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PROCESSO DE
PRODUTO
PROFESSORA
Esp. Regiane Mendes
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
NEAD
Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4
Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná
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Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Diretoria Executiva de Ensino Janes Fidélis Tomelin Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho,
Direção de Operações Chrystiano Mincoff, Direção de Polos Próprios James Prestes, Direção
de Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento Alessandra Baron, Head de
Produção de Conteúdos Celso L. Filho, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo R. Garcia, Gerência
de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de
Almeida Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard, Coordenador(a) de
Conteúdo Larissa Camargo, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da
Silva, Designer Educacional Lilian Vespa, Revisão Textual Ludiane Aparecida de Souza, Ilustração
Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock.
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Wilson Matos da Silva
Reitor da Unicesumar
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10
com princípios éticos e profissionalismo, não maiores grupos educacionais do Brasil.
somente para oferecer uma educação de qualidade, A rapidez do mundo moderno exige dos educadores
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão soluções inteligentes para as necessidades de todos.
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- Para continuar relevante, a instituição de educação
nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional precisa ter pelo menos três virtudes: inovação,
e espiritual. coragem e compromisso com a qualidade. Por
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia,
graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor
estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro do ensino presencial e a distância.
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, promover a educação de qualidade nas diferentes áreas
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. do conhecimento, formando profissionais cidadãos
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais que contribuam para o desenvolvimento de uma
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos sociedade justa e solidária.
pelo MEC como uma instituição de excelência, com Vamos juntos!
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Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja,
iniciando um processo de transformação, pois quando estes materiais têm como principal objetivo “provocar
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta
profissional, nos transformamos e, consequentemente, forma possibilita o desenvolvimento da autonomia
transformamos também a sociedade na qual estamos em busca dos conhecimentos necessários para a sua
inseridos. De que forma o fazemos? Criando formação pessoal e profissional.
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento
de alcançar um nível de desenvolvimento compatível e construção do conhecimento deve ser apenas
com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos
se educam juntos, na transformação do mundo”. fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe
Os materiais produzidos oferecem linguagem das discussões. Além disso, lembre-se que existe
dialógica e encontram-se integrados à proposta uma equipe de professores e tutores que se encontra
pedagógica, contribuindo no processo educacional, disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em
complementando sua formação profissional, seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe
desenvolvendo competências e habilidades, e trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória
aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, acadêmica.
apresentação do material
UNIDADE I UNIDADE IV
PROCESSOS DE FABRICAÇÃO MATERIAIS POLÍMEROS
14 Processos de Conformação Mecânica I 140 Polímeros
20 Processos de Conformação Mecânica II 146 Polímeros Termoplásticos
24 Processos de Conformação Metalúrgica 152 Polímeros Termofixos
30 Processos de União 158 Polímeros Elastômeros
36 Processos de Melhoria e Acabamento 162 Processos em Polímeros
44 Considerações finais 166 Considerações finais
49 Referências 170 Referências
50 Gabarito 171 Gabarito
UNIDADE II UNIDADE V
MATERIAIS METÁLICOS MATERIAIS NATURAIS, COMPÓSITOS E AVANÇADOS
56 Metais 176 Madeira
62 Metais Ferrosos 182 Classificação das Madeiras
70 Metais não Ferrosos 188 Processos em Madeira
78 Tratamentos em Metais 194 Compósitos
84 Aspectos Gerais dos Metais 200 Novos Materiais
89 Considerações finais 203 Considerações finais
95 Referências 208 Referências
97 Gabarito 210 Gabarito
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Processos de Conformação Mecânica I
• Processos de Conformação Mecânica II
• Processos de Conformação Metalúrgica
• Processos de União
• Processos de Melhoria e Acabamento
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer os processos classificados como Processos de
Conformação Mecânica, suas características, ferramentas e
maquinários.
• Conhecer os processos classificados como Processos
de Conformação Metalúrgica, suas características,
ferramentas e maquinários.
• Conhecer os processos classificados como Processos de
União, suas características, ferramentas e maquinários.
• Conhecer os processos classificados como Processos de
Melhoria e Acabamento, suas características, ferramentas
e maquinários.
unidade
I
INTRODUÇÃO
U
m produto final é o resultado de uma série de fatores, sendo
que os mais relevantes são o design, o material utilizado e os
processos de fabricação pelos quais o produto passou. Dessa
forma, é essencial que o profissional do design tenha conheci-
mento e compreensão de quais processos existem e que podem contribuir
de maneira adequada para o desenvolvimento do produto em questão.
No decorrer da história, para suprir as necessidades do homem, mui-
tas técnicas de fabricação foram surgindo e sendo aperfeiçoadas ao longo
do tempo. Desse modo, saímos da utilização de apenas materiais natu-
rais e processos manuais para atualmente obter uma grande variedade de
processos que transformam inúmeros materiais, os quais são usados para
produzir desde produtos minúsculos, como uma esfera de aço de 0,25
mm, até produtos grandiosos e sofisticados, como jatos supersônicos.
Os processos de fabricação transformaram e transformam o mun-
do continuamente e estão sendo estudados e melhorados a todo o tem-
po. Por isso, é necessário, pelo menos, conhecer a maioria que está dis-
ponível, quais suas utilidades, técnicas e resultados que proporcionam
ao material, ou seja, suas características principais e relevantes, para
poder escolher qual ou quais são os processos mais adequados para a
fabricação de produtos.
Assim, nesta unidade, iremos conhecer de maneira geral os principais
processos de fabricação, como: os processos de conformação mecânica
e metalúrgica, processos de união e, também, processos de melhoria e
acabamento. Já nas demais unidades, falaremos dos grupos de materiais e
dos principais processos utilizados para transformação deles. Isto é, nesta
unidade, teremos uma visão geral dos principais processos e, posterior-
mente, veremos os mesmos processos, porém empregados na transfor-
mação dos diferentes materiais.
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Processos de
Conformação Mecânica I
Caro(a) aluno(a), atualmente existem diversos pro- Segundo Lima (2006), independentemente do
cessos de fabricação de um componente ou produto, material que será transformado, os processos de
sendo que cada um possui sua importância e finalidade fabricação podem ser divididos em quatro grupos.
para a fabricação do produto. A sequência de utilização Tais processos combinados proporcionam a trans-
dos processos varia muito de um produto para outro e, formação dos materiais em uma infinidade de op-
portanto, proporciona diferentes resultados finais. ções. Esses quatro grupos iremos subdividir em
14
DESIGN
apenas três, sendo eles: processos de conformação; Nos processos por solidificação são aplicadas
melhoria e acabamento; e união. Os processos do temperaturas superiores às temperaturas de fusão
quarto grupo podem ser encontrados nos três cita- do material (Temperatura de trabalho > Tempera-
dos anteriormente. tura de fusão do material), assim, o resultado do
Caro(a) aluno(a), vamos iniciar nossa discussão processo é atingido pela transformação de líquido
com os processos de conformação, que são consi- para sólido. No caso do processo por sinterização,
derados um dos processos mais antigos da história as temperaturas de processamento são inferiores ao
do homem. Eles são caracterizados por serem pro- ponto de fusão do material (Temperatura de traba-
cessos pelos quais a matéria-prima, seja em estado lho < Temperatura de fusão do metal), também de-
líquido, plástico ou sólido, com ou sem a presença nominada metalurgia do pó (ROCHA, 2012).
de calor, é submetida a algum esforço ou ação que Por sua vez, o grupo dos processos mecânicos
altere sua geometria inicial. caracteriza-se por modificar a forma inicial do ma-
O emprego do calor, que pode deixar o processo terial com a aplicação de tensões externas sobre ele.
quente, morno ou frio, depende muito das caracte- Eles também se subdividem em dois: processos de
rísticas do material que será utilizado e qual é o ob- conformação plástica e de usinagem.
jetivo com a peça resultante do processo. Em relação Nos processos de deformação plástica, as tensões
às características das matérias-primas, no decorrer são aplicadas sobre o material, porém, a tensão é in-
deste livro, iremos conhecer as particularidades e ferior ao limite de resistência à ruptura do material.
propriedades mais importantes dos principais gru- Essa característica é chamada de “resistência à tração”,
pos de materiais usados para a fabricação de produ- e cada material possui a sua. Já nos processos de de-
tos (MIRANDA, 2015). formação usinagem, as tensões aplicadas são sempre
Os processos de conformação são divididos em superiores ao limite mencionado. Dessa forma, o re-
dois grupos: processos mecânicos e processos meta- sultado obtido desses processos acontece por meio da
lúrgicos. Os processos metalúrgicos têm a caracte- retirada de material.
rística de transformar a forma do material por meio Para entendermos melhor, na figura a seguir há
de altas temperaturas e, por sua vez, também se sub- uma organização dos processos de conformação
dividem em dois: os processos de conformação por com todas as suas subclasses e os processos que fa-
solidificação e por sinterização. zem parte de cada uma das classes.
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Laminação
A laminação, atualmente, é um dos processos mais
utilizados, pois apresenta alta produtividade e um
bom controle dimensional do produto acabado. Os
produtos feitos pelos processos podem ser placas,
chapas, barras de diferentes seções, trilhos, per-
fis diversos, anéis e tubos, que são empregados em
diversas áreas, como a construção civil, transporte,
metalmecânica e outros.
A laminação, basicamente, consiste em um con-
junto de processos em que o material passa por uma
abertura entre cilindros, que apesar de terem a mes-
ma velocidade, estão em sentidos opostos e podem ser
conduzidos a frio ou a quente. A peça, então, sofre uma
deformação plástica ao passar entre os cilindros, resul-
tando na diminuição da seção transversal, aumento da
largura e do comprimento (MIRANDA, 2015).
As máquinas usadas no processo são denomina-
das laminadores. São compostas, principalmente, por
cilindros, mancais e carcaça (gaiola) – utilizadas para
fixar as partes –, e um motor que fornecerá potência
Figura 1 – Classificação geral dos processos de conformação.
aos cilindros e controle da velocidade de rotação.
Fonte: Rocha (2012).
Os laminadores podem ser classificados de acordo
Caro(a) aluno(a), após entender quais as princi- com o arranjo dos cilindros. Os três tipos principais
pais características dos processos de conformação são: duo, que possui dois cilindros; trio, que possui
e suas classificações, vamos aprender um pouco so- três cilindros; e quádruo, que, consequentemente,
bre os principais processos utilizados pelas indús- possui quatro cilindros em seu arranjo. O laminador
trias de manufatura. duo pode ser não reversível, em que a peça é somente
laminada em um sentido, retornando por cima ou pelo
PROCESSOS POR DEFORMAÇÃO PLÁSTICA lado se for necessário submetê-la novamente à pren-
sagem, e, também, pode ser reversível, em que a peça
Vamos iniciar nosso aprendizado com os processos pode ser laminada nos dois sentidos na ida e na volta.
por deformação plástica, que são processos de con- Há também os laminadores Sendzimir e o Univer-
formação mecânica caracterizados pela aplicação de sal. O Sendzimir é utilizado no processo a frio para cha-
tensões externas sobre materiais com auxílio de má- pas finas, pois possui cilindros de pequeno diâmetro,
quinas e equipamentos, a fim de modificarem suas enquanto o universal é composto por uma combinação
formas iniciais para formas desejadas. de cilindros verticais e horizontais, capaz de produzir
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DESIGN
perfis estruturais de abas paralelas com ótimo desem- que ele assuma o contorno da ferramenta confor-
penho e qualidade (PACHECO; BESKOW, 2012). Na madora, denominada matriz. O processo de forja-
figura a seguir, temos a representação visual dos princi- mento na peça de material pode ser feito por meio
pais tipos de laminadores utilizados nos processos. de martelamento ou aplicação gradativa de pressão.
Normalmente, é efetuado a quente, embora certos
a) b)
metais possam ser forjados a frio também.
Os componentes e produtos desenvolvidos por
forjamento possuem alta resistência mecânica, po-
dem possuir diferentes tamanhos, formas e serem de
c) d) materiais variados. Os produtos típicos do processo
são: discos de turbina, rodas, esferas, ferramentas
manuais, componentes estruturais para máquinas e
equipamentos de transporte. Logo, a indústria auto-
mobilística mundial é a maior consumidora de pro-
dutos forjados; cerca de 60% da tonelada de produ-
e) f) Cilindos Verticais tos produzidos no mundo (MIRANDA, 2015).
O processo de forjamento pode ser dividido em
forjamento livre (matriz aberta) e forjamento em
matriz (matriz fechada). No forjamento livre, duas
matrizes, podendo ser planas ou com formato sim-
Cilindros Horizontais
ples, aplicam compressão direta no material, que
Figura 2 – Tipos de laminadores: (a) laminador duo não reversível; escoa perpendicularmente à direção da força apli-
(b) laminador duo reversível; (c) laminador trio; (d) laminador quá- cada. Este processo, geralmente, é utilizado para a
druo; (e) laminador Sendzimir; e (f) laminador universal.
Fonte: Pacheco; Beskow (2012). obtenção de peças de grande e com pequeno volume
de produção. No forjamento em matriz fechada, o
Forjamento material utilizado adota a forma esculpida na junção
O forjamento é um dos processos de conformação das duas matrizes e não acontece o livre espalhamen-
mais antigos da história, data aproximadamente 5000 to do material. Costuma ser usado para a fabricação
a.C, e é a técnica utilizada pelos antigos “ferreiros”. de peças pequenas com tolerâncias dimensionais es-
Todavia, com o acontecimento da Revolução Indus- treitas e em grande volume de produção para justifi-
trial e todos os processos de avanços da tecnologia car o custo elevado (ROCHA, 2012).
até os dias atuais, as técnicas evoluíram muito. Hoje, é Em relação aos equipamentos utilizados no
comum o uso de programas computacionais comple- processo, há duas classes principais: os martelos e
xos no auxílio do processo que proporciona redução as prensas, sendo que a deformação no material é
de desperdícios de materiais e de tempo de operação. provocada por impactos de martelos ou por for-
O processo é caracterizado pela conformação ça de compressão em baixa velocidade no caso das
por esforços que prensam o material, fazendo com prensas. No forjamento a martelo, o procedimento
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
é aquecer uma barra do material até próximo à sua demos citar os filamentos de lâmpadas, armação de
temperatura crítica e, com repetidas pancadas, ir óculos, pistões pequenos, termopares, material para
conformando-a contra uma bigorna. As pancadas parafusos e tantos outros (MIRANDA, 2015).
são realizadas por máquinas “Martelo Pneumático”.
No entanto, o processo também pode ser feito ma- Extrusão
nualmente, como o trabalho de ferreiros que confor- Extrusão é um processo que consiste em reduzir ou
mam metais (LESKO, 2004). modificar a seção transversal de um corpo metálico
(tarugo ou lingote), que geralmente apresenta forma
Trefilação cilíndrica, por meio da aplicação de altas tensões de
A trefilação, como os demais processos de confor- compressão de um pistão, acionado pneumática ou
mação, também é muito antigo, pois já era utiliza- hidraulicamente. Dessa forma, o material metálico
do por povos da antiguidade, como os egípcios e os é forçado a escoar através da abertura existente no
chineses, para a obtenção de fios de metais preciosos meio da ferramenta utilizada na operação.
para a fabricação de joias. Com o passar do tempo, A extrusão é classificada como um processo de
foram se aperfeiçoando as técnicas desse processo compressão indireta, uma vez que são as paredes in-
bastante utilizado hoje em dia. ternas da ferramenta que provocam – por causa da
De forma bem simples, podemos caracterizar o reação – a pressão do pistão e a ação de compressão
processo pela redução da seção transversal de um sobre o corpo metálico. Na figura a seguir, temos a
fio – que pode ser uma barra ou tubo – ao conduzir representação do processo de extrusão. Na imagem,
a peça por meio de uma ferramenta conhecida como podemos observar que há um pistão que exerce for-
fieira (que tem um formato externo cilíndrico com ça de compressão no corpo metálico em tempera-
um furo), com diâmetro decrescente, no centro por tura elevada e que tem sua forma modificada após
onde passa a barra ou o tubo. Dessa forma, ao pas- passar pela ferramenta que dá o molde ao produto
sar pelo equipamento a seção da barra ou do tubo extrusado (ROCHA, 2012).
é reduzida, tornando-se peças menores. Assim, o
RECIPIENTE DA EXTRUSÃO
processo não produz tubos, mas transforma-os, me-
FERRAMENTA
lhorando sua precisão dimensional, acabamento e,
principalmente, aumentando a resistência mecânica
(PACHECO; BESKOW, 2012).
TARUGO
A trefilação é um processo que tem como obje- PISTÃO
tivo a obtenção de barra, tubo, arame ou fios com
diâmetros menores; logo, os produtos trefilados têm
várias aplicações. As barras com diâmetro inferior a BARRA
EXTRUDADA
5 mm são denominadas arames ou fios. São arames
quando empregados para fins da construção me-
cânica e são fios no caso de aplicação em produtos Figura 3 – Processo de Extrusão.
elétricos. Como exemplo de produtos trefilados, po- Fonte: Miranda (2015, p. 75).
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DESIGN
Considerando o movimento do material extrusa- A primeira operação é o corte, que consiste no des-
do, o processo pode ser classificado em dois tipos: prendimento de uma parte da chapa, por meio da
direto e inverso. A extrusão direta ocorre da forma ação do punção de corte, que é aplicado por uma
que mencionamos nos parágrafos anteriores, ou prensa exercendo pressão sobre a chapa. Esta, por
seja, o material é forçado pelo pistão a passar pela sua vez, está apoiada em uma matriz. No momento
ferramenta que se encontra do lado oposto do re- em que o punção penetra na matriz, a força de com-
cipiente. No processo de extrusão inverso, o pistão preensão se transforma em força de cisalhamento e
fica fixo e é o recipiente com o material que vai de ocorre o desprendimento de parte da chapa, que terá
encontro a ele. a forma geométrica presente na matriz.
Além da classificação devido ao movimento do A segunda operação do processo de estampagem
material no processo de extrusão, há também o pro- é o dobramento, que é a realização de dobras em
cesso de extrusão por impacto, em que o material é uma chapa, formando mais de um plano, separados
colocado em uma cavidade e, posteriormente, gol- por ângulos. Para tal operação, são utilizadas ferra-
peado por um pistão. O material, então, é extrusado mentas conhecidas como estampos de dobramento.
para cima, entre as paredes da matriz e o pistão. Uma característica que necessariamente deve ser le-
vada em conta no dobramento é o raio de curvatu-
Estampagem ra utilizado para a peça e a elasticidade do material,
O processo de estampagem compreende um con- porque, após a, deformação provocada pelo dobra-
junto de operações em que as chapas planas são mento, a peça tende a voltar à sua forma primitiva.
transformadas em produtos com uma nova forma Assim, ao se construir os estampos de dobramento,
geométrica, podendo ser plana ou curva. Os equipa- que como vimos é a ferramenta utilizada na opera-
mentos necessários para o processo são compostos ção, deve-se fixar um ângulo de dobramento mais
por uma prensa de estampagem e de dois disposi- acentuado para que, quando a pressão de conforma-
tivos: a punção e a matriz. Esta contém o formato ção for cessada, a peça fique com o ângulo desejado
da peça que será conformada no processo. Apesar (ROCHA, 2012).
de geralmente ser realizado a frio, também pode ser A última operação do processo de estampagem
a quente; isso dependerá da espessura e do tipo do é a estampagem profunda. Tem como princípio
metal que constitui a chapa e também do design da básico obter, a partir de um disco metálico plano,
peça a ser fabricada (CHIAVERINI, 1986). peças ocas, como a forma de um copo. O fundo da
Basicamente, o processo de estampagem com- peça pode ser de diferentes formas. A estampagem
preende as seguintes operações sequenciais: profunda produz mais comumente: cápsulas, carro-
• Corte; cerias e para-lamas de carros, recipientes de alumí-
• Dobramento; nio para transporte de leite, cartuchos em latão para
• Estampagem profunda; munições, latas de refrigerante e outros produtos.
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Processos de
Conformação Mecânica II
Caro(a) aluno(a), neste segundo tópico continuare- de material da peça processada, e não apenas a confor-
mos a conhecer os processos de conformação mecâ- mação dela, como acontece na deformação plástica.
nica, mas agora iniciaremos os mais importantes pro-
cessos de conformação por deformação usinagem. Torneamento
Torneamento é uma operação de usinagem que se
PROCESSOS POR DEFORMAÇÃO USINAGEM baseia na rotação uniforme de uma peça cilíndrica
em torno de um eixo fixo. Ao mesmo tempo, uma
No tópico anterior, conhecemos os principais pro- ferramenta de corte retira material da peça (cavaco),
cessos de conformação mecânicos por deformação a fim de deixá-la bem definida em relação à sua for-
plástica. Neste tópico, iremos conhecer processos de ma e dimensões. O torneamento, então, acontece de-
conformação por deformação usinagem, que são ca- vido à retirada progressiva de material da peça pro-
racterizados pela aplicação de tensões nos materiais, cessada. O corte na peça é feito por uma ferramenta
superiores ao limite de resistência à ruptura deles. de gume cortante que, necessariamente, precisa ter
Dessa forma, o resultado de tais processos é a retirada dureza maior do que a da peça a ser trabalhada.
20
DESIGN
21
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
a) b) c) d)
pequena quantidade de material em cada revolução
do eixo onde a fresa é fixada.
Devido aos movimentos do processo de fresagem,
1)
é possível usinar qualquer peça e superfícies de todos
os tipos e formatos. Um dos movimentos é o de rota-
Figura 5 – Ferramentas para desbaste: a) ferramenta reta para desbastar à ção da ferramenta, a fresa; outro movimento é o da
esquerda; b) ferramenta reta para desbastar à direita; c) ferramenta curva
para desbastar à esquerda; d) ferramenta curva para desbastar à direita.
mesa da máquina, onde é fixada a peça a ser trabalha-
Fonte: Feng (on-line, 2014, p. 5)1. da e ambas podem ser movimentadas em mais de uma
direção ao mesmo tempo. Além de trabalhar peças de
várias superfícies, o processo também tem a vantagem
de ser o mais rápido entre os processos de usinagem,
em virtude de sua ferramenta multicortante.
A máquina que realiza essa operação é chamada
de fresadora, e existem três tipos: fresadora vertical,
Figura 6 – Ferramentas para acabamento: a) ferramenta para acaba- fresadora horizontal e fresadora universal. A classi-
mento agudo; b) ferramenta de acabamento larga; c) ferramenta reta;
d) ferramenta curvada para trás.
ficação das máquinas se deve à posição do seu eixo-
Fonte: Silva (on-line, 2014, p. 5)1. -árvore em relação à mesa de trabalho onde é fixada
a peça a ser usinada (JÚNIOR; SOUZA, 2013).
Fresadora horizontal: o eixo-árvore é paralelo à
mesa da máquina. A máquina possui uma base que
sustenta todos os componentes: uma coluna onde
está localizada a árvore; o suporte que tem movi-
mento vertical; fixado a ele, tem o carro que se move
Figura 7 – Ferramentas de aplainar: a) ferramenta para ranhuras; b) horizontalmente; e, ainda, há a mesa que é fixa no
ferramenta para facear; c) ferramenta de ponta curvada; d) ferramenta
arredondada.
carro, que também tem movimento horizontal e a
Fonte: Silva (on-line, 2014, p. 5)1. 90º em relação ao movimento do carro. Essa confi-
guração permite que a peça possa ser usinada de três
A ferramenta de aplainar é essencial ao sucesso do movimentos: movimento vertical, devido ao suporte;
processo; a forma do gume da ferramenta é esco- e dois horizontais, perpendiculares entre si, devido
lhida de acordo com o trabalho de aplainamento a ao carro e à mesa.
executar (MONTEIRO, 1999). Fresadora vertical: o eixo-árvore é perpendicular
à mesa da máquina. A máquina possui uma base onde
Fresagem está ligado o suporte que se movimenta verticalmente;
Consiste no processo de usinagem em que o mate- em cima do suporte, há o carro que tem movimentos
rial é removido de uma peça por meio de uma fer- horizontais; sobre o carro, está a mesa, onde as peças
ramenta giratória, denominada “fresa”, que possui são usinadas; fazendo integração com a base, há um
múltiplos gumes cortantes. Cada gume remove uma montante onde se encontra o cabeçote com o porta-
22
DESIGN
-ferramenta (fresa), que tem movimento vertical carac- Retificadora plana: possui uma mesa onde é fi-
terístico da máquina. xada a peça que será usinada. Desloca-se da direi-
Fresadora universal: esta máquina dispõe de ta para a esquerda e vice-versa, em um movimento
dois eixos-árvore, então há a possibilidade de mo- longitudinal retilíneo, fazendo com que a peça ul-
vimentos de ambos os sentidos: no eixo horizontal, trapasse o contato com o rebolo. Este se encontra
que se situa no corpo da máquina; e no eixo vertical, ligado à coluna da máquina, dotado de movimento
que se encontra no cabeçote. Permite a disposição de rotação e que pode ser para cima e para baixo,
das ferramentas dessas duas formas e ainda possui aproximando-se ou distanciando-se da peça.
um eixo inclinado, satisfazendo, assim, todas as con- Retificadora cilíndrica universal: há possibili-
dições de fresamento, executando formas e perfis di- dade de realizar retificações em várias formas. As-
versos (CHIAVERINI, 1986). sim como a retificadora plana, é constituída por
uma mesa que desliza longitudinalmente, porém,
Retificação possui um cabeçote giratório onde a peça fica fixada.
Caro(a) aluno(a), vamos dar prosseguimento aos pro- Retificadora center less: a peça está localizada
cessos de conformação por usinagem, que, como já entre os rebolos. Ela fica sustentada por uma guia
sabemos, são processos com aplicação de tensões nos de aço duro que a rotaciona e produz movimento de
materiais, superiores ao limite de resistência à ruptura avanço. É retificada pela ação de rebolo de maior di-
deles. Dessa forma, as operações conformam uma peça, âmetro, que gira em alta velocidade comprimindo-a
retirando material dela. Agora, conheceremos a retifi- e, consequentemente, conformando-a.
cação, que é um processo de usinagem por abrasão. Caro(a) aluno(a), como podemos perceber na
Usinagem por abrasão se trata de um conjun- descrição de cada tipo de máquina, o rebolo é a prin-
to de operações de corte, em que a quantidade de cipal ferramenta de corte do processo. Por serem mais
material retirado da peça é diminuída. No proces- baratos, geralmente, os rebolos são constituídos de
so, uma ferramenta chamada rebolo, constituída de grãos abrasivos aglomerantes de óxido de alumínio.
material abrasivo, é contatada com a peça em alta Contudo, para materiais mais duros, o rebolo é feito
velocidade. O objetivo é obter exatidão dimensio- de carbeto de silício e outros. Dependendo do proces-
nal e geométrica da peça trabalhada; com isso, uma so que são empregados, podem ser encontrados em
alta qualidade superficial é alcançada. Em geral, o diversos formatos. Quando a aresta dos grãos abrasi-
processo ocorre após o torneamento e fresamento. vos incide sobre a peça, há um desgaste muito peque-
Consequentemente, a qualidade do acabamento da no do material, arrancando minúsculos cavacos.
superfície vai ser melhorada, pois irá retirar rugosi- Com essa abordagem sobre a retificação, en-
dades e irregularidades dela (TEIXEIRA, 1999). cerramos os processos de conformação mecânica.
Para a realização do processo, são utilizadas máqui- Vimos os mais utilizados pela indústria de manu-
nas denominadas retificadoras. Elas são classificadas fatura e desenvolvimento de produtos. No entanto,
em três tipos: a plana, a cilíndrica universal e a cilíndri- há outros que não foram abordados e cabe ao pro-
ca sem centros (center less). A última é uma máquina fissional buscar um conhecimento mais aprofun-
automatizada que trabalha com produção em série. dado sobre o tema.
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Processos de
Conformação Metalúrgica
Caro(a) aluno(a), nos tópicos anteriores desta de altas temperaturas e se subdividem em dois: os
unidade vimos os principais processos de confor- processos de conformação por solidificação e por
mação mecânica. Agora, vamos conhecer os pro- sinterização. Por sua vez, os processos de solidifi-
cessos de conformação metalúrgica, que confor- cação se subdividem em dois principais: a fundi-
mam o material trabalhado por meio da aplicação ção e a soldagem.
24
DESIGN
FUNDIÇÃO DE PRECISÃO
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
exemplo: arrastamento de ar, preenchimento ex- • Vazamento do molde: etapa em que acontece
cessivo e turbulento da peça. Por intermédio desse o preenchimento do molde pelo material que
processo, são feitos muitos produtos automotivos, está liquefeito; pode ou não contar com di-
versas forças, como gravidade, centrifugação,
como: coletores, bombas hidráulicas, cabeçotes de
pressão e outros aspectos.
motos e demais componentes.
• Limpeza e rebarbação: após a solidificação
do material, há a retirada da peça do molde
Fundição sob pressão e a limpeza de rebarbas que podem perma-
Nesse método, o material líquido é injetado sob necer na peça.
alta pressão em um molde metálico. A pressão deve • Controle de qualidade: como em qualquer
ser mantida alta até que o material se solidifique e processo de fabricação, há necessidade de
seja retirado do molde. Devido à pressão e à velo- averiguar as condições das peças produzi-
cidade com que acontece o enchimento do molde, das: se há peças defeituosas; se atende a pa-
drões de dimensão e inspeção metalúrgica,
o método produz peças bastante complexas, com
com análises químicas de microestrutura e
paredes finas, excelentes detalhes superficiais e to-
ensaios mecânicos.
lerância dimensional estreita. O processo só é viá-
vel com a produção de grandes lotes, uma vez que SOLDAGEM
o ferramental tem custo elevado e o molde pode
ser empregado para produção de milhares de peças A soldagem, assim como a fundição, é um processo
(ASHBY; JOHNSON, 2011). de conformação metalúrgica de solidificação. Tem
Segundo Chiaverini (1986), independentemente como produto a junção de peças metálicas, expondo
de qual dos métodos de fundição seja usado, devem ambas em contato íntimo e a altas temperaturas, de
ser consideradas as seguintes etapas: modo a levá-las a um estado de fusão ou de plastici-
• Projeto do modelo: ao projetar, deve con- dade. A solda é o resultado da operação de soldagem
siderar os fenômenos que ocorrem na soli- e é caracterizada por sua resistência que, após o res-
dificação do material dentro do molde para friamento do metal, torna-se totalmente coesa no
evitar defeitos.
material que foi soldado.
• Confecção do modelo: confecção da peça que
A soldagem é considerada um processo de jun-
servirá de macho de impressão da cavidade
receptora de material liquefeito, ou forma de ção e, comparada aos demais processos, apresenta
fundição, ou molde de fundição. algumas importantes vantagens devido à sua efici-
• Confecção do molde: confecção do recipiente ência, simplicidade e economia, uma vez que, para
que contém a forma da peça a ser fundida e no realizar a junção das partes, há uma utilização míni-
interior da qual será vazado o metal líquido. ma de material. Dessa forma, o processo é largamen-
• Fusão do material (principalmente metais): te usado em componentes de estruturas metálicas e
etapa em que acontece o processo de fundir de equipamentos de diversas finalidades. Seu campo
o material, em especial os metais, ferrosos e de aplicação se concentra, principalmente, nas cons-
não ferrosos. Nesta etapa, são utilizados prin-
truções civis, navais, ferrovias, usinas hidrelétricas,
cipalmente fornos de altíssima temperatura.
componentes nucleares e em outras diversas áreas,
26
DESIGN
27
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
METALURGIA DO PÓ
28
DESIGN
Segundo Chiaverini (1986), as etapas do processo Apesar das inúmeras vantagens, o processo também
são as seguintes: apresenta algumas limitações:
• Misturas de pós; • Capacidade limitada das prensas de com-
• Compressão da mistura do pó: esta etapa é pressão do processo;
desenvolvida com o emprego de matrizes • Necessidade de fabricação de grandes lotes
para desenvolver a operação de compactação de uma mesma peça;
dos pós de metal; • Limitação na dimensão das peças, uma vez
• Aquecimento do compactado da mistura do que a produção de peças grandes exige pren-
pó: com a finalidade de produzir uma ligação sas maiores, o que pode comprometer técnica
entre as partículas de pó, é empregada a uma e economicamente o processo.
temperatura que confere resistência mecâni-
ca ao compactado.
REFLITA
A metalurgia em pó é considerada uma técnica re-
lativamente recente; sua consolidação se deu após a O design excitante, visionário e inovador foi
2ª Guerra Mundial e seu uso cresceu muito e rapi- sempre produto de novos materiais e tec-
damente até os dias atuais por ser considerado um nologias.
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Processos
de União
Caro(a) aluno(a), após conhecermos os principais Apesar de parecerem simples, alguns dos pro-
processos de conformação nos tópicos anteriores, cessos de união podem ser bastante complexos
neste, vamos estudar alguns dos principais proces- e requerem muita análise para identificar qual
sos de união existentes, essenciais para o desenvol- a melhor e mais adequada opção para cada caso
vimento final de um novo produto. de união. Muitos aspectos devem ser levados em
Como o próprio nome já diz, os processos de consideração, como: geometria e propriedades das
união têm o objetivo de juntar duas ou mais partes peças que vão ser unidas, qual o desempenho exi-
de materiais para a obtenção de conjuntos, compo- gido da união para a vida útil do conjunto, quais
nentes ou até do produto final. Considerando todas as configurações de montagem e desmontagem,
as etapas do desenvolvimento de um produto, os pro- requisitos de segurança, entre outros aspectos
cessos de união fazem parte da etapa de montagem e (LIMA, 2006).
contribuem para o aumento do custo desse produto.
30
DESIGN
Os processos de união podem ser específicos em O material fundido e utilizado para a união de
relação ao material que se esteja trabalhando, pois materiais na brasagem é chamado de “solda forte”,
há muitos processos que só conseguem unir compo- e sua escolha é baseada no ponto de fusão, resis-
nentes constituídos do mesmo material, por exem- tência à corrosão, custo e propriedades de resis-
plo, madeira com madeira, metal com metal. Contu- tência mecânica. A solda forte pode ser aplicada
do, para sorte e facilidade da humanidade, há outros na forma de arame, folha ou pó; misturada com
processos que conseguem unir materiais diferentes, fundente na região de união; e é aquecida, até seu
como o metal com vidro e cerâmicas com polímeros. ponto de fusão, geralmente, por maçaricos, mas
Todos os processos de união existentes podem também pode ser aquecida em fornos e, posterior-
ser classificados em três grandes grupos que se di- mente, resfriada ao ar.
ferenciam pelas suas naturezas distintas, sendo elas
de natureza térmica, adesiva ou mecânica (ASHBY; Soldadura
JOHNSON, 2011). A soldadura consiste em um processo igual à da
brasagem, porém em temperaturas mais baixas,
PROCESSOS DE UNIÃO TÉRMICOS devido a essa característica. Unidas por soldadura,
são menos fortes do que as unidas por brasagem.
Ao falarmos de processos de união de natureza tér- A soldadura é bastante utilizada para montagem
mica, estamos falando dos diversos processos de de equipamentos e competentes eletrônicos para
soldagem, sendo que os principais estão no tópico fazer conexões elétricas, criar placas de circuitos
anterior desta unidade. Todavia, além dos proces- impressos, peças de precisão em joalheria e outros
sos mais comuns da soldagem, também há os pro- (ASHBY; JOHNSON, 2011).
cessos de brasagem e a soldadura, que se diferen-
ciam um pouco dos processos de soldagem vistos PROCESSOS DE UNIÃO MECÂNICOS
até o momento.
A união ou junção mecânica é largamente utili-
Brasagem zada nas etapas de montagem de produtos e con-
O processo de brasagem é empregado quando os tribua significativamente para elevar os custos de
componentes que precisam ser unidos não supor- um produto. Além disso, mais de 50% do tempo
tam as temperaturas exigidas para a soldagem con- utilizado para fabricação de um produto é gasto
vencional. A brasagem consiste na união de dois na etapa de montagem e funcionamento das jun-
metais de naturezas diferentes pela fusão de um ções mecânicas. Dessa forma, a padronização é re-
terceiro metal (com baixa temperatura de fusão), comendada para que não se perca mais tempo e se
que se liquefaz primeiro e escorre, preenchendo eleve mais o custo com a utilização de diferentes
todo o espaço entre ambos os materiais, e ali se junções. As junções mecânicas são classificadas
solidifica, resultando na união de ambos os metais em três diferentes grupos, como podemos ver na
(CHIAVERINI, 1986). figura a seguir.
31
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
32
DESIGN
também podem ser desmontadas, se projetadas flexibilidade de design e variedade estética. Nor-
para isso. malmente, são utilizadas para unir pequenas e
As uniões de encaixe podem realizar a junção médias peças de polímeros e carcaças de metal e
de diversas formas, materiais, cortes, cores e tex- chapas. No quadro a seguir, podemos ver os com-
turas diferentes. Ao mesmo tempo, possui rota- ponentes utilizados nas uniões de encaixe ou não
ção em uma ou mais direções, permitindo grande rosqueadas.
33
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
em todos os setores industriais. Além da função de Os adesivos são classificados em naturais, inor-
unir, também são utilizados para realizar vedação, gânicos e sintéticos e orgânicos. Caro(a) aluno(a),
podem ser rígidos ou flexíveis, desempenhando uma como podemos observar na figura a seguir, para
união com rigidez ou flexibilidade nos produtos, o cada uma das três classes há diversas opções.
que auxilia muito no design do produto final.
Das três classes de adesivos, atualmente, a classe mais As juntas formadas pelo uso dos adesivos devem ser
utilizada são os adesivos sintéticos orgânicos. Eles pos- projetadas para aguentar forças de cisalhamento,
suem grande representatividade nos setores de manu- compressão e tração, e não devem ser submetidas a
fatura e costumam ser usados para a união de mate- forças de deslocamento (ASHBY; JOHNSON, 2011).
riais de pouca espessura, formando juntas invisíveis. Segundo Lesko (2004), a utilização de adesivos
De modo geral, a escolha de um adesivo para o para a união de materiais possui muitas vantagens,
processo de união deve considerar algumas exigên- tais como:
cias e fatores externos, como: • Não interferem nas características estéticas
• Temperatura de trabalho; do produto;
• Resistência química; • Homogeneidade;
• Umidade do meio; • União de materiais com diferentes expansões
• Resistência a fluidos; térmicas;
• Tenacidade; • Oferecem proteção contra processo de corrosão;
• Suportar força de cisalhamento e tração. • Vedação contra líquidos e gases;
34
DESIGN
35
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Processos de
Melhoria e Acabamento
Caro(a) aluno(a), agora iremos conhecer os proces- Quase todos os componentes de um produto rece-
sos de melhoria, também chamados de acabamento, bem algum tipo de acabamento de superfície. Na maio-
que têm o objetivo de aprimorar os aspectos visuais ria dos casos, os processos de melhoria e acabamento
finais de componentes ou produtos finais. Alguns são associados com as etapas finais da fabricação dos
deles, além de promoverem essa melhoria na estéti- produtos, mas isso não acontece em todos. Em algumas
ca do produto, também servem como uma proteção situações, podemos encontrar tais processos em etapas
do material de base em relação a aspectos externos e de montagem, como acontece com componentes de
podem melhorar a qualidade térmica, de atrito, des- móveis e de produtos metalúrgicos, que passam por
gaste e corrosão, ajudando a deixar as propriedades processos de melhoria antes da sua finalização, mais
gerais do produto inalteradas (LIMA, 2006). precisamente na fase de montagem dos componentes.
36
DESIGN
37
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
almofada de silicone denominada tampão. A ima- da água comprime a imagem sobre a superfície do
gem, que será transferida, é gravada em um clichê material, fazendo a impressão.
em baixo-relevo, que recebe tinta na região da im- O processo é muito versátil, forma curvas e a
pressão. Em seguida, o tampão comprime o clichê imagem pode ser multicolorida. Após a impressão,
e a tinta é transferida para o material. Na Figura 11, a imagem necessita secar e receber acabamento, tor-
podemos observar uma imagem da máquina utili- nando o processo lento, porém, o custo de capital
zada no processo. e ferramental é baixo. A impressão é utilizada em
O processo pode ser impresso em diversos tama- produtos automotivos, esportivos, de computação,
nhos, tipos de peças e materiais, inclusive em mate- eletrodomésticos, móveis e outros.
riais com formas irregulares. A qualidade dos deta-
lhes é excelente, o custo de capital e ferramentas são Hot stamping
baixos. O processo é rápido e o produto impresso O processo, em português, é chamado de estampa-
pode ser manuseado imediatamente após o proces- gem a quente, e é exatamente isso que acontece. Uma
so, sem perigo de borrões e perda da qualidade da matriz de metal aquecida é comprimida sobre uma
impressão (ASHBY; JOHNSON, 2011). folha de suporte colorida e, também, sobre a super-
fície do material que está recebendo a impressão.
Assim, a estampa é criada quando a matriz entra em
contato com a folha e transfere a película colorida
para a superfície do material.
O processo pode ser aplicado em madeiras, polí-
meros, couro, papel e outros. O custo do ferramental
é baixo, assim como o da maioria das películas e fo-
lhas (ASHBY; JOHNSON, 2011).
GALVANIZAÇÃO
38
DESIGN
Eletrogalvanização Anodização
O processo de eletrogalvanização é realizado com O processo de anodização acontece pela imersão da
a imersão da peça a ser galvanizada (catodo) e da peça (anodo) em um eletrólito; em geral uma solu-
fonte do material metalizado (anodo) em um ele- ção de ácido sulfúrico diluído em 15%, junto com
trólito aquoso. Nele, uma corrente elétrica contínua um catodo inerte, e, pela diferença de potencial, é
impulsiona os íons de metal do material metaliza- formado um revestimento de óxido sobre a peça.
do para a peça, formando, assim, um revestimento A anodização pode ser aplicada a alumínios, mag-
fino de metal. nésio, titânio, zinco e outros. A formação da película
Para revestir materiais como polímeros, que não pode ser espessa e dura, de maneira a resistir à abrasão
possuem boa condução elétrica, é necessário fazer e corrosão. Como o óxido é poroso, ele permite a ab-
um revestimento, primeiro nas peças com um ma- sorção de corantes, assim é possível colorir. Após a co-
terial condutor de eletricidade para, posteriormen- loração, a peça recebe um tratamento de selagem, que
te, realizar a eletrogalvanização. O processo possui consiste no fechamento dos poros e auxilia na proteção
equipamentos caros, porém o ferramental é de baixo contra corrosão (OLGA COLOR, [2018], on-line)4.
custo. Assim, a aplicação do processo em peças pe-
quenas em grandes lotes o torna um processo muito POLIMENTO
competitivo no mercado.
Processos de polimento são todos aqueles realizados
Galvanização autocatalítica com o objetivo de conferir brilho a uma superfície.
A galvanização autocatalítica, de maneira prática, Toda peça natural ou manufaturada pode receber
é uma eletrogalvanização sem o uso de eletricida- brilho. Além de dar brilho, o polimento também é
de. O processo acontece pela diferença de potencial usado para eliminar rebarbas e pequenas imperfei-
elétrico entre a solução e a peça trabalhada, de for- ções das superfícies de peças.
ma que os íons presentes na solução, onde a peça é
imersa, direcionam-se, e depositam-se sobre a su- Polimento mecânico
perfície da peça. O processo de polimento mecânico acontece por
O processo geralmente usado com a eletrogal- meio da esfregação de abrasivos finos, contidos em
vanização não atingirá o resultado desejado, como ceras, óleo ou em outro fluido, contra a superfície
em revestimento de superfícies complexas. O pro- por um disco ou correia giratórias.
cesso é amplamente aplicado em metais e políme- Praticamente, todo metal e cerâmica podem ser
ros devido ao custo dos reagentes químicos, que polidos mecanicamente, o que pode dificultar a ope-
são em média 50% mais caros do que a eletrogal- ração é o formato da peça a ser polida. O custo de
vanização. Além disso, também são mais lentos, equipamento e ferramental do processo são baixos.
uma vez que a taxa de deposição dos íons no ma- No entanto, o processo é bastante lento, fazendo com
terial, sem eletricidade, é mais vagarosa (ASHBY; que a taxa de produção seja pequena, o que não acon-
JOHNSON, 2011). tece com polimentos automatizados, (LESKO, 2004).
39
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
40
DESIGN
• Pintura a pó: pigmentos e resinas são moídos Quadro 4 – Aplicação de tintas em relação à sua
até o momento de virarem pó e são asper- composição.
gidos por meio de um bocal negativamente
carregado sobre a peça a ser revestida. A ade- Tipos de tintas Aplicações
rência acontece devido às partículas estarem
pinturas de batentes, portas,
carregadas negativamente e a superfície das Alquídicas janelas e paredes internas de
peças se encontrarem eletricamente aterrada, ambientes de baixa umidade
ou seja, pela diferença de carga entre o pó e a pinturas em alvenaria, concre-
peça. Posteriormente ao revestimento com a to, massa corrida, argamassa,
Vinílicas
tinta em pó, a peça é aquecida para fundir a madeira, compensados e
camada de tinta. aglomerados
• Eletropintura: processo parecido com os pro- pinturas de paredes, indicadas
cessos de galvanização, uma vez que a peça Acrílicas tanto para a pintura interna
na forma de catodo é imersa em uma solução quanto externa
aquosa de pigmento emulsificado, na qual as pinturas em áreas marítimas e
partículas de pigmento são carregadas até a Borracha industriais, demarcação de tráfe-
clorada go, piscinas ou locais que exijam
superfície da peça, formando uma película,
resistência à água
atraídas pela campo elétrico formado ao re-
dor dela. pinturas em equipamento
Poliuretânica como tratores, caminhões,
aviões e outros
Tanto nas pinturas à base de água e quanto de sol- pinturas em fogões, refrigera-
ventes, a tinta pode ser aplicada de diferentes for- Epoxídica dores, aquecedores, tanques e
tantos outros
mas, usando diferentes ferramentas que auxiliam
no processo. As mais comuns são pincéis, pistolas pinturas na indústria moveleira e
Poliéster
a da construção civil
de sprays, por imersão e outros. Atualmente, são
pinturas em madeiras e me-
inúmeras as opções em tintas; este é um ramo da tais, usadas para repintura de
Nitrocelulose
indústria muito desenvolvido e sempre produz automóveis e acabamento para
novas opções com diferentes propriedades e van- produtos industriais
tagens frente aos demais. Maleicas e
pinturas e madeiras
fenólicas
Segundo Teixeira (1999), as tintas podem ser
classificadas em relação a suas composições químicas: Fonte: Teixeira (1999, p. 298).
41
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Pintura/Vernizes
Os vernizes são soluções compostas por resinas na-
turais ou sintéticas, contêm óleo secante e solventes,
com o objetivo de proteger, principalmente, madeira
e concreto armado, pela formação de uma película
transparente. Podem ser brilhantes ou foscos e sua
classificação, segundo a resina, são as seguintes:
42
DESIGN
43
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), nesta unidade conhecemos e estudamos os principais
e mais utilizados processos de fabricação, os quais dividimos em qua-
tro grupos: processos de conformação mecânica, processos de con-
formação metalúrgica, processos de união e processos de melhoria e
acabamento. Assim, conseguimos entender as principais características desses
processos e as particularidades que conferem aos componentes e produtos que
processam e, portanto, influenciam no resultado final.
A predominância dos processos de fabricação ficam por conta dos processos
de conformação, que são classificados em mecânicos ou metalúrgicos. Esses pro-
cessos concedem uma variedade de aspectos a peças e componentes para identifi-
car qual a melhor opção em determinado caso. Além de conhecer suas principais
características, é essencial observar quais são seus custos, se fabricam em peque-
nos lotes, entre outros aspectos importantes, por exemplo, quais os impactos que
representam em relação a questões ambientais, se há produção de resíduos ou o
consumo de elementos naturais não renováveis.
Nos processos de união, vimos a infinidade de opções em acessórios que
existem e podem servir para realizar a união de componentes para a montagem
de um produto final, mas que, apesar de muitas opções, é necessário analisar a
geometria e propriedades das peças a serem unidas, qual o desempenho exigido
da união para a vida útil do conjunto, quais as configurações de montagem, de
desmontagem e requisitos de segurança.
Por fim, conhecemos os principais processos de revestimento e descobrimos
que eles podem ir além de apenas revestir com finalidade estética. Eles também
possuem outras funções, como proteção do material de base em relação a aspec-
tos externos, melhorar a qualidade térmica, de atrito, desgaste, corrosão, ajudan-
do a deixar as propriedades gerais do produto inalteradas. Bons estudos!
44
atividades de estudo
1. Qual das opções a seguir não pode ser classificada como um processo de
conformação mecânica?
a) Forjamento.
b) Lingotamento.
c) Extrusão.
d) Fresagem.
e) Torneamento.
45
atividades de estudo
46
LEITURA
COMPLEMENTAR
47
material complementar
48
referências
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sign: Arte e Ciência da Seleção de Materiais no De- vanização: técnicas, custos, utilidade. Curitiba:
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CHIAVERINI, Vicente. Tecnologia Mecânica. 2. ed. processos de fabricação. Fortaleza: UFC, 2015. p. 175.
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Priscila; SARTI, Caio; PINTO, Sâmara; LOPES, Se- OLIVEIRA, Antônio Roberto de. Corrosão e trata-
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1. ed. Curitiba: Cefet, 1999. 324 p. v. 1.
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P2/AULA%207/aula_7.pdf>. Acesso em: 7 maio 2018.
2 Em: <http://slideplayer.com.br/slide/8834390/>. Acesso em: 07 maio 2018.
3 Em: <https://www.guiadografico.com.br/artigos/como-escolher-por-um-pro-
cesso-de-impressao/>. Acesso em: 7 maio 2018.
4 Em: <http://olgacolor.com/processos/acabamento-anodizacao/>. Acesso em: 7
maio 2018.
5 Em: <http://www.colegiodearquitetos.com.br/dicionario/2009/02/o-que-e-
-verniz/>. Acesso em: 7 maio 2018.
49
gabarito
1. B.
2. D.
3. C.
4. D.
5. A principal diferença entre os processos de conformação por deforma-
ção plástica e por deformação usinagem é que, no caso dos processos
de deformação plástica, os equipamentos e máquinas envolvidos aplicam
tensões sobre o material, inferiores ao limite de resistência à ruptura do
material; dessa forma, apenas modificam a geometria da peça, sem reti-
rar material dela. Já os processos de deformação por usinagem aplicam
tensões superiores ao limite de resistência à ruptura do material; assim,
tais processos modificam a peça exatamente pela retirada de material
que é denominado “cavaco”.
50
UNIDADE
II
MATERIAIS METÁLICOS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Metais
• Metais ferrosos
• Metais não ferrosos
• Tratamentos em metais
• Aspectos gerais dos metais
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer a definição dos metais, quais suas principais
características e propriedades.
• Aprender sobre os materiais metálicos ferrosos, suas
características e aplicações.
• Aprender sobre os materiais metálicos não ferrosos, suas
características e aplicações.
• Identificar quais os tratamentos utilizados na fabricação de
produtos com materiais metálicos.
• Avaliar quais são os aspectos que devem ser considerados
em relação aos materiais metálicos e os processos
utilizados para sua transformação em produtos.
unidade
II
INTRODUÇÃO
Colagem metálica
Mar de elétrons deslocados
Condutividade Condutividade
Íons elétrica térmica
positivos
Maleabilidade Ductilidade
Estruturas de cristal
Rosto cúbico centrado (fcc) Centrado cúbico (bcc) Hexagonal close packed (hcp)
Textura brilhante
Metais
Caro(a) aluno(a), a relação do homem com o metal tória, o metal fez parte e teve grande importância
é muito antiga; o início se deu por volta de 4.000 para a vida e o desenvolvimento da sociedade, tan-
a.C. Naquela época, devido à presença abundante e to que existiu um período denominado “Idade de
à facilidade de extração e transformação, os metais Ferro” e ainda hoje é o material mais utilizado no
mais usados eram o ouro e o cobre. Por toda a his- mundo inteiro.
56
DESIGN
Devido à sua relevância na sociedade, sempre classificados por suas propriedades, por que sua vez,
houve a busca por melhorar o ferro, gerando, assim, podem ser classificadas, principalmente, em físicas
a evolução de métodos e técnicas, resultando no e químicas. Esses são os aspectos atribuídos para a
desenvolvimento das ligas de metais, que são uma transformação e, consequente, facilidade ou não da
combinação de pelo menos um metal puro com ou- utilização dos materiais no desenvolvimento de pro-
tro elemento. O aço é um exemplo de liga de metal, dutos e processamentos.
pois é constituído pela combinação de ferro com Nos próximos parágrafos, iremos conhecer
percentual de carbono. Atualmente, é um dos metais quais as principais propriedades de um material e
mais aplicados nos diversos setores de transforma- fazer uma breve explicação sobre as mais relevantes.
ção (LIMA, 2006). Caro(a) aluno(a), neste momento vamos dar
Caro(a) aluno(a), você deve estar se perguntan- ênfase ao metal, mas é importante entender o que
do o que é esse importante material, chamado metal. significa cada propriedade, pois mais à frente iremos
Metal é “uma substância química elementar opaca, falar delas, mas aplicadas em diferentes materiais, e é
lustrosa, boa condutora de calor e da eletricidade e essencial para um bom entendimento geral.
boa refletora da luz, quando convenientemente po-
lida” (AMERICAN SOCIETY FOR METALS, apud PROPRIEDADES FÍSICAS
TEIXEIRA, 1999, p. 96). Tecnologicamente, tam-
bém possui alto grau de ductilidade e plasticidade. As propriedades físicas são aspectos inerentes a um
Os metais estão presentes na natureza em estado li- determinado material e, geralmente, não são fáceis
vre ou são compostos e são extraídos de minerais, de alterar. Têm a característica de poderem ser me-
substâncias naturais formadas dentro de diferentes didas ou observadas, sem que a composição quími-
tipos de rochas (hematite, limonita, magnetita ou si- ca ou integridade da substância respectiva seja afe-
derita), encontram-se em todas as partes do planeta: tada. Tais propriedades podem ser classificadas em
núcleo, manto e crosta terrestres (TEIXEIRA, 1999). mecânicas, térmicas e elétricas. Essas três classes
Os metais e suas ligas podem ser classificados de são as mais relevantes para o estudo dos materiais
diversas formas. Contudo, neste livro, iremos dividi- (LESKO, 2004).
-los em metais ferrosos e metais não ferrosos, que é
a forma mais comum de classificação. Os metais fer- Propriedades mecânicas
rosos são aqueles que contêm uma percentagem ele- As propriedades ditas mecânicas são uma classifica-
vada de ferro em sua composição química, havendo ção dentro das propriedades físicas. Elas se referem
a predominância deste elemento. Já os não ferrosos, à forma como os materiais reagem, qual sua resis-
como o próprio nome sugere, são os materiais me- tência frente aos esforços externos de natureza me-
tálicos em que não há a presença de ferro ou tenha cânica. No caso dos metais, as propriedades variam
em pequena quantidade de composição química do consideravelmente dependendo do tipo do metal, se
material (LIMA, 2006). é ferroso, não ferroso ou liga (materiais com pro-
Os materiais metálicos e outros que estudare- priedades metálicas que contêm dois ou mais ele-
mos nas próximas unidades, de maneira geral, são mentos químicos, sendo que pelo menos um deles
57
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Plasticidade Dureza
Propriedade que representa a capacidade que um A dureza de um material é entendida como resistên-
material tem de alterar, mudar sua forma e dimen- cia à penetração da superfície de um material duro.
sões, sob a ação de forças externas exercidas sobre Esta propriedade pode ser medida em Brinell, Vi-
ele, e conservá-la após a retirada de força, sem que ckers e Rockwell, que são os diferentes tipos de mé-
haja rupção ou apresentação de fissuras no material. todos utilizados para aferir qual a dureza de um ma-
Também pode ser chamada de deformidade, que terial. Tais métodos forçam um penetrador contra a
é a mudança dimensional resultante da força apli- superfície de um material, em condições controla-
cada sobre o material. Para a maioria dos materiais das de taxa de aplicação e carga, e posteriormente é
metálicos, o regime elástico persiste até deforma- feita a medida da profundidade que é relacionada a
ções de aproximadamente 0,005. Após este limite, o um número índice de dureza.
material é deformado de forma permanente, acon- Quanto mais macio o material, mais profunda
tecendo a deformação plástica, que são os resulta- a medida e, consequentemente, menor a dureza do
dos obtidos pelos processos de conformação por material. Dessa forma, temos que os metais possuem
deformação plástica, que vimos na unidade anterior considerável dureza, a qual é, em geral, proporcional
(MORA, 2010). ao limite de resistência do material (MORA, 2010).
58
DESIGN
59
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
60
DESIGN
Corrosão
Corrosão é o processo pelo qual partes de um ma-
terial são removidas devido a reações químicas, em
que substâncias químicas presentes no ambiente
atacam o material e retiram pequenas partes deles,
possibilitando a que outras reações aconteçam. Um
exemplo é a formação de ferrugem que acaba des-
truindo aos poucos o material e, consequentemente,
o produto. A oxidação que acabamos de ver no item
anterior é uma reação que causa a corrosão.
A maior parte dos metais sofre com a corro-
são, porém chumbo e alumínio são dois metais que
resistem bem a esse ataque e, por isso, são muito
usados em produtos de ambientes externos com
umidade e calor.
61
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
METAIS
FERROSOS
62
DESIGN
Ligas metálicas
Ferrosas Não-ferrosas
Alta liga
Os metais ferrosos são largamente empregados de- presentes em toda a crosta terrestre e são denomina-
vido a propriedades e características como: boa re- das minérios, ou seja, o ferro é encontrado na forma
sistência mecânica, tenacidade e ductilidade, asso- de minério de ferro. Como é encontrado associado a
ciadas a um baixo custo de produção. No entanto, outros elementos, é necessário aplicar um processo
também apresentam algumas limitações quando de extração do ferro (PAULI; ULIANA, 1996).
comparados aos metais não ferrosos, como baixa O processo de extração de ferro mais utilizado
condutividade elétrica e suscetibilidade à corrosão. é chamado de alto-forno, que também é o nome do
O ferro, principal metal, não é encontrado puro equipamento pelo qual o processo é executado. As
na natureza, sempre está associado a outros elemen- etapas de extração do ferro por processo de alto-for-
tos formadores das rochas. Estas, por sua vez, estão no estão listadas no quadro a seguir:
63
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
1. Minerais de ferro extraídos do solo não fragmentados em pequenos pedaços, lavados e transportados para
uma indústria siderúrgica.
2. Ao chegar na indústria, os pedaços de minérios são depositados no alto-forno, em camadas sucessivas,
intercaladas com combustíveis e substâncias químicas chamadas de fundente, as quais se combinam com
impurezas e as separam do ferro.
3. Após o minério estar dentro do alto-forno, ar é injetado nele para ajudar na queima do combustível que atin-
ge elevadas temperaturas, derretendo todo o minério.
4. O ferro derretido se deposita no fundo do alto-forno e, nesse primeiro momento, é chamado de ferro-gusa ou de pri-
meira fusão. As impurezas, por serem mais leves, ficam flutuando sobre o ferro derretido e são denominadas escória.
5. O ferro-gusa e a escória são retirados do alto-forno, através de duas aberturas especiais, localizadas em altu-
ras diferentes, em cada abertura sai um dos compostos. O ferro-gusa, ao ser retirado do forno, é despejado
em panelas chamadas cadinhos.
6. Após ser transportado pelos cadinhos, o ferro-gusa é despejado em formas denominadas de lingoteiras, onde
é resfriado e, consequentemente, solidificado, retirado das formas é chamado de lingotes.
7. Os lingotes de ferro-gusa são utilizados apenas na confecção de peças que não passarão por processos de usinagem.
8. Para fabricação de ferro para outros fins, o ferro-gusa é levado para a aciaria, em estado líquido para o pro-
cesso de refino, onde as impurezas e adições do processo serão queimados. O refino do aço se faz em fornos
a oxigênio ou elétricos.
Fonte: adaptado de Lopes ( 2004).
Esteira Coletor de
poeira
Precipitador
de lodo
Alto-forno
Excesso
de gás
Ar quente
Ar frio
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DESIGN
FERRO FUNDIDO
Observando a Figura 2, vemos que um dos metais O ferro fundido cinzento tem esse nome, pois, ao
ferrosos é o ferro fundido, que pode ser classificado ser quebrado, apresenta uma cor cinza escuro. A
em quatro diferentes tipos: ferro cinzento, branco, cor é característica da combinação entre carbo-
dúctil e maleável. O ferro fundido é uma liga do ele- no e ferro em forma de lamelas grafita. Esse fer-
mento ferro com carbono, sendo que essa liga pode ro fundido apresenta facilidade em ser fundido,
conter de 2 a 4,5% de carbono. trabalhado com ferramentas de corte e, também,
A obtenção de ferro fundido acontece quando em ser moldado em diversas formas e peças, pois
se diminui a porcentagem de carbono do ferro-gu- a grafita se comporta como pequenas trincas na
sa – ou ferro de primeira fusão –; assim, o ferro estrutura do material, fazendo com que cavacos
fundido também é chamado de ferro de segunda se desprendam com facilidade. Assim, apresen-
fusão. A diminuição de carbono acontece em for- tam reduzida resistência mecânica e ductilidade
nos apropriados e, com a diminuição do carbono (PAULI; ULIANA, 1996).
por essa segunda fusão, juntam-se outros elemen- As lamelas de grafita das quais o material é
tos, como silício, manganês, fósforo e enxofre em composto, além de permitirem as características
sua composição, em proporções adequadas, me- que vimos no parágrafo anterior, também lhe tra-
lhorando as propriedades do ferro fundido. O zem outros benefícios, como elevada capacidade de
carbono, independentemente da associação com amortecimento, absorvendo vibrações e, ainda, re-
outros elementos, estará presente com uma pro- sistência contra corrosão, inclusive em água salgada.
porção superior a 2% do volume total do ferro fun- Isso acontece devido à grafita fazer uma espécie de
dido (PAULI; ULIANA, 1996). barreira contra a liberação de produtos de corrosão
Caro(a) aluno(a), agora vamos conhecer melhor (LOPES, 2004).
os diferentes tipos de ferros fundidos, suas caracte- Em virtude de todas essas propriedades, o ferro
rísticas e aplicações em produtos de diversos setores fundido cinzento é utilizado para inúmeros fins. Por
da indústria. absorver muito bem as vibrações, é utilizado para
produtos ou componentes de corpos de máquinas,
Ferro fundido cinzento como bloco de pistões, bloco de motores, cilindros,
Segundo Borges (2009), a composição dos ferros tambores de freio base de máquinas pesadas, cabeço-
fundidos cinzentos está compreendida entre os se- tes e vários outros (LIMA, 2006).
guintes teores:
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
66
DESIGN
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Callister apud Lopes (2004) subdivide os aços Suas aplicações são para fabricação de chapas,
como de baixa e de alta liga. Os de baixa liga são sub- tubos, tarugos, rodas e os trilhos de trens, engre-
divididos de acordo com a concentração de carbono nagens, virabrequins, produtos de construção civil,
em: aços de baixo teor de carbono, aços de médio naval, caldeiras e outros componentes estruturais
teor de carbono e aços de elevado teor de carbono. que possuam alta resistência e que necessitem de
O aço de alta liga é o aço inoxidável. elevada resistência mecânica à abrasão e tenacidade
(LIMA, 2006).
Aços de baixa liga
São aços que apresentam teores de carbono, silício, Aços de alto teor de carbono
manganês, fósforo e enxofre, e que são componentes Como o próprio nome sugere, são ligas que apre-
normalmente encontrados nos aços comuns. Tam- sentam alto teor de carbono, aproximadamente
bém apresentam teores de outros elementos, que são entre 0,60% e 1,40%. Por causa disso, são os mais
denominados elementos de liga, adicionados com duros e mais resistentes a desgastes, e consequen-
intuito específico de melhorar propriedades e carac- temente, também são os aços de baixa liga menos
terísticas do aço (TEIXEIRA, 1999). dúcteis. Assim, possuem baixíssima conformabi-
lidade e soldabilidade, porém, possui ótimo com-
Aços de baixo teor de carbono portamento em altas temperaturas.
Dos aços de baixa liga, é o mais produzido e o mais Em geral, são utilizados em uma condição endu-
barato. Em geral, apresenta teor de carbono inferior a recida e revenida, ótimos como ferramentas de corte
0,25% e não aceita tratamentos térmicos. Assim, sua re- e matrizes para modelação e a conformação de ma-
sistência mecânica é aumentada por meio de trabalho teriais, assim como para fabricação de facas, lâminas
a frio. Apesar de serem ligas relativamente moles e fra- de corte e de serras para metais (ZOLIN, 2010).
cas, possuem excelente ductilidade e tenacidade, além
de serem usináveis e soldáveis. Devido a essas caracte- Aços de alta liga
rísticas, são amplamente utilizadas em componentes de São aços que apresentam teores de carbono, silí-
carcaça de automóveis, formas estruturais e chapas usa- cio, manganês, fósforo e enxofre, e que são com-
das em edificações, pontes e tubulações (LOPES, 2004). ponentes normalmente encontrados nos aços co-
muns. Também apresentam grandes quantidades
Aços de médio teor de carbono de elementos de liga.
Ligas que apresentam concentração de, aproximada-
mente, 0,25% a 0,60% de carbono, e que permitem Aços inoxidáveis
tratamentos térmicos para melhorar as suas proprie- Os aços inoxidáveis apresentam uma concentração
dades mecânicas. Eles são mais resistentes do que de, no mínimo, 11% de cromo. Devido à sua com-
os aços com baixo teor de carbono, porém, perdem posição, são altamente resistentes à corrosão (oxida-
ductilidade e tenacidade em relação a ele. Também ção superficial) em diversos ambientes e dúcteis nas
apresentam boa conformabilidade, soldabilidade e mais baixas temperaturas.
média temperabilidade.
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DESIGN
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Metais
não Ferrosos
Caro(a) aluno(a), após conhecer um pouco dos siderúrgica e também nos setores de construção ci-
metais ferrosos, que são metais com grande quan- vil, naval, ferroviária e outros, vamos ver neste tó-
tidade do elemento ferro em sua composição, e, pico os metais não ferrosos.
portanto, com grande importância para a indústria
70
DESIGN
Como o próprio nome indica, é o grupo de me- elétrica comparativamente baixa e suscetibilida-
tais que não apresenta ou possui em quantidades de – exceto nos aços inoxidáveis – à corrosão em
mínimas o elemento ferro em sua composição. São alguns ambientes. Assim, surgem os não ferrosos,
muitos os metais não ferrosos, mas somente a mi- como uma alternativa para muitas aplicações, apre-
noria é utilizada em processos de manufatura para sentando-se vantajosos ou necessários para encon-
desenvolvimento de bens de consumo e produtos trar propriedades mais apropriadas para usos espe-
industrializados. Eles apresentam grande variedade cíficos (ZOLIN, 2010).
de ponto de fusão, além de propriedades mecânicas Segundo Lesko (2004), de maneira geral, todos
e físicas que influenciam em suas performances. Ou- os métodos e processos utilizados para cortar, formar
tra característica, é que, em relação aos metais ferro- e ligar os metais ferrosos também são usados para
sos, têm um preço mais elevado, uma vez que é pre- processar os metais não ferrosos. Contudo, os não
ciso usar muita tecnologia de produção de pesquisa ferrosos apresentam a esses métodos e processos res-
para seu desenvolvimento (LESKO, 2004). postas mais severas, e as propriedades mecânicas das
O desenvolvimento dos metais não ferrosos formas maleáveis e fundidas de uma mesma liga po-
foi impulsionado após a Segunda Guerra Mundial, dem variar consideravelmente. No grupo dos metais
que trouxe à tona a importância da indústria meta- não ferrosos estão inseridos elementos como o alu-
lúrgica dos não ferrosos para o desenvolvimento de mínio, cobre, magnésio, chumbo, bronze e diversos
produtos que não eram possíveis por meio dos me- outros metais, que podem ser classificados como bai-
tais ferrosos, já que esses apresentavam limitações xo, médio e alto ponto de fusão, preciosos e refratá-
como densidade relativamente alta, condutividade rios, conforme podemos observar na figura a seguir.
METAIS NÃO-FERROSOS
Metais
Berílio Cromo Níquel Titânio
refratátios
Metais
Chumbo Estanho
preciosos
Metais com baixo ponto de fusão
Custo moderado - Produtos simples
Figura 4 – Classificação dos metais não ferrosos de acordo com o ponto de fusão.
Fonte: LESKO (2004, p. 23).
71
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Caro(a) aluno(a), como há muitos metais não ferro- De acordo com as propriedades desejadas, o alumí-
sos, vamos abordar nos próximos tópicos de classifi- nio pode ser fundido com elementos básicos como
cação apenas os mais representativos, haja vista que manganês, magnésio, silício e outros, formando suas
é inviável citar todos os metais ferrosos e suas ligas, ligas. A maioria deles está disponível comercialmen-
com respectivas propriedades e características. te, e o alumínio pode ser conformado (laminado,
forjado e trefilado, de modo a ser utilizado na for-
METAIS NÃO FERROSOS DE BAIXO PONTO ma de chapas, folhas, fios e tubos), ligado, acabado
DE FUSÃO E DE CUSTO MODERADO e cortado facilmente, permitindo o uso em produtos
de diversos tamanhos e formatos.
Como o próprio nome da classificação sugere, são
elementos metálicos que apresentam baixo ponto de SAIBA MAIS
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DESIGN
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Assim, com o magnésio e suas ligas são fabricadas pe- impressão, componentes de máquinas de alta velo-
ças de embreagem, trava de coluna de direção, suporte cidade e componentes para a indústria aeroespacial
de pedal de freio, ferramentas manuais, máquinas de (Instituto Federal de Santa Catarina, [2018], on-line)4.
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Platina Cromo
A platina é o terceiro dos metais considerados no- Metal com cor branca levemente azulada, bastante
bres. Como propriedades apresenta boa maleabili- conhecido entre os designers industriais como metal
dade, ductilidade e excelente resistência à corrosão. decorativo de recobrimento e acabamento.
A platina é bastante utilizada em equipamentos de Segundo Lima (2006), o cromo apresenta as se-
laboratório e odontológicos, nos contatos elétricos, guintes propriedades:
eletrodos e nas termorresistências, na fabricação de • Ponto de fusão de 1890 ºC;
joias e em alguns compostos que são utilizados em • Elevada dureza;
tratamentos de quimioterapia. • Maleabilidade;
• Boa condutividade térmica e elétrica;
Estanho • Extremamente quebradiço;
Segundo Teixeira (1999), o estanho possui as se-
guintes propriedades: Devido a suas propriedades, geralmente, é uti-
• Ponto de fusão em torno de 232°C; lizado no desenvolvimento de ligas, com ferros
• Boa maleabilidade e ductibilidade; para desenvolvimento de aços, com níquel para
• Quebradiço a 200°C; desenvolvimento de resistência elétrica, com co-
• Baixa resistência mecânica; balto para decoração de peças em plástico e, ain-
• Elevada resistência à corrosão. da, em formas de sais para utilização na indústria
têxtil e de cerâmicas.
Assim, de acordo com suas propriedades, o estanho
é amplamente utilizado no revestimento de utensí- Níquel
lios de alimentação, dispositivos de segurança con- O níquel, assim como os demais metais não ferrosos
tra incêndio, alarmes e extintores, revestimento de já vistos, é muito utilizado no desenvolvimento de
clipes, grampos, alfinetes e até na formulação de cre- ligas com outros metais, conferindo e intensificando
me dental, em combinação com o flúor. as propriedades detes, principalmente em relação ao
aumento de resistência à corrosão, resistência em al-
METAIS NÃO FERROSOS DE ALTO PON- tas temperaturas, propriedades magnéticas e expan-
TO DE FUSÃO, ALTA PERFORMANCE E são térmica.
ALTO CUSTO Segundo Ashby e Johnson (2011), as proprieda-
des do níquel são as seguintes:
Chegamos à última classe de metais não ferrosos, • Ponto de fusão 1.455°C;
que são classificados com alto ponto de fusão e, tam- • Boa condutividade térmica e elétrica;
bém, apresentam alta performance de custo para fa- • Resistência a altas temperaturas;
bricação e utilização em produtos. • Elevada resistência à corrosão;
• Maleável.
76
DESIGN
Como já citado, sua maior utilização está no desen- Devido ao ponto de fusão elevado, são muito
volvimento de ligas, que são amplamente utilizadas utilizados em serviços em alta temperatura, como
em câmaras de combustível em turbinas, motores filamento de lâmpadas, geradores de energia nuclear
de jatos e foguetes, equipamentos de processamento e bocal de saída de gases dos foguetes. Além de alto
de alimentos, resistências de aquecimento e no pro- ponto de fusão, os metais refratários também pos-
cesso de eletrogalvanização, que auxilia na proteção suem baixa resistência mecânica, de fácil oxidação e
contra corrosão. se fragilizam rapidamente. Assim, quando trabalha-
dos a quente, por fundição, soldagem e metalurgia
Titânio em pó, requerem algumas precauções especiais. Da
mesma forma que os demais metais não ferrosos,
Segundo Zolin (2010), titânio é um metal que apre- os metais refratários podem ter suas propriedades
senta as seguintes propriedades: melhoradas com o desenvolvimento de ligas (ASKE-
• Ponto de fusão 1.668°C; LAND; PHULÉ, 2008).
• Elevada resistência à corrosão;
• Alta resistência mecânica;
• Baixa toxidade;
• Leveza;
• Boa maleabilidade.
Metais refratários
Os metais refratários são o grupo de metais que
possuem temperaturas de fusão extremamente al-
tas, são eles: o tungstênio, tântalo, molibdênio e o
colômbio. Seus pontos de fusão variam de 2.468°C
até 3.410°C.
77
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Tratamento
em Metais
Caro(a) aluno(a), após conhecer os metais ferrosos, Voltando aos principais processos de fabricação,
não ferrosos e suas principais ligas, neste tópico ire- temos que processos de conformação mecânica po-
mos conhecer o tratamento e processos que fazem dem ser empregados nos metais com aplicação de
parte da fabricação dos metais, como materiais temperatura: trabalho a quente, quando a deforma-
para desenvolvimento de produtos e componentes. ção é obtida em temperaturas superiores a de recris-
Na primeira unidade deste livro, conhecemos os talização; ou, também, podem ser submetidos a tra-
mais importantes processos, que são os de confor- balho a frio, quando ocorre de maneira contrária ao
mação, união, melhoria e acabamento. Agora, neste quente. Os metais de conformação a quente permi-
tópico, iremos conhecer processos que auxiliam na tem grandes deformações, que ainda podem ser fei-
obtenção de metais com características mais defi- tas repetidas vezes, já que o metal permanece macio
nidas e desejadas para sua utilização em determi- e dúctil. No entanto, a utilização de processos com
nadas áreas, uma vez que, em muitos casos, apenas trabalho a quente podem causar maior oxidação su-
o processo de produção não origina materiais com perficial dos metais, causando perda de material e
tais características, necessitando, portanto, de tra- deixando-os com um acabamento superficial de má
tamentos posteriores. qualidade (CALLISTER; RETHWISCH, 2013).
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DESIGN
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
deformação plástica. Assim, o recozimento do ma- Tal processo acontece com o aquecimento do
terial permite a continuidade da deformação, sem aço a uma temperatura superior a sua temperatura
que o material sofra uma fratura no decorrer da crítica, por um determinado tempo, até que acon-
execução, recuperando-o. teça a homogeneização das estruturas internas do
material. Após o aquecimento, há a etapa de resfria-
Recozimento de normalização mento, que acontece de maneira lenta, e em geral,
O processo de recozimento é aplicado com a inten- dentro do forno. Desta forma, seja, após o aqueci-
ção de normalizar, ou seja, deixar o material em um mento, o forno é desligado e, então, forno e material
estado normal, sem a presença de tensões internas, resfriam juntos à mesma taxa, até atingirem a tem-
distribuindo os carbonos da estrutura interna no peratura ambiente.
metal. É usado principalmente em materiais e estru- O processo requer tempo considerável, mas
turas não homogêneas que passaram anteriormente obtém excelentes resultados, como uma microes-
por processos de têmpera, conformação, como a la- trutura interna uniforme, diminuição da dureza do
minação e fundição. material, remoção de tensões provocadas por trata-
A normalização ocorre quando um metal é aque- mentos mecânicos anteriores, melhoria na usinabi-
cido até pelo menos 50ºC acima da sua temperatura lidade do aço e alteração em propriedade mecânica,
crítica, por determinado tempo, quando acontece como a resistência e a ductilidade.
a reorganização e a distribuição de tamanhos mais
uniformes das estruturas internas do material. Pos- Recozimento subcrítico
teriormente, há o resfriamento da peça, que aconte- O recozimento subcrítico é amplamente empregado
ce com a refrigeração do ar. em aços com médio e alto carbono, pois são mate-
Os resultados esperados do tratamento são o riais que apresentam dureza para serem convenien-
aumento de tenacidades do metal, refino da granu- temente usinados ou passar por processos de con-
lação do material, principalmente em peças de aço formação plástica. O processo consiste em aquecer
fundido, uniformização da estrutura do material, o material, principalmente aços, à temperatura abai-
após processos de laminação, e forjamento e redu- xo da temperatura crítica, com permanência por um
ção da tendência ao empenamento no tratamento de certo tempo, seguido de um resfriamento, que pode
têmpera (LIMA, 2006). ser no forno, assim como acontece no recozimento
pleno ou à temperatura ambiente.
Recozimento pleno Os resultados do recozimento subcrítico são,
O recozimento pleno é um dos processos de trata- principalmente, o alívio nas tensões originadas
mento térmico mais utilizado, empregado com fre- durante a solidificação, soldagem, usinagem pesa-
quência em aços com baixo e médio carbono, que da e operações de transformação mecânica a frio.
passaram por processo de usinagem ou que sofrerão No entanto, o processo também promove uma
extensa deformação plástica durante um processo melhor ductilidade e menor dureza, tornando os
de conformação. metais mais facilmente usinados ou deformados
(SILVA, [2018], on-line)6.
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Aspectos Gerais
dos Metais
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Caro(a) aluno(a), chegamos ao último tópico sobre ração qual será a vida útil desse produto. Sabendo
os materiais metálicos e agora iremos discutir so- que a matéria-prima é finita, é interessante que o
bre os aspectos e considerações gerais desta classe produto dure muito tempo, minimizando a neces-
de material tão empregada no desenvolvimento de sidade de extraí-lo da natureza para o desenvolvi-
produtos. São utilizados na maioria dos setores in- mento de um novo produto.
dustriais, se não na matéria-prima, com certeza, está Além de serem matérias-primas consideradas
presente no maquinário, ferramentas, acessórios e não renováveis, os metais, pelo menos a maioria de-
outros componentes que, de certa forma, participam les, não são encontrados puros na natureza, necessi-
do processo produtivo. tam passar por processos de mineração, purificação
Atualmente, para se escolher o material mais e refino para chegarem à forma adequada para o
indicado para o desenvolvimento de um produto, desenvolvimento de produtos. Os processos de mi-
além de analisar as questões intrínsecas do mate- neração, purificação e refino são desenvolvidos em
rial, como suas propriedades físicas e química e se altas temperaturas e, por isso, demandam quantida-
elas auxiliarão na conformação do material para de de energia altíssimas. O consumo de energia é tão
o melhor resultado final, deve-se analisar outros alto que aproximadamente metade de toda a ener-
aspectos que são tão importantes quanto as pro- gia consumida nos Estados Unidos, por indústrias
priedades do material. de fabricação, é gasta por indústrias que produzem
Os principais aspectos que devem ser levados e fabricam materiais que servirão de matéria-prima
em consideração são econômicos, em que a análi- (CALLISTER; RETHWISCH, 2013).
se do custo do desenvolvimento do produto é es- Além da questão da matéria-prima não renová-
sencial; ambientais, analisando o ciclo de vida do vel e dos gastos energéticos excessivos para a pro-
produto, considerando se os materiais empregados dução dos materiais metálicos para utilização final,
são biodegradáveis ou não, se podem gerar danos e a questão ambiental da sua utilização é um grande
transtornos quando for descartado; e, também, as- problema mundial, principalmente quando se fala
pectos sociais, considerando-se desde a extração até dos metais pesados, que têm alto grau de contami-
a reciclagem do produto, e, consequentemente, se nação e representam grande perigo ao meio ambien-
seu material pode gerar danos a uma sociedade. te e à saúde dos animais e seres humanos. Os metais,
Como vimos, os metais são materiais extraídos talvez, sejam os agentes tóxicos mais conhecidos
da natureza por meio de diversos minérios. Dessa pelo homem e sua crescente utilização vem compro-
forma, são considerados materiais não renováveis, vando e agravando questões ambientes.
ou seja, são materiais que a natureza leva muito No quadro a seguir, veremos quais os principais
tempo para renovar. Assim, ao desenvolver um metais pesados usados pela indústria e que se encon-
produto com metal, é necessário levar em conside- tram em vários produtos, suas fontes e riscos à saúde.
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Devido a essas questões ambientais, estão sen-
Tratamento, Recuperação e Disposição de Resíduos do aprimorados procedimentos para melhorar
Especiais (ABETRE), anualmente no Brasil são gera- o ciclo de vida dos produtos em relação ao meio
dos 2,9 toneladas de resíduos industriais perigosos. ambiente. Essa nova etapa constitui o processo de
Apenas 600 mil toneladas desses resíduos recebem desenvolvimento de projeto de produto e é deno-
tratamento adequado, sendo que os 78% restantes minada de análise/avaliação do ciclo de vida. Com
são depositados indevidamente em lixões, sem tra- esse procedimento, pode-se analisar o ciclo de vida
tamento adequado, causando a poluição e contami- do produto a ser desenvolvido, considerando o uso
nação do solo e água com metais pesados como zin- de materiais recicláveis, que reduz a necessidade de
co, cádmio, mercúrio e chumbo, que, como vimos, extração de matéria-prima, conservando recursos
podem provocar doenças graves (KAWAI; URIAS; naturais, uma vez que, por exemplo, a reciclagem
LEONEL; ALMADO, [2018], ON-LINE)9. do alumínio requer apenas 5% da energia necessá-
86
DESIGN
ria para produzir o metal. Dessa forma, o futuro do de ligas diferentes na desmontagem e trituração no
design de produtos é o desenvolvimento de produ- processo de reciclagem faz com que haja problemas.
tos melhores, mais baratos e sustentáveis (ASKE- Como vimos anteriormente, os tratamentos de su-
LAND; PHULÉ, 2008). perfície são bastante empregados nos metais e é im-
Na figura a seguir, temos a representação grá- portante se atentar aos revestimentos dos produtos,
fica das etapas consideradas para o desenvolvi- pois eles também atuam como contaminantes e po-
mento da avaliação do ciclo de vida de um pro- dem impedir a reciclagem dos produtos onde foram
duto. Pela esquematização, é possível analisar os utilizados.
aspectos que abordamos. Apesar da reciclagem dos metais não ferrosos
ser mais visada, devido ao maior valor econômi-
ENTRADAS SAÍDAS
co, hoje, as sucatas de ferros e aços também são
Produção dos materiais
Produtos
muito procuradas, principalmente por empresas
utilizáveis siderúrgicas e de fundições. Na figura a seguir,
Energia
tem-se a representação da porcentagem de metais
Efluentes
aquosos reciclados no Brasil.
Fabricação do produto
Recuperado
Emissões para
a atmosfera 86% 80%
75%
50%
Uso do produto Resíduos
sólidos
14% 20%
Recuperado
Matérias- 25%
50%
prima
Não
Outros
Chumbo Cobre Alumínio Aço
impactos
Descarte do produto
87
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
88
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), no decorrer da Unidade II conhecemos um pouco do
universo dos materiais metálicos, que são os mais utilizados para desen-
volvimento de produtos em diversas áreas da manufatura. Inicialmente,
abordamos sobre as mais importantes propriedades dos materiais, mas
especificando a realidade dos metais. Por ser uma classe grande de materiais, há
muita variedade de um para outro, principalmente quando se trata de metais
ferrosos e não ferrosos.
A maioria dos materiais metálicos não são encontrados puros na natureza e
requerem um processo de extração bastante característico, uma vez que a maioria
é encontrada na forma de minério e é a partir de tal processo que acontecerá a
diferenciação das classes em metais ferrosos e metais não ferrosos.
Os metais ferrosos, como o próprio nome já indica, são metais que possuem
uma maior quantidade de ferro em sua composição e, por sua vez, são subdivi-
didos em ferros fundidos e aços, possuindo propriedades bem particulares. São
bastante usados em produtos como equipamentos, ferramentas, acessórios nos
setores de construção civil, naval, aérea e outros.
Os metais não ferrosos são aqueles que possuem quantidades muito pe-
quenas de ferro em sua constituição. Eles apresentam grande variedade de
propriedades mecânicas e físicas, que influenciam em suas performances e são
mais caros, se comparados com os ferrosos. Também são utilizados em diversas
áreas. Não foi possível abordar todos os metais não ferrosos, apenas os mais
relevantes economicamente.
Além dos processos de fabricação que vimos na Unidade I, conhecemos ou-
tros processos que são aplicados particularmente nos metais, de forma a auxiliar
o processos de conformação e melhora de algumas propriedades do produto fi-
nal. Para finalizar, conhecemos aspectos gerais desses materiais tão utilizados.
89
atividades de estudo
1. Qual das alternativas a seguir não pode ser classificada como propriedade
física dos materiais metálicos?
a) Plasticidade.
b) Ductilidade.
c) Dureza.
d) Corrosão.
e) Elasticidade.
90
atividades de estudo
91
LEITURA
COMPLEMENTAR
Em primeiro de janeiro de 2002, o euro tornou-se a única moeda legal em doze países
europeus. Desde aquela data, várias outras nações também integraram a União Mo-
netária Europeia e adotaram o euro como sua moeda oficial. As moedas de euro são
cunhadas em oito valores diferentes: 1 e 2 euros, assim como 50, 20, 10, 5, 2 e 1 centa-
vos de euro. Cada moeda apresenta um desenho comum em uma das faces, enquanto
o desejo da outra é um dentre vários escolhidos pelos países da União Monetária.
Ao decidir quais ligas metálicas seriam empregadas para as moedas, várias questões
foram consideradas, a maioria delas relacionada às propriedades dos materiais.
92
LEITURA
COMPLEMENTAR
93
material complementar
94
referências
95
referências
Referências on-line:
1 Em: <http://corro4v072.blogspot.com.br/2008/03/propriedades-eltricas-con-
duo-eltrica.html>. Acesso em: 9 maio 2018.
2 Em: <http://professor.ufabc.edu.br/~jeverson.teodoro/archives/
ESTO006/2017-1/Aula_MSP10_Propriedades_El%C3%A9tricas_Materiais.
pdf>. Acesso em: 12 de jul. 2017.
3 Em: <http://moemacastro.weebly.com/uploads/5/7/9/8/57985191/maco-
-i_aula-04_materiais_met%C3%A1licos_-_weebly.pdf>. Acesso em: 10 maio
2018.
4 Em: <https://wiki.ifsc.edu.br/mediawiki/images/6/6d/Aula_15.pdf>. Acesso
em: 10 maio 2018.
5 Em: <https://www.cimm.com.br/portal/material_didatico/6442-objetivos-do-
-tratamento-termico-dos-acos#.WXyk6IjyvIU>. Acesso em: 10 maio 2018.
6 Em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABOX0AA/5-recozimento-nor-
malizacao>. Acesso em: 10 maio 2018.
7 Em: <https://www.mecanicaindustrial.com.br/46-como-funciona-a-tempera-
-dos-metais/>. Acesso em: 10 maio 2018.
8 Em: < http://www.recicloteca.org.br/material-reciclavel/metal/>. Acesso em:
11 maio 2018.
9 Em: <http://www.fernandosantiago.com.br/met90.htm>. Acesso em: 11 maio
2018.
96
gabarito
1. D.
2. D.
3. A.
4. Os dois principais tratamentos empregados nos metais, sejam eles me-
tais ferrosos ou não ferrosos, são os térmicos e o de superfícies. Os tra-
tamentos térmicos, de forma geral, consistem na aplicação de altas tem-
peraturas nos metais por determinado tempo que, posteriormente, são
resfriados até temperatura ambiente. O resultado de tais processos são
mudanças estruturais no metal, que os confere, principalmente, maior
resistência ao desgaste, corrosão e, ao calor, melhora sua ductilidade, usi-
nabilidade, propriedades de corte e outros aspectos. Já os tratamentos
superficiais consistem em prevenir, eliminar ou tratar os efeitos que os
processos de corrosão, oxidação, abrasão e outros causam sobre os me-
tais, por meio da aplicação de uma camada de material resistente a esses
processos de deterioração na superfície das peças.
5. C.
97
MATERIAIS CERÂMICOS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Cerâmicas
• Cerâmicas avançadas
• Processos em cerâmicas
• Vidros
• Processos em vidros
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer e aprender as variedades, características e propriedades
das cerâmicas utilizadas como material no desenvolvimento de
produtos.
• Conhecer e aprender as variedades, características e propriedades
das cerâmicas avançadas e sua utilização como material.
• Identificar e aprender quais os principais processos utilizados na
fabricação de produtos com materiais cerâmicos.
• Aprender sobre os aspectos, características e diferentes
propriedades dos vidros.
• Identificar e aprender quais os principais processos utilizados na
fabricação de produtos com vidros.
unidade
III
INTRODUÇÃO
Cerâmicas
Os materiais cerâmicos são considerados os mais du- dução e fabricação em estágio de industrialização –
ráveis entre todos os materiais existentes; objetos fa- fabricando produtos empregados em componentes
bricados com cerâmicas sobrevivem desde 5.000 a.C. mecânicos e até na medicina com as biocerâmicas
Em geral, as peças encontradas em sítios ar- (ASHBY; JOHNSON, 2011).
queológicos são feitas de cerâmica e, por meio de- As cerâmicas são materiais inorgânicos não
las, arqueólogos desvendam hábitos dos homens metálicos, resultantes do aquecimento, a altas tem-
de épocas muito antigas. Assim, as cerâmicas são peraturas (1400°C a 1800°C), da mistura de maté-
consideradas materiais do passado, mas também do rias-primas naturais, como a argila; ou também de
futuro, uma vez que seu uso deixou de ser apenas matérias-primas sintéticas, como a alumina, o que
artesanal – para fabricação de utensílios –, para pro- foi possível com o desenvolvimento de novas tec-
102
DESIGN
nologias e a obtenção das cerâmicas avançadas, que ambiente externo, resistindo até à água do mar. A re-
veremos logo à frente. sistência à tração das cerâmicas é baixa, e a resistên-
A argila, principal componente das cerâmicas cia de compressão é muito mais elevada, cinco a dez
tradicionais, é um material natural constituído de vezes maior do que a de tração. Tais materiais ainda
minerais que possuem propriedade de formarem – apresentam baixa tenacidade, densidade, conduti-
quando misturados com água – uma pasta suscetível vidade elétrica, térmica e baixa dilatação térmica,
de ser moldada, secar e endurecer sob a ação do ca- sendo que as impurezas no material podem reduzir
lor. O baixo custo de algumas cerâmicas tradicionais ainda mais (ASHBY; JOHNSON, 2011).
se deve exatamente à abundância de sua matéria- Os materiais cerâmicos são diversos, nume-
-prima, que se encontra na crosta terrestre, formada rosos e heterogêneos. Assim, para conhecê-los
pela desintegração de rochas (TEIXEIRA, 1999). melhor, é necessário dividi-los em subsetores ou
De modo geral, a grande maioria das cerâmicas segmentos, em função de diversos fatores como
tradicionais apresentam as mesmas características, matérias-primas, propriedades e/ou áreas de uti-
como a resistência a elevadas temperaturas (pois lização. Diferentes referências os subdividem e os
possuem alto ponto de fusão) e alta dureza (resis- classificam de diversas formas. No nosso livro, ire-
tência à abrasão). Apesar disso, são materiais bas- mos seguir a classificação com base em sua aplica-
tante frágeis. Apresentam alta resistência a ataques ção. Assim, observamos a seguir a representação
químicos, por sua inércia química, não oxidando esquemática da classificação dos materiais cerâmi-
nem sofrendo degradação, devido ao contato com o cos com base em sua aplicação.
Materiais cerâmicos
103
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Observando a figura anterior e analisando as clas- responde às cerâmicas brancas, conhecidas também
ses das cerâmicas no sentido da esquerda para a di- como louças brancas, sendo que a coloração branca
reita, temos o vidro como a primeira classe. Abor- da cerâmica se deve à elevada temperatura do co-
daremos suas características e processos em outro zimento; são representadas pelas porcelanas, louças
tópico. A última classe dos materiais cerâmicos são sanitárias, louças para mesa e louças vitrificadas. Já
as cerâmicas avançadas, classificação que também a segunda classe são os produtos estruturais à base
será abordada em um tópico exclusivo, devido à de argila ou também as cerâmicas vermelhas, usadas
sua relevância na realidade da utilização desses para a fabricação de tijolos de construção, azulejos,
materiais. Dessa forma, iniciaremos nosso estudo telhas e tubos (como nas tubulações de esgoto), ou
das classes das cerâmicas abordando os produtos à seja, são empregados em produtos em que a integri-
base de argila. dade estrutural é bastante importante (LIMA, 2006).
O próprio nome da classe é bastante esclarecedor, A classe das cerâmicas refratárias também é ampla-
nela, estão as cerâmicas que têm como base da sua mente utilizada. Os produtos dessa classe possuem a
composição a argila. Como já citado no começo da capacidade de resistir a elevadas temperaturas, sem
unidade, tais cerâmicas são chamadas cerâmicas serem corroídos, reagirem com o ambiente onde
tradicionais. Além do preço competitivo, outra ra- operam ou ainda sem se fundirem ou se decompo-
zão pela sua popularidade é a facilidade com que rem, ou seja, são materiais que se comportam de
tais cerâmicas à base de argila são conformadas, forma inerte em ambientes severos, proporcionando
uma vez que, misturadas na quantidade correta de isolamento térmico. Por isso, são usados em partes
argila e água, formam uma massa plástica muito importantes de equipamentos de produção e refino
suscetível à modelagem. Após totalmente molda- de aço, manuseio de metais e vidros, além de fornos
das na forma desejada do produto, a peça é enca- e equipamento de tratamento térmico que operem
minhada para secagem, em que toda a umidade é em altas temperaturas.
removida da peça, posteriormente, ela é cozida em A composição das cerâmicas refratárias influen-
fornos com alta temperatura, tendo sua resistência ciam diretamente seu desempenho e, de acordo com
mecânica melhorada. a composição, há várias classificações, como as cerâ-
A maioria das peças cerâmicas à base de argila se micas refratárias de sílica, básicas, de argila e espe-
subdividem em duas classes. A primeira classe cor- ciais, como mostra o quadro a seguir.
104
DESIGN
ABRASIVOS
A terceira classe dos materiais cerâmicos é a das ce- Os materiais cerâmicos mais utilizados como
râmicas abrasivas. São materiais usados para desgas- abrasivos são o carbeto de silício, carbeto de tun-
tar, polir ou cortar outros materiais com menor du- gstênio, areia de sílica e óxido de alumínio. Os dia-
reza, por meio de processos de moagem, polimento, mantes (naturais ou sintéticos) possuem a maior
lapidação e/ou jateamento. Dessa forma, sua princi- dureza e são usados como abrasivo, porém, seu alto
pal característica é a dureza, resistência ao desgaste custo inviabiliza muitas das utilizações.
e alto grau de tenacidade para que as partículas não Todos esses materiais cerâmicos abrasivos po-
rompam com facilidade. dem ser usados de diferentes formas, a mais conhe-
105
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
cida são as lixas de cerâmicas. Elas são formadas pela Os cimentos inorgânicos são produzidos em
deposição de partículas de materiais abrasivos sobre quantidades enormes e estão presentes, principal-
um substrato. As partículas são misturadas com um mente, no setor da construção civil. Também podem
“gel”, formando uma suspensão coloidal. Posterior- ser usados como fase de união em processos para
mente, a suspensão passa pelo processo de secagem aglutinar quimicamente agregados particulados,
e tratamentos térmicos, de forma que a suspensão como a areia e o cascalho, formando uma estrutura
converte-se em um gel sólido e úmido. O gel é pos- coesa. Nas duas formas de uso, o processo acontece
teriormente seco, formando uma cerâmica extrema- sem o fornecimento de calor, acontecendo apenas
mente dura. Em geral, metais, madeiras, plásticos e em temperatura ambiente.
outros materiais são lixados e polidos utilizando essa Dentre todos os cimentos, o mais utilizado é o
forma de abrasivo (QUIRINO, [2018], on-line)1. cimento hidráulico ou cimento portland, o qual é
Uma outra maneira de utilizar os abrasivos é por produzido por meio da moagem de mistura de ar-
meio da sua colagem em discos de esmerilhamen- gila com cal e outros minerais em quantidades ade-
to revestidos. Nesse caso, as partículas de abrasivos quadas. Após moído, a mistura é despejada em um
são coladas em um disco com a aplicação de uma forno rotativo que eleva a temperatura até, aproxi-
cerâmica vítrea ou de uma resina orgânica, e os dis- madamente, 1400ºC. Nessa etapa, produz mudanças
cos são utilizados para o processo de lixamento ou químicas no material que, posteriormente, é reti-
corte de outro material. Também podem ser utiliza- rado do forno e moído novamente, formando uma
dos como grãos soltos, em que a estrutura do disco mistura de pó muito fino, que é misturado com um
deve ter porosidade para permitir um escoamento quantidade de gesso, ajudando a retardar o processo
contínuo de corrente de ar ou algum líquido refri- de pega. Além do tempo de pega, outra característi-
gerante dentro dos poros por onde as partículas re- ca do material é a sua resistência (CALLISTER; RE-
fratárias passam, evitando o aquecimento excessivo THWISCH, 2013).
(CALLISTER; RETHWISCH, 2013). Com o conhecimento das principais proprie-
dades e características dos materiais cerâmicos e
CIMENTOS suas classificações de acordo com a forma de uso,
fica claro que as cerâmicas tradicionais são usadas
São materiais cerâmicos inorgânicos e podem ser clas- para fabricação de tijolos, telhas, azulejos e diver-
sificados em cimento, gesso de paris e cal. Ao serem sas louças domésticas (como de mesa e peças para
misturados com água, formam uma pasta que, pos- banheiro). Posteriormente, iremos conhecer as
teriormente, entra no processo de pega e endurece. chamadas cerâmicas avançadas que têm um cam-
Constitui, assim, estruturas sólidas e rígidas com qual- po de utilização bem diferente das cerâmicas vis-
quer forma, além de serem moldadas com facilidade. tas até o momento.
106
DESIGN
107
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Cerâmicas
Avançadas
Caro(a) aluno(a), no tópico anterior conhecemos • Óxidos: cerâmicas constituídas de óxidos são
um pouco das cerâmicas tradicionais, usadas há mi- desenvolvidas como material refratário, que
pode ser empregado de diversas formas; um
lhares de anos pelo homem. Com o passar do tem-
exemplo são em velas de ignição de automóveis.
po, os materiais cerâmicos foram sendo estudados e,
• Carbetos: constitui um material cerâmico
com o auxílio de novas tecnologias, foram sendo so-
muito resistente à oxidação e duro. Usado,
fisticados. Atualmente, estão em constante evolução. principalmente, como reforço em materiais
As cerâmicas avançadas são materiais especialmente compósitos com outros tipos de cerâmicas e
desenvolvidos para aplicações finais de alto desem- também com metais.
penho, ou seja, são desenvolvidas para usos muito • Nitretos: geralmente, é utilizado em compo-
específicos e tecnológicos, de modo a otimizar um nentes de motores diversos, uma vez que, se
conjunto particular de propriedades requeridas. analisado comparativamente com demais ce-
râmicas, é a que apresenta melhor conjunto
De forma geral, as cerâmicas avançadas são pro-
de propriedades.
dutos sofisticados desenvolvidos com matérias-pri-
mas sintéticas de altíssima pureza e por meio de pro- Além desses três principais elementos químicos
cessos rigorosamente controlados. Tais materiais são sintetizados, as cerâmicas avançadas também pos-
constituídos basicamente de três elementos químicos: suem em sua composição aditivos como ligantes,
108
DESIGN
plastificantes, solventes e agentes de sinterização, grandes tamanhos. Além disso, um segundo mo-
que auxiliam nos processos de obtenção do mate- tivo foi o reconhecimento de que é necessário ter
rial (PAREDES, [2018] on-line)2. diferentes critérios – daqueles já utilizados – para
Como essas cerâmicas exigem alto nível de de- materiais dúcteis, pois as cerâmicas são materiais
sempenho, as matérias-primas utilizadas na sua duros e frágeis. Por causa disso, foi criada, nos Es-
fabricação são sintetizadas por métodos químicos tados Unidos, a Associação Americana de Cerâ-
muito rigorosos e, quando são utilizadas matérias- micas Avançadas, onde fabricantes desenvolvem e
-primas naturais, inicialmente, passam por um pro- trabalham com novos procedimentos de testes que
cesso de purificação. Por usar em matérias-primas sejam mais adequados para cerâmicas avançadas
tão específicas e ter em o desenvolvimento de pro- (ART DENTAL LAB, [2018] on-line).
cessos que assegurem a alta qualidade das cerâmi- Desde então, muitas pesquisas e materiais foram
cas, elas têm alto custo no mercado. desenvolvidos e, atualmente, as cerâmicas avançadas
Desde a década de 1940, estudiosos e pesqui- são usadas em diversas áreas de alto desempenho.
sadores de importantes países trabalham em seus Caro(a) aluno(a), vejamos a seguir algumas das áre-
laboratórios para desenvolver novos materiais que as onde são aplicadas:
apresentem maior resistência mecânica ao desgaste 1. Setor da bioquímica: as cerâmicas interagem
e à corrosão química em condições de altas tem- com os tecidos vivos, sendo aplicadas como
peraturas e ambientes corrosivos, além de terem implantes de próteses dentárias e substituição
de ossos, fazendo papel estrutural, uma vez
melhores propriedades elétricas ou magnéticas
que pode resistir a elevadas cargas de com-
(ALVES, 2013). pressão com um baixo desgaste superficial.
Porém, a febre pelas cerâmicas avançadas acon-
Na bioquímica, são usadas, especificamente,
teceu no ano de 1983, quando foi publicado um ar- as cerâmicas, vidros bioativos e os vidro-ce-
tigo em que elas foram citadas como uma das dez râmicas bioativas para cirurgia reconstrutiva
maiores invenções tecnológicas da época, em uma e ligação óssea; cerâmica de alumina de alta
lista feita por cem presidentes das maiores empresas densidade, alumina monocristalina e zircô-
do Japão. A partir desse artigo, a atenção dos pes- nia para implantes odontológicos e ortopédi-
cos (UDESC, [2018] on-line)3.
quisadores em nível mundial foi despertada para o
2. Setor eletroeletrônico: usadas na indústria
desenvolvimento de novos materiais cerâmicos que
eletrônica, chamadas de eletrocerâmicas,
apresentam propriedades como alto ponto de fusão, uma vez que consistem em microestruturas
alta resistência ao desgaste, propriedades magnéti- de cerâmicas. São utilizadas em capacitores,
cas, inércia química e diferentes propriedades elétri- sensores, sonares, sensores semicondutores,
cas (ZANOTTO, [2018] on-line). supercondutores de alta temperatura, iso-
Um dos principais motivos que levaram ao ladores, drivers, magnéticos e outros, tendo
grande investimento e, consequente ao desenvolvi- amplo espectro de aplicações, como compu-
tadores, equipamentos de telecomunicações,
mento desses materiais foi a compreensão de novos
sensores e atuadores de alta tecnologia (MA-
níveis da ciência da fabricação, com alto grau de re- CÉA, [2018] on-line)4.
produtibilidade com requisitos para tolerância de
109
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
3. Setor mecânico: aplicadas no desenvolvi- As fibras ópticas são desenvolvidas com sílica,
mento de ferramentas de corte. Uma vez que que deve estar com extremo grau de pureza.
possuem excelentes resistência ao desgaste, Contaminantes, mesmo em quantidades mí-
conseguem cortar a altas velocidades, geran- nimas, ou outros defeitos, podem acabar ab-
do produtividade quando aplicadas correta- sorvendo ou espalhando o feixe de luz, atrapa-
mente, já que há várias classes de cerâmicas lhando o transporte de dados feito através da
avançadas que podem ser utilizadas para cor- passagem do feixe de luz pela fibra. Atualmen-
tes. Na maioria das vezes, tais ferramentas são te, há processos avançados que são executados
aplicadas em operações de torneamento com para produzir fibras que atendam perfeitamen-
alta velocidade, mas também em operações de te às restrições para as diferentes aplicações
canais e fresamento ( SANDVIK, on-line)5. (CALLISTER; RETHWISCH, 2013).
Além de ferramentas de corte, outra aplica-
5. Setor nuclear: devido à estabilidade contra
ção recente das cerâmicas mecânicas são em
a corrosão e à capacidade de suportar cisão
rolamentos, que consistem em peças mecâni-
de uma grande parte dos átomos de urânio,
cas utilizadas para possibilitar movimento en-
sem deterioração do material, as cerâmicas
tre duas ou mais partes de uma máquina ou
utilizadas nesse setor podem ser usadas para
equipamento. Anteriormente, tais peças eram
fabricação de reatores e, também, no desen-
feitas de aços, mas com as vantagens que a ce-
volvimento de partes críticas de foguetes e
râmica proporciona foram sendo substituídos.
mísseis, em que precisam resistir a tempe-
Comparativamente, em relação ao aço, as cerâ- raturas extremas, como o cone do nariz e da
micas apresentam menor peso e, consequente- garganta de foguetes.
mente, maior velocidade, mais rigidez, sofren-
do menos deformações em uso, produzindo, Devido a todas suas características e propriedades já
assim, menos ruídos e vibrações, maior tempo comentadas, as cerâmicas avançadas são utilizadas
de vida útil, maior resistência à corrosão – po- de diferentes maneiras. Os processos de fabricação
dendo ser empregadas em ambientes corrosi-
para desenvolvimento de produtos com cerâmicas
vos e de alta temperatura –, além de serem iso-
avançadas são praticamente os mesmos desenvolvi-
lantes elétricos, imunes a descargas elétricas.
dos na fabricação de produtos das cerâmicas tradi-
Algumas aplicações dos rolamentos de ce-
râmicas são em patins com rodas em linhas, cionais; poucos aspectos são diferentes, isso porque
motores elétricos, bicicletas, instrumentos as cerâmicas avançadas possuem uma massa homo-
médicos (como brocas dentárias e serras ci- gênea e de alta densidade em relação às tradicionais
rúrgicas) e equipamentos modernos das áre- (PAREDES, [2018] on-line)2.
as química, têxtil e de processamento de ali- De maneira geral, o processamento das cerâ-
mentos (CALLISTER; RETHWISCH, 2013).
micas é feito pela compactação de pós ou partí-
4. Setor óptico: neste setor, as cerâmicas são culas e aquecimento a temperaturas adequadas,
aplicadas, principalmente, para o desenvol- assim como as cerâmicas tradicionais. Caro(a)
vimento de fibras ópticas, componente crí- aluno(a), no próximo tópico iremos abordar e de-
tico na atualidade, pois estão relacionadas talhar as etapas do processamento para fabricação
diretamente a sistemas de comunicações óp-
de cerâmicas em geral e veremos dentro da base
ticos e modernos.
de fabricação onde se encontram ou em qual etapa
110
DESIGN
111
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Processos
em Cerâmicas
Caro(a) aluno(a), após conhecermos as cerâmicas diferença no processo de fabricação é o vidro e, por
tradicionais e avançadas, neste tópico iremos estu- isso, reservamos um tópico para falarmos sobre
dar quais as etapas típicas de processamento do ma- este assunto. Os processos de fabricação das cerâ-
terial e, também, as principais técnicas de conforma- micas diferem de acordo com o tipo de peça ou ma-
ção para fabricação de produtos. terial desejado, mas, de forma geral, os processos
Os principais processos de fabricação usados compreendem as etapas de preparação da matéria-
nos diversos segmentos cerâmicos assemelham-se -prima e da massa, formação das peças, tratamento
parcial ou totalmente. O setor que apresenta maior térmico e acabamento.
112
DESIGN
PREPARAÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA
Como vimos anteriormente, a matéria-prima Há diferentes tipos de massas que são feitas de
das cerâmicas tradicionais é a argila, material ex- acordo com a técnica a ser empregada para dar for-
traído da terra. Inicialmente, passa por um pro- ma às peças. As massas podem ser classificadas em:
cesso de mineração; posteriormente, máquinas • Suspensão ou barbotina: massa para obtenção
moem e quebram suas partículas, tornando-as de peças em moldes de gesso ou resinas porosas;
pequenas, finas, homogêneas; e, algumas vezes, • Massas secas ou semissecas: têm forma granu-
também passam por um processo de purificação. lada, usadas para obter peças por prensagem;
No caso das cerâmicas avançadas, suas matérias- • Massas plásticas: usadas para desenvolvi-
-primas são sintéticas e obtidas por meio de re- mento de peças por processo de extrusão,
ações químicas, assim, já são fornecidas prontas que pode seguir ou não para o torneamento
ou prensagem.
e puras, só necessitando, às vezes, de ajustes de
granulometria, ou seja, ajustes no tamanho das
partículas (ABCERAM, [2018], on-line)6. MÉTODOS DE CONFORMAÇÃO
113
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
O processo pode formar bolhas de ar na massa sa específica e com formatos complexos. Ambas as
que podem provocar defeitos na peça na etapa de prensagens produzem a chamada “cerâmica verde”,
cozimento. Assim, as extrusoras são providas de dis- peças que possuem a forma desejada e resistência
positivos a vácuo, tornando as massas mais resisten- mecânica suficiente para serem manuseadas e que,
tes e plásticas, uma vez que a desaeração deixa as posteriormente, podem passar pelo processo de
partículas mais coesas no material. O produtos fa- sinterização ou não.
bricados por esse processo são os tijolos, telhas, blo- A sinterização é o processo que a cerâmica
cos, tubos e outros que apresentem formato regular verde passa a altas temperaturas e com atmosfera
(TEIXEIRA, 1999). controlada, tendo como objetivo aumentar a mas-
sa específica da peça, diminuindo a porosidade e
Fundição ou colagem melhorando sua integridade mecânica. Voltando
Processo usado para composições à base de argila e/ à prensagem, também há a prensagem a quente,
ou pós-cerâmicos com a consistência de uma pasta usada quando a peça ainda não apresenta boas
aquosa, tal suspensão é conhecida como barbotina. propriedades mecânicas após o processo de sinte-
No processo, a barbotina é colocada em um molde rização; logo, ela é conformada com compressão e
poroso de gesso de Paris e a água da suspensão vai altas temperaturas.
sendo absorvida pelo molde, formando uma massa A massa granulada com baixo teor de umida-
espessa nas paredes do molde. Conforme a peça, que de, variando de 5% a 15%, é a mais empregada no
está dentro do molde, seca e se contrai, os dois se processo. No entanto, ela também é indicada para
separam e, então, a peça é removida. pós-cerâmicos, prensagem de pós, processo análo-
O resultado da fundição é a “cerâmica verde”, go cerâmico à metalurgia do pó, vista na Unidade
q,ue posteriormente, é seca e sinterizada em al- I, usada para fabricação de produtos argilosos ou
tas temperaturas. O processo é muito utilizado na não, incluindo cerâmicas eletrônicas e magnéticas
confecção de cerâmicas artísticas, estatuetas, uten- (ASKELAND; PHULÉ, 2008).
sílios sanitários e peças especiais para laboratórios
(CALLITER; RETHWISCH, 2013). Torneamento
O torneamento costuma acontecer após o proces-
Prensagem e prensagem de pós so de extrusão e pode ocorrer por meio de tornos
A prensagem modela a peça em um molde com as industriais ou manuais, no caso de cerâmicas arte-
dimensões desejadas, podendo ser uma prensagem sanais. Quando indústrias têm uma produção de
uniaxial, na qual a tensão de compressão é aplicada média para alta escala, são realizados com a adição
em uma única direção, recomendada para a pro- da massa plástica, isenta de ar, sobre um molde de
dução em grande quantidade de peças pequenas e gesso que está acoplado a uma base. Posteriormente,
simples. Para a produção de peças grandes, é reco- a massa é submetida a uma compressão de uma for-
mendada a prensagem isostática a frio, em que as ma aquecida. A massa e o molde são acoplados a um
peças são imersas em óleo e a pressão de compac- torno e submetidos a um desbaste, retirará o excesso
tação é aplicada, obtendo peças com elevada mas- de material e melhorará a estética da peça. Após essa
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DESIGN
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Vidros
Segundo a história, o vidro foi descoberto pelos lizado, desde em produtos muito simples e baratos,
egípcios e, posteriormente, foi aperfeiçoado pelo como as garrafas, até em componentes de alta tec-
povo romano. Sendo assim, é considerado um dos nologia, como as fibras ópticas. Além, também, de
materiais mais antigos feitos pelo homem. Desde ser trabalhado com apelo artístico na produção de
sua descoberta até os dias atuais, o vidro é um ma- vidros manuais, decorativos e utilitários (ASHBY;
terial muito utilizado em diversos setores. Com o JOHNSON, 2011).
passar dos anos e o desenvolvimento das tecnolo- O vidro é um material inorgânico, fisicamente
gias, passou a ser aperfeiçoado com características homogêneo, obtido por resfriamento de uma mas-
e propriedades que atendessem a novas demandas sa em fusão, que endurece com o aumento contínuo
específicas. Hoje, é um material universalmente uti- da sua viscosidade até atingir a condição de rigidez,
118
DESIGN
mas, não sofre cristalização. De acordo com a Asso- para uso em embalagens, pois apresenta alto nível
ciação Técnica Brasileira de Indústrias Automáticas de reciclagem (se 1kg de vidro for descartado, 1kg de
de Vidro (ABIVIDRO [2018], on-line)7, a maioria vidro será reaproveitado), não agredindo a natureza
dos vidros industriais utilizados para desenvolvi- e, também, protege o consumidor, já que não con-
mento de produtos e componentes são constituídos tamina o produto e o deixa visível ao consumidor
pelos seguintes elementos: (AKERMAN, 2000).
• Areia (óxidos e carbonatos de silício, cálcio e Considerando a resistência mecânica dos vidros,
sódio) - 72% temos que é um material frágil, ou seja, tem baixa re-
• Calcário - 11% sistência ao impacto. Todavia, ao mesmo tempo, não
• Barrilha - 14% é um material fraco, pois possui grande resistência à
• Alumina - 2% ruptura e, dessa maneira, pode ser utilizado em pi-
• Corantes - 1% sos, por ser duro e rígido. Em relação à resistência ao
choque térmico, e apesar de estar classificado den-
Além dos citados, também podem ser adicionados tro dos materiais cerâmicos, o vidro não apresenta a
outros elementos na composição do material, na for- mesma resistência a elevadas temperaturas e a cho-
ma de óxidos, com o objetivo de obter propriedades ques térmicos (BARROS, 2010).
diferenciadas e especiais, além daquelas já presentes, O vidro é um mau condutor de calor, ou seja,
como expansão controlada, dureza, resistência à ra- sua estrutura oferece resistência à passagem do ca-
diação e outras (LIMA, 2006). lor. Isso explica a baixa resistência ao choque térmi-
Entre as propriedades dos vidros, duas são evi- co. Por exemplo, ao adicionar um líquido dentro de
denciadas: a primeira é a transparência, na maioria um copo de vidro, ao entrar em contato com a água,
dos casos, pois também há vidros translúcidos e o vidro vai aquecer e se dilatar, mas, por oferecer
opacos. Já a segunda é a durabilidade do material. resistência à passagem do calor, a superfície exter-
São conhecidos vidros milenares que até hoje não na não se aquece na mesma velocidade e permane-
apresentaram sinais de deterioração, o que evidencia ce fria sem se dilatar, gerando tensões de tração no
sua resistência química, tornando o vidro um dos material. Consequentemente, se o valor das tensões
principais materiais utilizados como recipientes de forem acima do limite que o vidro pode suportar, ele
reagentes químicos e produtos farmacêuticos. Tam- irá se quebrar (AKERMAN, 2000).
bém são usados em vidrarias de laboratórios e tubu- Segundo Lesko (2004), os vidros são classifica-
lações de indústrias químicas (GIACOMINI, 2005). dos em três tipos: vidros comuns, vidros resistentes
Além de sua durabilidade química, característi- a choques térmicos e vidros de sílicas. Também há
cas como pureza, impermeabilidade e versatilidade, três parâmetros quanto à sensibilidade à luz, arqui-
tornam o vidro um dos materiais mais adequados tetônicos e especiais, como vemos na figura a seguir.
119
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
VIDRO
Sílica Fotos-
Sodocálcico Borossilicato
fundida sensível
Chumbo- Alumino-
90% sílica Fotocromático
álcali silicato
Fotocrômico
Caro(a) aluno(a), a partir de agora, iremos conhecer da produção total de vidros. Esse tipo possui preço
os principais vidros, suas composições básicas, ca- acessível, porém, não apresenta alta resistência em
racterísticas e aplicação em componentes e produtos. altas temperaturas, mudanças bruscas de tempera-
turas e produtos químicos.
VIDROS COMUNS A composição da maioria desses vidros está den-
tro da seguinte faixa:
São aqueles que possuem as características básicas • Óxido de cálcio: 8% - 12%
de um vidro, sem apresentar uma composição, pro- • Óxido alcalino (principalmente óxido de só-
cessos e tratamentos diferenciados ou específicos. dio): 12% - 17%
Dessa forma, são acessíveis e, consequentemente, • Alumina: 0,6% a 2,5% (geralmente é incluí-
bastante utilizados. da para incrementar a durabilidade quími-
ca ao vidro)
120
DESIGN
121
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
calor (ASHBY; JOHNSON, 2011). Figura 3 – Efeito de diferentes elementos na coloração de vidros.
Fonte: Akerman (2000, p. 33).
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DESIGN
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Processos
em Vidros
Os vidros são materiais conformados a temperatu- terial. Dessa forma, as bolhas devem ser absorvidas
ras elevadas e se tornam uma massa fluida e muito no material fundido ou eliminadas com o ajuste
viscosa com o resfriamento. O processo, então, é apropriado da viscosidade. Desta maneira, con-
iniciado com a fusão das matérias-primas em for- sequentemente, o produto ficará isento de poros
nos. É de extrema importância que os vidros pro- (CALLISTER; RETHWISCH, 2013).
duzidos sejam homogêneos e livres de poros. Para Caro(a) aluno(a), para a fabricação de produtos
que isso ocorra, é necessário que haja uma fusão e de vidros, são empregados cinco métodos de confor-
mistura completa das matérias-primas. Os poros, mações diferentes. A seguir, conheceremos cada um
por sua vez, são resultados de bolhas de ar no ma- deles, separadamente.
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DESIGN
125
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
LAMINAGEM
A laminagem ou laminação é o processo que pro- madas pelo estiramento do vidro fundido através de
duz chapas de vidros, que são fabricados por uma furos na base de tal câmara. A viscosidade do vidro
máquina, em que o vidro fundido é estirado através é crítica nesse processo, então deve ser controlada
de dois rolos laminadores (lisos ou gravados). Após pela temperatura e orifícios por onde saem as fibras
ser estirado, o vidro se solidifica e, então, pode ser (LESKO, 2004).
cortado no tamanho desejado.
Os vidros fabricados a partir da laminação po- TRATAMENTO TÉRMICO DE VIDROS
dem ser aplicados como matéria-prima de produ-
tos decorativos, móveis, para-brisas, entre outros. Assim como nos metais, estudados na Unidade II, as
Podem também ser cortados em diversos forma- cerâmicas, principalmente os vidros, também pas-
dos e, ainda, conformados para obter curvaturas sam por processos térmicos com o objetivo de me-
(LESKO, 2004). lhorar suas propriedades e características finais. Ca-
ro(a) aluno(a), iremos conhecer os dois principais
ESTIRAMENTO E O MÉTODO DE FLUTU- tratamentos térmicos aplicados nos vidros.
AÇÃO (FLOAT)
Recozimento
O estiramento é um processo de conformação O recozimento é um tratamento térmico no qual pe-
para produzir longas peças de vidro, como tubos, ças de cerâmicas e, principalmente, os vidros, pas-
chapas, barras e fibras, que possuem seção trans- sam na etapa final de fabricação para aliviar tensões
versal constante. geradas em processos anteriores.
Na década de 1950, uma empresa inglesa de- O método consiste em aquecer as peças de vi-
senvolveu e patenteou o método float, que consiste dro a uma temperatura até o ponto de recozimen-
em derramar vidro fundido em um recipiente de to. Após permanecer por um determinado tempo
estanho fundido com atmosfera controlada. Ao nesta temperatura, as peças são resfriadas lenta-
cair no recipiente de estanho, o vidro flutua en- mente até a temperatura ambiente (CALLISTER;
quanto passa por roletes, seguindo em direção à RETHWISCH, 2013).
galeria de recozimento, onde recebe naturalmente
um polimento a quente à medida que vai se solidi- Têmpera do vidro
ficando. O vidro produzido por esse método possui Nesse tratamento, o vidro é aquecido até uma tem-
alta qualidade e brilho, não precisando passar por peratura próxima do seu amolecimento e, em se-
etapa de polimento. guida, é resfriado até a temperatura ambiente, em
Para a fabricação de fibras de vidros, é utilizado meio a um jato de ar. Devido às diferenças nas ta-
um processo de estiramento bastante sofisticado, em xas de resfriamento das regiões de superfície e in-
que o vidro fundido é colocado em uma câmara de terna do vidro, há surgimento de tensões residu-
aquecimento de platina. Assim, as fibras são confor- ais, tornando o material mais rígido. No final do
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considerações finais
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atividades de estudo
1. Qual das alternativas a seguir não pode ser classificada como propriedade dos
materiais cerâmicos?
a) Resistência a altas temperaturas.
b) Resistência à corrosão.
c) Dureza.
d) Baixa resistência à tração.
e) Elasticidade.
129
atividades de estudo
4. Qual das alternativas a seguir não pode ser classificada como proprie-
dade dos vidros?
a) Transparência.
b) Alta durabilidade.
c) Alta resistência mecânica.
d) Alta resistência à ruptura.
e) Baixa resistência a choque térmico.
130
LEITURA
COMPLEMENTAR
Alguns poucos materiais cerâmicos, assim como alguns polímeros, exibem um fenômeno
não usual, denominado Piezeletricidade. Na Piezeletricidade ou, literalmente, na eletricida-
de pela pressão, a polarização é induzida e um campo elétrico é estabelecido através de
uma amostra pela aplicação de forças externas. O efeito inverso ao piezelétrico também é
exibido por esse grupo de materiais, ou seja, uma deformação mecânica resulta da impo-
sição de um campo elétrico.
Os materiais piezelétricos podem ser usados como transdutores entre as energias elétri-
cas e mecânica. Uma das primeiras aplicações da cerâmica piezelétrica foi em sonares,
nos quais objetos sob a água (por exemplo, submarinos) são detectados e suas posições
são determinadas usando um sistema emissor e receptor ultrassônico. Um sinal elétrico
causa a oscilação de um cristal piezelétrico, que produz vibrações mecânicas de alta fre-
quência transmitidas através da água. Ao encontrar um objeto, esses sinais são refletidos
de volta à origem e outro material piezelétrico recebe essa energia vibracional refletida
que é, então, convertida novamente em um sinal elétrico. A distância entre a fonte ultras-
sônica e o corpo refletor é determinada a partir do tempo decorrido entre os eventos de
envio e retorno do sinal.
Mais recentemente, a utilização de dispositivos piezelétricos cresceu drasticamente em
consequência de aumentos na automatização e na atração dos consumidores por apa-
relhos modernos e sofisticados. São encontradas aplicações que empregam dispositivos
piezelétricos nos setores automotivos, de computadores, comercial e de consumo e de
medicina. Algumas dessas aplicações são as seguintes: setor automotivo – balanceamentos
de direção, alarmes de cinto de segurança, indicadores de desgaste nos pneus, portas de
entradas que não utilizam chaves e sensores de airbag; computadores – microactuadores
para discos rígidos e transformadores de notebook; setor comercial e de consumo – cabe-
çotes de impressão do tipo jato de tinta, medidores de deformação, soldadores ultrassôni-
cos e detectores de fumaça; setor de medicina – bombas de insulina, terapia ultrassônica e
dispositivos ultrassônicos para a remoção de cataratas.
131
material complementar
132
referências
133
referências
Referências on-line:
1 Em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfaFQAL/materiais-cerami-
cos>. Acesso em: 16 maio 2018.
2 Em: <http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM314/Nova%20pasta/Mate-
riais%20Cer%C3%A2micos%20LABATS.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2017.
3 Em: <http://www.joinville.udesc.br/portal/professores/daniela/materiais/
Aula_11___materiais_ceramicos.pdf>. Acesso em: 8 ago. 2017.
4 Em: <http://www.macea.com.br/noticias/as-ceramicas-eletronicas>. Acesso
em: 16 maio. 2018.
5 Em: <https://www.sandvik.coromant.com/pt-pt/knowledge/materials/cutting_
tool_materials/ceramics>. Acesso em: 16 maio 2018.
6 Em: <http://abceram.org.br/processo-de-fabricacao/>. Acesso em: 16 maio
2018.
7 Em: <https://www.abividro.org.br/>. Acesso em: 17 maio 2018.
134
gabarito
1. E
2. B
3. A
4. C
5. E
135
MATERIAIS POLÍMEROS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Conhecer as diferenças entre os tipos de mobiliários
• Reconhecer as características do mobiliário
• Conhecer as classificações do mobiliário
• Mostrar a relação do mobiliário com projetos de interiores
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer de maneira geral, os materiais polímeros, sua
composição, diferentes classificações e propriedades.
• Conhecer e identificar os polímeros termoplásticos, suas
características e como são utilizados no desenvolvimento de
produtos.
• Conhecer e identificar os polímeros termofixos, suas características
e como são utilizados no desenvolvimento de produtos.
• Conhecer e identificar os polímeros elastômeros, suas
características e como são utilizados no desenvolvimento de
produtos.
• Identificar quais os principais processos utilizados para o
desenvolvimento de produtos a partir de materiais polímeros.
unidade
IV
INTRODUÇÃO
Polímeros
Caro(a) aluno(a), nesta unidade iremos conhecer os Assim, a ciência e indústria tiveram grande evo-
famosos polímeros, classe importantíssima de mate- lução após a Segunda Guerra Mundial. Isso possi-
riais que faz parte do cotidiano de nossas vidas. Os bilitou a obtenção de polímeros sintéticos a baixo
polímeros que estão presentes na natureza são deri- custo, sendo que suas propriedades podem ser mol-
vados de plantas e animais, são conhecidos desde a dadas em relação às necessidades de uso, o que tor-
antiguidade, pelo uso de materiais como borracha, na seu valor muito superior aos polímeros naturais.
algodão, lã, couros e outros. No entanto, modernas Dessa forma, várias aplicações e produtos que anti-
ferramentas e o desenvolvimento da ciência torna- gamente eram produzidos com madeira, metal, vi-
ram possível a obtenção de inúmeros polímeros, os dro, cerâmica ou outros materiais, hoje são substitu-
sintéticos, uma vez que são sintetizados de pequenas ídos por diversos tipos de polímeros (CALLISTER;
moléculas orgânicas. RETHWISCH, 2013).
140
DESIGN
Polimerização
Etileno Polietileno
A polimerização é a reação que irá promover o agru- dades repetidas diferentes. Há diversas variações e
pamento dos monômeros para a formação dos polí- condições que podem estar presentes nas reações de
meros. Estes podem ser classificados em homopolí- polimerização e na estrutura química dos políme-
meros, em que todas as unidades repetidas ao longo ros. No entanto, não iremos aprofundar o conheci-
da cadeia são do mesmo tipo; ou copolímeros, em mento em tais aspectos por se tratarem de assuntos
que as cadeias são compostas por duas ou mais uni- puramente químicos (SMITH, 1998).
141
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
do material se deve à falta de elétrons livres em sua Assim, os polímeros apresentam boa resistência
composição, que são os responsáveis pela condução à corrosão por oxigênio e outros produtos químicos
da eletricidade. consideravelmente maior se comparada à dos me-
Com o auxílio de aditivos que contêm cargas tais. No entanto, isso não significa que os polímeros
condutoras, como alguns pós metálicos que são adi- são totalmente invulneráveis à corrosão. De maneira
cionados ao material, é possível torná-los fracamen- geral, soluções de sais inorgânicos, alcalinas e pouco
te condutores. Dessa forma, evita-se o acúmulo de ácidas não afetam significativamente os polímeros.
eletricidade eletrostática superficial, que pode cau- Já os solventes orgânicos, que são soluções com es-
sar acumulação de poeiras e descargas de electrici- truturas semelhantes às dos polímeros, ataca-os de
dade estática, perigoso em certas aplicações. forma intensa, principalmente quando estão na pre-
Devido às suas propriedades elétricas, os polí- sença de calor (LIMA, [2018]).
meros são amplamente utilizados em revestimentos Antioxidantes são aditivos que podem ser adicio-
de fios elétricos, equipamentos de proteção e demais nados ao material para aumentar uma resistência quí-
aplicações que necessitem de isolamento elétrico mica, pois podem inibir a formação de radicais livres,
(PASSATORE, 2013). reações de propagação ou, ainda, diminuir a velocida-
de das reações de oxidação, que são causadas nos po-
Propriedades químicas límeros por fatores como ambientes com atmosferas
A degradação química dos polímeros acontece de agressivas de umidade e calor, radiação ultravioleta,
uma forma diferente daquela encontrada nos me- infravermelho e radiações de alta energia (raios-X,
tais. Nestes, a degradação acontece devido à natu- radiação gama etc.) (KANTOVISCKI, 2011, on-line)2
reza eletroquímica, envolvendo corrente elétrica no Agora que já conhecemos os polímeros de ma-
material. Já nos polímeros, a degradação é causada neira geral, nos próximos tópicos vamos conhecê-
por inchamento, dissolução e, principalmente, por -los mais detalhadamente. A cada uma das diferentes
causa da quebra de ligações químicas, por causa de classificações dos polímeros, voltaremos a estudar
reações de oxidação, hidrólise ou outras no material. suas características e propriedades que se alteram.
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145
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Polímeros Termoplásticos
Caro(a) aluno(a), como vimos no primeiro capítulo, to térmico e fusibilidade, sendo os termoplásticos,
os polímeros são classificados em naturais, semissin- que iremos conhecer um pouco mais a fundo neste
téticos e sintéticos. Por sua vez, os polímeros sintéti- tópico, e os termofixos, classificação que iremos de-
cos são classificados de acordo com o comportamen- talhar no próximo tópico desta unidade.
146
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
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de água, esgoto e fluídos corrosivos, revestimentos an- Suas aplicações mais expressivas são em peças
ticorrosivos, embalagens de produto de limpeza, óleos que necessitam apresentar resistência a desgaste su-
de cozinha e em compostos flexíveis, como os usados perficial e a riscos. São muito usados na produção
nas calças plásticas para bebês e imitação de camurça. de frascos domésticos, visores, tampas de aparelhos
Na classe dos polímeros vinílicos, ainda tem o de som, televisores e demais eletrodomésticos (TEI-
poliacetato de vinila (PVA), que tem aplicação na XEIRA, 1999).
fabricação de colas e tintas; O policloreto de vinili-
deno (PVDC) é usado na fabricação de filmes para TERMOPLÁSTICO DE ENGENHARIA
embalar alimentos, que, apesar de específico, tem
grande importância comercial (LIMA, 2006). Os termoplásticos de engenharia, conhecidos
como estruturais, são plásticos de elevado custo e
Estirenos baixo consumo; são mais especializados e dispen-
São polímeros que competem com resinas de alto diosos, e possuem um conjunto de propriedades
custo e de maneira geral apresentam elevada resis- que os tornam úteis para aplicações na engenharia.
tência térmica e dureza, são de fácil processamento Dentro dessa classificação, há algumas famílias, as
e apresentam boa corabilidade. poliamidas (Nylons), os policarbonatos, os poliés-
teres (PET), acetais, polissulfona, polieterimida e
Poliestireno expandido (EPS) os sulfuretos de polifenileno. Caro(a) aluno(a), va-
São materiais que apresentam 100% de reciclagem. mos estudar um pouco mais acerca dessa família
Além de terem resistência química, mecânica e umi- (SMITH, 1998).
dade, são facilmente formatados e manipulados,
e são bons isolantes térmicos. Devido às suas pro- Poliamidas
priedades, são bastante aplicados em produtos que As poliamidas são conhecidas pelo nome comercial
necessitem de isolamento térmico, como recipientes da primeira poliamida lançada no mercado pela
para bebidas, painéis de refrigeração e embalagens Nylon, que é amplamente utilizada em fibras têxteis.
para alimentos (LIMA, 2006). De maneira geral, são polímeros com boa capacida-
de de suportar cargas a temperaturas elevadas, boa
Acrilonitrila estireno (SAN) tenacidade, boa resistência mecânica e química, po-
São considerados plásticos de elevado desempenho rém, absorvem água, causando variação dimensio-
da família dos estirenos, com alta dureza, tenacida- nal com o aumento da umidade.
de, resistência à degradação por agentes atmosfé- As aplicações das poliamidas são inúmeras, ti-
ricos e ao desgaste superficial. São atóxicos, porém picamente utilizadas em engrenagens, chumacei-
possuem baixa resistência a impacto e degradação ras, peças antiatrito não lubrificadas, componen-
química, principalmente por ácidos.
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Polímeros Termofixos
Caro(a) aluno(a), no tópico anterior descobrimos que Os polímeros termofixos, também denomina-
os polímeros podem ser classificados de acordo com dos termorrígidos ou termoendurecíveis, ao serem
sua fusibilidade, ou seja, pelo comportamento que expostos a um aumento elevado de temperatura e
apresentam se expostos ao calor, sendo: os termoplásti- pressão, amolecem e fluem, adquirindo, assim, a for-
cos – classe que vimos com mais detalhes no tópico 2 – ma do molde onde são processados. Posteriormente,
e agora conheceremos a segunda classe, os termofixos. solidificam-se, permanecendo com a forma proces-
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sada. Se acaso forem submetidos novamente a tra- substancialmente superior em aplicações que de-
tamento térmico, não sofrerão nenhuma alteração, mandam resistência a raios UV, intempéries, ao ca-
tornando-se materiais insolúveis, infusíveis e não lor, produtos químicos, a impactos, e também pos-
recicláveis (JUNIOR, 2006). suem maior estabilidade dimensional e rigidez. De
O comportamento dos polímeros termofi- maneira geral, os termofixos são mais utilizados em
xos se deve às suas ligações internas irreversíveis, aplicações de engenharia, pois, além das elevadas
diferentes daquelas presentes nos polímeros ter- resistências já comentadas, apresentam baixo peso,
moplásticos, que, como já vimos, podem ser mol- boas propriedades de isolamento elétrico e térmi-
dados e remoldados. A termofixos, só podem ser co, sendo, consequentemente, materiais um pouco
moldados uma única vez, pois, se forem submeti- mais caros no mercado e também mais agressivos
dos ao calor uma segunda vez, serão degradados ao meio ambiente, uma vez que são materiais não
e carbonizados antes de recuperar a maleabilidade reciclados (LIMA, 2006).
que possibilita a moldagem do material. Além dis- Alguns termofixos podem ser utilizados na for-
so, as ligações internas dos polímeros termofixos ma de mistura para moldagem. Eles são constituídos
atribuem a eles características bem diferentes às por mais dois componentes, uma resina com aditi-
dos termoplásticos, como maior dureza e relativa vos endurecedores e plastificantes, mais materiais de
fragilidade, ou seja, são mais quebradiços (TEI- enchimento ou reforço. Os grupos funcionais dos
XEIRA, 1999). polímeros termofixos mais comuns são apresenta-
Ainda comparando os polímeros termofixos dos na figura a seguir. São aminas, fenólicos, poliés-
aos termoplásticos, estes apresentam desempenho teres, epóxis, uretanos, silicones e outros.
TERMOFIXOS
Poliuretano
Aminas Poliéster Fenólicos Alquidos Epóxi Alílicos
PU
Melalina- Dialil-
Éster
formaldeído isoftalato
Também podem ser encontrados como termoplásticos vinílico
MF DIAP
Uréia- Dialil-
formaldeído ftalato
UF DAP
Baixo Médio Alto
custo custo custo
Alildiglicol-
carbonato
CR-39
153
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Caro(a) aluno(a), a partir de agora iremos conhecer Geralmente, os fenólicos são utilizados e reforça-
com um pouco mais de detalhes os principais ter- dos com enchimento, que pode ser de algodão, vidro,
mofixos utilizados como materiais para desenvolvi- serradura de madeira, mica e outros. Eles desempe-
mento de componentes e produtos. nham três diferentes papéis: extensores, funcionais e
de reforço, sendo que o aspecto funcional melhora a
FENÓLICOS (PF) rigidez, resistência ao impacto e limita o encolhimen-
to do material. Assim, na maioria das vezes, são usa-
Os polímeros fenólicos, popularmente conhecidos dos como material composto, com a utilização dos
como baquelite, são os plásticos sintéticos mais an- diferentes enchimentos (ASHBY; JOHNSON, 2011).
tigos, comercializados pela primeira vez em 1909.
Este material provocou uma revolução no design de EPÓXI (EP)
produto, pois era rígido, fácil de moldar, razoavel-
mente forte e podia ser colorido e, assim, substituiu Os epoxídicos são polímeros que apresentam resis-
o desenvolvimento de produtos que antes eram fei- tência a choque, à abrasão, elétrica, térmica e quími-
tos à mão com madeira, metais e outros materiais. A ca, boa estabilidade dimensional, são duros, rígidos
produção naquela época foi tamanha que o volume e relativamente quebradiços, e também são bons iso-
de produção de fenólicos ultrapassou a de PE, PS e lantes térmicos e elétricos. Eles possuem uma mobili-
PVC juntos (ASHBY; JOHNSON, 2011). dade molecular excepcional, permitindo que a resina
Atualmente, os polímeros fenólicos ainda são epoxídica líquida molhe e se espalhe rapidamente nas
muito utilizados, uma vez que são de baixo custo e superfícies, o que auxilia na sua utilização em mate-
considerados de alta performance, por possuírem riais reforçados e em adesivos (TEIXEIRA, 1999).
elevada rigidez, estabilidade dimensional, excelente Atualmente, esses materiais são mais conhecidos
resistência ao risco, resistência térmica e química, como adesivos, pois agem como ligantes extrema-
não são infláveis, são fáceis de moldar e, também, mente fortes, conseguindo unir, por exemplo, metais
apresentam boas propriedades mecânicas e de isola- com metais. Além de adesivos, são utilizados numa
mento elétrico (SMITH, 1998). grande variedade de revestimentos de proteção e de-
O uso dos fenólicos é bastante amplo e são em- corativos, devido a suas propriedades de resistência
pregados como materiais para o desenvolvimento de química e mecânica. São largamente empregados
manipulos, puxadores, placas exteriores de peque- nas indústrias elétricas e eletrônicas por causa da
nos eletrodomésticos, quadro de distribuição elé- boa resistência elétrica, pequena retração no pro-
trica, cabos de faca, pesos de papel, bolas de bilhar, cessamento, boa adesão e da capacidade de manter
telefones, cabos e alças de panelas, tomadas, inter- todas essas propriedades em ambientes diversos,
ruptores domésticos e artigos elétricos. Os fenólicos como em alta umidade (SMITH, 1998).
também são utilizados como materiais de colagem, Devido às suas propriedades e características, os
ou seja, como colas e adesivos, agindo como ligantes polímeros epoxídicos têm uso em eletrodomésticos,
de areia de fundição (vistos na Unidade I) e na fun- carros, tintas industriais, revestimento decorativo
dição de carapaças (LIMA, 2006). (como de pisos), encapsuladores de semicondutores,
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
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MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Polímeros Elastômeros
Os elastômeros são polímeros com uma caracterís- Assim como nas classes dos termofixos e dos
tica bem específica. Suas dimensões podem variar termoplásticos, a principal propriedade do material
muito quando submetidos a tensões mecânicas. tem explicação a partir da sua estrutura molecular.
Após cessar a tensão responsável pela deformação, o No caso dos elastômeros, as cadeias moleculares
material volta às dimensões iniciais – ou quase. Tal possuem ligações cruzadas que são altamente torci-
característica se deve ao fato de o material apresen- das, dobradas e espiraladas. Assim, quando há apli-
tar elasticidade e flexibilidade em longa faixa, com cação de tensão sobre o material, acontece o desen-
uma grande deformação elástica, aproximadamente, rolamento e o alinhamento parcial da estrutura, que
300 a 700% (TEIXEIRA, 1999). posteriormente volta à forma original.
158
DESIGN
159
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
BORRACHA SINTÉTICA
160
DESIGN
Devido às suas propriedades, tal borracha é bas- Esses materiais são facilmente processados e
tante empregada em mangueiras diversas, principal- extremamente versáteis; só varia a formulação.
mente de combustíveis para automóveis e aeronaves, Também são facilmente combináveis e, muitas ve-
correias em geral, fios, cabos, proteções de rolamen- zes, são misturados em outros polímeros compa-
to, adesivos e produtos que requeiram contato com tíveis, a fim de melhorar alguma propriedade dele
água do mar (LESKO, 2004). (SMITH, 1998).
Caro(a) aluno(a), há vários outros elastômeros,
Acrilonitrila ou borracha nitrílica – NBR além dos que foram estudados neste tópico. Os ci-
São borrachas que possuem excelente resistência tados são os que predominam no mercado das bor-
química, em geral é boa e notável na presença de rachas sintéticas em volume de venda e uso. Outros
óleos e gasolina, conservam boa flexibilidade em elastômeros borrachas sintéticas são: borrachas bu-
baixas temperaturas (-30ºC), bem como em eleva- tílicas, isopreno, elastômeros acrilatos, de polissul-
das. Apresentam excelente resistência à abrasão, feto, de uretano, propileno etc. Cabe ao profissional
regular resistência ao rasgo, à flexão, à deformação do design buscar mais informações para analisar se
permanente e ao intemperismo, além de ser um tais materiais são adequados para o uso em produtos
ótimo isolante elétrico. São utilizadas em poços de que estão trabalhando para desenvolver.
petróleo, mangueiras de combustíveis, acoplamen-
tos flexíveis, cilindros de impressão, bombas de dia-
fragmas, guarnições, dutos, gaxetas, anéis, juntas e
outros (ASHBY; JOHNSON, 2011).
161
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Processos em Polímeros
Caro(a) aluno(a), chegamos ao último tópico da a frio, porém, os processos mais empregados, devido
unidade. Agora, vamos conhecer os conceitos bási- à viabilidade, são aqueles que usam calor, sendo os a
cos dos principais processos utilizados para trans- frio apenas como último recurso. Os principais pro-
formação de materiais polímeros em componentes cessos empregados nos polímeros são moldagens
e produtos. Com métodos e ferramentas adequadas, por compressão, transferência, termoformação, in-
os polímeros podem ser transformados a quente ou jeção, extrusão, sopro e fundição.
162
DESIGN
EXTRUSÃO FUNDIÇÃO
A extrusão é um processo que consegue transformar A fundição de materiais não metálicos, muitas ve-
muitos materiais. É um dos métodos mais impor- zes, é considerada um processo inviável, já que tais
tantes para processamento de polímeros termoplás- materiais, inclusive os polímeros, não possuem uma
ticos, abrangendo todos os polímeros dessa classe e temperatura definida para passar do estado líqui-
também a maioria dos elastômeros, com dois princí- do para o estado sólido, como é o caso dos metais.
pios básicos: o de produzir continuamente produtos Apesar dessa propriedade que dificulta o processo,
de formas simples e regulares e, também, de mistu- a maioria dos materiais polímeros, assim como os
rar, de maneira eficiente, aditivos com os polímeros metais, também pode ser conformada pelo processo
(ASKELAND; PHULÉ, 2008). de fundição (TEIXEIRA, 1999).
O processo de extrusão se inicia quando o Na realidade dos materiais polímeros, o pro-
material, na forma granulada, é colocado em um cesso de fundição acontece iniciando pela fundição
bocal de alimentação da máquina extrusora, de- do material plástico com alta temperatura, ou seja,
nominado tremonha. Lá, o material é derretido inicialmente o polímero é derretido. Depois que se
em um cilindro preaquecido. Posteriormente, ele encontra em estado líquido, é misturado com subs-
é transportado por uma rosca giratória, sem fim tâncias que causam endurecimento (catalisadores
que pressiona continuamente a massa plástica, ou agentes de cura) e invertido no interior de um
empurrando-a para frente, até chegar no cabeçote molde, que possui as dimensões desejadas para o
da matriz do equipamento. A matriz do equipa- produto. Posteriormente, o material é deixado para
mento possui o perfil, que é a ferramenta que dá o solidificar, copiando a forma do molde. O processo é
formato do produto que está sendo produzido, ou considerado de baixo custo, porém, também de bai-
seja, após passar pela matriz, o produto assume xa produtividade, conseguindo obter como resulta-
sua forma, depois o produto é resfriado por ja- do formas simples, como blocos de material e eixos,
tos de ar ou um sistema de arrefecimento a água. até peças mais complexas, como engrenagens.
(TEIXEIRA, 1999) Tanto polímeros termoplásticos (nylon e acrí-
A extrusão é um processo de produção contí- lico) quanto termofixos (poliuretanos, poliéster)
nua, especialmente adaptada para produzir pro- podem ser fundidos. No caso dos termoplásticos,
dutos de segmentos contínuos com seção trans- devido à sua estrutura e ao comportamento das liga-
versal de geometria constante, como tubos, barras, ções químicas e moléculas, a solidificação acontece
placas, mangueiras, fitas, lâminas, filmes, perfila- mediante o resfriamento a partir do estado líquido
dos maciços e ocos em geral. Quando se fala em fundido. No caso dos termofixos, o endurecimento
extrusão de elastômeros, temos que os principais do material é consequência do processo de polime-
produtos produzidos com tal material são vedan- rização. Em geral, a fundição é utilizada para produ-
tes para portas e janelas e canaletas de proteção ção de brindes, pequenos adornos, amostras e ou-
(LESKO, 2004). tros (CALLISTER; RETHWISCH, 2013).
163
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
INJEÇÃO
A injeção é o processo mais utilizado para confor- é fechado, prendendo as extremidades do cilindro
mar materiais plásticos e também o mais rápido. É de polímero e, posteriormente, injeta-se ar compri-
mais apropriado para processamento em termoplás- mido dentro, forçando o plástico contra as paredes
ticos, apesar de termofixos e elastômeros também do molde. Após o resfriamento da peça, o molde se
poderem ser injetados. abre e permite a remoção dela. O processo permite
O processo se inicia quando o material granula- a produção de peças ocas, como embalagens de pro-
do é alimentado na máquina injetora por intermé- dutos de limpeza, reservatórios, caixas de descarga,
dio de uma tremonha. O material é amolecido em garrafas, brinquedos e outros (SMITH, 1998).
um cilindro de injeção préaquecido; posteriormente
um pistão pressiona essa massa fluida através de um TERMOFORMAGEM
canal estreito, e é forçada a escoar em canais do ci-
lindro, penetrando e atingindo a cavidade do molde A termoformagem é um processo que conforma
resfriado. O molde permanece fechado por um de- chapas de polímeros termoplásticos com o auxílio
terminado tempo até o material adquirir a sua for- de calor e pressão. O método foi desenvolvido de-
ma; em seguida, o molde é aberto, ejetando a peça vido à dificuldade que se encontrava para a fabri-
(SMITH, 1998). cação de peças de área grande e espessura relativa-
As peças produzidas por injeção possuem bom mente pequenas.
acabamento superficial, desde formatos simples até O processo é realizado a vácuo, em que é sugada
complexos. Alguns exemplos de peças injetadas são: uma chapa aquecida sobre ou para dentro do molde.
baldes, seringas, tampas de canetas, botões, para- Chapas e placas são submetidas ao calor até chega-
-choques, tampas e inúmeros outros. As desvanta- rem à sua elasticidade. Posteriormente, acontece o
gens que podemos apontar em relação ao processo é estiramento da chapa aquecida quando submetida
o custo de aquisição inicial do equipamento e o fato ao contorno do molde. Esse molde pode conter ori-
de que o processo precisa ser rigorosamente contro- fícios pelos quais o vácuo é aplicado ou a pressão.
lado para obter produtos de alta qualidade e sem re- Depois de moldado, o produto é resfriado e retirado
barbas (TEIXEIRA, 1999). do equipamento com a forma desejada.
A termoformagem se aplica a peças grandes,
SOPRO como placas de sinalização de trânsito, placas de
aviso, revestimentos de refrigeradores, boxes de ba-
Esse processo de fabricação de peças de polímeros é nheiros e painéis internos de aeronaves. A indústria
bastante semelhante ao de fabricação de garrafas de de embalagens vêm demandando muitos produtos
vidro. Ele consiste em posicionar um cilindro ou um por meio dessa técnica, como copos plásticos de
tubo de plástico aquecido, denominado de pré-for- água e café, embalagens de bolos e bandejas de io-
ma, entre mandíbulas de um molde. O molde, então, gurte (LESKO, 2004).
164
DESIGN
COMPRESSÃO
Processo bastante utilizado para conformação de Caro(a) aluno(a), além dos sete processos de
polímeros termofixos. Inicialmente, o polímero fabricação de peças com materiais polímeros, há
é aquecido e depois é introduzido em um mol- vários outros que diferem em relação ao empre-
de que também se encontra em alta temperatura. go de calor, pressão, tempo, custos, etapas de pro-
Posteriormente, a parte superior do molde des- cessamento e outros aspectos, de maneira que só
ce e comprime o material. A pressão, juntamente conseguimos abordar os mais comuns e usuais na
com o calor, amolece ainda mais o material, que manufatura de produtos plásticos. Com a aborda-
é forçado a preencher as cavidades presentes nos gem dos processos, após conhecer os tipos de po-
moldes. Esse material, por se tratar de um termo- límeros existentes, finalizamos mais uma unidade,
fixo, endurece no molde e é ejetado dele, adqui- na esperança de deixar um conhecimento mínimo
rindo sua forma. necessário para iniciar a análise desses materiais
O processo tem baixo custo, fluxo de produ- como possíveis matérias-prima para o design de
ção relativamente curto, a produção de peças de um produto.
dimensões grandes é exequível, com possibilidade
de moldes mais compactos devido à sua simplici-
SAIBA MAIS
dade. Como desvantagens, há a formação e pre-
sença de rebarbas nas peças, baixa tolerância de
dimensão e dificuldade em produzir peças com- O tratamento dos plásticos pós-consumo é,
plexas (SMITH, 1998). atualmente, um problema ambiental de enor-
me importância. O processo de reciclagem
mecânica de plásticos não é simples, pois,
TRANSFERÊNCIA para que se possa reciclar plásticos, é neces-
sário que eles sejam separados por tipo de
plásticos. Assim, o processo de triagem é um
O processo de transferência é muito semelhante ao dos maiores obstáculos para a reciclagem.
de compressão, diferindo apenas na forma que a ma- Para facilitar o processo de triagem, al-
téria-prima é adicionada nas cavidades do molde. gumas indústrias brasileiras imprimem o
código da resina plástica na embalagem
No de transferência, o material não é adicionado di- para ajudar na identificação. A identifica-
retamente ao molde, mas sem uma câmara externa ção é feita a partir de um triângulo com
aos moldes. Conforme o material fundido é injetado o número dentro e cada número significa
um tipo de resina: 1- PET, 2- PEAD, 3- PVC,
no interior da câmara do molde, a pressão é distri- 4- PEBD, 5- PP, 6- PS e 7- OUTROS (plásticos
buída uniformemente sobre todas as superfícies. A especiais usados principalmente para fazer
vantagem em relação à compressão é que a transfe- eletrodomésticos, como liquidificadores e
corpo de computadores).
rência conforma peças menores com formatos mais
complexos, sem produzir rebarbas e tem um rendi- Fonte: Machado (2013, on-line)3.
165
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), chegamos ao fim de mais uma unidade e também va-
mos nos aproximando do final do livro. Aqui, conhecemos os mate-
riais polímeros, suas características e propriedades tão específicas que o
tornam um material tão versátil, com inúmeras opções para inúmeras
aplicações. Vimos que o material, nas últimas décadas, passou e vem passando
por um grande avanço tecnológico e químico, o que resulta na sua ampla utiliza-
ção para as mais diversas áreas.
A predominância dos materiais polímeros está nos materiais classificados
como termoplásticos, que são a princípio sólidos, mas com a aplicação de calor
vão amolecendo progressivamente até se tornarem líquidos e endurecem ao
serem resfriados. Dessa forma, esses materiais permitem-se amolecer e fluidi-
ficar várias vezes.
Com um comportamento bem diferente dos termoplásticos, conhecemos
também os termofixos, materiais que, expostos a altas temperaturas, amolecem e
fluem, mas posteriormente se solidificam e não se fundem uma segunda vez. De-
vido a essa característica, são usados em produtos que necessitem de resistência a
intempéries ao calor, produtos químicos, a impactos e a outros.
Além da classificação relacionada ao comportamento em relação ao calor,
também descobrimos que há a classe dos elastômeros, materiais que possuem
uma alta deformação elástica e que têm como origem um material natural, a bor-
racha. Esta, por sua vez, também serviu de base para o desenvolvimento de mui-
tos elastômeros sintéticos.
Por fim, aprendemos que extrusão e fundição não são processos apenas
de metais, mas também de polímeros, além de outros que conseguem con-
formar o material de forma adequada para as diferentes e diversas aplicações
necessárias. Hoje, o polímero é um material muito utilizado, presente em uma
infinidade de produtos que usamos em nosso cotidiano. Com certeza, devem
ter vários produtos desenvolvidos com eles à sua volta neste momento. De
fato, são materiais fascinantes!
166
atividades de estudo
1. Em relação aos polímeros, e correto afirmar 3. Assinale as afirmações a seguir, sobre os elas-
que: tômeros em verdadeiro (V) ou falso (F):
I - Os polímeros estão presentes em quase ( ) Os elastômeros possuem natureza termoplás-
todos as áreas da indústria de manufa- tica e também natureza termofixa. Assim, além
tura, desde embalagens de alimentos e das propriedades características de elasticidade,
equipamentos da medicina até pneus e também apresentam semelhanças das respecti-
estruturas de automóveis, navios e até ae- vas classes de polímeros.
ronaves.
( ) Apesar de ser o primeiro elastômero des-
II - Levando em consideração a origem dos coberto pelo homem e ter sido amplamente
materiais polímeros, eles podem ser clas- utilizada, hoje a borracha natural já não possui
sificados como naturais, sintéticos e tec- muitas aplicações e utilização na manufatura
nológicos. de produtos.
III - A borracha natural, classificada como um ( ) Os elastômeros sintéticos que representam
elastômero, é empregada em mais de 40 maior volume de venda são o policloropreno ou
mil produtos, com as mais diversas aplica- neoprene, acrilonitrila ou borracha nitrílica, esti-
ções, e é considerada, juntamente com o reno-butadieno e polibutadieno.
aço e com o petróleo, um dos materiais que
sustentam o progresso da humanidade. Assinale a alternativa correta:
a) V; V; F.
IV - Os polímeros podem ser conformados
com alguns processos como fundição, ex- b) F; F; V.
trusão, moldagem e outros, que também
c) V; F; V.
fazem parte da realidade do processa-
mento dos metais. d) F; F; F.
e) V; V; V
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas. 4. Cite e comente sobre as principais diferenças
b) Apenas II e III estão corretas. presentes nos polímeros termoplásticos e nos
polímeros termofixos.
c) Apenas I está correta.
5. Qual das opções a seguir não é um processo
d) Apenas I, III e IV estão corretas.
utilizado para a conformação dos polímeros?
e) Nenhuma das alternativas está correta. a) Fundição.
2. Quais dos polímeros a seguir não pertence à b) Aplainamento.
classe dos termoplásticos? c) Extrusão.
a) Etileno-Vinil-Acetato (EVA).
d) Compressão.
b) Polietileno (PE).
e) Termoformagem.
c) Propileno (PP).
d) Epóxi (EP).
e) Cloreto de Polivinila (PVC).
167
LEITURA
COMPLEMENTAR
Até aproximadamente 1912, virtualmente, todas as bolas Estados Unidos da América no início do século XX. Pouco
de bilhar eram feitas de marfim, obtido exclusivamen- após sua chegada, iniciou pesquisas para a criação de
te das presas de elefantes. Para que uma bola rolasse uma goma-laca sintética para substituir o material na-
com perfeição, ela precisava ser confeccionada a partir tural, que era relativamente caro para ser fabricado. A
de marfim de alta qualidade, proveniente do centro de goma-laca era (e ainda é) usada como um laquê, um pre-
presas isentas de defeitos – algo em torno de 1 presa em servativo para a madeira e como um isolante elétrico na
cada 50 apresentava a consistência de massa específica então emergente indústria elétrica.
necessária. Naquela época, o marfim estava se tornan- Seus esforços eventualmente levaram à descoberta de
do escasso e caro, conforme mais e mais elefantes eram que um substituto adequado poderia ser sintetizado
mortos (e as bolas de bilhar tornavam-se populares). pela reação entre o fenol e o formaldeído sob condições
Além disso, havia uma série de preocupações em rela- controladas de calor e pressão. O produto dessa reação
ção a reduções nas populações de elefantes, devido aos era um líquido que na sequência era endurecido para
caçadores de marfim, e alguns países impuseram restri- formar um sólido transparente de cor âmbar. Baekeland
ções severas à importação de marfim e de produtos à chamou seu novo material de “baquelite”. Logo após a
base dele. sua descoberta, a baquelite foi identificada como o ma-
Consequentemente, foram buscados substitutos para o terial sintético ideal para a fabricação de bolas de bilhar.
marfim nas bolas de bilhar. Por exemplo, uma das pri- O fenol-formaldeído é um polímero termofixo com inú-
meiras alternativas foi uma mistura prensada com polpa meras propriedades desejáveis; para um polímero, ele é
de madeira e pó de osso; esse material se mostrou bas- muito resistente ao calor e também muito duro, é menos
tante insatisfatório. A substituição mais adequada (que frágil do que muitos materiais cerâmicos, é muito está-
ainda está sendo usada para as bolas de bilhar nos dias vel e não reage com a maioria das soluções e solventes
de hoje) é um dos primeiros polímeros sintéticos – o fe- comuns, não lasca, esmaece ou descora com facilidade.
nol-formaldeído, chamado também de fenólico. Além disso, ele é um material relativamente barato, e
A invenção desse material é um dos eventos importan- os fenólicos modernos podem ser produzidos com uma
tes e interessantes nos anais dos polímeros sintéticos. grande variedade de cores. As características elásticas
O descobridor do processo para a síntese do fenol-for- desse polímero são muito semelhantes àquelas do mar-
maldeído foi Leo Baekeland. Com um jovem e muito bri- fim e, quando bolas de bilhar fenólicas colidem, ela emi-
lhante Ph.D. em química, ele emigrou da Bélgica para os tem o mesmo ruído de choque que as bolas de marfim.
168
material complementar
169
referências
170
referências
Referências on-line:
gabarito
1. D.
2. D.
3. C.
4. Os termoplásticos são polímeros em princípio sólidos, que, com a apli-
cação de calor, vão amolecendo progressivamente até se tornarem lí-
quidos e endurecem ao serem resfriados. Dessa forma, esses materiais
permitem-se amolecer e fluidificar quantas vezes forem necessárias. Os
termofixos, por sua vez, quando expostos a um aumento elevado de tem-
peratura e pressão, amolecem e fluem e se solidificam, permanecendo
com a forma processada, mas, se acaso forem submetidos novamente a
tratamento térmico, não se fundirão.
5. B.
171
MATERIAIS NATURAIS,
COMPÓSITOS E AVANÇADOS
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta
unidade:
• Madeira
• Classificação das madeiras
• Processos em madeira
• Compósitos
• Materiais avançados
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer quais os materiais naturais, aprofundando-se
acerca das variedades e características das madeiras.
• Conhecer quais os diferentes tipos de madeiras utilizados
para desenvolvimento de produtos.
• Identificar quais os principais processos utilizados para o
desenvolvimento de produtos a partir das madeiras.
• Conhecer quais são os materiais compósitos, suas
características e propriedades.
• Conhecer a realidade atual do desenvolvimento de novos
materiais, quais as tendências, objetivos, utilização e
propriedade deles.
unidade
V
INTRODUÇÃO
Madeira
Como o próprio nome já diz, os materiais naturais origem mineral são os inorgânicos, como pedras,
são todos aqueles que o homem consegue extrair da mármores, granitos e metais, como o ouro, que, ape-
natureza, seja de forma artesanal ou industrial, não sar de estar classificado na família dos metais, devi-
alterando significativamente sua constituição básica. do a suas propriedades e características, também é
Os materiais naturais têm três diferentes origens, a um material natural com origem mineral.
vegetal, a animal e a mineral. Materiais de origem Por último, temos os naturais que têm origem
animal podem ser a lã, a seda, o couro, a pérola e vegetal. Um dos exemplos desses materiais nós já
outros materiais provenientes de animais. Já os de vimos na unidade dos materiais polímeros, que é a
176
DESIGN
Alburno
borracha natural, extraída de um vegetal. Há tam-
bém as fibras de algodão, linho, sisal e as madeiras Casca
– o foco deste tópico. É comum utilizá-las no desen-
volvimento de produtos seja para decoração, cons- Medula
truções ou outras áreas (LIMA, 2006).
Os materiais naturais, em especial a madeira, vêm
sendo utilizados pelo homem desde o início da sua Cerne
história e existência. Com o desenvolvimento das
ciências e engenharias, tais materiais vêm tentando
ser substituídos por opções sintéticas com melhores
propriedades e características. A madeira, especifi-
camente, tem sido usada para fazer produtos, como
móveis e esculturas, desde antes de 2.500 a.C. pelos
egípcios, e, no ápice dos impérios romano e grego, fo-
ram desenvolvidas grandes construções com madei-
ras, como estruturas, barcos, armas, carruagens. Além
Figura 1 - Estrutura do tronco.
disso, foi instituído o ofício de fabricação de móveis, Fonte: Lima (2006).
utilizada até hoje (ASHBY; JOHNSON, 2011).
O uso da maciça da madeira está relacionado A casca funciona como uma camada que protege e
estritamente ao conhecimento das suas proprieda- isola os tecidos da árvore contra adversidades exter-
des tecnológicas, pois estas influenciam diretamen- nas, principalmente, fungos e bactérias, além de ser
te na qualidade do material. Então, é necessário contra agentes atmosféricos. Industrialmente falan-
conhecer toda a caracterização tecnológica de uma do, normalmente, a casca da madeira não é aprovei-
determinada madeira, para assim poder escolher tada. Após a casca, encontra-se o alburno, a parte
de forma acertada seu destino final, ou seja, se as responsável pelo transporte de seiva da árvore. Em
características do tipo da madeira são favoráveis muito casos, essa região apresenta coloração com
para o uso na construção civil, no desenvolvimento tons mais claros do tronco. O alburno, juntamen-
de móveis, decorações, fins energéticos ou outros te com o cerne, que é a parte mais desenvolvida e
(GALLIO et al., 2016). mais importante sob o ponto de vista de material,
A madeira, como já sabemos, tem origem vege- responsável pela sustentação do tronco, constituei o
tal, pois provém dos troncos de determinadas árvo- chamado lenho, a parte mais aproveitada comercial-
res. Caro(a) aluno(a), vamos analisar a composição mente (LIMA, 2006).
dos troncos para, no decorrer do tópico, entender as Caro(a) aluno(a), além de conhecer acerca da es-
propriedades tecnológicas das diferentes madeiras trutura da madeira, é importante saber os diferentes
que conheceremos. Na figura a seguir, temos o de- planos de corte para identificar o material. De acor-
senho da estrutura de um tronco, que é constituído do com a figura a seguir, há três diferentes planos:
por casca, alburno, cerne e medula. transversal, radial e tangencial.
177
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
178
DESIGN
PROPRIEDADES DA MADEIRAS
Além das características que influenciam o uso lenhoso por unidade de volume. Essa propriedade,
das madeiras, devemos analisar suas propriedades, além de variar para cada tipo de madeira, também
assim será possível compreender como e em qual pode apresentar diferenças na mesma árvore, em
área usar cada tipo de madeira. A forma correta de que peças retiradas de diferentes alturas do tronco
utilizar a madeira está diretamente relacionada a apresentam massas específicas distintas.
suas propriedades. Em virtude de a madeira ser um Essa propriedade geralmente está relaciona-
material orgânico, há uma grande heterogeneidade da à resistência e rigidez da peça analisada, pois
nos diferentes tipos e funções dos elementos anatô- quanto maior o valor da massa específica, maior
micos constituintes do lenho, os quais afetam dire- a resistência da madeira. A massa específica pode
tamente as propriedades tecnológicas da madeira. variar de acordo com a espécie da madeira, loca-
A massa específica e a retratibilidade da madeira lização de onde foi retirada, cerne, alburno, lenho
são propriedades físicas que se destacam, enquan- e, principalmente, com o teor de umidade. A balsa
to as propriedades mecânicas analisam resistência, (0,13 g/cm³) possui o menor peso específico, en-
compressão, tração, flexão, dureza e cisalhamento quanto a guaiaco (1,40 g/cm³) tem o maior peso
(NASSUR, 2010). (GALLIO et al., 2016).
179
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
tem relação com os outros aspectos, uma vez que, na condutividade da madeira. Nesse sentido, a con-
quanto mais denso, menos umidade no ambiente dução do calor paralelo às fibras é mais efetivo do
onde essa madeira se encontra; e quanto maior que na direção transversal a elas.
a presença de substâncias naturais tóxicas no le-
nho, menos atacada essa árvore será e mais dura- Condutividade elétrica
bilidade terá. No caso das madeiras que perma- Da mesma forma que apresentam baixa condutivi-
necem em locais quentes e secos, ou aquelas que dade térmica, as madeiras também possuem baixa
estão totalmente imersas na água, possuem du- condutividade elétrica, tanto que a madeira seca se
ração indefinida, já que não têm problemas com comporta como um isolante, mas, à medida que ga-
ataques externos. nha umidade, sua condutividade elétrica aumenta.
Além do grau de umidade, a espécie, a massa espe-
Condutividade térmica cífica e a direção fazem com que o valor da condu-
A madeira é um péssimo condutor de calor, isso de- tividade elétrica altere de uma madeira para outra
vido à sua constituição molecular, uma vez que sua (TEIXEIRA, 1999).
composição é de numerosas e pequenas massas de Analisando o conjunto de informações até o mo-
ar entre fibras e celulose, o que não favorece a passa- mento, principalmente em relação às propriedades,
gem de uma corrente elétrica. A umidade, essência e podemos elencar algumas vantagens e desvantagens
a direção em que o calor é transmitido influenciam da utilização das madeiras.
Vantagens Desvantagens
Elevada resistência mecânica (tração e compressão); Higroscopicidade (absorve e devolve umidade);
Material natural e renovável através de refloresta- Alteração dimensional (contração e expansão volumétrica
mento; devido à umidade);
Baixo custo; Combustibilidade;
Facilidade no preparo industrial; Deterioração (por agentes biodeteriorantes);
Heterogeneidade na estrutura (ocorre em função da
Baixa condutibilidade térmica; variação de idade do lenho dentro de um mesmo tronco,
a estrutura é bastante complexa;
Isolante térmico e dielétrico; Difícil controle de classificação;
Limitação dimensional (tamanho de madeiras são padro-
Grande diversidade de tipos;
nizados);
Fonte: Teixeira (1999).
180
DESIGN
181
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Classificação
das Madeiras
Para que a madeira seja usada como material para Todavia, antes dos processos industriais es-
fabricação de produtos, é necessário que ocorram pecíficos ocorrerem, é necessário retirar todos
vários processos, iniciados a partir da derrubada os galhos presentes no tronco. Posteriormente,
da árvore. Em seguida, é feita a extração do tron- inicia-se a etapa denominada toragem, na qual o
co ou lenho. A etapa dos processos industriais va- tronco – chamado de tora – é cortado em peças
ria muito, pois irá depender de qual será a finali- de determinadas dimensões, facilitando, assim,
dade da madeira. Caro(a) aluno(a), como vamos o transporte. Ainda nesta etapa, pode ocorrer o
ver a seguir, a madeira poderá ser utilizada como descasque da tora, ou seja, toda a casca externa da
maciça, aglomerado, reconstituída, compensada tora será retirada. Após o corte, geralmente as pe-
entre outras. ças vão para serrarias, onde podem sofrer proces-
182
DESIGN
sos de torneamento, faqueamento, descascamen- nha uma peça com boa processabilidade e resistên-
to e desdobro, o que vai depender da finalidade de cia mecânica. A secagem, geralmente, é realizada por
cada madeira. processos artificiais, como ventilação simples, câmara
Para exemplificar, tomando por base a sequência quente e outros, que dependem do tipo de madeira. A
de processos para obtenção de madeira maciça, após secagem deve acontecer até o momento em que a peça
o corte em toras, é feito o desdobro, que tem o obje- perca umidade e chegue a um ponto de equilíbrio.
tivo de serrar a tora em inúmeros cortes no sentido Após a secagem das peças, devido à sua dura-
longitudinal, podendo formar couçoeiras, pranchas bilidade, é necessário aplicar na madeira produtos
e pranchões na forma bruta. Na figura a seguir, po- contra fungos, bactérias e insetos, para que esses não
demos observar os tipos de desdobramentos realiza- ataquem e deterioram a madeira, comprometendo
dos nas toras de madeira. sua estética e qualidade. Dessa forma, o processo
auxilia na preservação da peça (LIMA 2006). Além
dos processos de tratamento iniciais da madeira, há
também os processos industriais, que a transformam
em produtos diversos, como madeira reconstituída,
aglomerada, compensada e outros.
MADEIRA MACIÇA
183
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
MADEIRAS TRANSFORMADAS
Há três tipos de madeiras maciças: Essas madeiras são derivadas das madeiras maci-
ças, que passaram por processos industriais com o
Madeira nativa: a exploração das madeiras nativas objetivo de alterar a estrutura fibrosa para corrigir
é a principal causa do desmatamento de florestas. algumas características negativas, além de auxiliar
O seu uso deve ser evitado a qualquer custo, pois a suprir a demanda de madeira para desenvolvi-
toda madeira nativa foi retirada de forma ilegal e mento de produtos, uma vez que apenas madei-
incorreta, causando sérios danos ao meio ambien- ras maciças não supririam tal demanda. Conhe-
te. Entretanto, ainda hoje, infelizmente, há empre- cer acerca das madeiras transformadas é essencial
sas e pessoas que valorizam esse tipo de material, para o(a) profissional de design; principalmente,
por serem madeiras raras e consideradas nobres aqueles que atendem design de mobiliários, já que
pelo seu crescimento lento, tonalidade e caracterís- cada material possui resistência e outras caracte-
ticas específicas. rísticas que devem ser consideradas no projeto de
desenvolvimento de um produto/móvel. O uso
Madeira demolição: são madeiras retiradas de pro- das madeiras transformadas apresenta algumas
cessos de demolição de imóveis antigos que podem vantagens, como:
ser aproveitadas e empregadas para outros fins. Ge- • Isotropia no comportamento físico e mecânico;
ralmente, são tábuas de madeiras nativas nobres e • Homogeneidade de composição;
bastante resistentes, ainda com pintura antiga. Após • Melhoria de propriedades físicas e/ou me-
serem retiradas dos imóveis, passam por processos cânicas;
de aplainamento, lixamento para remoção de tintas • Variação de dimensões;
e imperfeições, para posteriormente serem utiliza- • Aproveitamento total do material lenhoso da
das em novos projetos, como em móveis e decoração árvore utilizada;
de ambientes. • Estabilidade dimensional.
Agora, caro(a) aluno(a), vamos conhecer os princi-
Madeira de reflorestamento: são madeiras obtidas pais tipos de madeiras transformadas utilizadas para
a partir de árvores de florestas plantadas artificial- fabricação de produtos (TEIXEIRA, 1999).
mente. Elas têm crescimento acelerado e seu corte
acontece de forma planejada. São plantadas para Madeira compensada
substituir o uso de madeiras nativas. Atualmente, A madeira compensada foi desenvolvida e paten-
existe um selo que comprova a origem da madeira teada por Wiltikowiski em 1886 e, posteriormente,
de reflorestamento, e reconhecer e identificar que é começou a ser explorada mundialmente. É consti-
um produto ecologicamente correto é uma questão tuída por lâminas finas coladas umas às outras e
importantíssima a ser analisada quando se for ad- dispostas alternadamente, formando um ângulo de
quirir um produto produzido com madeira maciça. 90ºC entre suas fibras. O número de lâminas que
compõem tal madeira sempre é ímpar, assim a peça
184
DESIGN
pronta irá apresentar duas superfícies principais ou, em alguns casos, é utilizada apenas a ligni-
constituídas com lâminas de madeiras iguais, com na, que é a resina original da própria madeira. A
o mesmo sentido de fibras. aglutinação das partículas, o processo de pressão
Existem diferentes maneiras de fabricação de e o vapor fazem com que se origine uma placa
madeiras compensadas, mas a mais utilizada e indi- rígida e densa. Entretanto, a variação da pressão
cada é o método de impregnar as lâminas de madei- em diferentes processos resulta em placas de den-
ra com cola, montando as lâminas sobrepostas per- sidades distintas; assim, placas mais leves (soft
pendicularmente. Posteriormente, deve-se submeter board) são usadas para isolamento térmico e tra-
o compensado à prensagem e, para finalizar, lixar as tamento acústico, enquanto placas mais pesadas
superfícies, a fim de dar um bom acabamento à peça (hard board), por serem mais resistentes, são em-
(LIMA, 2006). pregadas principalmente como elementos estru-
Como vantagens podemos citar: turais (TEIXEIRA, 1999).
• Eliminação de contração, assim não apare- No Brasil, as indústrias de painéis de madeira
cendo fendas e empenamentos na madeira; aglomeradas, para garantir homogeneidade de pro-
• Resistência uniforme em toda peça, princi- cessamento, utilizam apenas uma espécie de madei-
palmente flexão; ra, o eucalipto, por isso possuem cor castanho-escu-
• Chapas de tamanhos variados, o que não ro, sem brilho, apresentando a face superior lisa e a
acontece com a madeira maciça;
inferior corrugada. Os materiais encontrados para
• Melhor aproveitamento da madeira, pois cer-
compra são: Duratex, Celotex, Eucatex e Masonite
ca de 90% do desdobro de uma tora são apro-
(processo Mason de autoclave) (ZENID, 2009).
veitados na formação de compensados;
Como vantagens das madeiras reconstituídas,
• Chapas finas de compensados são maleáveis
e podem ser encurvadas. podemos citar:
• Homogeneidade, durabilidade e resistência
As madeiras compensadas são extensamente utiliza- mecânica;
das na indústria de móveis, principalmente residen- • Pode ser cortada, furada, curvada, dobrada
ciais, escritórios e de informática, além da constru- e colada;
ção civil, tanto para uso interno quanto externo. O • A superfície lisa e plana recebe pintura e re-
vestimentos muito bem;
preço varia muito, pois depende da espécie de ma-
• Apresenta bons resultados com processos au-
deira utilizada, da cola empregada para unir as lâmi-
tomáticos ou manuais;
nas, da qualidade das faces e do número de lâminas
• Qualidade e propriedades iguais em todas as
que o compõem (ZENID, 2009).
direções da placa.
185
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
As madeiras reconstituídas são extensamente Como vantagens dos MDF, podemos citar:
utilizadas na indústria de móveis, predominan- • Estável, com elevada resistência e maqui-
temente para a fabricação de móveis modulares nabilidade;
residenciais ou de escritórios e divisórias, pois • Resistência à tração;
permitem a aplicação de revestimentos (lamina- • Resistência a arranque de parafusos, nas faces
dos de madeira). e nos cantos;
• Resistência à flexão;
Chapa de fibra: MDF – chapa de densidade média • Resistência estática e módulo de elasticidade;
Considerada madeira de reconstituição, é um ma- • Estabilidade dimensional.
terial derivado da madeira, produzido a partir das O MDF pode ser usado para a fabricação de vários
fibras de madeira maciça, que foram aglutinadas produtos, desde a indústria moveleira – sendo alter-
por uma resina sintética de ureia-formaldeído, que nativa de uso em relação à madeira maciça – para
se consolidam sob ação conjunta de temperatura e painéis de portas, tampos de mesa, frente de gavetas,
pressão, resultando numa chapa maciça homogênea móveis de estilo, cercaduras de espelhos, trabalho de
de alta qualidade. Possui distribuição uniforme de decoração, expositores, painéis de revestimentos e
fibra, permitindo boas características de usinabili- até no desenvolvimento de brinquedos, jogos, ins-
dade e de acabamento, tanto com equipamentos in- trumentos musicais, peças torneadas, corrimão, em-
dustriais como convencionais. balagens e tantos outros (LIMA, 2006).
O MDF é comercializado em três diferentes es-
pessuras: Madeira aglomerada de partículas
• Fina: de 1,8 a 6mm - usada para fundos de A madeira aglomerada é formada por fragmentos
gavetas, armários, bases para soalho e outros; de madeiras, como pó de serragem, cavacos de ma-
• Média: 7 a 35mm - usada para portas, laterais deiras e outros que são impregnados com cola (ma-
de armário e gaveta, divisórias, tampos e mó- terial ligante), resinas e substâncias que evitam seu
veis em geral;
apodrecimento e o ataque de parasitas. Inicialmente,
• Grossa: até 60mm - usada como elementos
o fragmento de madeira, por exemplo, os cavacos,
estruturais e arquitetônicos para edifícios,
são secos e, posteriormente, recebem uma substân-
peças torneadas e outros.
cia para aglutinação. Depois são dispostos em um
186
DESIGN
colchão para prensagem, que determinará o peso e a sentam baixa resistência à umidade e curta durabili-
espessura das placas que serão produzidas. dade. Assim, não são a melhor opção para produtos
A placas ou chapas de aglomeração são for- que têm o objetivo de serem duráveis. Também são
madas por três camadas, sendo que as duas ex- empregadas de maneira estrutural, uma vez que têm
ternas são densas, duras, compactas, lisas e for- a capacidade de absorção de som e retenção de calor
madas por partículas finas e possuem as mesmas (PERDOMO, [2017], on-line)2.
dimensões. A terceira, e camada do meio, é me-
nos densa que as demais, possui porosidade para
absorver tensões, não permitindo que o conjunto
seja afetado (TEIXEIRA, 1999).
As madeiras aglomeradas surgiram como uma
solução para o reaproveitamento de restos de ma-
deiras que se acumulavam em serrarias nos Esta-
dos Unidos. Em 1936, teve o primeiro registro de
patente de fabricação de chapas de madeira aglo-
merada; assim, essa madeira foi, e ainda é, um im-
portante material relacionado ao aproveitamento
econômico da madeira, redução do emprego de
madeiras nativas, além da modernização e produ-
tividade das indústrias moveleiras.
As chapas dessa madeira não possuem acaba-
mento, por isso podem receber qualquer tipo de
revestimento em uma ou ambas as faces, são bas-
tante empregadas na fabricação de móveis de baixa
qualidade montados com cavilhas e/ou cola, uma
vez que a utilização de pregos ou parafusos não é
recomendada, pois a chapa pode rachar com muita
facilidade. As chapas têm custo baixo, porém, apre-
187
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Processos em Madeira
188
DESIGN
Caro(a) aluno(a), após conhecermos as proprie- • Ações de raios ultravioleta: as madeiras ex-
dades e as classificações desse material natural tão postas ao tempo devem receber tratamento
amplamente utilizado para desenvolvimento de com substâncias penetrantes com aditivos
produtos, agora vamos estudar quais os processos que absorvem os raios UV.
de preparação e fabricação são empregados nas ma- Assim, fica claro que, para cada tipo de madeira,
deiras, sejam elas maciças ou transformadas, como dependendo de qual será a finalidade dada a ela,
vimos no tópico anterior. é necessário escolher os tratamentos mais apro-
priados, que agregaram valor à peça e ao produto
REVESTIMENTO E ACABAMENTO desenvolvido.
Inicialmente, antes de aplicar o tratamento
Entre os processos desenvolvidos nas madeiras, o principal, deve-se preparar a superfície da madei-
tratamento de revestimento e acabamento são bas- ra para receber o tratamento adequado, garantin-
tante significativos. Além do objetivo de decorar, do, assim, um bom resultado final. Inicialmente,
também servem para proteger o material e melhorar a madeira deve passar pela etapa de lixamento,
suas propriedades, como alteração da estrutura fi- sendo que as lixas devem ser usadas de forma
brosa, aperfeiçoar ou modificar superfícies, além de gradual, da mais grossa à mais fina, e no sentido
intensificar ou suavizar a cor da madeira, auxilian- longitudinal para evitar arranhões transversais às
do na durabilidade do material após aplicação em fibras da madeira.
produtos. Dessa forma, as madeiras podem receber Após lixar, é necessário analisar se não há
diferentes tipos de revestimento e acabamentos. manchas de óleo, graxa ou outros produtos quí-
Segundo Teixeira (1999), o tratamento que será micos, pois esses barram a penetração da subs-
desenvolvido na madeira depende de algumas ques- tância de tratamento pela madeira. Se houver
tões como: furos ou rachaduras, elas podem ser preenchidas
• Textura da madeira: texturas grosseiras por massa corrida acrílica, cimento de madeiras
necessitam ser tratadas inicialmente com e outros. Depois de resolver essas variações, pro-
selador, pois absorvem uma grande quan- cede-se a outro lixamento e remoção do pó que
tidade da substância de acabamento que
se formou e então aplica-se um selador com o
será aplicada;
objetivo de evitar que muitas substâncias pene-
• Tipo e quantidade de extrativos: a presen-
ça de óleos e resinas pode provocar bolhas trem na madeira.
e, consequentemente, amolecer a camada de Após a preparação da superfície, é hora de apli-
acabamento; car de fato o acabamento ou revestimento; são inú-
• Teor de umidade: tanto a retratilidade quan- meras as opções desde polimento com cera, enver-
to a higroscopicidade dos diferentes tipos de nizamento, laqueação, tingimento, clareamento e
madeira podem provocar o surgimento de outros. Vamos conhecer algumas opções das mais
tensões no filme de acabamento depositado utilizadas nas madeiras.
na madeira, causando até trincas, compro-
metendo a qualidade;
189
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
190
DESIGN
PROCESSOS DE FABRICAÇÃO
Serra de fita
Serra circular
191
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
192
DESIGN
193
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Compósitos
Caro(a) aluno(a), devido ao avanço acelerado da en- são constituídos atomicamente por agrupamentos
genharia e tecnologia, materiais diferenciados estão diferentes, como é o caso de algumas ligas metálicas.
sendo desenvolvidos. Como resultado, atualmente, Também, há os materiais multifásicos, como a ma-
temos uma nova classe de materiais, denominada deira, tijolos de argila reforçados e plásticos reforça-
compósitos, que será o tema deste tópico. Vamos co- dos com fibra de vidro.
nhecer o que são e como são aplicados. Segundo Smith (1998, p. 767), a definição de
Até o momento, não há uma definição específica materiais compósitos é a seguinte:
para o termo “compósitos”, mas sabemos que o ter-
mo deriva de “compostos”, ou seja, um material que Um material compósito é formado por uma
mistura ou combinação de dois ou mais micro
é constituído/composto por partes diferentes. Ana-
ou macro constituintes que diferem na forma e
lisando a composição de alguns dos materiais que na composição química e que, na sua essência,
vimos até o momento, temos que muitos materiais são insolúveis uns nos outros.
194
DESIGN
Compósitos
195
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Os compósitos reforçados com partículas são sub- Compósitos reforçados por dispersão
divididos em compósitos de partículas grandes e As partículas desses compósitos são muito menores
compósitos reforçados por dispersão. A diferença do que as partículas grandes. Nesse caso, a intera-
entre as duas subclassificações está no mecanismo ção partícula-matriz acontece em nível atômico ou
de reforço que cada um possui. Nas duas subclassi- molecular. Geralmente, esses materiais têm sua re-
ficações, as partículas devem estar distribuídas por sistência aumentada, uma vez que a matriz aguenta
igual ao longo de toda a fase matriz, para que um a maior parte da carga aplicada sobre o material e
reforço seja eficaz, sendo que as propriedades me- as partículas impedem ou, no mínimo, dificultam
cânicas do material são melhoradas com o aumento os movimentos discordantes que acontecem devi-
do teor de partículas. do à carga. Assim, a deformação plástica do mate-
rial, resistência à tração e dureza são melhorados
Compósitos com partículas grandes (CALLISTER; RETHWISCH, 2013).
A denominação partículas grandes vem do fato de
que a interação entre fase matriz e dispersa não é COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRA
tratada em nível atômico ou molecular, mas é con-
siderada a mecânica do contínuo, pois, na verdade, Nesses materiais, a fase dispersa se encontra na forma
o tamanho é considerável. Na maioria desses mate- de fibras e possuem mais importância tecnológica do
riais, a fase particulada é mais dura e rígida do que que os demais compósitos. São usados com o objetivo
a fase matriz. Assim, eles tendem a restringir o mo- de obter maior resistência ou alta rigidez em relação
vimento da fase matriz na vizinhança de cada partí- ao seu peso. As características mecânicas desses ma-
cula, além de absorverem uma parte da tensão que é teriais não dependem somente das propriedades das
aplicada na matriz. fibras, mas também de como a carga aplicada é distri-
Um dos exemplos de produtos pertencentes a buída pelo material. As fibras utilizadas influenciam
essa classificação é o concreto, um compósito de nas propriedades dos compósitos, principalmente na
partículas grandes, em que ambas as fases, matriz resistência e dureza, que são em função de:
e dispersa são materiais cerâmicos. O concreto • Comprimento da fibra.
é um compósito composto por um agregado de • Orientação e concentração das fibras quando são:
partículas ligadas umas às outras em um corpo • Alinhadas e contínuas;
sólido por algum tipo de meio de ligação, isto é, • Alinhadas e descontínuas;
um cimento. • Aleatórias e descontínuas.
196
DESIGN
197
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
198
DESIGN
199
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
Novos Materiais
Caro(a) aluno(a), atualmente vivemos no que po- Essa evolução tão nítida na área dos materiais
demos chamar de “revolução de novos materiais”. é resultado do processo de difusão de muitas ino-
São milhares as pesquisas para o desenvolvimento vações tecnológicas que, por sua vez, são frutos do
de novos materiais, sem considerar a quantidade de desenvolvimento da ciência e da tecnologia dos ma-
materiais já desenvolvidos e que hoje se encontram teriais presentes em laboratórios de universidades,
no nosso meio, constituindo os produtos que utili- governos e indústrias, ou seja, é o sucesso de uma
zamos no nosso dia a dia. parceria entre a produção industrial e pesquisas, que
200
DESIGN
possibilitaram o desenvolvimento de novos produ- materiais esportivos dá um valor tão alto ao desem-
tos e processos (MEDINA; NAVEIRO, 1998). penho, que adota facilmente quaisquer novos ma-
Além do desenvolvimento de muitos mate- teriais que possam oferecer novo ganho (ASHBY;
riais, outro aspecto que chama bastante atenção é JOHNSON, 2011).
o progressivo abandono do termo “multiuso”. An- A questão ambiental tem influenciado forte-
teriormente, o mesmo material era utilizado por mente a realidade do desenvolvimento de materiais.
inúmeros produtos. Hoje, o objetivo é desenvolver Além de custos, desempenhos e riscos, a questão
materiais que possam representar várias opções ambiental é hoje um ponto de grande importância.
para um mesmo produto. Assim, também há uma Nesse contexto, a seleção dos materiais e seu pro-
grande variedade de descobertas e redescobertas cesso de manufatura podem ter efeitos negativos,
de propriedades dos novos usos e da variedade de como: depredação de recursos naturais, poluição,
aplicações do novos materiais, para que se tenha refugos, consumo de energia em excesso e outros.
muitos materiais alternativos para substituir aque- Assim, além de melhores características, proprie-
les utilizados tradicionalmente. dades e desempenho, no geral é necessário também
Apesar do desenvolvimento acelerado de mate- desenvolver/encontrar materiais com boa recicla-
riais, não podemos dizer que o processo seja sim- bilidade, fáceis de desmontar e que o processo não
ples. Pelo contrário, inúmeras questões estão envol- gere subprodutos que agridam o meio ambiente.
vidas no desenvolvimento de um novo material. As Caro(a) aluno(a), se, antigamente a demanda
tecnologias e os materiais são apresentados aos pou- para o desenvolvimento de novos materiais vinha
cos ao público. Inicialmente, apresentam “demons- das indústrias militar, aeroespacial e automobilís-
trações” de produtos desenvolvidos com o material tica, hoje, o cenário é outro: as pesquisas de novos
ou tecnologia. Após o primeiro contato, o volume materiais são motivadas e impulsionadas fortemen-
de produção vai aumentando, diminuindo seu pre- te pelo desejo/necessidade em atender cada vez me-
ço no mercado até o momento que se torna familiar lhor o consumidor. Tal fato comprova e evidencia
(ARAÚJO; NAVEIRO, 1999). o trabalho dos profissionais de designer, especial-
Para a adoção de um novo material, é necessá- mente, os(as) designers industriais, que, ao analisar
rio que ele passe por análise de aceitação do risco, o cenário, conhecem as necessidades de aperfeiçoa-
valor do desempenho e o custo da falha. Para que mento de componentes e produtos que favoreçam o
possamos entender melhor, vamos falar do exemplo desempenho dele e, consequentemente, a satisfação
da indústria nuclear. Apesar de valorizar o desem- dos clientes (ARAÚJO; NAVEIRO, 1999).
penho de um material, sabe que o custo da falha é Muitos são os novos materiais desenvolvidos nos
tão grande, que é possível dizer que nenhum mate- últimos anos, como alguns materiais compósitos, ce-
rial novo será usado dentro de um reator nuclear, râmicas avançadas, polímeros biocompatíveis e tan-
ou seja, o custo da qualificação desse material é ex- tos outros. Agora, vamos conhecer alguns novos ma-
tremamente alto. Em contrapartida, a indústria de teriais específicos que foram criados recentemente:
201
MATERIAIS E PROCESSO DE PRODUTO
1. Espumas de metal: classe de material, que uma espécie de espuma densa que lembra o
ainda não foi totalmente caracterizada, mas isopor. Apresenta características como resis-
são leves, rígidas, possuem baixíssima den- tência ao fogo, vapor e à umidade. Funciona
sidade, boas características de absorção de como isolante térmico, acústico e é 100% bio-
energia e boas propriedades de transferência degradável (TAMANINI, 2013 on-line)4.
de calor. A maioria dos fornecedores desse 4. Plástico que resfria superfícies: esse ma-
produto o fabricam com alumínico, mas o terial consiste em um filme plástico fundi-
uso do cobre, titânio, níquel e aço inoxidável do com pequenas esferas de vidro e foi de-
já podem ser espumados. O processo aconte- senvolvido pelo cientista de materiais da
ce com injeção de ar no metal fundido, que Universidade do Colorado, Xiaobo Yin.
dá origem à espuma. O metal se solidifica em As esferas de vidro usadas têm aproximada-
torno das bolhas de ar, o que pode ser con- mente 8 micrômetros de diâmetro e conse-
trolado para produzir superfícies com diver- guem emitir grande parte da energia absor-
sas aparências. As vantagens é que podem ser vida do ambiente. Assim, juntando as esferas
usadas em estruturas, não são inflamáveis e de vidros e o plástico, conseguiram desen-
podem ser facilmente recicladas. volver um filme que absorve apenas 4% dos
2. Ligas memória de forma: grupo de metais fótons que vêm do sol (MEGACURIOSO,
que possui a capacidade de voltar a alguma 2017, on-line)4.
forma definida anteriormente quando são
aquecidos ou novamente resfriados. Isso Caro(a) aluno(a), como já foi dito no início do tó-
acontece, pois possuem uma estrutura cris- pico, há uma enorme variedade de novos materiais
talina de martensítica termoelástica, per- desenvolvidos e/ou que estão em fase de pesquisa.
mitindo que a liga seja deformada por um Assim, torna-se impossível citar todos. Dia após
mecanismo de torção abaixo da temperatura dia, chegam ao mercado novas opções de materiais.
de transformação, sendo que a deformação é
No entanto, cabe ao profissional de design ficar
revertida quando a estrutura volta à fase ori-
atento a empresas e laboratórios que desenvolvem
ginal. Além de tal característica, o material é
resistente à corrosão, é biocompatível, possui as pesquisas, pois sempre há novas opções que po-
elasticidade e transmissão de força; assim, dem agregar muito na fabricação de componentes
são promissores na área de aplicação biomé- e produtos.
dica (ASHBY; JOHNSON, 2011).
3. “Plástico” à base de fungos: a empresa Eco- REFLITA
vative, de Nova York, vem desenvolvendo
testes com um composto chamado “micé-
lio”, um filamento que serve de mecanismo Precisamos de um sistema no qual os fabri-
cantes de materiais possam difundir suas
de sustentação e absorção de nutrientes para
ideias diretamente àquelas pessoas que po-
os fungos. O micélio é desenvolvido de ma- dem aplicar a necessária imaginação para
neira muito rápida e forma uma rede densa utilizar suas propriedades.
que, posteriormente, é aquecida a altíssimas
temperaturas. Resultado desse processo é
202
considerações finais
C
aro(a) aluno(a), nesta última unidade do nosso livro, conhecemos e
estudamos o principal material natural utilizado atualmente, que é a
madeira, os materiais compósitos e os novos materiais. Assim, con-
seguimos conhecer um pouco dos outros materiais, que não estão
inseridos nos três principais grupos (metais, cerâmica e polímeros), e enten-
der as principais características que influenciam sua utilização no desenvol-
vimento de produtos.
O principal material da classe dos materiais naturais é a madeira; hoje comu-
mente utilizada em vários setores, principalmente para a fabricação de móveis e
outros. Sabemos que há um grande cuidado quando se trata de madeira, uma vez
que deve ser evitado o uso de madeiras nativas. No entanto, atualmente, além das
madeiras maciças, também há as madeiras transformadas.
As madeiras transformadas revolucionaram o setor de produtos de madeiras,
uma vez que ficaram muito mais acessíveis, com melhores propriedades e de fá-
cil processamento para desenvolvimento de produtos. Assim, a grande maioria
das marcenarias conformam as madeiras, utilizando praticamente os mesmos
maquinários, que conseguem transformar satisfatoriamente madeiras em bons
e duráveis produtos.
Os compósitos são uma importantíssima classe de materiais, além de se-
rem mais recentes e específicos do que os demais discutidos neste livro. São
materiais compostos de dois ou mais componentes diferentes, apresentam pro-
priedades melhores e superiores do que a propriedade particular de cada um
dos materiais componentes. Têm sua utilização cada vez mais ampliada e um
ótimo desempenho.
Por fim, abordamos um pouco sobre os novos materiais, que a cada dia apare-
cem como uma novidade no mercado, provenientes de pesquisas que têm como
objetivo encontrar materiais cada vez melhores para determinadas aplicações,
ou melhor, desenvolver materiais que possam representar várias opções para um
mesmo produto. É o futuro que vai chegando a cada novo material.
203
atividades de estudo
1. Qual das alternativa a seguir não pode ser classificada como uma madeira
transformada?
a) Madeira reconstituída.
b) Madeira compensada.
c) Madeira maciça.
d) Madeira aglomerada de partículas.
e) Madeira MDF.
204
atividades de estudo
205
LEITURA
COMPLEMENTAR
206
material complementar
Design e materiais
Joselena de Almeida Teixeira
Editora: CEFET-PR
Sinopse: A obra traz de forma muito abrangente e específica as características,
propriedades e aplicações dos diversos materiais existentes nos dias de hoje
agregando ainda a esses materiais a melhor forma de aplicação desses a um
projeto de design, para que, dessa forma, haja um melhor aproveitamento do
produto e um aumento da vida útil desse mesmo produto devido ao uso cor-
reto dos materiais.
207
referências
208
referências
Referências on-line:
1 Em: <https://www.lojaskd.com.br/blog/o-que-mdf-mdp-madeira-macica/>.
Acesso em: 18 maio 2018.
2 Em: < https://www.gparquiteturaeinteriores.com/single-post/2015/10/30/
Qual-a-diferen%C3%A7a-entre-MDF-MDP-aglomerado-compensado-
-e-OSB>. Acesso em: 12 out. 2017.
3 Em: <https://revista.zapimoveis.com.br/saiba-tudo-sobre-laqueacao-de-mo-
veis/>. Acesso em: 18 maio 2018.
4 Em: <https://www.megacurioso.com.br/novos-materiais/36829-supermate-
rial-feito-a-base-de-fungos-pode-substituir-o-plastico.htm>. Acesso em: 21
maio 2018.
5 Em: <https://www.megacurioso.com.br/novos-materiais/101959-novo-plas-
tico-e-capaz-de-resfriar-tudo-o-que-toca-em-ate-10-c.htm>. Acesso em: 21
maio 2018.
209
gabarito
1. C.
2. A.
3. Nos compósitos reforçados por fibras, a fase dispersa se en-
contra, literalmente, na forma de fibras que podem estar ali-
nhadas e contínuas, alinhadas e descontínua ou, ainda, aleató-
rias e descontínuas. Já os compósitos reforçados por partículas
têm a fase dispersa na forma de partículas, que são subdividi-
dos em compósitos de partículas grandes e compósitos refor-
çados por dispersão.
4. D.
5. B.
210
DESIGN
conclusão geral
A evolução dos materiais e processos de fabricação conteúdos desenvolvidos desses temas terem a ên-
está diretamente relacionada ao desenvolvimento da fase na engenharia, é preciso incentivar que os de-
humanidade, ou seja, à medida que o homem, com signers também produzam conteúdo sobre o tema,
seus estudos e ciência, evoluiu, nascia a necessidade com uma linguagem mais próxima das suas realida-
do desenvolvimento dos materiais existentes, de no- des, compartilhando conhecimento.
vos materiais e, também, dos métodos de fabricação. A evolução dos materiais e métodos é constante
Conhecer os materiais e os processos disponí- e está acontecendo neste exato momento em vários
veis é imprescindível para os profissionais de de- lugares do mundo. Cabe a nós acompanhar e torcer
sign, uma vez que as características e propriedades para que, à proporção que evoluímos, consigamos
desses materiais influenciam diretamente o com- encontrar alternativas que, além de serem excelen-
portamento do material e impacto no resultado tes para as características dos produtos, sejam boas
final do desenvolvimento de um produto. Conside- em questões ambientais, econômicas e sociais. Afi-
rar questões como a manutenção do material nos nal, não se deve consumir e desenvolver produtos
meios que será mantido, usado e conservado é de a qualquer custo; precisa-se ter consciência dos im-
igual importância. pactos que tais produtos podem causar na sociedade
Com o desenvolvimento tão rápido dos mate- e que sejam sempre positivos.
riais e processos de fabricação que acompanhamos Caro(a) aluno(a), chegamos ao fim do nosso li-
nos dias atuais, é necessário que os designers se vro. Espero que o conhecimento passado seja bom e
preocupem e busquem se atualizar a todo momen- muito pertinente para a construção de conhecimen-
to, estudando novas aplicações e revendo conceitos to e carreira que esta desenvolvendo, e que lhes dê
construídos anteriormente. Apesar de a maioria dos base e auxilie em seus projetos futuros.
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