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M1 - Planejamento Regional
UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí
Acadêmica: Ágatha Saraiva
O livro em epígrafe tem como objetivo geral analisar a relação entre as organizações
regionais de diferentes metrópoles, informar o que há em comum na sua estruturação e
funcionamento, bem como o que há de diferente entre as mesmas, fazendo paralelos
interdisciplinares.
A segregação acaba sendo mais discrepante a medida que é analisado que, não bastando a
dificuldade de deslocamento das classes mais baixas, as mesmas são normalmente jogadas
para a periferia dos núcleos urbanos, ficando longe dos grandes centros que possuem valor
de terra mais elevado e consequentemente tendem a ser ocupados pelas classes altas e/ou
pelo poder institucional e comércio de grande escala. Logo, além de serem afastados do
centro de atividade urbana, automaticamente são afastados do polo de empregos, que gera
diariamente o fluxo alto de trabalhadores saindo das periferias e se deslocando,
normalmente muitos km, até seus trabalhos. A rotina gerada pela malha urbana citada
acaba por tornar o trabalhador de classe baixa/média refém do ciclo trabalho, residência,
trabalho, e assim por diante. Torna então o lazer elitizado, sendo que o tempo acaba se
tornando a moeda de troca para conquistar o mesmo, tempo esse que a classe trabalhadora
acaba perdendo com a grande distância e falta de infra-estrutura de deslocamento público.
É abordado a diferença nas falas de Castells, que trata das cidades da Europa Ocidental, e do
Gottdiener, que estuda os espaços intra-urbanos na América do Norte. Ambos aparecem ao
longo de todo o livro, falando sobre seus respectivos estudos e observações, que acabam
dificilmente se aplicando ao Brasil, nem sempre agregando ao conteúdo do texto. Para nós,
diferentemente dos casos internacionais, a posição hierárquica da cidade e sua estruturação
passa pelas suas estratificações sociais, pela diferença absurda de poder econômico e
político entre as classes, sendo uma constante luta em torno das vantagens e desvantagens
do espaço construído.
3
No capítulo 3 é analisado a expansão espacial dos núcleos urbanos e suas contradições entre
as expansões e seus limites político-administrativos entre municípios. A conurbação (fusão
de áreas urbanas) e a absorção de núcleos urbanos entre si acaba crescendo ao longo da
história. O processo de conurbação ocorre quando uma cidade absorve centros urbanos em
sua volta, se encontrando ou não no mesmo município, de maneira orgânica. Já a absorção é
quando é desenvolvido intensa vinculação socioeconômica entre núcleos, assim como
Florianópolis e São José, por exemplo. O vínculo pode vir por conta do deslocamento
espacial humano recorrente e/ou comunicação. Isso significa que é consenso que os limites
político-administrativos não delimitam satisfatoriamente a cidade enquanto ente
socioeconômico e físico. A natureza orgânica e muitas vezes irracional torna esse processo
fascinantemente humano.
Mostra-se então uma nova fase de crescimento urbano, a expansão física das cidades e sua
íntima relação entre os tipos de transportes utilizados e suas vias de locomoção. Por
exemplo, enquanto as ferrovias favorecem o crescimento polarizado em torno de suas
estações, as rodovias provocam algo mais rarefeito e menos nucleado por ter diversos tipos
de acessibilidade em seu decorrer. A acessibilidade então entra novamente em questão,
variando de acordo com os veículos utilizados e seus meios de transição, influenciando não
somente o arranjo interno das cidades como a sua expansão urbana.
potencialmente urbano ou não. As vias acabam tendo papel crucial nessa análise, uma vez
que sua simples presença já significa melhoria de acesso, tanto interurbana quanto
intra-urbana, constituindo, principalmente em escala regional, um poderoso elemento na
atração da expansão urbana.
Outro ponto importante destacado é os obstáculos naturais que acabam por moldar a
morfologia da cidade fisicamente falando, um exemplo disso é a própria Florianópolis que,
por ser uma ilha, tem seu crescimento mais ligado ao mar e a posição estratégica do centro
da cidade em relação ao continente, onde há grande relação de mercado e fluxo humano.
Em suma, o livro aborda de forma geral, nos capítulos analisados, diversos temas em torno
da temática intra-urbanística e regional dentro do Brasil. O estudo se mostra importante e
extremamente interessante pela facilidade de nós, brasileiros, relacionarmos os casos e
características apontadas a lugares e vivências pessoais. Porém o texto em sua maioria é
extremamente repetitivo. Utilizando de perguntas para trabalhar em conjunto com o leitor,
torna-se uma boa tática de prender a atenção e deixar o texto dinâmico, porém o artifício é
utilizado diversas vezes, deixando o leitor exausto, muitas vezes frustrado, por nem sempre
obter respostas. Ocorre também confusão com os diversos autores referidos dentro do
texto, que são trazidos recorrentemente de forma a embasar análises pessoais que acabam
nem sempre casando com a citação mencionada. No geral o livro traz uma boa reflexão,
principalmente acerca da relação do urbanismo com a luta das classes sociais e seu espaço
na sociedade, física e filosoficamente falando. Contudo poderia ter sido melhor estruturado
para uma leitura mais dinâmica e de fácil digestão, uma vez que tornaria-o mais acessível
para compreensão de um público geral.