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Justiça Federal da 1ª Região

PJe - Processo Judicial Eletrônico

08/11/2022

Número: 1073355-74.2022.4.01.3400
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 4ª Vara Federal Cível da SJDF
Última distribuição : 07/11/2022
Valor da causa: R$ 80.000,00
Assuntos: Compensação de Prejuízos, Compensação de Prejuízo, Redução de Alíquota IR/CSLL -
Serviços Hospitalares
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ORAL UNIC ODONTOLOGIA SAO PAULO LTDA (AUTOR) EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
UNIAO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) (REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
13854 07/11/2022 15:24 Petição inicial Petição inicial
24775
13854 07/11/2022 15:24 0000 Inicial Dentista - ORDINARIA Inicial
24776
13854 07/11/2022 15:24 0000a - Procuração Procuração
24777
13854 07/11/2022 15:24 0001 - Contrato Social e CNPJ Contrato social
24780
13854 07/11/2022 15:24 0002 - Certidão Simplificada Documentos Diversos
24781
13854 07/11/2022 15:24 0003 - Notas Fiscais Documentos Diversos
24782
13854 07/11/2022 15:24 0004 - Fotos Documentos Diversos
24783
13854 07/11/2022 15:24 0005 - Tabela e despesas Documentos Diversos
24784
13854 07/11/2022 15:24 0006 - Comp Impostos Documentos Diversos
24785
13854 07/11/2022 15:24 0007 - DCTF Documentos Diversos
24786
13854 07/11/2022 15:24 0008 - Alvará Sanitário 1 Alvará
24787
13854 07/11/2022 15:24 0009 - Alvará Sanitário 2 Alvará
24788
13854 07/11/2022 15:24 0010 - 01 IN RFB 1234 Documentos Diversos
24789
13854 07/11/2022 15:24 0011 - 02 RDC Anvisa 50-2002 atrib 1 a 4 Documentos Diversos
24790
13854 07/11/2022 15:24 0012 - 03 SRF Consulta 1 Documentos Diversos
24791
13854 07/11/2022 15:24 0013 - 04 SRF Consulta 2 Documentos Diversos
24792
13854 07/11/2022 15:24 0014 - Concordancias Documentos Diversos
24794
13854 07/11/2022 15:24 0015 - decisões OU Documentos Diversos
62746
13854 07/11/2022 15:24 0016 - Juris - arq unido Documentos Diversos
62748
13854 07/11/2022 15:24 0017 - Guia de custas e comp Comprovante de recolhimento de custas
62750
Pet. em PDF.

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:18 Num. 1385424775 - Pág. 1
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Número do documento: 22110714584064100001373711957

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ª VARA


FEDERAL CÍVEL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA/DF.

ORAL UNIC ODONTOLOGIA SÃO PAULO LTDA, pessoa


jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 38.251.116/0001-76, com sede
na Avenida Leôncio de Magalhães, nº 880, Jardim São Paulo (Zona Norte), CEP
02.042-000, na cidade de São Paulo/SP, neste ato representada por seu sócio-
administrador Antônio Verrastro Neto, endereço eletrônico:
administrativo@oralunicsantana.com.br por seus advogados, vem, respeitosamente,
perante Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO ORDINÁRIA C.C. REPETIÇÃO DO INDÉBITO

em face de UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL), com


endereço na SAUN, Quadra 5, Lote C, Torre D Centro Empresarial CNC 5, Asa
Norte, Brasília/DF, CEP 70040-250, endereço eletrônico desconhecido, pelas razões
de fato e de direito a seguir aduzidas.
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Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:18 Num. 1385424776 - Pág. 1
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Número do documento: 22110714585837100001373711958

I - DOS FATOS

A autora é uma clínica odontológica de excelência e com especificidade


em colocação cirúrgica de implantes dentários, além de outros procedimentos e
cirurgias, pertencente à rede de franquias ORAL UNIC IMPLANTES.

Verifica-se objetivamente do ato constitutivo da autora a natureza dos


serviços que presta (e isto é importante, como se verá no REsp Repetitivo citado mais
abaixo) (doc. 1):

Junta-se, ainda, certidão da autora emitida pela Junta Comercial (doc. 2).

Denota-se, pois, que a autora tem especialidade em áreas da


odontologia que demandam procedimentos e cirurgias, atividades específicas
diretamente ligadas à promoção da saúde de seus pacientes, trazendo à colação,
por amostragem, Notas Fiscais emitidas e que demonstram os procedimentos
específicos realizados (doc. 3).

Esta verificação objetiva das atividades já seria o suficiente.

Porém, mesmo que dispensável, subjetivamente a autora também se


revela como prestadora de serviço diferenciado e que leva à promoção da saúde de
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Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:18 Num. 1385424776 - Pág. 2
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Número do documento: 22110714585837100001373711958

seus pacientes, porquanto possui estrutura de primeiro mundo, diversa do padrão


conhecido de clínicas odontológicas, o que é atestado pelas fotografias ora
colacionadas (doc. 4).

É uma clínica diferenciada, com centro cirúrgico com cadeira especial,


desfibrilador e monitoramento cardíaco, acompanhamento de médico-anestesista
com sedação para realização de cirurgias, sala de pré-cirurgia, sala de pós-cirurgia,
salas exclusivas de avaliação, laboratórios de prótese, tomógrafo e raio-x panorâmico
dentro da clínica, raio-x periapical, sala exclusiva de esterilização, sala exclusiva de
expurgo, dentre outras características que a tornam especial.

Para sustentar tamanha estrutura, seus custos também são mais


elevados, da montagem da clínica às despesas com manutenção, pessoal e com os
insumos utilizados, diferenciando-se do custo das simples consultas
médicas/odontológicas, o que reflete na tabela e nos documentos que ora que se junta
(doc. 5).

Com tudo isto, prima e realiza atividade diretamente ligada à promoção


da saúde de seus pacientes, direito fundamental inserto em nossa Carta Maior.

Em resumo, resta objetiva e subjetivamente claro que a autora é uma


clínica odontológica de especialidades e que promove a saúde dos pacientes através
de procedimentos e cirurgias, realizados em estrutura e com custos diferenciados das
simples consultas médicas ou odontológicas.

De outra banda, relevante para a presente demanda que a autora está


enquadrada no regime tributário pelo Lucro Presumido, assim pagando seus impostos
regularmente (docs. 6 e 7).

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:18 Num. 1385424776 - Pág. 3
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Número do documento: 22110714585837100001373711958

Ora, mesmo sendo uma sociedade empresária que atende às normas


gerais da Anvisa (docs. 8 e 9), com regime tributário pelo Lucro Presumido e
praticando atividades diretamente ligadas à promoção da saúde de seus pacientes, o
que pela lei e pela jurisprudência são tidos como serviços hospitalares, a autora tem
seu lucro presumido calculado pela alíquota de 32% para o IRPJ e para a CSLL,
quando, na verdade, deveria ser 8% e 12%, respectivamente.

E isto se dá em razão de a Receita Federal do Brasil adotar os termos


da IN RFB nº 1234/2012, que, nos arts. 30 e 31, com a redação dada pela IN RFB nº
1540/2015, conceituou serviços hospitalares como sendo aqueles que se vinculam às
atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde,
prestados pelos estabelecimentos assistenciais de saúde que desenvolvem as
atividades previstas nas atribuições 1 a 4 da Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro
de 2002, da ANVISA (docs. 10 e 11), de modo que para os serviços odontológicos as
soluções de consultas assim são arrematadas (docs. 12 e 13).

Esta ilegalidade veremos logo abaixo.

Não obstante as Soluções de Consultas supra juntadas e o embate


travado em alguns processos, é de trazer aos autos, como mais um subsídio para o
convencimento do Juízo, algumas peças ofertadas pela União Federal no lugar de sua
contestação, em processos onde a parte autora também é da rede ORAL UNIC
(clínicas idênticas à autora dos presentes autos), com concordância da União
quanto à procedência da ação (doc. 14).

Vê-se o arremate da União em uma das peças: “Nos termos acima, o


tema não será objeto de contestação pela PGFN. Por outro lado, reconhecido a
procedência do pedido veiculado na inicial (...).

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:18 Num. 1385424776 - Pág. 4
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Também como subsídio para o convencimento do Juízo, junta-se


decisões proferidas, inclusive pelo STJ, em processos de outras unidades da rede
ORAL UNIC (clínicas idênticas à autora dos presentes autos), todas reconhecendo
a procedência do pedido (doc. 15).

Destaque-se, a ORAL UNIC ODONTOLOGIA SÃO PAULO


LTDA é uma clínica idêntica às clínicas dos processos com as manifestações e
sentenças aqui juntadas, de modo que a União deveria alinhar seu posicionamento,
em colaboração à pacificação social, finalidade precípua da Justiça.

É a síntese dos fatos, não sendo necessário se alongar.

II - DO DIREITO

II.I – DO RECURSO ESPECIAL REPETITIVO

De primacial importância para o deslinde da causa as diretrizes traçadas


pelo REsp 1.116.399/BA, recurso submetido ao regime do antigo artigo 543-C do
CPC (Tema 217), porquanto suas conclusões jogam pá de cal em toda controvérsia.

Assim ficou julgado o REsp Repetitivo:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL.


VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO
CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO
REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES".
INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA
DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA
PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO
ARTIGO 543-C DO CPC.
1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços
hospitalares" prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota
do IRPJ e da CSLL. Discute-se a possibilidade de, a despeito da generalidade da
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expressão contida na lei, poder-se restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito


de "serviços hospitalares" apenas aqueles estabelecimentos destinados ao
atendimento global ao paciente, mediante internação e assistência médica integral.
2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente
Ministro Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que,
para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão
"serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve
ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada
pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a
característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza
do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou
consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos
dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os contribuintes
cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter
estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a
conclusão de que "a dispensa da capacidade de internação hospitalar tem supedâneo
diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento as
disposições constantes em atos regulamentares".
3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às
atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da
saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior
do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade
que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios
médicos".
4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam
às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de
alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa
contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita
proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal,
desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei
9.249/95.
5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta
serviços médicos laboratoriais (fl.. 389), atividade diretamente ligada à promoção da
saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes
hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo
pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em
discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de
12% (doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade
específica de prestação de serviços médicos laboratoriais).
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao
regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
7. Recurso especial não provido.
(STJ, REsp 1.116.399/BA, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA
SEÇÃO, DJe 24/02/2010, Tema 217)
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Subsume-se do imperioso precedente o que realmente é relevante para


solução do caso em testilha:

(1) para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a


expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso
III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja,
sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a
lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a
estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do
próprio serviço prestado (assistência à saúde);

(2) os regulamentos emanados da Receita Federal não podem exigir que os


contribuintes cumpram requisitos não previstos em lei (a exemplo da
necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes)
para a obtenção do benefício;

(3) devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam


às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde", a um custo diferenciado das simples consultas, de
sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no
interior do estabelecimento hospitalar";

(4) na hipótese do caso, o Tribunal de origem consignou que a empresa


recorrida presta serviços médicos laboratoriais, atividade diretamente
ligada à promoção da saúde, que demanda maquinário específico,
podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou similares, não se
assemelhando a simples consultas médicas, motivo pelo qual, faz jus ao
benefício em discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por
cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL,
sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de
serviços médicos laboratoriais).

Como se vê, o benefício fiscal é direito também de profissões não


citadas expressamente na lei (no caso do REsp Repetitivo, a concessão foi para
serviços médicos laboratoriais), sendo o ponto fulcral da pretensão o encaixe
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objetivo na expressão “SERVIÇOS HOSPITALARES” que, segundo o


Judiciário, são todas as atividades ligadas à promoção da saúde, ou seja,
essenciais à população por estarem ligadas à garantia do direito fundamental à
saúde, prestadas a um custo diferenciado das simples consultas.

E tudo isto tem uma razão, bem trazida pelo eminente Min. CASTRO
MEIRA, nos autos do RESP 951.251-PR, pois, “independentemente da forma de
interpretação aplicada, ao intérprete não é dado alterar a mens legis. Assim, a
pretexto de adotar uma interpretação restritiva do dispositivo legal, não se pode
alterar sua natureza para transmudar o incentivo fiscal de objetivo para subjetivo. A
redução do tributo, nos termos da lei, não teve em conta os custos arcados pelo
contribuinte, mas, sim, a natureza do serviço, essencial à população por estar ligado
à garantia do direito fundamental à saúde, nos termos do art. 6º da Constituição
Federal.”

Feito o merecido destaque do precedente que – pela lei – deve guiar a


solução do litígio, passemos à análise do enquadramento legal do benefício fiscal, o
que nos levará à conclusão indissociável da existência do direito da autora.

II.II – DO ENQUADRAMENTO LEGAL

A autora, optante do regime tributário de Lucro Presumido, está


recolhendo IRPJ calculado pela base de cálculo determinada pela letra do art. 15, III,
“a”, primeira parte (prestação de serviços em geral), da Lei 9.249/95 (32%), e CSLL
pela base de cálculo determinada pela letra do art. 20, I, da mesma lei (32%).

Ocorre que, conforme os próprios dispositivos citados – e pelos


requisitos que os mesmos fixam – as bases de cálculo devem sofrer brusca redução,
pois a atividade da autora, objetivamente verificada, assim autoriza.
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Dita a letra da lei:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante
a aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida
mensalmente, observado o disposto no art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de
dezembro de 1977, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos
incondicionais concedidos, sem prejuízo do disposto nos arts. 30, 32, 34 e 35 da
Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995.
(...)
III - trinta e dois por cento, para as atividades de:
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio
diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a
prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária
e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa; (g.n.)

Art. 20. A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)
devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal ou trimestral
se referem os arts. 2º, 25 e 27 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996,
corresponderá aos seguintes percentuais aplicados sobre a receita bruta
definida pelo art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977,
auferida no período, deduzida das devoluções, das vendas canceladas e dos
descontos incondicionais concedidos:
I - 32% (trinta e dois por cento) para a receita bruta decorrente das atividades
previstas no inciso III do § 1º do art. 15 desta Lei;
II - 38,4% (trinta e oito inteiros e quatro décimos por cento) para a receita bruta
decorrente das atividades previstas no inciso IV do § 1º do art. 15 desta Lei; e
III - 12% (doze por cento) para as demais receitas brutas. (g.n.)

Pois bem, como já trazido, a autora é uma clínica odontológica que


pratica atividades essenciais à população, notadamente por estarem ligadas à garantia
do direito fundamental à saúde, a um custo diferenciado das simples consultas
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médicas ou odontológicas.

Em outras palavras, a autora atua para promoção da saúde da população.

Essa verificação é possível até mesmo de forma subjetiva, valendo dizer


que para solução da lide, referida profundidade é prescindível, bastando a
verificação objetiva pela perspectiva da atividade realizada, na forma já colocada
alhures.

De outra banda, vê-se que a autora é constituída sob a forma de


sociedade empresária e que atende às normas da Anvisa.

Bem por isso, o direito da autora é claro, límpido e inteligível, pois


preenche os requisitos que a lei estipula para se obter o benefício fiscal, sendo estes
os únicos exigidos, destacando que qualquer outra exigência do Fisco é deveras ilegal,
notadamente as insertas na RDC Anvisa 50-2002 (atribuições 1 a 4).

Em síntese, no caso da autora, o correto é a base de cálculo de 8% para


o IRPJ e de 12% para a CSLL.

II.III – DOS PRECEDENTES PARA A ODONTOLOGIA

Através da análise objetiva das atividades realizadas por clínicas


odontológicas, atividades estas essenciais e em promoção da saúde da população –
COMO AS QUE A AUTORA PRATICA – bem como do preenchimento dos outros
requisitos legais, nossos Tribunais já se depararam com casos extremamente análogos
ao presente.

Após o leading case já trazido (RESP 1.116.399/BA), o STJ se


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deparou por diversas vezes com casos de odontologia, reconhecendo, ainda que
reflexamente, o direito dos contribuintes à benesse tributária. Por amostragem, traz-
se julgados de odontólogos de 2012, 2014, 2015 e 2016 (acór dãos anexos):

- STJ, REsp 1.511.569 (2016)


- STJ, REsp 1.571.598 (2016)
- STJ, AREsp 605.896 (2015)
- STJ, REsp 1.469.737 (2014)
- STJ, AREsp 88.408 (2012)

O saudoso Min. TEORI ZAVASCKI (REsp 996.082 – acór dão já anexado)


e o Min. CASTRO MEIRA (REsp 799.854 – acór dão já anexado) também já
reconheceram o direito de empresa de odontologia ao benefício fiscal em testilha.

Este último foi taxativo ao dizer:

“As sociedades civis prestadoras de serviços odontológicos e de intervenções


cirúrgicas maxilofaciais enquadram-se no conceito de "atividades hospitalares"
a que alude o art. 15, § 1º, inciso III, "a", da Lei n.º 9.249/95 (...). Os serviços de
diagnóstico odontológico e de cirurgias maxilofaciais demandam rotinas e
procedimentos tipicamente hospitalares. Ademais, se esta Corte entende que as
empresas que se dedicam a serviços de diagnóstico de imagens e hemodiálise
enquadram-se no conceito de "atividades hospitalares" para efeito de redução da
base de cálculo da contribuição social sobre o lucro e do imposto de renda, com
muito mais razão deve ser enquadrada a atividade da impetrante, que realiza,
além de diagnósticos odontológicos, cirurgias maxilofaciais.”

Por primacial importância, traz-se recente julgado da rede Oral Unic,


ocorrido no TRF da 1ª Região no dia 05/04/2022, Apel. Cível 1040216-
39.2019.4.01.3400 (acór dão já anexado), de onde se extrai:

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Ainda, em fevereiro/2022 a 4ª Sessão do TRF da 1ª Região, nos autos


da Ação Rescisória, proc. 0035750-05.2017.4.01.0000 (acór dão já anexado), enfrentou
a questão posta em julgamento, firmando entendimento de que, na linha do que fora
consagrado pelo STJ, as clínicas odontológicas com comprovação objetiva das
atividades complexas e com os demais requisitos legais, possuem o direito à redução
tributária aqui perseguida.

Assim dispôs o aresto:

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Número do documento: 22110714585837100001373711958

Veja Excelência, esse é o mais recente posicionamento da 4ª Sessão do


TRF da 1ª Região, retratando, pois, a orientação da Corte quanto ao assunto.

Além disso, o TRF da 1ª Região já se deparou com casos de clínicas


com serviços odontológicos comprovadamente complexos, reconhecendo o direito
perseguido, valendo citar:

 TRF1, Apelação 0002550-02.2011.4.01.3400;


 TRF1, Apelação 0009849-49.2005.4.01.3300;
 TRF1, ED 0018601-35.2004.4.01.3400.

Note-se que nesses precedentes, tal como nos presentes autos, ESTÁ
OBJETIVAMENTE COMPROVADA a complexidade dos serviços prestados e os
custos diferenciados.

Outros Tribunais Regionais Federais não discrepam o entendimento:

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TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. IRPJ. CSLL. PRESCRIÇÃO. LEI Nº


9.249/95. SERVIÇOS HOSPITALARES. ABRANGÊNCIA. PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE. SERVIÇOS DE RADIOLOGIA
ODONTOLÓGICA E ORTODONTIA. LEI Nº 11.727/08. SOCIEDADE
EMPRESÁRIA. REQUISITOS LEGAIS. PREENCHIMENTO.
COMPENSAÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA.
1. Limitando-se o pedido ao período quinquenal que antecedeu ao ajuizamento
da ação, não há se falar em prescrição.
2. O contrato social da empresa indica a prestação de serviços de odontologia e
os demais elementos carreados dão conta da prestação de serviços de radiologia
e aparelhos odontológicos.
3. Assim, nos termos da decisão proferida no REsp nº 951.251/PR, faz jus a
demandante ao recolhimento do IRPJ e da CSLL às alíquotas de 8% e 12%,
respectivamente, nos termos da Lei nº 9.249/95 (arts. 15, § 1º, inciso III, alínea
a, e 20, caput).
4. Em face da superveniente alteração na redação do inciso II, alínea a, do artigo
15 da Lei 9.249/95, por força da Lei nº 11.727/08, passou-se a exigir, para a
aplicação do percentual reduzido, que a "prestadora destes serviços seja
organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa".
5. Hipótese em que a impetrante comprovou estar constituída na forma de
sociedade empresária antes mesmo do advento da Lei nº 11.727/2008. 6. Quanto
à necessidade de observância às normas da ANVISA, cumpre referir que a lei
revela-se bastante genérica neste ponto e não estabelece, especificamente, as
quais normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária o contribuinte deve
obedecer. Por outro lado, a empresa está em pleno funcionamento e não há
qualquer indicação nos autos de que a autora não atenda às normas da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, de modo que considero restar preenchido
também este requisito.
7. A compensação deverá ser efetuada após o trânsito em julgado da decisão (art.
170-A do CTN), na forma do disposto no art. 74 da Lei n.º 9.430/96 e alterações
posteriores.
8. A atualização monetária do indébito incide desde a data do pagamento
indevido do tributo, nos termos da Súmula n.º 162 do STJ, até a sua efetiva
restituição ou compensação, mediante a aplicação da taxa SELIC, a qual engloba
juros e correção monetária.
9. Honorários fixados em 5% do valor da condenação, haja vista a sucumbência
significativa da parte autora, que teve o direito vindicado limitado às receitas de
serviços de radiologia e aparelhos odontológicos.
(TRF4, APELREEX 5003354-28.2013.404.7118, SEGUNDA TURMA,
Relator JAIRO GILBERTO SCHAFER, 10/06/2015)

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TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSLL. LEI N.º 9.249/95. SERVIÇOS HOSPITALARES.


ABRANGÊNCIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA
ODONTOLÓGICA. PRESCRIÇÃO. LEI Nº 11.727/08. SOCIEDADE
EMPRESÁRIA. REQUISITO PREENCHIDO. SELIC. SUCUMBÊNCIA.
1. Segundo entendimento atual do egrégio STJ, serviços hospitalares são aqueles
que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados
diretamente à promoção da saúde. Em regra, mas não necessariamente, são
prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples
consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito
hospitalar, mas nos consultórios médicos.
2. O contrato social da empresa indica a prestação de serviços de assistência
odontológica, compreendendo cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial,
Endodontia, Odontopediatria, Periodontia, Prótese Dentária, Implantodontia,
Estomatologia, Dentística, Ortodontia, Radiologia Odontológica e Imagiologia,
Disfunção Têmporo-mandibular e Dor Orofacial, Odontogeriatria e Ortopedia
Funcional dos Maxilares, prestação de serviços de apoio ao diagnóstico por
imagem e prestação de serviços ambulatoriais.
3. Assim, nos termos da decisão proferida no REsp n.º 951.251/PR, faz jus a
demandante ao recolhimento do IRPJ e da CSLL às alíquotas de 8% e 12%,
respectivamente, nos termos da Lei n.º 9.249/95 (arts. 15, § 1º, inciso III, alínea
a, e 20, caput).
4. Em face da superveniente alteração na redação do inciso II, alínea a, do artigo
15 da Lei 9.249/95, por força da Lei nº 11.727/08, passou-se a exigir, para a
aplicação do percentual reduzido, que a "prestadora destes serviços seja
organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa".
6. Hipótese em que a autora comprovou se inserir na categoria das sociedades
empresárias.
7. A atualização monetária do indébito incide desde a data do pagamento
indevido do tributo, nos termos da Súmula n.º 162 do STJ, até a sua efetiva
restituição ou compensação, mediante a aplicação da taxa SELIC, a qual engloba
juros e correção monetária.
8. Ônus sucumbências mantidos, conforme fixados na sentença, uma vez em
consonância com o entendimento da Turma.
(TRF4, AC 5009194-74.2012.404.7208, SEGUNDA TURMA, Relator
OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA, 19/03/2014)

Traz-se à colação acórdãos de várias Regiões da Justiça Federal Pátria


(acór dãos já anexados), os quais demonstram a assertiva do direito ora perseguido.

Pelo exposto, resta uníssono em nossos Tribunais que as atividades 15

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odontológicas são consideradas serviços hospitalares para os fins legais e benefício


fiscal objeto da demanda, porquanto são praticadas para promoção da saúde da
população, ligada diretamente à garantia do direito fundamental à saúde.

II.IV – DO INDÉBITO MEDIANTE COMPENSAÇÃO OU


REQUISITÓRIO

O contribuinte que paga tributo indevido ou em valor a maior tem


direito à repetição do indébito, isso é, de reaver o valor, nos termos do art. 165 do
Código Tributário Nacional.

Tratando-se de tributo federal, por seu turno, a repetição do indébito se


faz acompanhar de juros equivalentes à Taxa SELIC, nos termos do § 4º, do art. 39,
da Lei 9.250, de 26/12/1995.

Ainda, nos termos do art. 170, do CTN, c/c o art. 74, da Lei 9.430, de
27/12/1996, o contribuinte que tenha direito à repetição do indébito, como no caso de
valores recolhidos a maior, poderá optar pela compensação tributária.

Enfim, cabe ao contribuinte pleitear a repetição do indébito no prazo de


cinco anos da extinção definitiva do crédito tributário, nos termos do art. 168, I, do
CTN, o que se dará atualizado pela Taxa SELIC, podendo optar que o seja através de
compensação tributária ou por ofício requisitório.

II.V – DOS DEPÓSITOS INTEGRAIS E DA SUSPENSÃO DE


EXIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Justifica-se o depósito integral dos tributos em razão de se pretender na


demanda um novo enquadramento legal da autora para efeito dos respectivos
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cálculos, e não simplesmente discutir uma diferença de valores.

Dessa forma, a autora poderá se utilizar da faculdade que a lei lhe


outorga e promover o depósito judicial dos montantes integrais dos tributos aqui
discutidos (IRPJ/Adic. IRPJ/CSLL), suspendendo-se a exigibilidade dos respectivos
créditos, nos termos do art. 151, II, do CTN.

III – DO PEDIDO

Isto posto, é a presente para requerer:

1. em razão de se pretender na demanda um novo enquadramento


legal para efeito dos cálculos dos tributos aqui discutidos – e não
simplesmente discutir uma diferença de valores – a autora se
utilizará da faculdade legal e depositará integralmente os
respectivos valores, o que leva por certo à suspensão do crédito
tributário, conforme os depósitos forem realizados e comprovados
nos presentes autos, nos termos do art. 151, II, do CTN;

2. nos termos do art. 246 do CPC, observados seus §§ 1o e 2o, a citação


da ré para, querendo, contestar o presente feito, dentro do prazo
legal, sob as penas da lei;

3. ao final, seja a presente ação julgada procedente para que a autora


recolha o IRPJ e a CSLL pelas bases de cálculo de 8% e 12%,
respectivamente, nos termos do art. 15, III, letra “a”, in fine, e art.
20, III, ambos da Lei 9.249/95, no que tange aos seus serviços que,
objetivamente analisados, promovem a saúde da população,
sobretudo aqueles que estão em seu objeto social e demandam
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procedimentos e cirurgias, excetuando-se simples consultas e


serviços administrativos, uma vez preenchidos os requisitos legais
para equiparação a serviços hospitalares, pois realizados a um custo
diferenciado das simples consultas, com promoção da saúde dos
pacientes;

4. para o período dos depósitos efetivados nos autos, seja convertido


em renda da União a cota-parte devida nos termos do item supra,
autorizando-se o levantamento pela autora dos valores
remanescentes; ou, se improcedente a ação, seja convertido em
renda da União a totalidade dos depósitos, extinguindo-se qualquer
obrigação quanto aos tributos aqui discutidos;

5. seja reconhecido o direito da autora ao indébito dos valores pagos


a maior, vencidos e vincendos, desde que satisfeitos os requisitos
legais tratados acima, mediante compensação tributária ou ofício
requisitório, com a devida atualização monetária;

6. seja a ré condenada ao pagamento de todas as verbas decorrentes


da sucumbência, calculando-se os honorários advocatícios sobre o
total da condenação ou proveito econômico total da demanda, na
forma do art. 85, § 3º, do CPC.

Protesta-se por todos os meios de prova em Direito admitidos, sem


exceção, especialmente pelo depoimento pessoal do representante da ré, sob pena de
confesso, oitiva de testemunhas, perícia, juntada ulterior de documentos, dentre
outras que se fizerem necessárias ao deslinde da causa.

Requer-se, finalmente, sejam as intimações promovidas em nome de


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EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA, OAB/SP nº 159.295 e OAB/SC 60.104-A, sob


pena de nulidade, nos termos do art. 272, § 5º, do CPC.

Dá-se à presente o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).

P. Deferimento.
São Paulo, 7 de novembro de 2022.

Eduardo Elias de Oliveira


oab/sp 159.295
oab/sc 60.104-A

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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

CADASTRO NACIONAL DA PESSOA JURÍDICA

NÚMERO DE INSCRIÇÃO DATA DE ABERTURA


38.251.116/0001-76
COMPROVANTE DE INSCRIÇÃO E DE SITUAÇÃO 27/08/2020
MATRIZ CADASTRAL

NOME EMPRESARIAL
ORAL UNIC ODONTOLOGIA SAO PAULO LTDA

TÍTULO DO ESTABELECIMENTO (NOME DE FANTASIA) PORTE


ORAL UNIC IMPLANTES EPP

CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA PRINCIPAL


86.30-5-04 - Atividade odontológica

CÓDIGO E DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS SECUNDÁRIAS


Não informada

CÓDIGO E DESCRIÇÃO DA NATUREZA JURÍDICA


206-2 - Sociedade Empresária Limitada

LOGRADOURO NÚMERO COMPLEMENTO


AV LEONCIO DE MAGALHAES 880 ********

CEP BAIRRO/DISTRITO MUNICÍPIO UF


02.042-000 JARDIM SAO PAULO(ZONA SAO PAULO SP
NORTE)

ENDEREÇO ELETRÔNICO TELEFONE


(47) 3366-8888

ENTE FEDERATIVO RESPONSÁVEL (EFR)


*****

SITUAÇÃO CADASTRAL DATA DA SITUAÇÃO CADASTRAL


ATIVA 27/08/2020

MOTIVO DE SITUAÇÃO CADASTRAL

SITUAÇÃO ESPECIAL DATA DA SITUAÇÃO ESPECIAL


******** ********

Aprovado pela Instrução Normativa RFB nº 1.863, de 27 de dezembro de 2018.

Emitido no dia 27/08/2020 às 17:05:05 (data e hora de Brasília). Página: 1/1

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

FICHA CADASTRAL SIMPLIFICADA

NESTA FICHA CADASTRAL SIMPLIFICADA, AS INFORMAÇÕES DOS QUADROS “EMPRESA”, “CAPITAL”, “ENDEREÇO”, “OBJETO SOCIAL” E
“TITULAR/SÓCIOS/DIRETORIA” REFEREM-SE À SITUAÇÃO ATUAL DA EMPRESA, NA DATA DE EMISSÃO DESTE DOCUMENTO.

A SEGUIR, SÃO INFORMADOS OS EXTRATOS DOS CINCO ÚLTIMOS ARQUIVAMENTOS REALIZADOS, SE HOUVER.

A AUTENTICIDADE DESTA FICHA CADASTRAL SIMPLIFICADA PODERÁ SER CONSULTADA NO SITE WWW.JUCESPONLINE.SP.GOV.BR,
MEDIANTE O CÓDIGO DE AUTENTICIDADE INFORMADO AO FINAL DESTE DOCUMENTO.

PARA OBTER O HISTÓRICO COMPLETO DA EMPRESA, CONSULTE A FICHA CADASTRAL COMPLETA.

EMPRESA

ORAL UNIC ODONTOLOGIA SAO PAULO LTDA

TIPO: SOCIEDADE LIMITADA (E.P.P.)

NIRE MATRIZ DATA DA CONSTITUIÇÃO EMISSÃO

35236291407 27/08/2020 10/10/2022 08:41:17

INÍCIO DE ATIVIDADE CNPJ INSCRIÇÃO ESTADUAL

20/08/2020 38.251.116/0001-76

CAPITAL

R$ 100.000,00 (CEM MIL REAIS)

ENDEREÇO

LOGRADOURO: AVENIDA LEONCIO DE MAGALHAES NÚMERO: 880

BAIRRO: JARDIM SAO PAULO(ZO COMPLEMENTO:

MUNICÍPIO: SAO PAULO CEP: 02042-000 UF: SP

OBJETO SOCIAL

ATIVIDADE ODONTOLÓGICA COM RECURSOS PARA REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS


SERVIÇOS DE TOMOGRAFIA
SERVIÇOS DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM COM USO DE RADIAÇÃO IONIZANTE, EXCETO TOMOGRAFIA

TITULAR / SÓCIOS / DIRETORIA

ANTONIO VERRASTRO NETO, RAÇA/COR: BRANCA, NACIONALIDADE BRASILEIRA, CPF: 371.159.428-03, RG/RNE: 342376226 - SP, RESIDENTE
À RUA SILVIO RODINI, 527, VILA DOM PEDRO II, SAO PAULO - SP, CEP 02241-000, NA SITUAÇÃO DE SÓCIO E ADMINISTRADOR. COM VALOR
DE PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE DE $ 50.000,00.

BEATRIZ RODRIGUES MOREIRA, RAÇA/COR: BRANCA, NACIONALIDADE BRASILEIRA, CPF: 409.031.618-93, RG/RNE: 04839383395 - DF,
RESIDENTE À AVENIDA LEONCIO DE MAGALHAES, 959, JARDIM SAO PAULO(ZO, SAO PAULO - SP, CEP 02042-011, NA SITUAÇÃO DE SÓCIO E
ADMINISTRADOR. COM VALOR DE PARTICIPAÇÃO NA SOCIEDADE DE $ 50.000,00.

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NUM.DOC: 338.434/22-7 SESSÃO: 14/07/2022

ALTERAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA / OBJETO SOCIAL DA SEDE PARA ATIVIDADE ODONTOLÓGICA COM RECURSOS
PARA REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS, SERVIÇOS DE TOMOGRAFIA, SERVIÇOS DE DIAGNÓSTICO POR
IMAGEM COM USO DE RADIAÇÃO IONIZANTE, EXCETO TOMOGRAFIA., DATADA DE: 13/07/2022.

CONSOLIDAÇÃO CONTRATUAL DA MATRIZ.

FIM DAS INFORMAÇÕES PARA NIRE: 35236291407


DATA DA ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO DA BASE DE DADOS: 10/10/2022

Ficha Cadastral Simplificada. Documento certificado por JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO. A Junta
Comercial do Estado de São Paulo, garante a autenticidade deste documento quando visualizado diretamente no portal
www.jucesponline.sp.gov.br sob o número de autenticidade 180579290, segunda-feira, 10 de outubro de 2022 às
08:41:17.

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IDENTIFICAÇÃO DO EMITENTE
DANFE
DOCUMENTO
AUXILIAR DA
NOTA FISCAL
ELETRÔNICA
CHAVE DE ACESSO
0-ENTRADA 3121 1114 1906 7500 0317 5500 5002 1162 3512 1162 3275
1-SAÍDA 1 Consulta de autenticidade no portal nacional da NF-e
2.116.235 www.nfe.fazenda.gov.br/portal
SÉRIE 5
FOLHA 1/2 ou no site da Sefaz Autorizadora
NATUREZA DA OPERAÇÃO PROTOCOLO DE AUTORIZAÇÃO DE USO
Venda de mercadoria 131214455252879
INSCRIÇÃO ESTADUAL INSCRIÇÃO ESTADUAL DO SUBST. TRIBUT. CNPJ

002.157.043/0179 813013850119 14.190.675/0003-17


DESTINATÁRIO
NOME / RAZÃO SOCIAL CNPJ DATA DA EMISSÃO
ORAL UNIC ODONTOLOGIA SAO PAULO LTDA 38.251.116/0001-76 29/11/2021
ENDEREÇO BAIRRO / DISTRITO CEP DATA DA SAÍDA
AVENIDA LEONCIO DE MAGALHAES, 880 JARDIM SAO PAULO(ZONA 02042-000 29/11/2021
NORTE)
MUNICÍPIO UF FONE / FAX INSCRIÇÃO ESTADUAL HORA DA SAÍDA
SAO PAULO SP 18:56:35
FATURA / DUPLICATA
2116235/001 29/12/2021 1.165,52 2116235/005 28/04/2022 1.165,52 2116235/009 26/08/2022 1.165,52
2116235/002 28/01/2022 1.165,52 2116235/006 28/05/2022 1.165,52 2116235/010 25/09/2022 1.165,52
2116235/003 27/02/2022 1.165,52 2116235/007 27/06/2022 1.165,52
2116235/004 29/03/2022 1.165,52 2116235/008 27/07/2022 1.165,52
CÁLCULO DO IMPOSTO
BASE CÁLC ICMS VALOR ICMS BASE CÁLC ICMS ST VALOR ICMS ST TOTAL DOS PRODUTOS
11.561,59 1.163,24 0,00 0,00 11.655,20
VALOR FRETE VALOR SEGURO VALOR DESCONTO OUTRAS DESP VALOR IPI VALOR APROX TRIB TOTAL DA NOTA
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 11.655,20
TRANSPORTADOR / VOLUMES TRANSPORTADOS
NOME / RAZÃO SOCIAL FRETE POR CONTA CÓDIGO ANTT PLACA DO VEÍC UF CNPJ
EXCARGO TRANSPORTES LTDA 0-Remetente 14.709.618/0001-30
ENDEREÇO MUNICÍPIO UF INSCRIÇÃO ESTADUAL
RUA EUGENIO DE FREITAS, 424 - VILA GUILHERME SAO PAULO SP 146.781.488.119
QUANTIDADE ESPÉCIE MARCA NUMERAÇÃO PESO BRUTO PESO LÍQUIDO
12 67,530
DADOS DOS PRODUTOS / SERVIÇOS
CÓDIGO DESCRIÇÃO DO PRODUTO / SERVIÇO NCM/SH CST CFOP UNID QUANT VALOR VALOR B.CÁLC VALOR ALÍQ.
PRODUTO UNIT TOTAL ICMS ICMS ICMS
271041 ANEST ARTICAINA ARTICAINE 4% - CX 50TUB 1:100.000 DFL - DFL 30049079 500 6108 UNIDAD 1 138,52 138,52 138,52 16,62 12
Lote=2108F1035 Fab=20/09/2019 Val=30/08/2023 Qtd=1 PMC=0,00
R.ANVISA=1017700250034
FCI: 4364E3F0-28DC-44CD-A030-5312045AE172
Cód. Barras: 7894590501930
100545 COMPRESSA ULTRACOTTON 9F - 7,5X7,5 500UN MELHORMED - 30059090 000 6108 UNIDAD 3 16,14 48,42 48,42 5,81 12
MELHORMED
Cód. Barras: 7891899081019
595109 SUGADOR ENDODONTICO DESCART - 20UN SSPLUS - SS PLUS 90183929 040 6108 UNIDAD 1 14,45 14,45 0,00 0,00
103457 LUVA PROCEDIMENTO NITRILICA G - PRETA S/PO 100UN DESCARPACK 40151900 200 6108 UNIDAD 5 80,91 404,55 404,55 16,18 4
- DESCARPACK
Cód. Barras: 7898283816394
117778 CIMENTO RESIN MEGALINK AUTO DUAL OPACO 9,6G - ODONTOMEGA - 30064011 200 6108 UNIDAD 1 217,62 217,62 217,62 8,70 4
ODONTOMEGA
Cód. Barras: 0000000072304
352528 SOLUCAO BUCAL PERIOGARD 0,12% - S/ALCOOL 2L COLGATE - 33069000 000 6108 UNIDAD 1 67,95 67,95 67,95 8,15 12
COLGATE
557787 LIGA METALICA FIT CAST V - 250G TALMAX - TALMAX 81122900 500 6108 UNIDAD 3 285,08 855,24 855,24 102,63 12
FCI: C2337F3E-291F-4BA2-8A9A-670E5F1B8318
608533 LIGA METALICA FIT CAST - TITANIUM 250G TALMAX - TALMAX 81122900 500 6108 UNIDAD 1 281,20 281,20 281,20 33,74 12
FCI: 3FE5094F-BABD-4F1B-8FB9-003BE15AB762
117617 ROLO ESTERILIZACAO 10CM X 100M - ALLPRIME - ALLPRIME 48115129 000 6108 UNIDAD 1 51,26 51,26 51,26 6,15 12
DADOS ADICIONAIS
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES RESERVADO AO FISCO
OPERACOES CONTRAT. NO AMBITO DO COM. ELETRONICO OU DO
TELEMARKETING. ICMS ISENTO CFE. CONVENIO ICMS 01/99. OPER. CONTRAT.
NO AMB. DO COM. ELETRONICO OU TELEMARKETING.Conf. RDC n. 06 de
06/02/2015 ref. clareadores - Dr(a).ORAL UNIC ODONTOLOGIA SAO PAULO LTDA
CRO/UF /SP CPF/CNPJ 38.251.116/0001-76INFO ENTREGA: AVENIDA LEONCIO DE
MAGALHAES, 880 - FONES: (47)3366.8888
- Valores totais do ICMS Interestadual: DIFAL da UF destino R$ 923,46 - DIFAL da UF
Origem R$0,00.
*INFORMAÇÕES ADICIONAIS DE INTERESSE DO FISCO: Pedido - 12185604
Dental Cremer Gerado em 29/11/2021 às 19:13
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
RECEBEMOS DE DENTAL CREMER PRODUTOS ODONTOLOGICOS S.A. OS PRODUTOS E/OU SERVIÇOS CONSTANTES DA NOTA FISCAL ELETRÔNICA Nº
2.116.235. EMISSÃO: 29/11/2021 VALOR TOTAL: 11.655,20 DESTINATÁRIO: ORAL UNIC ODONTOLOGIA SAO PAULO LTDA - AVENIDA LEONCIO DE NF-e
MAGALHAES, 880, JARDIM SAO PAULO(ZONA NORTE), 02042-000-SAO PAULO-SP 2.116.235
DATA DO RECEBIMENTO IDENTIFICAÇÃO E ASSINATURA DO RECEBEDOR
SÉRIE 5

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:20 Num. 1385424784 - Pág. 7
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540600001373711966
Número do documento: 22110714591540600001373711966
IDENTIFICAÇÃO DO EMITENTE
DANFE
DOCUMENTO
AUXILIAR DA
NOTA FISCAL
ELETRÔNICA
CHAVE DE ACESSO
0-ENTRADA 3121 1114 1906 7500 0317 5500 5002 1162 3512 1162 3275
1-SAÍDA 1 Consulta de autenticidade no portal nacional da NF-e
2.116.235 www.nfe.fazenda.gov.br/portal
SÉRIE 5
FOLHA 2/2 ou no site da Sefaz Autorizadora
NATUREZA DA OPERAÇÃO PROTOCOLO DE AUTORIZAÇÃO DE USO
Venda de mercadoria 131214455252879
INSCRIÇÃO ESTADUAL INSCRIÇÃO ESTADUAL DO SUBST. TRIBUT. CNPJ

002.157.043/0179 813013850119 14.190.675/0003-17


DADOS DOS PRODUTOS / SERVIÇOS
CÓDIGO DESCRIÇÃO DO PRODUTO / SERVIÇO NCM/SH CST CFOP UNID QUANT VALOR VALOR B.CÁLC VALOR ALÍQ.
PRODUTO UNIT TOTAL ICMS ICMS ICMS
Cód. Barras: 789441774496
277319 ALGINATO JELTRATE PLUS TIPO I - 454G PRETO DENTSPLY - DENTSPLY 34070090 000 6108 UNIDAD 3 52,70 158,10 158,10 18,97 12
Cód. Barras: 7893628052154
603804 PONTA PEDRA DIAM DURATURBO DL - TR CON 4X10,5MM AZ PM 90184999 200 6108 UNIDAD 1 124,13 124,13 124,13 4,97 4
AMERICAN - AMERICAN BURRS
Cód. Barras: 7908155805118
525748 RESINA ACRIL TERMO VIPI WAVE - PO MEDIO 450G VIPI - VIPI 39061000 500 6108 UNIDAD 1 71,49 71,49 71,49 8,58 12
FCI: 8B2A3D18-F39A-478C-B384-B4D982EF823B
Cód. Barras: 7898288287915
126471 PLACA MOLDEIRA QUA EVA 1MM - 10UN VILLEVIE - VILLEVIE 39169090 000 6108 UNIDAD 1 37,04 37,04 37,04 4,44 12
384840 SUGADOR CIRURGICO 40UN MAQUIRA - MAQUIRA 90183929 040 6108 UNIDAD 2 39,58 79,16 0,00 0,00
Cód. Barras: 7898938244237
233445 ANEST TOPICO XYLESTESIN 10% - SPRAY 50ML CRISTALIA - CRISTALIA 30049043 500 6108 UNIDAD 3 95,44 286,32 286,32 34,36 12
Lote=21060385 Fab=21/05/2020 Val=30/04/2024 Qtd=3 PMC=0,00
R.ANVISA=1029803570108
FCI: 9810A1BA-AE0E-4242-BFE4-4EA05915B6D2
Cód. Barras: 7896676405644
764703 AUTOCLAVE VITALE CLASS 21 - INOX 21L DIG BIVOLT CRISTOFOLI - 84198919 000 6108 UNIDAD 1 4.692,24 4.692,24 4.692,24 563,07 12
CRISTOFOLI
Cód. Barras: 7898963668350
709315 CLAREAD WHITENESS SIMPLE 22% - 5SER 3G FGM - FGM 33069000 000 6108 UNIDAD 1 60,65 60,65 60,65 7,28 12
Cód. Barras: 7891800709315
241419 LUVA PROCEDIMENTO M - CART 100UN SUPERMAX - SUPERMAX 40151900 200 6108 UNIDAD 20 28,90 578,00 578,00 23,12 4
Cód. Barras: 7898945443036
299946 CAIXA APARELHO SORT - 10UN SSPLUS - SS PLUS 39232910 000 6108 PACOTE 1 15,31 15,31 15,31 1,84 12
615760 CERA ROLETE MACIA - 20BASTOES LYSANDA - LYSANDA 27129000 000 6108 UNIDAD 3 25,58 76,74 76,74 9,21 12
Cód. Barras: 7898288140586
523911 RESINA ACRIL TERMO VIPI WAVE - LIQ C/CROSS 250ML VIPI - VIPI 29161410 000 6108 UNIDAD 3 51,59 154,77 154,77 18,57 12
Cód. Barras: 7898288288240
651942 REVESTIMENTO GILVEST HS 4,5KG - 45SACHES100G+1L BRADENT - 38249979 200 6108 UNIDAD 1 504,81 504,81 504,81 20,19 4
BRADENT
109725 PONTA MISTURADORA SCAN AUTOMIX - AMARELA 12UN YLLER - 90184999 200 6108 UNIDAD 1 34,35 34,35 34,35 1,37 4
YLLER
Cód. Barras: 7898657860909
218138 ANEST MEPIVACAINA MEPIADRE 2% - CX 50TUB 1:100.000 DFL - DFL 30049061 500 6108 UNIDAD 2 126,64 253,28 253,28 30,39 12
Lote=2106C1026 Fab=21/07/2019 Val=30/06/2023 Qtd=2 PMC=0,00
R.ANVISA=1017700220011
FCI: 128761BB-72DC-49CE-BBA1-694F85B39328
Cód. Barras: 7894590564805
111505 PROTETOR TIREOIDE ADULTO - 025 PB CSR - CSR 40159000 000 6108 UNIDAD 1 153,36 153,36 153,36 18,40 12
236286 MASCARA DESC TRIPLA ELASTICO - BRANCA 50UN FAVA - FAVA 63079010 000 6108 UNIDAD 5 26,00 130,00 130,00 15,60 12
Cód. Barras: 7898284094036
602272 PLACA MOLDEIRA QUA CRISTAL - 1MM 5UN ESSENCE DENTAL - 39205900 000 6108 UNIDAD 1 21,22 21,22 21,22 2,55 12
ESSENCE DENTAL
Cód. Barras: 7898457642125
682625 ACIDO IPS E-MAX PRESS INVEX - LIQUID 1 1L IVOCLAR/V - IVOCLAR 90212900 200 6108 UNIDAD 1 448,26 448,26 448,26 17,93 4
VIVADENT
Cód. Barras: 7899429818463
525663 RESINA ACRIL TERMO VIPI WAVE - PO INCOLOR 225G VIPI - VIPI 39061000 500 6108 UNIDAD 1 40,01 40,01 40,01 4,80 12
FCI: 9471D26D-AD9A-4C1D-A710-442958036133
Cód. Barras: 7891800525663
356823 SILICONE CONDENS PERFIL KIT - 1KG + 120G + 50G COLTENE - 39100090 000 6108 UNIDAD 5 176,37 881,85 881,85 105,82 12
COLTENE
118453 SILICONE ADICAO GINGIFAST - RIGID 2X50ML+10ML ZHERMACK - 34070020 200 6108 UNIDAD 1 489,90 489,90 489,90 19,60 4
ZHERMACK
395396 REEMBASADOR SOFT PROV PO INCOL - 30G +LIQ 30ML + GLAZE 8ML 39069049 000 6108 UNIDAD 3 95,00 285,00 285,00 34,20 12
TDV - TDV

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:20 Num. 1385424784 - Pág. 8
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Número do documento: 22110714591540600001373711966
Comprovamos que consta, nos sistemas de controle da Receita Federal do Brasil, registro de Arrecadação (DARF) com as
características abaixo:
CNPJ Razão Social

38.251.116/0001-76 ORAL UNIC ODONTOLOGIA SAO PAULO LTDA


Período Apuração Data de Vencimento Número do Documento

30/06/2022 31/08/2022 10100818228042114


Composição do Documento de Arrecadação
Código Descrição Principal Multa Juros Total
2089 IRPJ - LUCRO PRESUMIDO 15.073,16 - 150,73 15.223,89

Totais 15.073,16 0,00 150,73 15.223,89

Banco Data de Arrecadação

BANCO SANTANDER MERIDIONAL S/A 19/08/2022


Agência Estabelecimento Valor Restituído Referência

1428 0,00

Comprovante emitido às 09:26:42 de 10/10/2022 (horário de Brasília), sob o código de controle


25e0.1c3f.f629.78d1.57f4.3ce8.fd46.542e

A autenticidade deste comprovante deverá ser confirmada na Internet no endereço


http://www.receita.fazenda.gov.br

Comprovante emitido com base no ADE Conjunto Cotec/Corat nº 02, de 07 de novembro de 2006.

1/1

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:20 Num. 1385424785 - Pág. 1
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Número do documento: 22110714591540600001373711967
Comprovamos que consta, nos sistemas de controle da Receita Federal do Brasil, registro de Arrecadação (DARF) com as
características abaixo:
CNPJ Razão Social

38.251.116/0001-76 ORAL UNIC ODONTOLOGIA SAO PAULO LTDA


Período Apuração Data de Vencimento Número do Documento

30/06/2022 30/09/2022 10100818265005110


Composição do Documento de Arrecadação
Código Descrição Principal Multa Juros Total
2089 IRPJ - LUCRO PRESUMIDO 15.073,16 - 327,09 15.400,25

Totais 15.073,16 0,00 327,09 15.400,25

Banco Data de Arrecadação

BANCO SANTANDER MERIDIONAL S/A 26/09/2022


Agência Estabelecimento Valor Restituído Referência

1428 0,00

Comprovante emitido às 09:26:42 de 10/10/2022 (horário de Brasília), sob o código de controle


42fd.5f83.4bb8.a0b1.d539.e16f.e842.e137

A autenticidade deste comprovante deverá ser confirmada na Internet no endereço


http://www.receita.fazenda.gov.br

Comprovante emitido com base no ADE Conjunto Cotec/Corat nº 02, de 07 de novembro de 2006.

1/1

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Número do documento: 22110714591540600001373711967
Comprovamos que consta, nos sistemas de controle da Receita Federal do Brasil, registro de Arrecadação (DARF) com as
características abaixo:
CNPJ Razão Social

38.251.116/0001-76 ORAL UNIC ODONTOLOGIA SAO PAULO LTDA


Período Apuração Data de Vencimento Número do Documento

30/06/2022 31/08/2022 10100818228042208


Composição do Documento de Arrecadação
Código Descrição Principal Multa Juros Total
2372 CSLL - DEMAIS 6.146,34 - 61,46 6.207,80

Totais 6.146,34 0,00 61,46 6.207,80

Banco Data de Arrecadação

BANCO SANTANDER MERIDIONAL S/A 19/08/2022


Agência Estabelecimento Valor Restituído Referência

1428 0,00

Comprovante emitido às 09:28:14 de 10/10/2022 (horário de Brasília), sob o código de controle


83cc.c213.d7cf.2502.7e05.bf9e.37e3.8192

A autenticidade deste comprovante deverá ser confirmada na Internet no endereço


http://www.receita.fazenda.gov.br

Comprovante emitido com base no ADE Conjunto Cotec/Corat nº 02, de 07 de novembro de 2006.

1/1

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:20 Num. 1385424785 - Pág. 3
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540600001373711967
Número do documento: 22110714591540600001373711967
Comprovamos que consta, nos sistemas de controle da Receita Federal do Brasil, registro de Arrecadação (DARF) com as
características abaixo:
CNPJ Razão Social

38.251.116/0001-76 ORAL UNIC ODONTOLOGIA SAO PAULO LTDA


Período Apuração Data de Vencimento Número do Documento

30/06/2022 30/09/2022 10100818265005100


Composição do Documento de Arrecadação
Código Descrição Principal Multa Juros Total
2372 CSLL - DEMAIS 6.146,34 - 133,38 6.279,72

Totais 6.146,34 0,00 133,38 6.279,72

Banco Data de Arrecadação

BANCO SANTANDER MERIDIONAL S/A 26/09/2022


Agência Estabelecimento Valor Restituído Referência

1428 0,00

Comprovante emitido às 09:28:14 de 10/10/2022 (horário de Brasília), sob o código de controle


9daf.cc6f.3781.6de9.1e3b.5c28.898b.4aaf

A autenticidade deste comprovante deverá ser confirmada na Internet no endereço


http://www.receita.fazenda.gov.br

Comprovante emitido com base no ADE Conjunto Cotec/Corat nº 02, de 07 de novembro de 2006.

1/1

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:20 Num. 1385424785 - Pág. 4
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540600001373711967
Número do documento: 22110714591540600001373711967
MINISTÉRIO DA ECONOMIA DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS
SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL TRIBUTÁRIOS FEDERAIS
D C T F MENSAL - 3.6
CNPJ: 38.251.116/0001-76 Mês/Ano: JUN 2022
Dados Iniciais

Período: 01/06/2022 a 30/06/2022


Declaração Retificadora: NÃO
Situação: Normal

PJ inativa no mês da declaração: NÃO

PJ optante pelo Simples Nacional: NÃO

Qualificação da Pessoa Jurídica: PJ em Geral

Forma de Tributação do Lucro: Presumido

PJ com débitos de SCP a serem declarados: NÃO

PJ optante pela CPRB: NÃO

Situação da PJ no mês da declaração: PJ não se enquadra em nenhuma das situações


anteriores no mês da declaração

Critério de Reconhecimento das Variações Monetárias dos Direitos de Crédito e das Obrigações
do Contribuinte, em Função da Taxa de Câmbio: Sem alteração do regime

Dados Cadastrais do Estabelecimento Matriz

Nome Empresarial:
ORAL UNIC ODONTOLOGIA SÃO PAULO LTDA

Logradouro: AVENIDA LEONCIO DE MAGALHAES Número: 880


Complemento: Bairro/Distrito: JDIM SAO PAULO
Município: SÃO PAULO UF: SP
CEP: 02042-000 Telefone: (11) 29597000 Fax:
Caixa Postal: UF: CEP:
Correio Eletrônico: ADMINISTRATIVO@ORALUNICSANTANA.COM.BR

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:20 Num. 1385424786 - Pág. 1
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540600001373711968
Número do documento: 22110714591540600001373711968
MINISTÉRIO DA ECONOMIA DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS
SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL TRIBUTÁRIOS FEDERAIS
D C T F MENSAL - 3.6
CNPJ: 38.251.116/0001-76 JUN/2022 Página 2
Dados do Representante da Pessoa Jurídica

Nome: ANTONIO VERRASTRO NETO

CPF: 371.159.428-03

Telefone: (11) 32420636 Ramal: FAX:

Correio Eletrônico: REMACCONTABILIDADE@UOL.COM.BR

Dados do Responsável pelo Preenchimento

Nome: MARCELO BARBOSA BORGES

CPF: 112.005.918-60

Inscrição no CRC: 1SP 190568/O-3 UF: SP

Telefone: (11) 31122458 Ramal: Fax:

Correio Eletrônico: REMACCONTABILIDADE@UOL.COM.BR

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MINISTÉRIO DA ECONOMIA DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS
SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL TRIBUTÁRIOS FEDERAIS
D C T F MENSAL - 3.6
CNPJ: 38.251.116/0001-76 JUN/2022 Página 3
Débito Apurado e Créditos Vinculados-R$

GRUPO DO TRIBUTO: IRPJ - IMPOSTO SOBRE A RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS


CÓDIGO DA RECEITA: 2089-01
DENOMINAÇÃO: IRPJ - Lucro Presumido

PERIODICIDADE: Trimestral PERÍODO DE APURAÇÃO: 2º Trimestre / 2022

DÉBITO APURADO 45.219,47


CRÉDITOS VINCULADOS
- PAGAMENTO 0,00
- COMPENSAÇÕES 0,00
- PARCELAMENTO 0,00
- SUSPENSÃO 0,00
SOMA DOS CRÉDITOS VINCULADOS 0,00

SALDO A PAGAR EM QUOTAS 45.219,47

Valor do Débito-R$ Total: 45.219,47

Total do Imposto Líquido a pagar apurado no período, antes de


efetuadas as compensações 45.219,47
O saldo deste débito será dividido em duas ou três quotas: Sim

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Débito Apurado e Créditos Vinculados-R$

GRUPO DO TRIBUTO: IRRF - IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE


CÓDIGO DA RECEITA: 0561-07
DENOMINAÇÃO: IRRF - Trabalho Assalariado

PERIODICIDADE: Mensal PERÍODO DE APURAÇÃO: Junho / 2022

DÉBITO APURADO 140,16


CRÉDITOS VINCULADOS
- PAGAMENTO 140,16
- COMPENSAÇÕES 0,00
- PARCELAMENTO 0,00
- SUSPENSÃO 0,00
SOMA DOS CRÉDITOS VINCULADOS 140,16

SALDO A PAGAR DO DÉBITO 0,00

Valor do Débito-R$ Total: 140,16

Total do Imposto apurado no período, antes de efetuadas as


compensações 140,16

Pagamento Total: 140,16

Relação de DARF vinculados ao Débito.


PA: 30/06/2022 CNPJ: 38.251.116/0001-76 Código da Receita: 0561
Data de Vencimento: 20/07/2022 N° de Referência:
Valor do Principal: 140,16
Valor da Multa: 0,00
Valor dos Juros: 0,00
Valor Total do DARF: 140,16
Valor Pago do Débito: 140,16

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Débito Apurado e Créditos Vinculados-R$

GRUPO DO TRIBUTO: CSLL - CONTRIBUIÇÃO SOCIAL S/ LUCRO LÍQUIDO


CÓDIGO DA RECEITA: 2372-01
DENOMINAÇÃO: CSLL - Lucro Presumido ou Arbitrado - Entidade não financeira

PERIODICIDADE: Trimestral PERÍODO DE APURAÇÃO: 2º Trimestre / 2022

DÉBITO APURADO 18.439,01


CRÉDITOS VINCULADOS
- PAGAMENTO 0,00
- COMPENSAÇÕES 0,00
- PARCELAMENTO 0,00
- SUSPENSÃO 0,00
SOMA DOS CRÉDITOS VINCULADOS 0,00

SALDO A PAGAR EM QUOTAS 18.439,01

Valor do Débito-R$ Total: 18.439,01

Total da Contribuição Social Líquida a pagar no período, antes


de efetuadas as compensações 18.439,01
O saldo deste débito será dividido em duas ou três quotas: Sim

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Débito Apurado e Créditos Vinculados-R$

GRUPO DO TRIBUTO: PIS/PASEP - CONTRIB. P/ PROGRAMA DE INTEGRACAO SOCIAL/FORMACAO


PATRIM. SERV. PÚBLICO
CÓDIGO DA RECEITA: 8109-02
DENOMINAÇÃO: PIS - Faturamento

PERIODICIDADE: Mensal PERÍODO DE APURAÇÃO: Junho / 2022

DÉBITO APURADO 1.529,92


CRÉDITOS VINCULADOS
- PAGAMENTO 1.529,92
- COMPENSAÇÕES 0,00
- PARCELAMENTO 0,00
- SUSPENSÃO 0,00
SOMA DOS CRÉDITOS VINCULADOS 1.529,92

SALDO A PAGAR DO DÉBITO 0,00

Valor do Débito-R$ Total: 1.529,92

Total da Contribuição no período, antes de efetuadas as


compensações 1.529,92

Pagamento Total: 1.529,92

Relação de DARF vinculados ao Débito.


PA: 30/06/2022 CNPJ: 38.251.116/0001-76 Código da Receita: 8109
Data de Vencimento: 25/07/2022 N° de Referência:
Valor do Principal: 1.529,92
Valor da Multa: 0,00
Valor dos Juros: 0,00
Valor Total do DARF: 1.529,92
Valor Pago do Débito: 1.529,92

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Débito Apurado e Créditos Vinculados-R$

GRUPO DO TRIBUTO: COFINS - CONTRIBUIÇÃO P/ FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL


CÓDIGO DA RECEITA: 2172-01
DENOMINAÇÃO: COFINS - Faturamento

PERIODICIDADE: Mensal PERÍODO DE APURAÇÃO: Junho / 2022

DÉBITO APURADO 7.061,19


CRÉDITOS VINCULADOS
- PAGAMENTO 7.061,19
- COMPENSAÇÕES 0,00
- PARCELAMENTO 0,00
- SUSPENSÃO 0,00
SOMA DOS CRÉDITOS VINCULADOS 7.061,19

SALDO A PAGAR DO DÉBITO 0,00

Valor do Débito-R$ Total: 7.061,19

Total da Contribuição no período, antes de efetuadas as


compensações 7.061,19

Pagamento Total: 7.061,19

Relação de DARF vinculados ao Débito.


PA: 30/06/2022 CNPJ: 38.251.116/0001-76 Código da Receita: 2172
Data de Vencimento: 25/07/2022 N° de Referência:
Valor do Principal: 7.061,19
Valor da Multa: 0,00
Valor dos Juros: 0,00
Valor Total do DARF: 7.061,19
Valor Pago do Débito: 7.061,19

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Débito Apurado e Créditos Vinculados-R$

GRUPO DO TRIBUTO: CSRF - CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS RETIDAS NA FONTE PELAS PJ DE


DIREITO PRIVADO
CÓDIGO DA RECEITA: 5952-07
DENOMINAÇÃO: CSLL, COFINS e PIS/PASEP - Retenção de contribuições sobre
pagamentos de PJ a PJ de direito privado

PERIODICIDADE: Mensal PERÍODO DE APURAÇÃO: Junho / 2022

DÉBITO APURADO 11,08


CRÉDITOS VINCULADOS
- PAGAMENTO 11,08
- COMPENSAÇÕES 0,00
- PARCELAMENTO 0,00
- SUSPENSÃO 0,00
SOMA DOS CRÉDITOS VINCULADOS 11,08

SALDO A PAGAR DO DÉBITO 0,00

Valor do Débito-R$ Total: 11,08

Total das Retenções no período, antes de efetuadas as


compensações 11,08

Pagamento Total: 11,08

Relação de DARF vinculados ao Débito.


PA: 30/06/2022 CNPJ: 38.251.116/0001-76 Código da Receita: 5952
Data de Vencimento: 20/07/2022 N° de Referência:
Valor do Principal: 11,08
Valor da Multa: 0,00
Valor dos Juros: 0,00
Valor Total do DARF: 11,08
Valor Pago do Débito: 11,08

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Trimestre Anterior

GRUPO DO TRIBUTO: IRPJ - IMPOSTO SOBRE A RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS


CÓDIGO DA RECEITA: 2089-01
DENOMINAÇÃO: IRPJ - Lucro Presumido

PERÍODO DE APURAÇÃO: 2022/ 1º Trimestre

DÉBITO APURADO NO TRIMESTRE ANTERIOR 35.419,51


CRÉDITOS VINCULADOS AO DÉBITO
- Pagamento 0,00
- Compensações 0,00
- Suspensão 0,00
SOMA DOS CRÉDITOS VINCULADOS AO DÉBITO 0,00
SALDO A PAGAR DO DÉBITO EM QUOTAS 35.419,51
QUANTIDADE DE QUOTAS 3
CRÉDITOS VINCULADOS ÀS QUOTAS
- Pagamento 35.419,50
- Compensações da quota 0,00
SOMA DOS CRÉDITOS VINCULADOS ÀS QUOTAS 35.419,50
SALDO DO DÉBITO 0,01
VALOR PARCELADO DO DÉBITO 0,00
SALDO A PAGAR DO DÉBITO 0,01

Valor do Débito-R$ Total: 35.419,51

Total do Imposto Líquido a pagar apurado no período, antes de


efetuadas as compensações 35.419,51

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CNPJ: 38.251.116/0001-76 JUN/2022 Página 10
CÓDIGO DA RECEITA: 2089-01 PERÍODO DE APURAÇÃO: 2022/ 1º Trimestre
1ª Quota - Pagamento - R$ Total: 11.806,50

Relação de DARF vinculados à Quota.


PA: 31/03/2022 CNPJ: 38.251.116/0001-76 Código da Receita: 2089
Data de Vencimento: 29/04/2022 N° de Referência:
Valor do Principal: 11.806,50
Valor da Multa: 0,00
Valor dos Juros: 0,00
Valor Total do DARF: 11.806,50
Valor Pago da Quota: 11.806,50

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CÓDIGO DA RECEITA: 2089-01 PERÍODO DE APURAÇÃO: 2022/ 1º Trimestre
2ª Quota - Pagamento - R$ Total: 11.806,50

Relação de DARF vinculados à Quota.


PA: 31/03/2022 CNPJ: 38.251.116/0001-76 Código da Receita: 2089
Data de Vencimento: 31/05/2022 N° de Referência:
Valor do Principal: 11.806,50
Valor da Multa: 0,00
Valor dos Juros: 118,06
Valor Total do DARF: 11.924,56
Valor Pago da Quota: 11.806,50

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D C T F MENSAL - 3.6
CNPJ: 38.251.116/0001-76 JUN/2022 Página 12
CÓDIGO DA RECEITA: 2089-01 PERÍODO DE APURAÇÃO: 2022/ 1º Trimestre
3ª Quota - Pagamento - R$ Total: 11.806,50

Relação de DARF vinculados à Quota.


PA: 31/03/2022 CNPJ: 38.251.116/0001-76 Código da Receita: 2089
Data de Vencimento: 30/06/2022 N° de Referência:
Valor do Principal: 11.806,50
Valor da Multa: 0,00
Valor dos Juros: 239,67
Valor Total do DARF: 12.046,17
Valor Pago da Quota: 11.806,50

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CNPJ: 38.251.116/0001-76 JUN/2022 Página 13
Trimestre Anterior

GRUPO DO TRIBUTO: CSLL - CONTRIBUIÇÃO SOCIAL S/ LUCRO LÍQUIDO


CÓDIGO DA RECEITA: 2372-01
DENOMINAÇÃO: CSLL - Lucro Presumido ou Arbitrado - Entidade não financeira

PERÍODO DE APURAÇÃO: 2022/ 1º Trimestre

DÉBITO APURADO NO TRIMESTRE ANTERIOR 14.911,02


CRÉDITOS VINCULADOS AO DÉBITO
- Pagamento 0,00
- Compensações 0,00
- Suspensão 0,00
SOMA DOS CRÉDITOS VINCULADOS AO DÉBITO 0,00
SALDO A PAGAR DO DÉBITO EM QUOTAS 14.911,02
QUANTIDADE DE QUOTAS 3
CRÉDITOS VINCULADOS ÀS QUOTAS
- Pagamento 14.911,02
- Compensações da quota 0,00
SOMA DOS CRÉDITOS VINCULADOS ÀS QUOTAS 14.911,02
SALDO DO DÉBITO 0,00
VALOR PARCELADO DO DÉBITO 0,00
SALDO A PAGAR DO DÉBITO 0,00

Valor do Débito-R$ Total: 14.911,02

Total da Contribuição Social Líquida a pagar no período, antes


de efetuadas as compensações 14.911,02

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:20 Num. 1385424786 - Pág. 13
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540600001373711968
Número do documento: 22110714591540600001373711968
MINISTÉRIO DA ECONOMIA DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS
SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL TRIBUTÁRIOS FEDERAIS
D C T F MENSAL - 3.6
CNPJ: 38.251.116/0001-76 JUN/2022 Página 14
CÓDIGO DA RECEITA: 2372-01 PERÍODO DE APURAÇÃO: 2022/ 1º Trimestre
1ª Quota - Pagamento - R$ Total: 4.970,34

Relação de DARF vinculados à Quota.


PA: 31/03/2022 CNPJ: 38.251.116/0001-76 Código da Receita: 2372
Data de Vencimento: 29/04/2022 N° de Referência:
Valor do Principal: 4.970,34
Valor da Multa: 0,00
Valor dos Juros: 0,00
Valor Total do DARF: 4.970,34
Valor Pago da Quota: 4.970,34

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:20 Num. 1385424786 - Pág. 14
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Número do documento: 22110714591540600001373711968
MINISTÉRIO DA ECONOMIA DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS
SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL TRIBUTÁRIOS FEDERAIS
D C T F MENSAL - 3.6
CNPJ: 38.251.116/0001-76 JUN/2022 Página 15
CÓDIGO DA RECEITA: 2372-01 PERÍODO DE APURAÇÃO: 2022/ 1º Trimestre
2ª Quota - Pagamento - R$ Total: 4.970,34

Relação de DARF vinculados à Quota.


PA: 31/03/2022 CNPJ: 38.251.116/0001-76 Código da Receita: 2372
Data de Vencimento: 31/05/2022 N° de Referência:
Valor do Principal: 4.970,34
Valor da Multa: 0,00
Valor dos Juros: 49,70
Valor Total do DARF: 5.020,04
Valor Pago da Quota: 4.970,34

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:20 Num. 1385424786 - Pág. 15
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Número do documento: 22110714591540600001373711968
MINISTÉRIO DA ECONOMIA DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS
SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL TRIBUTÁRIOS FEDERAIS
D C T F MENSAL - 3.6
CNPJ: 38.251.116/0001-76 JUN/2022 Página 16
CÓDIGO DA RECEITA: 2372-01 PERÍODO DE APURAÇÃO: 2022/ 1º Trimestre
3ª Quota - Pagamento - R$ Total: 4.970,34

Relação de DARF vinculados à Quota.


PA: 31/03/2022 CNPJ: 38.251.116/0001-76 Código da Receita: 2372
Data de Vencimento: 30/06/2022 N° de Referência:
Valor do Principal: 4.970,34
Valor da Multa: 0,00
Valor dos Juros: 100,90
Valor Total do DARF: 5.071,24
Valor Pago da Quota: 4.970,34

***** FIM DE IMPRESSÃO *****

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VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Prefeitura Municipal de SÃO PAULO

LICENÇA SANITÁRIA - VIGILÂNCIA SANITÁRIA


Nº CMVS: 355030801-863-060425-1-1

Nº PROCESSO:
Nº PROTOCOLO: 6018.2022/0009460-6 DATA DO PROTOCOLO: 09/02/2022
SUBGRUPO: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE
AGRUPAMENTO: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE
ATIVIDADE ECONÔMICA-CNAE: 8630-5/04 ATIVIDADE ODONTOLÓGICA
OBJETO LICENCIADO: ESTABELECIMENTO

DETALHE: 021CLÍNICA ODONTOLÓGICA TIPO II


RAZÃO SOCIAL: ORAL UNIC ODONTOLOGIA SÃO PAULO LTDA CNPJ ALBERGANTE:
NOME FANTASIA: ORAL UNIC IMPLANTES
CNPJ / CPF: 38.251.116/0001-76
LOGRADOURO: Avenida LEÔNCIO DE MAGALHÃES NÚMERO: 880
COMPLEMENTO:
BAIRRO: Jardim São Paulo(Zona Norte)
MUNICÍPIO: SÃO PAULO
CEP: 02042-000 UF: SP
PÁGINA DA WEB:
RESPONSÁVEL LEGAL: ANTÔNIO VERRASTRO NETO
CPF: 37115942803 CONSELHO REGIONAL: CRO
Nº INSCR. CONSELHO PROF: 105220 UF: SP
RESPONSÁVEL TÉCNICO: ANTÔNIO VERRASTRO NETO
CPF: 37115942803 CONSELHO REGIONAL: CRO
Nº INSCR. CONSELHO PROF: 105220 UF: SP

O(A) AUTORIDADE SANITÁRIA DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA DE SÃO PAULO


CONCEDE A PRESENTE LICENÇA DE FUNCIONAMENTO, SENDO QUE SEU (S) RESPONSÁVEL(IS) ASSUME (M) CONHECER A LEGISLAÇÃO
SANITÁRIA VIGENTE E CUMPRI-LA INTEGRALMENTE, INCLUSIVE EM SUAS FUTURAS ATUALIZAÇÕES, OBSERVANDO AS BOAS PRÁTICAS
REFERENTES ÀS ATIVIDADES E OU SERVIÇOS PRESTADO, RESPONDENDO CIVIL E CRIMINALMENTE PELO NÃO CUMPRIMENTO DE TAIS
EXIGÊNCIAS, FICANDO, INCLUSIVE, SUJEITO (S) AO CANCELAMENTO DESTE DOCUMENTO.
ASSUMEM AINDA INTEIRA RESPONSABILIDADE PELA VERACIDADE DAS INFORMAÇÕES AQUI PRESTADAS PARA O EXERCÍCIO DAS
ATIVIDADES RELACIONADAS E DECLARAM ESTAR CIENTES DA OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ESCLARECIMENTOS E OBSERVAR AS EXIGÊNCIAS
LEGAIS QUE VIEREM A SER DETERMINADAS PELO ÓRGÃO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA COMPETENTE, EM QUALQUER TEMPO, NA FORMA
PREVISTA NO ARTIGO 95 DA LEI ESTADUAL 10.083 DE 23 DE SETEMBRO DE 1998.

SÃO PAULO 05/10/2022


LOCAL DATA DE DEFERIMENTO

Codigo de Validação: 1665411935897

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Sanitária, no endereço: https://sivisa.saude.sp.gov.br/sivisa/cidadao/

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Sistema Estadual de Vigilância Sanitária
Prefeitura Municipal de SÃO PAULO

LICENÇA SANITÁRIA - VIGILÂNCIA SANITÁRIA


Nº CEVS: 355030801-863-060426-1-9

Nº PROCESSO:
Nº PROTOCOLO: 6018.2022/0009460-6 DATA DO PROTOCOLO: 09/02/2022
SUBGRUPO: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE
AGRUPAMENTO: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE
ATIVIDADE ECONÔMICA-CNAE: 8630-5/04 ATIVIDADE ODONTOLÓGICA
OBJETO LICENCIADO: EQUIPAMENTO
Tipo: RAIOS X ODONTOLÓGICO EXTRA-ORAL, CARESTREAM CS 8100 3D, Nº. DE SÉRIE IFXHO86, 90KV 15MA
DETALHE:
RAZÃO SOCIAL: ORAL UNIC ODONTOLOGIA SÃO PAULO LTDA CNPJ ALBERGANTE:
NOME FANTASIA: ORAL UNIC IMPLANTES
CNPJ / CPF: 38.251.116/0001-76
LOGRADOURO: Avenida LEÔNCIO DE MAGALHÃES NÚMERO: 880
COMPLEMENTO:
BAIRRO: Jardim São Paulo(Zona Norte)
MUNICÍPIO: SÃO PAULO
CEP: 02042-000 UF: SP
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RESPONSÁVEL LEGAL: ANTÔNIO VERRASTRO NETO
CPF: 37115942803 CONSELHO REGIONAL: CRO
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CPF: 37115942803 CONSELHO REGIONAL: CRO
Nº INSCR. CONSELHO PROF: 105220 UF: SP

O(A) AUTORIDADE SANITÁRIA DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA DE SÃO PAULO


CONCEDE A PRESENTE LICENÇA DE FUNCIONAMENTO, SENDO QUE SEU (S) RESPONSÁVEL(IS) ASSUME (M) CONHECER A LEGISLAÇÃO
SANITÁRIA VIGENTE E CUMPRI-LA INTEGRALMENTE, INCLUSIVE EM SUAS FUTURAS ATUALIZAÇÕES, OBSERVANDO AS BOAS PRÁTICAS
REFERENTES ÀS ATIVIDADES E OU SERVIÇOS PRESTADO, RESPONDENDO CIVIL E CRIMINALMENTE PELO NÃO CUMPRIMENTO DE TAIS
EXIGÊNCIAS, FICANDO, INCLUSIVE, SUJEITO (S) AO CANCELAMENTO DESTE DOCUMENTO.
ASSUMEM AINDA INTEIRA RESPONSABILIDADE PELA VERACIDADE DAS INFORMAÇÕES AQUI PRESTADAS PARA O EXERCÍCIO DAS
ATIVIDADES RELACIONADAS E DECLARAM ESTAR CIENTES DA OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ESCLARECIMENTOS E OBSERVAR AS EXIGÊNCIAS
LEGAIS QUE VIEREM A SER DETERMINADAS PELO ÓRGÃO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA COMPETENTE, EM QUALQUER TEMPO, NA FORMA
PREVISTA NO ARTIGO 95 DA LEI ESTADUAL 10.083 DE 23 DE SETEMBRO DE 1998.

SÃO PAULO 05/10/2022


LOCAL DATA DE DEFERIMENTO

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INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB Nº 1234, DE 11 DE JANEIRO DE 2012

(Publicado(a) no DOU de 12/01/2012, seção 1, página 22)

Dispõe sobre a retenção de tributos nos pagamentos efetuados


pelos órgãos da administração pública federal direta,
autarquias e fundações federais, empresas públicas,
sociedades de economia mista e demais pessoas jurídicas que
menciona a outras pessoas jurídicas pelo fornecimento de bens
e serviços.

Histórico de alterações

(Alterado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1244, de 30 de janeiro de 2012)


(Alterado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
(Alterado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1552, de 02 de março de 2015)
(Alterado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1636, de 06 de maio de 2016)
(Alterado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1663, de 07 de outubro de 2016)

A SECRETÁRIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL - SUBSTITUTA, no uso da


atribuição que lhe confere o inciso III do art. 273 do Regimento Interno da Secretaria da Receita
Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF nº 587, de 21 de dezembro de 2010, e tendo em vista
o disposto no art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, no art. 64 da Lei nº 9.430, de 27
de dezembro de 1996, e nos arts. 34 e 35 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, no art. 39
da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, no art. 3º da Lei nº 11.116, de 18 de maio de 2005, no art.
74 da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, e no inciso III do § 1º do art. 4º do Decreto nº
5.297, de 6 de dezembro de 2004, resolve:
Art. 1º A retenção de tributos nos pagamentos efetuados pelos órgãos da administração
pública federal direta, autarquias e fundações federais, empresas públicas, sociedades de economia
mista e demais pessoas jurídicas que menciona a outras pessoas jurídicas pelo fornecimento de
bens e serviços, obedecerá o disposto nesta Instrução Normativa.
CAPÍTULO I

DA OBRIGATORIEDADE DE RETENÇÃO DOS TRIBUTOS


Art. 2º Ficam obrigados a efetuar as retenções na fonte do Imposto sobre a Renda (IR),
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), da Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social (Cofins) e da Contribuição para o PIS/Pasep sobre os pagamentos que efetuarem
às pessoas jurídicas, pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços em geral, inclusive obras,
os seguintes órgãos e entidades da administração pública federal:
I - os órgãos da administração pública federal direta;
II - as autarquias;
III -as fundações federais;
IV - as empresas públicas;

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V - as sociedades de economia mista; e


VI - as demais entidades em que a União, direta ou indiretamente detenha a maioria do
capital social sujeito a voto, e que recebam recursos do Tesouro Nacional e estejam obrigadas a
registrar sua execução orçamentária e financeira no Sistema Integrado de Administração Financeira
do Governo Federal (Siafi).
§ 1º A retenção efetuada na forma deste artigo dispensa, em relação aos pagamentos
efetuados, as demais retenções previstas na legislação do IR.
§ 2º As retenções serão efetuadas sobre qualquer forma de pagamento, inclusive os
pagamentos antecipados por conta de fornecimento de bens ou de prestação de serviços, para
entrega futura.
§ 3º No caso de fornecimento de bens ou de prestação de serviços amparados por
isenção, não incidência ou alíquota zero do IR ou de uma ou mais contribuições de que trata este
artigo, na forma da legislação em vigor, a retenção dar-se-á mediante a aplicação das alíquotas
previstas no art. 3º, correspondente ao IR ou às contribuições não alcançadas pela isenção, não
incidência ou pela alíquota zero.
§ 4º Na hipótese do § 3º, o recolhimento será efetuado mediante a utilização dos códigos
de que trata o art. 36.
§ 5º Para fins do § 3º, as pessoas jurídicas amparadas por isenção, não incidência ou
alíquota zero devem informar essa condição no documento fiscal, inclusive o enquadramento legal,
sob pena de, se não o fizerem, sujeitarem-se à retenção do IR e das contribuições sobre o valor total
do documento fiscal, no percentual total correspondente à natureza do bem ou serviço.
§ 6º Para fins desta Instrução Normativa, a pessoa jurídica fornecedora do bem ou
prestadora do serviço deverá informar no documento fiscal o valor do IR e das contribuições a serem
retidos na operação.
§ 7º Para fins desta Instrução Normativa considera-se:
I - serviços prestados com emprego de materiais, os serviços cuja prestação envolva o
fornecimento pelo contratado de materiais, desde que tais materiais estejam discriminados no
contrato ou em planilhas à parte integrante do contrato, e na nota fiscal ou fatura de prestação de
serviços;
II - construção por empreitada com emprego de materiais, a contratação por empreitada
de construção civil, na modalidade total, fornecendo o empreiteiro todos os materiais indispensáveis
à sua execução, sendo tais materiais incorporados à obra.
§ 8º Excetua-se do disposto no inciso I do § 7º os serviços hospitalares, de que trata o art.
30, e os serviços médicos referidos no art. 31.
§ 9º Para efeito do inciso II do § 7º, não serão considerados como materiais incorporados
à obra os instrumentos de trabalho utilizados e os materiais consumidos na execução da obra.
§ 10. Em caso de pagamentos com glosa de valores constantes da nota fiscal, sem
emissão de nova nota fiscal, a retenção deverá incidir sobre o valor original da nota.
§ 11. Em caso de pagamentos com acréscimos de juros e multas por atraso no
pagamento, a retenção deverá incidir sobre o valor da nota fiscal incluídos os acréscimos.
CAPÍTULO II

DA BASE DE CÁLCULO E DAS ALÍQUOTAS


Art. 3º A retenção será efetuada aplicando-se, sobre o valor a ser pago, o percentual
constante da coluna 06 do Anexo I a esta Instrução Normativa, que corresponde à soma das
alíquotas das contribuições devidas e da alíquota do IR, determinada mediante a aplicação de 15%
(quinze por cento) sobre a base de cálculo estabelecida no art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de
dezembro de 1995, conforme a natureza do bem fornecido ou do serviço prestado.
§ 1º O percentual a ser aplicado sobre o valor a ser pago corresponderá à espécie do
bem fornecido ou do serviço prestado, conforme estabelecido em contrato.
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§ 2º Sem prejuízo do estabelecido no § 7º do art. 2º, caso o pagamento se refira a


contratos distintos celebrados com a mesma pessoa jurídica pelo fornecimento de bens ou de
serviços prestados com percentuais diferenciados, aplicar-se-á o percentual correspondente a cada
fornecimento contratado.
§ 3º O valor da CSLL, a ser retido, será determinado mediante a aplicação da alíquota de
1% (um por cento) sobre o montante a ser pago.
§ 4º Os valores da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep a serem retidos serão
determinados, aplicando-se, sobre o montante a ser pago, respectivamente as alíquotas de 3% (três
por cento) e 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento), exceto nas situações especificadas no
art. 5º; no § 2º do art. 19; no parágrafo único do art. 20; nos §§ 1º e 2º do art. 21 e nos §§ 1º e 2º do
art. 22.
§ 5º As alíquotas de que trata o § 4º aplicam-se, inclusive, nas hipóteses em que as
receitas decorrentes do fornecimento de bens ou da prestação do serviço estejam sujeitas ao regime
de apuração da não cumulatividade da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep ou à tributação a
alíquotas diferenciadas.
§ 6º Fica dispensada a retenção de valor inferior a R$ 10,00 (dez reais), exceto na
hipótese de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) eletrônico efetuado por meio do
Siafi.
§ 7º Ocorrendo a hipótese do § 2º, os valores retidos correspondentes a cada percentual
serão recolhidos em Darf distintos.
CAPÍTULO III

DAS HIPÓTESES EM QUE NÃO HAVERÁ RETENÇÃO


Art. 4º Não serão retidos os valores correspondentes ao IR e às contribuições de que trata
esta Instrução Normativa, nos pagamentos efetuados a:
I - templos de qualquer culto;
II - partidos políticos;
III - instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, a que se refere o
art. 12 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997;
IV - instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e às associações
civis, a que se refere o art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997;
V - sindicatos, federações e confederações de empregados;
VI - serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei;
VII - conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas;
VIII - fundações de direito privado e a fundações públicas instituídas ou mantidas pelo
Poder Público;
IX - condomínios edilícios;
X - Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e as Organizações Estaduais de
Cooperativas previstas no caput e no § 1º do art. 105 da Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971;
XI - pessoas jurídicas optantes pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de
Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples
Nacional), de que trata o art. 12 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, em
relação às suas receitas próprias;
XII - pessoas jurídicas exclusivamente distribuidoras de jornais e revistas;
XIII - Itaipu binacional;
XIV - empresas estrangeiras de transportes marítimos, aéreos e terrestres, relativos ao
transporte internacional de cargas ou passageiros, nos termos do disposto no art. 176 do Decreto nº

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28/06/2018 IN RFB Nº 1234 - 2012

3.000, de 26 de março de 1999 - Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999), e no inciso V do


art. 14 da Medida Provisória nº 2.158-35, de 24 de agosto de 2001;
XV - órgãos da administração direta, autarquias e fundações do Governo Federal,
Estadual ou Municipal, observado, no que se refere às autarquias e fundações, os termos dos §§ 2º
e 3º do art. 150 da Constituição Federal;
XVI - no caso das entidades previstas no art. 34 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de
2003, a título de adiantamentos efetuados a empregados para despesas miúdas de pronto
pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários mínimos;
XVII - título de prestações relativas à aquisição de bem financiado por instituição
financeira;
XVIII - entidades fechadas de previdência complementar, nos termos do art. 32 da Lei nº
10.637, de 30 de dezembro de 2002;
XIX - título de aquisição de petróleo, gasolina, gás natural, óleo diesel, gás liquefeito de
petróleo, querosene de aviação, demais derivados de petróleo, gás natural, álcool, biodiesel e
demais biocombustíveis efetuados pelas pessoas jurídicas dispostas nos incisos IV a VI do caput do
art. 2º, conforme disposto no parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.833, de 2003; e
XIX - título de aquisição de petróleo, gasolina, gás natural, óleo diesel, gás liquefeito de
petróleo, querosene de aviação, demais derivados de petróleo, gás natural, álcool, biodiesel e
demais biocombustíveis efetuados pelas pessoas jurídicas dispostas nos incisos IV a VI do caput do
art. 2º, conforme disposto no parágrafo único do art. 34 da Lei nº 10.833, de 2003; (Redação dada
pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1244, de 30 de janeiro de 2012) (Vide Instrução Normativa
RFB nº 1244, de 30 de janeiro de 2012)
XX - título de seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores.
XX - título de seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores; e
(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1244, de 30 de janeiro de 2012) (Vide
Instrução Normativa RFB nº 1244, de 30 de janeiro de 2012)
XXI - título de suprimentos de fundos de que tratam os arts. 45 a 47 do Decreto nº 93.872,
de 23 de dezembro de 1986. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1244, de 30 de
janeiro de 2012) (Vide Instrução Normativa RFB nº 1244, de 30 de janeiro de 2012)
XXII - título de Contribuição para o Custeio da Iluminação Pública cobrada nas faturas de
consumo de energia elétrica emitidas por distribuidoras de energia elétrica com base em convênios
firmados com os Municípios ou com o Distrito Federal. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa
RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
Parágrafo único. A dispensa da retenção em relação às entidades previstas nos incisos III
e IV do caput é restrita aos resultados relacionados com as finalidades essenciais das referidas
entidades, não se aplicando ao patrimônio, à renda e aos serviços relacionados com a exploração
de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, em que
haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário. (Incluído(a) pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 1º. A imunidade ou a isenção das entidades previstas nos incisos III e IV é restrita aos
serviços para os quais tenham sido instituídas, observado o disposto nos arts. 12 e 15 da Lei nº
9.532, de 10 de dezembro de 1997. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1663, de 07
de outubro de 2016)
§ 2º. A condição de imunidade e isenção de que trata o §1º será declarada pela entidade
nos anexos II e III. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1663, de 07 de outubro de
2016)
Art. 5º Não será devida a retenção da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins,
cabendo, nessa hipótese, a retenção do IR e da CSLL:
I - utilizando-se o código de arrecadação 8767, nos pagamentos efetuados:
a) a título de transporte internacional de cargas efetuados por empresas nacionais,
conforme disposto no inciso V do art. 14 da Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001;
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/imprimir.action?visao=anotado&idAto=37200&tamHA=21 4/29

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385424789 - Pág. 4
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540700001373711971
Número do documento: 22110714591540700001373711971
28/06/2018 IN RFB Nº 1234 - 2012

b) aos estaleiros navais brasileiros nas atividades de construção, conservação,


modernização, conversão e reparo de embarcações pré-registradas ou registradas no Registro
Especial Brasileiro (REB), instituído pelo art. 11 da Lei nº 9.432, de 8 de janeiro de 1997, conforme
disposto no inciso VI do art. 14 da Medida Provisória nº 2.158-35, de 2001;
c) pela aquisição no mercado interno dos seguintes produtos, conforme disposto nos
incisos III, V e VI do art. 28 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004:
1. de produtos hortícolas e frutas, classificados nos Capítulos 7 e 8, e ovos, classificados
na posição 04.07, todos da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (Tipi);
2. de semens e embriões da posição 05.11 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM);
e
3. de livros, conforme disposto no art. 2º da Lei nº 10.753, de 30 de outubro de 2003;
d) pela aquisição a varejo, na forma do art. 28 da Lei nº 11.196, de 21 de novembro de
2005, e do Decreto nº 5.602, de 6 de dezembro de 2005, dos seguintes produtos:
1. de unidades de processamento digital classificada no código 8471.50.10 da Tipi,
acompanhadas de teclado (unidade de entrada) classificado no código 8471.60.52, e de mouse
(unidade de entrada) classificado no código 8471.60.53, até o valor de R$ 2.100,00 (dois mil e cem
reais), no caso do conjunto completo, e até o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), somente para a
unidade de processamento;
2. de máquinas automáticas para processamento de dados, digitais, portáteis, de peso
inferior a 3,5Kg (três quilos e meio), com tela (écran) de área superior a 140cm2 (cento e quarenta
centímetros quadrados), classificadas nos códigos 8471.30.12, 8471.30.19 ou 8471.30.90 da Tipi,
até o valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais); e
3. de máquinas automáticas de processamento de dados, apresentadas sob a forma de
sistemas, do código 8471.49 da Tipi, até o valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), contendo
exclusivamente uma unidade de processamento digital classificada no código 8471.50.10; um
monitor (unidade de saída por vídeo) classificado no código 8471.60.7; um teclado (unidade de
entrada) classificado no código 8471.60.52; e um mouse (unidade de entrada) classificado no código
8471.60.53 da Tipi;
e) pela aquisição no mercado interno dos seguintes produtos, de que tratam os incisos IV
e X do art. 28 da Lei nº 10.865, de 2004, e os arts. 6º, 6º-A e 6º-B do Decreto nº 5.171, de 6 de
agosto de 2004:
1. de aeronaves classificadas na posição 88.02 da Tipi, suas partes, peças, ferramentais,
componentes, insumos, fluidos hidráulicos, tintas, anticorrosivos, lubrificantes, equipamentos,
serviços e matérias-primas a serem empregados na manutenção, conservação, modernização,
reparo, revisão, conversão e industrialização das aeronaves, seus motores, partes, componentes,
ferramentais e equipamentos; e
2. de materiais e equipamentos, inclusive partes, peças e componentes, destinados ao
emprego na construção, conservação, modernização, conversão ou reparo de embarcações
registradas ou pré-registradas no REB;
f) pela aquisição de veículos e embarcações destinados ao transporte escolar para a
educação básica nas redes estadual, municipal e distrital, quando adquiridos pela União, pelos
Estados, pelos Municípios e pelo Distrito Federal, na forma dos incisos VIII e IX do art 28 da Lei nº
10.865, de 2004, e do Decreto nº 6.644, de 18 de novembro de 2008, a seguir:
1. veículos novos montados sobre chassis, com capacidade para 23 (vinte e três) a 44
(quarenta e quatro) pessoas, classificados nos códigos 8702.10.00 Ex 02 e 8702.90.90 Ex 02 da
Tipi; e
2. embarcações novas, com capacidade para 20 (vinte) a 35 (trinta e cinco) pessoas,
classificadas no código 8901.90.00 da Tipi;
g) pela aquisição no mercado interno dos seguintes produtos, de que tratam os incisos XI,
XII e XIV do art. 28 da Lei nº 10.865, de 2004:

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1. de veículos e carros blindados de combate, novos, armados ou não, e suas partes,


produzidos no Brasil, com peso bruto total até 30t (trinta toneladas), classificados na posição
8710.00.00 da Tipi, destinados ao uso das Forças Armadas ou órgãos de segurança pública
brasileiros, quando adquiridos por órgãos e por entidades da administração pública direta, na forma
a ser estabelecida em regulamento;
2. de material de defesa, classificado nas posições 87.10.00.00 e 89.06.10.00 da Tipi,
além de partes, peças, componentes, ferramentais, insumos, equipamentos e matérias-primas a
serem empregados na sua industrialização, montagem, manutenção, modernização e conversão; e
3. de produtos classificados na posição 87.13 da NCM;
h) pela aquisição dos produtos a que se refere o art. 1º da Lei nº 10.925, de 23 de julho
de 2004, e o art. 1º do Decreto nº 5.630, de 22 de dezembro de 2005, a seguir:
1. sementes e mudas destinadas à semeadura e plantio, em conformidade com o disposto
na Lei nº 10.711, de 5 de agosto de 2003, e produtos de natureza biológica utilizados em sua
produção;
2. corretivo de solo de origem mineral classificado no Capítulo 25 da NCM;
3. feijões comuns (Phaseolus vulgaris), classificados nos códigos 0713.33.19, 0713.33.29
e 0713.33.99 da NCM, arroz descascado (arroz “cargo” ou castanho), classificado no código 1006.20
da NCM, arroz semibranqueado ou branqueado, mesmo polido ou brunido (glaceado), classificado
no código 1006.30 da NCM e farinhas classificadas no código 1106.20 da NCM;
4. inoculantes agrícolas produzidos a partir de bactérias fixadoras de nitrogênio,
classificados no código 3002.90.99 da NCM;
5. vacinas para medicina veterinária classificadas no Código 3002.30 da NCM;
6. farinha, grumos e sêmolas, grãos de milho, esmagados ou em flocos, classificados,
respectivamente, nos códigos 1102.20, 1103.13 e 1104.19, todos da Tipi;
7. pintos de 1 (um) dia classificados no código 0105.11 da Tipi;
8. leite fluido pasteurizado ou industrializado, na forma de ultrapasteurizado, destinado ao
consumo humano;
9. leite em pó, integral ou desnatado, destinado ao consumo humano;
10. leite em pó semidesnatado, leite fermentado, bebidas e compostos lácteos e fórmulas
infantis, assim definidas conforme previsão legal específica, destinados ao consumo humano ou
utilizados na industrialização de produtos que se destinam ao consumo humano;
11. queijos tipo mozarela, minas, prato, coalho, ricota, requeijão, provolone, parmesão e
queijo fresco não maturado;
12. soro de leite fluido a ser empregado na industrialização de produtos destinados ao
consumo humano;
13. farinha de trigo classificada no código 1101.00.10 da Tipi, adquirida até 31 de
dezembro de 2011;
14. trigo classificado na posição 10.01 da Tipi, adquirido até 31 de dezembro de 2011;
15. pré-misturas próprias para fabricação de pão comum e pão comum classificados,
respectivamente, nos códigos 1901.20.00 Ex 01 e 1905.90.90 Ex 01 da Tipi, adquiridos até 31 de
dezembro de 2011; e
16. massas alimentícias classificadas na posição 19.02 da Tipi, adquiridas até 30 de junho
de 2012;
i) pela aquisição de comerciantes atacadistas e varejistas, conforme disposto no art. 58-B
e 58-V da Lei nº 10.833, de 2003, e no art. 21 do Decreto nº 6.707, de 23 de dezembro de 2008, dos
produtos classificados nos seguintes códigos e posições da Tipi:
1. nos códigos 21.06.90.10 Ex 02;

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2. nas posições 22.01, 22.02, exclusivamente em relação aos produtos: água e


refrigerantes, refrescos, cerveja sem álcool, repositores hidroeletrolíticos e compostos líquidos
prontos para o consumo, que contenham como ingrediente principal inositol, glucoronolactona,
taurina ou cafeína, exceto os Ex 01 e Ex 02 do código 22.02.90.00; e
3. na posição 22.03, todos da Tipi;
j) pela aquisição no mercado interno, conforme disposto no § 11 do art. 8º da Lei nº
10.865, de 2004, e no Decreto nº 6.426, de 7 de abril de 2008, dos produtos classificados:
1. no Capítulo 29 da NCM, relacionados no Anexo I ao Decreto nº 6.426, de 2008; e
2. nas posições 30.02, 30.06, 39.26, 40.15 e 90.18 da NCM, relacionados no Anexo III ao
Decreto. nº 6.426, de 2008, destinados ao uso em hospitais e campanhas de saúde realizadas pelo
poder público;
k) pela aquisição de comerciantes atacadistas e varejistas, conforme disposto no § 2º do
art. 3º e no parágrafo único do art. 5º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, dos seguintes
produtos:
1. de máquinas e veículos, exclusivamente autopropulsados, classificados nos códigos
84.29, 8432.40.00, 84.32.80.00, 8433.20, 8433.30.00, 8433.40.00, 8433.5, 87.01, e dos demais
produtos classificados nos códigos 87.02, 87.03, 87.04, 87.05 e 87.06, de que trata o caput do art. 1º
da Lei nº 10.485, de 2002, exceto quando adquiridos de empresa comercial atacadista adquirente
dos produtos resultantes da industrialização por encomenda, a que se refere o § 5º do art. 17 da
Medida Provisória nº 2.189-49, de 23 de agosto de 2001;
2. dos produtos relacionados nos Anexos I e II à Lei nº 10.485, de 2002, tratados no seu
art. 3º; e
3. dos produtos classificados nas posições 40.11 (pneus novos de borracha) e 40.13
(câmaras de ar de borracha) da Tipi de que trata o art. 5º da Lei nº 10.485, de 2002, pela aquisição
de outros produtos ou serviços não listados nas alíneas de “a” a “j” que vierem a ser amparados com
isenção, não incidência ou alíquotas zero da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, observado
o disposto no § 5º do art. 2º;
II - utilizando-se o código de arrecadação 8850, nos pagamentos efetuados a título de
transporte internacional de passageiros efetuados por empresas nacionais.
Art. 5º-A A retenção da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep não será exigida nos
pagamentos efetuados às cooperativas de rádiotaxi, bem como àquelas cujos cooperados se
dediquem a serviços relacionados a atividades culturais, de música, de cinema, de letras, de artes
cênicas (teatro, dança, circo) e de artes plásticas, sobre as importâncias relativas aos serviços
pessoais prestados por seus cooperados pessoas físicas, em nome da cooperativa, sem prejuízo de
as cooperativas informarem na nota ou documento fiscal, o dispositivo legal que as ampare da
dispensa, na forma do § 3º do art. 6º. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05
de janeiro de 2015)
§ 1º A dispensa de retenção prevista no caput se dará sem prejuízo da retenção do IR na
fonte à alíquota de 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento) sobre as importâncias relativas aos
serviços pessoais prestados por seus cooperados ou associados, cujo prazo para o recolhimento
será até o último dia do primeiro decêndio do mês subsequente ao mês da ocorrência do fato
gerador, mediante o código de arrecadação 3280 - Serviços Pessoais Prestados Por Associados de
Cooperativas de Trabalho. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro
de 2015)
§ 2º O disposto no caput aplica-se às demais cooperativas de serviços que declararem
em em suas notas fiscais o dispositivo legal que as autoriza a excluir da base de cálculo da
contribuição para PIS/Pasep e Cofins os valores repassados aos associados, pessoas físicas,
decorrentes de serviços por eles prestados em nome da cooperativa. (Incluído(a) pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 3º Para fins do disposto no caput, as cooperativas deverão discriminar, em suas faturas,
as importâncias relativas aos serviços pessoais prestados à pessoa jurídica por seus associados das

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importâncias que corresponderem a outros custos ou despesas. (Incluído(a) pelo(a) Instrução


Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
Art. 6º Para efeito do disposto nos incisos III, IV e XI do art. 4º a pessoa jurídica deverá
apresentar, a cada pagamento, ao órgão ou à entidade declaração, na forma dos Anexos II, III e IV a
esta Instrução Normativa, conforme o caso, em 2 (duas) vias, assinadas pelo seu representante
legal.
Art. 6º Para efeito do disposto nos incisos III, IV e XI do caput do art. 4º, a pessoa jurídica
deverá, no ato da assinatura do contrato, apresentar ao órgão ou à entidade declaração de acordo
com os modelos constantes dos Anexos II, III ou IV desta Instrução Normativa, conforme o caso, em
2 (duas) vias, assinada pelo seu representante legal. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa
RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
Parágrafo único. Na hipótese das declarações de que trata o caput, o órgão ou a entidade
responsável pela retenção arquivará a 1ª (primeira) via da declaração, em ordem alfabética, que
ficará à disposição da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), devendo a 2ª (segunda) via ser
devolvida ao interessado como recibo. (Renumerado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540,
de 05 de janeiro de 2015)
§ 1º O órgão ou a entidade responsável pela retenção anexará a 1ª (primeira) via da
declaração de que trata o caput ao processo ou à documentação que deu origem ao pagamento,
para fins de comprovação à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), devendo a 2ª (segunda)
via ser devolvida ao interessado como recibo.
§ 2º No caso de pagamento decorrente de contratos de prestação de serviços
continuados, a declaração a que se refere o caput deverá ser anexada ao processo ou à
documentação que deu origem ao 1º (primeiro) pagamento do contrato, sem prejuízo de o
declarante informar, imediatamente, ao órgão ou à entidade contratante, qualquer alteração na
situação declarada nos Anexos de que trata o caput. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB
nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 3º A declaração de que trata o caput poderá ser apresentada por meio eletrônico, com a
utilização de certificação digital disponibilizada pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira
(ICPBrasil), desde que no documento eletrônico arquivado pela fonte pagadora conste a assinatura
digital do representante legal e respectiva data da assinatura. (Incluído(a) pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 4º Alternativamente à declaração de que trata o caput, a fonte pagadora poderá verificar
a permanência do contratado no Simples Nacional mediante consulta ao Portal do Simples Nacional
e anexar cópia da consulta ao contrato ou documentação que deu origem ao pagamento, sem
prejuízo do contratado informar imediatamente ao contratante qualquer alteração da sua
permanência no Simples Nacional. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de
janeiro de 2015)
§ 5º A exigência prevista no caput e no §4º aplica-se no caso de prorrogação do contrato
ou a cada novo contrato, ainda que nas mesmas condições do anterior. (Incluído(a) pelo(a)
Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 6º Sem prejuízo do disposto no parágrafo único do art. 4º, as entidades beneficentes de
assistência social previstas nos incisos III e IV do caput do art. 4º que atuam nas áreas da saúde, da
educação e da assistência social deverão apresentar, juntamente com a declaração de que trata o
caput, o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas), expedido pelos
Ministérios das respectivas áreas de atuação da entidade, na forma estabelecida pelo Decreto nº
8.242, de 23 de maio de 2014. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de
janeiro de 2015)
§ 7º Para fins do disposto no § 6º não serão aceitos comprovantes de protocolos de
requerimentos de concessão da certificação e de renovação junto aos Ministérios da Saúde, da
Educação ou do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. (Incluído(a) pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 7º Para fins do disposto no § 6º, não serão aceitos comprovantes de requerimentos:
(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1552, de 02 de março de 2015)
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I - de concessão da certificação; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1552,


de 02 de março de 2015)
II - de renovação da certificação protocolados fora do prazo legal ou com certificação
anterior tornada sem efeito por qualquer motivo. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº
1552, de 02 de março de 2015)
§ 8º No caso de não apresentação do Cebas, na forma prevista no § 6º, o órgão ou a
entidade pagadora obriga-se a efetuar a retenção do IR e das contribuições sobre o valor total do
documento fiscal ou fatura apresentada pela entidade no percentual de 9,45% (nove inteiros e
quarenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de arrecadação 6190 (demais serviços)
do Anexo I desta Instrução Normativa. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05
de janeiro de 2015)
CAPÍTULO IV
DO PRAZO DE RECOLHIMENTO
Art. 7º Os valores retidos deverão ser recolhidos ao Tesouro Nacional, mediante Darf:
I - pelos órgãos da administração pública federal direta, autarquias e fundações federais
que efetuarem a retenção, até o 3º (terceiro) dia útil da semana subsequente àquela em que tiver
ocorrido o pagamento à pessoa jurídica fornecedora dos bens ou prestadora do serviço; e
II - pelas empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades em que a
União, direta ou indiretamente detenha a maioria do capital social sujeito a voto, e que recebam
recursos do Tesouro Nacional e estejam obrigadas a registrar sua execução orçamentária e
financeira no Siafi, de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica, até o
último dia útil da quinzena subsequente àquela quinzena em que tiver ocorrido o pagamento à
pessoa jurídica fornecedora do bem ou prestadora do serviço.
II - pelas empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades em que a
União, direta ou indiretamente detenha a maioria do capital social sujeito a voto, e que recebam
recursos do Tesouro Nacional e estejam obrigadas a registrar sua execução orçamentária e
financeira no Siafi, de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica, até o
último dia útil do segundo decêndio do mês subseqüente àquele mês em que tiver ocorrido o
pagamento à pessoa jurídica fornecedora do bem ou prestadora do serviço. (Redação dada pelo(a)
Instrução Normativa RFB nº 1663, de 07 de outubro de 2016)
CAPÍTULO V
DAS INFRAÇÕES E DAS PENALIDADES
Art. 8º Aplicam-se, subsidiariamente, à CSLL, à Cofins e à Contribuição para o
PIS/Pasep, as penalidades e demais acréscimos previstos na legislação do IR, nas hipóteses de não
retenção, falta de recolhimento, recolhimento após o vencimento do prazo sem o acréscimo de multa
moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata.
CAPÍTULO VI
DO TRATAMENTO DOS VALORES RETIDOS
Art. 9º Os valores retidos na forma desta Instrução Normativa poderão ser deduzidos,
pelo contribuinte que sofreu a retenção, do valor do imposto e das contribuições de mesma espécie
devidos, relativamente a fatos geradores ocorridos a partir do mês da retenção.
Art. 9º O valor do imposto e das contribuições sociais retidos será considerado como
antecipação do que for devido pelo contribuinte em relação ao mesmo imposto e às mesmas
contribuições e poderá ser compensado ou deduzido pelo contribuinte que sofreu a retenção,
observando-se as seguintes regras: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05
de janeiro de 2015)
I - o valor retido relativo ao IR somente poderá ser deduzido do valor do imposto apurado
no próprio mês da retenção; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro
de 2015)
II - na hipótese em que o valor do IR retido na fonte seja superior ao devido, a diferença
poderá ser compensada com o imposto mensal a pagar relativo aos meses subsequentes;

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(Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)


III - os valores retidos na fonte a título de CSLL, Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins
somente poderão ser deduzidos com o que for devido em relação à mesma espécie de contribuição
e no mês de apuração a que se refere a retenção; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº
1540, de 05 de janeiro de 2015)
IV - os valores retidos na fonte a título de CSLL, Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins
que excederem ao valor da respectiva contribuição a pagar no mesmo mês de apuração, poderão
ser restituídos ou compensados com débitos relativos a outros tributos administrados pela RFB;
(Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
V - a restituição de que trata o inciso IV do caput poderá ser requerida à RFB a partir do
mês subsequente ao mês de apuração da contribuição retida. (Incluído(a) pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
Parágrafo único. O valor a ser deduzido, correspondente ao IR e a cada espécie de
contribuição, será determinado pelo próprio contribuinte mediante a aplicação, sobre o valor do
documento fiscal, da alíquota respectiva, constante das colunas 02, 03, 04 ou 05 do Anexo I a esta
Instrução Normativa.
Parágrafo único. O valor a ser deduzido, correspondente ao IR e a cada espécie de
contribuição, será determinado pelo próprio contribuinte mediante a aplicação, sobre o valor do
documento fiscal, das alíquotas respectivas às retenções efetuadas. (Redação dada pelo(a)
Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
CAPÍTULO VII
DAS OPERAÇÕES COM CARTÕES DE CRÉDITO OU DE DÉBITO
Art. 10. Nos pagamentos correspondentes ao fornecimento de bens ou pela prestação de
serviços efetuados por meio de Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF), pelos órgãos e
pelas entidades da administração pública federal, ou via cartões de crédito ou débito, a retenção
será efetuada pelo órgão ou pela entidade pagador sobre o total a ser pago à empresa fornecedora
do bem ou prestadora do serviço, devendo o pagamento com o cartão ser realizado pelo valor
líquido, depois de deduzidos os valores do imposto e das contribuições retidos, cabendo a
responsabilidade pelo recolhimento destes ao órgão ou à entidade adquirente do bem ou tomador
dos serviços.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às despesas efetuadas com
suprimentos de fundos de que tratam os arts. 45 a 47 do Decreto nº 93.872, de 1986, e aos
adiantamentos efetuados a empregados para despesas miúdas de pronto pagamento previsto no
inciso XVI do art. 4º. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1244, de 30 de janeiro de
2012) (Vide Instrução Normativa RFB nº 1244, de 30 de janeiro de 2012)
CAPÍTULO VIII
DOS DOCUMENTOS DE COBRANÇAS QUE CONTENHAM CÓDIGO DE BARRA
Art. 11. Nas notas fiscais, nas faturas, nos boletos bancários ou em quaisquer outros
documentos de cobrança dos bens ou dos serviços, de que trata o art. 3º, que contenham código de
barras, deverão ser informados o valor bruto do preço do bem fornecido ou do serviço prestado e os
valores do IR e das contribuições a serem retidos na operação, devendo o seu pagamento ser
efetuado pelo valor líquido deduzido das respectivas retenções, cabendo a responsabilidade pelo
recolhimento destas ao órgão ou à entidade adquirente do bem ou tomador dos serviços.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às faturas de cartão de crédito.
CAPÍTULO IX
DAS SITUAÇÕES ESPECÍFICAS
Seção I
Das Agências de Viagens e Turismo
Art. 12. Nos pagamentos correspondentes a aquisições de passagens aéreas e
rodoviárias, despesas de hospedagem, aluguel de veículos e prestação de serviços afins, efetuados
por intermédio de agências de viagens, a retenção será feita sobre o total a pagar a cada empresa

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prestadora do serviço e, quando for o caso, à Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária


(Infraero).
Art. 12. Nos pagamentos correspondentes a aquisições de passagens aéreas e
rodoviárias, despesas de hospedagem, aluguel de veículos e prestação de serviços afins, efetuados
por intermédio de agências de viagens, a retenção será feita sobre o total a pagar a cada empresa
prestadora do serviço e, quando for o caso, do operador aeroportuário, sobre o valor referente à
tarifa de embarque, e da agência de viagem, sobre os valores cobrados a título de comissão pela
intermediação da comercialização do bilhete de passagem ou pela prestação do serviço de
agenciamento de viagens na venda de passagens aos órgãos e entidades públicas. (Redação dada
pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 1º A agência de viagens apresentará documento de cobrança à unidade pagadora, do
qual deverão constar:
§1º Para fins do disposto no caput, a agência de viagem apresentará documento de
cobrança ao órgão ou à entidade observando-se o seguinte: (Redação dada pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
I - o nome e o número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da
empresa prestadora do serviço;
I - apresentará fatura e nota fiscal em seu nome somente em relação ao valor cobrado
pela intermediação da comercialização do bilhete de passagem ou pela prestação do serviço de
agenciamento de viagens na venda de passagens aos órgãos e entidades públicas, os quais se
sujeitam à retenção de que trata o art. 3º; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540,
de 05 de janeiro de 2015)
II - no caso de venda de passagens:
II - apresentará à contratante faturas de sua emissão, separadas por prestador do serviço,
das quais deverão constar: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de
janeiro de 2015)
a) o número e o valor do bilhete, excluídos a taxa de embarque, o pedágio e o seguro;
a) o nome e o número de inscrição no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da
empresa prestadora do serviço e o número e valor da nota fiscal, no caso de despesas de
hospedagem, aluguel de veículos e prestação de serviços afins; (Redação dada pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
b) o número de inscrição no CNPJ da Infraero e, em destaque, o valor da taxa de
embarque; e
b) o nome e o número de inscrição no CNPJ da empresa prestadora do serviço e o
número e valor do bilhete de passagem aérea ou rodoviária emitido pela empresa transportadora,
excluídos a tarifa de embarque, o pedágio e o seguro, no caso de venda de passagens; (Redação
dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
c) o número de inscrição no CNPJ do operador aeroportuário e, em destaque, o valor da
tarifa de embarque; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de
2015)
d) o nome do usuário do serviço, que deverá ser identificado nas situações previstas nas
alíneas “a” e”b”. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
III - o nome do usuário do serviço. (Suprimido(a) - vide Instrução Normativa RFB nº
1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 2º A indicação do número de inscrição no CNPJ da empresa prestadora do serviço e,
quando for o caso, da Infraero poderá ser efetuada em documento distinto do documento de
cobrança.
§ 2º A indicação do número de inscrição no CNPJ da empresa prestadora do serviço e,
quando for o caso, do operador aeroportuário, poderá ser efetuada em documento distinto do
documento de cobrança. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro
de 2015)
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§ 3º No caso de diversos bilhetes de uma mesma empresa de transporte, os dados a que


se referem os incisos I a III do § 1º poderão ser indicados apenas na linha correspondente ao 1º
(primeiro) bilhete listado.
§ 3º No caso de diversos bilhetes de uma mesma empresa de transporte, o número de
inscrição no CNPJ poderá ser indicado apenas na linha correspondente ao 1º (primeiro) bilhete
listado. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 4º O valor do imposto e das contribuições retido poderá ser deduzido pelas empresas
prestadoras do serviço e, quando for o caso, pela Infraero, na forma do art. 9º, na proporção de suas
receitas, devendo o comprovante anual de retenção de que trata o art. 37 ser fornecido em nome de
cada um desses beneficiários.
§ 4º O valor do imposto e das contribuições retido poderá ser deduzido pelas empresas
prestadoras dos serviços e, quando for o caso, pelo operador aeroportuário, na forma prevista no art.
9º, devendo o comprovante anual de retenção de que trata o art. 37 ser fornecido em nome de cada
um desses beneficiários. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro
de 2015)
§ 5º Como forma de comprovação da retenção de que trata este artigo, o órgão ou a
entidade que efetuar o pagamento deverá fornecer, por ocasião do pagamento, à agência de
viagem, cópia do Darf ou de qualquer outro documento que comprove que as retenções foram
efetuadas em nome das empresas prestadoras do serviço.
§ 6º Para fins de prestação de contas, as agências de viagem repassarão às empresas
prestadoras dos serviços de transporte o valor líquido recebido, já deduzido das retenções efetuadas
em nome destas e da Infraero, acompanhado do comprovante referido no § 5º.
§ 6º Para fins de prestação de contas, as agências de viagem repassarão às empresas
prestadoras dos serviços listados nas alíneas “a” e “b” do inciso II do § 1º o valor líquido recebido, já
deduzido das retenções efetuadas em nome destas e do operador aeroportuário, acompanhado do
comprovante referido no § 5º. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de
janeiro de 2015)
§ 7º As empresas de transporte aéreo repassarão à Infraero o valor referente à taxa de
embarque recebido das empresas de turismo, já deduzido das retenções efetuadas em nome
destas, acompanhado do comprovante de retenção referido no § 5º.
§ 7º As empresas de transporte aéreo repassarão ao operador aeroportuário o valor
referente à tarifa de embarque recebido das empresas de turismo, já deduzido das retenções
efetuadas em nome deste, acompanhado do comprovante de retenção referido no § 5º. (Redação
dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 8º As empresas de transporte aéreo e a Infraero deverão considerar como receita o
valor bruto, ou seja, o valor líquido recebido mais as retenções efetuadas.
§ 8º As empresas prestadoras dos serviços de que trata o § 6º e o operador aeroportuário
deverão considerar como receita o valor líquido recebido mais as retenções efetuadas. (Redação
dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 9º A dedução a que se refere o § 4º poderá ser efetuada pelas empresas que sofreram
a retenção, a partir do mês seguinte ao da contabilização dos fatos referidos nos §§ 6º e 7º.
(Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 10. A base de cálculo da retenção a que se refere o caput, relativamente às aquisições
de passagens aéreas e rodoviárias é o valor bruto das passagens utilizadas, não sendo admitidas
deduções a qualquer título.
§ 10. A base de cálculo da retenção a que se refere o caput, relativamente às aquisições
de passagens aéreas e rodoviárias, é o valor bruto das passagens utilizadas, constantes do bilhete
emitido pelas agências de viagens, nominal ao servidor, e não poderá ser diferente do valor de
venda no balcão pelas empresas de transporte aéreo ou rodoviário, para o mesmo trecho e período,
não sendo admitidas às agências de viagens efetuarem deduções ou acréscimos a qualquer título.
(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)

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§ 11. O percentual de retenção a ser aplicado no pagamento da taxa de embarque


cobrada pela Infraero é de 7,05% (sete inteiros e cinco centésimos por cento), correspondente ao
código de arrecadação 6175 - passagens aéreas, rodoviárias e demais serviços de transporte de
passageiros.
§ 11. O percentual de retenção a ser aplicado no pagamento da tarifa de embarque
cobrada pelo operador portuário é de 7,05% (sete inteiros e cinco centésimos por cento),
correspondente ao código de arrecadação 6175 - passagens aéreas, rodoviárias e demais serviços
de transporte de passageiros. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de
janeiro de 2015)
§ 12. Até 31 de dezembro de 2017, fica dispensada a retenção dos tributos na fonte de
que trata o art. 3º, sobre os pagamentos efetuados pelos órgãos da administração pública federal,
direta, mediante a utilização do Cartão de Pagamento do Governo Federal - CPGF, no caso de
contratação direta das companhias aéreas prestadoras de serviços de transporte aéreo.
(Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 12. Até 31 de dezembro de 2017, fica dispensada a retenção dos tributos na fonte de
que trata o caput, sobre os pagamentos efetuados pelos órgãos ou entidades da administração
pública federal, mediante a utilização do Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF), no caso
de contratação direta das companhias aéreas prestadoras de serviços de transporte aéreo.
(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1636, de 06 de maio de 2016)
Seção II
Dos Seguros
Art. 13. Nos pagamentos de seguros, ainda que por intermédio de corretora, a retenção
será feita sobre o valor do prêmio que estiver sendo pago à seguradora, não deduzida qualquer
parcela correspondente à corretagem.
Parágrafo único. O direito à dedução, prevista no art. 9º, do imposto e das contribuições
retidos é da companhia seguradora, em nome da qual será emitido o comprovante de retenção.
Seção III
Do Telefone
Art. 14. Nos pagamentos de contas de telefone, a retenção será efetuada sobre o valor
total a ser pago, devendo o valor retido ser deduzido pela companhia emissora da fatura, em nome
da qual será emitido o comprovante de retenção.
Art. 15. No caso de aquisição do direito de uso ou de pagamento de aluguel de linhas
telefônicas, a retenção será efetuada sobre o valor pago relativamente à aquisição do direito de uso
ou ao aluguel de linhas telefônicas.
Seção IV
Da Propaganda e Da Publicidade
Art. 16. Nos pagamentos referentes a serviços de propaganda e publicidade a retenção
será efetuada em relação à agência de propaganda e publicidade e a cada uma das demais
pessoas jurídicas prestadoras do serviço, sobre o valor das respectivas notas fiscais.
§ 1º Na hipótese de que trata o caput, a agência de propaganda deverá apresentar, ao
órgão ou à entidade, documento de cobrança, do qual deverão constar, no mínimo:
I - o nome e o número de inscrição no CNPJ de cada empresa emitente de nota fiscal,
listada no documento de cobrança; e
II - o número da respectiva nota fiscal e o seu valor.
§ 2º No caso de diversas notas fiscais de uma mesma empresa, os dados a que se refere
o inciso I do § 1º poderão ser indicados apenas na linha correspondente à 1ª (primeira) nota fiscal
listada.
§ 3º O valor do imposto e das contribuições retido poderá ser deduzido pela empresa
emitente da nota fiscal, na forma do art. 9º, na proporção de suas receitas, devendo o comprovante
anual de retenção de que trata o art. 37 ser fornecido em nome de cada empresa beneficiária.

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§ 4º A retenção, na forma deste artigo, implica a dispensa da retenção do IR na fonte de


que trata o caput e o inciso II do art. 53 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985.
Seção V
Do Consórcio
Art. 17. No caso de pagamento a consórcio constituído para o fornecimento de bens e
serviços, inclusive a execução de obras e serviços de engenharia, a retenção deverá ser efetuada
em nome de cada empresa participante do consórcio, tendo por base o valor constante da
correspondente nota fiscal de emissão de cada uma das pessoas jurídicas consorciadas.
§ 1º Na hipótese de que trata o caput, a empresa líder deverá apresentar à unidade
pagadora os documentos de cobrança, acompanhados das respectivas notas fiscais,
correspondentes aos valores dos fornecimentos de bens ou serviços de cada empresa participante
do consórcio.
§ 2º No caso de pagamentos a consórcio formado entre empresas nacionais e
estrangeiras, aplica-se a retenção do art. 3º às empresas nacionais e a do art. 35 às consorciadas
estrangeiras, observadas as alíquotas aplicáveis à natureza dos bens ou serviços, conforme
legislação própria.
Seção VI
Da Refeição-Convênio, do Vale-Transporte e do Vale-Combustível
Art. 18. Na aquisição de Refeição-Convênio (tíquete-alimentação e tíquete-refeição), Vale-
Transporte e Vale-Combustível, inclusive mediante créditos ou cartões eletrônicos, caso os
pagamentos sejam efetuados a intermediárias, a vinculadas ou não, à prestadora do serviço ou à
fornecedora de combustível, a base de cálculo corresponde ao valor da corretagem ou da comissão
cobrada pela pessoa jurídica intermediária.
Art. 18. Na aquisição de Refeição-Convênio (tíquete-alimentação e tíquete-refeição), Vale-
Transporte e Vale-Combustível, inclusive mediante créditos ou cartões eletrônicos, caso os
pagamentos sejam efetuados a intermediárias, vinculadas ou não à prestadora do serviço ou à
fornecedora de combustível, a base de cálculo corresponderá ao valor da corretagem ou da
comissão cobrada pela pessoa jurídica intermediária. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa
RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 1º Para fins do disposto no caput, o valor da corretagem ou comissão deverá ser
destacado na nota fiscal de serviços.
§ 2º Não havendo cobrança dos encargos mencionados no § 1º, a empresa intermediária
deverá fazer constar da nota fiscal a expressão “valor da corretagem ou comissão: zero”.
§ 3º Na inobservância do disposto nos §§ 1º e 2º, a retenção será efetuada sobre o total a
pagar.
§ 4º Caso os tíquetes, vales ou créditos eletrônicos sejam de uso específico, tornando
possível, no momento do pagamento, a identificação da prestadora responsável pela execução do
serviço ou da fornecedora do combustível, a retenção será feita em nome da prestadora ou
fornecedora do combustível, sobre o valor correspondente ao serviço ou ao fornecimento do
combustível, conforme o caso, sem prejuízo da retenção sobre o valor da corretagem ou comissão,
se devida.
§ 5º Caso as vendas de Refeição-Convênio (tíquete-alimentação e tíquete-refeição), Vale-
Transporte, Vale-Combustível ou créditos eletrônicos sejam efetuadas diretamente pela prestadora
do serviço ou pela fornecedora do combustível, a retenção será efetuada pelo valor total da compra
de tíquetes ou vales, no momento do pagamento.
§ 6º O disposto neste artigo aplica-se a quaisquer outros serviços ou bens adquiridos sob
o sistema de tíquetes, vales ou créditos eletrônicos.
Seção VII
Dos Combustíveis, dos demais Derivados de Petróleo, do Álcool Hidratado e do Biodiesel
Art. 19. Nos pagamentos efetuados pelos órgãos da administração pública federal direta,
pelas autarquias e pelas fundações federais, relativos à aquisição de gasolina, inclusive gasolina de
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aviação, óleo diesel, gás liquefeito de petróleo (GLP) e querosene de aviação (QAV), diretamente de
refinarias de petróleo, demais produtores e de importadores será devida a retenção do IR, da CSLL,
da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, utilizando-se o código 9060.
§ 1º Será ainda devida a retenção do IR e das contribuições, utilizando-se o código 9060,
sobre o valor a ser pago referente à aquisição dos demais combustíveis derivados de petróleo ou de
gás natural, e dos demais produtos derivados de petróleo, adquiridos de produtor, de importador, de
distribuidor ou de varejista.
§ 2º Nos pagamentos efetuados aos distribuidores e aos comerciantes varejistas de
gasolina, exceto gasolina de aviação, de óleo diesel, de gás liquefeito de petróleo (GLP), de
derivados de petróleo ou de gás natural, e de querosene de aviação (QAV) será efetuada a retenção
do IR e da CSLL, utilizando-se o código 8739, ficando dispensada a retenção da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins.
Art. 20. Nos pagamentos efetuados ao produtor, ao importador ou ao distribuidor,
correspondentes à aquisição de álcool etílico hidratado, inclusive para fins carburantes, será devida
a retenção do IR, da CSLL, da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, utilizando-se o código
9060.
Parágrafo único. Nos pagamentos efetuados aos comerciantes varejistas pela aquisição
de álcool etílico hidratado nacional, inclusive para fins carburantes, será efetuada a retenção do IR e
da CSLL, utilizando-se o código 8739, ficando dispensada a retenção da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins.
Art. 21. Nos pagamentos efetuados ao produtor ou importador, correspondentes à
aquisição de biodiesel, será devida a retenção do IR, da CSLL, da Contribuição para o PIS/Pasep e
da Cofins, utilizando-se o código 9060.
§ 1º Nos pagamentos efetuados a produtor detentor do selo “Combustível Social”
concedido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, ou a agricultor familiar enquadrado no
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) pela aquisição de biodiesel
fabricado a partir de mamona ou fruto, caroço ou amêndoa de palma produzidos nas regiões norte e
nordeste e no semiárido, será efetuada a retenção do IR e da CSLL, utilizando-se o código 8739,
ficando dispensada a retenção da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins.
§ 2º Nos pagamentos efetuados pela aquisição de biodiesel, a distribuidor ou a
comerciante varejista, será efetuada a retenção do IR e da CSLL, utilizando-se o código 8739,
ficando dispensada a retenção da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins.
Seção VIII
Dos Produtos Farmacêuticos, de Perfumaria, de Toucador e de Higiene Pessoal
Art. 22. Nos pagamentos efetuados às pessoas jurídicas que procedam à industrialização,
à importação, à distribuição e à venda a varejo de produtos farmacêuticos, de perfumaria, de
toucador ou de higiene pessoal, será devida a retenção do IR, da CSLL, da Contribuição para o
PIS/Pasep e da Cofins, utilizando-se o código 6147.
§ 1º Nos pagamentos efetuados aos distribuidores e aos comerciantes varejistas pela
aquisição dos produtos farmacêuticos classificados nas posições 30.01, 30.03, exceto no código
3003.90.56, na posição 30.04, exceto no código 3004.90.46, nos itens 3002.10.1, 3002.10.2,
3002.10.3, 3002.20.1, 3002.20.2, 3006.30.1 e 3006.30.2, e nos códigos 3002.90.20, 3002.90.92,
3002.90.99, 3005.10.10 e 3006.60.00, e dos produtos de perfumaria, de toucador, ou de higiene
pessoal classificados nas posições 33.03 a 33.07, e nos códigos 3401.11.90, 3401.20.10 e
96.03.21.00, todos da Tipi, aprovada pelo Decreto nº 7.660, de 23 de dezembro de 2011, será
efetuada a retenção do IR e da CSLL, utilizando-se o código 8767, ficando dispensada a retenção
da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins.
§ 2º Nos pagamentos efetuados às pessoas jurídicas beneficiárias de regime especial de
utilização de crédito presumido da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previsto no art. 3º da
Lei nº 10.147, de 21 de dezembro de 2000, que procedam à industrialização e à importação dos
produtos tributados na forma do inciso I do art. 1º da Lei nº 10.147, de 2000, classificados na
posição 30.03, exceto no código 3003.90.56; nos itens 3002.10.1, 3002.10.2, 3002.10.3, 3002.20.1,
3002.20.2, 3006.30.1 e 3006.30.2; nos códigos 3001.20.90, 3001.90.10, 3001.90.90, 3002.90.20,
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/imprimir.action?visao=anotado&idAto=37200&tamHA=21 15/29

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385424789 - Pág. 15
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3002.90.92, 3002.90.99, 3005.10.10 e 3006.60.00; e na posição 30.04, exceto no código


3004.90.46, da Tipi, será efetuada a retenção do IR e da CSLL, utilizando-se o código 8767, ficando
dispensada a retenção da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins.
§ 3º Na hipótese do § 2º, a não emissão de notas fiscais distintas para os produtos que
gerem direito ao regime especial de utilização do crédito presumido, de que trata o inciso II do caput
e o § 1º do art. 90 da Instrução Normativa SRF nº 247, de 21 de novembro de 2002, sujeitará a
retenção do imposto e das contribuições mediante o código 6147.
Seção IX
Dos Bens Imóveis
Art. 23. Nos pagamentos efetuados na aquisição de bens imóveis serão observadas as
seguintes regras:
I - quando o vendedor for pessoa jurídica que exerce a atividade de compra e venda de
imóveis, ou quando se tratar de imóveis adquiridos de entidades abertas de previdência
complementar com fins lucrativos cabe a retenção prevista no art. 2º, sobre o total a ser pago;
II - se o imóvel adquirido pertencer ao ativo não circulante da empresa vendedora, cabe a
retenção tão somente do IR e da CSLL, de acordo com o estabelecido no inciso IV do § 2º do art. 3º
da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, no inciso VI do § 3º do art. 1º da Lei nº 10.637, de
2002, e no inciso II do § 3º do art. 1º da Lei nº 10.833, de 2003; ou
III - quando se tratar de imóveis adquiridos de entidades abertas de previdência
complementar sem fins lucrativos cabe a retenção da CSLL, da Cofins e da Contribuição para o
PIS/Pasep, na forma estabelecida nos §§ 3º e 4º do art. 2º.
Seção X
Das Cooperativas e das Associações de Profissionais ou Assemelhadas
Subseção I
Das Disposições Gerais
Art. 24. Nos pagamentos efetuados às sociedades cooperativas e às associações
profissionais ou assemelhadas, pelo fornecimento de bens ou serviços, serão observadas as
seguintes regras:
Art. 24. Nos pagamentos efetuados às sociedades cooperativas, pelo fornecimento de
bens, serão retidos sobre o valor total do documento fiscal os valores correspondentes à CSLL, à
Cofins e à Contribuição para o PIS/Pasep, respectivamente, às alíquotas de 1% (um por cento), 3%
(três por cento) e 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento), perfazendo o percentual de 4,65%
(quatro inteiros e sessenta e cinco centésimos por cento), utilizando-se o código de arrecadação
8863. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
I - no caso das associações profissionais, serão retidos sobre o valor total do documento
fiscal os valores correspondentes à CSLL, à Cofins e à Contribuição para o PIS/Pasep,
respectivamente, as alíquotas de 1% (um por cento), de 3% (três por cento) e de 0,65% (sessenta e
cinco centésimos por cento), perfazendo o percentual de 4,65% (quatro inteiros e sessenta e cinco
centésimos por cento), utilizando-se o código de arrecadação 8863; e (Suprimido(a) - vide
Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
II - no caso de cooperativas, serão retidos sobre o valor total do documento fiscal os
valores correspondentes à Cofins e à Contribuição para o PIS/Pasep, na forma estabelecida nos §§
3º e 4º do art. 2º. (Suprimido(a) - vide Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
Parágrafo único. O disposto no inciso II não se aplica:
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às sociedades cooperativas de
consumo de que trata o art. 69 da Lei nº 9.532, de 1997, as quais estão sujeitas à retenção na forma
prevista no art. 3º. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de
2015)
I - às sociedades cooperativas de consumo, de que trata o art. 69 da Lei nº 9.532, de
1997, as quais estão sujeitas à retenção na forma do art. 3º. (Suprimido(a) - vide Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)

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II - às sociedades cooperativas que não obedecerem ao disposto na legislação específica,


relativamente aos atos cooperativos, cujos valores correspondentes à CSLL, à Cofins e à
Contribuição para o PIS/Pasep deverão ser retidos sobre o valor total do documento fiscal, na forma
estabelecida no inciso I do caput. (Suprimido(a) - vide Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de
janeiro de 2015)
Art. 25. Não serão retidos os valores correspondentes à Contribuição para o PIS/Pasep, à
Cofins e à CSLL nos pagamentos efetuados a sociedade cooperativa de produção, em relação aos
atos decorrentes da comercialização ou da industrialização de produtos de seus associados.
§ 1º A dispensa prevista no caput não alcança as operações de comercialização ou de
industrialização, pelas cooperativas agropecuárias e de pesca, de produtos adquiridos de não
associados, agricultores, pecuaristas ou pescadores, para completar lotes destinados ao
cumprimento de contratos ou para suprir capacidade ociosa de suas instalações industriais, as quais
se sujeitarão à retenção e ao recolhimento do IR e das contribuições, no percentual total de 5,85%
(cinco inteiros e oitenta e cinco centésimos por cento).
§ 2º Para efeito da retenção de que trata o § 1º, as cooperativas de produção deverão
segregar, em seus documentos fiscais, as importâncias relativas aos atos a que se refere o caput
das importâncias correspondentes às operações com não cooperados.
§ 3º Na hipótese de emissão de documento fiscal sem observância das disposições
previstas no § 2º, a retenção do IR e das contribuições se dará sobre o total do documento fiscal, no
percentual de 5,85% (cinco inteiros e oitenta e cinco centésimos por cento).
§3º Na hipótese de emissão de documento fiscal sem observância das disposições
previstas no § 2º, a retenção do IR e das contribuições se dará sobre o valor total do documento
fiscal apresentado pela cooperativa para cobrança, no percentual de 5,85% (cinco inteiros e oitenta
e cinco centésimos por cento). (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de
janeiro de 2015)
Subseção II
Das Cooperativas de Trabalho e das Associações Profissionais
Art. 26. Nos pagamentos efetuados às cooperativas de trabalho e às associações de
profissionais ou assemelhadas serão retidos, além das contribuições referidas no art. 24, o IR na
fonte à alíquota de 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento) sobre as importâncias relativas aos
serviços pessoais prestados por seus cooperados ou associados, cujo prazo para o recolhimento
será até o último dia do primeiro decêndio do mês subsequente ao mês da ocorrência do fato
gerador, mediante o código de arrecadação 3280 - Serviços Pessoais Prestados Por Associados de
Cooperativas de Trabalho.
Art. 26. Nos pagamentos efetuados às cooperativas de trabalho e às associações de
profissionais ou assemelhadas, pela prestação de serviços, serão retidos, além das contribuições
referidas no art. 24, o IR na fonte à alíquota de 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento) sobre as
importâncias relativas aos serviços pessoais prestados por seus cooperados ou associados, cujo
prazo para o recolhimento será até o último dia do primeiro decêndio do mês subsequente ao mês
da ocorrência do fato gerador, mediante o código de arrecadação 3280 - Serviços Pessoais
Prestados Por Associados de Cooperativas de Trabalho. (Redação dada pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 1º Na hipótese de o faturamento das entidades referidas neste artigo envolver parcela
de serviços fornecidos por terceiros não cooperados ou não associados, contratados ou
conveniados, para cumprimento de contratos com os órgãos e com as entidades relacionados no art.
2º aplicar-se-á, a tal parcela, a retenção do IR e das contribuições, estabelecida no art. 3º, no
percentual total, previsto no Anexo I a esta Instrução Normativa, de:
I - 5,85% (cinco inteiros e oitenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de
arrecadação 6147, no caso de serviços prestados com emprego de materiais, nos termos dos
incisos I e II do § 7º do art. 2º; ou
II - 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de
arrecadação 6190, para os demais serviços.

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§ 2º Para efeito das retenções de que trata o caput e o § 1º, as cooperativas de trabalho e
as associações de profissionais ou assemelhadas deverão emitir faturas distintas, segregando as
importâncias relativas:
I - aos serviços pessoais prestados por seus cooperados ou associados, cabendo a
retenção:
a) de 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento) de IR sobre a quantia relativa aos
serviços pessoais prestados por seus cooperados ou associados, conforme o caput do art. 26;
b) relativos à CSLL, à Cofins e à Contribuição para o PIS/Pasep, sobre o valor total do
documento fiscal ou fatura a que se refere a alínea “a”, conforme inciso I do caput do art. 24; ou
b) relativa à CSLL, à Cofins e à Contribuição para o PIS/Pasep, sobre o valor total do
documento fiscal ou fatura a que se refere a alínea “a”, conforme disposto no caput do art. 24;
(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
c) relativa à Cofins e ao PIS/Pasep, sobre o valor total do documento fiscal ou fatura a
que se refere a alínea “a”, conforme inciso II do caput do art. 24; (Suprimido(a) - vide Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
II - aos serviços prestados por terceiros não cooperados ou não associados, contratados
ou conveniados, para atendimento de demandas contratuais, cabendo a retenção conforme o § 1º; e
II - aos serviços de terceiros não associados ou não cooperados (pessoas físicas) e de
pessoas jurídicas, cooperadas ou não, as quais deverão segregar as importâncias referentes aos
serviços prestados, da seguinte forma: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de
05 de janeiro de 2015)
a) serviços em geral prestados por pessoas físicas, não cooperadas ou não associadas,
sobre os quais caberá a retenção do IR na fonte calculado com base na tabela progressiva mensal,
sobre o total pago a cada pessoa física; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de
05 de janeiro de 2015)
b) serviços prestados com emprego de materiais, nos termos dos incisos I e II do § 7º do
art. 2º, por pessoas jurídicas, cooperadas ou não, cabendo a retenção de 5,85% (cinco inteiros e
oitenta e cinco centésimos por cento), relativos ao IR, à CSLL, à Cofins e à Contribuição para o
PIS/Pasep, a ser recolhido mediante o código de arrecadação 6147, sobre os valores dos
fornecimentos dos serviços de cada pessoa jurídica; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB
nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
c) demais serviços prestados por pessoas jurídicas, cooperadas ou não, cabendo a
retenção, no percentual total de 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos por cento),
mediante o código de arrecadação 6190 (demais serviços), sobre os valores dos fornecimentos dos
serviços de cada pessoa jurídica; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de
janeiro de 2015)
III - à comissão, taxa de administração ou de adesão ao plano, cabendo a retenção de
9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de arrecadação
6190.
III - à comissão ou taxa de administração do contrato, cabendo a retenção da cooperativa
ou da associação de 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos por cento), mediante o
código de arrecadação 6190. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de
janeiro de 2015)
§ 3º As faturas ou documento de cobrança a que se refere o inciso II do § 2º deverão ser
acompanhados das respectivas notas fiscais ou recibos correspondentes aos valores dos
fornecimentos dos serviços de cada pessoa jurídica ou física, dos quais deverão constar, no mínimo:
(Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
I - no caso de pessoa jurídica: (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de
05 de janeiro de 2015)
a) o nome e o número de inscrição no CNPJ de cada empresa emitente de nota fiscal,
listada no documento de cobrança; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05
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de janeiro de 2015)
b) o número da respectiva nota fiscal e o seu valor; (Incluído(a) pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
II - no caso de pessoa física, o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas (CPF), e o valor a ser pago a cada uma das pessoas físicas prestadoras dos serviços.
(Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 4º No caso de diversas notas fiscais ou recibos de uma mesma pessoa jurídica, ou
física, os dados a que se referem os incisos I e II do § 3º poderão ser indicados apenas na linha
correspondente à 1ª (primeira) nota fiscal ou recibo listado. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa
RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 5º As notas fiscais e os recibos de que trata o § 3º deverão ser emitidos em nome da
pessoa jurídica pagadora. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro
de 2015)
§ 6º As notas fiscais ou recibos de que trata o § 3º poderão, a critério da pessoa jurídica
pagadora, ficar arquivadas em poder da associação profissional ou da cooperativa, devendo,
entretanto, as retenções de que tratam o inciso II do § 2º serem efetuadas pela pessoa jurídica que
efetuar o pagamento, em nome de cada pessoa física ou jurídica prestadora dos serviços, sem
prejuízo da entrega à RFB, pela pessoa jurídica pagadora, da Declaração do Imposto sobre a Renda
Retido na Fonte (Dirf) prevista no § 2º do art. 37. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº
1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 7º Sem prejuízo do disposto no inciso I do § 2º, na hipótese de emissão de documentos
fiscais sem a segregação dos serviços conforme previsto no § 2º, a retenção do IR e das
contribuições se dará sobre o valor total do documento fiscal ou fatura emitida pela cooperativa ou
associação, na forma prevista na alínea “c” do inciso II do § 2º. (Incluído(a) pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 8º O disposto neste artigo aplica-se a cooperativas de proprietários de veículos para
locação, bem como a quaisquer outras cooperativas que prestem serviços mediante locação, cessão
de direito de uso e congêneres. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de
janeiro de 2015)
Subseção III
Das Associações e das Cooperativas de Médicos e de Odontólogos
Art. 27. Nos pagamentos efetuados às associações e às cooperativas de médicos e de
odontólogos, as quais para atender aos beneficiários dos seus contratos de plano privado de
assistência a saúde ou odontológica subcontratam ou mantêm convênios para a prestação de
serviços de terceiros não associados e não cooperados, tais como: profissionais médicos, de
odontologia e de enfermagem (pessoas físicas); hospitais, clínicas médicas e odontológicas, casas
de saúde, prontos socorros, ambulatórios e laboratórios, (pessoas jurídicas), por conta de
internações, diárias hospitalares, medicamentos, fornecimento de exames laboratoriais e
complementares de diagnose e terapia, e outros serviços médicos, serão apresentadas 3 (três)
faturas, observando-se o seguinte:
I - fatura segregando as importâncias recebidas por conta de serviços pessoais prestados
por pessoas físicas associadas e cooperadas (serviços médicos, de odontologia e de enfermagem),
cabendo a retenção:
I - fatura segregando as importâncias recebidas por conta de serviços pessoais prestados
por pessoas físicas associadas e cooperadas (serviços médicos, de odontologia e de enfermagem),
cabendo a retenção da associação ou da cooperativa: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa
RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
a) de 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento) de IR sobre a quantia relativa aos
serviços pessoais prestados por seus associados e cooperados, pessoas físicas, conforme o caput
do art. 26; e
b) relativos à CSLL, à Cofins e à Contribuição para o PIS/Pasep, sobre o valor total do
documento fiscal ou fatura a que se refere a alínea “a”, conforme inciso I do caput do art. 24;
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b) relativa à CSLL, à Cofins e à Contribuição para o PIS/Pasep, sobre o valor total do


documento fiscal ou fatura a que se refere a alínea “a”, a ser recolhido conforme disposto no caput
do art. 24; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
II - fatura referente aos serviços de terceiros não associados e não cooperados (pessoas
físicas ou jurídicas), a qual deverá segregar as importâncias referentes aos serviços prestados, da
seguinte forma:
II - fatura referente aos serviços de terceiros não associados e não cooperados (pessoas
físicas) e de pessoas jurídicas, cooperadas ou não, a qual deverá segregar as importâncias
referentes aos serviços prestados, da seguinte forma: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa
RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
a) serviços médicos em geral prestados por pessoas físicas (médicos, dentistas,
anestesistas e enfermeiros); serviços médicos em geral, não compreendidos em serviços
hospitalares ou em serviços médicos de que tratam os arts. 30 e 31; prestados por pessoas
jurídicas, cabendo a retenção, no percentual total de 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco
centésimos por cento), mediante o código de arrecadação 6190 (demais serviços);
a) serviços médicos em geral prestados por pessoas físicas, não cooperadas ou não
associados (médicos, dentistas, anestesistas e enfermeiros), sobre os quais caberá a retenção do IR
na fonte calculado com base na tabela progressiva mensal, sobre o total pago a cada pessoa física;
(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
b) serviços hospitalares nos termos do art. 30 e dos serviços médicos referidos no art. 31,
cabendo a retenção de 5,85% (cinco inteiros e oitenta e cinco centésimos por cento), relativos ao IR,
à CSLL, à Cofins e à Contribuição para o PIS/Pasep, a ser recolhido mediante o código de
arrecadação 6147; ou
b) serviços médicos em geral, não compreendidos em serviços hospitalares ou em
serviços médicos de que tratam os arts. 30 e 31, prestados por pessoas jurídicas, cooperadas ou
não, cabendo a retenção, no percentual total de 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos
por cento), mediante o código de arrecadação 6190 (demais serviços), sobre os valores dos
fornecimentos dos serviços de cada pessoa jurídica; e (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa
RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
c) serviços hospitalares nos termos do art. 30 e dos serviços médicos referidos no art. 31,
prestados por pessoas jurídicas, cooperadas ou não, cabendo a retenção de 5,85% (cinco inteiros e
oitenta e cinco centésimos por cento), relativos ao IR, à CSLL, à Cofins e à Contribuição para o
PIS/Pasep, a ser recolhido mediante o código de arrecadação 6147, sobre os valores dos
fornecimentos dos serviços de cada pessoa jurídica. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB
nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
III - fatura relativa às importâncias recebidas a título de comissão, taxa de administração
ou de adesão ao plano, cabendo a retenção de 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos
por cento), mediante o código de arrecadação 6190.
§ 1º O disposto neste artigo também se aplica:
§ 1º As faturas ou documento de cobrança a que se refere o inciso II do caput deverão ser
acompanhados das respectivas notas fiscais ou recibos, correspondentes aos valores dos
fornecimentos dos serviços de cada pessoa jurídica ou física, dos quais deverão constar, no mínimo:
(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
I - no caso de cooperativas de médicos veterinários que comercializam planos de saúde
para animal; e
I - no caso de pessoa jurídica: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540,
de 05 de janeiro de 2015)
a) o nome e o número de inscrição no CNPJ de cada empresa emitente de nota fiscal,
listada no documento de cobrança; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05
de janeiro de 2015)

http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/imprimir.action?visao=anotado&idAto=37200&tamHA=21 20/29

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b) o número da respectiva nota fiscal e o seu valor; (Incluído(a) pelo(a) Instrução


Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
II - no caso de terceirização de serviços médicos humanos e veterinários, de enfermagem
e de odontologia (locação de mão de obra), por intermédio de associações ou cooperativas, para o
fornecimento de mão de obra nas dependências do tomador dos serviços.
II - no caso de pessoa física, o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas (CPF) e o valor a ser pago a cada uma das pessoas físicas prestadoras dos serviços.
(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 2º Na hipótese de emissão de documentos fiscais sem observância das disposições
previstas neste artigo, a retenção do IR e das contribuições se dará sobre o total do documento
fiscal ou fatura, no percentual de 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos por cento),
mediante o código de arrecadação 6190 (demais serviços) do Anexo I a esta Instrução Normativa.
§ 2º No caso de diversas notas fiscais ou recibos de uma mesma pessoa jurídica, ou
física, os dados a que se referem os incisos I e II do § 1º poderão ser indicados apenas na linha
correspondente à 1ª (primeira) nota fiscal ou recibo listado. (Redação dada pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 3º As notas fiscais e os recibos de que trata o § 1º deverão ser emitidas em nome da
pessoa jurídica pagadora. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro
de 2015)
§ 4º As notas fiscais ou recibos de que trata o § 1º poderão, a critério da pessoa jurídica
pagadora, ficar arquivadas em poder da associação ou da cooperativa, devendo, entretanto, as
retenções de que trata o inciso II do caput serem efetuadas pela pessoa jurídica que efetuar o
pagamento, em nome de cada pessoa física ou jurídica prestadora dos serviços, sem prejuízo da
entrega à RFB, pela pessoa jurídica pagadora, da Dirf prevista no § 2º do art. 37. (Incluído(a)
pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 5º Na hipótese de associações ou cooperativas de médicos ou de odontólogos que
prestem os serviços diretamente pelos associados ou cooperados, pessoas físicas ou jurídicas, sem
a concorrência de terceiros não associados ou não cooperados, a retenção deverá ser efetuada de
acordo com os incisos I e III do caput, para os associados ou cooperados, pessoas físicas, e de
acordo com o inciso I, alínea “b” do inciso II e inciso III do caput, se os serviços forem prestados
concomitante por pessoas físicas e jurídicas associadas ou cooperadas. (Incluído(a) pelo(a)
Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 6º O disposto neste artigo também se aplica: (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa
RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
I - no caso de cooperativas de médicos veterinários que comercializam planos de saúde
para animal; (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
II - às cooperativas de anestesiologistas e de enfermagem; e (Incluído(a) pelo(a)
Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
III - no caso de terceirização de serviços médicos humanos e veterinários, de
enfermagem, de anestesiologistas e de odontologia (locação de mão de obra), por intermédio de
associações ou cooperativas, para o fornecimento de mão de obra nas dependências do tomador
dos serviços. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 7º Na hipótese de emissão de documentos fiscais sem observância das disposições
previstas nos incisos I a III do caput, a retenção do IR e das contribuições se dará sobre o valor total
do documento fiscal ou fatura, no percentual de 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos
por cento), mediante o código de arrecadação 6190 (demais serviços) do Anexo I desta Instrução
Normativa, a ser retido da cooperativa ou da associação. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa
RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 8º A retenção de que trata este artigo incidirá sobre os valores totais repassados às
associações ou às cooperativas à conta dos serviços prestados por esta e por terceiros, mesmo na
hipótese em que partes dos valores relativos aos serviços prestados forem custeadas pelos

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servidores ou empregados, mediante desconto em folha de pagamento. (Incluído(a) pelo(a)


Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 9º O disposto neste artigo aplica-se aos pagamentos efetuados às Confederações,
Federações de Cooperativas e cooperativas de 2º grau, intermediárias de contratos de plano privado
de assistência à saúde, operados por cooperativas singulares de trabalho médico, odontológico, de
médicos veterinários, de anestesiologistas e de enfermagem. (Incluído(a) pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
Art. 28. Nos pagamentos referentes a serviços de assistência médica humana ou
veterinária, odontológica, hospitalar e auxiliares de diagnóstico e terapias, mediante valor fixo por
beneficiário, independentemente da utilização dos serviços, às cooperativas médicas, veterinárias ou
de odontologia, administradoras de plano de saúde ou de seguro saúde, a retenção a ser efetuada é
a constante da rubrica “demais serviços”, no percentual de:
Art. 28. Nos pagamentos referentes a serviços de assistência médica humana ou
veterinária, odontológica, hospitalar e auxiliares de diagnóstico e terapias, mediante valor fixo por
beneficiário, independentemente da utilização dos serviços, às cooperativas médicas, veterinárias ou
de odontologia, administradoras de plano privado de assistência à saúde ou de seguro saúde, a
retenção a ser efetuada é a constante da rubrica “demais serviços”, no percentual de: (Redação
dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
I - 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de
arrecadação 6190, para os planos de saúde humana, veterinária e odontológicos; e
II - 7,05% (sete inteiros e cinco centésimos por cento), mediante o código 6188, para o
seguro saúde.
Art. 29. No caso de pagamentos a associações de médicos, de veterinários ou de
odontólogos que atuem na intermediação da prestação de serviços médicos, veterinários ou de
odontologia, prestados por pessoas físicas ou por pessoas jurídicas, os quais realizam os
procedimentos médicos, veterinários ou odontológicos, em nome próprio, em suas respectivas
instalações, deverá ser observado o seguinte:
Art. 29. No caso de pagamentos a associações de médicos, de hospitais, de veterinários,
de anestesiologistas, de enfermagem ou de odontólogos, que atuem na intermediação da prestação
de serviços médicos, veterinários, de anestesiologistas, de enfermagem ou de odontologia,
prestados por pessoas físicas ou por pessoas jurídicas, os quais realizam os procedimentos
médicos, hospitalares, de anestesiologista, de enfermagem, veterinários ou odontológicos, em nome
próprio, em suas respectivas instalações, deverá ser observado o seguinte: (Redação dada pelo(a)
Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
I - se o associado for pessoa jurídica, a retenção será efetuada sobre o total pago a cada
pessoa jurídica prestadora dos serviços, observado os seguintes percentuais:
a) 5,85% (cinco inteiros e oitenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de
arrecadação 6147, no caso de serviços hospitalares, de que trata o art. 30, e dos serviços médicos
referidos no art. 31; e
b) 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de
arrecadação 6190, para os demais serviços médicos, veterinários ou odontológicos;
II - se o associado for pessoa física, caberá a retenção do imposto sobre a renda na fonte
calculado com base na tabela progressiva mensal, sobre o total pago a cada pessoa física;
III - no caso de importâncias recebidas a título de comissão, taxa de administração ou de
adesão ao plano, caberá a retenção de 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos por
cento), mediante o código de arrecadação 6190.
§ 1º Para efeito das retenções de que tratam os incisos I, II e III do caput, as associações
de médicos, de veterinários ou de odontólogos deverão apresentar documento de cobrança de sua
emissão ao órgão ou à entidade pagadora, com os valores segregados, relativo à taxa de
administração, se for o caso, e acompanhado das respectivas notas fiscais ou recibos,
correspondentes aos valores dos fornecimentos dos serviços de cada pessoa jurídica ou física, do
qual deverão constar, no mínimo:
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§ 1º Na hipótese de a associação intermediar a prestação de serviços de associações


profissionais ou de cooperativas, deverá exigir destas que discriminem em suas faturas os valores a
serem pagos, ou apresentem faturas segregadas desses valores observando-se o disposto nos
incisos I, II e III do caput do art. 27. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05
de janeiro de 2015)
I - no caso de pessoa jurídica: (Suprimido(a) - vide Instrução Normativa RFB nº 1540, de
05 de janeiro de 2015)
a) o nome e o número de inscrição no CNPJ de cada empresa emitente de nota fiscal,
listada no documento de cobrança; e (Suprimido(a) - vide Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05
de janeiro de 2015)
b) o número da respectiva nota fiscal e o seu valor; (Suprimido(a) - vide Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
II - no caso de pessoa física, o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas (CPF) e o valor a ser pago a cada uma das pessoas físicas prestadoras dos serviços.
(Suprimido(a) - vide Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 2º No caso de diversas notas fiscais ou recibos de uma mesma pessoa jurídica ou
física, os dados a que se referem os incisos I e II do § 1º poderão ser indicados apenas na linha
correspondente à 1ª (primeira) nota fiscal ou recibo listado.
§ 2º Para efeito das retenções de que tratam os incisos I, II e III do caput, as associações
intermediadoras deverão apresentar documento de cobrança de sua emissão ao órgão ou à
entidade pagadora, com os valores segregados, relativos à taxa de administração, se for o caso, e
acompanhado das respectivas notas fiscais ou recibos, correspondentes aos valores dos
fornecimentos dos serviços de cada pessoa jurídica ou física, do qual deverão constar, no mínimo:
(Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
I - no caso de pessoa jurídica: (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de
05 de janeiro de 2015)
a) o nome e o número de inscrição no CNPJ de cada empresa emitente de nota fiscal,
listada no documento de cobrança; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05
de janeiro de 2015)
b) o número da respectiva nota fiscal e o seu valor; (Incluído(a) pelo(a) Instrução
Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
II - no caso de pessoa física, o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas (CPF) e o valor a ser pago a cada uma das pessoas físicas prestadoras dos serviços.
(Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 3º As notas fiscais e os recibos de que trata o § 1º deverão ser emitidos em nome do
órgão ou da entidade pagadora.
§ 3º As notas fiscais e os recibos de que trata o § 2º deverão ser emitidos em nome do
órgão ou da entidade pagadora. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de
janeiro de 2015)
§ 4º Aplicam-se às demais associações que atuam nos moldes das associações médicas,
veterinárias ou de odontologia, de que trata o caput, as disposições contidas neste artigo.
§ 5º As notas fiscais ou recibos de que trata o § 3º poderão, a critério do órgão ou
entidade pagador, ficar arquivadas em poder da associação, devendo, entretanto, as retenções de
que tratam os incisos I, II e III do caput serem efetuadas pelo órgão ou entidade que efetuar o
pagamento, em nome de cada pessoa física ou jurídica, sem prejuízo da entrega à RFB, pelo órgão
ou entidade pagadora, da Dirf prevista no § 2º do art. 37. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa
RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 6º Na hipótese de emissão de documentos fiscais sem a segregação dos serviços
conforme previsto nos incisos I, II e III do caput e no § 1º, a retenção do IR e das contribuições se
dará sobre o valor total do documento fiscal ou fatura, no percentual de 9,45% (nove inteiros e
quarenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de arrecadação 6190 (demais serviços)
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do Anexo I desta Instrução Normativa, a ser retido da associação intermediadora. (Incluído(a)


pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 7º Aplicam-se às demais associações que atuam nos moldes das associações de que
trata o caput, as disposições contidas neste artigo. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº
1540, de 05 de janeiro de 2015)
Seção XI
Dos Serviços Hospitalares e Outros Serviços de Saúde
Art. 30. Para os fins previstos nesta Instrução Normativa, são considerados serviços
hospitalares aqueles prestados por estabelecimentos assistenciais de saúde que dispõem de
estrutura material e de pessoal destinados a atender à internação de pacientes humanos, garantir
atendimento básico de diagnóstico e tratamento, com equipe clínica organizada e com prova de
admissão e assistência permanente prestada por médicos, que possuam serviços de enfermagem e
atendimento terapêutico direto ao paciente humano, durante 24 (vinte e quatro) horas, com
disponibilidade de serviços de laboratório e radiologia, serviços de cirurgia e parto, bem como
registros médicos organizados para a rápida observação e acompanhamento dos casos.
Art. 30. Para os fins previstos nesta Instrução Normativa, são considerados serviços
hospitalares aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados
diretamente à promoção da saúde, prestados pelos estabelecimentos assistenciais de saúde que
desenvolvem as atividades previstas nas atribuições 1 a 4 da Resolução RDC nº 50, de 21 de
fevereiro de 2002, da Anvisa (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de
janeiro de 2015)
Parágrafo único. São também considerados serviços hospitalares, para fins desta
Instrução Normativa, aqueles efetuados pelas pessoas jurídicas:
I - prestadoras de serviços pré-hospitalares, na área de urgência, realizados por meio de
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel instalada em ambulâncias de suporte avançado (Tipo “D”)
ou em aeronave de suporte médico (Tipo “E”); e
II - prestadoras de serviços de emergências médicas, realizados por meio de UTI móvel,
instalada em ambulâncias classificadas nos Tipos “A”, “B”, “C” e “F”, que possuam médicos e
equipamentos que possibilitem oferecer ao paciente suporte avançado de vida.
Art. 31. Nos pagamentos efetuados, a partir de 1º de janeiro de 2009, às pessoas
jurídicas prestadoras de serviços de auxilio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia,
anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que as
prestadoras desses serviços sejam organizadas sob a forma de sociedade empresária e atendam às
normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), será devida a retenção do IR, da
CSLL, da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, no percentual de 5,85% (cinco inteiros e
oitenta e cinco centésimos por cento), mediante o código 6147.
Art. 31. Nos pagamentos efetuados, a partir de 1º de janeiro de 2009, às pessoas
jurídicas prestadoras de serviços hospitalares e de auxilio diagnóstico e terapia, patologia clínica,
imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas,
desde que as prestadoras desses serviços sejam organizadas sob a forma de sociedade empresária
e atendam às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), será devida a retenção
do IR, da CSLL, da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep, no percentual de 5,85% (cinco
inteiros e oitenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de arrecadação 6147. (Redação
dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput aos seguintes serviços de saúde
considerados como espécies de auxílio diagnóstico e terapia: exames por métodos gráficos,
procedimentos endoscópicos, radioterapia, quimioterapia, diálise e oxigenoterapia hiperbárica.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput aos demais serviços previstos na
Atribuição 4: Prestação de Atendimento de Apoio ao Diagnóstico e Terapia, da Resolução RDC nº
50, de 2002, da Anvisa. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro
de 2015)

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Seção XII
Dos Planos Privados de Assistência à Saúde e Odontológica
Art. 32. Nos pagamentos referentes a serviços de assistência médica humana ou
veterinária, odontológica, hospitalar e auxiliares de diagnóstico e terapias, mediante intermediação
de pessoas jurídicas, não cooperativas, operadoras de plano de assistência à saúde humana e
veterinária ou assistência odontológica, contratadas na modalidade de credenciamento, em
benefício de funcionários, servidores ou animais dos órgãos e das entidades de que trata o art. 2º, a
retenção será efetuada em relação à taxa de administração cobrada pela pessoa jurídica operadora
do plano, e a cada uma das demais pessoas jurídicas ou físicas prestadoras dos serviços, sobre o
valor das respectivas notas fiscais ou recibos.
§ 1º Na hipótese do caput, a pessoa jurídica operadora do plano deverá apresentar ao
documento de cobrança de sua emissão ao órgão ou à entidade pagadora, com os valores
segregados, acompanhado da nota fiscal de sua emissão relativa à taxa de administração, e das
respectivas notas fiscais ou recibos, correspondentes aos valores dos fornecimentos dos serviços de
cada pessoa jurídica ou física, do qual deverão constar, no mínimo:
§ 1º Na hipótese prevista no caput, a pessoa jurídica operadora do plano deverá
apresentar documento de cobrança de sua emissão ao órgão ou à entidade pagadora, com os
valores segregados, acompanhado da nota fiscal de sua emissão relativa à taxa de administração, e
das respectivas notas fiscais ou recibos, correspondentes aos valores dos fornecimentos dos
serviços de cada pessoa jurídica ou física, do qual deverão constar, no mínimo: (Redação dada
pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
I - no caso de pessoa jurídica:
a) o nome e o número de inscrição no CNPJ de cada empresa emitente de nota fiscal,
listada no documento de cobrança; e
b) o número da respectiva nota fiscal e o seu valor; e
II - no caso de pessoa física, o nome e o número de inscrição no CPF e o valor a ser pago
a cada uma das pessoas físicas prestadoras dos serviços.
§ 2º No caso de diversas notas fiscais ou recibos de uma mesma pessoa jurídica ou
física, os dados a que se referem os incisos I e II do § 1º poderão ser indicados apenas na linha
correspondente à 1ª (primeira) nota fiscal ou recibo listado.
§ 3º Para fins da retenção de que trata o caput deverá ser observado o seguinte:
I - no caso de pessoa jurídica, a retenção será efetuada sobre o total pago a cada pessoa
jurídica prestadora dos serviços, observado os seguintes percentuais:
a) 5,85% (cinco inteiros e oitenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de
arrecadação 6147, no caso de serviços hospitalares, de que trata o art. 30, e dos serviços médicos
referidos no art. 31; e
b) 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de
arrecadação 6190, para os demais serviços médicos, veterinários ou odontológicos;
II - no caso de pessoa física, caberá a retenção do imposto sobre a renda na fonte
calculado com base na tabela progressiva mensal, sobre o total pago a cada pessoa física;
III - no caso de importâncias recebidas a título de comissão, taxa de administração ou de
adesão ao plano, caberá a retenção de 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos por
cento), mediante o código de arrecadação 6190.
§ 4º As notas fiscais e os recibos de que trata o § 1º deverão ser emitidos em nome do
órgão ou da entidade pagadora.
§ 5º As notas fiscais ou recibos de que trata o § 4º poderão, a critério do órgão ou da
entidade que efetuar o pagamento, ficar arquivadas em poder da pessoa jurídica operadora do
plano, devendo, entretanto, as retenções de que tratam os incisos I e II do § 3º serem efetuadas pelo
órgão ou entidade que efetuar o pagamento em nome de cada pessoa física ou jurídica, sem

http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/imprimir.action?visao=anotado&idAto=37200&tamHA=21 25/29

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prejuízo da entrega à RFB, pelo órgão ou entidade pagadora, da Dirf prevista no § 2º do art. 37.
(Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
§ 6º O disposto neste artigo aplica-se no caso de intermediação por pessoas jurídicas dos
serviços de que trata o caput. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1540, de 05 de
janeiro de 2015)
§ 7º Na hipótese de emissão de documentos fiscais sem a segregação dos serviços
conforme previsto nos incisos I a III do § 3º, a retenção do IR e das contribuições se dará sobre o
valor total do documento fiscal ou fatura, apresentado para cobrança, no percentual de 9,45% (nove
inteiros e quarenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de arrecadação 6190 (demais
serviços) do Anexo I desta Instrução Normativa, a ser retido da pessoa jurídica operadora do plano
ou da intermediadora dos serviços de que trata o caput. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa
RFB nº 1540, de 05 de janeiro de 2015)
Art. 33. Nos pagamentos efetuados, referentes a serviços de assistência odontológica,
médica, veterinária, hospitalar e auxiliares de diagnóstico e terapias, mediante valor fixo por servidor,
por empregado ou por animal, às pessoas jurídicas não cooperativas, operadoras de plano de
assistência à saúde humana ou veterinária ou assistência odontológica ou a operadoras de seguro
saúde, a retenção a ser efetuada é a constante da rubrica “demais serviços”, no percentual de:
I - 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de
arrecadação 6190, para os planos de saúde humano, veterinário e odontológico; e
II - 7,05% (sete inteiros e cinco centésimos por cento), mediante o código 6188, para o
seguro saúde.
§ 1º Nos pagamentos referentes a serviços de assistência odontológica, veterinária,
médica, hospitalar e auxiliares de diagnóstico e terapias, prestados pela própria pessoa jurídica
operadora do plano, ou por empresa ou grupo de empresas médicas (hospitais e clinicas), que
utilizam rede própria para prestação dos serviços médicos, a retenção se dará:
I - no caso de pagamento por valor fixo por servidor ou por empregado, na forma do inciso
I do caput;
II - no caso de pagamento pelo custo operacional, ou seja, quando a contratante repassa
à pessoa jurídica operadora do plano o valor total das despesas assistenciais:
a) 5,85% (cinco inteiros e oitenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de
arrecadação 6147, no caso de serviços hospitalares, de que trata o art. 30, e dos serviços médicos
referidos no art. 31; e
b) 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos por cento), mediante o código de
arrecadação 6190, para os serviços de assistência odontológica, veterinária e demais serviços
médicos não incluídos na alínea “a”;
III - no caso de importâncias recebidas a título de comissão, taxa de administração ou de
adesão ao plano, caberá a retenção de 9,45% (nove inteiros e quarenta e cinco centésimos por
cento), mediante o código de arrecadação 6190.
§ 2º Na hipótese do § 1º, se a operadora do plano utilizar também rede credenciada para
a prestação dos serviços médicos, veterinários ou odontológicos, serão apresentadas faturas,
segregadas observando-se para a retenção o seguinte:
I - a forma do § 1º quando os serviços forem efetuados pela própria pessoa jurídica
operadora do plano, ou por empresa ou grupo de empresas médicas (hospitais e clinicas),
pertencentes a rede própria; e
II - a forma do art. 32 para os serviços prestados sob a forma de credenciamento.
§ 3º A inobservância do disposto nos §§ 1º e 2º acarretará a retenção do IR e das
contribuições sobre o total do documento fiscal, no percentual de 9,45% (nove inteiros e quarenta e
cinco centésimos por cento), mediante o código de arrecadação 6190 do Anexo I a esta Instrução
Normativa.
Seção XIII
Do Aluguel de Imóveis
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Art. 34. Nos pagamentos de aluguel de imóvel, quando o proprietário for pessoa jurídica,
será feita retenção do IR e das contribuições sobre o total a ser pago.
§ 1º Se os pagamentos forem efetuados por intermédio de administradora de imóveis,
esta deverá fornecer à unidade pagadora o nome da pessoa jurídica beneficiária e o respectivo
número de inscrição no CNPJ.
§ 2º Se os pagamentos forem efetuados à entidade aberta de previdência complementar
sem fins lucrativos, não haverá retenção em relação ao IR, cabendo, entretanto, a retenção e o
recolhimento, em códigos distintos, da CSLL, da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep,
utilizando-se, respectivamente, os códigos 6228, 6243 e 6230, conforme estabelecido no § 2º do art.
36.
Seção XIV
Da Pessoa Jurídica Sediada ou Domiciliada no Exterior
Art. 35. No caso de pagamento a pessoa jurídica domiciliada no exterior, não será
efetuada retenção na forma do art. 3º.
§ 1º Sobre o pagamento de que trata o caput incidirá o IR na fonte, a ser retido pelo órgão
pagador, calculado conforme as alíquotas vigentes à época do fato gerador.
§ 2º Na hipótese do § 1º, considera-se ocorrido o fato gerador na data em que os
rendimentos forem pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos para o exterior.
§ 3º No caso em que o pagamento aos beneficiários de que trata este artigo for efetuado
pelo órgão, por intermédio de agência de propaganda ou publicidade, a obrigação de reter e recolher
o IR na fonte é da agência.
Seção XV
Da Pessoa Jurídica Amparada por Medida Judicial
Art. 36. No caso de pessoa jurídica amparada pela suspensão da exigibilidade do crédito
tributário, nas hipóteses a que se referem os incisos II, IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de
outubro de 1966 - Código Tributário Nacional (CTN), ou por sentença judicial transitada em julgado,
determinando a suspensão do pagamento do IR ou de qualquer das contribuições referidas nesta
Instrução Normativa, o órgão ou a entidade que efetuar o pagamento deverá calcular,
individualmente, os valores do IR e das contribuições considerados devidos, aplicar as alíquotas
correspondentes, e efetuar o recolhimento em Darf distintos para cada um deles, utilizando os
seguintes códigos:
I - 6256 - no caso de IR;
II - 6228 - no caso de CSLL;
III - 6243 - no caso de Cofins;
IV - 6230 - no caso da Contribuição para o PIS/Pasep.
§ 1º Ocorrendo qualquer das situações previstas no caput, o beneficiário do rendimento
deverá apresentar à fonte pagadora, a cada pagamento, a comprovação de que continua amparado
por medida judicial que acoberta a não retenção.
§ 2º A retenção em códigos distintos, na forma dos incisos I, II, III e IV do caput, aplica-se
também quando a pessoa jurídica beneficiária do pagamento gozar de isenção, não incidência ou
alíquota zero do IR ou de qualquer das contribuições de que trata esta Instrução Normativa.
CAPÍTULO X

DAS DISPOSIÇÕES FINAIS


Art. 37. O órgão ou a entidade que efetuar a retenção deverá fornecer, à pessoa jurídica
beneficiária do pagamento, comprovante anual de retenção, até o último dia útil de fevereiro do ano
subsequente, podendo ser disponibilizado em meio eletrônico, conforme modelo constante do Anexo
V a esta Instrução Normativa, informando, relativamente a cada mês em que houver sido efetuado o
pagamento, os códigos de retenção, os valores pagos e os valores retidos.

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Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385424789 - Pág. 27
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§ 1º Como forma alternativa de comprovação da retenção, poderá o órgão ou a entidade


fornecer, ao beneficiário do pagamento, cópia do Darf, desde que este contenha a base de cálculo
correspondente ao fornecimento dos bens ou da prestação dos serviços.
§ 2º Anualmente, até o último dia útil de fevereiro do ano subsequente, os órgãos ou as
entidades que efetuarem a retenção de que trata esta Instrução Normativa deverão apresentar à
RFB Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (Dirf), nela discriminando,
mensalmente, o somatório dos valores pagos e o total retido, por contribuinte e por código de
recolhimento.
§ 3º Também deverão ser informados na Dirf, relacionada aos fatos ocorridos a partir do
ano-calendário de 2017, os valores pagos às entidades imunes ou isentas de que tratam os incisos
III e IV do art. 4º desta instrução normativa, nela discriminando, mensalmente, os valores pagos a
cada entidade. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1663, de 07 de outubro de 2016)
Art. 38. As disposições constantes nesta Instrução Normativa:
I - alcançam somente a retenção na fonte do IR, da CSLL, da Cofins e da Contribuição
para o PIS/Pasep, realizada para fins de atendimento ao estabelecido no art. 64 da Lei nº 9.430, de
27 de dezembro de 1996, e no art. 34 da Lei nº 10.833, de 2003;
II - não alteram a aplicação dos percentuais de presunção para efeito de apuração da
base de cálculo do IR a que estão sujeitas as pessoas jurídicas beneficiárias dos respectivos
pagamentos, estabelecidos no art. 15 da Lei nº 9.249, de 1995, exceto quanto aos serviços de
construção por empreitada com emprego de materiais, de que trata o inciso II do § 7º do art. 2º, os
serviços hospitalares, de que trata o art. 30, e os serviços médicos referidos no art. 31.
Art. 39. A dispensa de retenção prevista no art. 4º não isenta as entidades ali
mencionadas do pagamento do IR e das contribuições a que estão sujeitas, como contribuintes ou
responsáveis, em decorrência da natureza das atividades desenvolvidas, na forma da legislação
tributária vigente.
Art. 40. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 41. Ficam revogadas a Instrução Normativa SRF nº 480, de 15 de dezembro de 2004,
a Instrução Normativa SRF nº 539, de 25 de abril de 2005, o art. 2º da Instrução Normativa RFB nº
765, de 2 de agosto de 2007, e os arts. 1º e 2º da Instrução Normativa RFB nº 791, de 10 de
dezembro de 2007.

ZAYDA BASTOS MANATTA


ANEXO I
TABELA DE RETENÇÃO

Anexo I.pdf
ANEXO II
DECLARAÇÃO A SER APRESENTADA PELA PESSOA JURÍDICA CONSTANTE DO INCISO III DO
ART. 3º
DECLARAÇÃO A SER APRESENTADA PELA PESSOA JURÍDICA CONSTANTE DO INCISO III DO
ART. 4º (REDAÇÃO DADA PELO(A) INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB Nº 1244, DE 30 DE JANEIRO
DE 2012)

Anexo II.pdf

Anexo II.pdf (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1663, de 07 de outubro
de 2016)
ANEXO III

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Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385424789 - Pág. 28
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540700001373711971
Número do documento: 22110714591540700001373711971
28/06/2018 IN RFB Nº 1234 - 2012

DECLARAÇÃO A SER APRESENTADA PELA PESSOA JURÍDICA CONSTANTE DO INCISO IV DO


ART. 3º
DECLARAÇÃO A SER APRESENTADA PELA PESSOA JURÍDICA CONSTANTE DO INCISO IV DO
ART. 4º (REDAÇÃO DADA PELO(A) INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB Nº 1244, DE 30 DE JANEIRO
DE 2012)

Anexo III.pdf

Anexo III.pdf (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1663, de 07 de outubro
de 2016)
ANEXO IV
DECLARAÇÃO A SER APRESENTADA PELA PESSOA JURÍDICA CONSTANTE DO INCISO XI DO
ART. 3º
DECLARAÇÃO A SER APRESENTADA PELA PESSOA JURÍDICA CONSTANTE DO INCISO XI DO
ART. 4º (REDAÇÃO DADA PELO(A) INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB Nº 1244, DE 30 DE JANEIRO
DE 2012)

Anexo IV.pdf
ANEXO V
COMPROVANTE ANUAL DE RETENÇÃO
Anexo V.pdf

*Este texto não substitui o publicado oficialmente.

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Número do documento: 22110714591540700001373711971
(...)

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PARTE II

PROGRAMAÇÃO FÍSICO FUNCIONAL DOS ESTABELECIMENTOS DE


SAÚDE

21

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PARTE II - PROGRAMAÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL DOS ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE
SAÚDE

A programação físico-funcional dos estabelecimentos assistenciais de saúde, baseia-se em


um Plano de Atenção à Saúde já elaborado, onde estão determinadas as ações a serem desenvolvidas e as
metas a serem alcançadas, assim como estão definidas as distintas tecnologias de operação e a
conformação das redes físicas de atenção à saúde, delimitando no seu conjunto a listagem de atribuições
de cada estabelecimento de saúde do sistema.

Essas atribuições, tanto na área pública quanto na área privada, são conjuntos de
atividades e sub-atividades específicas, que correspondem a uma descrição sinóptica da organização
técnica do trabalho na assistência à saúde.

Os conjuntos de atribuições admitem diversas composições (teóricas) que são as tipologias


(modelos funcionais) de estabelecimentos assistenciais de saúde. Portanto, cada composição de atribuições
proposta definirá a tipologia própria a ser implantada.

Dessa forma adota-se nesse regulamento técnico uma abordagem onde não se utilizam
programas e projetos pré-elaborados, que freqüentemente são desvinculados das realidades loco-regionais,
mas apresentam-se as diversas atribuições de um estabelecimento assistencial de saúde que acrescidas
das características e especificidades locais, definirão o programa físico-funcional do estabelecimento.

A metodologia utilizada para a composição dos programas funcionais é a apresentação da


listagem, a mais extensa possível, do conjunto das atribuições e atividades do EAS, aqui tratado
genericamente, sem compromisso com soluções padronizadas, embora seja reconhecida uma família de
tipologias tradicionais. O objetivo é apresentar aos projetistas e avaliadores de EAS um leque das diversas
atividades e os ambientes respectivos em que elas ocorrem.

A listagem contém as atribuições e atividades, com a qual se pode montar o


estabelecimento desejado, ou seja, reunindo-se determinado grupo de atribuições-fim, associadas às
atribuições de apoio necessárias ao pleno desenvolvimento das primeiras, define-se um estabelecimento
específico.

Para tanto se deve selecionar as atribuições que participarão do programa de atividades do


estabelecimento, de acordo com as necessidades da instituição, do município, da região e do estado,
baseadas na proposta assistencial a ser adotada. Desta forma a decisão do tipo de estabelecimento a ser
implantado será dos gestores, dos técnicos e da comunidade envolvida, e não mais de acordo com padrões
preestabelecidos nacionalmente.

22

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PARTE II

PROGRAMAÇÃO FÍSICO FUNCIONAL DOS ESTABELECIMENTOS DE


SAÚDE
2 - ORGANIZAÇÃO FÍSICO-FUNCIONAL

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2. ORGANIZAÇÃO FÍSICO FUNCIONAL

Neste capítulo são apresentadas as atribuições e atividades desenvolvidas nos diversos tipos
de EAS. Procurou-se aqui, listar as atividades que são geradoras ou que caracterizam os ambientes. Estas
são também as mais comumente encontradas nos diversos tipos de estabelecimentos. Embora o objetivo
seja esgotar a listagem, esta é sempre passível de modificação, porque sempre será possível o surgimento
e/ou transformação das atividades ou até mesmo das atribuições.

Os grupos de atividades de cada atribuição compõem unidades funcionais que, embora com
estreita conotação espacial, não constituem, por si só, unidades espaciais.

O capítulo trata de questões funcionais genéricas como já citado, e não da descrição de


determinados tipos de estabelecimentos pré-concebidos.

São oito as atribuições que se desdobram em atividades e sub-atividades representadas no


diagrama.

2.1. Atribuições de Estabelecimentos Assistenciais

7. APOIO ADMINISTRATIVO

1. ATEND. EM REGIME AMBULATORIAL


E DE HOSPITAL-DIA
6. ENSINO E 2. ATENDIMENTO IMEDIATO 8. APOIO
PESQUISA 3. ATEND. EM REGIME DE INTERNAÇÃO LOGÍSTICO
4. APOIO AO DIAGNÓSTICO E TERAPIA

5. APOIO TÉCNICO

1-Prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência à saúde em regime ambulatorial e de


hospital-dia - atenção à saúde incluindo atividades de promoção, prevenção, vigilância à saúde da
comunidade e atendimento a pacientes externos de forma programada e continuada;

2-Prestação de atendimento imediato de assistência à saúde - atendimento a pacientes externos em


situações de sofrimento, sem risco de vida (urgência) ou com risco de vida (emergência);

3-Prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de internação- atendimento a


pacientes que necessitam de assistência direta programada por período superior a 24 horas (pacientes
internos);

4-Prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia- atendimento a pacientes internos e


externos em ações de apoio direto ao reconhecimento e recuperação do estado da saúde (contato direto);

5-Prestação de serviços de apoio técnico- atendimento direto a assistência à saúde em funções de apoio
(contato indireto);

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6-Formação e desenvolvimento de recursos humanos e de pesquisa- atendimento direta ou
indiretamente relacionado à atenção e assistência à saúde em funções de ensino e pesquisa;
7-Prestação de serviços de apoio à gestão e execução administrativa- atendimento ao estabelecimento
em funções administrativas;
.
8-Prestação de serviços de apoio logístico - atendimento ao estabelecimento em funções de suporte
operacional.

As quatro primeiras são atribuições fim, isto é, constituem funções diretamente ligadas à
atenção e assistência à saúde. As quatro últimas são atribuições meio para o desenvolvimento das
primeiras e de si próprias.

2.2- Listagem de Atividades

São apresentadas a seguir as listagens das atividades e sub-atividades do EAS,


desdobramentos das atribuições listadas anteriormente.
Em cada caso estão listadas apenas as atividades e sub-atividades próprias ou pertinentes a
cada atribuição.
Evidentemente, cada listagem não vai definir por si uma unidade funcional perfeitamente auto-
suficiente; esta só será possível com a agregação de atividades e sub-atividades próprias ou pertinentes a
outras atribuições.
A partir da determinação das atribuições centrais e de apoio, para o objeto em estudo, a equipe
de programação funcional comporá seu modelo funcional (tipológico), adequado às suas necessidades.

ATRIBUIÇÃO 1: PRESTAÇÃO DE ATENDIMENTO ELETIVO DE PROMOÇÃO E ASSISTÊNCIA À


SAÚDE EM REGIME AMBULATORIAL E DE HOSPITAL-DIA

ATIVIDADES: 1.1-Realizar ações individuais ou coletivas de prevenção à saúde tais como:


imunizações, primeiro atendimento, controle de doenças, visita domiciliar, coleta
de material para exame, etc.;

1.2-Realizar vigilância epidemiológica através de coleta e análise sistemática de


dados, investigação epidemiológica, informação sobre doenças, etc.;

1.3-Promover ações de educação para a saúde, através de palestras, demonstrações


e treinamento “in loco”, campanha, etc.;

1.4-Orientar as ações em saneamento básico através da instalação e manutenção de


melhorias sanitárias domiciliares relacionadas com água, esgoto e resíduos
sólidos;

1.5-Realizar vigilância nutricional através das atividades continuadas e rotineiras de


observação, coleta e análise de dados e disseminação da informação referente
ao estado nutricional, desde a ingestão de alimentos à sua utilização biológica;

1.6-Recepcionar, registrar e fazer marcação de consultas;

1.7-Proceder à consulta médica, odontológica, psicológica, de assistência social, de


nutrição, de farmácia, de fisioterapia, de terapia ocupacional, de fonoaudiologia e
de enfermagem;

1.8-Realizar procedimentos médicos e odontológicos de pequeno porte, sob


anestesia local (punções, biópsia, etc);

1.9-Realizar procedimentos diagnósticos que requeiram preparação e/ou


observação médica posterior, por período de até 24 horas *;

1.10-Realizar procedimentos terapêuticos, que requeiram preparação e/ou


observação médica posterior, por período de até 24 horas *;

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Número do documento: 22110714591540700001373711972
1.11-executar e registrar a assistência médica e de enfermagem por período de até 24
horas; e

1.12- Realizar treinamento especializado para aplicação de procedimento terapêutico


e/ou manutenção ou uso de equipamentos especiais.

* As sub-atividades relativas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos, encontram-se nas listagens da Atribuição 4 que
descrevem cada um dos procedimentos por especialidades.

ATRIBUIÇÃO 2: PRESTAÇÃO DE ATENDIMENTO IMEDIATO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE

ATIVIDADES: 2.1-Nos casos sem risco de vida (urgência de baixa e média complexidade):

2.1.1-fazer triagem para os atendimentos;


2.1.2-prestar atendimento social ao paciente e/ou acompanhante;
2.1.3-fazer higienização do paciente;
2.1.4-realizar procedimentos de enfermagem;
2.1.5-realizar atendimentos e procedimentos de urgência;
2.1.6-prestar apoio diagnóstico e terapêutico por 24 hs;
2.1.7-manter em observação o paciente por período de até 24hs;e
2.1.8-fornecer refeição para o paciente.

2.2- Nos casos com risco de vida (emergência) e nos casos sem risco de vida
(urgências de alta complexidade):

2.2.1-prestar o primeiro atendimento ao paciente;


2.2.2-prestar atendimento social ao paciente e/ou acompanhante;
2.2.3-fazer higienização do paciente;
2.2.4-realizar procedimentos de enfermagem;
2.2.5-realizar atendimentos e procedimentos de emergência e urgência de alta
complexidade;
2.2.6-prestar apoio diagnóstico e terapia por 24 hs;
2.2.7-manter em observação o paciente por período de até 24 hs;e
2.2.8-fornecer refeição para o paciente.

ATRIBUIÇÃO 3: PRESTAÇÃO DE ATENDIMENTO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE EM REGIME DE


INTERNAÇÃO

ATIVIDADES: 3.1- Internação de pacientes adultos e infantis:

3.1.1-proporcionar condições de internar pacientes, em ambientes individuais ou


coletivos, conforme faixa etária, patologia, sexo e intensividade de cuidados;
3.1.2-executar e registrar a assistência médica diária;
3.1.3-executar e registrar a assistência de enfermagem, administrando as diferentes
intervenções sobre o paciente;
3.1.4-prestar assistência nutricional e distribuir alimentação a pacientes (em locais
específicos ou no leito) e a acompanhantes (quando for o caso);
3.1.5-prestar assistência psicológica e social;
3.1.6-realizar atividades de recreação infantil e de terapia ocupacional; e
3.1.7-prestar assistência pedagógica infantil (de 1º grau) quando o período de
internação for superior a 30 dias.

3.2-Internação de recém-nascidos até 28 dias (neonatologia):

3.2.1-alojar e manter sob cuidados recém-nascidos sadios;


3.2.2-proporcionar condições de internar recém-nascidos, patológicos, prematuros e
externos que necessitam de observação;
3.2.3-proporcionar condições de internar pacientes críticos em regime intensivo;
3.2.4-executar e registrar a assistência médica diária;

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3.2.5-executar e registrar a assistência de enfermagem, administrando as diferentes
intervenções sobre o paciente;
3.2.6-prestar assistência nutricional e dar alimentação aos recém-nascidos;
3.2.7-executar o controle de entrada e saída de RN.

3.3-Internação de pacientes em regime de terapia intensiva:

3.3.1-proporcionar condições de internar pacientes críticos, em ambientes individuais


ou coletivos, conforme grau de risco, faixa etária (exceto neonatologia),
patologia e requisitos de privacidade;
3.3.2-executar e registrar a assistência médica intensiva;
3.3.3-executar e registrar a assistência de enfermagem intensiva;
3.3.4-prestar apoio diagnóstico laboratorial, de imagens, hemoterápico, cirúrgico e
terapêutico durante 24 horas;
3.3.5-manter condições de monitoramento e assistência respiratória 24 horas;
3.3.6-prestar assistência nutricional e distribuir alimentação aos pacientes;
3.3.7-manter pacientes com morte cerebral, nas condições de permitir a retirada de
órgãos para transplante, quando consentida; e
3.3.8-prestar informações e assistência aos acompanhantes dos pacientes.

3.4-Internação de pacientes queimados em regime intensivo:

3.4.1-recepcionar e transferir pacientes;


3.4.2-proporcionar condições de internar pacientes com queimaduras graves, em
ambientes individuais ou coletivos, conforme faixa etária, sexo e grau de
queimadura;
3.4.3-executar e registrar a assistência médica ininterrupta;
3.4.4-executar e registrar a assistência de enfermagem ininterrupta;
3.4.5-dar banhos com fins terapêuticos nos pacientes;
3.4.6-assegurar a execução dos procedimentos pré-anestésicos e executar
procedimentos anestésicos;
3.4.7-prestar apoio terapêutico cirúrgico como rotina de tratamento (vide item 5.6.);
3.4.8-prestar apoio diagnóstico laboratorial e de imagens ininterrupto;
3.4.9-manter condições de monitoramento e assistência respiratória ininterruptas;
3.4.10-prestar assistência nutricional de alimentação e hidratação aos pacientes; e
3.4.11-prestar apoio terapêutico de reabilitação fisioterápica aos pacientes.

ATRIBUIÇÃO 4: PRESTAÇÃO DE ATENDIMENTO DE APOIO AO DIAGNÓSTICO E TERAPIA

ATIVIDADES: 4.1-Patologia clínica:

4.1.1-receber ou proceder a coleta de material (no próprio laboratório ou


descentralizada);
4.1.2-fazer a triagem do material;
4.1.3-fazer análise e procedimentos laboratoriais de substâncias ou materiais
biológicos com finalidade diagnóstica e de pesquisa;
4.1.4-fazer o preparo de reagentes/soluções;
4.1.5-fazer a desinfecção do material analisado a ser descartado;
4.1.6-fazer a lavagem e preparo do material utilizado; e
4.1.7-emitir laudo das análises realizadas.

4.2-Imagenologia:

4.2.1-proceder à consulta e exame clínico de pacientes;


4.2.2-preparar o paciente;
4.2.3-assegurar a execução de procedimentos pré-anestésicos e realizar
procedimentos anestésicos;
4.2.4-proceder a lavagem cirúrgica das mãos;
4.2.5-realizar exames diagnósticos e intervenções terapêuticas:

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a)por meio da radiologia através dos resultados de estudos fluoroscópicos ou
radiográficos;
b)por meio da radiologia cardiovascular, usualmente recorrendo a catéteres e
injeções de contraste. Executam-se também procedimentos terapêuticos
como angioplastia, drenagens e embolizações terapêuticas;
c)por meio da tomografia- através do emprego de radiações ionizantes;
d)por meio da ultra-sonografia- através dos resultados dos estudos ultra-
sonográficos;
e)por meio da ressonância magnética- através de técnica que utiliza campos
magnéticos;
f)por meio de endoscopia digestiva e respiratória;
g)por outros meios;
4.2.6-elaborar relatórios médico e de enfermagem e registro dos procedimentos
realizados;
4.2.7-proporcionar cuidados pós-anestésicos e pós procedimentos;
4.2.8-assegurar atendimento de emergência;
4.2.9-realizar o processamento da imagem;
4.2.10-interpretar as imagens e emitir laudo dos exames realizados;
4.2.11-guardar e preparar chapas, filmes e contrastes;
4.2.12-zelar pela proteção e segurança de pacientes e operadores; e
4.2.13-Assegurar o processamento do material biológico coletado nas endoscopias.

4.3-Métodos gráficos:

4.3.1-preparar o paciente;
4.3.2-realizar os exames que são representados por traçados gráficos aplicados em
papel ou em filmes especiais, tais como: eletrocardiograma, ecocardiograma,
ergometria, fonocardiograma, vetocardiograma, eletroencefalograma,
potenciais evocados, etc.; e
4.3.3-emitir laudo dos exames realizados.

4.4-Anatomia patológica e citopatologia:

4.4.1-receber e registrar o material para análise ( peças, esfregaços, líquidos ,


secreções e cadáveres)
4.4.2-fazer a triagem do material recebido;
4.4.3-preparo e guarda dos reagentes;
4.4.4-fazer exames macroscópicos e/ou processamento técnico (clivagem, descrição,
capsulamento, fixação e armazenagem temporária e peças) do material a ser
examinado;
4.4.5-realizar exames microscópicos de materiais teciduais ou citológicos, obtidos por
coleta a partir de esfregaços, aspirados, biópsias ou necrópsias;
4.4.6-realizar necrópsias;
4.4.7-emitir laudo dos exames realizados;
4.4.8-fazer a codificação dos exames realizados;
4.4.9-manter documentação fotográfica científica, arquivo de lâminas e blocos;
4.4.10-zelar pela proteção dos operadores.

4.5-Desenvolvimento de atividades de medicina nuclear:

4.5.1-receber e armazenar os radioisótopos;


4.5.2-fazer o fracionamento dos radioisótopos;
4.5.3-receber e proceder a coleta de amostras de líquidos corporais para ensaios;
4.5.4-realizar ensaios com as amostras coletadas utilizando radioisótopos;
4.5.5-aplicar radioisótopos no paciente pelos meios: injetável, oral ou inalável;
4.5.6-manter o paciente em repouso pós-aplicação;
4.5.7-realizar exames nos pacientes "aplicados";
4.5.8-realizar o processamento da imagem;
4.5.9-manter em isolamento paciente pós-terapia com potencial de emissão
radioativa;

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Número do documento: 22110714591540700001373711972
4.5.10-emitir laudo dos atos realizados e manter documentação; e
4.5.11-zelar pela proteção e segurança dos pacientes e operadores.

4.6-Realização de procedimentos cirúrgicos e endoscópicos,:

4.6.1-recepcionar e transferir pacientes;


4.6.2-assegurar a execução dos procedimentos pré-anestésicos e executar
procedimentos anestésicos no paciente;
4.6.3-proceder a lavagem cirúrgica e anti-sepsia das mãos;
4.6.4-executar cirurgias e endoscopias em regime de rotina ou em situações de
emergência;
4.6.5-realizar endoscopias que requeiram supervisão de médico anestesista;
4.6.6-realizar relatórios médicos e de enfermagem e registro das cirurgias e
endoscopias realizadas;
4.6.7-proporcionar cuidados pós-anestésicos;
4.6.8-garantir o apoio diagnóstico necessário; e
4.6.9-retirar e manter órgãos para transplante.

4.7.Realização de partos normais, cirúrgicos e intercorrências obstétricas:

4.7.1-recepcionar e transferir parturientes;


4.7.2-examinar e higienizar parturiente;
4.7.3-assistir parturientes em trabalho de parto;
4.7.4-assegurar a execução dos procedimentos pré-anestésicos e anestésicos;
4.7.5-proceder a lavagem e anti-sepsia cirúrgica das mãos, nos casos de partos
cirúrgicos;
4.7.6-assistir partos normais;
4.7.7-realizar partos cirúrgicos;
4.7.8-assegurar condições para que acompanhantes das parturientes possam assistir
ao pré-parto, parto e pós-parto, a critério médico;
4.7.9-realizar curetagens com anestesia geral;
4.7.10-realizar aspiração manual intra-uterina-AMIU;
4.7.11-prestar assistência médica e de enfermagem ao RN, envolvendo avaliação de
vitalidade, identificação, reanimação (quando necessário) e higienização;
4.7.12-realizar relatórios médicos e de enfermagem e registro de parto;
4.7.13-proporcionar cuidados pós-anestésicos e pós-parto; e
4.7.14-garantir o apoio diagnóstico necessário.

4.8-Desenvolvimento de atividades de reabilitação em pacientes externos e internos:

4.8.1-preparar o paciente;
4.8.2-realizar procedimentos:

a)por meio da fisioterapia - através de meios físicos:


· Termoterapia (tratamento através de calor) -forno de Bier, infravermelho,
Ultravioleta, ondas curtas, ultra-som e parafina;
· Eletroterapia (tratamento através de corrente elétrica) -corrente galvânica e
corrente farádica;
· Cinesioterapia (tratamento através de movimento) -exercício ativo, exercício
passivo e exercício assistido (com ajuda de aparelhos);
· Mecanoterapia (tratamento através de aparelhos) -tração cervical, tração
lombar, bicicleta fixa, bota de Delorene, mesa de Kanavel, espelho de postura,
barra de Ling, escada e rampa, roda de ombro, paralela, tatame e quadro
balcânico;
· Hidroterapia (tratamento por meio de água) -turbilhão, tanque de Hubbad e
piscina;
b)por meio da terapia ocupacional; e,
c)por meio da fonoaudiologia.
4.8.3-emitir relatório das terapias realizadas.

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4.9-Desenvolvimento de atividades hemoterápicas e hematológicas:

4.9.1-recepcionar e registrar doadores;


4.9.2-manter arquivo de doadores;
4.9.3-fazer triagem hematológica e clínica de doadores;
4.9.4-coletar sangue ou hemocomponentes;
4.9.5-prestar assistência nutricional aos doadores;
4.9.6-proporcionar cuidados médicos aos doadores;
4.9.7-processar sangue em componentes;
4.9.8-analisar as amostras coletadas de doadores;
4.9.9-emitir laudo da análise realizada;
4.9.10-fazer a liberação e rotulagem dos produtos após o resultado das análises
laboratoriais;
4.9.11-estocar sangue e hemocomponentes;
4.9.12-testar os hemocomponentes produzidos;
4.9.13-promover teste de compatibilidade entre a amostra de sangue de pacientes e
hemocomponentes ou sangue de doadores;
4.9.14-distribuir sangue e hemocomponentes;
4.9.15-coletar amostra de sangue de pacientes;
4.9.16-promover terapêutica transfusional em paciente;
4.9.17-promover a aféreses terapêutica em paciente; e
4.9.18-realizar procedimentos de enfermagem.

4.10-Desenvolvimento de atividades de radioterapia:

4.10.1-proceder a consulta médica para o planejamento e programação da terapia;


4.10.2-preparar paciente;
4.10.3-realizar procedimentos de enfermagem;
4.10.4-realizar o planejamento e programação de procedimentos radioterápicos
(cálculos, moldes, máscaras, simulação, etc.);
4.10.5-fazer o preparo dos radioisótopos;
4.10.6-realizar o processamento da imagem;
4.10.7-aplicar radiações ionizantes (Raios X, gama, etc.) para fins terapêuticos
através equipamentos apropriados;
4.10.8-manter em isolamento paciente em terapia com potencial de emissão
radioativa; e,
4.10.9-zelar pela proteção e segurança dos pacientes, operadores e ambientes.

4.11-Desenvolvimento de atividades de quimioterapia:

4.11.1-realizar o planejamento e programação das ações de quimioterapia;


4.11.2-preparar paciente;
4.11.3-realizar procedimentos de enfermagem;
4.11.4-administrar/infundir soluções quimioterápicas para fins terapêuticos;
4.11.5-manter em observação paciente pós-terapia;
4.11.6-emitir laudo e registrar os atos realizados; e
4.11.7-zelar pela proteção e segurança dos pacientes, operadores e ambiente.

4.12-Desenvolvimento de atividades de diálise:

4.12.1-proceder a consulta médica para elaboração de plano de diálise;


4.12.2-proporcionar cuidados médicos imediatos aos pacientes com intercorrências
advindas da diálise;
4.12.3-proporcionar condições para o tratamento (deionização, osmose reversa ou
outro) da água a ser utilizada nas terapias;
4.12.4-realizar diálises (peritoniais e/ou hemodiálise);
4.12.5-realizar procedimentos de enfermagem;
4.12.6-realizar o processamento de limpeza e desinfecção dos capilares para reuso
nas diálises; e,

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4.12.7-proceder ao treinamento de DPAC (Diálise Peritonial Ambulatorial Contínua)
para os pacientes;
4.12.8-prestar assistência nutricional aos pacientes.

4.13-Desenvolvimento de atividades relacionadas ao leite humano

4.13.1-recepcionar, registrar e fazer a triagem das doadoras;


4.13.2-preparar a doadora;
4.13.3-coletar leite humano (colostro, leite de transição e leite maduro), intra ou extra
estabelecimento;
4.13.4-fazer o processamento do leite coletado, compreendendo as etapas de
seleção, classificação, tratamento e acondicionamento;
4.13.5-fazer a estocagem do leite processado;
4.13.6-fazer o controle de qualidade do leite coletado e processado;
4.13.7-distribuir leite humano;
4.13.8-promover ações de educação no âmbito do aleitamento materno, através de
palestras, demonstrações e treinamento “in loco”; e
4.13.9-proporcionar condições de conforto aos lactentes acompanhantes da doadora.

4.14-Desenvolvimento de atividades de oxigenoterapia hiperbárica (OHB):

4.14.1-proceder a consulta médica para o planejamento e programação da terapia;


4.14.2-emitir relatório das terapias realizadas;
4.14.3-realizar o tratamento médico através de câmara hiperbárica individual ou
coletiva;
4.14.4-Proporcionar acompanhamento médico aos pacientes durante as seções de
tratamento;
4.14.5-proporcionar cuidados médicos imediatos aos pacientes com intercorrências
advindas do tratamento;
4.14.6-realizar procedimentos de enfermagem;
4.14.7-zelar pela proteção e segurança dos pacientes, operadores e ambiente.

ATRIBUIÇÃO 5: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE APOIO TÉCNICO

ATIVIDADES: 5.1-Proporcionar condições de assistência alimentar a indivíduos enfermos e sadios *.

5.1.1.receber, selecionar e controlar alimentos, fórmulas, preparações e utensílios;


5.1.2-armazenar alimentos, fórmulas, preparações e utensílios;
5.1.3-distribuir alimentos e utensílios para preparo;
5.1.4-fazer o preparo dos alimentos e fórmulas;
5.1.5-fazer a cocção das dietas normais, desjejuns e lanches;
5.1.6-fazer a cocção das dietas especiais;
5.1.7-fazer o preparo de fórmulas lácteas e não lácteas;
5.1.8-fazer a manipulação das nutrições enterais;
5.1.9-fazer o porcionamento das dietas normais;
5.1.10-fazer o porcionamento das dietas especiais;
5.1.11-fazer o envase, rotulagem e esterilização das fórmulas lácteas e não lácteas;
5.1.12-fazer o envase e rotulagem das nutrições enterais;
5.1.13-distribuir as dietas normais e especiais;
5.1.14.distribuir as fórmulas lácteas e não lácteas;
5.1.15-distribuir as nutrições enterais;
5.1.16-distribuir alimentação e oferecer condições de refeição aos pacientes,
funcionários, alunos e público;
5.1.17-distribuir alimentação específica e individualizada aos pacientes;
5.1.18-higienizar e guardar os utensílios da área de preparo;
5.1.19-receber, higienizar e guardar utensílios dos pacientes além de descontaminar
e esterilizar os utensílios provenientes de quartos de isolamento;
5.1.20-receber, higienizar e guardar as louças, bandeja e talheres dos funcionários,
alunos e público;

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19/06/2018 SC Disit/SRRF06 Nº 6066 - 2017

Visão Multivigente

SOLUÇÃO DE CONSULTA DISIT/SRRF06 Nº 6066, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2017

(Publicado(a) no DOU de 26/12/2017, seção 1, página 833)

ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA


JURÍDICA - IRPJ
EMENTA: LUCRO PRESUMIDO. PROCEDIMENTOS
ODONTOLÓGICOS. PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO. Para
efeito de determinação da base de cálculo do Imposto de
Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) devido por pessoa jurídica
tributada com base no lucro presumido, aplica-se o
percentual de 32% (trinta e dois por cento) sobre a receita
bruta decorrente da prestação de serviços odontológicos, tais
como intervenções cirúrgicas odontológicas buco-maxilo
faciais, implantodontia e intervenções cirúrgicas
odontológicas em geral; procedimentos de ortodontia e
ortopedia facial; diagnósticos, tratamento e assistência
permanente, geral e ininterrupta em matéria odontológica;
raios-x, radiodiagnóstico e radioterapia odontológicos; e
consultas simples e análises ambulatoriais. LUCRO
PRESUMIDO. SERVIÇOS DE PATOLOGIA CLÍNICA.
PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO. A partir de 1º de janeiro de
2009, para efeito de determinação da base de cálculo do
Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) devido por
pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido,
aplica-se o percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita
bruta decorrente da prestação de serviços de patologia
clínica, desde que a prestadora desses serviços seja
organizada sob a forma de sociedade empresária (de direito
e de fato) e atenda às normas da Anvisa. SOLUÇÃO DE
CONSULTA VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT
Nº 36, DE 19 DE ABRIL DE 2016, E À SOLUÇÃO DE
CONSULTA COSIT Nº 7, DE 7 DE JANEIRO DE 2014.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.249, de 1995, art. 15, caput e
§§ 1º, III, “a” e 2º; IN RFB nº 1.234, de 2012, art. 30 (com
redação dada pela IN RFB nº 1.540, de 2015); Nota Explicativa
PGFN/CRJ nº 1.114, de 2012, Anexo, item 52.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO
LÍQUIDO - CSLL
EMENTA: LUCRO PRESUMIDO. PROCEDIMENTOS
ODONTOLÓGICOS. PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO. Para
efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida por pessoa
jurídica tributada com base no lucro presumido, aplica-se o
percentual de 32% (trinta e dois por cento) sobre a receita
bruta decorrente da prestação de serviços odontológicos, tais
como intervenções cirúrgicas odontológicas buco-maxilo
faciais, implantodontia e intervenções cirúrgicas
odontológicas em geral; procedimentos de ortodontia e
ortopedia facial; diagnósticos, tratamento e assistência
permanente, geral e ininterrupta em matéria odontológica;
raios-x, radiodiagnóstico e radioterapia odontológicos; e
consultas simples e análises ambulatoriais. LUCRO
PRESUMIDO. SERVIÇOS DE PATOLOGIA CLÍNICA.
PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO. A partir de 1º de janeiro de
http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/imprimir.action?visao=anotado&idAto=88884&tamHA=0 1/2

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Número do documento: 22110714591540700001373711973
19/06/2018 SC Disit/SRRF06 Nº 6066 - 2017
2009, para efeito de determinação da base de cálculo da
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida por
pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido,
aplica-se o percentual de 12% (doze por cento) sobre a
receita bruta decorrente da prestação de serviços de
patologia clínica, desde que a prestadora desses serviços
seja organizada sob a forma de sociedade empresária (de
direito e de fato) e atenda às normas da Anvisa. SOLUÇÃO
DE CONSULTA VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA
COSIT Nº 36, DE 19 DE ABRIL DE 2016, E À SOLUÇÃO DE
CONSULTA COSIT Nº 7, DE 7 DE JANEIRO DE 2014.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.249, de 1995, art. 15, caput e
§§ 1º, III, “a” e 2º, e art. 20; IN RFB nº 1.234, de 2012, art. 30
(com redação dada pela IN RFB nº 1.540, de 2015); Nota
Explicativa PGFN/CRJ nº 1.114, de 2012, Anexo, item 52.

SC SRRF06-Disit nº 6066-2017.pdf

*Este texto não substitui o publicado oficialmente.

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Normas - Sistema Gestão da Informação


Visão Anotada

SOLUÇÃO DE CONSULTA DISIT/SRRF06 Nº 6052, DE 29 DE NOVEMBRO DE 2016

(Publicado(a) no DOU de 01/12/2016, seção 1, pág. 59)

ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ


EMENTA: LUCRO PRESUMIDO. SERVIÇOS HOSPITALARES.
PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO. REQUISITOS. São
requisitos necessários à utilização do percentual de 8% na
apuração da base de cálculo do IRPJ na sistemática do lucro
presumido: a) a prestação de serviços hospitalares, assim
considerados aqueles que se vinculam às atividades
desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde, prestados por estabelecimentos
assistenciais de saúde que desenvolvam as atividades
previstas nas atribuições 1 a 4 da RDC Anvisa nº 50, de 2002
(exceto consultas médicas); e b) a prestadora dos serviços ser
organizada, de fato e de direito, como sociedade empresária e
atender às normas da Anvisa. Compete ao próprio contribuinte
realizar o enquadramento de seus procedimentos às atividades
previstas nas atribuições 1 a 4 da RDC Anvisa nº 50, de 2002.
SOLUÇÃO DE CONSULTA VINCULADA À SOLUÇÃO DE
CONSULTA Nº 36, DE 19 DE ABRIL DE 2016.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.249, de 1995, art. 15, caput e
§§ 1º, III, “a” e 2º; IN RFB nº 1.234, de 2012, art. 30 (com
redação dada pela IN RFB nº 1.540, de 2015); Nota Explicativa
PGFN/CRJ nº 1.114, de 2012, Anexo, item 52.
ASSUNTO: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
EMENTA: LUCRO PRESUMIDO. SERVIÇOS HOSPITALARES.
PERCENTUAL DE PRESUNÇÃO. REQUISITOS. São
requisitos necessários à utilização do percentual de 12% na
apuração da base de cálculo da CSLL na sistemática do lucro
presumido: a) a prestação de serviços hospitalares, assim
considerados aqueles que se vinculam às atividades
desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde, prestados por estabelecimentos
assistenciais de saúde que desenvolvam as atividades
previstas nas atribuições 1 a 4 da RDC Anvisa nº 50, de 2002
(exceto consultas médicas); e b) a prestadora dos serviços ser
organizada, de fato e de direito, como sociedade empresária e
atender às normas da Anvisa. Compete ao próprio contribuinte
realizar o enquadramento de seus procedimentos às atividades
previstas nas atribuições 1 a 4 da RDC Anvisa nº 50, de 2002.
SOLUÇÃO DE CONSULTA VINCULADA À SOLUÇÃO DE
CONSULTA Nº 36, DE 19 DE ABRIL DE 2016.
DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.249, de 1995, art. 15, caput e
§§ 1º, III, “a” e 2º, e art. 20; IN RFB nº 1.234, de 2012, art. 30
(com redação dada pela IN RFB nº 1.540, de 2015); Nota
Explicativa PGFN/CRJ nº 1.114, de 2012, Anexo, item 52.

1 de 2 31/01/2017 13:01

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Número do documento: 22110714591540700001373711974
SC Disit/SRRF06 nº 6052 - 2016 http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/imprimir.action?vi...

ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ

EMENTA: LUCRO PRESUMIDO. SERVIÇOS HOSPITALARES. PERCENTUAL DE


PRESUNÇÃO. REQUISITOS. São requisitos necessários à utilização do percentual de 8% na
apuração da base de cálculo do IRPJ na sistemática do lucro presumido: a) a prestação de serviços
hospitalares, assim considerados aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos
hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde, prestados por estabelecimentos assistenciais
de saúde que desenvolvam as atividades previstas nas atribuições 1 a 4 da RDC Anvisa nº 50, de
2002 (exceto consultas médicas); e b) a prestadora dos serviços ser organizada, de fato e de direito,
como sociedade empresária e atender às normas da Anvisa. Compete ao próprio contribuinte
realizar o enquadramento de seus procedimentos às atividades previstas nas atribuições 1 a 4 da
RDC Anvisa nº 50, de 2002. SOLUÇÃO DE CONSULTA VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA
Nº 36, DE 19 DE ABRIL DE 2016.

DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.249, de 1995, art. 15, caput e §§ 1º, III, “a” e 2º; IN RFB
nº 1.234, de 2012, art. 30 (com redação dada pela IN RFB nº 1.540, de 2015); Nota Explicativa
PGFN/CRJ nº 1.114, de 2012, Anexo, item 52.
ASSUNTO: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL

EMENTA: LUCRO PRESUMIDO. SERVIÇOS HOSPITALARES. PERCENTUAL DE


PRESUNÇÃO. REQUISITOS. São requisitos necessários à utilização do percentual de 12% na
apuração da base de cálculo da CSLL na sistemática do lucro presumido: a) a prestação de serviços
hospitalares, assim considerados aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos
hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde, prestados por estabelecimentos assistenciais
de saúde que desenvolvam as atividades previstas nas atribuições 1 a 4 da RDC Anvisa nº 50, de
2002 (exceto consultas médicas); e b) a prestadora dos serviços ser organizada, de fato e de direito,
como sociedade empresária e atender às normas da Anvisa. Compete ao próprio contribuinte
realizar o enquadramento de seus procedimentos às atividades previstas nas atribuições 1 a 4 da
RDC Anvisa nº 50, de 2002. SOLUÇÃO DE CONSULTA VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA
Nº 36, DE 19 DE ABRIL DE 2016.

DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.249, de 1995, art. 15, caput e §§ 1º, III, “a” e 2º, e art.
20; IN RFB nº 1.234, de 2012, art. 30 (com redação dada pela IN RFB nº 1.540, de 2015); Nota
Explicativa PGFN/CRJ nº 1.114, de 2012, Anexo, item 52.

MÁRIO HERMES SOARES CAMPOS


Chefe

*Este texto não substitui o publicado oficialmente.

2 de 2 31/01/2017 13:01

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CONCORDÂNCIAS
DA UNIÃO FEDERAL

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Número do documento: 22110714591540700001373711976
Justiça Federal da 1ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico

27/02/2021

Número: 1006536-92.2021.4.01.3400
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 14ª Vara Federal Cível da SJDF
Última distribuição : 09/02/2021
Valor da causa: R$ 70.000,00
Assuntos: IRPJ/Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, Repetição de indébito, Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ORAL UNIC FORTALEZA LTDA (AUTOR) EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
UNIAO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) (REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
45952 26/02/2021 16:39 Manifestação Manifestação
3893

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385424794 - Pág. 2
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Número do documento: 22110714591540700001373711976
A Fazenda Nacional vem, respeitosamente, por seu procurador firmado, informar que
está dispensada de contestar a presente ação, no que concerne ao seguinte:

Abrangência:
Tema com dispensa de contestar e recorrer, no âmbito da PGFN.

Precedentes:
REsp 1.116.399/BA (tema nº 217 de recursos repetitivos).
AgRg REsp 1.146.024/RS.

Resumo:
Para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão
"serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95,
deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade
realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não
considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo),
mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Ficou
consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos
dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os contribuintes
cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter
estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício.
Para fins de redução da alíquota, devem ser considerados serviços hospitalares
"aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados
diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não
necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar,
excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com
as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos". Ficou
consignado que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam
às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a
redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta
da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da
receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal,
desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei
9.249/95.

Observações:
1-O benefício não se aplica às consultas médicas, nem mesmo quando
realizadas no interior de hospitais, de modo que só abrange parcela das receitas
da sociedade que decorre da prestação de serviços hospitalares propriamente
ditos.

2-Ressaltamos que o STF não reconheceu repercussão geral com relação a este
tema (AI 803.140).

3-Deve ser apresentada contestação e interposto recurso quando se tratar de


sociedade simples e EIRELI, tendo-se em vista a alteração introduzida pela Lei
11.718/08 no art 15, III, da Lei 9.249/95, segundo a qual a alíquota reduzida será
aplicável apenas quando a prestadora de serviços for organizada sob a forma de
sociedade empresária.

Assinado eletronicamente por: VIVIAN MARIA DE PAULA MONTEIRO GUIMARAES - 26/02/2021 16:39:33 Num. 459523893 - Pág. 1
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Número do documento: 22110714591540700001373711976
4- Para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/2009, deve-se atentar para a
incidência da nova redação do art. 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/95,
considerando a alteração promovida pela Lei nº 11.727/2008 (art. 29 c/c art. 41,
VI). Portanto, a partir de tal marco, a prestadora dos serviços referidos na alínea
em comento deve estar organizada sob a forma de sociedade empresária
(excluídas, portanto, as sociedades simples e os empresários individuais) e
atender às normas da ANVISA. Vide REsp 1606437/SC, AgRg no REsp
1538506/SC, AgRg no REsp 1506187/PR, AgRg no REsp 1383586/RS, AgRg
nos EDcl no REsp 1369745/RS, dentre outros.

5- Nos termos do art. 33, § 3º, da IN RFB 1700/2017, entende-se como


atendimento às normas da Anvisa, entre outras, a prestação de serviços em
ambientes desenvolvidos de acordo com o item 3 - Dimensionamento,
Quantificação e Instalações Prediais dos Ambientes da Parte II - Programação
Físico-Funcional dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde da Resolução
RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, cuja comprovação deve ser feita
mediante alvará da vigilância sanitária estadual ou municipal.

Por fim, considerando o reconhecimento do pedido quanto ao mérito, requer seja


eximida a União do pagamento de honorários de sucumbência, nos termos do art. 19, III, da Lei
nº 10.522/2002.

Nesses termos, pede e espera deferimento.

Brasil, 26 de fevereiro de 2021.

VIVIAN Mª DE P. M. GUIMARÃES
Procuradora da Fazenda Nacional

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Justiça Federal da 1ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico

03/03/2021

Número: 1006545-54.2021.4.01.3400
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 13ª Vara Federal Cível da SJDF
Última distribuição : 09/02/2021
Valor da causa: R$ 70.000,00
Assuntos: IRPJ/Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, Repetição de indébito, Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ORAL UNIC ODONTOLOGIA FRANCA LTDA (AUTOR) EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
UNIAO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) (REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
46258 02/03/2021 11:15 Reconhecimento do Pedido Manifestação
9371

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385424794 - Pág. 5
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Número do documento: 22110714591540700001373711976
A União (Fazenda Nacional) manifesta ciência do despacho de citação para reconhecer o pedido
da parte autora, uma vez que encontram-se preenchidos os requisitos probatórios e a matéria
estar incluída em lista com dispensa para contestar e recorrer. Solicita-se que não haja
condenação em honorários de sucumbência, nos termos do art. 19, da Lei n. 10.522/2002.

Nestes termos, pede deferimento.

Assinado eletronicamente por: MAURO HENRIQUE PEREIRA DOS SANTOS - 02/03/2021 11:15:29 Num. 462589371 - Pág. 1
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21030211152919000000457150100
Número do documento: 21030211152919000000457150100

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385424794 - Pág. 6
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Número do documento: 22110714591540700001373711976
Justiça Federal da 1ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico

06/03/2021

Número: 1008003-09.2021.4.01.3400
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 5ª Vara Federal Cível da SJDF
Última distribuição : 16/02/2021
Valor da causa: R$ 70.000,00
Assuntos: IRPJ/Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ORAL UNIC ODONTOLOGIA GOVERNADOR VALADARES EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
LTDA (AUTOR)
UNIAO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) (REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
46751 05/03/2021 16:27 Reconhecimento do Pedido Manifestação
5868

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Número do documento: 22110714591540700001373711976
A União (Fazenda Nacional) manifesta ciência do despacho de citação para reconhecer o pedido
da parte autora, uma vez presentes provas e demais condições da matéria com dispensa de
contestar e recorrer. Solicita-se que não haja condenação em honorários de sucumbência,
nos termos do art. 19, da Lei n. 10.522/2022.

Nestes termos, pede deferimento.

Assinado eletronicamente por: MAURO HENRIQUE PEREIRA DOS SANTOS - 05/03/2021 16:27:45 Num. 467515868 - Pág. 1
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21030516274481900000462057062
Número do documento: 21030516274481900000462057062

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385424794 - Pág. 8
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Número do documento: 22110714591540700001373711976
Justiça Federal da 1ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico

06/03/2021

Número: 1008050-80.2021.4.01.3400
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 5ª Vara Federal Cível da SJDF
Última distribuição : 17/02/2021
Valor da causa: R$ 70.000,00
Assuntos: IRPJ/Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
JAPI ODONTOLOGIA LTDA (AUTOR) EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
UNIAO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) (REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
46711 05/03/2021 15:36 Reconhecimento do Pedido Manifestação
1926

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385424794 - Pág. 9
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Número do documento: 22110714591540700001373711976
A União (Fazenda Nacional) manifesta ciência do despacho de citação para reconhecer o pedido
da parte autora, uma vez que estão presente provas e demais condições da matéria com
dispensa para contestar e recorrer. Solicita-se que não haja condenação em honorários de
sucumbência, nos termos do art. 19, da Lei n. 10.522/2002.

Nestes termos, pede deferimento.

Assinado eletronicamente por: MAURO HENRIQUE PEREIRA DOS SANTOS - 05/03/2021 15:36:36 Num. 467111926 - Pág. 1
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21030515363552800000461947032
Número do documento: 21030515363552800000461947032

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385424794 - Pág. 10
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540700001373711976
Número do documento: 22110714591540700001373711976
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
PROCURADORIA-SECCIONAL DA FAZENDA NACIONAL EM BLUMENAU-SC
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A)

UNIÃO - FAZENDA NACIONAL, presentada pelo Procurador da Fazenda


Nacional, infra-assinado, nomeado por meio da Portaria Interministerial 175, de 18.08.2008,
publicada no DOU – Edição 160, Seção 2, de 20.08.2008, pp. 24/26, vem, respeitosamente,
com fundamento no art. 19, II, da Lei n. 10.522/2002, apresentar seu
RECONHECIMENTO EXPRESSO DA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO, respeitado o
lustro prescricional para a repetição de indébito, considerando a inserção do tema na Lista
exemplificativa de temas com jurisprudência consolidada do STF ou Tribunal superior,
inclusive a decorrente de julgamento de casos repetitivos, em sentido desfavorável à União,
conforme art. 2º, V, VII e §§ 3º a 8º, da Portaria PGFN Nº 502/2016, e requerer a não
condenação em honorários advocatícios, nos termos da Lei 10.522/2002, art. 19, II, § 1º:

“Art. 19. Fica a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar,


a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista
outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: […]
II - matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal,
do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal
Superior Eleitoral, sejam objeto de ato declaratório do Procurador-Geral da Fazenda
Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda;
(…) § 1o Nas matérias de que trata este artigo, o Procurador da Fazenda Nacional
que atuar no feito deverá, expressamente: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013)
I - reconhecer a procedência do pedido, quando citado para apresentar resposta,
inclusive em embargos à execução fiscal e exceções de pré-executividade, hipóteses
em que não haverá condenação em honorários;”

De fato, verifica-se que o STJ, ao apreciar o REsp 1.116.399/BA, relator o


Min. Benedito Gonçalves, já julgou o tema em sede de recurso repetitivo, nos termos do art.
543-C do CPC, pacificando seu entendimento acerca da matéria no sentido de que para fins
do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares",
constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma
objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei,
ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte
em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde).

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385424794 - Pág. 11
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Número do documento: 22110714591540700001373711976
ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
PROCURADORIA-SECCIONAL DA FAZENDA NACIONAL EM BLUMENAU-SC
Para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/2009, deve-se atentar para a
incidência da nova redação do art. 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/95, considerando a
alteração promovida pela Lei nº 11.727/2008 (art. 29 c/c art. 41, VI). Portanto, a partir de tal
marco, a prestadora dos serviços referidos na alínea em comento deve estar organizada sob a
forma de sociedade empresária (excluídas, portanto, as sociedades simples e os empresários
individuais) e atender às normas da ANVISA. Vide REsp 1606437/SC, AgRg no REsp
1538506/SC, AgRg no REsp 1506187/PR, AgRg no REsp 1383586/RS, AgRg nos EDcl no
REsp 1369745/RS, dentre outros.
Importante frisar que o benefício não se aplica às consultas médicas, nem
mesmo quando realizadas no interior de hospitais, de modo que só abrange parcela das
receitas da sociedade empresária hospitalar que decorre da prestação de serviços hospitalares
propriamente ditos.
Por fim, considerando que há pedido condenatório, tem-se que ressalvar tal
condição de não aplicação às consultas médicas e a necessidade de manifestação da RFB.
Assim, em relação ao pedido condenatório, informa que se manifestará sobre a correção do
valores no âmbito da fase de cumprimento de sentença.

Nestes termos, pede deferimento.

(assinado eletronicamente)
FLÁVIO LÚCIO CHAVES DE RESENDE
Procurador da Fazenda Nacional

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385424794 - Pág. 12
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Número do documento: 22110714591540700001373711976
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria da Fazenda Nacional em Santa Catarina

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DA 1ª VARA DE CHAPECÓ

Processo 5001940-58.2018.4.04.7202

A UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), por seu procurador signatário, pelas


razões de fato e de direito a seguir, vem apresentar

CONTESTAÇÃO

SÍNTESE

Trata-se de ação ajuizada visando ao reconhecimento da parte autora


como prestadora de serviços hospitalares e, em relação ao referidos serviços, sujeita a
alíquota de presunção de lucro de 8% referente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica
(IRPJ) e a alíquota de 12% referente a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL), excluídas as consultas médicas, as atividades administrativas e os tratamentos
exclusivamente estéticos. A seguir, os esclarecimentos fazendários acerca dos limites
a serem observados nessa sorte de ação judicial.

DIREITO

Inicialmente, em relação à matéria, de modo genérico, consigna-se que há


autorização de dispensa de contestação e de interposição de recurso em relação
à matéria em exame nos autos, balizada pela decisão proferida no REsp 1.116.399/BA
(art. 543-C do CPC, grifou-se):

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL.


VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO
CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE
CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS

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Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria da Fazenda Nacional em Santa Catarina

HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA.


DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA
INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA
SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO
ARTIGO 543-C DO CPC.
1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços
hospitalares" prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de
alíquota do IRPJ e da CSLL. Discute-se a possibilidade de, a despeito da
generalidade da expressão contida na lei, poder-se restringir o benefício
fiscal, incluindo no conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles
estabelecimentos destinados ao atendimento global ao paciente,
mediante internação e assistência médica integral.
2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente
Ministro Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior,
decidiu que, para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas,
a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso
III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja,
sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto
a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou
a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do
próprio serviço prestado (assistência à saúde). Na mesma oportunidade,
ficou consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal
referentes aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir
que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo
da necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes)
para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que "a dispensa da
capacidade de internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei
9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento as disposições
constantes em atos regulamentares".
3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se
vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente
à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não
necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar,
excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica
com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos".
4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se
aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem
como de que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere
a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente
considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente

2/5

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Número do documento: 22110714591540700001373711976
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria da Fazenda Nacional em Santa Catarina

da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo


contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95.
5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida
presta serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada
à promoção da saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser
realizada em ambientes hospitalares ou similares, não se assemelhando a
simples consultas médicas, motivo pelo qual, segundo o novel entendimento
desta Corte, faz jus ao benefício em discussão (incidência dos percentuais
de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso
de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de
prestação de serviços médicos laboratoriais).
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia,
submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
7. Recurso especial não provido.
(STJ, REsp 1.116.399/BA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 24/02/2010)

Do exame do referido precedente, conclui-se que, para fins do pagamento


dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante
do artigo 15, § 1º, inc. III, da Lei 9.249/1995, deve ser interpretada de forma objetiva
(sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei não
considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas
a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde).

Ficou decidido, ainda, que os regulamentos emanados da RECEITA


FEDERAL DO BRASIL, referentes aos dispositivos legais mencionados, não poderiam
exigir cumprimento de requisitos não previstos em lei (p. ex., necessidade de
manter estrutura de internação de pacientes) para a obtenção do benefício.

Para fins de redução da alíquota, devem ser considerados serviços


hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos
hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra,
mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento
hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se
identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios
médicos".

Ficou decidido, finalmente, que as modificações introduzidas pela Lei


11.727/2008 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem
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como de que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/1995 não se refere a toda
a receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim
àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita
ao benefício fiscal desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do art. 15, §
2º, da Lei 9.249/1995.

Neste ponto, importante assinalar que, com a edição da Lei 11.727/2008, o


art. 15, § 1º, inc. III, da Lei 9.249/1995, passou a ter a seguinte redação (grifou-se):

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente,
observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. (Vide
Medida Provisória nº 252, de 15/06/2005)
§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:
I - um inteiro e seis décimos por cento, para a atividade de revenda, para consumo,
de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural; II -
dezesseis por cento:
a) para a atividade de prestação de serviços de transporte, exceto o de carga, para o
qual se aplicará o percentual previsto no caput deste artigo;
b) para as pessoas jurídicas a que se refere o inciso III do art. 36 da Lei nº 8.981, de
20 de janeiro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 da referida Lei;
III - trinta e dois por cento, para as atividades de: (Vide Medida Provisória nº 232, de
2004)
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio
diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a
prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária
e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa;
(Redação dada pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008)
b) intermediação de negócios;
c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer
natureza;
d) prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia,
mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a
pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a
prazo ou de prestação de serviços (factoring).
§ 2º No caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente
a cada atividade.
§ 3º As receitas provenientes de atividade incentivada não comporão a base de
cálculo do imposto, na proporção do benefício a que a pessoa jurídica, submetida ao
regime de tributação com base no lucro real, fizer jus.
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§ 4º O percentual de que trata este artigo também será aplicado sobre a receita
financeira da pessoa jurídica que explore atividades imobiliárias relativas a
loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à
venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para a revenda,
quando decorrente da comercialização de imóveis e for apurada por meio de índices
ou coeficientes previstos em contrato. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

Portanto, a partir da vigência da Lei 11.727/2008, ocorrida em 01.01.2009,


a parte autora, além de ter que se enquadrar naqueles serviços especificados no art.
15, § 1º, inc. III, alínea “a”, da Lei 9.249/1995, deve ser organizada sob a forma de
sociedade empresária e deve atender às normas da ANVISA. Esse é o balizamento
observado pela União (Fazenda Nacional).

Quanto à inserção da parte autora nesse figurino legal, ou seja, à prova


relativa à observância dos requisitos em referência, trata-se de ônus essencialmente
autoral, eis que se refere a fato constitutivo do direito pleiteado.

Se comprovado, portanto, o exato e pleno preenchimento dos requisitos


legais no caso concreto, o benefício fiscal passa a ser – desde a data do preenchimento,
naturalmente – cabível e incontroverso à parte ora autora. Do contrário, não há como
acolher a pretensão do contribuinte.

3. PEDIDOS

Ante o exposto, a União (Fazenda Nacional) consigna sua não-oposição


ao mérito da presente demanda, sempre respeitados estritamente os limites fixados no
julgamento do REsp 1.116.399/BA.

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PROCURADORIA-SECCIONAL DA FAZENDA NACIONAL EM BLUMENAU-SC
EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A)

UNIÃO - FAZENDA NACIONAL, presentada pelo Procurador da Fazenda


Nacional, infra-assinado, nomeado por meio da Portaria Interministerial 175, de 18.08.2008,
publicada no DOU – Edição 160, Seção 2, de 20.08.2008, pp. 24/26, vem, respeitosamente,
com fundamento no art. 19, II, da Lei n. 10.522/2002, apresentar seu
RECONHECIMENTO EXPRESSO DA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO, respeitado o
lustro prescricional para a repetição de indébito, considerando a inserção do tema na Lista
exemplificativa de temas com jurisprudência consolidada do STF ou Tribunal superior,
inclusive a decorrente de julgamento de casos repetitivos, em sentido desfavorável à União,
conforme art. 2º, V, VII e §§ 3º a 8º, da Portaria PGFN Nº 502/2016, e requerer a não
condenação em honorários advocatícios, nos termos da Lei 10.522/2002, art. 19, II, § 1º:

“Art. 19. Fica a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar,


a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista
outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: […]
II - matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal,
do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal
Superior Eleitoral, sejam objeto de ato declaratório do Procurador-Geral da Fazenda
Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda;
(…) § 1o Nas matérias de que trata este artigo, o Procurador da Fazenda Nacional
que atuar no feito deverá, expressamente: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013)
I - reconhecer a procedência do pedido, quando citado para apresentar resposta,
inclusive em embargos à execução fiscal e exceções de pré-executividade, hipóteses em
que não haverá condenação em honorários;”

De fato, verifica-se que o STJ, ao apreciar o REsp 1.116.399/BA, relator o


Min. Benedito Gonçalves, já julgou o tema em sede de recurso repetitivo, nos termos do art.
543-C do CPC, pacificando seu entendimento acerca da matéria no sentido de que para fins
do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares",
constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma
objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei,
ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte
em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde).

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PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
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Para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/2009, deve-se atentar para a
incidência da nova redação do art. 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/95, considerando a
alteração promovida pela Lei nº 11.727/2008 (art. 29 c/c art. 41, VI). Portanto, a partir de tal
marco, a prestadora dos serviços referidos na alínea em comento deve estar organizada sob a
forma de sociedade empresária (excluídas, portanto, as sociedades simples e os empresários
individuais) e atender às normas da ANVISA. Vide REsp 1606437/SC, AgRg no REsp
1538506/SC, AgRg no REsp 1506187/PR, AgRg no REsp 1383586/RS, AgRg nos EDcl no
REsp 1369745/RS, dentre outros.
Importante frisar que o benefício não se aplica às consultas médicas, nem
mesmo quando realizadas no interior de hospitais, de modo que só abrange parcela das
receitas da sociedade empresária hospitalar que decorre da prestação de serviços hospitalares
propriamente ditos. Em especial, considerando que háo pedido da presente ação é
DECLARATÓRIO, tem-se que ressalvar tal condição de não aplicação às consultas médicas.

Nestes termos, pede deferimento.

(assinado eletronicamente)
FLÁVIO LÚCIO CHAVES DE RESENDE
Procurador da Fazenda Nacional

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EXCELENTÍSSIMO(a) SENHOR(a) JUIZ(a) FEDERAL DA 3ª VARA FEDERAL
SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CATARINA – SUBSEÇÃO DE FLORIANÓPOLIS
 
 
 
 
 
 
 
 
PROCESSO ELETRÔNICO: 5009936-50.2017.4.04.7200
AUTORA: ORAL UNIC LTDA - ME
RÉ: UNIÃO (FAZENDA NACIONAL)
 
 
 
 
 
 
A UNIÃO (FAZENDA NACIONAL),
 
vem à presença de Vossa Excelência, pela Procuradora ao final nominada, apresentar
CONTESTAÇÃO, na forma que segue.
 
 
 
1. SÍNTESE
 
Trata-se de ação de repetição do indébito com pedido de tutela de evidência
na qual a parte autora requer o reconhecimento do direito de recolher o Imposto de
Renda utilizando como base de cálculo o percentual de 8% sobre a receita, aplicando-
se o disposto no artigo 15 da Lei 9.249/95, e de recolher a Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido utilizando a base de cálculo de 12% conforme disposição do artigo
20 do mesmo diploma legal, excluídas as simples consultas odontológicas e outros
serviços que não se enquadrem no conceito de serviço hospitalar, e a condenação da
União no pagamento dos valores indevidamente recolhidos a título de IRPJ e CSLL pelo
lucro presumido sob o percentual de 32%, no período imprescrito.
 
O caso merece exame detalhado, conforme se verá a seguir.
 
 

  1

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2. PRELIMINARMENTE
 
 
 
2.1 FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL
 
Conforme informação fiscal anexa, que fica fazendo parte da presente petição,
considerando que a autora informa exercer serviços no ramo de atividade odontológica,
serviços de procedimento cirúrgico de pino de titânio para implante dentário
(implantodontia), cirurgias buco maxilofaciais, periodontia, endodontia, prótese dentária,
ortodontia, instalação de lente de contato dental dentística, e ser organizada sob a forma
de sociedade empresária, não se verifica pretensão resistida por parte da Fazenda
Nacional, inclusive quanto à devolução dos últimos cinco anos, via restituição
administrativa, no caso de a autora encontrar-se regular com as normas da ANVISA.
 
Como bem explicitou a Auditora Fiscal, preenchendo os requisitos legais, a
autora pode desde já recolher estes tributos pelos percentuais presumidos aplicáveis às
atividades hospitalares, tendo a RFB se manifestado neste sentido através da Solução
de Consulta Disit/SRRF8ª nº 8.024 de 01.11.2016, DOU de 14/12/2016, seção I, pág.
17.
A ementa dispôs o seguinte:
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
LUCRO PRESUMIDO. SERVIÇOS DE INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS E CONSULTAS
ODONTOLÓGICAS.
Admite-se, desde 1º de janeiro de 2009, que, para fins de determinação da base de cálculo do imposto
de renda da pessoa jurídica organizada sob a forma de sociedade empresária e cumpridora das normas
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o lucro presumido proveniente da prestação de
serviços voltados para a área odontológica, seja determinado mediante a aplicação do percentual de 8%
(oito por cento) sobre a receita da atividade.
Dispositivos Legais: Lei nº 9.249, de 1995, art. 15, caput e § 1º, III, “a”, modificado pelo art. 29 da Lei
nº 11.727, de 2008; Lei nº 11.727, de 2008, arts. 29 e 41, VI; Lei nº 10.406, de 2002, artigos 966 e 982;
e Instrução Normativa RFB nº 1.234, de 2008, arts. 31 e 38, II, modificada pela Instrução Normativa
RFB nº 1.540, de 2015; Solução de Consulta Cosit nº 7, de 2014; Resolução RDC nº 50, de 2002, da
Anvisa.

SOLUÇÃO DE CONSULTA VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 150, DE 4 DE


JUNHO DE 2014.

Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL

BASE DE CÁLCULO. SERVIÇOS DE INTERVENÇÕES CIRÚRGICAS E CONSULTAS


ODONTOLÓGICAS.
  2

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Admite-se, desde 1º de janeiro de 2009, que, para fins de apuração da contribuição social sobre o lucro
líquido da pessoa jurídica organizada sob a forma de sociedade empresária, cumpridora das normas da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e prestadora de serviços voltados para a área
odontológica, a sua base de cálculo seja determinada mediante a aplicação do percentual de 12% (doze
por cento) sobre a receita proveniente desses serviços.

SOLUÇÃO DE CONSULTA VINCULADA À SOLUÇÃO DE CONSULTA COSIT Nº 150, DE 4 DE


JUNHO DE 2014.

Dispositivos Legais: Lei nº 9.249, de 1995, art. 15, caput e § 1º, III, “a”, modificado pelo art. 29 da Lei
nº 11.727, de 2008, e art. 20; Lei nº11.727, de 2008, arts. 29 e 41, VI; Lei nº 10.406, de 2002, artigos
966 e 982; e Instrução Normativa RFB nº 1.234, de 2008, arts. 31 e 38, II, modificada pela Instrução
Normativa RFB nº 1.540, de 2015; Solução de Consulta Cosit nº 7, de 2014; Resolução RDC nº 50, de
2002, da Anvisa. 
 
A autora transmitiu eletronicamente a Escrituração Contábil e Fiscal (ECF) do
ano-calendário 2016 em 09.07.2017, ou seja, posteriormente à publicação da Solução
de Consulta nº 8.024 de 01.11.2016 (DOU de 14/12/2016, seção 1, pág. 17).
Portanto, poderia ter preenchido a ECF e retificado as DCTF, apurando
através da sua contabilidade os valores decorrentes dos recolhimentos a maior. Tais
valores já poderiam ter sido restituídos ou compensados administrativamente, pois não
existe qualquer obstáculo imposto pela Fazenda a partir da publicação da SC nº 8.024
de 01.11.2016.
 
Assim, tendo em vista a desnecessidade de qualquer atuação da Justiça
Federal e da Fazenda Nacional, mas apenas e tão somente de atos internos da Autora,
falta-lhe interesse processual, merecendo indeferimento a inicial (art. 330, inc. III, do
nCPC).
 
 
2.2. DA DISPENSA DE CONTESTAR
 
 
 
Pelo princípio da eventualidade, para o caso de não se extinguir o feito por
falta de interesse processual, é de se registrar que há autorização de dispensa de
contestação e de interposição de recurso em relação à matéria em exame nos autos,
balizada pela decisão proferida no REsp 1.116.399/BA (art. 543-C do CPC, grifou-se):
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO
AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95.
IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA
EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES".
INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA
  3

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DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA
PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO
543-C DO CPC.
1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços
hospitalares" prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota
do IRPJ e da CSLL. Discute-se a possibilidade de, a despeito da generalidade
da expressão contida na lei, poder-se restringir o benefício fiscal, incluindo no
conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles estabelecimentos
destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e
assistência médica integral.
2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente Ministro
Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins
do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços
hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser
interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada
pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não
considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério
subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde).
Na mesma oportunidade, ficou consignado que os regulamentos emanados da
Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam
exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da
necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes) para a
obtenção do benefício.
Daí a conclusão de que "a dispensa da capacidade de internação hospitalar tem
supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal
intento as disposições constantes em atos regulamentares".
3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se
vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são
prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples
consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito
hospitalar, mas nos consultórios médicos".
4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se
aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de
que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita
bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela
parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao
benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do
artigo 15 da Lei 9.249/95.
5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta
serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada à promoção da
saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes
hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo
pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em
discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de
12% (doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade
específica de prestação de serviços médicos laboratoriais).
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido
ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
7. Recurso especial não provido.
(STJ, REsp 1.116.399/BA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 24/02/2010)
 

  4

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Por sua vez, a partir da vigência da Lei 11.727/2008, ocorrida em
01.01.2009, a parte autora, além de ter que se enquadrar naqueles serviços
especificados no art. 15, § 1º, inc. III, alínea “a”, da Lei 9.249/1995, deve ser organizada
sob a forma de sociedade empresária e deve atender às normas da ANVISA.
No caso concreto, a parte autora encontra-se regularmente constituída sob
forma de SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA, tendo iniciado suas atividades em
05.04.2016, CONTUDO não há comprovação nos autos de que a parte autora está de
acordo com as normas da ANVISA, deixando de juntar alvará sanitário.
Portanto, a Autora faz jus às alíquotas minoradas de IRPJ e CSLL sobre
aqueles serviços equiparados a hospitalares, excetuadas as consultas e outros serviços
não enquadrados como hospitalares (tal como ela expressamente concorda na inicial),
NÃO HAVENDO LIDE NO ASPECTO, desde que apresentado Alvará Sanitário ou
documento equivalente que ateste a regularidade perante a ANVISA.
Outrossim, doravante poderá recolher os tributos pelas alíquotas minoradas,
em obediência à Lei no art. 15, § 1º, inc. III, alínea “a”, da Lei 9.249/1995, sujeitando-se
à eventual fiscalização quanto ao seu cumprimento, em igualdade de condições aos
demais contribuintes.
 
 
 
3. DA NÃO-CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS
 
A respeito da matéria, inicialmente, cabe dizer que o princípio da causalidade,
no ordenamento jurídico em vigor, sofre mitigação em determinadas hipóteses
expressamente previstas em lei, sendo, uma delas, aquela prevista no art. 19, § 1º, da
Lei 10.522/2002. Observe-se:
 
Art. 19. Fica a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar,
a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que
inexista outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: (redação
dada pela Lei 11.033/2004)
I - matérias de que trata o art. 18;
II - matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal
Federal, ou do Superior Tribunal de Justiça, sejam objeto de ato declaratório do
Procurador-Geral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da
Fazenda.
§ 1.º Nas matérias de que trata este artigo, o Procurador da Fazenda Nacional que
atuar no feito deverá, expressamente, reconhecer a procedência do pedido, quando
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citado para apresentar resposta, hipótese em que não haverá condenação em
honorários, ou manifestar o seu desinteresse em recorrer, quando intimado da
decisão judicial. (redação dada pela Lei 11.033/2004).
(...)
 
O artigo acima transcrito visa dar celeridade à prestação jurisdicional
especialmente em relação às demandas repetitivas decididas, reiteradamente, em
desfavor da Fazenda Pública, com objetivo de racionalizar os trabalhos, seja da própria
Procuradoria, seja do Poder Judiciário.
Complementando e aperfeiçoando o intuito do legislador ao criar a norma,
posteriormente, em adição à sistemática de dispensas mediante edição
individualizada de Atos Declaratórios, em função do grande número de precedentes
submetidos aos regimes especiais dos arts. 543-B e 543-C do CPC, como forma de
racionalizar ainda mais o trabalho, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional editou
a Portaria PGFN n. 294/2010, que, em seu art. art. 1º, inc. V, traz dispensas que se
equiparam, em seus efeitos e objetivos práticos, à edição de Atos Declaratórios
individualizados. Observe-se (grifou-se):
 
Art. 1º Os Procuradores da Fazenda Nacional ficam autorizados a não
 
apresentar contestação, a não interpor recursos, bem como a desistir dos já
interpostos, nas seguintes situações: (Redação dada pela Portaria PGFN nº. 716,
de julho de 2010)
(...)
V – quando a demanda e/ou a decisão tratar de questão já definida, pelo STF
ou pelo Superior Tribunal de Justiça - STJ, em sede de julgamento realizado na
forma dos arts. 543-B e 543-C do CPC, respectivamente.
Parágrafo único - Os Procuradores da Fazenda Nacional deverão apresentar
contestação e recursos sempre que, apesar de configurada a hipótese prevista no
inciso V deste artigo, houver orientação expressa nesse sentido por parte da
Coordenação-Geral de Representação Judicial da Fazenda Nacional - CRJ ou da
Coordenação de Atuação Judicial perante o Supremo Tribunal Federal - CASTF.
 
De fato, seria pouco eficiente e pouco racional se, a cada julgamento
efetuado pelo rito do art. 543-B e/ou do art. 543-C do CPC, houvesse que ser editado
um Ato Declaratório individualizado específico, ainda mais quando se sabe que, nesses
casos julgados sob os regimes de repercussão geral e dos recursos repetitivos, a
questão jurídica fica bem delimitada e fundamentada em todos os seus aspectos.
Em suma, a norma especial acima invocada, no caso concreto, afasta a
incidência do disposto no art. 20 e art. 26, ambos do CPC.

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No mais, cabe apenas dizer que o art. 19, § 1º, da Lei 10.522/2002 pressupõe,
obviamente, a existência de uma ação judicial no bojo da qual se dá a sua aplicação
afastando a condenação em honorários, porquanto, do contrário, o previsto no
dispositivo não faria qualquer sentido e não teria nenhuma aplicação prática.
Portanto, o fato de ter sido proposta uma ação judicial não é circunstância que
leve, necessariamente e sempre, à aplicação do princípio da causalidade.
No caso concreto, por força de norma especial, a condenação em honorários
da União (Fazenda Nacional) seria indevida, conforme bem demonstram,
exemplificativamente, os seguintes precedentes do STJ e do TRF4 (grifou-se):
 
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA. RECONHECIMENTO DO
PEDIDO PELA FAZENDA NACIONAL. ARTIGO 19 DA LEI Nº 10.522/2002.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NÃO CABIMENTO.
1. Trata-se de recurso especial interposto contra acórdão do Tribunal Regional
Federal da 4ª Região que decidiu não ser cabível a condenação da União ao
pagamento de honorários advocatícios, tendo em vista o reconhecimento do pedido,
nos termos do que dispõe o art. 19, § 1º, da Lei 10.522/02.
2. Verifica-se por meio do Parecer PGFN/CAT nº 1617/2008, aprovado pelo Ministro
de Estado da Fazenda, que a Fazenda Pública se manifestou no sentido de
reconhecer a decadência do crédito tributário, não havendo, portanto, que se falar
em condenação em honorários, por enquadrada a hipótese na dispensa legal.
Ademais, tal artigo não exige, para sua aplicação, que tal ato declaratório tenha sido
publicado, mas apenas que tenha sido aprovado pelo Ministrode Estado da Fazenda.
3. A Primeira Seção/STJ pacificou entendimento no sentido de que o art.19, §
1º, da Lei 10.522/2002 isenta a Fazenda Nacional do pagamento de honorários
quando ela, ao ser citada para apresentar resposta, reconhece a procedência
do pedido da parte contrária. Nesse sentido: EREsp 1.120.851/RS, 1ª Seção, Rel.
Min. Hamilton Carvalhido, DJe de 7.12.2010. (...). 5. Recurso especial parcialmente
conhecido e, nessa parte, não provido. (REsp 1.215.624/RS, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/11/2011, DJe
01/12/2011) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ALÍNEA "C" DO PERMISSIVO
CONSTITUCIONAL. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADO.
 
EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.
ART. 19, § 1º, DA LEI 10.522/2002. APLICAÇÃO. (...) 2 . Caso a Fazenda Nacional
reconheça a procedência do pedido deduzido em juízo, são indevidos os
honorários advocatícios. Aplicação do artigo 19, § 1º, da Lei 10.522/2002.
Precedente. 3. Agravo regimental não provido. (STJ, AgRg no REsp 1.217.823/PR,
Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/03/2012, DJe
23/04/2012)

 
 
4. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE
 
Em atenção à suspensão da exigibilidade, conforme despacho anexo, a

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própria contribuinte/autora deverá retificar sua declaração na DRF (DCTF) para fazer
incluir informação de suspensão de exigibilidade e indicação dos dados dos depósitos
judiciais, o que deverá se repetir para os demais períodos em que forem efetuados
depósitos judiciais. O setor contábil da contribuinte/autora conhece tais procedimentos,
que são administrativos. A partir das devidas informações de suspensão, prestadas pela
própria contribuinte, poderá haverá procedimento administrativo de auditoria interna para
convalidação das suspensões declaradas.
 
 
 
5. CÁLCULO
 
Não foi possível à Receita Federal apurar os valores a serem restituídos à
autora porque não juntou as notas fiscais em ordem numérica e cronológica de todo período
em pretende a repetição. Além disso, não comprovou atender as normas da ANVISA.
 
6. PEDIDOS
 
 
 
Ante o exposto, a UNIÃO (FAZENDA NACIONAL) requer:
 
a) a extinção do feito ante a falta de interesse processual (art. 330,III, do nCPC);
b) alternativamente, nos termos da autorização veiculada no art. 1º, inc. V, da Portaria
PGFN n. 294/2010, fique consignado o reconhecimento da procedência do pedido
de modo expressamente vinculado e limitado ao decidido no REsp 1.116.399/BA
(regime do art. 543-C do CPC), respeitado o prazo quinquenal para repetição;
 
c) ainda, caso se entenda de prosseguir com a presente ação, a fim de verificar o
acerto dos valores devidos à Autora ( a serem apurados em liquidação de sentença, por
simples cálculo), que se a intime para juntar aos autos relatórios analíticos correspon-
dentes às Notas Fiscais emitidas em ordem numérica e cronológica, com descrição genérica de
“serviços profissionais prestados” emitidas contra pagamento de Planos de Saúde ou
equivalente, a fim de que sejam identificadas as atividades hospitalares.
d) seja intimada a juntar alvará da ANVISA referente a todo período em que requer a
repetição;
e) seja aplicado o art. 19, § 1º, da Lei 10.522/2002 c/c art. 1º, inc. V, da Portaria
PGFN n. 294/2010, uma vez reconhecido o pedido, afastando-se a condenação da União
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Telefone: (48) 3821-2000 Fax (48) 3821-2002
(Fazenda Nacional) em honorários.
 
 
Nestes termos, pede deferimento.
 
 
Simone Tavares Pereira Gonçalves
Procuradora da Fazenda Nacional

  9

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PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
PROCURADORIA SECCIONAL DA FAZENDA NACIONAL EM JOAÇABA-SC
_______________________________________________________________________________________________________________

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 1ª VF DA SUBSEÇÃO DE


LAGES - SEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CATARINA

Autos 50005431520194047206

A UNIÃO – FAZENDA NACIONAL, pelo Procurador da Fazenda


Nacional, vem expor e requerer o que se segue:

Nos termos do julgamento do Resp 1.116.399/BA, para fins do pagamento


dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do
artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja,
sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o
benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério
subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde).

Sendo a autora sociedade empresária, para fins de redução da alíquota, devem


ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas
pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas
não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se
as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito
hospitalar, mas nos consultórios médicos".

Ficou consignado em julgamento que as modificações introduzidas pela Lei


11.727/08 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como
de que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da
empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita
proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida
pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95.

O benefício não se aplica às consultas médicas, nem mesmo quando


realizadas no interior de hospitais, de modo que só abrange parcela das receitas da sociedade
que decorre da prestação de serviços hospitalares propriamente ditos.

Nos termos acima, o tema não será objeto de contestação pela PGFN.

Por outro lado, reconhecido a procedência do pedido veiculado na inicial,


não pode a União sofrer a condenação nos ônus da sucumbência, nos termos do art. 19
da Lei n. 10.522/2002.

Termos em que pede deferimento.

Nathalia Hoffmann Monteiro de Castro


Procuradora da Fazenda Nacional

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A)

UNIÃO - FAZENDA NACIONAL, presentada pelo Procurador da Fazenda


Nacional, infra-assinado, nomeado por meio da Portaria Interministerial 175, de 18.08.2008,
publicada no DOU – Edição 160, Seção 2, de 20.08.2008, pp. 24/26, vem, respeitosamente,
com fundamento no art. 19, II, da Lei n. 10.522/2002, apresentar seu
RECONHECIMENTO EXPRESSO DA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO, respeitado o
lustro prescricional para a repetição de indébito, considerando a inserção do tema na Lista
exemplificativa de temas com jurisprudência consolidada do STF ou Tribunal superior,
inclusive a decorrente de julgamento de casos repetitivos, em sentido desfavorável à União,
conforme art. 2º, V, VII e §§ 3º a 8º, da Portaria PGFN Nº 502/2016, e requerer a não
condenação em honorários advocatícios, nos termos da Lei 10.522/2002, art. 19, II, § 1º:

“Art. 19. Fica a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar,


a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista
outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: […]
II - matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal,
do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal
Superior Eleitoral, sejam objeto de ato declaratório do Procurador-Geral da Fazenda
Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda;
(…) § 1o Nas matérias de que trata este artigo, o Procurador da Fazenda Nacional
que atuar no feito deverá, expressamente: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013)
I - reconhecer a procedência do pedido, quando citado para apresentar resposta,
inclusive em embargos à execução fiscal e exceções de pré-executividade, hipóteses em
que não haverá condenação em honorários;”

De fato, verifica-se que o STJ, ao apreciar o REsp 1.116.399/BA, relator o


Min. Benedito Gonçalves, já julgou o tema em sede de recurso repetitivo, nos termos do art.
543-C do CPC, pacificando seu entendimento acerca da matéria no sentido de que para fins
do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares",
constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma
objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei,
ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte
em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde).

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PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
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Para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/2009, deve-se atentar para a
incidência da nova redação do art. 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/95, considerando a
alteração promovida pela Lei nº 11.727/2008 (art. 29 c/c art. 41, VI). Portanto, a partir de tal
marco, a prestadora dos serviços referidos na alínea em comento deve estar organizada sob a
forma de sociedade empresária (excluídas, portanto, as sociedades simples e os empresários
individuais) e atender às normas da ANVISA. Vide REsp 1606437/SC, AgRg no REsp
1538506/SC, AgRg no REsp 1506187/PR, AgRg no REsp 1383586/RS, AgRg nos EDcl no
REsp 1369745/RS, dentre outros.
Importante frisar que o benefício não se aplica às consultas médicas, nem
mesmo quando realizadas no interior de hospitais, de modo que só abrange parcela das
receitas da sociedade empresária hospitalar que decorre da prestação de serviços hospitalares
propriamente ditos. Em especial, considerando que háo pedido da presente ação é
DECLARATÓRIO, tem-se que ressalvar tal condição de não aplicação às consultas médicas.

Nestes termos, pede deferimento.

(assinado eletronicamente)
FLÁVIO LÚCIO CHAVES DE RESENDE
Procurador da Fazenda Nacional

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A Fazenda Nacional vem, respeitosamente, por seu procurador firmado,
informar que está dispensada de contestar a presente ação, no que concerne ao
seguinte:

Abrangência:
Tema com dispensa de contestar e recorrer, no âmbito da PGFN.

Precedentes:
REsp 1.116.399/BA (tema nº 217 de recursos repetitivos).
AgRg REsp 1.146.024/RS.

Resumo:
Para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a
expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso
III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja,
sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto
a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica
ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza
do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Ficou consignado
que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos
dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os
contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo
da necessidade de manter estrutura que permita a internação de
pacientes) para a obtenção do benefício. Para fins de redução da
alíquota, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que
se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados
diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não
necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento
hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que
não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos
consultórios médicos". Ficou consignado que as modificações
introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas
decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução
de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta
da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela
parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica
sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos
termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95.

Observações:
1-O benefício não se aplica às consultas médicas, nem mesmo
quando realizadas no interior de hospitais, de modo que só abrange
parcela das receitas da sociedade que decorre da prestação de
serviços hospitalares propriamente ditos.

2-Ressaltamos que o STF não reconheceu repercussão geral com


relação a este tema (AI 803.140).

3-Deve ser apresentada contestação e interposto recurso quando se


tratar de sociedade simples e EIRELI, tendo-se em vista a alteração
introduzida pela Lei 11.718/08 no art 15, III, da Lei 9.249/95, segundo
a qual a alíquota reduzida será aplicável apenas quando a prestadora
de serviços for organizada sob a forma de sociedade empresária.

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4- Para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/2009, deve-se
atentar para a incidência da nova redação do art. 15, § 1º, III, "a", da
Lei nº 9.249/95, considerando a alteração promovida pela Lei nº
11.727/2008 (art. 29 c/c art. 41, VI). Portanto, a partir de tal marco, a
prestadora dos serviços referidos na alínea em comento deve estar
organizada sob a forma de sociedade empresária (excluídas, portanto,
as sociedades simples e os empresários individuais) e atender às
normas da ANVISA. Vide REsp 1606437/SC, AgRg no REsp
1538506/SC, AgRg no REsp 1506187/PR, AgRg no REsp
1383586/RS, AgRg nos EDcl no REsp 1369745/RS, dentre outros.

5- Nos termos do art. 33, § 3º, da IN RFB 1700/2017, entende-se como


atendimento às normas da Anvisa, entre outras, a prestação de
serviços em ambientes desenvolvidos de acordo com o item 3 -
Dimensionamento, Quantificação e Instalações Prediais dos
Ambientes da Parte II - Programação Físico-Funcional dos
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde da Resolução RDC nº 50,
de 21 de fevereiro de 2002, cuja comprovação deve ser feita mediante
alvará da vigilância sanitária estadual ou municipal.

Por fim, considerando o reconhecimento do pedido quanto ao mérito, requer


seja eximida a União do pagamento de honorários de sucumbência, nos termos do art.
19, III, da Lei nº 10.522/2002.
Pede deferimento.
Mauro E. Medeiros Jr.
PFN Blumenau

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Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Caxias do Sul

AO EXCELENTÍSSIMO JUÍZO FEDERAL DA 3ª SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CAXIAS DO


SUL

PROCESSO Nº: 50002011020194047107


AUTOR: ORAL CAXIAS CLINICAS ODONTOLOGICAS LTDA
RÉU: UNIÃO (FAZENDA NACIONAL)

A UNIÃO (Fazenda Nacional), por seu Procurador signatário, vem,


respeitosamente, no exercício de suas atribuições constitucionais (art. 131, § 1.º, da
CRFB/88) e legais (art. 12, Inciso II, da LC n.º73/93), à presença de Vossa Excelência, expor
e requerer o que segue:

A exequente, conforme artigo 19, § 1º, da Lei 10.522/02 e com base no REsp
1.116.399/BA (tema nº 217 de recursos repetitivos) apresenta dispensa de contestar e
recorrer, no âmbito da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

Primeiramente, vale destacar que a base de cálculo do imposto, em cada


mês, para serviços hospitalares, deve ser de 8%, conforme consta no artigo 15, § 1º, inciso
III, da Lei 9.249/95.

Lei 9.249/95

Art. 15º – A base de cálculo do imposto, em cada mês, será


determinada mediante a aplicação do percentual de 8% (oito por
cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o
disposto no art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de
1977, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos
incondicionais concedidos, sem prejuízo no disposto nos arts. 30, 32,
34 e 35 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo


será de:

III – trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares


e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia,
anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises
clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob
a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa;

Av. Júlio de Castilhos, 150, 1º andar, Ns. Sra. de Lourdes, Caxias do Sul/RS.
CEP 95.010-000 – Tel. (54) 3221-7593

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Número do documento: 22110714591540700001373711976
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Caxias do Sul

A interpretação do termo “serviços hospitalares”, por vez, pode ser adotada


como “aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados
diretamente à promoção de saúde”, não sendo necessária a prestação do serviço no interior
de estabelecimentos hospitalares.

Diante da leitura do parágrafo anterior, incorre a certeza de que a


compreensão do termo carrega certa subjetividade, possibilitando a abrangência de diversas
situações para fins do recolhimento do IRPJ e da CSLL às alíquotas de 8% e 12%,
respectivamente. Em relação à concessão de redução da alíquota para clínicas
odontológicas, assunto que caracteriza o processo, o Tribunal Regional Federal da 4ª
Região adotou o seguinte posicionamento:

TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSLL. LEI N.º 9.249/95. SERVIÇOS


HOSPITALARES. ABRANGÊNCIA. PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA.
PRESCRIÇÃO. LEI Nº 11.727/08. SOCIEDADE EMPRESÁRIA.
REQUISITO PREENCHIDO. SELIC. SUCUMBÊNCIA.

1. Segundo entendimento atual do egrégio STJ, serviços


hospitalares são aqueles que se vinculam às atividades
desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde. Em regra, mas não necessariamente, são
prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-
se as simples consultas médicas, atividade que não se
identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos
consultórios médicos.

2. O contrato social da empresa indica a prestação de


serviços de assistência odontológica, compreendendo
cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Endodontia,
Odontopediatria, Periodontia, Prótese Dentária,
Implantodontia, Estomatologia, Dentística, Ortodontia,
Radiologia Odontológica e Imagiologia, Disfunção
Têmporo-mandibular e Dor Orofacial, Odontogeriatria e
Ortopedia Funcional dos Maxilares, prestação de serviços
de apoio ao diagnóstico por imagem e prestação de
serviços ambulatoriais. Grifo nosso.

3. Assim, nos termos da decisão proferida no REsp n.º


951.251/PR, faz jus a demandante ao recolhimento do IRPJ

Av. Júlio de Castilhos, 150, 1º andar, Ns. Sra. de Lourdes, Caxias do Sul/RS.
CEP 95.010-000 – Tel. (54) 3221-7593

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e da CSLL às alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, nos
termos da Lei n.º 9.249/95 (arts. 15, § 1º, inciso III, alínea a,
e 20, caput). Grifo nosso.

4. Em face da superveniente alteração na redação do inciso II,


alínea a, do artigo 15 da Lei 9.249/95, por força da Lei nº
11.727/08, passou-se a exigir, para a aplicação do percentual
reduzido, que a “prestadora destes serviços seja organizada
sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa”.

5. Hipótese em que a autora comprovou se inserir na categoria


das sociedades empresárias.

6. A atualização monetária do indébito incide desde a data do


pagamento indevido do tributo, nos termos da Súmula n.º 162
do STJ, até a sua efetiva restituição ou compensação,
mediante a aplicação da taxa SELIC, a qual engloba juros e
correção monetária.

7. Ônus sucumbências mantidos, conforme fixados na


sentença, uma vez em consonância com o entendimento da
Turma.

(TRF4, AC 5009194-74.2012.4.04.7208, SEGUNDA TURMA,


Relator OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA, juntado aos autos
em 19/03/2014).

Vale ressaltar que, para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas
reduzidas, a expressão “serviços hospitalares”, constante no artigo 15, § 1.º, inciso III, da Lei
9.249/95, deve ser interpretada sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte,
não considerando a estrutura do contribuinte em si para a concessão do benefício fiscal,
mas sim a natureza do serviço prestado. A redução da alíquota, portanto, não faz referência
à receita bruta total da empresa contribuinte, mas sim àquela parcela da receita que provém
unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal. O Tribunal Regional Federal
da 1ª Região adotou este posicionamento:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL.


ALÍQUOTA REDUZIDA. LEI 9.245/95. REDAÇÃO DA LEI
11.727/2008. SERVIÇOS DE NATUREZA HOSPITALAR.
SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA. PRESTAÇÃO DE

Av. Júlio de Castilhos, 150, 1º andar, Ns. Sra. de Lourdes, Caxias do Sul/RS.
CEP 95.010-000 – Tel. (54) 3221-7593

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SERVIÇOS DE ODONTOLOGIA. CIRURGIAS
ODONTOLÓGICAS, IMPLANTES DENTÁRIOS E
RADIOGRAFIAS. APELAÇÃO DA PARTE AUTORA PROVIDA.
APELAÇÃO DA UNIÃO E REMESSA OFICIAL NÃO
PROVIDAS.

1. O inciso III da letra “a” do art. 15 da Lei 9.249/95, com a


redação dada pela Lei 11.727/2008, assegurou que a base de
cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o
lucro líquido, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita
bruta auferida mensalmente, para as atividades de serviços
hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica,
imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina
nuclear e análises e patologias clínicas.

2. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao


apreciar o REsp 951.251/PR (Rel. Ministro Castro Meira,
DJe 03.06.2009), à unanimidade, firmou o entendimento de
que “o art. 15, § 1º, III,” a”, da Lei nº 9.249/95 explicitamente
concede o benefício fiscal de forma objetiva, com foco nos
serviços que são prestados, e não no contribuinte que os
executa.”. Grifo nosso.

3. A análise da documentação acostada aos autos permite


inferir que é apropriado o enquadramento dos serviços
prestados pela parte autora como “serviços hospitalares”,
assim entendidos aqueles realizados em prol da saúde
humana. Grifo nosso.

4. A colocação de implante dentário demanda a utilização


de técnicas cirúrgicas específicas e segue orientações
previstas para a especialidade de Cirurgia e Traumatologia
Buco-Maxilo-Facial, a qual já foi enquadrada pelo Superior
Tribunal de Justiça como “atividade hospitalar”. (REsp
799.854/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma,
julgado em 25/04/2006, DJ 08/05/2006, p. 187). Grifo nosso.

5. Apelação da parte autora provida. Apelação da UNIÃO e


remessa oficial não providas.

Av. Júlio de Castilhos, 150, 1º andar, Ns. Sra. de Lourdes, Caxias do Sul/RS.
CEP 95.010-000 – Tel. (54) 3221-7593

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Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Caxias do Sul

(Acórdão Número 0002550-02.2011.4.01.3400, Classe


APELAÇÃO CIVEL Relator(a) DESEMBARGADOR
FEDERAL MARCOS AUGUSTO DE SOUSA Origem TRF –
PRIMEIRA REGIÃO Órgão julgador OITAVA TURMA,
Data13/03/2015).

Conforme verifica-se nas decisões supramencionadas, os procedimentos de


implantodontia, cirurgias buco maxilofaciais, cirurgias de periodontia, procedimentos de
endodontia, procedimentos de prótese dentária, procedimentos de ortodontia e
procedimentos de dentística fazem jus ao recolhimento do IRPJ e da CSLL às alíquotas de
8% e 12%, respectivamente, nos termos da Lei n.º 9.249/95 (arts. 15, § 1º, inciso III, alínea
a, e 20, caput).

Visto que a União, após manifestação da executada, apresentou dispensa de


contestação, conforme artigo 19, § 1º, da Lei 10.522/02, e com base no REsp 1.116.399/BA
(tema nº 217 de recursos repetitivos), no âmbito da Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional, a exequente requer a ausência de condenação em honorários em desfavor
da Fazenda Pública. Na remota hipótese de não recebimento do pedido retro, requer que
os honorários sejam, portanto, reduzidos pela metade, conforme artigo 90, § 4º, do Código
de Processo Civil.

Nestes termos, pede deferimento.

Caxias do Sul/RS, 29 de maio de 2019.

Lucas Dutra Bortolozzo


Procurador da Fazenda Nacional

Vítor Comerlato Peron


Estagiário

Av. Júlio de Castilhos, 150, 1º andar, Ns. Sra. de Lourdes, Caxias do Sul/RS.
CEP 95.010-000 – Tel. (54) 3221-7593

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Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Caxias do Sul

AO EXCELENTÍSSIMO JUÍZO FEDERAL DA 3ª SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CAXIAS DO


SUL

PROCESSO Nº: 50002011020194047107


AUTOR: ORAL CAXIAS CLINICAS ODONTOLOGICAS LTDA
RÉU: UNIÃO (FAZENDA NACIONAL)

A UNIÃO (Fazenda Nacional), por seu Procurador signatário, vem,


respeitosamente, no exercício de suas atribuições constitucionais (art. 131, § 1.º, da
CRFB/88) e legais (art. 12, Inciso II, da LC n.º73/93), à presença de Vossa Excelência, expor
e requerer o que segue:

A exequente, conforme artigo 19, § 1º, da Lei 10.522/02 e com base no REsp
1.116.399/BA (tema nº 217 de recursos repetitivos) apresenta dispensa de contestar e
recorrer, no âmbito da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

Primeiramente, vale destacar que a base de cálculo do imposto, em cada


mês, para serviços hospitalares, deve ser de 8%, conforme consta no artigo 15, § 1º, inciso
III, da Lei 9.249/95.

Lei 9.249/95

Art. 15º – A base de cálculo do imposto, em cada mês, será


determinada mediante a aplicação do percentual de 8% (oito por
cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o
disposto no art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de
1977, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos
incondicionais concedidos, sem prejuízo no disposto nos arts. 30, 32,
34 e 35 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo


será de:

III – trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares


e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia,
anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises
clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob
a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa;

Av. Júlio de Castilhos, 150, 1º andar, Ns. Sra. de Lourdes, Caxias do Sul/RS.
CEP 95.010-000 – Tel. (54) 3221-7593

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Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Caxias do Sul

A interpretação do termo “serviços hospitalares”, por vez, pode ser adotada


como “aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados
diretamente à promoção de saúde”, não sendo necessária a prestação do serviço no interior
de estabelecimentos hospitalares.

Diante da leitura do parágrafo anterior, incorre a certeza de que a


compreensão do termo carrega certa subjetividade, possibilitando a abrangência de diversas
situações para fins do recolhimento do IRPJ e da CSLL às alíquotas de 8% e 12%,
respectivamente. Em relação à concessão de redução da alíquota para clínicas
odontológicas, assunto que caracteriza o processo, o Tribunal Regional Federal da 4ª
Região adotou o seguinte posicionamento:

TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSLL. LEI N.º 9.249/95. SERVIÇOS


HOSPITALARES. ABRANGÊNCIA. PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA.
PRESCRIÇÃO. LEI Nº 11.727/08. SOCIEDADE EMPRESÁRIA.
REQUISITO PREENCHIDO. SELIC. SUCUMBÊNCIA.

1. Segundo entendimento atual do egrégio STJ, serviços


hospitalares são aqueles que se vinculam às atividades
desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde. Em regra, mas não necessariamente, são
prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-
se as simples consultas médicas, atividade que não se
identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos
consultórios médicos.

2. O contrato social da empresa indica a prestação de


serviços de assistência odontológica, compreendendo
cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, Endodontia,
Odontopediatria, Periodontia, Prótese Dentária,
Implantodontia, Estomatologia, Dentística, Ortodontia,
Radiologia Odontológica e Imagiologia, Disfunção
Têmporo-mandibular e Dor Orofacial, Odontogeriatria e
Ortopedia Funcional dos Maxilares, prestação de serviços
de apoio ao diagnóstico por imagem e prestação de
serviços ambulatoriais. Grifo nosso.

3. Assim, nos termos da decisão proferida no REsp n.º


951.251/PR, faz jus a demandante ao recolhimento do IRPJ

Av. Júlio de Castilhos, 150, 1º andar, Ns. Sra. de Lourdes, Caxias do Sul/RS.
CEP 95.010-000 – Tel. (54) 3221-7593

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Número do documento: 22110714591540700001373711976
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Caxias do Sul
e da CSLL às alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, nos
termos da Lei n.º 9.249/95 (arts. 15, § 1º, inciso III, alínea a,
e 20, caput). Grifo nosso.

4. Em face da superveniente alteração na redação do inciso II,


alínea a, do artigo 15 da Lei 9.249/95, por força da Lei nº
11.727/08, passou-se a exigir, para a aplicação do percentual
reduzido, que a “prestadora destes serviços seja organizada
sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa”.

5. Hipótese em que a autora comprovou se inserir na categoria


das sociedades empresárias.

6. A atualização monetária do indébito incide desde a data do


pagamento indevido do tributo, nos termos da Súmula n.º 162
do STJ, até a sua efetiva restituição ou compensação,
mediante a aplicação da taxa SELIC, a qual engloba juros e
correção monetária.

7. Ônus sucumbências mantidos, conforme fixados na


sentença, uma vez em consonância com o entendimento da
Turma.

(TRF4, AC 5009194-74.2012.4.04.7208, SEGUNDA TURMA,


Relator OTÁVIO ROBERTO PAMPLONA, juntado aos autos
em 19/03/2014).

Vale ressaltar que, para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas
reduzidas, a expressão “serviços hospitalares”, constante no artigo 15, § 1.º, inciso III, da Lei
9.249/95, deve ser interpretada sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte,
não considerando a estrutura do contribuinte em si para a concessão do benefício fiscal,
mas sim a natureza do serviço prestado. A redução da alíquota, portanto, não faz referência
à receita bruta total da empresa contribuinte, mas sim àquela parcela da receita que provém
unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal. O Tribunal Regional Federal
da 1ª Região adotou este posicionamento:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL.


ALÍQUOTA REDUZIDA. LEI 9.245/95. REDAÇÃO DA LEI
11.727/2008. SERVIÇOS DE NATUREZA HOSPITALAR.
SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA. PRESTAÇÃO DE

Av. Júlio de Castilhos, 150, 1º andar, Ns. Sra. de Lourdes, Caxias do Sul/RS.
CEP 95.010-000 – Tel. (54) 3221-7593

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http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540700001373711976
Número do documento: 22110714591540700001373711976
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Caxias do Sul
SERVIÇOS DE ODONTOLOGIA. CIRURGIAS
ODONTOLÓGICAS, IMPLANTES DENTÁRIOS E
RADIOGRAFIAS. APELAÇÃO DA PARTE AUTORA PROVIDA.
APELAÇÃO DA UNIÃO E REMESSA OFICIAL NÃO
PROVIDAS.

1. O inciso III da letra “a” do art. 15 da Lei 9.249/95, com a


redação dada pela Lei 11.727/2008, assegurou que a base de
cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o
lucro líquido, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita
bruta auferida mensalmente, para as atividades de serviços
hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica,
imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina
nuclear e análises e patologias clínicas.

2. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao


apreciar o REsp 951.251/PR (Rel. Ministro Castro Meira,
DJe 03.06.2009), à unanimidade, firmou o entendimento de
que “o art. 15, § 1º, III,” a”, da Lei nº 9.249/95 explicitamente
concede o benefício fiscal de forma objetiva, com foco nos
serviços que são prestados, e não no contribuinte que os
executa.”. Grifo nosso.

3. A análise da documentação acostada aos autos permite


inferir que é apropriado o enquadramento dos serviços
prestados pela parte autora como “serviços hospitalares”,
assim entendidos aqueles realizados em prol da saúde
humana. Grifo nosso.

4. A colocação de implante dentário demanda a utilização


de técnicas cirúrgicas específicas e segue orientações
previstas para a especialidade de Cirurgia e Traumatologia
Buco-Maxilo-Facial, a qual já foi enquadrada pelo Superior
Tribunal de Justiça como “atividade hospitalar”. (REsp
799.854/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma,
julgado em 25/04/2006, DJ 08/05/2006, p. 187). Grifo nosso.

5. Apelação da parte autora provida. Apelação da UNIÃO e


remessa oficial não providas.

Av. Júlio de Castilhos, 150, 1º andar, Ns. Sra. de Lourdes, Caxias do Sul/RS.
CEP 95.010-000 – Tel. (54) 3221-7593

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385424794 - Pág. 42
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540700001373711976
Número do documento: 22110714591540700001373711976
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Caxias do Sul

(Acórdão Número 0002550-02.2011.4.01.3400, Classe


APELAÇÃO CIVEL Relator(a) DESEMBARGADOR
FEDERAL MARCOS AUGUSTO DE SOUSA Origem TRF –
PRIMEIRA REGIÃO Órgão julgador OITAVA TURMA,
Data13/03/2015).

Conforme verifica-se nas decisões supramencionadas, os procedimentos de


implantodontia, cirurgias buco maxilofaciais, cirurgias de periodontia, procedimentos de
endodontia, procedimentos de prótese dentária, procedimentos de ortodontia e
procedimentos de dentística fazem jus ao recolhimento do IRPJ e da CSLL às alíquotas de
8% e 12%, respectivamente, nos termos da Lei n.º 9.249/95 (arts. 15, § 1º, inciso III, alínea
a, e 20, caput).

Visto que a União, após manifestação da executada, apresentou dispensa de


contestação, conforme artigo 19, § 1º, da Lei 10.522/02, e com base no REsp 1.116.399/BA
(tema nº 217 de recursos repetitivos), no âmbito da Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional, a exequente requer a ausência de condenação em honorários em desfavor
da Fazenda Pública. Na remota hipótese de não recebimento do pedido retro, requer que
os honorários sejam, portanto, reduzidos pela metade, conforme artigo 90, § 4º, do Código
de Processo Civil.

Nestes termos, pede deferimento.

Caxias do Sul/RS, 29 de maio de 2019.

Lucas Dutra Bortolozzo


Procurador da Fazenda Nacional

Vítor Comerlato Peron


Estagiário

Av. Júlio de Castilhos, 150, 1º andar, Ns. Sra. de Lourdes, Caxias do Sul/RS.
CEP 95.010-000 – Tel. (54) 3221-7593

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Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional
Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Caxias do Sul

EXMO(A) SR(A) JUIZ(ÍZA) FEDERAL DA 2a VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO


JUDICIÁRIA DE CANOAS/RS

Processo nº 5001651-02.2021.404.7112
Procedimento Comum
Autor: Oral Unic Odontologia Canoas Ltda
Ré: A União (Fazenda Nacional)

A UNIÃO, através do Procurador da Fazenda Nacional subscrevente,


vem, à presença de V.Exa., referente à Ação acima identificada, dizer o seguinte:

DO BREVE RELATO DA DEMANDA

Trata-se de ação ordinária onde o autor postula recolher IRPJ e CSLL


pelas bases de cálculo de 8% e 12% respectivamente, nos termos do art. 15, III, letra
!a”, e art.20, III, da Lei nº 9.249/95, no que tange aos procedimentos de implantodontia,
cirurgias bucomaxilofaciais, procedimentos/cirurgias em periodontia, em endodontia,
em prótese dentária, procedimentos em ortodontia, instalação de lente de contato
dental e procedimentos em dentística, exceto simples consultas. Ao final, pugna pela
restituição do indébito respectivo desde sua constituição em 2018.

DA RESPOSTA

Primeiramente, oportuno destacar que o objeto da presente demanda é


tema de dispensa de contestar da União, em razão dos termos do julgamento do REsp
n.º 1.116.399/BA (tema n.º 217 de recursos repetitivos).

No entanto, a fim de que o pedido seja acolhido de acordo com os


parâmetros estabelecidos pelo julgado referido, faz-se necessário que sejam
Av. Júlio de Castilhos, 150 - 1° Andar - Caxias do Sul - RS - CEP: 95010-000
Fone(Fax): 54 3221.7593

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observadas algumas condicionantes, de modo que a redução da tributação pretendida


seja conferida somente em relação aos serviços hospitalares que em se enquadrem
como tais.

Com efeito, para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas


reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III,
da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da
atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal,
não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo),
mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde).

Dessa forma, ficou consignado que os regulamentos emanados da


Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam
exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da
necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes) para a
obtenção do benefício.

Para fins de redução da alíquota, devem ser considerados serviços


hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais,
voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não
necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se
as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no
âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos".

Além disso, ficou consignado que as modificações introduzidas pela Lei


11.727/08 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem
como de que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a
receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela
parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício
fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei
9.249/95.

Ademais, para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/2009, deve-se


atentar para a incidência da nova redação do art. 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/95,
considerando a alteração promovida pela Lei nº 11.727/2008 (art. 29 c/c art. 41, VI).
Portanto, a partir de tal marco, a prestadora dos serviços referidos na alínea em
comento deve estar organizada sob a forma de sociedade empresária (excluídas,
portanto, as sociedades simples e os empresários individuais) e atender às normas da
ANVISA.

Logo, o reconhecimento do pedido é medida que se impõe, desde que


observadas as premissas referidas acima, as quais, frise-se, foram estabelecidas no
âmbito do REsp n.º 1.116.399/BA (tema n.º 217 de recursos repetitivos).

Assim, a União não irá apresentar contestação à pretensão postulada,


razão pela qual reconhece expressamente a procedência do pedido da parte autora,
2

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repise-se, desde que observados os termos do REsp n.º 1.116.399/BA, com base na
autorização legal conferida pela Portaria PGFN n.º 502/2016, especificamente por meio
seu art. 2º, inc. V.

Outrossim, diante do reconhecimento expresso do pedido da parte autora,


requer a sua não condenação em honorários, nos termos do art. 19, § 1º, da Lei n.º
10.522/2002.

A este respeito, a Lei nº 10.522/02, em seu art. 19, § 1º, diz que não
haverá condenação em honorários advocatícios, quando ocorrer o reconhecimento do
pedido, bem como ocorreu no ponto acima. Vejamos:

Art. 19. Fica a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional autorizada a não


contestar, a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto,
desde que inexista outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão
versar sobre:
(...)
II - matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal
Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Superior do Trabalho e do
Tribunal Superior Eleitoral, sejam objeto de ato declaratório do Procurador-
Geral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da
Fazenda; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013)
(...)
IV - matérias decididas de modo desfavorável à Fazenda Nacional pelo
Supremo Tribunal Federal, em sede de julgamento realizado nos termos do art.
543-B da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil;
(Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013)
V - matérias decididas de modo desfavorável à Fazenda Nacional pelo Superior
Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos art. 543-
C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, com
exceção daquelas que ainda possam ser objeto de apreciação pelo Supremo
Tribunal Federal. (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013
§ 1o Nas matérias de que trata este artigo, o Procurador da Fazenda Nacional
que atuar no feito deverá, expressamente: (Redação dada pela
Lei nº 12.844, de 2013)
I - reconhecer a procedência do pedido, quando citado para apresentar
resposta, inclusive em embargos à execução fiscal e exceções de pré-
executividade, hipóteses em que não haverá condenação em honorários; ou
(Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013)
II - manifestar o seu desinteresse em recorrer, quando intimado da decisão
judicial.

Dessa forma, é de ser dispensada a União em suportar os honorários de


sucumbência.

DO PEDIDO

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Em razão do exposto, a União não se opõe ao pedido, com a dispensa


em pagar honorários advocatícios, mas requer que a análise sobre os valores seja
postergada para o cumprimento de sentença.

Nestes Termos
Pede Deferimento

Caxias do Sul, 19 de maio de 2021.

Joe Pereira Telles


Procurador da Fazenda Nacional
OAB/RS 25956

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Justiça Federal da 1ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico

28/05/2022

Número: 1017028-46.2021.4.01.3400
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 5ª Vara Federal Cível da SJDF
Última distribuição : 26/03/2021
Valor da causa: R$ 70.000,00
Assuntos: IRPJ/Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ORAL UNIC ODONTOLOGIA ITU LTDA (AUTOR) EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
UNIAO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) (REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
97547 16/12/2021 14:21 Acórdão Acórdão
6042

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Número do documento: 22110714591540700001373711978
JUSTIÇA FEDERAL
Tribunal Regional Federal da 1ª Região

PROCESSO: 1017028-46.2021.4.01.3400 PROCESSO REFERÊNCIA: 1017028-46.2021.4.01.3400


CLASSE: APELAÇÃO CÍVEL (198)
POLO ATIVO: ORAL UNIC ODONTOLOGIA ITU LTDA
REPRESENTANTE(S) POLO ATIVO: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - SP159295-A
POLO PASSIVO:FAZENDA NACIONAL
RELATOR(A):GILDA MARIA CARNEIRO SIGMARINGA SEIXAS

PODER JUDICIÁRIO FEDERALTribunal Regional Federal da 1ª RegiãoGab. 21 -


DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXASPJE/TRF1-Processo Judicial
Eletrônico
APELAÇÃO CÍVEL (198)Nº 1017028-
46.2021.4.01.3400
RELATÓRIOTrata-se de apelações da parte autora e da União (FN) em face da sentença
(CPC/2015) que julgou procedente os pedidos, assegurando à empresa/autora (prestadora de
serviços odontológicos ditos de alta complexidade), o direito de recolher o IRPJ e a CSLL com
bases de cálculo reduzidas de 8% e 12%, respectivamente, excluídas as simples consultas e
atividades de cunho administrativo, e declarou o direito da demandante à restituição mediante
precatório ou compensação.O juízo de origem, considerando a sucumbência mínima da parte
autora, determinou o pagamento das custas pela parte ré e fixou os honorários de
sucumbência em 10% sobre o valor atualizado da causa, com fulcro no art. 85, §§ 2º e 3º, inciso
I, do CPC.A União apela alegando que as atividades odontológicas, tais como as consultas
médicas, não se identificam com o ambiente hospitalar, sendo o ambiente normal de sua
realização os consultórios/clínicas odontológicas. Alega, ainda, a necessidade de atendimento
das normas da ANVISA mediante a apresentação de alvará da vigilância sanitária estadual ou
municipal, nos termos do §3º do art. 33 da IN RFB nº 1700/2017.A parte autora, por sua vez, se
insurge contra a condenação da União em honorários de sucumbência de 10% sobre o valor da
causa atualizado, invocando os incisos I a V, do § 3º, do art. 85, do CPC. Requer que os
honorários sejam apurados sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido.É o
relatório. Des(a). Fed. GILDA SIGMARINGA SEIXASRelatora

VOTO - VENCEDOR

PODER JUDICIÁRIO FEDERALTribunal Regional Federal da 1ª RegiãoGab. 21 -


DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXASPJE/TRF1-Processo Judicial
Eletrônico
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 1017028-

Assinado eletronicamente por: GILDA MARIA CARNEIRO SIGMARINGA SEIXAS - 16/12/2021 14:21:41 Num. 975476042 - Pág. 1
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Número do documento: 21121614214100000000966591725

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385462746 - Pág. 2
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540700001373711978
Número do documento: 22110714591540700001373711978
46.2021.4.01.3400
VOTOPara fins de apuração mensal do IRPJ e da CSLL, o art. 15 da Lei n. 9.249/95 fixou o
percentual de 32% como base de cálculo geral para todas as empresas prestadoras de serviço.
Confira-se:Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado
o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.§1º Nas seguintes
atividades, o percentual de que trata este artigo será de: (...)III - trinta e dois por cento, para as
atividades de:a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; (...)§2º No
caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente a cada atividade”Da
leitura do dispositivo, verifica-se que, excepcionalmente, foram excluídos da regra de índice geral
os serviços hospitalares, sobre os quais o IRPJ e a CSLL são calculados em percentuais
reduzidos. Posteriormente, a Lei n. 11.727/2008 trouxe nova redação ao artigo transcrito acima,
com vigência a partir de 01/01/2009. Vejamos:“Art. 15. (...)III - trinta e dois por cento, para as
atividades de:a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio
diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia,
medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja
organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – Anvisa;”Consta no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, a empresa autora
detém natureza jurídica de “sociedade empresária limitada”, cuja atividade econômica principal é
descrita como “atividade médica ambulatorial com recursos para realização de procedimentos
cirúrgicos” e como atividade secundária “realização de exames complementares” e
“consultas”.Consta ainda, no documento de ID 1633414 a licença de alvará sanitário concedido
pela prefeitura municipal de Ítu - SP, estando, portanto, em cumprimento dos requisitos legais
para a redução das alíquotas requeridas, conforme jurisprudência deste TRF1:TRIBUTÁRIO.
MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS REDUZIDAS.
PRESTADORA DE "SERVIÇOS HOSPITALARES" (EXCLUSÃO DAS CONSULTAS MÉDICAS)
SOB A FORMA DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA. 1. O Superior Tribunal de Justiça decidiu que o
recolhimento do IRPJ e da CSLL com alíquotas reduzidas de 8% e 12%, respectivamente, após a
edição da Lei 11.727/2008, que alterou o art. 15, § 2º, da Lei 9.249/1995, exige da empresa a
prestação de serviços hospitalares e seja obrigatoriamente constituída sob a forma de sociedade
empresária (REsp repetitivo 1.116.399-BA, r. Ministro Benedito Gonçalves, 1ª Seção em
28.10.2009; AgRg no REsp 1.538.506/SC, r. Ministro Humberto Martins, 2ª Turma em
15.09.2015). 2. A impetrante comprovou que preenche esses requisitos, caso em que tem direito
subjetivo às alíquotas reduzidas, excluídas as consultas médicas. 3. Apelação da União
desprovida. Remessa necessária parcialmente provida.(AMS 0037018-89.2011.4.01.3400,
DESEMBARGADOR FEDERAL NOVÉLY VILANOVA, TRF1 - OITAVA TURMA, PJe 25/10/2021
PAG.)PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO MANDADO DE SEGURANÇA - ADOÇÃO DAS
BASES DE CÁLCULOS REDUZIDAS DO IRPJ (8%) E DA CSLL (12%) QUANTO ÀS RECEITAS
DE SERVIÇOS HOSPITALARES - REPET-RESP. 1 - Trata-se de remessa oficial em face da
sentença (CPC/2015) que, concedendo a segurança, assegurou à empresa/impetrante
(prestadora de serviços odontológicos ditos de "alta complexidade" para além do "simples
atendimento ambulatorial, "o direito de recolher o IRPJ e a CSLL, com bases de cálculo reduzidas
de 8% e 12%, respectivamente", com atenção, se o caso, aos ulteriores requisitos da Lei
9.249/92, limitando-se tal redução só às "receitas decorrentes da prestação de serviços
hospitalares", nos termos do REPET-REsp nº 1.116.399/BA. 1.1 - Vem-se - "per relationem" -
confirmar a sentença, por sua ampla e adequada fundamentação, retratando a jurisprudência
pacificada de então, em nível de recurso repetitivo, e a legislação específica de regência, até
porque o Fisco, de modo expresso, evidenciou autorização e desinteresse em não recorrer, não
havendo qualquer resíduo fático e jurídico controverso que, pois, a desabone, o que enseja,
assim, sua confirmação, até pelo comando de observância do art. 926 e art. 927 do CPC/2015. 2
- Remessa oficial não provida. (REOMS 1000080-70.2019.4.01.3700, DESEMBARGADORA
FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXAS, TRF1 - PRIMEIRA TURMA, PJe 26/07/2021
PAG.)Quanto aos horários advocatícios, tendo sido reconhecido à parte autora o direito à

Assinado eletronicamente por: GILDA MARIA CARNEIRO SIGMARINGA SEIXAS - 16/12/2021 14:21:41 Num. 975476042 - Pág. 2
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21121614214100000000966591725
Número do documento: 21121614214100000000966591725

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385462746 - Pág. 3
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540700001373711978
Número do documento: 22110714591540700001373711978
restituição/compensação dos valores recolhidos a maior, deve a verba de advogado ser apurada
tendo como base de cálculo o valor da condenação ou do proveito econômico obtido, conforme a
disciplina do art. 85 do CPC. De acordo com o § 4º, III, do referido artigo, a utilização do valor
atualizado da causa somente deve ocorrer nos casos em que não há condenação principal ou
quando não é possível mensurar o proveito econômico obtido, situação que não ocorre no caso
em apreço.Ante o exposto, nego provimento à apelação da União e dou provimento ao recurso
da parte autora para determinar a apuração dos honorários advocatícios com base no valor da
condenação, devendo os percentuais serem definidos no momento da liquidação do julgado,
conforme dispõe o art. 85, 4º, II, do CPC.É o meu voto.Des(a). Fed. GILDA SIGMARINGA
SEIXASRelatora

DEMAIS VOTOS

PODER JUDICIÁRIO FEDERALTribunal Regional Federal da 1ª RegiãoGab. 21 -


DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXASPJE/TRF1 - PROCESSO JUDICIAL
ELETRÔNICO
APELAÇÃO CÍVEL (198)Nº 1017028-46.2021.4.01.3400APELANTE: ORAL UNIC
ODONTOLOGIA ITU LTDAAPELADO: FAZENDA
NACIONAL
EMENTATRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTA
REDUZIDA. LEI 9.249/1995. REDAÇÃO DA LEI 11.727/2008. IN/RFB 1.700/2017. SERVIÇOS
DE NATUREZA HOSPITALAR. SOCIEDADE EMPRESÁRIA. OBSERVÂNCIA ÀS NORMAS DA
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. COMPROVAÇÃO. ALVARÁ DA
VIGILÂNCIA SANITÁRIA MUNICIPAL EXPEDIDO. COMPENSAÇÃO. VERBA HONORÁRIA.
SENTENÇA MANTIDA.1. Apelações da parte autora e da União (FN) em face da sentença
(CPC/2015) que julgou procedente o pedido, assegurando à empresa/autora (prestadora de
serviços odontológicos ditos de alta complexidade), o direito de recolher o IRPJ e a CSLL com
bases de cálculo reduzidas de 8% e 12%, respectivamente, excluídas as simples consultas e
atividades de cunho administrativo, e declarou o direito da demandante à restituição mediante
precatório ou compensação.2. O juízo de origem, considerando a sucumbência mínima da parte
autora, determinou o pagamento das custas pela parte ré e fixou os honorários de
sucumbência em 10% sobre o valor atualizado da causa, com fulcro no art. 85, §§ 2º e 3º, inciso
I, do CPC.3. Para fins de apuração mensal do IRPJ e da CSLL, o art. 15 da Lei n. 9.249/95 fixou o
percentual de 32% como base de cálculo geral para todas as empresas prestadoras de serviço.
Excepcionalmente, foram excluídos da regra de índice geral os serviços hospitalares, sobre os
quais o IRPJ e a CSLL são calculados em percentuais reduzidos. 4. No caso concreto, a autora
comprovou prestar serviços de saúde (serviços odontológicos ditos de alta complexidade),
demonstrando que além de estar regular, atende às normas sanitárias. 5. Precedente: 1. O STJ
decidiu que o recolhimento do IRPJ e da CSLL com alíquotas reduzidas de 8% e 12%,
respectivamente, após a edição da Lei 11.727/2008, que alterou o art. 15, § 2º, da Lei
9.249/1995, exige da empresa a prestação de serviços hospitalares e seja obrigatoriamente
constituída sob a forma de sociedade empresária (REsp repetitivo 1.116.399-BA, 1ª Seção em
28.10.2009; AgRg no REsp 1.538.506/SC, 2ª Turma em 15.09.2015). 2. A impetrante comprovou
que preenche esses requisitos, caso em que tem direito subjetivo às alíquotas reduzidas,
excluídas as consultas médicas. (AMS 0037018-89.2011.4.01.3400, TRF1 - OITAVA TURMA,

Assinado eletronicamente por: GILDA MARIA CARNEIRO SIGMARINGA SEIXAS - 16/12/2021 14:21:41 Num. 975476042 - Pág. 3
http://pje1g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=21121614214100000000966591725
Número do documento: 21121614214100000000966591725

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385462746 - Pág. 4
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540700001373711978
Número do documento: 22110714591540700001373711978
PJe 25/10/2021 PAG.)6. Tendo sido reconhecido à parte autora o direito à
restituição/compensação dos valores recolhidos a maior, deve a verba de advogado ser apurada
tendo como base de cálculo o valor da condenação ou do proveito econômico obtido, conforme a
disciplina do art. 85 do CPC. De acordo com o § 4º, III, do referido artigo, a utilização do valor
atualizado da causa somente deve ocorrer nos casos em que não há condenação principal ou
quando não é possível mensurar o proveito econômico obtido, situação que não ocorre no caso
em apreço.7. Apelação da União não provida. Apelação da parte autora provida para determinar a
apuração dos honorários advocatícios com base no valor da condenação, com definição dos
percentuais no momento da liquidação do julgado (CPC, art. 85, 4º, II).ACÓRDÃODecide a
Turma, por unanimidade, negar provimento à apelação da União e dar provimento à apelação da
parte autora.Brasília/DF, na data da certificação digital.Des(a). Fed. GILDA SIGMARINGA
SEIXASRelatora

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PRECEDENTES
DA REDE ORAL UNIC

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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.865.511 - SC (2020/0055534-7)

RELATORA : MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES


RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
RECORRIDO : ORAL UNIC JOINVILLE LTDA
ADVOGADOS : EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - SP159295
THIAGO SANTOS AMÂNCIO - SP240287
MAURICIO THIAGO MARIA - SP246465

DECISÃO

Trata-se de Recurso Especial, interposto pela FAZENDA NACIONAL, contra


acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, assim ementado:

"TRIBUTÁRIO. PROCEDIMENTO COMUM. IRPJ. CSLL. BASE DE


CÁLCULO. REDUÇÃO. SERVIÇOS HOSPITALARES. ART. 15, § 1º, III,
'A' DA LEI Nº 9.249/1995. LEI N° 11.727/2008. SOCIEDADE
EMPRESÁRIA.
As empresas que prestam serviços hospitalares têm direito a recolher o
Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ no percentual de 8% e a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL no percentual de 12%
sobre a renda auferida na atividade específica de prestação de serviços de
tratamento, excluídas as consultas médicas, nos termos do artigo 15, § 1º,
III, alínea 'a', da Lei nº 9.249/1995, inclusive com a alteração introduzida
pela Lei nº 11.727/2008.
Entende-se por serviços hospitalares aqueles que estão relacionados às
atividades ligados diretamente à promoção da saúde, essencial à população,
nos termos do art. 6º da Constituição Federal, podendo ser prestados no
interior do estabelecimento hospitalar, mas sem esta obrigatoriedade.
Configurada a sociedade como empresária, uma vez que registrado seus
atos constitutivos na Junta Comercial, nos termos da Lei nº 11.727/2008" (fl.
328e).

Opostos Embargos Declaratórios, por ambas as partes restaram, assim,


decididos (fls. 439/441e).

"TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.


CONTRADIÇÃO. CORREÇÃO.
São cabíveis embargos de declaração contra decisão judicial para
esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; suprir omissão ou corrigir
erro material, conforme dispõe o artigo 1.022 do CPC.
Constatada a existência de contradição, devem ser acolhidos os embargos
de declaração para correção da inconsistência.
O prequestionamento de dispositivos legais e/ou constitucionais que não
foram examinados expressamente no acórdão, encontra disciplina no artigo
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1.025 do CPC, que estabelece que nele consideram-se incluídos os
elementos suscitados pelo embargante, independentemente do acolhimento
ou não dos embargos de declaração" (fl. 340e).

Nas razões do Recurso Especial, interposto com base no art. 105, III, a, da
Constituição Federal, a parte ora recorrente aponta violação aos arts. 1.022, II do
CPC/2015, 97, II, 108, § 2º, e 111, I e II, todos do Código Tributário Nacional e 15, § 1º, III,
a, e 20 da Lei 9.249/95, sustentando que:

"Da violação ao artigo 1.022, II, do CPC


Para viabilizar a interposição do presente recurso, a União opôs embargos
de declaração em face do acórdão ora recorrido, a fim de que as questões
jurídicas que arguiu fossem devidamente enfrentadas pelo órgão recursal.
Entendeu a Corte Regional, que se tratava de aclaratório com o objetivo de
rediscutir o julgado, razão pela qual julgou pela improcedência.
Entende a ora recorrente que o TRF4, ao rejeitar os aclaratórios, persistiu
na omissão apontada (ausência de manifestação acerca dos arts. 97, inciso
II, 108, § 2º, e 111, incisos I e II, todos do CTN e do acórdão exarado no
AgRg nos EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM Resp nº 1.168.663 e
AgRg no REsp 1168663), fazendo configurar-se ofensa ao artigo 1.022, II,
do CPC.
Dessarte, uma vez constatada a violação ao artigo 1.022, II, do CPC, pelo
órgão recursal a quo, justificada está, por si só, a admissão e o consequente
provimento do presente recurso especial aviado pela Fazenda Nacional,
devendo os autos retornarem à Turma julgadora do TRF da 4ª Região para
a devida apreciação das questões jurídicas suscitadas nos embargos
declaratórios opostos pela União em face da decisão ora recorrida.
Entretanto, caso assim não se entenda, considerando, em especial, que o
art. 1.025 do CPC dispõe no sentido de que se considera incluídos no
acórdão os elementos que o embargante suscitou, optou-se por adentrar
desde já nas questões de mérito propriamente ditas com as quais a UNIÃO
não se conforma, por também entender ter havido negativa de vigência aos
seguintes dispositivos da legislação federal.
Da violação ao art. 15, § 1º, inciso III, alínea 'a', e 20, da Lei nº 9.249, de
1995, e aos arts. 97, inciso II, 108, § 2º, e 111, incisos I e II, estes do CTN
O egrégio TRF da 4ª Região estendeu aos serviços odontológicos a
redução dos percentuais para apuração da base de cálculo do IRPJ e da
CSLL prevista nos arts. 15, § 1º, inciso III, alínea 'a', e 20, da Lei nº 9.249.
Assim dispões os referidos dispositivos:
(...)
A Lei nº 9.249/95, em seus artigos 15 e 20, como visto, estabelece que, para
as empresas que prestem serviços hospitalares, a base de cálculo do
Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ e da Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido - CSLL será calculada com a aplicação dos percentuais de
8% (oito por cento) e 12% (doze por cento) respectivamente, incidentes
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sobre a receita bruta mensal. Infere que, em nenhum momento, estendeu
esta forma de apuração favorecida aos serviços odontológicos.
Com efeito, os dispositivos transcritos expressamente não contemplam os
serviços de odontologia, mas sim hospitalares, pelo que restaram violados
pelo Acórdão recorrido. Da mesma forma, a decisão recorrida violou
também as regras insertas nos arts. 97, inciso II e 111, incisos I e II, todos
do CTN, na medida em que conferiu a referida redução para apuração da
base de cálculo tributos em discussão à parte autora, em que pese não
prevista em lei, verbis:
(...)
Como demonstrado, inclusive por meio de decisão desta egrégia Corte, as
atividades da autora não se enquadram no conceito de serviços
hospitalares, de modo que não faz jus à pleiteada redução da base de
cálculo" (fls. 349/354e).

Requer, ao final:

"a) seja provido, ao efeito de se restabelecer a plena vigência do art. 1.022,


II, do CPC, anulando-se o acórdão ora recorrido e determinando o retorno
dos autos ao 2º grau de jurisdição para que sejam efetivamente julgadas as
questões suscitadas pela União nos embargos declaratórios;
b) sucessivamente, se presentes as condições para apreciação da matéria
de fundo versada neste REsp, seja então reformada a decisão ora recorrida,
reconhecendo-se que houve violação aos arts. 15, § 1º, inciso III, alínea 'a',
e 20, da Lei nº 9.249, de 1995, e aos arts. 97, inciso II, 108, § 2º, e 111,
incisos I e II, estes do CTN, assentado que a autora não faz jus à redução
postulada" (fl. 355e).

Contrarrazões apresentadas (fls. 370/379e), foi o Recurso admitido na


origem (fls. 416/417e).
A irresignação não merece prosperar.
De início, em relação ao art. 1.022 do CPC/2015, deve-se ressaltar que o
acórdão recorrido não incorreu em qualquer vício, uma vez que o voto condutor do julgado
apreciou, fundamentadamente, todas as questões necessárias à solução da controvérsia,
dando-lhes, contudo, solução jurídica diversa da pretendida pela parte recorrente.
Vale ressaltar, ainda, que não se pode confundir decisão contrária ao
interesse da parte com ausência de fundamentação ou negativa de prestação
jurisdicional. Nesse sentido: STJ, REsp 1.666.265/MG, Rel. Ministro OG FERNANDES,
SEGUNDA TURMA, DJe de 21/03/2018; STJ, REsp 1.667.456/RS, Rel. Ministro MAURO
CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 18/12/2017; REsp 1.696.273/SP,
Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 19/12/2017.
No mais, trata-se, na origem, de Ação Ordinária com Repetição de Indébito
ajuizada, pela parte ora recorrida em face da Fazenda Nacional, objetivando, em síntese,
o reconhecimento do direito a recolher o IRPJ e a CSLL pelas bases de cálculo de 8%
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(oito porcento) e 12% (doze porcento), respectivamente.
O Juízo a quo julgou improcedente o pedido (fls. 208/211e). Inconformada, a
autora interpôs recurso de Apelação. Por sua vez, o Tribunal de origem deu provimento ao
apelo, nos seguintes termos, no que interessa:

"A Lei nº 9.249/95, em seus artigos 15 e 20, estabelece que, para as


empresas que prestem serviços hospitalares, a base de cálculo do Imposto
de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido - CSLL será calculada com a aplicação dos percentuais de 8% (oito
por cento) e 12% (doze por cento) respectivamente, incidentes sobre a
receita bruta mensal.
A autora alega que tem como objeto social a prestação de serviços
hospitalares, pelo que teria direito ao recolhimento do Imposto de Renda
Pessoa Jurídica e a Contribuição Social Sobre o Lucro tendo como base de
cálculo, respectivamente, os percentuais de 8% e 12% de sua receita, nos
termos do art. 15, § 1º, III, letra 'a', e 20 da Lei nº 9.249/1995.
O conflito gira em torno de se determinar a abrangência da expressão
'serviços hospitalares'.
O artigo 15, § 1°, 'a', da Lei n.° 9.249/1995 teve sua redação alterada pela
Lei n° 11.727/2008, in verbis:
(...)
Como se vê, houve uma extensão significativa do benefício aos prestadores
de serviços de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia,
anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias
clínicas.
O julgamento do REsp n.° 951.251 sedimentou o entendimento do Superior
Tribunal de Justiça em relação à controvérsia dos autos. O referido julgado
consagrou a tese de que 'a mens legis da norma em debate busca, através
de um objetivo extrafiscal, minorar os custos tributários de serviços que são
essenciais à população, não vinculando a prestação desses a determinada
qualidade do prestador - capacidade de realizar internação de pacientes -,
mas, sim, à natureza da atividade desempenhada. (...) Ainda que faça
ressalva à amplitude da conclusão adotada, não há dúvida de que a norma
legal em exame não teve em mira os custos do contribuinte, mas a natureza
do serviço - essencial à população -, considerado direito fundamental, que é
a saúde, previsto na Carta Magna (...)'. E conclui com maestria o Rel.
Ministro CASTRO MEIRA, verbis:
(...)
Período posterior à vigência da Lei nº 11.727/2008
Com relação ao período posterior à Lei nº 11.727/2008, que entrou em vigor
em 01-01-2009, em face da superveniente alteração na redação do inciso II,
alínea 'a', do artigo 15 da Lei nº 9.249/1995, por força da referida lei,
passou-se a exigir, para a aplicação do percentual reduzido, que 'a
prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade
empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

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Superior Tribunal de Justiça
- Anvisa'.
Quanto ao atendimento às normas da ANVISA, a lei revela-se bastante
genérica e não estabelece, especificamente, as quais normas da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária o contribuinte deve obedecer.
Cumpre ressaltar que a Resolução - RDC n° 50, de 21/02/2002, que dispõe
sobre o Regulamento Técnico para Planejamento, Programação,
Elaboração e Avaliação de Projetos Físicos de Estabelecimentos
Assistenciais de Saúde, não tem aplicação no caso em tela, vez que tais
normas gerais de funcionamento de estabelecimentos de saúde não podem
restringir a norma legal.
Tal resolução extrapola o limite estabelecido pela norma tributária, a qual
permite interpretações mais benéficas para o contribuinte, pois se
encontram dissociados do objetivo que norteou todo o processo legislativo
que era exatamente desonerar, no âmbito tributário, o prestador de serviços
de saúde nos casos em que se exige qualificação dos trabalhadores, espaço
físico adequado e materiais e equipamentos de alto custo, visando,
evidentemente, ao barateamento do serviço, com o consequente aumento
do acesso da população a tais serviços.'
Assim, após a edição de tal lei, somente as sociedades organizadas sob a
forma de sociedade empresária estão abrangidas pela base minorada.
Veja-se que o Novo Código Civil dividiu as sociedades em duas categorias,
as sociedades empresárias e as sociedades simples (não empresárias). A
sociedade empresária é a que exerce atividade econômica organizada e
habitual, para a produção ou a circulação de bens ou serviços. Já a
sociedade simples é a que exerce atividade econômica de natureza
intelectual, científica, literária ou artística (arts. 966 e 982 do CC).
Caso dos autos
De acordo com o contrato social e alterações vê-se que seu objeto social é
'ATIVIDADE ODONTOLÓGICA, SERVIÇOS DE PROCEDIMENTO
CIRÚRGICO DE COLOCAÇÃO DE PINO DE TITÃNIO PARA
IMPLANTE DENTÁRIO (IMPLANTODONTIA), CIRURGIAS BUCO
MAXILO FACIAIS, PERIODONTIA, ENDODONTIA, PRÓTESE
DENTÁRIA, ORTODONTIA, INSTALAÇÃO DE LENTE DE CONTATO
DENTAL (DENTÍSTICA), RADIOLOGIA ONDONTOLÓGICA
PANORÁMICA' (CONTRSOCIAL3 - evento 1).
A autora juntou aos autos nota fiscal discriminando serviços de implante.
Na espécie, as atividades desenvolvidas pela parte autora estão inseridos
no conceito de serviços hospitalares, segundo entendimento aqui esposado.
A demandante está organizada sob a forma de sociedade empresária,
conforme estabelecido pela Lei nº 11.727/08, desde 29/03/2017, consoante
certidão da JCESC (CONTRSOCIAL3 e OUT2 - evento 1 e 5) (...)
Dispositivo
Ante o exposto, voto por dar provimento à apelação" (fls. 300/303e).

A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp


1.116.399/BA, da relatoria do Ministro Benedito Gonçalves, submetido ao regime de
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Superior Tribunal de Justiça
recursos repetitivos, firmou o entendimento de que "para fins do pagamento dos tributos
com as alíquotas reduzidas, a expressão 'serviços hospitalares', constante do artigo 15, §
1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a
perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), devendo ser considerados serviços
hospitalares 'aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais,
voltados diretamente à promoção da saúde', de sorte que, 'em regra, mas não
necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se
as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito
hospitalar, mas nos consultórios médicos'".
A partir de 01/01/2009, a Lei 11.727/2008, que alterou o art. 15, § 1º, III, a, da
Lei 9.249/95, passou a exigir outros dois requisitos para a concessão do benefício:

“Art. 15. ............................................................


§ 1º ..................................................................
.........................................................................
III – .................................................................
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e
de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia,
anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e
patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja
organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa;"

Com efeito, o Tribunal de origem, com base no exame dos elementos fáticos
dos autos, consignou que, "de acordo com o contrato social e alterações vê-se que seu objeto
social é 'ATIVIDADE ODONTOLÓGICA, SERVIÇOS DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DE
COLOCAÇÃO DE PINO DE TITÃNIO PARA IMPLANTE DENTÁRIO (IMPLANTODONTIA),
CIRURGIAS BUCO MAXILO FACIAIS, PERIODONTIA, ENDODONTIA, PRÓTESE DENTÁRIA,
ORTODONTIA, INSTALAÇÃO DE LENTE DE CONTATO DENTAL (DENTÍSTICA),
RADIOLOGIA ONDONTOLÓGICA PANORÁMICA' (CONTRSOCIAL3 - evento 1). A autora
juntou aos autos nota fiscal discriminando serviços de implante. Na espécie, as atividades
desenvolvidas pela parte autora estão inseridos no conceito de serviços hospitalares,
segundo entendimento aqui esposado. A demandante está organizada sob a forma de
sociedade empresária, conforme estabelecido pela Lei nº 11.727/08, desde 29/03/2017,
consoante certidão da JCESC (CONTRSOCIAL3 e OUT2 - evento 1 e 5) " (fl. 302e).
Nesse contexto, considerando a fundamentação do acórdão objeto do
Recurso Especial, os argumentos utilizados pela parte recorrente somente poderiam ter
sua procedência verificada mediante o necessário reexame de matéria fática, não
cabendo a esta Corte, a fim de alcançar conclusão diversa, reavaliar o conjunto probatório
dos autos, em conformidade com a Súmula 7/STJ.
Nesse sentido:

"PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA.


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Superior Tribunal de Justiça
IRPJ E CSLL. ALÍQUOTA REDUZIDA. LEIS 9.249/1995 E 11.727/2008.
ATIVIDADE DA EMPRESA. CONDIÇÃO DE 'PRESTADORA DE
SERVIÇOS HOSPITALARES'. NECESSIDADE LEGAL DA
CONSTITUIÇÃO SOB A FORMA DE SOCIEDADE EMPRESARIAL.
ALTERAÇÃO DO ACÓRDÃO. NECESSIDADE DE REEXAME DE
MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ.
1. Cinge-se a controvérsia a reconhecer à impetrante o direito ao
recolhimento do IRPJ e da CSLL com alíquotas reduzidas de 8% e de 12%,
respectivamente, como previsto para pessoas jurídicas prestadoras de
serviços hospitalares.
2. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.116.399/BA, da
relatoria do Ministro Benedito Gonçalves, submetido ao regime de
recursos repetitivos (art. 543-C do CPC), no qual se discutiu a
aplicação das alíquotas diferenciadas de 8% e 12% para o IRPJ e a
CSLL, consolidou o entendimento de que, 'para fins do pagamento
dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão 'serviços
hospitalares', constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95,
deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da
atividade realizada pela contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o
benefício fiscal, não considerou o contribuinte em si (critério
subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à
saúde), que é, inclusive, alçado à condição de direito fundamental'.
3. Contudo, no que diz respeito aos fatos gerados com base nos efeitos do
art. 29 da Lei 11.727/2008 (a partir de 1º.1.2009 - art. 41, VI, da Lei
11.727/2008), devem ser prestigiadas as alterações efetuadas no art. 15, §
1º, III, 'a', da Lei 9.249/1995, entre os quais: a exigência da constituição da
prestadora de serviços sob a forma de sociedade empresária (REsp
1.369.763/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma,
DJe 24/6/2013). Assim, conforme a novel legislação em vigor, somente
as sociedades organizadas sob a forma de sociedade empresária
estão abrangidas pela base minorada.
4. Hipótese em que o Tribunal de origem declarou ser a recorrente uma
sociedade simples, haja vista não ter comprovado estar inserida na
categoria das sociedades empresárias por força de superveniente alteração
do referido artigo pela Lei 11.727/2008.
5. Considerando a fundamentação adotada na origem, à luz do
contexto fático-probatório dos autos, o acórdão recorrido poderia ser
modificado somente mediante o reexame dos aspectos concretos da
causa, o que é vedado, no âmbito do Recurso Especial, pela Súmula 7
do STJ.
6. Recurso Especial não conhecido" (STJ, REsp 1.803.931/SC, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, DJe de 01/07/2019).

Ante o exposto, com fundamento no art. 255, § 4º, II, do RISTJ, nego
MAM14
REsp 1865511 C542542155281122821845@ C584<140<5470032425902@
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Signatário(a): MINISTRA Assusete Magalhães Assinado em: 12/03/2020 15:07:00
Publicação no DJe/STJ nº 2868 de 13/03/2020. Código de Controle do Documento: 54F6CFCF-586B-44AC-A1F3-6A08F6B8B119

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Superior Tribunal de Justiça
provimento ao Recurso Especial.
Em atenção ao disposto no art. 85, § 11, do CPC/2015 e no Enunciado
Administrativo 7/STJ ("Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir
de 18 de março de 2016 será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais
recursais, na forma do art. 85, § 11, do NCPC"), majoro os honorários advocatícios em
10% (dez por cento) sobre o valor já arbitrado, levando-se em consideração o trabalho
adicional imposto ao advogado da parte recorrida, em virtude da interposição deste
recurso, respeitados os limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º do art. 85 do CPC/2015.
I.
Brasília (DF), 09 de março de 2020.

MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES


Relatora

MAM14
REsp 1865511 C542542155281122821845@ C584<140<5470032425902@
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Tribunal Regional Federal da 1ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico

08/04/2022

Número: 1040216-39.2019.4.01.3400
Classe: APELAÇÃO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: 7ª Turma
Órgão julgador: Gab. 21 - DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXAS
Última distribuição : 02/02/2022
Valor da causa: R$ 70.000,00
Processo referência: 1040216-39.2019.4.01.3400
Assuntos: IRPJ/Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, Base de Cálculo, Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) (APELANTE)
ORAL UNIC CAMPO GRANDE CLINICA ODONTOLOGICA EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
LTDA (APELADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
20387 08/04/2022 06:57 Acórdão Acórdão
1571

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Número do documento: 22110714591540700001373711978
JUSTIÇA FEDERAL
Tribunal Regional Federal da 1ª Região

PROCESSO: 1040216-39.2019.4.01.3400 PROCESSO REFERÊNCIA: 1040216-39.2019.4.01.3400


CLASSE: APELAÇÃO CÍVEL (198)
POLO ATIVO: UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL)
POLO PASSIVO:ORAL UNIC CAMPO GRANDE CLINICA ODONTOLOGICA LTDA
REPRESENTANTE(S) POLO PASSIVO: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - SP159295-A
RELATOR(A):GILDA MARIA CARNEIRO SIGMARINGA SEIXAS

PODER JUDICIÁRIO FEDERALTribunal Regional Federal da 1ª RegiãoGab. 21 -


DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXASPJE/TRF1-Processo Judicial
Eletrônico
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 1040216-
39.2019.4.01.3400
RELATÓRIOTrata-se de apelação da União (FN), em ação sob o rito comum, em face da
sentença (CPC/2015) que julgou procedente os pedidos para reconhecer o direito da parte autora
de ser incluída no conceito tributário de “serviços hospitalares” para os fins do art. 15 e do art. 20
da Lei n.º 9.249/1995, autorizando-a a computar a base de cálculo do imposto de renda no
percentual de 8% sobre a receita bruta mensal e, em relação à contribuição social sobre lucro
líquido, no percentual de 12% sobre a receita bruta mensal, bem como a restituição dos valores
recolhidos, observado o prazo prescricional quinquenal e atualizados desde o recolhimento pela
taxa SELIC. A União apela alegando que os serviços elencados na a alínea “a” do inciso III do art.
15 da Lei nº 9.249/1995, são previstos de forma taxativa, não constando o serviço odontológico,
portanto, não sendo considerado o serviço odontológico como serviço hospitalar.Contrarrazões
apresentadas.É o relatório. Des(a). Fed. GILDA SIGMARINGA SEIXASRelatora

VOTO - VENCEDOR

PODER JUDICIÁRIO FEDERALTribunal Regional Federal da 1ª RegiãoGab. 21 -


DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXASPJE/TRF1-Processo Judicial
Eletrônico
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 1040216-
39.2019.4.01.3400
VOTOPara fins de apuração mensal do IRPJ e da CSLL, o art. 15 da Lei n. 9.249/95 fixou o
percentual de 32% como base de cálculo geral para todas as empresas prestadoras de serviço.
Confira-se:Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado
o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.§1º Nas seguintes

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atividades, o percentual de que trata este artigo será de: (...)III - trinta e dois por cento, para as
atividades de:a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; (...)§2º No
caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente a cada atividade”Da
leitura do dispositivo, verifica-se que, excepcionalmente, foram excluídos da regra de índice geral
os serviços hospitalares, sobre os quais o IRPJ e a CSLL são calculados em percentuais
reduzidos. Posteriormente, a Lei n. 11.727/2008 trouxe nova redação ao artigo transcrito acima,
com vigência a partir de 01/01/2009. Vejamos:“Art. 15. (...)III - trinta e dois por cento, para as
atividades de:a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio
diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia,
medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja
organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – Anvisa;” A autora comprovou exercer atividades de clínica odontológica
adequados à prestação de serviços de natureza hospitalar, não se restringindo a consultas
médicas, como pode-se observar no Alvará de Localização e Funcionamento Provisório e notas
fiscais relativas a cirurgias bucomaxilofaciais, implantodentia, exodontia, periodontia e colocação
de próteses em seus pacientes nas suas próprias instalações.Restou, ainda, demonstrado,
através do contrato de constituição societária, a forma de sociedade empresa (doc 185945076) e
alvará de licença sanitária nº 41887 (doc. 185945081).Para gozar do benefício da redução da
alíquota, a legislação exige da empresa a prestação de serviços hospitalares e que seja
obrigatoriamente constituída sob a forma de sociedade empresária. Dessa forma, entende este
TRF1:TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS
REDUZIDAS. PRESTADORA DE "SERVIÇOS HOSPITALARES" (EXCLUSÃO DAS
CONSULTAS MÉDICAS) SOB A FORMA DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA. 1. O Superior Tribunal
de Justiça decidiu que o recolhimento do IRPJ e da CSLL com alíquotas reduzidas de 8% e 12%,
respectivamente, após a edição da Lei 11.727/2008, que alterou o art. 15, § 2º, da Lei
9.249/1995, exige da empresa a prestação de serviços hospitalares e seja obrigatoriamente
constituída sob a forma de sociedade empresária (REsp repetitivo 1.116.399-BA, r. Ministro
Benedito Gonçalves, 1ª Seção em 28.10.2009; AgRg no REsp 1.538.506/SC, r. Ministro
Humberto Martins, 2ª Turma em 15.09.2015). 2. A impetrante comprovou que preenche esses
requisitos, caso em que tem direito subjetivo às alíquotas reduzidas, excluídas as consultas
médicas. 3. Apelação da União desprovida. Remessa necessária parcialmente provida.(AMS
0037018-89.2011.4.01.3400, DESEMBARGADOR FEDERAL NOVÉLY VILANOVA, TRF1 -
OITAVA TURMA, PJe 25/10/2021 PAG.)PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL.
ALÍQUOTA REDUZIDA. LEI 9.245/95. REDAÇÃO DA LEI 11.727/2008. SERVIÇOS DE
NATUREZA HOSPITALAR. SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA. PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS DE ODONTOLOGIA. CIRURGIAS ODONTOLÓGICAS, IMPLANTES DENTÁRIOS E
RADIOGRAFIAS. APELAÇÃO DA PARTE AUTORA PROVIDA. APELAÇÃO DA UNIÃO E
REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDAS. 1. O inciso III da letra "a" do art. 15 da Lei 9.249/95, com a
redação dada pela Lei 11.727/2008, assegurou que a base de cálculo do imposto de renda e da
contribuição social sobre o lucro líquido, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do
percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente, para as atividades
de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia,
anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas. 2. A
Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao apreciar o REsp 951.251/PR (Rel. Ministro
Castro Meira, DJe 03.06.2009), à unanimidade , firmou o entendimento de que "o art. 15, § 1º, III,
"a", da Lei nº 9.249/95 explicitamente concede o benefício fiscal de forma objetiva, com foco nos
serviços que são prestados, e não no contribuinte que os executa." 3. A análise da documentação
acostada aos autos permite inferir que é apropriado o enquadramento dos serviços prestados
pela parte autora como "serviços hospitalares", assim entendidos aqueles realizados em prol da
saúde humana. 4. A colocação de implante dentário demanda a utilização de técnicas cirúrgicas
específicas e segue orientações previstas para a especialidade de Cirurgia e Traumatologia
Buco-Maxilo-Facial, a qual já foi enquadrada pelo Superior Tribunal de Justiça como "atividade
hospitalar". (REsp 799.854/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em

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25/04/2006, DJ 08/05/2006, p. 187). 5. Apelação da parte autora provida. Apelação da UNIÃO e
remessa oficial não providas. (AC 0002550-02.2011.4.01.3400, DESEMBARGADOR FEDERAL
MARCOS AUGUSTO DE SOUSA, TRF1 - OITAVA TURMA, e-DJF1 27/03/2015 PAG
1180.)Portanto, a atividade empresarial exercida pela parte autora está inclusa no conceito de
“serviços hospitalares”, fazendo jus à incidência dos percentuais de 8% e 12% sobre a receita
bruta mensal, para fins de base de cálculo do imposto de renda e de contribuição social sobre o
lucro líquido, respectivamente.Ante o exposto, nego provimento à apelação da União. Mantenho a
condenação da apelante no pagamento de honorários advocatícios, fixados em 15% (dez por
cento) sobre o valor da condenação, com acréscimo de mais 1% de tal referencial (respeitado o
valor mínimo de R$1.000,00), a teor do §11 do art. 85 do CPC/2015.É o meu voto.Des(a). Fed.
GILDA SIGMARINGA SEIXASRelatora

DEMAIS VOTOS

PODER JUDICIÁRIO FEDERALTribunal Regional Federal da 1ª RegiãoGab. 21 -


DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXASPJE/TRF1-Processo Judicial
Eletrônico
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 1040216-39.2019.4.01.3400APELANTE: FAZENDA
NACIONALAPELADO: ORAL UNIC CAMPO GRANDE CLINICA ODONTOLOGICA
LTDA
EMENTA TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA. CPC/2015. IRPJ E CSLL.
ALÍQUOTA REDUZIDA. LEI 9.249/1995. REDAÇÃO DA LEI 11.727/2008. IN/RFB 1.700/2017.
SERVIÇOS DE NATUREZA HOSPITALAR. SERVIÇO DE ODONTOLOGIA. SOCIEDADE
EMPRESÁRIA. SENTENÇA MANTIDA.1. Trata-se de apelação da União (FN), em ação sob o rito
comum, em face da sentença (CPC/2015) que julgou procedente os pedidos para reconhecer o
direito da parte autora de ser incluída no conceito tributário de “serviços hospitalares” para os fins
do art. 15 e do art. 20 da Lei n.º 9.249/1995, autorizando-a a computar a base de cálculo do
imposto de renda no percentual de 8% sobre a receita bruta mensal e, em relação à contribuição
social sobre lucro líquido, no percentual de 12% sobre a receita bruta mensal, bem como a
restituição dos valores recolhidos, observado o prazo prescricional quinquenal e atualizados
desde o recolhimento pela taxa SELIC. 2. Para fins de apuração mensal do IRPJ e da CSLL, o
art. 15 da Lei n. 9.249/95 fixou o percentual de 32% como base de cálculo geral para todas as
empresas prestadoras de serviço.Foram excluídos, excepcionalmente, da regra de índice geral os
serviços hospitalares, sobre os quais o IRPJ e a CSLL são calculados em percentuais
reduzidos. 3. No caso concreto, a autora comprovou exercer atividades de clínica odontológica
adequados à prestação de serviços de natureza hospitalar, não se restringindo a consultas
médicas, através do Alvará de Localização e Funcionamento Provisório e notas fiscais relativas a
cirurgias realizadas nas suas próprias instalações. Apresentou ainda o contrato de constituição
sob a forma sociedade empresária e o alvará sanitário.4. Precedente: 1. O STJ decidiu que o
recolhimento do IRPJ e da CSLL com alíquotas reduzidas de 8% e 12%, respectivamente, após a
edição da Lei 11.727/2008, que alterou o art. 15, § 2º, da Lei 9.249/1995, exige da empresa a
prestação de serviços hospitalares e seja obrigatoriamente constituída sob a forma de sociedade
empresária (REsp repetitivo 1.116.399-BA, 1ª Seção em 28.10.2009; AgRg no REsp
1.538.506/SC, 2ª Turma em 15.09.2015). 2. A impetrante comprovou que preenche esses
requisitos, caso em que tem direito subjetivo às alíquotas reduzidas, excluídas as consultas

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médicas. (AMS 0037018-89.2011.4.01.3400, TRF1 - OITAVA TURMA, PJe 25/10/2021
PAG.)5. Apelação da União não provida.ACÓRDÃODecide a Turma, por unanimidade, negar
provimento à apelação da União.Brasília/DF, na data da certificação digital.Des(a). Fed. GILDA
SIGMARINGA SEIXASRelatora

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12/04/2019 :: 40000766932 - eproc - ::

Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO
Otávio Francisco Caruso da Rocha, 300, 6º andar - Bairro: Praia de Belas - CEP: 90010-395 - Fone: (51)3213-3161 - Email:
gluciane@trf4.gov.br

APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5012595-17.2017.4.04.7205/SC


RELATOR: JUIZ FEDERAL ANDREI PITTEN VELLOSO
APELANTE: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (RÉU)
APELADO: ORAL UNIC BLUMENAU LTDA - ME (AUTOR)
ADVOGADO: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA

RELATÓRIO

Trata-se de procedimento comum ajuizado por ORAL UNIC Blumenau


Ltda. contra a União (Fazenda Nacional), objetivando o reconhecimento do direito à apuração
da base de cálculo do IRPJ e da CSLL pelas alíquotas de 8% e 12%, respectivamente. Alega
que enquadra-se no conceito de "serviços hospitalares", nos termos do art. 15, § 1º, III, alínea 'a'
da Lei n.º 9.249/95. Requer a restituição/compensação dos pagamentos efetuados a maior no
período imprescrito.

Atribuído à causa o valor de R$ 77.209,99 (evento 6).

A sentença tem o seguinte dispositivo:

Ante o exposto, arrimado no art. 487, I, do CPC, julgo procedente o pedido inicial para:

a) declarar o direito da autora de recolher, no que tange aos procedimentos de


implantodontia, cirurgia buco-maxilo-faciais, periodontia, endodontia, prótese dentária,
ortodontia, instalação de lente de contato dental e dentística, exceto as consultas
médicas, o IRPJ e a CSLL pelas bases de cálculo de 8% e 12%, respectivamente, nos
termos do art. 15, III, letra “a”, in fine, e art. 20, primeira parte, ambos da Lei 9.249/95;

b) assegurar-lhe o direito à restituição (e-ou) compensação, neste caso, com quaisquer


tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, dos valores recolhidos
indevidamente, no lustro precedente ao ajuizamento e no curso desta, tudo sob a
incidência da Selic desde a data de cada recolhimento indevido até a efetiva repetição,
observado o disposto no art. 170-A do Código Tributário Nacional.

Custas, em ressarcimento, e honorários advocatícios a serem fixados por ocasião da


liquidação do julgado, nos termos do art. 85, § 4º, II, do Código de Processo Civil, pela
ré.

Remessa necessária.

A União, em suas razões recursais, alega que a autora não preenche os requisitos
para enquadramento como entidade hospitalar, uma vez que não há internação do paciente.
Ainda, afirma que a autora somente a partir de 07/12/2016 foi constituída sob a forma de
sociedade empresária. Por fim, menciona que seja vedada a utilização dos valores pagos a maior
com contribuições previdenciárias, ressalvada a hipótese prevista no art. 26_A da Lei nº
11/457/2007.

Com contrarrazões, vieram os autos a esta Corte.

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É o relatório.

VOTO

Remessa necessária

À luz do disposto no artigo 496, § 3º, inciso I, CPC, a sentença não se submete à
remessa necessária, tendo em vista que o valor atribuído à causa é inferior a mil salários
mínimos.

Prescrição

Tratando-se de ação ajuizada após a LC nº 118/2005, a prescrição é quinquenal, na


esteira da orientação do STF (RE nº 566.621).

No caso dos autos, estão prescritas todas as parcelas anteriores aos 5 (cinco)
anos que antecedem a propositura da demanda.

Prestadora de Serviços Hospitalares

A Lei nº 9.249/95, em seus artigos 15 e 20, estabelece que, para as empresas que
prestem serviços hospitalares, a base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ e
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL será calculada com a aplicação dos
percentuais de 8% (oito por cento) e 12% (doze por cento) respectivamente, incidentes sobre a
receita bruta mensal.

A autora alega que tem como objeto social a prestação de serviços hospitalares,
pelo que teria direito ao recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a Contribuição
Social Sobre o Lucro tendo como base de cálculo, respectivamente, os percentuais de 8% e
12% de sua receita bruta, nos termos do art. 15, § 1º, III, letra "a", e 20 da Lei nº 9.249/1995.

O conflito gira em torno de se determinar a abrangência da expressão "serviços


hospitalares".

O artigo 15, § 1°, "a", da Lei n.° 9.249/1995 teve sua redação alterada pela Lei n°
11.727/2008, in verbis:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente,
observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:

(...)

III - trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio


diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora

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destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às
normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa; (Redação dada pela Lei
nº 11.727, de 2008)

Como se vê, houve uma extensão significativa do benefício aos prestadores de


serviços de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas.

O julgamento do REsp n.° 951.251 sedimentou o entendimento do Superior


Tribunal de Justiça em relação à controvérsia dos autos. O referido julgado consagrou a tese de
que "a mens legis da norma em debate busca, através de um objetivo extrafiscal, minorar os
custos tributários de serviços que são essenciais à população, não vinculando a prestação
desses a determinada qualidade do prestador - capacidade de realizar internação de
pacientes -, mas, sim, à natureza da atividade desempenhada. (...) Ainda que faça ressalva à
amplitude da conclusão adotada, não há dúvida de que a norma legal em exame não teve
em mira os custos do contribuinte, mas a natureza do serviço - essencial à população -,
considerado direito fundamental, que é a saúde, previsto na Carta Magna (...)". E conclui
com maestria o Rel. Ministro CASTRO MEIRA, verbis:

"(...) Com esta exegese, não está excluído por completo o aspecto referente aos custos
dos contribuintes, uma vez que, para que esses efetivamente prestem serviços
hospitalares, necessitam possuir um suporte material e humano específico - instrumentos
necessários à elaboração de diagnósticos e intervenções cirúrgicas, bem como
profissionais especializados para sua utilização, sendo tal aparato diverso e mais
oneroso do que aquele relacionado com a simples prestação de consultas médicas.

Dessa forma, duas situações convergem para a concessão do benefício: a prestação de


serviços hospitalares e que esta seja realizada por contribuinte que no desenvolvimento
de sua atividade possua custos diferenciados da simples prestação de atendimento
médico, sem, contudo, decorrerem esses custos necessariamente da internação de
pacientes. (...)" (Grifei.)

(STJ, REsp nº 951.251/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, 1ª Seção, julgado em 22-09-
2009, DJ 02-06-2009)

Período posterior à vigência da Lei nº 11.727/2008

Com relação ao período posterior à Lei nº 11.727/2008, que entrou em vigor em


01-01-2009, passou-se a exigir, para a aplicação do percentual reduzido, que "a prestadora
destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa".

Quanto ao atendimento às normas da ANVISA, a lei revela-se bastante genérica e


não estabelece, especificamente, as quais normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária o
contribuinte deve obedecer.

Cumpre ressaltar que a Resolução - RDC n° 50, de 21/02/2002, que dispõe


sobre o Regulamento Técnico para Planejamento, Programação, Elaboração e Avaliação de
Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, não tem aplicação no caso em
tela, vez que tais normas gerais de funcionamento de estabelecimentos de saúde não podem
restringir a norma legal.

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Tal resolução extrapola o limite estabelecido pela norma tributária, a qual permite
interpretações mais benéficas para o contribuinte, pois se encontram dissociados do objetivo
que norteou todo o processo legislativo que era exatamente desonerar, no âmbito tributário, o
prestador de serviços de saúde nos casos em que se exige qualificação dos trabalhadores,
espaço físico adequado e materiais e equipamentos de alto custo, visando, evidentemente, ao
barateamento do serviço, com o consequente aumento do acesso da população a tais serviços."

Assim, após a edição de tal lei, somente as sociedades organizadas sob a forma de
sociedade empresária estão abrangidas pela base minorada.

Veja-se que o Novo Código Civil dividiu as sociedades em duas categorias, as


sociedades empresárias e as sociedades simples (não empresárias). A sociedade empresária é a
que exerce atividade econômica organizada e habitual, para a produção ou a circulação de bens
ou serviços. Já a sociedade simples é a que exerce atividade econômica de natureza intelectual,
científica, literária ou artística (arts. 966 e 982 do CC).

Caso dos autos

De acordo com o Contrato Social, trazido com a inicial da ação, vê-se que seu
objeto social é ".... atividade odontológica, serviços de procedimento cirúrgico de colocação
de pino de titânio para implante dentário, cirugias buco maxilofaciais, periodontia,
endodontia, prótese dentária, ortodontia, instalação de lente de de contato dental
dentística", atividade que se insere no conceito de serviços hospitalares, excluídas as consultas
médicas, conforme entendimento aqui esposado.

Houve a juntada de notas fiscais com discriminação de procedimentos cirúrgicos


(evento 1 - NOTAFISCAL4).

Assinalo que o custo relaciona-se aos servições médicos diferenciados das


simples consultas médicas, independentemente de serem desenvolvidas dentro de instalações
hospitalares ou de possuírem capacidade de internação de pacientes.

Oportuno mencionar o precedente do Superior Tribunal de Justiça, em sede de


recurso especial representativo da controvérsia, in verbis:

RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS


NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE
CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES".
INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADEDE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA
PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO.
RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC.

1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão


"serviços hospitalares" prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de
alíquota do IRPJ e da CSLL. Discute-se a possibilidade de, a despeito da generalidade
da expressão contida na lei, poder-se restringir o benefício fiscal, incluindo no
conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles estabelecimentos destinados
ao atendimento global ao paciente, mediante internação e assistência médica integral.

2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente Ministro


Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do
pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares",
constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma

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objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto
a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do
contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado
(assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que os regulamentos
emanados da Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não
poderiam exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a
exemplo da necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes)
para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que "a dispensa da capacidade de
internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra
irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares".

3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam


às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde",
de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não
se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos".

4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às


demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução
de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da
empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da
receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício
fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da
Lei9.249/95.

5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida


presta serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada à promoção
da saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em
ambientes hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas,
motivo pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício
em discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e
de 12% (doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela
atividade específica de prestação de serviços médicos laboratoriais).

6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime


do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.

7. Recurso especial não provido. (grifos meus)

(REsp 1.116.399/BA, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Seção, DJe 24/02/2010).

Assim, a demandante enquadra-se no conceito de prestadora de serviços


hospitalares nos termos da lei.

Na espécie, a demandante demonstrou que está organizada sob a forma de


sociedade empresária, consoante estabelecido pela Lei nº 11.727/2008, pois se verifica que o
contrato social celebrado foi firmado em 13/10/2016 e registrado na JCESC, na data de
10/11/2016 (contrsocial3).

Restituição/ Compensação

Desse modo, a autora tem direito ao reconhecimento do direito de recolher o


IRPJ e a CSLL, enquanto esteve sujeita à tributação pelo lucro presumido, com os percentuais
de 8% (oito por cento) e 12% (doze por cento), respectivamente, excluídas as consultas

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médicas, sobre a receita auferida na atividade específica de prestação de serviços de tratamento,
nos termos do art. 15, § 1º, III, alínea 'a', da Lei n.º 9.249/1995, mas, somente a partir de
13/10/2016, momento que se constitui como sociedade empresária.

A compensação dos valores recolhidos a maior deverá ocorrer (a) após o trânsito
em julgado da decisão, (b) por iniciativa do contribuinte, (c) entre quaisquer tributos
administrados pela Secretaria da Receita Federal, e (d) mediante entrega de declaração
contendo as informações sobre os créditos e débitos utilizados, cujo efeito é o de extinguir o
crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação, nos termos do
disposto no art. 74 da Lei nº 9.430/1996 e alterações posteriores.

Correção Monetária e juros

A atualização monetária incide desde a data do pagamento indevido do tributo


(Súmula nº 162 do STJ), até a sua efetiva restituição/compensação. Para os respectivos
cálculos, devem ser utilizados, unicamente, os indexadores instituídos por lei para corrigir
débitos e/ou créditos de natureza tributária, no caso, a taxa SELIC, instituída pelo art. 39, § 4º,
da Lei nº 9.250/95.

Majoração dos honorários de sucumbência, nos termos do § 11 do art. 85 do


CPC

Em razão do § 11 do art. 85 do CPC, majoro em 10% o montante dos honorários


advocatícios "fixados anteriormente".

Dispositivo

Ante o exposto, voto por não conhecer da remessa oficial e negar provimento à
apelação.

Documento eletrônico assinado por ANDREI PITTEN VELLOSO, Juiz Federal Convocado, na forma do artigo 1º, inciso
III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da
autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,
mediante o preenchimento do código verificador 40000766932v11 e do código CRC 8205cc44.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): ANDREI PITTEN VELLOSO
Data e Hora: 9/4/2019, às 7:45:51

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Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária de Santa Catarina
1ª Vara Federal de Blumenau
Rua 7 de Setembro, 1574, 4º andar ­ Bairro: Centro ­ CEP: 89010­202 ­ Fone: (47)3231­6800 ­ www.jfsc.jus.br ­ Email:
scblu01@jfsc.jus.br

PROCEDIMENTO COMUM Nº 5012595­17.2017.4.04.7205/SC
AUTOR: ORAL UNIC BLUMENAU LTDA ­ ME
ADVOGADO: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA
RÉU: UNIÃO ­ FAZENDA NACIONAL

SENTENÇA

Relatório

Pretende­se,  sem  pedido  de  tutela,  "seja    a  presente  ação  julgada  totalmente
procedente,  para  que  a  autora,  no  que  tange  aos  procedimentos  de  implantodontia,  cirurgia
buco­maxilo­faciais, periodontia, endodontia, prótese dentária, ortodontia, instalação de lente
de contato dental e dentística, exceto simples consultas, recolha o IRPJ e a CSLL pelas bases
de cálculo de 8% e 12%, respectivamente, nos termos do art. 15, III, letra “a”, in fine, art. 20,
primeira  parte,  ambos  da  Lei  9.249/95,  restituindo­se  os  valores  recolhidos  a  tal  título,
respeito  o  período  não  prescrito,  tudo  à  luz  das  razões  de  fato  e  de  direito  estampadas  na
exordial.

Contestando,  a  União  (Fazenda  Nacional)  disse,  em  suma,  "que  a  autora  não
exerce  atividades  passíveis  de  serem  enquadradas  na  expressão  “serviços  hospitalares”  e,
assim,  não  pode  ser  abrangida  pelo  tratamento  mais  benéfico  previsto  para  este  tipo  de
atividade escolhida pelo legislador", à vista dos fundamentos fáticos e jurídicos expendidos.

Com réplica.

Diligência efetuada.

Sem dilação probatória, os autos foram anotados para sentença.

Fundamentação

A tributação favorecida no que toca ao IRPJ e à CSLL incidentes sobre receitas
de  prestação  de  serviços  hospitalares  justifica­se  pelo  custo  diferenciado  de  tais  atividades,
dada sua complexidade e necessidade de alto investimento tecnológico e de pessoal.

A  determinação  da  extensão  do  conceito  "serviços  hospitalares"  foi  objeto  de


grande controvérsia nos Tribunais pátrios, que ora tendiam a privilegiar interpretações mais
restritivas, ora mais flexíveis, acerca das atividades equiparáveis a atividades hospitalares.

A  Secretaria  da  Receita  Federal  editou  diversas  instruções  normativas


procurando  definir  o  conteúdo  da  expressão,  elaboradas  a  partir  de  parâmetros  fixados  em
Resoluções  da  ANVISA  acerca  de  exigências  a  serem  respeitadas  pelas  instituições

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hospitalares,  concluindo  que  o  critério  para  auferir  o  benefício  de  redução  de  alíquota
dependeria da estrutura física da empresa prestadora de serviços, que deveria ser equiparável
a estrutura de hospitais, inclusive com possibilidade de internação de pacientes.

Esta interpretação restritiva da norma foi afastada pela 1ª Seção do STJ, a partir
do  julgamento  do  REsp  n.  951.251/PR  (DJe  03/06/2009),  de  Relatoria  do  Ilustre  Ministro
Castro  Meira,  que  firmou  entendimento  sobre  a  abrangência  da  expressão  "serviços
hospitalares",  de  que  trata  o  art.  15,  §  1º,  III,  "a",  da  Lei  nº  9.249/95,  de  modo  que
abrangessem  aquelas  atividades  voltadas  à  promoção  da  saúde  e  que  tivessem  custo
diferenciado  das  simples  consultas  médicas,  independentemente  de  serem  desenvolvidas
dentro de instalações hospitalares ou de possuírem capacidade de internação de pacientes.

Esse entendimento foi reafirmado em sede de recurso especial representativo da
controvérsia, nos seguintes termos:

DIREITO  PROCESSUAL  CIVIL  E  TRIBUTÁRIO.  RECURSO  ESPECIAL.


VIOLAÇÃO  AOS  ARTIGOS  535  e  468  DO  CPC.  VÍCIOS  NÃO  CONFIGURADOS.  LEI
9.249/95.  IRPJ  E  CSLL  COM  BASE  DE  CÁLCULO  REDUZIDA.  DEFINIÇÃO  DA
EXPRESSÃO  "SERVIÇOS  HOSPITALARES".  INTERPRETAÇÃO  OBJETIVA.
DESNECESSIDADEDE  ESTRUTURA  DISPONIBILIZADA  PARA  INTERNAÇÃO.
ENTENDIMENTO  RECENTE  DA  PRIMEIRA  SEÇÃO.  RECURSO  SUBMETIDO  AO
REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543­C DO CPC.

1.  Controvérsia  envolvendo  a  forma  de  interpretação  da  expressão  "serviços


hospitalares" prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ
e da CSLL. Discute­se a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida
na lei, poder­se restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito de "serviços hospitalares"
apenas  aqueles  estabelecimentos  destinados  ao  atendimento  global  ao  paciente,  mediante
internação e assistência médica integral.

2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251­PR, da relatoria do eminente
Ministro Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins
do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares",
constante  do  artigo  15,  §  1º,  inciso  III,  da  Lei  9.249/95,  deve  ser  interpretada  de  forma
objetiva  (ou  seja,  sob  a  perspectiva  da  atividade  realizada  pelo  contribuinte),  porquanto  a
lei,  ao  conceder  o  benefício  fiscal,  não  considerou  a  característica  ou  a  estrutura  do
contribuinte  em  si  (critério  subjetivo),  mas  a  natureza  do  próprio  serviço  prestado
(assistência  à  saúde).  Na  mesma  oportunidade,  ficou  consignado  que  os  regulamentos
emanados  da  Receita  Federal  referentes  aos  dispositivos  legais  acima  mencionados  não
poderiam exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo
da necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção
do  benefício.  Daí  a  conclusão  de  que  "a  dispensa  da  capacidade  de  internação  hospitalar
tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento
as disposições constantes em atos regulamentares".

3.  Assim,  devem  ser  considerados  serviços  hospitalares  "aqueles  que  se


vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da
saúde",  de  sorte  que,  "em  regra,  mas  não  necessariamente,  são  prestados  no  interior  do
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estabelecimento hospitalar, excluindo­se as simples consultas médicas, atividade que não se
identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos".

4.  Ressalva  de  que  as  modificações  introduzidas  pela  Lei  11.727/08  não  se
aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de
alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte
genericamente  considerada,  mas  sim  àquela  parcela  da  receita  proveniente  unicamente  da
atividade  específica  sujeita  ao  benefício  fiscal,  desenvolvida  pelo  contribuinte,  nos  exatos
termos do § 2º do artigo 15 da Lei9.249/95.

5.  Hipótese  em  que  o  Tribunal  de  origem  consignou  que  a  empresa  recorrida
presta serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada à promoção da
saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares
ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo pelo qual, segundo o
novel  entendimento  desta  Corte,  faz  jus  ao  benefício  em  discussão  (incidência  dos
percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de
CSLL,  sobre  a  receita  bruta  auferida  pela  atividade  específica  de  prestação  de  serviços
médicos laboratoriais).

6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido
ao regime do artigo 543­C do CPC e da Resolução 8/STJ.

7.  Recurso  especial  não  provido.  (REsp  1.116.399/BA,  Rel.  Min.  Benedito
Gonçalves, 1ª Seção, DJe 24/02/2010). (Destaquei).

Infere­se,  pois,  da  decisão  do  STJ  em  referência,  que  devem  ser  considerados
serviços hospitalares "aqueles  que  se  vinculam  às  atividades  desenvolvidas  pelos  hospitais,
voltados  diretamente  à  promoção  da  saúde",  de  maneira  que,  "em  regra,  mas  não
necessariamente,  são  prestados  no  interior  do  estabelecimento  hospitalar,  excluindo­se  as
simples  consultas  médicas,  atividade  que  não  se  identifica  com  as  prestadas  no  âmbito
hospitalar, mas nos consultórios médicos".

Com  efeito,  no  exame  do  caso  concreto,  da  análise  do  contrato  social  juntado
aos autos (Evento 1, CONTRSOCIAL3, Página 1) verifica­se que a sociedade tem por objeto:

E, as notas fiscais acostadas (Evento 1, NFISCAL4, Página 1­5 e Evento 45 ­
NFISCAL2), demonstram a realização de atividades em conformidade com o objeto social da
demandante e  tipicamente hospitalares, tais como,  procedimentos cirúrgicos.

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Comprovando­se,  pois,  a  prestação  de  serviços  odontológicos  diferenciados,


conforme se extrai das notas fiscais mencionadas, além de outras inseridas no objeto social da
demandante,  esta faz jus à fruição da benesse pretendida.

Nesse sentido:

EMENTA:  TRIBUTÁRIO.  SERVIÇOS  HOSPITALARES.  IRPJ  E  CSLL.


ALÍQUOTAS  REDUZIDAS.  NATUREZA  DO  SERVIÇO  PRESTADO.  CRITÉRIO
OBJETIVO, INDEPENDENTE DA ESTRUTURA FÍSICA DO LOCAL DE PRESTAÇÃO
DO  SERVIÇO.  LEI  Nº  11.727/2008.  APLICABILIDADE.  VIGÊNCIA.  1.  O  Superior
Tribunal  de  Justiça  pacificou  a  matéria  atinente  à  aplicação  de  alíquotas  reduzidas  do
IRPJ  (8%)  e  da  CSLL  (12%)  às  receitas  provenientes  de  serviços  hospitalares.  O  critério
eleito  é  de  cunho  objetivo  e  concerne  à  natureza  do  serviço  que  deve  ser  relacionado  à
promoção  da  saúde  e  ter  custo  diferenciado,  excluídas,  assim,  as  receitas  decorrentes  de
simples  consultas  médicas  e  demais  atividades  administrativas.  Assim,  nos  termos  do
precedente representativo da controvérsia, a concessão do benefício independe da estrutura
física  do  local  de  prestação  do  serviço  e  se  este  possuiu,  ou  não,  capacidade  para
internação de pacientes (REsp 1.116.399/BA, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Seção, DJe
24/02/2010). 2. A Lei nº 11.727/2008 impôs alterações ao artigo 15, § 1º, III, "a", da Lei nº
9.249/1995,  que  passaram  a  viger  a  partir  de  01­01­2009.  Além  do  enquadramento  da
atividade  como  de  natureza  hospitalar,  outros  dois  requisitos  passaram  a  ser  exigidos,  a
saber: i) estar constituída como sociedade empresária; ii) atender às normas da ANVISA. 3.
As  sociedades  empresárias  devem  ser  registradas  no  Registro  Público  das  empresas
Mercantis (Junta Comercial) do Estado em que se encontram estabelecidas. 4. Não é legítimo
exigir  que  a  empresa  comprove  atender  às  normas  da  ANVISA.  Uma  vez  que  está  em
exercício regular de sua atividade e detém o Alvará de funcionamento, há presunção relativa
de que está adequada às regras da vigilância sanitária. Caberia, desta forma, ao Fisco trazer
elementos que indiquem o descumprimento de tais regras. Precedentes desta Corte Regional.
(TRF4  5026157­45.2016.4.04.7200,  PRIMEIRA  TURMA,  Relator  ROGER  RAUPP  RIOS,
juntado aos autos em 08/09/2017. (Destaquei).

TRIBUTÁRIO.  IRPJ.  CSLL.  LUCRO  PRESUMIDO.  PRESTAÇÃO  DE


SERVIÇOS  HOSPITALARES.  CLÍNICA  ODONTOLÓGICA.  SERVIÇOS  COM  CUSTOS
DIFERENCIADOS. 1. A lei escolheu como único critério distintivo a natureza da atividade
prestada,  excetuando  a  incidência  da  base  de  cálculo  de  32%  sobre  as  atividades
consideradas  como  de  prestação  de  serviços  hospitalares.  Assim,  o  enquadramento  na
condição  de  instituição  prestadora  de  serviços  hospitalares  sustenta­se  unicamente  na
natureza dos serviços prestados, circunstância de cunho objetivo. 2. A jurisprudência do STJ
consolidou­se no sentido de que a redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL não inclui
as consultas médicas e as atividades de cunho administrativo, visto que somente os serviços
especializados  de  saúde,  com  custos  diferenciados,  inserem­se  no  conceito  de  serviços
hospitalares.  3.  A  impetrante  comprova  que  presta  serviços  que  possuem  custos
diferenciados  do  simples  atendimento  odontológico,  tais  como  cirurgias  buco­maxilo­
faciais, ortodontia, colocação de próteses dentárias e endodontia, fazendo jus à alíquota de
8%  e  12%.  4.  Uma  vez  que  a  impetrante  está  organizada  sob  a  forma  de  sociedade
empresária,  tem  direito  o  direito  à  redução  da  base  de  cálculo  após  a  edição  da  Lei  nº

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11.727/2008.  (TRF4,  APELAÇÃO  CÍVEL  Nº  5007432­69.2011.404.7107,  1ª  TURMA,  Des.


Federal  JOEL  ILAN  PACIORNIK,  POR  MAIORIA,  VENCIDA  A  RELATORA,  JUNTADO
AOS AUTOS EM 16/06/2014). (Grifei)

TRIBUTÁRIO.  IRPJ.  CSLL.  LUCRO  PRESUMIDO.  PRESTAÇÃO  DE


SERVIÇOS  HOSPITALARES.  CLÍNICA  ODONTOLÓGICA.  1.  A  lei  escolheu  como  único
critério  distintivo  a  natureza  da  atividade  prestada,  excetuando  a  incidência  da  base  de
cálculo de 32% sobre as atividades consideradas como de prestação de serviços hospitalares.
Assim,  o  enquadramento  na  condição  de  instituição  prestadora  de  serviços  hospitalares
sustenta­se unicamente na natureza dos serviços prestados, circunstância de cunho objetivo.
2. A base de cálculo reduzida do IRPJ e da CSLL é legítima em relação apenas aos serviços
prestados pela autora. 3. A jurisprudência do STJ consolidou­se no sentido de que a redução
da  base  de  cálculo  do  IRPJ e da CSLL  não  inclui  as  consultas  médicas  e  as  atividades  de
cunho  administrativo,  visto  que  somente  os  serviços  especializados  de  saúde,  com  custos
diferenciados,  inserem­se  no  conceito  de  serviços  hospitalares.  4.  A  impetrante  comprova
que  presta  serviços  que  possuem  custos  diferenciados  do  simples  atendimento
odontológico,  tais  como  cirurgias  buco­maxilo­faciais,  ortodontia,  ortopedia  facial,
periodontia,  fazendo jus à alíquota de 8% e 12%. 5. Reconhecido à impetrante o direito à
redução  da  base  de  cálculo  até  1º  de  janeiro  de  2009  (data  em  que  a  redução  da  base  de
cálculo  do  IRPJ  e  da  CSLL  passou  a  ficar  restrita  a  sociedades  empresárias),  visto  que  a
autora não está organizada sob a forma de sociedade empresária, mas de sociedade simples.
(TRF4,  AC5009802­47.2013.404.7108/RS,  Primeira  Turma,  Relator  Des.  Federal  JOEL
ILAN PACIORNIK, julgado em 26/06/2014). (Grifei)

Merece procedência, portanto, o pedido inicial.

Dispositivo

Ante  o  exposto,  arrimado  no  art.  487,  I,  do  CPC,  julgo  procedente  o  pedido
inicial para:

a) declarar o direito da autora de recolher, no que tange aos procedimentos de 
implantodontia,  cirurgia  buco­maxilo­faciais,  periodontia,  endodontia,  prótese  dentária,
ortodontia, instalação de lente de contato dental e dentística, exceto as consultas médicas,  o
IRPJ e a CSLL pelas bases de cálculo de 8% e 12%, respectivamente, nos termos do art. 15,
III, letra “a”, in fine, e art. 20, primeira parte, ambos da Lei 9.249/95;

b)  assegurar­lhe  o  direito  à  restituição  (e­ou)  compensação,  neste  caso,    com


quaisquer  tributos  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal,  dos  valores  recolhidos
indevidamente, no lustro precedente ao ajuizamento e no curso desta, tudo sob a incidência da
Selic desde a data de cada recolhimento indevido até a efetiva repetição, observado o disposto
no art. 170­A do Código Tributário Nacional.

Custas,  em  ressarcimento,  e  honorários  advocatícios  a  serem  fixados  por


ocasião da liquidação do julgado, nos termos do art. 85, § 4º, II, do Código de Processo Civil,
pela ré. 

Remessa necessária.
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Publicada e registrada eletronicamente, intimem­se.

Apresentada  (s)  apelação  (ões),  intime  (s)  o  (s)  apelado  (s)  para  apresentar
contrarrazões, em 15 dias. Não suscitada (s) questão(õe)s referida (s) no § 1º do art. 1.009 do
CPC, subam. Suscitada (s), intime(m)­se o (s) recorrentes (s) para, em 15 dias, manifestar­se
a respeito delas (§ 2º, art. 1.009, CPC), após, remetam­se os autos à Superior Instância.

Documento eletrônico assinado por LEANDRO PAULO CYPRIANI, Juiz Federal Substituto, na forma do artigo 1º,
inciso  III,  da  Lei  11.419,  de  19  de  dezembro  de  2006  e  Resolução  TRF  4ª  Região  nº  17,  de  26  de  março  de  2010.  A
conferência  da  autenticidade  do  documento  está  disponível  no  endereço  eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 720003453145v7 e do
código CRC 611ff12d. 
 
Informações adicionais da assinatura: 
Signatário (a): LEANDRO PAULO CYPRIANI 
Data e Hora: 9/5/2018, às 16:2:29 
 

 
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Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária de Santa Catarina
2ª Vara Federal de Chapecó
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sccha02@jfsc.jus.br

PROCEDIMENTO COMUM Nº 5001940-58.2018.4.04.7202/SC


AUTOR: ORAL UNIC CHAPECO LTDA - EPP
RÉU: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

SENTENÇA

1. Relatório

Trata-se de lide proposta por ORAL UNIC CHAPECÓ LTDA - EPP em face
da UNIÃO - FAZENDA NACIONAL, na qual pleiteia a aplicação da alíquota reduzida
sobre a base de cálculo do IRPJ (8%) e da CSLL (12%) sobre a prestação dos serviços
hospitalares e a consequente devolução dos valores pagos a maior, a partir do quinquênio que
antecedeu o ajuizamento da ação.

Em resumo, fundando-se em precedente repetitivo do STJ (REsp


1.116.399/BA), afirmou estar enquadrada na expressão de "serviços hospitalares", constante
no art. 15, §1º, inciso III da Lei 9.249/95, argumentando pela aplicabilidade do critério de
interpretação de forma objetiva, no sentido de que a mencionada expressão alcança todas as
atividades ligadas à promoção da saúde, ou seja, essenciais à população por estarem ligadas à
garantia do direito fundamental à saúde.

Discorreu que realiza atividade em áreas da odontologia que demandam


procedimentos e cirurgias, diretamente ligadas à promoção da saúde de seus pacientes, não
realizando simples consultas.

Ao final, pediu a suspensão da exigibilidade do crédito, informando que


depositaria os correspondentes valores em juízo.

Valorou a causa em R$ 100.000,00.

Juntou procuração e documentos.

Recolheu custas.

O despacho inicial foi proferido no sentido da necessidade de emenda para: a)


apresentar planilha de cálculo atualizada à data do ajuizamento da ação, demonstrativa ou
estimativa do valor da causa, elaborada de acordo com os arts. 291 e seguintes do CPC,
devendo indicar os valores pretendidos, de forma que o valor da causa corresponda ao
proveito econômico almejado; b) comprovar o recolhimento das custas iniciais
complementares, de acordo com cálculo apresentado, sob pena de cancelamento da
distribuição (CPC, art. 290).

5001940-58.2018.4.04.7202 720005573769 .V8


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Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária de Santa Catarina
2ª Vara Federal de Chapecó
Após emenda, o juízo ordenou a citação da ré.

A União - Fazenda Nacional (evento 18) não se opôs ao mérito da ação,


sinalizando tão somente para a necessidade de comprovação da empresa nos serviços
especificados no art. 15, §1º, inciso III, alínea "a", da Lei 9.249/1995, bem como de ser
organiza na forma de sociedade empresária e atender as normas da ANVISA.

A parte autora replicou (evento 21).

O juízo então proferiu decisão pela desnecessidade da dilação probatória, uma


vez que os documentos acostados os autos seriam suficientes para comprovação do
enquadramento tributário.

A parte autora juntou novos documentos, no intuito de complementar a


instrução probatória documental, no sentido da prova de sua equiparação à serviços hospitalar
(evento 50).

Da vista à União - Fazenda Nacional (evento 68), os autos vieram conclusos


para sentença.

A autora promoveu diversos depósitos judiciais no curso do feito (eventos 6, 22,


25, 32, 34, 53, 71 e 72).

É o relatório.

Decido.

2. Fundamentação

2.1. Da Suspensão da Exigibilidade do Crédito

Nos termos do art. 151 do CTN:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

I - moratória;

II - o depósito do seu montante integral;

III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário
administrativo;

IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.

V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação


judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

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Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações
assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela
conseqüentes.

No caso concreto, conforme relatado, a parte autora vem depositando


periódicamente os valores devidos a título da exação discutida, sem oposição da ré,
configurando a hipótese do inciso II.

Logo, a pretensa suspensão deve ser decretada.

2.2. Do Direito à Redução da Alíquota

Trata-se de ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária c/c


repetição do indébito, processada sob o rito sumaríssimo, proposta por ORAL UNIC
CHAPECO LTDA - EPP em desfavor da UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), na qual pleiteia
a aplicação da alíquota reduzida sobre a base de cálculo do IRPJ (8%) e da CSLL (12%)
sobre a prestação dos serviços hospitalares e a consequente devolução dos valores pagos a
maior a partir do lapso não atingido pela prescrição, corrigidos pelos juros da taxa SELIC.

Ao contestar o feito, a ré assim referiu:

"(...)

Do exame do referido precedente, conclui-se que, para fins do pagamento dos tributos com as
alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inc. III,
da Lei 9.249/1995, deve ser interpretada de forma objetiva (sob a perspectiva da atividade
realizada pelo contribuinte), porquanto a lei não considerou a característica ou a estrutura do
contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência
à saúde).

Ficou decidido, ainda, que os regulamentos emanados da RECEITA FEDERAL DO BRASIL,


referentes aos dispositivos legais mencionados, não poderiam exigir cumprimento de
requisitos não previstos em lei (p. ex., necessidade de manter estrutura de internação de
pacientes) para a obtenção do benefício.

Para fins de redução da alíquota, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que
se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da
saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se
identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos".

Ficou decidido, finalmente, que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/2008 não se
aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de
alíquota prevista na Lei 9.249/1995 não se refere a toda a receita bruta da empresa
contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente
unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal desenvolvida pelo contribuinte,
nos exatos termos do art. 15, § 2º, da Lei 9.249/1995.

(...)

Portanto, a partir da vigência da Lei 11.727/2008, ocorrida em 01.01.2009, a parte autora,


além de ter que se enquadrar naqueles serviços especificados no art. 15, § 1º, inc. III, alínea
“a”, da Lei 9.249/1995, deve ser organizada sob a forma de sociedade empresária e deve
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atender às normas da ANVISA. Esse é o balizamento observado pela União (Fazenda
Nacional).

Quanto à inserção da parte autora nesse figurino legal, ou seja, à prova relativa à observância
dos requisitos em referência, trata-se de ônus essencialmente autoral, eis que se refere a fato
constitutivo do direito pleiteado.

Se comprovado, portanto, o exato e pleno preenchimento dos requisitos legais no caso


concreto, o benefício fiscal passa a ser – desde a data do preenchimento, naturalmente –
cabível e incontroverso à parte ora autora. Do contrário, não há como acolher a pretensão do
contribuinte.

(...)

Em suma, a União - Fazenda Nacional reconheceu a procedência da


argumentação meritória apresentada pela parte autora, apenas sintetizando que a procedência
da ação estaria condicionada à apresentação de provas a respeito da constituição na forma de
sociedade empresária e da atenção as normas da ANVISA.

Portanto, não ofereceu qualquer resistência ao feito.

Somado a este contexto, importa ser reconhecido que a autora comprovou ser
sociedade empresária devidamente registrada na Junta Comercial (evento 1 -
CONTRSOCIAL3), sendo praticante das seguintes atividades:

Com efeito, a atividade desempenhada pela autora está equiparada a "serviços


hospitalares", havendo precedentes jurisprudenciais no sentido de enquadramento também
nestes casos:

EMENTA: TRIBUTÁRIO. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO


REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES".
INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA
PARA INTERNAÇÃO. PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 1.
"DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS
ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL
COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS
HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA
DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA
SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC. 1.
Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços hospitalares"
prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL.
Discute-se a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na lei, poder-
se restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles
estabelecimentos destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e
assistência médica integral. 2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria
do eminente Ministro Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu
que, para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços

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hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de
forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto
a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do
contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência
à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que os regulamentos emanados da
Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que
os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de
manter estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a
conclusão de que "a dispensa da capacidade de internação hospitalar tem supedâneo
diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento as disposições
constantes em atos regulamentares". 3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares
"aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no
interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade
que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos". 4.
Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas
decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota prevista na
Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente
considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade
específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º
do artigo 15 da Lei 9.249/95. 5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a
empresa recorrida presta serviços médicos laboratoriais (fl.. 389), atividade diretamente
ligada à promoção da saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em
ambientes hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo
pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em discussão
(incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por
cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação
de serviços médicos laboratoriais). 6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de
controvérsia, submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ. 7. Recurso
especial não provido." (REsp 1116399/BA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 24/02/2010) 2. Os serviços odontológicos
relacionados à radiologia, cirurgia, e cirurgia de implantes exigem estrutura diferenciada,
do que há perfeito enquadramento do caso concreto ao paradigma julgado pelo Superior
Tribunal de Justiça. 3. Negado provimento ao recurso da União. ( 5008854-
32.2018.4.04.7205, TERCEIRA TURMA RECURSAL DE SC, Relator ADAMASTOR
NICOLAU TURNES, julgado em 28/03/2019)

Por fim, a autora demonstra possuir alvará sanitário para o exercício de suas
atividades, do que decorre a conclusão pelo atendimento das normas da ANVISA (evento 1 -
ALVARA8 e ALVARA9).

Nestes termos, impõe-se reconhecer a procedência do pedido.

2.3. Correção monetária e juros

A atualização monetária dos valores que consubstanciam o crédito tributário


terá seu termo inicial no dia do efetivo recolhimento indevido, devendo ser realizada de
acordo com os índices oficiais, no caso, a taxa SELIC (art. 39, § 4º, da Lei 9.250/95).

3. Dispositivo

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Ante o exposto, decreto a suspensão da exigibilidade do crédito tributário
discutido nestes autos (art. 151, II do CTN) e JULGO PROCEDENTE os
pedidos formulado na ação, na forma prevista no art. 487, inciso I, do Código de Processo
Civil, para o fim de reconhecer o direito da parte autora de aplicação da alíquota reduzida
sobre a base de cálculo do IRPJ (8%) e da CSLL (12%) sobre a prestação dos serviços
hospitalares e condeno a União - Fazenda Nacional a restituir os valores pagos a maior pela
parte autora a partir do quinquênio que antecedeu o ajuizamento da ação, corrigidos pela taxa
SELIC, até a data do efetivo pagamento, nos termos da fundamentação.

Condeno a União - Fazenda Nacional ao pagamento de honorários


sucumbenciais, ora fixados no percentual de 10% sobre o valor do proveito econômico obtido
nesta ação, na forma do art. 85, §3º do CPC.

Sentença sujeita à remessa necessária.

Registrada e Publicada eletronicamente.

Intimem-se.

Na hipótese de recursos voluntários, abra-se vista a parte contrária para


contrarrazões no prazo legal.

Finalmente, remetam-se os autos ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Documento eletrônico assinado por HELOISA MENEGOTTO POZENATO, Juíza Federal Substituta, na forma do
artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010.
A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 720005573769v8 e do
código CRC c1556a6d.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): HELOISA MENEGOTTO POZENATO
Data e Hora: 19/12/2019, às 17:28:20

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PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL Nº 5005682-22.2017.4.04.7204/SC


AUTOR: ORAL UNIC CRICIUMA LTDA - ME
RÉU: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

SENTENÇA

I - Dispensado o relatório, nos termos do art. 38, caput, da Lei nº 9.099/95 c/c
art. 1º da Lei nº 10.259/01.

II - FUNDAMENTAÇÃO

MÉRITO

A empresa autora sustenta que fez a opção pelo regime de tributação com base no
lucro presumido, bem como que está efetuando o recolhimento dos valores devidos a título de
IRPJ e CSSL apurado sobre a base de cálculo no correspondente a 32% da receita bruta mensal.

A Lei nº 9.249/95, antes da alteração promovida na Lei nº 11.727/08, estabelecia


que, para as empresas que prestem serviços hospitalares, a base de cálculo do Imposto de Renda
Pessoa Jurídica - IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL correspondia
aos percentuais de 8% (oito por cento) e 12% (doze por cento) respectivamente, incidentes
sobre a receita bruta mensal. Diante do texto legal, surgiu a controvérsia sobre o alcance da
expressão "serviços hospitalares", porquanto, uma vez enquadrada a atividade em tal conceito,
haveria significativa redução dos tributos devidos (IRPJ - 8%, CSLL - 12%) comparativamente
aos demais ramos de prestação de serviços (32%).

No julgamento do RESP 1.116.399/BA, apreciado sob a sistemática dos recursos


repetitivos, o STJ firmou entendimento em relação à interpretação da expressão "serviços
hospitalares", para redução da base de cálculo do IRPJ e da CSSL. O STJ decidiu que essa
expressão deve ser a interpretada de forma objetiva, isto é, levando em conta a natureza da
atividade desempenhada. Transcrevo, por oportuno, a ementa do referido acórdão:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS


ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E
CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS
HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA
DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA
SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC.
1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços
hospitalares" prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota do
IRPJ e da CSLL. Discute-se a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão
contida na lei, poder-se restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito de "serviços
hospitalares" apenas aqueles estabelecimentos destinados ao atendimento global ao
paciente, mediante internação e assistência médica integral. 2. Por ocasião do
julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente Ministro Castro Meira, a 1ª
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Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do pagamento dos
tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do
artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou
seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao
conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do
contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado
(assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que os regulamentos
emanados da Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não
poderiam exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a
exemplo da necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes)
para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que "a dispensa da capacidade de
internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra
irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares". 3. Assim,
devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades
desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que,
"em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento
hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica
com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos". 4. Ressalva de
que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas
decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota prevista
na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte
genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente
da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos
exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95. 5. Hipótese em que o Tribunal de
origem consignou que a empresa recorrida presta serviços médicos laboratoriais (fl.
389), atividade diretamente ligada à promoção da saúde, que demanda maquinário
específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou similares, não se
assemelhando a simples consultas médicas, motivo pelo qual, segundo o novel
entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em discussão (incidência dos percentuais
de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL,
sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços médicos
laboratoriais). 6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia,
submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ. 7. Recurso especial
não provido. 7. Recurso especial não provido. (STJ, REsp 1116399/BA, Rel. Ministro
BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 24/02/2010).

Com base nesse entendimento, mesmo antes da Lei nº 11.727/08, a empresa que
exercia atividade diretamente ligada à promoção da saúde, em ambientes hospitalares ou
similares, não assemelhada a consultas médicas, já possuía direito ao benefício em discussão,
calculado sobre a receita decorrente da atividade específica.

A partir da edição da Lei n° 11.727/2008, resultante da conversão da Medida


Provisória nº 413, de 03/01/2008, o artigo 15, § 1º, 'a', da Lei nº 9.249/95 teve sua redação
alterada:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente,
observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:

(...)

III - trinta e dois por cento, para as atividades de:


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a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio
diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora
destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às
normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa;

(...).

Desta forma, a alteração legislativa estendeu expressamente o benefício para


outros prestadores de serviço ligados à saúde, como de auxílio diagnóstico e terapia, mas impôs
também restrições. A partir da sua vigência, apenas as prestadoras de serviço organizadas
sob a forma de sociedade empresária e que atendam às normas da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária - Anvisa passaram a fazer jus à benesse.

Neste caso, a parte autora está devidamente constituída na forma de 'sociedade


empresária', conforme contrato social registrado na Junta Comercial do Estado de Santa
Catarina (evento 1, CONTRSOCIAL3).

Com relação ao segundo requisito, a saber, a atenção às normas expedidas pela


ANVISA, tenho que deve ser flexibilizado. É que a regra constante da nova redação do artigo 15
da Lei nº 9.249/95 foi redigida de forma geral, deixando de especificar a quais normas está se
referindo. Assim, deve o julgador interpretar essa exigência levando em conta a finalidade da
norma que consiste em garantir tributação privilegiada aos estabelecimentos que, em razão da
natureza dos serviços prestados voltados à promoção da saúde, incorrem em maiores custos na
sua atividade.

Nesse contexto, não é legítimo exigir que a empresa comprove atender às normas
da ANVISA. Uma vez que está em exercício regular de sua atividade e detém o alvará de
funcionamento (evento 1, ALVARA19), há presunção relativa de que está adequada às regras da
vigilância sanitária. Caberia, desta forma, ao Fisco trazer elementos que indiquem o
descumprimento de tais regras.

No mesmo sentido, tem decidido o TRF4 e a TRSC (grifei):

TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS HOSPITALARES. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS REDUZIDAS.


NATUREZA DO SERVIÇO PRESTADO. CRITÉRIO OBJETIVO, INDEPENDENTE DA
ESTRUTURA FÍSICA DO LOCAL DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. LEI Nº 11.727/2008.
APLICABILIDADE. 1. O Superior Tribunal de Justiça pacificou a matéria atinente à
aplicação de alíquotas reduzidas do IRPJ (8%) e da CSLL (12%) às receitas
provenientes de serviços hospitalares. O critério eleito é de cunho objetivo e concerne à
natureza do serviço, que deve ser relacionado à promoção da saúde e ter custo
diferenciado, excluídas, assim, as receitas decorrentes de simples consultas médicas e
demais atividades administrativas. Assim, nos termos do precedente representativo da
controvérsia, a concessão do benefício independe da estrutura física do local de
prestação do serviço e se este possuiu, ou não, capacidade para internação de pacientes
(REsp 1.116.399/BA, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Seção, DJe24/02/2010). 2. A Lei
nº 11.727/2008 impôs alterações ao artigo 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/1995, que
passaram a viger a partir de 01-01-2009. Além do enquadramento da atividade como de
natureza hospitalar, outros dois requisitos passaram a ser exigidos, a saber: i) estar
constituída como sociedade empresária; ii) atender às normas da ANVISA. 3. As
sociedades empresárias devem ser registradas no Registro Público das empresas

5005682-22.2017.4.04.7204 720005395004 .V21


https://eproc.jfsc.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=minuta_imprimir&acao_origem=acessar_documento&hash=07c43db6d480b343521dc83eb8987523 3/7

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Mercantis (Junta Comercial) do Estado em que se encontram estabelecidas. 4. Não é
legítimo exigir que a empresa comprove atender às normas da ANVISA. Uma vez que
está em exercício regular de sua atividade e detém o Alvará de funcionamento, há
presunção relativa de que está adequada às regras da vigilância sanitária. Caberia,
desta forma, ao Fisco trazer elementos que indiquem o descumprimento de tais regras.
Precedentes desta Corte Regional. 5. No caso dos autos, a impetrante presta serviços
ligados à dermatologia, fazendo jus às alíquotas reduzidas de IRPJ e CSLL nos
percentuais respectivos de 8% e 12% sobre a receita bruta (excluídos os serviços de
consulta médica e atividades de cunho administrativo), nos termos dos arts. 15, § 1º, III,
'a', e 20, ambos da Lei n. 9.249/95. (TRF4 5032294-81.2018.4.04.7100, PRIMEIRA
TURMA, Relator ROGER RAUPP RIOS, juntado aos autos em 15/05/2019)

TRIBUTÁRIO. AÇÃO DECLARATÓRIA. IRPJ. CSSL. BASE DE CÁLCULO. REDUÇÃO.


SERVIÇOS HOSPITALARES. ART. 15, § 1º, III, "A" DA LEI N. 9.249/95.
ANESTESIOLOGIA. LEI N. 11.727/08. ORGANIZAÇÃO SOB A FORMA EMPRESÁRIA E
ATENDIMENTO ÀS NORMAS DA ANVISA. LEGALIDADE. 1. As empresas prestadoras
de serviços hospitalares têm direito a recolher o Imposto de Renda Pessoa Jurídica -
IRPJ no percentual de 8% (oito por cento) e a Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido - CSLL no percentual de 12% (doze por cento) sobre a renda bruta auferida na
atividade específica de prestação de serviços de tratamento, nos termos do que prescreve
o artigo 15, § 1º, III, alínea a, da Lei n. 9.249/95, inclusive com a alteração introduzida
pela Lei n. 11.727/2008. 2. O Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp n.
1.116.399/BA (Tema 217), em regime de repercussão geral, firmou entendimento no
sentido de que devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam
às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde",
de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não
se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos". 3.
Em razão da posterior alteração na redação da alínea a, inciso II, do artigo 15 da Lei
n. 9.249/95, por força da Lei n. 11.727/08, passou-se a exigir, para a aplicação do
percentual reduzido, que "a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de
sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
Anvisa". 4. Hipótese em que a parte autora comprovou que está organizada sob a
forma de sociedade empresária e inserida no conceito de prestadora de serviços
hospitalares, pois segundo consta de seu contrato social presta serviços médicos de
anestesia, bem como que atende às normas da ANVISA (comprovação nos autos de
alvará da vigilância municipal). Logo, faz jus à redução da base de cálculo pretendida.
( 5002185-03.2017.4.04.7203, TERCEIRA TURMA RECURSAL DE SC, Relator JOÃO
BATISTA LAZZARI, julgado em 25/04/2018)

No que diz respeito a comprovação da prestação de serviços equivalentes aos


hospitalares, auxílio diagnóstico e terapia, análises e patologias clínicas, da leitura do contrato
social juntado aos autos (Evento 1, CONTRSOCIAL3) verifica-se que a sociedade tem por
objeto:

5005682-22.2017.4.04.7204 720005395004 .V21


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E, as notas fiscais apresentadas (evento 47, NFISCAL 5 a 38), demonstram a
realização de atividades em conformidade com o objeto social da demandante e tipicamente
hospitalares, tais como, "procedimentos cirúrgicos de implantes", "ortodontia", "procedimento
de prótese" e "exodontia de siso incluso".

Cumpre ressaltar que os serviços odontológicos em geral, em especial aqueles


que envolvem a realização de cirurgias buco-maxilo-faciais e a colocação de implantes e
próteses dentárias, como é o caso dos autos, por óbvio, demandam rotinas e procedimentos
tipicamente hospitalares, além de espaço físico adequado para intervenções cirúrgicas e corpo
técnico especializado.

Nesse sentido (grifei):

AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. IRPJ. CSLL. LEI 9.249/95.


CLÍNICA ODONTOLÓGICA. SERVIÇOS DE NATUREZA COMPLEXA
COMPROVADOS. 1. O Superior Tribunal de Justiça fixou tese no sentido de que para
obtenção de redução nas alíquotas de tributos, a expressão 'serviços hospitalares',
constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma
objetiva , isto é, deve ser realizada análise da atividade do contribuinte. 2. No caso dos
autos, deve ser reconhecido o direito da parte agravante de apurar a base de cálculo do
IRPJ e a CSLL utilizando-se das alíquotas reduzidas apenas para as atividades
consideradas como serviços hospitalares. 3. Agravo de instrumento provido. (TRF4, AG
5014862-72.2019.4.04.0000, SEGUNDA TURMA, Relator SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ,
juntado aos autos em 10/09/2019)

TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS HOSPITALARES. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS REDUZIDAS.


NATUREZA DO SERVIÇO PRESTADO. CRITÉRIO OBJETIVO. CONTRATO SOCIAL.
CLÍNICA ODONTOLÓGICA. IMPLANTES E PRÓTESES DENTÁRIAS. LEI Nº
11.727/2008. SOCIEDADE EMPRESÁRIA. NORMAS DA ANVISA. (...) 2. Os
serviços odontológicos em geral, em especial aqueles que envolvem a colocação
de implantes e próteses dentárias, como é o caso dos autos, por óbvio, demandam rotinas
e procedimentos tipicamente hospitalares, além de espaço físico adequado para
intervenções cirúrgicas e corpo técnico especializado. 3. A Lei nº 11.727/2008 impôs
alterações ao artigo 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/1995, que passaram a viger a
partir de 01-01-2009. Além do enquadramento da atividade como de natureza hospitalar,
outros dois requisitos passaram a ser exigidos, a saber: i) estar constituída como
sociedade empresária; ii) atender às normas da ANVISA. 4. As sociedades empresárias
devem ser registradas no Registro Público das empresas Mercantis (Junta Comercial) do
Estado em que se encontram estabelecidas. 5. Não é legítimo exigir que a empresa
comprove atender às normas da ANVISA. Uma vez que está em exercício regular de sua
atividade e detém o Alvará de funcionamento, há presunção relativa de que está
adequada às regras da vigilância sanitária. Caberia, desta forma, ao Fisco trazer
elementos que indiquem o descumprimento de tais regras. Precedentes desta Corte
Regional. (TRF4, AC 5012220-07.2017.4.04.7208, PRIMEIRA TURMA, Relator ROGER
RAUPP RIOS, juntado aos autos em 10/10/2018)

TRIBUTÁRIO. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA.


DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO
OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA
INTERNAÇÃO. PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 1. "DIREITO
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS
535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM
BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS

5005682-22.2017.4.04.7204 720005395004 .V21


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HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA
DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA
SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC.
(...) 3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às
atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de
sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não
se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos". 4.
Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às
demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de
alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa
contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente
unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo
contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95. 5. Hipótese em que
o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta serviços médicos
laboratoriais (fl.. 389), atividade diretamente ligada à promoção da saúde, que demanda
maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou similares,
não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo pelo qual, segundo o novel
entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em discussão (incidência dos percentuais
de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL,
sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços médicos
laboratoriais). 6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia,
submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ. 7. Recurso especial
não provido." (REsp 1116399/BA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 24/02/2010) 2. Os serviços odontológicos
relacionados à radiologia, cirurgia, e cirurgia de implantes exigem estrutura
diferenciada, do que há perfeito enquadramento do caso concreto ao paradigma julgado
pelo Superior Tribunal de Justiça. 3. Negado provimento ao recurso da União. (
5008854-32.2018.4.04.7205, TERCEIRA TURMA RECURSAL DE SC, Relator
ADAMASTOR NICOLAU TURNES, julgado em 28/03/2019)

Comprovando-se, pois, a prestação de serviços odontológicos diferenciados,


conforme se extrai das notas fiscais mencionadas, além de outras inseridas no objeto social da
demandante, esta faz jus à fruição da benesse pretendida.

Destarte, deve ser reconhecido o direito da autora de recolher o IRPJ e a CSLL


pelas alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, incidentes sobre a receita bruta auferida pela
atividade específica de prestação de serviços hospitalares. Não se inserem nesse conceito as
consultas, as atividades de cunho administrativo e outros serviços, cujas receitas deverão se
submeter ao percentual de 32%.

Ressalvo, todavia, que na apuração do valor a ser restituído/compensado, será


oportunizada a União a possibilidade de prova do fato extintivo, modificativo ou impeditivo do
direito declarado nesta sentença.

III - DISPOSITIVO

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS,


extinguindo o processo com resolução de mérito, com fundamento no art. 269, I, do CPC, para:

5005682-22.2017.4.04.7204 720005395004 .V21


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(a) reconhecer o direito da autora de apurar e recolher o IRPJ e a CSLL com base
no lucro presumido aplicando as alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, sobre a receita bruta
auferida pelos procedimentos de implantodontia, cirurgia buco-maxilo-facial, periodontia,
endodontia, prótese dentária, ortodontia, instalação de lente de contato dental, com base no art.
15, caput, inciso III, alínea 'a', da Lei nº 9.249/95, dela excluídas as receitas oriundas de
consultas médicas, atividades de cunho administrativo e outros serviços;

(b) condenar a ré União a restituir e/ou compensar os valores indevidamente


recolhidos nos 5 anos que antecederam o ajuizamento e durante a tramitação da ação.

O cálculo do valor a ser restituído deverá ser efetuado considerando a atualização


monetária desde a data do seu recolhimento indevido (Súmula nº 162/STJ) até a sua efetiva
restituição e/ou compensação, pela SELIC, instituída pelo art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95, que
abrange tanto a recomposição do valor da moeda como os juros.

Com relação ao pedido do evento 81, esclareço que o depósito do montante


integral suspende a exigibilidade do crédito tributário (art. 151, II, do CTN), sem necessidade
de provimento judicial, uma vez que o valor é repassado diretamente à conta do Tesouro
Nacional, na forma da Lei nº 9.708/1998.

Saliento, por fim, que o destino da importância controversa segue o resultado


final da ação. Assim, uma vez mantida a decisão de procedência e homologada a conta
apresentada pela autora, o valor deve ser liberado em seu favor. Na hipótese de improcedência
do pedido, a quantia deve ser convertida em definitivo para a União.

Sem custas e honorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/95 c/c art.
1º da Lei nº 10.259/01).

Sentença registrada e publicada eletronicamente. Intimem-se.

Interposto recurso e verificados os pressupostos de admissibilidade, intime-se a


parte contrária para a apresentação de contrarrazões, no prazo legal. Juntados os recursos e as
contrarrazões, encaminhe-se à Turma Recursal, ficando as partes desde já cientificadas.

Oportunamente, dê-se baixa.

Documento eletrônico assinado por PAULO VIEIRA AVELINE, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419,
de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do
documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o
preenchimento do código verificador 720005395004v21 e do código CRC 3b6f2c7f.

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Signatário (a): PAULO VIEIRA AVELINE
Data e Hora: 29/10/2019, às 14:4:46

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APELAÇÃO CÍVEL Nº 5010024-88.2017.4.04.7200/SC


RELATOR: JUIZ FEDERAL ANDREI PITTEN VELLOSO
APELANTE: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (RÉU)
APELADO: ORAL UNIC FLORIANOPOLIS LTDA - ME (AUTOR)

EMENTA

TRIBUTÁRIO. PROCEDIMENTO COMUM. IRPJ. CSSL. BASE DE


CÁLCULO. REDUÇÃO. SERVIÇOS HOSPITALARES. ART. 15, § 1º, III, "A"
DA LEI Nº 9.249/95. LEI N° 11.727/08.

1. As empresas que prestam serviços hospitalares têm direito a recolher o


Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ no percentual de 8% e a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido - CSLL no percentual de 12% sobre a renda bruta auferida na atividade específica
de prestação de serviços de tratamento, nos termos do artigo 15, § 1º, III, alínea 'a', da Lei nº
9.249/95, inclusive com a alteração introduzida pela Lei nº 11.727/2008.

2. Entende-se por serviços hospitalares aqueles que estão relacionados às


atividades desenvolvidas nos hospitais, ligados diretamente à promoção da saúde, essencial à
população, nos termos do art. 6º da Constituição Federal, podendo ser prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, mas sem esta obrigatoriedade. Precedentes da Primeira Seção do
STJ.

3. Em face da superveniente alteração na redação do inciso II, alínea "a", do artigo


15 da Lei nº 9.249/95, por força da Lei nº 11.727/08, passou-se a exigir, para a aplicação do
percentual reduzido, que "a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de
sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
Anvisa".

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Egrégia 2ª
Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região decidiu, por unanimidade, negar provimento à
apelação, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo parte
integrante do presente julgado.

Porto Alegre, 09 de abril de 2019.

Documento eletrônico assinado por ANDREI PITTEN VELLOSO, Juiz Relator, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei
11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da
autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,
mediante o preenchimento do código verificador 40000912800v7 e do código CRC 3b338c01.

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APELAÇÃO CÍVEL Nº 5010024-88.2017.4.04.7200/SC


RELATOR: JUIZ FEDERAL ANDREI PITTEN VELLOSO
APELANTE: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (RÉU)
APELADO: ORAL UNIC FLORIANOPOLIS LTDA - ME (AUTOR)
ADVOGADO: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA

RELATÓRIO

Trata-se de procedimento comum ajuizado por ORAL UNIC FLORIANÓPOLIS


LTDA. - ME em face da União, objetivando que seja reconhecido seu direito de recolher o IRPJ
e a CSLL pelas bases de cálculo de 8% e 12%, respectivamente, no que tange aos
procedimentos odontológicos (exceto simples consultas). Requer a repetição do
indébito, observada a prescrição quinquenal.

Foi atribuído à causa o valor de R$ 10.000,00.

A sentença foi prolatada nos seguintes termos:

Ante o exposto, julgo procedente o pedido para declarar o direito da parte autora apurar
e recolher a CSLL e o IRPJ nos percentuais respectivos de 12% e 8% sobre a receita
bruta decorrente da prestação de serviços odontológicos (excluídas as atividades
administrativas e consultas), consoante o art. 15, § 1º, III, “a”, e art. 20, ambos da Lei n.
9.249/95, bem como para condenar a União à restituição do indébito tributário e
declarar o direito da autora compensar, após o trânsito em julgado e em procedimento
administrativo perante a Receita Federal do Brasil, os valores recolhidos indevidamente
a esse título, acrescidos da Taxa SELIC, sem acúmulo com os juros de mora, nos termos
da fundamentação.

Condeno a União ao pagamento das custas e honorários advocatícios sucumbenciais, os


quais fixo no percentual mínimo aplicável à faixa correspondente dentre aquelas
estipuladas pelo art. 85, § 3º, I a V, do CPC/2015, em que se enquadre o valor da
condenação.

A União, em suas razões recursais, sustenta que a natureza da atividade


desenvolvida pela autora - odontologia - não se insere no conceito de serviço hospitalar. Afirma
que a data de início da restituição se deve limitar à data de 03/2017, uma vez que não era
constituída anteriormente como sociedade empresária.

Com contrarrazões.

É o relatório.

VOTO

.Prestadora de Serviços Hospitalares

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A Lei nº 9.249/95, em seus artigos 15 e 20, estabelece que, para as empresas que
prestem serviços hospitalares, a base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ e
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL será calculada com a aplicação dos
percentuais de 8% (oito por cento) e 12% (doze por cento) respectivamente, incidentes sobre a
receita bruta mensal.

A autora alega que tem como objeto social a prestação de serviços hospitalares,
pelo que teria direito ao recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a Contribuição
Social Sobre o Lucro tendo como base de cálculo, respectivamente, os percentuais de 8% e
12% de sua receita, nos termos do art. 15, § 1º, III, letra "a", e 20 da Lei nº 9.249/1995.

O conflito gira em torno de se determinar a abrangência da expressão "serviços


hospitalares".

O artigo 15, § 1°, "a", da Lei n.° 9.249/1995 teve sua redação alterada pela Lei n°
11.727/2008, in verbis:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente,
observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:

(...)

III - trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio


diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora
destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às
normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa; (Redação dada pela Lei
nº 11.727, de 2008)

Como se vê, houve uma extensão significativa do benefício aos prestadores de


serviços de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas.

O julgamento do REsp n.° 951.251 sedimentou o entendimento do Superior


Tribunal de Justiça em relação à controvérsia dos autos. O referido julgado consagrou a tese de
que "a mens legis da norma em debate busca, através de um objetivo extrafiscal, minorar os
custos tributários de serviços que são essenciais à população, não vinculando a prestação
desses a determinada qualidade do prestador - capacidade de realizar internação de
pacientes -, mas, sim, à natureza da atividade desempenhada. (...) Ainda que faça ressalva à
amplitude da conclusão adotada, não há dúvida de que a norma legal em exame não teve
em mira os custos do contribuinte, mas a natureza do serviço - essencial à população -,
considerado direito fundamental, que é a saúde, previsto na Carta Magna (...)". E conclui
com maestria o Rel. Ministro CASTRO MEIRA, verbis:

"(...) Com esta exegese, não está excluído por completo o aspecto referente aos custos
dos contribuintes, uma vez que, para que esses efetivamente prestem serviços

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hospitalares, necessitam possuir um suporte material e humano específico - instrumentos
necessários à elaboração de diagnósticos e intervenções cirúrgicas, bem como
profissionais especializados para sua utilização, sendo tal aparato diverso e mais
oneroso do que aquele relacionado com a simples prestação de consultas médicas.

Dessa forma, duas situações convergem para a concessão do benefício: a prestação de


serviços hospitalares e que esta seja realizada por contribuinte que no desenvolvimento
de sua atividade possua custos diferenciados da simples prestação de atendimento
médico, sem, contudo, decorrerem esses custos necessariamente da internação de
pacientes. (...)" (Grifei.)

(STJ, REsp nº 951.251/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, 1ª Seção, julgado em 22-09-
2009, DJ 02-06-2009)

Período posterior à vigência da Lei nº 11.727/2008

Com relação ao período posterior à Lei nº 11.727/2008, que entrou em vigor em


01-01-2009, em face da superveniente alteração na redação do inciso II, alínea "a", do artigo 15
da Lei nº 9.2491/1995, por força da referida lei, passou-se a exigir, para a aplicação do
percentual reduzido, que "a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de
sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
Anvisa".

Quanto ao atendimento às normas da ANVISA, a lei revela-se bastante genérica e


não estabelece, especificamente, as quais normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária o
contribuinte deve obedecer.

Cumpre ressaltar que a Resolução - RDC n° 50, de 21/02/2002, que dispõe sobre
o Regulamento Técnico para Planejamento, Programação, Elaboração e Avaliação de Projetos
Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, não tem aplicação no caso em tela, vez que
tais normas gerais de funcionamento de estabelecimentos de saúde não podem restringir a
norma legal.

Tal resolução extrapola o limite estabelecido pela norma tributária, a qual permite
interpretações mais benéficas para o contribuinte, pois se encontram dissociados do objetivo
que norteou todo o processo legislativo que era exatamente desonerar, no âmbito tributário, o
prestador de serviços de saúde nos casos em que se exige qualificação dos trabalhadores,
espaço físico adequado e materiais e equipamentos de alto custo, visando, evidentemente, ao
barateamento do serviço, com o consequente aumento do acesso da população a tais serviços."

Assim, após a edição de tal lei, somente as sociedades organizadas sob a forma de
sociedade empresária estão abrangidas pela base minorada.

Veja-se que o Novo Código Civil dividiu as sociedades em duas categorias, as


sociedades empresárias e as sociedades simples (não empresárias). A sociedade empresária é a
que exerce atividade econômica organizada e habitual, para a produção ou a circulação de bens
ou serviços. Já a sociedade simples é a que exerce atividade econômica de natureza intelectual,
científica, literária ou artística (arts. 966 e 982 do CC).

Caso dos autos

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De acordo com o contrato social vê-se que seu objeto social é " ATIVIDADE
ODONTOLÓGICA, SERVIÇOS DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DE COLOCAÇÃO DE
PINO DE TITÃNIO PARA IMPLANTE DENTÁRIO (IMPLANTODONTIA), CIRURGIAS BUCO
MAXILO FACIAIS, PERIODONTIA, ENDODONTIA, PRÓTESE DENTÁRIA, ORTODONTIA,
INSTALAÇÃO DE LENTE DE CONTATO DENTAL (DENTÍSTICA) (CONTRSOCIAL3),
estando tais atividades inseridas no conceito de serviços hospitalares segundo entendimento
aqui esposado.

Foram juntadas aos autos notas fiscais, em que consta a prestação de serviços de
implantes, bem como Alvará Sanitário ( eventos 1 e 18).

A demandante está organizada sob a forma de sociedade empresária, consoante


estabelecido pela Lei nº 11.727/08, com registro na JCESC em 06//03/2017 (Evento 1-
Contrsocial3, p. 5), o que motivou o pedido recursal da União de que a restituição principie em
tal momento.

Ocorre que, embora não seja explícita nesse sentido, a sentença já considerou tal
data, ao consignar que "a Lei restringiu a benesse às prestadoras organizadas sob a forma de
sociedade empresária e desde que atendessem às normas da ANVISA." e "a parte autora
organizou-se sob a forma de sociedade empresária registrada na Junta Comercial em
06/03/2017" (evento 1, CONTRSOCIAL3)".

Destarte, não há razão para a irresignação da União quanto ao termo inicial do


direito à repetição do indébito.

Honorários e Custas

No caso dos autos reconheço que houve sucumbência recíproca, uma vez que a
demanda é procedente em parte. Ainda, a condenação é ilíquida, pois o valor a ser restituído
será estabelecido na fase de liquidação.

Portanto, tratando-se de condenação ilíquida, os honorários de sucumbência serão


fixados na liquidação do julgado, momento em que será estabelecida a sucumbência de cada
parte.

Dispositivo

Ante o exposto, voto por negar provimento à apelação.

Documento eletrônico assinado por ANDREI PITTEN VELLOSO, Juiz Relator, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei
11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da
autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,
mediante o preenchimento do código verificador 40000912708v26 e do código CRC 9ae69b5c.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): ANDREI PITTEN VELLOSO
Data e Hora: 10/4/2019, às 16:28:14

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Seção Judiciária de Santa Catarina
4ª Vara Federal de Florianópolis
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atendimento: das 13h às 18h

PROCEDIMENTO COMUM Nº 5010024-88.2017.4.04.7200/SC


AUTOR: ORAL UNIC FLORIANOPOLIS LTDA - ME
RÉU: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

SENTENÇA

I – RELATÓRIO

Cuida-se de ação de rito ordinário na qual a parte autora, clínica odontológica,


pretende seja assegurado o direito de recolher Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) no
percentual de 8% e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no percentual de 12%
por entender se enquadrar no conceito de serviços hospitalares, nos termos estabelecidos no
art. 15, § 1º, III, “a”, e art. 20 da Lei n. 9.249/95.

Requer:

1. seja concedida a tutela de evidência, inaudita altera pars, nos termos do art. 311, II, e
Parágrafo único, do CPC, autorizando-se a autora a efetuar os depósitos judiciais dos
valores controversos incidentes sobre sua receita bruta, quais sejam, aquele que
excedem os valores apurados pelas bases de cálculo de 8% para o IRPJ e 12% para a
CSSL, suspendendo-se a exigibilidade em relação a tais valores, nos termos do art. 151,
II, do CTN, podendo tal medida, se entender Vossa Excelência, ser concedida a título de
tutela de urgência, cautelar ou antecipada; [...]

3. ao final, seja a presente ação julgada totalmente procedente, para que a autora, no
que tange aos procedimentos de implantodontia, cirurgia buco-maxilo-faciais,
periodontia, endodontia, prótese dentária, ortodontia, instalação de lente de contato
dental e dentística, exceto simples consultas, recolha o IRPJ e a CSSL pelas bases de
cálculo de 8% e 12%, respectivamente, nos termos do art. 15, III, letra “a”, in fine, e art.
20, primeira parte, ambos da Lei 9.249/95, pois preenchidos os requisitos legais,
sobretudo pela equiparação das atividades sobreditas a serviços hospitalares, haja vista
serem realizadas de forma diferenciada para promoção da saúde de seus pacientes;

4. caso concedido o pedido do item 1, supra, seja autorizado o levantamento pela autora
de todo numerário depositado nos autos; ou, se improcedente a ação, que o
levantamento seja feito pela ré, extinguindo-se qualquer obrigação quanto a tal;

Emendada a petição, foi requerido:

5. seja reconhecido o direito da autora ao indébito dos valores a maior, vencidos e


vincendos, respeitando-se o período imprescrito, com atualização monetária e mediante
compensação tributária, na forma trazida no corpo da presente;

Junta documentos.

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Indeferida a antecipação tutela de evidência e promovida a citação, a Fazenda


Nacional apresentou contestação e a parte autora réplica.

Indeferida a produção de prova testemunhal e de inspeção judicial, mas


oportunizada a colação de novos documentos, vieram os autos conclusos.

Relatado, decido.

II - FUNDAMENTAÇÃO

Serviços hospitalares na redação original da Lei n. 9.249/95

A redação original dos arts. 15 e 20 da Lei n. 9.249/95 estabeleceu base de


cálculo diferenciada para o IRPJ e a CSLL das empresas que exercem serviços hospitalares nos
seguintes termos:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente,
observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei n. 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: [...]

III - trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares;

[...]

Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas
pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts. 27 e 29 a
34 da Lei n. 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de
escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma
definida na legislação vigente, auferida em cada mês do ano-calendário, exceto para as
pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1º do art.
15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento.

Embora não haja definição expressa acerca do conceito de “serviços


hospitalares”, o Superior Tribunal de Justiça, interpretando os dispositivos legais
supramencionados, na sua redação original, definiu que o benefício fiscal em questão deve ser
entendido de forma objetiva, em função dos serviços que são prestados e não do prestador do
serviço ou em sua capacidade de promover internações de pacientes.

Neste sentido:

TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS HOSPITALARES. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS REDUZIDAS.


NATUREZA DO SERVIÇO PRESTADO. CRITÉRIO OBJETIVO, INDEPENDENTE DA
ESTRUTURA FÍSICA DO LOCAL DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. LEI N. 11.727/2008.
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SOCIEDADE EMPRESÁRIA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. ARTIGO 170-A DO


CTN. 1. No caso de ação ajuizada após o término da vacatio legis da LC n. 118/05 (ou
seja, após 08-06-2005) objetivando a restituição ou compensação de tributos que,
sujeitos a lançamento por homologação, foram recolhidos indevidamente, o prazo para
o pedido é de cinco anos, a contar da data do pagamento antecipado do tributo, na
forma do art. 150, §1º, e 168, inciso I, ambos do CTN, c/c art. 3º da LC n.º 118/05,
entendimento confirmado pelo STF (RE n. 566.621/RS). 2. O Superior Tribunal de
Justiça pacificou a matéria atinente à aplicação de alíquotas reduzidas do IRPJ (8%) e
da CSLL (12%) às receitas provenientes de serviços hospitalares. O critério eleito é de
cunho objetivo e concerne à natureza do serviço que deve ser relacionado à promoção
da saúde e ter custo diferenciado, excluídas, assim, as receitas decorrentes de simples
consultas médicas e demais atividades administrativas. Assim, nos termos do precedente
representativo da controvérsia, a concessão do benefício independe da estrutura física
do local de prestação do serviço e se este possuiu, ou não, capacidade para internação
de pacientes (REsp 1.116.399/BA, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Seção, DJe
24/02/2010). 3. A Lei n. 11.727/2008 impôs alterações ao artigo 15, § 1º, III, ‘a’, da Lei
n. 9.249/1995, que passaram a viger a partir de 01-01-2009. Além do enquadramento da
atividade como de natureza hospitalar, outros dois requisitos passaram a ser exigidos, a
saber: i) estar constituída como sociedade empresária; ii) atender às normas da ANVISA.
Comprovado que a empresa atende aos requisitos legais, tem direito à redução inclusive
após ao advento da Lei n. 11.727/2008. 4. A parte autora faz jus à repetição do
indébito, observado o prazo prescricional, sendo-lhe facultado optar pela restituição via
precatório ou pela compensação. A compensação do indébito deve ser efetuada nos
termos e limites previstos no artigo 74 da Lei n. 9.430/96, com a redação dada pelo
artigo 49 da Lei n. 10.637/2002, observado o disposto no artigo 170-A do CTN.
Atualização monetária pela taxa SELIC, a contar do recolhimento indevido. (TRF4, AC
5007036-41.2010.404.7200, Primeira Turma, Relator p/ Acórdão Jorge Antonio
Maurique, D.E. 13/12/2012)

Diante de tal entendimento, infere-se que, excluídos os serviços de consulta


médica e atividades de cunho administrativo, todas as demais atividades dirigidas à promoção da
saúde, ainda que prestadas fora do âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos ou
odontológicos, estão inseridas no conceito de “serviços hospitalares”.

Assim, seguindo o entendimento jurisprudencial apontado, mostra-se possível a


prestação de serviços hospitalares, mesmo que entre estes não esteja incluída a internação de
pacientes, sem prejudicar-se a hipótese legal de aplicação da alíquota inferior de imposto de
renda e de contribuição social sobre o lucro líquido, até 31/12/2008, dia anterior à vigência da
Lei n. 11.727/2008.

Logo, naquela época, bastava o preenchimento de tais requisitos para assistir ao


contribuinte o direito de recolher o IRPJ e a CSLL nos percentuais de 8% e 12%,
respectivamente, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de
serviços hospitalares, exceto quanto à receita decorrente de consultas médicas e de atividades
administrativas, até o início da vigência da Lei n. 11.727/2008, que deu nova redação ao art. 15
da Lei n. 9.249/95.

Serviços hospitalares a partir da vigência da Lei n. 11.727/2008


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Por conta da Lei n. 11.727, de 23 de junho de 2008, a redação dada à alínea “a” do
inciso III do art. 15 da Lei n. 9.249/95 foi modificada. Houve especificação acerca dos serviços
excetuados do percentual de 32% para apuração da base de cálculo do IR e CSLL:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio


diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora
destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às
normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa;

Apesar dessa especificação mais abrangente, a Lei restringiu a benesse às


prestadoras organizadas sob a forma de sociedade empresária e desde que atendessem às
normas da ANVISA.

Logo, para ter direito ao benefício postulado quanto aos fatos geradores
ocorridos a partir de 01/01/2009, o contribuinte deve comprovar os requisitos introduzidos
pela Lei n. 11.727/2008.

Veja-se que o Novo Código Civil dividiu as sociedades em duas categorias, as


sociedades empresárias e as sociedades simples (não empresárias). A sociedade empresária é a
que exerce atividade econômica organizada e habitual, para a produção ou a circulação de bens
ou serviços. Já a sociedade simples é a que exerce atividade econômica de natureza intelectual,
científica, literária ou artística (arts. 966 e 982 do CC).

Na espécie, conforme veiculado em seu contrato social (evento 1,


CONTRSOCIAL3):

Conforme os documentos juntados aos autos, verifica-se que a parte autora


organizou-se sob a forma de sociedade empresária registrada na Junta Comercial em
06/03/2017 (evento 1, CONTRSOCIAL3).

Quanto à observância das regras de vigilância sanitárias apta a outorgar ao


postulante o benefício fiscal, restou demonstrado que os locais de prestação dos serviços
possui alvará sanitário (evento 18, ALVARA2). Por conseguinte, verifica-se que a postulante
atende às normas da Anvisa, preenchendo o requisito acrescido pela Lei n. 11.727/2008 à alínea
“a” do inciso III do art. 15 da Lei n. 9.249/95.

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Dessa forma, a parte autora tem direito de recolher o CSLL e o IRPJ nos
percentuais de, respectivamente, 12% e 8% sobre a receita bruta auferida pela atividade
específica de prestação de serviços médicos (excluídas as atividades administrativas e
consultas), nos termos do art. 15, § 1º, III, “a”, § 2º c/c art. 20, ambos da Lei n. 9.249/95, com a
restituição dos valores indevidamente recolhidos, respeitada a prescrição qüinqüenal,
corrigidos desde a data do pagamento indevido até a efetiva devolução mediante utilização da
taxa SELIC, que já engloba juros e correção monetária.

Compensação de tributos:

A compensação de tributos e contribuições da mesma espécie foi introduzida no


ordenamento jurídico pelo art. 66 da Lei n. 8.383/91.

A Lei n. 9.430/96 permitiu a compensação entre tributos de espécies distintas, a


ser autorizada e realizada pela Secretaria da Receita Federal, após a análise de cada caso, a
requerimento do contribuinte ou de ofício (Decreto n. 2.138/97), com relação aos tributos sob
administração daquele órgão.

Posteriormente, foi editada a Lei n. 10.637/2002 que deu nova redação ao art. 74
da Lei n. 9.430/96 e autorizou, para os tributos administrados pela Secretaria da Receita
Federal, a compensação de iniciativa do contribuinte, mediante entrega de declaração contendo
as informações sobre os créditos e débitos utilizados, cujo efeito é o de extinguir o crédito
tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação:

Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em
julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita
Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação
de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por
aquele Órgão. (Redação dada pela Lei n. 10.637, de 30.12.2002)

§ 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito
passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e
aos respectivos débitos compensados. (Incluído pela Lei n. 10.637, de 30.12.2002)

§ 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito


tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei n.
10.637, de 30.12.2002)

Já a Lei n. 11.457/2007 determinou o afastamento da aplicação do disposto no


art. 74 da Lei n. 9.430/96 quanto às contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do
parágrafo único do art. 11 da Lei n. 8.212/91, e das contribuições instituídas a título de
substituição:

Art. 2º Além das competências atribuídas pela legislação vigente à Secretaria da Receita
Federal, cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, executar, acompanhar
e avaliar as atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e

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recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único


do art. 11 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, e das contribuições instituídas a título
de substituição.

§ 1º O produto da arrecadação das contribuições especificadas no caput deste artigo e


acréscimos legais incidentes serão destinados, em caráter exclusivo, ao pagamento de
benefícios do Regime Geral de Previdência Social e creditados diretamente ao Fundo do
Regime Geral de Previdência Social, de que trata o art. 68 da Lei Complementar n. 101,
de 4 de maio de 2000.

§ 2º Nos termos do art. 58 da Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000, a


Secretaria da Receita Federal do Brasil prestará contas anualmente ao Conselho
Nacional de Previdência Social dos resultados da arrecadação das contribuições sociais
destinadas ao financiamento do Regime Geral de Previdência Social e das compensações
a elas referentes.

§ 3º As obrigações previstas na Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, relativas às


contribuições sociais de que trata o caput deste artigo serão cumpridas perante a
Secretaria da Receita Federal do Brasil. [...]

Art. 26. O valor correspondente à compensação de débitos relativos às contribuições de


que trata o art. 2º desta Lei será repassado ao Fundo do Regime Geral de Previdência
Social no máximo 2 (dois) dias úteis após a data em que ela for promovida de ofício ou
em que for deferido o respectivo requerimento.

Parágrafo único. O disposto no art. 74 da Lei n. 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não


se aplica às contribuições sociais a que se refere o art. 2º desta Lei.

A Lei Complementar n. 104/2001, acrescentou ao Código Tributário Nacional o


art. 170-A que determina:

Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de


contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva
decisão judicial.

Desta forma, é necessária para a realização da compensação de tributos a


inexistência de discussão judicial sobre os créditos a serem utilizados pelo contribuinte na
compensação pretendida.

No que tange ao prazo prescricional, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento,


na modalidade de repercussão geral, do Recurso Extraordinário n. 566.621, em 04/08/2011,
entendeu pela validade da aplicação do novo prazo prescricional de 5 anos às ações ajuizadas
após o decurso da vacatio legis de 120 dias da Lei Complementar n. 118/2005, ou seja, a partir
de 9 de junho de 2005.

Desse modo, o STF assentou o entendimento no sentido de que o marco temporal


para aplicabilidade da Lei Complementar n. 118/2005 foi o ajuizamento das ações repetitórias e
não a data da ocorrência dos fatos geradores.
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Assim, nas ações ajuizadas até 08/06/2005 ainda incide a regra dos cinco mais
cinco para a restituição/compensação de tributo sujeito ao lançamento por homologação (art.
150, § 4º c/c o art. 168, I, do CTN), ou seja, de dez anos a contar do pagamento indevido.

Na hipótese dos autos, contudo, a presente ação foi proposta após a vigência da
Lei Complementar n. 118/2005, de modo que estão prescritos os recolhidos indevidos
efetuados anteriormente aos cinco anos que antecederam o ajuizamento desta ação.

Logo, após o trânsito em julgado da sentença é permitida a compensação dos


tributos recolhidos indevidamente nos cinco anos anteriores à propositura desta ação.

Selic:

A atualização monetária deve incidir desde a data do pagamento indevido do


tributo (Súmula 162 do STJ), até a sua efetiva compensação e, para tanto, deve ser utilizada,
unicamente, a taxa SELIC, a partir de 1 de janeiro de 1996, instituída pelo artigo 39, § 4º, da Lei
n. 9.250/95.

Neste sentido:

TRIBUTÁRIO - PROCESSO CIVIL - COFINS - PIS - VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA - NÃO-


INCIDÊNCIA - MANDADO DE SEGURANÇA - DECLARAÇÃO DE
COMPENSABILIDADE DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS - SÚMULA 213/STJ - TAXA SELIC
- INCIDÊNCIA A PARTIR DOS PAGAMENTOS INDEVIDOS - SUFICIÊNCIA DA
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 1. Não ocorre ofensa ao art. 535, II, do CPC, se o
Tribunal de origem decide, fundamentadamente, as questões essenciais ao julgamento da
lide. 2. O mandado de segurança é instrumento adequado para a declaração de
compensabilidade do crédito tributário, que será efetuada, respeitado o prazo
prescricional, junto à Administração tributária. Precedentes. 3. Incide a Taxa Selic, como
correção monetária e juros de mora, desde o pagamento indevido. Precedentes. 4.
Segundo a jurisprudência desta Corte, a receita decorrente da variação cambial positiva
relativa às operações de exportação não se sujeitam à tributação pelo PIS e pela
COFINS. 5. Recurso especial da Fazenda Nacional não provido. 6. Recurso especial do
contribuinte provido. (STJ, REsp 982870, j. 02/09/2010. DDJe 20/09/2010)

III - DISPOSITIVO

Ante o exposto, julgo procedente o pedido para declarar o direito da parte autora
apurar e recolher a CSLL e o IRPJ nos percentuais respectivos de 12% e 8% sobre a receita
bruta decorrente da prestação de serviços odontológicos (excluídas as atividades
administrativas e consultas), consoante o art. 15, § 1º, III, “a”, e art. 20, ambos da Lei n.
9.249/95, bem como para condenar a União à restituição do indébito tributário e declarar o
direito da autora compensar, após o trânsito em julgado e em procedimento administrativo
perante a Receita Federal do Brasil, os valores recolhidos indevidamente a esse título,
acrescidos da Taxa SELIC, sem acúmulo com os juros de mora, nos termos da fundamentação.

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Condeno a União ao pagamento das custas e honorários advocatícios


sucumbenciais, os quais fixo no percentual mínimo aplicável à faixa correspondente dentre
aquelas estipuladas pelo art. 85, § 3º, I a V, do CPC/2015, em que se enquadre o valor da
condenação.

P. R. I.

Interposto recurso voluntário e atendidos seus pressupostos, considere-se


recebido no duplo efeito, com intimação da parte contrária para contrarrazões e posterior
remessa dos autos ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Após o trânsito em julgado, dê-se baixa.

Documento eletrônico assinado por GUSTAVO DIAS DE BARCELLOS, Juiz Federal Substituto, na forma do artigo 1º,
inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência
da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,
mediante o preenchimento do código verificador 720003446790v2 e do código CRC d95301dc.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): GUSTAVO DIAS DE BARCELLOS
Data e Hora: 8/5/2018, às 12:51:34

5010024-88.2017.4.04.7200 720003446790 .V2

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Poder Judiciário
JUSTIÇA FEDERAL
Seção Judiciária de Santa Catarina
3ª Vara Federal de Florianópolis
Rua Paschoal Apóstolo Pitsica, 4810, 3º andar - Bairro: Agronômica - CEP: 88025-255 - Fone: (48)3251-2995 -
http://www.jfsc.jus.br/ - Email: scflp03@jfsc.jus.br

PROCEDIMENTO COMUM Nº 5009936-50.2017.4.04.7200/SC


AUTOR: ORAL UNIC LTDA - ME (SOCIEDADE)
RÉU: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

SENTENÇA

Oral Unic Ltda. ME ingressou em juízo contra a União - Fazenda Nacional, com o
intuito de obter provimento jurisdicional que reconheça o enquadramento das atividades que
exerce como "serviços hospitalares", para fins de redução das alíquotas de recolhimento do
Imposto sobre a Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido (CSLL).

Alegou, em breve resumo, que, tratando-se de clínica odontológica na qual são


realizados diversos procedimentos cirúrgicos, constitui nítida e flagrante ilegalidade a
exigência de IRPJ e de CSLL com bases de cálculo equivalentes a 32% de sua receita bruta.

Argumentou que todas as atividades ligadas à promoção da saúde devem ser


consideradas "serviços hospitalares" e, ao final, requereu a declaração de seu direito à utilização
de alíquotas reduzidas de IRPJ e de CSLL em relação aos procedimentos de implantodontia,
cirurgia buco-maxilo-faciais, periodontia, endodontia, prótese dentária, ortodontia, instalação
de lente de contato dental e dentística, bem como a declaração de seu direito à compensação
dos valores indevidamente recolhidos nos 5 (cinco) anos que antecederam ao ajuizamento desta
ação.

Intimada para adequar o valor atribuído à causa (evento 5), a autora requereu a
emenda da petição inicial e efetuou o recolhimento das custas e despesas complementares
(eventos 8 e 9).

Posteriormente, a requerente manifestou-se nos autos para informar a desistência


no que diz respeito ao requerimento de tutela de urgência (evento 11).

Em sua resposta, a União afirmou, com base em precedente do Superior Tribunal


de Justiça, que há dispensa de contestação e interposição de recurso relativamente à matéria
posta nos autos, bem como que, a partir da vigência da Lei n. 11.727/2008, para obter o
benefício fiscal, a autora tem que se enquadrar nos serviços especificados no art. 15, § 1º, III,
"a", da Lei n. 9.249/1995, deve ser organizada sob a forma de sociedade empresária e deve
atender às normas da ANVISA (evento 22).

Sustentou, no entanto, a ausência de interesse de agir da autora, em razão da


ausência de prévio requerimento administrativo e de pretensão resistida, e que não deve ser
condenada ao pagamento de honorários advocatícios, com base no art. 19 da Lei n.
10.522/2002, em razão do reconhecimento da procedência do pedido.

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Ato contínuo, a União novamente manifestou-se nos autos, para informar que a
autora vem incorretamente efetuando depósitos judiciais, uma vez que, além de depositar os
valores controvertidos, está depositando a parcela incontroversa do tributo devido (evento 28).

Houve réplica (evento 29).

Prossigo para decidir.

- Preliminar: ausência de interesse de agir.

Ainda que a União sustente que a causa poderia ter sido resolvida no âmbito
administrativo, sem a necessidade de movimentação do aparelho judiciário, havendo, portanto,
reconhecido o pedido inicial, esclarece-se que inexiste norma que condicione a pretensão da
autora ao prévio requerimento administrativo.

O art. 5º, XXXV, da Constituição Federal, aliás, ao estabelecer que a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, e o art. 19, I, do Código
de Processo Civil, segundo o qual o interesse do autor pode limitar-se à declaração da
inexistência de uma relação jurídica, asseguram à autora o direito de pleitear provimento
jurisdicional que reconheça o enquadramento das atividades que exerce como serviços
hospitalares, para fins de redução das alíquotas de recolhimento do Imposto sobre a Renda de
Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Em caso idêntico ao dos autos, assim decidiu-se:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO.


AUSÊNCIA DE PRÉVIO DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. INTERESSE
PROCESSUAL. IRPJ. CSSL. BASE DE CÁLCULO. REDUÇÃO. SERVIÇOS
HOSPITALARES. ART. 15, § 1º, III, "A" DA LEI Nº 9.249/95. LEI N° 11.727/08.
SOCIEDADE EMPRESÁRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. No há lei que
determine o prévio requerimento na via administrativa, sendo que a resistência à
pretensão decorre do próprio recolhimento indevido, não se exigindo do postulante em
juízo a prova de que seu direito não seria acatado no âmbito administrativo. [...] (TRF4,
AC 5007972-30.2014.404.7005, Segunda Turma, Relatora Carla Evelise Justino
Hendges, j. em 24/03/2015) (grifei)

Afasto, pois, a preliminar.

- Mérito.

A União, com fundamento na tese fixada no Recurso Especial n. 1.116.399/BA,


submetido à sistemática dos recursos repetitivos, e nas disposições da Lei n. 9.249/1995,
reconheceu a procedência do pedido inicial, fazendo-o com base no art. 19, V e § 1º, I, da Lei n.
10.522/2002.

Sobre a questão, nos seguintes termos dispôs o Código de Processo Civil:

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: [...]

III - homologar:
5009936-50.2017.4.04.7200 720003324192 .V8
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a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;


[...]

Ainda sobre o tema, Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery
(in Código de Processo Civil Comentado, 10ª ed., RT: São Paulo, p. 516) lecionam:

Reconhecimento jurídico do pedido.

Ato privativo do réu, consiste na admissão de que a pretensão do autor é fundada e,


portanto, deve ser julgada procedente. Seu objeto é, portanto, o direito. Pode ser parcial
ou total, tácito ou expresso. Somente pode ocorrer quanto a direitos disponíveis e, se
regular e correto na forma, implica necessariamente a extinção do processo com
julgamento de mérito, de procedência do pedido. Não se confunde com a confissão, que
é meio de prova, pode ser efetivada por qualquer das partes e tem como objeto o fato e
não o direito. 8. Reconhecimento jurídico do pedido: consequência. Caso seja feito por
réu capaz e verse sobre direito disponível, o reconhecimento jurídico do pedido acarreta
a automática procedência do pedido, constituindo-se em circunstância limitadora do
livre convencimento do juiz.

Com efeito, reconhecida a procedência do pedido da autora, deve-se extinguir o


processo com julgamento do mérito.

Para que não surjam dúvidas no momento da liquidação desta decisão, porém,
esclarece-se que a autora somente faz jus às alíquotas reduzidas de IRPJ e de CSLL em relação
aos procedimentos de implantodontia, cirurgia buco-maxilo-faciais, periodontia, endodontia,
prótese dentária, ortodontia, instalação de lente de contato dental e dentística, uma vez que a
expressão "serviços hospitalares" não abrange a realização de simples consultas.

A própria contribuinte, aliás, apesar de ter apresentado cálculos em que foram


consideradas suas receitas totais (eventos 15, 24 e 31), expressamente excluiu de seu pedido as
receitas oriundas da realização de consultas odontológicas (evento 1, INIC1, p. 18).

Registra-se, por fim, que a simples exigência de alvará sanitário, nos termos do
art. 15, III, "a", da Lei n. 9.249/1995, sobretudo por tratar-se de clínica odontológica, não é
exigência que desrespeita o princípio da razoabilidade.

Tal documento, no entanto, pode ser apresentado à ré após o protocolo do pedido


de compensação.

- Atualização monetária

As quantias vertidas indevidamente aos cofres públicos devem ser atualizadas


desde o pagamento até a compensação (Súmula 162 do Superior Tribunal de Justiça), com a
incidência da taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, que abrange tanto a
recomposição do valor da moeda quanto a remuneração do capital (art. 39, § 4º, da Lei n.
9.250/1995).

Este critério de atualização e compensação da mora deve prevalecer em razão da


inconstitucionalidade do art. 5º da Lei n. 11.960/2009, declarada pelo Supremo Tribunal
Federal, em 14 de março de 2013, no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade de
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ns. 4.357/DF e 4.425/DF.

Corroborando esse posicionamento, a mesma Corte, no julgamento do Recurso


Extraordinário n. 870.947/SE, submetido ao regime de repercussão geral, fixou a seguinte tese
(Tema n. 810):

I - O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte
em que disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é
inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária, aos quais
devem ser aplicados os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remunera
seu crédito tributário, em respeito ao princípio constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º,
caput); quanto às condenações oriundas de relação jurídica não-tributária, a fixação
dos juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é
constitucional, permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no art. 1º-F da Lei nº
9.494/97 com a redação dada pela Lei nº 11.960/09; [...] (grifei)

- Honorários advocatícios.

O art. 90 do Código de Processo Civil determina que os honorários advocatícios


devem ser pagos pela parte que reconheceu o pedido.

Entretanto, incide no caso sob exame o disposto no art. 19, § 1º, da Lei n.
10.522/2002, que excepciona a condenação da Fazenda Nacional em honorários advocatícios
nas hipóteses em que houver reconhecimento da procedência do pedido:

Art. 19. Fica a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a


não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista outro
fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre:

[...]

V - matérias decididas de modo desfavorável à Fazenda Nacional pelo Superior Tribunal


de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos art. 543-C da Lei nº 5.869,
de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, com exceção daquelas que ainda
possam ser objeto de apreciação pelo Supremo Tribunal Federal.

§ 1º Nas matérias de que trata este artigo, o Procurador da Fazenda Nacional que
atuar no feito deverá, expressamente:

I - reconhecer a procedência do pedido, quando citado para apresentar resposta,


inclusive em embargos à execução fiscal e exceções de pré-executividade, hipóteses em
que não haverá condenação em honorários; ou

II - manifestar o seu desinteresse em recorrer, quando intimado da decisão judicial.

§ 2º A sentença, ocorrendo a hipótese do § 1 o, não se subordinará ao duplo grau de


jurisdição obrigatório. [...]

Ressalta-se que o afastamento da condenação em honorários sucumbenciais não é


aplicável somente quando há o reconhecimento do pedido em embargos à execução fiscal e em
exceções de pré-executividade, pois o art. 19, § 1º, I, acima reproduzido, apenas buscou

5009936-50.2017.4.04.7200 720003324192 .V8


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esclarecer que o reconhecimento manifestado naquelas hipóteses não está excluído da regra
geral, autorizando a ausência de condenação em honorários advocatícios também nesses casos.

Além disso, o simples fato de a ré haver sustentado a ausência de interesse de agir


da autora, por não dizer respeito ao mérito da causa, não é suficiente para afastar a aplicação dos
dispositivos da Lei n. 10.522/2002.

Por essa razão, tendo em vista que houve o reconhecimento do pedido em


contestação, deve-se afastar a condenação da União ao pagamento de honorários advocatícios.

- Destinação dos valores depositados pela parte autora.

A autora, com fundamento no art. 151, II, do Código Tributário Nacional, efetuou
depósitos para o fim de suspender a exigibilidade do crédito tributário.

Portanto, após o trânsito em julgado, deverá proceder-se à conversão em renda


dos valores em depósito do montante devido dos tributos e, em seguida a expedição de alvará
para o levantamento dos valores remanescentes, tudo a partir da comprovação prévia, pelas
partes, do que lhes cabe da quantia vinculada ao processo.

Em face do que foi dito, como fundamento no art. 487, III, "a", do Código de
Processo Civil, homologo o reconhecimento da procedência do pedido para assegurar à
autora, exclusivamente no que diz respeito às atividades que exerce como serviços hospitalares,
excluídas as consultas e atividades de cunho administrativo, a redução das alíquotas de
recolhimento do Imposto sobre a Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido (CSLL).

Deixo de condenar a ré, no entanto, ao pagamento de honorários de advogado,


com base no art. 19, § 1º, I, da Lei n. 10.522/2002.

Dispensado o reexame necessário (art. 19, § 2º, Lei n. 10.522/2002).

Na hipótese de interposição de recurso de apelação, determino, desde logo, a


intimação da parte contrária para apresentar contrarrazões; e, após, a remessa dos autos ao
Tribunal Regional Federal da 4ª Região (art. 1.010, §§ 1º a 3º, do Código de Processo Civil).

Documento eletrônico assinado por OSNI CARDOSO FILHO, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419,
de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do
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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5007192-24.2018.4.04.7208/SC


PROCESSO ORIGINÁRIO: Nº 5007192-24.2018.4.04.7208/SC
RELATOR: JUIZ FEDERAL ALEXANDRE GONÇALVES LIPPEL
APELANTE: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (RÉU)
APELADO: ORAL UNIC ITAPEMA LTDA (AUTOR)
ADVOGADO: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA (OAB SP159295)

EMENTA

TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSLL. BASE DE CÁLCULO. LUCRO PRESUMIDO.


ATIVIDADES DE NATUREZA HOSPITALAR. CLÍNICA
ODONTOLÓGICA. SERVIÇOS DE NATUREZA COMPLEXA
COMPROVADOS. LEI Nº 11.727/2008. REQUISITOS. NORMAS DA
ANVISA.

1. O Superior Tribunal de Justiça fixou tese no sentido de que para obtenção de


redução nas alíquotas de tributos, a expressão 'serviços hospitalares', constante do artigo 15, §
1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva , isto é, deve ser
realizada análise da atividade do contribuinte.

2. A impetrante comprova que presta serviços que possuem custos diferenciados


do simples atendimento odontológico, tais como atividade ondontológica, serviço de
procedimento cirúrgico de colocação de pino de titânio para implante dentário
(implantodontia), cirurgias bucomaxilofaciais, periodontia, endodotia, prótese dentária,
ortondontia, instalação de lente de contato dental, dentística, fazendo jus à alíquota de 8% e
12%.

3. Não é legítimo exigir que a empresa comprove atender às normas da


ANVISA. Uma vez que está em exercício regular de sua atividade, há presunção relativa de
que está adequada às regras da vigilância sanitária. Caberia, desta forma, ao Fisco trazer
elementos que indiquem o descumprimento de tais regras.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Egrégia 1ª
Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região decidiu, por unanimidade, negar
provimento à apelação e à remessa necessária, nos termos do relatório, votos e notas de
julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

Porto Alegre, 09 de julho de 2020.

5007192-24.2018.4.04.7208 40001651168 .V4


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Documento eletrônico assinado por ALEXANDRE GONÇALVES LIPPEL, Juiz Federal Convocado, na forma do
artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010.
A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
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Data e Hora: 10/7/2020, às 15:53:41

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APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5007192-24.2018.4.04.7208/SC


PROCESSO ORIGINÁRIO: Nº 5007192-24.2018.4.04.7208/SC
RELATOR: JUIZ FEDERAL ALEXANDRE GONÇALVES LIPPEL
APELANTE: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (RÉU)
APELADO: ORAL UNIC ITAPEMA LTDA (AUTOR)
ADVOGADO: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA (OAB SP159295)

RELATÓRIO

Trata-se de apelação interposta pela UNIÃO - FAZENDA NACIONAL, no bojo


de ação ajuizada por ORAL UNIC ITAPEMA LTDA, objetivando que lhe seja assegurado o
direito de apurar o lucro presumido, para fins de cálculo do IRPJ e da CSLL, aplicando,
respectivamente, os percentuais de 8% (oito por cento) e de 12% (doze por cento) sobre as
receitas decorrentes de atividades hospitalares, e a restituir os valores pagos indevidamente.

Regularmente processado o feito, sobreveio sentença (Evento 39), cujo


dispositivo tem o seguinte teor:

Pelo exposto, JULGO PROCEDENTES os pedidos iniciais para:

a) Assegurar à parte autora, a autora, em relação aos procedimentos de implantodontia,


cirurgias bucomaxilofaciais, procedimentos/cirurgias em periodontia, procedimentos/cirurgias
em endodontia, procedimentos/cirurgias em prótese dentária, procedimentos em ortodontia,
instalação de lente de contato dental, procedimentos em dentística, exceto simples consultas, o
recolhimento do IRPJ e a CSLL pelas bases de cálculo de 8% e 12%, respectivamente, nos
termos do art. 15, III, letra “a”, in fine, e art. 20, primeira parte, ambos da Lei 9.249/95, pois
preenchidos os requisitos legais, sobretudo pela equiparação das atividades sobreditas a
serviços hospitalares, haja vista serem realizadas de forma diferenciada para promoção da
saúde de seus pacientes;

b) Reconhecer o direito da parte autora "ao indébito dos valores a maior, vencidos e
vincendos, respeitando-se o período imprescrito, com atualização monetária e mediante
compensação tributária", na forma requerida na inicial (evento 1).

Condeno a União em honorários advocatícios fixados em 10% do proveito econômico


decorrente desta sentença.

Custas reembolsáveis.

Sentença sujeita a reexame necessário.

P. R. I.

Interpostos embargos de declaração (Evento 47), estes foram acolhidos


parcialmente nos seguintes termos:

Pelo exposto, acolho parcialmente os embargos para acrescentar à parte dispositva da


sentença que, após o transtio em julgado, retornem os autos conclusos para apreciar o destino
dos depósitos judiciais.

5007192-24.2018.4.04.7208 40001651167 .V10


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Reabro o prazo para recurso, nos termos do artigo 1.026 do CPC (Art. 1.026. Os embargos de
declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo para a interposição de
recurso).

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Em suas razões recursais (Evento 37), a União alega, em síntese, que, a parte
autora não comprovou a prestação de serviços hospitalares, uma vez que serviços
odontológicos não se enquadram naquele conceito. Defende que, em casos semelhantes, o
TRF4 vem entendendo que o benefício fiscal somente se aplica aos serviços odontológicos
que comprovadamente possuam custos diferenciados, tais como cirurgias buco-maxilo-
faciais, ortodontia, ortopedia facial e periodontia. Nesses termos, requer seja conhecido e
provido este recurso de apelação, reformando-se a sentença recorrida, a fim de que sejam
julgados improcedentes os pedidos formulados na petição inicial.

Com contrarrazões, vieram os autos a esta Corte.

Sentença submetida à remessa necessária.

É o relatório.

VOTO

A redação originária dos artigos 15 e 20 da Lei nº 9.249/95 estabeleceu base de


cálculo diferenciada para o IRPJ e a CSLL das empresas que exercem serviços hospitalares,
in verbis:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação
do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o
disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: (...)

III - trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares;

(...)

Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas pessoas
jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts. 27 e 29 a 34 da Lei no
8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração
contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação
vigente, auferida em cada mês do ano-calendário, exceto para as pessoas jurídicas que
exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1o do art. 15, cujo percentual
corresponderá a trinta e dois por cento.

Embora não haja definição expressa acerca do conceito de "serviços


hospitalares", o Superior Tribunal de Justiça, interpretando os dispositivos legais
supramencionados, na sua redação original, definira que o benefício fiscal em questão deve

5007192-24.2018.4.04.7208 40001651167 .V10


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ser entendido de forma objetiva, em função dos serviços que são prestados e não do prestador
do serviço ou em sua capacidade de promover internações de pacientes.

A matéria em questão encontrava-se pacificada no âmbito do egrégio STJ desde


o julgamento do REsp n.º 832.906/SC, que adotou tese mais restritiva, no sentido de
que "Por entidade hospitalar deve se entender o complexo de atividades exercidas pela
pessoa jurídica que proporcione internamento do paciente para tratamento de saúde, com a
oferta de todos os processos exigidos para prestação de tais serviços ou do especializado."

Por ocasião do julgamento do REsp n.º 951.251/PR, em 22.4.2009, aquele


egrégio Tribunal Superior acabou por rever o seu entendimento sobre a matéria, adotando
posicionamento mais brando. Desde então, no entender do STJ, serviços hospitalares são
"aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde. Em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se
identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos."

A questão ganhou contornos definitivos quando do julgamento do REsp n º


1.116.399/BA, submetido ao regime dos recursos repetitivos (artigo 543-C, do CPC/73).
Confira-se a ementa:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS


ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL
COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS
HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA
DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA
SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC.
1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços hospitalares"
prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL.
Discute-se a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na lei, poder-
se restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles
estabelecimentos destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e
assistência médica integral.
2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente Ministro Castro
Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do pagamento dos
tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo
15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a
perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício
fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo),
mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Na mesma oportunidade,
ficou consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos
dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os contribuintes cumprissem
requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter estrutura que permita a
internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que "a dispensa
da capacidade de internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que
se mostra irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares".
3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às
atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de
sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se
identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos".
4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às
demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota
prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte
genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da
atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos
5007192-24.2018.4.04.7208 40001651167 .V10
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termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95.
5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta serviços
médicos laboratoriais (fl.. 389), atividade diretamente ligada à promoção da saúde, que
demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou
similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo pelo qual, segundo o
novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em discussão (incidência dos percentuais
de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL, sobre a
receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços médicos
laboratoriais).
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do
artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
7. Recurso especial não provido.
(REsp 1116399/BA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
28/10/2009, DJe 24/02/2010) (grifou-se)

Assim, restou redigido o Tema 217 do STJ:

Para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão 'serviços
hospitalares', constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de
forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), devendo
ser considerados serviços hospitalares 'aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas
pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde', de sorte que, 'em regra, mas não
necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as
simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito
hospitalar, mas nos consultórios médicos'.

Período posterior à Lei nº 11.727/08

Em face da superveniente alteração na redação do inciso II, alínea "a", do artigo


15 da Lei 9.249/95, por força da Lei nº 11.727/08, passou-se a exigir, para a aplicação do
percentual reduzido, que a "prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de
sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
Anvisa".

Conforme se depreende da legislação em vigor, somente as sociedades


organizadas sob a forma de sociedade empresária é que estão abrangidas pela base minorada.
Acrescente-se, ainda, que, nos termos dos artigos 982 e 967, é obrigatória a inscrição da
sociedade empresária no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, para
que se possa considerar a sociedade como empresária.

Quanto ao segundo requisito, este Tribunal tem entendido que basta que a
empresa comprove estar em pleno funcionamento, a menos que haja nos autos qualquer
indicação de que não atende às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Nessa toada, cabe atentar, a lei revela-se bastante genérica e não estabelece,
especificamente, as quais normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária o contribuinte
deve obedecer.

Cumpre ressaltar que a Resolução - RDC n° 50, de 21/02/2002, que dispõe


sobre o Regulamento Técnico para Planejamento, Programação, Elaboração e Avaliação de
Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, não tem aplicação no caso em
tela, vez que tais normas gerais de funcionamento de estabelecimentos de saúde não podem
restringir a norma legal.

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Tal resolução extrapola o limite estabelecido pela norma tributária, a qual
permite interpretações mais benéficas para o contribuinte, pois se encontram dissociados do
objetivo que norteou todo o processo legislativo que era exatamente desonerar, no âmbito
tributário, o prestador de serviços de saúde nos casos em que se exige qualificação dos
trabalhadores, espaço físico adequado e materiais e equipamentos de alto custo, visando,
evidentemente, ao barateamento do serviço, com o consequente aumento do acesso da
população a tais serviços.

Nesse sentido, precedentes deste Tribunal:

TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS HOSPITALARES. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS REDUZIDAS.


NATUREZA DO SERVIÇO PRESTADO. CRITÉRIO OBJETIVO, INDEPENDENTE DA
ESTRUTURA FÍSICA DO LOCAL DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. LEI Nº 11.727/2008.
APLICABILIDADE. VIGÊNCIA. 1. O Superior Tribunal de Justiça pacificou a matéria
atinente à aplicação de alíquotas reduzidas do IRPJ (8%) e da CSLL (12%) às receitas
provenientes de serviços hospitalares. O critério eleito é de cunho objetivo e concerne à
natureza do serviço que deve ser relacionado à promoção da saúde e ter custo diferenciado,
excluídas, assim, as receitas decorrentes de simples consultas médicas e demais atividades
administrativas. Assim, nos termos do precedente representativo da controvérsia, a concessão
do benefício independe da estrutura física do local de prestação do serviço e se este possuiu,
ou não, capacidade para internação de pacientes (REsp 1.116.399/BA, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, 1ª Seção, DJe 24/02/2010). 2. A Lei nº 11.727/2008 impôs alterações ao artigo 15,
§ 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/1995, que passaram a viger a partir de 01-01-2009. Além do
enquadramento da atividade como de natureza hospitalar, outros dois requisitos passaram a
ser exigidos, a saber: i) estar constituída como sociedade empresária; ii) atender às normas
da ANVISA. 3. As sociedades empresárias devem ser registradas no Registro Público das
empresas Mercantis (Junta Comercial) do Estado em que se encontram estabelecidas. 4. Não é
legítimo exigir que a empresa comprove atender às normas da ANVISA. Uma vez que está em
exercício regular de sua atividade e detém o Alvará de funcionamento, há presunção relativa
de que está adequada às regras da vigilância sanitária. Caberia, desta forma, ao Fisco trazer
elementos que indiquem o descumprimento de tais regras. Precedentes desta Corte Regional.
(TRF4 5026157-45.2016.404.7200, PRIMEIRA TURMA, Relator ROGER RAUPP RIOS,
juntado aos autos em 08/09/2017)

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUTOS RETORNADOS DO STJ. EXISTÊNCIA DE


OMISSÃO. NOVO JULGAMENTO DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Decisão proferida
no Superior Tribunal de Justiça em Recurso Especial interposto pela União. Retorno dos autos
para suprir omissão no julgamento dos embargos de declaração. A alteração promovida pela
Lei 11.727/2008, no sentido de que a prestadora de serviços hospitalares deve atender às
normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, revela-se bastante genérica e
não estabelece, especificamente, a quais normas da ANVISA o contribuinte deve obedecer.
Hipótese em que normas gerais de funcionamento de estabelecimentos de saúde não podem
restringir a norma legal. Fundamentos acrescentados ao acórdão embargado, sem alteração
no resultado. (TRF4 5003682-92.2012.404.7117, PRIMEIRA TURMA, Relatora MARIA DE
FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE, juntado aos autos em 27/10/2016)

Do caso particular

Do exame dos autos, verifico que o magistrado de origem analisou com critério
e acerto as questões suscitadas, examinando corretamente o conjunto probatório e aplicando
os dispositivos legais pertinentes. Assim, transcrevo os fundamentos da sentença e adoto-os
como razões de decidir, in verbis:

Cinge-se a controvérsia, do contexto narradao, quanto ao alcance da jurisprudência


firmada pelo STJ sobre o tema, ao estabelecer que:

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[...] devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às
atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde",
de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que
não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos",
bem como que “a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a
receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela
parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício
fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei
9.249/95." (REsp 1116399/BA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 24/02/2010).

Na interpretação desse precedente, adota O TRF da 4ª Região o seguinte entendimento,


verbis:

TRIBUTÁRIO. mandado de segurança. IRPJ. CSLL. PRESCRIÇÃO. LEI Nº 9.249/95.


SERVIÇOS HOSPITALARES. ABRANGÊNCIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA ÁREA
DA SAÚDE. clínica odontológica. ausência de provas de prestação de serviços de
natureza complexa e de custo diferenciado.
1. Limitando-se o pedido ao período quinquenal que antecedeu ao ajuizamento da ação,
não há se falar em prescrição.
2. Atualmente, no entender do egrégio STJ, serviços hospitalares são "aqueles que se
vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção
da saúde. Em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que
não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos"
(REsp n.º 951.251/PR, em 22.4.2009).
3. Esta Turma têm reconhecido o direito de clínicas odontológicas utilizarem-se da base
de cálculo reduzida de 8% e 12%, desde que reste comprovado nos autos que, de fato,
existe prestação de serviços de natureza complexa, que importe em custos diferenciados,
não restrita as simples consultas odontológicas.
4. Espécie em que não restou comprovada a prestação de serviços de natureza complexa
e com custos diferenciados, nada obstando que a impetrante venha a se utilizar da via
ordinária para tal fim.
5. Mantida a sentença que denegou a segurança. (TRF4, Apelação Cívil 5002019-
05.2016.4.04.7203, Rel. ROBERTO FERNANDES JÚNIOR, 2ª Turma, j. 07/02/2017).

No caso dos autos, revela a cláusula quarta de seu contrato social que sociedade autora tem
como objeto social "atividade ondontológica, serviço de procedimento cirúrgico de colocação
de pino de titânio para implante dentário (implantodontia), cirurgias bucomaxilofaciais,
periodontia, endodotia, prótese dentária, ortondontia, instalação de lente de contato dental,
dentística".

Não se trata, portanto, como se percebe, de "simples consultas médicas, atividade que não se
identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos", hipótese
excluída pelo STJ no precedente citado, mas de "serviços de natureza complexa, que importe
em custos diferenciados, não restrita as simples consultas odontológicas", na linha da
jurisprudência do TRF da 4ª Região, nos termos da ementa acima transcrita.

À luz desse quadro, impõe-se o acolhimento da pretensão da parte autora.

Acresço que os serviços odontológicos em geral, em especial aqueles que


envolvem a colocação de implantes e próteses dentárias, como é o caso dos autos, por óbvio,
demandam rotinas e procedimentos tipicamente hospitalares, além de espaço físico adequado
para intervenções cirúrgicas e corpo técnico especializado.

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Esta Corte vem reconhecendo que a prestação de
serviços odontológicos diferenciados, tais como realização de cirurgias para colocação de
próteses dentárias, inserem-se no conceito de serviços hospitalares, verbis:

TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS HOSPITALARES. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS REDUZIDAS.


NATUREZA DO SERVIÇO PRESTADO. CRITÉRIO OBJETIVO. CONTRATO SOCIAL.
CLÍNICA ODONTOLÓGICA. IMPLANTES E PRÓTESES DENTÁRIAS. LEI Nº 11.727/2008.
SOCIEDADE EMPRESÁRIA. NORMAS DA ANVISA. 1. O Superior Tribunal de Justiça fixou
tese no sentido de que para obtenção de redução nas alíquotas de tributos, a expressão
'serviços hospitalares', constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser
interpretada de forma objetiva , isto é, deve ser realizada análise da atividade do contribuinte.
2. Os serviços odontológicos em geral, em especial aqueles que envolvem a colocação
de implantes e próteses dentárias, como é o caso dos autos, por óbvio, demandam rotinas e
procedimentos tipicamente hospitalares, além de espaço físico adequado para intervenções
cirúrgicas e corpo técnico especializado. 3. Não é legítimo exigir que a empresa comprove
atender às normas da ANVISA. Uma vez que está em exercício regular de sua atividade, há
presunção relativa de que está adequada às regras da vigilância sanitária. Caberia, desta
forma, ao Fisco trazer elementos que indiquem o descumprimento de tais regras. (TRF4,
APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5002881-47.2019.4.04.7016, 1ª Turma, Juiz Federal
ALEXANDRE GONÇALVES LIPPEL, POR UNANIMIDADE, JUNTADO AOS AUTOS EM
11/06/2020)

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. REMESSA NECESSÁRIA. IRPJ. CSLL. LEI


9.249/95. CLÍNICA ODONTOLÓGICA. SERVIÇOS DE NATUREZA COMPLEXA
COMPROVADOS. O Superior Tribunal de Justiça fixou tese no sentido de que para obtenção
de redução nas alíquotas de tributos, a expressão 'serviços hospitalares', constante do artigo
15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva , isto é, deve ser
realizada análise da atividade do contribuinte. (TRF4, REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL Nº
5015107-02.2019.4.04.7205, 2ª Turma, Juiz Federal ALEXANDRE ROSSATO DA SILVA
ÁVILA, POR UNANIMIDADE, JUNTADO AOS AUTOS EM 20/05/2020)

TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS HOSPITALARES. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS REDUZIDAS.


NATUREZA DO SERVIÇO PRESTADO. CRITÉRIO OBJETIVO. CONTRATO SOCIAL.
CLÍNICA ODONTOLÓGICA. IMPLANTES E PRÓTESES DENTÁRIAS. LEI Nº 11.727/2008.
SOCIEDADE EMPRESÁRIA. NORMAS DA ANVISA. 1. O Superior Tribunal de Justiça
pacificou a matéria atinente à aplicação de alíquotas reduzidas do IRPJ (8%) e da CSLL
(12%) às receitas provenientes de serviços hospitalares. O critério eleito é de cunho objetivo e
concerne à natureza do serviço, que deve ser relacionado à promoção da saúde e ter custo
diferenciado, excluídas, assim, as receitas decorrentes de simples consultas médicas e demais
atividades administrativas. Assim, nos termos do precedente representativo da controvérsia, a
concessão do benefício independe da estrutura física do local de prestação do serviço e se este
possuiu, ou não, capacidade para internação de pacientes (REsp 1.116.399/BA, Rel. Min.
Benedito Gonçalves, 1ª Seção, DJe24/02/2010). 2. Os serviços odontológicos em geral, em
especial aqueles que envolvem a colocação de implantes e próteses dentárias, como é o caso
dos autos, por óbvio, demandam rotinas e procedimentos tipicamente hospitalares, além de
espaço físico adequado para intervenções cirúrgicas e corpo técnico especializado. 3. A Lei
nº 11.727/2008 impôs alterações ao artigo 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/1995, que
passaram a viger a partir de 01-01-2009. Além do enquadramento da atividade como de
natureza hospitalar, outros dois requisitos passaram a ser exigidos, a saber: i) estar
constituída como sociedade empresária; ii) atender às normas da ANVISA. 4. As sociedades
empresárias devem ser registradas no Registro Público das empresas Mercantis (Junta
Comercial) do Estado em que se encontram estabelecidas. 5. Não é legítimo exigir que a
empresa comprove atender às normas da ANVISA. Uma vez que está em exercício regular de
sua atividade e detém o Alvará de funcionamento, há presunção relativa de que está adequada
às regras da vigilância sanitária. Caberia, desta forma, ao Fisco trazer elementos que
indiquem o descumprimento de tais regras. Precedentes desta Corte Regional. (TRF4,
APELAÇÃO CÍVEL Nº 5012220-07.2017.4.04.7208, 1ª Turma, Desembargador Federal
ROGER RAUPP RIOS, POR UNANIMIDADE, JUNTADO AOS AUTOS EM 10/10/2018)

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AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. IRPJ. CSLL. LEI 9.249/95.
CLÍNICA ODONTOLÓGICA. SERVIÇOS DE NATUREZA COMPLEXA COMPROVADOS. 1.
O Superior Tribunal de Justiça fixou tese no sentido de que para obtenção de redução nas
alíquotas de tributos, a expressão 'serviços hospitalares', constante do artigo 15, § 1º, inciso
III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva , isto é, deve ser realizada análise
da atividade do contribuinte. 2. No caso dos autos, deve ser reconhecido o direito da parte
agravante de apurar a base de cálculo do IRPJ e a CSLL utilizando-se das alíquotas reduzidas
apenas para as atividades consideradas como serviços hospitalares. 3. Agravo de instrumento
provido. (TRF4, AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5014862-72.2019.4.04.0000, 2ª Turma,
Desembargador Federal SEBASTIÃO OGÊ MUNIZ, POR UNANIMIDADE, JUNTADO AOS
AUTOS EM 10/09/2019)

TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSLL. LUCRO PRESUMIDO. PRESTAÇÃO DE


SERVIÇOS HOSPITALARES. CLÍNICA ODONTOLÓGICA. SERVIÇOS COM CUSTOS
DIFERENCIADOS. 1. A lei escolheu como único critério distintivo a natureza da atividade
prestada, excetuando a incidência da base de cálculo de 32% sobre as atividades consideradas
como de prestação de serviços hospitalares. Assim, o enquadramento na condição de
instituição prestadora de serviços hospitalares ustenta-se unicamente na natureza dos
serviços prestados, circunstância de cunho objetivo. 2. A jurisprudência do STJ consolidou-se
no sentido de que a redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL não inclui as consultas
médicas e as atividades de cunho administrativo, visto que somente os serviços especializados
de saúde, com custos diferenciados, inserem-se no conceito de serviços hospitalares. 3. A
impetrante comprova que presta serviços que possuem custos diferenciados do simples
atendimento odontológico, tais como cirurgias buco-maxilo-faciais, ortodontia, colocação de
próteses dentárias e endodontia, fazendo jus à alíquota de 8% e 12%. 4. Uma vez que a
impetrante está organizada sob a forma de sociedade empresária, tem direito o direito à
redução da base de cálculo após a edição da Lei nº 11.727/2008. (TRF4, APELAÇÃO CÍVEL
Nº 5007432-69.2011.404.7107, 1ª TURMA, Des. Federal JOEL ILAN PACIORNIK, POR
MAIORIA, VENCIDA A RELATORA, JUNTADO AOS AUTOS EM 16/06/2014) (grifei)

Portanto, não havendo razões para alterar o entendimento do juiz de primeiro


grau, deve ser mantida a sentença que declarou o direito de a impetrante, apurar e recolher
o IRPJ e a CSLL sobre o lucro presumido de 8% e 12%, respectivamente, sobre as receitas
decorrentes de atividades odontológicas. Anote-se que tais receitas não abrangem aquelas
oriundas de consultas médicas e de atividades de cunho administrativo.

Honorários advocatícios

Vencida a parte recorrente tanto em primeira como em segunda instância,


sujeita-se ao acréscimo de honorários de advogado de sucumbência recursais de que trata o §
11 do art. 85 do CPC. Majora-se o saldo final de honorários de advogado de sucumbência que
se apurar aplicando os critérios a serem fixados pelo Juízo de origem, para a ele acrescer dez
por cento.

Dispositivo

Ante o exposto, voto por negar provimento à apelação e à remessa necessária.

Documento eletrônico assinado por ALEXANDRE GONÇALVES LIPPEL, Juiz Federal Convocado, na forma do
artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010.
A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 40001651167v10 e do
código CRC 9ace657e.

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PROCEDIMENTO COMUM Nº 5007192-24.2018.4.04.7208/SC


AUTOR: ORAL UNIC ITAPEMA LTDA
RÉU: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

SENTENÇA

A controvérsia objeto dos autos encontra-se bem delimitada na contestação do


evento 15, verbis:

Trata-se de ação de procedimento comum, por meio da qual busca a parte autora, clínica
odontológica, que seja reconhecido em seu favor o direito ao recolhimento de IRPJ e
CSLL, no regime do lucro presumido, nos moldes previstos nos arts. 15, § 1º, inciso III,
alínea “a” e 20, ambos da Lei n. 9.249/95, ou seja, tomando-se por base de cálculo os
percentuais de 8% e 12%, respectivamente, da receita bruta auferida, bem como a
restituição dos valores recolhidos a maior com base na regra geral (percentual de 32%
da receita bruta auferida).

(...)

[...] não se desconhece que a interpretação do conceito dos chamados “serviços


hospitalares” já foi pacificada em âmbito jurisprudencial em sentido desfavorável à
Fazenda Nacional, tendo sido objeto de apreciação pelo STJ no bojo do REsp n.
1.116.399/BA, submetido ao regime previsto no art. 543-C do CPC-1973 (Recursos
Repetitivos).

Como cediço, a partir do que restou decidido pelo STJ, deve ser conferida interpretação
objetiva à expressão (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo
contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a
característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do
próprio serviço prestado (assistência à saúde).

Enfim, o entendimento firmado pelo STJ prevê expressamente que “(...) devem ser
considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas
pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra,
mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar,
excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as
prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos", bem como que “a
redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da
empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita
proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida
pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95." (REsp
1116399/BA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
28/10/2009, DJe 24/02/2010) (Grifo nosso).

Ademais, a partir da edição da Lei n. 11.727/2008, que alterou o art. 15, § 1º, inciso III,
alínea “a” da Lei 9.249/95, também deverão ser objeto de comprovação pela parte
interessada que a empresa está organizada na forma de sociedade empresária e que
atende as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
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No presente caso concreto, observa-se que a autora comprovou estar organizada sob a
forma de sociedade empresária (Evento 1 - CONTRSOCIAL3), além de cumprir as
normas da ANVISA, nos termos do art. 33, § 3º da IN/RFB n. 1.700/2017, tendo
apresentado Alvará Sanitário Municipal (Evento 1 – OUT8).

Entretanto, no que tange ao objeto social, não comprovou a prestação de serviços


hospitalares.

(...)

Como se pode notar, trata-se de CLIlNICA ODONTOLOlGICA, ou seja, PRESTA


SERVIÇOS ODONTOLOlGICOS, que não se equiparam a SERVIÇOS HOSPITALARES.

A este respeito, A PRIMEIRA SEÇAO do STJ, no julgamento do EREsp 1.168.663/RS,


pacificou o entendimento de que a PRESTAÇArO DE SERVIÇOS ODONTOLOlGICOS
NArO SE ENQUADRA NO CONCEITO DE SERVIÇOS HOSPITALARES, no que se refere
aos efeitos fiscais pretendidos no presente caso concreto:

(...)

1. A embargante defende que a prestação de serviços odontológicos enquadra-se no


conceito serviços hospitalares, para efeitos de benefı́cio fiscal inserto na Lei 9.249/95.
Contudo, o acórdão embargado entendeu que a recorrente não se enquadra na
definição legal de serviços hospitalares.

2. A Primeira Seção, sob o regime do art. 543-C do CPC, entendeu no sentido de que,
"por serviços hospitalares compreendem-se aqueles que estão relacionados às atividades
desenvolvidas nos hospitais, ligados diretamente à promoção da saúde, podendo ser
prestados no interior do estabelecimento hospitalar, mas não havendo esta
obrigatoriedade. Devese, por certo, excluir do benefício simples prestações de serviços
realizadas por profissionais liberais consubstanciadas em consultas médicas, já que essa
atividade não se identifica com as atividades prestadas no âmbito hospitalar, mas, sim,
nos consultórios médicos." (REsp 951.251/PR, Rel. Min. Castro Meira, Primeira Seção,
julgado em 22.4.2009, DJe 3.6.2009). (Grifo nosso)

(...)

Ou seja, a PRIMEIRA SEÇArO DO STJ excluiu a possibilidade de equiparação de


serviços odontológicos a serviços hospitalares no que tange a efeitos fiscais da Lei
9.249/1995. Por importante, registre-se que o referido julgamento (EREsp 1.168.663/RS)
foi realizado em 26/06/2013, ou seja, quase 4 (quatro) anos após o julgamento do REsp
1.116.399/BA (recurso repetitivo julgado em 28/10/2009). Portanto, não se trata de
apreciação que tenha deixado de levar em consideração o referido precedente repetitivo.

(...)

Sendo assim, a pretensão da parte autora deve ser julgada improcedente, em tudo
quanto se refira à pretensão de equiparação de serviços odontológicos a serviços
hospitalares.

Outrossim, ainda que se admita a aplicação do benefício fiscal aos serviços


odontológicos, não custa lembrar que, ao fixar as bases de cálculo dos tributos em
questão (IRPJ e CSLL) em patamares mais reduzidos da receita bruta, o legislador levou
em consideração que os custos necessários à prestação dessas atividades são superiores

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àqueles desembolsados para viabilizar os demais serviços realizados pelas empresas que
atuam no ramo de saúde (mormente as simples consultas médicas e outras atividades
administrativas), circunstância que reduz o lucro na espécie.

A autora, na réplica do evento 19, sustenta que nos julgados citados pela requerida
em sua defesa, "a leitura atenta dos respectivos acórdãos revela que o pedido foi negado
não em razão de simplesmente se tratar de clínica odontológica, mas por não ter sido
comprovado que as atividades realizadas por aquelas clínicas, objetivamente analisadas,
pudessem ser consideradas como serviços hospitalares"

Em reforço às alegações da inicial, observa que:

A orientação verdadeira e uníssona de nossa jurisprudência (decisões já colacionadas à


inicial e citadas na presente) é no sentido de que, nos casos que restou comprovado que
as então postulantes, clínicas odontológicas, realizavam atividades que, objetivamente
consideradas, se enquadravam no conceito de serviços hospitalares, o STJ e o TRF da 4ª
Região reconheceram o direito destes contribuintes.

No presente caso, indissociável tal conclusão, pois do contrato social e dos demais
documentos juntados, emana objetivamente sua característica de prestadora de serviços
hospitalares, uma vez que claramente promove a saúde de seus pacientes.

É o relatório. DECIDO.

Cinge-se a controvérsia, do contexto narradao, quanto ao alcance da


jurisprudência firmada pelo STJ sobre o tema, ao estabelecer que:

[...] devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às


atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de
sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não
se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos", bem
como que “a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita
bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da
receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal,
desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95."
(REsp 1116399/BA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
em 28/10/2009, DJe 24/02/2010).

Na interpretação desse precedente, adota O TRF da 4ª Região o seguinte


entendimento, verbis:

RIBUTÁRIO. mandado de segurança. IRPJ. CSLL. PRESCRIÇÃO. LEI Nº 9.249/95.


SERVIÇOS HOSPITALARES. ABRANGÊNCIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA ÁREA DA
SAÚDE. clínica odontológica. ausência de provas de prestação de serviços de natureza
complexa e de custo diferenciado.
1. Limitando-se o pedido ao período quinquenal que antecedeu ao ajuizamento da ação,
não há se falar em prescrição.
2. Atualmente, no entender do egrégio STJ, serviços hospitalares são "aqueles que se
vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção
da saúde. Em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não
se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos" (REsp
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n.º 951.251/PR, em 22.4.2009).
3. Esta Turma têm reconhecido o direito de clínicas odontológicas utilizarem-se da base
de cálculo reduzida de 8% e 12%, desde que reste comprovado nos autos que, de fato,
existe prestação de serviços de natureza complexa, que importe em custos diferenciados,
não restrita as simples consultas odontológicas.
4. Espécie em que não restou comprovada a prestação de serviços de natureza complexa
e com custos diferenciados, nada obstando que a impetrante venha a se utilizar da via
ordinária para tal fim.
5. Mantida a sentença que denegou a segurança. (TRF4, Apelação Cívil 5002019-
05.2016.4.04.7203, Rel. ROBERTO FERNANDES JÚNIOR, 2ª Turma, j. 07/02/2017).

No caso dos autos, revela a cláusula quarta de seu contrato social que sociedade
autora tem como objeto social "atividade ondontológica, serviço de procedimento cirúrgico
de colocação de pino de titânio para implante dentário (implantodontia), cirurgias
bucomaxilofaciais, periodontia, endodotia, prótese dentária, ortondontia, instalação de
lente de contato dental, dentística".

Não se trata, portanto, como se percebe, de "simples consultas médicas,


atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios
médicos", hipótese excluída pelo STJ no precedente citado, mas de "serviços de natureza
complexa, que importe em custos diferenciados, não restrita as simples
consultas odontológicas", na linha da jurisprudência do TRF da 4ª Região, nos termos da
ementa acima transcrita.

À luz desse quadro, impõe-se o acolhimento da pretensão da parte autora.

Pelo exposto, JULGO PRCEDENTES os pedidos iniciais para:

a) Assegurar à parte autora, a autora, em relação aos procedimentos de


implantodontia, cirurgias bucomaxilofaciais, procedimentos/cirurgias em periodontia,
procedimentos/cirurgias em endodontia, procedimentos/cirurgias em prótese dentária,
procedimentos em ortodontia, instalação de lente de contato dental, procedimentos em
dentística, exceto simples consultas, o recolhimento do IRPJ e a CSLL pelas bases de cálculo
de 8% e 12%, respectivamente, nos termos do art. 15, III, letra “a”, in fine, e art. 20, primeira
parte, ambos da Lei 9.249/95, pois preenchidos os requisitos legais, sobretudo pela equiparação
das atividades sobreditas a serviços hospitalares, haja vista serem realizadas de forma
diferenciada para promoção da saúde de seus pacientes;

b) Reconhecer o direito da parte autora "ao indébito dos valores a maior,


vencidos e vincendos, respeitando-se o período imprescrito, com atualização monetária e
mediante compensação tributária", na forma requerida na inicial (evento 1).

Condeno a União em honorários advocatícios fixados em 10% do proveito


econômico decorrente desta sentença.

Custas reembolsáveis.

Sentença sujeita a reexame necessário.

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P. R. I.

Documento eletrônico assinado por JURANDI BORGES PINHEIRO, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei
11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da
autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,
mediante o preenchimento do código verificador 720005097116v3 e do código CRC de114f1c.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): JURANDI BORGES PINHEIRO
Data e Hora: 14/8/2019, às 16:51:45

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Travessa Ministro Luiz Gallotti, 60, (próximo ao Centro Vida - Rua Amazonas) - Bairro: centro - CEP: 89253-035 - Fone: (47)
3274-1046 - Email: scjar01@jfsc.jus.br

PROCEDIMENTO COMUM Nº 5003878-67.2018.4.04.7209/SC


AUTOR: ORAL UNIC JARAGUA DO SUL LTDA
RÉU: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

SENTENÇA

I - Relatório

Trata-se de ação ajuizada por Oral Unic Jaraguá do Sul Ltda. pelo
procedimento comum em face da União visando a que seja reconhecido seu direito de recolher
o IRPJ e a CSLL pelas bases de cálculo de 8% e 12%, respectivamente, nos termos do art. 15,
III, “a”, in fine, e art. 20, primeira parte, ambos da Lei n° 9.249/1995, no que tange aos
procedimentos de implantodontia, cirurgias bucomaxilofaciais, procedimentos/cirurgias em
periodontia, procedimentos/cirurgias em endodontia, procedimentos/cirurgias em prótese
dentária, procedimentos em ortodontia, instalação de lente de contato dental,
procedimentos em dentística, exceto simples consultas, e de compensar os valores recolhidos
a maior indevidamente.

Narrou que: é uma clínica odontológica de especialidades e que promove a saúde


dos pacientes por meio de procedimentos e cirurgias, realizados em estrutura diferenciada;
atende às normas gerais da ANVISA e está enquadrada no regime de lucro presumido, mesmo
praticando atos rotineiros com atividades diretamente ligadas à promoção da saúde de seus
pacientes, atos estes equiparados a serviços hospitalares.

Sustentou que: no REsp 1.116.399/BA, para fins de obtenção da redução de


alíquota do IRPJ e da CSLL, ficou assentado que devem ser considerados serviços hospitalares
"aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente
à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no
interior do estabelecimento hospitalar"; atua para promoção da saúde da população, é
constituída sob a forma de sociedade empresária e atende às normas da Anvisa, fazendo jus ao
benefício fiscal; há precedentes que amparam sua tese, relativamente à odontologia; tem direito
à repetição do indébito mediante compensação; pode se utilizar da faculdade do depósito
judicial dos tributos para suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

Em contestação, a União defendeu que (evento 12): o REsp 1.116.399/BA não


se aplica ao caso, pois a prestação de serviços odontológicos não se enquadra como serviço
hospitalar; no REsp 1.168.663/RS, ficou excluída a possibilidade de equiparação de serviços
odontológicos a serviços hospitalares no que tange aos efeitos fiscais da Lei n° 9.249/1995; o
TRF4, em julgado recente, aplicou o entendimento do citado REsp; nos termos do art. 111 do
CTN, a legislação tributária que outorga isenção deve sempre ser interpretada literalmente, o
que impede o uso da analogia e da equidade; há Solução de Consulta que afasta a tese da autora.

Houve réplica (21).


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Vieram conclusos para sentença.

II - FUNDAMENTAÇÃO

Serviços hospitalares na redação original da Lei n. 9.249/95

A redação original dos arts. 15 e 20 da Lei n. 9.249/95 estabeleceu base de


cálculo diferenciada para o IRPJ e a CSLL das empresas que exercem serviços hospitalares nos
seguintes termos:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente,
observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei n. 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: [...]

III - trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares;

[...]

Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas
pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts. 27 e 29 a
34 da Lei n. 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de
escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma
definida na legislação vigente, auferida em cada mês do ano-calendário, exceto para as
pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1º do art.
15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento.

Embora não haja definição expressa acerca do conceito de “serviços


hospitalares”, o Superior Tribunal de Justiça, interpretando os dispositivos legais
supramencionados, na sua redação original, definiu que o benefício fiscal em questão deve ser
entendido de forma objetiva, em função dos serviços que são prestados e não do prestador do
serviço ou em sua capacidade de promover internações de pacientes.

Neste sentido:

TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS HOSPITALARES. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS REDUZIDAS.


NATUREZA DO SERVIÇO PRESTADO. CRITÉRIO OBJETIVO, INDEPENDENTE DA
ESTRUTURA FÍSICA DO LOCAL DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. LEI N. 11.727/2008.
SOCIEDADE EMPRESÁRIA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. ARTIGO 170-A DO
CTN. 1. No caso de ação ajuizada após o término da vacatio legis da LC n. 118/05 (ou
seja, após 08-06-2005) objetivando a restituição ou compensação de tributos que,
sujeitos a lançamento por homologação, foram recolhidos indevidamente, o prazo para
o pedido é de cinco anos, a contar da data do pagamento antecipado do tributo, na
forma do art. 150, §1º, e 168, inciso I, ambos do CTN, c/c art. 3º da LC n.º 118/05,
entendimento confirmado pelo STF (RE n. 566.621/RS). 2. O Superior Tribunal de
Justiça pacificou a matéria atinente à aplicação de alíquotas reduzidas do IRPJ (8%) e
da CSLL (12%) às receitas provenientes de serviços hospitalares. O critério eleito é de
cunho objetivo e concerne à natureza do serviço que deve ser relacionado à promoção
da saúde e ter custo diferenciado, excluídas, assim, as receitas decorrentes de simples

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consultas médicas e demais atividades administrativas. Assim, nos termos do precedente
representativo da controvérsia, a concessão do benefício independe da estrutura física
do local de prestação do serviço e se este possuiu, ou não, capacidade para internação
de pacientes (REsp 1.116.399/BA, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Seção, DJe
24/02/2010). 3. A Lei n. 11.727/2008 impôs alterações ao artigo 15, § 1º, III, ‘a’, da Lei
n. 9.249/1995, que passaram a viger a partir de 01-01-2009. Além do enquadramento da
atividade como de natureza hospitalar, outros dois requisitos passaram a ser exigidos, a
saber: i) estar constituída como sociedade empresária; ii) atender às normas da ANVISA.
Comprovado que a empresa atende aos requisitos legais, tem direito à redução inclusive
após ao advento da Lei n. 11.727/2008. 4. A parte autora faz jus à repetição do
indébito, observado o prazo prescricional, sendo-lhe facultado optar pela restituição via
precatório ou pela compensação. A compensação do indébito deve ser efetuada nos
termos e limites previstos no artigo 74 da Lei n. 9.430/96, com a redação dada pelo
artigo 49 da Lei n. 10.637/2002, observado o disposto no artigo 170-A do CTN.
Atualização monetária pela taxa SELIC, a contar do recolhimento indevido. (TRF4, AC
5007036-41.2010.404.7200, Primeira Turma, Relator p/ Acórdão Jorge Antonio
Maurique, D.E. 13/12/2012)

Diante de tal entendimento, infere-se que, excluídos os serviços de consulta


médica e atividades de cunho administrativo, todas as demais atividades dirigidas à
promoção da saúde, ainda que prestadas fora do âmbito hospitalar, mas nos consultórios
médicos ou odontológicos, estão inseridas no conceito de “serviços hospitalares”.

Assim, seguindo o entendimento jurisprudencial apontado, mostra-se possível a


prestação de serviços hospitalares, mesmo que entre estes não esteja incluída a internação de
pacientes, sem prejudicar-se a hipótese legal de aplicação da alíquota inferior de imposto de
renda e de contribuição social sobre o lucro líquido, até 31/12/2008, dia anterior à vigência da
Lei n. 11.727/2008.

Logo, naquela época, bastava o preenchimento de tais requisitos para assistir ao


contribuinte o direito de recolher o IRPJ e a CSLL nos percentuais de 8% e 12%,
respectivamente, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de
serviços hospitalares, exceto quanto à receita decorrente de consultas médicas e de atividades
administrativas, até o início da vigência da Lei n. 11.727/2008, que deu nova redação ao art. 15
da Lei n. 9.249/95.

Serviços hospitalares a partir da vigência da Lei n. 11.727/2008

Por conta da Lei n. 11.727, de 23 de junho de 2008, a redação dada à alínea “a” do
inciso III do art. 15 da Lei n. 9.249/95 foi modificada. Houve especificação acerca dos serviços
excetuados do percentual de 32% para apuração da base de cálculo do IR e CSLL:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio


diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora
destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às
normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa;

Apesar dessa especificação mais abrangente, a Lei restringiu a benesse às


prestadoras organizadas sob a forma de sociedade empresária e desde que atendessem às
normas da ANVISA.
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Logo, para ter direito ao benefício postulado quanto aos fatos geradores
ocorridos a partir de 01/01/2009, o contribuinte deve comprovar os requisitos introduzidos
pela Lei n. 11.727/2008.

Veja-se que o Novo Código Civil dividiu as sociedades em duas categorias, as


sociedades empresárias e as sociedades simples (não empresárias). A sociedade empresária é a
que exerce atividade econômica organizada e habitual, para a produção ou a circulação de bens
ou serviços. Já a sociedade simples é a que exerce atividade econômica de natureza intelectual,
científica, literária ou artística (arts. 966 e 982 do CC).

Na espécie, conforme veiculado em seu contrato social (evento 1,


CONTRSOCIAL3): o objeto social da parte autora é o seguinte: procedimentos de
implantodontia, cirurgias bucomaxilofaciais, procedimentos/cirurgias em periodontia,
procedimentos/cirurgias em endodontia, procedimentos/cirurgias em prótese dentária,
procedimentos em ortodontia, instalação de lente de contato dental, procedimentos em
dentística,

Conforme os documentos juntados aos autos, verifica-se que a parte autora


organizou-se sob a forma de sociedade empresária registrada na Junta Comercial em
06/09/2017 (evento 1, CONTRSOCIAL3).

Quanto à observância das regras de vigilância sanitárias apta a outorgar ao


postulante o benefício fiscal, restou demonstrado que os locais de prestação dos serviços
possui alvará sanitário (evento 1, ALVARA8 e 9). Por conseguinte, verifica-se que a postulante
atende às normas da Anvisa, preenchendo o requisito acrescido pela Lei n. 11.727/2008 à alínea
“a” do inciso III do art. 15 da Lei n. 9.249/95.

Dessa forma, a parte autora tem direito de recolher o CSLL e o IRPJ nos
percentuais de, respectivamente, 12% e 8% sobre a receita bruta auferida pela atividade
específica de prestação de serviços médicos (excluídas as atividades administrativas e
consultas), nos termos do art. 15, § 1º, III, “a”, § 2º c/c art. 20, ambos da Lei n. 9.249/95, com a
restituição dos valores indevidamente recolhidos, respeitada a prescrição qüinqüenal,
corrigidos desde a data do pagamento indevido até a efetiva devolução mediante utilização da
taxa SELIC, que já engloba juros e correção monetária.

Nesse sentido, também vem decidindo o TRF4:

EMENTA: TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS HOSPITALARES. IRPJ E CSLL.


ALÍQUOTAS REDUZIDAS. NATUREZA DO SERVIÇO PRESTADO. CRITÉRIO
OBJETIVO. CONTRATO SOCIAL. CLÍNICA ODONTOLÓGICA. IMPLANTES E
PRÓTESES DENTÁRIAS. LEI Nº 11.727/2008. SOCIEDADE EMPRESÁRIA.
NORMAS DA ANVISA. 1. O Superior Tribunal de Justiça pacificou a matéria
atinente à aplicação de alíquotas reduzidas do IRPJ (8%) e da CSLL (12%) às
receitas provenientes de serviços hospitalares. O critério eleito é de cunho
objetivo e concerne à natureza do serviço, que deve ser relacionado à promoção
da saúde e ter custo diferenciado, excluídas, assim, as receitas decorrentes de
simples consultas médicas e demais atividades administrativas. Assim, nos termos
do precedente representativo da controvérsia, a concessão do benefício independe
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da estrutura física do local de prestação do serviço e se este possuiu, ou não,
capacidade para internação de pacientes (REsp 1.116.399/BA, Rel. Min. Benedito
Gonçalves, 1ª Seção, DJe24/02/2010). 2. Os serviços odontológicos em geral,
em especial aqueles que envolvem a colocação de implantes e próteses dentárias,
como é o caso dos autos, por óbvio, demandam rotinas e procedimentos
tipicamente hospitalares, além de espaço físico adequado para intervenções
cirúrgicas e corpo técnico especializado. 3. A Lei nº 11.727/2008 impôs
alterações ao artigo 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/1995, que passaram a viger a
partir de 01-01-2009. Além do enquadramento da atividade como de natureza
hospitalar, outros dois requisitos passaram a ser exigidos, a saber: i) estar
constituída como sociedade empresária; ii) atender às normas da ANVISA. 4. As
sociedades empresárias devem ser registradas no Registro Público das empresas
Mercantis (Junta Comercial) do Estado em que se encontram estabelecidas. 5.
Não é legítimo exigir que a empresa comprove atender às normas da ANVISA.
Uma vez que está em exercício regular de sua atividade e detém o Alvará de
funcionamento, há presunção relativa de que está adequada às regras da vigilância
sanitária. Caberia, desta forma, ao Fisco trazer elementos que indiquem o
descumprimento de tais regras. Precedentes desta Corte Regional. (TRF4, AC
5012220-07.2017.4.04.7208, PRIMEIRA TURMA, Relator ROGER RAUPP
RIOS, juntado aos autos em 10/10/2018)

Compensação de tributos:

A compensação de tributos e contribuições da mesma espécie foi introduzida no


ordenamento jurídico pelo art. 66 da Lei n. 8.383/91.

A Lei n. 9.430/96 permitiu a compensação entre tributos de espécies distintas, a


ser autorizada e realizada pela Secretaria da Receita Federal, após a análise de cada caso, a
requerimento do contribuinte ou de ofício (Decreto n. 2.138/97), com relação aos tributos sob
administração daquele órgão.

Posteriormente, foi editada a Lei n. 10.637/2002 que deu nova redação ao art. 74
da Lei n. 9.430/96 e autorizou, para os tributos administrados pela Secretaria da Receita
Federal, a compensação de iniciativa do contribuinte, mediante entrega de declaração contendo
as informações sobre os créditos e débitos utilizados, cujo efeito é o de extinguir o crédito
tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação:

Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em
julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita
Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação
de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por
aquele Órgão. (Redação dada pela Lei n. 10.637, de 30.12.2002)

§ 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito
passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e
aos respectivos débitos compensados. (Incluído pela Lei n. 10.637, de 30.12.2002)

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§ 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito
tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei n.
10.637, de 30.12.2002)

Já a Lei n. 11.457/2007 determinou o afastamento da aplicação do disposto no


art. 74 da Lei n. 9.430/96 quanto às contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do
parágrafo único do art. 11 da Lei n. 8.212/91, e das contribuições instituídas a título de
substituição:

Art. 2º Além das competências atribuídas pela legislação vigente à Secretaria da Receita
Federal, cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, executar, acompanhar
e avaliar as atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e
recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único
do art. 11 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, e das contribuições instituídas a título
de substituição.

§ 1º O produto da arrecadação das contribuições especificadas no caput deste artigo e


acréscimos legais incidentes serão destinados, em caráter exclusivo, ao pagamento de
benefícios do Regime Geral de Previdência Social e creditados diretamente ao Fundo do
Regime Geral de Previdência Social, de que trata o art. 68 da Lei Complementar n. 101,
de 4 de maio de 2000.

§ 2º Nos termos do art. 58 da Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000, a


Secretaria da Receita Federal do Brasil prestará contas anualmente ao Conselho
Nacional de Previdência Social dos resultados da arrecadação das contribuições sociais
destinadas ao financiamento do Regime Geral de Previdência Social e das compensações
a elas referentes.

§ 3º As obrigações previstas na Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, relativas às


contribuições sociais de que trata o caput deste artigo serão cumpridas perante a
Secretaria da Receita Federal do Brasil. [...]

Art. 26. O valor correspondente à compensação de débitos relativos às contribuições de


que trata o art. 2º desta Lei será repassado ao Fundo do Regime Geral de Previdência
Social no máximo 2 (dois) dias úteis após a data em que ela for promovida de ofício ou
em que for deferido o respectivo requerimento.

Parágrafo único. O disposto no art. 74 da Lei n. 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não


se aplica às contribuições sociais a que se refere o art. 2º desta Lei.

A Lei Complementar n. 104/2001, acrescentou ao Código Tributário Nacional o


art. 170-A que determina:

Art. 170-A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de


contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva
decisão judicial.

Desta forma, é necessária para a realização da compensação de tributos a


inexistência de discussão judicial sobre os créditos a serem utilizados pelo contribuinte na
compensação pretendida.

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No que tange ao prazo prescricional, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento,
na modalidade de repercussão geral, do Recurso Extraordinário n. 566.621, em 04/08/2011,
entendeu pela validade da aplicação do novo prazo prescricional de 5 anos às ações ajuizadas
após o decurso da vacatio legis de 120 dias da Lei Complementar n. 118/2005, ou seja, a partir
de 9 de junho de 2005.

Desse modo, o STF assentou o entendimento no sentido de que o marco temporal


para aplicabilidade da Lei Complementar n. 118/2005 foi o ajuizamento das ações repetitórias e
não a data da ocorrência dos fatos geradores.

Assim, nas ações ajuizadas até 08/06/2005 ainda incide a regra dos cinco mais
cinco para a restituição/compensação de tributo sujeito ao lançamento por homologação (art.
150, § 4º c/c o art. 168, I, do CTN), ou seja, de dez anos a contar do pagamento indevido.

Na hipótese dos autos, contudo, a presente ação foi proposta após a vigência da
Lei Complementar n. 118/2005, de modo que estão prescritos os recolhidos indevidos
efetuados anteriormente aos cinco anos que antecederam o ajuizamento desta ação.

Logo, após o trânsito em julgado da sentença é permitida a compensação dos


tributos recolhidos indevidamente nos cinco anos anteriores à propositura desta ação.

Selic:

A atualização monetária deve incidir desde a data do pagamento indevido do


tributo (Súmula 162 do STJ), até a sua efetiva compensação e, para tanto, deve ser utilizada,
unicamente, a taxa SELIC, a partir de 1 de janeiro de 1996, instituída pelo artigo 39, § 4º, da Lei
n. 9.250/95.

Neste sentido:

TRIBUTÁRIO - PROCESSO CIVIL - COFINS - PIS - VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA - NÃO-


INCIDÊNCIA - MANDADO DE SEGURANÇA - DECLARAÇÃO DE
COMPENSABILIDADE DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS - SÚMULA 213/STJ - TAXA SELIC
- INCIDÊNCIA A PARTIR DOS PAGAMENTOS INDEVIDOS - SUFICIÊNCIA DA
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 1. Não ocorre ofensa ao art. 535, II, do CPC, se o
Tribunal de origem decide, fundamentadamente, as questões essenciais ao julgamento da
lide. 2. O mandado de segurança é instrumento adequado para a declaração de
compensabilidade do crédito tributário, que será efetuada, respeitado o prazo
prescricional, junto à Administração tributária. Precedentes. 3. Incide a Taxa Selic, como
correção monetária e juros de mora, desde o pagamento indevido. Precedentes. 4.
Segundo a jurisprudência desta Corte, a receita decorrente da variação cambial positiva
relativa às operações de exportação não se sujeitam à tributação pelo PIS e pela
COFINS. 5. Recurso especial da Fazenda Nacional não provido. 6. Recurso especial do
contribuinte provido. (STJ, REsp 982870, j. 02/09/2010. DDJe 20/09/2010)

III - DISPOSITIVO

Ante o exposto, mantenho a suspensão da exigibilidade noticiada pela própria


União, diante do depósito integral e julgo procedente o pedido para declarar o direito da parte
autora apurar e recolher a CSLL e o IRPJ nos percentuais respectivos de 12% e 8% sobre a
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receita bruta decorrente da prestação de serviços odontológicos (excluídas as atividades
administrativas e consultas), consoante o art. 15, § 1º, III, “a”, e art. 20, ambos da Lei n.
9.249/95, bem como para condenar a União à restituição do indébito tributário e declarar o
direito da autora compensar, após o trânsito em julgado e em procedimento administrativo
perante a Receita Federal do Brasil, os valores recolhidos indevidamente a esse título,
acrescidos da Taxa SELIC, sem acúmulo com os juros de mora, nos termos da fundamentação.

Condeno a União ao pagamento das custas e honorários advocatícios


sucumbenciais, os quais fixo no percentual mínimo aplicável à faixa correspondente dentre
aquelas estipuladas pelo art. 85, § 3º, I a V, do CPC/2015, em que se enquadre o valor da
condenação.

P. R. I.

Interposto recurso voluntário e atendidos seus pressupostos, considere-se


recebido no duplo efeito, com intimação da parte contrária para contrarrazões e posterior
remessa dos autos ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Após o trânsito em julgado, dê-se baixa.

Documento eletrônico assinado por JOSEANO MACIEL CORDEIRO, Juiz Federal Substituto, na forma do artigo 1º,
inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência
da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,
mediante o preenchimento do código verificador 720004223464v12 e do código CRC 2a884e56.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): JOSEANO MACIEL CORDEIRO
Data e Hora: 6/12/2018, às 11:50:9

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Otávio Francisco Caruso da Rocha, 300, 6º andar - Bairro: Praia de Belas - CEP: 90010-395 - Fone: (51)3213-3161 - Email:
gluciane@trf4.gov.br

APELAÇÃO CÍVEL Nº 5003071-71.2018.4.04.7201/SC


RELATORA: DESEMBARGADORA FEDERAL LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH
APELANTE: ORAL UNIC JOINVILLE LTDA - ME (AUTOR)
ADVOGADO: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA
APELADO: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (RÉU)

RELATÓRIO

Trata-se de procedimento comum ajuizado por Oral Unic Joinville Ltda. - ME em


face da União, objetivando que seja reconhecido seu direito de recolher o IRPJ e a CSLL pelas
bases de cálculo de 8% e 12%, respectivamente, nos termos do art. 15, III, “a”, da Lei n°
9.249/1995, no que tange aos procedimentos de implantodontia, cirurgia buco-maxilo-facial,
periodontia, endodontia, prótese dentária, ortodontia, instalação de lente de contato dental e
dentística. Requer a repetição do indébito, observada a prescrição quinquenal.

Foi atribuído à causa o valor de R$ 100.000,00.

A sentença foi prolatada nos seguintes termos:

Ante o exposto, julgo improcedentes os pedidos.

Condeno a autora ao pagamento das custas e dos honorários advocatícios, fixados em


10% sobre o valor atualizado da causa (IPCA-E), na forma do art. 85, § 3º, do Código
de Processo Civil.

Após o trânsito em julgado, os valores depositados nos autos (22 e 28) deverão ser
convertidos em renda da União, que deverá ser intimada para informar o código para a
conversão.

Havendo interposição de recurso, intime-se a parte contrária para apresentar suas


contrarrazões, ficando as partes cientes de que a eficácia da presente decisão é a
ordinária aplicável para o presente procedimento.

Intimem-se.

A autora, em suas razões recursais, repisa os argumentos da inicial.

Com contrarrazões.

É o relatório.

VOTO

Prestadora de Serviços Hospitalares

5003071-71.2018.4.04.7201 40000866400 .V25


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A Lei nº 9.249/95, em seus artigos 15 e 20, estabelece que, para as empresas que
prestem serviços hospitalares, a base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ e
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL será calculada com a aplicação dos
percentuais de 8% (oito por cento) e 12% (doze por cento) respectivamente, incidentes sobre a
receita bruta mensal.

A autora alega que tem como objeto social a prestação de serviços hospitalares,
pelo que teria direito ao recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a Contribuição
Social Sobre o Lucro tendo como base de cálculo, respectivamente, os percentuais de 8% e
12% de sua receita, nos termos do art. 15, § 1º, III, letra "a", e 20 da Lei nº 9.249/1995.

O conflito gira em torno de se determinar a abrangência da expressão "serviços


hospitalares".

O artigo 15, § 1°, "a", da Lei n.° 9.249/1995 teve sua redação alterada pela Lei n°
11.727/2008, in verbis:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente,
observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:

(...)

III - trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio


diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora
destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às
normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa; (Redação dada pela Lei
nº 11.727, de 2008)

Como se vê, houve uma extensão significativa do benefício aos prestadores de


serviços de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas.

O julgamento do REsp n.° 951.251 sedimentou o entendimento do Superior


Tribunal de Justiça em relação à controvérsia dos autos. O referido julgado consagrou a tese de
que "a mens legis da norma em debate busca, através de um objetivo extrafiscal, minorar os
custos tributários de serviços que são essenciais à população, não vinculando a prestação
desses a determinada qualidade do prestador - capacidade de realizar internação de
pacientes -, mas, sim, à natureza da atividade desempenhada. (...) Ainda que faça ressalva à
amplitude da conclusão adotada, não há dúvida de que a norma legal em exame não teve
em mira os custos do contribuinte, mas a natureza do serviço - essencial à população -,
considerado direito fundamental, que é a saúde, previsto na Carta Magna (...)". E conclui
com maestria o Rel. Ministro CASTRO MEIRA, verbis:

"(...) Com esta exegese, não está excluído por completo o aspecto referente aos custos
dos contribuintes, uma vez que, para que esses efetivamente prestem serviços

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hospitalares, necessitam possuir um suporte material e humano específico - instrumentos
necessários à elaboração de diagnósticos e intervenções cirúrgicas, bem como
profissionais especializados para sua utilização, sendo tal aparato diverso e mais
oneroso do que aquele relacionado com a simples prestação de consultas médicas.

Dessa forma, duas situações convergem para a concessão do benefício: a prestação de


serviços hospitalares e que esta seja realizada por contribuinte que no desenvolvimento
de sua atividade possua custos diferenciados da simples prestação de atendimento
médico, sem, contudo, decorrerem esses custos necessariamente da internação de
pacientes. (...)" (Grifei.)

(STJ, REsp nº 951.251/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, 1ª Seção, julgado em 22-09-
2009, DJ 02-06-2009)

Período posterior à vigência da Lei nº 11.727/2008

Com relação ao período posterior à Lei nº 11.727/2008, que entrou em vigor em


01-01-2009, em face da superveniente alteração na redação do inciso II, alínea "a", do artigo 15
da Lei nº 9.2491/1995, por força da referida lei, passou-se a exigir, para a aplicação do
percentual reduzido, que "a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de
sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
Anvisa".

Quanto ao atendimento às normas da ANVISA, a lei revela-se bastante genérica e


não estabelece, especificamente, as quais normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária o
contribuinte deve obedecer.

Cumpre ressaltar que a Resolução - RDC n° 50, de 21/02/2002, que dispõe sobre
o Regulamento Técnico para Planejamento, Programação, Elaboração e Avaliação de Projetos
Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, não tem aplicação no caso em tela, vez que
tais normas gerais de funcionamento de estabelecimentos de saúde não podem restringir a
norma legal.

Tal resolução extrapola o limite estabelecido pela norma tributária, a qual permite
interpretações mais benéficas para o contribuinte, pois se encontram dissociados do objetivo
que norteou todo o processo legislativo que era exatamente desonerar, no âmbito tributário, o
prestador de serviços de saúde nos casos em que se exige qualificação dos trabalhadores,
espaço físico adequado e materiais e equipamentos de alto custo, visando, evidentemente, ao
barateamento do serviço, com o consequente aumento do acesso da população a tais serviços."

Assim, após a edição de tal lei, somente as sociedades organizadas sob a forma de
sociedade empresária estão abrangidas pela base minorada.

Veja-se que o Novo Código Civil dividiu as sociedades em duas categorias, as


sociedades empresárias e as sociedades simples (não empresárias). A sociedade empresária é a
que exerce atividade econômica organizada e habitual, para a produção ou a circulação de bens
ou serviços. Já a sociedade simples é a que exerce atividade econômica de natureza intelectual,
científica, literária ou artística (arts. 966 e 982 do CC).

Caso dos autos

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De acordo com o contrato social e alterações vê-se que seu objeto social é "
ATIVIDADE ODONTOLÓGICA, SERVIÇOS DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DE
COLOCAÇÃO DE PINO DE TITÃNIO PARA IMPLANTE DENTÁRIO (IMPLANTODONTIA),
CIRURGIAS BUCO MAXILO FACIAIS, PERIODONTIA, ENDODONTIA, PRÓTESE DENTÁRIA,
ORTODONTIA, INSTALAÇÃO DE LENTE DE CONTATO DENTAL (DENTÍSTICA),
RADIOLOGIA ONDONTOLÓGICA PANORÁMICA" (CONTRSOCIAL3 - evento 1).

A autora juntou aos autos nota fiscal discriminando serviços de implante.

Na espécie, as atividades desenvolvidas pela parte autora estão inseridos no


conceito de serviços hospitalares, segundo entendimento aqui esposado.

A demandante está organizada sob a forma de sociedade empresária,


conforme estabelecido pela Lei nº 11.727/08, desde 29/03/2017, consoante certidão da
JCESC (CONTRSOCIAL3 e OUT2 - evento 1 e 5)

Compensação com tributos administrados pela Receita Federal ou


restituição em espécie

Reconhecido o indébito tributário, é devida a sua restituição, em espécie ou por


meio de compensação tributária, conforme opção do contribuinte.

A compensação deverá ocorrer (a) por iniciativa do contribuinte, (b) entre


quaisquer tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observadas as
ressalvas do art. 26-A, da Lei nº 11.457/07, (c) mediante entrega de declaração contendo as
informações sobre os créditos e débitos utilizados, cujo efeito é o de extinguir o crédito
tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação, e (d) após o trânsito em
julgado da decisão (art. 170-A do CTN), nos termos do art. 74 da Lei n.º 9.430/96 e alterações
posteriores.

Correção Monetária e juros

A atualização monetária incide desde a data do pagamento indevido do tributo


(Súmula nº 162 do STJ), até a sua efetiva restituição/compensação. Para os respectivos
cálculos, devem ser utilizados, unicamente, os indexadores instituídos por lei para corrigir
débitos e/ou créditos de natureza tributária, no caso, a taxa SELIC, instituída pelo art. 39, § 4º,
da Lei nº 9.250/95.

Honorários e Custas

Os encargos da sucumbência devem ser suportados pelo vencido ou causador da


demanda (art. 85, caput, c/c §10°, do CPC), que deve restituir custas eventualmente adiantadas
no processo e pagar honorários. Em relação à quantificação destes, sendo ilíquida a decisão
- aquela que não fixa valor da condenação ou não lhe individua o objeto -, serão definidos apenas
na liquidação os percentuais sobre a base de cálculo (art. 85, § 4º, inc. II, do CPC).

No caso, houve sucumbência pela ré, responsável pelos honorários. A decisão é


ilíquida, pois seu valor é passível de apuração somente na fase de liquidação. Portanto, desde
já fica estabelecida a verba honorária nos percentuais mínimos previstos, a incidir sobre o valor
da condenação (atualizado pelo IPCA-E, a contar da data da sessão de julgamento).

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Considerando o trabalho desenvolvido pelo advogado, o qual resultou na reforma
da sentença, majoro em 10% o montante dos honorários advocatícios acima fixados.

Dispositivo

Ante o exposto, voto por dar provimento à apelação.

Documento eletrônico assinado por ANDREI PITTEN VELLOSO, Juiz Federal Convocado, na forma do artigo 1º, inciso
III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da
autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,
mediante o preenchimento do código verificador 40000866400v25 e do código CRC 2cfc14ad.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): ANDREI PITTEN VELLOSO
Data e Hora: 9/4/2019, às 7:45:50

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Otávio Francisco Caruso da Rocha, 300, 6º andar - Bairro: Praia de Belas - CEP: 90010-395 - Fone: (51)3213-3161 - Email:
gluciane@trf4.gov.br

APELAÇÃO CÍVEL Nº 5003071-71.2018.4.04.7201/SC


RELATORA: DESEMBARGADORA FEDERAL LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH
APELANTE: ORAL UNIC JOINVILLE LTDA - ME (AUTOR)
ADVOGADO: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA
APELADO: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (RÉU)

RELATÓRIO

Trata-se de procedimento comum ajuizado por Oral Unic Joinville Ltda. - ME em


face da União, objetivando que seja reconhecido seu direito de recolher o IRPJ e a CSLL pelas
bases de cálculo de 8% e 12%, respectivamente, nos termos do art. 15, III, “a”, da Lei n°
9.249/1995, no que tange aos procedimentos de implantodontia, cirurgia buco-maxilo-facial,
periodontia, endodontia, prótese dentária, ortodontia, instalação de lente de contato dental e
dentística. Requer a repetição do indébito, observada a prescrição quinquenal.

Foi atribuído à causa o valor de R$ 100.000,00.

A sentença foi prolatada nos seguintes termos:

Ante o exposto, julgo improcedentes os pedidos.

Condeno a autora ao pagamento das custas e dos honorários advocatícios, fixados em


10% sobre o valor atualizado da causa (IPCA-E), na forma do art. 85, § 3º, do Código
de Processo Civil.

Após o trânsito em julgado, os valores depositados nos autos (22 e 28) deverão ser
convertidos em renda da União, que deverá ser intimada para informar o código para a
conversão.

Havendo interposição de recurso, intime-se a parte contrária para apresentar suas


contrarrazões, ficando as partes cientes de que a eficácia da presente decisão é a
ordinária aplicável para o presente procedimento.

Intimem-se.

A autora, em suas razões recursais, repisa os argumentos da inicial.

Com contrarrazões.

É o relatório.

VOTO

Prestadora de Serviços Hospitalares

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A Lei nº 9.249/95, em seus artigos 15 e 20, estabelece que, para as empresas que
prestem serviços hospitalares, a base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ e
da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL será calculada com a aplicação dos
percentuais de 8% (oito por cento) e 12% (doze por cento) respectivamente, incidentes sobre a
receita bruta mensal.

A autora alega que tem como objeto social a prestação de serviços hospitalares,
pelo que teria direito ao recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a Contribuição
Social Sobre o Lucro tendo como base de cálculo, respectivamente, os percentuais de 8% e
12% de sua receita, nos termos do art. 15, § 1º, III, letra "a", e 20 da Lei nº 9.249/1995.

O conflito gira em torno de se determinar a abrangência da expressão "serviços


hospitalares".

O artigo 15, § 1°, "a", da Lei n.° 9.249/1995 teve sua redação alterada pela Lei n°
11.727/2008, in verbis:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente,
observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:

(...)

III - trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio


diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora
destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às
normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa; (Redação dada pela Lei
nº 11.727, de 2008)

Como se vê, houve uma extensão significativa do benefício aos prestadores de


serviços de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas.

O julgamento do REsp n.° 951.251 sedimentou o entendimento do Superior


Tribunal de Justiça em relação à controvérsia dos autos. O referido julgado consagrou a tese de
que "a mens legis da norma em debate busca, através de um objetivo extrafiscal, minorar os
custos tributários de serviços que são essenciais à população, não vinculando a prestação
desses a determinada qualidade do prestador - capacidade de realizar internação de
pacientes -, mas, sim, à natureza da atividade desempenhada. (...) Ainda que faça ressalva à
amplitude da conclusão adotada, não há dúvida de que a norma legal em exame não teve
em mira os custos do contribuinte, mas a natureza do serviço - essencial à população -,
considerado direito fundamental, que é a saúde, previsto na Carta Magna (...)". E conclui
com maestria o Rel. Ministro CASTRO MEIRA, verbis:

"(...) Com esta exegese, não está excluído por completo o aspecto referente aos custos
dos contribuintes, uma vez que, para que esses efetivamente prestem serviços

5003071-71.2018.4.04.7201 40000866400 .V25


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hospitalares, necessitam possuir um suporte material e humano específico - instrumentos
necessários à elaboração de diagnósticos e intervenções cirúrgicas, bem como
profissionais especializados para sua utilização, sendo tal aparato diverso e mais
oneroso do que aquele relacionado com a simples prestação de consultas médicas.

Dessa forma, duas situações convergem para a concessão do benefício: a prestação de


serviços hospitalares e que esta seja realizada por contribuinte que no desenvolvimento
de sua atividade possua custos diferenciados da simples prestação de atendimento
médico, sem, contudo, decorrerem esses custos necessariamente da internação de
pacientes. (...)" (Grifei.)

(STJ, REsp nº 951.251/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, 1ª Seção, julgado em 22-09-
2009, DJ 02-06-2009)

Período posterior à vigência da Lei nº 11.727/2008

Com relação ao período posterior à Lei nº 11.727/2008, que entrou em vigor em


01-01-2009, em face da superveniente alteração na redação do inciso II, alínea "a", do artigo 15
da Lei nº 9.2491/1995, por força da referida lei, passou-se a exigir, para a aplicação do
percentual reduzido, que "a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de
sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
Anvisa".

Quanto ao atendimento às normas da ANVISA, a lei revela-se bastante genérica e


não estabelece, especificamente, as quais normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária o
contribuinte deve obedecer.

Cumpre ressaltar que a Resolução - RDC n° 50, de 21/02/2002, que dispõe sobre
o Regulamento Técnico para Planejamento, Programação, Elaboração e Avaliação de Projetos
Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, não tem aplicação no caso em tela, vez que
tais normas gerais de funcionamento de estabelecimentos de saúde não podem restringir a
norma legal.

Tal resolução extrapola o limite estabelecido pela norma tributária, a qual permite
interpretações mais benéficas para o contribuinte, pois se encontram dissociados do objetivo
que norteou todo o processo legislativo que era exatamente desonerar, no âmbito tributário, o
prestador de serviços de saúde nos casos em que se exige qualificação dos trabalhadores,
espaço físico adequado e materiais e equipamentos de alto custo, visando, evidentemente, ao
barateamento do serviço, com o consequente aumento do acesso da população a tais serviços."

Assim, após a edição de tal lei, somente as sociedades organizadas sob a forma de
sociedade empresária estão abrangidas pela base minorada.

Veja-se que o Novo Código Civil dividiu as sociedades em duas categorias, as


sociedades empresárias e as sociedades simples (não empresárias). A sociedade empresária é a
que exerce atividade econômica organizada e habitual, para a produção ou a circulação de bens
ou serviços. Já a sociedade simples é a que exerce atividade econômica de natureza intelectual,
científica, literária ou artística (arts. 966 e 982 do CC).

Caso dos autos

5003071-71.2018.4.04.7201 40000866400 .V25


https://eproc.trf4.jus.br/eproc2trf4/controlador.php?acao=minuta_imprimir&acao_origem=acessar_documento&hash=94be8f6141f18e0aafb258c2d92726d1 3/5

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:21 Num. 1385462746 - Pág. 96
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De acordo com o contrato social e alterações vê-se que seu objeto social é "
ATIVIDADE ODONTOLÓGICA, SERVIÇOS DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DE
COLOCAÇÃO DE PINO DE TITÃNIO PARA IMPLANTE DENTÁRIO (IMPLANTODONTIA),
CIRURGIAS BUCO MAXILO FACIAIS, PERIODONTIA, ENDODONTIA, PRÓTESE DENTÁRIA,
ORTODONTIA, INSTALAÇÃO DE LENTE DE CONTATO DENTAL (DENTÍSTICA),
RADIOLOGIA ONDONTOLÓGICA PANORÁMICA" (CONTRSOCIAL3 - evento 1).

A autora juntou aos autos nota fiscal discriminando serviços de implante.

Na espécie, as atividades desenvolvidas pela parte autora estão inseridos no


conceito de serviços hospitalares, segundo entendimento aqui esposado.

A demandante está organizada sob a forma de sociedade empresária,


conforme estabelecido pela Lei nº 11.727/08, desde 29/03/2017, consoante certidão da
JCESC (CONTRSOCIAL3 e OUT2 - evento 1 e 5)

Compensação com tributos administrados pela Receita Federal ou


restituição em espécie

Reconhecido o indébito tributário, é devida a sua restituição, em espécie ou por


meio de compensação tributária, conforme opção do contribuinte.

A compensação deverá ocorrer (a) por iniciativa do contribuinte, (b) entre


quaisquer tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observadas as
ressalvas do art. 26-A, da Lei nº 11.457/07, (c) mediante entrega de declaração contendo as
informações sobre os créditos e débitos utilizados, cujo efeito é o de extinguir o crédito
tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação, e (d) após o trânsito em
julgado da decisão (art. 170-A do CTN), nos termos do art. 74 da Lei n.º 9.430/96 e alterações
posteriores.

Correção Monetária e juros

A atualização monetária incide desde a data do pagamento indevido do tributo


(Súmula nº 162 do STJ), até a sua efetiva restituição/compensação. Para os respectivos
cálculos, devem ser utilizados, unicamente, os indexadores instituídos por lei para corrigir
débitos e/ou créditos de natureza tributária, no caso, a taxa SELIC, instituída pelo art. 39, § 4º,
da Lei nº 9.250/95.

Honorários e Custas

Os encargos da sucumbência devem ser suportados pelo vencido ou causador da


demanda (art. 85, caput, c/c §10°, do CPC), que deve restituir custas eventualmente adiantadas
no processo e pagar honorários. Em relação à quantificação destes, sendo ilíquida a decisão
- aquela que não fixa valor da condenação ou não lhe individua o objeto -, serão definidos apenas
na liquidação os percentuais sobre a base de cálculo (art. 85, § 4º, inc. II, do CPC).

No caso, houve sucumbência pela ré, responsável pelos honorários. A decisão é


ilíquida, pois seu valor é passível de apuração somente na fase de liquidação. Portanto, desde
já fica estabelecida a verba honorária nos percentuais mínimos previstos, a incidir sobre o valor
da condenação (atualizado pelo IPCA-E, a contar da data da sessão de julgamento).

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO
Considerando o trabalho desenvolvido pelo advogado, o qual resultou na reforma
da sentença, majoro em 10% o montante dos honorários advocatícios acima fixados.

Dispositivo

Ante o exposto, voto por dar provimento à apelação.

Documento eletrônico assinado por ANDREI PITTEN VELLOSO, Juiz Federal Convocado, na forma do artigo 1º, inciso
III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da
autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,
mediante o preenchimento do código verificador 40000866400v25 e do código CRC 2cfc14ad.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): ANDREI PITTEN VELLOSO
Data e Hora: 9/4/2019, às 7:45:50

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PROCEDIMENTO COMUM Nº 5000543-15.2019.4.04.7206/SC


AUTOR: ORAL UNIC LAGES LTDA
RÉU: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

SENTENÇA

I - RELATÓRIO

Trata-se de ação de procedimento comum proposta por Oral Unic Lages Ltda. em
face da União Federal, pretendendo ver assegurado o direito de apurar a base de cálculo do
imposto de renda sobre o lucro presumido no percentual de 8%, e da Contribuição Social Sobre
o Lucro Líquido - CSLL no percentual de 12%, ao argumento de que as atividades que exerce se
enquadram no conceito de serviços hospitalares. Postula, ainda, a condenação da União a
restituir-lhe os valores pagos a maior a título de IRPJ e CSLL, corrigidos pela SELIC,
observada a prescrição quinquenal.

Para tanto, alegou, em síntese, que presta serviços odontológicos com


especificidade em colocação cirúrgica de implantes dentários, devendo ser enquadrada na
tributação diferenciada prevista no artigo 15 da Lei n. 9.249/95. Citou precedentes
jurisprudenciais acerca da matéria e juntou documentos.

A União deixou de contestar o feito em face do entendimento firmado pelo STJ


no julgamento do REsp. n. 1.116.399/BA, requerendo a não condenação nos ônus de
sucumência, com fundamento no artigo 19da Lei n. 10.522/02.

Na réplica, a parte autora insistiu na condenação da ré ao pagamento de honorários


advocatícios, juntanto, em petição apartada, comprovantes de depósito judicial de parcelas dos
tributos controvertidos.

Autos conclusos para sentença.

É o relatório. Decido.

II - FUNDAMENTAÇÃO

Trata-se de ação ordinária com a qual a autora pretende a apuração mensal do


Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ sobre a base de cálculo equivalente a 8% da receita
bruta e da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido - CSLL no percentual de 12%, com
fundamento no art. 15, § 1º, inciso III, alínea 'a', da Lei n. 9.249/95, ao argumento de que as
atividades por ela exercidas se enquadram no conceito de prestação de serviços hospitalares.

- Prescrição

Não há parcelas prescritas, pois a empresa autora foi constituída no ano de 2017.
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- Mérito

A questão relacionada à forma de interpretação da expressão 'SERVIÇOS


HOSPITALARES' para redução da base de cálculo do IRPJ e da CSSL não demanda maiores
digressões, pois pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça, por meio do RESP 1116399/BA,
apreciado sob a sistemática dos recursos repetitivos, que, para a definição da expressão
'SERVIÇOS HOSPITALARES', deve ser observada a interpretação objetiva. Transcrevo, por
oportuno, a ementa do referido acórdão:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS


ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E
CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO 'SERVIÇOS
HOSPITALARES'. INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA
DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA
SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC.

1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão 'serviços hospitalares'


prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da
CSLL. Discute-se a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida
na lei, poder-se restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito de 'serviços
hospitalares' apenas aqueles estabelecimentos destinados ao atendimento global ao
paciente, mediante internação e assistência médica integral.

2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente Ministro


Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do
pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão 'serviços hospitalares',
constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma
objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto
a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do
contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado
(assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que os regulamentos
emanados da Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não
poderiam exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a
exemplo da necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes)
para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que 'a dispensa da capacidade de
internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra
irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares'.

3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares 'aqueles que se vinculam às


atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde', de
sorte que, 'em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não
se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos'.

4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às


demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de
alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa
contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente
unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo
contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95.

5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta


serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada à promoção da
saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes
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hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo pelo
qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em discussão
(incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por
cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de
prestação de serviços médicos laboratoriais).

6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime


do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ. 7. Recurso especial não provido.[Grifei]

Sob esse prisma, a solução da controvérsia suscitada passa, necessariamente, pela


análise da natureza dos serviços prestados pela autora e seu enquadramento, ou não, como
serviços hospitalares, para fins do pagamento do IRPJ e da CSLL com as alíquotas reduzidas.

O contrato social da empresa autora estabelece o seu objeto social como sendo o
de "ATIVIDADE ODONTOLÓGICA, SERVIDOS DE PROCEDIMENTO CIRÚRGICO
DECOLOCAÇÃO DE PINO DE TITÂNIO PARA IMPLANTE DENTÁRIO
(IMPLANTODONTIA), CIRURGIAS BUCO MAXILOFACIAIS, PERIODONTIA, PRÓTESE
DENTÁRIA, ORTODONTIA, INSTALAÇÃO DE LENTE DE CONTATO DENTAL
(DENTÍSTICA)" (ev. 1 - CONTRSOCIAL3).

Por sua vez, todas as notas fiscais que acompanham a inicial dizem respeito a
procedimentos cirúrgicos de implante/prótese (ev. 1 - NFISCAL4).

Nessa senda, seguindo o parâmetro de interpretação estabelecido no RESP


1116399/BA, acima mencionado, verifico que a atividade da demandante está diretamente ligada
à promoção da saúde, sendo realizada em ambiente similar aos hospitalares e não se
assemelhando a simples consultas médicas, o que lhe confere o direito de pagamento do IRPJ e
da CSLL, respectivamente, no percentual de 8% e 12% sobre a receita bruta.

Gize-se que o pagamento dos tributos com a alíquota reduzida estende-se,


inclusive, para após a entrada em vigor da Lei n. 11.727/2008, resultante da conversão da MP nº
413, de 03/01/2008, que alterou a redação do artigo 15, § 1º, 'a', da Lei n. 9.249/95, nos
seguintes termos:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente,
observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:

(...)

III - trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio


diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora
destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às
normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa;

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Como se denota, a Lei n. 11.727/2008, embora tenha estendido a aplicação da
alíquota reduzida a outros prestadores de serviço ligados à saúde, impôs também restrições. A
partir da sua vigência, apenas as prestadoras de serviço organizadas sob a forma de sociedade
empresária e que atendam às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa
passaram a fazer jus à benesse.

A sociedade empresária, segundo Pablo Stolze Gabliano e Rodolfo Pamplona


Filho, 'vem a ser a pessoa jurídica que exerça atividade econômica organizada para a
produção ou a circulação de bens ou de serviços'. (in Novo curso de direito civil, volume I:
parte geral - 11.ed. - São Paulo: Saraiva, 2009.) Nesse caso, é obrigatória a inscrição do
empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de
sua atividade, conforme previsto no artigo 967 do Código Civil.

Acaso a pessoa jurídica persiga proveito econômico, mas não empreenda


atividade empresarial, será caracterizada como sociedade simples (arts. 997 a 1.038 do CCB),
não tendo obrigação legal de inscrever seus atos constitutivos no Registro Público de Empresas
Mercantis, mas somente no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas (art. 998 CCB).

Na situação em comento, a parte autora foi constituída sob a forma de sociedade


empresária limitada, tendo efetuado seu registro na Junta Comercial do Estado de Santa
Catarina em 17/08/2017 (ev. 1 - CONTR3), o que demonstra tratar-se de sociedade empresária.

Por outro lado, não há qualquer indicação nos autos de que a demandante não
atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Desta forma, a autora tem direito de recolher o IRPJ e a CSLL nos percentuais de
8% e 12%, respectivamente, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de
prestação de serviços hospitalares - procedimentos de implantodontia, cirurgias
bucomaxilofaciais, procedimentos/cirurgias em periodontia, procedimentos/cirurgias em
endodontia, procedimentos/cirurgias em prótese dentária, procedimentos em ortodontia,
instalação de lente de contato dental e procedimentos em dentística -, nestes não se inserindo
as consultas odontológicas e atividades de cunho administrativo e outros serviços, cujas
receitas deverão se submeter à alíquota de 32%.

A propósito da exclusão das consultas médicas/odontológicas do conceito de


'serviços hospitalares' para fins de pagamento dos tributos em questão com alíquota reduzida,
cito a ementa do acórdão proferido pelo Superior Tribunal de Justiça ao apreciar os embargos
declaratórios interpostos no REsp n. 951.251:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. LUCRO


PRESUMIDO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO.
ESCLARECIMENTOS. ATIVIDADE DE SIMPLES CONSULTAS MÉDICAS EXCLUÍDAS
DO BENEFÍCIO.

1. Cabe esclarecer que a redução da base de cálculo de IRPJ na hipótese de prestação


de serviços hospitalares prevista no artigo 15, § 1º, III, 'a', da Lei 9.249/95 não
contempla a pura e simples atividade de consulta médica realizada por profissional

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liberal, ainda que no interior do estabelecimento hospitalar. Por decorrência lógica,
também é certo que o benefício em tela não se aplica aos consultórios médicos situados
dentro dos hospitais que só prestem consultas médicas.

2. Para evitar eventuais dúvidas sobre o alcance do julgado, faz-se oportuno constar do
acórdão embargado que não é extensível o benefício aos consultórios médicos somente
pelo fato de estarem localizados dentro de um hospital, onde apenas sejam realizadas
consultas médicas que não envolvam qualquer outro procedimento médico.

3. Embargos de declaração acolhidos, sem efeitos modificativos. (EDcl nos EDcl no


REsp 951251/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
25/08/2010, DJe 02/09/2010)

- Direito ao ressarcimento

À parte autora fica reconhecido o direito de ver restituídos os valores pagos a


maior a título de CSSL e IRPJ, desde a sua constituição (2017).

A respeito da compensação, modalidade de extinção do crédito tributário, o art.


170 do Código Tributário Nacional autoriza-a nas condições e sob as garantias que a lei
estipular, com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a
Fazenda Pública.

A compensação deve observar, ainda, o regime jurídico vigente à época do


ajuizamento da demanda. Precedente: REsp 1137738/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA
SEÇÃO, julgado em 09/12/2009, DJe 01/02/2010.

No caso, considerando-se que a presente ação restou ajuizada em 08/02/2019,


devem ser observados os limites à compensação estabelecidos pela Lei nº. 13.670/18,
publicada em 30/05/2018, a qual alterou a redação do art. 26 da Lei nº. 11.457/07, bem como o
disposto no artigo 170-A do CTN.

Caberá ao fisco verificar a correção dos valores a serem compensados.

- Correção monetária e juros

Os valores pagos indevidamente pela parte autora sofrerão a incidência mensal


apenas da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos
federais, acumulada mensalmente, desde a data da retenção indevida dos tributos (Súmula n. 162
do STJ), afastada a incidência da correção monetária, já abrangida pelo referido indexador.

- Depósito judicial

O depósito judicial das quantias controvertidas (ev. 12) é faculdade subjetiva do


contribuinte e não precisa de autorização judicial para que preencha o suporte fático hipotético
do art. 151, II, do CTN, deflagrando então toda a sua carga eficacial, que é a suspensão da
exigibilidade do crédito.

III - DISPOSITIVO

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Ante o exposto, julgo procedente o pedido para declarar o direito da parte
autora de apurar e recolher a CSLL e o IRPJ nos percentuais respectivos de 12% e 8% sobre a
receita bruta decorrente da prestação de serviços odontológicos (excluídas as atividades
administrativas e consultas), consoante o art. 15, § 1º, III, “a”, e art. 20, ambos da Lei n.
9.249/95, bem como para condenar a União à restituição do indébito tributário e declarar o
direito da autora de compensar, após o trânsito em julgado e em procedimento administrativo
perante a Receita Federal do Brasil, os valores recolhidos indevidamente desde a sua
constituição (2017), acrescidos da Taxa SELIC, nos termos da fundamentação.

Deixo de condenar a União ao pagamento de honorários advocatícios, com


fundamento no artigo 19, VI, §1º, I, da Lei n. 10.522/02, condenando-a, contudo, ao
ressarcimento das custas processuais adiantadas pela autora.

Remessa necessária dispensada (art. 19, § 2º, Lei n. 10.522/02 e art. 496, § 3º,
inc. I, CPC).

Publicada e registrada eletronicamente. Intimem-se, atentando a União para o


depósito noticiado no "Evento 12".

Havendo interposição de recurso, após apresentadas as pertinentes contrarrazões


ou transcorrido o prazo para tanto (CPC, art. 1.010), remeta-se o processo ao Tribunal Regional
Federal da 4ª Região – TRF4.

Oportunamente, dê-se baixa.

Documento eletrônico assinado por ANDERSON BARG, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19
de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do
documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o
preenchimento do código verificador 720004762044v13 e do código CRC 7ceaaf91.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): ANDERSON BARG
Data e Hora: 30/5/2019, às 11:20:7

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AUTOR: ORAL UNIC ODONTOLOGIA PALHOCA LTDA
RÉU: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

SENTENÇA

I - RELATÓRIO

A ORAL UNIC ODONTOLOGIA PALHOÇA LTDA. ingressou em juízo


contra a UNIÃO, com o intuito de obter provimento jurisdicional de mérito "para que a
autora, no que tange aos procedimentos de implantodontia, cirurgias bucomaxilofaciais,
procedimentos/cirurgias em periodontia, procedimentos/cirurgias em endodontia,
procedimentos/cirurgias em prótese dentária, procedimentos em ortodontia, instalação de
lente de contato dental, procedimentos em dentística, exceto simples consultas, recolha o
IRPJ e a CSLL pelas bases de cálculo de 8% e 12%, respectivamente, nos termos do art. 15,
III, letra “a”, in fine, e art. 20, primeira parte, ambos da Lei 9.249/95, pois preenchidos os
requisitos legais, sobretudo pela equiparação das atividades sobreditas a serviços
hospitalares, haja vista serem realizadas de forma diferenciada para promoção da saúde de
seus pacientes."

A autora relatou na petição inicial que atua na prestação de serviços


odontológicos, sendo que, em 28 de junho de 2018, tornou-se sociedade empresária.

Em seguida, alegou que, tratando-se de clínica odontológica na qual são


realizados diversos procedimentos cirúrgicos, constitui nítida e flagrante ilegalidade a
exigência de IRPJ e de CSLL com bases de cálculo equivalentes a 32% de sua receita bruta.

Sustentou que se inclui no conceito de prestadora de serviços hospitalares,


cabendo, então, o recolhimento reduzido da carga tributária, uma vez que preencheria os
requisitos da Lei n. 11.727/2008, que alterou a redação do art. 15, § 1º, III, "a", da Lei n.
9.249/1995.

Argumentou que todas as atividades ligadas à promoção da saúde devem ser


consideradas "serviços hospitalares" e, ao final, requereu a declaração de seu direito à
utilização de alíquotas reduzidas de IRPJ e de CSLL em relação a todos os procedimentos
que realiza, bem como a declaração de seu direito "ao indébito dos valores pagos a maior,
vencidos e vincendos, desde 28/06/2018 (data da constituição da empresa), com atualização
monetária e mediante compensação tributária."

A autora juntou documentos e recolheu as custas iniciais.

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A União apresentou contestação, sustentando, em apertada síntese, a
inaplicabilidade do precedente formado no Recurso Especial n. 1.116.399/BA, eis que a
Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n.
1.168.663/RS, entendeu que serviços odontológicos não podem ser enquadrados no conceito
de serviços hospitalares (evento 8).

Vieram os autos conclusos para sentença.

É o relatório.

D e c i d o.

II - FUNDAMENTAÇÃO

-PRELIMINAR.

- Ausência de interesse processual.

Embora a ré sustente a ausência parcial de interesse de agir em face de alguns


serviços clínicos prestados pela autora (serviços de imagenologia), o fato é que houve
resistência ao conjunto da pretensão deduzida na inicial, pelo que o mérito deve ser
enfrentado, de modo a ser definido quais atividades da empresa estariam alcançados pelo
conceito de "serviços hospitalares", de modo a justificar a redução tributária.

Rejeito a preliminar.

MÉRITO

Trata-se de ação em que a autora busca a concessão de provimento jurisdicional


que reconheça o seu direito à aplicação dos percentuais de 8% (oito porcento), para o Imposto
sobre a Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ), e de 12%, para a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL), sobre a renda bruta auferida mensalmente, nos termos do art. 15, § 1º,
III, 'a', e do art. 20, ambos da Lei n. 9.249/1995.

Sendo assim, o ponto central da controvérsia refere-se à possibilidade de


classificar as atividades desenvolvidas pela autora como serviço hospitalar e, por conseguinte,
permitir que seus rendimentos sejam tributados com base nas alíquotas a que estão sujeitas
estas atividades.

À vista disso, destaca-se que, no regime tributário adotado pela autora (lucro
presumido), a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoas Jurídicas, via de regra,
corresponde a 32% (trinta e dois por cento) de sua receita bruta, exceto no que diz respeito às
atividades de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica,
imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias
clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade
empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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Quanto à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, por outro lado, aplica-se
sobre a receita bruta, como regra geral, o percentual de 12% (doze por cento), exceto no que
tange ao setor de serviços, para o qual a alíquota aplicável é de 32% (trinta e dois por cento).
As atividades relacionadas à prestação de serviços hospitalares, porém, também são
excepcionadas, e a elas aplica-se o percentual de 12% (doze por cento).

A esse respeito, é clara a Lei n. 9.249/1995:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida
mensalmente, observado o disposto no art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de
dezembro de 1977, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos
incondicionais concedidos, sem prejuízo do disposto nos arts. 30, 32, 34 e 35 da Lei
nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.
§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:
[...]
III - trinta e dois por cento, para as atividades de:
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio
diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora
destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às
normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa; [...]

Art. 20. A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devida pelas
pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal ou trimestral a que se referem
os arts. 2º, 25 e 27 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, corresponderá a 12%
(doze por cento) sobre a receita bruta definida pelo art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de
26 de dezembro de 1977, auferida no período, deduzida das devoluções, vendas
canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, exceto para as pessoas jurídicas
que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1º do art. 15, cujo percentual
corresponderá a 32% (trinta e dois por cento).

Como se pode perceber, portanto, o legislador consagrou o benefício fiscal sob a


forma de redução de base de cálculo às empresas prestadoras de serviços hospitalares que
fossem organizadas sob a forma de sociedade empresária e atendessem às normas da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária.

Há entendimento sedimentado no Superior Tribunal de Justiça, aliás, em ação


julgada sob a sistemática dos recursos repetitivos (REsp n. 1.116.399/BA, Primeira Seção,
Relator Min. Benedito Gonçalves, j. em 28/10/2009), no qual foi fixada a seguinte tese (Tema
n. 217):

Para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão


'serviços hospitalares', constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser
interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo
contribuinte), devendo ser considerados serviços hospitalares 'aqueles que se vinculam
às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde',
de sorte que, 'em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que
não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos'.

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Sob essa perspectiva, relacionam-se no contrato social da autora diversas
atividades relacionadas à odontologia (evento 1, CONTRSOCIAL3).

Essas atividades, a princípio, enquadram-se no conceito objetivo de serviços


hospitalares preconizado na Lei n. 9.249/1995, sob a luz da interpretação sedimentada no
Superior Tribunal de Justiça, com a exceção das consultas odontológicas e de tratamentos
odontológicos que não envolvam a realizam de procedimentos cirúrgicos, que não se sujeitam
à tributação mais favorável.

Nesse sentido, precedente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região:

IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA (IRPJ). CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE


O LUCRO LIQUIDO (CSLL). LEI Nº 9.249, DE 1995, ARTIGOS 15 E 20. SOCIEDADE
SIMPLES DA ÁREA MÉDICA. CLÍNICA ODONTOLÓGICA. ATIVIDADES
DIVERSIFICADAS. SERVIÇOS HOSPITALARES. CONSULTAS MÉDICAS.
ALÍQUOTAS. LEI 11.727, DE 2008. Está sujeita à alíquota de 8% de IRPJ e 12% de
CSLL, e não à de 32%, a sociedade empresária cujos serviços odontológicos (de
natureza hospitalar) se vinculam às atividades desenvolvidas normalmente nos hospitais
e comprova o atendimento aos requisitos da Lei nº 11.727, de 2008. (AC 5024802-
34.2015.4.04.7200, Segunda Turma, Relator Des. Federal Rômulo Pizzolatti, j. em
16/05/2017)

Por isso, em que pese a edição de normativos infralegais cada vez mais
restritivos por parte da Receita Federal do Brasil, a interpretação mais adequada a ser dada à
Lei n. 9.249/1995, é aquela originária do Superior Tribunal de Justiça, como corte de
uniformização da interpretação da leis federais (art. 105, inciso III, alínea "c", da Constituição
Federal).

Com relação à manifestação apresentada pela União, observo que não há, na
realidade, contradição entre os precedentes formados nos Recursos Especiais n.
1.116.399/BA e n. 1.168.663/RS.

Afinal, no Recurso Especial n. 1.116.399/BA esclareceu-se que a expressão


"serviços hospitalares" deve ser interpretada de forma objetiva, isto é, não de acordo com os
contribuintes que os prestam, mas de acordo com a atividade efetivamente prestada.

No Recurso Especial n. 1.168.663/RS, por outro lado, entendeu-se que simples


serviços odontológicos não se enquadram no conceito de "serviços" hospitalares, não fazendo
jus ao benefício fiscal.

Serviços odontológicos menos complexos, com efeito, como o clareamento de


dentes e a profilaxia, não podem ser equiparados a serviços hospitalares.

No entanto, determinados procedimentos odontológicos, que envolvem, por


exemplo, a colocação de implantes e próteses dentárias, de fato se assemelham a
procedimentos tipicamente hospitalares, razão pela qual estão sujeitos à tributação
diferenciada.

Nesse sentido, julgados do Tribunal Regional Federal da 4ª Região:

5016924-19.2019.4.04.7200 720005582672 .V8


https://eproc.jfsc.jus.br/eprocV2/controlador.php?acao=minuta_imprimir&acao_origem=acessar_documento&hash=6790264cc6f0f26c1a4c8b90b… 4/7

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TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS HOSPITALARES. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS REDUZIDAS.
NATUREZA DO SERVIÇO PRESTADO. CRITÉRIO OBJETIVO. CONTRATO SOCIAL.
CLÍNICA ODONTOLÓGICA. IMPLANTES E PRÓTESES DENTÁRIAS. LEI Nº 11.727/2008.
SOCIEDADE EMPRESÁRIA. NORMAS DA ANVISA. [...] 2. Os serviços odontológicos em
geral, em especial aqueles que envolvem a colocação de implantes e próteses dentárias, como
é o caso dos autos, por óbvio, demandam rotinas e procedimentos tipicamente hospitalares,
além de espaço físico adequado para intervenções cirúrgicas e corpo técnico especializado.
[...] (AC 5012220-07.2017.4.04.7208, Primeira Turma, Relator Des. Federal Roger Raupp
Rios, j. em 10/10/2018)

IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA (IRPJ). CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O


LUCRO LIQUIDO (CSLL). LEI Nº 9.249, DE 1995, ARTIGOS 15 E 20. SOCIEDADE
SIMPLES DA ÁREA MÉDICA. CLÍNICA ODONTOLÓGICA. ATIVIDADES
DIVERSIFICADAS. SERVIÇOS HOSPITALARES. CONSULTAS MÉDICAS. ALÍQUOTAS. LEI
11.727, DE 2008. Está sujeita à alíquota de 8% de IRPJ e 12% de CSLL, e não à de 32%, a
sociedade empresária cujos serviços odontológicos (de natureza hospitalar) se vinculam às
atividades desenvolvidas normalmente nos hospitais e comprova o atendimento aos requisitos
da Lei nº 11.727, de 2008. (AC 5024802-34.2015.4.04.7200, Segunda Turma, Relator Des.
Federal Rômulo Pizzolatti, j. em 16/05/2017)

Para que não surjam dúvidas no momento da liquidação desta decisão, portanto,
esclarece-se que a autora somente faz jus às alíquotas reduzidas de IRPJ e de CSLL em
relação aos procedimentos cirúrgicos que realiza, uma vez que a expressão "serviços
hospitalares" não abrange a realização de simples consultas.

Alguns critérios, por conseguinte, devem ser estabelecidos para a adequada


liquidação do julgado.

Quanto às notas fiscais emitidas em nome de pessoas físicas, estão excluídas da


tributação mais favorável aquelas com a discriminação consulta, ou similar, pois não é
permitido ao magistrado, com base em um juízo de suposição, concluir que as notas fiscais
apresentadas com esse teor envolvem serviços hospitalares ou serviços a estes equiparados.

Por outro lado, as notas fiscais que contenham discriminações tais como
procedimentos cirúrgicos, procedimentos de diagnóstico e exames complementares, a
exemplo de outras semelhantes, devem ser consideradas referentes a serviços médico-
hospitalares. Ficam ressalvadas, neste caso, as notas fiscais que contenham qualquer alusão à
consulta médica, cujas receitas devem ser enquadradas como tal, salvo se houver distinção,
no documento fiscal, dos valores do serviço hospitalar e da consulta prestada.

De outra banda, no que diz respeito às notas fiscais emitidas em nome de


pessoas jurídicas, devem ser considerados, na análise das operações de tributação favorecida,
se não houver discriminação no próprio documento fiscal, os relatórios relativos aos serviços
faturados pela contribuinte.

Caso não tenham sido emitidos relatórios com os serviços faturados, porém,
devem ser todos eles considerados como simples consultas, pois planilhas elaboradas pela
própria contribuinte não permitem a checagem da veracidade das informações nelas
relacionadas.

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Em qualquer dos casos, destarte, indicações genéricas de "procedimento
odontológico" não podem ser admitidas como prova de que os respectivos serviços não
envolveram consultas médicas.

- Atualização monetária

As quantias vertidas indevidamente aos cofres públicos devem ser atualizadas


desde o pagamento até a compensação (Súmula 162 do Superior Tribunal de Justiça), com a
incidência da taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, que abrange tanto
a recomposição do valor da moeda quanto a remuneração do capital (art. 39, § 4º, da Lei n.
9.250/1995).

Este critério de atualização e compensação da mora deve prevalecer em razão


da inconstitucionalidade do art. 5º da Lei n. 11.960/2009, declarada pelo Supremo Tribunal
Federal, em 14 de março de 2013, no julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidade
de ns. 4.357/DF e 4.425/DF.

Corroborando esse posicionamento, aliás, a mesma Corte, no julgamento do


Recurso Extraordinário n. 870.947/SE, submetido ao regime de repercussão geral, fixou a
seguinte tese (Tema n. 810):

I - O art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº 11.960/09, na parte em que
disciplina os juros moratórios aplicáveis a condenações da Fazenda Pública, é
inconstitucional ao incidir sobre débitos oriundos de relação jurídico-tributária, aos quais
devem ser aplicados os mesmos juros de mora pelos quais a Fazenda Pública remunera seu
crédito tributário, em respeito ao princípio constitucional da isonomia (CRFB, art. 5º,
caput); quanto às condenações oriundas de relação jurídica não-tributária, a fixação dos
juros moratórios segundo o índice de remuneração da caderneta de poupança é constitucional,
permanecendo hígido, nesta extensão, o disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com a
redação dada pela Lei nº 11.960/09; [...] (grifei)

III - DISPOSITIVO

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO


para autorizar a autora a recolher o IRPJ e a CSLL tendo por base de cálculo 8% (oito por
cento) e 12% (doze por cento) de sua receita bruta, respectivamente, na forma dos arts. 15, §
1º, III, alínea "a", e 20, da Lei n. 9.249/995, salvo no que diz respeito a consultas e
tratamentos odontológicos que não envolvam a realização de procedimentos cirúrgicos.

Declaro ainda o direito da autora de compensar os valores indevidamente


recolhidos desde que se tornou uma sociedade empresária (28 de junho de 2018 - evento 1-
CONTRSOCIAL3) , na forma da fundamentação.

Condeno o réu ao pagamento de honorários de advogado em valor equivalente a


10% (dez por cento) da condenação, nos termos do art. 85, § 2º, do Código de Processo Civil.

Condeno a autora, por outro lado, ao pagamento de honorários de advogado no


valor de R$ 3.000,00 (três mil reais), com base no art. 85, §§ 2º, 3º e 8º, do Código de
Processo Civil.

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Custas na forma da lei.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Na hipótese de interposição de recurso de apelação, determino desde logo a


intimação da parte contrária para apresentar contrarrazões; e, após, a remessa dos autos ao
Tribunal Regional Federal da 4ª Região (art. 1.010, §§ 1º a 3º, do Código de Processo Civil).

Documento eletrônico assinado por DIÓGENES TARCÍSIO MARCELINO TEIXEIRA, Juiz Federal Substituto, na
forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de
março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 720005582672v8 e do
código CRC ddf6bb2c.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): DIÓGENES TARCÍSIO MARCELINO TEIXEIRA
Data e Hora: 19/12/2019, às 16:5:14

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PROCEDIMENTO COMUM Nº 5001397-85.2019.4.04.7213/SC


AUTOR: ORAL UNIC ODONTOLOGIA RIO DO SUL LTDA
RÉU: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL

SENTENÇA

RELATÓRIO

Oral Unic Odontologia Rio do Sul Ltda. ajuizou demanda em face da União
(Fazenda Nacional), por meio da qual pleiteou que, "no que tange aos procedimentos de
implantodontia, cirurgias bucomaxilofaciais, procedimentos/cirurgias em periodontia,
procedimentos/cirurgias em endodontia, procedimentos/cirurgias em prótese dentária,
procedimentos em ortodontia, instalação de lente de contato dental, procedimentos em
dentística, exceto simples consultas, recolha o IRPJ e a CSLL pelas bases de cálculo de 8% e
12%, respectivamente, nos termos do art. 15, III, letra “a”, in fine, e art. 20, primeira parte,
ambos da Lei n. 9.249/95, pois preenchidos os requisitos legais, sobretudo pela equiparação
das atividades sobreditas a serviços hospitalares, haja vista serem realizadas de forma
diferenciada para promoção das a saúde de seus pacientes;" (Evento 1, INIC1). Postulou
também a repetição do indébito (valores recolhidos a maior), vencidos e vincendos,
respeitado o prazo prescricional.

Argumentou, em suma, que é uma clínica odontológica com especificidade em


colocação cirúrgica de implantes dentários, além de outros procedimentos e cirurgias, que se
incluiriam na noção de serviços hospitalares a que fazem menção os arts. 15, § 1º, III, e 20, da
Lei n. 9.249/95; que constitui uma sociedade empresária com regime tributário pelo lucro
presumido; que, diante dessas condições, seu lucro presumido, sobre o qual incidem IRPJ e
CSLL, deveria ser calculado às alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, e não de 32%, como
vem ocorrendo; que tal entendimento teria sido pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça
em julgamento de recurso repetitivo.

Citada, a União reconheceu a procedência do pedido quanto ao mérito.


Requereu que seja eximida do pagamento de honorários de sucumbência nos termos do art.
19, III, da Lei n. 10.522/2002 (Evento 17, PET1).

No evento 19, a demandante juntou aos autos guias de pagamento que


comprovariam o depósito dos montantes integrais dos tributos discutidos e pleiteou a
suspensão da exigibilidade dos respectivos créditos tributários.

É o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

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1. Do enquadramento das atividades mencionadas na inicial como serviços
hospitalares

Os arts. 15, § 1º, III, e 20 da Lei n. 9.249/95 estabelecem:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação
do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o
disposto no art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, deduzida das
devoluções, vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, sem prejuízo do
disposto nos arts. 30, 32, 34 e 35 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995.
(Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência)

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:

III - trinta e dois por cento, para as atividades de: (Vide Medida Provisória nº
232, de 2004)

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares;

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio


diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia,
medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja
organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – Anvisa; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008)

[...]

Art. 20. A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devida pelas pessoas
jurídicas que efetuarem o pagamento mensal ou trimestral a que se referem os arts. 2º, 25 e 27
da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, corresponderá a 12% (doze por cento) sobre a
receita bruta definida pelo art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977,
auferida no período, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos
incondicionais concedidos, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que
se refere o inciso III do § 1o do art. 15, cujo percentual corresponderá a 32% (trinta e dois por
cento). (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência)

Art. 20. A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida pelas
pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal ou trimestral a que se referem os arts. 2º,
25 e 27 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, corresponderá aos seguintes percentuais
aplicados sobre a receita bruta definida pelo art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de
dezembro de 1977, auferida no período, deduzida das devoluções, das vendas canceladas e
dos descontos incondicionais concedidos: (Redação dada pela Lei
Complementar nº 167, de 2019)

I - 32% (trinta e dois por cento) para a receita bruta decorrente das atividades previstas no
inciso III do § 1º do art. 15 desta Lei; (Incluído pela Lei Complementar nº 167,
de 2019)

II - 38,4% (trinta e oito inteiros e quatro décimos por cento) para a receita bruta decorrente
das atividades previstas no inciso IV do § 1º do art. 15 desta Lei; e (Incluído pela
Lei Complementar nº 167, de 2019)

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III - 12% (doze por cento) para as demais receitas brutas. (Incluído pela Lei
Complementar nº 167, de 2019)

Assim, de acordo com tais dispositivos, as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL


devidos em referência à prestação de serviços hospitalares por pessoa jurídica organizada sob
a forma de sociedade empresária e submetida ao sistema de tributação com base no lucro
presumido (de que tratam os dispositivos transcritos) devem ser, respectivamente, de 8% e de
12% de sua receita bruta.

A matéria foi decidida sob o regime do art. 543-C do Código de Processo


Civil/73 (Art. 1.036 do CPC/2015), em que o Superior Tribunal de Justiça posicionou-se de
forma definitiva no sentido de que, ainda que não sejam realizados em hospitais, os serviços
"que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde constituem serviços hospitalares", de modo que as bases de cálculo sobre
as quais incidem as alíquotas do IRPJ e da CSLL devem ser calculadas mediante a aplicação
dos índices acima indicados, de 8% e 12%. Eis a tese firmada:

Para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão 'serviços
hospitalares', constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de
forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), devendo
ser considerados serviços hospitalares 'aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas
pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde', de sorte que, 'em regra, mas não
necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as
simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito
hospitalar, mas nos consultórios médicos'. (Grifo não original)

A corte fez ainda constar, a título de anotações e informações complementares:

Incide o Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ e a Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido - CSSL com alíquotas reduzidas, na forma do art. 15, § 1º, III, da Lei 9.249/1995,
sobre a receita proveniente da prestação de 'serviços hospitalares' (não receita bruta total da
empresa), neles compreendidas as atividades de natureza hospitalar essenciais à população,
independente da existência de estrutura para internação, excluídas as consultas realizadas por
profissionais liberais em seus consultórios médicos. (Grifo não original)

As modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas decididas


anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95
não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas
sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao
benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei
9.249/95. (Grifo não original)

Constou da ementa do julgado:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS


ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL
COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS
HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA
DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA
SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC. 1.
Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços hospitalares"
prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL.
Discute-se a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na lei, poder-
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se restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles
estabelecimentos destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e
assistência médica integral. 2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria
do eminente Ministro Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu
que, para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços
hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de
forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto
a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do
contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência
à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que os regulamentos emanados da
Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que
os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de
manter estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a
conclusão de que "a dispensa da capacidade de internação hospitalar tem supedâneo
diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento as disposições
constantes em atos regulamentares". 3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares
"aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no
interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade
que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos". 4.
Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas
decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota prevista na
Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente
considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade
específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º
do artigo 15 da Lei 9.249/95. 5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a
empresa recorrida presta serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada
à promoção da saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em
ambientes hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo
pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em discussão
(incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por
cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação
de serviços médicos laboratoriais). 6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de
controvérsia, submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ. 7. Recurso
especial não provido. (REsp n. 1116399/BA, Tema Repetitivo n. 217, julgado em 28/10/2009,
relator Min. Benedito Gonçalvez)

Excluem-se, assim, do conceito de serviços hospitalares as consultas médicas,


ao passo que o integram, cumpre reiterar, as atividades voltadas à promoção da saúde
comumente prestadas no interior de hospitais, ainda que praticadas em outro local, como uma
clínica médica. Veja-se que a primeira definição do Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa
(versão digital) para o verbete hospital é "1. Estabelecimento onde se tratam doentes, pessoas
acidentadas, etc., internados ou não; nosocômio". Daí se depreende que "serviço hospitalar"
designa um tratamento, isto é, um procedimento, como os cuidados a um enfermo ou a
aplicação de medicamento ou outro agir mais invasivo, como cirurgias maiores ou menores,
de modo a se diferenciar da consulta médica porque esta envolve apenas entrevista e exame
superficial.

Assim, sobre a receita bruta obtida com a prestação de tais serviços devem
incidir os percentuais reduzidos (de 8% e 12%) para a apuração da base de cálculo do IRPJ e
da CSLL. Essa aferição tem caráter objetivo, já que não considera a estrutura organizacional
do contribuinte (se hospital ou clínica médica, por exemplo). Com isso, sobre receita bruta de

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um mesmo contribuinte podem incidir dois percentuais para a apuração da base de cálculo
dos aludidos tributos: 8% e 12% sobre os serviços hospitalares, e 32% sobre os serviços que
não se enquadram como tal.

No caso, a demandante logrou demonstrar que desempenha atividades que se


enquadram efetivamente na noção de serviços hospitalares a que fazem referência os arts. 15,
§ 1º, III, e 20 da Lei n. 9.249/95 e de acordo com a interpretação pelo Superior Tribunal de
Justiça, pois executa procedimentos (com grau de complexidade tal que precisam ser
praticados por profissionais e conforme protocolos) necessários à saude bucal, tratamentos no
geral de cunho invasivo. Veja-se que, de acordo com seus documentos constitutivos, seu
objeto social é a realização de "ATIVIDADE ODONTOLÓGICA, SERVIÇOS DE
PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DE COLOCAÇÃO DE PINO DE TITÂNIO PARA
IMPLANTE DENTÁRIO, CIRURGIAS BUCO MAXILOFACIAIS, PERIODONTIA,
ENDODONTIA, PRÓTESE DENTÁRIA, ORTODONTIA, INSTALAÇÃO DE LENTE DE
CONTATO DENTAL DENTÍSTICA E RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA PANORÂMICA"
(Evento 1, CONTRSOCIAL3). Também do contrato social se infere que não se trata de
sociedade empresária; e a DCTF que igualmente acompanha a inicial indica que a forma de
tributação do lucro é a sistemática do lucro presumido (Evento 1, DECL7).

Faz jus a demandante, dessarte, a se utilizar dos percentuais de 8% e 12% sobre


a receita bruta obtida com os serviços que mencionou na inicial (que não incluem simples
consultas) para a apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, respectivamente. E tanto
é assim que a Fazenda Nacional reconheceu a procedência do pedido, com as ressalvas de
que: 1) o benefício não se aplica às consultas médicas; 2) o índice reduzido somente se aplica
quando a prestadora de serviços for organizada como sociedade empresária; 3) a empresa
deve atender às normas da ANVISA (ressalvas a que a parte autora efetivamente demonstrou
atender).

2. Da repetição do indébito e dos depósitos para a suspensão do crédito


tributário

Como é sabido, o depósito integral do crédito tributário suspende sua


exigibilidade a teor do art. 151, II, do Código Tributário Nacional.

Não há como saber, com base nos documentos apresenados no evento 19, se os
depósitos feitos pela demandante foram integrais (e esse não é nem mesmo o objeto da
demanda), avaliação que caberá à Secretaria da Receita Federal do Brasil em seu mister de
fiscalização, observado o prazo decadencial.

De todo modo, integrais ou não os depósitos, a demandante fará jus ao seu


levantamento, após o trânsito em julgado da presente sentença, da quota parte decorrente da
prestação dos serviços de implantodontia, cirurgias bucomaxilofaciais,
procedimentos/cirurgias em periodontia, procedimentos/cirurgias em endodontia,
procedimentos/cirurgias em prótese dentária, procedimentos em ortodontia, instalação de
lente de contato dental, exceto simples consultas. A apuração do montante a ser levantado e
daquele a ser convertido em renda da União será feita em liquidação de sentença, por
arbitramento.

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A repetição de indébito deve-se dar por meio de requisição de pagamento no
âmbito desta demanda ou compensação, observados, neste último caso, os arts. 170 e 170-A
(vedação da compensação antes do trânsito em julgado) do Código Tributário Nacional e 74
da Lei n. 9.430/96.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, acolho o pedido formulado na inicial, de modo a resolver o


mérito com base no art. 487, I e III, a (homologação do reconhecimento da procedência do
pedido), do CPC para:

a) declarar o direito da demandante de recolher o IRPJ e a CSLL dos quais é


contribuinte, mediante a utilização, como base de cálculo, dos percentuais 8% e 12%,
respectivamente, sobre a receita bruta auferida com os serviços de implantodontia, cirurgias
bucomaxilofaciais, procedimentos/cirurgias em periodontia, procedimentos/cirurgias em
endodontia, procedimentos/cirurgias em prótese dentária, procedimentos em ortodontia,
instalação de lente de contato dental, procedimentos em dentística, exceto simples consultas;

b) condenar a Fazenda Nacional a, observada a prescrição quinquenal, restituir à


demandante os valores recolhidos a maior a título das referidas exações, corrigidos e
acrescidos de juros pela Taxa SELIC desde cada recolhimento indevido, autorizada a opção
pela compensação de tais valores em conformidade com os arts. 170 e 170-A (vedação da
compensação antes do trânsito em julgado) do Código Tributário Nacional e 74 da Lei n.
9.430/96;

c) autorizar o levantamento pela demandante, também após o trânsito em


julgado da presente sentença, da quota parte dos depósitos judiciais decorrente da prestação
dos serviços de implantodontia, cirurgias bucomaxilofaciais, procedimentos/cirurgias em
periodontia, procedimentos/cirurgias em endodontia, procedimentos/cirurgias em prótese
dentária, procedimentos em ortodontia, instalação de lente de contato dental, exceto simples
consultas. A apuração do montante a ser levantado e daquele a ser convertido em renda da
União será feita em liquidação de sentença, por arbitramento (Art. 509, I, do CPC).
Considerando a procedência dos pedidos e os depósitos efetuados pela autora, fica suspensa a
exigibilidade dos tributos aqui discutidos até a liquidação dos valores efetivamente devidos.

Condeno a Fazenda Nacional a restituir à parte autora as custas processuais.(art.


82, § 2º, do CPC).

Como a Fazenda Nacional reconheceu a procedência do pedido, deixo de


condená-la ao pagamento de honorários advocatícios, com fundamento no art. 19, II e VI, a, e
§ 1º, I, da Lei n. 10.522/2002.

A Fazenda é isenta das custas finais (Lei n. 9.289/1996, art. 4º, inciso I).

Sentença não sujeita a reexame necessário (artigo 496, §4º, II, do CPC).

Publicada e registrada eletronicamente. Intimem-se.

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Apresentado recurso de apelação tempestivo, intime-se a parte recorrida para
apresentar contrarrazões, no prazo legal. Após, remetam-se os autos ao TRF da 4ª Região.

Documento eletrônico assinado por GIOVANA GUIMARÃES CORTEZ, Juíza Federal, na forma do artigo 1º, inciso
III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência
da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,
mediante o preenchimento do código verificador 720005497452v64 e do código CRC 978074db.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): GIOVANA GUIMARÃES CORTEZ
Data e Hora: 2/12/2019, às 15:14:44

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Subseção Judiciária de Uberlândia-MG


2ª Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Uberlândia-MG

SENTENÇA TIPO "A"


PROCESSO: 1000784-36.2017.4.01.3803
CLASSE: PROCEDIMENTO COMUM (7)
AUTOR: ORAL UNIC UBERLANDIA LTDA
RÉU: UNIÃO FEDERAL

SENTENÇA

Vistos em inspeção.

1. RELATÓRIO.

A parte autora acima epigrafada, qualificada e representada nos autos, nesta ação ordinária,
objetiva, em face da UNIÃO FEDERAL, “no que tange aos procedimentos de implantodontia, cirurgia
buco-maxilo-faciais, periodontia, endodontia, prótese dentária, ortodontia, instalação de lente de contato
dental e dentística, exceto simples consultas, recolha o IRPJ e a CSLL pelas bases de cálculo de 8% e
12%, respectivamente, nos termos do art. 15, III, letra “a”, ‘in fine’, e art. 20, primeira parte, ambos da
Lei 9.249/95; seja autorizado o levantamento pela autora dos valores reconhecidamente indevidos e
depositados nos autos, devendo a ré levantar a cota-parte devida, ou se improcedente a ação, que o
levantamento integral seja feito pela ré, extinguindo-se qualquer obrigação quanto aos tributos aqui
discutidos; seja reconhecido o direito da autora ao indébito dos valores a maior, vencidos e vincendos,
respeito-se o período imprescrito, com atualização monetária e mediante compensação tributária”.

Alega que exerce a atividade de clínica odontológica, com especificidade em colocação cirúrgica
de implantes dentários, além de outros procedimentos e cirurgias, atividades diretamente ligadas à
promoção da saúde de seus pacientes, possui estrutura de primeiro mundo, diferenciada do padrão
conhecido de clínicas odontológicas, com salas exclusivas de avaliação, centro cirúrgico com cadeira
especial, opção de acompanhamento médico com sedação consciente para realização de cirurgias, sala de
pré-cirurgia, sala de pós-cirurgia, desfibrilador, monitoramento cardíaco, medição da oxigenação do
sangue, mediação de diabetes, laboratório de prótese, aparelho de radiologia panorâmica digital, sala
exclusiva de esterilização e sala exclusiva de expurgo.

Afirma que em razão de sua estrutura, pratica preços diferenciados.

1 de 15 16/06/2018 02:01

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Processo Judicial Eletrônico: https://pje1g.trf1.jus.br/pje/Painel/painel_usuario/documentoHTML.s...

Aduz que está constituída sob a forma de sociedade empresária e está enquadrada no regime
tributário de lucro presumido, além de atender às normas da Anvisa.

Sustenta que suas atividades são equiparadas a serviços hospitalares e tem seu lucro presumido
calculado pela alíquota de 32% para cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e para a Contribuição
Social Sobre o Lucro, quando a alíquota deveria ser de 8% e 12% respectivamente, por atender os
requisitos estabelecidos pelo art. 15, III, “a”, primeira parte e art. 20, parte final, ambos da Lei n.
9.249/95.

Cita jurisprudência favorável à sua tese e defende que a natureza de serviço hospitalar deve ser
verificada objetivamente, sendo assim consideradas as atividades ligadas à promoção da saúde.

Requer a repetição do indébito mediante a compensação dos valores recolhidos indevidamente,


respeitado o prazo prescricional.

Inicial acompanhada de procuração e documentos.

Determinada a retificação do polo passivo, a parte autora, intimada, apresentou emenda à inicial.

Recebida a emenda à inicial, a União, citada, apresentou contestação alegando, em síntese, além
da prescrição quinquenal, que a base de cálculo do imposto deverá ser apurada mediante a aplicação de
alíquota de 32% sobre a receita bruta mensal, por ser a alíquota reduzida aplicável somente a empresas de
serviços hospitalares, que se configuram pela internação de pessoas, conceito ao qual não se enquadram
as atividades realizadas pela parte autora. Sustenta que outras atividades ligadas à saúde não suportam os
ônus decorrentes da manutenção da atividade de internação perene de pacientes. Aduz que a expressão
serviços hospitalares deve ser aplicada somente às atividades típicas de hospital. Cita jurisprudência
desfavorável ao pleito da parte autora.

Houve apresentação de réplica.

É, em apertada síntese, o relatório.

DECIDO.

2. FUNDAMENTAÇÃO.

Em primeiro lugar, anoto que o caso enseja o julgamento antecipado do mérito, nos termos do art.
355, I, do Código de Processo Civil, uma vez que desnecessária a produção de outras provas para o
julgamento do feito.

A parte autora objetiva na presente ação beneficiar-se da alíquota reduzida de 8% e 12% sobre a
receita bruta mensal para apuração da base de cálculo do imposto de renda pessoa jurídica e contribuição
social sobre o lucro líquido, benefício concedido aos contribuintes que preencham os requisitos do art. 15,
§ 1º, III, “a” e art. 20, caput, da Lei n. 9.249/95.

Em primeiro lugar, no tocante à alíquota aplicável sobre a receita bruta mensal para apuração da
base de cálculo para incidência da alíquota de imposto de renda, dispunha o art. 15 da Lei 9.249/95, em
sua redação anterior às alterações promovidas pela Lei n. 11.727/2008, vebis:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação
do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o
disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:

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I - um inteiro e seis décimos por cento, para a atividade de revenda, para consumo, de
combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural;

II - dezesseis por cento:

a) para a atividade de prestação de serviços de transporte, exceto o de carga, para o qual se


aplicará o percentual previsto no caput deste artigo;

b) para as pessoas jurídicas a que se refere o inciso III do art. 36 da Lei nº 8.981, de 20 de
janeiro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 da referida Lei;

III - trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares;

b) intermediação de negócios;

c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer


natureza;

d) prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica,


gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de
direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços
(factoring).

§ 2º No caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente a cada


atividade.

§ 3º As receitas provenientes de atividade incentivada não comporão a base de cálculo do


imposto, na proporção do benefício a que a pessoa jurídica, submetida ao regime de
tributação com base no lucro real, fizer jus.

§ 4º O percentual de que trata este artigo também será aplicado sobre a receita financeira da
pessoa jurídica que explore atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos,
incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de
imóveis construídos ou adquiridos para a revenda, quando decorrente da comercialização de
imóveis e for apurada por meio de índices ou coeficientes previstos em contrato.

A Lei n. 11.727 de 2008 promoveu alterações no III, “a” do art. 15 da Lei n. 9.249/95, impondo
novos requisitos para que os contribuintes que exerçam atividades de serviços hospitalares fizessem jus ao
benefício de redução da alíquota aplicável sobre a receita bruta mensal para apuração da base de cálculo
para incidência da alíquota de imposto de renda, observem:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente,
observado o disposto no art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977,
deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos,
sem prejuízo do disposto nos arts. 30, 32, 34 e 35 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de
1995. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014)

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:

I - um inteiro e seis décimos por cento, para a atividade de revenda, para consumo, de
combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural;

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II - dezesseis por cento:

a) para a atividade de prestação de serviços de transporte, exceto o de carga, para o qual se


aplicará o percentual previsto no caput deste artigo;

b) para as pessoas jurídicas a que se refere o inciso III do art. 36 da Lei nº 8.981, de 20 de
janeiro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 da referida Lei;

III - trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico


e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina
nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja
organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária – Anvisa; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008)

b) intermediação de negócios;

c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer


natureza;

d) prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica,


gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de
direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços
(factoring).

e) prestação de serviços de construção, recuperação, reforma, ampliação ou melhoramento


de infraestrutura vinculados a contrato de concessão de serviço público. (Incluído pela Lei
nº 12.973, de 2014)

E no caso da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, para os contribuintes prestadores de


atividades de serviços hospitalares e que preencham os requisitos listados no art. 15, § 1º, III, “a”, da Lei
n. 9.249/95, optantes pela forma de tributação com base no lucro real, lucro presumido ou lucro arbitrado,
a base de cálculo será de 12% sobre a receita bruta:

Art. 20. A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devida pelas
pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal ou trimestral a que se referem os arts.
2º, 25 e 27 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, corresponderá a 12% (doze por
cento) sobre a receita bruta definida pelo art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de
dezembro de 1977, auferida no período, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos
descontos incondicionais concedidos, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as
atividades a que se refere o inciso III do § 1o do art. 15, cujo percentual corresponderá a
32% (trinta e dois por cento). (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014)

§ 1º A pessoa jurídica submetida ao lucro presumido poderá, excepcionalmente, em relação


ao 4o (quarto) trimestre-calendário de 2003, optar pelo lucro real, sendo definitiva a
tributação pelo lucro presumido relativa aos 3 (três) primeiros trimestres. (Renumerado com
alteração pela Lei nº 11.196, de 2005)

§ 2º O percentual de que trata o caput deste artigo também será aplicado sobre a receita
financeira de que trata o § 4o do art. 15 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005)

Verifico, portanto, que em se tratando de contribuinte que se dedique às atividades de serviços

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hospitalares, de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e


citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas e desde que esteja constituído sob a forma
de sociedade empresária e atenda às normas da ANVISA, a alíquota a ser aplicada sobre a receita bruta,
para apuração da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido é, respectivamente, de 8% e 12%.

A controvérsia, neste ponto, restringe-se à interpretação do termo “serviços hospitalares” para


aplicação das alíquotas diferenciadas.

Entende a União que os serviços hospitalares configuram-se pela internação de pessoas, razão
pela qual concluiu no sentido de que a parte autora não faz jus à aplicação da alíquota reduzida.

O egrégio Superior Tribunal de Justiça, ao apreciar a matéria posta em discussão, deixou


assentado que o conceito de “serviços hospitalares” abrange também serviços não prestados no interior de
estabelecimentos hospitalares e que não possuam estrutura para internação de pacientes, conforme os
seguintes precedentes: STJ – 2ª Turma, REsp 1449067/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, julgado em 20/05/2014, DJe 26/05/2014; STJ – 1ª Turma, AgRg no AREsp 301.944/PE,
Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, julgado em 17/10/2013, DJe 30/10/2013; STJ – 2ª Turma,
REsp 1369763/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, julgado em 18/06/2013, DJe de
24/06/2013.

No julgamento do Recurso Especial Repetitivo n. 1.116.399/BA, o Superior Tribunal de Justiça


considerou que a expressão “serviços hospitalares” “deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob
a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal,
não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza
do próprio serviço prestado (assistência à saúde)”. Fixou, por fim, que devem ser considerados serviços
hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica
com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos" (STJ – 1ª Seção, REsp
1116399/BA, Relator Ministro BENEDITO GONÇALVES, julgado em 28/10/2009, DJe 24/02/2010).

Para melhor compreensão da questão, transcrevo os fundamentos do voto proferido pelo relator,
Ministro BENEDITO GONÇALVES:

(...)

Quanto ao mais, nos termos relatados, a controvérsia dos autos reside na discussão a
respeito da forma de interpretação da expressão "serviços hospitalares" prevista na Lei 9.429/95,
para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL, preconizada pelo artigo 15, §
1º, inciso III, alínea "a", com redação anterior à vigência da Lei 11.727/2008, combinado com o
artigo 20 da mesma lei.

Discute-se a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na lei,


poder-se restringir o benefício fiscal, interpretando o conceito de "serviços hospitalares" como
aqueles destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e assistência médica
integral.

O Tribunal de Origem, ao dar provimento à apelação do contribuinte, consignou que:

No caso dos autos, de acordo com o contrato social de fls. 30/32, o


impetrante tem por objeto social a 'prestação de serviços médicos laboratoriais'.
Ademais, a própria receita federal estabeleceu um conceito aberto do que sejam

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serviços hospitalares inicialmente com a IN n. 306/2003, revogada pela IN n.


480/2004 e, por meio da IN n. 539/2005 (art. 27), definiu que são 'aqueles
diretamente ligados à atenção e assistência à saúde'.

Assim sendo, como as atividades da impetrante estão vinculadas à


prestação de serviços médicos laboratoriais, enquadrando-se no conceito de
serviços hospitalares, uma vez que suas atividades estão vinculadas à atenção e
assistência à saúde humana, deve ser reconhecida a redução das alíquotas de
CSLL e IRPJ, nos termos da Lei n. 9.249/95 (fl. 398).

A respeito do tema, esta Corte havia firmado entendimento no sentido de que apenas
poderiam ser considerados como prestadores de serviços de natureza hospitalar, para fins de
recolhimento do IRPJ e da CSLL com alíquota reduzida, aqueles estabelecimentos que
exercessem suas atividades junto a Hospitais, ou que possuíssem recursos e estrutura para
internação de pacientes. Ambas as turmas da Seção de Direito Público vinham decidindo nesse
sentido.

Entretanto, em razão da ocorrência de algumas decisões dissonantes e das novas


reflexões e argumentações que foram trazidas a esta Corte, a matéria foi novamente afetada à
Primeira Seção que, por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente
Ministro Castro Meira, ocorrido no dia 22.4.2009, modificou a orientação até então adotada.

Com efeito, naquela assentada, após os judiciosos votos proferidos pelo Ministro
Relator e pelos Ministros Teori Zavascki e Eliana Calmon, decidiu-se, em síntese, que, para fins
do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares",
constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva
(ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pela contribuinte), porquanto a lei, ao conceder
o benefício fiscal, não considerou o contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do
próprio serviço prestado (assistência à saúde), que é, inclusive, alçado à condição de direito
fundamental.

Ademais, consignou-se que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes


aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os contribuintes cumprissem
requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter estrutura que permita a
internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que "a dispensa da
capacidade de internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se
mostra irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares".

Dessa forma, ficou assentado que devem ser considerados serviços hospitalares
"aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde, de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior
do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se
identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos".

Ressaltou-se ainda que as alterações preconizadas pela Lei 11.727/08 aos dispositivos
legais em discussão apenas devem ser aplicadas à demandas ajuizadas após a sua vigência, não
possuindo efeito retroativo.

Por fim, foi esclarecido que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere
a toda a receita bruta da empresa genericamente considerada, mas sim àquela receita proveniente
unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte,
nos exatos termos do § 2º do artigo 15 ora analisado.

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Eis a ementa do julgado acima mencionado:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. LUCRO


PRESUMIDO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE
CÁLCULO. ARTS. 15, § 1º, III, "A", E 20 DA LEI Nº 9.249/95. SERVIÇO
HOSPITALAR. INTERNAÇÃO. NÃO-OBRIGATORIEDADE.
INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DA NORMA. FINALIDADE
EXTRAFISCAL DA TRIBUTAÇÃO. POSICIONAMENTO JUDICIAL E
ADMINISTRATIVO DA UNIÃO. CONTRADIÇÃO. NÃO-PROVIMENTO.

1. O art. 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/95 explicitamente concede o benefício
fiscal de forma objetiva, com foco nos serviços que são prestados, e não no
contribuinte que os executa. Observação de que o Acórdão recorrido é anterior ao
advento da Lei nº 11.727/2008.

2. Independentemente da forma de interpretação aplicada, ao intérprete não é dado


alterar a mens legis. Assim, a pretexto de adotar uma interpretação restritiva do
dispositivo legal, não se pode alterar sua natureza para transmudar o incentivo
fiscal de objetivo para subjetivo.

3. A redução do tributo, nos termos da lei, não teve em conta os custos arcados
pelo contribuinte, mas, sim, a natureza do serviço, essencial à população por estar
ligado à garantia do direito fundamental à saúde, nos termos do art. 6º da
Constituição Federal.

4. Qualquer imposto, direto ou indireto, pode, em maior ou menor grau, ser


utilizado para atingir fim que não se resuma à arrecadação de recursos para o cofre
do Estado. Ainda que o Imposto de Renda se caracterize como um tributo direto,
com objetivo preponderantemente fiscal, pode o legislador dele se utilizar para a
obtenção de uma finalidade extrafiscal.

5. Deve-se entender como "serviços hospitalares" aqueles que se vinculam às


atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da
saúde. Em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade
que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios
médicos.

6. Duas situações convergem para a concessão do benefício: a prestação de


serviços hospitalares e que esta seja realizada por instituição que, no
desenvolvimento de sua atividade, possua custos diferenciados do simples
atendimento médico, sem, contudo, decorrerem estes necessariamente da
internação de pacientes.

7. Orientações da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e da Secretaria da


Receita Federal contraditórias.

8. Recurso especial não provido (REsp 951.251/PR, Rel. Ministro Castro Meira,
Primeira Seção, julgado em 22/4/2009, DJe 3/6/2009).

No mesmo sentido, cito outros precedentes:

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – IRPJ E CSLL – BASE DE CÁLCULO

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REDUZIDA – LEI 9.249/95 – CONCEITO DE "SERVIÇOS HOSPITALARES" –


CARÁTER OBJETIVO – QUESTÃO PACIFICADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO
(RESP 951251/PR) – RECURSO ESPECIAL ADESIVO – SUCUMBÊNCIA
INEXISTENTE – AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL.

1. Provida a apelação e a remessa oficial, com a denegação da segurança, falta à


Fazenda Nacional interesse recursal.

2. A Primeira Seção pacificou o entendimento de que o conceito de serviços


hospitalares a que se refere o art. 15, § 1º, III, "a", da Lei 9.249/95, na sua redação
original, deve ser interpretado de forma objetiva, abrangendo as atividades de
natureza hospitalar essenciais à população, independente da existência de estrutura
para internação, excluídas somente as consultas realizadas por profissionais
liberais em seus consultórios médicos.

3. Na ocasião, restou consignado que a tributação com a base de cálculo reduzida


deve considerar a receita proveniente de cada atividade específica, na forma do §
2º do mencionado dispositivo legal, ao invés da receita bruta total da empresa.

4. Da mesma forma, concluiu-se que não é possível a aplicação das disposições da


Lei 11.727/08 às demandas ajuizadas anteriormente à sua vigência, por falta de
prequestionamento.

5. Ressalva do ponto de vista da relatora em relação à exclusão indistinta das


consultas em comento.

6. Provido parcialmente o recurso do contribuinte; não conhecido o especial


adesivo da Fazenda Nacional (REsp 939.321/SC, Rel. Ministra Eliana Calmon,
Segunda Turma, julgado em 21/5/2009, DJe 4/6/2009).

TRIBUTÁRIO – IRPJ E CSLL – ALÍQUOTA REDUZIDA – ART. 15, § 1º, III,


"A", DA LEI N. 9.249/95 – LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS –
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES – NOVEL ENTENDIMENTO
DA PRIMEIRA SEÇÃO.

1. Concluiu a Primeira Seção que, "por serviços hospitalares compreendem-se


aqueles que estão relacionados às atividades desenvolvidas nos hospitais, ligados
diretamente à promoção da saúde, podendo ser prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, mas não havendo esta obrigatoriedade. Deve-se, por
certo, excluir do benefício simples prestações de serviços realizadas por
profissionais liberais consubstanciadas em consultas médicas, já que essa
atividade não se identifica com as atividades prestadas no âmbito hospitalar, mas,
sim, nos consultórios médicos." (REsp 951251/PR, Rel. Min. Castro Meira,
Primeira Seção, julgado em 22.4.2009, DJe 3.6.2009).

2. Para fazer jus à concessão do benefício fiscal previsto nos artigos 15, § 1º, III,
"a" e 20 da Lei n. 9.249/95, é necessário que a prestação de serviços hospitalares
seja realizada por contribuinte que, no desenvolvimento de sua atividade, possua
custos diferenciados da simples prestação de atendimento médico, e não apenas a
capacidade de internação de pacientes.

3. Merece reforma o entendimento firmado pela Primeira Turma, para reconhecer


a incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12%

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(doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade
específica de prestação de serviços laboratoriais de análises clínicas.

Embargos de divergência providos (EREsp 956.122/RS, Rel. Ministro


HUMBERTO MARTINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 23/09/2009, DJe
01/10/2009).

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. LEI


9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO
DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES". ENTENDIMENTO
PACIFICADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO. RESP 951251/PR.

1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação do conceito da expressão


"serviços hospitalares" prevista na Lei 9.429/95. Discute-se a possibilidade de, a
despeito da generalidade da expressão contida na lei, poder-se restringir o
benefício fiscal, incluindo no conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles
destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e assistência
médica integral.

2. Orientação anterior do STJ modificada, por ocasião do julgamento, pela 1ª


Seção, RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente Ministro Castro Meira, no qual
decidiu-se que devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se
vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são
prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples
consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito
hospitalar, mas nos consultórios médicos".

3. Consignou-se ainda que a Lei 11.727/08 não se aplica às demandas decididas


anteriormente à sua vigência, bem como que a redução de alíquota prevista na Lei
9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa, genericamente
considerada, mas apenas àquela proveniente de cada atividade específica (prevista
na lei que concede o benefício) desenvolvida pelo contribuinte.

4. Hipótese em que o Tribunal de origem deu provimento à apelação da Fazenda


Nacional e à remessa necessária por entender que o benefício fiscal em questão se
justificava apenas se a instituição fosse organizada e estruturada com a finalidade
de prestar atendimento e realiza internação de pacientes.

5. A Corte a quo consignou ainda que a empresa recorrente presta serviços


médicos de anestesiologia, atividade que é realizada em ambientes hospitalares ou
similares, não se limitando a simples consultas médicas, "envolvendo inclusive
procedimentos médicos terapêuticos de alto risco, exigindo recursos emergenciais
caso haja alguma intercorrência" (REsp 901.150/SC, Rel. Ministro José Delgado,
Primeira Turma, julgado em 6/3/2007, DJ 22/3/2007 p. 320).

6. Recurso especial parcialmente provido para reconhecer a incidência dos


percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento),
no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de
prestação de serviços de anestesiologia e determinar o retorno dos autos para que o
Tribunal de origem aprecie as demais questões correlatas, como, por exemplo, a
forma de compensação e atualização monetária de eventual indébito, como

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entender de direito, sob pena de supressão de instância (REsp 955.753/RS, Rel.


Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em
18/08/2009, DJe 31/08/2009).

No caso concreto, verifico que o Tribunal de origem deu provimento à apelação do


contribuinte, para reconhecer a natureza das atividades por ele realizadas como serviços
hospitalares e, por consequência, conferir-lhe a redução das alíquotas referentes ao IRPJ e
CSLL, nos termos da Lei 9249/95, e reconhecer o direito à compensação do indébito com outros
tributos.

Por outro lado, conforme já mencionado, a Corte a quo consignou que a empresa
recorrida presta serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade que é diretamente ligada à
promoção da saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes
hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo pelo qual,
de acordo com a argumentação acima exposta, faz jus ao benefício em discussão (incidência dos
percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso do
CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços médicos
laboratoriais).

Com essas considerações, nego provimento ao especial. É como voto.

Conforme se infere do voto acima transcrito, para fins de redução da alíquota dos tributos ora
discutida nos autos, não pode ser considerado o contribuinte subjetivamente, devendo-se analisar
objetivamente a natureza das atividades por ele exercidas, para fins de enquadramento como serviços
hospitalares, sendo assim considerados aqueles serviços voltados diretamente à promoção da saúde, que
não são necessariamente prestados no interior de estabelecimento hospitalar, excluindo-se, entretanto, as
simples consultas médicas.

E em casos nos quais figuravam como contribuintes clínicas odontológicas pleiteando o benefício
de redução da alíquota, tanto o egrégio Superior Tribunal de Justiça quanto o egrégio Tribunal Regional
Federal da 1ª Região já decidiram no sentido de que os serviços prestados por estas empresas não se
configuram como serviços hospitalares, observem:

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IRPJ E CSLL.


ALÍQUOTA REDUZIDA. SERVIÇO ODONTOLÓGICO. NÃO ENQUADRAMENTO
COMO SERVIÇOS HOSPITALARES. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO NÃO
PROVIDO. 1. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp
951.251/PR, Rel. Min. CASTRO MEIRA, no que diz respeito aos serviços hospitalares, de
que cuida o art. 15, § 1º, III, "a", da Lei 9.249/95, ao interpretá-lo de forma teleológica,
decidiu que a referida norma concede incentivo fiscal de maneira objetiva, com foco nos
serviços que são prestados, e não no contribuinte que os executa. 2. A atividade de clínica
odontológica não se enquadra no conceito de serviços hospitalares para efeitos do benefício
fiscal. Precedentes. 3. Agravo regimental não provido. (STJ – 1ª Turma, AgRg no REsp
1168663/RS, Relator Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, julgado em 02/06/2011, DJe
09/06/2011)

TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTA REDUZIDA. SERVIÇOS


ODONTOLÓGICOS. NÃO ENQUADRAMENTO COMO MÉDICOS HOSPITALARES.
1. O objeto social da empresa/impetrante é "a prestação de serviços de odontologia, clínica
odontológica e serviços inerentes à profissão", todavia não há especificação das atividades
por ela desenvolvidas para fim de enquadramento no conceito de "serviços médicos
hospitalares". 2. "A atividade de clínica odontológica não se enquadra no conceito de

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serviços hospitalares para efeitos do benefício fiscal" (AgRg no REsp 1.168.663/RS, r.


Ministro Arnaldo Esteves Lima, 1ª Turma do STJ). 3. Apelação da impetrante desprovida.A
Turma, por unanimidade, negou provimento à apelação da impetrante. (TRF – 1ª Região,
ACORDAO 00215518920054013300, 8ª Turma, Relator Desembargador Federal NOVÉLY
VILANOVA, e-DJF1 de 18/03/2016)

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO IRPJ E CSLL - ALÍQUOTA REDUZIDA - LEI


Nº 9.245/95 - SERVIÇOS DE NATUREZA HOSPITALAR - ODONTOLOGIA - NÃO
ENQUADRAMENTO - PRECEDENTES. 1. Acerca da prescrição do direito de pleitear
repetição de indébito dos tributos lançados por homologação, ressalto que o Pleno do
Supremo Tribunal Federal, em recente julgamento (RE 566621/RS, Rel. Min. ELLEN
GRACIE, trânsito em julgado em 17/11/2011, publicado em 27/02/2012), com aplicação do
art. 543-B, do CPC (repercussão geral), com eficácia vinculativa, reconheceu a
inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC nº 118/2005, decidindo pela aplicação
da prescrição quinquenal para a repetição de indébito, às ações ajuizadas a partir de 09 JUN
2005, que é o caso em apreço. 2. A Lei nº 9.245/95, alterando a legislação do imposto de
renda das pessoas jurídicas, bem como da contribuição social sobre o lucro líquido, definiu,
no art. 15, que: "a base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente,
observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995", aplicável
aos serviços hospitalares. 3. "A mens legis da norma em debate busca, através de um
objetivo extrafiscal, minorar os custos tributários de serviços que são essenciais à
população, não vinculando a prestação desses a determinada qualidade do prestador -
capacidade de realizar internação de pacientes -, mas, sim, à natureza da atividade
desempenhada" (REsp 951.251/PR; Relator Ministro CASTRO MEIRA; unânime; Primeira
Seção; data da decisão: 22/04/2009; publicação: DJe 03/06/2009), levando em consideração
o direito fundamental à saúde, previsto nos arts. 6º, 196 e 197, da Constituição Federal. 4.
Esta Corte vem decidindo no sentido de que as clínicas odontológicas não têm direito à
alíquota reduzida do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido
prevista na Lei 9.249/95. Precedentes: AMS 0027582-53.2004.4.01.3400 / DF, Rel.
DESEMBARGADOR FEDERAL LUCIANO TOLENTINO AMARAL, SÉTIMA
TURMA, e-DJF1 p.356 de 17/02/2012; AMS 0009642-29.2006.4.01.3813 / MG, Rel.
DESEMBARGADOR FEDERAL REYNALDO FONSECA, SÉTIMA TURMA, e-DJF1
p.732 de 03/02/2012. 5. In casu, o objeto social da impetrante, conforme destacado no
respectivo contrato social é: "prestação de serviços de odontologia", que não se enquadra
como serviço de natureza hospitalar. 6. Apelação não provida. Sentença mantida.A Turma
por unanimidade, negou provimento à apelação. (TRF – 1ª Região, ACORDAO
00047036620074013814, 7ª Turma, Relator Desembargador Federal REYNALDO
FONSECA, e-DJF1 de 05/10/2012, p. 1616)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL - MS - CLÍNICA DE ODONTOLOGIA - IRPJ E


CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA - DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO
"SERVIÇOS HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA - STJ (SOB O RITO DO
ART. 543-C/CPC) - JUIZO DE RETRATAÇÃO - APELAÇÃO DA FN E REMESSA
OFICIAL PROVIDAS. 1- O STJ, sob o signo do art. 543-C do CPC, o que confere ao
precedente especial eficácia vinculativa a impor sua adoção em casos análogos, concluiu
(RE nº 1.116.399/BA) que a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º,
inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a
perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o
benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério
subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). 2- Sobre a

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conceituação de serviços hospitalares para fim de enquadramento de empresas prestadoras


de serviços odontológicos, o STJ se posicionou no sentido de que as clínicas odontológicas
não têm direito à alíquota reduzida do imposto de renda e da contribuição social sobre o
lucro líquido prevista na Lei 9.249/95. 3- "O objetivo da empresa será o de Clínica
Odontológica" (Contrato Social) e a descrição da atividade econômica constante no
Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ é "atividades de clínica odontológica
(clínicas, consultórios e ambulatórios)." 4- Resolvido pelo STJ o recurso especial que
tramitou sob o rito da repercussão geral (art. 543-C/CPC) e observada a situação fática que
circunscreve o objeto social da empresa e o seu registro no CNPJ, exerce-se o juízo de
retratação/ratificação (de que trata o subseqüente inciso II do §7º) para manter o resultado
do julgamento, por outro fundamento. 5- Juízo de retratação (inciso II do §7º do art.
543-C/CPC): apelação da FN e remessa oficial providas: segurança denegada. 6- Peças
liberadas pela Relatora, em 07/02/2012, para publicação do acórdão.A Turma EXERCEU o
juízo de retratação para DAR PROVIMENTO à apelação da FN e à remessa oficial por
unanimidade. (TRF – 1ª Região, ACORDAO 00275825320044013400, 7ª Turma, Relator
Desembargador Federal LUCIANO TOLENTINO AMARAL, e-DJF1 de 17/02/2012, p.
356)

Não obstante não ter sido reconhecido o benefício fiscal aos beneficiários que figuraram nos
recursos acima enumerados, a leitura atenta dos acórdãos supra transcritos revela que o pedido foi negado
não em razão de simplesmente se tratar de requerimento formulado por clínica odontológica, mas por não
ter sido comprovado, naqueles casos específicos, que as atividades realizadas por aquelas clínicas,
objetivamente analisadas, pudessem ser consideradas como serviços hospitalares.

Em outros casos, nos quais restou devidamente comprovado que as postulantes, clínicas
odontológicas, realizavam atividades que, objetivamente consideradas, se enquadravam no conceito de
serviços hospitalares, o egrégio Superior Tribunal de Justiça e o egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª
Região reconheceram o direito destes contribuintes de recolherem o IRPJ e a CSLL com redução da
alíquota aplicável sobre a receita bruta mensal para apuração da base de cálculo das exações, observem:

TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO


SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO. ARTS. 15, § 1º, III, "A", E 20 DA
LEI N.º 9.249/95. ATIVIDADES HOSPITALARES. SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS.
ENQUADRAMENTO. 1. As sociedades civis prestadoras de serviços odontológicos e de
intervenções cirúrgicas maxilofaciais enquadram-se no conceito de "atividades
hospitalares" a que alude o art. 15, § 1º, inciso III, "a", da Lei n.º 9.249/95, de modo que a
base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro será obtida
mediante a aplicação das alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, sobre a receita bruta.2.
Os serviços de diagnóstico odontológico e de cirurgias maxilofaciais demandam rotinas e
procedimentos tipicamente hospitalares, além de espaço físico adequado para intervenções
cirúrgicas e corpo técnico especializado, enquadrando-se no conceito de "atividade médica,
pessoal ou instrumental em prol da saúde humana" (REsp n.º 673.033/RS, Rel. Min. Luiz
Fux). 3. Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público. 4. Recurso especial
improvido. (STJ – 2ª Turma, REsp 799.854/PR, Relator Ministro CASTRO MEIRA,
julgado em 25/04/2006, DJ de 08/05/2006, p. 187)

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTA REDUZIDA. LEI


9.245/95. REDAÇÃO DA LEI 11.727/2008. SERVIÇOS DE NATUREZA HOSPITALAR.
SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE
ODONTOLOGIA. CIRURGIAS ODONTOLÓGICAS, IMPLANTES DENTÁRIOS E
RADIOGRAFIAS. APELAÇÃO DA PARTE AUTORA PROVIDA. APELAÇÃO DA
UNIÃO E REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDAS. 1. O inciso III da letra "a" do art. 15 da

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Lei 9.249/95, com a redação dada pela Lei 11.727/2008, assegurou que a base de cálculo do
imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, em cada mês, será
determinada mediante a aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta
auferida mensalmente, para as atividades de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e
terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina
nuclear e análises e patologias clínicas. 2. A Primeira Seção do Superior Tribunal de
Justiça, ao apreciar o REsp 951.251/PR (Rel. Ministro Castro Meira, DJe 03.06.2009), à
unanimidade , firmou o entendimento de que "o art. 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/95
explicitamente concede o benefício fiscal de forma objetiva, com foco nos serviços que são
prestados, e não no contribuinte que os executa." 3. A análise da documentação acostada
aos autos permite inferir que é apropriado o enquadramento dos serviços prestados pela
parte autora como "serviços hospitalares", assim entendidos aqueles realizados em prol da
saúde humana. 4. A colocação de implante dentário demanda a utilização de técnicas
cirúrgicas específicas e segue orientações previstas para a especialidade de Cirurgia e
Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, a qual já foi enquadrada pelo Superior Tribunal de
Justiça como "atividade hospitalar". (REsp 799.854/PR, Rel. Ministro Castro Meira,
Segunda Turma, julgado em 25/04/2006, DJ 08/05/2006, p. 187). 5. Apelação da parte
autora provida. Apelação da UNIÃO e remessa oficial não providas.A Turma, por
unanimidade, deu provimento à apelação da parte autora e negou provimento à apelação da
UNIÃO (FN) e à remessa oficial. (TRF – 1ª Região, ACORDAO 00025500220114013400,
8ª Turma, Relator Desembargador Federal MARCOS AUGUSTO DE SOUSA, e-DJF1 de
27/03/2015 p. 1180)

In casu, conforme alteração contratual, a parte autora está constituída sob a forma de sociedade
empresária limitada (ID n. 2012057), fez opção pela forma de tributação pelo lucro presumido (ID
2012149) e possui Alvará de Licenciamento vigente, expedido pela Prefeitura Municipal de Uberlândia,
com validade até 4/10/2019, donde se conclui que atende às normas de vigilância sanitária.

E quanto à natureza das atividades exercidas pela parte autora, conforme cláusula sétima do
contrato social consolidado da empresa (ID n. 2012057) são exercidas por ela as seguintes atividades:
atividade odontológica, serviços de procedimento cirúrgico de colocação de pino de titânio para implante
dentário (implantodontia), cirurgias bucomaxilofaciais, periodontia, endodontia, prótese dentária,
ortodontia, instalação de lente de conta dental dentística”.

Portanto, entre as atividades exercidas pela empresa autora, podem ser consideradas como
“atividades hospitalares” as de serviços de procedimento cirúrgico de colocação de pino de titânio para
implante (implantodontia) e cirurgias bucomaxilofaciais, conforme entendimento jurisprudencial citado
alhures.

E como consignado no voto proferido pelo Ministro Relator no julgamento do REsp n. 1.116.399
“a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa
genericamente considerada, mas sim àquela receita proveniente unicamente da atividade específica
sujeita ao benefício fiscal”. Nesse caminhar, apenas em relação à receita obtida com os serviços de
procedimento cirúrgico de colocação de pino de titânio para implante (implantodontia) e cirurgias
bucomaxilofaciais faz jus a parte autora à aplicação das alíquotas reduzidas de 8% e 12% para apuração
da base de cálculo do IRPJ e CSLL.

Com relação à compensação dos valores recolhidos a maior a título de IRPJ e CSLL,
relativamente aos últimos 5 (cinco) anos anteriores a propositura da ação, destaco que, sobre a
compensação, o Código Tributário Nacional prescreve no art. 170 que “a lei pode, nas condições e sob as
garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar
a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito

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passivo contra a Fazenda Pública”.

E com o advento da Lei n. 8.383/91, foi ela autorizada no art. 66 deste diploma legal, vejamos:

Art. 66 – Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos e contribuições federais,


inclusive previdenciárias, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação ou
rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor
no recolhimento de importância correspondente a períodos subsequentes.

Segundo o preceito insculpido nesse artigo, é razoável concluir que basta haver pagamento
indevido ou a maior do tributo para fazer surgir o direito à compensação, desde que seja efetuada entre
tributos e contribuições da mesma espécie (§ 1º do art. 66).

Destarte, o contribuinte tem o direito de efetuar a respectiva compensação, dos valores recolhidos
indevidamente, que está limitada aos tributos recolhidos no período posterior a 29 de junho de 2012, eis
que a presente ação foi ajuizada em 29/6/2017.

E quanto à atualização, recordo que, nos termos do § 4º do art. 89 da Lei n. 8.212/91, “o valor a
ser restituído ou compensado será acrescido de juros obtidos pela aplicação da taxa referencial do
Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, a
partir do mês subsequente ao do pagamento indevido ou a maior que o devido até o mês anterior ao da
compensação ou restituição e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que estiver sendo
efetuada”.

A compensação deverá ser efetivada exclusivamente com tributos vencidos e vincendos


administrados pela Receita Federal do Brasil, eis que em consonância com a legislação pertinente, é
permitida a compensação entre tributos da mesma espécie e destinação constitucional.

Por outro lado, deve ser lembrado que o contribuinte tem o direito de efetuar a compensação, mas
a Administração tem o poder-dever de fiscalizar a operação e, em sendo o caso, exigir eventual saldo não
englobado na operação.

Esclareça-se, por oportuno, que não se reconhece, nestes autos, o acerto ou não dos números
apresentados, mas apenas o direito da parte autora de proceder à compensação dos valores recolhidos
indevidamente.

E quanto aos depósitos judiciais efetuados pela parte autora no decorrer deste processo, após o
trânsito em julgado desta sentença, deve-se apurar o valor do imposto devido, com a redução da alíquota
incidente unicamente sobre a receita obtida pela empresa com os serviços de procedimento cirúrgico de
colocação de pino de titânio para implante (implantodontia) e cirurgias bucomaxilofaciais, para fins de
apuração da base de cálculo do IRPJ e CSLL. Apurado o valor devido dos tributos, deverá ser convertido
em renda a favor da União o valor a ela devido, enquanto o que sobejar deverá ser restituído à parte
autora.

3. DISPOSITIVO.

Por tais razões, e mais que dos autos consta, julgo parcialmente procedente o pedido formulado
na inicial para reconhecer o direito da parte autora de aplicar as alíquotas de 8% e 12% sobre a receita
obtida com os serviços de procedimento cirúrgico de colocação de pino de titânio para implante
(implantodontia) e cirurgias bucomaxilofaciais para determinar a base de cálculo para apuração do
imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido devidos, nos termos dos art. 15, § 1º, III,

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“a” e art. 20, caput, ambos da Lei n. 9.249/95.

Declaro o direito da parte impetrante à compensação dos créditos referentes aos recolhimentos
indevidos, a partir de 29 de junho de 2012, a título de IRPJ e CSLL, reduzindo-se as alíquotas para 8% e
12% que deverão incidir unicamente sobre a receita obtida com os serviços de procedimento cirúrgico de
colocação de pino de titânio para implante (implantodontia) e cirurgias bucomaxilofaciais para determinar
a base de cálculo para apuração do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido
devidos, compensação que deverá ser procedida após o trânsito em julgado, na forma do art. 74 da Lei n.
9.430/96.

Sobre os valores a compensar incidirá apenas os juros equivalentes à taxa referencial do Sistema
Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC, acumulada mensalmente, a partir do mês subsequente ao
do recolhimento indevido até o mês anterior ao da compensação e de 1% (um por cento) relativamente ao
mês em que estiver sendo efetuada a compensação.

Tendo em vista que a parte autora requereu o reconhecimento do direito da aplicação da alíquota
reduzida sobre a receita obtida com as atividades de implantodontia, cirurgia bucomaxilofacial,
periodontia, endodontia, prótese dentária, ortodontia, instalação de lente de contato dental e dentística, e
foi reconhecido o direito apenas em relação à receita obtida com as atividades de implantologia e cirurgia
bucomaxilofacial, houve sucumbência recíproca, razão pela qual reparto proporcionalmente os ônus da
sucumbência entre as partes (art. 86 do Código de Processo Civil).

Considerando os honorários advocatícios no percentual de 10% sobre o valor atualizado da causa,


bem como que a parte autora teve indeferido o pedido em relação a 75% das atividades para as quais ela
requereu o reconhecimento do recolhimento mediante alíquota reduzida, condeno-a no pagamento de
honorários advocatícios, que fixo em 7,5% (sete e meio por cento) sobre o valor atualizado da causa, e
condeno a União no pagamento de honorários advocatícios, que fixo em 2,5% sobre o valor atualizado da
causa.

Sem custas finais, uma vez que delas está isenta a União.

Sem reexame necessário, forte no art. 496, § 3º, I, do Código de Processo Civil.

Não havendo interesse em recorrer, solicito às partes, em homenagem aos princípios da razoável
duração do processo, da celeridade processual, da cooperação e da eficiência, que manifestem
expressamente a renúncia ao prazo recursal.

Transitada em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos.

P. R. I.

Uberlândia/MG, 15 de junho de 2018.

JOSÉ HUMBERTO FERREIRA

Juiz Federal

Assinado eletronicamente por: JOSE HUMBERTO FERREIRA


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Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO

APELAÇÃO CÍVEL Nº 5003878-67.2018.4.04.7209/SC


RELATOR: JUIZ FEDERAL FRANCISCO DONIZETE GOMES
APELANTE: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (RÉU)
APELADO: ORAL UNIC JARAGUA DO SUL LTDA (AUTOR)

EMENTA

TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS HOSPITALARES. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS


REDUZIDAS. NATUREZA DO SERVIÇO PRESTADO. CRITÉRIO
OBJETIVO. INDEPENDENTE DA ESTRUTURA FÍSICA DO LOCAL DE
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. LEI Nº 11.727/2008. APLICABILIDADE.

1. O Superior Tribunal de Justiça pacificou a matéria atinente à aplicação de


alíquotas reduzidas do IRPJ (8%) e da CSLL (12%) às receitas provenientes de serviços
hospitalares. O critério eleito é de cunho objetivo e concerne à natureza do serviço, que deve
ser relacionado à promoção da saúde e ter custo diferenciado, excluídas, assim, as receitas
decorrentes de simples consultas médicas e demais atividades administrativas. Assim, nos
termos do precedente representativo da controvérsia, a concessão do benefício independe da
estrutura física do local de prestação do serviço e se este possuiu, ou não, capacidade para
internação de pacientes (REsp 1.116.399/BA, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Seção,
DJe24/02/2010).

2. A Lei nº 11.727/2008 impôs alterações ao artigo 15, § 1º, III, "a", da Lei nº
9.249/1995, que passaram a viger a partir de 01-01-2009. Além do enquadramento da
atividade como de natureza hospitalar, outros dois requisitos passaram a ser exigidos, a saber:
i) estar constituída como sociedade empresária; ii) atender às normas da ANVISA.

3. As sociedades empresárias devem ser registradas no Registro Público das


empresas Mercantis (Junta Comercial) do Estado em que se encontram estabelecidas.

4. Não é legítimo exigir que a empresa comprove atender às normas da


ANVISA. Uma vez que está em exercício regular de sua atividade e detém o Alvará de
funcionamento, há presunção relativa de que está adequada às regras da vigilância sanitária.
Caberia, desta forma, ao Fisco trazer elementos que indiquem o descumprimento de tais
regras. Precedentes desta Corte Regional.

5. No caso dos autos, a autora presta serviços odontológicos, e dentre as


atividades realizadas incluem-se cirurgia, endodontia, estética, implantodontia, ortodontia e
periodontia e prótese, que se configuram como atividades essencialmente hospitalares o que
possibilita o enquadramento nos requisitos elencados na lei par fazer jus ao recolhimento do
IRPJ e a CSLL nos percentuais de 8% e 12%, respectivamente, sobre a receita bruta auferida
pela atividade específica de prestação de serviços hospitalares.

ACÓRDÃO

5003878-67.2018.4.04.7209 40001899348 .V3


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Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Egrégia 1ª
Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região decidiu, por unanimidade, negar
provimento à apelação interposta pela União e por dar parcial provimento à remessa
necessária, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo parte
integrante do presente julgado.

Porto Alegre, 26 de agosto de 2020.

Documento eletrônico assinado por FRANCISCO DONIZETE GOMES, Juiz Federal Convocado, na forma do artigo
1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A
conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 40001899348v3 e do
código CRC 7ebca376.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): FRANCISCO DONIZETE GOMES
Data e Hora: 28/8/2020, às 17:14:34

5003878-67.2018.4.04.7209 40001899348 .V3

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APELAÇÃO CÍVEL Nº 5003878-67.2018.4.04.7209/SC


RELATOR: JUIZ FEDERAL FRANCISCO DONIZETE GOMES
APELANTE: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (RÉU)
APELADO: ORAL UNIC JARAGUA DO SUL LTDA (AUTOR)

RELATÓRIO

Trata-se de ação pelo procedimento comum ajuizada por Oral Unic Jaraguá
do Sul Ltda em face da União, na qual objetiva seja reconhecido seu direito de recolher o
IRPJ e a CSLL pelas bases de cálculo de 8% e 12%, respectivamente, nos termos do art. 15,
III, “a”, in fine, e art. 20, primeira parte, ambos da Lei n° 9.249/1995, relativamente aos
procedimentos de implantodontia, cirurgias bucomaxilofaciais, procedimentos/cirurgias em
periodontia, procedimentos/cirurgias em endodontia, procedimentos/cirurgias em prótese
dentária, procedimentos em ortodontia, instalação de lente de contato dental, procedimentos
em dentística, exceto simples consultas. Postula, também, o direito à compensação dos
valores recolhidos a maior indevidamente.

Refere que, conforme cláusula quarta do contrato social anexado, possui


especialidade em áreas da odontologia que demandam procedimentos e cirurgias, atividades
específicas diretamente ligadas à promoção da saúde de seus pacientes, trazendo à colação,
por amostragem, Notas Fiscais emitidas e que demonstram os procedimentos específicos
realizados (doc. 2).

Discorre que se trata de clínica diferenciada, com salas exclusivas de avaliação,


centro cirúrgico com cadeira especial, desfibrilador e monitoramento cardíaco, opção de
acompanhamento médico com sedação consciente para realização de cirurgias, sala de pré-
cirurgia, sala de pós-cirurgia, laboratório de prótese, aparelho de radiologia panorâmica
dentro da clínica, sala exclusiva de esterilização, sala exclusiva de expurgo, dentre outras
características que a tornam especial.

Assevera que está enquadrada no regime tributário pelo lucro presumido e que
atende às normas gerais da Anvisa (docs . 6 e 7),

Regularmente processado o feito, sobreveio sentença concedendo a segurança,


conforme dispositivo que segue transcrito:

Ante o exposto, mantenho a suspensão da exigibilidade noticiada pela própria União, diante
do depósito integral e julgo procedente o pedido para declarar o direito da parte autora
apurar e recolher a CSLL e o IRPJ nos percentuais respectivos de 12% e 8% sobre a receita
bruta decorrente da prestação de serviços odontológicos (excluídas as atividades
administrativas e consultas), consoante o art. 15, § 1º, III, “a”, e art. 20, ambos da Lei n.
9.249/95, bem como para condenar a União à restituição do indébito tributário e declarar o
direito da autora compensar, após o trânsito em julgado e em procedimento administrativo
perante a Receita Federal do Brasil, os valores recolhidos indevidamente a esse título,
acrescidos da Taxa SELIC, sem acúmulo com os juros de mora, nos termos da fundamentação.

Condeno a União ao pagamento das custas e honorários advocatícios sucumbenciais, os quais


fixo no percentual mínimo aplicável à faixa correspondente dentre aquelas estipuladas pelo
art. 85, § 3º, I a V, do CPC/2015, em que se enquadre o valor da condenação.

5003878-67.2018.4.04.7209 40001899344 .V14


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P. R. I.

Interposto recurso voluntário e atendidos seus pressupostos, considere-se recebido no duplo


efeito, com intimação da parte contrária para contrarrazões e posterior remessa dos autos ao
Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Após o trânsito em julgado, dê-se baixa.

Os embargos de declaração opostos pela autora foram acolhidos e o dispositivo


da sentença alterado para contar o que segue:

Ante o exposto, mantenho a suspensão da exigibilidade noticiada pela própria União, diante
do depósito integral e julgo procedente o pedido para declarar o direito da parte autora
apurar e recolher a CSLL e o IRPJ nos percentuais respectivos de 12% e 8% sobre a receita
bruta decorrente da prestação de serviços odontológicos (excluídas as atividades
administrativas e consultas), consoante o art. 15, § 1º, III, "a", e art. 20, ambos da Lei n.
9.249/95, convertendo-se em renda da União, após o trânsito em julgado, o valor dos
impostos quanto ao período dos depósitos judiciais promovidos nestes autos, calculados na
forma da sentença, e, por conseguinte, autorizar à autora o levantamento das diferenças
verificadas no mesmo período, bem como para condenar a União à restituição do indébito
tributário e declarar o direito da autora compensar, após o trânsito em julgado e em
procedimento administrativo perante a Receita Federal do Brasil, os valores recolhidos
indevidamente a esse título, acrescidos da Taxa SELIC, sem acúmulo com os juros de mora,
nos termos da fundamentação.

Condeno a União ao pagamento das custas e honorários advocatícios sucumbenciais, os quais


fixo no percentual mínimo aplicável à faixa correspondente dentre aquelas estipuladas pelo
art. 85, § 3º, I a V, do CPC/2015, em que se enquadre o proveito econômico obtido.

Intimem-se.

Publicada e registrada eletronicamente. Intimem-se.

A União interpôs apelação (Evento 43 do processo originário). Em suas razões


alega que, conforme se observa dos atos constitutivos da parte autora, trata-se de clínica
odontológica ou seja, presta serviços odontológicos, que não se equiparam a serviços
hospitalares, mencionando o REsp 1.168.663/RS, oportunidade em que afirma que a Primeira
Seção do STJ excluiu a possibilidade de equiparação de serviços odontológicos a
hospitalares.

Aduz que o julgamento do REsp 1.168.663/RS foi julgado quase quatro anos
após o julgamento do REsp 1.116.399/BA e que o TRF4, no julgamento da Apelação Cível nº
5013342-60.2014.404.7208, Segunda Turma, Rel. Cláudia Maria Dadico, j. 25/05/2016,
ratificou este entendimento.

Afirma que, nos termos do art. 111 do CTN, a legislação tributária que outorga
isenção deve sempre ser interpretada literalmente, em homenagem ao princípio da
legalidade, que impede o uso da analogia e da equidade como formas de integração.

Assevera que os serviços odontológicos não se equiparam a serviços


hospitalares para fins de obtenção do benefício previsto no art. 15, § 1º, inc. III, “a”, da Lei
9.249/95, na nova redação que lhe foi dada pela Lei 11.727/2008.

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Menciona as Soluções de Consulta RRF07/DISIT n. 38/2011, de 02/05/2011,
SRRF07/DISIT n. 39/2011, também, de 02/05/2011, SRRF08/DIST 232/2011, de 19/09/2011
e SRRF09/DISIT n. 99/2012, de 29/05/2012, bem como a recente Solução de Consulta nº
6.066, 04 de dezembro de 2017, que faz referência à Solução de Consulta nº 36/2016.

Não foram apresentadas contrarrazões.

A parte autora apresentou memoriais.

É o relatório.

VOTO

Admissibilidade

A apelação interposta pela União se apresenta formalmente regular e


tempestiva.

Reexame necessário

Considerando que não há condenação em valor líquido, a sentença deve ser


submetida ao reexame necessário, nos termos do inciso I do art. 496 do Código de Processo
Civil c/c o § 3° do mesmo artigo,conforme orientação da Súmula n° 490 do Superior Tribunal
de Justiça - STJ (A dispensa de reexame necessário, quando o valor da condenação ou do
direito controvertido for inferior a sessenta salários mínimos, não se aplica a sentenças
ilíquidas).

Mérito

Das alíquotas do IRPJ e CSLL incidentes sobre prestação de serviços


hospitalares

A tributação favorecida no que toca ao IRPJ e à CSLL incidentes sobre receitas


de prestação de serviços hospitalares justifica-se pelo custo diferenciado de tais atividades,
dada sua complexidade e necessidade de alto investimento tecnológico e de pessoal.

A determinação da extensão do conceito "serviços hospitalares" foi objeto de


grande controvérsia nos Tribunais pátrios, que ora tendiam a privilegiar interpretações mais
restritivas, ora mais flexíveis, acerca das atividades equiparáveis a atividades hospitalares.

A Secretaria da Receita Federal editou diversas instruções normativas


procurando definir o conteúdo da expressão, elaboradas a partir de parâmetros fixados em
Resoluções da ANVISA acerca de exigências a serem respeitadas pelas instituições
hospitalares, concluindo que o critério para auferir o benefício de redução de alíquota
dependeria da estrutura física da empresa prestadora de serviços, que deveria ser equiparável
a estrutura de hospitais, inclusive com possibilidade de internação de pacientes.

Esta interpretação restritiva da norma foi afastada pela 1ª Seção do STJ, a partir
do julgamento do REsp n. 951.251/PR (DJe 03/06/2009), de Relatoria do Ilustre Ministro
Castro Meira, que firmou entendimento sobre a abrangência da expressão "serviços
5003878-67.2018.4.04.7209 40001899344 .V14
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hospitalares", de que trata o art. 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/95, de modo que
abrangessem aquelas atividades voltadas à promoção da saúde e que tivessem custo
diferenciado das simples consultas médicas, independentemente de serem desenvolvidas
dentro de instalações hospitalares ou de possuírem capacidade de internação de pacientes.

Esse entendimento foi reafirmado em sede de recurso especial representativo da


controvérsia, nos seguintes termos:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS


ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL
COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS
HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADEDE ESTRUTURA
DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA
SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC.

1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços hospitalares"


prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL.
Discute-se a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na lei, poder-
se restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles
estabelecimentos destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e
assistência médica integral.

2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente Ministro Castro


Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do pagamento dos
tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo
15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a
perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício
fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério
subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Na mesma
oportunidade, ficou consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes
aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os contribuintes
cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter estrutura
que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que
"a dispensa da capacidade de internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei
9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos
regulamentares".

3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às


atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de
sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se
identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos".

4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às


demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota
prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte
genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da
atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos
termos do § 2º do artigo 15 da Lei9.249/95.

5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta serviços
médicos laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada à promoção da saúde, que
demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou
similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo pelo qual, segundo o
novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em discussão (incidência dos percentuais
de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL, sobre a
receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços médicos
laboratoriais).
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6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do
artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.

7. Recurso especial não provido. (grifos meus)

(REsp 1.116.399/BA, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Seção, DJe 24/02/2010).

A partir desses precedentes, o critério eleito passou a ser objetivo e concerne


tão-somente à natureza do serviço prestado, bastando que seja voltado à promoção da saúde e
que possua custo diferenciado de atividades de simples consultas médicas.

Da análise do contrato social juntado no Evento 1, CONTRSOCIAL3, cláusula


quarta a sociedade tem como objeto social a atividade odontológica, serviços de
procedimento cirúrgico de colocação de pino de titânio para implante dentário
(implantodontia), cirurgias buco maxilofaciais, periodontia, endodontia, prótese dentária,
ortodontia, instalação de lente de contato dental (dentistica).

Assim, configurada a realização de atividades hospitalares, a impetrante faz jus


ao recolhimento do IRPJ e a CSLL nos percentuais de 8% e 12%, respectivamente, sobre a
receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços hospitalares,
excluídas as atividades administrativas e de consultas.

Das modificações trazidas pela Lei nº 11.727/2008

Confira-se a atual redação dos dispositivos aplicáveis à matéria:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação
do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o
disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995

[...]

b) para as pessoas jurídicas a que se refere o inciso III do art. 36 da Lei nº 8.981, de 20 de
janeiro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 da referida Lei;

III - trinta e dois por cento, para as atividades de

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e


terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina
nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja
organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária - Anvisa; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) .

[...]

Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas pessoas
jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts. 27 e 29 a 34 da Lei no
8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração
contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação
vigente, auferida em cada mês do ano-calendário, exceto para as pessoas jurídicas que
exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1o do art. 15, cujo percentual
corresponderá a trinta e dois por cento.

5003878-67.2018.4.04.7209 40001899344 .V14


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Assim, as modificações legislativas trazidas à matéria pelo artigo 29 da Lei nº
11.727/2008, se por um lado promoveram a extensão do benefício também a outras atividades
equiparadas a "serviços hospitalares", por outro impuseram mais dois requisitos além da
prestação de serviços voltados à promoção da saúde: i) estar constituída como sociedade
empresária; ii) atender às normas da ANVISA.

O artigo 29 da Lei 11.717/2008 passou a vigorar a partir de 01/01/2009, nos


termos do artigo 41, VI, do mesmo diploma.

O Código Civil de 2002 trouxe distinção essencial entre sociedade simples e


sociedade empresária. A sociedade simples foi introduzida em substituição às sociedades
civis, constituindo pessoa jurídica que realiza atividade intelectual, de natureza científica,
literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento de empresa (artigo 966, § único), contrapondo-se
às atividades empresárias, as quais se enquadram no conceito de empresa - conjunto
organizado de meios com vista a exercer uma atividade que produz e oferece bens/serviços,
visando atender alguma necessidade humana. As sociedades empresárias devem ter seu ato
constitutivo inscrito no Registro Público das empresas Mercantis (Junta Comercial) do Estado
em que se encontram estabelecidas.

Conforme se verifica no Evento 1 - CONTRSOCIAL3, a parte autora está


constituída como sociedade empresaria desde o início das atividades conforme registro
protocolo de registro de 04/09/2017, certificado em 06/09/2017, na Junta comercial do
Estado de Santa Catarina.

No que diz respeito ao segundo requisito, a saber, a atenção às normas


expedidas pela ANVISA, tenho que deve ser flexibilizado. É que a regra constante da nova
redação do artigo 15 da Lei nº 9.249/95 foi redigida de forma geral, deixando de especificar a
quais normas está se referindo. Assim, deve o julgador interpretar essa exigência levando em
conta a finalidade da norma que consiste em garantir tributação privilegiada aos
estabelecimentos que, em razão da natureza dos serviços prestados voltados à promoção da
saúde, incorrem em maiores custos na sua atividade.

Nesse contexto, não é legítimo exigir que a empresa comprove atender às


normas da ANVISA. Uma vez que está em exercício regular de sua atividade e detém o
alvará de funcionamento, há presunção relativa de que está adequada às regras da vigilância
sanitária. Caberia, desta forma, ao Fisco trazer elementos que indiquem o descumprimento de
tais regras.

No mesmo sentido, tem decidido a 2ª Turma desta Corte Regional: APELREEX


5003004-65.2011.404.7003, 2ª T., Relatora p/ Acórdão Luciane Amaral Corrêa Münch, D.E.
29/06/2012; APELREEX 5004670-86.2011.404.7105, 2ª T., Relator p/ Acórdão Rômulo
Pizzolatti, D.E. 07/11/2012.

Em conclusão, deve ser mantida a sentença que julgou procedente o pedido


mantenho a suspensão da exigibilidade noticiada pela própria União, diante do depósito
integral e julgo procedente o pedido para declarar o direito da parte autora apurar e recolher a
CSLL e o IRPJ nos percentuais respectivos de 12% e 8% sobre a receita bruta decorrente da
prestação de serviços odontológicos (excluídas as atividades administrativas e consultas).

Nesse sentido, o julgado abaixo colacionado:


5003878-67.2018.4.04.7209 40001899344 .V14
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TRIBUTÁRIO. SERVIÇOS HOSPITALARES. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS REDUZIDAS.
NATUREZA DO SERVIÇO PRESTADO. CRITÉRIO OBJETIVO, INDEPENDENTE DA
ESTRUTURA FÍSICA DO LOCAL DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. LEI Nº 11.727/2008.
APLICABILIDADE. 1. O Superior Tribunal de Justiça pacificou a matéria atinente à
aplicação de alíquotas reduzidas do IRPJ (8%) e da CSLL (12%) às receitas provenientes de
serviços hospitalares. O critério eleito é de cunho objetivo e concerne à natureza do serviço,
que deve ser relacionado à promoção da saúde e ter custo diferenciado, excluídas, assim, as
receitas decorrentes de simples consultas médicas e demais atividades administrativas. Assim,
nos termos do precedente representativo da controvérsia, a concessão do benefício independe
da estrutura física do local de prestação do serviço e se este possuiu, ou não, capacidade para
internação de pacientes (REsp 1.116.399/BA, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Seção,
DJe24/02/2010). 2. A Lei nº 11.727/2008 impôs alterações ao artigo 15, § 1º, III, "a", da Lei nº
9.249/1995, que passaram a viger a partir de 01-01-2009. Além do enquadramento da
atividade como de natureza hospitalar, outros dois requisitos passaram a ser exigidos, a saber:
i) estar constituída como sociedade empresária; ii) atender às normas da ANVISA. 3. As
sociedades empresárias devem ser registradas no Registro Público das empresas Mercantis
(Junta Comercial) do Estado em que se encontram estabelecidas. 4. Não é legítimo exigir que
a empresa comprove atender às normas da ANVISA. Uma vez que está em exercício regular de
sua atividade e detém o Alvará de funcionamento, há presunção relativa de que está adequada
às regras da vigilância sanitária. Caberia, desta forma, ao Fisco trazer elementos que
indiquem o descumprimento de tais regras. Precedentes desta Corte Regional. 5. No caso dos
autos, a impetrante prestava serviços ligados à promoção da saúde em estabelecimentos
hospitalares, como plantões, urgência-emergência, anestesiologia e clínica-médica, fazendo
jus às alíquotas reduzidas de IRPJ e CSLL nos percentuais respectivos de 8% e 12% sobre a
receita bruta (excluídos os serviços de consulta médica e atividades de cunho administrativo),
nos termos dos arts. 15, § 1º, III, 'a', e 20, ambos da Lei n. 9.249/95. (TRF4, AC 5009425-
49.2017.4.04.7201, PRIMEIRA TURMA, Relator FRANCISCO DONIZETE GOMES, juntado
aos autos em 08/08/2018)

Sucumbência recursal

Nos termos do § 11 do artigo 85 do CPC, o percentual dos honorários


advocatícios será acrescido em 10%, observado o escalonamento previsto no § 5º do mesmo
artigo.

O percentual final será de 11% quando enquadrados no inciso I do §3º; de 8,8%


quando enquadrados no inciso II, e assim sucessivamente, conforme escalonamento previsto
no §5º.

Remessa necessária

Atualização monetária

Os valores indevidamente pagos ficam sujeitos à atualização pela taxa SELIC a


partir do mês seguinte ao do pagamento indevido (art. 39, §4º, da Lei 9.250/95 c/c o art. 73 da
Lei 9.532/97).

Prequestionamento

Em arremate, consigno que o enfrentamento das questões suscitadas em grau


recursal, assim como a análise da legislação aplicável, são suficientes para prequestionar
junto às instâncias Superiores os dispositivos que as fundamentam. Desse modo, evita-se a
necessidade de oposição de embargos de declaração para esse exclusivo fim, o que
evidenciaria finalidade procrastinatória do recurso, passível de cominação de multa (art.
1.026, § 2º, do CPC).

5003878-67.2018.4.04.7209 40001899344 .V14


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Conclusão

Apelação da União improvida.

Reexame necessário parcialmente provido, somente quanto aos critérios de


atualização monetária.

Dispositivo

Ante o exposto, voto por negar provimento à apelação interposta pela União e
por dar parcial provimento à remessa necessária.

Documento eletrônico assinado por FRANCISCO DONIZETE GOMES, Juiz Federal Convocado, na forma do artigo
1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de 2010. A
conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 40001899344v14 e do
código CRC 7a49eeeb.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): FRANCISCO DONIZETE GOMES
Data e Hora: 28/8/2020, às 17:14:34

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Otávio Francisco Caruso da Rocha, 300, 6º andar - Bairro: Praia de Belas - CEP: 90010-395 - Fone: (51) 3213-3161 - Email:
gmfatima@trf4.gov.br

REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL Nº 5000579-11.2020.4.04.7113/RS


RELATORA: DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE
PARTE AUTORA: ORAL UNIC IMPLANTES BENTO GONCALVES ODONTOLOGIA LTDA (AUTOR)
ADVOGADO: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA (OAB SP159295)
PARTE RÉ: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (RÉU)

EMENTA

TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSLL. BASE DE CÁLCULO. REDUÇÃO. SERVIÇOS


HOSPITALARES. ART. 15, § 1º, III, "A" DA LEI Nº 9.249/1995. LEI N°
11.727/2008.

1. As empresas que prestam serviços hospitalares têm direito a recolher o Imposto


de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ no percentual de 8% e a Contribuição Social sobre o Lucro
Líquido - CSLL no percentual de 12% sobre a renda auferida na atividade específica de
prestação de serviços de tratamento, excluídas as consultas médicas, nos termos do artigo 15, §
1º, III, alínea 'a', da Lei nº 9.249/1995, inclusive com a alteração introduzida pela Lei nº
11.727/2008.

2. Entende-se por serviços hospitalares aqueles que estão relacionados às


atividades ligados diretamente à promoção da saúde, essencial à população, nos termos do art.
6º da Constituição Federal, podendo ser prestados no interior do estabelecimento hospitalar,
mas sem esta obrigatoriedade.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Egrégia 2ª
Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região decidiu, por unanimidade, negar provimento
à remessa necessária, nos termos do relatório, votos e notas de julgamento que ficam fazendo
parte integrante do presente julgado.

Porto Alegre, 24 de novembro de 2020.

Documento eletrônico assinado por MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE, Desembargadora Federal
Relatora, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de
26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 40002182298v2 e do
código CRC 8dddd09a.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE
Data e Hora: 24/11/2020, às 19:13:20
5000579-11.2020.4.04.7113 40002182298 .V2
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REMESSA NECESSÁRIA CÍVEL Nº 5000579-11.2020.4.04.7113/RS


RELATORA: DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE
PARTE AUTORA: ORAL UNIC IMPLANTES BENTO GONCALVES ODONTOLOGIA LTDA (AUTOR)
ADVOGADO: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA (OAB SP159295)
PARTE RÉ: UNIÃO - FAZENDA NACIONAL (RÉU)

RELATÓRIO

Trata-se de ação ordinária ajuizada por ORAL UNIC IMPLANTES BENTO


GONCALVES ODONTOLOGIA LTDA objetivando a redução das alíquotas do recolhimento
do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) para 8% (oito por cento) e da Contribuição Social
sobre o Lucro Líquido (CSLL) para 12% (doze por cento), mediante o seu enquadramento
como prestadora de 'serviços hospitalares'. Relata que realiza procedimentos de implantodontia,
cirurgias bucomaxilofaciais, procedimentos/cirurgias em periodontia, procedimentos/cirurgias
em endodontia, procedimentos/cirurgias em prótese dentária, procedimentos em ortodontia,
instalação de lente de contato dental, e procedimentos em dentística. Requereu a restituição ou
compensação dos valores pagos indevidamente.

Sobreveio sentença nos seguintes termos:

Ante o exposto, ponho fim à fase cognitiva do procedimento comum e, com a resolução do
mérito:

a) homologo o reconhecimento da procedência do pedido (art. 487, III, a, do CPC), para


reconhecer o enquadramento da empresa autora na hipótese de redução de alíquota
de IRPJ e CSLL sobre os valores relacionados a procedimentos de implantodontia, cirurgias
bucomaxilofaciais, procedimentos/cirurgias em periodontia, procedimentos/cirurgias em
endodontia, procedimentos/cirurgias em prótese dentária, procedimentos em ortodontia,
instalação de lente de contato dental, procedimentos em dentística, exceto simples consultas, nos
termos da fundamentação;

b) condeno a ré a restituir à parte autora os valores recolhidos em excesso, respeitada a


prescrição quinquenal, corrigidos pela Taxa Selic, a serem apurados em liquidação de sentença,
conforme especificado na fundamentação.

Deixo de condenar a União no pagamento de honorários advocatícios, considerando o


reconhecimento da procedência do pedido, nos termos do art. 19, §1º, I, da Lei n. 10.522/02.

Condeno a União a restituir à parte autora as custas adiantadas.

Sentença publicada e registrada eletronicamente. Intimem-se.

Sendo ilíquida a sentença, reconheço a necessidade de remessa necessária (art. 496, inciso I,
CPC). Interposta a apelação e eventuais contrarrazões, encaminhem-se os autos imediatamente
ao Egrégio TRF da 4ª Região, independentemente de juízo de admissibilidade (art. 1010, §3º do
CPC), cabendo à secretaria abrir vista à parte contrária caso em contrarrazões sejam suscitadas
as matérias referidas no §1º do art. 1009, nos termos do §2º do mesmo dispositivo.

Após o trânsito em julgado, nada sendo requerido, dê-se baixa nos registros.

5000579-11.2020.4.04.7113 40002182297 .V3


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Sem recursos voluntários, vieram os autos a esta Corte em razão da remessa
necessária.

É o relatório.

VOTO

Do exame dos autos, verifico que o magistrado de origem, eminente Juiz Federal
Frederico Valdez Pereira, analisou com critério e acerto as questões suscitadas, examinando
corretamente o conjunto probatório e aplicando os dispositivos legais pertinentes.

Assim, mantenho a sentença por seus próprios fundamentos, os quais adoto como
razões de decidir:

II - FUNDAMENTAÇÃO

A parte autora anexou ao evento 1 (OUT13) a Solução de Consulta DISIT/SRRF06 nº


6066/2017, dando conta de que a Receita Federal não admite a redução da base de cálculo
do IRPJ e da CSLL no caso de procedimentos odontológicos.

No entanto, a pretensão veiculada pela autora encontra respaldo no precedente vinculante


decorrente do julgamento do REsp nº 1.116.399/BA, onde se definiu que, para fins de redução da
alíquota do IRPJ e da CSLL prevista no artigo 15, III, a, da Lei 9.249/95 "(...) devem ser
considerados serviços hospitalares 'aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos
hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde', de sorte que, 'em regra, mas não
necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo - se as
simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito
hospitalar, mas nos consultórios médicos'(...)".

O art. 15, § 1º, III, alínea a, da Lei nº 9.249/95, afasta a incidência do percentual de 32%, bem
como, o artigo 20 do mesmo diploma legal, no seguinte sentido, verbis:

"Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do
percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o
disposto no art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, deduzida das
devoluções, vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, sem prejuízo do
disposto nos arts. 30, 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:

[...]

III - trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e


terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear
e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a
forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
– Anvisa;"

[...]

§ 2º No caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente a cada


atividade.

5000579-11.2020.4.04.7113 40002182297 .V3


https://eproc.trf4.jus.br/eproc2trf4/controlador.php?acao=minuta_imprimir&acao_origem=acessar_documento&hash=a85009609d094b79320213… 2/5

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"Art. 20. A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devida pelas pessoas
jurídicas que efetuarem o pagamento mensal ou trimestral a que se referem os arts. 2º, 25 e 27 da
Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, corresponderá a 12% (doze por cento) sobre a receita
bruta definida pelo art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, auferida no
período, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos incondicionais
concedidos, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso
III do § 1º do art. 15, cujo percentual corresponderá a 32% (trinta e dois por cento)."

Dos documentos juntados ao feito para comprovar a alegação de que a empresa presta serviços
hospitalares estão o contrato social, notas fiscais, fotografias das estruturas da clínica e alvará
da vigilância sanitária (evento 1).

O objeto social da empresa, conforme contrato social (evento 1 - CONTRSOCIAL3 E


CONTRSOCIAL4), prevê as atividades de: "ATIVIDADE ODONTOLOGICA, SERVICOS DE
ODONTOLOGIA DE SERVICOS DE PROCEDIMENTO CIRURGICO DE COLOCACAO DE
PINO DE TITANIO PARA IMPLANTE DENTARIO (IMPLANTODONTIA), CIRURGIAS
BUCOMAXILOFACIAIS, PROCEDIMENTOS/CIRURGIAS EM PERIODONTIA,
PROCEDIMENTOS/CIRURGIAS EM ENDODONTIA, PROCEDIMENTOS/CIRURGIAS EM
PROTESE DENTARIA, PROCEDIMENTOS EM ORTODONTIA, INSTALACAO DE LENTE DE
CONTATO DENTAL, PROCEDIMENTOS EM DENTISTICA, SEMPRE VOLTADOS A
PROMOCAO DA SAUDE DOS PACIENTES.".

A demandante apresentou notas fiscais dos procedimentos cirúrgicos realizados nos pacientes e,
ainda, tabela dos tratamentos disponibilizados, a corroborar a prestação de serviços de natureza
complexa e com custos diferenciados.

Tais atividades demandam rotinas e procedimentos tipicamente hospitalares, além de espaço


físico adequado para intervenções cirúrgicas e corpo técnico especializado. Nesse sentido:

TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSLL. BASE DE CÁLCULO. LUCRO PRESUMIDO. ATIVIDADES DE


NATUREZA HOSPITALAR. CLÍNICA ODONTOLÓGICA. SERVIÇOS DE NATUREZA
COMPLEXA COMPROVADOS. LEI Nº 11.727/2008. REQUISITOS. NORMAS DA ANVISA. 1. O
Superior Tribunal de Justiça fixou tese no sentido de que para obtenção de redução nas alíquotas
de tributos, a expressão 'serviços hospitalares', constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei
9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva , isto é, deve ser realizada análise da atividade
do contribuinte. 2. A impetrante comprova que presta serviços que possuem custos diferenciados
do simples atendimento odontológico, tais como atividade ondontológica, serviço de
procedimento cirúrgico de colocação de pino de titânio para implante dentário (implantodontia),
cirurgias bucomaxilofaciais, periodontia, endodotia, prótese dentária, ortondontia, instalação de
lente de contato dental, dentística, fazendo jus à alíquota de 8% e 12%. 3. Não é legítimo exigir
que a empresa comprove atender às normas da ANVISA. Uma vez que está em exercício regular
de sua atividade, há presunção relativa de que está adequada às regras da vigilância sanitária.
Caberia, desta forma, ao Fisco trazer elementos que indiquem o descumprimento de tais regras.
(TRF4 5007192-24.2018.4.04.7208, PRIMEIRA TURMA, Relator ALEXANDRE GONÇALVES
LIPPEL, juntado aos autos em 10/07/2020)

TRIBUTÁRIO. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA.


DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA.
DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO.
PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 1. "DIREITO PROCESSUAL CIVIL
E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC.
VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO
REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO
OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO.
ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME
PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC. [...] 2. Os serviços odontológicos relacionados à
radiologia, cirurgia, e cirurgia de implantes exigem estrutura diferenciada, do que há perfeito

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enquadramento do caso concreto ao paradigma julgado pelo Superior Tribunal de Justiça. 3.
Negado provimento ao recurso da União. ( 5008854-32.2018.4.04.7205, TERCEIRA TURMA
RECURSAL DE SC, Relator ADAMASTOR NICOLAU TURNES, julgado em 28/03/2019)

TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. IRPJ. CSLL. PRESCRIÇÃO. LEI Nº 9.249/95. SERVIÇOS


HOSPITALARES. ABRANGÊNCIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE.
SERVIÇOS DE RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA E ORTODONTIA. LEI Nº 11.727/08.
SOCIEDADE EMPRESÁRIA. REQUISITOS LEGAIS. PREENCHIMENTO. COMPENSAÇÃO.
CORREÇÃO MONETÁRIA. 1. Limitando-se o pedido ao período quinquenal que antecedeu ao
ajuizamento da ação, não há se falar em prescrição. 2. O contrato social da empresa indica
a prestação de serviços de odontologia e os demais elementos carreados dão conta da prestação
de serviços de radiologia e aparelhos odontológicos. 3. Assim, nos termos da decisão proferida
no REsp nº 951.251/PR, faz jus a demandante ao recolhimento do IRPJ e da CSLL às alíquotas
de 8% e 12%, respectivamente, nos termos da Lei nº 9.249/95 (arts. 15, § 1º, inciso III, alínea a,
e 20, caput). [...] (TRF4, APELREEX 5003354-28.2013.4.04.7118, SEGUNDA TURMA, Relator
JAIRO GILBERTO SCHAFER, juntado aos autos em 10/06/2015)

A autora demonstrou, ainda, a regularidade do exercício da atividade por meio do alvará


sanitário e estar constituída sob a forma de sociedade empresária (evento 1 - CONTRSOCIAL4 e
ALVARÁ10).

Veja-se que a ré reconheceu expressamente a procedência do pedido e não apresentou qualquer


insurgência relativa ao caso concreto, razão pela qual impõe-se concluir que entendeu estarem
atendidos os requisitos necessários.

Insta assinalar, no entanto, conforme o artigo 15, § 2º, a redução da base de cálculo leva em
conta a receita proveniente de cada atividade desenvolvida e não a receita total. A extensão do
provimento limita-se à renda obtida com serviços que por sua natureza possam ser equiparados
a serviços hospitalares. A este respeito esclarecedor o acórdão de seguinte ementa:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. CSLL. ART. 15, § 1º, III, A, DA
LEI 9.249/95. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. CONSULTA REALIZADAS EM CLÍNICA
OFTALMOLÓGICA. NÃO EQUIPARAÇÃO A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES.

1. O art. 15, § 1º, III, a, da Lei 9.249/95, que fixa alíquota menor para a tributação de serviços
hospitalares em relação aos demais serviços, é norma de isenção parcial, como tal sujeita a
interpretação literal (CTN, art. 111, II), que não comporta resultados ampliativos e nem
aplicação por analogia.

2. Serviço hospitalar é conceitualmente diferente e mais restrito que serviço médico. Embora
representem serviços médicos, não há como entender compreendidas no conceito de serviços
hospitalares as consultas médicas realizadas em clínicas oftalmológicas, sob pena de ampliar-se
o benefício fiscal mediante interpretação extensiva e analógica.

3. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido.

(REsp 786569/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
11/10/2006, DJ 30/10/2006 p. 233)

Diante do exposto, cabível a homologação do reconhecimento da procedência do pedido,


resolvendo o mérito, forte no artigo 487, III, "a", do Novo Código de Processo Civil.

Repetição de indébito

A parte autora faz jus à repetição dos valores indevidamente recolhidos, respeitada a prescrição
quinquenal.

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Nos termos do artigo 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95, a atualização do montante devido, a partir da
data do recolhimento, deve observar apenas a taxa SELIC, que já engloba juros de mora e
correção monetária.

A parte demandante poderá optar pelo recebimento dos valores através de compensação, a qual
deverá ser realizada nos termos dos arts. 170-A do CTN e 74 da Lei n. 9.430/96.

Honorários advocatícios

Considerando o reconhecimento do pedido pela União - Fazenda Nacional (evento 16), deve ser
afastada a verba honorária de sucumbência, uma vez que incidente o art. 19, §1º, inciso II, da
Lei nº 10.522/02. Nesse sentido:

TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 19, I, §1º, DA


LEI Nº 10.522/02. 1. A isenção da Fazenda Nacional ao pagamento
de honorários advocatícios com base no art. 19, § 1º, da Lei nº 10.522/02 só tem lugar quando o
reconhecimento da procedência do pedido pela Fazenda Nacional for integral e em temas
relacionado às matérias arroladas nos arts. 18 e 19 da referida Lei 10.522/02, na redação dada
pela Lei 12.844/2013. 2. No caso dos autos, a União concordou com o pedido e a matéria objeto
da controvérsia está arrolada no inciso II do art. 19 da Lei nº 10.522/2002, de modo que resta
descabida a condenação do Fisco em honorários advocatícios. (TRF4, AC 5006078-
05.2017.4.04.7105, PRIMEIRA TURMA, Relator FRANCISCO DONIZETE GOMES, juntado aos
autos em 15/06/2020)

Assim, é caso de manutenção da sentença.

Dispositivo

Ante o exposto, voto por negar provimento à remessa necessária.

Documento eletrônico assinado por MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE, Desembargadora Federal
Relatora, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de
26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 40002182297v3 e do
código CRC d1a25dc0.

Informações adicionais da assinatura:


Signatário (a): MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE
Data e Hora: 24/11/2020, às 19:13:20

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STJ

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Superior Tribunal de Justiça
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 88.408 - BA (2011/0282839-0)

RELATOR : MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA


AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
AGRAVADO : CANGASSU POLICLÍNICA ODONTOLÓGIA S/C LTDA
ADVOGADO : JULIANA ALVES LIMA E OUTRO(S)

DECISÃO

Trata-se de agravo interposto de decisão que negou seguimento ao recurso


especial manifestado pela FAZENDA NACIONAL contra acórdão do Tribunal Regional
Federal da 1ª Região assim ementado (fl. 180e):

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. SOCIEDADE CIVIL


PRESTADORA DE SERVIÇOS MÉDICOS. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS DE
8% E 12% INCIDENTES SOBRE A RECEITA BRUTA. ART. 15, § 1º, III, A,
DA LEI 9.249/1995. APLICABILIDADE. RESTRIÇÃO E MODIFICAÇÃO
POR ATO NORMATIVO. IMPOSSIBILIDADE. COMPENSAÇÃO.
POSSIBILIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA.
1. É a natureza da atividade que define a aplicação do art. 15, § 1º, III, a, da Lei
9.249/1995, não o local da prestação dos serviços, haja vista ser possível que
sejam prestados fora das dependências de hospitais.
2. Uma vez que o legislador ordinário não discriminou a natureza jurídica da
sociedade, os atos normativos que restringiram o conceito de serviços
hospitalares exorbitaram dos limites de sua atuação.
3. O ato hierarquicamente inferior à lei não se presta a modificar disposições
expressas de texto legislativo.
4. O art. 106 do CTN amplia o alcance da lei mais benéfica; não discrimina os
casos de sua inaplicabilidade, e não deve o intérprete fazê-lo.
5. Tem direito à aplicação dos percentuais de 8% e 12% para apuração do IRPJ
e CSLL, respectivamente, a empresa que se enquadra nas hipóteses do art. 15, §
1º, III, a, da Lei 9.249/1995.
6. Diante da evolução da legislação reguladora da compensação tributária, está
autorizada a compensação de créditos decorrentes do recolhimento indevido a
título de IRPJ e CSLL que ultrapassaram a base de cálculo de 8% e 12%,
respectivamente, com qualquer tributo arrecadado e administrado pela
Secretaria da Receita Federal, ainda que o destino das arrecadações seja outro.
7. A compensação dos valores indevidamente recolhidos a maior nos cinco
anos anteriores à impetração do mandado de segurança não encontra óbice na
Súmula 271 do STF. (AgRg n RMS 20476/RN, rel. Ministra Eliana Calmon,
DJ de 31/10/2007).
8. Apelação das impetrantes a que se dá provimento.

Opostos embargos de declaração, foram rejeitados (fls. 199/204e).


Em seu especial fundado no art. 105, III, alínea "a", da Constituição Federal, alega
o agravante afronta aos arts.535 do CPC, 15 da Lei 9.249/95 e 170-A do CTN.
A inadmissão do recurso foi fundamentada no art. 543-C, § 7º, do CPC,
considerando que as matérias versadas nos autos, quais sejam, enquadramento da empresa nas
hipóteses legais do benefício tributário e a vedação à compensação antes do trânsito em
julgado da respectiva decisão judicial, encontram pacificadas no Superior Tribunal de Justiça.
Documento: 21043777 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 02/08/2012 Página 1 de 2

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Superior Tribunal de Justiça
Decido.
A pretensão não prospera.
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça consolidou, no julgamento da
QO no Ag 1.154.599/SP, o entendimento no sentido de que é incabível a interposição de
agravo de instrumento contra decisão que não admite recurso especial, nos termos do art.
543-C, § 7º, I, do Código de Processo Civil. Confira-se a ementa do referido julgado:

QUESTÃO DE ORDEM. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE


INSTRUMENTO. CABIMENTO. EXEGESE DOS ARTS. 543 E 544 DO
CPC. AGRAVO NÃO CONHECIDO.
– Não cabe agravo de instrumento contra decisão que nega seguimento a
recurso especial com base no art. 543, § 7º, inciso I, do CPC.
Agravo não conhecido. (QO no Ag 1.154.599/SP, Rel. Min. CESAR
ASFOR ROCHA, Corte Especial, DJe 12/5/2011)

Ante o exposto, com fundamento no art. 544, § 4º, inciso I, do CPC, não conheço
do agravo.
Intimem-se.
Brasília (DF), 25 de junho de 2012.

MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA


Relator

Documento: 21043777 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 02/08/2012 Página 2 de 2

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Superior Tribunal de Justiça
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 605.896 - RS (2014/0283615-2)

RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN


AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL
ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
AGRAVADO : Z 4 ODONTOLOGIA E PARTICIPAÇÕES LTDA
ADVOGADOS : FLÁVIO HENRIQUE MIRANDA ZANETTINI
WESLEY VIEIRA DE SOUZA

DECISÃO
Trata-se de Agravo de decisão que inadmitiu Recurso Especial (art. 105,
III, "a", da CF) contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região assim
ementado (fl. 230, e-STJ):
TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSLL. LUCRO PRESUMIDO.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES. CLÍNICA
ODONTOLÓGICA. SERVIÇOS COM CUSTOS DIFERENCIADOS.
1. A lei escolheu como único critério distintivo a natureza da
atividade prestada, excetuando a incidência da base de cálculo de 32% sobre as
atividades consideradas como de prestação de serviços hospitalares. Assim, o
enquadramento na condição de instituição prestadora de serviços hospitalares
sustenta-se unicamente na natureza dos serviços prestados, circunstância de
cunho objetivo.
2. A jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de que a
redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL não inclui as consultas médicas
e as atividades de cunho administrativo, visto que somente os serviços
especializados de saúde, com custos diferenciados, inserem-se no conceito de
serviços hospitalares.
3. A impetrante comprova que presta serviços que possuem
custos diferenciados do simples atendimento odontológico, tais como cirurgias
buco-maxilo-faciais, ortodontia, colocação de próteses dentárias e endodontia,
fazendo jus à alíquota de 8% e 12%.
4. Uma vez que a impetrante está organizada sob a forma de
sociedade empresária, tem direito o direito à redução da base de cálculo após a
edição da Lei 11.727/2008.

Não houve interposição de Embargos de Declaração.


A recorrente alega violação do art. 111 do CTN; dos arts. 15, § 1º, III,
"A", e 20 da Lei 9.249/1945 e da Lei 11.727/2008. Afirma que os serviços hospitalares
são aqueles prestados por hospitais ou pronto-socorros, não se incluindo as clínicas
odontológicas (fl. 267, e-STJ).
Contrarrazões apresentadas às fls. 282-294, e-STJ.
Houve juízo de admissibilidade negativo na instância de origem, o que
deu ensejo à interposição do presente Agravo.
É o relatório.

Decido.
Documento: 42088582 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 10/03/2015 Página 1 de 4

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Superior Tribunal de Justiça
Os autos foram recebidos neste Gabinete em 4.11.2014.
A irresignação não merece acolhida.
O Tribunal local, soberano na apreciação dos fatos e das provas,
consignou (fl. 222, e-STJ):

Na realidade, a discussão passa ao largo da localização física


onde é prestado o serviço. A lei escolheu como único critério distintivo a
natureza da atividade prestada, exceptuando a incidência da base de cálculo de
32% sobre as atividades consideradas como de prestação de serviços
hospitalares. Assim, o enquadramento na condição de instituição prestadora de
serviços hospitalares sustenta-se unicamente na natureza dos serviços
prestados, circunstância de cunho objetivo. A despeito de existir controvérsia
na jurisprudência quanto ao âmbito de abrangência da expressão 'serviços
hospitalares', a Primeira Seção do STJ pacificou a questão, entendendo que
envolvem atividades de promoção à saúde, que possuam custos diferenciados
do simples atendimento médico, sem, contudo, decorrerem estes
necessariamente da internação de pacientes.
(...)
No caso dos autos, vê-se que o contrato social da empresa
descreve o objeto 'prestação de serviços odontológicos e a participação em
outras empresas e administração de bens próprios'. Apresenta, na inicial, um
rol de prestação de serviços como colocação de implantes dentários, cirurgias
buco-maxilo-faciais, próteses dentárias, tratamentos ortodônticos (elaboração e
colocação de aparelhos fixos e móveis) e endodontia. Assim, a impetrante
comprova que presta serviços que possuem custos diferenciados do simples
atendimento médico, o que é corroborado pelas notas fiscais acostadas aos
autos (Evento 1, NFISCAL7).

A decisão recorrida está em conformidade com o entendimento desta


Corte, no sentido de que a expressão "serviços hospitalares" deve ser entendida como
aquela geradora de custos diferenciados da simples prestação de serviço médico. A
propósito:

TRIBUTÁRIO - IRPJ E CSLL - ALÍQUOTA REDUZIDA -


ART. 15, § 1º, INCISO III, ALÍNEA "A", DA LEI N. 9.249/95 - CLÍNICA
MÉDICA ODONTOLÓGICA E AMBULATORIAL - PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS HOSPITALARES - NOVEL ENTENDIMENTO DA PRIMEIRA
SEÇÃO.
1. Concluiu a Primeira Seção que, "por serviços hospitalares
compreendem-se aqueles que estão relacionados às atividades desenvolvidas
nos hospitais, ligados diretamente à promoção da saúde, podendo ser prestados
no interior do estabelecimento hospitalar, mas não havendo esta
obrigatoriedade. Deve-se, por certo, excluir do benefício simples prestações de
serviços realizadas por profissionais liberais consubstanciadas em consultas
médicas, já que essa atividade não se identifica com as atividades prestadas no
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Superior Tribunal de Justiça
âmbito hospitalar, mas, sim, nos consultórios médicos" (REsp 951251/PR, Rel.
Min. Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 22.4.2009, DJe 3.6.2009).
2. Para fazer jus à concessão do benefício fiscal previsto nos
artigos 15, § 1º, inciso III, alínea "a", e 20 da Lei n. 9.249/95, é necessário que
a prestação de serviços hospitalares seja realizada por contribuinte que, no
desenvolvimento de sua atividade, possua custos diferenciados da simples
prestação de atendimento médico, e não apenas a capacidade de internação de
pacientes.
(...)
Agravo regimental da empresa provido em parte. Agravo
regimental da Fazenda Nacional improvido.
(AgRg no REsp 1140907/PR, Rel. Ministro HUMBERTO
MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 19/02/2010).

Para que se tornem mais claros os termos em que foi proferido o voto do
eminente Ministro Humberto Martins, transcrevo-o na parte em que interessa:

Nesse sentido, tendo em vista que a Lei n. 9.249/95 não fez


nenhuma exigência referente ao contribuinte que presta serviços hospitalares,
não pode ato infralegal passar a exigi-lo. A pretexto de realizar-se uma
interpretação restritiva da norma, não se pode transformar o beneficio em
subjetivo quando foi instituído em termos objetivos.
Ao dar prosseguimento ao feito, encenando longo debate,
concluiu a Primeira Seção que. "por serviços hospitalares eompreendem-se
aqueles que estão relacionados às atividades desenvolvidas nos hospitais,
ligados diretamente à promoção da saúde, podendo ser prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, mas não havendo esta obrigatoriedade. Deve-se,
por certo, excluir do benefício simples prestações de serviços realizadas por
profissionais liberais consubstanciadas em consultas médicas, já que essa
atividade não se identifica com as atividades prestadas no âmbito hospitalar,
mas, sim, nos consultórios médicos."
Para fazer jus à concessão do beneficio fiscal previsto nos
artigos 15. § Io. inciso III. alínea "a", e 20 da Lei n. 9.249/95. é necessário que a
prestação de serviços hospitalares seja realizada por contribuinte que, no
desenvolvimento de sua atividade, possua custos diferenciados da simples
prestação de atendimento médico, e não apenas a capacidade de internação de
pacientes.

Percebe-se que conclusão diversa da alcançada pelo julgado –


contribuinte que possua custos diferenciados – exige o reexame das provas e dos fatos,
o que, a rigor, é vedado pela Súmula 7/STJ: "A pretensão de simples reexame de prova
não enseja Recurso Especial."

Quanto à melhor interpretação do art. 111 do CTN, comungo com a


Documento: 42088582 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 10/03/2015 Página 3 de 4

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Superior Tribunal de Justiça
opinião do Professor Hugo de Brito Machado, em seu Curso de Direito Tributário,
pag. 73, na qual transcrevo trecho elucidativo da matéria:

Ocorre que o elemento literal, como por nós já várias vezes


afirmado, é absolutamente insuficiente. Assim, a regra do art. 111 do Código
Tributário Nacional há de ser entendida no sentido de que as normas
reguladoras das matérias ali mencionadas não comportam integração por
equidade. Sendo possível mais de uma interpretação, todas razoáveis, ajustadas
aos elementos sistemático e teleológico, deve prevalecer aquela que melhor
realize os princípios constitucionais e permita a solução que mais se aproxime
dos valores essenciais que ao direito cumpre realizar – a saber, a segurança e a
justiça. É inadequado o entendimento segundo o qual a interpretação das
normas reguladoras das matérias previstas no art. 111 do Código Tributário
não admite outros métodos, ou elementos de interpretação, além do literal. O
elemento literal é de pobreza franciscana, e utilizado isoladamente pode levar a
verdadeiros absurdos, de sorte que o hermeneuta pode e deve utilizar todos os
elementos da interpretação, especialmente o elementos sistemático,
absolutamente indispensável em qualquer trabalho sério de interpretação, e
ainda o elementos teleológico, de notável valia na determinação do significado
das normas jurídicas.

Ante o exposto, com fulcro no art. 544, § 4º, II, "b", do Código de
Processo Civil, nego provimento ao Agravo.

Publique-se.
Intimem-se.

Brasília (DF), 18 de novembro de 2014.

MINISTRO HERMAN BENJAMIN


Relator

Documento: 42088582 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 10/03/2015 Página 4 de 4

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:22 Num. 1385462748 - Pág. 7
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Número do documento: 22110714591540700001373745930
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 996.082 - PR (2007/0242689-1)

RELATOR : MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI


RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADORES : CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO
DEYSI CRISTINA DA 'ROLT E OUTRO(S)
RECORRIDO : ORTODIAGNOSE ODONTOLOGIA E MEDICINA S/S LTDA
ADVOGADO : NEIBAL BIER DA SILVA E OUTRO(S)
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. IRPJ. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS


HOSPITALARES. ART. 15, § 1º, III, ALÍNEA "A", DA LEI
9.249/95. REDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. NATUREZA DOS
SERVIÇOS PRESTADOS. IRRELEVÂNCIA DA ESTRUTURA
FÍSICA DO CONTRIBUINTE. PRECEDENTE DA 1ª SEÇÃO:
RESP 951.251/PR, MIN. CASTRO MEIRA, DJE DE 03/06/2009.
RECURSO ESPECIAL A QUE SE DÁ PARCIAL PROVIMENTO.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a
Egrégia PRIMEIRA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar parcial
provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros
Benedito Gonçalves, Hamilton Carvalhido e Luiz Fux votaram com o Sr. Ministro Relator.
Licenciada a Sra. Ministra Denise Arruda.
Brasília, 08 de setembro de 2009.

MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI


Relator

Documento: 836522 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/09/2009 Página 1 de 8

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Superior Tribunal de Justiça
ERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA

Número Registro: 2007/0242689-1 REsp 996082 / PR

Número Origem: 200570050010580


PAUTA: 06/11/2008 JULGADO: 11/11/2008

Relator
Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI
Presidente da Sessão
Exma. Sra. Ministra DENISE ARRUDA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. AURÉLIO VIRGÍLIO VEIGA RIOS
Secretária
Bela. MARIA DO SOCORRO MELO
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADORES : CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO
DEYSI CRISTINA DA 'ROLT E OUTRO(S)
RECORRIDO : ORTODIAGNOSE ODONTOLOGIA E MEDICINA S/S LTDA
ADVOGADO : NEIBAL BIER DA SILVA E OUTRO(S)
ASSUNTO: Tributário - Imposto de Renda - Pessoa Jurídica - Repetição de Indébito

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Adiado por indicação do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."
Brasília, 11 de novembro de 2008

MARIA DO SOCORRO MELO


Secretária

Documento: 836522 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/09/2009 Página 2 de 8

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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 996.082 - PR (2007/0242689-1)

RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL


PROCURADORES : CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO
DEYSI CRISTINA DA 'ROLT E OUTRO(S)
RECORRIDO : ORTODIAGNOSE ODONTOLOGIA E MEDICINA S/S LTDA
ADVOGADO : NEIBAL BIER DA SILVA E OUTRO(S)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI (Relator):


Trata-se de recurso especial interposto contra acórdão do Tribunal Regional Federal da
4a Região que, em demanda visando ao reconhecimento do direito de a autora sujeitar-se ao
IRPJ nos termos do artigo 15, § 1º, III, a, da Lei nº 9.249/95, deu provimento à apelação da
ora recorrida, reformando a sentença que julgara improcedente o pedido inicial. O acórdão foi
assim ementado:
"TRIBUTÁRIO. CLÍNICA DE ODONTOLOGIA E RADIOLOGIA.
EQUIPARAÇÃO A SERVIÇOS HOSPITALARES. IRPJ. BASE DE CÁLCULO.
LEI Nº 9.249/95. COMPENSAÇÃO/RESTITUIÇÃO.
1. Os atos normativos editados pela Secretaria da Receita Federal, ao exigirem o
cumprimento de requisitos estranhos ao conceito de serviços hospitalares, constante
da Lei nº 9.249/95, extrapolaram seus próprios limites.
2. Os prestadores de serviços hospitalares tem o direito de recolher o IRPJ sob a base
de cálculo de 8% incidente sobre a renda bruta, enquanto os prestadores de serviço
em geral o fazem sob a base de cálculo de 32%.
3. As clínicas que prestam serviços de odontologia e radiologia odontológica
equiparam-se, para os efeitos dos arts. 15, III, 'a' e 20, caput, da Lei nº 9.249/95, às
prestadoras de serviços hospitalares.
4. Admitida a compensação/restituição dos valores." (fl. 132).

Os embargos de declaração opostos foram rejeitados (fls. 140-142). No recurso especial


(fls. 144-150), a recorrente aponta ofensa aos artigos 15, § 1º, III, a, e 20 da Lei 9.249/95,
aduzindo, em síntese, que "a atividade desenvolvida pela demandante não se enquadra no
conceito de 'serviços hospitalares'", tendo em vista que esses "são (...) prestados por hospitais
ou pronto-socorros, não se incluindo, aí, as clínicas médicas e de outros serviços como os
desenvolvidos pela demandante" (fl. 147). Ressalta, ainda, que (a) "a IN SRF 306/03, que
equiparava certos serviços clínicos e médicos a hospitais, foi expressamente revogada pela IN
SRF 480"; e (b) "o art. 23 da revogada IN SRF 306/03 referia-se apenas à retenção na fonte,
não se aplicando, nos termos do art. 29 da própria IN 306, para fins de apuração do lucro
presumido" (fl. 149).
É o relatório.

Documento: 836522 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/09/2009 Página 3 de 8

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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 996.082 - PR (2007/0242689-1)

RELATOR : MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI


RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADORES : CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO
DEYSI CRISTINA DA 'ROLT E OUTRO(S)
RECORRIDO : ORTODIAGNOSE ODONTOLOGIA E MEDICINA S/S LTDA
ADVOGADO : NEIBAL BIER DA SILVA E OUTRO(S)
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. IRPJ. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS


HOSPITALARES. ART. 15, § 1º, III, ALÍNEA "A", DA LEI
9.249/95. REDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. NATUREZA DOS
SERVIÇOS PRESTADOS. IRRELEVÂNCIA DA ESTRUTURA
FÍSICA DO CONTRIBUINTE. PRECEDENTE DA 1ª SEÇÃO:
RESP 951.251/PR, MIN. CASTRO MEIRA, DJE DE 03/06/2009.
RECURSO ESPECIAL A QUE SE DÁ PARCIAL PROVIMENTO.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI (Relator):


1. Sobre a questão relativa ao alcance do benefício fiscal instituído pelo artigo 15, § 1º, III,
a, da Lei 9.249/95, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar o REsp
951.251/PR (Min. Castro Meira, DJe de 03/06/2009) pacificou a matéria, firmando
entendimento sumariado na seguinte ementa:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. LUCRO
PRESUMIDO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE
CÁLCULO. ARTS. 15, § 1º, III, "A", E 20 DA LEI Nº 9.249/95. SERVIÇO
HOSPITALAR. INTERNAÇÃO. NÃO-OBRIGATORIEDADE. INTERPRETAÇÃO
TELEOLÓGICA DA NORMA. FINALIDADE EXTRAFISCAL DA
TRIBUTAÇÃO. POSICIONAMENTO JUDICIAL E ADMINISTRATIVO DA
UNIÃO. CONTRADIÇÃO. NÃO-PROVIMENTO.
1. O art. 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.274/95 explicitamente concede o benefício fiscal
de forma objetiva, com foco nos serviços que são prestados, e não no contribuinte que
os executa.
2. Independentemente da forma de interpretação aplicada, ao intérprete não é dado
alterar a mens legis. Assim, a pretexto de adotar uma interpretação restritiva do
dispositivo legal, não se pode alterar sua natureza para transmudar o incentivo fiscal
de objetivo para subjetivo.
3. A redução do tributo, nos termos da lei, não teve em conta os custos arcados pelo
contribuinte, mas, sim, a natureza do serviço, essencial à população por estar ligado à
garantia do direito fundamental à saúde, nos termos do art. 6º da Constituição Federal.
4. Qualquer imposto, direto ou indireto, pode, em maior ou menor grau, ser utilizado
para atingir fim que não se resuma à arrecadação de recursos para o cofre do Estado.
Ainda que o Imposto de Renda se caracterize como um tributo direto, com objetivo
preponderantemente fiscal, pode o legislador dele utilizar para a obtenção de uma
finalidade extrafiscal.
5. Deve-se entender como "serviços hospitalares" aqueles que se vinculam às
Documento: 836522 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/09/2009 Página 4 de 8

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Superior Tribunal de Justiça
atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde.
Em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento
hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica
com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos.
6. Duas situações convergem para a concessão do benefício: a prestação de serviços
hospitalares e que esta seja realizada por instituição que, no desenvolvimento de sua
atividade, possua custos diferenciados do simples atendimento médico, sem, contudo,
decorrerem estes necessariamente da internação de pacientes.
7. Orientações da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e da Secretaria da Receita
Federal que contrariam a pretensão da recorrente.
8. Recurso especial não provido.

Na ocasião, enfatizei o seguinte em voto-vista:


2. O pedido de vista deveu-se, fundamentalmente, à preocupação de ajustar a
concessão da segurança ao disposto no art. 15 da Lei 9.249/95. Na sua atual redação,
é o seguinte o teor desse dispositivo:
"Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada
mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta
auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº
8.981, de 20 de janeiro de 1995.
§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:
(...)
III - trinta e dois por cento, para as atividades de:
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de
auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia
patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas,
desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de
sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária – Anvisa; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008)
(...)
§ 2º No caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual
correspondente a cada atividade.
§ 3º As receitas provenientes de atividade incentivada não comporão a base
de cálculo do imposto, na proporção do benefício a que a pessoa jurídica,
submetida ao regime de tributação com base no lucro real, fizer jus".
Sinale-se que a redação da letra "a" do inciso III foi alterada pelo art. 29 da Lei
11.727, de 23.08.08, com efeitos "a partir do primeiro dia do ano seguinte ao da
publicação desta Lei" (art. 41), ou seja, 1º de janeiro de 2009. Antes disso, a referida
letra "a" limitava-se a dispor, simplesmente, o seguinte:
"a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares".
No caso, o mandado de segurança foi impetrado em 2005 e o acórdão recorrido
foi proferido em 2006, sob a vigência, portanto, da primitiva redação do dispositivo.
Não está em causa, aqui, a aplicação desse direito superveniente, que sequer foi
prequestionado. Assim, na linha do entendimento assentado em situações análogas, a
demanda deve ser julgada à luz da legislação vigente à época da impetração, o que
não impede, se for o caso, a incidência do direito superveniente às situações ocorridas
após a sua vigência (EREsp 346.629, Min. Denise Arruda, DJ de 08.09.08; EREsp
628.079. Min. Luiz Fux, DJ de 13.06.07; EREsp 718.729, Min. Herman Benjamin, DJ
Documento: 836522 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/09/2009 Página 5 de 8

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Superior Tribunal de Justiça
de 14.02.07; EREsp (AgRg) 709.898, Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 01.08.06;
EREsp (AgRg) 623.967, Min. Castro Meira, DJ de 05.06.06).
O que se quer enfatizar - e esse foi a razão do pedido de vista - é que o art. 15 da
Lei 9.249/95, desde a sua edição, tratou de dispor sobre a alíquota aplicável às
hipótese nela tratadas levando em consideração, não a receita bruta da empresa
genericamente considerada, mas sim à proveniente de cada específica atividade por
ela desenvolvida. Aliás, o § 2º do artigo é enfático ao ressaltar:
"§ 2º No caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual
correspondente a cada atividade".
Essa circunstância certamente deve ser também considerada para os limites da
concessão do mandado de segurança.
Ora, no caso, conforme se depreende da inicial, o pedido foi assim formulado:
"Face ao exposto, requer-se a Vossa Excelência:
(...)
d) a procedência do pedido, reconhecendo a impetrante como sociedade civil
prestadora de serviços médico-hospitalares na área da urologia, realizando
procedimentos de LITOTRIPSIA, reconhecendo seu direito de ter os seus
serviços equiparados a serviços hospitalares e, consequentemente, seja
determinado os percentuais de 8% (oito por cento) no caso do IRPJ, e de
12% (doze por cento) no caso de CSLL, incidentes sobre a receita bruta
auferida para efeito de apuração da base de cálculo do lucro presumido dos
tributos acima explicitados;
(...)" (fl. 25)
O acolhimento desse pedido não pode ser na extensão sugerida por uma
interpretação literal do seus termos. Para ajustá-lo aos limites impostos pelas normas
antes referidas, há de se entender que a concessão da ordem é para reconhecer a
incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze
por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica
de prestação de serviços de litotripsia.
Esse o entendimento que, embora implícito nos votos proferidos, considerei
conveniente deixar explicitado.

Assim, para efeito de aplicação da redução prevista no artigo 15, § 1º, III, a, da Lei
9.249/95, deve-se levar em consideração a natureza de cada serviço prestado pelo
estabelecimento de saúde, e não a sua estrutura física. É de se ressaltar, porém, que o referido
julgado excluiu expressamente do âmbito de incidência da norma "as simples consultas
médicas", já que tais atividades não se identificariam com as prestadas no âmbito hospitalar,
mas nos consultórios médicos.
No caso, o Tribunal de origem, ao dar provimento à apelação da ora recorrida,
consignou expressamente que:
(...) a hipótese concreta encontra ressonância no paradigma da Seção, porquanto a
autora, segundo consta do contrato social (fl. 17), tem, como objeto, a prestação de
serviços na área de odontologia e radiologia odontológica, além de serviços de
atendimento em consultório médico (grifei).
Logo, tomando por base a premissa ora desenvolvida, tenho que a autora
enquadra-se no conceito de serviços hospitalares, sendo imperativa a reforma da
sentença objurgada, a fim de declará-la como prestadora de serviços
médico-hospitalares, garantindo-lhe, assim, a apuração da base de cálculo do IRPJ no
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Superior Tribunal de Justiça
percentual de 8%, na forma como preconizado nos art. 15, III, "a", da Lei 9.249/95.
(fls. 130)

A recorrente, em suas razões recursais, aduz essencialmente que a recorrida não presta
serviços hospitalares, na medida em que não é uma entidade hospitalar. Como visto, tal
orientação não é mais acolhida pelo STJ. Dessa forma, considerando as conclusões a que
chegou o acórdão recorrido em relação às atividades da recorrida, bem assim a orientação
firmada pela 1ª Seção do STJ acima referida, o recurso especial deve ser parcialmente
provido tão-somente para o fim de excluir da incidência do benefício fiscal as receitas
auferidas com a prestação de serviços de consultas.

2. Diante do exposto, dou parcial provimento ao recurso especial, nos termos da


fundamentação. É o voto.

Documento: 836522 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/09/2009 Página 7 de 8

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:22 Num. 1385462748 - Pág. 14
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA

Número Registro: 2007/0242689-1 REsp 996082 / PR

Número Origem: 200570050010580


PAUTA: 08/09/2009 JULGADO: 08/09/2009

Relator
Exmo. Sr. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro BENEDITO GONÇALVES
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. IVALDO OLÍMPIO DE LIMA
Secretária
Bela. BÁRBARA AMORIM SOUSA CAMUÑA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADORES : CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO
DEYSI CRISTINA DA 'ROLT E OUTRO(S)
RECORRIDO : ORTODIAGNOSE ODONTOLOGIA E MEDICINA S/S LTDA
ADVOGADO : NEIBAL BIER DA SILVA E OUTRO(S)
ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Impostos - IRPJ/Imposto de Renda de Pessoa Jurídica

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, deu parcial provimento ao recurso especial, nos termos do
voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Hamilton Carvalhido e Luiz Fux votaram com o
Sr. Ministro Relator.
Licenciada a Sra. Ministra Denise Arruda.

Brasília, 08 de setembro de 2009

BÁRBARA AMORIM SOUSA CAMUÑA


Secretária

Documento: 836522 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 21/09/2009 Página 8 de 8

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:22 Num. 1385462748 - Pág. 15
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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.469.737 - PR (2014/0178277-3)

RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS


RECORRENTE : CENTRO PONTAGROSSENSE DE ESPECIALIDADES
ODONTOLOGICAS S/S LTDA - MICROEMPRESA
ADVOGADOS : DANIEL PROCHALSKI
MARIA LUIZA BELLO DEUD E OUTRO(S)
RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL
AGRAVANTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
AGRAVADO : CENTRO PONTAGROSSENSE DE ESPECIALIDADES
ODONTOLOGICAS S/S LTDA
ADVOGADOS : DANIEL PROCHALSKI
MARIA LUIZA BELLO DEUD E OUTRO(S)
EMENTA

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL.


VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INEXISTÊNCIA. DEVIDO
ENFRENTAMENTO DAS QUESTÕES RECURSAIS. LEI
9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA.
CONDIÇÃO DA PRESTADORA DE "SERVIÇOS
HOSPITALARES". COMPROVAÇÃO. REEXAME. SÚMULA
7/STJ. AGRAVO DA FAZENDA NACIONAL PROVIDO.
RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO.
RECURSO ESPECIAL DA EMPRESA IMPROVIDO.

TRIBUTÁRIO. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM


BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. CONDIÇÃO DA
PRESTADORA DE "SERVIÇOS HOSPITALARES" APÓS O
ADVENTO DA ART. 29 DA LEI N. 11.727/2008.
NECESSIDADE LEGAL DA CONSTITUIÇÃO SOB A FORMA
DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA. RECURSO ESPECIAL
IMPROVIDO.

DECISÃO

Vistos.

Cuida-se de agravo interposto pela FAZENDA NACIONAL


contra decisão que obstou a subida de recurso especial também interposto por
CENTRO PONTAGROSSENSE DE ESPECIALIDADES ODONTOLOGICAS
S/S LTDA. – MICROEMPRESA em demanda na qual se discute o
enquadramento da empresa como prestadora de serviços hospitalares, para fins
de recolhimento do IRPJ e CSLL conforme percentuais reduzidos, estabelecidos
Documento: 39457455 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 13/10/2014 Página 1 de 12

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:22 Num. 1385462748 - Pág. 16
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Número do documento: 22110714591540700001373745930
Superior Tribunal de Justiça
pela Lei n. 9.249/95.

Os recursos especiais foram interpostos com fundamento no art.


105, inciso III, alíneas "a" e "c", da Constituição Federal, contra acórdão
proferido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região assim ementado:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ULTRA


PETITA. NULIDADE PARCIAL. IRPJ. CSLL. PRESCRIÇÃO. LEI
Nº 9.249/95. SERVIÇOS HOSPITALARES. ABRANGÊNCIA.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE. ATIVIDADES
DE ODONTOLOGIA. LEI Nº 11.727/08. SOCIEDADE
EMPRESÁRIA. REQUISITO NÃO PREENCHIDO. LIMITAÇÃO.
CORREÇÃO MONETÁRIA. SUCUMBÊNCIA.
1. Verificado que a sentença é ultra petita, cabível a sua
adequação para reduzi-la aos limites do pedido inicial.
2. O contrato social da empresa indica a ' Serviços
especializados em odontologia'.
3. Assim, nos termos da decisão proferida no REsp nº
951.251/PR, faz jus a demandante ao recolhimento do IRPJ e da
CSLL às alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, nos termos da
Lei nº 9.249/95 (arts. 15, § 1º, inciso III, alínea a, e 20, caput).
4. Em face da superveniente alteração na redação do inciso
II, alínea a, do artigo 15 da Lei 9.249/95, por força da Lei nº
11.727/08, passou-se a exigir, para a aplicação do percentual
reduzido, que a 'prestadora destes serviços seja organizada sob a
forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa'.
5. Hipótese em que a parte autora não comprovou se inserir
na categoria das sociedades empresárias, descumprido, pois, um
dos pressupostos legais para o acolhimento do pedido no ponto.
6. A atualização monetária do indébito incide desde a data do
pagamento indevido do tributo, nos termos da Súmula n.º 162 do
STJ, até a sua efetiva restituição ou compensação, mediante a
aplicação da taxa SELIC, a qual engloba juros e correção
monetária.
7. Consectários mantidos conforme fixados em sentença,
porquanto em conformidade com o entendimento da Turma.

Os embargos de declaração opostos pelas recorrentes foram


acolhidos em parte, tão somente para fins de prequestionamento (fl. 250, e-STJ).

Em seu recurso especial, a empresa recorrente alega que o acórdão


regional, ao consignar que a autora não comprovou se inserir na categoria das
sociedades empresárias, nos termos do art. 15, § 1º, III, "a", da Lei n. 9.249/1995,
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com a redação dada pela Lei n. 11.727/2008, negou vigência aos arts. 29 e 41,
VI, da Lei 11.727/2008; e 966 e 982 do Código Civil.

Sustenta, outrossim, a desnecessidade de configuração como


sociedade empresária para os fatos geradores ocorridos anteriormente a
1º.1.2009, data em que passou a produzir efeitos o precitado art. 29 da Lei n.
11.727/2008

Por sua vez a Fazenda Nacional afirma que o julgado violou o


artigo 535 do CPC por não ter discorrido sobre "o estrito teor do art. 15, par.1º,
inc.III, “a”, e do art. 20, da Lei n.9.249/95, bem como o disposto na IN SRF n.º
480, de 2004, c/c o ADI SRF n.º 118, de 2003, no item 3 da Parte II da RDC n.º
50, de 2002, e na Lei nº 11.727, de 2008, relativamente ao atendimento das
normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, bem como a
ausência de prova da realização de atividades hospitalares" (fls. 282/283,
e-STJ).

Afirma que, ao reconhecer tratar-se a agravada de empresa


prestadora de serviços hospitalares, incorreu em negativa de vigência aos
comandos normativos contidos nos arts. 15, § 1º, III, “a” e 20, da Lei n.9.249/95;
e 111 do CTN, porquanto "serviços hospitalares são aqueles prestados por
hospitais ou pronto-socorros – ou similares a esses – não se incluindo, aí, as
clínicas odontológicas" (fl. 284, e-STJ).

Defende, ainda, que a Corte regional "desconsiderou a necessidade


de comprovação mediante documento expedido pela vigilância sanitária
estadual ou municipal, para o exercício de serviços prestados no atendimento de
assistência à saúde da população, incluindo atividades de apoio ao diagnóstico
e terapia" (fl. 285, e-STJ).

Apresentadas as contrarrazões por ambas as partes (fls. 294/299 e


302/305, e-STJ), sobrevieram os juízos de admissibilidade positivo (fl. 318,
e-STJ) e negativo (fl. 313/314, e-STJ) na instância de origem, o que ensejou a
interposição de agravo (fls. 326/331, e-STJ).

Contraminuta do agravo às fls. 335/340, e-STJ.

É, no essencial, o relatório.

Cinge-se a controvérsia ao reconhecimento do direito da empresa


recorrente ao recolhimento do imposto de renda pessoa jurídica e da contribuição
social sobre o lucro líquido, no mesmo patamar exigido das entidades prestadoras
de serviços hospitalares, previsto nos arts. 15, § 1º, III, "a" (IRPJ) e 20 da Lei n.
9.249/95 (CSLL), antes das alterações introduzidas pela Lei n. 11.727/2008.
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RECURSO ESPECIAL DA EMPRESA

Extrai-se dos autos que o Tribunal de origem reconheceu, com base


na jurisprudência desta Corte Superior, tratar-se a recorrente de empresa
prestadora de serviços hospitalares, fazendo jus ao recolhimento do IRPJ e da
CSLL às alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, nos termos dos arts. 15, § 1º,
inciso III, alínea 'a', e 20, caput, da Lei n. 9.249/95, ressalvando que a redução de
alíquotas do IRPJ e da CSLL prevista na leislação não se refere a toda a receita
bruta da empresa genericamente considerada, mas apenas às receitas
provenientes da atividade específica sujeita ao benefício, afastadas as decorrentes
de meras consultas médicas e outras atividades que não digam respeito aos
serviços hospitalares.

Concluiu, ainda, que a autora não comprovou, portanto, se inserir


na categoria das sociedades empresárias, descumprido, pois, um dos pressupostos
legais para o acolhimento do pedido em relação ao período posterior à vigência
da Lei n. 11.727/2008.

É o que se infere da leitura do seguinte excerto do voto condutor do


acórdão recorrido (fls. 226/227, e-STJ):

"Período posterior à vigência da Lei nº 11.727/08

Com relação ao período posterior, em face da superveniente


alteração na redação do inciso II, alínea 'a', do artigo 15 da Lei
9.249/95, por força da Lei nº 11.727/08, passou-se a exigir, para a
aplicação do percentual reduzido, que a 'prestadora destes
serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e
atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
Anvisa'.
Conforme se depreende da legislação em vigor, somente as
sociedades organizadas sob a forma de sociedade empresária é
que estão abrangidas pela base minorada.
A autora, contudo, é sociedade simples (evento 1 - CONTR3).
Veja-se que o Novo Código Civil dividiu as sociedades em
duas categorias, as sociedades empresárias e as sociedades
simples (não empresárias). A sociedade empresária é a que exerce
atividade econômica organizada e habitual, para a produção ou a
circulação de bens ou serviços. Já a sociedade simples é a que
exerce atividade econômica de natureza intelectual, científica,
literária ou artística (arts. 966 e 982 do CC). Acrescente-se, ainda,
que, nos termos dos artigos 982 e 967, é obrigatória a inscrição da
sociedade empresária no Registro Público de Empresas Mercantis
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da respectiva sede, para que se possa considerar a sociedade como
empresária.
Não há falar, assim, na inconstitucionalidade da referida
exigência, conforme pacífico entendimento desta Corte. Acerca do
tema, o julgado desta Turma, verbis:
TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSSL. BASE DE CÁLCULO.
REDUÇÃO. SERVIÇOS HOSPITALARES. ABRANGÊNCIA. ART.
15, § 1º, III, 'A' DA LEI Nº 9.249/95. LEI N° 11.727/08. (...) 1.
Entende- se por serviços hospitalares aqueles que estão
relacionados às atividades desenvolvidas nos hospitais, ligados
diretamente à promoção da saúde, essencial à população, nos
termos do art. 6º da Constituição Federal, podendo ser prestados
no interior do estabelecimento hospitalar, mas sem esta
obrigatoriedade. Precedentes da Primeira Seção do STJ. 2. As
empresas que prestam serviços hospitalares têm direito a recolher
o Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ no percentual de 8% e
a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL no percentual
de 12% sobre a renda bruta auferida na atividade específica de
prestação de serviços de tratamento, nos termos do artigo 15, § 1º,
III, alínea 'a', da Lei nº 9.249/95, inclusive com a alteração
introduzida pela Lei nº 11.727/2008. 3. Em face da superveniente
alteração na redação do inciso II, alínea 'a', do artigo 15 da Lei nº
9.249/95, por força da Lei nº 11.727/08, passou-se a e xigir, para a
aplicação do percentual reduzido, que 'a prestadora destes
serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e
atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
Anvisa'. 4. Hipótese em que a autora comprovou inserir-se na
categoria de sociedade empresária somente a partir de 20-
11-2011, conforme alteração contratual e inscrição na Junta
Comercial, merecendo parcial reforma a sentença no ponto, para o
fim de restringir a restituição do tributo entre a entrada em vigor
da Lei nº 11.727/2008 e esta data. (...) (grifos) (AC nº 5001128-
32.2012.404.7200/SC, Rel. Juíza Federal CLÁUDIA MARIA
DADICO, 2ª T., un., j. 24-07-2012)

Deve, portanto, no caso, a sentença ser parcialmente


reformada no tópico, por força de reexame necessário, para o fim
de afastar a declaração de inconstitucionalidade de tal exigência,
mantendo-se o critério de que a requerente, a partir da edição da
referida Lei nº 11.727/08, enquadre-se como sociedade
empresária, isto é, mantido o requisito 'desde que a prestadora
destes serviços seja organizada sob a forma empresária' previsto
no art. 15, § 1º, III, a, da Lei nº 9.249/1995, com a redação dada
pela Lei nº 11.727, de 2008."
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Das razões acima expendidas, verifica-se que o Tribunal a quo


decidiu de acordo com jurisprudência desta Corte a qual orienta que, a partir de
1.1.2009, exige-se a constituição da prestadora de serviços sob a forma de
sociedade empresária. Confira-se:

"RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. LEI 9.249/95. IRPJ E


CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. CONDIÇÃO DA
PRESTADORA DE "SERVIÇOS HOSPITALARES" APÓS O
ADVENTO DA ART. 29 DA LEI N. 11.727/2008. NECESSIDADE
LEGAL DA CONSTITUIÇÃO SOB A FORMA DE SOCIEDADE
EMPRESÁRIA.
1. Este Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso
representativo da controvérsia (REsp. n. 1.116.399 - BA, Primeira
Seção, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 28.10.2009)
entendeu por elastecer o conceito de "serviços hospitalares"
previsto no art. 15, §1º, III, "a", da Lei n. 9.249/95, para abranger
também serviços não prestados no interior do estabelecimento
hospitalar e que não impliquem em manutenção de estrutura para
internação de pacientes.
2. No entanto, para os fatos geradores ocorridos após a
produção de efeitos do art. 29, da Lei n. 11.727/2008 (a partir de
01.01.2009 - art. 41, VI, da Lei n. 11.727/2008), devem ser
prestigiadas as alterações efetuadas no art. 15, §1º, III, "a", da Lei
9.249/95, a saber: a exigência da constituição da prestadora de
serviços sob a forma de sociedade empresária. Precedente: REsp.
n. 1.369.763 - RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell
Marques, julgado em 18.06.2013.
3. Recurso especial não provido."
(REsp 1.449.067/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/5/2014, REPDJe
22/8/2014, DJe 26/5/2014.)

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA


NACIONAL

Atendidos os pressupostos de admissibilidade do agravo, passo ao


exame do recurso especial.

Não há a alegada violação do art. 535 do CPC, pois a prestação


jurisdicional foi dada na medida da pretensão deduzida, como se depreende da
leitura do acórdão recorrido, que enfrentou, motivadamente, os temas abordados
no recurso de apelação, ora tidos por omitidos.

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O Tribunal de origem ainda cuidou de refutar a existência da
alegada omissão, conforme se extrai do trecho do voto do acórdão que apreciou
os embargos (fl. 249, e-STJ):

"Da mesma forma, não procedem os aclaratórios


apresentados pela União. Os embargos de declaração não são o
remédio processual adequado para o reexame dos fundamentos da
decisão. Conforme constou no voto condutor, o novo
posicionamento do STJ entende que o que deve ser analisado é a
natureza da atividade desempenhada, e não a capacidade de
realizar internação de paciente de acordo com a sua estrutura ou
comprovação de custos diferenciados na prestação dos serviços,
que justificassem a obtenção do benefício fiscal. (destaquei)
Ademais, consta do auto de constatação efetuado por oficial
(evento 13 - CERT1) que os serviços prestados constituem-se de
atendimento odontológico em clinica geral, pediatria,
implantodontia, periodontia, prótese dentaria, ortodontia e
ortopedia facial, incluindo cirurgias, estas realizadas em três
áreas: cirurgias buco-maxilo-facial (dentes inclusos), cirurgias em
periodontia (gengivas) e cirurgia de implantodontia (implantes e
enxertos ósseos)."

Vê-se, pois, na verdade, que no presente caso a questão não foi


decidida conforme objetivava a recorrente, uma vez que foi aplicado
entendimento diverso.

É sabido que o juiz não fica obrigado a manifestar-se sobre todas as


alegações das partes, nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas ou a
responder, um a um, a todos os seus argumentos, quando já encontrou motivo
suficiente para fundamentar a decisão, o que de fato ocorreu.

Ressalte-se, ainda, que cabe ao magistrado decidir a questão de


acordo com o seu livre convencimento, utilizando-se dos fatos, provas,
jurisprudência, aspectos pertinentes ao tema e da legislação que entender
aplicável ao caso concreto.

Nessa linha de raciocínio, o disposto no art. 131 do Código de


Processo Civil:

"Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos


fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não
alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos
que lhe formaram o convencimento."

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Em suma, nos termos de jurisprudência pacífica do STJ, o
magistrado não é obrigado a responder todas as alegações das partes se já tiver
encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem é obrigado a
ater-se aos fundamentos por elas indicados, como ocorreu no caso ora em apreço.

Nesse sentido, ainda, os precedentes:

"PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL. SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE
ÁGUA. CEDAE. ART. 535, II DO CPC. AUSÊNCIA DE
OMISSÃO. INSTALAÇÃO DE HIDRÔMETRO E COBRANÇA
POR ESTIMATIVA. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULA 211/STJ. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
RESPONSABILIDADE CIVIL. REVISÃO DO JULGADO.
NECESSIDADE DE REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.
1. O Tribunal de origem apreciou fundamentadamente a
controvérsia, não padecendo o acórdão recorrido de qualquer
omissão, contradição ou obscuridade, razão pela qual não há que
se falar em violação ao art. 535 do CPC.
2. É inadmissível Recurso Especial quanto a matéria que
não foi apreciada pelo Tribunal de origem, a despeito da oposição
de Embargos Declaratórios - Súmula 211/STJ.
(...)
4. Agravo Regimental desprovido."
(AgRg no AREsp 281.621/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO
NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em
19/3/2013, DJe 3/4/2013.)

"AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.


RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. NEGATIVA DE
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA.
ILEGITIMIDADE ATIVA. REEXAME DE PROVAS. ÓBICE DA
SÚMULA 7/STJ.
1. Inocorrência de maltrato ao art. 535 do CPC quando o
acórdão recorrido, ainda que de forma sucinta, aprecia com
clareza as questões essenciais ao julgamento da lide, não estando
magistrado obrigado a rebater, um a um, os argumentos deduzidos
pelas partes.
(...)
3. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO."
(AgRg nos EDcl no REsp 1.353.405/SP, Rel. Ministro
PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA,
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julgado em 2/4/2013, DJe 5/4/2013.)

"AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. INEXISTÊNCIA. CONTRATO
DE REPRESENTAÇÃO COMERCIAL. RESCISÃO. ART. 42, § 3º,
DA LEI Nº 4.886/65. INDENIZAÇÃO. CABIMENTO. REEXAME
DE PROVAS. SÚMULA Nº 7/STJ.
1. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional se o
tribunal de origem motiva adequadamente sua decisão,
solucionando a controvérsia com a aplicação do direito que
entende cabível à hipótese, apenas não no sentido pretendido pela
parte.
(...)
3. Agravo regimental não provido."
(AgRg no REsp 1.296.089/SP, Rel. Ministro RICARDO
VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em
21/3/2013, DJe 3/4/2013.)

Em consonância com o entendimento jurisprudencial do STJ, o


Tribunal de origem reconheceu que no julgamento do REsp 951.251/PR, a
Primeira Seção pacificou a controvérsia relativa à abrangência da expressão
"serviços hospitalares".

Consignou, que "o novo posicionamento do STJ entende que o que


deve ser analisado é a natureza da atividade desempenhada, e não a capacidade
de realizar internação de paciente de acordo com a sua estrutura ou
comprovação de custos diferenciados na prestação dos serviços, que
justificassem a obtenção do benefício fiscal" (fl. 225, e-STJ).

Com efeito, tal entendimento foi reiterado em sede de recurso


repetitivo (art. 543-C do CPC), por ocasião do julgamento do REsp
1.116.399/BA, cuja ementa ostenta o seguinte teor:

"DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO.


RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 535 e 468 DO
CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E
CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA
EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO
OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA
DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO
RECENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO
REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC.
1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da
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expressão 'serviços hospitalares' prevista na Lei 9.429/95, para
fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL.
Discute-se a possibilidade de, a despeito da generalidade da
expressão contida na lei, poder-se restringir o benefício fiscal,
incluindo no conceito de 'serviços hospitalares' apenas aqueles
estabelecimentos destinados ao atendimento global ao paciente,
mediante internação e assistência médica integral.
2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da
relatoria do eminente Ministro Castro Meira, a 1ª Seção,
modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do
pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão
'serviços hospitalares', constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da
Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob
a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto
a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a
característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério
subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência
à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que os
regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos
dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os
contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a
exemplo da necessidade de manter estrutura que permita a
internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a
conclusão de que 'a dispensa da capacidade de internação
hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se
mostra irrelevante para tal intento as disposições constantes em
atos regulamentares'.
3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares
'aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos
hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde', de sorte
que, 'em regra, mas não necessariamente, são prestados no
interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples
consultas médicas, atividade que não se identifica com as
prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos'.
4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei
11.727/08 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à
sua vigência, bem como de que a redução de alíquota prevista na
Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa
contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela
da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita
ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos
termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95.
5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a
empresa recorrida presta serviços médicos laboratoriais (fl.. 389),
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atividade diretamente ligada à promoção da saúde, que demanda
maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes
hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas
médicas, motivo pelo qual, segundo o novel entendimento desta
Corte, faz jus ao benefício em discussão (incidência dos
percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12%
(doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida
pela atividade específica de prestação de serviços médicos
laboratoriais).
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de
controvérsia, submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da
Resolução 8/STJ.
7. Recurso especial não provido."
(REsp 1.116.399/BA, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe
24/2/2010.)

O Tribunal de origem, soberano na análise das circunstâncias


fáticas e probatórias da causa, afirmou que "o contrato social refere que a autora
desenvolve atividades de 'Serviços especializados em odontologia' (evento 1 -
CONTR3), o que é corroborado pelas demais provas dos autos" (fl. 224, e-STJ).

Acrescentou, por ocasião da apreciação dos embargos de declração


que "consta do auto de constatação efetuado por oficial (evento 13 - CERT1)
que os serviços prestados constituem-se de atendimento odontológico em clinica
geral, pediatria, implantodontia, periodontia, prótese dentaria, ortodontia e
ortopedia facial, incluindo cirurgias, estas realizadas em três áreas: cirurgias
buco-maxilo-facial (dentes inclusos), cirurgias em periodontia (gengivas) e
cirurgia de implantodontia (implantes e enxertos ósseos)" (fl. 249, e-STJ).

Com efeito, a modificação do julgado quanto ao preenchimento dos


requisitos legais demandaria incursão na seara fática dos autos, o que encontra
inafastável óbice na Súmula 7/STJ.

Neste sentido:

"PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO


FISCAL. CDA. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS.
REVISÃO. SÚMULA 7/STJ. SELIC. INCIDÊNCIA EM RELAÇÃO
AOS CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS NO ÂMBITO FEDERAL.
1. O Tribunal a quo consignou que a CDA preenche os
requisitos legais e que a agravante não se desincumbiu do ônus de
afastar a respectiva presunção de liquidez e certeza (fundamento,
este último, que não foi impugnado no apelo nobre).
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2. A revisão do entendimento acima não demanda a
interpretação de lei federal, mas incursão no acervo probatório
dos autos, o que esbarra no óbice da Súmula 7/STJ.
(...)
5. Agravo Regimental não provido."
(AgRg no REsp 1.425.631/RS, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 27/3/2014, DJe
15/4/2014.)

DISPOSITIVO

Ante o exposto, com fundamento no art. 544, § 4º, inciso II, alínea
"a", do CPC, conheço do agravo da FAZENDA NACIONAL para negar-lhe
provimento e, com fundamento no art. 557, caput , do CPC, nego provimento ao
recurso especial.

Publique-se. Intimem-se.

Brasília (DF), 30 de setembro de 2014.

MINISTRO HUMBERTO MARTINS


Relator

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.511.569 - PR (2015/0013583-5)

RELATOR : MINISTRO BENEDITO GONÇALVES


RECORRENTE : CLÍNICA ODONTO-MÉDICA SUMIKAWA LTDA
ADVOGADOS : DANIEL PROCHALSKI
MARIA LUIZA BELLO DEUD E OUTRO(S)
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
RECORRIDO : OS MESMOS
EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSOS ESPECIAIS.


VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC INOCORRENTE . IRPJ E CSLL. BASE
DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS
HOSPITALARES". ENTENDIMENTO PACIFICADO PELA PRIMEIRA
SEÇÃO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO N. 1.116.399-BA. LEI.
11.727/2008. CONDIÇÃO. CONSTITUIÇÃO SOB A FORMA DE
SOCIEDADE EMPRESÁRIA. RECURSOS ESPECIAIS AOS QUAIS SE
NEGA PROVIMENTO.

DECISÃO

Trata-se de recursos especiais interpostos por CLÍNICA ODONTO-MÉDICA


SUMIKAWA LTDA e pela FAZENDA NACIONAL, com fundamento nas alíneas "a" e “a" e
"c", respectivamente, ambos do permissivo constitucional, contra acórdão proferido pelo
Tribunal Regional da Quarta Região, assim ementado (fl. 332):
TRIBUTÁRIO. PRESCRIÇÃO. IRPJ. CSLL. REDUÇÃO DE ALÍQUOTAS. LEI Nº
9.249/95. LEI 11.727/98. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES.
1. A Primeira Seção do E. STJ, no REsp nº 1.269.570, submetido ao regime dos
recursos repetitivos, decidiu pela aplicação do disposto no art. 3º da LC nº 118/2005,
que reduziu o lapso temporal de 10 para 5 anos, somente às ações ajuizadas a partir de
09/06/2005, acompanhando o entendimento consolidado pelo Plenário do E. STF no
julgamento do RE 566.621.
2. Os artigos 15, § 1º, III, 'a' e 20, da Lei nº 9.249/1995, prevêem a redução da base de
cálculo do IRPJ e da CSSL para as prestadoras de serviços hospitalares.
3. O Superior Tribunal de Justiça pronunciou-se no sentido de que o benefício fiscal
previsto na Lei nº 9.249/95 deve ser concedido de forma objetiva, a empreendimentos
'relacionados às atividades desenvolvidas nos hospitais, ligados diretamente à
promoção da saúde, podendo ser prestados no interior do estabelecimento hospitalar,
mas não havendo esta obrigatoriedade' (RESP nº 951.251).
4. A jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de que a redução da base de
cálculo do IRPJ e da CSLL não inclui as consultas médicas, visto que somente os
serviços especializados de saúde, com custos diferenciados, inserem-se no conceito de
serviços hospitalares.
5. A partir da data da vidência da Lei 11.727, de 2008, apenas as sociedades
empresarias fazem jus ao benefício previsto na Lei 9.249/95.
Os embargos declaratórios foram parcialmente providos, apenas para fins de
prequestionamento (fls. 356-362).
Nas razões do recurso especial, a parte autora aponta, além divergência jurisprudencial,

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ofensa aos arts. 29, 41, VI, da Lei 11.727/08; 966 e 982 do Código Civil; 165 e 168, I do CTN.
Para tanto, sustenta desnecessidade de configuração como sociedade empresária para dos fatos
geradores ocorridos a partir de 1/1/2009.
A Fazenda Nacional, por sua vez, alega, preliminarmente, violação do artigo 535, inciso
II, do CPC, ao argumento de que a Corte de origem deixou de se manifestar a respeito de artigos
indispensáveis para o deslinde do feito.
Quanto ao mérito, afirma que o aresto recorrido incorreu em violação dos arts. 15, § 1º,
III, "a", e 20 da Lei 9.249/95; à Lei 11.727/2008; 111 do CTN. Assevera, em síntese, que o
acórdão recorrido alargou indevidamente o benefício legal, o qual deve ser interpretado
restritivamente, sob pena de haver redução do imposto devido.
Contrarrazões às fls. 404-408 e 411-417.
Decisão positiva de admissibilidade, à fl. 438, quanto ao recurso especial da parte
autora. O recurso especial da Fazenda Nacional teve juízo negativo de admissibilidade (fls
442-443). Por força da decisão de fl. 471, foi determinada a reautuação do respectivo agravo
como recurso especial.
É o relatório. Passo a decidir.
Inicialmente, registra-se que "[a]os recursos interpostos com fundamento no CPC/1973
(relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de
admissibilidade na forma nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (Enunciado Administrativo n. 2, aprovado pelo
Plenário do Superior Tribunal de Justiça em 9/3/2016)". No caso, o recurso foi interposto em
10/10/2014 e 18/11/2014 (fls. 366 e 387), na vigência do CPC/1973.
Adiante, deve ser rejeitada a alegada violação do art. 535, II, do CPC, uma vez que o
acórdão recorrido está devidamente fundamentado. A jurisprudência desta Corte é uníssona no
sentido de que o julgador não está adstrito a responder a todos os argumentos das partes, desde
que fundamente sua decisão, uma vez que não se vislumbra omissão no acórdão recorrido capaz
de tornar nula a decisão impugnada no apelo especial. A Corte de origem apreciou a demanda de
modo suficiente, pronunciando-se acerca de todas as questões relevantes ao deslinde da
controvérsia.
Quanto ao mérito, nos termos relatados, a controvérsia presente nos recursos especiais
reside na discussão a respeito da forma de interpretação da expressão "serviços hospitalares"
prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL,
preconizada pelo artigo 15, § 1º, inciso III, alínea "a", com redação dada pela Lei 11.727/2008,
combinado com o artigo 20 da mesma lei.
O recurso especial n. 1.116.399-BA, por ser representativo da matéria em discussão, foi
considerado recurso repetitivo e submetido ao regime de julgamento previsto pelo artigo 543-C
do Código de Processo Civil, tendo sido julgado pela Primeira Seção, por acórdão publicado no
DJE do dia 28/10/2009, assim ementado:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL.
VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS.
LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO
DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO
OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA
INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO.
RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC.
1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços
hospitalares" prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota
do IRPJ e da CSLL. Discute-se a possibilidade de, a despeito da generalidade da

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expressão contida na lei, poder-se restringir o benefício fiscal, incluindo no conceito
de "serviços hospitalares" apenas aqueles estabelecimentos destinados ao atendimento
global ao paciente, mediante internação e assistência médica integral.
2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente Ministro
Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do
pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços
hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser
interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo
contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a
característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza
do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou
consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos
dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os contribuintes
cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter
estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a
conclusão de que "a dispensa da capacidade de internação hospitalar tem supedâneo
diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento as
disposições constantes em atos regulamentares".
3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às
atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde",
de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que
não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios
médicos".
4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às
demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de
alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa
contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela da receita
proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal,
desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei
9.249/95.
5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta
serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada à promoção da
saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes
hospitalares ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo
pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em
discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de
12% (doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade
específica de prestação de serviços médicos laboratoriais).
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao
regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
7. Recurso especial não provido.
Posteriormente, a partir da vigência da Lei 11.727/08 esta Corte Superior firmou
entendimento de que, relativamente à da inovação legislativa por ela trazida, quando à forma de
organização dos prestadores de serviços hospitalares, o contribuinte deve estar organizado sob a
forma de sociedade empresária para que possam apurar o IRPJ e a CSLL aplicando as alíquotas
diferenciadas (REsp 1369763/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 18/06/2013, DJe 24/06/2013; AgRg no REsp 1382586/RS,
Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 8/09/2015, acórdão
pendente de publicação).
A propósito, confira-se:

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TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. LUCRO PRESUMIDO. PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS HOSPITALARES. BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. LEI
11.727/2008. REQUISITO SUBJETIVO. ORGANIZAÇÃO SOB A FORMA DE
SOCIEDADE EMPRESÁRIA. LEGALIDADE DA EXIGÊNCIA.
1. De acordo com a inovação instituída pela Lei 11.727/2008, os prestadores de
serviços hospitalares devem ser organizados sob a forma de sociedade empresária
para que possam apurar o IRPJ e a CSLL, na sistemática do lucro presumido, com
base no percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente.
2. A jurisprudência do STJ reconhece a plena aplicabilidade desse requisito subjetivo
aos fatos geradores ocorridos após o início da produção dos efeitos da norma em
questão (REsp 1.449.067/RS, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, REPDJe 22.8.2014, DJe
26.5.2014; AgRg no REsp 1.475.062/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda
Turma, DJe 17.11.2014).
3. Agravo Regimental não provido.
(AgRg no REsp 1506187/PR, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 12/05/2015, DJe 30/06/2015)
No caso concreto, verifico que o Tribunal de origem consignou que a recorrente
enquadra-se como prestadora de serviços hospitalares, para os fins do art. 15, §1º, III, a, e 20 da
Lei nº 9.249/95, tendo assim direito à redução da base de cálculo, limitando, contudo, aos
seguintes fatos geradores: (I) entre 19/10/2004 (termo inicial considerando a prescrição
quinquenal ora reconhecida) até 1º de janeiro de 2009 (data em que a redução da base de cálculo
do IRPJ e da CSLL passou a ficar restrita a sociedades empresárias); (II) tendo em vista a
alteração contratual (evento 2, CONTRATO SOCIAL 2), e considerando que a parte autora está
organizada sob a forma de sociedade empresária, consoante estabelecido pela Lei nº 11.727/08,
é reconhecido também o direito a partir de 28/01/2014 (data do registro da alteração contratual
na Junta Comercial).
A propósito, destaca-se o seguinte excerto do voto condutor do acórdão recorrido (fls.
324-330):
Mérito
A parte autora pretende o reconhecimento do direito ao recolhimento do IRPJ e CSLL
sob as alíquotas 8% e 12%, respectivamente, conforme os artigos 15 e 20 da Lei n.º
9.249/95.
Os artigos 15 § 1º, III, 'a' e 20 da Lei 9.249, de 1995, excetuam a incidência da base de
cálculo de 32% sobre as atividades consideradas como de prestação de 'serviços
hospitalares'.
A controvérsia observada na jurisprudência quanto ao âmbito de abrangência da
expressão 'serviços hospitalares', restou pacificada pela Primeira Seção do STJ, no
julgamento do REsp 951.251-PR, de relatoria do Ministro Castro Meira, sob o
entendimento de que envolvem atividades de promoção à saúde, que possuam custos
diferenciados do simples atendimento médico, sem, contudo, decorrerem estes
necessariamente da internação de pacientes.
[...]
Posteriormente, o Superior Tribunal de Justiça apreciou o REsp 1.116.399/BA, como
representativo da controvérsia, nos termos do art. 543-C, § 1.º, do CPC, e corroborou
o entendimento que já vinha sendo adotado, no sentido de que 'devem ser
considerados serviços hospitalares 'aqueles que se vinculam às atividades
desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde', de sorte
que, 'em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento
hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica

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com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos'.
[...]
Assim, a redução do tributo deve ter em conta a natureza do serviço, essencial à
população por estar ligado à garantia do direito fundamental à saúde.
Tal entendimento é perfeitamente aplicável na presente hipótese, uma vez que o
objeto social da autora está intimamente ligado à prestação de serviços hospitalares. O
fato de a demandante não realizar serviço de internação não descaracteriza a natureza
do serviço por ela prestado, qual seja, serviço vinculado à saúde humana.
No caso, as atividades desenvolvidas pela apelante se dirigem à promoção da saúde,
com custos e estrutura diferenciados do simples atendimento médico. O contrato
social juntado aos autos demonstra que a sociedade tem por objeto 'a prestação de
serviços de odontologia e medicina em geral.' (evento 2, ANEXOS DA PETIÇÃO
INICIAL 5).
Além disso, as atividades exercidas pela autora foram verificadas in loco. Retiro os
seguintes excertos da Certidão elaborada pelo oficial de justiça (evento 2,
MANDADO 12):
'(...) Trata-se de uma clínica de Odontologia pediátrica e Médica Oftalmológica. A
área de Odontologia é atendida pela Dra. Inês Midori Abe Sumikawa, e atua no
atendimento pediátrico de procedimentos gerais de odontologia, desde consultas,
tratamentos, restaurações, até cirurgias diversas de correção na cavidade oral. Não
atua na área de ortodontia. A área de medicina oftalmológica é atendida pelo Dr.
Jorge Hiroyuki Sumikawa, atuando no diagnóstico oftalmológico, como consultas,
indicações e tratamento, incluindo cirurgias de correção.'
Como se vê, são realizados procedimentos de odontologia e oftalmologia, incluindo
cirurgias.
No âmbito desta Corte, as Turmas de direito tributário vem reconhecendo que a
prestação de serviços odontológicos diferenciados, tais como realização de cirurgias
ortognáticas, ortodontia e ortopedia facial, faz jus à alíquota de 8% e 12%:
[...]
Assim, revendo meu posicionamento anterior quanto à prestação de serviços
odontológicos, no caso de serviços diferenciados, entendo que fazem jus à alíquota de
8% e 12%.
Assim, nos casos em que a empresa tenha por objeto serviços que por sua natureza
possuam custos diferenciados do simples atendimento médico, sem decorrerem estes
necessariamente da internação de pacientes (REsp 951.251), a base de cálculo do
Imposto de Renda deve ser de 8% e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
deve ser de 12%, conforme o estabelecido na Lei 9.249 de 1995.
Reitera-se que a jurisprudência do STJ consolidou-se no sentido de que a redução da
base de cálculo do IRPJ e da CSLL não inclui as consultas médicas. A extensão do
provimento limita-se à renda obtida com serviços que por sua natureza possam ser
equiparados a serviços hospitalares. A este respeito destaco o seguinte acórdão:
[...]
Dessa forma, os percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze
por cento), no caso de CSLL, somente tem incidência sobre a receita bruta auferida
pelas atividades que se enquadram no conceito de serviços hospitalares. Sobre o valor
das consultas a base de cálculo deve ser no percentual de 32%.
Alterações trazidas pela Lei 11.727 (DOU 24/06/2008)
A Lei 11.727/2008, que passou a produzir efeitos a partir de 01/01/2009, alterou o
artigo 15, III, 'a' da Lei nº 9.249, de 1995, ampliando as atividades sujeitas ao
recolhimento de IRPJ e CSLL calculados pelas alíquotas de 8% e 12 %, e passou-se a
exigir, para a aplicação do percentual reduzido, que a prestadora dos serviços seja
organizada sob a forma (e-STJ Fl.328) Documento recebido eletronicamente da

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origemde sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária - Anvisa.
[..]
Conforme se depreende da legislação em vigor, somente as sociedades organizadas
sob a forma de sociedade empresária é que estão abrangidas pela base minorada.
Outrossim, não há falar na inconstitucionalidade da referida exigência, conforme
entendimento do Superior Tribunal de Justiça e desta Corte.
[...]
A sociedade constituiu-se, inicialmente, como sociedade civil por quotas de
responsabilidade limitada, com contrato social datado de 26/03/1997 e registrado no
Registro Civil das Pessoas Jurídicas de Ponta grossa/PR (evento 2, ANEXOS DA
PETIÇÃO INICIAL 5).
Posteriormente, o contrato social da autora foi alterado, em 2014, conforme se
verifica na 'Segunda Alteração do Contrato Social', constando na cláusula primeira 'A
sociedade, que era simples limitada, transforma sua natureza para sociedade
empresária do tipo limitada nos termos do art. 982 da Lei nº 10.406/2002, passando
todos os seus documentos e atos a ser registrados na Junta Comercial.' (evento 2,
CONTRATO SOCIAL 2).
Neste aspecto, comprova a autora que está organizada sob a forma de sociedade
empresária, com registro na Junta Comercial do Paraná em 28/01/2014, conforme
certificado no contrato.
Assim, observo que deve ser reconhecido à autora o direito ao recolhimento do IRPJ e
CSLL nos termos da Lei 9.249, entre 19/10/2004 (termo inicial considerando a
prescrição quinquenal ora reconhecida) até 1º de janeiro de 2009 (data em que a
redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL passou a ficar restrita a sociedades
empresárias). E, tendo em vista a alteração contratual (evento 2, CONTRATO
SOCIAL 2), e considerando que a demandante está organizada sob a forma de
sociedade empresária, consoante estabelecido pela Lei nº 11.727/08, é reconhecido
também o direito a partir de 28/01/2014 (data do registro da alteração contratual na
Junta Comercial).
Por fim, no que se refere ao atendimento às normas da ANVISA, esta Corte tem se
posicionado no sentido de que a lei revela-se bastante genérica e não define
exatamente a quais normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária o
contribuinte deve obedecer e, sendo assim, o julgador deve interpretar a exigência
levando em conta a finalidade da norma de garantir tributação privilegiada aos
estabelecimentos que prestam serviços voltados à promoção da saúde. Nesse sentido,
destaco trecho do voto proferido no julgamento da apelação nº
5000508-33.2011.404.7110/RS, de relatoria do Des. Federal Jorge Antônio Maurique,
em 12-12-2012:
Dessa forma, o acórdão recorrido não merece reforma, pois está em conformidade com
a jurisprudência desta Corte.
Ante o exposto, nego provimento aos recursos especiais.
Publique-se. Intimem-se.

Brasília, 30 de maio de 2016.

Ministro BENEDITO GONÇALVES


Relator

Documento: 61520372 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 03/06/2016 Página 6 de 6

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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.571.598 - RS (2015/0306570-0)

RELATORA : MINISTRA REGINA HELENA COSTA


RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
RECORRIDO : CLINICA ODONTOLOGICA RAUBER LTDA.
ADVOGADO : LOURENÇO GASPARIN E OUTRO(S)

DECISÃO

Vistos.
Trata-se de Recurso Especial interposto pela FAZENDA
NACIONAL, contra acórdão prolatado, por unanimidade, pela 2ª Turma
do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, assim ementado (fl. 162e):

TRIBUTÁRIO. AÇÃO ORDINÁRIA. IRPJ. CSLL.


PRESCRIÇÃO. LEI Nº 9.249/95. SERVIÇOS
HOSPITALARES. ABRANGÊNCIA. PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS NA ÁREA DA SAÚDE. SERVIÇOS DE
RADIOLOGIA ODONTOLÓGICO E ORTODONTIA. LEI Nº
11.727/08. SOCIEDADE EMPRESÁRIA. REQUISITOS
LEGAIS. PREENCHIMENTO. COMPENSAÇÃO.
CORREÇÃO MONETÁRIA.
1. Limitando-se o pedido ao período quinquenal que
antecedeu ao ajuizamento da ação, não há se falar em
prescrição.
2. O contrato social da empresa indica a prestação de
serviços de odontologia e os demais elementos carreados
dão conta da prestação de serviços de radiologia e
aparelhos odontológicos.
3. Assim, nos termos da decisão proferida no REsp nº
951.251/PR, faz jus a demandante ao recolhimento do IRPJ
e da CSLL às alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, nos
termos da Lei nº 9.249/95 (arts. 15, § 1º, inciso III, alínea a,
e 20, caput).
4. Em face da superveniente alteração na redação do inciso
II, alínea a, do artigo 15 da Lei 9.249/95, por força da Lei nº
11.727/08, passou-se a exigir, para a aplicação do
percentual reduzido, que a 'prestadora destes serviços seja
organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda
às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
Anvisa'.
5. Hipótese em que a impetrante comprovou estar
constituída na forma de sociedade empresária antes mesmo
do advento da Lei n. 11.727/2008.
6. Quanto à necessidade de observância às normas da
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ANVISA, cumpre referir que a lei revela-se bastante
genérica neste ponto e não estabelece, especificamente, as
quais normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária o
contribuinte deve obedecer. Por outro lado, a empresa está
em pleno funcionamento e não há qualquer indicação nos
autos de que a autora não atenda às normas da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária, de modo que considero
restar preenchido também este requisito.
7. A compensação deverá ser efetuada após o trânsito em
julgado da decisão (art. 170-A do CTN), na forma do
disposto no art. 74 da Lei n.º 9.430/96 e alterações
posteriores.
8. A atualização monetária do indébito incide desde a data
do pagamento indevido do tributo, nos termos da Súmula n.º
162 do STJ, até a sua efetiva restituição ou compensação,
mediante a aplicação da taxa SELIC, a qual engloba juros e
correção monetária.
9. Honorários fixados em 5% do valor da condenação, haja
vista a sucumbência significativa da parte autora, que teve o
direito vindicado limitado às receitas de serviços de
radiologia e aparelhos odontológicos.

Opostos embargos de declaração, foram rejeitados (fls.


180/182e).
Com amparo no art. 105, III, a, da Constituição da
República, a Recorrente aponta ofensa a dispositivos, alegando, em
síntese, que:
1. Art. 535 do Código de Processo Civil – o Tribunal de
origem omitiu-se ao rejeitar os embargos opostos, não
se pronunciando sobre as questões federais suscitadas;
2. Arts.15, § 1º, III, a, e 20 da Lei n. 9.249/95 480 a 482 do
Código de Processo Civil – O v. acórdão recorrido, no
entanto, desconsiderou a necessidade de comprovação
mediante documento expedido pela vigilância sanitária
estadual ou municipal, para o exercício de serviços
prestados no atendimento de assistência à saúde da
população, incluindo atividades de apoio ao diagnóstico
e terapia.
Sem contrarrazões, o recurso foi admitido (fl. 204e).
Feito breve relato, decido.

Documento: 62815403 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: Página 2 de 7


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Por primeiro, consoante o decidido pelo Plenário desta
Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal será
determinado pela data da publicação do provimento jurisdicional
impugnado. Assim sendo, in casu, aplica-se o Código de Processo Civil
de 1973.
Nos termos do art. 557, caput , do Código de Processo Civil,
combinado com o art. 34, XVIII, do Regimento Interno desta Corte, o
Relator está autorizado, por meio de decisão monocrática, a negar
seguimento a recurso ou a pedido manifestamente inadmissível,
improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou
jurisprudência dominante da respectiva Corte ou Tribunal Superior.
Na hipótese, não verifico omissão acerca de questão
essencial ao deslinde da demanda e tampouco outro vício a impor a
revisão do julgado.
Depreende-se da leitura do acórdão recorrido que a
controvérsia foi examinada de forma satisfatória, mediante apreciação da
disciplina normativa e cotejo ao firme posicionamento jurisprudencial
aplicável ao caso.
Anoto que não ofende o art. 535, II, do Código de Processo
Civil, o acórdão com fundamentação adequada e suficiente, que decidiu
na íntegra a controvérsia submetida a julgamento, de forma clara e
coerente.
Nesse sentido:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO


REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
ALEGADA VIOLAÇÃO AOS ARTS. 128, 131, 165, 458,
460 E 535 DO CPC. NÃO-OCORRÊNCIA. (...)
1 - Não cabe falar em ofensa aos arts. 128, 131, 165, 458,
460 e 535 do CPC, na medida em que o Tribunal de origem
dirimiu, fundamentadamente, as questões que lhe foram
submetidas, apreciando integralmente a controvérsia posta
nos presentes autos. Vale ressaltar que não se pode
confundir julgamento desfavorável ao interesse da parte
com negativa ou ausência de prestação jurisdicional.
(...)
3 - Agravo regimental a que se nega provimento.
Documento: 62815403 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: Página 3 de 7
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Superior Tribunal de Justiça
(AgRg no AREsp 398.824/RJ, Rel. Ministro SÉRGIO
KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/03/2014, DJe
28/03/2014)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO


REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. (...) INEXISTÊNCIA
DE VIOLAÇÃO DOS ARTS. 165, 458 E 535 DO CPC. (...)
(...)
2. Não há falar em violação dos arts. 165, 458 e 535 do
CPC, quando o Tribunal de origem se pronuncia, de forma
fundamentada, sobre todas as questões necessárias ao
desate da lide.
(...)
5. Agravo regimental não provido.
(AgRg nos EDcl no AREsp 466.805/SP, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 03/06/2014, DJe 09/06/2014)

Quanto à questão de fundo, o Tribunal de origem


manifestou-se nos seguintes termos (fl. 160e):

Quanto ao segundo requisito, a empresa está em pleno


funcionamento e não há qualquer indicação nos autos de
que a autora não atenda às normas da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária.
Ademais, cabe atentar, a lei revela-se bastante genérica e
não estabelece, especificamente, as quais normas da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária o contribuinte deve
obedecer.
Cumpre ressaltar que a Resolução - RDC n° 50, de
21/02/2002, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para
Planejamento, Programação, Elaboração e Avaliação de
Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de
Saúde, não tem aplicação no caso em tela, vez que tais
normas gerais de funcionamento de estabelecimentos de
saúde não podem restringir a norma legal.
Tal resolução extrapola o limite estabelecido pela norma
tributária, a qual permite interpretações mais benéficas para
o contribuinte, pois se encontram dissociados do objetivo
que norteou todo o processo legislativo que era exatamente
desonerar, no âmbito tributário, o prestador de serviços de
saúde nos casos em que se exige qualificação dos
trabalhadores, espaço físico adequado e materiais e
equipamentos de alto custo, visando, evidentemente, ao
barateamento do serviço, com o consequente aumento do
acesso da população a tais serviços.
Documento: 62815403 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: Página 4 de 7
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Entretanto, tal fundamentação não foi impugnada nas


razões recursais, limitando-se a Recorrente a argumentar,
genericamente, acerca da necessidade de comprovação, mediante
documento expedido pela vigilância sanitária estadual ou municipal, para
o exercício de serviços prestados no atendimento de assistência à saúde
da população, para efeito de efeito de apuração da base de cálculo do
IRPJ e da CSLL pelas alíquotas de 8% e 12%, respectivamente.
Desse modo, verifica-se que as razões recursais
apresentadas encontram-se dissociadas daquilo que restou decidido pelo
Tribunal de origem, o que caracteriza deficiência na fundamentação do
recurso especial e atrai, por analogia, os óbices das Súmulas 283 e 284,
do Supremo Tribunal Federal, as quais dispõem, respectivamente: “É
inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na
fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia”; e “É
inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta
em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos
eles”.
Nesse sentido, os seguintes precedentes:

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS


DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO MOVIDA CONTRA
ESTADO. CHAMAMENTO DA UNIÃO AO PROCESSO.
PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. REVISÃO.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. RAZÕES DOS
EMBARGOS DISSOCIADAS DO FUNDAMENTO DO
ACÓRDÃO EMBARGADO. SÚMULAS 283 E 284 DO STF.
SUSPENSÃO EM RAZÃO DE RESP ADMITIDO COMO
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.
DESCABIMENTO. TEMA ESPECÍFICO.
(...)
3. A alegação de omissão do acórdão embargado por ter a
ora embargante impugnando os fundamentos da decisão do
Tribunal a quo atrai a incidência, por analogia, das Súmulas
283 e 284 do STF, uma vez que não houve menção na
decisão monocrática nem no acórdão em agravo regimental
sobre tal ponto, de modo que restam dissociadas as razões
Documento: 62815403 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: Página 5 de 7
30/06/2016

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dos embargos de declaração com relação ao constante nos
autos.
4. Quanto à suspensão do recurso especial, tendo em vista
a admissão do REsp n. 1.144.382/AL como representativo
de controvérsia, tem-se que este recurso trata da
solidariedade passiva da União, dos Estados e dos
Municípios tão somente, e não, como no caso em exame,
sobre eventual chamamento ao processo de um dos entes.
5. Embargos de declaração rejeitados.
(EDcl no AgRg no Ag 1309607/SC, Rel. Ministro BENEDITO
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/08/2012,
DJe 22/08/2012)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO


FISCAL. CONCURSO DE PREFERÊNCIA. VIOLAÇÃO AO
ART. 535 NÃO CONFIGURADA. RAZÕES RECURSAIS
DISSOCIADAS DOS FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO
RECORRIDO. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO.
INCIDÊNCIA DAS SÚMULAS 283 E 284/STF.
1. Constata-se que não se configura a ofensa ao art. 535 do
Código de Processo Civil, uma vez que o Tribunal de origem
julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, tal
como lhe foi apresentada.
2. Na leitura do acórdão recorrido, verifica-se que o Tribunal
local não olvidou o fato de possivelmente existir concurso de
preferência. Apenas foi consignado que a competência para
análise de tal instituto seria do Juízo da Execução. Logo,
não merece respaldo a tese da agravante de que foi
"inobservada a existência de concursus fiscalis entre a
Fazenda Nacional e Fazenda Estadual" (fl. 861, e-STJ).
Nesse sentido, verifica-se que as razões recursais
mostram-se dissociadas da motivação perfilhada no acórdão
recorrido e que não houve impugnação de fundamento
autônomo do aresto impugnado. Incidem, portanto, os
óbices das súmulas 283 e 284/STF.
3. Agravo Regimental não provido.
(AgRg no AREsp 254.814/SP, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/02/2013,
DJe 15/02/2013, destaque meu).

Por fim, o Tribunal de origem, após minucioso exame dos


elementos fáticos, entendeu que, à vista do contexto probatório, "forçoso
concluir que parte da atividade desenvolvida pela empresa-autora
enquadra-se no conceito de 'serviços hospitalares' previsto na alínea 'a'
do inciso III do § 1º da Lei n. 9.249/95, também no período posterior ao
advento da Lei n. 11.727/2008, porquanto antes mesmo da novel
Documento: 62815403 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: Página 6 de 7
30/06/2016

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legislação já estava constituída na forma de sociedade empresária,
promovendo alguns serviços de saúde que demanda pessoal e
maquinário específicos, com custos diferenciados, não se cingindo à
simples prestação de consultas médicas/odontológicas" (fl. 160e).
Rever o entendimento do Tribunal de origem, com o objetivo
de acolher a pretensão recursal acerca do não preenchimentos dos
requisitos exigidos para efeito de apuração da base de cálculo do IRPJ e
da CSLL pelas alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, demandaria
necessário revolvimento de matéria fática, o que é inviável em sede de
recurso especial, à luz do óbice contido na Súmula n. 07 desta Corte,
assim enunciada: “A pretensão de simples reexame de prova não enseja
recurso especial”.
Isto posto, com fundamento no art. 557, caput, do Código de
Processo Civil, NEGO SEGUIMENTO ao Recurso Especial.
Publique-se e intimem-se.
Brasília (DF), 28 de junho de 2016.

MINISTRA REGINA HELENA COSTA


Relatora

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30/06/2016

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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 799.854 - PR (2005/0195517-4)

RELATOR : MINISTRO CASTRO MEIRA


RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : RODRIGO PEREIRA DA SILVA FRANK E OUTROS
RECORRIDO : CENTRO DE DIAGNÓSTICO E CIRURGIA MAXILOFACIAL S/C
LTDA
ADVOGADO : ALEXANDRE PELISSARI CIDADE E OUTRO
EMENTA

TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA E


CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO. ARTS. 15, §
1º, III, "A", E 20 DA LEI N.º 9.249/95. ATIVIDADES HOSPITALARES. SERVIÇOS
ODONTOLÓGICOS. ENQUADRAMENTO.
1. As sociedades civis prestadoras de serviços odontológicos e de intervenções
cirúrgicas maxilofaciais enquadram-se no conceito de "atividades hospitalares" a que
alude o art. 15, § 1º, inciso III, "a", da Lei n.º 9.249/95, de modo que a base de cálculo do
imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro será obtida mediante a aplicação
das alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, sobre a receita bruta.
2. Os serviços de diagnóstico odontológico e de cirurgias maxilofaciais
demandam rotinas e procedimentos tipicamente hospitalares, além de espaço físico
adequado para intervenções cirúrgicas e corpo técnico especializado, enquadrando-se no
conceito de "atividade médica, pessoal ou instrumental em prol da saúde humana" (REsp
n.º 673.033/RS, Rel. Min. Luiz Fux).
3. Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público.
4. Recurso especial improvido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,


acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça "A Turma, por
unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro-Relator." Os Srs.
Ministros Eliana Calmon e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 25 de abril de 2006 (Data do Julgamento).

Ministro Castro Meira


Relator

Documento: 623072 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/05/2006 Página 1 de 7

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Número do documento: 22110714591540700001373745930
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 799.854 - PR (2005/0195517-4)

RELATOR : MINISTRO CASTRO MEIRA


RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : RODRIGO PEREIRA DA SILVA FRANK E OUTROS
RECORRIDO : CENTRO DE DIAGNÓSTICO E CIRURGIA MAXILOFACIAL S/C
LTDA
ADVOGADO : ALEXANDRE PELISSARI CIDADE E OUTRO

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA (Relator): Cuida-se de recurso


especial fundado exclusivamente na alínea "a" do inciso III do art. 105 da Constituição da
República e interposto contra acórdão do TRF da 4ª Região, segundo o qual as sociedades civis que
prestam serviços odontológicos enquadram-se no conceito de "atividades hospitalares", fixado no
art. 15, § 1º, III, "a", da Lei n.º 9.249/95, para efeito de aplicação das alíquotas reduzidas de 8% e
12% na determinação da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o
lucro, respectivamente.

A Fazenda Nacional alega violação ao art. 15, § 1º, inciso III, alínea "a", e ao art. 20
da Lei n. 9.249/95. Sustenta que "a empresa recorrida não presta serviços na forma preconizada
para ser tratado como serviço hospitalar, mas, sim, presta serviços em geral, não sendo
atividade-fim, mas sim de meio, complementar, dependente de um procedimento médico já em
curso ou por iniciar" (fl. 216).

Defende que "a distinção criada pelo legislador não se deu por acaso: os hospitais,
sabidamente, tem custos operacionais maiores, que compreendem internação, alimentação,
enfermagem, lavanderia, comunicações, etc, enquanto que as clínicas médicas em geral não
incorrem em boa parte desses custos, tendo, por conseguinte, uma margem de lucro maior" (fl.
220).

Ao final, requer o provimento do recurso, aplicando-se o percentual de 32% sobre as


receitas da recorrida para fins de apuração da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição
social sobre o lucro, por ser o mais apropriado à estrutura de custo e resultados na prestação de
serviços odontológicos.

Admitido o recurso (fl. 209), sem contra-razões (fl. 208), vieram-me os autos
conclusos.

É o relatório.

Documento: 623072 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 08/05/2006 Página 2 de 7

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Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 799.854 - PR (2005/0195517-4)

EMENTA

TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA E


CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO. ARTS. 15, §
1º, III, "A", E 20 DA LEI N.º 9.249/95. ATIVIDADES HOSPITALARES. SERVIÇOS
ODONTOLÓGICOS. ENQUADRAMENTO.
1. As sociedades civis prestadoras de serviços odontológicos e de intervenções
cirúrgicas maxilofaciais enquadram-se no conceito de "atividades hospitalares" a que
alude o art. 15, § 1º, inciso III, "a", da Lei n.º 9.249/95, de modo que a base de cálculo do
imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro será obtida mediante a aplicação
das alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, sobre a receita bruta.
2. Os serviços de diagnóstico odontológico e de cirurgias maxilofaciais
demandam rotinas e procedimentos tipicamente hospitalares, além de espaço físico
adequado para intervenções cirúrgicas e corpo técnico especializado, enquadrando-se no
conceito de "atividade médica, pessoal ou instrumental em prol da saúde humana" (REsp
n.º 673.033/RS, Rel. Min. Luiz Fux).
3. Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público.
4. Recurso especial improvido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO CASTRO MEIRA (Relator): Prequestionada a tese


em torno da qual gravitam os dispositivos de lei supostamente violados, conheço do recurso.

Passo ao mérito.

A Fazenda Nacional alega violação aos artigos 15, § 1º, III, "a", e 20 da Lei n.º
9.249/95, assim redigidos:

"Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada


mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida
mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei n.º 8.981, de 20 de
janeiro de 1995.
§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:
III - trinta e dois por cento, para as atividades de:
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares";

"Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido,


devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem
os arts. 27 e 29 a 34 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas
jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da
receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do
ano-calendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se
refere o inciso III do § 1o do art. 15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por
cento".
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A questão controvertida nos autos resume-se à seguinte indagação: estão as


sociedades civis prestadoras de serviços odontológicos e que se dedicam a cirurgias maxilofaciais
enquadradas no conceito de "atividades hospitalares" a que alude o art. 15, § 1º, inciso III, "a", da
Lei n.º 9.249/95? Se afirmativa a resposta, a base de cálculo do imposto de renda e da contribuição
social sobre o lucro será obtida mediante a aplicação das alíquotas de 8% e 12%, respectivamente,
sobre a receita bruta, como determina o art. 20 da Lei n.º 9.249/95. Sendo negativa, deverá ser
aplicada a alíquota geral de 32%, prevista no art. 15, § 1º, III, da mesma Lei.

A Turma, analisando recurso semelhante em que litigava empresa dedicada a


serviços de hemodiálise, e não odontológicos, concluiu que aqueles serviços enquadram-se no
conceito legal de "atividades hospitalares" para efeito de redução do percentual a ser aplicado sobre
a base de cálculo do tributo. Confira-se o precedente:

"TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. SOCIEDADE CIVIL


PRESTADORA DE SERVIÇOS MÉDICOS DE HEMODIÁLISE. IMPOSTO DE
RENDA. BASE DE CÁLCULO. ALÍQUOTA DE 8%. LEI N. 9.249/95.
PRECEDENTE.
1. O STJ firmou o entendimento de que às sociedade civis prestadoras de
serviços médico-hospitalares de hemodiálise aplica-se o percentual de 8% sobre a
receita bruta mensal, para fins de apuração da base de cálculo do imposto de renda.
Inteligência do art. 15, § 1º, inciso III, letra "a", da Lei n. 9.249/95.
2. Recurso especial a que se nega provimento" (STJ - 2ª Turma, REsp n.º
380.087/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07.06.04).

A Primeira Turma não discrepa desse entendimento, nos termos dos precedentes a
seguir colacionados:

"TRIBUTÁRIO – PESSOA JURÍDICA – SOCIEDADE CIVIL


PRESTADORA DE SERVIÇOS MÉDICOS DE HEMODIÁLISE – IMPOSTO DE
RENDA – ALÍQUOTA DE 8% SOBRE A RECEITA BRUTA MENSAL.
A base de cálculo do imposto de renda de sociedade civil prestadora de
serviços médico-hospitalares de hemodiálise será determinada mediante a aplicação
do percentual de 8% sobre a receita bruta auferida mensalmente, conforme prevista
na legislação de regência (artigo 15, parágrafo 1º, inciso III, letra "a", da Lei nº
9.249/95).
Recurso improvido" (STJ - 1ª Turma, REsp n.º 380.584/RS, Rel., Min.
Garcia Vieira, DJU de 25.03.02);

"PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC.


INOCORRÊNCIA. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE HEMODIÁLISE. SERVIÇOS
HOSPITALARES. ALÍQUOTA INCIDENTE SOBRE A RECEITA BRUTA. ART.
15, § 1º, III, ALÍNEA 'A', SEGUNDA PARTE, DA LEI N. 9.249/95.
(...)
5. É cediço que as normas tributárias admitem interpretação analógica, bem
como teleológica, por isso que, tributando a lei os 'serviços em geral' e excluindo os
médico-hospitalares, torna estreme de dúvida que toda e qualquer atividade médica,
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pessoal ou instrumental em prol da saúde humana, está encartada no favor fiscal da
redução de alíquota.
6. Hipótese em que o Tribunal a quo, com ampla cognição fática, assentou
que os serviços de hemodiálise prestados pelo recorrido revestem-se de natureza de
prestação de serviços médico-hospitalares e que, portanto, estaria sujeito à alíquota
do Imposto de Renda de 8% sobre a receita bruta mensal (Precedentes das Turmas de
Direito Público do STJ: REsp 380.087/RS; Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE
NORONHA, SEGUNDA TURMA, DJ de 07/06/2004; REsp 380.584/RS; Rel. Min.
GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA, DJ de 25/03/2002).
7. As empresas prestadoras de serviços médico-hospitalares de hemodiálise,
nos termos do art. 15, § 1º, inciso III, alínea 'a', segunda parte, da Lei n.º 9.249/95,
estão sujeitas à alíquota de 8% (oito por cento) incidente sobre a receita bruta mensal
a título de Imposto de Renda Pessoa Jurídica.
8. Recurso Especial improvido" (STJ - 1ª Turma, REsp n.º 673.033/RS, Rel.
Min. Luiz Fux, DJU de 12.09.05).

A Primeira Turma examinou caso semelhante envolvendo sociedade civil dedicada a


serviços de diagnóstico médico por imagem (radiologia, ecografia e tomografia computadorizada),
tendo concluído no mesmo sentido, enquadrando o serviço no conceito de "atividades hospitalares"
para efeito de redução da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o
lucro. Observe-se o julgado:

"TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA PESSOA


JURÍDICA SOBRE O LUCRO PRESUMIDO. SERVIÇO DE APOIO A
DIAGNÓSTICO MÉDICO POR IMAGEM (RADIOLOGIA, ECOGRAFIA E
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA). ENQUADRAMENTO NO CONCEITO
DE ATIVIDADE HOSPITALAR. ALÍQUOTA DE 8%. ART. 15, § 1º, III, 'A', LEI
9.249/95. OFENSA AO ART. 535 DO CPC NÃO RECONHECIDA.
1. Tratam os autos de mandado de segurança impetrado por DELLAUDO
CENTRO RADIOLÓGICO ESPECIALIZADO LTDA. em face do Delegado da
Receita Federal de Caxias do Sul/RS no sentido de obter prestação jurisdicional que
determine a autoridade impetrada a aceitar o cálculo do Imposto de Renda
Presumido com alíquota incidente de 8%. Liminar indeferida. A sentença concedeu a
segurança. O TRF/4ª Região negou provimento à remessa oficial ao entendimento de
que a prestação de serviços de radiologia enquadra-se no conceito de atividade
hospitalar para efeito de apuração da base de cálculo do imposto de renda sobre o
lucro presumido no percentual de 8% sobre a receita bruta, consoante previsão do
inc. V, letra 'b', do art. 23 da IN SRF n.º 306/2003. No recurso especial apresentado
pela Fazenda Nacional, alega-se negativa de vigência dos arts. 535 do CPC e 15, §
1º, III, 'a', da Lei 9.249/95. Defende-se, em suma, que a atividade desenvolvida pela
demandante não se enquadra no conceito de "serviços hospitalares" de que trata o
referido dispositivo legal. Sem contra-razões.
2. A mera indicação de violação do teor do art. 535 do CPC, desprovida das
razões para que seja anulado o acórdão a quo, é insuficiente para se emprestar
seguimento ao recurso especial. Há necessidade de que a parte recorrente
fundamente o seu pedido, discorrendo motivadamente sobre a infringência ao
preceito legal federal, apontando especificamente qual o vício existente (omissão,
obscuridade ou contradição) a macular o julgado proferido. Recurso não-conhecido
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neste ponto.
3. A Lei 9.249/95, que dispõe sobre o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica,
assevera no seu art. 15 que: 'A base de cálculo do imposto, em cada mês, será
determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita
bruta auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981,
de 20 de janeiro de 1995. § 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este
artigo será de: (...) III - trinta e dois por cento, para as atividades de: a) prestação de
serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares.'
4. As empresas prestadoras de serviços de apoio a diagnóstico médico por
imagem (radiologia, ecografia e tomografia computadorizada) enquadram-se na
concepção de 'serviços hospitalares' inserta no art. 15, § 1º, inciso III, alínea 'a',
segunda parte, da Lei n.º 9.249/95, estando sujeitas à alíquota de 8% (oito por cento)
sobre a receita bruta mensal a título de Imposto de Renda Pessoa Jurídica.
5. Recurso especial parcialmente conhecido e não-provido" (STJ - 1ª
Turma, REsp n.º 782.763/RS, Rel. Min. José Delgado, DJU de 05.12.05).

Como afirmado pelo Ministro Luiz Fux no voto condutor do REsp n.º 673.033/RS,
"é cediço que as normas tributárias admitem interpretação analógica, bem como teleológica, por
isso que, tributando a lei os 'serviços em geral' e excluindo os médico-hospitalares, torna estreme de
dúvida que toda e qualquer atividade médica, pessoal ou instrumental em prol da saúde humana,
está encartada no favor fiscal da redução de alíquota". E continua: "consectariamente, as empresas
prestadoras de serviços médico-hospitalares de hemodiálise, nos termos do art. 15, § 1º, inciso III,
alínea 'a', segunda parte, da Lei n.º 9.249/95, estão sujeitas à alíquota de 8% (oito por cento)
incidente sobre a receita bruta mensal a título de Imposto de Renda Pessoa Jurídica".

A razão social da impetrante revela o objeto de sua atividade, que abrange, além do
diagnóstico de enfermidades e desvios relacionados ao trato odontológico, a realização de cirurgias
maxilofaciais. São serviços que demandam rotinas e procedimentos tipicamente hospitalares, além
de espaço físico adequado para intervenções cirúrgicas e corpo técnico especializado, envolvendo
anestesistas e corpo de enfermagem. Na esteira do que têm decidido as Turmas de Direito Público
deste Tribunal, não há dúvida de que o serviço desempenhado pela impetrante enquadra-se no
conceito de "atividade médica, pessoal ou instrumental em prol da saúde humana" (REsp n.º
673.033/RS).

Ademais, se esta Corte entende que as empresas que se dedicam a serviços de


diagnóstico de imagens e hemodiálise enquadram-se no conceito de "atividades hospitalares" para
efeito de redução da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro e do imposto de renda,
com muito mais razão deve ser enquadrada a atividade da impetrante, que realiza, além de
diagnósticos odontológicos, cirurgias maxilofaciais.
Ante o exposto, nego provimento ao recurso especial.

É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
SEGUNDA TURMA

Número Registro: 2005/0195517-4 REsp 799854 / PR

Número Origem: 200470030048821


PAUTA: 25/04/2006 JULGADO: 25/04/2006

Relator
Exmo. Sr. Ministro CASTRO MEIRA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MARIA CAETANA CINTRA SANTOS
Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : RODRIGO PEREIRA DA SILVA FRANK E OUTROS
RECORRIDO : CENTRO DE DIAGNÓSTICO E CIRURGIA MAXILOFACIAL S/C LTDA
ADVOGADO : ALEXANDRE PELISSARI CIDADE E OUTRO
ASSUNTO: Tributário - Imposto de Renda - Pessoa Jurídica

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr.
Ministro-Relator."
Os Srs. Ministros Eliana Calmon e João Otávio de Noronha votaram com o Sr. Ministro
Relator.

Brasília, 25 de abril de 2006

VALÉRIA ALVIM DUSI


Secretária

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TRF
1ª REGIÃO

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Tribunal Regional Federal da 1ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico

08/04/2022

Número: 1040216-39.2019.4.01.3400
Classe: APELAÇÃO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: 7ª Turma
Órgão julgador: Gab. 21 - DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXAS
Última distribuição : 02/02/2022
Valor da causa: R$ 70.000,00
Processo referência: 1040216-39.2019.4.01.3400
Assuntos: IRPJ/Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, Base de Cálculo, Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) (APELANTE)
ORAL UNIC CAMPO GRANDE CLINICA ODONTOLOGICA EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
LTDA (APELADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
20387 08/04/2022 06:57 Acórdão Acórdão
1571

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JUSTIÇA FEDERAL
Tribunal Regional Federal da 1ª Região

PROCESSO: 1040216-39.2019.4.01.3400 PROCESSO REFERÊNCIA: 1040216-39.2019.4.01.3400


CLASSE: APELAÇÃO CÍVEL (198)
POLO ATIVO: UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL)
POLO PASSIVO:ORAL UNIC CAMPO GRANDE CLINICA ODONTOLOGICA LTDA
REPRESENTANTE(S) POLO PASSIVO: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - SP159295-A
RELATOR(A):GILDA MARIA CARNEIRO SIGMARINGA SEIXAS

PODER JUDICIÁRIO FEDERALTribunal Regional Federal da 1ª RegiãoGab. 21 -


DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXASPJE/TRF1-Processo Judicial
Eletrônico
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 1040216-
39.2019.4.01.3400
RELATÓRIOTrata-se de apelação da União (FN), em ação sob o rito comum, em face da
sentença (CPC/2015) que julgou procedente os pedidos para reconhecer o direito da parte autora
de ser incluída no conceito tributário de “serviços hospitalares” para os fins do art. 15 e do art. 20
da Lei n.º 9.249/1995, autorizando-a a computar a base de cálculo do imposto de renda no
percentual de 8% sobre a receita bruta mensal e, em relação à contribuição social sobre lucro
líquido, no percentual de 12% sobre a receita bruta mensal, bem como a restituição dos valores
recolhidos, observado o prazo prescricional quinquenal e atualizados desde o recolhimento pela
taxa SELIC. A União apela alegando que os serviços elencados na a alínea “a” do inciso III do art.
15 da Lei nº 9.249/1995, são previstos de forma taxativa, não constando o serviço odontológico,
portanto, não sendo considerado o serviço odontológico como serviço hospitalar.Contrarrazões
apresentadas.É o relatório. Des(a). Fed. GILDA SIGMARINGA SEIXASRelatora

VOTO - VENCEDOR

PODER JUDICIÁRIO FEDERALTribunal Regional Federal da 1ª RegiãoGab. 21 -


DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXASPJE/TRF1-Processo Judicial
Eletrônico
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 1040216-
39.2019.4.01.3400
VOTOPara fins de apuração mensal do IRPJ e da CSLL, o art. 15 da Lei n. 9.249/95 fixou o
percentual de 32% como base de cálculo geral para todas as empresas prestadoras de serviço.
Confira-se:Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado
o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.§1º Nas seguintes

Assinado eletronicamente por: GILDA MARIA CARNEIRO SIGMARINGA SEIXAS - 08/04/2022 06:57:53 Num. 203871571 - Pág. 1
http://pje2g.trf1.jus.br:80/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22040806575323000000199218964
Número do documento: 22040806575323000000199218964

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:22 Num. 1385462748 - Pág. 50
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atividades, o percentual de que trata este artigo será de: (...)III - trinta e dois por cento, para as
atividades de:a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; (...)§2º No
caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente a cada atividade”Da
leitura do dispositivo, verifica-se que, excepcionalmente, foram excluídos da regra de índice geral
os serviços hospitalares, sobre os quais o IRPJ e a CSLL são calculados em percentuais
reduzidos. Posteriormente, a Lei n. 11.727/2008 trouxe nova redação ao artigo transcrito acima,
com vigência a partir de 01/01/2009. Vejamos:“Art. 15. (...)III - trinta e dois por cento, para as
atividades de:a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio
diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia,
medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja
organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – Anvisa;” A autora comprovou exercer atividades de clínica odontológica
adequados à prestação de serviços de natureza hospitalar, não se restringindo a consultas
médicas, como pode-se observar no Alvará de Localização e Funcionamento Provisório e notas
fiscais relativas a cirurgias bucomaxilofaciais, implantodentia, exodontia, periodontia e colocação
de próteses em seus pacientes nas suas próprias instalações.Restou, ainda, demonstrado,
através do contrato de constituição societária, a forma de sociedade empresa (doc 185945076) e
alvará de licença sanitária nº 41887 (doc. 185945081).Para gozar do benefício da redução da
alíquota, a legislação exige da empresa a prestação de serviços hospitalares e que seja
obrigatoriamente constituída sob a forma de sociedade empresária. Dessa forma, entende este
TRF1:TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS
REDUZIDAS. PRESTADORA DE "SERVIÇOS HOSPITALARES" (EXCLUSÃO DAS
CONSULTAS MÉDICAS) SOB A FORMA DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA. 1. O Superior Tribunal
de Justiça decidiu que o recolhimento do IRPJ e da CSLL com alíquotas reduzidas de 8% e 12%,
respectivamente, após a edição da Lei 11.727/2008, que alterou o art. 15, § 2º, da Lei
9.249/1995, exige da empresa a prestação de serviços hospitalares e seja obrigatoriamente
constituída sob a forma de sociedade empresária (REsp repetitivo 1.116.399-BA, r. Ministro
Benedito Gonçalves, 1ª Seção em 28.10.2009; AgRg no REsp 1.538.506/SC, r. Ministro
Humberto Martins, 2ª Turma em 15.09.2015). 2. A impetrante comprovou que preenche esses
requisitos, caso em que tem direito subjetivo às alíquotas reduzidas, excluídas as consultas
médicas. 3. Apelação da União desprovida. Remessa necessária parcialmente provida.(AMS
0037018-89.2011.4.01.3400, DESEMBARGADOR FEDERAL NOVÉLY VILANOVA, TRF1 -
OITAVA TURMA, PJe 25/10/2021 PAG.)PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL.
ALÍQUOTA REDUZIDA. LEI 9.245/95. REDAÇÃO DA LEI 11.727/2008. SERVIÇOS DE
NATUREZA HOSPITALAR. SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA. PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS DE ODONTOLOGIA. CIRURGIAS ODONTOLÓGICAS, IMPLANTES DENTÁRIOS E
RADIOGRAFIAS. APELAÇÃO DA PARTE AUTORA PROVIDA. APELAÇÃO DA UNIÃO E
REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDAS. 1. O inciso III da letra "a" do art. 15 da Lei 9.249/95, com a
redação dada pela Lei 11.727/2008, assegurou que a base de cálculo do imposto de renda e da
contribuição social sobre o lucro líquido, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do
percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente, para as atividades
de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia,
anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas. 2. A
Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao apreciar o REsp 951.251/PR (Rel. Ministro
Castro Meira, DJe 03.06.2009), à unanimidade , firmou o entendimento de que "o art. 15, § 1º, III,
"a", da Lei nº 9.249/95 explicitamente concede o benefício fiscal de forma objetiva, com foco nos
serviços que são prestados, e não no contribuinte que os executa." 3. A análise da documentação
acostada aos autos permite inferir que é apropriado o enquadramento dos serviços prestados
pela parte autora como "serviços hospitalares", assim entendidos aqueles realizados em prol da
saúde humana. 4. A colocação de implante dentário demanda a utilização de técnicas cirúrgicas
específicas e segue orientações previstas para a especialidade de Cirurgia e Traumatologia
Buco-Maxilo-Facial, a qual já foi enquadrada pelo Superior Tribunal de Justiça como "atividade
hospitalar". (REsp 799.854/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em

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25/04/2006, DJ 08/05/2006, p. 187). 5. Apelação da parte autora provida. Apelação da UNIÃO e
remessa oficial não providas. (AC 0002550-02.2011.4.01.3400, DESEMBARGADOR FEDERAL
MARCOS AUGUSTO DE SOUSA, TRF1 - OITAVA TURMA, e-DJF1 27/03/2015 PAG
1180.)Portanto, a atividade empresarial exercida pela parte autora está inclusa no conceito de
“serviços hospitalares”, fazendo jus à incidência dos percentuais de 8% e 12% sobre a receita
bruta mensal, para fins de base de cálculo do imposto de renda e de contribuição social sobre o
lucro líquido, respectivamente.Ante o exposto, nego provimento à apelação da União. Mantenho a
condenação da apelante no pagamento de honorários advocatícios, fixados em 15% (dez por
cento) sobre o valor da condenação, com acréscimo de mais 1% de tal referencial (respeitado o
valor mínimo de R$1.000,00), a teor do §11 do art. 85 do CPC/2015.É o meu voto.Des(a). Fed.
GILDA SIGMARINGA SEIXASRelatora

DEMAIS VOTOS

PODER JUDICIÁRIO FEDERALTribunal Regional Federal da 1ª RegiãoGab. 21 -


DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXASPJE/TRF1-Processo Judicial
Eletrônico
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 1040216-39.2019.4.01.3400APELANTE: FAZENDA
NACIONALAPELADO: ORAL UNIC CAMPO GRANDE CLINICA ODONTOLOGICA
LTDA
EMENTA TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA. CPC/2015. IRPJ E CSLL.
ALÍQUOTA REDUZIDA. LEI 9.249/1995. REDAÇÃO DA LEI 11.727/2008. IN/RFB 1.700/2017.
SERVIÇOS DE NATUREZA HOSPITALAR. SERVIÇO DE ODONTOLOGIA. SOCIEDADE
EMPRESÁRIA. SENTENÇA MANTIDA.1. Trata-se de apelação da União (FN), em ação sob o rito
comum, em face da sentença (CPC/2015) que julgou procedente os pedidos para reconhecer o
direito da parte autora de ser incluída no conceito tributário de “serviços hospitalares” para os fins
do art. 15 e do art. 20 da Lei n.º 9.249/1995, autorizando-a a computar a base de cálculo do
imposto de renda no percentual de 8% sobre a receita bruta mensal e, em relação à contribuição
social sobre lucro líquido, no percentual de 12% sobre a receita bruta mensal, bem como a
restituição dos valores recolhidos, observado o prazo prescricional quinquenal e atualizados
desde o recolhimento pela taxa SELIC. 2. Para fins de apuração mensal do IRPJ e da CSLL, o
art. 15 da Lei n. 9.249/95 fixou o percentual de 32% como base de cálculo geral para todas as
empresas prestadoras de serviço.Foram excluídos, excepcionalmente, da regra de índice geral os
serviços hospitalares, sobre os quais o IRPJ e a CSLL são calculados em percentuais
reduzidos. 3. No caso concreto, a autora comprovou exercer atividades de clínica odontológica
adequados à prestação de serviços de natureza hospitalar, não se restringindo a consultas
médicas, através do Alvará de Localização e Funcionamento Provisório e notas fiscais relativas a
cirurgias realizadas nas suas próprias instalações. Apresentou ainda o contrato de constituição
sob a forma sociedade empresária e o alvará sanitário.4. Precedente: 1. O STJ decidiu que o
recolhimento do IRPJ e da CSLL com alíquotas reduzidas de 8% e 12%, respectivamente, após a
edição da Lei 11.727/2008, que alterou o art. 15, § 2º, da Lei 9.249/1995, exige da empresa a
prestação de serviços hospitalares e seja obrigatoriamente constituída sob a forma de sociedade
empresária (REsp repetitivo 1.116.399-BA, 1ª Seção em 28.10.2009; AgRg no REsp
1.538.506/SC, 2ª Turma em 15.09.2015). 2. A impetrante comprovou que preenche esses
requisitos, caso em que tem direito subjetivo às alíquotas reduzidas, excluídas as consultas

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médicas. (AMS 0037018-89.2011.4.01.3400, TRF1 - OITAVA TURMA, PJe 25/10/2021
PAG.)5. Apelação da União não provida.ACÓRDÃODecide a Turma, por unanimidade, negar
provimento à apelação da União.Brasília/DF, na data da certificação digital.Des(a). Fed. GILDA
SIGMARINGA SEIXASRelatora

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Tribunal Regional Federal da 1ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico

15/03/2022

Número: 0035750-05.2017.4.01.0000
Classe: AÇÃO RESCISÓRIA
Órgão julgador colegiado: 4ª Seção
Órgão julgador: Gab. 19 - DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ AMILCAR MACHADO
Última distribuição : 18/07/2017
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0035750-05.2017.4.01.0000
Assuntos: Retido na fonte
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
FAZENDA NACIONAL (AUTOR)
LIMPDENTE CLINICA ODONTOLOGICA SC LTDA (REU) CAROLINA BARRETO LONGA DIAS (ADVOGADO)
SOBRAL ODONTOLOGIA SOCIEDADE SIMPLES LTDA - ME
(REU)
CANGUSSU ARTE EM REABILITACAO ORAL - ME (REU) CAROLINA BARRETO LONGA DIAS (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
18647 04/02/2022 12:17 Acórdão Acórdão
4032

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Número do documento: 22110714591540700001373745930
JUSTIÇA FEDERAL
Tribunal Regional Federal da 1ª Região

PROCESSO: 0035750-05.2017.4.01.0000 PROCESSO REFERÊNCIA: 0035750-05.2017.4.01.0000


CLASSE: AÇÃO RESCISÓRIA (47)
POLO ATIVO: FAZENDA NACIONAL
POLO PASSIVO:LIMPDENTE CLINICA ODONTOLOGICA SC LTDA e outros
REPRESENTANTE(S) POLO PASSIVO: CAROLINA BARRETO LONGA DIAS - BA23679-A
RELATOR(A):JOSE AMILCAR DE QUEIROZ MACHADO

Poder Judiciário
Tribunal Regional Federal da 1ª Região
Gabinete 19 - Desembargador Federal JOSÉ AMÍLCAR MACHADO
Processo Judicial eletrônico

AÇÃO RESCISÓRIA 0035750-05.2017.4.01.0000

RELATÓRIO

A Exma. Sra. Juíza Federal ROSIMAYRE GONÇALVES DE CARVALHO (Relatora


convocada): Em exame Ação Rescisória ajuizada perante esta Corte pela UNIÃO (Fazenda Nacional)
invocando o disposto no artigo 485, inciso V, do Código de Processo Civil de 1973 (norma reproduzida
no artigo 966, inciso V, do Código de Processo Civil vigente) objetivando a desconstituição do acórdão da
8ª Turma desta Corte, em que, à unanimidade, pelo voto-condutor do Juiz Federal Charles Renaud Frazão
de Moraes – convocado pela relatoria da Desembargadora Federal Maria do Carmo Cardoso –, dando-
se provimento à Apelação em Mandado de Segurança para a reforma da sentença da 12ª Vara Federal em
Salvador/BA (ID 62504062 - pp. 388/390 de 504), concedeu-se a ordem requerida por CANGUSSU ARTE
EM REABILITAÇÃO ORAL - ME e OUTRAS, assegurando-se às então impetrantes “o direito de recolherem o
IRPJ com a base de cálculo de 8%, bem como, para declarar o seu direito de proceder à compensação
de eventuais créditos relativos ao recolhimento que tenha excedido essa alíquota, considerando os últimos
05 anos da impetração, corrigidos monetariamente na forma pela qual explanada ao longo do
voto” (ID 62504063 - pp. 329/339 de 504 - autos eletrônicos - rolagem única).

Afirmando em preliminar a tempestividade e o cabimento da demanda, além da não-


incidência na espécie do verbete 343 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, "uma vez que já houve
pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça, em recurso repetitivo, contrário ao entendimento do v.
acórdão rescindendo", a União alega que o aresto impugnado teria violado a literal disposição da “alínea a do
inciso III do § 1º do art. 15 da Lei 9.249, de 26 de dezembro de 1995, na qual se teria estabelecido para os
prestadores de serviços hospitalares uma alíquota reduzida de 8% para apuração da base de cálculo do

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Número do documento: null

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Número do documento: 22110714591540700001373745930
IRPJ” (ID 62504060 - pp. 479/503 de 504).

Argumenta o ente público que 'De acordo com os contratos sociais acostados aos autos, a
descrição da atividade desenvolvida pelas sociedades requeridas, consistente na prestação de serviços
odontológicos em geral, não se confunde com serviços hospitalares'. Aduz, ainda, que "as normas de direito
tributário que preveem benefícios fiscais devem ser interpretadas de forma literal, conforme dispõe o art.111,
do Código Tribunal Nacional" (p. 494 de 504).

Ao entendimento de que 'o acórdão rescindendo equivocou-se ao invocar a nova redação da


Lei 9.249/95 dada pela Lei 11.727/2008 – que especifica quais seriam os serviços hospitalares – como
permissiva a incluir no conceito de serviços hospitalares os serviços odontológicos prestados pelas sociedades
rés,' assevera: 'pelo contrário, da nova redação do art.15, III, a, vê-se claramente que não estão inclusos os
serviços odontológicos dentro do conceito de serviços hospitalares' (p. 494 de 504).

Acrescenta a União que "segundo jurisprudência pacífica no âmbito do STJ, REsp 11.16399/BA,
julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos, somente os estabelecimentos que possuam custos
diferenciados do simples atendimento médico e que demandem equipamentos específicos possuiriam direito à
redução da base de cálculo", pelo que 'os serviços prestados pelas sociedades rés de natureza odontológica,
procedimentos mais simples, não se equiparam aos serviços de natureza hospitalar'.

Requer a rescisão do acórdão impugnado, e, em juízo rescisório, que seja negado provimento à
Apelação interposta pelas impetrantes, ora requeridas (pp. 494/503 de 504).

Distribuída a Rescisória à esta relatoria na Seção, foi dispensado, a teor do art. 127, caput, da
Constituição Federal, a intervenção do Ministério Público, pela ausência de interesse social ou individual
indisponível na causa, que versa exclusivamente sobre direito patrimonial.

Sucessivamente, ante à insuficiência da argumentação do ente público autor para ensejar


a supressão, ainda que temporária, da eficácia da res judicata, foi indeferida a medida antecipatória postulada
(ID 62504520 - pp. 135 e 136); contra referido decisum a União interpôs o Agravo Interno às pp. 56/63 de 504.

Após múltiplas tentativas (pp. 11/133 de 504), foram citadas 03 (três) das 04
(quatro) sociedades empresárias requeridas na exordial (pp. 479 e 480 de 504), tendo apresentado
contestação apenas CANGUSSU ARTE EM REABILITAÇÃO ORAL - ME e LIMP'DENTE CLÍNICA
ODONTOLÓGICA SC LTDA (pp. 99/118 de 504).

Constatada anteriormente ao aperfeiçoamento da triangulação processual a extinção de LEMA


SAÚDE BUCAL E ESTÉTICA SOCIEDADE SIMPLES LTDA - ME (05.749.347/0001-55), relativamente à
qual não se viabilizaria a diligência citatória, determinou-se, com vistas a assegurar celeridade na tramitação
e a razoável duração do processo, a exclusão da requerida do polo passivo da demanda rescisória (pp. 12 e
13 de 504).

É o relatório.

Juíza Federal ROSIMAYRE GONÇALVES DE CARVALHO


Relatora convocada

VOTO - VENCEDOR

Poder Judiciário

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Tribunal Regional Federal da 1ª Região
Gabinete 19 - Desembargador Federal JOSÉ AMÍLCAR MACHADO
Processo Judicial eletrônico

AÇÃO RESCISÓRIA 0035750-05.2017.4.01.0000

VOTO

A Exma. Sra. Juíza Federal ROSIMAYRE GONÇALVES DE CARVALHO (Relatora


convocada): Proposta aos 18/07/2017 contra acórdão de mérito transitado em julgado aos 06/08/2015 (p. 169
de 504), a Ação Rescisória é tempestiva – art. 975, caput, do Código de Processo Civil: "O direito à rescisão se
extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo".

Em sendo autora a União, é isenta do pagamento de custas, emolumentos e demais taxas


judiciárias em quaisquer foros e instâncias (Lei 9.289/1996, art. 4º, I), bem como, a teor do art. 968, II c/c §
1º, do Código de Processo Civil, do depósito prévio e da multa em Ação Rescisória.

Presentes os pressupostos processuais genéricos, passo ao exame das condições específicas


de procedibilidade da demanda rescisória, proposta sob a alegação de violação manifesta à norma jurídica
inscrita na “alínea a do inciso III do § 1º do art. 15 da Lei 9.249, de 26 de dezembro de 1995" pelo acórdão da
8ª Turma desta Corte, assim ementado (ID 62504063 - pp. 338 e 339 de 504 - grifos nossos):

"TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. SOCIEDADE CIVIL PRESTADORA


DE SERVIÇOS MÉDICOS. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS DE 8% E 12% INCIDENTES
SOBRE A RECEITA BRUTA. ART. 15, § 1º, III, A, DA LEI 9.249/1995.
APLICABILIDADE. RESTRIÇÃO E MODIFICAÇÃO POR ATO NORMATIVO.
IMPOSSIBILIDADE. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA.
1. É a natureza da atividade que define a aplicação do art. 15, § 1º, III, a, da Lei
9.249/1995, não o local da prestação dos serviços, haja vista ser possível que
sejam prestados fora das dependências de hospitais.
2. Uma vez que o legislador ordinário não discriminou a natureza jurídica da
sociedade, os atos normativos que restringiram o conceito de serviços
hospitalares exorbitaram dos limites de sua atuação.
3. O ato hierarquicamente inferior à lei não se presta a modificar disposições
expressas de texto legislativo.
4. O art. 106 do CTN amplia o alcance da lei mais benéfica; não discrimina os casos
de sua inaplicabilidade, e não deve o intérprete fazê-lo.
5. Tem direito à aplicação dos percentuais de 8% e 12% para apuração do IRPJ e
CSLL, respectivamente, a empresa que se enquadra nas hipóteses do art. 15, § 1º,
III, a, da Lei 9.249/1995.
6. Diante da evolução da legislação reguladora da compensação tributária, está
autorizada a compensação de créditos decorrentes do recolhimento indevido a título
de IRPJ e CSLL que ultrapassaram a base de cálculo de 8% e 12%, respectivamente,
com qualquer tributo arrecadado e administrado pela Secretaria da Receita Federal,
ainda que o destino das arrecadações seja outro.
7. A compensação dos valores indevidamente recolhidos a maior nos cinco anos
anteriores à impetração do mandado de segurança não encontra óbice na Súmula
271 do STF. (AgRg no RMS 20.476/RN, rel. Ministra Eliana Calmon, DJ de
31/10/2007).
8. Apelação das impetrantes a que se dá provimento.
ACÓRDÃO

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Número do documento: null

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Número do documento: 22110714591540700001373745930
Decide a Oitava Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, por
unanimidade, dar provimento à apelação das impetrantes, nos termos do voto do
Relator."

Considerando que ao tempo da prolação do acórdão rescindendo – 1º de junho de 2010 – (p.


337 de 504), o Superior Tribunal de Justiça, incumbido constitucionalmente de uniformizar a interpretação da
legislação federal, já havia definido, sob o rito do art. 543-C da legislação processual civil então vigente, o
alcance da expressão 'serviços hospitalares' prevista na Lei 9.429/95 como requisito à obtenção das alíquotas
reduzidas de IRPJ e CSLL, não incide no caso dos autos o óbice à procedibilidade da Rescisória inscrito no
verbete 343 da jurisprudência sumulada do Supremo Tribunal: “Não cabe ação rescisória por ofensa a literal
disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida
nos tribunais.”

De fato, a 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar aos 20.10.2009 (publicação


no DJe de 24/02/2010) o Recurso Especial representativo da controvérsia 1.116.399/BA, fixou, revendo o
seu posicionamento anterior, a seguinte tese vinculante:

"Para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão


'serviços hospitalares', constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve
ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada
pelo contribuinte), devendo ser considerados serviços hospitalares 'aqueles que se
vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde', de sorte que, 'em regra, mas não necessariamente, são
prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas
médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas
nos consultórios médicos'" (STJ: REsp 1.116.399/BA, 1ª Seção, na relatoria
do Ministro Benedito Gonçalves, DJe de 24/02/2010 - Tema Repetitivo 217).

Em linhas gerais, portanto, o aresto impugnado não infringe à norma jurídica indicada pela
autora – alínea ‘a’ do inciso III, § 1º, art. 15, da Lei 9.249/1995 (Altera a legislação do imposto de renda das
pessoas jurídicas, bem como da contribuição social sobre o lucro líquido, e dá outras providências) –, ponto
nodal da controvérsia sub examine. Ao contrário, adotou essa regra em suas razões de decidir, haja vista ter
prestigiado o critério objetivo de definição da pessoa jurídica beneficiária da redução tributária, fundamentação
coincidente com a orientação fixada por tribunal superior em sede de recurso repetitivo, como se extrai dos
seguintes trechos do julgado:

"Inequívoca a natureza dos serviços prestados pelas impetrantes, que atuam na


área de realização gerais de odontologia, conforme consta dos contratos sociais
acostados às fls. 19-21, 22-24, 25-27 e 96-97.
A natureza dos serviços é definida pela sua modalidade, não pelo local
onde são prestados.
(...)
A nova redação da Lei 9.249/1995 deixou claro que a norma, no caso, é
ampliativa, não restritiva, de acordo com o art. 106 do CTN:
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
(...)
II – tratando-se de ato não definitivamente julgado:
(...)
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei
vigente ao tempo de sua prática.
Portanto, a intenção da norma, no caso, é de que a lei mais benéfica deve
ser sempre aplicada, tendo em vista não terem sido discriminados os casos em
que não dever ser aplicada. Não deve, portanto, o intérprete fazê-lo.

Da análise do comando expresso do art. 106 do CTN, conclui-se que a intenção


das referidas normas é de que a lei nova deve ser sempre aplicada ao contribuinte,
porém quando se tratar de ato ainda não atingido pelo trânsito em julgado.

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O legislador ordinário não discriminou a natureza jurídica da sociedade, e
assim fazendo, os atos normativos que restringiram o conceito de serviços
hospitalares exorbitaram dos limites de sua atuação, haja vista que, como ato
hierarquicamente inferior a lei, não têm o poder de modificar disposições expressas
de texto legislativo, como no caso." (ID 62504063 - pp. 331/334 de 504 - grifos
nossos.)

A multicitada alínea ‘a’ do inciso III, § 1º do art. 15 da Lei 9.249/1995 passou a determinar, na
redação que lhe atribuiu o art. 29 da Lei 11.727, de 23.06.2008:

“Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante
a aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida
mensalmente, observado o disposto no art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de
dezembro de 1977, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos
incondicionais concedidos, sem prejuízo do disposto nos arts. 30, 32, 34 e 35 da Lei
no 8.981, de 20 de janeiro de 1995.
§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:
(...)
III - trinta e dois por cento, para as atividades de:
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio
diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a
prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e
atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa;” (grifos
nossos)

Na hipótese vertente a União alega que 'por prestarem serviços odontológicos em geral (fls. 19,
22, 25), procedimentos mais simples não equiparados aos serviços de natureza hospitalar, as
sociedades empresárias requeridas não fariam jus às alíquotas reduzidas dos tributos' (pp. 494/496 de 504).

Com efeito, conquanto não se desconheça a decisão da 1ª Turma do STJ no AgRg no REsp
1.168.663/RS (relatoria do Ministro Arnaldo Esteves Lima - DJe de 09/06/2011) no sentido de que "A atividade
de clínica odontológica não se enquadra no conceito de serviços hospitalares para efeitos do benefício fiscal",
há que se destacar a existência de outros precedentes exarados por ambas as Turmas daquela Corte
Superior, com conclusão diversa, entre os quais destaco:

""TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO


SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO. ARTS. 15, § 1º, III, "A", E 20 DA
LEI N.º 9.249/95. ATIVIDADES HOSPITALARES. SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS.
ENQUADRAMENTO.
1. As sociedades civis prestadoras de serviços odontológicos e de intervenções
cirúrgicas maxilofaciais enquadram-se no conceito de "atividades hospitalares"
a que alude o art. 15, § 1º, inciso III, "a", da Lei n.º 9.249/95, de modo que a base
de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro será obtida
mediante a aplicação das alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, sobre a receita
bruta.
2. Os serviços de diagnóstico odontológico e de cirurgias maxilofaciais
demandam rotinas e procedimentos tipicamente hospitalares, além de espaço
físico adequado para intervenções cirúrgicas e corpo técnico especializado,
enquadrando-se no conceito de "atividade médica, pessoal ou instrumental em
prol da saúde humana" (REsp n.º 673.033/RS, Rel. Min. Luiz Fux).
3. Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público.
4. Recurso especial improvido.""
(STJ: REsp 799.854/PR, 2ª Turma, unânime, de relatoria do Ministro Castro Meira, DJ
de 08/05/2006, p. 187 - grifou-se.)

Adotando esta mesma linha decisória, cito, também do STJ, os julgamentos do REsp
1.060.085/SC, em que a relatora, Ministra Denise Arruda, pontuando tratar-se de recursos interpostos,

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respectivamente, "pela Fazenda Nacional e por Dental Med", reconheceu o enquadramento das atividades
desenvolvidas pela empresa no conceito de serviços hospitalares para fins de tributação reduzida,
"excluídas as simples consultas médicas e as atividades de cunho administrativo" (publicação aos 04/02/2010),
bem como, do REsp 996.082/PR (DJe 21/09/2009), em que a 1ª Turma, pelo voto-condutor do
saudoso Ministro Teori Zavascki, analisando a alegação de que a recorrida, 'Ortodiagnose Odontologia e
Medicina S/S LTDA', não prestaria serviços hospitalares ""tendo em vista que esses "são (...) prestados por
hospitais ou pronto-socorros, não se incluindo, aí, as clínicas médicas e de outros serviços como
os desenvolvidos pela demandante"", destacou não mais ser acolhida referida orientação pelo STJ, sendo
excetuadas do benefício fiscal, tão-somente, as receitas auferidas com a prestação dos serviços de consultas.

É o entendimento que se colhe, ainda, da jurisprudência do TRF/3ª Região:

"PROCESSUAL CIVIL. RECURSO DE APELAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA.


TRIBUTÁRIO. LEI Nº 9.429/95. IRPJ. CSLL. SERVIÇOS HOSPITALARES. ANÁLISE
OBJETIVA DOS REQUISITOS. (omissis).
1. O E. Superior Tribunal de Justiça, em julgamento sobre o rito do artigo 543-C,
do vetusto Código de Processo Civil, reconhece que a verificação para o
reconhecimento do direito às alíquotas minoradas para as sociedades
empresárias prestadoras de serviços hospitalares deve ocorrer de forma
objetiva.
2. (omissis)
3. A Lei 9.249/95, ao estabelecer as alíquotas reduzidas, não define o que
sejam serviços hospitalares, cabendo tal tarefa, sob as balizas impostas pelos
princípios da legalidade e da razoabilidade, ao intérprete e aplicador da lei, não
sendo válidos os requisitos estabelecidos unicamente em
regramentos infralegais, impeditivos do enquadramento das atividades de
natureza hospitalar do contribuinte e consequente aplicação
das alíquotas reduzidas em comento.
4. Após múltiplas discussões acerca do alcance da expressão "serviços hospitalares",
constante da Lei n. 9.249/95, a matéria restou pacificada pelo Egrégio Superior
Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.116.399/BA, sob o regime do art. 543-
C, do Código de Processo Civil de 1973.
5. A Corte Superior, alterando orientação anterior, firmou entendimento de que a
expressão "serviços hospitalares" constante do art. 15, § 1º, III, "a", da Lei n.
9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva, levando-se em conta, não o
contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do serviço prestado,
independentemente da capacidade de internação ou estrutura do
estabelecimento, de forma a compreender os serviços normalmente, mas não
necessariamente, prestados em hospitais, voltados diretamente à promoção da
saúde, excluindo-se as simples consultas médicas, próprias dos consultórios
médicos, ainda que prestadas no interior do estabelecimento hospitalar.
6. Conforme documentos constantes dos autos, a apelada tem como objeto
social: "A sociedade tem como objetivo social o ramo de: Clínica
Médica, Serviços Ambulatoriais, Fisioterapia, psicologia, Odontologia,
Fonoaudiologia, Nutrição, Dermatologia, Pneumologia, Reumatologia e
Ortopedia" (f. 44).
7. (omissis)
8. (omissis)
10. Após 1º de janeiro de 2009 é necessário o atendimento aos requisitos constantes
no artigo 15, § 1º, inciso III, alínea "a", da Lei nº 9.249/95, alterada pelo artigo 29, da
Lei nº 11.727/08, por se tratar de lei em sentido formal superveniente.
11. (omissis)"
(TRF3: ApCív 0002206-85.2012.4.03.6130, 3ª Turma, na relatoria
do Desembargador Federal Nelton dos Santos, e-DJF3 de 02/06/2017 - grifou-se.)

Em suma, duas situações convergem para o direito ao benefício nas espécies como a em
presença: a) a prestação de 'serviços hospitalares'; e, b) por instituição que, no desenvolvimento de suas
atividades, tenha custos diferenciados da simples consulta médica, sem que decorram, necessariamente, da

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internação de pacientes, devendo ser ressaltada, todavia, a não-aplicação das modificações introduzidas
pela Lei 11.727/08 às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como, a não-abrangência
da redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 a toda a receita bruta da empresa contribuinte
genericamente considerada, mas, apenas, àquela parcela da receita proveniente unicamente da
atividade específica sujeita ao benefício fiscal, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei
9.249/95 ("No caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente a cada atividade").

Do que se conclui que não contendo, no principal, o acórdão transitado em julgado, cuja
desconstituição pretende a União, a flagrante violação à norma jurídica alegada pela autora, haja vista
ter decidido a controvérsia em consonância com orientação firmada por tribunal superior em recurso
representativo de controvérsia (Tema Repetitivo 217), no sentido de que a redução de alíquota prevista no
artigo 15, § 1º, inciso III, alínea a, da Lei 9.249/95 deve ser interpretada objetivamente (sob a perspectiva da
atividade realizada pelo contribuinte), uma vez que a lei, ao conceder o benefício fiscal, não estipulou o tipo
de estrutura ou o local da prestação (critério subjetivo), mas sim, a natureza do serviço prestado (assistência à
saúde), procede apenas em parte, tão-somente para o ajuste do decisum rescindendo às limitações
supramencionadas, a pretensão rescisória da coisa julgada subjacente.

Assim, as requeridas fazem jus à alíquota reduzida de 8% (oito por cento) incidente sobre
a receita bruta auferida com a atividade específica de prestação de serviços odontológicos de
assistência à saúde relativamente ao IRPJ, devendo ser excetuadas do benefício, entretanto, as
consultas.

Ante o exposto, acolho em parte o pedido rescisório deduzido pela


União, para, desconstituindo parcialmente o acórdão rescindendo e reexaminando a causa no particular, dar
parcial provimento à Apelação interposta pelas impetrantes, assegurando-lhes o direito ao recolhimento
do IRPJ com a base de cálculo de 8% sobre as receitas auferidas com a prestação de serviços,
excetuadas as decorrentes das consultas, ficando mantido, no mais, o aresto rescindendo.

Prejudicado o Agravo Interno interposto ao indeferimento da tutela de urgência (pp. 56/63 de


504).

Vencido o ente público autor na maior parte da demanda e sendo muito baixo o valor atribuído
à causa rescisória [*R$988,07 (novecentos e oitenta e oito reais e sete centavos) – p. 503 de 504], fixo, por
apreciação equitativa, no valor de R$4.000,00 (quatro mil reais), pro rata, os honorários advocatícios de
sucumbência devidos às requeridas que contestaram o feito (Inteligência do art. 85, § 8º c/c § 2º, I a III, do
Código de Processo Civil).

Sem condenação em custas, por ser isenta a União.

Incabível na espécie a reversão do depósito prevista no art. 974, parágrafo único, do CPC/2015.

É como voto.

Juíza Federal ROSIMAYRE GONÇALVES DE CARVALHO


Relatora convocada

DEMAIS VOTOS

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Poder Judiciário
Tribunal Regional Federal da 1ª Região
Gabinete 19 - Desembargador Federal JOSÉ AMILCAR MACHADO
Processo Judicial eletrônico

AÇÃO RESCISÓRIA 0035750-05.2017.4.01.0000


PROCESSO REFERÊNCIA: 0009849-49.2005.4.01.3300/BA
AUTORA: UNIÃO (FAZENDA NACIONAL)
PROCURADORAS: CAROLINE SILVEIRA MARINHO TEIXEIRA e AMANDA ALEIXO DE ASSIS CERQUEIRA
REQUERIDAS: CANGUSSÚ ARTE EM REABILITACAO ORAL; LIMP'DENTE CLÍNICA
ODONTOLÓGICA LTDA; SOBRAL ODONTOLOGIA SOCIEDADE SIMPLES LTDA
ADVOGADOS: CAROLINA BARRETO LONGA (OAB/BA 23.679) e LUCIANO DE SOUSA DIAS (OAB/BA
34.619)

EMENTA

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA. REDUÇÃO DA


BASE DE CÁLCULO. LEI 9.249/95, ART. 15, § 1º, III, "a", NA REDAÇÃO DO ART. 29 DA LEI 11.727/2008.
NATUREZA DOS SERVIÇOS PRESTADOS PELO CONTRIBUINTE. NÃO-OBRIGATORIEDADE
DE ESTRUTURA FÍSICA HOSPITALAR. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. RECEITAS AUFERIDAS COM A PRESTAÇÃO
DE SERVIÇOS DE CONSULTA. EXCLUSÃO DA INCIDÊNCIA DO BENEFÍCIO. CLÍNICA ODONTOLÓGICA.
PRECEDENTES. PEDIDO RESCISÓRIO ACOLHIDO EM PARTE.
1. Ao tempo da prolação do acórdão rescindendo – 1º de junho de 2010 –, o Superior Tribunal de Justiça,
incumbido constitucionalmente de uniformizar a interpretação da legislação federal, já havia definido, sob o rito
do art. 543-C da legislação processual civil de regência, o alcance da expressão 'serviços hospitalares' prevista
na Lei 9.429/95 como requisito à obtenção das alíquotas reduzidas de IRPJ e CSLL, não incidindo na espécie,
assim, o óbice inscrito no verbete 343 da jurisprudência sumulada do Supremo Tribunal: “Não cabe ação
rescisória por ofensa a literal disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal
de interpretação controvertida nos tribunais.”
2. Em linhas gerais, o aresto impugnado aplicou corretamente a norma jurídica indicada pela autora – alínea ‘a’
do inciso III, § 1º, art. 15, da Lei 9.249/1995 –, ponto nodal da controvérsia. Inclusive, a adotou em suas razões
de decidir, haja vista ter prestigiado o critério objetivo de definição da pessoa jurídica beneficiária da redução
tributária, fundamentação coincidente com a orientação fixada por tribunal superior em sede de recurso
repetitivo.
3. "Para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão 'serviços hospitalares',
constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a
perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), devendo ser considerados serviços hospitalares 'aqueles
que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde', de
sorte que, 'em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar,
excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito
hospitalar, mas nos consultórios médicos'" (STJ: REsp 1.116.399/BA, 1ª Seção, na relatoria do Ministro
Benedito Gonçalves, DJe de 24/02/2010 - Tema Repetititvo 217).
4. ""As sociedades civis prestadoras de serviços odontológicos e de intervenções cirúrgicas maxilofaciais
enquadram-se no conceito de "atividades hospitalares " a que alude o art. 15, § 1º, inciso III, "a", da
Lei 9.249/95, de modo que a base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro será
obtida mediante a aplicação das alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, sobre a receita bruta. Os serviços de

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diagnóstico odontológico e de cirurgias maxilofaciais demandam rotinas e procedimentos tipicamente
hospitalares, além de espaço físico adequado para intervenções cirúrgicas e corpo técnico especializado,
enquadrando-se no conceito de " atividade médica, pessoal ou instrumental em prol da saúde
humana" (REsp 673.033/RS, Rel. Min. Luiz Fux)"" (STJ: REsp 799.854/PR, 2ª Turma, unânime, de relatoria
do Ministro Castro Meira, DJ de 08/05/2006).
5. Em caso similar, analisando a alegação de que a recorrida, 'Ortodiagnose Odontologia e Medicina S/S
LTDA', não prestaria serviços hospitalares "tendo em vista que esses "são (...) prestados por hospitais
ou pronto-socorros, não se incluindo, aí, as clínicas médicas e de outros serviços como os desenvolvidos pela
demandante"", o voto-condutor de relatoria do saudoso Ministro Teori Zavascki destacou não mais ser
acolhida referida orientação pelo STJ, sendo excetuadas do benefício fiscal, tão-somente, as receitas auferidas
com a prestação dos serviços de consultas (STJ: REsp 996.082/PR, 1ª Turma, DJe 21/09/2009). Nesta mesma
linha decisória: REsp 1.060.085/SC, de relatoria da Ministra Denise Arruda, publicação aos 04/02/2010.
No TRF3: ApCív 0002206-85.2012.4.03.6130, 3ª Turma, na relatoria do Desembargador Federal Nelton
dos Santos, e-DJF3 de 02/06/2017.
6. Não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência as modificações introduzidas pela Lei
11.727/08, bem como, não abrange toda a receita bruta da empresa-contribuinte, genericamente considerada, a
redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95, mas, apenas, aquela parcela proveniente unicamente da atividade
específica sujeita ao benefício fiscal, nos exatos termos do art. 15, § 2º, da Lei 9.249/1995 ("No caso de
atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente a cada atividade").
7. Pedido rescisório da União acolhido parcialmente, para, desconstituindo-se em parte o acórdão rescindendo
e reexaminando-se a causa no particular, dar-se parcial provimento à Apelação interposta pelas impetrantes,
assegurando-lhes o direito ao recolhimento do IRPJ com a base de cálculo de 8% sobre as receitas auferidas
com a prestação de serviços, excetuadas as decorrentes das consultas, mantido, no mais, o aresto
rescindendo.
8. Prejudicado o Agravo Interno interposto ao indeferimento da tutela de urgência.
9. Vencido o ente público autor na maior parte da demanda e sendo baixo o valor atribuído à causa rescisória
[*R$988,07 (novecentos e oitenta e oito reais e sete centavos)], fixo, por apreciação equitativa, no valor de
R$4.000,00 (quatro mil reais), pro rata, os honorários advocatícios de sucumbência devidos às requeridas que
contestaram o feito (Inteligência do art. 85, § 8º c/c § 2º, I a III, do Código de Processo Civil).
10. Sem condenação em custas, por ser isenta a União. Incabível na espécie a reversão do depósito prevista
no art. 974, parágrafo único, do CPC/2015.

ACÓRDÃO

Decide a 4ª Seção Tribunal Regional Federal da 1ª Região, ................, julgar procedente em


parte o pleito rescisório, nos termos do voto da Relatora convocada.

Brasília/DF, na data do julgamento.

Juíza Federal ROSIMAYRE GONÇALVES DE CARVALHO


Relatora convocada

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Tribunal Regional Federal da 1ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico

15/03/2022

Número: 0035750-05.2017.4.01.0000
Classe: AÇÃO RESCISÓRIA
Órgão julgador colegiado: 4ª Seção
Órgão julgador: Gab. 19 - DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ AMILCAR MACHADO
Última distribuição : 18/07/2017
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 0035750-05.2017.4.01.0000
Assuntos: Retido na fonte
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
FAZENDA NACIONAL (AUTOR)
LIMPDENTE CLINICA ODONTOLOGICA SC LTDA (REU) CAROLINA BARRETO LONGA DIAS (ADVOGADO)
SOBRAL ODONTOLOGIA SOCIEDADE SIMPLES LTDA - ME
(REU)
CANGUSSU ARTE EM REABILITACAO ORAL - ME (REU) CAROLINA BARRETO LONGA DIAS (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
18541 01/02/2022 13:45 Certidão de julgamento Certidão de julgamento
1048

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01/02/2022 09:21
Certidão de julgamento

Tipo de documento: Certidão de julgamento


Descrição do documento: Certidão de julgamento
Id: 185411048
Data da assinatura: 01/02/2022

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Justiça Federal da 1ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico

28/05/2022

Número: 1017028-46.2021.4.01.3400
Classe: PROCEDIMENTO COMUM CÍVEL
Órgão julgador: 5ª Vara Federal Cível da SJDF
Última distribuição : 26/03/2021
Valor da causa: R$ 70.000,00
Assuntos: IRPJ/Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ORAL UNIC ODONTOLOGIA ITU LTDA (AUTOR) EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA (ADVOGADO)
UNIAO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) (REU)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
97547 16/12/2021 14:21 Acórdão Acórdão
6042

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JUSTIÇA FEDERAL
Tribunal Regional Federal da 1ª Região

PROCESSO: 1017028-46.2021.4.01.3400 PROCESSO REFERÊNCIA: 1017028-46.2021.4.01.3400


CLASSE: APELAÇÃO CÍVEL (198)
POLO ATIVO: ORAL UNIC ODONTOLOGIA ITU LTDA
REPRESENTANTE(S) POLO ATIVO: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - SP159295-A
POLO PASSIVO:FAZENDA NACIONAL
RELATOR(A):GILDA MARIA CARNEIRO SIGMARINGA SEIXAS

PODER JUDICIÁRIO FEDERALTribunal Regional Federal da 1ª RegiãoGab. 21 -


DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXASPJE/TRF1-Processo Judicial
Eletrônico
APELAÇÃO CÍVEL (198)Nº 1017028-
46.2021.4.01.3400
RELATÓRIOTrata-se de apelações da parte autora e da União (FN) em face da sentença
(CPC/2015) que julgou procedente os pedidos, assegurando à empresa/autora (prestadora de
serviços odontológicos ditos de alta complexidade), o direito de recolher o IRPJ e a CSLL com
bases de cálculo reduzidas de 8% e 12%, respectivamente, excluídas as simples consultas e
atividades de cunho administrativo, e declarou o direito da demandante à restituição mediante
precatório ou compensação.O juízo de origem, considerando a sucumbência mínima da parte
autora, determinou o pagamento das custas pela parte ré e fixou os honorários de
sucumbência em 10% sobre o valor atualizado da causa, com fulcro no art. 85, §§ 2º e 3º, inciso
I, do CPC.A União apela alegando que as atividades odontológicas, tais como as consultas
médicas, não se identificam com o ambiente hospitalar, sendo o ambiente normal de sua
realização os consultórios/clínicas odontológicas. Alega, ainda, a necessidade de atendimento
das normas da ANVISA mediante a apresentação de alvará da vigilância sanitária estadual ou
municipal, nos termos do §3º do art. 33 da IN RFB nº 1700/2017.A parte autora, por sua vez, se
insurge contra a condenação da União em honorários de sucumbência de 10% sobre o valor da
causa atualizado, invocando os incisos I a V, do § 3º, do art. 85, do CPC. Requer que os
honorários sejam apurados sobre o valor da condenação ou do proveito econômico obtido.É o
relatório. Des(a). Fed. GILDA SIGMARINGA SEIXASRelatora

VOTO - VENCEDOR

PODER JUDICIÁRIO FEDERALTribunal Regional Federal da 1ª RegiãoGab. 21 -


DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXASPJE/TRF1-Processo Judicial
Eletrônico
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 1017028-

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46.2021.4.01.3400
VOTOPara fins de apuração mensal do IRPJ e da CSLL, o art. 15 da Lei n. 9.249/95 fixou o
percentual de 32% como base de cálculo geral para todas as empresas prestadoras de serviço.
Confira-se:Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a
aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado
o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.§1º Nas seguintes
atividades, o percentual de que trata este artigo será de: (...)III - trinta e dois por cento, para as
atividades de:a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; (...)§2º No
caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente a cada atividade”Da
leitura do dispositivo, verifica-se que, excepcionalmente, foram excluídos da regra de índice geral
os serviços hospitalares, sobre os quais o IRPJ e a CSLL são calculados em percentuais
reduzidos. Posteriormente, a Lei n. 11.727/2008 trouxe nova redação ao artigo transcrito acima,
com vigência a partir de 01/01/2009. Vejamos:“Art. 15. (...)III - trinta e dois por cento, para as
atividades de:a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio
diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia,
medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja
organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – Anvisa;”Consta no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, a empresa autora
detém natureza jurídica de “sociedade empresária limitada”, cuja atividade econômica principal é
descrita como “atividade médica ambulatorial com recursos para realização de procedimentos
cirúrgicos” e como atividade secundária “realização de exames complementares” e
“consultas”.Consta ainda, no documento de ID 1633414 a licença de alvará sanitário concedido
pela prefeitura municipal de Ítu - SP, estando, portanto, em cumprimento dos requisitos legais
para a redução das alíquotas requeridas, conforme jurisprudência deste TRF1:TRIBUTÁRIO.
MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS REDUZIDAS.
PRESTADORA DE "SERVIÇOS HOSPITALARES" (EXCLUSÃO DAS CONSULTAS MÉDICAS)
SOB A FORMA DE SOCIEDADE EMPRESÁRIA. 1. O Superior Tribunal de Justiça decidiu que o
recolhimento do IRPJ e da CSLL com alíquotas reduzidas de 8% e 12%, respectivamente, após a
edição da Lei 11.727/2008, que alterou o art. 15, § 2º, da Lei 9.249/1995, exige da empresa a
prestação de serviços hospitalares e seja obrigatoriamente constituída sob a forma de sociedade
empresária (REsp repetitivo 1.116.399-BA, r. Ministro Benedito Gonçalves, 1ª Seção em
28.10.2009; AgRg no REsp 1.538.506/SC, r. Ministro Humberto Martins, 2ª Turma em
15.09.2015). 2. A impetrante comprovou que preenche esses requisitos, caso em que tem direito
subjetivo às alíquotas reduzidas, excluídas as consultas médicas. 3. Apelação da União
desprovida. Remessa necessária parcialmente provida.(AMS 0037018-89.2011.4.01.3400,
DESEMBARGADOR FEDERAL NOVÉLY VILANOVA, TRF1 - OITAVA TURMA, PJe 25/10/2021
PAG.)PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO MANDADO DE SEGURANÇA - ADOÇÃO DAS
BASES DE CÁLCULOS REDUZIDAS DO IRPJ (8%) E DA CSLL (12%) QUANTO ÀS RECEITAS
DE SERVIÇOS HOSPITALARES - REPET-RESP. 1 - Trata-se de remessa oficial em face da
sentença (CPC/2015) que, concedendo a segurança, assegurou à empresa/impetrante
(prestadora de serviços odontológicos ditos de "alta complexidade" para além do "simples
atendimento ambulatorial, "o direito de recolher o IRPJ e a CSLL, com bases de cálculo reduzidas
de 8% e 12%, respectivamente", com atenção, se o caso, aos ulteriores requisitos da Lei
9.249/92, limitando-se tal redução só às "receitas decorrentes da prestação de serviços
hospitalares", nos termos do REPET-REsp nº 1.116.399/BA. 1.1 - Vem-se - "per relationem" -
confirmar a sentença, por sua ampla e adequada fundamentação, retratando a jurisprudência
pacificada de então, em nível de recurso repetitivo, e a legislação específica de regência, até
porque o Fisco, de modo expresso, evidenciou autorização e desinteresse em não recorrer, não
havendo qualquer resíduo fático e jurídico controverso que, pois, a desabone, o que enseja,
assim, sua confirmação, até pelo comando de observância do art. 926 e art. 927 do CPC/2015. 2
- Remessa oficial não provida. (REOMS 1000080-70.2019.4.01.3700, DESEMBARGADORA
FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXAS, TRF1 - PRIMEIRA TURMA, PJe 26/07/2021
PAG.)Quanto aos horários advocatícios, tendo sido reconhecido à parte autora o direito à

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restituição/compensação dos valores recolhidos a maior, deve a verba de advogado ser apurada
tendo como base de cálculo o valor da condenação ou do proveito econômico obtido, conforme a
disciplina do art. 85 do CPC. De acordo com o § 4º, III, do referido artigo, a utilização do valor
atualizado da causa somente deve ocorrer nos casos em que não há condenação principal ou
quando não é possível mensurar o proveito econômico obtido, situação que não ocorre no caso
em apreço.Ante o exposto, nego provimento à apelação da União e dou provimento ao recurso
da parte autora para determinar a apuração dos honorários advocatícios com base no valor da
condenação, devendo os percentuais serem definidos no momento da liquidação do julgado,
conforme dispõe o art. 85, 4º, II, do CPC.É o meu voto.Des(a). Fed. GILDA SIGMARINGA
SEIXASRelatora

DEMAIS VOTOS

PODER JUDICIÁRIO FEDERALTribunal Regional Federal da 1ª RegiãoGab. 21 -


DESEMBARGADORA FEDERAL GILDA SIGMARINGA SEIXASPJE/TRF1 - PROCESSO JUDICIAL
ELETRÔNICO
APELAÇÃO CÍVEL (198)Nº 1017028-46.2021.4.01.3400APELANTE: ORAL UNIC
ODONTOLOGIA ITU LTDAAPELADO: FAZENDA
NACIONAL
EMENTATRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO ORDINÁRIA. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTA
REDUZIDA. LEI 9.249/1995. REDAÇÃO DA LEI 11.727/2008. IN/RFB 1.700/2017. SERVIÇOS
DE NATUREZA HOSPITALAR. SOCIEDADE EMPRESÁRIA. OBSERVÂNCIA ÀS NORMAS DA
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA – ANVISA. COMPROVAÇÃO. ALVARÁ DA
VIGILÂNCIA SANITÁRIA MUNICIPAL EXPEDIDO. COMPENSAÇÃO. VERBA HONORÁRIA.
SENTENÇA MANTIDA.1. Apelações da parte autora e da União (FN) em face da sentença
(CPC/2015) que julgou procedente o pedido, assegurando à empresa/autora (prestadora de
serviços odontológicos ditos de alta complexidade), o direito de recolher o IRPJ e a CSLL com
bases de cálculo reduzidas de 8% e 12%, respectivamente, excluídas as simples consultas e
atividades de cunho administrativo, e declarou o direito da demandante à restituição mediante
precatório ou compensação.2. O juízo de origem, considerando a sucumbência mínima da parte
autora, determinou o pagamento das custas pela parte ré e fixou os honorários de
sucumbência em 10% sobre o valor atualizado da causa, com fulcro no art. 85, §§ 2º e 3º, inciso
I, do CPC.3. Para fins de apuração mensal do IRPJ e da CSLL, o art. 15 da Lei n. 9.249/95 fixou o
percentual de 32% como base de cálculo geral para todas as empresas prestadoras de serviço.
Excepcionalmente, foram excluídos da regra de índice geral os serviços hospitalares, sobre os
quais o IRPJ e a CSLL são calculados em percentuais reduzidos. 4. No caso concreto, a autora
comprovou prestar serviços de saúde (serviços odontológicos ditos de alta complexidade),
demonstrando que além de estar regular, atende às normas sanitárias. 5. Precedente: 1. O STJ
decidiu que o recolhimento do IRPJ e da CSLL com alíquotas reduzidas de 8% e 12%,
respectivamente, após a edição da Lei 11.727/2008, que alterou o art. 15, § 2º, da Lei
9.249/1995, exige da empresa a prestação de serviços hospitalares e seja obrigatoriamente
constituída sob a forma de sociedade empresária (REsp repetitivo 1.116.399-BA, 1ª Seção em
28.10.2009; AgRg no REsp 1.538.506/SC, 2ª Turma em 15.09.2015). 2. A impetrante comprovou
que preenche esses requisitos, caso em que tem direito subjetivo às alíquotas reduzidas,
excluídas as consultas médicas. (AMS 0037018-89.2011.4.01.3400, TRF1 - OITAVA TURMA,

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PJe 25/10/2021 PAG.)6. Tendo sido reconhecido à parte autora o direito à
restituição/compensação dos valores recolhidos a maior, deve a verba de advogado ser apurada
tendo como base de cálculo o valor da condenação ou do proveito econômico obtido, conforme a
disciplina do art. 85 do CPC. De acordo com o § 4º, III, do referido artigo, a utilização do valor
atualizado da causa somente deve ocorrer nos casos em que não há condenação principal ou
quando não é possível mensurar o proveito econômico obtido, situação que não ocorre no caso
em apreço.7. Apelação da União não provida. Apelação da parte autora provida para determinar a
apuração dos honorários advocatícios com base no valor da condenação, com definição dos
percentuais no momento da liquidação do julgado (CPC, art. 85, 4º, II).ACÓRDÃODecide a
Turma, por unanimidade, negar provimento à apelação da União e dar provimento à apelação da
parte autora.Brasília/DF, na data da certificação digital.Des(a). Fed. GILDA SIGMARINGA
SEIXASRelatora

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

Numeração Única: 25500220114013400


APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO 0002550-02.2011.4.01.3400/DF
Processo na Origem: 25500220114013400

RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL MARCOS AUGUSTO DE SOUSA


APELANTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : CRISTINA LUISA HEDLER
APELANTE : ABDALLA ODONTOLOGIA LTDA
ADVOGADO : RAFAEL SANTOS DE BARROS E SILVA
APELADO : OS MESMOS
REMETENTE : JUIZO FEDERAL DA 9A VARA - DF

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTA REDUZIDA. LEI 9.245/95.


REDAÇÃO DA LEI 11.727/2008. SERVIÇOS DE NATUREZA HOSPITALAR. SOCIEDADE
EMPRESÁRIA LIMITADA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ODONTOLOGIA. CIRURGIAS
ODONTOLÓGICAS, IMPLANTES DENTÁRIOS E RADIOGRAFIAS. APELAÇÃO DA PARTE
AUTORA PROVIDA. APELAÇÃO DA UNIÃO E REMESSA OFICIAL NÃO PROVIDAS.
1. O inciso III da letra “a” do art. 15 da Lei 9.249/95, com a redação dada pela Lei 11.727/2008,
assegurou que a base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro
líquido, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de 8% (oito por
cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente, para as atividades de serviços hospitalares e
de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas.
2. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, ao apreciar o REsp 951.251/PR (Rel.
Ministro Castro Meira, DJe 03.06.2009), à unanimidade , firmou o entendimento de que “o art. 15,
§ 1º, III, “a”, da Lei nº 9.249/95 explicitamente concede o benefício fiscal de forma objetiva, com
foco nos serviços que são prestados, e não no contribuinte que os executa.”
3. A análise da documentação acostada aos autos permite inferir que é apropriado o
enquadramento dos serviços prestados pela parte autora como “serviços hospitalares”, assim
entendidos aqueles realizados em prol da saúde humana.
4. A colocação de implante dentário demanda a utilização de técnicas cirúrgicas específicas e
segue orientações previstas para a especialidade de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial,
a qual já foi enquadrada pelo Superior Tribunal de Justiça como “atividade hospitalar”. (REsp
799.854/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 25/04/2006, DJ 08/05/2006,
p. 187).
5. Apelação da parte autora provida. Apelação da UNIÃO e remessa oficial não providas.

ACÓRDÃO

Decide a Turma, por unanimidade, dar provimento à apelação da parte autora e


negar provimento à apelação da UNIÃO (FN) e à remessa oficial.
8ª Turma do TRF da 1ª Região – 13/03/2015 (data do julgamento)

Desembargador Federal MARCOS AUGUSTO DE SOUSA


Relator

TRF 1ª REGIÃO/IMP.15-02-05 https://d.docs.live.net/c7638ef0a5f4622b/TRF1 02.doc


Criado por tr300988

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO 0002550-02.2011.4.01.3400/DF fls.2/4

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO 0002550-02.2011.4.01.3400/DF


RELATÓRIO
O EXMO. SR. DESEMBARGADOR FEDERAL MARCOS AUGUSTO DE SOUSA, Relator:
Trata-se de reexame necessário e de apelação interposta pela UNIÃO (FN) e de
apelação interposta por ABDALLA ODONTOLOGIA LTDA em face de sentença que julgou
parcialmente procedente o pedido deduzido na ação de rito ordinário para declarar que a parte
autora desenvolve serviços de natureza hospitalar, devendo a base de cálculo ser apurada com a
incidência das alíquotas de 8% para o Imposto de Renda Pessoa Jurídica - IRPJ e de 12% para a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, exclusivamente sobre a receita bruta
relacionada às atividades desenvolvidas na área da saúde (Radiologia e Cirurgia), excluídos os
implantes dentários.
A UNIÃO (FN) sustenta que as atividades exercidas pela autora não se enquadram
na exceção prevista no parágrafo primeiro, inciso III, letra “a” do art. 15 da Lei 9.249/99, que trata
das empresas que prestam serviços hospitalares.
De outra parte, ABDALLA ODONTOLOGIA LTDA requer seja reconhecido o direito
à redução da base de cálculo do IRPJ-presumido e da CSLL também para a receita auferida com
implantes dentários.
Com contrarrazões.
É o relatório.
VOTO
O inciso III da letra “a” do art. 15 da Lei 9.249/95 assim dispõe:
Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante
a aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida
mensalmente, observado o disposto no art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de
dezembro de 1977, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos
incondicionais concedidos, sem prejuízo do disposto nos arts. 30, 32, 34 e 35 da
Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. (Redação dada pela Lei 12.973, de 13 de
maio de 2014) (Vide art. 119 da Lei 12.973/2014).
§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:
I - um inteiro e seis décimos por cento, para a atividade de revenda, para
consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás
natural;
II - dezesseis por cento;
a) para a atividade de prestação de serviços de transporte, exceto o de carga,
para o qual se aplicará o percentual previsto no caput deste artigo;
b) para as pessoas jurídicas a que se refere o inciso III do art. 36 da Lei nº 8.981,
de 20 de janeiro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 da
referida Lei;
III - trinta e dois por cento, para as atividades de: (Vide Medida Provisória 232, de
2004)
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares;( )
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio
diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e
citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a
prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária
e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -
Anvisa;(Redação dada pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008 )

À luz da legislação de regência da matéria, a Primeira Seção do Superior Tribunal


de Justiça, ao apreciar o REsp 951.251/PR (Rel. Ministro Castro Meira, DJe 03.06.2009), à
unanimidade , firmou o entendimento de que “o art. 15, § 1º, III, “a”, da Lei nº 9.249/95
explicitamente concede o benefício fiscal de forma objetiva, com foco nos serviços que são
prestados, e não no contribuinte que os executa.”

TRF 1ª REGIÃO/IMP.15-02-05 https://d.docs.live.net/c7638ef0a5f4622b/TRF1 02.doc

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Número do documento: 22110714591540700001373745930
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO 0002550-02.2011.4.01.3400/DF fls.3/4

Ainda nos termos do referido aresto, “deve-se entender como ‘serviços


hospitalares’ aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais,
voltados diretamente à promoção da saúde. Em regra, mas não necessariamente, são
prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas
médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos
consultórios médicos. Duas situações convergem para a concessão do benefício: a prestação de
serviços hospitalares e que esta seja realizada por instituição que, no desenvolvimento de sua
atividade, possua custos diferenciados do simples atendimento médico, sem, contudo, decorrerem
estes necessariamente da internação de pacientes” (sem negrito no original).
Sob esse enfoque, tem-se como apropriado o enquadramento dos serviços
prestados pela parte autora como “serviços hospitalares”, assim entendidos aqueles realizados
em prol da saúde humana, para fins de aplicação da alíquota reduzida de IRPJ e de CSLL, de que
trata o art. 15, § 1º, III, “a”, da Lei nº 9.249/95, notadamente se se considerar que:
- (a) o contrato social da ABDALLA ODONTOLOGIA LTDA dispõe em sua Cláusula
Terceira da Consolidação Contratual (fl. 29) que “o objetivo da sociedade é: prestação de serviços
odontológicos em geral, com assistência odontológica e raios x intra-oral”;
- (b) a autora é inscrita no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) como
Sociedade Empresária Limitada (fl. 26);
- (c) no cadastro da autora junto à Receita Federal do Brasil consta como código da
atividade econômica 86.30-5/04, referente à “atividade odontológica com recursos para realização
de procedimento cirúrgicos” (fl.48);
- (d) as fotografias de fls. 32/33 corroboram a alegação de realização de “serviços
hospitalares” em razão da feitura de procedimentos de cirurgia odontológica, implantes dentários e
radiografias; e
- (e) há demonstração da especialização do corpo técnico para a realização de
implantes dentários (fl. 39).
Em conseqüência, não merecem ser providos a remessa oficial e o apelo da União
(FN).
De outra parte, no que se refere à apelação da parte autora, a pretensão de
caracterização do serviço de implantodontia como sendo uma cirurgia maxilofacial exige, de fato,
prévia leitura da definição do referido procedimento pelo Conselho Federal de Odontologia-CFO.
Nos termos da “Consolidação das Normas para Procedimentos nos Conselhos de Odontologia”,
aprovada pela Resolução CFO-63/2005, a Implantodontia é assim definida:
SEÇÃO VII – Implantodontia
Art. 61. Implantontia é a especialidade que tem como objetivo a
implantação na mandíbula e na maxila, de materiais aloplásticos
destinados a suportar próteses unitárias, parciais ou removíveis e próteses
totais.
Parágrafo único. Na atuação do especialista em Implantodontia observar-
se-á o disposto nos artigos 45 e 47, referente a especialidade de Cirurgia e
Traumatologia Buco-Maxilo-Faciais.
Art. 62. As áreas de competência para atuação do especialista em
Implantodontia incluem:
a) diagnóstico das condições das estruturas ósseas dos maxilares;
b) diagnóstico das alterações das mucosas bucais, e das estruturas de
suporte dos elementos dentários;
c) técnicas e procedimentos de laboratóro relativos aos diferentes tipos
de prótese a serem executadas sobre os implantes.
d) técnicas cirúrgicas específicas ou afins nas colocações de implantes;
e) manutenção e controle dos implantes; e,
f) realização de enxertos ósseos e gengivais e de implantes dentários
no complexo maxilo-facial.

TRF 1ª REGIÃO/IMP.15-02-05 https://d.docs.live.net/c7638ef0a5f4622b/TRF1 02.doc

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO 0002550-02.2011.4.01.3400/DF fls.4/4

Como visto, a colocação de implante dentário demanda a utilização de técnicas


cirúrgicas específicas e segue orientações previstas para a especialidade de Cirurgia e
Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, a qual já foi enquadrada pelo Superior Tribunal de Justiça
como “atividade hospitalar”. É o que se infere do seguinte julgado:
TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA E
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO.
ARTS. 15, § 1º, III, "A", E 20 DA LEI N.º 9.249/95. ATIVIDADES
HOSPITALARES. SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS. ENQUADRAMENTO.
1. As sociedades civis prestadoras de serviços odontológicos e de
intervenções cirúrgicas maxilofaciais enquadram-se no conceito de
"atividades hospitalares" a que alude o art. 15, § 1º, inciso III, "a", da Lei n.º
9.249/95, de modo que a base de cálculo do imposto de renda e da
contribuição social sobre o lucro será obtida mediante a aplicação das
alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, sobre a receita bruta.
2. Os serviços de diagnóstico odontológico e de cirurgias maxilofaciais
demandam rotinas e procedimentos tipicamente hospitalares, além de
espaço físico adequado para intervenções cirúrgicas e corpo técnico
especializado, enquadrando-se no conceito de "atividade médica, pessoal
ou instrumental em prol da saúde humana" (REsp n.º 673.033/RS, Rel.
Min. Luiz Fux).
3. Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público.
4. Recurso especial improvido.
(REsp 799.854/PR, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado
em 25/04/2006, DJ 08/05/2006, p. 187)

Assim, considerando que as atividades de realização de raios-x, de cirurgias e de


implantes dentários se amoldam à previsão do inciso III da letra “a” do art. 15 da Lei 9.249/95,
com a redação dada pela Lei 11.727/2008, as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL devidos pela
parte autora devem ser apuradas com a incidência das alíquotas de 8% (para o IRPJ) e de 12%
(para a CSLL), exclusivamente sobre a receita bruta relacionada a essas atividades.
Ante o exposto, dou provimento à apelação da parte autora (ABDALLA
ODONTOLOGIA LTDA) para, reformando parcialmente a sentença, julgar procedente o pedido,
assegurando-lhe que as bases de cálculo do IRPJ-presumido e da CSLL por ela devidos sejam
determinadas mediante aplicação dos percentuais de 8% e 12%, respectivamente, sobre a receita
bruta auferida também com a realização de implantes dentários, ficando reconhecido, ainda, o
direito à repetição/compensação do indébito referente às diferenças decorrentes da aplicação de
alíquotas superiores a essas; e nego provimento à apelação da UNIÃO (FN) e à remessa oficial.
Fica a UNIÃO (FN) condenada ao pagamento de honorários advocatícios que fixo,
com fundamento no artigo 20, parágrafo 4º, do CPC, em R$ 2.000,00 (dois mil reais).
É o voto.

Desembargador Federal MARCOS AUGUSTO DE SOUSA


Relator

TRF 1ª REGIÃO/IMP.15-02-05 https://d.docs.live.net/c7638ef0a5f4622b/TRF1 02.doc

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1a. REGIÃO
SECRETARIA JUDICIÁRIA
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7ª Sessão Ordinária do(a) OITAVA TURMA

Pauta de: 13/03/2015 Julgado em : 13/03/2015 ApReeNec 0002550-


02.2011.4.01.3400 / DF
Relator: Exmo. Sr. DESEMBARGADOR FEDERAL MARCOS AUGUSTO DE SOUSA
Revisor: Exmo (a). Sr(a).
Presidente da Sessão: Exmo(a). Sr(a). DESEMBARGADOR FEDERAL NOVELY VILANOVA
Proc. Reg. da República: Exmo(a). Sr(a).Dr(a). JOSÉ CARDOSO LOPES
Secretário(a): JESUS NARVAEZ DA SILVA

APTE :FAZENDA NACIONAL


PROCUR :CRISTINA LUISA HEDLER
APTE :ABDALLA ODONTOLOGIA LTDA
ADV :RAFAEL SANTOS DE BARROS E SILVA
APDO :OS MESMOS
REMTE :JUIZO FEDERAL DA 9A VARA - DF

Nº de Origem: 25500220114013400 Vara: 9


Justiça de Origem: JUSTIÇA FEDERAL Estado/Com.: DF

Sustentação Oral
Sustentação oral: Rafael Santos B. Silva.

Certidão

Certifico que a(o) egrégia (o) OITAVA TURMA, ao apreciar o


processo em epígrafe , em Sessão realizada nesta data , proferiu a
seguinte decisão:

A Turma, à unanimidade, deu provimento à apelação da Autora e negou


provimento à apelação da Fazenda Nacional e à remessa oficial, nos
termos do voto do Relator.

Participaram do Julgamento o Exmo. Sr. JUIZ FEDERAL CLEBERSON JOSÉ


ROCHA , convocado, em face da ausência justificada, da Exma. Sra.
DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA DO CARMO CARDOSO e o Exmo. Sr.
DESEMBARGADOR FEDERAL NOVÉLY VILANOVA.

Brasília, 13 de março de 2015.

JESUS NARVAEZ DA SILVA


Secretário(a)

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO (20ÃN09ãH)
Numeração Única: 0009849-49.2005.4.01.3300
APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.33.00.009852-4/BA

RELATORA : DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA DO CARMO CARDOSO


RELATOR CONVOCADO : JUIZ FEDERAL CHARLES RENAUD FRAZAO DE MORAES
APELANTE : CANGASSU POLIDENICA ODONTOLOGICA S/C LTDA E OUTROS(AS)
ADVOGADO : JULIANA ALVES DE LIMA E OUTRO(A)
APELADO : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : LUIZ FERNANDO JUCA FILHO

EMENTA

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. SOCIEDADE CIVIL PRESTADORA DE


SERVIÇOS MÉDICOS. IRPJ E CSLL. ALÍQUOTAS DE 8% E 12% INCIDENTES
SOBRE A RECEITA BRUTA. ART. 15, § 1º, III, A, DA LEI 9.249/1995.
APLICABILIDADE. RESTRIÇÃO E MODIFICAÇÃO POR ATO NORMATIVO.
IMPOSSIBILIDADE. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. CORREÇÃO MONETÁRIA.
1. É a natureza da atividade que define a aplicação do art. 15, § 1º, III, a, da Lei
9.249/1995, não o local da prestação dos serviços, haja vista ser possível que
sejam prestados fora das dependências de hospitais.
2. Uma vez que o legislador ordinário não discriminou a natureza jurídica da
sociedade, os atos normativos que restringiram o conceito de serviços
hospitalares exorbitaram dos limites de sua atuação.
3. O ato hierarquicamente inferior à lei não se presta a modificar disposições
expressas de texto legislativo.
4. O art. 106 do CTN amplia o alcance da lei mais benéfica; não discrimina os
casos de sua inaplicabilidade, e não deve o intérprete fazê-lo.
5. Tem direito à aplicação dos percentuais de 8% e 12% para apuração do IRPJ e
CSLL, respectivamente, a empresa que se enquadra nas hipóteses do art. 15,
§ 1º, III, a, da Lei 9.249/1995.
6. Diante da evolução da legislação reguladora da compensação tributária, está
autorizada a compensação de créditos decorrentes do recolhimento indevido a
título de IRPJ e CSLL que ultrapassaram a base de cálculo de 8% e 12%,
respectivamente, com qualquer tributo arrecadado e administrado pela
Secretaria da Receita Federal, ainda que o destino das arrecadações seja
outro.
7. A compensação dos valores indevidamente recolhidos a maior nos cinco anos
anteriores à impetração do mandado de segurança não encontra óbice na
Súmula 271 do STF. (AgRg no RMS 20476/RN, rel. Ministra Eliana Calmon,
DJ de 31/10/2007).
8. Apelação das impetrantes a que se dá provimento.

(D:1Tå) - Nº Lote: 2010013687 - 2_1 - APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.33.00.009852-4/BA

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO fls.2/10

Numeração Única: 0009849-49.2005.4.01.3300


APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.33.00.009852-4/BA

ACÓRDÃO

Decide a Oitava Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, por


unanimidade, dar provimento à apelação das impetrantes, nos termos do voto do
Relator.
Brasília/DF, 1º de junho de 2010.

Juiz Federal Charles Renaud Frazão de Moraes


Relator Convocado

(D:1Tå) - Nº Lote: 2010013687 - 2_1 - APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.33.00.009852-4/BA

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Numeração Única: 0009849-49.2005.4.01.3300


APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.33.00.009852-4/BA

RELATÓRIO

O EXMO. SR. JUIZ FEDERAL CHARLES RENAUD FRAZÃO DE


MORAES (RELATOR CONVOCADO):

Esta apelação foi interposta por CANGASSU POLICLÍNICA


ODONTOLOGICA S/C LTDA. E OUTROS(AS) à sentença prolatada pelo Juízo
Federal da 12ª Vara da Seção Judiciária da Bahia, que, nos autos do Mandado de
Segurança 2005.33.00.009852-4, denegou a segurança que objetivava a declaração
de enquadramento das impetrantes no conceito de serviços hospitalares, nos termos
da Lei 9.249/1995 e, via de consequência, o reconhecimento do direito de apurarem
a base de cálculo do imposto de renda com base no percentual de 8%, com a
declaração do direito à compensação dos valores indevidamente recolhidos nos
últimos dez anos, com quaisquer tributos vencidos ou vincendos.

O MM. Juízo a quo fundamentou, para tanto, que a Instrução


Normativa 306/2003 incluía a atividade odontológica na definição de serviços de
assistência à saúde, que não se confundem com os médicos, cujo conceito é mais
restrito.

Sem condenação ao pagamento dos honorários de advogado, conforme


sumulado pelo STF e pelo STJ. Custas ex lege (fls. 99-101).

Sustentam as apelantes que se enquadram como prestadoras de


serviços hospitalares, nos termos do caput do art. 15 da Lei 9.249/1995, e que o
conceito de serviço hospitalar deve ser traçado com base na natureza do serviço
desenvolvido pelo estabelecimento assistencial de saúde, e não na figura do
prestador do serviço.

Por tais razões, requerem a reforma da sentença para recolher o IRPJ


tendo como base de cálculo o resultado da aplicação do percentual de 8% sobre a
receita bruta, e a compensação das parcelas recolhidas a maior com quaisquer
tributos, vencidos ou vincendos, nos últimos dez anos — por entenderem que os
créditos que pretendem ver constituídos ainda não foram atingidos pela prescrição

(D:1Tå) - Nº Lote: 2010013687 - 2_1 - APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.33.00.009852-4/BA

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO fls.4/10

Numeração Única: 0009849-49.2005.4.01.3300


APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.33.00.009852-4/BA

quinquenal — devidamente acrescidos pela taxa SELIC e pelos juros moratórios e


compensatórios, no limite legal.

Foram apresentadas as contrarrazões (fls.120-143).

Nesta instância, o representante do Ministério Público Federal opinou


pelo não provimento da apelação (fls. 196-199).

É o relatório.

(D:1Tå) - Nº Lote: 2010013687 - 2_1 - APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.33.00.009852-4/BA

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO fls.5/10

Numeração Única: 0009849-49.2005.4.01.3300


APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.33.00.009852-4/BA

VOTO

O EXMO. SR. JUIZ FEDERAL CHARLES RENAUD FRAZÃO DE


MORAES (RELATOR CONVOCADO):

A PRESCRIÇÃO:

No tocante à contagem dos prazos de decadência e de prescrição, o


Superior Tribunal de Justiça assentou que o prazo prescricional da ação de
repetição de indébito para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, como
regra geral, ocorrerá após o transcurso de cinco anos, contados da ocorrência do
fato gerador — prazo decadencial —, acrescido de mais cinco anos, contados da
homologação tácita — este sim, prazo prescricional (Precedentes: Recursos
Especiais 75.006/PR, 266.889/SP, 250.753/PE).

A Corte Especial deste Tribunal, em julgamento realizado em


02/10/2008, declarou a inconstitucionalidade da segunda parte do art. 4º da LC
118/2005, ou seja, afastou o pretenso caráter meramente interpretativo da norma,
nos termos do voto da lavra do Desembargador Federal Leomar Amorim (ArgInc
2006.35.02.001515-0/GO). Assentou, também, que a aplicabilidade da LC
118/2005 se refere apenas a fatos geradores posteriores à sua vigência.

Nesse sentido, pode o contribuinte pleitear judicialmente a restituição


ou a compensação do tributo indevidamente pago nos últimos 10 anos que
antecederam ao ajuizamento da ação.

O MÉRITO:

Inequívoca a natureza dos serviços prestados pelas impetrantes, que


atuam na área de realização gerais de odontologia, conforme consta dos contratos
sociais acostados às fls. 19-21, 22-24, 25-27 e 96-97.

A natureza dos serviços é definida pela sua modalidade, não pelo local
onde são prestados.

A esse respeito, os seguintes precedentes do Superior Tribunal de


Justiça e desta Corte:

TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL


SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO. ARTS. 15, § 1º, III, "A" E
20 DA LEI N. 9.249/95. ATIVIDADES HOSPITALARES. SERVIÇOS
DE DIAGNÓSTICOS POR IMAGEM. ENQUADRAMENTO.

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 1ª REGIÃO fls.6/10

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APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.33.00.009852-4/BA

1. As sociedades civis prestadoras de serviços de diagnóstico por


imagens enquadram-se no conceito de "atividades hospitalares"
a que alude o art. 15, § 1º, III, "a", da Lei n.º 9.249/95, de modo
que a base de cálculo do imposto de renda e da contribuição
social sobre o lucro será obtida mediante a aplicação das
alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, sobre a receita bruta.
2. Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público.
3. Recurso especial provido.
(REsp 850.428/SC, rel. Ministro Castro Meira, DJ de
15/09/2006).

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPOSTO DE RENDA


PESSOA JURÍDICA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO
LÍQUIDO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES. LEI N.
9.249/95. APLICAÇÃO DA ALÍQUOTA REDUZIDA.
POSSIBILIDADE. PRESCRIÇÃO. COMPENSAÇÃO.
1. Nos termos da Lei n. 9.249/95, os prestadores de serviços em
geral devem recolher imposto de renda pessoa jurídica e
contribuição social sobre o lucro líquido sob a alíquota de 32%,
enquanto os prestadores de serviços hospitalares o fazem sob
as alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, da receita bruta
mensal.
2. No caso dos autos, de acordo com o contrato social, como as
atividades da impetrante estão vinculadas à prestação de
serviços médicos na área radiologia clínica, enquadrando-se no
conceito de serviços hospitalares, uma vez que realizadas com
atenção e assistência à saúde humana, deve ser reconhecida a
redução das alíquotas de CSLL e IRPJ, nos termos da Lei n.
9.249/95.
3. Ajuizada a presente ação em 28 de setembro de 2004,
anteriormente à vigência da LC n. 118/2005, há de ser
aplicada a tese dos cinco+cinco aos tributos indevidamente
recolhidos anteriores à impetração do writ, alertando que a Lei
n. 9.249/95 entrou em vigor no dia 1º/01/1996.
4. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou
orientação no sentido de que é possível reconhecer ao
contribuinte a compensação entre créditos tributários decorrentes
de pagamentos indevidos com débitos originários de outros
tributos, com fundamento no artigo 66 da Lei n. 8.383/91, no
caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação.
5. Na atualização dos valores indevidamente recolhidos, segundo
jurisprudência pacífica desta Corte, deve ser utilizada a taxa
Selic a partir de 1º/01/96, ressaltando-se, porém, que a
aplicação desta não é cumulada com juros moratórios e/ou
correção monetária.

(D:1Tå) - Nº Lote: 2010013687 - 2_1 - APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.33.00.009852-4/BA

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APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.33.00.009852-4/BA

6. Apelação da impetrante provida.


7. Apelação da Fazenda Nacional e remessa oficial improvidas.
(AMS 2004.38.00.041034-4/MG, rel. Desembargador Federal
Leomar Barros Amorim de Sousa, DJ de 07/12/2007).

A Secretaria da Receita Federal editou diversas portarias para restringir


o conceito de serviços hospitalares disposto no art. 15, § 1º, III, da Lei 9.249/1995.
A última delas é a IN RFB 791/2007, que, no art. 1º, estabelece:

Art. 1º O art. 27 da Instrução Normativa SRF nº 480, de 15 de


dezembro de 2004, passa a vigorar com a seguinte alteração:
Art. 27. Para os fins previstos nesta Instrução Normativa, são
considerados serviços hospitalares aqueles prestados por
estabelecimentos assistenciais de saúde que dispõem de
estrutura material e de pessoal destinada a atender a
internação de pacientes, garantir atendimento básico de
diagnóstico e tratamento, com equipe clínica organizada e
com prova de admissão e assistência permanente prestada
por médicos, que possuam serviços de enfermagem e
atendimento terapêutico direto ao paciente, durante 24
horas, com disponibilidade de serviços de laboratório e
radiologia, serviços de cirurgia e/ou parto, bem como
registros médicos organizados para a rápida observação e
acompanhamento dos casos.
Parágrafo único. São também considerados serviços
hospitalares, para os fins desta Instrução Normativa, aqueles
efetuados pelas pessoas jurídicas:
I - prestadoras de serviços pré-hospitalares, na área de
urgência, realizados por meio de UTI móvel, instaladas em
ambulâncias de suporte avançado (Tipo "D") ou em aeronave
de suporte médico (Tipo "E"); e
II - prestadoras de serviços de emergências médicas,
realizados por meio de UTI móvel, instaladas em
ambulâncias classificadas nos Tipos "A", "B", "C" e "F", que
possuam médicos e equipamentos que possibilitem oferecer
ao paciente suporte avançado de vida." (NR)

A Lei 9.249/1995 preceitua, no art. 15, com a redação dada pela Lei
11.727/2008, as hipóteses e respectivas alíquotas quanto à natureza dos serviços,
nos seguintes termos:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será


determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento

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APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.33.00.009852-4/BA

sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto


nos arts. 30 a 35 da Lei 8.981, de 20 de janeiro de 1995.
§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este
artigo será de:
(...)
III – trinta e dois por cento, para as atividades de:
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços
hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica,
imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina
nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora
destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade
empresária e atenda às normas da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária – Anvisa;

A nova redação da Lei 9.249/1995 deixou claro que a norma, no caso, é


ampliativa, não restritiva, de acordo com o art. 106 do CTN:

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:


(...)
II – tratando-se de ato não definitivamente julgado:
(...)
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na
lei vigente ao tempo de sua prática.

Portanto, a intenção da norma, no caso, é de que a lei mais benéfica


deve ser sempre aplicada, tendo em vista não terem sido discriminados os casos em
que não dever ser aplicada. Não deve, portanto, o intérprete fazê-lo.

Da análise do comando expresso do art. 106 do CTN, conclui-se que a


intenção das referidas normas é de que a lei nova deve ser sempre aplicada ao
contribuinte, porém quando se tratar de ato ainda não atingido pelo trânsito em
julgado.

O legislador ordinário não discriminou a natureza jurídica da sociedade,


e assim fazendo, os atos normativos que restringiram o conceito de serviços
hospitalares exorbitaram dos limites de sua atuação, haja vista que, como ato
hierarquicamente inferior a lei, não têm o poder de modificar disposições expressas
de texto legislativo, como no caso.

No percuciente magistério de Celso Antônio Bandeira de Mello, (...) a


Administração não poderá proibir ou impor comportamento algum a terceiro, salvo se
estiver previamente embasada em determinada lei que lhe faculte proibir ou impor

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APELAÇÃO CÍVEL N. 2005.33.00.009852-4/BA

algo a quem quer que seja. Vale dizer, não lhe é possível expedir regulamento,
instrução, resolução, portaria ou seja lá que ato for para coartar a liberdade dos
administrados. (MELLO, Celso Antônio Bandeira. Curso de Direito Administrativo. 14
ed., São Paulo: Malheiros, 2002, p. 86).

In casu, as apelantes prestam serviços gerais de odontologia – contratos


sociais acostados às fls. 19-21, 22-24, 25-27 e 96-97. Enquadram-se, pois, nas
hipóteses da Lei 9.249/1995 e têm direito à aplicação dos percentuais de 8% e 12%
para a apuração do IRPJ e da CSLL, respectivamente.

A COMPENSAÇÃO:

A possibilidade de compensação entre créditos tributários do sujeito


passivo com créditos líquidos e certos da União é matéria tratada no art. 170 do
Código Tributário Nacional.

Com a edição da Lei 8.383/1991, a compensação dos créditos do


contribuinte ou responsável tributário contra a Fazenda Pública, decorrentes de
pagamento indevido de tributos federais, foi autorizada tão somente para a
compensação entre tributos da mesma espécie.

Desde 27/12/1996, conforme estabelecido no art. 74 da Lei


9.430/1996, a compensação entre valores oriundos de tributos distintos tornou-se
possível, contanto que previamente autorizada pela Secretaria da Receita Federal, e
que todos os tributos fossem por ela administrados.

Essa legislação sofreu significativas mudanças com a edição da MP 66, de


29/08/2002, convertida na Lei 10.637/2002, quando a compensação entre tributos
distintos passou a ser realizada por iniciativa do contribuinte, por meio de declaração e
sob condição resolutória de posterior homologação pela autoridade fiscal.

Diante da evolução da legislação reguladora da compensação tributária,


está autorizada a compensação de créditos decorrentes do recolhimento indevido a
título de IRPJ e CSLL que ultrapassaram a base de cálculo de 8% e 12%,
respectivamente, com qualquer tributo arrecadado e administrado pela Secretaria
da Receita Federal, ainda que o destino das arrecadações seja outro.

Foi uniformizada pela 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça, no


julgamento dos Embargos de Divergência no REsp 164.522/SP, a aplicação da lei
vigente no momento em que efetivamente ocorrer a compensação, ou seja, no
encontro das contas.

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A CORREÇÃO MONETÁRIA:

É legítima a incidência de correção monetária, desde o recolhimento


indevido, quando se tratar de compensação de tributo sujeito a lançamento por
homologação, uma vez que o pagamento a maior decorreu da presunção de validade
de lei tributária.

O Superior Tribunal de Justiça assentou entendimento segundo o qual


se aplica a taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) nos casos de
repetição e compensação de tributos, nos termos da Lei 9.250/1995, art. 39, § 4º,
com incidência desde 1º/01/1996.

Como a taxa SELIC somente incidiu a partir de 1º/01/1996, a correção


monetária deverá ser feita, do recolhimento indevido até 31/12/1995, pelos índices
adotados na Tabela da Justiça Federal, qual seja: UFIR – de maio/1993 a
dezembro/1995.

Em razão da aplicação da taxa SELIC, não mais tem eficácia o art. 161
combinado com o art. 167, parágrafo único, do CTN. Dessa forma, não há de se
falar na estipulação dos juros de mora, diante da impossibilidade de cumulação.

O DISPOSITIVO:

Dou provimento à apelação das impetrantes para que lhes seja


assegurado o direito de recolherem o IRPJ com a base de cálculo de 8%, bem como
para declarar o seu direito de proceder à compensação de eventuais créditos relativos
ao recolhimento que tenha excedido essa alíquota, considerando os últimos 10 anos da
impetração, corrigidos monetariamente na forma pela qual explanada ao longo do voto.

É como voto.

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1ª Sessão Extraordinária do(a) OITAVA TURMA

Pauta de: 01/06/2010 Julgado em : 14/10/2010 EDcl em Ap


2005.33.00.009852-4 / BA
Relatora: Exma. Sra. DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA DO CARMO CARDOSO
Revisor: Exmo (a). Sr(a).
Presidente da Sessão: Exmo(a). Sr(a). DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA DO CARMO
CARDOSO
Proc. Reg. da República: Exmo(a). Sr(a).Dr(a). CARLOS FREDERICO SANTOS
Secretário(a): MARCELA DA PAIXÃO MELO

APTE :CANGASSU POLIDENICA ODONTOLOGICA S/C LTDA E OUTROS(AS)


ADV :JULIANA ALVES DE LIMA E OUTRO(A)
APDO :FAZENDA NACIONAL
PROCUR :LUIZ FERNANDO JUCA FILHO

Nº de Origem: 2005.33.00.009852-4 Vara: 12


Justiça de Origem: JUSTIÇA FEDERAL Estado/Com.: BA

Sustentação Oral

Certidão

Certifico que a(o) egrégia (o) OITAVA TURMA, ao apreciar o


processo em epígrafe , em Sessão realizada nesta data , proferiu a
seguinte decisão:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

A Turma, à unanimidade, rejeitou os Embargos de Declaração, nos termos do


voto da Relatora.

Participaram do Julgamento os Exmos. Srs. DESEMBARGADOR FEDERAL SOUZA


PRUDENTE e JUIZ FEDERAL CLEBERSON JOSÉ ROCHA, convocado, em face da
ausência justificada do Exmo. Sr. Desembargador Federal Leomar Amorim, que
está convocado para o Conselho Nacional de Justiça.

Brasília, 14 de outubro de 2010.

MARCELA DA PAIXÃO MELO


Secretário(a)

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL N. 2004.34.00.018642-8/DF

RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL I'TALO FIORAVANTI SABO


MENDES
RELATOR : JUIZ FEDERAL HENRIQUE GOUVEIA DA CUNHA
CONVOCADO
APELANTE : CLINICA ODONTOLOGICA PAULO RENATO LTDA
ADVOGADO : DF00013847 - SERGIO BOMFIM MONTEIRO PERES E
OUTROS(AS)
APELADO : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : RS00031531 - LUIZ FERNANDO JUCA FILHO
EMBARGANTE : FAZENDA NACIONAL
PROCURADOR : RS00031531 - LUIZ FERNANDO JUCA FILHO
EMBARGADO : V. ACÓRDÃO DE FL. 235

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HIPÓTESES DE CABIMENTO.


REJULGAMENTO DETERMINADO PELO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
DEFINIÇÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES PARA FINS DE INCIDÊNCIA DE
ALÍQUOTA REDUZIDA DE IRPJ. EXCLUSÃO DE CONSULTAS MÉDICAS. LEI Nº
9.249/1995. COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS. ART. 170-A CTN. OMISSÃO
VERIFICADA.
1. Para a oposição dos embargos de declaração, ainda que para fins de
prequestionamento, deve ser observada a finalidade precípua do referido recurso, qual
seja a de esclarecer eventual obscuridade, eliminar contradição, suprir omissão do
julgado embargado, ou corrigir erro material, quando da apreciação, pelo órgão julgador,
da(s) matéria(s) objeto da controvérsia jurídica.
2. Embora o v. acórdão embargado não tenha mencionado que excluem-se as consultas
médicas em geral e os serviços meramente administrativos da definição de serviços
hospitalares, foi decidido de forma fundamentada, que "A nova redação da Lei
9.249/1995 deixou claro que a norma, no caso, é ampliativa, não restritiva, de acordo com
o art. 106 do CTN" (fl. 231), concluindo, o v. acórdão, ao final que "In casu, a autora
presta serviço médico na área de odontologia (fl. 45-48). Enquadra-se, pois, nas
hipóteses da Lei 9.249/1995 e tem direito à aplicação do percentual de 8% para apuração
do IRPJ" (fl. 232). Dessa forma, explicitada a omissão do acórdão embargado, não é
possível, todavia, alterar sua conclusão nesse ponto, uma vez que devidamente
fundamentada quando da apreciação pelo órgão julgador.
3. No que tange à aplicação do art. 170-A do Código Tributário Nacional, merece realce o
fato de que o egrégio Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado pela
sistemática dos recursos repetitivos, fixou a tese no sentido de que, nos termos do art.
170-A do CTN, introduzido pela Lei Complementar nº 104/2001, "é vedada a

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL N. 2004.34.00.018642-8/DF

compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo


sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial”.
4. Embargos de declaração acolhidos a fim de determinar que a compensação de tributos
seja realizada após o trânsito em julgado, tendo em vista o disposto no art. 170-A do CTN
(REsp 1.164.452/MG, julgado na sistemática do art. 543-C do CPC/1973).
5. Embargos de declaração acolhidos, em parte, com modificação do resultado do
julgamento.
ACÓRDÃO
Decide a Turma, à unanimidade, acolher, em parte, os embargos de
declaração, com modificação do resultado do julgamento, nos termos do voto do Relator.
8ª Turma do TRF da 1ª Região – 15/07/2019.

JUIZ FEDERAL HENRIQUE GOUVEIA DA CUNHA


RELATOR CONVOCADO

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Numeração Única: 0018601-35.2004.4.01.3400
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL N. 2004.34.00.018642-8/DF

RELATÓRIO

O EXMO. SR. JUIZ FEDERAL HENRIQUE GOUVEIA DA CUNHA


(RELATOR CONVOCADO):-

Trata-se de reanálise de processo devolvido pelo egrégio Superior Tribunal


de Justiça, na forma da r. decisão de fls. 293/294v, para rejulgamento dos Embargos de
Declaração de fls. 238/251 opostos pela União (Fazenda Nacional).

Em defesa de sua pretensão, a ora embargante trouxe, em síntese, a


postulação e as teses jurídicas constantes das razões de embargos de fls. 238/251.
Sem contrarrazões (fl.253).
É o relatório.

JUIZ FEDERAL HENRIQUE GOUVEIA DA CUNHA


RELATOR CONVOCADO

Nº Lote: 2019072826 - 2_2 - APELAÇÃO CÍVEL N. 2004.34.00.018642-8/DF

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Numeração Única: 0018601-35.2004.4.01.3400
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL N. 2004.34.00.018642-8/DF

VOTO

O EXMO. SR. JUIZ FEDERAL HENRIQUE GOUVEIA DA CUNHA


(RELATOR CONVOCADO):-

De início, faz-se necessário mencionar que, para a oposição dos embargos


de declaração, ainda que para fins de prequestionamento, deve ser observada a
finalidade precípua do referido recurso, qual seja a de esclarecer eventual obscuridade,
eliminar contradição, suprir omissão do julgado embargado, ou corrigir erro material,
quando da apreciação, pelo órgão julgador, da(s) matéria(s) objeto da controvérsia
jurídica.

No caso, conforme determinação do egrégio Superior Tribunal de Justiça,


por decisão às fls. 293/294, passa-se ao enfrentamento da tese apontada nos embargos
de declaração, no pertinente a anotada omissão do v. acórdão embargado quanto à
análise da matéria em discussão, considerando os dispositivos legais indicados pela ora
embargante.

Impende destacar que o cerne da questão reside em esclarecer, para fins de


fixação de alíquota de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica- IRPJ, se os serviços
prestados pela impetrante, ora embargada, enquadram-se no conceito de serviços
hospitalares ou, visto por outro ângulo, equiparam-se a consultas médicas.

Para esse fim, importa mencionar que, conforme contrato social de fls.
45/48, a atividade da sociedade empresária, ora embargada, é de prestação de serviços
odontológicos.

Merece realce o fato de que v. acórdão embargado considerou como


serviços hospitalares e não como serviços médicos, os serviços de odontologia prestados
pela parte embargada, para fins de definição do percentual incidente sobre a receita bruta
para cálculo de imposto de renda da sociedade impetrante, cujos fundamentos tiveram
alicerce nos seguintes dispositivos legais: art. 15, § 1º, III, a , da Lei nº 9.249/1995 e art.
106 do Código Tributário Nacional.

Assim, embora o v. acórdão embargado não tenha mencionado que


excluem-se as consultas médicas em geral e os serviços meramente administrativos da
x

Nº Lote: 2019072826 - 2_2 - APELAÇÃO CÍVEL N. 2004.34.00.018642-8/DF

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Numeração Única: 0018601-35.2004.4.01.3400
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL N. 2004.34.00.018642-8/DF

definição de serviços hospitalares, foi decidido de forma fundamentada, que "A nova
redação da Lei 9.249/1995 deixou claro que a norma, no caso, é ampliativa, não restritiva,
de acordo com o art. 106 do CTN" (fl. 231), concluindo, o v. acórdão, ao final, que "In
casu, a autora presta serviço médico na área de odontologia (fl. 45-48). Enquadra-se,
pois, nas hipóteses da Lei 9.249/1995 e tem direito à aplicação do percentual de 8% para
apuração do IRPJ" (fl. 232).

Dessa forma, explicitada a omissão do acórdão embargado, não é possível,


todavia, alterar sua conclusão, uma vez que devidamente fundamentada quando da
apreciação pelo órgão julgador.

No que tange à aplicação do art. 170-A do Código Tributário Nacional,


merece realce o fato de que o egrégio Superior Tribunal de Justiça, em julgamento
realizado pela sistemática dos recursos repetitivos, fixou a tese no sentido de que, nos
termos do art. 170-A do CTN, introduzido pela Lei Complementar nº 104/2001, "é vedada
a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo
sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial":

“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO.


ENUNCIADO ADMINISTRATIVO Nº 3 DO STJ. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO DE DISPOSITIVOS LEGAIS. SÚMULA Nº
282 DO STF. MANDADO DE SEGURANÇA.COMPENSAÇÃO.
APLICAÇÃO DO ART. 170-A DO CTN. PRECEDENTE EM SEDE
DE RECURSO ESPECIAL REPETITIVO.
1. O acórdão recorrido não se manifestou, nem mesmo
implicitamente, sobre o teor dos arts. 10, II, e 8º, II, respectivamente,
das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, de modo que não é
possível conhecer do recurso especial no ponto em face da ausência
de prequestionamento a atrair o óbice da Súmula nº 282 do STF, in
verbis: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando não
ventilada, na decisão recorrida, a questão federal
suscitada".Ressalte-se que a empresa PEDREIRAS CARANGI
LTDA não opôs embargos de declaração na origem para instar a
Corte a quo a se manifestar sobre os referidos dispositivos legais.
2. A Primeira Seção desta Corte já se manifestou em sede de
recurso especial repetitivo, na sistemática do art. 543-C, do CPC
(REsp 1.167.039/DF, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, DJe
02/09/2010), no sentido de que, nos termos do art. 170-A do CTN,
introduzido pela Lei Complementar nº 104/2001, "é vedada a
compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de
contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em
x

Nº Lote: 2019072826 - 2_2 - APELAÇÃO CÍVEL N. 2004.34.00.018642-8/DF

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO
Numeração Única: 0018601-35.2004.4.01.3400
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM APELAÇÃO CÍVEL N. 2004.34.00.018642-8/DF

julgado da respectiva decisão judicial", "vedação que se aplica


inclusive às hipóteses de reconhecida inconstitucionalidade do
tributo indevidamente recolhido".
3. Agravo interno não provido”.
(AgInt no REsp 1693890/BA, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/02/2018, DJe
26/02/2018)

Do exposto, com a devida licença de ótica diversa, acolho os presentes


embargos de declaração, dando-lhe efeitos modificativos a fim de determinar que a
compensação de tributos seja realizada após o trânsito em julgado, tendo em vista o
disposto no art. 170-A do CTN (REsp 1.164.452/MG, julgado na sistemática do art. 543-C
do CPC/1973).

Dessa forma, explicitada a omissão, é de se acolher, em parte, os presentes


embargos de declaração, para se acrescentar a fundamentação constante deste voto, em
relação à compensação dos valores devidos.

Diante disso, acolho em parte os embargos de declaração, para acrescentar


a fundamentação acima, com modificação parcial do resultado do julgamento.

É o voto.

JUIZ FEDERAL HENRIQUE GOUVEIA DA CUNHA


RELATOR CONVOCADO

Nº Lote: 2019072826 - 2_2 - APELAÇÃO CÍVEL N. 2004.34.00.018642-8/DF

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TRF
2ª REGIÃO

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IV - APELACAO CIVEL 560869 2009.51.01.025321-0
Nº CNJ : 0025321­53.2009.4.02.5101
RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL FERREIRA NEVES
APELANTE : CRIANÇA 24 HORAS ­ ATENDIMENTO INTEGRADO À
CRIANÇA E AO ADOLESCENTE LTDA
ADVOGADO : ALINE MENDES PEREIRA LOUZADA DE SOUZA E
OUTROS
APELADO : UNIÃO FEDERAL / FAZENDA NACIONAL
ORIGEM : DÉCIMA PRIMEIRA VARA FEDERAL DO RIO DE
JANEIRO (200951010253210)

R E L A T Ó R I O

Cuida­se de apelação interposta por CRIANÇA 24 HORAS ­


ATENDIMENTO INTEGRADO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
LTDA., nos autos da ação ordinária em que objetiva o benefício fiscal
previsto nos arts. 15, III, "a" e 20 da Lei n. 9.249/95, os quais permitem o
recolhimento do IRPJ e da CSLL sobre a base de cálculo de 8% e 12%,
respectivamente, da receita bruta obtida pela prestação de serviços
hospitalares.
Para tanto, a autora alegou que é pessoa jurídica de direito privado,
devidamente constituída e registrada, tributada pelo lucro presumido e
prestadora de serviços hospitalares.
O Exmo. Magistrado a quo julgou improcedente o pedido (fls.
169­174)
CRIANÇA 24 HORAS ­ ATENDIMENTO INTEGRADO À
CRIANÇA E AO ADOLESCENTE LTDA. apela, alegando, em síntese, o
seguinte: (a) que o MM. Juízo a quo entendeu que o conceito de serviços
hospitalares encontra­se na Instrução Normativa nº 539, da Secretaria da
Receita Federal, contudo, a Primeira Seção do STJ afastou o conceito
emanado de atos regulamentares; (b) que serviço as atividades desenvolvidas
pelos hospitais precisa, necessariamente, ser dentro do hospital; (c) que, para
o STJ, serviços hospitalar é aquele que se vincula às atividades
desenvolvidas pelos hospitais, mas, não necessariamente, prestado no

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IV - APELACAO CIVEL 560869 2009.51.01.025321-0
interior de um hospital, excetuando­se desse conceito apenas as consultas
médicas. Requer a reforma da sentença (fls. 181­194).
Contrarrazões às fls. 200­205.
O Representante do Ministério Público Federal opinou pelo
provimento da apelação (fls. 210­218).
É o relatório. Peço dia para julgamento.

FERREIRA NEVES
DESEMBARGADOR FEDERAL
RELATOR

V O T O

A controvérsia dos autos reside na discussão a respeito da forma de


interpretação da expressão "serviços hospitalares" prevista na Lei 9.249/95,
para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL,
preconizada pelo artigo 15, § 1º, inciso III, alínea "a", com redação anterior à
vigência da Lei 11.727/2008.
O Colendo Superior Tribunal de Justiça já consolidou a matéria, que
foi objeto de apreciação de recurso especial sob o rito dos recursos
repetitivos ­ art. 543­C do CPC ­, quando do julgamento do REsp
1.116.399­BA. Nesse sentido:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO.


RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃOAOS ARTIGOS 535
e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI
9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO
REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO
"SERVIÇOS HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO
OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA
DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO.
ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO.

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IV - APELACAO CIVEL 560869 2009.51.01.025321-0
RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO
ARTIGO 543­C DO CPC.
1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da
expressão "serviços hospitalares" prevista na Lei
9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota
do IRPJ e da CSLL. Discute­se a possibilidade de, a
despeito da generalidade da expressão contida na lei,
poder­se restringir o benefício fiscal, incluindo no
conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles
estabelecimentos destinados ao atendimento global ao
paciente, mediante internação e assistência médica
integral.
2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251­PR, da
relatoria do eminente Ministro Castro Meira, a 1ª
Seção, modificando  orientação anterior, decidiu que,
para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas
reduzidas, a expressão "serviços hospitalares",
constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95,
deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a
perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte),
porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não
considerou a característica ou a estrutura do
contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza
do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Na
mesma oportunidade, ficou consignado que os
regulamentos emanados da Receita Federal referentes
aos dispositivos legais acima mencionados não
poderiam exigir que os contribuintes cumprissem
requisitos não previstos em lei (a exemplo da
necessidade de manter estrutura que permita a
internação de pacientes) para a obtenção do benefício.
Daí a conclusão de que "a dispensa da capacidade de
internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei

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IV - APELACAO CIVEL 560869 2009.51.01.025321-0
9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento
as disposições constantes em atos regulamentares".
3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares
"aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas
pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da
saúde", de sorte que, "em regra, mas não
necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo­se as simples
consultas médicas, atividade que não se identifica com
as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios
médicos".
4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela
Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas decididas
anteriormente à sua vigência, bem como de que a
redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se
refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte
genericamente considerada, mas sim àquela parcela da
receita proveniente unicamente da atividade específica
sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo
contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da
Lei 9.249/95.
5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que
a empresa recorrida presta serviços médicos
laboratoriais (fl.. 389), atividade diretamente ligada à
promoção da saúde, que demanda maquinário
específico, podendo ser realizada em ambientes
hospitalares ou similares, não se assemelhando a
simples consultas médicas, motivo pelo qual, segundo o
novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em
discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por
cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no
caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela
atividade específica de prestação de serviços médicos
laboratoriais).

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IV - APELACAO CIVEL 560869 2009.51.01.025321-0
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de
controvérsia, submetido ao regime do artigo 543­C do
CPC e da Resolução 8/STJ.
7. Recurso especial não provido.
(STJ, REsp 1.116.399­BA. Rel. Min. BENEDITO
GONÇALVES. Dj de 28.10.2009) (destaquei)

Assim, em relação à interpretação da expressão “serviços


hospitalares”, contida no art. 15, §1o, III, da Lei 9.249/95, forçoso é
reconhecer que excluindo­se as consultas médicas, todos os serviços que se
vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde, prestadas, em regra (mas não necessariamente), no
interior do estabelecimento hospitalar, amoldam­se na expressão referida.
Portanto, para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas
reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do mencionado
dispositivo legal, deve ser interpretada de acordo com a natureza do próprio
serviço prestado (assistência à saúde), com a exclusão das consultas
médicas do âmbito de incidência do benefício pleiteado.
No caso dos autos, o objeto social da sociedade, conforme consta na
documentação incorporada aos autos, é a “prestação de serviços médicos,
odontológicos e atividades afins à criança e ao adolescente, contando para
isso com uma estrutura física composta de consultórios, salas de pronto
atendimento, laboratório de prótese odontológica, raios x dentário e de
outras áres necessárias ao funcionamento da unidade e ao atendimento dos
pacientes” (fl. 49). O Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica indica que a
recorrente desenvolve “atividade de atendimento em pronto socorro e
unidades hospitalares para atendimento a urgências” (fl. 56). Conforme se
vê, atividades voltadas diretamente à promoção da saúde e excluídas as
consultas médicas.
 Dessa forma, deve ser assegurado à autora recolher o IRPJ e a CSLL
sobre a base de cálculo de 8% (oito por cento) e de 12% (doze por cento),
respectivamente, da receita bruta obtida pela prestação de serviços
hospitalares.
Nesse sentido vem decidindo a jurisprudência, verbis: 

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IV - APELACAO CIVEL 560869 2009.51.01.025321-0

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO


AGRAVO DE IINSTRUMENTO. CSLL. COFINS. PIS.
RETENSÃO NA FONTE. CENTRO DE MEDICINA
HIPERBÁRICA. INCLUSÃO NO CONCEITO
DE SERVIÇOS HOSPITALARES.
1. As pessoas jurídicas prestadoras de serviço
médico­hospitalar não se submetem ao regime de
retenção previsto no art. 33 da Lei 10.833/03.
2. Sobre o conceito de serviço hospitalar esta Corte
assim se pronunciou: "Deve­se entender como 'serviços
hospitalares' aqueles que se vinculam às atividades
desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde. Em regra, mas não
necessariamente, são prestados no interior do
estabelecimento hospitalar, excluindo­se as simples
consultas médicas, atividade que não se identifica com
as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios
médicos". (Resp. 951.251/PR, DJe 3.6.2009).
3. No caso, trata­se de entidade que presta serviços
especializados em medicina hiperbárica, o que não se
confunde com simples consulta médica. A atividade da
recorrida se enquadra, sem dúvida, no conceito
de serviços hospitalares estabelecido pelo precedente
citado.
4. Agravo Regimental não provido.
(STJ; AgRg no Ag 1.428.900/MG; Rel. Min. HERMAN
BENJAMIN; DJ de 14.02.2012) 

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE


RENDA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO
LÍQUIDO. LUCRO PRESUMIDO. BASE DE
CÁLCULO. ART. 15, § 1º, III, "A", e 20 DA LEI Nº
9.249/95. SERVIÇOS DE FISIOTERAPIA E

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IV - APELACAO CIVEL 560869 2009.51.01.025321-0
REABILITAÇÃO. INCLUSÃO NO CONCEITO DE
SERVIÇO HOSPITALAR. PRECEDENTE DA
PRIMEIRA SEÇÃO.
1. Acórdão proferido antes do advento das alterações
introduzidas pela Lei nº 11.727, de 2008. Os arts. 15, §
1º, III, "a", e 20 da Lei nº 9.249/95 explicitamente
concedem o benefício fiscal de forma objetiva, com foco
nos serviços que são prestados, e não no contribuinte
que os executa.
2. Independentemente da forma de interpretação
aplicada, ao intérprete não é dado alterar a mens legis.
Assim, a pretexto de adotar uma interpretação restritiva
do dispositivo legal, não se pode alterar sua natureza
para transmudar o incentivo fiscal de objetivo para
subjetivo.
3. A redução do tributo, nos termos da lei, não teve em
conta os custos arcados pelo contribuinte, mas, sim, a
natureza do serviço, essencial à população por estar
ligado à garantia do direito fundamental à saúde, nos
termos do art. 6º da Constituição Federal.
4. Qualquer imposto, direto ou indireto, pode, em maior
ou menor grau, ser utilizado para atingir fim que não se
resuma à arrecadação de recursos para o cofre do
Estado. Ainda que o Imposto de Renda se caracterize
como um tributo direto, com objetivo
preponderantemente fiscal, pode o legislador dele se
utilizar para a obtenção de uma finalidade extrafiscal.
5. Deve­se entender como “serviços hospitalares"
aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas
pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da
saúde. Em regra, mas não necessariamente, são
prestados no interior do estabelecimento hospitalar,
excluindo­se as simples consultas médicas, atividade
que não se identifica com as prestadas no âmbito

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IV - APELACAO CIVEL 560869 2009.51.01.025321-0
hospitalar, mas nos consultórios médicos. Precedente
da Primeira Seção.
6. No caso, trata­se de entidade que presta serviços de
fisioterapia e reabilitação. Não se está diante de simples
consulta médica, mas de atividade que se insere,
indubitavelmente, no conceito de "serviços
hospitalares”, já que demanda maquinário específico.
7. A redução da base de cálculo somente deve favorecer
a atividade  tipicamente hospitalar desempenhada pela
recorrente, excluídas as simples consultas e atividades
de cunho administrativo.
8. Embargos de divergência providos em parte.
(STJ, EREsp 931004/SC, Rel. para Acórdão Min.
CASTRO MEIRA, DJe 28/09/2009) 

Por tais razões, conheço do recurso e dou­lhe parcial provimento,


reformando a douta sentença recorrida, para julgar procedente, em parte, a
pretensão autoral,  a fim de assegurar à recorrente o direito de utilizar o
percentual de 8% (oito por cento) e 12% (doze por cento) sobre a receita
bruta como base de cálculo, respectivamente, do IRPJ e da CSLL,
cingindo­se o benefício em apreço às receitas de serviços tipicamente
hospitalares, ou seja, excluindo­se simples consultas médicas, até a vigência
das modificações introduzidas pela Lei nº 11.727/2008.
Condeno a União em honorários advocatícios que fixo em R$
2.000,00 (dois mil reais), nos termos do art. 20, § 4º, do CPC.
É como voto.

FERREIRA NEVES
DESEMBARGADOR FEDERA
RELATOR

E M E N T A

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IV - APELACAO CIVEL 560869 2009.51.01.025321-0
TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSLL. LEI 9.249/95. INTERPRETAÇÃO DA
EXPRESSÃO “SERVIÇOS HOSPITALARES”. MATÉRIA SUMETIDA
AO RITO DO ART. 543­C, DO CPC. RECURSO ESPECIAL
1.116.399/BA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

1. A controvérsia dos autos reside na discussão a respeito da forma de


interpretação da expressão "serviços hospitalares" prevista na Lei 9.429/95,
para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL,
preconizada pelo artigo 15, § 1º, inciso III, alínea "a", com redação anterior à
vigência da Lei 11.727/2008.
2. O Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do Recurso
Especial 1.116.399/BA, submetido ao rito do artigo 543 ­ C, do CPC,
consolidou a matéria. 
3. Para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a
expressão "serviços hospitalares", deve ser interpretada de acordo com a
natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde) com a exclusão
das simples consultas médicas do âmbito de incidência do benefício
pleiteado.
4. Do exame do contrato social da autora infere­se que o objeto social da
sociedade, é a “prestação de serviços médicos, odontológicos e atividades
afins à criança e ao adolescente, contando para isso com uma estrutura física
composta de consultórios, salas de pronto atendimento, laboratório de
prótese odontológica, raios x dentário e de outras áres necessárias ao
funcionamento da unidade e ao atendimento dos pacientes”. O Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica indica que a recorrente desenvolve “atividade de
atendimento em pronto socorro e unidades hospitalares para atendimento a
urgências”.
5.  Dessa forma, deve ser assegurado à autora recolher o IRPJ e a CSLL
sobre a base de cálculo de 8% (oito por cento) e de 12% (doze por cento),
respectivamente, da receita bruta obtida pela prestação de serviços
hospitalares.
6. Sentença reformada para julgar procedente, em parte, a pretensão autoral, 
a fim de assegurar à recorrente o direito de utilizar o percentual de 8% (oito
por cento) e 12% (doze por cento) sobre a receita bruta como base de

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IV - APELACAO CIVEL 560869 2009.51.01.025321-0
cálculo, respectivamente, do IRPJ e da CSLL, cingindo­se o benefício em
apreço às receitas de serviços tipicamente hospitalares, ou seja, excluindo­se
simples consultas médicas, até a vigência das modificações introduzidas pela
Lei nº 11.727/2008.
7. Honorários advocatícios fixados em R$ 2.000,00 (dois mil reais), nos
termos do art. 20, § 4º, do CPC.
8. Recurso parcialmete provido.

A C Ó R D Ã O

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas:


Decide a Egrégia Quarta Turma Especializada do Tribunal Regional
Federal da 2a Região, à unanimidade, dar parcial provimento ao recurso, nos
termos do voto do Relator, que fica fazendo parte integrante do presente
julgado.
Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2014 (data do julgamento).

FERREIRA NEVES
DESEMBARGADOR FEDERAL
RELATOR

10

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TRF
3ª REGIÃO

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30/11/2018 Inteiro Teor (7176485)

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

APELAÇÃO CÍVEL Nº 0002194-93.2014.4.03.6100/SP D.E.


2014.61.00.002194-5/SP
Publicado em 19/10/2018
RELATOR : Desembargador Federal ANTONIO CEDENHO
APELANTE : CLINICA ODONTOLOGICA ELEVE PAULISTA LTDA
ADVOGADO : SP325093 MARCELO RUIZ e outro(a)
APELADO(A) : Uniao Federal (FAZENDA NACIONAL)
SP000003 JULIO CÉSAR CASARI E CLAUDIA AKEMI
ADVOGADO :
OWADA
No. ORIG. : 00021949320144036100 12 Vr SAO PAULO/SP

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AÇÃO DECLARATÓRIA. AGRAVO RETIDO IMPROVIDO. IRPJ E CSLL. RECOLHIMENTO SOB
REGIME DE APURAÇÃO DO LUCRO REAL. ALÍQUOTAS REDUZIDAS. ARTIGOS 15, § 1º, III, "A", E 20, AMBOS DA LEI 9.249/95.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES OU CORRELATOS. CLÍNICA ODONTOLÓGICA. REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS
CIRÚRGICOS EM HOSPITAIS. COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL. DIREITO AO BENEFÍCIO TRIBUTÁRIO PLEITEADO. PRECEDENTES DO
STJ E DESTA CORTE REGIONAL. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. MANUTENÇÃO DA VERBA HONORÁRIA. APELAÇÃO
PROVIDA.
1 - Inicialmente, conheço do agravo retido para negar-lhe provimento, uma vez que os documentos trazidos aos autos são suficientes para o
esclarecimento da questão posta, de modo a dispensar a produção de prova oral ou pericial.
2 - Nos termos da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, em seus artigos 15, § 1º, III, "a", e 20, as empresas prestadoras de serviços médicos
hospitalares e cirúrgicos enquadram-se na concepção de "serviços hospitalares" insertos nos artigos 15 e 20 da Lei nº 9.249/95, estando sujeitas às
alíquotas de 8% e 12% sobre a receita bruta mensal a título de IRPJ e CSLL, respectivamente, sob o regime de apuração do lucro presumido.
3 - Após múltiplas discussões acerca do alcance da expressão "serviços hospitalares", constante da Lei n. 9.249/95, a matéria restou pacificada pelo
Egrégio Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp nº 1.116.399/BA, sob o regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil.
4 - Dessa forma, o STJ, alterando orientação anterior, firmou entendimento de que a expressão "serviços hospitalares" constante do art. 15, §1º, III, "a", da
Lei n. 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva, levando-se em conta, não o contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do serviço
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prestado, independentemente da capacidade de internação ou estrutura do estabelecimento, de forma a compreender os serviços normalmente, mas não
necessariamente, prestados em hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde, excluindo-se as simples consultas médicas, próprias dos consultórios
médicos, ainda que prestadas no interior do estabelecimento hospitalar.
5 - Nessa linha, entende-se como compreendidos entre os serviços hospitalares, dentre outros, os serviços de auxílio diagnóstico e terapia, imagenologia,
anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, ainda que realizados fora do estabelecimento hospitalar, ficando
excluídas da base de cálculo reduzida do IRPJ e da CSLL as receitas decorrentes de consultas médicas.
6 - A propósito, com base na atual orientação, o Superior Tribunal de Justiça decidiu, como compreendidas no conceito de "serviços hospitalares", para
fins de aplicação da alíquota reduzida do IRPJ, a receita proveniente dentre outros, dos serviços de análises clínicas laboratoriais (EREsp 1.019.548/SC,
DJe 18.03.2010), de radioterapia e oncologia (REsp 1.219.674/RJ, DJe 04.02.2011), de análises, exames anatomo-patológicos, citológicos e de patologia
clínica (EDcl no REsp 987.684/PR, DJe 23.04.2010), de videoendoscopia, (EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1.140.907/PR, DJe 06.10.2010), de
anestesiologia, excluídas as simples consultas e atividades de cunho administrativo (EDcl no AgRg no REsp 891953/RS, DJe 06.04.2010).
7 - Precedentes desta Corte Regional e precedente específico do Superior Tribunal de Justiça (REsp 799.854/PR).
8 - Da análise dos autos, verifica-se que a autora "tem por objeto a atividade clínica odontológica e a participação em outras sociedades, de qualquer tipo e
natureza, como acionista ou quotista, observadas as prescrições legais" (fls. 21/31). Consultando-se os documentos juntados às fls. 116/183, constata-se
que a autora promove a realização de cirurgias ortognáticas em diversos hospitais de São Paulo, utilizando-se para tanto de instalações e instrumental
apropriados, com aplicação de anestesia geral e fazendo ainda uso de exames de imagem e tratamento pós-operatório, restando assim caracterizada a
prestação de serviços hospitalares, de modo a fazer jus ao benefício tributário pleiteado.
9 - Demonstrado o direito da autora à apuração do lucro presumido na qualidade de prestadora de serviços hospitalares e correlatos, para o fim de
recolhimento do IRPJ sob a alíquota de 8% e a CSLL sob a alíquota de 12%, nos termos dos artigos 15, § 1º, III, "a", e 20, ambos da Lei nº 9.249/1995, na
redação conferida pela Lei nº 11.727/2008, impõe-se a reforma do julgado, com a inversão do ônus da sucumbência.
10 - Mantida a verba honorária tal como fixada pelo Juízo de Primeiro Grau, ante a ausência de impugnação específica.
11 - Agravo retido improvido. Apelação provida.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por
unanimidade, negar provimento ao agravo retido e dar provimento à apelação, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.

São Paulo, 11 de outubro de 2018.


ANTONIO CEDENHO
Desembargador Federal

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Data e Hora: 15/10/2018 12:56:04

APELAÇÃO CÍVEL Nº 0002194-93.2014.4.03.6100/SP


2014.61.00.002194-5/SP
RELATOR : Desembargador Federal ANTONIO CEDENHO
APELANTE : CLINICA ODONTOLOGICA ELEVE PAULISTA LTDA
ADVOGADO : SP325093 MARCELO RUIZ e outro(a)
APELADO(A) : Uniao Federal (FAZENDA NACIONAL)
SP000003 JULIO CÉSAR CASARI E CLAUDIA AKEMI
ADVOGADO :
OWADA
No. ORIG. : 00021949320144036100 12 Vr SAO PAULO/SP

RELATÓRIO

Trata-se de ação declaratória proposta por CLINICA ODONTOLÓGICA ELEVE PAULISTA LTDA. em face da União Federal com o fim de ver
reconhecido o direito à apuração do lucro presumido na qualidade de prestadora de serviços hospitalares e correlatos, e, em decorrência disso, possa
recolher o IRPJ em 8% e a CSLL em 12%, nos termos dos artigos 15, § 1º, III, "a", e 20, ambos da Lei nº 9.249/1995, na redação conferida pela Lei nº
11.727/2008.

Indeferida a produção de prova pericial (fl. 228), a autora interpôs agravo retido, na forma do art. 523 do CPC/73.

Sobreveio decisão que julgou improcedente o pedido, ao fundamento de que, de acordo com os critérios legais, consideram-se serviços hospitalares
aqueles prestados por pessoas jurídicas relacionadas à área da saúde e que possuam estrutura física condizente com tal tipo de atividade, sendo que no
caso dos autos ficou constatado pela prova documental apresentada que a autora faz uso de hospitais para execução dos procedimentos cirúrgicos que
realiza, sem que possua estrutura própria para tanto, de forma a impossibilitar sua equiparação a uma entidade hospitalar. Por fim, condenou a autora ao
pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da causa.

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Em suas razões recursais, a autora pugna pela apreciação do agravo retido, e sustenta que exerce atividade equiparada à médico-hospitalar, além de
possuir estrutura própria e de suportar os custos dos procedimentos cirúrgicos que realiza, de modo a fazer jus ao benefício tributário pleiteado. Requer,
por fim, seja dado integral provimento ao recurso.

Oferecidas as contrarrazões, vieram os autos a esta Corte Regional.

É o relatório.

ANTONIO CEDENHO
Desembargador Federal Relator

Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-
Brasil, por:
Signatário (a): ANTONIO CARLOS CEDENHO:10061
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Data e Hora: 15/10/2018 12:55:58

APELAÇÃO CÍVEL Nº 0002194-93.2014.4.03.6100/SP


2014.61.00.002194-5/SP
RELATOR : Desembargador Federal ANTONIO CEDENHO
APELANTE : CLINICA ODONTOLOGICA ELEVE PAULISTA LTDA
ADVOGADO : SP325093 MARCELO RUIZ e outro(a)
APELADO(A) : Uniao Federal (FAZENDA NACIONAL)
SP000003 JULIO CÉSAR CASARI E CLAUDIA AKEMI
ADVOGADO :
OWADA
No. ORIG. : 00021949320144036100 12 Vr SAO PAULO/SP

VOTO

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Inicialmente, conheço do agravo retido, visto que reiterado nas razões de apelação, e nego-lhe provimento, uma vez que os documentos trazidos aos autos
são suficientes para o esclarecimento da questão posta, de modo a dispensar a produção de prova oral ou pericial.

Passo ao exame do recurso de apelação interposto.

Dispõe a Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, em seus artigos 15, § 1º, III, "a", e 20, verbis:

Art. 15 - A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta
auferida mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.
(...)
§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: (...)
III - trinta e dois por cento, para as atividades de:
prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares".
Art. 20. A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal ou trimestral
a que se referem os arts. 2º, 25 e 27 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, corresponderá a 12% (doze por cento) sobre a receita bruta definida
pelo art. 12 do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, auferida no período, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos
incondicionais concedidos, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1o do art. 15, cujo percentual
corresponderá a 32% (trinta e dois por cento).

Assim, as empresas prestadoras de serviços médicos hospitalares e cirúrgicos, enquadram-se na concepção de "serviços hospitalares" insertos nos artigos
15 e 20 da Lei nº 9.249/95, estando sujeitas às alíquotas de 8% e 12% sobre a receita bruta mensal a título de IRPJ e CSLL, respectivamente, sob o regime
de apuração do lucro presumido.

Após múltiplas discussões acerca do alcance da expressão "serviços hospitalares", constante da Lei nº 9.249/95, a matéria restou pacificada pelo Egrégio
Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp nº 1.116.399/BA, sob o regime do art. 543-C do CPC/73, em acórdão assim ementado:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO
CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS HOSPITALARES".
INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA
PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC.

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1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão" serviços hospitalar es " prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução
de alíquota do IRPJ e CSLL. Discute-se a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na lei, poder-se restringir o benefício fiscal,
incluindo no conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles estabelecimentos destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e
assistência médica integral.
2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente Ministro Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior,
decidiu que, para fins do pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III,
da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao
conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço
prestado (assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos dispositivos
legais acima mencionados não poderiam exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter
estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que "a dispensa da capacidade de internação
hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos
regulamentares".
3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples
consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos".
4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de
que a redução de alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim
àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do
§ 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95.
5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada
à promoção da saúde, que demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou similares, não se assemelhando a
simples consultas médicas, motivo pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício em discussão (incidência dos percentuais de
8% (oito por cento), no caso do IRPJ , e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação
de serviços médicos laboratoriais).
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
7. Recurso especial não provido.
(REsp 1116399/BA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 28/10/2009, DJe 24/02/2010) grifos nossos

Dessa forma, o STJ, alterando orientação anterior, firmou entendimento de que a expressão "serviços hospitalares" constante do art. 15, §1º, III, "a", da
Lei n. 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva, levando-se em conta, não o contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do serviço
prestado, independentemente da capacidade de internação ou estrutura do estabelecimento, de forma a compreender os serviços normalmente, mas não
necessariamente, prestados em hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde, excluindo-se as simples consultas médicas, próprias dos consultórios
médicos, ainda que prestadas no interior do estabelecimento hospitalar (cf.: EDcl no próprio REsp nº 1.116.399/BA, DJe 29.09.2010).

Nessa linha, entende-se como compreendidos entre os serviços hospitalares, dentre outros, os serviços de auxílio diagnóstico e terapia, imagenologia,
anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, ainda que realizados fora do estabelecimento hospitalar, ficando
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excluídas da base de cálculo reduzida do IRPJ e da CSLL as receitas decorrentes de consultas médicas (cf.: STJ, EDcl no REsp nº 903.095/RS, Segunda
Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe 25/05/2010).

A propósito, com base na atual orientação, o Superior Tribunal de Justiça decidiu, como compreendidas no conceito de "serviços hospitalares", para fins
de aplicação da alíquota reduzida do IRPJ e da CSLL, a receita proveniente dentre outros, dos serviços de análises clínicas laboratoriais (EREsp
1.019.548/SC, DJe 18.03.2010), de radioterapia e oncologia (REsp 1.219.674/RJ, DJe 04.02.2011), de análises, exames anatomo-patológicos, citológicos
e de patologia clínica (EDcl no REsp 987.684/PR, DJe 23.04.2010), de videoendoscopia, (EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1.140.907/PR, DJe
06.10.2010), de anestesiologia, excluídas as simples consultas e atividades de cunho administrativo (EDcl no AgRg no REsp 891953/RS, DJe
06.04.2010).

Esta Corte Regional, por seu turno, assim se posicionou quanto ao tema:

TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. IRPJ E CSLL. BASE DE CÁLCULO. REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. LEI Nº 9.249/95, ART. 15, § 1º,
INCISO III, "A". CONCEITO DE SERVIÇO HOSPITALAR. ENTENDIMENTO DO E. STJ. AGRAVO RETIDO.
I - Improcede o agravo retido, uma vez que, de fato, a matéria em questão é eminentemente de direito, sendo dispensada a produção de prova oral ou
pericial.
II - A Lei nº 9.249/95 estabelece diferentes alíquotas conforme a natureza da prestação de serviço, sendo a base de cálculo do imposto, em cada mês, de
oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, sendo, todavia, de trinta e dois por cento, na hipótese de serviços gerais, exceto os serviços
hospitalares.
III - O contrato social da impetrante reza que o objeto social é "prestação de serviços de atendimento e apoio ao diagnóstico, na atividade de
imagenologia" (fl. 58).
IV - O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que a expressão "serviços hospitalares" constante do art. 15, § 1º, III, "a", da Lei n. 9.249/95,
deve ser interpretada de forma objetiva, considerando-se a natureza do serviço prestado, independentemente da capacidade de internação ou estrutura
do estabelecimento, de forma a compreender os serviços normalmente, mas não necessariamente, prestados em hospitais, voltados diretamente à
promoção da saúde, excluindo-se as simples consultas médicas, próprias dos consultórios médicos, ainda que prestadas no interior do estabelecimento
hospitalar (cf.: EDcl no próprio REsp nº 1.116.399/BA, DJe 29.09.2010.
V - Agravo retido não provido. Apelação provida.
(TRF 3ª Região, TERCEIRA TURMA, Ap - APELAÇÃO CÍVEL - 2008089 - 0002713-66.2013.4.03.6112, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL ANTONIO
CEDENHO, julgado em 07/02/2018, e-DJF3 Judicial 1 DATA:16/02/2018 )

DIREITO CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO INOMINADO. APELAÇÃO CÍVEL. BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E CSSL. ARTIGO 15, § 1º,
INCISO III, ALÍNEA "A", DA LEI Nº 9.249/95. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS HOSPITALAR ES . REDUÇÃO DE ALÍQUOTAS. AGRAVO DESPROVIDO.
1. Consolidada a jurisprudência, firme no sentido de que o fator objetivo a distinguir a aplicação da alíquota de 8% ( irpj ) e 12% (CSSL), em vez de
32%, vincula-se à definição do objeto e da natureza jurídica da prestação do serviço: se hospitalar , a tributação é sensivelmente reduzida (8% ou 12%)
e, no caso contrário, tem incidência a alíquota geral de 32% para a estimativa a partir da receita bruta mensal.
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2. O Superior Tribunal de Justiça, na linha do qual decidiu a Turma, aplicava interpretação estrita ao conceito de entidade hospitalar , não permitindo
que clínicas e outras unidades médicas, em que não estivesse presente o serviço de internação, fossem equiparadas para efeito do benefício fiscal de
redução de alíquota do irpj /CSsL. Todavia, a Corte Superior alterou a interpretação do artigo 15, § 1º, inciso III, alínea "a", da Lei nº 9.249/95, no
sentido de que "a expressão ' serviços hospitalar es ', constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou
seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a
estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde)" (RESP 1.116.399, Rel. Min.
BENEDITO GONÇALVES, DJE de 24.02.10, julgado no regime do artigo 543-C, do Código de Processo Civil).
3. Caso em que o contrato social que instruiu a presente ação revela que a autora teve, a partir de 29/10/2001, por objeto social, conforme revela a
cláusula 1.2, a "prestação de serviços de análises clínicas em geral a pessoas físicas e jurídicas", posteriormente, verifica-se que ocorreram alterações
do contrato social sem que se viesse a ser alterado o objeto social. No entanto, houve, em 02/01/2007, alteração do contrato social, o qual expõe, em sua
cláusula segunda, que a autora passou a ter por objetivo social "prestação de serviços de consultoria de análises clínicas em estabelecimentos
exclusivamente de terceiros". Seguiu-se, em 02/05/2007, nova alteração do contrato social que trouxe alteração do objeto social para "prestação de
serviços de análises clínicas à pessoas jurídicas exclusivamente em estabelecimentos de terceiros", sendo que alteração do contrato social, em
01/10/2008, manteve tal objetivo social. Disto se conclui que a autora se incluía, conforme jurisprudência destacada, na categoria de serviços hospitalar
es , para efeito do gozo do direito à redução de alíquota do IRPJ /CSL, em todo o período mencionado, exceto no interregno de 02/01/2007 a 01/05/2007,
quando o objeto social passou a ser consultoria de análises clínicas em estabelecimentos exclusivamente de terceiros, hipótese não acobertada para
efeitos de redução das alíquotas de IR e CSLL, como corretamente entendeu a r. sentença recorrida.
4. Faz jus a parte autora ao benefício de redução de alíquota de 12% e 8%, para a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e para o imposto sobre a
renda de Pessoa Jurídica, respectivamente, da data do recolhimento a maior de 01/07/2005 até 01/01/2007 e de 02/05/2007 até 1º de janeiro de 2009,
data estabelecida pela Lei nº 11.727/2008, para a nova redação do artigo 15, § 1º, III, "a", bem como com fundamento no artigo 20, ambos da Lei nº
9.249/95.
5. A decisão agravada foi fartamente motivada, com exame de aspectos fáticos do caso concreto e aplicação da legislação específica e jurisprudência
consolidada, sendo que o agravo inominado da apelante ataca a natureza societária diversa da empresária da autora, olvida que por este fato, somado à
natureza do objeto social da sociedade, é que faz jus a autora ao benefício da redução da alíquota, o que havia sido antes deduzido, e já enfrentado e
vencido no julgamento monocrático, não restando, portanto, espaço para a reforma postulada
6. Agravo inominado desprovido."
(TRF 3ª Região, TERCEIRA TURMA, APELREEX 0013175-26.2010.4.03.6100, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL CARLOS MUTA, julgado em
17/07/2014, e-DJF3 Judicial 1 DATA:22/07/2014)
TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. BASE DE CÁLCULO REDUÇÃO DA ALÍQUOTA . LEI Nº 9.249/95, ART. 15, § 1º, INCISO III, "A". CONCEITO DE
SERVIÇO HOSPITALAR . ENTENDIMENTO DO E. STJ. COMPENSAÇÃO. PRESCRIÇÃO.
1 - No caso em exame, o cerne da controvérsia consiste em verificar se o impetrante se enquadra na exceção prevista no art. 15 da Lei 9.249, de 26 de
dezembro de 1995, para efeito de redução do percentual a ser aplicado sobre a base de cálculo para recolhimento do IRPJ e consequente CSLL.
2 - No que tange ao alcance do benefício fiscal previsto no art. 15, § 1º, inciso III, "a", da Lei 9.249/95, a Primeira Seção do E. Superior Tribunal de
Justiça, ao apreciar o REsp 1.116.399/BA (Relator Min. Benedito Gonçalves, DJe de 24.02.2010) pacificou a matéria, firmando o entendimento de que a
concessão do benefício fiscal se dá de forma objetiva, com foco nos serviços prestados, e não na pessoa do contribuinte que executa a prestação dos
chamados serviços hospitalar es , sob pena de se desfigurar a própria natureza da norma legal, transmudando-se o incentivo fiscal de objetivo para
subjetivo e, por conseguinte, restringindo sua aplicação apenas aos estabelecimentos hospitalar es .
3 - Conforme se infere do julgado acima mencionado, a expressão " serviços hospitalar es ", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, "a", da Lei 9.249/95,
deve ser interpretada sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte, sendo irrelevante, para a concessão do benefício fiscal, a característica

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ou a estrutura do contribuinte, nos termos do que dispôs o art. 1º, caput, do Ato Declaratório Interpretativo da Secretaria da Receita Federal - SRF nº
18/2003.
4 - Compulsando os autos, verifica-se à vista do Contrato Social do impetrante, que sua atividade econômica principal consiste na prestação de serviços
de fisioterapia e reabilitação, serviços esses compreendidos dentre aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, nos termos da
Lei 9.249/95, voltados diretamente à promoção da saúde. Por tal razão, o impetrante faz jus ao benefício pleiteado, na esteira do entendimento firmado
pelo E. STJ, tendo direito ao recolhimento do IRPJ e da CSLL, pela aplicação, respectivamente, das alíquotas reduzidas de 8% e 12% sobre a base de
cálculo. E, por conseguinte, é devida a compensação dos valores recolhidos a maior pelo impetrante, nos termos explanados.
5 - Tendo em vista que o ajuizamento da ação mandamental foi anterior a 9 de junho de 2005, data em que passou a surtir efeitos a Lei Complementar nº
118/2005, adiro ao entendimento firmado pelo C. STF que, no âmbito do RE nº 566.621, em regime de repercussão geral, decidiu que as ações propostas
antes de tal data ficam sujeitas ao prazo prescricional de 5 anos, contado este da homologação expressa ou tácita, considerando esta última ocorrida
após 5 anos do fato gerador, o que implica no prazo de prescrição de 10 anos.
6 - No que tange ao regime normativo aplicado à compensação pleiteada, tendo em vista assentada jurisprudência do E. Superior Tribunal de Justiça,
considerando a data da propositura da ação (25 de outubro de 2004), é o da Lei n.º 10.637/02, então vigente. Precedentes do E. STJ e desta Corte (STJ,
ERESP - 488992, 1ª Seção, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, j. 26/05/2004, v.u., DJ DATA: 07/06/2004, p. 156; Processo nº 2004.61.00.021070-0,
ams 290030, 3ª Turma, Relator Desembargador Federal Carlos Muta, j. 10/06/2010, v.u., DJF3 CJ1 DATA: 06/07/2010, p. 420).
7 - Ademais, quanto à atualização monetária, é devida a aplicação da taxa SELIC (art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95) a créditos tributários federais a
partir de 1º de janeiro de 1996, não devendo a mesma ser cumulada com outro índice de correção monetária ou outra taxa de juros de mora, vez que no
cálculo da taxa SELIC já está compreendida a correção monetária (Manual de Procedimentos para cálculos na Justiça Federal).
8 - Apelação e remessa oficial não providas."
(TRF3, AMS 271610/SP, Terceira Turma, Rel. Des. Fed. Nery Júnior, DJe 12.09.2011)

E, finalmente, precedente específico do STJ em relação à questão posta:

TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO. ARTS. 15, § 1º,
III, "A", E 20 DA LEI N.º 9.249/95. ATIVIDADES HOSPITALARES. SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS. ENQUADRAMENTO.
1. As sociedades civis prestadoras de serviços odontológicos e de intervenções cirúrgicas maxilofaciais enquadram-se no conceito de "atividades
hospitalares" a que alude o art. 15, § 1º, inciso III, "a", da Lei n.º 9.249/95, de modo que a base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social
sobre o lucro será obtida mediante a aplicação das alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, sobre a receita bruta.
2. Os serviços de diagnóstico odontológico e de cirurgias maxilofaciais demandam rotinas e procedimentos tipicamente hospitalares, além de espaço
físico adequado para intervenções cirúrgicas e corpo técnico especializado, enquadrando-se no conceito de "atividade médica, pessoal ou instrumental
em prol da saúde humana" (REsp n.º 673.033/RS, Rel. Min. Luiz Fux).
3. Precedentes de ambas as Turmas de Direito Público.
4. Recurso especial improvido.
(REsp 799.854/PR, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 25/04/2006, DJ 08/05/2006, p. 187)

Da análise dos autos, verifica-se que a autora "tem por objeto a atividade clínica odontológica e a participação em outras sociedades, de qualquer tipo e
natureza, como acionista ou quotista, observadas as prescrições legais" (fls. 21/31). Consultando-se os documentos juntados às fls. 116/183, constata-se
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que a autora promove a realização de cirurgias ortognáticas em diversos hospitais de São Paulo, utilizando-se para tanto de instalações e instrumental
apropriados, com aplicação de anestesia geral e fazendo ainda uso de exames de imagem e tratamento pós-operatório, restando assim caracterizada a
prestação de serviços hospitalares, de modo a fazer jus ao benefício tributário pleiteado.

Assim, demonstrado o direito da autora à apuração do lucro presumido na qualidade de prestadora de serviços hospitalares e correlatos, para o fim de
recolhimento do IRPJ sob a alíquota de 8% e a CSLL sob a alíquota de 12%, nos termos dos artigos 15, § 1º, III, "a", e 20, ambos da Lei nº 9.249/1995, na
redação conferida pela Lei nº 11.727/2008, impõe-se a reforma do julgado, com a inversão do ônus da sucumbência.

Mantida a verba honorária tal como fixada pelo Juízo de Primeiro Grau, ante a ausência de impugnação específica.

Ante o exposto, nego provimento ao agravo retido e dou provimento à apelação.

É como voto.

ANTONIO CEDENHO
Desembargador Federal

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO

AGRAVO LEGAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0007174- D.E.


50.2014.4.03.0000/SP
Publicado em 09/01/2015
2014.03.00.007174-0/SP
RELATORA : Desembargadora Federal DIVA MALERBI
AGRAVANTE : Uniao Federal (FAZENDA NACIONAL)
SP000003 JULIO CÉSAR CASARI E CLAUDIA AKEMI
ADVOGADO :
OWADA
AGRAVADO(A) : CLINICA ODONTOLOGICA ELEVE PAULISTA LTDA
ADVOGADO : SP177073 GRAZIELA DE SOUZA JUNQUEIRA e outro
ORIGEM : JUIZO FEDERAL DA 12 VARA SAO PAULO Sec Jud SP
AGRAVADA : DECISÃO DE FOLHAS
No. ORIG. : 00021949320144036100 12 Vr SAO PAULO/SP

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO LEGAL. ART. 557, § 1º, CPC. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR CONCEDIDA. PRESTADORA
DE SERVIÇOS HOSPITALARES. IMPOSTO DE RENDA DE 8% SOBRE O FATURAMENTO
E CSLL DE 12% SOBRE A RECEITA BRUTA. AGRAVO DESPROVIDO.
1. A decisão agravada foi prolatada a teor do disposto no artigo 557 do Código de Processo Civil, bem
como em conformidade com a legislação aplicável à espécie e amparado em súmula ou jurisprudência
dominante do Tribunal ou dos Tribunais Superiores.
2. A Primeira Seção do C. Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp 1.116.399/BA, pela
sistemática do artigo 543-C do CPC, firmou entendimento no sentido de que devem ser considerados
serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados
diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados no
interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que não se
identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos".
3. Consoante assinalado no julgado, citando a decisão agravada: " verifico que a autora oferece serviços de
realização de cirurgia buco-maxilo-facial, com realização de exames de imagem e tratamento pós-operatório.
Esses procedimentos são realizados em ambiente hospitalar, com uso de anestesia geral."
4. Entendeu o agravante que se a empresa exerce diversas atividades e deve segregar as receitas para fins de
apuração da base de cálculo do lucro presumido, cabe a aplicação do § 2º do artigo 15 da Lei nº 9249/95,
segundo o qual "no caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente a cada
atividade".
5. O agravante não trouxe nenhum elemento capaz de ensejar a reforma do decisum, limitando-se a mera
reiteração do quanto já expedido nos autos, sendo certo que não aduziu qualquer argumento apto a modificar
o entendimento esposado na decisão ora agravada.
6. Agravo desprovido.

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ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Terceira Turma do
Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, negar provimento ao agravo, nos termos do
relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

São Paulo, 18 de dezembro de 2014.


ELIANA BORGES DE MELLO MARCELO
Juíza Federal Convocada

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AGRAVO LEGAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0007174-50.2014.4.03.0000/SP


2014.03.00.007174-0/SP
RELATORA : Desembargadora Federal DIVA MALERBI
AGRAVANTE : Uniao Federal (FAZENDA NACIONAL)
SP000003 JULIO CÉSAR CASARI E CLAUDIA AKEMI
ADVOGADO :
OWADA
AGRAVADO(A) : CLINICA ODONTOLOGICA ELEVE PAULISTA LTDA
ADVOGADO : SP177073 GRAZIELA DE SOUZA JUNQUEIRA e outro
ORIGEM : JUIZO FEDERAL DA 12 VARA SAO PAULO Sec Jud SP
AGRAVADA : DECISÃO DE FOLHAS
No. ORIG. : 00021949320144036100 12 Vr SAO PAULO/SP

RELATÓRIO

A SENHORA JUÍZA FEDERAL CONVOCADA ELIANA BORGES DE MELLO MARCELO


(RELATORA): Trata-se de agravo interposto por UNIÃO (FAZENDA NACIONAL) com fulcro no art.
557, § 1º, Código de Processo Civil, em face de decisão monocrática proferida às fls. 84/85vº que, nos
termos do artigo 557 do Código de Processo Civil, negou seguimento ao agravo de instrumento interposto,
em face de decisão em mandado de segurança, concedeu liminar para determinar que a impetrante seja
enquadrada como prestadora de atividades hospitalares.

Sustenta a agravante, em síntese, que somente as receitas do serviço qualificado como "serviços hospitalares"
devem ser computadas aos percentuais de 8% e de 12% para apuração da base de cálculo do Imposto de
Renda (IRPJ) e da CSLL, a atividade de clínica odontológica não se enquadra no conceito de serviços
hospitalares, como dispõe o artigo 15, inciso III, da Lei 9249/95.

Requer o acolhimento do presente agravo, em juízo de retratação, ou, caso assim não entenda, sua
apresentação em mesa para julgamento, provendo integralmente o agravo interposto.

É o relatório.

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ELIANA BORGES DE MELLO MARCELO


Juíza Federal Convocada

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AGRAVO LEGAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 0007174-50.2014.4.03.0000/SP


2014.03.00.007174-0/SP
RELATORA : Desembargadora Federal DIVA MALERBI
AGRAVANTE : Uniao Federal (FAZENDA NACIONAL)
SP000003 JULIO CÉSAR CASARI E CLAUDIA AKEMI
ADVOGADO :
OWADA
AGRAVADO(A) : CLINICA ODONTOLOGICA ELEVE PAULISTA LTDA
ADVOGADO : SP177073 GRAZIELA DE SOUZA JUNQUEIRA e outro
ORIGEM : JUIZO FEDERAL DA 12 VARA SAO PAULO Sec Jud SP
AGRAVADA : DECISÃO DE FOLHAS
No. ORIG. : 00021949320144036100 12 Vr SAO PAULO/SP

VOTO

"EMENTA"
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO LEGAL. ART. 557, § 1º, CPC. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR CONCEDIDA. PRESTADORA DE
SERVIÇOS HOSPITALARES. IMPOSTO DE RENDA DE 8% SOBRE O FATURAMENTO E CSLL DE
12% SOBRE A RECEITA BRUTA. AGRAVO DESPROVIDO.
1. A decisão agravada foi prolatada a teor do disposto no artigo 557 do Código de Processo Civil,
bem como em conformidade com a legislação aplicável à espécie e amparado em súmula ou
jurisprudência dominante do Tribunal ou dos Tribunais Superiores.
2. A Primeira Seção do C. Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp 1.116.399/BA, pela
sistemática do artigo 543-C do CPC, firmou entendimento no sentido de que devem ser considerados
serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados
diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são prestados
no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples consultas médicas, atividade que
não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos".
3. Consoante assinalado no julgado, citando a decisão agravada: " verifico que a autora oferece
serviços de realização de cirurgia buco-maxilo-facial, com realização de exames de imagem e
tratamento pós-operatório. Esses procedimentos são realizados em ambiente hospitalar, com uso de
anestesia geral."
4. Entendeu o agravante que se a empresa exerce diversas atividades e deve segregar as receitas para
fins de apuração da base de cálculo do lucro presumido, cabe a aplicação do § 2º do artigo 15 da Lei
nº 9249/95, segundo o qual "no caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual
correspondente a cada atividade".
5. O agravante não trouxe nenhum elemento capaz de ensejar a reforma do decisum, limitando-se a
mera reiteração do quanto já expedido nos autos, sendo certo que não aduziu qualquer argumento
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apto a modificar o entendimento esposado na decisão ora agravada.


6. Agravo desprovido.

A SENHORA JUÍZA FEDERAL CONVOCADA ELIANA BORGES DE MELLO MARCELO


(RELATORA): Não é de ser provido o agravo.

A decisão ora agravada foi proferida nos seguintes termos:

"Trata-se de agravo de instrumento interposto pela UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL), em


face de decisão que, em mandado de segurança, deferiu a liminar para o efeito de determinar que a
impetrante (CLÍNICA ODONTOLÓGICA ELEVE PAULISTA LTDA.) seja enquadrada como
prestadora de atividades hospitalares, para o fim de recolher imposto de renda de 8% sobre o
faturamento e CSLL de 12% sobre a receita bruta.
Sustenta a agravante, em síntese, que o art. 15 da Lei 9.249/95 estabelece o percentual de 32% para
fins de apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSSL para os casos de prestação de serviço, com
exceção aos serviços hospitalares. Alega que o alcance da expressão "serviços hospitalares" devem ser
restringidos, aplicando-se tão somente às atividades típicas de hospital, consoante prescrito no art. 15,
§ 1º, III, "a", da Lei 9.249/95. Aduz que os serviços prestados em clínicas, ainda que de natureza
médica, não são serviços hospitalares, as quais são prestadas em entidade hospitalar, com estrutura
material e de pessoal destinada a atender a internação de pacientes.
Requer a concessão de efeito suspensivo e, ao final, o provimento do agravo, determinando a reforma
da decisão agravada.
Decido.
Cabível na espécie o art. 557 do Código de Processo Civil.
Tal dispositivo, na redação dada pela Lei nº 9.756, de 17 de dezembro de 1998, trouxe inovações ao
sistema recursal, com a finalidade de permitir maior celeridade à tramitação dos feitos, autorizando o
relator, por meio de decisão monocrática, a negar seguimento a recurso manifestamente inadmissível,
improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou jurisprudência dominante do respectivo
tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior. O seu § 1º também faculta ao relator,
desde logo, dar provimento ao recurso, se a decisão recorrida for manifestamente contrária a súmula
ou jurisprudência dominante do STF ou de Tribunal Superior.
A questão vertida nos autos consiste na possibilidade de enquadramento fiscal da ora agravada como
"atividades hospitalares", para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL,
preconizada pelo artigo 15, § 1º, III, "a", da Lei 9.429/95, com redação anterior à vigência da Lei
11.727/2008, combinado com o artigo 20 da mesma lei.
Com efeito, a Primeira Seção do C. Superior Tribunal de Justiça no julgamento do REsp
1.116.399/BA, pela sistemática do art. 543-C do CPC, firmou entendimento no sentido de que devem
ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos
hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não
necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples
consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos
consultórios médicos", in verbis:
"DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS
ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL
COM BASE DE CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO "SERVIÇOS
HOSPITALARES". INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE DE ESTRUTURA
DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA
SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC.
1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços hospitalares" prevista na
Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de alíquota do IRPJ e da CSLL. Discute-se a
possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na lei, poder-se restringir o benefício

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11/12/2018 Inteiro Teor (3944092)

fiscal, incluindo no conceito de "serviços hospitalares" apenas aqueles estabelecimentos destinados ao


atendimento global ao paciente, mediante internação e assistência médica integral.
2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente Ministro Castro Meira, a
1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do pagamento dos tributos com as
alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei
9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada
pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a
estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado
(assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que os regulamentos emanados da
Receita Federal referentes aos dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os
contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da necessidade de manter
estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que
"a dispensa da capacidade de internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95, pelo
que se mostra irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares".
3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares "aqueles que se vinculam às atividades
desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra,
mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as
simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas
nos consultórios médicos".
4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas
decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de alíquota prevista na Lei
9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas
sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao benefício
fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei 9.249/95.
5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta serviços médicos
laboratoriais (fl.. 389), atividade diretamente ligada à promoção da saúde, que demanda maquinário
específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou similares, não se assemelhando a
simples consultas médicas, motivo pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao
benefício em discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12%
(doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de
prestação de serviços médicos laboratoriais).
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo
543-C do CPC e da Resolução 8/STJ.
7. Recurso especial não provido."
(REsp 1116399/BA, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA SEÇÃO, j. 28/10/2009, DJe
24/02/2010)
In casu, como bem assinalado na decisão agravada (fls. 68/72):
"Analisando os documentos que instruem a inicial, verifico que a autora oferece serviços de realização
de cirurgia buco-maxilo-facial, com realização de exames de imagem e tratamento pós-operatório.
Esses procedimentos são realizados em ambiente hospitalar, com uso de anestesia geral."
Assim, encontrando-se a decisão agravada em consonância com o entendimento firmado pelo C.
Superior Tribunal de Justiça em recurso representativo da controvérsia, deve ser mantida.
Ante o exposto, nos termos do art. 557, caput, do Código de Processo Civil, nego seguimento ao
agravo de instrumento.
Comunique-se ao MM. Juízo a quo.
Observadas as formalidades legais, remetam-se os autos à Vara de origem.
Intime-se."

A decisão agravada foi prolatada a teor do disposto no artigo 557 do Código de Processo Civil, bem como
em conformidade com a legislação aplicável à espécie e amparado em súmula ou jurisprudência dominante do
Tribunal ou dos Tribunais Superiores.

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11/12/2018 Inteiro Teor (3944092)

Acresce-se que o agravante não trouxe nenhum elemento capaz de ensejar a reforma do decisum, limitando-
se a mera reiteração do quanto já expedido nos autos, sendo certo que não aduziu qualquer argumento apto a
modificar o entendimento esposado na decisão ora agravada.

A autora realiza cirurgia buco-maxilo-facial, com realização de exames de imagem e tratamento pós-
operatório, utilizando anestesia geral feito portanto em ambiente hospitalar.

Ante o exposto, nego provimento ao agravo, mantendo a decisão recorrida.

É como voto.

ELIANA BORGES DE MELLO MARCELO


Juíza Federal Convocada

Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-
estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por:
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Tribunal Regional Federal da 3ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico

31/03/2021

Número: 5014972-68.2018.4.03.6100
Classe: APELAÇÃO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: Vice Presidência
Órgão julgador: Gab. Vice Presidência
Última distribuição : 15/10/2019
Valor da causa: R$ 75.193,08
Processo referência: 5014972-68.2018.4.03.6100
Assuntos: IRPJ/Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL (APELANTE)
CLINICA AGGIO ODONTOLOGIA MODERNA INTEGRADA HENRIQUE DEMOLINARI ARRIGHI JUNIOR (ADVOGADO)
LTDA (APELADO) MICHELLE APARECIDA RANGEL (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
14023 24/08/2020 09:15 Acórdão Acórdão
4048

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Número do documento: 22110714591540700001373745930
APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5014972-68.2018.4.03.6100
RELATOR: Gab. 08 - DES. FED. CARLOS MUTA
APELANTE: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL
APELADO: CLINICA AGGIO ODONTOLOGIA MODERNA INTEGRADA LTDA
Advogados do(a) APELADO: HENRIQUE DEMOLINARI ARRIGHI JUNIOR - MG114183-A, MICHELLE APARECIDA
RANGEL - MG126983-A
OUTROS PARTICIPANTES:

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APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5014972-68.2018.4.03.6100


RELATOR: Gab. 08 - DES. FED. CARLOS MUTA
APELANTE: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL
APELADO: CLINICA AGGIO ODONTOLOGIA MODERNA INTEGRADA LTDA
Advogados do(a) APELADO: HENRIQUE DEMOLINARI ARRIGHI JUNIOR - MG114183-A, MICHELLE APARECIDA
RANGEL - MG126983-A
OUTROS PARTICIPANTES:

RELATÓRIO

Trata-se de apelação à sentença que julgou procedente ação para


reconhecer o direito ao recolhimento da base de cálculo do IRPJ e da CSLL,
respectivamente, nos percentuais de 8 e 12%, nos serviços tipicamente hospitalares,

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Número do documento: 22110714591540700001373745930
respectivamente, nos percentuais de 8 e 12%, nos serviços tipicamente hospitalares,
conforme Lei 9.249/1995, excluídas consultas e outras atuações desprovidas de
natureza hospitalar, bem como repetição/compensação dos recolhimentos efetuados a
maior, respeitado o prazo prescricional de cinco anos, fixada verba honorária nos
percentuais mínimos do § 3º do artigo 85, CPC, sobre o valor do proveito econômico
obtido.
Alegou-se, em síntese, que a atividade de clínica odontológica não se
enquadra no conceito de serviços hospitalares para fins de reconhecimento do benefício
fiscal concedido pela Lei 9.249/1995.
Houve contrarrazões.
É o relatório.

p{text-align: justify;}

APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5014972-68.2018.4.03.6100


RELATOR: Gab. 08 - DES. FED. CARLOS MUTA

Assinado eletronicamente por: LUIS CARLOS HIROKI MUTA - 24/08/2020 09:15:32 Num. 140234048 - Pág. 2
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Número do documento: 22110714591540700001373745930
APELANTE: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL
APELADO: CLINICA AGGIO ODONTOLOGIA MODERNA INTEGRADA LTDA
Advogados do(a) APELADO: HENRIQUE DEMOLINARI ARRIGHI JUNIOR - MG114183-A, MICHELLE APARECIDA
RANGEL - MG126983-A
OUTROS PARTICIPANTES:

VOTO

Senhores Desembargadores, encontra-se consolidada a jurisprudência,


firme no sentido de que o fator objetivo a distinguir a aplicação da alíquota de 8%
(IRPJ) e 12% (CSL), em vez de 32%, vincula-se à definição do objeto e da natureza
jurídica da prestação do serviço: se hospitalar, a tributação é sensivelmente reduzida
(8% ou 12%) e, no caso contrário, tem incidência a alíquota geral de 32% para a
estimativa a partir da receita bruta mensal.
Todavia, a Corte Superior alterou a interpretação do artigo 15, § 1º, inciso
III, alínea "a", da Lei nº 9.249/95, no sentido do que revela o acórdão no RESP
1.116.399 (TEMA REPETITIVO 217), Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, DJE de
24/02/2010, que foi julgado no regime do artigo 543-C, do Código de Processo Civil,
lavrado nos seguintes termos:

"DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL.


VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS 535 e 468 DO CPC. VÍCIOS NÃO
CONFIGURADOS. LEI 9.249/95. IRPJ E CSLL COM BASE DE
CÁLCULO REDUZIDA. DEFINIÇÃO DA EXPRESSÃO SERVIÇOS
HOSPITALARES'. INTERPRETAÇÃO OBJETIVA. DESNECESSIDADE
DE ESTRUTURA DISPONIBILIZADA PARA INTERNAÇÃO.
ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO
SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543-C DO CPC. 1.
Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão 'serviços
hospitalares' prevista na Lei 9.429/95, para fins de obtenção da redução de
alíquota do IRPJ e da CSLL. Discute-se a possibilidade de, a despeito da
generalidade da expressão contida na lei, poder-se restringir o benefício
fiscal, incluindo no conceito de 'serviços hospitalares' apenas aqueles
estabelecimentos destinados ao atendimento global ao paciente, mediante
internação e assistência médica integral. 2. Por ocasião do julgamento do
RESP 951.251-PR, da relatoria do eminente Ministro Castro Meira, a 1ª
Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do
pagamento dos tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão 'serviços
hospitalares', constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei 9.249/95,
deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da
atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o
benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do

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benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do
contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço
prestado (assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado
que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos
dispositivos legais acima mencionados não poderiam exigir que os
contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei (a exemplo da
necessidade de manter estrutura que permita a internação de pacientes)
para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que 'a dispensa da
capacidade de internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei
9.249/95, pelo que se mostra irrelevante para tal intento as disposições
constantes em atos regulamentares'. 3. Assim, devem ser considerados
serviços hospitalares 'aqueles que se vinculam às atividades
desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da
saúde', de sorte que, 'em regra, mas não necessariamente, são prestados
no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo-se as simples
consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no
âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos'. 4. Ressalva de que as
modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas
decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que a redução de
alíquota prevista na Lei 9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da
empresa contribuinte genericamente considerada, mas sim àquela parcela
da receita proveniente unicamente da atividade específica sujeita ao
benefício fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º
do artigo 15 da Lei 9.249/95. 5. Hipótese em que o Tribunal de origem
consignou que a empresa recorrida presta serviços médicos laboratoriais
(fl. 389), atividade diretamente ligada à promoção da saúde, que demanda
maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares
ou similares, não se assemelhando a simples consultas médicas, motivo
pelo qual, segundo o novel entendimento desta Corte, faz jus ao benefício
em discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso
do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL, sobre a receita
bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços médicos
laboratoriais). 6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de
controvérsia, submetido ao regime do artigo 543-C do CPC e da Resolução
8/STJ. 7. Recurso especial não provido." (g.n.)

Na mesma linha e ressaltando que a referida redução de alíquota do IRPJ e


da CSL não se aplica às consultas médicas, atividades próprias de consultório médico,
o precedente desta Turma:

ApReeNec 0005394-34.2016.4.03.6102, Rel. Des. Fed. NELTON DOS


SANTOS, e-DJF3 11/03/2020: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO DE
APELAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTÁRIO. LEI Nº
9.429/95. IRPJ. CSLL. SERVIÇOS HOSPITALARES. ANÁLISE OBJETIVA
DOS REQUISITOS. APLICAÇÃO DAS ALÍQUOTAS REDUZIDAS.
ALTERAÇÃO PELA LEI Nº 11.727/08. CONSTITUIÇÃO COMO
SOCIEDADE EMPRESÁRIA. COMPROVAÇÃO DO ATENDIMENTO
DAS NORMAS DA ANVISA. ALVARÁ DE FUNCIONAMENTO

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SOCIEDADE EMPRESÁRIA. COMPROVAÇÃO DO ATENDIMENTO
DAS NORMAS DA ANVISA. ALVARÁ DE FUNCIONAMENTO
EXPEDIDO PELA VIGILÂNCIA SANITÁRIA ESTADUAL OU
MUNICIPAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECURSO DE
APELAÇÃO DESPROVIDO. REEXAME NECESSÁRIO PROVIDO. 1. Nos
termos do quanto o E. Superior Tribunal de Justiça, em julgamento sobre o
rito do artigo 543-C, do vetusto Código de Processo Civil, delimitou que a
verificação para o reconhecimento do direito às alíquotas minoradas para
as sociedades empresárias prestadoras de serviços hospitalares deve
ocorrer de forma objetiva. 2. Destarte, conforme documentos constantes
dos autos, a apelada tem como objeto social: "A sociedade tem como
objetivo a exploração ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR E
DOMICÍLIO (HOME CARE)”(f. 20, dos autos físicos). 3. Ainda, no
Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas do Ministério da Fazenda - CNPJ,
trazido com a inicial (fl. 27, dos autos físicos), consta como atividades
econômicas da sociedade: fornecimento de infra-estrutura de apoio e
assistência a paciente no domicílio; atividades de enfermagem; e, outras
atividades de atenção à saúde humana não especificadas anteriormente. 4.
Ressalto, conforme a jurisprudência já transcrita nesta decisão, o
benefício fiscal de redução de alíquotas do IRPJ e CSLL são atinentes
apenas às rendas e lucro oriundos dos atos considerados como serviços
hospitalares, restando excluídas do benefício fiscal aquelas provenientes
de consultas médicas. 5. Quanto aos demais requisitos constantes no
artigo 15, § 1º, inciso III, alínea "a", da Lei nº 9.249/95, alterada pelo
artigo 29, da Lei nº 11.727/08, quais sejam: que seja organizada sob a
forma empresária e, que atenda às normas da ANVISA. 6. Dos autos,
verifica-se que a autora atendeu ao primeiro requisito de ser sociedade
empresária até a data da propositura da ação (f. 18-27, dos autos físicos).
7. Quanto ao segundo requisito, a comprovação deve se dar através de
alvará de funcionamento, expedido pela vigilância sanitária estadual ou
municipal, conforme o caso, nos termos do próprio entendimento da
administração tributária, constante na IN RFB nº 1.700/17, artigo 33, § 3º.
8. As provas dos autos, mais especificamente às f. 29-31, dos autos físicos,
demonstram que a apelada possui os alvarás de funcionamento expedidos
pelas duas esferas de governo (mesmo que seja necessária apenas uma),
demonstrando respeitar o segundo requisito constante na lei. 9. No que
tange à condenação dos honorários advocatícios, deve-se levantar as
seguintes considerações: um pleito formulado é de natureza declaratória,
no que se refere aos efeitos prospectivos, para reduzir as alíquotas do IRPJ
e da CSLL incidentes sobre a prestação de serviços hospitalares; o outro
pedido tem natureza condenatória, ao requerer que a União seja
condenada a devolver os valores recolhidos indevidamente pelo
contribuinte, nos cinco anos anteriores ao ajuizamento da demanda. 10.
Sendo assim, o pedido condenatório pode ser aferido através da
liquidação, porém o pleito de cunho declaratório, repita-se, por ter efeitos
que se protraem futuramente, torna-se de mensuração do proveito
econômico impossível, razão pela qual a condenação em honorários
advocatícios deve ser fixada com base no valor atualizado da causa, nos
termos do artigo 85, § 2º, do Código de Processo Civil. 11. No caso dos
autos, a matéria de mérito tratada é corriqueira e já sedimentada na
jurisprudência, inclusive através do julgamento de casos repetitivos pelo C.
Superior Tribunal de Justiça, ainda, verifica-se que não houve necessidade
de dilação probatória com acompanhamento de perícia ou audiência, o que

Assinado eletronicamente por: LUIS CARLOS HIROKI MUTA - 24/08/2020 09:15:32 Num. 140234048 - Pág. 5
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Número do documento: 22110714591540700001373745930
de dilação probatória com acompanhamento de perícia ou audiência, o que
enseja o reconhecimento do diminuto trabalho realizado em relação ao
pedido reconhecido em favor da autora. 12. Neste diapasão, é de rigor a
condenação da União nos honorários advocatícios, fixados nos patamares
mínimos dispostos no artigo 85, § 3º, do Código de Processo Civil,
observando-se a faixa de valores e o quanto delimitado no § 5º, do mesmo
dispositivo legal, em respeito aos princípios da proporcionalidade,
razoabilidade e causalidade. 13. Recurso de apelação desprovido e
reexame necessário parcialmente provido.” (g.n.)

No caso, no contrato social da autora, além da natureza empresarial,


constam as seguintes atividades: “a) a realização de intervenções cirúrgicas
odontológicas buco-maxilo faciais; b) a realização de intervenções cirúrgicas
odontológicas em geral, notadamente a implantodontia; c) a realização de
procedimentos de ortodontia e ortopedia facial; d) realização de diagnósticos; e)
atividades odontológicas; f) a prestação de serviços de raio-x e radiodiagnóstico; e g)
cursos, treinamentos e palestras” (ID 69805686, f. 1).

O CNPJ enquadra-se no código CNAE “86.30-5-04 - atividade


odontológica”, com atividades secundárias em “85.99-6-04 - treinamento em
desenvolvimento profissional e gerencial” e “86.40-2-05 - serviços de diagnóstico por
imagem com uso de radiação ionizante, exceto tomografia”. (ID 69805687, f. 1).

Foi juntado, ainda, cópia do diário oficial estadual, constando deferimento


de cadastro municipal junto à vigilância em saúde, identificando a autora como
“consultório odontológico Tipo I” (ID 69805690, f. 1).

Por fim, no site eletrônico da autora menciona-se a prestação de serviços


típicos de clínicas odontológicas e realização de procedimentos cirúrgicos do tipo:
cirurgia ortognática e cirurgia buco-maxilo facial (ID 69805691).
Assim, comprovado que a autora contempla serviços clínico-odontológicos,
ao mesmo tempo em que realiza diagnóstico por imagens e procedimentos cirúrgicos,
tem, exclusivamente quanto a estes últimos, direito aos benefícios fiscais nos termos do
artigo 15, § 1º, inciso III, alínea "a", da Lei nº 9.249/95.
Neste sentido:

Ap 0002194-93.2014.4.03.6100, Rel. Des. Fed. ANTONIO CEDENHO,


e-DJF3 18/10/2018: “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AÇÃO
DECLARATÓRIA. AGRAVO RETIDO IMPROVIDO. IRPJ E CSLL.
RECOLHIMENTO SOB REGIME DE APURAÇÃO DO LUCRO REAL.
ALÍQUOTAS REDUZIDAS. ARTIGOS 15, § 1º, III, "A", E 20, AMBOS DA
LEI 9.249/95. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES OU
CORRELATOS. CLÍNICA ODONTOLÓGICA. REALIZAÇÃO DE

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CORRELATOS. CLÍNICA ODONTOLÓGICA. REALIZAÇÃO DE
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS EM HOSPITAIS. COMPROVAÇÃO
DOCUMENTAL. DIREITO AO BENEFÍCIO TRIBUTÁRIO PLEITEADO.
PRECEDENTES DO STJ E DESTA CORTE REGIONAL. INVERSÃO DO
ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. MANUTENÇÃO DA VERBA HONORÁRIA.
APELAÇÃO PROVIDA. 1 - Inicialmente, conheço do agravo retido para
negar-lhe provimento, uma vez que os documentos trazidos aos autos são
suficientes para o esclarecimento da questão posta, de modo a dispensar a
produção de prova oral ou pericial. 2 - Nos termos da Lei nº 9.249, de 26
de dezembro de 1995, em seus artigos 15, § 1º, III, "a", e 20, as empresas
prestadoras de serviços médicos hospitalares e cirúrgicos enquadram-se
na concepção de "serviços hospitalares" insertos nos artigos 15 e 20 da Lei
nº 9.249/95, estando sujeitas às alíquotas de 8% e 12% sobre a receita
bruta mensal a título de IRPJ e CSLL, respectivamente, sob o regime de
apuração do lucro presumido. 3 - Após múltiplas discussões acerca do
alcance da expressão "serviços hospitalares", constante da Lei n. 9.249/95,
a matéria restou pacificada pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, no
julgamento do REsp nº 1.116.399/BA, sob o regime do art. 543-C, do
Código de Processo Civil. 4 - Dessa forma, o STJ, alterando orientação
anterior, firmou entendimento de que a expressão "serviços hospitalares"
constante do art. 15, §1º, III, "a", da Lei n. 9.249/95, deve ser interpretada
de forma objetiva, levando-se em conta, não o contribuinte em si (critério
subjetivo), mas a natureza do serviço prestado, independentemente da
capacidade de internação ou estrutura do estabelecimento, de forma a
compreender os serviços normalmente, mas não necessariamente,
prestados em hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde,
excluindo-se as simples consultas médicas, próprias dos consultórios
médicos, ainda que prestadas no interior do estabelecimento hospitalar. 5 -
Nessa linha, entende-se como compreendidos entre os serviços
hospitalares, dentre outros, os serviços de auxílio diagnóstico e terapia,
imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e
análises e patologias clínicas, ainda que realizados fora do
estabelecimento hospitalar, ficando excluídas da base de cálculo reduzida
do IRPJ e da CSLL as receitas decorrentes de consultas médicas. 6 - A
propósito, com base na atual orientação, o Superior Tribunal de Justiça
decidiu, como compreendidas no conceito de "serviços hospitalares", para
fins de aplicação da alíquota reduzida do IRPJ, a receita proveniente
dentre outros, dos serviços de análises clínicas laboratoriais (EREsp
1.019.548/SC, DJe 18.03.2010), de radioterapia e oncologia (REsp
1.219.674/RJ, DJe 04.02.2011), de análises, exames anatomo-patológicos,
citológicos e de patologia clínica (EDcl no REsp 987.684/PR, DJe
23.04.2010), de videoendoscopia, (EDcl nos EDcl no AgRg no REsp
1.140.907/PR, DJe 06.10.2010), de anestesiologia, excluídas as simples
consultas e atividades de cunho administrativo (EDcl no AgRg no REsp
891953/RS, DJe 06.04.2010). 7 - Precedentes desta Corte Regional e
precedente específico do Superior Tribunal de Justiça (REsp 799.854/PR).
8 - Da análise dos autos, verifica-se que a autora "tem por objeto a
atividade clínica odontológica e a participação em outras sociedades, de
qualquer tipo e natureza, como acionista ou quotista, observadas as
prescrições legais" (fls. 21/31). Consultando-se os documentos juntados
às fls. 116/183, constata-se que a autora promove a realização de
cirurgias ortognáticas em diversos hospitais de São Paulo, utilizando-se
para tanto de instalações e instrumental apropriados, com aplicação de
anestesia geral e fazendo ainda uso de exames de imagem e tratamento

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anestesia geral e fazendo ainda uso de exames de imagem e tratamento
pós-operatório, restando assim caracterizada a prestação de serviços
hospitalares, de modo a fazer jus ao benefício tributário pleiteado. 9 -
Demonstrado o direito da autora à apuração do lucro presumido na
qualidade de prestadora de serviços hospitalares e correlatos, para o fim
de recolhimento do IRPJ sob a alíquota de 8% e a CSLL sob a alíquota de
12%, nos termos dos artigos 15, § 1º, III, "a", e 20, ambos da Lei nº
9.249/1995, na redação conferida pela Lei nº 11.727/2008, impõe-se a
reforma do julgado, com a inversão do ônus da sucumbência. 10 -
Mantida a verba honorária tal como fixada pelo Juízo de Primeiro Grau,
ante a ausência de impugnação específica. 11 - Agravo retido improvido.
Apelação provida.” (g.n.)

Cabe, porém, limitar temporalmente os efeitos da restituição/compensação,


pois, embora cadastrada no CNPJ desde 2014, somente a partir do registro da alteração
do contrato social, em 25/04/2018, houve transformação do tipo societário de
sociedade simples para empresária, devendo este ser o termo inicial para o exercício
do direito, quando, então, com o depósito do ato no RCPJ a demandante preencheu o
requisito específico (ID 69805686, f. 1/5).
Reconhecido o indébito fiscal, os critérios para exercício do direito à
compensação, na via administrativa mediante procedimento específico, inclusive com a
própria comprovação e liquidação de valores indevidos a serem compensados, são os
definidos nos artigos 168 (prescrição quinquenal), observando-se o exposto acima
quanto ao termo inicial, e 170-A (trânsito em julgado), ambos do Código Tributário
Nacional; artigo 74 da Lei 9.430/1996 e demais textos legais de regência, incluindo o
artigo 26-A da Lei 11.457/2007 na redação da Lei 13.670/2018, desde que vigente o
regime legal respectivo ao tempo da propositura da ação, pois este o critério
determinante na jurisprudência consolidada, ainda que posteriormente alterada a
legislação; e artigo 39, § 4º da Lei 9.250/1995 (incidência exclusiva da Taxa SELIC).
A respeito da restituição administrativa, que tem sido deferida com base na
Súmula 461 do Superior Tribunal de Justiça, é importante observar que o enunciado
respectivo, ao fazer referência expressa a "precatório", registra o entendimento de que
não é possível que o ressarcimento de indébito fiscal, em espécie, reconhecido
judicialmente, possa gerar condenação a pagamento fora do regime constitucional do
precatório (artigo 100, CF). De fato, o regime de precatório busca preservar a ordem
cronológica das requisições e, sobretudo, as preferências alimentares, o que não se
verifica possível ou garantido na via administrativa, até porque, nela, não concorrem,
de forma conjunta e simultânea, as variadas cobranças em dinheiro contra a Fazenda
Pública, ao contrário do que ocorre com requisições judiciais de precatórios que,
inclusive, são todas globalmente organizadas e inseridas cronologicamente na previsão
orçamentária anual para execução no exercício financeiro posterior. Permitir que o
contribuinte utilize a via administrativa para receber pagamento de indébito fiscal em
detrimento do sistema de precatório já foi reconhecido, inclusive, como

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detrimento do sistema de precatório já foi reconhecido, inclusive, como
inconstitucional pela Suprema Corte que, por semelhança, aplicou a solução expressa
no Tema 831 da sistemática de repercussão geral (RE 1.069.065, Rel. Min. GILMAR
MENDES, DJe 19/12/2019).
Partindo de tais premissas, o ressarcimento do contribuinte em razão de
indébito fiscal, quando judicial a condenação (título judicial condenatório), apenas é
possível através de compensação ou repetição, vedada, assim, a restituição
administrativa, salvo quando os procedimentos sejam originariamente administrativos.
Afastada a possibilidade de restituição administrativa, na hipótese de optar
pela repetição, nos termos da Súmula 461/STJ, a partir do trânsito em julgado e com
observância da prescrição quinquenal, os valores recolhidos a maior, conforme apurado
em liquidação, devem ser acrescidos, desde cada pagamento, da taxa SELIC,
exclusivamente.
Em face da sucumbência mínima da autora, fica mantida a verba
honorária fixada na origem, nos termos do artigo 86, parágrafo único, CPC.

Ante o exposto, dou parcial provimento à apelação.


É como voto.

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EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E CSL. ARTIGOS 15,


§ 1º, INCISO III, "A", e 20 DA LEI 9.249/1995. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
HOSPITALARES. ODONTOLOGIA. DIAGNÓSTICO POR IMAGENS E
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS. REDUÇÃO DE ALÍQUOTAS DEVIDA.
CRITÉRIOS. SUCUMBÊNCIA MÍNIMA.

1. Consolidada a jurisprudência, firme no sentido de que o fator objetivo a distinguir a


aplicação da alíquota de 8% (IRPJ) e 12% (CSSL), em vez de 32%, vincula-se à
definição do objeto e da natureza jurídica da prestação do serviço: se hospitalar, a
tributação é sensivelmente reduzida (8% ou 12%) e, no caso contrário, tem incidência a
alíquota geral de 32% para a estimativa a partir da receita bruta mensal.

2. O Superior Tribunal de Justiça firmou a orientação, em recurso especial repetitivo,


de que a redução de alíquota prevista no artigo 15, § 1º, inciso III, alínea "a", da Lei nº
9.249/95, “deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da
atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal,
não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo),
mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde)" (RESP 1.116.399,
Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, DJE de 24/02/2010, julgado no regime do artigo
543-C, do Código de Processo Civil).

3. No caso, no contrato social da autora, além da natureza empresarial, constam as


seguintes atividades: “a) a realização de intervenções cirúrgicas odontológicas
buco-maxilo faciais; b) a realização de intervenções cirúrgicas odontológicas em
geral, notadamente a implantodontia; c) a realização de procedimentos de ortodontia e
ortopedia facial; d) realização de diagnósticos; e) atividades odontológicas; f) a
prestação de serviços de raio-x e radiodiagnóstico; e g) cursos, treinamentos e
palestras”.

4. O CNPJ enquadra a atividade no código CNAE “86.30-5-04 - atividade


odontológica”, com atividades secundárias em “85.99-6-04 - treinamento em
desenvolvimento profissional e gerencial” e “86.40-2-05 - serviços de diagnóstico por
imagem com uso de radiação ionizante, exceto tomografia”, constando, ainda, cópia do
diário oficial estadual, registrando o deferimento de cadastro municipal junto à
vigilância em saúde em atividade de “consultório odontológico Tipo I”.

5. No site eletrônico da autora informa-se que são prestados serviços típicos de clínicas
odontológicas e a realização de procedimentos cirúrgicos como cirurgia ortognática e
cirurgia buco-maxilo facial.

6. Comprovado que a autora contempla serviços clínico-odontológicos, ao mesmo


tempo em que realiza diagnóstico por imagens e procedimentos cirúrgicos, tem,
exclusivamente quanto a estes últimos, direito aos benefícios fiscais nos termos do

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exclusivamente quanto a estes últimos, direito aos benefícios fiscais nos termos do
artigo 15, § 1º, inciso III, alínea "a", da Lei nº 9.249/95.

7. Cabe, porém, limitar temporalmente os efeitos da restituição/compensação,


considerando que, embora cadastrada no CNPJ desde 2014, somente a partir do registro
da alteração do contrato social, em 25/04/2018, houve transformação do tipo societário
de sociedade simples para sociedade empresária, devendo este ser o termo inicial para o
exercício do direito, quando, então, com o depósito do ato no RCPJ a demandante
preencheu o requisito específico.

8. Reconhecido o indébito fiscal, na forma acima especificada, os critérios para


exercício do direito à compensação, na via administrativa mediante
procedimento específico, inclusive com a própria comprovação e liquidação de valores
indevidos a serem compensados, são os definidos nos artigos 168 (prescrição
quinquenal), observando-se a limitação do termo inicial conforme acima apontado, e
170-A (trânsito em julgado), ambos do Código Tributário Nacional; artigo 74 da Lei
9.430/1996 e demais textos legais de regência, incluindo o artigo 26-A da Lei
11.457/2007 na redação da Lei 13.670/2018, desde que vigente o regime legal
respectivo ao tempo da propositura da ação, pois este o critério determinante na
jurisprudência consolidada, ainda que posteriormente alterada a legislação; e artigo 39,
§ 4º da Lei 9.250/1995 (incidência exclusiva da Taxa SELIC).

9. A respeito da restituição administrativa, que tem sido deferida com base na Súmula
461 do Superior Tribunal de Justiça, é importante observar que o enunciado respectivo,
ao fazer referência expressa a "precatório", registra o entendimento de que não é
possível que o ressarcimento de indébito fiscal, em espécie, reconhecido judicialmente,
possa gerar condenação a pagamento fora do regime constitucional do precatório
(artigo 100, CF). De fato, o regime de precatório busca preservar a ordem cronológica
das requisições e, sobretudo, as preferências alimentares, o que não se verifica possível
ou garantido na via administrativa, até porque, nela, não concorrem, de forma conjunta
e simultânea, as variadas cobranças em dinheiro contra a Fazenda Pública, ao contrário
do que ocorre com requisições judiciais de precatórios que, inclusive, são todas
globalmente organizadas e inseridas cronologicamente na previsão orçamentária anual
para execução no exercício financeiro posterior. Permitir que o contribuinte utilize a via
administrativa para receber pagamento de indébito fiscal em detrimento do sistema de
precatório já foi reconhecido, inclusive, como inconstitucional pela Suprema Corte que,
por semelhança, aplicou a solução contida no Tema 831 da sistemática de repercussão
geral (RE 1.069.065, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJe 19/12/2019). Partindo de tais
premissas, o ressarcimento do contribuinte em razão de indébito fiscal, quando judicial
a condenação (título judicial condenatório), apenas é possível através de compensação
ou repetição, vedada, assim, a restituição administrativa, salvo quando os
procedimentos sejam originariamente administrativos.

10. Em face da sucumbência mínima da autora, fica mantida a verba honorária


fixada na origem, nos termos do artigo 86, parágrafo único, CPC.

11. Apelação parcialmente provida.

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11. Apelação parcialmente provida.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Terceira Turma, por
unanimidade, deu parcial provimento à apelação, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo
parte integrante do presente julgado.

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Tribunal Regional Federal da 3ª Região
PJe - Processo Judicial Eletrônico

31/03/2021

Número: 5014972-68.2018.4.03.6100
Classe: APELAÇÃO CÍVEL
Órgão julgador colegiado: Vice Presidência
Órgão julgador: Gab. Vice Presidência
Última distribuição : 15/10/2019
Valor da causa: R$ 75.193,08
Processo referência: 5014972-68.2018.4.03.6100
Assuntos: IRPJ/Imposto de Renda de Pessoa Jurídica, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL (APELANTE)
CLINICA AGGIO ODONTOLOGIA MODERNA INTEGRADA HENRIQUE DEMOLINARI ARRIGHI JUNIOR (ADVOGADO)
LTDA (APELADO) MICHELLE APARECIDA RANGEL (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
14543 27/10/2020 16:34 Acórdão Acórdão
1069

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APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5014972-68.2018.4.03.6100
RELATOR: Gab. 08 - DES. FED. CARLOS MUTA
APELANTE: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL
APELADO: CLINICA AGGIO ODONTOLOGIA MODERNA INTEGRADA LTDA
Advogados do(a) APELADO: HENRIQUE DEMOLINARI ARRIGHI JUNIOR - MG114183-A, MICHELLE APARECIDA
RANGEL - MG126983-A
OUTROS PARTICIPANTES:

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APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5014972-68.2018.4.03.6100


RELATOR: Gab. 08 - DES. FED. CARLOS MUTA
APELANTE: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL
APELADO: CLINICA AGGIO ODONTOLOGIA MODERNA INTEGRADA LTDA
Advogados do(a) APELADO: HENRIQUE DEMOLINARI ARRIGHI JUNIOR - MG114183-A,
MICHELLE APARECIDA RANGEL - MG126983-A

RELATÓRIO

Trata-se de embargos de declaração contra acórdão assim ementado:

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Número do documento: 20102716344060900000144509329

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Número do documento: 22110714591540700001373745930
"DIREITO TRIBUTÁRIO. BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E CSL.
ARTIGOS 15, § 1º, INCISO III, "A", e 20 DA LEI 9.249/1995.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES. ODONTOLOGIA.
DIAGNÓSTICO POR IMAGENS E PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS.
REDUÇÃO DE ALÍQUOTAS DEVIDA. CRITÉRIOS. SUCUMBÊNCIA
MÍNIMA.
1. Consolidada a jurisprudência, firme no sentido de que o fator objetivo a
distinguir a aplicação da alíquota de 8% (IRPJ) e 12% (CSSL), em vez de
32%, vincula-se à definição do objeto e da natureza jurídica da prestação
do serviço: se hospitalar, a tributação é sensivelmente reduzida (8% ou
12%) e, no caso contrário, tem incidência a alíquota geral de 32% para a
estimativa a partir da receita bruta mensal.
2. O Superior Tribunal de Justiça firmou a orientação, em recurso especial
repetitivo, de que a redução de alíquota prevista no artigo 15, § 1º, inciso
III, alínea "a", da Lei nº 9.249/95, “deve ser interpretada de forma objetiva
(ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte),
porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a
característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas
a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde)" (RESP
1.116.399, Rel. Min. BENEDITO GONÇALVES, DJE de 24/02/2010,
julgado no regime do artigo 543-C, do Código de Processo Civil).
3. No caso, no contrato social da autora, além da natureza empresarial,
constam as seguintes atividades: “a) a realização de intervenções
cirúrgicas odontológicas buco-maxilo faciais; b) a realização de
intervenções cirúrgicas odontológicas em geral, notadamente a
implantodontia; c) a realização de procedimentos de ortodontia e
ortopedia facial; d) realização de diagnósticos; e) atividades
odontológicas; f) a prestação de serviços de raio-x e radiodiagnóstico; e g)
cursos, treinamentos e palestras”.
4. O CNPJ enquadra a atividade no código CNAE “86.30-5-04 - atividade
odontológica”, com atividades secundárias em “85.99-6-04 - treinamento
em desenvolvimento profissional e gerencial” e “86.40-2-05 - serviços de
diagnóstico por imagem com uso de radiação ionizante, exceto
tomografia”, constando, ainda, cópia do diário oficial estadual,
registrando o deferimento de cadastro municipal junto à vigilância em
saúde em atividade de “consultório odontológico Tipo I”.
5. No site eletrônico da autora informa-se que são prestados serviços
típicos de clínicas odontológicas e a realização de procedimentos
cirúrgicos como cirurgia ortognática e cirurgia buco-maxilo facial.
6. Comprovado que a autora contempla serviços clínico-odontológicos, ao
mesmo tempo em que realiza diagnóstico por imagens e procedimentos

cirúrgicos, tem, exclusivamente quanto a estes últimos, direito aos

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cirúrgicos, tem, exclusivamente quanto a estes últimos, direito aos
benefícios fiscais nos termos do artigo 15, § 1º, inciso III, alínea "a", da Lei
nº 9.249/95.
7. Cabe, porém, limitar temporalmente os efeitos da
restituição/compensação, considerando que, embora cadastrada no CNPJ
desde 2014, somente a partir do registro da alteração do contrato social,
em 25/04/2018, houve transformação do tipo societário de sociedade
simples para sociedade empresária, devendo este ser o termo inicial para o
exercício do direito, quando, então, com o depósito do ato no RCPJ a
demandante preencheu o requisito específico.
8. Reconhecido o indébito fiscal, na forma acima especificada, os critérios
para exercício do direito à compensação, na via administrativa mediante
procedimento específico, inclusive com a própria comprovação e
liquidação de valores indevidos a serem compensados, são os definidos nos
artigos 168 (prescrição quinquenal), observando-se a limitação do termo
inicial conforme acima apontado, e 170-A (trânsito em julgado), ambos do
Código Tributário Nacional; artigo 74 da Lei 9.430/1996 e demais textos
legais de regência, incluindo o artigo 26-A da Lei 11.457/2007 na redação
da Lei 13.670/2018, desde que vigente o regime legal respectivo ao tempo
da propositura da ação, pois este o critério determinante na jurisprudência
consolidada, ainda que posteriormente alterada a legislação; e artigo 39, §
4º da Lei 9.250/1995 (incidência exclusiva da Taxa SELIC).
9. A respeito da restituição administrativa, que tem sido deferida com base
na Súmula 461 do Superior Tribunal de Justiça, é importante observar que
o enunciado respectivo, ao fazer referência expressa a "precatório",
registra o entendimento de que não é possível que o ressarcimento de
indébito fiscal, em espécie, reconhecido judicialmente, possa gerar
condenação a pagamento fora do regime constitucional do precatório
(artigo 100, CF). De fato, o regime de precatório busca preservar a ordem
cronológica das requisições e, sobretudo, as preferências alimentares, o
que não se verifica possível ou garantido na via administrativa, até porque,
nela, não concorrem, de forma conjunta e simultânea, as variadas
cobranças em dinheiro contra a Fazenda Pública, ao contrário do que
ocorre com requisições judiciais de precatórios que, inclusive, são todas
globalmente organizadas e inseridas cronologicamente na previsão
orçamentária anual para execução no exercício financeiro posterior.
Permitir que o contribuinte utilize a via administrativa para receber
pagamento de indébito fiscal em detrimento do sistema de precatório já foi
reconhecido, inclusive, como inconstitucional pela Suprema Corte que, por
semelhança, aplicou a solução contida no Tema 831 da sistemática de
repercussão geral (RE 1.069.065, Rel. Min. GILMAR MENDES, DJe
19/12/2019). Partindo de tais premissas, o ressarcimento do contribuinte
em razão de indébito fiscal, quando judicial a condenação (título judicial
condenatório), apenas é possível através de compensação ou
repetição, vedada, assim, a restituição administrativa, salvo quando os
procedimentos sejam originariamente administrativos.

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10. Em face da sucumbência mínima da autora, fica mantida a verba
honorária fixada na origem, nos termos do artigo 86, parágrafo único,
CPC.
11. Apelação parcialmente provida."

Alegou-se omissão, pois não comprovada que a embargada possui alvará


expedido pela ANVISA e órgãos estaduais e municipais de vigilância sanitária e atende
às normas próprias para funcionamento (artigo 15, § 1º, III, a, da Lei 9.249/1995, com
a redação dada pela Lei 11.727/2008; artigo 33, §3º, da IN RFB 1.700/2017); e
contradição com a jurisprudência, que apenas reconhece alíquota reduzida em favor de
serviços vinculados e prestados tipicamente em hospitais ou em ambiente hospitalar,
não abrangendo consultas médicas e serviços odontológicos, os quais se sujeitam à
alíquota de 32% de IRPJ/CSL, sendo que a Lei 11.727/2008, embora tenha ampliado o
rol de atividades beneficiadas, com a inclusão do serviços de auxílio diagnóstico e
terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina
nuclear e análises e patologias clínicas, não atingiu outros atendimentos, como o
odontológico; aduzindo que a legislação, ao prever coeficientes diferentes para a
presunção de lucro, considerou custos inerentes ao tipo d serviços, como os
hospitalares com estrutura específica, por exemplo, de funcionamento em horário
integral e estrutura para internação de paciente, o que não ocorre no caso da embargada
na prestação de serviços odontológicos.
Apresento o feito em mesa para julgamento (artigo 1.024, § 1º, CPC).

É o relatório.

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APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5014972-68.2018.4.03.6100


RELATOR: Gab. 08 - DES. FED. CARLOS MUTA
APELANTE: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL
APELADO: CLINICA AGGIO ODONTOLOGIA MODERNA INTEGRADA LTDA

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Advogados do(a) APELADO: HENRIQUE DEMOLINARI ARRIGHI JUNIOR - MG114183-A,
MICHELLE APARECIDA RANGEL - MG126983-A

VOTO

Senhores Desembargadores, são manifestamente improcedentes os


embargos de declaração, inexistindo quaisquer dos vícios apontados, restando nítido
que se cuida de recurso interposto com o objetivo de rediscutir a causa e manifestar
inconformismo diante do acórdão embargado.
As alegações não envolvem omissão, contradição, obscuridade ou erro
material sanáveis em embargos de declaração, mas efetiva impugnação ao acórdão
embargado, que teria incorrido em error in judicando, desvirtuando, pois, a própria
natureza do recurso, que não é a de reapreciar a causa como pretendido.
De fato, não houve omissão no tocante à exigência de alvará de
funcionamento com autorização expedida pela ANVISA e órgãos sanitários estaduais e
municipais, pois não foi o tema veiculado na apelação interposta. Embora tenha
ventilado tal discussão em contestação, a réplica assim impugnou a alegação da ré (ID
69805785, f. 01/2):

"A Impugnante atendeu e juntou SIM de forma incontestável nos autos o


documento que comprova o atendimento às normas da ANVISA, através da
publicação no Diário Oficial, da União, através do documento ID
8937739. (sic: ID 69805690)
Por um lapso de tempo ou por ter acreditado nas argumentações do
Magistrado Singular quando do indeferimento da tutela pleiteada, não
cuidou observar a Fazenda Nacional o documento comprobatório
devidamente juntado.
Ademais, tem-se que a ANVISA é a Agência Reguladora e a Secretaria
Municipal de Saúde, através da vigilância sanitária local é o órgão
fiscalizador e responsável pela inspeção dos estabelecimentos de saúde.
Portanto, se alvará existe (documento carreado nos autos), evidentemente,
por conseguinte, as normas da ANVISA (órgão regulamentador) para este
tipo de estabelecimento foram atendidas. Portanto, não existe ALVARÁ DA
ANVISA. Existe Alvará da Vigilância Sanitária local. Preenchido, portanto,

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ANVISA. Existe Alvará da Vigilância Sanitária local. Preenchido, portanto,
de forma cristalina, o requisito objetivo da Lei 9.249/05. Aliás, o
entendimento do Egrégio Tribunal Regional Federal é exatamente neste
sentido.
Finalmente, as atividades da Agência Nacional de Vigilância Sanitária –
ANVISA são descentralizadas, razão pela qual existem os órgãos estaduais
e municipais competentes para inspeção e fiscalização dos
estabelecimentos em saúde e, consequentemente, pela emissão dos
competentes alvarás sanitários. Aliás, se a empresa está em funcionamento,
conclui-se, por conseguinte, o atendimento às normas sanitárias. Caso
contrário, não existiria alvará pertinente.
Portanto, cumpridas as exigências taxativas da Lei 9249/95, ou seja: ser
sociedade empresaria limitada e atender as normas da ANVISA. Assim, cai
por terra e por completo a argumentação da Fazenda Nacional em tal
sentido."

A sentença acolheu a pretensão da autora, rejeitando a contestação


fazendária, sem que tenha havido, quanto à questão da observância das regras da
ANVISA, qualquer impugnação nas razões recursais, inviabilizando, assim, a inovação
das razões de apelação em sede de embargos de declaração, a título de omissão do
acórdão.
Quanto à contradição tampouco houve, pois, a tal título, o que se
discute não é, propriamente, incompatibilidade lógico-formal entre premissas e
conclusões do julgado, dado que a narrativa é de suposto error in judicando,
considerada a interpretação que se reputa correta para a lei e os fatos da
causa.

Sucede, contudo, que parte a embargante da premissa equivocada


de que a sentença de procedência foi integralmente confirmada, quando é
certo que o aresto recorrido identificou, uma a uma, as atividades
desenvolvidas pela embargada, qualificando-as segundo a regência legal
aplicável, de sorte a enquadrar na alíquota reduzida de IRPJ/CSL apenas os
serviços contemplados na legislação, em específico, não tendo sido outra a
razão pela qual foi provida em parte a apelação para reduzir o alcance da
sentença proferida.

Neste sentido, constou, com efeito, do voto condutor:

"No caso, no contrato social da autora, além da natureza empresarial,


constam as seguintes atividades: “a) a realização de intervenções
cirúrgicas odontológicas buco-maxilo faciais; b) a realização de
intervenções cirúrgicas odontológicas em geral, notadamente a

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intervenções cirúrgicas odontológicas em geral, notadamente a
implantodontia; c) a realização de procedimentos de ortodontia e
ortopedia facial; d) realização de diagnósticos; e) atividades
odontológicas; f) a prestação de serviços de raio-x e radiodiagnóstico; e g)
cursos, treinamentos e palestras” (ID 69805686, f. 1).
O CNPJ enquadra-se no código CNAE “86.30-5-04 - atividade
odontológica”, com atividades secundárias em “85.99-6-04 - treinamento
em desenvolvimento profissional e gerencial” e “86.40-2-05 - serviços de
diagnóstico por imagem com uso de radiação ionizante, exceto
tomografia”. (ID 69805687, f. 1).
Foi juntado, ainda, cópia do diário oficial estadual, constando deferimento
de cadastro municipal junto à vigilância em saúde, identificando a autora
como “consultório odontológico Tipo I” (ID 69805690, f. 1).
Por fim, no site eletrônico da autora menciona-se a prestação de serviços
típicos de clínicas odontológicas e realização de procedimentos cirúrgicos
do tipo: cirurgia ortognática e cirurgia buco-maxilo facial (ID 69805691).
Assim, comprovado que a autora contempla serviços clínico-odontológicos,
ao mesmo tempo em que realiza diagnóstico por imagens e procedimentos
cirúrgicos, tem, exclusivamente quanto a estes últimos, direito aos
benefícios fiscais nos termos do artigo 15, § 1º, inciso III, alínea "a", da Lei
nº 9.249/95."

Perceba-se, ademais, que o julgado enquadrou as atividades discutidas para


efeito de redução de alíquota de IRPJ/CSL, segundo os parâmetros do artigo 15, § 1º,
III, a, da Lei 9.249/1995, com a redação dada pela Lei 11.727/2008, mencionada pela
embargante nas razões recursais, não se cogitando, portanto, de qualquer contradição
sanável pela via dos embargos do devedor.
Se tal motivação é equivocada ou insuficiente, fere as normas apontadas ou
contraria julgados ou jurisprudência, deve a embargante veicular recurso próprio para a
impugnação do acórdão e não rediscutir a matéria em embargos de declaração.
Por fim, embora tratados todos os pontos invocados nos embargos
declaratórios, de relevância e pertinência à demonstração de que não houve qualquer
vício no julgamento, é expresso o artigo 1.025 do Código de Processo Civil em
enfatizar que se consideram incluídos no acórdão os elementos suscitados pela
embargante, ainda que inadmitido ou rejeitado o recurso, para efeito de
pré-questionamento, pelo que aperfeiçoado, com os apontados destacados, o
julgamento cabível no âmbito da Turma.
Ante o exposto, rejeito os embargos de declaração.
É como voto.

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EMENTA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE


DECLARAÇÃO. BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E CSL. ARTIGOS 15, § 1º,
INCISO III, "A", E 20 DA LEI 9.249/1995. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
HOSPITALARES. ODONTOLOGIA. DIAGNÓSTICO POR IMAGENS E
PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS. REDUÇÃO DE ALÍQUOTAS DEVIDA.
CRITÉRIOS. VÍCIOS INEXISTENTES. REJEIÇÃO.

1. São manifestamente improcedentes os embargos de declaração, inexistindo


quaisquer dos vícios apontados, restando nítido que se cuida de recurso interposto com
o objetivo de rediscutir a causa e manifestar inconformismo diante do acórdão
embargado. As alegações não envolvem omissão, contradição, obscuridade ou erro
material sanáveis em embargos de declaração, mas efetiva impugnação ao acórdão
embargado, que teria incorrido em error in judicando, desvirtuando, pois, a própria
natureza do recurso, que não é a de reapreciar a causa como pretendido.

2. De fato, não houve omissão no tocante à exigência de alvará de funcionamento com


autorização expedida pela ANVISA e órgãos sanitários estaduais e municipais, pois
não foi o tema veiculado na apelação interposta. Embora tenha ventilado tal discussão
em contestação, a réplica impugnou a alegação da ré, aludindo à existência de prova
nos autos. A sentença acolheu a pretensão da autora, rejeitando a contestação
fazendária, sem que tenha havido, quanto à questão da observância das regras da
ANVISA, qualquer impugnação nas razões recursais, inviabilizando, assim, a inovação
das razões de apelação em sede de embargos de declaração, a título de omissão do
acórdão.

3. Quanto à contradição tampouco houve, pois, a tal título, o que se discute


não é, propriamente, incompatibilidade lógico-formal entre premissas e
conclusões do julgado, dado que a narrativa é de suposto error in judicando,
considerada a interpretação que se reputa correta para a lei e os fatos da
causa. Sucede, contudo, que parte a embargante da premissa equivocada de
que a sentença de procedência foi integralmente confirmada, quando é certo
que o aresto recorrido identificou, uma a uma, as atividades desenvolvidas
pela embargada, qualificando-as segundo a regência legal aplicável, de sorte a
enquadrar na alíquota reduzida de IRPJ/CSL apenas os serviços
contemplados na legislação, em específico, não tendo sido outra a razão pela
qual foi provida em parte a apelação para reduzir o alcance da sentença
proferida. Perceba-se, ademais, que o julgado enquadrou as atividades discutidas para
efeito de redução de alíquota de IRPJ/CSL, segundo os parâmetros do artigo 15, § 1º,
III, a, da Lei 9.249/1995, com a redação dada pela Lei 11.727/2008, mencionada pela
embargante nas razões recursais, não se cogitando, portanto, de qualquer contradição

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embargante nas razões recursais, não se cogitando, portanto, de qualquer contradição
sanável pela via dos embargos do devedor.

4. Se tal motivação é equivocada ou insuficiente, fere as normas apontadas ou contraria


julgados ou jurisprudência, deve a embargante veicular recurso próprio para a
impugnação do acórdão e não rediscutir a matéria em embargos de declaração.

5. Por fim, embora tratados todos os pontos invocados nos embargos declaratórios, de
relevância e pertinência à demonstração de que não houve qualquer vício no
julgamento, é expresso o artigo 1.025 do Código de Processo Civil em enfatizar que se
consideram incluídos no acórdão os elementos suscitados pela embargante, ainda que
inadmitido ou rejeitado o recurso, para efeito de pré-questionamento, pelo que
aperfeiçoado, com os apontados destacados, o julgamento cabível no âmbito da Turma.

6. Embargos de declaração rejeitados.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Terceira Turma, por
unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do relatório e voto que ficam
fazendo parte integrante do presente julgado.

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TRF
4ª REGIÃO

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11/08/2017 Evento 8 - RELVOTO1

APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5003951-50.2015.4.04.7207/SC


RELATOR : MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE
APELANTE : UNIÃO - FAZENDA NACIONAL
APELADO : NARCO CLINICA MEDICA LTDA
ADVOGADO : JORGE ANDRE RITZMANN DE OLIVEIRA
MPF : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

RELATÓRIO

O processo foi assim relatado na origem:

Cuida­se  de  ação  de  mandado  de  segurança  preventivo,  com  pedido  liminar,  proposta  inicialmente
perante  o  Juízo  Federal  da  1ª  Vara  Federal  da  Subseção  Judiciária  de  Tubarão/SJSC,  em  que  a
impetrante pretende obter tutela jurisdicional que lhe assegure o direito de continuar a aplicar a base
de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica sobre o lucro presumido no percentual de 8% (oito
por cento), e a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido no percentual de 12%
(doze por cento), dado que os serviços por ela prestados se incluem no conceito de 'serviço hospitalar',
previsto  no  artigo  20  e  no  artigo  15,  III  'a',  da  Lei  nº  9.249/95,  com  a  redação  dada  pela  Lei  nº
11727/2008, excetuadas as receitas decorrentes de consultas médicas.

A impetrante narra ser pessoa jurídica constituída atuando na prestação de serviço médico hospitalar
de anestesiologia, nos termos da Cláusula 2ª de seu Contrato Social. Aduz que diante das atividades
que  executa  é  contribuinte  de  diversos  tributos  federais,  dentre  eles  o  imposto  de  renda  da  pessoa
jurídica  (IRPJ)  e  a  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido  (CSLL),  cuja  apuração  se  norteia  pelo
regime de lucro presumido.

Menciona  que  o  provimento  dos  meios  necessários  para  o  monitoramento  e  prevenção  dos  riscos  de
natureza  química,  física  e  biológica  inerentes  ao  procedimento  implica  na  adoção  de  equipamentos,
instalações  e  procedimentos  adequados  à  natureza  do  serviço  prestado,  necessitando  efetuar
constantemente  a  compra  de  equipamentos  novos  e  sofisticados,  além  de  precisar  submetê­los  a
revisões, objetivando atenuar o risco de seus pacientes.

Assinala que por intermédio da Ação Ordinária nº 5005997­17.2012.404.7207/SC, ajuizada em 2012,
obteve  provimento  jurisdicional  que  reconheceu  sua  atividade  como  de  natureza  hospitalar,  fazendo
jus,  portanto,  à  redução  prevista  nos  artigos  15,  §  1º,  III,  'a',  e  20,  da  Lei  nº  9.249/95,  sendo­lhe
permitido recolher o IRPJ e a CSLL com base em alíquotas diferenciadas (8% e 12%).

Refere que com a edição da Lei nº 11.727/2008, novos requisitos foram introduzidos no ordenamento
jurídico em relação ao aludido benefício tributário, quais sejam, que a sociedade fosse organizada sob
a forma de empresária e que atendesse às normas da Anvisa. Diz haver efeutado Consulta Fiscal junto
à  Receita  Federal  questionando  se  ela  se  enquadraria  no  disposto  no  artigo  29  do  referido  diploma
legal,  cuja  resposta  foi  positiva,  sendo  então  reconhecido  o  seu  enquadramento  como  prestadora  de
serviço hospitalar, ficando autorizada a proceder ao recolhimento do IRPJ com base de cálculo de 8%
(oito  por  cento)  e  a  CSLL  com  base  de  cálculo  de  12%  (doze  por  cento),  com  base  na  Lei  nº
11.727/2008.

Assevera  que,  no  entanto,  com  o  advento  da  Instrução  Normativa  nº  1.556/2015  da  RFB,  ficou
instituído que o benefício fiscal em referência não se aplica aos serviços prestados com a utilização de
ambiente  de  terceiro;  ou  seja,  surgiu  novo  requisito  para  o  referido  enquadramento  tributário,  não
previsto em lei, sendo, por conseguinte ilegal.

Assim,  por  prestar  serviço  em  ambiente  de  terceiro  (hospital),  defende  que  justificada  está  a
impetração do presente mandamus.

Finaliza postulando:

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a)  O  deferimento  do  pedido  preliminar  de  depósito  judicial  sobre  débitos  vincendos,  da
diferença de alíquota entre 32% e 8% (ou seja 24%) no tocante ao IRPJ e entre 32% e 12% (ou
seja 20%) no tocante à CSLL, excetuadas as receitas de consultas médicas, independentemente
da  concessão  de  tutela  ser  deferida,  conforme  previsão  do  artigo  151,  II  do  CTN,  para
suspender a exigibilidade do crédito tributário;

b)  a  concessão  de  medida  liminar,  independentemente  de  manifestação  da  parte  contrária,
determinando à autoridade coatora que se abstenha de exigir a diferença de 32% para 8% (ou
seja, 24%) da base de cálculo presumida do IRPJ, bem como da diferença de 32% para 12% (ou
seja, 20%) da base de cálculo presumida da CSLL, dado que os serviços por ela prestados se
incluem no conceito de 'serviço hospitalar' (artigo 20, e no artigo 15, III 'a' da Lei nº 9.249/95,
com  a  redação  dada  pela  Lei  11727/2008),  de  forma  a  suspender  a  exigibilidade  de  créditos
tributários relativos à referida diferença. Excetuadas as receitas de consultas médicas;

(...)

e) seja, ao final, concedida a segurança para assegurar à Impetrante o direito líquido e certo de
continuar  a  aplicar  a  base  de  cálculo  do  Imposto  de  Renda  Pessoa  Jurídica  sobre  o  lucro
presumido  no  percentual  de  8%  (oito  por  cento),  e  a  base  de  cálculo  da  Contribuição  Social
sobre  o  Lucro  Líquido  no  percentual  de  12%  (doze  por  cento),  dado  que  os  serviços  por  ela
prestados se incluem no conceito de 'serviço hospitalar', plasmado no artigo 20, e no artigo 15,
III  'a'  da  Lei  nº  9.249/95,  com  a  redação  dada  pela  Lei  11727/2008.  Excetuadas  as  receitas
decorrentes de consultas médicas;

f)  seja,  ainda,  determinado  que  a  autoridade  coatora  abstenha­se  de  praticar  qualquer  ato
contrário  ao  exercício  do  direito  assegurado  por  meio  do  presente  Mandado,  inclusive  com  a
edição de novas Instruções Normativas contrárias à Lei.

(...)

Junta documentos.

O Juiz Federal da 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Tubarão/SJSC declinou da competência
em favor de uma das Varas desta Subseção Judiciária de Florianópolis (evento 3).

Redistribuídos os autos a esta 4ª Vara Federal, a parte impetrante foi instada a se manifestar a respeito
da eventual existência de coisa julgada no processo nº 5005997­17.2012.404.7207, tendo a impetrante
esclarecido que o objto referente aos autos do processo n. 5005997­17.2012.404.7207/SC se referia a
Lei 9.249/95, com a redação vigente até 12/2008, enquanto a questão posta nos presentes autos refere­
se à Lei 11.727/2008, com início de vigência a partir de 01/2009 (eventos 12 e 15).

Foi indeferido o pedido liminar e ressaltado ser uma faculdade da parte interessada o depósito judicial
da  exação  impugnada,  o  qual  somente  suspende  a  sua  exigibilidade  na  exata  proporção  do  valor
depositado, nos termos do disposto no art.151, II, do CTN (evento 17).

A União ­ Fazenda Nacional requereu seu ingresso no feito (evento 22).

Nas  petições  anexadas  nos  eventos  25,  31  e  32  a  impetrante  requereu  a  juntada  das  guias  de
pagamento, via depósito judicial, da CSLL e do IRPJ, do 2º, 3º e 4º trimestres de 2015.

Notificada, a autoridade impetrada prestou informações, rechaçando os argumentos expendidos pela
impetrante em sua petição inicial (evento 26).

O  Ministério  Público  Federal  emitiu  parecer  e,  sem  adentrar  no  mérito  da  causa,  pugnou  pelo
prosseguimento do feito, à míngua de interesse público que fundamente sua intervenção (evento 29).
 
Sobreveio sentença com o seguinte dispositivo, em 15 de julho de 2016:

Ante o exposto, concedo em parte a segurança e julgo extinto o processo com resolução do mérito, com
fundamento no artigo 487, I, do NCPC, para o fim de reconhecer à impetrante o direito de, a partir de
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17/07/2013 (data do registro na JUCESC da alteração contratual em que houve a modificação da sua
natureza  social  de  sociedade  simples  para  sociedade  empresária,  continuar  recolhendo  o  IRPJ  e  da
CSLL  nos  percentuais  de  8%  e  12%,  respectivamente,  sobre  a  receita  bruta  auferida  pela  atividade
específica  de  prestação  de  serviços  hospitalares,  exceto  quanto  à  receita  decorrente  de  consultas
médicas e de atividades administrativas, considerando que os serviços por ela prestados se incluem no
conceito de 'serviço hospitalar', nos termos do disposto no artigo 20, e no artigo 15, III 'a' da Lei nº
9.249/95, com a redação dada pela Lei nº 11.727/2008., enquanto atendidos os requisitos previstos em
lei:  atendimento  às  normas  da  Anvisa  e  constituição  sob  a  forma  de  sociedade  empresária,  ficando
afastada  a  exigência  prevista  no  art.  4º,  §  10,  inciso  II,  da  Instrução  Normativa  RFB  nº  1.515,  de
24/11/2014 (com redação incluída pela Instrução Normativa RFB nº 1.556, de 31/03/2015).

Custas ex lege.

Sem condenação em honorários advocatícios (art. 25 da Lei nº. 12.016/2009 e Súmulas nº 105 do STJ
e 512 do STF).

Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição (art. 14, §1º, da Lei nº 12.016/2009).
 
A  apelante  alegou  a  ausência  de  natureza  empresarial  na  atividade  desenvolvida  pela
apelada. Ressaltou que o ordenamento jurídico caracteriza a empresa de acordo com a natureza da
sua  atividade  de  modo  que  não  são  relevantes  as  formalidades  registrais.  Frisou  que  o  registro  na
Junta  Comercial  é  um  ato  meramente  declaratório  e  não  constitutivo.  Sustentou  que  a  atividade
desenvolvida pela apelada é meramente intelectual, não gozando de validade o ato que a registrou
como  sociedade  empresária.  Afirmou  que  o  serviço  prestado  se  enquadra  na  exceção  prevista  no
parágrafo  único  do  art.  966  do  CC.  Aduziu  que  a  empresa  não  comprovou  se  atende  a  todas  aas
determinações da ANVISA de modo que se torna impreterível a apresentação de alvarás dos órgãos
competentes, sejam estaduais ou municipais.
 
Com contrarrazões e por força de reexame necessário, os autos vieram a esta Corte.
 
Atribuiu­se à causa o valor de: R$ 377.746,71.
 
É o relatório.  
 

VOTO

A  sentença  da  lavra  do  eminente  Juiz  Federal  na  Titularidade  Plena  Adriano  José
Pinheiro deve ser mantida por seus próprios fundamentos, os quais adoto como razões de decidir:

Fundamentação

A  impetrante  objetiva,  por  meio  da  presente  ação,  seja  declarado  o  seu  direito  de  recolher  IRPJ  e
CSLL  com  base  em  alíquotas  diferenciadas  (8%  e  12%),  sem  a  incidência  da  previsão  contida  no
artigo  4º,  §10,  II,  da  Instrução  Normativa  RFB  nº  1.515,  de  24/11/2014  (com  redação  incluída  pela
Instrução Normativa RFB nº 1.556, de 31/03/2015).

Nos autos da ação ordinária nº 5005997­17.2012.404.7207, ajuizada pela ora impetrante em face da
União  ­  Fazenda  Nacional,  que  tramitou  perante  o  Juízo  Federal  Substituto  da  1ª  Vara  Federal  da
Subseção Judiciária de Santa Catarina, em que ela objetivou a condenação da ré a restituir os tributos
pagos  a  maior  nos  últimos  cinco  anos,  referente  à  redução  da  base  de  cálculo  de  32%  para  8%  no
IRPJ e 12% na CSLL, excetuadas as consultas médicas, referentes às atividades de anestesiologia, até
a data da entrada em vigor da Lei nº 11.727/2008, corrigido pela Taxa Selic, foi prolatada sentença de
procedência, nos seguintes termos (evento 21 dos referidos autos):

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(...)

A  questão  de  fundo  é  incontroversa  nos  autos.  Amparada  em  dispensa  de  contestação/recurso
pela PGFN, a ré concordou integralmente com o pedido da autora. Requereu tão somente sejam
excetuadas  as  simples  consultas,  a  receita  oriunda  de  serviços  administrativos,  bem  como  da
exploração  da  atividade  de  compra  venda  e  locação  de  bens  imóveis,  administração  de  bens
móveis e imóveis e empreiteira de mão de obra, para o período de 27/11/2007 a 31/12/2008; e, a
partir  de  7/2/12,  data  do  ALVARÁ  SANITÁRIO  até  a  data  de  sua  expiração,  em  30/12/2012,
'evento 1, alv4'. Tais rubricas extrapolam o pedido, não sendo necessária qualquer manifestação
do juízo em relação a elas.

Em  relação  ao  cálculo  do  indébito,  a  ré  destacou  a  existência  de  notas  fiscais  ilegíveis  e  em
relação  aos  extratos  do  SUS,  da  Unimed  e  de  outros  convênios,  pontificou  que  caberia
verificação  de  valores  trimestrais  em  relação  ao  que  a  interessada  apresentou  de  forma
consolidada (Evento 19 ­ INF1).

Desta  forma,  tendo  em  vista  a  ilegibilidade  de  diversos  documentos  acostados  à  inicial,  a
necessidade de verificação mais apurada dos valores apontados, e a complexidade da tarefa, a
quantificação indébito deverá ser realizada em regular cumprimento de sentença.

Considerando que o pedido poderia ser atendido diretamente na via administrativa, deve a parte
autora  arcar  com  os  ônus  decorrentes  do  ajuizamento  indevido  da  presente  ação,  em
decorrência do princípio da causalidade.

III ­ DISPOSITIVO

Ante o exposto, condeno a ré a restituir os tributos pagos pela parte autora a maior nos últimos
cinco anos, referente à redução da base de cálculo de 32% para 8% no IRPJ e 12% na CSLL, no
que  tange  às  atividades  de  anestesiologia  (excetuadas  as  consultas  médicas),  até  a  data  da
entrada em vigor da Lei nº 11.727/2008, corrigido pela Taxa Selic, com fundamento no art. 269,
II, do CPC.

(...)

O referido título judicial transitou em julgado em 17/10/2013 (evento 27 dos aludidos autos).

No âmbito administrativo, a impetrante formulou, em 01/11/2013, consulta nos termos do Decreto nº
70.235/72, nos artigos 48 e 49 da Lei nº 9.430/96 e da Instrução Normativa RFB nº 740/2007, tendo, a
autoridade  fazendária  competente  aprovado  a  Solução  de  Consulta  nº  270  ­  COSIT,  de  26/09/2014,
elaborada nos seguintes termos (evento 1, OUT8):

Relatório

Trata­se de consulta formulada em 1 de novembro de 2013 nos termos do Decreto nº 70.235, de
1972, arts. 48 e 49 da Lei nº 9430, de 1996 e da Instrução Normativa (IN) RFB nº 740, de 2007.

02.  A  consulente,  pessoa  jurídica,  esclarece  que  é  constituída  sob  a  forma  de  sociedade
empresária  e  que  exerce  a  prestação  de  serviço  médico  hospitalar  na  área  de  anestesiologia,
conforme contrato social.

03.  Informa  que  antes  da  edição  da  Lei  nº  11.727,  de  23  de  junho  de  2008  ajuizou  ação
ordinária de Repetição de Indébito visando à redução da alíquota para 8% (oito por cento) na
apuração da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e 12% (doze por cento)
na apuração da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicáveis sobre
os  procedimentos  de  anestesiologia,  por  se  enquadrar  no  conceito  de  serviço  hospitalar
plasmado no art. 15, §1º, III, 'a' e 20 da Lei nº 9.249, de 1995. Que referida ação foi julgada
procedente cuja sentença enquandrou suas atividades de anestesiologia no conceito de serviço
hospitalar,  transitada  em  julgado  em  outubro  de  2013.  Que  conseqüentemente  ela,  consulente,
teve sua atividade de anestesiologia reconhecida judicialmente como de natureza hospitalar.

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04. Que entretanto, em 2008 foi editada nova legislação sobre o tema com a alteração do art.
15, § 1º, inc. III ,alínea 'a' e art. 20 da Lei nº 9.249, de 1995, promovida pelo art. 29 da Lei nº
11.727, de 23 de junho de 2008, do qual faz citação.

05.  Isto  posto,  a  consulente  aduz  que  a  dúvida  que  surge  é  se  ela,  pessoa  jurídica  de  direito
privado,  constituída  sob  a  forma  de  sociedade  empresária,  tendo  sua  atividade  reconhecida
judicialmente como de natureza hospitalar, que atende as normas da Anvisa, faz jus à redução
da base de cálculo do IRPJ para 8% (oito por cento) e da CSLL para 12% (doze por cento). com
fulcro na Lei nº 11.727 de 2008. Aduz serem os requisitos praticamente os mesmos, cuja única
exigência da lei nova seria que a sociedade seja empresarial e que atenda às normas da Anvisa,
requisitos que informa cumpridos, indagando por questão de segurança conforme alega.

06.  Argumenta  que  a  presente  consulta  busca  o  entendimento  da  RFB  acerca  de  seu
enquadramento no art. 29 da Lei nº 11727, de 2008, fazendo jus a apurar o Imposto de Renda da
Pessoa  Jurídica  ­  IRPJ  com  base  de  cálculo  de  8%  (oito  por  cento)  e  a  Contribuição  Social
sobre o Lucro Lìquido ­ CSLL com base de cálculo de 12% (doze por cento), com exceção das
consultas médicas. Isto porque, ela consulente atende aos requisitos da lei nova, quais sejam: é
constituída  sob  a  forma  de  sociedade  empresária,  atende  as  normas  da  Agência  Nacional  de
Vigilância  Sanitária  ­  Anvisa,  exerce  atividade  médica  hospitalar  na  área  de  anestesiologia,
sendo inclusive sua atividade reconhecida judicialmente como de natureza hospitalar.

07. Ao fim a consulente pergunta:

7.1  'A  ora  consulente  pessoa  jurídica  de  direito  privado,  prestadora  de  serviço  hospitalar,
atividade esta já reconhecida judicialmente, constituída sob a forma de sociedade empresária,
que atende às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ­ Anvisa, se enquadra no art.
29 da Lei nº 11.727, de 2008, fazendo jus à redução de base de cálculo do IRPJ para 8% e da
CSLL para 12%, com exclusão é obvio das consultas médicas?'

08. Em resumo, este é o relatório.

Fundamentos

09.  O  objetivo  da  consulta  é  dar  segurança  jurídica  ao  sujeito  passivo  que  apresenta  à
Administração  Pública  dúvida  sobre  dispositivo  da  legislação  tributária  aplicável  a  fato
determinado de sua atividade, propiciando­lhe correto cumprimento das obrigações tributárias,
principais  e  acessórias,  de  forma  a  evitar  eventuais  sanções.  Constitui,  assim,  instrumento  à
disposição  do  sujeito  passivo  para  lhe  possibilitar  acesso  à  interpretação  dada  pela  Fazenda
Pública a um fato determinado.

10.  A  consulta,  corretamente  formulada,  configura  orientação  oficial  e  produz  efeitos  legais,
como a proibição de se instaurar procedimentos fiscais contra o interessado e a não aplicação
de multa ou juros de mora, relativamente à matéria consultada, desde a data de apresentação da
consulta até o trigésimo dia subseqüente à ciência da solução da consulta.

11.  A  Solução  de  Consulta  não  se  presta  a  verificar  a  exatidão  dos  fatos  apresentados  pelo
interessado,  uma  vez  que  se  limita  a  apresentar  a  interpretação  da  legislação  tributária
conferida a tais fatos, partindo da premissa de que há conformidade entre os fatos narrados e a
realidade  factual.  Nesse  sentido,  não  convalida  nem  invalida  quaisquer  informações,
interpretações, ações ou classificações fiscais procedidas pela Consulente e não gera qualquer
efeito  caso  se  constate,  a  qualquer  tempo,  que  não  foram  descritos,  adequadamente,  os  fatos,
aos quais, em tese, se aplica a Solução de Consulta.

12.  Feitas  essas  considerações,  passa­se,  a  seguir,  a  analisar  a  presente  consulta  a  qual
preenche os requisitos para ser considerada eficaz.

13.  A  base  de  cálculo  do  IRPJ  devido  pelas  empresas  optantes  pelo  lucro  presumido  é
determinada pela soma das seguintes parcelas (art. 25 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de
1996):

https://eproc.trf4.jus.br/eproc2trf4/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=41479142817170902019565348253&evento=41479142817170902… 5/14

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a) o valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26
de  dezembro  de  1995,  sobre  a  receita  bruta  definida  pelo  art.  31  da  Lei  nº  8.981,  de  20  de
janeiro de 1995, auferida no período de apuração (trimestre);

b) os ganhos de capital, os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras,
as  demais  receitas  e  os  resultados  positivos  decorrentes  de  receitas  não  abrangidas  pelo  item
anterior e demais valores determinados na legislação, auferidos nesse mesmo período.

14. A determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL pelo regime do lucro presumido está
estabelecida  no  art.  15,  §  1º,  inciso  III,  alínea  'a'  e  art.  20  da  Lei  nº  9.249,  de  1995,  com  a
alteração introduzida pelo art. 29 da Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008, que determinam os
percentuais a serem aplicados sobre a receita bruta para fins de apuração do lucro presumido, a
seguir transcritos:

'Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do
percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto
nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:

[...];

III ­ trinta e dois por cento, para as atividades de:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e
terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear
e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a
forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
­ Anvisa.

[...];

§  2º  No  caso  de  atividades  diversificadas  será  aplicado  o  percentual  correspondente  a  cada
atividade.

[....

Art.  20.  A  base  de  cálculo  da  contribuição  social  sobre  o  lucro  líquido,  devida  pelas  pessoas
jurídicas  que  efetuarem  o  pagamento  mensal  a  que  se  referem  os  arts.  27  e  29  a  34  da  Lei  nº
8.981,  de  20  de  janeiro  de  1995,  e  pelas  pessoas  jurídicas  desobrigadas  de  escrituração
contábil,  corresponderá  a  doze  por  cento  da  receita  bruta,  na  forma  definida  na  legislação
vigente, auferida em cada mês do ano­calendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam
as  atividades  a  que  se  refere  o  inciso  III  do  §  1º  do  art.  15,  cujo  percentual  corresponderá  a
trinta e dois por cento.'

15.  O  art.  29  da  Lei  nº  11.727,  de  23  de  junho  de  2008,  promoveu  alteração  na  alínea  'a'  do
inciso  III  do  §  1º  do  art.  15  da  Lei  nº  9.249,  de  1995,  de  modo  a  acrescentar  como  exceção
constante  dessa  alínea,  além  dos  serviços  hospitalares,  os  serviços  'de  auxílio  diagnóstico  e
terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear
e análises e patologias clínicas'. desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a
forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
­  Anvisa'.  Essa  alteração  entrou  em  vigor,  segundo  disposto  no  art.  41,  inciso  VI,  da  Lei  nº
11.727, de 2008, a partir de 1º de janeiro de 2009.

16.  A  consulente  informa  que  teve  sua  atividade  de  anestesiologia  reconhecida  judicialmente
como de natureza hospitalar, cuja petição foi anterior à alteração promovida pela Lei nº 11.727,
de 2008. Assim questiona, se ela, prestadora de serviço hospitalar, atividade esta já reconhecida
judicialmente,  constituída  sob  a  forma  de  sociedade  empresária,  que  atende  às  normas  da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária ­ Anvisa, enquadra­se no art. 29 da Lei nº 11.727, de

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2008,  fazendo  jus  à  redução  de  base  de  cálculo  do  IRPJ  para  8%  e  da  CSLL  para  12%,  com
exclusão das consultas médicas

17. Com a edição da Lei nº 11.727, de 2008, tanto nas atividades ali citadas , como no caso dos
serviços  hospitalares,  há  duas  condições  para  a  utilização  dos  percentuais  reduzidos:  que  a
prestadora desses serviços seja organizadas sob a forma de sociedade empresária e que atenda
às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ­ Anvisa.

18. Quanto ao atendimento às normas da Anvisa os serviços devem ser prestados em ambientes
desenvolvidos de acordo com a Parte II ­ Programação Físico Funcional dos Estabelecimentos
de  Saúde,  item  3  ­  Dimensionamento,  Quantificação  e  Instalações  Prediais  dos  Ambientes,  da
RDC nº 50, de 2002, cuja comprovação deve ser feita mediante alvará da vigilância sanitária
estadual ou municipal.

19. Além do atendimento à estrutura física exigida, há a necessidade da  prestadora de serviços
ser organizada sob a forma de sociedade empresária.

20 A definição legal dos termos 'empresário' e 'sociedade empresária' é obtida no Código Civil
(Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002):

'Art.  966.  Considera­se  empresário  quem  exerce  profissionalmente  atividade  econômica


organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Parágrafo  único.  Não  se  considera  empresário  quem  exerce  profissão  intelectual,  de  natureza
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento de empresa.

[...]

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera­se empresária a sociedade que tem por objeto o
exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.

21.  Tais  conceitos  respeitam,  respectivamente,  à  pessoa  física  que  emprega  seu  dinheiro  e
organiza  a  empresa  individualmente  (empresário)  e  à  pessoa  jurídica,  nascida  da  união  de
esforços de seus integrantes (sociedade empresária).

22.  Assim,  a  lei  requer,  para  ser  considerado  empresário,  que  haja  o  exercício  profissional  de
atividade  organizada  para  a  produção  ou  a  circulação  de  bens  ou  serviços,  excluindo
expressamente  do  conceito  o  exercício  de  determinadas  atividades  que  não  são  consideradas
empresárias: são as profissões intelectuais, de natureza científica, literária ou artística, salvo se
o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

23  Esse  elemento  de  empresa,  referido  no  texto  legal,  diz  respeito  ao  agrupamento  de  fatores
materiais  e  humanos  de  diversas  qualificações,  desenvolvendo  um  conjunto  de  atividades
organizadas, que buscam atingir os objetivos sociais da organização.

24 Não constitui, portanto, elemento de empresa a simples prestação de serviços profissionais na
área médica, sendo necessário que haja uma organização econômica da atividade.

25  Quanto  à  sua  constituição,  não  deve  estar  organizada  como  sociedade  simples,  e  sim  ser
constituída  como  sociedade  empresária,  com  seu  registro  na  Junta  Comercial.  Em  suma,  a
pessoa jurídica precisa ter , de direito e de fato, um caráter empresarial.

26. Entretanto, o gozo do benefício somente será possivel a partir do momento em que a pessoa
jurídica  passar  a  cumprir  as  exigências  previstas  no  dispositivo  legal,  quais  sejam,  ser
organizada sob a forma de sociedade empresária e atender às normas da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária ­ Anvisa.

Conclusão

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27. Diante do exposto, conclui­se que, se a consulente se enquadra como prestadora de serviço
hospitalar, nos termos da decisão judicial que lhe é favorável, a partir de 1º de janeiro de 2009,
poderá utilizar os percentuais de 8% (oito por cento) e 12% (doze por cento) para apuração da
base  de  cálculo  do  IRPJ  e  da  CSLL  pela  sistemática  do  Lucro  Presumido,  desde  que  seja
organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Anvisa. (sublinhei).

(...)

Ordem de Intimação

Aprovo  a  Solução  de  Consulta.  Divulgue­se  e  publique­se  nos  termos  do  art.  27  da  Instrução
Normativa RFB nº 1.396, de 16 de setembro de 2013. Dê­se ciência à consulente.

Assinado digitalmente

FERNANDO MOMBELLI

Auditor­Fiscal da RFB ­ Coordenador­Geral da Cosit

Conforme ressaltado pela autoridade impetrada em suas informações, a a resposta à Consulta por ela
formulada  à  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  com  o  fito  de  obter  a  confirmação  de  que
preenchia os requisitos estabelecidos na Lei 11.727/2008 para seguir gozando no benefício tributário
sob  análise  não  foi  afirmativa  deste  preenchimento,  mas  sim  advertidora  de  que  para  se  enquadrar
como prestadora de serviço hospitalar nos termos da decisão judicial que lhe era favorável e utilizar
os percentuais de 8 e 12% na apuração do IRPJ e da CSLL pela sistemática do lucro presumido esta
pessoa jurídica deveria comprovar que seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda
às normas da Anvisa.

A autoridade impetrada afirma que, para tanto, deve ser observado o seguinte: (i) sua existência como
sociedade empresária, ou seja, que nos termos do que preveem o caput e parágrafo único do art. 966
do  Código  Civil  não  pratica  atividade  eminentemente  relativa  a  profissão  intelectual,  de  natureza
científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, e (ii) que
seus  serviços  são  prestados  em  ambientes  hospitalares  desenvolvidos  de  acordo  com  a  Resolução  n°
50/2002  da  Diretoria  Colegiada  da  Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária  ­  ANVISA,  mais
precisamente,  de  acordo  com  os  padrões  de  dimensionamento,  quantificação  e  instalações  prediais
estabelecidos  para  a  programação  físico  funcional  dos  estabelecimentos  de  saúde  na  Parte  II  da
referida Norma Técnica.

Consigna, outrossim, o seguinte (evento 26, INF_MAND_SEG1, p. 5):

(...)

Então,  de  primeiro,  tenho  a  colocar  que  as  atividades  que  esta  empresa  informa  serem  seu
objeto social são todas de caráter exclusivamente intelectual, cuja execução tende a ser efetuada
pelos  próprios  componentes  de  seu  quadro  de  sócios,  todos  com  formação  profissional  em
medicina  (ver,  a  qualificação  dos  sócios  da  impetrnte  no  documento  anexado  à  inicial  sob  a
denominação  de  'CONTRSOCIAL3'),  do  que  se  retira  que  ela  não  pode  ser  considerada
sociedade  empresária  para  efeito  de  cumprimento  do  requisito  estabelecido  na  Lei  n°
11.727/2008 com vista ao exercício do direito de calcular IRPJ e CSLL às respectivas alíquotas
de 8 e 12% no regime de apuração do lucro presumido.

A  lei  requer,  para  ser  considerado  empresário,  que  haja  o  exercício  profissional  de  atividade
organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços, excluindo expressamente do
conceito  o  exercício  de  determinadas  atividades  que  não  são  consideradas  empresárias,
figurando entre ela as profissões intelectuais.

Esse  elemento  de  empresa,  referido  no  texto  legal,  diz  respeito  ao  agrupamento  de  fatores
materiais  e  humanos  (de  diversas  qualificações),  desenvolvendo  um  conjunto  de  atividades
organizadas, que buscam atingir os objetivos sociais da organização.

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Não  constitui,  portanto,  elemento  de  empresa  a  simples  prestação  de  serviços  profissionais  na
área de saúde, sendo necessário que haja uma organização econômica da atividade, o que não
está a ocorrer no caso da impetrante.

Por outro lado, aponto ainda que não há nos autos nenhum elemento que permita sequer gerar a
presunção de que a impetrante presta os serviços previstos como seu objeto social em ambientes
hospitalares que atendem às especificidades exigidas pela ANVISA na RDC n° 50/2002. Quanto
ao  atendimento  a  esta  Norma,  é  necessário  que  ele  seja  comprovado  por  meio  de  certificado
expedido por órgão municipal ou estadual responsável pela vigilância sanitária. E, com efeito, o
Alvará Sanitário e a Licença para Funcionamento emitidos por órgãos da Prefeitura de Tubarão
­ SC endereçados à empresa autora e juntados por ela aos autos como documento 'ALV5' não
comprovam  a  alegação  lançada  na  inicial  de  que  nas  atividades  que  a  mesma  desenvolve  são
adotados 'equipamentos, instalações e procedimentos adequados à natureza do serviço'.

A  bem  da  verdade,  esta  comprovação  fica  impossível  de  ser  procedida  pela  prestadora  de
serviços da área de saúde que os efetiva em ambientes cuja propriedade são de terceiro, daí a
razão  para  o  estabelecimento  do  requisito  contido  no  art.  4°,  §  10,  inciso  II,  da  Instrução
Normativa RFB n° 1.515/2014 para o exercício do direito concedido às empresas de prestação
de  serviços  hospitalares  e  afins  de  apurar  o  IRPJ  e  a  CSLL  às  alíquotas  de  8  e  12%,
respectivamente, na sistemática do lucro presumido.

Passo a análise da questão controvertida.

Período posterior à vigência da Lei nº 11.727/08

Com relação ao período posterior à Lei nº 11.727, de 23/06/2008, que entrou em vigor em 01/01/2009,
em face da superveniente alteração na redação do inciso II, alínea 'a', do artigo 15 da Lei nº 9.249/95,
por  força  da  referida  lei,  passou­se  a  exigir,  para  a  aplicação  do  percentual  reduzido,  que  'a
prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas
da  Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária  ­  Anvisa'.  Confira­se  a  redação  da  Lei  nº  9.249/1995,
dada pela Lei nº 11.727/2008 e pela Lei nº 12.973/2014:

 Art. 15.  A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do
percentual  de  8%  (oito  por  cento)  sobre  a  receita  bruta  auferida  mensalmente,  observado  o
disposto  no  art.  12  do  Decreto­Lei  no  1.598,  de  26  de  dezembro  de  1977,  deduzida  das
devoluções,  vendas  canceladas  e  dos  descontos  incondicionais  concedidos,  sem  prejuízo  do
disposto nos arts. 30, 32, 34 e 35 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995.     (Redação dada
pela Lei nº 12.973, de 2014) 

§ 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de:

(...)

III ­ trinta e dois por cento, para as atividades de: (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004)

a) prestação de serviços em geral, exceto a de  serviços  hospitalares e de auxílio diagnóstico e
terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear
e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a
forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
­ Anvisa; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) 

Assim,  após  a  edição  da  Lei  nº  11.727/2008,  somente  as  sociedades  que  prestam  serviços  em  geral,
exceto a de  serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia,
anatomia  patológica  e  citopatologia,  medicina  nuclear  e  análises  e  patologias  clínicas,  organizadas
sob  a  forma  de  sociedade  empresária  e  que  atendam  às  normas  da  Agência  Nacional  de  Vigilância
Sanitária ­ Anvisa  estão abrangidas pela base minorada.

Logo,  para  ter  direito  ao  benefício  postulado  quanto  aos  fatos  geradores  ocorridos  a  partir  de
01/01/2009, o contribuinte deve comprovar os requisitos introduzidos pela Lei nº 11.727/08.

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Quanto  à  matéria,  o  Superior  Tribunal  de  Justiça,  em  sede  de  recurso  repetitivo,  nos  termos  do  art.
543­C  do  CPC,  nos  autos  do  REsp  1.116.399/BA,  em  acórdão  publicado  no  dia  24/02/2010,  assim
decidiu:

DIREITO  PROCESSUAL  CIVIL  E  TRIBUTÁRIO.  RECURSO  ESPECIAL.  VIOLAÇÃOAOS


ARTIGOS  535  e  468  DO  CPC.  VÍCIOS  NÃO  CONFIGURADOS.  LEI  9.249/95.IRPJ  E  CSLL
COM  BASE  DE  CÁLCULO  REDUZIDA.  DEFINIÇÃO  DA  EXPRESSÃO'SERVIÇOS
HOSPITALARES'.  INTERPRETAÇÃO  OBJETIVA.  DESNECESSIDADE  DE  ESTRUTURA
DISPONIBILIZADA  PARA  INTERNAÇÃO.  ENTENDIMENTO  RECENTE  DA  PRIMEIRA
SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543­C DO CPC.

1.  Controvérsia  envolvendo  a  forma  de  interpretação  da  expressão'serviços  hospitalares'


prevista  na  Lei  9.429/95,  para  fins  de  obtenção  da  redução  de  alíquota  do  IRPJ  e  da  CSLL.
Discute­se a possibilidade de, a despeito da generalidade da expressão contida na lei, poder­se
restringir  o  benefício  fiscal,  incluindo  no  conceito  de  'serviços  hospitalares'  apenas  aqueles
estabelecimentos  destinados  ao  atendimento  global  ao  paciente,  mediante  internação  e
assistência médica integral.

2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251­PR, da relatoria do eminente Ministro Castro
Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do pagamento dos
tributos com as alíquotas reduzidas, a expressão 'serviços hospitalares', constante do artigo 15,
§  1º,  inciso  III,  da  Lei  9.249/95,  deve  ser  interpretada  de  forma  objetiva  (ou  seja,  sob  a
perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício
fiscal, não considerou a característica ou a estruturado contribuinte em si (critério subjetivo),
mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou
consignado que os regulamentos emanados da Receita Federal referentes aos dispositivos legais
acima  mencionados  não  poderiam  exigir  que  os  contribuintes  cumprissem  requisitos  não
previstos  em  lei  (a  exemplo  da  necessidade  de  manter  estrutura  que  permita  a  internação  de
pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de que 'a dispensa da capacidade de
internação  hospitalar  tem  supedâneo  diretamente  na  Lei  9.249/95,  pelo  que  se  mostra
irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares'.

3. Assim, devem ser considerados serviços hospitalares 'aqueles que se vinculam às atividades
desenvolvidas  pelos  hospitais,  voltados  diretamente  à  promoção  da  saúde',  de  sorte  que,  'em
regra,  mas  não  necessariamente,  são  prestados  no  interior  do  estabelecimento  hospitalar,
excluindo­se as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no
âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos'.

4. Ressalva de que as modificações introduzidas pela Lei 11.727/08 não se aplicam às demandas
decididas anteriormente à sua vigência,bem como de que a redução de alíquota prevista na Lei
9.249/95  não  se  refere  a  toda  a  receita  bruta  da  empresa  contribuinte  genericamente
considerada, mas sim àquela parcela da receita proveniente unicamente da atividade específica
sujeita ao benefício fiscal , desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo
15 da Lei 9.249/95.

5.  Hipótese  em  que  o  Tribunal  de  origem  consignou  que  a  empresa  recorrida  presta  serviços
médicos  laboratoriais  (fl..  389),  atividade  diretamente  ligada  à  promoção  da  saúde,  que
demanda maquinário específico, podendo ser realizada em ambientes hospitalares ou similares,
não  se  assemelhando  a  simples  consultas  médicas,  motivo  pelo  qual,  segundo  o  novel
entendimento desta Corte, faz jus aobenefício em discussão (incidência dos percentuais de 8%
(oito porcento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de CSLL,sobre a receita
bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços médicos laboratoriais).

6.  Recurso  afetado  à  Seção,  por  ser  representativo  de  controvérsia,submetido  ao  regime  do
artigo 543­C do CPC e da Resolução 8/STJ.

7. Recurso especial não provido.

(STJ, REsp 1116399/BA, Primeira Seção, Ministro Benedito Gonçalves, julgado em 28/10/2009,
publicado em 24/02/2010).

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A Instrução Normativa  RFB nº 1.515, de 24/11/2014 (com redação incluída pela Instrução Normativa
RFB nº 1.556, de 31/03/2015), ora combatida pela impetrante, assim determina:

Art. 4º À opção da pessoa jurídica, o imposto poderá ser pago sobre base de cálculo estimada,
observado o disposto no § 6º do art. 2º.

§  1º  A  base  de  cálculo  do  imposto,  em  cada  mês,  será  determinada  mediante  a  aplicação  do
percentual  de  8%  (oito  por  cento)  sobre  a  receita  bruta  definida  pelo  art.  3º,  auferida  na
atividade,  deduzida  das  devoluções  e  vendas  canceladas  e  dos  descontos  incondicionais
concedidos.

§ 2º Nas seguintes atividades o percentual de que trata este artigo será de:

I ­ 1,6% (um inteiro e seis décimos por cento) sobre a receita bruta auferida na revenda, para
consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico carburante e gás natural;

II ­ 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida:

a) na prestação de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, fisioterapia e terapia
ocupacional, fonoaudiologia, patologia clínica, imagenologia, radiologia, anatomia patológica
e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, exames por métodos gráficos,
procedimentos endoscópicos, radioterapia, quimioterapia, diálise e oxigenoterapia hiperbárica,
desde que a prestadora desses serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e
atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

(...)

§  10.  O  disposto  na  alínea  'a'  do  inciso  II  do  §  2º  não  se  aplica,  inclusive:  (Redação  dada
pelo(a)Instrução NormativaRFBnº1556,de31 de março de 2015)

I  ­  à  pessoa  jurídica  organizada  sob  a  forma  de  sociedade  simples;    (Incluído(a)


pelo(a)Instrução NormativaRFB nº1556,de31 de março de 2015)

II  ­  aos  serviços  prestados  com  utilização  de  ambiente  de  terceiro;  e    (Incluído(a)
pelo(a)Instrução NormativaRFB nº1556,de31 de março de 2015)

III ­ à pessoa jurídica prestadora de serviço médico ambulatorial com recursos para realização
de exames complementares e serviços médicos prestados em residência, sejam eles coletivos ou
particulares (home care).  (Incluído(a) pelo(a)Instrução NormativaRFB nº1556,de31 de março
de 2015)

(...)

Como visto, o ato normativo acima transcrito acrescentou um requisito a mais a ser preenchido para a
concessão  do  benefício  ora  postulado,  pois  impôs  a  demonstração  da  não  utilização  de  ambiente  de
terceiros para a realização das atividades, o que não estava previsto na Lei nº 9.249/95, recaindo em
ilegalidade.

No  caso  dos  autos,  a  Décima  Segunda  Alteração  Contratual  da  impetrante  define  seu  objeto  social
como a prestação de serviço médico hospitalar de anestesiologia (evento 1, CONTRSOCIAL3, p. 5 ­
Cláusula Segunda), atividade que se insere no conceito de serviços hospitalares segundo entendimento
aqui manifestado. A proósito, cito os seguintes precedentes, emanados do TRF da 4ª Região:

TRIBUTÁRIO  ­  CSLL  ­  IRPJ  ­  PRESCRIÇÃO  ­  BASE  DE  CÁLCULO  ­  SERVIÇOS


HOSPITALARES ­ ABRANGÊNCIA ­ ART. 15, § 1º, III, 'A', E ARTIGO 20 DA LEI Nº 9.249/95 ­
LEI N° 11.727/08. (...) 2. Entende­se por serviços hospitalares aqueles que estão relacionados às
atividades  desenvolvidas  nos  hospitais,  ligados  diretamente  à  promoção  da  saúde,  essencial  à
população, nos termos do art. 6º da Constituição Federal, podendo ser prestados no interior do
estabelecimento  hospitalar,  mas  não  havendo  esta  obrigatoriedade.  Precedentes  da  Primeira
Seção do STJ. 3. As empresas que prestam serviços de anestesia têm direito de recolher o IRPJ e

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a CSLL, respectivamente, no percentual de 8% e 12% sobre a receita bruta. 4. Hipótese em que
a autora comprovou se inserir na categoria das sociedades empresárias somente a partir de 17­
08­2011.  (...)  (grifo)  (AC  nº  5012674­21.2011.404.7200/SC,  Rel.  Des.  Federal  LUCIANE
AMARAL CORRÊA MÜNCH, 2ª T., un, j. 24/04/2012)

TRIBUTÁRIO ­ IRPJ ­ BASE DE CÁLCULO ­ SERVIÇOS HOSPITALARES ­ ABRANGÊNCIA ­
ART.  15,  §  1º,  III,  'A',  e  ARTIGO  20  DA  LEI  Nº  9.249/95  ­  ANESTESIA.  1  ­  Entende­se  por
serviços hospitalares aqueles que estão relacionados às atividades desenvolvidas nos hospitais,
ligados  diretamente  à  promoção  da  saúde,  essencial  à  população,  nos  termos  do  art.  6º  da
Constituição Federal, podendo ser prestados no interior do estabelecimento hospitalar, mas não
havendo  esta  obrigatoriedade.  Precedentes  da  Primeira  Seção  do  STJ.  2  ­  Hipótese  em  que  a
autora  pode  ser  equiparada  à  prestadora  de  serviços  médicos  hospitalares.  (grifos)  (AC  nº
5000.943­71.2010.404.7003,  Rel.  Des.  Federal  LUCIANE  AMARAL  C.  MÜNCH,  2ª  T.,  un,
j.14/06/2011)

TRIBUTÁRIO.  IRPJ.  CSLL.  LEI  N.º  9.249/95.  SERVIÇOS  HOSPITALARES.  ABRANGÊNCIA.


SERVIÇOS  DE  ANESTESIA  E  RECUPERAÇÃO  DE  PACIENTES.  1.  Segundo  entendimento
atual  do  egrégio  STJ,  serviços  hospitalares  são  aqueles  que  se  vinculam  às  atividades
desenvolvidas  pelos  hospitais,  voltados  diretamente  à  promoção  da  saúde.  Em  regra,  mas  não
necessariamente,  são  prestados  no  interior  do  estabelecimento  hospitalar,  excluindo­se  as
simples  consultas  médicas,  atividade  que  não  se  identifica  com  as  prestadas  no  âmbito
hospitalar, mas nos consultórios médicos. 2. O contrato social da empresa e a prova dos autos
indicam a prestação de serviços médicos de anestesia e recuperação de pacientes. 3. Assim, nos
termos da decisão proferida no REsp n.º 951.251/PR, faz jus a demandante ao recolhimento do
IRPJ  e  da  CSLL  às  alíquotas  de  8%  e  12%,  respectivamente,  nos  termos  da  Lei  n.º  9.249/95
(arts.  15,  §  1º,  inciso  III,  alínea  'a',  e  20,  caput).  4.  Apelo  provido.  (grifo)  (AC  nº  5000.149­
17.2010.404.7111,  Relator  Des.  Federal  OTÁVIO  ROBERTO  PAMPLONA,  2ª  T.,  DJ
24/09/2010)

Conforme  consta  da  indigitada  alteração  contratual,  verifica­se  que  houve  a  alteração  da  natureza
jurídica da sociedade de simples para empresária em 17/07/2013, data do registro do documento na
Junta Comercial do Estado de Santa Catarina (evento 1, CONTRSOCIAL3, p. 2 e 10).

O Código Civil divide as sociedades em duas categorias, as sociedades empresárias e as sociedades
simples (não empresárias). A sociedade empresária é a que exerce atividade econômica organizada e
habitual, para a produção ou a circulação de bens ou serviços. Já a sociedade simples é a que exerce
atividade econômica de natureza intelectual, científica, literária ou artística (arts. 966 e 982 do CC).

Como  visto,  a  impetrante  comprovou  estar  organizada  sob  a  forma  de  sociedade  empresária  desde
17/07/2013,  de  modo  que  preenche  um  dos  requisitos  estabelecidos  pelas  alterações  da  Lei  n.º
11.727/2008. De outro lado, não há nos autos prova de que a impetrante atenda às normas da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária ­ Anvisa.

No  entanto,  quanto  a  esse  requisito,  cumpre  gizar  que  o  TRF  da  4ª  Região,  em  caso  análogo  ao
presente,  em  voto  de  relatoria  da  Juíza  Federal  Cláudia  Maria  Dadico,  proferido  em  21/06/2016,
manifestou  o  entendimento  no  sentido  de  que  quanto  ao  atendimento  às  normas  da  ANVISA,  a  lei
revela­se bastante genérica e não estabelece, especificamente, as quais normas da Agência Nacional
de  Vigilância  Sanitária  o  contribuinte  deve  obedecer.  E,  quanto  à  Resolução  ­  RDC  nº  50,  de
21/02/2002, assim se pronuncia: Cumpre ressaltar que a Resolução ­ RDC n° 50, de 21/02/2002, que
dispõe  sobre  o  Regulamento  Técnico  para  Planejamento,  Programação,  Elaboração  e  Avaliação  de
Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, não tem aplicação no caso em tela, vez
que tais normas gerais de funcionamento de estabelecimentos de saúde não podem restringir a norma
legal.  Tal  resolução  extrapola  o  limite  estabelecido  pela  norma  tributária,  a  qual  permite
interpretações  mais  benéficas  para  o  contribuinte,  pois  se  encontram  dissociados  do  objetivo  que
norteou todo o processo legislativo que era exatamente desonerar, no âmbito tributário, o prestador de
serviços de saúde nos casos em que se exige qualificação dos trabalhadores, espaço físico adequado e
materiais  e  equipamentos  de  alto  custo,  visando,  evidentemente,  ao  barateamento  do  serviço,  com  o
consequente  aumento  do  acesso  da  população  a  tais  serviços.'  (TRF4  5006039­76.2015.404.7202,
SEGUNDA TURMA, Relator CLÁUDIA MARIA DADICO, juntado aos autos em 23/06/2016).

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Por fim, no que tange ao pedido constante do item 'f' da petição inicial, é de ser acolhido apenas em
parte o postulado, apenas para o fim de determinar à autoridade impetrada impetrada que se abstenha
de praticar qualquer ato contrário ao exercício do direito assegurado por meio deste decisum, já que
não cabe ao Poder Judiciário vedar a Administração pública de editar novas instruções normativas,
mesmo  contrárias  à  lei;  cabendo,  tão  somente,  julgar,  a  cada  caso  concreto,  a  legalidade  dos  atos
normativos combatidos por meio de ações judiciais, como ocorrido no presente caso.

Por conseguinte, é de ser concedida em parte a segurança pleiteada apenas para o fim de reconhecer à
impetrante o direito de, a partir de 17/07/2013 (data do registro na JUCESC da alteração contratual
em que houve a modificação da sua natureza social de sociedade simples para sociedade empresária,
continuar recolhendo o IRPJ e da CSLL nos percentuais de 8% e 12%, respectivamente, sobre a receita
bruta auferida pela atividade específica de prestação de serviços hospitalares, exceto quanto à receita
decorrente de consultas médicas e de atividades administrativas, considerando que os serviços por ela
prestados  se  incluem  no  conceito  de  'serviço  hospitalar',  nos  termos  do  disposto  no  artigo  20,  e  no
artigo 15, III 'a' da Lei nº 9.249/95, com a redação dada pela Lei nº 11.727/2008.

Dispositivo

Ante o exposto, concedo em parte a segurança e julgo extinto o processo com resolução do mérito, com
fundamento no artigo 487, I, do NCPC, para o fim de reconhecer à impetrante o direito de, a partir de
17/07/2013 (data do registro na JUCESC da alteração contratual em que houve a modificação da sua
natureza  social  de  sociedade  simples  para  sociedade  empresária,  continuar  recolhendo  o  IRPJ  e  da
CSLL  nos  percentuais  de  8%  e  12%,  respectivamente,  sobre  a  receita  bruta  auferida  pela  atividade
específica  de  prestação  de  serviços  hospitalares,  exceto  quanto  à  receita  decorrente  de  consultas
médicas e de atividades administrativas, considerando que os serviços por ela prestados se incluem no
conceito de 'serviço hospitalar', nos termos do disposto no artigo 20, e no artigo 15, III 'a' da Lei nº
9.249/95, com a redação dada pela Lei nº 11.727/2008., enquanto atendidos os requisitos previstos em
lei:  atendimento  às  normas  da  Anvisa  e  constituição  sob  a  forma  de  sociedade  empresária,  ficando
afastada  a  exigência  prevista  no  art.  4º,  §  10,  inciso  II,  da  Instrução  Normativa  RFB  nº  1.515,  de
24/11/2014 (com redação incluída pela Instrução Normativa RFB nº 1.556, de 31/03/2015).

Custas ex lege.

Sem condenação em honorários advocatícios (art. 25 da Lei nº. 12.016/2009 e Súmulas nº 105 do STJ
e 512 do STF).

Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição (art. 14, §1º, da Lei nº 12.016/2009).

A decisão foi proferida com apoio nas seguintes jurisprudências:  

TRIBUTÁRIO.  IRPJ.  CSLL.  REDUÇÃO  DE  ALÍQUOTAS.  LEI  Nº  9.249/95.  LEI  11.727/98.
PRESTAÇÃO  DE  SERVIÇOS  HOSPITALARES.  1.  Os  artigos  15,  §  1º,  III,  a  e  20,  da  Lei  nº
9.249/1995, prevêem a redução da base de cálculo do IRPJ e da CSSL para as prestadoras de
serviços  hospitalares.  2.  O  Superior  Tribunal  de  Justiça  pronunciou­se  no  sentido  de  que  o
benefício  fiscal  previsto  na  Lei  nº  9.249/95  deve  ser  concedido  de  forma  objetiva,  a
empreendimentos relacionados às atividades desenvolvidas nos hospitais, ligados diretamente à
promoção da saúde, podendo ser prestados no interior do estabelecimento hospitalar, mas não
havendo esta obrigatoriedade (RESP nº 951.251). 3. A jurisprudência do STJ consolidou­se no
sentido de que a redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL não inclui as consultas médicas,
visto que somente os serviços especializados de saúde, com custos diferenciados, inserem­se no
conceito de serviços hospitalares. 4. A partir da data da vidência da Lei 11.727, de 2008, apenas
as sociedades empresarias fazem jus ao benefício previsto na Lei 9.249/95. (TRF4, AC 5017575­
84.2010.404.7000, PRIMEIRA TURMA, Relatora MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE,
juntado aos autos em 12/12/2014)

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IRPJ. CSSL. BASE DE CÁLCULO. REDUÇÃO.
SERVIÇOS  HOSPITALARES.  ART.  15,  §  1º,  III,  A  DA  LEI  Nº  9.249/95.  LEI  N°  11.727/08.
SOCIEDADE  EMPRESÁRIA.  1.  As  empresas  que  prestam  serviços  hospitalares  têm  direito  a
recolher  o  Imposto  de  Renda  Pessoa  Jurídica  ­  IRPJ  no  percentual  de  8%  e  a  Contribuição
Social  sobre  o  Lucro  Líquido  ­  CSLL  no  percentual  de  12%  sobre  a  renda  bruta  auferida  na

https://eproc.trf4.jus.br/eproc2trf4/controlador.php?acao=acessar_documento_publico&doc=41479142817170902019565348253&evento=4147914281717090… 13/14

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11/08/2017 Evento 8 - RELVOTO1
atividade específica de prestação de serviços de tratamento, nos termos do artigo 15, § 1º, III,
alínea a, da Lei nº 9.249/95, inclusive com a alteração introduzida pela Lei nº 11.727/2008. 2.
Entende­se por serviços hospitalares aqueles que estão relacionados às atividades desenvolvidas
nos hospitais, ligados diretamente à promoção da saúde, essencial à população, nos termos do
art.  6º  da  Constituição  Federal,  podendo  ser  prestados  no  interior  do  estabelecimento
hospitalar, mas sem esta obrigatoriedade. Precedentes da Primeira Seção do STJ. 3. Em face da
superveniente alteração na redação do inciso II, alínea a, do artigo 15 da Lei nº 9.249/95, por
força  da  Lei  nº  11.727/08,  passou­se  a  exigir,  para  a  aplicação  do  percentual  reduzido,  que  a
prestadora  destes  serviços  seja  organizada  sob  a  forma  de  sociedade  empresária  e  atenda  às
normas  da  Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária  ­  Anvisa.  4.  Hipótese  em  que  a  autora
comprovou  inserir­se  no  conceito  de  prestadora  de  serviço  hospitalar.  Ainda,  a  autora  está
identificada  como  sociedade  empresária  limitada,  enquadrando­se  na  categoria  de  sociedade
empresária,  com  inscrição  na  Junta  Comercial,  na  forma  da  Lei  nº  11.727/2008.  (TRF4
5006039­76.2015.404.7202, SEGUNDA TURMA, Relator CLÁUDIA MARIA DADICO, juntado
aos autos em 23/06/2016)

Dispositivo
 
Ante o exposto, voto por negar provimento à apelação e à remessa oficial.

Juiz Federal LUIZ ANTÔNIO BONAT
Relator

Documento eletrônico assinado por Juiz Federal LUIZ ANTÔNIO BONAT, Relator, na forma do artigo
1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março
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08/11/2018 Inteiro Teor (9064655)

APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5026157-45.2016.4.04.7200/SC


RELATOR : ROGER RAUPP RIOS
APELANTE : UNIÃO - FAZENDA NACIONAL
APELADO : CLINICA ODONTOLOGICA SORRIR LTDA.
ADVOGADO : RAFAEL MIGLIORINI
MPF : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

EMENTA
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

TRIBUTÁRIO.  SERVIÇOS  HOSPITALARES.  IRPJ  E  CSLL.  ALÍQUOTAS


REDUZIDAS.  NATUREZA  DO  SERVIÇO  PRESTADO.  CRITÉRIO  OBJETIVO,
INDEPENDENTE DA ESTRUTURA FÍSICA DO LOCAL DE PRESTAÇÃO DO
SERVIÇO. LEI Nº 11.727/2008. APLICABILIDADE. VIGÊNCIA.
1. O Superior Tribunal de Justiça pacificou a matéria atinente à aplicação de alíquotas
reduzidas do IRPJ (8%) e da CSLL (12%) às receitas provenientes de serviços hospitalares. O
critério eleito é de cunho objetivo e concerne à natureza do serviço que deve ser relacionado à
promoção da saúde e ter custo diferenciado, excluídas, assim, as receitas decorrentes de simples
consultas médicas e demais atividades administrativas. Assim, nos termos do precedente
representativo da controvérsia, a concessão do benefício independe da estrutura física do local de
prestação do serviço e se este possuiu, ou não, capacidade para internação de pacientes (REsp
1.116.399/BA, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Seção, DJe 24/02/2010).
2. A Lei nº 11.727/2008 impôs alterações ao artigo 15, § 1º, III, "a", da Lei nº
9.249/1995, que passaram a viger a partir de 01-01-2009. Além do enquadramento da atividade
como de natureza hospitalar, outros dois requisitos passaram a ser exigidos, a saber: i) estar
constituída como sociedade empresária; ii) atender às normas da ANVISA.
3. As sociedades empresárias devem ser registradas no Registro Público das empresas
Mercantis (Junta Comercial) do Estado em que se encontram estabelecidas.
4. Não é legítimo exigir que a empresa comprove atender às normas da ANVISA. Uma
vez que está em exercício regular de sua atividade e detém o Alvará de funcionamento, há presunção
relativa de que está adequada às regras da vigilância sanitária. Caberia, desta forma, ao Fisco trazer
elementos que indiquem o descumprimento de tais regras. Precedentes desta Corte Regional.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

ACÓRDÃO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 1ª
Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação e
à  remessa  oficial,  nos  termos  do  relatório,  votos  e  notas  taquigráficas  que  ficam  fazendo  parte
integrante do presente julgado.

Porto Alegre, 06 de setembro de 2017.  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Des. Federal ROGER RAUPP RIOS
Relator

Documento eletrônico assinado por Des. Federal ROGER RAUPP RIOS, Relator, na forma do artigo 1º,
inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de
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08/11/2018 Inteiro Teor (9064655)

2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico


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Signatário (a): Roger Raupp Rios
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APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5026157-45.2016.4.04.7200/SC


RELATOR : ROGER RAUPP RIOS
APELANTE : UNIÃO - FAZENDA NACIONAL
APELADO : CLINICA ODONTOLOGICA SORRIR LTDA.
ADVOGADO : RAFAEL MIGLIORINI
MPF : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

RELATÓRIO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Clínica  Odontológica  Sorrir  Ltda.  impetrou  mandado  de  segurança  objetivando  lhe
fosse  assegurado  o  direito  de  recolher  Imposto  de  Renda  Pessoa  Jurídica  no  percentual  de  8%  e
Contribuição  Social  sobre  o  Lucro  Líquido  no  percentual  de  12%  por  entender  se  enquadrar  no
conceito  de  serviços  hospitalares,  nos  termos  estabelecidos  no  art.  15,  §  1º,  III,  "a",  da  Lei  n.
9.249/95.

Na sentença (evento 20), foi concedida a segurança com o seguinte dispositivo:

Ante  o  exposto,  concedo  a  segurança  para  declarar  o  direito  da  impetrante  de  apurar  e  recolher  a
CSLL e o IRPJ nos percentuais respectivos de 12% e 8% sobre a receita bruta decorrente da prestação
de serviços odontológicos (excluídas as atividades administrativas e consultas), consoante os arts. 15,
§ 1º, III, "a" e 20, ambos da Lei n. 9.249/95, bem como o direito da impetrante restituir ou compensar,
após o trânsito em julgado desta sentença e em procedimento administrativo perante a Receita Federal
do Brasil, os valores recolhidos indevidamente a esse título desde o registro de seu contrato social na
Junta  Comercial  (14/07/2016),  acrescidos  da  Taxa  SELIC,  sem  acúmulo  com  os  juros  de  mora,  nos
termos da fundamentação.
Custas ex lege.
Sem condenação em honorários advocatícios.
Sentença sujeita ao reexame necessário.
P. R. I.

A  União  apelou  sustentando,  em  síntese,  que  a  interpretação  da  expressão  "serviços
hospitalares" deve ser restritiva, não cabendo a aplicação analógica e/ou extensiva e defendendo que,
no caso, a parte autora não comprovou que se enquadra no referido conceito. Afirmou que, a partir
da vigência da Lei n. 11.727/2008, em 01/01/2009, além de se enquadrar nos serviços especificados
no  artigo  15,  §  1º,  III,  "a",  da  Lei  n.  9.249/95,  deve  ser  organizada  sob  a  forma  de  sociedade
empresária  e  atender  às  normas  da  ANVISA  para  ter  direito  à  alíquota  reduzida.  Alegou  que  a
impetrante presta serviços odontológicos, conceito de ampla natureza, os quais não se equiparam a
serviços hospitalares.
 
Presentes as contrarrazões.
 
É o relatório.
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08/11/2018 Inteiro Teor (9064655)

   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

VOTO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Alíquotas  de  IRPJ  e  CSLL  incidentes  sobre  receitas  de  prestação  de  serviços
hospitalares

A  tributação  favorecida  no  que  toca  ao  IRPJ  e  à  CSLL  incidentes  sobre  receitas  de
prestação de serviços hospitalares  justifica­se  pelo  custo  diferenciado  de  tais  atividades,  dada  sua
complexidade e necessidade de alto investimento tecnológico e de pessoal.
 
A  determinação  da  extensão  do  conceito  "serviços  hospitalares"  foi  objeto  de  grande
controvérsia nos Tribunais pátrios, que ora tendiam a privilegiar interpretações mais restritivas, ora
mais flexíveis, acerca das atividades equiparáveis a atividades hospitalares.
 
A  Secretaria  da  Receita  Federal  editou  diversas  instruções  normativas  procurando
definir  o  conteúdo  da  expressão,  elaboradas  a  partir  de  parâmetros  fixados  em  Resoluções  da
ANVISA acerca de exigências a serem respeitadas pelas instituições hospitalares, concluindo que o
critério  para  auferir  o  benefício  de  redução  de  alíquota  dependeria  da  estrutura  física  da  empresa
prestadora  de  serviços,  que  deveria  ser  equiparável  a  estrutura  de  hospitais,  inclusive  com
possibilidade de internação de pacientes.
 
Esta  interpretação  restritiva  da  norma  foi  afastada  pela  1ª  Seção  do  STJ,  a  partir  do
julgamento do REsp n. 951.251/PR (DJe 03/06/2009), de Relatoria do Ilustre Ministro Castro Meira,
que  firmou  entendimento  sobre  a  abrangência  da  expressão  "serviços hospitalares",  de  que  trata  o
art.  15,  §  1º,  III,  "a",  da  Lei  nº  9.249/95,  de  modo  que  abrangessem  aquelas  atividades  voltadas  à
promoção  da  saúde  e  que  tivessem  custo  diferenciado  das  simples  consultas  médicas,
independentemente  de  serem  desenvolvidas  dentro  de  instalações  hospitalares  ou  de  possuírem
capacidade de internação de pacientes.
 
Esse  entendimento  foi  reafirmado  em  sede  de  recurso  especial  representativo  da
controvérsia, nos seguintes termos:
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO AOS ARTIGOS
535  e  468  DO  CPC.  VÍCIOS  NÃO  CONFIGURADOS.  LEI  9.249/95.  IRPJ  E  CSLL  COM  BASE  DE
CÁLCULO  REDUZIDA.  DEFINIÇÃO  DA  EXPRESSÃO  "SERVIÇOS  HOSPITALARES".
INTERPRETAÇÃO  OBJETIVA.  DESNECESSIDADEDE  ESTRUTURA  DISPONIBILIZADA  PARA
INTERNAÇÃO. ENTENDIMENTO RECENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO SUBMETIDO AO
REGIME PREVISTO NO ARTIGO 543­C DO CPC.
1. Controvérsia envolvendo a forma de interpretação da expressão "serviços hospitalares" prevista na
Lei  9.429/95,  para  fins  de  obtenção  da  redução  de  alíquota  do  IRPJ  e  da  CSLL.  Discute­se  a
possibilidade  de,  a  despeito  da  generalidade  da  expressão  contida  na  lei,  poder­se  restringir  o
benefício  fiscal,  incluindo  no  conceito  de  "serviços  hospitalares"  apenas  aqueles  estabelecimentos
destinados ao atendimento global ao paciente, mediante internação e assistência médica integral.
2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251­PR, da relatoria do eminente Ministro Castro Meira, a
1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu que, para fins do pagamento dos tributos com as
alíquotas reduzidas, a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei
9.249/95,  deve  ser  interpretada  de  forma  objetiva  (ou  seja,  sob  a  perspectiva  da  atividade  realizada
pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou
a  estrutura  do  contribuinte  em  si  (critério  subjetivo),  mas  a  natureza  do  próprio  serviço  prestado
(assistência  à  saúde).  Na  mesma  oportunidade,  ficou  consignado  que  os  regulamentos  emanados  da
Receita  Federal  referentes  aos  dispositivos  legais  acima  mencionados  não  poderiam  exigir  que  os
contribuintes  cumprissem  requisitos  não  previstos  em  lei  (a  exemplo  da  necessidade  de  manter
estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do benefício. Daí a conclusão de
https://jurisprudencia.trf4.jus.br/pesquisa/inteiro_teor.php?orgao=1&documento=9064655&termosPesquisados=ICdzZXJ2aWNvcyBob3NwaXRhbGFyZXMnI… 3/8

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:22 Num. 1385462748 - Pág. 161
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540700001373745930
Número do documento: 22110714591540700001373745930
08/11/2018 Inteiro Teor (9064655)
que "a dispensa da capacidade de internação hospitalar tem supedâneo diretamente na Lei 9.249/95,
pelo que se mostra irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares".
3.  Assim,  devem  ser  considerados  serviços  hospitalares  "aqueles  que  se  vinculam  às  atividades
desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde", de sorte que, "em regra,
mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindo­se as
simples  consultas  médicas,  atividade  que  não  se  identifica  com  as  prestadas  no  âmbito  hospitalar,
mas nos consultórios médicos".
4.  Ressalva  de  que  as  modificações  introduzidas  pela  Lei  11.727/08  não  se  aplicam  às  demandas
decididas  anteriormente  à  sua  vigência,  bem  como  de  que  a  redução  de  alíquota  prevista  na  Lei
9.249/95 não se refere a toda a receita bruta da empresa contribuinte genericamente considerada, mas
sim  àquela  parcela  da  receita  proveniente  unicamente  da  atividade  específica  sujeita  ao  benefício
fiscal, desenvolvida pelo contribuinte, nos exatos termos do § 2º do artigo 15 da Lei9.249/95.
5. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou que a empresa recorrida presta serviços médicos
laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada à promoção da saúde, que demanda maquinário
específico,  podendo  ser  realizada  em  ambientes  hospitalares  ou  similares,  não  se  assemelhando  a
simples  consultas  médicas,  motivo  pelo  qual,  segundo  o  novel  entendimento  desta  Corte,  faz  jus  ao
benefício em discussão (incidência dos percentuais de 8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12%
(doze  por  cento),  no  caso  de  CSLL,  sobre  a  receita  bruta  auferida  pela  atividade  específica  de
prestação de serviços médicos laboratoriais).
6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido ao regime do artigo 543­
C do CPC e da Resolução 8/STJ.
7. Recurso especial não provido. (grifos meus)
(REsp 1.116.399/BA, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Seção, DJe 24/02/2010).
 
A  partir  desses  precedentes,  o  critério  eleito  passou  a  ser  objetivo  e  concerne  tão­
somente à natureza do serviço prestado, bastando que seja voltado à promoção da saúde e que possua
custo diferenciado de atividades de simples consultas médicas.
 
Da  análise  do  contrato  social  juntado  aos  autos  verifica­se  que  a  sociedade  tem  por
objeto "a execução de trabalhos odontológicos" (evento 3, CONTRSOCIAL2).
 
Embora o objeto social não seja propriamente revelador das atividades desenvolvidas,
verifica­se  da  nota  fiscal  de  prestação  de  serviços  eletrônica  juntada  (evento  1,  NFISCAL  10)  que
esta, de fato, oferece serviços de colocação de próteses dentárias.
 
Cumpre  ressaltar  que  os  serviços  odontológicos  em  geral,  em  especial  aqueles  que
envolvem  a  colocação  de  implantes  e  próteses  dentárias,  como  é  o  caso  dos  autos,  por  óbvio,
demandam  rotinas  e  procedimentos  tipicamente  hospitalares,  além  de  espaço  físico  adequado  para
intervenções cirúrgicas e corpo técnico especializado.
 
Esta Corte vem reconhecendo que a prestação de serviços odontológicos diferenciados,
tais  como  realização  de  cirurgias  para  colocação  de  próteses  dentárias,  inserem­se  no  conceito  de
serviços hospitalares, verbis:
 
TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSLL. LUCRO PRESUMIDO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES.
CLÍNICA ODONTOLÓGICA. SERVIÇOS COM CUSTOS DIFERENCIADOS. 1. A lei escolheu como
único critério distintivo a natureza da atividade prestada, excetuando a incidência da base de cálculo
de  32%  sobre  as  atividades  consideradas  como  de  prestação  de  serviços  hospitalares.  Assim,  o
enquadramento na condição de instituição prestadora de serviços hospitalares sustenta­se unicamente
na natureza dos serviços prestados, circunstância de cunho objetivo.
2. A jurisprudência do STJ consolidou­se no sentido de que a redução da base de cálculo do IRPJ e da
CSLL não inclui as consultas médicas e as atividades de cunho administrativo, visto que somente os
serviços  especializados  de  saúde,  com  custos  diferenciados,  inserem­se  no  conceito  de  serviços
hospitalares.
3.  A  impetrante  comprova  que  presta  serviços  que  possuem  custos  diferenciados  do  simples
atendimento  odontológico,  tais  como  cirurgias  buco­maxilo­faciais,  ortodontia,  colocação  de
próteses dentárias e endodontia, fazendo jus à alíquota de 8% e 12%. 4. Uma vez que a impetrante

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está  organizada  sob  a  forma  de  sociedade  empresária,  tem  direito  o  direito  à  redução  da  base  de
cálculo após a edição da Lei nº 11.727/2008.
(TRF4,  APELAÇÃO  CÍVEL  Nº  5007432­69.2011.404.7107,  1ª  TURMA,  Des.  Federal  JOEL  ILAN
PACIORNIK,  POR  MAIORIA,  VENCIDA  A  RELATORA,  JUNTADO  AOS  AUTOS  EM  16/06/2014)
(grifei)
 
TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSLL. LUCRO PRESUMIDO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS HOSPITALARES.
CLÍNICA ODONTOLÓGICA.
1.  A  lei  escolheu  como  único  critério  distintivo  a  natureza  da  atividade  prestada,  excetuando  a
incidência da base de cálculo de 32% sobre as atividades consideradas como de prestação de serviços
hospitalares. Assim, o enquadramento na condição de instituição prestadora de serviços hospitalares
sustenta­se unicamente na natureza dos serviços prestados, circunstância de cunho objetivo.
2. A base de cálculo reduzida do IRPJ e da CSLL é legítima em relação apenas aos serviços prestados
pela autora.
3. A jurisprudência do STJ consolidou­se no sentido de que a redução da base de cálculo do IRPJ e da
CSLL não inclui as consultas médicas e as atividades de cunho administrativo, visto que somente os
serviços  especializados  de  saúde,  com  custos  diferenciados,  inserem­se  no  conceito  de  serviços
hospitalares.
4.  A  impetrante  comprova  que  presta  serviços  que  possuem  custos  diferenciados  do  simples
atendimento  odontológico,  tais  como  cirurgias  buco­maxilo­faciais,  ortodontia,  ortopedia  facial,
periodontia,  fazendo jus à alíquota de 8% e 12%.
5. Reconhecido à impetrante o direito à redução da base de cálculo até 1º de janeiro de 2009 (data em
que a redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL passou a ficar restrita a sociedades empresárias),
visto  que  a  autora  não  está  organizada  sob  a  forma  de  sociedade  empresária,  mas  de  sociedade
simples.
(TRF4,  AC5009802­47.2013.404.7108/RS,  Primeira  Turma,  Relator  Des.  Federal  JOEL  ILAN
PACIORNIK, julgado em 26/06/2014) (grifei)
 
Assim,  resta  comprovado  que  a  impetrante  faz  jus  à  aplicação  das  alíquotas
reduzidas  para  apuração  do  IRPJ  e  da  CSLL,  excluídas  as  receitas  das  simples  consultas
médicas  ou  de  atividades  administrativas  até  31­12­2008,  a  partir  de  quando  passou  a  viger  a
nova legislação, restando, ainda, examinar se está apta também no que toca ao período posterior.
 
Das modificações trazidas pela Lei nº 11.727/2008

Confira­se a atual redação dos dispositivos aplicáveis à matéria:
 
Art.  15.  A  base  de  cálculo  do  imposto,  em  cada  mês,  será  determinada  mediante  a  aplicação  do
percentual  de  oito  por  cento  sobre  a  receita  bruta  auferida  mensalmente,  observado  o  disposto  nos
arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995
[...]
b) para as pessoas jurídicas a que se refere o inciso III do art. 36 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de
1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 da referida Lei;
III ­ trinta e dois por cento, para as atividades de
a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia,
patologia  clínica,  imagenologia,  anatomia  patológica  e  citopatologia,  medicina  nuclear  e  análises  e
patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade
empresária  e  atenda  às  normas  da  Agência  Nacional  de  Vigilância  Sanitária  ­  Anvisa;  (Redação
dada pela Lei nº 11.727, de 2008) .
[...]
 
Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas pessoas jurídicas
que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts. 27 e 29 a 34 da Lei no 8.981, de 20 de
janeiro  de  1995,  e  pelas  pessoas  jurídicas  desobrigadas  de  escrituração  contábil,  corresponderá  a
doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do ano­
calendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do §
1o do art. 15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento.
 

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Assim,  as  modificações  legislativas  trazidas  à  matéria  pelo  artigo  29  da  Lei  nº
11.727/2008,  se  por  um  lado  promoveram  a  extensão  do  benefício  também  a  outras  atividades
equiparadas a "serviços hospitalares", por outro impuseram mais dois requisitos além da prestação
de  serviços  voltados  à  promoção  da  saúde:  i)  estar  constituída  como  sociedade  empresária;  ii)
atender às normas da ANVISA.
 
O artigo 29 da Lei 11.717/2008 passou a vigorar a partir de 01/01/2009, nos termos do
artigo 41, VI, do mesmo diploma.
 
O Código Civil de 2002 trouxe distinção essencial entre sociedade simples e sociedade
empresária.  A  sociedade  simples  foi  introduzida  em  substituição  às  sociedades  civis,  constituindo
pessoa  jurídica  que  realiza  atividade  intelectual,  de  natureza  científica,  literária  ou  artística,  ainda
que  como  o  concurso  de  auxiliares  ou  colaboradores,  salvo  se  o  exercício  da  profissão  constituir
elemento  de  empresa  (artigo  966,  §  único),  contrapondo­se  às  atividades  empresárias,  as  quais  se
enquadram  no  conceito  de  empresa  ­  conjunto  organizado  de  meios  com  vista  a  exercer  uma
atividade  quer  produz  e  oferece  bens/serviços,  visando  atender  alguma  necessidade  humana.  As
sociedades  empresárias  devem  ter  seu  ato  constitutivo  inscrito  no  Registro  Público  das  empresas
Mercantis (Junta Comercial) do Estado em que se encontram estabelecidas.
 
Restou  comprovado  nos  autos  que  a  parte  autora  está  constituída  na  forma  de
"sociedade  empresária"  desde  14/07/2016,  quando  do  registro  na  Junta  Comercial  do  Estado  de
Santa Catarina (evento 3, CONTRSOCIAL2).
 
No que diz respeito ao segundo requisito, a saber, a atenção às normas expedidas pela
ANVISA, tenho que deve ser flexibilizado. É que a regra constante da nova redação do artigo 15 da
Lei nº 9.249/95 foi redigida de forma geral, deixando de especificar a quais normas está se referindo.
Assim,  deve  o  julgador  interpretar  essa  exigência  levando  em  conta  a  finalidade  da  norma  que
consiste  em  garantir  tributação  privilegiada  aos  estabelecimentos  que,  em  razão  da  natureza  dos
serviços prestados voltados à promoção da saúde, incorrem em maiores custos na sua atividade.
 
Nesse contexto, não é legítimo exigir que a empresa comprove atender às normas da
ANVISA.  Uma  vez  que  está  em  exercício  regular  de  sua  atividade  e  detém  o  alvará  de
funcionamento, há presunção relativa de que está adequada às regras da vigilância sanitária. Caberia,
desta forma, ao Fisco trazer elementos que indiquem o descumprimento de tais regras.
 
No  mesmo  sentido,  tem  decidido  a  2ª  Turma  desta  Corte  Regional:  APELREEX
5003004­65.2011.404.7003,  2ª  T.,  Relatora  p/  Acórdão  Luciane  Amaral  Corrêa  Münch,  D.E.
29/06/2012; APELREEX 5004670­86.2011.404.7105, 2ª T., Relator p/ Acórdão Rômulo Pizzolatti,
D.E. 07/11/2012.

De  qualquer  forma,  como  consta  na  sentença,  a  impetrante  atende  às  normas  da
ANVISA, tendo em vista que os locais onde presta seus serviços possuem alvará sanitário (evento 1,
OUT9).
 
Conclusão:

A  impetrante  faz  jus  à  repetição  de  valores  recolhidos  indevidamente  desde


14/07/2016,  data  do  registro  na  Junta  Comercial  do  Estado  de  Santa  Catarina  como  "sociedade
empresária".
 
Compensação

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A  compensação  do  indébito  poderá  ser  efetuada  com  débitos  próprios  de  quaisquer
tributos  e  contribuições  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil,  nos  termos  do
artigo  74  da  Lei  nº  9.430/96,  com  a  redação  dada  pelo  artigo  49  da  Lei  nº  10.637/2002,  e  deverá
atender  ao  disposto  no  artigo  170­A  do  CTN,  que  veda  o  encontro  de  contas  antes  do  trânsito  em
julgado da ação judicial em que se discute o tributo.
 
O  valor  do  crédito  apurado  deverá  ser  atualizado  pela  taxa  SELIC,  a  contar  do
recolhimento indevido, nos termos do § 4° do art. 39 da Lei nº 9.250/1995.
 
Ante o exposto, voto por negar provimento à apelação e à remessa oficial.
   
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Des. Federal ROGER RAUPP RIOS
Relator

Documento eletrônico assinado por Des. Federal ROGER RAUPP RIOS, Relator, na forma do artigo 1º,
inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº 17, de 26 de março de
2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador
9064654v4 e, se solicitado, do código CRC B872F007.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): Roger Raupp Rios
Data e Hora: 08/09/2017 14:27

EXTRATO DE ATA DA SESSÃO DE 06/09/2017


APELAÇÃO/REMESSA NECESSÁRIA Nº 5026157-45.2016.4.04.7200/SC
ORIGEM: SC 50261574520164047200  
 
 

RELATOR : Des. Federal ROGER RAUPP RIOS


PRESIDENTE : ROGER RAUPP RIOS
PROCURADOR : DRA. CARMEN HESSEL
APELANTE : UNIÃO - FAZENDA NACIONAL
APELADO : CLINICA ODONTOLOGICA SORRIR LTDA.
ADVOGADO : RAFAEL MIGLIORINI
MPF : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
 
 
 
 
 
 

Certifico que este processo foi incluído na Pauta do dia 06/09/2017, na seqüência 410,
disponibilizada no DE de 22/08/2017, da qual foi intimado(a) UNIÃO ­ FAZENDA NACIONAL, o
MINISTÉRIO  PÚBLICO  FEDERAL,  a  DEFENSORIA  PÚBLICA  e  as  demais
PROCURADORIAS FEDERAIS.  
 
 
 
 
 

Certifico que o(a) 1ª Turma, ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A  TURMA,  POR  UNANIMIDADE,  DECIDIU  NEGAR  PROVIMENTO  À
APELAÇÃO E À REMESSA OFICIAL.  
 
 
 
 
 

RELATOR
: Des. Federal ROGER RAUPP RIOS
ACÓRDÃO
VOTANTE(S) : Des. Federal ROGER RAUPP RIOS
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: Juiz Federal MARCELO DE NARDI


: Juiz Federal ALEXANDRE ROSSATO DA SILVA ÁVILA
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

MARIA CECÍLIA DRESCH DA SILVEIRA
Diretora de Secretaria  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Documento eletrônico assinado por MARIA CECÍLIA DRESCH DA SILVEIRA, Diretora de


Secretaria, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª
Região nº 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no
endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código
verificador 9165658v1 e, se solicitado, do código CRC AE2FA85B.
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): Maria Cecília Dresch da Silveira
Data e Hora: 06/09/2017 18:10

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08/11/2018 Documento:40000616871

Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO
APELAÇÃO CÍVEL Nº 5012220­07.2017.4.04.7208/SC
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL ROGER RAUPP RIOS
APELANTE: UNIÃO ­ FAZENDA NACIONAL (RÉU)
APELADO: ORTOFACE CLINICA ODONTOLOGICA LTDA ­ ME (AUTOR)

RELATÓRIO

Trata­se de apelação interposta em face de sentença que afastou a
preliminar  de  falta  de  interesse  de  agir,  julgou  procedente  em  parte  o  pedido  e
extinguiu  o  processo  com  resolução  do  mérito  ­  art.  487,  inciso  I,  CPC  para  o
fim  de:  a)  declarar  o  direito  da  autora  de  apurar  e  recolher  o  IRPJ  e
a  CSLL  aplicando  as  alíquotas  de  8%  e  12%,  respectivamente,  sobre  a  receita
bruta, nos termos do art. 15, III, "a", da Lei n. 9.249/95, excluídas  as  receitas
oriundas  de  consultas  médicas  e  atividades  de  cunho  administrativo;  b)
condenar  a  União  a  restituir  os  valores  indevidamente  recolhidos,  com
atualização  e  juros  pela  taxa  SELIC,  respeitada  a  prescrição  quinquenal,  a
contar  dos  respectivos  pagamentos  indevidos.  A  União  foi  condenada  ao
pagamento das custas adiantadas pela parte autora e honorários advocatícios que
serão definidos quando da liquidação da sentença, nos termos do inciso II do §4º
do art. 85 do CPC.

Em  suas  razões  de  apelação,  a  União  sustenta  que:  a)  em  casos
semelhantes, o TRF4 vem entendendo que o benefício fiscal somente se aplica
aos serviços odontológicos que comprovadamente possuam custos diferenciados,
tais  como  cirurgias  buco­maxilo­faciais,  ortodontia,  ortopedia  facial  e
periodontia;  b)  a  autora  alega,  de  forma  totalmente  genérica,  que  realizaria
procedimentos cirúrgicos de alta complexidade e com custos elevados, mas não
trouxe aos autos provas dessas alegações, ônus que lhe cabia. Postula a reforma
da  sentença  para  julgar  improcedentes  os  pedidos  formulados  pela  parte  autora
no que tange aos serviços odontológicos por ela prestados.

Apresentadas contrarrazões.

É o relatório.

VOTO

Juízo de Admissibilidade do Recurso

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Recebo  o  recurso  de  apelação  interposto  pela  União  ­  Fazenda


Nacional,  visto  que  adequado  e  tempestivo.  Registro,  ademais,  ser  isenta  de
preparo a parte apelante.

Das  alíquotas  do  IRPJ  e  CSLL  incidentes  sobre  prestação  de


serviços hospitalares

A tributação favorecida no que toca ao IRPJ e à CSLL incidentes
sobre  receitas  de  prestação  de  serviços  hospitalares  justifica­se  pelo  custo
diferenciado  de  tais  atividades,  dada  sua  complexidade  e  necessidade  de  alto
investimento tecnológico e de pessoal.

A determinação da extensão do conceito "serviços hospitalares" foi
objeto  de  grande  controvérsia  nos  Tribunais  pátrios,  que  ora  tendiam  a
privilegiar  interpretações  mais  restritivas,  ora  mais  flexíveis,  acerca  das
atividades equiparáveis a atividades hospitalares.

A  Secretaria  da  Receita  Federal  editou  diversas  instruções


normativas  procurando  definir  o  conteúdo  da  expressão,  elaboradas  a  partir  de
parâmetros  fixados  em  Resoluções  da  ANVISA  acerca  de  exigências  a  serem
respeitadas pelas instituições hospitalares, concluindo que o critério para auferir
o  benefício  de  redução  de  alíquota  dependeria  da  estrutura  física  da  empresa
prestadora  de  serviços,  que  deveria  ser  equiparável  a  estrutura  de  hospitais,
inclusive com possibilidade de internação de pacientes.

Esta interpretação restritiva da norma foi afastada pela 1ª Seção do
STJ,  a  partir  do  julgamento  do  REsp  n.  951.251/PR  (DJe  03/06/2009),  de
Relatoria  do  Ilustre  Ministro  Castro  Meira,  que  firmou  entendimento  sobre  a
abrangência da expressão "serviços hospitalares", de que trata o art. 15, § 1º, III,
"a", da Lei nº 9.249/95, de modo que abrangessem aquelas atividades voltadas à
promoção  da  saúde  e  que  tivessem  custo  diferenciado  das  simples  consultas
médicas,  independentemente  de  serem  desenvolvidas  dentro  de  instalações
hospitalares ou de possuírem capacidade de internação de pacientes.

Esse  entendimento  foi  reafirmado  em  sede  de  recurso  especial


representativo da controvérsia, nos seguintes termos:

DIREITO  PROCESSUAL  CIVIL  E  TRIBUTÁRIO.  RECURSO  ESPECIAL.


VIOLAÇÃO  AOS  ARTIGOS  535  e  468  DO  CPC.  VÍCIOS  NÃO
CONFIGURADOS.  LEI  9.249/95.  IRPJ  E  CSLL  COM  BASE  DE  CÁLCULO
REDUZIDA.  DEFINIÇÃO  DA  EXPRESSÃO  "SERVIÇOS  HOSPITALARES".
INTERPRETAÇÃO  OBJETIVA.  DESNECESSIDADEDE  ESTRUTURA
DISPONIBILIZADA  PARA  INTERNAÇÃO.  ENTENDIMENTO  RECENTE  DA
PRIMEIRA  SEÇÃO.  RECURSO  SUBMETIDO  AO  REGIME  PREVISTO  NO
ARTIGO 543­C DO CPC.

1.  Controvérsia  envolvendo  a  forma  de  interpretação  da  expressão  "serviços


hospitalares"  prevista  na  Lei  9.429/95,  para  fins  de  obtenção  da  redução  de
alíquota  do  IRPJ  e  da  CSLL.  Discute­se  a  possibilidade  de,  a  despeito  da
generalidade da expressão contida na lei, poder­se restringir o benefício fiscal,
incluindo  no  conceito  de  "serviços  hospitalares"  apenas  aqueles
estabelecimentos  destinados  ao  atendimento  global  ao  paciente,  mediante
internação e assistência médica integral.

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2. Por ocasião do julgamento do RESP 951.251­PR, da relatoria do eminente
Ministro Castro Meira, a 1ª Seção, modificando a orientação anterior, decidiu
que,  para  fins  do  pagamento  dos  tributos  com  as  alíquotas  reduzidas,  a
expressão  "serviços  hospitalares",  constante  do  artigo  15,  §  1º,  inciso  III,  da
Lei  9.249/95,  deve  ser  interpretada  de  forma  objetiva  (ou  seja,  sob  a
perspectiva  da  atividade  realizada  pelo  contribuinte),  porquanto  a  lei,  ao
conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do
contribuinte  em  si  (critério  subjetivo),  mas  a  natureza  do  próprio  serviço
prestado (assistência à saúde). Na mesma oportunidade, ficou consignado que
os  regulamentos  emanados  da  Receita  Federal  referentes  aos  dispositivos
legais  acima  mencionados  não  poderiam  exigir  que  os  contribuintes
cumprissem  requisitos  não  previstos  em  lei  (a  exemplo  da  necessidade  de
manter estrutura que permita a internação de pacientes) para a obtenção do
benefício.  Daí  a  conclusão  de  que  "a  dispensa  da  capacidade  de  internação
hospitalar  tem  supedâneo  diretamente  na  Lei  9.249/95,  pelo  que  se  mostra
irrelevante para tal intento as disposições constantes em atos regulamentares".

3.  Assim,  devem  ser  considerados  serviços  hospitalares  "aqueles  que  se


vinculam  às  atividades  desenvolvidas  pelos  hospitais,  voltados  diretamente  à
promoção da saúde", de sorte que, "em regra, mas não necessariamente, são
prestados  no  interior  do  estabelecimento  hospitalar,  excluindo­se  as  simples
consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito
hospitalar, mas nos consultórios médicos".

4.  Ressalva  de  que  as  modificações  introduzidas  pela  Lei  11.727/08  não  se
aplicam às demandas decididas anteriormente à sua vigência, bem como de que
a  redução  de  alíquota  prevista  na  Lei  9.249/95  não  se  refere  a  toda  a  receita
bruta  da  empresa  contribuinte  genericamente  considerada,  mas  sim  àquela
parcela  da  receita  proveniente  unicamente  da  atividade  específica  sujeita  ao
benefício  fiscal,  desenvolvida  pelo  contribuinte,  nos  exatos  termos  do  §  2º  do
artigo 15 da Lei9.249/95.

5.  Hipótese  em  que  o  Tribunal  de  origem  consignou  que  a  empresa  recorrida
presta serviços médicos laboratoriais (fl. 389), atividade diretamente ligada à
promoção  da  saúde,  que  demanda  maquinário  específico,  podendo  ser
realizada  em  ambientes  hospitalares  ou  similares,  não  se  assemelhando  a
simples  consultas  médicas,  motivo  pelo  qual,  segundo  o  novel  entendimento
desta  Corte,  faz  jus  ao  benefício  em  discussão  (incidência  dos  percentuais  de
8% (oito por cento), no caso do IRPJ, e de 12% (doze por cento), no caso de
CSLL, sobre a receita bruta auferida pela atividade específica de prestação de
serviços médicos laboratoriais).

6. Recurso afetado à Seção, por ser representativo de controvérsia, submetido
ao regime do artigo 543­C do CPC e da Resolução 8/STJ.

7. Recurso especial não provido. (grifos meus)

(REsp 1.116.399/BA, Rel. Min. Benedito Gonçalves, 1ª Seção, DJe 24/02/2010).

A partir desses precedentes, o critério eleito passou a ser objetivo e
concerne tão­somente à natureza do serviço prestado, bastando que seja voltado
à promoção da saúde e que possua custo diferenciado de atividades de simples
consultas médicas.

Da  análise  do  contrato  social  juntado  aos  autos  verifica­se  que  a
sociedade  tem  por  objeto  "serviços  de  atividade  odontológica,  serviços  de
diagnóstico  por  imagem  e  serviços  de  prótese  dentária"  (evento  1,
CONTRSOCIAL3). 

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Cumpre  ressaltar  que  os  serviços  odontológicos  em  geral,  em


especial  aqueles  que  envolvem  a  colocação  de  implantes  e  próteses  dentárias,
como  é  o  caso  dos  autos,  por  óbvio,  demandam  rotinas  e  procedimentos
tipicamente  hospitalares,  além  de  espaço  físico  adequado  para  intervenções
cirúrgicas e corpo técnico especializado.

  Esta  Corte  vem  reconhecendo  que  a  prestação  de


serviços  odontológicos  diferenciados,  tais  como  realização  de  cirurgias  para
colocação  de  próteses  dentárias,  inserem­se  no  conceito  de
serviços hospitalares, verbis:

  IMPOSTO  DE  RENDA  PESSOA  JURÍDICA  (IRPJ).  CONTRIBUIÇÃO


SOCIAL  SOBRE  O  LUCRO  LIQUIDO  (CSLL).  LEI  Nº  9.249,  DE  1995,
ARTIGOS  15  E  20.  SOCIEDADE  SIMPLES  DA  ÁREA  MÉDICA.  CLÍNICA
ODONTOLÓGICA.  ATIVIDADES  DIVERSIFICADAS.  SERVIÇOS
HOSPITALARES.  CONSULTAS  MÉDICAS.  ALÍQUOTAS.  LEI  11.727,  DE
2008. Está sujeita à alíquota de 8% de IRPJ e 12% de CSLL, e não à de 32%, a
sociedade empresária cujos serviços odontológicos (de natureza hospitalar) se
vinculam às atividades desenvolvidas normalmente nos hospitais e comprova o
atendimento  aos  requisitos  da  Lei  nº  11.727,  de  2008.  (TRF4,  AC  5024802­
34.2015.4.04.7200,  SEGUNDA  TURMA,  Relator  RÔMULO  PIZZOLATTI,
juntado aos autos em 17/05/2017)

TRIBUTÁRIO.  IRPJ.  CSLL.  LUCRO  PRESUMIDO.  PRESTAÇÃO  DE


SERVIÇOS  HOSPITALARES.  CLÍNICA  ODONTOLÓGICA.  SERVIÇOS  COM
CUSTOS DIFERENCIADOS. 1. A lei escolheu como único critério distintivo a
natureza da atividade prestada, excetuando a incidência da base de cálculo de
32%  sobre  as  atividades  consideradas  como  de  prestação  de
serviços  hospitalares.  Assim,  o  enquadramento  na  condição  de  instituição
prestadora  de  serviços  hospitalares    ustenta­se  unicamente  na  natureza  dos
serviços prestados, circunstância de cunho objetivo. 2. A jurisprudência do STJ
consolidou­se  no  sentido  de  que  a  redução  da  base  de  cálculo  do  IRPJ  e  da
CSLL não inclui as consultas médicas e as atividades de cunho administrativo,
visto  que  somente  os  serviços  especializados  de  saúde,  com  custos
diferenciados, inserem­se no conceito de serviços hospitalares. 3. A impetrante
comprova  que  presta  serviços  que  possuem  custos  diferenciados  do  simples
atendimento  odontológico,  tais  como  cirurgias  buco­maxilo­
faciais, ortodontia, colocação de próteses dentárias e endodontia, fazendo jus
à alíquota de 8% e 12%. 4. Uma vez que a impetrante está organizada sob a
forma  de  sociedade  empresária,  tem  direito  o  direito  à  redução  da  base  de
cálculo  após  a  edição  da  Lei  nº  11.727/2008.  (TRF4,  APELAÇÃO  CÍVEL  Nº
5007432­69.2011.404.7107,  1ª  TURMA,  Des.  Federal  JOEL  ILAN
PACIORNIK,  POR  MAIORIA,  VENCIDA  A  RELATORA,  JUNTADO  AOS
AUTOS EM 16/06/2014) (grifei)

 TRIBUTÁRIO. IRPJ. CSLL. LEI N.º 9.249/95. SERVIÇOS HOSPITALARES.
ABRANGÊNCIA.  PRESTAÇÃO  DE  SERVIÇOS  DE  ASSISTÊNCIA
ODONTOLÓGICA.  PRESCRIÇÃO.  LEI  Nº  11.727/08.  SOCIEDADE
EMPRESÁRIA.  REQUISITO  PREENCHIDO.  SELIC.  SUCUMBÊNCIA.  1.
Segundo entendimento atual do egrégio STJ, serviços hospitalares são aqueles
que  se  vinculam  às  atividades  desenvolvidas  pelos  hospitais,  voltados
diretamente  à  promoção  da  saúde.  Em  regra,  mas  não  necessariamente,  são
prestados  no  interior  do  estabelecimento  hospitalar,  excluindo­se  as  simples
consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito
hospitalar,  mas  nos  consultórios  médicos.  2.  O  contrato  social  da  empresa
indica  a  prestação  de  serviços  de  assistência  odontológica,  compreendendo
cirurgia  e  Traumatologia  Bucomaxilofacial,  Endodontia,  Odontopediatria,
Periodontia,  Prótese  Dentária,  Implantodontia,  Estomatologia,  Dentística,
Ortodontia,  Radiologia  Odontológica  e  Imagiologia,  Disfunção  Têmporo­
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mandibular  e  Dor  Orofacial,  Odontogeriatria  e  Ortopedia  Funcional  dos
Maxilares,  prestação  de  serviços  de  apoio  ao  diagnóstico  por  imagem  e
prestação  de  serviços  ambulatoriais.  3.  Assim,  nos  termos  da  decisão
proferida no REsp n.º 951.251/PR, faz jus a demandante ao recolhimento do
IRPJ e da CSLL às alíquotas de 8% e 12%, respectivamente, nos termos da
Lei n.º 9.249/95 (arts. 15, § 1º, inciso III, alínea a, e 20, caput). 4. Em face da
superveniente alteração na redação do inciso II, alínea a, do artigo 15 da Lei
9.249/95, por força da Lei nº 11.727/08, passou­se a exigir, para a aplicação do
percentual  reduzido,  que  a  "prestadora  destes  serviços  seja  organizada  sob  a
forma  de  sociedade  empresária  e  atenda  às  normas  da  Agência  Nacional  de
Vigilância  Sanitária  ­  Anvisa".  6.  Hipótese  em  que  a  autora  comprovou  se
inserir na categoria das sociedades empresárias. 7. A atualização monetária do
indébito incide desde a data do pagamento indevido do tributo, nos termos da
Súmula n.º 162 do STJ, até a sua efetiva restituição ou compensação, mediante
a aplicação da taxa SELIC, a qual engloba juros e correção monetária. 8. Ônus
sucumbências  mantidos,  conforme  fixados  na  sentença,  uma  vez  em
consonância  com  o  entendimento  da  Turma.  (TRF4,  AC  5009194­
74.2012.4.04.7208,  SEGUNDA  TURMA,  Relator  OTÁVIO  ROBERTO
PAMPLONA, juntado aos autos em 19/03/2014)

Assim,  resta  comprovado  que  a  autora  faz  jus  à  aplicação  das


alíquotas reduzidas para apuração do IRPJ e da CSLL, excluídas as receitas das
simples  consultas  médicas  ou  de  atividades  administrativas  até  31­12­2008,  a
partir de quando passou a viger a nova legislação, restando, ainda, examinar se
está apta também no que toca ao período posterior.

Das modificações trazidas pela Lei nº 11.727/2008

Confira­se a atual redação dos dispositivos aplicáveis à matéria:

Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante
a  aplicação  do  percentual  de  oito  por  cento  sobre  a  receita  bruta  auferida
mensalmente, observado o disposto nos arts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de
janeiro de 1995

[...]

b)  para  as  pessoas  jurídicas  a  que  se  refere  o  inciso  III  do  art.  36  da  Lei  nº
8.981, de 20 de janeiro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29
da referida Lei;

III ­ trinta e dois por cento, para as atividades de

a)  prestação  de  serviços  em  geral,  exceto  a  de  serviços  hospitalares  e  de
auxílio  diagnóstico  e  terapia,  patologia  clínica,  imagenologia,  anatomia
patológica  e  citopatologia,  medicina  nuclear  e  análises  e  patologias  clínicas,
desde  que  a  prestadora  destes  serviços  seja  organizada  sob  a  forma  de
sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária ­ Anvisa; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) .

[...]

Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida
pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os
arts. 27 e 29 a 34 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas
jurídicas  desobrigadas  de  escrituração  contábil,  corresponderá  a  doze  por
cento  da  receita  bruta,  na  forma  definida  na  legislação  vigente,  auferida  em
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cada mês do ano­calendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as
atividades  a  que  se  refere  o  inciso  III  do  §  1o  do  art.  15,  cujo  percentual
corresponderá a trinta e dois por cento.

Assim,  as  modificações  legislativas  trazidas  à  matéria  pelo  artigo


29 da Lei nº 11.727/2008, se por um lado promoveram a extensão do benefício
também  a  outras  atividades  equiparadas  a  "serviços  hospitalares",  por  outro
impuseram  mais  dois  requisitos  além  da  prestação  de  serviços  voltados  à
promoção da saúde: i) estar constituída como sociedade empresária; ii) atender
às normas da ANVISA.

O  artigo  29  da  Lei  11.717/2008  passou  a  vigorar  a  partir  de


01/01/2009, nos termos do artigo 41, VI, do mesmo diploma.

O Código Civil de 2002 trouxe distinção essencial entre sociedade
simples  e  sociedade  empresária.  A  sociedade  simples  foi  introduzida  em
substituição  às  sociedades  civis,  constituindo  pessoa  jurídica  que  realiza
atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o
concurso  de  auxiliares  ou  colaboradores,  salvo  se  o  exercício  da  profissão
constituir  elemento  de  empresa  (artigo  966,  §  único),  contrapondo­se  às
atividades  empresárias,  as  quais  se  enquadram  no  conceito  de  empresa  ­
conjunto organizado de meios com vista a exercer uma atividade quer produz e
oferece  bens/serviços,  visando  atender  alguma  necessidade  humana.  As
sociedades  empresárias  devem  ter  seu  ato  constitutivo  inscrito  no  Registro
Público  das  empresas  Mercantis  (Junta  Comercial)  do  Estado  em  que  se
encontram estabelecidas.

Restou comprovado nos autos que a parte autora está constituída na
forma de "Sociedade Empresária" desde 11/06/2010, quando do registro na Junta
Comercial do Estado de Santa Catarina (evento 1, CONTRSOCIAL3).

No  que  diz  respeito  ao  segundo  requisito,  a  saber,  a  atenção  às


normas expedidas pela ANVISA, tenho que deve ser flexibilizado. É que a regra
constante da nova redação do artigo 15 da Lei nº 9.249/95 foi redigida de forma
geral,  deixando  de  especificar  a  quais  normas  está  se  referindo.  Assim,  deve  o
julgador interpretar essa exigência levando em conta a finalidade da norma que
consiste em garantir tributação privilegiada aos estabelecimentos que, em razão
da natureza dos serviços prestados voltados à promoção da saúde, incorrem em
maiores custos na sua atividade.

Nesse  contexto,  não  é  legítimo  exigir  que  a  empresa  comprove


atender às normas da ANVISA. Uma vez que está em exercício regular de sua
atividade e detém o alvará de funcionamento, há presunção relativa de que está
adequada às regras da vigilância sanitária. Caberia, desta forma, ao Fisco trazer
elementos que indiquem o descumprimento de tais regras.

No mesmo sentido, tem decidido a 2ª Turma desta Corte Regional:
APELREEX  5003004­65.2011.404.7003,  2ª  T.,  Relatora  p/  Acórdão  Luciane
Amaral  Corrêa  Münch,  D.E.  29/06/2012;  APELREEX  5004670­
86.2011.404.7105,  2ª  T.,  Relator  p/  Acórdão  Rômulo  Pizzolatti,  D.E.
07/11/2012.
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Mantenho, pois, a sentença recorrida.

Honorários Recursais

Nos  termos  do  art.  85,  §11,  do  CPC/2015,  "o  tribunal,  ao  julgar
recurso,  majorará  os  honorários  fixados  anteriormente  levando  em  conta  o
trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o
disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação
de  honorários  devidos  ao  advogado  do  vencedor,  ultrapassar  os  respectivos
limites estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento".

Trata­se  de  inovação  do  Código  de  Processo  Civil  que  tem  por
objetivo, não só remunerar o advogado pelo trabalho adicional realizado em grau
recursal,  como  também  desestimular  a  interposição  de  recursos  pela  parte
vencida, já que verá aumentada a verba sucumbencial.

Cabe esclarecer, porém, que não será toda a atuação do advogado
em grau recursal que ensejará a aplicação do referido dispositivo. Isso porque, ao
mencionar  "honorários  fixados  anteriormente",  a  regra  em  questão  pressupõe
que a parte vencedora em grau recursal já tenha honorários advocatícios fixados
em favor de seu advogado na sentença.

Assim,  por  exemplo,  a  parte  que  teve  seu  pedido  julgado


improcedente em primeira instância, ao ter provida a sua apelação, não fará jus à
majoração prevista no §11, mas apenas à fixação da verba honorária decorrente
da procedência do pedido. O mesmo se diga em relação a sentenças de parcial
procedência,  quando  reformadas  no  Tribunal  quanto  ao  pedido  julgado
inicialmente  improcedente,  pois,  quanto  a  ele,  haverá  tão­somente  a  primeira
fixação  de  honorários.  Da  mesma  forma,  ao  reformar  integralmente  uma
sentença, o Tribunal apenas inverterá a sucumbência, sem fixação de honorários
recursais.

Registre­se,  ainda,  que  se  deve  levar  em  consideração  o  êxito


recursal quanto ao mérito, de modo que eventual provimento parcial do recurso
apenas  quanto  a  aspectos  acessórios  não  impedirá  a  aplicação  do  §11.
Ressalvada,  evidentemente,  a  hipótese  de  que  o  recurso  verse  exclusivamente
acerca de questões acessórias e seja provido, caso em que não haverá a fixação
de  honorários  recursais,  dado  que  o  recorrente  teve  acolhida  integralmente  sua
pretensão recursal.

No caso, quanto aos honorários advocatícios, a sentença condenou
a parte ré ao pagamento de honorários advocatícios que serão definidos quando
da liquidação da sentença, nos termos do inciso II do §4º do art. 85 do CPC, o
que restou mantido, na forma da fundamentação.

Vencida, portanto, a parte ré na fase recursal, devem ser majorados
os  honorários  advocatícios,  nos  termos  do  art.  85,  §11,  do  CPC/2015.  Tendo  a
fixação dos honorários advocatícios sido postergada para a fase de execução, nos
termos  do  art.  85,  §  4º,  II,  do  CPC,  caberá  ao  juízo  de  origem  observar  a
necessidade de majoração recursal.

Conclusão

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Desprovido o apelo.

Dispositivo

Ante o exposto, voto por negar provimento à apelação.

Documento  eletrônico  assinado  por  ROGER  RAUPP  RIOS,  Desembargador  Federal  Relator,  na
forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº
17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço
eletrônico  http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,  mediante  o  preenchimento  do  código
verificador 40000616871v9 e do código CRC e0c48454.
   
Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): ROGER RAUPP RIOS 
Data e Hora: 10/10/2018, às 19:33:26  
   

 
5012220­07.2017.4.04.7208 40000616871 .V9

Conferência de autenticidade emitida em 08/11/2018 21:52:32.

Poder Judiciário
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO
APELAÇÃO CÍVEL Nº 5012220­07.2017.4.04.7208/SC
RELATOR: DESEMBARGADOR FEDERAL ROGER RAUPP RIOS
APELANTE: UNIÃO ­ FAZENDA NACIONAL (RÉU)
APELADO: ORTOFACE CLINICA ODONTOLOGICA LTDA ­ ME (AUTOR)

EMENTA

TRIBUTÁRIO.  SERVIÇOS  HOSPITALARES.  IRPJ  E  CSLL.


ALÍQUOTAS  REDUZIDAS.  NATUREZA  DO  SERVIÇO
PRESTADO.  CRITÉRIO  OBJETIVO.  CONTRATO  SOCIAL.
CLÍNICA  ODONTOLÓGICA.  IMPLANTES  E  PRÓTESES
DENTÁRIAS.  LEI  Nº  11.727/2008.  SOCIEDADE
EMPRESÁRIA. NORMAS DA ANVISA. 

1.  O  Superior  Tribunal  de  Justiça  pacificou  a  matéria  atinente  à


aplicação  de  alíquotas  reduzidas  do  IRPJ  (8%)  e  da  CSLL  (12%)  às  receitas
provenientes  de  serviços  hospitalares.  O  critério  eleito  é  de  cunho  objetivo  e
concerne à natureza do serviço, que deve ser relacionado à promoção da saúde e
ter  custo  diferenciado,  excluídas,  assim,  as  receitas  decorrentes  de  simples
consultas  médicas  e  demais  atividades  administrativas.  Assim,  nos  termos  do
precedente  representativo  da  controvérsia,  a  concessão  do  benefício  independe
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da  estrutura  física  do  local  de  prestação  do  serviço  e  se  este  possuiu,  ou  não,
capacidade  para  internação  de  pacientes  (REsp  1.116.399/BA,  Rel.  Min.
Benedito Gonçalves, 1ª Seção, DJe24/02/2010).

2.  Os  serviços  odontológicos  em  geral,  em  especial  aqueles  que
envolvem  a  colocação  de  implantes  e  próteses  dentárias,  como  é  o  caso  dos
autos,  por  óbvio,  demandam  rotinas  e  procedimentos  tipicamente  hospitalares,
além  de  espaço  físico  adequado  para  intervenções  cirúrgicas  e  corpo  técnico
especializado.

3.  A  Lei  nº  11.727/2008  impôs  alterações  ao  artigo  15,  §  1º,  III,
"a", da Lei nº 9.249/1995, que passaram a viger a partir de 01­01­2009. Além do
enquadramento da atividade como de natureza hospitalar, outros dois requisitos
passaram a ser exigidos, a saber: i) estar constituída como sociedade empresária;
ii) atender às normas da ANVISA.

4.  As  sociedades  empresárias  devem  ser  registradas  no  Registro


Público  das  empresas  Mercantis  (Junta  Comercial)  do  Estado  em  que  se
encontram estabelecidas.

5.  Não  é  legítimo  exigir  que  a  empresa  comprove  atender  às


normas da ANVISA. Uma vez que está em exercício regular de sua atividade e
detém o Alvará de funcionamento, há presunção relativa de que está adequada às
regras  da  vigilância  sanitária.  Caberia,  desta  forma,  ao  Fisco  trazer  elementos
que  indiquem  o  descumprimento  de  tais  regras.  Precedentes  desta  Corte
Regional.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas,
a Egrégia 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade,
decidiu negar provimento à apelação, nos termos do relatório, votos e notas de
julgamento que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

Porto Alegre, 10 de outubro de 2018.

Documento  eletrônico  assinado  por  ROGER  RAUPP  RIOS,  Desembargador  Federal  Relator,  na
forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4ª Região nº
17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço
eletrônico  http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php,  mediante  o  preenchimento  do  código
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Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): ROGER RAUPP RIOS 
Data e Hora: 10/10/2018, às 19:33:26  
   

 
5012220­07.2017.4.04.7208 40000616872 .V3

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Número do documento: 22110714591540700001373745930
08/11/2018 Documento:40000616871

Conferência de autenticidade emitida em 08/11/2018 21:52:32.

https://jurisprudencia.trf4.jus.br/pesquisa/inteiro_teor.php?orgao=1&numero_gproc=40000616872&versao_gproc=3&crc_gproc=7275d3e9&termosPesquisad… 10/10

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http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540700001373745930
Número do documento: 22110714591540700001373745930
13/10/2022 14:40 https://consulta.tesouro.fazenda.gov.br/gru_novosite/gerarHTML.asp?tb=I
  Gerado a partir de https://portal.trf1.jus.br/

SR. CONTRIBUINTE: ESTA GUIA NÃO PODERÁ SER LIQUIDADA COM CHEQUE
 Código de
Recolhimento 18740-2  
MINISTÉRIO DA ECONOMIA
 Número do
Processo 0  
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL
Guia de Recolhimento da União  Competência 10/2022  
GRU JUDICIAL
 Vencimento 31/10/2022  

 Nome
do Contribuinte / Recolhedor :  CNPJ ou CPF do  Contribuinte 38.251.116/0001-76  
    ORAL UNIC ODONTOLOGIA SÃO PAULO LTDA
 Nome
da Unidade Favorecida:
 UG / Gestão 090023 / 00001  
    JUSTICA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU - DF
 Nome do Requerente / Autor: ORAL UNIC ODONTOLOGIA SÃO PAULO  (=) Valor do
Principal 400,00  
LTDA
CNPJ/CPF do Requerente / Autor: 38.251.116/0001-76  (-) Desconto/Abatimento   
Seção Judiciária: Vara: Classe:  (-) Outras
deduções   

Base de Cálculo:   (+) Mora / Multa   

Instruções: As informações inseridas nessa guia são de exclusiva responsabilidade


do contribuinte, que deverá, em caso de dúvidas, consultar a Unidade Favorecida  (+) Juros /
Encargos   
 dos recursos.

SR. CAIXA: NÃO RECEBER EM CHEQUE  (+) Outros


Acréscimos   
Pagamento Exclusivo na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil
S/A
 (=) Valor
Total 400,00  
[STNE0855EEBF50C8ED305F762A4E2651276]

      85810000004-8 00000280187-6 40001432382-1 51116000176-2  

 
 

SR. CONTRIBUINTE: ESTA GUIA NÃO PODERÁ SER LIQUIDADA COM CHEQUE
 Código de
Recolhimento 18740-2  
MINISTÉRIO DA ECONOMIA
 Número do
Processo 0  
SECRETARIA DO TESOURO NACIONAL
Guia de Recolhimento da União  Competência 10/2022  
GRU JUDICIAL
 Vencimento 31/10/2022  

 Nome
do Contribuinte / Recolhedor:  CNPJ ou CPF do
 Contribuinte 38.251.116/0001-76  
    ORAL UNIC ODONTOLOGIA SÃO PAULO LTDA
 Nome
da Unidade Favorecida:
 UG / Gestão 090023 / 00001  
    JUSTICA FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU - DF
 Nome do Requerente / Autor:
ORAL UNIC ODONTOLOGIA SÃO PAULO  (=) Valor do
Principal 400,00  
LTDA
CNPJ/CPF do Requerente / Autor: 38.251.116/0001-76  (-) Desconto/Abatimento   
Seção Judiciária: Vara: Classe:  (-) Outras
deduções   

Base de Cálculo:   (+) Mora / Multa   

Instruções: As informações inseridas nessa guia são de exclusiva responsabilidade


do contribuinte, que deverá, em caso de dúvidas, consultar a Unidade Favorecida  (+) Juros /
Encargos   
 dos recursos.

SR. CAIXA: NÃO RECEBER EM CHEQUE  (+) Outros


Acréscimos   
Pagamento Exclusivo na Caixa Econômica Federal ou no Banco do Brasil
S/A

[STNE0855EEBF50C8ED305F762A4E2651276]  (=) Valor


Total 400,00  

      85810000004-8 00000280187-6 40001432382-1 51116000176-2  

 
 

https://consulta.tesouro.fazenda.gov.br/gru_novosite/gerarHTML.asp?tb=I 1/1

Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:22 Num. 1385462750 - Pág. 1
http://pje1g.trf1.jus.br:80/consultapublica/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=22110714591540700001373745932
Número do documento: 22110714591540700001373745932
Assinado eletronicamente por: EDUARDO ELIAS DE OLIVEIRA - 07/11/2022 15:04:22 Num. 1385462750 - Pág. 2
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Número do documento: 22110714591540700001373745932

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