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° . 8 Dialogia sss see hepsi org/10.5585/412022.21533 Recebido em: 20 dez. 2021 ~ Aprovado em: 17 fev. 2022 artigo @) Check for updates Adolescéncia e construgao da personalidade moral Adolescens. and moral personality construction Rita Metissa Lepre Livre-Docente em Psicologia da Educacio Universidade Estadual Paulista ~ UNESP. Baum, Sio Paulo — Brasil melissa.lepre@unesp.br @ faite de Otiveira Mestre em Docéncia para a Eatcagio Basia Universidade Estadoal Paiista ~ UNESP. Baas, Sio Palo ~ Bras. iamileliveinn@unesp br Resumo: A adolescéncia, enquanto um fendmeno sociocultural, traz em si diferentes aspectos da vida pessoal € social ‘que implica na constinuicio de cada sujeito humano. Este artigo, de cunho tedrico, resulta dos estudos realizados sobre 0 processo construtivo dz moralidade humana ¢ objetiva apresentar ¢ discutir a construgio da personalidade moral, com foco na adolescéncia, tendo como principal base tedsica os estudos de Puig (1998); tedtico e educador em valores de refecéncia na ézea, cnja vida ¢ obra se dedicam a esclaceces e aprofundar os estudos sobre o desenvolvimento da mosalidade, Dessa forma, foi realizado um cesgate do conceito de adolescéacia a fim de discutic esse fenémeno sob a perspectiva da echucacio em valores, enquanto construcio da pessonalidade moral, elucidando algumas possibilidades de introducio aos procedimentos de eclucagio moral ou em valores no ambiente educative. Palavras chave: adolescéncia; moralidade; educacio em valores. Abstract: Adolescence, as a socio-cultural phenomenon, bsings different aspects of personal and social life that imply the constitution of each human subject. This atticle, of a theoretical nature, results from stuclies carried out on the constructive process of human morality and sims to present and discuss the construction of moral personality with a focus on adolescence, having as primary theoretical basis the studies of Puig (198); theorist and educator in reference values in the area whose life and work are dedicated to clarifying and deepening studies on the development of morality. In this way, a rescue of the concept of adolescence was carried out to discuss this phenomenon from the perspective of education in values, as construction of moral personality, elucidating some possibilities of introduction to ethical education proceciuses of values in the eduestional environment. Keywords: adolescence; morality; values education, Cite como (ABNT NBR 023.2018) LEPRE, Rita Melissa; OLIVEIRA, Jamile de. Adolescéncia e constmucio da personalidade moral. Diap, S40 Paulo,. 41, p. 1-15, £21333, maio/ago. 2022. Disponivel em: https://doi.oxg/ 10.5585 /41.2022.21333. American Psychological Association (APA) Lepre, R. M., & Oliveira, J. de. (2022, maio/ago.). Adolescéncia ¢ construcio da personalidade moral Paulo, 47, p. 1-15, €21333. https:/ /doi.org/10.5585/41.2022.21333. jalega, SA Datoge Ho Pao, AL pT 5, SoESS5, mae Tags TOL ico da personalidade » Melissa; OLIVEIRA, Jamile de. Adolescéncia ¢ const Dialogia LEPRE, Rita 1 Adolescéncia, puberdade e desenvolvimento Nas sociedades ocidentais e contemporiness a adolescéncia é considerada uma etapa do Ciclo vital, ow seja, faz parte do desenvolvimento humano e suas transformagdes ao longo da vida. Zanelato € Ust (2021) apontam que a adolescéncia é um pesiodo do desenvolvimento relacionado fs mudangas fisicas € socisis, se constimindo como “um periodo de superagio das estruturas de consciéucia desenvolvidas desde a infincia € incorporacio de elementos da vida adulta, principalmente no que tange @ capacidade de pensar por conceitos ou desenvolvimento do pensamento tedxico” (p. 01) Todavia, a adolescéncia nfo é um periodo natuzal do desenvolvimento humano, que ocorre por maturagio de fatores biolégicos ou hereditivios, uma vez que é constmida a partic das relagbes sociais e da historia de uma sociedade. Segundo Ozella e Aguiar (2008), a adolescéncia “é criada historicamente pelo homem, como tepresentacio e como fato social € psicolégico. E constituida como significado na cultura ¢ na linguagem que permeia as relacées sociais” (p. 99). No Brasil, considera-se adolescente a pessoa entre doze e dezoito anos de idades, conforme o Estatuto da Crianga e do Adolescente (BRASIL, 1990) ‘A adolescéncia se diferencia da puberdade, ainda que chante a primeira ocomam as transformagées fisicas da segunda. A puberdade é um fendmeno biolégico ¢ fisiolégico, que acontece com todos os seres humanos, caracterizada, sobretudo, por mudancas corporais que envolvem © estixio (crescimento), 0 surgimento de caracteres sexuais secundizios © o desenvolvimento do aparelho reprodutor. Tais mudangas sio o resultado de importantes alteracdes hormonais, ocorridas em virtude das transformacées cerebrais, que interferem tanto na composicio corporal quanto no funcionamento neuzopsicolégico (HERCULANO-HOUZEL, 2005), A adolescéncia, por sua vez, é um fenémeno sociocnltsal que envolve seorganizacdes psicol6gicas importantes, frente as novas formas de se perceber € de se relacionar com o mundo. Segundo Souza e Silva (2018) é necessitio compreender que as mudancas que ocorrem na vida dos adolescentes sio de ordem organica, histérica e cultural. “Nao s6 os elementos maturacionais conformam as caracteristicas peculiares do funcionamento psiquico nesse perfodo, como também deteuminada sociedade constiéi uma particular concepeio de adolescéncia, historicamente determinada” (SOUZA; SILVA, 2018, p. 10). Considerando os aspectos histéricos, culturais, sociais e orginicos € possivel apontar construcées importantes no que se refere a0 desenvolvimento afetivo, cognitivo e sociomoral dos adolescentes. O desenvolvimento afetivo € a dimensio mais facilmente observada durante a Dialog, So Paulo WAT, p. PIS, SSS STARS Melissa; OLIVEIRA, Jamile de. Adolescéncia ¢ construgio da personalidade moral Dialogia "> adolescéncia, uma vez que a reedicio de aspectos da personalidade como 0 antoconceito © a autoestima provocam questionamentos e enfretamentos que levam adolescente a buscar respostas € aceitacio em grupos de iguais, manifestando suas preferéncias ¢ interesses mais ‘vigorosamente, na tentativa de afizmar sa personalidade e marcar seu papel na sociedad. © desenvolvimento cognitivo também apresenta importantes caracteristicas durante a adolescéncia, como a possibilidade de raciocinar a partir de hipdteses ¢ deduces, o que € permitido pelo pensamento formal. Esse tipo de pensamento possibilita a descentiacio dos sujeitos seivindicada pelos gmpos de pestencimento que estabelecem estilos e padides de conduta € pensamento para integrar-se 20 gmpo (PIAGET, 1932/1994) © desenvolvimento sociomoral, por sua vez, refere-se as construgdes voltadas 4 petsonalidade moral que considera © conjunto de valoses apreciados pelo sujeito, a iniluéncia recebida pelas diferentes esferas da sociedade ¢ a necessidade de atvibuir juizos, fazer escolhas tomar decisdes. No entanto, fazer escolhas significa tex opcBes € poder pensar sobue elas, por isso a importincia da construcio e do desenvolvimento moral, que petmitem estudar, refletir e praticar 08 procedimentos envolvidos na valoracio ¢ tomada de decisio pessoal (PUIG, 1998) © objetivo deste artigo é apresentar e discutir a construcio da personalidade moral com foco na adolescéncia tendo como principal refeséncia tedrica os estados de Puig (1998) e, por fim, aefletir sobue a educacio em valoses que ocome em wn impostante espaco da vida do adolescente a escola, 2.A construgao da personalidade moral com foco na adolescéncia A personalidade moual ¢ considerada uma consciéncia intelectual que se manifesta nas diferentes situacées vividas resultando da historia construida pelos sujeitos, do valor atribuido a essa historia e daquilo que se deseja se. Como parte do processo de desenvolvimento humano, toda personalidade é constmuida considerando as tradicdes intelectuais ¢ morais dos sujeitos, a diversidade de experiéncias tanto histérico-culturais, como as individuais, os problemas de valor diariamente encontrados e a subjetividade humana (PUIG, 1998). O processo de construcio da personalidad moral compreende as necessidades, vontades € pontos de vista de cada pessoa. E uma tarefa complexa que se sealiza por meio da interagio do sujeito com as pessoas da mesma idade e de idade diferente, em que se propicie a cooperacio ea participagio ativa na busca de solucdes para as situagdes conflituosas suscitadas nas interagdes sociais cotidianas. (PUIG, 1998). Datoge Ho Pao, AL pT 5, SoESS5, mae Tags TOL personalidade » Melissa; OLIVEIRA, Jamile de. Adolescéncia ¢ const ico da Dialogia LEPRE, Rita Vale lembrac, que as primeitas interages hnmanas sio baseadas no egocentrisme, isto é, hé uma tendéncia em satisfazer ‘inica e exclusivamente a vontade e a necessidade do portador da aco, que se mantém centrado em seu préprio ponto de vista. No entanto, quando os sueitos paimam, apenas, por seus interesses desconsiderando a opinillo, a necessidade € 0 intexesse do outto, as relagdes tendem a se esgotar facilmente, de forma a exigir que 0 sujeito se afaste, piogressivamente, de seu egocentrismo € se descentre. Na adolescéncia 0 apelo € a necessidade pelos grupos de iguais servem como uma motivacio para o processo de descentracio, ainda que outras catactesisticas do egocentrismo, agora seeditado, se xevelem durante essa etapa, como a piesuneXo intelectual (PIAGET, 1932/1994) Soma-se 20 processo de construcio de si o meio, ou seja, 0 espaco em que sio vividas as esperigncias, constituido por uma cultura mozal que varia de acoxdo com 0 contexto de cada um, como a familia, a escola, as midias sociais, nos quais os sujeitos aprendem e desenvolvem sua petsonalidade, socializando-se ¢ alaxgando suas amizades (PONCE, 2009; PALFREY; GASSER, 2011). A adolescéncia € um periodo no qual todas essas constiugdes esto em ebulicfo © a personalidade moral em pleno desenvolvimento. Todo meio possui um contexto que estabelece os compoxtamentos esperados daqueles que dele participam, isso porque esti permeado por expectativas que devem ser cumpridas partindo dos valores morais, dos costumes ¢ da necessidade de (auto)segulaciio para que baja a convivéncia miitua, Sao essas estruturas que orientam os sujeitos na tomada de decisio sobre as atitudes respostas que sio esperadas ¢ necessérias dentro das situacdes, sio entidades simbélicas que pautam as formas de vida coletiva e lhes dio significado (PUIG, 1998) Ente os tipos de meio existentes, Puig (1998) organiza-os de acordo com o aleance deles na vida dos sujeitos. © micro ¢ mesomeia sio aqueles que influem diretamente na relacio entre os sujeitos, pois deles participam de forma ativa, é possivel destacar a familia e a escola, Ji 0 macio € exontio Sio aqueles que nfo incluem os sujeitos ditetamente, mas que afetam seus meios de patticipagao direta, a saber, as formas de organizacio societirias e os meios de comunicacio. Confoume Vargas Cordero (2004), Escaméz et al. (2007) ¢ Bessios-Valenzuela ¢ Busatsais- Estrada (2013), os valores morais sio qualidades que permitem tomar 0 mundo um espaco habitivel, distinguindo formas ideais paa se guiar na hora de escolher uma atitude ou conduta. Os valores morais regem € dio sentido a vida, sio divididos em valores individuais e valores sociais, enfatizados pelo momento historico em que se esti inserido. A aquisicio de um valor € processual, axsaigada 20 sujeito por alguns passos interligados, primeiramente, ocosse o reconhecimento e a selecio dos préprios valores morais, uma escolha livre Dialog, So Paulo WAT, p. PIS, SSS STARS .as OLIVETRA, Jamile de. la personalidade moral ¢ construgio Dialogia == com base nas altemativas ¢ anilise das conseqnéncias da selecio que implicam no bem-estar om malestar social. Em segnida, 0 sujeito precisa apreciar os valores escolhidos, querer praticé-los e compreender a importincia deles, esse paso favorece que o sujeito aprenda a defender publicamente os seus valozes e consiga atrelé-los 4 sua conduta, por fim, tais condutas devem sex repetidas constantemente (PUIG, 1998; VARGAS CODERO, 2004; ESCAMEZ et al., 2007). A fiequente escolha por um mesmo conjunto de valores € comportamentos resulta em cexta ctistalizacio do eu, consolidando a personalidade do sujeito. Assim, a consciéncia moral finciona como um regulador moxal, ums estrutura de processamento de informacio, por meio da qual se estabelecem os jnizos, amparados nos valores pessoais € universais, em busca da boa convivéncia entre as pessoas (PUIG, 2004), No entanto, essa tarefa nto é simples, requer a disposicHo racional e dialégica que possibilite a combinacio do juizo & actio moral adequada pata cada situacio. E desejavel que haja retidio nos julgamentos estabelecidos para que a aco moral, xesultante das escolhas feitas, seja coexente 4 situacio, independentemente da opiniio alheia. Implica, portanto, a autonomia moral, que prdpsio sujeito deseje © se comprometa em agir corretamente Diversos fatores podem infhienciar © julgamento e a acto moral: a necessidade de sobrevivéncia, os principios morais préprios ow aqueles advindos do pertencimento a um grupo social. Sabe-se que # linguagem é uma forma de promocio da consciéncia moxal, por meio dela 0 didlogo acontece ¢ mobiliza © comportamento, propiciado quando hé 0 desenvolvimento da cooperacio, do consenso, da descentragio, do reconhecimento da perspectiva do ontro, da critica as normas e valores e, entio, da tomada de decisio livre e pessoal (PUIG, 1998) E a estrutura cognitiva a responsivel por relacionar os acontecimentos ¢ ordeni-los por meio de conexées ativas que envolvem © pensamento ¢ as experiéneias anteziores. Toda conduta inclui uma estrutura cognitiva que, segundo as teorias cognitivo-evolutivas, resultam da interacao do organismo com o seu meio € passam por tim proceso de desenvolvimento ao longo da vida (KOHLBERG, 1992). © desenvolvimento moral também ocorre por meio de um caminko psicogenttico. Piaget (1932/1994) apresenta trés momentos do desenvolvimento da moralidade: a pré- moral, em que mio bé obrigacio com o sespeito As segras, a moral heterondmica em que a obediéncia & norma ocorte por stibmissio e medo das consequéncias, vinculada ao prestigio social ©, por fim, a moral auténoma em que ha reciprocidade nas relacées, considerando os papeis que 68 sujeitos ocupam € as consequéncias das decisées tomadas, Na autonomia moral, as xegias so Dialog, So Paulo WAT, p. PIS, SSS STARS Rita Melissa; OLIVEIRA, Jamile de. Adolescéncia ¢ construgio da personalidade moral Dialogia “= compreendidas ¢ praticadas de forma livre, consciente ¢ responsivel, acordadas pelos conteatos interpessoais. Algumas sociedades adotam 0 absolutismo moral que parte de uma moral heteronémica, na qual as noxmas € os valozes sio impostos ¢ inquestioniveis ¢ a autoridade é reconhecida como digna de ser obedecida. A 1eligiao, 0 historicismo e 0 sociologismo podem, por vezes, ocupar esse Iugar de imposico de valores absohitos. A autonomia moral, no entanto, acontece quando ha wma mudanca na consciéncia individual a pastir do reconhecimento da necessidade das noumas e da vontade de agi couetamente (PUIG, 1998). Durante a adolescéncia, a constmcio da possibilidade de raciocinar por hipéteses € conceitos cientificos possibilita ao adolescente questionar regras sociais e confrontar valores morais. A assimilacdo xacional dos valoxes ¢ das xeguas € que define 0 tipo de moral existente, o que niio deve ser considerado algo estanque, tendo em vista que uma mesma pessoa pode oscilar no seu nivel moxal dependendo da situacio em que manifeste seu pensamento € acto moral, Nas interacdes sociais, a estrutura cognitiva assimilada ¢ transformada em um processo de acomodagao que parte da sittagio contlitiosa. Os niveis e estigios morais propostos por Kohlberg (1992) aprofundam os estudos de Piaget (1994) e permitem identificar 0 nivel de desenvolvimento moral dos sujeitos com base nos jnizos morais manifestos em situacdes conflitantes, os dilemas moxais hipotéticos. Nao se ampaam em respostas tinicas € assertivas, mas sim no conjunto de respostas e juizos para diferentes situagdes contextualizadas Koblberg (1992) propés seis estigios do desenvolvimento moral (Quadio 1) que se definizam pela resposta a dilemas morais hipotéticos, por meio de uma entuevista semiestauturada intitulada Moral Judgement Interview (MI). A temética dos dilemas morais estava voltada 4 nocio de diteito 4 vida, obedigncia & lei, castigo, diteito de propriedade, justica e acordos, em que é posto uum conflito moral cuja tomada de decisio é necessitia. Os seis estigios mozais, estabelecidos com base no raciocinio moral expresso nas respostas, foram oxganizados em tés niveis: pré- convencionais, convencionais ¢ pés-convencionais. ‘A compreensio dos niveis permite aprender os estagios particulares, descrevendo a passagem da heteronomia pata a autonomia, No nivel pré-convencional, a nosma € considerada algo externo 20 sujeito, por isso € obedecida tigorosamente; ha medo do castigo. Esse nivel pode perdarar até os 9 anos de idade e manifesta-se pela limitacio na compreensio de que convencional € aquilo que é comum aos sexes sociais (KOHLBERG, 1992; LINDE NAVAS, 2009). Dialog, So Paulo WAT, p. PIS, SSS STARS .as OLIVETRA, Jamile de. la personalidade moral ¢ construgio Dialogia == No nivel convencional so priorizadas as nonmas ¢ os acordos estabelecidos na vida em sociedade, ha primazia pela autoimagem e pelo bom funcionamento social, est presente na idade adolescente e adulta. No tltimo nivel, pés-convencional, as normas sociais também sio respeitadas, todavia os sujeitos percebem-na como imersa em ptincipios coletivos. Em situagdes na qual as normas entram em conflito com os principios defendios pelo individuo, ha primazia do principio sobre 0 acordo. Esse estagio s6 € alcancado em idade adulta, apés os 25 anos de idade (KOHLBERG, 1992; LINDE NAVAS, 2009). Quadro 1 — Niveis ¢ estigios momais propostos por Kohlberg (1992) 41. OBEDIENCIA x PUNICAO 3. PAPEL SOCIAL 5. CONTRATO SOCIAL ] irentste iis con tasona (MM “A raids § cena plo tom fl Aoriade 6 cetrca pas ops cecil bslda is oes: desert 8 ppl sa acon. Senta a pungio eds end ada 0 super Prema pos drotos bscos dos “a consequéncias para o sto; a “a inividuos 3 “Oost autre z -Dicudode em repro qe ele & -Eooettica z & como queer S & 3 7 2.HEDONISMO @ 4LELEORDEM 6. PRINCIPIOS DA CONSCIENCIA SS armrteon corte 2 Bn mente 6 ante gen Bl“ Arras ttn pte Z scisucio des rcestes manson tae sia a rere bea: & sesso & “Datropepasorges & “Pinay pos de vita morgan 4 “hcinlite concn pima pelos = Oss aero ntametsoa oo porto gh etabelce on cri: & prooisinleresses. evista sci. Q -O'ncviu0 € capaz de recoreer a esaéncia moral: pessoas com fm do come mao. Fonte: Bascado em Kohlberg, 1992. Elaborado peas antoras, 2021 Quanto mais avangado 0 nivel de desenvolvimento moral maior repestéxio de vivéncias sociais é requetido dos sujeitos. O desenvolvimento cognitivo permite compreender as diferentes perspectivas de pensamento, por isso, geralmente sio encontrados em pessoas com idade adulta, pois exige ume estutura mais consolidada, No entanto, nem toda pessoa adulta aleanga 08 niveis pés-convencionais, na verdade, poucos galeam tal moralidade (KOHLBERG, 1992). Ao se referir 4s contsibuicées de Piaget ¢ Kohlberg na educacio moral, Puig (1998) evidencia 0s estigios do desenvolvimento ¢ a supetioridade dos juizos morais auténomos que quanto mais prosimos da p6s-convencionalidade mais desejaveis e aperfeicoados serio. Assim, a autonomia torna-se o alvo da educacio moral ou em valores, pois consolida o carter livre, exitico ¢ responsivel das personalidades moras (© camino pelo qual se consti6i a tansiclo da heteronomia para a autonomia moral envolve a clatificacao de valores morais ¢ a convivéncia respeitosa em que os sujeitos aprendam conjuntamente, sem a necessidade de agirem uns iguais aos outros ou por coercio. A moral Dialga, So Paula FA, p. PAS, SEIS maa TOE Rita Melissa; OLIVEIRA, Jamile de. Adolescéncia ¢ construgio da personalidade moral Dialogia “= auténoma é gtiiada por principios criticos ¢ livres adquicidos no exercicio ativo da razio, do dislogo € do acordo feito entre os membros da sociedade (PUIG,1998; PONCE, 2009) Nesse sentido, a consciéncia moral anténoma € constnuida por meio de procedimentos a que © sujeito ¢ submetido, dispondo de secursos que o possibilite enfientar seus conilitos sem dogmatismo ou imposisio alheia, Os procedimentos da consciéncia moral sio: juizo moral, compieensio ¢ autorregulacio. (PUIG, 1998) A elaboracio de 1az6es amparadas em principios morais é 0 que se nomeia juizo moral, desenvolve-se em um movimento de sefles io constante para que as justificativas légicas utilizadas norteiem as escolhas corretas. © jnizo moral s6 € alcancado quando a aco € coexente & situacio enfientada, Para se obter a coeréncia € necessirio que todos os envolvidos reconhegam 0 conflito € se comprometam com a situacto dialégica, evocando outro procedimento da consciéncia moral, a compreensio. E por meio da compreensio que os sujeitos sio capazes de discutir os aspectos questionados, dimensionar a peculiatidade situacional ¢ desempenhar os valores apreciados. (PUIG, 1998). A compreensio nasce dos questionamentos levantados em rela¢io a0s posicionamentos tomados, por ela se exercita a anilise do todo para a parte e da parte para o todo, ocasionando 0 entendimento racional da situagio de forma pessoal ¢ alheia, Tal entendimento gera uma conduta que € processada e analisada pela autorregulacio. O esfoxco para ditigir a si mesmo é a esséncia da autorregulacio, nesse procedimento encontra-se a intensificacio da relacio interior, do eu. consigo mesmo, que implica a agi moral, 0 jeito de ser ¢ os hébitos desejados, responsiveis por moldar a personalidade moral do sujeito. (PUIG, 1998). E na automegulacio que sio considerados os propésitos, os interesses, as metas € cxitézios que delimitam a acio cocrente a0 jnizo moral dando origem aos habitos almejados e conscientes Por isso, envolve 0 autoconhecimento, a autoimagem © 0 estar consciente do poder para autodeterminar-se, ou seja, ser cxitico sobre 2 realidade ¢ sobte si, avaliando os resultados obtidos em um didlogo interior que incorpore as vazes sociais e a voz do en. (PUIG, 1998) Esses procedimentos sio necessitios para que o sujeito esteja apto a uma conduta adequada, sensivel ao contesto ¢ correta moralmente. Nota-se que existem tracos comuns em cada etapa da consciéncia moral. © primeiro a universalidade, qualquer individuo pode apoiar-se nesses ptocedimentos, mio h4 uma ordem sigida entre as etapas, mas, sem diividas, todas sto necessiias para que se obteaha a passagem da heteronomia para a antonomia moral, estio amparadas na dialogicidade ¢ expressiio das emocdes, por fim, requerem uma constincia, ou sefa, que os procedimentos se aperfeicoem e repitam diariamente (PUIG, 1998). Dialog, So Paulo WAT, p. PIS, SSS STARS Melissa; OLIVEIRA, Jamile de. Adolescéncia ¢ construgio da personalidade moral Dialogia "> O papel da comnnidade no proceso de formacio da personalidade moral nto pode ser esquecido, os valores morais sio insepariveis da ética procedimental e surgem, justamente, pelas exigéncias sociais a fim de que o mundo seja habitivel. (ESCAMEZ et al., 2007). As situagdes conflituosas apelam para que os valozes sejam convestidos em hébitos, os quais se obtém por meio dos procedimentos que constitem personalidades morais diversas em componentes valorativos. Nesse sentido, sto reconhecidos alguns valores que se fazem marcantes em cada etapa da ética procedimental, os quais dividem-se em valores ptiblicos e privados, de acordo com tipo de tclacio estabelecida no curso do desenvolvimento moral, como demonstrado no Quadzo 2. Quadro 2 — Valores evidenciados na ética procedimental ETAPA VALORES PUBLICOS — VALORES PRIVADOS PROCEDIMENTAL Tgnaldade Reconhecimento Juizo Moral Justica Rentincia Liberdade Verdade Benevoléncia ‘Abertura a0 dislogo Respeito ‘Amor Compreensio Solidaiedade Considesacio Tolerincia Empatia Compromisso Coerencia Antorregulacio Cooperacio Responsabilidade Pasticipacéo Vontade cle valor Fonte: Elaborado pelas autozas com base em Puig (1998). Nota-se, a pautir do Quadro 2, que dentro de cada procedimento da consciéneia moral os sujeitos necessitam dispor de valores morais pessoais, no caso privados, para que os valores morais, piiblicos sejam exercidos. Assim, por exemplo, para que a igualdade seja vivenciada os sujeitos precisam reconhecer-se e remunciar-se, ¢ consequentemente abritem-se 20 dilogo, empatia e consideragio pelo outro para exercer © respeito ¢ a tolerincia e, por fim, desenvolver a aesponsabilidade ¢ coeréncia para que viva um efetivo compromisso e pasticipacio piblica. Ao se referir a esse conjunto de valores pitblicos e privados, Puig (1998) esclarece que dizem respeito 2 valores minimos que sio requeridos dentro da macro € da microética, isso porqmne cada sujeito no curso de sua vida vai ampliando seu arcabouco valorativo conforme os acordos estabelecidos ¢ aprovados por ele. Ademais, a lista apresentada cvoca outros valores morais que nio foram explicitados, de forma que nao hé necessidade de esgotar todos os valores morais existentes. Como jé afitmado, a aquisicio de valores se faz no desenvolvimento da personalidade moral partindo dos procedimentos da consciéncia em que os valores procedimentais se unem aos substantivos ou Dialogo, Sie Paulo FA, p PIS, ESSE maa DOD ‘a Melissa; OLIVEIRA, Jamile de, Adolesc? Dialogia *".» ptivados e, poco a portco, consolidam o cariter moral de cada sujeito em tim modo de ser valioso € pessoal (PUIG, 1998). Em sintese, foram organizados os conceitos fundamentais para a compreensio da constnucio € do desenvolvimento da personslidade mozal sob a perspectiva de Puig (1998), discutidos ao longo deste attigo, ¢ que sio resumidos no Quadro 3 objetivando facilitar a compreensio individual de cada leitor € a poss fl consulta durante ¢ apés a leitura do texto, Quadro 3 ~ Conceitos relacionados a personalidade moval definidos por Puig (1998) Desexitor Delinigio “Capaddade para dig por mesmo a propsia condata [-] sistema intemo € aurénomo de coatrole da condiats moral” (PUIG, 1998, p. 113-114) “Atividade universal olentads a capt o sentido da vealidade singulare lstorica Compreension 4 partir da problematizacio dos juizos puévios dos sueitos [J aiuda a determinar ‘0 que é justo em cada situacao concreta” (PUIG, 1998, p. 108), “Capacidade de saciocinar com antoaomia diante de amagies de grade dliversdade ¢ moralmente contuovessas” (PUIG, 1998, p. 94) “Faculdade de jalan a retidio de juizos on agées moras [-] compoe-se dos Conseizncia moral ‘meio procedimentais par enftentar de modo conto os problemas morais™ PUIG, 1998, p80; 105). “Se sinia ao ‘care’ ¢ a0 mesmo tempo torilmente individual ¢ rorilmente Construgio moral influenciada pels srlagio com os demais. A decisio sobue como viver é pessoal social” PUIG, 1998, p27) “Processo de aquisicio de informagoes que se converte em conhecimento, em Educacio valores, em hubilidades em modos de comprecasio do mundo [.] uma sdaptasio otimizante, csitea ¢ evolutiva” (PUIG, 1998, p. 24) “E essencialmente tum processo de constsugio de si mesmo [-] medinate om Ediucacio moral tuabalbo de seflesio e acio a partir das ciscunstincias que cada sujeto vai cencontsando dia a dia” (PUIG, 1998, p.19-20) “Processo complexo que inclu divessos niveis de formuaglo, desde aquisicio de Formagio mocal couvengdes torisis at a confignricio da cousciéncia moral anténoma” PUIG, 1998, p. 23). “Peoduros calmirais que ajudam 0 wijelor 4 pensar, a comporante 6 em defiitivo, a constmuic-se como pessoas morais [.] valores, modelos pessoais, acotdos ¢ declaracies, o as tadicdes e as teenologias do eu” (PUIG, 1998, p 156.157), “Refesimo-nos a algo que, metafosicamente, podemos chamas de textara moral, ‘quiga porque nele se entiecruzam diferentes fios valosativo [.] Crstaizagio dinimica de uma inginita diversidade de possibilidades biogrificas de valor que cada sugito deve tecer pasa si mesmo” (PUIG, 1998, p. 134). “Faculdade que pemntem que sejam formadas opinides racionais sobre o que deve ser [.] ¢ um instumento da couscitncia moral que usado quando Jui2o moral ddevemos enftentar situagées dffceis, sitmagées ou fatos de indole pessoal, {ntexpessoal ou social que apresentam um contlito de a¢io ov uma contiovérsia de solucio complesa” (PUIG, 1998, p. 105-104). “Rmbito ode sfo vividas as expenncias que pesmizem a cada svjeito Anronegilagio Conseiéacia suréaoma Gris de valor Ieentidade mosal Neo definicio dos problemas sociomossis” (PUIG, 1998, p. 154). “Qualquer constmugie Smbdlica cuja nalidade € mostax, medante uma Modelo moral sepzesentagio exemplar, algum principio o comportamento ético” PUIG, 1998, p. 202), “Forma de segular os compoitamentos dos sueitos para tomar possivel uma Mosalidade ‘couvivéncia social tina e uma vida pessoal desejivel” PUIG, 1998, p. $0) Dialga, So Paula FA, p. PAS, SEIS maa TOE Dialogia LEPRE, Rita Melissa; OLIVEIRA, Jamile d . Adolescéncia ¢ constru Deseator Dekinigio “Modelos, segias © padktes de condutas jf estabelecdos © que devem sex obsesvadas em determinadas sitsagie=" (PUIG, 1998, p. 156 “Atinudes, comportamentos ¢ relacoes que sio espesados de uma pessoa que ‘ocupa uma detesminada posicio no interior de um meio, bem como as asitades, comportamentos ¢selagées que sio espesados das outexs pessoas com respeto 4 primers" PUIG, 1988, p. 156 “Autonomi sellesiva ¢ condom da comsGada, que toma posses Pessonatidade moral procedimentos como juizo, a compieensio ¢ a autorsegulacio. (PUIG, 1995, p. 124 “Meior que peimitem a deliberagio © a deeclo monl que, em condigBes nosis, todos of stjetos desenvalvems desde wim ponto de vist Funcional © Procedimeatar ds | priceldgico, e que mais aede podem chegar a scetar e valosizar sob uma consciéacia moral perspeciva moma (.] sio instrumentos que mascam wma linha de conduta valiosa, mas que no justifieam nem conduzem a nenlm po de uniformidade 0x dogautismo moral” (PUIG, 1998, p. 103). “E wma dsposicio do syjeito, de indole faacional, que Ihe permite combinaz 0 nifcada confltivo da informacio moral que secebe do sieio com tm tipa de Regier moe jazocagoes qu dio wsposs adequads i ustlemiica socemou” PUIG, 1998, p90). “Desentiaalat © que nov putee peswoalmente coweio ante de saagees conteovertidas, ¢ supée tamibém sentir-se obrigado pos si mesmo a fazé-lo com independéncia dos pontos de vista e das pressoes cxcundaates” (PUIG, 1998, p78) “[aqucle que q| capae de agit de acoxdo com sun propia vontade [.] a decisio pessoal esti apoiada em tim processo de seflexto que ha de levax a qneses algo fandameatado em motivos¢ az6es, Deste modo, a mutonomia teré uma vontade uunivessal” PUIG, 1998, p. 80). io pritices que o2 individnos seaizam sobre a micamon, caja mera ealizagio Tecuclogiae do ew ji € valions, eabora seu valor minim cesida nas tmanefomnagdes peesonis que pproditzem” PUIG, 1998, p. 200 “Nos dizem como devem ser as coisas [.] oferecem ceriezas aa detenminacio Valores do coureto, assim como objetivore motivacSes pata a condita humans" (PUIG, 1998, p. 200 Fonte: Ehiborado plas autora, 2021. Notmas Papéis Ses mosal Suieito auténomo A compreensio desses conceitos e da forma como estio amalgamados é enucial para que se entenda 2 construc da personalidade moral na proposta de Puig (1998). Durante a adolescéncia a personalidade moral, por meio do juizo, da compreensio € da autostegulacio, esta em plena constmucio e fostemente selacionada as experiéncias relacionais. Entie os diversos espacos & ambientes que 0 adolescente fiequenta ¢ estabelece relacdes, destacaremos a escola € sa potencialidade na sealizacio de uma educacio mozal ou em valores com vistas & constructio da moralidade auténoma, 3 Discussées e consideragées finai personalidad moral escola como espaco de construgao da Ao apresentar a concepcio de Puig (1998) sobre a constru¢io da personalidade moral, espera-se esclaecer que se tuata de um proceso continuo e 1elacional que eavolve 0 sujeito, seus pares, a cultura € a sociedade como um todo. Nesse sentido, a Educacio Moral ou Edncacio em la personalidade moral Dialga, So Paula FA, p. PAS, SEIS maa TOE Rita Melissa; OLIVEIRA, Jamile de. Adolescéncia ¢ construgio da personalidade moral Dialogia “= ‘Valores implica em trazer para os contextos edhucacionais as experiéncias qque sio vividas dentro fora da escola, de forma que essas diferentes situacdes se tomem objetos de discussio problematizacio entre os sujeitos para o desenvolvimento de si mesmos e do grupo promovendo a pasticipacio e a xesponsabilidade. (O educador se coloca como mediador expetiente que também se faz aprendiz a0 propiciar € abuir-se para o exercicio do diflogo em que sio manifestadas as diferentes perspectivas sobre uma mesma circunstincia e a vatiedade de valores morais defendidos, o que encoraja os sujeitos a desenvolverem a descentracio, a compreensiio € © respeito miituo estabelecendo um ambiente acolhedor e reflexivo. Se assemelha ao trabalho realizado nas oficinas, nas quais os aprendizes e tutores trabalham em conjunto para constauir um objeto, de fouma que o conhecimento se adquixe pessoalmente no préptio ato constentivo que permite modificar e aprimorar 0 conhecimento confoume a percepcio do construtor pata o aleance do melhor resultado (PUIG, 1998). © objeto de construcio, no que tange a Educacio Moral, é 0 proprio eu, 0 ser moral, que enfienta diariamente a necessidade de tomar decisbes ¢ avaliar as escothas feitas de fooma que obtenha a justa medida de decidir aquilo que é correto e bom em relacao as demandas pessoais e coletivas. E impsescindivel que a Educacdo Moral aqui defendida no se confunda com dogmatismo ow imposigio de valores morais, o Ambito educativo enquanto construcio se efetiva na miiltipla patticipagio de todos os envolvidos que sendo sujeitos morais posstiem necessidades, priotidades ¢ juizos préprios, os quais, necessitam sex pensados e repensados tamando como referéncias os guias culturais de valor para que se legitimem ¢ convivam os diteitos e deveres de todos “Temos de promover uma pedagogia que, em vez de transmitir wm saber acabado, ajude 0 educando a adquitir, por si mesmo, aqueles recursos culturais de valor que sio de utilidade” (PUIG, 1998, p. 230). A aquisicio desses guias de valor parte de uma clarificacio, em que sio reconhecidos as valores morais que permeiam as relacdes humanas ¢ as regras estabelecidas nos ambientes de convivéncia ¢ da necessidade de combinar esses valores em jnizos que sejam coexentes is situacdes conflituosas enfrentadas, o denominado regulador moral. © contesto proposciona as experigncias sociomorais; todavia sabe-se que © meio sugere uum tipo de esposta e conduta aos sujeitos que nem sempre pode sex considerada dtima ou desejavel, principalmente quando os vinenlos se baseiam na hierarquizagio ¢ dominio entre as pessoas, Isso implica o exercicio de uma consciéncia que seja capaz de defiontar as metas, as Dialog, So Paulo WAT, p. PIS, SSS STARS .as OLIVETRA, Jamile de. la personalidade moral ¢ construgio Dialogia == possibilidacles de comportamento, as formas de regnlacio ¢ os dispositivos fisicos que o contexto estabelece. Isso significa pensar sobre aquilo que € esperado de si em relagio 4 tomada de decisées, sem ignozar a fouma como se estubelecem as relacdes intexpessoais, os intexesses existentes © os recursos disponiveis que norteiam a vida em sociedade e evita o dominio das relagdes perversas € egoistas que visam apenas beneficio de alguns. Para que se alcance esse nivel de reflesto é preciso a troca com © outro, tendo a presenca daquele que possa contribuir para a elevactio moral dos sujeitos, ou seja, um adulto que conheca como se di o desenvolvimento moral lhumano € possa colaborar para 0 progressivo aleance da autonomia moral (PUIG, 2004), Entre os adolescentes é possivel iniciar a constiusio da personalidade moral mobilizanco os procedimentos da consciéneia moral a pastir da discusso dos temas de intexesses do grupo, das opinides sobre questées que estejam circulando socialmente, conhecendo suas preferéncias leitoras, seus acessos fs redes sociais ¢ as platafoumas vistuais. ‘As midias, de wma forma geral, fornecem uma vasta possibilidade de materiais que podem introduzir rodas de conversas, convidar as pessoas a pensar sobre os contetidos que circulam e como estao relacionados com suas vidas. Nessas atividades pode-se convidar os adolescentes a se debmagarem mais sobre 0 préprio ex, desenvolvendo 0 antoconhecimento € as projecdes sobre quem desejam sex. O multiculturalismo ampliow a diversidade moral e trouse novas exigéncias para a educacao em valores, qute envolve a tomada de decisio pessoal perante uma situagio de grande diversidade de vozes e posturss. Nesse multicultusalismo, deparamo-nos com 0 contexto midiético que influencia o posicionamento juvenil frente as situacbes complesas da vida (GARCIA; PUIG, 2010), Por isso, ¢ signiticativo desenvolver a consciéncia de si mesmo, a clatificacio pessoal, a integracio das experiéncias biograficas e projeio para 0 futuro, a capacidade de autontegulacao e a autonomia pessoal. A escola por proporcionar situacdes formativas € significativa para a constmucio da personalidade de cada estudante, pois estabelece uma cultura moral, ou seja, uma forma de sex que a define € pemnite aos seus membros se manifestarem ¢ se tansfoumaem (GARCIA; PUIG, 2010) Por fim, na busca de uma sintese, pode-se afismar que durante a adolescéncia a petsonalidade moral esti em construcio e se relaciona com todas as dimensdes do desenvolvimento, Uma vez que se defende a ideia de uma construsio ativa, é imperative ratificar que a moralidade é construida, ¢ nfo inata, ¢ que para que se desenvolva em toda a sua Dialog, So Paulo WAT, p. PIS, SSS STARS o da personalidade Dialogia LEPRE, Rita Melissa; OLIVEIRA, Jamile de, Adolescéncia ¢ constr potencislidade, é proposto tum trabalho com a ecitcaco moral ott em valores envolvendo a escola, a fumilia e todos os setores da sociedade. E imprescindivel ressaltar que defender a educacao moral nao se refere a concordar com a imposigio de condutas e valores mozais estabelecendo um clima de medo e punicio. © papel da escola é justamente o de propiciar um ambiente de liberdade js discusses para que sejam compteendidas as dimensOes do ser moral de cada sujeito que responde por suas escolhas ¢ habita em um mundo que nio é exclusivamente seu. A escola enquanto espaco pata aprender ¢ desenvolver conhecimentos € 0 espaco de (anto}constmiix-se, pois engloba saberes das diferentes dimens6es da vida e deve auxiliar seus patticipantes na superacio de suas intengdes egoistas e defensivas em busca da satisfacio de suas vontades a todo custo. Por ser um ambiente plusal € coletivo enseja os desatios da vida em sociedade e promove a necessidade de cooperar, seconhecer e respeitar 0 outro, ouvir as diferentes opinides etc. Isso ativa a foumacio cidadi que presume a convivéncia responsivel e respeitosa de todos os membros da sociedade, assegurando seus direitos e devetes. Referéncias BERRIOS-VALENZUELA, L; BUNARRAIS-ESTRADA, M. R. Educacién en valores: andlisis sobre las expectativas y los valores de los adolescentes. Revista Educacén y Educadores, vol. 16. n. 2. p. 244.264, maio/ago. 2013. Disponivel em: https:/ /doiorg/10.5294/edu.2013.16.2.3. Acesso em: 20 dez, 2021. BRASIL. Li 8,069, de 13 de julho de 1990. Dispoe sobre 0 Estatuto da Crianca e do Adolescente ¢ di outras providéncias. Didtio Oficial da Unido, Brasilia, 16 jul. 1990. ESCAMEZ, J; LOPEZ, R G.; PEREZ, C. P.; LLOPIS, A. E/ aprendizaje de valores y actitudes: teoria y prictica. Barcelona/Espanha: Octaedzo, 2007, GARCIA, X. M; PUIG, J. M. 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