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ISABELLA CARRERA
26/08/2014 20h13 - Atualizado em 26/08/2014 20h21
Leise Santanahá – Por que é tão difícil achar gestores seguindo a liderança
servidora, se os resultados dessa técnica são tão claros?
James Hunter – Liderança servidora requer muito esforço e, infelizmente, a maioria
das pessoas são preguiçosas. A notícia boa é que hoje existem muito mais líderes
servidores por aí do que quando comecei. Demora, mas o cenário está mudando sim. Eu
vejo isso em todos os lugares por onde passo. Sempre há liderança corrupta e
ineficiente, gente implorando por chefes melhores. No caso do Brasil, acho que parte
do motivo pelo qual meu livro faz tanto sucesso é a esperança dos brasileiros em ver
uma mudança no estilo de liderança. Só que a maioria das pessoas quer mudar o mundo
sem mudar a si mesmo. Não basta reclamar do chefe ou do político – tem que chegar em
casa e ser um bom pai, filho, amigo, líder.
Anderson Bezerra – Quais lições da liderança servidora você achou mais difíceis
de aplicar na sua vida pessoal e profissional?
Hunter – Provavelmente a parte mais complicada de ser um líder é ser sincero. Eu acho
fácil apreciar as pessoas, respeitá-las e ouvi-las. Já dar más notícias, delegar
responsabilidades, ter uma conversa dura com um colega sobre a performance dele ...
isso é árduo para quase todo mundo.
Perguntas de ÉPOCA:
ÉPOCA - Quais são suas recomendações a gestores com estilo mais suave, que
temem ser desrespeitados?
Hunter – Nas minhas consultorias, a principal lacuna que costumo encontrar entre o
estado que o gestor se encontra no momento e onde ele quer chegar é a dificuldade em
participar de confrontos - seja sobre um problema na empresa ou algo que seu filho fez
e você não gostou. Só que confrontos precisam acontecer em certas situações, se não as
pessoas com quem se está lidando não terão a chance de crescer. Sugiro que se você só
quiser fazer a parte agradável do trabalho, não assuma um cargo de gestão. Ser líder é
uma responsabilidade imensa. Um chefe que não pede o melhor trabalho possível do seu
time é um ladrão porque está sendo pago por algo que não fez. Equipes respeitam
gestores justos e exigentes. A verdade é que todo mundo quer participar de algo
extraordinário e dar o máximo de si a esse propósito. Quem aceita e espalha
mediocridade está destruindo a moral de seus funcionários.
ÉPOCA - Leitores costumam comentar com você casos em que eles tiveram
sucesso ao seguir os conselhos do seu livro?
Hunter – Eu escrevi O Monge e o Executivo há dezessete anos e, desde então, toda vez
que recebo um e-mail de um leitor contando uma história sobre como o livro o ajudou,
eu envio para a minha mãe. Hoje, ela coleciona milhares de casos. A maioria deles são
mensagens de agradecimento ou dizendo que perceberam, por qualquer razão, que
precisavam mudar de uma vez por todas.