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INTRODUÇÃO

Endocardite é uma doença resultante da colonização de fungos, vírus e


principalmente de bactérias causando inflamação e danos é uma infecção
localizada nos tecidos internos do coração (endocárdio), bem como estruturas
associadas (válvulas). É um tanto quanto rara, porém, com grande
potencialidade letal, de 15 a 22 % em hospitais. (CORREIA DE SÁ et al., 2010;
DUVAL et al., 2015).
Com relação à mortalidade da endocardite, mesmo com as condições
actuais de abordagem, ocorre uma variação de acordo com o organismo
infectante, sendo ainda maior quando envolve portadores de próteses
valvulares ou associa-se a complicações como insuficiência cardíaca, formação
de abcessos, estes considerados embolizantes, podem predispor a fenômenos
embólicos sistêmicos e cerebrais. A maior parte dos doentes que sofrem de
endocardite infecciosa possui alguma condição cardíaca que é considerada de
risco para desenvolvimento desta doença (MACHADO, 2011). No entanto,
existem outros factores de médio risco predisponentes, incluindo doenças
cardíacas reumáticas crônicas, lesão de válvula relacionada ao
envelhecimento, hemodiálise, e outros fatores coexistentes; HIV, diabetes e
abuso de drogas intravenosas (HOEN; DUVAL, 2013).
ENDOCARDITE
Endocardite é o termo utilizado para se referir a inflamação da estrutura
interna do coração (endocárdio). Ela é denominada de Endocardite Infecciosa
quando é causada por fungos, vírus e bactérias. A definição para endocardite
bacteriana é quando ocorre um estado de bacteremia (presença de bactérias
na corrente sanguínea) e estas colonizam os tecidos do coração previamente
comprometidos causando uma infecção local.
Apesar da gravidade da endocardite infeciosa (a sua mortalidade intra-
hospitalar varia entre 10% e 26%), a doença é rara, com uma incidência de três
a 10 episódios por 100 mil doentes, anualmente.(THUNY et al., 2012).
A endocardite é uma inflamação das válvulas do coração ou do
revestimento interno. A condição ocorre quando os germes da boca, intestinos
ou pele atingem a corrente sanguínea e infectam as regiões do coração. Os
fungos também foram reconhecidos como uma fonte causadora da infecção do
coração.
Embora a endocardite não seja comum, ela representa sérios riscos à
saúde.
As complicações incluem insuficiência cardíaca congestiva, coágulos
sanguíneos, batimentos cardíacos rápidos ou irregulares, chamados arritmias,
acidente vascular cerebral e danos no sistema nervoso e no cérebro.
Por ser muitas vezes causada por bactérias, a endocardite geralmente
é tratada com o uso de antibióticos administrados diretamente na veia. No
entanto, caso tenha outra causa, a endocardite também pode ser tratada com
antifúngicos ou apenas remédios anti-inflamatórios para aliviar o desconforto.
Dependendo da intensidade dos sintomas, pode ainda ser recomendado ficar
internado no hospital. (FERNANDEZ, 2012).
A endocardite ocorre, de um modo geral, quando uma bactéria ou um
microrganismo proveniente de outro local do organismo (como a cavidade oral)
se espalha pela corrente sanguínea e adere a áreas lesadas do endocárdio. Se
não for tratada, pode danificar ou destruir as válvulas do coração e causar
complicações potencialmente fatais. (ALMIRANTE, 2012)
O tratamento precoce da endocardite pode resultar em um prognóstico
positivo, mas se não for tratada, a infecção pode causar a morte.
Pessoas com condições cardíacas pré-existentes são as mais
suscetíveis ao desenvolvimento de endocardite.
A infecção raramente ocorre em pessoas com corações saudáveis.
Cirurgias e procedimentos odontológicos que causam uma quantidade
significativa de sangramento representam o maior risco de endocardite.
O uso de drogas injetáveis e uma história de febre reumática são
alguns outros fatores de risco no desenvolvimento da infecção.
Os sintomas podem ser subagudos, ou seja, lentos para se
desenvolverem, ou agudos, o que significa desenvolver repentinamente, e
podem incluir febre, calafrios, sudorese excessiva, hemorragia sob as unhas e
sangue na urina.
Outros sinais de endocardite incluem fadiga, perda de peso, manchas
vermelhas na pele e inchaço abdominal ou inchaço dos pés e pernas.
Os exames médicos podem revelar um baço aumentado, novo sopro
cardíaco ou alterações em um sopro cardíaco existente, hemorragias lascadas
sob as unhas ou baqueteamento das unhas.
O exame repetido de hemocultura é frequentemente considerado o
método mais confiável de detecção de endocardite.
Exames oftalmológicos também são comumente feitos quando há
suspeita de endocardite, pois a membrana ocular chamada conjuntiva pode
conter hemorragias retinianas conhecidas como manchas de Roth e/ou
pequenas hemorragias chamadas petéquias.
A sorologia, que é um exame de sangue usado para detectar
anticorpos produzidos contra um microorganismo, pode ser realizada se a
hemocultura falhar na detecção de bactérias.
A endocardite viral é um subtipo de endocardite, mas microrganismos
como bactérias e fungos, em vez de vírus, geralmente estão presentes na
maioria dos casos de endocardite.
Uma vez detectada a bactéria, antibióticos selecionados para eliminar o
organismo específico podem ser administrados ao paciente por até 6 semanas.
Os antibióticos geralmente são iniciados por injeção intravenosa no hospital,
com o paciente continuando a antibioticoterapia em casa.
Se a endocardite se tornar mais complexa, como quando a infecção
se fragmenta e causa uma série de derrames, ou ocorre insuficiência cardíaca,
a cirurgia de substituição valvar cardíaca é frequentemente necessária.
As pessoas com risco de endocardite podem tomar antibióticos
preventivos antes de realizar qualquer trabalho médico e dentário arriscado.
Antibióticos podem prevenir a sobrevivência de bactérias que podem entrar na
corrente sanguínea durante esses procedimentos.
A endocardite é rara em corações normais e, por isso, as pessoas em
risco são aquelas que apresentam válvulas do coração já doentes, artificiais
(após cirurgia) ou outros tipos de anomalias cardíacas.

EPIDEMIOLOGIA
A incidência de EI varia de um país para outro, sendo estimada em
aproximadamente 3-10 episódios por 100.000 pessoas ao ano. O número de
casos notificados muda drasticamente com a idade. A doença afeta em maior
proporção idosos entre 70 e 80 anos como resultado de procedimentos
associados a cuidados de saúde, tanto em pacientes sem patologias valvares
prévias quanto em pacientes com valvas protéticas.
Adultos jovens usuários de drogas IV ou portadores de doenças
valvares, sendo a cardíaca reumática a mais comum em países em
desenvolvimento, também são considerados grupo de risco. Apesar de
acometer mais pacientes do sexo masculino, pacientes do sexo feminino têm
pior prognóstico.
Os fatores epidemiológicos também estão relacionados ao agente
causal. Um aumento na taxa de EI estafilocócica foi observado devido ao
crescente número de casos de hemodiálise crônica, diabetes mellitus, uso de
drogas IV e inserção de dispositivos intravasculares, sendo estes fatores

associados ao desenvolvimento de endocardite por Staphylococcus

aureus. Infecções fúngicas são responsáveis por menos de 5% dos casos


enquanto estreptococos do grupo viridans, junto com S. aureus, são
responsáveis por 50% a 70% das infecções em válvulas cardíacas.
Quanto à mortalidade, vale salientar que mesmo com o advento de
novos medicamentos, dos diagnósticos, das técnicas cirúrgicas e do tratamento
de complicações associadas, as taxas ainda são elevadas.

FISIOPATOLOGIA
Anormalidades estruturais cardíacas valvares e não valvares,
hemodinâmica alterada, lesão endotelial e deposição de fibrina e plaquetas são
importantes fatores de predisposição para o desenvolvimento de EI. Apesar de
o endotélio valvar ser resistente à colonização e infecção por bactérias
circulantes, tais fatores de predisposição podem facilitar a aderência de
microrganismos.
A formação de trombos com função reparadora ao longo do
revestimento endotelial, suscetíveis à contaminação a partir de bacteremias
transitórias, leva à uma ativação celular contínua, maior adesão plaquetária,
deposição de fibrina e produção de citocinas e de fator tecidual, resultando no
aumento das vegetações. A presença da vegetação, volumosa, friável e
potencialmente destrutiva, pode ser observada em mais de uma valva e ser
única ou múltipla. Sua organização frouxa, principalmente as intracardíacas,
facilita a formação de êmbolos sistêmicos que percorrem a circulação.
Fragmentos das vegetações podem ainda se alojar em pequenos vasos
sanguíneos, resultando em hemorragias, abscessos e infarto do tecido. As
vegetações da endocardite aguda são consideradas mais destrutivas, podendo
evoluir com fibrose, calcificação e infiltrado inflamatório crônico.
Sítios de infecção liberam continuamente microrganismos para a
corrente sanguínea. Muitas das bactérias ligadas à endocardite apresentam
fatores que promovem sua adesão inicial ao endotélio e aos focos de trombos,
e também são responsáveis pela adesão a dispositivos médicos como valvas
protéticas. O risco de EI irá depender da magnitude da bacteremia e da
habilidade do patógeno de atuar nas válvulas lesadas.

SINTOMAS
Pode manifestar-se de um modo gradual ou brusco, dependendo do
agente e da doença cardíaca pré-existente. Os sinais mais comuns são febre,
suores noturnos, arrepios, alterações na auscultação cardíaca, cansaço, dores
articulares e/ou musculares, dificuldade na respiração, palidez, tosse
persistente, perda de peso, sangue na urina, dor na região do baço (do lado
esquerdo do estômago), pequenas manchas vermelhas na pele (petéquias),
nódulos vermelhos e sensíveis subcutâneos nos dedos.
A endocardite é definida como inflamação ou infecção das válvulas
cardíacas ou do revestimento interno das câmaras cardíacas.
Os sintomas de endocardite ocorrem quando as bactérias entram na
corrente sanguínea. Qualquer um desses sintomas deve ser avaliado por um
médico para confirmar um diagnóstico preciso e fornecer tratamento antes que
a infecção se agrave. Os pacientes geralmente recebem tratamento a longo
prazo para remover bactérias das válvulas e câmaras cardíacas.
A Endocardite vem com uma longa lista de sintomas que se
desenvolvem com o tempo ou atacam o coração de repente. Podem aparecer
sintomas semelhantes aos da gripe, como calafrios, transpiração excessiva e
febre aproximadamente acima de 38 ° Celsius. A febre pode durar vários dias e
também pode ser seguida de dor de cabeça, inflamação das articulações e dor
muscular.
Outros sintomas de endocardite devem ser tratados imediatamente e
nunca devem ser ignorados, porque a condição às vezes resulta em morte.
Estes sintomas incluem falta de ar, hemorragia interna sob as unhas,
conhecida como hemorragia, e perda de peso e perda de apetite. Fadiga e
fraqueza, erupção cutânea e inchaço do abdômen, pernas e pés também
indicam sintomas de endocardite. O médico deve ser alertado para outros
sinais ou sintomas de endocardite, como náuseas, vômitos, diarréia, congestão
nasal, manchas brancas na boca ou uma tosse seca ou úmida prolongada que
exceda dois dias.
Infecções bacterianas frequentemente levam a sintomas
de endocardite quando bactérias e fungos viajam pela corrente sanguínea e
atacam o coração ou as válvulas cardíacas.
Bactérias ou fungos podem entrar no corpo pela boca ou aparecer na
pele, particularmente através de uma ferida.
Outras partes do corpo onde as bactérias podem se formar incluem o
trato urinário, o sistema respiratório e os intestinos. Pacientes com doença
cardiovascular ou que tiveram cirurgia cardíaca, odontológica ou outra invasiva
são mais suscetíveis a desenvolver sintomas de endocardite, causando
inflamação e infecção do coração.
Se não for diagnosticada e tratada, pode causar complicações como
lesões e infeções noutros órgãos, como acidente vascular cerebral, falência
cardíaca ou morte.

CAUSAS
A endocardite ocorre quando um microrganismo entra na corrente
sanguínea e se aloja nas válvulas cardíacas previamente danificadas ou no
endocárdio. Os microrganismos mais comuns são bactérias, mas também pode
ser causada por fungos.
A sua entrada em circulação pode ocorrer após se escovarem os
dentes ou durante uma refeição, sobretudo se as gengivas não forem
saudáveis. Pelo mesmo motivo, alguns procedimentos de saúde oral podem
estar na sua origem.
As doenças da pele, de transmissão sexual ou patologias inflamatórias
intestinais podem também ser o ponto de partida para uma endocardite.
O uso de cateteres ou agulhas durante intervenções médicas, a
realização de tatuagens ou “piercings” cria igualmente uma oportunidade para
a entrada em circulação destes microrganismos, bem como a partilha de
seringas e agulhas.
De um modo geral, o sistema imune destrói esses microrganismos e,
muitas vezes, eles passam pelo coração sem se fixarem ou causarem doença.
Contudo, a presença de uma válvula cardíaca ou outro ponto do tecido do
coração lesado criam uma superfície rugosa ideal para os microrganismos se
fixarem, multiplicarem e desencadearem doença.
São, portanto, fatores de risco a presença de válvulas cardíacas
artificiais (sobretudo no primeiro ano após a sua implantação), doenças
cardíacas congénitas, episódios anteriores de endocardite, febre reumática
(provoca lesão nas válvulas), e uso de drogas endovenosas (pela partilha de
agulhas contaminadas).

DIAGNÓSTICO
O médico pode suspeitar de endocardite baseado no histórico médico do
paciente e nos sintomas que ele apresenta. Com um estetoscópio ele pode escutar o
coração procurando por um sinal de sopro ou por alguma mudança no sintoma, caso
ele já exista, para diagnosticar a doença.
O diagnóstico de endocardite requer uma avaliação dos sintomas,
seguida de um exame físico, para ajudar a detectar a infecção.
Testes comuns que um médico usa para
diagnosticar endocardite incluem uma hemocultura e um exame de sorologia,
que testa o soro sanguíneo e os fluidos corporais para endocardite. Testes
adicionais, como ecocardiograma e radiografia de tórax, também podem
identificar a presença de endocardite.
Após a detecção dos sintomas de endocardite, o paciente deve
suportar a antibioticoterapia a longo prazo em um hospital. Durante a terapia, o
paciente recebe medicação por via intravenosa para garantir a remoção de
bactérias que causaram endocardite. Em média, o processo leva cerca de seis
semanas para efetivamente eliminar as bactérias da área do coração. A
cirurgia valvar cardíaca pode ser necessária se os sintomas de endocardite
causarem cicatrizes ou insuficiência cardíaca.
Outros testes para endocardite podem incluir:
 Exames de sangue, para verificar a presença de bactérias
 Ecocardiograma transesofágico, que é o tipo de ecocardiograma
que permite ao médico chegar mais próximo às válvulas
cardíacas
 Eletrocardiograma
 Raios-x do tórax
 Tomografia computadorizada
 Ressonância magnética.
TRATAMENTO
O curso principal do tratamento é antibióticos, mas às vezes a cirurgia
é necessária.
O tratamento farmacológico envolve o uso de antibióticos de maneira
prolongada e a eficácia depende diretamente do conhecimento da sensibilidade
específica do microrganismo detectado na hemocultura. Abaixo apresentam-se
alguns esquemas de tratamento segundo recomendação da European Society
of Cardiology (ESC, 2015):
A taxa de necessidade de intervenção cirúrgica na EI permeia os 50%
devido ao alto índice de complicações intracardícas. Existe um grande debate
entre os especialistas acerca desta abordagem visto que muitas vezes o
paciente precisa ser operado ainda em uso de antibióticos, ou seja, em quadro
de infecção, o que apresenta um grande risco à vida do indivíduo. Em casos de
insuficiência cardíaca aguda (ICA) ou congestiva (ICC) e infecção perivalvar a
partir da infecção da valva aórtica, a terapia farmacológica não é suficiente e a
cirurgia torna-se a única alternativa.
Em pacientes com alto risco de EI, como em casos de implante de
prótese valvar ou intravascular, EI prévia, portadores de doenças cardíacas
congênitas e realização de procedimentos que favoreçam o surgimento de
bacteremias, indica-se a profilaxia. A manutenção de condições de saúde
adequadas é a melhor prevenção para estes indivíduos. Em situações de
cirurgia, como transplante cardíaco, ou procedimentos dentários, a
antibioterapia profilática pode ser necessária. Os mais utilizados na profilaxia
da endocardite são as penicilinas e, em alguns casos, as cefalosporinas. A
adoção de medidas preventivas, o diagnóstico precoce, a instituição de
terapêutica e o acompanhamento eficaz podem reduzir o impacto da doença
sobre a história natural dos cardiopatas de risco, bem como a morbidade e a
mortalidade associadas.

COMPLICAÇÕES POSSÍVEIS
A endocardite, assim como a maioria dos problemas que atingem o
coração, pode gerar vários complicações. Tais como:
 Infarto
 Danos a outros órgãos e tecidos
 Infecções em outras partes do corpo, como no cérebro, rins,
baço ou fígado
 Insuficiência cardíaca.

PREVENÇÃO
A prevenção passa por uma adequada higiene oral, evitar infeções da
pele causadas por tatuagens ou piercings e, sempre que existe lesão cardíaca
prévia, fazer profilaxia com antibióticos antes de qualquer intervenção oral ou
outras que envolvam as vias aéreas, a pele ou tecidos mais profundos.
CONCLUSÃO
O endocárdio é o revestimento interno do músculo cardíaco, que

também cobre as válvulas cardíacas. Quando o endocárdio é danificado, as


bactérias da corrente sanguínea podem se alojar nas válvulas cardíacas ou no
revestimento do coração. A infecção resultante é conhecida
como endocardite.

A endocardite é uma condição rara que envolve inflamação do


revestimento do coração, músculos do coração e válvulas cardíacas.
É também conhecida como endocardite infecciosa (EI), endocardite
bacteriana (EB), endocardite infecciosa e endocardite fúngica.
Uma infecção do endocárdio causa endocardite. A infecção é
normalmente causada por bactérias estreptocócicas ou estafilocócicas.
Raramente, pode ser causada por fungos ou outros microrganismos
infecciosos.

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