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Tecnólogo em Mecânica pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec/Unesp,1987), bacharel em Administração
de Empresas pelo Instituto Municipal de Ensino Superior de São Caetano do Sul (Imes/USCS, 1993) e especialista em
Docência do Ensino Superior pela Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban, 2011). Possui ampla experiência
na área de projetos mecânicos de máquinas, equipamentos e dispositivos de usinagem e controle dimensional, como
também nas indústrias automobilísticas e fabricadoras de peças, componentes, máquinas e linhas de produção, entre
outras. É professor assistente do curso de Engenharia da Universidade Paulista (UNIP), onde ministra disciplinas do
ciclo básico e específico, notadamente Fabricação Mecânica e Metrologia Aplicada.
Ângelo Iannuzzi
CDU 620.1.08
U514.50 – 22
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Unip Interativa
Material Didático
Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Angélica L. Carlini
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. Deise Alcantara Carreiro
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Juliana Muscovick
Elaine Pires
Sumário
Metrologia Industrial
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9
Unidade I
1 CONTROLE DIMENSIONAL............................................................................................................................ 11
1.1 Breve histórico da metrologia.......................................................................................................... 11
1.2 Importância dos ajustes mecânicos, da padronização de medidas e do
controle dimensional................................................................................................................................... 16
1.3 Documentos do sistema internacional de medidas e das organizações
nacionais de padronização e certificação metrológica................................................................. 17
1.4 Sistema de tolerâncias e ajustes..................................................................................................... 18
1.4.1 Terminologia e representação de tolerâncias.............................................................................. 18
1.5 Ajustes........................................................................................................................................................ 24
1.5.1 Ajuste com folga...................................................................................................................................... 24
1.5.2 Ajuste com interferência...................................................................................................................... 25
1.5.3 Ajuste incerto............................................................................................................................................ 27
1.6 Tolerâncias ISO....................................................................................................................................... 29
1.6.1 Sistema de Tolerâncias e Ajustes NBR/ISO.................................................................................... 31
1.6.2 Tabelas de afastamentos – tolerâncias ISO................................................................................... 34
1.6.3 Sistemas eixo‑base e furo‑base......................................................................................................... 40
2 INSTRUMENTOS BÁSICOS DE CONTROLE DIMENSIONAL................................................................ 43
2.1 Paquímetros............................................................................................................................................. 43
2.1.1 Princípio da escala móvel..................................................................................................................... 44
2.1.2 Leitura em milimetros com nônio de 20 divisões...................................................................... 47
2.1.3 Leitura em polegadas fracionárias.................................................................................................... 49
2.1.4 Leitura em milimetros com nônio de 50 divisões...................................................................... 51
2.1.5 Leitura em polegadas milesimais...................................................................................................... 51
2.1.6 Outros tipos de paquímetros.............................................................................................................. 53
2.2 Micrômetros............................................................................................................................................ 54
2.2.1 Leitura em milimetros com micrômetro sem nônio.................................................................. 56
2.2.2 Leitura em milimetros com micrômetro com nônio................................................................. 57
2.2.3 Leitura em polegadas com micrômetro sem nônio................................................................... 58
2.2.4 Leitura em polegadas com micrômetro com nônio.................................................................. 59
2.2.5 Outros tipos de micrômetros.............................................................................................................. 60
3 CONTROLE GEOMÉTRICO.............................................................................................................................. 61
3.1 Erro geométrico..................................................................................................................................... 62
3.1.1 Tolerâncias de forma e posição.......................................................................................................... 62
3.1.2 Desvios de forma..................................................................................................................................... 63
3.1.3 Desvios de posição.................................................................................................................................. 63
3.1.4 Definições................................................................................................................................................... 64
3.2 Indicação de tolerâncias geométricas em desenho técnico................................................ 65
3.2.1 Referências................................................................................................................................................. 68
3.3 Campo de tolerância............................................................................................................................ 69
3.4 Tolerâncias geométricas..................................................................................................................... 72
4 INTERPRETAÇÃO E CONTROLE DE DESVIOS GEOMÉTRICOS........................................................... 81
4.1 Tolerâncias de forma............................................................................................................................ 82
4.1.1 Retilineidade (Retitude)........................................................................................................................ 82
4.1.2 Planicidade (Planeza)............................................................................................................................. 83
4.1.3 Circularidade.............................................................................................................................................. 84
4.1.4 Cilindricidade............................................................................................................................................. 85
4.1.5 Perfil de uma linha qualquer.............................................................................................................. 85
4.1.6 Perfil de uma superfície qualquer..................................................................................................... 86
4.2 Tolerâncias de orientação.................................................................................................................. 87
4.2.1 Paralelismo................................................................................................................................................. 87
4.2.2 Perpendicularidade................................................................................................................................. 88
4.2.3 Inclinação (Angularidade).................................................................................................................... 89
4.3 Tolerâncias de posição........................................................................................................................ 90
4.3.1 Posição de um elemento....................................................................................................................... 90
4.3.2 Concentricidade....................................................................................................................................... 93
4.3.3 Coaxialidade............................................................................................................................................... 93
4.3.4 Simetria........................................................................................................................................................ 94
4.4 Tolerâncias de batimento................................................................................................................... 95
4.4.1 Batimento radial...................................................................................................................................... 95
4.4.2 Batimento axial........................................................................................................................................ 96
4.5 Relógios comparadores....................................................................................................................... 99
4.5.1 Leitura em milimetros com relógio comparador......................................................................101
4.5.2 Leitura em polegadas com relógio comparador.......................................................................102
4.5.3 Outros tipos e dispositivos que utilizam relógios comparadores.......................................103
Unidade II
5 CONTROLE MICROGEOMÉTRICO..............................................................................................................112
5.1 Rugosidade............................................................................................................................................112
5.1.1 Definições.................................................................................................................................................113
5.1.2 Desvios de forma das superfícies....................................................................................................114
5.2 Sistemas e parâmetros de medição da rugosidade...............................................................117
5.2.1 Rugosidade média (Ra)........................................................................................................................117
5.2.2 Rugosidade máxima (Ry)....................................................................................................................121
5.2.3 Rugosidade total (Rt)...........................................................................................................................121
5.2.4 Rugosidade média parcial (Rz)........................................................................................................ 122
5.2.5 Rugosidade média do terceiro pico e vale (R3Z)....................................................................... 122
5.3 Instrumentos de medida da rugosidade....................................................................................123
5.3.1 Controle visual ou tátil....................................................................................................................... 123
5.3.2 Rugosímetro de contato por agulha............................................................................................ 123
5.3.3 Medição da rugosidade por processo ótico............................................................................... 125
5.4 Representação da rugosidade........................................................................................................125
5.5 Rugosidade em algumas aplicações típicas.............................................................................128
5.6 Relação entre tolerância ISO e rugosidade...............................................................................129
6 BLOCOS‑PADRÃO...........................................................................................................................................130
6.1 Configuração dos blocos‑padrão..................................................................................................130
6.2 Requisitos para fabricação de blocos‑padrão.........................................................................132
6.3 Técnica de empilhamento e cuidados na conservação.......................................................133
6.4 Outros instrumentos e equipamentos de verificação, medição e controle.................135
7 CONFIABILIDADE DE MEDIDAS.................................................................................................................136
7.1 Conceitos básicos................................................................................................................................137
7.2 Erros do sistema de medição..........................................................................................................139
7.2.1 Erros de exatidão (localização)........................................................................................................ 139
7.2.2 Erros de precisão (dispersão)............................................................................................................ 140
7.2.3 Fontes de variação................................................................................................................................ 140
7.3 Validação de recursos e do sistema.............................................................................................140
7.4 Caracterização da medição.............................................................................................................141
7.5 Análise de tendência e análise de linearidade........................................................................141
7.5.1 Definições estatísticas......................................................................................................................... 142
7.5.2 Determinação da estabilidade......................................................................................................... 142
7.5.3 Determinação da tendência............................................................................................................. 149
7.5.4 Determinação da linearidade........................................................................................................... 154
8 R&R.....................................................................................................................................................................158
8.1 Determinação da R&R por variáveis...........................................................................................159
8.2 Método da amplitude........................................................................................................................160
8.3 Método da média e da amplitude................................................................................................161
8.3.1 Análise gráfica dos resultados......................................................................................................... 163
8.3.2 Análise numérica e critérios de aceitação de R&R por variáveis..................................... 165
8.4 Causas possíveis de não repetitividade e reprodutibilidade (R&R)................................165
8.5 Exemplo de estudo R&R..................................................................................................................166
APRESENTAÇÃO
Este livro‑texto apresenta elementos gerais sobre a metrologia industrial, com ênfase nos aspectos
de aplicação imediata à prática profissional na área da engenharia de produção, e não apenas nos seus
elementos essenciais. Nesse sentido, não serão encontrados os princípios de utilização de instrumentos
básicos de verificação e obtenção de medidas (gabaritos, por exemplo) ou as técnicas mais avançadas
no setor hoje, mas sim conhecimentos fundamentais para o entendimento da importância do controle
metrológico e de sua especificação técnica.
Quantificar coisas, medir objetos e espaços sempre fizeram parte das necessidades humanas e é
evidente o aumento exponencial da importância de fazer isso com mais precisão e rapidez. A demanda
por produtos mais tecnológicos e funcionais, com custos reduzidos, em quantidade crescente e, mais
recentemente, levando em consideração suas características sustentáveis, fez da ciência das medições, a
metrologia, uma área em franco desenvolvimento e de importância significativa para a área da engenharia
industrial. A abrangência de seu estudo impacta, em maior ou menor grau, todas as disciplinas técnicas
do curso de engenharia e toda atividade de produção.
Hoje, a indústria está passando por um momento de transformação, classificada como uma revolução,
na qual os processos vão se tornando autômatos, se autorregulando em função de variações, aleatórias
ou previsíveis, com customizações que lhes são impostas pelas novas necessidades de mercado. Nesse
contexto, o controle das características e especificações técnicas de projetos durante a fabricação
também tende a se tornar cada vez mais automático e tecnológico, fornecendo informações a serem
compartilhadas por todo um processo e uma organização.
Mas para chegar a esse nível de atualização tecnológica é imprescindível conhecer os fundamentos
que possibilitarão sua inserção no fantástico mundo da engenharia, sem contar que, por mais
avançados que se tornem os processos, sempre existirão aplicações nas quais esses conhecimentos
serão requisitados na prática. Então, nesse contexto, o que se espera de um profissional é que ele
interprete as necessidades funcionais das máquinas, equipamentos e dispositivos mecânicos e consiga
desenvolver soluções com eficiência, eficácia e precisão requeridas.
Bons estudos!
INTRODUÇÃO
9
Em seguida, são apresentados os instrumentos básicos de medição que contemplam escalas de
precisão, em que são exemplificadas leituras em várias escalas desses dispositivos.
Trata‑se também das variações geométricas, preocupação mais recente ligada à funcionalidade dos
conjuntos mecânicos, tão essencial quanto os requisitos dimensionais que importarão em conjunto
nesse aspecto. A correta interpretação das necessidades de restrição geométrica e exemplificação de
formas de controle são desenvolvidas nessa parte. O uso de relógios comparadores para controlar
variações geométricas justifica sua apresentação ao final desse tópico, com exemplificações de leituras.
Além dos desvios dimensionais e geométricos, pode ser fator relevante ao correto funcionamento
dos mecanismos o acabamento dos componentes do projeto. Assim, são apresentados também
o conceito de rugosidade superficial, suas fontes, parâmetros usuais de controle, simbologia de
representação, dispositivos de medição e relação entre os processos de fabricação e seus valores.
Em seguida, destacam‑se os blocos‑padrão, peças de referência para medição e calibração com
valores de rugosidade bastantes reduzidos.
Por fim, são verificadas questões relacionadas à confiabilidade das medições, os erros a que estão
submetidos os processos, juntamente com as metodologias para avaliação de um sistema de medição
e os registros dessas avaliações.
10
METROLOGIA INDUSTRIAL
Unidade I
1 CONTROLE DIMENSIONAL
As primeiras características relevantes quando se pensa no controle de peças, resultado dos processos
de fabricação mecânica, são suas dimensões. É a partir da necessidade primária de sua verificação que
são estruturados os conceitos fundamentais da metrologia industrial.
Há cerca de 4 mil anos se utilizavam partes do corpo humano como referência dimensional, o que
possibilitava a todos verificarem as medidas. É evidente que, como as pessoas têm tamanhos variados,
nos antigos reinos, a solução para as divergências de medições foi a adoção das dimensões da realeza
como padrão. Assim, alguns deles fixavam padrões reais nas muralhas dos castelos, que podiam então
ser copiados ou servir de base para comparação direta.
Polegada (medida da primeira falange do dedo polegar), palmo, côvado (citado na Bíblia como unidade
de medida para a construção da Arca de Noé, equivalente a 3 palmos), braça (extensão de um punho
a outro com os braços abertos), pés, jardas (equivalente a 3 pés), passo e outras medidas foram então
instituídas. Divergências históricas à parte, algumas dessas medidas são utilizadas até hoje, após sucessivas
unificações e padronizações, em países que utilizam o sistema imperial britânico de medidas, por exemplo:
• 1 pé = 304,8 mm;
A França já adotava uma unidade de medida de comprimento chamada toesa, evitando medidas
reais imprecisas, quando em 1668 a materializou em uma barra de ferro com pinos nas extremidades,
que foi chumbada a um dos muros do Grand Chatelet, fortificação nos arredores de Paris, para servir
como padrão. Entretanto, percebido o desgaste e a corrosão pelo tempo, ficou evidente a necessidade
da criação de um novo padrão que não sofresse efeitos das intempéries.
Em 1792, dois astrônomos franceses, Jean Baptiste Joseph Delambre e Pierre François André
Méchain, foram incumbidos da medição do arco do meridiano entre as cidades de Dunkerque (França) e
Montjuich (Espanha), ambas ao nível do mar e cortadas pelo mesmo meridiano. Utilizando a toesa como
unidade de medida, posições astronômicas de localidades adjacentes ao meridiano, fios de prumo para
determinação do ângulo de inclinação do sol e um intrincado sistema de triangulações, chegou‑se ao
resultado esperado com admirável precisão.
Saiba mais
O metro (do grego, medir) foi então definido como novo padrão de medida linear, sendo a décima
milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre assim medido e materializado como comprimento
numa barra de platina de 4 mm de espessura por 25,5 mm de largura. Estalões foram construídos e
distribuídos por várias localidades.
12
METROLOGIA INDUSTRIAL
O desenvolvimento científico e a necessidade cada vez maior de precisão nas medidas fez com
que uma nova definição de metro fosse elaborada: distância entre os extremos da barra de platina
depositada nos Arquivos da França, apoiada nos pontos de mínima flexão, a 0°C.
Assim, no dia 7 de abril de 1795 foi instituído o sistema métrico decimal, com o objetivo de acabar com
as dificuldades nas transações comerciais e no intercâmbio científico entre países, devido às arbitrariedades
na adoção de unidades diversas. O Brasil adotou o novo sistema em 1862, por meio de uma lei imperial,
recebendo seu metro‑padrão e desfazendo‑se gradualmente das unidades utilizadas até então.
Mais uma vez, o avanço tecnológico identificou problemas com a barra‑padrão: falta de
paralelismo entre as faces, rigidez insuficiente e material sujeito a desgaste. Dessa forma, uma nova
barra‑padrão foi confeccionada com as seguintes características: seção transversal em X (aumentando
sua resistência à flexão); comprimento ligeiramente maior que 1 metro; adição de 10% de irídio à
platina (aumentando sua resistência ao desgaste); e gravação de dois traços paralelos em seu plano
neutro (aumentando a precisão na unidade de medida, mas simplesmente copiando o comprimento
da barra‑padrão). Assim, a referência deixou de ser o meridiano e passou a ser o protótipo material.
A nova definição do metro, instituída pelo Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM) em
1869 – à época também criado para a reestruturação dos padrões de medida –, foi: metro é a medida
entre os eixos de dois traços marcados no plano neutro da barra‑padrão, depositada no BIPM em
Sèvres (França) a 0°C e 760 mmHg de pressão atmosférica, apoiada sobre seus pontos de mínima
flexão. Os novos padrões foram então distribuídos aos países associados.
Em 1960, a Conferência Geral de Pesos e Medidas, após a verificação do desgaste provocado pelo tempo,
da incerteza da dimensão e da imprecisão dos traços gravados na barra‑padrão, redefine o metro, baseando‑o
em estudos iniciados após a Segunda Guerra Mundial na busca por uma referência especialmente estável
e precisa, possível de ser comprovada em laboratório: metro é o comprimento equivalente a 1.650.763,73
comprimentos de onda, no vácuo, da radiação laranja correspondente à transição entre os estados 2p10 e
5d5 do átomo de criptônio 86. Essa referência é cem vezes mais precisa que a anterior.
Essa nova definição estabeleceu‑se também com a criação do Sistema Internacional de Unidades
(SI), em substituição ao antigo sistema métrico decimal. O objetivo da nova entidade foi definido pela
13
Unidade I
busca de padrões ideais para todas as grandezas físicas, derivadas das sete grandezas fundamentais
(comprimento, massa, tempo, corrente elétrica, temperatura termodinâmica, quantidade de matéria e
intensidade luminosa). A única unidade que subsiste ainda com protótipo padrão depositado no BIPM é
o kilograma (unidade padrão da massa no SI).
Observação
Mais recentemente, em 1983, a 17ª Conferência Geral de Pesos e Medidas do SI substituiu o metro‑atômico
pelo metro‑luz, medida atual ainda mais precisa que a anterior, definida como: metro é o comprimento
percorrido pela luz no vácuo, no intervalo de tempo de 1/299.792.458 de segundo. A dúvida atual é se
comprimento ainda pode ser considerado uma grandeza fundamental, pelo fato de que passou a depender
da grandeza tempo na nova definição.
Saiba mais
14
METROLOGIA INDUSTRIAL
Observação
O estudo das medidas, e para nós mais especificamente das medidas lineares e de ângulos planos
(medidos em graus sexagesimais ou radianos), possibilitou o desenvolvimento da metrologia, a ciência
das medições. A metrologia como ciência aplicada existe por conta dos grandes inventores e pessoas
de visão como Pedro Nunes e Pierre Vernier, criadores da escala auxiliar (nônio ou vernier), base para a
construção do paquímetro; Jean Louis Palmer, inventor do micrômetro; Albert Abraham Michelson, do
interferômetro; Carl Edvard Johansson, inventor dos blocos‑padrão, entre outros.
15
Unidade I
Recentemente uma grande montadora automobilística, por meio de sua rede de concessionárias,
convocou um recall de dois modelos de automóveis para troca de rolamentos das rodas traseiras (17 mil
peças aproximadamente), que poderiam sofrer superaquecimento e consequente travamento das rodas,
devido ao torque de aperto excessivo durante a montagem.
É difícil executar esse serviço de substituição dos componentes tendo que selecionar, no momento
da troca, os rolamentos que se encaixem perfeitamente nos eixos e alojamentos. Pois era dessa maneira
que, nos primórdios da produção industrial, esse serviço era executado.
Esse procedimento era feito no front de guerra, com os blindados e outros equipamentos que
necessitavam de manutenção. Isso ocorria de fato e pode‑se dizer que essa constatação e as
mudanças as quais implicou contribuiriam em alguma proporção para a vitória dos aliados na
Segunda Guerra Mundial.
Saiba mais
Vale pensar agora nos rolamentos, que são itens de fabricação e distribuição global. O que aconteceria
se cada fabricante de cada país adotasse critérios e normas diferenciadas? A intercambialidade seria
inviável e o custo da substituição no citado recall, que já foi elevado, seria ainda maior. Também em
relação a esse componente, sempre tem‑se a rotação de um dos anéis, externo ou interno, enquanto o
outro permanecerá fixo. O anel rotativo deve ser montado normalmente sem liberdade de deslocamento
e o outro com um pouco mais de folga, que será tratado mais adiante.
Um fato evidenciado é que não é possível fabricar componentes, mesmo os produzidos em série,
exatamente com as dimensões especificadas em desenho. Diversas são as fontes de variação de medidas:
desgaste dos elementos de máquinas operatrizes e das ferramentas de corte; variação de temperatura
16
METROLOGIA INDUSTRIAL
nos processos; problemas relacionados aos operadores dos equipamentos (nível de treinamento
e experiência, condições físicas e psicológicas, entre outros); falhas características dos processos de
medição e controle dimensional, como imprecisão dos instrumentos, erros de leitura e adoção de pontos
diversos de medição, entre outras. E ainda não foi considerado o estado da superfície das peças, que
jamais estarão perfeitamente lisas, apesar de algumas vezes parecer à nossa limitada visão.
Fundamental então é a seleção do processo de fabricação que garanta a maior exatidão possível,
ou seja, correspondência entre as dimensões resultantes desse processo, denominada dimensão
real ou efetiva, e aquelas indicadas no desenho de fabricação (dimensão nominal com margem de
variação especificada).
Para que se possa encontrar referências sobre a padronização utilizada na metrologia industrial,
adotada por quase todos os países, e suas traduções e adaptações pelos organismos de normalização
e certificação no Brasil, foram selecionadas algumas normas e documentos de interesse que dizem
respeito aos tópicos desenvolvidos nesta obra:
• Sistema de tolerâncias e ajustes: ABNT NBR 6158:1995, baseada nas normas ISO 268‑1:2010 e
ISO 268‑2:2010.
• Tolerâncias gerais: ABNT NBR ISO 2768‑1:2001 Parte 1: tolerâncias para dimensões lineares e
angulares sem indicação de tolerância individual; Parte 2: tolerâncias geométricas para elementos
sem indicação de tolerância individual.
• Simbologia para tolerâncias geométricas: NBR 14699:2001, baseada na norma ISO 7083:1983
– desenho técnico – representação de símbolos aplicados a tolerâncias geométricas – proporções
e dimensões.
• Sistemas de gestão da qualidade – requisitos particulares para aplicação da ABNT NBR ISO
9001:2008 para organizações de produção automotiva e peças de reposição pertinentes:
ABNT ISO/TS 16949:2010.
Lembrete
A escolha e adoção dos limites de variação deve ser criteriosa, uma vez que impacta diretamente na
seleção dos processos de fabricação dos componentes mecânicos e, consequentemente, nos custos de
sua produção.
18
METROLOGIA INDUSTRIAL
Para dimensões sem indicação direta de tolerância, notas indicativas devem constar nos desenhos
de fabricação. Por exemplo:
Outra consideração a ser feita é a de que será denominado furo todo elemento interno ao qual será
encaixado um componente externo, denominado eixo, independentemente do formato desse elemento,
seja cilíndrico, retangular, sextavado, entre outros.
19
Unidade I
Tomando o primeiro exemplo de dimensão tolerada da figura anterior como referência e considerando
se tratar do diâmetro de um furo cilíndrico, observa‑se que:
±0,10
20
• Dmax = 20,10 mm: dimensão efetiva máxima que o furo poderá ter:
Dmax = Dnom + As
Dmin = Dnom + Ai
20
METROLOGIA INDUSTRIAL
tf = As – Ai
tf = Dmax – Dmin
Notas:
• A dimensão efetiva ou real do furo deverá se situar entre os limites máximo e mínimo
determinados acima.
• O valor numérico da tolerância será sempre positivo, pois se refere a uma faixa ou campo de variação.
• Os afastamentos (As e Ai) e dimensões‑limites (Dmax e Dmin) serão representados com letra
maiúscula para furos.
Agora, será tomado o último exemplo de dimensão tolerada (figura anterior), como o eixo que se
encaixará ao furo cilíndrico considerado anteriormente:
-0,10
-0,35
20
• dmax = 19,90 mm: dimensão efetiva máxima que o eixo poderá ter:
dmax = Dnom + as
dmin = Dnom + ai
te = as – ai
te = dmax – dmin
21
Unidade I
Notas:
• A dimensão nominal será a mesma para os elementos da montagem (furo e eixo) e representada
por um número inteiro.
• A dimensão efetiva ou real do eixo deverá se situar entre os limites máximo e mínimo
determinados acima.
• Os afastamentos (as e ai) e dimensões‑limites (dmax e dmin) serão representados com letra
minúscula para eixos.
Linha Zero (LZ) é a linha que representará a dimensão nominal, comum às peças de acoplamento.
22
METROLOGIA INDUSTRIAL
Notas:
Exemplo de aplicação
Figura 8
A) 0,41 mm.
B) 0,61 mm.
C) 0,21 mm.
D) 0,20 mm.
E) 0,19 mm.
Resolução
23
Unidade I
1.5 Ajustes
Folga é a diferença entre as dimensões do furo e do eixo, antes da montagem, quando o eixo é
menor que o furo.
Condições:
Dmin ≥ dmax ou Ai ≥ as
Observação
• Folga Máxima (Fmax): diferença entre a dimensão máxima do furo e a dimensão mínima do eixo.
• Folga Mínima (Fmin): diferença entre a dimensão mínima do furo e a dimensão máxima do eixo.
24
METROLOGIA INDUSTRIAL
+0,30 -0,20
+0,05 -0,40
30 30
Furo Eixo
Furo Eixo
Dnom = 30 mm Dnom = 30 mm
As = +0,30 mm as = ‑0,20 mm
Ai = +0,05 mm ai = ‑0,40 mm
Dmax = 30,30 mm dmax = 29,80 mm
Dmin = 30,05 mm dmin = 29,60 mm
tf = 0,25 mm te = 0,20 mm
Ajuste com folga
Fmax = 0,70 mm
Fmin = 0,25 mm
Interferência é a diferença entre as dimensões do furo e do eixo, antes da montagem, quando o eixo
é maior que o furo.
A montagem pode ser feita com o auxílio de martelo, prensa, dispositivos especiais, aquecimento da
peça‑furo (dilatação térmica) ou resfriamento da peça‑eixo (contração térmica), dependendo do grau
de interferência (leve, média ou pesada) e das condições de acesso.
25
Unidade I
Condições:
• Interferência Máxima (Imax): diferença entre a dimensão máxima do eixo e a dimensão mínima
do furo.
• Interferência Mínima (Imin): diferença entre a dimensão mínima do eixo e a dimensão máxima
do furo.
26
METROLOGIA INDUSTRIAL
-0,020 +0,018
-0,025 +0
50 50
Furo Eixo
Furo Eixo
Dnom = 50 mm Dnom = 50 mm
As = ‑0,020 mm as = +0,018 mm
Ai = ‑0,025 mm ai = 0
Dmax = 49,980 mm dmax = 50,018 mm
Dmin = 49,975 mm dmin = 50,000 mm
tf = 0,005 mm te = 0,018 mm
Ajuste com interferência
Imax = 0,043 mm
Imin = 0,020 mm
Esse tipo de ajuste se dá quando a dimensão máxima do eixo é maior que a dimensão mínima do
furo e a dimensão máxima do furo é maior que a dimensão mínima do eixo. Os campos de tolerância
nesse caso têm uma faixa de valores em comum.
Condições:
27
Unidade I
+0,03 +0,1
+0 +0,2
123 123
Furo Eixo
Furo Eixo
Dnom = 123 mm Dnom = 123 mm
As = +0,3 mm as = +0,1 mm
Ai = 0 ai = ‑0,2 mm
Dmax = 123,3 mm dmax = 123,1 mm
Dmin = 123,0 mm dmin = 122,8 mm
tf = 0,3 mm te = 0,3 mm
Ajuste incerto
Fmax = 0,5 mm
Imax = 0,1 mm
Exemplo de aplicação
28
METROLOGIA INDUSTRIAL
Figura 15
A) Folga.
B) Interferência.
C) Deslizante.
D) Incerto.
E) Deslizante justo.
Resolução
Considerando os afastamentos das dimensões da montagem, verifica‑se que qualquer que seja a
dimensão efetiva das peças, fabricadas dentro do especificado, a peça‑eixo (dmin = 30,022 mm) será
sempre maior que a peça‑furo (Dmax = 30,021 mm), o que representa um ajuste com interferência.
Lembrando que as condições para que exista interferência são: dmin > Dmax ou ai > As (ai = 0,022 mm
e As = 0,021 mm).
29
Unidade I
Apesar da difusão dos conceitos de tolerâncias, sua necessidade e implicações para a definição dos
ajustes mecânicos, visando funcionalidade e intercambialidade, uma desordem tomou conta do mundo
da produção, no qual foram sendo criadas normalizações particulares por cada organização, segmento
industrial e até regionalmente, normas essas que, em vez de facilitarem, tornaram mais complicado o
intercâmbio comercial.
Foi então que a International Organization for Standardization (ISO) – Organização Internacional
de Padronização), criada em 1947 e com sede em Genebra (Suíça), hoje com 162 países associados,
elaborou um novo sistema, com pretensão de torná‑lo universal, baseado nos conceitos fundamentais
já descritos e sob três premissas básicas:
• Divisão das dimensões em faixas, pois uma tolerância de 0,1 mm, por exemplo, para um ajuste
entre peças com diâmetro de 5 mm é muito mais simples de obter do que para uma dimensão de
500 mm.
Qualidade (IT)
Processo
4 5 6 7 8 9 10 11
Polimento
Rasqueteamento
Retificação
Torneamento para
acabamento
Brochamento
Mandrilamento
Torneamento
Aplainamento
Fresamento
Furação
• Definição de posições dos campos de tolerância em relação à dimensão nominal (linha zero), o
que facilita a especificação do ajuste necessário para a montagem mecânica. Essas posições, na
norma atual, são representadas por letras, de a até zc ou de A a ZC (conforme representem eixos
ou furos, respectivamente).
30
METROLOGIA INDUSTRIAL
18G7
Qualidade de trabalho (IT7)
Na determinação de uma norma, procura‑se sempre um modelo matemático para cada definição, o
que foi feito nessa padronização pela ISO. Neste livro‑texto não são apresentadas as formulações que
foram utilizadas nesse processo, com intenção de tornar o conteúdo menos extenso. A norma citada
anteriormente, NBR 6158, é a referência sugerida para consulta e aprofundamento. Também não são
apresentadas tabelas completas de grupos de dimensões, tolerância‑padrão e valores numéricos de
afastamentos para cada campo de tolerância, que podem ser encontradas na referida norma. Assim,
procura‑se apresentar os valores mais comuns na área da fabricação mecânica.
O Brasil é país membro da ISO desde sua criação e a ABNT sua representante na organização.
Saiba mais
https://www.iso.org
A partir das premissas citadas anteriormente, foi constituído o sistema de padronização de tolerâncias
detalhado a seguir:
31
Unidade I
IT1 IT2 IT3 IT4 IT5 IT6 IT7 IT8 IT9 IT10 IT11 IT12 IT13 IT14 IT15 IT16 IT17 IT18
Eixos Mecânica
Mecânica corrente Mecânica grosseira
Furos Extra‑precisa
Tabela 6 – Tolerâncias
32
METROLOGIA INDUSTRIAL
• Posição dos campos de tolerância: definidas em relação à linha zero da dimensão nominal. Essa
posição representa as dimensões efetivas dos componentes do ajuste. São representadas por uma
ou duas letras maiúsculas para furos e uma ou duas letras minúsculas para eixos.
Furos A B C CD D E EF F FG G H J JS K M N P R S T U V X Y Z ZA ZB ZC
Eixos a b c cd d e ef f fg g h j js k m n p r s t u v x y z za zb zc
33
Unidade I
• Eixos de a até g têm afastamentos negativos. Sua dimensão efetiva será menor que a
dimensão nominal.
• Furos de A até G têm afastamentos positivos. Sua dimensão efetiva será maior que a
dimensão nominal.
• Eixos de m até zc têm afastamentos positivos. Sua dimensão efetiva será maior que a
dimensão nominal.
• Furos de P até ZC têm afastamentos negativos. Sua dimensão efetiva será menor que a
dimensão nominal.
• Campos de tolerância JS para furos e js para eixos apresentam os mesmos valores de afastamentos
e são simétricos em relação à linha zero.
As duas tabelas a seguir apresentam os valores parametrizados pela normalização da ISO, dos
afastamentos para alguns campos de tolerância e grupos de dimensões mais usuais.
34
METROLOGIA INDUSTRIAL
35
Unidade I
36
METROLOGIA INDUSTRIAL
37
Unidade I
Saiba mais
Exemplo de aplicação
Um rolamento de esferas que vai trabalhar com carga rotativa pequena sobre o anel interno
será montado em um eixo. O diâmetro do furo do rolamento é de 42 mm com As = 0 e Ai = ‑12 µm.
O esquema que representa o ajuste para essa montagem é o da figura a seguir. Entre as alternativas,
que especificação para o eixo coincide com a representação?
Figura 20
A) 42j6.
B) 42m5.
C) 42f6.
D) 42k5.
E) 42m6.
38
METROLOGIA INDUSTRIAL
Resolução
O esquema representa um ajuste incerto, no qual observa‑se uma faixa de intersecção entre as
zonas de tolerância. É o tipo de ajuste recomendado pelos fabricantes de rolamentos para trabalho
nas condições descritas na questão. A seguir será mostrada cada uma das especificações do eixo nas
alternativas, considerando que se tem As = 0 e Ai = ‑12 µm para o furo do rolamento:
42j6 → as = 11 µm e ai = ‑5 µm
Ajuste incerto
42m5 → as = 20 µm e ai = 9 µm
42k5 → as = 13 µm e ai = 2 µm
42m6 → as = 25 µm e ai = 9 µm
39
Unidade I
Apesar da limitação da quantidade de tolerâncias que a padronização da ISO fornece, ainda assim
as possibilidades de escolhas aleatórias podem causar certa confusão na universalização dos ajustes.
Os sistemas furo‑base e eixo‑base sugerem a fixação do campo de tolerância de um dos componentes
e variação apenas para o outro.
Sistema eixo‑base
Nesse sistema, fixa‑se o eixo de posição h e seleciona‑se a posição da dimensão do furo ideal ao
ajuste da montagem:
40
METROLOGIA INDUSTRIAL
Sistema furo‑base
Nesse sistema, definimos um furo de posição H e selecionamos a posição da dimensão do eixo ideal
ao ajuste da montagem:
A seguir está uma recomendação comum na prática das montagens mecânicas que auxilia na
escolha do ajuste e reduz ainda mais a variedade de combinações, referenciada no sistema furo‑base:
41
Unidade I
Montagens sujeitas
H7/e7
Livre H6/e7 H7/e8 H8/e9 H11/a11 à dilatação e falta de
alinhamento
Assento deslizante em
Deslizante peças lubrificadas
H6/h5 H7/h6
justo Ex.: coluna-guia de
furadeira radial
Fixação rígida. Há
deformação na
Pressionado H6/p5 H7/p6 desmontagem
Ex.: buchas fixas
42
METROLOGIA INDUSTRIAL
2.1 Paquímetros
Item Denominação
1 Escala fixa
2 Cursor (conjunto móvel)
3 Impulsor
4 Parafuso de trava
5 Escala móvel (nônio ou vernier)
6 Bico fixo
7 Bico móvel
8 Orelha fixa
9 Orelha móvel
10 Haste de profundidade (parte do conjunto móvel)
43
Unidade I
Com o instrumento zerado (faces de medição externa encostadas), o zero da escala fixa coincide
com o zero da escala móvel:
44
METROLOGIA INDUSTRIAL
As figuras a seguir detalham o princípio do nônio ou vernier em uma escala fixa dividida em milimetros.
Figura 27
Figura 28
Pela figura anterior, pode‑se dizer que o diâmetro do pino corresponde a cerca de 3 ou 4 mm, mais
próximo de 3,5 mm. Ou seja, um valor pouco preciso.
Se a escala móvel tivesse 10 divisões de 1mm, em nada alteraria a precisão do instrumento, teria‑se
a mesma situação anterior.
Figura 29
Porém, se a escala móvel for comprimida em 1 milimetro, apenas o traço 0 e o traço 10 coincidirão
com divisões da escala fixa em milimetros.
45
Unidade I
Figura 30
Figura 31
Com o instrumento zerado (as faces de medição externa encostadas, como na figura anterior),
a diferença entre as divisões 1 de cada uma das escalas é de 0,1 mm, das divisões 2 de 0,2 mm e
assim sucessivamente.
Figura 32
46
METROLOGIA INDUSTRIAL
Então, ao fazer coincidir no deslocamento do cursor os traços 1 das duas escalas, ocorre uma
abertura de 0,1 mm entre as faces de medição; alinhando os traços 2, abertura de 0,2 mm e assim
sucessivamente. Coincidindo com a sexta divisão de cada uma das escalas, tem‑se:
Figura 33
Figura 34
Nessa definição utilizamos um nônio com 10 divisões, o que representa a possibilidade de leitura de
0,1 em 0,1 mm, a que chamamos de resolução do instrumento. Diz‑se que cada milimetro na escala fixa
será percorrido por 10 divisões da escala móvel (1/10 = 0,1 mm = resolução do instrumento).
Na prática da produção mecânica são muito mais comuns paquímetros com 20 divisões do nônio
(1/20 = 0,05 mm de resolução) e com 50 divisões (1/50 = 0,02 mm de resolução). A seguir, a representação
de um nônio com 20 divisões:
47
Unidade I
Nessa escala, um deslocamento do cursor de 0,45 mm se apresentaria com a nona divisão do nônio
coincidindo com um traço da escala fixa (9 x 0,05 = 0,45):
48
METROLOGIA INDUSTRIAL
Notas:
• Dada a precisão do instrumento e pela aproximação, não seria errado ler 20,70 mm ou 20,80 mm.
Muitas vezes mesmo fica a dúvida entre dois traços coincidentes, mas sempre estaremos na faixa
de aproximação, de 0,05 mm neste caso.
A escala fracionária, muito comum para medição de espessura de chapas, diâmetros de barras, tubos
e diversos materiais utilizados na fabricação mecânica, normalmente é parte do mesmo instrumento
com escala de milimetros e nônio de 20 divisões, como pode ser visto na figura anterior.
Cada divisão nessa escala representa 1/16 de polegada (escreve‑se 1/16”). O nônio tem 8 divisões e,
utilizando aquele mesmo raciocínio, cada divisão de 1/16” da escala fixa será percorrida por 8 divisões
do nônio no deslocamento do cursor (1/16 ÷ 8); então cada divisão do nônio representa 1/128”. É só
observar a gravação da resolução no corpo da escala móvel.
49
Unidade I
1) Polegadas inteiras = 0 (o zero da escala auxiliar está logo antes da divisão de 1 polegada, então se
tem uma polegada inteira).
2) Fração de polegada = 15/16 (o zero da escala auxiliar se encontra após a 15ª divisão das 16 da
escala fracionária).
Lembrete
A fração resultante da soma final, quando possível (não é o caso do exemplo anterior), deve ser
simplificada até a menor redução.
50
METROLOGIA INDUSTRIAL
Agora, observa‑se no detalhe um paquímetro com escala de centimetros e milimetros com nônio de
50 divisões:
Figura 40 – Escala de milimetros de um paquímetro com nônio de resolução 1/50 (0,02 mm).
Uma observação sobre essa imagem é que, como a posição de visualização do instrumento é
perpendicular e existe diferença de altura entre as escalas, fixa e móvel, pode ocorrer um erro de leitura
chamado paralaxe, por isso a indicação do traço coincidente sobre a foto. No uso do paquímetro, e de
qualquer instrumento sujeito a esse tipo de erro, deve‑se sempre percorrer a escala perpendicularmente
à visão, para observar com precisão o traço que coincide entre as escalas.
Mais uma escala comum nos paquímetros é a de polegadas milesimais, na qual temos cada
polegada dividida em décimos (.100”) e cada décimo com quatro divisões de .025”. O nônio dessa
escala tem 25 divisões, com resolução de .001”.
51
Unidade I
2) Milésimo de polegada = .225 (o zero da escala auxiliar se encontra após a 1ª divisão entre o 2º e
o 3º décimo da 1ª polegada).
Para atingir a precisão de leitura de 0,01 mm com o paquímetro, seriam necessárias 100 divisões na
escala móvel, o que seria impraticável porque exigiria ampliação da escala e das dimensões do cursor móvel,
limitando o uso do instrumento. Não obstante, existem os paquímetros digitais que conseguem fazer leituras
dessa ordem, porém, devido a sua sensibilidade, têm uso mais restrito em laboratórios de metrologia.
52
METROLOGIA INDUSTRIAL
Exemplo de aplicação
Figura 44
A) 74,35 mm e 3 5/128”.
B) 73,50 mm e 3”.
C) 77,35 mm e 3 1/16”.
53
Unidade I
D) 77,35 mm e 3 3/64”.
E) 77,00 mm e 3 5/128”.
Resolução
1) Polegadas inteiras: 3 (o zero da escala auxiliar está logo após a divisão de 3 polegadas).
2) Fração de polegada na escala fixa: 0 (o zero da escala auxiliar se encontra antes da 1ª divisão
de 1/16”).
2.2 Micrômetros
Micrômetros são instrumentos que possibilitam a medição entre contatos com grande exatidão,
dado seu mecanismo interno, composto de uma rosca fina de passo 0,5 mm, retificada e termicamente
tratada que se movimenta ao longo de uma bucha interna ajustável com grande precisão. O micrômetro
com escala em milimetros possui um tambor rotativo com 50 divisões, cada uma correspondendo a
0,01 mm, que a cada giro completo avança linearmente 0,5 mm, deslocando o fuso com a face móvel
de contato. Alguns têm gravada na bainha a escala auxiliar do nônio, que pode aumentar a resolução
do instrumento para 0,001 mm (1 milésimo de milimetro ou 1µm).
54
METROLOGIA INDUSTRIAL
Item Denominação
1 Arco
2 Tambor (conjunto rotativo móvel)
3 Fuso (deslocamento linear)
4 Batente fixo
5 Faces de contato (normalmente em metal duro)
6 Trava
7 Bainha (com gravação da escala fixa)
8 Linha de referência (zeramento do tambor)
9 Catraca
10 Isolante térmico (minimiza influência do manuseio)
55
Unidade I
Importante na utilização desse instrumento é a pressão adequada de medição. Assim como para o
paquímetro, o importante é o contato sem esforço das faces de contato sobre a peça. No micrômetro
existe um sistema de catraca que, após o contato das faces com as superfícies em medição, é girada
(duas a três voltas), fornecendo a pressão adequada de medição.
Antes de efetuar medições com um novo instrumento, é prudente calibrar a pressão inicial de contato,
zerando o instrumento e acionando a catraca. O traço zero do cursor deverá coincidir perfeitamente
com a linha de referência da bainha. Assim, é possível sentir a pressão adequada para cada instrumento.
56
METROLOGIA INDUSTRIAL
No micrômetro da figura anterior tem‑se acima da linha de referência da bainha a gravação dos
milimetros inteiros e, abaixo dela, a gravação dos meios milimetros. Isso porque a cada giro completo
do tambor o deslocamento linear do fuso é de 0,5 mm. As divisões do tambor vão de 0 a 49. De início,
deve‑se observar qual é o traço visível da escala da bainha.
1) Leitura dos milimetros na bainha: 5,50 mm (a divisão do “meio” milimetro está visível totalmente).
Notas:
• Normalmente na utilização desse tipo de instrumento não existirá coincidência perfeita das
gravações. Alguns adotam a marcação imediatamente acima da linha de referência, outros a
abaixo ou a mais próxima. Aqui segue‑se o mesmo princípio do nônio no paquímetro, qualquer
desses critérios é válido, pois está dentro da resolução do micrômetro.
57
Unidade I
1) Leitura dos milimetros na bainha: 4,500 mm (a divisão do “meio” milimetro está visível
totalmente, a do traço 5 não).
2) Traço do tambor mais próximo abaixo da linha de referência: 28º (0,280 mm).
Notas:
• Nesse instrumento, a gravação dos meios milimetros é feita na mesma escala dos milimetros
inteiros, abaixo da linha de referência. Acima está gravado o nônio.
• Na leitura dos centésimos do tambor, como tem‑se o nônio, deve‑se considerar o traço que ultrapassou
a linha de referência no giro, pois o milésimo a ser lido no nônio é fração desse centésimo.
• Na leitura do traço coincidente ou mais próximo da coincidência (valem as observações sobre sua
adoção já descritas), deve‑se girar o instrumento ou deslocar a visão para mantê‑la perpendicular
às divisões.
58
METROLOGIA INDUSTRIAL
Nota: a dúvida que pode existir sobre a visibilidade da subdivisão .075” do 2º décimo de polegada é
resolvida observando‑se que o traço 0 do tambor ultrapassou a linha de referência.
59
Unidade I
Nota: o ponto que representa o traço coincidente do nônio é um recurso didático para a figura no
plano, já que a gravação se situa sobre uma superfície cilíndrica.
Exemplo de aplicação
Qual a leitura em milimetros no micrômetro representado na figura a seguir? O ponto sobre a escala
do nônio é um auxílio para a resolução, representando o traço coincidente.
60
METROLOGIA INDUSTRIAL
Figura 54
A) 36,200 mm.
B) 33,15 mm.
C) 33,250 mm.
D) 33,205 mm.
E) 33,155 mm.
Resolução
3 CONTROLE GEOMÉTRICO
A preocupação seguinte ao controle dimensional é saber se a geometria dos elementos das peças
tem exatidão e se não afeta a funcionalidade dos conjuntos mecânicos.
61
Unidade I
Pode‑se pensar na seguinte situação: um eixo e um furo que trabalharão em conjunto com folga
relativa, ou seja, com liberdade de movimento entre eles, foram fabricados seguindo as especificações de
projeto. Assim, suas dimensões foram controladas e aprovadas (seus diâmetros têm dimensões corretas).
Mas isso garantirá o perfeito funcionamento do mecanismo?
E se alguma das situações demonstradas na figira a seguir ocorrer? Normalmente as variações são
imperceptíveis à nossa visão!
Não há
acoplamento
por defeito de
retilineidade do
eixo
Não há
acoplamento
porque o eixo e
o furo não são
coaxiais
Não há
acoplamento
por defeito de
perpendicularidade
do eixo
Os erros exemplificados constituem alguns dos desvios geométricos, resultantes das mesmas fontes de
variação descritas anteriormente, quando se fala da impossibilidade de obter dimensões absolutamente
precisas. Por melhor que sejam os processos, desvios podem ocorrer e, se o projeto os identificar como
críticos, será necessária a especificação do erro máximo, de forma que não comprometa a funcionalidade
do conjunto, a chamada tolerância geométrica.
Tolerâncias geométricas não substituem as tolerâncias dimensionais. O conjunto das duas é que vai
garantir a intercambialidade dos componentes.
Para cada peça que fará parte de um mecanismo a ser construído, deve‑se determinar a forma
geométrica desejada.
62
METROLOGIA INDUSTRIAL
Uma peça é constituída de formas geométricas elementares, como superfícies planas, cilíndricas,
cônicas, entre outras. Porém, como já mencionado, essas formas teóricas sofrerão desvios decorrentes
dos processos.
Daí a necessidade de estabelecer também limites para a variação na forma e/ou posição relativa
desses elementos.
São as variações das superfícies reais (resultado da fabricação) em relação às superfícies geométricas
ideais (como projetadas). Podem ser de dois tipos:
A tolerância de forma é indicada pela distância entre duas superfícies paralelas ou, no caso de perfis,
por duas linhas paralelas entre as quais deve estar contido o perfil ou a superfície real.
São as variações das superfícies reais entre si, considerando seu posicionamento teórico. Trata‑se
dos desvios de paralelismo, perpendicularidade, concentricidade, simetria etc.
63
Unidade I
Saiba mais
Para saber mais sobre o impacto das tolerâncias nos custos de fabricação
e formas de otimizá‑los, leia o artigo:
Muitas das indicações geométricas tomam como referência algum elemento, cuja forma deve ser
suficientemente precisa e, por vezes, controlada para que exerça essa condição.
3.1.4 Definições
• Elemento: uma parte da peça. Pode ser uma superfície, um eixo, uma linha, um ponto ou um plano.
• Dimensão básica: valor numérico para determinar de maneira teoricamente exata o tamanho, a
forma ou a localização de um elemento da peça.
Lembrete
64
METROLOGIA INDUSTRIAL
Planicidade
Elementos
isolados Circularidade
Forma
Cilindricidade
Paralelismo
Orientação Perpendicularidade
Inclinação
Posição
Elementos
Associados Concentricidade
Posição
Coaxialidade
Simetria
Circular
Batimento
radial e
axial Total
Nos desenhos de fabricação, a característica tolerada deverá estar indicada em um quadro retangular,
com dimensões recomendadas em norma, no qual constam:
• A indicação literal da(s) referência(s), quando se tratar de posição relativa do elemento em uma
terceira divisão ou posteriores.
65
Unidade I
66
METROLOGIA INDUSTRIAL
67
Unidade I
3.2.1 Referências
Dos exemplos de indicação de tolerâncias geométricas nas figuras anteriores, apenas o segundo
indica referência a outro elemento (A). Para indicação da referência de posição, utiliza‑se letra maiúscula
em quadro conectado por linha e triângulo invertido na extremidade, com as mesmas possibilidades de
representação que as apresentadas para os quadros de tolerância. A referência indicada pode ser um
eixo ou um plano.
É possível ligar diretamente o quadro da tolerância à referência, como no exemplo da figura a seguir:
68
METROLOGIA INDUSTRIAL
O espaço onde devem estar restritos os desvios de forma, posição e orientação dos elementos
tolerados geometricamente é chamado campo de tolerância.
O campo de tolerância para a representação acima é o espaço entre dois planos paralelos distantes
na medida “t”, valor da tolerância indicada. Esse espaço deverá conter toda a superfície especificada.
Os limites para o posicionamento do perfil de uma aresta são duas retas paralelas na distância “t”,
conforme especificado na figura anterior.
69
Unidade I
Já nessa especificação, feita sobre a cota do diâmetro, o campo de tolerância é cilíndrico de diâmetro
“t”, e deverá conter o eixo da peça em toda sua extensão. Quando necessário restringir a tolerância em
certo comprimento de uma peça, por exemplo, 100 mm, acrescenta‑se esse valor após a tolerância: t/100.
Se for especificada a tolerância sobre duas faces perpendiculares, a zona de tolerância que limitará a
posição do elemento, no caso da figura anterior o eixo da peça simétrica nas duas direções, terá a forma
de um paralelepípedo. As dimensões correspondem aos valores tolerados para cada direção.
O perfil da peça deverá estar contido entre dois círculos concêntricos, distantes radialmente de “t”
na indicação acima.
70
METROLOGIA INDUSTRIAL
Na indicação da figura anterior, o perfil cilíndrico efetivo da peça deverá se situar entre dois cilindros
coaxiais, distantes radialmente de “t”.
O campo de tolerância de um perfil qualquer será delimitado por duas linhas paralelas formadas
pelo deslocamento de um círculo de diâmetro “t”, que percorre a linha do perfil ideal.
71
Unidade I
O campo de tolerância de uma superfície qualquer será delimitado por duas superfícies paralelas
idênticas à ideal, entre as quais seria possível alocar esferas de diâmetro “t”, centradas na superfície tolerada.
Na figura a seguir, é apresentado um quadro ilustrado com as observações essenciais para a correta
interpretação das indicações geométricas em desenhos e documentos técnicos:
72
METROLOGIA INDUSTRIAL
73
Unidade I
74
METROLOGIA INDUSTRIAL
75
Unidade I
76
METROLOGIA INDUSTRIAL
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Unidade I
78
METROLOGIA INDUSTRIAL
79
Unidade I
Exemplo de aplicação
Para a tolerância geométrica especificada na peça a seguir, qual o campo de tolerância exigido?
Figura 78
80
METROLOGIA INDUSTRIAL
Resolução
• Condição: paralelas.
Figura 79
Cada indicação de tolerância de forma, ou de posição, de cada componente exigirá uma forma de
controle específica, em equipamentos como os medidores de circularidade disponíveis no mercado ou
em dispositivos de controle projetados (mais comum) para atender a necessidades específicas.
81
Unidade I
Saiba mais
https://www.mitutoyo.com.br
A seguir serão apresentadas algumas formas de controle de desvios geométricos para cada uma
das indicações usuais, mas sem esgotar todas as possibilidades, bastante amplas, procurando fornecer
subsídios para um estudo mais aprofundado.
Para apresentar soluções de controle geométrico diversas, serão utilizados os símbolos do quadro da
figura seguir:
Deslocamento contínuo em
várias direções
Suporte de medição com
indicador ou registrador
Deslocamento intermintente em
várias direções
Trata‑se da condição em que cada linha deve estar limitada ao valor da tolerância especificada,
como apresentado na figura a seguir:
82
METROLOGIA INDUSTRIAL
A tolerância de retilineidade deve ser verificada em relação ao eixo da peça, que deve estar contido
numa região cilíndrica de diâmetro 0,03 mm ao longo de toda a extensão da peça.
A superfície indicada pela tolerância de planicidade deve estar contida entre dois planos paralelos,
distantes entre si 0,08 mm.
83
Unidade I
4.1.3 Circularidade
O contorno de cada seção transversal da superfície da peça deve estar contido entre dois círculos
concêntricos e coplanares, afastados 0,1 mm.
84
METROLOGIA INDUSTRIAL
4.1.4 Cilindricidade
A superfície cilíndrica especificada pela tolerância deve estar compreendida entre dois cilindros
coaxiais com 0,2 mm de diferença entre seus raios.
O perfil indicado pela tolerância deve estar compreendido entre duas linhas, envolvendo círculos de
0,06 mm de diâmetro, centrados sobre o perfil geométrico correto da peça.
85
Unidade I
Identificado algum ponto de passagem de luz exagerada, utilizam‑se dois pinos calibrados com a
mesma dimensão, apoiados em pontos onde não há folga, e se faz a medição no ponto crítico.
A superfície tolerada deve estar compreendida entre duas superfícies envolvendo esferas de
0,04 mm de diâmetro, centradas sobre o perfil geométrico correto.
86
METROLOGIA INDUSTRIAL
Uma superfície cônica também pode ser considerada de modo semelhante quando referenciada a um
eixo, como indicado anteriormente. Ou seja, a superfície indicada pela tolerância deve estar compreendida
entre duas superfícies cônicas coaxiais, com mesmo eixo do diâmetro de referência A e distantes 0,08 mm.
4.2.1 Paralelismo
87
Unidade I
A superfície superior deve estar compreendida entre dois planos paralelos separados 0,2 mm,
paralelos também à superfície inferior A de referência.
4.2.2 Perpendicularidade
A face indicada pela tolerância geométrica deve estar contida entre dois planos paralelos, distantes
0,05 mm e perpendiculares à superfície de referência A.
88
METROLOGIA INDUSTRIAL
O eixo do diâmetro tolerado na peça deve estar compreendido em uma zona cilíndrica de 0,15 mm
de diâmetro, perpendicular à superfície de referência A.
O plano inclinado deve estar entre dois planos paralelos, distantes 0,1 mm e inclinados a 30° em
relação à superfície de referência A.
89
Unidade I
• Plano: o plano médio do ressalto à esquerda da peça deve estar posicionado entre dois planos
paralelos distantes entre si 0,05 mm e que contenham o plano de referência A (plano central da
peça na dimensão da largura). Diferencia‑se da simetria pelo fato de que o plano tolerado tem
uma faixa de posicionamento que equivale ao dobro da tolerância.
90
METROLOGIA INDUSTRIAL
• Eixo: o eixo do furo deve se situar dentro de uma zona cilíndrica de diâmetro 0,3 mm, cujo eixo
se encontra na posição teórica (dimensão de referência) em relação às faces de referência A e B,
perpendiculares entre si. O controle deverá ser feito em equipamento de coordenadas.
X1 + X2
D= −X
2
O valor do desvio calculado, considerado um campo de tolerância circular, deve ser maior que a
metade da tolerância especificada (no exemplo, 0,3/2 = 0,15 mm).
91
Unidade I
• Eixo composto: os eixos dos furos tolerados devem estar contidos em uma zona cilíndrica de
diâmetro 0,2 mm, localizada em posição teórica, paralelamente às faces de referência A e B,
perpendiculares entre si. Isoladamente, devem estar contidos em zonas cilíndricas de diâmetro 0,1
nas mesmas condições. O controle deverá ser feito em equipamento de coordenadas.
X1 + X2 X3 + X4
D1x = − X e D2x = −X
2 2
Os desvios de posição dos eixos em relação ao plano de referência A isoladamente correspondem a:
Y1 + Y2 Y3 + Y4
D1y = − Y e D2y = −Y
2 2
92
METROLOGIA INDUSTRIAL
O desvio de posição composto dos eixos é calculado pelo teorema de Pitágoras, sendo a raiz quadrada
da soma dos quadrados dos desvios calculados para cada furo. Os resultados não podem exceder as
tolerâncias do eixo total (no exemplo, 0,2/2 = 0,1mm) e individual (no exemplo, 0,1/2 = 0,05 mm).
4.3.2 Concentricidade
Cada ponto do eixo do diâmetro menor deve estar contido em uma zona circular de 0,06 mm de
diâmetro, centrada ao eixo de referência A.
4.3.3 Coaxialidade
93
Unidade I
O eixo do diâmetro menor deve estar contido em uma zona cilíndrica de 0,06 mm de diâmetro,
coaxial ao eixo de referência A.
4.3.4 Simetria
O plano médio do ressalto à esquerda da peça deve estar compreendido entre dois planos paralelos,
distantes 0,05 mm e dispostos simetricamente em relação ao plano médio do elemento de referência A
(largura da peça).
• Circular: o desvio radial da superfície do diâmetro tolerado não deve ultrapassar 0,04 mm durante
uma rotação completa em torno do eixo de referência A em cada seção desse diâmetro. A variação
da leitura do relógio em cada giro completo da peça no dispositivo não pode exceder 0,04 mm.
95
Unidade I
• Total: o desvio radial da superfície do diâmetro tolerado não deve ultrapassar 0,04 mm
(dois cilindros coaxiais contendo a superfície tolerada) durante rotações completas em
torno do eixo de referência A em toda a extensão desse diâmetro (rotação e deslocamento
axial simultâneos).
• Circular: o desvio axial da superfície da face tolerada não deve ultrapassar 0,04 mm durante
uma rotação completa em torno do eixo de referência A em cada posição radial considerada.
A variação da leitura do relógio em cada giro completo da peça no dispositivo não pode
exceder 0,04 mm.
96
METROLOGIA INDUSTRIAL
• Total: o desvio axial da face tolerada não deve ultrapassar 0,04 mm (dois planos paralelos
contendo a superfície tolerada) durante rotações completas em torno do eixo de referência A em
toda a extensão dessa face (rotação e deslocamento radial simultâneos).
97
Unidade I
Saiba mais
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Exemplo de aplicação
Figura 123
A) A face tolerada deve ser paralela à face de referência A, com desvio de no máximo 0,1 mm.
C) A face tolerada deve estar compreendida entre dois planos paralelos distantes 0,1 mm,
perpendiculares à face de referência A.
D) A face tolerada deve estar compreendida em uma zona cilíndrica de diâmetro 0,1, perpendicular
à face de referência A.
E) A face tolerada deve ser paralela à face de referência A, compreendida entre dois planos
perpendiculares com no máximo 0,1 mm de desvio.
98
METROLOGIA INDUSTRIAL
Resolução
• Condição: perpendiculares.
Item Denominação
1 Mostrador
2 Ponteiro principal
3 Fuso (deslocamento linear)
4 Ponta de contato
5 Contador de voltas
6 Canhão (superfície de fixação)
Haste do fuso
7 (movimento rápido da haste)
8 Aro (zeramento do relógio)
Limitador de tolerância
9 (regulagem do campo de variação)
99
Unidade I
No exemplo da figura anterior temos, à esquerda, a calibração do dispositivo para controlar a dimensão
tolerada de uma peça, utilizando blocos‑padrão, que serão estudados mais adiante. O zeramento do relógio
pode ser feito em qualquer posição, girando‑se o aro e alinhando‑o ao ponteiro principal. Na prática,
procura‑se deixar o ponteiro na vertical e o contador de voltas a meio curso.
A peça controlada à direita será considerada rejeitada, pois a variação da dimensão é de 0,12 mm,
2 centésimos acima da dimensão máxima especificada.
O giro do ponteiro principal no sentido horário ocorre na subida do fuso, indicando aumento da
dimensão, e no sentido anti‑horário, ao contrário, indica variação para menos.
O uso dos limitadores de tolerância, que fazem parte da figura anterior (partes componentes do
relógio), é um importante auxílio visual para o controle rápido de peças de fabricação seriada.
O relógio comparador mais comum com escala do mostrador em milimetros apresenta 100 divisões
de 0,01 mm, cada volta completa do ponteiro principal indicando uma variação de 1 mm. Seu curso
total é de 10 mm e o contador de voltas (mostrador menor) é o indicador das variações maiores que
1 mm, girando sempre no sentido oposto ao ponteiro principal.
Existem relógios com resolução milesimal e, para medições que não podem ser realizadas com o
fuso perpendicular dos comparadores, relógios com haste articulável, os chamados relógios apalpadores,
mais comuns na verificação de geometrias.
100
METROLOGIA INDUSTRIAL
Figura 127 – Exemplo de indicação de variação dimensional em relógio comparador graduado em centésimos de milimetro
Antes da leitura vamos estabelecer convenções que na prática deverão ser visualizadas com
atenção: a seta externa ao mostrador na figura indica o sentido de giro do ponteiro principal e a imagem
“fantasma” do ponteiro do contador de voltas, sua posição de zeramento.
101
Unidade I
Observação
Lembrete
102
METROLOGIA INDUSTRIAL
Observação
Exemplo de aplicação
Qual a leitura da variação registrada no relógio comparador da figura a seguir? Considere o ponteiro
claro do contador de voltas como o ponto de zeramento do relógio, e a seta externa, o sentido de giro
do ponteiro no mostrador principal.
103
Unidade I
Figura 130
A) ‑1,33 mm.
B) ‑1,68 mm.
C) +1,68 mm.
D) ‑1,73 mm.
E) ‑2,33 mm.
Resolução
104
METROLOGIA INDUSTRIAL
Resumo
105
Unidade I
Exercícios
Figura 131
A) 26,05 mm.
B) 20,65 mm.
C) 22,65 mm.
D) 22,00 mm.
E) 57/64 mm.
Análise da questão
A figura a seguir mostra que o zero da escala móvel está entre 22 e 23, o que indica que a medida é
maior que 22 e menor que 23 milímetros. Na mesma figura é possível observar que a coincidência entre
as marcações da escala móvel e da escala fixa ocorrem no traço do meio entre 6 e 7 da escala móvel.
Assim, a medida indicada no paquímetro é 22 + 0,6 + 0,05, que é igual a 22,65 mm.
106
METROLOGIA INDUSTRIAL
Figura 132
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa correta.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
107
Unidade I
Figura 133
Questão 2. (Enade 2011, adaptada) Na fabricação de uma máquina operatriz é fabricado um eixo
de 30 mm de diâmetro que será acoplado a uma bucha com um ajuste H7/h6. Para essa situação foram
feitas as seguintes afirmações:
Tabela 10
Diâmetro [mm]
de até e6 f6 g6 h6 j6 js6 k6 F7 G7 H7 J7 JS7 K7
‑14 ‑6 ‑2 0 4 3 6 16 12 10 4 5 0
1 3
‑20 ‑12 ‑8 ‑6 ‑2 ‑3 0 6 2 0 ‑6 ‑5 ‑10
‑20 ‑10 ‑4 0 6 4 9 22 16 12 6 6 3
3 6
‑28 ‑18 ‑12 ‑8 ‑2 ‑4 1 10 4 0 ‑6 ‑6 ‑9
‑25 ‑13 ‑5 0 7 4,5 10 28 20 15 8 7 5
6 10
‑34 ‑22 ‑14 ‑9 ‑2 ‑4,5 1 13 5 0 ‑7 ‑8 ‑10
‑32 16 ‑6 0 8 6 12 34 24 18 10 9 6
10 14
‑43 ‑27 ‑17 ‑11 ‑3 ‑5 1 16 6 0 ‑8 ‑9 ‑12
108
METROLOGIA INDUSTRIAL
Diâmetro [mm]
de até e6 f6 g6 h6 j6 js6 k6 F7 G7 H7 J7 JS7 K7
‑32 16 ‑6 0 8 6 12 34 24 18 10 9 6
14 18
‑43 ‑27 ‑17 ‑11 ‑3 ‑5 1 16 6 0 ‑8 ‑9 ‑12
‑40 ‑20 ‑7 0 9 7 15 41 28 21 12 10 6
18 24
‑53 ‑33 ‑20 ‑13 ‑4 ‑6 2 20 7 0 ‑9 ‑11 ‑15
‑40 ‑20 ‑7 0 9 7 15 41 28 21 12 10 6
24 30
‑53 ‑33 ‑20 ‑13 ‑4 ‑6 2 20 7 0 ‑9 ‑11 ‑15
‑50 ‑25 ‑9 0 11 8 18 50 34 25 14 12 7
30 40
‑66 ‑41 ‑25 ‑16 ‑5 ‑8 2 25 9 0 ‑11 ‑13 ‑18
Análise da questão
Usando a tabela fornecida na questão, pode-se encontrar os afastamentos para o eixo e para a
bucha. O diâmetro nominal é 30 mm, o eixo é fabricado com tolerância h6, e o furo com tolerância H7.
Diâmetro [mm]
de até e6 f6 g6 h6 j6 js6 k6 F7 G7 H7 J7 JS7 K7
‑14 ‑6 ‑2 0 4 3 6 16 12 10 4 5 0
1 3
‑20 ‑12 ‑8 ‑6 ‑2 ‑3 0 6 2 0 ‑6 ‑5 ‑10
‑20 ‑10 ‑4 0 6 4 9 22 16 12 6 6 3
3 6
‑28 ‑18 ‑12 ‑8 ‑2 ‑4 1 10 4 0 ‑6 ‑6 ‑9
‑25 ‑13 ‑5 0 7 4,5 10 28 20 15 8 7 5
6 10
‑34 ‑22 ‑14 ‑9 ‑2 ‑4,5 1 13 5 0 ‑7 ‑8 ‑10
109
Unidade I
Diâmetro [mm]
de até e6 f6 g6 h6 j6 js6 k6 F7 G7 H7 J7 JS7 K7
‑32 16 ‑6 0 8 6 12 34 24 18 10 9 6
10 14
‑43 ‑27 ‑17 ‑11 ‑3 ‑5 1 16 6 0 ‑8 ‑9 ‑12
‑32 16 ‑6 0 8 6 12 34 24 18 10 9 6
14 18
‑43 ‑27 ‑17 ‑11 ‑3 ‑5 1 16 6 0 ‑8 ‑9 ‑12
‑40 ‑20 ‑7 0 9 7 15 41 28 21 12 10 6
18 24
‑53 ‑33 ‑20 ‑13 ‑4 ‑6 2 20 7 0 ‑9 ‑11 ‑15
‑40 ‑20 ‑7 0 9 7 15 41 28 21 12 10 6
24 30
‑53 ‑33 ‑20 ‑13 ‑4 ‑6 2 20 7 0 ‑9 ‑11 ‑15
‑50 ‑25 ‑9 0 11 8 18 50 34 25 14 12 7
30 40
‑66 ‑41 ‑25 ‑16 ‑5 ‑8 2 25 9 0 ‑11 ‑13 ‑18
+0,000 +0,021
- 0,013 - 0,000
Assim, o eixo possui tolerância de fabricação 30 e furo 30 . Com essas tolerâncias,
pode-se montar a tabela a seguir:
Peça
Diâmetro mínimo (mm) 30,000-0,013 29,987
Eixo
Diâmetro máximo (mm) 30,000+0,000 30,000
Diâmetro mínimo (mm) 30,000-0,000 30,000
Bucha
Diâmetro máximo (mm) 30,000+0,021 30,021
Com as dimensões expostas na tabela anterior, pode-se observar que o maior diâmetro de eixo é
igual ao menor diâmetro da bucha.
I – Afirmativa correta.
Justificativa: o afastamento superior da bucha é de 0,021 mm, como pode ser observado na tabela
Afastamentos para as tolerâncias do eixo e da bucha, destacado em vermelho.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: o afastamento inferior do eixo é de -0,013 mm, como pode ser observado na tabela
Afastamentos para as tolerâncias do eixo e da bucha, destacado em verde.
Justificativa: o diâmetro mínimo da bucha é de 30,000 mm, como pode ser observado na tabela
Dimensões máximas e mínimas do eixo e da bucha, destacado em vermelho.
110
METROLOGIA INDUSTRIAL
IV – Afirmativa correta.
Justificativa: o diâmetro máximo do eixo é de 30,000 mm, como pode ser observado na tabela
Dimensões máximas e mínimas do eixo e da bucha, destacado em verde.
V – Afirmativa incorreta.
Justificativa: como o máximo diâmetro do eixo é igual ao mínimo diâmetro da bucha, qualquer que
seja a combinação tem-se o eixo menor ou igual à bucha. Isso caracteriza um ajuste com folga.
111