando interna e externamente. O no-
detêm importantes participações no ca e política da situação mundiaL tico da ilha de Chiang Kai-Chek, es- equipamentos. Por essa legislação, so- ticiário dos jornais ofereceu ao gover-
mercado externo via empresas asso- tão planejando remover suas indús- mente podem ser importados os equi- no raros elogios cautelosos, um de-
ciadas". Portanto, um recurso imagi- Em primeiro lugar, o Brasil ofere- trias para outros locais (entre alguns pamentos cujas especificações não bate preocupado e raras criticas con-
nado pelo Governo para aumentar as ce mão-de-obra farta e barata: "Nem setores industriais, se diz que a idéia são atendidas pela indústria nacionaL tundentes. Mesmo fora do campo da
exportações brasileiras baseando-se Hong-Kong compete com o Brasil sob do decreto permitindo^ o transplante E o governo acabara de permitir que economia, o decreto foi comentado
nas filiais ou subsidiárias estrangeiras esse aspecto", dizia no Ministério da de fábricas surgiu após a visita de fabricas inteiras, com todos os seus apaixonadamente. O escritor católico
localizadas no País. Indústria e Comércio um diretor da uma missão brasileira a Formosa). equipamentos, novos ou usados, com Tristão de Ataíde, foi agressivo em
Texas Instrument C a , interessada em ou sem similar nacional, fossem trans- sua coluna do JORNAL DO BRASIL:
Em artigo publicado no JORNAL aproveitar os incentivos concedidos
DO BRASIL, o prof. Edmar Bacha, plantadas para o BrasiL Na exposição "Essas fábricas, disse ele, procuram
pelo governo. No terreno trabalhista, de motivos que acompanhou o de- aqui apenas o trabalho barato, sem
da Universidade de Brasília, analisou a situação também é considerada fa- Os dois temores
as causas que determinaram a adoção creto 1.236, os Ministros da Fazenda no entanto trazer as máquinas acom-
vorável pelos empresários estrangei- e do Planejamento alegaram que a ex- panhadas do respectivo know-how es-
do decreto 1.219, explicando que "o ros, graças ao controle severo do mo- Se os empresários brasileiros já pa-
auge econômico do fim da década ceção se impunha, pois "a transfe- pecializado**. E concluía: "Sem direi-
vimento sindical. Esse panorama con- reciam assustados com o decreto rência de conjuntos industriais não to de greve, sem sindicatos proteto-
passada (isto é, de 1968 a 1970), es- trasta com os crescentes problemas 1.219, o temor aumentou com a au-
tava tendendo a estrangular-se pelo enfrentados pelas grandes empresas pode ficar sujeita à exclusão de deter- res, acossada pela fome, multiplicada
torização dos transplantes. Os empre- minadas máquinas, pela descon-
Esgotamento da capacidade para im- na Europa e nos Estados Unidos, on- sários passaram a discutir especial- lo mais alto índice de natalidade,
portar". Mais claramente: a manu-
tenção das atuais taxas de cresci-
de têm aumentado não somente as
reivindicações trabalhistas, como
mente o significado de uma expressão
contida no decreto 1.236, segundo a
tinuidade que seria ocasionada ao
processo de produção" S bituada a uma vida nômade e de
exigências mínimas de conforto, a
mento do PIB, de acordo com a polí-
tica atual, dependem da capacidade
de o país dispor, anualmente, de um
núipero suficiente de divisas para fa-
também os movimentos de solidarie-
dade sindical em âmbito multina-
cional.
r il as firmas que viessem para o Bra-
deveriam produzir "essencialmen-
te" para o mercado externa Isso
Na tentativa de acalmar as dúvidas
dos empresários, o eng.° José Luiz de
massa da nossa pobre mão-de-obr?^
exerce assim um papel de imã irresis^J*
tível a todo esse aço europeu, austra-
zer face às importações, sempre cres- Um segundo dado, ainda não sufi- equivalia a dizer que essas firmas tam- Almeida Bello, Secretário-Geral do liano e norte-americano, obsecado pe-
centes de maquinas, equipamentos, cientemente avaliado, corresponde ao bém poderiam passar a vender parte Conselho de Desenvolvimento Indus- lo lucro fácil e acossado pela compe-
de sua produção no BrasiL Ganhavam trial (do Ministério da Indústria e Co- implacável do mercado univer-
matérias-primas, produtos químicos,
tecnologia, etc.
problema da poluição. Nos países in-
dustrializados, é intensa a pressão da
opinião pública em favor de uma le-
condições de concorrência muito
mais favoráveis, em relação às empre-
mércio), declarou que "o decreto-lei
1.236 é simples e sua regulamentação
T A controvérsia não alterou os pla-
Mas não é o Brasil o país que pos- gislação antipoluidora e de preserva- sas que já funcionam no país há anos. foi cercada de todos os cuidados. É nos do governo, que insistia na neces^
sui o maior volume de divisas em to- ção do ambiente. Conscientes de que O diretor da Federação das Indústrias mais um item nas exceções da simila- sidade premente de garantir o cresci-
da a América Latina? E para que ser- as restrições nesta área surgirão em do Rio Grande do Sul, Alberto De- ridade". Afirmou que tudo fora pre- mento das exportaçoes brasileiras. O
vem essas divisas, senão para adquirir- escala crescente nos próximos anos, fini, falou disso ao Ministro Reis Ve- visto pelo governo, inclusive a possi- próprio Ministro Delfim Neto se en-
as importações de que o país neces- loso: "Preocupa-nos que essas fábri- bilidade de aventureiros aqui se insta- carregou de salientar .a importância
sita? O prof. Edmar Bacha acha que as empresas internacionais estão pro- cas, mais tarde, venham a produzir
curando operar em outros países, on- larem por períodos de um ou dois dessa expansão quando declarou no
as reservas brasileiras realmente cres- também para o mercado interno, ou anos, para explorar também o merca- encerramento do IX Congresso Na-
ceram - mas em decorrência do aflu- de a preocupação com a poluição ain- concorram, com vantagem, com os do interno: O governo está plena- cional de Bancos: "A única restrição
xo de capitais estrangeiros de carac- da nao existe. que poderia, no futuro, dificultar o
terísticas especiais, isto é, que não processo de crescimento do Brasil se-
podem ser transformados em impor- ria uma diminuição do ritmo das ex-
tações, pois devem estar disponíveis portações. Para continuar crescendo a
para repatriamento praticamente a taxas altas, o País tem que ampliar
vista (empréstimos a curto prazo).
Portanto, o aumento dessas divisas
não significa necessariamente maior
capacidade para importar. O governo
Hong—konguização Chico de Oliveira
suas vendas ao exterior em torno de
14% ao ano, e isso constitui um dos
pilares da política econômica em an-
precisava buscar outras fórmulas para Qual é a fundamentação econômi-
(Ían
íntes porém de regulamentar os
garantir as importações e cobrir os não-duráveis e bens intermediários, de que a exportação é o melhor mo-
ca do decreto 1236, aue permite o mas que repercutiram pobremente so- do de crescer. Quem assim procede dois decretos, o governo surpreendeu
compromissos da divida externa sob transplante de fábricas? Todas as de- mais uma vez os empresários, anun-
o risco de diminuir a taxa de cresci- bre a indústria de fabricação de bens esquece que há uma profunda dife-
mento do PIB. clarações oficiais confirmam: a de de capital: máquinas e equipamentos rença entre exportar rádios transis- ciando um programa de apoio à in-
impulsionar-se a exportação de pro- de toda a ordem para a própria indús- tores - caso de Hong-Kong e Formo- dústria nacitional de equipamentos --j J ^
O decreto 1.219 começava a dar dutos manufaturados, elevar portanto tria. E o resultado dessa política é sa - e exportar equipamentos de pro- exatamente a que qu se sentia mais dire-'^^
mmÊfm
uma resposta para esse problema, nossa capacidade de pagamentos no que a indústria nacional de equipa- dução, tecnologia, processos indus- tamente prejudicada pelos dois decre-
criando condições particularmente exterior e permitir a importação de mentos foi a que menos cresceu du- triais - o caso do Japão. Exportar tos. E ao lançar oficialmente o novo
atraentes para as grandes empresas es- certos befts que não produzimos, rante a última década. Agora nova- rádios transistores não torna nenhu- programa em São Paulo, o Ministro
trangeiras expandirem suas atividades necessários para a continuidade de al- mente o seu crescimento ficará preju- ma economia auto-sustentável, por- da Fazenda declarou que seu objetivo
no país, visando ao mercado externo. tas taxas de crescimento do PIB. dicado, uma vez que as fábricas tra- que isso significa maior dependencia era o de permitir ao Brasil reduzir o
Assim, o objetivo é aumentar as ex- Alega-se também que se estará en- rão todos os equipamentos de fora, tecnológica, enquanto exportar bens nível de importações de equipamen-
portações para o país receber mais di- curtando os prazos de produção dos ao invés de er\comendá-los ao setor de capital é outra história bastante di- tos, que deverão atingir este ano cer-
visas e o PIB continuar crescendo - equipamentos que seriam necessários industrial que os produz internamen- ferente Nem Hong-Kong, nem For- ca de 1,5 bilhões de dólares. E sobre
ainda que esse crescimento fique cada para a efetivação dessa estratégia de te mosa produzem a tecnologia dos bens a contradição que muitos viam entre
vez mais dependente das empresas in- importação: se os equipamentos fos- Serão favoráveis as repercussões que exportam, o que significa dizer essa medida e os decretos 1.219 e
ternacionais. sem encomendados a indústria nacio- da estratégia implícita no decreto que os processos, técnicas, equipa- 1.236, o próprio Ministro observou:
nal ou às indústrias estrangeiras, o 1236 sobre a renda, sobre o emprego mentos necessários para a produção "É certo que este programa se insere
E a empresa nacional? prazo de entrada em funcionamento e sobre a distribuição da renda na dos bens que exportam são continua- e se combina com os Decretos 1.219
das novas fábricas se dilataria e isso economia brasileira? Poderia um mente importados. Assim, no mo- e 1.236, que têm causado tanta
Publicado o decreto 1.219, faltava poderia prejudicar certas metas de conjunto de repercussões favoráveis mento em que essa importação cessar preocupação em alguns setores. Co-
sua regulamentação. Para os empresá- importação e exportação. sobre esses aspectos compensar o ou no momento em que outras dire- mo tenho dito com freqüência, seria
rios brasileiros, a grande dúvida era Essa estratégia de encurtamento é efeito negativo já assinalado? A res- trizes forem tomadas pelas grandes absurdo pretender que o governo
saber qual seria o papel que caberia à discutível em termos de crescimento posta poderia ser satisfatória, mas de- empresas internacionais, a produção fizesse alguma coisa contra a indús-
empresa exportadora nacional no no- a longo prazo. O mais grave de seus ve-se examiná-la melhor. Primeiro, as de rádios transistores de Hong-Kong e tria nacional**.
vo esquema, já que ele baseava-se na efeitos é o de desestimular a própria empresas que transplantarem suas fá- de Formosa pode estagnar e até retro-
expansão das firmas estrangeiras. produção nacional de equipamentos; bricas para o Brasil, o farão movidas ceder. Final esperado
No entanto, em vez da regulamen- em outras palavras, deixa de haver pelos fortes subsídios ao capital, que A política do decreto 1236 é as-
taçao do decreto 1.219, em fins de uma certa proporcionalidade entre o elevarão sua taxa de lucro e pelos bai- Avaliadas as reações internas e, de
k
Duas imagens do milagre
continuação da página 5 Essa solução final do problema ur- tuação e suas consequências foram estabelecer formalmente condições çado no que um magnata da constru-
bano é algo que não se encontra em ilustradas recentemente - essa a reve- para a participação brasileira na mine- ção chama um dos espaços vazios do
co é financiar a aquisição de casas, e nenhuma parte do suplemento do Fi- lação - pela disputa^ sôbre a explora- ração". mundo" ; "como Brasília, que é uma
não construir para alugar. Assim, esti- nancial Times, embora não falte nas ção de um dos depósitos de bauxita O Economist, por sua vez,^ re- idéia igualmente controversa, (a Tran-
pulando (para seus mutuários) uma recomendações que os países desen- mais ricos do mundo. A Alcan do conhece que "a abertura do governo samazônica e a colonização da região)
renda mínima igual ao salário míni- volvidos costumam fazer aos países Canadá interrompeu seu trabalho nas aos investimentos estrangeiros na mi- representam uma mudança psicológi-
mo vigente, exclui um terço da popu- em desenvolvimento. minas do Pará. A companhia controla neração" tem recebido algumas críti- ca, uma volta na direção do Oeste".
lação de seus benefícios". reservas da ordem de 130 milhões de cas. Menciona também o caso da Para o Financial Times, que trata
J á o Economist começa afirman- Minérios, controle estrangeiro toneladas de bauxita, e as operações Alcan, e faz a seguinte recomendação o assunto sob o título "Destruindo a
do que "visto de cima, a selva de con- A história da participação do capi- foram ostensivamente suspensas na - para o futuro: Bacia Amazônica", a preocupação é
creto dos arranha-céus de São Paulo e tal estrangeiro ^ na mineração nao espera da melhora dos preços mun- "Embora o capital e know-how muito mais de caráter ecológico.
de seus viadutos sinuosos é algo de apresenta divergências tão grandes, na diais do metal. Mas é quase certo que estrangeiros sejam certamente indis- "Qualquer visitante à Bacia Ama-
inteiramente inesperado e certamente análise feita por uma e outra publica- outra razão tenha sido o pedido feito pensáveis à exploração dos enormes zônica pode ver indicações claras do
único na América Latina: uma visão ção. A diferença é de grau, não de no princípio do ano pelo govêrno depósitos minerais da Amazônia, o futuro da região: margens em erosão
da Revolução Industrial brasileira". conteúdo, - e há, em ambas, a revela- brasileiro para uma participação de govêrno poderia ter a sabedoria de depois da derrubada das árvores, to-
Em seguida fala das favelas, dos mar- lo de fatos pouco conhecidos no 20 a 40 por cento no negócio. A pretender melhores condições quan- ras de madeira de lei transportadas
ginais, dos subempregados, do esfor-
ço do BNH para resolver o problema,
S rasiL
O Financial Times, sinteticamen-
Alcan recusou. O govêrno deu-lhe do da negociação de novos contra-
tos."
em barcos, pilhas de peles de animais
nas pequenas cidades, e culturas
e acaba apontando a única solução três mêses para reconsiderar, mas pas-
te, resume seu ponto de vista afir- sado êsse prazo nem a companhia Ocupação ou ecologia abandonadas onde o chão é agora du-
definitiva ao problema da explosão mando que o Brasil perdeu o controle ro como rocha".
urbana: "deter uma taxa de natalida- nem as autoridades tomaram qual-
da situação, enquanto o Economist, quer atitude". É na discussão do desenvolvimen- O argumento central é que a ex-
de de 2,8 por cento, que apresenta a mesmo mais moderado, não pode dei- to da Amazônia que os dois periódi- ploração descontrolada e a coloniza-
perspectiva alarmante de uma popula- xar de fazer recomendações do tipo Mais adiante, diz o jornal que "o cos radicalizam sua divergência. Usan- ção irão agir sôbre o solo de maneira
ção de 200 milhões no final „da déca- "aumentar a participação do capital ministro das Minas e Energia, sr. Dias do o título "O Império Interno", o prejudicial, removendo a fina camada
da. Rubens Costa foi um dos poucos brasileiro nas empresas internacionais Leite, continua a dar as boas vindas Economist não dispensa nenhuma das de humus e alterando o equilíbrio
homens na administração com cora- que operam na Amazônia". ao capital internacional." Embora as frases entusiásticas: "O Projeto da ecológico da região. "Os geógrafos es-
gem bastante para defender vigorosa- companhias mistas possam ajudar a Transamazônica é o exemplo mais es- timam que a devastação da floresta e
mente uma campanha de controle da Para o Financial Times, "um terço
dos recursos minerais do Brasil está pacificar os nacionalistas, disse o mi- petacular da marcha constante para o sua transformação num deserto levará
natalidade. ( . . . ) nistro, não creio que seja necessário interior" ;"é um gesto magnífico lan- entre 30 e 100 anos."
agora em mãos estrangeiras. Esta si-
JOO^CtStítnQ O&JfcüJB L
Nem sardinha, nem batata
Oficialmente, o preço da carne çougues, e incumbiu-se, aos super- xados talvez pela alta da carne, os nomia de escala têm também o seu cruzeiro — e, apesar do lucro, ainda
não subiu neste final de ano: conti- mercados, de "venderem carne "mais preços do frango, no varejo, saltaram preço. estará vendendo mais barato que o
nua a ser de 5,80 cruzeiros o quilo, barata" ao consumidor. Onde a sabe- de 5,00 para 6,50 cruzeiros; da sardi- pequeno varejista, e mantendo a ima-
para os tipos de primeira. Mas qual- doria desse esquema? Reservou-se, nha, de 0,80 a 2,00 cruzeiros; dos o- Um caso de escala gem de "bom samaritano" para o
quer dona de casa sabe que não con- para os açougues, o papel de "vilão" vos, de 1,80 para 2,80/3,00 cruzeiros; consumidor.
segue comprar, nos açougues, patinho da história - imerecidamente, por- da carne seca, de 8,00 para 12,00 cru- Enquanto o produtor continua a Nunca se procurou apurar se os
ou chã de dentro a menos de 8,00 que, como os açougueiros têm denun- zeiros. Em outras areas, porém, os au- viver na corda bamba, o problema do supermercados vendem tão barato
cruzeiros o quilo - um aumento de ciado repetidamente, simplesmente mentos também pipocaram: o toma- abastecimento continua a ser focali- quanto poderiam, ante essas vanta-
quase 40 por cento. E, o que é pior, não conseguem comprar a carne, jun- te, de 1,00/1,20 cruzeiro, foi a 2,50 zado, principalmente, como uma gens - o que não é surpreendente,
do ponto de vista do consumidor: os to aos frigoríficos e intermediários, a cruzeiros, a batata, até ela, alimento questão de modernizar o elo final da como pode parecer ao consumidor
açougues praticamente nivelaram os preços que lhes permitam respeitar o tradicionalmente popular, não deixou corrente e comercialização, isto é, o desavisado. Também os supermerca-
preços das carnes de segunda com as tabelamento oficial — e a punição de or menos, e saiu dos míseros varejo - através, no caso, dos super- dos». para sua expansão, precisam rea-
de primeira, vendendo, por exemplo, alguns frigoríficos parece confirmar a ,80/1,00 cruzeiro para atingir os mercados. tivar grandes lucros - ou, em outras
o rejeitado músculo ao preço de la- procedência das suas reclamações. 1,80/2,20 cruzeiros, enquanto a ce- páíavras, não haveria coerência em
garto, isto é, também a 8,00 cruzei- Em contrapartida, atribuiu-se, aos su- bola - um caso típico - ia dos 0,65 Por que os supermercados? Nos
cálculos do Ministério da Fazenda, desejar-se uma exceção à regra básica
ros, contra 3,50/4,00 cruzeiros ante- permercados, a possibilidade de figu- até 3,50/4,00 cruzeiros. da atual filosofia econômica: concen-
riores, e o humilde peito a 7,00 cru- rarem como os mocinhos" da histó- eles detêm de 60 a 70 por cento do
comércio dos gêneros de primeira ne- trar a renda para que as empresas te-
zeiros. Tampouco a carne moída ou ria. Reforçou-se, em resumo, a im- A situação exigia mágicas novas, nham condiçoes de investir.
os miúdos escaparam à tendência, in- pressão de que a solução para o abasj sem admissão das evidências. Elas vie- cessidade dos grandes centros urba-
do o mais popular deles, o fígado, aos tecimento, no Brasil, somente poderá ram, sempre habilmente. Quase em si- nos. Operando em grande escala, eles,
mesmos 8,00 cruzeiros, contra 5,00 surgir com a comercialização em vo- lêncio, o Govêrno suspende a expor- teoricamente, reúnem condições para Falseta
cruzeiros anteriores. Assim, se as car- lumes maciços, como ocorre com os tação de batata (também o tomate vender a preços mais baratos. Que
nes de primeira subiram em 40 por supermercados. tem sido vendido ao exterior), e fez condições são essas? A principal - o As sugestões governamentais para
cento, os demais tipos dispararam en- uma pausa, para balanço - segundo que é geralmente desconhecido pelo barateamento dos preços nos super-
tre 60 a mais de 100 por cento. alegou - nas vendas externas de car- grande público —, é que os supermer- mercados fugiu a essa realidade. Um
Assim, o primeiro tempo do jogo cados, principalmente na compra de
das aparências foi ganho tranquila- ne gaúcha. Ao mesmo tempo, ostensi- representante da SUNAB viu encare-
Essa alta, cujos detalhes parecem vamente, transferiu o papel de "vi- produtos industrializados, recebem cimento de custos na distribuição de
ter sido ignorados pelos índices da mente graças à aliança com os super- grandes descontos dos fornecedores,
mercados. No segundo tempo, po- lão" aos supermercados: em uma reu- brindes ("ganhe um balde na compra
Fundação Getúlio Vargas, serviu para nião com os donos de 35 deles, as as vezes de até 30 por cento. O que de cinco quilos de arroz"). Porta-vo-
demonstrar, ainda uma vez, a habili- rém, o inimigo não veio sozinho, co- isso significa, na pratica? Um peque-
mo no episódio da carne. Houve uma autoridades do abastecimento os zes do Ministério da Fazenda conde-
dade com que o Ministério da Fazen- "convidaram" a reduzir o preço de no comerciante pôde comprar um pe- naram os gastos altíssimos com a pro-
da se livra de situações embaraçosas. disparada de preços para vários pro- daço de sabão a 1,00 cruzeiro, da
dutos. Ante a luta mais árdua, os su- cinco produtos: arroz, feijão, ovos, paganda na televisão, onde um segun-
Repetiu-se a tática de anos anteriores: batata e cebola. Gessy Lever, e, como promoção, ven- do de anúncio pode custar até 100
foram lançadas no mercado determi- permercados viram-se subitamente dê-lo ao preço de custo, sem qualquer
convertidos à posição de inimigos - e cruzeiros.
nadas quantidades de carne congela- Entre as medidas sugeridas com lucro. Um supermercado que receba Assim colocada, a posição gover-
da, para venda aos preços de tabela. seu enquadramento na política eco- um desconto de 30 por cento, isto é,
nômica atual, em lugar de elogios, foi esse fim surgiram algumas que indi- »lamentai contra a promoção "desen-
Tudo muito bem planejado: fez-se, cam, quando nada, que as autorida- consiga comprar esse sabão a 0,70 freada"^ parece merecer aplausos.
como se faz ainda, vistas grossas ao transformado em objeto de críticas. cruzeiro, pode revendê-lo com um lu-
des do abastecimento subitamente Uma análise mais aprofundada mos-
desrespeito ao tabelamento pelos a- A partir de fins de setembro, pu- descobriram que as vantagens da eco- cro de 30 por cento, isto é, a 0,90 tra, porém, que as autoridades estão,
em seu "apelo", pedindo o impossí-
vel—e negando alguns dos conceitos
que têm vendido a opinião pública.
Como? Geralmente, aiirma-se
O sorriso amarelo Aloysio Biondi
que a concorrência leva à redução nos
preços - sem apontar que os gastos
promocionais podem resultar em cus-
Quantas mentiras são ditas diaria- politica econômica que è exatamente elevadas (fechando o mercado japo- cisava exportar, não apenas para de- tos mais altos para TODAS as empre-
mente sobre o chamado "Milagre Ja- a oposta á adotada pelo Japão, para nês às empresas americanas), e as res- senvolver-se - mas para não morrer sas concorrentes - no caso, os super-
ponês'\ seja por desinformação ou desenvolver-se O Japão não abriu os trições ao capital estrangeiro (idem). de fome. Ele sempre dependeria da mercados. Mas o fenômeno é válido
conveniência? Tantas quantas se cos- braços a ninguém, para reerguer-se no importação de alimentos - e, para também para as fabricas de automó-
tuma dizer sobre qualquer outro fe- pós-guerra; os países em desenvolvi- pagá-los, precisaria exportar forçosa- veis ou de queijos - e não se pensaria
nômeno economico? Não. A empu- mento estão-se entregando nos braços O saudável egoísmo mente produtos industrializados. em intervir na briga publicitaria des-
Ihação em torno do Japão, foi desde do Japão. Que os aceita, sorridente. Mas, carente de matérias-primas, tam- ses setores. É tácito, em uma econo-
o inicio, auxiliada por muitos fatores. Numa visão rápida, foram estas as bém para a obtenção desses produtos mia de mercado, que os concorrentes
Havia, por parte da opinião pública Em cena a política características do desenvolvimento ja- ele precisaria realizar importações. têm o direito de lutar pela conauista
mundial, e sobretudo do mundo Oci- ponês: Um círculo vicioso infernal, um país do consumidor, alargando seus domí-
dental, o respeito pela perseverança • Capital estrangeiro: todos os se- inviável - que só se tomou viável gra- nios, e esmagando os empresários me-
"Podemos instalar, no Japão, uma tores importantes totalmente fecha- nos poderosos.
de um povo em luta milenar contra o fábrica para produzir "geta' (paredes ças a uma política econômica que le-
solo ingrato, os tufões e maremotos. divisórias de madeira japonesa) ou a- dos (durante anos a Ford e a Chrysler vou em conta os interesses nacionais. Há ainda um último aspecto que
Havia a solidariedade para com um brir um supermercado, desde que elas tentaram se associarem - com um Sua situação era totalmente diferente retrata com maior precisão a essência
povo que, com o pais já destroçado, tenham uma área inferior a 500 me- grande fabricante japonês). O setor de países em desenvolvimento com do problema. Qualquer técnico de
conheceu ainda os horrores de Hiro- tros quadrados". O desabafo, do pre- parcialmente aberto ao capital estran- terriforio amplo e dotado de recursos marketing formado por correspon-
shima e Nagasaki Tudo, auxiliado pe- sidente da Câmara Americana de Co- geiro se resume praticamente à área naturais, menos dependentes, portan- dência sabe que "quem entra em um
lo fato de os japoneses terem a sorte mércio do Japão à revista Time, em de serviços - supermercados, lavan- to, do exterior. supermercado, não compra apenas
de não serem altos, louros, saxónicos maio de 1971, serve para arrebentar derias, boates, como apontava ironi- um ou dois produtos de que realmen-
e espalhafatosos. De exibirem uma com o primeiro dos paralelos que camente um empresário norte-ameri- No Japão, o povo foi solicitado a te necessitava". Tudo em um super-
humildade, uma timidez e um sorriso se tenta estabelecer entre o chamado cano. apertar o cinto para que o país pudes- mercado é disposto de forma a levar
permanentes. "Milagre Japonês" e outros milagres, • Balanço de pagamentos: sem a se exportar porque era essa a forma o consumidor a comprar o supérfluo:
tros milagres. participação significativa do capital de obter divisas até mesmo para ma- usam-se até expedientes como colo-
/ Mas, virtudes do povo japonês à estrangeiro, o Japão livrou-se da san- tar a fome do próprio povo. Adotar- car artigos que atraiam as crianças à
parte, a mística precisa ter fim, e dar O Japão não aceitou capital es- gria das remessas de lucros, dividen- se o modelo japonês de exportação, altura de suas mãos (depois que o fi-
lugar à análise lúcida. Porque o Ja- trangeiro em sua economia, ao iniciar dos, royalties, gastos com assistência em circunstâncias totalmente diferen- lho pega um produto, a mãe dificil-
pão, após haver inundado os merca- a reconstrução do pós-guerra. Ê en- técnica (mesmo nos setores em que tes, pode significar exatamente pedir mente deixara de comprá-lo), ou, ain-
dos mundiais com seus produtos, pe- graçado que, no Brasil, onde se fala estrangeiros operam, aliás, é proibida a um povo potencialmente rico que da, de colocar os artigos de limpeza,
netra agora violentamente na econo- tanto no "modelo japonês", esse da- a remessa de lucros). continue a passar fome desnecessaria- de uso obrigatório e permanente, exa-
mia de outros países: calcula-se que, do nunca venha á tona. mente. tamente nos fundos do supermercado
nos próximos doze anos, o Japão in- • Tecnologia.- um dos grandes se-
As principais características do gredos do sucesso japonês está no seu
vestirá cerca de 100 bilhões de dóla- processo japonês de desenvolvimento - para obrigar a dona de casa a atra-
res no exterior, mais que os Estados desenvolvimento tecnológico. Que só vessar todas as alas de prateleiras co-
podem ser confrontadas com as dire- existiu, segundo os próprios japone-
Unidos aplicaram entre 1900 e 1967. trizes que outros países têm adotado Complementares loridas, sofrendo uma tentação a cada
ses, porque, com o predomínio de passo, até comprar a lata de aspargos
Os empresários japoneses, como para crescer nos últimos anos. Na a- empresas nacionais no país, houve in-
os que visitam o Brasil, são afáveis e nálise, é preciso levar em conta o pa- de que não precisava, ou a massa
teresse em pesquisar. A presença de Depois de trancar seu mercado, pronta para bolo três vezes mais cara
sorridentes - mas sua cortesia apenas norama político em cada uma das é- empresas estrangeiras leva, quase sem- depois de acumular uma tecnologia
encobre a agressiva preocupação com pocas: è importante, ou importantís- que a farinha de trigo.
pre, à dependência de pesquisas no incrivelmente rica, o que o Japão está
o papel que seu país desempenhará simo, notar que o "Milagre Japonês" exterior. Além da redução de gastos oferecendo aos países em que inves-
no mundo em futuro próximo. Se- foi, acima de tudo, um fenômeno po- no pagamento de royalties e patentes, te? A possibilidade de idêntica evolu- Reprimenda Injusta
gundo um membro do gabinete do litico. Com a presença de um regime o desenvolvimento de tecnologia lo- ção? Não. O Japão, ainda dentro dos
presidente Nixon, em declaração à re- socialista na China, os EUA, para cal, própria, é um triunfo para a con- seus legítimos interesses, está procu- O funcionamento de um super-
vista Time em maio de 1971, "Os ja- neutralizarem sua influência na Ásia, quista dos mercados externos. rando assegurar matéria-prima, miné- mercado, em resumo, é a síntese do
poneses ainda estão travando a Guer- procuraram fazer do Japão um pais rios, madeira, para sua indústria. Ou próprio funcionamento de uma socie-
ra, só que, agora, em lugar da guerra altamente desenvolvido. Após terem • Comércio externo: barreiras dade de consumo, onde o consumi-
contra as importações, e, também, a alimento para sua população, como é
de canhões, é uma guerra econômica. desmantelado a indústria japonesa o caso da criação de gado, na Amazô- dor é bombardeado com apelos (co-
Sua intenção é tentar dominar o Pací- nos primeiros anos de ocupação, e te- prática de "dumping" nas exporta- mo a distribuição de brindes inúteis)
ções. nia. Em lugar de continuar compran-
fico, e, depois, talvez, o mundo". Es- rem forçado a dissolução dos grandes do e pagando por esses materiais, o para a compra de produtos de que
sa visão apocalítica do crescimento grupos monopolísticos que domina- Japão, sabiamente, está fazendo suas não necessita e nem desejava no mo-
do poderio japonês pode ser exagera- vam a economia japonesa, os EUA re- O modelo exportador empresas se associarem a empresas mento.
da - mas o fenômeno está, certamen- cuaram em toda a linha. Exatamente desses países, ou simplesmente a se Numa sociedade em que a concen-
te, determinando crescentes altera- como aconteceu com a Alemanha instalarem neles, para explorarem es- tração de renda é reconhecida como
ções no panorama das relações inter- (por temor à ascensão da União So- cia Nada mais falso do que a insistên-
com que se procura atribuir às ex- sas atividades rudimentares. Vão, sa- etapa necessária dentro do processo
nacionais, para as quais os analistas viética) os norte-americanos não só fi- portações todo o sucesso do modelo biamente, assegurar matérias-primas e de desenvolvimento — caso do Brasil
começam a despertar. nanciaram o reequipamento da indús- japonês. Houve circunstâncias espe- alimentos para seu país - e, de que- — o estímulo ao consumo supérfluo é
tria japonesa, como admitiram que os cialíssimas no caso japonês, como as bra, vão lucrar com essas atividades, ainda mais fundamental Se as classes
No caso do Brasil, pode-se pergun- grandes grupos voltassem à cena (an podendo, talvez, até, no futuro, re- de renda mais baixa não podem, "por
tar até que ponto interessa, ao país, teriormente, eles eram considerados vistas acima (há outras, óbvio), que
hoje já não existem. Basta lembrar o meter os juros, lucros e dividendos, enquanto", consumir o suficiente pa-
colocar-se entre as nações que terão como os maiores interessados no ex- furor
importantes setores de sua economia protecionista dos EUA contra numa prática cuja existência impedi- ra proporcionar os lucros de que as
pansionismo japonês, e culpados da as exportações ram em seu pais. empresas necessitam para investir, é
dominados pelo capital japonês ou a- participação do Japão na II Guerra alguns países emdedesenvolvimento,
manufaturados de
preciso empurrar mercadorias à clas-
té que ponto interessa estimular a a- Mundial). E, ao longo dos anos, os ano passado, para entender que no os Afirma-se que há complementarie- ses que tem essa capacidade.
gressiva penetração do capital japo- Estados Unidos continuaram a dis- tempos são outros.
nês, como no momento. pensar ao Japão um tratamento privi- dade entre as economias brasileira e Dentro da atual política econômi-
Os sorrisos da missão que visita o legiado, fechando os olhos a pecados Mas não é isso que importa. O que japonesa, e por isso a atual aproxima- ca, os supermercados vêm cumprindo
Brasil podem ser apenas a caracterís- que nunca toleraram, nem de leve, importa, é que o "modelo japonês" çao é excelente para ambos. A com- exatamente a missão confiada a qual-
tica milenar de uma raça. Mas podem, em outros países. Entre eles: a inun- resultou e correspondia às caracterís- plementariedade ê, realmente perfei- quer outra .empresa, de qualquer ou-
também, refletir uma ponta de ironia. dação dos mercados mundiais com ticas da economia do Japão. O Japão ta: um pais com elevado padrão tec- tro setor: vènder a quem pode com-
Os japoneses podem estar achando produtos vendidos a preços de dump- é um arquipélago, com terras insufi- nológico e um pais que volta à condi- prar. O puxão de orelhas foi injusto:
muito engraçado que o Brasil, como ing (roubando clientes às empresas cientes sequer para produzir alimen- ção de fornecedor de matérias-primas mas não vai doer-lhes profundamen-
muitos outros países em desenvolvi- americanas), as tarifas de importação tação de seu povo, e pobre de maté- e produtos agrícolas, exploradas por te, pois restará sempre a compensa-
mento, esteja se entregando a uma rias-primas ou minérios. O Japão pre- oapitais internacionais. ção de ter auxiliado um aliado. Em
situação embaraçosa.
Objetividade e ilusionismo
A ciência econômica exerce indis- riáveis podem ser tratados simulta- o consumidor fosse "soberano", co- do o consumo supérfluo das minorias
Celso Furtado
"Teddy, Teddy, w e love you Teddy" cano, que pára as contas do desperdí-
cio que é a CLA, saiba a extensão do
nosso fracasso contra a URSS e Chi-
na .
bastião dos Democratas) todos os po- refere a seus dois irmãos faleddos.
Adam Raphael líticos democratas em busca de co- "Podemos fazer tudo o que temos de Marchetti diz que não está à altu-
The Guardian bertura, exceto os mais corajosos ou fazer - tudo o que John e Robert ra de Daniel Ellsberg, o homem dos
os mais seguros. Kennedy tentaram fazer." O mais jo- documentos do Pentágono. Nisso está
Em Vermont, uma multidão espe- Tomando um uísque na cabine do vem dos Kennedys deixa claro que es- sendo ingênuo ou se fazendo de ino-
rou no aeroporto, num frio cortante, Cessna 310 depois de quatorze horas tá deddido a completar o legado po- cente. Os documentos do Pentágono,
durante quase duas horas. Em Maine, seguidas de campanha, o Senador lítico inacabado de seus irmãos. afinal, nada revelaram de novo. Ape-
duas mil pessoas aplaudiram freneti- Kennedy criticou esse medo, como He tem o mesmo charme deles, a nas confirmaram oficialmente o que
camente. Em Massachusetts, uma fai- prematuro e irracional. "O fato do se- mesma simpatia, o mesmo magnetis- os críticos da guerra vinham dizendo.
xa dizia: "Ted para 1976". nador McGovern estar 44 pontos a- mo legendário. No palanque é um o- Já o que Marchetti tem a declarar,
Seguir o último dos Kennedys na baixo em Utah não faz muita diferen- rador formidável, sob todos os ângu- caso ganhe na Corte Suprema, terá re-
campanha durante uma semana era ça. Aqueles que pretendem deddir as los tão bom quanto eles - tão seguro percussão muito maior aue a crônica
sentir o cheiro inconfundível de uma eleições nesta altura não reconhecem de si que praticamente tem o público do envolvimento dos EUA na Indo-
campanha presidencial já em prepara- que nas áreas mais cruciais ele não nas maos. Se por um lado há alguns, china.
ção. As bandinhas de escola com suas está tão abaixo assim" que o conjiecem bem, que põem em A "bomba" Marchetti é a seguin-
balizas absurdamente vestidas de coe- Indicando Michigan, Illinois, Cali- dúvida até que ponto vai a sua habili- te: ele diz que provara que a CIA gas-
lhinhos tocavam "Os Irlandeses Estão fórnia e Pennsylvania como Estados dade, por outro, sua equipe é extre- ta somente 10% do orçamento na co-
Sorrindo" (em referência à ascendên- em que McGovern vem ganhando ter- mamente competente, ele assimila in- leta de informações (Inteligência),
cia irlandesa dos Kennedy); agentes reno rapidamente, o senador Kenne- formações com facilidade, tem exce- não cumprindo, portanto, as finalida-
dy disse acreditar que os Democratas The Guardian lente memória e o instinto político
do serviço secreto vestidos de maca- des para que foi criada pelo Congres-
cões sujos esquadrinhavam a multi- ainda tem uma razoável chance de ga- peculiar à sua família. Não esqueça- so, em 1947. 25% são consumidos em
nhar as eleições do 7 de novembro. desse fenômeno, numa recente tenta- mos que seu irmão John chegou a a-
dão, enquanto os times da imprensa e tiva de fazer humor: "Nós estávamos despesas administrativas e várias. Os
televisão se espalhavam em volta au- "Ainda é uma luta para alcançar o pontá-to como "o melhor político de restantes 65% financiam a subversão
topo, uma batalha, mas essa distancia andando na rua, em Pittsburg hoje de todos nós." E no entanto, apesar de
mentando a barulheira geraL manhã, e uma mulher cjuase me der- em países estrangeiros. E a última
.já foi coberta no passado - e pode todas essas qualificações, poucos sus- "rubrica de despesas" que motivou o
Teoricamente, e até certo ponto ser novamente." rubou para apertar a mão do Senador tentariam que o seu grau de compre-
na prática, o veterano senador por Kennedy", contou no c o m i d a "Ela processo EUA x Victor Marchetti.
ensão das situações, suas avaliações e Não interessa obviamente aos EUA e
Massachusetts estava lealmente levan- Uma expressão formal de confian- disse: 'Senador Kennedy, nós mal po- a profundidade do seu envolvimento
tando apoio p p a a chapa democrata ça era provavelmente o mínimo que demos esperar até 1976*. Foi então à CIA que os paises aliados e clientes
sejam comparáveis aos de seus dois conheçam a face oculta do interven-
de 1912. Mas às vezes era difícil lem- se poderia esperar de Kennedy. Pois, que ela me viu e acrescentou: 'Descul- irmãos.
brar quem era o líder nominal dessa à medida em que as eleições se apro- pe, senador McGovern, mas é isso que donismo americano no exterior. Mar-
chapa. ximam e as pesquisas continuam a estamos sentindo aqui em Pitts- chetti afirma que tem todos os do-
Contudo, ele é o último de seu clã cumentos relevantes para provar que
Não se tratava de engano ou omis- mostra: o presidente Nixon manten- burg*." e, tendo em vista que a lenda dos
do a liderança, cada vez mais os De- a CIA intervem em todas as nações na
são. Durante as quarenta e oito horas O trágico acontecimento gue re- Kennedy aparentemente^ continua e- órbita dos EUA.
de uma campanha desenfreada em mocratas começaram a pensar na sal- sultou na morte de uma secretaria, há xercendo a mesma influência sobre o
três Estados, faixas de "McGovern vação para 1976. Com seu hábito de- dois anos, não é mais praticamente público americano^ suas chances de Marchem estava tão ligado emo-
Presidente** eram raras ou inexisten- sarmante de chegar perto demais - e mendonado, mas viajando com Ted a algum dia chegar a Casa Branca po- cionalmente à CIA que voltou para
tes. Ficou claro que o medo de uma perigosamente — da verdade pura, o gente é constantemente lembrado das dem ser consideradas boas. No mo- casa chorando, no dia em que se de-
vitória avassaladora republicana bas- senador McGovern, em plena campa- tragédias que atingiram sua família. mento, pelo menos, ele parece ser o mitiu. Se ele conseguir publicar o li-
tou para atrair para New England (o nha, deu uma ilustração brilhante Em seus discursos ele, quase sempre se único trunfo dos democratas« «• - «; vro muita gente mais chorara, .
V» .Vi 1 *,«, .v,*.* w *
EDIÇÃO SEMANAL BRASILEIRA ii
PAZ NO VIETNÃ continuação da pág. 11 esse respeito, exigindo a libertação Hanói: desejando fazer frente à parti- mento das negociações, do contrário
das "pessoas presas por razões políti- da de pingue-pongue sino-americana, corria-se o risco de ter que negociar
cas", a destruição dos campos de coiv os dirigentes soviéticos aproxima- com um presidente americano reelei-
centração, etc. O último acordo é ram-se mais dos seus aliados norte to por quatro anos, por conseguinte
nar tanto o G.R.P. quanto a adminis- criado depois do cessar fogo, e não à mais restritivo, já que fala da "entre- -vietnamitas, liberando-lhes armas mais inflexível Hanói julgou necessá-
tração de Saigon a se conformarem administração de Saigon, mesmo des- ga de todas as pessoas capturadas e mais pesadas e modernas do que rio tomar como testemunho a opi-
com os acordos concluídos. mantelada. detidas das diferentes partes*'. Seria aquelas entregues até então. O mate- nião mundial para impedir que Nixon
Outro ponto importante: o exér- preciso concluir que haverá somente rial chegava a Haiphong, os preparati- pudesse mais tarde lançar dúvidas so-
(3) As questões militares são cito do presidente Thieu não será uma troca dos diversos prisioneiros vos da grande ofensiva da primavera bre o acordo Le Duc Tho-Kissinger.
também regulamentadas, pelo menos completamente abandonado pelos pertencentes a um dos campos ofi- podiam começar. Era natural que as Dito isso o acordo está longe de
no papel, de maneira muito mais sa- americanos, já que poderá substituir cialmente filiados ao acordo - prisio- posições tomadas na negociação fos- ser uma capitulação do Norte e com-
tisfatória para os Estados Unidos e suas armas e munições "usadas ou es- neiros vietcongs e norte-vietnamitas sem "duras". Endureceram-se mais preende-se as reservas do presidente
seus aliados de Saigon.