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Teoria da Evolução e Reforço

A teoria da evolução oferece uma contribuição para falar do comportamento.


Para compreender os comportamentos de uma espécie ao longo de seu
desenvolvimento, faz-se necessário conhecer a história evolutiva, ou filogênese.
Filogênese de uma espécie não está relacionada a um evento particular e sim
de uma série de eventos que ocorreram ao longo do tempo. A clássica discussão
sobre as girafas e seus pescoços compridos faz referência ao nascimento,
crescimento e morte de um grande número de girafas. Assim, Darwin, o maior
referencial sobre estudos evolucionistas, percebeu que o crescimento do pescoço das
girafas foi mais que uma sequência de mudanças e sim, uma história de variação e
seleção.
Em qualquer população de organismos há variação de características destes.
O que é responsável por esta variação são os fatores ambientais e a herança
genética. A variação no clima e na vegetação, as quais nasciam em lugares mais
altos, foram determinando que as espécies de girafas, que tinham pescoço mais
comprido, pudessem ter acesso a elas. Assim, os ancestrais das girafas que tinham
pescoço mais comprido, tinham poderiam comer um pouco mais, e por consequência,
eram mais saudáveis e pouco mais resistentes a doenças. Assim, estas deixaram
descendentes com mais possibilidades de sobrevivência, bem como seus
descendentes. Assim, é possível afirmar que a variação genética proporcionou as
girafas deixarem mais descendentes com pescoço comprido do que curto. Os
descendentes de pescoço mais curto teriam menores chances de sobrevivência, e
assim, os descendentes bem-sucedidos transmitiram os seus genes a seus
descendentes. Estes fatores fazem parte do que é conhecido como aptidão de uma
variação genética (genótipo). Este conceito está relacionado à capacidade de adquirir
conhecimentos e habilidades motoras, gerais ou específicas.
O comportamento exerce um papel fundamental da evolução. A seleção ocorre
porque os indivíduos interagem com seu ambiente e muito dessa interação é
comportamento. As girafas adquiriram pescoço comprido porque se alimentavam.
Todo o processo só foi possível por causa da reprodução, assim cada espécie tem sua
particularidade ao procurar parceiros para se reproduzir, então comportamentos como
cortejar, acasalar e cuidar da prole são fundamentais.

Reflexos e Padrões Fixos de Ação

Os traços comportamentais mais simples de uma espécie são os reflexos.


Estes são caracterizados como um evento ambiental que estimula os órgãos
sensoriais. Estes se refletem por um sistema nervoso em uma resposta sensorial. Os
reflexos estão envolvidos na manutenção da saúde e na promoção da sobrevivência e
da reprodução de uma espécie.
Comportamentos mais complexos nas espécies animais como pássaros que
alimentam seus filhotes, ou peixes que executam uma série de movimentos para
desovarem, até mesmo o comportamento de cortejar humano, são conhecidos como
padrões fixos de ação. Estes reflexos e padrões fixos de ação são reações que
aumentam a aptidão por estarem imediatamente disponíveis no momento necessário.
Seriam comparados ao sistema de defesa natural da espécie. Estes reflexos e
padrões fixos foram selecionados no decorrer de um longo espaço de tempo em que o
ambiente ficou estável tempo suficiente para manter a vantagem dos indivíduos que se
comportavam adequadamente. Mas para que isso seja possível, é necessário
compreender que o ambiente foi decisivo em todo o processo.
Os humanos dentre todas as espécies são as que mais necessitam de
aprendizagem. Porém, nem todo comportamento humano é inteiramente aprendido.
Os humanos possuem reflexos diversos como: tosse, espirro, susto, dilatação da
pupila, secreção glandular, salivação, dentre outros. Os padrões fixos de ação
humanos são difíceis de permanecer estáveis, pois são modificados por aprendizagem
anterior. Um padrão fixo de ação humano é o sorriso. Fato comprovado assim, pois
mesmo pessoas cegas de nascimento sorriem. Outro seria o movimento das
sobrancelhas em resposta a outras pessoas. Todos os padrões humanos são
complexos e elaborados por uma história de aprendizagem.

Condicionamento Respondente

Pavlov descreve o reflexo condicionado como o resultado de uma


aprendizagem. Ele descobriu como um estímulo neutro, uma luz, ou um som
precedente, com regularidade associados ao ato de fornecer alimento, posteriormente
o comportamento reflexo na presença deste estímulo se altera. Se você saliva na
presença de torta de chocolate, é certo que você não nasceu com essa reação. Você
saliva porque no passado, este evento precedeu o seu comportamento de comer.

Reforçadores e Punidores

Os eventos filogeneticamente importantes, quando são consequências de


comportamento são descritos como reforçadores e punidores. Eventos que
aumentaram a aptidão por estarem presentes são chamados reforçadores porque
tendem a fortalecer o comportamento que os produz, ou seja, na presença destes
eventos, o comportamento se repete e pode elevar de frequência. Os reforçadores
mais poderosos da espécie são: alimento, abrigo e sexo. Assim, os humanos
desempenham comportamentos como trabalhar para que possam obter alimento e
abrigo. Bem como chegar ao sexo, depende da cultura e de comportamentos como
namorar. Os eventos que aumentam a aptidão pela filogênese por estarem ausentes e
tendem a punir o comportamento que os produz, são conhecidos como punidores.
Exemplos assim são vistos quando você é mordido por um cão ao tentar acariciá-lo, é
provável que não o faça novamente. Se você come um doce e este te faz passar mal,
é provável que não o coma novamente. Estes exemplos são conhecidos como
aprendizagem operante.

Aprendizagem Operante

A aprendizagem operante ocorre como resultado de uma relação entre um


estímulo e uma resposta, o qual resulta em um evento que afeta sua ocorrência. Em
um amplo sentido, existem dois tipos de relação entre comportamento e
consequência. O comportamento operante é definido como comportamento que é
sensível as consequências ou que é afetado por suas consequências. Exemplos deste
comportamento são comuns, ou seja, trabalhar é um comportamento mantido por sua
consequência, o salário. No caso negativo, um comportamento que evita uma
consequência ruim é assim emitido com frequência. Se você tem alergia a leite e
derivados, e em uma ingestão de leite teve uma reação alérgica desastrosa, é
provável que seu comportamento de evitar leite e seus derivados seja frequente e com
uma frequência elevada. Assim, conheceremos os reforçadores positivos e negativos
posteriormente. Contudo, vale ressaltar que os reforçadores têm uma característica de
elevar a frequência dos comportamentos que os produzem. Já os punidores se
caracterizam por tornar o comportamento menos frequente em sua apresentação.
A história de reforçamento e punição na sociedade humana são abrangentes.
Diferem de cultura para cultura e ao longo da vida dos indivíduos. Cada pessoa é
exposta aos eventos e estes têm como característica selecionar o tipo de
consequência.

Fatores Biológicos
A filogênese deixou uma fisiologia que possibilitou a funcionalidade da história
de reforçamento e punição. Assim, a sensibilidade ao reforço e a punição está
contingente a três tipos de influência fisiológica. Então, nenhum reforçador funciona
como reforçador o tempo todo. Se você come três grandes pedaços de doce de leite,
provavelmente vai rejeitar o quarto pedaço. Assim, por mais poderoso que seja o
reforçador, é possível que haja saturação do mesmo. Assim, quanto maior o tempo
que você passa sem o reforçador, mais provável que este se torne mais poderoso.
Isso é privação. Se você recebe muito deste reforçador é provável que ele se torne
mais fraco, isto é, saciação. É possível que um reforçador se torne um punidor, ou
seja, um dia comer muito doce de leite pode levar a uma reação e repulsa do
organismo, caracterizando assim uma repulsa ao doce. Os reforçadores se dividem
em três grandes grupos. Os primários, que não dependem de uma história de
aprendizagem, ou seja, aqueles que mantêm a espécie e a sobrevivência. Exemplos
comuns são: alimento, afeto/sexo, água. Os secundários ou condicionados, que são
reforçadores que dependem de uma história de aprendizagem individual, como uma
bolsa pode ser um poderoso reforçador para mulheres e um brinquedo seja para
crianças, ou u m carro seja bastante reforçador para homens e mulheres. Em terceiro
existem os reforçadores condicionados generalizados que são derivados de uma
relação com reforçadores primários e condicionados, e dão acesso a outros
reforçadores. Os dois melhores exemplos são o dinheiro e a aprovação social.
Dinheiro por dar acesso aos reforçadores primários, ou seja, a água e alimento e os
secundários, ou seja, pode comprar a bolsa, o brinquedo e o carro. E a aprovação
social, em forma de elogio, aplauso, estima e admiração.

História de Reforço, Seleção pelas consequências,


Lei do Efeito, Modelagem e Seleção Natural

O reforço e a punição modelam o comportamento à medida que ele evolui


durante a vida de um indivíduo, desde seu nascimento. O princípio básico da seleção
pelas consequências é pautado na característica que uma população de indivíduos
que variam seu genótipo tem a tendência de se tornarem mais frequentes e
permanecerem através de sua descendência. Comportamentos bem-sucedidos se
definem por seus efeitos. Tal como comportamentos malsucedidos produzem efeitos
não tão bons ou efeitos ruins. Em uma aprendizagem operante sucesso e fracasso
correspondem à história de reforço e punição. A lei do efeito estabelece que quanto
mais uma atividade seja reforçada, mais ela tem tendência a ocorrer, e quando uma
atividade é punida, menos ela tem tendência a ocorrer. Os resultados dessa lei são
conhecidos como modelagem operante. Comportamentos mais bem-sucedidos
aumentam à medida que os comportamentos menos bem-sucedidos diminuem.
A modelagem funciona exatamente como a evolução das espécies. Reforço e
punição modelam a composição do comportamento de um indivíduo. Ela ocorre por
um processo de aproximação sucessiva para um comportamento alvo. E se dá por
reforçamento diferencial, ou seja, os comportamentos mais bem-sucedidos foram
selecionados e produziram consequências reforçadoras.

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