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INFLUÊNCIA DA UMIDADE RELATIVA, INSOLAÇÃO MÉDIA,

VENTOS E ALTITUDE NA TEMPERATURA EM REGIÕES DO


ESTADO DE SANTA CATARINA
Vitor Rocha1; Mateus Silveira da Silva2; Marielen Latauczeski3

RESUMO: O estudo foi realizado utilizando dados meteorológicos públicos provenientes dos
sites da EPAGRI/CIRAM e do INMET, com o objetivo de analisar se há influência das
variáveis meteorológicas umidade relativa, insolação média, ventos e altitude sobre a
temperatura de 15 cidades do Estado de Santa Catarina. A metodologia empregada para a
constatação de tais fenômenos foi a de Análise Multivariada, mais precisamente Análise de
Regressão Linear, Análise de Agrupamentos e a Análise de Componentes Principais. Para a
aplicação dos métodos citados, usou-se o software Minitab® para o tratamento e interpretação
das análises. Diante disto, pode-se entender de melhor maneira como as variáveis
meteorológicas estudadas neste artigo podem influenciar a temperatura de diversas regiões de
Santa Catarina.

PALAVRAS-CHAVE: Variáveis Meteorológicas, Minitab, Análise Multivariada, INMET,


EPAGRI/CIRAM.

ABSTRACT: The study was conducted using public meteorological data from the
EPAGRI/CIRAM and INMET websites, aiming to analyze whether if there is or not the
influence of the meteorological variables relative humidity, average insolation, the winds and
the altitude in the temperature of 15 cities within Santa Catarina State. The chosen
methodology for the verification of such phenomena was Multivariate Analysis, more
precisely Linear Regression Analysis, Cluster Analysis and Principal Component Analysis.
For the application of the mentioned methods, the Minitab® software was used for the
treatment and interpretation of the analyses. Given this, it was possible to better understand
how the meteorological variables studied in this article can influence the temperature of
various regions of Santa Catarina State.

KEY WORDS: Meteorological Variables, Minitab, Multivariate Analysis, INMET,


EPAGRI/CIRAM.

1. INTRODUÇÃO

A precipitação é o elemento do ciclo hidrológico que possui a maior importância para o


desenvolvimento humano. Entende-se precipitação como sendo todas as formas de umidade
transferidas da atmosfera para a superfície terrestre. Como a chuva é a forma precipitada de
água no estado líquido, ela é crucial para o abastecimento de aquíferos, reservatórios tanto

1
Universidade do Estado de Santa Catarina, E-mail: vitoracro@gmail.com
2
Universidade do Estado de Santa Catarina, E-mail: matzven@hotmail.com
3
Universidade do Estado de Santa Catarina, E-mail: mari-latauczeski@hotmail.com
subterrâneos quanto na própria superfície, e a manutenção do ciclo hidrológico, contribuindo
extraordinariamente para o uso da água pela sociedade nas mais diversas esferas de emprego.

Com a precipitação que ocorre, a água infiltra no solo (que é um dos reservatórios de água
existentes no planeta) e posteriormente percola. O excedente deste processo, ou seja, a parcela
que o solo não retém, é chamada de escoamento superficial. O destino do escoamento
superficial é o exutório da bacia hidrográfica. No caminho, a água abastece os demais
reservatórios que encontre em seu caminho. Estes reservatórios, por conseguinte, liberam a
água que antes encontrava-se em estado líquido em estado gasoso, por conta da radiação solar
incidente nos mesmos.

Este fenômeno dá origem a umidade relativa do ar, que se caracteriza pela relação entre a
quantidade de água existente no ar e quantidade máxima que poderia haver na mesma
temperatura. As diferentes regiões de Santa Catarina possuem diferentes índices médios de
insolação, o que influencia na umidade relativa de cada uma, dentre outros fatores.

Segundo a classificação climática de Köppen-Geiger, o Estado de Santa Catarina está


localizado em uma área onde há influência predominante de dois tipos: Cfa (clima subtropical
úmido) e Cfb (clima oceânico temperado). Devido ao fato de o presente estudo ser dirigido
em relação ao Estado como um todo, fatores como o clima propriamente dito,
continentalidade, altitude e unicidades de cada microrregião, os dados de insolação e
precipitação variam conforme o território explorado.

Para a validação dos dados e a ciência de como cada variável se correlaciona com a outra,
utilizou-se técnicas de Análise Multivariada, sendo está um conjunto de métodos para estudo
e análise crítica de dados sobre indivíduos ou objetos de uma ou mais amostras. Análise de
Agrupamento, Análise de Componentes Principais, Análise Discriminante e Análise de
Regressão Linear são alguns dos mais populares supracitados métodos para o estudo.

Diante do exposto, o presente trabalho visa analisar a influência da radiação solar


incidente e umidade relativa do ar em diversas regiões de Santa Catarina, e por fim comparar
e relacionar com a temperatura em cada região. Os dados foram retirados da página online da
EPAGRI-
CIRAM, estando os mesmos disponíveis publicamente. Usando ferramentas computacionais
como Microsoft® Excel e Minitab®, o intuito deste trabalho foi de ponderar a validade dos
dados observados e provar sua correlação, ajudando assim na melhor compreensão dos
fenômenos naturais.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

Para o desenvolvimento da pesquisa foram observados os dados de umidade relativa do ar,


insolação média, velocidade média do vento no momento e altitude através do site da
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) como
também do site do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) coletados no dia 20 de
novembro de 2019 às 16h, realizados entre 15 cidades no estado de Santa Catarina.

As medições ocorrem em uma estação meteorológica, a umidade relativa do ar pode ser


medida através do higrógrafo, o instrumento fica em uma caixa com suporte de ferro e vidro,
realizando assim o registro em um papel. Para realizar a medição da radiação, utiliza-se o
instrumento heliógrafo, que consiste em uma esfera de vidro cristalino em cima de uma
estrutura de metal, logo abaixo da esfera contém uma tira de papel onde acontece o registro,
sendo que o papel precisa ser trocado diariamente. A temperatura é medida através de
termômetros, existem diversos tipos de termômetros podendo ser utilizado como exemplo os
instalados nas cidades para medir a temperatura do local onde estão localizados.

A aferição da velocidade do vento se dá pelo anemômetro, aparelho que consiste em três


ou mais “conchas” acopladas em um eixo que gira proporcionalmente à velocidade do vento.
Por fim, a altitude das cidades componentes neste artigo é conhecida por cartas
planialtimétricas, geralmente contidas em registros históricos dos municípios.

Figura 01- Higrógrafo

Fonte: wp.ufpel.edu.br

Figura 02- Heliógrafo

Fonte: Mª Victoria Fernández Arboleya


Figura 03- Termômetro

Fonte: escolakids.uol.com.br

Figura 04 – Anemômetro

Fonte: recor.org.br/infraestrutura-e-apoio/estacao-meteorologica/

Após a obtenção dos dados, através do software Minitab realizou-se a Análise de


Regressão Linear, a qual gera uma equação que descreve a relação estatística entre uma ou
mais variáveis, independentes e dependentes, para verificar a correlação entre elas, e também
Análise de Agrupamentos para verificar relação entre as 5 (cinco) medidas nas cidades
utilizadas como amostra. Por fim, utilizou-se a Análise de Componentes Principais para a
conclusão de quais variáveis são as mais significativas para a formação da Temperatura.
Figura 05- Mapa de Santa Catarina com as cidades selecionadas

Fonte: Google Imagens

3. RESULTADOS E DISCUSÃO

Para o presente estudo, pode-se analisar os dados obtidos das páginas online da
EPAGRI CIRAM e INMET referentes a temperatura, umidade relativa do ar, radiação
incidente, ventos e altitude com o intuito de observar e possivelmente comprovar a influência
existente entre os fatores citados na temperatura das cidades utilizadas como amostras
(Chapecó, Concórdia, Caçador, Campos Novos, Curitibanos, Itajaí, Florianópolis, Imbituba,
Joinville, Major Vieira, Campo Belo do Sul, Lages, São Joaquin e Videira.) através de
Análise de Regressão Linear. Também objetivou-se verificar se há relação ou agrupamento
das cidades pelas medidas utilizadas (temperatura, umidade relativa, radiação, ventos e
altitude) através de Análise de Agrupamentos, bem como o uso da Análise de Componentes
Principais para a melhor interpretação do estudo.

Com relação à Análise de Regressão Linear, pode-se observar que as variáveis


(umidade relativa, ventos e altitude) influenciam sim na temperatura das cidades em estudo. A
regressão acontece e é normal, pois os pontos estão próximos da reta. Porém, a radiação
apresentou pouca confiabilidade na sua influência, pois, de acordo com a teoria contida em
livros de análise de regressão, no que diz respeito a significância da mesma, os valores de P
obtidos devem ser menores que 0,05. No estudo realizado, o valor de P para a regressão e para
as variáveis de entrada (umidade relativa, ventos e altitude) foram 0,003; 0,002; 0,047 e 0,015
respectivamente, enfatizando assim, que a análise é significativa para estas variáveis, porém
não para radiação, sendo o valor de P da mesma 0,937.

Figura 06 – Gráfico de Probabilidade Normal

Gráfico de probabilidade normal


(resposta é Temperatura°C)
99

95

90

80
70
Percentual

60
50
40
30
20

10

1
-3 -2 -1 0 1 2 3
Resíduos

Fonte: Os autores.

Figura 07 – Análise de Variância

Fonte: Os autores.

Para a observação da Significância das Variáveis Independentes (VIF), é necessário


que o resultado obtido seja menor que 5. Obedecendo tal critério, mostrou-se que o VIF está
de acordo, vide figura 08. Dessa forma, a variável de entrada influencia na variável de saída.
Figura 08 – Coeficientes

Fonte: Os autores.

No que se refere ao Percentual de Concordância do Modelo Gerado com a Tabela de


Dados, o valor obtido significou uma confiança de 70,94%. Já para o Percentual de Poder do
Modelo Gerado para a Predição de Valores, ou seja, para a utilização da equação de regressão
a partir de dados extras, o valor adquirido significou uma confiança de 50,96%. Para a análise
de tais percentuais, a base indica que os mesmos devem ser próximos de 100%, porém
resultados a partir de 70% são considerados relativamente confiáveis.

Figura 09 – Porcentagens de Confiança

Fonte: Os autores.

Diante do exposto, foi possível ainda, obter uma equação de regressão linear simples,
apresentada abaixo:

Figura 10 – Equação de Regressão

Fonte: Os autores.

A partir da equação acima é possível dizer que para cada valor de radiação (W/m²)
aumenta em 0,00042 vezes a temperatura (ºC), para cada valor de umidade relativa (%)
diminui em 0,1647 vezes a mesma, para cada valor de vento (m/s) diminui em 0,733 vezes e
para a altitude (m), diminui 0,00398 vezes a temperatura.

Com relação a Análise de Agrupamentos foi possível identificar 3 grupos de cidades


com medidas aproximadas de temperatura, radiação e umidade relativa. O intuito desta
análise em nosso estudo foi de comprovar que as cidades próximas uma da outra seriam
“acopladas” no mesmo grupo. O dendograma abaixo comprova a proximidade, com todas as
cidades que foram escolhidas para o presente estudo agrupando-se em regiões similares,
sendo Chapecó, Concórdia, Major Vieira e Videira na região Oeste; Caçador, Curitibanos,
Campo Belo do Sul, Lages, Campos Novos e São Joaquim na região do Planalto-Meio Oeste;
Itajaí, Imbituba, Florianópolis e Joinville em regiões litorâneas ou muito próximas.

Figura 11 – Dendograma de Análise de Agrupamento

Dendrograma
Ligação de Ward; Distância Euclideana

-207,50
Similaridade

-105,00

-2,50

100,00 l

m
os

lis
í

lle
ó

ra

ira

ba
r

Su

ja
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Fl
po

Ca
m
Ca

Observações

Fonte: Os autores.

Quanto à analise de componentes principais, notou-se que todas as variáveis em


análise são importantes e influenciam na temperatura. Visualizando o gráfico da figura 12
nota-se que o ângulo gerado entre as variáveis é alto e seu módulo (tamanho) da mesma
forma, fazendo com que todas as variáveis fossem mantidas.
Figura 12 – Gráfico de Loading

Fonte: Os autores.

E também para a análise de componentes principais se faz necessária a interpretação


dos resultados textuais (Figura 13), que também devolveram o resultado de que todas as
variáveis são influentes.

Figura 13 – Análise textual de componentes principais.

Fonte: Os autores.
4. CONCLUSÃO

Com base nos dados de análise de componentes principais, foi possível comprovar a
influência das variáveis utilizadas na temperatura das cidades em estudo, também se
comprovou a partir da analise de agrupamentos o pressuposto de que cidades próximas
tendem a se aglomerar nos mesmos grupos quando levamos em conta variáveis
meteorológicas. Além disso, com a análise de regressão linear simples, foi possível identificar
e mensurar com certo nível de confiança o quanto cada variável influencia na temperatura.
Finalizando assim o objetivo do estudo em entender melhor o comportamento da temperatura
de determinadas cidades de Santa Catarina em relação as variáveis meteorológicas utilizadas
em questão (radiação, umidade relativa, vento e altitude).

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA. Estações Automáticas. Disponível em:


<http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=estacoes/estacoesAutomaticas>. Acesso
em: 11 nov. 2019.

EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA E EXTENSÃO RURAL DE SANTA


CATARINA. Monitoramento Online. Disponível em: < http://ciram.epagri.sc.gov.br/>.
Acesso em: 27 nov. 2019.

INFO ESCOLA. Umidade Relativa do Ar. Disponível em:


https://www.infoescola.com/meteorologia/umidade-relativa-do-ar/. Acesso em: 11 nov. 2019.

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