5r2 FIJSTÓRrA LCONoMICA Do ¡tUNDo
outras cidades de ambos os lados Coventry, em Inglaterra, e Roterdão,
-
nos Países Baixos, por exemplo sofreram destínos semelhantes.
-
Leninegrado foi praticamente destruída por bombardeamentos de arti-
lharia, mas nunce capitulou. As instalaçóes de transporres, especialmente
os caminhos de fetro, os portos e as docas, revelaram-se alvos tentadores,
Todas as pontes sobre o rio Loire, que sePara o Norte do Sul de França,
foram destruídas, tal como todas as do Reno, menos uma a famoso
- 1945-1989
cabeça de ponte de Remagen, que Permitiu que os soldados aliados pene-
trassem no coração da Alemanha.
Todos os combatentes recorrerem à guerra económica, uma expressão
nova para uma política antiga' Tal como na Primeira Guerra Mundial e
até nas Guerras Napoleónicas, a Grã-Bretanha (mais tarde apoiada pelos
Estados unidos) impôs um bloqueio, conrra o qual a Alemanha reraliou
com uma gtreffa submarina sem restriçóes. Além dos seus 6ens ersøtz,
como a gasolina produzida de carvão, a Alemanha dominava
^ Paftir
recursos dos países ocupedos. Em 1'943, extraiu mais de 36 pot cento do
rendimento nacional francês, e, em 1944, perto de 30 por cento da sua mão
de obra industrial e agrícola era constituída por não alemães, praticamente
operários-escravos.
No Êm da Guerra, o Panorama económico na Europa ere extrememen-
te desanimador. A produção industrial e agrícoLa em 1945 foi metade ou
menos do que a que conhecera em 1938. Além dos danos mareriâís e das
perdas humanas, milhóes de pessoas haviam sido desenraizadas e afasta-
das das suas casas e famílias, e milhóes enfrentavam a PersPetiva da fome.
Para piorar, o quadro institucional da economia fora gravemente lesado.
A reconstrução náo seúa tarefa facil,
L5
tEC0NSTRUrND0 A ECoNoMTA MUNDTAL,
A Segunda Guerra Mundial arrastou consigo unra reorganização funda-
mental das relaçóes internacionais, com importantes consequências eco-
nómicas. A Europa perdeu a sua hegemonia em política e economia. Em
os vez disso, uma rivalidade entre as duas novas superpotências, os Estados
Unidos e a União Soviética, substituiu as antigas quezílias das grandes
potências europeias tradicionais. Como consequência dessa rivalidade,
a Europa foi dividida de forma mais clara e decisiva do que nunca entre
Oriente e o Ocidenter um bloco oriental sob domínio soviético e um grupo
ocidental de naçóes principalmente democráticas, a maioria das quais esta-
va vinculada política e economicamente aos Estados Unidos.
Na sequência imediata da guerra, as antigas naçóes imperiais tentaram
mânter ou reimpor a autoridade em antigas possessões ultramarinas, mas
as novas realidades políticas e económicas rapidamente as desencantaram.
As naçóes árabes do Médio Oriente e do Norte de Africa recusaram
rapidamente os controlos que os franceses e os britânicos exerceram sobre
eles no período de entre eître-g:uerras, exceto a Argélia, que se envolveu
numa longa e sengrente luta contra os franceses, eté estes, relutantemente,
lhe concederem a independência, em L962. As várias colónias do Sudeste
Asiático, ocupadas pelo Japão durante a gtreffa, também ganharam rapida-
mente a sua independência, embora a França tenha procurado novamente,
sem sucesso, manter o controlo no Vietname. A Grá-Bretanha, em vez de
assumir umâ guerra contra o Subcontinente Indiano, concordou em 1947
com a criação de duas novas naçóes , aUniâo Indiana, predominantemente
hindu, eo Estado do Paquistão, islâmico. (O Paquistão Oriental, separado
da parte ocidental dominante do país pela Índia, declarou posteriormente
a independência como Bangladesh.) A República também concedeu a
independência ao Ceilão, posteriormente rcbaúzado Sri Lanka.
513
5t4 rusrÓRrA [c0NÓ¡/rcA D0 lttjND0
O Japáo, devastado pelo bombardeamento norte-americano, incluindo
as únicas duas bombas atómicas que foram detonadas durante as hostilida-
des, passou por quase cinco anos de ocupação por parte das forças militares
norte-americanas, durante os quais remodelou de forma rudical pratica-
menre todas as principais instituiçóes (com a norável exceçâo da dinastia
imperial) sob a supervisão das autoridades norte-americanas, emergindo
como nação verdadeiramente democrâtica, A eclosão da Guerra da coreia,
coincidente com a festau ração dasoberaniajaponesa, ProPorcionou um for-
te estímulo económico ao Japão, que este usou Para da melhor forma. Em
algumas décadas, oJapão tofnara-se a segunda maior economia do mundo.
A China, que resistira com mais ou menos sucesso às iricursóes oci-
dentais durante mais de dois séculos, Passou por duas mudanças revo-
-
luçóes radicais no século xx, bem como por décadas de guerra civil e
-
internacional. Em 1911, um grupo de reformadores jovens de influência
ocidental destituiu avenerâveldinastia Qing tentou críat uma república
"
democrática moderna. No entanto, nunca chegafam a assumir verdadei-
ramente o controlo do país, e, na dêcada de trinta, as invasões japonesas,
primeiro da Manchúria e depois da própria China, impediram qualquer
desenvolvimento económico sustentado. Imediatamente após o Êm da
segunda Guerra Mundial, o Partido comunista chinês começou a atacaÍ
o governo, que acabou Por ser afastado em 1949' Durante alguns anos,
os comunisras chineses aliaram-se com e Uniáo Soviética e tentaram
modelar a sua economia pelas linhas soviéticas. Depois de romperem com
a União Soviética em 1960, rentaram várias outras experiências e expe-
dientes sem grende sucesso. Na década de setenta, acabaram Por retomar
relaçóes diplomáticas e económicas com os Estados Unidos e outras naçóes
ocidentais, preparando o cenário para uma nova era de desenvolvimento
económico que dependia de uma combinação curiosa de empresas públi-
cas e privadas, o presidente Deng Xiaoping assumiu o poder no Ênal de
1978 e lançou imediatamente um programa económico de crescimento
direcionado pera o mercado, liderado por exportaçóes. O notável sucesso
da esÚatégia económica de Deng, que chegou a ultrapassar os exemPlos
anteriores dos chamados <tigres asiáticos>, constituiu um exemPlo que a
uRss renrou seguir na década de oitenta. os morivos das experiências
conrrasranres da China e da União Soviética desde 1989 sáo abordados
no Capítulo 16.
A descolonização e a criaçio de novas nações, juntamente com as
tentativas de outras naçóes do Terceiro Mundo (por exemplo, as da
Reconstruindo a economiø mundial, 1945-1989 5t5
Améúca Latina) de modernizar e alcançar um desenvolvimento económi-
co sustentado, introduziram um novo elemento nas relaçóes económicas
internacionâis. Acrescentou-se uma dimensão Norte-Sul (desenvolvido
uersus stbdesenvolvido o último eufemisticamente referido como (<em
-
desenvolvimentor) ao confronto Oriente-Ocidente. Em parre para facilttar
o diálogo construtivo e evitar hostilidades deÊnitivas, foram criadas várias
novas organizaçóes internacionais. O primeiro resre à sua utilidade foi
lidar com os problemas da Eurásia no pós-guerra.
Reconstruindo a Europa Ocidental
No tm da guerra, a Europa encontrava-se prostrada, quase paralisada.
Todos os países beligerantes, exceto a Grá-Breranha e a União Soviética,
sofreram uma derrota militar e a ocupação por parre do inimigo. Grandes
âreas da União Soviética foram efetivamente ocupadas pelos alemáes e
defendidas palmo a palmo, duas ou até mais vezes. EmboraaGrã-Brctanha
náo tenha sido ocupada (exceto pelos norte-americanos), sofreu graves
danos devido ao bombardeamento aéreo das suas cidades densamence
povoadas e à grave escassez de alimentos e de outros bens de necessidade.
Apenas os por¡cos países neutrais europeus escaparam a prejuízos diretos,
mas até estes sofreram muiras caresrias induzidas pela guerra.
Antes da gtrerra, a Europa importara mais do que exportara, produros
alimentares e matérias-primas em perticulæ e pag râ, a diferença com os
ganhos dos seus investimentos estrangeiros e com os serviços de transporte
marítimo e Ênanceiros, Depois da guerra, com as marinhas mercantes des-
truídas, os investimentos estrangeiros liquidados, os mercados Ênanceiros
em desordem e os mercados estrangeiros para os fabricantes europeus
controlados por empresas norre-americanas, canadianas e recém-criadas em
países anteriormente subdesenvolvidos, as perspetivâs eram sombrias pera a
Europa no que respeitava à satisfação das necessidades básicas da sua popu-
lação. Milhões enfrentavam a iminência da morre por fome, doença e falra
de vestuário e alojamento adequados. Vencedores e vencidos equiparavam-
-se na sua miséria. A prioridade en a ajuda de emergência ea reconstrução.
O auxílio chegou através de dois canais principais, principâlmenre com
origem na América. À medida que os exérciros aliados âvançavam por toda
a Europa Ocidental no inverno e na primavera de 1944-1945, distribuíam
rações de emergência e produtos médicos pela população civil atíngida,
 Reconstruindo a economia mundiø\, 1945-1989 517
516 rusT0RrA LCONÓMICA D0 t\tuND0

inimiga e liberrada. Como os Aliados se comPrometeram com uma política restaurar a lei, a ordem administração pública normais. Na Alemanha e
ea

tiveram de seus satélites, os governos militares aliados assumiram essa função enquan-
d.e rendição incondicional, após a cessaçáo das hostilidades,
assumir o ónus de policiar a derrotada a Alemanha, que incluía continuaf
to aguardavam os acordos de paz, A maioria dos países que foram vítimas
da agressão nazi formara governos no exílio, em Londres, durante a gtrerte,
com o fornecimento de raçóes de emergência à populaçáo civil indefesa'
das Nações unidas para Esses governos regressaram às respetivas pátrias depois dos exércitos alia-
o ourro canal de ajuda foi a Administração
dos e seguidamente retomaram as suas funções normais.
Auxílio e Reconsrrução (ANUAR).Em L945-L946, gastou mais de mil
milhóes de dólares e distribuiu mais de 20 milhöes de toneladas de alimen-
No entanto, o seu retorno não implicou um simples <regresso à nor-
tos, roupas, cobeftores e medicamentos. Os Estados Unidos detêm mais
malidader, a quimera dos anos vinte. As memórias do sofrimento econó-
Nações mico da década de trinta persistiram em simultâneo com as provaçóes de
de dois t"rço, do custo dessa administraçáo, e outros membros das
unidas o fesranre. No total, entre 1 de julho de L945 e 30 de junho de gúeffa, e ninguém queria uma repetição de qualquer dessas experiências.

Ig47, por meio de subsídios à ANUAR e outfos auxílios de emergência No continente, a dfteção da oposiçáo à Alemanha nazi desempenhou um
diretoi os Estados Unidos disponibilizaram cerca. de quatro mil milhões papel importânte na política do pós-guerre, e as associações ocorridas
para a Europa e quase três mil milhões parâ o festo do mundo. Ap6s
L947, por ocasião desses movimentos, nos quais os socialistas e os comunistas
Mundial ocuparam um lugar proeminente, conribuíram bastante para ultrapassar
Org níz ção Internacional dos Refugiados, a Organização de
^ os antagonismos de classe anteriores à guerra eparettazü novos homens e
saúde e ourras agências especíalízadas das Naçóes unidas continuaram o
mulheres posições de poder. Na Grã-Bret anha, a p^rticipaçíLo do Partido
trabalho da ANUAR, bem como as agências nacionais voluntárias e oÊciais.
a

Trabalhista no governo da coligaçäo de guerca de Churchill conferiu aos

Em contraste com a Europa, os Estados Unidos saíram da guerra mais
seus líderes grande prestígio e influência e permitiu que obtivessem a
fortes do que nunca. Em menor grau' acoîteceu o mesmo com o Canadá'
Latina. sua primeira vitória eleitoral limpa logo após o Êm da guefta na Europa.
as ourfas nações da commonwealth e vários países da América
poupados aos danos diretos da guerra, as suas indústrias e agricultura Finalmente, o alcance da arefa de reconstrução apontou para um papel
muito mais destacado pata o Estado na vida económica e social do que
beneÊciaram de uma elevada procura em temPo de guerra' o que permitiu
havia sido característico durante o período anterior à guerra. Além disso,
autilizaçio total da sua capacidade, modernização tecnológica e expansáo.
os conhecimentos burocráticos adquiridos durante a guerrapodiam agora
Muitos economistas americanos e funcionários do governo recearam umâ
ser aplicados à reconstruçáo.
grave depressão após a gu¡effa, mas, depois da supressão do racionamento
artiÊ- Em todos os países, a consequência dessas várias tendências foi uma
ã do, .orrrrolos de preços, que haviam mantido os mesmos a níveis
exigência pública generalizada de reformas políticas, sociais e económicas.
cialmente baixos durante a gverre, a Procura reprimida dos consumidores
de bens escassos durante a gtrerra criou uma ínflação no pós'guerra
que A resposta a essas solicitações na esfera económica assumiu a forma de
ainflaçâo trouxe nacionalizaçio de sectores-chave da economia, como rrânsportes, produ-
duplicou os preços em 1948. Apesar das diÊculdades que
a fun- de energia e vertentes do sistema bancârio; o alargamento da segurança
às pessoas que viviam com rendimento Êxo, manteve a indúsrria ção
social e dos serviços sociais, incluindo pensóes de reforma, abonos de famí-
cionaf e capacitou os Estados unidos no sentido de oferecerem a ajuda
lia, assistência médica gratLlita ou subsidiada e melhores oportunidades
económica necessária para a reconstrução da Europa e de outras regióes
educativas, bem como a assunção, pelos governos, de maiores responsabi-
devastadas pela guerra e atingidas pelapobreza'
lidades na manutenção de níveis sadsfatórios de desempenho económico.
Mesmo os Estados Unidos aprovariam a Lei do Emprego de 7946, que
Planeando a econom¡a Pós-guerra criou o Gabinete de Conselheiros Económicos do Presidente e promereu
ao governo federalmanter um elevado nível de emprego.
Ao nível internacional, o planeamento para o período do pós-guerra
Uma das tarefas mais urgentes que os povos da Europa teriam de enftentar
foi a de havia começado durante a prípria guerra. De facto, ainda em agosto
depois das suas necessidades de sobrevivência terem sido satisfeitas
 r-t]sToRlA LCONÓMICA D0 NtUNDo
Reconstruindo ø economia mundial, 1945-1989 519
518

no Atlântico cresceram de vinte e três em 1947 parc mais de oitenta duas décadas mais
de L94l,na reuniáo dramâricaa bordo de um navio de guetra
na Terca Nova)' tarde. Em 7994, aOrganização Mundial do Comércio (OMC) acabou por
Norte (mais especiÊcamente na 6aía de Placentia '
a Carta do Atlântico' substituir o GATT.
Franklin Roosevelt e'Winston Churchill assinaram
a outros membros
que Prometia aos resPetivos países (e posteriormente
i" ñ"ç0", unidas) reelizarcm a restauração de um sisrema multilateral
de trinta' Claro 0 Plano Marshall e os <<m¡lagres>> económ¡cos
de comércio mundial ernvezdo bilateralismo da década
e não comprometeu as
que esta foi apenas uma declaração de intençóes
Em meados ou no Ênal é,e1947, maioria das naçóes da Europa Ocidental,
qo"1q.r", ação concreta, mas pelo menos foi uma declaração
de a
i"rr., "- exceto a Alemanha, tecvperara os seus níveis pré-guerra de produção
boøs intençíes,
realizada em industrial. (A Alemanha será abordada adiante,) Mas, como é evidente, os
Posteriormen te, em L944,numa conferência internacional
norte-america- níveis de produçáo de antes da guerra estavam longe de ser satisfatórios.
Bretton Woods, em Nova Hampshire, em que os delegados
as bases foram estabe- Além disso, o inverno de1946-1947 foi extremamente severo e seguido de
nos e britânicos desempenharam papéis principais'
O Fundo Monetário uma longa seca na maior parte da Europa, fazendo com que a colheita agrí-
lecidas para duas grandes instituiçóes internacionais'
das taxas de cola de 1947 fosse a pior no século xx. Claramente, muito Êcou por fazer.
Internacional rcrta a responsabilidade de gerk a estruture
de Ênanciar desequi- No caos monetário e Ênanceiro da décadade trinta, praticamente todos
câmbio entre as várias moedas mundiais e também
O Banco os países europeus e muitos outros adotaram regulamentações de câmbio,
líbrios de curto prazo das balanças de pagamentos dos países'
Reconstruçáo e Desenvolvimento (BIRD)' também ou seja, as suas moedas não eram convertíveis noutras, exceto com uma
Internacional para
de longo prazo licença emitida pelas autoridades monetárias. Uma contrapartida desse
conhecido por Banco Mundial, concederia empréstimos
das economias devastadas pela guerra e' eventualmen-
movimento foi o equilíbrio bilateral do comércio de mercadorias, uma das
p"r" r".oirtrução
" Essas duas principais causas da reduçáo acentuada do seu volume. Essas regulamen-
i", p^r^o desenvolvimento das naçóes mais pobres do mundo'
razóes que observa- taçóes, a que se adicionaram outras, continuaram durante ag:uetra. Depois
instituições só frcariam operacionais em 1946 e' por
da gterca, carestias de todos os tipos matérias-pri-
remosadiante,sósetornarâmforameflcazesváriosanosmaistarde,mas - géneros alimentares,
a economia mundial mas, peças sobressalentes e por aí fora pareciam ditar a continuação das
pelo menos dera-se o primeiro Passo Para reconstruir -
arquitetura institucional' regulamentaçóes. A solução parâ a carestia encontrar-se-ia principalmente
e concordara-se acerca de uma visão da sua
a críaçio da no exterior, especialmente na América do Norte e do Sul, mas eram neces-
conferencistas de Bretton woods também previram
os
formularia regras para sários dólares pâra sua aquisição, e, na Europa, a maior escassez de todas
Otganízaçâolnternacional de Comércio (OiC)' que
foramrcalizadas para era precisamente a de dólares.
o comércio jusro entfe os países. outras conferências
Tarifas e As subvençóes norte-americanas de auxílio e reabilitaçáo, observadas
este Êm, o -"lho, q,r" ,. alcançou foi um Acordo Geral sobre
^", em Genebra' em 1947 ' anteriormente, ajudaram a suprir a (<escassez de dólares> durante os dois
Comércio (GATT), ,.,,rito -"i' limitado, assinado
da nação mais primeiros anos do pós-guerra. Além disso, os Estados Unidos e o Canadâ
Os signatários comPrometeram-se a alargar o tratamento
em termos de emprestaram, conjuntamente, à Grã-Bretanha cinco mil milhões em
favorecida a cadauma das ourfas (isto é, não discriminar
a restriçóes.quentita- dezembro de 1945, o que ajudou náo só esse país, mas também, por meio
comércio), a tentar reduzír as tarifas, a náo tecorter
além de se consultarem das suas despesas no continente, outras naçóes. (Além disso, grande parte
tivas (contingentes) e a eliminar as que existiam'
de política. Estas dis- do empréstimo foi gasto no resgate dos montantes acumulados pelos par-
mutuamente antes de realízaremgrandes mudanças
OIT' e nem semPr e foram ceiros comerciais britânicos na área estedina durante a guerra.) No entan-
posiçóes eram muito inferiores às esperadas pela
internacionais de reduçäo to, Êcou claro no Ênal da primavera de 7947 que e recupençâo ímedíata
observadas na prâtíca, mas várias conferências
que contribuiu do pós-guerra estava em grave perigo de abortar. Além disso, a crescente
tarifâria fo.ílm realizadas sob os auspícios do GATT, o
do GATT <<gtreff¿- friau entre os Estados Unidos e a URSS e o papel dos parddos
bastante pan rcduzit as barreiras comerciais' Os membros
 FIISTÓRIA ElONÓMICA DO l\IUNDO
Reconstruindo ø economia mundial, 1945-1989 521
520

especialmente uma organização europeia, (Foi provavelmente esse o principal motivo

comunistas na política de vários países da Europa Ocidental'
as autoridades norte-americanas preocupadas pelo qual os russos abandonaram a reuniáo de planeamento inicial, pois
a França
" ^Itilí^deixaram de junho de 1947 o também eles esperavam, em vão, pela ajuda bilateral.) Os franceses não
co.r, a estabilidade política da Europa Ocidental' A 5 '
havia sido nomeado secretário de Estado estavam preocupados com o futuro papel da Alemanha em qualquer orga-
genenlGeorge C. Marshall, que
ãos EUA p.lo pr"rid".rteHarryTruman, fezw discurso
de abertura na nizaçio que pudesse ser criada. Os países mais pequenos também tiveram
nações da Europa es suas preocupações particulares. No entanto, depois da deliberação do
Universidade de Harvard, no qual anunciou que' se as
ajuda âo governo dos Congresso dos Estados Unidos, o CCEE transformou-se na Organízação
epresentassem um pedido uniñcado e coerente de
Foi esta a origem Europeia de Cooperaçáo Económica (OECE), que foi responsável, em
Ertados Unidos, este thes daria uma resPostâ favotâvel'
conjunto com a ACE, pela alocação da ajuda americana. Os membros da
do chamado Plano Marshall,
OECE também tiveram de reunir fundos de contrapartida nas suas pró-
os ministros dos Negócios Estrangeiros francês e britânico conferen-
soviético a encontraf- prias moedas, para serem distribuídos com o consentimento da ACE.
ciaram e convidaram imediatamente o seu homólogo
europeia à pro- Ao todo, incluindo alguma ajuda provisória enviada a França,Itália e
-se com eles em Paris com vista a discutir uma fesPosta
a união soviética Áustria no Ênal de L947 em situaçáo de emergência, o PRE canalizos cerca
posta d.e Marshall. (Marshall incluíra especiÊcamente
que tenha de 13 mil milhões em assistência económica sob a forma de empréstimos
o.rrro, países da Europa Oriental na sua ProPosta' É possível
" e subsídios dos Estados Unidos à Europa no início de L952,Isso permitiu
a União Soviética se recusâsse a cooPerar' De qualquer
que
"rp"r"do dos Negócios Estrangeiros soviético' embora se tenha que os países da OECE conseguissem importar bens escassos da zona do
for-", o ministro
de Marshall dólar. Perto de um terço (32,1por cento) consistia em alimentos, raçóes e
deslocado a Paris, partiu logo depois, acusando a ProPosta
alacridade invulgar em fertilizantes, rececionados principalmente no primeiro ano do programa.
de ser uma (consPiração imperialista>') Com uma
Daí em diante, a prioridade passou para bens de capkal, matérias-primas
assuntos diplomáticos, rePresentantes de dezasseis naçóes encontrarem-se
ecombustível de modo a permitir que as indústrias europeias reconstruís-
em Paris a !2 dejulho de 1947, inriulando-se Comité de Cooperaçáo
democtáticas sem e aumentassem as exportaçóes.
Económica Europeia (CCEE). Este incluía todas as nações
neutrais' e a Austria A Alemanha ocupou inicialmente uma posição anómala no Programa
da Europa Ocidental (e a Islândia), a Suécia e a Suíça'
a Gtécia e a de Reconstrução Europeia. Após a sua derrota em maio de 1,945, os chefes
(ainda ,ob o.rrp"çáo militar), Portugal, país náo democrático'
militar para de governo dos Estados Unidos, do Reino Unido e da URSS reuniram-se
Turquia (a que os Estados Unidos já haviam concedido ajuda
em julho, em Potsdam, perto de Berlim, para determinarem o destino da
.o^ù"r". comunista)' A Finlândia e a Checoslováquia revela'
a subversão
Soviédca; Alemanha, mas decidiram apenas prolongar a ocupação militar conjun-
ram interesse em ParticiPar, mas foram impedidas pela União
da Europa oriental estava ta do seu território. (França, embora não representada em Potsdam, foi
nem a uniáo soviética nem nenhum outro país
e a Alemanha' autorizada pela Grã-Bretanha e pelos Estados Unidos e ocupar partes da
representado. A Espanha de Franco náo foi convidada'
a rePresentasse' Alemanha imediatamente adjacentes eo seu território.) A decisáo não se
ainda sujeita à ocupação militar, náo tinha governo que
destinava a estabelecer uma divisão permanente do país, mas foi tomada
O povo norte-americeno e o Congresso ainda tinham de ser persuadidos
do seu interesse' simplesmente por conveniência temporária. À medida que os aconteci-
de que uma maior assistência económica à Europa era
mentos se desenrolavam, os desentendimentos entre a Rússia e os Aliados
A Administraçáo Truman lançou um forte Programa de lobby com
esse
de Ajuda Ocidentais levaram os últimos a conceder aos alemães maior autonomia
e, na primav en de 1948, o Congresso aProvou a Lei
objetivo,
(PRE)' o nâs respetivas zonas de ocupação. As autoridades soviéticas responderam
Externa, que criou o Programa de Reconstrução Europeia
pela Admìnistraçáo de Cooperação Económica (ACE). com concessões nominais semelhantes îa zona leste, embora mantivessem
qual seria i"rido
acerca dos um controlo rigoroso através dos seus governos-fantoche e da presença
Âo ,',"r^o ,"mPo, e Europa estava longe da unanimidade total
obter mais de tropas soviéticas. O resultado Ênal foi a divisão da Alemanha em dois
objetivos do programa. As autoridades britânicas esperavam
de Estados separadosr a República Federal da Alemanha (RFA, Alemanha
*;od" bil"r"rd dá, Ert*dos Unidos, em vez de a canaLízarem através
 Reconstruindo ø economiø mundiø\, 1945-1989 523
r2J llJslÓRIALCoNÓMlcADo NtuNDo

Oriental)' de seda e, especialmente, cigarros, que desempenhavam tanto as funções de

Ocidental) eaRepública Democrática Alemá (RDA' Alemanha
também foi dividi- padrões de valor como de meios de troca,) A resposta, imediata e esmaga-
Berlim, embora se siruasse no interior dazonasoviética,
Berlim Oriental, capital da dora, foi designada por Wirtscbøftswunder (milagre económico). Os bens
da em quatro sectores, depois reduzidos a dois:
ausência de governo alemáo' o anteriormente acumulados ou negociados no mercado negro teeparecerem)
RDA, e Berlim Ocidental, ligada à RFA' Na
as lojas foram reabastecidas, as fábricas voltaram a estar operacionais, e a
ConselhoAliadodeYetifrcaçioserviucomoautoridadesupremanominal'
â sua zona de Alemanha Ocidental deu início ao seu notável ressurgimento económico.
embora, de facto, cada potência ocupante administrasse
A União Soviética, que não fora consultada sobre a reforma monetária
forma indePendente.
de armamen- e qne e considerara uma violação do acordo de Potsdam (o que na realida-
A Conferência de Potsdam haviaautorizado a destruiçáo
(um processo já iniciado pelos de era verdade), retaliou fechando todas as ligaçóes rodoviárias e fertoviá.-
tos alemães e de outras indústrias pesadas
agressão nazi, limitaçóes rias entre as zonas ocidentais de ocupação e Berlim Ocidental. Esperava
russos), reparaçlesaos vencedores e às vítimas da
vigoroso Programa de desna- forçar a retirada das forças ocidentais de Berlim ou, pelo menos, garaîtir
rigorosas à capacidade produtiva alemá e um
nazis como criminosos de concessóes em pontos em disputa; em vez disso, os Aliados Ocidentais
ziÊ'r^çãro,incluindo o;.'lg"^"t'to dos dirigentes
como ori- responderam prontamente com uma ponte aérea de grandes dimensões
gu"rr:^,Na verdade, aPenas o último objetivo foi cumprido tal
muitas de abastecimentos estratégicos. Numa extraordinária operação que durou
girr"l-.rrt" pretendia. As autoridades soviéticas desmantelaram
se
como forma âe rcpançâo' mais de um ano, a Força Aérea dos EUA e a Força Aérea Britâníca rcaliza-
fábricas na sua zon^ elevaram-nas para a Rússia
ram perto de 300 mil voos para Berlim, transportando, no seu auge, mais
DepoisdeumabrevetentativaPorpartedasPotênciasocidentaisderece-
de oito mil toneladas de abastecimentos, por dia. A ponte aérea abasteceu
b"rr"p^r^ç6esfísicasededesmantelargrandesconsórciosindustriaisnas
náo apenas tropas ocidentais, mas também os três milhóes de habitantes
suaszonas,perceberamqueaeconomiaa|emâsedeveriamanterintacta
para ajadar na recuPe- de Berlim Ocidental.
náo só Para sustentar o Povo alemio' mas também
Entretanto, a Alemanha Ocidental estava a ser integrada no Programa
raçáo económica da Europa Ocidental' Transformaram a sua política e' em
medidas paraafacilítar' (Jma de Reconstrução Europeia, Em primeiro lugar, em 1948, a ajuda às
vez de limitarem a produç io alemi'tomaram
zonas ocidentais de ocupaçáo foi recebida e aplicada pelo governo militar
formadeorazeremfoiprovidenciarareuniÊcaçáoeconómica,umProcesso
americano. Posteriormente, os estados da Alemanha Ocidental foram
iniciadocomacriaçáodaïlzona,umauniáodaszonasdeocupaçáoameri-
posteriormente a autorizados a eleger representantes para uma convenção constitucional,
cana e britânica no Ênal de 1946, â que a se acrescentaria
como Pfecursor do Império e, em maio de L949, surgiu a República Federal da Alemanha. Para não
Zonafrancesa. Assim como o Zollvercinserviu
de ocupaçáo deli' ser ultrapassada, a União Soviética estabeleceu imediatamente a chamada
Alemão, a uniñcação económica das zonas ocidentais
República Democrática da Alemanha. Em setembro, levantou o bloqueio
neou a futura República Federal da Alemanha'
a Berlim.
Entretanto,,o,gi,"-novasdiÊculdades-Paraganntitasobrevivência
(que aumentou rapidamen' Com a Alemanha Ocidental agora totalmente integrada na OECE e
da populaçáo .r", ,J,p"tiu*s zonas de ocupaçåo
no Plano Marshall, a recuperuçio económica da Europa Ocidental podia
tecomoafluxoderefugiadosdeLeste),ogovernomilitaramericanoÊnan-
importaçóes essenciais' considerar-se concluída, mas mais e melhor ainda estava por vir, O Plano
ciou, entre L945 e l9Ã8, cetca de dois terços das
Marshall chegou ao Êm em 1952; excedera as expectativas de vários dos
principalmentealimentos,àszonasocidentaisdeocupação.Paraestimular
seus participantes e mesmo de alguns dos seus criadores. Náo criou os
^r"rup"r^çaoeconómicanasrespetivaszonas'asPotênciasocidentaisleva- Estados Unidos da Europa, como alguns esperavam, e muitos problemas
ram a cabo uma reforma da moeda alemã em junho de 1948, substituindo
graves persistiram. Contudo, para lá do facto de a Europa Ocidental não
os Reichsmørk nazis desvalorizados e desprezados por
Deutscbetnøúr''
10 marcos antigos' (A reforma só ter recuperado, mas ter ultrapassado os níveis de produção de antes
numa ProPorção de um marco novo Por
abandonado a da guerra, a OECE e outras instítuiçóes recé.m-criadas permaneceram e
foi facilitada pelo facto de a população ter praticamente
estimularam a economia a níveis inéditos.
moedaantígaeregressadoaumsistemadetrocasdiretas,comcafé,meías
 Reconstruindo a economia mundiø\, 1945-1.989 525
I\tUND0
524 rusIÓRlA (0NOMlCA D0

uma das mais importantes dessas novas instituiçóes foi a união A era do cresc¡mento elevado

Europeia de Pagamentos (UEP). Como referido' um dos

principais obs-
O quarto de século que se seguiu à Segunda Guerra Mundial testemunhou
táculos do comércio nos anos que se seguiram imediatamente
"o ",r*À,o e a consequente o período mais longo de crescimento ininterrupto entre os países indus-
à guerra foi a escassez de divisas, especialmente dólares'
Foram feitas algumas tía\ízados do mundo e as taxas mais elevadas da história (Figura 15,1),
,,ä"rrid"d" de equilíbrio bilateral do comércio'
estas revelaram-se Para os países industrializados enquanto grupo (OECE, Estados Unidos,
tentativas no sentido de escapar a esta restrição, mas
junho de 1950' as neçóes da Canadâ eJapáo), o aumento médio do produto ínterno bruto por pessoa
inadequadas e Pouco efrcazes. Por Êm, em
empregada entre 1950 e L973 ascendeu a cerca de 4,5 por cento por ano.
oECÉ, ,o uma doaçáo de 500 milhóes de dólares dos Estados
^^iod^de As taxas para países individuais variaram de 2,2 por cento para o Reino
Unidos, inauguraram a UEP. Este dispositivo engenhoso permitiu
o
Unido a 7,3 por cento parâ o Japão. O crescimento foi mais rápido nos
comércio ,rrrrltilrt"r"l gratuito dentro daOECE; foramtealizadas controlos
de cada mês' faziam' países que dispunham de mão de obra abundante, seja pela redução da
precisos de todo o comércio intraeuropeu, e, no frm
nações com déÊces globais de população agrária (por exemplo, noJapão, em ltália e em França) ou por
-se os balanços, que se repunham a zero'As
fossem um afluxo de refugiados (na Alemanha Ocidental), O crescimento nos
modo geral eram debitadas nâs contas centrâis' e' se seus déÊces
ou dólares' Estados Unidos, no Canadá e na Grã-Bretanha, que conheceu os maio-
gr"rrd"I, tinham de pagar uma Parte do pagamento em ouro
nas contas centrais; se os res rendimentos l)er cøpita no Ênal da guerra, foi mais lento do que o da
Þo, o,rrro lado, os credores recebiam créditos
do pagamento Europa Ocidental continental e do Japão, mas mais rápido do que em
seus créditos fossem muito grandes, recebiam uma Parte
das chamadas qualquer período prolongado da sua história anterior. Ao mesmo tempo,
em ouro ou dólares, permitindo-se que importassem mais
dólar)' Assim se conce- países do grupo industrial com rendimento yter cøytitø relativamente baixo
zonas de moeda forte (principalmente azona do
as exPortaçóes Espanha, Grécia eJapã.o cresceram mais rapidamente
diam incentivos Para que os países da OECE aumentâssem -ItâIia,Áustria, -
e de outros do que a média.
mútuas e diminuíssem a sua dependência dos Estados Unidos
A expressáo <milagre económico>, como se observou, foi aplicada pela
fornecedores no exterior.
se seguiram' primeira vez ao Íncrível arranque do crescimento na Alemanha Ocidental
Os resultados foram espetaculares' Nas duas décadas que
a uma taxa anual após a reforma monetária de 1948, Quando as elevadas taxas de cresci-
após a formação da uEB o comércio mundial cresceu
mento continuaram durante as décadas de cinquenta e sessenta, era usada
média de oito por história, excetuando alguns anos
cerTto, amais elevada da
século xrx' Como parafazer rcferëncia a toda uma ere. De seguida, observou-se que várias
após os trataJos comerciais da década de sessenta do
na Europa' tanto no outras naçóes, nomeadamente al:.,âlia e o Japão, apresentavam taxas de
é evidente, a maior Parte desse crescimento ocorreu
exterior. A UEP teve crescimento tão ou mais altas do que a alemá. Os milagres abundavam! Ou
interior do continenre como entre estes e países do
comércio' os seria mesmo assimi As elevadas taxas de crescimento na maioria dos países
tanto sucesso que, em conjunto com o crescimento geral do
industrializados foram certamente notáveis, e sem precedentes na história,
países da OECE conseguiram rePor a convertibilidade grattita
das suas
Em 196l' mas não foram seguramente milagrosas. Houve motivos sólidos pere as
moedas e o comércio multilaçeral, por completo' em 1958'
mesmas, em todos os casos.
a prôptia OECE se metamorfoseou na Organízaçio de Cooperação e
A ajuda amerícana desempenhou um papel crucial no arranque da
Económico (OCDE), a cujos princípios os Estados
D"se.,volvimento
recuperação. Posteriormente, os europeus continuaram com elevados
UnidoseoCanadá(edepoisoJapãoeaAustrália)aderiram.Naqualidade
níveis de poupânça e investimento. Por ve2es, a concorrência entre o consu-
de organização de países industrializados avançados, visava coordenar
a

políticas mo e os gastos de investimento causou pressóes inflacionárias severas, mas

p"ír", ,,rbd"senvolvidos, Procurar o acordo sobre as
"j,rd" "o, outros problemas de interesse mútuo'
nenhuma tão desastrosa quanto as hiperinflaçóes após a Primeira Guerra
macroeconómicas e discutir
Mundial. Grande parte do investimento destinou-se a equipamento para
novos produtos e processos. Durante os anos da depressão e da guera,
 l\IUNDO Reconstruindo a econolniø mundial, 1945-1989 527
526 HISTÓRIA LCONÓMICA DO

A. Números índice do produto nacional por pessoa a

preços constantes ('1963 = 100) obsoletos e Êcaram atrás dos Estados Unidos em termos de progresso
i -: ':i1950 tecnológico. Assim, a modernização tecnológica acompanhou o chamado
Número
índice f rsrr
milagre económico e contribuiu fortemente para ele.
150
Outros fatores importantes foram a atitude e o papel dos governos.
îa vida económíca díreta e indiretamente a uma escala
Estes particip aram
muito superior do que nos anos anteriores. Nacionalizaram algumas
Bélqica França Rep. Fed. ltália Países suécia 5uíçã Reino Estados
indústrias básicas, elaboraram planos económicos e forneceram uma ampla
8âixos Unido unidos
Alemanha
Dados para Franç4, ltália e Países Baixos de 1970; dados
parâ 5ulça de 1969 gama de serviços sociais. No entanto, a iniciativa privada era responsável,
de longe, pela maior parte da atividade económica. Em média, entre um
B. Rendimento nacional, taxa média de crescimento
anual
..,,;,.,¡,,:: 1 950_1 960 quarto e um terço do rendimento nacional na Europa Ocidental teve ori-
Percentagem
f rsso-tszo gem no sector governamental.
Embora essa proporçáo fosse muito superior à de antes da gtreÍre, eta
menos de metade do contributo dos sectores privados da economia. Os sis-
temas económicos da Europa Ocidental do pós-guerra estavam igualmente
0
Bélq¡ca França ReP Fed. ltália Países suécia Suíça Reino Estados
longe do capitalismo ântiquado e estereotipado do século xrx e das eco-
- Alemanha Baixos Unido Unidos

nomias de doutrina socialista da Europa de Leste. Nas economias mistas,

C. índice de produção industr¡al geral
(1963 = 100)
ou de Estado-providência, ilue se tornaram características das democra-
Número :::,,.:,:::1948'
cias ocidentais, o governo assumiu a tarefa de proporcionar estabilidade
índice
150
Irszo
geral, um clima favorâvel ao crescimento e uma proteção mínima para os
100
economicamente fracos e desfavorecidos, mas deixou à iniciativa privada a
principal tarefa de produzir os bens e serviços desejados pela populaçáo.
0
Bélgìca França ReP. Fed. ltál¡a Países
Baixos
Suécia 5uíçâ Reino
Unido
Estados
Unidos
A nível internacional, o grau relativamente elevado de cooperação
Alemanha
" Dâdos par¿ Suí(â de 1958.
intergovernamental deve-se, em grande parte, à efrcâcia do desempenho
económico. A cooperação nem sempre foi espontânea
- por
vezes era
D. Comércio internacional (lmportaçöes mais exportações)
necessário estimular os Estados Unidos para a conseguir e alguns pro-
Milhões de
:.r=:1949 -,
dótares J¡gtt jetos promissores falharam por falta dela, mas, em geral, o contraste com os
60 000
anos de eître-gúerras é inequívoco.
40 000 Finalmente, a longo ptazo, a Åqueza europeia em capital humano
20 desempenhou um papel determinante. As suas elevadas taxas de alfabetíza-
0 5uécia Reino Estados ção e aprevalência de instituiçóes educativas especíalizadas, desdejardins
Bélgica França ReP. Fed. ltália Países 5uíçã
nidos
Ba¡xos Unido U
Alemanha de infància até aos technische Hochschulen, universidades e estabelecimentos
Figural5.l.ArecuperaçãoeconómicadaEuropaocidental,lg4S-1971.(De de investigaçáo, ofereciam pessoal qualiÊcado e capacídade intelectual para
uáted l',lat¡ons 5fatrstica/ Yearbook, vários anos) que as novas tecnologias funcionassem de forma eficaz. No arrebatamen-
to inicial resultante do sucesso do Plano Marshall, muitos observadores
capítal e deduziram de forma incorreta que apenas o capital físico ou Ênanceiro
haviam-se acumulado inovaçóes tecnológicas, que só esperavam
bastaria para favorecer o desenvolvimento, tendo-se concebido vários
mão de obra qualiÊc ada pan serem aPlicadas' Com efeito'
as economias
projetos grandiosos com base nessa premissa falsa, como a Aliança para
europeias estagnaram po, .r-^ genção inteira- Além de terem perdido
de equipamentos o Progresso entre os Estados Unidos e a nações da América Latina, para
o seu incremento potencial de crescimento, dependiam
 DO I\tUNDO
Reconstruindo ø economia mundial, 1.945-1989 529
528 HJSTÓRIA LCONÓMICA

euroPeu na Estaline, mais poderoso do que nuncâ, instituiu uma série de mudan-
ecabarcmapenas em fracasso e desilusáo. Além disso, o sucesso
manutenção de taxas de crescimento económico historicamente elevadas ças nos altos cargos do governo e da economia nos primeiros anos do
pós-guerra. Uma revisáo constitucional realizada em 7946 substituiu o
e moderad.as durante as décadas de cinquenta e sessenta do século xx
Conselho de Comissários do Povo por um Conselho de Ministros, no qual
rornou os legisladores mais conÊantes sobre e suâ caPacidade de sustentaf
estru- Estaline assumiu o cargo de presidente ou primeiro-ministro, Os ministé-
o crescimenro liderado pelas exportações e de levar acabo mudanças
rios encarregados da supervisão do controlo da indústria e da agricultura
turais indesejáveis no emprego e nos padróes residenciais em que estas
e

frequentes experimentaram drásticas purgas de pessoal por motivos de incompetência

eram necessárias- As greves de trabalhadores tornaram-se mais
trffravez que os sin- e desonestidade. Outros altos luncionários do governo e do partido foram
e mais generalizadas até ao frm da década de sessenta,
dicatos exigiam a redistribuição de lucros a favor dos trabalhadores'
Muito demitidos por motivos semelhantes, embora existam razíes para crer que a
verdadeka motivaçáo de Estaline era descontar da lealdade pessoal desses
dependia ie o dólar norre-americano se manter sobrevalorizado para que
norte-ameri- indivíduos para consigo.
os fabricantes europeus pudessem subsdtuir as importaçóes
dos EUA em Estaline morreu em 1953. Depois de dois anos de <liderança coletiva>
canas na Europa, comPetir com sucesso com os Produtos
e até peîetrar no próprio mercado norte-americano' e de alianças entre as principais cheÊas do Partido Comunista, Nikita
mercados terceiros
unilateralmente o dólar, em Khrushchev que sucedera a Estaline como primeiro secretário do Partido,
Quando os Estados unidos desvaloriZaram
emergiu como líder supremo. No vigésimo Congresso do Partido, em feve-
de 1'971, a maior parte da Europa demorou mais de uma década
"go.ro descrito reiro de 1956, Khrushchev pronunciou um longo discurso em que denun-
a adaptar-se ao novo cenâîio do comércio internacional, que será
ciou Estaline como um tirano implacável, mórbido e quase insano, que
adiante, neste mesmo caPítulo.
havia ordenado a execução de inúmeras pessoas inocentes, cujo egoísmo
olevara a cometer erros pelos quais todos os cidadáos sofriam, que ñzera

A emergência do Bloco Soviético que o governo perdesse contacto com o povo e que estabelecesse um ,,culto
da personalidade> para se gloritcar. Khrushchev observou com cuidado
que o despotismo de Estaline representava uma aberraçáo de uma polí-
A Uniáo Soviética sofreu os maiores danos, em absoluto, de todas as
do número tica essencialmente correta e aÊrmou que a nova liderança coletiva havia
naçóes envolvidas na Segunda Guerra Mundial. As estimativas
milhóes a regressado aos princípios leninistas apropriados. Supostamente secreto, o
de russos mortos, militares e civis, variam de um mínimo de 10
discurso de Khrushchev foi divulgado ao público, tanto dentro como fora
mais de 20 milhôes. Vnte e cinco milhóes Êcaram desalojados. Grandes
regiões mais da União Soviética, O facto causou grande confusão e celeuma entre os
áreas das terras agrícol'as mais ferteis do país e algumas das
povos dos países comunistas e provocou graves danos na causa do comu-
industrializadas foram devasradas. De acordo com estimativas oÊciais,
nismo ao conÊrmar os males do regime de Estaline. O governo iniciou um
30 por cento da riquezaanterior à gúertahaviam sido destruídos'
programe oÊcial de <desestalinizaçáo>, incluiu a remoção do seu corpo
Apesar do sofrimento do seu Povo, a Uniáo Soviética surgiu como
q¡.re
do famoso túmulo de Lenine, naPraçaVermelha, em Moscovo.
r'r-" J", duas superpotências do mundo do pós-guerra' Embora fosse
Apesar da mudança deIídennça e de algumas reformas superÊciais,
pobre numa base y,er caYtita, o seu vasto território e populaçáo permiti-
a
nattrreza básica do sistema económico soviético náo mudou. Em 1955, o
,"- q,r" d.r"-p"nh"sse esse papel,Patarestaurar a economia devastada
Plano governo anunciou o <cumprimento) de um plano de cinco ânos e a inau-
e aumenta, a pioduçao a novos níveis, o governo lançou o Quarto
com os planos anteriores, favo' garação de outro, embora altos funcionários se queixassem de ineÊciência
Quinquenal em l946,Tal como ocoffera
a genenlizadae de o fracasso de um terço das empresas industriais, por náo
recia-se a indústria pesada e os armamentos, com especial atençâo Pata
o novo plano também fez uso extensivo de reparaçóes terem atingido os seus objetivos de produçáo. A indústria pesada soviética
energiaatómica.
continuor^r a aumentar a sua produção, mas Êcou muito aquém da inten-
físicas e da tributação dos antigos países do Eixo e dos novos satélites
daURSS. çáo expressa de ulrapassar os Estados Unidos. A produção de bens de
 l

D0 ltuND0 Reconstruindo ø economiø mundial, 1945-1989 531

530 rusTÓRlA LCONÓMltA

O ressurgimento da Checoslováquia e da Albânia era romado como

consumo, a que o planeamento soviético semPre dera pouca prioridade'
certo, Uma vez qu.e esses países nunca haviam estado em guerre com
continuou atrasadadeixando os consumidoles atormentados pela escassez
os Aliados
e por bens de qualidade inferiores. - e, de facto, encontrarâm-se entre as primeiras vítimas da
agressáo do Eixo não houve qualquer problema em restaurar a sua
A agricultura soviética manreve-se num estado de crise quase irre- -,
esforços do independência. No entanto, a maneira como foram libertados garantiu que
mediável durante o período pós-guerra, aPesâr dos enormes
quintas coletivas permaneceriam na esfera cle influência soviética.
governo pafa âumenrar a produtividade, O sistema de
A Checoslováquia foi libertada pelas tropas soviéticas, e Eduard Benes,
não oferecia incentivos suñcientes âos camPoneses' Em vez disso'
estes

âs suas energias nas parcelas privadas de até meio o presidente de antes da gaerra que era internacionalmente respeitado,
concentrâvam Pequenas
(I,2 permitido cultivar, pane de cuja produção
acres) que thes era
foi restituído à Presidência do governo provisório. Numas eleiçóes relati-
hectare
mais de vamente livres, em maio de 1946, os comunisras ganharam um terço dos
podiam vender no mercado. Essas parcelas constituíam Pouco
votos e conseguiram a maior delegaçáo à nova Assembleia Constituinte.
trê. pot cento da terra cultivada da URSS, mas produziram um quinto
fruta e Klement Gottwald, o líder comunista, tornou-se primeiro-ministro, mas a
do l"it" do país e um rerço da sua carne fresca, bem como muita
terras virgens> assembleia ree\egeu por unanimidade Benes como presidente. O país con-
legumes. Em 1954, Khrushchev iniciou um <projeto de
pì'r, .oltiu", grandes extensões de terra âtída da Ásia soviética' No ano tinuou sob um governo de colígação, com Benes na esperançe de tornar a
uma iniciativa destinada a aumentâr a produção de Checoslováquia uma ponte entre a URSS e o Ocidente, aré os comunisras
,"goi.rt", lançou
tomarem o poder, em fevereiro de L948,
milho e, em L957, anunciou uma camPânha para ultrapassar os Estados
Duranre a Segunda Guerra Mundial, Churchill e Estaline, sem
Unidos, atê l96l,na produçáo de leite, manteiga e cârne' Nenhum
desses
Apesar de consultarem as outras potências aliadas, concordaram em exercer as
programas esteve Perto de alcançar os objetivos anunciados'
mesmas esferas de influência na Jugoslávia depois da guerca, De facto,
de punição e despedimenros coletivos de funcionários agrícolas,
"-""ç", colaboradores náo conseguiram superar o mau tem-
e os seus
os guerrilheiros jugoslavos, liderados pelo marechal Tito, libertaram
Khrushchev
de tudo, a falta o país com muito pouca ajuda da Rússia e auxílio insignificante por
po, a má administração, a escassez de fenilizantes e, acima
dos camponeses. A carestiâ de produtos alimentares conti' pate da Grã-Bretanha, permitindo assim ao país alguma independên-
ã"
"rrtrrri"r,,ro cia. As eleições em novembro de 7945 deram à Frente de Libertação
nuou a caracterízar a vida soviética. A Rússia, historicamente exportadora
a importá-los de Nacional dominada pelos comunistas de Tito uma maioria substan-
de cereais, foi obrigada, na décadade sessenta, a começar
em cial na nova Assembleia Constituinte, que rapidamente derrubou a
países ocidentais (Austrálía, Canadâ e Estados Unidos)' pagando-os
monarquia e proclamou a República Federal do Povo. No papel, e nova
troca de ouro.
Constituição era muito semelhante à da Uniâo Soviética, e Tito gover-
Embora os Aliados tenham considerado inicialmente difícil e, mais
nou o país de forma equivalente à de Estaline. No entanto, recusou-se a
tarde, impossível concordar com os termos de um tratado de paz
com a
e che- aceitar os ditames da União Soviética, e em 1948 rompeu publicamente
Alemanha, conseguiram assinar tratados com os satélites desse país
nazí na Europa de com o último e os seus outros satélites comunistas.
gar a acordo ,obr" o tratamento das vítimas da agressão
acordo com a Europa de Leste foram anu¡cia- O estabelecimento das fronteiras e a forma de governo pós-guerra da
L".t.. O, rermos gerais do
conferên' Polónia constituíram um dos problemas mais espinhosos do processo de
dos em conferências de gterra, principalmente a de lalta. Essas
concretiz do paz. Nas fases Ênais da guerra, houve governos provisórios polacos, um em
cias previram um papel importante para a Uniáo Soviética
- Londres e outro na Polónia ocupada na Rússia. Com a insistência russa
cofiì-e ocupação da âreapor troPas soviéticas -, embora Estaline
tivesse e

(governos amplamente rePresentati- a aquiescência ocidental, os dois grupos uniram-se para formar o Governo
prometido permitir eleiçóes livres e
ano e meio de Provisório de Unidade Nacional, que prometeu promover <eleiçóes livres
vos)), uma Promessa que se revelou sem sentido' Após um
de 1947 com a e não manipuladasr, A coligação durou até 1947, ano em que os comunis-
negociaçóes pós-guerra, Êrmaram-se, em fevereiro 'tratados
Finlândia' tas destituíram os seus parceiros e assumiram o controlo por completo.
Roménia, aïungria, aBuIgâria ea
532 rusTÓRrA E_CONÓMICA D0 ¡tUND0
Na verdade, o acordo territorial acordado provisoriamente em Potsdam
deslocou a Polónia cerca de 500 quilómetfos Para ocidente. Os termos c{o
acofdo previam que a Polóni a teria a <administração temporária> da área
a leste da linha oder-Niesse, um território de cerca de um quinto da ârea
da Alemanha anterior à guerra, mas os polacos, com apoio soviético, con-
sideraram esta cláusula como comPensaçáo deÊnitiva Pelas sues cedências
à união soviética, que consriruiu quase metade da Polónia de antes da
guefra,Expulsaram imediatamente os milhóes de alemáes que residiam na
âteaparacriarem espaço pera outfos milhões de polacos que se deslocavam
pela zonaocupada pelos soviéticos. Estas imensas deslocaçóes populacio-
nais, a par de transferências semelhantes noutras regiões da Europa de
Leste, devolveram as fronteiras étnicas da Polónia a algo de semelhante ao
<statít quo ønte L200 d.C.r, nas palavras de ArnoldJ' Toynbee'
os tratados de pazcom os satélires da Europa oriental da Alemanha,
Roménia, Bulgária e Hungria, continham disposiçóes territoriais que
se enquadravam num padrão histórico bem estabelecido. A Roménia
recuperou a Transilvânia à Hungria, mas teve de devolver a Bessarábia e
o Norte da Bucóvina à Uniáo Soviética, e o Sul da Dobruja à Bulgária.
A Hungria perdeu a maior parte, pois náo ganhou e teve de ceder uma
pequena área à Checoslováquia, o que levou à perda de Ruténia Para a
Uniáo Soviética. As três naçóes derrotadas tiveram de pagar reParaçóesr
a Hungria e a Roménia 300 milhôes de dólares e a Bulgária 70 milhões
de dólares (todos os monranres calculados a pfeços de 1938, aumentando
o valor rcal), a maior parte da qual foi para a URSS' Sob a proteçáo das
tropas soviéticas, os comunistas treinados em Moscovo nos governos da
frente popular desses países tiveram poucâ diÊculdade em descartar os
seus colaboradores liberais, socialistas e agrários e rapidamente estabelece'
ram repúblicas populares segundo o modelo soviético. A Finlândia perdeu
algum territó río paraa Rússia e teve de pagar 300 milhóes de dólares em
reparaçóes, mas escapou ao destino de outros governos de frente popular
nas fronteiras soviéticas e mânteve uma neutrali dade ptecâria'
Os tratados de paz náo tinham nada a diZer sobre o desaparecimento
das províncias bálticas da Lerónia, Lituânia e Estónia, Parte do império
czarista antes de 1977,ltaviam sido incorporadas na União Soviética
em L939-1940 antes de serem invadidas pela Alemanha, em L947,
Reocupadas pelo Exército vermelho em L944-L945, foram silenciosa-
menre anexadas pela União Soviética na qualidade de repúblicas autó-
nomas, O facto de não terem sido mencionadas nas negociaçóes de paz
Reconstruindo a economia mundiø\, 1945-1989 533
implicou um reconhecimento mútuo de que faziam novamenre parte do
novo Império Soviético.
Em janeiro de 7949, na sequência dos sucessos iniciais do Programa de
Reconstruçáo Europeia, a União Soviética criou o Conselho de Assistência
Económica Mútua (COMECON) na tentativa de moldar as economias
dos seus satélites da Europa de Leste numa uniáo mais coesa. Incluindo a
Albânia, a Bulgária,
a Roménia, a Hungria, a Checoslová quia, aPolónia e a
Alemanha Oriental, o Conselho teve como intenção coordenar o desenvol-
vimento económico dos países comunistas e promover uma divisáo mais
eÊciente do trabalho enrre os mesmos, mas, na verdade, foi usado pela
Uniáo Soviéticapara rornar os seus sâtélires mais dependentes em rermos
económicos. Em vez de desenvolver um sistema comercial multilateral,
como na Europa de Lesre, o bloco soviético estabeleceu um sistema de
comércio que foi em grande parte bilateral, como no caso da Alemanha nazi
e dos seus territórios conquistados durante a Segunda Guerra Mundial.
Quando Estaline morreu, em 1953, o bloco soviético na Europa apre-
sentou uma aparência de unidade monolítica, Cada um dos sarélires era
mais ou menos uma réplica em pequene escala da União Soviética, e todos
dançavam ao som da mesma música tocada em Moscovo. No entanro,
-
astendências divisionistas escondiam-se por detrás de uma fachadade uni-
dade. Quando a Jugoslávia se cindiu premeruramente do bloco soviético,
embora continuasse a ser uma nação comunista, muitas pessoas dos outros
satélites gostariam de ter feito o mesmo. Logo após a morre de Estaline,
uma vaga de nervosismo varreu os Estados-satélites. Registaram-se greves
e revoltas em vários países, que se tornaram táo graves que as autoridades
soviéticas ainda exercer a ocupação riveram de usar a força militar para
as suprimirem.
Em 7956, Imre Nagy, um <<nacional-comunista>, rornou-se primei-
ro-ministro da Hungria, prometendo reformas generahzadas, incluindo
eleições livres. Também anunciou que a Hungria se retiraria do Pacro
de Varsóvia, uma aliança militar patrocinada pelos soviéticos, e pediu
às Naçöes Unidas que garânrissem a neurralidade perpétua da Hungria
na mesma base que a da Áustria. Foi demasiado para a Uniáo Soviérica.
No dia 4 de novembro, às 4 da manhã, ranques e bombardeiros soviéticos
deram início a um ataqÌre sincronizado conrra a Hungria que infligiu uma
destruiçáo tão horrível como a da Segunda Guerra Mundial. Durante dez
dias, trabalhadores e estudantes húngaros lutaram heroicamente contra
contingentes esmagadores, usando armas fornecidas pelos seus próprios
 Reconstruindo a economia mundial, 1945-1989 535
534 rtlv0RlA LCONÓMICA D0 ¡ttjND0

reestruturar a sociedade. Em primeiro lugar, tolerava tanto

soldados. Mesmo depois de os russos tefem recuPerado o
controlo e â a propriedade
continuaram a camponesa na agriculturâ como a propriedade privada limitada no comér-
estabelecido um novo governo-fantoche, muitos húngaros
nas montanhas, enquanto mais cio e na indúsria, mas em 7953 começaram a encoraj ar a coletívízação da
envolver-se em atividades de guerrilha
agricultura e a envolver-se numa nacionalização generalizada da indústria.
de 150 mil fugiram pela fronteira aberta Para a Áustria e acabaram por
que Embora se tivessem alcançado resultados significativos, esres não foram
procufar refugio no ocidente. A revolta húngara mostrou claramente
desistir do suficientes para satísfazer a liderança do partido, que em 1958 embarcou
uma Rússia desestalinizada também náo estava pteparadapara
num <grande salto em frente, um esforço intenso paraalcançar as eco-
seu império comunista. -
nomias industriais avançadas. Em pouco tempo, este ambicioso programa
O movimento a favor de um socialismo genuinamente democrático
revelou-se um falhanço catastróÊco. A população não conseguiu suportar o
foi ainda mais longe na Checoslováquia' Em janeiro de 1968' o Partido
antigos esforço e os sacrificios exigidos pelos seus governanres, e uma fome causada
Comunista Checo, cheÊado por Alexander Dubcek, destituiu os
alcance pelo homem ceifou milhóes de vidas. Em796I, o governo reviu os seus
líderes estalinistas e instituiu um Programa de reformas de grande
de preços objetivos, e o crescimento reromou a um ritmo menos frenético.
que incluiu uma maior dependência dos mercados livres emvez
pelo governo, relaxamento da censura da imprensa e um alarga- Um dos principais objetivos da liderança comunisra chinesa erâ rees-
Jit"do,
truturar a sociedade e reformar processos de pensamento, comportamento
mento consid erâvel daliberdade pessoal'
e cultura. Os vestígios da estrutura nfeudal> e oburguesa> foram elimina-
os governantes do Kremlin tentaram inicialmente persuadir os líderes
mas sem sucesso. dos pelos expedientes simples da expropriação e da execução. Impedir a
checos a fegfessarem às políticas comunistas ortodoxas,
e afotça aéreaínvadiram lealdade e a obediência dentro da vasta burocracía, que ainda se apegava
Por Êm, *gorro de 1968, o exército soviético
",i vez, ta| como ne às antigas tradições mandarins, e entre a Êna camada de intelectuais,
a checoslováquia e estabeleceram a lei marcial. Mais uma
1956' acontecimentos cientistas e técnicos, a maioria dos quais havia sido educada no Ocidente,
Alemanha Oriental, em 1953, e na Hungria , em os
unido tornou-se mais dificil, Por fim, em1966, Mao lançou uma ngrande revolu-
provaram que o império comunista da Rússia só se podia manter
pela força. ção cultural> marcada por três anos de rerrorismo e violência, durante os
quais muitos intelectuais foram obrigados a trabalhar como camponeses
Embora náo fosse um membro do bloco soviético, a República Popular e

temPo com a União Soviética' rabalhadores comuns.

da China (RPC) aliou'se Por Pouco
A China, um país pobre, sofrera bastante na Segunda Guerra Mundial' A União Soviética fornecera assistência económica, têcníca e militar à
RPC desde o início, mas os chineses recusaram-se a aceitar ordens sovié-
Durante a glteÍta' os comunistas chineses cooPereram com o líder nacio-
ticas. Em 7960, a URSS cortou todos os auxílios e rerirou todos os seus
nalista Chiang Kai-shek na resistência aos japoneses' mas mantiveram
assessorés e assistentes técnicos da China. Em alguns anos, após uma série
um exército independente no Norte da China, abastecido por
requisiçóes
consegui- de confrontos nas fronteiras, as duas superpotências do mundo comunista
locais e equipado pela Uniáo Soviética' Os comunistas também
Depois da estavam à beira de uma guerra abera, Apesar da retirada dos técnicos
,"rrr rrroitá, ,"gtriJor", entre os camPoneses, cansados da guerra'
ele e aos seus soviéticos e da assistência, a China conseguiu o seu maior triunfo tecnoló-
gûerra,voltaram'se contra Chiang e, em 1949,levaram-no a
os comu- gico em 1964 com a explosão de uma bomba atómica,
seguidores do continent e paraTaiwan' A 1 de outubro de 1949
'
rmalmen- Para compensar a hostilidade da União Soviética, os chineses enve-
niltas, liderados por Mao Z edong e Zho't EnIai, proclamaram fo
Beijing (Pequim)' rcdaram por umâ aproximação ao Ocidente, que alcançou o clímax em
te a Repúblic" Påpul". da China (RPC), com capital em
Baseando-se nas técnicas das ditaduras modernas de partido
único, 797I, quando os Estados Unidos rerirâram as suâs objeções à admissão
todo o país, da RPC nas Nações Unidas. Após a morte de Mao, em 7976, os conracros
os comunistas expandiram rapidamente o seu controlo sobre
na ocidentais aumenteram e, na década de oitenta, sob a liderança de Deng
alcançando um grau de poder centralízado sem precedentes mesmo
Êrmemente Xiaoping, o governo permitiu uma reinrrodução limitada de mercados
longa história d.o despotismo chinês, Com o controlo político
livres e da iniciativa privada.
est;belecido, o novo governo comprometeu-se a modernizar a economia
e
 rtlsT0RrA tcONÓMlcA D0 ltuND0
Reconstruindo ø economia mundiø\, 1945-1989
536

Vetname era tradicionalmente agrâria, com o arroz e a borracha como

A Uniáo Soviética tinha mais três Estados-satélites ou clientes na Ásia.
suas principais exportaçóes, mas os franceses também desenvolveram
Em L924,a República Popular da Mongólia tornou-se o primeiro
Estado
como Mongólia uma ârea indusrial signiÊcativa no Norre, com base no processamento de
comunista fora da URSS. (Anteriormente conhecida
recursos minerais. A industrialização foi forçada pelo governo, que detinha
Exterior, conseguiu a independência da China em I92!' com
ajuda sovié-
era principalmente e operavapraticamente todas as empresas.
tica.) SemiáriJ* po,r.o Povoeda, a sua economia
" O único Estado confessamenre socialista aliado à União Soviérica
pastoril, embora depois da Segunda Guerra Mundial tenha
começado
com a ajuda no hemisferio Ocidental foi a República de Cuba. Fidel Castro, o líder
.*plo.", os seus recursos minerais (cobre e molibdénio)
" revolucionário que derrubou o dirador opressor Fulgencio Barista a 1 de
da uniáo soviética e de ourros países comunistas. Tornou'se
membro
secretário do Partido janeiro de L959, náo se proclamou âbertamente marxista, mas a política
do GOMECON em 1962. Em 1978, o primeiro
de país anticâstrista dos Estados Unidos, que culminou no apoio à invasão desas-
Comunista anunciou que a República havia sido transformada'
trosa da baía dos Porcos, em 1967, empurrou-o pâra os braços da União
agroindustrial, num país industrial agtârio'
ocu- Soviética, que Êcou encanrada por encontrar uma base para espalhar as
Após a derrota doJapão, exércitos norte-americânos e soviéticos
suas doutrinas no hemisfério Ocidental. Afastada dos seus mercados rra-
param a Coreiaconjuntamente. As suas zonas estâvam aPenas separadas
sob um dicionais, principalmente nos Estados Unidos, mas ainda dependente da
p.lo p"r"1.1o 38 de latitude. Os esforços no sentido de unir o país
e ameríca' sua exportação tradicional de açucar, Cuba recebeu a maior parte dos seus
úrri.o ,"gi.rr" falharam, e, em 1948, as autoridades soviéticas
produtos indusrriais (incluindo armamento) do bloco soviético. Em I9TZ,
nas organizaram regimes separados nâs resPetivas zones e' logo
depois'
da Coreia' ou tornou-se membro do COMECON.
,"tír^ri^as sues forças. A República Popular Democrática
focado
Coreia do Norte, com base no modelo central de estilo soviético,
nas forças militares, foi criada em setembro de 1948' Em
junho de 1950'
reuniÊcar o A economia de descolonização
tropas norre-coreanas invadiram a Coreia do Sul, tentando
EUA' a Coreia
paír rob o controlo comunista. Com a ajuda substancial dos
ão Sol acabou por rechaçar a invasão, mas as duas zonas do país
foram A Segunda Guerra Mundial desferiu o golpe mortal no imperialismo
de L953' A capacídaåe europeu. As Filipinas, as Í.tdias Orientais Holandesas, a Indochina
devastadas pela guerca,que durou até ao armistício
com ajuda Francesa e a Birmânia e a Malásia britânicas Êcaram sob o controlo
de produçáo e mineraçáo da coreia do Norte foi reconstruída
autoritário temporário doJapáo. Noutros ponros da Ásia e de Aftica, a derrota da
soviética e chinesa, e a agricultur afoí coletivízada' Sob o regime
França, daBélgíca e daltálíae e preocupaçáo dos britânicos com o esforço
de Kim ll-Sung, a Coreia do Norte tornou-se uma das sociedades mais
ou bens de guerra frzeram com que deixassem as suas dependências coloniais em
repressivas e regimentadas do mundo , nâo ptodrnindo alimentos
grande parte por contâ própria. Algumas dependências proclamaram a
d".orrr,r-o adequados ao seu povo, embora tenha sido aregíâo mais avan'
independência ao mesmo rempo; ouras tesremunharam o surgimento de
çada da economia coreanâ antes da Segunda Guerra Mundial'
partidos independentistas, que se manifestaram contra o regime colonial
A República socialista do vietname foi uma excrescência da República
Democrática do Vetname, criada a2 de setembro de 1945' por
Ho Chi continuado. As palavras de ordem de guerra dos aliados ocidentais, que
os japoneses' que ocuPa- pediam liberdade e democracia em todo o mundo, reforçaram o apelo
Minh, líder do movimento de resistência contra
franceses dos movimentos independenristas, destacando o conrraste entre os ideais
ram o país durante a segunda Guerra Mundial. Após a gÚefta,os
ocidentais e as realidades do colonialismo. Também minaram a facilidade
tentaram regressar ao poder, mas foram derrotados pelos vietnamitas
com que os europeus se censuravam para dominarem outros. Nos anos que
em L954,O país foi entáo dividido num Vetname do Norte comunista
e

se seguiu sucederam imediatamen te à guerta, as porências imperiais recuperaram de

num Vietname do Sul anticomunista' Na trágica gÚeffacivil que
militar forma tempo râria o controlo da maior parte das sua$ antigas colónias, mas
nos ânos sessenra e setenra, o sul foi derrotado, aPesar do apoio
A economia global do as suâs próprias fragilidades, induzidas pela guerca, pela força crescenre
maciço e da ajudaeconómica dos Estados unidos.
 Reconstruindo a economia mundiø\, 1945-1989 539
538 rusrÓRrA LCONÓMICA D0 [tUND0

dos Estados Unidos antes da Segunda Guerra Mundial, tornaram-se inde-

dos movimentos de independência nariva e pela posiçäo ambivalente dos
pendentes como República das Filipinas a 4 de julho de L946.Todos estes
Estados Unidos no colonialismo, levaram ao abandono gradual dos con-
países, exceto e Singapura, têm muitas características em comum, incluin-
trolos imperiais. Em alguns câsos, as regióes coloniais travafam guerras
do clima e topograña. Todos eles são predominantemenre rurais e agráríos,
bem-sucedidas de independência contfe as entigas metrópoles. cada vez
com a máo de obra dividida enrre explorações camponesas de subsistência
mais, as potências imperiais abandonavam o domínio de forma voluntária,
e agricultura de plantação direcionada para a exporração, Alguns deles
se náo relutante, ao invés de se sujeitarem aos custos e perigos dagaerra'
a independência ao subcontinente também possuem minérios estratégicos apreciados nos mercados mundiais
Quando a Grã-Bretanha reconheceu
petróleo na Indonésia e estanho na Malásia. Todos têm baixas taxas
Indiano, em L947, náo surgiu uma, mas duas novas naçóes, e depois uma -
de alfabetízaçio e elevadas taxas de crescimento populacional. Embora
tercefuae ume quarra. A Índia e o Paquistäo, o primeiro predominante-
sejam nominalmente repúblicas, as forças da democracia em todos eles são
mente hindu em rcligiâo, o último islâmico, conseguiram a independên-
fracas; na sua maioria, sofreram longos períodos de ditadura. Finalmente,
cia a !5 de agosto de 1947, No ano seguinte, a ilha do ceiláo
também
a maioria é extremamente pobre embora Singapura seja muito urbani-
obteve independência, assumindo o novo nome de Sri Lanka em L972, -
zada, altameme alfabetizada e relativamente rica. Situada na confluência
O paquistáo, como originalmente consriruído, foi dividido em duas regióes
das principais rotas comerciais, desenvolveu uma economia soÊsticada
claramente separadasl Paquistáo Ocidental, de língua urdu, ao longo do
como a de Hong Kong, com o comércio como base e apoiada por serviços
rio Indo, e Paquistáo Oriental, de língua bengali, ao longo da Índia' no
bancários e Ênanceiros relacionados e mesmo por algumas indústrias.
rio Ganges. Os paquistaneses ocidentais dominaram os mais numerosos
O mapa político de Afríca no Êm da Segunda Guerra Mundial dife-
paquistaneses de leste no plano político, atéL97I, ano em que o último
riu pouco do dos enos entre-guerras. As potências imperiais do passado
revogou e estabeleceu o Estado independente do Bangladesh. os quatfo
ainda governavam quese todo o continente. Sobretudo, os acontecimentos
países têm populações extremamente densas, Poucos e pobres recursos
importantes das duas décadas anteriores pareciam ter ddo poucos efeitos.
narurais e baixos níveis de anabetizaçâo. Também estáo sujeitos a distúr-
Sob a superficie, no entanto, as poderosas correnres de mudança foram
bios raciais e religiosos e a governos instáveis, frequentemente ditatoriais.
colocadas em movimento, o que, nas duas décadas seguintes, alterou com-
A maior parte da mão de obra em todos eles dedica-se à agricultura de
pletamente a face do continente.
baixa produtividade, Náo é de espanrar que todos estes países sejam extre-
A antiga colónia italiana daLíbía rornou-se a primeira nação afticana
mâmente pobres. A Índia é a menos desfavorecida. Nos anos sessenta e a
agora é pratica' ganhar a independência, Após uma decisão das Naçóes Unidas em 1949,
setenta, aproveitou a <revoluçáo verde, na agricultura e
o novo Estado surgiu no Ênal de l95L como monarquia constitucional-
mente autossuÊciente no seu abastecimento alimentar. Também tem mais
Com a sua escassa população, aperer,ltefalta de recursos naturais e econo-
indústria do que as outras. Nenhum dos países é um Estado doutrinário
mia atrasada, o futuro da nova nação não era promissor, mas os subsídios
socialista, mas em todos o governo desempenha um papel substancial
ocidentais ajudaram-na a sobreviver até a descoberta do petróleo fortalecer
na economia.
a sua base económica. Em 1969, ume junta de jovens oÊciais milirares
A Birmânia, rebaúzadaMyanmar, foi governada antes da guefrâ como
derrubou o velho rei pró-ocidental e criou uma república árabe fanatica-
parte da Índia britânica e alcançou a independência dos britânicos em7948,
juntamente mente nacionalista, que nos anos oitenta e noventa auxiliou e encoraiou
a Indonésia dos holandes es em 7949, e o Laus e o Camboja,
terroristas internacionais.
com o Vietname do Norte, dos franceses em L954'Em 1963, es antigâs
colónias da Coroa de Singapura, Sarawak e Bornéu Norte, juntaram'se
à A Grã-Bretanha terminou formalmente o seu protetorado sobre
o Egito em 1922, mas manteve o controlo dos seus assuntos militares e
Federaçãode Malaia como Federação da Malásia, um domínio totalmente
estrangeiros. Em 7952, uma junta militar derrubou o governo fantoche
autónomo dentro da Commonwealth britânica; em 1965, Singapura'
britânico, indolente e amanre do prazeg e criou uma ditadura militar sob
esmagadoramente povoada por chineses étnicos, retirou-se € tofflou-s€
uma iepública independente. As Filipinas, reservadas para a independência
a aparència de urna república. Em 7956, o ditador expulsou as últimas
540 rilsT0RrA EC0NÖMICA D0 [tUND0 Reconstruindo a economia mundial, 1945-1989 541

rropas britânicas que protegiam ostensivamente o canal de Suez, e, logo particular, os depósitos de petróleo e gás natural da Atgélia, descobertos
depois, este foi nacíonalizado. Apesar de insistirem na sua independência pouco depois da independência, concederam-lhe os meios para desen-
absoluta, os egípcios desejavam mânter o controlo sobre o Sudáo, o qual volver a indústria e desempenhar um papel na política mundial. Antes da

haviam administrado em conjunto com os britânicos. No entanto, num independência, os rrês países estavam comercialmente direcionados para a
França, e essa orientação continuou, embora um acordo comercial com a
plebiscito realizado em 1,955, os sudaneses votarâm claramente a favor de
Comunidade Europeia, em 1976, tenha alargado os seus mercados exter-
uma república independenre, que proclamaram a 1 de janeiro de 1956.
nos. A Argélia exportou grande parte do seu gás natural líquido para os
Com uma granáe área, mas recursos pobres e uma populaçáo na maior
Estados Unidos.
parte analfabeta, o Sudão não conseguiu pôr a democracia ou a economia
em funcionamento e foi governado por uma série de regimes militares.
No início dadécada de cinquenta, a maior parre dos observadores espe-
rava que uma geraçáo ou mais fosse necessáríaparz gue os povos negros
os países do Norte de África francês envolveram-se numa longa e difícil
luta pela independência, Tunísia e Marrocos mantiveram os seus govefnos de Africaalcançassem a independência, mes, em uma década,várias novas
A Argélía, pof outro lado, onde os nações surgiram dos antigos impérios britânico, francês e belga, A força
tradicionais sob orientação francesa.
franceses se haviam esrabelecido há mais de cem anos e que contava mais
dos movimentos de independência nativa apenas representou em parte

de um milháo de habitantes de ascendência europeia (cerca de um décimo

essedesenvolvimento marcante. Igualmente importantes foram as diÊcul-
dades internas das potências imperiais, o que fez com que não quisessem
da populaçáo), foi tratada como Parte da França para alguns propósitos-
suportar os elevados custos económicos, políticos e morais de continuar a
Depois da guerra, desenvolveram-se fortes movimentos nacionalistas e
pan-árabes nos três países. O governo francês respondeu com concessões
governer povos estrangeiros contra a sua vontade. Depois de começado o
Tunísia e Marrocos, mâs tenrou tntegrar a ArgéLía mais ûrme- processo de emancipação, este continuou como uma reação em cadeia, com
nominais à
cada novo dia de independência a epressar o seguinte.
mente na França. Nenhuma das políticas funcionou'
França acabou por conceder independência plena à Tunísia e a Depois da Segunda Guerra Mundial, o governo britânico percebeu
que teria defazer um melhor trabalho napreparação das suas praças afri-
Marrocos, mas reforçou o controlo na Argélia, os argelinos responderam
canas para autogoverno, se quisesse evitar guerras coloniais dispendiosas
com uma gtreffa de guerrilha inrensa a parrir de 1954, na qual frequente-
e uma perda total dos benefícios económicos do império. Começou por
mente se envolviam em atos de terrorismo contra a população europeia
estabelecer mais escolas, criar universidades e abrir aftnçâo pública aos
e os colaboradores argelinos, Incapaz de localizar e destruir o líder dos
rebeldes, que frequentemenre se refugiava nourros países árabes, o exét-
africanos. Em795I,a Gold Coasr e a Nigéria conseguiram aþuma aurono-
mia local. Os britânicos prerendiam mais,talvezpassadas algumas décadas.
cito francês respondeu com o seu próprio terrorismo. O governo em Paris
nem deu ao exército apoio total nem exefceu controlo Êrme sobre ele. No entanto, na Costa do Ouro, Kwame Nkrumah, líder político notável,
exigiu a independência imediata e revelou a determinação de a conquisrar
Em maio de 7958, race à ameaça de golpe de Estado do exército, o governo
mesmo a paftir da sua cela. Em vez de arriscar uma revolta de pleno direi-
da IV República Francesa abdicou dos seus poderes na Argéliaa favor do
to, os britânicos concordaram com a maioria das exigências de Nkrumah,
general Charles de Gaulle, que assumiu praticamente o poder ditatorial
sobre a nação. Em primeiro hgar, de Gaulle parecia tentadg manter a
e,em 1957, o Estado do Gana (designação inspirada num império africano

AtgéIiacomo sendo francesa, mas depois de mais anos de derramamento
de sangue e de muitas tenrativâs infrutíferas de alcançar um entendimen'
to com os líderes argelinos sobre a auronomia dentro da ncomunidade
Francesa>, concordou, em 1962, com a independência total'
os três países do Norte de Aîtira predominantemente agrários,
"t^ (cereais, azeitonas, citrinos,
com uma agricultura de tipo mediterrânico
erc.), mas também continham importantes depósitos minerais. Em
medieval) emergiu como a primeira naçâo negra da Commonwealth bri-
tânica. O Gana também se rornou membro das Naçóes Unidas. Com este
precedente, a Nigéria alcançou a independência em L960, e ourras antigas
possessóes britânicas seguiram o exemplo em anos posteriores.
Paradoxalmenre, as primeiras colónias britânicas Áfti." a alcan-
"-
çarcm a independência total foram as menos avançadas económica e
politicamente. Por terem sido povoadas quase inteiramente por negros
 lllSTÓRIA LCONÓMICA DO l\4!NDO
Reconstruindo a economiø mundial, 1945-1989 543

Os distúrbios apanharam-nos desprevenidos, mes, no início de 1960, o

africanos, náo havia problemas de minorias brancas. Na África Oriental
governo belga decretou que o Congo se tornâsse independente a30 de
e nas Rodésias, os colonizadores britânicos haviam adquirido vastas
áreas
junho. As eleiçóes foram prontamente organizadas, elaborou-se uma
de proprieda des e gozavam de uma substancial autonomia. Privados de
Constituiçáo, e os congoleses, em grande parte analfabetos e sem alguma
direitos políticos e de oportunidades económicas, os africanos constituíam
vez arTtes terem votado, foram convocados para escolher um conjunto com-
maiorias hostis e rebeldes que pof vezes recorriam à violência, como no
terrorismo dos Mau-Mau, no Quénia, na década de cinquenta' Em 1965, pleto de funcionários do governo. Quando o dia marcado chegou, muiros
deles esperavam que o seu nível de vida melhorasse magicemente, Êcando
a Grá-Bretanha concedera a independência a todas as suas colónias afri-
sul (ou Rodésia, como tcou conhecida depois ao nível do dos seus ântigos e abastados senhores. Na sua deceção, recoffe-
canâs, excero a Rodésia do
de a Rodésia do Norte se rransformat nazàmbia, em1964), A exceção ram novamente à pilhagem e à destruição desenfreada, O exército congolês
emotinou-se, grupos políticos rivais atacaram-se, e aprovíncíade Katanga,
resultou da recusa da população branca da Rodésia em conceder o mesmo
rica em minerais, tentou cindir-se da nova nação. O governo central pediu
estatuto aos seus cidadáos negros, que excediam em número os brancos.
a assistência das Naçóes Unidas para restaurar a ordem, mas a rebelião
Em L965, o governo dominado por brancos do primeiro-ministro Ian
e surtos selváticos de violência continuaram a ocorrer esporadicamente.
Smith fez uma declaração unilateral de independëncia - a primeira do
Finalmente, em L965, um ditador militar, o general Mobutu Sese Seko,
Império Britânico desde L776. As Nações unidas tentaram aplicar san-
çóes económicas, mas a Rodésia,
com alguma ajuda da Aftír, do Sul e conseguiu restaurar a ordem. Depois de consolidar o seu domínio, mudou
o nome do país para Repúbli ca do Zaire.
de Portugal, resistiu com sucesso durante vários anos. Por Êm, em L979,
Em meados dadécadade sessenra, todas as ex-potêncies coloniais euro-
após eleições livres, a maioria negra triunfou e deu ao país o novo nome
peias, exceto Portugal, haviam concedido a independência a quase todas as
deZimbabué.
Ao anunciar a constituiçáo da v República, em L958, de Gaulle ofere- suas colónias asiáticas e africanas. Portugal rejeitou com desprezo todas as

a Argélía, a opçáo de independência sugestôes no sentido de preparar as sues colónias para uma eventual liber-
ceu às colónias francesas, excetuando
ou auronomia imediata dentro da nova comunidade francesa, com o direito
tação,No entanto, em L974, um golpe de Estado em Portugal derrubou o
regime ditatorial, e o novo governo negociou pronramente a independência
de se afastarem a qualquer momenro. Embora de Gaulle tenha percebido
parâ as suas colónias africanas, Angola e Moçambique, no ano seguinte.
que provavelmente seria impossível menter as colónias contfa a sua von-
F,mbora o colonialismo estivesse moribundo, se é que não estava já,
tade, essa oferta extraordinariamente liberal contrestava com a obstinada
morto, deixou um legado deplorável. Com poucas exceçóes, limitadas em
falta de realismo e erros da anterior política colonial francesa. De quinze
grande pârte a áreas de colonização europeia, es novas nações eÍam extÍe-
colónias ,ra Áfri." negra (incluindo Madagáscar), apenas a Guiné, lide-
mamente pobres. Nos três quertos de século do colonialismo, as nações
rada pelo comunisra Sékou Touré, escolheu a independência. As outras
da Europa retireram vastas fortunas em minérios e outros produtos de
organízaramos seus próprios governos' mas permitiram à França mânter o
Afrira, mas partilhavem pouco da sua ùquezacom os africanos. Só mais
controlo da defesa e da política exteffraem trocâ da assistência económica
tarde algumas potências coloniais frzeram algum esforço no senrido de
e técnica.Em 1960, uma nova mudança constitucional conferiu-lhes total
educar os seus súbditos ou de os prepararem para um aucogoverno res-
independência, ao mesmo rempo que thes concedeu privilégios económicos
ponsável. No entanto, a maioria das novas nações manifestou pelo menos
.rp".i"ir. Em L96], durante a Convenção de Yaoundé (que adiante anali-
sâremos em mais pormenor), esses privilégios foram alargados, para incluir
a pretensão de seguir formas democráticas, e algumas frzeram um esforço
valoroso no sentido de alcançarem uma verdadeira democracia. Contudo,
todos os membros da Comunidade Europeia.
como em muitas outras regióes do mundo, não existiam bases sociais e
A conquista repenrina da liberdade pelas colónias francesas incitou os
de económicas para democracias estáveis e viáveis . Muitas ex-colónias
plácidos ,ãbdiro. do Congo belga ao motim, à pilhagem e à exigência
tomado qualquer disposi- sucumbiram a governos de partido único, frequentemente influenciadas
,r"r".rr"rrro semelhante. Os belgas náo haviam
muito menos pata a independência' por comunistas russos ou chineses. Algumas foram vítimas da anarquia
çâo parao autogoverno no Congo,
e
544 rusTORIA LCONÓMICA DO
t\TUNDO Reconstruindo a economiø mundial, L945-1989 545

e da guerra civil, durante as quais milhares de civis inocentes, especial-

foi quø quando os choques petrolíferos da década de setenra abalaram a
economia internacional, os níveis de rendimento per cøpitø na América
mente crianças, morreram de subnutrição e de doenças, bem como das
novas naçóes era assolada pela
A maioria dos governos das Latina desceram ainda mais abaixo do que os dos países industrializados
hostilidades.
avançados do Ocidente. Dado que as políticas económicas latíno-america-
ineÊciência e pela corrupção. Mesmo quando as suas intençóes eram boas,
nas não geraram melhores resultados do que as políticas similares das anti-
poucas tinham os recursos, especialmente em capital humano' Para as
gas colónias das potências ocidentais em Africa e na Ásia, era narural que
corLú etLzar em com sucesso.
seunissem numa causa comum. Emorganizações multilaterais das Naçóes
Unidas e respetivas agências especializadas para o FMI e o Banco Mundial,
0s trabalhos do Terceiro Mundo autointitulavam-se <Terceiro Mundo>, nem comunistas nem capitalisras,
estando igualmente dispostos a aceitar ajuda externa dos Estados Unidos,
da Europa Ocidental ou da União Soviética.
Em muitos casos, âs ex-colónias tentaram imitar os aParentes sucessos da
América Latina no estabelecimento da independência económica e política
No entanto, na dê.cada de sessenta, ocorria um crescimento e uma
dos seus antigos senhores coloniais. No tnal do século xlx e na primeira
industrialização notáveis em cerrâs economias do Sudeste Asiático, espe-
cialmente nas antigas colónias japonesas da Coreia do Sul e de Taiwan.
metade do século xx, os países da Am&íca Latina foram intervenientes
importantes na divisão internacional do trabalho, com base na vantegem
Na época, o seu crescimento foi descartado como resultado de Estados
compârativa em produtos primários. Até meados do século xx' alguns
militares-clientes dos Estados Unidos, com as enormes quanries da ajuda
estrangeira recebidas dos Estados Unidos a serem justiÊcadas pela Guerra
d"l"r, rro^""damente os países do ncone sul" (Argentina, Uruguai e Chile)'
Fria com a União Soviética. No enranto, em retrospetiva, aparentemente
gozavemde um rendim ento pet cøltitø compatâve| ao da Europa Ocidental'
conseguiram imitar o programa estataljaponês de indusrializaçãLo orienra-
b"í diante, sob a suposiçâo enadade que eram de alguma forma cida'
"- dapara a exportação em alguns casos, melhoratam
dãos de segunda classe do mundo devido à sua especializaçãrc em produtos
e,
^esrrarégiajaponesa,
permitindo maiores taxas de crescimento do consumo interno. A Tailândia
primários, a maioria conrinuava a apegat-se a progrâmas de <industriali-
internamente e a Malásia não iam muito atrás, Êcando as quatro naçóes conhecidas
zação de substituição de importaçóes', tentando produzir
coletivamente como <tigres asiáticos>. Enrretanro, o dragão vermelho da
os produtos industriais que haviam importado anteriormente. Embora
República Popular da China observava rudo, embora seguindo a sua pró-
esta estratégia tenha funcionado bem para estes países durante a depres-
pria estratégia económica.
säo da década de rinta e as interrupções causadas pela Segunda Guerra
Mundial, revelou-se contraproducente em comparação com âs políticas de
promoção de exportaçóes que arrancariam primeiro na Europa e depois
As origens da União Europeía
no Japáo. Quase sem exceçáo, os progfemas latino-americanos falhatam,
por várias razóes; os mercados nacionais eram muito Pequenos, tento em
.rú*".o como em poder de comPra, para justiÊcar métodos de produção O sonho de uma Europa unida é tão antigo quanro a própna Europa.
mais económicosi veriÊcou-se uma falta de cooperaçáo internacional na
Os limites do Mercado Comum original aproximaram-se dos limites do
Santo Império Romano de Carlos Magno. O Império Francês de Napoleão
região (por exemplo, a Associação Latino-Americana de Comércio Livre'
e os seus satélites no Sisrema Continental abrangeram quase toda a Europa
tÃpTA, nunca chegaria realmente a aÊrmar-se) 1 e, ao contrârio do Japáo,
Continental. O <Concerto da Europa>, que surgiu a partir do Congresso
a rcgião não tinha capttal humano pare usâr de forma eflcaz a nova fec'
a de Viena, em 7875, representou uma rentativa de coordenar a política
nologia desenvolvida nourras regióes, e muito menos para desenvolver
sua própria. Além disso, os níveis de poupança Perrnaîeceram baixos
em nos mais altos níveis de governo. A Sociedade das Naçóes constiruiu uma
e as concertaçáo dos vencedores europeus na Primeira Guerra Mundial. Hitler
comparação com os dos países asiáticos de industrializaçio rccente,
taxas de crescimenro da população mantiveram-se elevadas. O resultado
quase conseguiu criar umFestungEuropta sob dominação nazi. No entanto,
 Reconstruindo a economia mundiaL 1945-7989 547
546 rusl0RlA LCONÓMICA D0 NtUND0

uniñca- na ideia de que a força económica é a base do poder político e militar e

todos estes esforços falharam, devido à incapacidade dos alegados
falta de vontade, por de que uma economia europeia totalmente integrada tornaria as guerres
dores manterem um monopólio do poder coercivo e à
sua autoridade. intraeuropeias menos prováveis, se não impossíveis. Devido à ideia profun-
parte dos membros, de se submeterem voluntariamente à
contribuíram para damente enraízada da soberania nacional, a maioria das propostas práricas
Êrn ,"^po, anteriores, as diñculdades de comunicação
tornou-se para uma organizaçio supranacional prevê a uniÊcação económica como
o fracionamento da Europa, Mais tarde, aideiado nacionalismo
após a Revolução um passo preliminar para a uniÊcação política.
tio arraigadano Pensamento euroPeu, especialmente
A união aduaneira do Benelux, que prevê a livre circulação de mercado-
que soberania, ou seja, a autoridade ou o domínio stlPremo' e
Francesa,
da Segunda rias na Bélgica, nos Países Baixos e no Luxemburgo e que criou uma pauta
nacionalidade se tornaram Praticamente sinónimos' Antes
a todas externa comum, surgiu da constataçáo de que, nas modernas condiçóes de
Guerra Mundial, as naçóes modernas oPuseram'se zelosamente
infringir ou de alguma fotma diminuir a produção e distribuição, as economias dos Estados, isoladamente, eram
as propostas ou tentativas de
demasiado pequenas pera qr¡e pudessem aproveitar todos os benefícios
sua soberania.
entre otganíZações internacio- da produçáo em massa, A Bélgica e o Luxemburgo juntaram-se, de facto,
É i-port"rrt" ter em menre a distinçäo
da coope- numa uniáo económica ainda em 792I, e os governos no exílio da Bélgica
nais e supranacionais. As organízaçlesinternacionais dependem
de coerçáo. e dos Países Baixos concordaram, em princípio, com a união aduaneira
ração voluntária dos seus membros e não têm poderes diretos
renunciem a durante e gtrefta, A ratiÊcação formal de um tratado ocorreu em L947,
As organizaçóes supranacionais exigem que os seus membros
cumprimento Os homens de Estado desses países foram os defensores mais calorosos de
pelo menos uma Pârte da sua soberania e Possam obrigar
ao
um mercado comum europeu e continuarem a trabalhar para uma integra-
do, ,".t, mandatos- Tanto a Liga das Naçóes como as Nações Unidas
áe organizaçóes internacionais' Na Europa' a Organizaçâo ção económica mais próxima dos seus próprios países, independentemente
sáo exemplos
outras orga- dos desenvolvimentos europeus mais amplos.
Europeia par a a coopençáo Económic a e a maior parte das
A OECE resultou em grande parte da tniciativa americana e forneceu
niz ç0""J",r"çó", do pós-guerra são internacionais e náo supranacionais'
apenas a cooperação, e não aintegraçâo total. Em 1950, o ministro francês
A continuação de uma cooperaçáo bem-sucedida pode levar eventualmente
dos defen' dos Negócios Estrangeiros, Robert Schuman, propôs a integração das
a uma associ açio de soberanias, que corresPonde à esperança
indústrias de carvão e aço de França e da Alemanha Ocidental e convidou
sores da unidade europeia. As propostas para algum tipo
de organizaçáo
a partir de outras naçóes a participarem, As motivaçóes de Schuman eram tanto polí-
supranacional na Europa tornaram-se cadavezmais frequentes
ticas como económicas. O carvão e o aço estavâm no coração da indústria
L9 45, v indo também de fontes cada v ez mais influentes-
moderna, da indústria de armamentos em particular, e todos os sinais
As propostas decorrem de dois motivos distintos, mas relacionadosl
apontavam parâ um ressurgimento alemão nesta área. O Plano Schuman
político e económico. A motivaçáo política estâ eîtaizâ:da na crença
foi um instrumento destinado a menter a indústria alemã sob vigilância
ã" qo. aPenas através de uma organizaçáo supranacional a ameaça de
e controlo. Desejosa de ser admitida no novo Concerto da Europa, a
go"rr^enrre potências europeias pode ser erradicadade forma Permanen-
o Alemanha Ocidental respondeu com alacridade, tal como as naçóes do
L. Algo^ defensores da unidade política europeia acreditarí. ainda que
se as naçóes Benelux e deltítIía, receando serem deixadas para trás se não participassem.
Estado-naçáo comPacto do passado está agore ultrapassado;
têm de A Grá-Bretanha, com indústrias nacionahzadas de carváo e aço na altura
da Europa retomafem o seu anrigo papel nos assuntos mundiais,
força e ainda consciente do seu império, respondeu com mais cautela e,
no frm,
pod", f"1", com uma só voz e ter os seus próprios recursos e uma
O tratado que criou a Comunidade Europeia
acabou por não p^rticipar.
ã" trabalho comparável aos dos Estados Unidos' O motivo económico
uma maior do Carvão e do Aço (CECA) foi assinado em 7951e entrou em vigor no
baseia-se no efgumento de que mercados maiores promoverão
maior produ- início do ano seguinte. Previa a eliminação de tarifas e de contingentes no
especíaìizaçio e um aumento da concorrência e, portanto'
mercados comércio intracomunitário de minério de ferro, carvã.o, coque e eço, uma
tividade e padróes de vida. (Alguns também argumentam que
fundem'se tarifa externa comum sobre as importações de outras nações e controlos
maiores irão produZir economias de escala.) Os dois motivos
 H]STÓRIA TCONÓMICA DO ¡tUNDO
Reconstruindo a economia mundiø\, 1945-1989 549
548

foram estabe- as suas operaçóes e fundirem outros órgãos supranacionais (conselhos de

de produção e vendas. Para supervisionar as suas operaçóes'
uma Alta Autoridade com ministros, assembleias comuns e tribunais) com os da CECA. O tratado
l".ido, vários órgãos de catictet supranacionall
salvagÙardar os inte- do Mercado Comum entrou em vigor a 1 de janeiro de 1958, e, passados
pod.eres execurivos, um Conselho de Ministros Para
uma Assembleia Comum com autoridade alguns anos, a comunidade confundiu os pessimistas (que eram muitos)
,"*.". do, Estados-membros,
A comunidade ao abreviar, emvez de prolongar, o período de transição. Em 1965, as altas
consultiva e um Tribunal de Justiça para resolver disputas'
de empresas dentro comissões das três comunidades fundiram-se, criando uma agência mais
foí atrcoúzada a cobrar um imposto sobre a produção
efetiva para eventual uniÊcação política. A 1 dejulho de 1968, todas as
da suajurisdíçâo paraÊnanciar as suas operaçóes'
as mesmas tarifas entre Estados-membros foram completamente eliminadas, vários
Pouco depois de a comunidade ter iniciado as operaçóes'
. com um tratado anos antes da data inicialmente prevista.
nações tentaram outro Passo gigante rumo à íntegtaçio
como a Nas preliminares dos tratados, que foram assinados em Roma, foram
para uma comunidade de defesa europeia. l)esenvolvimentos
'G,r.rr" Atlântico outras naçóes para sejuntarem ao Mercado Comum.
da Coreia, a formaçâo da Organizaçáo do Tratado do estendidos convites a

Norte (OTAN), em 1949, e aúqidarecuperaçáo económica da Alemanha A Grã-Bretanha opôs-se à rendição da soberania implícita nos tratados e

revelaram a importância de incluir contingentes alemães

numa força tentou persuadir as naçóes da OECE a criarem uma área de comércio livre,
Depois de o Tratado do Mercado Comum ter sido assinado pelos países
militar da Europa ocidental, mas as proPostas nesse sentido despertaram
naturalmente as suspeitas e a hosdlidade de Pessoes que
recentemente do Plano Schuman na Grá-Bretanha, os países escandinavos, a Suíça,
a Assembleia a Áustria e Portugal, os chamados osete de fora>>, cnaram a Associação
haviam sido vítimas d'a agressáo alemã'Após longos debates'
rejeitou o tratado em âgosto de 1954' Este impasse no Europeia de Comércio Livre (EFTA) em contraste com o <seis de dentro>
Nacional francesa
movimento de uniÊcaçáo demonstrou, mais uma vez' a áifrculdade
de do Mercado Comum. O ratado da EFTA previa apenas a eliminaçâo de
soberania nacional' tarifas de produtos industriais entre os países signatários. Não se estendeu
alcançar um acordo sobre propostas de limitaçâo da
mais aos produtos agrícolas, náo previa uma tarifa externa comum, e qualquer
O. d"f"rrror"s da unidade fecorrerâm então a táticas mais cautelosas,
membro podia retirar-se em qualquer momento. Foi, assim, uma união
ur.rnavez naârea da economia.
dois muito mais fraca do que o Mercado Comum.
Em 1957, os participantes no Plano Schuman assinaram mais
em Roma, criando a Comunidade Europeia da Energia Atómica
tratados
Em 1961, a Grã-Bretanha revelou a sua vontede de entrar no
Mercado Comum se certas condições fossem ser cumpridas. A entrada
(EURATOM),p^,^odesenvolvimentodeatilizaçóespacíÊcasdaenergía
(CEE) da Grã-Bretanha implicaria também a adesáo da maioria dos parceiros da
atómica, e, mais importante, a Comunidade Económica Europeia
a eliminaçäo EFTA. Seguiram-se negociaçóes demoradas sobre os termos da entrada,
ou Mercado Comum. O tratado do Mercado Comum previa
de direitos de importaçáo e restriçóes quentitativas sobre todo mas, em janeíro de 1963, o presidente de Gaulle, de França, vetou a adesáo
gradual
externa da Grã-Bretanha, unìa ação que repetiu em 1967. Após a renúncia de de
ã comércio entre países-membros e a substituiçio de uma taríîa
Os membros Gaulle, em1969, o governo francês tomou uma atitude mais moderada
comum por um período de transição de doze a qainze anos'
comÌlns em sobre a questáo da adesáo dos britânicos, que outros países do mercado
da comunidade comprometeram-se a implementar políticas
de outras áreas comnm preferiram. Após novas negociações, a Grá-Bretanha, aklanda., a
m^téríade transporte , agtícultura,seguro social e uma série
e a permitir a livre circulação de pessoas e de Dinamarca ea Noruega foram aceites como membros emL972,apeftir de
críticas da política
".orrã*i." 1 de janeiro de L973, Embora a Noruega tenha apresentado a sua candida-
capital dentro dos limites da comunidade'
Uma das disposiçóes mais importantes do tratado foi que não
poderia ttrra, a qual foi aceite, o governo colocou a questáo num referendo popular,
do período que manifestou a recusa; assim, em 1973, os seis Estados-membros origi-
ser renunciado unilateralmente e que, após umâ certâ etapa
qualiÊcada e nais passaram a ser nove.
de transiçáo, ourras decisóes seriam tomadas por maioria
como os Os defensores da unidade europeia dnham muito mais em mente do
náo por ação unânime. Tanto os tratados do Mercado Comum
físcalízarem que um mero mercado comum ou uniáo aduaneira. Para eles, o Mercado
rrarados da EURATOM criaram comissóes destacadas para
550 HJSTÓRrA E!0N0M ICA D0 l/LUND0
Comum era apenas um prelúdio Para os Estados Unidos da Europa,
da mesma forma que o Zollvercinprecedeta o Império Alemão. Após a
assinatura dos tratados de Roma, começarem a falar em <Comunidades
Europeias> e, após a fusão das comissões em 1965, em nComunidade
Europeia>. As Assembleias Comuns reunidas tornaram-se o Parlamento
Europeu. Inicialmente, os seus membros foram eleitos pelos membros
dos Parlamentos dos Estados-membros, que estavam sentados em
grupos nacionais. Deteve aPenas poderes consultivos até a Comunidade
obter uma fonte de receitas independente dos seus direitos aduaneiros,
(Anteriormente, as comunidades haviam sido financiadas por uma Parte
dos impostos sobre o valor acrescentado de cada país). Posteriormente, o
Parlamento Europeu assumiu um controlo limitado sobre o orçamento.
Em 7979, depois de longas negociações e de vários adiamentos, os mem-
bros do Parlamento foram eleitos diretamente pelo povo e assumiram os
seus cargos em blocos partidários e não de acordo com a nacionalidade.
No entanto, a unidade europeia estave longe de ser um facto con-
sumado. Nas décadas de cinquenta e sessenta do século xx, quando a
Comunidade estava a estabelecer-se e a dar os primeiros Passos rumo à
integração,a economia mundial era robusta e expansiva, conribuindo para
a impressáo de otimismo face ao novo empreendimento e facilitando o seu
progresso. Posteriormente, durante o período de expansão da adesão, a
economia mundial foi muito menos favorâvel ao crescimento. No momen-
to em que as negociaçöes entre a Comunidade Europeia e a Grã-Bretanha
começavam, o sistema de taxas de câmbio Êxas de Bretton Woods ter-
minava, a 75 de agosto de I97L, O facto interrompeu os planos feitos
em 1970 no sentido de críar uma moeda comum entre os seis Estados-
membros originais, jâ que cada país encontrara a resPetiva moeda sujeita
a pressóes especulativas que alteraram as paridades anteriores. Entáo,
em 1973, depois de a Grã-Bretanha ter entrado Pata e CEE, juntamente
com a Irlanda e a Dinamafca, o primeiro choque petrolífero interrompeu
os planos económicos de todos os membros, com base na premissa de
fornecimenro conrínuo de petróleo bararo do Médio Oriente. Cada país
prosseguiu â suâ estratégia isolada para\iáar com o Preço quádruplo do
petróleo. Entretanto, a entrada britânica forçou otltfas mudanças na políti-
ca da cEE. Foram adicionados fundos da política regional para compensar
a Grã-Bretanha em parte pelos Preços elevados que teria de pagar pelas
importaçóes de alimentos, mas e medida levou à concorrência entre os
membros por açóes nos desembolsos da CEE.
Reconstruindo a economia mundial, 1945-7989 551
Finalmente, a entrada britânica complicou ainda mais as transeções da
CEE com as suas antigâs possessões coloniais. Em 1963, a CEE assinou
uma convenção em Yaoundé, nos Camarões, onde oferccia cooperação
comercial, técnica e financeira a dezanove países da Africa negra, princr-
palmente ex-colónias francesas e belgas. Em 7975, assinou uma convenção
em Lomé, no Togo, com quarenta e seis países de Aftir , das Caraíbas e do
PacíÊco, que agora incluía ex-colónias britânicas, além de ex-colónias de
França e dos Países Baixos. A Convenção de Lomé concedeu a esses países
âcesso gretuito à Comunidade em praricamenre rodos os produtos, os
quais estavam sujeitos a contingentes se competissem com produtos euro-
peus, além de fornecer assistência industrial e Ênanceira. Durante o resto
da turbulenta décadade setenta, foram assinados acordos comerciais seme-
lhantes com Israel (L975), com a Tunísia, a Argélia e Marrocos (1976),
bem como o Egito, a Síria, aJordânia e o Líbano (1977). Em geral, apesar
da aparente desunião de propósitos que atingia a Comunidade Europeia
em meados da década de setenta, a respostâ comum ao aumento acentuado
do custo das importaçóes vitais de combustível foi promover exportações
e encontrar fontes de importação de matérias-primas e alimentos mais
baratas. Como resultado, a importância do comércio aumentou de forma
acentuada e permanente para todos os envolvidos, apesar do abrandamen-
to do crescimento geral ocorrido. LJma nova era de globalização estava em
curso tanto pata o <Primeiro> como pare o <Terceiro Mundor, de acordo
com a rotulagem da divisão da economia global neste período. O <Segundo
Mundo> das economias planeadas aníve| estatal dominadas pela União
Soviética e pela China comunista acabaria por se seguir.
A emergência da segunda economia global
Como surgiu esta nova economia global em primeiro lugar? Parece claro
que o sucesso económico da Europa Ocidental ne rccuperação tão útpida
e deÊnitiva da devastação da Segunda Guerra Mundial desempenhou um
papel instrumental, dando um exemplo,
Gradualmente, países isolados noutras regiões do mundo encontraram
os seus próprios métodos para imítar o sucesso europeu. O primeiro e
mais notável seguidor dos passos da Europa foi o Japão. Na verdade, o
florescimento japonês foi mais longo e mais forte do que o demorado cres-
cimento da Europa no pós-guerra. Desde o frnal da década de quarenta
 Reconstruindo ø economiø mundial, 1945-L989 553
552 rusTÓRrA E!0N0MlcA D0 ¡ttjND0

tanto para o produto total como para o comércio externo. Em 1990, foram
do século xx atéao início da áécadade setenta, a taxa decrescimento do
PIB japonês foi superior a 10 por cenro por ano, caso único na história acompanhados da Tailândia, da Malásia e mesmo da Indonésia, rrma vez

do crescimento económico. Em 1966, o Japão tofnou-se a segunda maior
economia do mundo, assim permanecendo aú 2010' Nas décadas de
setenta e oitenta, de depressáo relativa, o seu crescimento desacelerou um
pouco, mas ainda foi superior ao da maioria das outras áreas da economia
mundial. Só na década de novenra sofreu uma desaceleraçáo prolongada
e uma crescente crise de conÊança nas suas instituiçóes económicas.
Embora seja frequentemente referido como um nmilagreu, houve, como na
que reorientatam a sua estratégia económica para um afastamento da
dependência das exportaçóes de petróleo. Várias das razões para o sucesso
económico japonês também se podem aplicar a essas cinco naçóes ele-
-
vadas taxas de poupança, uma população com um bom nível de instrução
e governos estáveis que apoiaram o crescimento com base nas exportaçóes.
Conheceram a vantagem adicional de um fornecimento elástico de mão
de obra, à medida que os bøby-booms da década de sessenta cresceram
e

esse desempenho, Primeiro foi o fenómeno da migraram do campo para as principais cidades e perâ as fábricas de última
Europa, razóessólidas para
tnal da trinta até ao Êm da década geração construídas por empresas multinacionais japonesas ou americanas.
rcclrpereçâo tecnológica. Do década de

de quarenta, a economia japonesa havia sido isolada do resto do mundo,

A urbanizaçáo e o trabalho fabril também tiveram o efeito de reduzir as
o início da década de quarenta, poderia adotar muitas taxas de fertilidade de forma bastante rápída, de modo que e percenta-
e assim Japão, no
inovaçóes tecnológicas a um custo mínimo. No entanto, esta náo é tazio gem de população nos principais grupos etários em atividade aumentou
acentuadamente, criando um ndividendo demográÊco), como referido no
sufrciente para a elevada taxa de crescimento do Japão; se o fosse, muitos
ourros países teriam feito o mesmo. Mais importante foi o elevado nível
Capítulo 16. Singapura e Hong Kong ocuparam posiçóes muito especiais
na economia internacional, embora a provisão do tratado de 1964 entre
de capital humano do Japão, o que lhe permitiu aproveitar a tecnologia
superior. Além disso, depois de oJapão ter comPensado pelo atraso tecno-
o Reino Unido e a República Popular da China, segundo a qual Hong
lógico, tornou-se líder na introdução de novas tecnologias, especialmente
Kong voltou a frcar sob soberania chinesa em julho de L997, tenha cau-
sado grande ansiedade entte a população ocidentalizada desse território.
em áreas como â eletrónica e a robótica. Para o efeito, podia contar não
só com a reseÍva de capial humano, mas também com os elevados níveis
De modo geral, a ârea da bacia do Pacífrco, incluindo a.Austrália e a Nove
de poupança e investimento dos japoneses, bem como com a sotsticação
Zelàndia, que participou de forma marginal na economia mundial antes
de meados do século xx, tornou-se Lrm âtor importante no último quartel
da gestão japonesa, que compreendeu o elevado retofno da investigaçáo
desse século (Figura 15.2).
e desenvolvimento indusrriais. Tudo isso foi combinado com a direção de
um governo estável, que se comprometeu arealizar e mântef o crescimento Não foi o caso da América Latina, cujos países tiveram diÊculdade em
com base nas exportações, mais ainda do que os seus homónimos euro-
mudar o curso da industrializaçãrc de substituição de importações pera e
o os maiores excedentes de industrialização direcionada paru as exportaçóes, Os choques petrolíferos
peus. Japáo conheceu, de forma consistente,
exportação do mundo industrializado. Por Êm (mas não exaustivamente),
da década de setenta levaram a saldos comerciais cadavez mais desfavorá-
veis, especialmente pare a Argentína, o Brasil e o México. Para financiarem
e mais especulativamente, pode mencionar-se o espírito ou a mentalidade
que é mais coledvista (em sentido geral), mais cooPe- os déÊces, os governos latino-americanos encontrar^m crédito fácil por
do povo japonês
- parte de bancos internacionais atolados de depósitos de receitas petrolí-
rativo e dado ao rabalho em equipa. Este manifesta-se tanto nas atitudes
feras dos membros do cartel da Organização dos Países Exportadores de
dos empregadores em relação aos seus funcionários (com o emPrego Para
Petróleo (OPEP). Os níveis alarmantemente elevados de endividamento
toda a vida como regra na mâioria das empresas até o mal-est at da dêcada
internacional na década de oitenta ameeçaram todo o sistema de paga-
de noventa forçar taxas de desemprego cada vez maiores) como na políti-
mentos internacionais quando o dólar se reforçou emforça, no início dos
ca governamental, que deu origem ao ePíteto <<Japãrc,Inc'>, aplicado por
anos oitenta.
alguns observadores críticos de Ocidente.
Outros países asiáticos, liderados pela Coreia do Sul e por Taiwan' Como tanto o comércio como a produçáo eumentaram para níveis
recorde a nível mundial, enquento todo, no Ênal do século xx, Afrir^
também apresentaram taxas de crescimento extremamente elevadas

554 rusrÓRrA LCONÓMICA D0 ¡tUND0
permaneceu como umâ nuvem escura no horiZonte. As novas naçóes que
surgiram com o Êm do colonialismo europeu não possuíam os recursos
necessários, tento naturais como especialmente humanos, para lidar com
as complexidades de uma economia moderna. As circunstâncias políticas
também impediram os esforços de desenvolvimento económico; as ini-
miZades étnicas getetam frequentes gueffas civis e golpes de Estado; e a
maior parre das naçóes ñcou sob o domínio de governos de partido único
com diferentes níveis de controlo ditarorial. Na República da África do
sul, há muito dominada pela minoria branca de descendência britânica
e (principalmente) de bóeres, a maioria negra obteve Ênalmente algo que
se aproximava da igualdade política no início da década de noventa, mas
Figura 15.2. A expansão continuada do comércio global depois de 1 970 condu-
ziu à construção de navios-contentores ainda maiores. Estes sÓ podiam atracar
nos portos que tivessem a infraestrututa capaz de lidar com as suas cargas
imensas (O Daniel Barnes)
Reconstruindo a economiø mundiø\, 1945-7989 555
as rivalidades étnicas e a violência contra as fações da maioria ameaçaram
viciar guaisquer ventâgens económicas que pudessem daí ter resultado.
A extrema diversidade étnica e linguística do continente africano pârece
ter bloqueado os esforços para construir as instituiçóes de direitos de pro-
priedade e a execução de contratos necessários para obter os benefícios do
capitalismo de mercado. Os países mais pobres e de crescimento mais lento
aníve| mundial continuavem a estar situados . Ãfrir , o continente mais
atingido por doenças, guerra cwiI, genocídio e governos instáveis,
Outra região do mundo que ganhou uma enorme importância eco-
nómica na última parte do século xx corresponde ao Sudoeste Asiático
ou Médio Oriente. A razio da sua importância económica acrescida pode
resumir-se sucintamente numa única palavral petróleo.
O petróleo foi descoberto no Irão (então chamado Pérsia) na primei-
ra década do século xx e, posteriormente, em vários Estados árabes que
fazem fronteira com o golfo Pérsico Iraque, Arábia Saudita, Kuwait e
-
emirados mais pequenos mas, 7950, a região contava pouco mais
-, ^té
de 15 por cento da produção mundial total. (Os Estados (Jnidos, na
época, ainda eram o maior produtor, com mais de 50 por cento do total.)
Em 1960, esses países, juntamente com a Líbia e aYenezuela, formaram
a OPEB a que vários outros Estados aderiram mais tarde. Em 7970, as
nações da OPEP representavam mais de um terço do total de produção
mundial de energia. Em L973, na sequência da quarta guefta israelo-ârabe,
agiram como cartel no sentido de aumentar precipitadamente o preço do
petróleo bruto, uma açáo que repetiram nessa mesma década, com o resul-
tado de o preço mundial do petróleo ter subido de três dólares por barril,
emL973,para30 dólares em 1980, um aumento dedezvezes.
Dado o elevado níveI de dependência da economia mundial face
ao petróleo, na época, o efeito sobre as economias dos países altamente
industrializados e em desenvolvimento era devastador- As nações em
desenvolvimento de repente enfrentaram déñces muito maiores na balança
de pagamentos, o que os forçava a endividarem-se mais profundamente,
enquanto as naçóes industriais entraram em <estagflação, a estagnação
-
da produção e do emprego, combinade com o aumento dos preços infla-
cionários, Esta situação persistiu até 1985, ano em que o valor do dólar
norte-americano baixou nos mercados cambiais através de ações concerta-
das entre os bancos centrais das economias indusrializedas. Em i986, o
preço do petróleo caiu drasticamente, o dólar enfraqueceu, e ainflação fora
controlada em todo o mundo indusrializado. No entanto, o desemprego
556 H]STÓRIA LCONOMICA DO I\IUNDO
manteve-se elevado, embora as taxas de crescimento tenham começado a
recuperar. Apesar da redução do preço do petróleo, a Procura do mesmo
náo cresceu táo rapidamente quanto a produçáo total, umâ mudança mar-
canre nas condiçóes das décadas de cinquenta e sessenta. Mesmo a invasão
de curta duração do Kuwait pelo ditador iraquiano, Saddam Hussein,
em 1990, causotl apenas uma subida ligeira e breve no preço do petróleo.
Este caiu novamente mal as forças do lraque foram expulsas do território,
embora viessem a ser necessários vários anos Para a produção de petróleo
do Kuwait fegressar aos níveis anteriores. Graças ao aumento da etciência
com que a energia foi utilizada no mundo industrializado e ao aumento
da disponibilidade de fontes alternativas de energia, quando o preço do
petróleo de repente triplicou de novo, em 2000, os efeitos não forarn tão
drásticos quanto na década de setenta, embora também tenham tido con-
sequências imprevistas.
A sucessáo de choques petrolíferos nadécadade setenta induziu todos
os países do <Primeiro Mundo, e do <Segundo Mundo, a estarem mais
abertos ao comércio internacional, fossem exportadores ou importadores
de petróleo, O terceiro choque petrolífero, em meados da década de oiten-
ta, simplesmente reforçou o seu comPromisso de manter a abertura ao
comércio mundial. No entanto, para es economias cenûâ¡Lizadas da Uniáo
Soviética e da República Popular da China, a sucessão de choques petrolí-
feros tornou os seus objetivos políricos de autossuÊciência económica pri-
meiro desagradáveis e depois impraticáveis. A queda do Muro de Berlim,
em novembro de 1989, foi o acontecimento determinante Para a retoma
da globalização económica, um processo que fora bloqueado desde 1914.
No entanto, em2074, houve sinais crescentes de uma rcaçáo política em
todo o mundo que lembravam o tiPo de pressão que pôs Êm à primeira era
da globalizaçâo,Para uma PersPetiva informada sobre os desaÊos que se
seguem, concluímos com uma visáo geral de todo o século, deL914 a2}l4'
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PANORÂMICA DA ECONOMIA MUNDIAL,
1914-2014
O ano de 2014 marcou não apenas um século desde o fim da primeíra eco-
nomia global, em19L4, mas também o primeiro quarro de século de expe-
riência no âmbito da segunda economia global. Desde o colapso definitivo
da União Soviética, em 1991, quase todas as naçóes do mundo aceitaram a
necessidade de ajustar a sua própria política e estrurura económica às exi-
gências do emergente mercado global, Quando o presidente Boris leltsin,
da Rússia, declarou a Uniáo Soviética morra e desmembrada, no ñnal do
fracassado golpe contra Mikhail Gorbachev em agosro de 7991, também
proclamou o fracasso definitivo da experiência comunista com economias
planeadas pelo Estado, essencialmente âurossu6cientes. A partir desse
momento, os decisores políticos de cada país, independentemente da sua
ideologia política, tiveram de se adapmr às forças do mercado que varreram
a Terra. Os novos ventos de mudança caffegarem como consequência
avanços surpreendentes nas tecnologias de informação e comunicação, que
informam milhões de pessoas por todo o mundo de novas possibilidades
de emprego e consumo e milhares de empresas de novas oportunidades de
investimento e crescimento. Não é de espantar que os mercados de capitais,
máo de obra e produtos respondessem frequenremente com preços voláteis
emovimentos desconcertantes de qu.antidade. Ao mesmo tempo, as forças
políticas de alguns países estáo areagir no senrido de isolar os seus círculos
eleitorais de algumas das consequências da globalizaçâo.
A Malásia impôs controlos de capital temporários em 1998, aponrando
parâ o sucesso aparente da China continental em manter um crescimento
rápido com controlos rígidos de capital, que só afrouxaram marginalmente,
apeser de reservas internacionais recorde. Os países europeus reforçaram
a receção de refugiados estrangeiros e revelaram preocupação com es
migraçóes por câusas económicas dentro da União Europeia alargada.
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