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Síntese de Progestativos
Colesterol Pregnenolona
Citocromo P450 SCC
Bioquímica Reprodutor 1
O LH estimula a produção das Hormonas Sexuais porque aumenta a síntese de Cit-P450
SCC, e ainda aumenta a afinidade deste para o colesterol, acelerando este primeiro processo.
Como o Cit-P450 SCC está na membrana interna da mitocôndria, o colesterol tem de ser até
lá transportado, antes de ser clivado. Esta entrega do colesterol à membrana mitocondrial é o
passo limitante da síntese de testosterona, e é efectuada pela StAR.
Depois da reacção do Cit-P450 SCC, a pregnenolona pode gerar outros progestativos. Para
tal, a pregnenolona desloca-se até ao REL (Retículo Endoplasmático Liso), onde sofre a acção
da 3β-hidroxi-esteróide-desidrogenase (3β-HED) para formar progesterona, ou a acção da
17α-hidroxilase seguida da 3β-HED para originar a 17α-hidroxi-progesterona.
Pregnenolona Progesterona
3β-HE Desidrogenase
17α-hidroxilase
17α-hidroxilase
3β-HE Desidrogenase
17α-hidroxi-Pregnenolona 17α-hidroxi-Progesterona
Síntese de Androgénios
Os androgénios têm 19 carbonos e são por excelência produzidos nas células de Leydig do
testículo. Depois de captar/produzir o colesterol e transformá-lo em pregnenolona na
mitocôndria (acção da StAR e Cit-P450 SCC), a célula de Leydig usa 5 enzimas (de 3 complexos
enzimáticos) para converter essa pregnenolona em testosterona:
Bioquímica Reprodutor 2
Essa conversão em testosterona pode fazer-se pela via Δ5 ou via Δ4, ambas no REL.
Pregnenolona Progesterona
Progestativos (21C)
17α-Hidroxi-Pregnenolona 17α-Hidroxi-Progesterona
DHEA Androstenediona
Δ5 Δ4
A via de produção de testosterona mais comum no testículo é a Δ5 (Colesterol →
Pregnenolona → 17α-Hidroxi-Pregnenolona → DHEA → Androstenediol ↔ Testosterona). As
2 primeiras reacções ocorrem como esquematizado na secção dos Progestativos. As 3 reacções
seguintes ocorrem da seguinte forma:
17α-hidroxi-Pregnenolona
17,20Desmolase
DHEA
DHEA
17β-HED
Bioquímica Reprodutor 3
Para formar a DHT, é ainda necessária a acção da 5α-reductase (dependente de NADPH),
que reduz a ligação dupla do anel da testosterona. A conversão em DHT dá-se no testículo,
mas é mais significativa em tecidos periféricos como a próstata, pele e genitália externa. Para
além da função enquanto hormona, também se pode considerar a Testosterona como pró-
hormona, já que origina a DHT - uma hormona androgénica ainda mais potente e activa.
Testosterona DHT
5α-reductase
Apesar de ser a testosterona o principal composto libertado pelas células de Leydig, estas
células intersticiais do testículo libertam também pequenas quantidades dos outros
androgénios, como a androstenediona, percursor da formação extraglandular de estrogénios.
Por outro lado, a síntese de androgénios não se dá só no testículo. Na mulher, por exemplo,
esta síntese reparte-se entre a supra-renal e o ovário, pelo que os níveis de testosterona
baixam após a menopausa devido à menor actividade ovárica.
- Forma-se DHEA-S a partir do DHEA, por uma reacção reversível, acumulando este
metabolito que funciona como reservatório androgénico de libertação lenta na supre-renal.
DHEA DHEA-S
Sulfo-transferase
Bioquímica Reprodutor 4
Síntese de Estrogénios
Os estrogénios podem ser denominados pela letra E, seguida do número de grupos OH que
a molécula possui. Assim sendo, a Estrona (E1) tem um grupo OH, o Estradiol (E2) dois, e o
Estriol (E3) três. Todos eles têm um anel aromático (com três ligações duplas) e 18 carbonos.
O principal local de produção é o folículo ovárico (teca interna e granulosa), mas o corpo
amarelo, supra-renal, placenta e pele também os produzem. Os estrogénios são obtidos por
aromatização de androgénios, num processo que envolve hidroxilações (juntar grupos OH),
que requerem O2 e NADPH. A aromatase promove estas 3 alterações (aromatização,
hidroxilação e perda de 1 carbono), transformando androstenediona em estrona e
testosterona em estradiol. Tal como a androstenediona/testosterona, também a estrona e o
estradiol são interconvertíveis por acção da 17β-HED. Por sua vez, o fígado tem capacidade de
transformar a estrona (E2) em estriol (E3), por acção da 18α-hidroxilase (juntando um OH).
Testosterona Estradiol
Aromatase
Assim sendo, as células da granulosa têm que cooperar com as células da teca interna, que
também não conseguem produzir estrogénios sozinhas por não terem a aromatase. O
processo mais comum começa então nas células da teca que tranformam o colesterol em
androstenediona, que passa para a célula da granulosa, que converte a andostenediona em
estradiol. A célula da teca responde à LH, e a célula da granulosa é mais estimulada pela FSH.
Por sua vez, a proliferação das células da granulosa é estimulada pelos estrogénios que produz,
e inibida pelos androgénios, tipicamente masculinos.
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No entanto, os estrogénios não são apenas produzidos no ovário, mas também por
aromatização periférica (AP) de androgénios no fígado, pele e outros tecidos que expressem a
aromatase. A origem dos androgénios pode ser a supra-renal (♀) ou o testículo (♂). Nos
homens, a AP de testosterona a estradiol é a maior fonte de estrogénios, tal como a AP da
androstenediona a estrona é a principal fonte para as mulheres pós-menopáusicas.
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Mecanismos de transporte das HS
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Acção das HS
Tenha-se em mente, antes de mais, que nos tecidos em que a acção é da DHT, os tecidos
têm que ‘fazer’ essa DHT por actuação da 5α-reductase sobre a testosterona libertada pelo
testículo (♂) ou obtida por acção sobre a androstenediona da supra-renal (♀).
Para além destes efeitos sistémicos, os androgénios têm o efeito de feedback negativo
sobre a hipófise anterior (testosterona é convertida a DHT, que diminui secreção de LH) e área
pré-óptica do hipotálamo (testosterona convertida em DHT ou estradiol, que reduzem a
frequência e amplitude dos pulsos de GnRH, respectivamente).
No estado inactivo, os receptores ERα e ERβ estão ligados a heat shock proteins, dos quais
se desligam quando se ligam aos estrogénios. No geral, os estrogénios estimulam a
proliferação celular e preparação da fase luteínica:
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No ovário, o estradiol actua com a FSH estimulando a proliferação das células da granulosa
e sua função secretora (libertação estrogénios), para além da produção de receptores LH
(hormona luteinizante) que provoca a ovulação e formação do corpo lúteo. No endométrio,
promove a proliferação do estroma e epitélio endometrial, regenerando o endométrio após
menstruação. Mais uma vez vai também preparar a fase luteínica, ao induzir a síntese de
receptores de progesterona no endométrio. Para facilitar a entrada do oócito nas trompas, os
estrogénios aumentam a contractilidade do músculo liso e a actividade ciliar. Também na
mama os estrogénios têm efeito proliferativo em acção conjunta com a prolactina. No osso,
promovem o encerramento das epífises e inibem a reabsorção óssea. Como inibidores dos
efeitos androgénicos pilo-sebáceos, os estrogénios inibem o acne. O estrogénio é também
protector cardiovascular, já que aumenta a [HDL] e diminui a [LDL] no plasma, para além de
promover a deposição subcutânea de gordura na zona gluteofemoral. Da mesma forma, a
mulher pós-menopáusica tem maior risco osteoporótico e cardiovascular, ao perder a
influência positiva dos estrogénios. No fígado, os estrogénios promovem aumento da
produção de SHBG e dos factores de coagulação, inibindo a síntese de anti-trombina. Isto
pode explicar alguns fenómenos trombo-embólicos associados à toma da pílula. Por fim, os
estrogénios actuam no cérebro melhorando processos cognitivos, memória e aprendizagem.
Acção da Progesterona
De forma geral, a progesterona tem uma acção de preservação da gravidez. Actua sobre
receptores PR que também estão ligados a proteínas heat-shock na forma inactiva.
Hormonas Placentárias
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A progesterona é maioritariamente produzida pela placenta a partir da 6ª semana. Como a
placenta não consegue produzir colesterol a partir de acetato, o colesterol tem proveniência
materna. A progesterona viabiliza a gravidez de 3 formas: mantendo a viabilidade da
placenta, perfusão da decidua basalis (decidua - parte materna da placenta; d. basalis – zona
decidual que contacta com o trofoblasto) e diminuição da contractilidade miometrial.
A principal função dos estrogénios durante a gravidez é manter a capacidade dos tecidos
responderem à progesterona. Na placenta, os estrogénios formam-se a partir de percursores
androgénicos, sobretudo o DHEA. O Estriol (E3) é produzido na placenta e só é significativo
durante a gravidez. Medir a sua concentração plasmática é um bom índice do estado da
gravidez e função placentária, já que para a sua produção estar normal é necessária a
intervenção da supra-renal fetal, do fígado fetal e da placenta.
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