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ARTIGO 1º
Esta lei regulamenta o piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério
público da educação básica a que se refere a alínea “e”, do inciso III, do art. 60 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias.
Referência legal:
Art. 60, III, “e” do ADCT: “prazo para fixar, em lei específica, piso salarial profissional
nacional para os profissionais do magistério público da educação básica; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 53, de 2006).”
COMENTÁRIO: o presente piso salarial é parte inerente da Lei 11.494/07 (Fundeb), a qual
estabelece em seu art. 41 que “o poder público deverá fixar, em lei específica, até 31 de
agosto de 2007, piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério
público da educação básica”. O citado artigo, mesmo não tendo seu prazo respeitado,
objetivou complementar o disposto no art. 60 do ADCT.
Assim como o Fundeb, o presente piso, que não se confunde com o previsto no art.
206, VIII da CF, tem prazo de vigência até dezembro de 2020. Já o piso que compreende os
demais profissionais da educação (não apenas o magistério), quando regulamentado terá
prazo de vigência permanente.
Não obstante os conceitos de piso e de profissionais do magistério estarem dispostos
no art. 2º desta Lei, cabe ressaltar, desde já, que o piso possui abrangência nacional (seu
objetivo é propiciar maior isonomia profissional no país) e sua incidência se dá sobre os
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profissionais habilitados em nível médio na modalidade Normal atuantes nas redes públicas
de educação básica da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Os
profissionais com formações de nível superior ou pós-graduação terão os vencimentos
iniciais de carreira definidos nos respectivos planos de carreira. A proposta da CNTE, a ser
defendida no projeto de lei de diretrizes nacionais de carreira, estabelece uma diferença entre
as formações (média/superior/pós) de no mínimo 50% (cinqüenta por cento).
ARTIGO 2º (CAPUT)
O piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação
básica será de R$ 950,00 (novecentos e cinqüenta reais) mensais, para a formação em nível
médio, na modalidade normal, prevista no art. 62 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
Referência legal:
Art. 62 da LDB: “A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível
superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos
superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na
educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível
médio, na modalidade Normal. (Regulamento: Decreto nº 3.276, de 6 de dezembro de 1999).
COMENTÁRIO: este artigo fixa o valor mensal e define a formação sobre a qual aplicar-se-
á o piso salarial nacional. Os trabalhadores que não atenderem à formação e à habilitação
mínimas exigidas para atuarem no magistério básico serão considerados leigos (não adentram
à carreira) e não farão jus ao piso ou ao vencimento inicial da carreira. A remuneração dos
leigos (caso houver no sistema ou rede) também não contará com recursos suplementares da
União.
ARTIGO 2º (§ 1º)
O piso salarial profissional nacional é o valor abaixo do qual a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios não poderão fixar o vencimento inicial das carreiras do magistério
público da educação básica, para a jornada de, no máximo, 40 (quarenta) horas semanais.
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início da carreira desde que seja garantido o vencimento inicial, no mínimo, igual ao piso
nacional.
Em relação à carreira, a lei diz que o piso refere-se ao vencimento inicial mínimo de
qualquer uma das carreiras do magistério da educação básica (atividades de docência ou
suporte pedagógico). Como dissemos, os valores podem e devem ser maiores nos entes
públicos que tiverem condições de remunerar melhor a categoria (além do Fundeb, há que se
considerar os demais impostos vinculados para definição dos salários e dos investimentos em
manutenção e desenvolvimento do ensino). Do ponto de vista contratual, a legislação admite
dois regimes empregatícios para os servidores públicos: estatutário e celetista. A Constituição
Federal também possibilita a contratação por tempo determinado para atender a necessidade
temporária de excepcional interesse público (sem concurso público). À luz desses preceitos e
do artigo 22 da Lei 11.494/07, especialmente seu inciso III, que engloba os trabalhadores
temporários no conceito de profissionais do magistério aptos a serem remunerados em âmbito
do Fundeb, devemos concluir que o piso salarial profissional nacional aplica-se aos
profissionais efetivados no magistério, porém os efeitos sobre a carreira se limitam aos
profissionais estatutários e celetistas (admitidos por concurso público de provas e/ou títulos,
conforme preceitua o art. 206, V, da CF). Assim, os trabalhadores temporários perceberão o
piso, mas não ascenderão na carreira, estando seus vencimentos limitados ao valor inicial ou
às gratificações estabelecidas no contrato temporário, que pode prever instrumentos paritários
com a carreira do magistério (conforme ocorre atualmente em diversas legislações próprias
dos entes federados). E é importante que se garantam tais condições aos temporários
(enquanto o quadro de servidores efetivos não estiver completo) a fim de evitar uma maior
precarização do trabalho docente e a conseqüente queda na qualidade do ensino.
Conforme nos referimos na introdução, a segunda parte deste parágrafo precisa ser
bem interpretada para garantir os princípios da valorização profissional. O ponto-chave está
na expressão “no máximo” utilizada para definir a jornada de trabalho. Dada a
heterogeneidade das jornadas, em todo país, o legislador optou por estabelecer um teto
máximo a ser praticado pelos sistemas/redes de ensino, podendo os mesmos optar por aquela
que atenda melhor aos interesses de valorização dos educadores e de promoção da qualidade
do ensino. Portanto, o piso salarial nacional (ou o vencimento inicial de carreira) não deve ser
aplicado, necessariamente, a uma jornada de 40 horas semanais, estando as demais jornadas
condicionadas à proporcionalidade desta. Pelo contrário, cada sistema elegerá, no seu plano
de carreira, a jornada padrão a que o piso (ou vencimento inicial) se aplicará (podendo ser
20h, 24h, 30h etc) para que, a partir desta, se estabeleça o percentual sobre as demais
jornadas que porventura o ente público e os trabalhadores, de comum acordo, acharem por
bem estabelecer em decorrência de suas realidades.
ARTIGO 2º (§ 2º)
Por profissionais do magistério público da educação básica entendem-se aqueles que
desempenham as atividades de docência ou as de suporte pedagógico à docência, isto é,
direção ou administração, planejamento, inspeção, supervisão, orientação e coordenação
educacionais, exercidas no âmbito das unidades escolares de educação básica, em suas
diversas etapas e modalidades, com a formação mínima determinada pela legislação federal
de diretrizes e bases da educação nacional.
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ARTIGO 2º (§ 3º)
Os vencimentos iniciais referentes às demais jornadas de trabalho serão, no mínimo,
proporcionais ao valor mencionado no caput deste artigo.
ARTIGO 2º (§ 4º)
Na composição da jornada de trabalho, observar-se-á o limite máximo de 2/3 (dois terços) da
carga horária para o desempenho das atividades de interação com os educandos.
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histórica de hora-atividade de 50% (cinqüenta por cento) defendida pela CNTE para obtenção
de um desempenho profissional com qualidade.
Ex: Jornada de 40h (máximo de 27h de regência e mínimo de 13h de trabalho extra-classe)
ARTIGO 2º (§ 5º)
As disposições relativas ao piso salarial de que trata esta lei serão aplicadas a todas as
aposentadorias e pensões dos profissionais do magistério público da educação básica
alcançadas pelo art. 7º da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, e pela
Emenda Constitucional nº 47, de 5 de julho de 2005.
Referência legal:
Art. 7º da Emenda Constitucional nº 41/03: “Observado o disposto no art. 37, XI, da
Constituição Federal, os proventos de aposentadoria dos servidores públicos titulares de
cargo efetivo e as pensões dos seus dependentes pagos pela União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, em fruição na data de publicação desta
Emenda, bem como os proventos de aposentadoria dos servidores e as pensões dos
dependentes abrangidos pelo art. 3º desta Emenda, serão revistos na mesma proporção e na
mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, sendo
também estendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens
posteriormente concedidos aos servidores em atividade, inclusive quando decorrentes da
transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu a aposentadoria ou que
serviu de referência para a concessão da pensão, na forma da lei.”
ARTIGO 3º (CAPUT)
O valor de que trata o art. 2º desta Lei passará a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2008, e
sua integralização, como vencimento inicial das Carreiras dos profissionais da educação
básica pública, pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios será feita de forma
progressiva e proporcional, observado o seguinte:
I – a partir de 1º janeiro de 2008, acréscimo de 1/3 (um terço) da diferença entre o valor
referido no art. 2º desta Lei, atualizado na forma do art. 5º desta Lei, e o vencimento inicial
da Carreira vigente;
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II – a partir de 1º janeiro de 2009, acréscimo de 2/3 (dois terços) da diferença entre o valor
referido no art. 2º desta Lei, atualizado na forma do art. 5º desta Lei, e o vencimento inicial
da Carreira vigente;
III – a integralização do valor de que trata o art. 2º desta Lei, atualizado na forma do art. 5º
desta Lei, dar-se-á a partir de 1º de janeiro de 2010, com o acréscimo da diferença
remanescente.
Ex: vencimento inicial em 2007: R$ 400,00. Projeção para o vencimento inicial em janeiro de
2008: R$ 950,00 ou R$ 1.050,00 (nível médio)
Aplicação de 2/3 (dois terços) proporcionais em 2009 (reajustados pelo valor per capita do
Fundeb para os anos iniciais do ensino fundamental urbano):
1. R$ 950,00 – R$ 400,00 = R$ 550,00 ou R$ 1.050 – R$ 400,00 = R$ 650,00
2. 2/3 * R$ 550,00 = R$ 366,66 ou 2/3 * R$ 650,00 = R$ 433,33
3. R$ 400,00 + R$ 366,66 = R$ 766,66 ou R$ 400,00 + 433,33 = R$ 833,33
Integralização em janeiro de 2010, reajustado pelo valor per capita do Fundeb para os anos
iniciais do ensino fundamental urbano:
1. R$ 950,00 – R$ 400,00 = R$ 550,00 ou R$ 1.050 – R$ 400,00 = R$ 650,00
2. 1 * R$ 550,00 = R$ 550,00 ou 1 * 650,00 = R$ 650,00
3. R$ 400,00 + R$ 550,00 = R$ 950,00 ou R$ 400,00 + 650,00 = R$ 1.050,00
ARTIGO 3º (§ 1º)
A integralização de que trata o caput deste artigo poderá ser antecipada a qualquer tempo
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
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ARTIGO 3º (§ 2º)
Até 31 de dezembro de 2009, admitir-se-á que o piso salarial profissional nacional
compreenda vantagens pecuniárias, pagas a qualquer título, nos casos em que a aplicação do
disposto neste artigo resulte em valor inferior ao de que trata o art. 2º desta Lei, sendo
resguardadas as vantagens daqueles que percebam valores acima do referido nesta Lei.
ARTIGO 4º (CAPUT)
A União deverá complementar, na forma e no limite do disposto no inciso VI do caput do art.
60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias e em regulamento, a integralização
de que trata o art. 3º desta Lei, nos casos em que o ente federativo, a partir da consideração
dos recursos constitucionalmente vinculados à educação, não tenha disponibilidade
orçamentária para cumprir o valor fixado.
Referência legal:
Art. 60, VI, ADCT: “ até 10% (dez por cento) da complementação da União prevista no
inciso V do caput deste artigo poderá ser distribuída para os Fundos por meio de programas
direcionados para a melhoria da qualidade da educação, na forma da lei a que se refere o
inciso III do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).”
COMENTÁRIO: a Lei prevê um limite para a complementação da União, qual seja, 10% do
total da suplementação federal ao Fundeb. Contudo, o inciso VII do artigo 60 do ADCT, o
qual relaciona-se com o inciso VI, citado na Lei do piso, e com os demais, obviamente, diz
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ARTIGO 4º (§ 1º)
O ente federativo deverá justificar sua necessidade e incapacidade, enviando ao Ministério da
Educação solicitação fundamentada, acompanhada de planilha de custos comprovando a
necessidade da complementação de que trata o caput deste artigo.
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ARTIGO 4º (§ 2º)
A União será responsável por cooperar tecnicamente junto com o ente federativo que não
conseguir assegurar o pagamento do piso, de forma a assessorá-lo no planejamento e
aperfeiçoamento da aplicação de seus recursos.
ARTIGO 5º
O piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica será
atualizado, anualmente, no mês de janeiro, a partir do ano de 2009.
Parágrafo único. A atualização de que trata o caput deste artigo será calculada utilizando-se o
mesmo percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno referente aos anos
iniciais do ensino fundamental urbano, definido nacionalmente, nos termos da Lei nº 11.494,
de 20 de junho de 2007.
Referência legal:
Art. 13 da Lei 11.494/07: “No exercício de suas atribuições, compete à Comissão
Intergovernamental de Financiamento para a Educação Básica de Qualidade:
I - especificar anualmente as ponderações aplicáveis entre diferentes etapas, modalidades e
tipos de estabelecimento de ensino da educação básica, observado o disposto no art. 10
desta Lei, levando em consideração a correspondência ao custo real da respectiva etapa e
modalidade e tipo de estabelecimento de educação básica, segundo estudos de custo
realizados e publicados pelo Inep.”
ARTIGO 6º
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão elaborar ou adequar seus
Planos de Carreira e Remuneração do Magistério até 31 de dezembro de 2009, tendo em vista
o cumprimento do piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério
público da educação básica, conforme disposto no parágrafo único do art. 206 da
Constituição Federal.
Referência legal:
Parágrafo Único do art. 206, CF: “A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores
considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração
ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)”.
ARTIGO 7º
Constitui ato de improbidade administrativa a inobservância dos dispositivos contidos nesta
Lei, sujeito às penalidades previstas pela Lei 8.429, de 2 de junho de 1992.
ARTIGO 8º
Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
COMENTÁRIO: embora a sanção se dê no mês de julho, seu efeito deve retroagir a janeiro
de 2008. Contudo, em função de os entes federados não terem previsto esta despesa em seus
orçamentos, a sanção presidencial poderá reverter a retroação e garantir apenas os
pagamentos subseqüentes. Neste caso, é preciso aguardar o ato presidencial que ocorrerá no
dia 16 de julho para saber com exatidão sobre os desdobramentos da Lei.