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SUBMISSÃO
Este álbum da banda britânica de rock progressivo Camel “ Harbour of Tears”, que é um
álbum conceitual conta a saga dos imigrantes irlandeses que partiram para a América na
virada do século XIX para o século XX, em decorrência entre outras causas a chamada “
Grande fome”, em busca de melhores condições de vida. O título do álbum se refere a um
porto localizado na costa leste da Irlanda, Cobh Harbour ( Porto), de onde partiam os navios
com os imigrantes.
Observações
1. A grande fome na Irlanda
Tudo aconteceu, por causa de uma praga que atacou as plantações de batata, que
eram a principal fonte de sustento das famílias irlandesas. A fome destruiu tudo, o
povo sofria e uma onda de crimes acabou enchendo a cadeia de Kilmainham Gaol.
Atualmente ela pode ser visitada.
A Grande Fome na Irlanda – Prisão Kilmainham Gao em Dublin
Mais um disco do Camel muito bom e que tem a sua qualidade alavancada através
de um conceito forte e emocionante que casa muito bem com a musicalidade da
banda. Pra entender um pouco melhor a história, voltemos para a Irlanda do período
mais ou menos de 1845 – 1850, época nebulosa do país conhecida também como
“A Grande Fome”. O disco tem como fio condutor esse pequeno pedaço da história
mundial. A história de uma família irlandesa que está sendo separada
dolorosamente pela partida dos mais jovens para Estados Unidos e Canadá em
busca de uma vida melhor. O nome do álbum é uma alusão ao porto de águas
profundas localizado na cidade de Cóbh e que servia de local de partida dos navios
que levavam essas pessoas, protagonizando uma cena bastante triste e com isso
sendo chamado de Harbour of Tears (nome do disco) e que traduzindo é Porto das
Lágrimas. As letras são escritas principalmente pela esposa de Latimer, Susan
Hoover. Não tenho exatamente isso confirmado, mas a ideia de Latimer para o disco
parece que foi baseada na história de seus antepassados que foram imigrantes
irlandeses dessa época.
"Irish Air" dá início ao disco com uma música tradicional gaélica sendo cantada a
capela por Mae Mckenna. Uma voz levemente ofegante e agradável muito bem
moldada em uma melodia de rara beleza e que parece a trilha certa para quem olha
um horizonte sem fim. “Irish Air (Instrumental Reprise)” quebra o silêncio com a
introdução de violão e flauta em um arranjo cheio de graciosidade antes de a
guitarra repetir a linha vocal da faixa inicial. Já no começo do disco estamos diante
da sonoridade que é uma marca registrada da banda desde o seu debut.
“Harbour Of Tears” apresenta pela primeira vez os vocais de Latimer e que canta em
tom de quem se despede do “Porto das Lágrimas”. Acompanhado de um singelo e
bonito piano e violoncelo, possui também um backing vocal que devo confessar que
me soa um pouco intrusivo. A linha de guitarra começa com uma imitação de
gaivota e segue de forma encantadora, onde parece mostrar um instrumento que
derrama lágrimas. "Cóbh" mantem o clima perfeito criado na música anterior com
belíssimas texturas que produzem um ambiente orquestral que a liga à próxima
faixa.
“Send Home The Slates” representa uma carta escrita por um imigrante e enviada a
sua mãe contando que apesar das dificuldades apresentadas na viagem, seja pelo
mar ou por terra, o resultado vale a pena e ele nunca mandará cartas vazias, ou seja,
sem um bom e animador conteúdo. Um ritmo mecânico sugere certa monotonia ao
mesmo tempo em que constrói bem uma tensão enquanto o vocal meio
melodramático se desenrola sobre pinceladas orquestrais. Latimer então solta mão
na guitarra em mais um som brilhante e lembrando o abordado pelo grupo nos anos
80. “Under The Moon” apresenta uma guitarra belíssima de linhas simples e
entrelaçadas que faz com que ela não soe apenas como uma música, mas um
lamento, o clima de fundo criado pelo teclado é a cama perfeita para confortá-la.
O disco chega ao fim com “The Hour Candle”. A faixa começa no mesmo ritmo que
a anterior, a guitarra rapidamente acrescenta um corpo ao som como quem “alerta”
sobre a chegada de uma obra prima. Certamente uma das músicas de mais
inspiração de Latimer em toda a sua carreira, uma espécie de aceno à “Ice”, mas pra
mim, feito de um degrau acima. Arranjos orquestrais de primeira grandeza sob um
trabalho de guitarra glorioso. Difícil definir em palavras uma música que nos causa
tantas sensações. Apesar de no disco estar marcando como uma faixa de cerca de
vinte e três minutos, apenas oito deles são musicais de fato, sendo o restante a
reprodução dos sons de ondas. Um disco com final ao som daquilo que mais pode
trazer paz a alguém.
Talvez não seja um disco que abrace o ouvinte logo de cara como alguns dos seus
trabalhos de outrora, porém, a magia da banda funciona bem e ela tende a crescer
conforme vai aumentando o número de audições. Uma coleção de músicas sutis,
suaves e até mesmo inofensivas, mas muito bem customizadas.